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37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC – Florianópolis
O CLUBE DO GIBI!: LETRAMENTO E LINGUAGEM EM UM PROJETO
ESCOLAR
Raquel Leão Luz – UFRGS
Resumo
Este trabalho é resultado de uma pesquisa interpretativa, realizada em uma escola da
rede municipal de Porto Alegre. O foco de investigação baseou-se no estudo das
práticas de letramento e das aprendizagens dos alunos em um grupo de leituras,
produção visual e escrita intitulado Clube do Gibi. Para investigar as práticas letradas
nesta oficina, utilizamos procedimentos metodológicos para geração de dados relativos
à pesquisa qualitativa-interpretativa. Partimos do estudo de letramento como prática
social e de estudos que se debruçaram sobre o conceito de projetos de trabalho e
trabalhos coletivos para compreendermos o Clube do Gibi. Consideramos os estudos de
linguagem como interação a fim de compreendermos as práticas de letramento dos
estudantes como ações de linguagem para participarem do projeto. Ao final da pesquisa,
consideramos que os aprendizados proporcionados pelo grupo relacionam-se,
principalmente, à arte plástica e à realização de tarefas em conjunto, o que contribui
para a construção de aprendizagens individuais na medida em que ocorrem com
propósitos coletivos. Ser parte do Clube do Gibi é reconhecer-se como engajado em um
coletivo de trabalho.
Palavras-chave: projeto, letramento, linguagem.
O CLUBE DO GIBI!: LETRAMENTO E LINGUAGEM EM UM PROJETO
ESCOLAR
Contextualização da pesquisa
O trabalho que aqui apresento é resultado de uma pesquisa longitudinal na área
de Linguística Aplicada, realizada ao longo dos anos de 2011 e 2012, como Mestrado
Acadêmico em Letras. Partindo de estudos de linguagem como interação social, realizei
uma investigação de caráter qualitativo-interpretativo com foco em um projeto escolar
em que a participação e a construção conjunta de conhecimentos sobre língua e
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linguagem estiveram envolvidas. O objetivo da pesquisa foi o de analisar os
significados de aprender sobre língua e linguagem em um projeto intitulado Clube do
Gibi1, desenvolvido e sustentado por estudantes do terceiro ciclo do ensino
fundamental, em conjunto com a professora de Língua Portuguesa e com a biblioteca
escolar. Neste projeto, os estudantes reuniam-se para planejar e executar ações de
linguagem de seu interesse. Mediavam produções individuais e coletivas, produziam e
publicavam suas produções.
A pesquisa permitiu a investigação acerca das práticas sociais envolvidas na
aprendizagem da linguagem visual e escrita para a construção de identidades de grupo
na escola EMEF José Guedes. Nesse sentido, buscou-se refletir e questionar o papel do
ensino de língua materna na escola, do ponto de vista de aprendizados mais voltados
para o texto como produção de imagem e de identidades sociais.
Neste artigo, apresento, portanto, uma breve reflexão acerca do entendimento
de língua e linguagem que fundamentam a pesquisa, bem como as possíveis funções da
escola para a construção de uma educação linguística. Apresento três asserções
afirmativas como resultados da investigação e as considerações acerca da realização da
pesquisa.
Linguagem e interação
(...) a realidade fundamental da linguagem é o fenômenos social da interação
verbal. Nesse sentido, a linguagem verbal não é vista primordialmente como
sistema formal, mas como atividade, como um conjunto de práticas
socioculturais - que têm formatos relativamente estáveis (concretizam-se em
diferentes gêneros do discurso) e estão atravessadas por diferentes posições
avaliativas sociais (concretizam diferentes vozes sociais). (FARACO, 2009,
p.120)
Podemos considerar que como sujeitos, somos compelidos a agir pela
linguagem em relação a tudo o que está fora da esfera do “eu”. Usar a língua é agir no
mundo com uma atitude que não seja indiferente ao “outro”. “Eu” e “outro” estão
sempre tensionados nas atividades de linguagem, pois “eu” assume sempre uma atitude
responsiva em relação ao discurso do “outro”. Pela tensão ideológica entre o “eu” e o
“outro” é que se constroem as atividades de linguagem em diferentes campos de atuação
em que estamos socialmente inseridos.
1 Todos os nomes adotados na pesquisa, dos participantes, da escola, dos projetos, foram mantidos em
anonimato. Nomes fictícios foram utilizados para a proteção de suas identidades.
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Agir pela linguagem é, portanto, assumir uma atitude responsiva a outros
enunciados proferidos por outros sujeitos na história da atividade a que me ponho a
realizar em conjunto. Ser “eu” é estar imbuído de valores sociais e de uma univocidade
discursiva que, necessariamente, só se torna individual no contraste com o social, com
os valores simbólicos da cultura e da história dos “outros”. Portanto, usar a língua é
interagir por ela e com ela, modificando-a na relação que se estabelece entre sujeitos,
numa interação: verbal ou não-verbal, pela palavra escrita ou pela imagem. A interação
verbal face-a-face, nesse sentido, é apenas uma das formas de se relacionar
dialogicamente com o outro.
Nesta pesquisa, o entendimento de diálogo é apoiado na perspectiva de Bakhtin
(2010) e Bakhtin & Volochínov (2010): a interação social verbal contém em diversas
camadas forças discursivas de criação ideológica que a instituem. Enfatizamos, assim, a
importância do entendimento dessa perspectiva, visto que não nos propomos a
investigar os movimentos enunciativos materiais (as formas do diálogo dos
participantes, as marcas de seus discursos, como conversam entre si), mas olhar para os
fenômenos sociais envolvidos nessas interações.
As práticas de linguagem que observamos estão relacionadas às ideologias que
as abrigam; nosso objetivo, portanto, é olhar para as interações pela linguagem entre
participantes como um todo e não em eventos repartidos.
Neste trabalho, linguagem significa interação em uma determinada atividade,
sempre mediada pelas relações orgânicas com o que é da ordem do social e do
culturalmente organizado. Nesse sentido, entendemos que a língua, através dos
enunciados (construídos a cada interação e abrigados pela estabilidade relativa do
campo de atividade em que estão concebidos) é uma manifestação da linguagem (que é
da natureza humana). Partimos desse entendimento para a reflexão acerca do papel da
língua e da linguagem no espaço escolar.
A escola como lugar social de interagir pela linguagem
Quanto melhor dominamos os gêneros discursivos tanto mais livremente os
empregamos, tanto mais plena e nitidamente descobrimos neles a nossa individualidade
(onde isso é possível e necessário), refletimos de modo mais flexível e sutil a situação
singular da comunicação; em suma, realizamos de modo mais acabado o nosso livre
projeto de discurso. (BAKHTIN, 2010, p. 285)
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Iniciamos esta discussão por meio da compreensão de que o papel do trabalho
com a linguagem na escola está intimamente relacionado ao objetivo de ampliar os
conhecimentos das variadas manifestações de linguagem e dos diversos discursos que
os alunos encontrarão a cada nova atividade em que atuarem. De um ponto de vista
interacionista, agir pela linguagem na escola significa aprender as mais variadas
maneiras de utilizar a língua com responsabilidade e segurança.
Em nossa perspectiva, a escola cumpre a essencial tarefa de promover as
práticas sociais de linguagem como práticas de todas as áreas do conhecimento com as
quais o aluno lida em seu cotidiano de aprendizagem. Isso significa que a língua, por
exemplo, não é um conhecimento isolado do aprendizado da arte, da linguagem do
corpo, da linguagem matemática.
Simões (2012, p. 38) afirma que “a língua não existe de forma imanente: não é
um objeto em si, não é um repertório de estruturas abstratas, nem de formas concretas,
porém já usadas, consagradas e, portanto, acabadas”. A língua tem um caráter dinâmico
e, por isso, é reconstruída nas interações por sujeitos históricos. Mas para ser
reconstruída nas interações, esses sujeitos precisam conhecer o que caracteriza a
historicidade da língua, de suas formas, dos elementos linguísticos que a compõem e
que valores sociais estão implicados a cada novo uso e escolhas. Desse ponto de vista, a
língua que se aprende na escola é a língua em uso nas diferentes esferas de atividades
humanas relevantes aos alunos, aos professores – aos participantes da escola envolvidos
em uma determinada prática de linguagem.
A língua, portanto, torna-se material de estudo por meio do trabalho que
focaliza o texto na escola. O texto representa o produto de uma atividade enunciativa – é
a materialidade de um conjunto de enunciados produzidos em uma atividade de
linguagem, pelo conhecimento de determinados modos de dizer, de saber para quê se
diz e de responder a textos outros.
Se consideramos que o texto é o foco de estudo na escola e não apenas sua
materialidade discursiva, mas a relação tensa entre forças sociais que o produziram, isso
significa que consideramos que o estudo do texto implica saber ler e escrever (d)esses
textos. E mais uma vez nos colocamos diante do axioma de que, então, ler e escrever
cabe a todas as áreas de conhecimento em uma escola. Pois para haver leitura e
produção em cada uma delas, é necessário dominar a esfera de atividade que envolve
cada uma dessas áreas de conhecimento: sua linguagem, os elementos linguísticos
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estáveis de determinado discurso dessa atividade, os interlocutores preferenciais de cada
discurso que se elabora, os propósitos desse discurso – decorrentes das próprias
escolhas textuais e dos sujeitos.
Guedes & Souza (2011, p.19), nos trazem uma importante reflexão acerca do
ensino de leitura e de escrita na escola: “Ensinar é ensinar a ler para que o aluno se torne
capaz dessa apropriação, pois o conhecimento acumulado está escrito em livros,
revistas, jornais, relatórios, arquivos. Ensinar é ensinar a escrever porque a reflexão
sobre a produção de conhecimento se expressa por escrito.” Nesse sentido, para saber
do conhecimento acumulado pela humanidade e produzir conhecimentos, ler e escrever
são competências a serem desenvolvidas pelas áreas conjuntamente.
De nosso ponto de vista, o estudo da língua na escola deve possibilitar o
aprendizado de seus usos, em suas diferentes situações de produção. É uma competência
a ser alcançada, na educação escolar, o trabalho que oportunize significativamente o uso
da língua. Para participar da vida social de que faz parte, o aluno precisa conhecer a
língua por meio de textos variados que reflitam variados gêneros.
Assim, uma educação que tenha como base o uso da linguagem nas mais
diversas situações propõe-se como uma educação linguística: em que se valoriza a
prática de reflexão e uso da língua no aprendizado de suas estruturas, regularidades e
irregularidades, em que o que se aprende sobre a língua contribui para a produção e
leitura de textos – verbais ou imagéticos.
O estudo dos textos organizado por projetos oportunizam maior engajamento
dos estudantes. Nessa perspectiva de educação linguística, a experiência com o texto
organiza, conforme Todorov (2009), imagens mais coerentes do mundo, que, podemos
nos assegurar, as leituras posteriores se encarregarão de tornar mais complexas e
nuançadas. (p. 82)
O Clube do Gibi: um espaço coletivo de aprendizagem de linguagem
Ao considerarmos a língua e a linguagem como práticas para agir no mundo,
em interações com o outro, e a escola como instituição (re) produtora e mediadora
dessas práticas, partimos para a investigação em campo. O trabalho de observação
participante desenvolveu-se na EMEF José Guedes, devido à parceria que esta escola da
rede municipal estabelecia com a universidade. O foco do trabalho concentrou-se na
pesquisa acerca das práticas de letramento do Clube do Gibi, grupo gerido e sustentado
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por estudantes que se reuniam na escola, fora do horário escolar, para ler gibis e
mangás, escrever e produzir desenhos de seus interesses. O grupo tornou-se foco de
nosso estudo durante o processo de aproximação a campo e geração de dados, visto que
demonstrou abertura para a participação da pesquisadora e interesse em discutir, com a
pesquisadora, meios de produção de seus textos e trabalho com suas leituras. Para
investigarmos as práticas letradas do grupo, suas relações com materiais escritos e
visuais, ao longo do trabalho, construímos nossas perguntas investigativas, dividas em
dois grandes eixos:
Eixo 1: Os significados de fazer o Clube do Gibi e as práticas letradas
envolvidas 1. De que modo o texto se torna relevante aos participantes nos encontros do
Clube do Gibi?
1.1 Que textos?
1.2 O que os participantes fazem com esses textos? (comentam, discutem,
escrevem, leem, colam em murais, distribuem, publicam, guardam, entregam
para alguém etc).
1.3 Os textos são produzidos e/ou servem para o estudo?
1.3.1 Se são produzidos no Clube do Gibi, quem os produz?
Eixo 2: Eixo II: Planejamento de tarefas e da execução de atividades
pelos participantes no Clube do Gibi 1. Quais são as tarefas planejadas pelos participantes no Clube do Gibi?
1.1 Quem as planeja?
1.2 Quando são planejadas?
1.3 Onde são planejadas?
1.4 Como são planejadas (que procedimentos, que práticas estão envolvidas
para este planejamento)?
1.5 Para que elas servem?
1.6 Para quem elas servem?
Por meio do movimento analítico dos dados gerados a partir de notas e diários
de campo, entrevistas e documentos, catalogamos e analisamos alguns índices para
responder nossas perguntas. Aqui, portanto, apresentamos três asserções interpretativas
que permitiram analisar nossos dados e construir entendimentos a respeito da
construção conjunta de conhecimento pelos participantes no Clube do Gibi. As
asserções apresentadas são parte do estudo maior e são formuladas a partir de uma breve
amostragem dos dados.
a) Os participantes do Clube do Gibi tornam a linguagem visual
essencialmente relevante em suas práticas letradas
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Nas fotografias documentais registradas durante a pesquisa, encontramos
inúmeras ocorrências de ilustrações feitas pelos participantes do Clube que denotam
entendimentos bastante representativos sobre a semiose envolvida em “ser Clube do
Gibi”. Abaixo, apresentamos cinco fotografias que encetam formas de entendermos o
que significava texto para os participantes, que textos eram esses com os quais lidavam
e de que modo lidavam. Além disso, em todos os nossos dados, notamos a presença
dessa construção identitária por meio da imagem, acerca de ser um Clube. Neste
trabalho não foi possível realizar um estudo que enfocasse o conceito de identidades e,
por isso mesmo, utilizamos esta palavra de modo genérico. Entretanto, para nossos
propósitos de identificar e entender como se configuraram os eventos de letramento dos
participantes, consideramos haver a presença de uma identidade do Clube do Gibi sendo
formulada pelos participantes também suas produções visuais.
Observamos que as imagens nesses conjuntos de sentidos estão intimamente
ligadas à relação dos participantes com o universo do mangá e dos quadrinhos. Os
personagens que estampam os cartazes de divulgação do Clube fazem parte do
entendimento do grupo sobre o tipo de texto que leem, de que gostam. Nesses textos
imagéticos, vemos a construção de personagens pelos próprios alunos ou ilustrações
copiadas de mangás que costumavam ler. O mangá Naruto e a Turma da Mônica Jovem
são reiterados por meio dessas produções dos participantes. Os cartazes apresentam
referências diretas a esses materiais escritos ou interpretações acerca deles. Abaixo,
apresentamos algumas dessas produções fotografadas.
Divulgação do Troca-Troca (Feira de troca de livros organizada pelos participantes)
Divulgação do Troca-Troca e do
Cosplay
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Feira do Livro da EMEF José Guedes
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Divulgando o Clube do Gibi
“Le banana men” e “Le Troca-Troca”
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Reprodução de imagem de mangá
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As produções acima denotam a preferência dos alunos pelo universo dos
quadrinhos e do mangás – pela produção de imagem. Ser o Clube do Gibi tem a ver
com essa identidade, representada nos cartazes espalhados pela escola. Abaixo,
trazemos um excerto de diário de campo em que a cena de trabalho dos alunos é sobre a
imagem que estão produzindo para divulgar a feira do Troca-Troca. Nesse breve
excerto, notamos a importância da pintura e das cores dos cartazes para os participantes.
Excerto de diário de campo “eu também sou boa nas cores,
né sora?” Ismael pega seu cartaz e diz que está pronto. Ele fez um recorte e colagem no
formato de um livro, com uma capa preta e com letras grandes desenhadas e
vazadas. Depois contornou as letras com marca texto verde limão. Disse a ele
que a combinação de cores era muito bonita. Disse para ele levantar o cartaz
e mostrar ao grupo. Ana Carolina olha e diz “que lindo!”. Depois diz “eu
também sou boa nas cores, né sora?”. Concordo com ela, digo que ela pinta
superbem. Vagner diz “ela é a pintora do Clube”. Vagner também está
finalizando seu trabalho, que ficou muito parecido com o de Ismael. Vanessa,
Emília e Lidiane fizeram uma produção juntas, mas que ainda não estava
pronta. Passaram cola colorida no seu cartaz, com uma frase grande escrita
no centro “Venha para a feira do Troca-Troca” e disseram que tinham que
esperar secar. Denilson terminou o seu “The Le banana men” e colou no
friso. Depois desenhou uma outra personagem, uma bola de futebol com um
rosto e chamou de “A chica”. Escreveu o nome da personagem no cartaz e
disse que queria colar no friso também.
Nesse sentido, compreendemos no trajeto da pesquisa, que
a) os eventos de letramento no Clube do Gibi estavam ligados a eventos com
textos imagéticos, visuais.
b) arriscamos afirmar que, a identidade do grupo era bastante relacionada à
cultura visual dos mangás e dos quadrinhos.
c) a preferência dos alunos pelos materiais escritos envolvia materiais que
dialogavam com textos visuais.
b) As práticas de letramento envolvem o trabalho coletivo dos alunos
Não por acaso o nome que recebe esta oficina é Clube. Clube do Gibi. Esse
nome carrega significados que indicam ações coletivas. É claro que observamos esse
senso de coletivo nas ações e na documentação que registramos em campo. Entretanto,
não podemos deixar de notar que, desde a escolha deste nome os participantes já se
orientavam para algo que aconteceria em um grupo.
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Ao longo do percurso, fui percebendo que os professores geralmente usavam a
seguinte frase ao se referirem ao Clube: “aqueles ali se autogerem.” Apesar dessa frase
não estar anotada em um diário de campo e ser fruto da minha memória (muito viva, por
sinal) do que foi a EMEF José Guedes na minha vida, sinto a obrigação de escrever
aqui. Foi esse um dos primeiros conhecimentos sobre o Clube que tive, quando me
coloquei à disposição para mediar a oficina com os alunos. Eles geriam a si mesmos e
não precisava “mandar” fazer.
O excerto de entrevista abaixo é representativo de nossa análise. Nele, Marta
expressa o que para ela foi essencial no aprendizado dos alunos no Clube.
Excerto de entrevista – “como se criou a ideia de Clube, cada um
cuidava, a ideia do patrimônio comum que era de todos, entende?”
Pesquisadora: Que conhecimentos foram aprendidos nesse tempo de Clube?
Marta: Coisas assim... o fato de tu ter que aprender a partilhar um espaço. O
cuidado que se tem em deixar o livro nas mesmas condições pra outros, não
rasgar o livro. O que que acontecia, que aconteceu já? Os caras, ahn,
pegavam os livros, rasgavam, pegavam só a parte que queriam e levavam pra
casa.
Pesquisadora: Aham
Marta: Isso aconteceu. Só que o Clube do Gibi, como se criou a ideia de
Clube, cada um cuidava, a ideia do patrimônio comum que era de todos,
entende? Isso foi um conhecimento aprendido. Quando tu tem um patrimônio
comum tu cuida daquilo, tu devolve, tu coloca ali, né.
Pesquisadora: Sim
Marta: Por outro lado a coisa assim, especificamente da linguagem, porque
tem muita coisa da linguagem, mas a coisa plástica. Da coisa plástica, muita
coisa foi aprendida, porque eles desenhavam muito, né.
Pesquisadora: Aham
Marta: Então por exemplo assim: eu sou professora de língua portuguesa,
mas boa parte do Clube do Gibi foi envolvido em questões de desenho e foi
aprendido muito. Os alunos que sabiam mais eles desenhavam e eles
ensinavam as técnicas de desenho, de sombreamento, de construção de
expressividade do olhar, de como é que tu faz a articulação lá, o cara virar pra
cá, pra lá...a coisa que eu não sei.
Pesquisadora: Aham
Marta: Eles aprenderam lá, uns com os outros. E, também, eles aplicaram
conhecimentos que aprenderam nas aulas de arte e Arteducação.
Pesquisadora: Aham
Marta: Porque os professores da Arteducação ensinam isso pra eles, então
eles aplicaram lá. Tu tá entendendo? A gente via e eles aplicavam livremente.
Como que via isso? Os alunos maiores, que já tinham passado pelas aulas de
Arteducação, das nossas colegas, ensinavam os pequenos e dizem, ó, é assim
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que se faz. E isso não é uma perda de tempo. Eles estavam ensaiando até
pegarem o jeito.
Pesquisadora: Sim...
Marta: E teve a coisa do origami também. Então, quer dizer, a cultura oriental
acabou entrando no fluxo por conta desses interesses dos alunos, que
acabaram expandindo o Clube dessa forma. Os nomes japoneses, esses
personagens. A coordenadora cultural chamou um dos meninos pra ser
oficineiro de origami a partir do Clube do Gibi, essas coisas né.
Pesquisadora: Sim, é mesmo.
Marta: O que faltou foi aprender essa coisa de saber fazer um enredo mais
complexo, a gente não chegou nisso, não chegou porque não deu tempo,
Pesquisadora, porque não era um curso. Então, na verdade, a gente abriu uma
brecha e dessa brecha a gente fez um caldo maravilhoso. Isso foi no
interstício de outras coisas. Quando eu vi que o pessoal veio atrás eu me
assustei até, eu preciso fazer isso.
Marta expressa sua opinião sobre o aprendizado dos alunos apontando, em
primeiro lugar, o aprendizado do trabalho coletivo, de compartilhamento do material,
das produções. Ainda reitera que aprenderam muito sobre “a coisa plástica”, pois
“aplicavam” o que era aprendido nas aulas de Arteducação. Marta reconhece que o
aprendizado de língua portuguesa pode não ter ocorrido da forma como desejava, por
não ter havido tempo para isso e, inclusive, pela própria configuração da oficina, no
“interstício de outras coisas”.
O excerto que reportamos abaixo denota certos entendimentos dos
participantes envolvidos nessa cena de produção no Clube. Era uma cena cotidiana
bastante comum do Clube: alunos sentados em mesas redondas, em grupos, fazendo
desenhos e escrevendo, conversando entre si, pedindo ajuda uns aos outros, ou em
silêncio. Apresentamos uma cena representativa das que no Clube envolviam escolhas,
conversas, tomadas de decisões coletivas, feitas pelo diálogo entre seus membros e não
pelos desejos individuais.
Excerto de diário de campo - “Venha pra Feira do Troca-Troca e traz
um Gibi”
Pergunto a eles como foi a feira do Troca-Troca no ano anterior. Ismael toma
a palavra. Diz que eles montaram uma mesa no pátio da escola, no sábado da
feira do livro da escola. Que colocaram uma caixa com gibis e que faziam a
troca com quem chegasse. Perguntei que gibis eram esses. Ismael disse que
eles arrecadaram gibis com os alunos e que no dia trocaram com quem
apareceu com algum gibi para trocar. Vanessa interrompeu e disse que eles
enfeitaram a mesa, fizeram umas faixas com o nome “Feira do Troca-Troca”.
Depois ficou um silêncio. Disse para eles que o Clube do Gibi era
responsável por essa organização todos os anos e que esse ano precisávamos
começar a pensar em como faríamos essa divulgação. Ana Carolina
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interrompeu e disse que o Clube tinha que fazer cartazes grandes chamando
para a Feira, assim “Venha pra Feira do Troca-Troca e traz um Gibi”. Ismael
interrompeu e disse “e traga seu Gibi”. Ana Carolina diz, “isso, traga seu
Gibi”. Falei que era uma boa ideia fazer esses cartazes. Pergunto se mais
alguém quer dar uma ideia. Vagner diz que temos que fazer cartazes mesmo.
Pergunto a Luan o que ele acha. Ele balança a cabeça afirmativamente, mas
não me olha, segue olhando para a revista que tem na mão.
Depois disso ficou um breve silêncio. Perguntei então se eles queriam
começar a produzir esses cartazes de divulgação. Ismael, Vagner, Ana
Carolina dizem que sim. Abro o armário e pego os trabalhos da semana
anterior. Digo a eles que alguns precisam continuar os personagens e suas
descrições para colocarmos no friso do fundo da sala. Vou colocando sobre a
mesa os trabalhos incompletos. Ana Carolina diz que quer terminar a sua
pintura. Diz também que ela pode ir colando na parede os trabalhos que já
estão prontos. Vagner pergunta se eu vi que tem desenhos novos no friso, que
não estavam. Disse a ele que sim e depois perguntei quem tinha feito. Ele me
explicou que foram os trabalhos que eles fizeram no Clube do Gibi de terça
de tarde. Continuou dizendo que eles desenharam uns personagens que são
eles na verdade, que são como eles gostariam de ser. Vagner levanta e vai até
o cartaz. Toca com a mão em um dos desenhos e diz que é o dele. Observo
que é um personagem que ocupa quase toda a folha; está sorrindo; é feito só
de lápis preto, sem pintura. Depois ele vai dizendo de quem são os outros
desenhos.
Luan se aproxima de Ana Carolina e diz em voz baixa pra ela que vai ajudar
a colar na parede os cartazes. Coloco então a caixa com materiais e o estojo
grande (com lápis, canetinha...) sobre a mesa mais próxima ao armário. Nela
já estão Luan e Ana Carolina. Vagner volta ao seu lugar, em que está sentado
Ismael. Entrego para Ana Carolina uma fita adesiva e mostro como ela pode
fazer para recortar os pedacinhos de fita sem precisar usar tesoura ou a boca.
Ela observa e diz, “tá bom sora”. Eles começam a colar e conversar sobre os
lugares em que preferem. Ana Carolina diz pra Luciano que quer colar bem
retinho. Luan argumenta que é mais legal colar tudo espalhado.
O excerto apresenta vários aspectos que queremos destacar. O primeiro deles é
a ação conjunta entre a pesquisadora e os alunos sobre o que vão fazer naquele dia e
como podem fazer. Os alunos dão sua opinião e deliberam sobre as ações para aquela
manhã de trabalho. O segundo aspecto importante nessa construção coletiva é a
indicação de Vagner sobre o friso. O friso que estava na parede, feito pelo nosso grupo,
era também um friso para o outro grupo que frequentava a biblioteca em outro dia da
semana. O apontamento de Vagner foi de destaque da participação dele mesmo no
encontro da terça – que contava com membros novos nessa oficina. Todos, portanto,
usavam o friso. O terceiro aspecto que salientamos é a ação de Luan e de Ana Carolina.
Luan, espontaneamente, decide colar os desenhos junto com Ana na parede. Ela aceita a
ajuda e eles começam esta tarefa. Em seguida, passam a discutir o que estão fazendo e
como preferem fazer.
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O resultado final do cartaz não é o mais importante para refletirmos sobre esse
evento de letramento de produção do cartaz. Mas esse processo de escolher em
conjunto, de se propor como parceiro do outro. É nesse conjunto de ações e escolhas
que os participantes do Clube tornam-se um grupo de trabalho que age conjuntamente.
Assim, aos aspectos abordados anteriormente, acrescentamos que
a) participar do Clube do Gibi significa trabalhar em conjunto: decidir, opinar,
contribuir para o que está sendo feito com todos;
b) os aprendizados que se adquiriram no Clube foram, principalmente, em
relação à arte plástica e ao trabalhar em grupo, compartilhar materiais, contribuir com
sua individualidade em uma construção mais coletiva;
c) o planejamento das atividades ocorre em grupos e faz parte das atividades de
letramento desse grupo; planeja-se junto e na hora em que o Clube começa.
c) Gostar de artes visuais: os participantes do Clube do Gibi têm
engajamentos em atividades de letramento de sua preferência.
Observamos que os participantes do Clube do Gibi, em geral, estabeleciam
relações com variadas atividades de letramento, para além do Clube ou das aulas na
escola. O participante Luciano, por determinação pessoal, cultiva um caderno de
desenhos só seus e uma pasta também. Ele portava esse caderno em vários encontros do
Clube e, muitas vezes, os alunos tiravam cópias de seus desenhos e passavam a manhã
toda envolvidos em pinturas e colagens das imagens do Luciano.
Caderno de desenhos de Luciano
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Na entrevista que reproduzo abaixo, Luciano mostra que gosta de arte e o que
conhece sobre arte está relacionado ao que tem aprendido na escola. Esse interesse
mobiliza o garoto a ser membro do Clube: um membro muito colaborativo no incentivo
a eventos de letramento com textos imagéticos, visuais.
Excerto de entrevista – “Van Gogh, eu adoro Van Gogh”
Pesquisadora: Então tu faz robótica e Clube do Gibi, né Luciano... Tu tem
alguma ideia do que tu quer seguir profissionalmente?
Luciano: Olha, profissionalmente eu quero fazer faculdade de artes... história
da arte.
Pesquisadora: Hum, e por que tu quer fazer isso?
Luciano: Ah, eu sou muito ligado em artes, eu desenho muito bem, qualquer
coisa que me passem em artes eu tô muito ligado... ahn, quando a sora manda
fazer algum trabalho em artes eu sei de cor às vezes até. É uma coisa muito
interessante e eu acho os quadros estilosos, ah, é contemporâneo, é bem legal.
Van Gogh, eu adoro Van Gogh também eu...
Pesquisadora: Tu gosta do Van Gogh...
Luciano: Eu adoro. Edgar Degas também, “As Bailarinas”. Adoro.
Pesquisadora: Aham... e por que tu gosta disso, o que que tu acha bonito
nisso?
Luciano: Ah, os quadros deles demonstram... um sentido, assim, tem um
sentido diferente de outras coisas que a gente vê. É uma coisa meio do
contemporâneo, meio antigo, assim, meio estiloso...
Pesquisadora: Aham...
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Luciano: A arte mostra uma coisa bem diferente assim...
Pesquisadora: Tu curte essas pinturas então...
Luciano: Ah, adoro...
Pesquisadora: E tu conheceu esses pintores, esses artistas onde assim?
Luciano: A professora Luciana ela, ela começou a falar sobre esses pintores e
eu comecei a gravar na cabeça e comecei a ler os livros também...
Pesquisadora: Na aula vocês olhavam esses livros deles ou imagens...
Luciano: É, a sora ela vem aqui na biblioteca, pega os livro, aí depois ela
mostra pra gente e a gente faz a pintura ou às vezes a gente faz os desenhos
ou...
Pesquisadora: Que legal isso. Interessante. E tu faz algum tipo de desenho
desses?
Luciano: É, eu faço pinturas de, de quadros desses, ahn, como é que é, dos
que eu falei agora?
Pesquisadora: Dos artistas?
Luciano: É, dos artistas, do Van Gogh. Eu tenho um monte em casa que eu
fiz no colégio e levei pra casa...
Pesquisadora: Produções tuas...
Luciano: É, todas produções minhas... Eu, eu tenho um monte assim que eu
olhei e fiz assim, pintei, desenhei.
Os estudantes do Clube do Gibi demonstraram ao longo da pesquisa interesses
por atividades letradas de diversos campos. Além disso, cinco outros participantes
faziam parte de projetos paralelos, fora da escola, na AABB (Associação Atlética Banco
do Brasil). Muitas vezes saíam dos encontros do Clube com o uniforme da AABB e se
organizavam no pátio para pegarem o ônibus e participarem das atividades promovidas
pela associação.
O perfil dos participantes do Clube é variado, mas muito voltado para aqueles
que têm interesses pessoais e que, nas interações, conseguiam conjugar com os
interesses do grupo. Era uma preocupação pungente de Marta que mais alunos
participassem das atividades de letramento oferecidas pela escola e não apenas os que
apresentavam interesses genuínos por essas atividades.
Assim, consideramos que
a) os participantes do Clube do Gibi têm interesses individuais que se associam
aos interesses coletivos;
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37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC – Florianópolis
b) os interesses individuais dos participantes contribuem para o trabalho
coletivo, pois estimulam a produção voltada para as representações visuais e para jogos
e mídias que envolvem personagens de mangás.
Algumas considerações
Consideramos, assim, que a biblioteca da EMEF José Guedes é um espaço que
promove a participação dos alunos em atividades de letramento. Essas atividades abrem
oportunidades para o protagonismo e a produção coletiva na escola. Além disso,
observamos que os textos que fazem parte dos eventos de letramento dos alunos,
configuram-se como textos de sua preferência, vinculados, principalmente, aos mangás
do personagem Naruto e à Turma da Mônica Jovem. Interpretamos, para a confirmação
da circulação desses materiais de preferência nas práticas letradas dos alunos no Clube
que, os materiais textuais circulantes considerados despreferidos a) envolvem certo
custo interacional aos participantes e b) esse custo ratifica a preferência pelos títulos
citados acima. Os materiais de linguagem verbal e visual, circulantes nas interações no
Clube, indicaram que as práticas de letramento desses estudantes estão diretamente
ligadas à cultura visual dos mangás e/ou dos quadrinhos. Nesse sentido, grande parte
das práticas letradas valorizava muito mais a relação dos participantes e a construção de
identidades ligadas ao visual (muito mais que ao verbal).
As práticas de letramento dos atores do Clube envolvem o trabalho coletivo
dos alunos: o manuseio de textos, o desenho, a produção escrita com materiais de sua
preferência é feita de modo coletivo e colaborativo. Planejar, definir propostas e os
pequenos projetos em que se inserem no cotidiano dos encontros faz parte dessas
atividades de negociação coletiva, conforme a análise dos dados. Por fim, consideramos
que as preferências dos participantes desse grupo contribuem para aprendizagens de
várias naturezas e, destacamos, que as preferências individuais tornam-se relevantes no
grupo e contribuem para o que se aprende coletivamente – como vimos acerca da
participação de Luciano, por exemplo, “que adora arte”.
Compreendemos, assim, que a escola em foco se configurou como um espaço
de publicação em linguagem que torna as fronteiras escolares porosas, pois considera
textos de circulação social que se hibridizam na esfera social escolar. O projeto Clube
do Gibi configura-se como um espaço de publicação dos textos dos alunos. As
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publicações dos alunos eram, geralmente, visualizadas no seu momento de produção – o
que oportunizava discussões e intervenções coletivas nesses trabalhos.
Consideramos ainda relevante enfatizar que o Clube do Gibi enceta formas de
ser uma espécie de imprensa escolar na medida em que se constitui como espaço da
cultura letrada midiática, de circulação entre alunos. Assim, entendemos que o projeto
O Clube do Gibi significa, portanto, um projeto de publicação livre e coletiva, em que o
protagonismo e a autoria fazem-se no momento mesmo da produção e da publicação
dos textos verbais e visuais dos membros envolvidos.
Referências
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2010.
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_______________. Problemas da Poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2010.
FARACO, C. A. Linguagem & Diálogo: As ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São
Paulo: Parábola.
________________. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola,
2008.
FILIPOUSKI, A.M.; MARCHI, D.; SIMÕES, L. (2009) Referenciais Curriculares para o
Ensino de Língua Portuguesa e Literatura. Rio Grande do Sul, Secretaria de Educação do
Estado.
SIMÕES et al. Leitura e autoria: planejamento em Língua Portuguesa e Literatura. Erechim:
Edelbra, 2012.
TODOROV, T. A Literatura em Perigo. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.