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O hospital materno-infantil da capital do Cuanza Norte reali- zou mais de três mil partos em 2014. Este crescimento signifi- cativo deve-se ao aumento da confiança das populações que reconhecem a qualidade dos serviços prestados nesta uni- dade de saúde gerida com efi- ciência. |Pag.24 Ndalatando com mais bebés jornal Ano 5 - Nº 57 Janeiro 2015 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá O Céu é o Limite MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da A baixa do preço do petróleo e as restrições que se avizinham vão obrigar os líderes a um envolvimento cada vez maior nas tarefas profissionais. Em 2015, o “nine to five” vai passar a 24/7. O aumento da carga de trabalho implica um desgaste físico e psicológico difícil de suportar com evidentes conse- quências nas capacidades de decisão dos quadros das empresas e unidades de saúde. Saiba como gerir a sua energia. |Pag.10 Queda do preço do petróleo Como preparar o corpo e a mente para as dificuldades de 2015 Angola vê reduzirem-se os casos de meningite. A introdu- ção da vacina Pneumo 13 e as campanhas de sensibilização explicam. |Pag.4 Meningite diminui Tuberculose Tudo o que precisa saber. No X Congresso Internacional dos Médicos em Angola, que se realiza a 26 e 27 deste mês, em Luanda, profissionais nacionais e convidados estrangeiros vão debater a investigação, a informa- tização dos sistemas, a humanização, a formação contínua, a gestão da qualidade, as parcerias públi- co-privadas, a promoção da saúde e a prevenção, entre muitos outros temas científicos, tendo sempre em mente a melhor saúde possível da população. A literacia sanitária, um dos temas que será ampla- mente debatido no encontro, é o conhecimento sobre a saúde. Sem a educação e a informação adequadas a população dificilmente tomará cons- ciência de sintomas ou sinais de doença e da ne- cessidade de se dirigir a um posto de saúde ou a um hospital. Haja informação, haja saúde! ESPECIAL CONGRESSO – Págs. 11 a 21 X Congresso Internacional dos Médicos em Angola Juntos na promoção da saúde

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Page 1: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude ANGOLA · Tuberculose diminui T˘d ˘e eci a abe . No X Congresso Internacional dos Médicos em Angola, que se realiza a 26

O hospital materno-infantil dacapital do Cuanza Norte reali-zou mais de três mil partos em2014. Este crescimento signifi-cativo deve-se ao aumento daconfiança das populações quereconhecem a qualidade dosserviços prestados nesta uni-dade de saúde gerida com efi-ciência. |Pag.24

Ndalatandocom mais bebés

jornalAno 5 - Nº 57 Janeiro2015Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá

O Céu é o Limite

MINISTÉRIO DA SAÚDE

GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA audea saúde nas suas mãos

A N G O L A

da

A baixa do preço do petróleo eas restrições que se avizinhamvão obrigar os líderes a umenvolvimento cada vez maiornas tarefas profissionais. Em2015, o “nine to five” vai passara 24/7. O aumento da carga detrabalho implica um desgastefísico e psicológico difícil desuportar com evidentes conse-quências nas capacidades dedecisão dos quadros dasempresas e unidades de saúde.Saiba como gerir a sua energia.|Pag.10

Queda do preço do petróleo Como prepararo corpo e a mente paraas dificuldadesde 2015

Angola vê reduzirem-se oscasos de meningite. A introdu-ção da vacina Pneumo 13 e ascampanhas de sensibilizaçãoexplicam. |Pag.4

Meningite diminuiTuberculose

Tudo o que precisa saber.

No X Congresso Internacional dos Médicos emAngola, que se realiza a 26 e 27 deste mês, emLuanda, profissionais nacionais e convidados estrangeiros vão debater a investigação, a informa-tização dos sistemas, a humanização, a formaçãocontínua, a gestão da qualidade, as parcerias públi-co-privadas, a promoção da saúde e a prevenção,entre muitos outros temas científicos, tendo sempre em mente a melhor saúde possível da população.

A literacia sanitária, um dos temas que será ampla-mente debatido no encontro, é o conhecimentosobre a saúde. Sem a educação e a informaçãoadequadas a população dificilmente tomará cons-ciência de sintomas ou sinais de doença e da ne-cessidade de se dirigir a um posto de saúde ou aum hospital.

Haja informação, haja saúde!

ESPECIAL CONGRESSO – Págs. 11 a 21

X CongressoInternacional dos Médicos em Angola

Juntos na promoção da saúde

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Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel Bet-tencourt Mateus, decano da Faculdade deMedicina a UAN (coordenador), Dra.Adelaide Carvalho, Prof. Dra. Arlete Bor-ges, Dr. Carlos (Kaka) Alberto, Enf. Lic.Conceição Martins, Dra. Filomena Wil-son, Dra. Helga Freitas, Dra. Isabel Mas-socolo, Dra. Isilda Neves, Dr. JoaquimVan-Dúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof.Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra. Maria Ma-nuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gas-par, Dr. Paulo Campos.Director Editorial: Rui Moreira de Sá [email protected]; Redactora Principal :Magda Cunha VianaRedacção: Francisco Cosme dos Santos;Luís Óscar; Madalena Moreira de Sá; Ma-ra Mota.Correspondentes provinciais: ElsaInakulo (Huambo); Diniz Simão (CuanzaNorte); Casimiro José (Cuanza Sul); Victor

Mayala (Zaire) Publicidade: EileenSalvação Barreto Tel.: + 244 945046312E-mail: [email protected] Revi-são: Sara Veiga; Fotografia:António PauloManuel (Paulo dos Anjos). Editor:MarketingFor You, Lda - Rua Dr. Alves da Cunha, nº3, 1º andar - Ingombota, Luanda, Angola,Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780 462,[email protected]. Conserva-tória Registo Comercial de Luanda nº 872-10/100505, NIF 5417089028, Registo noMinistério da Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.Delegação em Portugal: Beloura OfficePark, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sintra - Portu-gal, Tel.: + (351) 219 247 670 Fax: +(351) 219 247 679E-mail: [email protected] Geral: Eduardo Luís Morais Sal-vação Barreto

Periodicidade:mensal Design e maquetagem: Fernando Almei-da; Impressão e acabamento: Damer Gráfi-cas, SATransportes:Francisco Carlos de Andrade(Loy) Tiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 80 mil leitores.

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O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças

ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente

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e o desenvolvimento sustentável do país.

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2 eDIToRIAl Janeiro 2015 JSa

O sector da saúde defronta-se este ano com umgrande desafio –um orçamento mais restritivo de-vido às causas que todos conhecemos –, à seme-lhança aliás de outras áreas económicas e sociaisdo país. Só que o nosso sector é de vidas humanasque trata, pelo que a agudeza da situação não écompatível com a tradicional so-lução de simplesmente cortar adireito. A agravar, provavelmente,seguindo a tendência dos anosmais recentes, haverá um aumen-to de procura de cuidados de saú-de, incluindo obviamente as pro-víncias, onde, fruto das intensascampanhas de sensibilização e damelhoria do atendimento nas uni-dades sanitárias, a demanda temaumentado exponencialmente(veja-se, nesta edição, como ummero exemplo, o que relatam osresponsáveis por unidades sanitá-rias no Cuanza Norte e Sul).

O dedo na ferida

Em resumo, o dedo na ferida é: temos de fazermais, com menos recursos. O tempo das vacasgordas – e que aliás nunca foram propriamente

gordas na Saúde – acabou! Só há um caminho,conforme aliás o ministro da Saúde apontou du-rante o Conselho Consultivo: cada um, no seulocal de trabalho, deve fazer o seu melhor doponto de vista de gestão. Ser parcimonioso, pro-curar ganhos de eficiência, articular com outras

áreas e inovar.

Nós somos Saúde!

O X Congresso Internacionaldos Médicos em Angola, em si-multâneo com a feira MédicaHospitalar – o evento de refe-rência do sector da saúde nopaís – de que damos destaquenesta edição, não podia assimrealizar-se em melhor hora: cer-tamente que, juntos, dirigentes,médicos, outros profissionais desaúde e fornecedores, nas suasanálises e debates, irão encon-trar soluções para enfrentar

com sucesso um dos maiores desafios que o sec-tor enfrenta nos últimos anos. E sempre com ocidadão no centro do sistema de saúde.Nesta hora, há que cerrar fileiras. Estamos (to-dos) juntos!

Rui MoReiRa de SáDirector [email protected]

Menos orçamento, mas mais qualidade

Desafios 2015

“ O sector dasaúde enfrentaum dos maioresdesafios dostempos de paz:fazer mais, commenos recursos”

Tema de Janeiro

PRUDÊNCIA

Prudência significa actuar com cuidado.Classicamente é considerada uma virtude. É sa-ber distinguir as coisas desejáveis das que con-vém evitar. É frequentemente associada comsabedoria, introspecção e conhecimento. Serprudente é:

• Dizer o indispensável• Agir de acordo com as advertências• Guardar segredos• Evitar conflitos• Analisar o que se escuta• Cuidar da saúde mental, física e espiritual.

A prudência requer:• Percepção• Discernimento• Estar alerta sobre o que se passa ao nosso

redor, antes de julgarmos. É preciso saber calar e escutar. Investigar, in-

formar-se, reflectir e ter em conta a própria ex-periência antes de decidir. É saber arrepender-mo-nos de algo incorrecto que dizemos, ou fa-zemos.

A prudência diz-nos quando falar e quandocalar; quando correr e quando parar; quandobaixar a cabeça e quando erguê-la; é simples-mente não correr riscos desnecessários.Temas colaterais para o mês de Janeiro:Reflexão, Determinação, Paciência.

Tema de Fevereiro

PATRIoTIsmo

Patriotismo significa amar a minha pátria eser-lhe útil. É o sentimento de amor e devoçãoà pátria e aos seus símbolos. A pátria é a nossaorigem comum. Sejamos ricos ou pobres, po-derosos ou não, partilhamos o mesmo solo, amesma língua, a mesma bandeira, a mesmamoeda, a mesma trajectória histórica, a mesmacultura e símbolos em geral.

O patriotismo é muitas vezes confundidocom nacionalismo. Nacionalismo é considera-do uma ideologia ou um idealismo que leva aspessoas a serem patriotas.

O patriotismo é o espírito de solidariedadeentre as pessoas que têm interesses comuns epor isso não se demonstra apenas nas catástro-fes naturais, enviado ajudas. Vive-se diariamente,sendo justos, respeitosos, responsáveis, gene-rosos e honestos. É um sentimento que, ao ladodas leis, sustenta a democracia.

Ser patriota é estar inteirado de quem sãoe o que fazem os nossos governantes e votarpara pessoas idóneas não é apenas um direito.É uma obrigação que qualquer um de nós queama a sua pátria deve cumprir, enquanto cida-dão.Temas colaterais para o mês de Feverei-ro: Nacionalismo, Ordem, Tolerância, Discerni-mento.

Secretariado tÉcNico: rua Vereador Ferreira da cruz, 64, Miramar, LuandaMárcia costa - tel.: 923 276 837 e-mail:[email protected] | www.indeg.iscte.pt

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ACTUAlIDADe 3Janeiro 2015 JSa

Especialistas em saúde, entre mé-

dicos, professores universitários e

outros, estão de acordo em reco-

nhecer que só através da informa-

ção e do direito de acesso à saúde

da população será possível chegar

a um sistema de saúde eficaz e

abrangente.

No X Congresso Internacional de Mé-dicos em Angola que se realiza este mêsem Luanda, oradores de várias especia-lidades falarão de investigação, da infor-matização dos sistemas de saúde, da for-mação contínua de técnicos, de campa-nhas de vacinação e rastreios, entre mui-tos outros temas.

O rastreio das diversas patologias, as-sociado à educação e informação, à cria-ção de infraestruturas e à optimizaçãodas políticas de saúde poderá propor-cionar às populações uma vida mais sau-dável.

No Congresso, organizado pela Or-dem dos Médicos de Angola, que decor-re na capital a 26 e 27 deste mês e juntaespecialistas de 11 países, como o Brasil,Portugal, Bélgica, Cabo Verde, Moçambi-que, Israel e Estados Unidos da América,serão apresentadas várias visões de ges-tão de sistemas de saúde sustentáveis,tendo sempre em mente os direitos dapopulação à melhor saúde possível.

Literacia é fundamental

Entre os temas debatidos está a li-teracia. Trata-se de uma importantecomponente de políticas nacionaissem a qual um sistema de saúde não

poderá funcionar bem.Um dos oradores do Congresso

defenderá que um nível inadequadode literacia em saúde pode ter impli-cações muito negativas.

Sem a educação e a informaçãoadequadas a população dificilmentetomará consciência de sintomas ou si-nais de doença e da necessidade de sedirigir a um posto de saúde ou a um

hospital. Doenças como o sarampo ea poliomielite têm vindo a ser alvo emAngola de campanhas de vacinação ede informação, porque estas doençascontinuam a matar.

Estas campanhas esbarraram nofacto de a população não estar aindahabituada a reconhecer os benefíciosda assistência prestada nas unidadesde saúde. Daí que muitas pessoas nãoiam aos postos de vacinação, o que ob-riga os profissionais de saúde a umacampanha porta a porta.

Também será realçada no encon-tro a necessidade de reforçar a infor-mação sobre prevenção e tratamentode doenças como a diabetes, a hiper-tensão, o VIH/SIDA e muitas outrasque continuam a registar altos índicesde morbilidade e mortalidade.

Doenças como o cancro podemser detectadas numa fase precoceatravés de rastreios, como o que foiefectuado em 2014 pelo Instituto An-golano de Controlo de Câncer, emLuanda.

Este Congresso, até pela elevadacraveira e prestígio científico dos par-ticipantes, está a gerar grandes expec-tativas nos profissionais e responsá-veis políticos da área da saúde, dele seesperando um forte impulso dinami-zador para a saúde em Angola.

Formação de profissionais de saúde e da população em geral pode trazer uma melhoria na assistência médica

O Plano Nacional de Formação de Quadros é tema de uma das principais conferências do X Congresso. Na imagem,um conjunto de médicos, responsáveis de unidades de saúde, que concluíram com sucesso o Programa de Especializa-ção em Gestão da Saúde

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4 actualidadE Janeiro 2015 JSA

Em 2014

A redução de casos de me-ningite deve-se ao programade vacinação e às campa-nhas de sensibilização, bemcomo a introdução da vaci-na Pneumo 13. A vacina Pneumo 13 com-bate a bactéria streptococ-cus pneumoniae que é res-ponsável por um grupo dedoenças, entre as quais ameningite, a pneumonia,sepsis, bacteremia e otitemédia aguda. Atualmente,as doenças pneumocócicasjá matam mais que Malária,SiDAe Tuberculose juntas.

No hospital pediátrico DavidBernardino, em Luanda, regis-tou-se em 2014 uma reduçãode 260 casos de meningite,comparativamente com o anoanterior, afirmou a sua directoraclínica, Elsa Gomes.

A responsável referiu que de2012 a 2013 foram atendidosem média 300 casos por ano eque, depois da introdução da va-cina, se registou em 2014 umaredução para 40 casos.

“Em 2013 foi introduzida avacina Pneumo-13, no calendá-rio de vacinação, como parte deuma intervenção estratégica doPrograma Nacional de Desen-volvimento Sanitário (PNDS)até ao ano 2025, elaborado paraacelerar a redução da mortali-dade infantil", afirmou.

Elsa Gomes sublinhou que avacina, que visa imunizar contra apneumonia, a meningite e as in-

fecções do ouvido, é ministradasob a forma intramuscular, emtrês doses intercaladas (dois, qua-tro e seis meses de idade).

As vacinas – adiantou - são“ferramentas vitais para prote-ger a vida das crianças e dar-lhesa oportunidade de crescer e dese tornarem adultos saudáveise produtivos”.

Causas de internamentoA directora clínica informou

que, diariamente, o hospital pe-diátrico observa 260 crianças, fi-cando internadas, em média, 50.A principal causa de interna-mento é a anemia severa com6.786 casos registados e 89 óbi-tos em 2014.

Nas posições imediatamen-te a seguir estão a malária com2.610 casos e 194 óbitos, edoenças respiratórias agudascom 2.503 casos e 245 mortes.

A responsável afirmou queos dados estatísticos de 2014em relação ao ano a 2013 forammelhores, sabendo-se que emmédia morrem 3 a 4 criançaspor dia, o que é um valor muitoelevado, pelo que os profissio-nais de saúde continuam a tra-balhar para a sua redução.

Segundo a responsável,uma das principais cau-sas da mortalidade é achegada tardia dosdoentes, sendo que50 a 60 porcentodeles morrem 48horas após os pri-meiros socorros.

Rede periféricaA médica afirmou que o

número de crianças interna-das diariamente em 2014diminuiu em relação a2013. “Em 2013 interná-mos uma média de 70crianças, e em 2014 jáforam apenas 50, tudoporque existe umarede periférica quecomeçou a funcio-nar melhor”.

Para o ano de2015, o Hospital Pe-diátrico "David Ber-nardino" antecipa queos dos dados estatísticosirão revelar melhorias,contando para isso umacolaboração mais estreitacom as instituições da redeperiférica na formação per-manente de profissionais ca-pazes de identificar as situa-ções de emergência, e naredinamização do pro-grama de vacinação.

Meningite diminui devido a campanhas de vacinação e sensibilização

A epidemia do Ébola, quematou mais de 8.400 pes-soas na Libéria, Serra Leoae Guiné-Conacri (ÁfricaOcidental), e que chegoutambém ao Mali, Nigéria,Senegal, Espanha, ReinoUnido e Estados Unidos,com um total de 21.296 ca-sos confirmados, prováveise suspeitos, está a diminuir,anunciou a OMS.Até 11 de Janeiro de 2015,foram infectados 843 pro-fissionais de saúde, grandeparte voluntários, em todosos países afectados, comum total de 500 mortos.

A Organização Mundial de Saú-de anunciou, no passado dia 14,que o número de infecções se-manais causadas pelo vírus doÉbola (DVE) atingiu o menor ín-dice registado em meses nostrês países mais afectados pelaepidemia – Libéria, Serra Leoa eGuiné.

A Serra Leoa e Guiné soma-ram o menor índice semanal decasos confirmados desde Agostode 2014, e a Libéria relatou doisdias sem qualquer nova infecção,isto é, com o seu menor índicesemanal desde Junho.

Até meados de Janeiro, a Gui-né-Conacri notificou 42 casosconfirmados, a Libéria oito casosconfirmados (contra mais de

300 nas semanas anteriores) e aSerra Leoa notificou 184 casosconfirmados.

Seis países (Mali, Nigéria, Se-negal, Espanha, Reino Unido e Es-tados Unidos) tiveram um oumais casos iniciais e transmissãolocalizada. O Mali manteve os oi-to casos, sendo sete confirma-dos e um provável, tendo-se re-gistado seis mortes. No ReinoUnido, as autoridades não detec-taram contactos de risco rela-cionados com a enfermeira a sertratada em Londres e que con-traiu a infecção na Serra Leoa.

A resposta à epidemia conti-nua em progresso, em coordena-ção com a Missão das NaçõesUnidas para o Controlo do Ébo-

la (UNMEER), com o objectivode isolar 100 por cento dos ca-sos de DVE e enterrar 100% dosdoentes que morrerem comébola, com segurança e dignida-de.

Anteriormente, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, dis-se que a epidemia pode estaracabada na metade de 2015.

O primeiro caso de Ébola foidiagnosticado na Guiné, a dois deDezembro de 2013. Emile, ummenino de dois anos, morreu equatro dias morreu tambémmãe, as irmãs, a avó e uma enfer-meira. Cientistas consideramEmile o "paciente zero" e o inícioda pior epidemia de Ébola da his-tória.

Número de novos casosde Ébola está a diminuir

Angola desenvol-veu sérios esforçospara evitar a epide-mia e isolar doen-tes caso viessem asurgir. Na imagemo enfermeiro ango-lano Didi Ximbi

A meningite é umainflamação das meninges, que sãoas membranas queenvolvem o cérebro.Existem diversos tipos de meningite,e para cada um de-les há causas e sintomas específicos.

“A maioria dos casos de meningiteé provocada porvírus ou bactérias,mas a doença tam-bém pode ser trans-mitida via fungos”,afirmou Elsa Go-mes.Outros factorestambém podem desencadear umquadro de meningi-te, como alergias adeterminados me-dicamentos, algunstipos de cancro e al-gumas doenças in-flamatórias.

O que é a meningite?

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5publicidadeJSA Janeiro 2015

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6 oncologia Janeiro 2015 JSA

O número de novos casos

de cancro aumentaram em

2014 mas este crescimento

reflecte um factor positivo:

a adesão da população a

campanhas de rastreio e de

prevenção do cancro.

A preocupação do governo an-

golano em melhorar os serviços

de saúde através da criação de

novas estruturas e melhoria das

já existentes só pode ter bons

resultados através do lançamen-

to de campanhas de prevenção

e informação para os profissio-

nais de saúde e para a população

em geral.

Em entrevista ao Jornal da

Saúde, Fernando Miguel, direc-

tor do Instituto Angolano de

Controlo de Cancro disse que

foram diagnosticados 1.165 no-

vos casos de cancro em 2014,

dos quais 256, de um universo

rastreado de 9.347 pessoas.

“Nós recebemos de outras

unidades de saúde casos de pes-

soas com suspeita ou com

doença de cancro. Houve tam-

bém pessoas que se deslocaram

ao Instituto por iniciativa pró-

pria”, disse.

“Das pessoas que se deslo-

caram ao Instituto foi efectuado

um rastreio de um universo de

9.347 individuos, tendo sido

diagnosticados 256 novos casos

de cancro da mama, próstata e

uterino”, sublinhou, frisando que

estes dados são provisórios,

pois o relatório final só será

apresentado no X Congresso

Internacional dos Médicos em

Angola, a 26 e 27 de Janeiro.

O director do Instituto reco-

nheceu que houve um aumento

de novos casos em 2014 mas

que pode dever-se a uma maior

consciencialização da população,

pois não parece haver nenhuma

circunstância que leve a um au-

mento de número de casos.

“As pessoas vão tomando

consciência, os nossos próprios

serviços vão-se organizando ca-

da vez mais, isso faz com que

nos procurem mais", adiantou o

responsável.

“Esses casos já existem no

seio da população, o que esta-

mos a fazer é criar condições pa-

ra que os diagnosticados sejam

seguidos de tratamento. Este ras-

treio foi efectuado no Instituto

mas as pessoas não são só de

Luanda, pois também vieram de

Cabinda ao Cunene. Em cada

província temos um núcleo que

faz o seu trabalho e dá-nos os da-

dos compilados. Nós damos as-

sistência a pessoas que venham

de qualquer parte do país”.

Doenças crónicas

Fernando Miguel referiu que

o “cancro pertence ao grupo de

doenças crónicas não transmis-

síveis, ao contrario das infecto-

contagiosas que têm uma única

causa, um único agente que as

provoca. Sabemos que o que

provoca o paludismo é o plas-

módio, que é transmitido atra-

vés do mosquito, ao passo que

doenças como a hipertensão ar-

terial, cancro e uma série de ou-

tras patologias que pertencem

a esse grupo de doenças cróni-

cas não transmissíveis têm múl-

tiplos factores que as provo-

cam”.

Campanhas de rastreio de cancro estão a salvar vidas com a deteção de novos casos de doença

Os factores de risco am-

bientais – e/ou a predisposi-

ção genética – têm um pa-

pel fundamental no apare-

cimento de uma série de

cancros. Mas noutros são

sobretudo as mutações es-

pontâneas, aquando da divi-

são celular normal, que pa-

recem estar em causa.

As mutações aleatórias que po-

dem ocorrer, num dado órgão

do corpo, quando as chamadas

células estaminais se dividem (ga-

rantindo assim a reposição das

células adultas em fim de vida

nesse órgão), são responsáveis

por dois terços dos cancros que

as pessoas desenvolvem ao lon-

go da vida, concluem dois espe-

cialistas num estudo publicado

este mês na revista Science.

Cristian Tomasetti e Bert Vo-

gelstein, da Universidade Johns

Hopkins (EUA), analisaram resul-

tados anteriormente publicados

sobre a taxa de divisão de células

estaminais (saudáveis) em 31 ti-

pos de tecidos diferentes do cor-

po humano. E, quando compara-

ram esses dados com as estatís-

ticas de incidência do cancro, ao

longo da vida, nesses mesmos te-

cidos, descobriram uma forte

correlação entre essa taxa de

normal renovação celular e a ta-

xa de cancro no órgão corres-

pondente. Segundo eles, 65% da

incidência do cancro nos adultos

norte-americanos poderá assim

ser, principalmente, uma questão

de “má sorte”.

Estilos de vida

Quer isto dizer que não vale

a pena preocuparmo-nos, por

exemplo, em ter um estilo de vi-

da saudável? De todo: há can-

cros, como o cancro de pulmão

dos fumadores (devido ao taba-

gismo) ou o cancro da pele (con-

sequência do excesso de expo-

sição solar), que estão claramen-

te mais ligados ao estilo de vida

do que a uma espécie de roleta

russa. Aí, de facto, o número de

divisões das células estaminais no

tecido correspondente não che-

ga para explicar a frequência dos

cancros que atingem esse tecido.

E não só: os cientistas fazem no-

tar que, mesmo quando o princi-

pal factor de risco é o acaso, os

factores ambientais e hereditá-

rios só podem fazer aumentar

ainda mais esse risco.

“Constatámos que os tipos

de cancro que tinham um risco

maior do que previsto pela taxa

de divisão celular eram precisa-

mente aqueles que seria de es-

perar – incluindo o cancro do

pulmão e o cancro da pele –,

bem como os cancros associa-

dos a síndromes hereditárias”,

diz Bert Vogelstein, citado em

comunicado da sua universida-

de.

Todavia, nos cancros em que

o factor sorte surge como pre-

dominante, argumenta este cien-

tista, “a melhor maneira de os er-

radicar será através da sua detec-

ção precoce, quando ainda são

operáveis”.

Segundo os autores, estes re-

sultados permitem explicar por

que é que o cancro é menos fre-

quente nalguns órgãos do que

noutros. “Um exemplo”, diz Vo-

gelstein, é o tecido do cólon, que

sofre quatro vezes mais divisões

de células estaminais do que o in-

testino delgado”. Ora, justamen-

te, o cancro surge de forma mui-

to mais frequente no cólon do

que no intestino delgado.

Uma limitação do estudo é a

não inclusão de certos tipos de

cancro muito prevalentes, tais

como o cancro da mama ou o da

próstata. Os autores justificam

este facto pela falta de dados fiá-

veis sobre a renovação celular

nestes tecidos, esperando que

este tipo de lacuna venha a ser

colmatada no futuro.

Ter cancro é uma questão de azar?

A ciência não conseguiuaté hoje dizer exacta-mente o que provoca ocancro. Há muitos facto-res que podem levar aoseu aparecimento. Entreeles, há quatro grandesgrupos, mencionados naliteratura que são: o estilode vida sedentário ( faltade exercício físico), a ali-mentação tipo “fast-food”, o consumo exage-rado de alcool e o tabaco. “Toda a gente sabe que otabaco mata mas as pes-soas continuam a fumar.É uma das drogas maisletais que conhecemosvendida legalmemnte”,frisou.

O que provocao cancro?

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7publicidadeJSA Janeiro 2015

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8 TUBERCULOSE Janeiro 2015 JSA

Perguntas Respostas&O que é a tuberculose?A tuberculose é uma doença in-fecciosa causada por um micró-bio chamado "bacilo de Koch". Éuma doença contagiosa, que setransmite de pessoa para pessoae que atinge sobretudo os pul-mões. Pode também atingir ou-tros órgãos e outras partes do nos-so corpo, como os gânglios, osrins, os ossos, os intestinos e asmeninges.

Quais são os sintomasmais evidentes?– Tosse crónica;– Febre;– Existência e persistência de suo-res nocturnos (dos que ensopamo lençol);– Dores no tórax;– Perda de peso, lenta e progressi-va;– Falta de apetite, anorexia, apatiacompleta para com quase tudo oque está à volta.

Como se transmite?A transmissão do micróbio da tu-berculose processa-se pelo ar,através da respiração, que o fazpenetrar no nosso organismo.Quando um doente com tubercu-lose tosse, fala ou espirra, espalhano ar pequenas gotas que contêmo bacilo de Koch. Uma pessoasaudável que respire o ar de deter-minado ambiente onde perma-neceu um tuberculoso pode in-fectar-se.

Note-se que um espirro de umdoente com tuberculose projectano ar cerca de dois milhões de ba-cilos. Através da tosse, cerca de 3,5mil partículas são igualmenteprojectadas para a atmosfera.

Todas as pessoas queentram em contactocom doentes tuberculosos podemser contagiadas?Não. A maior parte das vezes o or-ganismo resiste e a pessoa nãoadoece. Contudo, por vezes, o or-ganismo resiste no momento,mas continua a albergar o micró-bio, motivo pelo qual quando fra-gilizado por alguma outra doen-ça, como a sida, o cancro, a diabe-tes ou o alcoolismo, acaba pornão resistir. Os idosos têm tam-bém mais possibilidades de adoe-cer logo após estarem em contac-to com um tuberculoso, ou seja,com o ar que este respira.

Entre as pessoas que mais pro-babilidades têm de contrair estainfecção, contam-se os idosos, ascrianças e as pessoas muito debi-litadas por outras doenças.

Todos os pacientescom tuberculose podem transmitir a doença?Não, apenas os doentes com o ba-cilo de Koch no pulmão e que se-jam bacilíferos, isto é, que elimi-nem o bacilo no ar, através da tos-se, espirro ou fala.

Quem tem tuberculose nou-tras partes do corpo não transmi-te a doença a ninguém porquenão elimina o bacilo de Koch atra-vés da tosse.

Os doentes com tuberculoseque já estão a ser tratados não ofe-recem perigo de contágio porquea partir do início do tratamentoeste risco vai diminuindo dia apósdia. Quinze dias depois de inicia-do o tratamento, é provável que opaciente já não elimine os bacilosde Koch.

Que factores facilitamo contágio?– Estar na presença de um doentebacilífero (aquele que eliminamuitos bacilos através da tosse,dos espirros, da fala);– Respirar em ambientes poucoarejados e nos quais há predomi-nância de pessoas fragilizadas pe-la doença;– Permanecer vários dias em con-tacto com doentes tuberculosos.

Como se previne?A prevenção é a arma mais pode-rosa e genericamente usada emtodo o mundo. É feita através davacina BCG (Bacilo de Calmette eGuérin), que é aplicada nos pri-meiros 30 dias de vida e capaz deproteger contra as formas maisgraves de tuberculose. É, por isso,obrigatória e tomada por milhõesde crianças em todo o mundo.

Deve ainda tratar-se, o maisbreve possível, os doentes com tu-berculose, para que o contágionão prolifere, e procurar não res-pirar em ambientes saturados,pouco arejados e pouco limpos.

A tuberculose tem cura?Sim. Se o doente seguir a prescri-ção do médico e as suas indica-ções, as oportunidades de curaatingem os 95 por cento. Mas paraque assim seja, é fundamentalnão interromper o tratamento emhipótese alguma, nem mesmo seos sintomas desaparecerem.

Como se trata?Quando alguém adoece por cau-sa do micróbio da tuberculose efica tuberculoso, o tratamentoconsiste na combinação de três

medicamentos: rifampicina, iso-niazida e pirazinamida. Este tra-tamento dura cerca de seis mesese deve ser sempre acompanhadopelo médico de família do seucentro de saúde.

Em que situações é preciso internar um doente comtuberculose?

Na maior parte dos casos, o trata-mento deve ser ambulatório, ouseja, feito em casa e acompanha-do no centro de saúde ou no hos-pital da área de residência dodoente. Porém, se o diagnósticonão for feito no início da doença eos pulmões do doente ficaremgravemente afectados, inclusiveoriginando outras complicações,o médico tem que observar o pa-ciente e decidir se precisa do in-ternamento. Nestas circunstân-cias, as pessoas ficam muito fragi-lizadas e precisam de muitoapoio.

No caso de um doente com tu-berculose noutras partes do cor-po, cabe ao médico tomar a deci-são. Quando o doente contraiuma meningite tuberculosa temforçosamente de ser internado.

A tuberculose mata?Sim. Se uma pessoa com tubercu-lose não recorrer aos serviços mé-dicos competentes e se não fortratada atempada e conveniente-mente, a probabilidade de vir amorrer na sequência da tubercu-lose é muito elevada.

Quando um doente abandonaou interrompe o tratamento quelhe foi prescrito, aumenta tam-bém a probabilidade de vir a mor-rer da doença, uma vez que possi-bilita o aparecimento de novosbacilos de Koch, resistentes aosmedicamentos actualmente usa-dos pelos médicos para o trata-mento e controlo da tuberculose.

Como se diagnostica?Se tossir consecutivamente duran-te cerca de três semanas, é reco-mendável que consulte o médicodo centro de saúde da sua área deresidência. Este médico pode pe-dir-lhe para fazer o exame do es-carro ou baciloscopia e tambémuma radiografia ao tórax. Atravésdos resultados destes dois examesestará, então, em condições deavançar com o diagnóstico e enca-minhá-lo para os serviços médicoscompetentes.

Se for diagnosticadauma tuberculose, é necessário parar de beber e de fumar?

Sim. Não é aconselhável, como sesabe, a associação entre medica-mentos e bebidas alcoólicas. Po-dem até gerar-se outras complica-ções, como, por exemplo, o apare-cimento de hepatite. É também de-sejável e necessário que o pacientepare de fumar, até porque isso me-lhorará a sua saúde como um todoe beneficiará a recuperação dospulmões.Caso persistam dúvidasou alguma impossibilidade porparte do paciente em seguir estasrecomendações, aconselha-seconversar com o médico ou com oresponsável de saúde do centro desaúde da sua área de residência.

As grávidas podem ser tratadas com os medicamentos habituais para a tuberculose?Sim, pois os medicamentos costu-mam ser seguros. Mas tambémneste caso se aconselha a consultae uma conversa com o médico as-sistente para esclarecimento dedúvidas, designadamente as que serelacionem com a saúde da mãe edo bebé.

Antecipando o DiaMundial da Luta contra

a Tuberculose, já nopróximo dia 24 de

Março, a redacção doJS preparou estas FAQpara os seus leitores.

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BER

CU

LO

SE

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9publicidadeJSA Janeiro 2015

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10 SAÚDE MENTAL janeiro 2015 JSA

Gerir a energia: uma nova aprendizagem nas empresas

É habitual vermos os líderescentrarem a sua principalpreocupação na gestão dotempo. Para isso, as agendaselectrónicas, os PDAs, os

smartphones são instrumen-tos indispensáveis. Todavia, eapesar dos nossos esforços, otempo é imutável! Vinte equatro horas são sempre 24h.O que poderemos alterar é aforma como vivemos essetempo, ou seja, como geri-mos a nossa energia no dia-a-dia. Tal e qual como um atletade alto rendimento, um ges-tor tem de perceber que o seurendimento profissional estádependente da forma comoconsegue manipular a suaenergia: focando-se nos mo-mentos decisivos, descan-sando/recuperando entre es-forços. É essa a base do suces-so e do progresso das capaci-dades do atleta e do gestor.

Um quadro de uma em-presa tem de iniciar a sua ac-tividade, todos os dias, na ple-nitude das suas capacidades.

Tal e qual como um atleta! Pa-ra isso, tem de TREINAR.Tem de TREINAR a gerir a suaenergia. Sabendo que as suascompetências físicas condi-cionarão de forma indelévelas suas decisões, uma aten-ção redobrada à forma comogere a sua vida é, na realidade,decisiva. Como podemosimaginar um atleta a tomarum pequeno-almoço em pé,a correr para o treino, a não fa-zer uma única pausa para re-cuperar, a almoçar na pista, atomar um café a meio da tar-de, a jantar às 10horas e dei-tar-se, de seguida, para acor-dar passadas cinco ou seis ho-ras de sono? Se esta é umarealidade impensável paraum elevado desempenhodesportivo, porque não há-deser, também, para um quadroque tem, igualmente, de reve-

lar um desempenho de altonível?

Esta nova visão da vida deum líder ou de um quadro deuma empresa tem a sua fun-damentação no pressupostoque um decisor, tal como umatleta, necessita, para ser pro-dutivo, de estar fisicamentecapaz, apto e disponível. Ouseja, de aprender, TREINAN-DO, a manusear as 4 premis-sas determinantes da GES-TÃO DA ENERGIA FÍSICA:

Alimentação - Repouso - Recuperação - Exercício Alimentação como supor-

te de um estado de saúdecompatível com as exigên-cias profissionais. Hoje sabe-se, por exemplo, que a glice-mia não só tem uma interfe-rência decisiva no apareci-mento de algumas patolo-gias, como é também forte-mente influenciadora de me-diadores bioquímicos rela-cionados com o estado emo-cional, interferindo, conse-quentemente, com as nossascapacidades de escolha e de-cisão.

Repouso como pressu-posto para reposição a curtoprazo dos níveis de concen-tração física e psíquica. Umintervalo bem gerido permiteuma reposição de energia de-terminante para o desempe-nho.

Recuperação como meiode regeneração estrutural emetabólica do nosso organis-

mo. Por mais motivação quetenhamos, por mais vontadeque coloquemos nas nossastarefas, as reservas vão-se es-gotando, independentemen-te decididos que estejamosem continuar a trabalhar oua negar o tempo de repouso,na medida em que as nossascélulas necessitam de ser re-generadas. Essa regeneraçãocelular consegue-se atravésda alimentação e do repouso,ou seja, pela recuperação.

Exercício como meio con-siderado hoje como indis-pensável a um estilo de vidasaudável e, portanto, maisprodutivo. O exercício nãotem apenas efeitos na dimi-nuição de factores de risco,mas é também um meio deregular as nossas emoções,de gerir o stress e de repor a

nossa energia. Os efeitos doexercício na regulação quí-mica do cérebro são hojebem conhecidos.

Vantagens da gestão de energia físicaCuidar da saúde é cuidar

do negócio! Cuidar do corpo,que é, de resto, o instrumentochave da performance, é umfactor decisivo para o au-mento da produtividade e doenvolvimento. Um corpodesgastado, mal tratado, des-cuidado, não é um corpoprodutivo, não é um agentede motivação e compromis-so.

Ou seja, não é suficientepensarmos em ambientes detrabalho acolhedores, openspace, com condições ópti-mas, se não nos preocupar-mos com a saúde e o bem-es-tar de quem lá trabalha!

Benefícios da gestão da energiafísica

ENSINARa olhar para o nos-so corpo como o instrumentodecisivo para a nossa produ-tividade profissional e bem-estar pessoal.ADQUIRIR estratégias demelhoria da nossa perfor-mance física.COMPREENDER a formacomo o estado físico condi-ciona toda a nossa forma deestar na vida, profissional epessoal.DESENVOLVERrituais de vi-da que permitam a gestão daenergia física

Os desafios da situação eco-

nómica actual, as constantes

turbulências dos mercados e

a conjuntura obrigam os líde-

res a um envolvimento cada

vez maior nas tarefas profis-

sionais. Hoje o "nine to five"

passou a 24/7. O aumento da

carga de trabalho implica um

desgaste físico e psicológico

difícil de suportar com eviden-

tes consequências nas capaci-

dades de decisão dos quadros

das empresas e unidades de

saúde.

josé soares

O atleta quadro

Tal como um atleta, um

quadro tem de entender

uma nova forma de estar

na vida profissional.

Tradicional Nova visão

Gerir Gerir

o tempo a energia

Presença Envolvimento

Alimentar Alimentar

para resistir para render

Recuperar Recuperar

é perda é renovação

de tempo

Saúde Saúde para

para resistir produzir

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EspecialX CONGRESSO INTERNaCIONal dOS MÉdICOS EM aNGOla

JSA Janeiro 2015 11

É com grande satisfação que damos as boas-vindas

aos ilustres convidados e participantes, nacionais e

estrangeiros, no X Congresso Internacional dos

Médicos em Angola.

Este evento anual evidencia já uma identidade

própria claramente traduzida na crescente quali-

dade das apresentações dos muitos intervenientes

neste espaço de reflexão e partilha de conheci-

mentos no âmbito da medicina. Constitui também

um sinal inequívoco da capacidade mobilizadora

da Ordem dos Médicos de Angola, demonstrada

pela presença significativa e interessada de cente-

nas de médicos nacionais e estrangeiros que pre-

tendem partilhar as suas experiências. E reforça,

claramente, os laços de colaboração entre os mé-

dicos e as entidades públicas, num esforço conjunto

para alcançar uma Saúde Melhor Para Todos.

O Lema escolhido “Os Desafios da Saúde em An-

gola no Contexto de um Mundo em Mudança” e os

temas que foram seleccionados abordam assuntos

de extrema importância para a saúde dos angola-

nos.

Na verdade, a medicina evolui – lembremo-nos

dos longínquos “humores” de Hipócrates que já

abordavam, com muita propriedade, o ambiente

interno (corpo humano) e ambiente externo (cli-

ma, ar, comida, bebida), dos contributos de galeno,

das dúvidas científicas de Descartes, dos iluministas

do século XVIII, até às imensas descobertas bem

conhecidas (por exemplo de Koch, Pasteur, Vir-

chow, Laennec, Jenner e tantos outros); e também

a auscultação, os sintomas, a percussão (que vie-

ram substituir os célebres humores de Hipócrates)

e os desenvolvimentos tecnológicos sobretudo

após a segunda guerra mundial, e, repare-se, ao

quase endeusamento da máquina como substituto

do homo sapiens sapiens… – então devemos con-

siderar com muito positiva a troca de experiências

sobre todos os determinantes que a envolvem e

que ela, directa ou indirectamente, influencia.

O médico na era da técnica

Estamos, pois, confrontados por uma nova era a

que não podemos ficar alheios: aquilo a que Karl

Jaspers designou como “O Médico na Era da Téc-

nica”.

Por um lado, as consequências do desenvolvi-

mento científico e tecnológico em torno da pre-

venção, da promoção, da cura, da investigação e do

ensino são enormes e, por outro, a ética, a bioética

e o biodireito, vieram introduzir um factor de equi-

líbrio na relação dos doentes (dos cidadãos em ge-

ral) com os médicos e no envolvimento da socie-

dade na sua pluridimensão.

Ora, a Ordem dos Médicos de Angola pretende,

neste seu X Congresso Internacional, trazer à dis-

cussão serena, firme e consistente, um conjunto de

matérias que possam aumentar a elevada cons-

cientização dos médicos não apenas face à doença,

mas, igualmente, face às exigências plurifacetadas

que a Medicina provoca pela sua complexidade e

riqueza e aos modelos de organização, de atendi-

mento e de prestação de cuidados.

AgrADECIMENTOS

Agradeço, desde já, a presença das mais altas indi-

vidualidades governamentais, presentes ou fazen-

do-se representar, emprestando, assim um concre-

to e institucional apoio e um significativo incentivo

à realização do Congresso, e, muito directamente,

às grandes causas da saúde no nosso país.

Uma palavra de saudação e agradecimento aos

ilustres palestrantes que nos apresentarão os seus

conhecimentos e experiências.

Agradeço a todos os patrocinadores pelo seu en-

volvimento no Congresso.

Finalmente, convido todos os médicos a partici-

par activamente nos debates, contribuindo para a

dignificação do Congresso e para o engrandeci-

mento da nobre profissão que abraçamos.

Bem-vindos!

Carlos alberto Pinto de sousa

Presidente do Congresso e Bastonário da Ordem dos Médicos

Bem-vindos!

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A educação médica continuada(EMC) e a qualidade em saúde:

que relação?

12 EspEcialX ConGresso internACionAL Dos MÉDiCos eM AnGoLA Janeiro 2015 JSA

Para o jovem acabado de sairda escola médica, o desafio éo de resolver problemas clíni-cos gradualmente mais com-plexos sem largar de vista anecessidade de permanenteaquisição de conhecimentoscientíficos. Para o médicomais avançado, a manuten-ção da prática deve ir de parcom a actualização da infor-mação científica necessária àgestão dos seus doentes.

Pelo lado do sistema desaúde, a criação e manuten-ção de sistemas de qualidadeassenta – entre outros – naproficiência dos seus profis-sionais, pelo que há uma liga-ção óbvia entre ambos: pro-fissionais de saúde e qualida-de em saúde

A prática clínica no século XXIA prática clínica moderna

caracteriza-se por uma mu-dança constante e os novosavanços diagnósticos e tera-pêuticos processam-se a umritmo acelerado, criando pro-blemas de actualização e apli-cação prática a quem tem aresponsabilidade da assistên-cia médica a doentes interna-dos em hospitais, observadosem consultas ou avaliados emserviços de urgência.

Na perspectiva do clínicoprático as coisas não estão fá-ceis pelos factores já indica-dos, mas também por que seespera que a sua prática clíni-ca seja de qualidade, com

uma excelente relação médi-co-doente, sólida sob o pon-to de vista científico e custo-eficaz (isto é, racional nas op-ções seleccionadas em ter-mos do seu custo).

A manutenção de umaproficiência a todos estes ní-veis coloca desafios de gran-des dimensões, que só po-dem ser respondidos de ma-neira sistemática.

As necessidades em formação médicaA questão central na prá-

tica clínica é a de saber comopodem os médicos apreen-der as inovações, manter osseus desempenhos práticos,desenvolver o seu raciocínioclínico e dominar a informa-ção de modo a introduzir(eventuais) mudanças nasua maneira de praticar que,em última análise, irão bene-ficiar os seus doentes.

Tradicionalmente, as fon-tes de conhecimento de queo clínico se serve incluem apesquisa da literatura médi-ca, a consulta com colegaspossuidores de competên-cias específicas (os chama-dos peritos), a frequência re-gular de cursos, aulas ou se-minários e a informação pro-videnciada pela indústria far-macêutica.

Cada uma destas fontespossui graus de validade dis-tintos, já que possuem viesesparticulares. O problemasurge quando, como aconte-

ce frequentemente, fontesdiferentes apresentam su-gestões diversas para a reso-lução do mesmo problemaclínico.

Para efeito de sistematiza-ção, poderemos afirmar queas necessidades que um clí-nico possui em informaçãobibliográfica podem revelar-se em quatro contextos prin-cipais: 1) prática clínica assis-tencial; 2) actualização con-tínua dos conhecimentos; 3)actividades de docência e en-sino e 4) investigação (clínicaou básica). Cada um destespapéis que o médico assumedetermina necessidades es-pecíficas em informação cu-jo formato, urgência de ob-tenção e importância podemvariar, mas que têm comodenominador comum a pes-quisa, selecção e aplicaçãoda evidência encontrada nabibliografia médica.Qual é então o problema?Existem no mundo mais de40.000 revistas médicas e oaumento tem sido exponen-cial desde que apareceram asprimeiras publicações no sé-culo XVII. Presentemente, operíodo de duplicação donúmero de revistas é de cercade 19 anos. Esta realidade de-fine o principal problemaque o utilizador da informa-ção tem de enfrentar: a di-mensão.

Como exemplo, a base dedados mais utilizada - a Me-dline - possui hoje em dia

mais de 21 milhões de artigosindexados e calcula-se queeste número representa ape-nas metade da totalidade dosartigos médicos existentes nomundo. A questão que se de-ve colocar não será se existeevidência científica para res-posta às questões clínicas,mas como a localizar e selec-cionar em tempo útil e demaneira económica e, umavez na posse desta, analisar asua qualidade intrínseca.

As respostas a estas ques-tões passam pela construçãode um sistema de EducaçãoMédica Continuada (EMC)em que, de maneira periódi-ca, os médicos possam ac-tualizar-se e melhorar a qua-lidade da sua abordagem aodoente.

A EMC como necessidade técnica,profissional e ética: o exemplo dos cursospráticos As acções de EMC envol-

vem classicamente todo o ti-po de formatos, de lições econferências a seminários ecursos (mais ou menos in-tensivos), passando aindapor “pacotes” de materiaisaudiovisuais e até exames àdistância.

Em teoria estas acções de-veriam ter bons resultados,mas a realidade é outra, jáque subsistem dúvidas acer-ca da sua eficácia - não só emtermos de melhoria dos co-

nhecimentos em geral, comotambém da alteração da prá-tica clínica pós-acção de for-mação.

Uma das mais eficazesmetodologias da EMC é ados cursos curtos (1-2 dias),de carácter eminentementeprático, em pequenos grupos(10-20 formandos) e comuma mistura de acções teóri-cas (lições) e práticas (exercí-cios). Este formato permitedesenvolver o raciocínio clí-nico - de diagnóstico a tera-pêutico a prognóstico - com-binando a informação de ba-se com as características doscasos apresentados.

Este ensino baseado emcasos tem várias vantagens,que o tornam único comometodologia de ensino: - Definição de achados quetrazem uma perspectiva no-va na patogénese de umadoença ou de um efeito se-cundário- Aprendizagem pelos erros- Identificação de novas pa-tologias/doenças- Avaliação prática dos efei-tos de tratamentos inovado-res (nova molécula ou já co-nhecida em situação nova)- Reconhecimento de doen-ças raras- Eventual lição clínica im-portante pela sua originali-dade ou apresentação forado comum. Análise de resultados ines-perados (positivos ou negati-vos) do tratamento

- Seriação prática de novostestes diagnósticos- Detecção de associaçãopouco habitual de sintomase doenças- Apresentação pouco habi-tual de doença banal.

Esta metodologia de ensi-no revela-se particularmenteválida para o ensino do pro-cesso diagnóstico, já que per-mite treinar todos os seuspassos (da aquisição de da-dos e representação precisado problema clínico à cons-trução de um diagnóstico di-ferencial, a sua confirmaçãopor testes e a revisão e priori-zação diagnósticas).

ConclusõesA EMC é hoje uma neces-

sidade absolutamente cen-tral em qualquer sistema desaúde moderno que se quei-ra eficaz na resolução dosproblemas que os doentesapresentam.

As instituições responsá-veis nos sistemas de saúdemodernos deverão ter a res-ponsabilidade de organizarum sistema rigoroso de EMC,com oferta formativa variadae flexível (de acordo com asnecessidades identificadas) ecom avaliação do seu impac-to na prática clínica.

De entre as diversas meto-dologias disponíveis, os cur-sos baseados em casos reve-lam-se particularmente efi-cazes na melhoria da quali-dade dos cuidados clínicos.

O médico (ou profissional de saúde) no início do século XXI, independentemen-te da área em que pratica, é posto em confronto com problemas de conhecimen-

to, de desempenhos práticos e de relações interprofissionais que são de facto comuns a todas as especialidades.

António VAz CArneiro ([email protected]) -Director do Centro de estudos de Medicina Baseada na evidência da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Portugal-Diretor-executivo da Cochrane Portugal

CArLos ALBerto Pinto De soUsA ([email protected]) -Bastonário ordem dos Médicos de Angola-Professor do Departamento de saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho neto, Angola

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14 EspEcialX CoNGResso INTeRNACIoNAl dos mÉdICos em ANGolA Janeiro 2015 JSA

Res

um

os

A Qualidade da Saúde tem preço?António Correia de CamposA qualidade da saúde pode não ter preçomas tem sempre um custo muito elevado.O custo da saúde é o somatório de gastosem medicamentos, pessoal de assistênciana saúde, meios comprados ao exterior,equipamentos, investimentos, etc.

O preço, é aquilo que os empresáriosde saúde, ou o Estado cobram aos utiliza-dores do Serviço Nacional de Saúde.

Devido à natureza social da mercado-ria que se vende na saúde, é muitas vezesnecessário que o preço não correspondaao custo, isto é, que o preço seja nulo, so-bretudo no ponto de aquisição, ou que se-ja diferido no caso dos seguros de saúde.

E, portanto, essa é a ginástica da sus-tentabilidade financeira do sistema.

Portugal tem vindo a diminuir a partepública do financiamento da saúde e aaumentar a parte paga pelas famílias e ci-dadãos.

Não é verdade que a qualidade não te-nha preço. Tem, e elevado, tanto “inhou-se”, como no exterior. O custo da não-qualidade é difícil de calcular, mas reco-nhece-se a prazo, e paga-se caro.

As famílias e os cidadãos pagam nestemomento 32 por cento do total dos custoscom a saúde e o Estado só está a pagar 67por cento. “Vejo isto com alguma preocu-pação porque significa que estamos a

afastar-nos do carácter universal previstona Constituição para o nosso Serviço Na-cional de Saúde”.

Estamos a caminhar para um peso do-minante do sector privado. Infelizmenteestamos a deformar a intenção inicial doServiço Nacional de Saúde na sua univer-salidade e estamos a levar os cidadãos ater de pagar cada vez mais os cuidados desaúde.

Eu preferia que o sistema se agilizassede forma a permitir fazer mais com o mes-mo dinheiro.

É possível evitar muito desperdício.Há muitas pessoas a comprar e tomarmedicamentos de que não necessitam.São feitos exames de diagnóstico quenão são necessários, há muitos outrosactos que são desnecessários.

Os hospitais podem funcionar deforma mais eficiente, assistir mais pes-soas com os mesmos recursos, ter me-nos pessoal e pagar melhor aos que fi-quem.

Os ganhos de eficiência melhoram aeficácia ou a efectividade do sistema. Seganharmos eficiência podemos ter umserviço a funcionar melhor. Neste mo-mento estamos a perder nos dois secto-res. Estamos a perder eficiência, a gastarmais e a fazer menos. Estamos a perderefectividade.

Violência Social: “quo vadis” ?Uma visão médico-legalAntónio Eugénio ZacariasO termo violência social é polémicoporque foram incorporados ao longo dahistória aspectos biológicos, sociocul-turais, políticos, económicos, jurídicose, porque não, morais. Violência socialsignifica comportamentos “normais”por certos segmentos sociais que aten-tam contra a dignidade humana ou ain-da diferentes atitudes de constrangi-mento económico, moral, verbal, físicoe sexualmente explícitos, de um indiví-duo ou grupo de indivíduos contra umapessoa ou grupo de pessoas; em am-biente privado, familiar, público ou la-boral; em diferentes contextos social,político, étnico/cultural.A OMS define violência como “o uso in-tencional de força física ou poder, emameaça ou na prática, contra si próprio,outra pessoa ou contra um grupo ou co-munidade que resulte ou possa resultarem sofrimento, morte, dano psicológi-co, deficiência de desenvolvimento ouprivação”, e natureza dos actos violen-tos é: física, psicológico, sexual, priva-ção e negligência. Esta definição res-ponde do ponto de vista médico-legal aquestão o que é violência social.

Para este trabalho emprestamos teoriassobre violência que analisam a conexãoentre factores de risco/protecção indi-viduais e contextuais ou macro-sociaisda violência social, nomeadamente omodelo ecológico, a teoria de aprendi-zagem social e a teoria de troca social.Ao abordar a questão do que é violênciasocial do ponto de vista médico-legalem pleno gozo de um exercício demo-crático, buscamos dar uma visão amplade um fenómeno cuja prevenção, in-tervenção e tratamento necessita deuma articulação transversal, intersec-torial, multidisciplinar e com a partici-pação de todas forças vivas da socieda-de civil que lutam pelos direitos huma-nos. Esta abordagem como um proble-ma de saúde pública, operacionalizan-do-a no contexto moçambicano doponto de vista jurídico-legal, sociocul-tural, ético-social e económico deu-nosa convicção de que os actos/eventosviolentos não ocorreram de forma aci-dental, não foram falta de sorte nemsimples fatalidade. A violência/abusopode ser enfrentado, prevenido e temtratamento médico e jurídico-legaladequado.

A promoção da saúde e a prevenção como pilares primaciais do sistema de saúdeIsabel LoureiroDa saúde como um desígnio dos deuses,passando pela observação empírica e oraciocínio lógico-dedutivo de Hipócra-tes, à compreensão da sua dependênciade medidas políticas, tem sido longo oesforço para o controlo da mesma. A in-vestigação epidemiológica revela acomplexidade dos fatores determinan-tes da saúde e, associada aos direitos hu-manos, a Promoção da Saúde surge co-mo uma área de estudo e de ação legiti-mada pelo interesse em desenvolver aspotencialidades humanas e promover obem-estar de todos. Conjugando a edu-cação para a saúde com as políticas pú-blicas e organizacionaisque facilitem a adoçãode práticas saudáveis e adiminuição das desi-gualdades, a Promoçãoda Saúde revela-se co-mo um investimentoque se traduzirá em me-nos custos para a socie-dade, em melhor quali-dade de vida e autono-mia das pessoas.

A emergência dasdoenças crónicas, a parda permanência dasdoenças infecciosas,exige uma maior aten-ção para as metodolo-gias de capacitação dos doentes, dasfamílias e das comunidades para me-lhor gerirem a sua saúde, assim comopara a criação de ambientes físicos esociais favorecedores de estilos de vi-da saudáveis. Embora a educação sejafundamental para a escolha de com-

portamentos, a força das grandes in-dústrias de produtos nefastos para asaúde, como o tabaco ou o alcool, temde ser combatida com políticas de re-gulação e de proteção dos cidadãos. Aarticulação do setor da saúde com ou-tros parceiros, dando corpo à saúdeem todas as políticas, permite acaute-lar decisões dos vários setores com im-pacte na saúde. Redes de boas práticasO estabelecimento de redes de boas

práticas e partilha do conhecimento,como são a Iniciativa dos HospitaisAmigos dos Bébés, a Rede das EscolasPromotoras de Saúde ou a Rede das

Cidades Saudáveis, in-centiva ao estabeleci-mento de metas e à ado-ção de procedimentosreconhecidos interna-cionalmente como degrande mérito. A partici-pação dos cidadãos nosprocessos que lhes di-zem respeito proporcio-na uma melhor adequa-ção das estratégias a usare uma maior motivação,com consequente au-mento da probabilidadeda sua implementação.A investigação-ação é,cada vez mais, uma

abordagem adotada em Promoção daSaúde que, integrando contributos devárias áreas do saber, permite ímple-mentar ações relevantes e sinérgicaspara ganhos em saúde e para o desen-volvimento humano, económico e so-cial.

Rastreio, diagnóstico e tratamento dos cancros do útero e da mama

Fernando MiguelO rastreio do cancro do colo doútero realizado através de examecitológico tem dado “resultadossignificativos”. No X Congresso Internacional dosMédicos em Angola serão apre-sentados dados definitivos sobreo número de pessoas rastreadasno Centro Nacional de Oncologia,bem como o número de novos ca-sos de cancro. Será ainda apresen-tada a experiência do Centro Na-cional de Oncologia.Cerca de 15 dias antes do congres-so, de um total ainda parcial de9.347 pessoas rastreadas para ocancro da mama, próstata e colo

uterino, foram diagnosticados256 casos de cancro, o que

corresponde a 2.7 porcento de casos positivos.Serão também aborda-

dos casos de doenças he-mato-oncológicas tratadosno Centro Nacional de On-cologia.

"A emergência dasdoenças cróni- cas, apar da permanênciadas doenças infeccio-sas, exige uma maioratenção para as me-todologias de capaci-tação dos doentes,das famílias e das co-munidades para me-lhor gerirem a suasaúde"

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15EspEcialX CONGRESSO INTERNACIONAL dOS MÉdICOS EM ANGOLAJSA Janeiro 2015

Labconceptautomatizaserviços de sangueem parceriacom o INS

Tem parceria com váriasmarcas internacionais querepresenta em exclusividade,entre outras:— Abbott Diagnóstico - líderde mercado mundial emequipamentos de banco desangue e diagnóstico labora-torial;— Abbott Molecular - equi-pamento para diagnóstico debiologia molecular, total-mente automatizado;— R-Biopharm - marca ale-mã de equipamentos, rea-gentes e testes de alergias;— Analyticon - marca alemãde equipamentos de diag-nóstico laboratorial; — Medec - Marca belga demáquinas de anestesia.

A equipa da Labconceptdispõe de quadros altamenteespecializados na área dodiagnóstico médico e técnicoque lhe permite desenvolverprojectos na área da saúde.

Automatização do Serviço de Sangue (INS)Juntamente com o Institu-

to Nacional de Sangue, a Lab-concept desenvolveu o pro-jecto de automatização doServiço de Sangue, colocandoos equipamentos Architecti2000 e i1000, da marca Ab-bott, que permitem fazer a tes-tagem do sangue doado aoINS de uma forma totalmenteautomatizada e segura, garan-tido à população a segurançada transfusão sanguínea.

Recentemente, organizou

o I Encontro dos Bancos deSangue (ver Jornal da Saúde,Dezembro 2014) onde estive-ram presentes os directoresdos hospitais provinciais e res-ponsáveis de serviços de he-moterapia das 18 provínciasde Angola. Foi apresentada asolução automatizada paraBancos de Sangue e aferidasas necessidades e dificulda-des das províncias, não só anível da testagem sanguínea,mas também a nível das doa-ções voluntárias. As preocu-pações e expectativas dos par-ticipantes – que foram supera-das – residiam, entre outros,nos seguintes aspectos: segu-rança das dádivas, equipa-

mentos de rastreio e actuali-zações disponíveis em termostecnológicos. A Labconceptprevê realizar novos encon-tros com temáticas do interes-se de todos os profissionais desaúde, mantendo e reforçan-do o lema “Juntos pela Vida!”.A equipa organizadora con-tou com a participação de AnaVicente, Cláudia Reis, RenatoLourenço, Carlos Vicente eJorge Resende pela Labcon-cept, de Eunice Manico, JoséBartolomeu e Silvia Capocopelo Instituto Nacional deSangue e Luís Filipe Pereira,Magesh Moonsamy e LoreneKirby-Smith pela AbbottDiagnostics.

A Labconcept é uma empre-

sa angolana que actua no

mercado do país desde 2011.

Dedica-se à comercialização

de equipamento médico-

hospitalar e medicamentos,

assistência técnica e projec-

tos na área da saúde.

“A equipa da Labconcept dispõede quadros altamen-te especializados naárea do diagnósticomédico e técnico quelhe permite desen-volver projectos naárea da saúde”

A Labconcept organizou recentemente o I Encontro dos Bancos de Sangue onde participaram os directores dos hospitais provin-

ciais e responsáveis de serviços de hemoterapia das 18 províncias de Angola. Foi apresentada a solução automatizada para Bancos

de Sangue e aferidas as necessidades e dificuldades das províncias, não só a nível da testagem sanguínea, mas também quanto às

doações voluntárias

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16 EspEcialX CoNGResso INTeRNACIoNAl dos mÉdICos em ANGolA Janeiro 2015 JSA

Res

um

os

Infertilidade conjugal: a importância do factor masculinoLuis FerrazA infertilidade conjugal é hoje, em mui-tos países, um grande preocupação desaúde pública, pois atinge 8 a 10% doscasais em idade reprodutiva. Ela é defi-nida como a impossibilidade de um ca-sal conceber naturalmente após um anode relações regulares e desprotegidas. Is-to implica que, retirando situações par-ticulares em que o estudo se iniciarámais cedo, a avaliação de um casal infér-til deve começar imediatamente apóspassarem esses 12 meses e contemplar,em simultâneo, a avaliação da mulher edo homem. O estudo inicial do homemdeve começar, sempre, pela realizaçãode um espermograma. Este exame temresistido ao longo dos anos e ainda hojepermanece como o “ gold standard” nainvestigação masculina. Este exame nãoprediz a capacidade fecundante do es-permatozóide mas informa-nos sobre oestado funcional do testículo e da via ex-cretora. Um exame alterado diagnosticaum factor masculino e sugere, imediata-mente, uma avaliação por um Androlo-gista no sentido de se investigar a causadessa alteração. Estas anomalias no es-permograma podem ir desde uma dimi-nuição da motilidade dos espermatozói-des( astenozoospermia), a uma dimi-nuição na percentagem das formas nor-mais(teratozoospermia) ou mesmouma diminuição no número de esper-matozóides( oligozoospermia). Quandonão existem espermatozóides no esper-mograma estamos perante uma azoos-permia. Esta situação é sempre muitoangustiante para o casal que julga nãohaver solução, pelo que o papel do An-drologista é fundamental esclarecendo-os se se trata de uma caso de azoosper-mia secretora(não obstrutiva) de prog-nóstico mais difícil, pois aqui há uma fa-lência da espermatogénese ou então es-tamos perante uma azoospermia excre-tora( obstrutiva). Neste caso toda a es-permatogéneses está conservada ha-vendo apenas um problema mecânico,por isso, uma cirurgia de recanalizaçãoou uma cirurgia desobstrutiva pode so-lucionar o problema do doente.

Múltiplas causasO factor masculino representa 50% de

todas as causas de infertilidade conjugalpelo que assume uma grande importân-cia na avaliação inicial do casal. O seu es-quecimento provoca atrasos que podemser irreparáveis e condiciona gastos des-necessários. No homem são múltiplas as

causas que podem causar infertilidadesendo umas congénitas e outras adqui-ridas. A preocupação inicial do androlo-gista é identificar a causa devendo, paraisso, começar por colher uma históriaclínica bem cuidada. Esta deverá come-çar no momento da concepção, pesqui-zar todos os fármacos que a mãe tomou,tóxicos com que contactou( trabalho) oudoenças que teve durante a gravidez.Depois, conhecer toda a história desde onascimento, infância, puberdade até àidade actual particularmente os relacio-nados com os genitais externos, cirurgiasinguinais ou doenças oncológicas. Noexame físico o clínico deverá ter uma

particular atenção quanto à posição dostestículos( estão nas bolsas?), ao seu vo-lume( 20-22 ml) e consistência. Deverápalpar os epidídimos, confirmar a pre-sença bilateral dos canais deferentes eexcluir a existência de varicocelo clínico.

No estudo laboratorial é fundamentalque o espermograma seja realizado numlaboratório de qualidade e de acordocom as normas da OMS, caso contráriosó nos induz em erro.Estudo hormonalO estudo hormonal deve incluir, na

fase inicial, o doseamento da FSH, a nãoser que o paciente apresente sinais de hi-pogonadismo. Neste caso devem ser do-seadas também a LH e a Testosterona.Estes resultados são importantes paradistinguirmos um hipogonadismo hi-pergonadotrófico ( Sindroma de Kline-felter) de um hipogonadismo hipogona-dotrófico (p.ex. Sind Kalman).

No estudo genético o cariótipo e o es-tudo molecular das microdelecções docromossoma Y deverão ser pedidos a to-dos os casos de azoospermia secretoraassim como a todos os casos de oligo-zoospermia grave( <5 milhões/ml). Noscasos de azoospermia por ausência bila-teral dos canais deferentes deverá ser pe-dida a pesquisa da mutação dos genesda fibrose cística.

O tratamento pode ser tão simples co-mo suspender um fármaco. Um dos ca-

sos mais frequentes é o uso de esteróidesanabolizantes pelos nossos jovens quepretendem desenvolver a massa muscu-lar ou estão em competições de culturis-mo. É preciso alertá-los que estes produ-tos atrofiam os testículos e causamazoospermia. Noutras situações bastamodificar um posto de trabalho, ou por-que o doente está exposto a temperatu-ras muito altas ou porque contacta comprodutos com toxicidade gonadal.TratamentosNos casos de um azoospérmico por

um hipogonadismo hipogonadotróficoo tratamento com gonadotrofinas induza espermatogénese. A duração do trata-mento é variável podendo ser de 6, 9, 12ou mesmo 15 meses.

A cura cirúrgica de um varicocelo, ci-rurgia simples e realizada em ambulató-rio, pode corrigir um espermograma epermitir uma gravidez espontânea.

As situações de tratamentos são di-versas e devem, por isso, ser sempre ana-lisadas caso a caso, tendo sempre pre-sente a idade e patologias da mulher. Sóapós a sua ineficácia é que os doentesdevem ser encaminhados para a soluçãode recurso que são as técnicas de repro-dução assistida. Enviar os casais para arealização de técnicas de reprodução,sem a avaliação prévia do factor mascu-lino, é má prática médica e deverá sercondenada.

A literacia em saúde é um factor de desenvolvimentoAna Escoval A promoção de melhores níveis de lite-racia em saúde das pessoas assume-secomo estratégia incontornável parauma melhor saúde, pois nos últimos 15anos, a literatura tem vindo a demons-trar que um nível inadequado de litera-cia em saúde pode ter implicações sig-nificativas na saúde. Inadequados ní-veis de literacia em saúde dos cidadãostraduzem-se, por exemplo:-Numa pior condição de saúde, commaior taxa de morbilidade em doençascomo diabetes, hipertensão, obesidadee infecção por VIH;-Numa utilização menos eficiente dosserviços de saúde;

-Numa menor utilização de cuidadospreventivos, como rastreios oncológi-cos (por exemplo citologia, mamogra-fia, colonoscopia);- Numa menor taxa de vacinação;-Numa maior taxa de hospitalizações ede utilização das urgências hospitala-res;-Numa maior susceptibilidade paraadoptar determinados comportamen-tos de risco para a sua saúde, como o fu-mar ou adoptar uma alimentação dese-quilibrada;

A base de evidência para relacionaro nível de literacia em saúde e os custospara os sistemas de saúde é ainda limi-tada. Contudo, a bibliografia disponível

sobre o tema, indica que um baixo nívelde literacia em saúde acarreta muitoscustos para os sistemas de saúde.

Um estudo levado a cabo pela Asso-ciação Médica Americana aponta paraque inadequados níveis de literacia emsaúde representem uma perda econó-mica de 73 mil milhões de dólares porano aos Estados Unidos da América eum custo nacional entre os 100 e os 200mil milhões de dólares anuais.

A promoção efectiva da literacia emsaúde das populações pode mudar ocomportamento das pessoas bem co-mo o seu perfil de utilização dos servi-ços e recursos de saúde, o que pode sig-nificar uma poupança significativa nos

gastos em saúde.O diagnóstico do nível de literacia

em saúde das populações, analisadopor grupos específicos (como sejamidade, género, doença e até mesmo lo-cal de residência) permite direccionare alinhar melhor as estratégias e inter-venções de literacia em saúde a seremdesenvolvidas. Cada vez mais, as estra-tégias de promoção da literacia em saú-de têm de ser encaradas como investi-mentos sólidos e sustentáveis e incluí-das no discurso da promoção da saúdee prevenção da doença em todos os ní-veis - internacional, nacional mas, mui-to em particular, ao nível local/munici-pal.

“o estudo inicial do homemdeve começar, sempre, pelarealização de um espermogra-ma. este exame tem resistidoao longo dos anos e ainda hojepermanece como o “ goldstandard” na investigação mas-culina. Não prediz a capacidadefecundante do espermatozói-de mas informa-nos sobre oestado funcional do testículo eda via excretora”

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17EspEcialX COngRESSO inTERnACiOnAl dOS MÉdiCOS EM AngOlAJSA Janeiro 2015

Uma das preocupações dosprofissionais de saúde é aler-tar a população para o perigodo consumo de medicamen-tos não prescritos e que pas-sam de mão em mão. Contu-do, há certas substâncias quevencem esta barreira por go-zarem da confiança da popu-lação devido a um percursoterapêutico de várias décadase à sua reconhecida fiabilida-de e segurança.

Não será caso único, maspoderá destacar-se um medi-camento utilizado com regu-laridade e por tantas pessoasque o seu nome é mais co-nhecido do que o seu princí-pio activo (paracetamol). Es-se nome é ben-u-ron (seja emcomprimidos, supositóriosou xarope), e as pessoas pe-dem-no frequentemente nasfarmácias.

A população em geral des-conhece o nome da empresa

familiar que o fabrica, embo-ra ela tenha sido criada em1949. Com efeito, a bene Arz-neimittel GmbH, com umafábrica, situada em Munique,Alemanha, além do ben-u-ron, produz o ib- u-ron, Dol-u-ron, Fibrocide, Thrombo-cid e o Tram-u-ron. Actual-mente a empresa é gerida pe-los dois filhos do seu funda-dor.

Portfolio virado para a dor“Temos um portfólio todo

virado para a dor”, disse ementrevista ao Jornal da Saúde,Frank Tischler, o director-ge-ral da “bene farmacêutica,Lda”, filial portuguesa da be-ne-Arzneimittel GmbH, cria-da em 2009. Contudo, a benecomercializa os seus produ-tos em Portugal há mais de 40anos, através de empresas li-cenciadas.

Entre os seus produtos, osque têm como substância ac-tiva o paracetamol ou o para-cetamol+codeína e o pento-sano polissulfato de sódio(PPS), são dos mais prescritospela classe médica e dos maisdispensados pela classe far-macêutica portuguesa.

A bene já exporta para An-

gola “há alguns anos, masmais nos últimos três porqueo mercado tem vindo a cres-cer”, afirmou o responsável.Por isso, “a empresa quer es-tar presente em Angola deuma forma estruturada commateriais próprios virados

para o mercado angolano”,disse, salientando que “emqualquer farmácia angolanajá se encontra o ben-u-ron”.

Para já a empresa não vaiabrir uma delegação, ficandoa trabalhar com dois delega-dos e algumas parcerias pre-ferênciais (5 a 6), mas sem ex-cluir todos os outros poten-ciais parceiros/fornecedoresdo mercado.

“Como companhia foca-da na oferta de soluções tera-pêuticas para a dor, a beneorientará o seu trabalho nosentido de contribuir para asaúde e bem-estar do povoangolano, em particular notratamento da dor”, prome-

teu Tischler. “Em simultâneo, fará tudo

o que estiver ao seu alcance,em colaboração com os pro-fissionais e as autoridades desaúde angolanas, para a ele-vação dos níveis de conheci-mento das populações, poiseste é, sem dúvida, o melhorcaminho para a defesa deuma vida saudável”, afirmouTischler.

Dor na InternetUma das melhores formas

de melhorar a eficácia do tra-tamento da dor é a informa-ção. Por isso, a bene possui nasua página digital um “link”para um portal com informa-

ção sobre a dor, e possíveistratamentos, dirigida a profis-sionais, mas acessível a todasas pessoas que a ele queiramaceder.

No portal, os seus respon-sáveis afirmam que “o conhe-cimento científico na área dador tem tido uma enormeevolução ao longo dos tem-pos. A pesquisa de informa-ção científica através dos ca-nais multimédia e internet éuma realidade incontestável.Por estes motivos, a bene far-macêutica, como entidadepatrocinadora, acredita serpossível criar um websitecom informação científicacredível e rigorosa, elaboradapor profissionais de saúde einvestigadores competentes,e que seja um instrumento depesquisa útil para todosquantos manifestem o seu in-teresse na área da DOR”.

A dor “é um dos principaismotivos de consulta nos cui-dados de saúde primários etambém um dos principaissintomas que motivam a pro-cura de ajuda médica, peloque assume um papel crucialna vida dos doentes e profis-sionais de saúde”, lê-se no si-te www.conhecerador.pt.

MAgdA CunhA ViAnA

Este é um queixume fre-

quente, e que muitas vezes

tem uma resposta quase

imediata de alguém que o

ouve: “Tenho aqui um com-

primido”.

"A bene orientará oseu trabalho no senti-do de contribuir paraa saúde e bem-estardo povo angolano,em particular no tra-tamento da dor”

Frank Tischler Director-ge-

ral da bene farmacêutica,

Lda, filial portuguesa da bene-

Arzneimittel GmbH

Estou cá com uma dor de cabeça...

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18 EspEcialX CoNGRESSo INTERNaCIoNal doS mÉdICoS Em aNGola Janeiro 2015 JSA

RES

um

oS

Utilização de sistemas informáticos na Saúde? Sim ou Não?

Jose Carlos Nascimento A utilização das Tecno-logias de Informação(TI) na Saúde é hoje glo-balmente reconhecidacomo uma temática im-

portante mas de particular complexidade.A nível mundial, os sistemas de informa-ção na saúde têm-se vindo a desenvolver,em particular nos últimos anos, no contex-to de um paradoxo. Por um lado, é notórioque os actores da saúde - designadamentegestores e profissionais de saúde - reco-nhecem o seu imprescindível papel parauma melhor prestação de serviços de saú-de mas, por outro lado, continuamos fre-quentemente a tratar as TI na Saúde de for-ma acessória, muito isolada e demasiadofocada na tecnologia em que é suportada.

É hoje comumente aceite que as Tecno-logias e os Sistemas de Informação deverãoser parte integrante das políticas de saúdedos Estados, já que são um importante ins-trumento para desenvolver e suportar ser-viços de saúde que estejam cada vez maiscentrados no cidadão, para a integração ea continuidade desses serviços, tendo co-mo fundamento a disponibilização de in-formação aos profissionais, em particularaos médicos, de forma adequada e segura,quando e onde ela é necessária para a pres-tação informada de serviços de saúde. Nofundo, utilizando o potencial das TI na saú-de para proporcionarmos aos cidadãosum acesso aos serviços de forma mais fácil,com melhor qualidade e numa adequadagestão dos recursos. Tarefa complexaCumprir estes desígnios é uma tarefa

complexa, que exige vontade e coordena-ção e, sobretudo, a compreensão do papelque as TI podem ter em processos de mo-dernização e desenvolvimento. E é com-plexa por diversas razões: em primeiro lu-gar pelas próprias características do sectorda saúde, que envolve muitos actores, di-versos tipos de profissões muito qualifica-das, diferentes tipos de unidades de saúde,múltiplas necessidades ao longo da vida,tecnologias e equipamentos de custos ele-vados. Complexa porque, como se afirmano relatório "Redesigning Health in Europefor 2020”, da Comissão Europeia: “Nós sa-bemos que a área da saúde está pelo me-nos 10 anos atrasada na implementaçãode soluções de TI, quando comparámoscom […] outras áreas da sociedade e esta éuma realidade global”. E complexa aindaporque, quando ainda procuramos res-posta para os desafios que temos hoje pelafrente, já se avistam novos desafios mas, fe-lizmente, novas ferramentas.

No entanto, como se diz no mesmo re-latório “Sabemos hoje, a partir da experiên-cia, que as tecnologias da informação po-dem revolucionar e melhorar radicalmen-te a forma como fazemos as coisas e quenelas se basearão muitas soluções para osproblemas da área da saúde"

OS CINCO CONTRIBUTOSEste é assim o nosso desafio: como po-

dem hoje as TI ajudar ao desenvolvimentodos sistemas de saúde? Para esta discus-são, que é necessariamente extensa e com-plexa, apresentam-se 5 contributos, pen-

sados como instrumentos de desenvolvi-mento de um Sistema de Saúde, eficaz eeficiente, que possa chegar cada vez a maiscidadãos.

O primeiro contributo surge ao nível domodelo de governação das TI, afirmandoque é importante ter um modelo de gestãoque seja capaz de conciliar aquilo que sãoas necessidades mais imediatas e locaisdos Hospitais e de outras unidades de saú-de, com aquelas que são as necessidadesglobais do País e dos cidadãos. Um sistemaque garanta a informatização dos Hospi-tais e o desenvolvimento das instituiçõesno terreno mas que ao mesmo tempo ga-ranta as necessidades do Estado angolanoe a gestão dos repositórios, do patrimónioe dos sistemas de âmbito nacional. Comeste objetivo, importa que se enquadre asiniciativas das unidades de saúde com re-flexões sobre os futuros sistemas de dimen-são nacional, como é o caso dos registosnacionais de utentes (“Patient Master In-dex”), dos registos electrónicos de saúde,dos sistemas de referenciação e de prescri-ção, dos registos nacionais de patologias,que serão necessariamente projectos demédio e longo prazo, de dimensão consi-derável e que, por isso, devem ser iniciadoscom passos firmes. A experiência mostraque, na maioria das vezes, a solução deproblemas locais vai criar “ilhas” de infor-mação que serão muito difíceis de integrarno futuro e que se tornam grandes proble-mas quando pensamos num âmbito maisalargado. Centralidade do utenteO segundo contributo propõe que, des-

de muito cedo, se comece a pensar o Siste-ma de Informação na Saúde também nu-ma óptica de centralidade do utente. Muitodo atraso e das dificuldades que se sentemhoje no sector da saúde, nos designadospaíses mais desenvolvidos, resulta do facto

dos sistemas informáticos terem sido pen-sados para ajudar na gestão das unidadesde saúde, sem grandes preocupações como cidadão. Por exemplo, ainda hoje em Por-tugal é possível saber quais os serviços queforam efectuados numa unidade de saúdedo Serviço Nacional de Saúde (ex: vacinas)mas não conseguimos saber quais aqueles

que foram prestados globalmente a um de-terminado cidadão. Conciliar os requisitosdas unidades de saúde com as necessida-des de um sistema de informação centradono utente tem de ser hoje a atitude na refle-xão sobre novas soluções. O papel do médicoO terceiro contributo advoga uma

maior e mais atempada intervenção dosprofissionais de saúde – e em particular dosmédicos - na concepção dos sistemas deinformação na saúde. A experiência e a in-vestigação mostra que aos profissionais desaúde não falta normalmente a literacia, amotivação ou a disponibilidade para adop-tar as novas tecnologias mas curiosamenteconstacta-se que os profissionais conti-nuam a estar pouco presentes na definiçãoe construção das soluções tecnológicas deque serão os efectivos utilizadores. Sem oenvolvimento efectivo e atempado dosprofissionais de saúde não haverá sistemasde informação adequados às necessidadesdas populações.

É por isso importante deixar de olharpara os Sistemas de Informação na saúdecomo um problema essencialmente tec-nológico, da responsabilidade dos serviçosde informática, considerando-os antes simcomo uma questão de gestão da saúde,que deve envolver os médicos na sua lide-rança e desde a primeira hora. Os novos desafios no horizonteNum quarto contributo, refere-se que,

no sector da saúde, é frequente que aindanão se tenha estabilizado uma realidade eque surjam já no horizonte novos desafios.É o caso hoje de iniciativas que aproveitemo potencial das tecnologias e, em particu-lar, das redes de telecomunicações, paralevar os serviços de saúde mais perto do ci-dadão e que terão um grande impacto empaíses com grandes dispersão geográfica,como é o caso de Angola. É o caso das áreasdo “Assisted Living”, da telemedicina e datelemonitorização. É o caso das redes so-ciais e dos grupos de interesse e de partilha,designadamente entre profissionais desaúde. É o caso dos sítios Internet e dos por-tais que facilitam o acesso e a partilha de in-formação, que se mostram imprescindí-veis na divulgação do conhecimento entreprofissionais, na educação das populaçõese dos técnicos de saúde e na divulgação edinamização das políticas de saúde dopaís. Há hoje um conjunto de novas áreas,

no domínio genérico da telemedicina e datelesaúde que importa começar a olharcom atenção.

Como último contributo, mesmo tendopresente que o contexto é o da discussão daárea da saúde, importa ter em conta queum Sistema de Saúde que se pretende dequalidade é também função de uma socie-dade moderna e competitiva.

DINAMIZAÇÃO DA COMPETITIVIDADEPor isto, importa ter em conta que a

adopção das TI na saúde seja também en-carada como um instrumento para a di-namização da competitividade de Angolae para um processo de afirmação da eco-nomia nesta área de grande valor acres-centado. Ao dinamizar as TI na saúde, es-tamos a criar um maior conhecimento edesenvolvimento de quadros nas áreastecnológicas, estamos a permitir o desen-volvimento e a consolidação de empresasnestas áreas, estamos motivar e a envolveras Universidades e as escolas em domí-nios de vanguarda, estamos a formar pro-fissionais de saúde e populações mais ca-pazes de lidar e rentabilizar as novas ofer-tas tecnológicas. No fundo, estamos acontribuir para a dinamização da econo-mia angolana e a criar capacidade paraexpandir para outros mercados, nomea-damente no continente africano, já queem saúde, cada vez mais, as soluções lo-cais afirmam-se como resposta a proble-mas globais.

CAMINHO COMPLEXO Sintetizando e concluindo, é hoje fun-

damental que uma política para as TI nasaúde seja parte integrante das políticas desaúde do Estado. Mas importa ter presenteque, em todo o mundo e certamente emAngola, o caminho não é fácil nem óbvio eé particularmente complexo. É por issoum caminho que deve ser percorrido deforma planeada e globalmente bem geri-da, colocando o cidadão no centro daspreocupações, envolvendo ativamente osprofissionais de saúde e em particular osmédicos, na convicção de que por aquipassa o futuro não apenas do sistema deSaúde mas, globalmente, de um país mo-derno e competitivo.

Haja saúde, que depois, o futuro, nósconstruímos!

É hoje comumente aceite queas Tecnologias e os Sistemas deInformação deverão ser parteintegrante das políticas de saú-de dos Estados, já que são umimportante instrumento paradesenvolver e suportar servi-ços de saúde que estejam cadavez mais centrados no cida-dão, para a integração e a con-tinuidade desses serviços, ten-do como fundamento a dispo-nibilização de informação aosprofissionais, em particular aosmédicos, de forma adequada esegura, quando e onde ela énecessária para a prestação in-formada de serviços de saúde.

O caminho deve ser percorrido de forma planeada, colocando o cidadão no centro das preocupações e envolvendo ativamente os médicos, na convicção de que por aqui passa o futuro, não apenas do sistema de saúde, mas, também, de um país moderno e competitivo.

É importante deixar de olhar para os Sistemas de Informação na saúde como um pro-blema essencialmente tecnológico, da responsabilidade dos serviços de informática, con-siderando-os, antes sim, como uma questão de gestão da saúde, que deve envolver os mé-dicos na sua liderança e desde a primeira hora

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19EspEciAl X conGresso internacional dos mÉdicos em anGolaJSA Janeiro 2015

“A Multitel é um dos suportes das telecomunicações em Angola”

“A Multitel desenvolve solu-ções inovadoras, específicase personalizadas, altamenteseguras, com grande quali-dade e fiabilidade, para osmaiores grupos empresa-riais”, diz ao Jornal da Saúdeo director-geral, AntónioGeirinhas, acrescentandoque “a Multitel faz parte dasempresas que suportam osistema das telecomunica-ções em Angola, facilitando odesenvolvimento da activi-dade empresarial em diver-

sas regiões do país”.Todas as províncias estão

cobertas com rede de teleco-municações. Nas mais lon-gínquas, a Multitel tem insta-lado ligações via satélite queproporcionam transferên-cias de dados de grande por-te, utilizadas pela banca e ou-tras empresas.

Em Luanda e Benguela,onde há maior crescimentoeconómico e concentraçãoempresarial, a aposta incideem serviços mais sofistica-dos. A expansão imediata daMultitel passará pela cons-trução de filiais em Cabindae no Huambo.

Apesar da vocação para omercado empresarial, Antó-nio Geirinhas afirma dispo-nibilidade para responder aointeresse de clientes indivi-duais, em qualquer região dopaís.

Saúde é prioridadeO sector da saúde é o que

mais beneficiará dos próxi-mos investimentos da Multi-

tel. Está em curso um projec-to que ligará o Hospital Pe-diátrico de Luanda, o de Ben-guela e o de Coimbra (Portu-gal), para que os médicosdestes três hospitais possamdiscutir problemas, ver exa-mes das crianças e fazer diag-nósticos em conjunto. Poste-riormente, a rede será esten-dida a nível nacional.

“Se houver uma dúvida,com facilidade poderá esta-belecer-se comunicação porvideoconferência”, explicaAntónio Geirinhas realçandoas vantagens desta tecnolo-gia, usual em hospitais inter-nacionais.

A Multitel esteve igual-mente envolvida na instala-ção do sistema de internet

dos hospitais Américo Boavi-da e da Cruz Vermelha deAngola, facilitando eventosonline de âmbito internacio-nal.

Elevado investimentoDurante estes 15 anos de

actividade da Multitel emAngola, António Geirinhasdestaca a evolução do sectordas telecomunicações nosúltimos oito, “só possívelcom o advento da paz, quefortaleceu a classe empresa-rial. As Tecnologias de Infor-mação e Comunicação(TIC), a seguir aos serviçosbancários, foram a área demaior crescimento no mer-cado angolano, devido ao es-forço dos operadores”, con-sidera o empresário, dandoconta do investimento na or-dem dos 30 milhões de dóla-res (3 mil milhões de kwan-zas) em todo país.

Ainda no sector da saúde,a Multitel pretende apostarnos sistemas de gestão hos-pitalar.

Terceira idadeParalelamente, a Multi-

tel está num projecto con-junto com a Open Idea(empresa de inovação dogrupo português PortugalTelecom), destinado a ga-rantir suporte à terceira ida-de e que já é realidade naEuropa.

Foram criadas aplica-ções de software que per-mitem o acompanhamentodestas pessoas à distância.Elas próprias podem medira tensão arterial, fazer aná-lises da diabetes e enviar osresultados para uma clínicaou hospital, onde um médi-co lhes prestará assistência,por videoconferência.

“Este serviço será umamais-valia para os doentesque têm necessidades deurgência ou mobilidade re-duzida, possibilitando quemuitas complicações ve-nham a ter um acompa-nhamento cada vez maiscentrado e rigoroso”, ante-vê António Geirinhas.

Francisco cosme dos santos

Instalada há 15 anos em An-

gola, com sede em Luanda e

filial em Benguela, a Multitel

tem como atividade principal

a prestação de serviços de te-

lecomunicações, posicionan-

do-se como operador inte-

grador num sistema conver-

gente de comunicações e

tecnologias de informação.

António Geirinhas anuncia investimentos na área da saúde

António GeirinhAs “A Multitel desenvolve soluções inovado-

ras, específicas e personalizadas, na área das comunicações e

tecnologias de informação, com grande qualidade e fiabilidade,

para os maiores grupos empresariais”

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20 EspEcialX CoNGResso INTeRNACIoNAl dos mÉdICos em ANGolA Janeiro 2015 JSA

Res

um

os

Aumento de doenças infecto-contagiosas e crónicas em Angola Lúcio Lara Santos A melhoria das condições de vida, o au-mento da esperança de vida ao nascer e amudança de estilo de vida criam condiçõespara que as doenças crónicas, entre asquais as oncológicas, se tornem prevalen-tes. Angola tem tido um aumento consis-tente não só do número de doenças infec-to-contagiosas, como também de doençascrónicas.

Os registos de cancro são responsáveispela recolha de informação de doentescom cancro, de modo a obter os dados ne-cessários à produção de estatísticas descri-tivas e ao planeamento, monitorização eavaliação dos programas de controlo decancro. Para além disto, são a base para osestudos sobre as causas da doença, no-meadamente estudos de epidemiologiaanalítica.

Os registos hospitalares de Luanda, apar com a informação do Registo Civil, sãofontes de informação importantes para oRegisto de Base Populacional de Luandasediado no IACC (Instituto Angolano Con-tra o Câncer), que está a dar os seus primei-ros passos.

NO IACC (antigo CNO – Centro Nacio-nal de Oncologia), foram registados, em2012, 799 novos doentes; em 2013, 1329; eno primeiro semestre de 2014, 434 novosdoentes (em dois anos e meio foram admi-tidos 2561 novos doentes). Principais neoplasiasPredominaram as neoplasias em está-

dio avançado. As 10 localizações mais fre-quentes foram: mama 619 (24,1%) casos,colo do útero 409 (15,9%) casos, próstata203 (7,9%) casos, sarcoma de Kaposi 115(4,4%) casos, linfoma de Hodgkin 106

(4,1%) casos, rim e pélvis renal 81 (3,1%) ca-sos, estômago 79 (3%) casos, tecidos moles77 (3%) casos, olhos e anexos 54 (2,1%) ca-sos e cólon e recto 51 (1,9%) casos. Os res-tantes 768 (29,9%) casos correspondem alocalizações menos frequentes.

O incremento de casos por ano, noIACC, foi de cerca de 66%.

Nos anos de 2012 e 2013, a percentagemde doentes com idade inferior a 19 anos foide 10,9%. Neste subgrupo de doentes e nes-te período de tempo, as 6 localizações maisfrequentes foram em ordem de frequênciaos tumores do rim, o linfoma não-Hodgkin,as neoplasias malignas dos olhos, os tumo-res das partes moles, a doença de Hodgkine as leucemias.

Para termos uma noção da real dimen-são do problema teríamos que somar osdados referentes aos de doentes tratadospor patologia oncológica em outros hospi-tais no país ou no estrangeiro e que não fo-ram contabilizados nos registos do IACC.O Globocan estima para 2015 cerca de11000 novos doentes, mas estas estimativassão realizadas com base em dados obtidosde registos dos países da região africana on-de Angola se insere, podendo não corres-ponder à nossa realidade.Controlo do cancro em AngolaEm 2014, em virtude destas alterações no-sológicas no país, o MINSA criou recomen-dações e orientações no sentido de cons-truir uma resposta competente a esta novarealidade. Assim, foi criado o IACC. Foiaprovado o Plano Nacional de Desenvolvi-mento Sanitário – PNDS, em que se definiu,no documento intitulado de projecto 14, apolítica para a área de oncologia, de formabastante precisa. Recentemente o Ministro

da Saúde no conselho consultivo do MIN-SA, anunciou investimentos no IACC naárea da radioterapia e para descongestio-nar este centro oncológico, tomou a deci-são de criar um Núcleo Regional de Onco-logia no Huambo. Adicionalmente infor-mou a intensão de, no futuro e de acordocom as necessidades, estudar a possibili-dade de se organizar outros núcleos regio-nais nos locais onde já existem recursoshospitalares, em que o número de doentesseja considerável e ocorra formação médi-ca, de enfermeiros e de outros técnicos desaúde com recurso às Universidades,criando assim equipas multidisciplinaresdedicadas a esta patologia. Ainda, outroscentros, como a Clínica Girassol e a ClínicaSagrada Esperança estão a equipar-se e acriar equipas no sentido participar de for-ma mais abrangente no combate contra ocancro. Oncologia cirúrgicaNa maioria dos tumores malignos sólidos,o tratamento cirúrgico é fundamental e es-te, quando realizado em tempo útil e ade-quadamente, permite a cura da doença ousobrevivências prolongadas com qualida-de de vida. Presentemente, o tratamentooncológico é multidisciplinar e bastante in-dividualizado, isto é, inclui também qui-mioterapia e radioterapia e deve ter sempreem conta a situação clínica do doente e ascaracterísticas do tumor (morfológicas,moleculares e mesmo funcionais).

O diagnóstico precoce, por um lado, e acongregação inteligente das diversas ar-mas terapêuticas são a chave do sucesso,traduzida numa diminuição da mortalida-de por tumores malignos, que ocorre nospaíses mais desenvolvidos.

Neste contexto, o cirurgião (geral, urolo-gista, ginecologista, ortopedista, ORL oftal-mologista, torácico, pediátrico, entre ou-tros) tem o dever de participar nas diversasáreas da oncologia, nomeadamente: nodiagnóstico, na definição do estádio dadoença, na decisão terapêutica em consul-tas multidisciplinares, no tratamento cirúr-gico adequado em que a resseção com mar-gens livres de tumor e a remoção dos gân-glios linfáticos em número e local adequa-dos (nos tumores em que a linfadenecto-mia é importante) é crucial, na colocação dedispositivos médicos como cateteres, emtratamentos especializados associados à ra-dioterapia e à quimioterapia, na reconstru-ção de defeitos e reabilitação dos doentes,no diagnóstico precoce e tratamento deeventuais complicações, no seguimentodos doentes e na investigação científica.

Por outro lado, os cirurgiões de todas asdisciplinas cirúrgicas têm um papel de re-levo na formação de novos cirurgiões e nasua própria formação. Assim, é importante,não só a salvaguarda do conhecimentoprévio, como a aquisição de competênciasna área da oncologia cirúrgica, o que incluios cirurgiões seniores, juniores e internosde especialidade. O conhecimento dosprincípios da oncologia deve ser transver-sal e a evolução das ciências oncológicasobriga a uma formação continuada.

Muitas vezes, interrogámo-nos sobrecomo poderemos adquirir estas compe-tências, de forma rápida consistente e semperder o foco da nossa realidade.

As associações científicas são importan-tes no apoio que prestam aos colégios deespecialidades, ao beneficiar de apoios deassociações congéneres experientes.

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As características da leitura dinâmica são: a articulação clara (falar de umamaneira que os ouvintes compreendam as palavras com facilidade), a lei-tura exacta (ler em voz alta exactamente o que está escrito, sem omitir letras,e obedecendo à pontuação), pronunciar as palavras correctamente, ler deuma forma fluente, enfatizando palavras, numa modulação e volume apro-priado, com entusiasmo e naturalidade

22 responsAbilidAde soCiAl Janeiro 2015 JSA

A competição envolveu mais de dois mil alunos de 84 escolas, da 4.ª à 12.ª classe

Uma jovem concorrente treina a leitura,

momentos antes de entrar em cenaAs vencedoras acompanhadas pelo júri, responsáveis da Organização e da BP Angola

Uma plateia de cerca de uma centena de pessoas, composta por concorren-tes finalistas, encarregados de educação, educadores, jornalistas e convi-dados, aclamou os vencedores do 2.º Concurso de Leitura Pública, uma ini-ciativa da WN Eventos em conjunto com a Associação Nacional do EnsinoParticular, com o patrocínio da BP Angola e a anuência do Ministério daEducação e da delegação provincial da Educação de Luanda.O concurso tem como objectivo principal despertar o interesse pela lín-

gua portuguesa, pela leitura, dicção e alertar para a importância do país dis-por de quadros qualificados e oradores eficazes. Nas provas, foram dados a cada concorrente 5 minutos para se familia-

rizarem com textos com cerca de 200 palavras, de diversos géneros literários,a serem lidos em apenas um minuto. O júri socorreu-se das 10 principaiscaracterísticas da leitura dinâmica eficiente para classificar os concorren-tes.A primeira edição contou com a participação de 3.936 estudantes, com

idades compreendidas entre os 10 e os 20 anos, de 105 escolas e colégios.

As grandes vencedorasA vencedora desta edição foi a estudante Tuyolene Narciso, de 14 anos,

do 9º ano do colégio Árvore da Felicidade. A jovem recebeu um crédito novalor de 300 mil kwanzas para despender em material didáctico. A 2ª clas-sificada foi a menina Manuela Tabita Andreia, de 15 anos, a frequentar o 10ºano no colégio Ndofula Kiace. O prémio em material didáctico ascendeu a200 mil kwanzas. Finalmente, a 3ª classificada foi a Karina Madalena Higinode Sousa, 15 anos, 9º ano, do colégio Platão, em Viana. Recebeu um créditode 100 mil kwanzas para gastar em material escolar.As escolas dos três melhores classificados também foram contempladas

com um crédito, neste caso em livros, no valor de, respectivamente, 800 mil,500 mil e 300 mil kwanzas.

Grande entusiasmo“Vi o sangue a circular”, disse ao JS o professor de português do colégio

Ndofula Kiace, João Castelo Carlos, ao referir-se ao imensurável entusiasmoda sua aluna Manuela Tabita quando lhe comunicou que tinha ficado entreas melhores. “Serve de incentivo, muda o posicionamento dos alunos – osoutros colegas já se aperceberam do valor do prémio –, pelo que a iniciativaé de louvar, criando gosto pela leitura”, disse. O pai da Tuyolene, o econo-mista Alfredo Narciso, incentivou a organização. “Continuem nesta senda,só facto de participar é motivador, mesmo que não vão para ganhar. Os pré-mios em material didáctico, e não em dinheiro, é uma boa ideia”. E deixouuma sugestão: “para o ano, o prémio pode ser o pagamento das propinas”.

A ler, as meninas brilharamConcurso promove interesse pela leitura

De acordo com o director

do Desenvolvimento Sus-

tentável da BP Angola, Gas-

par Santos, a educação é a

primeira prioridade nos

apoios sociais que a em-

presa concede. “Esta inicia-

tiva surge no âmbito da

Responsabilidade Social e

tem como objectivo capa-

citar os jovens no ensino”,

afirmou ao JS.

Para o director da WN,

Passos da Silva, “o concurso

pretende contribuir para o

desenvolvimento intelec-

tual da criança como indiví-

duo, ocupando seu tempo

livre durante e depois da

escola, a fim de conceder-

lhe competências no idio-

ma português que não ad-

quiriu até agora. Ao mesmo

tempo, visa impulsionar o

aparecimento de talentos

na locução e/ou dicção, aju-

dar os estudantes, no geral,

a aprimorarem seus hábi-

tos e habilidades de leitura

e viabilizar a aplicação de

métodos de estudo para a

absorção de cerca de 80%

do material de estudo, com

o fim de passar no exame,

para além de despertar o

interesse pela língua portu-

guesa”. Em 2015, a WN

pretende estender o con-

curso a, pelo menos, quatro

províncias. E, no futuro, “a

nível dos Palops”, concluiu

Passos.

O objectivo nº 1

Guia para um bom leitor

A vencedora

Tuyolene Narciso

quando prestava

a sua prova. Neste

caso, a imagem

vale mais do que

mil palavras…

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O director Arão Lourenço

da Silva foi um dos for-

mandos que terminou

com sucesso e recebeu o

diploma do Programa de

Especialização em Gestão

da Saúde. “Os conheci-

mentos adquiridos nas 320

horas dos oito módulos do

curso contribuíram decisi-

vamente para melhorar a

eficiência desta unidade de

saúde”, garantiu

Hospitais de Ngonguembo e Quiculungo registam também aumento de partos Este aumento de número de par-tos hospitalares é justificado poruma melhoria do atendimentonas instituições sanitárias, bem co-mo a intensa campanha de sensi-bilização das comunidades sobreos riscos de partos domiciliares,tanto para mães como para os re-cém-nascidos, afirmou a respon-sável em exercício da maternidadedo Hospital Municipal do Ngon-guembo, Suzana Teixeira.

A responsável referiu que a uni-dade que dirige efectuou em 2014um total de 136 partos, constatan-do-se um aumento de 71 partos,em relação a 2013.

Suasana Teixeira sublinhou queneste mesmo período a instituiçãoefectuou 675 consultas de pré-na-tal, e acompanhou 36 partos domi-ciliares assistidos pelas 20 parteirastradicionais treinadas e controla-das pela instituição.

A maternidade local assistiuigualmente 209 mulheres no âm-bito do programa de planeamentofamiliar, tendo distribuído 443 pi-

lulas anticoncepcionais a 200 mu-lheres em idade fértil, bem comoforam prevenidas e assistidas con-tra a malária com Falcidar 429 ges-tantes.

Foram submetidas a testes dedespistagem do VIH/SIDA 22 828grávidas, três das quais com diag-nóstico positivo, tendo outras 331beneficiado de vacinas anti tetâni-cas.

A maternidade do Hospital doHospital Municipal do Ngon-guembo conta com cinco funcio-nários, entre enfermeiros e partei-ras e necessita mas necessita demais 11 profissionais para melho-rar o funcionamento da unidadehospitalar.

Município do QuiculungoNo município do Quiculungo,

Delfina Aguiar Malundo, respon-sável do centro Materno-infantildo hospital local afirmou que fo-ram assistidos na instituição 186partos, em 2014, verificando-se umaumento de 18 nascimentos, com-

parativamente com 2013.A responsável sublinhou que 178

do total de partos decorrerem comoprevisto, ao passo que oito foramconsiderados difíceis, tendo-se re-gistado a morte de seis bebés.

Durante o ano de 2014, 16 ges-tantes foram transferidas para ohospital provincial, em Ndalatan-do, pois constituíam situaçõesmais complicadas, como a presen-ça de anemia e a necessidade derealização de ecografias.

Para além dos partos hospitala-res, a instituição acompanhou par-teiras tradicionais em 183 partosdomiciliares.

Delfina Malundo referiu que em2014, a sua instituição efectuou 905consultas pré-natais, entre as quaisse registaram quatro gravidezesprecoces de adolescentes com 14anos de idade.

Em média, o centro materno in-fantil de Quiculungo efectua 30consultas pré-natais e de patologiade mulheres grávidas, no âmbito doacompanhamento diário e mensal.

Planeamento familiarAinda durante 2014, aderiram ao

planeamento familiar 76 mulheres,por motivos de saúde, condiçõeseconómicas e prevenção de gravidezindesejada, sendo que 27 recorreramàquele serviço pela primeira vez, de-clarou Delfina Malundo.

Duas técnicas asseguram o fun-cionamento do centro materno in-fantil que necessita de mais pessoal emanuais de informação, segundo aresponsável.

Uma sala de consultas, uma depré-partos, outra de para partos euma secção para internamentoscom capacidade de nove camas sãoas principais áreas do centro.

Mas muitas mulheres ainda negli-genciam consultas pré-natais, la-mentou a responsável.

Por sua vez, a supervisora do pro-grama de saúde reprodutiva da Di-recção Provincial da Saúde, Mada-lena Dicamba Difuma, lamentou ofacto de muitas mulheres continua-rem a negligenciar as consultas pré-natais e o acompanhamento médi-

co no quadro de acompanhamentode grávidas.

Este factor, frisou, está na origemdo crescente número de casos de na-dos mortos e abortos espontâneosassistidos em várias unidades sanitá-rias da região.

Muitas adolescentesA responsável afirmou que a

maioria das parturientes que acorre-ram às unidades sanitárias, particu-larmente nos municípios do interior,são adolescentes e jovens com ida-des compreendidas entre os 14 e 19anos e, por isso, sem preparação su-ficiente para partos mais complica-dos.

Madalena Dicamba defendeu anecessidade de uma maior educaçãosexual das raparigas e um aumentode diálogo entre pais e filhos, de mo-do a se evitarem gravidezes precocesque em muitos casos colocam emrisco a vida da mãe e do bebé

Dicamba defendeu a necessidadede as grávidas aderirem de forma re-gular às consultas pré-natais paraajudar a assegurar a saúde dos bebés.

JSA Janeiro 2015 24Saúde Cuanza norTe

O responsável especificouque foram realizados3.282partos , dos quais 390por cesariana. Dos 3.076 par-tos assistidos, houve 206 na-dos mortos.

Neste mesmo período,adiantou, foram internados437 recém-nascidos, dosquais 78 morreram na unida-de de neonatalogia e 2.191em pediatria, onde morre-ram 140.

Arão da silva esclareceuque a unidade que conta com170 funcionários, entre enfer-meiros, parteiras e médicos,atendeu diariamente mais de50 pacientes e efectuou20.115 consultas externas -

10.697 de puericultura, 5.274de génico-obstetrícia, 4.144de gineco-obstetrícia e 23.272 consultas de urgência. Ohospital optou pelo interna-mento de 8. 685 doentes comdiversas patologias.

As principais causas de in-ternamento foram a malária(1.582 casos e 92 óbitos), asdiarreias agudas (374 casos e22 óbitos), o sarampo (149 ca-sos e um óbito), as doençasrespiratórias agudas (93 ca-

sos e sete mortos), assim co-mo o tétano (26 casos, trêsmortes).

Engrossaram ainda a listade patologias mais frequen-tes na instituição, a malnutri-ção (32 casos e seis óbitos), a

febre tifoi-

de (24 casos), a meningite (16casos e duas mortes), as car-diopatias (quatro e um óbito)e a raiva (dois casos e igualnúmero de mortes).

O Hospital Materno-in-fantil de Ndalatando dispõede serviços de ginecologia,obstetrícia, puericultura, pe-

diatria, pré-natal, PAV,entre outros.

Hospital Materno-infantil realizou mais de três mil partosDiniz Simão

Texto e fotografia

O hospital Materno-infantil

de Ndalatando, no Cuanza

Norte, vocacionado para a as-

sistência a crianças e grávidas,

efectuou em 2014 mais de

três mil partos,o que repre-

senta um aumento significati-

va face ao ano anterior, sendo

60 por cento de jovens mães,

entre os 14 e os 19 anos de

idade, disse ao Jornal da Saúde

o director da unidade sanitá-

ria, Arão Lourenço da Silva.

3.282partos realizados

390por cesariana

3.076partos assistidos

206nados mortos

Em 2014

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O programa municipal decuidados de saúde primá-rios permitiu a construçãode infraestruturas sanitáriase a aquisição de mais equi-pamentos e fármacos, disse,em entrevista ao Jornal daSaúde, Domingos Lindo,chefe de repartição da saúdena circunscrição municipal.

Segundo o responsável,apesar dos avanços regista-dos em matéria de infraes-truturas, o sector da saúdeno Mussende debate-secom a falta de médicos espe-cialistas, como ortopedistase radiologistas para respon-der às necessidades das po-pulações.

O aumento de unidadessanitárias nas zonas de maiorconcentração populacionalfoi o factor que permitiu aoferta dos serviços de assis-tência hospitalar nas comu-nidades e, ao mesmo tempo,motivou as populações, so-bretudo as mulheres, a pro-curarem assistência.

Domingos Lindo adian-tou que, quando surgem ca-sos de acidentes de viação aunidade hospitalar vê-se ob-rigada a enviar os acidenta-dos para a província vizinhade Malanje, num percursode 128 quilómetros, ou paraa cidade capital da provín-cia, Sumbe, que dista 315quilómetros.

O chefe da repartição desaúde do Mussende consi-derou que o município, da-da a sua densidade popula-cional, necessita de um hos-pital municipal de referên-cia, de forma a poder res-ponder à procura.

Mais profissionais de saúdeOutra situação apontada,

que não foge à regra em rela-ção a outros municípios daprovíncia e do país em geral,prende-se com o reduzido

número de enfermeiros epessoal auxiliar, como ma-queiros, vigilantes e outros.

O responsável reconhe-ceu que o município do Mus-sende ainda necessita demais unidades sanitárias pa-ra uma boa cobertura assis-tencial, sobretudo nas comu-nidades afectas à comuna doKienha que, devido a degra-dação das vias de acesso, nãopossui ainda os postos desaúde de que necessita.

— Como caracteriza o sec-tor da saúde no municípiodo Mussende?— O sector da saúde noMussende conheceu me-lhorias significativas, querno domínio das infraestru-turas, quer na própria assis-tência. Mas é um desafioconstante, porque osactuais indicadores aindanão são satisfatórios.

Aliás, falar da saúde é al-go mais abrangente se tiver-mos em conta os factoresque podem contribuir parao sucesso ou insucesso dosserviços de saúde.

Mas temos orgulho emdizer que, actualmente, osector da saúde no nossomunicípio ganhou credibili-dade, e as populações já vãoacreditando que, quandoestão doentes, podem serassistidas nas unidades sa-nitárias distribuídas pelomunicípio.

Para isso também contri-bui a dedicação dos técnicose as condições de trabalhode que dispõem. Neste con-texto, devo destacar o forne-

cimento regular de medica-mentos, quer sejam adquiri-dos localmente no municí-pio, quer os fornecidos atra-vés do Depósito provincialde medicamentos essen-ciais da direcção provincialde saúde.

Em termos de funciona-mento, a rede sanitária noMussende é composta por14 unidades, das quais trêsCentros Médicos, sendo umde referência que atende di-versas patologias, outro ma-terno-infantil, e um outroconstruído na Comuna deSão-Lucas, complementa-dos por 11 postos de saúde.Do pessoal clínico fazemparte um médico expatria-

do, dois técnicos de Diag-nóstico e Terapêutica e 104enfermeiros. O Centro Mé-dico de referência prestacuidados de medicina geral,pediatria, pequena cirurgia,banco de urgências, labora-tório de análises clínicas e gi-necologia.— Quais são as principaisdoenças que existem nomunicípio do Mussende?— Em primeiro lugar a ma-lária, doenças diarreicas erespiratórias agudas, parasi-toses intestinais e conjunti-vites, e outras que fazemparte do quadro de doençastropicais.

Infelizmente ainda nosdeparamos frequentemente

com situações em que aspessoas só procuram assis-tência sanitária quando es-tão em estado crítico. Daí anecessidade de incrementaras campanhas de sensibili-zação para a saúde nas co-munidades.— Qual o ponto de situaçãoda formação de técnicosque prestam cuidados desaúde no Município?— O nosso município deba-te-se com a falta de médicose técnicos especializados.Por isso, há necessidade demelhorar a competênciatécnica destes profissionaispor forma a adquirirem ascapacidades requeridas. Éum processo que já iniciá-

mos e que vai continuar.—Que programas que es-tão a ser executados paramelhorar a assistência nomunicípio?— Os programas que esta-mos a implementar são osindicados pela DirecçãoProvincial da Saúde, no-meadamente a distribuiçãode mosquiteiros, de Alben-dazol, a medição de tensãoarterial, testes de VIH/Sida ecampanhas de vacinação.Além destes, estamos tam-bém a executar outros pro-gramas, como os dirigidos àluta contra a tuberculose e alepra, a vigilância epidemio-lógica, a educação para asaúde, saneamento am-biental e água potável. Paraserem bem sucedidos é ful-cral a colaboração das co-munidades.—Quais os desafios de cur-to prazo no sector de saúdeno Mussende?

— Temos de melhorar acurto, médio e longo prazos,a assistência às populações,e isso implica a construçãode mais postos de saúde econseguir das autoridadescompetentes o aval para aconstrução de um hospitalmunicipal de referência,bem como o aumento donúmero de enfermeiros.

Além disso, vamos adop-tar outras medidas para me-lhorar a educação para asaúde das comunidades,com o objectivo de diminuira incidência de doenças co-mo a malária, febre tifóide,parasitoses intestinais e ou-tras.

Jsa Janeiro 2015 26Saúde Cuanza sulPopulação de Mussende tem melhor assistênciaà saúde mas continua com falta de médicos Casimiro José | Porto amboim

Correspondente no Cuanza sul

Texto e fotografia

A população do município do

Mussende, na província do

Cuanza-Sul, tem uma me-

lhor assistência à saúde desde

a implementação do progra-

ma de cuidados de saúde pri-

mários, mas continua a sentir

a falta de profissionais do sec-

tor.

A Administradora municipal do Mussende,Joaquina Gabriel, disse ao Jornal da Saúdeque a sua administração vai continuar a darprioridade ao sector da saú-de, através da execução deprogramas e projectos que vi-sam melhorar a assistênciamédico-medicamentosa nomunicípio.

Joaquina Gabriel anun-ciou que para 2015 estão pro-gramadas mais unidades sa-nitárias, a contratação demais enfermeiros, técnicosespecialistas e médicos, deforma a alcançar uma assis-tência mais competente e hu-manizada.

No quadro do Programa dos Cuidados Pri-mários de saúde está prevista a conclusão dasobras de construção do centro médico na Co-

muna do Kienha, de um posto de saúde noBairro da Serração, na Comuna de São-Lucas.Contudo é preciso argumentar eficazmente

junto do Ministério da Saúdeno que respeita o aumentoda mobilidade geográfica dequadros da saúde para osmunicípios.

Joaquina Gabriel adian-tou que a administração mu-nicipal vai continuar a de-senvolver o projecto de sa-neamento básico na Vila enos arredores, bem como osaneamento ambiental.

Com uma superfície de9.556 quilómetros quadra-dos, o município do Mus-

sende possui uma população estimada de 84mil habitantes, distribuídos pelas comunassede, São Lucas e Kienha.

Melhorar o sector da saúde é a prioridade da administração municipal do Mussende

Domingos LinDo, Chefe De RepaRtição Da saúDe Do mussenDe "Dada a sua densidade

populacional, o município necessita de um hospital municipal de referência, de forma a po-

der responder à procura"

Joaquina Gabriel, Administra-

dora municipal do Mussende

garante melhorais no sector da

saúde

A rede sanitária no Mussende é composta por 14 unidades, das quais

três Centros Médicos, sendo um de referência que atende diversas pa-

tologias, outro materno-infantil, e um outro construído na Comuna de

São-Lucas, complementados por 11 postos de saúde

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O número de mortes está adiminuir significativamente.A taxa de mortalidade brutaé de cerca de 5,7 por cento.Relativamente às criançascom menos de um ano,houve uma redução da taxade mortalidade. No caso decrianças até aos cinco anosregistou-se uma redução deletalidade de 32 por centopara 16 por cento.Contudo, disse, a taxa de

mortalidade materna subiude 272,7 para 280,3 por cada100 mil nados vivos, o quesignifica um aumento de 2,8por cento.“Não podemos falar de

mudanças sanitárias sem fa-lar do Hospital Geral doHuambo. Trata-se de umcomplexo hospitalar queengloba muitos outros hos-pitais, como por exemplo amaternidade, o hospital pe-diátrico e o psiquiátrico”, su-blinhou o director provincialda saúde, realçando que ohospital geral conta com umnúmero total de 820 camas. “Temos que realçar que o

Hospital Geral do Huambotem um serviço de hemodiá-lise, com 16 máquinas, umserviço de neurocirurgia,onde realizamos interven-ções complexas como tu-mores cerebrais e patologiasda coluna vertebral traumá-tica e endroencefalia”,adiantou.O responsável referiu que

foram transferidos 59 profis-sionais de saúde de outrasprovíncias para um centrosanitário no Huambo. Ac-tualmente a província tem5.593 trabalhadores de saú-de.

A rede sanitária foi reforçada depois de criadas mais sete unidades de saúde e de outras terem sido ampliadas“Desde o ano passado

até agora (Dezembro de2014) já operámos às cata-ratas mais de 876 pessoas.Temos um serviço de quei-mados, de hematologia e deressonância magnética des-de Julho de 2014”, disse. “No âmbito da saúde

mental, estamos em comu-nicação directa com o hos-pital psiquiátrico de Luan-da. O hospital possui tam-bém um serviço de gas-troenterologia”, disse o res-ponsável adiantando que astransferências para outrasunidades diminuiu signifi-cativamente. “Neste mo-mento só são transferidaspara o Instituto de Oncolo-gia quem necessita de cirur-gia cardiovascular, quimio-terapia e retroterapia”,adiantou.

O hospital geral atendeu em 2014 um total de cerca 305.165pessoas. Dessas, ficaram internadas cerca de 40 milO número de interven-

ções cirúrgicas aumentou,disse Frederico Juliana , es-pecificando que em 2014foram operadas cerca de 13mil pessoas. “Até Dezembro de 2010,

existiam 24 serviços no hos-

pital geral. Criámos mais oi-to em 2013 e, em 2014, abri-mos o serviço de gastroen-terologia, fisioterapia e he-matologia. No próximo anovamos abrir endocrinologiae oncologia clínica”, frisou. “As equipas de saúde

primária efectuaram umrastreio de hipertensão ar-terial e de diabetes, bem co-mo visitas a unidades sani-tárias. Organizaram aindaserviços e capacitaram ou-tros, através de formaçãocontínua dos colegas, tendosido efectuado um cadas-tramento das famílias”, fri-sou. “Por isso, até agora, te-

mos um total de 56.072 pes-soas já cadastradas e equi-pas moveis avançadas atra-vés do projecto UhayeleVimbo e feiras da saúde,com muitas actividades,que este ano aumentaramsignificativamente”, subli-nhou. Para o programa de vaci-

nação houve um aumentode 57 postos fixos compara-tivamente com os númerosde 2013.A cobertura de pentava-

lente 10 é de 117 %, a da pó-lio 3 é de 114%, a do saram-po é de 122 por cento e a donúmero 13 de 100%. “Sabe-mos que precisamos decorrigir isto, que ainda nãoestá muito bem”, reconhe-ceu o director provincial desaúde.Segundo o responsável,

as unidades especiais e cen-

tros ambulatórios de nutri-ção aumentaram as suasactividades.“Relativamente ao

VIH/Sida, registaram-se1.387 novos casos. Tendoem conta a implementaçãodo Plano de Aceleração,abrimos mais unidadescom serviços integrados dePTV e de IDASE. Esta inci-dência e taxa de letalidadeestá a diminuir”, afirmouFrederico Juliana. No que diz respeito à

prevenção da malária, fo-ram distribuídas 319.842 re-des mosquiteiras e estão aser levadas a cabo activida-des de pulverização.“Diminuímos em 93 por

cento o número de casos demortalidade em relação aoano de 2010, mas em 2013subiu um pouquinho: tive-mos 21,1 por cento de ca-sos”, afirmou o responsávelda saúde provincial, frisan-do que em 2013 se regista-ram 13 óbitos e sete em2014.

O que nos preocupamuito é a sinistralidaderodoviária que vitimouem 2013 cerca de 384pessoas, quase tantascomo a maláriaQuanto ao sistema de

comunicação de dados, oresponsável referiu que,com o apoio do Ministérioda Saúde, o Huambo ela-borou 11 planos munici-pais de desenvolvimentosanitário e fortaleceu o sis-

tema de informação desaúde, com uma experiên-cia piloto. “Já temos 40 unidades

sanitárias que recolhem in-formação e nos comuni-cam os dados através de re-gistos electrónicos”, disse. “Sobra o Ébola, retive-

mos a orientação do minis-tro da Saúde, na reuniãodos ministros de Saúde afri-canos, onde recomendou asensibilização da popula-ção sobre as formas de pre-venção da doença”, frisou.O Huambo recebeu vá-

rias orientações do gabine-te do ministro, da DirecçãoNacional de Saúde Públicae do Inspector Geral daSaúde sobre a prevenção ediagnóstico da doença. Foicriada uma comissão cons-tituída por todos os respon-sáveis envolvidos. “Temos sub-comissões

de formação clínica, logís-tica, transporte e estatística,que abrange os óbitos”, re-latou. “Foi criado um centro de

tratamento de emergênciapara fazer face a catástrofesna saúde, como a cólera, oÉbola e outras. O Ministérioda Saúde, a Direcção Pro-vincial de Saúde, a direcçãomédica cubana e a Organi-zação Mundial de Saúdetêm levado a cabo váriasformações e a distribuiçãode panfletos com informa-ção. Temos a logística ne-cessária para combater adoença”.

JSA Janeiro 2015 27Saúde huambo

A rede de saúde pública no

Huambo foi aumentada e

melhorada em 2014 depois

da criação de sete novas uni-

dades sanitárias, a ampliação

de alguns centros, a contrata-

ção de mais profissionais e o

aumento de valências no hos-

pital geral da província, entre

outras melhorias realizadas,

afirmou, durante o último

Conselho Consultivo, o direc-

tor provincial da saúde do

Huambo, Frederico Juliana.

Rede de saúde pública aumentada e melhorada mas os problemas são ainda muitos

O Huambo quer imple-mentar o sistema de infor-mação sanitária em 51unidades sanitárias atéJulho de 2015, com tecno-logia informática e, até Se-tembro de 2016, em todasas unidades da província.Perspectivamos tambéma abertura de um concur-so público para substituiros funcionários que fale-ceram, os que não acei-tam transferência paraoutras localidades e osque são transferidos.Vamos intensificar as pa-lestras nas igrejas sobre asdoenças infeciosas edoenças crónicas nãotransmissíveis. Queremos começar coma prevenção da saúdemental nas igrejas, inte-grar as unidades das For-ças Armadas e Polícia Na-cional nas igrejas, assimcomo abrir consultas desaúde mental em todos oshospitais municipais, mascontinuar a seguir todosos casos que chegam dohospital psiquiátrico deLuanda, que deverão serintegrados na família e nacomunidade.Queremos formar 1.300agentes comunitários e fa-cilitar a integração dasparteiras tradicionais nasunidades sanitárias.E, ainda, concluir o inci-nerador dos resíduos hos-pitalares do Huambo,construir e apetrechar oshospitais materno-infan-tis, pediátrico e oncológi-co; criar e reabilitar o cen-tro de saúde de S. João eMineira.Abrir postos fixos de vaci-nação em todas as unida-des sanitárias.Expandir e intensificar oplano nacional de acele-ração para integração doprograma de transmissãovertical em todas as con-sultas pré-natais nos hos-pitais municipais e cen-tros de saúde materno-in-fantil. Começar com um estudoepidemiológico paraidentificar a incidência docancro na comunidade Queremos também reali-zar o Conselho Consultivoprovincial com uma visãomulti-sectorial para 2015.

Perspectivaspara 2015

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28 MEDICAMENToS Janeiro 2015 JSA

Certifique-se de que o preço afixado é o que vai pagar;Leia atentamente o rótulo e toda a informação relativamente ao produto. É muito importante;Toda a informação sobre o produto ou serviço deverá estar em língua portuguesa;Tenha em atenção as datas de produção e caducidade, para sua segurança;Verifique sempre a apresentação comercial do produto ou bem adquirido.Não deve estar danificado ou ter amolgadelas,Na compra de electrodomésticos, ou qualquer outro bem duradouro, solicite a garantia por escrito e teste-o sempre que possível, no estabelecimento comercial, antes de efectuar o pagamento;Verifique sempre a sua factura para se certificar daquilo que realmente pagou e conserve-a para o caso de reclamação;Reclame e denuncie sempre que necessário for: é um direito e dever do consumidor.

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MINISTÉRIO DO COMÉRCIO

GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA

O que são medicamentos genéricos e qual a sua importância na Diabetes Mellitus

Os medicamentos genéricossão medicamentos com amesma substância activa,forma farmacêutica, dosa-gem, composição qualitati-va e quantitativa e com amesma indicação do medi-camento original/marcaque serviu de referência ecujos direitos de proprieda-de da patente (relativos àsrespectivas substâncias acti-vas ou ao processo de fabri-co) caducaram. São, por is-so, medicamentos bioequi-valentes e com igual biodis-ponibilidade do que o medi-camento original, compro-vados por estudos exigentesrealizados pelas autoridadescompetentes. Estes medica-mentos seguem, ainda, osmesmos requisitos que sãoexigidos para todos os medi-camentos, possuindo com-provadas características de

Qualidade, Segurança e Efi-cácia. No entanto, é impor-tante seleccionar medica-mentos genéricos de empre-sas certificadas, que cum-pram todos os requisitos dasentidades reguladoras a ní-vel mundial e que cumpramas Boas Práticas de Fabrico.

Redução da despesa O uso racional de medi-

camentos genéricos permiteuma redução ou controlo docrescimento da despesacom medicamentos, na me-dida em que os genéricossão menos dispendiosos doque os ditos inovadores. As-sim, muitos países estão aadoptar medidas de orienta-ção de prescrição médicapara aumentar a dispensade medicamentos genéri-cos. Por outro lado, têm sidoinstituídas vantagens finan-ceiras para os doentes, de-signadamente, estabelecen-do diferenças significativasentre os preços dos medica-mentos de marca e os gené-ricos.

Existem actualmente me-dicamentos para muitasdoenças agudas e crónicas.É importante salientar que acorrecta promoção destesmedicamentos irá permitirum melhor controlo dedoenças na população an-golana. Sendo a DiabetesMellitus uma epidemia a ní-vel mundial, onde se estima

que existam 347 milhões depessoas, dados da Organiza-ção Mundial de Saúde, é im-portante um envolvimentoglobal dos diferentes res-ponsáveis na área da saúde(ministro da saúde, labora-tórios, distribuidores, far-mácias, hospitais) na pro-moção e no acesso, bem co-mo, na divulgação das con-

sequências da Diabetes nãocontrolada na populaçãoangolana.

Controlo da diabetesO controlo da Diabetes

Mellitus implica manter ní-veis de açúcar no sangue(glicemia) dentro de certoslimites, o mais próximospossível da normalidade.

Atendendo a vários factores(idade, tipo de vida, activi-dade, existência de outrasdoenças), são definidos osvalores de glicemia que cadautente deve ter em jejum edepois das refeições.O melhor modo de saber

se o utente mantem a Diabe-tes Mellitus controlada éefectuar testes de glicemiacapilar (através da picada nodedo) diariamente e váriasvezes ao dia, antes e depoisdas refeições.Os utentes diabéticos po-

dem ter uma vida saudável,plena e sem grandes limita-ções. Para tal, é necessário teralguns cuidados com a ali-mentação, exercício físico, aautovigilância e autocontroloda glicemia e tomar correcta-mente os medicamentosprescritos pelo médico.Os medicamentos gené-

ricos aumentam o acesso àsaúde e permitem manter aterapêutica, quando não hádisponibilidade económicapara adquirir medicamen-tos originais.

Artur SilvA

Farmacêutico

(responsável Departamento

Farma – Australpharma)

[email protected]

Os medicamentos genéricos aumentam o acesso à saúde e permitem manter a terapêutica,

quando não há disponibilidade económica para adquirir medicamentos originais.

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Rua Comandante Gika, nº 225, Luanda -AngolaTel.: 226 698 000 / 226 698 415 / 226 698 416 FAX: 226 698 218www.clinicagirassol.co.ao

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30 Pneumonia Janeiro 2015 JSA

A doença cujos sintomas se confundemcom os de outras patologias respiratórias

É a doença mais frequente em paí-ses em desenvolvimento, onde amortalidade também é maior! Masafinal o que é uma pneumonia?Uma pneumonia consiste, es-

sencialmente, numa inflamaçãodo chamado parênquima pulmo-nar, que é a parte mais distal dopulmão, onde se dão as trocas ga-sosas, essenciais para a manuten-ção da vida; os alvéolos e os bron-quíolos respiratórios, que se locali-zam nesse parênquima pulmonar,são preenchidos, no decurso dapneumonia, com um líquido resul-tante dessa inflamação, deixandoassim de estar aptos para essas tro-cas gasosas e diminuindo a elasti-cidade do pulmão devido à conso-lidação das zonas do parênquima.

A pneumonia, tal como vulgar-mente a conhecemos, tem umacausa infecciosa, bacteriana ounão, adquirida através da aspira-ção de bactérias que existem nor-malmente na parte superior da na-sofaringe e que se tornam agressi-vas em determinadas condições;mas também podem surgir atravésde inalação de gotículas infectadasprovenientes de outros doentes,como no caso das pneumonias vi-rais. Em casos menos

frequentes, a pneu-monia surgeapós a inalaçãode gotículasinfectadas apartir do meioambiente oude partículasinfectadas comorigem em ani-mais.

Sinais de alertaA pneumonia não dá sinto-

mas particulares, específicos, quepermitam desde logo fazer o diag-nóstico; ou seja, os sintomas quenormalmente se observam são co-

muns amuitasoutrasdoençasdo apare-lho respi-ratório enão só! De

qualquer forma,os sintomas mais

comuns são a febre, mui-tas vezes elevada, arrepios de frio,tosse com mais ou menos expecto-ração de cor amarelada ou esver-deada ou cor de ferrugem, dificul-

dade respiratória ou mesmo faltade ar, dor torácica, dor de cabeçaou dores musculares, entre outros.Estes sintomas instalam-se de for-ma rápida e podem, ou não, existirtodos ao mesmo tempo.As pneumonias são, por isso

mesmo, todas diferentes, até por-que os doentes são diferentes entresi e porque os vários microrganis-mos causadores também são dis-tintos no seu comportamento e nasua agressividade. Daí que a abor-dagem terapêutica varie consoan-te o caso.

Exames de diagnósticoA radiografia torácica é im-

prescindível para garantir o diag-nóstico de pneumonia e excluiroutras doenças que possam darsintomas do mesmo tipo; masmuitas vezes, pura e simples-mente, não existem condiçõespara se obter a radiografia na ho-ra e a sintomatologia é tão típicaque a radiografia pode esperar.Torna-se imprescindível, se nãohouver melhoria em 48 a 72 ho-ras ou se o doente tem factoresevidentes de risco, que seja faci-litado o aparecimento de compli-cações.O tratamento de uma pneu-

monia não exige internamentohospitalar.Na maioria dos casos – talvez

uns 80% – o tratamento faz-se emambulatório e tudo corre bem,mas há situações em que se im-põe o internamento, ou porque odoente tem condi ções próprias,problemas subjacentes ou doen-ças que assim aconselham, ouporque a evolução da pneumo-nia não decorre de modo favorá-vel nas primeiras 48 a 72 horas.

Jorge Pires

especialista de Pneumologia

A chamada "pneumonia da comuni-

dade", que no fundo corresponde à

pneumonia que vulgarmente co-

nhecemos, pode atingir todas as ida-

des, sendo as crianças e os idosos os

mais afectados e aqueles em que as

formas da patologia são mais graves.

Ossintomas mais co-

muns são a febre, muitasvezes elevada, arrepios de

frio, tosse com mais ou menosexpectoração de cor amareladaou esverdeada ou cor de ferru-

gem, dificuldade respiratória oumesmo falta de ar, dor toráci-

ca, dor de cabeça ou doresmusculares, entre

outros.

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31ANTIPARASITÁRIOSJSA Janeiro 2015

Quando falamos em parasi-tas referimo-nos a proto-zoários microscópicos uni-celulares, helmintas multi-celulares que podem atingirgrandes dimensões e artró-podes que podem compro-meter diversos organismos.Todos são possíveis vecto-res de doença. Os parasitaspodem viver dentro do hos-pedeiro ou com o hospedei-ro, alimentando-se sempredele. Os parasitas humanosincluem protozoários, pla-telmintos, lombrigas e ecto-parasitas como carrapatos,pulgas, piolhos e ácaros.Provocam doenças comomalária, tricomoníase,amebíase e leishmaniose,etc. Os agentes antiparasitá-rios são fármacos usadospara tratar as doenças pro-vocadas por parasitas.

Objectivos da terapia antiparasitáriaApesar do número de

agentes antiparasitáriosefectivos ser pequeno relati-vamente ao vasto leque deagentes antibacterianos, alista está a ser expandida.Certamente em muitos ca-sos, o objectivo da terapiaantiparasitária é semelhan-te ao da terapia antibacte-riana – erradicar o organis-mo rapidamente e comple-tamente. Em muitos casos,contudo, os agentes e os re-gimes de tratamento usadospara as doenças parasitáriassão designados simples-mente para diminuir a cargaparasitária, para prevenir ascomplicações sistémicas deuma infecção crónica, oupara ambas as situações.Assim, os objectivos da tera-pia antiparasitária, particu-larmente os aplicados aáreas endémicas, podemser bastante diferentes da-queles que são habitual-mente considerados comoterapêutica nas infecçõesmicrobianas de países de-senvolvidos. Dada a toxici-dade significativa de muitosdestes agentes, deverá ser

em cada caso, ponderada obenefício e a necessidade detratamento face à toxicidadedo fármaco. A decisão desuspender a terapia podemuitas vezes também sercorrecta, particularmentequando o fármaco provocagraves efeitos adversos.

Os agentes antiparasitá-rios são anti-helmínticos eanti-protozoários. Tal comoos agentes antibacterianos eantifúngicos, os agentes an-ti-protozoários são geral-mente direccionados paracélulas jovens em desenvol-vimento que proliferam ra-pidamente.

Na maioria das vezes, es-tes agentes têm como alvo asíntese do ácido nucleico, asíntese proteica, ou vias es-pecificas metabólicas exclu-sivas dos parasitas proto-zoários (ex. metabolismodos folatos).

NitroimidazóisOs nitroimidazóis in-

cluem o bem conhecidoagente antibacteriano Me-tronidazol, assim como oTinidazol e Ornidazol. Omecanismo de acção destesfármacos é pouco claro.Tem sido sugerido que ini-bem a síntese de ADN e doÁcido Ribonucleico (ARN) eque também inibem o me-tabolismo da glucose, assimcomo interferem com a fun-ção mitocondrial. Os nitroi-midazóis têm uma excelen-te penetração nos tecidosdo organismo, sendo por-tanto particularmente efica-zes no tratamento da ame-bíase disseminada.

MetronidazolO Metronidazol é um fár-

maco com acção antiproto-zoária e antibacteriana, usa-do essencialmente no trata-mento de infecções por bac-

térias anaeróbias (que nãonecessitam de oxigénio paracrescer) e por protozoários.O Metronidazol, antibióticoda família dos nitroimida-zóis, tem um espectro de ac-tividade limitado, abran-gendo vários protozoários ea maioria das bactériasanaeróbias Gram-negativase Gram-positivas. O Metro-nidazol tem actividade con-tra protozoários como Enta-moeba histolytica, Giardialamblia e Trichomonas va-ginalis, tendo sido aprovadopela primeira vez, como umtratamento eficaz. O Metro-nidazol é o fármaco de esco-lha para tricomoníase e éeficaz no tratamento dagiardíase. — O Metronidazol ébactericida. A actividade doMetronidazol contra Tri-chomonas, Amebas e Giar-dias é atribuída à interrup-ção do ADN e à inibição dasua síntese nestes organis-mos. — O Metronidazol atingeselectivamente bactériasanaeróbias e organismosprotozoários sensíveis devi-do à capacidade que estesorganismos possuem, de re-duzir o Metronidazol à suaforma activa no meio intra-celular. — O tempo de semi-vida doMetronidazol é de cerca de8 horas, pelo que demora 1-2 dias até que seja totalmen-te eliminado do organismo.

Indicações do Metronidazol O Metronidazole está in-

dicado no tratamento dasseguintes infecções relacio-nadas com estirpes sensí-veis dos seguintes organis-mos: — Tricomoníase: sinto-mática, assintomática, as-

sintomática conjugal. — Amebíase: Amebíaseintestinal aguda (desinteriaamebiana) e abcesso hepá-tico amebiano. — Infecções BacterianasAnaeróbias. — Infecções Intra-Abdo-minais, incluindo peritoni-te, abcesso intra-abdominale abcesso hepático. — Infecções da pele e

estruturas. — Infecções ginecológicas,incluindo endometrite, en-domiometrite, abscesso tu-bo-ovariano e infecções dacúpula vaginal pós-cirurgia. — Septicemia Bacteriana. — Infecções ósseas earticulares (como terapiaadjuvante). — Infecções do SistemaNervoso Central, incluindomeningite e abcesso cere-bral. — Infecções do Tracto Res-piratório Inferior, incluindopneumonia, enfisema e ab-cesso pulmonar. — Endocardite.

O Metronidazol não éeficaz em infecções provo-cadas por bactérias aeró-bias, que vivem na presençade oxigénio. O Metronida-zol é apenas eficaz em in-fecções provocadas porbactérias anaeróbias, umavez que a presença de oxi-génio inibe o processo deredução do azoto que é cru-cial no mecanismo de ac-ção do fármaco.

Os parasitas humanos in-

cluem protozoários, platel-

mintos, lombrigas e ectopara-

sitas como carrapatos, pulgas,

piolhos e ácaros. Provocam

doenças como malária, trico-

moníase, amebíase e leishma-

niose, entre outros. Os agen-

tes antiparasitários são fár-

macos usados para tratar as

doenças provocadas por pa-

rasitas.

Agentes antiparasitários:o essencial que precisa saber - Variedade nas formula-

ções disponíveis – oral,intravenosa, intravagi-nal e tópicas.-O Metronidazol oral éextremamente bem ab-sorvido.-Actividade bactericidacontra anaeróbios obri-gatórios.-Excelente actividadecontra bacilos anaeró-bios gram-negativos, in-cluindo B. fragilis quesão frequentemente re-sistentes a outros anti-bióticos.-Excelente penetraçãoem quase todos os teci-dos corporais e fluidos,incluindo saliva, fluidovaginal seminal e fluidocefalorraquidiano.-Mínima supressão daflora intestinal normal.Não induz a diarreia as-sociada a antibióticos(colite pseudomembra-nosa).-Tem um baixo custo.-Tem efeitos adversosrelativamente ligeiros.

Vantagens doMetronidazolface a outros antiparasitários

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32 afogamento Janeiro 2015 JSA