o caso da lagoa dos santos em formosa (go)

169
MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO) Orlei Rofino de Oliveira Orientador: Prof. Dr. Jorge MadeiraNogueira Brasília-DF 2010 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

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Page 1: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE

A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

Orlei Rofino de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Jorge MadeiraNogueira

Brasília-DF

2010

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Page 2: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

ii

ORLEI ROFINO DE OLIVEIRA

A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

Dissertação apresentada ao Departamento de Economia da Universidade de Brasília

como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do

Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira

Brasília-DF

2010

Page 3: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

iii

ORLEI ROFINO DE OLIVEIRA

A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO

AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

FOLHA DE APROVAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia –

Departamento de Economia da Universidade de Brasília como parte dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente.

Comissão Examinadora formada pelos professores:

____________________________________________

Dr. Jorge Madeira Nogueira Departamento de Economia – UnB

____________________________________________

Dra. Denise Imbroisi

Departamento de Economia – UnB

____________________________________________

Dr. Pedro Henrique Zuchi da Conceição CEEMA – UnB

Brasília, 25 de janeiro de 2010.

Page 4: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

iv

ORLEI ROFINO DE OLIVEIRA

A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO

AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Jorge Madeira Nogueira

Departamento de Economia – UnB

Profª.Drª. Denise Imbroisi Departamento de Economia – UnB

Prof. Dr. Pedro Henrique Zuchi da Conceição

CEEMA – UnB

Brasília, 25 de janeiro de 2010.

Page 5: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

v

Oliveira, OrleiRofino de A RELAÇÃO ENTRE A POBREZ URBANA E O MEIO AMBIENTE: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa(GO) / Orlei Rofino de Oliveira. – Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação, 2010. 109 p. il

Dissertação de Mestrado em Gestão Econômica do Meio Ambiente. Nogueira, Jorge Madeira. Orientador 1. Pobreza Urbana.2. Meio Ambiente.3. Assentamentos Subnormais.4. Degradação Ambiental.5. Políticas Públicas. 6. Lagoa dos Santos. 7. Programa Habitar Brasil/BID.

CDU ___________

Page 6: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

vi

A Deus pelas oportunidades e pela

força de sempre. A minha mãe, Júlia,

pelo amor e por me ensinar que a

educação é a melhor herança para

um filho. A minha filha, Júlia Helena,

pelo carinho e compreensão.

Page 7: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

vii

AGRADECIMENTOS

A Deus por iluminar o nosso caminho, ajudando-nos a vencer todos os

obstáculos.

A minha filha Júlia Helena, a Danielle, a minha mãeDona Júlia e a minha

família, cujo amor, amizade e compreensão muito me animaram nas horas mais

difíceis.

Aos mestres por compartilharem os seus conhecimentos, colocando em

nossas mãos ferramentas com as quais abriremos novos horizontes, rumo à

satisfação de nossos ideais profissionais e humanos.

Ao Professor Jorge Madeira Nogueira, pelos ensinamentos, orientação e

conselhos durante o curso e a realização deste trabalho.

Aos colegas do curso por ajudarem na superação das dificuldades e pela

agradável convivência.

Aos alunos e professores (Frederico, Luciana Pott e Valter Lopes) dos Cursos

de Geografia, Gestão Pública e Pós em Gestão Ambiental da UEG pela participação

nas pesquisas de campo.

A Flávia, Shirley e Ana Paula do Centro de Usos Múltiplos, a Miriam Badin da

Tendência Consultoria e Assessoria Social e a Pedro Ivo, Coordenador da UEM do

HBB na Lagoa dos Santos (atual Prefeito de Formosa), pela atenção, pelas

entrevistas e pelos materiais cedidos que muito contribuíram para a realização deste

trabalho.

Aos moradores do Bairro Lagoa dos Santos pela paciência e atenção em

todos os momentos que a eles recorremos.

Aos membros da banca examinadora pela atenção e disponibilidade em

participar desse momento tão importante, de crescimento profissional, pessoal e

intelectual.

A todos aqueles que, sem ser mencionados, no silêncio, contribuíram direta

ou indiretamente para a realização do presente trabalho.

Page 8: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

viii

“As chances de os pobres das sociedades pós-industriais vencerem a miséria sem a ajuda do

governo é a mesma que uma pessoa tem de erguer-se do chão puxando-se pelos cadarços

do sapato”.

Hebert Gans

Page 9: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

ix

RESUMO

Este trabalho faz uma abordagem sobre a relação entre a pobreza urbana e o meio ambiente, com o intuito de compreender de que forma a pobreza urbana afeta o meio ambiente e de que maneira a degradação ambiental resultante dessa pode

contribuir para ampliar ainda mais a pobreza urbana. Por essa razão, escolhemos como área de pesquisa o Bairro Lagoa dos Santos no Município de Formosa (GO),

já que a mesma apresenta as condições ideais para retratarmos tal problemática, pois ela se enquadra na categoria de assentamentos subnormais e foi contemplada pelo Programa Habitar Brasil/BID (HBB) através do Subprograma de Assentamentos

Subnormais (UAS). A pesquisa foi realizada em duas etapas, a primeira em 2002, onde aplicamos um questionário com a finalidade de diagnosticar a situação do

bairro antes da implantação do Subprograma de Assentamentos Subnormais. A segunda em 2006, nessa, além da aplicação do questionário para avaliar a situação do bairro após a implantação do subprograma, realizamos entrevistas com o

coordenador da Unidade Executora Municipal (UEM) Pedro Ivode Campos Faria e com a coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária (TPC), Flávia

Tourinho. Recorremostambémà literatura especializada buscando consolidar a relação existente entre pobreza urbana e a degradação ambiental; caracterizamos a Lagoa dos Santos, as condições socioambientais dos moradores, a percepção

desses quanto aos problemas do bairro e o que fazer para solucioná-los; justificamos a implantação do Programa Habitar Brasil/BID, apresentamos as linhas

gerais do mesmo e analisamos seus resultados na área de infra-estrutura e no trabalho de participação comunitária; fizemos ainda uma análise da situação do bairro e dos moradores após a implantação do programa e qual a percepção deles

sobre as mudanças ocorridas; e, por último, apresentamos os resultados do HBBno que diz respeito ao combate à pobreza urbana e a contenção da degradação

ambiental resultante dela na Lagoa dos Santos.Ao final do trabalho constatamos que a pobreza afeta diretamente o meio ambiente e o meio ambiente agredido implica em ampliação da pobreza nessas áreas. Percebemos também que, a revitalização

do meio ambiente local ao seu estágio original não foi possível,mas, que através da implantação do programa garantiu-seo acesso da comunidade aos mais diversos

direitos sociais constitucionalmente assegurados (habitação, saúde, segurança, educação e lazer), houve melhorias na qualidade de vida dos moradores e melhorias na qualidade ambientaldo bairro.

Palavras-chave: Pobreza Urbana; Meio Ambiente; Assentamentos Subnormais;

Degradação Ambiental; Políticas Públicas; Lagoa dos Santos; Programa Habitar Brasil/BID.

Page 10: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

x

ABSTRACT

This work is an approach to the relationship between urban poverty and the environment, in order to understand how urban poverty affects the environment and how environmental degradation resulting from this can contribute to further expand

the urban poor. For this reason we have chosen the area of research a district called Lagoa dos Santos in the municipality of Formosa, (Goias/Brazil), since it presents the

ideal conditions to portray this issue because it falls into the category of substandard settlements and was covered by the Programa Habitar Brasil/BID (HBB) by Subprogram Substandard Settlements (UAS - on Portuguese). The survey was

conducted in two stages, first in 2002, which applied a questionnaire in order to diagnose the situation of the district before the implementation of Subprogram

Substandard Settlements. The second in 2006, that, besides the application of questionnaires to evaluate the situation in the neighborhood after the implementation of the subprogram, we conducted interviews with the coordinator of the Municipal

Executive Unit (UEM – on Portuguese) Pedro Ivo Campos Faria and the coordinator of the Working Community Participation (TPC - on Portuguese), Flavia Tourinho.

Also appealed to the literature seeking to establish the relationship between urban poverty and environmental degradation; characterized the Lagoa dos Santos, the social and environmental conditions of the inhabitants, as to the perception of

neighborhood problems and how to solve them, justify the implementation of the Programa Habitar Brasil/BID, we present the outline of it and analyze its results in the area of infrastructure and the work of community participation; has made an analysis

of the situation of the district and residents after implementation of the program and what their perception of the changes, and, finally, we present the results of Programa

Habitar Brasil/BID with regard to combating urban poverty and curbing environmental degradation resulting from it in the Lagoa dos Santos. At the end of the study found that poverty directly affects the environment and the environment assaulted implies

expansion of poverty in these areas. We also realize that the revitalization of the local environment to its original stage was not possible, but that through the

implementation of the program are guaranteed to the community access to the most diverse social rights, constitutionally guaranteed (housing, health, safety, education and leisure), there were improvements in quality of life of residents and

improvements in environmental quality of the neighborhood.

Keywords: Urban Poverty, Environment, substandard settlements, environmental

degradation; Public Policy; Lagoa dos Santos, Programa Habitar Brasil/BID.

Page 11: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xi

LISTA DE SIGLAS

APM

APP

Área de Proteção de Mananciais

Áreas de Preservação Permanente

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIRD Banco Mundial

BNH Banco Nacional de Habitação

CEF Caixa Econômica Federal

CELG

CEM

Companhia Energética de Goiás

Centro de Especialidades Médicas

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e Caribe

CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CUM Centro de Usos Múltiplos

DI Subprograma de Desenvolvimento Institucional

EN Escritórios de Negócios

ER Entidades Representativas dos Beneficiários

ESA Educação Sanitária e Ambiental

FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

GER Geração de Trabalho e Renda

HBB Programa Habitar Brasil/BID

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

MOC Mobilização e Organização Comunitária

OMS Organização Mundial de Saúde

Page 12: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xii

ONU Organização das Nações Unidas

PEA População Economicamente Ativa

PEP Poverty-EnvironmentPartnership

PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PMF Prefeitura Municipal de Formosa

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SANEAGO Saneamento de Goiás S/A

SFH Sistema Financeiro de Habitação

TPC Trabalho de Participação Comunitária

UAS Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais

UCP Unidade de Coordenação doPrograma

UEE Unidade Executora Estadual

UEG Universidade Estadual de Goiás

UEM Unidade Executora Municipal

WRI World ResourcesInstitute

Page 13: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1. População Total e Distribuição por Sexos................................. 28

Tabela 2.2. Número de Famílias por Residências........................................ 34

Tabela 2.3. Tipo de Uso das Residências.................................................... 35

Tabela 2.4. Número de Cômodos por Residência........................................ 35

Tabela 2.5. Existência de Banheiro no Domicílio.......................................... 36

Tabela 2.6. Tipos de Paredes....................................................................... 36

Tabela 2.7. Tipos de Coberturas................................................................... 37

Tabela 2.8 Tipos de Pisos............................................................................ 37

Tabela 2.9. Origem da Água Consumida...................................................... 38

Tabela 2.10. Origem da Energia Elétrica........................................................ 38

Tabela 2.11. Destino dos Resíduos Sólidos................................................... 39

Tabela 2.12. Destino dos Resíduos Líquidos................................................. 39

Tabela 2.13. Renda Familiar em Salários Mínimos........................................ 40

Tabela 2.14. Nível de Escolaridade da População Adulta.............................. 41

Tabela 2.15. Nível de Escolaridade dos Chefes de Família........................... 42

Tabela 2.16. Tipos de Melhorias para o Domicílio.......................................... 45

Tabela 2.17. Prioridades de Investimento....................................................... 46

Tabela 2.18. Tipos de Melhorias para o Bairro............................................... 47

Tabela 2.19. Projetos Apoiados pela Comunidade......................................... 48

Tabela 3.1. Recursos Destinados ao HBB em 2006..................................... 53

Tabela 4.1. Estrutura Sexual dos Entrevistados........................................... 61

Tabela 4.2. Estrutura Etária dos Entrevistados............................................. 62

Tabela 4.3. Tempo de Residência no Bairro................................................. 62

Tabela 4.4. Profissão dos Entrevistados....................................................... 63

Tabela 4.5. Responsável pelo Sustento da Família...................................... 64

Page 14: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xiv

Tabela 4.6. Nível de Escolaridade do Chefe da Família............................... 64

Tabela 4.7. Situação do(s) Chefe(s) de Família no Mercado de Trabalho... 65

Tabela 4.8 Renda Familiar em Salários Mínimos........................................ 65

Tabela 4.9. Famílias que Recebem Benefícios............................................. 66

Tabela 4.10. Tipo de Benefício Recebido....................................................... 66

Tabela 4.11. Imóveis com Telefone................................................................ 67

Tabela 4.12. Imóveis com Escritura................................................................ 67

Tabela 4.13. Número de Cômodos por Residência........................................ 68

Tabela 4.14. Número de Residentes por Domicílio......................................... 68

Tabela 4.15. Existência de Banheiro no Domicílio.......................................... 69

Tabela 4.16. Origem da Água Utilizada no Consumo Diário........................... 69

Tabela 4.17. Origem da Energia Elétrica........................................................ 70

Tabela 4.18. Destino dos Resíduos Sólidos................................................... 70

Tabela 4.19. Situação da Coleta do Lixo........................................................ 71

Tabela 4.20. Destino dos Resíduos Líquidos.................................................. 71

Tabela 4.21. Residia no Bairro Antes da Implantação do Programa.............. 72

Tabela 4.22. Lembrança das Obras Realizadas no Bairro............................. 73

Tabela 4.23. Obras Mais Importantes para a Melhoria da sua Qualidade de

Vida............................................................................................ 74

Tabela 4.24. Tipo de Benefício Direto Recebido............................................. 75

Tabela 4.25. Mudanças Mais Importantes na Sua Casa................................ 76

Tabela 4.26. Melhorou a Saúde da Família?.................................................. 77

Tabela 4.27. Principais Problemas/Dificuldades Existentes no Bairro............ 79

Tabela 4.28. O Que Poderia Ser Feito Para Solucionar Essas Dificuldades? 80

Tabela 4.29. Considera o Meio Ambiente Importante?................................... 81

Tabela 4.30. Melhorias Ambientais Mais Importantes.................................... 82

Tabela 4.31. Sabe da Existência do Trabalho Realizado no CUM?............... 82

Page 15: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xv

Tabela 4.32. O Que Acha do Trabalho Realizado no CUM?.......................... 83

Tabela 4.33. Tem Conhecimento das Atividades Sobre o Meio Ambiente Realizadas pelo CUM?...............................................................

84

Tabela 4.34. Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) Dessas Atividades Ambientais?..............................................................

85

Tabela 4.35. Tem Conhecimento dos Cursos de Capacitação Profissional

Realizados no CUM?................................................................. 86

Tabela 4.36. Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) dos Cursos de

Capacitação Profissional Realizados no CUM?........................ 87

Tabela 4.37. Influi na Melhoria de Sua Renda ou da Família?....................... 87

Tabela 4.38. Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer

realizadas pelo CUM?................................................................ 88

Tabela 4.39.

Você ou alguém de sua família participa ou participou de

alguma(s) atividade(s) cultural(is) e de lazer realizada(s) no CUM?.........................................................................................

89

Tabela 5.1. Cursos de Capacitação Profissional Desejados Pelos

Moradores.................................................................................. 97

Page 16: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xvi

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 Centro de Especialidades Médicas Inaugurado em........................... 121

Foto 02 16° Comando Regional da Polícia Militar em Novembro de 2006..... 121

Foto 03 Quadra Poliesportiva Coberta em Novembro de 2006...................... 122

Foto 04 2006Centro de Usos Múltiplos Inaugurado em 2004......................... 122

Foto 05 Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006.... 123

Foto 06 Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006.... 123

Foto 07 Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006.... 124

Foto 08 Espelho D’Água da Lagoa dos Santos em Novembro de 2006......... 124

Foto 09 Professores e Alunos do Curso de Geo da UEG Rumo à Lagoa...... 125

Foto 10 Grupo Chega ao CUM para dar início ao Trabalho de Campo.......... 125

Foto 11 Reunião no CUM antes de Iniciarmos a Aplicação do questionário.. 126

Foto 12 Aplicação do Questionário................................................................ 126

Foto 13 Aplicação do Questionário................................................................ 127

Foto 14 Aplicação do Questionário................................................................ 127

Foto 15 Aplicação do Questionário................................................................ 128

Foto 16 Aplicação do Questionário................................................................ 128

Foto 17 Aplicação do Questionário................................................................ 129

Foto 18 Aplicação do Questionário................................................................ 129

Foto 19 Aplicação do Questionário................................................................ 130

Foto 20 Aplicação do Questionário................................................................ 130

Foto 21 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 133

Foto 22 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 133

Foto 23 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 134

Foto 24 Lagoa dos Santos – Agosto de 1980................................................. 134

Foto 25 Desvio das Águas da Lagoa dos Santos........................................... 135

Foto 26 Desvio das Águas da Lagoa dos Santos........................................... 135

Foto 27 Dreno Construído PMF e Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas... 136

Foto 28 Dreno Construído PMF e Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas... 136

Foto 29 Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas da Lagoa....................... 136

Foto 30 Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas da Lagoa....................... 136

Foto 31 Lagoa dos Santos em 1997............................................................... 137

Page 17: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xvii

Foto 32 Lagoa dos Santos em 2002............................................................... 137

Foto 33 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Chuvas............................ 138

Foto 34 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Chuvas............................ 138

Foto 35 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca................................ 139

Foto 36 Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca................................ 139

Foto 37 Início das Obras do HBB/UAS em 2004............................................ 140

Foto 38 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 140

Foto 39 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 141

Foto 40 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 141

Foto 41 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 142

Foto 42 Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006.................................................. 142

Foto 43 Vista área do Bairro Lagoa dos Santos............................................. 143

Foto 44 Vista área do Bairro Lagoa dos Santos............................................. 143

Foto 45 Senhora Cristina Paixão Beneficiada com uma NUH........................ 144

Foto 46 Senhora Cristina Paixão Beneficiada com uma NUH........................ 144

Foto 47 Senhor Eduardo de AraújoBeneficiado com uma NUH.................... 144

Foto 48 Senhor Eduardo de AraújoBeneficiado com uma NUH.................... 144

Foto 49 Senhor José de LimaBeneficiado com uma NUH............................. 144

Foto 50 Senhor José de LimaBeneficiado com uma NUH............................. 144

Foto 51 Senhor José BonifácioBeneficiado com uma NUH........................... 145

Foto 52 Senhor José BonifácioBeneficiado com uma NUH........................... 145

Foto 53 Residência da Sra. Valdete Gomes Beneficiada com CM................. 146

Foto 54 Residência da Sra. Valdete Gomes Beneficiada com CM................. 146

Foto 55 Residência da Sra. Carmem Beneficiada com CM............................ 146

Foto 56 Residência da Sra. Carmem Beneficiada com CM............................ 146

Foto 57 Residência da Sra. Teresa dos Santos Beneficiada com CM........... 146

Foto 58 Residência da Sra. Teresa dos Santos Beneficiada com CM........... 146

Foto 59 Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005.. 147

Foto 60 Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005.. 147

Foto 61 Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005.. 147

Foto 62 Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004 147

Foto 63 Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004 147

Foto 64 Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004 147

Foto 65 Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006............. 147

Page 18: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xviii

Foto 66 Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006............. 147

Foto 67 Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006............. 147

Foto 68 Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006........................... 147

Foto 69 Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006........................... 147

Foto 70 Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006........................... 147

Foto 71 Aula de Futebol de Salão (02/06)...................................................... 148

Foto 72 Oficina de Teatro (09/05)................................................................... 148

Foto 73 Aula de Reforço Escolar (11/06)........................................................ 148

Foto 74 Curso de Artesanato (06/04).............................................................. 148

Foto 75 Curso de Artesanato (06/04).............................................................. 148

Foto 76 Curso de Cabeleireiro (05/05)............................................................ 148

Foto 77 Curso de Salgados (03/06)................................................................ 149

Foto 78 Curso de Doces e Confeitaria (05/07)................................................ 149

Foto 79 Curso de Inclusão Digital (05/06)....................................................... 149

Foto 80 Curso de Informática (2007).............................................................. 149

Foto 81 Mutirão da Limpeza (04/06)............................................................... 149

Foto 82 Grupo Ambiental “Amigos do Meio Ambiente” (03/06)...................... 149

Page 19: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xix

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1

1. POBREZA URBANA E MEIO AMBIENTE: um marco conceitual..................... 8

1.1. Conceito......................................................................................................... 8

1.2. Crescimento demográfico, urbanização e meio ambiente............................. 14

1.3. Pobreza urbana: causa e consequência da degradação ambiental.............. 19

2. LAGOA DOS SANTOS: antes da implantação do Subprograma de

Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS)........................................

28

2.1. Identificação da área...................................................................................... 28

2.2. Meio físico...................................................................................................... 29

2.3. Histórico da ocupação da Lagoa dos Santos................................................. 31

2.4. Caracterização e condições dos domicílios................................................... 35

2.5. Perfil socioeconômico dos moradores........................................................... 40

2.6. Diagnóstico sócioambiental............................................................................ 43

2.7. Percepção e soluções quanto aos problemas do bairro................................ 44

3. PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DA LAGOA DOS SANTOS –

PROGRAMA HABITAR BRASIL/BID – SUBPROGRAMA DE URBANIZAÇÃO

DE ASSENTAMENTOS SUBNORMAIS (UAS)....................................................

49

3.1. Programa Habitar Brasil/BID: características gerais...................................... 51

3.2. Infraestrutura.................................................................................................. 56

3.3. Trabalho de participação comunitária............................................................. 57

3.3.1. Mobilização e organização comunitária ............................................... 57

3.3.2. Educação sanitária e ambiental............................................................ 58

3.3.3. Geração de trabalho e renda.............................................................. ... 59

4. LAGOA DOS SANTOS: pós-implantação do Subprograma de Urbanização

de Assentamentos Subnormais.........................................................................

61

4.1. Perfil socioeconômico dos moradores.......................................... ................. 61

4.2. Caracterização e condição das habitações..................................................... 67

4.3. Percepção dos moradores quanto às mudanças ocorridas após a

implantação do Programa da Lagoa dos Santos................................ ............

72

5. PRINCIPAIS RESULTADOS DO PROGRAMA HABITAR BRASIL/BID –

Page 20: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

xx

SUBPROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS

SUBNORMAIS......................................................................................................

5.1. Infraetrutura.....................................................................................................

5.2. Trabalho de Participação Comunitária............................................................

5.3. Melhorias Sanitárias e Ambientais..................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................

90

90

94

97

99

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 105

APÊNDICES

A. Modelo de Questionário aplicado em 2002...................................................... 111

B. Modelo de Questionário aplicado em 2006...................................................... 115

C. Roteiro da Entrevista com Pedro Ivo de Campos Faria................................... 119

D. Roteiro da Entrevista com Flávia Tourinho......................................................

E. Principais Obras Realizadas pelo HBB/UAS................................................. ...

F. Aplicação dos Questionários em Novembro de 2006......................................

120

121

125

ANEXOS

A. Mapa de Localização da Lagoa dos Santos.....................................................

B. Fotos da Lagoa dos Santos antes e depois da implantação do HBBUAS.......

C. Famílias Beneficiadas com as Novas Unidades Habitacionais........................

D. Famílias Beneficiadas com o Cheque Moradia................................................

E. Realização das Obras de Infraestrutura...........................................................

F. Trabalho de Participação Comunitária.............................................................

132

133

144

146

147

148

Page 21: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

1

INTRODUÇÃO

O fenômeno da subnormalidade habitacional encontra-se presente em todo o

território nacional, principalmente no meio urbano, com destaque para os maiores

centros urbanos do país. A questão da habitação e de acesso ao solo urbano é, sem

dúvida, um grande problema nas cidades brasileiras. Os assentamentos subnormais

não decorrem de um simples desequilíbrio entre a carente oferta de imóveis e uma

vasta população consumidora, mas sim, de um quadro complexo de problemas

sociais, econômicos e políticos, onde a questão distributiva da renda e da terra

assume posição central (BALASSIANO, 1993).

A cidade de Formosa não é um grande centro urbano brasileiro. Longe disso,

é um município que de acordo com o IBGE (Censo 2010) conta com 100.084 (cem

mil e oitenta e quatro) habitantes, sendo 92.035 (noventa e dois mil e trinta e cinco)

habitantes na zona urbana e 8.049 (oito mil e quarenta e nove) habitantes na zona

rural. Entretanto, grande parte dos problemas ambientais urbanos resultantes da

pobreza, que afetam as principais cidades brasileiras, atinge também a cidade1.

O histórico da ocupação urbana é marcado pela especulação imobiliária. A

ocupação urbana cartorial é maior do que a real, com parcelamentos registrados e

não ocupados, apresentado alguns vazios urbanos. Outra característica é a

inexistência de um planejamento urbano global para a cidade, pois os loteamentos

foram projetados sem levar em consideração a estrutura dos parcelamentos vizinhos

e os parâmetros urbanísticos mínimos utilizados em outras áreas.

Cabe destacar, ainda, a diversidade de tipologias de ocupação urbana

existentes, relacionadas com os momentos históricos da ocorrência dos diferentes

loteamentos. Basicamente, podem ser consideradas as tipologias históricas, com

lotes de formas irregulares e tamanhos generosos que são representadas pelo setor

central e trechos do núcleo inicial; as tipologias intermediárias ou de transição, com

lotes de formato mais regular e alongado e, finalmente, as tipologias de

parcelamentos recentes, com lotes retangulares menores e quadras extremamente

parecidas (FARIA, 2001).

1 O percentual de população urbana da cidade é altíssimo, 88,10% da população absoluta vive no

meio urbano, índice superior ao da própria urbanização brasileira.

Page 22: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

2

O reflexo imediato desse crescimento anômalo é o significativo número de

moradias que se situam em assentamentos subnormais2. A rápida e desordenada

urbanização da cidade, aliada à especulação imobiliária, excluiu as famílias de baixa

renda, impossibilitando-as de adquirir lotes para a construção de suas moradias,

estimulando-as a ocupação de terrenos de propriedade da Prefeitura Municipal, da

União e até de terceiros.

É importante ressaltar que, no contexto geral da subnormalidade habitacional,

além da insuficiência da renda mensal familiar, também devem ser considerados

como fatos geradores daquele, as imperfeições da infraestrutura institucional e

administrativa que influenciam negativamente no funcionamento do setor. A

habitação condigna está relacionada, por outro lado, com a questão da

acessibilidade ao mercado de trabalho e aos equipamentos públicos comunitários de

educação, saúde e lazer, dentre outros, com a questão de infraestrutura urbana,

especialmente o abastecimento de água, de energia elétrica, o esgotamento

sanitário e a drenagem pluvial e, ainda, com a questão das condições físicas e

espaciais da habitação.

No que diz respeito às condições inadequadas das habitações, cabe ressaltar

que as dimensões dos cômodos são geralmente exíguas, a iluminação e ventilação

são deficientes, as instalações sanitárias são precárias e, finalmente, a estrutura

física das moradias, em muitos casos, não oferece a segurança necessária às

famílias. A existência de mais de uma família por domicílio em Formosa não é um

fator preponderante, porém, foi constatado em alguns assentamentos, o que agrava

o quadro acima descrito.

Segundo Faria (2001), nos últimos 20 anos, Formosa foi alvo das seguintes

invasões, localizadas dentro do perímetro urbano:

a) Lagoa dos Santos – pertencente à Prefeitura Municipal;

b) Bosque II – pertencente à União, localizada no terreno do Aeroporto de

Formosa;

2 Assentamento habitacional irregular – favela, mocambo, palafita e assemelhados, localizado em

terreno de propriedade alheia, pública ou particular, ocupado de forma desordenada e densa, carente de serviços públicos essenciais, inclusive em área de risco ou legalmente protegida (Programa

Habitar Brasil BID, 2001).

Page 23: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

3

c) Rifaina – pertencente à Prefeitura, localizada ao longo da Avenida Rifaina e o

Aeroporto;

d) Barroquinha – pertencente à Prefeitura, localizada no extremo norte da

cidade, próximo à rodovia que liga Formosa ao Salto do Itiquira;

e) Loteamento Imperatriz – de propriedade da Diocese de Formosa, localizado

na região sul da cidade;

f) Loteamento Vila Beneditina – também de propriedade da Diocese, localizado

na região sul de Formosa;

g) Jardim Oliveira – pertencente à Prefeitura Municipal, localizado na região

oeste do município.

Além dos fatos expostos anteriormente, outro fator que contribuiu para

agravar ainda mais o problema habitacional no Município foi o rápido crescimento

demográfico da cidade nas últimas cinco décadas. Segundo dados do IBGE (2000),

a população formosense apresentou ao longo dos últimos cinqüenta anos variações

substanciais. Na década de 50, as taxas de crescimento da população giravam em

torno de 11% ao ano. Nas décadas seguintes, continuou havendo aumento

substancial, porém as taxas de crescimento populacional começaram a declinar.

Entre 1970 e 1980, por exemplo, a população passou de 28.874 (vinte e oito mil

oitocentos e setenta e quatro) para 43.296 (quarenta e três mil duzentos e noventa e

seis) habitantes, representando um taxa média anual de 4,13%. De acordo com o

Censo de 1991, a população de Formosa era de 60.142 (sessenta mil cento e

quarenta e dois) habitantes e a taxa de crescimento demográfico de 3,47%. Já a

contagem de populacional de 1996 registrou uma população de 68.704 (sessenta e

oito mil setecentos e quatro) habitantes, correspondendo a uma taxa de crescimento

natural de 2,55% ao ano no período 91/96. Em 2000, segundo o Censo, a população

total era de 78.651 (setenta e oito mil seiscentos e cinqüenta e um) habitantes e a

taxa média geométrica de crescimento anual (1991/2000) era de 3,05%. Esse

incremento demográfico é bastante significativo se levarmos em consideração a taxa

de crescimento do país que girava em torno de 1,64%. De acordo com as

Estimativas das Populações Residentes em 01 de julho de 2006, segundo os

municípios, Formosa tinha 92.331 (noventa e dois mil trezentos e trinta e um)

Page 24: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

4

habitantes (IBGE, 2006). Em 2010, o município chegava a 100.084 (cem mil e

oitenta e quatro) habitantes (CENSO, 2010).

Esse rápido crescimento demográfico foi acompanhado por uma acelerada

urbanização, que supera o índice do Estado de Goiás e do próprio Brasil, como dito

anteriormente. O índice de urbanização passou de 18% na década de 50 para cerca

87% no final da década de 90. Dos 62.982 habitantes identificados pelo Censo de

1991, 78,85% viviam na cidade. Em 1996, de acordo com a Contagem Populacional

do IBGE, o percentual de população urbana era de 87,21%. No Censo de 2000 a

população urbana do município atingia 88,10%. O Censo de 2010 revelou um índice

ainda maior, ou seja, 91,96% da população formosense habita a área urbana do

Município.

Outro problema que não pode ser relegado a um plano secundário, até

porque com certeza é o fator determinante da subnormalidade habitacional no

município, é a pobreza, representada aqui pela precária condição de existência de

parte significativa dos habitantes do município. Na cidade de Formosa, a maior parte

da renda gerada é concentrada em uma faixa populacional muito pequena. Já a

renda da maior parte das famílias da cidade encontra-se em faixas de rendimentos

muito baixos. O somatório dos percentuais correspondentes às faixas de até um

salário mínimo, de 1 a 3 salários mínimos, de 3 a 5 salários mínimos e sem

rendimentos foi de 88,15%, conforme dados do IBGE (1991). Incapacitados de

participar do mercado imobiliário formal, parte desse contingente populacional

excluído acaba por ocupar áreas impróprias para a construção de suas casas,

criando dessa forma os assentamentos subnormais.

É visível a responsabilidade do poder público na ocupação dessas áreas.

Numa avaliação sumária da participação institucional do Município na gestão do

desenvolvimento urbano e habitacional, chega-se à conclusão que, ao longo dos

anos, este foi omisso quanto à ocupação e uso do solo e, que a legislação vigente

precisa ser atualizada e complementada, a fim de se buscar solucionar tal questão.

Faz se necessário também a criação e implementação de políticas públicas

municipais que possibilitem o combate à pobreza e a degradação ambiental, já que

ambas caminham juntas.

Em todo o mundo subdesenvolvido vivem mais de 1 bilhão de pessoas em

situação de pobreza absoluta, a urbanização tem-se acelerado nesses países,

Page 25: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

5

resultando assim, em graves impactos sobre o meio ambiente. Esses impactos são

geralmente provocados pelas péssimas condições de vida dessas populações e,

pelas pressões que as mesmas exercem sobre algumas áreas já bastante precárias

do ponto de vista ambiental. As condições fisicamente precárias, típicas das favelas

do Terceiro Mundo, agravam seriamente a vulnerabilidade dos pobres urbanos a um

vasto conjunto de problemas de saneamento ambiental, notadamente, doenças

transmitidas pela água, desastres naturais, especialmente, inundações e

deslizamento de encostas, dentre outros.

Segundo Leonard (1992) nessas “reservas de pobreza” geográficas, é

sumamente urgente a necessidade de conciliar as estratégias antipobreza e de

proteção ambiental. A interação entre pobreza e degradação ambiental deflagra um

espiral ascendente de deterioração ecológica, ameaçando assim, a segurança física,

o bem-estar econômico e a saúde de muitas pessoas.

Foi nesse contexto que resolvemos realizar este trabalho. O objetivo é fazer

uma abordagem sobre a relação entre a pobreza urbana e o meio ambiente, com o

intuito de compreender de que forma a pobreza urbana afeta o meio ambiente e de

que maneira a degradação ambiental resultante dessa pode contribuir para ampliar

ainda mais a pobreza urbana. O presente estudo visa também:

a) Caracterizar as condições sócio-ambientais dos pobres urbanos que ocupam

a Lagoa dos Santos no município de Formosa, identificando de que forma a

pobreza urbana afeta o meio ambiente local;

b) Mostrar que a degradação ambiental é, também, um fator que contribui para

aumentar ainda mais a pobreza no bairro;

c) Analisar o Programa Habitar Brasil/BID (HBB) que têm contribuído para a

contenção da degradação ambiental resultante da pobreza em várias cidades

brasileiras e que foi implantado no Bairro Lagoa dos Santos em Formosa

(GO).

d) Conhecer a percepção dos moradores a respeito do HBB e avaliar os

resultados da implantação dessa política pública no bairro.

Partimos do pressuposto de que a pobreza urbana é uma das causadoras da

degradação ambiental, ao mesmo tempo em que também é gerada por ela. Assim,

entendemos que para solucionar esses dois problemas o caminho seriam políticas

Page 26: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

6

públicas que ao mesmo tempo em que busquem a contenção da degradação

ambiental associada à pobreza, também visem ao combate desta. É por essa razão

que escolhemos o Bairro Lagoa dos Santos, uma típica área frágil (lagoa) que foi

invadida e loteada, transformando-se então, num dos mais graves problemas

ambientais associados à pobreza do município de Formosa, e também, por essa ser

a área escolhida pela Prefeitura Municipal para a implantação do HBB.

A proposta metodológica para o desenvolvimento desse estudo foi construída

a partir de cinco eixos temáticos. Inicialmente realizamos uma revisão da literatura

sobre o tema, em livros, publicações científicas, jornais, revistas, internet, etc.

objetivando construir uma abordagem teórico-conceitual consistente, sobre a relação

entre a pobreza urbana e o meio ambiente.

Em um segundo momento, foi feito um estudo aprofundado sobre o Programa

Habitar Brasil/BID e sobre Diagnóstico de Intervenção e Proposta Intervenção Fase

I, de autoria da RCA Engenharia e Desenvolvimento, realizado em outubro de 2001,

buscando um maior entendimento a respeito do programa de revitalização da Lagoa

dos Santos, que viria a ser colocado em prática a partir de 2004.

Depois realizamos uma pesquisa domiciliar (aplicamos 251 questionários), em

março de 2002, em parceria com a Prefeitura Municipal e a Universidade Estadual

de Goiás – Unidade Universitária de Formosa, para conhecermos a situação do

bairro e dos moradores antes da implantação do programa, qual a percepção deles

sobre os problemas do local e o que deveria ser feito para tentar solucioná-los. Em

novembro de 2006, realizamos uma nova pesquisa (foram aplicados 138

questionários) para sabermos como ficou o local e qual a percepção dos moradores

sobre as mudanças ocorridas após a implantação do HBB.

Por último, realizamos também duas entrevistas, uma com o Engenheiro Civil

Pedro Ivo de Campos Faria (Ex-secretário de Obras e Urbanismo do Município e

atual Prefeito da cidade), que na época era o coordenador do Programa HBB na

Lagoa dos Santos, e com Flávia Tourinho, que naquele momento coordenava o

trabalho de participação comunitária. As entrevistas visavam sanar algumas dúvidas

que permaneceram depois das pesquisas realizadas com os moradores do local,

além é claro, de valer-se da experiência deles com relação ao HBB e a sua

implantação no bairro, e obter informações técnicas para que os dados coletados

tivessem a consistência que o estudo requeria.

Page 27: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

7

O presente trabalho está dividido em cinco capítulos, além da introdução e

das considerações finais. O capítulo um apresenta uma abordagem teórica-

conceitual sobre a pobreza urbana e o meio ambiente, além de conceituar pobreza,

aborda a relação entre o crescimento demográfico, a urbanização e o meio ambiente

e demonstra a correlação positiva existente entre a pobreza e a degradação

ambiental.

O capítulo dois caracteriza a área de estudo, faz um breve histórico sobre a

ocupação da Lagoa dos Santos e também um diagnóstico sócio-ambiental do bairro,

apresenta o perfil sócio-econômico dos moradores e a percepção destes sobre o

local antes da implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos

Subnormais.

O terceiro justifica a implantação do Programa de Revitalização da Lagoa

(Programa Habitar Brasil/BID – Subprograma de Urbanização de Assentamentos

Subnormais) e apresenta as linhas gerais do mesmo.

O capítulo quatro mostra a situação do bairro e dos moradores depois da

implantação do programa, retrata a percepção desses sobre as mudanças ocorridas

e a influência dessas em seu dia-a-dia.

O quinto apresenta os principais resultados do Subprograma de Urbanização

de Assentamentos Subnormais na área de infraestrutura e no trabalho de

participação comunitária desenvolvido no bairro.

As considerações finais retratam as percepções do autor sobre a relação

entre a pobreza urbana e o meio ambiente e a necessidade da implantação de

políticas públicas que possam combater a pobreza, para que assim seja possível

mitigar a degradação ambiental associada a ela e vice-versa. Analisa também os

resultados do programa e a sua eficácia quanto ao combate à pobreza urbana e a

contenção da degradação ambiental resultante dessa na Lagoa dos Santos.

Page 28: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

8

1. POBREZA URBANA E MEIO AMBIENTE: um marco conceitual

1.1. Conceito

É indiscutível a dimensão que o conceito “pobreza” passou a assumir desde o

início dos anos 1990, sobretudo em função de sua ampla utilização, tanto em

relatórios de organismos internacionais quanto em documentos de formulação e

avaliação de políticas públicas, principalmente de países seguidores das

recomendações dessas agências (UGÁ, 2004). A definição desse conceito torna-se

importante nos estudos de pobreza por permitir uma visão mais clara e analítica do

objeto de estudo. Ao compreender a complexidade do fenômeno, seus diferentes

conceitos e formas de abordagem, torna-se possível conceber políticas públicas que

busquem trazer soluções eficazes para o problema (CRESPO e GUROVITZ, 2002).

Existem muitas dificuldades para se definir o que realmente seja pobreza, em

função das mudanças sofridas, ao longo do tempo, nos indicadores que a

caracteriza, tais como expectativa de vida, renda per capita, etc.

A conceituação de pobreza é algo extremamente complexo. Pode ser feita

levando em conta algum “juízo de valor”, em termos relativos ou absolutos.

Pode ser estudada apenas do ponto de vista econômico ou incorporando

aspectos não-econômicos à análise, sendo contextualizada de forma

dependente ou não da estrutura sócio-política da sociedade (CRESPO;

GUROVITZ, 2002, p.3).

Tratá-la, levando em consideração algum “juízo de valor”, é ter uma visão

subjetiva do ser humano, no que diz respeito ao que deve ser um grau suficiente de

satisfação de suas necessidades essenciais ou a respeito do que deve ser

considerado como um nível de privação suportável. É não levar em consideração

uma situação social concreta, objetivamente identificável, caracterizada pela falta de

recursos. Assim, tal enfoque não esconde sua fragilidade, embora seja bastante

óbvio que mesmo uma conceituação objetiva da pobreza não se furta à presença de

algum juízo de valor.

De um modo geral, a pobreza é definida como a falta do que é necessário

para o bem-estar material – especialmente alimentos, moradia, terra e outros ativos.

Page 29: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

9

Em outras palavras, a pobreza é a falta de recursos múltiplos que leva à fome e à

privação física (NARAYAN, 2000). Magnoli e Araújo (1997) a conceituam como

sendo a condição na qual os indivíduos estão incapacitados de suprir as

necessidades mínimas3 indispensáveis para o seu desenvolvimento normal, tanto

como ser biológico4 quanto como integrante de uma determinada sociedade.

Abranches (1985) diz que pobreza é a destituição, marginalidade e

desproteção. Destituição dos meios de sobrevivência física; marginalização no

usufruto dos benefícios do progresso e no acesso às oportunidades de emprego e

renda; desproteção por falta de amparo público adequado e inoperância dos direitos

básicos da cidadania, que incluem garantias à subsistência e ao bem-estar5.

Outra dificuldade para se definir tal conceito está nas diferenças de critérios

adotados pelos diversos países, nos de clima quente, por exemplo, a falta de água

encanada para as residências não indica pobreza absoluta, já para os países frios, é

sinônimo de pobreza (Magnoli e Araújo, 1998 a). Segundo os mesmos autores, na

moderna economia de mercado, o indivíduo é considerado pobre se a renda que

recebe é muito pequena, tornando-o incapaz até mesmo de adquirir alimentos e

roupas indispensáveis para a sua sobrevivência normal. Entretanto, como dito

anteriormente, as necessidades mínimas sociais ultrapassam o quadro da mera

alimentação e vestuário e incluem itens indispensáveis ligados à saúde, habitação,

transportes, água potável, saneamento, etc.

De acordo com Magnoli e Araújo (1997) a quantificação dos custos de

satisfação desse conjunto de necessidades permite estabelecer a chamada linha de

pobreza. Os indivíduos cuja renda se situa abaixo dessa linha encontram-se em

condições de pobreza. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), que

atualmente utiliza duas “linhas de pobreza”, são consideradas pobres aquelas

pessoas que têm renda anual inferior a 370 dólares e extremamente pobre aqueles

cuja renda anual é inferior a 275 dólares. No mundo subdesenvolvido, de cada três

3 Entendem-se necessidades como alimentação, moradia, vestuário e serviços essenciais: água

potável, saneamento, transporte público, serviços médicos e escolas (CRESPO; GUROVITZ, 2002, p.4).

4 “O enfoque biológico define a linha de pobreza a partir dos requisitos nutricionais mínimos da d ieta

alimentar, definindo o valor aproximado para a renda a ser gasta para o atendimento desses requisitos” (CRESPO; GUROVITZ, 2002, p.4).

5 Estado de perfeita satisfação física ou moral (Ferreira, 2001).

Page 30: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

10

habitantes um está abaixo da “linha de pobreza”. Isto representa mais de um bilhão

de pessoas, sendo que desses, 630 milhões ganham menos de 275 dólares por ano.

Equivalem a quase um quinto da população dos países pobres do mundo, são os

pobres dos pobres6.

Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

a definição de pobreza é ligada às normas de consumo da sociedade, e

outras condições consideradas mínimas necessárias para uma participação

decente na sociedade. Em sociedades pobres, o nível de consumo mínimo

usado para calcular a linha de pobreza é freqüentemente baseado em

estimativas de necessidades nutricionais mínimas, enquanto em outros

países esse índice é ligado a hábitos sociais. Desse modo, a linha de

pobreza varia consideravelmente de uma sociedade a outra, tendendo a ser

mais alta, quanto maior for o nível geral de bem-estar material. (PNUD,

2004, p.2).

Porém, a pobreza tem muitas dimensões que vão além do consumo. Outros

fatores importantes incluem as doenças, o analfabetismo, a falta de acesso a

serviços básicos, a insegurança, o isolamento físico ou social, e a vulnerabilidade à

violência. Nesse sentido, é claramente difícil medir a pobreza de modo a captar sua

natureza multidimensional. Por essa razão, é que, nos últimos anos, houve uma

evolução das concepções de pobreza para além da carência de renda, na direção

de conceitos mais abrangentes tais como: desigualdade, exclusão social e

vulnerabilidade (MELO, 2005).

Até a bem pouco tempo, a pobreza era entendida em termos de rendimento

ou de falta deste. Ser pobre significava que não se dispunha de meios

econômicos para pagar uma dieta alimentar ou uma habitação adequada.

Mas a pobreza não consiste apenas em rendimentos ou numa ração

calórica insuficientes. Tem também haver com a falta de oportunidades e de

escolhas que são, de modo geral, consideradas essenciais para ter uma

existência longa, saudável e criativa e gozar de um nível de vida razoável,

de liberdade, de dignidade, de autoestima e do respeito dos outros (UNRIC,

2006, p.1).

6 Pela PNAD 2001, havia no Brasil cerca de 25 milhões de pessoas vivendo com uma renda familiar

mensal per capita de cerca de 40 reais ou menos (menos de um dólar por dia), e outras 16 milhões vivendo com até 60 reais mensais (cerca de um dólar por dia). No total, cerca de 55 milhões vivem

com meio salário mínimo mensal ou menos (SCHWARTZMAN, 2004).

Page 31: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

11

A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) também

entende a pobreza como um fenômeno multidimensional, que associa subconsumo,

desnutrição, condições precárias de vida, baixa escolaridade, inserção instável no

mercado de trabalho e pouca participação política e social. A pobreza é o resultado

de um processo social e econômico de exclusão social, cultural e política (MELO,

2005).

Salama e Destremau (1999) afirmam que a pobreza é ao mesmo tempo, um

fato e um sentimento. Com esta afirmação querem alertar que reduzir a pobreza aos

seus aspectos monetários ou à percepção de exclusão da cidadania, ou seja,

considerar um ou outro aspecto é uma forma reducionista de analisar o problema.

Isto é, medir pobreza sublinhando a falta de recursos que mulheres e homens têm

para atender suas necessidades básicas e quais são as implicações desta

mensuração; quaisquer dos métodos usados apresentam problemas para o desenho

das políticas públicas, porque a taxa de participação dos pobres na sociedade é

profundamente afetada pela escolha dos parâmetros de mensuração.

No relatório de 2000-2001 do Banco Mundial, a pobreza é vista de um modo

um pouco diferente do de 19907. Enquanto o relatório de 1990 avaliava a pobreza

pela variável “renda”, priorizando o seu lado monetário, esse a considerou como um

fenômeno multifacetado, decorrente de múltiplas privações produzidas por

processos econômicos, políticos e sociais que se relacionam entre si. Assim, além

da forma monetária de pobreza, ela é considerada como ausência de capacidades,

acompanhada da vulnerabilidade do indivíduo e de sua exposição ao risco.

Merino (2003) também atesta que a pobreza não se limita à sua dimensão

econômica, para ele o pobre é um “insignificante”, alguém sem peso social, invisível

na maioria das vezes. É insignificante por carências de recursos (dimensão

econômica), pela cor da pele (racial), por ser mulher (gênero), por falar uma língua e

ter costumes que os dominantes consideram inferiores (cultural). “À pobreza é

preciso acrescentar o saque do meio ambiente provocado por um consumo

desenfreado e que nos leva à autodestruição”.

7 Segundo o Relatório do Banco Mundial de 1990, a definição de pobreza consistia na “incapacidade

do indivíduo de atingir um padrão de vida mínimo”. Por padrão de vida m ínimo entendia-se a

capacidade que o indivíduo tinha de consumir o necessário para adquirir um padrão mínimo de nutrição e de outras necessidades básicas e, ainda, uma quantia que permitisse a ele participar da vida cotidiana da sociedade. Pobres, então, eram os indivíduos incapazes de atingir tal patamar de

inserção social, em razão da renda que possuía (UGÁ, 2004).

Page 32: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

12

UGÁ (2004, p.59 apud SEN, 2000, p. 110) argumenta que a questão da

pobreza deve ser encarada pela idéia de privação de capacidades básicas

de realizar (ou seja, de cada um alcançar os seus objetivos de vida) e não

como uma carência de determinadas necessidades, mostrando que: (1) a

pobreza pode ser sensatamente identificada em termos de privação de

capacidades; a abordagem concentra-se em privações que são

intrinsecamente importantes (em contraste com a renda baixa, que é

importante apenas instrumentalmente); (2) existem outras influências sobre

a privação de capacidades – e, portanto, sobre a pobreza real – além do

baixo nível de renda (a renda não é o único instrumento de geração de

capacidades) e (3) a relação entre baixa renda e baixa capacidade é

variável entre comunidades e até mesmo entre famílias e indivíduos (o

impacto da renda sobre as capacidades é contingente e condicional).

Sen (2000) introduz variáveis mais amplas, chamando a atenção para o fato

de que as pessoas podem sofrer privações em diversas esferas da vida. Ser pobre

não implica somente privação material. As privações sofridas determinarão o

posicionamento dos cidadãos nas outras esferas. Assim, a pobreza pode ser

definida como uma privação das capacidades básicas de um indivíduo e não apenas

como uma renda inferior a um patamar pré-estabelecido. Essa definição não

despreza o fato de a pobreza também ser caracterizada como uma renda inferior a

um patamar pré-estabelecido, pois uma renda baixa pode ser a priori a razão da

privação de capacidades de uma pessoa.

Bucknall et. al. (2006) também argumentam que a “definição geral de pobreza

vai além da renda ou do consumo do indivíduo ou da família para abranger a

desigualdade, a saúde, a educação, a segurança, a atribuição de poder e a

discriminação”. Uma maneira de entendermos melhor essa argumentação é através

da figura 1, que demonstra como a oportunidade, a segurança e a atribuição de

poder estão relacionadas com as várias dimensões da pobreza. A figura mostra

também os determinantes ambientais típicos da pobreza.

Page 33: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

13

Figura 1 – Representação esquemática das dimensões e dos determinantes da Pobreza

Fonte: Bucknall et. al. (2006)

A pobreza é um fenômeno complexo, multidimensional, no qual o indivíduo

não possui o mínimo necessário para atingir o bem-estar material. Mas ela não se

limita somente a esse tipo de bem-estar, está associada também a falta de voz,

poder e independência dos pobres que os sujeita à exploração; à propensão à

doença; à falta de infra-estrutura básica, à falta de ativos físicos, humanos, sociais e

ambientais e à maior vulnerabilidade e exposição ao risco (CRESPO e GUROVITZ,

2002).

Segundo Sen (2000), é importante ter em mente que a redução da pobreza

de renda não pode ser o único objetivo de políticas de combate à pobreza. É

perigoso ver a pobreza segundo a perspectiva limitada da privação de renda e a

partir daí justificar investimentos em educação, serviços de saúde, etc., com o

argumento de que são bons meios para reduzi-la. Isso seria confundir os fins com os

Elementos de

Bem-estar

Dimensões da Pobreza

Exemplos de Determinantes

Ambientais

Page 34: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

14

meios. A pobreza deve ser entendida como a privação da vida que as pessoas

realmente podem levar e das liberdades que elas realmente têm.

Schwartzman (2004) afirma que não há solução de curto prazo para os

problemas da pobreza. Para que ela seja vencida, é necessário vontade política e

compromisso com os valores da igualdade social e dos direitos humanos; uma

política econômica adequada, que gere recursos; um setor público eficiente,

competente responsável no uso dos recursos que recebe da sociedade; e políticas

específicas na área da educação, da saúde, do trabalho, da proteção à infância, e

do combate à discriminação social, dentre outras.

1.2. Crescimento demográfico, urbanização e meio ambiente

Na maioria dos países subdesenvolvidos as taxas de crescimento

demográfico são elevadas. Esse acelerado crescimento demográfico implica em

acentuada expansão na demanda de alimentos, combustíveis e outros serviços, o

que resulta em acentuada pressão sobre o meio ambiente. Implica também na

aglomeração de segmentos mais pobres da população em espaços limitados, com

igualmente forte comprometimento do meio ambiente (MUELLER, 2000).

No Brasil, nos últimos anos vem sendo observado um declínio da taxa de

crescimento demográfico. Entretanto, o aumento anual da população urbana ainda é

muito elevado, da ordem de 2,3 milhões de pessoas. Isso acrescenta pressão cada

vez maior sobre a demanda habitacional, sobre os serviços de infraestrutura urbana

e sobre a qualidade de vida nas cidades, especialmente nas mais populosas, onde

se concentra a maior parte desse crescimento. O Brasil é um País cada vez mais

urbano. A maior parte das nossas cidades cresceu em número e tamanho de uma

maneira avassaladora nas últimas décadas. Com efeito, a taxa de urbanização

brasileira evoluiu de 30,5% em 1970 para 81,2% em 2000, com, atualmente, 29,9%

dos brasileiros vivendo em regiões metropolitanas.

Pelas projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), a população

urbana aumenta em cerca de 1 milhão de pessoas por semana. Em 2015, a

humanidade será predominantemente urbana e pobre, 46% viverão em aglomerados

Page 35: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

15

urbanos dos países em desenvolvimento e 13% nas cidades dos países

desenvolvidos. É, sem dúvida, um número significativo de novos habitantes urbanos

nos países pobres (BARBIERI, 2006).

Campbell (1992) afirma que a urbanização8 é talvez a mais espetacular

transformação social que ocorre no Terceiro Mundo desde a Segunda Guerra

Mundial e, a despeito de décadas de rápido crescimento das cidades, do ponto de

vista demográfico esse processo apenas começou. Essa urbanização acelerada

propicia o surgimento de enormes aglomerações urbanas nesses países. Acontece

que essas crescentes concentrações de população em países de baixa capacidade

de investimento em infraestrutura social acabam provocando grandes impactos

ambientais9.

A infraestrutura urbana nesses países não é suficiente para atender a todos

os seus habitantes. Os esgotos surgem a céu aberto, o lixo dessas cidades é

depositado nos chamados lixões ou acaba sendo incinerado, agravando a poluição

atmosférica. Parte desses dejetos pode ainda ser carregada para os bueiros de

galerias subterrâneas, que acabam se entupindo e não conseguem dar vazão à

água da chuva. Por causa disso e do assoreamento dos córregos surge o problema

das grandes enchentes. Essas provocam perdas irreparáveis aos pobres urbanos

(inúmeros tipos de doenças veiculadas pela água, perda dos móveis,

eletrodomésticos, eletroeletrônicos, morte de familiares, perda do habitat, etc.).

Com base nos dados da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD, 1991), dá para se ter uma idéia da situação ambiental

dramática das cidades dos países subdesenvolvidos. Das 3.119 vilas e cidades da

índia, 209 têm esgotos parciais e somente 8 têm uma rede completa de esgotos.

Grande parte da água consumida não recebe nenhum tipo de tratamento; a ingestão

8 A urbanização resulta fundamentalmente da transferência de pessoas do meio rural (campo) para o

meio urbano (cidade). Assim, a idéia de urbanização está intimamente associada à concentração de

muitas pessoas em um espaço restrito (a cidade) e na substituição das atividades primárias (agropecuária) por atividades secundárias (indústrias) e terciárias (serviços). Entretanto, por se tratar de um processo, costuma-se conceituar urbanização como sendo "o aumento da população urbana

em relação à população rural", e nesse sentido só ocorre urbanização quando o percentual de aumento da população urbana é superior ao da população rural. 9 Metade da humanidade se concentrará em cidades e municípios em 2007. Em 2030, esse número

crescerá para perto de dois terços. Cerca de 2 bilhões dessas pessoas viverão em assentamentos irregulares e em favelas, configurando-se, assim, na parte da população urbana que, geralmente, sofre com a falta de água potável, saneamento e outros serviços essenciais (Relatório das Nações

Unidas, 2006).

Page 36: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

16

de água contaminada provoca um grande número de doenças endêmicas (diarreia,

disenteria, hepatite e tifo), principalmente na população infantil (Magnoli e Araújo,

1998 b). Água, esgoto e saneamento, portanto, são os fatores básicos para evitar

que agentes patogênicos se alojem em hospedeiros humanos (CAMPBELL, 1992).

Na China, a mortalidade por câncer no pulmão nas cidades é quatro a sete

vezes mais alta do que no país como um todo. Os antiquados fornos e caldeiras

utilizadas nas indústrias chinesas são responsáveis pela elevada mortalidade urbana

do país. Na Malásia, o vale do Klang (onde fica a capital, Kuala Lumpur),

densamente urbanizado, tem índices de poluição duas a três vezes maiores do que

o das principais cidades americanas, e a bacia do Klang está totalmente

contaminada por esgotos e emissões industriais e agrícolas (CMMAD, 1991).

O modelo urbanístico brasileiro, inspirado em padrões do chamado primeiro

mundo e comprometido apenas com a "cidade oficial", perdeu as rédeas da exclusão

representada pela gigantesca ocupação ilegal do solo urbano. Na "cidade oculta", o

que temos, realmente, é uma máquina de produzir favelas, moradias fora da lei e

cidades sem conhecimento técnico, sem financiamento público ou privado. É aí que

se dá o embate entre a preservação do meio ambiente e o crescimento urbano

(MEIRELES, 2000).

A situação ambiental das nossas cidades é agravada pelo fato de o processo

de urbanização ser extremamente rápido e desigual. Essa situação de caos urbano

é ampliada ainda mais pelas próprias condições de pobreza das populações

urbanas desses países, levando as populações de baixa renda a ocupar áreas

periféricas e impróprias para se construírem moradias. Essas construções

geralmente se localizam nos terrenos mais baratos na periferia da cidade, em geral,

desprovidas de qualquer infraestrutura, ou então em áreas ecologicamente frágeis

(como mananciais de água, encostas e estuários, terrenos pantanosos, áreas

alagadiças, beira de rios, embaixo de viadutos e pontes, depósitos de lixo e

alagadiços, etc.), geralmente invadidas10. Para quem não tem como obter um

pedaço de terra, esses lugares tornam-se a única solução para o seu problema de

moradia.

Silva (2007, p. 13,14), corrobora com essa argumentação:

10

Santos (1989), Balassiano (1993) e Smith e Lee (1997) trazem uma análise mais detalhada desses

ambientes.

Page 37: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

17

Várias são as soluções utilizadas por parte da população que não tem

acesso à propriedade de terras. Em função de encontrarem-se à margem de programas oficiais e de legalidade, acabam por contribuir com o aumento da favelização e a incorporação de glebas nas periferias parceladas

clandestinamente, que são alternativas de loteamentos populares, vendidos ou ocupados, com ausência de infraestrutura. Geralmente estão localizados em zonas de legislação restritiva à ocupação, e de pouco interesse de

mercado e muitas vezes, possuem inúmeros problemas de ordem ambiental. Surgem aí as favelas, invasões ou ocupações irregulares.

Segundo a mesma autora, vários desses assentamentos localizam-se em

áreas insalubres, onde o uso e a ocupação inadequada da área pode resultar em

danos à saúde do indivíduo, levar à perda da vida, bem como à destruição do meio

ambiente. Essas áreas são denominadas áreas de risco.

"As duas cidades - a oficial e a oculta - estão separadas por uma tênue linha

divisória pronta a se romper a qualquer momento pela pressão social que ronda os

dois territórios". O processo de urbanização caótico, sem preservação da rede

hídrica, das áreas verdes, pequenos pulmões da cidade, sem dar atenção à questão

da drenagem e macrodrenagem urbanas, está aumentando a impermeabilização do

solo urbano. Outra conseqüência drástica desse desenvolvimento urbano é a

disseminação de epidemias que voltaram à moda - dengue, meningite e febre

amarela - e de outras moléstias como a leptospirose, devido às enchentes que

transportam para o interior das favelas material contaminado pela urina dos ratos e

esgotos (MEIRELES, 2000).

A título de exemplo, podemos destacar os dados da Fundação Instituto de

Pesquisas Econômica (FIPE), indicando que a falta de moradia nos centros urbanos

do Brasil chega a 1 milhão e 300 mil casas. São essas pessoas que, sem ter onde

morar, não respeita as áreas de proteção ambiental e constroem suas casas em

lugares sem condições mínimas de segurança, sem condições sanitárias

adequadas, água ou esgoto, trazendo prejuízos enormes para a própria saúde e

para o meio ambiente. (BARBIERI, 2006).

Nesses assentamentos subumanos uma característica comum é a ausência

de preocupação com os efeitos dos impactos no meio ambiente urbano, dada à

natureza não planejada e essencialmente desordenada dessa forma de ocupação. A

situação ambiental dessas áreas é grave, além dos riscos inerentes às condições de

seus sítios e da precariedade da maioria das habitações, inexiste esgoto sanitário e

a rede de abastecimento de água é geralmente precária. A dificuldade de acesso e a

Page 38: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

18

não oficialização das ruas internas, como logradouros públicos, deixam os

moradores sem o recolhimento do lixo, o que vem a prejudicar, ainda mais a

situação da higiene local e o quadro social já degradado (BALASSIANO, 1993).

O custo de despoluição de uma cidade é muito elevado, o que dificulta a ação

do poder público, principalmente nos países pobres. Por essa razão, mesmo nas

grandes cidades dos países ricos, os problemas de degradação ainda não foram

totalmente resolvidos, mas houve melhoras significativas das condições ambientais

nas últimas décadas. Nos países pobres, a situação é ainda pior, os minguados

orçamentos para as obras de saneamento básico para as grandes cidades, estão

muito aquém das necessidades da população (MAGNOLI e ARAÚJO, 1998 b).

Além disso, ironicamente, enquanto os meios de divulgação de massa e os

grupos ambientalistas internacionais focalizam, cada vez mais, a atenção do mundo

na destruição das florestas úmidas nos países em desenvolvimento, eles desviam a

assistência internacional ao desenvolvimento de um problema importante. A falta de

saneamento nas residências, que afeta milhões de pessoas pobres, não tendo sido

em geral alvo de campanhas e ação educacional no meio ambiente desses países.

O suprimento de água e o saneamento nunca passaram de mais de 6% dos

empréstimos anuais do Banco Mundial – BIRD, número esse que inclui projetos

rurais e urbanos. Se os custos ambientais e benefícios de investimentos em

melhoramento ambiental são avaliados à luz de sua importância para os pobres, os

melhoramentos no saneamento urbano figuram entre as mais eficazes de toda e

qualquer política pública de curto prazo (CAMPBELL, 1992).

É de certa forma irônico imaginar que os problemas imediatos, no nível da

unidade familiar, da qualidade do ar dentro de casa e do saneamento, sejam

freqüentemente ignorados ou recebam tratamento superficial por parte de grupos

ambientalistas, agências internacionais, governos e mesmo de grupos nacionais

preocupados com o meio ambiente. Não que os problemas globais, como a

destruição das florestas tropicais, o aquecimento global e outros, não sejam

importantes, já que as ações de tais entidades podem ocorrer, simultaneamente, nas

duas frentes.

Page 39: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

19

1.3. Pobreza urbana: causa e conseqüência da degradação

ambiental

A degradação ambiental e a pobreza entram em conflito nas áreas urbanas.

Como resultado da escassez absoluta de terra apropriada ou de altos aluguéis das

terras “beneficiadas”, grande contingente dos mais pobres da população urbana se

aglomera em cidades improvisadas, na periferia urbana. Essas áreas urbanas

periféricas caracterizam-se freqüentemente por condições ecológicas naturais ou

artificiais perigosas (LEONARD, 1992).

Nessas áreas, existe uma grande quantidade de pobres, espremidos em

moradias inadequadas, situadas geralmente em terrenos ilegais ou semi-ilegais, tais

como áreas de encostas, áreas sujeitas a enchentes ou localizações com elevados

índices de poluição. Os domicílios são geralmente precários, pequenos e habitados

por muitas pessoas; além disso, não apresentam isolamento contra ruídos e

variações de temperatura, são vulneráveis à sujeira e aos ratos e insetos e têm

acesso limitado a serviços básicos. Frequentemente, a água utilizada pelos

moradores é de baixa qualidade e de difícil acesso, a coleta de lixo ocorre raramente

e o esgotamento sanitário é deficiente. Além do mais, a elevada concentração de

população propicia o contágio de doenças, que é facilitado pelos baixos níveis de

resistência causados por desnutrição e por estados de saúde precários. Por último,

os habitantes das aglomerações de baixa renda localizadas próximas a rodovias

movimentadas e a zonas industriais enfrentam níveis especialmente elevados de

poluição atmosférica (MUELLER, 2000).

Segundo Mueller (2000), as aglomerações urbanas de baixa renda são

frágeis do ponto de vista ambiental, e a concentração de população contribui para

sua degradação. Essas tendem a ser perigosas e em certas ocasiões ocorrem

desastres e tragédias. Sendo ilegais, ou estando em desacordo com o zoneamento

urbano, os assentamentos pobres apresentam déficits consideráveis de serviços

básicos necessários a uma vida saudável e adequada. Sua infraestrutura urbana é

precária, faltam ruas pavimentadas, áreas verdes e sistemas de drenagem, e muitas

vezes os assentamentos são alagados e infestados com lixo, tornando-se criadouros

de ratos, insetos e outros transmissores de doenças.

Page 40: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

20

O ambiente físico e social inadequado das populações urbanas de baixa

renda é propício a acidentes domésticos e de rua, à alienação, ao estresse e à

instabilidade social. São elevados o desemprego e o subemprego, assim como os

índices de criminalidade. Esses assentamentos tendem a registrar problemas de

hábitos inadequados de higiene. Isso acontece onde é elevada a concentração de

migrantes recém-chegados da zona rural, portadores de doenças, muitas delas

infecciosas e com deficiências educacionais. A ausência de condições mínimas de

higiene e a contaminação do lençol freático pelas fossas residenciais, que

geralmente levam os coliformes fecais até os poços (cisternas de onde uma parte

considerável dos moradores retira a água para o consumo domiciliar), o lixo

doméstico que se acumula próximo das casas e a falta de condições sanitárias

criam condições propícias para a disseminação de doenças, algumas tipicamente

rurais11.

A deterioração das condições desses assentamentos decorre do baixo

volume de investimentos no setor habitacional, imputável às restrições relativas a

recursos com que os países subdesenvolvidos se deparam em todas as áreas. Em

média, apenas 5,6 por cento do orçamento recente do governo foram dedicados à

habitação, lazer, seguridade social e bem-estar social12. Os recursos provenientes

de organismos internacionais de apoio e financiamento são igualmente baixos.

Apenas 1% (um por cento) do total de gastos do sistema das Nações Unidas de

1988, financiados por meio de subvenções foi dedicado aos assentamentos

humanos (Agenda 21, 1995).

A degradação ambiental, de forma geral, tem um enorme impacto sobre os

mais pobres, porque são eles os mais dependentes de recursos naturais. A ausência

de saneamento básico é um exemplo dessa realidade, pois, além de provocar a

poluição do meio ambiente, se traduz em altos índices de mortalidade infantil, de

doenças como a diarréia, a malária, etc., reduzindo a capacidade do homem de ter

um dia produtivo de trabalho13.

A má condição da água é fator chave para problemas de subsistência e saúde

11

Para obter maiores detalhes a respeito dessas doenças típicas das periferias urbanas veja Gianini (1997) e Smith e Lee (1997). 12

Segundo a Agenda 21 não há cifras globais para os gastos internos nem para o apoio oficial ao desenvolvimento no que diz respeito a esses assentamentos humanos. 13

Segundo o Relatório das Nações Unidas de 2006, cerca de 2,4 bilhões de pessoas no mundo não

têm condições básicas de saneamento.

Page 41: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

21

globais. Doenças disseminadas por meio da água, com origem reconhecida em

condições de saúde ambiental precárias, são responsáveis por centenas de milhares

de mortes por ano entre os pobres do Terceiro Mundo, e uma proporção crescente

dos que correm riscos são moradores de cidades (BUCKNALL et. al., 2006).

Enfermidades relacionadas à diarréia e a malária mataram cerca de 3,1 milhões de

pessoas em 2002. Noventa por cento dessas mortes foram de crianças com menos

de cinco anos de idade (Relatório das Nações Unidas, 2006)14.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a qualquer momento, 1,5

milhão de pessoas estarão infetadas por vermes parasitas provenientes de

excremento humano e lixo sólido. Mais de 3 bilhões de pessoas não dispõem dos

meios adequados para lidar de maneira correta com esses resíduos (BUCKNALL et.

al., 2006)15.

A degradação ambiental se torna então sinônimo de pobreza urbana. O

problema da pobreza impõe-se, portanto, nas questões ambientais, dadas as

proporções que tem alcançado, sobretudo em países do Terceiro Mundo

(DAVIDOVICH, 1993). Pobreza e meio ambiente engalfinham-se, num duelo sem

tréguas nas periferias desses países. Áreas ecologicamente frágeis como várzeas,

alagados, fundos de vales sujeitos as constantes enchentes, beiras de córregos e

vizinhanças insalubres de aterros, lixões e estradas tornaram-se o principal cenário

desse embate. Daí, a necessidade de promoção do desenvolvimento sustentável

dos assentamentos humanos, que tem por objetivo promover a melhoria desses e

das condições de vida e de trabalho de seus habitantes (ALMEIDA, et. al., 1999)16.

Para a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento -

CMMAD (1987), em nível global, o desenvolvimento sustentável17 requer que se

cumpram, simultaneamente, as seguintes condições básicas:

14

Aproximadamente 1,6 milhão de vidas poderiam ser salvas anualmente com o fornecimento de água potável, saneamento básico e higiene. 15

De acordo com os mesmos autores, o acesso aos serviços de água e saneamento básico está associado a uma redução média de 22% na incidência da diarréia e de 65% na mortalidade atribuída à diarréia. Já as melhorias no destino dado ao excremento e na lavagem das mãos podem reduzir a

mortalidade de crianças menores de cinco anos em 60%, a incidência de esquistossomose em 77%, o vermes intestinais em 29% e o tracoma entre 27 e 50. 16

Promover o desenvolvimento sustentável é importante para a economia local e para a melhoria das

condições de vida das populações mais pobres (AZEVEDO, 2004 apud GÓES et. al., 2004). 17

Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades (MELLO, 1996). “É a

busca do Equilíbrio entre a necessidade de desenvolvimento do país e a necessidade de garantir um

Page 42: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

22

a) Melhoria, ou pelo menos manutenção do bem-estar dos atuais habitantes dos

países e regiões industrializadas;

b) Vigoroso combate à pobreza18, com acentuada redução nas disparidades de

renda e riqueza entre os países do norte industrializado, e os do sul,

subdesenvolvido;

c) E, a garantia da manutenção das oportunidades de prosperar das gerações

futuras.

Mueller (2000) deixa claro que a questão ambiental está intimamente ligada a

esses três elementos da sustentabilidade e, vai além, mostrando que a redução da

pobreza compõe um desses elementos. Leonard (1992) relata que os dois desafios

cruciais colocados como prioridades na agenda de desenvolvimento da década de

90 foram: a redução da pobreza e a proteção ao meio ambiente.

Mesmo aceitando a idéia de que o alívio da pobreza e a proteção do meio

ambiente são fundamentais para o crescimento econômico em longo prazo,

economistas especializados em desenvolvimento acreditam que medidas adotadas

para aliviar um problema exacerbarão inevitavelmente o outro. Dizem

freqüentemente, por exemplo, que só depois de aumentarem suas rendas é que os

indivíduos pobres poderão pensar em reduzir a erosão do solo e tratar de outros

problemas ambientais de longo prazo19 (LEONARD, 1992).

Para Gonçalves (2001), essa ideia é falsa, já que nem sempre é necessária a

destruição do meio ambiente para desenvolver a economia. O meio ambiente é um

dos principais bens a ser tutelado20, assim não parece lógico nem verdadeiro que o

desenvolvimento de qualquer país ou região deva passar pela degradação

ambiental.

meio ambiente saudável para todos” (RAMOS, 2004 apud GÓES et. al., 2004). Essa visão mais

abrangente coloca em discussão como utilizar os recursos naturais de forma a promover o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo provocando o menor impacto possível no meio ambiente e preservando os ecossistemas para que as gerações futuras possam continuar usufruindo

deles. 18

A pobreza não é apenas um mal em si mesma, para haver desenvolvimento sustentável é preciso atender às necessidades básicas de todos e dar a todos a oportunidade de realizar suas aspirações

de uma vida melhor. Um mundo onde a pobreza é endêmica estará sempre sujeito as catástrofes, ecológicas ou de outra natureza (CMMAD, 1987). 19

Gandhi, por exemplo, afirma que: “povos e países pobres são obrigados a fazer um troca explícita,

a de aceitar a degradação ambiental a longo prazo a fim de atender suas necessidades imediatas de alimento e habitação” (Gonçalves, 2001). 20

A tutela aqui deve ser entendida como a garantia da qualidade do próprio meio ambiente, e a sadia

qualidade de vida, que é a saúde, o bem-estar e a segurança da população.

Page 43: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

23

Segundo ele, é assegurando a qualidade do meio ambiente que se poderá,

em seguida, assegurar-se a verdadeira qualidade de vida, esta sim a principal

indicadora do desenvolvimento de qualquer nação. A qualidade de vida depende do

meio ambiente ecologicamente equilibrado. Se o homem o degrada, não é possível

que ele viva com qualidade.

Mas não adianta simplesmente investir na conservação da natureza sem

resolver o problema da pobreza, pois do combate a esta depende a sobrevivência

daquela. É inegável que a pobreza tem contribuído, de maneira significativa, para a

deterioração da qualidade do meio ambiente, mas não podemos atribuir a ela toda a

sorte de desastres e danos caudados ao meio.

Um dos fatores que contribuíram para o aumento do número de pobres,

principalmente nos países em desenvolvimento, é a globalização da economia e os

seus efeitos adversos sobre esses países. Por essa razão, esses, na luta pela

sobrevivência, são obrigados a se deslocarem para novas áreas, visando extrair da

natureza o mínimo necessário para o seu sustento, ou em busca de um novo local

para servir de moradia. É evidente que desta ação, consequentemente, serão

retirados recursos naturais, colocando em risco a existência das próximas gerações

que inevitavelmente irão precisar da terra e dos recursos naturais (GONÇALVES,

2001).

Vale destacar ainda que a pobreza força as pessoas a se deslocarem das

áreas rurais para o meio urbano, espaços esses muitas vezes já saturados e

desprovidos do mínimo necessário para a sobrevivência das mesmas, acarretando

ainda riscos para o meio ambiente em razão da contaminação dos recursos

ambientais. Entretanto, a luta para combater a pobreza necessita que o meio

ambiente se encontre em um estado sadio e suas potencialidades sejam exploradas

de maneira adequada, respeitando a vocação da terra e os recursos que ela

oferece.

Nesse sentido, é notório que não é possível combater a pobreza de maneira

eficaz, se, ao mesmo tempo, não se combater a degradação ambiental. Da mesma

forma, não existe a possibilidade de se ter êxito na defesa do meio ambiente, sem

que haja uma redução efetiva da pobreza. Pois quanto maior a pobreza, maior a

pressão sobre o meio ambiente e quanto mais degradado o ambiente, menor a

possibilidade de combate à pobreza, já que não haverá terras propícias para a

Page 44: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

24

produção alimentar e nem recursos naturais para serem utilizados21. Portanto, esses

dois desafios devem ser tratados conjuntamente, sob o risco de não se conseguir

êxito se a solução for outro caminho que não leve em consideração a

interdependência existente entre esses dois fatores.

Sobre o primeiro desafio da agenda de desenvolvimento para a década de 90,

ou seja, a redução da pobreza, o Relatório do Banco Mundial de 1992, registrou a

ocorrência de consideráveis progressos na redução da pobreza nos últimos 25 anos.

Entretanto, tal evolução não nos permite ser otimistas. Esses ganhos não podem ser

generalizados. Na verdade, o progresso se concentrou num pequeno número de

países – os países mais bem sucedidos na promoção do desenvolvimento (dentre

os quais se inclui o Brasil); e dentro de cada país, o desenvolvimento atingiu

principalmente certas regiões, deixando outras nitidamente para trás.

Com relação ao segundo desafio, ou seja, a proteção ao meio ambiente, pelo

menos nas áreas onde a degradação ambiental é resultante da pobreza, as

perspectivas não são das melhores, já que as projeções de redução da pobreza

feitas pelo Banco Mundial, para os períodos 1990/2030, não são nada otimistas.

Tudo indica que, em partes significativas do globo terrestre, continuarão ocorrendo

problemas de degradação ambiental associados à pobreza.

Portanto, o momento atual exige que a sociedade esteja mais motivada e

mobilizada para assumir um caráter mais propositivo, para poder questionar de

forma concreta a falta de iniciativa dos governos para implementar políticas

pautadas pelo binômio sustentabilidade e desenvolvimento, num contexto de

crescentes dificuldades para promover a inclusão social (Jacobi, 1999). Somente

assim, poderemos tentar conciliar a redução da pobreza com a proteção ao meio

ambiente, principalmente nas áreas urbanas do Terceiro Mundo, onde tais medidas

assumem um caráter de urgência.

Nesse sentido, fica evidente que a pobreza causa degradação ambiental e a

degradação ambiental colabora para aumentar ainda mais a pobreza urbana, pois

ao mesmo tempo em que os moradores das áreas de vulnerabilidade ambiental

degradam o meio ambiente eles acabam sendo vítimas de sua própria agressão, é

21

Não podemos esquecer os outros problemas que um meio ambiente degradado gera aos pobres urbanos: enchentes, desmoronamento de encostas, etc. que causam prejuízos irreversíveis aos

mesmos.

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25

só lembrarmos das enchentes, com alagamentos de casas e perda de móveis,

roupas, sapatos, enfim de quase todos os seus pertences materiais e dos

desmoronamentos, onde muitos perdem suas residências, entes queridos, etc.

Vale então retomar o discurso de Leonard (1992), demonstrando que nessas

“reservas de pobreza” geográficas, é sumamente urgente a necessidade de conciliar

as estratégias antipobreza e de proteção ambiental. A interação entre pobreza e

degradação ambiental deflagra um espiral ascendente de deterioração ecológica,

ameaçando a segurança física, o bem-estar econômico e a saúde de muitas

pessoas.

Predomina na literatura existente sobre a relação entre pobreza e meio

ambiente a ideia de que os pobres tendem a ser os mais prejudicados pela

degradação ambiental. Isso é explicado essencialmente pela sua maior dependência

do uso direto dos recursos naturais e de certos serviços ambientais. A degradação

ambiental prejudica esse uso, e os pobres não dispõem de renda para substituí-lo

nos mercados. Por outro lado, esta dependência os torna potenciais aliados da

conservação e da preservação ambiental. Entretanto, as políticas ambientais têm

sido incapazes de aproveitar esse potencial. Ao contrário, as restrições não

compensadas acabam por agravar a pobreza e por transformá-los de potenciais

aliados em inimigos da defesa do meio ambiente (NOVAES, 2006).

Para Bucknall et. al. (2006), os pobres tendem a ser os mais prejudicados

também em casos de desastres naturais. Eles tendem a afetar a pobreza a curto e a

longo prazo. Exacerbam a privação econômica a curto prazo; podem comprometer o

bem-estar de uma família a longo prazo quando a sobrevivência exige a venda de

bens, como aqueles que a família pretendia usar para custear a educação dos filhos.

Forçam as suas vítimas a abandonar as suas casas à procura de melhores

condições de vida em outros locais.

Os desastres ambientais têm significado prejuízo certo para as populações

mais pobres. É evidente que parcelas da classe média também são vítimas de

eventos como incêndios florestais, enchentes e deslizamentos em cidades,

derramamentos de petróleo e derivados, vazamento de substâncias tóxicas.

Entretanto, são os pobres que pagam o maior preço, tanto na perda de propriedades

como de vidas em incêndios, deslizamentos de terras, alagamentos, destruição dos

manguezais etc.

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26

Bucknall et. al. (2006) vão além, ao afirmarem que as condições ambientais

produzem diversos efeitos sobre a saúde, o trabalho e a segurança dos pobres. Da

mesma forma, as atividades ambientais oferecem meios eficazes de atribuir poder

aos pobres. A atribuição de poder ocorre de duas formas: em primeiro lugar, as

pessoas podem usar seus conhecimentos sobre os recursos ambientais para se

organizar e lutar, e, em segundo lugar, a participação das comunidades locais na

tomada de decisões sobre questões ambientais pode ajudá-las a manter suas

ocupações, obter acesso eqüitativo a recursos e utilizá-los de forma sustentável.

Afirmam, ainda, que intervenções ambientais que beneficiem os pobres

também acarretam benefícios ao meio ambiente. Água mais limpa, ar mais puro e

melhor, saneamento, não só reduzirão a quantidade de doenças que afetam esses

indivíduos como também produzirão um ambiente menos poluído. A melhoria das

condições ambientais, portanto, pode ajudar na redução da pobreza. Oviedo (2006)

também argumenta que “a introdução de práticas sustentáveis de uso dos recursos

naturais traz benefícios ambientais, sociais e econômicos, além de aumentar a

autoestima da população e sua capacidade para o processo de gestão participativa.

E a primeira a se beneficiar é a população local".

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) enfatiza a

importância de dar uma face humana à discussão sobre as questões ambientais:

habilitar as pessoas para que elas se tornem agentes ativos do desenvolvimento

justo e sustentável, estimulando o seu comprometimento e a iniciativa de países em

busca de um futuro próspero e saudável. Proteger o meio ambiente, sim, mas

cuidando essencialmente do ser humano. Dessa forma, a redução da fome e da

pobreza, assim como o melhoramento da saúde, da educação e das oportunidades

para os seres humanos – sobretudo mulheres e crianças – também contribuiria para

reduzir a carga que pesa sobre eles (GÓES et. al., 2004).

A Associação Americana para a Pobreza e Meio Ambiente (PEP - Poverty-

Environment Partnership) lançou um estudo demonstrando que o bom

gerenciamento de políticas ambientais pode ser um fator essencial para diminuir a

pobreza onde ela existe. De acordo com o estudo ficou claro que investir em meio

ambiente traz retorno em vários setores, não só na redução da pobreza, como

também no melhoramento da segurança alimentar, da saúde, na redução do

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27

trabalho infantil, na agricultura e nas perdas de recursos naturais (CARACCIOLO,

2005).

Vale ressaltar que a prevenção, a mitigação e a remediação da degradação

ambiental são obrigações do poder público. Segundo a Agenda Habitat (1997) apud

Silva et. al. (2007, p. 14), “cabe ao Estado à promoção de programas de construção

de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico da

população”. “Esta obrigação está presente também no texto da Constituição

Brasileira de 1988 no artigo 23, inciso IX”. “Nesse contexto, surge o Programa

Habitar Brasil BID, um convênio entre o Governo Federal (Ministério das Cidades),

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Municípios”. (SILVA et. al., 2007.

P, 14)

O Programa Habitar Brasil/BID destina recursos para o fortalecimento institucional dos municípios e para a execução de obras e serviços de

infraestrutura urbana e de ações de intervenção social e ambiental, por meio, respectivamente, do Subprograma de Desenvolvimento Institucional (DI) e do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais

(UAS). (SILVA et. al., 2007. P, 15)

De acordo com os mesmos autores Formosa pleiteou e foi contemplada com

o Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS) em 2002.

Pelo UAS é possível “desenvolver obras e serviços para regularização e urbanização de assentamentos precários, complementados com ações

voltadas para o desenvolvimento comunitário da população residente e a regularização fundiária. Atende famílias de baixa renda, predominantemente na faixa de até 3 salários mínimos, que residam em assentamentos

precários – favelas, mocambos, palafitas, entre outras - localizados em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e capitais de estados”. (SILVA et. al., 2007. P, 15)

A partir daí, o Subprograma de Assentamentos Subnormais começou a ser

implantado na Lagoa dos Santos, considerada pela Prefeitura a principal área a ser

objeto de intervenção e de desenvolvimento dessa política pública no Município de

Formosa. Tal política visava a amenizar os impactos ambientais e a recuperação

parcial das áreas degradadas e objetivava ainda a promoção e a regularização

fundiária, a organização e a mobilização social, oferecendo à comunidade melhores

condições de vida e saúde. A sua implementação ocorreu de 2002 a 2007.

Page 48: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

28

2. LAGOA DOS SANTOS: antes da implantação do Subprograma de

Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS)

2.1. Identificação da área

A Lagoa dos Santos está situada na cidade de Formosa-GO, localizada a

noroeste da sede da Prefeitura Municipal, entre os bairros de Vila Santos, Pampulha

de Brasília e Setor Ferroviário. A cidade de Formosa, maior município da

microrregião do Planalto Central, com 5.827,1 km², situa-se a 79 km da capital

federal, Brasília, e a 280 km da capital do estado de Goiás, Goiânia. Têm como

limites os municípios de Água Fria de Goiás, São João da Aliança, Flores de Goiás e

Vila Boa ao norte, Cabeceiras e Buritis ao leste, Cabeceira Grande ao Sul e

Planaltina de Goiás e o Distrito Federal a oeste (Faria, 2001). Possui altitude média

de 916 metros e posição geográfica determinada pela latitude de 15º 32’ 24” sul, e

longitude de 47º 20’ 08” oeste (PRADO et. al., 2000).

A área da Lagoa dos Santos é de aproximadamente 140.000 m². É

circundada pela Rua 02, Avenida Pedro Monteiro Guimarães, Rua 09 e Rua 12,

fechando assim a poligonal no sentido horário (FARIA, 2001). De acordo com dados

referentes à pesquisa que realizamos no mês de março de 2002, é ocupada por

cerca de 317 famílias, perfazendo um total de 1.263 (mil e duzentos e sessenta e

três) habitantes. Desse total, 251 casas constituem a área ocupada pelos invasores,

nas quais a pesquisa foi realizada por interessar diretamente ao nosso estudo. A

área invadida possui 1.019 (mil e dezenove) habitantes, desses, 495 são homens e

524 são mulheres, conforme pode ser observado na tabela 2.1.

Tabela 2.1 – População Total e Distribuição por Sexos

População Total e Estrutura Sexual

Sexo Número de Pessoas %

Feminino 524 51,4%

Masculino 495 48,6%

Total 1019 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Page 49: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

29

É constituída por lotes que não mantém certa uniformidade em suas

dimensões, distribuídos em quadras pouco regulares. Conta com rede de

distribuição de água da SANEAGO (Saneamento de Goiás S/A), atendendo a

aproximadamente 78,1% da população22 e com energia elétrica fornecida pela

CELG (Companhia Energética de Goiás) que atende a 87,6% das habitações23,

inclusive conta com iluminação pública em todas as ruas. Não existe, porém, rede

de captação de águas pluviais, sarjetas, bocas-de-lobo e meio fio, nem tampouco

rede de esgotamento sanitário. O serviço de coleta de lixo é feito por recolhimento,

realizado pela prefeitura municipal, duas vezes por semana, não atendendo a todos

os moradores. Somente as ruas do entorno possuem pavimentação asfáltica. Não

existe sistema de transporte coletivo atendendo a área em questão. Possui uma

creche que atende 120 crianças, além de uma casa de repouso que abriga 16

idosos (construídos antes da invasão da lagoa, com o intuito de atender moradores

de outros bairros).

2.2. Meio físico

Formosa é geograficamente beneficiada pela abundância de água. O

município situa-se na região das Águas Emendadas, divisor de águas das nascentes

dos rios que correm para a Amazônia, para o Nordeste e para a Bacia do Rio da

Prata. Dentro do perímetro urbano, a cidade conta com várias nascentes e as lagoas

do Abreu (popular lagoinha), Mata da Bica e dos Santos. A situação desses

mananciais é preocupante, pois além do lixo que acaba tendo muitos desses

ambientes como destino, há também os esgotos clandestinos que são lançados nos

mesmos. Existe ainda a Lagoa Feia, que até há pouco tempo não fazia parte da

área urbana do município, mas que agora passa também a ser ameaçada pela

expansão urbana, além dos processos citados anteriormente.

22

Esse percentual sobe para 87,1%, já que cerca de 9% dos moradores do bairro utilizam água da

rede cedida pelos seus vizinhos. 23

Da mesma forma que o abastecimento de água, o percentual de moradias com energia elétrica aumenta, chegando a atingir 95%, já que 7,6% da população obtêm energia clandestinamente ou

puxando da residência ao lado.

Page 50: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

30

As três lagoas fazem parte naturalmente das nascentes do Rio Preto, que por

sua vez é afluente do Rio São Francisco. Formosa tem o privilégio de ter nascentes

de águas formadoras da Bacia do Amazonas. O curso de águas que nasce na

Lagoa do Abreu (Lagoinha), corta a cidade através galerias subterrâneas e chega

até a Lagoa dos Santos, antes desaguava na Lagoa Feia. A prefeitura, na gestão

94/97, construiu um canal, desviando o curso de água para a fazenda Brocotó,

chegando ao Rio Bandeirinha, afluente do Amazonas (NEGRÃO, 2000).

No verão, período de chuvas abundantes, a Lagoa dos Santos atingia vários

metros de profundidade, sua largura e comprimento também variavam de acordo

com a época do ano. No entanto, as suas águas nunca secavam totalmente,

conforme as fotos 21, 22, 23 e 24, datadas do mês de agosto de 1980, mês no qual

a precipitação pluviométrica era quase inexistente no município de Formosa. Suas

águas eram tão limpas que as pessoas a tomavam sem nenhum tratamento ou

filtração. A fauna e a flora diversificadas eram a imagem da sua orla. A caça e a

pesca um dos passatempos mais comuns da época. Existia grande variedade de

peixes, entre os quais se destacavam a traíra e o bagre. Os animais que viviam em

função desse habitat natural eram: os jacarés, as pacas, os caititus, dentre outros

(SOUZA et. al., 1997).

A Lagoa dos Santos era um local de referência para o lazer dos moradores de

Formosa. Havia vários campos de futebol de terra batida nas suas proximidades,

que não podiam ser utilizados na época das cheias, pois a água da lagoa subia e os

mesmos ficavam submersos. Porém, na cidade não existia uma rede de esgotos e a

lagoa acabava servindo também para esse fim, além disso, os moradores ribeirinhos

jogavam em suas margens todo tipo de resíduos. Nos períodos chuvosos o volume

de suas águas aumentava bastante se escoando em direção ao nordeste, mais

precisamente para o córrego denominado de Zé Fagomes, afluente da Lagoa Feia.

Se ainda hoje existisse a Lagoa dos Santos, suas águas atingiram as ruas Visconde

de Porto Seguro e Valeriano de Castro.

A geomorfologia da cidade de Formosa apresenta-se ondulada e está

localizada no patamar hipsométrico dos 900 m. A região oeste da cidade, onde está

inserida a área da lagoa, encontra-se numa encosta que sobe o córrego Beira Rio

(cotas entre 900m e 935 m) no sentido oeste da periferia, atingindo cotas perto dos

1.000 m em pontos distantes do centro. A Lagoa dos Santos representa um dos

Page 51: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

31

pontos mais baixos da cidade, 900 m, e faz uma transição para um trecho a

noroeste da cidade, marcado geomorfologicamente pela presença de uma marcante

borda de ruptura, caracterizada por uma área extremamente recortada e com

encostas íngremes. Essa borda de ruptura, bastante marcante, que se aproxima

muito da cidade no seu limite noroeste continua existindo de forma um pouco menos

acentuada e com pequeno afastamento ao norte, a oeste e a sudeste desta,

constituindo-se em forte barreira para a expansão horizontal da cidade. Está situada

em área com declividade de no máximo 3%, estando circundada por áreas com

declividade variando de 3% a 10% (FARIA, 2001).

O clima é o tropical continental, semiúmido e relativamente ameno, com

precipitação anual variando entre 1.500 mm a 1.600 mm. A temperatura varia entre

12° C a mínima e 27º C a máxima, com média térmica de 19° C. O período chuvoso

se estende de outubro a março, seu maior índice ocorre em janeiro. O período de

seca vai de maio a setembro com índice pluviométrico mínimo no mês de junho.

A vegetação existente no município é típica do cerrado, onde se apresenta

sob diversas fisionomias, seguindo uma graduação que vai do tipo arbóreo ao

herbáceo arbustivo. Predominam os tipos arbustivos, mas é marcante a presença

dos arbóreos relativamente baixos, bastante espaçados. As árvores são tortuosas e

acham-se disseminadas em meio a arbustos e vegetação de pequeno porte,

constituída em geral por gramíneas. Nas proximidades da Lagoa dos Santos, as

formações vegetais são muito escassas, porém, ainda se pode observar, no centro

da mesma, durante o período de seca, vegetações típicas de meios aquáticos.

2.3. Histórico de ocupação da Lagoa dos Santos

Segundo Faria (2001), a Lagoa dos Santos era um recanto silvestre de

indiscutível beleza. Do ponto de vista hidrológico, era responsável pelo processo de

regularização das grandes vazões afluentes durante o período chuvoso. Situada no

fundo de uma micro-bacia hidrográfica isolada, ela acumulava águas que se

precipitavam durante as chuvas e escoavam superficialmente, controlando seu fluxo

por um sangradouro natural que permitia formar o Córrego do Registro, afluente do

Córrego do Abreu e um dos formadores da Lagoa Feia. Como essa bacia tinha uma

Page 52: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

32

boa cobertura vegetal e solos bem estruturados, havia também uma boa recarga dos

aqüíferos que durante o período seco, afloravam lentamente no fundo da Lagoa,

preservando seu nível mínimo.

A cidade de Formosa crescia em direção à lagoa, e este crescimento

acelerado não respeitou o leito por onde a mesma escoava suas águas. Com o

crescimento, as partes mais altas da bacia foram sendo desmatadas e ocupadas. As

edificações iam surgindo e os solos cada vez mais se compactavam. As taxas de

infiltração se reduziam e o nível d’água na Lagoa foi diminuindo. À medida que a

ocupação foi crescendo, as inundações se tornaram cada vez mais comuns, até que

ficasse definido o limite entre a ocupação segura e as áreas inundáveis e de risco a

fixação de moradias.

Por volta da metade dos anos 80, um período de muitas chuvas castigou a

cidade de Formosa, conseqüentemente as águas da lagoa começaram a subir até

invadir as casas “ribeirinhas”, até então inatingíveis. A Prefeitura Municipal de

Formosa achou por bem tomar alguma decisão acerca do problema existente. A

solução foi a criação de um dreno com a finalidade de diminuir o volume de águas

da lagoa (Fotos 25, 26 e 27). O problema foi “solucionado”, porém, passado o

período de chuvas a Prefeitura não fechou o dreno, conseqüentemente, a vasão de

água foi maior do que as reposições feitas pelas nascentes, já bastante castigadas

pela poluição (SOUZA et. al., 1997).

Durante o período das secas, o local pouco deixou transparecer a existência

da lagoa, e foi justamente num período de secas que ocorreram as primeiras

invasões. Posteriormente, com o crescimento da invasão, a Prefeitura seguindo os

apelos dos invasores, dado o alagamento e o estado de calamidade enfrentado

pelos mesmos durante as chuvas, tentou amenizar o problema aumentando o canal

para cerca de 2 metros de profundidade por 2,30 metros de largura. Este canal

mostrou a falta de experiência e planejamento por parte dos técnicos da Prefeitura,

que sem nenhum estudo de impacto ambiental realizaram um crime contra o meio

ambiente. Para completar o erro, o dreno realizado pela Prefeitura tomou a direção

norte, colocando a Lagoa dos Santos como afluente do Rio Bandeirinha, pertencente

à Bacia Amazônica, por sua vez, como dito anteriormente, a Lagoa dos Santos era

afluente da Lagoa Feia pertencente à Bacia do São Francisco, sendo, portanto, o

curso natural das águas em direção ao nordeste.

Page 53: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

33

A situação se complicava cada vez mais, pois, no início dos anos 90, um

grupo de invasores, com o amparo da justiça, ocupou o leito da lagoa. O então

Prefeito José Saad manda aterrar a área como intuito de proteger a população local

dos rigores da natureza. Porém, tais providências que visavam minimizar o

sofrimento daquelas famílias, tomaram rumos inesperados, atraindo mais invasores

e ampliando ainda mais o problema, já que os mesmos ocuparam a área mais crítica

da lagoa. De nada adiantou os apelos do Prefeito que pedia exaustivamente para

que se retirassem do local, alegando que a área era imprópria para a instalação de

moradias, era uma área de risco. Dessa forma, cansado de insistir e desmotivado

por estar em fins de mandato José Saad se desliga do problema deixando toda a

carga para o seu sucessor, Jair Gomes de Paiva.

Os problemas resultantes das inúmeras enchentes que inundavam as casas

não passam despercebidos na gestão do novo prefeito. Em contrapartida, surgem os

apelos e súplicas, os órgãos assistenciais locais se manifestam agindo e cobrando

providências imediatas da prefeitura. Entretanto, as autoridades pouco fizeram por

aquelas famílias.

No ano de 1991, o então prefeito Jair Gomes de Paiva, preocupado com a

situação daquelas pessoas que insistiam em permanecer habitando um local que

oferecia altos riscos às suas vidas, requereu um mandato de segurança solicitando

ao judiciário uma ordem de desocupação do terreno. O requerimento foi julgado e

aceito, sendo despachado pelo juiz da Comarca de Formosa. Rapidamente foi

acionada a Polícia Militar, ordenada a cumprir o referido mandato. Porém, houve

resistência dos invasores, que liderados por Anísio Freitas e Enedina solicitam os

serviços do advogado e político Ivan Ornelas, que prontamente aceita e interfere no

caso, dando novo rumo às negociações (PRADO et al., 2000).

De imediato, ele passa a incentivar a permanência das famílias no local. Logo

encaminha ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás um mandato de segurança

pedindo a derrubada do veredicto. Posteriormente, o mesmo tribunal, na pessoa do

Desembargador Jamil Pereira Macedo, julga e concebe liminar favorável a

permanência das famílias no terreno da antiga lagoa. Dessa forma, derruba o

mandato de segurança que a Prefeitura de Formosa tinha obtido junto ao judiciário,

autorizando a desocupação da área (SOUZA et. al., 1997).

Page 54: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

34

A maneira pela qual foi procedida a invasão da Lagoa dos Santos chocou a

todos os formosenses. Aquele canal, marco inicial da invasão, representa um crime

contra a natureza e contra a própria sociedade. Os moradores se entristecem ao

recordar a perda de um ponto de lazer e turismo de infinita beleza.

A invasão ocupou a maior parte da área que antes era tomada pelo espelho

d’água da Lagoa (Fotos 31 a 36). Ressalte-se que a orla da lagoa é ocupada por

habitações regularizadas, escrituradas, e que a invasão está localizada nas cotas

mais baixas do sítio da bacia, as quais são totalmente inundadas na época chuvosa

(outubro a março), expulsando a maioria dos habitantes das moradias ali

construídas em situação ilegal. Devido a essas inundações, o sítio constitui-se em

área de risco. São 1019 habitantes ocupando 251 moradias, correspondendo a uma

densidade populacional de 4,05 hab/moradia (no Bairro como um todo a densidade

populacional média é de 3,98 hab/moradia), com área média construída igual a 35

m², sendo que existem 22 moradias com mais de uma família (Tabela 2.2).

Atualmente não se registram novas invasões na área, tendo em vista que a

Prefeitura Municipal está diariamente fiscalizando o local para inibir a ação de novos

invasores e propiciar a estabilização da área (FARIA, 2001).

Tabela 2.2 – Número de Famílias por Residências

Número de Famílias por Residência

Unifamiliar 229 91,2%

Cohabitada 2 famílias 19 7,6%

Cohabitada 3 famílias 2 0,8%

Cohabitada 4 famílias 1 0,4%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Page 55: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

35

2.4. Caracterização e condições dos domicílios

O Bairro Lagoa dos Santos possui 317 casas, sendo que a área invadida é

composta por 251 edificações e as demais (66) encontram-se em lotes regularizados

e escriturados (Faria, 2001). O tipo de uso das edificações é distribuído entre

residência e comércio, sendo que 94,8% correspondem ao primeiro tipo de utilização

e 5,2% são de uso misto - residência e comércio (Tabela 2.3).

Tabela 2.3 – Tipo de Uso das Residências

Tipo de Uso das Residências

Residencial 238 94,8%

Residencial/Comercial 13 5,2%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

No tocante à área construída, cerca de 12% das edificações possuem entre 9

m² e 25 m² , 60% entre 30 m² e 40 m², 20% entre 41 m² e 60 m² e 8% entre 61 m² e

100 m². A exceção é um prédio residencial de 2 (dois) andares com área construída

de 280 m². A quantidade de cômodos varia de 1 (um) a 5 ou mais (cinco ou mais),

tendo em vista que a área construída varia de 9 m² a 100 m² (Tabela 2.4).

Tabela 2.4 – Número de Cômodos por Residência

Número de cômodos por Residência

1 Cômodo 15 6,0%

2 Cômodos 28 11,2%

3 Cômodos 38 15,1%

4 Cômodos 54 21,5%

5 ou mais Cômodos 116 46,2%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Page 56: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

36

Com relação à existência de banheiro, ele existe em 82% das residências. Em

65,3% dos domicílios ele é interno, em 16,7% é externo e em 18% não existem

banheiros. Nesses casos, os moradores utilizam o banheiro do vizinho ou dos

parentes que residem no bairro (Tabela 2.5).

Tabela 2.5 – Existência de Banheiro no Domicílio

Número de Residências com Banheiro

Banheiro Interno 164 65,3%

Banheiro Externo 42 16,7%

Não Possui 45 18,0%

Total 251 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

De um modo geral, as edificações foram construídas empregando-se o

concreto ciclópico para as fundações, tijolos cerâmicos de seis furos para paredes e

muros e, em alguns casos colunas de sustentação e vigamento em concreto armado

(Tabela 2.6).

Tabela 2.6 – Tipos de Paredes

Tipos de Paredes

Alvenaria 248 98,8%

Madeira 2 0,8%

Outros 1 0,4%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Em 66,5% das coberturas foram empregadas estruturas de madeira e telha

de cimento amianto, 1,6% é coberta com laje, 0,4% com plástico/lona e, as demais

31,5% são cobertas com telhas de barro (Tabela 2.7).

Page 57: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

37

Tabela 2.7 – Tipos de Coberturas

Tipos de Coberturas

Amianto/Zinco 167 66,5%

Telha de Barro 79 31,5%

Laje 4 1,6%

Plástico/ Lona 1 0,4%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

A pavimentação do piso é feita com concreto pobre ou liso (71,3%), ladrilho

cerâmico (15,5%), terra batida (10,8%), outros (2,4%) conforme a tabela 2.8.

Tabela 2.8 – Tipos de Pisos

Tipos de Pisos

Cimentado 179 71,3%

Cerâmica/Madeira 39 15,5%

Terra Batida 27 10,8%

Outros 6 2,4%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

O revestimento interno e externo é feito com argamassa de areia e cimento

ou areia e cal hidratada. Não mais que 30% das moradias possuem suas paredes

revestidas com argamassa. As demais moradias, que equivalem à cerca de 70% do

total não possuem revestimento interno ou externo, permanecendo apenas na

alvenaria. A maioria das casas não possuem forro ou laje e os pontos de luz são

distribuídos um para cada cômodo, sempre com tubulação aparente.

Page 58: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

38

Com relação ao módulo hidráulico, apesar de 78,1% das casas possuírem

água encanada há deficiências, necessitando, portanto, de se completar suas

instalações hidráulicas (Tabela 2.9).

Tabela 2.9 – Origem da Água Consumida

Origem da Água Consumida

Rede Pública 196 78,1%

Cisterna 33 13,1%

Cedida 22 8,8%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Quanto aos serviços de energia elétrica, 87,6% dos moradores contam com

ligações regularizadas atendidas pela CELG, 7,6% utilizam energia clandestina

através de gambiarras e 4,8% não possuem energia elétrica em suas residências

(Tabela 2.10).

Tabela 2.10 – Origem da Energia Elétrica

Origem da Energia Elétrica

Rede pública (CELG) 220 87,6%

Puxada / Gambiarra 19 7,6%

Não possui 12 4,8%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Na maioria dos domicílios, 62,5%, o lixo é coletado pela Prefeitura Municipal,

apesar de os moradores reclamarem muito quanto ao intervalo da coleta, que ocorre

somente duas vezes por semana. Em 31,5% os moradores afirmaram queimar o lixo

produzido diariamente. Em 5,6% dos domicílios o lixo é lançado a céu aberto,

Page 59: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

39

normalmente, em lotes baldios. Apenas 0,4%, o que corresponde a um domicílio,

enterra os resíduos produzidos na residência (Tabela 2.11).

Tabela 2.11 – Destino dos Resíduos Sólidos

Destino dos Resíduos Sólidos

Coletado 157 62,5%

Queimado 79 31,5%

Céu Aberto 14 5,6%

Enterrado 1 0,4%

Total 251 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Os despejos dos vasos sanitários e águas provenientes de chuveiros,

lavatórios, pias de cozinha e tanques de lavar roupas são canalizados para fossas

sépticas (80,5%). Em muitos casos são lançados a céu aberto (19,5%), já que o

bairro não possui rede de esgoto (tabela 2.12).

Tabela 2.12 – Destino dos Resíduos Líquidos

Destino dos Resíduos Líquidos

Fossa Séptica 202 80,5%

Não tem 34 13,5%

Céu Aberto 15 6,0%

Rede Pública 0 0,0%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Page 60: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

40

2.5. Perfil sócio-econômico dos moradores

Conforme dados coletados nos trabalhos de pesquisa realizados em março

de 2002, foi constatado que a renda das famílias que residem na Lagoa dos Santos

é muito baixa. Em linhas gerais e, considerando o universo de 251 famílias visitadas,

esse perfil se expressa em termos percentuais da seguinte forma: 45,8% das

famílias vivem com até um salário mínimo, 33,1% das famílias entre um e dois

salários mínimos, 10% das famílias entre dois e três salários, 5,2% de três a quatro

salários, 2,4% entre quatro e cinco e apenas 3,6% com mais de cinco salários

mínimos, conforme mostra a tabela 2.13.

Tabela 2.13 – Renda Familiar em Salários Mínimos

Renda Familiar em Salários Mínimos

Salário Número de Pessoas %

Até 1 115 45,8%

Mais de 1 até 2 83 33,1%

Mais de 2 até 3 25 10,0%

Mais de 3 até 4 13 5,2%

Mais de 4 até 5 6 2,4%

Mais de 5 9 3,6%

Total 251 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Para Faria (2001), as causas geradoras desse limitado rendimento familiar

são a seguintes:

Baixo nível de escolaridade da PEA24,

24

A população economicamente ativa, ou simplesmente população ativa, compreende o potencial de

mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada, assim definidas: população ocupada - aquelas pessoas que, num determinado período

de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias). População Desocupada - aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma

providência efetiva (consultando pessoas, jornais, etc.) (IBGE, 2010).

Page 61: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

41

Baixo índice de profissionalização;

Elevado contingente de mulheres como chefe de família;

Carência de oferta de emprego na cidade.

Segundo o mesmo autor, é oportuno acrescentar que 60% da população

masculina economicamente ativa não têm emprego fixo. A maioria tem alguma

iniciação profissional na área de construção civil (pedreiro, ladrilheiro, armador,

serralheiro eletricista, bombeiro, encanador etc.), trabalham como diarista e/ou sob

regime de subempreitada, num regime descontinuado, uma vez que, terminada uma

obra, ficam aguardando surgir outra, onde possam pleitear trabalho.

O comprometimento médio mensal com o pagamento de taxas, encargos,

impostos, moradia e transporte varia entre 10% e 15% do rendimento familiar, já que

quem mora na área invadida paga apenas a taxa de consumo de energia elétrica e

água encanada (quando dispõe desses benefícios). Para os moradores que pagam

aluguel, o encargo médio verificado nesse segmento foi de R$ 60,00 (sessenta

reais).

O grau de escolaridade também é muito baixo. O percentual de pessoas que

não sabem ler ou escrever atinge 31% da população adulta. Apenas 14,6% da

população chega ao ensino médio. Quanto ao ensino superior, o percentual é ainda

pior, são apenas 1,6% da população cursando uma instituição destinada a tal

finalidade (tabela 2.14).

Tabela 2.14 – Nível de Escolaridade da População Adulta

Nível de Escolaridade da População Adulta

Ensino Fundamental 271 52,8%

Não Sabem Ler e Escrever 159 31,0%

Ensino Médio 75 14,6%

Ensino Superior 8 1,6%

Total 513 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Page 62: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

42

Com relação aos chefes de família, a situação não é diferente, 24,3% não

sabem ler e escrever, 66,5% tem o ensino fundamental, 8,4% o ensino médio e

apenas 0,8% o ensino superior (Tabela 2.15).

Tabela 2.15 – Nível de Escolaridade dos Chefes de Família

Nível de Escolaridade dos Chefes de Família

Ensino Fundamental 167 66,5%

Não Sabem Ler e Escrever 61 24,3%

Ensino Médio 21 8,4%

Ensino Superior 2 0,8%

Total 251 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

No que diz respeito à qualificação profissional dos moradores, o contingente

não ultrapassa 10% da população, resumindo-se a motoristas, auxiliares de

enfermagem, cabeleireiros, manicuras e pedreiros.

Os dados acima revelam uma população de baixo poder aquisitivo, é possível

que a alimentação seja deficiente e, consequentemente, haja pouca resistência

orgânica. Esse estado crítico reduz a capacidade imunológica dessas pessoas,

expondo-as a gripes, resfriados, infecções intestinais, verminoses, hepatite, doenças

ósseas etc. Essa situação se complica ainda mais, já que os moradores da Lagoa

dos Santos não dispõem de um posto de saúde ou hospital no bairro, apresentando

então carência de assistência médico-hospitalar. De fato, os habitantes da lagoa não

dispõem de um ambiente adequado à moradia, pois também não existe escola,

comércio local, rede de esgoto, linhas telefônicas, etc. para todos e muito menos

posto policial, deixando o bairro vulnerável a ações criminosas, dentre as quais se

destaca o tráfico de drogas.

Page 63: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

43

2.6. Diagnóstico sócio-ambiental

A situação sanitária é grave. Na época da seca são as águas servidas que

circulam livremente pela superfície e na época das chuvas, os alagados que se

constituem formam um ambiente propício ao desenvolvimento de agentes

propagadores de doenças endêmicas (Fotos 31 a 36).

Durante o período chuvoso o volume de águas da Lagoa dos Santos aumenta

SIGNIFICATIVAMENTE. Esse índice de aumento deve-se ao fato de, como já

destacado, ter existido nesse local uma lagoa. Ao destruírem uma parte da natureza

e dar início à construção de casas onde existia apenas água, os moradores

acabaram provocando um desequilíbrio naquele ecossistema e consequentemente o

problema das enchentes. Outro fato que propicia a ocorrência dessas é o volume de

água que vem das áreas mais altas e se acumulam na lagoa. Além disso, existe na

área um lençol freático que a partir do momento que começa a chover aflora suas

águas contribuindo ainda mais para aumentar o volume das enchentes. Apenas dois

dias de chuvas intensas é o suficiente para inundar toda a área. O nível de água

durante as chuvas sobe de 30 cm a 1 m, com isso as casas ficam alagadas e o

desespero se espalha entre as famílias que não tem para onde ir (Fotos 33 e 34).

A proliferação de doenças é facilitada pelas águas empoçadas, mesmo na

época da seca, e também pelo dreno exposto, sujeito à contaminação tanto pelos

detritos que são jogados pelos moradores, como pela diversidade de roedores e

bactérias que se aglomeram em seu percurso (Fotos 32, 35 e 36). As principais

doenças detectadas pelos agentes de saúde são doenças de pele e verminoses. As

crianças são contaminadas ao entrarem em contato com a água empoçada ou ao

pescarem no dreno criado pela prefeitura, já os adultos devido à proximidade que a

água estagnada fica de suas casas e ao mau cheiro propiciado pelo apodrecimento

da mesma.

A falta de esgotamento sanitário cria outro problema sério, a construção de

fossas, que além de contaminarem o lençol freático (muito próximo à superfície, em

algumas áreas ele chega a aflorar), fonte de abastecimento de água de 13,1% da

população local (parte da população consome água proveniente de cisternas), ainda

ficam abertas servindo de convite à proliferação de inúmeros insetos e roedores,

Page 64: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

44

sem falar no odor insuportável que se espalha por todos os lados. A poluição das

águas superficiais se dá pelos esgotos a céu aberto ou tubulações clandestinas que

de diversas maneiras chegam até o local. Como dito anteriormente, algumas

doenças são causadas por veiculação hídrica, que poderiam ser evitadas se a área

contasse com os serviços de saneamento básico.

O lixo é outro grande problema para a área em questão, pois a população que

aí reside é, geralmente, de baixa instrução, não dando a atenção devida para a

questão. Dessa forma, o lixo é despejado nos quintais ou em recipientes

inadequados para a coleta. A coleta efetuada pelos órgãos competentes é também

irregular, contribuindo ainda mais para o aumento da sujeira. As poças d’água são

também comuns, acentuando ainda mais o estado caótico do local.

Originalmente, a lagoa permanecia o ano todo com um espelho d’água

perene, aumentando o volume na época chuvosa e diminuindo na época seca. Na

década de 80, como dito anteriormente, foi aberta uma vala no centro da lagoa, no

sentido sudeste/noroeste até as terras da fazenda Brocotó, por onde passaram a

escoar as águas, dando origem a um processo erosivo que hoje alcança grandes

proporções (Fotos 25, 26, 28, 29 e 30).

Do ponto de vista ambiental, verifica-se ai uma profunda impactação,

decorrente da ocupação desordenada da área pelo homem, com sérios reflexos

tanto para os ocupantes, no que tange à qualidade de vida e à saúde pública,

quanto para o próprio ecossistema local, totalmente degradado e exposto a todo tipo

de poluição.

Nesse sentido, é evidente a necessidade de urbanização do assentamento,

com a instalação de aparelhos públicos de infraestrutura que permitam transferir à

comunidade as condições mínimas de higiene, saúde, educação, lazer e segurança,

como ações emergenciais de melhoria da qualidade de vida.

2.7. Percepção e soluções quanto aos problemas do bairro

Nesta parte do trabalho analisamos a percepção e as soluções propostas

pelos moradores em torno das dificuldades que enfrentam no dia a dia em vários

Page 65: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

45

setores. Assim, eles foram questionados sobre alguns dos problemas diários e quais

as melhorias deveriam ocorrer no bairro. A pesquisa foi realizada em março de

2002.

Quando questionados sobre que tipos de melhorias gostariam que

ocorressem em seu domicílio, 37,5% disseram desejar que os mesmos passassem

por uma reforma, 29,1% gostariam que fosse construída a rede de esgoto no bairro,

para onde destinariam seus resíduos líquidos, 19,5% optaram pela construção de

um novo imóvel, que os permitisse ter condições mais dignas de moradia, 9,2% que

as suas cisternas e a água cedida pelos vizinhos fossem substituídas pela água

proveniente da rede pública, 4,4% optaram por outros tipos de melhoria, que vai

desde a aquisição de um móvel novo até eletrodomésticos melhores, e apenas um

morador afirmou que gostaria de ter energia elétrica em sua residência (tabela 2.16).

Tabela 2.16 – Tipos de Melhorias para o Domicílio

Tipos de Melhorias para o Domicílio

Reforma do Imóvel 94 37,5%

Rede de Esgoto 73 29,1%

Construção de Imóvel 49 19,5%

Água Encanada 23 9,2%

Energia Elétrica 1 0,4%

Outro 11 4,4%

Total 251 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

No que diz respeito às áreas sobre as quais acham que os investimentos

públicos são prioridade e que a comunidade necessita que haja melhoras, 39,4%

apontaram a saúde como a principal, 27,9% responderam que a geração de renda,

15,5% acredita que é a educação, 5,2% optaram pela cultura, 4,8% por mais

segurança, 3,2% acham que deve se investir mais no esporte, 2% no lazer da

comunidade e 2% em outras áreas (Tabela 2.17).

Page 66: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

46

Tabela 2.17 – Prioridades de Investimento

Áreas Prioritárias para se Investir

Saúde 99 39,4%

Geração de Renda 70 27,9%

Educação 39 15,5%

Cultura 13 5,2%

Segurança 12 4,8%

Esporte 8 3,2%

Lazer 5 2,0%

Outros 5 2,0%

Total 251 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

No tocante às melhorias que deveriam ocorrer no bairro, 37,1% responderam

que desejavam que no bairro existisse um posto de saúde, pois o hospital municipal

fica a quilômetros de distância e a maioria dos moradores tem dificuldades para

chegar até o local, pois não existe sistema de transporte público que os atenda,

24,7% gostariam que fosse construída a rede de esgoto, para resolver o problema

dos resíduos líquidos gerados em suas residências, 12,7% destacaram que a

prioridade seria a construção de um posto policial, dado o alto índice de violência

que assola a comunidade, 7,6% optaram pela pavimentação asfáltica, por causa da

poeira e da lama, 5,2% pela construção de uma escola de ensino fundamental, já

que as crianças têm que se deslocar para outros bairros para poderem ir à escola,

4,8% pela limpeza do bairro, considerado muito sujo, propiciando o alastramento de

insetos, roedores e doenças, que atingem principalmente as crianças, 2,8% pela

iluminação pública, pois não existe e dificulta o deslocamento dos moradores à

noite, além de contribuir para o aumento da criminalidade, 2% pela construção de

uma escola de ensino médio, 0,4% pelo plantio de árvores, 0,4% por uma área

destinada exclusivamente ao comércio, 0,4% pelo aterro de seu lote, para evitar o

problema das enchentes e 0,4% outros tipos de melhoria (Tabela 2.18).

Page 67: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

47

Tabela 2.18 – Tipos de Melhorias para o Bairro

Tipos de Melhorias para o Bairro

Posto de Saúde 93 37,1%

Rede de Esgoto 62 24,7%

Posto Policial 32 12,7%

Pavimentação Asfáltica 19 7,6%

Escola de Ensino Fundamental 13 5,2%

Limpeza do Bairro 12 4,8%

Iluminação Pública 7 2,8%

Escola de Ensino Médio 5 2,0%

Coleta do Lixo 4 1,6%

Plantio de Árvores 1 0,4%

Área para Comércio 1 0,4%

Aterro do Lote 1 0,4%

Galeria de Águas Pluviais 0 0,0%

Outros 1 0,4%

Total 251 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Com relação aos projetos que a comunidade gostaria que fossem colocados

em prática e que teriam o apoio comunitário, 27,5% responderam que as

campanhas de limpeza do bairro, 25,1% um projeto que viesse a melhorar o

atendimento à saúde da comunidade, 14,7% a criação de cursos de capacitação

profissional, 14,7% a implantação de uma horta comunitária, 5,2% ajudariam na

fiscalização para impedir novas invasões, 4% apoiariam a construção de uma

quadra poliesportiva, algo que contribuiria para a retirada das crianças e jovens das

ruas, 1,2% disse que a realização de eventos culturais conta com seu apoio, 0,8%

participaria de campanhas de arborização do bairro e 6,8% disseram que gostariam

que existisse um projeto para a construção de uma escola no bairro (Tabela 2.19).

Page 68: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

48

Tabela 2.19 – Projetos Apoiados pela Comunidade

Projetos Apoiados pela Comunidade

Campanhas de Limpeza Urbana 69 27,5%

Melhoria do Atendimento à Saúde 63 25,1%

Implantação da Horta Comunitária 37 14,7%

Criação de Cursos Profissionalizantes 37 14,7%

Fiscalização Contra Novas Invasões 13 5,2%

Construção de Quadra Poliesportiva 10 4,0%

Realização de Eventos Culturais 3 1,2%

Campanhas de Arborização 2 0,8%

Outro(s) 17 6,8%

Total 251 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2002).

Page 69: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

49

3. PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO DA LAGOA DOS SANTOS –

PROGRAMA HABITAR BRASIL/BID – SUBPROGRAMA DE

URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS SUBNORMAIS (UAS)

No contexto atual de reestruturação produtiva, associada à intensificação de

uso de tecnologia e redução da mão-de-obra, principalmente a menos qualificada,

não é totalmente trivial estabelecer mecanismos que propiciem a geração de

emprego e renda e que resultem em redução da pobreza absoluta (ROCHA, 1997).

No caso da pobreza, envolvendo grandes contingentes populacionais em um

contexto de complexidade produtiva crescente e elevada desigualdade de renda,

iniciativas voltadas para a redução da pobreza absoluta se classificam em duas

categorias básicas: aquelas diretamente vinculadas à melhoria de renda via inserção

no mercado de trabalho; e as de cunho social, cuja finalidade é dar suporte à

população pobre, visando melhorar sua condição de vida presente e reduzindo a

incidência de pobreza no futuro25.

As iniciativas ligadas à política social stricto sensu devem objetivar, com base na caracterização dos pobres e nos principais determinantes da pobreza, o apoio aos grupos sociais mais vulneráveis, amenizando as

situações de carência crítica. Garantia de acesso a serviços de qualidade na área de educação, saúde e promoção social têm importância fundamental para a melhoria das condições de vida no presente e no futuro.

Ações sociais voltadas para os jovens em áreas de concentração de pobreza absoluta, combinando promoção comunitária e capacitação para o trabalho, devem visar à redução da marginalidade, da incidência de

maternidade precoce e à promoção da inserção social. Em última instância, o objetivo da ação social no combate à pobreza é operar na área de ineficiência dos mecanismos de mercado de trabalho, viabilizando a

redução paulatina da pobreza absoluta e das desigualdades (ROCHA, 1997, p.15).

O acesso a terra, um dos maiores desafios do campo brasileiro,

também constitui um grave problema nas cidades do nosso país, que sofrem com

uma espécie de "bomba socioecológica", fruto da falta de planejamento. O modelo

urbanístico brasileiro, inspirado em padrões do chamado primeiro mundo e

comprometido apenas com a “cidade oficial”, perdeu as rédeas da exclusão

representada pela gigantesca ocupação ilegal do solo urbano. Na “cidade oculta”, o

que temos, realmente, é uma máquina de produzir favelas, moradias fora da lei e

cidades sem conhecimento técnico, sem financiamento público ou privado. É aí que

25

A política pública analisada em nosso trabalho vai ao encontro com essa última categoria de

iniciativa do poder público visando à redução da pobreza.

Page 70: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

50

se dá o embate entre a preservação do meio ambiente e o crescimento urbano.

Toda a legislação que pretende ordenar o uso e ocupação do solo é aplicada à

cidade legal, visível, à cidade do mercado. Mas não se aplica à outra parte,

justamente a que mais cresce (MEIRELES, 2000).

Entre 1995 e 1999, foram construídas no Brasil 4,4 milhões de

moradias, das quais apenas 700 mil, aproximadamente, dentro do mercado formal.

Isso significa que mais de três milhões de domicílios foram construídos em terras

invadidas ou em áreas inadequadas. Essa situação já se verificava no passado. Na

década de 80, a maior taxa de ocupação do solo em São Paulo foi registrada em

Áreas de Proteção de Mananciais (APMs). Esse nó é difícil de desatar,

principalmente pela má gestão do uso do solo e ausência de uma política

habitacional. Maricato (2000) explica que a aplicação dos vultosos investimentos do

Sistema Financeiro de Habitação (SFH) do extinto Banco Nacional da Habitação

(BNH), ao longo de 22 anos, a partir de 1964 até a sua extinção, não só impediu a

quebra dessa dinâmica de ocupação ilegal de terras urbanas, como, ao contrário,

aprofundou a dualidade entre mercado e exclusão. "Contribuiu, decisivamente, para

consolidar o mercado de relações capitalistas restrito a uma parcela da população".

Além de ficar de fora do mercado imobiliário formal, e, portanto, dos cadastros

oficiais dos governos municipais, estaduais ou federais, a cidade oculta não cabe

ainda, de modo rigoroso, nos levantamentos elaborados pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

Nesse sentido, é que a ocupação territorial e sua gestão ambiental

adequada sempre foi um dos principais desafios do Poder Público quando investido

do papel de regulador do uso e ocupação do solo. A população urbana aumenta

continuamente no mundo. Segundo o Relatório do World Resources Institute (WRI)

sobre o meio ambiente urbano (W.R.I. 96/97) na próxima década metade da

população mundial, aproximadamente 3,3 bilhões de pessoas, estará vivendo nas

cidades e em 2025 dois terços da população do mundo será urbana. Alia-se a isto o

crescimento da faixa de exclusão social e a reduzida capacidade de investimento do

Estado, o que faz com que um percentual cada vez maior de pobres viva em

condições precárias nas cidades. Como resultado, tem-se um agravamento crescente

dos problemas ambientais urbanos, notadamente aqueles relativos à poluição e

degradação do território (JATOBÁ, 2000).

Page 71: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

51

Em Formosa, estes problemas são agravados em função da forte

urbanização de seu espaço físico – 91,96% da população é urbana. As principais

vulnerabilidades ambientais do território são: a poluição dos recursos hídricos e a

ocupação desordenada dos solos urbanos. Assim, as questões ambientais mais

relevantes estão diretamente relacionadas à forma da ocupação territorial e à

carência de uma infraestrutura adequada. A expansão acelerada da área urbana nos

últimos dez anos tem demandado elevados investimentos públicos para atenuar os

problemas urbanos e ambientais. Os instrumentos de gestão urbana e ambiental

praticados, por sua vez, não têm sido eficazes no controle da qualidade ambiental

das novas ocupações.

Por outro lado, quando se considera a baixa efetividade dos

instrumentos de gestão utilizados na avaliação e monitoramento de impactos

ambientais nos parcelamentos urbanos, verifica-se que têm agravado os passivos

ambientais gerados pelas ocupações populacionais. Manifesta-se, portanto, a

necessidade de reavaliar a aplicação destes instrumentos e, em alguns casos, propor

novos modelos de gestão ambiental de territórios, visando à manutenção da sua

sustentabilidade. É nesse contexto, que no Bairro Lagoa dos Santos, a Prefeitura

Municipal em parceria com o Ministério das Cidades e com a Caixa Econômica

Federal (CEF) criou o Projeto de Revitalização da Lagoa dos Santos e o colocou em

prática por meio do Programa Habitar Brasil/BID, que busca solucionar os problemas

ambientais urbanos resultantes da pobreza, a partir de iniciativas voltadas para a

redução da mesma.

3.1. Programa Habitar Brasil/BID: características gerais

O Programa Habitar Brasil/BID (HBB) foi criado pelo Governo Federal com o

objetivo de:

Contribuir para elevar a qualidade de vida das famílias de baixa renda,

predominantemente na faixa de até 3 salários mínimos, que residam em

aglomerados subnormais – favelas, mocambos, palafitas e cortiços, entre

outras - localizados em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e

capitais de estados e fortalecer as condições administrativas e institucionais

Page 72: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

52

dos municípios para dotá-los de maior capacidade de atuação no controle e

recuperação desses núcleos e na adoção de medidas para evitar novas

ocorrências (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.2).

Ele destina recursos para que os municípios possam se fortalecer

institucionalmente, executarem obras e serviços de infraestrutura urbana, além de

ações de intervenção social e ambiental, por meio do Subprograma de

Desenvolvimento Institucional (DI) e do Subprograma de Urbanização de

Assentamentos Subnormais (UAS).

O Subprograma de Desenvolvimento Institucional se destina:

a criação, ampliação ou modernização da capacidade institucional dos

municípios para atuar na melhoria das condições habitacionais das famílias

de baixa renda, por meio da criação ou aperfeiçoamento de instrumentos

urbanísticos, institucionais e ambientais que permitam a regularização dos

assentamentos subnormais, e da capacitação técnica das equipes da

prefeitura que atuam no setor. Visa, ainda, propiciar condições para a

ampliação da oferta de habitações de baixo custo e implantar estratégias de

controle e desestimulo a ocupação irregular de áreas (CEF, 2006).

Já o Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais objetiva:

a elaboração, desenvolvimento e implantação de projetos integrados de

urbanização de assentamentos subnormais, que compreendam a

regularização fundiária/dominial e a execução de obras e serviços de infra-

estrutura urbana e de ações de recuperação ambiental nessas áreas,

assegurando a efetiva mobilização e participação da comunidade em todas

as etapas de sua implementação (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.5).

O HBB é realizado com os recursos previstos no Contrato de Empréstimo

1126 OC/BR, firmado entre a União Federal e o Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID). Tem como órgão gestor o Ministério das Cidades, sendo a

CAIXA o agente financeiro, técnico e operacional e responsável pela implementação

do programa e como órgão executor, no caso da Lagoa dos Santos, a Prefeitura

Municipal de Formosa, por meio da Secretaria de Obras e Urbanismo que é a

Unidade Executora Municipal (UEM).

Foi destinado para aplicação no programa, no ano de 2006, um total de US$

417.000.00 (quatrocentos e dezessete milhões de dólares), dos quais US$

Page 73: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

53

390.000.000,00 (trezentos e noventa milhões de dólares) são operados pela CAIXA

da seguinte forma (Tabela 3.1):

Tabela 3.1 – Recursos Destinados ao HBB em 2006

Recursos Destinados ao HBB (2006)

Recursos Valores em Milhões de Dólares %

UAS 332 85,1%

DI - Municípios 58 14,9%

Total 390 100,0%

Fonte: CEF com adaptações (2006).

Além dos investimentos da União e do BID é exigida uma contrapartida local

que varia entre 5% a 20%, de acordo com o Regulamento Operacional do

Programa. Os projetos que apresentarem serviços acima dos limites fixados

nos itens econômico financeiros do Regulamento Operacional do Programa,

desde que aprovados pela CAIXA em sua análise, poderão ser executados

sob a forma de contrapartida adicional obrigatória (MANUAL DO HBBUAS,

2002, p.7).

O órgão gestor, o Ministério das Cidades, é o encarregado pela União para

exercer a representação e intermediação com o BID. A Unidade de Coordenação do

Programa (UCP), subordinada à Diretoria de Assentamentos Precários da Secretaria

Nacional de Habitação tem competência efetiva para implementar, controlar e avaliar

o HBB, e compõe-se de Técnicos Especialistas responsáveis pela coordenação e

acompanhamento do Programa junto à CAIXA. Ao órgão gestor cabe:

a) estabelecer critérios e procedimentos operacionais necessários à execução

do Subprograma;

b) acompanhar e avaliar as ações desenvolvidas para a implementação do

Subprograma, bem como os resultados na aplicação dos recursos;

c) avaliar e aperfeiçoar os parâmetros operacionais do Subprograma;

d) realizar reuniões, treinamentos e seminários técnicos, com vistas à divulgação

do Subprograma e capacitação dos agentes envolvidos;

Page 74: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

54

e) realizar visitas técnicas às áreas de intervenção, antes, durante e depois da

sua execução;

f) estabelecer as diretrizes gerais para a elaboração do plano de

acompanhamento, avaliação e monitoramento do Subprograma;

g) disponibilizar informação sobre outros programas e projetos do poder público

para promover a sua integração aos projetos do Subprograma;

h) declarar a aprovação final dos projetos apresentados, autorizar suas

contratações e realizar os desembolsos de recursos (MANUAL DO HBBUAS,

2002, p.5).

A Caixa Econômica Federal foi contratada pela União como agente financeiro

e prestador de serviços no âmbito do Programa HBB, responsável pela análise,

aprovação e acompanhamento dos projetos. Seus Escritórios de Negócios (EN) são

as unidades que detêm a competência para representá-la institucionalmente perante

os municípios e demais entidades localizadas na sua área de jurisdição.

O Subprograma de Assentamentos Subnormais prevê investimentos em

terreno, regularização fundiária, indenização de benfeitorias aos proprietários,

remanejamento e/ou reassentamento de famílias, projetos e estudos preliminares,

alojamento provisório, infraestrutura (abastecimento de água, esgotamento sanitário,

drenagem de águas pluviais, sistema viário, iluminação pública, ligações

intradomiciliares de energia elétrica, coleta de resíduos sólidos, contenção e

estabilização de encostas e/ou de áreas, recuperação de áreas degradadas, obras

especiais, serviços privatizados), provisão de serviços sociais básicos, unidade

habitacional básica, cesta básica de materiais de construção, módulo hidráulico,

recuperação habitacional, melhoria habitacional, administração e gerenciamento e

trabalho de participação comunitária.

Os pré-requisitos para que uma área conte com os investimentos do UAS são

os seguintes:

a) Assentamento Subnormal definido na hierarquização apresentada pelo

Município;

b) Área ocupada há mais de cinco anos, contendo no mínimo 60% (sessenta por

cento) das famílias com renda até 03 (três) salários mínimos, ou;

Page 75: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

55

c) Área de risco ou legalmente protegida.

O Bairro Lagoa dos Santos atende a todos os pré-requisitos descritos acima.

Foi um dos bairros escolhidos pela Prefeitura Municipal de Formosa para a

implantação do programa por ter sido considerado um dos principais assentamentos

subnormais do município. A área foi invadida no início da década de 90, se

constituía em uma área de alto risco e mais de 88% dos moradores possuía, em

2002, menos de três salários mínimos.

A única solução para resolver os problemas do local era a implantação de um

projeto integrado de urbanização, compreendendo não apenas a regularização

fundiária – tanto da área onde estavam assentadas as famílias, quanto da área

utilizada para remanejamento – mas também a instalação de infraestrutura urbana

(abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial, abertura de

sistema viário, iluminação pública e domiciliar etc.), de serviços sociais (centro

comunitário, áreas de lazer, paisagismo etc.), recuperação ambiental, além de

melhorias nas próprias unidades habitacionais.

Assim, em 2002, a Prefeitura Municipal firmou convênio com o Ministério das

cidades para implantar o HBB no Bairro Lagoa dos Santos, com ações integradas de

habitação, infraestrutura urbana e apoio ao desenvolvimento comunitário, por meio

do UAS (INFORMATIVO DO CENTRO DE USOS MÚLTIPLOS, 2006). Foi

estabelecido para a execução do projeto, o valor total de R$ 11.579.112, 65 (onze

milhões, quinhentos e setenta e nove mil, cento e doze reais e sessenta e cinco

centavos) – valor no exercício 2002, mediante repasse de recursos financeiros, do

Orçamento Geral da União, no valor de R$ 6.571.062,45 (seis milhões, quinhentos e

setenta e um mil, sessenta e dois reais e quarenta e cinco centavos) – valor no

exercício 2002, a contrapartida do Governo Estadual no valor de R$ 2.504.025,10

(dois milhões, quinhentos e quatro mil, vinte e cinco reais e dez centavos) e do

Município no valor de R$ 2.504.025,10 (dois milhões, quinhentos e quatro mil, vinte

e cinco reais e dez centavos) – valor no exercício 2002. O contrato entre a Prefeitura

de Formosa e a empresa vencedora da licitação foi firmado no final de 2003, com

início das obras previsto para o ano seguinte e previsão de término no ano de 2006.

Page 76: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

56

3.2. Infraestrutura

A proposta de intervenção, elaborada a partir do diagnóstico integrado

realizado pela RCA Engenharia e Desenvolvimento, em outubro de 2001, propunha

inicialmente, o remanejamento de 48 (quarenta e oito) famílias que habitavam as

áreas inundáveis e sem as mínimas condições de habitabilidade, para lotes vagos,

existentes na própria área, de propriedade da Prefeitura Municipal, onde seriam

construídas as novas unidades habitacionais condizentes com o UAS. Mais tarde,

com a revisão do projeto de engenharia que se mostrou ineficaz para solucionar o

problema das enchentes, a necessidade de ampliação da área destinada à

construção do espelho d’ água da lagoa e o aumento das verbas destinadas ao

projeto, que no início era de R$ 1.700.000 (um milhão e setecentos mil reais), depois

passou para R$ 5.000.000 (cinco milhões de reais), até chegar aos atuais R$

11.579.112, 65 (onze milhões, quinhentos e setenta e nove mil, cento e doze reais e

sessenta e cinco centavos)26, o total de famílias a ser remanejadas, passou para 52

(cinqüenta e duas). As habitações seriam construídas pelo regime de empreitada,

não havendo nenhum custo para os beneficiários finais27. Já aquelas famílias que

moravam em áreas onde não havia necessidade de remoção de suas residências,

seriam beneficiadas com ações de melhoria habitacional e de infraestrutura de

acordo com as necessidades individuais e coletivas. No tocante à regularização

fundiária, a Prefeitura cederia os lotes aos moradores em caráter de concessão de

direito real de uso, de acordo com o que se recomenda no Estatuto da Cidade

(FARIA, 2006).

As ações de infraestrutura em nível comunitário previam a construção da rede

de drenagem de águas pluviais, para solucionar o problema das enchentes, comuns

no bairro na época das chuvas. A construção e pavimentação do sistema viário,

inexistente no local. A definição de endereços, com nomes de ruas e número nas

residências, visando resgatar a cidadania e a dignidade dos moradores. A

revitalização da Lagoa, propriamente dita, por meio da recomposição de sua bacia

26

Vale ressaltar, que parte desse valor foi investida no Bairro Abreu, pois faz parte do programa a urbanização da Lagoinha do Abreu, que é fundamental para a revitalização da Lagoa dos Santos. 27

O HBB recomenda que: “o remanejamento/reassentamento de uma população não pode ser considerado isoladamente, apenas como um projeto de obras, vez que afeta não somente a vida das famílias envolvidas e a área objeto de intervenção, mas também todo o entorno social e urbanístico”.

(MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.33).

Page 77: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

57

hidrográfica e da vegetação ribeirinha, além da construção de cortina de contenção

com vertedouro para captação das águas afluentes excedentes28. A construção de

uma praça com equipamentos de lazer e esportes para a comunidade. A

urbanização da Lagoa e da praça, com a construção de passeios iluminados,

quiosques etc. que além de fornecerem maior conforto aos moradores, serviriam

para inibir novas invasões. O ajardinamento e arborização do setor, através do

plantio de mudas frutíferas e decorativas, e do plantio de grama nos passeios e

praças. E a recuperação de áreas degradadas.

À Prefeitura e ao governo do estado caberia investir na construção da rede

coletora de esgotos, a galeria de águas pluviais e o reforço e ampliação do

abastecimento de água, de distribuição de energia elétrica e iluminação pública.

Estava prevista também a construção de uma escola de ensino fundamental e

ampliação da creche localizada no bairro.

3.3. Trabalho de participação comunitária

O Trabalho de Participação Comunitária (TPC) é outro trabalho importante a

ser desenvolvido no âmbito do programa, através de ações voltadas à Mobilização e

Organização Comunitária (MOC) a Educação Sanitária e Ambiental (ESA) e a

Geração de Trabalho e Renda (GTR) (MANUAL DO HBBUAS, 2002).

3.3.1. Mobilização e organização comunitária

Seus objetivos são:

a) fomentar a manifestação dos beneficiários acerca do empreendimento em

todo o seu processo (definição, implantação e pós-ocupação), a fim de

adequá-lo às necessidades e disponibilidades dos grupos sociais atendidos;

28

“Para a construção do espelho d’ água está prevista uma área aproximada de 22.000 metros quadrados, porém, se forem considerados os espaços ocupados por passeios, pista de rolamento e

saia de aterro, essa área atinge 30.000 metros quadrados” (RCA, 2001, p.59).

Page 78: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

58

b) incentivar a mobilização da comunidade, potencializando a participação e a

organização dos beneficiários finais;

c) transferir conhecimentos e habilidades sobre administração e gestão

comunitária, visando ao adequado emprego de recursos na resolução de

eventuais conflitos sociais e/ou institucionais suscitados durante a

implantação do projeto e na pós-ocupação;

d) estimular a defesa dos espaços reorganizados, no tocante ao uso e à

ocupação do solo, inibindo iniciativas de invasão e garantindo a manutenção

da qualidade de vida conquistada.

A importância de se desenvolver a participação comunitária é fundamental

para o programa, pois ele tem um tempo hábil de início e conclusão, a partir daí, os

moradores é que se responsabilizarão pelo local, portanto, eles devem estar

preparados e organizados para enfrentar esta nova etapa. Por isso que é necessário

o apoio para a formação e/ou consolidação das organizações de base, capacitação

das lideranças e/ou grupos representativos e o estímulo aos processos de

mobilização comunitária e à promoção de atitudes e condutas sociais vinculadas à

melhoria da qualidade de vida.

3.3.2. Educação sanitária e ambiental

Os objetivos da ESA são:

a) incentivar a criação de novos hábitos e atitudes frente à apropriação,

utilização e manutenção dos benefícios implantados, especialmente quanto

ao uso correto das instalações sanitárias;

b) fomentar a participação ativa das comunidades na recuperação, conservação,

manejo e defesa do meio ambiente.

Para que as atividades de educação sanitária e ambiental possam ser

desenvolvidas é necessário ser colocado em prática, junto com as entidades e

profissionais especializados, considerando as recomendações contidas no processo

de Licenciamento Ambiental, incluindo as conclusões e recomendações dos estudos

ambientais, de acordo com a Resolução Conama n.º 237/97, e também as

Page 79: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

59

características da área e da comunidade, o atendimento aos moradores, aos

trabalhadores do programa e às instituições envolvidas com a comunidade

(MANUAL DO HBBUAS, 2002).

É indispensável também se desenvolver campanhas educativas que

esclareçam e valorizem a infraestrutura implantada como colaboradora na redução

de doenças (especialmente as de veiculação hídrica) e na melhoria dos níveis de

saúde da população; divulguem os programas ambientais do governo, nos níveis

federal, estadual e municipal que possam auxiliar a comunidade alvo do projeto;

preparem a comunidade para a correta utilização das melhorias habitacionais,

especialmente no que diz respeito às unidades sanitárias e à rede de esgoto;

demonstrem as responsabilidades dos beneficiários na correta utilização e

preservação dos serviços implantados, tanto os individuais como os coletivos;

reduzam o desperdício de água e energia elétrica, contribuindo para a melhoria do

orçamento familiar; estimulem a criação de centro de capacitação e de

documentação ambiental e de educação sanitária; estimulem a formação de ONG‘s

ambientalistas que sedimente a consciência e canalizem em caráter permanente

ações próprias e reivindicações.

3.3.3. Geração de trabalho e renda

A GTR tem como objetivo incentivar ações adequadas à realidade sócio-

econômica dos beneficiários, que favoreçam a geração de trabalho e renda,

promovendo a melhoria econômico-financeira da comunidade e sua consequente

fixação na área. Nesse sentido, é essencial que se contemplem, no Trabalho de

Participação Comunitária, ações destinadas ao apoio à capacitação profissional e

geração de trabalho e renda, planejadas de acordo com a realidade sócio-

econômica dos beneficiários, e com o objetivo de favorecer a melhoria econômico-

financeira da comunidade e sua conseqüente fixação na área.

Para a implementação dessa modalidade de intervenção recomenda-se:

a) utilizar-se dos resultados do diagnóstico integrado da área e da população, e;

Page 80: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

60

b) estabelecer parcerias com entidades e profissionais especializados nas ações

propostas

Page 81: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

61

4. LAGOA DOS SANTOS: pós-implantação do Subprograma de

Urbanização de Assentamentos Subnormais

Para avaliar o nível de satisfação dos moradores do Bairro Lagoa dos Santos,

após a implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos

Subnormais, realizamos uma pesquisa no dia 11 de novembro de 2006. Para agilizar

o trabalho de aplicação da mesma, contamos com o apoio de professores e alunos

dos cursos de geografia e gestão ambiental da Universidade Estadual de Goiás

(UEG), Unidade Universitária de Formosa. A unidade de análise adotada é a família

domiciliar. A pesquisa foi centrada em questionário aplicado aos moradores do

bairro, principalmente, para os chefes de família, quando acessíveis (Apêndice F). A

escolha foi realizada em virtude das características da pesquisa, que prioriza o

conhecimento e a memória das pessoas residentes no bairro antes e depois da

implantação do Programa de Revitalização da Lagoa dos Santos. A amostra é

constituída por 55% dos domicílios do bairro, não foi possível abranger todos como

na pesquisa anterior, por várias razões, dentre as quais destacamos: ausência de

residentes no domicílio durante realização da pesquisa, moradores que não

quiseram ou não puderam responder o questionário, temor de algumas pessoas

quanto ao uso da pesquisa (apesar de deixarmos claras as nossas intenções quanto

à mesma), moradores que foram remanejados para um novo setor habitacional de

Formosa (Nova Formosa), dentre outros.

4.1. Perfil sócio-econômico dos moradores

Dos 138 (cento e trinta e oito) entrevistados, 92 (noventa e dois) ou 66,7%

eram mulheres e 46 (quarenta e seis) ou 33,3% homens (Tabela 4.1).

Tabela 4.1 – Estrutura Sexual dos Entrevistados

Estrutura Sexual dos Entrevistados

Sexo Número de Pessoas %

Feminino 92 66,7%

Masculino 46 33,3%

Total 138 100,0%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 82: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

62

Com relação à idade dos entrevistados, 26,1% têm entre 20 e 29 anos, 25,4%

entre 30 e 39 anos, 17,4% entre 40 e 49 anos, 11,6% entre 50 e 59 anos, 8,7% entre

10 e 19, 8,7% entre 60 a 69 anos, 1,4% 70 a 79 anos e 0,7% mais de 80 anos

(Tabela 4.2).

Tabela 4.2 – Estrutura Etária dos Entrevistados

Estrutura Etária dos Entrevistados

Faixa etária Número de Pessoas %

10 a 19 12 8,7%

20 a 29 36 26,1%

30 a 39 35 25,4%

40 a 49 24 17,4%

50 a 59 16 11,6%

60 a 69 12 8,7%

70 a 79 2 1,4%

80 ou mais 1 0,7%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Quanto ao tempo de residência no local, 58,7% dos moradores afirmaram

residir no bairro há mais de 11 anos, 22,46% entre 5 e 10 anos e 18,84% menos de

5 anos (Tabela 4.3).

Tabela 4.3 – Tempo de Residência no Bairro

Tempo que Reside na Lagoa dos Santos

Menos de 5 anos 26 18,84%

De 5 a 10 anos 31 22,46%

Mais de 11 anos 81 58,70%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 83: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

63

Quanto à profissão, 29% são donas de casa, 13% empregadas domésticas,

5,8% estudantes, 5,1% aposentados/pensionistas, 5,1% pedreiros, 4,3% autônomos,

4,3% servidores públicos, 4,3% lavradores, 2,9% comerciantes, 2,2% auxiliar de

enfermagem, 2,2% auxiliar de serviços gerais, 2,2% cabeleireiros, 2,2% mecânicos,

2,2% operadores de máquinas, 1,4% motorista, 1,4% vendedor, 1,4% vigilante, 8,7%

outras profissões (agente de saúde, artista plástica, costureira, fretador, secretária,

etc.) e 2,2% não declararam a profissão (Tabela 4.4).

Tabela 4.4 – Profissão dos Entrevistados

Profissão do Entrevistado

Profissão Número de Pessoas %

Do Lar 40 29,0%

Empregada Doméstica 18 13,0%

Estudante 8 5,8%

Aposentado/Pensionista 7 5,1%

Pedreiro 7 5,1%

Autônomo(a) 6 4,3%

Lavrador 6 4,3%

Servidor Público 6 4,3%

Comerciante 4 2,9%

Auxiliar de Enfermagem 3 2,2%

Auxiliar de Serviços Gerais 3 2,2%

Cabeleireiro(a) 3 2,2%

Mecânico 3 2,2%

Operador de Máquinas 3 2,2%

Não Declarou 3 2,2%

Motorista 2 1,4%

Vendedor 2 1,4%

Vigilante 2 1,4%

Outra 12 8,7%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 84: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

64

O principal responsável pelo sustento da família é o pai em 44,2% das

residências, as mães aparecem como chefes de família em 29,7% dos domicílios,

em 17,4% das casas ambos sustentam suas famílias, e em 8,7% são os avós, filhos,

tios e irmãos (Tabela 4.5).

Tabela 4.5 – Responsável pelo Sustento da Família

Responsável pelo Sustento da Família

Pai 61 44,2%

Mãe 41 29,7%

Ambos 24 17,4%

Outro 12 8,7%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Em relação à escolaridade do(s) chefe(s) de família, 83% possuem o ensino

fundamental incompleto, 12,3% não sabem ler e nem escrever, 9,4% tem o ensino

médio, 8% o ensino fundamental completo, 4,3% o ensino médio incompleto, 3,6%

ensino superior incompleto e apenas 2,2% o ensino superior completo (Tabela 4.6).

Tabela 4.6 – Nível de Escolaridade do Chefe da Família

Nível de Escolaridade do Chefe da Família

Nível Número de Pessoas %

Fundamental Incompleto 83 60,1%

Não Sabe Ler e Escrever 17 12,3%

Ensino Médio Completo 13 9,4%

Fundamental Completo 11 8,0%

Ensino Médio Incompleto 6 4,3%

Ensino Superior Incompleto 5 3,6%

Ensino Superior Completo 3 2,2%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 85: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

65

A situação do(s) chefe(s) de família no mercado de trabalho é a seguinte:

30,4% são autônomos, 27,5% são assalariados, 18,8% estão desempregados,

12,3% trabalham informalmente, 10,9% são aposentados/pensionistas (Tabela 4.7).

Tabela 4.7 – Situação do(s) Chefe(s) de Família no Mercado de Trabalho

Situação do(s) Chefe(s) de Família no Mercado de Trabalho

Autônomo 42 30,4%

Assalariado 38 27,5%

Desempregado 26 18,8%

Trabalha Informalmente 17 12,3%

Aposentado/Pensionista 15 10,9%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

A renda familiar reflete o grau de escolaridade e a situação do(s) chefe(s) de

família no mercado de trabalho. Tendo como parâmetro o salário mínimo, 57,2% das

famílias vivem com até 1 salário mínimo, 32,6% com mais de 1 até 2 salários, 5,8%

mais de 2 até 3, 2,2% mais de 3 até 4, 2,2% mais de 4 até 5 (Tabela 4.8).

Tabela 4.8 – Renda Familiar em Salários Mínimos

Renda Familiar em Salários Mínimos

Salário Número de Pessoas %

Até 1 79 57,2%

Mais de 1 até 2 45 32,6%

Mais de 2 até 3 8 5,8%

Mais de 3 até 4 3 2,2%

Mais de 4 até 5 3 2,2%

Mais de 5 0 0,0%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 86: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

66

Para uma parte significativa das famílias, a renda apresentada anteriormente

é complementada ou provém exclusivamente de algum tipo de benefício do governo,

seja ele, municipal, estadual (Renda Cidadã e Salário Escola) ou federal (Bolsa

Família e PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Isso é facilmente

constatado pelos números, já que 42% das famílias disseram receber algum tipo de

ajuda do governo e 58% afirmaram não receber nenhuma ajuda mensal do mesmo

(Tabela 4.9).

Tabela 4.9 – Famílias que Recebem Benefícios

Famílias que Recebem Benefícios

Não 80 58,0

Sim 58 42,0

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

As famílias que confirmaram receber algum tipo de assistência do governo,

quando inquiridas sobre qual(ais) benefício(s) recebiam, responderam da seguinte

forma: 45,2% disseram receber o Bolsa Família, 30,6% a Renda Cidadã, 16,1% o

Salário Escola, 3,2% aposentadoria, 1,6% PETI e 3,2% outros, como por exemplo,

Bolsa Universitária e Pensão do INSS (Tabela 4.10).

Tabela 4.10 – Tipo de Benefício Recebido

Tipo de Benefício Recebido

Bolsa Família 28 45,2%

Renda Cidadã 19 30,6%

Salário Escola 10 16,1%

Aposentadoria 2 3,2%

PETI 1 1,6%

Outros 2 3,2%

Total 62 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 87: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

67

Apesar da maioria das famílias viverem com uma renda considerada muito

baixa, o gasto médio mensal com o pagamento de taxas, encargos, impostos e

transporte não é considerado muito elevado, varia entre 10% e 15% do rendimento

familiar, já que a maior parte dos moradores tem despesas apenas com o consumo

de energia elétrica e água encanada. Apenas 17,9% dos moradores possuem

telefone em casa (Tabela 4.11).

Tabela 4.11 – Imóveis com Telefone

Possui Telefone em Casa

Não 170 82,1%

Sim 37 17,9%

Total 207 100%

Fonte: Recadastramento do Programa Habitar Brasil/BID (2004).

De um modo geral, os moradores não pagam Imposto Territorial Predial

Urbano (IPTU), taxa de iluminação pública ou tarifa de esgoto, pois ainda não foi

feita a regularização fundiária da maioria dos imóveis, apenas 14% dos moradores

afirmaram ter o seu imóvel regularizado e possuir escritura do mesmo (Tabela 4.12).

A taxa de iluminação pública depende do valor médio mensal da conta de luz e a

rede de esgoto ainda não está em funcionamento.

Tabela 4.12 – Imóveis com Escritura

Possui Escritura do Imóvel

Não 178 86,0%

Sim 29 14,0%

Total 207 100%

Fonte: Recadastramento do Programa Habitar Brasil/BID (2004).

5.2. Características e condições das habitações

Os imóveis são utilizados predominantemente como residências, menos de

5% têm uso misto (comercial ou outro). A grande maioria dos domicílios possuem

Page 88: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

68

mais de 5 cômodos (71,7%), 12,3% dos domicílios possuem 4 cômodos, 9,4%

possuem 3 cômodos, 5,8% possuem 2 cômodos e, somente 1 domicílio possui

apenas 1 cômodo (Tabela 4.13). Quase todas as casas são ocupadas por uma única

família, a exceção foi uma residência que possuía duas famílias dividindo o mesmo

teto. Todas as casas são de alvenaria, não existindo mais casas de madeira ou

qualquer outro tipo de material. A cobertura é de amianto ou telhas de barro, não há

nenhuma casa coberta com lona ou plástico.

Tabela 4.13 – Número de Cômodos por Residência

Número de Cômodos por Residência

1 Cômodo 1 0,7%

2 Cômodos 8 5,8%

3 Cômodos 13 9,4%

4 Cômodos 17 12,3%

5 Cômodos 99 71,7%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Com relação ao número de residentes por domicílio em 52,9% das casas

vivem mais de 4 pessoas, em 18,12% das residências 3 pessoas, em 15,94% são 4

moradores, em 8,7% vivem 2 pessoas e em 4,35% apenas 1 pessoa (Tabela 4.14).

Tabela 4.14 – Número de Residentes por Domicílio

Número de Residentes por Domicílio

1 pessoa 6 4,35%

2 pessoas 12 8,70%

3 pessoas 25 18,12%

4 pessoas 22 15,94%

Mais de 4 pessoas 73 52,90%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 89: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

69

A maioria dos domicílios tem banheiro, ou seja, ele existe em 97,8% das

residências. A presença de banheiro dentro do domicílio ocorre em 87,7% das

moradias, fora dela em 10,1% e 2,2% das casas não possuem banheiro.

Questionados sobre o que fazem nessas condições, uma moradora respondeu que

utiliza o banheiro da vizinha e a outra o banheiro da casa da mãe, que também

reside no bairro (Tabela 4.15).

Tabela 4.15 – Existência de Banheiro no Domicílio

Número de Residências com Banheiro

Banheiro Interno 121 87,7

Banheiro Externo 14 10,1

Não Possui 3 2,2

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

A principal fonte de água utilizada diariamente para o consumo residencial é a

rede pública, com 95,7%, apenas 4,3% dos moradores não têm acesso à rede,

desses, 3,6% utilizam cisternas e 0,7% utiliza água da casa do vizinho (Tabela 4.16).

A empresa responsável pelo abastecimento de água no município é a SANEAGO

(Saneamento de Goiás S/A).

Tabela 4.16 – Origem da Água Utilizada no Consumo Diário

Origem da Água Utilizada no Consumo Diário

Rede Pública (SANEAGO) 132 95,7%

Cisterna 5 3,6%

Outro 1 0,7%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

A energia elétrica, proveniente da rede pública, está presente em 97,8% dos

domicílios, apenas 2,2% dos moradores não possuem energia em suas residências.

Esse índice de moradias com energia elétrica é considerado elevado em

Page 90: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

70

assentamentos subnormais (Tabela 4.17). A CELG (Companhia Energética de

Goiás) é quem fornece energia elétrica para a cidade.

Tabela 4.17 – Origem da Energia Elétrica

Origem da Energia Elétrica

Rede Pública (CELG) 135 97,8%

Não Possui 3 2,2%

Puxada/Gambiarra 0 0,0%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Com relação à destinação final dos resíduos sólidos produzidos diariamente,

100% dos moradores afirmam que se dá via coleta, realizada pela prefeitura

municipal três vezes por semana, as terças, quintas e sábados (Tabela 4.18). A

maioria dos usuários está satisfeita com o serviço, para 81,9% a coleta melhorou,

15,9% atestam que ficou igual e apenas 2,2% dizem que piorou. Alguns moradores

afirmaram que antes o lixo nem era coletado, e para outros a única reclamação

quanto ao serviço é quanto à regularidade da coleta, que deveria ser maior, já que o

lixo se acumula muito até o dia da mesma (tabela 4.19). De acordo com a Secretaria

de Meio Ambiente, responsável pela disposição final do lixo, os resíduos sólidos

coletados no bairro e em todo o município vão para o aterro sanitário municipal.

Tabela 4.18 – Destino dos Resíduos Sólidos

Destino dos Resíduos Sólidos

Coletado 138 100%

Enterrado 0 0,0%

Queimado 0 0,0%

Céu Aberto 0 0,0%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 91: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

71

Tabela 4.19 – Situação da Coleta do Lixo

Situação da Coleta do Lixo

Melhorou 113 81,9%

Ficou Igual 22 15,9%

Piorou 3 2,2%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Quanto ao destino dos resíduos líquidos, foi verificado que em 86,2% das

residências as fossas sépticas são o seu destino final, em 2,2% das moradias são

lançados a céu aberto. Mas um fato curioso nos chamou a atenção, 11,6% dos

entrevistados disseram que o destino dos seus resíduos é a rede pública, o

problema é que ela não está em funcionamento ainda, apesar de existir de fato no

bairro. Segundo informações que obtivemos junto à Prefeitura Municipal a rede de

esgoto ainda não está funcionando porque a estação elevatória está sendo

concluída. Informações obtidas posteriormente em conversa com moradores nos

esclareceram a confusão por parte de algumas pessoas que acabaram interpretando

a pergunta de forma errada, fato que faz elevar para 97,8% o total de residências

que tem com destino dos seus resíduos as fossa sépticas (Tabela 4.20).

Tabela 4.20 – Destino dos Resíduos Líquidos

Destino dos Resíduos Líquidos

Fossa Séptica 119 86,2%

Rede Pública 16 11,6%

Céu Aberto 3 2,2%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Apesar de não termos incluído no questionário uma questão específica para

abordar a questão do serviço de limpeza urbana, constatamos, através do Relatório

Semestral da Prefeitura que, esse serviço é de responsabilidade da Secretaria

Page 92: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

72

Municipal de Iluminação, Parques e Jardins, Limpeza e Vias Públicas e no bairro, o

serviço é realizado três vezes por semana, geralmente às segundas, quartas e

sextas, nos períodos matutino e vespertino. Ele fica a cargo de 1 (um) fiscal e 5

(cinco) garis. Percebe-se que os moradores preservam o bairro limpo, facilitando o

trabalho dos funcionários municipais. De acordo com a nossa observação não foi

verificada presença de entulhos e lixo em frente às residências ou nas ruas

(RELATÓRIO SEMESTRAL, 2007 apud SILVA, 2007).

4.3. Percepção dos moradores quanto às mudanças ocorridas no

Bairro após a implantação do Programa de Revitalização

Para conhecermos a percepção dos moradores quanto às mudanças

ocorridas no Bairro após a implantação do Programa de Revitalização da Lagoa dos

Santos, iniciamos a segunda etapa do questionário perguntando aos moradores se

residiam no local antes do programa ter sido implantado. 88,4% afirmaram residir no

bairro antes da implantação do programa e 11,6% afirmaram que não (Tabela 4.21).

Diante desse quadro, resolvemos excluir de algumas perguntas as pessoas que não

moravam no bairro anteriormente, pois não teriam condições de comparar o antes e

o depois, já que não conheciam as condições do ambiente.

Tabela 4.21 – Residia no Bairro Antes da Implantação do Programa

Residia no Bairro Antes da Implantação do Programa

Sim 122 88,4%

Não 16 11,6%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

A partir dessa informação, perguntamos aos moradores quais foram as obras

realizadas no bairro de acordo com a sua lembrança, após a implantação do

programa de revitalização da Lagoa. Para isso, fizemos uma relação das obras

construídas no bairro e também deixamos aberta a questão para que pudessem citar

Page 93: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

73

outras obras que não fossem somente aquelas que já havíamos relacionado. Os

entrevistadores foram treinados para que não induzisse os entrevistados a nenhuma

das alternativas pré-estabelecidas. Estabelecemos também um sistema de

pontuação crescente e um sistema de peso decrescente para cada alternativa de

acordo com a ordem que era citada pelos entrevistados, assim pudemos ter uma

proporcionalidade entre as respostas que obtivemos.

Ao final, obtivemos os seguintes resultados: em primeiro lugar foi citado o

posto de saúde por 17,61% dos entrevistados, em segundo veio a pavimentação

asfáltica citada por 14,89% das pessoas, em terceiro o posto policial com 13,14%,

em quarto a revitalização da Lagoa com 12,35%, em quinto a construção das casas

novas com 8,45%, em sexto a rede de esgoto com 8,15%, em sétimo a galeria de

águas pluviais com 7,71%, em oitavo a construção da quadra poliesportiva com

7,37%, em nono o Centro de usos múltiplos com 5,61%, em décimo a ampliação da

iluminação pública e 1,23% lembraram-se de outras obras, como por exemplo, a

disponibilidade de água encanada (Tabela 4.22).

Tabela 4.22 – Lembrança das Obras Realizadas no Bairro

Lembrança das Obras Realizadas no Bairro

Posto de Saúde 977 17,61%

Pavimentação Asfáltica 826 14,89%

Posto Policial 729 13,14%

Revitalização da Lagoa 685 12,35%

Construção das Casas Novas 469 8,45%

Rede de Esgoto 452 8,15%

Galeria de Águas Pluviais 428 7,71%

Quadra Poliesportiva 409 7,37%

Centro de Usos Múltiplos 311 5,61%

Ampliação da Iluminação Pública 194 3,50%

Outro(s) 68 1,23%

Total 5548 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 94: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

74

Em seguida foi solicitado aos moradores que indicassem as três obras que

eles consideravam mais importantes para a melhoria da sua qualidade de vida e

porque eles achavam que eram importantes, aqui também foi adotado o sistema de

pesos. 27,2% afirmaram ser o posto de saúde, 16,32% disseram ser a pavimentação

asfáltica, 15,93% o posto policial, 15,03% a revitalização da Lagoa, 12,31% a

construção da galeria de águas pluviais, 4,02% a rede de esgoto, 2,46% a

construção da quadra poliesportiva, 2,46% o centro de usos múltiplos, 2,33% a

construção das novas casas, 1,42% a ampliação da iluminação pública e 0,52%

outras (Tabela 4.23) (Fotos 37 a 44).

Tabela 4.23 – Obras Mais Importantes para a Melhoria da sua Qualidade de Vida

Obras Mais Importantes para a Melhoria da sua Qualidade de Vida

Posto de Saúde 210 27,20%

Pavimentação Asfáltica 126 16,32%

Posto Policial 123 15,93%

Revitalização da Lagoa 116 15,03%

Galeria de Águas Pluviais 95 12,31%

Rede de Esgoto 31 4,02%

Quadra Poliesportiva 19 2,46%

Centro de Usos Múltiplos 19 2,46%

Construção das Casas Novas 18 2,33%

Ampliação da Iluminação Pública 11 1,42%

Outro(s) 4 0,52%

Total 772 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

O programa previa, além da construção de novas unidades habitacionais para

remanejar as famílias que moravam nas áreas de risco, a liberação do cheque

moradia para aquelas famílias que, mesmo não morando nessas áreas, tivesse

imóveis em condições precárias de habitação, nesses casos, o cheque seria

Page 95: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

75

utilizado para a reforma e/ou ampliação do imóvel. Por essa razão, resolvemos

perguntar às famílias com qual tipo de benefício direto teriam sido contempladas.

44,2% disseram ter recebido o cheque moradia, 18,8% ganharam uma casa nova,

pois residiam nas áreas de risco e 37% afirmaram não ter recebido nenhum dos dois

tipos de benefício (Tabela 4.24).

Tabela 4.24 – Tipo de Benefício Direto Recebido

Tipo de Benefício Direto Recebido

Cheque Moradia 61 44,2%

Nenhum 51 37,0%

Casa Nova 26 18,8%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Questionados sobre o porquê de não terem sido incluídos em nenhum dos

dois programas, algumas pessoas responderam que por enrola do governo, outras

disseram não terem se cadastrado ou se inscreveram mais ainda não haviam sido

contempladas, estavam aguardando para realizar a reforma do imóvel, algumas

afirmaram que tinham boas residências e, portanto, não havia necessidade do

benefício. Houve pessoas que não soube responder o porquê de não terem recebido

nada ainda. Há moradores que residem há pouco tempo no bairro, por isso,

acreditam não estarem inseridos no mesmo, outros afirmam que a casa possui

apenas uma ou duas pessoas não necessitando de alterações, houve também quem

alegasse indisponibilidade de vagas.

Dos moradores contemplados com algum dos dois tipos de benefícios, as

mudanças que consideraram mais importantes para o conforto familiar são: o

tamanho da casa, para 22,85% dos beneficiados, a reforma do imóvel, para 20,64%

dos moradores, a localização do mesmo, para 14,93%, a existência de banheiro,

para 12,8%, a reforma do telhado, para 10,89%, a disponibilidade de água

encanada, para 8,45%, ter energia elétrica em casa, para 4,87% e outras mudanças,

para 4,57% das pessoas (Tabela 4.25).

Page 96: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

76

Tabela 4.25 – Mudanças Mais Importantes na Sua Casa

Mudanças Mais Importantes na Sua Casa

Tamanho da Casa 300 22,85%

Reforma do Imóvel 271 20,64%

Localização do Imóvel 196 14,93%

Existência de Banheiro 168 12,80%

Reforma do Telhado 143 10,89%

Água Encanada 111 8,45%

Energia Elétrica 64 4,87%

Outra(as) 60 4,57%

Total 1313 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Quando perguntamos aos moradores sobre o que melhorou nas suas vidas e

de suas famílias obtivemos as seguintes respostas: diminuíram o número de

doenças no bairro, principalmente, aquelas veiculadas através da água, como a

dengue; diminuiu o índice de doenças entre as crianças; antes do programa havia

muitos ratos, mosquitos, esgoto a céu aberto, houve uma melhora significativa nesse

quadro; praticamente não existem mais os alagamentos, que nos obrigava a

deslocarmos das nossas casas na época das chuvas; não precisamos mais nos

preocupar com as enchentes que invadiam nossas casas e destruíam nossos

móveis nos trazendo prejuízos constantes; o bairro ficou mais seguro, com menores

índices de violência, melhorou a saúde das pessoas por causa da implantação do

posto de saúde, temos mais opções de lazer, etc.; a coleta de lixo melhorou, o local

está mais limpo, diminui o mau cheiro proveniente da água suja que corria pelo

bairro ou se acumulava no mesmo; o asfalto foi importante, pois além de trazer mais

conforto aos moradores contribuiu para diminuir a poeira e a lama; a revitalização da

lagoa trouxe mais qualidade de vida, bem-estar e deu dignidade aos moradores,

hoje o bairro é visto com outros olhos; agora dispomos de serviços básicos como

segurança, saúde, água encanada, energia elétrica e coleta do lixo; os cursos

profissionalizantes oferecidos no Centro de Usos Múltiplos ajudam a melhorar a

renda das pessoas; o acesso à escola melhorou muito; a construção do galpão e do

Page 97: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

77

parquinho facilitou o acesso ao lazer; o bairro ficou muito bonito após a implantação

do projeto e hoje possui infraestrutura adequada.

Quanto às mudanças na saúde da família, principalmente, na saúde dos

filhos, depois da implantação do programa, 78,3% dos entrevistados afirmaram

terem ocorrido melhoras, dentre as quais, a construção do posto de saúde, devido à

facilidade de marcação de consultas e de acompanhamento médico, a construção

da galeria de águas pluviais, pois acabou com as inundações que traziam várias

doenças, as crianças pararam de brincar na lama e na água contaminada que se

acumulava no bairro, a pavimentação asfáltica das ruas que contribui para dizimar

as doenças provocadas pela poeira e pela lama, melhoria das condições higiênico-

sanitárias do local em razão das campanhas de limpeza do bairro e das obras

realizadas, muitas doenças foram erradicadas ou minimizadas, como por exemplo, a

gripe, a diarréia, a dengue, a bronquite, as micoses, etc., as pessoas estão se

sentindo mais felizes e menos estressadas com as mudanças realizadas no bairro.

Mas, para 21,7% das pessoas, não houve mudança alguma, alegam que as coisas

continuam como antes, que moram há pouco tempo no bairro e não tem como

comparar a situação anterior com a atual, mora em uma região mais alta onde não

havia alagamento, nunca usou o posto de saúde pra saber como é o atendimento,

que a família sempre teve boas condições de saúde, que os filhos são adultos, que a

situação piorou (Tabela 4.26).

Tabela 4.26 – Melhorou a Saúde da Família?

Melhorou a Saúde da Família?

Sim 108 78,3%

Não 30 21,7%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Sobre os problemas/dificuldades existentes no bairro, a falta de segurança

atrelada à violência e ao aumento da criminalidade foi considerada a principal para

45,74% dos moradores, alguns moradores confirmaram que no dia anterior havia

morrido um indivíduo e que os tiroteios são comuns no bairro, em seguida vem o

Page 98: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

78

tráfico e o consumo de drogas, para 8,97% das pessoas, depois o alagamento que

ainda ocorre em algumas ruas, para 7,4%, o desemprego é outro problema sério,

para 5,78% dos entrevistados, a falta de escolas, para 5,32%, o atendimento no

posto de saúde, para 3,8%, a falta de limpeza do bairro, também para 3,8% das

pessoas, a falta de médicos no posto de saúde, foi lembrada por 2,28% dos

inquiridos, a falta de calçadas e meio fios, para 2,13%, a precariedade na iluminação

pública, para 1,98%, a rede de esgotos que não está em funcionamento, para

1,67%, a existência de lotes baldios, para 1,52%, a irregularidade na coleta do lixo,

para 1,37%, a falta de opções de lazer, para 1,22%, as ruas que ainda não foram

pavimentadas, para 1,06% e outros problemas, como por exemplo, a falta de

assistência da prefeitura, o perigo de afogamentos no lago que não é cercado, a

lama que se acumula em algumas áreas quando chove, o preço da água e da

energia elétrica provenientes da rede pública, o vandalismo, a falta de projetos para

a terceira idade, etc., para 5,93% das pessoas (Tabela 4.27).

Page 99: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

79

Tabela 4.27 – Principais Problemas/Dificuldades Existentes no Bairro

Principais Problemas/Dificuldades Existentes no Bairro

Segurança/Violência 301 45,74%

Tráfico e Consumo de Drogas 59 8,97%

Alagamento de Algumas Ruas 49 7,45%

Desemprego 38 5,78%

Falta de Escolas no Bairro 35 5,32%

Atendimento no Posto de Saúde 25 3,80%

Limpeza do Bairro 25 3,80%

Falta de Médicos no Posto 15 2,28%

Falta de Calçadas e Meio Fios 14 2,13%

Iluminação Pública 13 1,98%

Rede de Esgoto que não Funciona 11 1,67%

Lotes Baldios 10 1,52%

Coleta do Lixo 9 1,37%

Opções de Lazer 8 1,22%

Ruas sem Pavimentação 7 1,06%

Outra(as) 39 5,93%

Total 658 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Pedimos então aos moradores que citassem as três coisas que eles achavam

que poderiam ser feitas paras solucionar esses problemas/dificuldades. Obtivemos

as seguintes respostas: 48,98% acham que deveria aumentar o policiamento nas

ruas, que o posto funcionasse de verdade e tivesse pelo menos um policial à

disposição dos moradores, pois nem sempre há, que o atendimento da policia,

quando solicitada fosse mais rápido e eficiente, 12,7% deveriam existir projetos para

a geração de emprego e renda, 6,35% que deve se investir mais em educação e

construir uma escola no bairro, 3,4% que deve melhorar o atendimento no posto de

saúde, 3,4% que os problemas de alagamento de algumas ruas devem ser

resolvidos de forma definitiva, 3,4% acham que o bairro precisa de maior atenção

Page 100: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

80

por parte da Prefeitura, 3,17% que deve melhorar a limpeza do bairro, 2,72% que o

número de médicos no posto de saúde tem que aumentar, 2,49% que a rede de

esgoto tem que funcionar, 1,81% que os lotes baldios devem ser limpos pela

prefeitura, 1,59% que a iluminação pública deve melhorar, 1,59% que a coleta do

lixo deve ocorrer com mais freqüência, 1,59% acha que é necessário construir

calçadas e meio fios, já que a prefeitura prometeu aos moradores, 1,59% asfaltar as

rua que ainda não foram pavimentadas, 1,36% acham que tem que haver mais

investimentos no social e 3,85% outro(s), acham que o cheque moradia deve ser

dado a todos que precisam, que deve diminuir a discriminação no bairro, a prefeitura

deve cercar o lago e abrir uma nova rua, ter dentista e vacinação no posto de saúde,

etc. (Tabela 4.28).

Tabela 4.28 – O Que Poderia Ser Feito Para Solucionar Essas Dificuldades?

O Que Poderia Ser Feito Para Solucionar Essas Dificuldades?

Mais Policiais nas Ruas e no Posto Policial 216 48,98%

Geração de Empregos 56 12,70%

Investir em Educação/Escola no Bairro 28 6,35%

Melhorar o Atendimento no Posto de Saúde 15 3,40%

Resolver o Problema dos Alagamentos 15 3,40%

Maior Atenção por Parte da Prefeitura 15 3,40%

Melhorar a Limpeza do Bairro 14 3,17%

Aumentar o Número de Médicos no Posto 12 2,72%

Colocar para Funcionar a Rede de Esgoto 11 2,49%

Limpar os Lotes Baldios 8 1,81%

Melhorar a Iluminação Pública 7 1,59%

Coletar o Lixo com Mais Freqüência 7 1,59%

Construir Calçadas e Meio Fios 7 1,59%

Asfaltar as Ruas que Ainda Não Foram 7 1,59%

Investir no Social 6 1,36%

Outra(as) 17 3,85%

Total 441 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 101: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

81

Foi perguntado aos moradores se consideravam o meio ambiente importante

para o seu bem-estar e para o de suas famílias. 97,8% argumentaram considerá-lo

importante. E quando questionados sobre como ele afeta o seu bem-estar e de sua

família, responderam que: um ambiente adequado melhora a qualidade de vida e a

saúde da família, caso contrário, poderiam proliferar vários tipos de doenças; um

ambiente limpo diminui o mau cheiro, melhora a qualidade da água e diminui as

doenças; desequilibrado o meio fazia com que as casas se inundassem; as árvores

melhoram a qualidade do ar; a coleta do lixo melhora a qualidade de vida;

tratamento de esgoto faz bem para a saúde, etc. 1,4% pensa diferente, para eles o

meio ambiente não é importante, pois não melhora em nada a vida das pessoas e

0,7% não souberam responder à questão (Tabela 4.29).

Tabela 4.29 – Considera o Meio Ambiente Importante?

Considera o Meio Ambiente Importante?

Sim 135 97,8%

Não 2 1,4%

Não Sabe 1 0,7%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Quando inquiridos sobre quais as melhorias ambientais realizadas no bairro,

após a implantação do Programa Habitar Brasil/BID, consideravam mais

importantes, 24,28% dos moradores responderam que a revitalização da Lagoa foi

sem dúvida a mais importante realização do programa, pois melhorou e muito a

qualidade de vida de quem mora no setor, 16,99% consideram a pavimentação

asfáltica, pois mitigou o problema da poeira e da lama, 13,52% afirmaram que foi a

coleta do lixo, que fez melhorar consideravelmente a limpeza do bairro, 13,19% a

construção da galeria de águas pluviais, que basicamente acabou com o problema

das enchentes, 11,83% a rede de esgoto, por causa da melhoria das condições

higiênico-sanitárias que trará ao bairro, 7,89% a ampliação da iluminação pública,

além de aumentar o bem-estar das pessoas, ainda contribui para diminuir a violência

e a criminalidade no local, 7,66% a urbanização do bairro, que contribuiu para

Page 102: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

82

melhorar a qualidade de vida e dar dignidade aos moradores, 4,64% outras

melhorias, dentre as quais, a disponibilidade de água encanada, a construção do

posto de saúde, a construção das novas casas e as palestras de conscientização

oferecidas no Centro de Usos Múltiplos (Tabela 4.30).

Tabela 4.30 – Melhorias Ambientais Mais Importantes

Melhorias Ambientais Mais Importantes

Revitalização da Lagoa 659 24,28%

Pavimentação Asfáltica 461 16,99%

Coleta do Lixo 367 13,52%

Galeria de Águas Pluviais 358 13,19%

Rede de Esgoto 321 11,83%

Ampliação da Iluminação Pública 214 7,89%

Urbanização do Bairro 208 7,66%

Outra(as) 126 4,64%

Total 2714 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

No bairro existe um Centro de Usos Múltiplos, construído para abrigar as

atividades voltadas para a Mobilização e Organização Comunitária (MOC),

Educação Sanitária e Ambiental (ESA) e Geração de Trabalho e Renda (GTR). O

trabalho no centro teve início em agosto de 2004, a partir daí, várias atividades que

perpassam os eixos do MOC, ESA e GER vem sendo desenvolvidas, conforme

citado no capítulo 4. Questionados sobre a existência do trabalho realizado no

Centro de Usos Múltiplos, 81,9% dos entrevistados disseram ter conhecimento e

18,1% afirmaram que não sabiam (Tabela 4.31).

Tabela 4.31 – Sabe da Existência do Trabalho Realizado no CUM?

Sabe da Existência do Trabalho Realizado no CUM?

Sim 113 81,9%

Não 25 18,1%

Total 138 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 103: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

83

Como nem todas as pessoas entrevistadas tinham conhecimento sobre o

trabalho desenvolvido no Centro de Usos Múltiplos, resolvemos excluir os que não

sabiam das questões seguintes, pois acreditamos que esses indivíduos não teriam

condições de opinar sobre o trabalho realizado no mesmo. Assim, 32,74% afirmaram

que o trabalho executado pelo CUM é ótimo, 58,41% acha que é bom, para 4,42% é

regular, 1,77% acha ruim e 2,65% não souberam responder (Tabela 4.32).

Tabela 4.32 – O Que Acha do Trabalho Realizado no CUM?

O Que Acha do Trabalho Realizado no C.U.M.?

Bom 66 58,41%

Ótimo 37 32,74%

Regular 5 4,42%

Ruim 2 1,77%

Não soube responder 3 2,65%

Total 113 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

As razões para os que acham bom e ótimo são as mais variadas: os filhos

estão aprendendo muitas coisas, oportunidade de melhora de vida com as

atividades promovidas, ocupação e incentivo à comunidade, a equipe é prestativa e

educada, oferece cursos que ocupam os jovens, educa e faz a comunidade evoluir,

aumentou a renda da família, tira as crianças da rua, tira as crianças e os jovens da

marginalidade, é uma forma de integração social, as crianças estão sendo

acompanhadas em seu desenvolvimento, disponibiliza vários cursos de capacitação

profissional para a comunidade, diversão para as crianças, por causa do trabalho

social, em razão projetos de emprego e culturais, as crianças tem para onde ir além

de apreenderem muito, ensina as crianças a se desenvolverem na área educativa,

as reuniões para conscientização são fundamentais, é a única coisa que funciona de

verdade no bairro, as pessoas são calmas para ensinar, dá qualidade de vida aos

jovens, porque tem muita gente que não teria condições de pagar pelos cursos

oferecidos, melhoria da renda familiar, competência das professoras e da equipe

técnica, educa as pessoas que ali freqüentam, tem beneficiado os moradores,

Page 104: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

84

chance no mercado de trabalho, pela maneira com que as meninas conduzem o

projeto, são muito educadas e tratam muito bem a comunidade, o resultado tem sido

bastante positivo, facilidade de atendimento e bom relacionamento.

Os que acham regular, disseram que faltam pesquisas para saber o que a

comunidade quer, a equipe é mau educada, os cursos deveriam ser gratuitos e mais

pontuais, falta recursos para melhorar o trabalho das meninas, além de faltar

divulgação. Para os que acham ruim, a explicação é a de que a equipe não

consegue passar segurança no trabalho, além de ser mau divulgado e administrado.

Sobre as atividades relacionadas ao meio ambiente realizadas pelo Centro de

Usos Múltiplos, 46,9% afirmou ter conhecimento, citaram a horta comunitária, o

plantio de mudas, as palestras relacionadas ao tema e as de conscientização, as

oficinas de reciclagem, os mutirões para a limpeza do bairro, os passeios

ecológicos, o trabalho sobre uso racional da água e da energia, o trabalho

desenvolvido com as crianças para a conservação do lago, das ruas, do meio

ambiente e do patrimônio público em geral e o trabalho do grupo ambiental do

bairro. 53,1% disseram que desconhecem essas atividades, alegaram, falta de

tempo ou interesse, que não costumam freqüentar o local, que falta informação e

divulgação, que não tem como participar ou que não fica muito em casa, que

trabalha fora, que não faz questão de participar (Tabela 4.33).

Tabela 4.33 – Tem Conhecimento das Atividades Sobre o Meio Ambiente

Realizadas pelo CUM?

Tem Conhecimento das Atividades Sobre o Meio Ambiente

Realizadas pelo CUM?

Não 60 53,10%

Sim 53 46,90%

Total 113 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Partimos então do mesmo pressuposto da alternativa anterior e fizemos a

pergunta seguinte apenas àquelas pessoas que conhecem as atividades sobre o

meio ambiente realizadas no Centro de Usos Múltiplos. Nesse quesito, 90,6% dos

Page 105: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

85

que têm conhecimento asseguram que ele ou alguém da família participou dessas

atividades, disseram ter participado de várias atividades e terem gostado muito e

que sempre participam; que foi muito bem organizado; da orientação quanto ao

destino correto do lixo, muito bom; o filho participou de algumas atividades e achou

ótimo pela conscientização com relação à questão ambiental; da atividade sobre

paisagismo e da horta comunitária, gostou muito e agora está fazendo em sua

residência; das palestras de conscientização, muito boas; das reuniões no galpão,

muito boas; dos mutirões realizados na praça, muito bons; dos mutirões de limpeza

do bairro, ótimos, pois valoriza o bairro; participaram de um minicurso da Emater,

acharam ótimo. Apenas 9,4% afirmaram que nunca participaram de nenhuma

atividade, os motivos foram: trabalha e não tem tempo; não freqüenta o local; não

teve conhecimento; não há divulgação; não se interessou; não quis participar; não

há informação; não tiveram incentivos; os filhos são menores; crianças pequenas,

pai trabalha fora e mãe ocupada; nunca foram convidados; problemas de saúde

(Tabela 4.34).

Tabela 4.34 – Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) Dessas Atividades

Ambientais?

Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) Dessas Atividades

Ambientais?

Sim 48 90,6

Não 5 9,4

Total 53 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Com relação aos cursos de capacitação profissional oferecidos no Centro de

Usos Múltiplos, 87,6% afirmaram ter conhecimento sobre os cursos de artesanato,

salgados, cabeleireiro, informática, manicura, crochê, culinária, pintura, padaria e

eletricista. 12,4% disseram que não conhecem, pois não freqüentam o local; não tem

tempo e não há divulgação; desconhecem a existência dos cursos; trabalham fora;

não tiveram interesse; nunca ouviram falar (Tabela 4.35).

Page 106: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

86

Tabela 4.35 – Tem Conhecimento dos Cursos de Capacitação Profissional

Realizados no CUM?

Tem Conhecimento dos Cursos de Capacitação Profissional

Realizados no CUM?

Sim 99 87,6%

Não 14 12,4%

Total 113 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Dos que tem conhecimento sobre os cursos de capacitação profissional que o

Centro de Usos Múltiplos oferece 52,5% asseguraram que ele ou alguém da família

tenha participado. Com relação à quais cursos e o que estão achando, as respostas

foram: minha filha participa do curso de computação e está gostando muito; muito

bom, mas poderia ter cursos à noite por causa das pessoas que trabalham durante o

dia; artesanato, bastante satisfeita; salgados, muito bom; cabeleireiro, fundamental

para a profissionalização; informática gosta muito; a nora está no curso de

computação, gosta muito; manicura, muito bom; culinária, muito bom; artesanato e

salgados, são ótimos; os filhos estão fazendo o curso de informática gostam muito,

dão a vida pelo curso; pintura, de boa qualidade, a filha e a mulher estão adorando;

melhorou a renda da família, são muito bons; irmão e sobrinho estão fazendo curso,

muito bom; culinária, ótimo; artesanato, muito bom; computação deixou a desejar; a

esposa já fez o curso de culinária, de produção de sabonetes e de bolsas e achou

muito bom; a esposa fez o curso de salgados e cabeleireira, achou importante

porque apreendeu uma nova profissão; curso de pintura achou bom, mas parou por

falta de tempo; salgados, adorou; salgados, muito bom, ajudou bastante na renda da

família. 47,5% afirmam que não, alegaram: desinteresse; falta de oportunidade e

tempo; falta de informação; não ter conhecimento; falta de vagas; há preferência por

alguns; pouco incentivo; trabalhar fora; cobrança de R$ 10,00; falta dinheiro

enquanto os computadores estão desocupados; não quis fazer; não foram

convidados; não precisam, mas é importante para os outros moradores; por

problemas de saúde; oferta de emprego no mercado de trabalho (Tabela 4.36).

Page 107: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

87

Tabela 4.36 – Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) dos Cursos de

Capacitação Profissional Realizados no CUM?

Você ou Alguém da Sua Família Participa(ou) dos Cursos de

Capacitação Profissional Realizados no CUM?

Sim 52 52,5%

Não 47 47,5%

Total 99 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Para os que os que participaram dos cursos de capacitação profissional,

51,1% garantem que contribuiu para melhorar a sua renda ou a da família, pois a

partir do curso passaram a trabalhar com a atividade que aprenderam. Alguns

depoimentos: fiz o curso de cabeleireira e estou atuando na área, me ajudou

bastante; através das encomendas de salgados que recebo; estou exercitando a

profissão de cabeleireiro; sim, através da cooperativa de salgadeiras; passei a

vender salgados; consegui trabalho na área; faço salgados para entregas; a partir do

curso montei uma mercearia; o curso de cabeleireiro foi fundamental para a minha

profissionalização. 48,9% responderam que ainda não teve nenhuma influência

sobre os seus rendimentos, os motivos alegados foram os seguintes: ainda não está

exercitando a nova profissão; pela concorrência, fiz o curso de salgados e tem muita

gente aqui no bairro fazendo salgados por encomenda ou pra vender na rua; não

conseguiu emprego na área; não foi colocado em prática ainda, mas tem boas

perspectivas para o futuro; está começando a atuar na área, ainda não houve

retorno financeiro (Tabela 4.37).

Tabela 4.37 – Influi na Melhoria de Sua Renda ou da Família?

Influi na Melhoria de Sua Renda ou da Família?

Sim 23 51,1%

Não 22 48,9%

Total 45 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 108: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

88

Questionados sobre as atividades culturais e de lazer realizadas no Centro de

Usos Múltiplos, 75,2% responderam que tem conhecimento sobre essas atividades,

24,8% disseram que desconhecem tais atividades. As atividades mais citadas, pela

ordem foram: capoeira, judô, futebol, peças teatrais, gincanas, apresentações

culturais, danças, festa junina, seções de cinema, futsal, eventos nos dias

comemorativos, eventos culturais, festa das crianças, comemoração de datas

festivas, pintura e reforço escolar. Os que responderam não alegaram,

principalmente, falta de informação ou de divulgação, não freqüentar o local, não

ficar em casa ou não terem sido convidados (Tabela 4.38).

Tabela 4.38 – Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer

realizadas pelo CUM?

Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer

realizadas pelo CUM?

Sim 85 75,2%

Não 28 24,8%

Total 113 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Das pessoas que afirmaram ter conhecimento sobre as atividades culturais e

de lazer desenvolvidas no Centro de Usos Múltiplos, 67,1% afirmou que ela ou

alguém da família já participou dessas atividades, 32,9% responderam que ainda

não haviam participado. As aulas de capoeira aparecem em primeiro lugar e quem

participa ou tem alguém da família participando gosta muito, em seguida vêm às

aulas de judô, muito elogiadas pelos entrevistados, depois vêm às festas que

também tem uma boa aceitação por parte das pessoas, as gincanas, as atividades

esportivas realizadas na quadra e as apresentações teatrais e culturais também tem

a aprovação dos moradores. Quem nunca participou dessas atividades, argumenta

que: falta divulgação, não freqüenta o local, não tem tempo, não foram convidados,

não tem crianças em casa, os filhos são muito pequenos, não tem interesse, por

Page 109: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

89

motivos religiosos, não há vagas, espera por vaga na capoeira, ou, até mesmo, por

falta de curiosidade (Tabela 4.39).

Tabela 4.39 – Você ou alguém de sua família participa ou participou de

alguma(s) atividade(s) cultural(is) e de lazer realizada(s) no CUM?

Você ou alguém de sua família participa ou participou de alguma(s)

atividade(s) cultural(is) e de lazer realizada(s) no CUM?

Sim 57 67,1%

Não 28 32,9%

Total 85 100%

Fonte: Pesquisa do Autor (2006).

Page 110: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

90

5. PRINCIPAIS RESULTADOS DO PROGRAMA HABITAR BRASIL

BID – SUBPROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE ASSENTAMENTOS

SUBNORMAIS

Na Lagoa dos Santos a aplicação do Programa Habitar Brasil/BID, por meio

do Subprograma de Urbanização de Assentamentos Subnormais, trouxe resultados

bastante satisfatórios, tanto do ponto de vista da melhoria das condições de

infraestrutura e dotação de equipamentos urbanos, como no trabalho de participação

comunitária e até mesmo na melhoria da qualidade ambiental.

5.1. Infraestrutura

No que diz respeito à infraestrutura e aos equipamentos urbanos destacamos

as obras destinadas a resolver o problema das inundações, a construção e a

reforma das casas, das vias de acesso pavimentadas, do posto de saúde (atual

Centro de Especialidades Médicas - CEM), do 16° Comando Regional da Polícia

Militar, do Centro de Usos Múltiplos, da quadra poliesportiva coberta, da implantação

do sistema de transportes coletivo, da biblioteca comunitária, da ampliação da rede

de iluminação pública, do abastecimento de água, da rede de energia elétrica etc.

De acordo com o Informativo do Centro de Usos Múltiplos (2006), ao realizar

o diagnóstico da área de intervenção foram identificadas 52 (cinquenta e duas)

famílias que residiam na área de risco (espelho d’ água da lagoa), sendo castigadas

pelas enchentes nos períodos chuvosos. Para resolver o problema dessas famílias e

ampliar a área destinada ao espelho d’ água, prevista no novo projeto de

engenharia, foram construídas 52 (cinquenta e duas) unidades habitacionais, no

próprio local, para onde essas famílias foram remanejadas (Anexo C).

A proposta inicial de intervenção e o manual do HBB previa que as novas

unidades habitacionais tivessem uma área construída de 30,00m² (trinta metros

quadrados), com 4 (quatro) cômodos, sala, cozinha, quarto e banheiro, ao preço de

R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais). Mas, na prática, elas foram construídas

com 42,89m² (quarenta e dois metros e oitenta e nove centímetros quadrados), com

Page 111: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

91

5 (cinco) cômodos, sala, cozinha, dois quartos e banheiro, ao preço unitário de R$

10.800,00, incluindo-se o valor do terreno (de acordo com o Termo de Adesão para

Remanejamento). Vale destacar, que esse acréscimo no tamanho das unidades

habitacionais e no número de cômodos só foi possível graças à contrapartida do

Governo Estadual, através do Cheque Moradia.

Além da construção das 52 unidades habitacionais, aquelas famílias que não

tinham condições de concluir ou reformar seus imóveis receberam o Cheque

Moradia, convênio entre o Município e o Governo do Estado com objetivo de

viabilizar a construção ou reforma de moradias populares. Aproximadamente 44%

das residências foram concluídas ou reformadas com o Cheque Moradia,

melhorando consideravelmente a sua infraestrutura (Anexo D). A Prefeitura

Municipal de Formosa assumiu a responsabilidade pelo do processo de

regularização fundiária dos domicílios na antiga área de risco.

Entretanto, como prevê as regulamentações do HBB29, foi necessário que a

Prefeitura tomasse as medidas legais cabíveis para evitar problemas futuros e

assegurar os direitos dos assentados. Assim, foi criado um termo de adesão para

que as famílias que concordassem com a implantação do Projeto Integrado Lagoa

dos Santos e com o remanejamento para uma nova área aderissem ao programa.

Algumas famílias, cerca de 30 (trinta), preferiram não continuar no local, por

não acreditarem que as propostas apresentadas pela Prefeitura fossem se

concretizar de fato. Assim, assinaram o termo de remanejamento e foram

transferidas para um novo bairro, o Nova Formosa, pois esse já era uma realidade,

enquanto que, a nova Lagoa dos Santos, parecia um sonho distante. Hoje, muitos

desses moradores, que não hesitaram em trocar o certo pelo duvidoso, se

arrependeram devido às condições de infraestrutura e aos equipamentos urbanos

existentes no bairro.

Foram construídas também, galerias de águas pluviais visando solucionar de

vez o problema das enchentes que aterrorizavam os moradores do local (Fotos 59,

60 e 61). Realizou-se a pavimentação asfáltica do bairro (Fotos 65, 66 e 67),

minimizando o problema da poeira e da lama que se acumulava na época chuvosa e

29

“É indispensável que as famílias a serem remanejadas e/ou reassentadas participem de todo o processo de elaboração e aprovação da proposta e que expressem sua concordância formal através

do Termo de Adesão Compromissos e obrigações” (MANUAL DO HBBUAS, 2002, p.34).

Page 112: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

92

construída a rede de esgoto, desejo dos moradores de acordo com a pesquisa

realizada em março de 2002 e que trará um destino adequado aos resíduos líquidos

produzidos em suas residências (Fotos 62, 63 e 64).

A iluminação pública do bairro também foi melhorada (Fotos 66 e 67). O

sistema de abastecimento de água e energia elétrica provenientes da rede pública

atende a basicamente todos os moradores.

Com relação ao abastecimento de água, de acordo com a pesquisa

realizada em 2002, 78,1% dos moradores eram atendidos com esse serviço,

já na pesquisa de 2006 esse índice chegou a 95,7% das residências. O

serviço de energia elétrica atendia em 2002 a 87,6% das famílias do bairro,

em 2006 esse número alcançou 97,8% das moradias do bairro. O que mostra

uma evolução significativa na oferta desses serviços, que são essenciais para

a melhoria da qualidade de vida da população.

Observa-se que tanto o serviço de coleta dos resíduos sólidos quanto o de

limpeza urbana estão atendendo a população do bairro adequadamente. Verifica-se

também que os moradores estão mais preocupados em manter seus lotes limpos,

respeitando os horários de coleta do lixo. E também, não foram verificados depósitos

lixo a céu aberto no local.

Construiu-se um Posto de saúde (Foto 01), para atender as necessidades dos

moradores, já que na pesquisa feita em 2002 eles apontavam que a saúde era uma

das suas prioridades e desejavam que fosse construído um posto de saúde no local,

pois tinham que deslocar alguns quilômetros até chegar ao hospital municipal e

ainda não contava com um sistema de transportes adequado para tal. É importante

ressaltar, que durante a pesquisa realizada em 2002, para levantar as principais

demandas dos moradores do bairro, no que se refere a equipamentos comunitários,

o Posto de Saúde foi o mais votado contando com 37,1% dos votos. E na pesquisa

de 2006 foi apontado por 27,2%, em primeiro lugar, entre as três obras que eles

consideravam mais importantes para a melhoria da sua qualidade de vida.

O posto policial, outra exigência dos moradores, também foi colocado em

prática, pois na mesma pesquisa, aparecia como uma das prioridades de

investimento apontadas pela comunidade, em razão, da falta de segurança e do

elevado índice de violência e criminalidade no setor. Nesse sentido, a construção do

Page 113: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

93

16° Comando Regional da Polícia Militar contribuiu de maneira significativa para a

diminuição da violência e do tráfico de drogas no bairro. Pois, mesmo não tendo

conseguido resolver definitivamente tal problemática, coibiu a maior parte das ações

criminosas no local, fazendo com que a população se sinta mais segura (Foto 02). A

abertura de ruas e ampliação da rede de iluminação pública também contribuiu para

a diminuição da violência e do tráfico, além de ter facilitado o acesso da polícia na

região, agilizando as suas ações.

Outra obra importante é a quadra poliesportiva coberta, pois contribuiu para a

prática de atividades esportivas, no âmbito de uma comunidade carente, que não

dispunha de um espaço adequado para a realização de tais atividades. Ela é

utilizada diariamente pela população. É frequentada por crianças, adolescentes e

adultos do bairro Lagoa dos Santos e entorno (Foto 03).

A escola de ensino fundamental não foi construída e a ampliação da creche

localizada no bairro, também não se concretizou. O motivo alegado no caso da

escola, pelas autoridades competentes, foi que a construção de uma escola no

bairro elevaria o preço final do programa de intervenção, além de não haver

necessidade real para a construção da mesma, pois nas proximidades, a cerca de

500m (quinhentos metros) do local, existem pelo menos três escolas que tem

condições de atender muito bem os moradores do bairro, são duas escolas

municipais: Escola Municipal Gabriela Amado e Escola Municipal Padre Dino e uma

estadual, a Escola Estadual Mauro Alves Guimarães. A verba que seria destinada à

escola foi utilizada para melhorar a infraestrutura e os equipamentos urbanos do

local. Com relação à ampliação da creche, o argumento é o de que era uma

instituição privada, portanto, não haveria como destinar dinheiro público em

benefício da mesma.

O serviço de transporte coletivo foi implantado em junho de 2006. A Viação

Cidade Formosa, responsável pelo transporte no bairro, disponibiliza um micro-

ônibus que percorre a cada 30 minutos as principais ruas do bairro. Antes da

intervenção, segundo dados de 2002 do Projeto de Participação Comunitária, o

transporte coletivo passava a 500 metros do setor. Com a melhoria no acesso ao

transporte público no bairro, os moradores passaram a ter melhor acessibilidade a

escolas de ensino médio, universidade e faculdades, hospital municipal, rodoviária,

etc.

Page 114: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

94

A conclusão do Centro de Usos Múltiplos, em agosto de 2004, foi outro passo

importante para a melhoria da qualidade de vida da comunidade, já que várias

atividades passaram a ser desenvolvidas ali, se tornando, desde então, a referência

no trabalho social desenvolvido no bairro (Foto 04). Através dele, a população teve e

tem acesso a várias ações realizadas dentro dos eixos de Mobilização e

Organização Comunitária, Educação Sanitária e Ambiental e Geração de Trabalho e

Renda.

O bairro foi beneficiado também com a pavimentação asfáltica, que eliminou a

poeira e a lama e facilitou a circulação pelas suas vias e com a ampliação da

iluminação pública, que além de aumentar o bem-estar das pessoas, contribuiu para

diminuir a violência e a criminalidade no local, para melhorar a qualidade de vida e

dar dignidade aos moradores (Fotos 65, 66 e 67).

Mas as obras principais, e talvez as mais importantes do programa visando o

fim dos alagamentos e das enchentes, a melhoria da qualidade de vida da

população e também a melhoria ambiental, foram à revitalização da lagoa e

urbanização e paisagismo do bairro (Fotos 05, 06, 07, 08, 68, 69 e 70). Essas obras,

muitas vezes deixaram de ser citadas pelos moradores durante as pesquisas e até

mesmo de serem apontadas como prioridades para solucionar os problemas de

alagamentos e condições precárias de habitabilidade na qual viviam, mas sem as

quais jamais desfrutariam da atual qualidade de vida, conforto, cidadania e

dignidade que eles mesmos apontaram na última pesquisa.

5.2. Trabalho de Participação Comunitária

A construção do Centro de Usos Múltiplos facilitou o desenvolvimento das

atividades sociais, culturais e ambientais, previstas no trabalho de participação

comunitária. Previsto no projeto urbanístico e arquitetônico, o Centro de Usos

Múltiplos é utilizado como equipamento comunitário pelos moradores do bairro. Ele

era coordenado pelo Engenheiro Civil Pedro Ivo Campos Faria (Coordenador da

Unidade Executora Municipal), que contava com o apoio da Assistente Social Flavia

Tourinho (Coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária), de Shirley Silva

Page 115: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

95

(Assistente Social) e de Ana Paula Spíndola (Psicóloga) (INFORMATIVO do

CENTRO DE USOS MÚLTIPLOS, 2006).

O trabalho de participação comunitária começou a ser desenvolvido em

agosto de 2004 e hoje são executadas diversas atividades que perpassam os eixos

do MOC, ESA e GER. A seguir listamos as principais atividades desenvolvidas

no/pelo Centro de Usos Múltiplos ao longo desse período:

a) Aulas de reforço pedagógico (Foto 73);

b) Comissão de Jovens;

c) Comissão de acompanhamento de obras;

d) Curso de artes plásticas;

e) Jornal Comunidade em Ação;

f) Oficina de teatro para o desenvolvimento social (Foto 72);

g) Aulas de capoeira;

h) Criação da biblioteca do Centro de Usos Múltiplos;

i) Futebol de salão (Foto 71);

j) Aulas de judô;

k) Campanha do lixo;

l) Mutirão da limpeza (Foto 81);

m) Grupo ambiental “Amigos do Meio Ambiente” (Foto 82)

n) Campanha sobre o uso sustentável da água e energia;

o) Formação da horta modelo para orientar os moradores na implantação de

hortas em suas residências;

p) Educação sexual para adolescentes;

q) Seções de cinema;

r) Palestras;

s) Gincanas;

t) Festas comemorativas e de confraternização;

Page 116: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

96

u) Curso de inclusão digital (Foto 79);

v) Curso de cabeleireiro (Foto 76);

w) Curso de artesanato (Fotos 74 e 75);

x) Curso de salgados, doces e confeitaria (Fotos 77 e 78);

y) Criação da cooperativa de salgadeiras etc.

Vale destacar que as atividades realizadas, além de contar com o apoio da

comunidade e de outras instituições, não foram e nem são criadas à revelia, já que a

comunidade ajuda a decidir muitas das atividades que gostaria que fossem

colocadas em prática no/pelo CUM. Exemplo disso, é que nas pesquisas realizadas

a partir de 2002, várias sugestões da comunidade foram aceitas, dentre as quais

podemos citar: as campanhas de limpeza do bairro sugeridas por 27,5% dos

entrevistados em 2002, a criação de cursos de capacitação profissional também

sugestão de 14,7% das pessoas nessa mesma pesquisa, a implantação de uma

horta comunitária, citada por 14,7% dos moradores, a construção de uma quadra

poliesportiva, desejo de 4% dos inquiridos, que acreditavam contribuir para a

retirada das crianças e jovens das ruas, a realização de eventos culturais que

contava com apoio de 1,2% dos entrevistados, etc.

Até mesmo, os cursos de capacitação profissional colocados em prática no

Centro de Usos Múltiplos tiveram o aval da comunidade. Em 2004, foi realizado um

recadastramento dos moradores pela equipe técnica da Prefeitura Municipal,

responsável pela área social do Programa Habitar Brasil/BID. O questionário foi

respondido por quase todos os moradores, pois se tratava de um programa de

recadastramento que traria benefícios para a comunidade. Nesse questionário,

foram dadas aos moradores algumas sugestões de cursos de capacitação

profissional e qual deles gostariam que fossem implantados no Centro de Usos

Múltiplos. A grande maioria dos inquiridos, ou seja, 43,5% optaram pelo curso de

salgados, 20,8% pelo de padaria, 16,4% pelo de mecânica de automóveis, 10,6%

oficina de bicicletas e 10% pelo de marcenaria (Tabela 5.1). A ideia era ver a

possibilidade de colocar em prática o curso de maior aceitação e, assim, capacitar

os moradores visando criar ou aumentar suas fontes de renda. Vale ressaltar que,

em razão dessa pesquisa, foi oferecido para a comunidade e realizado no Centro de

Usos Múltiplos o curso de salgados. Depois do curso, foi implantada no próprio

Page 117: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

97

Centro de Usos Múltiplos uma cooperativa de salgadeiras, denominada Recanto do

Sabor, criada para atender aos trabalhadores que não encontraram emprego após a

realização do curso, além de contribuir para a melhoria da renda das cooperadas.

Tabela 5.1 – Cursos de Capacitação Profissional Desejados Pelos Moradores

Cursos de Capacitação Profissional Desejados Pelos Moradores

Salgados 90 43,5%

Padaria 43 20,8%

Mecânica de Automóveis 34 16,4%

Oficina de Bicicleta 22 10,6%

Marcenaria 10 4,8%

Outro(s) 8 3,9%

Total 207 100%

Fonte: Recadastramento do Programa Habitar Brasil/BID (2004).

5.3. Melhorias sanitárias e ambientais

O programa foi fundamental para urbanizar o bairro e melhorar as condições

sanitárias e ambientais por meio de obras como a construção das galerias de águas

pluviais, que basicamente decretaram o fim das enchentes e dos alagamentos, algo

que assustava os moradores durante o período das chuvas (Fotos 59, 60 e 61). Foi

construída a rede de esgoto pondo fim à necessidade das fossas sépticas e dos

esgotos que escoavam livremente pelas ruas do bairro (Fotos 62, 63 e 64). A coleta

do lixo foi regularizada, sendo que ele é coletado três vezes por semana, evitando

os lixões a céu aberto, comuns no local antes do projeto de intervenção. Esses

lixões, juntamente com águas servidas que circulavam pelas ruas eram locais de

proliferação de vetores de vários tipos de doenças. Nesse sentido, podemos afirmar

que, atualmente, os moradores desfrutam de melhores condições de higiene e de

saúde.

Houve também investimento em paisagismo, sendo plantadas várias espécies

de árvores típicas da região e também gramíneas e outras espécies arbustivas e

Page 118: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

98

herbáceas na orla da lagoa e em vários pontos do bairro, visando à permeabilidade

do solo e a absorção das águas da chuva, pois com pavimentação das vias,

construção de calçadas e concretamento em partes do bairro houve diminuição da

permeabilidade do solo.

Do ponto de vista ambiental, após a implantação do Programa Habitar

Brasil/BID, por meio do Subprograma de Urbanização de Assentamentos

Subnormais, várias medidas foram tomadas visando a revitalização da Lagoa dos

Santos. Dentre essas melhorias, destacamos a criação de um espelho d’água na

área da antiga lagoa, visando à manutenção do curso natural das nascentes

originárias do local e até mesmo advindas de outros, como é o caso das nascentes

da Lagoinha do Abreu, que juntamente com a Lagoa dos Santos abastecem a Lagoa

Feia, afluente da Bacia do São Francisco. É visível que o espelho d’água atual não

tem as mesmas dimensões do espelho de água original, mas, de acordo com os

técnicos responsáveis pelo programa é suficiente para a manutenção do aporte

hídrico dessas nascentes. Vale ressaltar ainda que, por mais que um dos principais

objetivos do programa fosse à revitalização da lagoa, ela jamais voltará ao seu

estado original, anterior a invasão, conforme fotos da década de 80 (Fotos 21, 22, 23

e 24). Mas, não podemos deixar de destacar a importância dele para a manutenção

das nascentes que estavam sendo destruídas pela ocupação desordenada da área,

a sua contribuição para mitigar os impactos ambientais provenientes dessa

ocupação e também para a melhoria das condições sanitárias e ambientais dos

moradores do bairro.

Page 119: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

99

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O problema da Lagoa dos Santos retrata uma triste realidade em nosso país,

ou seja, o da falta de moradia, que afeta milhões de brasileiros. Estudo realizado

pela Fundação João Pinheiro, denominado: Déficit Habitacional no Brasil, mostra

que a escassez de moradias no país atinge 4 milhões de famílias no meio urbano e

1,6 milhão no meio rural. Aproximadamente 55% desse contingente situam-se no

grupo de famílias com rendimentos de até 02 salários mínimos e quase 30% na faixa

de rendimento de 02 a 05 salários mínimos. Esse fato demonstra que 3,4 milhões de

moradias, que representam 85% do déficit total, são demandadas por famílias com

renda mensal de até 05 salários mínimos (MANUAL DO HBB UAS, 2002).

Diante dessa dificuldade de se obter moradias pessoas desesperadas se

apropria de áreas inadequadas para tal finalidade, colocando em risco a sua

integridade física e a de sua família e também o seu patrimônio. Frequentemente os

meios de comunicação divulgam casos de famílias inteiras que perderam tudo que

tinham ou morreram soterradas ou afogadas em áreas de risco. Mesmo esses

exemplos, não são capazes de intimidar essas pessoas, que arriscam suas vidas e o

seu patrimônio habitando áreas impróprias, onde a natureza, por força maior, não

permite tais ocupações.

Além dos riscos inerentes às condições de seus sítios e da precariedade da

maioria das habitações, a situação ambiental dos assentamentos subnormais

apresenta ainda como problemas graves, as condições precárias no sistema de

coleta de lixo, abastecimento de água, energia elétrica, disposição final dos resíduos

sólidos e líquidos, do sistema de transportes, além da escassez de equipamentos

urbanos, do desemprego, etc. Assim, urbanizar esses assentamentos é uma das

soluções recomendáveis, isto é, integrar tais áreas, social, econômica e

politicamente, adaptando-as às necessidades do meio natural.

O caso particular da Lagoa dos Santos é mais uma evidência de que ao

agredir a natureza o homem agride a si próprio, pois as consequências dessa

degradação acabam se revertendo contra ele mesmo. Como exemplos, podemos

destacar as enchentes nos centros urbanos, os desmoronamentos de encostas, etc.

que trazem grandes prejuízos materiais, financeiros e até mesmo a morte de muitos

Page 120: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

100

moradores. Nesse sentido, parece claro que o encaminhamento da solução da

questão dos assentamentos subnormais passa, necessariamente, por um quadro

abrangente de uma política social e de geração de emprego e renda que contemple

os processos que respondem pela estruturação do espaço e que ressalte a

consciência crítica com relação à questão ambiental.

Se não é possível resolver o problema da pobreza em curto prazo, é

necessário buscar alternativas que possam minimizá-la e que ao mesmo tempo

possam contribuir par mitigar a degradação ambiental associada à pobreza urbana.

Está claro, que uma das únicas maneiras de dar condições dignas de vida aos

pobres urbanos que habitam os assentamentos subnormais é através da melhoria

desses espaços e de um trabalho social que vise elevar sua qualidade de vida.

É nesse contexto, que se enquadra o Programa Habitar Brasil/BID que

procura contribuir para que as famílias de baixa renda, residentes em

assentamentos subnormais, tenham melhores condições de subsistência, além de

dar maior capacidade aos municípios para atuarem no controle e recuperação

desses locais, e tenham condições de criar mecanismos para evitar o surgimento de

novos assentamentos com o mesmo perfil. Na Lagoa dos Santos, a aplicação do

HBB trouxe resultados bastante satisfatórios, tanto do ponto de vista da melhoria

das condições de infraestrutura e dotação de equipamentos urbanos, como no

trabalho de participação comunitária e até mesmo na melhoria da qualidade

ambiental.

Quando comparamos os dados da pesquisa de 2006 com os da de 2002

concluímos que houve avanços nos aspectos relacionados à moradia e à inserção

urbana no bairro. Houve redução do déficit habitacional, redução das situações de

inadequação habitacional, aumento da cobertura na maioria dos serviços de

infraestrutura. Os aspectos de mobilidade urbana também foram melhorados com a

abertura de ruas, pavimentação asfáltica e construção de calçadas.

Antes da implantação do Subprograma de Urbanização de Assentamentos

Subnormais, as invasões e o aumento populacional tornaram as vias de acesso

restritas, contribuindo para a abertura de muitas ruas de forma irregular. Algumas

ruas eram verdadeiros brejos e não havia pavimentação asfáltica ou serviço de

iluminação pública. O programa trouxe melhorias, pois atualmente, 100% das vias

Page 121: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

101

do bairro são pavimentadas (o que facilitou o acesso ao bairro e a vários serviços,

como por exemplo, a coleta regular do lixo) e dispõem de iluminação pública.

Com a construção do Centro de Especialidades Médicas, o acesso aos

serviços de saúde melhorou. Antes dele a população tinha que se deslocar do bairro

em busca desse de atendimento. O programa contribui ainda com ações

socioeducativas de educação sanitária. A maioria dos moradores do bairro se diz

satisfeita com o atendimento realizado pelo centro.

O trabalho de participação comunitária, outra vertente importante do

Programa Habitar Brasil/BID, desenvolveu-se de maneira satisfatória na Lagoa dos

Santos. Houve melhoria sensível nos níveis de participação e mobilização da

comunidade. Mais da metade da população participa das atividades realizadas no

Centro de Usos Múltiplos e a maioria dos moradores aprova o trabalho daquela

equipe. De acordo com os moradores, o trabalho desenvolvido no centro para criar a

comissões representativas, contribuiu para o aumento da participação comunitária e

também para aumentar o interesse dos moradores pela busca de melhorias para o

bairro. A relação positiva entre a equipe social, as lideranças e a comunidade,

facilitou as discussões acerca das atividades a serem desenvolvidas e para a

implantação do Projeto Social.

O engajamento da Associação de Moradores no processo de revitalização do

bairro e na melhoria das condições de vida da população motivou todas as faixas

etárias que atualmente participam de ações na condição de agentes ativos. As

melhorias fortaleceram não somente a liderança local como também a de outros

bairros da cidade. O comprometimento da associação com os lagoenses facilita na

busca de parcerias para a implantação de novos projetos que atendam as

necessidades da população local, como a capacitação dos moradores para

trabalharem na reciclagem dos resíduos sólidos, a oferta de cursos

profissionalizantes, além de promover atividades culturais e ampliar as opções de

lazer da mesma. Esse trabalho de participação ativa da comunidade é e esta sendo

fundamental para garantir a sustentabilidade e o sucesso do programa.

No que diz respeito à geração de trabalho e renda, um dos aspectos mais

relevantes do programa, foram realizados vários cursos de capacitação profissional

no Centro de Usos Múltiplos, dentre os quais podemos destacar os cursos de

salgados, artesanato, cabeleireiro, manicura, produção de sabonetes, confecção de

Page 122: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

102

bolsas, culinária, pintura e informática (com a implantação Telecentro por meio da

parceira entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a Prefeitura Municipal).

O programa proporcionou também melhorias na inserção no mundo do

trabalho, pois além dos cursos de capacitação profissional, foi criada uma feira livre

para que os moradores pudessem vender seus produtos. Auxiliou ainda as

participantes do curso de salgados a criarem a cooperativa de salgadeiras Recanto

do Sabor. Entretanto, apesar de alguns avanços nessa área, estes ainda não foram

suficientes para aumentar a renda da maioria da comunidade.

No tocante à questão da melhoria da qualidade ambiental, visto que a mesma

constitui fator determinante para se alcançar melhoria na qualidade de vida das

pessoas de uma determinada localidade, ocorreu uma série de ações visando à

melhoria da qualidade ambiental do local. Podemos destacar a revitalização da

lagoa e o fim das enchentes, a implantação da rede de coleta de resíduos líquidos, a

coleta regular dos resíduos sólidos produzidos pelos moradores, a urbanização e a

arborização do bairro, o paisagismo da orla da lagoa e o serviço de monitoramento

da qualidade da água da mesma, o serviço de limpeza urbana, dentre outros.

A construção dos equipamentos públicos, como playgrounds e praças, serviu

para evitar a ocorrência de novas ocupações irregulares no bairro. Os moradores e a

Prefeitura estão atentos a qualquer movimentação desse tipo inibindo tentativas de

invasão. Os lagoenses contribuem efetivamente para a preservação do local,

participando de palestras, mutirões de limpeza, grupos de meio ambiente, etc. Essas

ações são desenvolvidas no programa HBBUAS dentro dos eixos de Mobilização e

Organização Comunitária e Educação Sanitária e Ambiental. Vale ressaltar a

importância desse trabalho, visto que, as únicas Áreas de Preservação Permanente

(APP), de acordo com a Prefeitura, é a lagoa e sua orla, pois são áreas de

nascentes.

Mas, é preciso ressaltar que o Subprograma de Urbanização de

Assentamentos Subnormais implantado na Lagoa dos Santos apresentou também

alguns reveses, que foram apontados pela população como prioridades para ações

imediatas do poder público, como por exemplo, a questão da segurança, que

mesmo com a construção do posto policial e da visível melhora, ainda deixa a

desejar, pois persistem, em menor escala, os problemas com o tráfico de drogas e a

Page 123: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

103

violência; a falta de escolas no próprio bairro; o alagamento de algumas ruas; o

desemprego; problemas com rachaduras em algumas casas; dentre outros. Nas

entrevistas com o coordenador da Unidade Executora Municipal, Pedro Ivo de

Campos Faria e com a coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária,

Flávia Tourinho, esses problemas foram levantado e eles demonstraram

preocupação com os mesmos e afirmaram que haverá um grande empenho por

parte da Prefeitura Municipal de Formosa, na busca de alternativas que venham

solucionar ou pelo menos mitigar tais problemas.

Quanto à eficácia do Programa em diminuir a pobreza e melhorar as

condições ambientais entendemos que ele conseguiu alcançar seus objetivos. Ao

analisar o projeto pós-implantação, observamos que os resultados apresentados

pela comunidade beneficiada correspondem aos plenos objetivos do programa

pretendidos pelo HBB, que visa promover mecanismos para favorecer o

associativismo, os cuidados com os espaços públicos e os bens comuns, bem como

a criação de um ambiente social, onde as pessoas, em conjunto, possam enfrentar

os problemas e aproveitar as oportunidades, ao invés de se tornarem beneficiários

passivos e permanentes de ofertas de recursos que vêm de cima para baixo.

Observou-se também que o programa não se preocupou somente com a

habitação em si, mas também com a qualidade de vida de seus moradores, ao

oferecer cursos de capacitação profissional e atividades relacionadas à preservação

e a conservação do meio ambiente. De acordo com os coordenadores do programa,

após a conclusão dos trabalhos, os moradores caminharão por conta própria.

Mesmo assim, a Prefeitura manterá equipes no bairro pra acompanhar e auxiliar os

moradores, com o intuito de garantir que os benefícios oriundos do HBB possam

permanecer.

Ao final do trabalho, constatamos que a pobreza afeta diretamente o meio

ambiente e o meio ambiente degradado implica em ampliação da pobreza nessas

áreas já bastante precárias. Percebemos também que, a revitalização do meio

ambiente local ao seu estágio original não foi possível, mas, que através da

implantação do programa garantiu-se o acesso da comunidade aos mais diversos

direitos sociais constitucionalmente assegurados (habitação, saúde, segurança,

educação e lazer), houve melhorias na qualidade de vida dos moradores e melhorias

na qualidade ambiental do bairro.

Page 124: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

104

Analisando os resultados obtidos através das pesquisas e entrevistas

realizadas no bairro em 2002 e 2006 e a opinião dos moradores quanto às

mudanças ocorridas no bairro nesse período, eles se tornam ainda mais

significativos. Nesse contexto, conclui-se que através de programas como o Habitar

Brasil/BID é possível mudar a situação de assentamentos subnormais como a Lagoa

dos Santos existentes em outras partes do país, dando condições dignas de vida

aos seus moradores e melhorando as condições ambientais desses locais.

Page 125: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

105

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110

APÊNDICES

Page 131: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

111

APÊNDICE A – Modelo de Questionário aplicado em 2002

Questionário Nº.:_______

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE

A RELAÇÃO ENTRE A POBREZA URBANA E O MEIO AMBIENTE:

o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

Apresentação:

Bom dia! Somos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e estamos realizando uma pesquisa sobre a

situação dos moradores do bairro Lagoa dos, gostaríamos, por gentileza, de contar com sua colaboração. Todas as respostas serão mantidas em segredo, sendo usadas somente para fins de

estudos da UEG e UnB (Dissertação de Mestrado).

Entrevistador: ________________________________________ Data: ___/___/___ Horário: _____

Parte I: Dados quantitativos sobre o entrevistado e o local

1. Nome (opcional): ________________________ 2. Sexo M ( ) F ( ) 3. Profissão: ___________

4. Idade: a. ( ) 0 a 9 anos b. ( ) 10 a 19 anos

c. ( ) 20 a 29 anos d. ( ) 30 a 39 anos

e. ( ) 40 a 49 anos f. ( ) 50 a 59 anos g. ( ) 60 a 69 anos

h. ( ) 70 a 79 anos i. ( ) 80 a 89 anos

j. ( ) 90 ou mais

5. Nível de Escolaridade do chefe da família:

a. ( ) Não sabe ler e escrever b. ( ) Ensino Fundamental

c. ( ) Ensino Médio d. ( ) Ensino Superior

6. Nível de Escolaridade da população adulta: a. ( ) Não sabe ler e escrever b. ( ) Ensino Fundamental

c. ( ) Ensino Médio d. ( ) Ensino Superior

7. Quem é o responsável pelo sustento da família? a. ( ) pai

b. ( ) mãe

c. ( ) ambos d. ( ) outro. Qual _______________________

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112

8. Situação do chefe da família no mercado de trabalho:

a. ( ) assalariado

b. ( ) autônomo c. ( ) trabalha informalmente

d. ( ) aposentado/pensionista

e. ( ) desempregado

9. Renda Familiar: a. ( ) Até 1 Salário Mínimo b. ( ) Mais de 1 até 2 Salários Mínimos

c. ( ) Mais de 2 até 3 Salários Mínimos d. ( ) Mais de 3 até 4 Salários Mínimos

e. ( ) Mais de 4 até 5 Salários Mínimos

f. ( ) Mais de 5 Salários Mínimos

10. Tempo que reside na Lagoa dos Santos:

a. ( ) menos de 5 anos b. ( ) de 5 a 10 anos

c. ( ) de 11 a 20 anos

d. ( ) mais de 20 anos

11. Números de residentes:

a. ( ) 1 pessoa

b. ( ) 2 pessoas c. ( ) 3 pessoas

d. ( ) 4 pessoas e. ( ) Mais de 4 pessoas

12. Número de famílias por residência:

a. ( ) Unifamiliar

b. ( ) Cohabitada 2 famílias c. ( ) Cohabitada 3 famílias d. ( ) Cohabitada 4 famílias 13. Tipo de uso da residência:

a. ( ) Residencial b. ( ) Residencial/comercial

c. ( ) Residencial/religioso d. ( ) Outros 14. Número de cômodos residência:

a. ( ) 1 cômodo b. ( ) 2 cômodoc

c. ( ) 3 cômodos d. ( ) 4 cômodos

e. ( ) 5 cômodos ou mais

15. Existência de banheiro no domicílio:

a. ( ) Banheiro interno

b. ( ) Banheiro externo c. ( ) Não possui

Page 133: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

113

16. Tipos de paredes:

a. ( ) Alvenaria b. ( ) Madeira

c. ( ) Plástico/Lona d. ( ) Adobe e. ( ) Outros

17. Tipos de coberturas:

a. ( ) Laje b. ( ) Telha de barro c. ( ) Amianto/Zinco

d. ( ) Plástico/Lona e. ( ) Outros

18. Tipos de Pisos: a. ( ) Terra batida

b. ( ) Cimentado c. ( ) Cerâmica/Maderia

d. ( ) Outros

19. Qual a origem da água utilizada para o consumo diário?

a. ( ) rede pública

b. ( ) cisterna c. ( ) Outro. Qual? _________________________________

20. Qual a origem da energia elétrica que vocês utilizam?

a. ( ) rede pública (CELG) b. ( ) puxada/gambiarra c. ( ) Não possui

d. ( ) Outro. Qual? _________________________________

21. Que destino é dado aos resíduos líquidos (esgoto) produzido?

a. ( ) rede pública b. ( ) fossa séptica c. ( ) lançado a céu aberto

d. ( ) Outro. Qual? _________________________________

22. Que destino é dado ao lixo (resíduos sólidos)?

a. ( ) Coletado pela Prefeitura

b. ( ) Enterrado c. ( ) Queimado

d. ( ) Lançado a céu aberto e. ( ) Outro. Qual? _________________________________

23. Tipos de Melhorias para o Domicílio: a. ( ) Construção de imóvel

b. ( ) Reforma do imóvel c. ( ) Rede de esgoto

d. ( ) Energia elétrica e. ( ) Água encanada f. ( ) Outra. Qual? _________________________________

Page 134: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

114

24. Prioridades de investimento:

a. ( ) Cultura b. ( ) Segurança

c. ( ) Educação d. ( ) Esporte e. ( ) Geração de Renda

f. ( ) Lazer g. ( ) Saúde

h ( ) Outras. Quais? _________________________________ 25. Prioridades de investimento:

a. ( ) Cultura b. ( ) Segurança

c. ( ) Educação d. ( ) Esporte e. ( ) Geração de Renda

f. ( ) Lazer g. ( ) Saúde

h ( ) Outras. Quais? _________________________________ 26. Tipos de melhorias para o bairro:

a. ( ) Posto de saúde b. ( ) Escola de ensino fundamental

c. ( ) Escola de ensino médio d. ( ) Rede de esgoto e. ( ) Pavimentação asfáltica

f. ( ) Plantio de árvores g. ( ) Coleta de lixo

h. ( ) Iluminação pública i. ( ) Posto policial j. ( ) Área de comércio

k. ( ) Limpeza do bairro l. ( ) Aterramento do lote

m. ( ) Galeria de águas pluviais n. ( ) Outras. Quais? _________________________________

27. Projetos apoiados pela comunidade: a. ( ) Implantação da horta comunitária

b. ( ) Campanhas de arborização c. ( ) Campanhas de limpeza urbana d. ( ) Fiscalização contra novas invasões

e. ( ) Construção de quadra poliesportiva f. ( ) Realização de eventos culturais

g. ( ) Criação de cursos profissionalizantes h. ( ) Melhoria do atendimento à saúde i. ( ) Outros. Quais? _________________________________

Page 135: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

115

APÊNDICE B – Modelo de Questionário aplicado em 2006

Questionário Nº.:_______

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA MESTRADO EM GESTÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE

QUESTIONÁRIO 2: SITUAÇÃO DOS MORADORES E DA LAGOA DOS SANTOS APÓS A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA HABITAR BRASIL BID

Apresentação

Bom dia! Somos da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e estamos realizando uma pesquisa sobre

a situação dos moradores do bairro após a implantação do programa de revitalização da Lagoa dos Santos

realizado pela Prefeitura Municipal, gostaríamos, por gentileza, de contar com sua colaboração. Fizemos uma

pesquisa em 2002 aqui na lagoa, antes da implantação do programa, estamos aqui novamente para colher

informações a respeito da situação atual do bairro. Todas as respostas serão mantidas em sigilo, sendo usadas

somente para fins de estudos da UEG e UnB (Dissertação de Mestrado).

Entrevistador: _________________________________________________ Data: ___/___/___ Horário: ____

Parte I: Dados quantitativos e qualitativos sobre o entrevistado e o local

Nome: ___________________________________________________________________________________

Rua: ___________________________________________________________________________ Nº: ______

1. Sexo M ( ) F ( ) 2. Profissão: ____________________________________________________________

3. Idade:

a. ( ) 0 a 9 anos

b. ( ) 10 a 19 anos

c. ( ) 20 a 29 anos

d. ( ) 30 a 39 anos

e. ( ) 40 a 49 anos

f. ( ) 50 a 59 anos

g. ( ) 60 a 69 anos

h. ( ) 70 a 79 anos

i. ( ) 80 ou mais

4. Nível de Escolaridade do chefe da família:

a. ( ) Fundamental Incompleto

b. ( ) Fundamental Completo

c. ( ) Ensino Médio Incompleto

d. ( ) Ensino Médio Completo

e. ( ) Ensino Superior

f. ( ) Nenhum

5. Quem é o responsável pelo sustento da família?

a. ( ) pai

b. ( ) mãe

c. ( ) ambos

d. ( ) outro. Qual _________________________________

6. Situação do(s) chefe(s) da família no mercado de trabalho:

a. ( ) assalariado

b. ( ) autônomo

c. ( ) trabalha informalmente

d. ( ) aposentado/pensionista

e. ( ) desempregado

7. Renda Familiar:

a. ( ) Até 1 Salário Mínimo

b. ( ) Mais de 1 até 2 Salários Mínimos

c. ( ) Mais de 2 até 3 Salários Mínimos

d. ( ) Mais de 3 até 4 Salários Mínimos

e. ( ) Mais de 4 até 5 Salários Mínimos

f. ( ) Mais de 5 Salários Mínimos

Page 136: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

116

8. Recebe algum tipo de benefício mensal do estado ou da prefeitura?

a. ( ) Sim

b. ( ) Não

9. Se sim, qual o benefício?

a. ( ) Bolsa Família

b. ( ) Renda Cidadã

c. ( ) PETI

d. ( ) Vale-gás

e. ( ) Outro(s). Qual(is)? __________________________________________________________________

10. Tempo que reside na Lagoa dos Santos:

a. ( ) menos de 5 anos

b. ( ) de 5 a 10 anos

c. ( ) mais de 11 anos

11. Quantos cômodos existem na residência?

a. ( ) 1 cômodo

b. ( ) 2 cômodos

c. ( ) 3 cômodos

d. ( ) 4 cômodos

e. ( ) 5 cômodos

f. ( ) Mais de 5 cômodos

12. Números de residentes no domicílio:

a. ( ) 1 pessoa

b. ( ) 2 pessoas

c. ( ) 3 pessoas

d. ( ) 4 pessoas

e. ( ) Mais de 4 pessoas

13. Existe banheiro no domicílio?

a. ( ) Sim, banheiro interno

b. ( ) Sim, banheiro externo

c. ( ) Não

14. Qual a origem da água utilizada para o consumo diário?

a. ( ) Rede pública

b. ( ) Cisterna

c. ( ) Outro. Qual e por quê? _______________________________________________________________

15. Qual a origem da energia elétrica que vocês utilizam?

a. ( ) Rede pública (CELG)

b. ( ) puxada/gambiarra

c. ( ) Não possui

d. ( ) Outro. Qual e por quê? ________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

16 Que destino é dado ao esgoto produzido em sua residência?

a. ( ) Rede pública

b. ( ) Fossa séptica

c. ( ) Lançado a céu aberto

d. ( ) Outro. Qual e por quê? ________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

17. Que destino é dado ao lixo produzido em sua residência?

a. ( ) Coletado pela Prefeitura

b. ( ) Enterrado

c. ( ) Queimado

d. ( ) Lançado a céu aberto

e. ( ) Outro. Qual? ________________________________________________________________________

18. Em sua opinião, a coleta do lixo (caso o lixo seja coletado pela Prefeitura):

a. ( ) Melhorou

b. ( ) Ficou igual

c, ( ) Piorou. Por que? ____________________________________________________________________

Page 137: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

117

Parte II: Percepção dos moradores sobre as mudanças ocorridas após a implantação do Programa de

Revitalização

19. Você vivia no bairro antes da implantação do Programa de Revitalização da lagoa realizado pela

Prefeitura?

a. ( ) Sim

b. ( ) Não

20. Se sim, na sua lembrança, quais foram às obras realizadas no bairro pela Prefeitura? (Marque com um

número de acordo com a ordem citada pelo entrevistado)

( ) Construção das novas casas

( ) Pavimentação asfáltica

( ) Ampliação da iluminação pública

( ) Rede de esgoto

( ) Galeria de águas pluviais

( ) Posto de Saúde

( ) Posto policial

( ) Quadra poliesportiva coberta

( ) Revitalização da Lagoa

( ) Centro de Usos Múltiplos

( ) Outro(s). Qual(is)? __________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

21. Entre as obras realizadas no bairro, indique as três mais importantes para a melhoria de sua qualidade

de vida?

1° _________________________________ Por quê?___________________________________________

_______________________________________________________________________________________

2° _________________________________ Por quê?____________________________________________

_______________________________________________________________________________________

3° _________________________________ Por quê?____________________________________________

_______________________________________________________________________________________

22. Você poderia dizer o quê melhorou na sua vida e de sua família depois do Programa de Revitalização

da lagoa realizado pela Prefeitura?

_______________________________________________________________________________________

23. Com qual tipo de benefício direto a sua família foi contemplada?

a. ( ) Casa nova

b. ( ) Cheque moradia

c. ( ) Não foi contemplada. Por que não? _____________________________________________________

24. (Somente para quem recebeu algum tipo de benefício direto). Em termos de mudança na sua casa, quais

as que você considera mais importantes para o conforto de sua família? (Marque com um número de acordo

com a ordem citada pelo entrevistado)

( ) Tamanho da casa

( ) Localização do imóvel

( ) Existência de banheiro

( ) Água encanada

( ) Energia elétrica

( ) Reforma do imóvel

( ) Reforma do telhado

( ) Outra(s). Qual(is)? ____________________________________________________________________

25. Você percebeu mudanças na saúde de sua família, principalmente, na saúde dos seus filhos, depois da

implantação do Programa?

a. ( ) Sim. Quais? ______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

26. Quais as principais dificuldades/problemas que ainda existem aqui na Lagoa dos Santos?

1° _____________________________________________________________________________________

2° _____________________________________________________________________________________

3° ______________________________________________________________________________________

4° ______________________________________________________________________________________

Page 138: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

118

5° ______________________________________________________________________________________

27. Cite três coisas que você acha que poderia ser feitas para solucionar essas dificuldades/problemas?

1° _____________________________________________________________________________________

2º _____________________________________________________________________________________

3º ____________________________________________________________________________________

28. Das melhorias ambientais realizadas no bairro após a implantação do Programa, quais as que você

considera mais importantes? (Marque com um número de acordo com a ordem citada pelo entrevistado)

( ) Revitalização da Lagoa

( ) Coleta do lixo

( ) Rede de esgoto

( ) Galeria de águas pluviais

( ) Pavimentação asfáltica

( ) Ampliação da iluminação pública

( ) Urbanização do bairro

( ) Outra(s). Qual(is)? ____________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

29. Você considera a qualidade do meio ambiente importante para o seu bem-estar e de sua família?

a. ( ) Sim. Como o meio ambiente afeta o seu bem-estar e de sua família? __________________________

_______________________________________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

30. Sabe da existência do trabalho realizado no Centro de Usos Múltiplos (galpão, pelas meninas da

Prefeitura)?

a. ( ) Sim.

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

31. Se sim, o que acha do trabalho realizado no Centro de Usos Múltiplos?

a. ( ) Ótimo. Por que? _____________________________________________________________________

b. ( ) Bom. Por que? ______________________________________________________________________

c. ( ) Regular. Por que? ___________________________________________________________________

d. ( ) Ruim. Por que? _____________________________________________________________________

e. ( ) Não sabe. Por que? ___________________________________________________________________

32. Tem conhecimento sobre as atividades relacionadas ao meio ambiente realizadas no bairro pelo Centro

de Usos Múltiplos?

a. ( ) Sim. Qual(is)? ______________________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? ___________________________________________________________________

33. Se sim, você ou alguém de sua família participa ou participou de alguma(s) atividade(s) ambiental(is)

desenvolvida(s)?

a. ( ) Sim. Qual(is) e o que acha(ou)? _________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

34. Tem conhecimento dos cursos de capacitação profissional realizados no Centro de Usos Múltiplos?

a. ( ) Sim. Qual(is) ______________________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

35. Se sim, você ou alguém de sua família realizou ou realiza algum desses cursos de capacitação

profissional?

a. ( ) Sim. Qual e o que achou ou está achando do mesmo? ______________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

36. Se sim, ele influi na melhoria de sua renda ou da família?

a. ( ) Sim. Como? ______________________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

37. Tem conhecimento sobre as atividades culturais e de lazer realizadas pelo Centro de Usos Múltiplos?

a. ( ) Sim. Qual(is)? _____________________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

38. Se sim, você ou alguém de sua família participa ou participou de alguma(s) atividade(s) cultural(is) e de

lazer realizada(s)?

a. ( ) Sim. Qual(is) e o que acha(ou)? ________________________________________________________

b. ( ) Não. Por que não? __________________________________________________________________

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119

APÊNDICE C – Roteiro da Entrevista com Pedro Ivo de Campos Faria

Coordenador Da Unidade Executora Municipal

01. Por que a Lagoa dos Santos foi o local escolhido para a implantação do

Programa Habitar Brasil/BID em Formosa?

02. As obras e os projetos sociais e ambientais realizados no bairro tiveram como

base a pesquisa (questionário) aplicada aos moradores no ano de 2002, pela Prefeitura em parceria com a UEG?

03. Quando foi assinado o convênio entre a Prefeitura e o Ministério das Cidades

para a implantação do HBB na Lagoa dos Santos?

04. Qual foi o valor total do investimento no programa por parte do Governo Federal,

por parte Governo Estadual e da Prefeitura?

05. Quais obras não contaram com recursos do programa e tiveram que ser

construídas pelo governo estadual e/ou municipal?

06. Houve processo de licitação para a escolha da empresa que construiria as

obras? Quando ocorreu? Qual foi a empresa vencedora? Quando as obras foram iniciadas? Ainda existem obras a serem concluídas ou implementadas?

07. A RCA Engenharia, no Diagnóstico Integrado e Proposta de Intervenção Fase I

de 2001, previa o remanejamento de 48 famílias da área de risco para os lotes

vagos de propriedade da Prefeitura existentes no próprio local, mas na prática foram construídas 52 novas casas, além disso alguns moradores foram transferidos para o

Bairro Nova Formosa. Isso procede? Se sim, qual a explicação para tal?

08. De acordo com o mesmo documento e com o HBB o tamanho das residências a

serem construídas seria de 30,00 m², ao preço unitário de R$ 7.500,00 (valores da época). Mas na prática elas foram construídas com 42,89m², ao preço unitário de R$

10.800,00 (de acordo com o Termo de Adesão para Remanejamento). O que contribuiu para a ampliação das residências? Houve contrapartida da Prefeitura ou do Governo Estadual?

09. Estava prevista também a construção de uma escola de ensino fundamental e

ampliação da creche localizada no bairro. Essas obras foram realizadas? Se não, por que não?

10. O programa tem um prazo de início e término, a partir do qual os moradores

terão que caminhar por conta própria. Para quando está previsto o final do trabalho

de intervenção? Depois dele vocês pretendem manter alguma equipe técnica ou social no bairro pra acompanhar e auxiliar os moradores?

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120

APÊNDICE D – Roteiro da Entrevista com Flávia Tourinho

Assistente Social/Coordenadora do Trabalho de Participação Comunitária

01. Quando começou a atuar como coordenadora do trabalho de participação

comunitária?

02. Seria possível fazer um breve resumo das principais atividades desenvolvidas

durante esse período? 03. Quais foram os cursos de capacitação profissional realizados no Centro de Usos

Múltiplos? 04. Como é a participação dos moradores nas atividades realizadas no/pelo Centro

de Usos Múltiplos? 05. Ao que atribui o fato de algumas pessoas não conhecerem o trabalho realizado

por vocês? E as que conhecem (a maioria dos entrevistados) avaliarem positivamente?

06. Por que acha que a maior parte dos entrevistados desconhece as atividades

relacionadas ao meio ambiente realizadas por vocês? Essas atividades têm deixado a desejar? O curioso é que o índice de participação dos que tem conhecimento é bastante elevado. Ao que atribui essa elevada participação?

07. Quanto aos resultados colhidos até o momento, qual a sua avaliação? Os

objetivos foram alcançados? 08. Quais atividades estão previstas para o próximo ano? Por que e como foram

escolhidas?

09. Para quando está previsto o encerramento do trabalho de participação

comunitária, de acordo com o contrato firmado com o HBB?

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121

APÊNDICE E – Principais Obras Realizadas pelo HBB/UAS

Foto 01: Centro de Especialidades Médicas Inaugurado em 2006

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 02: 16° Comando Regional da Polícia Militar em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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122

Foto 03: Quadra Poliesportiva Coberta em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 04: Centro de Usos Múltiplos Inaugurado em 2004 Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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123

Foto 05: Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 06: Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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124

Foto 07: Vista Parcial do Bairro Lagoa dos Santos em Novembro de 2006 Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 08: Espelho D’Água da Lagoa dos Santos em Novembro de 2006

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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125

APÊNDICE F – Aplicação dos Questionários em Novembro de 2006

Foto 09: Professores e Alunos do Curso de Geografia da UEG Rumo à Lagoa Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 10: O Grupo Chega ao CUM para dar início ao Trabalho de Campo Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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126

Foto 11: Reunião no CUM antes de Iniciarmos a Aplicação do questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 12: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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127

Foto 13: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 14: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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128

Foto 15: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 16: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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129

Foto 17: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 18: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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130

Foto 19: Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

Foto 20: Grupo Reunido Após a Aplicação do Questionário

Fonte: Arquivo do Autor (2006)

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131

ANEXOS

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132

Page 153: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

133

ANEXO B - Fotos da Lagoa dos Santos antes e depois da implantação do HBBUAS

Foto 21: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980

Fonte: Sousa et. al. (1997)

Foto 22: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980 Fonte: Sousa et. al. (1997)

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134

Foto 23: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980 Fonte: Sousa et. al. (1997)

Foto 24: Lagoa dos Santos - Agosto de 1980 Fonte: Sousa et. al. (1997)

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135

Foto 25: Desvio das Águas da Lagoa dos Santos

Fonte: Sousa et. al. (1997)

Foto 26: Desvio das Águas da Lagoa dos Santos

Fonte: Sousa et. al. (1997)

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136

Fotos 27 e 28: Dreno Construído Pela Prefeitura e Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas

Fonte: Sousa et. al. (1997)

Fotos 29 e 30: Erosão Provocada Pelo Desvio das Águas da Lagoa Fonte: Sousa et. al. (1997)

Page 157: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

137

Foto 31: Lagoa dos Santos em 1997

Fonte: Sousa et. al. (1997)

Foto 32: Lagoa dos Santos em 2002

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2007)

Page 158: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

138

Foto 33: Lagoa dos Santos em 2002 – Período de Chuvas

Fonte: Silva et. al. (2007)

Foto 34: Lagoa dos Santos em 2002 – Período de Chuvas Fonte: Silva et. al. (2007)

Page 159: o caso da Lagoa dos Santos em Formosa (GO)

139

Foto 35: Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2007)

Foto 36: Lagoa dos Santos em 2002 – Período da Seca

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2007)

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140

Foto 37: Início das Obras do HBB/UAS em 2004 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Foto 38: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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141

Foto 39: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Foto 40: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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142

Foto 41: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Foto 42: Obras do HBB/UAS de 2004 a 2006

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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143

Foto 43: Vista área do Bairro Lagoa dos Santos

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Foto 44: Vista área do Bairro Lagoa dos Santos Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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144

ANEXO C - Famílias Beneficiadas com as Novas Unidades Habitacionais

Antes Depois

Fotos 45 e 46: Senhora Cristina Paixão Beneficiada com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Antes Depois

Fotos 47 e 48: Senhor Eduardo de Araújo Beneficiado com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Antes Depois

Fotos 49 e 50: Senhor José de Lima Beneficiado com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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145

Antes Depois

Fotos 51 e 52: Senhor José Bonifácio Beneficiado com uma Nova Unidade Habitacional Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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146

ANEXO D - Famílias Beneficiadas com o Cheque Moradia

Antes Depois

Fotos 53 e 54: Residência da Sra. Valdete Gomes - Benefício: 01 Quarto e Reforma do Banheiro Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Antes Depois

Fotos 55 e 56: Residência da Senhora Carmem - Benefício: Telhado, Reboco, Reforma do Banheiro

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Antes Depois

Fotos 57 e 58: Residência da Senhora Teresa dos Santos - Benefício: Reforma do Telhado Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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ANEXO E – Realização das Obras de Infraestrutura

Fotos 59, 60 e 61: Obra de Canalização das Galerias de Águas Pluviais – 2004/2005 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Fotos 62, 63 e 64: Construção da Rede de Esgoto no Bairro Lagoa dos Santos - 2004

Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Fotos 65, 66 e 67: Pavimentação e Iluminação Pública no bairro –- 2005/2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

Fotos 68, 69 e 70: Revitalização e paisagismo da Lagoa - 2004/2006 Fonte: Arquivo da Tendência Consultoria Social (2006)

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ANEXO F – Trabalho de Participação Comunitária

Fotos 71 e 72: Aula de Futebol de Salão (02/06) e Oficina de Teatro (09/05) Fonte: Silva et. al. (2007)

Fotos 73 e 74: Aula de Reforço Escolar (11/06) e Curso de Artesanato (06/04) Fonte: Silva et. al. (2007)

Fotos 75 e 76: Curso de Artesanato (06/04) e Curso de Cabeleireiro (05/05) Fonte: Silva et. al. (2007)

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Fotos 77 e 78: Curso de Salgados (03/06) e Curso de Doces e Confeitaria (05/07)

Fonte: Silva et. al. (2007)

Fotos 79 e 80: Curso de Inclusão Digital (05/06) e Curso de Informática (2007) Fonte: Silva et. al. (2007)

Fotos 81 e 82: Mutirão da Limpeza (04/06) e Grupo Ambiental “Amigos do Meio Ambiente” (03/06)

Fonte: Silva et. al. (2007)