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Julho de 2009 Ano II Nº 04 O CABISTÃO UM JORNAL DINÂMICO FEITO POR JOVENS DE ARRAIAL DO CABO 7 Prefeito de Arraial responde às perguntas dos moradores. 8 6 3 A necessidade de Plano de Manejo para a Resex-Mar. Preconceito e homofobia no Brasil e em Arraial do Cabo. Um passeio com os moradores pelo distrito de Monte Alto Álcalis Uma longa história... Desde o seu surgimento, no projeto de criação das estatais no Governo Vargas, até sua privatização, nos anos 90, a Companhia teve grande importância para a cidade. Hoje é causa do desemprego em Arraial do Cabo. A continuar... Os trabalhadores defendem a reestatização da empresa, acreditando que este seja o melhor caminho. Em Audiência Pública realizada em 15 de junho, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), foi apresentada uma proposta de criação de uma cooperativa. Leia a matéria completa nas páginas 4 e 5. Foto por Israel Vianna A Álcalis e Arraial A Álcalis e Arraial

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Julho de 2009 Ano II Nº 04

O CABISTÃOUM JORNAL DINÂMICO FEITO POR JOVENS DE ARRAIAL DO CABO

7Prefeitode Arraial respondeàs perguntasdos moradores.

863A necessidadede Plano deManejo paraa Resex-Mar.

Preconceitoe homofobiano Brasil e emArraial do Cabo.

Um passeiocom os moradorespelo distrito deMonte Alto

ÁlcalisUma longa história...Desde o seu surgimento,no projeto de criação dasestatais no Governo Vargas,até sua privatização, nosanos 90, a Companhia tevegrande importância paraa cidade. Hoje é causado desemprego emArraial do Cabo.

A continuar...Os trabalhadores defendema reestatização da empresa,acreditando que este sejao melhor caminho. EmAudiência Pública realizadaem 15 de junho, naAssembléia Legislativa doEstado do Rio de Janeiro(ALERJ), foi apresentadauma proposta de criaçãode uma cooperativa.

Leia a matéria completanas páginas 4 e 5.

Foto por Israel Vianna

A Álcalise ArraialA Álcalise Arraial

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2 O CABISTÃO | Julho de 2009

Por Jonatas Ribeiro, Gabriela Veiga,Tayron Carlos e Wellyson Côrtes

O Movimento Estudantil no Brasilteve voz ativa na maioria das manifesta-ções na história do país. Sempre defendeua democracia e a opinião do povo. Foi as-sim no episódio dos “caras pintadas” e naslutas pelas “Diretas Já!”. Também após oGolpe de 1964, os estudantes passaram ase expressar por meio de jornais clandes-tinos, músicas e manifestações.

Aqui em Arraial do Cabo, o Movi-mento Estudantil também esteve presen-te. Durante a Ditadura, existia a Associa-ção dos Estudantes. Nesse grupo encon-trava-se o atual vice-prefeito ReginaldoMendes. Logo depois vieram outros mili-tantes, como Ayron Pinto, que conta umpouco da sua trajetória.

“O começo da minha militância foi noColégio Estadual 20 de Julho, aos 13 anos.Fui presidente do grêmio, participei da As-sociação Municipal dos Estudantes. Foram10 anos de lutas e congressos”, disse.

Depois desses grupos, o MovimentoEstudantil cabista ficou parado. Hoje acidade vive um momento de ascensão.Existem quatro grêmios estudantis na ci-dade. No C. M. Francisco Porto, o presi-dente é Tayron Carlos, e a atual presi-dente do grêmio do C.E. 20 de Julho éMaria Gabriela Veiga. Ambos fazem parted´O Cabistão. No C.E. Frederico Villar, opresidente é Ricardo Tavares, e no IFRJ,antigo CEFET, é Wanderson Manhães.

Movimento estudantil renasceO Cabistão traz os assuntosque os cabistas escolheram

EDITORIAL

Olá amigos e amigas cabistas! Após uma bela festa realizada na cidadeno dia 25 de abril para a comemoração do encerramento do Curso deComunicação Comunitária e a formatura dos alunos, fizemos umaextensão das aulas. Nessa última etapa, elas foram totalmentevoltadas à produção de jornais impressos, desde a reunião de pauta, ouseja, desde a escolha dos temas até a diagramação final.

Também realizamos pesquisas de opinião nos bairros da cidade parasaber o que a população cabista gostaria de ver em nosso jornal. E oresultado é este que vocês têm em mãos: a quarta edição do jornal OCabistão! Nesse número, vocês poderão aprender mais sobre a históriada Companhia Nacional de Álcalis, e saber como ela se encontra hoje.Também fizemos uma entrevista com o prefeito da cidade, Andinho,levando até ele as questões propostas pelos moradores da cidade.

O movimento estudantil de Arraial do Cabo, a Reserva ExtrativistaMarinha e as contribuições do projeto Ressurgência para Arraial sãoalguns dos assuntos dessa edição. Você também poderá ler sobre asquestões referentes ao licenciamento ambiental do Porto do Forno e odestino do lixo da cidade.

Falamos ainda sobre a população do município de Monte Alto, eanunciamos a realização da primeira Conferência Nacional deComunicação, em dezembro deste ano. Um dos principais aspectos épassarmos a reconhecer a Comunicação como um direito humano –assim como saúde, educação... Você sabia?

Estreamos ainda o nosso blog, onde você poderá conferir as matériasdessa edição e das anteriores. Lá também estão os textos completos, eartigos de opinião da equipe do jornal. Basta acessar http://ocabistao.blogspot.com/

O CABISTÃO

Endereço: Praça da Independência, 25 - Centro - Arraial do Cabo - RJTel.: (22) 2622-1341 - E-mail: [email protected]

Jornalista responsável: Claudia Santiago Diagramação: Daniel Costa Jornalistas assistentes: Raquel Junia / Sheila Jacob Realização: Sage / Coppe / UFRJ Julho de 2009

Equipe:Alessandra Koblischek / Aline T. Oliveira / Analice Karoline S. de CézarHiram Jethro B. Moyano / Israel Vianna de M. Miranda / Izabelle FélixJéssica Mendonça/ Jonatas S. Ribeiro / Leilane Noeme R. de Sousa / Letícia R. de SousaLorena Brites / Many Pereira / Maria Antônia Casarões / Maria Gabriela VeigaOlívia de Oliveira Vidal / Pâmella S. M. da Silva / Pedro Henrique A. OliveiraRuand Porto Felix / Sabriny Lúcia dos S. Ferreira / Tayron Carlos AlvarengaWellyson V. Côrtes da Silva

Patrocínio:

Jovens do Movimento Estudantil de Arraial

Esses grêmios têm se reunido fre-quentemente para elaborações de proje-tos sociais e estudantis. Dentre eles estáa realização de um festival de bandas, avolta dos Jogos Estudantis, palestras, areativação da Associação dos Estudantes.

A Superintendência da Juventudetambém auxilia na organização dos jo-vens. Ayron explica como funciona:

“O nosso trabalho vem sendo reali-zado há seis meses, desde a posse do atu-al prefeito. Na Superintendência, traba-lhamos com três eixos de atuação: cons-cientização, qualificação e emprego”.

Para Ayron, a juventude cabista pre-cisa de oportunidade.

“Apesar de todas as dificuldades,nós não podemos parar de sonhar e acre-ditar que o novo é possível. Juntos re-construiremos a auto-estima da juven-tude cabista, que por muito tempo es-teve esquecida”, finaliza.

Instituição oferece há quatro anoscursos técnicos à população

Por Aline Oliveira e Analice Cézar

O Centro de Educação, Ciência e Tec-nologia do Rio de Janeiro (CEFET) che-gou em Arraial do Cabo em dezembrode 2005. Em abril de 2006, ofereceu umcurso técnico em logística ambiental,com a primeira turma a se formar em2007. Neste ano, 2009, tornou-se o Ins-tituto Federal de Educação, Ciência eTecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ).

O instituto recebeu da Prefeiturao espaço da Escola Municipal Professo-ra Yone Nogueira, onde passará a fun-cionar em 2010 com a pretensão de tra-

Antigo CEFET trará novos cursosem 2010 para Arraial

EDUCAÇÃO

zer novos cursos. De acordo com AnaGraça Valle de Carvalho, diretora doCampus Arraial do Cabo do IFRJ, o ob-jetivo principal é mudar a vida das pes-soas menos favorecidas por intermédioda escola, focando principalmente aeducação de jovens e adultos, por meiodo PROEJA, um programa do MEC.

“A gente está muito feliz por estarvivendo a consolidação desse sonho. Eusou uma pessoa que vive em Arraial doCabo há 35 anos. Sou apaixonada por essacidade, e fico muito feliz por ter tido aoportunidade de mostrar que a gente podefazer alguma coisa e ver uma instituiçãocom o peso do IFRJ aqui em Arraial doCabo”, comemora Ana Valle de Carvalho,conhecida na cidade como Nana.

Arquivo pessoal

ARRAIAL DO CABO

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O CABISTÃO | Julho de 2009 3

O CABISTÃO: Nas ruas, as pessoas dis-seram que querem saber sobre a saúdepública em Arraial. Perguntaram sobremarcação de consultas com especialis-tas e atendimento de emergência nohospital geral. A saúde é uma priori-dade no seu governo?

Andinho: Já tem sido uma prioridade.Existem as dificuldades no atendimentoambulatorial, mas a emergência eu possoafirmar com todasas letras que hojefunciona. A maiorreferência que te-mos disso é que ascríticas acabaram.No hospital temoshoje dois clínicosgerais, um aneste-sista, um cirur-gião, um ortope-dista e um obste-tra, e temos emcinco dos sete dias da semana um pedia-tra. A única área que não conseguimosainda os sete dias da semana foi a pedia-tria, por conta da dificuldade de profis-sionais.

Todos os problemas que chegam àemergência de Arraial têm tido solução.

Na questão do am-bulatório, a popu-lação vai ter queter um pouco maisde paciência por-que requer investi-mento, e não te-mos condições nes-te primeiro mo-

mento. Mas, para terem uma idéia, nin-guém queria vir trabalhar na saúde deArraial do Cabo porque era o pior salárioda região. Nós precisamos de um aportemaior do governo federal, através do SUS,e vamos conseguir porque estamos tra-balhando para isso.

Temos um projeto de aumento dedois postos de PSF [Programa de Saú-de da Família] que já estão autoriza-dos, mas que também requer um apor-te inicial. Um desses postos vai aten-der Sabiá, Caiçara e Pernambuca e ou-tro para atender a comunidade da RoçaVelha e Macedônia, toda a populaçãodessa região que hoje está concentra-da no posto da Prainha. Os postos sai-rão em mais ou menos dois meses.

O Cabistão perguntouao prefeito Wanderson Cardosode Brito, o Andinho, o quea população quis saber.Leia a entrevista e façao seu próprio balanço dosseis meses de governo do prefeito

Por Many Pereira, Olívia Vidal,Lorena Brites e Pedro Henrique Oliveira

O CABISTÃO: Qual é a sua posição arespeito do licenciamento do Porto doForno?

Andinho: Nós respeitamos a questãoambiental. Mas nós temos o Porto doForno e uma cidade em dificuldades decrescimento com qualidade. Vejam osbolsões de pobreza que tomaram con-ta do nosso município nos últimos oitoanos. Temos que buscar meios de me-lhorar a qualidade de vida das pesso-as. A única porta de entrada dos in-vestimentos em Arraial nesse primeiromomento é o Porto do Forno.

Nós temos um porto que é estratégi-co, a todo momento assediado por gran-des empresas na base offshore. Tendo a baseoffshore, podemos movimentar o portocom rebocadores, suprimentos para as pla-taformas, equipa-mentos...

A licença am-biental vai darcondições ao por-to de, além de ge-rar trabalho, trazerISS [Imposto SobreServiços] para omunicípio. Nós vamos poder enquadraras atividades que o porto já exerce den-tro dos parâmetros da ANP (Agência Na-cional de Petróleo). Assim, Arraial doCabo poderá receber royalties como se fos-se área de produção de petróleo.

O CABISTÃO: E essas atividades no Por-to não impactam a pesca tradicional?

Andinho: Nós temos um estudo de im-pacto ambiental feito pelo IEAPM [Ins-tituto de Estudos Almirante Paulo Mo-reira]. É o instituto que está há maisde 30 anos conhecendo toda a área pes-queira da cidade. E segundo os douto-res deste instituto, não traz impactoambiental para os pescadores.

O CABISTÃO: A Salineiras possui umadas passagens mais caras do país. Pou-cos ônibus circulam, os horários nãosão compatíveis e as pessoas vão empé. Como solucionar esse problema?

Andinho: São duas situações distintas.Uma é o transporte intermunicipal e ou-tra o do município. O intermunicipal éuma concessão do estado e aí o municí-pio sede da concessão é Cabo Frio. Ar-

raial não tem ne-nhuma ingerênciasobre isso.

Conseguir quevenha uma autovi-ação para Arraialpara fazer o segui-mento interno domunicípio é muitopouco provávelporque o custo nãochama a atençãodos empresários.

Existe hoje um grupo se organi-zando para fazer uma cooperativa devans para o transporte interno e circu-lar no município. Não tenham dúvidasde que se a concessão intermunicipalfosse de Arraial do Cabo já estaríamosdando solução para esse problema, mes-mo porque não temos comprometimen-to nenhum com os meios de transpor-te, nem com ninguém. Nosso compro-metimento é com a população.

O CABISTÃO: Os moradores querem umarelação mais próxima com o poder pú-blico municipal. Eles sugerem que o se-nhor se encontre regularmente com apopulação. O que acha?

Andinho: Eu também tenho essa neces-sidade, eu sou povo. Eu viajei oito ou novevezes a Brasília, ao Rio eu vou três vezespor semana para que as coisas aconte-çam, e por isso ficou mais difícil esseencontro. Mas podem ter certeza que agente vai rodar a cidade e é minha fun-ção ouvir as pessoas.

O CABISTÃO: O senhor quer acrescen-tar mais alguma coisa?

Andinho: Pedimos à população um pou-co de paciência. Sonhamos em estar naPrefeitura, mas não em um momento decrise mundial. Essa falta de atenção em

As respostas do prefeitoàs perguntas da população cabista

ENTREVISTA: Andinho fala sobre o Porto do Forno, Transporte e Saúde

O CABISTÃO | Julho de 2009 3

“Não temoscomprometimento

nenhum com os meiosde transporte, nem com

ninguém. Nossocomprometimento

é com a população”.

"Mas podem ter certezaque a gente vai rodar a

cidade, e é minha funçãoouvir as pessoas".

breve não existirá mais. Estaremos nasruas de Arraial, como cidadão comum nofinal de semana. Mas para que isso ocor-ra, as coisas precisam estar engrenadas eainda não estão. Estamos buscando de for-ma incansável a equalização financeira domunicípio.

Leia a entrevista completa no blog deO Cabistão: http://ocabistao.blogspot.com/

Pedro Henrique O

liveira

O prefeito de Arraial do Cabo, Andinho,em entrevista para o jornal O Cabistão

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4 O CABISTÃO | Julho de 2009

Álcalis: uma bela históriaa ser continuada

ONTEM, HOJE E AMANHÃ: Um futuro a ser construído

A empresa, que já foi fonte de rendapara muitos trabalhadores de Arraial,ainda não conseguiu retomar aprodução e readmitir os trabalhadores.Mas algumas propostasestão surgindo para quea Álcalis volte a funcionar.

Por Aline Oliveira, Israel Vianna,Izabelle Félix, Analice Cézar,Lorena Brites, Olívia Vidal eSabriny Ferreira

A Companhia Nacional de Álcalis fezparte do projeto de criação das empresasestatais no período do governo de Getú-lio Vargas. Foi da mesma época a criaçãoda Vale do Rio Doce, da Companhia Side-rúrgica Nacional (CSN) e da Petrobras.

Por décadas, foi a única empresada América Latina produtora de barri-lha, matéria-prima essencial na fabri-cação de vários produtos: sabão em pó,

vidro, plástico etc. No início dos anos90, no contexto da proposta neolibe-ral, a Álcalis foi privatizada. Desde en-tão teve muitos problemas, sobretudode gestão, apesar do bom faturamentoda barrilha no mercado mundial.

Em 2006, após a paralisação da pro-dução, o grupo Fragoso Pires, que, coma privatização, passou a controlar a com-panhia, criou a associação da Nova Ál-calis. O grupo passou parte da empresaaos funcionários. Atualmente, na dire-ção da empresa estão o presidente Thia-go Brasil e o vice Alcione de Oliveira,eleitos pelos associados.

Audiência Públicadiscute futuro da ÁlcalisDe acordo com reportagem publi-

cada no site 100% Arraial, o represen-tante do Ministério do Trabalho, Ancel-mo Jund, numa audiência pública sobrea Álcalis, sugeriu que a empresa passasse

a funcionar por meio de cooperativa. Aaudiência foi realizada na Assembléia Le-gislativa do Estado do Rio de Janeiro(ALERJ), no dia 15 de junho. Ainda deacordo com reportagem do site, Jundsugeriu que se uma cooperativa passassea conduzir a companhia, o Governo Fe-deral se responsabilizaria a aportar re-cursos para a Álcalis e a quitação de dí-vidas. Os recursos se somariam ao auxi-lio do Banco Nacional de Desenvolvimen-to Econômico e Social (BNDES) e do Mi-nistério do Trabalho.

Atual gestão planejaprocessamento da BarrilhaDemétrio Júnior, Marcos Lima e Ro-

san Garcia, funcionários que estão nagestão da companhia, asseguram queapesar de todas as especulações e par-que fabril sucateado, os alcalinos quepermaneceram se unem para manter ofuncionamento da fábrica.

No momento, a Álcalis gera rendaatravés da venda de água carbonatada ede meio fio, faz consertos de equipamen-tos e está negociando com empresas es-trangeiras o reprocessamento da barri-lha. Entre as atividades da empresa, háainda uma parceria com o Porto do For-no, que ministra cursos de especializa-ção aos associados. Segundo Demétrio,Marcos e Rosan, o objetivo é retomar omercado de barrilha e sal, visando aindaà produção de outros elementos.

“Todo o lucro da companhia é di-vidido entre os funcionários, portanto,os salários são baixos. Muitos recebe-ram outras propostas de empregos, maspreferiram abdicar para continuarem lu-tando pelos direitos trabalhistas doscompanheiros e para reerguerem onome da Álcalis”, observou DemétrioJúnior. Ele disse que há 150 trabalha-dores hoje na empresa, e que todos re-cebem um salário de 500 reais.

4 O CABISTÃO | Julho de 2009Is

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O CABISTÃO | Julho de 2009 5

Três visões da mesma história ÁLCALIS HOJE: UMA SOLUÇÃO DIFÍCIL...

Reciclagem e reutilização:métodos para melhorar o ambiente

Por Alessandra Koblischek, Olívia Vidal e Sabriny Ferreira

Aproximadamente nos anos 80 surgiu a prática da reciclagem. Sua maiorvantagem é em relação ao meio ambiente, pois resulta em menos retirada de maté-rias primas, menos concentração de resíduos, e menos desmatamento. Estas açõesretornam para nós, como melhoria da qualidade de vida. Além disso, a reciclagemhoje é fonte de renda para milhares de famílias, principalmente as que têm menoscondições. Outro destino favorável ao nosso lixo é a reutilização, ou seja, aprovei-tar um produto sem que ele sofra muitas alterações. Isso pode ser feito por qual-quer pessoa em suas próprias casas: aproveitar uma garrafa pet para fazer um vasode plantas; o verso de uma folha usada para fazer rascunhos, e assim por diante.

O plano necessita da aprovação dogoverno federal para entrar em vigor.Este prevê políticas específicas para oschamados “resíduos perigosos” (lixos hos-pitalares, provenientes de pet shops e far-

mácias, pneus, lâmpadas, entre outros).Sendo assim, cabe aos cabistas ob-

servar o andamento da realização das po-líticas públicas de forma geral, além deacompanhar o poder público e suas ações.

Cabistas querem saber para onde vai o lixo AMBIENTE E SAÚDE: Problemas de saneamento prejudicam todos os moradores

Prefeitura investe emconstrução de aterro interregional

Por Hiram Moyano

De uns tempos para cá, todos per-ceberam que Arraial do Cabo está maislimpa. Segundo o relato de alguns mo-radores, o lixo doméstico é recolhidocom freqüência. A pergunta de todosé: para onde vai todo esse lixo? Poisnão adianta tirar de um lugar e colocarem outro. “Jogar para debaixo do ta-pete”, como dizem alguns.

O lixo de Arraial do Cabo é depo-sitado no lixão municipal, que fica naestrada de Monte Alto, onde parte des-se material é incinerada. Perto existeuma usina de triagem. Triagem é a se-paração dos materiais como latas dealumínio, pets, garrafas de vidro, en-tre outros. Antes de ser vendido paraempresas do ramo, o material é repas-

sado a terceiros que fazem esse comér-cio. É o caso dos catadores da cidade.

O lixo e o meio ambienteNo momento, a Fundação de Meio

Ambiente do município está desenvolven-do um projeto de gerenciamento de lixo.Segundo o presidente da Fundação, Wan-derson Jardim, esse projeto começa coma coleta seletiva. É priorizado o trabalhode catadores em cooperativas.

O lixo é encaminhado a uma esta-ção de triagem. De lá, os resíduos orgâ-nicos, como restos de alimentos, são en-caminhados a uma estação de composta-gem para que virem adubo orgânico dequalidade. O projeto conta ainda comuma estação de reciclagem de resíduossólidos da construção civil.

A solução poderia estar em umaterro sanitário regional que recebe-ria o resíduo da estação de reciclagem.O aterro pode funcionar entre Ararua-ma e Saquarema.

Entrada Álcalis

Israel Vianna

1 Trabalhadores queremretomar as atividades da fábrica

Os funcionários que ainda estão na Álcalis demons-traram interesse na reestatização e na retomada das ati-vidades da empresa. Para eles, essa é a possibilidademais favorável para os trabalhadores e para o país.

Com entusiasmo, o grupo da Nova Álcalis mos-trou o que já está sendo feito, como a recuperação demotores deteriorados. Os trabalhadres explicam que,para se produzir a barrilha, são necessárias uma plantaúmida e uma seca. A planta seca está em condições defuncionamento, por isso, eles trabalham para que a em-presa volte pelo menos a processar a barrilha.

2 Sindicato insiste nagarantia dos direitos trabalhistas

Segundo o secretário do Sindicato dos Químicos,Cicinho F. Mota, a principal função do sindicato é re-presentar os trabalhadores da Álcalis em todas as ques-tões trabalhistas. Porém, como a empresa demitiu amaioria deles, não existe uma atividade constante.

Ele explica que há apenas a tentativa de garantir recur-sos aos trabalhadores por meio de processos como o FGTS. Opagamento das indenizações rescisórias poderá ser feito comas terras da Álcalis. Cicinho considera o atual estado da Álca-lis complicado, porque as dívidas da empresa são difí-ceis de sanar, como os diversos processos trabalhistas.

3 Cooperativa é vistacomo única possibilidade

O Movimento Pró Gestão da Álcalis aposta na idéiade criação de uma cooperativa entre os trabalhadores in-teressados em retomar a empresa. O engenheiro AugustoAlcoforado explica que a iniciativa precisa ser divulgada eaceita pelo maior número de trabalhadores. A empresaseria administrada através de uma assembléia soberana.

Segundo Alcoforado, em reuniões com o Ministériodo Trabalho, viu-se que a única forma que o GovernoFederal tem para reverter a situação é com uma coopera-tiva. Através do programa de autogestão, o BNDES se pron-tificaria a ajudar a retomar a fabricação de barrilha.

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6 O CABISTÃO | Julho de 2009

Reserva Extrativista Marinhaprecisa de um Plano de Manejo

RESEX-MAR: A necessidade de um plano de uso das riquezas marinhas de Arraial

A Resex-Mar é uma unidadede conservação de uso sustentável,ou seja, permite atividades comoturismo náutico, portuárias e mergulho,desde que não atrapalhem o pescado.Para isso ficar claro, a populaçãoprecisa de normas de uso.

Por Lorena Brites

Todos os cidadãos, mesmo os quenão são pescadores, podem e devem co-laborar com a Resex-Mar, pois o que dizrespeito à riqueza do ambiente marinhose reflete no quotidiano dos moradoresem questões econômicas e sociais. Paraque os cidadãos participem, porém, épreciso que conheçam as normas. Porisso, todas as reservas necessitam de umPlano de Manejo.

De acordo com Álvaro Luiz AhrendsBraga, chefe da Resex-Mar, no caso de Ar-raial o Plano de Manejo deve ser partici-pativo. A Reserva deve ter no conselhogestor 15 representantes da pesca, oito

representantes do poder público federal,estadual e municipal e quatro represen-tantes da sociedade civil organizada. “Osmoradores podem influenciar no Plano deManejo. Por enquanto, há, apenas, um pla-no de utilização defasado”, afirma.

Recentemente, a Resex-Mar foi con-templada com a contratação de uma con-sultora pelo Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento (PNUD). Caberá aesta pessoa acelerar a implementação doPlano de Manejo. Além de formatar e com-pilar as informações já existentes, vai le-vantar as necessidades em termos de pes-quisa e análise técnico-científica. ÁlvaroLuiz ressalta a importância do ProjetoRessurgência no estudo das necessidadesdos pescadores tradicionais.

O chefe da Reserva conta que, recen-temente, foram retiradas redes de três ma-lhos de mais de 20 km, que são proibidasna Reserva por serem redes de espera. Masesta atuação não é suficiente e, por isso,está previsto um trabalho de identificaçãoe apreensão dos criminosos ambientais.

Este é o Projeto Ressurgência

O Projeto Ressurgência - Rede Arraial Sustentável - está na cidade há doisanos, devido à aprovação do projeto pelo Programa Petrobras Ambiental. Oobjetivo é orientar os extrativistas e usuários da reserva para garantir osustento sem degradar o ecossistema marinho.

O trabalho foi dividido em duas etapas: 1ª educacional, com pós-graduação em Gerenciamento Socioambiental Costeiro e cursos de extensão.“Está ocorrendo uma mudança em Arraial. A maioria dos participantes docurso de pós-graduação são professores, logo, deverão ser multiplicadoresdesses conhecimentos aos seus alunos”, salientou Luiz Fernando Vieira –oceanólogo e assessor de gestão costeira da Resex-Mar/ Projeto Ressurgência.

A 2ª etapa é o Plano de Ação, voltado à comunidade pesqueira tradicional.Um exemplo é o projeto de Radiofonia, voltado para pescadores de canoa deArraial. O objetivo é criar uma rede de comunicação para captura do pescado ecombate à pesca predatória; criar uma guarda marítima ambiental; e elaborar umlivro sobre cultura tradicional. No total, são 18 ações. Segundo Luiz FernandoVieira, o projeto possivelmente será renovado por mais dois anos.

Cidadão cabista, proteja a pesca tradicional.Ligue para 2622-6917 ou para o IBAMA: 0800-618080

Duas repórteres de O Cabistãoestiveram entre os 200 participantese relatam o encontro

Lorena Brites: “Audiência nãofoi bem aproveitada”No dia 02 de julho, no Ciep Cecílio

Barros Pessoa, na Prainha, foi realizadauma Audiência Pública para debater so-bre a liberação do licenciamento ambi-ental do Porto do Forno, que opera des-de a década de 1920 sem licença.

O Porto do Forno está localizado emduas bacias - Campos e Santos. Por estarazão, há necessidade de melhorias para

atender à demanda do mercado offshore.Para isso, a Companhia Municipal da Ad-ministração Portuária (COMAP) investeem mão-de-obra qualificada, oferecendocursos à população de Arraial em parce-ria com diversas empresas.

Em um determinado momento hou-ve espaço para que os presentes dessemopiniões e fizessem questionamentos. En-tretanto, o que deveria ser um instantepara exercer a democracia acabou se tor-nando um transtorno, devido à falta deeducação de algumas pessoas. Muitas di-recionavam vaias como “protesto”, oraaos favoráveis ao licenciamento ambien-

tal, ora aos contrários a essa medida.A situação merece uma reflexão para

uma população que anseia o desenvolvi-mento, mas que não soube respeitar asopiniões propostas numa Audiência Pú-blica.

Izabelle Felix: “Indústriaoffshore x Turismo”A Álcalis era uma das principais fon-

tes de emprego e renda do município.Quando a empresa entrou em declínio, aeconomia da cidade sofreu e sofre, atéhoje, graves conseqüências. A cidade seencontra em um estado de emergência, epor isso a aprovação da licença ambien-

PORTO DO FORNO realiza Audiência Públicasobre licenciamento ambiental

OPINIÃO

tal do Porto do Forno ajudaria muito.Porém, existe a outra faceta: o turismo.

É importante levar em consideraçãoque, atualmente, a atividade turística éo que movimenta a economia de váriospaíses. Essa atividade, além de um gran-de investimento, requer uma visão em-preendedora e sensível. Então fica a dú-vida: seria mais importante sanar, comrapidez, os problemas econômicos da ci-dade e da população com a indústriaoffshore, que é provisória? Ou planejar elutar por um turismo responsável e dequalidade, mas que seus frutos só apare-çam em longo prazo?

Izabelle Félix

Audiência Públicano dia 02 de julho

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O CABISTÃO | Julho de 2009 7

Preconceito sexual nega queo Brasil é um país de todos

HOMOFOBIA: País é campeão mundial de assassinatos de homossexuais

A homofobia também é preocupantena Região dos Lagos

Por Analice Cézar,Aline Oliveira e Izabelle Felix

Segundo o relatório do Grupo Gayda Bahia – um dos principais na luta con-tra a homofobia no Brasil, crimes contrahomossexuais cresceram 55% em 2008.A cada dois dias, um homossexual é mor-to no Brasil. Com isso, nosso país é cam-peão mundial de crimes desse tipo.

Para lutar contra o preconceito, emjaneiro de 2007 foi criado o Grupo Iguais.Desde então, vem combatendo a homofo-

bia na Região dos Lagos. Também realizatrabalhos de cunho social e de conscien-tização a favor das minorias. “Homem nãoé melhor do que mulher; gay não é maispoderoso do que lésbica; preto não é in-ferior a branco; gordo não é menos bo-nito do que magro”, afirma a jornalistaRenata Cristiane, presidente do grupo.

Escolas contra a homofobiaFoi aprovado, em Cabo Frio, um pro-

jeto de autoria do grupo que visa a edu-cação e capacitação dos docentes paraaprenderem a lidar com o preconceito emrelação às diferenças. A escola, infeliz-mente, é um dos principais ambientes em

que a homofobia impera.“No começo do ano, fiz dependên-

cia justamente na sala de uma pessoa queme colocava apelidos desde a infância.Com o passar do tempo, as brincadeirasforam ficando mais sérias. Falavam queeu tinha que morrer, levar uma surra, quegays não deveriam existir” – relata umaluno da rede pública de ensino de Ar-raial do Cabo, que prefere não ser identi-ficado.

Problemas como este são comuns epodem fazer com que a pessoa se sintaexcluída e, consequentemente, totalmen-te desestimulada no ambiente escolar.

Existe um projeto de lei (PL 122/

Renata Cristiane, ativista doGrupo Iguais, fala sobre opreconceito na Região dos Lagos

cia será representativa.O Cabistão esteve presente na Audi-

ência Pública e entrevistou a representantedo Conselho Regional de Psicologia na Co-missão Rio Pró-Conferência, Noeli Godoy.Para ela, o principal legado que ficará des-sa conferência é a mobilização e a forçado movimento social no Brasil. “A possi-bilidade de discussão da democracia nosmeios de comunicação já é um grande avan-ço, mesmo que não haja grandes mudan-ças no panorama atual”, avaliou.

Mobilizaçãona Região dos LagosA Região dos Lagos está planejando

sua Conferência Regional. A data previstaé 15 de agosto. A princípio, além de Arrai-al do Cabo, estão envolvidos os municípiosde Saquarema, Maricá, Cabo Frio e Búzios.

A comunicação é um direito humano desconhecido DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA

Por Many Pereira

“Todo homem tem direito à liber-dade de opinião e expressão”. Esse tre-cho é da Declaração Universal dos Di-reitos Humanos, da ONU.

Em 2005, a Câmara dos Deputa-dos realizou um encontro com o tema“Direito Humano à Comunicação: ummundo, muitas vozes”. Deste encontroresultou a Carta de Brasília, que diz:

“A importância do direito huma-no à comunicação está ligada ao papelda comunicação na construção de iden-tidades, subjetividades e do imaginá-rio da população, e na conformação dasrelações de poder”.

Ou seja, significa que a comuni-cação é um direito humano, assim comosaúde e educação. É preciso pensar que

nem sempre ter acesso a muita informa-ção significa que a pessoa está bem in-formada. Pode ser que esteja informadaapenas daquilo que quem transmitiu a in-formação quer que ela saiba.

Conferência Nacionalem dezembroEm dezembro de 2009 será realiza-

da no Brasil a 1ª Conferência Nacional deComunicação com o tema “Comunicação:meios para a construção de direitos e decidadania na era digital”.

Na audiência pública realizada naAssembléia Legislativa do Rio (ALERJ), nodia 22 de junho, foi ressaltado que so-mente com a mobilização de todos, im-prensa alternativa, movimentos sociais,sindicatos de classe, organizações, enfim,toda a sociedade organizada, a conferên-

FIQUE DE OLHO:

Até o dia 30 de agostodevem ocorreras conferências

municipais/regionaise até 30 de outubro

a estadualwww.rioproconferencia.com.br

Quer saber mais?Visite o nosso blog e leiao artigo de Izabelle Felixe Alessandra Koblischek

em http://ocabistao.blogspot.com

Izabelle Félix

06) ainda não aprovado que visa punir opreconceito por orientação sexual dequalquer natureza. Se ainda tem dúvidado clima de homofobia atualmente nopaís, basta lembrar o que aconteceu naParada Gay de São Paulo, em junho de2009. Houve um atentado à bomba namanifestação. 21 pessoas ficaram feridas.

Parada gay em São Paulo em junho de 2009

Divulgação

Page 8: O Cabistão 04nucleopiratininga.org.br/wp-content/uploads/2017/12/O...Arraial do Cabo. Um passeio com os moradores pelo distrito de Monte Alto Álcalis Uma longa história... Desde

8 O CABISTÃO | Julho de 2009

Moradores reclamam das dificuldades dodistrito com saúde, educação e trabalho

Por Jéssica Mendonçae Maria Antônia Casarões

O vencedor do concurso de redaçãosobre a Resex-Mar, realizado pelo ProjetoRessurgência, foi um morador de Figueira.Pierre Sanches venceu na categoria EnsinoMédio, e é aluno da Escola Municipal VeraFelizardo. Na cerimônia de premiação, elechamou atenção sobre a exclusão que so-frem os habitantes dos distritos de Arraial,como Figueira e Monte Alto. “Figueira eMonte Alto não são só invasão de terra.Pessoas de lá, como eu, também podemganhar um concurso de redação”, disse Pi-erre Sanches. O público o aplaudiu de pé.

A equipe de O Cabistão passou umatarde em Monte Alto. O campinho de areia,do qual surgiu o apelido maldoso sobreos moradores de Monte Alto - “bicho depé”- e a lagoa são as únicas opções delazer, principalmente das crianças.

A maioria das crianças e jovens deMonte Alto, após a conclusão do ensinofundamental, são obrigados a se deslo-carem para Figueira, Arraial do Cabo ouCabo Frio para cursarem o Ensino Médio.Muitos deles estudam na escola Francis-

Monte Alto espera por emprego,saneamento, hospital...

DISTRITOS DE ARRAIAL: Falta escola, ambulância e água encanada

co Luiz Sobrinho, que oferece do ensinoprimário ao fundamental.

Monte Alto encontra-se em situaçãoprecária em questões de saúde e sanea-mento básico. “Aqui não temos hospital,apenas um postinho que não funcionamuito bem. Não temos nem água encana-da. Quando precisamos de ambulância,temos que esperar vir de Figueira”, afirmauma moradora do local. Os moradores re-

latam que o distrito não apresenta muitasoportunidades de emprego. Quem não tra-balha como pedreiro ou fazendo “bicos”,procura trabalho fora do local.

Monte Alto tempotencial turísticoTuristas estrangeiros aproveitavam

o pôr do sol na bela lagoa de Monte Alto.Eles relataram que vieram surfar nas praias

de Arraial e aproveitaram para conheceros distritos vizinhos - uma possibilidadede turismo pouco aproveitada.

A equipe de O Cabistão se sentiu muitobem acolhida no distrito. “Querem ver a es-cola? Eu posso abrir para vocês”, disse, deforma atenciosa, o guarda municipal deMonte Alto. Apesar de todas as dificuldadespelas quais passam os moradores do local,a população faz força para viver feliz.

Cabistas valorizam costumes locais CULTURA DE ARRAIAL

Grupo de dançado ventre é premiado

No dia 07 de junho, foi realizado o Rio OrientFestival, no Grajaú Country Clube. O Centro Cultural Ma-noel Camargo, junto com a professora de dança do ven-tre Razi Beltrami, levou três mostras para o evento.Uma árabe moderna com a coreografia “Ice Queen”;uma mostra de baladi com a coreografia “Esmanne”; eum folclore com a dança do bastão coreografia “Hasanya khouli”. Foi com esta última que Razi Beltrami rece-beu o troféu de melhor coreógrafa do evento.

Uma semana depois, o mesmo grupo partici-pou do VI EAFFERJ Nacional de Danças de Cabo Frio.Todas as coreografias foram premiadas em primeiro,segundo e terceiro lugar, trazendo assim mais tro-féus e valorizando ainda mais o Projeto PescandoTalentos do Centro Cultural Manoel Camargo.

Idosos participamde várias oficinas

Na Secretaria de Assistência Social, antiga FIA,há 8 anos vem sendo desenvolvido o Programa Me-lhor Idade. Somente em janeiro deste ano, novas ofi-cinas foram incorporadas ao programa voltado aosidosos da cidade. Atualmente são oferecidas as ofici-nas de vitral, tricô e crochê, bordado vagonite, pin-tura em tecido, tai chi chuan, alongamento e oficinavocal. Há ainda um coral composto por 25 pessoas.

O projeto possui mais de cem integrantes aci-ma de sessenta anos, que esperam ansiosos pelaoficina de memória, incorporada a partir de julho.Todos os componentes do projeto recebem assis-tência de uma equipe de sete pessoas, entre elasuma psicóloga, nutricionistas, professores, enfer-meira e a coordenadora do grupo.

Festival Pescador Heróiretoma tradição

No dia 29 de junho, o tradicional Dia de SãoPedro, dia do pescador, ocorreu, no Centro Cul-tural Manoel Camargo, o 1° Fest Pescador Heróido Mar. O evento, realizado pela professora Hero-dias Cunha, teve como principal objetivo revivercostumes cabistas esquecidos ao longo do tempo.

Um dos objetivos foi passar para as novas ge-rações do município a importância da pesca e dopescador cabista, verdadeiro herói do mar, na vidaeconômica e cultural da cidade.

Marcaram presença no evento pescadoresnativos e moradores, que assistiram a peças deteatro, show musical realizado pelos própriospescadores da cidade, declamação de poesias, eoutras atrações.

Posto de vacinação de Monte Alto

Jéssica Mendonça