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7/22/2019 HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
1.0. HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO
Por volta da primeira metade do século XIX, no território da vila do Exu dotermo de Ouricuri, pertencente à comarca de Boa Vista, hoje Santa Maria da Boa Vista,
na província de Pernambuco do Império Brasileiro, sob o comando do Herdeiro da
Coroa Lusitânia, o jovem Imperador D. Pedro II, se erguia no Alto Sertão de
Pernambuco, próximo a Serra do Araripe às margens do Rio Brígida, a Aldeola de
Granito.
Sentimos que o termo Sertão carece de melhor entendimento, não obstante
iremos adentrar essa vereda e tão logo retomamos o curso de nossa trilha. O Sertão mais
do que uma localização geográfica remete-nos a um conceito, “Os Sertões ,”os Sertões
do caboclo, do vaqueiro, das fazendas de Boi. O lugar a ser conquistado pelos colonos
portugueses, distante da civilidade da Cana de Açúcar, lugar dos bárbaros nativos a
serem domesticados. O Sertão apresenta-se neste contexto como o espaço de conflito
entre os vaqueiros, criadores de gado, os Nativos, os Colonos e Padres e Missionários.
O Sertão do Semiárido Nordestino, marcado pela rigidez do solo, onde o clima tropical
se faz mais quente, a seca vez por outra castiga e maltrata o caboclo de pele mais bronzeado pela ação veemente do sol escaldante.
O Sertão da Caatinga, essa vegetação resiliente, que quando a chuva falta, perde
suas folhas para poupar-lhe água e energia deixando a paisagem cinzenta e moribunda,
tão logo a chuva retorna a folhagem aflora como que por encanto “embunitando” e
pintando de verde o sertão. O Espaço do sertão Segundo Elba Monique, 2013. Opõe-se
ao marítimo, sendo o coração da terra, o mato longe, podendo ser definido como os
Sertão, pois não existe um só conceito do mesmo. É um lugar inserido em um contexto
histórico, com suas representações simbólicas, seus rituais próprios vivenciados no
espaço da Caatinga. Elba Monique Chagas em tese de Mestrado apresentada a UFRPE,
2013. Cita assim as passagens da obra Grandes Sertões Veredas de Euclides da Cunha,
em que os próprios personagens arriscam definir tal conceito com lascas de palavras
derretidas pela quentura do torrão sertanejo:
“Sertão. O senhor sabe: Sertão é onde quem manda é forte, comastúcia. Deus mesmo quando vier, quevenha armado!
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder dolugar. Viver é muito perigoso (...)
O Sertão é do tamanho do mundo.Sertão é o penal, o criminal. Sertão é onde homem tem de ter a
dura nuca e mão quadrada.Sertão é isto, o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo.O sertão é isto: o senhor empurra para trás;, mas de repente elevolta a rodear o senhor pelos lados. Sertão é quando menos seespera; digo” O sertão é bom. Tudo aqui é perdido, tudo aqui éachado(...) o sertão é confusão em grande demasiado
sossego (...)O sertão aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é oChapadão, lá acolá é a Caatinga.O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou
senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos
governa”
Vemos que o Sertão não é definido geograficamente, também não apresenta um
único conceito formado, são vários Sertões. Para Kalina Silva é o desertão, o lugar não
ocupado pelos colonos açucareiro, não explorado economicamente. É onde os
desertores canaviais, o refugo do bagaço da cana de açúcar, os que não enriqueceram
com os negócios canavieiros encontravam espaço e terras abundantes e devolutas e aos
poucos foram adentrando com a criação do gado neste solo interiorano de grande
demasia. Muitas vezes habitado pelos nativos os quais tiveram que travar verdadeiras
batalhas para adentrar o interior da caatinga, fazerem suas moradas e abarcar seu
latifúndio. Eram grupos que fugiam do controle social, econômico e coercitivo do poder
oficial do Império Brasileiro e da província de Pernambuco. A Igreja Católica viu no
Sertão a possibilidade de alargar os seus domínios, de catequização dos povos
“bárbaros.” Os padres e missionários virão no sertão uma oportunidade de fundar
aldeias e vilas e ganharem notoriedade, renome. Faz-se perceptível aos que investiga ahistória, que a história da fundação das cidades sertanejas está sempre atrelada a
presença dos Padres Missionários e da Igreja Católica.
Foi nesse contexto que lá pelas tantas, no 1855 o Padre José Modesto Pereira de
Brito fez acento por essas terras. Natural da freguesia de Serridó do Rio Grande do
Norte, que até por volta do ano do seu nascimento estava subordinada a diocese de
Olinda, aonde também cursou o seminário. O Padre Modesto de Brito com sua ação
missionária deixou sua marca gravada nesse chão, foi o construtor da Matriz de Nossa
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Senhora do Bom Conselho e doador das terras onde a mesma foi erguida e arredores,
dando inicio a construção do patrimônio da Mãe do Bom Conselho. O Padre Modesto
impulsionou o crescimento e desenvolvimento da aldeola de Granito ao ponto da
mesma ascender rapidamente,de status e ganhar notoriedade no cenário da província de
Pernambuco de século XIX. Pouco depois da chegada do Padre Modesto ao arraial de
Granito, depois de cumpridos os tramites burocráticos legais, iniciou-se a construção da
capela de Nossa Senhora do Bom Conselho. Já no ano de 1863, a aldeola ganha status
de vila, sendo anexado o território da vila do Exu. Em 1865 também é transferida a sede
da freguesia do meu Bom Jesus dos Aflitos de Exu para Granito. Pelos seus feitios e
façanhas como missionário desta terra e pelo importante papel na construção não só de
um lugar, mas de um povo, é que o Padre José Modesto de Brito é considerado o Pai
fundador de Granito.
No ano de 1855, quando o Padre Modesto era vigário da Paróquia de Missão
Velha realizou uma permuta com o Padre Arnaud Formiga pela freguesia de Bom Jesus
dos Aflitos da Vila de Exu. Na época a Aldeola de Granito pertencia a Freguesia de
Bom Jesus dos Aflitos em Exu, do termo de Ouricuri, Comarca de Boa Vista. O Padre
Modesto cumprindo seus votos eclesiásticos inicia seu trabalho de levar o evangelho
aos sertanejos da região do Araripe.
Segundo os Registros da Diocese de Petrolina, catalogados pela Igreja Católica a
mando do Papa Bento XVI, a quem registro nossa imensa gratidão, em ocasião a
comemoração do aniversário de 150 de S. João Maria de Vianey, celebrando o ano
sacerdotal e a memória dos padres que exerceram o evangelho em território sertanejo,
assinado pelo Padre Francisco José P. Cavalcante, 2010. A relação do Padre Modesto
Pereira de Brito com Granito, Inicia-se com a compra da Fazenda Poço da Anta,
(Abrev. Poço D’antas) a Senhora Luiza Maria de Jesus a qual havia herdado de seu pai,o Sr. Serafim Soares dos Anjos. A outra parte da Fazenda foi comprada ao Senhor José
Peixoto e Silva aos 06 dias do mês de fevereiro do ano de 1858. O montante do valor
das terras da Fazenda Poço na época lhe custou à cifra de 80$000, (oitenta mil reis). O
Vigário fez a doação de metade das terras da f azenda Poço D’antas para a construção do
Patrimônio e da capela que seria dedicada a Nossa Senhora do Bom Conselho, no valor
de 40$000, (quarenta mil reis). Segundo o Padre José Modesto, em documentação
catalogada do livro de Patrimônio da Igreja de Granito, localizava-se, “(...) ao lado poente do Ribeiro do Brígida, onde esta situada a mesma povoação de Granito” “(...)
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Localizada de modo mais geral (...) no sitio ou fazenda Poço D’anta, freguesia de Exu
do Termo de Ouricury, comarca de Boa Vista, Província de Pernambuco.”(Padre
Francisco José P. Cavalcante, catalogado do Arquivo da Diocese de Petrolina.)
O Padre Modesto Provinha de família abastarda, além do que angariou a quantiade 1.000$000 (um conto de reis) em ocasião de sua transferência para freguesia do
Senhor Bom Jesus dos Aflitos da Vila de Exu. Consta no livro de Patrimônios da
Paróquia de Granito, arquivos da diocese de Petrolina, a doação de cinco casas
construídas pelo reverendo no terreno da Matriz e ainda o próprio sobrado de morada,
no ano de 1877, ano de sua partida de Granito, quando deixou os serviços sacerdotais da
paróquia da Mãe do Bom Conselho e retornou a sua terra natal, o Rio Grande do Norte.
Na lista de suas doações ao patrimônio da Paróquia de Granito, ainda consta a imagemde Nossa Senhora do Bom Conselho, esculpida no ano de 1862, para servi de Padroeira
da Matriz, além de todo o madeiramento para cobertura da Igreja retirado daFazenda
Poço D’antas. As ofertas doadas pelo Padre ao Patrimônio da Paróquia do Bom
Conselho em Granito intencionava contribuir com o aumento do rendimento da
freguesia de Granito. Em relatório do Presidente da Província à Assembleia Legislativa
de Pernambuco é registrado mais um ato de generosidade e boa intenção para com a
melhoria e desenvolvimento de Granito:
“Em cumprimento da lei provincial n.1,179, art. 22 ( do inciso 5º),
autorizei a compra da casa do Padre José Modesto Pereira de Brito,
pelo preço de 5: 000$000, (Cinco contos de Reis) para servi de paço
da camara municipal, tribunal de jury, cadeia e quartel na Villa de
Granito. Aceitando o proprietário esse preço, menor do que o da
avaliação feita pelo Engenheiro da Repartição das obras publicas,
effectuou-se a compra, e aquelle município com mais algum dispêndio
terá uma cadeia e casa da camara apropriados às suas
circunstância”. (Relatório da Presidencia da Provincia de
Pernambuco à Assembleia Legislativa,Impresso pela Tiphografia do
Jornal do Recife. 1866.)
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1.1. Vida e Obra do Padre José Modesto Pereira de Brito.
Em um dia comum, 08 de fevereiro de 1818, nascia
mais uma criança em Caicó, Região de Serridó do
Rio Grande do Norte, ao receber o sacramento do
batismo na Igreja Matriz de Sant’Ana do Serridó,
untava-se o óleo sagrado no peito de José, mais
tarde atenderia pela alcunha de Padre José Modesto
Pereira de Brito. Filho de família importante e
abastarda de Caicó, descendente direto do Português
Tomás de Araujo Pereira, sobrinho do Senador
Padre Francisco Brito Guerra, Pároco da Matriz de
Sat’Ana o qual celebrou o batismo de José
Modesto. Filho de Joaquim de Santana Pereira e Maria Tereza das Mercês, figuras
importantes de Caicó no seu tempo. José seguiu os passos tradicionais da família
inclinada para o Sacerdócio, ingressando no seminário de Olinda com seu irmão
Francisco Justino Pereira de Brito, de onde saíram ordenados sacerdote no dia 13 de
Novembro de 1842. Partiu José de volta pra sua terra natal, Caicó. Assumiu a freguesia
de São José da Cariranha como Sacerdote no alto Sertão do São Francisco. Transferido
dali para missão velha tempos depois, inicia a construção da Matriz de Missão Velha,
deixando-a quase conclusa quando partiu dali para assumir a Matriz da freguesia do
Senhor Bom Jesus dos Aflitos em Exu. Foi uma figura importante de seu tempo,
deixando sua marca com seus trabalhos eclesiásticos, considerado fundador de Granito,
onde dou as terras compradas da Fazenda Poça da Anta, para construção da Matriz de
Nossa Senhora do Bom Conselho, assumiu ele mesmo a administração da obra da
capela, pedindo ajuda ao Governo Provincial, da população em Geral e até da
Imperatriz para erguer a Igreja.
Pelos seus méritos, recebeu o titulo de Visitador e Arcipestre do Alto Sertão de
Pernambuco, sendo ainda condecorado Cavaleiro da Ordem de Cristo. Os “Cavaleiros
da Ordem de Cristo,” em sua origem foi uma ordem religiosa e militar criada pela bula
papal Ad ea ex-quibus do Papa João XXIII, atendendo ao pedido do Rei Dom Dinis. A
Ordem religiosa receberia assim o nome de Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo em
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1319. Em 1758 a ordem de Cristo foi secularizada sendo extinta em 1910, para ser
refundada em 1910, como Ordem Militar de Cristo, presidida Pelo Grão Mestre o
Presidente da República Portuguesa.
O Padre José Modesto teve uma fiel companheira que o acompanhou desdeGranito até seus últimos dias, Joaquina Gonçalves Cavalcante, com quem teve 5 filhos,
sendo duas filhas: Mônica Maria da Ressurreição de Brito e Maria Euzébia de Assunção
Brito, a qual casou-se com o Coronel José Sancho de Araujo. Teve três filhos: Enrique
Pereira de Brito, Pedro Paulo Pereira de Brito e o Coronel da Guarda Nacional Joaquim
Servita Pereira de Brito. Não temos registros da naturalidade de Joaquina Gonçalves
Cavalcante, sua companheira, apenas indícios de que a mesma possa ter sido
Granitense, já que os registros apontam que a mesma o acompanhou desde Granito.
O Sacerdote retornou a Serridó em 1871 como vigário da Paróquia de Nossa
Senhora da Conceição, transferindo-se para Granito novamente quando a Villa de
mesmo nome e elevada a categoria de Freguesia, reformando a capela da mãe do Bom
Conselho, tornando-a Igreja Matriz. O Padre José Modesto ainda dou cinco casas que
havia construído na quadra da Igreja Matriz e o próprio sobrado de Morada para o
Patrimônia da Paróquia da Mãe do Bom Conselho. Depois de Granito, o Padre Modesto
ainda viria exercer o sacerdócio na Freguesia de Touro e em Martins. Quando lhe
avançava a idade e a saúde debilitada, retornou de vez a sua terra natal Acarí, onde
passou seus últimos dias e foi sepultado, falecendo aos 21 dia do mês de Janeiro de
1888 aos 70 anos de idade, deixando saudade e seu legado por onde passou nesse Sertão
de meu Deus.
1.2. Os desígnios de um certo Reverendo, a História daconstrução da Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho.
Mater boni consilii,(Sig. Nossa Senhora do Bom Conselho), Assim foi gravada
esta inscrição na Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho em Granito, perpetuada
nos anais do tempo, perpassando varias gerações e tende a estendesse a posteridade. A
virgem Maria, também invocada como: a mãe do Bom Conselho, nossa senhora de
Shkodra, Nossa Senhora dos Bons Serviços e Santa Maria do Paraíso, em tempos maisremotos “Senhora Bendita.” Na antiga Albânia, dentre varias capelas dedicada à mesma
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estava a de Shkodra, a qual tornou-se o centro de peregrinação em volta do ícone da
imagem da virgem, pintada em afresco segurando o menino Jesus. A história da Mãe
do Bom Conselho remonta em sua origem a pequena cidade de Scútari, na Albânia do
Século XIII. A imagem da Santa Maria de Scútari tornou-se para os Albaneses um
importante centro de peregrinações, o maior de todo o país. Sua história remonta a
lendas e histórias milagrosas envolta de um afresco da Santa segurando o menino Jesus.
A fé dos Albaneses na Santa, os fizeram resistir bravamente às invasões do forte Império
Turco.
Uma Devota Senhora de nome Petruccia de Nocera, certa feita resolveu
construir com recursos próprios uma pequena Igreja dedicada a Mãe do Bom Conselho,
o que fora alvo de chacotas e zombarias por parte dos habitantes incrédulos com acondição financeira da senhora. O povo a chamavam de louca. Comparada com Noé
que construiu sua barca, Petrusccia desejava construiu a Igreja sozinha, no entanto,
quando as paredes ainda mediam um metro de altura seus recursos se esgotaram. No
ano de 1426 na festa de São Marcos em Genazzano na Itália, local onde a aparição da
Santa teria feito o pedido a Petruccia para assentar morada, conta à lenda que teria
ocorrido um milagre, nuvens brancas teriam se postado acima da construção com a
aparição do famoso afresco de Nossa Senhora e o Menino Jesus, completado aconstrução. Sabendo do ocorrido o Papa Paulo II enviou dois prelados de confiança para
averiguar o sucedido os quais teriam registrado 161 milagres em 110 dias.
Existem ou existiram várias autoridades religiosas que foram devotas de Nossa
Senhora do Bom Conselho, dentro os quais destacamos: o Papa João Paulo II, São
Paulo da Cruz, São Pio V, Leão XIII - que incluiu a invocação Mãe do Bom Conselho
na Ladainha Lauretana - São Pio X, Paulo VI e; e numerosos santos como, São João
Bosco, Santo Afonso de Ligório. Destacamos também o Papa Pio II o qual colocou seu
papado nas mãos da Mãe do Bom Conselho. A História de Nossa Senhora e cheia de
relatos, lendas e histórias de milagres os quais ao longo dos séculos e milênios, foi-se
construindo uma devoção e peregrinação em volta de sua imagem que tem influenciado
a vida espiritual, de caridade e devoção da cristandade.
Na província de Pernambuco de meados do Século XIX, existiu uma casa de
caridade no alto sertão de Pernambuco intitulado Recolhimento de Nossa Senhora do
Bom Conselho, como consta no relatório da Presidência da Província de Pernambuco.
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QUADRO – 1
Relatóri o do Presidente da Província de Pernambuco a Assembleia Legislati va. Impresso na
Tipograf ia do Jornal de Recif e. Província de Pernambuco.
Além do recolhimento, o qual não identificamos sua localidade exata, só nos é
indicado a localização regional, no sertão, e próximo a data da chegada do Padre
Modesto Pereira de Brito na Freguesia de Bom Jesus dos Aflitos no Exu, de onde
iniciaria a construção da capela, e mais tarde, Matriz de Nossa Senhora do BomConselho em Granito. Existiu ainda por volta da mesma época à freguesia de Bom
Conselho na Província Pernambucana, não sabemos ao certo o grau de devoção do
reverendo Padre Modesto pela Mãe do Bom Conselho, ou o que haveria de ter lhe
inspirado, não obstante havia a presença de uma instituição de caridade e uma freguesia
no seu tempo dedicado a mesma Santa, que tornou-se Padroeira do povo Granitense. No
quadro acima podemos perceber a importância dos missionários capuchinhos na
construção das instituições religiosas e da presença das figuras que trajavam habitas defreiras e, assim por dizer, tornavam-se as mesmas, as quais exerciam um papel relevante
dentro dessa conjuntura eclesiástica de caridade, abrigo e proteção aos mais
necessitados nesse bravo alto sertão.
Durante o vicariato do Padre José Modesto Pereira de Brito, a freguesia do
Senhor Bom Jesus dos Aflitos em Exu em 1859, exercia o cargo de vigário coadjuvante
e Pró-pároco em Granito, o Padre Antonio Tomás de Aquino, o qual passou a auxiliar
do Padre Modesto da freguesia do Bom Jesus, já que Granito pertencia a mesma. O
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Padre Modesto tendo comprado as terras da fazenda Poço D’antes na aldeola de
Granito, doa metade das terras para construção da capela e do patrimônio de Nossa
Senhora do Bom Conselho. Traçou do próprio punho o esboço da capela a ser erigida,
nas palavras do mesmo. “ Esboço em miniatura da Igreja q. tendo em vista erigir neste
arraial do Granito em honra a Nossa Senhora do Bom Conselho, com ajuda de deos e
dos meus fregueses...” (Padre José Modesto Pereira de Brito, por Francisco José P.
Cavalcante, In Arquivo da diocese de Petrolina).
Esboço do Projeto original da Capela de Nossa Senhora do Bom Conselho em Granito, feito do próprio punho do Padre José Modesto Pereira de Brito.
No projeto original a arquitetura da capela apresenta um modelo mais comum,
teocêntrico, com torres altas apontando para cima. Ao longo dos anos a capela passou
por reformas, inclusive da fachada frontal e ganhou um aspecto mais renascentista e
humanista.
O Reverendo Modesto de Brito abriu o livro de Patrimônios de Nossa Senhora
do Bom Conselho em 1860, para que segundo o mesmo, “Há de servi este livro para
n’elle se registrar a doação do patrimônio, feito a Igreja, q se tem de ed ificar na
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Povoação do Granito desta Freguesia do Senhor Bom Jesus do Exú em honra de Nossa
Senhora do Bom Conselho. (Pe. Francisco José Pereira Cavalcante).
O Padre Tomás de Aquino seria nomeado Juiz Comissário da Comissão formada
para legalizar a doação das terras pelo Padre Modesto para Construção da capela de Nossa senhora do Bom Conselho. O Padre José Modesto tratou logo de fazer a doação
perante um tabelião em Olinda no ano de 1860, de metade das terras compradas a
senhora Luiza Maria de Jesus e ao Senhor José Peixoto e Silva da fazenda Poço
D’antas, a qual havia lhe custado o valor total das terras, 80$000 (oitenta mil reis).
Mesmo com a doação oficial em Olinda teve que correr os tramites legais da doação das
terras pela comissão formada para avaliar a legalidade da mesma ou possível “ pacto ou
conluio,” do doador com algum compassa envolvido no processo. A missa conventualfoi realizada em Granito daquele mesmo ano, o qual solicitava em edital que os
moradores que soubessem de algum pacto ou conluio envolvido naquele processo, que
realizasse a denuncia da farsa. Na casa do Juiz da comissão Padre Tomás de Aquino, o
Padre José Modesto Pereira de Brito realizou o Juramento de não esta agindo de má fé,
nem simulando qualquer doação.
Com o testemunho de três personagens honrados e respeitados pela população
Granitense e da freguesia do Senhor Bom Jesus de Exu, o Tenente Coronel Roque
Carlos de Alencar Peixoto, morador da freguesia de Bom Jesus, o Tenente Coronel
Carlos Peixoto de Alencar, Juiz Municipal e morador da freguesia, e o Capitão Simão
Geraldo de Carvalho, morador da freguesia de Bom Jesus dos Aflitos em Exu, deram
por legal a doação feita pelo Padre Modesto de Brito para Nossa Senhora, livre de
hipotecas, dividas ou quaisquer conluio, dando por encerrado o processo e legalizando a
doação. O Padre modesto assinou o Auto da posse da capela, onde passou a posse do
patrimônio de Nossa Senhora do Bom Conselho para o Padre Tomás de Aquino. Estavaconstituído canonicamente o patrimônio da Mãe do Bom Conselho.
Segundo o Padre Francisco José P. Cavalcante, as provisões para construção da
capela foi assinado pelo bispo D. João da Purificação no ano de 1861. O Padre José
Modesto Benzeu a Primeira Pedra da Capela no mesmo ano, assim como reza o ritual
Romano:
““Certifico, que, tendo se paralisado a obra da Capella de Nossa Senhora do Bom Conselho [...] isto pela inconvenientez
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da Secca do anno próximo passado de 1860, achando-me
presente nesta Povoação hoje, acompanhado do Reverendo Pro
Pároco Antonio Thomas de Aquino e de uma grande parte dos
Parochianos desta Feguesia pela nove oras da manhã , benzi a
primeira Pedra da Capella [...] de acordo com o Ritual Romano
[...]”(Pe. José Modesto Pereira de Brito, por Padre Francisco
José P. Cavalcante, Padres do Interior II, Arquivo da diocese de
Petrolina, Livro de Patrimônio de Granito).
Já no ano de 1873 o Padre José Modesto, mesmo estando como Vigário
Resignatário de Exu, pede autorização para dirigir as obras de construção da capela, que
o próprio transformaria em Igreja Matriz em 1875, sendo autorizado o seu pedido comoreconhecimento de sua devoção e dedicação a Mãe do Bom Conselho e da doação das
terras que o vigário havia feito:
“ José sacerdote Parocho Collado, pó devoção sua, dispoi-se
erigir , em lugar remoto de sua Matriz uma Capella em honra
da Mãe de Deos [...] neste intento doou, a quatorze anos, uma
parte de suas terras, a Imagem de sua devoção (=a imagem de N.Sra. do Bom Conselho era de propriedade do padre José
Modesto), constituiu Canônico Patrimônio [...] O lugar cresce
mette mãos a Capella ... foi transferida sua Matriz (=a de Exu)
para esta Capella (a de Granito) , ainda imprópria. Dando José
sua annuencia tácita a transferência da Matriz , pedio aos fins
seu auxilio, já não em favor da Capella, mas da nova Matriz.
[...] com o producto de uma Loteria , que pode obter da
Província , pôs a obra em muito bom pé [...] Resigna José sua
Freguesia, um outro Sacerdote (= Pe.Filipe Rezende Pinto) o
substitui na Administração Parochial.Este; por devoção sua ,
contando com o auxilio dos fieis, sem preceder os meios legáes,
sem ouvir a José que então se achava ausente, nem tão pouco
ao seu procurador, sérvio de disparte de um terreno que José
havia reservado para a edificação de uma rua própria, e nella
lançou os fundamentos de uma Capella em honra da Imagem de
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sua devoção. Chega José faz-lhe ver que elle não podia
continuar com o serviço, sem a necessária licença do Ordinário,
e como para fazer communhão com os mais fieis deu-lhe tão
bem a sua esmola, dizendo-lhe que como devia continuar com a
sua, o iría ajudando com o que pudesse, pondo a disposição dos
serviços da nova Capella os terrenos de suas olarias (terras
próprias) , e toda a madeira, do que fosse mister utilizar-se. O
Ordinário [o bispo ou um seu representante] porem irrita o
serviço até que esse Sacerdote constituísse , a pretendida
Capella Canônica Patrimonial , feito o qual o auctorizaria para
continuar no serviço [de sua capela]. Morre esse Sacerdote sem
constituir o Patrimônio exigido, José doador, e administrador
do Patrimônio da Senhora, da ordem para erigir a sua que
tinha reservado para si, servindo-se da pequena pareda do
oitão da Capella paralisada [...] um outro sacerdote vem
substituir o falecido na administração Parochial, este arroga
para si o direito de obstar a José a continuaçãlo de suas casas,
já emadeiradas, e sem outro título mais do que uma Portaria do
respectivo ordinário em que lhe concede poderes para reger a
Freguesia quanto a administração dos sacramentos, sequer
embargos ao serviço de Jose [...].”(Pe. Jose Modesto, por
Francisco José P. Cavalcante, Padres do Interior II, Arquivo da
diocese de Petrolina, livro de Patrimônio Da Matriz de Nossa
Senhora do Bom Conselho, Granito).
O vigário Modesto de Brito aceita de bom grado administrar a construção daMatriz de Nossa Senhora do Bom Conselho. Por várias ocasiões houve paralisação na
construção da Igreja, a primeira ocorreu por volta de 1862, por conta da seca e da peste
do cólera morbus, que castigou a população e por falta do apoio do governo, tornando o
tempo difícil para continuação da obra. Embora, encontramos no relatório do Presidente
da Província de Pernambuco o Doutor Clementino Carneiro da Cunha, uma quantia de
24.538$000 ( vinte e quatro contos e quinhentos e trinta e oito mil reis) para custear as
obras das Igrejas e Matrizes, a qual aparece uma cifra destinada a despesas naconstrução da capela da Mãe do Bom Conselho como indica no quadro a seguir:
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
Como vimos, fora destinada uma quantia de 714$000 (setecentos e quatorze mil
reis), quantia pouco significativa, tendo em vista que no ano de 1874 o Padre
apresentava os gastos com a ereção da Matriz, até então, a qual estava pronta apenas a
capela mor e os alicerces do restante da Igreja, 6. 072$185 (seis contos setenta e dois
mil e cento e oitenta e cinco reis). Além das doações das terras e madeira para cobertura
da Igreja feita pelo reverendo Modesto de Brito, o mesmo utilizou de outros artifícios
para angariar recursos para a obra. Em carta circular a população assinada pelo próprio,
por Carlos Cornélio Pinto de Alencar e por Dário José Pinto da Silva, o vigário
solicitava ajuda na construção fosse com trabalho, tijolos ou alfaias. Fazia menção a
promessa feita durante o surto do cólera morbus em 1862, de celebrar uma missa em
agradecimento por a população ter se livrado da peste que assolou o sertão. Com todo o
esforço do Padre e empenho na construção, até por volta de 1873 se celebrava em local
impróprio o qual chamou de santuário particular no dizer do Padre Francisco José, que
segundo o reverendo “... uma casa pouco decente, como todos não ignorão [...]”(Padre
José Modesto). Faz chegar então uma solicitação a corte no Rio de Janeiro a Imperatriz
Dona Maria Leopoldina, para que a mesma aceitasse o titulo de Protetora da Igreja de
Nossa Senhora do Bom conselho, e doasse o que lhe abrandasse o coração. O estado da
obra até o presente momento havia alcançada a seguinte evolução: estava construída a
Capela Mor, os camarinhos, os alicerces do corpo e corredores e as torres da Igreja
segundo o qual media 204 palmos decumprimento, 66 altura e 78 palmos de largura.
Recebeu da casa Imperial, emitido de abril de 1875 a seguinte resposta:
“ Imo. E Exmo. Senhor. Sua Majestade A Imperatriz [...] Houve
por bem acceitar o titulo de Protectora da Igreja em questao .”
[...]Aos 30. 04.1875, as 6 horas da manhã, benzeu e inaugurou
com solenidade, a nova Matriz ainda inacabada.”. No dia
seguinte, 31 de abril, pelas oito horas da manhã, realizou a
transferência das imagens inclusive a de N. sra. do Bom Conselho
“[...] de minha propriedade e de hoje em diante, della faço doação
a mesma Matriz , para lhe servir de Orago, ou Padroeira.” (Padre
José Modesto, por Padre Francisco José P. Cavalcante,
catalogado dos Arquivos da Diocese de Petrolina).
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A Matriz de Granito recebeu assim a honrosa proteção de sua Majestade a
Imperatriz Dona Leopoldina, esposa do Imperador Brasileiro D. Pedro II, a qual tinha
nacionalidade Austríaca, e entrou para a família de Bragança ao contrair o matrimônio
arranjado com sua realeza, o Imperador do Brasil, Filho de D. Pedro I, que tinha
nacionalidade Portuguesa e neto do Príncipe Regente D. João VI, já que sua bisavô D.
Maria Antonieta sofria de Problemas mentais a qual impedia de administrar a corte de
Bragança, mais tarde do Reino Unido de Portugal, o Brasil.
Mesmo nas condições da construção da Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho
em Granito, já havia sido transferida a Freguesia do Senhor Bom Jesus do Exu para Granito
no ano de 1865. Em relatório a Assembleia legislativa, o Presidente da Província expões as
necessidades mais urgentes dos municípios e freguesias segundo reclamações dos mesmos e
relatou a necessidade da conclusão da Matriz de Granito, um prédio para funcionar ostribunais e servi de cadeia e um açude no riacho que banha a vila.
A história da construção da Matriz de Granito atravessou varias décadas, por vários
motivos, em varias ocasiões a construção foi parada, pelas secas frequentes, os surtos de
cólera morbus, a falta de recursos para construção e a própria grandiosidade da obra que
para época, um grande desafio, que o Padre Modesto não concluiu em vida. Segundo o
Padre Francisco José P. Cavalcante, em visita Canônica do Bispo de Floresta em 1913, o
andamento da Obra se encontrava no mesmo pé que se encontrava no ano de sua
inauguração 1975, a capela Mor e os alicerces, estando parada a construção durante uns 45
anos. Em 1920, uma nova visita canônica apontava “[...] as fases da construção da Matriz,
trabalho caríssimo e de mau gosto.” Acredita o Padre Francisco José se tratar de uma
ampliação da Igreja na parte frontal no cumprimento da Igreja, observado a largura dos
arcos frontais, por serem mais estreitos do que os demais projetados pela planta inicial, nos
dá o indicio de uma ampliação no cumprimento da Matriz. Já em 1924 em visita pastoral do
Bispo D. Malan a Paróquia de Granito, durante o vicariato do Padre Joaquim de Alencar
Peixoto, o Bispo na provisão da visita arranca elogios ao reverendo Padre Joaquim Peixoto,dizendo ter encontrado tudo em ordem e bem cuidado, é possível que por essa época a
construção da Matriz já estivesse concluída ou prestes a concluir.
Quando o Padre José Modesto de Brito deixa a paróquia de Granito no ano de 1877,
e retorna ao Rio Grande do Norte como administrador do Patrimônio de Nossa Senhora do
Bom Conselho, nomea um procurador para administrar interino o patrimônio da santa, o
Senhor Gonçalo José Peixoto da Silva, que na ocasião do falecimento do Padre Modesto em
1888, Jurou na vila de Granito na casa do Juiz de Capelas, o Doutor Augusto Siqueira
Cavalcante, cumprir os deveres do cargo.
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Mesmo sem ter findado sua obra, o legado do reverendo José Modesto Pereira de
Brito foi transmitido por tuda a posteridade, para todas as gerações que lhe sucederam em
Granito, o Padre não só foi responsável pela construção da Matriz, mas pela construção de
um povo. Amigo do vigário de Ouricuri e Deputado Francisco Pedro da Silva, sobrinho do
Senador do Rio Grande do Norte os quais muito lhe ajudaram na sua luta pelo sertão e pelo
povo Granitense, de simples aldeola, quando o Padre pisou aqui, o Arraial de Granito logo
passou a vila, freguesia e sede da freguesia invertendo os papeis com a vila do Exu quando
Granito fazia parte da Freguesia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos. Foi transferida também a
Matriz da Paróquia do Bom Jesus do Exu, para a Mãe do Bom Conselho em Granito, pouco
tempo depois de sua morte foi criado a comarca e passa a Município independente.
No projeto feito a punho da matriz de Granito, o Padre traçou um modelo de
arquitetura, mais comum do que a atual estrutura, dentro dos padrões Medievais. Todaviaao longo das décadas de sua construção e reformas foi ganhando formas da arquitetura
renascentista. A maioria das Paróquias apresentam modelos Teocêntricos com torres altas
apontando para o céu e o traçado das linhas na vertical, apontando para Deus dando a ideia
de que o plano terrestre é somente uma passagem para outra vida, para um plano maior de
divino. A paróquia de Granito hoje apresenta um modelo mais humanista, com linhas
horizontais chamando atenção para o plano terrestre, para a grandeza do homem, até que o
padre Isidório em reforma, traçou linhas verticais cruzando as horizontais dando um
equilíbrio entre deus e os Homens. O Numero 3 sagrado para a cristandade, que tantas
vezes aparece na Bíblia, está visível na fachada da Igreja, com três torres discretas, três
cruzes, três portas em forma de arcos frontais que dão acesso ao interior da Matriz. No teto
da Matriz esta posta uma grande cruz, símbolo do Cristianismo, a mesma cruz em que cristo
foi crucificado e sacrificado pela humanidade, ladeado por doze arcos, seis de cada lado
dando sustentação à estrutura da Igreja, podem muito bem representar os doze apóstolos, o
que no conjunto representaria muito bem a Santa Ceia.
2.0. A ELEVAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO AO STATUS DE
VILA.
Com a decadência do Exu antigo, onde a população diminuía e crescia a
povoação do novo Exu, com os prédios se desmoronando e com o desenvolvimento do
Arraial do Granito com a povoação de Exuenses, a construção de uma Igreja que se
tornaria Matriz em Granito e o desenvolvimento da Aldeola após a chegada do Padre
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José Modesto, o Granito é elevado a categoria de vila no ano de 1963, durante a
presidência de Manoel Francisco Correia na Província de Pernambuco, tornando-se sede
do termo de Exu, e pouco depois em 1865 torna-se também sede da Freguesia
subordinando a Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos em Exu a Paróquia de Nossa
Senhora do Bom Conselho em Granito. Veja.
. QUADRO - 3
FONTE: Diccionario Tophografico, Estatístico e histórico da Província de Pernambuco, Manoel
Honorato da Costa, 1863. Impresso por: Tiphografia Universal do Recife, Rua do Imperador, 1863.
No ano anterior, em 1862, quando Cabrobó que também pertencia a comarca deBoa Vista, recebeu sua comarca torna-se independente de Boa Vista e Leva consigo
parte do território o qual estava incluso o Termo de Ouricuri, a freguesia de Exu e a
Aldeola de Granito. Granito passa então a pertencer a comarca de Cabrobó. Nos chama
atenção ainda o fato da recém criada Vila de Granito já existir uma cadeira de instrução
Pública Primária, que era destinada somente para o sexo masculino, enquanto as
mulheres eram exclusas do sistema de Ensino, reproduzido uma cultura machista do
dominador. Em documentação do relatoria do província, um poço posterior,encontramos um pedido de transferência de um certo professor, da cadeira de ensino do
Exu antigo para Granito, o mesmo alegava que a localidade estava em decadência e já
não havia mais alunos a quem se ensinar.
Não foi de bom grado e sem resistência que Exu se deixou transferir a sede da
vila e da freguesia para Granito. Ao que parece houve quem acusasse o Padre Modesto
Pereira de Brito de ter influenciado na transferência. A reverendo foi defendido pelo
amigo Senador e Pároco de Ouricuri, todavia não fez objeções a transferência e atéachou pertinente, embora o Segundo o Padre Francisco José o Reverendo fizesse
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questão de mostrar que não tinha participação na transferência da Matriz de Exu para
Granito, depois se mostrou a favor, segundo o qual estava “[...] situada n’uma posição
mais central, e ao alcance de se poder acudir de pronpto com o pasto espiritual aos
fieis em suas necessidades [...]” (Padres do Interior II, in Arquivo da Diocese de
Petrolina, livro de Patrimônio da Matriz de Granito).
A Câmera Municipal de Exu tratou logo de enviar um relatório reclamando a
transferência.
QUADRO - 4
1 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela
tipografia do Jornal do Recife – 1863.
Nos primeiros anos de nascimento da vila de Granito, esta também já
apresentava suas reclamações ao presidente da província alegando precisar esta
municipalidade de uma cadeia pública e uma casa para suas sessões de trabalho de Juri
e de um cemitério, pois os mortos estavam sendo enterrados em campos, salvo aqueles
que construíam catatumbas as suas custas, lamentando por Câmara não ter recursos para
acudir semelhantes necessidades, principalmente aquelas pertinentes ao cemitério,
apontando que o balanço de receitas e despesas não permitia pagar seus funcionários em
dias, solicitando assim providencias a assembleia pelos estado que se encontrava a vila.
Mais tarde encontramos a negociação da província de Pernambuco com a casa do Padre
Jose Modesto para servi de Camara e Cadeia e tribunal de Juri, que no dizer próprio era
arejada e tinha espaço apropriado as circunstâncias.
Na década seguinte houve uma melhoria no quadro de receitas apresentado pela
camara de Granito no exercício de 1875 – 1876. Veja.
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QUADRO - 5
1 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela
tipografia do Jornal do Recife – 1876
Como vimos, a receita apresentada pela Câmara de Granito foi de 1.269$732
(um conto duzentos e sessenta e nove mil e setecentos e trinta e dois reis, enquanto as
despesas foi inferior a arrecadação, o equivalente a 990$380 (novecentos e noventa mil
e trezentos e oitenta reias, apresentando um saldo favorável de 279$352 (duzentos e
setenta e nove mil trezentos e cinquenta e dois reis. Renda bem superior a de Exu com
apenas 431$500 (quatrocentos e trinta e um mil e quinhentos reis) de arrecadação e
despesas semelhantes restando um pequeno saldo de 7$920 (sete mil e novecentos e
vinte reis. Sendo ainda superior a outros municípios como Ouricuri e Salgueiro. Noexercício anterior de 74 – 75, a Camara de Granito apresentou um quadro ainda mais
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favorável com maiores receitas arrecadadas e menores despesas gerando um saldo
favorável ainda maior, que foi de 1. 576$332 (um conto quinhentos e setenta e seis mil
e trezentos e trinta e dois reis) de arrecadação enquanto as despesas somaram 750$000
setecentos e cinquenta mil reis menos da metade da arrecadação municipal, ficando com
saldo de 826$332 (oitocentos e vinte e seis mil e trezentos e trinta e dois reis. Com o
crescimento da freguesia de Granito, em poucas décadas de simples aldeola logo se
tornou Comarca, criada pelo Juiz de direito Alfredo Afonso Pereira em 1890. Pelas leis
províncias na condição de freguesia e comarca, mesmo não tendo ainda alcançado status
de cidade ainda o Granito se torna Município Independente e autônomo em 1893.
A estrutura administrativa da Província se dava verticalmente da seguinte forma:
No topo da hierarquia havia a Província na hierarquia administrativa, a o Diocese naHierarquia Eclesiástica, a Província se dividia Judicialmente em Comarcas que se
dividia em Termos, os Termos quase sempre se referia a um Município, o Município
tinha como sede uma Cidade ou Vila e quase sempre corespondia a uma delegacia.
Abaixo da hierarquia eclesiástica da Diocese estavam as Paróquias, raramente os
Curatos, as quais a Diocese se dividia e Correspondia a uma Freguesia. Os Termos se
dividiam em Distritos de Paz Enquanto na hierarquia Policial havia as Delegacias quase
sempre correspondentes a um Município, as quais se dividiam em subdelegacias. HaviaMunicípios que existiam as Delegacias e Subdelegacias para atender aos distritos, vilas
e povoação daqueles Municípios. Como vimos pela estrutura administrativa e Leis
Provinciais era possível uma Vila tornar-se um Município, e Granito na qualidade de
Vila, Freguesia e Comarca se tornou Município autônomo pela primeira vez no ano de
1893, há exatos 121 anos passados.
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2.1. A Câmara Municipal da Freguesia de Granito.
QUADRO - 6
1 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela
tipografia do Jornal do Recife .
As câmeras municipais existem no Brasil desde o ano de 1532, ocasião em que
São Vicente na região sudeste, foi elevada a categoria de vila. É mais uma herança
herdada dos colonizadores portugueses. No período colonial faziam parte da câmera,
além dos vereadores que pertenciam à elite local, assim chamados “os homens bons,”
eleitos pelo voto do povo, o procurador, juiz e o escrivão, para o mandato de três anos.
Existia ainda um representante da coroa nomeado pela corte Imperial. A instituição da
Câmara de Vereadores tinha funções bem amplas, eram de serem responsáveis diretos
pela administração da vila, desde questões referentes a impostos, estradas, calçadas,
cuidar da limpeza pública a regulamentar o comercio, as profissões, os ofícios, enfim
eram responsáveis pela vida administrativa da localidade. Geralmente existiam as
câmeras cadeias, pois além das funções administrativas, exerciam também funções
policias e jurídicas. Somente existiam câmeras as localidades que ganhavam o status de
vila.
Nesta conjuntura as câmeras tornavam-se mecanismos de dominação política da
elite local sobre a população mais desfavorecida, vez por outra, a própria coroa
portuguesa se via obrigada a realizar intervenções nas câmeras devido ao abuso de
poder destes com a população. Durante o Período Imperial de (1822 a 1889) o poder das
câmeras e retraído, ficando a cargo das mesmas apenas as funções administrativas, as
mesmas são impedidas de exerceram jurisdições contenciosas. O voto neste período era
censitário. Com a independência do Brasil, veia a primeira constituição Brasileira de
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1824, que instituiu o voto censitário no Brasil, o qual durou até 1891, quando foi
extinto. Para votar o cidadão tinha que ser maior de 24 anos, ter renda anual de 100$000
(cem mil reis), para ser candidato, ter renda de 400$000 (quatrocentos mil reis) para
deputado e 800$000 (oitocentos mil reis) para candidatar-se a senador. As mulheres,
escravos e a população mais marginalizada da sociedade eram excluídos do processo
eleitoral. Dessa forma apenas um percentual mínimo participava do processo eleitoral.
Veja no quadro abaixo, a relação de parte dos colégios eleitorais, municipais e
Paróquias da Província de Pernambuco na época. Chamamos atenção para as paróquias
de Granito e Exu.
QUADRO - 7
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Como vimos no quadro acima, pelos critérios estabelecidos na constituição de
1824, que estabeleceu o voto censitário, foram registrados 9 eleitores da Paróquia de
Nossa Senhora do Bom Conselho e 12 da Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos do
colégio eleitoral do Exu, somando 21 eleitores no total. A província contava com um
quadro de 36 colégios, 72 paróquias e apresenta um total de 2074, (dois mil e setenta e
quatro) eleitores em Pernambuco.
As eleições se realizavam em dois turnos, em um primeiro turno se elegeriam
um colégio eleitoral, para eleger num segundo turno os deputados, senadores e
membros do conselho da província.
Por ocasião do falecimento do Visconde de Suassuna, que ocupava o cargo de
senador, imediatamente a Câmara deliberou aprovar as eleições Paróquias dos eleitores
especiais de diversas paróquias, dentre as quais a Paróquia de Nossa Senhora do Bom
Conselho em Granito, presidida pelo cidadão José Lopes Machado do colégio do Exu. E
adiou as eleições de varias paróquias dentre as quais a do Senhor Bom Jesus dos Aflitos
do colégio de Exu.
3.0. A HECATOMBE, O DESEMBARQUE DO COLERA
MORBUS DE NAVIOS EUROPEUS.
A chegada do cólera morbus no Brasil em 1855, causou tumulto entre a população e
grande preocupação por parte do poder público, médicos e Civis. No Brasil já se
acompanhava a doença mesma quanto esta ainda jazia na Europa causando pânico, uma
vez identificada com a Peste Negra Medieval. Foram feitos sacrifícios de animais em
massa, Gatos, cães, pombos e principalmente dos Porcos, pois no imaginário a respeitoda doença, acreditavam ser este o responsável pela infecção da cidade do cólera. Uma
das medidas sanitárias frente ao cólera foi a mudança quanto a certos hábitos da
população, os quais estava o de se enterrar seus defuntos no interior das Igrejas, no
cemitério colada as Igrejas. Como medida de proteção foi-se construindo os cemitérios
mais afastados das Igrejas para evitar o contato frequente com as covas de defuntos de
doenças contagiosas.
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Dentre as várias medidas adotadas pela comissão de higiene da província de
Pernambuco estavam: Sujeitaram-se a quarentena todo navio a vapor ou vela precedente
da Europa de portos suspeitos. Todo navio que provier de portos onde reina o cólera
morbus estaria sujeito a desinfecção imediata, as roupas, mercadorias e objetos dos
passageiros seriam conduzidos para o Lazarreto e submetido à quarentena. Se algum
navio precedente da Europa não apresentar carta de limpeza será submetido a medidas
de higienização prescritas pelo funcionário competente que poderá ordenar banhos e
outros cuidados corpóreos a tripulação, o deslocamento das mercadorias mesmo a
bordo, submersão no mar das substancias alimentares, lavagem das roupas ou
equipagem, limpeza no porão, evacuação completa das águas, desinfecção das câmaras,
ventilação de partes profundas por meio de mangas ou outros aparelhos, fumigação de
cloro, a esfregadura, lavagem do navio e mesmo a transferência de passageiros para o
Lazareto, todo devendo ser executado antes que o navio desembarque. No caso de ter
sido notada a presença de algum acometido pelo cólera, este seria imediatamente
transferido para o lazareto onde passaria pela quarentena e tomadas as prescrições que
seria levado a rigor. (Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a
assembleia legislativa, impresso pela tipografia do Jornal do recife em 1855.) Dentre
uma série de outras medidas preventivas que foram tomadas pelas autoridades da
Província de Pernambuco afim de se evitar a infecção, porém as medidas não foram
suficientes para evitar a hecatombe.
Temos noticias da chegada do Cólera Morbus em Granito 7 anos após a mesma
ter desembarcado em portos brasileiros, em 1862, quando o Padre José Modesto Pereira
de Brito, faz suas lamentações por conta construção da Matriz de Granito, que esteve
parada durante este ano por conta das secas e da chegada do Cólera Morbus. Alguns
cálculos no relatório da Presidência, apontavam a população da província em torno de
300.000 almas, sendo o número de óbitos em torno dos 30.000 óbitos nos municípios
afetados, a décima parte da população.
No seu dossiê temático de História pelo Programa de Pós Graduação em História
pela UFPB, Jucieldo Ferreira Alexandre aponta que os Carirenses haviam temido a
entrada do cólera no Cariri pela via de Pernambuco entre (1855 a 1856). Em 1862 o
delegado de Exu havia tomado uma medida preventiva contra o cólera, criando um
cordão sanitário na chapada do Araripe, impedindo a passagem de qualquer viajanteadvindo do cariri ou outros municípios afetados. Criou-se piquetes nas estradas com
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torras de paus retirados da floresta e homens armados obstruindo a passagem dos
viajantes, que para o jornal “O Araripe” era uma atitude “ilegal e idiosa” uma vez que
os pobres viajantes após grande jornada de caminhada, 8 léguas até o limite com Exu, se
viam obrigados a fazerem as voltas em torno dos calcanhares e retornar, no dizer
popular, em cima do rastro. Tendo noticias inclusive da morte de um homem de
cassetetes acometidos no piquete, numa tentativa de passagem por um viajante. “ sem
consentir sequer uma pausa para descanso e alimentação. Alguns desses viajantes
chegaram a ser presos e conduzidos até “a falda oposta da serra, e já tem havido
quem, recalcitrando, volt e com a cabeça quebrada!” ( O Araripe, 23.08.1862, p. 4).”
Para livrar-se do Cólera Morbus o Senhor Guálter Martiniano de Alencar Araripe, o
Barão do Exu, fez uma promessa a São João Batista para que o mesmo livrasse seu povo da praga, prometendo-lhe em troca erguer uma Igreja em seu nome na fazenda
caiçara, no Araripe, e assim o fez, desde então todos os anos o povo exuense
comemoram o dia de São João Batista, festejam em memória ao Santo que os teriam
livrado da peste do Cólera Morbus.
3.1.
A História dos Cemitérios em Granito, a hierarquia dosEnterros.
O surto do Cólera Morbus deixou sua marca no sertão, não somente pelas vidas
ceifadas, que não foram poucas, em Granito mudaram-se os costumes do povo no modo
de enterrar seus defuntos. Com o surto epidêmico desembarcados da Europa, ao mesmo
tempo em que se buscavam medidas de higienização e salubridade pública, como deixar
de enterrar os defuntos no interior ou no cemitério da Igreja, buscando construir
cemitérios um pouco mais afastados para evitar o contato diário com a população, por
outro lado com o volume crescente dos defuntos, houve a necessidade de se construir
esses cemitérios próximos às cidades e vilas, dadas as dificuldades do falecido receber
os sacramentos e encomendações em locais afastados. A parti dos surtos epidêmicos, os
médicos começaram a questionar os sepultamentos nos corpos nas Igrejas, sendo a
população obrigada a mudar os hábitos e a mentalidade ao ponto de ter sido promulgada
uma lei na Bahia que proibia o sepultamento no interior das Igrejas.
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Por essa época, tinha-se o costume de transportar os féretros em uma rede, posto um
mastro no sentido horizontal da rede amarando as duas extremidades da mesma, seguia
o cortejo fúnebre com o falecido a balançar-se na rede estrada adentro. Dois homens um
em cada extremidade transportando-o enquanto uma terceira pessoa a frente carregava a
cruz do defunto no sentido da vila para receber os sacramentos e ser sepultado. Com as
ameaças da doença, as autoridades trataram logo de fechar os cemitérios interno das
Igrejas do Araripe, notoriamente houve mudanças nos costumes de se enterrar e
variações. Nos Documentos Catalogados da Diocese de Petrolina nos livros de óbitos e
Parvulos, pelo Padre Francisco José P. Cavalcante, passou-se a enterrar, em locais
sagrados como Próximo a uma Cruz, ao pé da Santa Cruz da Matriz de Granito, em
catatumba, em catatumba alugada, abaixo do cruzeiro, em catatumba tipo carneiro etc.
O Padre Felipe Benício Resende Pinto, tendo sido vigário cooperador do Padre José
Modesto Pereira de Brito, vicariou em Granito entre 1867 a 1873 aproximadamente.
Tem-se notícias que o mesmo construiu um cemitério em Granito no ano de 1869,
acredita o Padre Francisco José ser o Cemitério Público, e haveria outro Cemitério o
qual era conhecido como “Cemitério desta Villa de Granito” Sendo o primeiro, o
Cemitério um pouco distante da Igreja, acredita o Reverendo se tratar do cemitério em
ruínas localizado na Avenida José Saraiva Xavier, onde hoje se encontra uma grandemurada com uma pedra negra central, identificando a origem do imóvel, e umas
paisagens sertanejas pintadas recentemente por artistas da terra. Com relação ao
segundo, o “Cemitério desta Villa de Granito”acredita o Padre Francisco José se tratar
do que era colado a Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, o qual foi demolido
posteriormente. Chama-nos atenção a Matriz acima citada, todavia a capela de Nossa
Senhora do Bom Conselho só foi projetada no final da década de 50 do século XIX,
passou pelos tramites burocráticos e só começou a ser construída no inicio da década de
60 de mesmo século, prestes a Granito se tornar vila e cede da freguesia. É esperado que
houvesse uma subparóquia da Matriz do Senhor Bom Jesus do Exu no arraial de
Granito, anterior a de Nossa Senhora do Bom Conselho, Nossa Senhora dos Remédios.
Temos noticia da construção de um novo cemitério paroquial em Granito por volta
de 1929, pela Padre Joaquim de Alencar Peixoto, o qual mandou construir o cemitério e
uma estrada de acesso à mesma com recursos provindo do apostolado da oração, taxas
de foro, do Próprio vigário e da doação de um cordão com crucifixo de ouro da SenhoraRaimunda Honorina Peixoto à Padroeira, que teria sido vendido pelo Padre Joaquim
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
Peixoto por 700$000 (setecentos mil reis) gastos na construção do cemitério. Raimundo
Praia e Dodô foram os Pedreiros encarregados da Obra. Por se tratar de um cemitério
Paroquial, e na época já ser Nossa Senhora do Bom Conselho a Padroeira da Matriz de
Granito, e provável que se trate do atual cemitério de Nossa Senhora do Bom Conselho,
na atual Rua Antonio Simeão Rodrigues, popularmente conhecida como Rua do
Cemitério. (Padres do Interior II)
Os quadros 8 e 9, referem-se aos sepultamentos feitos no “Cemitério desta Vil la de
Granito”, “no cemitério público desta vil l a de granito” , em catacumba da matriz de
granito”, em carneiro na capela São João da Araripe”, “no cemitério desta vila abaixo
do cruzeiro,” em catacumba reservada no cemitério desta villa ,” (de Granito) no
cemitério desta villa abaixo do cruzeiro ,”(Granito) cemitério público do novo Exu,” no
cemitério publico de São J oaquim desta freguesia de Exu.”
QUADRO – 8
Nome do defunto Cor dosHábitosMortuários
Causa daMorte
Cor/NívelSocial
Observações
Delmira Cordolina deAlencar
Preto AtaquesHistéricos
Branca Ano de 1864. Sepultada Grades acima.
Francisco Leite Rabelo47 anos.
Preto Ataqueepópletico
Ano de 1865. Encomendadosolenemente Pelo Pró-Pároco de Exu,Padre Antonio Almeida.
Barbara Maria de Jesus19 anos
Preto Histérismo Recebeu todos os Sacramentos,encomendada pelo Padre José ModestoPereira de Brito
Capitão FranciscoPereira Coelho, 75 anos.
Envolto emhábitos deSãoFrancisco
Capitão Ano de 1867. Sepultado Solenemente ao pé da Santa Cruz da Matriz de Granito.Sepultado em catatumba tipo carneiro.
D. Manoela Franciscado Nascimento, 31 anos.
Pretos Estupor Branca,Esposa doCapitãoAntonioPereira deCarvalho
Ano de 1869. Confessada
Maria Ibiapina de Jesus, Hábitos deFreira
Ano de 1874. Sepultada em frente aoCruzeiro ao lado esquerdo da capela. Foiconfessada recebeu outros sacramentos.Teve enterro solene. Sendo tratada commuito carinho pelo padre.
Castora Maria, 58
anos.
Pretos Moléstia
Incógnita.
Branca Esposa de Amaro José Peixoto.
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QUADRO – 9
Nome do defunto Cor dosHábitosMortuários
Causa da Morte Cor/ NívelSocial Observações
Francisco Cordeiro daSilva, 52 anos.
Brancos Morto de Tisica Pardo Adquiriu catatumba própria,recebeu ossacramentos e teve missade corpo presente. Sendo oúnico pardo sepultado emcatatumba
José Branco Dor Ciatica Cabra. Escravodo Major Dário
da Silva Peixoto
Foi confessado e recebeuos sacramentos.
Luiza, 30 Anos. Aborto Escrava doTenente CoronelLuiz Pereira deAlencar
Ano de 1872. Não recebeuos Sacramentos. Sepultadaabaixo do cruzeiro,encomendada pelo PadreJosé Modesto.
Maria Thereza de Jesus Branco Congestão. Não foi encomendada.
Barbara Maria da
conceição
Branco Parto.
Protário, 49. Branco Pluris Escravo doPadre JoséModesto Pereirade Brito.
Foi casado com a escravaBlandina
FONTE: PE. Francisco José Pereira Cavalcante, Padres do Interior II, coletado em Arquivos da Diocese
de Petrolina. Livro de óbtos de Adultos.
Fazendo uma analise comparativa entre quadro 8 e 9, onde metodicamente
coletamos as informações, separamos nas duas tabelas tendo como marco divisor a cor
dos hábitos dos defuntos, o que consequentemente gerou outras subdivisões. Tal
parâmetro nos permitirá algumas conclusões a respeito do mesmo. No quadro 8, todos
os defuntos foram sepultados de Hábito pretos, foram também os que receberam os
sacramentos devidos, ou enterrados solenemente. Eram: brancos, capitão ou esposa de
capitão. Quando não aparecem sepultados de preto, estão envoltos de hábitos de São
Francisco ou de Freira. Enquanto que no quadro 9, todos foram sepultados em hábitos
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brancos e eram ou pardo, cabra, ou escravo, as vezes nem recebiam encomendação, ou a
os sacramentos devidos.
Observemos que o escravo José, diagnosticada a causa da morte dor ciática, foi
confessado e recebeu os sacramentos, no entanto se tratava do escravo do Major Dárioda Silva Peixoto, e mesmo assim, foi sepultado em hábitos brancos. Quanto a Francisco
Cordeiro da Silva, no que aparenta, era conhecido e tinha certa condição, pois nos
registros é o único pardo sepultado em catatumba. Adquiriu catatumba própria, recebeu
os sacramentos e teve missa de corpo presente, mesmo assim foi sepultado em hábitos
brancos, como também foram sepultados de branco aqueles que tiveram causa de morte
parto e aborto.
Neste ínterim, podemos concluir que havia uma hierarquia dos enterros, uma
divisão por condição social, cor e causa de morte. Os pertencentes às classes mais
abastardas, livres e brancos eram sepultados de hábitos pretos, o que simbolicamente
representa o luto. Enquanto os escravos, de nível das camadas sociais do populacho e
não brancos, não tinham os mesmos direitos cristãos, o que nos revela que a Igreja
Católica não se eximia das relações de poder do Brasil Imperial, estava amplamente
entrelaçada nesta teia ou cadeia das relações de poder constituídos de direito ou
conquistado pela lógica coercitiva da época.
4.0. O CONTIGENTE POLICIAL, E A HISTÓRIA DA CADEIA
EM GRANITO.
No inicio da Década de 60 do Século XIX, havia na Província de Pernambuco
45 Delegacias e 171 subdelegacias, o estado das mesmas quase sempre deixava a
desejar, funcionando em prédios alugados de particulares, quase sempre não dispunha
das acomodações adequadas aos fins necessários, com limitações no número de presos
de que poderia comportar e quase sempre necessitando de consertos e reparos. O corpo
Policial da Província apresentava o número de 500 praças distribuídos pelo número de
Delegacias e Subdelegacias supracitados. A Polícia ainda reclamava de aumento dos
vencimentos, alegando insuficiência, principalmente quando estes eram destacados para
o interior, em áreas afastadas.
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No ano 1867 o relatório provincial descrevia a prisão de Granito como
funcionando em casa particular, sem acomodação ou segurança. Como vimos no
capítulo 1, Houve uma autorização do Presidente da Província para a compra de uma
casa de propriedade do Padre José Modesto de Brito para servi para este fim e outros
mais, no valor de 5:000$000 (cinco contos de reis), que segundo relatório, seria
apropriada a suas circunstancias. Já em 1870 o relatório apresentado à assembleia
legislativa da Província apresentava um quadro de 51 cadeias existente na Província,
das quais apenas 19 achavam-se em estado regular e prestarem-se a seus fins, dentre
elas a de Salgueiro, Leopoldina (Parnamirim), Exu e Granito. No relatório de 1874 o
estado da cadeia de Granito era apresentado da Seguinte Forma:
QUADRO – 10
11 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela tipografia do Jornal do Recife – 1874.
Como vimos, às acomodações da cadeia de Granito comportava um número
razoável de detentos, descrito com capacidade para abrigar 30 presos do sexo masculino
e ainda um quarto para mulheres e o xadrez dos soldados os quais não foram descritos a
capacidade de mulheres e soldados que podiam comportar. Todavia outro dado nos
chamou atenção, o fato do imóvel ser descrito como de propriedade particular, não
sabemos ao certo se a compra da casa do Padre Modesto de Brito par tal fim se efetuou,
pois nos parece que houve algumas mudanças de endereço da cadeia de Granito nestas
duas décadas. Na década de 60, além de funcionar como cadeia, era descrito como que
também para servir de Câmara, e tribunal de Júri, nos documentos posteriores não
encontramos menção desses órgãos funcionando junto a cadeia, o que pode ter havido
uma separação.
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O quadro a seguir demonstra a importância em reis, dos alugueis das cadeias,
dos quartéis e das cadeias e quartéis concomitante, onde os prédios eram de propriedade
de particulares.
QUADRO – 11
12 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela
tipografia do Jornal do Recife – 1880.
Para a cadeia e quartel de Granito era pago pelo governo provincial a
importância de 20$000 (vinte mil reis) mensais, e 25$000(vinte e cinco mil reis) para a
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cadeia de Exu. No mais, os valores pagos pelos alugueis das cadeias dos outros
municípios eram igual e na maioria das vezes inferiores a Granito e Exu, 3$000, 5$000,
6$000, 9$000, 10$000, 12$000 etc. O que demonstra que os prédios dos mesmos
deviam estar entre as melhores estruturas de cadeias, na época, dos prédios alugados.
No relatório de 1880, o estado da cadeia de Granito era descrito como sendo “ É de
propriedade particular a casa que serve de cadeia nesta Villa. Está Bem conservada,
offerece a precisa segurança e pode comportar até vinte presos.” Em 1881 as
condições de segurança da cadeia de Granito aparecem como sendo, boas, estado de
conservação bom, comportando 20 presos e em condições de higiene regular.
A presidência da província, em 1865 reclamando da insuficiência da força de
linha que presta os serviços de segurança, manda que a Guarda Nacional seja destacada para os municípios do interior, para maior eficiência da ação das autoridades no sentido
de repressão contra a baderneira de bandidos e criminosos armados a percorrer o sertão
e prevenção contra os delitos. Apresentou o contingente policial de Granito os quais
consta os seguintes números: Oficiais 1, inferiores 1 e 20 praças, somando um
destacamento de 22 homens da lei para fazer a guarnição de Granito. Em 1870 o
contingente policial de Granito havia acrescido 30 soldados no seu quadro, que agora
apresentava os seguintes números, Oficiais 1, inferiores 1 e 50 soldados.
Nos arquivos províncias ainda encontramos a nomeação de alguns cargos que
compuseram o quadro administrativo e o poder oficial na vila de Granito. Foi nomeado
por decreta provincial de 14 de Dezembro de 1864, o Juiz Municipal de Granito o
Bacharel Ângelo Caetano de Souza Cousseiro. Mais tarde aparece o Bacharel João
Franklim de Alencar Lima como Juiz Municipal de Granito. Em 1877 aparece como
Juiz Municipal de Granito e Exu o Senhor Candido Alves Machado, em outra ocasião, o
Bacharel Augusto Frederico Siqueira Cavalcante. Em 1876 foi nomeado promotor público de Ouricuri, o qual pertencia Granito, o Bacharel José Gomes Coimbra, Sendo
ainda nomeados os adjuntos dos promotores públicos, dentre os quais foi nomeado para
atender Granito, Joaquim José Ribeiro. No quadro da divisão policial da província de
Pernambuco na década de 60, encontramos como subdelegado da subdelegacia de
Granito o Senhor Cornélio Carlos Peixoto de Alencar Filho e como subdelegado de Exu
Jesuino de Araújo Albuquerque.
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O quadro – 13 demonstra os promotores adjuntos exonerados dos quais consta a
exoneração de Alexandre Geraldo de Carvalho no dia 13 de Outubro de 1875 do Termo
de Granito, o qual agora pertencia a comarca de Ouricuri e não mais de Cabrobó, como
ocorrera em 1862, quando deixou de pertencer a comarca de Boa Vista, e passou a
pertencer a comarca de Cabrobó. Demonstra ainda o ano da criação do foro civil de
Exu, o qual foi anexado ao termo de Granito que era sede da Freguesia o qual Exu
pertencia.
QUADRO – 12
13. Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso
pela tipografia do Jornal do Recife – 1875.
A força policial e o aparato legal do estado, vivia em constante conflito com os
foras da lei. A ocupação das terras interioranas foi acompanhada pelo conflito de civis
com o estado, que não conseguiu dar as condições necessárias para manter a paz e
tranquilidade no alto sertão de Pernambuco, marcado muitas vezes pela ação de
Coronéis, dos cabras machos que vez por outra topavam com a policial e tentavam fazer
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
frente ao estado desafiando-o. Nos números policiais da provincial, referentes a crimes
acometidos, a tomada de presos, fuga de presos da cadeia e arrombamento de cadeia é
bastante comum na época, ocorria frequentemente em várias freguesias, dentre as quais
vamos citar alguns crimes para vislumbrar melhor esse quadro. No começo da década
de 60 foram registrados os seguintes crimes:
Caruarú...................Tomada de presos 1
Homicidios 1Brejo ........................Tomada de presos 3.
Boa Vista .................Tomada de Presos 1.
Ofensa Physica leve 1
Ouricuri.........................Fuga de Presos 1Arrombamento de cadeia 1
Exú ...........................Tomada de Presos 1
E assim seguem estes números por varias outras freguesias, o qual demonstra o
constante conflito da lei e os civis na província, o que veio a agravar-se mais ainda com
as constantes secas, onde carecia de intervenção da Província na ajuda contra os efeitos
moribundos dos flagelados provocados pela mesma. Em 1876 foram criadas comissõesespeciais para amenizar os efeitos da seca que perdurava 2 anos e maltratava os
Nordestinos. Tendo as chuvas do meio do ano melhorado “os terríveis efeitos da
horrorosa seca,” o qual não resolveu o problema, apenas melhorou a intensidade do
flagelo. A comissão especial da Provincial buscou contratar a mão de obra dos retirantes
para trabalhar em obras públicas, retirando-os dos alojamentos os emigrantes solteiros,
em condições de trabalho para diminuir o numero de pessoas sustentada pelo estado.
Pois havia no alojamento do Arsenal da Marinha 15 mil pessoas e fora da cidade aosarredores como Olinda, Palmares etc 40.000 pessoas. As ajudas também se distribuíam
as casas de caridade a qual temos notícias da ajuda de 1:600$000 (um conto e seiscentos
mil reis) as casas de caridade de Bezerros e Granito. Em Exu a situação era de
calamidade como consta:
“os indigentes habitantes de Garanhuns, Buiuque, São Bento,
Bom Conselho, Flores, Baixa Verde, Villa Bella, Boa Vista,
Ouricury, Cabrobó Exu e Salgueiro se acham a Braços com o
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flagela da Seca e ameaçados de perecer de fome por serem
raros os gêneros de primeiras necessidades, e só por preços
exorbitantes poderem ser obtidos o que apareciam no mercado,
não poder ser indiferente a aflição daqueles
infelizes.”(Relatório da Província)
Entendendo ser esse um dos casos em que o Governo deve intervir com o
socorro aos que sofrem, foi aberto um credito para serem empregados na compra e
transporte de viveres para serem enviados e distribuídos entre a pobreza. Distribuindo
gêneros alimentícias segundo a necessidade. O quadro 14 é um recorte, existente outros
municípios atendidos, o qual focamos no objeto de nosso interresse.
QUADRO - 13
14. Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela
tipografia do Jornal do Recife .
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Como demonstra, Exu recebeu a ajuda de gêneros alimentícios dos quais 100
sacos de farinha, 30 sacos de milho, 10 sacos de Feijão, 2 sacos de arroz e 120 arrobas
de carne seca para serem distribuídos entre a população faminta.
Para piorar os efeitos da seca, a província tinha outro fator agravante, preocupar-se em guarnecer com força policial as vilas e cidades para conter a onde de saques a
fazendas e comercio. No Sertão Nordestino em um contexto de Secas e fome, desmando
de Coronéis e insuficiência da força coercitiva do aparato provincial, surge bandos
armados, saqueadores, que no discurso do governo eram bandidos armados e
malfeitores, verdadeiros inimigos da ordem pública. Divididas as opiniões sobre a
verdadeira identidade dos cangaceiros, ora aparecem como bandidos, mal feitores, um
mal a ser exterminado, ora como heróis, figuras símbolos da bravura e resistência. Ofato e que para as volantes policias organizadas pelo governo para banir o banditismo do
sertão, estes eram o verdadeiro cólera e ser curado no cano do bacamarte. Nos anos de
secas se notava o aumento das estatísticas criminais com os Bandos de homens armados
que cresciam em toda a província os quais contavam com a impunidade, assaltando e
praticando assassinato. A fim de restabelecer a Lei no Império, o Governo empregou
recursos afim de distribuir pelo interior da província toda força policial possível, todavia
quando estava pondo em prática seu plano, recebeu do Presidente da Província do Cearáum oficio o qual o mesma comunicava a falta de segurança nas propriedades e na vida
da população, dada a ação de bandidos armados nas comarcas de Crato, Jardim, Lavras
e Barbalha.
Mandou então o Governo Provincial de Pernambuco, guarnecer por fortes
destacamentos as Vilas de Salgueiro, Cabrobó, Granito, Ouricuri e Vila Bela a fim de
perseguir a “horda de criminosos.” O comunicado ainda se estendeu as Províncias da
Paraíba e Rio Grande do Norte afim de que a soma das forças pudessem operar deacordo com as forças postas no Ceará. Seguiu então para Ouricuri, Exu, Triunfo,
Granito, Salgueiro e Vila Bela, destacamentos de 1ª linha guarnecendo-os de forças
volantes, o que das forças combinadas dessas localidades com as demais províncias,
veio os resultados: “ Graças a esse systema de perseguição, os facinorosos, que d’antes
zombavam dos esforços empregados isoladamente aqui e alli para os reprimir, foram
activa e seguidamente acossados, perdendo d’elles d’alguns a vida, sendo capturados
muitos outros dispensados os bandos.” Dentre os quais se sobressaia pelo número deaudácias os capitaneados pelo celebre Adolpho Rosa, vulgo Meia Noite. O qual vinha
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
aterrorizando em constantes sobressaltos a população da Ingazeira, se vendo agora
reduzido em um pequeno grupo disperso. Veja os números policias de 5 anos com
relação a criminalidade na província de Pernambuco:
ANO CRIMES
1874...................................338
1875......................................341
1876.....................................286
1877............................................
1878 .....................................650
O número de crimes alto para a época na província de Pernambuco tinha a
contribuição da ação dos bandos armados que percorriam o sertão. No ano de 1878 teve
seu ápice com a elevação para 650 crimes, um aumento de mais de 100 por cento em
relação há alguns anos anteriores. O que revela o desmando no sertão e a dificuldade
das autoridades de manter a ordem no interior da Província. Temos notícias mais uma
vez da presença dos Cangaceiros em Granito em 1927, quando o Padre Joaquim de
Alencar Peixoto, relata não ter havido a arrecadação do Foro da Igreja, onde os foreiroshaviam se evadido da cidade, por conta da seca e da ação dos cangaceiros, que agora
numa situação inversa, o Reverendo reclamava por estes estarem recebendo apoio das
autoridades locais.
Muita coisa já se viu neste chão cru protegido pela Mãe do Bom Conselho,
pestes como o Cólera Morbus, que castigou de forma tão cruenta nosso povo do Sertão,
continuadas secas flagelando a população, que faminta se arriscavam a toda sorte de
destino como meio de sobrevivência, até mesmo o cangaço foi uma forma encontrada
para fugir da fome, dos desmandos e da miséria, como se viver atirado na Caatinga
roendo pau para saciasse da sede, assaltando fazendas e quem passar na estrada
transportando quaisquer ração, já não fosse uma verdadeira miséria. Todavia o povo
sertanejo sempre resistiu bravamente a tudo isso por que como dizia o autor “o povo
sertanejo é antes de tudo um forte.”
1909, Granito torno-se cidade pela primeira vez, logo em seguida édesmembrado o território de Exu e criado o distrito de Bodocó e anexado ao território
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
de Granito. Na década de vinte chega a Granito a figura de outro Padre notável,
Joaquim de Alencar Peixoto, dentre seus inúmeros feitios, criou dois cemitérios em
território Granitense e construiu a Capela de Santa Terezinha na Aldeola de Sitio dos
Moreiras da vila de caririmirim, pertencente a Granito na época.
Em 1924 é sede do município de Granito é transferida para Bodocó, onde
permaneceu até 1938, quando Granito perde de vez status de cidade e município a passa
a pertencer ao recém criado município de Bodocó como distrito anexado.
Tivemos como primeiro chefe Político o Senhor Eráclio Peixoto, seguido pelo
Coronel João Silvério de Alencar e Manoel Antônio de Luna. Sob tutela do Prefeito
Manoel Antonio de Luna, Granito é rebaixado a condição de distrito de Bodocó em
1938, perdendo de vez sua autonomia administrativa e liberdade política
Os anos 60 anunciava um novo tempo para o povo Granitense. Antes de ser
deposto pelo golpe militar de 1964, o então Governador de Pernambuco, Miguel Arraes
de Alencar, através de decreto assina a liberdade política e administrativa de Granito no
dia 20 de Dezembro de 1963. Granito torna-se cidade outra vez, sendo nomeado
Prefeito o Sr. Manoel Porfírio (1964-65), com a missão de marcar as eleições
municipais que elegeriam pelo sufrágio universal o Sr. Aderson Coelho (1965-69),
primeiro prefeito eleito pelo povo da nova era emancipativa de Granito. Sucederam em
seu pleito os Senhores Prefeitos:
FRANCISCO GIVALDO DE ALENCAR SAMPAIO 1970-1972; ONOFRE EUFRÁSIO DE LUNA 1973-1976; ESMERINDO ALVINO DA SILVA 1977-1982; MANOEL CORDEIRO LACERDA 1983-1988; HERNANDES LACERDA 1988-1992; JOÃO BOSCO LACERDA DE ALENCAR 1993-1996; ANTONIO VALDIR GONÇALVES 1997-2000; JOÃO BOSCO LACERDA DE ALENCAR 2001-2004; JOÃO BOSCO LACERDA DE ALENCAR 2005-2008; RONALDO ALENCAR SAMPAIO 2009-2012; ANTONIO CARLOS PEREIRA 2013...
Assim, se passaram os anos por essas terras, viveram e ainda vivem seus filhos, o
povo Granitense.
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História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.
Deixo aqui minha contribuição para a posteridade, acredito que todo ser humano
deva viver com um propósito, completo aqui o meu. A história serve para responder
duas questões existências de estrema relevância na vida do ser humano, de onde viemos
e quais as nossas origens, serve também para que a memória de pessoas como o Padre
José Modesto Pereira de Brito não se perca na amnésia do tempo, para que os grandes
feitios dos homens não sejam apagados. Deixo aqui o meu abraço as gerações
vindouras, o futuros vos pertence, todavia, o presente e o passado pertencem o nós
todos.
FONTES:
Diccionario Tophografico, Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco ,
1863. Fonte primária.
Padres do Interior II, Francisco José P. Cavalcante. Fonte Secundária. Arquivo da
Diocese de Petrolina, livro de Patrimônios da Matriz de Nossa Senhora do Bom
Conselho, livro de Párvulos, livro de óbitos de adultos. Fonte secundária.
Relatórios da Presidência do Província de Pernambuco a assembleia legislativa,
impresso pela tipografia do Jornal do Recife de 1832 a 1888. Em microfilmagem. Fonte
primária.
Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).
Objetos líticos, cemitério de pedra seca indígena no povoado do Mata Boi. Inscrições
rupestres no Riacho da Jangada. Artefatos históricos de pedra polida. Fontes primárias.
Diário Oficial de Pernambuco. Microfilmagem disponível em diário oficial eletrônico
de Pernambuco de 1936 aos dias atuais. Fonte primária.
Fotos de acervos doméstico de Cidadãos locais.
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