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Quem sabe faz a hora Revista da aRquidiocese de vitóRia - es Ano XI Nº 133 Setembro de 2016 vitória vitória DIÁLOGOS O BRASIL PRECISA SONHAR Entrevista - Página 29

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Quem sabe faz a hora

Revista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI • Nº 133 • Setembro de 2016

vitóriavitóriadiálogos O Brasil precisa sOnhar

Entrevista - Página 29

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Quem escuta a Américaé mais feliz

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arquivix

@arquivix

Para muitos a hora de votar tornou-se o símbolo do exercício de cidadania, o que por um lado traz algo de positivo, mas ao mesmo tempo

restringe e isola um significado que deve ser uma atitude constante e permanente: cidadania. Exercer e cumprir os direitos humanos e civis torna-nos mais humanos e mais cidadãos de verdade. A edição da Revista Vitória deste mês propõe alguns pensamentos que podem ajudar nas decisões de outubro quanto à escolha de prefeitos e vereado-res. São visões cristãs sobre o processo eleitoral e o comportamento do eleitor. Naturalmente mantém as editorias com propostas de reflexão cristã e um especial sobre o mês da Bíblia. Olhares e pensares que ajudam a criar novos olhares e novos pensares. Boa leitura! n

Quem sabe faz a hora

Editorial

falE com a gEntE

Envie suas opiniões e sugestões de pauta para [email protected]

anuncieAssocie a marca de sua empresa ao projeto desta Revista e seja visto pelas lideranças das comunidades. Ligue para (27) 3198-0850 ou [email protected]

aSSinaTuRaFaça a assinatura anual da Revista e receba com toda tranquilidade. Ligue para (27) 3198-0850

mitraaves

www.aves.org.br

maria da luz fernandesEditora

Quem escuta a Américaé mais feliz

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano XI – Edição 133 – Setembro/2016Publicação da Arquidiocese de Vitória

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Diovani Favoreto, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi e Vitor Nunes Rosa • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266

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EditorialQuem sabe faz a hora

EspiritualidadEO Mestre e o Escorpião

pEnsar

caminho da bíbliaTende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus

EcologiaPara além da fome: os impactos ambientais do desperdício de alimentos no mundo

diálogosO Brasil precisa sonhar

EspEcialProfeta Miqueias: Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus!

atualidadeUma PEC

contra a saúde do povo: a 241

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OpiniãODa rejeição à

solidariedade: o desafio

de um novo olhar para com

os excluídos

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micrOnOtíciasCasa sustentável construídano Brasil

viver BemMuito alémdo Pokémon

ideiasA frágil folha de parreira que esconde com grande dificuldade a realida de indecente

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15 ElEiçõEs

27 aspas

32 comunicação

38 mundo litúrgico

40 pErguntE a quEm sabE

45 cultura capixaba

sugestõesCircuito

Agroturismo da Serra

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entrevistaA reforma

política e a Igreja Católica

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rEportagEm“Vim para servir”

arquivo E mEmória1º Grito dos Excluídos

EnsinamEntosMilagres, respostas de fé

acontEcEFesta da Padroeira da Arquidiocese de Vitória

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atualidadE

uma pec contra a saúde

do povo: a 241Os valores defasados hoje fazem do sus um sistema que ‘não dá conta’ de atender a população carente e, com o aumento do número de pessoas idosas, corre o risco de ficar ainda pior. um projeto de lei que tramita no congresso nacional propõe a transferência de recursos destinados à saúde para pagamento da dívida pública. entenda neste artigo a proposta e as consequências para o Brasil.

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atualidadE

Foi apresentada no dia 15 de junho de 2016, na Câ-mara dos Deputados do

Congresso, a PEC 241/2016 que transfere recursos públicos das áreas sociais para o pagamen-to de juros e para a redução da dívida pública. Trata-se de uma Emenda Constitucional que mexe e violenta o arcabouço garantista de direitos da Constituição Fede-ral, que fundamenta o sistema de seguridade social. Desde a sua implantação, o SUS, pela lei 8080/90 que o instituiu, dando uma dotação e cobertura financeira, teve que enfrentar políticas neoliberais que limitaram os recursos e o condenaram a um subfinancia-mento crônico. Porém, esta PEC estabelece que os atuais valores de 2016, profundamente defasa-dos, serão a base para a projeção de despesas até 2037, ignorando o crescimento populacional, a mudança do perfil demográfico com o envelhecimento da família brasileira em condições de saúde mais precária, o que certamente demandará mais investimentos e

recursos do sistema, bem como a incorporação tecnológica cres-cente exigida pela sua operacio-nalidade e eficiência. Para ilustrar o recorte de recursos basta afirmar que se esta proposta tivesse sido aplicada no período de 2003-2015 teriam sido retirados do SUS R$ 314,3 bilhões (a preços de 2015), sendo somente no ano 2015, R$ 44,7 bilhões a menos do que foi efe-tivado pelo Ministério da Saúde no mesmo exercício. Esta brutal contenção orçamentária reduzirá a verba destinada aos Estados e Municípios pois, cerca de 2/3 das despesas do Ministério da Saúde são regularmente transferi-das fundo a fundo, para ações de atenção básica, de média e alta complexidade, assistência farma-cêutica, vigilância epidemioló-gica e sanitária entre outras, que ficarão gravemente prejudicadas. Traduzido para os impactos concretos que o povo vai sentir na sua carne significa: qualidade de vida deteriorada e fortemente rebaixada, aumento dos índices de mortalidade infantil, retorno

devemOs expressar nOssaindignaçãO, prOtestO e resistência diante da expOliaçãO dOs direitOs dO pOvO e, em especial, dOs peQuenOs aO direitO aO acessO plenO à saúde

de velhas doenças epidêmicas já controladas, e as expectativas de longevidade estabelecidas num patamar seguro entrarão em pro-cesso regressivo. Resumindo, o direito à saúde integral do cidadão brasileiro se tornará, como afirma Baumann, líquido e incerto. Outra consequência perversa será que a rede privada admitida na lei do SUS como participação apenas complementar, ditará as cartas, doravante ampliando o chamado PHI seguro privado, ge-rando arranjos público-privados que darão primazia ao lucro, dei-xando sem cobertura os pobres e desvalidos. Diante deste quadro e cenário truculento e devastador para o bem comum e a vida do povo, a Igreja, através da Pastoral da Saúde, fez em fevereiro um Seminário sobre o financiamento do SUS, denunciando o cerco e a asfixia de recursos que já naquele

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Dom Roberto Francisco Ferreria PazBispo de campos e referencial nacional da Pastoral da saúde

trata-se de uma emenda cOnstituciOnal Que mexe e viOlenta O arcaBOuçO garantista de direitOs da cOnstituiçãO Federal, Que Fundamenta O sistema de seguridade sOcial

momento atingiam a saúde pú-blica. Posteriormente, em julho, fizemos uma audiência pública no Senado da República com o Senador Paim e outros que se solidarizaram com esta causa, denunciando esta PEC devas-tadora e letal, que dará o tiro de misericórdia ao SUS, tal como ele foi defendido e conquistado pelo povo e o movimento sanitarista brasileiro. Participamos após esta audiência da mobilização e da marcha em defesa do SUS, da Previdência Social e dos direitos

do povo a uma saúde pública, integral, universal, com equidade e justiça social. Toda a sociedade civil, movimentos sociais, Igrejas, associações e ONGs, pessoas e cidadãos decentes que acreditam num Estado Social de Direito, numa República para todos, na plena vigência da Constituição

cidadã de 1988, e fundamental-mente no Reino de justiça, soli-dariedade e equidade que Jesus, o Rosto da Misericórdia do Pai, veio trazer para a humanidade, devemos expressar nossa in-dignação, protesto e resistência diante da expoliação dos direitos do povo e, em especial, dos pe-quenos ao direito ao acesso pleno à saúde. Deus seja louvado! n

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micronotícias

Jogadores de pokémon go resgatam animais feridos nos eua

Jogadores de Pokémon Go dos Estados Unidos resgatam animais feridos ou abandonados que encontram pelas ruas e parques de Nova York. O Hospital de Animais da Universidade de Cornell em Nova York, nos Estados Unidos, é apenas uma das organizações que recebem estes animais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova forma de fazer a medição de glicose, por meio de dispositivos não-invasivos. O Combo Glucometer é o primeiro aparelho que não utiliza picadas nos dedos e nem sensor na pele para medir o nível de açúcar no sangue. Segundo a empresa, o dispositivo usa um sensor de imagem de cor em tempo real e algoritmos para medir com precisão os níveis de glicose. A indicação é para pacientes diabéticos tipo 2, acima de 18 anos e a previsão do lançamento é para o final do ano.

glicosímetro não-invasivo é aprovado pela anvisa

imagem de nossa senhora aparecida nos Jardins do vaticanouma estátua de nossa senhora aparecida será inaugurada em 03 de setembro nos Jardins do vaticano. a iniciativa é da arquidiocese de aparecida e da Embaixada do brasil junto à santa sé. segundo o embaixador denis silva pinto, a imagem da padroeira será colocada junto com as de outros países. a escultura foi desenhada por um brasileiro e apresenta os três pescadores na barca com a imagem da padroeira.

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noiva é levada ao altar por transplantado que recebeu coração do pai dela

rastreamento de veículo usando smartphone

casa sustentável construída no Brasil

Um dispositivo do tamanho de moeda, chama-do Trackr, ajuda a localizar o veículo através do emparelhamento do dispositivo com um aplicativo baixado no celular. Em caso de perda do carro, basta selecionar “encontrar dispositivo” no aplicativo e o usuário receberá as coordenadas do local. A venda do disposi-tivo é feita pela internet e ele pode ser usado em outros objetos.

A primeira casa sustentável brasileira está em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, leva 6 dias para ficar pronta e chama a atenção pela sua construção baseada em nanotecnologia, sem desperdiçar qualquer tipo de material. Segundo os responsáveis, a casa é resistente a fogo e água e pode ter o acabamento a critério do morador, contando ainda com aproveitamento de água, ar e energia. A proposta dos idealizadores é firmar uma parceria com o governo estadual para favorecer a população de baixa renda.

Jeni Stepien perdeu o pai há 10 anos e, no dia do casamento, escolheu o homem que recebeu a doação do coração de seu pai para levá-la ao altar. Até então eles não se conheciam pessoalmente e o pedido foi feito através de carta. “Estou grata que meu pai pode estar aqui conosco em espírito e por uma parte de seu ser f ísico também. Isso foi muito especial para nós”, disse a noiva.

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PAULUS Livraria de Vitória–ESRua Duque de Caxias, 121, CentroCEP: 29010-120 | Tel.: (27) 3323.0116 [email protected]

Você merece uma Bíbliae quem você ama também.

A Palavra de Deus nos enche de alegria.

Dê uma Bíblia de presente.

Campanha da Bíblia 2016“Praticar o direito, amar a misericórdia, caminhar

humildemente com o teu Deus” (Mq 6,8).

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da rejeição à solidariedade: o desafio de um novo olhar para com os excluídos

Pe. Saverio Paolillo (Pe. Xavier)missionário comboniano - centro de direitos Humanos dom oscar romero

“Queria ter uma va-rinha mágica para fazer sumir os men-

digos que dormem debaixo da marquise da minha loja”. Essa “pérola” saiu da boca de uma mulher que, dias atrás, viajava no mesmo avião que eu. “Não iam fazer falta para ninguém”! E para calar a boca dos famige-rados “defensores dos direitos humanos” completou: “Quem se doer, pode sempre levá-los para casa e adotá-los”. Comentários como estes são bastante comuns entre nós. “Marginais”, “vagabundos”, “lixo da sociedade”... são alguns dos termos que fazem parte do Dicionário da Exclusão. São frequentemente utilizados para apontar as pessoas que gosta-ríamos de colocar para fora do nosso convívio. Recentemente foi realizado um vídeo para registrar as reações preconceituosas das pessoas. As imagens mostram uma criança bem arrumada aparentemente perdida numa rua bem frequen-tada. Todos ficam sensibilizados e intervêm para ajudá-la. A mes-ma criança, disfarçada de pobre entra num restaurante para pedir comida. A reação instintiva das pessoas é segurar as bolsas para

se prevenir de um eventual roubo. Ninguém lhe oferece comida. Podemos também lembrar as reações dos moradores quando o poder público ou uma entidade da sociedade civil organizada inventam de abrir um abrigo para a população de rua ou uma casa de acolhida para crianças e adolescentes, pior ainda quando o público desses serviços é cons-tituído por egressos do sistema penitenciário e socioeducativo. Imediatamente há uma mobili-zação contrária da comunidade. O preconceito não é uma ex-clusividade brasileira. Ameaça o mundo todo. Cuidado: a ideologia de mercado é perversa. É ela a responsável principal do processo de exclusão. Numa sociedade de mercado só tem espaço para clientes. Os únicos direitos hu-manos com direito de cidadania são os “direitos do consumidor”. Políticas públicas para garantir acesso universal aos direitos são desperdício de dinheiro público. Saúde, educação, esporte, lazer... são serviços que devem ser ad-quiridos para gerar lucro. É tudo isso que está gerando grandes massas de excluídos. A ideolo-gia de mercado polui a opinião pública destilando o veneno da exclusão para garantir apoio a

oPinião

campanhas de limpeza social. Inclusão, acolhida, partilha são algumas das posturas que não podem faltar na bagagem do cristão. A parábola do rico esbanjador (Lc 16,19-31), “ano-nimizado” pelo evangelista Lu-cas para dizer plasticamente que o ser humano que se tranca no egoísmo perde sua identidade e se despersonaliza, constitui uma denúncia de qualquer forma de exclusão. Ninguém sabe da his-tória de vida do pobre que mora na porta da mansão do rico e sobrevive de migalhas que caem de sua mesa farta de supérfluo. Não sabemos se o processo de exclusão do qual foi vítima o levou também a se tornar “mar-ginal’. O evangelista Lucas, po-rém, faz questão de dizer que se chamava Lázaro. Para Deus os excluídos têm nome. É de gente como Lázaro que Ele, pre-ferencialmente, se faz próximo como o samaritano, apontando na solidariedade e na acolhida o caminho que garante ao ser humano uma vida em plenitu-de (Lc 10,25-37). Quem acolhe humaniza sua vida e torna mais humana a vida dos outros. n

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idEias

É incrível como boa parcela da população se dispõe a acolher a mentira como se fosse verdade, a farsa como se lisura, o teatro como se realidade. O processo de impeachment da pre-

sidente da república se presta a esses embustes, e um combinado esdrúxulo entre a grande mídia e o mundo político se encarrega de torná-lo aceito. Não importa mais que não haja motivos jurídicos, bastam os políticos, mesmo quando se sabe que boa parte dos que se fazem juízes não tem as mínimas condições de ocupar esse lugar por estarem eles próprios manchados da sujeira que pretensamente querem limpar. Como diz uma revista francesa, “o impeachment é apenas a frágil folha de parreira que oculta com grande dificuldade a realidade indecente”.

a frágil folha de parreira que esconde comgrande dificuldade a realida de indecente

Uns poucos meses atrás as “sensibilidades” em relação às denúncias estavam no seu ponto mais intenso. Mobilizados por forças e interesses que só a história será capaz de explici-tar bem, as pessoas nos vários lugares e nas redes sociais se mostravam ardorosas defenso-ras e participantes da grande cruzada - que tinha em Curiti-ba seu núcleo central - contra a corrupção. Naquele estado febril, que se manifestava com arroubos de patriotismo e de orgulho pela bandeira verde e amarela, o espírito punitivo se levantava como espírito capaz de resolver todos os problemas deste país gigante em territórios, realidades, pobrezas e comple-xidades. Bem se sabe a lógica desse espírito punitivo: pune--se uns poucos escolhidos e se

Tudo isso não deixa de ex-plicitar como sintoma o adoe-cimento que toma a sociedade. Um adoecimento que compro-mete a percepção dos fatos e a narrativa que se faz deles. Um adoecimento que se disfarça pelos sintomas que apresenta: o cinismo, o descaramento, o autoritarismo.

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dauri Batisti

resolve o problema de todos; pune-se os jovens negros de periferia e a segurança está garantida; mata-se os gays e as famílias estarão a salvo da decadência moral; prende-se os petistas e todos os políticos se revestirão de nova e bonita dignidade. Aquele estado febril também autorizava o desrespeito a mulher na figura da presidente da república com referências deselegantes à sua sexualidade. (Você lembra-se dos adesivos em carros onde a boca do tanque de combustível era o órgão sexual da presidente, numa horrenda manifestação da hipocrisia e adoecimento dos que não se dão conta do que é democracia e civilida-de). Então, usando um recurso bem comum para humilhar uma mulher não se hesitou em aplicá-lo à presidente: fria e burra, ou histérica e louca, como se a condição feminina limitasse o trânsito das mulheres apenas entre estes dois pólos. Agora, quando ainda mais a corrupção parece estar no comando de tudo a indignação contra a tal corrupção se arrefece. Ela não mais existe? O país voltou ao seu “normal” ou o adoecimento é ainda pior? Mas os que se incomodam com tudo isso

a frágil folha de parreira que esconde comgrande dificuldade a realida de indecente

precisam se perguntar: como lidar com a angústia e o desamparo ao se ver o descompromisso com a realidade dos fatos e com a honestidade por parte daqueles que mereceram o voto de tantos? Como lidar com o desamparo ao se perceber a olhos grossos que os responsáveis pela informação abrem mão da ética e do bom jornalismo para defender “interesses”? Como lidar com o desamparo ao se concluir que a justiça não é isenta da prática da desigualdade? Diante de tudo, diante da farsa e do acordo tático de que “você mente e eu faço de conta que acredito”, diríamos – com inspirações espino-sanas – que continuaremos desafortunadamente oscilando entre o medo e a esperança, sem des-frutar merecidamente do bem estar, da segurança e da beleza da vida. O medo dos desafortunados nutre a ignorância; e a esperança destes mesmos leva-os facilmente a confiar em “salvadores” e a se submeter a tiranos. (Outra é a esperança que nos faz alegres e nos torna aptos para a ação). n

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ElEiçõEs

andré Pereiradoutor em ciência Política e professor da ufes

O preço das coligações

Em todas as democracias representativas há um problema que precisa de

solução: a quantidade de vagas no Parlamento resulta em núme-ro inteiro enquanto a proporção de votos dados a candidatos ou partidos gera números fraciona-dos. Digamos que uma Câmara de Vereadores tenha 10 cadeiras. Com quantas vagas deve ficar um partido que obteve 5,2% dos votos? 5 ou 6 vereadores? Para responder a este tipo de pergunta foram criadas as fór-mulas eleitorais. Existem várias delas. Nenhuma é perfeita. Cada uma tem aspectos que são explo-rados pelos partidos. E cabe aos eleitores conhecer o sistema para saber se posicionar neste jogo. A fórmula usada no Brasil privilegia os partidos e/ou coli-gações que conseguem angariar mais votos. Estes acabam fican-do com uma proporção maior de “sobras” (aquela quantidade de votos que fica depois da vírgu-la). A distribuição destas sobras não é igualitária entre partidos/coligações. Os candidatos sa-bem disso e privilegiam a for-mação de coligações nas quais suas chances de eleição sejam maiores. Quem quer ser eleito,

conta com uma base de apoio X, que faz com que seja o mais forte do seu partido. Mas este X o faria ficar mal colocado em uma coligação com candidatos mais fortes que ele. Então, como dirigente partidário, ele busca entrar em uma coligação com partidos mais fracos, na qual consiga ficar em boa posição na lista. Muitas vezes, entretanto, os líderes partidários preferem sacrificar seus candidatos em favor de uma negociação para entrar em uma coligação, seja por conta do tempo de televisão para o candidato ao Executivo, seja por conta de um acordo com os “cabeças” da chapa proporcional. Ou seja, Fulano tem X votos e convida outros partidos que tenham candidatos fracos para sua coligação com o objetivo de somar sufrágios suficientes para que ele fique no topo da lista. Neste caso, vale a pena se juntar com partidos pequenos, somando os poucos votos de

cada candidato mais fraco, que são transferidos para eleger os mais fortes. Vale notar que este tipo de negociação, pelo que se sabe dos bastidores da política e por um ou outro escândalo que surge periodicamente, costuma ser pago em dinheiro de caixa dois ou com emprego público, que será usado para a prática da corrupção. Alguns defendem o fim das coligações proporcionais para inibir este tipo de crime. Porém, o resultado é que esta lógica vai se deslocar para dentro dos partidos. Assim, quando escolhemos uma pessoa na qual confiamos, mas que tem pouca estrutura de campanha, nosso voto será trans-ferido para outro na coligação. Por outro lado, se optamos por um candidato de partido peque-no concorrendo isoladamente, a chance de ocupar uma cadeira é mínima. É o preço das coliga-ções. n

Com quantas vagas deve ficar um partido que obteve 5,2% dos votos? 5 ou 6 vereadores? Para responder a este tipo de pergunta foram criadas as fórmulas eleitorais

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EsPiritualidadE

Dom Rubens Sevilha, ocdBispo auxiliar da arquidiocese de Vitória

O Mestre e o Escorpiãoe isto não vai mudar a minha natureza que é ajudar!” Este singelo relato ajuda-nos a refletir sobre a autêntica natureza do cristão. A nossa natureza é de origem divina, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, somos templos do Espírito Santo e, portanto, fomos criados para amar e sermos amados. Mas a desobediência e rebeldia ao Pai Amoroso levaram o ser humano a desumanizar-se e não viver segundo a sua natureza amoro-sa. O filho que se afasta do Pai acaba no meio dos porcos, como

Era uma vez um sábio mes-tre que viu um escorpião se afogando e decidiu re-

tirá-lo da água, mas, ao estender o braço o escorpião picou-lhe a mão. O mestre reagiu brusca-mente diante da dor e o animal caiu de novo na água. O mestre tentou tirá-lo novamente, e no-vamente o escorpião lhe picou. O discípulo que estava observando o mestre disse: “Desculpe-me mestre, mas, não percebe que toda vez ao tentar tirá-lo da água, ele irá picá-lo?” O sábio mestre respondeu: “A natureza do escorpião é picar;

narrou Jesus. Aquele que volta para junto do Pai a vida dele acaba em festa: novilho gordo, música, dança, anel no dedo, sa-pato novo... Na Igreja católica, quando o ser humano alcança o topo da sua humanidade, ele recebe o título de santo. Não ser santo é não ser plenamente humano, é desumanizar-se. Ser santo é ser normal e, depois da queda do pecado original, sabe-mos como é difícil ser normal. São Francisco de Sales teria afirmado que “a boa educação já é meia santidade” e Santa Teresa de Ávila escreveu que quanto mais santas, melhores de conversa com as pessoas! (mientras más santas, más con-versables con sus Hermanas. Cam 41,7). Enfim, a nossa natureza é ajudar os outros, é fazer o bem e, por isso, ao ser bom o ser hu-mano torna-se feliz. Não há outra maneira de ser feliz neste mundo a não ser sendo bom e fazendo o bem. Quando falta a bondade a tristeza brota na alma. Infe-lizmente alguns seres humanos assemelham-se ao escorpião... n

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“ser santO é ser nOrmal e, depOis

da Queda dO pecadO Original, saBemOscOmO é diFícil ser nOrmal”

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PEnsar

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Foto

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cus T

ulliu

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caminHos da BíBlia

Durante esse ano jubilar da misericórdia, esse tema tem sido apresentado em diversos âmbitos e espaços da vida eclesial. De fato, somos levados a perceber que a experiência da

misericórdia de Deus, como fonte da grande alegria deve ser a experiência cotidiana de cada cristão católico, chamado a ser discípulo de Cristo. Vimos que a misericórdia é a manifestação da essência de Deus que ama e perdoa, que acolhe e sustenta, que protege e conduz, que alimenta e, por sua fidelidade, jamais abandona os seus eleitos. Em vista disso, não é possível compreender uma experiência de fé que não passe diretamente por uma experiência da misericórdia divina.

Isto é, o cristão deve procurar a misericórdia de Deus como fonte que o alimente e sustente, ao mesmo tempo que deve fazer deste momento de intimidade com o Senhor, um espaço de aprendizado para a vivência da fé. Todo aquele que deseja seguir Cristo como seu discípulo,

não pode afastar-se jamais da misericórdia divina que é o lugar no qual encontra a fonte para refazer sempre suas forças, a fim de que seja capaz de conduzir tantos quantos a ele se achegarem ao mesmo mar de misericórdia. A misericórdia divina expressa o agir de Deus que demonstra a sua fidelidade ao seu projeto de amor, sendo o mantenedor da aliança, muitas vezes rompida pelo seu povo eleito. Desse modo, viver segundo a misericórdia não significa uma mera elaboração intelectual, mas sobretudo, um modo de vida, uma atitude concreta que marca e direciona toda a existência humana. Sendo assim, o aspecto relacional da misericórdia revela que, todo

ternura

ternura

humildade

alegria

despojamentoobediência

misericórdiamisericórdia

compaixão

compaixão Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus

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Pe. andherson FranklinProfessor de sagrada Escritura no iftaV e doutor em sagrada Escritura

aquele que faz a experiência de ser acolhido por Deus, deveria ser capaz de traduzi-la em suas palavras, em suas escolhas e em seu modo de vida. Neste ano da misericórdia existe um convite feito a todo homem e mulher de nosso tempo, o de deixar-se tocar desde o coração às atitudes diárias. Não se pretende fazer um discurso somente sobre necessidades e urgências, mais que isso, deseja-se dirigir uma palavra fecunda ao homem real. Este que se apresenta com suas limitações e desafios, suas questões e coragem, seus limites e conquistas, suas dúvidas e escolhas, suas ambiguidades e verdades, enfim, o homem em

sua própria vida cotitiana. É a esse homem concreto, real, do dia a dia, marcado por sua racionalidade e sentimentos, humanidade e espiritualidade que o convite à fazer a experiência da misericórdia é dirigido. Por i s so , somente no seguimento de Jesus que é o rosto da misericórida do Pai, será possível ao cristão encontrar caminhos para que a misericórdia se torne a fonte de sua vida interior e o motor de suas ações. O que emerge, nos Evangelhos, sobre a pessoa de Jesus é que ele possuía um estilo muito próprio, em sua vida cotidiana, em seu modo de falar, de estar com as pessoas, em seus encontros, quando tocava

as vidas sofridas e machucadas de cada um que encontrava em seu caminho. Suas posturas foram determinadas por uma firme decisão de unir-se ao Pai, de modo que tal urgência transparecesse em suas atitudes, principalmente, na direção dos pequenos e sofredores. Por isso, aquele que deseja tornar-se sinal da misericórdia de Deus deve dirigir a sua vida pela íntima união com Cristo, a fim de ter, como diz São Paulo aos Filipenses: “os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5). n

consolação

humildade

alegria

despojamentodespojamento

obediência

misericórdia

misericórdia

misericórdia

compaixão

compaixão

Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus

(Fl 2,5)

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expOsiçãO

nesta obra, pe. Zezinho analisa e motiva o com-portamento de um católico a partir das doutrinas e do testemunho que este assume o que ele chama de “catequese comportamental / de atitudes”. a obra segue as proposições do doc. de aparecida e a linha do “crer em cristo hoje, buscar o cristo de sempre e anuncia-lo em linguagem de agora”. destina-se ao católico que busca atualizar-se, àqueles que mudaram de religião e irmãos de outras igrejas que queiram estudar sobre o ca-tolicismo.

paula Freire cezatti

A exposição “Constelações”, do artista plástico capixaba Hilal Sami Hilal, é uma “obra coletiva” que contou com a participação de 2.500 jovens alunos de escolas públicas da Grande Vitória. No trabalho estão dez mil nomes de pessoas que apresentam relação afetiva em suas vidas.

expOsiçãO cOnstelações – hilal sami hilalvisitação: até 06 de novembro de 2016 (entrada franca)

horário de funcionamento: de terça à sexta, das 9h às 17h; sábado, domingo e feriados – das 9h às 16h.

local: Espaço Cultural do Palácio Anchieta, Praça João Clímaco, 142 – Centro, Vitória.

de volta ao catolicismo

constelações

sugEstõEs leitura

passeiO

Para quem deseja passar um dia diferente e não deseja ir para muito longe, uma boa opção é o Circuito de Agroturismo da Serra. São quatro roteiros denominados Chapada Grande, Guaranhuns, Muribeca e Pitanga. Dentre os atrativos estão comida feita em fogão a lenha, produtos da roça, pesque e pague, artesanato, hospedagem, trilhas e passeios a cavalo. A indicação para o mês de setembro é o Sítio Ouro Velho.

circuito agroturismo da serra

Endereço: BR-101 Norte, km 261, bairro Pitanga (localizado a 10km de Serra Sede)

Funcionamento: de sexta a domingo e nos feriados nacionais, de 10h às 17h (al-moço das 11h30 às 15h)

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Ecologia

Vários tipos de reflexões em todo o mundo têm sido le-vantados em torno de uma

questão fundamental: por que a fome e a desnutrição mundial per-sistem apesar de todos os avanços tecnológicos na produção global de alimentos? Como se explica o fato de em pleno século XXI, 1 bilhão de pessoas ainda passar fome e des-nutrição, apesar de toda a engenha-ria alimentar que desenvolvemos? Tais reflexões e os princi-pais estudos são unânimes em indicar que a causa está longe de ser a escassez de alimentos. Duas são as causas principais: o desperdício e a distribuição de-sigual dos alimentos no mundo. Dentre essas causas, o des-perdício de alimentos é o principal motivo. Recentes estudos sugerem que, em termos globais, aproxima-damente um terço dos alimentos produzidos para consumo humano é perdido ou desperdiçado. Isso equivale a mais de 6 milhões de toneladas por ano. Além disso, o desperdício acontece tanto em países ricos quanto em países po-bres, embora em níveis diferentes. Enquanto nos países ricos cada pessoa desperdiça cerca de 100kg

para além da fome: os impactos ambientais do desperdício de alimentos no mundo

de alimentos por ano, nos países pobres esse número está em tor-no de 8kg por pessoa. Tais perdas denotam uma perda de oportuni-dade mundial de garantir a segu-rança alimentar de todas as nações. Mas vale dizer que além da persistência da fome, que é grave, o desperdício de alimentos pro-voca outras consequências que não podem ser desconsideradas:a) A produção de alimentos en-

volve a aplicação de muitos in-vestimentos em terra, adubos e fertilizantes, equipamentos e máquinas e mão-de-obra. Todos esses recursos precisam ser con-siderados perdidos se, ao final, os alimentos não são devidamente consumidos. Ou seja, todos esses recursos foram usados em vão;

b) A produção de alimentos leva a necessidade de uso de formici-das, pesticidas e adubos quími-cos. Esses usos provocam um profundo impacto no solo, nos lençóis freáticos e também no corpo humano. Então, toda essa poluição do solo se dá em vão, já que seu ciclo principal – a produção e o consumo do ali-mento – não é finalizado quan-do o alimento é desperdiçado.

c) Em todo o mundo a produção de alimentos é fortemente me-canizada (com uso massivo de tratores) e sua distribuição com uso predominante de caminhões. Esses veículos são grandes emis-sores de gases de efeito estufa (GEE) que são os principais responsáveis pelo aquecimento global. É, nessa ótica, também uma emissão em vão, já que os alimentos são desperdiçados.

d) A agricultura é a principal consu-midora de água no mundo (cerca de 70% de todo o consumo glo-bal). Assim, parte desse consumo de água precisa ser considerado desperdício e em vão se, ao final, os alimentos não são consumidos.

Dessa forma, o desperdício de alimentos precisa ser encarado não somente como causa princi-pal da persistência da fome, mas também como causadora de um impacto em termos de poluição ambiental e atmosférica que ja-mais deve ser desprezado. Pelo contrário, ações para sua redu-ção são urgentes e necessárias. n

ednilson Silva FelipeProfessor do departamento de Economia da ufes

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ViVEr BEm

muito além do pokémon

Vander silva

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Amodinha da vez de adolescentes, crianças e adultos de vários cantos do mundo, o jogo de celular Pokémon Go tem dado

muito o que falar. Por todos os lugares, conve-nientes ou não, caçadores de pokémons circu-lam imprudentes sofrendo riscos de acidentes e assaltos. Mas, muito se fala também da nova tecnologia que, no futuro, segundo especialistas, pode ser útil no dia a dia das pessoas. Para muitos, este jogo é mais uma inu-tilidade que faz as pessoas perderem tempo com o celular, mas será que os aparelhos de telefonia móvel não têm aplicativos que podem realmente serem úteis no nosso dia a

dia além de fazerem ligações? Hoje no Brasil existem mais de 250 milhões de aparelhos celulares ativos. Em pesquisa en-volvendo a Play Store e a App Store, principais difusores de programas para celulares, ano pas-sado existiam quase três milhões de aplicativos de celulares no mundo. São aplicativos direcionados a diversos públicos, como de esportes, que podem lhe auxiliar a mapear seu rendimento em corridas e caminhadas; saúde, que lhe lembram a hora de beber água ou ajudam a calcular a quantidade de calorias ingeridas; economia, que calculam se é melhor abastecer o carro com etanol ou

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gasolina; notícias, com os quais você pode ler os principais jornais do mundo e ouvir as rádios, como a América e Líder, por exemplo. Então, vamos ser justos, você pode através do seu celular utilizar uma série de aplicativos que irão facilitar tanto a sua vida que depois poderá não imaginar seu dia sem eles. Afinal quem não gosta da facilidade do Whatsapp, do Facebook, ou da câmera fotográfica no seu celular? De receber um email, usar a calculadora

ou o GPS em seu aparelho? Confesso que relutei muito em usar aplicati-vos no meu aparelho, mas me rendi às facilidades que me proporcionaram. Acredite, seu aparelho celular, se bem utilizado, pode ser um excelente instrumento para lhe ajudar a viver bem. Quanto aos caçadores de pokémons, deixe eles se divertirem, nem tudo tem que ser sério. A ludicidade também é bem útil. n

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diálogos Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

O Brasil precisa sonhar

impedindo a tomada de posse do Presidente Juscelino Kubits-chek, que mesmo com caráter pacificador sofreu tentativas de golpe. Elege-se Janio Quadros que, no período de sete meses viu-se obrigado a demitir-se, dizia ele, por causa da pressão de “forças ocultas”. Impede-se o vice-presidente João Goulart que se encontrava, então em visita à China. Cria-se o parlamentaris-mo com Tancredo Neves. Volta João Goulart e após um plebis-cito o povo expressa o desejo da volta ao Presidencialismo e Janio assume a Presidência. Com isso toma espaço a ideologia

O mês de setembro deste ano me faz refletir so-bre duas questões que

têm sua importância histórica. É o mês em que celebramos a Pátria. A interinidade da pre-sidência e tudo o que rodeia esta questão preocupa o povo brasileiro que vem sofrendo as consequências de uma longa caminhada de altos e baixos da vida política de nosso país. Neste mês também, a Igreja costuma assumir uma atitude pedagógica em relação ao amor à Sagrada Escritura procurando estimular todos os fiéis a faze-rem da Sagrada Escritura, de fato, o seu roteiro de vida. Estamos, pois diante de dois livros, o Livro da Vida e o Livro da Palavra de Deus. O Livro da Vida convida-nos a ler através dos fatos uma sequência de com-portamentos conflitantes. Desde meados do século passado, quan-do Getulio Vargas encerra o seu tempo de governo ditatorial e se inicia um período democrático com o Presidente Dutra, vejo que permanecem até aos tempos atuais, duas tensões ideológicas políticas que se confrontam no caminhar da história brasileira, enquanto o país prossegue no

aprendizado da democracia. Logo após a Segunda Guer-ra Mundial toma vulto uma maneira de ver a segurança na-cional como uma ideologia que se põe em confronto com uma visão socialista radical. Dois sonhos distintos e antagônicos na construção de um país. Este confronto ideológico vem pro-vocando tensões e sofrimentos ao povo brasileiro. Elege-se o Presidente Eurico Gaspar Du-tra, volta ao poder o Presidente Getúlio Vargas; provoca-se o suicídio de Getúlio e surge um forte momento de instabilidade institucional dificultando e quase

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socialista, mas, por pouco tempo porque a outra força ideológica instala-se no poder com o golpe de 1964. Depois de um longo pe-ríodo liderado pelos políticos Ulisses Guimarães e Tancredo Neves e mais tarde, José Sarney, inicia-se novo aprendizado em busca da democracia, mas sem-pre presentes as duas correntes ideológicas confrontando-se nas ideias e atitudes. A visão socia-lista menos radical assume o poder e, duramente questionada por escândalos e incompetên-cias, não consegue manter-se no poder. Novamente a força

ideológica antagônica assume o poder, não com o auxílio das forças armadas, mas expres-sando um fenômeno presente em vários países com a mesma mentalidade de predomínio da economia acima de valores já conquistados como a educação popular, isto é, abrindo possi-bilidade para que os pobres e marginalizados pudessem chegar às universidades e participar das decisões maiores da nação. Este é o Livro da Vida que lemos hoje. Já à Luz da fé deve-ríamos abrir o Livro da Bíblia, a Sagrada Escritura, e fazermos uma leitura sobre o que esta-

mos vivendo. Qual a Vontade de Deus a este respeito? É evidente que não teremos respostas claras porque a ação humana é ambi-valente. Há coisas boas entre as duas ideologias: coisas boas e ruins de ambos os lados. Mas o ensinamento social da Igreja sugere princípios e valores para uma sociedade nova. Estes en-sinamentos são a maneira atual de captarmos tais valores pro-venientes da Sagrada Escritura. Pensadores cristãos precisam, além de ler o Livro da vida de seu país, conhecer e meditar o Livro da Bíblia, ir “às águas mais profundas” da Sagrada Escritura e buscar alternativas humanas e cristãs, que colabo-rem na construção de uma nova sociedade, livre das posições egoístas de ideologias míopes que vêem somente o interesse econômico. O Brasil ultrapassa a ilusão econômica destas ideo-logias irmãs, embora opostas, pois ambas giram em volta do dinheiro somente. O Brasil pre-cisa sonhar e conquistar a alegria das relações humanas onde todos procuram viver como irmãos e, portanto, compartilham os sabe-res e o ter entre si, o horizonte da verdadeira fraternidade. n

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A Oral Sin atingiu um padrão de excelência no tratamento com implantes dentários em todo território nacional. Não é à toa que a rede de clínicas é con-siderada a número 1 do Brasil. Tudo isso em virtude de um tratamento humanizado, excelente formato de atendimento e, principalmente, por utilizar o que há de mais moderno em odontologia. Aliás, você já parou para pensar o quanto a odon-tologia evoluiu? Sabia que para obter um implante dentário não é mais necessário cortes em sua gengiva? Sabia que uma anestesia bucal pode ser feita através do computador? Sabia que até mesmo os mais temerosos conseguem superar o medo pelo dentista através da sedação consciente? Sabia ainda que um tratamento inovador da Oral Sin possibilita realizar o tratamento completo com implantes dentários em até 3 dias? Pois é. Tudo isso e mais um pouco a Oral Sin já proporciona a seus pacientes. Além da mais alta tec-nologia acessível para todos, o tempo de realização dos processos odontológicos está cada vez menor, conforme relata o Dr. Vinícius Ribeiro. “Prova disso é o próprio sistema de Carga Imediata, que proporciona a

Inovação e tecnologia estão no DNA da Oral Sin Implantes

realização do tratamento com implantes dentários em até 3 dias, com mais rapidez, confiabilidade e precisão. Esse sistema proporciona maior conforto e eficiência aos pacientes”, completou Ribeiro, Diretor Clínico e responsável técnico pela unidade Oral Sin de Vila Velha. Em um mundo cada vez mais tecnológico, a Oral Sin convida você a acompanhar de perto o surgimento de todas as novidades. A intenção é oferecer sempre o que há de melhor quando o assunto for implantes dentários, reabilitação oral e odontologia estética.

Implantes e Ortodontia

São 495m² de área distribuídos em dois pavi-mentos, sendo seis consultórios, sala específica para avaliação, espaço próprio para repouso pré e pós--cirúrgico e uma sala de espera projetada de forma humanizada, deixando o ambiente mais confortável e aconchegante. A unidade capixaba está localizada na avenida Champagnat, número 617, bem no centro da cidade. Seu horário de atendimento é das 8h00 às 12h e das 13h30 às 18h. Para agendamento de uma avaliação basta ligar no telefone (27) 3061-0101.

Oral Sin em Vila Velha

A rede de clínicas nº1 do país

A Oral Sin Implantes é a rede de clínica número 1 em implantes dentários do Brasil. Fundada em 2004, ela tem sua sede em Londrina (PR), e conta hoje com mais de 60 unidades localizadas estrategicamente na maioria dos estados do território nacional. A Oral Sin possui um corpo clínico formado por mestres, douto-res e professores especializados em implantodontia e outros assuntos do meio odontológico, preparados para oferecer um tratamento de alto padrão e ao alcance de todos.

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asPasaos vencedores, as batatas

edebrande cavalieridoutor em ciências da religião

abaixo de 5 anos são subnutridas no mundo. A ONU declarou 2016-2025 a Década de Ação sobre a Nutrição e proclama como segundo objetivo do Desenvolvimento Sustentável a erradicação da fome e a prevenção de todas as formas de desnutrição. Mas para isso, é necessária uma transição para novos modelos de agricultura e de produção sustentáveis, bem como novos estilos de alimentação. Será que só nos resta uma ati-tude de compaixão com os famintos e subnutridos como se vê perma-nentemente nas diversas campanhas promovidas pela lógica capitalista? Até quando as religiões alimentarão esta ideologia de dominação? Nunca no mundo nasceram tantas Igrejas e tantas religiões. Mas parece que a religião somente serve neste contexto como um alento para os vencidos, os famintos, como ópio que permite atravessar o vale de lágrimas em direção à morte. Um Cristianismo que alimenta apenas o sentimento de compaixão não é uma religião que tem o Evangelho de Jesus Cristo como VIDA PARA TODOS. n

Trata-se de uma expressão extra-ída do romance Quincas Borba de Machado de Assis e serve

para ilustrar como grande parte da humanidade pensa a si mesma. Duas tribos tinham apenas um pequeno campo de batatas para o alimento e garantia de sobrevivência. Era pre-ciso caminhar para outras terras em busca de alimento, mas as batatas não eram suficientes para suprir a fome das duas tribos. Viver em paz e comer do que havia não era garantia de vida, mas de morte de todos. Somente a guerra pelo alimento entre as duas tribos iria permitir que uma se ali-mentasse o suficiente para encontrar outros campos de batatas. A guerra, então, tornou-se caminho inevitável e quem vencesse ganharia o campo de batatas. A sorte está lançada e quem vencer viverá. A obra de Machado de Assis é escrita no final do século XIX e expressa uma concepção de mundo que é muito atual. Não há espaço para todos neste mundo; somente

os mais fortes sobreviverão. Esta é a tragédia humana. A lei do mais forte. A lei selvagem da força ou do mercado, ou seja, a lógica capitalista. Aos vencidos, os pobres, resta o ódio ou a simples compaixão. A guerra ou o conflito não possui nesta concepção de mundo uma visão negativa, pois representa a sobrevivência de uma parte da humanidade. Caso contrário, todos perecerão. A paz, a solidarie-dade e a partilha são maléficas para esta visão, pois representam o fim, a exterminação da espécie. Mas a realidade vivida pela hu-manidade não deveria deixar nin-guém dormir em paz com sua consci-ência. Segundo relatório da ONU de setembro de 2015, 13% da população mundial vive em extrema pobreza, e 800 milhões passam fome. Para completar a tragédia, 2,4 milhões de pessoas não têm acesso ao saneamen-to básico e 149 milhões de crianças

Não há espaço para todos neste mundo; somente os mais fortes sobreviverão. Esta é a tragédia humana. A lei do mais forte

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profeta miqueias: praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com deus!

irmã elisabete corazzadiretora do serviço de animação Bíblica – saB/Paulinas (BH-mg)

Neste ano, o Mês de Bíblia irá refletir, rezar e partilhar sobre o livro do profeta

Miqueias com o tema “Para que n´Ele nossos povos tenham vida” e o lema “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus” (Mq 6,8). Um profeta pouco conhe-cido, mas que fala à consciência e ao coração dos dirigentes e do seu povo.

conhecendo o profeta miqueias e sua obra A atuação do profeta Miqueias durou aproximadamente 50 anos, no século VIII a.E.C (antes da Era Comum). Era camponês natural de Morasti-Gat, vila situada na frontei-ra do Reino de Judá com a Filisteia. Conforme o primeiro versículo do seu livro, profetizou durante os rei-nados de Joatão (740-736 a.E.C), Acaz (736-716 a.E.C.) e Ezequias (716-687 a.E.C). Com o declínio da monarquia,

o território foi dividido em dois reinos. O Reino de Israel situado ao norte e o Reino de Judá ao Sul. a mensagem do profeta para os de ontem e os de hoje O livro de Miqueias tem a fi-nalidade de denunciar as diferentes configurações de injustiças espa-lhadas no Reino do Sul, anunciar a promessa de libertação do povo escravizado na Babilônia e consolá--lo no retorno do Exílio. A crítica profética não se dirigia apenas ao povo, mas também às autoridades políticas e religiosas que praticavam o mal, com o auxilio dos falsos profetas. Esses líderes cuidavam apenas dos seus interesses, acumulando ri-quezas, fruto da exploração do povo e da relação de barganha com Deus (3,11). Neste sentido, a justiça e o direito se opõem frontalmente a esta situação e promovem uma relação justa com Deus, com o próximo e

especial

com os bens. Percebemos na obra de Mi-quéias, um Deus misericordioso (7,18), que se revela em meio ao sofrimento, proveniente de inúmeras injustiças. Ele oferece às pessoas a possibilidade de conversão, na esperança do povo viver eticamente a justiça e o direito. Com fidelidade, restaura o resto de Israel, eviden-ciando a esperança messiânica. Em Miqueias, o verbo ouvir apa-rece sete vezes (1,2;3,1.9;6,1.2.9;7,7), como um clamor para chamar atenção do povo de Judá que pecou, afastando--se de Deus, apoiando-se na falsa prá-tica religiosa que oprimia com uma fé fundamentalista e idólatra. Apesar da distância que nos separa da realidade de Miqueias, acolhemos a sua profecia trans-mitida para nós como Palavra de Deus. Por meio dela, procuramos ler a realidade com fé e esperança, sentindo a presença divina em meio às dificuldades. n

O Mês da Bíblia surgiu em 1971, por ocasião dos 50 anos da Arqui-diocese de Belo Horizonte - MG. Foi levado adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica – SAB/Paulinas, até posterior-mente ser assumido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e estender-se ao âmbito nacional. Atualmente celebra-se o Mês da Bíblia em vários países da América Latina e do continente africano.

Fonte: Fascículo do Mês da Bíblia 2016. Serviço de Animação Bíblica – SAB/Paulinas Praticar a justiça, amar a

misericórdia e caminhar com Deus

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a reforma política e a igreja católicaO bispo auxiliar de Belo horizonte, dom Joaquim mol é presidente da comissão da cnBB para o acompanhamento da reforma política. nesta entrevista ele fala sobre a participação dos católicos na política e a reforma política que a igreja deseja

EntrEVista maria da luz fernandes

vitória - A Igreja sempre se defronta com fiéis contrários e fiéis favoráveis à participação na política. Como lidar com isso sem excluir?dom Joaquim mol - É missão clara e inequívoca da Igreja participar da vida política, as-sim como da vida econômica, cultural, familiar. A Igreja é chamada a evangelizar todos os campos da vida humana pes-soal, comunitária e coletiva. A Igreja deve ser testemunha do Reino de Deus, dom precioso, que se encontra no cerne da mensagem de Jesus Cristo, no seu evangelho. Partici-par da política, contu-do, não é filiar-se a um partido político, abençoar uma ideo-logia ou fazer cam-panha para algum

candidato a algum cargo polí-tico. O que não quer dizer que a Igreja se posiciona no muro da conivência, da conveniência, da pretensa e interesseira neu-tralidade. A missão da Igreja transcende estas situações, por-que ela é muito, muito maior do que isto. Ela deve tomar o “partido” da pessoa humana, da comunidade, dos pobres, do meio ambiente, da justiça, da paz, da convivência pacífica entre as diferenças, da vida dig-na, da liberdade religiosa e de opinião, da ética... Não há como

não ser “partidário” destes valores. A Igreja deve

ser sempre uma ins-tância crítica, po-sitiva, propositiva a quem quer que esteja exercendo os poderes. Não

cabe a ela governar, legislar, julgar, mas sim ser vigilante em relação àqueles que exer-cem estas funções para que o façam com verdade, justiça, transparência. Esta tarefa é da Igreja toda, da comunidade, que inclui leigos e seus ministros ordenados. O que os fiéis não aceitam é a participação de mi-nistros ordenados em partidos políticos. E está certo. Por outro lado, os fiéis não podem recusar a missão da Igreja neste campo, que é contribuir para a formação política e cidadã, seguindo, as-sim, as orientações da Igreja em muitos dos seus documentos. vitória - Os acontecimentos apontam que o sistema polí-tico não favorece o exercício correto da ação dos políticos. Quais mudanças a Igreja de-fende?dom Joaquim - O sistema político precisa ser reformado profundamente porque ele está obsoleto e, sobretudo, viciado. Dentre muitas mudanças, con-sideramos algumas prioritárias. 1) É preciso praticar o que foi aprovado pelo Supremo Tribu-nal Federal (STF) com o empe-

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– e os políticos ficam contentes – em participar apenas elegendo os políticos. Mas é preciso participar mais através de Projetos de Lei de Iniciativa Popular, de Plebiscitos e Referendos, que estão previstos no artigo 14 da Constituição, mas que não são praticados devidamente. vitória - Sempre saem cartilhas orientativas em anos eleitorais, mas elas são muito conceituais. Porque a Igreja não faz orienta-ções mais práticas?dom Joaquim - A Igreja tem ofe-recido vários meios de formação da consciência política e cidadã. Além das cartilhas, que normalmente são utilizadas por grupos organizados em comunidades, são publicados

textos mais profundos, são editados pequenos vídeos de 5 a 7 minutos, como os produzidos pelo NESP da PUC Minas (Núcleo de Estu-dos Sociopolíticos) e exibidos no YouTube, no site da CNBB e em outros sites de Dioceses e Movi-mentos Sociais, são organizados debates e promovidas sabatinas, quando são dirigidas perguntas aos candidatos. Há muitas formas, as orientações são muito claras. É pre-ciso, da parte do eleitor, procurar, interessar-se, fazer questão de ser cidadão consciente, participativo. Já imaginaram se o povo acompa-nhasse e participasse da política, da cultura, das questões sociais como acompanham e participam, por exemplo, do futebol? Tudo indica que seríamos mais vitoriosos e os

EntrEVista

nho de muitas pessoas: a proibição de doação de empresas (pessoas ju-rídicas) para campanhas eleitorais, porque estas “doações”, na reali-dade, representam financiamentos que serão cobrados e multiplicados muitas vezes, posteriormente. Esta é uma das principais portas da cor-rupção, conforme temos visto há muitas décadas em nosso País. 2) Ainda neste aspecto, o afastamento do poder econômico das eleições possibilitará algo que é necessário à democracia representativa, a saber: que pessoas com pouco poder eco-nômico sejam candidatas e possam se eleger, abrindo, desse modo, a possibilidade para que comunida-des e segmentos marginalizados na sociedade tenham representantes nas diversas esferas do exercício do poder. 3) É muito importante que mais mulheres exerçam o poder político, porque elas são a maior parte dos eleitores, embora sejam representadas por menos de 10% dos políticos. As mulheres, de modo geral, têm uma contribuição pecu-liar que só elas podem oferecer. 4) Será um alto salto de qualidade se conseguirmos votar em “projetos” que contenham ideias, soluções, ações de desenvolvimento. Esco-lhido o projeto, aí sim, vota-se nas pessoas que o colocarão em prática. Estamos viciados em eleger pessoas sem projeto algum ou em projetos não ditos, o que é pior ainda. 5) Só para dar mais um exemplo. É preciso aumentar a participação popular. Os eleitores se contentam

“Já imaginaram se O pOvO

acOmpanhasse e participasse da pOlítica, da

cultura, das Questões sOciais cOmO AcOmPANhAm E

PArTiciPAm, POr ExEmPlO,

DO FuTEbOl? TuDO

iNDicA QuE sEríAmOs

mAis ViTOriOsOs E Os

mAus POlíTicOs E As

POlíTicAs ruiNs sEriAm

PErDEDOrAs.”

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maus políticos e as políticas ruins seriam perdedoras. Não há demo-cracia sem participação popular, que vai além da eleição. vitória - Apoiar candidatos católicos e acompanhar o seu mandato oficialmente através dos grupos da Igreja seria contrário à doutrina social ou orientações da Igreja?dom Joaquim - Não. Não é con-trário. Os católicos devem apoiar, devem se envolver, participar. São os ministros ordenados que não po-dem fazer campanha, embora de-vam, também eles, ter suas escolhas bem feitas, conscientes que são da importância da política. Mas, gru-pos da Igreja, católicos organizados devem participar ativamente, sem

dividir as comunidades, porque as escolhas são diferentes e devem ser mesmo. A política deve expressar as diferenças. Mas o apoio não deve ser – necessariamente, obrigatoriamente – a candidatos católicos. Conheço muitos candidatos católicos que são os piores na defesa daqueles valores da primeira pergunta. São também antiéticos e maus políticos. Também há candidatos católicos excelentes. O que importa é saber se o candida-to, católico ou não católico, quando eleito, vai exercer a função nessa so-ciedade pluralista, de forma correta, honesta, justa, verdadeira, interessa-da no bem comum, respeitosa. Se o candidato eleito vai trabalhar muito para tornar a sociedade mais justa, fraterna, igualitária, livre etc. Não podem os católicos trabalharem só

para eleger, é preciso acompanhar, controlar, direcionar o exercício do mandato do eleito.

vitória - Muitas lideranças po-líticas nasceram na Igreja. O que é necessário para o surgimento de novas lideranças?dom Joaquim - A melhor forma de fazer surgir novas lideranças é exercitar a liderança. Um bom líder vai se fazendo líder pela participa-ção, pelo envolvimento. Mas é pre-ciso outra coisa muito importante: todo bom líder é um humanista. Ele precisa ser sensível às questões que tocam a humanidade. Outra coisa igualmente importante: é preciso estudar, não necessariamente ser um cientista político formado numa universidade. Mas o líder deve entender a sociedade, os poderes, os jogos políticos, a estrutura da sociedade, os problemas e dificul-dades no mundo contemporâneo. Isto se aprende conversando, lendo, trocando ideias, acompanhando, debatendo, enfim, vivendo. Con-sidero que o bom líder nascido da comunidade eclesial deve ser uma pessoa de fé viva, participativa, deve conhecer a Doutrina Social da Igreja (DSI), mas principalmente a Palavra de Deus e participar da eucaristia e da comunidade. Sugiro que se deem oportunidades, chances de participação. A comunidade não pode abandonar o bom líder, tem que acompanhá-lo, rezar por ele, ajudá-lo no discernimento e nas escolhas. n

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comunicação

Moisés SbardelottoJornalista, mestre e doutor em ciências da comunicação

de comunicação não católicos”, como pedem os bispos brasilei-ros. Tal diálogo não é fácil. Especialmente a grande mídia brasileira, historicamente, tem interesses político-econômicos muito específicos e, por isso, vei-cula principalmente aquilo que lhe favorece. O caráter público, muitas vezes, fica em segundo plano, em nome de interesses pri-vados corporativos. Predomina aquilo que “vende”, sempre em favor das massas de clientes. Diante disso, a Igreja sem-pre sai em desvantagem, espe-cialmente quando defende – nas mais diversas situações – os va-lores evangélicos do amor ao próximo e da pobreza de espírito. Há um choque cultural de fundo. Contudo, os bispos brasileiros re-comendam “uma busca constante de discernimento” (n. 144) por parte da Igreja em diálogo com os profissionais da comunicação – muitos deles assumidamente católicos. Só assim será possível “elaborar propostas significati-vas para a promoção dos valores humanos e cristãos”, defende o Diretório.

“Quem dizem as multidões que eu sou?”, pergunta

Jesus aos discípulos (Lucas 9, 18). Não se trata apenas de uma preocupação egocêntrica com a Sua autoimagem, mas sim um convite aos discípulos para re-conhecerem os frutos da missão do Mestre. Hoje, em um contexto fortemente midiático, podería-mos questionar, parafraseando o Evangelho: “Quem dizem os meios de comunicação que a Igreja é?”. Que frutos a Igreja colhe no campo midiático? A mídia, como afirma o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, “transforma a maneira de perceber as coisas: a realidade cede lugar àquilo que é exibido por esses meios” (n. 142). Dizer Igreja, até pouco tempo atrás, era dizer pedofilia ou escândalo financeiro, pois a cobertura de fatos eclesiais e a forma como as notícias eram construídas e informadas fomen-tavam uma opinião pública desse teor. Hoje, a situação mudou bastante, mas ainda permanece o desafio e a “necessidade de estabelecer diálogo com os meios

O principal desafio, porém, é falar a linguagem do mundo, sem ser do mundo. Falar “cato-liquês” para católicos – quase sempre os mesmos – é fácil e, infelizmente, pouco cristão, pois somos chamados pelo próprio Je-sus a “ir por todo o mundo”, não só ao “mundo católico”. Em tem-pos de uma “Igreja em saída”, como deseja o Papa Francisco, a presença da Igreja em mídias não católicas assume uma rele-vância imensa. Mas tal presença “exige prudência, permanente atenção e competência” (n. 143), aponta o Diretório, para que a mídia possa ser transfigurada em “lugar de testemunho e anúncio do Evangelho” (n. 175), e não de autopromoção pessoal. Para além da opinião das mídias, contudo, o próprio Jesus desafia a cada um de nós, na nossa comunicação cotidiana: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. É esse “dizer Jesus” com a nossa vida pessoal que realmente importa e faz a diferença. n

Quem diz a mídia que os católicos são?

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rEPortagEm

“Vim paraservir”

Letícia Bazet

Afrase, retirada do Evangelho de Marcos, diz muito para aqueles que buscam se dedicar ao auxílio do próximo. Assim é a diaconia, palavra em grego que representa o elemento

fundamental da missão da Igreja: o serviço. Nesta reportagem, buscamos compreender o papel dos diáconos na história e na vida da Igreja, esclarecendo a sua presença e atuação nas comunidades. Na Bíblia, o texto em Atos (cap. 6) descreve a escolha dos diáconos, a partir da necessidade de criação do ministério que pudesse auxiliar os apóstolos com o atendimento às viúvas e pes-soas marginalizadas, bem como o anúncio da Palavra e o serviço à Mesa. “O diácono é o colaborador da figura do apóstolo e, por isso, durante toda a história da Igreja, ele está sempre ligado ao bispo e, posteriormente, ao presbítero também. Foi a necessidade

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rEPortagEm

que fez surgir este outro ministério, para cobrir aquilo que o apóstolo não dava conta de fazer”, contou padre Ivo Amorim, vigário geral da Arquidiocese de Vitória. Ao longo do tempo, pelo sé-culo V, por conta da dificuldade de relacionamento entre diáconos e presbíteros e do entendimento das funções, a figura do diácono vai desaparecendo e o diacona-to enfraquece. No século VII e VIII, já não há mais diáconos na Igreja, com exceção daqueles que se preparam para o presbiterato. Com o Concílio Vaticano II, em 1962, percebeu-se a necessidade de recuperar o diaconato, em uma dimensão de permanência. “Era uma espécie de dívida eclesial”, disse padre Ivo. O diaconato per-manente garantia, assim, os três graus da ordem: episcopal, presbi-teral e diaconal. “A Igreja precisa

de serviços estáveis. O diaconato permanente vem para responder a essa necessidade e recuperar uma dimensão que foi perdida ao longo da história, que é o serviço da caridade, da atenção ao mais pobre, na linha da justiça e outras dimensões. A Igreja precisa dos serviços permanentes, é a garantia que pode contar com três ministé-rios não transitórios, necessários à vida da comunidade, da paróquia e da diocese”, ressaltou. E justamente essa sensação da permanência motivou o diácono Miguel Pedrini a buscar o diaco-nato. “Com o serviço desenvolvido na Igreja, senti a necessidade de um comprometimento maior, algo definitivo. Atuar como ministro, agente de pastoral é transitório, a qualquer momento poderia deixar de ser, às vezes cair na tentação de querer dar um tempo, enfim. O

O candidato ao diaconato passa por um criterioso pe-ríodo de formação, antes de receber o sacramento da or-dem, conforme explica padre Arlindo Melo, diretor da Esco-la Diaconal São Lourenço, da Arquidiocese de Vitória. “No primeiro ano são realizados encontros vocacionais, para o discernimento dos candidatos; depois tem um ano de prope-dêutico com as disciplinas de Filosofia e Pastoral, com temas próprios da vocação para a iniciação no ministério e, em seguida, cursam quatro anos de Teologia. A p ó s o s e st u d o s , e le s realizam um estágio super-visionado na paróquia e no final deste período, o padre faz um relatório. Concluindo, ele passa por diversas etapas de avaliação até o bispo autorizar a ordenação. É necessário que o candidato tenha vivência de comunidade, discernimento do ministério, experiência pas-toral e engajamento na vida da paróquia e da comunidade. Todo esse longo processo é para avaliar se realmente ele tem a vocação para exercer o ministério, sobretudo a cari-dade”.

Formaçãomulheres

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diaconato é como o casamento, é definitivo, me traz responsabilida-des e compromisso com o serviço”. Servir é a palavra chave que marca o diaconato. E é na caridade que o diácono exerce o ministério para fora da instituição, posiciona--se na dimensão de encontro com a sociedade, atuando nas diversas pastorais e segmentos, sendo pre-sença da Igreja na sociedade orga-nizada. “Sem dúvida a caridade é a mais importante, porque é o ministério em saída, que coloca o diácono em contato com o mundo a ser mudado e transformado”, afir-mou padre Ivo. Também é missão do diácono a atuação com a Litur-gia e a Palavra (ver infográfico). O diácono Selim Daniel destaca a satisfação de poder estar a serviço do outro, ajudando a Igreja a ser presença em diferentes lugares. “Falar de Deus, amar a Deus, servir

o próximo, ser diácono para mim é uma realização pessoal e a minha felicidade, em amor fraterno e de caridade com todos”. Na Arquidiocese de Vitória, o diaconato permanente foi ins-tituído pelo arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela. Em 2006, Dom Luiz publicou a carta pastoral com orientações sobre o diaconato per-manente, que já era objeto de re-flexão na Arquidiocese pelo então

arcebispo Dom Silvestre Scandian. “Eu sabia que era desejo de Dom Silvestre introduzir o diaconato aqui. Então passei um ano aprofun-dando, acompanhando e ouvindo padres, leigos, lideranças, e percebi que a maior parte desejava a pre-sença do diaconato permanente. Nesta carta pastoral eu coloquei os fundamentos históricos e teoló-gicos do ministério diaconal, que é uma vocação muito importante para o serviço da caridade e não de promoção da pessoa do leigo. O ministério do diaconato surgiu em função da caridade para com os pobres, a opção preferencial da nossa Igreja”. Joacir de Souza é candidato ao diaconato permanente e já sabe como encaminhar o ministério. “A formação nos mostra que a diaconia voltada para a caridade precisa ser vivida com intensi-dade. Existem pessoas idosas, eu como ministro da Eucaristia

diaconato das mulheresNo mês de agosto deste ano, o Papa Francisco instituiu a comis-são de Estudo sobre o Diaconato das mulheres. Segundo o padre Arlindo, caso seja aprovada a formação para diaconisas, “não será nada assustador”. “A mulher é uma grande força dentro da Igreja e elas já assumem grande parte dos serviços. Se forem bem preparadas elas servirão tão bem quanto os homens. Na prática, já são grandes servidoras da comunidade, então a mudança seria apenas a permissão para receberem o primeiro grau da ordem”.

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rEPortagEm

O diaconato transitório é vivido pelo seminarista, que fez sua formação no Seminário e posteriormente será ordenado padre. Ele recebe, assim, o primeiro grau da ordem (diaconal), em preparação para receber a or-denação presbiteral.

diaconato transitório

diácono

caridadEVai ao encontro das pessoas de qualquer religião ou raça, classe ou situação social, fazendo-se um servidor de todos como Jesus. Ele é apóstolo da caridade com os pobres, envolvido com a conquista da sua dignidade e dos seus direitos econômicos, políticos e sociais.

tenho convivido com elas, que precisam de

nossa atenção, de uma vi-sita. A atuação nas formações, o auxílio à comunidade, a Cele-bração da Palavra que é de suma importância, e, estar em espaços como escolas, bancos, eu sou ad-vogado, então percebo que a área jurídica necessita dessa presença

da Igreja. Sinto que o diaconato permanente vai me permitir ajudar e servir cada vez mais”. Atuar na caridade, na Liturgia e com a Palavra. As atribuições do diácono são muito bem defi-nidas, porém há casos pontuais em que pode ter havido falhas na compreensão vocacional, e, neste ponto, a Igreja tem um desafio a

ser superado, conforme constatou padre Ivo. “Acontece quando o diácono não consegue compre-ender bem o seu lugar na Igreja e na sociedade, e que a sua missão difere da dos presbíteros. É preciso zelar pela sua identidade e durante todo o período de formação isso é ressaltado. Mas é um processo de aperfeiçoamento e já estamos conscientes de que precisamos intervir com mudanças”. Como padre Ivo destaca, são casos pon-tuais, por isso, quem ainda está no caminho, como candidato ao diaconato, deve ter clareza nesta compreensão. Para Fabrício Rodri-gues, a perspectiva de aproximação e amparo aos que mais precisam é sua motivação. “Eu sinto a voca-ção, não é apenas estar na escola, receber a ordenação, utilizar uma veste diferenciada. O que me move

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palavraO diácono, antes de ser servidor da Palavra, será discípulo e ouvinte. Com frequência fará a leitura meditada e orante da Sagrada Escritura, que é a escuta humilde e cheia de amor daquele que fala. A missão evangelizadora do diácono não se restringe à homilia ou ao anúncio da Palavra no contexto litúrgico. Como anunciador da Palavra, ele dá, antes de tudo, o testemunho de um ouvinte assíduo e convicto do Evangelho.

liturgia O diácono, testemunha qualificada da diaconia e do amor de Cristo pelos homens, não poderá realizar eficazmente sua missão sem se nutrir constantemente da Eucaristia, sacramento do serviço e da caridade. O diácono leva o pão eucarístico e traz para o altar as oferendas que exprimem a comunhão dos fiéis. Seu ministério demonstra que a liturgia e a vida social não são duas realidades justapostas, mas polos de uma mesma economia, pulsações de um mesmo movimento, que através de Cristo vem de Deus e a ele retorna.

*Diretrizes para o diaconado permanente - Documento 74 da CNBB

é poder desempenhar o serviço, ser um braço da Igreja e ajudar ainda mais, indo muitas vezes onde o mi-nistro tem atuação limitada. Eu tenho consciência de que estou estudando para ser diácono, não presbítero. O diaconato neste caso não é um degrau para o segundo grau da ordem. Quero poder atuar bem nas três dimensões e em tudo mais que for inerente à função”. Para assumir o ministério, o candidato ao diaconato tem que ser homem e, se casado, precisa da anu-ência de sua esposa. Se solteiro ou viúvo, deve permanecer no estado celibatário. De acordo com as Dire-trizes para o Diaconato Permanente da CNBB, “os candidatos, todos,

sem exceção, deverão ter cursado o segundo grau acadêmico. Deverão ser pessoas amadurecidas na vida e na idade, se forem casados tendo a vida matrimonial estável com seus filhos já crescidos e dando testemu-nho de boa convivência conjugal”. Nesta perspectiva, precisam equilibrar a sua missão diaconal, com a vida profissional e a familiar. Para o diácono Selim, desenvolver com amor e planejamento torna tudo mais fácil. “Planejar é fundamen-tal, precisamos nos dedicar bem em todas as áreas. Com o planejamen-to, organizando as atividades que precisam ser desempenhadas, você não deixa nenhuma área defasada”. Para o diácono Miguel, a doação e

a entrega ao chamado auxiliam no equilíbrio das funções. “É preciso saber dosar o tempo dedicado a cada coisa. É saber que os compromissos vão aumentar muito, mas se você se entrega de coração ao serviço, dá para conciliar e separar o tempo para a família, para a atividade pro-fissional e para o diaconato”. O ponto comum entre todos os entrevistados é justamente o serviço. Pessoas dedicadas a auxiliar a Igreja e tornar-se presença onde se faz mais necessário. Perceber a vocação e atender ao chamado fazem dos di-áconos permanentes colaboradores importantes na constituição da Igreja servidora que vai ao encontro de todos. n

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mundo litúrgico

Espaço celebrativo

Nas experiências religiosas das diversas tradições e credos evidencia-se a re-

lação das pessoas com os espaços físicos, os quais tornam-se, afetu-osa e teologicamente, lugares de manifestação do sagrado, como extensão das experiências pessoais e coletivas com o transcendente. Mas, de fato, a interioridade hu-mana é o lugar por excelência das experiências. Com atitudes comu-nicativas de expressão corporal, incluindo a dimensão vocal e a própria relação com os referidos espaços, vive-se a inteireza da re-alidade transcendente no humano através da ritualidade. Na Bíblia são inúmeras as

referências de espaços na expe-riência do encontro com Deus, sejam através das teofanias no 1º Testamento ou através de Jesus, enviado do Pai, no 2º Testamento. Por exemplo: a manifestação de Deus a Moisés no deserto do Sinai (Ex 19-20); o encontro que o povo teve com Deus no Templo, junto às portas das Águas, durante a proclamação do livro da Lei (Ne 8); as manifestações de Deus que o profeta Ezequiel experimentou junto ao rio Cobar (Ez 1); o en-contro dos magos com Jesus junto à casa em que ele estava com sua mãe (Mt 2); as várias refeições de Jesus com o povo em lugares diferentes – sinais do banquete

fr. José moacyr cadenassi, ofmcap

messiânico - incluindo a refeição pascal com os discípulos (Mt 14, 13-21 ; Mc 14, 3-9 ; Lc 14, 1-24; Jo 2,1-12). No âmbito cristão, a celebra-ção ritual da Páscoa judaica por Je-sus e o seu discipulado, na véspera de sua paixão e morte, concluiu a missão terrena do Mestre que, por meio dessa refeição, figurou a Páscoa da cruz: ao redor da mesa, em recolhimento, com gestos ri-tuais, incluindo o lava-pés, ele antecipou a sua entrega amorosa ao Pai, proclamando a nova cria-ção em sinal de reconciliação, e elevando toda a obra criada, a começar da humana criatura, à comunhão plena com o Criador. A partir da ceia pascal, revi-vida pela Igreja de forma ímpar na celebração da Eucaristia, ao redor do altar, a vida cristã encontra o seu fundamento e o ponto de convergência espacial, como fonte e origem de toda a existência. O altar, como diz o Catecismo da Igreja Católica no número 1383, “representa os dois aspectos de um mesmo mistério: o altar do sacrifício e a mesa do Senhor”. No próximo mês a continui-dade desta reflexão sobre o espa-ço celebrativo cristão, segundo a tradição ritual da Igreja Católica Apostólica Romana. n

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arquiVo E mEmóriagiovanna Valfrécoordenação do cedoc

Um dos momentos em que a Igreja se manifesta

contra as desigualdades sociais é no Grito dos

Excluídos, que surgiu no Brasil em 1994. O 1º Grito

na Arquidiocese de Vitória foi realizado em 7 de

setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o

tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano,

que tinha como lema “Eras tu, Senhor”.

1º grito dos excluídos

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PErguntE a quEm saBE

Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]

Fernanda Samora Dias Borges BibliotecáriaLeitura

Quais cuidados adotar para se guardar livros e revistas em casa? Algumas medidas de preservação do seu acervo: manusear sempre com as mãos limpas; não umedecer os dedos com saliva para folhear o material; jamais dobrar o papel; guardar foto-grafias em álbuns e não colocar os dedos sobre as imagens e negativos; não escrever nos livros com caneta, marcadores de texto, se necessário fazer anotações com lápis; não utilize fitas ade-sivas, clipes. Para o armazenamento de livros e revista o ideal é colocar em estantes de ferro ou madeira, mantenha a área de guarda sempre limpa. Não retirar um livro da estante puxando-o pela borda superior da lombada, mas sempre pelo meio. É necessário que haja espaço nas estantes para mexer com os livros. Organize revistas e jornais no porta-revistas.

Qual tipo de livro é aceito para doação em bibliotecas? Normalmente precisamos verificar a política de formação de acervo da mesma. Em respeito às políticas de desenvolvimento de coleções, de preservação e conservação, o público interessado

Marcelo QuintãoCirurgião Vascular

Saúde

Quais os prejuízos à saúde com o uso indiscriminado de antibióticos? O uso indiscriminado e sem orientação médica dos antibióticos pode acarretar uma série de malefícios à saúde. Entre eles, destaca-se a sobre-carga e os danos que essa medicação causa nos órgãos responsáveis pelo seu processamento - fígado e rins. Além disso, e talvez a mais temida das complicações, é a seleção das superbactérias que esses medicamentos po-dem fazer se não forem administrados nas doses adequadas, necessitando, cada vez mais, de rótulos ou doses mais potentes.

em doar materiais à Biblioteca deve obedecer aos seguintes procedimentos para a efetivação das doações:w Periódicos: Serão aceitos periódicos apenas para

completar coleções já existentes ou coleções completas.

w Literatura e Artes: Sem limite de data.w Ciências da Computação: Materiais de infor-

mação básica, com Windows 8. Não serão aceitos livros de jogos e manuais de softwares e equipamentos.

w Ciências Humanas: Por tratar-se de teorias, não há limite de data, com exceção dos livros de Geografia, que serão aceitos com no máximo 2 (dois) anos de publicação.

w Linguística, Letras: A partir de 1° de janeiro de 2016, Novo Acordo da Língua Portuguesa.

w Ciências Sociais e Aplicadas: Livros publicados nos últimos três anos.

w Engenharias / Ciências Agronômicas e Veteriná-rias / Ciências Biológicas e da Saúde: Somente livros com no máximo 05 (cinco) anos.

w Enciclopédias, Almanaques e Dicionários: A partir de 1° de janeiro de 2016, Novo Acordo da Língua Portuguesa.

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econom

ia

Marcelo Loyola FragaEconomista

O que são as parcerias público-privadas? Parceria público-privada, a famosa PPP, é um mecanismo legal que prevê a união de esforços entre governo e empresa privada, a fim de promover o desenvolvimento econômico e social, principalmente em áreas em que o poder público não tem vocação ou interesse.

em que situação elas se tornam boas alternativas? Por meio dessas parcerias, o governo contrata (ou concede a) empresas privadas para a construção de obras de interesse público, porém com recursos privados, com permissão à empresa privada de explorar por período determi-nado os resultados econômicos após a obra concluída. Normalmente, fazem parte dessa parceria a construção de estradas, aeroportos, ferrovias, metrôs, hospitais, gestão de presídios, etc. Importante ressaltar que essas parcerias podem resolver um problema grave em que os governos se encontram atu-almente, pois estão sem dinheiro para investimento devido ao grave déficit fiscal. As PPP´s podem ser uma das soluções para destravar a economia pós-processo de impeachment. Por outro lado, há outras formas de PPP´s que prevêem a construção e viabilização de projetos por parte do governo, com recurso público. Após a conclusão da obra, a gestão administrativa e econômico-financeira passa a ser de uma empresa privada, como já ocorre de forma bem sucedida em diversos hospitais na Grande Vitória. Ao fim de determinados períodos, o governo repassa verbas específicas para manutenção e custeio das instituições.

Padre Kelder BrandãoPároco na Paróquia São Pedro Apóstolo

reLigião

Qual a diferença entre diocese e arquidiocese? O Cânon 368 do Código de Direito Canôni-co define “as Igrejas particulares, nas quais e das quais se constitui a una e única Igreja católica, são primeiramente as dioceses, às quais, se equiparam, não constando o contrário, a prelazia territorial, a abadia territorial, o vicariato apostólico, a prefeitura apostólica, a prefeitura apostólica e a administração apostólica estavelmente erigida”. Sendo assim, en-contramos neste cânon o paradigma estruturante da Igreja Católica que é a diocese ou outra estrutura

eclesial a ela equiparada. Em seguida, no cânon 369, o Código define a diocese como sendo uma porção do Povo de Deus confiada ao pastoreio do bispo com a cooperação do presbitério. A diocese, por sua vez, subdivide-se em paróquias, conforme determina o cânon 374. Quando a necessidade pastoral se impõe, a Santa Sé cria uma nova diocese. A diocese mãe que originou a nova diocese ou dioceses, torna-se arquidiocese, como aconteceu com a Arquidiocese de Vitória quando originou as Diocese de São Mateus, Cachoeiro de Itapemirim e, posteriormente, Colatina.

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EnsinamEntos

Vitor nunes RosaProfessor de filosofia na faesa

Milagres, respostas de fé

A Igreja Católica não estimula uma visão “milagreira” de Jesus Cristo e dos Santos. Sequer coloca os Santos como aqueles que operam os milagres. O único mediador entre o Pai e nós é Jesus Cristo

AIgreja Católica sempre zela para que os fiéis te-nham uma reta compre-

ensão de sua doutrina e alcancem a Verdade por meio da Fé e da Razão. Seguindo esse raciocínio, serão apresentados alguns prin-cípios fundamentais da doutrina católica sobre milagres. Conceitualmente, milagre é um fato resultante da intervenção direta de Deus, pois as causas naturais não poderiam gerar tal acontecimento, superando as explicações científicas. A Igreja Católica não esti-mula uma visão “milagreira” de Jesus Cristo e dos Santos. Sequer coloca os Santos como aqueles que operam os milagres. O único mediador entre o Pai e nós é Jesus Cristo. Deus realiza os milagres; mas, a Igreja define a intercessão dos Santos como verdade de fé. O ensinamento doutrinal da Igreja é claro: “pelo fato dos ha-

bitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio”, afirma o Catecismo da Igreja Católica (nº 956), citando a Constituição Dogmática Lumen Gentium nº 49. Portanto, os mi-lagres não são realizados pelos Santos; mas atribuídos à sua in-tercessão junto ao Pai, por meio de Jesus Cristo. O Catecismo apresenta uma interpretação claríssima sobre o significado dos milagres realiza-dos por Cristo. Ele não realizou milagres para mostrar poderes má-gicos. Os milagres de Jesus Cristo

são sinais de sua divindade, reve-lando que Ele é verdadeiramente e plenamente Deus. Atestam que Jesus é o Messias – o Filho de Deus – anunciado desde o Antigo Testamento e que o Pai o enviou. São verdadeiros convites para que todos creiam Nele. Revelam que Ele veio libertar as pessoas da mais grave escravidão: a do pecado (At 2, 22; Jo 5, 36; Jo 8, 34-36; Jo 10, 31-38). Os milagres realizados por Jesus expressam a ação divina em favor das pessoas e acenam para realidades mais profundas, como por exemplo, o milagre da multiplicação dos pães. Quando o Senhor proferiu a bênção, partiu e distribuiu os pães a seus discípulos para alimentar a multidão, estava antecipando de modo figurado a extraordinária abundância do único Pão da Eucaristia. Assim, ao contemplar as gra-ças e os milagres alcançados com a intercessão dos Santos junto ao único mediador Jesus Cristo, reco-nheçamos a suprema misericórdia de Deus dando-lhe uma resposta de fé. n

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Forte são Francisco xavier de piratininga

cultura caPixaBa

Quem observa a baía de Vitória do alto da Ponte Darcy Castelo de

Mendonça (também conhecida como 3ª Ponte) logo se encanta com uma construção antiga, em formato circular, logo abaixo do morro do Convento da Penha, na Enseada de Inhoá. Trata-se do Forte São Francisco Xavier de Piratininga ou Forte da Barra. Essa construção centenária, atualmente sede do 38º Batalhão de Infantaria do Exército Bra-sileiro (Batalhão Tibúrcio), foi erguida por volta de 1702 para ser usada como defesa da Capi-tania do Espírito Santo contra os invasores franceses, ingleses e holandeses. diovani favoreto - Historiadora

Aliás, o Convento da Pe-nha também serviu de posto de observação ao Forte (e a defesa da Capitania) por se tratar de um excelente local de observação da entrada da baía de Vitória. De seu local privilegiado, no alto do outeiro da Penha, os guardiões do Convento conseguiam detectar os navios que se aproximavam da barra e avisar, com antece-dência, da chegada de amigos e invasores. O Forte de Piratininga seguiu seu papel de defesa do Espírito Santo, sendo ampliado em 1763 e ganhando 15 novas canhoneiras. Nessa reforma o edifício recebeu o formato cir-cular que conhecemos hoje.

Com o passar dos anos, e o fim do ciclo do ouro, a paz foi instaurada na colônia portuguesa e a fortificação militar caiu em desuso. Em 1857, quando o edifício foi transferido à marinha brasi-leira, já se encontrava abando-nado há um bom tempo. E, nesse local foi instalada a Escola de Aprendizes Marinheiros. Hoje, transferido ao Exér-cito Brasileiro, o Forte da Barra tornou-se a dependência social do 38º Batalhão de Infantaria e pode ser contemplado interna-mente, desde que, a visita seja agendada com antecedência. n

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missa pela pátria O arcebispo Dom Luiz Man-cilha Vilela celebra a missa pela pátria no dia 07 de setembro, às 8h, na Catedral Metropolitana.

O desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem da Samarco é tema do Grito dos excluídos deste ano. A concentra-ção será no quiosque 1 na Praia de Camburi, a partir de 8h30, no dia 7 de setembro. O Grito é organizado pela Comissão Justiça e Paz e o Fórum Capixaba em Defesa do Rio Doce.

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Festa da padroeira da arquidiocese de vitória No dia 08 de setembro, a Capital do Estado e a Arqui-diocese de Vitória celebram a sua padroeira Nossa Senhora da Vitória. A data será marcada pela missa na Catedral, presidida pelo arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela, às 9h. De 5 a 7 acontece o tríduo de preparação à soleni-dade na Catedral às 18h.

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