o brasil no jogo mundial de ciência, tecnologia e inovação...

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DEBATES GA CINT O informativo sobre os debates no âmbito do Gacint Grupo de Análise da Conjuntura Internacional N o 44 / 2016 O Brasil no jogo mundial de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) Instituto de Relações Internacionais Guilherme Ary Plonski, Ricardo Sennes e Glauco Arbix P ara falar sobre a inserção in- ternacional brasileira na cor- rida por competitividade, o Grupo de Análise da Conjuntura Internacional convidou o Prof. Dr. Glauco Arbix, Professor Titular do Departamento de Sociologia da USP e pesquisador do Observató- rio de Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP, ex-presidente do FINEP e do IPEA. Os comentários foram do Prof. Dr. Guilherme Ary Plonski, Coordenador Científico do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da Faculdade de Economia, Adminis- tração e Contabilidade da USP. A coordenação foi do cientista político, Ricardo Sen- nes. Embora reconheça haver avanços e institucionalidades, programas e instrumentos novos para o desenvolvimento de CT&I, Arbix acredita que, no geral, o país continua distante dos países que atuam na fronteira do conhecimento. O mesmo ocorre no atraso em relação às tendências mais recentes que afetam o mundo da indústria, que muitos denominam a 4ª Revolução Industrial. Houve conquistas nos últimos anos, e o país tem potencial para se tornar um player relevante em CT&I. Mas asseverou ser preciso mudar de rumo e buscar alternativas para que seja possível uma reversão no desempenho da CT&I e, também, na preparação da indústria brasileira para entrar em sintonia com as transformações que sacodem o mundo da produção atualmente. DINAMISMO EM POTENCIAL Arbix enfatizou que o panorama atual é de um Brasil que se fortaleceu e diversificou sua produção de CT&I. O país construiu comunidade cientifica de qualidade nos últimos 25 anos, expandiu e fortaleceu a pós-graduação, qualificou pesquisadores e construiu uma base de infraestrutura capaz de gerar conhecimento de relevo internacional. No campo empresarial, o Brasil conta, também, com um conjunto de empresas dinâmicas que, embora pequeno, inova constantemente e é competitivo, inclusive, na arena internacional. No mesmo sentido, é importante registrar que houve desconcentração de atividades de CT&I e uma desconcentração de laboratórios pelo país, que se proliferaram fora do eixo Rio-São Paulo. Contudo, há problemas de base, que apontam para a falta de recursos humanos qualificados, de técnicos, cientistas e engenheiros, capazes de fazer avançar a indústria e a CT&I para patamares mais elevados. Dados do IBGE indicam que há um grupo de aproximadamente seis mil empresas que inovam sistematicamente no Brasil. Dessas, cerca de duas mil representam o núcleo dinâmico da indústria brasileira, que de fato tem puxado grande parte da economia. Essas empresas investem mais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que gira em torno de 2,7% do faturamento. No entanto, quando o assunto é P&D, o Brasil não sai muito bem na fotografia. A título de comparação,

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DEBATES GACINTO informativo sobre os debates no âmbito do Gacint Grupo de Análise da Conjuntura Internacional

No 44 / 2016

O Brasil no jogo mundial de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I)

Instituto de Relações Internacionais

Guilherme Ary Plonski, Ricardo Sennes e Glauco Arbix

Para falar sobre a inserção in-ternacional brasileira na cor-rida por competitividade, o

Grupo de Análise da Conjuntura Internacional convidou o Prof. Dr. Glauco Arbix, Professor Titular do Departamento de Sociologia da USP e pesquisador do Observató-rio de Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP, ex-presidente do FINEP e do IPEA. Os comentários foram do Prof. Dr. Guilherme Ary Plonski, Coordenador Científico do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da Faculdade de Economia, Adminis-tração e Contabilidade da USP. A coordenação foi do cientista político, Ricardo Sen-nes. Embora reconheça haver avanços e institucionalidades, programas e instrumentos novos para o desenvolvimento de CT&I, Arbix acredita que, no geral, o país continua distante dos países que atuam na fronteira do conhecimento. O mesmo ocorre no atraso em relação às tendências mais recentes que afetam o mundo da indústria, que muitos denominam a 4ª Revolução Industrial. Houve conquistas nos últimos anos, e o país tem potencial para se tornar um player relevante em CT&I. Mas asseverou ser preciso mudar de rumo e buscar alternativas para que seja possível uma reversão no desempenho da CT&I e, também, na preparação da indústria brasileira para entrar em sintonia com as transformações que sacodem o mundo da produção atualmente.

DINAMISMO EM POTENCIALArbix enfatizou que o panorama atual é de um Brasil que se fortaleceu e diversificou sua produção de CT&I. O país construiu comunidade cientifica de qualidade nos últimos 25 anos, expandiu e fortaleceu a pós-graduação, qualificou pesquisadores e construiu uma base de infraestrutura capaz de

gerar conhecimento de relevo internacional. No campo empresarial, o Brasil conta, também, com um conjunto de empresas dinâmicas que, embora pequeno, inova constantemente e é competitivo, inclusive, na arena internacional. No mesmo sentido, é importante registrar que houve desconcentração de atividades de CT&I e uma desconcentração de laboratórios pelo país, que se proliferaram fora do eixo Rio-São Paulo. Contudo, há problemas de base, que apontam para a falta de recursos humanos qualificados, de técnicos, cientistas e engenheiros, capazes de fazer avançar a indústria e a CT&I para patamares mais elevados. Dados do IBGE indicam que há um grupo de aproximadamente seis mil empresas que inovam sistematicamente no Brasil. Dessas, cerca de duas mil representam o núcleo dinâmico da indústria brasileira, que de fato tem puxado grande parte da economia. Essas empresas investem mais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que gira em torno de 2,7% do faturamento. No entanto, quando o assunto é P&D, o Brasil não sai muito bem na fotografia. A título de comparação,

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Glauco Arbix

Arbix citou as grandes empresas farmacêuticas, que investem mais de 25% de seu faturamento em P&D, ao passo que empresas brasileiras mais fortes no ramo, apesar dos avanços, investem em torno de 6 ou 7%. O Brasil melhorou, mas ainda há um longo caminho pela frente. A base científica e a presença de um conjunto aguerrido de empresas inovadoras diferenciam o país da maior parte dos demais emergentes, o que dá ao país perspectiva de futuro. Por exemplo, o parque empresarial brasileiro tem maior capacidade inovadora que México e Argentina; acompanha de perto Índia, mas já se distancia da China, que investe maciçamente em educação e CT&I, tentando evitar precisamente os erros cometidos aqui.

A ESTRUTURA DE CT&I NO BRASILO orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) é executado por duas agências: o CNPq e a FINEP. Há características novas que sugerem, porém, reflexão de todos. O MCTI não é mais um ator isolado no sistema de produção de conhecimento novo. Nos últimos 15 anos, o MCTI está acompanhado de outros ministérios e agências, que passaram a investir em pesquisa de modo contínuo. Ministérios como o da Educação, da Saúde, Agricultura, do Desenvolvimento (via BNDES) e da Defesa aumentaram significativamente seus investimentos em CT&I. Do ponto de vista regional, houve multiplicação do número de Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), que se espalharam por todo o país. Muitas ainda têm atuação restrita, dada a falta de recursos, mas o Brasil construiu pontos de apoio descentralizados. O expoente do grupo ainda é a FAPESP, cujos recursos são garantidos pela Constituinte Estadual (SP)de 1989. Rio de Janeiro (com a FAPERJ) e Minas Gerais (com a FAPEMIG) também desempenham papel relevante no apoio à geração de conhecimento novo, qualificação de pesquisadores e no estímulo às empresas de base tecnológica.

Mesmo agências como a ANEEL e a ANP já possuem condições de alocar recursos e financiar sistemas de pesquisa. O mesmo ocorreu com o sistema SENAI e com a Petrobras, que multiplicaram investimentos em pesquisa e na construção de laboratórios em dezenas de Universidades. Essa entrada de novos personagens no campo de CT&I deu nova musculatura ao sistema nacional, seja no apoio à ciência, seja à tecnologia e inovação, que contou com uma Finep reforçada e com o BNDES assumindo, ainda que modestamente, uma agenda de inovação.

DILEMA DA RAINHA VERMELHAEssas novas características do sistema brasileiro estiveram na base dos avanços realizados nos últimos anos, como o salto na formação de mestres e doutores, ou na cifra de mais de 2% da produção de artigos científicos em revistas indexadas. Trata-se de avanços relevantes; ainda assim, o Brasil permanece no grupo intermediário de países, quando se olha para os indicadores de C&T. Para Arbix, isso significa que Ciência e Tecnologia brasileiras alimentam e são alimentadas apenas parcialmente pela estrutura produtiva e de serviços. Em outras palavras, o impacto do que é produzido em CT&I ainda é de nível médio. Há anos o Brasil mantém a mesma posição relativa no cenário internacional, principalmente porque outros países andam mais rapidamente. A sintonia da Ciência brasileira com o esforço que faz o país para se desenvolver ainda é fraca. As empresas nacionais desenvolvem pouca tecnologia. E os indicadores de inovação apontam para níveis de crescimento e de consistência inferiores ao que seriam necessários para o Brasil despontar como um protagonista em CT&I. Basta olhar a trajetória de avanço das publicações científicas brasileiras: embora o crescimento tenha sido extraordinário, o impacto da produção nacional ainda é baixo, ou seja, os índices de citações elevaram-se apenas marginalmente. Mantido o patamar atual, o Brasil alcançará a produção média da OCDE em 2035, isso se os países-membros da organização permanecerem com as mesmas taxas de crescimento de suas publicações. Não à toa, comentou, a produtividade da economia apresenta-se estagnada desde os anos 1980, apesar de mudanças significativas nas orientações políticas de governo. A situação lembra muito o “dilema da rainha vermelha” – referência à obra Alice no Outro Lado do Espelho -, metáfora que alguns analistas utilizam para concluir que é preciso aumentar muito a velocidade para romper a estagnação. Nesse sentido, Arbix sugeriu que o país deve evoluir e diversificar o atual sistema de CT&I, com novas instituições, estabilidade de recursos e novos instrumentos. Mais ainda, recomendou que a CT&I seja também orientada para resultados, de modo a gerar maior

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Guilherme Ary Plonskitambém apoio a indústrias, a exemplo das de energia e aeronáutica entre outras). As Plataformas foram definidas de modo a inverter a orientação de tipo bottom-up, tradicional na pesquisa brasileira. A inspiração para as Plataformas veio de programas recentes, existentes em países como Estados Unidos, Coréia, Japão e Alemanha. As Plataformas, a serem coordenadas pela Casa Civil, representam propostas que diversificam as lógicas e instituições do sistema brasileiro de CT&I, de modo a que se alcance níveis de eficiência e de impacto compatíveis com as necessidades do país.

4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIALArbix concluiu afirmando que o desafio é enorme, pois o Brasil precisa urgentemente diminuir o gap científico e tecnológico atual. Para ele, é necessário investir no tripé CT&I, educação e infraestrutura, para começar a preparar o país para a economia avançada, cujas palavras-chave são “digital” e “integração”. Quanto mais a Ciência brasileira demorar para aumentar seu impacto econômico e social, quanto mais a indústria patinar para participar dos avanços da Manufatura Avançada (como os americanos denominam, ou Indústria 4.0, segundo os alemães) maior será o risco de o país “perder novamente o bonde da história”, como já aconteceu nos anos 1970, diante da revolução da microeletrônica, ou dos anos 1980, década da explosão das Tecnologias de Informação e Comunicação. As transformações da indústria se referem a um movimento de integração de indústrias e serviços, com utilização intensiva de big data, analytics, impressão em 3D, robótica avançada, inteligência artificial e que reconfiguram o sistema produtivo nos países avançados. Por enquanto, são tendências. Mas apontam caminhos que não podem ser ignorados nem pela Ciência nem pela Tecnologia brasileiras. Essas mudanças sugerem impactos profundos em países emergentes, como o Brasil. O uso intensivo de alta tecnológica derruba os custos de mão de obra, de processos e mesmo de logística, e prenunciam

impacto científico, econômico e social. Sem isso, o Brasil persistirá em sua posição intermediária, com grande risco de regressão nos avanços alcançados.O palestrante estimou que, se o governo brasileiro quiser alcançar o patamar dos países mais avançados, o investimento público em CT&I precisará crescer 5% ao ano para saltar dos atuais R$ 28 bilhões para R$ 60 bilhões em dez anos. Paralelamente, o investimento empresarial em inovação e tecnologia tem que, no mínimo, dobrar.

PLANOS DE INOVAÇÃOFoi com esse horizonte de corrida contra o tempo e de necessidade de uma política de inovação competitiva que nasceu na Finep o Plano Inova Empresa. O plano foi lançado em 2013 pela Presidente da República, Dilma Rousseff, com participação ativa da Finep, do BNDES e de 12 ministérios. O orçamento foi de R$ 33 bilhões, e o foco foi inovação nas empresas e incentivo a projetos de maior ambição tecnológica. Na visão de Arbix, as empresas e universidades brasileiras têm perfil conservador em relação à tomada de risco. Por isso a necessidade de o governo aportar investimento de peso, com foco e prioridades para dar origem a projetos cientificamente e tecnologicamente ambiciosos.Como exemplo, Arbix mencionou o Plano Inova Fármacos. Juntamente, Finep e Ministério da Saúde selecionaram medicamentos de alta complexidade, abriram licitação pública e sugeriram a criação de consórcios, de agrupamentos de empresas com universidades e centros de pesquisa para seu desenvolvimento e produção. Quando o prazo, o custo e a qualidade dos medicamentos atingissem as referências dos editais, o Ministério da Saúde os compraria para o Sistema Único de Saúde (SUS) em valor até R$ 8 bilhões por ano. O Inova Fármacos é, afirmou, o exemplo mais avançado de política de inovação competitiva, transparente, e que ajuda a alterar a estrutura industrial e a contribuir para a criação de uma indústria farmacêutica dinâmica, baseada em muita pesquisa. Arbix mencionou, ainda, os esforços de descentralização da FINEP (via bancos regionais e estaduais, assim como as FAPs) como meio de se alcançar as micro e pequenas empresas. Com a criação do FINEP 30 Dias, houve diminuição do prazo de avaliação dos projetos de inovação de mais de 450 para 30 dias. Por fim, citou o decreto presidencial de junho de 2014, que deu base para o lançamento de Plataformas do Conhecimento, organismos de cooperação público-privado orientados pela definição da demanda pública de modo a atender necessidades chave do país (como vacinas e medicamentos, como

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Membros do Gacint ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHOADRIANA SCHOR ADRIANO HENRIQUE REBELO BIAVA AFFONSO CELSO DE OURO PRETO AFFONSO DE ALENCASTRO MASSOTALBERTO PFEIFER ALEXANDRE BARBOSAALEXANDRE RATSUO UEHARA ANGELO DE OLIVEIRA SEGRILLO ANTONIO CARLOS PEREIRA ANTONIO CORRÊA DE LACERDA ANTONIO RUY DE ALMEIDA SILVABORIS FAUSTO CARLOS EDUARDO E CARVALHOCARLOS EDUARDO LINS DA SILVACELSO GRISICELSO NUNES AMORIMCHRISTIAN LOHBAUER CLAUDIO GONÇALVES COUTO CORONEL UBIRAJARA NEVESDANIELA CARLA DECARO SCHETTINIDÉCIO ODDONE DEISY VENTURA DEMÉTRIO MAGNOLI FELICIANO GUIMARÃESFELIPE LOUREIROGELSON FONSECA JUNIOR

GERALDO DE FIGUEIREDO FORBES GERALDO ZAHRANGILMAR MASIERO GONZALO BERRONGUNTHER RUDZITHELGA HOFFMANN HENRI PHILIPPE REICHSTUL JAIME SPITZCOVSKYJANINA ONUKI JOÃO GRANDINO RODAS JOÃO PAULO CANDIA VEIGA JOSÉ LUIZ PIMENTA JÚNIORJOSÉ LUIZ CONRADO VIEIRAKAI ENNO LEHMANNKJELD AAGAARD JAKSOBSEN LEANDRO PIQUET CARNEIRO LENINA POMERANZ LOURDES SOLALUCIA NADERLUCIANA NICOLALUIZ AFONSO SIMOENS DA SILVA LUKAS LINGENTHALMARCO AURÉLIO GARCIAMARIA ANTONIETA DEL TEDESCO LINS MARIA HELENA TACHINARDI MARIANA LUZOLIVER STUENKEL

OTAVIANO CANUTO PATRÍCIA CAMPOS MELLOPAULO ROBERTO FELDMANPAULO SOTERO PEDRO MENDONÇAPETER ROBERT DEMANT PETERSON FERREIRA E SILVAPHILIPPE LAVANCHYRAFAEL DUARTE VILLA RAFAEL SOUZA FONSECARICARDO UBIRACI SENNES ROBERTO ABDENUR ROBERTO RODRIGUES RODRIGO TAVARESRONALDO SARDEMBERGROSSANA ROCHA REIS RUBENS ANTÔNIO BARBOSARUY MARTINS ALTENFELDER SILVASAMUEL FELDBERGSÉRGIO ERNESTO ALVES CONFORTOSÉRGIO FAUSTO SÉRGIO SILVA DO AMARALTULLO VIGEVANI VAHAN AGOPYAN VERA THORSTENSEN YI SHIN TANG

Gacint Coordenador Geral Ricardo SennesCoordenador AdjuntoAlberto Pfeifer

DiretorPedro Dallari

Edição Boletim Debates Gacint Coordenador ExecutivoAndré Luiz Siciliano

IRI Contato: [email protected]ção Patrícia Tambourgi

ColaboradoresAndré Michelin Bruno CamponêsMariana ChaimovichVictor Tibau

Coordenadora de ProduçãoPatrícia Tambourgi Fotografia

Gabriel Alves B. de Lima

CELSO LAFERJACQUES MARCOVITCHJOSÉ GOLDEMBERG

CAMILA ASSANO GIORGIO ROMANO SCHUTTEROBERTO TEIXEIRA DA COSTA

AMANCIO JORGE S. NUNES DE OLIVEIRAMARIA HERMÍNIA TAVARES DE ALMEIDAPEDRO DALLARIWALTER COLI

Conselho de Orientação do Gacint

concepção do produto e o pós-venda, questionando de que modo o Brasil se insere nessa abordagem estratégica de cadeias globais de valores. O segundo debate apresentado foi relativo à governança. Nesse sentido, embora as questões conjunturais sejam relevantes, Plonski percebe que a questão estrutural está no centro da discussão. Disse ser, no mínimo, “lamentável” a governança brasileira em CT&I em, principalmente, quatro níveis. Inicialmente, citou o Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia, e posteriormente, também, de Inovação. Existente desde a década de 1980, é um petit comité em que há participação de alguns ministros e membros selecionados das comunidades empresarial, civil e acadêmica, comandado pela Presidência da República. Por mais que seja um foro de alto nível, Plonski argumenta que o Conselho não funciona. O segundo nível “lamentável” é a fragmentação entre os ministérios e dentro deles, o que torna o diálogo limitado, sendo dirigente-dependente. O terceiro nível refere-se à baixa coordenação entre as esferas federal, estadual e, praticamente inexistente, municipal. Por último, citou como o quarto nível a alta rotatividade de Ministros de CT&I. De acordo com o engenheiro, a média de permanência de um ministro na pasta é de um ano e meio desde a virada do milênio.

uma volta de empresas para seus países de origem, após sua implantação em países em desenvolvimento que ofereciam vantagens inéditas. Mais de 50% das grandes empresas americanas planejam o retorno, nos próximos 10 anos, de suas subsidiárias em países emergentes para os Estados Unidos. Para o palestrante, o Brasil não pode ficar alheio a essas transformações. Há dificuldades de toda ordem, mas para avançar é preciso trabalhar CT&I como prioridades nacionais. Arbix propôs, inclusive, a criação de um Fundo Nacional de Inovação, com base em diversos fundos existentes, para garantir a estabilidade e o volume de recursos necessários para um investimento constante em CT&I. Mais ainda, sugeriu que o sistema nacional de inovação seja diversificado e dinamizado, em paralelo ao sistema educacional, como única forma de o país se tornar relevante em C&T.

COMENTÁRIOSPlonski concordou com os argumentos apresentados por Arbix, e trouxe ao debate dois novos pontos. O primeiro deles foi sobre o posicionamento do Brasil nas cadeias globais de valor. Para introduzir o tema, apresentou um exemplo de “smiling curve”, gráfico em forma de sorriso que apresenta os potenciais de agregação de valor de um produto. O professor explicou que os maiores valores adicionados acontecem nas duas pontas, ou seja, onde ocorre a