o bandeirante - n.189 - agosto de 2008

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Informativo Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores Regional do Estado de São Paulo Ano XVII - nº. 189 - AGOSTO de 2008 Redação: [email protected] - (11) 9182-4815 OBandeirante Jornal (Continua na última página) por Helio Begliomini Médico urologista Presidente da SOBRAMES-SP Este texto é a parte final do artigo que teve início na edição anterior, e que narra fatos sobre a história da Sobrames Paulista. Juramento Na cronologia da Sobrames, deve ser consignado que o “Juramento”, que todo sócio deveria prestar por ocasião de seu ingresso na entidade, é de autoria de Virgílio Augusto Bezerra, então confrade da regional fluminense da Sobrames. Ele foi aprovado em Assembléia por ocasião do X Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, realizado em 1984, na cidade de Curitiba (PR), e assim se expressa: Prometo cultivar as letras, engrandecê-las e divulgá-las com o maior empenho. Prometo, também, na qualidade de médico, observar os postulados da Ética Médica, no que diz respeito à verdade científica. Finalmente, através das letras, prometo esclarecer a verdade, isenta de preconceitos “. Outra Ocorrência Sinistra Na história da Sobrames nacional, vale a pena ainda citar outro fato trágico. Waldenio Florêncio Porto (PE, presidente de 1992- 1994) assumiu a presidência da entidade no XIV Congresso da Sobrames Nacional, realizado de 26 a 28 de fevereiro de 1992. A data desse evento fora proposital, pois coincidia com a semana das tradicionais comemorações carnavalescas recifenses, a fim de atrair maior número de participantes ao evento. Seu antecessor, Urcício Santiago (BA, presidente de 1990-1992), discordava inflexivelmente de que a posse fosse antecipada, uma vez que, em virtude do plano econômico do governo Collor, dizia que tinha assumido a presidência no XIII Congresso da Sobrames Nacional, que fora realizado com atraso, em Salvador, de 23 a 26 de agosto de 1990, em virtude da desfavorável conjuntura econômica que vigia no País. Assim, justificava que seu mandato estava sendo enormemente encurtado. Sem acordo, Urcício Santiago não compareceu ao XIV Congresso Nacional da Sobrames realizado em Pernambuco. Waldenio Florêncio Porto foi eleito e empossado sem a sua presença. A não-concordância entre ambos fez com que Urcício Santiago ficasse em litígio com a entidade. Poucos meses após, precisamente em 22 de julho de 1992, faleceu Urcício Santiago e, com sua morte, todo o registro de Atas da entidade, desde a sua fundação, foi perdido. Evolução da Sobrames Nacional após o Cisma de 1979 Não conhecemos a data precisa da fundação da regional do Piauí que, com certeza, é anterior ao ano de 1979. Outrossim, desconhecemos a data do início da regional do Rio Grande do Norte; entretanto, tudo indica que foi anterior a 1981. Sob a presidência de Odívio Borba Duarte (1982-1984), foi criada a regional do Ceará (24/8/1982). A regional do Amazonas foi fundada em 1986, provavelmente durante a gestão de Tito de Abreu Fialho (1986-1988). Na de Flerts Nebó (1994-1996), foi fundada a regional do Mato Grosso do Sul, em 12 de julho de 1996. Na administração de Pedro Henrique Saraiva Leão (1996- 1998), foi fundada a regional do Rio Grande do Sul, em 22 de abril de 1997. Na gestão de Helio Begliomini (1998-2000) foram fundadas as seguintes regionais: Santa Catarina (28/8/1999); Goiás (29/2/2000) e Sergipe (16/5/2000). Durante as três gestões de Luiz Alberto Fernandes Soares (2000-2002; 2004-2006 e 2006-2008) foram fundadas as regionais do Pará (21/2/2001), Espírito Santo (20/3/2001), Rondônia (7/11/2001), Distrito Federal (28/5/2002) e Tocantins (12/7/2004). As regionais que, ao longo do tempo, sofreram processo de descontinuidade ou desativação de suas funções foram: São Paulo (enquanto pertencente ao grupo Sbem, que não aceitava a mudança do nome da entidade); Paraíba; Maranhão, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Amazonas, Piauí, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Um pouco de história (parte II)

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Page 1: O Bandeirante - n.189 - Agosto de 2008

Informativo Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos EscritoresRegional do Estado de São Paulo

Ano XVII - nº. 189 - AGOSTO de 2008

Redação: [email protected] - (11) 9182-4815

OBandeiranteJornal

(Continua na última página)

por Helio BegliominiMédico urologista Presidente da SOBRAMES-SP

Este texto é a parte final do artigo que teve iníciona edição anterior, e que narra fatos sobre a

história da Sobrames Paulista.

Juramento

Na cronologia da Sobrames, deve ser consignadoque o “Juramento”, que todo sócio deveria prestar porocasião de seu ingresso na entidade, é de autoria de VirgílioAugusto Bezerra, então confrade da regional fluminenseda Sobrames. Ele foi aprovado em Assembléia por ocasiãodo X Congresso Brasileiro de Médicos Escritores, realizadoem 1984, na cidade de Curitiba (PR), e assim se expressa:“Prometo cultivar as letras, engrandecê-las e divulgá-las com omaior empenho. Prometo, também, na qualidade de médico,observar os postulados da Ética Médica, no que diz respeito àverdade científica. Finalmente, através das letras, prometoesclarecer a verdade, isenta de preconceitos “.

Outra Ocorrência Sinistra

Na história da Sobrames nacional, vale a pena aindacitar outro fato trágico.

Waldenio Florêncio Porto (PE, presidente de 1992-1994) assumiu a presidência da entidade no XIV Congressoda Sobrames Nacional, realizado de 26 a 28 de fevereirode 1992. A data desse evento fora proposital, pois coincidiacom a semana das tradicionais comemorações carnavalescasrecifenses, a fim de atrair maior número de participantesao evento.

Seu antecessor, Urcício Santiago (BA, presidentede 1990-1992), discordava inflexivelmente de que a possefosse antecipada, uma vez que, em virtude do planoeconômico do governo Collor, dizia que tinha assumido apresidência no XIII Congresso da Sobrames Nacional, quefora realizado com atraso, em Salvador, de 23 a 26 de agostode 1990, em virtude da desfavorável conjuntura econômicaque vigia no País. Assim, justificava que seu mandato estavasendo enormemente encurtado.

Sem acordo, Urcício Santiago não compareceu aoXIV Congresso Nacional da Sobrames realizado emPernambuco. Waldenio Florêncio Porto foi eleito eempossado sem a sua presença. A não-concordância entreambos fez com que Urcício Santiago ficasse em litígio coma entidade. Poucos meses após, precisamente em 22 dejulho de 1992, faleceu Urcício Santiago e, com sua morte,todo o registro de Atas da entidade, desde a sua fundação,foi perdido.

Evolução da Sobrames Nacional após o Cisma de 1979

Não conhecemos a data precisa da fundação da regionaldo Piauí que, com certeza, é anterior ao ano de 1979. Outrossim,desconhecemos a data do início da regional do Rio Grande doNorte; entretanto, tudo indica que foi anterior a 1981. Sob apresidência de Odívio Borba Duarte (1982-1984), foi criada aregional do Ceará (24/8/1982). A regional do Amazonas foifundada em 1986, provavelmente durante a gestão de Tito deAbreu Fialho (1986-1988). Na de Flerts Nebó (1994-1996), foifundada a regional do Mato Grosso do Sul, em 12 de julho de1996. Na administração de Pedro Henrique Saraiva Leão (1996-1998), foi fundada a regional do Rio Grande do Sul, em 22 deabril de 1997.

Na gestão de Helio Begliomini (1998-2000) foramfundadas as seguintes regionais: Santa Catarina (28/8/1999);Goiás (29/2/2000) e Sergipe (16/5/2000).

Durante as três gestões de Luiz Alberto FernandesSoares (2000-2002; 2004-2006 e 2006-2008) foram fundadas asregionais do Pará (21/2/2001), Espírito Santo (20/3/2001),Rondônia (7/11/2001), Distrito Federal (28/5/2002) e Tocantins(12/7/2004).

As regionais que, ao longo do tempo, sofreram processode descontinuidade ou desativação de suas funções foram:São Paulo (enquanto pertencente ao grupo Sbem, que nãoaceitava a mudança do nome da entidade); Paraíba; Maranhão,Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Amazonas, Piauí, Sergipe,Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Um poucode história

(parte II)

Page 2: O Bandeirante - n.189 - Agosto de 2008

Jornal O Bandeirante

ANO XVII - nº. 189 - Agosto 2008

Publicação mensal da SOBRAMES-SP -

Sociedade Brasileira de Médicos

Escritores - Regional do Estado de São Paulo

Sede: Rua Alves Guimarães, 251 -CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SPTelefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604

Editores: Flerts Nebó, Marcos GimenesSalun.Redatores: Helio Begliomini, MarcosGimenes Salun, Flerts Nebó.Jornalista Responsável: Marcos GimenesSalun - (MTb 20.405 - SP).Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto(MTb 17.671 - SP).Redação e Correspondência: Av.Prof.Sylla Mattos, 652 - ap. 12 - Jardim SantaCruz - São Paulo - SP - CEP 04182-010.E-mail: [email protected].: (11) 9182-4815 / 2331-1351

Colaboradores desta edição: DeniseMáximo Lellis Garcia, Michel Herbet AlvesFlorêncio, José Leopoldo Lopes de Oliveira,Lucila Camargo Lopes de Oliveira, CamiloAndré Mércio Xavier, Nelson Jacintho,Wilma Lúcia da Silva Moraes e LigiaTerezinha Pezzuto.

Diretoria - Gestão 2007/2008 - Presidente:

Helio Begliomini; Vice-Presidente:

Josyanne Rita de Arruda Franco; Primeiro-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã;Segundo-Secretário: Evanir da SilvaCarvalho; Primeiro-Tesoureiro: MarcosGimenes Salun; Segundo-Tesoureiro: LigiaTerezinha Pezzuto; Conselho Fiscal

Efetivos: Flerts Nebó, Arary da Cruz Tiriba,Luiz Jorge Ferreira; Conselho Fiscal

Suplentes: Carlos Augusto Ferreira Galvão;Geováh Paulo da Cruz; Helmut AdolfMataré.

Projeto Gráfico e Diagramação:

Rumo Editorial Produções e EdiçõesLtda. CNPJ.07.268.251/0001-09E-mail: [email protected]

Matérias assinadas são deresponsabilidade de seus autores e não

representam, necessariamente, a

opinião da Sobrames-SP

PRESTIGIE E COLABORE. AS INICIATIVAS DA SOBRAMES-SPPODERÃO SER MUITO MELHORES SE VOCÊ TAMBÉMPARTICIPAR. OS ACONTECIMENTOS PODEM ESTAR

DEPENDENDO DE UMA AÇÃO POSITIVA SUA.

Tiragem desta edição: 250 exemplares(papel) e mais de 1.000 exemplares

enviados por e-mail.

expediente

O Bandeirante - Agosto de 20082

longevità

(11) 3531-6675Rua Maria Amélia L. de Azevedo, 147 - 1º. andar

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Walter Whitton HarrisCirurgia do Pé e Tornozelo

Ortopedia e Traumatologia GeralCRM 18317

Av. República do Líbano, 34404502-000 - São Paulo - SP

Tel. 3885 8535 / Cel. 9932 5098

Colabore na Edição

Para facilitar o trabalho de edição destejornal e de seu suplemento literário, enviesempre os seus textos em meio magnético,

Nós, que fazemos a história

Jantar de 20 Anos da Sobrames SPNo próximo dia 18 de setembro,

a SOBRAMES regional do Estado de SãoPaulo estará completando o 20º.aniversário de sua fundação. Paracomemorar essa importante data, estásendo organizado um jantar, que serárealizado no dia 26.09.2008, a partir de20h30, no restaurante Mare D’Itália,que fica na Rua Joaquim Floriano,nº. 211, no Itaim Bibi. A fim de que setenha melhores condições de organizaro evento, solicitamos que os

interessados inscrevam-se durante aPizza Literária de 18 de setembro.Estima-se um custo aproximado deR$ 30,00 por pessoa. Bebidas serãocobradas à parte de cada participante.

PRESENTE ESPECIALPara comemorar esta data tão

importante para todos os associados daregional Paulista, todos os participantesdeste jantar receberão um presenteespecialmente preparado para aocasião. PARTICIPE!

Tem gente que nem percebe ou

sequer tem consciência de que, a cada dia,está construindo um pouquinho da história.Que história? A do Ser Humano, oras! Sejacom grande evidência ou de forma discreta;seja com ações positivas ou com atitudesdestrutivas; seja em posições de destaqueou como meros coadjuvantes, seja comolíder ou como colaborador, todo ser humanoé parte indissociável da história e seu papeltem extrema importância no processoevolutivo como um todo.

Pense, por exemplo, no que vocêrepresenta na história de sua família, dobairro ou da cidade em que vive, daempresa em que trabalha, do clube quefreqüenta, das associações das quaisparticipa e tente perceber como seu papelé importante nesses lugares em que atuaou está. Sem você (sem nós) a históriasimplesmente não existiria, pois nãohaveria interação do ser humano com seuambiente e, sem isso, não haveria aevolução histórica ininterrupta e diuturnada humanidade.

Refletir sobre o papel do SerHumano nesse processo contínuo é algoempolgante e permite-nos, como exercício,evoluir. A simples consciência de que se faz

parte desse todo tão dinâmico e porten-toso é algo surpreendentemente motivador.

Certamente o leitor atento já deveter notado o quanto este veículo tem dadoênfase à “história” nas últimas edições. Arazão é uma só: o momento é propício, pois,em 18 de setembro, a regional paulista daSobrames comemora 20 anos de existência.Uma história e tanto quando se sabe daefemeridade da grande maioria dasassociações culturais neste país, que poucodá valor à cultura ou o faz de maneiraequívoca ou displicente.

Portanto, nós que temos feito ahistória da Sobrames-SP nesses últimos 20anos temos muito a comemorar. Nossalongevidade, por si, já é histórica. Quedizer, então, dos 43 anos de criação domovimento dos médicos escritores noBrasil, em 1965? Vale a pena refletir arespeito, pois a história não pára jamais.Agora mesmo, enquanto escrevemos estaslinhas, estamos recebendo importantesadesões de novos associados que vêm somargestos, fatos, atitudes e pensamentos paraengrandecer ainda mais esta tão empol-gante trajetória da Sobrames. Estamos

fazendo a história. Os editores

Page 3: O Bandeirante - n.189 - Agosto de 2008

3O Bandeirante - Agosto de 2008 - SUPLEMENTO LITERÁRIO

ÁguaDenise Máximo Lellis Garcia

Médica Pediatra

São Paulo - SP

ChuvaMichel Herbert Alves FlorêncioMédico Pediatra - São Luis - MA

Cai quente no corpo carenteCansado, suado, poenteBanha esse corpo valenteSedento do seu poderChora em mim água quenteSente o alívio correr

Escorre cuidadosamenteInventa sua nova vertenteAfoga a rotina insistenteBrota pro brilho nascerChove em mim água quenteEnche, transborda em prazer

Rola no rosto inocenteAcalma a boca tementeMolha de força a sementeRega de sonho esse serDesliza em mim água quenteFaz o meu gelo ferver

Inunda essa vida dormenteArrasta o que é aparenteEncharca essa face descrenteOuve o desejo crescerJorra em mim água quenteCumpre em mim seu dever

Viaja em mistério correnteLimpa essa angústia ardenteInvade a vontade iminenteRompe pro medo morrerDesmancha em mim água quenteCuida pra onda se erguer

Abraça essa luz na sua frenteReflete em tom transparenteEscancara a cor imponenteQue o dia tentou esconderExplode em mim água quenteDerrama em cores pra eu ver

Viaja no sonho afluenteAncora a coragem recenteDeságua pra luz reviver

Leva essa raiva doenteLava a mentira evidenteDeixa a verdade vencer

Queria ser a chuvaque molha,que pinga seu telhado,Que te faz pensar eque te faz lembrar...

Chove que chovee não deixa parar.Quero apenas meu Deus,que pare de relampejar.

Pois a chuvanão mais é ira,é lira de poetaque sabe amar.E busca na chuva,na gota da chuva,o seu inspirar.

Zé Doca, 15 de dezembro de 1988(primeira incursão literária)

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SUPLEMENTO LITERÁRIO - O Bandeirante - Agosto de 20084

José Leopoldo Lopes de OliveiraMédico - Osasco - SP

Episódios cubanos(Impressões de 20 dias

na Ilha, em 2005)

Os nativos da ilha de Fidel são maiscomunicativos que “el comandante” e assediam osturistas onde se encontrem. Eu ia a pé em companhiada mulher pelas imediações do hotel onde fiquei – oHavana Livre, ex Havana Hilton, recém-inauguradopor ocasião da vitória revolucionária e expropriadopela revolução - , quando fui abordado por doisenormes mulatos (jogadores de basquete?) que, aosaberem sermos brasileiros, brincaram com minhasilhueta falando que no Brasil há muitos comilões pelafartura de comida e que, em Cuba, agora falandobaixo para não serem ouvidos, disseram-seuniversitários e que, apesar da aparência atlética, suasituação era difícil, não tendo o que comer além dacesta básica muito pobre oferecida pelo governo.

Fiz uma cara de preocupação e disse que omundo é cruel e o povo ingrato porque não alcança adificuldade de líderes como Fidel, pensando só no bem-estar dos cubanos, não mediu esforços em preservaros companheiros da ilha do excesso de colesterol etriglicérides, afastando com isso o perigo de infartose outros problemas advindos do exagero no comer.Revolucionário é comer pouco e andar muito e Cubamais uma vez está na vanguarda do bem-estar. Emhavana é melhor ir a pé que usar a condução, umdaqueles antigos papa-filas, incertos, sem horário fixo,sempre apinhados, sem ordem quanto a entrada esaída, apelidados de “água-água” (camelo) na língua,essa sim, livre de Cuba. Não fui contestado e os doisforam-se sem despedirem-se.

Curiosidade: o bairro onde se situa o ex-HavanaHilton é dos melhores da cidade, próximo àUniversidade Nacional, com belas casas enormes,agora em desmanche pela falta de conservação, muitoarborizado e chama-se Vedado, porque o era para ospobres antes da revolução. Hoje são habitaçõescoletivas, prédios governamentais, etc., ocupados pelosirmãos, companheiros, iguais, vivendo solidários como salário de 20 dólares mensais. Que ricos! Esse é osocialismo cubano.

(***)Passeando pelo centro velho – Casco Viejo – de

Havana fui abordado por um grupo de 6 ou 7 pessoasque queria saber de onde eu viera. Fiquei calado eeles insistiram com as várias línguas com que abordamos turistas para vender traquitanas, cigarros, bebidas,

recuerdos, charutos, tudo pelo mercado clandestino,falando: de que país son, are you english, sono italiani,son de France, German? Etc..

Parei e respondi calmamente apenas:Bussarábia. Silêncio. Dúvidas no ar. Nova saraivadade perguntas: que léngua habla? Parle vous français?Speak english? E até árabe, imagino. Fiz um gesto decalma com a mão e bem alto, escandindopausadamente respondi: Bus - sa – ra – bês! Fim datentativa de diálogo.

(***)Uma companheira de trabalho pediu-me que

trouxesse de Cuba uma pedra, uma qualquer que nãoocupasse espaço, para juntá-la numa fonte que enfeitaum jardim em casa, onde faria companhia a outras devários cantos do mundo, recolhidas pelos amigos queviajam e, assim, ela teria também uma lembrançaminha.

Na volta relatei que a viagem seria perfeita,não fosse o retorno tumultuado pela apreensão deminha mala na alfândega cubana porque trazia“material proibido”: uma pedra de rocha radioativausada para fins militares estratégicos. Só depois demuito argumentar que minha mulher e eu, brasileiros,médicos, aposentados e etc., atraídos pela indiscutívelbeleza da ilha, pela grande amizade nutrida pelo povocubano, irmão latino, jamais imaginaríamos que umasimples pedra recolhida no caminho para uma fazendaem Trinidad fosse material de tanta importância e quesó a recolhêramos como recordação do solo mágicode cuba e a pedido de terceira pessoa e tudo, enfim,terminou sem traumas, após convencerem-se de nossaverdade e evitarmos um incidente diplomático.

Essa foi a história contada e que a amigaadotou como sua e passa adiante com acréscimos esempre empolgada com uma ponta de orgulho dequase ter criado um incidente internacional Brasil-Cuba, e quando estou perto ouvindo confirmo comaceno de cabeça. Como contar a verdade e tirar doimaginário de alguém uma história tão real e própriade quem a dissemina com tanto prazer? Aceitosugestões.

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5O Bandeirante - Agosto de 2008 - SUPLEMENTO LITERÁRIO

Concentração

Lucila Camargo Lopes de OliveiraMédica pediatra - Sorocaba - SP

Esta eu escrevo a pedidos: pedido de pai, que semprevê qualquer produção do filho como quase uma obra-prima.Vamos lá! Especial para 50% da minha carga genética. Xiii!Agora lembrei da piada do argentino que diz que quer ser igualao pai para “ ter um hijo como jo”. Quando duas culturasencontram-se, é inevitável a comparação.

A minha banheira tinha um vazamento e por isso escrevium e-mail para o zelador, contando o problema. Sem avisoprévio, minha campainha toca no meio de um dia de semana eeu, que por coincidência encontrava-me presente por ocasiãoda instalação da Internet, atendo sem saber bem do que setrata. Eram dois homens de meia idade que queriam saber dovazamento para então solicitarem o conserto. Logo percebemque meu Alemão é ainda um tanto capenga, desculpam-se pornão falarem inglês, mas o recado é passado. A questão ficapara quando agendar o conserto e, para isso, eles ficam deentrar em contato por telefone. Telefone pra mim aqui é aindauma questão complicada da qual procuro esquivar-me quandopossível. Não era possível, então reforço “Por favor, Alemãodevagar ao telefone”.

Se teu nome não fosseesquecimento,dele eu lembraria,jamais esqueceria.Acontece que não ée daísaio a te procurar.

Onde estiveres vou te resgatarnão adianta lamentarnem desistir de te buscarporque não basta insistir

EsquecimentoCamilo André Mércio Xavier

Médico ortopedista - Ribeirão Preto - SP

Cerca de dois dias após, estou no metrô e toca o celular,:número desconhecido. Atendo já em estado de alerta quandoouço uma voz em Alemão:

- Gos-ta-ria, por fa-vor, com -frau Ca-mar-go falar -(assim é a estrutura da frase traduzida literalmente). A-qui é oen-ca-na-dor, a res-pei-to de um va-za-men-to.

-Sim, sou eu.-Se-ria pos-sível pa-ra est-a quin-ta-fei-ra um con-ser-

to agen-dar-mos?Foi uma das conversas mais bem articuladas que tive

aqui. Digo isso por parte do encanador, pois da minha parte asrespostas eram as mais curtas e simples possíveis.

Às vezes, eu complementava:- “Noch Einmal, bitte!” (mais uma vez, por favor)- Sa-be, se-nho-ra, se pa-ra o vi-zi-nho de bai-xo nes-te

ho-rá-rio pos-sí-vel? Ainda mais devagar.Agradeci a atenção. Não tenho do que me queixar do

pessoal aqui em geral.Quando terminamos a conversa, comecei a rir da situação,

acompanhada por meio vagão do metrô.O encanador apareceu no dia marcado, apresentou-se

como aquele que tinha falado comigo ao telefone e logoperguntou se eu falava inglês. O inglês dele era perfeito e tudodeu certo.

No laboratório fui contar a um colega o momento quetivera no metrô, com o encanador falando bem pausado, comotinha sido divertido e como estava agradecida pela atitude. Elesempre muito educado, ajuntou:

- Naturalmente fariam os brasileiros o mesmo por mim, seeu lá estivesse.

- Não, respondi. - Acho que talvez a maioria gritassecom você, tentando facilitar a compreensão.

é também preciso descobrirem que lugar foste pararse deixaste rastro ou pista.

Enquanto espero,mesmo não sendo forçado,pretendo ficar ligado,produzindo movimentoscom as mãos e os dedos.Com os pés firmes,darei passos cadenciadospara algum lugar eles vão me levar.

Certo não me sinto perdidomas se as coisas não aconteceremnão deixarei de mostrara todos e a mim mesmoo significado da minha buscae o que desejo encontrar.Qualquer nome que tenha,vou mantê-lo bem guardadopara não mais deixá-lovoltar a escapar.

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SUPLEMENTO LITERÁRIO - O Bandeirante - Agosto de 20086

Lágrima

Nelson JacinthoMédico Ortopedista

Ribeirão Preto - SP

Pérola doce... salgada...Que sai de dentro da gente...Nunca tem hora marcada,Para que esteja presente...

Ela vem quando se chora...Quando se ri de contente...Quando a amada foi embora...Quando se perde um parente...

É gota d’água do corpo.É gota d’água da alma,Às vezes nos aborrece,Muitas vezes, nos acalma...

Quem chora, lava seus olhos,Lava su’alma também,Joga p’ra fora a amargura,Que dentro d’alma se tem...

Soberba face a nos olhar do alto ...Dois peregrinos, pobres pecadores...contínuos passos no ardente asfalto,seguindo em frente apesar das dores.

Silêncio agudo intermitente cessano murmurinho do cansaço aflitoda volta a casa, caminhada inversalouca alegria que antecede o grito.

Contínuo olhar na face continua ...Expectante, espera o finalmente

doce retorno através das ruassob o calor do sol, brilho inclemente.

E do cansaço do guerreiro triste,se faz poesia na chegada ao porto,

desvia os olhos o Senhor do mundo,busca outros passos através das horas.

Olhar de Deus

Wilma Lúcia da Silva MoraesMédica Anestesiologista

Americana - SP

Férias de janeiro. Trinta dias pela frente para brincar.Praia, sol, amigas. Num alegre entardecer, eis que vem à mentea divertida idéia: Vamos pescar amanhã? Vamos. Meu paiarrumava as varinhas de bambu, minha mãe, os lanches. Meuavô materno preparava uma isca infalível, com algodão, queijoralado e miolo de pão bem misturados. Levantávamos cedo epassávamos no mercado para pegar cabeças de peixedestinadas a servirem de iscas para os siris.

Num carro simples, íamos até o braço de mar, queficava distante de casa cerca de quarenta minutos. Era umlugar plano, onde o barulho seco da água caudalosa que batiana murada ecoava e fazia-nos vibrar de contentamento. Meuavô colocava um banquinho à beira da água. Cuidadosamente,punha a isca no anzol e fixava a vara no chão de terra. Ele

tinha todo um método para pescar. Colocava um guizo na pontada vara e, assim, quando o peixe era fisgado, “avisava-o”.

Ora eu, ora um de meus irmãos cuidávamos do puçácom as cabeças de peixe. Vez ou outra, nós o puxávamos paraver se algum siri havia sido pego. Dependendo da época,pegávamos siris aos montes e a tarefa de guardá-los no samburáficava a cargo de meu pai ou de um de meus irmãos, maisexperientes do que eu.

Passávamos o dia lá, pescando bagres, pescadas,guaruzinhos, mas, também, enguias e aquele peixe que incha,o baiacu. Ao entardecer, era hora de voltar, pois os pernilongose os borrachudos começavam a “atacar”.

Lembro-me de um episódio que acontecera certa vez.Ao chegarmos a nossa casa, com o samburá repleto de siris,meu pai depositou-os no tanque para uma primeira lavada.Dava-me aflição ver aquele monte de pernas, mexendo-se umassobre as outras, mas, enfim, era o costume colocá-los dentro deuma panela com água e fervê-los. Ouvíamos o arranhar dometal e os bichos cada vez mais enfurecidos, até que de repente,a vingança deles teve êxito: a panela virou e dezenas de sirisespalharam-se pela cozinha, atingiram a sala, entraram no quartoe até desceram alguns degraus da escada que ia dar na garagem.Foi um tal de correr atrás de cada siri, pegá-los um a um edevolvê-los à panela! Meu pai e meus irmãos corriam atrásdeles pela casa toda. Deu um trabalho danado, mas foramresgatados com agilidade impressionante, quer pegos com amão, quer com os chinelos. De vez em quando ouvia-se um“ai”, “sai”, pois para defenderem-se, os bichos queriam pegarseus algozes com suas afiadas pinças.

Na hora do jantar, aquela carne branca e macia erasaboreada por todos nós. Mal se sabe o trabalho que dá pescarsiris!

Aquele dia,os siris

Ligia Terezinha PezzutoJornalista - São Paulo

Page 7: O Bandeirante - n.189 - Agosto de 2008

7O Bandeirante - Agosto de 2008

,tam-bém

REVISÃOde textos em geral

Ligia PezzutoEspecialista em Língua Portuguesa

(11) 3864-4494 ou 8546-1725

ROBERTO CAETANO MIRAGLIAADVOGADO - OAB-SP 51.532

ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENSNEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO

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agenda

SETEMBRO - 4 reunião de diretoria

18 Pizza Literária (eleições e

Aniversário da SOBRAMES-SP) / 26

Jantar de 20 Anos da Sobrames-SP

OUTUBRO - 2 reunião de diretoria /

16 Pizza Literária.

NOVEMBRO - 6 reunião de diretoria

13 Pizza Literária

DEZEMBRO - 2 Lançamento da

Coletânea 2008 / 4 reunião de

diretoria / 18 Pizza Literária (posse

da diretoria eleita para 2009/2010)

As Pizzas Literárias acontecem na PizzariaBONDE PAULISTA, na Rua Oscar Freire, 1.597 -Pinheiros - 19h30. As reuniões da diretoriaacontecem no Centro de Estudos do HospitalSão Camilo - Av. Pompéia - 1.178 - Pompéia -19h30. O Jantar de 20 Anos da Sobrames-SPserá realizado no dia 26.09.2008 no restauranteMare D’Itália - Rua Joaquim Floriano, 211 - ItaimBibi - 20h30. O lançamento da coletânea 2008,“A Pizza Literária - décima fornada” serárealizado no dia 02.12.2008 na Casa das Rosas,Espaço Haroldo de Campos de Poesia eLiteratura - Av.Paulista, 37 - Bela Vista - 19h30.

Eleições para escolha dadiretoria 2009/2010

No próximo dia 18 desetembro, serão reali-zadas as eleições paraescolher a nova di-retoria da regionalpaulista da Sobrames,para o biênio 2009/2010. Encerrado o

prazo regulamentar para as inscrições,apenas uma chapa apresentou-se. Trata-se da denominada “Renovado Amor àSobrames-SP”, que está assim composta:Presidente: Helio Begliomini; Vice-presidente: Josyanne Rita de ArrudaFranco; Primeira-secretária: LigiaTerezinha Pezzuto; Segunda-secretária:Maria do Céu Coutinho Louzã; Primeiro-tesoureiro: Marcos Gimenes Salun;Segundo-tesoureiro: Roberto AntonioAniche; Conselho Fiscal (efetivos): FlertsNebó, Carlos Augusto Ferreira Galvão eLuiz Jorge Ferreira; Conselho Fiscal(suplentes): Rodolpho Civile, Geovah Pauloda Cruz e Helmut Adolf Mataré. Têm direitoa votar todos os associados com mais deum ano de filiação à Sobrames e queestejam quites com a tesouraria.

Décima fornadajá está crescendo

Continuam sendo enviadas ascorrespondências para os associadosda regional São Paulo, contendo todasas informações necessárias para aparticipação na próxima fornada dacoletânea “A Pizza Literária”. Trata-seda décima edição dessa obra que já setornou tradicional na SOBRAMES-SP eé conceituada em todo o Brasil. Elaestá sendo produzida no sistemacooperativo entre os autores e temlançamento previsto para o dia 2 deDezembro, às 19h30, na Casa das Rosas.Os interessados poderão participarcom textos em prosa ou verso e a cadapágina contratada o autor receberá 5(cinco) exemplares da obra. Cadaautor poderá contratar quantaspáginas quiser, sendo que o númeromínimo de páginas por autor é de 5(cinco). Os textos devem ser gravadosem disquete, programa Word, na fonteTimes New Roman, corpo 12 e devemser acompanhados de uma via impressa.O endereço para envio do material é:Rumo Editorial Produções e EdiçõesLtda. - Av. Prof. Sylla Mattos, 652 -conj.12 - São Paulo. CEP 04182-010.Maiores detalhes estão na cor-respondência específica que estásendo enviada aos associados. Outrasinformações podem ser obtidas pelotelefone (11) 9182-4815, com MarcosSalun ou pelos endereços de e-mail:[email protected] ou [email protected]. PARTICIPE!

Nossos autores naBienal do Livro 2008

De 14 a 24 de agosto de2008, São Paulo foi palcode um dos maiores even-tos literários de toda aAmérica Latina: a 20ª.Bienal do Livro. Váriosmembros da Sobrames

Paulista marcaram presença nessa festaliterária. Dentre eles, destacamos:

Luiz Jorge Ferreira foi um dos co-autoresdo “Livro de Todos”, dando continuidadeao primeiro capítulo escrito por MoacyrScliar, num projeto virtual da CâmaraBrasileira do Livro. O lançamento da obrafísica ocorreu no dia 16 de agosto de 2008,no estande da Imprensa Oficial do Estado.

Josyanne Rita de Arruda Franco lançou“Florfinha, a flormiguinha”, livro infantilque conta a vida de uma formiga diferentedas demais, que acredita no seu valor econsegue destacar-se na sua comu-nidade.O lançamento ocorreu nos dias 15e 24 de agosto no estande da In HouseEditora.

Karin Schmidt Rodrigues Massaro parti-cipou de sessão de autógrafos da antologia“O Talento Brasileiro em Prosa e Verso”,obra publicada pela Rede Brasileira deEscritoras - REBRA, além de apresentaçãode seu mais recente livro de poesias,“Sangue Quente”, no dia 22 de agosto, noestande SCORTECCI Editora.

Helio Begliomini, também no estande daSCORTECCI Editora, expôs vários títulosde sua autoria durante toda a feira.

Hino da Sobrames-SPOs jurados já receberam as letras paraavaliação. Os envelopes com os votosdevem ser enviados para Marcos Salun -Av.Prof.Sylla Mattos, 652 - conj.12 - SãoPaulo - CEP 04182-010. A revelação dovencedor será na reunião da diretoria de 2de outubro, no Centro de Estudos doHospital São Camilo Pompéia, às 19h30,aberta a todos os membros da entidade.

Concursos em 2008Na próxima edição de “O Bandeirante”,daremos informações parciais sobre osconcursos que estão em andamento:Prêmios Literários de Prosa (Flerts Nebó),Poesia (Bernardo de Oliveira Martins);Assiduidade (Rodolpho Civile) e MelhorDesempenho (Aldo Miletto). Participe dasatividades e concorra!

Page 8: O Bandeirante - n.189 - Agosto de 2008

O Bandeirante - Agosto de 20088(Continuação da primeira página)

Um pouco de históriaA reativação da Sobrames Bahia

ocorreu em 26 de novembro de 1993,quando era presidente WaldenioFlorêncio Porto (1992-1994). Na gestãode Pedro Henrique Saraiva Leão(1996-1998), houve a reativação daregional do Maranhão. Durante omandato de Helio Begliomini (1998-2000), foram reativadas as regionais doPiauí, em 28 de maio de 1999; a daParaíba, em 16 de setembro de 1999 ea de Alagoas em 3 de maio de 2000.

Sobrames Paulista

O núcleo de médicos escritoresdo Estado de São Paulo sob a sigla deSbem excluiu-se da entidade nacionalcom a sigla de Sobrames.

Após um hiato de nove anos,nasceu a regional de São Paulo daSobrames, quando era presidente daSobrames nacional Milton HênioNetto de Gouveia (1988-1990). Emboraa regional paulista chegasse a contarcom cerca de cinco sócios da antigaSbem e de ter sido a sede históricaoriginária da entidade, sempreconsiderou, desde seu início, a dataoficial de sua fundação comoSobrames, somente em 1988, uma vezque a diretoria da antiga Sbem nãoaceitou e não ratificou a mudança donome aprovada por decisão soberanae democrática da Assembléia Geralrealizada em 27 de setembro de 1979,e fez questão peremptória de não termais qualquer vínculo com a Sobramesnacional e suas regionais.

A regional de São Paulo daSobrames foi fundada em 16 desetembro de 1988, na Pizzaria Ilha deCós, na rua Pedro de Toledo, no bairrode Vila Clementino. A regional do Riode Janeiro foi a grande fomentadorapara que surgisse a afiliada paulista,graças ao grande protagonismo deMaria José Werneck, ex-presidente daregional fluminense (1984-1985, 1990-1991, 1994-1995 e 1996-1997); Syllosde Sant´Anna Reis, na ocasião, seupresidente (1988-1989); Paulo Silva deOliveira, cujo nome artístico é PauloFatal, que, posteriormente, também foiseu presidente (1998-1999); e AndréPetrarca de Mesquita, ex-presidente daregional fluminense (1978-1979), poisnão mediram esforços para comparecerna capital paulista, naquela memorávelnoite.

Considerações Finais

De forma bem sumariada, pode-se dizer com relação à história daSobrames nacional e paulista:

1. A Sociedade Brasileira deMédicos Escritores – Sobrames – foifundada na cidade de São Paulo, em23 de abril de 1965 (há 43 anos!), porEurico Branco Ribeiro, notávelcirurgião e literato, radicado nestacapital, oriundo de Guarapuava –Paraná. O primeiro nome da entidadeera “Sociedade Brasileira de EscritoresMédicos” – Sbem.

2. A Sociedade expandiu-se e, em vários Estados, foram abertasregionais. O Estado de São Paulo foio quinto a ter uma regional, fundadaem 28 de dezembro de 1971, uma vezque, nos primeiros anos, a atuação dadiretoria da entidade nacional, porlocalizar-se no mesmo domicílio,supria a demanda administrativaestadual.

3. Em 27 de dezembro de1979, numa Assembléia Geralrealizada na cidade de BeloHorizonte, resolveu-se modificar onome da entidade para SociedadeBrasileira de Médicos Escritores –Sobrames, uma vez que seusprotagonistas defendiam a idéia de queseus membros eram primeiramentemédicos e depois escritores.

4. Tal modificação foi aceitapor todos os Estados, menospelos membros de São Paulo, uma vezque defendiam a tradição do nome.Não houve acordo. Os paulistas daSbem não acataram a decisãodemocrática, segregando-se dosescritores das regionais da Sobrames.A Sbem de São Paulo caminhousozinha por mais alguns anos, fazendoquestão de não ter qualquer vinculaçãocom a Sobrames, e desapareceu.

5. A regional paulista daSobrames foi fundada em 16 desetembro de 1988, graças ao estímulode membros da regional do Rio deJaneiro, destacando-se os nomes deMaria José Werneck, Syllos de Sant’Anna Reis, Paulo Silva de Oliveira(Paulo Fatal) e André Petrarca deMesquita.

6. Os membros da Sobramesde São Paulo, desde o seu início, nuncase consideraram continuadores donúcleo de médicos escritores paulistasdenominado Sbem, mas sim,iniciadores de uma nova regional daSobrames nacional que, através daatuação incisiva e carinhosa demembros da regional fluminense,incentivou-os e acolheu-os, abrindo-lhes as portas e dando-lhes abrigo naentidade nacional.

Tivemos o privilégio de sermembro por dois anos e meio daregional do Rio de Janeiro (1986-1988), num período que inexistia arepresentação paulista da Sobrames.Fomos um de seus fundadores, ao ladode Flerts Nebó, nosso grandeprotagonista, e Luiz Jorge Ferreira,dentre outros. Tivemos a honra de service-presidente da Sobrames paulistapor dois mandatos (1988-1990 e 1990-1992); presidente (1992-1994 e 2007-2008); e presidente da SobramesNacional (1998-2000). Assim, temossido testemunha ocular da história daentidade nacional por 22 anos!

Essas considerações, porocasião do vigésimo aniversário daSobrames – SP, visam enaltecer umpassado difícil, por vezes acerbo, masque, com trabalho, perseverança,idealismo, desprendimento, amor egalhardia de seus diletos membros auma causa nobilíssima, tem sido muitoprofícuo em empreendimentos erealizações que extrapolam seus limitesterritoriais.

(parte II)