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1 O BANCO MUNDIAL EM MOÇAMBIQUE Banco Mundial Ave. Kenneth Kaunda # 1244 Maputo, Mozambique Tel.: 49-28-41/51/61/71 Fax: 49-28-93 E mail : [email protected]

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OO BBAANNCCOO MMUUNNDDIIAALL

EEMM MMOOÇÇAAMMBBIIQQUUEE

Banco Mundial Ave. Kenneth Kaunda # 1244

Maputo, Mozambique Tel.: 49-28-41/51/61/71

Fax: 49-28-93 E mail : [email protected]

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PRÓLOGO

Em Novembro passado, o Sr. Darius Mans, Director do Banco Mundial para Angola, Malawi e

Moçambique, convidou-me a endereçar algumas palavras sobre a próxima edição da nova

brochura "O Banco Mundial em Moçambique", publicada pela Missão do Banco Mundial em

Moçambique. Desde o começo, em meados dos anos oitenta, que tenho vindo a seguir com

atenção, o envolvimento e acção do Banco Mundial neste país, daí a ter aceite o convite, na

intenção de expressar de forma breve e simples que tenho testemunhado a intervenção

relevante do Banco Mundial em Moçambique durante os últimos 17 anos.

Contudo, ao olhar para o conjunto de assuntos cobertos por esta segunda edição da brochura,

apercebi-me de que a justiça deve ser feita, e que tenho que fazer mais. A brochura evidencia

um elemento adicional chave. Nota-se que, a actual acção do Banco Mundial em Moçambique é

sistematicamente sincronizada com o conjunto de áreas prioritárias seleccionadas a nível

interno. Trata-se portanto, de uma intervenção relevante e orientada para as necessidades. De

facto, esta brochura mostra que o Banco Mundial presta assistência à educação (incluíndo o

ensino superior), saúde, desenvolvimento de infra-estruturas (incluíndo estradas, transporte,

energia e água), agricultura e desenvolvimento rural, boa governação (a reforma do sector

público, incluindo a desconcentração e descentralização), gestão macroeconómica,

desenvolvimento do sector privado e meio ambiente. Estas áreas de acção estão em

conformidade com a (e explicitamente identificadas na) estratégia Governamental para a

redução da pobreza e promoção do crescimento económico (PARPA).

Temos portanto de reconhecer que a assistência do Banco Mundial a Moçambique melhorou

substancialmente num contexto em que existe um fortalecimento e expansão da necessária

apropriação pelos nacionais das políticas do sector público no país. Esta evolução positiva

aumenta as responsabilidades do Governo de manter uma melhoria permanente das suas

capacidades de planificação assim como maior eficácia e eficiência na implementação dos

programas adoptados e na utilização dos recursos.

Finalmente, tenho que congratular a Equipa de Moçambique pela sua contribuição para o

sucesso das realizações acima mencionadas assim como pela presente e excelente edição da

brochura "O Banco Mundial em Moçambique".

Luísa Dias Diogo

Ministra do Plano e Finanças

Dezembro de 2002

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Prefácio

É com imenso prazer que a representacao do do Banco Mundial em Moçambique publica a sua segunda edição da Brochura " O Banco Mundial em Moçambique." Esperamos que esta brochura venha a possibilitar um entendimento sobre o Grupo do Banco Mundial em geral e particularmente sobre o que fazemos em Moçambique.

No momento em que entramos no novo milénio, o Governo, através do seu Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), continua a trabalhar para combater a pobreza e melhorar o padrão de vida as populações, através de um enfoque na prestação de serviços sociais e na promoção de um crescimento e investimentos sustentáveis. Livrar o país da pobreza constitui um empreendimento gigantesco e complexo. As soluções estão longe de ser simples e os desafios são multifacetados; necessitam que as pessoas, grupos e instituições se juntem para realizar uma série de tarefas num esforço colectivo. É momento de agir com urgência e responsabilidade; só com parcerias fortes - locais, nacionais, regionais e globais - é que seremos bem sucedidos na luta contra a pobreza.

O Grupo Banco Mundial continuará a apoiar activamente a implementação do programa de desenvolvimento do Governo de Moçambique conforme definido no Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), através de um programa específico, traçado na Estratégia de Assistência ao País. Um aspecto crucial da Estratégia de Assistência ao País continuará a ser o desenvolvimento de parcerias, não apenas com o Governo, seu cliente principal, mas também com doadores, ONGs e sociedade civil.

Darius Mans

Director

Angola, Malawi and Moçambique

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Prefácio

Prefácio ………………………………………………………….........i

Índice ………………………………………………………….........ii

Lista de Abreviações ………………………………………………………….........iii

O Grupo Banco Mundial …………………………………………………………........1

O relacionamento entre o Banco Mundial e Moçambique ………………………….....................3

Estratégia de Assistência ao País (CAS) ………………………………………………….........5

Operações de Ajustamento e MacroEconómicas ………………………………………6

Administração do Sector Público ………………………………………8

Desenvolvimento do Sector Privado e Financeiro ……………………………………....10

Educação e Capacitação ……………………………………....12

Sector de Saúde ……………………………………....14

Agricultura e Desenvolvimento Rural ……………………………………....17

Sector de Energia …………..…………………………..19

Infra-estrutura e Sector de Transportes ............................................................20

Meio Ambiente ............................................................23

Sector Urbano e Águas .....................................................................................26

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Lista de Abreviações

A ANE Autoridade Nacional das Estradas

APL Adaptable Program Lending

B BoM Banco de Moçambique

C CAS Estratégia de Assistência ao País

CFM Caminhos de Ferro de Moçambique

CPPR Análise do desempenho da Carteira de Projectos do País

CIDA Agência Canadiana para o Desenvolvimento Internacional

D DNA Direcção Nacional de Águas

DNAC Direcção Nacional de Áreas de Conservação

DNEP Direcção Nacional de Estradas e Pontes

DNFFB Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia

DNGA Direcção Nacional para a Gestão Ambiental

DNPO Direcção Nacional do Plano e Orçamento

E EMPSO Gestão Económica e Operações do Sector Privado

`

ENH Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique

ESSP Programa Estratégico para a Educação

ESRP Programa de Reabilitação Económica e Social

F FRP Feeder Roads Program

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G GDP Gross Domestic Product

GEF Global Environmental Facility

GNP Gross National Product

GoM Governo de Moçambique

GTRAP Grupo Técnico da Reforma Administrativa Pública

H HIPC Heavily Indebted Poor Countries

I IBRD (BIRD) Banco Internacional de Reconstrução e de Desenvolvimento

ICSID Centro Internacional para a Resolução de disputas de Investimento

IDA (ADI) Associação para o Desenvolvimento Internacional

IDF Institutional Development Fund

IFC (CFI) Corporação Financeira Internacional

IMF (FMI) Fundo Monetário Internacional

L LAM Linhas Aéreas de Moçambique (National Airlines)

M MAE Ministério da Administração Estatal

MADER Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

MICT Ministério da Indústria e Comércio

MIGA Agencia Multilateral para Garantias de Investimento

MINED Ministério da Educação

MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia

MITUR Ministério do Turismo

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MISAU Ministério da Saúde

MPF Ministério do Plano e Finanças

MOPH Ministério das Obras Públicas e Habitação

MTC Ministério dos Transportes e Comunicações

N NES Estratégia Nacional da Educação

ONG Organização Não Governamental

NDF Fundo Nórdico para o Desenvolvimento

O

P PARPA Plano de Acção para a Reducção da Pobreza Absoluta

PEE Plano Estratégico da Educação

PER Revisão da Despesa Pública

PFP Policy Framework Paper

PODE Programa de Desenvolvimento Empresarial

PRSC Crédito para o PARPA

PRSP Plano de Acção para a Reducção da Pobreza Absoluta

PROAGRI Agriculture Sector Public Expenditure Program

R ROCS Roads and Coastal Shipping

RBMMP Projecto de Gestão e Manutenção de Estradas e Pontes

RWSS Saneamento e Água Rural

S SCR Sistema de Carreiras e de Remuneração

SEMF Plataforma de Gestão Estratégica do Meio Ambiente

SGRH Sistema de Gestão de Recursos Humanos

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SIP Sistema de Informação de Pessoal

SWAP Sector Wide Approach

SDC Cooperação Suissa para o Desenvolvimento

SIDA Agência Suèca para o Desenvolvimento Internacional

SNS Serviço Nacional de Saúde

T TDM Telecomunicações de Moçambique

TFCA Area de Conservação Transfonteiriça

U UEM Universidade Eduardo Mondlane

UTRESP Unidade Técnica de Reforma do Sector Público

V

W

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O Grupo Banco Mundial

O Banco Mundial, fundado em 1944, na Conferência de Bretton Woods, é uma instituição de desenvolvimento cuja missão é lutar contra a pobreza e elevar os padrões de vida das pessoas no mundo em desenvolvimento. Providencia empréstimos, assessoria no desenho de políticas, assistência técnica e serviços de partilha de conhecimentos.

A expressão "Banco Mundial" engloba tanto o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento assim como a sua associada, a Associação para o Desenvolvimento Internacional, que são propriedade dos países membros que detêm o poder de decisão.

O Grupo Banco Mundial inclui as seguintes instituições:

O Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), estabelecido em 1945, é a maior das instituições associadas. O BIRD é uma cooperativa financeira pertencente aos Governos de 183 países que subscreveram ao seu capital. Providencia empréstimos e assistência para o desenvolvimento a países de rendimento médio e aos países mais pobres dignos de crédito. O BIRD obtém a maior parte dos seus fundos através da venda de acções nos mercados financeiros internacionais e concede empréstimos aos países membros a juros de mercado. O acumulado dos empréstimos até hoje é de mais de USD$360 Biliões.

A Associação para o Desenvolvimento Internacional (ADI), estabelecida em 1960, é o braço do Banco que Concede empréstimos e presta um apoio crucial a missão de redução da pobreza do Banco. A assistência da ADI está concentrada nos países mais pobres, aos quais providencia empréstimos a juros muito baixos assim como outros serviços. No ano fiscal de 2001, 78 países foram elegíveis a empréstimos da ADI.

A Corporação Financeira Internacional (CFI), estabelecida em 1965, promove o crescimento económico nos países em desenvolvimento através do financiamento de investimentos do sector privado com empréstimos e participações financeiras, mobilizando capital no mercado financeiro internacional e providenciando assistência técnica e assessoria a governos e empresas privadas. A CFI também fomenta a criação eficiente de capital e de mercados financeiros. Embora as operações da CFI complementem e estejam muitas vezes coordenadas com as outras instituições do Banco Mundial, a CFI é legalmente e financeiramente independente, com Contratos próprios, participações de capital e pessoal. Hoje com mais de 175 países membros, 26 biliões de dólares americanos em activos e 2.4 biliões de dólares americanos no mercado de capitais, a CFI é a maior fonte multilateral de financiamento para projectos do sector privado no mundo em desenvolvimento. Cerca de 16 por cento da sua carteira encontra-se investido na África Sub-Sahariana.

A Agência Multilateral de Garantia de Investimento (MIGA), estabelecida em 1988 tem um mandato duplo. Encorajar o investimento estrangeiro nos países em desenvolvimento através da concessão de seguro de risco político contra os riscos de transferência de

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fundos, expropriação, guerra e distúrbios civis, assim como estender serviços do mercado de investimento de forma a promover oportunidades para o investimento privado. A MIGA comporta 154 membros com garantias acumuladas emitidas de aproximadamente 9.1 biliões de dólares americanos.

Centro Internacional para a Resolução de Conflitos de Investimento (ICSID), foi criado em 1966 para ajudar a encorajar o investimento estrangeiro através da cedência de instalações internacionais para a conciliação e arbitragem de disputas de investimento. O ICSID possui igualmente serviços de pesquisa e edição nas áreas de lei de arbitragem e de investimento estrangeiro.

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As Relações entre o Banco Mundial e Moçambique

Moçambique iniciou as primeiras conversações com o Banco Mundial e o FMI em 1984. Desde 1986, o Banco Mundial tem procurado apoiar activamente os esforços de recuperação económica do Governo. Os empréstimos da ADI, na última década incluíram uma combinação criteriosa de apoio ao ajustamento e ao investimento. Para além disso, a ADI prestou assessoria técnica em uma variedade de áreas de desenvolvimento, desde a redução da pobreza e redes de segurança, ao desenvolvimento do sector privado, protecção ambiental e administração macroeconómica.

Até hoje, já foram concedidos sete créditos de ajustamento e 37 créditos de investimento num total de aproximadamente 2.4 biliões de USD (Ver Quadro 1). Nos últimos 12 anos, foram desembolsados um total de 1.6 biliões de USD, cerca de 150 milhões de USD por ano. Actualmente (desde Novembro de 2002), a carteira de créditos da ADI em relação a Moçambique compreende 15 créditos activos de investimentos, quatro (4) projectos em preparação e uma operação de ajustamento. O montante total prometido pela ADI é de 1,071.65 milhões de USD (ver Quadro 2), dos quais 660.83 milhões de USD (cerca de 62% do total da carteira) encontra-se já disponibilizado.

Os quatro projectos que se encontram em preparação são: (i) Reforma do Sector Público (ii) Programa multisectorial de SIDA Moçambique (iii) Projecto de Reforma Energética e (iv) Planificação e Finanças Descentralizadas.

Desembolsos dos Empréstimos do Banco Mundial

1990 - Novembro de 2002

(Milhões de USD)

Ano-final Investimento Ajustamento Total Total Acumulativo

1990 11.0 34.7 45.7 45.7

1991 28.5 60.0 88.5 134.2

1992 33.1 3.2 36.3 170.5

1993 46.71 81.9 128.61 299.11

1994 44.4 63.1 107.5 406.61

1995 91.2 105.8 197 603.61

1996 104.6 46.7 151.3 754.91

1997 114.6 148.1 262.7 1,017.61

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1998 85.1 46.5 131.6 1,149.21

1999 79.5 120.0 229.5 1,378.71

2000 97.5 - 97.5 1,476.21

2001 89.6 - 89.0 1,565.81

2002 55.74 63.5 119.24 1,685.05

A proporção relativa do principal sector na carteira não mudou de forma significativa, desde 1997. O sector de transportes continua a responder pela maior parte (38%), seguido pela Educação (16%), Águas e Urbanização (14%), Saúde (13%) e Agricultura (4%), conforme representado no diagrama que se segue. Houve uma mudança nos créditos do Banco Mundial da Agricultura para o sector de Águas e Urbano.

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Projectos do Banco Mundial por Sector

Transporte38%

Outros15%

Saúde 13%

Agricultura4%

Água & Urban14%

Educação16%

SE

Para além de trabalhar com as instituições doadoras tradicionais e Governos, o Banco Mundial reconhece o papel importante que as Organizações Não Governamentais (ONGs) têm como promotoras da mudança de políticas e reformas institucionais, bem como na concretização dos desafios de desenvolvimento. Estas organizações operam muitas vezes em contacto estreito com as populações pobres de áreas remotas e estão em melhores condições para ajudar a identificar as preocupações e necessidades mais prementes e recomendar soluções. Como parte do cometimento do Banco Mundial para forjar uma estratégia de desenvolvimento mais participativa, o Banco relaciona-se com as ONGs como forma de melhorar o processo de consultas com a sociedade civil, particularmente em áreas de desenvolvimento económico, alívio à pobreza, assuntos de género e meio ambiente. Trabalhando em conjunto com o Banco Mundial, as ONGs ajudaram a introduzir abordagens participativas, introduzir a transparência e a responsabilização ao nível da base, melhoraram a eficiência na prestação de serviços, asseguraram uma melhor cobertura das camadas pobres pelos projectos e introduziram inovações.

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Estratégia de Assistência ao País (CAS)

A Estratégia de Assistência ao País (CAS) é o veículo central para a Assistência do Banco Mundial aos clientes da ADI e BIRD. O documento da CAS descreve (a) as estratégias do Grupo Banco Mundial com base numa avaliação das prioridades no país e (b) indica o nível e composição da assistência a ser prestada com base na estratégia e no desempenho da carteira de projectos em curso no país preparada juntamente com o Governo e de forma participativa. Os seus elementos chaves são discutidos com o Governo, sociedade civil e outros doadores embora não seja um documento negociável.

O Documento da CAS concentra-se nas questões de desenvolvimento mais críticas do país, identificadas em discussões anteriores ao longo do trabalho económico e sectorial do país, em Revisões do Desempenho da Carteira de projectos em curso no País (CPPRs - Country Portfolio Performance Reviews), bem como na Estratégia Governamental de Redução da Pobreza Absoluta (PARPA). Depois traça o percurso de acção escolhido pelo Banco. O Documento não foi elaborado com o objectivo de constituir a solução global para todos os problemas de desenvolvimento enfrentados pelo país.

O último CAS foi preparado em Fevereiro de 2000. Apoia o programa do Governo de Redução da Pobreza através de um crescimento económico sustentável. O crescimento da redução da pobreza em Moçambique, envolve a mudança de recursos e oportunidades no sentido das zonas rurais, onde vivem as populações mais pobres. A estratégia de desenvolvimento do Governo e do recém criado PARPA assentam em esforços com vista a:

Aumentar as oportunidades económicas através da geração de um crescimento que reduza a pobreza e crie emprego através do sector privado;

Melhorar as capacidades humanas particularmente através do desenvolvimento de serviços sociais;

Melhorar a Governação e o empoderamento (empowerment) através de um sector público mais efectivo, melhor observação da lei e maior transparência e responsabilização; e

Melhorar a segurança e protecção dos direitos dos Moçambicanos.

O Grupo, apoia os objectivos e estratégias globais de desenvolvimento do Governo e irá prestar assistência no sentido de maiores progressos no desenvolvimento, implementação e monitorização no quadro do seu PARPA. A CAS irá apoiar os três primeiros pilares acima referidos, mas não o quarto dado que outros parceiros têm já uma forte presença e vantagens comparativas nestas áreas e porque o Governo prefere e tem capacidade para financiar tais actividades, na base de subvenções. A maior parte das novas operações no quadro da CAS, irá concentrar-se no aumento das oportunidades económicas que possam ter o máximo de impacto na redução da pobreza em Moçambique. Outro apoio da ADI é dirigido para o melhoramento da governação visto que as capacidades administrativas limitadas e a eficácia são presentemente um constrangimento crucial para o

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desenvolvimento. Esta CAS irá também continuar a prestar assistência ao desenvolvimento das capacidades humanas, embora novos empréstimos do Banco serão relativamente limitados em reconhecimento da presença substancial de doadores e de financiamentos em forma de doação nestas áreas,.

Operação MacroEconómica e de Ajustamento

Progresso MacroEconómico

Desde finais dos anos 80, o Banco Mundial e o FMI têm vindo a apoiar activamente o programa macroeconómico do GoM, através de um conjunto de programas macroeconómicos. Estes programas têm o objectivo de manter a estabilidade macroeconómica e promover um crescimento económico sustentável. No quadro destes programas, o Governo efectua reformas na política macroeconómica (ex: controle da inflação), Despesas (ex: melhorar a legislação, informação e transparência), Impostos (ex: promover a equidade nos impostos e reduzir a dependência de Moçambique para com a assistência), Comércio (ex: redução das barreiras comerciais), bem como reformas estruturais (ex: liberalização das telecomunicações). Estes programas providenciam apoio directo ao orçamento.

Operações de Ajustamento

O Banco Mundial tem vindo a apoiar activamente o programa macroeconómico do GoM através de um conjunto de operações de ajustamento estrutural. Desde 1985, a ADI aprovou 6 operações de ajustamento estrutural num total de aproximadamente 685 milhões de USD.

A Gestão Económico e Operação do Sector Privado EMPSO foi negociada em 2002. O objectivo primário da EMPSO é de apoiar o programa do Governo para consolidar a estabilidade macroeconómica e lançar as bases para um crescimento sustentável liderado pelo sector privado a médio prazo, dado que estas são as premissas para uma contínua redução da pobreza. O programa inclui medidas para: (a) estender a cobertura orçamental para incluir taxas cobradas pelos ministérios sectoriais e fundos de desenvolvimento dos doadores; (b) iniciar uma revisão da despesa pública; (c) resolver as dificuldades financeiras de dois dos Bancos, reforçar o licenciamento e a supervisão no sector financeiro e diluir a propriedade governamental do sector financeiro; (d) liberalizar as telecomunicações através da revisão da legislação e emissão de novas licenças de telefonia móvel; (e) iniciar a privatização da empresa de telecomunicações; (f) liberalizar o transporte aéreo; e (g) avançar com a privatização da companhia petrolífera PETROMOC.

A seguir à EMSO será introduzido um novo instrumento de empréstimos rápidos chamado Créditos Estratégicos para a Redução da Pobreza (PRSCs). O objectivo do

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PRSC será de apoiar um programa a médio prazo desenhado a partir do PRSP ou seja PARPA do Governo (Documento da Estratégia de Redução da Pobreza).

O PRSC será sincronizado com o orçamento anual do Governo e o ciclo de políticas sectoriais . O PRSC concentrar-se-á nas política sectoriais e nos resultados em vez de procedimentos de desembolsos e de aquisições, ou seja de procurement. Este providencia uma ligação estreita entre o crescimento global, a estratégia de redução da pobreza e as respectivas políticas e estratégias sectoriais.

Os pré-requisitos para um PRSC são de igual forma mais exigentes que o ajustamento tradicional. Haverá necessidade para uma melhor transparência e abrangência do orçamento através de uma melhorada contabilidade e auditoria da despesas do Governo. Poderão ser igualmente necessárias melhorias nas políticas de aprovisionamento, procurement do Governo. Para tal, o trabalho conjunto do Governo e do Banco Mundial, no que diz respeito à Revisão da Despesa Pública resultou num plano de acção para reforma da despesa. Ademais, foi concluída uma Avaliação do sistema de relatórios Financeiros do País, estando agora a ser finalizada uma Revisão do sistema de procurement do País.

* * * *

Documento da Estratégia para a Redução da Pobreza (PARPA)

O processo consultivo que é a base para o PARPA, não é novo para Moçambique. Moçambique já tinha iniciado um processo sistemático para desenvolver uma estratégia para a redução da pobreza. O PARPA, (Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta 2001-2005), desenvolve a visão estratégica para a redução da pobreza, os principais objectivos e as acções chaves a serem realizadas, todas elas que irão orientar a preparação do orçamento, programas e políticas do Estado a médio prazo.

O objectivo central do Governo é uma redução substancial nos níveis de pobreza absoluta em Moçambique. O objectivo global do PARPA é de reduzir a pobreza em 30% em 13 anos, dos 70% em 1997 para abaixo de 60% em 2005 e 50% em 2010. A estratégia enfatiza o crescimento económico, o investimento do sector público no capital humano e infra-estruturas produtivas, e reformas institucionais para melhorar o ambiente propício ao investimento do sector privado. Para a implementação desta estratégia, o documento identifica seis áreas prioritárias: educação, saúde, agricultura e desenvolvimento rural, infra-estruturas básicas, boa governação e uma sólida gestão macroeconómico. O Governo encara o PARPA como um instrumento de programação dinâmico e em movimento a médio prazo, , que permite a incorporação de novos desenvolvimentos através de consultas melhoradas e uma monitorização e revisão efectivas.

* * * *

Revisão da Despesa Pública (PER)

Situação: Primeira fase completa. Segunda fase em curso

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Em 2000 o GoM e o Banco Mundial começaram a trabalhar em colaboração num processo de revisão das despesas públicas. A primeira fase do trabalho, liderada pela Direcção Nacional do Plano e Orçamento (DNPO), concentrou-se no funcionamento do sistema de despesas, cobrindo o orçamento, execução, contabilidade e auditoria.

Dois resultados principais da revisão foram:

a publicação de relatórios trimestrais de despesas vai, doravante incluir também despesas financiadas pelos doadores; e

foi aprovada, em 2001, uma nova Lei sobre o Gestão Financeira para melhorar a transparência e a prestação de contas.

A segunda fase do PER, iniciada em 2002, irá rever a eficiência do uso das despesas públicas em sectores específicos.

* * * *

Impacto MacroEconómico do HIV/SIDA

Situação: Terminado

Tal como em outros países na região da África Austral, em Moçambique uma catástrofe para o desenvolvimento humano está a desenrolar-se. As taxas de prevalência do HIV entre a população adulta, em 2000, situavam-se em cerca de 12%. A esperança de vida deverá cair para cerca de 36 anos em 2010, contra a previsão de 50 anos, na ausência da pandemia.

O PARPA salienta que a Pandemia do HIV/SIDA é um "Factor de risco para o crescimento económico" e "constitui um desafio enorme para um sistema de saúde já sobrecarregado".

O estudo dos efeitos macro do HIV/SIDA quantifica os impactos nas principais variáveis macroeconómicas e identifica os principais canais através dos quais estes impactos ocorrem e nesta base propõe políticas alternativas. O estudo providencia uma base para o Governo fazer projecções mais apuradas das taxas de crescimento e para a construção de cenários com custos de intervenção ligados aos prováveis resultados macroeconómicos.

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Administração do Sector Público

O Banco está a apoiar o Governo na preparação de uma estratégia para a reforma do serviço público. O Governo criou o Grupo Técnico de Reforma da Administração Pública (GTRAP) para fazer a proposta desta estratégia para o sector público que foi adoptada pelo Conselho de Ministros. A estratégia cobre assuntos como uma maior reforma salarial como forma de incentivar o pessoal técnico e profissional no sector público, melhorar a prestação de contas e a transparência assim como maior descentralização na provisão de serviços. De igual modo, a estratégiairá introduzir um serviço público orientado para resultados, ligando a formulação de políticas ao Quadro de Despesa a Médio Prazo, melhorando a implementação de políticas e a monitorização, melhorando o gestão financeira de forma a tornar os fluxos orçamentais mais previsíveis e fiáveis. Prevê-se que o GoM providencie as bases para a preparação dum programa de reformas do sector público com vários doadores. Os projectos que se seguem estão neste momento a atacar-se a alguns dos problemas do sector público.

* * * *

Projecto de Descentralização da Planificação e Finanças - Lance Morrel

Situação: Em preparação

Data de apresentação: Março de 2003

O principal objectivo do projecto é melhorar a provisão dos serviços públicos e infra-estruturas nas áreas rurais e nas vidas das comunidades rurais através do estabelecimento de um mecanismo financeiro participativo, descentralizado e multisectorial implementado pelas administrações Provinciais e Distritais em conjunto com a sociedade civil e as comunidades.

O projecto representa a primeira fase de um programa a longo prazo, que tem como objectivo um maior desenvolvimento e extensão de um sistema de descentralização e gestão dos investimentos públicos através da participação das comunidades num grande número de Distritos de quatro Províncias na região centro. O projecto irá também ajudar os Ministérios do Plano e Finanças e da Administração Estatal a desenvolver leis, regulamentos, normas e procedimentos nacionais para a planificação, financiamento e gestão descentralizada de programas de desenvolvimento a nível Distrital e Provincial. O projecto irá implementar um sistema de subvenções, (Subvenções Distritais de Desenvolvimento), ligadas ao sistema de administração fiscal para financiar investimentos públicos de pequena escala nas zonas rurais e irá estabelecer novos sistemas e capacidades das autoridades Provinciais, Distritais e Comunitárias, para a contratação de obras, supervisão, operação e manutenção das infra-estruturas rurais incluindo as estradas não classificadas. O projecto será implementado pelo Ministério do Plano e Finanças (30.0 milhões de USD).

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Projecto de Desenvolvimento Municipal - Lance Morrel

Situação: Em implementação

Data de encerramento: 30 de Junho de 2005

O projecto irá: (a) apoiar o Governo de Moçambique na operacionalização do quadro legal, institucional e fiscal para a Governação municipal; (b) criar um quadro institucional para a formação de funcionários e empregados municipais eleitos e nomeados e começar a formação de funcionários e trabalhadores de todos os municípios em disciplinas administrativas e técnicas de base; (c) fazer um teste piloto de um mecanismo de subvenções municipais para financiamento de investimentos pelos municípios, com vista a lançar bases para um mecanismo que iria eventualmente fazer parte do sistema fiscal intergovernamental; e (d) implementar, através das Subvenções Municipais, investimentos de capital que teriam benefícios económicos e sociais tangíveis, criando igualmente uma oportunidade para os municípios desenvolverem as suas capacidades técnicas e financeiras. O projecto terá quatro componentes: Reforma Legal e Institucional, Capacitação Municipal, Subvenções Municipais e Gestão de Projectos e Assistência Técnica. O primeiro e segundo componentes vão abranger todos os 33 municípios enquanto que as subvenções municipais constituirão um programa piloto em cinco municípios: Maputo, Beira, Nampula, Quelimane e Pemba. (33.6 milhões USD)

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Projecto de Reforma do Sector Público - Harry Garnett

Situação: Em preparação

Data de Apresentação: Janeiro de 2003

O Banco está a apoiar a implementação da Estratégia Governamental de Reforma do Sector Público que foi lançada a 25 de Junho de 2001. O apoio do Banco inclui a capacitação da Unidade Técnica para a Reforma do Sector Público (UTRESP) que é responsável pela preparação da Estratégia e coordenação da sua implementação. A estratégia vai ajudar o Governo a alcançar os objectivos do PARPA através do melhoramento da prestação de serviços públicos básicos tais como saúde e educação, especialmente às camadas pobres. O Banco e um conjunto de doadores está a preparar um programa de capacitação de dez anos que irá financiar a reestruturação e descentralização da prestação de serviços, a profissionalização dos serviços públicos, a introdução de uma política salarial que irá melhorar os incentivos, a criação da profissão de contabilista, simplificação do aprovisionamento público e implementação de uma estratégia para a redução da corrupção. Os fundos do Banco irão assistir na implementação do programa do Governo " de Ganhos Rápido" que irá trazer melhorias imediatas nos serviços públicos para os cidadãos e para os negócios.

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Desenvolvimento do Sector Privado e Financeiro

Moçambique tem levado a cabo, com sucesso, um programa altamente ambicioso das chamadas reformas económicas de "Primeira Geração". Embora o estímulo ao crescimento se mantenha forte, a difícil herança histórica de Moçambique é evidente, tanto na estruturas inapropriadas do sector privado interno - fragmentação, pequena dimensão e dirigidas para dentro - como nos permanentes obstáculos ao desenvolvimento de negócios a nível micro. Este facto aumenta o risco de que, a partir do momento em que o ímpeto da recuperação reduzir o seu ritmo, o crescimento económico contínuo irá depender de um pequeno número de mega projectos gigantes iniciados por investidores estrangeiros.

De forma a sustentar o crescimento económico rápido e alargar a base da participação do sector privado, o governo encontra-se comprometido com o chamado programa de reformas "de segunda geração", para atacar uma grande variedade de pontos fracos permanentes no seu ambiente de negócios. Estas reformas incluem: (a) maior simplificação do ambiente regulador; (b) aumento do investimento em infra-estruturas (a ser alcançado parcialmente pelo aumento do papel do sector privado na provisão de serviços de infra-estruturas); (c) esforços contínuos para promover e facilitar o investimento estrangeiro e interno em Moçambique; (d) esforços contínuos para encontrar formas simplificadas de acesso a serviços financeiros, técnicos e de formação por parte das empresas Moçambicanas.

Um das prioridades estratégicas definida na CAS, foi a promoção de um crescimento rápido, alargado e liderado pelo sector privado. Isto seria alcançado através de projectos que providenciam apoio a: (I) sectores com potencial para grande crescimento, (ii) aumento da participação Moçambicana no sector privado; (iii) criação de um "ambiente ameno de negócios"; e (iv) esforços institucionais e de criação de capacidades.

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Projecto de Desenvolvimento de Empresarial Privado (PODE) - Gilberto Barros

Situação: Em Implementação

Data de encerramento: 30 de Junho de 2005

O projecto irá ajudar a alargar as bases da participação privada no crescimento económico de Moçambique. Isto seria alcançado através de: (a) estímulo da competitividade das empresas privadas Moçambicanas através do fortalecimento do seu acesso e uso de serviços de apoio externos à empresa; (b) provisão de um mercado mais eficiente para serviços de formação e criação de capacidades e estabelecimento de ligações de e para investidores e compradores locais e estrangeiros já existentes assim como novos; (c) melhoria do acesso a financiamentos a prazo a credores de primeira

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linha assim como outros clientes; e (d) ajuda para fortalecer as capacidades das agências chave.

Existem três componentes que têm o objectivo de reduzir os constrangimentos ao desenvolvimento das empresas e instituições e incluem: (i) a Aprendizagem Técnica nos Programas das Empresas para ajudar as empresas privadas Moçambicanas a constituírem as suas capacidades técnicas através da utilização das subvenções correspondentes; (ii) uma Estrutura de Financiamento para providenciar financiamentos a médio prazo para meios de investimento a privados (sub-borrowers) nos sectores de indústria, agro-processamento, turismo, transporte, construção e serviços; e (iii) um Programa de Capacitação Institucional para melhorar as capacidades das instituições privadas e públicas na prestação de serviços de apoio a negócios. (26.0 milhões de USD).

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Projecto de Capacitação para a Gestão de Recursos Minerais - Paulo de Sá

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2006

O projecto irá prestar assistência ao Governo de Moçambique (GoM) para: (i) o desenvolvimento institucional e reforma regulamentar desenhados para encorajar a expansão do investimento privado no sector mineiro de uma forma social e ambientalmente sã; e (ii) intervenções dirigidas para aliviar a pobreza em áreas de forte incidência da mineração de pequena escala e artesanal. Os objectivos específicos do projecto incluem: (a) melhoramento das reformas legais e reguladoras para ajudar a estabelecer um ambiente propício para a promoção do investimento privado no sector mineiro, garantindo ao mesmo tempo uma contribuição real e sustentável para o crescimento económico; (b) criação de capacidade institucional para desenvolver a capacidade de aplicação efectiva da lei e regulamentos, administração de títulos de minas e monitorização do desenvolvimento sustentável da mineração de pequena escala; (c) desenvolvimento de uma base de dados e mapas geológicos para fortalecer a capacidade do Governo de disponibilizar informação geo-científica e sobre recursos naturais essenciais a potenciais investidores; (d) fortalecimento institucional para a criação de capacidades internas de gestão do ambiente e desenvolvimento da compreensão de e a capacidade de lidar com o impacto social da mineração; e (e) identificar e adoptar mecanismos apropriados para o aumento das receitas e melhorar a qualidade de vida em áreas seleccionadas com forte concentração de mineiros artesanais, através do estabelecimento de direitos legais para a sua actividade e provisão de serviços de extensão para melhorar as condições sociais, serviços sociais, saúde e condições ambientais dos mineiros artesanais. Foi assegurado um financiamento paralelo pelo Fundo de Desenvolvimento Nórdico, Banco Africano de Desenvolvimento e o Governo da África do Sul. O projecto entrou em operação a 15 de Outubro de 2001. (18 milhões de USD)

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Projecto de Reforma do Sector de Comunicação - Mohamad Mostafa

Situação: Em Implementação

Data de encerramento: 30 de Junho de 2006

O projecto apoia Moçambique a melhorar o acesso e qualidade de serviços de comunicação eficientes e acessíveis através da criação dum ambiente apropriado para a competitividade e participação privada nos sectores de correios, transportes aéreos e telecomunicações. Nos sectores postais e de telecomunicações, o projecto irá ajudar o Governo a: (i) desenvolver uma nova política de telecomunicações; (ii) estabelecer um quadro legal e regulador adequado, incluindo o fortalecimento da capacidade reguladora, (iii) proceder ao licenciamento de um operador privado de telefonia móvel, (iv) assistir na privatização das Telecomunicações de Moçambique (TDM), (v) desenvolver uma estratégia para o acesso rural numa base de mercado e estabelecer um fundo de acesso universal (vi) melhorar o quadro regulador para o desenvolvimento do comércio electrónico e tecnologias de informação, e (vii) desenvolver uma estratégia para o sector de correios. No sector de transportes aéreos o projecto irá ajudar o Governo a (i) desenvolver uma nova política de transportes aéreos, (ii) estabelecer um quadro legal e regulador apropriado, incluindo o fortalecimento da capacidade reguladora; (iii) reestruturar e explorar as opções de participação privada nas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) e (iv) desenhar esquemas de financiamento de projectos para melhorar os aeroportos dos três corredores de desenvolvimento, com atenção particular para a criação de parcerias públicas/privadas para os aeroportos de Maputo, Beira e Nacala (14.9 milhões de USD)

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Educação e Criação de Capacidades

Com uma taxa de alfabetização de 40 por cento, Moçambique enfrenta a falta de nacionais bem formados e experientes que possam assistir na planificação e gestão de actividades tanto do sector público como privado, sectores vitais para o desenvolvimento do país, bem como do aumento da produtividade no sector agrícola, onde cerca de 90 por cento da força de trabalho se encontra a trabalhar. Os Moçambicanos com capacidades de liderança são muitas vezes atraídos para o sector privado porque a função pública está cada vez menos capaz de competir com as instituições privadas em termos salariais, condições e ambiente de trabalho. No sector agrícola, muitos dos agricultores são analfabetos e a produtividade é baixa. O governo teve que depender da assistência de técnicos expatriados mais caros, que são frequentemente mal geridos, têm menos produtividade e são relativamente ineficazes na criação de capacidade local e instituições. Reconhecendo este problema, o Governo teve que depender mais da educação mais cara de expatriados sob a qual serão desenvolvidas estratégias, primeiro através da expansão do acesso e melhoria da qualidade da educação básica, seguida pelo desenvolvimento de estratégias para a educação secundária (incluindo a técnica e profissional) e a educação terciária. Isto está a ser complementado através dum projecto alargado de Capacitação do Sector Público. O Banco Mundial tem sido um parceiro activo no apoio a esse processo no sentido de melhorar a educação e fortalecer as capacidades nas instituições públicas chaves e áreas de formação. O apoio actual irá garantir o aumento a longo prazo no número de crianças que concluem a educação primária e aumentar a provisão de gestores séniores, profissionais e técnicos, condições de trabalho e governação.

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Programa Estratégico para o Sector de Educação (ESSP) - Alexandria Valério, Soren Nellemann, Noel Kulemeka

Situação: Em implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2004

Este programa, aprovado pela Direcção do Banco Mundial, a 18 de Fevereiro de 1999, apoia a implementação da Estratégia Nacional do Sector de Educação do Governo (NES) e do Plano Estratégico da Educação 1998 (PEE). O objectivo da NES é a promoção de uma melhoria sustentável na qualidade da força de trabalho Moçambicana, com um maior equilíbrio regional e de género nas oportunidades económicas. Isto deverá ser alcançado em parte através de um aumento no número e qualidade de estudantes que se graduam dos subsistemas de educação primária e secundária, com um enfoque nas regiões do centro e norte do país que são pouco servidas e um programa virado para a educação das raparigas.

O programa está a melhorar o acesso à educação primária e secundária, especialmente para crianças e jovens dos grupos mais vulneráveis e regiões pouco cobertas. Está também a promover uma maior participação da rapariga e populações que vivem nas

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áreas rurais. Para além disso estão a ser tomadas várias medidas para aumentar a qualidade da educação oferecida e melhorar a capacidade institucional do Ministério de Educação (MINED) de levar a cabo o seu papel de desenvolvimento de políticas, gestão e administração. O crédito da ADI financia cerca de 10 por cento do custo global deste programa. Outras agências financiadoras estão também a apoiar o programa com assistência financeira e técnica (71 milhões de USD)

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Projecto de Educação Superior - Soren Nellemann, Alexandria Valério, Noel Kulemeka

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2007

Este projecto, aprovado pela Direcção do Banco Mundial, a 7 de Março de 2002, apoia a implementação do Plano Estratégico Nacional do Governo para a Educação Superior 2000 - 2010 (PEES) e o Plano de Operacionalização para implementar os primeiros cinco anos da estratégia. Os objectivos do projecto são: (i) melhorar a eficiência interna e expansão dos resultados dos graduados; (ii) melhorar o acesso equilibrado (económico, de género e geográfico); e (iii) melhorar a qualidade do ensino - aprendizagem e a relevância do curriculum.

O projecto apoia todo o sistema, tanto as instituições de ensino superior públicas como as privadas e consiste de três componentes principais: (1) reforma e desenvolvimento de todo o sistema, (2) desenvolvimento institucional e investimentos e (3) bolsas provinciais (60 milhões de USD)

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Sector de Saúde e Operações de Resposta ao HIV/SIDA

O Governo de Moçambique fez esforços consideráveis para melhorar o estado de saúde da população nos últimos 15 anos durante a fase de reconciliação Nacional. Apesar os progressos alcançados, muitos dos indicadores de saúde de Moçambique estão ainda abaixo da média da África Su-Sahariana, conforme sei ilustra no quadro a seguir.

Indicadores chaves do Estado da Saúde

Indicador Moçambique África Sub-Sahariana

Esperança de Vida 44 anos 52 anos

Mortalidade Infantil 147/1000 102/1000

Mortalidade até 5 anos 219/1000 170/1000

Taxa Total de Fertilidade 5.2 crianças 5.3 crianças

Prevalência de HIV em Adultos

13.2%

Taxa de Mortalidade Materna 1100 por 100,000 nados vivos

690 por 100,000 nados vivos

Consumo Diário de Calorias 1680 2120

As causas principais das doenças e da morte em Moçambique são evitáveis, sendo as doenças infecciosas responsáveis pela maior proporção da carga das doenças. A malnutrição é prevalecente, particularmente entre as crianças. Entre 30 - 40 por cento das crianças sofrem de malnutrição crónica (crescimento retardado) enquanto que 16 por cento das crianças tem malnutrição aguda. Os problemas de nutrição agravam directamente outros problemas de saúde e aumentam a carga global das doenças. Moçambique também enfrenta surtos frequentes de cólera, disenteria, meningite e praga bubónica. As consequências e condições destas doenças são enormes. A taxa de mortalidade infantil de 219 em cada mil significa que todos os anos, acima de meio milhão de crianças morrem desnecessariamente, principalmente devido à malária, problemas respiratórios, SIDA, malnutrição, situações que podem todas ser prevenidas. A alta taxa de mortalidade materna, significa que cada ano, mais de 6.000 mulheres morrem com problemas relacionados com a gravidez ou parto, deixando muitas famílias sem o principal encarregado. A alta incidência da malária entre adultos significa que muitos dias de trabalho são perdidos, todos os anos, tendo um impacto negativo na produtividade do país, ao mesmo tempo que o SIDA constitui um problema crescente.

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A pobreza é uma causa importante responsável pelas doenças enquanto que a saúde fraca, malnutrição e grandes agregados familiares são determinantes da pobreza. Por esta razão, o sector de saúde é uma das áreas prioritárias de toda a estratégia do Governo para a redução da pobreza e aceleração do crescimento económico sustentável, resumido no PRSP. Sob a égide do PRSP, o sector de saúde desenhou o Plano Estratégico para o Sector de Saúde, que é a base da visão do Governo de "alcançar níveis de saúde para os Moçambicanos que se aproximem da média da África Sub Sahariana, com acesso a cuidados de saúde básicos de qualidade através de um Sistema de Saúde que vá ao encontro das expectativas dos cidadãos".

Os principais orientadores do plano são:

Eficiência e Equilíbrio na prestação de serviços de saúde de forma a retirar benefícios máximos dos recursos disponíveis e assegurar o acesso a toda a população de serviços básicos de saúde; Flexibilidade e diversificação para se tirar vantagens das oportunidades oferecidas por todos os principais agentes que operam no mercado da saúde e de aumentar opções para a utilização de diferentes fornecedores de serviços de saúde; Parcerias e participação da comunitária através da descentralização com o objectivo de melhorar a qualidade através de um papel melhorado para as comunidades; Transparência e Responsabilização através da redefinição do papel das agências, melhor base de informação e adopção de métodos de prestação de serviços alternativos, tais como a contratação de certas funções por parte de instituições de saúde pública; Integração e Coordenação para evitar a duplicação e promover a eficiência bem como facilitar uma implementação suave do plano. Por esta razão o Ministério da Saúde adoptou a abordagem alargada do sector para a coordenação com os parceiros locais e externos.

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Projecto do ADI para a Recuperação do Sector de Saúde - (Cr. 2788-MZ) Mary Mulusa, Noel Kulemeka, Kees Kostermann

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: 31 de Dezembro de 2002

Este projecto apoia um vasto Programa de Recuperação do Sector de Saúde do Governo. O objectivo deste programa é de melhorar o estado de saúde da população em geral e reduzir a mortalidade infantil em particular. Espera-se que isto seja alcançado através dum aumento da cobertura da saúde da população do actual nível de 40 por cento para 60 por cento na passagem do século, com a provisão de melhores serviços de saúde. O programa tem três componentes principais: Melhoramento da prestação de serviços, Desenvolvimento Institucional e Desenvolvimento da capacidade dos recursos humanos: (a) Melhoramento da prestação de serviços através de: (i) expansão da rede já existente de serviços através da reabilitação e construção selectiva de novas instalações de saúde especialmente a níveis mais baixos, (ii) fortalecimento de serviços dos laboratórios, (iii) fortalecimento da manutenção; (iv) apoio ao programa institucional

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de nutrição; e (b) desenvolvimento institucional através do fortalecimento; (i) do sistema logístico de abastecimento de drogas e medicamentos; (ii) do sistema provincial de gestão da saúde como resposta à descentralização; (iii) do sistema de informação do sector de saúde e (iv) desenvolvimento da política do sector e capacidade de avaliação. (c) Desenvolvimento da capacidade dos recursos humanos dando apoio a: (i) a implementação do Plano de Desenvolvimento da Mão-de-obra no Sector da Saúde; (ii) capacidade de formação do pessoal nacional de saúde; (iii) educação continuada e (iv) formação médica universitária.

O programa de recuperação do sector de saúde também providencia um quadro para o Ministério de Saúde (MISAU) e apoio de parceiros externos. Tem facilitado o desenvolvimento da Abordagem Alargada do Sector (SWAP) para a coordenação, planificação, financiamento e implementação dos serviços de saúde, liderado pelo MISAU (98.7 milhões de US$)

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Projecto de Resposta ao HIV/SIDA - James Coates

Situação: Em preparação

(Data de Apresentação): Março de 2003

O objectivo do proposto projecto é de travar o alastramento da infecção do HIV em Moçambique, e mitigar os efeitos do SIDA, através de actividades de prevenção e cuidados. Os resultados esperados para o projecto incluem um aumento no uso do preservativo por adultos para encontros sexuais fora dos parceiros regulares e aumento da idade dos jovens na sua primeira relação sexual assim como a redução do número de parceiros sexuais para os adultos. Os cuidados e apoio para com as pessoas que vivem com o SIDA e seus dependentes seriam fortalecidos. Em linha com o Plano Estratégico Nacional (PEN) o projecto procura seguir uma abordagem multissectorial com vários agentes para alcançar os seus objectivos. Metade dos recursos serão providenciados directamente à sociedade civil, para financiar actividades do HIV/SIDA relacionadas com prevenção e cuidados. A outra metade dos recursos, será usada, através do sector público, para melhorar os serviços de cuidados de saúde, catalisar os órgãos Governamentais para acção e mobilizar, coordenar e facilitar a campanha por via do Secretariado para o Conselho Nacional para o HIV/SIDA. Os custos totais do projecto estão estimados em 64 milhões de USD para os quais o Banco Mundial iria contribuir com uma subvenção de 55 milhões de USD.

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Agricultura e Desenvolvimento Rural

Não obstante Moçambique ser considerado um país de terra "abundante", onde a densidade populacional e a produtividade é mais alta surge pressão sobre a terra. Moçambique tem um potencial considerável de irrigação, contudo menos de 10 por cento deste potencial está a ser explorado.

Necessita-se de um grande esforço para consolidar os ganhos de recuperação obtidos no passado e prosseguir com uma taxa de crescimento agrícola mais rápida. A "Política Agrícola e Estratégia de Implementação" do Governo compreende "a transformação da agricultura de subsistência e ligá-la mais estreitamente a actividades de produção, comercialização e processamento, aumentar os excedentes comercializados, enquanto se desenvolve simultaneamente um sector comercial eficiente". Desta forma a profunda integração dos agricultores Moçambicanos na economia nacional constitui uma componente vital da estratégia agrícola.

As exportações devem ter um papel de liderança na provisão da força motriz do crescimento para o sector rural e para a economia como um todo. O fortalecimento da integração regional do comércio de produtos alimentares e não alimentares precisa de ser considerado uma grande prioridade. Para além disso uma política orientada para a exportação iria facilitar a intensificação que não deverá ocorrer se os pequenos produtores se concentrarem apenas no mercado doméstico.

Para lidar com os constrangimentos, políticas e estratégias acima mencionadas, o Governo, com o apoio do ADI, tem vindo a implementar diversos programas de desenvolvimento agrícola e rural, incluindo o recém aprovado Programa da Despesa Pública no sector Agrícola (PROAGRI).

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Programa de Despesa Pública para o Sector Agrícola (PROAGRI) - David Nielson e Daniel de Souza

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2004

O objectivo do PROAGRI, outro SWAP, é de melhorar o impacto da despesas públicas no desenvolvimento de um ambiente adequado para o crescimento sustentável e equilibrado no sector rural, de tal forma que a pobreza seja reduzida e a segurança alimentar melhorada enquanto que o ambiente físico e social é protegido. O PROAGRI comportaria todos os programas da despesa pública geridos pelo Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER). O PROAGRI seria efectuado através de um programa gradual de quinze anos, em três fases (de cinco anos cada), denominado instrumento de do programa de empréstimos adaptáveis "APL". A certo nível, o objectivo da primeira fase de cinco anos do PROAGRI seria para estabelecer uma estrutura institucional desenhada para providenciar a disponibilização de um conjunto de

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serviços essenciais relacionados, a custos acessíveis, nas áreas de agricultura e recursos naturais. A nível mais básico, o objectivo seria possibilitar um crescimento sustentável e equilibrado do sector agrícola. Consequentemente, o PROAGRI seria também avaliado em função do grau de crescimento da competição e volume nos mercados de insumos e produtos agrícolas tal como evidenciado pelo número de comerciantes, a redução da diferença existente entre o preço aos agricultores e aquele praticado no mercado local, aumentos na produção e produtividade agrícola, aumentos na contribuição de produtos agrícolas comercializados, para os rendimentos dos agregados familiares para a subsistência de famílias de pequenos agricultores, a quantidade de fauna bravia existente nos parques e reservas nacionais, as áreas de florestas sob uma gestão comercial e comunitária sustentável, o número de propriedades demarcadas, adjudicação de pedidos de terra e o registo de títulos; a extensão até a qual os consumidores de água se tornaram responsáveis pela operação e manutenção de sistemas de irrigação; hectares cobertos por sistemas sustentáveis de irrigação (30 milhões de USD)

Sector de Energia

O desenvolvimento das fontes de energia no país tornou-se uma grande prioridade do Governo. Com a descoberta de grandes campos de gás, a ADI financiou os esforços de desenvolvimento através de um projecto de engenharia de gás que providencia apoio em capacitação para a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH), de forma prepará-la para a supervisão do desenvolvimento do Campo de Gás do Pande. Actualmente somente uma pequena percentagem dos cidadãos estão ligados a fontes de energia, daí que o GoM depositou grande importância no desenvolvimento desta fonte de energia alternativa.

Engenharia de Gás - Michel Muylle

Situação: Em implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2003

O Campo de Gás de Pande, localizado junto à costa central de Moçambique, foi descoberto em 1961. As concessões iniciais deste campo foram abandonadas devido à falta de mercado naquela altura. Espera-se que o desenvolvimento do Gás de Pande, agora unificado com o campo de Timane, conduza a receitas anuais de exportação de 100 a 200 milhões de USD . O primeiro objectivo deste projecto é de providenciar apoio para a realização dos necessários trabalhos de pré-investimentos para assegurar que a ENH, em nome do GoM, e os investidores do sector privado estejam em posição de tomar uma decisão firme de desenvolver o campo de Gás de Pande para exportar e para o uso em Moçambique (A Sasol da África do Sul lidera os investidores do sector privado para os campos de Gás de Pande e Timane e o gasoduto para a África do Sul). O segundo objectivo dos créditos inclui a limpeza básica do ambiente relacionado com as

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operações anteriores e uma formação substancial e fortalecimento institucional. (30 milhões de USD, reduzidos para cerca de 26 milhões USD em Junho de 2001).

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Reforma Energética e Acesso - Reynold Duncan

Situação: Em preparação

(Data de apresentação): Janeiro de 2003

O Banco Mundial e o GoM estão a trabalhar para identificar e preparar um projecto de energia rural apoiado pelo Banco e por doadores bilaterais. Os componentes desta operação seriam: (a) restruturação da estrutura de energia para facilitar a participação privada na distribuição, (b) colocação dos elementos de um quadro facilitador para uma competitividade e expansão sólida do acesso à electricidade, (c) investimentos para testar os mecanismos de financiamento e opções técnicas e institucionais para: (i) aprofundar, bem como estender o acesso à electricidade ao longo do rede principal, (ii) via pequenas redes descentralizadas e, (iii) utilização de sistemas solares domésticos individuais. A primeira fase deste programa de duas fases irá somar cerca de 50 milhões de USD e a segunda fase cerca de 70 milhões USD.

Sector de Infra-estrutura e Transportes

Os programas de transportes apoiam os objectivos da CAS de alívio à pobreza, através do crescimento sustentável. Os programas irão alcançar isto através da melhoria das ligações e da redução dos custos de transportes entre todas as partes do país, fomentando assim a participação do sector privado na reabilitação e manutenção de estradas, bem como na operação e gestão de caminhos de ferro, portos marítimos e aeroportos, apoiando a reforma e descentralização do sector público, mobilizando recursos e coordenando a ajuda e fortalecendo laços com a sociedade civil.

Adicionalmente, para aliviar a pobreza nas áreas rurais, os programas também se concentram no melhoramento das condições das estradas rurais, retirando assim um dos maiores constrangimentos para o transporte de produtos agrícolas para o ponto de consumo e exportação.

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Projecto de Privatização e Reabilitação da Linha de Sena - Yash Pal Kédia

Situação: Em identificação

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O projecto proposto irá apoiar os esforços do Governo na reabilitação da Linha de Sena que neste momento não está operacional, com o envolvimento activo do sector privado. A proposta do Governo é de lançar um concurso solicitando propostas para a concessão do sistema de Caminhos de Ferro da Beira, incluindo as linhas do Sena e Machipanda. A concessão incluiria a reabilitação da Linha de Sena. Os interessados terão a liberdade de solicitar algum financiamento inicial de apoio ao Governo, apoio que poderá ser disponibilizado ao concessionário considerando que os fundos próprios empregues pelo concorrente sejam considerados substanciais . Neste caso o Banco poderá apoiar o Governo na cobertura da solicitação do investidor. O objectivo do projecto é a reabilitação e operação, a custos aceitáveis do sistema de caminhos de ferro bem como fomentar a rápida tomada de decisões sobre as minas de carvão. (O montante do apoio será determinado depois de se completar o processo de concessão).

Estradas e Cabotagem (ROCS II) - Abdelmoula Ghzala

Situação: Em implementação

Data de encerramento: 30 de Junho de 2003

Os objectivos primários do projecto são: (a) apoiar o programa de recuperação económica de Moçambique através da reabilitação e manutenção das estradas prioritárias, e (b) o maior fortalecimento da capacidade de gestão das instituições do sector de estradas. O projecto inclui o programa "flexível" aprovado pelo Governo de investimento nas estradas rolantes e programa de manutenção, coordenando todos os doadores através de sub-projectos paralelos discretos. Os dois primeiros anos do programa foram definidos e avaliados em detalhe assim como o âmbito de todo o programa de cinco anos. Uma grande revisão após dois anos e uma revisão anual irão então definir, com mais pormenor as especificidades do programa nos anos seguintes. O programa de obras de construção civil inclui: (a) trabalhos de emergência de abrir acessos em todas as 10 províncias; (b) reabilitação das estradas principais prioritárias; (c) reconstrução das estradas terciárias prioritárias com mão-de-obra intensiva; e (d) a actual manutenção rotineira e periódica de parte da rede de estradas que está em boas ou condições razoáveis. O projecto irá também financiar serviços de engenharia em apoio ao programa e à continuação do Programa Governamental de Capacitação Institucional no Sector de Estradas, iniciado no quadro do ROCS I.

O apoio do Banco e de outros doadores ao sector levou a grandes melhorias nas condições da rede de estradas moçambicanas desde 1992. Sob o Primeiro e Segundo Projectos de Estradas e Cabotagem (ROCS I e ROCS II) aprovados em 1992 e 1994 respectivamente, foram reabilitados mais de 3.800 quilómetros de estradas primárias, secundárias e terciárias; 3000 metros de pontes metálicas foram construídos; 2000 quilómetros de estradas receberam uma manutenção periódica; e cerca de 14.000 quilómetros de estradas estão a beneficiar duma manutenção rotineira anual desde 1999. Neste momento, estima-se que 25 por cento da rede está em boas condições e cerca de 39 por cento em condições razoáveis. Somente cerca de 10 por cento das estradas classificadas, primeiramente estradas rurais não melhoradas, não são transitáveis durante o período de chuvoso.

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Os dois projectos ROCS também tornaram possível um progresso significativo no fortalecimento institucional e na criação de capacidades dos recursos humanos através da educação e formação do subsector de auto-estradas e outras agências transportadoras. Foram iniciadas reformas políticas e institucionais importantes, incluindo a criação do Fundo de Estradas, separação de empresas de serviços emergência da DNEP (actualmente a ANE) e a privatização do parque de equipamento da CETA (anteriormente uma empresa estatal de construção). Ademais, em 1998, o Governo publicou a sua política de estradas. Em 1999 o Governo mudou a DNEP para ANE, uma agência pública separada da função pública, com a dupla responsabilidade sobre assuntos técnicos/operacionais e para o financiamento de estradas (direcções separadas), sob um conselho de direcção com representantes dos sectores públicos e privado e académico. O projecto desembolsou cerca de 160 milhões de USD e o GoM irá fazer um pedido ao Banco para a extensão da data de encerramento do Crédito até 30 de Junho de 2003 (188 milhões USD)

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Projecto de Reestruturação dos Caminhos de Ferro e Portos - Yash Pal Kédia

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2005

O projecto proposto tem dois objectivos principais. O primeiro é de aumentar substancialmente a eficiência operacional dos três maiores sistemas de portos e caminhos de ferro de Moçambique e permitir que estes aumentem a proporção de tráfego internacional dos países vizinhos. O aumento do tráfego deverá possibilitar: (a) que os países vizinhos reduzam os custos de transportes de superfície das suas exportações e importações como resultado do uso de rotas mais curtas, maior eficiência das operações e uso dos caminhos de ferro no lugar das estradas. (b) que os portos e caminhos de ferro se tornem financeiramente auto-suficientes; (c) que os CFM aumentem o seu rendimento líquido e consequentemente estejam em condições de pagar os seus dividendos ao GoM; e (d) que Moçambique gere mais divisas através do uso das facilidades dos portos e caminhos de ferro em Moçambique pelos países vizinhos. O segundo objectivo é de fortalecer a política do sector de transportes, o quadro regulador e capacidade institucional do MTC. A estratégia do governo para alcançar os objectivos do projecto compreende: (i) grande reestruturação dos CFM; (ii) envolvimento em larga escala do sector privado nas operações e gestão de todos os portos e caminhos de ferro; (iii) recolocação da mão-de-obra excedentária; (iv) fortalecimento do MTC e redefinição da Política do Sector de Transportes; (v) estabelecimento de um quadro regulador apropriado para todo o sector de transportes; e (vi) concessão e reabilitação de alguns dos portos terciários. O projecto iria apoiar a estratégia através do financiamento das indemnizações, obras públicas, bens, serviços de consultoria e formação e reciclagem de trabalhadores. (100 milhões USD)

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Programa de Manutenção e Gestão de Estradas e Pontes ("RBMMP") - Abdelmoula Ghzala

Situação: Em implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2005

O projecto foi aprovado pela Direcção do Banco Mundial a 19 de Julho de 2001. O Acordo de Crédito e o Acordo de Projecto foram assinados a 21 de Setembro de 2001, na Sede do Banco Mundial, pelo Embaixador de Moçambique nos Estados Unidos e o Vice-Presidente do Banco Mundial para a Região de África.

O objectivo global do programa RBMMP (um APL por um período de 10 anos) é de estimular o crescimento económico e contribuir para a redução da pobreza através de infra-estruturas rodoviárias melhoradas, melhores políticas sectoriais e uma gestão mais capaz do sector de estradas. Os objectivos específicos do APL1 (por um período de 4 anos) são: (a) melhorar a cobertura e a condição das estradas e pontes; (b) fortalecer a capacidade do país de gerir e administrar o sector de estradas de forma efectiva e transparente, com acordos institucionais sustentáveis e eficazes; (c) estabelecer mecanismos financeiros para garantir o fluxo suficiente, atempado, estável e sólido de fundos para uma manutenção de estradas que seja sustentável a nível macroeconómico e para os utentes das estradas; e (d) melhorar a segurança do transporte rodoviário. O segundo objectivo é o de ajudar a prevenir o alastramento do SIDA e encorajar o emprego de mulheres no sector de estradas.

O APL será implementado ao longo de 10 anos e em três fases. A primeira fase durará 4 anos e a segunda e terceira fase durarão 3 anos cada. A fase um do APL irá concentrar-se: (a) na manutenção rotineira e periódica das estradas prioritárias e pontes, conforme vem definido na estratégia integrada do sector de estradas; (b) implementar reformas políticas e institucionais necessárias para a gestão efectiva e sustentável do sector de estradas; (c) um programa faseado de manutenção de estradas rurais, (d) intensificação de actividades de prevenção do HIV/SIDA; (e) implementação dum programa de segurança rodoviária, e (f) levar a cabo um trabalho preparatório e analítico necessário para a fase dois do programa. A manutenção rotineira é 100% financiada pelo Fundo de Estradas.

As actividades da fase dois irão concentrar-se na manutenção e reabilitação das principais estradas e pontes do país, (conforme definido na estratégia integrada actualizada do sector de estradas), na elevação do nível das estradas rurais, fortalecimento das instituições, continuação da implementação do programa de segurança rodoviária, programa de HIV/SIDA e iniciativas de género e realização do trabalho preparatório analítico para os investimentos da fase três.

As actividades da fase três serão semelhantes às da fase dois. Serão definidas em detalhe durante a fase dois e serão baseadas nas lições retiradas das fases anteriores do programa. A segunda e terceira fases serão dependentes do sucesso da implementação das actividades da fase um e da realização dos indicadores acordados.

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Durante as três fases de implementação do programa, o Banco irá gradualmente mudar o seu apoio de Manutenção periódica para reabilitação, à medida que as finanças do Fundo de Estradas melhorarem e assumirem a responsabilidade pela manutenção periódica. Até ao final da fase três do programa, o Fundo de Estradas, irá cobrir 100 por cento da manutenção periódica para além de toda a manutenção rotineira. Para apoiar esta mudança, o apoio da ADI para assistência técnica e formação estará também concentrado na fase um, diminuindo gradualmente consoante o crescimento das capacidades do Governo ( Fase 1 do APL 162 milhões de USD e todas as três fases 432 milhões de USD)

Meio Ambiente

Moçambique está excepcionalmente bem dotado de bens em recursos naturais e biodiversidade. Os seus 2.500 Km de costa acomodam uma fauna marinha extremamente rica e diversificada e habitats. Na parte continental aproximadamente 75% da cobertura vegetal permanece na sua maioria intacta. Existem recursos massivos de energia já comprovados e a crescente exploração indica a existência de uma riqueza mineral considerável. O país tem várias planícies férteis e grandes rios de água permanente. Esta riqueza em recursos naturais ocorre em grande contraste com a severa pobreza imposta ao país após muitos anos de conflitos e instabilidade. O país está neste momento a seguir programas agressivos de recuperação económica, na ânsia de explorar os seus recursos naturais para compensar os anos de estagnação económica. Assegurar que este crescimento económico, muito louvável seja ambiental e socialmente sustentável, representa um dos maiores desafios de desenvolvimento do país.

As cheias dos últimos anos expuseram a vulnerabilidade de Moçambique a acontecimentos climatéricos extremos, que poderão aumentar com as mudanças do clima. Isto demonstrou em contrapartida a necessidade para um melhor controle dos riscos, melhor planificação do uso da terra, desenho de infra-estruturas e elevação das capacidades de monitorização e previsão do tempo. Estes acontecimentos climatéricos, que podem resultar em cheias ou em secas prolongadas, também realçaram a dependência de Moçambique relativamente aos estados vizinhos e a importância da gestão integrada dos ecossistemas transfronteiriços. Os países à montante providenciam 50% da média anual para Moçambique, com a parte sul industrializada do país muito mais dependente do que as regiões do norte e centro .

A industrialização está a revelar os seus próprios problemas ambientais e sociais. Por exemplo, em 1995 calculou-se que mais de 126 fábricas estavam a descarregar os seus lixos directamente no ambiente, um problema que sem dúvida aumentou grandemente. A rápida industrialização em e ao redor de Maputo, bem como em outras áreas urbanas está a colocar forte pressão nos limitados recursos de gestão ambiental que de que o país dispõe.

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Responder os desafios indicados acima será um exercício altamente complexo. Estas ligações entre o ambiente e outros sectores são fortes e necessitam de uma abordagem na tomada de decisões, desenvolvimento institucional e criação de capacidades. Por exemplo, as áreas com potenciais agrícola são particularmente propícias à degradação da terra. Para além do impacto imediato que a perda da cobertura do solo tem no desenvolvimento rural, a erosão do solo, a sedimentação e a drenagem de nutrientes que se segue tem impacto nos ecossistemas costeiros, com impactos potencialmente sérios e negativos na altamente lucrativa indústria de camarão de Moçambique. Outras questões ambientais estão relacionados com o uso da água, maneio florestal, e desenvolvimento turístico ad hoc, a destruição em curso da vida selvagem, falta de clarificação dos direitos de propriedade das comunidades locais e falta de capacidade institucional para levar a cabo a gestão e conservação do ambiente à escala necessária.

Moçambique tem quadros políticos novos e na sua maioria não testados para o maneio do meio ambiente e recursos naturais. A comunidade doadora está engajada no apoio institucional que poderá transformar estes grandes quadros em políticas efectivas para a sustentabilidade. Contudo, devido ao cenário de desenvolvimento extremamente dinâmico de Moçambique, a implementação destas novas políticas deverão vir dentro do contexto da formulação das políticas em curso e da capacidade de resposta. Isto requer uma melhor compreensão de como as diferentes pressões do ambiente tem impacto nos sistemas social, económico e ecológico. Além disso, os efeitos colectivos desses impactos no desenvolvimento socioeconómico e na vulnerabilidade geral de Moçambique às mudanças ambientais devem ser certificados. Isto irá requerer esforços muito mais sustentáveis e compromisso por parte do governo, doadores e comunidade académica para assegurar que Moçambique é capaz de optimizar a sua notável base de recursos naturais, e de evitar que os actuais processos de desenvolvimento ad hoc prejudiquem um futuro crescimento económico sustentável.

O Banco Mundial e o GEF estão plenamente envolvidos na tentativa de responder aos desafios que foram mencionados acima duma forma abrangente e global. O Banco procura desenvolver parcerias com uma vasta gama de actores envolvidos nos sectores de recursos naturais e meio ambiente através da formulação de abordagens sectoriais, na agricultura, águas, meio ambiente, turismo e conservação.

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Áreas de Conservação Transfronteiriça de Moçambique (TFC) - Robert Clement-Jones

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2003

O projecto, financiado pelo GEF é um projecto regional que tem como objectivo elevar a conservação de algumas das zonas mais ricas em espécies bio-geográficas em África, com numerosos habitats de interesse especial, através de uma abordagem de gestão do ecossistema de base alargada. Foram identificadas três Áreas de Conservação Transfronteiriça (TFCAs). São elas: (a) A TFCA de Chimanimane com ligação ao Zimbabwe (Parque Nacional de Chimanimane); (b) O TFCA do Grande Limpopo com

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ligações ao Parque Nacional de Kruger na África do Sul e o Parque Nacional de Gonarezhou no Zimbabwe; (c) O TFCA de Lubombo com ligações ao Parque dos Elefantes de Tembe na África do sul.

As Áreas de Conservação Transfronteiriça são definidas como áreas relativamente grandes que abrangem dois ou mais países, onde está a ser aplicada uma abordagem de gestão integrada do ecossistema, com a participação de todos os intervenientes, incluindo as comunidades locais. As TFCAs são áreas de múltiplas utilidades incluindo áreas centrais de Conservação (tais como o recém proclamado Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo), zonas de conservação comunitária e desenvolvimento, propriedades privadas de caça (game ranches), reservas e actividades agrícolas sustentáveis.

O projecto concentrou os esforços simultaneamente: (I) na capacidade da Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia, tanto a nível Central como Provincial para a gestão das suas zonas protegidas, dentro das TFCAs, tais como os Parques Nacionais de Banhine e Zinave e a Reserva Especial de Maputo, (ii) a participação das comunidades locais em actividades de uso sustentável nas e à volta das áreas protegidas, (iii) parcerias com intervenientes Locais, Nacionais e Regionais. Recentemente a localização institucional do projecto mudou para o recém formado Ministério do Turismo que constituiu uma nova Direcção para as Áreas de Conservação, Direcção Nacional de Áreas de Conservação (DNAC).

O projecto está a ajudar a DNAC no desenvolvimento de políticas e legislações apropriadas que irão permitir o desenvolvimento da comunidade com base na conservação e investimento do sector privado no turismo e actividades de conservação. O empoderamento das comunidades através da delimitação de terras e definição dos direitos de propriedades são consideradas fundamentais para a realização dos objectivos do projecto.

Foram alocados fundos para a preparação da segunda fase do projecto TFCA, que terá um forte ênfase no desenvolvimento turístico e planificação estratégica regional. O novo projecto também irá preparar propostas para o desenvolvimento de novos TFCAs na parte norte do país (5 milhões de USD).

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Projecto de Gestão da Biodiversidade Costeira e Marinha - Indu Hewawasam

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2005

O projecto está a testar uma abordagem integrada para atingir o desenvolvimento sustentável com ênfase para duas áreas projecto no norte de Moçambique. São elas: (a) os distritos de Mocímboa da Praia e Palma em Cabo Delgado; e (b) Nacala-Porto e Mossuril em Nampula. As duas áreas incluem locais reconhecidos como tendo no total uma biodiversidade significativa incluindo corais, mangais, estufas de algas e todas as cinco espécies de tartarugas e dugongos em perigo de extinção. O projecto tem como objectivo alcançar o seguinte:

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• Estabelecer planos de desenvolvimento espacial estratégicos, aprovados e adoptados pelas autoridades Nacionais, Provinciais e Distritais nas áreas piloto.

• Melhorar a capacidade institucional para a gestão integrada das zonas costeiras a nível provincial e distrital;

• Devolver a planificação das áreas costeira às autoridades provinciais;

• Testar vários modelos de gestão de zonas costeiras incluindo a gestão comunitária e concessões para o sector privado;

• Estabelecer protecção efectiva das áreas chaves de conservação marinha; e,

• Estabelecer uma co-gestão consistente nas zonas tampão das áreas chaves em consonância com os objectivos da conservação.

O projecto está a ser coordenado pela Direcção Nacional de Gestão do Ambiente (DNGA) no Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), e as componentes do projecto estão sendo implementadas por um conjunto de agências com mandatos específicos para a implementação das actividades nas zonas costeiras (9.7 milhões de USD GEF/IDA)

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Quadro Estratégico para a Gestão do Meio Ambiente (SEMF) para a Província de Maputo - Agi Kiss

Sob o auspício do Comité de Terras Fronteiriças a África do Sul, Suazilândia e Moçambique expressaram o seu compromisso para com o desenvolvimento de um quadro regional para a Estratégia de Gestão Ambiental (SEMP). O Banco está a apoiar o desenvolvimento da componente da província de Maputo desde o SEMP Regional que também inclui parte da Província de Mpumalanga na África do Sul e Suazilândia na sua totalidade. O objectivo de SEMP é de ajudar a estabelecer as capacidades apropriadas e um quadro institucional integrado para os três países participantes atingirem um desenvolvimento sustentável numa sub-região caracterizada por uma interdependência económica e ambiental.

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Sector de Urbanização e Águas

Projecto de Desenvolvimento Nacional do Sector de Águas I - Catherine Revels

Situação: Em Implementação

Data de Encerramento: Outubro de 2003

Este projecto tem como objectivo (a) reorientar as instituições do sector de águas e elevar as suas capacidades; (b) preparar-se para a gestão pelo sector privado dos sistemas de abastecimento de água urbana para as cidades de Maputo, Beira, Quelimane, Nampula e Pemba e planos para a provisão e do saneamento e drenagem nestas cidades; (c) reorientar e reformar a gestão e implementação do Abastecimento de Água Rural e Saneamento (RWSS), e melhorar os serviços de RWSS na Província de Inhambane usando uma abordagem baseada na procura; (d) fortalecer a gestão dos recursos hídricos, apoiar estudos conjuntos com países à montante, no controle e desenvolvimento de rios partilhados e implementar aspectos de segurança relacionados com os trabalhos de reabilitação na Barragem de Corumana; e (e) apoiar um programa de desenvolvimento dos recursos humanos para o sector de águas.

O projecto está a ser implementado sob a direcção do Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH) com a participação de outros intervenientes. O financiamento está a ser feito pelo Governo de Moçambique, ADI, Fundo Nórdico para o Desenvolvimento (NDF), Agência Suiça de Desenvolvimento (SDC) e Autoridades Suecas para o Desenvolvimento Internacional (SIDA).

O projecto encontra-se no seu terceiro ano e o progresso tem sido satisfatório. A capacidade dentro da Direcção Nacional de Águas (DNA) e noutras Agências de implementação foi melhorada para gerir o sector. O abastecimento de água nas cinco cidades está a ser gerido sob contrato com o sector privado, estando a supervisão a cargo de uma empresa com participações e por um regulador independente. O plano de transição do RWSS foi desenvolvido e está a ser testado na Província de Inhambane. A revisão da Lei e Política de Águas e formulação da Estratégia de WRM está a ser levada a cabo sob a Direcção da equipe de Trabalho de Intervenientes com assistência técnica em contínua. Um conjunto de estudos sobre a bacia de rios conjuntos estão a ser levados a cabo e foi contratado um painel de assessores para ajudar nas negociações internacionais. Para a Barragem de Corumane foi encomendado equipamento de segurança para o trabalho de esboço já terminado, para os trabalhos de reabilitação. Foi desenvolvida uma Estratégia para o Desenvolvimento dos Recursos Humanos e Gestão para a DNA e o Sector com larga participação do de intervenientes.

Contudo, existe muito trabalho a ser feito no sector. A cobertura permanece baixa tanto nas comunidades urbanas como nas rurais. A vontade e habilidade dos clientes nas comunidades rurais de fazerem contribuições adiantadas para o abastecimento de água e nas comunidades urbanas pagarem as tarifas que cobrem o custo total da operação, manutenção e depreciação de forma a que o sistema possa ser sustentável continua

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controverso e tem atrasado algumas das componentes do projecto. Houve uma experiência limitada na implementação da participação comunitária, planos de comunicação e participação dos intervenientes de alguma forma no sector e levou tempo para alcançar o consenso à volta destes elementos do projecto e obter mecanismos apropriados e capacidades no local (36 milhões de USD).

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Projecto de Desenvolvimento do Sector de Águas II - Jane Walker

Situação: Em implementação

Data de Encerramento: 30 de Junho de 2005

Este projecto foi aprovado pela Direcção do Banco Mundial a 17 de Junho de para suportar os contratos para a gestão pelo sector privado de sistemas de Abastecimento de Água em Maputo, Beira, Quelimane, Nampula e Pemba; investimentos na extensão dos serviços de abastecimento de água para alguns dos bairros nestas cidades onde o abastecimento não existe neste momento ou é inadequado; e a produção de um quadro regulador. O projecto terá como objectivo providenciar uma plataforma sólida para melhoramentos sustentáveis e a longo prazo na cobertura dos serviços, padrões e eficácia de custos. O projecto será financiado pela ADI, Governo de Moçambique, Holanda e o Banco Africano para o Desenvolvimento e será implementado no quadro do MOPH com a participação de governos locais e outros intervenientes (75 milhões de USD)