o alentejo, quando fala… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar,...

60
José Rabaça Gaspar (organização e montagem) O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! “Atão cumpadres, qui’é que’stão p'raí conversando… remoncando… arengando… ramplonando… aldeagando…" Alentejo – Palavras e Expressões – GLOSSÁRIO de regionais do ALENTEJO algumas OBRAS e SIGLAS utilizadas Alentejanando – Estórias e Sabores Joaquim Pulga JPulga AMARELEJA Rumo à sua História Padre João Rodrigues LOBATO, 1961 ARH JRL - Lobato O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS Conde de Ficalho ´ CFicalho - CFicalho AUTO DO NATAL – PRESÉPIO Casa do Povo de São Matias, Beja AutoN CANCIONEIRO DE SERPA Maria Rita Ortigão Pinto Cortez Edição da Câmara Municipal de Serpa 1994 CS - RCortez A Linguagem Popular do Baixo Alentejo Manuel Joaquim Delgado Ed. Assembleia Distrital de Beja 1983 LPBA JD - Delgado Alentejo Cem por Cento Prof. Joaquim Roque Ed. CM Ferreira do Alentejo - 2ª ed. 1990 Alentejo100 - JRoque Monografia de Vila Verde de Ficalho Francisco Valente Machado Ed. Biblioteca Museus de VVFicalho, 1980 MonografiaVVF - Machado Dialecto Alentejano contributos para o seu estudo Manuela Florêncio Ed. Colibri, 2001 DialectoAl – MFlorencio Dicionário de Falares do Alentejo Vítor Fernandes Barros Lourivaldo Martins Guerreirp Ed. Campo das Letras - 2005 Jornal Terras do Cante Nº0- 1994 jTC 0 Fev 1994 Os Falares Fronteiriços de Olivença e Campo MaiorJosé Luís Valiña Reguera JLVReguera Corroios – Aquém Tejo – 2011 04

Upload: dotuyen

Post on 26-Jul-2018

261 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

José Rabaça Gaspar (organização e montagem)

O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…!

“Atão cumpadres, qui’é que’stão p'raí conversando… remoncando… arengando… ramplonando… aldeagando…"

Alentejo – Palavras e Expressões – GLOSSÁRIO de regionais do ALENTEJO algumas OBRAS e SIGLAS utilizadas

Alentejanando – Estórias e Sabores

Joaquim Pulga

JPulga

AMARELEJA Rumo à sua História

Padre João Rodrigues LOBATO, 1961

ARH JRL - Lobato

O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS

PASTORES ALENTEJANOS Conde de Ficalho

´ CFicalho - CFicalho

AUTO DO NATAL – PRESÉPIO

Casa do Povo de São Matias, Beja

AutoN

CANCIONEIRO DE SERPA Maria Rita Ortigão Pinto Cortez Edição da Câmara Municipal de

Serpa 1994

CS - RCortez

A Linguagem Popular do Baixo Alentejo

Manuel Joaquim Delgado

Ed. Assembleia Distrital de Beja 1983

LPBA JD - Delgado

Alentejo Cem por Cento Prof. Joaquim Roque

Ed. CM Ferreira do Alentejo - 2ª ed. 1990

Alentejo100 - JRoque

Monografia de Vila Verde de Ficalho Francisco Valente

Machado Ed. Biblioteca Museus de VVFicalho, 1980

MonografiaVVF -

Machado Dialecto Alentejano –

contributos para o seu estudo Manuela Florêncio Ed. Colibri, 2001

DialectoAl – MFlorencio

Dicionário de Falares do Alentejo Vítor Fernandes Barros

Lourivaldo Martins Guerreirp Ed. Campo das Letras - 2005

Jornal Terras do Cante Nº0- 1994

jTC 0 Fev 1994

Os Falares Fronteiriços de Olivença e Campo Maior…

José Luís Valiña Reguera

JLVReguera

Corroios – Aquém Tejo – 2011 04

Page 2: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

Textos Curtos utilizados para ilustrar o vocabulário organizado na tabela…

1. Uma CANTIGA popular: Strala a Bomba... Meninas da R’bera do Sado…

Alunas do Magistério, Beja, 1985 e Adiafa 2000?

2. Uma curta ESTÓRIA versada: No Ressio enfio... Uma professora em Mértola, 1984/85 3. A anedota... da CORTIÇA Alunas do Magistério, Beja, 1985 4. Carta dum pastor ao Compadre Fialho de Almeida Dita pelo Prf. Manuel Pedro, Beja, 1980 5. Pinto Basto (canta)

Mestre Alentejano de J. de Vasconcellos e Sá Saramago de J. de Vasconcellos e Sá Mestre Alentejano 2, de Rosa Dias

J. de Vasconcellos e Sá Canta: Pinto Basto (neto) Rosa Dias / Pinto Basto

6. A Ponte da R’bêra d’Odivelas Enviada por João Honrado 7. DESPIQUE FALAR ALENTEJANO

M'nina que tá à j'nela... in À DESCOBERTA DE POTUGAL - Rider's Digest - 1982

8. Uma DÉCIMA (Mote e 40) No teu Giro Sol Brilhante...

Inocêncio de Brito, S. Matias, Beja, 1856 - 1938

9. Crónicas de Manuel Loendrero 1. O de Lisboa - in A PLANÍCIE, 15/02/83 2 A Pega - in A PLANÍCIE, 15/06/83 3. Tornêo em Lesboa 3 - in A PLANÍCIE, data ilegível 4 A Excursão 5 A Escola

Eng.º Luís Eduardo Perfeito Santa Maria

10. AMARELEJA Rumo à sua História 1. EPISÓDIO da vida no Campo – com Glossário 2. Breves diálogos… 3. “Gente Possante”

Padre João Rodrigues LOBATO, 1961, pp. 179 a 193 Poema de De D. Maria da Paz Barreto Martins

11. O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS - (EALPA) (CFicalho).

Conde de Ficalho – in TRADIÇÃO – Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899

12. RIQUEZA DOS FALARES REGIONAIS (um conjunto de vários (7)Textos com saborosas (h)istórias no fim das quais o autor faz um levantamento vocabular...) - Daqui peço as devidas desculpas e autorizações, para, dentro das minhas limitadas possibilidades, ir arquitectando uma AMOSTRA do FALARe do ALENTEJO...

Manuel João da Silva - Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém e Sines - 1985

13. Algumas ligações – vídeos – gravações…

“Alentejanos” in http://senamor.blogspot.com/2008_12_06_archive.html

Mais do que uma simples caricatura – o “FALAR”, o modo como comumicas é que define a tua

identidade… «As “Pessoas” e as “coisas”, à partida, não têm “NOME”. Somos nós que damos “NOME” às

“Pessoas” e às “coisas”. Ou antes, nós é que somos aquilo que chamamos à “Pessoas” e às “coisas”!»

Porquê? Porque, como dizia Epictecto (50 – 158 pC.): «O que perturba e alarma o Homem não são as “Pessoas” ou as “coisas”, mas as suas opniões e fantasias acerca das “Pessoas” ou das

“coisas”.»

Foi o Homem que deu os Nomes às coisas… (Ver Gen. 2,19): «Tendo pois, o Senhor Deus, formado da terra todos os animais dos campos e todos os

pássaros do céu, levou-os ao Homem para ver como ele os havia de chamar. E, todo o NOME que o HOMEM pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro NOME.»

Page 3: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

TERMO / expressão

origem provável

CITAÇÃO/INFORMAÇÃO /Significado

OBRA Pag.

a escape rapidamente Lobato à escape à pressa… abalou à escape… a mais grossa e como o pitrol

forte medo Lobato

abafadura abafo calor abafadiço Delgado abalari abali

abalar abelei

ir embora

abençua bênção Machado 296 aberão chapéu alentejano Delgado abespêro vespeiro Machado 296 abesprero vespas Vespeiro Delgado abichornado atmosfera quente e pesada Lobato abichornado atmosfera quente e pesada Lobato abocanhar boca abarcar com a boca Delgado abondo / avondo lat. abundu

vt. avondo avonde e tem qu’avonde

abundante; e assaz, suficientemente

acabadoiro a morrer Machado 296 acabantes de uma vez que Machado 296 açafoar-se irritar-se –zanagr-se Delgado açafões aceifões ceifões cefões safões

ár. as-saifan' Guarnições de pele para proteger as pernas

açano aceno gesto com a cabeça, mãos Delgado acarditar acreditar Delgado acarear proteger «…acareias toda a

gente…» Delgado

acartar carregar aceifões ár. as-saifan' vt. açafões, ceifões e safões CFicalho acelga planta? acharoado zangado, mal disposto,

humilhado (acharondado) Lobato

acharondado mal disposto, humilhado (por acharoado); – zangado

Lobato

ache pequena ferida… achegas Ajudas, gorjetas… acormado cheio Lobato açucre açúcar adiafa onde? adiós perico já não tem remédio Lobato adiós Quinim lá se vai tudo Lobato adondi? adregar adregue

calhar, acontecer… “por adrehue” por acaso

afeção afeição afeguntar-se precipitar-se Lobato afrajalar-se recostar-se agastura zanga agasturas ânsias Lobato agente a gente

nós

Page 4: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

agora cá Nem penses nisso! agora logo já, imediatamente ai quirido meu caro Lobato aiveca peça da relha do arado ajuda de ajudar Aqui é o segundo pastor do

maioral. CFicalho 145

al será duvidar al será exclamação afirmativa ou

negativa segundo a frase em que é colocada; v. g. - Dás-me um figo? Al será! (negação) - Al será que amanhã não chova (é quase certo que chove)

Lobato

alabaça arrabaça

rabaça – planta umbelífera…

alabão ár. al-laban Diz-se do gado que dá leite VT. alavão

CFicalho 151 152

alacrara lacrau alacrau alacrara lacrau Machado 296 alândea a bolota do sobreiro, para

distinguir da “boleta” da azinheira

alavão ár. al-laban Diz-se do gado que dá leite vt. alabão No Alentejo anda ligado ao rebanho que dá leite para queijos

CFicalho 151 152

albarda albarrã albarran

ár. al-barrani v. cebola albarrã – cebola campestre, braa, dos campos, sem ser semeada e disposta…

alberca alverca Machado 296 alcácer ár. al-qaçr

al-qacil castelo, palácio Sementeira de aveia (Barrancos)

alcachofrado um pouco zangado Lobato alcachofrar irritar-se alcáçova ár. al-qaçabã cidadela alcáçovas Cana

Será esta a origem de Alcáçovas, Évora Alentejo. Vt. Canas de Senhorim…

alcagoita amendoim alcaide ár. al-qãid guia, chefe alcornoque sobreiro caduco aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar

animadamente, gracejar ruidosamente.

aldefa loendreiro (Barrancos) aldemenos ao menos, de modo nenhum alembraça lembrança alfacem alface alfaia ár. ai-haia necessidade… utensílios alfeirão alfeire ár. al-hair porco de engorda…

cercado, horta; cercado onde se guarda o gado Houaiss, 5 significados, como vara de porcos ou de gado que não tem crias…

CFicalho 150

Page 5: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

alfeireiria v. alfeire Égua ainda estéril alfeireiro O home de guarda ao alfeire 150 alfirme de firme corda delgada de esparto. v..

rede 161

alforria ár. al-huriiâ v. forro e forra algara ár. al-gãra incursão de cavaleiros por um

território

algarevão dic. Algarivão, mq. Alcaravão

ár. al-qarauan Ave pernalta de arribação… que canta: tão ruim… tão ruim… tão ruim…

jTC, Fev 94 Pastores e Pregoeiros

algeroz ár. al-zarub canal de água algibe ár. al-jubb cisterna, poço algibeira ár. al-jibairã Pequeno saco de couro usado

pelos cavaleiros árabes

algoradear coscovilhar algoz ár. al-gozz de uma tribo onde se recrutavam

os carrascos

algum dia antigamente Lobato ali ó pé ali perto aljibe aljube

ár. al-gozz cisterna, poço

almádena ár. al-madnã almenara, v. minarete almanjar ár. al-majarrã curso de água; trave, barrote CFicalho 168 almanjarra ár. al-majarrã curso de água; trave, barrote almanzém armazém Machado 296 almareado enjoado Almáste(c)ga almástica

ár. al-masteka resina de lentisco Al.sementeira para repovoação

almatrixa ár. al-matraxa O aparelho da burra… feita… com peles de ovelhas. Manta presa com uma cilha, usada nas cavalgaduras

CFicalho. 158

almece ár. al-mis ou al-miç (DE) al-mãiç(GDLP)

soro de queijo” que desempenhava um papel importante na alimentação das classes pobres, durante as rouparias… Fevereiro – Páscoa… Relacionar com Manteigas, na Serra da Estrela. V. tabefe.

CFicalho jTC, 0 Fev 94

165

almécega ár. al-maçtika ideia de resina. V. almástica no Alentejo

almenara ár. al-madnâ v. almádena, minarete almiara meda de trigo almocabar ár. al-muqabar cemitério árabe NDPérez 56 aloendro v. loendro alpoldra v. alpondra pedras de passagem num rio alpondra al + lat. pulitru- pedras de passagem num rio alque(i)ve ár. al-qaua terra deserta, terra de pousio alquitete arquitecto Machado 296 alteiro de altear? “Deixas de ser tão alteiro”

(Não encontrei no GDLP) jTC, 0 Fev 94

altemóvel altomóvel atmóvil

automóvel

alumiar nomear Lobato alvanel ár. al-banna pedreiro. Vt. alvenéu alvaner ár. al-banna pedreiro. Vt. alvenéu alvanéu alvenéu

ár. al-bannã pedreiro. Vt. alvaner CFicalho 144

Page 6: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

alvanil ár. al-banna pedreiro. Vt. alvenéu alvanir ár. al-banna pedreiro. Vt. alvenéu alveitar ár. ai-baitar ferrador de bestas, veterinário

sem diploma

alvenaria de alvener arte ou profissão de pedreiro. Pedra tosca

alvenel ár. al-bannã pedreiro. Vt. alvenéu CFicalho. 144 alvener ár. al-bannã pedreiro. Vt. alvaner alverca ár. al-bbirkâ tanque que recebe água da nora alvetar ferrador… tratador de animais… alvoreado sem juízo… alvoredo arvoredo alzubêra algibeira Machado 296 amanhar amahari

cultivar a terra, prepará-la… consertar um objecto… ossos…

amanhêm amanhã ambos dois os dois… ambos amentolia almotolia amentolia almotolia Machado 296 amesear acusar em tribunal ametade metade Machado 295 amor' dois ambos Lobato amori amor anaco cabrito de um ano ou nacp de

pão…

andaço epidemia Machado 296 andâncias dilegências Machado 296 andar à gadeia folgar andar a tranquete

à pressa

andar à unha andar em desavença, desentendido

andar com a orelha fora do cabresto

andar desconfiado, precavido Lobato

andar com a veia altéria

andar nervoso Lobato

andar em fama andar tarraceando

andar fazendo qualquer coisa sem saber o quê

Lobato

andes endês

ovo que s põe à galinha para continuar a psotura

andesia ár. al-qaua terra deserta, terra de pousio Terrenos por andam os rebanhos e onde dormem para ser fertilizados…

CFicalho 154

andi andei ângulas às cavalitas no jogo do eixo aninho lã dos borregos que não dá para

fazer velos… CFicalho 170

anti-parras polainas dos cavadores antre entre anzoli enzol

anzol de pesca

aos repoupos a esquivar-se Lobato aos torlores a trouxe-mouxe Lobato aos três meios quartilhos

ir a cair, com os copos… Lobato

Page 7: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

aos trouxos-mouxos

a trouxe-mouxe Lobato

apanhar a lebre quando alguém cai… aparrado apertado apartação de apartar …separação dos borregos das

mães. Acto de separar certo número de animais.

CFicalho. 151

aplancar cava feita no verão… apoldrada de poldro diz-se da égua que tem cria ou

poldro CFicalho 150

apresto aprestar tudo o preciso para o gado muar… cabresto, guizalhas, arreatas, rédeas, decoiro, chicotes, molins…

aquaso acaso Machado 296 a-que-turrum-tum-tum

a que propósito Lobato

aqui me morrem as poupas

queixa que se tem quando alguma coisa leva muito tempo a fazer. De um garoto ter ido aos ninhos e ter trazido para casa duas poupas que meteu na gaveta da mesa quando se preparava o funeral da avó. Puseram o caixão em cima da mesa onde o garoto tivera posto os pobres pássaros. Então este exclamava de vez em quando: - Não levam a velha e aqui me morrem as poupas!

arção acção Machado 296 arengar falar por entre os dentes, sem se

perceber o que diz Lobato

argolairo esta rola, estouvado Lobato armar um terrêrinho

armar uma zaragata…

arquiz pequena cabana ou galho para pendurar chocalhos ou coleiras…

arrã rã Machado 295 arrabaça alabaça (?)

rabaça – planta umbelífera…

arrabaceiro rabaceiro que gosta de fruta verde… arrabolar rebolar Machado 296 arraiol (jogo) Jogo do berlinde arranjar um embrechado

criar uma compliação

arrebantar rebentar arreceber receber Machado 296 arreceio receio Machado 296 arrematar dizer mal de; censurar Lobato arrenegar amaldiçoar, zangar Lobato arrequiz arrequife pernada seca que os pastores

espetam junto da choupana para servir de cabide; armário para os queijos.

Lobato

arretalhar dar um corte com faca, normalmente em azeitonas e castanhas

arriar o calhau… Ir ao WC! arrife aceiro… desbaste em linha

recta…

Page 8: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

arrodeio rodeio Machado 296 arrodioscas evasivas Machado 296 artemage feitiçaria artemove automóvel Machado 296 arve árvore Machado 296 arvela alvéola Machado 296 asado azado

assabão sabão Machado 295 asservar observar Machado 297 assinatura consentimento assubir subir Machado 296 atabúa planta da ribeira… atafal Ár. ath-thafar cinta larga presa à albarda atafona ár. aT-Tafar moinho. Arrecadações junto ao

moinho. CFicalho. 168

atalicar provocar, atiçar atão então Machado 296 atão! Então! atibado cheio Lobato Atôco buraco Lobato avaluar avaliar Machado 296 avelada avelã … a ficar velha… aventejar cheirar (de venta)

Lobato

avio de aviar provisão de mantimentos CFicalho. 158 avoar voar Machado 296 avonde lat. abunde- abundante, bastante avondo abondo

bonda abundante, bastante t’avonde… t’avondo… chega! basta!

azado pote pequeno para onde o leite é coado por panos sobrepostos… e coalha com cardo…

CFicalho. 164

azedo o estado de fermentação do queijo…

CFicalho. 164

azemel almocreve azenha ár. as-sãnia nora, roda de irrigação… CFicalho. 168 azete azeite azomb(ê)eirado desajeitado azougue ár. az-zauq íman (a faca tem azougue…) bááá! nem por isso; ou negação

categórica; v. g. - Tiveste uma boa seara! Bááá - Saiu-te a sorte grande! Bááá!

Lobato

bacina vacina Machado 296 bainique casa pequena Lobato baldoréga beldoéga

planta hortense…

baleio vassoura de giesta e arbustos… balhar balhe balho

baile “’stá o balho armado” – confusão

balharisco baile bambúrrio sorte banhar nadar barafunda confusão baranda varanda Machado 296

Page 9: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

barbantão barbanto rústico, burgesso, alarve barbiano Como barbanto rústico, burgesso, alarve barquilho pequeno tabuleiro de madeira

para o servente levar a argamassa ao pedreiro… (Barrancos) (Beja tabulacho)

barquino pele de cabrito, preparada para conter e transportar água potável…

CFicalho. 159

barranceira ribanceira barranha barrenha

vaso de barro ou lata para líquidos – espécie de bilha…

barranhão barrenhão barranhoa

«tigela, de loiça grosseira, usada nos “montes” para serviço dos ganhões, onde se prepara a açorda»

bassoira vassoira Machado 296 bater o atanado morrer (atanado - coiro) Lobato bater os cachos comer os restos Lobato bater os engaços Morrer Lobato belga jeira de terra, courela… belmeque lugar Lobato bem acompanhado

constituído, forte Lobato

bem esgalhado bem feito Bértelameu Bartolomeu bescoço pescoço Machado 296 bescoço pescoço Machado 295 bestigo postigo Machado 296 besuntar o pão barrar o pão (com manteiga…) bigote bigode Machado 296 bobedêra bebedeira Machado 296 bober bobedêra

beber bebedeira

boleta bolota da azinheira ou chaparro, para distinguir de (a)lândea a bolota do sobreiro

bom dia cá d’o péi

Bom dia Lobato

bonda ver abondo e avondo bordalho borda eambrae, “espécie de peixe do

rio muito apreciado”. (Barrancos)

bordanada bordoada «pancada com bordão; paulada» borra Lat. burra- burel, tecido grosseiro de lã… CFicalho. 146 borrega v. borrego fem. De borrego CFicalho. 146 borrego lat. burru- ruço, encaranado CFicalho. 146 borro lat. burru- ruço, encarnado CFicalho. 146 boticada bebida ruim, ou boa Lobato boxa boxudo

barriga, ventre proeminente barrigudo

brabo bravo Machado 296 brendêro merendeiro «pequeno pão feito da

amassadura que se come, em geral, à merenda».

brincar òs escondarelos

brincar às escondidas… infantil

brunho abrunho Machado 296 buano guano «adubo preparado com matérias

Page 10: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

orgânicas». burda ovelha muito guedelhuda

(Barrancos)

buzaranha grande ventania búzio – “Tá búzio”

está embaciado, baço

cá! Expressão de dúvida! Machado 296 cabaço recusa de namoro… tampa… “dar

cabaço…”

cabedar calhar em sorte… (herança) Cabedar pertencer, caber (do latim

capitare) Lobato

cabedulho a extrema de uma leira de terreno lavrado ou de um ferragial

çabola cebola çabola cebola Machado 296 cabrão dum raio dos insultos tolerados, mais

ofensivos na região

cação Estar em cação – estar nú… caçareiro carcereiro cacete pau cachafundão um fundão perigoso num poço… cadêra cadeira Machado 295 caderno Uma variedade de trigo

(Barrancos)

cafei café çafões v. safões Neste sentido parece que não

terá vindo do árabe! CFicalho. 156

cagar dar de corpo

ir ao WC

cagulo cogulo … além da medida… alturão… Cair uma tochada de água

chover fortemente Lobato

cais cáje

quase «um caje nada…»

cajado lat. caiãtu- bordão de pastor com meia volta em cima…

CFicalho. 156

calacear mandriar calatrava vigarsita… pessoa falsa calatroia sopa de azeite e cebola, em uso

no Alentelo. CFicalho. 159

calatróia sopa fria de azeite, vinagre e alho… vinagrada… comida mal feita…

caldeira v. ferrrada panela grande com asa onde se faz comida… migas… e outros usos… (É a ferrada entre os pastores da Serra da Estrela…

CFicalho. 159

caleira calor? Certa doença de melões e melancias…

calhabuz rapazola… catraio… (desprezível) Calhaca porcalhona, sem brio Lobato calhostres colhostros

colostro Primeiro leite (almece) após o parto

calidade qualidade calitro eucalipto calma calor! “Mas que calma…” çamarro v. samarro “…é diverso do pelico, formado CFicalho. 155

Page 11: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

por duas peles, uma maior nas costas, outra no peito e sem mangas.”

cambalacho troca de cigano, troca duvidosa (de câmbio - troca)

Lobato

cambra câmara Machado 296 cambra municipal câmara câmbria cãibra camineta camionete campo da bola campo de futebol – estádio canavoira canavoura

«pé oco da fava» - pernas magras, caenlas…

candeio flores da oliveira… canha (mão) conhota esquerda caniçado prateleiras onde os queijos

acabados de fazer, vão fermentar… até ao azedo…

CFicalho. 164

canito cãozinho Machado 295 canseira trabalheira cante canti

cantar

canzuada muitos cães caqueirada caqueiro Restos de fezes e urina que se

deitam fora…

caquêro caco Vaso tosco de barro… carabulo carolo maçaroca do milho… carcachada rir à gragalhadas… Carcachada gargalhada Lobato carepa caspa (cabelo) carepar cair chuva miúda (meuda) (de

carepa - caspa miúda) Lobato

carinchelo opérculo do peixe Lobato carneiro lat. carnãriu- “animal carnudo de boa carne”.

Será o borro já crescido… CFicalho. 147

carnicão de carne núcleo duro e purolento de certos tumores e furúnculos… carnegão

casão armazém cascabulho casca cobertura da bolota…

(depreciativo) rapazola… catraio…

caspacho v. gaspacho iguaria com pão, água fria, azeite, vinagre, legumes…

CFicalho. 159

catacuz planta parecida com os espinafres que se usa em certas comidas…

cataloio meio parvo Lobato catinga cínico (do bras. catinga) Lobato Catrina Catarina cavalage cavalegem Machado 296 cavandela queda, engano, embuste… cavilar Pensar com insistência na

mesma coisa – matutar… Machado 296

cebola alvarrã Ár. albarran, al barrani

cebola campestre, brava, dos campos, sem ser semeada e disposta…

CFicalho. 170

cêfar ceifar Machado 295 ceifões v. safões O m.q. açafões e çafões CFicalho. 156

Page 12: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

jTC, 0 Fev 94 chafranada azáfama… estrafuna… barulho… chana aplanar o terreno com a mão

para jogar o belindre (de plana) Lobato

chanfrado da cabeça

tonto, maluco

chapada Encosta de uma serra… bofetada…

chara xara charaval (xaraval) charaz

terreno estéril… onde abunda a xara ou esteva

charaviscais xaraviscais

pequenas herdades… depreciativo… v. malatecas

charaviscar mexericar charifa vagina de certas fêmeas (burra,

vaca, mula, cadela…

charôco xarôco

siroco Vento Sueste… mau aspecto, doente…

charrôco xarrôco

peixe do rio de beiços grossos

chaves objectos feitos de corno pelos pastores… este para segurar protecções em pele para o gado

CFicalho. 160

cheira mal que tresanda

quando cheira muito mal

cheringa pessoa muito agarrada… chibato “trazer um chibato…” regressar

sem caça…

chicada Cast. Chico pequeno rebanho de ovelhas com borregos novos.

CFicalho.

chicadeiro de chicada pastor de uma chicada CFicalho. chimbalau Azar (de chambão?) Lobato chimborgas borra-botas (idem?) Lobato chinchilha raquítico (de chinchila) Lobato chinchos armação de lata circular para dar

forma aos queijos… CFicalho. 164

chinoso húmido Lobato chispes-chispes que se prende com coisa sem

importância, ninharias Lobato

chóriço chouriço chumela de chumaço pequeno travesseiro, almofada…

Faixa de recém nascido. Ouvido em conversa

chumela Travesseira da cama! (Ivone Portugal, Beja, quando iniciou como professora, no Alentejo, em Ficalho?)

chuvisnar chuneniscar

chuviscar

clubi clube coadeiros panos e rouparia os panos usados para o fabrico

dos queijos e dão origem ao nome rouparia…

CFicalho. 164

coalho leite já tratado com cardo para fazer o queijo…

CFicalho. 164

cocharro cocharrada cocho

Vasilha oblonga para água ou comida… (Tem mais de 5 significados

CFicalho. jTC, 0 Fev 94

171

Page 13: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

diferentes… cocharro; banco de três pés…)

coito couto, coutada de caça Colar passar Lobato colheres objectos feitos de como pelos

pastores… CFicalho. 160

comedias pagamento em comida… o avio para a semana…

CFicalho. jTC, 0 Fev 94

171

como tão! Como estão! Como vão! companha companhia compromissio compromisso com'qui... expressão usada para recomeçar

a frase; «Con'qui... diz ele alé inssim: ora'scute! na ponta sempre abarracou c'um trancaço.

Lobato

conloio conluio Machado 296 consertar-se assoldadar-se Lobato copa o conjunto de roupa que se veste

de uma vez Lobato

corchão lenço de seda que as camponesas usam ao pescoço…

corna corno serrado para vasilha… cornadura cabeça –“passar-se da

cornadura…”

cornecha casta de uva… e grão de centeio cornicão v. carnicão e

cornicho núcleo duro e purolento de certos tumores e furúnculos; carnegão. Mas em certas regiões seria o cornicho que foi muito procurado e bem pago, no tempo da guerra

cornicho de corno v. cornecha e cornicão cornicho de cabra – erva de pastagem para gado…

chifre, corno pequeno… Grão ou cravagem de centeio degenerado…

jTC, 0 Fev 94

cornicho de cabra

erva nome de ervas dados pelos pastores…

jTC, 0 Fev 94

corredoira correr «movimento do mercado de gado…»

correol v. corriol correr os alcanchais

não parar em ramo verde Lobato

corriol v. correol … fio resistente de couro de ovelha ou borrego… Fio, corda resistente, formado de finíssimas tiras de couro, cortadas e tecidas em fresco. Planta herbácea – verdeselha…

CFicalho. 155

coturros botas velhas (de coturnos?) Lobato cramelejo refracção da luz em dia de muito

calor (de caramelejo) Lobato

creminar crime criminar crença crenço

crer ter amor ou queda por alguém…

Page 14: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

crido querido cruel a propenso a: É muito cruel às

constipações: que se constipa com facilidade

Lobato

crujeiro chuva miúda e brada Machado 296 cruzado (quartinho)

moeda antiga um cruzado = quatro tostões (40 cêntimos de um escudo) (o quartinho = 12 tostões)

cuanhar Varrer a eira com vassoura de lentiscos…

cubrir ter relações sexuais cunca queijo quando fica pequeno… CFicalho. 164 cuprativa cooperativa çurrão v. surrão CFicalho. 158 Custóida Custódia cutelo lat. cultellu- instrumento cortante… CFicalho. 159 da mesma leia da mesma camada Lobato daquênada daqui a nada… dar à tramela falar em demasia… dar as voltas voltas para aproveitar melhor as

pastagens… CFicalho. 171

dar créto dar crédito… dar de corpo defecar dar fé curiosidade dê di

dei

de engatinhas de gatinhas Machado 296 de figos a brebas de longe em longe Lobato de nação… de nascimento… “Este dom é de

nação…” (Poeta de Augusto Grande de Almodôvar…)

de pau feito excitado defina Guisado com sangue de porco,

fígado, bofe e moleja… (VNBaronia). Noutras terras: moleja ou surrabura (de serabulho)

degote decote Machado 296 deitar mão começar Lobato deitar um bute deitar um cálculo a quanto vaie Lobato deitar-lhe as galfárrias

deitar-lhe a mão Lobato

deixar a pão e laranjas…

deixar em mau estado…

delido delir

apodrecer… desfazer-se…

desafiuzado desenganado… sem fé… desalumiar cegar… estontear… desalvorar desarvorar abalar com pressa… desavezado desabituado Lobato desbóia Primeira tiragem da cortiça a um

sobreiro novo… 1 – Não é permitida a desbóia de chaparros cujo perímetro do tronco, medido sobre a cortiça, a 1,3 m do solo, seja inferior a 70 cm. (uma lei) A primeira extracção de cortiça realiza-se quando a árvore atinge a maturidade, ou seja, aproximadamente 25 a 30 anos depois desta nascer, sendo esta operação

Page 15: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

designada por desbóia e à cortiça daí resultante, atribuída a designação de “cortiça virgem”. Na segunda extracção, a cortiça assume a designação de “cortiça secundeira”, sendo na terceira e seguintes extracções designada de “cortiça amadia”. De salientar ainda, que a periodicidade da extracção após a fase de desbóia, ocorre de 9 em 9 anos, durante um período que decorre entre Maio e Agosto.

desbrugar debulhar tirar a a casca desbulha debulha desbulhar debulhar Machado 296 descampar escampar

«serenar o tempo… deixar de chover…»

descandelizar escandalizar Machado 296 desemparar desamparar desenfeliz desinfeliz

infeliz

desinfeliz infeliz, triste, mais infeliz que os infelizes

Lobato

desmangaritar desfazer Lobato desnoca desnocar desbaste despaportar-se desfazer-se Lobato desplicar-se explicar despois depois de desriscar riscar Machado 296 destrajar-se deixar o fato usual.

Vestir-se de máscara; vestir pelo padão… – como de uso normal… - só vi usar no Al.

GDLP

destrajar-se vestir um fato que não é costume trazer

Lobato

dinhêro dinheiro dixote dito com graça Lobato dobrar as unhas morrer! Doluvina Ludovina Machado 295 drento dentro drento dentro Machado 295 dreta direita drome dorme dromir drumir

dormir

drumir dormir Machado 296 dsinfeliz infeliz Machado 296 dsinquieto inquieto Machado 296 é como a carabina do Ambrósio

não faz mal nem bem Lobato

é como a espingarda do mano Xirol

uma coisa que se desconjunta com facilidade

Lobato

é como as açordas

não faz mal nem bem Lobato

e d'i e então, depois (e daí) Lobato é mais certo que pardal em manturo

certíssimo Lobato

é mais condenado

é engraçado Lobato

Page 16: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

é mais parvo que as malvas

é muito parvo Lobato

é um rampilhoso não presta Lobato é uma peça linda uma boa prenda Lobato ebado ter doença, incurável (de eivado) Lobato ecalitral ecalitro

eucalipto

égua alfeira v. alfeire “…em oposição a égua parida ou alpondrada…”

CFicalho. 150

eguariços Lat. equaritiu- tipo de pastores. Relativo a éguas. O que trata de cavalos e éguas…

CFicalho. 154

eirinhos miolos; sentidos em moitão em grupo Lobato emaili email emareios tonturas Lobato embelgar dividir a terra com regos… belgas embelicar implicar emberrinchado zangado; amuado; sem poder

explodir Lobato

embicar tropeçar… encalhar… embigo umbigo embrechar arranjar grande sarilho.. embrulho engano enavoado enevoado encabeçar cabeça calcular o número de porcos que

se podem ter num montado… trato do terreno de azinheiras…

encabreimar cabresto pear um animal… prender… encafuado escondido encanto enquanto encarambado encarrapitado Lobato ençarrado encerrado enchapota lenha seca… da poda… encharnicar-se zangar-se, tornar-se arisco,

bravio (de charneca) Lobato

enchergar ver alguma coisa Lobato endorinha andorinha endretar endireitar enfechelhar cerrar (os dentes)… engar-se agarrar-se… apegar-se… engonhar trabalho demorado… engradar v. gradar e

engraecer. Criar-se o grão.

engradecer v. gradar e engraecer.

“Aqui a semente grada mais…” ou “engradece mais…” Tornar-se grado…

engraecer v. gradar e engradecer

Formar grão, formar semente…

enjacas alforge que se usa no dorso das cavalgaduras…

enjoelhar ajoelhar Machado 296 enlucar enlucada

estar sujo de merda… «… com a bota toda enlucada…)

enlustre ilustre Machado 296 enrascado atrapalhado enregar rego acertar… endireitar…

Page 17: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

enregar começar Lobato enricar rico Enricar enriquecer Lobato ensampdo admirado ensestão insestão

indegestão «apanhi uma insestão…»

então deixa... é inevitável Lobato enterar inteirar – saber entigo intigo

antigo

entoiçar entregues … tipo de trabalhadores de uma

heradde… (v. ócharia / ucharia)

entretenga entreter entroviscar trovão fazer trovões… discussão… envair seduzir… enganar… enverdecer verde renovar envicionado vício viciado enxógar enxogado “foi exogado”

enxaguar foi malhado… levou pancada…

enzame exame enzol anzoli

anzol de pesca

er’sipla eripsela erva azeda erva nome de ervas dados pelos

pastores… jTC, 0 Fev 94

ervas daninhas que se mondam…

balacho, corriol, cardos, catacuz, erva toira, erva azeda, escalrracho, saramago, trevo

escaleto esqueleto escalhavarda estouvada escalmorrado calma acalorado escampar deixar de chover Lobato escanefechado justo ao corpo… «vestido

escanefechado…»

escaraoantar-se alvoroçar-se… escarapantado irritadiço; receio de admiração;

que teve medo e não foi capaz de explodir; assarapantado

Lobato

escarchar abrir muito… escorrilho almece aguacento escotinho borda de pão escrófola doença esframilar-se desfazer-se esfrunhar varrer… limpar… esgalhar esforçar esgambeirado torto esgroviado alvoroçado esparregado Barulho “Tal é o esparregado” Esparvoado apalermado Lobato esperecer definhar espiche v. espicho rolha feita com pau aguçado…

panacada…nalgada… CFicalho. 160

espicho v. espiche rolha feita com pau aguçado. CFicalho. 160 espòjinho remoinho, pé de vento espurgar descascar esquero chiqueiro

Page 18: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

esquila got. *skilla lat. squilla

1. Pequeno chocalho 2. Espécie de cebola albarrã 3. tosquia

jTC, 0 Fev94

está mai bem frio faz mais frio que calor Lobato estabordar transbordar estafeta Pessoa que fazia recados e

avios… uma profissão típica no Alentejo que fazia de correio… a pessoas isoladas ou com dificuldades de deslocação…

estamporte transporte Machado 296 estar a oiro e fio estar a morrer Lobato estar capaz de cuspir num'empinge

estar em jejum; em branco Lobato

estar com'mas fezes mum grandes

ter muitas preocupações e contratempos na vida

Lobato

estar como um grifo

ter a barriga cheia Lobato

estar de amassilho

estar de cozedura de pão Lobato

estar d'impéi de pé Lobato estar d'incócoras de cócoras Lobato estar embaraçada

estar para ser mãe Lobato

estar encegueirado

estar demasiadamente entusiasmado

Lobato

estar esparsido estar definhado; esparvecido Lobato estar presa estar para ser mãe Lobato estar tudo num sapal

estar tudo alagado Lobato

esteio dote da noiva na nova casa: cadeiras, cómodas, cama, lavatório, arca, mala, estanheira, cabides, “papagaios”…

Machado 297

estilada v. mera destilação de lenha de azinho para fazer a mera…

CFicalho. 170

estornejada caída por terra… estorvar impedir estrafuna azáfama… barulheira estralar estalar rebentar estralo estalo Machado 296 estrambilhado meio doido estramelo estampido Lobato estrampalhado avariado estravanguilho Puxo da charrua… o “puxo”… estrecar estercar Machado 295 estriqueira estrumeira fager fazer “fig(z)e-o eu” – fi-lo eu… faia janota, fadista… “com o réu

cabelo à faia…”

famila família Machado 297 familha família fanchona vaidosa – “A Anica vem toda

fanchona!”

faneca fanega

medida de 60 litros de trigo (Barrancos)

Page 19: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

fantesia fantasia farota ovelha velha CFicalho. 148 farrejo cevada verde farropo ár. kharuf “Borrego”. É uma sugestão do

Conde de Ficalho registado mas discutido pelo DELP.

farroupete farroupo

ár. kharuf

“porco novo, menos de 6 meses” “borrego”. É uma sugestão do Conde de Ficalho registado mas discutido pelo DELP.

CFicalho. 148

faxavore se faz favor fazenda lat. facienda aqui: - fazenda de malatos,

fazenda de carneiros; fazenda de chibatos… rebanho. Normal: Terras, bens; pano… rebanho de gado macho ou qualquer rebanho.

CFicalho. 153

fazer a amèção simular fazer Lobato fazer a conversa expor o assunto Lobato fazer bichos fazer caretas, (em vez de bicos) Lobato fazer meia azul namorar, galantear… fazer o rio lavar a roupa Lobato fazer um viage viajar, (infl. cast.) Lobato fazer uma raza fazer uma oração ou reza Lobato fazer vasas substituir, ir em vez de… – “Faço

vasas de ganhão…”

felor frol

flor

feneza fineza fermesura fremesura

formosura

ferrada Prov. Vasilha para onde se muge o leite…

Panela grande com asa onde se faz comida… e outros usos… (É a ferrada entre os pastores da Serra da Estrela)

CFicalho. 159

ferrado v. ferrada aqui é um vaso de barro para a ordenha. “ficar ferrado a dormir…”

CFicalho. 163

ferruge ferrugem Machado 297 fertuna fortuna feturar fiturar

futurar

fezes – ideias… crença… problemas… “É só fezes… Tenho cá…”

ficou tufando ficou farto “O que jantou mano Calote? - Um pão padeiro, um prato de chicharros, por riba umas pevídeas de melão e por fim arrimei-le com'mas vergas d'água e fiquei tufando”

Lobato

fituro futuro Machado 297 flaita frauta

flauta

foi para a chana foi para a cadeia Lobato folha (de terreno)

“extensão plana de terreno…”

fonção função “boda, casamento” forfe fósfero

Page 20: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

forfo forra-passos cão de pastor (raça serra de

Aires) Lobato

forras gado diferente do resto do rebanho que o pastor guarda…

forro ár. hurr “livre…, puro…bravo”. V. ovelhas forras, livres. Vt. alforria.

CFicalho. 147

fraguelhteiro brincalhão francelho peneireiro, gavião… franela flanela Machado 297 franhera farinheira frasca bolo caseiro para casamento…

(Calvos)

frascal meda de cereal para ser debulhada

frega da calma rechina da calma

“hora do maior calor…” v. “rechina da calma”

fruita fruta fuge foge imp. de fugir função casamento Lobato funda lat. funda Laçada de eãoeo para atirar

pedras… CFicalho. 156

fundalhos fundo restos que ficam no fundo fuzilêra fuzil bolsa de pano para a

espingarda…

gabão (gabõezito?) Espécie de capote com mangas, capuz e cabeção.

jTC, 0 Fev94

gabinardo ou gabinarda

v. pelico… espécie de capote; eãoeo… Ouvido em conversa Al.

gachélo boi com a coma baixa (de agachar)

Lobato

gaimão Planta de caule tenro que dá uma flor arroxeada… O gaimão, também conhecido por abrótea

gaiva pequena ferida… arranhadela galgueira cama feita no chão com buinho…

cama improvisada Lobato

galhandêra alegre, bem disposta, activa… Machado 297 galioso bonito, airoso, formoso… gamboa marmelo molar grande e tenro… ganadeiros tipo de pastores CFicalho. 154 ganfar apanhar, prender… ganfar roubar ganhões “… são concertados dia de S.

Maria…” os pastores no dia de S.Pedro…

CFicalho. 154

garfa pequeno enxame de abelhas gargalejo gargarejo Machado 297 garrear guerrear Machado 297 garrocho arrocho pau curto e torto… pessoa

teimosa..

gaspacho v. vinagrada e caspacho

iguaria com eão, água fria, azeite, vinagre, legumes…

gazil esperto, vivo… brilhante… gazito piolho gazopo cão de rebanho… rafeiro novo… gimão presunto Lobato

Page 21: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

girigoto muito mexido e engraçado Lobato Girolmo Jerónimo gorpelha golpelha recipiente para transportar a lã

na tosquia… CFicalho. 170

gorpelha golpelha Machado 297 gradar v. engradar,

engradecer e engraecer

“Aqui a semente grada mais…” ou “engradece mais…” Tornar-se grado, crescer.

Ouvido em conversa S.E.

gramozilhos gambuzinos… granito Grão pequeno

Certo tipo de rocha ou pedra

gravançada cozido de grão gravato Pedaço de madeira, graveto,

garavato. jTC, 0 Fev94

gravejar vestir bem Machado 297 gravejar-se vestir fato dominguero Lobato grevata gravata grifar tirar com violência (de

grifagarra) Lobato

griséu ervilha grada grovito boi com a corna alta Lobato Gudiana Guadiana Machado 297 gulipona glutona havera haver hé ó mãe tal é isto (admiração) Lobato home homem hortalã hortelã impado suspiro Lobato impida impeça incerrar encerrar Incorrusquinhado encolhido Lobato ingreja igreja Machado 297 interneti internet ir a Escape Ir depressa Lobato ir a servir ir à tropa Lobato irmões irmãos já estás lavrando mal

estar a errar Lobato

já ganhi já ganhei… já o enxugou já o matou (do espanhol: ya lo

quedó seco) Lobato

jaleco casaco curto… jaqueta, véstia… jâncaro jângaro

pequeno seixo do rio

jangada arado com varais para uma besta…

jaqueta Jaquim Jóquim

Joaquim

jaronda jeronda

porca criadeira… mulher de má fama

Jasuíno Jesuíno jentar jantar Jerólmo Jerónimo Jesus que é Deus querem lá ver... Tal e isto! Lobato Jesus, que é Santo Nome de Jesus

valha-me Deus! Que Deus me acuda

Lobato

Page 22: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

Jórzina Jeorgina Josei Zei

José

juar jejuar Machado 297 labaça As labaças, chamadas na linguagem

popular como "linguas de boi", são conhecidas como plantas medicinais desde a antiguidade, tradicionalmente são usadas para aliviar as picadas da urtiga-comum, demonstrando assim o seu potencial refrescante e curativo das folhas. Contudo, é a sua raiz aprumada que mais se usa nas preparações herbáticas. Existem vários tipos de labaças mas as mais comuns e que se vendem com mais frequência nas ervanárias são as crespas.

labarito labarinto… tumulto, alarido lagartear mexer-se como os

lagartos…rastejar…

lambaça Labaça… lábia, paleio… lançamento levar a fêmea ao macho… lançol lençol lândea ou alândea

a bolota do sobreiro para distinguir da “boleta” da azinheira ou chaparro…

larida alarido algazarra lavareda labareda lavarito barulho, algazarra Machado 297 lavascão mulher muito trabalhadora -

fazelhona Lobato

lava-se com uma bochecha de água

tem bom aspecto; está limpo Lobato

lavuta labuta Machado 297 Leanor Leonor lecença licença legras canivete de folha curva… CFicalho. 160 lendroal lendroeiro

loendreiro

aloendro

lête leite lête leite Machado 295 levar uma saquestanada

levar uma pàzada Lobato

libardade liberdade liorna desordem, desarumação… liorna confusão, embrulhada Machado 297 lismos limos Machado 297 logem loja – comércio logo-logo a princípio Lobato má nome alcunha Lobato machacoco alarve (Amareleja) madronho medronho Machado 297 madronho medronho Machado 295 magana mulher velhaca, trapaceira maginação imaginação maginação imaginação Machado 295 magoito magusto mai(s) somenos de menor importância maioral de maior Pastor de um rebanho

subordinado ao Rabadão. CFicalho 145

Page 23: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

maioral moiral

pastor chefe…

mal enjarocado mal feito malata or. Obscura carneiro (vt. borro) CFicalho. 146 malatecas pequenas herdades…

depreciativo… v. charaviscais

malato or. Obscura carneiro (vt. borro) CFicalho. 146 malear abortar Machado 297 maliar abortar malsoado maroto.

não deixa de ter graça a seguinte frase: Ó e essa!... Quem me houvera de dizer que as malsoadas galinhas se prantavam a prantar os ovos drento dos ramalhos... (de malsão - amaldiçoado)

Lobato

maluta luta Machado 297 managite meningite mandado recado… tarefa… Manel Maneli

Manuel

mangação pop. Caçoado, zombaria, escárnio, troça, mofa.

mangrosso raquítico, corcunda, enfezado manhêm manhã mánica máquina maniento vaidoso manita mãozinha Machado 295 manteiga/s v. almece Além daquela que é feita com leite de

vaca, normal, dei conta que chamavam manteiga, a um produto de natas e soro do leite de ovelha e cabra… (Zona de Serpa e Mértola, 1983). Pode ser uma explicação para o uso do plural no nome da vila de MANTEIGAS na Serra da Estrela. V. Manteigas lugar no Algarve…

manual meloal Machado 297 maracotão pêssego Machado 297 marafado raivoso, danado maramela calma, calor do Sol Machado 297 maravalho feitio… “… sem talho nem

maravalho…” – sem forma nem feitio…

margaça planta forraginosa, diferente da marcela…

marlé frenezim, irritabilidade, má disposição permanente…

Machado 297

maroiço monte de pedras… na lavra… marouco or. Controversa “o carneiro pai…” CFicalho. 148 marrão porco desmamado marteleiro ruim caçador… martle mártir martunheira martuço martunho

árvore que dá…

más mais masseirão masseira m. grande mastro poste alto para as festas…

(tradições dos Santos Populares S. João, S. Pedro…)

mastrola engano… matrafice matrafice artimanahas… bruxarias

Page 24: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

matrafícios mazarulho inchaço mê filho meu filho medura Medida: mil quilos de azeitona melata or. Obscura carneiro (v. malata e malato) melato or. Obscura carneiro (v. malata e malato) melharuco abelharuco abelheiro… pássaro que se

alimenta de abelhas

melura mole preguiça… moleza… molura memoira memória Machado 295 menancolia merencoria

melancolia

menza mesa mera uma substância obtida por

destilação de várias madeiras, especialmente o azinho e para tratar a ronha das ovelhas…

CFicalho. 170

metêssi metesse metetes carantonhas… “Eazer m.” migalheiro mealheiro milagre isso já se sabia; era certo;

(A manhã vou ao baile! Milagre!...) (quer dizer que todos sabem que nunca falta)

Lobato

mimóira memória minarete ár. manãra Torre alta… vt. almenara e

almádena F. Frazão 112

missão missa demorada moenda v. moenga Conjunto de peças que servem

para moer…

moenga v. moenda Conjunto de peças que servem para moer… “Tal ‘tá a moenga hein!” (Mas que maçada… sarilho!)

móis moles “… bichos móis” moleja (ver: defina e surraburra…

guisado…)

mole-mole devagar Lobato monte lat. monte- Elevação de terreno.

Al.. Montado, Casal de herdade.

montraste montrasto

mentastre mentastro

espécie de hortelã… “entre silvas e montrastes…”

moreia monte de lenha e terra para fazer o carvão

morzelo triste… adoentado movília mobília Machado 297 mucharro carapau médio mum endebles muito fraco; doente Lobato mum fachadento bem apessoado; bom aspecto Lobato mum lindo muito bonito Lobato mum parelho muito igual Lobato mum resoluto esperto, activo, vivo Lobato munta mexida muito movimento Lobato muntíss'ma'gente muitíssima gente Lobato munto muito munto muito Machado 297 murde-fuga morte-fuga

morder Pequeno insecto que pica e faz muita comichão…

Page 25: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

murraça lixo murta murtado

Multa (v. planta) multado

nã não na ai não há na dá a mão Não liga ao que lhe dizem na diz coisa com coisa

não sabe o que diz

na paras em ramo verde

não está sossegado – não consegues estar parado

na paras na canastra

não está sossegado – não consegues estar parado

nã paras quedo não está sossegado – não consegues estar parado

na quer as sopas não consegue nação nasção

nascimento “…este dote é de nação!”

nacedio nascedio nascente nacença narcença

nascença

naifa knife (ing.) faca, navalha nam di barrunto não dei por isso Lobato namorar de pancada

cativar à primeira vista…

não atega não aguenta; não vai ao fim Lobato não ocha não está de acordo Lobato não tem p'ra'tar o rabo com uma junça

é pobretana Lobato

não vale a conversa

não vale nada Lobato

nenguém ninguém neque tá onde está nesquinha pequena porção Machado 297 ninhum nó da fava goela Lobato nodas nódoas Machado 297 nomi nome nora ár. na’aura CFicalho. 144 nôte noute

noite

nubrado nublado num m'enteri não percebi; não fiquei ao facto Lobato nuve nuvem o covér o que houver ó e essa ora essa Lobato o enleio da rua da coutada

uma guerreia; que não é possível desenlear; que não tem solução

Lobato

o mais rasca o que vale menos Lobato ó rés à beira Lobato ocalos óculos Machado 297 ócharia ucharia

conjunto de trabalhadores de uma herdade: ganhões, almocreves, maiorais… pastores… ajudas de porcos, gado lanígero, muar, cavalar, bovino; ajudas, entregues, hortelões, rabadão

Page 26: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

ôdre útero para designar o órgão onde se gera o feto…

Ofrásia Eufrásia ógano hoc anno este ano (Barrancos) ógar augar salpicar com água oitonar nascer a primeira erva pelo

Outono Lobato

olha sopas de toucinho olhamento oferta, gorjeta, lembrança… olheirão olho grande, eãoeo.

Grande nascente de água.

olheiro o que vigia certos trabalhos… Al. Curioso, metediço…

oliva oliveira onteágóra há pouco tempo ontredia outro dia ordenha “…meados de Fevereiro…” CFicalho. 163 órear arear secar com o ar… (terreno depois

da chuva)

os bustos formas de pastagem natural… CFicalho. 166 os mais as mais

os outros… a maior parte

os páscoa formas de pastagem natural… CFicalho. 166 os prata formas de pastagem natural… CFicalho. 166 osservar fazer as pazes… reconciliar-se otro outro ovelha ovicula (lt.) “ovelhinha” diminutivo de ovis CFicalho. 147 ovelhas altas as que ficam forras. CFicalho. 147 ovelhas de ventre

as que estão destinadas a criar…

óvera havia óvintes ouvintes pachôvada palavrão, asneira pago mercado… “ir ó pago…” (Mina de

S. Domingos… quando se recebia, parte ficava logo no mercado…)

pailó pacóvio; ridículo Lobato paiola paiolo

parvajola, aparvalhado

Paiolo pacóvio; ridículo Lobato palaio paio enchido paleio chocho conversa estragada Lobato palhuçada palhuço monte de palhuço panal pano toalha branca que cobre o

tabuleiro do pão que vai ao forno

pandelero paneleiro maricas pandorga panzoeiro

pão barrigudo, palerma, alarve

panedrada pedrada paneira tabuleiro de madeira para lavar a

roupa

paneiro pano vendedor de panos pangalhada patuscada Lobato panito pão pequeno

pano pequeno

pantaralha fantasma, lobis-homem (Barrancos)

panzoeiro pão barrigudo, palerma, alarve

Page 27: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

pandorga pão seara de trigo… molhos… papaloisa papalousa

borboleta, mariposa…

papéles papeis papôlha pempolha pimpolha

papoila papoula

parcer parecer

parecer aspecto… “bom ou mau parcer…”

parece um rabolo de migas

diz-se de uma criança, quando está gordinha

Lobato

paridade lat. paritate- “é o rebanho de ovelhas paridas.” E na linguagem nonnal é parecença… ou equivalência cambial…

CFicalho. 151

parrascana boçal, casca grossa Lobato parvidade parvo parvoíce passar p'ra diante às lebres

exceder-se; andar mais do que devia

Lobato

pássaro bisnau pénis pastanas pestanas pastor v. rabadao e maioral… Só pastor

– é guardador de gado de lã.” “… são concertados dia de S. Maria..,” os ! i nastores no dia de S.Pedro…

CFicalho 154

pastora notar que no Alentejo, eão há pastoras…

CFicalho 153

pataca bolsa para o tabaco, tabaqueira patameiro lamaçal pau bebedeira Lobato pau de ar chifre de boi… “os pastores

faziam colheres de pau de ar…”

paviola parihuela

paleola (lt.) padiola

pedra salguenha pedra de granito Lobato peganhoso provocante, metediço pegulhal ovelhas do pastor, como parceria

com o patrão… CFicalho 171

pei peis

pé pés

pelico grande jaqueta de peles que os pastores usam…” Prov. Al.. Fato de pastor feito de peles de carneiro.

CFicalho 155

pelona doce qie se davam nos casamentos à saída da igreja… (Barrancos)

penceleta pincel pepia pupia

bolo em argola feito da amassadura

pequenalho pequeno Lobato per por pera para perjuízo prejuízo perna “As redes de alfirme… por uma

certa medida chamada perna.” CFicalho 161

pertechino perto

Page 28: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

pertelinho pêto peito pevolhal Restolho, pasto pêxe peixe pi d'arriba por aí acima Lobato pial poial banco ou pedra para apoiar… pianha suporte, pianha piarça “…correia que aperta no molim

da besta…”

pidir pedir pilheta pia pequena ou tanque… pindérico pelintra, velaco… Pingorito o cume da árvore Lobato pinico bacio, penico, vaso de noite pinote salto piparralha pimparralha

caule tenro que se morde para tocar…

piporro barril com dupla abertura para água e ar… para manter a água fresca…

piqueno piquinina

pequeno pequenina

piru pirua pirum

peru, perua (bebedeira)

pitança extras que o senhorio permitia ao rendeiro… um ou outra cabeça de gado… lenha…

pitrol pitróli

petróleo

plaineta (Umas das palavras que não encontrei no GDLP). “Puxou duma plaineta…” cigarro de mortalha…

Ouvido em conversa, Al.

plengana p'lo barba terno pelo Verbo Eterno (segunda

pessoa da Santíssima Trindade) Lobato

poio poio

bosta, excremento

poi'sorte evidentemente Lobato poldra égua nova: pernada ou ramo;

polvo quando novo

poldras v. alpondras pedras de passagem num rio poldro lat. pulletru- Potro, cavalo pequeno; polvo polvarinho polvorinho

pólvora recipiente de pólvora feito de corno… e por vezes trabalhado com arte pelos pastores…

polvilhal Al. Pagamento em géneros aos trabalhadores.

jTC, 0 Fev 94

pontilhada marrada por rebendita a finca pé… teimosia Lobato porca xara bicho de conta pordura podre podridão porqueiros tipo de pastores CFicalho 154 portada portado

degrau da porta de entrada

povilhal gado do pastor ou rabadão que é pastoreado com o gado do patrão…

Page 29: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

prantar plantar pôr “Pranta-te quedo…” prantar plantar, pôr Machado 297 precura prègunta pergunta prugunta

pergunta “precurei por todo o aldo…” “pergunti ó vento…” “ê pregunto…” “só te queria pruguntari…”

prenhez gravidez jTC 0 Fev94 presonção presunção priivido proivido

proibido

pucra pucro

púcara púcaro

puge pugi

pus coloquei

punilha ponta do cigarro Lobato pupia pepia

bolo em forma de argola feita da amassadura

purrote cacete Lobato purrúquia vaidade; senhor do seu nariz Lobato putrancoso que vale pouco; meio podre Lobato quadrar agradar, vir a propósito… quartinho cruzado

quarto - 1/4 um quartinho = 12 tostões (um cruzado = quatro tostões (40 cêntimos de um escudo)

que chamusco que mau cheiro Lobato que esquinência que insignificância Lobato que porquera de gente

que Zé ninguém Lobato

que tal está a marmelada

a confusão que arranjaste Lobato

quebradura quibradura

quebra hérnia

quebrêra quebreira canseira quecóque borda de pão… pedaço que se

corta da borda

queijeira Mesa de pinho onde se deita o coalho para fazer o queijo…

CFicalho 164

querena recusa queser… querer quiser… quinchoso hortejo de pequenas dimensões quintas canções nas inspecções

militares… (Barrancos)

r’bêra ribeira rabaça Nome Popular: Agrião, agrião-das-

fontes, agrião-do-rio, agrião-da-ribeira, mastruço-dos-rios, rabaça-dos-rios, agrião-da-água, agrião-d’agua-corrente, agrião-da-europa, agrião-da-fonte, agrião-da-ponte, agrião-oficinal, berro, cardamia-jontana, cardomo-dos-rios, agrião-aquático

rabadão rabadoa

ár. rabb aD-Dãn ou rabb ad-han

“dono de carneiros” – No Alentejo é o pastor chefe…

CFicalho 144

rabatismo reumatismo rabeja v. tosquia tosquia da lã suja que possa

estorvar a ordenha… CFicalho 163

rabetalhos restos inúteis rabisco rabo os restos da fruta depois da

apanha… “Andar ò rabisco das uvas… figos…

Page 30: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

rabo de gato erva nome de ervas dados pelos pastores….

jTC, 0 Fev 94

rabo de raposa nome de certas plantas rabo de zorra erva Nome de ervas dados pelos

pastores…

raboliço reboliço barulho, gritaria… rafeiros “…uma sub-raça dos cães da

Serra da Estrela; … CF.

CFicalho 162

ralação ralar apoquentação ramaço ramo pequeno ramo de folhas e flores ramplonar falar com prosápia Lobato rancho cozido de grão rapa criado dos mandados Lobato rapino raspelho insecto hexápode rasgou da moita fugiu do esconderijo Lobato rasmono rosmaninho Machado 297 rebiteza mostra vivacidade… rechina v. sarrabulho? Prv.Al. Sopa em que se utiliza o

sangue de porco. Grande calor!

rechina da calma (frega da calma)

hora de maior calor

recócão cova buraco no solo… redada noite onde dorme um rebanho

nara estrumar a terra… CFicalho 161

rede v. redada Aqui – a rede para o redil onde o gado dorme ou é ordenhado… Feita de corda de esparto, chamada alfirme.

CFicalho 161

refelão arrepelão apalpão violento… regatão regatoa

regatear pessoa que compra aos produtores e vai vender a outro preço…

regatinhar regatear discutir o preço… regrão Lápis de ardósia, ponteiro… relójo relógio remessa remeter grande quantidade… remoncar resmungar falar entre dentes… com

azedume

rentar-se em… desprezar repairar reparar repeso peso a mais… rescunho nojo, enjoo, repugnância resgalha rês criança de pouca idade;

cordeirinho…

resgalha rasgar língua inconveniente Lobato revenecer reverdecer rexinol rouxinol rezão razão riete variedade de trigo… ringedêras rangedeiras Machado 297 ritimio ritmo robiata formiga de rabo no ar… rodilha guardanapo roliço de magrinho

muito magro Lobato

rondana roldana

Page 31: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

ronha Doença das ovelhas… tratada com mera…

CFicalho 170

rôpa roupa Rosairo Rosário Machado 295 rouparia “queijaria” pelos

panos usados… normal - muita roupa; casa onde se guardam ou vendem roupas…

roupeira/o pessoa que faz queijos… CFicalho 153 rudo rude safões ár. as-saifãn v. açafões e aceifões… saibo sei salamanquesa salamandra (Barrancos) salamim medida de madeira de um litro

para medir a ração para o gado… (Medidas antigas: canada, quartilho, polgada, alqueire, alqueirão, balaça romana de braços,

saleiros Objectos feitos de corno pelos pastores…

CFicalho 160

saluçar soluçar samarro v. çamarro O m.q. samarra. Aparece como

antiga vestimenta rústica, feita de pele de ovelha ou de carneiro enquanto conserva a lã.

sambomba instrumento musical (Barrancos)… panela de barro com pele… e pau… vara…

samear semear samos semos sarei sarás

Somos (ser)

sanmexuga sanguessuga santanairo santo beato, religioso… são igualitas são iguais; o mais parecido

possível Lobato

sapelguear saltitar Sará 'ma coisa linda

é bonito Lobato

Sará'ma coisa má

é mau Lobato

sardinha lepisma, insecto “bichinho de prata”

sarrabulho v. rechina

Sangue coagulado de porco. Iguaria feita com esse sangue, pedaços de carne ou torresmos e miúdos de porco… grande barulho, algazarra…

sarrar serrar sarrazina vozearia… barulho irritante… sastefação sastefêto

satisfação satisfeito

satrampolida estrondo, barulho… sau Salgueiro, chorão… (Barrancos) seija seja

seja (conjuntivo de ser)

selada salada selga acelga planta erbácea sempatia simpatia

Page 32: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

sequilho excremento seco pelo sol Lobato sipultura sepultura sô sou – senhor sobrado andar de uma moradia… sótão sofases sofás soidade saudade soldada Pagamento ao pastor CFicalho 171 sontordia soutrodia st’outro dia

outro dia, há pouco…

stander stand sualhêra soalheira sube (saber) (subir) subrenfusa sopas de toucinho supônhamos “um suponhamos” opinião,

hipótese…

supremo submissão, sujeição, obediência… “estes garotos não tem supremo de ninguém…”

surrabura (ver defina e moleja… guisado…) surrafar-se raspar tocar ao de leve… surrão vt. çurrão

ár. surra Bornal de pastores CFicalho 158

sustância substância tabefe ár. tabikh

v. almece e manteiga/s

espécie de caldo grosso feito de leite açúcar e ovos. Soro de leite coalhado… (bofetada)

tábua de horta horta, quintal, pedaço de terra… tabuão inchaço, durão… tabulacho pequeno tabuleiro de madeira

para o servente levar a argamassa ao pedreiro… (barquilho em Barrancos)

taçalho de pão Bocado de pão - fatia, naco tal é a faixa... tal é o aspecto Lobato tal é a lengalenga

conversa fiada

tal é a tonteria desacordo tal é cá a pua tal me saiu este Lobato tal é o esparregado

alvoroço, confusão, barulho

talêgo taleigo talho talhar forma “… sem talho nem

maravalho…” – sem forma nem feitio…

talócada taloca Pancada dada com taloca, caule de cana ou de couve…

tamêi(n) tamêm

também

tamén também Machado 297 tamos cagádos quando algo não corre bem tanganhada tanganho

pau, pauzinho, galho para acender o lume… cumprimento, aperto de mão

tapino tampa pequena, rolha… (Barrancos)

taramenho juízo Lobato tardi tarde, boa tarde tarongo Pequeno bolo da amassadura

Page 33: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

taronjo parvo Lobato tarouco tramouco

idiota, parvo, apatetado…

tarracear ou terracear?

? “Stão p’rali tarraceando…” (Uma das palavras que não! Encontrei no GDLP)

Lobato

tarraço objecto, qualquer utensílio tarrafice maldade tarro sarro marmita de cortiça, vaso para

onde se ordenha o leite CFicalho 169

tás a mangar não estás a falar a sério tás fazendo ronha

a perder tempo.. cera

tás feito mariola brincalhão tasquinhar o mastigar dos porcos… tassalho pedaço grande… “Um tassalho de

pão com linguiça para o caminho…”

tàtibitate tartamudo Lobato tatinho acerto Lobato távendo está a ver taverna taberna távua tábua tejala tijala

tigela malga

tem mais escola que o escoleiro

é sabichão Lobato

tem mais fama que a espada do Rondão

tem muita fama Lobato

tem mais ronha que sete zorras num vale

é mal intencionado Lobato

tem um espírito mum valente

canta bem; tem boa voz Lobato

tem um olho à lazareta

é estrábico Lobato

tem uma cronha que não me gosta

não me agrada Lobato

tem uma mendição

tem abundância Lobato

tem-se em dezer dizer costuma dizer-se… dizem… tenção intenção tendal Lugar onde se tosquiam as

ovelhas. CFicalho 163

tenho bem assim como ânsias

estou mal disposto Lobato

tens um cavalo tens boas pernas (termo de contrabandista)

Lobato

ter tará - tarás tarei teve e tevestes – tevesse e tevesses

Ter (verbo) Formas deturpadas do verbo TER

ter curso necessidade de evacuar Lobato terminar determinar “terminou de ir a…” teslina Esquisita, cabra… “rapariga

Page 34: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

teslinice muito teslina…” testo (ser…) teso firme Tiágua Tiago S. Tiágua tiborna bocado de pão a sair do forno

com azeite e sumo de laranja…

tinaga bêbado crónico… “Aquele é um tinaga…”

tingarrinha cardo tenro que se usa no cozido de grão ou “rancho”

tirou a fanga a... tirou o lugar a... Lobato tirou as alâmpadas

destacou--se; deu nas vistas Lobato

tomar caranço tomar amizalde Lobato Tónho António tosquia corte da lã das ovelhas, feita

antes da ordenha…

tótuço toutiço toupino toupeira (Barrancos) trabelho trambelho

juízo, acerto… “Aquele rapaz não tem trambelho!…”

trabusana de água

“grande bátega de água”

trager trages, tragemos… truxe e truve… truvestes… trouvestes

trazer

tramela ver: dar à tramela… tramouco (tramouquice) tarouco

idiota, parvo, apatetado… (estupidez)

trango-mango doença súbita e indefinida… tranquitana bugiganga trasfegar v. tresfegar Passar de uma vasilha para a

outra… Ant. Lidar.

trasfego lida movimento travisco travisqueira

trovisco arbusto… planta venenosa

travoada trovoada Trazer (trager) trédulo traquinas, irrequieto Machado 297 tremera nervoso trempe apoio de ferro para as panelas na

lareira

tresfegar v.trasfegar Passar de uma vasilha para a outra… Ant. Lidar.

jTC, 0 Fev 94

trevo erva Nome de ervas dados pelos pastores…

jTC 0 Fev 94

trigo de perdiz Nome de ervas dados pelos pastores…

jTC, n° 0 Fev.94

trigue tigre trilho utensílio de lavoura para

debulhar cereais…

trincalos castanholas Lobato trombola ave de caça… trouve trouxe Machado 297 turgia trastes ucharia tudo o que é preciso para a

Page 35: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

lavoura e o gado desde os mantimentos, alfaias, ao pessoal

um àstor de gente

muita gente reunida Lobato

um bronquito doença de peito mais ou menos grave

Lobato

um esbarrunto uma coisa grande Lobato um trancaço tranca constipação com expectoração

difícil Lobato

uma catrefa uma caterva Lobato uma charofada uma mistura Lobato uma verga de água

um gole de água Lobato

untar o pão barrar o pão ursa (erva) erva que se usa em vez dos

orégãos, na conserva das azeitonas…

vabla válvula vais (pl. de vale) valdoregas beldroegas Machado 297 vanhas vás

venhas (vir) “nã vanhas tarde… nã vás por’í… adonde vás?”

vaqueiros várzea tipo de pastores CFicalho 154 vargem varjador varejador varrão varrasco

porco de cobrição…

vasculhar vasculho

vassourar… vassoura de cabo comprido…

Vecença Vicência velo um rolo de lã, resultado da

tosquia de um carneiro, uma ovelha ou malato...

CFicalho 170

vendima vindima verdeselha planta herbácea – verdeselha –

ver corriol

verter águas urinar vesitar visitar véstia casaco curto… jaqueta, jaleco… Vetóira Vitória veve vive vezinho vizinho vinagrada v. gaspacho Iguaria com pão, água fria,

azeite, vinagre, legumes... CFicalho 159

virás verás “virás meus olhos tristes…” visível visível vossemecê tratamento de respeito… vreda vereda xamiço lenha de esteva xara xaraval xaravascal xaraviscal

esteva - lenha de esteva terreno estéril, onde abunda a esteva ou xara..

xaravisvar mexericar xáti chat (modernices da técnica) zagal ár. az-zagal "pessoa animosa e forte;

mancebo”. v. azagal

CFicalho 145

Page 36: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

zagarro manhoso, espertalhão… zambujo mq. zambujeiro Espécie de oliveira brava...

cacete feito dessa árvore.

zangarilhas cangalhas para carregar água nos burros

Zangorivo alto e mal talhado Lobato zaragata desordem zarapatusco ? “… enroli um cigarro, puxi do

zarapatusco e acendi a plaineta… (Uma das palavras que não encontradas no GDLP).

Manuel Pedro – Carta de pastor a FA

Zéi José zipada de água bátega de água zóquinha peão pequenino zorra raposa… mulher de má porte zurrada Soprar do vento zurreira fumaça

Page 37: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

Para ilustrar o levantamento do GLOSÁRIO a apresentação de alguns

TEXTOS da LITERATURA POPULAR do ALENTEJO Textos Curtos utilizados para ilustrar o vocabulário organizado na tabela…

1. Uma CANTIGA popular: Strala a Bomba... Meninas da R’bera do Sado…

Alunas do Magistério, Beja, 1985 e Adiafa 2000?

2. Uma curta ESTÓRIA versada: No Ressio enfio... Uma professora em Mértola, 1984/85 3. A anedota... da CORTIÇA Alunas do Magistério, Beja, 1985 4. Carta dum pastor ao Compadre Fialho de Almeida Dita pelo Prf. Manuel Pedro, Beja, 1980 5. Pinto Basto (canta)

Mestre Alentejano de J. de Vasconcellos e Sá Saramago de J. de Vasconcellos e Sá Mestre Alentejano 2, de Rosa Dias

J. de Vasconcellos e Sá Canta: Pinto Basto (neto) Rosa Dias / Pinto Basto

6. A Ponte da R’bêra d’Odivelas Enviada por João Honrado 7. DESPIQUE FALAR ALENTEJANO

M'nina que tá à j'nela... in À DESCOBERTA DE POTUGAL - Rider's Digest - 1982

8. Uma DÉCIMA (Mote e 40) No teu Giro Sol Brilhante...

Inocêncio de Brito, S. Matias, Beja, 1856 - 1938

9. Crónicas de Manuel Loendrero 1. O de Lisboa - in A PLANÍCIE, 15/02/83 2 A Pega - in A PLANÍCIE, 15/06/83 3. Tornêo em Lesboa 3 - in A PLANÍCIE, data ilegível 4 A Excursão 5 A Escola

Eng.º Luís Eduardo Perfeito Santa Maria

10. AMARELEJA Rumo à sua História 1. EPISÓDIO da vida no Campo – com Glossário 2. Breves diálogos… 3. “Gente Possante”

Padre João Rodrigues LOBATO, 1961, pp. 179 a 193 Poema de De D. Maria da Paz Barreto Martins

11. O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS - (EALPA) (CFicalho).

Conde de Ficalho – in TRADIÇÃO – Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899

12. RIQUEZA DOS FALARES REGIONAIS (um conjunto de vários (7)Textos com saborosas (h)istórias no fim das quais o autor faz um levantamento vocabular...) - Daqui peço as devidas desculpas e autorizações, para, dentro das minhas limitadas possibilidades, ir arquitectando uma AMOSTRA do FALARe do ALENTEJO...

Manuel João da Silva - Ed. Câmara Municipal de Santiago do Cacém e Sines - 1985

13. Algumas ligações – vídeos – gravações…

http://guitarraemochila.blogspot.com/2010_04_01_archive.html

Page 38: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

1. Uma CANTIGA popular: Strala a Bomba… ou As meninas da R’bêra do Sado...

Uma CANTIGA POPULAR – O alentejano e as festas ESTRALA A BOMBA E o FOGUETE VAI NO AR. ARREBENTA, FICA TUDO QUEIMADO... NO HÁ NINGUÉM, QUE BALHE MAIS BEM C'AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO... E AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO É QUE Éi LAVRAM A TERRA C'AS UNHAS DOS PÉiS... E AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO SAN COM'AS OVELHAS TÊM CARRAPATOS ATRÁS DAS ORELHAS!!!

(Cantada pelas alunas que tiravam o curso de Educadoras na escola do Magistério Primário, Seja, em 1985... Fica como registo de linguagem fortemente agarrada à terra...) Em 2002 teve grande impacto a divulgação de uma versão cantada por um Grupo de Beja – ADIAFA Letra pelos ADIAFA:

Estrala a bomba E o foguete vai no ar Arrebenta e fica todo queimado Não há ninguém que baile mais bem Que as meninas da ribeira do Sado As meninas da ribeira do Sado é que é Lavram na terra com as unhas dos pés As meninas da ribeira do Sado São como as ovelhas Têm carrapatos atrás das orelhas Era um daqueles dias bem chalados Em que o sol batia forte nas cabeças As meninas viram que eu estava apanhado E disseram nunca mais cá apareças Mas não fui e entretive-me a bailar com três Queriam que eu fosse atrás no convés Mas não fui e mandei-as irem daar banho ao meu canário Que bateu as botas com dores num ovário Estala a bomba E o foguete vai no ar Arrebenta e fica todo queimado Não há ninguém que baile mais bem Que as meninas da ribeira do Sado As meninas da ribeira do Sado é que é Lavram na terra com as unhas dos pés As meninas da ribeira do Sado São como as ovelhas Têm carrapatos atrás das orelhas Têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos, têm carrapatos atrás das orelhas!

Para ver / ouvir uma interpretaçãopor cantar Damigos: http://www.youtube.com/watch?v=xbcWoIE9i8o ou em belacena: http://www.belacena.com/video/3469 Pode ver também - http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf

Page 39: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

2. Uma curta ESTÓRIA versada: No Ressio enfio… dito por uma professora em

Mértola, 1984/85: Pode ver também - http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf Um alentejano que chega a Lisboa … desembarcado do vapor que passa o Tejo sai-se com esta lengalenga: NO RESSIO, ENFIO CUM DESIMBARAÇO; LOGO ME PRANTI NO TERREIRO DO PAÇO FOI ATÂO QUE VI E QUE PUDE OBSERVÁ-LO UM HOME DE CHUMBO EM RIBA DUM CAVALO! (Contada por uma Professora em Mértola, em 1985. Eu hei-de ir até Lisboa Eu hei-de ir até até lá à procura duma vida boa que eu procuro e não encontro cá. Cheguei a Beja embarquei no comboio que assoprava pela linha Às vezes penso comigo e digo: triste sorte que é a minha. E depois de chegar ao Barreiro embarquei no vapor que passa o Tejo… Chora por mim, que eu choro pr ti \\ Já deixei o Alentejo. \\ bis

Page 40: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

3. A Anedota... da CORTIÇA

Pode ver também - http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf05_AlentejAnedotas_20p.pdf UM ALENTEJANO EM LISBOA com o DINHEIRO da CORTIÇA: Um alentejano, que tinha e vendia cortiça, resolve um dia mandar o filho depositar o dinheiro, no banco, a Lisboa. Este, pega num taçalho de pão com linguiça, monta no seu burro e lá vai para Lisboa. Chegando a Lisboa, visto estar cheio de fome, senta-se, na relva, junto do Marquês de Pombal, a comer o seu taçalho de pão. Por ali, andavam dois ardinas a vender jornais e apregoavam: - óóólhó sééééééclo (Olha o Século)... - é u diáááário d'notíííííííícias (É o Diário de Notícias)... O nosso bom alentejano, mal ouve isto, pega nas suas coisa monta-se no burro e lá vem ele a caminho do Alentejo. Quando chega a casa, o pai pergunta-lhe: - 'tão filho! porque foste tão depressa? O banco ‘tava fechado? - cal banco! cal quê? atão um home vai a Lisboa, assenta-se a comer o seu taçalho de pão cum linguiça, muto descansado, vêm logo dois homes e gritam: - óólhó, cerquem-no... óóólhó céérquem-no ...é o d'nheiro da cortiça... ele tem o dinheiro da cortiça...

Page 41: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

4. CARTA de um Pastor a Fialho de Almeida contada por Manuel Pedro em Beja (1980)

Pode ver também - http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasAlentejo.htm Mê caro Zé Valentim: Nô ôtro dia 'tava ê ali à bêra do maticuenho de palaio, ali memo onde o barranco bate c'oa semeada... 'Tava assim a modos qu'esmorraçando... Ajitei-me dentro do gabinardo e assenti-me no marco. Enroli um cigarro e cando ia a puxar do zarapatusco de modo a acender, di c’os olhos numa velhaca... Era um rego cheio de carne, Ó cumpadre!!! Imaparelhê-me cum ela e meti o ferro à !cara... Fiz-le dois fogachos, mas a manga na foi-se-me'imbora mais a p. que a pariu!!! Texto ditado pelo professor Manuel Pedro, num café, em Beja, 1981 ATÃO CUMPADRE, PRA QUIÉQUE VOMC STÁQUI CONTANDO TANTA ANEDOTA que são nossas? – Oressa! Desta e doutras vou ê pedir CopyRaites...

Page 42: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

5. CANÇÃO com intervenção erudita: Saramago e Mestre Alentejano de Vascocellos e Sá &

A. Pinto Basto MESTRES ALENTEJANOS (mais duas mostras do falar alentejano).

MESTRE ALENTEJANO Terra de grandes barrigas, Onde há tanta gente gorda, Às sopas chamam açorda E à açorda chamam-lhe migas; Às razões (canções) chamam cantigas, Milhaduras são gorjetas, Maleitas dizem malêtas, Em vez de encostas, chapadas, Em vez de açoites, nalgadas E as bolotas são boletas. Terra mole é atasquêro, Ir embora é abalári, Deitar fora é aventári, Fita de couro é apero; Vaso com planta é cravêro, Carpinteiro é abegão, A choupana é cabanão E às hortas chamam hortejos Os cestos são cabanejos E ao trigo chama-se pão. No resto de Portugáli Ninguém diz palavras tais; As terras baixas são vais Monte de feno é frascáli Vestir bem parece máli À aveia chamam cevada Ao bofetão orelhada Alcofa grande é gorpelha Égua lazã é vermelha Poldra “isabel” é melada. Quando um tipo está doente Logo dizem que está morto. A todo o vau chamam porto Chamam gajo a toda a gente Vestir safões é corrente Por acaso é por adrego, Ao saco chamam talego E, até nas classes mais ricas Ser janota é ser maricas Ser beirão é ser galego. Os porcos medem-se às varas, O peixe vende-se aos quilos E a gente pasma de ouvi-los Usar maneiras tão raras; Chamam relvas às searas Às vezes, não sei porquê E tratam por vomecê Pessoas a quem venero; “não quero” diz-se “nã quero” “eu não sei” diz-se “ê nã sê”! de António Pinto Basto, Rosa Branca Letra: J. De Vasconcelos e Sá (o avô de António Pinto Basto, segundo José Gonçalez). Música: fado corrido. http://www.youtube.com/watch?v=Yher-plFsbE http://www.youtube.com/user/rvccgerinho

SARAMAGO canta: António Pinto Basto letra e música de J. de Vascocellos e Sá Olha, amor, toma lá este raminho. Ai! Ai! É do monte, é do monte e cheira bem! Quem lá for, e não traga um bocadinho, Ai! Ai! Ai não tem, não tem amor a ninguém! ele Vai crescendo o saramago Embaraçado no trigo Eu queria ser saramago Para abraçar-me contigo! ela Mesmo assim, de brincadeira, Tua sorte era infeliz; Minha mãe é mondadeira, Punha-te ao sol a raiz! Amanhas com todo o jeito As terras do malhadio Só este amor no meu peito Deixas ficar em bravio! ele Quem no teu peito semeia Tem de colher com certeza Só três sementes e meia, Nem sequer paga a despesa! Já por ti não dou um passo, Atrás de ti já não vou; Antes seguir o retraço Por onde a vara passou! ela Meu amor, tem bom amanho, Tudo arranja a sua escolha; Tem polvilhal o rebanho E a seara vai na folha! ele Tem besunho o polvilhal E a seara vai ruim!? Minha riqueza, afinal, Está mesmo em frente de mim! ele e ela Minha riqueza, afinal, Está mesmo em frente de mim!!! http://www.youtube.com/watch?v=NWu3bkM5fM8 http://www.youtube.com/user/mariadoalentejo

Page 43: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

6. Curto RELATO versado A PONTE DA REBÊRA D'ODEVELAS in Guadiana – Boletim

Municipal - MÉRTOLA - Out. Nov. 2000 – Ver também em: http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf

A PONTE DA R’BÊRA D'ODEVELAS Graças a Deus que já tem Odevelas sua ponte. Com uma estalage de fronte pruparada pra quem vier de jornada nela poder pernoitar, sem o prigo de s'afogar da rebêra. O Mestre c'afez capetão d'engenharia = inginheiro fêze-a toda em mármre e ávenaria Obra Prufêta

Graças a Deus que já tem Odivelas sua ponte. Com uma estalagem em frente preparada pra quem vier de jornada nela poder pernoitar, sem o perigo de se afogar na ribeira. O Mestre que a fez capitão de engenharia = engenheiro fê-la toda em mármore e alvenaria Obra perfeita.

http://www.igogo.pt/ponte-romana-sobre-a-ribeira-de-odivelas/

http://sombra-dum-chaparro.blogspot.com/2010_01_01_archive.html

Page 44: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

7. DESPIQUE FALAR ALENTEJANO in À DESCOBERTA DE POTUGAL - Rider's digest - M'nina

que tá à j'nela... 1982 Ver também: http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasAlentejo.htm

M'nina que tá à j'nela M'nina que tá à j'nela Regand'o lind'caravêro Ó há-de ser para mim Ó p'ró mê rico pracêro. Ê nã sô p'ra vocêi Nê (ein)p'ró sê rico pracêro Que me tá mê pai criendo P'ró más lind'o sapatêro. Ó m'nina, ê sô sapatêro Hê-d'ir p'rá sapataria Hê-d'le fazer uns sapatos C'a maior galantaria. Ê nã quer'os sês sapatos Dê-os lá a quê(ein) qu'séra Qu'o marot' que tal diz Nã merec' uma mulhéra. Entes qu'ria ser carnêro Enxertado na raiz E nã qu'ria ser marido Da magana que tal diz. Entes ê qu'ria ser porco Que fossasse num valado E nã qu'ria ser ispôsa Dum tã frac'namorado.

A cantiga que aqui é transcrita foi recolhida numa das aldeias do termo de Beja e, apesar de uma ou outra característica local, pode ser considerada representativa dos falares do grupo alentejano - uma das variantes do português meridional. Entre os traços fonéticos destes falares, podem destacar-se como mais característicos - a monotongação generalizada do ditongo ei (cravêro, parcêro) - a redução de outros ditongos em situação de próclise (mê rico, nã quero, quê (ein) qu'séra) - o alongamento das sílabas tónicas finais (vocêi, mulhéra) - e, de vez em quando, a alteração do timbre de algumas vogais tónicas nasais (neste caso, por palatalização: (criendo, entes). A velocidade de elocução produz nos falares do Sul, mais do que nos do norte, a elisão das vogais átonas (j'nela, qu'sera). No léxico encontram-se, de onde em onde, termos como mangana, que, para ouvidos habituados à norma de outras regiões, podem surgir como formas de calão. Aliás este facto é corrente em quase todos os falares regionais.

http://dialogando-com-o-belo.blogspot.com/2009/12/q-uem-olha-de-fora-por-uma-janela.html

Page 45: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

8. Uma DÉCIMA (Mote e 40) No teu Giro Sol Brilhante... Inocêncio de Brito, S. Matias,

Beja, 1856 - 1938 Ver também - Décimas de Inocêncio de Brito: http://www.joraga.net/iBrito/index.htm

NO TEU GIRO SÓL BRILHANTE - mn

No teu giro sol brilhante Teu explendor vai e vem

Trás-me nóvas dos meus filhos Recomenda-me a meu pai

Quando tu sól aparéces Dourando o cume da serra Com teu giro em mar e terra Consôlo restabeléces Assim como os entristéces Se deixas de ser constante Sem tua luz radiante Tão tristes que são os dias E tudo alegras se alumias No teu giro sól brilhânte

Luz Divina de ahi vêm As campinas prateando Saudosas nóvas dando Dáme-as cá a mim tamêm Dá-me notícias de quêm Tenho afetos mas escondi-lhos Em meos olhos não há brilhos Os dias que os não avisto E tu sol atendendo a isto Trás-me nóvas dos meos filhos

Teus raios são consoladôres São os mantos purpurinos Que cóbrem os perigrinos Mitigam-lhe as suas dôres És o rei dos benfeitôres Moderador de tanto ai Quando o teu vigôr descai Vão-se alegrias perdendo Alegrando e entristecendo Teu esplendôr vem e vai

E à tarde ao declinares Fita a vista atencioso Num ancião muito idoso Mas nóta que me dê ares É êsse sem duvidares Quem me estima e não me envai! Aqui ninguém me distraí E tu sól se por mim te interéssas Rei dos astros não te esquéças Recomenda-me a meu pai

Nota: Ortografia conferida pelo manuscrito. Tem assinatura: Inocêncio de Brito Esta interpelação ao SOL como mensageiro das missivas que o Poeta na solidão precisava urgentemente de enviar para os familiares, será uma das PROSOPOPEIAS mais conseguidas do Poeta. Depois das apóstrofes em que elogia o SOL, o Poeta transforma-o em seu interlocutor e parceiro para lhe trazer e levar as suas mensagens importantes!

http://mararavel.blogspot.com/2007_12_01_archive.html

Page 46: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

9.1 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO

Pode ver algumas (3) em: http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasMloendrero.htm MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 1 - in A PLANÍCIE, 15/02/83 Vinha ê uma vez pá vila a cavalo no burro pa fazê o avio, condo óvi atrás de mim um altemoven de esgalha bordão por a estrada adiente. Passô por mim ca força toda... Tamein si nã passassi más valia uma botas e condo começô a subiri a barrêra do ôto lado da estrada, dê um estralo e começô às panderêtas até que se parô. "olhó! - pensi eu - já está escangalhado". Fui lá ó pei pa vê o que tinha acontecido. Tava o home olhando pa um pineu. Prigunti-lhe donde ele era e disse quera de Lisboa. Pá, tá tudo dito - pensi eu. Vinha-me imbora condo o vi priparado pa mudá o pineu mas volti pa trás, porque vi o baboso, que nã tinha gêto ninhum páquilo. Dexi-me do burro, desviio e comeci a mudar a roda, mas vi logo caquilo nã era só do pineu. Espoji-me no chão e espreti pa debaxo do carro pa vê o qué caquela moenga tinha e vi o enxo e a jente, tudo entrotado. Condo ia alivantar-me vi o home mexendo num ninho d'abêsporas. - Que bichos são estes? - preguntou eli. - Nã mexa nisso! Nã as trilhe! - Griti-lhe eu. Tá bem dexa! Foi mêmo o quele foi fazeri. As abêsporas alivanteram voio e hôve uma que le deu uma nicada nos bêços cu fez dar um berro, ôtra foi-se ó burro. O burro assim cas viu zunindo de roda das orelhas, escarampatô-se e esgalhô fugindo por a chapada arriba. Ê rasgui fugindo atrás deli pó apanhari. Daí a podaço condo volti todo esbrazeado, tava o ôtro cum lenço nos bêços quêxando-se. - Vocei é mesmo enchaparrado - Disse-leu. - Atã vocei nã sabe que na se pode mexeri num ninho d'asbesporas? E vá lá teve sorti, porque se fossem tarantas... Ati o burro a uma arve e fui veri so home tinha os beços munto enchados. Hei mãe! Tava com umas beçoletas que pareciom o bebrum dum penico! Atão o bocana nã queria pôr pomada naquilo?! Lá o convenci a pori lama nos bêços porque pá picada na há melhori. Condo tava cos beços enlameados, disse-le cu melhor era vir com migo à vila à busca dum mecânico. Montô-se, em cima do burro e lá fomos. O engraçado é que condo chigámos e me desmonti, olhi pa trás e ele nã estava lá. Devi ter escorregado da albarda, porque eles sabem andari de cu tremido, mas de burro, anda cá se queres... Já não volti pa trás, porque tinha de fazê o avio à minha Bia e despois fechavam as loges. Tóoouuuu! M.L. Nota: O mau estado das fotocópias que me foram fornecidas para a transcrição destas "Memórias", muitas vezes não me permitiram, possivelmente, uma transcrição correcta dos termos usados e grafados pelo autor, do que peço desculpa, e estou pronto para qualquer emenda a qualquer momento, esperando entretanto que o autor se decida apresentá-las ele próprio e sob a sua vigilância. Pela autorização verbal, que me concedeu de as poder usar nest' aminhaTEIAnaREDE, os meus melhores agradecimentos. JoRaGa.

Page 47: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

9.2

MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 2 - in A PLANÍCIE, 15/06/83 Um demingo, lá no Taquale havia movemento que nunca más acabava: O Grupo de agarradores lá do monti ia pegar à aldêa. Ê eró cabo dêlis pa gandes aflições da minha bia, mas êle a mim pôco m'empotava qu'ela tivesse mêdo ô não, porqueê cá nã tinha mêdo nunhum. Ó despois de se termos trajado, lá formos agenti a caminho da aldêa. Nós, os agarradores, todos com grandis patilhâmes e alguns de bigote; Távamos tôdos munto calmos: só nos tremiom os joêlhos, as mãos, o coração dava saltos que nem um coelho bravo prendido poruma pata, e távamos fumando que nem umas bêstas, mas távamos calmos. Távamos era desejando pulare p'ra cima dos cornos dos bichos. Távamos comé que se diz?... Xitados. É isso conho! Chigámos l'á à aldêa, e dexi-me da relota e fui veri sus bichos já tinhom chigado. - Já! - Arrespondê-me o campino - Tã aleim! Fui lá a esprêt'á-los, e condo os vi tã prêtos até os cabêlos do pêto se me puseron brancos. Ma nã foi mêdo. Fiqui foi admirado co ma côr dêlis. Até luziom! Traziom terra no lombo e tudo. - Olhem rapazis! - dissê òs do mê grupo - Os bichos, é tudo prêto que nem caravão! - Ê que maaaus! Mas assim é qué boum! - Tão com mêdo? - Virámes-se tôdos, e démos de trombas co grupo de Val Picote que tamein vinha pegari. - O mêdo ga genti teim é o que le sobra a vocêis! - Dissê fechando os olhos uma migalhimha. - Atão mas tu julgas c'agenti têmos tante mêdo c'até nos sobra? - Nã julgo! Tenho a certeza! Boum, êle já tava atabafado comigo, ê tamein já nã o podia vêri e nã tardô munto cos dôs grupos não tivessem enleados à pazada. Boum, ma lá começô a corrida e cabedô à genti fazere a premêra pega. Abri-se a porta do curro e de lá saíu uma vaca mertolenga. - Ah mas isto é qu'ei? é isto que voceis vã pegari? - Diziom os de Val Picote no gôzo, é que tinha havido um engano e tinhom soltado um cabresto em vez dum boi. Por fim lá soltarom o bicho qu'era, e condo os de Val Picote o virom começarom a gozari dezendo qu'era dos encarnados que nã faziom mal ninhum. Mas condo o bicho dê ali umas corridas e le saíu o póu do lombo e ficô aleim prêto, calô-se tudo. - Levom gande sova! - Deziom os ôtros. E a genti calados. O cavalêro levô aleim fazendo o trabalho deli e condo chigô ó fim pediu más um ferro. - Sai daí piolhoso! - Gritames-le a genti - Pôste feio tanchando ferros no bicho! Boum, o cavalêro saíu e a seguiri vêi o capinha armado em boum. - Vô-me aí a ti patei-te tôdo! - Gritô-le o Zei Alacrau. atei que chegô a altura d'agenti se meter-mos lá drento. O nosso grupo era case tôdo fêto por jogadoris do Taquale. Chigui ó mêi do relvado do terreno... carafo! Chigui ó mêi d'arena e brindi ó pessoali que tava na bancada. Aperalti-me todo e lá fui ê derêto ó bicho. - Eh prêêêto! Eh biiicho! - continui fazendo barulho mas o boi ná'via mêi de se voltari. até quê lá ia ó mêi da praça cond'êli me viu e vei drêto a mim que parcia mêmo um'altometôra. (Continua no próximo número)

Page 48: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

9.3

MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 3 - in A PLANÍCIE, sem data legível – 1983? Uma vez, chigô ò Taquali um gajo com um jornali, onde vinha dezendo que s'ia fazeri em Lesboa, um tornêo entre piquenos clubis, pa ver se descobriom novos jogadoris. - Já tá - Disseu - Sagenti já formos ficamos todos convocados. Começamos atão a tratari das coisas pá viage. Premêro viémos a moira pa alugari uma carrêra e condo iamos chigando à parage das caminetes queim éi ca gente vêi? A enquipa dos Trigues do Alvarrão, que tinhom ganhado a taça à genti com uma manchêa de ciganices. - Qué que vêim fazeri? - Préguntamos. - o cagente queri. Porquêi? - Porque sim! Vá!!! - Boum. Já que querem saberi - disse o capitã delis em ar de gozo - viémos alugari uma caminete pa irmos a Lesboa. - Ê o quêi? Quem vai é a genti! Boum, começamos a lavrari d'atravessado, até que s'alançámos uns ós ôtros pôs antão. Condo acabámos com aquilo, fomos a falari cu home das caminetes e ele podiu munto denhêro pá viage. Ora nem a genti nem os do Alvarrão podiamos pagari a nã ser que se juntássomos. Mas coma genti na se chupava, teve mau pa se decedir. Até que resolvemos ir mêmo com elis que nã tinhamos ôtro remédio. Condo se montámos na caminete dêxámos o lado da soalhêra pó dos Alvarrão. Forom à esturrêra o caminho entêro. Condo chigámos ó Cento Destágio ô lá ó quer aquilo iom esbrazeados até má não! e a gente rinde-se. O pió foi que nã criom receber a genti, porque nã le tinhômos dito nada antis. De manêras que tivémos de dromir na caminete nessa nôte, e só no ôtro dia é c'arranjarom cartos à genti. O Cento D'estágio, foi o sítio onde ê comi a comida más mal fêta da minha vida! De manheim, em vez de nos darem pã com lenguiça ô tôchinho e uma punicada de cafêi, derom-nos lête e pã torrado com marmelada. A genti nem le tocámos. Ò almoço quisemos açorda, derom-nos pêxe. Ò jantari, quisémos uns fêjanitos com orelha de porco, derom-nos frango com batatas. Boum, lá comêmos porque tinhômos passado o dia entêro em fraqueza ripando umas laricas que já nem le viômos o rêgo. Tevémos lá uma semana e todos s'admirarom munto cagente porquem vez de se peorcuparmos com trênos e o tornêo, passássemos os dias entêros espojados debaxo das arves fumando, e bobendo vinho. Até porqu'iamos jogari com uma enquipa alemôa, quêles tinhom trazido pa jogari com as enquipas todas, e a que tivesse jogadores milhores, é qu'ia jogari contró Benfica e o Sport. Chigô o dia do jôgo, e nunca más m'esqueço daquilo que senti, condo pisi a premêra vez um campo arrelvadu, era cá uma macieza nos péis! ê dantes só tinha jogado em campos cheios de bajôlos - foi atão que repairi cu Cara de Cinoira, tava arrancando a erva pra brento dum saco, pa dá òs coelhos lá no monti. Condo eli acabô, lá se preparámos todos, ia começá o jôgo.

Page 49: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

9.4 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 4 - in A PLANÍCIE (data: 1983?)

A Excursão Uma vez lá no Taquali alembrasmos-se de fazê uma eiscursão. — Vamos a Lisboa ver os Giròlmos! — Disse o Abel Tengirina. — Nã sinhoira. Vamos ó Algarvi! — Disse o Zéi Alacrau. — E porquê ó Algarvi e nã ós Girólmos? — Porque no Algarvi podes banhari e nos Girólmos nã podes. Fomos atão ó Algarvi. Pensámos em iri no tractori do Cara de Cinoira mas levava munto tempo. De manêras c'acabámos por alugari uma Carrera, que sempre era melhó estamporte. Por o caminho fomes-se todos devertindo menos a minha Bia, que se farto de gumitari. — Tu vês más algueim gumitari? — Prêgunti-leu — Ês mêmo charrôca! Fomos ralhando os dois o caminho todo. Por fim chigámos à praia ô lá o quera aquilo. Ê fiqui parvo! Ê sabia cu mari era uma rebéra grandi, mas assim tamém não! Atã e aqueli podaço d'arali? E arêa boa! O Cara de Cinoira até enche uma saca pa fazê um raboco lá pá malhada dos porcos. Atã e o gentio? E os altemóvens? Erom por demais. Lá se despimos até ficarmos só com as calças, e fomos a enterrar um agarrafão do Cartaxo lá adiente, drento d'água. Foi atão que vimos uns bocanas a jogari à bola. Fizemos uma enquipa contra elis pa mostra como se joga. Eles olhavam pá gente e riom-se, nã sê porquêi. Sairom elis. Hôve um que fintô o Zei Alacrau, e já eli ia atrás deli pa lhe dá uma foêrada, condo ê le dissi: — Dêxó comigo Zéi! — O ôtro, julgava que mia fintari, mas ê di-le uma pupinda nas canelas cu fiz dá 2 voltas no ari. Parcia um piã d'Alvito. —Se calha, cuidavas que passavas não? — Disse-leu. Daí a podaço numa jogada dagenti o guardaredis delis ia a sairi ós peis do Cara de Cinoira, e eli fez-le um truqui dos deli: Dêtô-le um punhado d'arêa pós olhos e marco o golo. Elis disserom logo que já nã criom joga mais. — Voceis nã querem jogar e a gente vamos pa drento d'água. — Bora! — Gritámos fugindo. Mal entrámos n'água diz o Zéi: — Eh! A água é salgada! — Ah! Éi agora! — Não? Atã porvem lá. Pusemes-se tôdos a provari a água. — Qué lá saberi! Banho na mêma. Mal tínhamos começado a banhari aparece um gajo a dizeri: — Os senhores nã podem tomar banho hoji. Nã vêem a bandêra virmelhe? — Atã e condo é que se podi? - Condo estiver verde. — Atã prantem lá uma bandêra verdi! Essa é boa! — Ê banho memo porque quero — Disse o Cara de Cinoira e abalô lá mais pó mei do pego. Ora enleô-se nas ondas, tiveram cu ir vescar de barco. E éli banhava beim. Despois tiverem cu fazê gumitá a água e arrespiração bocaboca, com o salva vidas dando-le bêjos nos bêços. Aquilo era memo nojento, carafo! A minha Bia e as ôtras, andarom até horas d'almoço mulhando-se inté às curvas das pernas. Despois almoçámos, bobemos uns escolates valentis e tivemos a tarde entêra cantando à alentejana na praia até o soli se pôri é que se viemos imbora. O pió desse dia é candámos todos uma mancheia de tempo com as costas e o pêto empolados até más não.

Page 50: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

9.5 MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO 5 - in A PLANÍCIE (data: 1983?)

A Escola Conde era rapazinho p'aí com uns 7 ò 8 anos, a minha mãe disse-me quê tinha d'ir pà escola aprende a ler e a escreveri. -Nã quero!— Griti eu — Se me chegom a tanchar na escola fujo de casa! Com'a minha mãe pa estas coisas era mais má c'uma dôr de barriga, dê-me um estramelo nas ventas que me fez ver as estrelas 3 dias pa lá do solposto. De manêras que na ganhi nada com a torada que fiz e acabarom por me pôri na escola da Dfesa. Lá ia ê todos dias mais os ôtos do mê tamanho a péi até à escola. E erom uns quilómetros valentis! E ódespois tinhamos que passar a ponte do Ardile adonde ficávamos banhando o maior parte das vezis. Encontê andi à escola, nã hôve nem um dia (nem um diazinho sequer), quê chigasse a horas. Todos dias levava uma carga de estoiro e nã me desmanginava. O pió de tudo era a passage da ponti: ó iamos pescar à lapa ó íamos banhari, e escola... visteza! A pressôra préguntava ondé ca gente tinha andado e a gente dezia sempri: -Fomos ós ninhos, m'sôra! No fim ela dava dez réguadas a cada um, e mandava-nos pó canto de castigo. Êramos sempe os mesmos: ê, o Zéi Alacrou e o Cara de Cinoira. Desde piquininos c'andámos sempe juntos! Uma vez, esta nunca mais me esqueci), no entervalo armámos uma garreia, e condo a pressôra foi lá ròbámos o sino leváme-so ò Ardile e tanchámos com eli no fundo do Pego dos Marmelêros. Ódespois abalámos cada um pa sê chêral lá pa longi; de manêras que condo a perssôra quis meter a genti na sala teve c'andar fugindo por aquelis cabeços, chamando a genti. Eh que torada! Já nã hôve escola nesse dia qu'ela nã conseguiu apanhar nengueim. O pió foi no dia a seguiri quela dê uma sova de réguadas na gente todos, e ódespois fez preguntas. Condo chigô a minha vez, quis saber quem é que tinha sido o premêro Rei de Portugali. -Sê lá eu! Algum pante-minêro! -Levas dez réguadas! -Qu'é lá saberi! Nã me doiem! -Batê-me ca força toda e passô ò Cara de Cinoira. -D. Dinis! — Responde eli. Mái estoiro, A seguir foi o Zéi Alacrau. -Ê cá nã fui! Eh! A pressôra chamô-le tudo! Dê-le uma mã cheia de réguadas co Zéi até arroto a pirum seco ódespois fez-nos um ditado. Condo o corregiu, disse quê era o que linha tido menos erros. Fiquei todo babado. - Atã e contos tive msõra? -14! -Sóu?! Eh! A última vez que fizemos o ditado, tive alguns dezanovi. Tô a ficá boum! Levi quatr'anos pa fazè a sigunda classi, e dezia sempe ó mê pai que passava, todos os anos de manêras quele julgava quê já andava na quarta. -Atâ e este ano? Passas? — Préguntô-me eli. -Tá um becado malote! -Tá um becado malote? Atã mas que conversa é essa? Tarei quir a falar ca pressôra ? Ei céu! Esconfique até as unhas dos péis se me puserom brancas! O mê pai chigô lá à escola e préguntô que tal ia eu. A pressôra disse quê nã era munto mau, mas naqueli ano não devia passari. -Tameim! A 4ª classi é uma migalhinha puxada! Quarta classi? Condo ela lhe dissi quê só andava na sigunda, ele dê um pulo até às nuves. Parecia que le tinha picado um atabão! Picô o burro drêto ô Taquali com vontadis de me esfolar vivo, ma condo lá chigô, já ê tinha fugido. Ora Boum! Andi fugido alguns dois dias, ma memo assim nã me livri da sova. E foi por casa destas capeias que só acabi a 4ª classi com alguns dezassete anos.

Page 51: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

10.1 AMARELEJA Rumo à sua História,

de Padre João Rodrigues LOBATO, 1961, pp. 179 a 193 EPISÓDIO da vida no Campo – com Glossário Desde o começo da minha vida de pároco que adoptei o costume de dar, de vez em quando, uma volta pelo campo e aportar a este ou àquele monte, a, esta ou àquela courela, onde se encontram pessoas trabalhando. Eu acredito verdadeiramente e os meus mestres me ensinaram que o campo é o melhor tónico, para recuperar forças que se vão desgastando no emprego diário das faculdades ao cumprimento do dever. Em geral são essas voltinhas pelos montes aproveitadas numa conversa com um camponês ou num convívio mais íntimo com Deus na reza do meu Breviário ou do meu Terço. Ora de uma vez em lindo dia de sol, dei pelos arredores, uma destas voltas que aproveitei para fazer a meditação. Os campos pareciam já um jardim; milhões de flores de todas as qualidades exalavam perfumes variados, que uma leve aragem dispersava na celeste claridade da atmosfera. Tomei para terna da meditação esta frase escrita no salmo 18 pelo Santo Rei David: OS CÉUS PUBLICAM A Glória DE DEUS, E O FIRMAMENTO ANUNCIA AS OBRAS DAS SUAS MÃOS... Caminhando nesta contemplação a sós com Deus e a natureza, fui porém interrompido com o que passo a descrever: Parara na estrada um automóvel. Momentos depois saía do carro um engenheiro, já meu conhecido. Cumprimentámo-nos e falámos um pouco dos seus trabalhos no estudo da electrificação da aldeia. Acompanhava-o um rapazote que tirava, do carro vários objectos, entre eles uma enorme régua numerada e traçada a cores. Caminhámos todos pela extrema de uma rica seara de trigo com umas courelas de favas em flor povoadas de insectos. Numa pequena elevação de terreno, montaram o taqueómetro. O rapaz afastou-se com a régua na mão enquanto o engenheiro começava a espreitar pelo aparelho e dar ordens ao rapaz, para que empinasse aqui ou empinasse acolá. Estavam os dois nesta ocupação, quando, numa vereda orlada de ervas exuberantes, surge um velhote alquebrado pelos anos, de golpelha ao ombro esquerdo, tocando com um pé de burrico duas vacas leiteiras que seguiam ronceiramente abocanhando nas ervas. Um tanto curioso bom do velhote aproximou-se do engenheiro que tomava uns apontamentos, e disparou a usual saudação: - Bom dia cá d'ó péi! - Bom dia! Respondi eu e o engenheiro, este sem levantar os olhos. – - Mas então vossemecê, quem vem a ser? E o que é que estão tarraceando? Que anda esse piquenalho fazendo com aquela tábua, de oiteiro em oiteiro e correndo esses alcanchais? O engenheiro deixou de escrevinhar, espreitou pelo aparelho, e ordenou ao rapaz que colocasse a régua noutro lugar. - Não pises as favas ao homem, paiolo! - exclamou o velhote. Sempre ouvi dizer aos intigos que quem não tem que fazer, faz colheres. E o tempo é para quem vai bom.

Page 52: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

- Ó homem! Não seja parvo, não vê que sou engenheiro! Estou a estudar o lançamento das linhas para vir a luz eléctrica cá para a aldeia! - Ah!... Eu de taronjo nunca tive nada, agora o que nam posso é ad'vinhar, poi'sorte! - Então já fica sabendo! - Ore essa! Mas voltando cá ainda à conversa. Luz hai ele aí, hai que Janeros... Era eu soldado em Estremores, e no ano seguinte fomos p'rá guerra da França. Se haverai anos! Foi inté um espanhol que fez a fábrica, essa que é agora do Sr. Calros Ravasco! - Pois esta luz agora é melhor! - Sará! Mas Vossemecê põe luz aí nesses favais? - Não! É para passarem às linhas que vêm do Castelo de Bode, lá de ao pé de Tomar. - Bá,á... Al será que isso ategue. Na ponta sará como a estrada de Barrancos, que já nam tem conta os anos que aí levam empatando. Nam passa de um atasqueiro que nem uma carrinha de estevas se pode trazer lá dos Castelos... Que ele hoje já num hai quem dei um molho de ramalhos para fazer um caldo de toicinho... - Pois olhe que desta vez vão ter luz, boas estradas, uma Casa do Povo nova, mais ruas calcetadas, água canalizada... - Já me fizeram essa conversa, mas tenho cá p'ra mim que nam sará nenhum esbarrunto. Isso assim mal acomparado, vai ser com'ós poços da água qu'abriram ali no Carapetal e onde a Junta gastou uma fortuna. Por fim os engenhe'ros – vossemecê deve saber, talvez fosse vossemecê, quem sabe - enregaram a dizer que nam valia a pena, que o nascente era munt'endebles, que a traziam do Ardila... Imagine... Por fim, a bebermos água da Ribeira, p'ra onde corre toda a porcaria! - Mas nesse caso seria filtrada e preparada! - Deixe lá home, só aí da aldeia, tem que ver as carradas de murraça que as primeiras águas do oitono levam p'rá Ribeira... Pois se ele no Verão é aí um chamusco por essas travessas... ora, e quando não hai chamusco, hai com cada barrancada de lama qu'eu num vi... - Não desanime, pois as coisas têm que ir pouco a pouco. - Lá isso é verdade, sim senhor. Isto o que é preciso é que a searinha não vá faltando, mas os anos têm vindo mum ruins. Lá se vão as malsoadas das vacas embora. Olhe aquela que vê além, bichinho como aquele nam hai fac'lmenrte. Pró mês de S. João deve ter outra cria... Mas vossemecê nam tem por aí uma verga d'água? Está mai'bem calor hoje. Isto no campo é como calha a estar. Às vezes frio, e d'i calor e d'i vento e d'i chuva; dá'mas fezes mum grandes a labuta do campo. Desde que se dêta mão a semear, até que se enrega levá-lo pró celeiro, Jasus que é Deus, o que é preciso dar às galfárrias. Por fim se o ano não ajuda, adiós quinim! O tempo às vezes estrompalha tudo, até parece que é por rebendita. - Você tem seara e essas vaquinhas, não? - Ora 'poi'sorte, tem que a gente ir formigando para arranjar o avio. Tenho lá dois netos, que quase nam me deixam fazer nada e o pouco que vou fazendo, ainda é p'ra eles. Nam sei por quê, parece que me sinto mais carançudo p'ros netos do que me senti p'ros filhos. Um nam passa de um chinchilha, mas o outro lava-se com uma bochecha de água...

Page 53: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

Estava o nosso campónio nesta conversa com o seu interlocutor, quando o engenheiro começava a preparar-se para se mudar para outro ponto. As duas vacas iam também entrando por uma seara e tudo se conjugou para que a conversa tomasse outro rumo e o bom do velhote se afastasse, ralhando com as vacas e, despedindo-se de nós, lá seguiu o seu caminho. Mas o que é certo é que achei graça a certos termos que ele empregou e que mais vezes eu ouvira a outras pessoas, sobretudo às mais idosas. Mais um bocado de conversa entre mim e o engenheiro sobre futuras realizações de futuros progressos na freguesia e cada um foi à sua vida. De regresso a casa, fiz o propósito de compilar para as gerações que vierem, alguns termos que hoje dão à conversação amarelejense um certo cunho típico e de bastante originalidade. Peguei no lápis e no papel e com a ajuda dos amigos arquivei as seguintes palavras e frases mais usuais.1

1 Ainda que os termos do seguinte vocabulário não sejam todos oriundos de Amareleja, são porém aqui usados com

mais insistência do que noutra parte qualquer.

Page 54: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

10.2 AMARELEJA Rumo à sua História,

de Padre João Rodrigues LOBATO, 1961 BREVEs DIÁLOGOs POPULARes: - Prim'Maria que tem tu'menina? - Ora! Q'havera de sêri!... Uma 'bechana d'asa vermelha que faz zunga e faz meli que'le picou!... - Então foi uma aboilha que'le picou... - Um'aboilha, sim! Prim'Maria, uma aboilha... --------------------------------------------------------------- Certa mulher foi consultar o médico por causa de uma filhinha ainda de peito: - Sr. Doutôri, venho mostràri a'mnha Menina! Tem tado mun màli! - Então que lhe deu de comer? (pergunta o médico)" - Cumpri dá'reis d'açucri, mastugui-lo e di-lo!...

Page 55: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

10.3 AMARELEJA Rumo à sua História,

de Padre João Rodrigues LOBATO, 1961 (De D. Maria da Paz Barreto Martins.) NÃO ME TROCO POR NINGUÉM Nam m’envergonho dezer, Diante de toda a gente, C'aqui o Chico Valente, Ó seja, eu arrepresentado, Sou homem sério e honrado E nam me troco por ninguém. E mesmo sem ter vintém Nam invejo os grandes senhores, Embora sejam dotores, Ó lavradores abastados. ‘Stam'te mê'dia detados, Dormindo nos bons colchões, E comem os bons gimões. 'Stam à grande regalados! Mas cá o Chico Valentão, É homem doutra condição! Boto os safões e o pelico E mais airoso qu'a um rico Saio logo de madrugada. Pranto ao ombro a enxada E vou p'ró campo trabalhari... E é que nada me faz mali. Nam faltando o tabaquinho, Mais a Pinguinha d'e vinho, M ais o mê burro jarico, Sô mais feliz qu'a um rico!... Tenho a saúde de ferro E trabalho porque quero! E nam me envaio em cantigas. Poi'quem sabe fazer migas, Dar-le volta e comê-las, Esse sabe merecê-las. P'ra lavrari e sameari Nam dou a drêta a ninguém... S'aparece p'r'aí alguém Qu'a mim me quera ganhar, Té sou capaz d'o tombar!... Ele aqui está que se veja Se alguém, drento d'Amareleja, Comigo quer apostar Se é capaz de me igualar, Nas coisas da ingricultura, Qu'a verdade... logo se apura! Mas... cá me veio ao sentido... Quando eu estava subido, Em riba duma olivera,

Page 56: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

E falou desta manera Um engenheiro de fora" Qu'ap'raceu naquela hora E pôs-se o corte a mirar... - Homem, eu queriló ensinar, Se você tem paciência, De aprender esta ciência, P’lra ,saber podar ,mais bem. - Cá a mim nam me ensina ninguém... S’o senhor tem essa ciência Eu tenho munta 'spirência... Ó despois lá me convenceu. E o resultado vi eu No óutro ano a seguir E agora digo eu a rir, Já tudo nos vem às modas. Até na quistão das podas. Taremos de dar razão Ao engenheiro Mira Galvão. Que ele é o que sabe mais, Os dedos nam são iguais E foi estudar em boa hora Lá p'r'ó estrangeiro de fora. Temos cá outro entendido, Que emprega munto o sentido, E também está na altura Nas coisas da ingricultura Dá leções com munto jêto. E o senhor Ongenio Barreto. S'um dia tenho paciência Vou fazer uma spirência!... Enxerto uma azinhera Com'mas puas d'olivera. E s'isto der resultado Já eu estou amanhado. Vai o caso p'r'ó jornal. Muita fama hei-de eu ganhar, E depois serei premeado Com alguns dinheros do Estado. Mas dá-me na gana dezer Que 'sou um homem valente!... E nunca fiz mal a ninguém. Trabalho, mas sei por 'spirência... Outros terão a ciência!... Há no mundo munta gente Mais cá o Chico Valente Nam se troca por ninguém. De D. Maria da Paz Barreto Martins.

Page 57: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

11 Conde de Ficalho

In Conde de Ficalho O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS (EALPA) (CFicalho). In NOTAS ACERCA DE SERPA A maioria dos termos que aqui registamos é a partir de O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS, que também tinha sido publicado in A TRADiÇÃO, de Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899, p. 81, ver 97, 113 e 129. Nota: A lista de (outras) palavras e expressões que fomos encontrando no decorrer do trabalho e podem contribuir para o enriquecimento do vocabulário. Por estar ligado às NOTAS ACERCA DE SERPA, a maioria dos termos que aqui registamos é a partir de O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS PASTORES ALENTEJANOS, que também tinha sido publicado in A TRADiÇÃO, de Serpa, a partir do ANNO I - N° 6, Junho de 1899, p. 81, ver 97, 113 e 129. É de salientar aqui, três aspectos importantes realçados pelo Senhor Conde em outros estudos:

1º - A ocupação árabe, sobretudo no Sul, a primeira a ser ocupada e a última a ser libertada, estende-se por quase quatro séculos e meio, cinco. Tarik, de 710 até 1249, a tomada de Faro por D. Afonso III, tendo deixado profundas influências e marcas. 2°- Entretanto, se ficaram marcas profundas e grande influência quanto aos hábitos e indústrias locais e até no vocabulário, isso não aconteceu quanto à transformação da língua, nem da religião. A índole e estrutura das duas línguas eram muito diferentes; a religião, não respondia aos anseios e maneira de ser mais profunda. 3º - Apesar de encontrarmos numerosas palavras e nomes de origem árabe, estas são nomes de terras ou palavras para designar objectos concretos, instrumentos de trabalho, e como se vê, são raríssimas as palavras de origem árabe para traduzir algo de abstracto, sentimentos ou paixões. O pensamento e o sonho, parece que ficaram sempre fora da influência da língua! Será verdade? Da língua terão ficado mas do sonho? O imaginário oriental e o fascínio de Córdova, Sevilha, Toledo, Silves... Moura, talvez seja, aqui, o que nos fascina, ali, ao alcance da mão!!!

Page 58: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

Algumas ligações para ver e ouvir textos, vídeos, gravações…

in

Recolhas de Pedro Mestre com Chico do Moinho http://www.youtube.com/watch?v=v7HuG-L_Q_o&feature=related

PedroMestreCampanica

Recolhas de Pedro Mestre com as Cantadeiras Emília Graça, Alice Maria, Maria do Rosário, 1ªParte http://www.youtube.com/watch?v=gv8bixRa8Oc

PedroMestreCampanica

Lídia Vaz - Forasteiro meu amigo http://www.memoriamedia.net/central/index.php?option=com_content&view=article&id=1020&Itemid=770

memoriamedia

Idalina Cacito-O sapateiro http://www.youtube.com/watch?v=_oGwyrLeHaw&feature=player_embedded

memoriamedia

Edvige Rafael - Pedro das malas artes http://www.memoriamedia.net/central/index.php?option=com_content&view=article&id=884&Itemid=654

memoriamedia

Olívia Brissos – Ditados – as perdizes http://www.memoriamedia.net/central/index.php?option=com_content&view=article&id=891&Itemid=653

memoriamedia

Subi ao alto do Monte http://www.youtube.com/user/memoriamedia#p/u/15/DoJjViZuKSk

memoriamedia

Maria da Castanheira http://www.youtube.com/watch?v=P0uhRzvwz-k&feature=related

memoriamedia

10 - ardila - maria da castanheira http://www.youtube.com/watch?v=5eqCay2c-RU&feature=related

jgcrosado

Poesia Alentejana http://www.youtube.com/watch?v=o9b-V8r19Rk&feature=related

memoriamedia

‘Strala a Bomba – As Meninas da Ribeira do Sado http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf

joraga.net

‘Strala a Bomba – As Meninas da Ribeira do Sado – Adiafa (não disponível) mas: http://www.youtube.com/watch?v=xbcWoIE9i8o http://www.belacena.com/video/3469

CantarDamigos ou em belacena

Conde de Ficalho – expressões vindas do árabe - http://www.joraga.net/contos/pags/3falas.htm#fala3

joraga.net

Mestre Alentejano - http://www.youtube.com/watch?v=Yher-plFsbE

rvccgerinho

Saramago http://www.youtube.com/watch?v=NWu3bkM5fM8

/mariadoalentejo

Rebera de Odivelas e outros: http://www.joraga.net/alentejo_livro/pdf07_alentejo_falare_mostras_10p.pdf

joraga.net

Décimas de Inocêncio de Brito: http://www.joraga.net/iBrito/index.htm joraga.net

MEMÓRIAS DE MANUEL LOENDRÊRO http://www.joraga.net/moura/pags/05patr2falasMloendrero.htm

joraga.net

Linguajar da Cuba http://historiaselendas.no.sapo.pt/paginas/falar.htm

historiaselendas.no.sapo.pt/paginas/falar

Page 59: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

http://www.joraga.net/

trabalho digitalizado em verdana 10 e outros pode ser difundido e enviado em PDF e em formato papel a pedido

por @ JORAGA Corroios, Seixal Primavera 2011

Page 60: O ALENTEJO, quando FALA… mostra (-se)…! - joraga.net€¦ · aldeagar falar á tôa, tagarelar, falar animadamente, gracejar ruidosamente. ... alvenaria de alvener arte ou profissão

ALENTEJAnadas Alentejanando – Estórias e

Sabores Joaquim Pulga

JPulga

AMARELEJA Rumo à sua História

Padre João Rodrigues LOBATO, 1961

ARH JRL - Lobato

O ELEMENTO ÁRABE NA LINGUAGEM DOS

PASTORES ALENTEJANOS Conde de Ficalho

´ CFicalho - CFicalho

AUTO DO NATAL – PRESÉPIO

Casa do Povo de São Matias, Beja

AutoN

CANCIONEIRO DE SERPA Maria Rita Ortigão Pinto Cortez Edição da Câmara Municipal de

Serpa 1994

CS - RCortez

A Linguagem Popular do Baixo Alentejo

Manuel Joaquim Delgado

Ed. Assembleia Distrital de Beja 1983

LPBA JD - Delgado

Alentejo Cem por Cento Prof. Joaquim Roque

Ed. CM Ferreira do Alentejo - 2ª ed. 1990

Alentejo100 - JRoque

Monografia de Vila Verde de Ficalho Francisco Valente

Machado Ed. Biblioteca Museus de VVFicalho, 1980

MonografiaVVF -

Machado Dialecto Alentejano –

contributos para o seu estudo Manuela Florêncio Ed. Colibri, 2001

DialectoAl – Manuela

Dicionário de Falares do Alentejo Vítor Fernandes Barros

Lourivaldo Martins Guerreirp Ed. Campo das Letras - 2005

Jornal Terras do Cante Nº0- 1994

jTC Nº 0 1994

Os Falares Fronteiriços de Olivença e Campo Maior…

José Luís Valiña Reguera

JLVReguera

“Atão cumpadres, qui’é que’stão p'raí conversando… remoncando… arengando… ramplonando… adealgando…"

Corroios 2011 04