relembrando a fala de Souza (2007) ao mencionar que o espetáculo é

imanente à constituição social, no decorrer dos séculos podem ser vistas vários eventos

que retratam bem a ideia da teatralidade revelada por Balandier. Fulano, na obra ... cita

diversos casos que vão desde o mundo antigo até os dias atuais. Uma dessas

ocorrências registradas na história e bastante conhecida no mundo atual era a festa grega

chamada Dionísias. O referido evento, instituído pelo tirano Pisístrato aproximadamente

entre os anos 536 e 533 a.C., era um festival que ocorria na cidade de Atenas durante

seis dias consecutivos, do dia dez ao dia quinze do mês Elafebolión, que no calendário

atual corresponde ao final do mês de março e início do mês de abril. Tratava-se de uma

festa político-religiosa que sob forma de concurso se realizavam diferentes

manifestações artísticas, incluindo-se a encenação de Comédias e Tragédias.

De acordo com HESK (2007), as Dionísias eram parte de um jogo político no

qual Pisístrato manuseava a religião contra a aristocracia ateniense, tentando firmar uma

identificação entre o indivíduo e o Estado. Para Goldhill (1987), que analise esse fato,

na encenação das Tragédias havia implícito uma contextura política que visava

desconstruir o discurso ideológico apresentado anteriormente às representações trágicas.

Análise semelhante também é apresentada por P Moerbeck (2011) ao mencionar que as

cerimônias prévias às encenações teatrais revelava as relações de poder simbólico

estabelecidas antes de as tragédias serem postas em cena.