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NTISTAS ENTURA DA DEXOBERTA CIENTIFICA

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NTISTAS ENTURA DA DEXOBERTA CIENTIFICA

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D i m < u & ~ k ~ : Robmo clvue

Dbriorda Divisão Fodcuiox P d V P& PoppoVk

Dòcra Edu&& F d & : Ary Coelho

CONSELHO WITORUL: VkeDbuor:

ElIr&lh dl CmDmI Srnelmii. Edilwid

f s d d o : C& &ibe/ntM~ m m d : A n i ~ b SUvb L#dm

Chde de Arle: C h A l h o h z z a

AsWenlc~: J o d R W Nela.

SmRo ArRUa Ssvlpor Ed AUxUImu:

Vem M d w l a

Supmimr de Ane: E/@ A ~ l l o

Depm',",ero & Arle: lona Aqulno Plaça IWd. Luis

Cocicolmcolm TmsM. BlrroIO.

CONSULTOW: PmJ Simb Marhia

Universidade de SCo Pmilo

PesQUiâA E TEXTO: . C&& de C W b W e k A b m q

COORDENAÇhO 00 PROIFTO: Fmfa Myrimn KraiIdlu<

Aurora d a W I n r rdnr C-gão da Mal& e da raro - bnrc da M d & IW+: Hidqa N h . A&h Ambm-

gi. Mmulcy E. M. Coelho eS<iubdeAInuIda

c COPYRIGHT MUNDiAL 1972 ABRIL S.A. CULTURAL

Quinzenalmente. a coleç8o "Os Cientistas" aprssas ,a um fasckulo. um "lüt" para exl).Hndas e um Menuai de Instrugbes. O primeiro conta6 e vida e e obra da um grande homem do mundo dentlfico. O "Kit" oarmitld aue v& msllze exrnribnciaa aue wmomvam m pdtica algumas das mais impomntesdescober&sou leis estabelecidas oeio cientista focalizado. O Manual da lnstniçdes. alám de orientá-lo na realiu@o das A

experi8ncias. leva-104. em cada passo, a wnduir sozinho os princípios que ea8o sendo demonstrados. Ao final da colegão, vocü terd formado seu pequeno laborat6rio -permitindo a realirado de inúmeras experi8ncias no campo da Física, Química - e Biologia -, al4m de três volumes compostos pelas biografias encadarnadas dos cientistas. Cada fasckulo ted vinte páginas;

*

quatro capas e dezesseis páginas internas: apenas estas- deverüo ser encadernadas. Retiradas as caDas dos fasciculos, encaderne-os em seqü8ncia cronoldgica. seguindo a ordem de numeraç8o das páginas. As capas ser80 postas d venda nas bancas logo ap6s o último iasckulo de cada volume.

4 iL Esta fasckulo nüo mde ser venddo wpandsmente da caixa de expmiéncias que o I W m p n h

773. Na cidad. do Rlo de Jandm M n6memo stnuda wdam sw mcon- fnüm M Riu Sudum Cabnl. 141. N6immrstnndos pod.mumb6m ser emmndadoo dlntinume b Ml SA. Cukunl a IndumW. ubo p d 946 ou 30420. Süa Paulo, d a r n a a anvlo & um &.pua wplvd m Süa &Ia. Oualquei banco & s<u cidad. p0d.d vdr - lha o ch.qur

:I q , C EINSTEIN Nos modernos elevaaores, é o movimento de entrada ou sai4 de passageiros que mant6m a poria aberta. Cerios sinaleiros automáticos abrem e fecham o trânsito de acordo coma numem de veiculos que circulam em cada rua de um cruzamento. Estas são apenas algumas das aplicatões do chamado efeito fotoelétrico. Pesquisando este fen8meno. Albert Einstein concebeu a luz como uma "chuva" de particulas dotadas de energia: d os fótons. O eletrosc6pio que voc6 construirá com o próximo Kit i permite verificar o efeito fotoelétrico e !

comprovar que a luz também transporia energia.

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- , ANTOINE LAURENT ' DE LAVOISIER

(1 743-1 794)

F*, =I..

observação dos corpos que exis- tem sobre a Terra e da maneira como eles se comportam foi algo

que surgiu muito cedo: Anax'menes, :Diógenes de Apolonia, Zenon de Eléia,

do assunto, estudando aquilo

.;, os fuósofos gregos encaravam o mundo apenas por seus aspectos sensíveis; e,

,:",.c * , .assim, era a partir da manifestação das 2' !'propriedades mais superficiais, que eles . . $, "$procuravam descrever o conjunto dos . .- ---'fenômenos - que os rodeavam. Os gregos y ;; 'ulgavam, dessa maneira, que os corpos : .' 5;: , podiam ser quentes ou frios, secos ou i úmidos; a cada uma dessas caracterís-

p- _n ticas eles associavam um elemento físi-

seco, a terra; e ao úmido, a água Todas as coisas seriam, então, formadas por wmbiiapóes em determinadas propor- qóes desses quatro elementos; uma substância quente e líquida constituir- se-ia de água e fogo, enquanto algo frio e sólido seria composto de ar e terra Eventualmente, a substância poderia ser separada em seus componentes, regene- rando os quatro elementos básicos.

Essas quatro qualidades primordiais, que os gregos atribuíam à matéria, assu- miram um lugar de extrema impor- tância na alquimia dos séculos subse- qüentes. Elevadas à categoria de "princípios" básicos, estiveram na raiz de toda a atividade alquímica da Idade Média e começo do Renascimento.

Até o século XV, praticamente não

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volume de conhecimentos do estudioso medieval em relação a Ar&kles, e, assim, não havia terreno para a elabora- ção de outras conceppaes sobre a coas- tituiçáo e comportamento da matéria A partir desse século, contudo, tais desco- bertas se sucederam em ritmo bastante acelerado: o estudioso viu incorporado a seus conhecimentos um grandenúme- ro de novas substâncias, permitindo-lhe realizar uma série de e*ientos que

E deveriam ser rcveladores. Não o W t e esse florescimento, a química dos três k u l o s que se seguiram não diferiu

-- . essencialmente do panorama anterior: os que se preocupavam com essa disci- plina não ousaram por em xeque. os ensinammtos de seus predecessores. Quem mais perto chegou disso foi Thcophrastus Bombast vou Hohe- nheim, ou. como 6 mais conhecido, Paracelso.

v - Filho de um médico, nasceu em 1493 e morreu em 1541, provavelmente em

230 conseqüência de uma bebedeira Res-

ponsávdporumcertonúmemdeobras qae influenciaram a Química até a fonndqão moderna dessa ciência, j6 no séailo XVI deu grande importância ao esbPdo das propriedades dos metais e m i y a k , -, na prhtica far- maautica, o usa de medicamentos extraídos & reim mineral. Com isso, v a l o h a p r o f h do alquimista, que passos a = mna atividade mais bem vista pela sociedade.

Seu mhrito maior, no entanto, reside no fato de haver tentado reformular os conceitos clássicos, principalmente com respeito aos quatro Uprindpios" tradi- cionais, muito citados, mas n u c a com- predidos. Aceitou-os, mas desligados de seus "elementos" cocmpndentes,

? No labor&* de um aiquímfsta ~ ~ X m o s i n a l n l ~

de CQdfnm>- Wiii d@@8 cientk<lros j4 wjhikaaiw, como

o almnbique, UtilIraab na dcslilaçtio.

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chegando mesmo a adicionar um qumu princípio aos quatro anteriores: a quin- tessência. .Esta seria, segundo suas pr& prias palavras, "uma substância que se pode extrair de todas as coisas que a natureza produz e que tem em si a vida. Substância muito sutil, deve ser purifi- cada ao máximo e depurada pela sepa- ração dos elementos impuros e grossei- ros que a envolvem. permanecendo, após essa separação, na sua natureza única'e incorruptÍveln.

Paracelso ainda era um homem me- dieval, com sua linguagem repleta de "elementos impuros e grosseiros", e "naturezas" das coisas. No entanto, a sua concepção de uma substância pri- meira, a quintessência - que unificava e englobava os antigos princípios - foi muito bem recebida pelos químicos. Mas as formulapóes de Paracelso não trouxeram um desenvolvimento real para o edifício dos conhecimentos da química; sua quintessência era dema-

e siado vaga para servir de base a qual- B, quer teoria duradoura No século XVII, porém, os químicos

cada vez mais se convenciam de que as 232 substâncias não deveriam ser formadas

Segundo um trataab do &lo XYIII (acima),pma se conhecer apureza de uma amostra de ouro devia-se riscar com e& a "dra de roque"e eomparar o traça com opmduzidopor lâmina8 de ouro de várias graus depureza. Com o apoio oj2ciai (d direita, Lub XIV 2 na Accrdemia de C k i a s ) , ape$eiçoa-se o material cienijfco. As requintadas rerortas (abairo) tomam-se comuns.

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I de apenas quatro (ou cinco) "elementosn primordiais. Começaram a

I surgir as primeiras teorias sobre a natu- reza corpuscular da matéria, oriundas da compção atomista dos gregos.

A UNIDADE COM O FLOGfSTICO

Fazendo a distinção entre os corpos simples e complexos - ainda que de modo pouco preciso e insatisfatório - os químicos já eram capazes de dizer com bastante clareza quais os corpos simples que, reunidos sob determinadas condipóes, davam, origem a certos cor- pos complexos. Uma coisa, porém, preocupava os pesquisadores: o fato de uma substência mudar de aspecto e ter alteradas suas propriedades químicas e

r físicas quando queimada Como ainda eram poucos os gases conhecidos, os químicos não podiam imaginar que a

i combustão do enxofre, por exemplo, se devesse a um mecanismo análogo ao da formação de um sal a partir de um ácido e um álcali (ou, em linguagem

uma vez por todas, acabasse com as controvérsias que cercavam os "princípios", fossem eles escolásticos ou devidos a Paracelso.

A teoria do flogístico satisfez essas duas reivindicaçóes e encontrou em Georg Ernst Sthal o seu mais fervoroso adepto. O flogístico, ou fogw princípio, não deveria ser confuildido com o fogo visível, que se produz durante uma combustão. Tratava-se de um elemento imponderável, contido em todos os corpos combustíveis. No mo- mento da combustão, o flogístico aban- donaria o corpo em questão, e a isso se devia sua mudança de caractnísticas. Dessa maneira, o enxofre, submetido à combustão, perderia seu flogístico e se transformaria em gás sulfuroso; os bleos, quando queimados, passariam a gás carbônico, água e alguns resíduos; e assim por diante.

A teoria do flogístico reinou por muito tempo, pois satisfazia a todos, desde os atomistas e newtonianos, até os cartesianos. Era o coroamento de um

moderna, uma base). Além dkso; os esforço de síntese que os químicos alme- cientistas acalentavam a cspcranca de javam há três séculos. E nenhuma outra r descobrir um

p.+ I'

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Para o cientista moderno. o conceito de uma substância impalpável e mal dámida como o flogístico pode parecer absurdo; na época em que surgiu, no entanto, ele não era mais misterioso

I que, por exemplo, a eletricidade ou o i magnetismo. Na verdade, a teoria do r flogístico foi muito bem aceita, pois

explicava de maneira satisfatória a i , . maioria dos fenômenos então conheci-

dos. Grandes homens como Priestley, 5' Cavendish, Richter e Scheele alinha-

ram-se na defesa dessa teoria, quando I Lavoisier se lançou à tarefa de dembá-

I a

Antoine Laurent de Lavoisier nasceu em Paris, a 26 de agosto de 1743. fuho de uma família abastada Educado pelo

I . . pai e por uma tia - a mãe morreu-lhe cedo - foi destinado ao estudo das leis, tendo sido matriculado no Colégio Mazarino. Ao chegar o tempo de cursar a Universidade, resolveu, entretanto, 1 optar pela ciência; talvez o Direito r tenha perdido um bom advogado, mas a Química ganhou um de seus maiores nomes. -. -.

Assim, com a idade de '20 anos, Lavoisier ingressou no mundo cienti- L fico; seus primeiros esforços de pes- quisa foram logo reconhecidos, e três anos depois ele era admitido na Acade- mia de Ciências. Por volta dessa mesma época, o jovem cientista passou a inta grar a Fenne Généruie, uma organiza- ção de fmancistas que, através de um convênio com o governo, exercia o direito de coletar os impostos relativos a um grande número de produtos comerciais. Assumiu imediatamente um cargo de direção na organização. casan- do-se, em 177 1, com MariaAnne Paul- ze, fuha do gerente-geral da Fenne.

Esse comprometimento de Lavoisier com a F m e G#n#rale, além de seu envolvimento com o governo monár- quico, não passou despercebido no clima conturbado da França pré-revolu-

No "e,,neho "de Lavoisier. o químico GIy-Lussac realizou a dniese h 6gua Hidrogênio e oxigênio eram recolhidos no rseipmntr e$&ieo e uma fdsca eléirica produzida entre doispólos ~ados,provocava a reação.

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No seu Iabratiório. em Paris, Lawisier (ao fundo, gesticulado) detuou importantes eshidos sobre a re~p&<ic& humana. A "C0kia"utilizada foi o qui'mico Shguin, em cqjo rosto apllcou-se uma máscara hermeticamente fechada O ar expulso por seuspulmões era recolhido muna c u k pneumática, e, em seguida, analisado.

t Todos os passos do experimento eram anotados pelo mulher de Lavoisier.

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Lavoisier, Monligny, B m n e Caa'et, nomeados comissários da Academia Real de Ciências, foram encmregados de supervisionar a conshução de uma "grande lupa". que serviria & ' ~ o m sular". O monumental engenho constava de duas lenies (A e E), com 52polegadas de dimnem, opostas uma d ouira pelo lado côncavo. Os raios luminosos, ao s e m wncenirados,produziam um ponto /mal & alta tempwaiura no porfa-objetos (C). A inaugtuaç<io da lupa durante a qual se realizou a experiência da queima de diamaiües, serviu também & pretexto para um "<reonlecEimenlo"~~~ial, com a presença de sábios. autoridcides e membros da nobreza.

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cionária Acabaria por custar-lhe a vida ap6s a Revolução: a 8 de maio de 1794, foi conduzido à guilhotina e executado.

Uma das primeiras investigações de Lavoisier prendeu-se à transformação da água em terra, cnnça liada à teoria do flogístico. Ele colocou água desti- lada em um recipiente especial, que manteve aquecido durante 101 dias. Ao fun desse prazo, permitiu que a água evaporasse por completo, e pesou auida- dosamente a pequema quantidade do p6 que restara da evaporação, ou seja, aquiio que se julgava ser o produto da traasformação da água em terra. Pesou também o recipiente de vidro e verificou que sua massa se havia reduzido em relação ao valor apresentado antes de efetuar a experiência; concluiu, então, que o resíduo era devido ao ataque da água sobre o vidro. e não resultante de uma transfmação parcial da água em terra. Essa m a n a experiência havia sido

realizada por Van Helmont e Robert Boylç e demonstrara exatamente a tese derrubada por Lavoisier; s6 que os dois químicos focalizaram sua atenção sobre

. a água e o resíduo, esquecendo-se de levar em conta a perda de peso do recipiente.

A freqüente utilização da balança pode ser considerada uma das princi- pais caracten'sticas do traimlho de pes- quisa de Lavoisier: cuidadosas pesagens levaram-no não raro a deparar com fatos que outros, exatamente por subes- timar a importância do uso escnipuloso da balança, deixaram de descobrir.

Um dos pontos fracos da teoria do flogístico, já apontado. entre outros, por Boyle, referia-se à atuação dos metais quando trandormados, por wmbustáo, em seus óxidos. Segundo as conceppões de Stahl, quando isso ocor- ria deveria haver a p a s perda de flogís- tico por parte do metal, e nada mais Inversamente, quando se regenerava o metal a partir do seu óxido, a subs- tância devia apenas abmver flog'stico.

238 Em ambas as opaações ?ão poderia

haver qualqwr perda ou ganho de massa.

Na verdade, como Boyle notou, não 6 isso que ocorre, pois, no primeiro caso. o metal aumenta de peso, enquanto, no segundo, a massa do óxido diminui. Lavoisier realizou a experiência outra vez, considerando um fator que havia sido negligenciado anteriormente: pesou as quantidades de ar que havia antes e depois da oxida+ do metal. Noto- então. que as duas medidas diieriam p um valor muito próximo àquele corra.- pondente ao aumento de massa do metal oxidado. Além disso, também mostrou que existe um limite quanto à capacidade do ar em manter a calcina- çáo (isto é, a oxidação) de um metal nele aquecido. Em 1772, Lavoisier efetuou mais

uma shie de experiências com a com- bustão de substâncias no ar, concluipdo que o enxofre e o fósforo aumentam de peso ao se queimarem; mais ainda, veri- ficou que o fósforo, queimando numa quantidade limitada de ar, consome apenas uma parte desse ar, e que o res- tante não 6 capaz de provocar a queima do fósforo, apesar do forte aquecimento. Eshidapdo esse ar residual, notou ainda que ele extingue a chama de uma vela; a esse "ar*, Lavoisier daria mais tarde o nome de azoto (o moderno nitrogênio). Esse tipo de atividades permitiu a

Lavoisier vmficar muito cedo que não havia nada que justficasse apelar para o flogístico na explicação do fe-nômo no da wmbustão.Consciente, porán,da importância que essa teoria assumia entre seus contemporâneos, esperou du- rante algum tempo, até reunir um gran- de conjunto de evidências em seu favor.

Apenas com a descoberta de numero- sos gases impoftantes - o gás carbo- nico, em 1774, por BlacL; o oxigênio, também em 1774, por PriesUey; o hidrogênio, em 1765, por Cavendish,e o nitroghio, em 1772, pelo pdprio La- voisier - o cientista francês sentiu-se encordado a desafiar a autoridade da

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O cahdmem & Lawisier (ao lado), como a rnaiorh dos Insbwnentos & l<rbor&riO at.4 o Mcb deste séa&, era conshirldo a feno. A substância, q i o vahr eJpcck?ro se depelava &taminar, era colocada no interior & rede de feno. Gebpicaabp-hia o espaço d wIia O vahr p m ~ a a b surgiados c e s fcU0s ap&&pew da 6gio . (gelo l*F(e/eUo) que saíapeia tomba. Atuaimente, O material mais w<ido nos IabOrab5rios de química .4 o vima, a vista & reaWhch que oferece da& corrosiva & certas substânchs e dr varia@es & lapaatura. Os modanos &$tuaabres (abaixo) permitem trabaihar sobprrs~óo atmmamente reduzida.

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Claude L&-.- -.. ...- .... , .748-1822) foi um dgsprlmeiros a oferecer seu apoio d teoria

ant&$st&a. sustentada por Lawisier.

Entre 1775 e 1777, Lavoisier eshidou os ácidos, num trabalho que lhe permiti- ria coletar mais dados para sua futura batalha contra o flogístico. Mostrou que a transformação dos metais em seus óxidos básicos e a dos não-metais em ácidos ocorria por efeito de uma wmbi- nação do corpo queimado com o oxigê- nio, e que os sais se constituíam pela união de tais produtos de combustão. A nova teoria sobre os ácidos foi imedia- tamente criticada pelos tradiciona- listas, que não podiam conceber um sis- tema em que o flogístico não fmrasse. AICm disso, Lavoisier atribuía ao oxigê- nio o caráter de elemento simples, enquanto as conceppóes em voga carac- terizavam-no como "ar deílogisticado". Esse ar destituído de flogístico seria sequioso dele, explicando, assim, as propriedades do novo gás.

A partir de 1777, Lavoisier começou a atacar sistematicamente a teoria do flogístico, através de comunicaç6es à Academia, trabalhos publicados, e mesmo de público. Não o fez, porém, de maneira agressiva; procurou, antes, reu- nir um número razoável de adeptos, para depois iniciar a verdadeira batalha

240 As dúvidas sobre a existência do

flogístico foram expostas por Lavoisier de maneira tão branda que os defenso- res das idkias de Stahl não viram, a princípio, razão para refutá-las com muito ardor. Para eles, a nova doutrina parecia tão sem sehtido que não mere- cia grandes discussks. Macquer, por exemplo, uma das maiores autoridades da época, escreveu: "Onde estan'amos nós com a nossa velha química, se fosse mister levantar .um edifício completa- mente diferente? Confesso que, por mim, teria abandonado a partida".

A frase de Macquer, escrita em tom de desprezo pelas hipóteses de Lavoi- sier, mostra, contudo, a atitude retró- grada de muitos químicos do século XVIII. Em geral, os homens mais ve- lhos combateriam encarniçadamente as novas idéias, e os mais jovens as defen- deriam com não menor ardor.

A BATALHA FINAL

Pouco a pouco Lavoisier foi intensifi- cando seus ataques e, em 1785, leu, perante a Academia, uma memória inti- tulada Rqfiexões sobre o Flogí'sfico. com que oficialmente encerrou a "guerra-fria", dando início à mais for-

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se a "armazenar apdivora, as armas e os canhões & rei': Em suas dependências, Lmisier Instaiou Iaboraiórlos e saias de estudo.

midável controvérsia que a Química conheceu.

Já a partir de 1783, os meios quími- cos estavam envolvidos numa vasta polêmica sobre a natureza e constitui- ção da água Diversas observaqóes ha-

, viam demonstrado que a combustão do i hidrogênio leva à formação de gotículas

de água. Pouco depois, Henry Caven-

! dish, provocando uma reação por meio de uma centelha elétrica, demonstrou

i que esses dois gases se wmbiiarn em , proporçóes volumétricas bem determi-

nadas, produzindo água. Imediata- i mente, Lavoisier repetiu a experiência,

podendo concluir que a água não era uma substância simples, mas formada por hidrogênio e oxigênio.

Lavoisier usou esse fato para investir mais uma vez contra a teoria do flogis-

i tico, afumando que o único fato rele- vante no fenômeno era a interação entre os dois gases, nada havendo que pudes- se indicar a intervenção do flogístico. Seus adversários contra-atacaram: como o oxigênio não passava de ar deflogisticado, ele recebia flogístiw do hidrogênio durante a combustão, origi- nando assim a água, que continuava a ser um elemento simples.

Em 1784, Lavoisier e Meusnier reali- zaram, perante grande platéia de cien- tistas, uma experiência que, por sua engenhosidade e precisão, se tomou clássica Ao decompor a água, fazen- do-a passar pelo interior de um tubo de ferro aquecido ao mbro, os dois cientis- tas recolheram o hidrogênio despren- dido (o oxigênio futava-se sob forma de óxido de ferro) e fueram-no em seguida reagir com o oxigênio, por meio de uma centelha elétrica, regenerando a água

As medidas volumétricas e as pesa- gens foram tão precisas que não devia restar dúvida quanto à composição do líquido. No entanto, por mais três anos, Lavoisier foi quase o único a acreditar em suas wncepç6es. Somente em 1787 teve início um lento, mas inexorável, movimento de apoio as novas idéias. Um dos primeiros a aderir foi Guyton de M O U N ~ ~ U , que se tomou grande colaborador de Lavoisier. Com este publiwu, em 1787, o Mbtodo de Ne mencl<ihtra Química, totalmente basea- do em concepç6es inéditas. Foi nessa obra que se defmiu quase toda a nomen- clatura atual da Química; surgiram, assim, os termos óxido, sulfeto e fosfe- to, para os compostos do oxigênii, do

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enxofre e do f6sfor0, respectivamente. A escolha dos nomes para os elemen-

tos visava a lembrar suas propriedades mais marcantes, independente de quai- quer teoria Assim, oxigênio significava "gerador de ácidos", hidrogênio, "gerador de água" e azoto (mais tarde nitrogênio)@ gás que forma a porção do ar "imprópria à vida". Os nomes dos ácidos ganharam sufuos diferentes, para identificar as proporçóes de oxigê- nio que entravam na sua composição; surgiram, por exemplo, as denomina- çóes dos ácidos nítrico e nitroso, sulfú- rico e sulfuroso, e assim por diante. Os sais resultantes de tais ácidos foram designados, respectivamente, nitratos e nitritos, sulfatos e sulfitos.

Em 1788, Lavoisier publicou um livro do químico inglês Richard Kir- wan, Ensaio sobreofloaftico, onde, no fuiai de cada capitulo, acrescentava uma refutação, assinada por ele próprio ou por um de seus seguidores. Depois de ler sua própria obra comentada por Lavoisier, Kirwan abandonou a Mria . do flogístico. convertendo-se à nova k. . doutrina e arrastando consigo a quase totalidade de sais compatriotas.

L 1 242 A teoria de Lavoisier já havia con-

Além de pertencer d nobreza, Lmisier (na foto d direita, com sua mulher) era pmtieulannente maivlsto pelo cidndiio comum, devido d sua odlada funçüo de coktor de impostos. DuranIe a Revoluç&,junto com outros 27 'yermiers': foi encarcerado na prisão de Port Libre (ao alto), para agu&julgamento. O decreto do mês '%realWde 1794 (acimd condenou-o a morrer na

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[ quistado. por essa época, a maioria dos , +spíntos mais jovens, processo este que

se intensificou após a publicação, em 1789, de seu monumental Tratado Ele- mmtm de Quim'ca, que foi logo tradu- zido para várias Iúiguas. Esse livro marca, de certa forma, a fronteira entre a química escolástica e a química moderna De fato, ele representou, para essa disciplina, o mesmo que os Princí- pios de Newton para a Física É nessa obra que aparece sua famosa "Lei da conservação das massas", segundo a qual a soma das massas dos reagentes é

, igual à soma das massas dos produtos - de uma reação. Ainda dessa vez, Lavoi- sier chegou a essa conclusão pelo uso sistemático e preciso da balança, pesan- do cuidadosamente as substâncias que davam início a uma reação química e,

, depois, fazendo o mesmo com as subs- tâncias resultantes.

Como, por vezes, uma reação s6 se verificava com o aquecimento dos rea-

, gentes, e por outras a reação dava lugar. ao desprendimento de calor, Lavoisier foi levado a crer que o calor era a mani- festação de um "esp'rito", que chamou

a , eoMrico. Em sua NomenclaIura. ele atribuiu ao calórico qualidades de ele- mento, mostrando, assim, resquícios de um certo compromisso com as concep qões tradicionais. A teoria do calórico, porem, foi bem menos prejudicial à Qui- mica do que a do flogi'stico. e, sobretu-

1 do, durou muito pouco tempo: assim que o estudo do calor se desenvolveu ' um pouco mais, verifmu-se que ele é uma forma de energia, e o calórico

-desapareceu de cena sem maiores com-

' OS ÚLTIMOS TRABALHOS

A publicação do Tratado encerrou a ; . atividade de Lavoisier no estabeleci- =- menw de novas bases para a química C-. moderna A partir dessa época, até o dia

de sua morte, ele se dedicou ao estudo da fisiologia, assunto que já o havia

_ intercsado anjes em

com Laplacc, mediu o calor produzido pela respiração animal. Em 1789, asso- ciou-se ao químico Séguin, iniciando pesquisas relativas à respiração e à transpiração. Quando foi guilhotinado, em 1794, suas pesquisas cientificas estavam longe de chegar ao fun, estando ele prestes a iniciar um estudo sistemá- tico sobre a digestão.

Entre outras preocupapões de Lavoi- sier, destacam-se suas tentativas de d e i cobrir a composição das substâncias orgânicas. Observando que a combus- tão dessas substâncias produz sempre gás carbonico e vapor de água, ideali-

, zou um aparelho. com o qual podia pesar a quantidade desses gases e, atra- v& desses dados, determinar as propor- e s com que o hidrog&nlo e o Carbono concorrem na formação da substância queimada Esse procedimento de análise é essencialmente o niesrio que foi intro- duzido meio século mais tarde por Li big, um dos maiores nomes da química orgânica

Além de to-- dedicado B ciência de modo tão iatenso, Lavoisier exerceu tambán atividades em empresas gover- namentais. Em 1775, fora nomeado superintendente da Régie des Poudres. tendo introduzido muitas reformas téc- nicas nesse setor de explosivos. A Comissão de Agricultura, a Assembléia Regional de Orléans e uma comissão destinada à reforma do sistema de uni- dades e medidas que vigorava na Fran- ça foram outras entidades que contaram com sua colaboração.

A partir de 1793, no entanto. as aca- demias científicas e sociedades cultu- rais, que serviam o regime monárquico e nele se apoiavam, começaram a ruir umas após as outras. Em novembro desse ano, Lavoisia. juntamente com os principais integrantes da Fenne Gbné- role, foi preso e intimado a prestar con- tas das atividades da empresa Julgado e condenado por peculato e traição, La- voisier foi executado a 8 de maio de 1794.

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plg. 229

phg. 232

. de Cincias - Londres. Foto do Museu. . . . r - modelo holandés de caldeira com retona. para fins farmacéia .- - - . . , . ticos (&C. XVIII). Museu de CPncior - Londres. Foro Michooi

' - Holford.

p lg. 236 - experiancias de Lavoisier sobre respira-o. no seu Iaborat6rir

Arsenal. em Paris. Gravura da Bpoca. Foto N.Y. Public Library.

pbg. 2361237 - desenho de uma grande lupa. construida sob a supewisBo d<

Srs. Montigny. Macquer. Buflon, Cadet e Lavoisier. Das "Obras de Lavoisiey. tomo 111. prancha IX. Museu de Ciancias - Lon- dres. Foto do Museu.

plg. 239 - c6pia do calorimetm de Lavoisier. usado por volta de 1780 por

Laplace e Lavoisier em experiências sobre o calor. Museu de Ciancias -Londres. Foto Michael Holford.

- moderno aparelho de destilado a v6cuo (1 960). Museu de cias - Londres. Foto do Museu.

peg. 240 - Claude Louis Benhollet (1748-1822). do reverso de uma med

lha comemorativa. Foto Ronan Picture Library. p lg. 241

- vista geral do Arsenal. o depósito das p6lvoras e das armas c-: rei, onde se fundiam canhões: e tambem residência do " ~ r a n d h Mestre de Artilharia". Gravura da época. Foto do "Palais de Ia,

. . DBcouvene". Universidade de Paris. p lg. 242

- a "PrisBo de Por< Libre". onde Lavoisier ficou detido'atd o dia da

. . . . . .-

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