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NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

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NOVÍSSIMO DICIONÁRIODE ECONOMIA

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NOVÍSSIMO DICIONÁRIODE ECONOMIA

Organização e supervisão dePAULO SANDRONI

1999

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Copyright © Círculo do Livro, 1999

Todos os direitos reservados

Colaboradores da 1ª edição do Novíssimo Dicionário de EconomiaAdriano Biava, Antônio Corrêa de Lacerda, Carlos Donizeti M. Maia, Claudemir Galvani, CláudiaHelena Cavalieri, Celso Waac Bueno, Cleusa Sacardo, Cristina Helene P. Mello, Francisco Vignoli,

Gilmar Masiero, Gilval Mosca Froelich, Jair Pereira dos Santos,José Benedito Zarzuela Maia, José Márcio Camargo, Ladislau Dowbor, Márcia Flaire Pedrosa, Maria

Teresa Audi, Orozimbo José de Moraes, Renaldo Antônio Gonçalves, Ricardo Bonanno, RubensSawaya, Saulo de Tarso e Sousa, Sigmar Malvezzi, Sílvio Miyazaki (consultoria)

Alessandro Maia Carmona, Christina M. Borges, Gilvanir Batista da Silva, Jorge Luís Okomura,Luciano Nava, Luís Alberto M. Sandroni, Marise Rauen Viana, Mateus Dias Marçal (pesquisa)

CÍRCULO DO LIVRODireitos exclusivos da edição em língua portuguesa no Brasil

adquiridos por Círculo do Livro Ltda.que se reserva a propriedade desta tradução

EDITORA BEST SELLERuma divisão do Círculo do Livro Ltda.

Rua Paes Leme, 524 - 10º andar - CEP 05424-010Caixa Postal 9442 - São Paulo, SP

1999

Impressão e acabamento: Gráfica Círculo

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Apresentação

“Medo maior que se tem é de vir canoando num ribeirãozinho e dar, semespera, no corpo dum rio grande”, no dizer de Guimarães Rosa, é o que nosaconteceu pela terceira vez, agora em 1999. De fato, esta é a terceira revisão deum trabalho de pesquisa inicialmente publicado há catorze anos. A missão doDicionário de Economia em sua primeira versão foi ajudar os leitores da coleçãoOs Economistas, lançada em meados da década passada. Seus 48 títulos foramesquadrinhados por um verdadeiro exército de “garimpeiros”, que selecionaramcerca de 1500 conceitos que poderiam apresentar alguma dificuldade aos leitores.Alertávamos, contudo, desde então, que o dicionário era um guia, mas a travessiaficava por conta do leitor.

A primeira revisão ocorreu em 1989, quando incorporamos mais quinhentosverbetes, ampliamos os anteriores e acrescentamos boa quantidade de termossobre a economia brasileira, além de incluirmos todos os novos verbetes sobreos planos Cruzado, Bresser e Verão. Iniciamos também uma prática que felizmentese intensifica cada vez mais: a incorporação de sugestões de leitores, tanto noque se refere a conceitos novos como à correção de erros, que são inevitáveis. Asopiniões dos usuários, entre os quais destaco as dos alunos da Faculdade deEconomia e Administração da Universidade Católica e da Escola de Administraçãode Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, foram de grande valia.

Na revisão de 1994, ampliamos consideravelmente o número de verbetes re-lacionados com conceitos teóricos, mas também incorporamos muitos elementosda área de estatística. Em função do intenso processo inflacionário então existente,além de esmiuçarmos o Plano Collor, introduzimos vários termos novos vincu-lados à questão monetária e à política fiscal.

Nesta 1.ª edição do Novíssimo Dicionário de Economia, foram incorporados cercade 1500 verbetes novos, relacionados com as mudanças na economia brasileiradepois do Plano Real (mesmo com o risco de rápida obsolescência), com as con-seqüências do processo de globalização, as crises do Sudeste Asiático, os ataquesespeculativos, as análises do risco e da incerteza, o nascimento do Euro, biografiasde economistas nacionais e estrangeiros e, também, com a nossa formação histórica,econômica e financeira.

Embora já tenhamos ultrapassado os 4mil verbetes, o dicionário é obra aberta,que não comporta ponto final. Como também é obra essencialmente coletiva,esperamos continuar contando com o apoio e as críticas dos leitores, indispensáveispara o aprimoramento futuro de nosso trabalho.

Paulo Sandroni

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A A. A letra A tem uma série de significados comoabreviação de conceitos ou termos técnicos emeconomia e finanças. Pode significar: 1) aceite;2) action (ação, em francês); 3) anna (unidademonetária da Índia); 4) argent (dinheiro, em fran-cês); 5) assinado; 6) auditado; 7) classificação su-perior de títulos e/ou ações de acordo com aMoody’s Investor Bond Rating e a Standard &Poor’s Bond Rating; 8) American Stock Exchan-ge (Nova York). Veja também Moody’s InvestorsService; Standard & Poor’s.

AA. Iniciais da expressão em inglês after arrival,que significa “depois da chegada” e designauma situação na qual determinada ação — umpagamento, por exemplo — só se realizará de-pois da chegada de uma mercadoria ou de umnavio que a transporta. Significa também umaclassificação de qualidade de títulos ou açõesdesenvolvida pela Standard & Poor’s e pelaMoody’s Investors. Veja também Moody’s In-vestors Service; Standard & Poor’s.

AAA. Classificação dada pela Standard & Poor’saos títulos de corporações ou de governos (mu-nicipais) da mais elevada qualidade, nos quaiso pagamento do principal e dos juros é realizadono vencimento. Os títulos classificados poraquela empresa como AAA, AA, A, e BBB eaqueles classificados como Bbb para cima pelaMoody’s Investors são considerados títulos parainvestimento de bancos e instituições de pou-pança como títulos recomendáveis de investi-mento. Veja também Bond Rating; Moody’s In-vestors Service; Standard & Poor’s; Títulos deInvestimento.

AAAA. Iniciais de American Association of Ad-vertising Agencies (Associação Americana deAgências de Publicidade), também chamada deQuatro As. Sediada em Nova York, congrega asprincipais agências de publicidade dos EstadosUnidos, possuindo um código de ética e de prá-tica de negócios.

AAD. Iniciais das expressões em inglês appro-priation account data, que significa “data de re-gistro contábil”, e at a discount, que significa“com desconto”.

AAR. Iniciais da expressão em inglês against allrisks, que significa “contra todos os riscos”. Se

estas iniciais estiverem incluídas num contratode seguros, significa que o contrato cobre todosos riscos.

A/D. Iniciais da expressão em inglês assets anddepreciation, que significa “ativos e depreciação”.

A1. Abreviação de first class, que significa “pri-meira classe”. Aplicada a títulos e/ou ações, in-dica que são papéis de primeira linha, isto é,papéis de elevada confiabilidade, grande liqui-dez e rentabilidade, emitidos por empresas só-lidas e de boa reputação no mercado.

AB INTESTATO. Expressão em latim que sig-nifica “sem deixar testamento”, quando aconte-ce no caso de quem morre sem deixar testamentoou herdeiro testamentado. Existe uma tendênciade aportuguesar a expressão para “abintestado”.

ABAIXO DA LINHA (Below the Line). Expres-são utilizada na análise do Balanço de Pagamen-tos, designando o ponto ou a linha que separaas transações correntes (Balança Comercial + Ba-lança de Serviços + Transferências Unilaterais)do Movimento de Capitais (Investimentos, Em-préstimos e Financiamentos, Amortizações e Ca-pitais de Curto Prazo). Este enfoque é impor-tante na medida em que um déficit em transa-ções correntes obriga a uma entrada substancialde capitais para equilibrar o Balanço de Paga-mentos. Acima da Linha (Above the Line) são astransações correntes. O termo também é utili-zado entre as empresas, para as quais despesas“acima da linha” são aquelas utilizadas na pu-blicidade e propaganda diretas, e os gastos abai-xo da linha referem-se a outros tipos de promo-ção de vendas como brindes, ofertas a preço decusto etc.

ABAMEC — Associação Brasileira dos Analis-tas de Mercado de Capitais. Organismo quecongrega profissionais do mercado financeiro,com sede no Rio de Janeiro.

ABANDONMENT VALUE. Expressão em in-glês que significa o montante que pode ser ob-tido mediante a liquidação de um projeto antesque seu ciclo de vida econômica tenha termina-do. Veja também Valor de Sucata.

ABANDONO DE SERVIDÃO. Situação na qualo proprietário do prédio serviente deixa, porquaisquer motivos, de usar uma servidão, po-dendo assim o proprietário do prédio dominan-te fazer uso dela. Veja também Servidão.

ABCISSA. O eixo horizontal (x) num gráficobidimensional onde os valores de uma variávelsão registrados.

ABECIP — Associação Brasileira das Entida-des de Crédito Imobiliário e Poupança. Socie-

7 ABECIP

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dade civil de direito privado, sem fins lucrativos,criada como entidade de classe das empresasde crédito imobiliário, de âmbito nacional. Temcomo finalidades: colaborar no aprimoramentode suas associadas, zelar pelo legítimo interessede suas associadas, cooperar com o governo eoutras instituições nacionais, estrangeiras e in-ternacionais que objetivem propiciar o desen-volvimento do setor de crédito imobiliário, e exi-gir o cumprimento de normas éticas.

ABERDEEN, Lei. Veja Lei Aberdeen.

ABERTURA DOS PORTOS. Ato pelo qual oregente português dom João VI liberou os portosbrasileiros para o comércio com as nações ami-gas, particularmente a Inglaterra, extinguindodessa forma o monopólio comercial de Portugalcom o Brasil Colônia. Foi decretado pela CartaRégia de 28 de janeiro de 1808, em Salvador, aconselho do visconde de Cairu e logo que o prín-cipe regente chegou ao Brasil, premido pela in-vasão napoleônica. Representou um sério golpepara a política mercantilista de Portugal e umpasso importante rumo à separação política doBrasil. Veja também Cairu, Visconde de; Mer-cantilismo.

ABNT — Associação Brasileira de Normas Téc-nicas. Sociedade civil sem fins lucrativos fun-dada no Rio de Janeiro em 1940 pelo engenheiroPaulo Sá, com o objetivo de elaborar normastécnicas para atividades de cunho científico, co-mercial e industrial e incentivar a padronizaçãode medidas no país. Abrange especificações, mé-todos de ensaio, de execução de serviços e obras,códigos de segurança e terminologia. Suas de-terminações são adotadas pelos governos fede-ral, estaduais e municipais nas compras e con-tratos de serviços. A ABNT é a representantedo Brasil na ISO (International Organization forStandardization). Veja também ISO 9 000.

ABO. Iniciais da expressão em inglês admnistra-tion by objectives, isto é, “administração por ob-jetivos”, conceito introduzido durante os anos50 por Peter Drucker, e da expressão em alemãoAbsatz-und Bezugsorganisation, que significa “or-ganização de compras e marketing” (marketingand purchasing organization). Veja também Druc-ker, Peter.

ABOVE THE LINE. Veja Abaixo da Linha.

ABRAPP. Sigla de Associação Brasileira das En-tidades Fechadas de Previdência Privada.

ABRASÃO. Em relação às moedas, especial-mente as de prata e ouro, consiste na perda depeso devido ao uso e à circulação.

ABRASCA — Associação Brasileira das Socie-dades Anônimas de Capital Aberto. Organismo

que congrega as empresas de capital aberto, comsede no Rio de Janeiro.

ABRH. Iniciais de Associação Brasileira de Re-cursos Humanos.

ABRIDOR DE CUNHOS. Denominação dadaàqueles que preparavam os moldes (geralmenteem ferro) nos quais os metais preciosos (ouro eprata, mas também o bronze) eram batidos(prensados) para a fabricação de moedas. Osabridores de cunhos eram recrutados geralmen-te entre os ourives, isto é, entre aqueles que játinham alguma experiência em lidar com metaispreciosos. O primeiro abridor de cunhos no Bra-sil foi Domingos Ferreira Azambuja, que desem-penhou esta função na recém-criada Casa daMoeda, em Salvador (Bahia), a partir de 1694.

ABSENTEÍSMO. Sistema de exploração agríco-la caracterizado pelo fato de o proprietário vivermuito distante de suas terras e raramente visi-tá-las para administrar a produção. O proprie-tário absenteísta vê em sua propriedade exclu-sivamente uma fonte de renda, não estabelecen-do vínculos mais profundos com a terra e comos que nela trabalham. Exemplo de absenteísmoencontra-se nos proprietários rurais irlandesesdos séculos XVIII e XIX, que viviam na Ingla-terra. Essa situação foi descrita por Maria Ed-geworth, no início do século XIX, em seu ro-mance The Absenteist. O termo é usado tambémpara designar o número de faltas, ou a porcen-tagem de ausências dos empregados ao trabalho,numa empresa, instituição governamental etc.Quando esta porcentagem ultrapassa 2%, con-sidera-se que a empresa onde isso acontece estáenfrentando um problema de absenteísmo. Vejatambém Agricultura; Sistemas Agrários.

ABSOLUTISMO. Forma de governo na qual aautoridade do monarca, que se confunde como próprio Estado, se investe de poderes absolu-tos, limitados apenas por sua vontade. Organi-zação política característica do período de for-mação e consolidação dos Estados modernos,dominou a sociedade européia entre os séculosXV e XVIII. No plano da economia, correspon-deu à época da Revolução Comercial ou do mer-cantilismo. Originário da crise do feudalismo, oEstado absolutista, aliado à burguesia mercantil,empreendeu a integração do mercado nacional,quebrando as barreiras regionalistas do feudo eda comuna; instituiu o protecionismo econômi-co; criou impostos e armou exércitos; realizouas conquistas ultramarinas e impôs o monopóliodo comércio colonial. Foi ainda nesse regime quea aristocracia (nobreza e clero) assegurou a ma-nutenção de muitas formas de exploração dasterras, típicas do feudalismo, intensificando-se,ao mesmo tempo, a apropriação das terras co-

ABERDEEN 8

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munais por grandes proprietários. Veja tambémBurguesia; Feudalismo; Mercantilismo; Revo-lução Comercial.

ABSTINÊNCIA. Privação voluntária do consu-mo atual em nome de uma produção futuramaior mediante a acumulação de capital. Ex-posta pela primeira vez por Nassau Senior e de-fendida por outros economistas como forma bá-sica de acumulação de capital, a teoria da abs-tinência foi vivamente criticada por Karl Marx,que mostrou como a acumulação primitiva ca-pitalista se fez por outros processos. Veja tam-bém Acumulação Primitiva de Capital; Forma-ção de Capital.

ABUNDÂNCIA. Estado de fartura e riquezaque possibilitaria a plena satisfação de todas asnecessidades econômicas, seja as de bens de con-sumo, seja as de serviços. As utopias econômicascolocam-na como meta final da atividade hu-mana. Veja também Escassez; Utopia.

ABUNDANCISMO. Teoria econômica defendi-da por John Kenneth Galbraith em seu livro TheAffluent Society (A Sociedade Afluente), publi-cado em 1958. Para Galbraith, o alto estágio aque chegaram a tecnologia, a produção e a dis-tribuição de bens de consumo tornou plenamen-te possível a superação das precárias condiçõeseconômicas em que vivem as camadas mais po-bres da população. Seriam necessárias, no en-tanto — ainda segundo Galbraith —, certas re-formas que, sem alterar a estrutura do sistemacapitalista, criassem mecanismos compensató-rios para impedir uma excessiva desigualdadeentre as diversas camadas da população. Entreesses mecanismos estão o controle dos mono-pólios e as associações de proteção ao consumi-dor. Veja também Galbraith, John Kenneth.

AÇAMBARCAMENTO. Prática comercial queconsiste em reter ou açambarcar matérias-pri-mas, bens de capital ou gêneros de primeira ne-cessidade, com o objetivo de provocar uma ele-vação nos preços, dominar o mercado ou elimi-nar concorrentes. O açambarcamento é pratica-do sobretudo pelos grandes monopólios que do-minam determinado setor da produção ou docomércio. No Brasil, é considerado crime contraa economia popular de acordo com o art. 3º,inciso IV, da lei nº 1 521, de 26-12-1951. A penavaria de dois a dez anos de prisão. Apesar decontar com mais de 40 anos de existência, estalei tem sido desrespeitada com grande freqüên-cia, sendo raros os casos de empresários açam-barcadores que tenham cumprido pena de pri-são por retenção de gêneros de primeira neces-sidade, especialmente durante as épocas de con-gelamento de preços, como aconteceu duranteos diversos planos econômicos a partir de 1986

com o Plano Cruzado. Veja também Plano Col-lor; Plano Cruzado.

AÇÃO. Documento que indica ser seu possui-dor o proprietário de certa fração de determi-nada empresa. Existem vários tipos de ações,cada um dos quais definindo formas diversasde participação na propriedade e nos lucros daempresa. Ações ao portador (extintas pelo PlanoCollor) não trazem expresso o nome de seu pos-suidor, sendo, portanto, daquele que as tiver emseu poder. Ações nominativas pertencem exclusi-vamente à pessoa nelas nomeada e só podemser negociadas mediante registro em livro espe-cial da empresa que as emitiu. Ações endossáveissão ações nominativas que podem ser negocia-das mediante simples endosso de seu proprie-tário. Ações ordinárias conferem a seu possuidoro direito de eleger a diretoria da empresa; emcontrapartida, seus possuidores somente têm di-reito à distribuição dos dividendos depois depaga a porcentagem prioritária a que têm direitoos portadores de ações preferenciais. Ações pre-ferenciais são aquelas cujos possuidores têm di-reito de receber uma porcentagem fixa dos lu-cros, antes de distribuídos os dividendos da em-presa. Quando a ação preferencial é emitida coma cláusula de direitos cumulativos, isso dá a seuspossuidores o direito de participar não só dosdividendos do ano em curso, mas também dosanos anteriores, na porcentagem estabelecida,desde que esses dividendos não tenham sidodistribuídos por qualquer razão. Caso a empresaentre em liquidação, as ações preferenciais go-zam da mesma prioridade. Em alguns casos, ospossuidores de ações preferenciais podem terdireito a voto, mas em menor extensão que oportador de ações ordinárias. Veja também Pla-no Collor.

AÇÃO AGUADA. Aquela resultante da emis-são de ações cujo valor nominal excede o capitalinvestido numa empresa, resultando na baixado preço de mercado das já existentes. Veja tam-bém Watered Stock.

AÇÃO BOJUDA. Veja Ação Cheia.

AÇÃO CARECA. Veja Ação Cheia.

AÇÃO CHEIA. Ação que contém dividendose/ou bonificações a receber e que também con-tém direitos de subscrição de novas ações emdecorrência de aumento do capital de uma em-presa, também chamada Ação Bojuda. O con-trário de Ação Vazia ou Careca, isto é, da açãocujos direitos de dividendos, bonificações esubscrições já foram exercidos.

AÇÃO DE COMPANHIA FECHADA. Ação deempresa não registrada junto às autoridades

9 AÇÃO DE COMPANHIA FECHADA

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competentes e, portanto, impedida de ser nego-ciada nas Bolsas de Valores.

AÇÃO DE FRUIÇÃO. Ação emitida em subs-tituição àquelas que já foram totalmente amor-tizadas antes do prazo normal de liquidação oude remissão.

AÇÃO DE PRIMEIRA LINHA. É a ação cor-respondente às empresas mais sólidas do mer-cado, que apresentam a mais elevada liquideze rentabilidade. Veja também Blue-chip.

AÇÃO DE SEGUNDA LINHA. Veja Blue-chip.

AÇÃO ENDOSSÁVEL. Veja Ação.

AÇÃO LISTADA EM BOLSA. É aquela queapresenta todas as qualidades e preenche os re-quisitos exigidos pela direção das Bolsas de Va-lores para participar de seus pregões. Veja tam-bém Pregão.

AÇÃO NOMINATIVA. Veja Ação.

AÇÃO ORDINÁRIA. Veja Ação.

AÇÃO PREFERENCIAL. Veja Ação.

AÇÃO SINÉRGICA. Quando dois estímuloscombinados provocam um resultado maior doque a soma dos resultados dos estímulos atuan-do separadamente. Por exemplo, se a políticados investimentos públicos em infra-estruturafor combinada com a isenção de impostos sobreatividades que utilizarão os produtos dali oriun-dos, o efeito final do investimento sobre o in-cremento da renda poderá ser maior do que seas duas medidas não fossem tomadas simulta-neamente.

AÇÃO VAZIA. Veja Ação Cheia.

ACASO. Veja Estatística; Probabilidade.

ACC — Antecipação de Contratos de Câmbio.Mecanismo pelo qual exportadores recebem porantecipado (o que tem variado entre 90 e 180dias) a conversão das divisas a serem obtidaspor exportações futuras em moeda nacional, eaplicam estes recursos no mercado financeirosendo compensados por uma eventual defasa-gem cambial, através de elevadas taxas de juros.Veja também Defasagem Cambial; PolíticaCambial.

ACCELERATED DEPRECIATION. Veja Depre-ciação Acelerada.

ACCOUNTABILITY. Termo em inglês que sig-nifica capacidade de prestar contas, e que nomercado financeiro representa a legitimidade econfiança que uma instituição financeira gozajunto ao público ou aos seus acionistas. Aplica-

se, por exemplo, a um Banco Central cujos di-rigentes mantêm contatos regulares com funcio-nário graduados dos ministérios da Fazenda (ouFinanças), legisladores e políticos em geral, afim de obter, para a sua instituição, a legitimi-dade para a sua política ou atos que pratica.Geralmente, este termo se aplica com mais pro-priedade nos casos em que os bancos centraissão autônomos ou independentes do governocentral de um país.

ACCRUAL. Termo em inglês que significa o re-gistro de transações financeiras (nos livros decontabilidade) antes da receita ou despesa efe-tiva dos valores envolvidos nessas transações.Um exemplo é o lançamento de créditos de ven-da antes que o dinheiro correspondente seja efe-tivamente recebido. No caso de uma dívida,quanto maior for a garantia de pagamento,maior será a freqüência com que este métodopoderá ser utilizado. O caso inverso denomina-se nonaccrual. O accrual pode ser entendido tam-bém como o reconhecimento de receitas e des-pesas no transcurso da existência de uma de-terminada operação financeira.

ACCRUAL DATE. Expressão em inglês que sig-nifica data final de uma provisão.

ACEITE. Compromisso de pagar a quantia ex-pressa em letra de câmbio, nota promissória ouduplicata de fatura, na data de seu vencimento.O aceite pleno ou completo é representado pelaexpressão aceito, seguida de data e assinaturado sacado (aquele que se compromete a pagar).O aceite condicional envolve condições expressaspelo sacado no documento, como, por exemplo,a de pagar em outra praça que não a da emissãodo documento.

ACELERAÇÃO. Veja Princípio de Aceleração.

ACH. Iniciais da expressão em inglês automatedclearinghouse, que significa “compensação auto-mática”.

ACHESON, Dean Gooderham (1893-1971). Es-tadista norte-americano que serviu no Departa-mento de Estado nas presidências de Roosevelte Truman, tornando-se secretário de Estado em1949. Desenvolveu uma política de reconstruçãoeconômica da Europa, após a Segunda GuerraMundial, no período da Guerra Fria, caracteri-zado por prolongadas tensões entre EstadosUnidos e União Soviética. O objetivo era recu-perar economicamente a Europa para livrá-la deuma possível dominação pela União Soviética.Acheson ajudou assim a criar a Doutrina Tru-man, o Plano Marshall e a Organização do Tra-tado do Atlântico Norte (Otan).

AÇÃO DE FRUIÇÃO 10

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ACHTEL. Antiga unidade de medida utilizadana Alemanha, que significa a oitava parte deum todo e que admitia grande variabilidade. Porexemplo, como medida de volume de vinhos,um achtel equivalia a 0,1785 litro.

ACID-TEST RATIO. Veja Índice de LiquidezSeco.

ACIDENTALIDADE. Termo aplicado à eleva-ção rápida de preços devida a causas externas,estranhas ao funcionamento considerado “nor-mal” de uma economia: desde alterações climá-ticas incomuns, como um período anormalmen-te longo de baixas temperaturas, até guerras lo-calizadas em países fornecedores de matérias-primas. A acidentalidade influencia fortementeos índices que medem custo de vida e inflação(INPC; IPA), em grau que varia conforme o cri-tério adotado pelas autoridades monetárias.Veja também Inflação.

ACIDENTE ZERO. Um nível de acidentes mui-to baixo é um elemento importante do sistemaJust in Time. A ocorrência de acidentes numaempresa não apenas pode causar danos irre-versíveis à integridade física e mental dos tra-balhadores, como criar um clima negativo entreos mesmos em relação ao desenvolvimento daprodução. Este estado de coisas pode durar mui-to e a sensação de insegurança sobreviver à eli-minação objetiva das causas reais que ocasiona-ram o acidente. Técnicas preventivas de aciden-tes e de segurança em geral são também inse-paráveis do método Just in Time. Veja tambémJust in Time.

ACIMA DA LINHA. Veja Abaixo da Linha.

ACIONISTA MAJORITÁRIO. É aquele que,em geral, possui pelo menos metade mais umadas ações de uma empresa e, portanto, retém ocontrole da mesma. Em casos especiais, o termose aplica também ao acionista que, embora nãopossua mais da metade das ações de uma em-presa, é o acionista individual que detém umaporcentagem relativa maior entre os acionistasde uma empresa.

A CONTRARIO SENSU. Expressão em latimque significa “ao contrário” ou “pela razão con-trária”.

ACORDO DA BASILÉIA. Acordo firmado em1988 no âmbito do BIS (Bank for InternationalSettlements — Banco Internacional de Compen-sações ou Banco Para Pagamentos Internacio-nais), contendo resoluções para o requerimentode capital próprio das instituições financeiras(associadas) em função do risco apresentado emsuas operações financeiras. Veja também BIS(Bank for International Settlements).

ACORDO DE BRETTON WOODS. Veja Con-ferência de Bretton Woods.

ACORDO DE BUTTON WOOD TREE. Acor-do estabelecido no final do século XVIII, nosEstados Unidos, que lançou as bases do que se-ria a Bolsa de Valores de Nova York.

ACORDO DE JAMAICA. Denominação dadaao acordo assinado entre os países membros doFMI em reunião de janeiro de 1976 em Kingston(Jamaica), onde aprovaram alguns pontos dereordenamento do sistema monetário interna-cional, destacando-se os seguintes: 1) reconhe-cimento oficial do sistema de taxas flutuantes,embora dentro da recomendação da busca daestabilidade das taxas cambiais pelos signatá-rios; 2) extinção do preço oficial do ouro, e com-promisso do FMI em vender parte de seus es-toques do metal para, com os recursos obtidos,formar-se um fundo de ajuda aos países subde-senvolvidos; reforço aos Direitos Especiais deSaque; 3) viabilização do acesso dos países sub-desenvolvidos que tivessem problemas com odesequilíbrio de seus Balanços de Pagamento —criados pela crise do petróleo (1973) — a em-préstimos do FMI. Veja também Acordo Smith-soniano; Bretton Woods; Direitos Especiais deSaque; FMI.

ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉR-CIO. Veja GATT.

ACORDO INTERNACIONAL DO CAFÉ. Con-vênio firmado em Nova York, em 1962, entreos países produtores de café e os principais paí-ses consumidores do produto, com objetivo decriar mecanismos internacionais de controle daprodução e comercialização do café. Isso decor-reu dos problemas causados pela superprodu-ção cafeeira, que se verificou em 1957 e que pro-vocou uma catastrófica desvalorização do pro-duto no mercado internacional. Entrou em vigorem 1964. Em 1965, os signatários do acordo es-tabeleceram um sistema de cotas de exportaçãopara cada país produtor, bem como uma escalade preços. Para manter o equilíbrio entre a ofertae a demanda, a Organização Internacional doCafé (OIC) ficava autorizada a retirar do mer-cado certa quantidade do produto sempre que,durante quinze dias consecutivos, se verificasseuma queda nas cotações. O mesmo deveria ocor-rer no caso de um movimento de elevação dospreços, quando o equilíbrio seria restabelecidocom a colocação, no mercado, de certa quanti-dade de café. O acordo é renovado peri-odicamente, e, sempre que se estabelecem ne-gociações para a sua renovação, estas são acom-panhadas de uma série de divergências entre ospaíses produtores — que buscam mais vanta-gens na comercialização do produto — e os paí-

11 ACORDO INTERNACIONAL DO CAFÉ

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ses consumidores. Essas divergências ocorremtambém entre os próprios países produtores(disputa pelo aumento das cotas individuais) eentre os países consumidores, sobre os preçosque devem ser pagos aos exportadores. Vejatambém IBC.

ACORDO SMITHSONIANO. Acordo estabe-lecido pelo Grupo dos Dez, em dezembro de1971, para adotar taxas de câmbio flutuantes. Aconferência, realizada no Smithsonian Institute,em Washington, foi convocada para resolver oproblema do colapso das taxas fixas de câmbio(adjustable peg), que existiam desde a Conferên-cia de Bretton Woods, em 1944, e indiretamentepela decisão dos Estados Unidos de abandonaro padrão câmbio-ouro. A conferência levou aum acordo em 1972, com a Comunidade Eco-nômica Européia, para limitar os movimentosmonetários e cambiais numa faixa estreita deflutuação na CEE, chamada snake (serpente), fi-xando as taxas de câmbio à moeda mais forteda Comunidade, o marco alemão.

ACORDOS DE OTTAWA. Série de acordos co-merciais assinados entre a Grã-Bretanha e seusdomínios, por ocasião da Conferência Econômi-ca Imperial, realizada em Ottawa, Canadá, em1932. Segundo os acordos, ficava estabelecido oprincípio da Preferência Imperial nas relaçõescomerciais entre as partes, propondo-se a Grã-Bretanha a reduzir substancialmente, em favordos domínios, os impostos sobre mercadoriasimportadas, conforme determinavam as leis deimpostos sobre importações em 1932. E os do-mínios concordavam em facilitar tarifas prefe-renciais para os produtos manufaturados ingle-ses e os provenientes de suas colônias. A maiorparte dos acordos tinha a duração de cinco anos.

ACORDOS DE OURO PRETO. Acordos esta-belecidos entre os países do Mercosul — Brasil,Argentina, Paraguai e Uruguai — em Ouro Preto(Minas Gerais), dando seqüência aos ajustes ne-cessários para o cumprimento do Tratado de As-sunção. Veja também Mercosul.

ACORDOS INTERNACIONAIS DE MERCA-DORIAS. Acordos entre os principais paísesprodutores e consumidores de certas mercado-rias, com finalidade de impedir que os preçossofram flutuações excessivas e assegurar cotasde produção para os exportadores e de forne-cimento para os consumidores. Em passado re-cente, vários desses acordos foram assinados en-tre os países interessados: o do estanho (firmadopela primeira vez em 1956 e várias vezes reno-vado até 1976), o do cacau (1973), o da bauxita(1974), o da borracha natural (1976) e outros.Particularmente importantes são os acordos in-ternacionais referentes ao petróleo, por meio da

Opep, e o Acordo Internacional do Café. Vejatambém Acordo Internacional do Café; Opep.

ACRE. Uma das mais antigas medidas agrícolasde área, ainda utilizada hoje, especialmente nosEstados Unidos. Sua origem esteve associada àquantidade de terra que uma junta de bois podiaarar em um dia. Na medida em que este padrãopodia variar muito, fixou-se o acre como equi-valente a uma área de 40 varas de comprimentopor 4 varas de largura. A área de um acre foiestabelecida — e permanece até hoje — em 160varas quadradas ou 4 840 jardas quadradas, oque equivale a 4 046,873 m2. Um Acre Foot émedida de volume correspondente à capacidadede uma área de um acre por um pé (foot) deprofundidade, ou o equivalente a 43 560 pés cú-bicos ou o equivalente a 325 851 galões (do sis-tema consuetudinário norte-americano) de água.Veja também Conversão das Unidades de Pesose Medidas; Galão; Sistemas de Pesos e Medi-das; Unidades de Pesos e Medidas.

ACRS. Iniciais das expressões em inglês accele-rated capital recovery system e accelerated cost re-covery system, que significam respectivamente:“sistema de recuperação acelerada do capital”e “Sistema de recuperação acelerada dos custos”.

ACSP — Associação Comercial de São Paulo.Entidade privada de utilidade pública, sem finslucrativos, que congrega todos os setores da ati-vidade econômica (agricultura, pecuária, indús-tria, comércio, prestação de serviços e profissõesliberais), tendo como objetivo: defender, ampa-rar, orientar e coligar as empresas que ela re-presenta. Mantém-se das contribuições de seusassociados e de rendas oriundas das prestaçõesde serviços para as empresas associadas, taiscomo o Serviço Central de Proteção ao Crédito(SCPC), que registra clientes considerados ne-gativos, ou seja, aqueles que atrasam mais desessenta dias o pagamento de seus compromis-sos, bem como os títulos protestados de pessoasfísicas. Além do SCPC, a ACSP mantém o Ins-tituto de Economia Gastão Vidigal, que realizaestudos setoriais de interesse das empresas eatende a consultas dos associados, fornecendo-lhes informações, dados estatísticos e orientação.Também mantido pela ACSP é o Serviço de Ga-rantia ao Crédito Mercantil e de Serviços (Se-gam), que funciona como uma bolsa de infor-mações.

ACTO. O termo possui dois significados: 1) an-tiga medida de comprimento utilizada pelos ro-manos e equivalente a cerca de 35,5 m; 2) prefixode origem grega com o significado de peso oucarga, como, por exemplo, actometria, que é amedição de cargas transportadas em carros porintermédio do actômetro.

ACORDO SMITHSONIANO 12

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ACTÔMETRO. Veja Acto.

ACTUALS. Termo em inglês que designa ascommodities cuja negociação resulta na entregafísica das mesmas ao cliente. Nesse sentido,qualquer commodity, como o café, o cacau, o co-bre ou a prata, pode ser classificada como actualsdesde que sua negociação resulte na entregaefetiva do produto. Veja também Mercado deOpções.

ACU — Asian Currency Unit. Unidade de contapara depósitos em dólares mantidos em contasseparadas em Cingapura, Hong-Kong e outroscentros financeiros importantes da Ásia. O ter-mo se aplica aos depósitos em dólares de não-residentes nos centros financeiros asiáticos. Nãoé o equivalente asiático para a ECU (EuropeanCurrency Unit).

AÇÚCAR. Veja Lei do Açúcar.

ACUMULAÇÃO DE AÇÕES. Fase do mercadode ações caracterizada pela compra maciça dasações de determinada empresa por parte de al-guns poucos investidores. Estes, depois de do-minarem o mercado, põem à venda as referidasações junto ao conjunto de investidores, fixandopreços mais elevados e com isso auferindo gran-des lucros.

ACUMULAÇÃO DE CAPITAL. Veja Formaçãode Capital.

ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DE CAPITAL.Também conhecida como acumulação originá-ria. Processo de acumulação de riquezas ocor-rido na Europa entre os séculos XVI e XVIII,que possibilitou as grandes transformações eco-nômicas da Revolução Industrial. Foi estudadoe descrito por Karl Marx, que tomou a Inglaterracomo modelo de sua teoria. A acumulação pri-mitiva de capital, para Marx, se desenvolveu apartir de dois pressupostos: 1) a concentraçãode grande massa de recursos (dinheiro, ouro,prata, terras, meios de produção) nas mãos deum pequeno número de proprietários; 2) a for-mação de um grande contingente de indivíduosdesprovidos de bens e obrigados a vender suaforça de trabalho aos senhores de terra e donosde manufaturas. Historicamente, isso foi possí-vel graças às riquezas acumuladas pelos nego-ciantes europeus com o tráfico de escravos afri-canos, ao saque colonial (metais preciosos), àapropriação privada das terras comunais doscamponeses, ao protecionismo às manufaturasnacionais e ao confisco e venda, a baixo preço,das terras da Igreja por governos revolucioná-rios. Com o advento da Revolução Industrial,conclui Marx, a acumulação primitiva foi subs-tituída pela acumulação capitalista. Veja tam-bém Formação de Capital.

AD ABSURDUM. Expressão em latim que sig-nifica “por absurdo”.

AD ARBITRIUM. Expressão em latim que sig-nifica “à escolha”, “à vontade” ou “arbitraria-mente”.

AD CORPUS. Expressão em latim que significa,na venda de um imóvel, um acordo sobre o pre-ço considerando a casa um todo e não sua me-tragem, isto é, sem especificar a metragem dacasa.

AD HOC. Expressão em latim que significa“para isso” ou “para esse caso”, como acontececom pessoas que ocupam cargos transitoriamen-te ou foram nomeadas ad hoc, isto é, para cum-prir determinada função transitoriamente.

AD INFINITUM. Processo que se desenvolvesem limite ou sem fim em relação a dinheiroou a tempo. Por exemplo, alguns títulos trazemcláusulas segundo as quais paga-se ao seu pos-suidor uma anuidade indefinidamente.

AD ITEM. Expressão em latim que designa umproduto que é adicionado a uma mercadoria jávendida como um acessório que muda a formapela qual o produto original é utilizado.

AD LITEM. Expressão em latim que significa“para o processo” ou em razão da causa.

AD NUTUM. Expressão em latim que significa“segundo a vontade” ou “ao arbítrio” de umadas partes. A expressão se utiliza quando al-guém revoga uma nomeação ou um contratoque assinou, tendo poderes para fazê-lo a qual-quer momento sem apresentar razões. As pes-soas nomeadas para cargos de confiança na ad-ministração pública são demissíveis ad nutumpela autoridade que os nomeou.

AD VALOREM. Expressão em latim que sig-nifica “segundo o valor” ou “conforme o valor”.Na cobrança ou no cálculo de um imposto, tri-buto ou taxa, é aquele estimado como uma per-centagem do valor de uma mercadoria. Não setrata de uma quantia fixa, mas dependente dovalor da mercadoria que está sendo tributada.Quando o tributo cobrado é uma quantia fixa,o mesmo é denominado tributo específico.

AD VALOREM DUTY. Imposto lançado deacordo com o valor de uma mercadoria, em con-traposição ao Specific Duty. Veja também Spe-cific Duty.

ADDITIONAL WORKER HYPOTHESIS. Ex-pressão em inglês que designa um processo noqual a queda da renda real de uma família du-rante um período de baixa do ciclo econômicopode resultar num efeito-renda na medida em

13 ADDITIONAL WORKER HYPOTHESIS

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que a mesma família tenderá a incorporar umnúmero maior de seus membros no mercado detrabalho com a finalidade de manter o nível derenda da família. Segundo esta concepção, a taxade participação dos trabalhadores na força detrabalho ativa tenderia a evoluir de maneira con-trária ao ciclo econômico: aumentaria na fase debaixa e diminuiria na fase de alta. Na medidaem que a oferta de postos de trabalho diminuina fase de baixa do ciclo, esta hipótese não seconfirmaria na prática. De fato, as pesquisasmostram que a taxa de participação aumentana fase de expansão e diminui na fase de reces-são. Esta hipótese se limitaria apenas a algumasfaixas de trabalhadores de baixos salários cujarenda familiar já se encontra próxima do nívelde subsistência e cujos membros, para evitar amiséria, aceitam empregos que pagam saláriosou que têm uma remuneração muito baixa.

ADELANTADO. Na administração das colô-nias espanholas nas Américas (Índias Ociden-tais), o Adelantado era o governador de umaregião colonial, investido diretamente pela au-toridade real. Ele exercia seu poder, praticamen-te sem limites, sobre os habitantes da região qua-se sem nenhum controle do próprio rei.Vejatambém Encomienda.

ADENAUER, Konrad (1876-1967). Chanceler daAlemanha Ocidental no período 1949-63, que senotabilizou por comandar a recuperação econô-mica e financeira do país, depois da derrota naSegunda Guerra Mundial. Exercendo atividadespolíticas antes da guerra, foi preso pelos nazistasem duas ocasiões. Em 1947, tornou-se líder daUnião Democrática e Cristã e ascendeu ao cargode chanceler. Para obter êxito na reconstruçãodo país, integrou-o no Mercado Comum Euro-peu e na Organização do Tratado do AtlânticoNorte (Otan).

ADERÊNCIA. Propriedade que os pontos deuma curva, ou valores de uma função, têm dese aproximar mais ou menos dos pontos de umdiagrama ou de valores observados. Quantomaior for essa aproximação, maior será o graude aderência, e vice-versa.

ADF. Iniciais da expressão em inglês after de-ducting freight, que significa “depois de descon-tados ou deduzidos os fretes”.

ADIBOR. Iniciais de Abu Dhabi Interbank OfferRate, isto é, a taxa de juros interbancária prati-cada na praça de Abu Dhabi — capital dos Emi-rados Árabes Unidos — com as mesmas carac-terísticas da Libor. Veja também Libor.

ADIRON (Fórmula de). Dispositivo que modi-fica o artigo 24 da Lei Municipal (São Paulo) nº

7 805, de 1º de novembro de 1972 (Lei do Zo-neamento), de maneira a permitir que o coefi-ciente de aproveitamento de um lote situado nasZonas 3, 4 e 5 possa ser aumentado até o limitemáximo de 4 (a área construída poderá ser 4vezes a área do lote), desde que a taxa de ocu-pação do lote (porcentagem da área do lote ocu-pada pelo primeiro pavimento de uma edifica-ção) seja inferior ao máximo permitido para azona, nas proporções estabelecidas pelas seguin-tes fórmulas: 1) nos lotes com área inferior a 1000 m2, c = T / t + (C – 1) 2) para lotes comárea igual ou superior a 1 000 m2, c = T / t xC; c = coeficiente de aproveitamento do lote aser utilizado; t = taxa de ocupação do lote a serutilizado; C = coeficiente de aproveitamento má-ximo do lote (especificado em lei para cadacaso); T = taxa de ocupação máxima do lote (es-pecificado em lei para cada caso). De acordo comeste dispositivo, em nenhuma hipótese o Coe-ficiente de Aproveitamento poderá ser superiora 4. Veja também Coeficiente de Aproveitamen-to; Lei de Zoneamento; Taxa de Ocupação.

ADIVAL. Antiga medida agrária equivalente a12 braças, ou 26,4 m, uma vez que cada braçamede 2,2 m.

ADJUDICAÇÃO. Ato judicial pelo qual a pro-priedade de uma coisa penhorada ou de seusrendimentos é transferida de uma pessoa ou em-presa para seu credor. Difere da arremataçãopelo fato de que nesta a transferência se faz de-pois do leilão determinado pela autoridade ju-diciária competente. A adjudicação pode se re-ferir tanto a bens quanto a rendimentos. Vejatambém Arrematação.

ADJUSTABLE PEG. Expressão em inglês quedesigna o sistema de taxas de câmbio no quala taxa de câmbio de um país é fixada em relaçãoa outra moeda (em geral o dólar), porém de talforma que possa ser alterada de tempos em tem-pos. Este sistema foi estabelecido na Conferênciade Bretton Woods, em 1944, mas, com o enfra-quecimento do dólar e da libra esterlina, entrouem decadência no final dos anos 60, sendo subs-tituído pelo Crawling Peg. Veja também Confe-rência de Bretton Woods; Crawling Peg; Pa-drão-câmbio-ouro.

ADMINISTRAÇÃO. Conjunto de princípios,normas e funções cuja finalidade é ordenar osfatores de produção de modo a aumentar suaeficiência. Desde o século XIX, a administraçãocientífica tem-se desenvolvido como respostaaos problemas e desafios enfrentados pelas em-presas com o avanço da Revolução Industrial.A mecanização, a automação, a produção e oconsumo em massa forçaram as empresas a cres-

ADELANTADO 14

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cer extraordinariamente, de forma tal que os pa-drões tradicionais de direção e controle se tor-naram inadequados. A posição do capitão deindústria, do empresário tradicional que tudocontrolava pessoalmente, foi seriamente abaladae começaram a surgir os especialistas em admi-nistração. A preocupação com a formação de umcorpo de conhecimentos sistematizados sobre astarefas administrativas acentuou-se no início doséculo XX, sobretudo na França, Estados Unidose Inglaterra. Frederick Taylor e Henri Fayol fo-ram os primeiros clássicos da administração.Taylor preocupou-se mais com aspectos direta-mente ligados ao trabalho nas fábricas, comoracionalização de tarefas, estudos de tempos emovimentos de produção — em suma, com oaumento da produtividade e da eficiência. JáFayol inaugurou uma nova tendência, defen-dendo a tese de que a racionalização do trabalhonão se refere apenas à produção bruta em dadoinstante do processo, mas a toda a estruturaçãoda empresa; os pontos capitais de uma admi-nistração científica seriam, portanto, prever, or-ganizar, comandar, coordenar e controlar. Porisso, Fayol ocupou-se sobretudo em analisarfunções propriamente administrativas. Teóricosposteriores procuraram mostrar que, além dosprocessos, é importante estudar os comporta-mentos. Sustentam que o poder de decisão nãose limita ao topo da escala hierárquica, mas ocor-re em todos os níveis de uma empresa, onde seencontrem pessoas e não apenas agentes pro-dutivos. Um dos representantes dessa tendênciaé o sociólogo Robert K. Merton. Outra correnteenfatiza a necessidade de levar em conta quequalquer empresa está necessariamente ligadaa determinada sociedade: autores como WrightMills apontam distorções ideológicas de caráterconservador nas abordagens acadêmicas e in-sistem em que as condições econômicas, sociaise políticas deveriam merecer a atenção dos teó-ricos da administração. Nesse sentido, desta-cam-se ainda os trabalhos dos sociólogos da es-cola de Max Weber. Esse pensador alemão mos-trou como tanto a teoria quanto a prática daadministração dita científica surgiram a partirde condições econômicas peculiares aos paísesdesenvolvidos, enquanto as economias subde-senvolvidas apresentam formas administrativasaparentemente mais frágeis. Para os weberianos,o que muitas vezes sugere ineficiência, na pers-pectiva das teorias acadêmicas, pode constituirum conjunto de recursos altamente funcionaise adequados à sociedade em questão. Veja tam-bém Burocracia; Gerencialismo.

ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA. Con-ceito definido como o planejamento e o controlede toda a atividade mercadológica de uma em-presa, ou de uma divisão de uma firma, incluin-

do a formulação de objetivos, programas e es-tratégias mercadológicas, e em geral englobandoo desenvolvimento de produtos, organização erecrutamento de pessoal para realizar planos, asupervisão das operações de mercado e o con-trole do desempenho mercadológico.

ADMINISTRAÇÃO POR EXCEÇÃO. Métodode administração mediante o qual os subordi-nados mantêm seus superiores informados ape-nas dos eventos excepcionais que requerem tra-tamento especial ou decisões da diretoria, masnão informam de detalhes que meramente con-firmam que tudo está marchando de acordo como que foi planejado. Por não receber dados sobreas coisas que estão seguindo conforme os pla-nos, sua atenção pode se concentrar na correçãodas falhas. Este método de administração estárelacionado com a técnica de Reporting by Res-ponsability e a Lei de Pareto. Veja também Ótimode Pareto.

ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS. Con-ceito de administração que estabelece uma sériede elementos que devem constar do processoadministrativo como: 1) o que deve ser feito,estabelecendo-se prioridades; 2) de que formadevem ser realizadas as tarefas propostas (ou aprodução); 3) quais serão os custos daquilo quevier a ser realizado; 4) quando deverá ser rea-lizado aquilo que foi determinado no item (i);5) o que constitui um desempenho satisfatório;6) quais e em que proporção estão sendo con-seguidos avanços; 7) como e quando processaras correções. De acordo com este conceito deadministração, a direção de uma organização ouinstituição ou empresa não apenas define a priorios resultados que deverão ser obtidos e as etapasque deverão ser vencidas para consegui-los, mastambém estabelece os critérios para avaliar o de-sempenho de todos os envolvidos na realizaçãodas tarefas. Já em 1954, Peter Drucker recomen-dava que em todas as áreas nas quais as ativi-dades pudessem afetar o desempenho da em-presa deviam ser estabelecidos objetivos e metasa serem alcançados. Veja também Drucker, Pe-ter; MBA.

ADMINISTRADOR DE RECURSOS DE TER-CEIROS. Função desempenhada por pessoa es-pecializada que administra as carteiras de in-vestimentos de empresas ou pessoas físicas nosbancos e instituições de investimento.

ADMINISTRATIVE LAG. Expressão em inglêsque significa o lapso de tempo existente entreo reconhecimento da necessidade de tomar umamedida no campo financeiro, fiscal, monetárioou administrativo e o momento em que as me-didas necessárias são realmente tomadas. Este

15 ADMINISTRATIVE LAG

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lapso pode ser de grande importância no âmbitofinanceiro, onde o atraso na tomada de uma me-dida pode trazer conseqüências importantespara o resultado de processos.

ADR. Veja American Depositary Receipt.

ADUANEIRA, União. Veja União Alfandegária.

AE. Iniciais da expressão em alemão Abrech-nungseinheit, que significa “unidade de conta”.

AES USIBUS OPTIUS ORO. Expressão em la-tim que significa “o cobre é mais apropriadopara circular (como moeda) do que o ouro”. Du-rante a época colonial, a Coroa Portuguesa faziaesta recomendação para que as barras de ourodeixassem de funcionar como moeda e em seulugar fossem utilizadas as moedas de cobre vin-das de Portugal. Na prática, reconhecia-se oprincípio que fora enunciado por sir ThomasGresham, de que a “moeda má expulsa a moedaboa”. Veja também Crise do Xenxém; Lei deGresham.

AFEGANE. Unidade monetária do Afeganistão.Submúltiplo: Pul ou Kron.

AFFECTIO SOCIETATIS. Expressão em latimque significa o sentimento de afeição ou afini-dade que liga sócios de uma sociedade por quo-tas de responsabilidade limitada. Aplica-se nocaso de organizações de menor porte onde oslaços de confiança e lealdade entre os proprie-tários são elementos fundamentais para o bomdesempenho das atividades de uma empresa.

AFFIDAVIT. Expressão latina que, na práticabancária, significa uma declaração escrita, jura-mentada por intermédio do testemunho de umtabelião. Os affidavits são geralmente exigidosdos tomadores de empréstimos para que pos-tulem a obtenção de uma hipoteca. Este instru-mento pode ser utilizado também quando, poralguma razão (incêndios, guerras etc.), os regis-tros civis de uma comunidade foram destruídose uma pessoa deseja provar, por exemplo, suaidade, ou como uma declaração imposta por umgoverno a estrangeiros portadores de valoresmobiliários que, para receber determinadas isen-ções ou vantagens no pagamento de impostos,devem provar e assegurar sua condição de es-trangeiros. Veja também Affidavit of Perfor-mance; Affidavit of Title.

AFFIDAVIT OF PERFORMANCE. Atestado le-gal pelo qual o funcionário de um meio de co-municação (como o rádio, a tevê ou o cinema)testemunha que o programa ou mensagem co-mercial do patrocinador foi realmente transmi-tida (irradiada) com autorização, e que tal do-cumento é enviado ao anunciante ou sua agênciacomo prova de prestação de serviço.

AFFIDAVIT OF TITLE. Consiste num affidavitobtido pelo vendedor de um imóvel certificandoao comprador que não existe nenhum defeitoou falha no título de propriedade do vendedor.

AFL-CIO. Sigla da American Federation of La-bor-Congress of Industrial Organizations. Pode-rosa central sindical dos operários norte-ameri-canos, oriunda da fusão de duas entidades sin-dicais. A primeira surgiu em 1886, congregandotrabalhadores do mesmo ofício, e a segunda foiorganizada em 1935, associando os operáriossem especialidade. A fusão ocorreu em 1955, soba presidência de George Meany; atualmente, acentral reúne cerca de 125 sindicatos e mais de15 milhões de trabalhadores. Na AFL-CIO, cadasindicato é livre; no entanto, para assinar acor-dos coletivos quanto a aumentos salariais e ou-tras reivindicações específicas, é necessária a ob-tenção do apoio da direção geral. A entidade étradicionalmente anticomunista e conservadorano que diz respeito às políticas interna e externados Estados Unidos. Veja também Sindicalis-mo; Sindicato.

AFOLHAMENTO, Sistema de. Forma de pro-dução agrícola, utilizada durante a Idade Média,em que as terras cultiváveis eram divididas emfaixas ou folhas. Parte das terras permanecia lon-go tempo em pousio para recuperar sua capa-cidade produtiva. Veja também Pousio; Rotaçãode Cultivos.

AFORAMENTO. Veja Enfiteuse.

A FORTIORI. Expressão em latim que significa“por mais razão ainda”.

AFRETAMENTO. Contrato por meio do qualo proprietário de um navio ou outro meio detransporte, mediante um preço previamente es-tipulado, compromete-se a cedê-lo, parcial outotalmente, para o transporte de mercadorias oude pessoas.

AFTALION, Albert (1874-1956). Estatístico e eco-nomista francês de origem búlgara. Professordas universidades de Lille e de Paris e autor devárias obras, exerceu grande influência entre oseconomistas franceses, no período que vai daPrimeira à Segunda Guerra Mundial. Sua maisconhecida contribuição é a teoria das crises, quese enquadra na teoria dos ciclos econômicos. Di-vergindo de muitos outros economistas, Afta-lion achava que a crise econômica não é simplesresultado de deficiências ou erros de planeja-mento, mas um fenômeno que tem raízes nopróprio processo de produção tomado como umtodo. Para ele, esse processo gera a crise porque:1) a produção de bens de consumo se fundanecessariamente na produção de bens de capital;2) mas é a produção de bens de consumo que

ADR 16

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aciona a de bens de capital, e isso só acontecedepois de uma imprevisível expansão do con-sumo; 3) ocorre que o tempo exigido para a pro-dução de bens de capital é bem maior que aqueleexigido para a dos bens de consumo, de tal for-ma que não é possível combinar os dois semdefasagens. E são essas defasagens os momentoscríticos do processo de produção. Aftalion ficoutambém conhecido por sua crítica ao socialismo:para ele, a distribuição igualitária dos bens en-fraquece o incentivo para o trabalho, e a supres-são da propriedade privada anula a acumulaçãode capital. Entre suas principais obras estão: LesCrises Périodiques de Surproduction (As Crises Pe-riódicas de Superprodução), 1913; Les Fonde-ments du Socialisme: Étude Critique (Os Funda-mentos do Socialismo: Estudo Crítico), 1923;Cours de Statistique (Curso de Estatística), 1928.

AFTER-SALES-SERVICES (Serviços Pós-Ven-das). Expressão em inglês que significa o con-junto de serviços como assistência técnica, redede lojas onde podem ser adquiridas peças dereposição, consertos etc. postos à disposição deum consumidor depois que a venda de um pro-duto é efetuada.

AGE. Iniciais de Assembléia Geral Extraordinária.

AGENDA 21. Documento assinado entre os go-vernos de 170 países que se reuniram na Con-ferência Mundial do Meio Ambiente realizadano Rio de Janeiro em 1992, com o objetivo depromover o desenvolvimento sustentável nomundo a partir do século XXI. Isso significa quecada um dos seus signatários, dentro dos prazosdefinidos, adotará um conjunto de atitudes eprocedimentos incorporados às suas políticas vi-sando melhorar a qualidade de vida no planeta.

AGENTE DEL CREDERE. Tipo de agente co-mercial ou distribuidor que, assim como umconsignatário, não compra as mercadorias comas quais transaciona, mas que eventualmenteaceita a responsabilidade em última instânciapelo pagamento das mercadorias transacionadasse o cliente final não honrar seu compromissode pagá-las.

AGENTE PROVOCADOR. Indivíduo que in-cita, geralmente sendo contratado para isso, umagreve ou uma revolta, ou mesmo resistênciaaberta contra orientações da gerência de umaempresa para desmoralizar um movimento sin-dical ou a união dos trabalhadores em torno desuas reivindicações. Na medida em que esteagente pode conseguir que uma greve tenha iní-cio antes do momento mais propício para os tra-balhadores, sua atuação contribui para o fracas-so da mesma.

AGER PUBLICUS. Expressão latina que desig-na as terras de uso comunitário existentes naEuropa até o advento do capitalismo. O produtodo trabalho realizado nessas áreas funcionavacomo reserva na eventualidade de más colheitasnas demais terras, para cobrir as necessidadesda guerra, dos eventos religiosos e de outrasdespesas da comunidade.

ÁGIO. Termo de origem italiana usado antiga-mente em Veneza para designar a diferença natroca entre moedas depreciadas e o metal doqual eram constituídas. Essas trocas eram efe-tuadas pelos bancos de Veneza, Hamburgo, Gê-nova, Amsterdã e de outras cidades comerciaise financeiras, os quais fixavam o ágio em cadacaso. De forma genérica, o ágio significa um prê-mio resultante da troca de um valor (moedas,ações, títulos etc.) por outro. No comércio in-ternacional de moedas, é a diferença entre o va-lor nominal e o real da moeda negociada. Oca-sionalmente, o termo é utilizado para indicarum prêmio pago por uma letra de câmbio es-trangeira. O ágio pode surgir também quandoo preço oficial de um produto (ou preço de ta-bela) está fixado num nível muito baixo e suacompra só se concretiza se o interessado estiverdisposto a pagar mais por essa transação. A di-ferença entre o preço oficial e o que o compradorrealmente paga é considerada o ágio daquelatransação. Esse tipo de fenômeno ocorre quandohá tabelamento ou congelamento de preços,como aconteceu durante os planos econômicosde estabilização no Brasil durante os anos 80 —especialmente em ocasião do Plano Cruzado, em1986 — e no início dos anos 90 com o PlanoCollor. O ágio pode aparecer nesse contexto tam-bém se, embora não haja congelamento, existiruma forte descompensação entre oferta e de-manda, como aconteceu, durante os primeirosmeses do Plano Real, com a aquisição de auto-móveis populares. Quando em lugar de um pre-ço maior paga-se um preço menor por um título,uma ação ou uma moeda, ocorre um “deságio”.Veja também Câmbio; Letra de Câmbio; PlanoCollor; Plano Cruzado; Plano Real.

AGLOMERAÇÃO. Veja Efeito Aglomeração.

AGO. Iniciais de Assembléia Geral Ordinária.

AGOROT. Veja Shekel Novo.

AGOSTINHO, Santo (354-430). Filósofo cristão.Manifestou seu temor de que o comércio afas-tasse o homem da procura de Deus e achavaque o cristão não deveria ser mercador; admi-tindo-o, no entanto, como um mal necessário,para ele, só se deveria cobrar pelas mercadoriaso justo preço. Não considerava a escravidão algonatural, como se pensava, em geral, na Antigui-dade; aceitava-a, contudo, como punição do pe-

17 AGOSTINHO

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cado. Em sua obra, influenciada por Platão, en-contra-se a primeira grande síntese filosófico-teológica do cristianismo. Escreveu A Cidade deDeus e Confissões.

AGRÁRIO. Veja Reforma Agrária; SistemasAgrários.

AGREGADO. Lavrador pobre, não proprietá-rio, que se estabelece na propriedade de outroem troca de alguma espécie de pagamento. NoBrasil, entre os vários tipos de agregados, des-tacam-se: 1) O que planta e cria animais em pe-quena escala em propriedade alheia, pagandoesse uso com alguns dias de trabalho por sema-na, mediante remuneração inferior à de um as-salariado na mesma propriedade; 2) O que moranuma casa fornecida pelo proprietário do sítioou fazenda, retribuindo com um dia de trabalhosemanal; 3) O que planta e cria numa porçãode terra alheia e paga ao proprietário uma par-cela do produto final. Nos engenhos de açúcardo Nordeste brasileiro, o agregado é tambémconhecido por “morador”. O termo “agregado”pode também significar agregado macroeconô-mico. Veja também Valor Agregado.

AGRIBUSINESS. Termo em inglês constituídodas palavras agriculture e business, e que designaas empresas industriais cujos produtos têmcomo base um produto agrícola, geralmenteuma commodity como, por exemplo, as empresasque fabricam cigarros a partir do fumo, ou queproduzem bebidas a partir da cevada. São tam-bém chamadas agroindústrias. Veja tambémCommodity.

AGRICULTURA. Atividade produtiva integran-te do setor primário da economia. Caracteriza-sepela produção de bens alimentícios e matérias-primas decorrentes do cultivo de plantas e dacriação de animais. Na produção agrícola en-tram três fatores básicos: o trabalho, a terra e ocapital. Numa unidade agrícola, quando o em-prego de capital é o fator predominante, diz-seque se trata de agricultura intensiva. No caso deser a terra o fundamental, trata-se então de agri-cultura extensiva. A predominância do fator ca-pital, típico da agricultura moderna, permite altaprodutividade por área cultivada e é encontradasobretudo nos países industrializados (no Brasil,ocorre principalmente nas regiões Sul e Sudes-te). A agricultura extensiva, no entanto, com autilização abundante de terras, é característicados países do Terceiro Mundo, onde a grandepropriedade é a marca da estrutura fundiária.A predominância do fator terra, aliás, marcouaté recentemente a história da agricultura, alte-rando-se a relação com o trabalho e o capitalsomente a partir da Revolução Industrial, cujastécnicas se estenderam ao setor agrícola. A re-

lação entre esses três fatores está ligada aos pa-péis que a agricultura de um país cumpre noconjunto da organização social e econômica: 1)O de fornecedora de alimentos para o mercadointerno; 2) O de fornecedora de um excedenteagrícola capaz de ser exportado e proporcionardivisas para o país; 3) O de geradora de pou-pança para a implantação ou desenvolvimentodo setor industrial; 4) Ou, ainda, de acordo como regime de propriedade vigente (grande, médiaou pequena), o papel de fornecedora principalde mão-de-obra para as atividades urbano-indus-triais. Veja também Contag; Revolução Agríco-la; Revolução Industrial; Sociedade Nacionalde Agricultura; Terceiro Mundo.

AGROINDÚSTRIA. Atividade constituída pelajunção dos processos produtivos agrícolas e in-dustriais no âmbito de um mesmo capital social,ou, quando tal não acontece, a atividade carac-teriza-se por uma grande proximidade física en-tre a área que produz a matéria-prima agrícolae o seu processamento industrial. Com a cres-cente preponderância da indústria sobre a agri-cultura e a subordinação desta última à primei-ra, proporções crescentes das atividades agríco-las encontram-se hoje totalmente submetidas aocapital industrial, sendo esta uma tendênciamundial. Veja também Agribusiness.

AGROVILA. Núcleo habitacional e produtivoconstruído geralmente em áreas rurais para odesenvolvimento da agricultura e destinado areceber populações que estão sendo deslocadasde outras áreas por razões climáticas ou devidoà construção de obras públicas como, por exem-plo, barragens que servem como reservatóriospara a produção de energia elétrica.

AGUAR AÇÕES. Ato que resulta em ações cujovalor ao par excede o valor do patrimônio lí-quido (tangível) que as mesmas representam.Este tipo de situação pode ser criado de diversasmaneiras: 1) emitindo ações em troca de dinhei-ro ou propriedades cujo valor é inferior ao valorao par das ações; 2) entregando ações aos acio-nistas como bônus; 3) emitindo ações contra umativo fictício ou intangível. A magnitude desseprocesso pode ser medida pelo excesso do valorao par do conjunto de suas ações em comparaçãocom seus ativos tangíveis (patrimônio líquido).Veja também Ação Aguada.

AIESEC — Associação Internacional de Estu-dantes em Ciências Econômicas e Comerciais.Foi fundada em 1948 por estudantes de sete paí-ses europeus com a finalidade de ajudar na re-construção da Europa devastada pela guerra. Éuma organização apartidária, sem fins lucrativose oferece as seguintes oportunidades a seus in-tegrantes: 1) que se desenvolvam profissional-

AGRÁRIO 18

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mente; 2) programas educacionais que visem àformação de líderes; 3) contatos com estudantesde outros países por intermédio de programasde viagens; 4) contactos com grandes empresasnacionais e internacionais. Nos programas de in-tercâmbios, destaca-se o de intercâmbio de es-tagiários. Hoje, é a maior organização interna-cional dirigida por estudantes, estando presenteem 81 países e em mais de 750 universidades.No Brasil a associação está presente em São Pau-lo (FGV e FAAP — Fundação Armando ÁlvaresPenteado), no Rio de Janeiro, Belo Horizonte,Brasília, Salvador, Curitiba, Joinville, Porto Ale-gre, São Leopoldo, Santa Maria e Vitória.

AJUDA EXTERNA. Veja Dependência; Inves-timento Estrangeiro; Subdesenvolvimento;Unctad.

AJUSTAMENTO. Linha descrita pela ligaçãodos pontos de um gráfico cartesiano no corres-pondente a uma série estatística. Quando ospontos estão dispersos pelo gráfico, traça-se umalinha que passe o mais próximo possível de to-dos os pontos representados.

AKA. Abreviação da expressão em inglês alsoknown as, que significa “também conhecido por”ou “aliás”.

AKTIE (Stamm). Termo em alemão que signi-fica ação ordinária. Ela representa direitos par-ticipativos na direção de uma empresa e signi-fica uma porção do capital da mesma.

AKV. Iniciais da expressão em alemão Allgemei-ne Kreditvereinbarungen, que significa “acordogeral de empréstimos”. Veja também GeneralArrangements to Borrow.

ALADI — Associação Latino-Americana de In-tegração. Organização internacional criada peloTratado de Montevidéu, assinado em 12 deagosto de 1980, em substituição à antiga Asso-ciação Latino-Americana de Livre-Comércio(Alalc). O objetivo do tratado, que passou a vi-gorar em 18 de março de 1981, era obter umaentidade mais flexível, mais dinâmica e sem oserros da antecessora, capaz de estimular as re-lações comerciais na América Latina. As princi-pais modificações da Aladi em relação à Alalcforam a possibilidade de acordos bilaterais entrepaíses e o estabelecimento de diferenças entreos membros da associação, de acordo com seuestágio de desenvolvimento econômico. A Aladinão abandona o objetivo de criar um mercadocomum latino-americano, mas enfatiza que esteé um objetivo a longo prazo, ao qual chegaráde forma gradual. A Aladi é composta de onzepaíses, representando mais de 90% da popula-ção e do território da América Latina. Esses paí-ses estão divididos em três grupos: os menos

desenvolvidos (Bolívia, Equador e Paraguai); osmais desenvolvidos (Argentina, Brasil e Méxi-co); e os intermediários (Colômbia, Chile, Peru,Uruguai e Venezuela). A organização estrutu-ra-se em três órgãos: o Conselho de Ministrosdos Negócios Estrangeiros, instância supremaencarregada da condução dos negócios políticose de integração econômica; a Conferência deAvaliação e de Convergência, que deve reunir-sede três em três anos e onde tomam assento osrepresentantes plenipotenciários dos onze paí-ses membros; o Comitê de Representantes, ór-gão permanente encarregado de executar a apli-cação do tratado. O primeiro secretário-geral daAladi, eleito em 1980, foi o economista para-guaio Júlio César Schupp. A organização estásediada em Montevidéu, Uruguai. Veja tambémAlalc; Alca; Mercosul.

ALALC — Associação Latino-Americana de Li-vre-Comércio. Organização internacional criadapelo tratado de Montevidéu, em fevereiro de1960, e extinta vinte anos depois. Previa o esta-belecimento de uma área de livre-comércio, queseria a base para um mercado comum latino-americano, à semelhança do Mercado ComumEuropeu, com redução de tarifas e eliminaçãode barreiras comerciais. Assinaram o tratado Ar-gentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru eUruguai; ingressaram depois Colômbia e Equa-dor (1961), Venezuela (1966) e Bolívia (1967). AAlalc desenvolveu-se bastante no início, fazendocom que as exportações regionais quase dobras-sem de 1961 a 1965, passando de 490 para 835milhões de dólares. De 1960 para 1970, foramaprovadas quase 900 concessões tarifárias, faci-litando as transações comerciais. Após esse iní-cio promissor, porém, a organização entrou emcrise: de 1970 a 1980, aprovaram-se apenas 2 milnovas concessões tarifárias. As causas da crisesnunca chegaram a ser exatamente definidas.Uma das explicações levantadas diz respeito àdiferença de desenvolvimento econômico entreos membros da organização: os mais pobres nãoteriam condições de participar das negociaçõesda mesma forma que os outros, e estes acabavamrecebendo os maiores benefícios. A instabilidadepolítica e econômica na região, principalmentedurante a década de 70, também teria favorecidoa crise. A Alalc foi extinta em 31 de dezembrode 1980. Em seu lugar, os países membros cria-ram outra organização, menos ambiciosa e maisflexível: a Aladi — Associação Latino-America-na de Integração. Veja também Aladi; Mercosul;Alca.

ALAVANCAGEM. Termo usado no mercadofinanceiro para designar a obtenção de recursospara realizar determinadas operações. Num sen-tido mais preciso, significa a relação entre en-dividamento de longo prazo e o capital empre-

19 ALAVANCAGEM

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gado por uma empresa. Assim, o quociente En-dividamento de Longo Prazo/Capital Total Em-pregado reflete o grau de alavancagem aplicado.Quanto maior for o quociente, maior será o graude alavancagem.

ALCA — Área Livre de Comércio das Améri-cas. Proposto pelos Estados Unidos no início dosanos 90, este organismo permitiria uma integra-ção comercial entre os países das Américas, es-pecialmente daqueles pertencentes ao Nafta (Es-tados Unidos, México e Canadá) e Mercosul(Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). Na me-dida em que essa integração poderia afetar odesenvolvimento do Mercosul, o Brasil vem seopondo aos prazos curtos para a sua implemen-tação propostos pelos Estados Unidos. Veja tam-bém Fast Track; Mercosul; Nafta.

ALCABALA. Termo de origem árabe que de-signa imposto cobrado pela Coroa Espanhola apartir do século XIV, incidindo sobre as vendasou permutas de bens móveis. A alcabala incidiapraticamente sobre toda e qualquer transação epermaneceu como importante meio de arreca-dação governamental na Espanha até o séculoXIX.

ALFA (α). Medida do retorno do investimentode uma ação particular quando for tomado comoponto de referência o índice S&P 500. Desta for-ma, no cálculo da inclinação de uma linha, a +bx = y, se considerarmos b = 0, o que significaeliminar a volatilidade de uma ação, obteremoso resultado pretendido. Se alfa for positivo eequivalente a 10%, significará que o retorno doinvestimento nesta ação será 10% superior àque-le alcançado pelo índice S&P 500; se o alfa forigual a 0 (zero), a ação específica se comportaráem termos de rendimento da mesma forma queo índice S&P 500; e se o alfa for negativo e iguala 15%, significará que o rendimento da ação emquestão será 15% inferior ao indicado pelo índiceS&P 500. Veja também Beta; S&P 500.

ALFA 3 (α3). Medida estatística de distribuiçãocalculada pela fórmula:

α3 = m3

(m2)3⁄2

onde m2 e m3 são o segundo e o terceiro mo-mentos de X em relação a sua média. Veja tam-bém Momento.

ALFÂNDEGA. Repartição governamental quefiscaliza a entrada e saída de mercadorias emcada país, para assegurar o pagamento das ta-rifas correspondentes e o cumprimento das nor-mas locais de comércio internacional. Cumpretambém à alfândega impedir a prática do con-trabando e a entrada no país de mercadorias

consideradas contrárias aos interesses da pro-dução nacional. O caráter protecionista das ati-vidades alfandegárias acentuou-se nas econo-mias ocidentais desde o mercantilismo, receben-do a atenção dos governos. Veja também Co-mércio Internacional; Mercantilismo; Tarifas;União Alfandegária.

ALFANUMÉRICO (Caracteres). Todos os ca-racteres alfabéticos ou numéricos, isto é, todasas letras de A a Z e todos os números de 0 a 9.

ALGOL — Algorithmic Language. Linguagemalgorítmica baseada na qual os procedimentosnuméricos são minuciosamente especificadosnuma forma-padrão ao computador. O Algol éo resultado de uma cooperação internacionalpara a obtenção de uma linguagem algorítmicapadronizada tendo como precursora a Internatio-nal Algebric Language. Veja também Algoritmo.

ALGORITMO. O termo tem origem no mate-mático árabe Al-Kwarismi. Modernamente, sig-nifica as disposições especiais que se fazem comelementos matemáticos, com o objetivo práticoe simples de efetuar cálculos. Um algoritmopode ser entendido como um método que indicadireções para que os cálculos sejam um processofinito e que garanta o alcance de um resultado.São exemplos de algoritmos o de Eratóstenes,para a obtenção de números primos, o de Eu-clides, que, com divisões sucessivas, permite ob-ter o maior divisor comum entre dois númerosinteiros, o dispositivo de Briot-Ruffine, para adivisão de um polinômio por um polinômio de1º grau, um programa de computador etc.

ALIANÇA PARA O PROGRESSO. Programade cooperação multilateral criado em agosto de1961 pelos signatários da Carta de Punta delEste, com o objetivo de incrementar o desenvol-vimento econômico-social da América Latina. Aidéia da aliança foi lançada pelo presidente nor-te-americano John Kennedy, em março de 1961,como resposta aos acontecimentos revolucioná-rios em Cuba e às pressões de setores políticose governamentais latino-americanos preocupa-dos com a situação econômica e social da região.Concretizada na reunião especial do ConselhoInteramericano Econômico e Social da Organi-zação dos Estados Americanos, realizada emPunta del Este, a aliança foi estruturada segundoos princípios da operação Pan-Americana(OPA), proposta pelo presidente Juscelino Ku-bitschek e aprovada em 1960, de acordo com aAta de Bogotá, assinada por dezenove países.Em Punta del Este, os participantes proclama-vam sua decisão de “associar-se num esforçocomum para alcançar o progresso econômicomais acelerado e a justiça social mais ampla paraseus povos, respeitando a dignidade do homem

ALCA 20

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e a liberdade pública”. Abrangendo um períodoinicial de dez anos (1961-71), o programa visavaconcretamente à redistribuição da renda, à eli-minação do analfabetismo, à reforma agrária, àindustrialização, ao desenvolvimento de proje-tos de habitação popular e à integração das eco-nomias latino-americanas por um mercado co-mum. Para viabilizar essas metas, os EstadosUnidos destinaram uma verba inicial de 20 bi-lhões de dólares, ficando os demais governosobrigados a contribuir com quantias equivalen-tes à ajuda recebida do exterior. A coordenaçãoe o controle do programa da aliança estavam acargo do Conselho Interamericano Econômico eSocial, em colaboração com o Banco Interame-ricano de Desenvolvimento, a Associação Lati-no-Americana de Livre-Comércio (Alalc), a Co-missão Econômica — da ONU — para a AméricaLatina (Cepal), o Fundo Monetário Internacional(FMI) e o Banco Internacional para a Reconstru-ção e Desenvolvimento (Bird). Embora acenassecom reformas sociais e econômicas, a aliança,com o tempo, mostrou-se inoperante: de umlado, pelos crescentes cortes na ajuda externanorte-americana, e, de outro, por apoiar-se emgovernos conservadores, comprometidos com asituação vigente nos países participantes.

ALIENAÇÃO. Em Direito, o termo tem o sig-nificado genérico de transferência da proprie-dade de uma coisa ou direito de uma pessoa(física ou jurídica) para outra. Em economia po-lítica, a alienação é um dos conceitos básicos domarxismo, significando a perda sofrida pelo tra-balhador de uma parte de seu ser, quando ocapitalista se apropria do fruto de seu trabalho.Marx partiu da teoria da alienação do filósofoFeuerbach, para quem o homem abdicaria desua própria essência ao criar a imagem de umser absoluto, superior (Deus), que, embora cria-do pelo homem, é visto por este como seu cria-dor. Para Marx, a alienação ocorre não apenasnesse plano religioso (do homem a Deus), comoacreditava Feuerbach, mas em muitos outros do-mínios; alienação do cidadão ao Estado, do sol-dado a sua bandeira, e, principalmente, do tra-balhador ao capital. No sistema capitalista, se-gundo Marx, os produtos do trabalho humanopassam a ser meras mercadorias que subjugamo homem, em vez de servir a ele, como era deesperar, já que são criações suas. Veja tambémFetichismo da Mercadoria; Mais-valia; Marx,Karl Heinrich.

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. Transferência aocredor do domínio e posse de um bem, em ga-rantia ao pagamento de uma obrigação que lheé devida por alguém. O bem é devolvido a seuantigo proprietário depois que ele resgatar adívida.

ALIGATOR SPREAD. Veja Spread.

ALIMENTO DE BASE. É o alimento ou ali-mentos que constituem a base da alimentaçãohabitual de uma população. Por exemplo, nocaso brasileiro, o arroz e o feijão podem ser con-siderados alimentos de base. Em algumas regiõ-es brasileiras, como no Nordeste, a farinha tam-bém constitui um alimento de base. Geralmente,quando os preços desses produtos sobem, o cus-to da alimentação também sofre uma elevação.

ALL OR NONE (AON). Expressão utilizada nomercado financeiro indicando que uma ordemde compra ou venda deve ser realizada por in-teiro ou então não deverá ser concluída. Se umcorretor não conseguir executar a ordem (AON)de um cliente por inteiro, ela não deverá serconcluída parcialmente. Mas a mesma não de-verá ser cancelada, a menos que seja do tipo fillor kill, isto é, “cumpra-se ou cancele”.

ALLA RINFUSA. Expressão em italiano quesignifica uma cláusula comercial segundo a qualo embarque de mercadorias indevidamente em-baladas ou acondicionadas pagará taxas corres-pondentes a mercadorias vendidas a granelcomo a madeira, o carvão e substâncias líquidas.

ALLAIS, Maurice (1911- ). Economista e mate-mático francês da escola econômica neoliberal,que pressupõe uma ordem natural derivada dalivre decisão dos indivíduos, na qual a economiade mercado e o livre mecanismo de preços sãorequisitos fundamentais. Utilizando o que cha-mou de “teorema fundamental do rendimentosocial”, procurou demonstrar que “todo sistemaeconômico, se quiser utilizar melhor seus recur-sos raros e não-renováveis, deve recorrer, expli-citamente ou não, a um sistema de preços equi-valente ao do equilíbrio da concorrência perfei-ta”. E sustentou que uma economia eficiente,seja coletivista ou privada, “deve organizar-senuma base descentralizada e concorrencial”. Al-lais fez estudos sobre a teoria do equilíbrio eco-nômico geral e da eficiência máxima, as funçõesdo capital e seu desempenho no processo decrescimento capitalista, a pesquisa operacionalaplicada à economia, além da formulação deuma teoria quantitativa da moeda, em que es-tabelece uma dependência funcional entre o va-lor da demanda monetária existente e os valoresanteriores da taxa de expansão da renda nacio-nal. Também desenvolveu análises de economiaaplicada em pesquisas de minérios e infra-es-trutura de transportes. Defende a integração eco-nômica da Europa. Trabalhou no Centro de Aná-lises Econômicas e na Escola Nacional Superiorde Minas de Paris. Ganhou o Prêmio Nobel deEconomia em 1988. Entre outras obras, escreveu:A la Recherche d’une Discipline Économique (À Pro-

21 ALLAIS, Maurice

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cura de uma Disciplina Econômica), 1943; Éco-nomie et Intérêt (Economia e Juro), 1947; L’EuropeUnie, Route de la Prosperité (A Europa Unida, Ca-minho da Prosperidade), 1959; e L’Impôt sur leCapital et la Réforme Monétaire (O Imposto sobreo Capital e a Reforma Monetária), 1977. Vejatambém Paradoxo de Allais.

ALLE RECHTE VORBEHALTEN. Expressão emalemão que significa literalmente “todos os di-reitos reservados”, e que indica uma cláusulacontratual comercial segundo a qual, nas expor-tações ou na aceitação de determinadas transa-ções comerciais (condições das mercadorias,quantidade das mesmas etc.), nenhum defeitoou alteração se encontra visível. Esta expressãoaplica-se também ao caso de edições de livros,vídeos, filmes etc. nas quais todos os direitosde reprodução estão reservados com o editor.

ALLEINSTEUER. Veja Imposto Único.

ALLEN, Roy George Douglas (1906-1983). Eco-nomista inglês, lecionou na London School ofEconomics a partir de 1928, trabalhou no Te-souro e, no final da Segunda Guerra Mundial,foi indicado como professor de estatística naUniversidade de Londres. Sua maior contribui-ção ao desenvolvimento da teoria econômicadata de 1934 quando, em conjunto com JohnHicks, publicou um artigo no qual se demons-trava, mediante curvas de indiferença, que paraexplicar o sentido descendente de uma curvade demanda é suficiente assumir que os benspodem ser classificados de uma forma ordinal,isto é, quando se ordenam vários bens, aqueleque representa a maior utilidade é colocado notopo da escala. Suas obras mais importantes sãoas seguintes: Mathematical Analysis for Economists(Análise Matemática para Economistas), 1938;Statistics for Economists (Estatística para Econo-mistas), 1949; Mathematical Economics (EconomiaMatemática), 1956; Macroeconomic Theory — AMathematical Treatment (Teoria Macroeconômica— Uma Abordagem Matemática), 1967.

ALLONGE. Expressão em inglês que designaum pedaço de papel anexado a um documentopara fornecer espaço onde endossos possam serfeitos, quando não sobra mais espaço no localdo documento destinado a esse fim.

ALMUDE. Medida de capacidade utilizada pelaCasa da Moeda do Brasil antes da adoção dosistema métrico decimal e equivalente a 12 ca-nadas ou a aproximadamente 32 litros. Veja tam-bém Sistema Internacional de Unidades.

ALODIAL. Designação dos bens que podem serpossuídos livremente e sobre os quais não existerestrição alguma no caso de alienação.

ALONGSIDE-DATE. Expressão em inglês quesignifica a data na qual se espera que um navioesteja na posição correta no cais e preparadopara receber uma determinada carga.

ALQUEIRÃO. Veja Alqueire.

ALQUEIRE. Denominação de unidade de áreae de capacidade (volume) utilizada pelo SistemaAntigo Brasileiro de Unidades, antes da adoçãodo Sistema Métrico Decimal, e também deno-minada Quartel. Esta unidade é até hoje utili-zada no meio rural, embora tenha equivalênciasdiferentes, dependendo da região. São conheci-das pelo menos 10 dimensões diferentes para oalqueire, como mostra o quadro abaixo:

Apesar da enorme variedade de dimensões, asmais utilizadas ainda hoje na agricultura brasi-leira (como medida de área) são o Alqueire Pau-lista e o Alqueire Mineiro. Como medida de ca-pacidade, o alqueire era utilizado pela Casa daMoeda do Brasil antes da adoção do SistemaMétrico Decimal e equivalia a aproximadamente10 canadas ou 26 litros. Veja também Sistemasde Pesos e Medidas.

ALQUEIRE DO NORTE. Medida de área agrá-ria utilizada no Norte e no Nordeste do país eequivalente a 27 225 m2. Veja também Alqueire.

ALQUEIRE MINEIRO. Veja Alqueire.

ALQUEIRE PAULISTA. Veja Alqueire.

ALTA. Momento em que as ações e demais tí-tulos transacionados em Bolsa apresentam umaelevação significativa de preços, normalmentecausada pelo incremento da demanda. Nos pe-ríodos em que a economia atravessa uma fasede prosperidade do ciclo econômico, o mercadode ações geralmente é estimulado por uma

Braças Metro Hectares Estado onde éutilizado

Alqueire 50 x 50 110 x 110 1,2100 SP, MG

Alqueire 50 x 75 110 x 165 1,8150 MG, MT

AlqueirePaulista

50 x 100 110 x 220 2,4200 MA, ES, RJ,SP, MG, PE,SC, RS, MT,GO

Alqueire 75 x 80 165 x 176 2,9040 MG

Alqueire 79 x 79 173,8 x 173,8 3,0206 MG

Alqueire 80 x 80 76 x 176 3,0976 ES, SP, MG

Alqueire 75 x 100 65 x 220 3,6300 RJ, MG

AlqueireMineiro

100 x 100 220 x 220 4,8400 AC, RN, BA,ES, RJ, SP, SC,MT, GO, MG

Alqueire(Alqueirão)

100 x 150 220 x 330 7,2600 MG, MT

Alqueire(Alqueirão)

200 x 200 440 x 440 19,3600 MG, BA, GO

ALLE RECHTE VORBEHALTEN 22

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maior demanda de títulos e ações, e os preçosapresentam uma tendência à elevação, emboratais reflexos não sejam automáticos: isto é, podehaver uma defasagem entre um momento deprosperidade e uma tendência à alta no mercadode ações. Veja também Ação; Bolsa de Valores.

ALTER EGO DOCTRINE. Expressão anglo-la-tina que significa o princípio ou a doutrina ju-rídica que sustenta que, quando uma subsidiáriaé um mero instrumento da matriz — a pontode não possuir autonomia alguma — e é utili-zada simplesmente para que esta última supereobstáculos legais ou mesmo pratique fraudes (ge-ralmente contra o fisco), os tribunais ignoram aficção de que se trata de duas empresas separadas.

ALTHUSSER, Louis (1918-1990). Filósofo fran-cês de origem argelina que se notabilizou nadécada de 60 por defender uma nova interpre-tação do pensamento marxista. Analisando asidéias de Marx do ponto de vista da distinçãoentre ideologia e ciência, Althusser opôs-se àsinterpretações correntes na época, que centra-vam o marxismo na teoria da alienação e o apro-ximavam de Hegel. Para Althusser, seria neces-sário restabelecer o sentido econômico do mar-xismo. Ler o Capital, publicado em 1964, e A Favorde Marx, de 1965, estão entre suas principaisobras. Veja também Alienação; Hegel; Marxis-mo.

ALUGUEL. Preço pago pela utilização de umbem alheio — particularmente um imóvel —,calculado por unidade de tempo. No Brasil,como na Inglaterra e outros países, o aluguelde imóveis é controlado por legislação específi-ca. Veja também Arrendamento; Leasing; Leido Inquilinato.

ALVARÁ. Em termos jurídicos, é a ordem, comequivalência de mandado judicial, expedida porum juiz, determinando que seja cumprida umasentença ou despacho. Em termos administrati-vos, tem a conotação de licença (alvará para por-te de armas, alvará para comércio etc.). Em de-terminadas condições, o juiz pode expedir umalvará permitindo que pessoas impedidas poralgum motivo possam realizar venda de bens.

ALVES BRANCO, Manuel (1797-1855). Nasceuem Salvador (Bahia), foi o segundo Visconde deCaravelas, jurista e estadista, foi ministro da Fa-zenda, da Justiça, e presidente do Conselho deMinistros do Império. Durante seu mandatocomo ministro da Fazenda, decretou as primei-ras tarifas alfandegárias do Brasil, em 1844, quepassaram a ser conhecidas como Tarifas AlvesBranco. Modificou as tarifas alfandegárias dequase 3 mil produtos importados aumentandoos impostos em 30, 40, 50 e até 60%. O valor

da majoração dependia de o produto poder ounão ser produzido no Brasil, bem como de suaimportância para o mercado interno. Até a pro-mulgação das Tarifas Alves Branco, os produtosimportados eram taxados em apenas 15%. Asmercadorias inglesas gozavam desse privilégiodesde 1810 (tratados de 1810 de comércio e na-vegação). Com o tempo, essa tarifa foi estendidaàs demais nações que comerciavam com o Brasil.Além de amenizar os problemas orçamentáriosdo Segundo Reinado, a tarifa favoreceu algunssetores da economia brasileira, embora tenhasido alvo de violentos protestos dos países ex-portadores, sobretudo da Inglaterra e dos co-merciantes ligados ao setor de importação. Vejatambém Tratados de 1810.

AMA-KUDARI. Expressão em japonês que sig-nifica literalmente “cair do céu” e aplicada noscasos em que um elevado posto numa empresaprivada é ocupado por pessoa aposentada dealtos cargos administrativos governamentais.Na medida em que no Japão os cargos vagosmais elevados são geralmente ocupados por pes-soas do próprio corpo de funcionários de umaempresa (na base do emprego por toda vidanuma só empresa), o Ama-Kudari representauma prática criticável e desagradável para o cor-po gerencial de uma empresa onde ela acontece.

AMARTYA SEN (1935- ). Nascido na Índia eprofessor do Trinity College, em Cambridge (In-glaterra), pesquisou sobre a fome em Bangla-desh, em 1974, e recebeu o Prêmio Nobel emEconomia por seus trabalhos teóricos na áreasocial e por haver contribuído para uma novacompreensão dos conceitos a respeito de misé-ria, pobreza e bem-estar social em regiões po-bres, onde a principal atividade ainda é a agri-cultura.

AMBUSH MARKETING. Expressão em inglêsque significa literalmente “marketing de embos-cada”, isto é, quando uma empresa conseguefazer aparecer de alguma forma sua marca emevento patrocinado por outra. Por exemplo, du-rante a Copa do Mundo de 1994, em alguns jo-gos da seleção brasileira de futebol cuja trans-missão era patrocinada por uma marca de cer-veja, sua principal concorrente colocou placasnas laterais do gramado e contratou espectado-res uniformizados com sua marca, que acabaramaparecendo mais tempo durante a transmissãodos jogos do que a própria marca do patrocinador.

AMENITY VALUE. Expressão em inglês que serefere às condições existentes no entorno de umapropriedade imobiliária que geralmente elevamo seu valor como, por exemplo, boa vizinhança,escolas, parques, áreas verdes etc.

23 AMENITY VALUE

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AMERICAN DEPOSITARY RECEIPT (ADR).Emissão de certificados, por bancos norte-ame-ricanos, representativos de ações de empresassediadas fora dos Estados Unidos. Na medidaem que tais certificados são negociáveis no mer-cado de valores mobiliários nos Estados Unidos,cria-se na prática a possibilidade de esse mer-cado de títulos estar negociando ações de em-presas de outros países. Existem quatro tiposde programas de negociação desses papéis (ní-veis I, II, III e “restrito”), os quais se diferenciampelas vantagens de negociação de cada tipo depapel. No caso brasileiro, existem três modali-dades de ADRs: 1) Depositary Receipts (inves-tidor estrangeiro) são certificados que repre-sentam ações ou outros títulos de direito sobreações emitidos por uma instituição do exteriore assegurados com títulos depositados em cus-tódia especial no Brasil. A base legal destas emis-sões é constituída pelas resoluções 1 927/1992,2 337/1996, 2 356/1997 e pela regulamentaçãodo anexo V à resolução 1 289/1987 e pela circular2 728/1996; 2) Depositary Receipts (investidorbrasileiro). As condições são estabelecidas parao registro de investimentos brasileiros no exte-rior em DRs, assegurados com títulos emitidospor empresas com matriz no Brasil. A base legalé a circular 2 741/1997; 3) Brazilian DepositaryReceipts (investidor brasileiro) são certificadosque representam títulos emitidos por empresasestatais ou similares, com matriz no exterior eemitidos por instituição no Brasil. A base legalé constituída pela resolução 2 318/1996, pela cir-cular 2 723/1996 e pela instrução CVM (Comis-são de Valores Mobiliários) 255/1996.

AMERICAN STOCK EXCHANGE (Ase ouAmex). A segunda maior Bolsa de Valores dosEstados Unidos, transacionando cerca de 10%de todas as ações negociadas no país. A Bolsaproporciona um lugar físico para as transaçõescom ações, as quais têm de pertencer a uma em-presa registrada, ou seja, uma empresa quepreencha os requisitos estabelecidos pela juntade diretores da Bolsa. As exigências para registrona American Stock Exchange são menores doque as existentes na Bolsa de Valores de NovaYork (New York Stock Exchange). As compa-nhias registradas devem apresentar relatórios fi-nanceiros anuais e informes quinzenais de suasmovimentações e ganhos, além de impedir aação de insiders. Se o interesse do público dimi-nuir muito por um título ou ação, a empresacorrespondente poderá perder seu registro. AAmerican Stock Exchange é muito antiga e teveinício quando os corretores se encontravam narua para transacionar lotes de ações. Só no iníciodo século XX essa Bolsa de Valores passou aocupar um lugar coberto, saindo portanto da

rua. Veja também Bolsa de Valores; Insider;New York Stock Exchange; Wall Street.

AMIN, Samir (1931- ). Economista egípcio es-tudioso dos problemas dos países em desenvol-vimento. Formado pela Universidade de Paris,trabalhou como assessor da Organização parao Desenvolvimento Econômico, no Cairo, de1957 a 1960; foi conselheiro técnico para o setorde planejamento do governo do Mali, de 1960a 1963; é diretor do Instituto Africano para De-senvolvimento Econômico e Planejamento des-de 1970. Professor de economia nas universida-des de Poitiers, Paris e Dakar, publicou várioslivros, que tratam principalmente dos proble-mas econômicos dos países do Terceiro Mundo:Três Experiências Africanas de Desenvolvimento:Mali, Guiné e Gana (1965); A Economia do Maghreb(1967); O Mundo dos Negócios Senegaleses (1968);O Maghreb no Mundo Moderno (1970); A Acumu-lação em Escala Mundial (1970); A África do OesteBloqueada (1971); O Desenvolvimento Desigual(1973); A Nação Árabe (1978).

AMORTIZAÇÃO. Redução gradual de uma dí-vida por meio de pagamentos periódicos com-binados entre o credor e o devedor. Os emprés-timos e hipotecas bancários são, em geral, pagosdessa forma. No caso de empréstimos a longoprazo, a amortização se faz mediante tabelas es-peciais nas quais se incluem os juros relativosao capital a reembolsar. Na técnica contábil, usa-se o termo para designar as parcelas retiradasanualmente pelo proprietário da empresa a fimde atender à depreciação de certos bens ativoscomo móveis, maquinaria e outros. Veja tambémDívida; Tabela Price.

AMORTIZAÇÃO ACELERADA. Forma deamortização de um ativo (um equipamento p.e.)a uma velocidade superior à vida útil desse ati-vo. Esta forma de depreciação é utilizada parainflar custos ou para a obtenção de benefíciosfiscais. Esta forma aplica-se também no caso dedívidas que são pagas em um número de pe-ríodos inferior ao estipulado no contrato, se odevedor assim desejar, podendo inclusive obterdescontos nas taxas de juros cobradas.

AMORTIZAÇÃO NEGATIVA. Aumento doprin cipal de uma dívida, quando os pagamentosparciais da mesma são insuficientes para cobriro montante correspondente aos juros. A diferençaé incorporada ao principal de tal maneira que adívida, em lugar de diminuir, aumenta com opassar do tempo. É o que tem acontecido no Bra-sil com muitos contratos de aquisição da casaprópria posteriores a 1988, nos quais as presta-ções não cobrem os juros que incidem sobre osaldo remanescente, o que tem causado crescenteinadimplência entre os mutuários.

AMERICAN DEPOSITARY RECEIPT 24

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AMOSTRA. Conjunto de técnicas estatísticasque possibilita, a partir do conhecimento de umaparte (a amostra), obter informações sobre otodo (universo). Para realizar uma amostragem,é preciso, antes de mais nada, dividir o universoem partes chamadas “unidades amostrais”.Exemplificando: para selecionar uma amostra-gem de residentes de um município, a unidadeamostral pode ser a pessoa, a família, o domi-cílio, o quarteirão. Em seguida, é necessário de-terminar o tamanho da amostra, ou seja, o nú-mero de unidades amostrais que deve ser pes-quisado. Uma amostragem pode ser de dois ti-pos: probabilística (aleatória) ou não-probabilística(não-aleatória). Neste último caso, as unidadesamostrais são escolhidas intencionalmente. Naamostragem probabilística, as unidades amos-trais resultam de uma seleção feita inteiramenteao acaso. A generalização a todo o universo dasinformações obtidas pelo estudo das unidadesamostrais só tem completa validez quando ba-seada na amostragem probabilística. Veja tam-bém Amostragem Aleatória; Amostragem Es-tratificada; Amostra Piloto; Amostra Viesada;Estatística; Pesquisa de Mercado; Teorema doLimite Central.

AMOSTRA PILOTO. Denominação da amos-tra que precede a amostragem propriamentedita, e que é obtida com a finalidade de avaliar— entre outras coisas — a variabilidade da po-pulação em estudo sobre a qual basear-se paracalcular o tamanho da amostra posterior.

AMOSTRA VIESADA. É a resultante de umsistema de seleção que contém erro sistemático.Veja também Amostra; Viés.

AMOSTRAGEM ALEATÓRIA. Também deno-minada amostra probabilística, é aquela em quese pode calcular previamente qual é a pro-babilidade de obter cada uma das amostras pos-síveis de serem selecionadas (de uma popula-ção). Para tanto, é necessário que a seleção possaser considerada um experimento aleatório, dosque constituem a base da teoria da pro-babilidade na qual se fundamenta a estatísticamatemática.

AMOSTRAGEM ESTRATIFICADA. Tem a fi-nalidade de melhorar as estimações estatísticasmediante o agrupamento prévio dos elementosde uma população que tenha certas caracterís-ticas (sexo, faixas etárias, raça etc.) semelhantesentre si. Assim, uma população é dividida emestratos e em cada um deles se faz uma seleçãoaleatória simples.

AMPÈRE. Unidade de medida da intensidadede corrente elétrica. Por analogia com a quan-tidade de água (litros) que passa por uma tu-

bulação durante certo tempo, também um nú-mero de ampéres passa por um fio condutor deenergia elétrica. O nome deve-se ao cientistafrancês André Ampère. Veja também SistemaInternacional de Unidades.

AMPLITUDE. Tratando-se de um ciclo, é a me-tade da diferença entre os valores absolutos domáximo e do mínimo das ordenadas desse ciclo,uma vez eliminada a tendência secular da res-pectiva série. Pode ser entendida também comoa diferença entre os preços máximo e mínimode um determinado título ou ação alcançadanum determinado pregão ou num determinadoespaço de tempo. Veja também Gráfico Máximoe Mínimo; Pregão; Tendência Secular.

AMSTEL CLUB. Denominação do grupo for-mado pelos principais bancos e casas financeirasda Inglaterra e da Europa, cuja função é, me-diante acordos recíprocos, financiar as importa-ções e exportações dos países membros.

AMTLICHE KURSMAKLER. Expressão em ale-mão que designa os corretores das Bolsas deValores indicados (na Alemanha) pelo governo,cujas funções se assemelham aos Jobbers da Bolsade Valores de Londres. Os corretores não indi-cados pelo governo são denominados Freie Mak-ler. Veja também Stock Jobber; Broker.

AMTLICHER MARKT. Expressão em alemãoque significa o mercado oficial onde são nego-ciadas as securities nas Bolsas de Valores da Ale-manha. Outros mercados onde esse tipo de ne-gociação se desenvolve são o mercado semi-ofi-cial denominado Geregelter Freieverkehr, e onão-oficial, Telefonverkehr. Veja também Am-tliche Kursmakler.

ANÁLISE DA VARIÂNCIA. Veja Desvio Pa-drão.

ANÁLISE DE BAYES. A Análise de Bayes éutilizada no processo de tomada de decisões,na medida em que o tomador de decisões nemsempre pode limitar-se às probabilidades a prioriou subjetivas, uma vez que as informações ob-tidas inicialmente são insuficientes para a toma-da eficaz de decisões. O tomador de decisõesdeve complementar as informações a priori comas informações objetivas obtidas mediante a ex-perimentação, com o intuito de reduzir as in-certezas e tomar decisões com maior garantiade êxito. O Teorema de Bayes permite resolveressa questão. Utilizando as probabilidades apriori e o resultado da amostra obtida experi-mentalmente, o Teorema de Bayes nos permiteobter as chamadas “probabilidades revisadas”,ou a posteriori. Estas probabilidades podem serconsideradas em seguida como probabilidadesa priori para que se obtenha outra amostra que

25 ANÁLISE DE BAYES

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torne possível a obtenção de outras pro-babilidades “revisadas”, ou a posteriori, que se-rão mais precisas do que as primeiras, e assimsucessivamente. Em síntese, a Análise de Bayesé um modelo em aberto que nos permite incor-porar novas informações na medida em que es-tas vão se produzindo. A Análise de Bayes é,portanto, uma análise adaptativa e seqüencialque se ajusta ao caráter cambiante da realidadeeconômica. Este importante teorema formuladopor Bayes (pastor e estatístico inglês) no séculoXVII havia sido praticamente esquecido por in-corporar a utilização da probabilidade “subjeti-va”. Reabilitada pelos teóricos da decisão esta-tística, a Análise de Bayes volta a ter grandeimportância na atualidade. Vejamos um exem-plo da Análise de Bayes aplicada à indústria.Suponhamos um empresa que possui duas plan-tas onde são fabricados rolamentos, sendo a pri-meira mais antiga cronológica e tecnologicamen-te e que produz 40% do total fabricado. Se umrolamento for apanhado aleatoriamente da pro-dução total, tem 40% de probabilidade de tersido fabricado na planta nº 1. Nesse caso, temosas magnitudes da probabilidade anterior. No en-tanto, a planta nº 1 produz duas vezes mais ro-lamentos com defeito do que a planta nº 2. Seum rolamento defeituoso for encontrado, o res-ponsável por qual das plantas deverá ser acio-nado? Se levarmos em conta apenas a pro-babilidade anterior, o mais provável é que esterolamento com defeito tenha vindo da plantanº 2, uma vez que dela provém 60% da produ-ção. Mas, ao revisarmos essa probabilidade an-terior com o fato de a planta nº 2 produzir ape-nas 1/3 dos rolamentos defeituosos, o mais pro-vável é que o rolamento em questão tenha sidoproduzido na planta nº 1, pois a probabilidadede que a mais antiga tenha produzido o defeitoé de 57,2% contra 42,8% da planta nº 2, a maisnova. Esta probabilidade revisada é a pro-babilidade a posteriori de Bayes.

ANÁLISE DE REGRESSÃO. Veja Regressão,Análise de.

ANÁLISE DE SENSIBILIDADE. Forma de abor-dagem na qual um modelo é outra vez exami-nado mudando-se uma de suas variáveis paraver o que aconteceria com o resultado final.

ANÁLISE MULTIVARIÁVEL. Parte da Esta-tística Matemática que se dedica ao estudo desituações nas quais aparecem distribuições deprobabilidade multidimensionais, tais como oproblema da estimação de médias e matriz decovariâncias de diferentes distribuições multi-dimensionais, em especial a normal, testes dehipóteses sobre um conjunto de variáveis emface de outro, estimação de coeficientes de re-gressão, correlações canônicas etc.

ANÁLISE SWOT. Veja Swot.

ANALISE TÉCNICA. Na análise do movimen-to dos preços das ações, é o método que consi-dera única e exclusivamente os preços e volumesregistrados, apresentados seja na forma de grá-ficos (grafismo) ou outra qualquer, para deter-minar a formação de tendências no mercado eorientar investimentos dos aplicadores no pre-sente ou no futuro, tanto para ações individuaiscomo para conjuntos de ações.

ANALÓGICO. Veja Computador.

ANARCO-SINDICALISMO. Variante do anar-quismo que se desenvolveu na Europa no finaldo século XIX e início do século XX. Consideravaque o sindicato era o principal órgão de luta ede organização dos trabalhadores e núcleo dafutura sociedade anarquista. Somente a ação di-reta nas fábricas e a greve geral espontânea erevolucionária poderiam transformar radical-mente a sociedade capitalista. O principal teó-rico do anarco-sindicalismo foi o francês Geor-ges Sorel. Sua doutrina teve grande aceitaçãonos círculos operários e sindicais da França, daItália e da Espanha, sendo divulgada nos Esta-dos Unidos, no Brasil e em outros países lati-no-americanos por emigrantes europeus. NoBrasil, o anarco-sindicalismo foi no início do sé-culo a principal corrente política que orientoua prática do movimento sindical mais comba-tivo; dele surgiram os primeiros agrupamentosmarxistas que fundariam o Partido ComunistaBrasileiro, em 1922. Veja também Anarquismo;Sindicalismo.

ANARQUISMO. Doutrina política que prega aabolição do Estado como ponto de partida paraa construção de uma sociedade alternativa, ondeas relações entre os indivíduos sejam livres,igualitárias e desprovidas de qualquer coerção.Por isso, os partidários do anarquismo são tam-bém chamados de libertários. Nessa perspectiva,o anarquismo rejeita qualquer princípio de au-toridade — seja do Estado, de instituições, degrupos sociais ou de indivíduos. Essa propostapolítica implica uma nova organização econô-mica da sociedade. De inspiração socialista, pro-põe a abolição da propriedade privada capita-lista, o fim da exploração do homem pelo ho-mem, a coletivização dos meios de produção ea solidariedade entre os produtores (trabalha-dores). A administração geral da vida social ba-seia-se na autogestão de cada unidade produti-va; coletivamente, os trabalhadores decidiriamsobre as formas de organização do trabalho, pro-dução, troca e distribuição dos produtos e rela-cionamentos com o conjunto da sociedade. Emescala regional e nacional, as unidades produ-tivas se uniriam livremente em federações não-

ANÁLISE DE REGRESSÃO 26

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burocráticas, que teriam funções administrati-vas, legislativas e executivas, podendo seusmembros serem destituídos a qualquer momen-to, de acordo com a vontade dos indivíduos queos elegeram. No século XIX, o anarquismo foiuma das tendências mais expressivas no movi-mento operário europeu. Embora tenha váriosprecursores, foi o francês Pierre Joseph Prou-dhon o primeiro a considerar-se anarquista. Paraele, no entanto, a abolição do Estado e da pro-priedade capitalista viriam gradualmente, comoresultado de um processo de organização dostrabalhadores e pequenos proprietários em coo-perativas de produção e colaboração mútua. Jápara o anarquista russo Mikhail Bakunin, dis-cípulo de Proudhon, o fim do capitalismo e oadvento de uma sociedade anarquista só seriampossíveis por meio da ação revolucionária dasmassas. Concordava nisso com os marxistas,chamados, entretanto, por Bakunin de “socialis-tas autoritários”, por defenderem a organizaçãopolítica dos trabalhadores em partidos e advo-garem a manutenção do Estado como instru-mento de construção da nova ordem econômica.O anarquismo teve grande influência na Espa-nha, na França, na Itália, na Suíça e em Portugal.Foi trazido para o Brasil pelos imigrantes euro-peus no final do século XIX, tornando-se a prin-cipal tendência ativa no movimento sindical atémeados dos anos 20. Veja também Bakunin;Kropotkin; Proudhon; Sindicalismo; Socialismo.

ANATOCISMO. Termo que designa o paga-mento de juros sobre juros, isto é, a capitalizaçãode juros que foram acumulados por não ter sidoliquidados nos respectivos vencimentos.

ANBID — Associação Nacional dos Bancos deInvestimento e Desenvolvimento. Entidade for-mada por várias instituições financeiras sedia-das no Rio de Janeiro.

ANCHOR TENANT. Expressão em inglês quedesigna a principal loja num shopping center.Em alguns casos, o compromisso de uma “loja-âncora” em se estabelecer num shopping centeré condição para que o mesmo venha a ser cons-truído.

ÂNCORA CAMBIAL. Instrumento de políticaeconômica utilizado para estabilizar o valor deuma moeda fixando-se seu valor na taxa cam-bial. O instrumento é empregado nos casos deinflação acelerada ou de hiperinflação, em con-junto com outras políticas (congelamento de pre-ços, p.e.), para estabilizar os preços e as desva-lorizações da moeda. A âncora cambial pode seracompanhada por uma política de conversibili-dade total ou parcial. A adoção desse mecanis-mo exige, no entanto, que o país disponha de

reservas suficientes e de um balanço de paga-mentos sob controle para evitar o jogo especu-lativo em torno de uma futura desvalorizaçãodo câmbio.

ÂNCORA MONETÁRIA. Instrumento de po-lítica monetária utilizado para estabilizar o valorde uma moeda numa conjuntura de grande ele-vação de preços e que consiste fundamental-mente no compromisso (legal ou não) de queas autoridades monetárias não emitirão moedapara cobrir eventuais déficits governamentais,tornando o Banco Central independente do Te-souro Nacional. Novas emissões só teriam lugarse houvesse correspondente aumento das reser-vas internacionais.

ANDAR DE LADO. Expressão utilizada geral-mente no mercado financeiro para indicar umasituação na qual não há uma tendência clara deelevação ou baixa neste mercado, isto é, os ope-radores estão aguardando que se delineie umatendência e, enquanto isso, são prudentes emsuas aplicações.

ANDIMA. Iniciais de Associação Nacional deInstituições de Mercado Aberto. Instituição domercado financeiro, sem fins lucrativos, quecongrega mais de 310 associados, incluindo ban-cos comerciais, múltiplos, de investimento e cor-retoras. Sua finalidade é desenvolver novos pro-dutos e serviços para o mercado no qual estáinserida, e também o desenvolvimento dos sis-temas eletrônicos que acelerem e tornem maisfáceis as operações financeiras, assim como acriação de novas oportunidades de negócios en-tre seus associados.

ANEL DE MOEBIUS. Anel que contém umatorção em determinado ponto de tal forma que,dados dois pontos, pode-se uni-los medianteuma linha sem passar pelas bordas. Constituiaté certo ponto um paradoxo, uma vez que, tra-tando-se de uma figura tridimensional, possuiapenas uma superfície.

ANEXO 4. Dispositivo que permite a entradade capital estrangeiro segundo certas condições.

ANFAC — Associação Nacional de Factoring.Associação que congrega as empresas de facto-ring no Brasil. Veja também Factoring.

ANGLE OF INCIDENCE. Veja Ângulo de In-cidência.

ANGSTROM. Unidade de medida de compri-mento de onda de luz, eletricidade ou calor. Éuma das menores unidades de medida, equiva-lendo a um décimo de milionésimo de milíme-tro, ou 10-8 cm. Seu símbolo é Å. Veja tambémUnidades de Pesos e Medidas.

27 ANGSTROM

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ÂNGULO DE INCIDÊNCIA. Ângulo formadono ponto de cruzamento entre a linha de receitade vendas e a linha dos custos totais num gráficode Break-Even. Os administradores geralmenteprocuram conseguir o maior ângulo de incidên-cia possível, pois isso significa que a empresaobtém uma alta lucratividade assim que o pontode Break-Even é ultrapassado. Veja tambémPonto de Equilíbrio (Break-even Point).

ANIMUS LUCRANDI. Expressão em latim quesignifica “intenção de lucrar ou de tirar provei-to” de alguém ou de alguma situação.

ANNUITY BONDS. Expressão em inglês quesignifica títulos que proporcionam um montantede juros fixos anuais e de duração perpétua, istoé, não possuem prazo de vencimento.

ANO-BASE. É aquele tomado como referêncianuma série de números-índices. Por exemplo, oíndice de preços de determinado produto apre-sentou a seguinte evolução:

1989 — 100

1990 — 111

1991 — 137

1992 — 146

1993 — 159

1994 — 168

1995 — 175

1996 — 182

Nesse caso, 1989 representa o ano-base, e pode-mos afirmar que o preço desse produto em 1996era 82% maior do que em 1989.

ANO FISCAL. Período geralmente corresponden-te a 12 meses, no final do qual as contas são fechadaspara determinar resultados das operações financei-ras, tributárias, orçamentárias etc. Não necessaria-mente coincide com o ano calendário.

ANO-LUZ. Medida astronômica de distância,sendo aquela percorrida pela luz em um ano.Como a velocidade da luz é de 300 mil km porsegundo, em um ano ela terá percorrido cercade 9 460 bilhões de km, ou o equivalente a 9,46x 1015 m. Veja também Sistemas de Pesos e Me-didas.

ANÕES DE ZURIQUE. Veja Gnomos de Zu-rique.

ANOVA. Termo formado pelas iniciais da ex-pressão em inglês Analysis of Variance, que sig-nifica Análise da Variância. Veja também Des-vio Padrão.

ANTI-CORN LAW LEAGUE. Liga fundada emManchester (Inglaterra) em 1839 sob a liderançade Richard Cobden, que procurava a aboliçãodas leis dos cereais. Correspondia aos interessesdos industriais na medida em que, abolidas asleis, o trigo importado dos países continentaiscomo a França ou a Polônia poderiam baratearo produto, e, com isso, o preço da mão-de-obratambém diminuiria.

ANTICRESE. Contrato pelo qual o devedor en-trega provisoriamente um imóvel de sua pro-priedade como forma de pagamento dos jurose saldo gradual da dívida. O credor pode usu-fruir diretamente do imóvel ou arrendá-lo a ter-ceiros.

ANTIDUMPING. Veja Dumping.

ANTIGONISH. Movimento cooperativo orga-nizado pelo monsenhor Coady, que conseguiuinfundir nos pescadores do norte do Canadá enos mineiros da ilha do Cabo Bretão o sentidode sua capacidade e de suas responsabilidades.Graças a isso, várias pessoas deprimidas e mi-seráveis conseguiram se reerguer mediante aajuda mútua, de tal forma que Antigonish setornou importante modelo de organização docooperativismo.

ANTILOGARITMO. Função inversa de um lo-garitmo. É a base do logaritmo elevada à po-tência do número cujo antilogaritmo se desejadeterminar. Veja também Logaritmo.

ANTIMONOPOLY LAW. Veja Lei Antimono-pólio.

ANTITRUSTE. Veja Legislação Antitruste.

AON. Veja All or None.

APARTHEID. Denominação da política oficialimplementada pelo governo da África do Sula partir de 1948, diferenciando direitos sociaise políticos entre brancos e negros, e cerceandona prática o exercício da cidadania por partedestes últimos. A base do apartheid consistia naseparação (significado da palavra em afrikaner)entre brancos e negros, impedindo que os últi-mos permanecessem ou circulassem em espaçosfísicos e sociais destinados exclusivamente abrancos. Esta política racista, que significou amorte de milhares de negros, foi condenada pelaONU, e está sendo desmontada a partir da as-censão, em 1994, de Nelson Mandela ao governoda África do Sul.

APE — Associação de Poupança e Empréstimo.As APEs são sociedades cooperativas que têmcomo finalidade a concessão de empréstimos ex-clusivamente aos associados. Particularmente

ÂNGULO DE INCIDÊNCIA 28

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atuantes no Brasil, são as APEs pertencentes aoSistema Brasileiro de Poupança e Empréstimoe filiadas ao Sistema Financeiro da Habitação.

APO. Veja Administração por Objetivos.

APÓLICE. O termo tem origem no italiano po-lizza, que significa promessa, isto é, promessade pagamento se cumpridas determinadas con-dições. Entre as principais apólices estão as apó-lices da dívida pública e as apólices de seguro. Asprimeiras referem-se a um empréstimo feito porseu possuidor ao governo do município do Es-tado ou da União. As apólices de seguro sãodocumentos nos quais a empresa emitente secompromete a pagar a pessoas ou firmas (no-meadas no próprio documento) certa importân-cia, no caso de ocorrerem certos fatos, tais comoa morte do segurado ou a perda de determinadobem. Veja também Seguro; Título.

APOSENTADORIA. É o direito que tem o se-gurado de retirar-se da atividade profissional epassar a receber um pagamento periódico porconta da instituição previdenciária. Esse afasta-mento ocorre quando o segurado não pode maistrabalhar, por invalidez ou velhice, ou depoisque houver exercido por longo tempo, fixadoem lei, sua atividade profissional. A finalidadeé manter o poder aquisitivo do segurado, ouparte dele, garantindo-lhe um substitutivo dosalário. No Brasil, há quatro tipos de aposenta-doria para os trabalhadores urbanos: 1) por in-validez: devida ao segurado que, após 12 contri-buições mensais, é considerado incapaz paraqualquer atividade que lhe garanta a subsistên-cia; 2) por velhice: devida, após 60 contribuiçõesmensais, ao segurado que completa 65 anos (ho-mens) ou 60 anos (mulheres) de idade; 3) portempo de serviço: devida, após 60 contribuiçõesmensais, ao segurado que conta no mínimo 30anos de serviço; 4) especial: devida ao seguradoque tenha trabalhado em atividades considera-das perigosas, insalubres ou penosas. O tempode trabalho nesses casos varia entre 15, 20 e 25anos. Os mineiros que trabalham no subsolo,por exemplo, perfurando rochas, podem reque-rer aposentadoria depois de 15 anos de trabalho;um mergulhador, depois de 20 anos; e um en-genheiro químico, depois de 25. De acordo coma Constituição de 1988, nenhuma aposentadoriapoderá ser inferior a um salário mínimo. Alémdisso, tanto homens como mulheres poderão seaposentar proporcionalmente; os primeiros aos30 anos de serviço e as últimas aos 25. Os rea-justes das aposentadorias serão feitos na mesmaépoca e com os mesmos índices obtidos pelostrabalhadores da ativa, e a Previdência Socialtem 6 meses, a partir de outubro de 1988, paracorrigir os proventos das aposentadorias que

perderam poder aquisitivo desde 1979. Os tra-balhadores rurais se aposentam aos 60 anos deidade e as trabalhadoras, aos 55 anos. O cálculodos futuros benefícios será baseado nos últimos36 salários de contribuição, corrigidos moneta-riamente. No início de 1998, foram aprovadasnovas e importantes regras para o sistema pre-videnciário brasileiro. As modificações mais im-portantes são as seguintes: a idade para apo-sentadoria passa a ser de 60 anos para as mu-lheres (antes era 55) e de 65 anos para os homens(antes era 60). A idade mínima passa a ser 53anos para os homens e 48 para as mulheres,para aqueles que, estando trabalhando, aindanão cumpriram 30 anos (mulheres) e 35 anos(homens) de contribuição; aqueles que já cum-priram esses prazos poderão se aposentar aqualquer tempo. A aposentadoria proporcionalserá mantida para quem já está trabalhando: otrabalhador que já cumpriu o prazo mínimo (30anos para os homens e 25 para as mulheres)poderá solicitar a aposentadoria proporcional;caso não tenha completado o prazo mínimo, teráde trabalhar 40% a mais do que o tempo queestá faltando para solicitar a aposentadoria pro-porcional. Quem ingressar no mercado de tra-balho depois de sancionada a reforma previden-ciária não terá direito à aposentadoria propor-cional e não poderá se aposentar com menos de60 anos (homens) e 55 anos (mulheres), tendode trabalhar no mínimo 35 anos (homens) e 30anos (mulheres) para solicitar a aposentado-ria.Veja também Previdência Social.

APOTHECARY (Sistema). Este sistema para me-dida de líquidos e remédios teve origem na mu-dança do sistema de venda de drogas e remédiosque até o início do século XVII podiam ser ob-tidos tanto nas “farmácias” como nas vendasdas demais mercadorias. Os farmacêuticos (apot-hecaries em inglês) conseguiram do rei uma au-torização de exclusividade na venda de remé-dios e drogas e os comerciantes foram proibidosde vender tais produtos. Mas havia o problemade como os farmacêuticos aviavam as receitasdos médicos. Em 1618, os farmacêuticos orga-nizaram um livro de receitas chamado Farma-copéia, onde se estabeleciam as formas de com-por cada remédio, e para as dosagens era utili-zada uma combinação das medidas do sistematroy e das antigas medidas para vinho. A partirde 1825, esta atividade passou a ter um sistemapadronizado de pesos, e, atualmente, o sistemaapothecary utiliza, além dos elementos do seupróprio sistema, aqueles do sistema métrico eainda, eventualmente, dos sistemas troy e avoir-dupois. A unidade básica deste sistema, comono caso dos sistemas troy e avoirdupois, é o grão,que equivale em todos os sistemas a 64,8 mg.Vinte grãos são equivalentes a um escrópolo ou

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1,295 978 g. O escrópolo era o nome que se davaantigamente a uma pequena pedra utilizadacomo medida de peso para quantidades muitopequenas. Três escrópolos equivalem a umadracma (ou dram), o que, por sua vez, é iguala 3,889 g. Oito dracmas equivalem a uma onçaapothecary, que tem o mesmo peso da onça nosistema troy, isto é, 31,103 g. No sistema apo-thecary, 12 onças são equivalentes a uma libraou 373 g, o mesmo que no sistema troy. Os far-macêuticos usam também medidas líquidas decapacidade com unidades muito pequenas. Amenor de todas é o “mínimo”, que equivale maisou menos a uma gota e corresponde a 0,06161ml. Sessenta mínimos correspondem a umadracma líquida ou o equivalente a 3,696 ml, eoito dracmas correspondem a uma onça líquidaou o equivalente a 25,573 ml. Assim como amaioria das medidas de peso teve origem nogrão, as medidas líquidas tiveram origem no vi-nho e nas formas de consumo deste. Assim éque uma antiga medida já fora de uso, o gill,correspondia a quatro onças líquidas ou a 0,118litro ou o que se considerava um gole de vinho.

APOTHECARY SYSTEM. Veja APOTHECA-RY (Sistema).

APPRAISAL. Termo em inglês que significa oato de avaliar uma propriedade imobiliária, mo-biliária ou pessoal. Essas avaliações são feitaspor motivos tributários, de pagamento de segu-ros, para a venda de imóveis, para a garantiacolateral de dívidas etc. Quando se trata de ava-liar objetos raros como antiguidades ou obrasde arte, ou ainda títulos, ações etc. de difícil ne-gociação para os quais não existe a rigor umpreço de mercado, o especialista que efetua taisestimativas recebe o nome de evaluator (avalia-dor).

APR — Ações Preferenciais Resgatáveis. Cor-respondentes, no Brasil, às Redeemable PreferenceShares, utilizadas na Inglaterra e em outros paí-ses para acelerar as privatizações.

APRECIAÇÃO. Veja Valorização.

APRÉS MOI, LE DELUGE. Expressão em fran-cês que significa literalmente “Depois de mim,o dilúvio”, utilizada em vários contextos, masbasicamente naquele em que uma pessoa, go-vernante, empresário, utiliza meios para conse-guir seus objetivos sem se importar com o futuroimediato, consumindo de forma predatória ouvandálica os elementos de que dispõe num de-terminado momento.

AQUECIMENTO. O termo tem sido utilizadopara designar uma fase de expansão na econo-mia, provocada por uma política econômica (es-pecialmente a monetária) favorável aos investi-

mentos (redução das taxas de juro, facilidadescreditícias) e à expansão da demanda interme-diária e final. Essa expansão da demanda pro-voca uma pressão sobre os preços; assim, umafase de aquecimento é geralmente acompanhadade pressões inflacionárias. Veja também Mone-tarismo; Política Monetária.

ARANHA, OSVALDO Euclides de Sousa(1894-1960). Político e estadista brasileiro porduas vezes ministro da Fazenda de Getúlio Var-gas (1930-31 e 1953-54). Nesse cargo, após a Re-volução de 1930, criou um novo sistema alfan-degário e organizou um esquema de consolida-ção da dívida externa, transferindo para o go-verno federal todas as dívidas contraídas no ex-terior pelos Estados e municípios. Ministro dasRelações Exteriores em 1938-44, negociou em1939, nos Estados Unidos, os empréstimos paraa construção da usina de Volta Redonda. Noúltimo governo de Vargas, colocou em práticao Plano Aranha, restringindo o crédito e estru-turando um sistema de câmbio múltiplo pormeio da Instrução 70 da Superintendência daMoeda e do Crédito (Sumoc).

ARAPENE. Antiga medida agrária francesa desuperfície que variava, conforme a região, entre3 400 e 5 100 m2. Ela aparece como unidade demedida nos textos dos fisiocratas, especialmentede François Quesnay. Seu correspondente naAlemanha era o morgen (manhã) ou o equiva-lente a que um agricultor poderia lavrar duranteesse período do dia.

ARBITRAGEM. Atividade do mercado finan-ceiro e de commodities que consiste em comprarmercadorias — mas especialmente moeda es-trangeira — numa praça e vendê-la em outrapor preço maior. Tal atividade tende a igualaro preço nas duas praças em questão, exercendoassim uma função reguladora e estabilizadoranos mercados. Isso ocorre porque o aumento dademanda de uma mercadoria ou de uma moedanuma praça onde o preço é mais baixo faz comque este aumente, ocorrendo o inverso na praçaonde o preço é mais elevado. No Brasil, a arbi-tragem é predominantemente cambial: os ban-cos que operam com moeda estrangeira pos-suem arbitradores que se encarregam de trocar,nas praças internacionais, de uma para outramoeda estrangeira as disponibilidades de divi-sas que possuem, assim se precavendo contrapossíveis quedas e/ou auferindo lucros com aoperação. A prática de arbitragem é comum nomercado de títulos, ações, metais preciosos ecommodities como trigo, café, soja e outras. Naverdade, a prática é também muito antiga, tendose iniciado no século XVI no chamado “câmbiopor arbítrio”, isto é, as transações com as dife-rentes moedas. O lucro era obtido por meio das

APOTHECARY SYSTEM 30

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diferentes cotações das moedas nas diferentespraças ou mercados. Aquele que praticava ocâmbio por arbítrio atuava como fornecedor(vendedor) nos mercados onde o dinheiro estavacaro e tomador (comprador) nos mercados ondeo dinheiro estava barato. Durante a segunda me-tade do século XVI, a Espanha foi palco de umprocesso muito amplo de câmbio por arbitra-gem, pois com a chegada do ouro e da pratada América o dinheiro tornou-se “barato” naPenínsula Ibérica e “caro” no resto da Europa.Arbitragem é também o julgamento de um con-flito cuja solução das diferenças entre as parteslitigantes é dada por uma pessoa (árbitro oujuiz), sendo seu fundamento a confiança que aspartes litigantes depositam nessa pessoa, umavez que o resultado final não é passível de re-curso.

ÁREA DA LIBRA. Abrange um grupo de paí-ses e territórios da Commonwealth (ComunidadeBritânica de Nações), que vinculam suas moedasà libra esterlina e mantêm, escrituralmente, amaior parte de suas reservas cambiais no Bancoda Inglaterra. Foi criada em 1931, quando a Grã-Bretanha abandonou o padrão-ouro, e adquiriucontornos mais precisos durante e após a Se-gunda Guerra Mundial. Pela Lei de ControleCambial de 1947, a área da libra foi reconhecidaoficialmente, estabelecendo-se que: 1) os paga-mentos em libras esterlinas entre os países mem-bros seriam livres de controle; 2) os países in-tegrantes deveriam manter, em Londres, suacontabilidade em libras esterlinas; 3) as reservasem ouro e dólar da área seriam custodiadas pelaInglaterra, em benefício dos países membros.Formada, inicialmente, pelos países da Common-wealth em 1976, a área restringia-se ao Reino Uni-do, ilhas do Canal, ilha de Man, República daIrlanda e Gibraltar.

ÁREA DE LIVRE-COMÉRCIO. Associação co-mercial de vários países, entre os quais são ex-tintas todas as tarifas e cotas de importação, sub-sídios de exportação e outras medidas governa-mentais semelhantes. Cada país, entretanto, con-tinua livre para determinar as formas de comér-cio com as demais nações.

ÁREA DO DÓLAR. Formada por um grupo depaíses cujas contas em libras esterlinas podiamser livremente convertidas em dólares, duranteo período de escassez dessa moeda, nos anosimediatamente posteriores à Segunda GuerraMundial. Conhecidos também como “países daconta americana”, incluíam Estados Unidos esuas dependências, Canadá, Bolívia, Colômbia,Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equa-dor, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras,México, Nicarágua, Panamá, Venezuela, Libériae Filipinas. À medida que a libra foi se tornando

mais conversível, sendo substituída pelo dólarnas relações comerciais internacionais, a área dodólar perdeu seu significado inicial. Veja tam-bém Dólar, Escassez de.

ÁREAS E VOLUMES (Cálculo de). 1) Áreas —Círculo: π x r2, onde π = 3,1415927... e r (o raiodo círculo cuja área se deseja medir); Retângulo:Base (B) x Altura (A); Triângulo: Base (B) x Al-tura (A) / 2; Paralelogramo: Base (B) x Altura(A); Segmento de círculo: a / 360 x π x r2; Tra-pézio: Base Maior (B1) + Base Menor (B2) / 2x Altura (A). 2) Volumes — Cubo: Lado (L)3;Paralelepípedo: Base (B) x Comprimento (C) xAltura (A); Cilindro: π x r2 x Altura (A); Cone:π x r2 x Altura (A) / 3; Esfera: 4 / 3 x π r3;Pirâmide: Área da Base (B) x Altura (A) / 3.

ARGUMENTO DE INDÚSTRIA NASCENTE.Veja Infant Industry Argument.

ARGUMENTUM AD HOMINEM. Expressãoem latim que significa “argumento para todosos usos”, ou que pode ser utilizado em qualquercircunstância.

ARIDA, Pérsio (1952- ). Nasceu em São Paulo;depois de cursar História e Filosofia na Univer-sidade de São Paulo, formou-se em economia,em 1975, na mesma universidade. Estudou noMassachussets Institute of Technology (MIT).Retornou ao Brasil e tornou-se professor do Ins-tituto de Pesquisas Econômicas (IPE) da USPentre 1980 e 1982, quando passou a incorporaro quadro de professores da PUC do Rio de Ja-neiro. Em 1984, tornou-se pesquisador visitantedo Smithsonian Institution, em Washington,onde apresentou um trabalho em parceria comAndré Lara Resende, Inertial Inflation and Mone-tary Reform in Brazil, que posteriormente passoua ser conhecido como Proposta Larida. Em 1985,trabalhou no Ministério do Planejamento (ges-tão João Sayad) como secretário de coordenaçãoe, em 1986, trabalhou no Banco Central — di-retor da área bancária —, sendo um dos formu-ladores do Plano Cruzado. Ao sair do governo,incorporou-se à iniciativa privada como mem-bro do conselho de administração do Unibanco.Obteve seu doutoramento em 1992 com a teseEssays on Brazilian Estabilization Programs (En-saios Sobre os Programas de Estabilização Brasilei-ros). Assumiu a presidência do Banco Centraldurante a permanência de Fernando HenriqueCardoso como ministro da Fazenda (final do go-verno Itamar Franco), ali permanecendo até1995, durante o governo Fernando HenriqueCardoso, tendo sido um dos formuladores doPlano Real. Suas obras mais importantes são asseguintes: Inflação, Recessão e Desajuste Estrutural(1983); Inflação Zero — Brasil, Argentina, Israel(1986) e História do Pensamento Econômico como

31 ARIDA, Pérsio

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Teoria e Retórica (1983). É sócio do OpportunityAsset Management. Veja também Plano Cruza-do; Plano Real.

ARISTOCRACIA. Governo de um Estado porseus “melhores” cidadãos, no conceito originalusado por Platão quando formulou, como tipoideal de governo, uma república dirigida porfilósofos. Segundo Aristóteles, “a virtude definea aristocracia como a riqueza define a oligar-quia”. Com o tempo, aristocracia passou a de-signar não uma forma de governo, mas a própriacamada que monopoliza o poder na sociedade.Nela se incluem proprietários de terras, senhoresfeudais e indivíduos possuidores de bens deraiz. O termo atualmente designa também ca-madas privilegiadas no interior de um mesmogrupo social. Veja também Elite; Oligarquia.

ARISTOCRACIA OPERÁRIA. Expressão quedesigna a camada superior do operariado doponto de vista salarial ou de outros elementosque diferenciem este setor de outros grupos detrabalhadores. No prefácio de seu livro A Situa-ção da Classe Operária na Inglaterra, de 1889, En-gels reconhece que a camada superior da classeoperária, pelas diferenças de remuneração queobtinha devido a um certo grau de controle so-bre a oferta, passava a constituir uma “aristo-cracia operária”. Lênin faz referência ao mesmofenômeno, localizando sua causa na exploraçãoimperialista que países como a Inglaterra exer-ciam em nível mundial. Essa exploração permi-tia à burguesia, ao mesmo tempo que se aristo-cratizava, neutralizar (com o aburguesamento)a força de certos setores do proletariado comuma remuneração mais elevada. Veja tambémEngels; Gorz; Lênin.

ARISTÓTELES. Filósofo grego (383-322 a.C.),um dos pensadores mais influentes de todos ostempos. Em suas obras Política, Ética a Nicômacoe Ética a Eudemo, foi o primeiro a abordar osproblemas econômicos de um ponto de vistaanalítico. Criticou a utopia política de Platão,opondo-se a que, entre os membros da classegovernante, os bens materiais, as esposas e osfilhos fossem comunitários. Para ele, a proprie-dade privada é melhor do que a comunitáriapor incentivar a atividade econômica, ressalvan-do, contudo, que ela deveria submeter-se ao in-teresse coletivo. Considerava a produção supe-rior ao comércio, admitindo este dentro de certoslimites. Defendeu a escravidão que existia emseu tempo por achar que alguns homens sãoescravos “por natureza”, mas somente os não-helênicos deveriam ser escravizados. Aristótelesdefendeu a criação de uma ciência dos fatos eco-nômicos, determinou o campo da economia,analisou a troca e esboçou uma teoria da moeda.Distinguiu duas áreas na economia: a “ciência

da administração doméstica” (que inclui o lar,a aldeia e a cidade) e a “ciência do abastecimen-to”. Na primeira área, encontram-se suas idéiasa respeito da propriedade privada, da escravi-dão e outras. No estudo do abastecimento, Aris-tóteles elaborou um recurso fundamental da teo-ria econômica moderna: a distinção entre valorde uso e valor de troca: “Há dois usos para todasas coisas que possuímos; ambos pertencem à coi-sa em si, mas não da mesma maneira, pois umé próprio delas e outro impróprio ou secundário.Por exemplo, um sapato se usa para calçar epara trocá-lo. São dois, portanto, os usos do sa-pato”. Analisando as trocas, Aristóteles admiteo uso do dinheiro, mas combate a hipertrofiadas trocas quando estas passam a ter como únicofim a acumulação de dinheiro. Nesse caso, diz,o dinheiro perde sua função essencial e torna-seum fim em si mesmo. Aqui se encontra sua con-denação da usura; seus argumentos nesse sen-tido desempenharam importante papel na dou-trina cristã e na economia medieval.

ARITMÉTICA POLÍTICA. Tendência estatísti-ca surgida na Inglaterra durante o século XVII,e que tinha como principal preocupação o es-tudo estatístico dos fenômenos sociais e políti-cos. Os representantes dessa tendência elabora-ram as (primeiras) tabelas de mortalidade. Seusprincipais representantes foram William Petty,John Graunt e o astrônomo Edmund Halley.

ARMADILHA DA LIQUIDEZ. Veja LiquidityTrap.

ARO — Antecipação de Receita Orçamentária.Ação de um governo de comprometer receitasorçamentárias futuras para o financiamento oucusteio de suas atividades presentes, ou apre-sentá-las como garantias de operações financei-ras ou comerciais.

ARPANET. Rede de informações criada no in-terior dos Estados Unidos para apoio do Exércitoe das Forças Armadas daquele país, e que foi aprecursora da Internet. Veja também Internet.

ARRAS. É o sinal ou princípio de pagamentodevolvido em dobro quando do arrependimentodo vendedor, ou soma perdida quando do ar-rependimento do comprador. É aplicável a todosos contratos de fazer e não fazer, e significa tam-bém a quantia em dinheiro desembolsada poruma das partes para assegurar a realização deum contrato ou o seu cumprimento, recebendogeralmente o nome de sinal.

ARRÁTEL. Medida de peso utilizada pela Casada Moeda do Brasil antes da adoção do SistemaMétrico Decimal e equivalente a 16 onças ouaproximadamente 457,104 g (cada onça avoirdu-pois equivalendo a 28,569 g). Veja também Onça.

ARISTOCRACIA 32

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ARREMATAÇÃO. Compra em leilão dos bensde um devedor, para que, com a quantia obtida,seja saldada a dívida ou parte dela. Este tipode solução ocorre nos casos em que o credorobtém judicialmente a execução da dívida.

ARRENDAMENTO. Contrato pelo qual o pro-prietário de um imóvel passa para uma pessoaou empresa (o arrendatário) o direito de uso eexploração do mesmo durante certo tempo, emtroca de determinada soma paga geralmente emdinheiro, mas também em produto ou em tra-balho, ou combinando duas ou três dessas mo-dalidades. Na agricultura menos desenvolvida,as duas últimas formas podem aparecer com cer-ta freqüência.

ARRENDAMENTO MERCANTIL. Veja Leasing.

ARRESTO DE PRÍNCIPE. Veja Fato do Príncipe.

ARRESTO. Veja Embargo.

ARROBA. Medida de peso utilizada pela Casada Moeda do Brasil antes da adoção do SistemaMétrico Decimal e equivalente a 32 libras ou14,3073 kg. A arroba também é considerada umpeso equivalente a 15 kg e, nesse caso, denomi-nada arroba métrica. O símbolo da arroba é @.

ARROBA MÉTRICA. Veja Arroba.

ARROTEAMENTO. Técnica de cultivo do soloque até o advento da rotação de cultivos (sec.XVIII) consistia em dividir os campos de cultivoem duas partes, sendo uma semeada, enquantoa outra permanecia em repouso, recuperandosua fertilidade. Esse tipo de arroteamento eradenominado de bienal, o mais comum utilizadodurante toda a Idade Média, apesar de existirtambém o roteamento trienal, cujo uso era es-porádico. Veja também Rotação de Cultivos;Rotação de Terras.

ARROW, Kenneth (1921- ). Economista norte-americano professor da Universidade de Har-vard e ex-consultor para assuntos econômicosdo governo dos Estados Unidos. Em 1972, di-vidiu o Prêmio Nobel de Economia com J.R.Hicks. Ligado aos neoclássicos, dedicou-se aoestudo da chamada economia do bem-estar.Usando técnicas da econometria, procurou es-tabelecer uma teoria da escolha social a partirdas preferências individuais. Entre suas obras,destacam-se Social Choice and Individual Values(Escolha Social e Valores Individuais), 1951, ePublic Investment, The Rate of Return and OptionalFiscal Policy (Investimento Público, a Taxa deLucro e Política Fiscal Opcional), 1970, escritoem colaboração com Mordecai Kurz.

ARTESANATO. Atividade produtiva individualou de pequenos grupos de pessoas em que o

trabalhador é dono dos meios de produção edo produto de seu trabalho. No artesanato,usam-se instrumentos de trabalho rudimentares,a divisão do trabalho é elementar (o artesão exe-cuta todas ou quase todas as etapas da produ-ção) e a produção pode destinar-se ao consumopróprio ou ao mercado. A atividade artesanal,presente em toda a história do homem, adquiriufeição própria no Neolítico. Na AntiguidadeClássica, era executada sobretudo pelos escravosdomésticos no âmbito da propriedade patriarcal.Sua importância na história econômica vem daIdade Média, quando se tornou uma das prin-cipais atividades dos homens livres que viviamnas cidades nascentes. Antes, no início do feu-dalismo, o trabalho artesanal era realizado nacasa do próprio camponês ou pelos servos ar-tesãos no castelo feudal: o camponês medieval,para vestir-se, tinha de tosquiar a ovelha, fiar,tecer e costurar. Somente a partir do século XII,com o desenvolvimento do comércio e das ci-dades, foi que se processaram modificações naorganização do trabalho artesanal: o artesão dei-xou a agricultura e passou a dedicar-se exclu-sivamente ao seu ofício. Surgiu então o sistemade corporações (onde trabalhavam mestres eaprendizes), que produziam para um mercadopequeno, mas em desenvolvimento. Isso perdu-rou até o século XVI. Mas, daí ao século XVIII,à medida que aumentava a demanda de pro-dutos nas cidades e se aperfeiçoavam os instru-mentos de trabalho, o artesão foi perdendo suaindependência, passando a ser tarefeiro de umcomerciante ou de um manufatureiro rico, ousimplesmente assalariado. Com o advento daRevolução Industrial (séculos XVIII-XIX), o ar-tesanato tornou-se, na Europa, uma atividadeprodutiva marginal. O artesão foi substituídopelo operário, que realiza apenas uma operaçãono processo de produção. Atualmente, o arte-sanato constitui atividade importante entre ospovos tribais e ainda expressiva em economiassubdesenvolvidas. Embora muito desenvolvidonos países orientais, é valorizado nas sociedadesindustriais do Ocidente, sobretudo em termosestéticos. Veja também Corporação.

ARTIFICIAL CURRENCY. Veja Moeda Artifi-cial.

ARUBAITO. Termo em japonês derivado dapalavra em alemão arbeit, que significa traba-lho. Arubaito quer dizer trabalho em tempoparcial, trabalho temporário, ou trabalho no-turno (serão), moonlighting. As empresas, no Ja-pão, geralmente têm uma categoria de traba-lhadores denominados arubaito, que trabalhamregularmente em tempo integral, mas são pa-gos por hora ou por dia e que não gozam debenefícios e vantagens que têm os empregadosregulares. O termo também se aplica àqueles

33 ARUBAITO

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que fazem “bicos”, como os estudantes nos pe-ríodos de férias.

ASCII. Iniciais de Standard Code for Informa-tion Interchange, que significa o código-padrãonorte-americano para intercâmbio de informa-ções. É um código número 8 (7 dígitos e pari-dade). Este código foi criado e desenvolvido coma finalidade de padronizar e facilitar as comu-nicações entre diferentes equipamentos de pro-cessamento de dados.

ASIENTO. Contratos estabelecidos entre a Co-roa Espanhola com empresas ou pessoas, me-diante os quais estas últimas obtinham da pri-meira em arrendamento o monopólio sobre de-terminado tipo de exploração comercial. Essescontratos tinham duração de três anos, podendoser prorrogados, e foram amplamente difundi-dos nas colônias espanholas a partir do séculoXVI até o século XVIII. Veja também Encomienda.

ASSAY. Veja Ensaio; Teste de Teor.

ASSET SWAP. Expressão em inglês que signi-fica substituição de ativos, geralmente feita nomercado financeiro para melhorar a situação dacarteira de empréstimos de um banco mediante,por exemplo, a conversão de títulos com taxasde juros fixas por outros com taxas de juros flu-tuantes quando as análises financeiras indicamque as taxas de juros tenderão a subir no curtoou no médio prazo. Veja também Swap.

ASSIGNATS. Papel-moeda emitido pelo gover-no revolucionário na França entre 1790 e 1795.Era lastreado nas terras expropriadas do cleroe da nobreza emigrada. Houve grande inflaçãode assignats entre aqueles anos e, em 1796, elesforam substituídos por outras emissões, sendoambas posteriormente repudiadas. Os assignatseram na verdade bônus hipotecários garantidospor 400 milhões de francos de capital territorialreal em terras pertencentes à ex-Coroa e ao clero(decreto de dezembro de 1789 ordenando a ven-da desses bens para constituir o lastro dos as-signats).

ASSIMETRIA. Conceito de estatística que sig-nifica a medida descritiva do desequilíbrio deuma distribuição. Por exemplo, a distribuiçãoda propriedade fundiária no Brasil é altamenteassimétrica. Um grande número de proprietá-rios possuem pequenas propriedades, um nú-mero menor agrupa-se em torno da propriedademédia, e um número ínfimo concentra em suasmãos as maiores áreas. A representação gráficadessa assimetria mostraria uma elevação da cur-va à esquerda e um alongamento da cauda àdireita. Nesse caso, a assimetria seria positivaou assimétrica à direita. Veja também Cauda;Medidas de Achatamento.

ASSINATURAS DIGITAIS. Veja Digital Sig-natures.

ASSÍNTOTA. Valor para o qual tende a variá-vel dependente de uma função na medida emque a variável dependente se torna muito gran-de ou muito pequena, embora sem alcançá-la.Na expressão Y = a + 1/X, Y se aproxima de ana medida em que X se torna muito grande.

AT. Veja Kip Novo.

ATACADO. Comércio em grande escala, reali-zado entre produtores, grandes empresas de co-mércio e varejistas, para que o produto possachegar ao consumidor final. No setor agrícola,os produtores geralmente se defrontam compoucos compradores e não têm condições de de-fender seus preços de venda. Os atacadistas, porsua vez, ao concentrarem a produção, podemcomprar barato do produtor e vender mais caroao varejista. Essa estrutura oligopólica-oligop-sônica faz com que o consumidor final seja omaior prejudicado no mercado de gêneros deprimeira necessidade. O economista IgnácioRangel atribui a essa estrutura uma das fontesdo processo inflacionário brasileiro. Veja tam-bém Oligopólio; Oligopsônio.

ATAQUE ESPECULATIVO. Situação do mer-cado financeiro internacional, especialmente ocambial, quando uma moeda de determinadopaís encontra-se debilitada e seu governo nãotem reservas suficientes para evitar uma desva-lorização. O ataque especulativo ocorre exata-mente quando existe a probabilidade de umadesvalorização, especialmente no caso de umpaís apresentar déficits sucessivos em sua ba-lança comercial ou déficits em transações cor-rentes. Os investidores naquela moeda abando-nam suas posições vendendo intensivamenteaquelas divisas, e, se o governo emissor da re-ferida moeda não dispuser de reservas suficien-tes, pode ser obrigado a desvalorizá-la. Casosmais recentes ocorreram com o peso mexicanono final de 1994 e com o baht da Tailândia emjulho de 1997. O real brasileiro sofreu tambémum ataque sem um desenlace desfavorável noprimeiro semestre de 1995, quando foi anuncia-do o sistema de bandas cambiais. Veja tambémBanda Cambial.

ATIVO. Conjunto de bens, valores, créditos esemelhantes, que formam o patrimônio de umaempresa, opondo-se ao passivo (dívidas, obri-gações etc.). Nos balanços das empresas, o ativoé subdividido em vários itens, de modo a dis-tinguir-se o dinheiro em caixa (saldos bancários,títulos que podem ser vendidos imediatamente),o depósito a curto prazo (recebimentos em trân-sito, empréstimos a curto prazo), o estoque de

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mercadorias (inclusive as mercadorias em con-signação), os terrenos e edificações, as instala-ções e máquinas, as luvas e os direitos e privi-légios. Conceitos particularmente importantesno balanço de uma empresa são o de ativo cir-culante ou disponível e o de ativo fixo ou imo-bilizado. O ativo circulante compreende o dinhei-ro em caixa, os saldos bancários e todos os va-lores que podem ser convertidos em dinheiroimediatamente. O ativo fixo são os imóveis, osequipamentos, os utensílios, as ferramentas, aspatentes, tudo aquilo que é essencial para a em-presa continuar operando e que não pode serconvertido em dinheiro imediatamente.

ATIVO FINANCEIRO. Ativo caracterizado pordireitos decorrentes de obrigações assumidaspor agentes econômicos, normalmente negocia-dos no mercado financeiro. Compreendem prin-cipalmente títulos públicos, certificados de de-pósitos bancários (CDBs), debêntures e outros.

ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO. Éo ativo de uma empresa que só pode ser trans-formado em dinheiro, isto é, realizado, a longoprazo, o que significa um prazo superior a trêsanos.

ATIVOS DIGITAIS. Denominação dada ao con-junto de informações de que uma empresa podedispor (que a capacita a usar suas competências).

ATIVOS INTANGÍVEIS. Veja Intangíveis.

ATIVOS TANGÍVEIS. Em contraposição aosativos intangíveis, são aqueles representadospela propriedade de edifícios, máquinas, equi-pamentos e estoques. Veja também Ativos In-tangíveis.

ATIVOS-OBJETO. Veja Derivativos.

ATO BANCÁRIO DE 1933 (Banking Act of1933). Reforma da legislação bancária efetuadapelo Congresso dos Estados Unidos, para redu-zir a instabilidade financeira do sistema bancárionorte-americano durante a grande depressãodos anos 30. O ato deu controle efetivo da po-lítica monetária à Junta de Governadores da Re-serva Federal, criando o Comitê Federal de OpenMarket e o Federal Deposit Insurence Corpora-tion. Os itens 16, 20, 21 e 32 do Ato, separandoos bancos comerciais dos bancos de investimen-to, são mais conhecidos como Glass-Steagall Act.

ATO DE NAVEGAÇÃO. Decreto de OliverCromwell, promulgado em 1651, pelo qual so-mente os navios ingleses poderiam entrar ou sairdos portos britânicos. O decreto estabelecia, as-sim, o monopólio da navegação pelos navios da

Inglaterra e levou o país à guerra com os ho-landeses das Províncias Unidas (1652-54).

ATTENTION ECONOMY. Expressão em in-glês cuja tradução literal é “economia da aten-ção”. Abordagem para estudar o novo contextodos mercados cada vez mais dependentes e, por-tanto, saturados de publicidade e propaganda,contando com apenas 24 horas por dia para cha-mar a atenção dos clientes potenciais para seusprodutos e serviços. Esses estudos se intensifi-caram com a globalização dos sistemas de in-formação mediante redes de computadoresquando os sites passaram a ser também arenasde propaganda e marketing de produtos e ser-viços globalizados. Esta nova abordagem ajudaa explicar também por que a remuneração deartistas, esportistas e personalidades globaisvem alcançando cifras astronômicas e por queas despesas com promoção (marketing e propa-ganda) de um produto ou serviço equivale oumesmo supera muitas vezes os respectivos cus-tos de produção.

ATUÁRIA. Área do conhecimento que, utilizan-do-se da Matemática Financeira, do Cálculo dasProbabilidades e de dados estatísticos, tem porobjeto de estudo o cálculo dos seguros em geral.O termo vem do latim actuarius, designação da-queles que, na Roma Antiga, elaboravam as actapublica do Senado, assim como daqueles que sededicavam à contabilidade e à intendência daadministração do exército. Mais tarde, na Ingla-terra, era a denominação dada à atividade exer-cida pelo contador ou técnico de uma compa-nhia de seguros ou um lloyd.

AUDITAR. Realizar uma auditoria, nas contasde uma empresa pública ou privada, por pes-soas especializadas ou auditores profissionais.

AUDITORIA. Exame analítico minucioso dacontabilidade de uma empresa ou instituição.A auditoria é realizada por peritos que analisamas operações contábeis desde seu início até obalanço final, concluindo pela correção ou in-correção das mesmas. Para isso, o auditor se ba-seia: 1) nos procedimentos de controle internoda empresa; 2) nos registros contábeis, de ope-rações e outros; 3) em documentos de fontes ex-ternas, tais como bancos e fornecedores. Há doistipos de auditoria: auditoria interna, realizada porfuncionários da própria empresa ou instituição;auditoria externa, feita por uma firma de presta-ção de serviços, contratada especialmente paraesse fim. Os relatórios emitidos por um auditorseguem normas estabelecidas pelas associaçõesde classe. A expressão “auditoria” tem se esten-dido a vários setores específicos: estão nessecaso a auditoria mercadológica, a de pessoal ea fiscal.

35 AUDITORIA

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AUFSICHTSRAT. Veja Lei da Co-Gestão.

AUSTRAL. Unidade monetária da Argentina de1984 até 1991, quando foi substituída pelo peso.Submúltiplo: centavo. Veja também PlanoAustral.

AUTARQUIA. Serviço estatal descentralizadoe com autonomia econômica, embora tuteladopelo poder público. No Brasil, surgiu depois de1930 para atender ao grande número de serviçosque deveriam ser prestados pelo Estado e des-centralizar os encargos em órgãos especializadosdotados de orçamento próprio e maior flexibi-lidade. As autarquias brasileiras classificam-seem econômicas (caso do extinto Instituto Brasi-leiro do Café), industriais (Instituto de PesquisasTecnológicas, IPT, de São Paulo), creditícias (Cai-xa Econômica Federal), assistenciais (InstitutoNacional de Previdência Social), corporativas (Or-dem dos Advogados do Brasil) e culturais (Con-selho Nacional de Pesquisas). Alguns anos de-pois de sua criação, as autarquias brasileiras pas-saram a perder suas características de autono-mia e flexibilidade, ficando cada vez mais sub-metidas à administração direta do Estado. Logoapós a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), rí-gidas medidas de padronização, controle e uni-formização alcançaram as autarquias, tornandosua administração quase tão rígida quanto a dosórgãos diretamente subordinados ao poder pú-blico. As autarquias são entidades de direito pú-blico, o que as distingue das empresas estatais,que são entidades de direito privado. O termoautarquia pode se referir também à situação naqual um país se isola do comércio internacional,colocando uma série de restrições, como tarifasou limitações quantitativas, numa tentativa deser auto-suficiente, normalmente por razões deemprego ou defesa de uma indústria nascente,mas também políticas e/ou religiosas. Na atua-lidade, com a globalização e a intensa integraçãodo comércio e das finanças, é muito difícil a umpaís manter-se economicamente isolado comoaconteceu durante algum tempo, por exemplo,com a ex-União Soviética.

AUTO-SUFICIÊNCIA ECONÔMICA. Veja Na-cionalismo.

AUTOCATALÍTICA (Curva). Veja Curva deCrescimento.

AUTOCONSUMO. Veja Economia de Subsis-tência.

AUTOCORRELAÇÃO. É a relação de uma va-riável com ela própria no passado. Isto é, osvalores presentes de uma variável são influen-ciados por seus valores passados.

AUTOFINANCIAMENTO. Procedimento finan-ceiro que consiste na não-distribuição dos lucros

aos acionistas e em sua aplicação na empresapara aumentar a capacidade produtiva. Alémde isentar a empresa do pagamento de juros, oautofinanciamento viabiliza sua autonomia emrelação às agências financeiras e ao mercado decapitais. A prática do autofinanciamento é cri-ticada por retirar dos acionistas a possibilidadede investir os lucros em outros setores da eco-nomia, ou mesmo utilizar parte deles para o con-sumo pessoal.

AUTOGESTÃO. Modalidade de administraçãoque consiste em entregar as decisões ao conjuntodos trabalhadores a partir de seus locais de tra-balho e de moradia. Num sistema de autogestão,os operários de cada empresa decidem sobre asmetas de produção, salários e como sua unidadeprodutiva deve se relacionar com a totalidadeda economia nacional. Em sua origem, a auto-gestão econômica vincula-se ao ideário anar-quista, embora de forma diversa esteja presentetambém no pensamento de Karl Marx. Foi naIugoslávia que a autogestão se tornou uma prá-tica, em contraposição ao modelo econômicocentralizado dos demais países socialistas da Eu-ropa Oriental, sobretudo o da ex-União Sovié-tica. Veja também Co-gestão.

AUTOMAÇÃO. Iniciada e difundida no séculoXX, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial,a automação confiou as operações de controle,regulagem e correção do processo de produçãoa aparelhos que substituem o trabalho intelec-tual do homem. Tornou-se possível com a in-venção dos computadores, servomecanismos ereguladores e com o desenvolvimento da ciber-nética. Permite a realização rapidíssima de enor-me quantidade de operações de cálculo e pro-gramação, deixando à intervenção humana a in-venção das próprias máquinas, sua programa-ção inicial e o conserto de desvios graves. Aautomação barateou os custos de produção e ele-vou, em proporções gigantescas, a produtivida-de do trabalho. Trouxe, ao mesmo tempo, con-seqüências econômicas que provocaram modi-ficações na estrutura da sociedade e suscitaramnovos conflitos sociais. Veja também Ciberné-tica; Mecanização.

AUTORIDADES MONETÁRIAS. Conjunto deinstituições e organizações que estabelecem nor-mas e as executam no sentido de controlar ovolume de moeda em circulação, de meios depagamento e as condições de crédito e de finan-ciamento na economia. As autoridades monetá-rias são as seguintes no Brasil: Conselho Mone-tário Nacional (CMN), Banco Central do Brasil(Bacen), Banco do Brasil (BB) e a Comissão deValores Mobiliários (CVM). Veja também BancoCentral do Brasil; Banco do Brasil; Comissãode Valores Mobiliários; Conselho MonetárioNacional.

AUFSICHTSRAT 36

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AUXÍLIO-DESEMPREGO. Veja Seguro-Desem-prego.

AUXÍLIO-NATALIDADE. De acordo com a leinº 8 112, de 11 de dezembro de 1990, o auxílionatalidade é devido à servidora que, por motivode nascimento de filho, recebe uma quantiaequivalente ao menor vencimento do serviço pú-blico, mesmo no caso de natimorto. No caso damãe não ser servidora, o benefício caberá ao ma-rido ou companheiro, no caso em que este oseja. Se se tratar de parto múltiplo, esse valorserá acrescido de 50% por nascituro.

AVAL. Palavra de origem árabe, hawala, que sig-nifica mandato. Na prática comercial, consistenuma garantia dada por uma pessoa sob a formade sua assinatura num documento ou título oucontrato comercial ou financeiro, obrigando-sea pagar uma dívida se o titular da mesma nãopuder fazê-lo. A pessoa que concede o aval édenominada avalista. O procedimento concreti-za-se pela assinatura do avalista no anverso ouno verso do título de crédito em questão. Diz-seque o aval é “pleno” ou “preto” quando a as-sinatura do avalista é precedida pela expressão“por aval”; se isso não ocorre, diz-se que o avalé “branco”. É uma obrigação que decorre da sim-ples assinatura do avalista, pouco importandosua causa ou origem. É também uma obrigaçãoautônoma e independente, produzindo efeitomesmo que as outras assinaturas sejam falsas.Se o avalista falir ou tornar-se insolvente, o cre-dor não poderá exigir que outro o substitua.

AVAL BRANCO. Veja Aval.

AVAL PLENO. Veja Aval.

AVAL PRETO. Veja Aval.

AVALIADOR. Veja Appraisal.

AVALISTA. Veja Aval.

AVERAGE. Termo em inglês que significa “mé-dia” em sentido genérico, o ponto médio de umconjunto de dados, independentemente da fór-mula utilizada para calculá-lo. Ou seja, este ter-mo genérico não especifica se a média é aritmé-tica, geométrica, harmônica etc. Veja tambémMean; Média; Média Aritmética; Média Geo-métrica; Média Harmônica.

AVERBAÇÃO. Anotação feita por autoridadecompetente em qualquer documento, referindo-se a fato que altere o conteúdo do documentoem questão. É o caso, por exemplo, da anotaçãode uma sentença de divórcio feita em um regis-tro de casamento, ou da prorrogação de prazode uma hipoteca. Em direito fiscal, é a declaraçãoque confirma, num documento, o recolhimentodo imposto exigido por lei. Averbação é tambémo registro — em livro especial de uma sociedade

anônima — da transferência de ações nomina-tivas ou endossáveis, ou do vínculo (penhor,caução) estabelecido sobre determinada ação.

AVOIRDUPOIS. Termo de origem francesa queliteralmente significa “bens de peso” e que de-signa um sistema de pesos utilizado no comér-cio, especialmente entre os países de língua in-glesa e pela maioria dos países que com elescomerciam. Este sistema pertence ao Sistema Im-perial Inglês e é utilizado em quase todas aspesagens, com exceção de metais, pedras pre-ciosas e de remédios na atividade farmacêutica.As unidades do sistema avoirdupois são as se-guintes: o grão (gr), a dracma (dr), a onça (oz),a libra (lb), o quintal (cwt) e a tonelada (t). Vejatambém Sistemas de Pesos e Medidas; Troy(Sistema).

AXIOMA DA AVIDEZ. Veja Axiomas da Pre-ferência.

AXIOMA DA GANÂNCIA. Veja Axiomas daPreferência.

AXIOMAS DA PREFERÊNCIA. Na Teoria daDemanda (do consumidor), parte-se do pressu-posto que os consumidores agem racionalmentee de acordo com axiomas os quais, combinados,constituem uma teoria (verificável) do compor-tamento do consumidor. Esses axiomas (da pre-ferência), decorrentes da análise de curvas deindiferença, são basicamente os seguintes: 1)axioma da completness, o qual tão-somente assi-nala que o consumidor é capaz de indicar todasas combinações possíveis de bens de acordo comsuas preferências; 2) axioma da transitividade,o qual assinala que se uma combinação de bensY é preferível a outra combinação X, e X, porsua vez, é preferível a Z, então, por transitivi-dade, Y é preferível a Z. A violação (negação)deste axioma seria indicador de irracionalidade,ou uma situação de paradoxo, como aconteceno prova desenvolvida por Maurice Allais (vejaParadoxo de Allais); 3) axioma da seleção, o qualsimplesmente assinala que o consumidor buscasempre seu estado de maior preferência (os axio-mas 1 e 3 são considerados axiomas de racio-nalidade, enquanto os demais são denominadosaxiomas de comportamento); 4) axioma da do-minância, o qual estabelece que os consumidorespreferirão mais e não menos bens disponíveis.Este axioma é também conhecido como o axiomada “ganância ou avidez”, da não-saciedade ouda monotonicidade; 5) axioma da continuidade,o qual afirma que existe um conjunto de pontosque forma um limite (ou uma curva de indife-rença), que constitui uma linha divisória sepa-rando as combinações preferidas daquelas rejei-tadas, ou melhor, que uma curva de indiferençaapresenta um formato linear e não de uma nuvemde pontos ou de um borrão; 6) axioma da con-

37 AXIOMAS DA PREFERÊNCIA

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vexidade, o qual afirma que a curva de indife-rença é convexa em relação à origem. Veja tam-bém Curva de Indiferença; Paradoxo de Allais.

AYUNTAMIENTO. Na administração das co-lônias espanholas nas Américas, era a denomi-nação dada aos novos povoados em que se con-centravam as moradias dos novos habitantes.

B B. Inicial de uma série de termos cujos signifi-cados, em economia e finanças, podem ser osseguintes: 1) baht (unidade monetária da Tailân-dia); 2) balboa (unidade monetária do Panamá);3) belga (ex-unidade monetária da Bélgica); 4)bani (ex-unidade monetária da Romênia); 5) bo-lívar (unidade monetária da Venezuela); 6) bond(título); 7) barrel (barril); 8) classificação de riscode investimento da Moody’s Investors Servicee da Standard & Poors, que significa, no pri-meiro caso, falta de características de um inves-timento desejável, e no segundo, um investi-mento especulativo, isto é, de risco elevado.

B/L. Iniciais de Bill of Lading. Veja também Billof Lading.

BABBAGE, Charles (1791-1871). Nasceu na In-glaterra e é pouco reconhecido por suas contri-buições para o pensamento econômico. Seunome é mais associado à origem do computador(a elaboração da máquina analítica de Babbage)do que ao fato de ter tecido interessantes críticasa Adam Smith. Educou-se no Trinity College,em Cambridge, e, ainda estudante, iniciou a So-ciedade Analítica com Herschel e Peacock, paraa reforma da matemática na Inglaterra. Seu in-teresse pela matemática foi a base de suas con-tribuições para a economia e a estatística. Depoisde Cambridge, Babbage transferiu-se para Lon-dres, onde desenvolveu o trabalho durante o res-to de sua vida em torno da máquina analítica,talvez a primeira tentativa de fabricar uma má-quina de calcular. Seu livro mais importante éOn the Economy of Machinery and Manufactures(Sobre a Economia de Maquinaria e Manufatu-ras), de 1832. Uma de suas contribuições maisimportantes para a economia é o chamado Prin-cípio de Babbage, que traz uma visão diferentedas vantagens da divisão do trabalho enuncia-das antes por Adam Smith: “Pela divisão do tra-balho a ser realizado nos diferentes processos,

cada um exigindo graus diferentes de habilidadee força, o empregador pode comprar exatamentea quantidade necessária de trabalho para cadaetapa”. Dessa forma, o empregador poderia eco-nomizar com o pagamento de força de trabalho,pois, se um mesmo trabalhador realiza tanto otrabalho simples quanto o complexo, o empre-gador teria de pagá-lo, durante o tempo em quese dedicasse ao primeiro, pela cotação do se-gundo, que é a mais elevada, pois, caso contrá-rio, não conseguiria esse tipo de trabalhador. Éinteressante assinalar que, mesmo afirmandoque o Princípio de Babbage foi deduzido porele ao analisar o sistema fabril existente na épo-ca, não apenas na Inglaterra mas também nocontinente, Babbage reconhece que um certoGioja, no livro Nuovo Prospetto delle Scienze Eco-nomiche (tomo I, capítulo IV), editado em Milãoem 1815, já havia enunciado o mesmo princípio.

BABEUF, François Noël (1760-1797). Revolucio-nário francês conhecido como Gracchus Babeuf.Autor de Manifesto dos Iguais e Análise, pregavaa luta por uma sociedade igualitária, a proprie-dade comum das terras e de todos os bens so-ciais, o direito e a obrigatoriedade ao trabalho.Foi guilhotinado por conspirar contra o Diretório.

BABY BONDS. Títulos com baixa denominaçãonão superiores a 100 dólares emitidos para cap-tar aplicações de pequenos investidores e am-pliar os mercados para este tipo de papel. OsBaby Bonds não se classificam como good deli-very, isto é, não podem ser utilizados para co-lateralizar dívidas.

BABY BUSTERS. Expressão em inglês que de-signa uma nova geração de administradoresque, em contraposição aos yuppies, atribuem me-nor importância a dinheiro e status, valorizandomais o bem-estar na empresa, mesmo que issosignifique uma remuneração monetária relativa-mente menor. Veja também Yuppie.

BACHA, Edmar Lisboa (1942- ). Nasceu em Mi-nas Gerais e formou-se em economia pela Fa-culdade de Ciências Econômicas da Universida-de Federal de Minas Gerais, em 1963. Obteve omestrado em 1965 e o doutorado em Yale em1968 com a tese An Econometric Model for theWorld Coffee Market: The Impact of Brazilian PricePolicy (Um Modelo Econométrico para o MercadoMundial de Café: O Impacto da Política de Preçosdo Brasil). Foi pesquisador associado do Massa-chussets Institute of Technology (MIT) junto àOficina de Planificación Nacional, em Santiagodo Chile, onde permaneceu até 1969. Entre 1970e 1972, trabalhou na Escola de pós-graduaçãoem economia da Fundação Getúlio Vargas, noRio, e no Ipea. Em 1971, publicou, em conjuntocom Lance Taylor, Foreign Exchange Shadow Pri-

AYUNTAMIENTO 38

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ces: A Critical Review of Currency Theories (Pre-ços-Sombras do Comércio Externo: Uma Revisão crí-tica das Teorias da Moeda). A partir de 1972, tor-nou-se professor da Universidade de Brasília,onde fundou a pós-graduação em economia. En-tre 1983 e 1984, ocupou a Tinker Chair, no De-partamento de Economia da Columbia Univer-sity. No ano seguinte, tornou-se presidente doIBGE (governo Sarney), tendo participado daimplantação do Plano Cruzado; em 1994, comoassessor especial do então ministro da FazendaFernando Henrique Cardoso, participou da ela-boração do Plano Real. Assumiu a presidênciado BNDES em 1994, permanecendo ali até 1995,quando se desligou da entidade. Suas obras maisimportantes, além das já mencionados, são asseguintes: Os Mitos de uma Década: Ensaios deEconomia Brasileira (1976); Política Econômica eDistribuição de Renda (1978); Introdução à Macroe-conomia: uma Abordagem Estruturalista (1985).Veja também Belíndia; Plano Cruzado; PlanoReal.

BACKBONE. Termo em inglês que significa“tronco” ou “espinha”, e que, no âmbito da In-ternet, designa os grandes troncos de informa-ções daquele sistema, operando a partir de pro-vedores.

BACK-END LOAD. Expressão em inglês domercado financeiro que significa a quantia pagapor investidor no momento do resgate de umtítulo. Este dispositivo é utilizado para desen-corajar o aplicador a resgatar seu dinheiro, namedida em que esta retirada tem um custo. Omesmo que deferred sales charge, exit fee e redemp-tion charge.

BACK-OFFICE. Expressão em inglês do merca-do financeiro que designa os setores de conta-bilidade e processamento existentes nas institui-ções financeiras. Tais setores têm sido lembradosem função da necessidade de controle sobre asvárias operações financeiras inovadoras que sur-gem constantemente. Essas unidades devem tercapacidade para interpretar adequadamente asinformações necessárias aos objetivos e à estru-tura das operações realizadas pelos operadores,de maneira a constituir um sistema confiável decontrole gerencial e contábil.

BACKUP. Expressão em inglês que significa sú-bita mudança numa tendência de mercado.Quando as taxas de juros estão subindo, as co-tações dos títulos de renda fixa, como, por exem-plo, os títulos do Tesouro (dos Estados Unidos),tendem a cair e o rendimento dos títulos auto-maticamente se eleva. Como os portadores des-ses títulos não podem liquidá-los tão facilmentecomo podiam antes da mudança de tendência,o mercado sofre um backup. Quando um inves-tidor, antecipando-se a uma inflexão do mercado,

muda suas posições de títulos de longo prazopara aqueles de curto prazo, diz-se que ele en-curtou seu porta-fólio ou se caracterizou comobackup.

BACKWARDATION. Termo utilizado nas Bol-sas de Valores quando um operador deseja pos-tergar a entrega de ações vendidas num deter-minado pregão. Isto pode ser conveniente parao operador (corretor), na medida em que eleacredita que o preço das ações ou dos títulosvendidos vai sofrer variações que o beneficiem,ou por outra razão qualquer. O operador nego-cia com o corretor para postergar a entrega dasações, tendo de obter o consentimento do com-prador. A concessão feita pelo comprador aovendedor se traduz em certa quantia paga pelosegundo ao primeiro e recebe o nome de back-wardation. A operação inversa denomina-se con-tango. Veja também Contango; Mercado a Futuro.

BACKWASH EFFECTS. Expressão em inglêsque significa, literalmente, “efeitos de retarda-mento”. O termo é utilizado quando o cresci-mento econômico numa região provoca efeitosadversos em outras, na medida em que o capitale o trabalho destas possam migrar para a pri-meira. Veja também Efeito Backwash.

BAD. Em oposição à palavra em inglês good,que significa “bem” (ou algum produto que pro-voca satisfação no consumidor), bad (mau, ruim)designa uma mercadoria ou um produto querepresenta uma desutilidade ao seu consumidor,e que se torna cada vez mais comum em eco-nomia, especialmente na área de estudos doscustos externos.

BADLANDS. Termo em inglês que significa li-teralmente “terras ruins”, isto é, terras pobres.

BAER, Werner (1931- ). Professor de economiada Universidade de Illinois, Estados Unidos, es-tudioso dos problemas econômicos brasileiros.Lecionou nas universidades de Harvard, Yale eVanderbilt; foi professor visitante na Universi-dade de São Paulo e na Fundação Getúlio Vargase assessor da Fundação Ford no Brasil. Colabo-rador freqüente de revistas econômicas norte-americanas, publicou os livros A Industrializaçãoe o Desenvolvimento Econômico do Brasil (1965),Siderurgia e Desenvolvimento (1969), Inflation andGrowth in Latin America (Inflação e Crescimentona América Latina), em 1970, organizado junta-mente com o professor brasileiro Isaac Kerste-netzky, e The Brazilian Economy: Its Growth andDevelopment (A Economia Brasileira: Seu Cres-cimento e Desenvolvimento), em 1979. Escreveuainda o ensaio O Crescimento Brasileiro e a Expe-

39 BAER, Werner

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riência do Desenvolvimento (1964/75), publicadono livro O Brasil na Década de 70 (1978).

BAGAROTE. Denominação popular das moe-das ou notas de mil réis.

BAGEHOT, Walter (1826-1877). Economista ejornalista inglês que se notabilizou como diretor(1860-77) do semanário The Economist, de pro-priedade de seu sogro. À frente desse órgão, foium influente analista dos fatos econômicos daépoca. Sua obra Lombard Street, a Description ofthe Money Market (Lombard Street, uma Descri-ção do Mercado de Dinheiro), de 1873, é consi-derada um excelente estudo do papel do Bancoda Inglaterra nas finanças inglesas da época edo sistema de crédito ali vigente. A obra é tam-bém célebre por suas idéias a respeito das criseseconômicas, explicadas como resultantes de máscolheitas agrícolas. Escreveu ainda Universal Mo-ney (Dinheiro Universal), 1869, Physics and Po-litics (Física e Política), 1872, e Postulates of En-glish Political Economy (Postulados de EconomiaPolítica Inglesa), 1876.

BAHT. Unidade monetária da Tailândia. Sub-múltiplo: satang.

BAIXA. Momento em que as ações e demaistítulos transacionados em Bolsa apresentamuma redução significativa de preços, geralmentecausada pela retração dos compradores. Se a bai-xa for muito pronunciada e tender a se agravar,poderá provocar uma reação em cadeia, resul-tando numa queda generalizada das cotaçõesdas ações, caracterizando uma situação de pâ-nico na qual todos desejam vender seus títulospara não perder mais ainda. Foi o que ocorreuna Bolsa de Nova York, no final de outubro de1929, iniciando a maior crise econômica capita-lista de todos os tempos. Veja também Ação.

BAIZA. Veja Rial.

BAKER. Veja Plano Baker.

BAKUNIN, Mikhail Alexandrovitch (1814-1876). Revolucionário russo, criador do anar-quismo coletivista. Discípulo de Proudhon, re-belou-se contra os princípios mutualistas domestre e negou a eficácia das cooperativas detrabalhadores numa sociedade dominada pelocapital. Afirmava que as cooperativas ou a au-togestão só poderiam ser a base de uma novasociedade por meio de uma revolução radicalque expropriasse os burgueses e os proprietáriosrurais. Para ele, a organização política e econô-mica da sociedade deveria ocorrer de baixo paracima, pela livre união dos trabalhadores em as-sociações, comunas, até chegar a uma grandefederação nacional e internacional. Esse organis-

mo autogestionário, partindo do local de traba-lho, prescindiria do Estado, tido como a basede todos os males sociais. Bakunin expôs suadoutrina sobretudo em O Estado e a Anarquia(1873). Veja também Anarquismo.

BALANÇA COMERCIAL. Relação entre as ex-portações e as importações de um país. Quandoo valor das exportações excede o das importa-ções, o país apresenta um superávit e torna-secredor do estrangeiro; quando, ao contrário, asimportações superam as exportações, o país estáem dívida com o estrangeiro e apresenta umdéficit em sua balança comercial. Uma série defatores influi sobre a ocorrência de um déficitou de um superávit na balança comercial. Entreos mais importantes, podemos citar: 1) a evolu-ção dos preços das importações e das exporta-ções de um país; 2) a evolução dos volumes im-portados e exportados. Um desequilíbrio entreos preços de exportação e de importação poderáprovocar um déficit na balança comercial, o mes-mo acontecendo com alterações nos volumes dasimportações e exportações. A balança comercialé também chamada balança visível e faz parte dobalanço de pagamentos. Um país pode ter umsuperávit na balança comercial e um déficit nobalanço de pagamentos; é o que ocorre geral-mente com os países subdesenvolvidos. Vejatambém Balanço de Pagamentos; Capacidadepara Importar; Comércio Internacional; Rela-ções de Troca.

BALANÇA DE SERVIÇOS. Veja Balanço dePagamentos.

BALANCETE. Levantamento dos saldos deve-dores e credores de uma empresa, devidamenteregistrados em seu livro-razão. Costuma-se fazê-lo mensalmente (balancete parcial), com duasfinalidades: retratar o andamento dos negóciosda empresa mês a mês e controlar os lançamen-tos feitos no mês para verificar sua exatidão.Faz-se também o balancete anualmente (balan-cete geral), o que prepara o balanço exigido porlei. Veja também Balanço.

BALANCIM. Prensa para cunhar moeda, origi-nalmente criada na França com o nome de ba-lancier, que funcionava pressionando-se o cunhosobre o disco mediante um parafuso sem fimmovido por força humana. Foi introduzido noBrasil em 1693 e utilizado até 1855, quando seiniciou a cunhagem por meio de máquinas avapor. A inauguração dessa nova tecnologiacontou com a presença de D. Padro II. Em 1860,a Casa da Moeda fabricou uma máquina de cu-nhar movida a vapor com capacidade paracunhar 45 moedas por minuto. Atualmente, acunhagem de moedas no Brasil é feita em má-

BAGAROTE 40

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quinas elétricas com capacidade para produziroito moedas por segundo.

BALANÇO. Levantamento contábil que demons-tra a situação econômico-financeira de uma em-presa. Agrupando racionalmente os saldos cre-dores e os saldos devedores da empresa em certoperíodo, o balanço representa a exata situaçãoeconômico-financeira da empresa e constitui odocumento oficial com que se dão por encerra-das as operações contábeis do período em ques-tão. No balanço, os saldos das contas não apa-recem como crédito e débito (como no balance-te), mas como ativo e passivo. O ativo é cons-tituído por todos os bens e haveres da empresa;o passivo são as obrigações e encargos de qual-quer espécie. Um balanço só tem valor legalquando extraído dos livros oficiais da empresae assinado pelo dono (ou donos) e por atuário,contador ou guarda-livros.

BALANÇO, Análise de. Estudo de um balanço,feito por sua decomposição e comparação, coma finalidade de avaliar o comportamento finan-ceiro de uma empresa. A análise pode ser feitapor comparação com os balanços de exercíciosanteriores ou posteriores (análise horizontal), es-tudando-se o comportamento e a evolução dedeterminada conta em períodos sucessivos; oupodem se comparar as diversas contas que com-põem um só balanço e sua participação no total(análise vertical).

BALANÇO DE PAGAMENTOS. Registro detodas as transações de caráter econômico-finan-ceiro realizadas por residentes de um país comresidentes dos demais países. O balanço de pa-gamentos é constituído basicamente de quatrocontas ou balanças. Dependendo da natureza datransação econômica ou financeira, que dá lugarà receita ou despesa de divisas, podem ser clas-sificadas como operações em transações correntesou movimento de capitais. As transações correntesincluem as contas de comércio ou balança co-mercial de serviços ou balança de serviços e astransferências unilaterais. O movimento de ca-pitais constitui uma conta também chamada deconta de capital. A balança comercial registra osvalores FOB das exportações e o valor das im-portações. Se o valor das exportações superar odas importações, diz-se que a balança comercialapresenta um superávit. Se acontecer o contrá-rio, teremos um déficit; e, se os valores foremequivalentes, a balança comercial estará emequilíbrio. A balança de serviços registra as re-ceitas e despesas de diversos tipos de transação,destacando-se os transportes, os seguros, as via-gens internacionais, os royalties, a assistência téc-nica, os lucros e os juros (estes últimos de grande

peso no balanço de pagamentos de países comgrande dívida externa, como é o caso do Brasil).As transferências unilaterais registram as entra-das ou saídas de divisas decorrentes, por exem-plo, do envio de recursos ao exterior para a ma-nutenção de embaixadas e serviços consulares,de imigrantes que mandam parte de seus salá-rios para familiares em seus países de origemetc. O resultado conjunto dessas três contas éconsolidado nas transações correntes. Se houversuperávit, diz-se que o país tem superávit emconta corrente, ou, no caso oposto, déficit emconta corrente. A conta de capital registra osinvestimentos diretos, isto é, as entradas de ca-pital de risco das empresas estrangeiras que seestabelecem no Brasil e as saídas de investimen-tos de empresas nacionais que se estabelecemno exterior; os empréstimos e financiamentosobtidos por residentes no Brasil, no exterior (en-tradas de divisas) e as saídas representadas porempréstimos concedidos a não-residentes; asamortizações, isto é, o pagamento de parte ouda totalidade de uma dívida, representandouma saída de divisas quando residentes no Bra-sil transferem esses recursos para não-residen-tes, e uma entrada, quando acontece o inverso;e os capitais de curto prazo, que significam em-préstimos e financiamentos por um prazo infe-rior a um ano.A soma das transações correntese do movimento de capitais proporciona o re-sultado final do balanço de pagamentos. Se asreceitas totais (entradas) superarem as despesastotais (saídas), o balanço de pagamentos apre-sentará um superávit; se ocorrer o inverso, ha-verá um déficit, e, se os valores forem equiva-lentes, o balanço de pagamentos estará equili-brado. No caso de países endividados e anfi-triões de empresas multinacionais, como o Bra-sil, a conta de serviços apresenta-se geralmentedeficitária devido à pressão ali exercida pelosjuros e pelos lucros e dividendos remetidos aoexterior. Se esse déficit não for compensado porum superávit na balança comercial (as transfe-rências unilaterais são geralmente de poucamonta), a conta de capital terá de acusar umsuperávit muito elevado para que não ocorraum déficit no balanço de pagamentos. É precisosalientar, no entanto, que as contas do balançode pagamentos se influenciam mutuamente: porexemplo, se na conta de capital entrar uma gran-de quantidade de investimentos diretos e de em-préstimos de financiamentos, algum tempo de-pois isto significará uma saída mais intensa delucros e dividendos e juros pela conta de servi-ços, provocando e/ou aumentando um eventualdéficit. Veja também Balança Comercial; Divi-sas; FOB; Incoterms; Lei 4 131; Royalty.

41 BALANÇO DE PAGAMENTOS

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BALBOA. Unidade monetária do Panamá. Sub-múltiplo: centésimo.

BALCÃO. Veja Mercado de Balcão.

BANCARROTA. Veja Falência.

BANCO. Empresa cuja atividade básica consisteem guardar dinheiro ou valores e conceder em-

préstimos. O banco executa várias outras ope-rações conexas, como pagamento e cobrança emnome de terceiros, venda e desconto de títulose operações com moedas estrangeiras. Na prá-tica, a atividade bancária diminui a necessidadede dinheiro para a realização de negócios e tran-sações, sobretudo na medida em que “cria” di-nheiro na forma da chamada moeda escritural(os depósitos bancários, movimentados pormeio de cheques). A origem dos bancos confun-de-se com a própria moeda, sobretudo quandoesta começou a ser negociada em cima de bancosde madeira (daí a expressão) nos mercados daAntiguidade. Estudos arqueológicos compro-vam a existência de atividades bancárias na Ba-bilônia e na Fenícia. Tais atividades decorriamdas dificuldades de transporte, que faziam comque muitos negociantes confiassem aos “ban-queiros” a incumbência de efetuar pagamentose cobranças em lugares distantes. Na Grécia, osprimeiros centros bancários conhecidos (Delfos,Éfeso) estavam ligados aos templos religiosos,que funcionavam como lugares seguros paraaqueles que quisessem guardar seus tesouros.A partir do século IV a.C. surgem os banqueiroslaicos, chamados “trapezistas” (do grego trape-zión, que significa “banca”, “mesa pequena”).Em Roma, no século II a.C., as operações ban-cárias eram privilégio de uma categoria de ci-dadãos, os publicanos, mas na época imperialsurgem os argentarii ou mensarii, cuja principalocupação era o câmbio de moedas estrangeiras,mas que também aceitavam depósitos e faziamempréstimos. Na Idade Média, a atividade ban-cária deixou de existir até o século XI, quandoressurgiu em íntima ligação com o desenvolvi-mento do comércio. Judeus, lombardos e osmembros da Ordem dos Templários destaca-ram-se na nova atividade. Os templários enri-queceram extraordinariamente o patrimônio daordem, financiando as Cruzadas; atribui-se aeles a criação dos arbítrios de câmbio e da con-tabilidade por partidas dobradas. Em grandesfeiras comerciais, como as de Champagne eLyon, na França, faziam-se grandes operaçõesde câmbio e, para evitar o transporte de volu-mosas somas de dinheiro, criou-se a letra de pa-gamento. A extraordinária expansão do comér-cio no Renascimento e no século XVII foi a res-ponsável pelo aparecimento de grandes ban-queiros (Medici, Fugger) e numerosos estabele-cimentos bancários, como a Casa di San Giorgio(Gênova, 1586), Banco di Rialto (Veneza, 1587),Banco di Sant’Ambrosio (Milão, 1593), Banco deAmsterdã (1609), Banco de Hamburgo (1619) eBanco de Roterdã (1635); nessa época, surgema letra de câmbio e a técnica do desconto. Noséculo XVII, foi importante a participação dosbanqueiros (ourives) londrinos que, aceitandodepósitos à vista, passaram a empregar o che-

Síntese do balanço de pagamentos de 1986(Em milhões de dólares correntes)1. Balança comercial 8 3491. Exportações 22 2931. Importações (14 044)2. Balança de serviços (12 911)2. Viagens internacionais (486)2. Transportes (432)2. Seguros (121)2. Lucros e dividendos (1 236)2. Juros (9 093)2. Outros (inclui royalties,2. assistência técnica,2. reinvestimentos etc.) (1 543)3. Transferências unilaterais 864. Transações correntes (1+2+3) (4 476)5. Movimento de capitais (7 340)2. Investimentos diretos 3402. Empréstimos e financiamentos 3 0952. Amortizações (11 590)2. Capitais de curto prazo 5402. Outros capitais 2746. Erros e omissões (540)7. Superávit ou déficit (4+5+6) (12 356)

Síntese do balanço de pagamentos de 1996(Em milhões de dólares correntes)1. Balança comercial 5 5391. Exportações 47 7471. Importações (53 286)2. Balança de serviços (21 707)2. Juros (9 840)2. Outros (inclui royalties,2. assistência técnica,2. reinvestimentos, seguros etc.) (11 867)3. Transferências unilaterais 2 8994. Transações correntes (1+2+3) (24 347)5. Movimento de capitais 33 0122. Investimentos diretos 16 0052. Empréstimos e financiamentos 27 1042. Amortizações (14 423)2. Capitais de curto prazo 3 9952. Outros capitais 3316. Erros e omissões 6837. Superávit ou déficit (4+5+6) 9 348

A diferença mais importante entre as duas datasé: o superávit comercial dá lugar a um déficit,embora o déficit do balanço de pagamentos sejasubstituído por um superávit em função da en-trada maciça de capitais a partir de 1995.

BALBOA 42

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que. Foi também nesse século que os bancos pas-saram a emitir dinheiro. Em virtude dos abusosque se cometeram nessa função, o Estado inter-veio, reservando-se o direito de emissão e crian-do estabelecimentos especializados; o primeirobanco emissor oficial foi o Banco da Inglaterra,fundado em 1694. No século XIX, em íntima li-gação com a extraordinária expansão do comér-cio e da indústria, surgiram poderosas organi-zações bancárias. Na atualidade, podem-se dis-tinguir vários tipos de bancos, conforme sua es-pecialidade. O banco comercial (também chamadobanco de depósitos) é o tipo mais comum. Faz ope-rações de depósitos, empréstimos a curto prazo,descontos, saques, cobranças, câmbio, além deprestar serviços como transferência de dinheiroe recebimento de impostos, entre outros. O bancode investimento opera no recebimento e aplicaçãode recursos a longo prazo, por meio de instru-mentos financeiros como repasse de recursos doexterior, financiamento a capital de giro, emis-são de certificados de depósito, letras de câmbioe outros títulos. O banco de desenvolvimento (oude fomento) é especializado na aplicação de re-cursos exclusivamente no incremento de umaatividade, industrial ou agrícola, de particularinteresse para a economia do país. O banco deexportação dedica-se a operações de intercâmbiocomercial com outros países (um exemplo é oEximbank, dos Estados Unidos). O banco hipo-tecário trabalha com empréstimos sob garantiade hipoteca imobiliária. Veja também BancoCentral; Caixa Econômica; Moeda.

BANCO AFRICANO DE DESENVOLVIMEN-TO. Instituição de financiamento internacional,criada por acordo entre países independentesafricanos em 1964. Em 1981, a participação depaíses não-africanos foi autorizada, e dele tor-naram-se membros os Estados Unidos. O bancoconcede empréstimos de longo prazo principal-mente para a agricultura.

BANCO ÁRABE PARA O DESENVOLVI-MENTO ECONÔMICO DA ÁFRICA. Bancode desenvolvimento fundado em 1975 pelos paí-ses árabes, para estimular o desenvolvimentode países africanos não-árabes por meio datransferência de capital e assistência técnica dospaíses árabes. O banco colabora com o BancoAfricano de Desenvolvimento na coordenaçãode projetos e em seu financiamento.

BANCO ASIÁTICO DE DESENVOLVIMEN-TO. Instituição financeira de desenvolvimentointernacional, organizada em 1966, para prestarassistência econômica e técnica aos países emdesenvolvimento da Ásia. A associação é abertaaos países membros da Comissão Econômica eSocial para a Ásia e o Pacífico da ONU. O bancoempresta recursos por meio do Fundo de De-

senvolvimento Asiático, uma linha de crédito“suave” estabelecida em 1973, e patrocinada porcontribuições dos sócios e transferências do pró-prio capital do banco.

BANCO CENTRAL. Instituição financeira go-vernamental que funciona como o “banco dosbancos” e do próprio governo. Destina-se a as-segurar a estabilidade da moeda e o controledo crédito num país. Tem o monopólio da emis-são de papel-moeda, exerce a fiscalização e ocontrole dos demais bancos e controla a impor-tação e exportação de dinheiro e metais precio-sos. Na Inglaterra, as funções de banco centralsão exercidas pelo Bank of England; na França,pelo Banque de France; nos Estados Unidos,pelo Federal Reserve System; no Brasil, peloBanco Central do Brasil. O Banco Central do Bra-sil é uma das autoridades monetárias. Veja tam-bém Autoridades Monetárias.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Instituição fi-nanceira federal criada pela lei nº 4 595, de31/12/1964. Substituiu a antiga Sumoc (Supe-rintendência da Moeda e do Crédito) e algumasfunções então exercidas pelo Banco do Brasil.Tem, principalmente, as seguintes atribuições:executar a política financeira do governo, emitirpapel-moeda, autorizar o funcionamento de ins-tituições financeiras e fiscalizar suas operaçõesde acordo com leis específicas, receber depósitoscompulsórios e voluntários do sistema financei-ro nacional, realizar operações de compra e ven-da de títulos públicos federais (de empresas deeconomia mista ou estatais), custodiar e admi-nistrar as reservas nacionais em ouro e moedasestrangeiras, controlar o crédito e o capital es-trangeiros, representar o governo brasileiro pe-rante os organismos financeiros internacionais.É uma das autoridades monetárias. Veja tam-bém Banco do Brasil; Comissão de Valores Mo-biliários; Conselho Monetário Nacional.

BANCO COMERCIAL. Instituição financeirapública ou privada que se caracteriza por tercomo atividade principal a intermediação docrédito, em geral a curto e médio prazos, ouseja, captar de agentes com recursos disponíveis(superavitários) e emprestar para aqueles quenecessitam de tais recursos (deficitários), a fimde movimentar suas atividades econômicas. NoBrasil, após a criação dos chamados Bancos Múl-tiplos, que podem deter mais de uma carteira,vários bancos comerciais adotaram essa forma,uma vez que a mesma permite maior flexibili-dade e versatilidade em suas operações. Vejatambém Banco Múltiplo.

BANCO DE DESENVOLVIMENTO. Designa-ção dada a instituições financeiras voltadas parao financiamento de programas específicos, vin-

43 BANCO DE DESENVOLVIMENTO

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culados ao desenvolvimento do país ou de umaregião. No Brasil, além do caso típico do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial (BNDES), criou-se a figura do banco de de-senvolvimento especificamente como uma ins-tituição financeira pública não-federal, com sedena capital do Estado que detém seu controleacionário. Destina-se ao suprimento de recursosa médio e longo prazos para programas e pro-jetos do Estado em que está sediado. Os bancosde desenvolvimento tiveram grande importân-cia durante os anos 70 no Brasil. Posteriormente,com a crise de financiamento do setor públicoe o problema do estrangulamento externo cau-sado pela expansão do respectivo endividamen-to durante os anos 80, a presença e participaçãodesses bancos tendeu a se reduzir.

BANCO DE INVESTIMENTO. Designação dadaa instituições financeiras voltadas para captaçõ-es e financiamentos de médio e longo prazos,normalmente voltados ao investimento das em-presas, bem como a operações diversas na áreadas sociedades anônimas como a colocação deações. No Brasil, a modalidade “banco de in-vestimento” foi criada pela lei nº 4 728 de 14-07-65, também chamada de Lei da Reforma doMercado de Capitais.

BANCO DE LA PROVINCIA DE BUENOS AI-RES. Uma das primeiras entidades financeirasda América Latina, o Banco da Província de Bue-nos Aires foi fundado em 6/9/1822, seis anosdepois de alcançada a independência na Argen-tina e um dia antes da declaração da inde-pendência do Brasil. Conhecido como o “Pro-víncia” no jargão financeiro, é o maior bancoargentino e tem representações em São Paulo,Nova York, Santiago, Montevidéu, Caracas, Pa-namá, Milão e Madri.

BANCO DE TROCOS. Instituição criada noBrasil em agosto de 1808, antes da fundação doBanco do Brasil, que efetuava a permuta de bar-ras de ouro existentes em mãos de particularespor moedas de ouro.

BANCO DE ÚLTIMA INSTÂNCIA. Tambémdenominado prestamista de última instância, éuma das principais funções e fundamentos dosbancos centrais. A necessidade de uma instânciadesse nível tem origem durante as crises finan-ceiras ou econômicas, quando a confiança dopúblico nas instituições privadas se reduz muitoe torna-se indispensável trocar esses papéis portítulos de maior solidez e confiabilidade emiti-dos pelos bancos centrais.

BANCO DO BRASIL. A maior organizaçãobancária do país. É uma sociedade anônima deeconomia mista, na qual o governo federal de-tém 51% das ações. Com essa maioria, o governo

exerce o controle do banco, cabendo-lhe a no-meação do presidente e dos principais diretores.O Banco do Brasil tem como atribuições princi-pais: incrementar a produção nacional e executara política financeira e creditícia do governo; ar-recadar os depósitos voluntários das instituiçõesfinanceiras; executar a política de preços míni-mos dos produtos agropecuários; comprar e fi-nanciar a produção de produtos exportáveis;conceder empréstimos e descontos por meio desuas carteiras de Crédito Geral (Crege), de Cré-dito Agrícola e Industrial (Creai), e de ComércioExterior (Cacex); arrecadar impostos ou rendasfederais e colocar no mercado obrigações, apó-lices e letras do Tesouro Nacional; ser agenterecebedor e pagador fora do país; executar oserviço de compensação de cheques e outros pa-péis; receber com exclusividade, sob a forma dedepósitos, as disponibilidades financeiras dosministérios e demais repartições federais, civise militares. Fundado em outubro de 1808, pordom João VI, o Banco do Brasil foi fechado em1829. Foi reaberto em 1851, por iniciativa do ba-rão de Mauá, fundindo-se posteriormente como Banco Comercial (1853) e com o Banco da Re-pública do Brasil (1905). Em 1964, com a criaçãodo Banco Central, perdeu suas funções de agentedo Tesouro Nacional para levar ao sistema ban-cário as emissões de papel-moeda. Em 1990, oBanco do Brasil estava colocado entre as cemmaiores instituições financeiras do mundo. Éuma das autoridades monetárias. Veja tambémBanco Central do Brasil; Comissão de ValoresMobiliários; Conselho Monetário Nacional.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Socie-dade de economia mista criada em 1953 pelogoverno federal para atuar como banco de de-senvolvimento do Nordeste. Sediado em Forta-leza, seu espaço de ação engloba toda a área doPolígono das Secas, que inclui todos os Estadosnordestinos e parte de Minas Gerais. Financiaconstruções de açudes, barragens, perfuração depoços, compra de máquinas agrícolas e instala-ções de indústrias.

BANCO MÚLTIPLO. Instituição financeira queopera com mais de uma carteira. De acordo comas regras estabelecidas pelo Conselho MonetárioNacional e o Banco Central, os bancos múltiplosdevem constituir-se com no mínimo duas dasseguintes carteiras, sendo uma delas obrigato-riamente comercial ou de investimento: 1) co-mercial; 2) de investimento e/ou de desenvol-vimento, esta última exclusiva para bancos pú-blicos; 3) de créditos imobiliários; 4) de crédito,financiamento e investimento; 5) de arrenda-mento mercantil. Veja também Banco Central;Conselho Monetário Nacional.

BANCO MUNDIAL. Veja BIRD.

BANCO DE INVESTIMENTO 44

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BANCO NACIONAL DA HABITAÇÃO (BNH).Instituição criada pela lei nº 4 380, de 1964, eextinta em 1986 pelo decreto-lei nº 2 291. Exerceuo papel de órgão normativo e fiscalizador doSistema Financeiro da Habitação, tendo sido oórgão gestor do Fundo de Garantia por Tempode Serviço (FGTS). Veja também FGTS; SistemaFinanceiro Habitacional.

BANCO PARA PAGAMENTOS INTERNA-CIONAIS (Bank for International Settlements— BIS). Instituição financeira criada em 1930 esediada em Basiléia (Suíça). Tem como objetivopromover a cooperação entre os bancos centraise facilitar as operações financeiras internacio-nais. Funciona, sobretudo, como coordenador demovimentações financeiras internacionais decurto prazo. Muitas das funções que lhe cabiaexercer passaram para o Fundo Monetário In-ternacional (FMI), embora o BIS tenha mantido,no âmbito europeu, o papel de banco dos bancoscentrais. É dirigido por representantes dos ban-cos centrais da Grã-Bretanha, Alemanha, França,Itália, Suíça, Holanda, Bélgica e Suécia.

BANCOR. Nome proposto por Keynes (JohnMaynard) na Conferência de Bretton Woods (Es-tados Unidos, 1944), durante a criação do FundoMonetário Internacional (FMI), para uma moedainternacional inteiramente destinada a ajustardesequilíbrios dos balanços de pagamentos, em-bora permanecendo cada país com seu sistemamonetário particular. Segundo o projeto de Key-nes (também conhecido como Plano Keynes), oBancor não estaria totalmente desvinculado dopadrão-ouro, embora este metal não fosse to-mado como base absoluta de seu valor. A pro-posta não foi aceita por pressão dos delegadosnorte-americanos, que pretendiam transformaro dólar, sua moeda nacional, no padrão inter-nacionalmente aceito, com as vantagens ineren-tes a essa adoção. Veja também FMI — FundoMonetário Internacional; Keynes, John May-nard; Plano Keynes.

BANDEIRA DE CONVENIÊNCIA. Artifício fis-cal muito utilizado por companhias internacio-nais de navegação mercante, cujos navios trafe-gam sob a bandeira de outra nação. A bandeirade conveniência assegura taxas tributárias e sa-lários da tripulação bem menores do que seriamnos países de origem. Em 1969, por exemplo,433 navios mercantes dos Estados Unidos na-vegavam sob as bandeiras de oito outros países,sobretudo Panamá e Libéria. Os sindicatos dostrabalhadores marítimos denunciam essa mano-bra como uma violação aos direitos de seus fi-liados.

BANDEIRAS. Designação das expedições orga-nizadas por proprietários de terras paulistas en-

tre os séculos XVI e XVIII, cuja finalidade eracapturar índios para utilizá-los como escravos,mas também a obtenção de metais e pedras pre-ciosas. Juntamente com as Entradas (organiza-das pelo governo com as mesmas finalidades),as Bandeiras constituíram um elemento decisivona expansão do território brasileiro além dos li-mites determinados pelo Tratado de Tordesi-lhas. Veja também Tratado de Tordesilhas.

BANDUNG. Veja Conferência de Bandung.

BANK CHARTER ACT. Lei inglesa de 1844 ins-tituindo o controle sobre as emissões bancárias,em decorrência da crise financeira de 1825-1837.A lei permitia aos bancos apenas uma pequenaemissão fiduciária, acima da qual seria exigidoo respaldo em ouro. Nenhum novo banco estavaautorizado a fazer emissões, e aqueles que játivessem realizado essa operação não poderiamaumentá-la. O Banco da Inglaterra ficava auto-rizado a elevar suas emissões fiduciárias em doisterços das emissões desautorizadas de qualqueroutro banco.

BANK FOR INTERNATIONAL SETTLE-MENTS. Veja Banco para Pagamentos Interna-cionais.

BANKING PRINCIPLE. Princípio segundo oqual as emissões de moeda não devem ser feitasem função da quantidade de reservas ou encai-xes de metais preciosos monetizados, como que-riam os defensores do currency principle, mas emfunção das necessidades da economia.

BANTO. Termo em japonês que designa umexecutivo contratado pelo proprietário de umaempresa para administrá-la. Os bantos eram ad-ministradores profissionais que na época ante-rior à Segunda Guerra Mundial ganharam gran-de influência nas empresas que constituíam oszaibatsus. Possuíam algumas características es-peciais como a perseverança, a capacidade detrabalho, a lealdade à empresa e à família à qualpertencia a empresa e o respectivo zaibatsu. De-pois da guerra, durante a ocupação, com a dis-solução dos zaibatsus, os bantos foram destituídosde suas funções, criando-se um vazio de diri-gentes nas empresas japonesas que foi logo ocu-pado pelos escalões inferiores, formando umacamada de dirigentes que hoje gozam de maiorliberdade na direção das empresas do que seusantecessores. Veja também Doyukai; Zaibatsu.

BAR CODE. Veja Código de Barras.

BARAN, Paul Alexander (1910-1964). Economis-ta russo, radicado nos Estados Unidos, estudiosodo subdesenvolvimento e do capitalismo mo-nopolista. Cursou economia no Instituto Plek-hanov, em Moscou, continuando seus estudos

45 BARAN, Paul Alexander

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e pesquisas na Alemanha, onde esteve ligadoao Instituto de Frankfurt. Nos Estados Unidos,doutorou-se em Filosofia (Harvard) e lecionouna Universidade de Stanford. Durante a Segun-da Guerra Mundial, esteve a serviço do governonorte-americano como especialista em assuntossoviéticos e como técnico em questões de pla-nificação e controle de preços. Foi então um dosiniciadores do planejamento econômico nos Es-tados Unidos e um dos primeiros economistasa analisar a problemática do subdesenvolvimen-to. Durante a época do macarthismo, foi perse-guido por sua filiação teórica marxista. Suasprincipais obras são A Economia Política do De-senvolvimento (1957), e, juntamente com PaulSweezy, O Capital Monopolista (1966).

BARATARIA. Também denominado ribaldia ouribaldaria, é todo e qualquer ato, de natureza cri-minosa, praticado pelo capitão de um navio noexercício de seu emprego, ou pela tripulação oupor ambos, que resulte em dano grave ao navio,aos passageiros ou à carga, em oposição à pre-sumida vontade do dono do navio.

BARBOSA, Fernando de Holanda. Graduou-seem economia pela Faculdade Cândido Mendes(Rio de Janeiro) em 1968, e obteve o título dedoutor pela Universidade de Chicago em 1975.Seus trabalhos e pesquisas têm examinado asquestões da inflação e suas relações com o de-senvolvimento econômico no Brasil. Seus livrosmais importantes são: A Inflação Brasileira no Pós-Guerra: Monetarismo X Estruturalismo (1983) e En-saios sobre Inflação e Indexação (1986). Foi secre-tário da Política Econômica do Ministério da Fa-zenda entre novembro de 1992 e março de 1993,nas gestões de Gustavo Krause e Paulo Haddad.Atualmente é diretor de pesquisa da Escola dePós-Graduação em Economia da Fundação Ge-túlio Vargas (Rio de Janeiro).

BARBOSA, Rui de Oliveira (1849-1923). Polí-tico e jurista brasileiro, ministro da Fazenda nogoverno provisório republicano (de janeiro de1889 a novembro de 1891). Partidário da indus-trialização do país, sua política financeira, co-nhecida historicamente como Encilhamento, ca-racterizou-se pelo estímulo sem limites à expan-são do crédito e à formação de sociedades porações. A inexistência de instrumentos eficazesde controle dessas medidas, por parte do go-verno, possibilitou uma grande especulação naBolsa de Valores, inflação e surgimento de com-panhias-fantasmas. Essa situação gerou uma for-te oposição dos proprietários rurais, levando-oà renúncia. Sensível às tensões sociais, em 1919,por ocasião de sua segunda campanha eleitoralà presidência da República, defendeu a neces-sidade de uma legislação específica para atenderaos conflitos entre capital e trabalho. Deixou inú-

meros escritos, entre os quais os mais conheci-dos são: Questão Militar; Abolicionismo; TrabalhosJurídicos; Swift (1889); Queda do Império; Diáriode Notícias (1890); A Constituição de 1891 (1896);Cartas de Inglaterra (1902); Réplica (1919) e Oraçãoaos Moços. Veja também Encilhamento.

BARELLI, Walter (1938- ). Nasceu em São Pau-lo e graduou-se em economia pela Faculdadede Economia e Administração da Universidadede São Paulo em 1963. Obteve o título de doutorem economia em 1976 pela Faculdade Municipalde Economia e Administração de Osasco (SP).Foi diretor-técnico do Dieese, entre 1967 e 1989,e professor da Fundação Getúlio Vargas e daPontifícia Universidade Católica (pós-gradua-ção) de São Paulo, onde deu cursos sobre eco-nomia do trabalho. Entre 1990 e 1992 desenvol-veu cursos de economia do trabalho no Institutode Economia da Universidade Estadual de Cam-pinas. Em outubro de 1992, assumiu o Ministériodo Trabalho no governo Itamar Franco. Seu livromais importante é Distribuição Funcional dos Ban-cos Comerciais (1976). Walter Barelli tem escritovários artigos sobre distribuição da renda, salá-rios e questões trabalhistas. Atualmente é mi-nistro do Trabalho e tem tentado introduzir aprática dos contratos coletivos como forma de re-lacionamento entre empregados e empregadores.

BARRACÃO. Veja Peonagem.

BARREIRAS COMERCIAIS. Normas alfande-gárias decretadas pelos governos para controlaro intercâmbio internacional de mercadorias. Naprática, são tarifas, cotas, depósitos e licençasde importação destinados a proteger as merca-dorias nacionais ou até mesmo os produtos deoutro país, com o qual não existam acordos co-merciais não-restritivos. Veja também Protecio-nismo.

BARREN MONEY. Expressão em inglês quesignifica “dinheiro improdutivo”, isto é, que nãoproporciona juros nem nenhum outro tipo derenda (ganho).

BARRIL. Antiga unidade de capacidade paraprodutos secos e líquidos, admitindo pesos di-ferentes dependendo do produto acondicionadono barril. O costume fixou pesos determinadospara barris de um mesmo produto. Assim, umbarril de carne bovina, de porco ou peixe pesa90,6 kg, enquanto um barril de farinha pesa 88,5kg. A prática e o costume determinavam qualera o peso de um barril (antes do sistema métricodecimal) em termos de stones (pedras), sendo ostone uma medida de peso também muito antiga,composta de uma pedra especial pesando cercade 6,200 kg cada. A farinha, por exemplo, eraacondicionada em barris de 14 stones ou 88,5

BARATARIA 46

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kg. Frutas e legumes, no entanto, quando sãoacondicionados em barris, não são medidos porpeso, mas sim por volume; nesse caso, conside-ra-se que um barril deve ter 7 056 polegadascúbicas ou 115 626 cm3. Se o barril for utilizadopara acondicionar algum líquido, sua medida sedá por galões: a maioria dos barris costumava tercerca de 31 galões ou aproximadamente 118 l.Questões relacionadas com o transporte e o atode carregar e descarregar determinaram a exis-tência de barris mais fáceis de transportar e ma-nejar com 15 galões ou o equivalente a 56,775 l.Os óleos, no entanto, são acondicionados embarris de maior capacidade denominados “tam-bores”, que contêm de 50 a 55 galões (de 189,250a 208,175 l). Veja também Sistema Internacionalde Unidades.

BARRO, Robert. Veja Expectativas Racionais.

BARROS DE CASTRO, Antônio (1938- ). Nas-ceu no Rio de Janeiro e graduou-se em economiapela Faculdade de Economia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro em 1959. Em 1976,obteve o título de doutor em economia pela Uni-versidade Estadual de Campinas. Foi professore pesquisador do Instituto Latino-Americano dePesquisas Econômicas e Sociais (Ilpes), professorda Escolatina (Universidade do Chile) e profes-sor-visitante da Universidade de Cambridge (In-glaterra) entre 1963 e 1974. Seus livros mais im-portantes são: Introdução à Economia — UmaAbordagem Estruturalista (em co-autoria comCarlos Lessa), Sete Ensaios sobre Economia Brasi-leira e A Economia Brasileira em Marcha Forçada(em co-autoria com Francisco Pires de Souza).Seus estudos e pesquisas têm se voltado para oproblema da industrialização. Foi presidente doInstituto dos Economistas do Rio de Janeiro (Ierj)entre 1980 e 1981, e presidente do Conselho Re-gional de Economia (RJ) entre 1982 e 1983. As-sumiu a presidência do BNDES (Banco Nacionalde Desenvolvimento Econômico e Social) entreoutubro de 1992 e março de 1993. É professorda Faculdade de Economia e Administração edo Instituto de Economia Industrial da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro.

BARUCH, Bernard Mannes (1870-1965). Finan-cista norte-americano. Aos trinta anos já acu-mulara grande fortuna como especulador emWall Street, tornando-se então conselheiro eco-nômico de vários presidentes dos Estados Uni-dos. Destacou-se no governo de Woodrow Wil-son, durante a Primeira Guerra Mundial, quan-do presidiu o Conselho das Indústrias Bélicas eparticipou das conversações de paz de Versa-lhes. Serviu ainda aos presidentes Franklin Roo-sevelt, no esforço industrial da Segunda GuerraMundial, e Harry Truman, como delegado à Co-

missão de Energia Atômica da ONU (1946),onde propôs o Plano Baruch (controle interna-cional da energia nuclear).

BASE. É o valor de um determinado momento(ou atribuído a um determinado momento) queserve de termo de comparação, quando se quercalcular uma sucessão de números-índices. Porexemplo, entre 1950 e 1960, o valor das expor-tações brasileiras em bilhões de cruzeiros cor-rentes foi o seguinte:

Se considerarmos 1950 o ano-base e atribuirmosa ele o valor 100, os demais valores (guardandoas mesmas proporções da coluna A) serão ex-pressos pela coluna B.

BASE MONETÁRIA. Denominação dada ao con-junto de moeda em circulação no país mais osdepósitos à vista junto às autoridades monetá-rias. No Brasil, esta última parcela é constituídapelo recolhimento compulsório dos bancos juntoao Banco do Brasil e também pelos depósitos àvista do público junto à mesma instituição. Aocontrário do que acontece na maioria dos países,a regulamentação do sistema bancário brasileiropossibilita a formação de depósitos não apenaspelos bancos comerciais, mas também pelas au-toridades monetárias. Isto é, no Brasil, o Bancodo Brasil acumula as funções de banco comerciale de agente financeiro das autoridades monetá-rias. A atuação sobre a base monetária, no sen-tido de estimular sua expansão ou provocar suacontração, desempenha um papel de grande im-portância em qualquer política de combate à in-flação. Veja também M 1; M 2; M 3; M 4; M 5.

BASE MONETÁRIA AMPLIADA. Formada pe-lo papel-moeda em poder do público (circula-ção) mais as reservas bancárias, e mais os títulosdo Banco Central e do Tesouro Nacional. Vejatambém Base Monetária.

(A) valor dasexportações

(B) índice dovalor das

exportações

(em bilhões de cruzeiros correntes, 1950 = 100)

1950 24,91 100,5

1951 32,51 130,5

1952 26,01 104,4

1953 32,01 128,5

1954 42,91 172,2

1955 54,51 218,8

1956 59,51 238,5

1957 60,61 243,3

1958 63,71 255,8

1959 109,4 439,3

1960 147,1 590,7

47 BASE MONETÁRIA AMPLIADA

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BASE MONETÁRIA RESTRITA. Formada pe-lo papel-moeda em poder do público (circula-ção) mais as reservas bancárias. Veja tambémBase Monetária.

BASE-STOCK METHOD. Expressão em inglêsque significa, no âmbito da administração deestoques, “o último a entrar, o primeiro a sair”.O mesmo que Lifo. Veja também Lifo.

BASIC. Sigla de Beginner’s All-Purpose Sym-bolic Instruction Code (Código de InstruçãoSimbólica de Usos Múltiplos para Iniciantes). Éuma linguagem de programação de computa-dores simples e relativamente fácil, de grandeaceitação, própria para aplicação em microcom-putadores. Veja também Cibernética; Compu-tador.

BASTIAT, Frédéric (1801-1850). Economista fran-cês, grande polemista e ardente defensor do li-beralismo econômico. Discípulo de Jean-BaptisteSay, defendeu a tese de que a liberdade serveao progresso e este amplia a produção; ao mes-mo tempo, procurou desmontar ironicamentetodos os argumentos em favor do protecionismoeconômico. O renome que alcançou com suasobras — sobretudo Sophismes Économiques (So-fismas Econômicos) e Harmonies Économiques(Harmonias Econômicas), 1850 — junto a umpúblico mais amplo resultou em sua eleição paraa Assembléia Nacional francesa em 1848. Porrazões de saúde, não chegou a exercer o cargo.Veja também Liberalismo.

BATCH. Acumulação de elementos de informa-ção com a finalidade de formar grupos. A dife-rença com o processo on line (em linha) é queo processamento de cada unidade de informaçãonão se realiza imediatamente.

BATCH PRODUCTION. Expressão em inglêsque significa a produção de uma certa quanti-dade de produtos, mas ainda não em condiçõesde uma produção contínua ou padronizada.

BATISTA, Homero (1861-1924). Ministro da Fa-zenda no governo de Epitácio Pessoa (1919-1922). Em sua gestão, procurou garantir o equi-líbrio orçamentário e o saneamento do meio cir-culante, restabelecendo o fundo de conversibi-lidade do papel-moeda, instituído em 1889.Criou as Carteiras de Redesconto e de CréditoAgrícola do Banco do Brasil, implantou a fisca-lização bancária e reorganizou a administraçãodo Tesouro Nacional. Em 1919, apresentou à Câ-mara um projeto de lei propondo a redução dastarifas alfandegárias, o que provocou protestosdos industriais e a rejeição da matéria.

BATISTA JR., Paulo Nogueira (1955- ). Nas-ceu no Rio de Janeiro e graduou-se em economia

pela PUC (RJ) em 1977. Tornou-se mestre emHistória Econômica pela London School of Eco-nomics and Political Science em 1978. Trabalhouno Centro de Estudos Monetários e de EconomiaInternacional do Instituto Brasileiro de Econo-mia (Ibre) da FGV (RJ) entre 1979 e 1989. Foiprofessor do departamento de economia da PUC(RJ) entre 1980 e 1984. A partir de 1989, é pro-fessor da Escola de Administração de Empresasda Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Em1985 tornou-se secretário-especial de AssuntosEconômicos do Ministério do Planejamento, sen-do posteriormente assessor-especial do Ministé-rio da Fazenda (gestão Dílson Funaro) para as-suntos da dívida externa. Entre 1989 e 1993, tra-balhou na Fundap como chefe do Centro deAnálises Macroeconômicas e na Assessoria Es-pecial de Assuntos Internacionais. Seus livrosmais importantes são os seguintes: Mito e Rea-lidade na Dívida Externa Brasileira (1983), Da CriseInternacional à Moratória Brasileira (1988) e A Lutapela Sobrevivência da Moeda Nacional: Ensaios emHomenagem a Dílson Funaro (1992), em conjuntocom Luiz Gonzaga Belluzzo.

BAUD. Veja Baudio.

BAUDIO. Unidade de medida da velocidade demodulação num sistema de transmissão de da-dos. Um baudio significa 1 bit por segundo. Ge-ralmente, a medida é apresentada em termosde bits por minuto. Transmissões telefônicas sig-nificam, em geral, uma taxa de 300 baudios. Vejatambém BIT.

BBO. Iniciais da expressão em inglês billion bar-rels of oil, que significa “bilhão de barris de pe-tróleo”.

BBOE. Iniciais da expressão em inglês billionsof barrels of oil equivalent, que significa “bilhõesde barris equivalentes de petróleo”.

BDR. Veja American Depositary Receipts.

BEAR. Palavra inglesa que significa literalmente“urso”, mas que, aplicada no mercado de açõese títulos, significa operador que acredita que acotação dos títulos ou ações vai subir. Isto é, éum especulador que aposta na baixa, vendendotítulos, ações etc. que não possui, esperandocomprá-las por um preço mais baixo antes dovencimento, e realizando lucros. Este termo jáexistia na Inglaterra no início do século XVIII,e parece ter tido origem no mercado financeirodo dito popular “não venda a pele antes de ma-tar o urso”. O contrário de bull.

BEAR HUG. Nas aquisições do controle acio-nário de empresas, esta expressão significa umaoferta apresentada pelo comprador bem acimado valor de mercado das ações da empresa-alvo.

BASE MONETÁRIA RESTRITA 48

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Se a diretoria recusar, estará correndo o riscode violação de um dos princípios da boa admi-nistração, que é zelar pelos interesses dos acio-nistas.

BEAR PANIC. Situação na qual aqueles que ven-deram a descoberto, isto é, sem possuir as açõesou títulos, diante de indícios de que tais títulosirão ter suas cotações em elevação no mercado,são obrigados a comprá-las antes que as mesmasse elevem mais ainda, e, com tal ação, pressio-nem a demanda e a elevação ainda mais intensasdessas cotações, criando um verdadeiro pânicono mercado. Veja também Bear.

BEAR RAID. Expressão em inglês que designauma ação concertada de vendedores a desco-berto, isto é, daqueles que venderam títulos paraentrega futura sem possuí-los e que forçam umabaixa nas cotações dos mesmos, vendendo títu-los, ações ou commodities contra os quais o raidse efetua. Os possuidores desses títulos, acredi-tando tratar-se de um movimento real de baixa,apressam-se em vendê-los, o que provoca umaqueda nas cotações, disso se aproveitando aque-les que venderam a descoberto para comprá-lospor baixo preço, para viabilizar a entrega futurados títulos já vendidos. Veja também Bear; BearPanic.

BEAR SPREAD. Expressão em inglês utilizadapara designar uma estratégia de mercado naqual um operador vende contratos nos mesespróximos (torna-se curto) e compra contratospara meses futuros (torna-se longo), esperandoque as taxas de juros do curto prazo aumentemmais rapidamente do que as de longo prazo eque o preço de mercado das divisas, dos títulosetc. estejam caindo. O contrário de bull spread.Veja também Bull Spread.

BEAR SQUEEZE. Expressão em inglês utiliza-da no mercado financeiro quando o Banco Cen-tral de um país intervém no mercado de câmbiopara forçar especuladores (curtos) a vender umadeterminada moeda para cobrir suas posições,evitando assim que os mesmos realizem grandeslucros. Isto geralmente é feito quando um BancoCentral oferece para comprar mais de uma moe-da local do que se encontra disponível no mer-cado cambial, geralmente provocando grandesperdas para os especuladores.

BECCARIA, Marquês de (Cesare Bonesana)(1738-1794). Criminalista e economista italiano.Foi um dos primeiros a tratar do comércio in-ternacional, a defender a aplicação da matemá-tica à economia e analisar a função do capitale a divisão do trabalho. Suas aulas na cadeirade economia política da Universidade de Milãoforam publicadas postumamente (1824) sob otítulo Elementi di Economia Pubblica (Elementos

de Economia Pública). Na obra Dei Delitti e dellePene (Dos Delitos e das Penas), de 1764, Beccariacondena o sistema penal e penitenciário da épo-ca, sobretudo os processos secretos, as torturase a desigualdade das penas em função de dife-renças de classe social. A partir dessa obra, fo-ram criados os fundamentos jurídicos da Decla-ração dos Direitos do Homem e do Cidadão,documento básico da Revolução Francesa.

BEFIEX — Comissão Especial para a Conces-são de Benefícios Fiscais e Programa Especialde Exportação. Programa de incentivo às expor-tações criado no âmbito federal em 1972 e peloqual cada dólar importado deveria gerar três dó-lares em exportações. O programa concede àsempresas isenção parcial do Imposto sobre Pro-dutos Industrializados (IPI) e isenções parciaisna importação de componentes essenciais. Vejatambém Drawback.

BEGGAR-MY-NEIGHBOUR POLICIES. Expres-são em inglês que designa políticas econômicasadotadas por um país para melhorar suas con-dições internas — como ampliação de seu mer-cado interno, seu nível de emprego — e que,geralmente, prejudicam as economias de seusvizinhos. Por exemplo, um país pode pretenderaumentar seu nível interno de atividade econô-mica (emprego) estimulando as exportações einibindo as importações mediante uma fortedesvalorização cambial, incrementando seu ní-vel interno de emprego em detrimento dos de-mais países.

BEHAVIORISMO. Em psicologia, corrente depensamento oriunda das experiências sobrecomportamento realizadas por Pavlov (1849-1936) e enunciadas por John Watson (1878-1958),de grande influência durante os anos 20 desteséculo até a década seguinte. A denominaçãovem do termo em inglês behaviour (comporta-mento) e enfatiza a importância dos fatos obje-tivos passíveis de observação, basicamente a fór-mula estímulo-resposta como base de uma psi-cologia científica. Em administração, a EscolaBahaviorista refere-se à Teoria das Organizaçõese, embora tenha como fonte inspiradora a cor-rente behaviorista em psicologia, não deve serconfundida com ela. A origem da Escola Beha-viorista encontra-se na oposição da Escola deRelações Humanas à Escola Clássica. Ela é umdesdobramento da primeira e, embora compar-tilhasse grande parte das formulações desta úl-tima, não aceitava a concepção de que se o tra-balhador desenvolvesse suas atividades numambiente de satisfação, isto por si só garantiriaum trabalho eficiente. Ou melhor, a Escola Be-haviorista seria um desdobramento da Escoladas Relações Humanas, mas com uma rupturacom alguns elementos prescritivos tanto da Es-

49 BEHAVIORISMO

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cola Clássica como da Escola das Relações Hu-manas.

BELÍNDIA. Palavra formada pelas iniciais deBélgica e Índia para denotar uma situação depolarização entre riqueza e pobreza, de tal formaque num mesmo país teríamos a riqueza da Bél-gica e a pobreza da Índia. O termo foi batizadopelo economista Edmar Bacha durante os anos70 referindo-se à situação brasileira.

BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello (1942- ).Nasceu em São Paulo e graduou-se em CiênciasJurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito daUniversidade de São Paulo em 1965. Em 1975,obteve o título de doutor em economia pela Uni-versidade Estadual de Campinas. Foi secretárioespecial de Assuntos Econômicos do Ministérioda Fazenda entre 1985 e 1987, e um dos elabo-radores e executores do Plano Cruzado. Entre1988 e 1990, foi secretário de Ciência e Tecno-logia e Desenvolvimento Econômico do Estadode São Paulo (governo Quércia), e secretário-es-pecial de Assuntos Internacionais do Estado deSão Paulo (governo Fleury) a partir de 1991. Seuslivros mais importantes são: Valor e Capitalismo,de 1980, cujo conteúdo é a tese de doutoramento;Um Estudo sobre a Crítica da Economia Política eO Senhor e o Unicórnio — a Economia dos Anos80, de 1984. É colaborador de vários jornais erevistas, entre eles Isto É-Senhor, Gazeta Mercantile Folha de S. Paulo. Atualmente, é professor deeconomia do Instituto de Economia da Univer-sidade Estadual de Campinas (Unicamp).

BELLWETHER. Termo em inglês que designaum título do mercado financeiro considerado oindicador da direção que o mercado como umtodo tomará. Os títulos da IBM foram conside-rados durante muito tempo tendo esta caracte-rística no mercado de ações norte-americano. Nocaso brasileiro, as ações da Telebrás e de outrasestatais de primeira linha de certa forma enqua-dram-se nesta classificação.

BELOW THE LINE. Veja Abaixo da Linha.

BELT AND BRACES. Expressão em inglês quesignifica literalmente “cinturão e suspensório”.Trata-se de uma política que se bifurca em duasvias separadas de ação, sendo que cada umapoderá alcançar o objetivo almejado se a outrafalhar. Ou melhor, se o cinturão não segurar acalça, o suspensório o fará.

BEM. Iniciais da expressão em inglês big emer-gent markets, isto é, “grandes mercados emer-gentes”. Esta expressão começou a ser dissemi-nada a partir da conferência em Cingapura (de-zembro de 1996) da Organização Mundial doComércio (OMC), e inclui cerca de doze países,entre os quais o Brasil. Veja também OMC.

BEM DE GIFFEN. Um bem cuja demanda au-menta quando o seu preço sobe e diminui quan-do seu preço desce, aparentemente contrariandoa lei da demanda. Essa forma de comportamentodos consumidores foi verificada por Robert Gif-fen (1837-1910) ao observar as famílias mais po-bres comprando mais pão à medida que os pre-ços deste produto iam aumentando. Isso acon-tece quando a magnitude absoluta do efeito-ren-da (em relação aos preços) é maior do que amagnitude negativa do efeito-substituição. Ouseja, embora mais caro, o pão ainda é o produtomais barato, o que faz com que os consumidoresdeixem de comprar outros produtos (mais caros)de sua dieta, para comprar mais pão. A elasti-cidade-renda da demanda para um “bem de Gif-fen” é negativa.

BENCH MARK. Expressão em inglês que sig-nifica “ponto de referência” ou “unidades-pa-drão”, para que se estabeleçam comparações en-tre produtos, serviços, processos, títulos, taxasde juros etc., de tal modo a saber se os demaisprodutos, serviços, títulos etc. se encontram aci-ma ou abaixo em relação ao que serve comoreferência. Por exemplo, as taxas de juro dostítulos de 90 dias do Tesouro norte-americanoservem como benchmark para todas as taxas dejuro praticadas nos Estados Unidos. A atividadedo bench mark (ou benchmarking) vem sendo de-senvolvida nos últimos anos com grande inten-sidade em relação aos produtos industriais de-vido ao acirramento da concorrência internacio-nal trazida pela globalização dos mercados epelo global sourcing. Veja também Global Sour-cing; Globalização.

BENCH MARK DATA. Expressão em inglêsque significa “dados de referência”.

BENCH MARK JOBS. Funções típicas numa or-ganização utilizadas como exemplo ou pontosde referência em relação aos quais outras fun-ções podem ser comparadas por classificação depostos, pontuação etc.

BENCHMARKING. Veja Bench Mark.

BENEFÍCIOS ADICIONAIS. Veja BenefíciosSalariais.

BENEFÍCIOS SALARIAIS. Em inglês, fringe be-nefits. Benefícios oferecidos pelas empresas, a tí-tulo de pagamento adicional dos salários, a seusfuncionários de alto nível. Dessa forma, os ren-dimentos sobre os quais incidem impostos e de-duções são reduzidos. Os benefícios mais co-muns são: fornecimento de automóvel (desde osimples leasing do veículo até pagamento de to-das as despesas, inclusive motorista), casa, es-cola para os filhos, clube para toda a família,passagens e estadas no período de férias, cartões

BELÍNDIA 50

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de crédito e planos especiais de saúde e de se-guro de vida. O vale-alimentação e o vale-trans-porte também podem ser considerados benefí-cios salariais.

BENEFÍCIOS SOCIAIS. Conjunto das melho-rias auferidas por uma comunidade em decor-rência da implantação de uma indústria, aindaque o empreendimento não esteja voltado paratais objetivos. Entre os benefícios sociais, estãoo aumento de oportunidades de emprego, o in-cremento às atividades comerciais e de lazer, osaneamento básico e a abertura de estradas. Vejatambém Multiplicador.

BENELUX. União alfandegária entre Bélgica,Holanda e Luxemburgo, criada em 1944 em Lon-dres e posta em prática gradualmente até 1948.Seu objetivo, além da eliminação das tarifasaduaneiras entre esses países e da adoção detarifas comuns para as importações de outrasnações, foi a completa integração econômica dospaíses membros (um tratado nesse sentido foiratificado em 1960). O esquema do Benelux tevegrande influência na criação do Mercado Co-mum Europeu, organização integrada tambémpor esses três países. As tarifas do Benelux foramunificadas às do Mercado Comum em julho de1968.

BENS. Tudo o que tem utilidade, podendo sa-tisfazer uma necessidade ou suprir uma carên-cia. Os bens econômicos são aqueles relativamenteescassos ou que demandam trabalho humano.Assim, o ar é um bem livre, mas o minério deferro é um bem econômico. Existem vários tiposde bens econômicos, podendo-se distingui-lospor sua natureza, por sua função na produção,por suas relações com outros bens, por suas pe-culiaridades no que se refere à comercializaçãoetc. Entre as principais distinções feitas peloseconomistas estão: os bens de consumo (um ali-mento, um par de sapatos), os bens de capital oude produção (máquinas, equipamentos), os bensduráveis (uma casa), os bens não-duráveis (umafruta), os bens mistos (um automóvel é bem decapital para um motorista de táxi e bem de con-sumo para a pessoa que o usa por prazer), osbens necessários (alimentos, roupas), os bens su-pérfluos (uma jóia), os bens complementares (pneue volante de automóvel) e os bens sucedâneos(margarina, em relação à manteiga).

BENS ALODIAIS. Bens dos quais um indiví-duo pode dispor livremente, sem necessidadede licença de qualquer outra pessoa e que, con-seqüentemente, se comunicam entre os cônjugese se repartem entre os co-herdeiros.

BENS COMPLEMENTARES. São os bens eco-nômicos que devem ser combinados para satis-fazer uma necessidade; usados em conjunto, eles

aumentam sua utilidade. Exemplos de benscomplementares são o café e o açúcar, o auto-móvel e a gasolina, a eletricidade e a lâmpadaelétrica. Do ponto de vista mercadológico, osbens complementares apresentam certas pecu-liaridades porque a comercialização de cada umdeles está associada à do outro: quando ocorre,por exemplo, uma queda significativa na de-manda dos cigarros, é de esperar uma quedacorrespondente na demanda de isqueiros.

BENS DE CAPITAL. São bens que servem paraa produção de outros bens, especialmente osbens de consumo, tais como máquinas, equipa-mentos, material de transporte e instalações deuma indústria. Alguns autores usam a expressãobens de capital como sinônimo de bens de pro-dução; outros preferem usar esta última expres-são para designar algo mais genérico, que incluiainda os bens intermediários (matéria-prima de-pois de algumas transformações, como, porexemplo, o aço) e as matérias-primas.

BENS DE CONSUMO DURÁVEIS. Bens deconsumo que prestam serviço durante um pe-ríodo de tempo relativamente longo, como umamáquina de lavar roupa ou um automóvel. Di-ferem dos bens de consumo não-duráveis, comoos alimentos, que são usados uma única vez.Além dessa diferença intrínseca, os bens de con-sumo duráveis diferem dos não-duráveis pelofato de que sua comercialização está sujeita aoscilações muito maiores, devido a modismos,à situação econômica geral e a outras influências.

BENS DE PRIMEIRA ORDEM. Conceito de-senvolvido pelos marginalistas (Carl Menger,Stanley Jevons) para classificar os bens de acor-do com sua distância do ato final de consumo.Quanto mais baixa a ordem de um bem, maispróximo estaria ele do consumo final. Os bensde segunda ordem seriam, por exemplo, aquelesbens que dariam origem aos de primeira ordem,e assim por diante. Os bens de ordem mais bai-xa, se não forem dádivas da natureza, semprese originam da combinação de bens de ordenssuperiores. Veja também Jevons, Stanley; Men-ger, Carl; Marginalistas.

BENS DE PRODUÇÃO. Veja Bens de Capital.

BENS DURÁVEIS. Categoria de bens que têmutilidade durante um grande período de tempo,abrangendo, portanto, os bens de consumo du-ráveis e os bens de capital. As indústrias queproduzem bens duráveis são muito mais afeta-das pelas crises econômicas do que as que sededicam aos bens não-duráveis. Sua expansãoé de tal modo condicionada pela expansão doconsumo — conforme o princípio da aceleração— que qualquer queda ou simples nivelamentona procura dos bens não-duráveis implica vio-

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lenta queda na produção de bens de capital ede bens de consumo duráveis. Veja tambémBens de Consumo Duráveis.

BENS INTERMEDIÁRIOS. Bens manufatura-dos ou matérias-primas processadas que são em-pregados para a produção de outros bens ouprodutos finais. O lingote de aço, originário deuma siderúrgica, é um bem intermediário que,numa fábrica de autopeças, pode se transformarem chassi, roda ou eixo, produtos que tambémsão bens intermediários na fabricação do auto-móvel — um produto final, acabado. Os pro-dutos intermediários, portanto, são insumos queem geral uma empresa compra de outra paraelaboração dos produtos de sua especialidade.Até o produto final, a produção passa por umacadeia de bens intermediários, em decorrênciada divisão do trabalho.

BENS LIVRES. Bens que satisfazem necessida-des e suprem carências, mas são tão abundantesna natureza que não podem ser monopolizadosnem exigem trabalho algum para ser produzi-dos, não tendo, portanto, preço; por exemplo,o ar ou a luz do sol.

BENS-SALÁRIO. Conjunto de bens que emcada país constitui a cesta de consumo básicodo trabalhador, segundo seu padrão de vida.São formados pelos artigos de primeira neces-sidade para o trabalhador e sua família, comoos alimentos, o vestuário, a habitação, o trans-porte e os serviços de educação e saúde. Por lei,o salário mínimo deveria ser suficiente para pro-porcionar ao trabalhador essa quantidade míni-ma de bens, indispensáveis a sua sobrevivênciafamiliar.

BENTHAM, Jeremy (1748-1832). Filósofo, ju-rista e economista inglês, criador do utilitarismo.Em 1787, escreveu Defence of Usury (Proibiçãoda Usura), onde se alinha com Adam Smith, afavor da liberdade de iniciativa econômica doindivíduo. Com An Introduction to the Principlesof Morals and Legislation (Uma Introdução aos Prin-cípios da Moral e da Legislação), de 1789, Benthamexpôs a doutrina utilitarista que o tornaria cé-lebre. Considerando que apenas o egoísmo e abusca da felicidade motivam a conduta humana,defendia um sistema de governo que harmoni-zasse os interesses, garantindo a maior satisfa-ção possível ao maior número de pessoas. EmPlan of a Parliamentary Reform, in the Form of aCatecism (Plano de Reforma Parlamentar, sob a For-ma de Catecismo), de 1817, propôs reformas de-mocráticas do sistema político inglês, defenden-do eleições anuais, sufrágio universal e voto se-creto. Veja também Utilitarismo.

BEQUIMÃO. Rebelião liderada por ManuelBeckman (Bequimão é uma corruptela de Beck-

man) contra as proibições de escravização deindígenas no Norte do Brasil (Pará) e contra asabusivas condições impostas pela Companhiade Comércio do Maranhão para a importaçãode nativos africanos que resolvessem o proble-ma da falta de braços existente na região na épo-ca. A rebelião teve início em 1684 e foi uma dasprimeiras contra o domínio da Metrópole, comrelativo êxito inicial. Os insurretos aprisionaramo governador, formaram uma junta que deter-minou a abolição do monopólio na importaçãode escravos e a deportação dos jesuítas (que de-fendiam os índios), cujas propriedades foramocupadas. Contra essa afronta à autoridade daMetrópole, foi organizada uma expedição puni-tiva, que aprisionou e condenou à morte ManuelBeckman e outros líderes do movimento. NoNorte, assim como em outras regiões do país,a falta de mão-de-obra durante o século XVIIfoi um problema que só foi parcialmente resol-vido com a importação maciça de escravos. An-tes disso, porém, especialmente os jesuítas seopunham à escravização dos indígenas, conse-guindo obter da Coroa Portuguesa algumas re-gras que os proprietários de terras consideravaminexequíveis, como, por exemplo, pagar saláriosa esses trabalhadores e conceder-lhes um perío-do relativamente longo para que pudessem cui-dar de suas próprias roças. Os colonos semprese opuseram a tais regras, que com toda a certezasomente poderiam ser implementadas contra avontade destes, isto é, pela força.

BERLE JR., Adolf Augustus (1895-1971). Diplo-mata e economista norte-americano que se des-tacou no estudo do capitalismo em seu país. Par-ticipou da delegação dos Estados Unidos quenegociou a paz da Primeira Guerra Mundial(1914-1918), atuou como diplomata especializa-do em América Latina nos governos de Roose-velt, Truman e Kennedy, e foi embaixador dosEstados Unidos no Brasil (1945-1946). Formadoem Direito por Harvard, foi professor da Uni-versidade de Colúmbia de 1927 a 1964 e escreveuvários livros sobre assuntos políticos e econô-micos. Sua obra econômica de maior repercus-são, The Modern Corporation and Private Property(A Moderna Sociedade Anônima e a Proprieda-de Privada), escrita em colaboração com Gardi-ner C. Means e publicada em 1932, mostra comose processou a concentração capitalista nos Es-tados Unidos. Nela, Berle prevê que a economianorte-americana seria inteiramente absorvidapelas duzentas maiores empresas do país se fos-se mantida a taxa de crescimento verificada nosanos de 1909 a 1929. Ainda sobre a concentraçãoda economia em grandes empresas, destaca-sena obra de Berle o livro The Twentieth CenturyCapitalist Revolution (A Revolução Capitalista doSéculo Vinte), de 1955.

BENS INTERMEDIÁRIOS 52

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BERNOULLI (Família). A família Bernoulli, per-tencente à religião protestante, oriunda da Ho-landa, estabeleceu-se na Suíça. Foi uma famíliada qual se originaram, no final do século XVIe ao longo do século XVII, oito matemáticos bri-lhantes, e todos eles tiveram um papel impor-tante no desenvolvimento do cálculo matemá-tico. Os irmãos Jacob (1654-1705), Johann (1667-1748) e Daniel (1700-1782), o segundo filho deJohann, foram destacados matemáticos. Jacob eJohann eram amigos de Liebniz, com quem tro-caram nutrida correspondência por meio daqual pode-se dizer que o cálculo matemático sedesenvolveu. Jacob estudou os problemas dotautochrone, do brachistochrone, da geometria, dadinâmica e outros, inclusive o problema isope-rimétrico. Foi o primeiro a mudar, em 1690, onome até então utilizado de calculus summatorispara calculus integralis, que se mantém até hoje.Seu livro Ars Conjectandi foi publicado postu-mamente em 1713. Nesta obra foram encontra-das as regras que tornaram seu nome destacadona teoria da probabilidade. Ele foi professor defísica experimental na Universidade da Basiléiae, mais tarde, tornou-se professor de matemá-tica. Ensinou matemática a seu irmão Johann,que o sucedeu como professor na mesma uni-versidade. As descobertas de Johann aparece-ram nas publicações Acta Eruditorum e Journaldes Savants. Em 1701, o início do cálculo das va-riações foi utilizado em sua solução para o cál-culo do problema isoperimétrico. Ele introduziuo termo functio, a origem do termo atual “fun-ção”, amplamente utilizado em matemática.Apesar das discrepâncias entre os irmãos e tam-bém entre pais e filhos, os Bernoulli eram pes-quisadores brilhantes e grandes professores, queensinaram não apenas seus filhos, mas tambémmatemáticos como Euler. Daniel Bernoulli des-tacou-se especialmente na teoria da pro-babilidade, dando também contribuições nocampo da hidrodinâmica e da teoria cinética dosgases. Nicolau Bernoulli, neto de Johann, dis-tinguiu-se como professor de matemática emSão Petersburgo. O irmão mais novo de Daniel,Johann (1710-1790), sucedeu seu pai Johann Sr.como professor na Universidade de Basiléia. Ofilho de Johann Jr., também chamado Johann(1744-1807), foi catedrático de matemática naAcademia de Berlim. Um filho do terceiro Jo-hann, chamado Jacob (1759-1789), foi professorde física experimental na Universidade de Ba-siléia. Nicolau (1687-1759), neto do fundador dafamília Nicolau (1623-1708) e filho de NicolauBernoulli, o pintor (1662-1716), ocupou entre1716 e 1719 a cátedra de matemática em Pádua,que pertencera a Galileu. Veja também Lei dosGrandes Números; Risco.

BERNSTEIN, Eduard (1850-1932). Político e pen-sador alemão. Fundou, em fins do século XIX,

o movimento revisionista, tentativa de rever aobra de Marx, retirando-lhe o caráter revolucio-nário e propondo a persuasão e educação gra-dual como meios de alcançar o socialismo. Foiamigo íntimo e colaborador de Engels durantemuitos anos e destacado representante da so-cial-democracia alemã. Logo após a morte deEngels (1895), contudo, e por influência do so-cialismo fabiano inglês, abandonou toda idéiade transformação revolucionária da sociedade,declarando que o Partido Social-democrata de-veria ser um partido da reforma. Em sua prin-cipal obra, Die Voraussetzungen des Sozialismusund die Aufgaben der Sozialdemocratie (As Premis-sas do Socialismo e as Tarefas da Social-Demo-cracia), de 1899, Bernstein nega o conceito mar-xista da intensificação da luta de classes e dainevitabilidade da revolução, preconizandomeios graduais para melhorar as condições dosoperários mediante a ação sindical e política. E,em lugar da concepção marxista do socialismocomo o resultado necessário de processos his-tóricos objetivos, apresenta-o como uma escolhada humanidade, de acordo com padrões éticose morais. Do ponto de vista econômico, Berns-tein ataca, em seu livro, a teoria marxista docolapso capitalista. Apoiando-se na situação eco-nômica da Europa Ocidental, usou dados esta-tísticos para mostrar que o capitalismo estariaapenas diferenciando e não polarizando as clas-ses, e também para condenar o determinismoeconômico do processo histórico. Bernstein foideputado no Reichstag, onde exerceu três man-datos. Durante a Primeira Guerra Mundial, foium dos fundadores do Partido Social-democrataIndependente. Exerceu ainda o cargo de secre-tário do Tesouro do governo alemão.

BESSIE. Apelido das ações da Bethlehem StellCo. na Bolsa de Valores de Nova York.

BETA. Termo analítico utilizado para descreverdiferenças de preços em instrumentos financei-ros, comparando o preço imediato de um títuloespecífico ao movimento em geral de um mer-cado. Se a diferença for grande, o título é con-siderado possuidor de um beta elevado em re-lação aos demais, e, se a diferença for diminuta,o título terá um beta pequeno. O Índice Standard& Poor’s 500 (que inclui as cotações de quinhen-tas ações da Bolsa de Nova York) é o ponto dereferência e tem um beta igual a 1. Uma açãoespecífica mais volátil do que essa média teriaum beta superior a 1, isto é, suas cotações au-mentariam ou cairiam mais rapidamente do queas da S&P 500. Em geral, as ações com betassuperiores a 1 são mais arriscadas, enquantoaquelas com índices inferiores a 1 são mais se-guras e suas oscilações, menos pronunciadas.Veja também Alfa; S&P 500.

53 BETA

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BETINHO. Veja Fome.

BETRIEBSRAT. Termo em alemão que significaconselho de trabalhadores, que constitui um re-quisito legal nas indústrias da Alemanha, deacordo com a Lei de Co-gestão (Co-determina-ção). Veja também Aufsichtsrat; Lei da Co-ges-tão; Vorstand.

BETTELHEIM, Charles (1913- ). Economista fran-cês, autor de vários livros sobre a planificaçãosocialista e os problemas da planificação em ge-ral. Em 1936, visitou a União Soviética pela pri-meira vez, e seis anos depois publicou seu pri-meiro livro sobre a planificação socialista. Logoapós o término da Segunda Guerra Mundial, pu-blicou o segundo livro a respeito do mesmo as-sunto, do ponto de vista teórico e prático. Suavisão sobre a formação soviética modificou-sesubstancialmente depois da revolução culturalchinesa e dos acontecimentos no Leste europeuno início dos anos 70, especialmente na Polônia.Sua obra mais importante é a trilogia Les Luttesde Classe en URSS, cujo primeiro volume, cor-respondente ao período 1917-23, foi lançado noBrasil em 1975 com o título A Luta de Classes naUnião Soviética. Na obra, sustenta a tese de quena União Soviética prevalece o capitalismo deEstado e não um Estado socialista. O segundovolume, que analisa o período 1923-1930, foi edi-tado na França em 1977. Bettelheim escreveuainda L’Économie Soviétique (A Economia Sovié-tica), 1950, e Problémes Théoriques et Pratiques dela Planification (Problemas Teóricos e Práticos daPlanificação), 1952.

BEVERIDGE, William Henry (1879-1963). Eco-nomista inglês que se notabilizou por seus es-tudos sobre desemprego e propostas de previ-dência para os trabalhadores. Em 1911, colabo-rou com o então secretário do Interior WinstonChurchill na instituição de um seguro-desem-prego. Entre 1919 e 1937, dirigiu a LondonSchool of Economics, e em 1941 tornou-se pre-sidente do comitê administrativo interministe-rial encarregado de analisar o sistema previden-ciário vigente na Inglaterra. Disso resultou o Pla-no Beveridge, em 1942, que serviu de base paraa reforma da estrutura da previdência social naInglaterra e em vários outros países. Suas con-cepções teóricas encontram-se nos livros Unem-ployment, 1931, e Full Employment in a Free Society(Pleno Emprego numa Sociedade Livre), 1944.Veja também Plano Beveridge.

BEVERIDGE PLAN. Veja Plano Beveridge.

BHOPAL. Nome de cidade na Índia Centralonde ocorreu um dos maiores desastres ecoló-gicos de origem industrial do mundo. Em de-zembro de 1984, um vazamento de isocianatode metila, produto químico utilizado para fa-

bricar pesticidas numa fábrica da Union Carbi-de, provocou a morte de no mínimo 2 500 pes-soas (a cifra exata é difícil de estabelecer, umavez que muitas famílias enterraram seus mortosfora da cidade onde o acidente ocorreu) e maisde 200 mil pessoas foram feridas pelo desastre.O acidente provocou também seqüelas nos so-breviventes atingidos pelo gás: vários bebês nas-ceram deformados e ocorreram muitos abortosespontâneos em Bhopal. Veja também Mal deMinamata.

BIB (Brazil Investment Bond). Veja Plano Bra-dy; TJLP.

BIBOR. Veja Ibor.

BID — Banco Interamericano de Desenvol-vimento. Instituição internacional sediada emWashington, foi criada em 1959 para prestar aju-da financeira aos países da América Latina e doCaribe. Subscrita inicialmente pelas nações ame-ricanas, conta desde 1974 com doze nações forado hemisfério, entre elas a Grã-Bretanha. Seusprincipais acionistas são Estados Unidos, Cana-dá, Brasil, Argentina e México.

BIG-BANG. Expressão em inglês utilizada ori-ginalmente no campo da astronomia para ex-plicar a origem do universo, e tomada de em-préstimo pelo mundo financeiro para designaro que ocorreu na Bolsa de Valores de Londres(London Stock Exchange) no dia 27/10/1986,quando várias mudanças foram operadas nestainstituição de existência secular, no sentido deeliminar barreiras que impediam maior compe-tição nos mercados financeiros londrinos. Porexemplo, foram eliminadas as comissões fixasdos operadores, e em seu lugar estabeleceu-seum sistema de remuneração por faixas; forameliminadas as distinções até então existentes en-tre jobbers e brokers e passou-se a permitir queoperadores não-britânicos tivessem acesso aofloor da Bolsa de Valores. Veja também Broker;Jobber.

BIG BLUE. Apelido das ações da IBM (Interna-tional Business Machines) em função da cor doseu logotipo. Constitui um dos papéis mais im-portantes da Bolsa de Nova York.

BIG BOARD. Expressão que designa o grupode diretores da Bolsa de Valores de Nova York.A expressão é também utilizada para designara própria Bolsa de Valores de Nova York.

BIG EIGHT. Expressão em inglês que designaas oito grandes empresas norte-americanas decontabilidade e auditoria, que realizam essesserviços para as maiores e mais importantes cor-porações daquele país, e são as seguintes: ArthurAndersen, Coopers and Lybrand, Ernest Whit-

BETINHO 54

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ney; Deloitte Haskins & Sells; Peat, Marwick,Mitchell & Co.; Price Water House; Touche Ross;Arthur Young.

BIG MAC INDEX. Veja Índice Big Mac.

BIG PUSH. Expressão em inglês que significa,literalmente, “grande arrancada”. Este conceitooriginou-se nas teses de Rosenstein-Rodan sobreo desenvolvimento dos países em processo deindustrialização. Ele defendia a tese de que odesenvolvimento equilibrado com grandes in-vestimentos em diversos campos poderia supe-rar os problemas das indivisibilidades dos paí-ses cujos mercados internos eram estreitos. Seum grande número de indústrias fosse implan-tado simultaneamente, cada uma poderia re-presentar a demanda de outra, de tal maneiraque os setores que na ausência dessa demandaseriam anti-econômicos tornar-se-iam viáveis,permitindo um rápido e equilibrado desenvol-vimento da economia. As críticas a esse tipo deconcepção se concentraram em dois pontos: 1)o hiperinvestimento levaria necessariamente aprocessos inflacionários expressivos; 2) não seriarealista supor que um programa maciço de in-vestimentos fosse realizado pela simples expec-tativa de que a demanda correspondente surgi-ria na raiz dos próprios investimentos que es-tivessem sendo realizados. Veja também Hipe-rinvestimento; Indivisibilidades.

BILATERALISMO. Prática de acordos especiaisde comércio e de pagamentos assinados entredois países. Consiste, em geral, na fixação decotas de importação e taxas alfandegárias pri-vilegiadas, não aplicadas ao comércio com osdemais países. O bilateralismo tornou-se umaprática comum no comércio internacional a par-tir da crise econômica de 1930 e intensificou-sedepois da Segunda Guerra Mundial, como re-curso para recuperar as economias destruídaspelo conflito e criar mecanismos de controle docomércio mundial. Ao mesmo tempo foi com-batido como prejudicial ao comércio internacio-nal como um todo, surgindo assim a necessidadede um acordo global: isso foi conseguido pormeio do Acordo Geral de Tarifas e Comércio(General Agreement on Tariffs and Trade —GATT). Outra contrapartida às relações bilate-rais são os acordos multinacionais regionais,como o Mercado Comum Europeu, que man-têm, contudo, um caráter restritivo em relaçãoaos países que não compõem esses grupos. Vejatambém Multilateralismo.

BILHETES DA REAL EXTRAÇÃO DE DIA-MANTES. Certificados representativos da pro-priedade de diamantes, emitidos pelo Arraialdo Tejuco, na Capitania de Minas Gerais, e au-torizados pelo Regimento de 2 de agosto de

1771. Em 1803, pelo Alvará de 13 de novembrodaquele ano às Reais Casas da Fundição deOuro, foi autorizada a emissão de bilhetes paraa permuta do ouro em pó, com o objetivo decoibir a circulação do metal como moeda e fa-cilitar as operações comerciais.

BILHETES DE EXTRAÇÃO. Conhecimentos dedepósito emitidos pelas administrações das Ca-sas da Moeda no início do século passado, ne-gociáveis por endosso e garantidos pelos ativosdo orgão emissor. Constituíram um precursordo papel-moeda. O Alvará de 13 de maio de1803, do Príncipe Regente de Portugal e de Al-garve, dizia, entre outras coisas, o seguinte:“...Autorizo os administradores da mesma Casa(da Moeda) a darem um bilhete extraído dosseus livros ou registros, no qual se declare aquantidade e título do ouro com que o mineiroentrar; indicando-se o valor total, e o dia emque achará na Casa da Moeda o seu ouro fabri-cado, e cunhado; o qual dia não podendo emcaso algum ser alterado, poderá este bilhete serposto em circulação, e correrá como uma Letrade Câmbio a vencer; fazendo-se nas costas deleo seu trespasse para que o último portador fiqueautorizado a receber o seu valor, quando quiserir cobrá-lo à Casa da Moeda”.

BILHETES DE PERMUTA. Títulos emitidos apartir de 1803, similares aos “bilhetes de extra-ção”, que eram uma espécie de conhecimentosde depósitos, negociáveis por endosso e garan-tidos pelo ativo das Administrações da Casa daMoeda, contra as quais eram sacados.

BILHETES DE PERMUTA DO OURO EMPÓ. Emitidos em 1808 pela Capitania das MinasGerais com os valores representativos já impres-sos em importâncias correspondentes a vinténsde ouro nas denominações de 37,5; 75; 150; 300e 600 réis. Foram autorizados pelo Alvará de 1ºde setembro de 1808, que tratava de cédulas depapel-moeda.

BILL OF LADING. Expressão em inglês quesignifica conhecimento de embarque ou detransporte e que consiste num documento queo responsável pelo transporte de uma mercado-ria (por trem, navio etc.) entrega ao seu pro-prietário, declarando que ela foi recebida paratransporte até um determinado destino, estabe-lecendo as condições sob as quais essa merca-doria está sendo transportada.

BIMETALISMO. Sistema monetário em que aunidade monetária de um país é estabelecidaem lei em termos de dois metais — via de regrao ouro e a prata —, numa relação de valor es-pecífica entre eles. Cada metal é aceito em quan-tidades ilimitadas para cunhagem e o que forcunhado deve ser aceito como moeda legal (legal

55 BIMETALISMO

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tender). O principal problema dos sistemas bi-metalistas é a manutenção da relação de valorentre os dois metais, tendo-se em vista a flutua-ção de preços dos mesmos nos mercados internoe externo. Se tais flutuações provocarem a des-valorização de um metal em relação ao outro,as moedas cunhadas no metal desvalorizadotenderiam a expulsar de circulação as moedascunhadas no metal valorizado. O sistema foi uti-lizado nos países europeus e nos Estados Unidosdurante o século XIX, embora de forma descon-tínua, em grande medida porque se acreditavaque um sistema monetário baseado apenas emum metal poderia resultar em deflação se a ofer-ta do metal a ser monetizado não acompanhassea expansão da atividade econômica, especial-mente do comércio. No entanto, se a relação devalor entre os dois metais fosse modificada pelasflutuações dos respectivos preços, o metal devalor relativo mais alto seria exportado, perma-necendo no país o metal de menor valor, ten-dendo assim o sistema para o monometalismo.Com a generalização do uso do papel-moeda,no final do século XIX e início do XX, a neces-sidade de um sistema bimetalista perdeu suarazão de ser. Veja também Mágico de Oz; Mo-nometalismo.

BIMETALISMO MANCO. Veja União Latina.

BIMODAL. Característica de uma distribuiçãoque possui duas modas. Veja também Moda.

BINÁRIO. Veja Sistemas de Pesos e Medidas.

BINARY DIGIT. Veja Bit.

BIOMASSA. Total da matéria orgânica contidaem determinado espaço, incluindo todos os ani-mais e vegetais. Para a economia, interessa abiomassa que possa ser utilizada como matéria-prima, especialmente na produção de energia.Com a crise do petróleo em 1973, intensificou-sea pesquisa de novas fontes energéticas de ex-ploração mais imediata. Do estudo da biomassasurgiram, por exemplo, projetos para a produ-ção de combustíveis como o etanol, o metanol(a partir da cana-de-açúcar, mandioca, madeiraetc.) e o gás metano (por industrialização de de-tritos orgânicos). No Brasil, destaca-se o planoProálcool, de produção de combustível para veí-culos.

BIONOMICS. Termo em inglês formado pelaspalavras biology e economics. Considera a econo-mia ecossistemas, e não maquinismos. Esta novaconcepção foi desenvolvida pelo Bionomics Ins-titute (San Rafael, Califórnia, EUA) e a idéia cen-tral é que os indivíduos, as organizações e osmercados existem numa teia complexa e adap-tativa na qual o progresso tecnológico é análogo

à evolução biológica. Veja também Teoria daComplexidade.

BIRD — Banco Internacional de Reconstruçãoe Desenvolvimento. Instituição financeira inter-nacional ligada à ONU e conhecida tambémcomo Banco Mundial (World Bank). Criado em1944, na Conferência de Bretton Woods, teve oobjetivo inicial de financiar os projetos de recu-peração econômica dos países atingidos pelaguerra. Sediado em Washington, reúne 139 paí-ses (1980). Fornece empréstimos diretos a longoprazo (15 a 25 anos) aos governos e empresas(com garantias oficiais), para projetos de desen-volvimento e assistência técnica. O maior volu-me de recursos, desde que o banco começou aoperar, em 1946, até 1981, foi dirigido aos setoresde energia, transporte e agricultura. As contri-buições de cada país-membro ao capital do Bird,assim como o direito ao voto, são estabelecidasproporcionalmente à participação do país no co-mércio internacional. O maior acionista do Birdé o governo dos Estados Unidos, que tem poderde veto sobre as decisões da organização. O ban-co opera por meio de duas agências filiadas: aCorporação Financeira Internacional e a Asso-ciação Internacional de Desenvolvimento.

BIRR. Unidade monetária da Etiópia. Submúl-tiplo: cent.

BIS (Bank for International Settlements). VejaBanco para Pagamentos Internacionais.

BIS. Iniciais da expressão em inglês british im-perial system, que designa o sistema de pesos emedidas utilizado na Inglaterra, e também oBank for International Settlements. Veja tambémBanco para Pagamentos Internacionais.

BIT. O termo admite vários significados: 1) de-nominação popular dada pelos americanos aoreal espanhol desde os tempos em que a Espa-nha colonizou a Flórida. Mais tarde, quando ha-via poucos bits (pedacinhos em inglês) em cir-culação e o dólar equivalia a oito reais espa-nhóis, os americanos cortavam notas de dólarem quatro pedaços, passando cada um deles avaler dois reais ou dois bits. Até hoje nos EstadosUnidos, na gíria, vinte e cinco centavos de dólarcorrespondem a dois bits, e meio dólar, a quatrobits; 2) contração da expressão em inglês binarydigit (dígito binário), o bit é a unidade elementarde informação em computadores digitais, po-dendo adotar o valor “um” ou o valor “zero”.Por exemplo, 1 101 é um número de quatro bits.O dígito binário significa um algarismo na re-presentação binária de um número; 3) o bit sig-nifica também uma pequena parte de um pro-grama radiofônico.

BITRIBUTAÇÃO. Ocorre quando dois impos-tos, decretados por entidades diferentes, inci-

BIMETALISMO MANCO 56

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dem sobre o mesmo bem ou fato gerador. Umcaso típico é a superposição dos impostos dedois ou mais países. Alguns países sujeitam aoImposto de Renda os lucros e dividendos aufe-ridos no estrangeiro por cidadãos que conti-nuam residindo no país. Como esses contribuin-tes também devem pagar o imposto no paísonde a renda é gerada, ficam sujeitos à duplatributação.

BLACK. Termo em inglês cujo significado é “ne-gro”, geralmente utilizado no mundo dos negó-cios para designar o mercado ilegal de moedaestrangeira (no Brasil, especialmente o dólar),mas também se aplica a mercadorias contraban-deadas ou que não podem ser vendidas semuma licença especial do governo. O grau de le-gitimidade desses mercados pode ser tão grandeque os principais orgãos de comunicação de umpaís — como acontece no Brasil — divulgam ascotações do Black, do Negro ou do Paralelo dia-riamente. Veja também Mercado Negro; Mer-cado Paralelo.

BLACK MONDAY. Expressão em inglês quedesigna um dia da semana (no caso uma segun-da-feira) em que houve uma forte queda na Bol-sa de Valores de Nova York. Nesse caso, tra-tou-se do dia 19 de outubro de 1987, quando amédia Dow Jones caiu 508 pontos na Bolsa deNova York, provocando um início de pânico,na medida em que os aplicadores acreditavamque estava se iniciando uma crise semelhante àde 1929, fato que, na realidade, não aconteceu.Veja também Black Tuesday; Dow Jones; Pâ-nico.

BLACK SCHOLES MODEL. Fórmula matemá-tica bastante utilizada na avaliação de preçosde contratos de opção. O modelo tenta estabe-lecer se os contratos de opções estão com seuspreços razoavelmente bem ajustados, mediantea comparação do preço do instrumento (opção)e o preço (strike price) do exercício da opção, avolatilidade do instrumento, o tempo que restaaté a data da opção, e as taxas correntes de juro.O modelo black scholes também foi adaptadopara a gerência dos ativos-passivos dos bancose da precificação das taxas de juro caps and collors.

BLACK TUESDAY (Terça-feira Negra). Dia29/10/1929, data da grande quebra da Bolsa deValores de Nova York, quando o volume detransações dobrou e o Dow Jones caiu, no iníciodo pregão, de 252 para 238 e, no encerramento,para 212.

BLADING. Veja Bill of Lading.

BLAIR HOUSE (Plano). Plano estabelecido en-tre os Estados Unidos e a Comunidade Européia

envolvendo mecanismos para o comércio deprodutos agrícolas no âmbito do Gatt. Elaboradoem 1992 depois de exaustivas discussões envol-vendo especialmente interesses dos EstadosUnidos e da França, teve como principais obje-tivos os seguintes: 1) transformar todas as bar-reiras não-tarifárias (como a fixação de cotas)em tarifas, que serão reduzidas em 36% para ospaíses industrializados e em 24% para os paísesem desenvolvimento; 2) os países cujos merca-dos agrícolas estão fechados terão de importarpelo menos 3% do consumo interno do produto,subindo para 5% num prazo de seis anos; 3) ossubsídios aos produtos agrícolas que distorcemo comércio serão cortados em 20% num prazode seis anos, e em 13,3% para os países em de-senvolvimento; 4) o valor dos subsídios diretosàs exportações será reduzido em 36% em 6 anos,enquanto o volume será reduzido em 21%. Operíodo base é 1986-1990 ou 1991-1992, caso asexportações fossem mais elevadas naquele pe-ríodo; 5) as nações mais pobres estarão isentasdessas regras na área agrícola.

BLANC, J.J. Charles Louis (1811-1882). Socia-lista francês e um dos líderes da revolução de1848. Defendia uma reforma social baseada nacriação de associações operárias de produção,mas sob a égide do Estado. Segundo ele, a ri-queza produzida deveria ser repartida da se-guinte forma: 25% para um fundo de amortiza-ção do capital, 25% para um fundo de segurosocial, 25% para um fundo de reserva, 25% pararepartir entre os trabalhadores. Escreveu asobras: Organização do Trabalho (1840), História deDez Anos (1841) e Direito ao Trabalho (1848).

BLISS POINT. Expressão em inglês que signi-fica “ponto de felicidade” ou de “êxtase”. Es-pecificamente na teoria do consumidor, refere-seao ponto em que este experimenta uma totalsaciedade em relação aos bens consumidos, sen-do que tal ponto se encontra dentro de suas li-mitações orçamentárias. Ele só pode ser alcan-çado se o consumidor não agir de acordo como “axioma da dominância”, isto é, se não preferirsempre mais de todos os bens existentes. Vejatambém Axiomas da Preferência.

BLOCK TRADE (Transação em Bloco). Expres-são inglesa utilizada nas Bolsas de Valores paradesignar um negócio que envolve um lote ex-traordinariamente grande de ações, de uma sóvez.

BLUE — Best Linear Unbiased Estimator. VejaTeorema de Gauss-Markov.

BLUE-CHIP. Termo em inglês utilizado no jar-gão das Bolsas de Valores para designar as açõesmais estáveis de maior liquidez, mais segurase de maior rentabilidade. São também chamadas

57 BLUE-CHIP

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de Ações de Primeira Linha, para diferenciá-lasdas Ações de Segunda Linha, que são ações demenor liquidez, de menor segurança e menosprocuradas pelos investidores. No Brasil, sãoconsideradas blue-chips as ações das grandes em-presas estatais como o Banco do Brasil, a Petro-brás e a Vale do Rio Doce.

BLUE COLLARS. Expressão em inglês que sig-nifica literalmente “colarinho azul” e designaaqueles trabalhadores de fábrica diretamente li-gados à produção. Veja também White Collar.

BLUE SKY BARGAINING. Expressão em in-glês utilizada especialmente nos Estados Unidosno âmbito das negociações coletivas entre em-pregados e empregadores, quando as reivindi-cações dos primeiros se fazem em bases total-mente irrealistas.

BNDES — Banco Nacional de Desenvolvimen-to Econômico e Social. Instituição financeira fe-deral criada em 1952 para fomentar o desenvol-vimento dos setores básicos da economia brasi-leira, nos planos público e privado. Surgiu comoórgão técnico para executar o programa de rea-parelhamento econômico elaborado pela Comis-são Mista Brasil—Estados Unidos, e recebeuauxílio do Banco Internacional para Reconstru-ção e Desenvolvimento (Bird) e do Banco de Ex-portação e Importação dos Estados Unidos(Eximbank). Por decreto-lei presidencial de25/5/1982, a instituição recebeu a responsabili-dade de gerir o então criado Fundo de Investi-mento Social (Finsocial) e teve a palavra “social”acrescentada a seu nome.

BNDESPAR — BNDES Participações S.A. So-ciedade por ações, subsidiária do Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES). Com sede em Brasília, objetiva pro-porcionar apoio: 1) à dinamização e ao fortale-cimento das empresas nacionais que atuam nosdiversos setores da economia do país; 2) à trans-ferência, incorporação e desenvolvimento de tec-nologia; 3) ao desenvolvimento gerencial dasempresas nacionais; 4) ao fortalecimento domercado de capitais; 5) à execução de programase projetos correlatos. Esse apoio se dá, funda-mentalmente, por meio das seguintes formas deação: participação no capital social das empresasnacionais, mediante a subscrição e integraliza-ção de ações e cotas, preferencialmente em pro-porções minoritárias; financiamento a empresasnacionais, a título de adiantamento de partici-pação societária; garantia de subscrição de açõesou debêntures conversíveis em ações; aval nosempréstimos em moeda nacional ou estrangeirae outras formas de colaboração compatíveis como objetivo social da empresa. A BNDESPARpode contratar em seu próprio nome a aquisição

ou desenvolvimento de projetos de engenharia,bem como atuar como agente do BNDES. Vejatambém BNDES.

BNH — Banco Nacional da Habitação. Insti-tuição de crédito vinculada ao Ministério do In-terior, criada em 1964 para financiar a execuçãodo Plano Nacional da Habitação. Fornecia finan-ciamento a curto prazo para os construtores demoradias e a longo prazo para os compradoresde casa própria. Atuava também no fornecimen-to de recursos na implantação de projetos deinfra-estrutura urbana, destinados a melhorar ascondições de moradia da população. Utilizavarecursos provenientes do Fundo de Garantia porTempo de Serviço (FGTS) e de letras imobiliáriaslançadas no mercado financeiro. O BNH foi ex-tinto pelo decreto-lei nº 2 291, de 21 de novem-bro de 1986. A Caixa Econômica Federal sucedeuao BNH em todos os seus direitos e obrigações,incluindo a administração do seu passivo e ati-vo, do pessoal, dos bens móveis e imóveis, nagestão do Fundo de Garantia do Tempo de Ser-viço, do Fundo de Compensação de VariaçãoSalarial, do Fundo de Assistência Habitacional,do Fundo de Apoio à Produção de Habitaçãopara a População de Baixa Renda e das opera-ções de crédito externo realizadas pelo BNHcom a garantia do Tesouro Nacional. Veja tam-bém SFH.

BODEMERIA. Termo muito antigo, já registra-do no Código de Hamurabi 1 800 anos antes deCristo, e que consistia num empréstimo ounuma hipoteca contraída pelo proprietário de umnavio para financiar sua viagem. Se o navio nau-fragasse, o empréstimo não precisaria ser pago.É uma das formas mais antigas de seguro ma-rítimo e, durante a época romana, quando co-meçaram a surgir os seguradores, essa formacontinuava a ser praticada.

BODIN, Jean (1530-1596). Jurista francês da Re-nascença, precursor do mercantilismo. Mongecarmelita, deixou o convento para dedicar-se àteoria do Estado e trabalhar como consultor doParlamento de Paris e do duque de Anjou, umdos líderes católicos franceses que propunhama unidade nacional em torno do poder real. Emseu clássico A República, 1576, Bodin estabeleceua doutrina da soberania do Estado como podercentral independente das corporações, do Par-lamento e do papado. Em economia política, Bo-din distinguiu-se por um avançado estudo sobrea moeda: Réponse aux Paradoxes de Sire de Ma-lestroit (Resposta aos Paradoxos do Senhor deMalestroit), 1568. Nessa obra, sustentou que aalta dos preços na França era devida principal-mente ao grande afluxo de ouro e prata do NovoMundo e não à política real. Tornou-se assim

BLUE COLLARS 58

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um pioneiro da teoria quantitativa da moeda.Condenava ainda os monopólios e os gastos ex-cessivos das cortes e, embora fosse adepto deuma autoridade central soberana, achava que eladeveria obter o “consentimento dos súditos”,para os quais defendia o direito à propriedadeprivada e à liberdade de comércio.

BOGEY. Termo em inglês utilizado nos EstadosUnidos nos primórdios do sistema de pagamen-to por peça ou por tarefa. Os trabalhadores fi-xavam uma meta de produção por conta própriaquando as taxas de pagamento por peça conti-nham uma folga e restringiam o volume totalproduzido, temendo que a administração redu-zisse as taxas de pagamento por peça.

BÖHM-BAWERK, Eugen von (1851-1914). Es-tadista e economista austríaco, um dos expoen-tes da escola austríaca e do marginalismo, es-pecialista na teoria do capital e dos juros. Pro-fessor de economia da Universidade de Viena,foi deputado e ministro das Finanças de seu paíspor duas vezes (1895-1898 e 1900-1904). Escre-veu Grundzüge der Theorie des Wirtschaftlichen Gü-terwertes (Elementos da Teoria do Valor Econô-mico dos Bens), 1886; Kapital und Kapitalzins (Ca-pital e Juros), 1884, e Positive Theorie des Kapitales(Teoria Positiva do Capital), 1889. Para Böhm-Bawerk, os juros são o resultado de mecanismospsicológicos que levam o indivíduo a depreciaro futuro e valorizar o presente; o juro seria, as-sim, a diferença entre o maior valor que o in-divíduo confere a um bem presente e o menorvalor que atribui ao bem futuro. A isso se acres-centam — segundo o autor — uma razão deordem econômica (um capital imediatamentedisponível vale mais que um não imediatamentedisponível) e uma razão de ordem técnica (otempo exigido pelo processo de produção capi-talista). Com essa teoria, Böhm-Bawerk preten-deu mostrar que o sistema capitalista repousasobre leis naturais que não podem ser transgre-didas quando se quer utilizar eficazmente as for-ças produtivas; pretendeu também combater asteorias socialistas sobre a exploração da forçade trabalho pelo capital. Veja também EscolaAustríaca; Marginalismo.

BÓIA-FRIA. Denominação dada ao trabalhadoragrícola que não tem emprego de caráter per-manente (com um mesmo empregador). O bóia-fria vive em condições muito precárias na peri-feria das cidades pequenas ou médias e trabalhapor curtos períodos de tempo em várias fazen-das, sendo contratado por intermediários. Por-tanto, não tem vínculo empregatício com o seureal empregador, que, por meio desse mecanis-mo, se exime de pagar os encargos sociais cor-respondentes. O nome bóia-fria origina-se dofato de que esses trabalhadores trazem suas re-

feições de casa e não têm condições de aquecê-las nos locais onde trabalham. Na região Nor-deste do país, são chamados de corumbas; nosudeste, de volantes, birolos, peões etc.

BOICOTE. Termo derivado do nome do capitãoinglês C. Boycott, um corretor de terras comquem os irlandeses se recusaram a tratar duranteos motins de 1879-1881 desencadeados contra alegislação fundiária inglesa. O termo generali-zou-se para designar hoje em dia qualquer re-cusa coletiva de consumidores e compradoresde adquirir produtos de certas fontes ou em-presas por considerar os preços ou as condiçõesem que são vendidos extorsivos ou inaceitáveis.O boicote pode acontecer também por parte dossindicatos de trabalhadores, cujos membros serecusam, por exemplo, a transportar produtosde uma empresa onde não se respeitam os di-reitos trabalhistas, ou de países onde se praticao apartheid. Atualmente, com a generalização daslutas ecológicas para a proteção do meio am-biente, o boicote vem acontecendo em relaçãoa lojas que vendem, por exemplo, casacos depele oriundos de animais em extinção. Quandoesse tipo de ação se reveste de base jurídica,como, por exemplo, a recusa da venda de armaspara países onde não se respeitam os direitoshumanos, o procedimento é denominado “em-bargo”. Veja também Embargo.

BOILER ROOM. Expressão em inglês da gíriado mercado financeiro que significa um escri-tório geralmente localizado em pontos de difícilacesso, utilizado por corretores inescrupulosospara entrar em contato com clientes da lista de“otários” tentando vender-lhes títulos, ações etc.de elevado risco e de empresas de solvência du-vidosa.

BOISGUILLEBERT, Pierre de (1646-1714). Eco-nomista francês, precursor dos fisiocratas, umdos primeiros representantes do liberalismo eco-nômico. Autor de Le Détail de la France (A Par-ticularidade da França), de 1697, e de Le Factumde la France (O Memorial da França), de 1707,em que critica acerbamente a política econômicade Colbert, ministro das Finanças de Luís XIV.Essas obras valeram-lhe o exílio e foram apreen-didas. Boisguillebert propunha uma reforma fis-cal que abolisse grande parte dos impostos, por-que para ele o consumo é a fonte da riqueza danação e esta só pode aumentar na medida emque aquele aumente também, o que só seria pos-sível com a supressão dos impostos que pesamsobre os consumidores. Defendendo medidas deproteção à agricultura, antecipou certas teses dosfisiocratas. Outras obras: Traité des Grains (Tra-tado sobre os Cereais) e Dissertation sur la Naturedes Richesses, de l’Argent et des Tributs (Disserta-

59 BOISGUILLEBERT, Pierre de

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ção sobre a Natureza das Riquezas, da Prata edos Impostos), publicadas em 1712.

BOLETIM. Resenha diária do movimento deuma Bolsa de Valores. Elementos essenciais dosboletins das Bolsas são: o comportamento doíndice; a quantidade de negócios efetuados; ovolume das transações expresso em moeda cor-rente; a relação das ações que mais subiram, quemais baixaram, que foram mais negociadas; ascotações de abertura e de fechamento; os preçosmáximos e mínimos. Veja também Cotação.

BOLETO (ou Boleta). Documento de circulaçãointerna das Bolsas de Valores, no qual se resu-mem os pormenores de uma operação. Os bo-letos contêm informações sobre quem comprou,quem vendeu, os títulos ou ações negociados,o preço, as condições da transação e as datas.

BOLHA DE CONSUMO. Ocorre quando o con-sumo final cresce repentinamente, mas sem tercondições de continuidade. Como uma bolha,tem existência efêmera. Por exemplo, no Brasil,logo após o Plano Cruzado, a estabilização dospreços, a redução das taxas de juro, a elevaçãoepisódica dos salários e a transferência de re-cursos antes aplicados nas Cadernetas de Pou-pança para o consumo provocaram uma expan-são muito intensa deste, mas que não teve con-tinuidade nos meses subseqüentes.

BOLÍVAR. Unidade monetária da Venezuela.Submúltiplo: céntimo.

BOLIVIANO. Unidade monetária da Bolívia.Submúltiplo: centavo.

BOLSA DE EMPREGOS. Organismo governa-mental ou sindical destinado a centralizar infor-mações sobre o número de empregos disponí-veis no mercado de trabalho. As empresas for-necem à entidade interessada dados sobre as va-gas existentes e essas informações são transmi-tidas aos trabalhadores desempregados. As Bol-sas de Empregos foram criadas na Inglaterra noinício do século XX, difundindo-se posterior-mente para outros países europeus. No Brasil,essa atividade está institucionalmente reservadaao Ministério do Trabalho, por intermédio doSistema Nacional de Empregos (Sine).

BOLSA DE FUTUROS. Mercado de commodi-ties onde os contratos de futuros em instrumen-tos financeiros ou as mercadorias físicas, comoo trigo e a soja, são comercializados. Ações eopções também são comercializadas nessas Bol-sas. As mais importantes são as seguintes: Chi-cago Board of Trade, Chicago Mercantile Ex-change/International Monetary Market, Com-modity Exchange Inc. (Nova York), Mid-Ame-rica Commodity Exchange Inc. (Chicago), New

York Futures Exchange, Sydney Futures Exchan-ge (Austrália), The International Futures Ex-change Ltd. (Bermudas), Financial Futures Mar-ket, Montreal Stock Exchange (Montreal, Que-bec), Toronto Stock Exchange Futures Market,Winnipeg Commodity Exchange, London Inter-national Futures Exchange, London Metal Ex-change, Hong-Kong Commodity Exchange, To-kyo International Financial Futures Exchange eGold Exchange of Singapore. Veja também Mer-cado a Futuro; Mercado a Termo.

BOLSA DE MERCADORIAS. Mercado centra-lizado para transações com mercadorias, sobre-tudo os produtos primários de maior importân-cia no comércio internacional e no comércio in-terno, como café, açúcar, algodão, cereais etc.(as chamadas commodities). Realizando negóciostanto com estoques existentes quanto com esto-ques futuros, as Bolsas de Mercadorias exercempapel estabilizador no mercado, minimizandoas variações de preço provocadas pelas flutua-ções da procura e reduzindo os riscos dos co-merciantes. Com a expansão do comércio inter-nacional no fim da Idade Média, surgiram, nosséculos XV e XVI, grandes corporações de co-merciantes e banqueiros que criaram as primei-ras Bolsas propriamente ditas: a de Bruges(1487), a de Antuérpia e a de Amsterdã (1561),as de Lyon, Bordeaux e Marselha (1595), a deParis (1639). Essas Bolsas tiveram influência noextraordinário crescimento do capitalismo co-mercial dos séculos XVI e XVII. Na atualidade,as mais importantes bolsas de mercadorias domundo são as de Chicago, Nova York e Londres;suas cotações regulam os preços de quase todoo comércio internacional. No Brasil, a primeirafoi a Bolsa de Mercadorias do Rio de Janeiro,inaugurada em 1912, na qual se faziam negóciosde café, açúcar e algodão. Desativada no anoseguinte, em 1920 foi substituída pela Bolsa deCafé, que servia também para transações de açú-car e de algodão. Em 1913, o governo do Estadode São Paulo criou a Bolsa de Café de Santos.Em 1917, abriu-se a Bolsa de Mercadorias deSão Paulo.

BOLSA DE VALORES. Instituição em que senegociam títulos e ações. As Bolsas de Valoressão importantes nas economias de mercado porpermitirem a canalização rápida das poupançaspara sua transformação em investimentos. Econstituem, para os investidores, um meio prá-tico de jogar lucrativamente com a compra evenda de títulos e ações, escolhendo os momen-tos adequados de baixa ou alta nas cotações.Em suas origens, as Bolsas de Valores confun-diam-se com as Bolsas de Mercadorias, mas apartir do século XVIII, com o extraordinário au-

BOLETIM 60

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mento das transações com valores mobiliáriose, sobretudo, com o surgimento e posterior de-senvolvimento das sociedades por ações, ini-ciou-se um processo de especialização do qualresultou o aparecimento de Bolsas dedicadas ex-clusivamente a operações com títulos e ações.Na atualidade, as mais importantes Bolsas deValores do mundo são as de Nova York, Lon-dres, Paris e Tóquio. No Brasil, antes de 1800já se negociava com papéis, mas só em 1845 sur-giu a primeira regulamentação governamental.O Código Comercial Brasileiro de 1850 refere-seàs “praças de comércio”, precursoras das atuaisBolsas. Em 1893, estabeleceu-se a primeira Bolsa:a Bolsa de Fundos Públicos, com sede no Riode Janeiro. Atualmente, as mais importantes bol-sas do país, pela ordem, são as de São Paulo,do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. Duas fasesdistintas marcam o funcionamento diário deuma Bolsa de Valores: a da fixação das cotaçõespor anúncio (ou por chamada) e a da fixaçãopor oposição. A primeira fase consiste num pre-gão, em que os interessados declaram em vozalta os preços que estão dispostos a pagar (oureceber) pelos papéis que lhes interessam (ouqueiram vender): trata-se, portanto, de um lei-lão, no qual a regra básica é o encontro da ofertae da procura. Terminada a primeira fase, inicia-se a da fixação das cotações por oposição: a fimde conter uma possível flutuação extremada dospreços, a direção da Bolsa coteja (daí a expressãopor oposição) os preços da primeira fase e fixaa cotação de cada papel para o restante do dia,de tal forma que nenhum negócio poderá serfeito fora da cotação estabelecida. As transaçõespodem ser feitas a pronto (também chamadasà vista) ou a termo (a prazo). Na primeira mo-dalidade, os papéis negociados são entreguesimediatamente após o registro da transação naBolsa. Na segunda, os papéis só são entreguesao fim de um prazo estabelecido pelas partes;entre a compra e a entrega, o comprador poderevender os papéis que adquiriu, com isso ga-nhando ou perdendo conforme as oscilações dacotação nesse período. Os negócios nas Bolsasnão podem ser feitos diretamente por qualquerpessoa ou empresa. Cada Bolsa de Valores cre-dencia certo número de pessoas, os corretores,que funcionam como intermediários entre com-pradores e vendedores. São eles o centro ner-voso do sistema, pelo conhecimento aprofunda-do que possuem dos títulos existentes no mer-cado. O mercado da Bolsa é regulado, em pri-meiro lugar, por fatores econômicos mais obje-tivos, tais como a situação real da empresa quepõe seus papéis à venda, suas condições de pro-dução e comercialização, a capacidade adminis-trativa de sua direção, a situação das empresas

concorrentes e a conjuntura econômica do país.Mas há uma influência fundamental exercidatambém por circunstâncias psicológicas: porexemplo, um clima de exagerado otimismo emrelação a determinada empresa pode levar à su-pervalorização de suas ações. De situações comoessa podem surgir distorções perigosas no mer-cado. A fim de conter excessos e manter suacredibilidade, as Bolsas, com certa freqüência,estabelecem limites máximos para a valorizaçãodos papéis negociados. Além disso, as Bolsastêm o dever de orientar os investidores por meiode revistas, boletins, conferências que informemsobre dados, tais como o comportamento dasações, as quantidades de compra e venda e osíndices de liquidez e rentabilidade de cada pa-pel. No Brasil, a atividade das Bolsas é fiscali-zada pela Comissão de Valores Mobiliários, doMinistério da Fazenda. A partir de 15 de marçode 1990, com o Plano Collor, segundo a medidaprovisória de nº 162, os papéis da Bolsa de Va-lores, até então isentos, passaram a sofrer a in-cidência de 25% do Imposto de Renda sobre osganhos líquidos do capital. Veja também Ação;Bolsa de Mercadorias; Bolsa de Valores deNova York; CNBV; Mercado de Capitais; Tí-tulos; Wall Street.

BOLSA DE VALORES DE NOVA YORK. Amaior e mais importante Bolsa de Valores domundo, localizada no nº 11 da Wall Street, emNova York. Também conhecida como Big Board,inclui as trinta empresas que formam o DowJones. Ela é auto-regulada por um conselho de20 membros que acompanha e regula as ativi-dades comerciais de seus 1 300 membros. Vejatambém Dow Jones.

BOM. Iniciais da expressão em inglês beginningof month, que significa “início do mês” e designaa posição no mês em que um pagamento deveráser efetuado, ou um título pago ou um compro-misso saldado.

BONA FIDE. Expressão latina que significa li-teralmente “boa fé”. Utilizada na prática de ne-gócios entre empresas, bancos etc. quando umregistro ou lançamento errado é feito de maneiranão intencional.

BONA MONETAS. Veja Moeda de Boa Lei.

BOND RATING. Expressão em inglês utilizadano mercado financeiro para a qualificação de tí-tulos transacionados no mercado. A classificaçãodesses papéis é realizada por várias empresas,mas as que têm maior tradição e respeitabilidadesão a Standard & Poor’s e a Moody’s InvestorsService. As formas de classificação de títulosdessas empresas são as seguintes:

61 BOND RATING

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Veja Também Default.

BONIFICAÇÃO. Vantagem concedida pelo ven-dedor ao comprador, seja pela diminuição dopreço da mercadoria vendida, seja pela entregade uma quantidade maior que a estipulada. Nomercado de ações, bonificação é a distribuiçãogratuita de ações novas aos acionistas (na pro-porção da quantidade de ações já possuídas porcada acionista) em virtude da incorporação aocapital de reservas ou lucros acumulados ou dareavaliação do ativo de uma empresa.

BONUM COMMUNIONIS. Expressão em la-tim que significa “bem comum” e é interpretadapelos utilitaristas como uma soma aritmética detodos os indivíduos. Veja também Utilitarismo.

BÔNUS. Bonificação em ações concedida aosacionistas de uma empresa quando esta aumen-ta seu capital. Às vezes, a distribuição de bônusfaz-se por sorteio, como forma de incentivar avenda das ações da empresa. No Brasil, bônussão também os títulos de dívida pública emiti-dos em séries ao portador e com vencimentoem data predeterminada; servem para pagamen-to de débitos fiscais e são uma forma de o go-verno antecipar a receita.

BÔNUS DE SAÍDA. Veja Exit Bonds.

BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO. São títulos nego-ciáveis que conferem ao titular direito de subs-crever ações. Podem ter como finalidade a vendade ações ou debêntures, contribuindo para pro-gramar e/ou agilizar um aumento de capital.

BOODLE. Termo em inglês, utilizado especial-mente na Inglaterra, para designar dinheiro fal-sificado ou oriundo de atividades ilícitas.

BOOM. “Explosão” em inglês: período de rá-pida e elevada expansão das atividades econô-micas, geralmente acompanhado de grande es-

peculação, especialmente de ações e títulos.Como o nível geral dos negócios apresenta umatendência à flutuação, variando segundo fatoreseconômicos e também políticos e sociais, um pe-ríodo de prosperidade econômica ou boom é ge-ralmente seguido de momentos de recessão ou,às vezes, de crise profunda ou depressão. Foi oque ocorreu em 1929, quando chegava ao fim omovimento ascendente de um ciclo econômiconas sociedades capitalistas, tendo início a de-pressão mais grave que o mundo capitalista jásofreu. Veja também Ciclo Econômico; Depres-são Econômica.

BOPAL. Veja Bhopal.

BORDERÔ. Palavra de origem francesa utiliza-da na terminologia bancária brasileira para de-signar a relação de títulos de crédito que o clien-te leva ao banco para realizar uma operação dedesconto ou cobrança, entre outras.

BORRACHA. Veja Ciclo da Borracha.

BÖRSENORDNUNG. Termo em alemão quedesigna os regulamentos aplicados nas Bolsasde Valores da Alemanha.

BORTKIEWICZ, Ladislaus Von (1868-1931).Nasceu em São Petersburgo, Rússia, de uma fa-mília de origem polonesa, e estudou na Univer-sidade de Estrasburgo. Lecionou durante 30anos na Universidade de Berlim. A obra de Bort-kiewicz abrange um leque bem amplo de as-suntos envolvendo a estatística, a economia e amatemática, entre outros. Foi considerado umdos grandes acadêmicos de seu tempo no campoda metodologia estatística. Sua “lei dos peque-nos números” ou “eventos raros” (Das Gesetzder Kleinem Zählen), de 1898, chamou muita aten-ção científica e desencadeou uma acirrada po-lêmica no Giornale degli Economisti (1907-1909),em particular devido à aplicação dessa lei aos280 soldados prussianos mortos por coices deseus cavalos entre 1874-1894. No campo da eco-nomia, as contribuições de Bortkiewicz abran-geram da teoria do valor à teoria e política mo-netárias. Suas críticas à teoria dos juros deBöhm-Bawerk, Der Kardinalfehler der Böhm-Ba-werk Zinstheorie (O Principal Erro da Teoria dosJuros de Böhm-Bawerk), foram publicadas em1906. Bortkiewicz acreditava que as teses apre-sentadas pela “teoria da produtividade” (do ca-pital) haviam sido definitivamente refutadas porBöhm-Bawerk, mas a explicação alternativa des-te também não era satisfatória. De acordo comBöhm-Bawerk, métodos de produção mais lon-gos eram tecnicamente mais produtivos do quemétodos mais curtos, de tal forma que bens decapital atuais poderiam proporcionar maioresquantidades de bens de consumo do que capitaisfuturos: eis aí a fonte do juro do capital. Mas,

Standard& Poor’s

Moody’sInvestors Service

Da Mais Alta Qualidade AAA Aaa

De Alta Qualidade AAA Aaa

Acima da Média AAA Aaa

Médios BBB Baa

Predominantemente Especu-lativos

BBA Baa

Especulativos de Baixo Nível BAA Baa

Baixa Qualidade CCC Caa

Altamente Especulativos CCA Caa

Pior Qualidade sem pagamen-to de juros

CAA Caa

Em Default DDD

Em Arrears DDA

Valor Duvidoso DAA

BONIFICAÇÃO 62

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argumenta Bortkiewicz, se compararmos doisinvestimentos, do mesmo montante e composi-ção e iniciados em momentos diferentes com amesma eficiência, cada um deles produzirá amesma quantidade de produto, só que em mo-mentos diferentes. Portanto, a superioridade ale-gada por Böhm-Bawerk dos bens de capital pre-sentes sobre os futuros não passa de um simplesintervalo de tempo, o que, por si só, não explicaa origem dos juros. Em seguida, Bortkiewicz tra-ta de uma outra explicação proposta por Böhm-Bawerk: a escassez de capital. A crítica é quetal escassez só pode ser temporária e devida aerros de previsão. Uma vez que o capital, deacordo com Böhm-Bawerk, não é outra coisa que“um produto intermediário”, a ação dos meca-nismos de mercado nivelariam a escassez ou ex-cessos dos diferentes capitais nos diferentes se-tores.As críticas a Böhm-Bawerk levaram Bort-kiewicz a examinar as críticas daquele a Marx,sobre a origem do lucro e sobre a questão datransformação de valores em preços de produ-ção. Apoiando-se nas contribuições de Tugan-Barankowsky (1905) sobre o tema, Bortkiewiczdesenvolve uma sugestão, indicada pelo próprioMarx, de que o valor do capital constante e docapital variável deveria ser transformado empreços, da mesma maneira que o valor do pro-duto. Dessa forma, poder-se-ia determinar si-multaneamente preços e taxa de lucro. Apesarde todos esses enfoques, não se deve concluirque Bortkiewicz tivesse uma posição objetivistaem teoria econômica. Admitia que tanto as in-fluências objetivas como subjetivas (marginalis-tas) deveriam ser consideradas na determinaçãodos preços. Quanto à origem do lucro (e dos ju-ros), sustentava que Marx tivera a visão corretade que o lucro tem origem na mais-valia, o quepermite que as mercadorias sejam trocadas porseu valor. Isto é, o lucro não surgiria da elevaçãodo preço de uma mercadoria no momento desua venda, nem devido aos “serviços produtivosdo capital”. Bortkiewicz não considera o lucro,no entanto, como o fruto da exploração, mascomo uma “dedução” do valor de uma merca-doria.

BOT. Iniciais das seguintes expressões em in-glês: 1) build, operate and transfer (“construir, ope-rar e transferir”), que significa tipos de contratosentre o setor público e o setor privado, no qualeste último constrói e opera um determinadoserviço público, como, por exemplo, o forneci-mento de água, energia elétrica ou transporte e,posteriormente (depois de amortizado o inves-timento), transfere ao setor público a obra; 2)abreviação inglesa do termo “comprado”; 3) ini-ciais de Balance of Trade (Balança Comercial);4) iniciais de Board of Trustees (Conselho deCuradores).

BOTERO, Giovanni (1540-1617). Economista ita-liano da Renascença, defensor do mercantilismoe do industrialismo. Em sua obra Delle Causedella Grandezza e Magnificenza delle Città (Sobreas Causas da Grandeza e da Magnificência dasCidades), 1558, critica as idéias do inglês JohnHalles, seu contemporâneo, defendendo a tesede que o número de habitantes de um país de-pende da massa de meios de subsistência dis-poníveis. Com isso foi, de certa forma, um pre-cursor de Malthus. Aconselhava também que seincrementasse, ao lado da agricultura, a produ-ção industrial.

BOTTOM FISHER. Expressão em inglês quesignifica literalmente “pescador de fundo dopoço”, isto é, aquele que busca comprar títuloscujos preços atingiram seus níveis mais baixosantes do início de uma esperada recuperação.Esse tipo de operação pode ocorrer com empre-sas que estejam no limiar da falência, o que tornaessas operações de alto risco.

BOTTOMRY. Termo em inglês que significa oato de tomar dinheiro emprestado dando comogarantia um navio ou sua carga.

BOULDING, Kenneth Ewart (1910- ). Econo-mista inglês radicado nos Estados Unidos, liga-do à escola institucionalista, estudou a influênciade fatores psicológicos e sociológicos na vidaeconômica. Seguindo a linha de pensamento deVeblen, Boulding propôs uma nova dimensãopara a economia que abrangesse as estruturassociais. Em sua principal obra, The Reconstructionof Economics (A Reconstrução da Economia), de1950, salientou a função dos estoques, em vezdos fluxos, propondo uma macroteoria da dis-tribuição. Também enfatizou o papel social doempresário. Trabalhando numa perspectiva teó-rica de evolução econômica, Boulding propôsainda a integração da economia a conceitoscomo o de equilíbrio ecológico e dinâmica bio-lógica. Considera que, além do sistema de trocas,a vida social se organiza segundo um sistemade desequilíbrio e um sistema integrativo. Sus-tentou que a política econômica não pode serjulgada apenas por critérios econômicos. E, emseu primeiro livro, Economic Analysis (AnáliseEconômica), 1941, procurou sintetizar a teoria eco-nômica neoclássica e keynesiana num só corpoteórico. Foi professor das universidades de Mi-chigan e Colorado. Escreveu ainda The Image (AImagem), 1956; Conflict and Defense (Conflito e De-fesa), 1962, e Ecodynamics (Ecodinâmica), 1978.

BOULWARISMO. Forma de negociação deacordos coletivos de trabalho iniciada por Le-muel Boulware, antigo vice-presidente para rela-ções industriais da General Electric (EstadosUnidos) e que consistia em fazer uma proposta

63 BOULWARISMO

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da empresa ao sindicato da categoria de traba-lhadores ou, passando por cima deste, dirigir-sediretamente aos trabalhadores e recusar-se aprosseguir negociando, na base do “pegar oulargar”. Essa prática foi considerada contráriaao êxito das negociações pela Junta Nacional deRelações de Trabalho dos Estados Unidos, e con-trária ao espírito da Lei Taft-Hartley, isto é, con-siderando que o processo de negociação coletivasobre os termos e as condições de trabalho têmcomo fundamentos a boa-fé, o compromisso econcessões mútuas. Veja também Taft-Hartley(Lei).

BOURBON. Variedade de café desenvolvida noBrasil e que se apresenta como: Bourbon Ama-relo (tem todas as características do Bourbon Co-mum, só que o fruto é amarelo), Bourbon Ca-turra (uma variedade de elevada produção, dearbusto pequeno e resistente ao sol), BourbonPontiagudo (crescimento lento do arbusto e debaixa produtividade), Bourbon Santos (denomi-nação do café cuja origem é a semente Moka;depois do terceiro ou quarto ano de colheita, asemente muda de formato, tornando-se menosarredondada e mais plana, recebendo a deno-minação de Flat Bean Santos, sendo um café ba-rato e utilizado para mesclas.

BOURSE. Termo em francês que significa Bolsaou o lugar onde são transacionados títulos, mer-cadorias ou força de trabalho (Bourses du Tra-vail). A palavra tem origem na denominação dolugar onde, durante o século XVI, eram feitastransações cambiais e comerciais: o hotel da fa-mília Van der Burse.

BOX. Termo em inglês que significa “caixa”,onde eram guardados os comprovantes da ope-ração homônima. Na prática financeira, significauma operação de tesouraria de captação ou apli-cação de recursos que é realizada mediante acombinação de várias operações de compra evenda de opções, consistindo em: 1) compra deopção de compra; 2) venda de opção de compra;3) compra de opção de venda; 4) venda de opçãode venda, com o mesmo vencimento, emboracom preços de exercício e prêmios diferentes. Acaptação ou aplicação de recursos é o resultadolíquido dos prêmios recebidos e pagos. As ope-rações que envolvem um box são negociadas emconjunto nas Bolsas de Valores.

BOY. Iniciais de beginning of year, expressão eminglês que significa “começo do ano” e designao momento no qual uma dívida deverá ser pagaou um compromisso saldado.

BRAÇA. Medida de comprimento utilizada pelaCasa da Moeda do Brasil, antes da adoção doSistema Métrico Decimal, e equivalente a 2 varas

ou aproximadamente 2,20 m. Na Alemanha, cor-respondia ao faden e media 1,80 m. Veja tambémUnidades de Pesos e Medidas; Sistemas de Pe-sos e Medidas.

BRACEAGEM (Brassagem). Pagamento feito àautoridade emissora pela cunhagem de moedametálica quando o montante cobre apenas o cus-to da fabricação da moeda. Quando o montanteexcede este custo, o pagamento passa a chamar-se senhoriagem. Veja também Senhoriagem.

BRACERO (Sistema). Programa iniciado du-rante a Segunda Guerra Mundial nos EstadosUnidos para compensar a falta de mão-de-obrana agricultura americana. Consistiu na impor-tação de mão-de-obra mexicana (os braceros), afim de que os salários não subissem em demasianos períodos de colheita, especialmente nos Es-tados do Texas e da Califórnia. Desde então, otermo designa mão-de-obra não especializadade trabalhadores agrícolas. Esses trabalhadorestambém foram denominados espaldas mojadas(“costas molhadas”), sendo que, para migrar du-rante a época de colheita nos Estados Unidos,tinham de atravessar, geralmente de forma clan-destina, o rio Grande, que separa os dois países.

BRACIAGEM. Veja Braceagem.

BRADIES. Bônus da dívida brasileira apelida-dos de bradies logo após a adesão do Brasil aoPlano Brady, em 1994. O Plano Brady foi idea-lizado por Nicholas Brady, ex-secretário do Te-souro dos Estados Unidos. Ele conseguiu refi-nanciar vários países endividados ao propor aosbancos credores que abrissem mão de uma partedos créditos a receber em troca de novos títuloslastreados por papéis do Tesouro dos EstadosUnidos, considerados de risco zero pelo merca-do. O Brasil emitiu cerca de US$ 50 bilhões debradies. No mercado internacional da dívida ex-terna brasileira, há nove tipos de papéis dife-rentes — conhecidos por nomes diversos e quese dividem em várias modalidades —, quais se-jam: Exit Bonds: valor de 1 bilhão de dólares,emissão em setembro de 1989, vencimento emsetembro de 2013, em 30 parcelas semestraisiguais a partir de março de 1999, juros de 6%;IDU (Interest Due and Unpaid): valor total de 7,2bilhões de dólares, emissão em janeiro de 1991,vencimento em janeiro de 2001, em 15 parcelasdesiguais a partir de janeiro de 1994, juros va-riando entre 7,8125 e Libor semestral + 0,8125%(pre-Brady Bonds); Par Bonds (Bônus ao Par): valortotal de 10,5 bilhões de dólares, emissão em abrilde 1994, vencimento em abril de 2024, juros va-riando de 4% a 6%, amortizações em 60 parcelassemestrais; DCB (Debt Convertion Bond): valor to-tal de 8,5 bilhões de dólares, emissão em abrilde 1994, vencimento em abril de 2012, em 17

BOURBON 64

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parcelas semestrais a partir de abril de 2004, ju-ros Libor semestral + 0,875%; FLIRB (Front-LoadedInterest Reduction Bond): valor total de 1,7 bilhãode dólares, emissão em abril de 1994, vencimen-to em abril de 2009, em 13 parcelas semestraisa partir de abril de 2003, juros variando entre4% e Libor semestral + 0,8125%; C-BOND (Front-Loaded Interest Reduction with Capitalization Bond):valor total de 7,4 bilhões de dólares, emissãoem abril de 1994, vencimento em abril de 2014,em 21 parcelas semestrais a partir de abril de2004, juros crescentes a partir de 4% para as pri-meiras parcelas e de até 8% para as últimas; EIBOND (Eligible Interest Bond): valor total de 4,3bilhões de dólares, emissão em abril de 1994,vencimento em abril de 2006, em 19 parcelassemestrais a partir de abril de 1997, com mon-tantes variando entre 1% para as primeiras e8% para as últimas, juros Libor semestral +0,8125; DISCOUNT BONDS Series Z: valor totalde 7,3 bilhões de dólares, emissão em abril de1994, vencimento em abril de 2024, o valor totalno vencimento, juros Libor semestral + 0,8125;NMBs (New Money Bonds): valor total de 2,1 bi-lhões de dólares, emissão em abril de 1994, ven-cimento em maio de 2009, em 17 parcelas se-mestrais a partir de abril de 2001, juros Liborsemestral + 0,8125 (e mais 670 milhões de dó-lares emitidos em outubro de 1988, com venci-mento em outubro de 1999, em 14 parcelas se-mestrais a partir de abril de 1993 e juros Liborsemestral + 0,8125 (chamados de Old New MoneyBonds). Veja também Plano Brady; Pre-BradyBonds; TJLP.

BRADY. Veja Plano Brady.

BRAGA, Cincinato César da Silva (1864-1953).Nasceu em Piracicaba (SP) de uma família tra-dicional e ingressou na Faculdade de Direito em1881, formando-se em 1886. Ainda como estu-dante, participou da Confederação AbolicionistaAcadêmica, e, depois, como advogado, envol-veu-se abertamente nas campanhas em favor daRepública e da Abolição da Escravatura. Elegeu-se à Assembléia Constituinte de São Paulo em1891, e, no ano seguinte, a deputado federal.Tornou a se eleger deputado federal por SãoPaulo em 1894, 1897 e 1900. Na Câmara Federal,Cincinato Braga participou das Comissões deConstituição e Justiça, Diplomacia e Tratados, ede Finanças, tendo sido relator de diversos or-çamentos. Não conseguindo reeleger-se em1902, fundou no ano seguinte, com outras per-sonalidades, uma sociedade para explorar ter-renos na capital do Estado. Essa empresa ad-quiriu várias áreas nos bairros do Pacaembu,Jardim América e outros, para logo em seguidatransferi-los a capitais ingleses que formaram aCompanhia City de São Paulo.

BRAIN DRAIN. Expressão em inglês que sig-nifica “fuga de cérebros”, isto é, a emigração deum país para outro de cientistas e pessoal alta-mente qualificado. Este fato se dá seja por razõeseconômicas, quando a remuneração no país dedestino é muito superior à recebida no país deorigem e as condições de trabalho (acesso a equi-pamentos materiais etc.) são também superiores,seja por razões políticas, quando a intolerânciase traduz em perseguições, tornando a vida des-ses cientistas insegura. Um dos casos mais fa-mosos de brain drain foi a emigração de AlbertEinstein para os Estados Unidos, a fim de esca-par da perseguição dos nazistas contra os judeusna Alemanha a partir de 1933. O Brasil tambémsofreu um brain drain durante os anos da dita-dura militar, mas as razões políticas, com a aber-tura democrática do final dos anos 70, cede lugarà emigração por razões econômicas, provocadapela crise econômica dos anos 80.

BRAINSTORMING. Termo em inglês que sig-nifica, literalmente, tempestade ou tormenta ce-rebral, isto é, um esforço concentrado da inteli-gência do pessoal mais qualificado de uma em-presa na busca da solução de um problema. Ge-ralmente é utilizado quando, por exemplo, umaempresa deseja encontrar o melhor nome paraum produto novo, com determinadas caracte-rísticas etc. Um dos traços mais destacados dobrainstorming é o estímulo para que cada umapresente suas sugestões sem inibição e que ne-nhum membro do grupo se dedique mais emcriticar as propostas alheias do que em apresen-tar as suas próprias. Este método de produçãode idéias foi desenvolvido nos Estados Unidosdepois da crise de 1929 e supõe que as pessoasdesignadas se mantenham num mesmo espaçoe durante determinado tempo. As melhoresidéias são selecionadas e aperfeiçoadas, sendoentão preparadas para serem adotadas ou nãopela administração da empresa. Quando o ob-jetivo é avaliar os problemas que uma soluçãoprovocará, o processo é chamado de “brainstor-ming invertido”. Para evitar a desorganizaçãoou a participação daqueles que têm dificuldadesna verbalização de idéias, estas são apresentadaspor escrito e o método é chamado de brainwri-ting.

BRAINSTORMING INVERTIDO. Veja Brains-torming.

BRAINWRITING. Veja Brainstorming.

BRAND BOND. Expressão em inglês que sig-nifica “título de marca”, isto é, título emitidosobre uma marca de grande aceitação e que porsi só constitui um valor intangível ou ativo in-tangível. Por exemplo, marcas mundiais comoa Coca-Cola, que valem bilhões de dólares.

65 BRAND BOND

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BRANQUEAMENTO. Veja Lavagem.

BRASIL-DEPENDÊNCIA. Expressão criada noâmbito das relações comerciais Brasil-Argentinano interior do Mercosul e que designa uma si-tuação na qual a Argentina seria muito mais de-pendente do Brasil (pois mantém uma balançacomercial favorável) do que o Brasil em relaçãoà Argentina. Veja também Balança Comercial;Mercosul.

BRASSAGEM. Veja Braceagem.

BRAVERMAN, Harry (1920-1976). De origemoperária, não conseguiu obter, por problemasfinanceiros, educação superior. Trabalhou comooperário especializado na indústria siderúrgicae envolveu-se na vida sindical e no movimentosocialista. Ajudou a fundar o jornal The AmericanSocialist em 1954 e trabalhou como seu co-editorpor cinco anos. Em 1967, tornou-se diretor-ad-ministrativo da revista Monthly Review Press,onde trabalhou até o seu falecimento. Sua obramais conhecida, Trabalho e Capital Monopolista(1974), é um estudo clássico a respeito do pro-cesso de trabalho na produção capitalista. Nela,o autor destaca, em primeiro lugar, os esforçosda gerência em obter controle crescente sobre oprocesso de trabalho, com o intuito de raciona-lizar a produção e extrair mais valor dos traba-lhadores produtivos. Em segundo lugar, que es-ses esforços da gerência levam inevitavelmenteà homogeneização das tarefas e à redução dacapacitação necessária nos empregos produti-vos. Em terceiro lugar, que essa tendência seaplica aos estágios mais avançados do desen-volvimento capitalista, com a proliferação deempregos de escritório (colarinho-branco). Em-bora as duas últimas tendências sejam discutí-veis, não resta dúvida de que a primeira ajudoua recuperar e a estimular a análise marxista dosprocessos de trabalho.

BRAZILIAN DEPOSITARY RECEIPTS. VejaAmerican Depositary Receipts.

BREAK EVEN. Expressão em inglês do merca-do financeiro utilizada quando uma transaçãode compra ou venda de títulos se realiza semlucro ou prejuízo.

BREAK EVEN POINT. Veja Ponto de Equilí-brio.

BREAK EVEN RULE. Expressão em inglês uti-lizada na indústria cinematográfica que designaa regra de que um filme deve gerar de receitaaproximadamente 3 vezes seu custo de produ-ção para alcançar o ponto de equilíbrio econô-mico-financeiro. Esta regra é na verdade maisuma exceção, pois a maioria dos filmes não con-

segue bilheterias que proporcionem uma receitadessa magnitude.

BREAK POINT. Veja Ponto de Corte.

BREAKING DEPOSIT. Expressão em inglês quesignifica a retirada de fundos de uma aplicaçãoantes de seu prazo de vencimento. Geralmenteessa ação não dá lugar ao recebimento dos ren-dimentos proporcionais ao tempo em que os re-cursos foram aplicados, e vem acompanhada emalguns casos de multa.

BRENTANO, Lujo (Ludwig Josef) (1844-1931).Nasceu na Alemanha e estudou Economia emHeidelberg e Gottingen. A partir de 1871, ensi-nou economia política em Berlim, Breslau, Vie-na, Leipzig e Munique. Um fato decisivo emsua carreira foi a participação no Seminário deEstatística vinculado ao Instituto Prussiano deEstatística. Seu diretor era Ernst Engel, cujo in-teresse nas condições sociais da classe trabalha-dora teve grande influência sobre Brentano. En-gel defendia um esquema de participação noslucros como forma de resolver a questão social.Em 1868, Brentano o acompanhou a uma visitaà Inglaterra, onde estudou os efeitos dessa me-dida. Mas a experiência o convenceu da inade-quação da participação nos lucros para a refor-ma do capitalismo, sugerindo outra alternativa:a melhoria da posição do trabalhador no mer-cado de trabalho pela criação de sindicatos.Brentano acreditava que essa era a única ma-neira de assegurar à classe trabalhadora maiorparticipação no crescimento geral da riqueza. In-teressou-se pela história dos sindicatos, que ras-treou até as corporações de ofício (guildas) me-dievais em seu livro On the History and Develop-ment of Guilds, and the Origin of Trade Unions(Sobre a História do Desenvolvimento das Guil-das e a Origem dos Sindicatos). Outro pontoanalisado e de grande interesse foram as dis-cussões sobre os efeitos positivos na produtivi-dade da redução da jornada de trabalho. Eletambém considerava a introdução de um siste-ma geral de seguridade social um ponto inte-ressante para a reforma do capitalismo. Comopretendia resolver a questão social sempre noslimites do sistema econômico existente, rejeitavaas posições de Marx e dos social-democratas ale-mães do século XIX. Enfatizava que as condiçõesdesiguais da existência material eram absoluta-mente necessárias para o desenvolvimento dahumanidade. Outros campos de estudo de Bren-tano foram as teorias da população de Malthuse a teoria do valor, tendo ele se inclinado pelaconcepção marginalista. Durante a República deWeimar, permaneceu preocupado com a políticasocial, especialmente com a luta pela jornada deoito horas.

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BRESSER PEREIRA, Luís Carlos (1934- ). Ba-charel em Direito, doutor pela Faculdade de Eco-nomia e Administração da Universidade de SãoPaulo (USP) e livre-docente na mesma univer-sidade a partir de 1984, é também professor-ti-tular da Escola de Administração de Empresasda Fundação Getúlio Vargas, onde leciona desde1959. Membro do Cebrap desde 1970, fundou,no início dos anos 80, a Revista de Economia Po-lítica. Diretor administrativo do Grupo Pão deAçúcar (1963-1983), presidente do Banespa(1983-1985) e secretário de governo durante agestão de Franco Montoro, em abril de 1987 as-sumiu o Ministério da Fazenda em substituiçãoa Dílson Funaro, tendo permanecido no cargoaté dezembro do mesmo ano. Em sua gestão noMinistério da Fazenda deu prosseguimento, em-bora com algumas modificações, à linha hete-rodoxa de seu antecessor, implementando umasérie de medidas denominadas Plano de Con-trole Macroeconômico, mais conhecido comoPlano Bresser. O fracasso do plano para contera inflação precipitou sua demissão em dezembrode 1987. Em 1995, assumiu como ministro a Se-cretaria de Administração Federal (SAF), deno-minada Ministério da Administração e Reformado Estado (MARE) no governo Fernando Hen-rique Cardoso. Entre seus livros destacam-se:Desenvolvimento e Crise no Brasil (1969), Tecnobu-rocracia e Contestação (1972), Estado e Subdesen-volvimento Industrializado (1977), Inflação e Reces-são (1984), em co-autoria com Yoshiaki Nakano,e Lucro, Acumulação e Crise (1986).

BRETTON WOODS. Veja Conferência de Bret-ton Woods.

BRIBOR. Veja Ibor.

BRIDGE-LOAN. Veja Empréstimo-Ponte.

BROFENBRENNER, Martin (1914- ). Nasceunos Estados Unidos e formou-se na Universida-de de Washington, obtendo o doutoramento naUniversidade de Chicago, em 1934. Aluno deOskar Lange, sua carreira profissional se diver-sificou por temas como macroeconomia, econo-mia monetária, história do pensamento econô-mico, economia marxista e economia japonesa.Embora Brofenbrenner seja um economista neo-clássico treinado em Chicago, sua contribuiçãoà teoria da distribuição da renda modifica aquelaconcepção de tal forma que é capaz de equacio-nar tanto questões levantadas pela economiaclássica quanto pela neomarxista. Foi um dosprimeiros a desenvolver análises do desenvol-vimento econômico japonês. Entre suas obrasmais importantes, citam-se Income DistributionTheory (Teoria da Distribuição da Renda), 1971,e Macroeconomic Alternatives (Alternativas Ma-croeconômicas), 1979.

BROKER. Veja Stock Broker.

BROOK FARM. Comunidade agrícola fundadaem 1841, em West Roxbury, Massachusetts, Es-tados Unidos, pelo casal George e Sophia Ripley.Inspirada no igualitarismo de Fourier, BrookFarm organizou-se segundo o sistema do falans-tério. A experiência, que recebeu o apoio de in-telectuais como Nathaniel Hawthorne e RalphWaldo Emerson, terminou em 1847, devido a pro-blemas financeiros. Veja também Falanstério.

BROOKINGS-SSRC. Veja Macromodelo; Mo-delo Brookings.

BTN — Bônus do Tesouro Nacional. Criadopela medida provisória nº 48, este título teveseu valor fixado em 1 cruzado novo, retroativoa 1º de fevereiro de 1989. Ele é corrigido pelainflação medida pelo IPC. Na realidade, o BTNdá continuidade à extinta OTN sem, no entanto,considerar a inflação do mês de janeiro de 1989.Com o fim da correção monetária, o Bônus doTesouro Nacional foi oficialmente extinto em 1ºde fevereiro de 1991. O valor de um BTN, nodia da promulgação da medida, era de 126,8621cruzeiros. BTN representa também as iniciais deBrussels Tariff Nomenclature, que consiste numsistema de classificação comercial para finalida-des alfandegárias. Atualmente, mais de 100 paí-ses aceitam esta classificação. Veja também Pla-no Verão.

BÜCHER, Karl (1847-1930). Historiador e eco-nomista alemão, representante da Jovem EscolaHistórica, que é basicamente descritiva. Bücherfez uma periodização da história econômica emtrês fases: economia doméstica fechada (autar-quia sem trocas), economia urbana (permutasem moeda, com produção direta para o con-sumidor) e economia nacional. Essa divisão foiutilizada por certo tempo na análise da IdadeMédia e da passagem à economia moderna. Bü-cher foi professor em Dorpat, Basiléia, Karlsruhee Leipzig. Entre suas obras destacam-se Die Ents-tehung der Volkswirtschaft (O Surgimento da Eco-nomia Política), 1893; Beiträge zur, Wirtschafts-geschichte (Contribuições à História da Econo-mia), 1922.

BUFFER. Termo em inglês que, relacionado comos estoques, significa uma quantidade marginalde matérias-primas ou produtos acabados man-tidos em estoque como precaução diante de pro-blemas imprevistos de escassez ou para enfren-tar aumentos excepcionais da demanda. Nocampo da informática, designa a parte internade um sistema de processamento de dados, queserve como memória intermediária entre duasmemórias, ou para operar sistemas com dife-rentes tempos de acesso ou formatos, utilizados

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para conectar um equipamento de entrada oude saída à memória interna.

BUG. Veja Mark-I.

BUG DO MILÊNIO (Y2K). Denominação dadaao problema existente na maioria dos principaissistemas informatizados do mundo, relacionadocom a data na passagem do milênio. Na passa-gem do dia 31 de dezembro de 1999 para 1º dejaneiro de 2000, os computadores farão a leiturado ano apenas pelos dois últimos dígitos e re-gistrarão 1/1/2000 como se fosse 1/1/1900. Amenos que sejam reprogramados, esses sistemasinformatizados causarão grandes transtornos,especialmente na atividade financeira. Em in-glês, o bug do milênio é denominado pela siglaY2K. Veja também Mark I.

BUKHARIN, Nikolai Ivanovitch (1888-1938).Economista e político russo, um dos principaisteóricos do Partido Bolchevista. Sua principalobra, O Imperialismo e a Economia Mundial (1915),precedeu o estudo de Lênin sobre a mesma ques-tão. Publicou também A Economia da Renda (crí-tica ao marginalismo, em 1914), A Economia doPeríodo de Transição (1918), O ABC do Comunismo(1919, com Preobrajensky) e Teoria do Materia-lismo Histórico (1921). Posicionou-se contra asmedidas de Stálin durante a coletivização for-çada da agricultura e defendeu o prolongamentoda Nova Política Econômica (NEP), instituídapor Lênin após o comunismo de guerra. Advo-gou também a continuidade, ainda que por certoperíodo, da pequena produção camponesa,como compatível com a construção do socialis-mo. Foi fuzilado em 1938, durante um dos gran-des “expurgos” de Stálin, e reabilitado em 1988durante o governo de Mikhail Gorbatchev.

BULIONISMO. Designação dada ao sistemamonetário em que o papel-moeda é livrementeconversível em metal e deve estar integralmentegarantido por um encaixe metálico. O nome vemde bullion, que em inglês significa lingote ou bar-ra de ouro ou prata. O mercantilismo espanholfoi caracterizado como bulionista por apoiar-seno grande fluxo de ouro e prata provenientedas colônias na América. O bulionismo foi umaconcepção monetária muito apreciada duranteo século XIX e também muito combatida antes,principalmente por William Petty, FrançoisQuesnay e Adam Smith. Veja também Escoladas Contrapartidas Metálicas; Metalismo.

BULL. Palavra inglesa cujo significado literal é“touro”. Porém, no mercado acionário ou de tí-tulos, é a forma popular (gíria) para indicar apessoa que, acreditando que o valor desses tí-tulos ou ações vai aumentar, compra-os, espe-rando vendê-los no futuro antes do dia do ven-cimento por um preço mais elevado e, portanto,

realizando lucros. É o contrário de bear. O termojá era utilizado desde princípios do século XVIIIem Londres.

BULL SPREAD. Expressão em inglês utilizadano mercado financeiro para designar aquele ope-rador que compra contratos (títulos) nos mesespróximos, tornando-se “comprado”, e vende con-tratos nos meses futuros tornando-se “vendido”,esperando realizar lucros se os preços subirem.

BULLDOG BONDS. Expressão em inglês quedesigna os títulos estrangeiros denominados emlibras esterlinas e emitidos em Londres.

BULLET LOAN. Expressão em inglês que de-signa um empréstimo pago de uma só vez noseu vencimento. É similar ao Baloon MaturityLoan, mas com a diferenca de que não possuinenhuma fonte predeterminada para o paga-mento da dívida. Para liquidar essa dívida, odevedor poderá ter de refinanciá-la de acordocom a taxa de juros corrente, vender ativos ouvender os titulos colaterais. Veja também Ever-green Loan.

BULLION. Veja Lingote.

BURGUESIA. Classe social composta dos pro-prietários do capital que vivem dos rendimentospor ele gerados. Pertencem à burguesia os in-dustriais, os comerciantes, os banqueiros, os em-presários agrícolas e os donos de empresas deserviços. Originalmente, o termo era aplicadoaos habitantes dos aglomerados urbanos da Ida-de Média que se dedicavam ao comércio, à usurae ao artesanato. Os interesses dessa burguesiaeram extremamente limitados pelo poder dossenhores feudais, que serviam de obstáculo tam-bém às aspirações políticas dos reis. Por isso,freqüentemente, burgueses e monarcas aliavam-se para lutar contra a nobreza feudal, surgindoassim um dos fundamentos das monarquias na-cionais. O crescimento econômico e social daburguesia em ascensão chocou-se, finalmente,com o poder dos soberanos, da nobreza e doclero, provocando os acontecimentos da Revo-lução Francesa, que aboliu a monarquia e os pri-vilégios hereditários dos nobres senhores de ter-ras. Concentrando em suas mãos os negóciosdo Estado, sobretudo na Europa, a burguesiacriou condições propícias ao pleno desenvolvi-mento do modo de produção capitalista. O ad-vento da Revolução Industrial, nos séculos XVIIIe XIX, consolidou a força econômica da burgue-sia e também gestou uma nova classe social —o proletariado —, desprovida de meios de pro-dução e dona apenas de sua força de traba-lho.Veja também Revoluções Burguesas.

BURNHAM, James (1905- ). Sociólogo norte-americano, autor de The Managerial Revolution

BUG 68

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(A Revolução dos Gerentes), 1941. Nessa obra,sustenta que a evolução do capitalismo, longede conduzir ao socialismo, como afirmam osmarxistas, levaria, em futuro próximo, ao ge-rencialismo, sistema caracterizado pelo domíniodos tecnocratas. As exigências do progresso tec-nológico fariam com que os capitalistas, donosdos meios de produção, cedessem gradualmenteo controle de suas empresas a administradoressuperespecializados, que constituiriam a novaclasse dominante. Outras obras do autor: TheComing Defeat of Communism (A Iminente Der-rocada do Comunismo), 1950, e Suicide of theWest (O Suicídio do Ocidente), 1964.

BUROCRACIA. Literalmente, o termo significao governo dos funcionários da administração.Inicialmente aplicado ao conjunto dos funcioná-rios públicos, hoje em dia se refere, generica-mente, a qualquer organização complexa, pú-blica ou privada, baseada numa rígida hierar-quização e especialização das funções. O conflitoentre autoridade e competência, nas grandes or-ganizações, tende a ser resolvido pelos meca-nismos internos de defesa da burocracia — nor-mas, hierarquia, especialização —, com freqüen-te prejuízo da racionalidade e da eficiência, quesão a própria razão de ser do organismo buro-crático. As primeiras burocracias surgiram paramovimentar o aparelho administrativo dosgrandes impérios do passado (China, Assíria,Babilônia, Egito, Roma).Também a Igreja Cató-lica, depois de sua afirmação como religião uni-versal e oficial, desenvolveu um eficiente siste-ma burocrático, centralizado no poder papal. Oprocesso de consolidação do capitalismo foiacompanhado de intenso desenvolvimento dosmecanismos burocráticos, não só em nível esta-tal, mas também no plano empresarial. Isso fezcom que os cientistas sociais passassem a ana-lisar o funcionamento da burocracia como umfenômeno típico do sistema capitalista, expres-são concreta de sua racionalidade. Embora paraum deles, Max Weber, não haja contradição ne-cessária entre burocracia e democracia, paramuitos estudiosos da questão o sistema buro-crático é um dos principais impedimentos parao exercício da democracia. No que se refere àssociedades de organização socialista, o fenôme-no da burocracia foi analisado por Trotsky emsua crítica ao stalinismo. Veja também Admi-nistração; Gerencialismo.

BUSHEL. Denominação de medida de capaci-dade para produtos secos como cereais, frutas,legumes etc. Esta medida utilizada tanto no Sis-tema Imperial Inglês como no ConsuetudinárioAmericano difere um pouco entre eles: no pri-meiro equivale a 35,238 l, enquanto no segundo

a 36,361 l. Esta diferença deve-se ao fato de queos americanos utilizavam a antiga medida dobushel inglês desde a época da colônia e a In-glaterra fez uma reforma do seu sistema no se-culo XIX mudando alguns destes valores, o quenão foi seguido pelos norte-americanos. No en-tanto, mesmo no interior dos Estados Unidosexistem diferenças de Estado para Estado e naforma como um recipiente acondiciona, porexemplo, frutas ou legumes, isto é, se cheio ouraso; no primeiro caso, maçãs, por exemplo, for-mando uma pilha que ultrapassa a borda dorecipiente, e no segundo, indo apenas até a al-tura da borda deste. Como medida de capaci-dade o bushel parece ter mudado muito no de-correr do tempo: esta denominação é derivadade uma palavra celta (povos que viveram nasIlhas Britânicas e no Norte da Europa) que sig-nifica “punhado”; e, tomando a palavra ao péda letra, seriam necessários muitos punhadospara constituir um bushel. Assim como na tone-lada de registro, o peso de um bushel varia deacordo com os produtos que estiverem acondi-cionados num recipiente. Por exemplo, um bu-shel de sal pesa mais do que um bushel de carvão,de tal forma que os americanos resolveram fixarum peso para cada bushel de cada mercadoriaa ser medida, e assim ele só varia se for “raso”ou“cheio”. O seam é um múltiplo do bushel, equi-valendo a 8 deles ou 281,904 kg, e sua origemrelaciona-se com a quantidade que poderia sercarregada no alforje de um cavalo; o peck, é umsubmúltiplo, equivalendo a um quarto de bushel;uma quarta equivale a um oitavo de peck o quesignifica 1 / 32 de bushel, e uma pinta (pint) —inicialmente medida para vinhos — equivale àmetade de uma quarta ou 1/ 64 de bushel. Vejatambém Medidas de Cereais; Unidades de Pe-sos e Medidas.

BUSH INITIATIVE. Proposta desenvolvida pe-lo presidente norte-americano George Bush, em1990, que constituiu uma espécie de preparaçãoà criação do Nafta. Veja também NAFTA.

BUTT. Antiga medida de capacidade ainda hojeutilizada na Inglaterra para vinho, correspon-dente a 130 galões ou 492 l. A palavra inglesabottle (garrafa), embora utilizada também comomedida de vinho, é originária de butt, tendo umacapacidade muito menor.

BUTUT. Veja Dalasi.

BUYING-IN. Processo de obtenção de aprova-ção para oferecer um produto ou serviço subes-timando-se seu custo total.

BUYING THE INDEX. Expressão em inglêsque significa literalmente “comprando o índice”.No mercado financeiro e de ações dos EstadosUnidos, designa a compra de ações ou títulos

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na proporção determinada pela empresa deaconselhamento de investimentos Standard &Poor’s, na expectativa de que tal operação ob-tenha o mesmo resultado das 500 grandes cor-porações norte-americanas analisada pela refe-rida empresa.

BY-BIDDER. Veja Puffer.

BYTE (Binary Term). Unidade básica de infor-mação, composta de oito bits.

C C. Inicial de: 1) carat; 2) cash (dinheiro vivo); 3)cent (centavo); 4) centime (unidade monetáriafrancesa); 5) collateral (garantia); 6) colón (unida-de monetária de Costa Rica e El Salvador); 7)córdoba (unidade monetária da Nicarágua). Vejatambém Carat; Collateral.

C-BOND (Front-loaded Interest Reductionwith Capitalization Bond). Veja Bradies; PlanoBrady; TJLP.

CA. Iniciais da expressão em inglês chief ac-countant, que significa “diretor” ou “chefe decontabilidade”.

CABEÇA-DE-PORCO. Veja Hogshead.

CAÇA. Veja Pré-história.

CACAU. Veja Ciclo do Cacau.

CAD. Iniciais da expressão em inglês computeraided design, que significa “projeto assistido porcomputador”. É o método mediante o qual serealiza um projeto — que pode ser um simplesdesenho — com o auxílio de um computador.Normalmente, o computador possui em sua me-mória informações e outros elementos correlatosao projeto que se deseja desenvolver. Por meiode um terminal de vídeo, esses elementos sãoapresentados, modificados ou combinados dediferentes formas com o auxílio de uma “canetaeletrônica”.

CAD/CAM. Sistema de produção baseado nainterligação dos métodos CAD e CAM, isto é,um produto é projetado por um computador(CAD), passando diretamente para a fase de exe-cução (CAM, computer aided manufacturing —“produção assistida por computador”), também

sob o comando de um computador. Veja tam-bém CAD; CAM.

CADASTRO. Conjunto de informações econô-micas, financeiras, comerciais e outras, referen-tes a pessoas ou empresas. Permite decidir quan-to aos riscos de qualquer operação comercialcom a empresa ou pessoa cadastrada.

CADE — Conselho Administrativo de Defesado Consumidor. Órgão criado em 10/9/1965,cuja finalidade é a defesa da concorrência e avigilância, prevenção e repressão aos abusos dopoder econômico. O Cade foi reformulado e re-forçado pela lei nº 8 884, de 1994, e hoje temrepresentado um papel importante, especial-mente diante da integração brasileira aos mer-cados mundiais e da vinda maciça de capital deinvestimento para o Brasil, em muitos casos paraa aquisição de empresas já existentes, ou facili-tando fusões de empresas brasileiras e estran-geiras.

CADERNETA DE POUPANÇA. Contas sobrecujos depósitos são creditados mensalmente (leide agosto de 1983) juros e correção monetária,uma vez observada a condição de que saquese depósitos sejam feitos em épocas predetermi-nadas. O funcionamento das Associações dePoupança e Empréstimo foi decretado em 1966com o objetivo de propiciar a aquisição de casaprópria a seus associados, desenvolvendo o há-bito da poupança. Sua atuação efetiva data dejunho de 1968, e, em 1974, os depósitos em ca-derneta de poupança já representavam 17,4% dototal de depósitos feitos em todo o país. A partirde 1980, medidas econômicas adotadas pelo go-verno federal, como a limitação das taxas de ju-ros e a correção monetária, provocaram uma re-dução temporária da poupança privada interna,mas uma grande campanha de recuperação doprestígio da poupança e a liberação dessas taxasacarretaram o enorme crescimento da poupançaprivada, que se verificou a partir de então. Coma extinção do BNH, decretada pelo Plano Cru-zado 2, em novembro de 1986, a caderneta depoupança foi perdendo sua finalidade de ins-trumento de financiamento da casa própria paratransformar-se em mecanismo de financiamentoda dívida pública. Mesmo assim, estimuladospelos altos juros nominativos, nos períodos dealta inflação de 1988 e 1989, os depósitos emcaderneta de poupança continuaram a crescer.Em fevereiro de 1990, um mês antes da insti-tuição do Plano Collor, os depósitos em cader-neta de poupança chegaram a representar 25%dos ativos financeiros do país. Com o desestí-mulo provocado pelo Plano de Estabilização Fi-nanceira aplicado em março de 1990, quandogrande parte de seus valores foram “bloquea-dos” pelo governo, os depósitos em caderneta

BY-BIDDER 70

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de poupança começaram naturalmente a decres-cer. Em maio do mesmo ano, eles representavamapenas 20% dos ativos financeiros. Enquantoisso, sua finalidade como instrumento do mer-cado imobiliário para a construção de moradiaspraticamente deixou de existir. A partir de julhode 1994, com o advento do Plano Real e a es-tabilização de preços, a caderneta de poupançavoltou a ser uma opção de investimento finan-ceiro, apesar da “desilusão monetária” (confu-são entre taxas de juros reais e nominais), em-bora não recuperasse sua função de instrumentopara o financiamento da construção de mora-dias. Veja também BNH; Desilusão Monetária;Plano Collor; Plano Real; Plano Verão.

CAE. Iniciais da expressão em inglês computeraided engineering, que significa o ensaio técnicoou a concepção de engenharia produzidos como auxílio ou por intermédio de um computador.Veja também CAD; CAD/CAM; CAM.

CAETERIS PARIBUS. Expressão em latim quesignifica “permanecendo constantes todas as de-mais variáveis”. Muito utilizada em economiaquando se deseja avaliar as conseqüências deuma variável sobre outra, supondo-se as demaisinalteradas.

CAFÉ. Veja Acordo Internacional do Café; Ci-clo do Café; IBC.

CAFÉ TIPO SANTOS. Veja Santos.

CAIPIRA 63. Denominação dada à Resolução2 148 do Banco Central, de março de 1995, au-torizando a entrada de capitais por um prazomínimo de 180 dias para empréstimo à agricul-tura. Como a resolução permitia também quetais recursos fossem utilizados para aplicaçõesem títulos com garantia cambial, o mecanismofoi amplamente utilizado neste âmbito (muitomais rentável e seguro), em detrimento da agri-cultura. Em março de 1998, o Banco Central re-solveu dificultar essa utilização dos recursos ex-ternos determinando que pelo menos 50% des-ses recursos fossem utilizados no crédito rural.

CAIRNES, John Elliott (1823-1875). Economis-ta irlandês conhecido como “o último dos eco-nomistas clássicos”, representante da EscolaEconômica Clássica inglesa. Sua obra principal,The Character and Logical Method of Political Eco-nomy (O Caráter e o Método Lógico da EconomiaPolítica), de 1857, enfatiza a importância do mé-todo dedutivo e é considerada um tratado de-finitivo sobre a metodologia da Escola Clássica.O livro fez parte de uma longa controvérsiaquanto ao objeto e método da economia política,mantida por Cairnes com Stuart Mill e NassauSenior. Cairnes aplicou seu método em estudoscomo The Slave Power (O Poder Escravo), de

1862, em que analisou as conseqüências sociaisde uma economia baseada no escravismo, in-fluenciando a opinião pública inglesa em favordos Estados do Norte na Guerra Civil norte-americana. O livro é considerado um exemplode interpretação econômica da História feita in-dependentemente do marxismo. Em Some Lea-ding Principles of Political Economy Newly Expoun-ded (Alguns Princípios Condutores da EconomiaPolítica Expostos de Maneira Nova), de 1874,Cairnes fez uma rigorosa exposição dos funda-mentos da Escola Clássica inglesa, abalados como abandono da teoria do fundo de salário porMill, em 1869. A obra também procurou gene-ralizar o conceito de grupos não-concorrentestanto ao comércio interno quanto ao internacio-nal. Cairnes formou-se no Trinity College, emDublin, Irlanda. Iniciou sua carreira como jor-nalista, sendo em seguida professor de econo-mia política em Dublin, em Galway e em Lon-dres. Veja também Escola Clássica.

CAIRU, Visconde de (José da Silva Lisboa)(1756-1835). Economista e político brasileiro, in-trodutor dos estudos de economia política nopaís. Como conselheiro de dom João VI, influen-ciou a decisão do regente na abertura dos portosbrasileiros (1808). Discípulo de Adam Smith, es-creveu Princípios de Economia Política (1804), pri-meira obra do gênero em português e na qualdivulga as idéias de Smith, Malthus e Ricardo.Publicou ainda Observações sobre o Comércio Fran-co no Brasil (1808-1809), Observações sobre a Fran-queza da Indústria e Estabelecimento de Fábricas noBrasil (1810), Observações sobre a Prosperidade doEstado pelos Liberais Princípios da Nova Legislaçãodo Brasil e Refutação das Declamações contra o Co-mércio Inglês (1810), Ensaios sobre o Estabelecimen-to dos Bancos para o Progresso da Indústria e RiquezaNacional (1811), Extrato das Obras de Burke (1812).Veja também Abertura dos Portos.

CAIXA. Veja Facilidades de Caixa; Livro-caixa.

CAIXA DE CONVERSÃO. Instituição criada em1906 pelo governo do presidente Rodrigues Al-ves como instrumento de uma política de esta-bilidade cambial. A motivação central para acriação desta instituição foi a tendência da quedadas cotações do preço do café no mercado in-ternacional devido à superprodução de café ob-servada no final do século XIX e início do séculoXX no Brasil. O estabelecimento de uma taxade câmbio de 15 d. (pence) por mil réis, além designificar o retorno ao padrão-ouro, ia ao en-contro dos interesses dos cafeicultores e expor-tadores de café, que estavam sendo prejudicadosnão só pelas baixas cotações do produto no mer-cado internacional, mas também pelas fortes os-cilações da própria taxa de câmbio. Associadaà política de defesa dos preços do café estabe-

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lecida mediante o Convênio de Taubaté, a Caixade Conversão contribuiu para a manutenção deuma taxa cambial estabilizada até o início daPrimeira Guerra Mundial. Veja também Convê-nio de Taubaté; Caixa de Estabilização; Padrão-ouro.

CAIXA DE ESTABILIZAÇÃO. Instrumento deestabilização da moeda criado durante o gover-no do presidente Washington Luís pelo decretonº 5 108, de 18/12/1926. A criação deste instru-mento significou a volta do Brasil ao padrão-ouro (ou ao padrão câmbio-ouro), e a taxa cam-bial foi fixada em 6 d. (pence) por mil réis. Paramuitos que desejavam a volta à paridade de 1846(27d./mil réis), ou à correspondente à de 1906,de 15d./mil réis (Caixa de Conversão), esta des-valorização significava um aviltamento da moe-da nacional — inclusive esta taxa foi apelidadade Taxa Vil —, embora beneficiasse os produ-tores de café, especialmente os exportadores, ecorrespondesse mais ou menos a uma taxa deequilíbrio correspondente à paridade do poderde compra da libra e do mil-réis. Os fundamen-tos da Caixa de Estabilização estavam vincula-dos à rejeição do recurso à deflação como meiode estabilizar as economias que, depois da Pri-meira Guerra Mundial, haviam sofrido fortesprocessos inflacionários, como a Alemanha, aÁustria, a França e a Itália, à convicção de queas taxas deveriam ter como referencial a pari-dade do poder de compra, e à manutenção dastaxas cambiais estabelecidas por uma políticafiscal rígida, isto é, sem déficits nas contas pú-blicas que exigissem a emissão de moeda paracobri-los e, conseqüentemente, uma pressão in-flacionária que colocasse em perigo a estabili-dade cambial. O ideal de Washington Luís eraque toda a moeda emitida se tornasse conver-sível. Isso, no entanto, não acontecia: em relaçãoao total de moeda em circulação, as emissõesda Caixa de Estabilização alcançaram apenas1/3 do total. No entanto, a fixação dessa taxacambial, considerada baixa (isto é, o mil-réis des-valorizado em face da libra), fez com que hou-vesse um fluxo de capitais estrangeiros para oBrasil para a compra de ativos que teriam setornado baratos devido a essa desvalorização.De fato, as reservas cambiais do Brasil entre 1925e 1929 cresceram de 69 milhões de dólares (54em ouro e 15 em moedas estrangeiras) para 177milhões (sendo 150 em ouro e 17 em moedasestrangeiras). Com a crise econômica iniciadaem outubro de 1929, o fundamento da Caixa deEstabilização desaparece e o sistema de conver-sibilidade é abandonado. No entanto, a manu-tenção da mesma taxa cambial praticamente du-rante o ano de 1930 provoca o desaparecimentodas reservas em ouro e a manutenção de apenasuma fração das reservas anteriores em moedasestrangeiras, que seriam em seguida desvalori-

zadas, como o dólar e a libra esterlina: em 1931,as reservas em ouro eram praticamente inexis-tentes, e em moedas estrangeiras o Brasil man-tinha apenas 14 milhões de dólares. Veja tam-bém Caixa de Conversão; Conversibilidade; Pa-ridade do Poder de Compra; Padrão Câmbio-ouro; Padrão-ouro.

CAIXA DE SOCORRO E POUPANÇA. VejaCondorcet, Marquês de.

CAIXA DOIS. Jargão utilizado nos meios em-presariais e jornalísticos para designar as des-pesas e receitas de uma empresa que não sãoregistradas oficialmente e, portanto, podem darlugar a transações sem o respectivo pagamentode impostos. Além disso, como se trata de re-cursos não existentes oficialmente, podem darlugar a usos irregulares e/ou ilícitos, geralmenteutilizados para financiar campanhas eleitoraisde políticos e obter dos mesmos favores gover-namentais. Os recursos que alimentam o caixadois geralmente, mas não necessariamente, têmorigem também em fontes irregulares e ilegaiscomo, por exemplo, é o caso do narcotráfico.

CAIXA ECONÔMICA. Estabelecimento bancá-rio oficial, do tipo autárquico, sem fins lucrati-vos, criado com a finalidade de captar e admi-nistrar as pequenas poupanças populares. NoBrasil, os governos federal e estaduais mantêmCaixas Econômicas. Após a criação do SistemaBrasileiro de Poupança e Empréstimo, vinculadoao BNH, a função de captar poupanças popu-lares passou a ser exercida também pelas insti-tuições privadas filiadas a esse sistema. Vejatambém BNH; Caderneta de Poupança.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Instituição fi-nanceira, sob a forma de empresa pública, vin-culada ao Ministério da Fazenda. Foi fundadaem 1860 e sua atual constituição foi estabelecidaem 1969 e alterada em 1973. A empresa é pro-duto da unificação das 22 antigas Caixas Eco-nômicas Federais, autônomas, distribuídas pelosEstados e Distrito Federal, substituídas por fi-liais. A Caixa atua num sistema de regionaliza-ção — as agências vinculam-se às agências re-gionais e estas, às respectivas filiais. Em dezem-bro de 1990, a Caixa Econômica Federal tinhaem todo o país 2 157 unidades operacionais, dasquais 1 816 eram agências, 224 postos de aten-dimento bancário e 117 postos de arrecadaçãoe pagamento. Ao mesmo tempo, contava com70 062 funcionários, distribuídos entre a matriz,as sedes das superintendências regionais e asunidades operacionais. A CEF é o maior agentedo Sistema Financeiro da Habitação e tambémgestora do Programa de Integração Social (PIS)e do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social(FAS). O PIS, um programa de participação dos

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empregados nos lucros das empresas, foi insti-tuído em 1970. Seu primeiro exercício financeiroocorreu em 1971-1972. A finalidade do PIS é pro-porcionar a formação de patrimônio individualdo empregado e estimular a poupança em todosos níveis, corrigindo deformações na distribui-ção de renda e possibilitando acumulação de re-cursos a serem aplicados no aumento da pro-dução nacional. A partir de 1974, os recursosdo PIS, juntamente com os do Programa de For-mação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep),passaram a ser aplicados pelo então Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômico (BNDE),hoje Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES). Desde então, cabe àCaixa apenas reaplicar parte dos recursos doPIS, já alocados para financiamentos de capitalde giro, repassando-se ao BNDES as amortiza-ções dos empréstimos anteriores concedidospara capital fixo. O FAS, que entrou em vigorem 1975, concentra seus recursos nas áreas so-ciais básicas — educação, saúde e saneamento,previdência, assistência social e trabalho —, mo-vimentando recursos originários da renda líqui-da das loterias, de dotações orçamentárias daUnião, de operações de repasse e financiamento,e, ainda, dos resultados operacionais da Caixa.No final do exercício de 1990, de acordo com atransformação da Caixa Econômica Federal emBanco Múltiplo, no sentido de participar nos di-versos segmentos da atividade de intermediaçãofinanceira, a captação de recursos por meio dacaderneta de poupança, CDBs/RDBs e outrasaplicações alcançou o total de 1,1 trilhão de cru-zeiros. Enquanto isso, os depósitos a curto prazototalizavam 2,8 trilhões de cruzeiros, o que re-presentou um crescimento real de 17% em rela-ção ao ano anterior. A quantidade de contas dedepositantes, no final do ano, situava-se em 24,9milhões, assim divididos: 21,6 milhões de contasem cruzeiros e 3,3 milhões em cruzados novos.Com a extinção do Banco Nacional de Habita-ção, decretada pelo Plano Cruzado 2, em21/11/1986, a Caixa Econômica Federal assumiuas atribuições daquela instituição. Além disso, aCaixa mantém programas de financiamento detáxis a álcool, de apoio à pequena e à média em-presa, de crédito educativo e de fomento à cons-trução de centros sociais urbanos e módulos es-portivos. Veja também BNDES; BNH; PIS-Pasep.

CAIXA-PRETA. Nome popular que se dá aossistemas cujos mecanismos internos não sãoacessíveis à observação. A expressão pode de-signar o que ocorre seja dentro de uma empresa,com registros financeiros irregulares, seja emcomputação, quando um sistema qualquer só épassível de ser estudado por meio do que entrae do que sai, e não do que se passa em seuinterior. No jargão do mundo dos negócios, ge-

ralmente designa uma empresa cuja situação fi-nanceira, de custos, de formação de preços éinextrincável, e com tal ausência de transparên-cia que sugere a existência de irregularidades.Nos aviões, a caixa-preta registra tudo o queacontece durante um vôo e, em caso de acidente,é possível descobrir suas causas mediante essesregistros, uma vez que ela é fabricada de talforma a resistir a impactos, ao calor e à umidade.

CAIXAS DE LIQUIDAÇÃO. Organismos su-bordinados às Bolsas de Valores, que efetuama liquidação das operações a termo e a compen-sação das operações (à vista ou a termo) reali-zadas entre as corretoras. Também recebem eguardam os valores dados como margem de ga-rantia nas operações feitas no pregão, emitemcertificados, realizam os desdobramentos e con-versões e fazem as transferências de títulos ne-gociados. Veja também Bolsa de Valores; Des-dobramento; Operação a Termo; Pregão.

CAIXINHA. Denominação popular da gorjetaou propina, especialmente quando se trata dasrelações entre empresas privadas e a adminis-tração pública, no âmbito das quais os primeiros“pagam” com propinas (caixinha) os favores re-cebidos pelos representantes da última.

CÁLCULOS BOOLEANOS. Cálculos que seutilizam da álgebra de Boole. Em informática,funcionam com o emprego de classes, preposi-ções, elementos de circuitos on-off. São operaçõeslógicas de n variáveis que permitem tomar umadecisão por meio de uma comparação. Porexemplo, uma comparação entre as variáveis Ae B permite a tomada de uma das três decisões:A>B, A=B e A<B. Especificamente, operaçõescomo and (e), or (ou) e not (não) ocorrem comvariáveis de dois estados. Compreendem os ope-radores: and (e), or (ou), not (não), except (exceto),if (se, condicional), then (então) e else (senão).

CALL. Termo em inglês cuja tradução literal é“chamada” e que, no mercado financeiro, tempelo menos dois significados: 1) opção de com-prar um título ou ativo de acordo com um preçoespecificado e dentro de um prazo determinado;2) processo de remissão (redeem) de um títuloou ação preferencial antes de seu prazo de ven-cimento.

CALLABLE. Termo em inglês derivado do ver-bo to call (chamar); significa “resgatável”, e, re-ferindo-se a um título, indica que o mesmo éresgatável e em que condições isso pode acon-tecer.

CALL LOANS. Expressão em inglês que desig-na os empréstimos que devem ser pagos no mo-mento em que sejam chamados pelo credor.

73 CALL LOANS

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CALL MONEY. Dinheiro emprestado por ban-cos geralmente para corretores das Bolsas de Va-lores, que pode ser requisitado de volta a qual-quer momento. O call money também é conhe-cido como day-to-day money ou demand money.

CALL OPTION. Veja Opções de Compra.

CALL SALE. Expressão em inglês que significaliteralmente “venda à chamada”. Designa a ven-da de um produto de qualidade específica sobum contrato que prevê a fixação, pelo compra-dor, de um preço no futuro, baseando-se nummínimo especificado de pontos acima ou abaixodo preço corrente de algum mês futuro, tambémespecificado, no dia em que o preço do contratofor fixado, sendo o dia escolhido pelo compra-dor. Este tipo de operação denomina-se também“chamada do comprador” (e é mais utilizadono mercado de algodão).

CALORIA. Unidade de medida de calor, sendodefinida como a quantidade de calor necessáriapara elevar de um grau centígrado a tempera-tura de um grama de água. Veja também Uni-dades de Pesos e Medidas.

CALOTE. O não-pagamento de uma dívida.

CALVINO, João (1509-1564). Teólogo francês,um dos expoentes da Reforma protestante. Suasidéias estão expostas na obra A Instituição da Re-ligião Cristã (1536). Acusado de heresia, refu-giou-se em Genebra, onde liderou ampla refor-ma social, política e religiosa, que teria profundainfluência em todo o Ocidente, sobretudo nascidades mercantis. Quanto às idéias econômicas,Calvino divergia de Lutero, o outro grande re-formador da época, pois defendia a cobrança dejuros, desde que moderada, e o comércio, quan-do não proporcionasse lucros exagerados. Con-siderava o sucesso no trabalho e nos negóciosum sinal de que o indivíduo estaria sob o soproda graça divina. Por essas idéias, Calvino de-sempenhou papel de relevo na justificação ideo-lógica do capitalismo comercial. Tese nesse sen-tido foi defendida por Max Weber na obra AÉtica Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905).Veja também Reforma.

CAM. Iniciais da expressão em inglês computeraided manufacturing, que significa “produção as-sistida por computador”. Consiste no métodomediante o qual um produto é fabricado de for-ma automática e com o comando de um com-putador. Veja também CAD/CAM.

CÂMARA DE COMÉRCIO. Associação desti-nada a congregar comerciantes e industriais quecompartilham os mesmos interesses em deter-minado ramo de atividade econômica. Pode ter

caráter regional, servindo como órgão repre-sentativo de seus membros junto aos poderesconstituídos. Há também câmaras de comércioem âmbito internacional, com o objetivo de in-centivar o intercâmbio comercial entre dois paí-ses, cada um dos quais mantém, no outro, es-critório de informações e mostruário dos pro-dutos que pode oferecer ao mercado local.

CÂMARA DE COMPENSAÇÃO. Organizaçãoque reúne vários bancos de uma localidade como objetivo de liquidar os débitos entre eles, com-pensando todos os cheques emitidos contra cadaum de seus membros, mas apresentados paracobrança em qualquer um dos outros. A com-pensação dos cheques se faz de maneira pura-mente escritural, evitando-se assim o transportede grandes importâncias em dinheiro. A primei-ra câmara de compensação que surgiu foi a Clea-ring-House, de Londres, em 1775; a de NovaYork data de 1853. No Brasil, a compensaçãode cheques é feita pelo Banco do Brasil. Vejatambém Banco; Banco do Brasil.

CAMBÃO, Regime de. É o trabalho realizadopelos foreiros no plantio e durante a colheita decana-de-açúcar nos engenhos nordestinos, emtroca de salários irrisórios ou mesmo de formagratuita. Veja também Foreiro.

CAMBIAL. Denominação dada aos certificadosde compra de moeda estrangeira, utilizados naimportação de mercadorias. Veja também Câm-bio; Confisco Cambial; Controle Cambial; Cor-reção Cambial; Política Cambial.

CÂMBIO. Operação financeira que consiste emvender, trocar ou comprar valores em moedasde outros países ou papéis que representemmoedas de outros países. Para essas operações,são utilizados cheques, moedas propriamenteditas ou notas bancárias, letras de câmbio, or-dens de pagamento etc. Até o século passado,a maioria das moedas tinha seu valor determi-nado por certa quantia de ouro e prata que re-presentavam. Atualmente, não há mais o lastrometálico para servir de relação no câmbio entreas moedas, e as taxas cambiais são determinadaspor uma conjunção de fatores intrínsecos aopaís, principalmente a política econômica vigen-te. O câmbio não possui apenas o valor teóricode determinar preços comparativos entre moe-das, mas a função básica de exprimir a relaçãoefetiva de troca entre diferentes países — a trocade moedas é conseqüência das transações co-merciais entre países. No Brasil, a rede bancária,liderada pelo Banco do Brasil, é a intermediárianas transações cambiais. Os exportadores, ao re-ceberem moeda estrangeira, vendem-na aosbancos; e os bancos revendem essa moeda aos

CALL MONEY 74

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importadores para que paguem as mercadoriascompradas. Essas transações são sempre regu-ladas pelo governo, que fixa os preços de com-pra e venda das moedas estrangeiras. Veja tam-bém Política Cambial.

CÂMBIO, Letra de. Veja Letra de Câmbio.

CÂMBIO DUPLO. Veja Câmbio Múltiplo.

CÂMBIO LIMPO. Veja Clean Float.

CÂMBIO LIVRE. Regime de operações do mer-cado de divisas sem interferência das autorida-des monetárias. A liberação da taxa cambial fazcom que o valor das moedas estrangeiras flutuede acordo com o interesse que despertam nomercado, segundo a interação da oferta e da pro-cura. O câmbio livre é também chamado de flu-tuante ou errático. As flutuações da taxa cambialapresentam uma série de riscos, pois o mercadode divisas passa a sofrer variações determinadastambém por fatores políticos, sociais e até psi-cológicos. Quando, por exemplo, um país sofreuma crise de liquidez, o regime de câmbio livreestimula a especulação com moeda estrangeira,o que eleva excessivamente sua cotação e agravasua escassez. Da mesma forma, os importadorespassam a utilizar maior quantidade de divisas(moeda estrangeira) para suas compras, queren-do evitar pagá-las mais caro com o avanço dacrise, o que agrava a crise de liquidez. Veja tam-bém Câmbio Negro.

CÂMBIO MANUAL. Designação do ato de tro-ca física da moeda de um país pela de outro.As operações manuais de câmbio só se fazemem dinheiro efetivo e restringem-se a quem viajaao exterior, seja a negócios ou turismo, ou emtroca da moeda nacional: quem viaja ao exteriorrecebe divisas estrangeiras na forma de moedalegal ou de traveller’s checks (cheques de viagem).Nas transações de comércio exterior ou de paísa país, utilizam-se divisas sob a forma de letrasde câmbio, cheques, ordens de pagamento outítulos de crédito.

CÂMBIO MÚLTIPLO. Sistema de câmbio emque as taxas variam de acordo com a destinaçãodo uso da moeda estrangeira. Acaba funcionan-do como um tipo de subsídio para a compra dealguns produtos e/ou como taxação na comprade outros. É adotado tanto para a importaçãoquanto para a exportação, e alguns países o ado-tam oficialmente. O Brasil não possui câmbiomúltiplo, mas certas regulamentações de natu-reza cambial criam efeito semelhante. A taxa decâmbio para a compra de petróleo, por exemplo,é mais baixa do que a taxa oficial. Ao contrário,durante certo tempo, houve uma taxação de 25%de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

na compra de moeda estrangeira por turistasbrasileiros que viajavam ao exterior, criando naprática um dólar mais caro do que o oficial paraesse tipo de atividade. Estão no mesmo caso ataxação variável dos produtos de importação(com alíquotas maiores para os chamados su-pérfluos) e o confisco cambial incidente sobreprodutos de exportação como o café.

CÂMBIO NEGRO (ou Câmbio Paralelo). Com-pra e venda ilegais de moedas estrangeiras, aci-ma das taxas oficiais, com o objetivo de lucro.O mecanismo básico do câmbio negro consisteem obter divisas pela taxa oficial (ou ligeiramen-te acima) e vendê-las ao preço vigente nas tran-sações paralelas. O mercado paralelo de divisasestá mais sujeito a oscilações que o mercado ofi-cial, pois o valor das transações obedece estri-tamente aos mecanismos da oferta e da procura.Nos períodos que antecederam a desvalorizaçãodo cruzeiro, por exemplo, observou-se uma de-manda acentuada de moedas fortes, principal-mente o dólar, ocasionando a escassez de divisasno mercado. O câmbio negro intensifica-sequando o controle cambial se torna mais rígido,geralmente em situações de crise no balanço depagamentos. As transações ilegais são muito va-riadas, incluindo desde a simples compra e ven-da de divisas entre particulares (turistas, em suamaior parte) até complexas operações de trans-ferência irregular de vultosas somas para o ex-terior, as quais retornam depois ao país paraestimular ainda mais a especulação de moedasestrangeiras. Essas operações supõem a existên-cia de redes de especuladores de divisas queatuam em vários países, tendo às vezes a coni-vência de funcionários de instituições monetá-rias e financeiras. Veja também Câmbio Livre.

CÂMBIO OFICIAL. Conjunto das taxas de con-versão de divisas em relação à moeda nacional,fixadas pelas autoridades monetárias. As cota-ções oficiais das moedas estrangeiras nos regi-mes de controle cambial baseiam-se em taxasrígidas, em geral um pouco mais baixas do quese estivessem sujeitas à flutuação da oferta e daprocura. Essas cotações são mantidas por deter-minados períodos e sua correção reflete o índicede desvalorização da moeda nacional em relaçãoà moeda forte ou moeda-padrão (geralmente odólar).

CÂMBIO PARALELO. Veja Câmbio Negro.

CÂMBIO POR ARBÍTRIO. Veja Arbitragem.

CÂMBIO PORTUGUÊS. Forma coloquial de de-signar a operação de compra de moeda estran-geira realizada pelo exportador e enviada ao im-portador como forma real de reduzir o preçode venda do produto sem alterar o valor da ex-portação. Veja também Subfaturamento.

75 CÂMBIO PORTUGUÊS

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CÂMBIO SUJO. Veja Dirty Float.

CAMBISTRY. Termo em inglês que significa aciência do câmbio de moeda estrangeira, espe-cialmente no que se refere ao estabelecimentodo método mais barato de remeter valores parao exterior. Ela implica o conhecimento dos sis-temas de pesos e medidas de vários países domundo, o toque dos metais utilizados para acunhagem de moedas, métodos de manejo comlingotes, operações de provas sobre metais (es-pecialmente os preciosos), emissão de letras decâmbio, ordens de pagamento postais, parida-des comerciais e computações nas arbitragenscambiais.

CAMBRIDGE. Veja Escola de Cambridge.

CAMEL RATING. Coeficiente utilizado paramedir a solidez de um banco. A palavra Camelé formada pelas iniciais das palavras em inglêscapital, asset (ativo), management (gerência), ear-nings (ganhos) e liquidity (liquidez); o coeficientevaria entre 1 e 5 e é utilizado pelas agências desupervisão dos bancos para avaliar as condiçõesnas quais se encontra um banco. O nível 1 édado aos bancos que se encontram nas posiçõeso mais possível sólidas. Os níveis 4 e 5 corres-pondem àqueles bancos que se encontram emsituação delicada e devem ser objeto de perma-nente observação. Este coeficiente é utilizadoapenas pela gerência de um banco, isto é, o pú-blico não tem acesso a ele.

CAMERALISMO. Variante do mercantilismo di-fundida na Áustria e na Alemanha em meadosdo século XVIII. Representava um amplo siste-ma de administração pública e organização dosnegócios financeiros. Ao contrário dos mercan-tilistas ingleses, os cameralistas privilegiavam acentralização industrial e não a expansão comer-cial. Defendiam o aumento da população comoforma de incrementar o produto nacional e es-timulavam o mercado interno mediante incen-tivos ao consumo de produtos locais, visandodepender menos das importações. Para os ca-meralistas, as receitas governamentais eram omais importante elemento de riqueza das na-ções. Veja também Mercantilismo.

CAMINHO CRÍTICO. Técnica de planejamen-to e controle da produção quando esta exigegrande número de tarefas, muitas das quais re-querendo execução simultânea. Consideram-setodas as condições que precisam ser satisfeitaspara a execução das tarefas. Isso leva à divisãodo projeto em tarefas elementares, cada uma dasquais precisando ser claramente definida. É ne-cessário também estabelecer a seqüência em queas tarefas serão realizadas e o exato tempo decada uma. As atividades que fazem parte docaminho crítico são denominadas críticas por-

que qualquer atraso numa delas significa atrasode igual magnitude na conclusão do projeto. Asatividades que não fazem parte do caminho crí-tico se denominam não-críticas, e um atraso emsua execução não significa necessariamente umatraso na terminação do projeto. Com esses ele-mentos, o planejador responsável pela coorde-nação geral do projeto possui uma visão de con-junto e pode estabelecer com exatidão as res-ponsabilidades de cada participante. Existemdois grandes grupos de técnicas de caminho crí-tico: o CPM (Critical Path Method), que consi-dera a duração das tarefas perfeitamente deter-minada, e o PERT (Program Evaluation and Re-view Technique), que considera a duração dastarefas variável. Veja também CPM; PERT.

CAMPANELLA, Tommaso (1568-1639). Filóso-fo e reformador social italiano. Monge domini-cano, foi perseguido pela Inquisição por suasidéias igualitárias. Defendeu a partilha das ter-ras feudais e, depois de liderar uma rebeliãocamponesa na Calábria, ficou preso por 27 anos.Influenciado por Platão, escreveu La Città del Sole(A Cidade do Sol), 1623, obra que descreve umasociedade ideal, caracterizada pela comunhão debens e de mulheres.

CAMPESINATO. O conjunto dos grupos so-ciais de base familiar que, em grau diverso deautonomia, se dedica a atividades agrícolas emglebas determinadas. Em termos gerais, carac-teriza-se por produzir baseando-se no trabalhoda família, empregando eventualmente mão-de-obra assalariada; por possuir a propriedade dosinstrumentos de trabalho (enxadas, arados, ani-mais de tração etc.); por ter autonomia total ouparcial na gestão da propriedade; por ser donode parte ou da totalidade da produção. Segundosua relação com a propriedade, o campesinatopode ser dependente ou não. Eram dependentesos servos medievais (considerados parte da pró-pria terra) e os camponeses livres, que viviamsob a proteção do senhor feudal e lhe pagavamum tributo em forma de trabalho (corvéia). Em-bora a utilização do termo seja objeto de ampladiscussão e controvérsias, atualmente estão nes-sa última categoria os rendeiros, meeiros ou par-ceiros, que entregam ao proprietário parte doproduto ou pagam a ele uma renda (em dinhei-ro, em produto ou em trabalho, ou nessas formascombinadas) para cultivar determinada área. Ocampesinato independente abrange, fundamen-talmente, o grupo familiar que tem a posse totalda gleba em que trabalha. Na Idade Média, ocampesinato tornou-se base de todo o sistemasocial. Ao longo do processo de evolução docapitalismo, sua existência tem sido constante-mente ameaçada diante do avanço da grandepropriedade e das técnicas de cultivo a ela ine-rentes. O exemplo mais radical dessa tendência

CÂMBIO SUJO 76

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é a Inglaterra, onde a pequena propriedade cam-ponesa praticamente desapareceu. Na Históriarecente do Brasil, o campesinato tem desempe-nhado importante papel no desbravamento dasregiões de expansão da fronteira agrícola (Nortee Centro-oeste), onde têm sido intensos seusconflitos com a grande propriedade. Em geral,à medida que a produção capitalista avança, ocampesinato vai perdendo espaço, enquantocresce o contingente de assalariados itinerantes(os chamados bóias-frias) que compõem o pro-letariado rural.

CAMPOS, Roberto de Oliveira (1917- ). Eco-nomista, diplomata e político brasileiro, princi-pal mentor do modelo econômico desenvolvidoao longo dos governos militares pós-1964. Foiconselheiro econômico da Comissão Mista Bra-sil-EUA (1950-1953); diretor econômico (1952-1953), diretor superintendente (1954-1958) e pre-sidente (1958-1959) do BNDE (Banco Nacionalde Desenvolvimento Econômico); embaixadoritinerante na Europa (1961) e embaixador nosEstados Unidos (1961-1964). Ministro do Plane-jamento entre 1964-1967, foi o principal artíficefiscal e de investimentos do governo CasteloBranco. A partir de 1967, atuou no setor privado,mas em 1975 tornou-se embaixador do Brasilna Grã-Bretanha. Licenciou-se desse cargo ao seeleger, em 1982, senador pelo Estado do MatoGrosso, e, em 1990, deputado federal pelo Riode Janeiro, pelo PDS (Partido Democrático So-cial). De 1956 a 1961, foi professor de Moeda eCrédito e Ciclo Econômico na Universidade doBrasil. É autor das seguintes obras: Economia,Planejamento e Nacionalismo (1963), Ensaio de His-tória Econômica e Sociologia (1963), A Moeda, o Go-verno e o Tempo (1964), A Técnica e o Riso (1966),Ensaios Contra a Maré (1968), Tempos e Sistemas(1970) e A Nova Economia Brasileira (1974), estaúltima escrita em colaboração com Mário Hen-rique Simonsen.

CANA-DE-AÇÚCAR. Veja Ciclo da Cana-de-açúcar.

CANADA. Medida de capacidade para líquidosutilizada pela Casa da Moeda do Brasil antesdo sistema métrico decimal e equivalente a apro-ximadamente 2,6 l. Veja também Sistemas de Pe-sos e Medidas; Unidades de Pesos e Medidas.

CANF. Iniciais da expressão em inglês cost andfreight, que significa “o custo e o frete”, isto é,quando o preço da mercadoria inclui o seu custoe o respectivo frete.

CANNAN, Edwin (1861-1935). Economista in-glês, renomado por seus estudos de história dasdoutrinas econômicas e sobretudo pela ediçãocrítica e comentada de A Riqueza das Nações, de

Adam Smith; o texto dessa obra por ele estabe-lecido em 1904 tornou-se padrão de todas asedições posteriores. Publicou ainda, em 1896, asconferências do mesmo autor (Lectures on Justice,Police, Revenue and Arms) e escreveu Theories ofProduction and Distribution (Teorias da Produçãoe da Distribuição), 1924, e A Review of EconomicTheory (Retrospecto da Teoria Econômica), 1929.Veja também Smith, Adam.

CANO, Wilson (1937- ). Nasceu em São Pauloe formou-se em Economia na Faculdade de Eco-nomia e Administração da Pontifícia Universi-dade Católica de São Paulo em 1962. Em 1975,obteve o título de doutor pela Universidade Es-tadual de Campinas (Unicamp), SP, tornando-seprofessor titular daquela instituição em 1986.Entre 1966 e 1980, colaborou com a Cepal comoprofessor, desenvolvendo cursos sobre Elabora-ção e Avaliação de Projetos em diversos paíseslatino-americanos. Sua obra está voltada paraas questões do desenvolvimento industrial. Seuslivros mais importantes são os seguintes: Raízesda Concentração Industrial em São Paulo (1990), De-sequilíbrios Regionais e Concentração Industrial noBrasil: 1930-1970 (1985) e Reflexões sobre o Brasile a Nova (Des) Ordem Internacional (1993). Atual-mente, é professor de Economia do Instituto deEconomia da Unicamp.

CANTILLON, Richard (1680-1734). Banqueiroe economista francês de origem irlandesa, pre-cursor dos fisiocratas e de Adam Smith. Seu Es-sai sur la Nature du Commerce em Géneral (Ensaiosobre a Natureza do Comércio em Geral), co-nhecido desde 1730, mas só publicado em 1755,expõe as contradições do mercantilismo entãovigente. A obra esteve por muito tempo esque-cida e foi redescoberta por Stanley Jevons, nofinal do século XIX. É considerada a mais sis-temática exposição dos princípios econômicosque se fez antes de A Riqueza das Nações, deAdam Smith. Cantillon começa por definir a ter-ra como única fonte de riqueza, na forma deum excedente econômico (acima dos custos deprodução), e o trabalho como força geradoradessa riqueza. Trata, em seguida, dos problemasmonetários, das trocas e dos juros. Estuda aindao comércio exterior, o câmbio, os bancos e o crédito.

CAP (Interest Rate). Veja Collar.

CAPACIDADE PARA IMPORTAR (Índice da).Capacidade medida pela razão entre o valor dasexportações (preço x quantidade) e o preço dasimportações. Geralmente, este índice é calculadopela seguinte fórmula: Cpi = P exp. x Q exp./ P imp., onde o preço das exportações, a quan-tidade exportada e o preço das importações sãoincorporados à fórmula mediante índices a par-tir de determinado ano-base. Por exemplo, entre

77 CAPACIDADE PARA IMPORTAR

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1929 e 1939 este índice observou a seguinte evo-lução:

Observa-se que a capacidade para importar nãodiminui tanto quanto as relações de troca, istoé, a relação entre os preços das exportações e odas importações, porque o volume ou a quan-tidade exportada pelo Brasil naquele períodocresceu 87% (cem em 1929 para 187 em 1939),neutralizando pelo menos em parte a forte ele-vação dos preços de importação, que mais doque dobraram (cem em 1929 para 208 em 1939)no mesmo período. Veja também Relações deTroca.

CAPACIDADE OCIOSA. Diferença entre o vo-lume efetivo da produção e o que seria possívelproduzir com a capacidade instalada. Se, porexemplo, uma indústria de televisores possuiequipamentos capazes de produzir mil apare-lhos por mês, mas só fabrica oitocentos, sua ca-pacidade ociosa é de 20%. O conceito é maiscomumente aplicado nas atividades industriais,mas vale também para outros setores. Nos paí-ses altamente industrializados, a capacidadeociosa constitui com freqüência sério problema,sendo geralmente sintoma de recessão econô-mica e de desemprego. Nos países subdesen-volvidos, em geral, está ligada a planejamentoinadequado, superdimensionamento da maqui-naria, escassez de matérias-primas e estreitezado mercado; pode ainda fazer parte de mano-bras monopolistas visando aumentos de preçosou a manutenção de preços altos.

CAPATAZIA. Taxa cobrada pelo movimento demercadorias nos portos e em seus armazéns,com uso de trabalhadores e equipamentos por-tuários. A taxa de capatazia é comumente arre-cadada pelas alfândegas em benefício das com-panhias que exploram os portos.

CAPITAÇÃO. Tributação cobrada per capita,isto é, incidente sobre cada indivíduo moradorde uma comunidade, área ou região. Substituídamodernamente por outras formas de imposto(sobre a renda, sobre o consumo etc.), foi comumna Antiguidade e na Idade Média. No Brasil,foi regulamentada por Carta Régia em 1735 esubsistiu em forma pura até 1750, sobretudo na

região das minas: cada minerador, ou pessoaestabelecida em outras atividades, pagava umimposto à Coroa proporcional ao número de es-cravos que possuísse.

CAPITAL. É um dos fatores de produção, for-mado pela riqueza e que gera renda. É repre-sentado em dinheiro. O capital também podeser definido como todos os meios de produçãoque foram criados pelo trabalho e que são uti-lizados para a produção de outros bens. Assim,o capital de uma empresa ou de uma sociedade,por exemplo, é constituído pelo conjunto de seusrecursos produtivos que foram criados pelo tra-balho humano. Os recursos naturais, como a ter-ra, por exemplo, não são considerados capital.O conceito de capital abrange somente os meiosde produção social, ou seja, aqueles utilizadosem atividades que se inserem na divisão do tra-balho. O que significa, num sistema capitalista,que o capital abrange os recursos usados na pro-dução de bens e serviços destinados à venda,isto é, as mercadorias. Aqueles meios de pro-dução que são utilizados para a satisfação diretadas necessidades dos produtores não fazem par-te do capital. É o caso dos aparelhos e ferra-mentas domésticos. Na teoria marxista, capitalé o resultado da acumulação da mais-valia, ob-tida pelos empresários pela exploração do tra-balho de seus operários ou empregados. O ca-pital de uma firma ou empresa equivale aos re-cursos produtivos: equipamentos, instalações,estoques. Se esses recursos são propriedade dafirma, constituem capital próprio, e seus pro-prietários têm direito a receber os lucros pro-duzidos por aquele capital; se forem tomadosde empréstimo, então constituem capital de ter-ceiros, os quais recebem juros como remunera-ção. O conjunto dos meios de produção de umasociedade constitui seu capital real, que se ex-pande quando novos meios de produção são co-locados em atividade. Sua propriedade é ates-tada por títulos negociáveis. Ao circular no mer-cado financeiro, esses títulos acabam por incor-porar um valor que já não corresponde ao docapital que lhe deu origem, mas às expectativasde sua lucratividade futura. O conjunto dessespapéis negociáveis denomina-se capital finan-ceiro e engloba também títulos de crédito, títulosda dívida pública, os quais não representam ne-cessariamente nenhum capital real. De modoque o capital financeiro engloba os papéis ne-gociáveis e títulos que rendem juros. O montantedo capital financeiro de uma sociedade tem umarelação bem distanciada de seu capital real. Ateoria marxista considera que o conceito de ca-pital se assenta não na propriedade de determi-nado tipo de meios de produção, mas numa for-ma específica de relação social, que se apresentasob a forma de objetos: dinheiro, meios de pro-

Ano Export.Índices de

preço

Export.Índices de

quant.

Import.Índices de

preço

Capacidade p/

importar

1929 100 100 100 ,100

1931 174 115 118 72,1

1933 163 118 109 68,2

1935 185 133 179 63,1

1937 188 141 200 62,0

1939 177 187 208 69,2

CAPACIDADE OCIOSA 78

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dução, mercadoria. A conceituação de capitalaparece referida a uma situação histórica con-creta: a sociedade capitalista. Os meios de pro-dução e o trabalho humano constituem fatoresindispensáveis para a produção social, mas éno contexto do capitalismo que esses meios deprodução se tornam capital, de propriedade doscapitalistas: assim como o trabalho humano as-sume a forma de trabalho assalariado. O capitalsurge, então, como resultado da mais-valia queo capitalista obtém do trabalho de seus empre-gados. Mesmo quando o capital inicial foi obtidopelo esforço pessoal de um capitalista, no pro-cesso de produção ele se transforma em mais-valia acumulada. Os juros e os lucros não sãoconsiderados renda do capital, e sim mais-valiaapropriada do trabalhador. Historicamente, omodo de produção capitalista desempenha o pa-pel de concentrar e desenvolver os meios de pro-dução, que até então se encontravam dispersose pouco desenvolvidos. A teoria marxista dis-tingue ainda entre capital constante e capital va-riável. Capital constante é aquela parte do valordo capital empregada na compra dos meios deprodução: máquinas, matérias-primas e outrosmateriais. O valor desse capital não sofre alte-ração durante o processo de produção, não po-dendo, pois, constituir a fonte do aumento docapital inicial. O capital variável é a quantidadede capital gasto na compra da força de trabalhoe tem seu valor aumentado no processo de pro-dução. Esse aumento se efetua por meio da ob-tenção da mais-valia, o que faz do capital va-riável o responsável pelo aumento do capitalinicial. O conceito inicial de capital remonta aoperíodo de desenvolvimento comercial da IdadeMédia, quando foram criadas novas formas deescrituração mercantil para o controle dos ne-gócios. Nessa época, capital designava a quantiade dinheiro com que se iniciava qualquer ativida-de comercial. À medida que seu uso foi se con-solidando, seu significado foi ganhando cono-tações mais amplas: assim, após os grandes des-cobrimentos, representava o acervo das compa-nhias comerciais ou as parcelas de dinheiro comque os associados contribuíam para a formaçãode uma companhia. Capital era dinheiro inves-tido, nada tendo a ver com os bens nos quaiso dinheiro fora aplicado. Alguns séculos depois,Adam Smith apontou diferenças entre o capitalsocial e o capital individual. Da totalidade dasriquezas do homem, uma parte é utilizada parasuprir suas necessidades individuais; outrapode ser utilizada para obter renda ou lucro. Aprimeira parte constitui apenas consumo coti-diano. A parcela destinada à obtenção de rendaconstitui capital. Para que dê lucros, deve serinvestido em alguma atividade econômica, sain-do da posse de seu investidor para retornar de-pois. É em tal circulação que essa riqueza, o ca-

pital, adquire seu caráter social. Depois deAdam Smith, alguns autores clássicos introdu-ziram modificações nos conceitos de capital.Para Stuart Mill, capital é a provisão acumuladado produto do trabalho que fornece abrigo, pro-teção, ferramentas e materiais para a realizaçãodo processo produtivo, além de oferecer alimen-tos para os trabalhadores empenhados na pro-dução. Para a corrente marginalista, capital é oconjunto de bens destinados a servir para ulte-rior produção, podendo ser considerado o con-junto dos bens intermediários. Entre os econo-mistas matemáticos, o capital se constitui peloexcedente da produção sobre o consumo. Vejatambém Bens de Capital; Capitalismo; Compo-sição Orgânica do Capital; Formação de Capi-tal; Ganhos de Capital; Mercado de Capitais;Rotação do Capital.

CAPITAL ABERTO. Característica do tipo desociedade anônima em que o capital, repre-sentado pelas ações, é dividido entre muitos eindeterminados acionistas. Além disso, essasações podem ser negociadas nas Bolsas de Va-lores.

CAPITAL ASSET PRICING MODEL. Veja Mo-delo de Precificação de Ativos de Capital.

CAPITAL CIRCULANTE. Parte do capital des-tinada às despesas correntes de uma empresacom matérias-primas, salários, matérias auxilia-res, combustíveis, energia elétrica, e com esto-ques de mercadorias. Nesse sentido, é tambémchamado de capital de giro. Do ponto de vistada concepção marxista, é a parte do capital nãofixa, isto é, aquela que não é destinada à comprade equipamentos, máquinas e instalações. Doponto de vista financeiro, pode ser consideradaaquela parte do capital que é financiada comcréditos de longo prazo. A magnitude do capitalcirculante de uma empresa é um indicador doseu grau de liquidez no mercado. Veja tambémCapital Fixo; Capital Variável.

CAPITAL CONSTANTE. Na teoria marxistado valor, a parte do capital total que apenastransfere seu valor para as mercadorias que es-tão sendo produzidas, não criando a mais-valia.Em termos materiais, é composto pelos meiosde produção: máquinas, equipamentos, edifí-cios, matérias-primas, combustíveis etc. Vejatambém Capital; Capital Variável; ComposiçãoOrgânica do Capital; Mais-valia.

CAPITAL DE GIRO. Parte dos bens de umaempresa representados pelo estoque de produ-tos e pelo dinheiro disponível (imediatamentee a curto prazo). Também chamado de capitalcirculante.

79 CAPITAL DE GIRO

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CAPITAL DE RISCO. Capital investido em ati-vidades em que existe a possibilidade de perdas.Em geral, esses investimentos são realizados porcapitalistas privados. No balanço de pagamen-tos, os capitais de risco são os investimentos di-retos realizados por empresas estrangeiras noBrasil (entrada) e por empresas brasileiras noexterior (saídas). Os movimentos desses capitaissão registrados na conta de capital do balançode pagamentos. Veja também Balanço de Paga-mentos; Risco.

CAPITAL ESTRANGEIRO. Veja InvestimentoEstrangeiro; Lei da Remessa de Lucros.

CAPITAL FECHADO. Característica do tipo desociedade anônima em que o capital, repre-sentado por ações, é dividido entre poucos acio-nistas. Além disso, as ações não são negociáveisem Bolsas de Valores e são transmitidas ou ne-gociadas apenas sob consenso dos acionistas.

CAPITAL FINANCEIRO. No sentido microeco-nômico, capital financeiro significa todas as par-celas do capital de uma empresa que se encon-tram em estado de liquidez, isto é, podem sertransformadas em qualquer ativo físico de formaimediata. Do ponto de vista macroeconômico,é todo capital empregado nos mercados de tí-tulos (Bolsas de Valores, Bolsas de Mercadorias)e todo aquele movimentado pelos bancos e ins-tituições financeiras em geral. O capital finan-ceiro pode também ser entendido como o capitalrepresentado por títulos, obrigações, certificadose outros papéis negociáveis e que podem serconvertidos em dinheiro com rapidez. Do pontode vista histórico, é o capital que se forma pelafusão do capital dos monopólios bancários e in-dustriais nos países imperialistas. A existênciado capital financeiro e a conseqüente apariçãode uma oligarquia financeira constitui uma dascaracterísticas fundamentais do imperialismo. Aformação do capital financeiro, que correspondeàs últimas décadas do século passado e primei-ras do século atual, resultou da elevada concen-tração e centralização do capital nos setores in-dustrial e bancário desenvolvidas especialmentena Europa durante o período anterior. De acordocom Lênin, em sua obra O Imperialismo, Fase Su-perior do Capitalismo, “a concentração da produ-ção, os monopólios que surgem dessa concen-tração, a fusão ou união dos bancos com a in-dústria, tal é a história do nascimento do capitalfinanceiro e o conteúdo desse conceito”. Utili-zando recursos monetários livres, os bancos nãoapenas concedem às empresas industriais em-préstimos a curto prazo, mas também créditosa médio e longo prazos. Com isso obtêm a pos-sibilidade de participar no desenvolvimento ena administração das empresas, como tambémde influir em seu próprio destino. Por outro

lado, os recursos dos bancos transferem-se tam-bém para a indústria, mediante a compra de açõ-es, o que permite a criação de um “sistema departicipações” por meio do qual um pequenocapital bancário passa a controlar somas muitosuperiores de capitais industriais. Ao mesmotempo se dá a concentração e a centralização dopróprio capital financeiro com a formação degrandes conglomerados que passam a influirnão apenas na direção de um setor, mas de todaa economia nacional, projetando-se no plano in-ternacional. A dominação que os países impe-rialistas exercem sobre os países subordinadosocorre em grande medida por meio do capitalfinanceiro.

CAPITAL FIXO. Em termos da contabilidadede uma empresa, é aquele representado por imó-veis, máquinas e equipamentos. É também cha-mado de ativo fixo. De acordo com a concepçãomarxista, é a parte não circulante do capitalconstante, isto é, a parte do capital utilizada emmáquinas, equipamentos, instalações etc. Vejatambém Ativo; Capital Constante.

CAPITAL HUMANO. Conjunto dos investimen-tos destinados à formação educacional e profis-sional de determinada população. O índice decrescimento do capital humano é consideradoum dos indicadores do desenvolvimento econô-mico. O termo é usado também para designaras aptidões e habilidades pessoais que permitemao indivíduo auferir uma renda. Esse capital de-riva de aptidões naturais ou adquiridas no pro-cesso de aprendizagem. Nesse sentido, o con-ceito de capital humano corresponde ao de ca-pacidade de trabalho.

CAPITAL INTENSIVO. Forma de produçãoem que a proporção de capital empregado émuito elevada em relação aos demais insumosou fatores de produção, particularmente em re-lação ao custo do fator trabalho. Nesse sentido,mede-se a intensidade de emprego de capitalpor pessoa empregada. Isso ocorre especifica-mente em certos tipos de indústria, como a quí-mica e a nuclear, que têm um volume muitogrande de capital fixo. Veja também TrabalhoIntensivo.

CAPITAL VARIÁVEL. Na teoria marxista dovalor, a parte do capital total que sai valorizadado processo de produção mediante a criação damais-valia. Do ponto de vista material, é a partedo capital utilizada para a compra de força detrabalho e, portanto, para o pagamento de sa-lários. Veja também Capital; Capital Constante;Composição Orgânica do Capital; Mais-valia.

CAPITALISMO. Sistema econômico e socialpredominante na maioria dos países industria-

CAPITAL DE RISCO 80

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lizados ou em fase de industrialização. Neles, aeconomia baseia-se na separação entre trabalha-dores juridicamente livres, que dispõem apenasda força de trabalho e a vendem em troca desalário, e capitalistas, os quais são proprietáriosdos meios de produção e contratam os traba-lhadores para produzir mercadorias (bens diri-gidos para o mercado) visando à obtenção delucro. Vários cientistas sociais de destaque pro-curaram explicar o surgimento e o funcionamen-to do capitalismo. Para Werner Sombart, a es-sência do capitalismo não está na economia, masno “espírito” que se desenvolveu dentro da bur-guesia que surgiu na Europa no fim da IdadeMédia. Esse espírito teria levado os burguesesa perceber que o melhor método para adquirirriqueza não era acumular capital. Max Webercaracteriza o capitalismo pela predominância daburocracia: as empresas deixaram de ser domés-ticas e passaram a ter vida própria, exigindo,devido ao tamanho crescente, sistemas contábeise administrativos altamente racionais para ga-rantir a obtenção de lucro. Para Karl Marx, oque define o capitalismo é a exploração dos tra-balhadores pelos capitalistas. O valor do saláriopago corresponderia apenas a uma parcela mí-nima do valor do trabalho executado. A dife-rença, denominada mais-valia, seria apropriadapelos proprietários dos meios de produção soba forma de lucro. Historicamente, o capitalismotem passado por grande evolução. Em sua ori-gem está o empobrecimento da nobreza euro-péia, devido aos gastos com as cruzadas e à fugados camponeses para as cidades (burgos). A par-tir do século XIII, sobretudo em alguns portosdo Norte da Itália e do mar do Norte, os bur-gueses passaram a enriquecer, criando bancose dedicando-se ao comércio em maior escala,primeiro na própria Europa e depois no restodo mundo. Além disso, em vez de apenas com-prar os produtos dos artesãos para revendê-los,passaram a criar manufaturas e a contratar ar-tesãos para produzi-las, substituindo o antigovínculo de servidão feudal pelo contrato salarial.Aumentaram as oportunidades de trabalho, ovolume de dinheiro e o mercado de consumo,tornando-se necessárias a ampliação e a proli-feração das manufaturas. Nos séculos XVIII eXIX, esse processo provocou, especialmente naInglaterra, a Revolução Industrial, com a meca-nização das fábricas. A par da formação dos es-tados nacionais, também a Reforma, a Revolu-ção Puritana e a Revolução Francesa foram mar-cos importantes na luta da burguesia para a con-quista do poder político, que havia pertencidoà nobreza durante a Idade Média. No séculoXIX, o capitalismo apresentava-se definitiva-mente estruturado, com os industriais e ban-queiros centralizando as decisões econômicas epolíticas, e os comerciantes atuando como seus

intermediários. No final do século, acentuavam-se as tendências à concentração, com cartéis,trustes e monopólios, o que, no século XX, re-sultaria na formação de gigantescas empresasmultinacionais. Para elas, o planejamento a lon-go prazo é fundamental, devido à tendência àdiminuição da taxa de lucro. As crises são fre-qüentes, provocando falências, desemprego e in-flação em boa parte do mundo. Para amenizaressas crises, é crescente a intervenção do Estadona economia. Veja também Burguesia; Burocra-cia; Capital; Capitalismo Tardio; Força de Tra-balho; Lucro; Mais-valia; Marx, Karl Heinrich;Meios de Produção; Multinacional; Reforma;Revolução Industrial; Sombart, Werner; We-ber, Max.

CAPITALISMO DE ESTADO. Envolvimento di-reto do Estado no setor produtivo e de serviços,tendência verificada tanto em países “capitalis-tas” quanto em “socialistas”. Particularmentenos países subdesenvolvidos, o Estado atuaonde faltam recursos para o investimento pri-vado ou nos setores em que a taxa de lucro nãoé compensadora para as empresas privadas lo-cais ou multinacionais. Brasil, México, Venezue-la são alguns dos países onde o setor públicotem participação superior a 50% na formaçãoanual de capital fixo. Veja também Estatismo.

CAPITALISMO TARDIO. Conceito desenvol-vido pelo economista belga Ernest Mandel emseu livro O Capitalismo Tardio (1972), e que ca-racterizaria a atual fase do capitalismo mono-polista, desencadeada a partir de uma terceirarevolução tecnológica (1940-1945), com a cres-cente introdução da automação na produção, ainternacionalização e centralização do capital emconglomerados multinacionais, a rápida depre-ciação e o encurtamento do tempo de rotaçãodo capital fixo e a busca do superlucro comoprincipal estímulo de acumulação. Mandel des-taca o capitalismo em uma fase concorrencial,surgida como resultado da Revolução Industrialno fim do século XVIII, dividida em duas sub-fases, entre 1848 (ano que classifica como o doinício da primeira revolução tecnológica, com aprodução de motores a vapor) e 1873; e o capi-talismo monopolista ou imperialista, tambémsubdividido em duas fases: a clássica, marcadapelo esgotamento da expansão da primeira re-volução tecnológica, e a do capitalismo tardio,moldado pela terceira revolução tecnológica,com a introdução da automação na produção eo desenvolvimento da energia nuclear. A segun-da revolução tecnológica, iniciada em 1896, coma criação e aplicação do motor elétrico e do mo-tor a explosão, apesar de sua repercussão, nãocaracteriza para Mandel nenhuma subfase es-pecífica do capitalismo. O crescente uso da au-tomação e da regulação eletrônica da produção,

81 CAPITALISMO TARDIO

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que caracterizaria o capitalismo tardio, provoca,segundo Mandel, aumento da composição or-gânica do capital e queda da taxa de lucro, de-finindo uma crise estrutural do modo de pro-dução capitalista ou “uma crise histórica de va-lorização do capital”, já que nas fábricas intei-ramente automatizadas, não havendo trabalhohumano, também não haverá produção de mais-valia. O desenvolvimento tecnológico, medianteo aumento de despesas com pesquisas e sua or-ganização como ramo autônomo da divisão dotrabalho (possibilitada pela valorização das ren-das tecnológicas, que se tornaram a principalfonte de superlucros), proporcionou uma depre-ciação mais rápida do capital fixo e o encurta-mento do tempo de sua rotação, exigindo umplanejamento empresarial mais abrangente. Essefato explicaria a centralização do capital pormeio dos conglomerados multinacionais e a ten-dência inerente ao capitalismo tardio de ampliaro controle sistemático sobre todos os elementosdos processos de produção, circulação e repro-dução. No plano ideológico, o capitalismo tardiosubstituiu a crença no individualismo e na com-petição sem limites pela fé na ciência e na téc-nica, cujos princípios devem organizar e planejara sociedade e a economia. Veja também Capi-talismo; Mandel, Ernest.

CAPITALIZAÇÃO. Veja Empresas de Capita-lização.

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS. Grandes ex-tensões de terras do Brasil colonial doadas à ex-ploração hereditária pela Coroa portuguesa.Dom João III, rei de Portugal, implementou ascapitanias com a perspectiva de defender o ter-ritório recém-descoberto e desenvolvê-lo me-diante a colonização, pois os custos eram muitoelevados. A Coroa passou então a doar as ca-pitanias (quinze ao todo) aos membros da corte,comerciantes ricos etc. As capitanias eram regi-das pela Carta de Doação, instrumento por meiodo qual se atribuíam os direitos e deveres dodonatário. A crise do sistema deu-se devido àfalta de capital dos donatários para desenvolver,povoar e defender as capitanias e à rebeldia doscolonos. O sistema de capitanias hereditárias vi-gorou de 1534 até a época pombalina (1750-1777).

CAPM (Capital Asset Pricing Model). Veja Ca-pital Asset Pricing Model.

CAPTAÇÃO. Designação dada geralmente aoato de venda de títulos por parte das autorida-des monetárias para a obtenção de recursos (di-nheiro) no mercado. A captação pode ser utili-zada tanto no sentido de retirar liquidez do mer-cado, quando a política monetária é contracio-nista, como para obter recursos com os quais o

governo possa saldar seus compromissos. Emambos os casos, essa operação geralmente re-sulta em aumento do endividamento do poderpúblico.

CAPTURE THEORY. Teoria do campo da regu-lação desenvolvida por George Stigler (1911- ).Esta teoria desenvolve a concepção de que umramo industrial regulamentado pode beneficiar-se dessa regulamentação “capturando” ou su-bordinando a agência governamental encarre-gada de gerenciar tal regulamentação. As razõespara que isso aconteça são várias: 1) a indústriageralmente dispõe de conhecimentos técnicossobre o setor bem maiores do que a agência go-vernamental, o que significa que esta última atécerto ponto depende da indústria nesse âmbito;2) os funcionários da agência governamental po-dem sair dos quadros da indústria, ou então es-tes poderão ocupar no futuro posições nas agên-cias governamentais; 3) a agência governamen-tal por vezes necessita que a indústria reconheçasua necessidade e obtenha cooperação informalpor parte da indústria.

CARAJÁS. Veja Projeto Carajás.

CARAT. A palavra de uso internacional temdois significados: 1) como unidade de peso, ocarat (métrico) é equivalente a 3 086 grãos dosistema troy e é utilizado para pesar pedras pre-ciosas, especialmente diamantes; 2) como uni-dade de medida de qualidade, é utilizado entrejoalheiros, ourives, etc. para denotar o toque oua pureza do ouro ou outros metais, sendo a vi-gésima quarta parte de qualquer peso, isto é, oouro puro é metal de 24 carats. Uma pulseiraque por peso é metade ouro e metade latão temum toque de 12 carats. A expressão “ouro de 18carats” significa que o ouro possui um toque de18/24, isto é, consiste em 18 partes de ouro puroe 6 partes de outro metal que constitui a liga.

CARDOSO, Fernando Henrique (1931- ). Nas-ceu no Rio de Janeiro e desenvolveu seus estu-dos de sociologia em São Paulo, onde se gra-duou e tornou-se professor da Faculdade de Fi-losofia, Ciências e Letras da Universidade deSão Paulo. Entre 1964 e 1968, trabalhou na Co-missão Econômica para a América Latina (Cepal),na Faculdade Latino-americana de Ciências So-ciais (Flacso), em Santiago, no Chile, e lecionouna Sorbonne, em Paris, na França. Em 1969, foium dos fundadores do Centro Brasileiro de Aná-lise e Planejamento (Cebrap). Em 1978, elegeu-sesuplente de senador por São Paulo, assumindoo mandato quando o titular, André Franco Mon-toro, tornou-se governador daquele Estado em1983. Em 1986, elegeu-se senador por São Pauloe, em outubro de 1992, tornou-se ministro dasRelações Exteriores no governo Itamar Franco.

CAPITALIZAÇÃO 82

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Em maio de 1993, foi nomeado ministro daFazenda. Em 3 de outubro de 1994, foi eleitopresidente da República para o período de1/1/1995 a 31/12/1998. Seus livros mais impor-tantes são: Autoritarismo e Democratização (1975);Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional: o Ne-gro na Sociedade Escravocrata do Rio Grande do Sul(1962); Homem e Sociedade: Leituras Básicas de So-ciologia Geral (1966), em colaboração com Octá-vio Ianni; Dependência e Desenvolvimento na Amé-rica Latina: Ensaio de Interpretação Sociológica(1970), em colaboração com Enzo Falleto.

CARDOSO DE MELLO, Zélia (1953- ). For-mou-se em economia pela Faculdade de Econo-mia e Administração da Universidade de SãoPaulo em 1975. Obteve o título de mestre pelamesma instituição em 1981. Entre 1983 e 1986,trabalhou na Companhia de DesenvolvimentoHabitacional e Urbano do Estado de São Paulocomo assessora. Entre 1986 e 1987, trabalhou naSecretaria do Tesouro Nacional durante a gestãode Andrea Calabi. Posteriormente, montou umaempresa de consultoria econômica, tendo pres-tado serviços ao então governador de Alagoas,Fernando Collor de Mello. Durante a campanhapresidencial de 1989, foi contratada por este paraa elaboração do programa econômico do futurogoverno e, com a vitória do candidato, foi es-colhida como ministra da Economia. Durantesua gestão (março de 1990 a maio de 1991), pre-parou e colocou em execução dois planos deestabilização, o Plano Collor e o Plano Collor 2.Apesar das medidas drásticas utilizadas, espe-cialmente durante o primeiro Plano Collor, comos bloqueios dos depósitos à vista e a prazo,das aplicações financeiras e cadernetas de pou-pança durante dezoito meses, a estabilização nãofoi alcançada e a inflação prosseguiu num ritmoacelerado. Atualmente, Zélia Cardoso de Mello éprofessora de Economia na Faculdade de Econo-mia e Administração da Universidade de São Pau-lo. Veja também Plano Collor e Plano Collor 2.

CARÊNCIA. Período de tempo, concedido pelocredor, durante o qual o devedor não paga oprincipal da dívida, mas apenas os juros.

CAREY, Henry Charles (1793-1879). Economis-ta norte-americano, um dos criadores da teoriada “harmonia de interesses” entre o capital e otrabalho. Em relação às questões da renda daterra, aceitava a tese de Ricardo sobre a inexis-tência da renda absoluta e considerava o arren-damento uma forma de pagamento dos juroscorrespondentes ao capital investido na terra.Veja também Renda Absoluta; Renda da Terra;Renda Diferencial.

CARGA FISCAL. Soma de todos os impostose tributos fiscais e sociais que são cobrados dos

contribuintes. Corresponde a uma parcela im-portante da renda nacional.

CARGA UNITIZADA. Expressão do comérciointernacional que designa a carga transportadapor containers, pallets ou pelo sistema roll-on/roll-off. Veja também Contêiner.

CARIBBEAN FREE TRADE ASSOCIATION(CARIFTA). Zona de livre comércio estabeleci-da em 1968 por alguns países do Caribe comoBarbados, Guiana, Jamaica, Trinidad e Tobago.Em 1973, esta associação transformou-se no Ca-ribbean Common Market (Mercado Comum doCaribe), designado pela sigla Caricom.

CARICOM. Veja Caribbean Common Market.

CARIFTA. Veja Caribbean Free Trade Associa-tion.

CARIMBO. Aplicado por punção em moedasa fim de alterar para menos o seu primitivo valorfacial. Moedas de cobre de 80 réis, por exemplo,emitidas durante a primeira metade do séculoXIX no Brasil, receberam naquela época o ca-rimbo com a denominação “40", valor que amoeda carimbada passou a ter, isto é, 40 réis.Embora aplicado nas moedas para a redução deseu valor, pode ser aplicado nas cédulas paratransformar unidades monetárias antigas ematuais, ou para lastrear uma moeda não conver-sível tornando-a conversível, como, por exem-plo, aconteceu no Brasil com as emissões da Cai-xa de Conversão (1906) e com a Caixa de Esta-bilização (1926), e também, mais recentemente,com a adoção dos vários planos para eliminara inflação, quando se mudava a unidade mone-tária colocando-se um carimbo nas cédulas emi-tidas anteriormente e atualizando seu valor. Ca-rimbo é também a denominação que os opera-dores do mercado financeiro dão aos aumentosde capital via aumento do valor nominal dasações que o constituem. Veja também Bracea-gem; Caixa de Amortização; Caixa de Conver-são; Escudete; Legislação Monetária Brasileira;Recunho; Senhoriagem.

CARRY BACK. Expressão em inglês que, lite-ralmente, quer dizer “carregar para trás”, utili-zada pelas empresas para evitar a incidência doImposto de Renda em determinado ano, quandoas perdas observadas num período podem serlançadas retroativamente ou no exercício se-guinte (carry forward), para reduzir a média doslucros tributáveis.

CARRY FORWARD. Veja Carry Back.

CARRY-OVER. Expressão inglesa (“transpor-te”) utilizada no mercado de títulos negociáveis.O detentor de um título pode adiar a data do

83 CARRY-OVER

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resgate, recebendo juros pelo prazo maior, en-quanto o emitente do título pode dispor do di-nheiro para outras atividades.

CARRYING COSTS. Custos de manutenção deestoques, ou “custos de carregação”.

CARTA DE CRÉDITO. Carta cujo signatárioautoriza o destinatário a entregar a uma terceirapessoa certa importância em dinheiro ou deter-minada quantidade de mercadorias. A entregase faz sob a garantia do signatário, de formaque ele exerce o papel de fiador da operação.

CARTA DE INTENÇÃO. Documento enviadopelo governo brasileiro ao Fundo Monetário In-ternacional (FMI) contendo medidas de políticaeconômica (fiscais, monetárias, administrativase patrimoniais) a serem adotadas para ajustar aeconomia aos desequilíbrios provocados em seusetor externo. Geralmente, as Cartas de Intençãocontêm medidas que levam a economia à reces-são. Quando as metas nelas contidas são exe-cutadas, raramente os objetivos são alcançadosem sua integridade. Do ponto de vista da rene-gociação da dívida externa, esses documentoscontêm os elementos para que os credores, me-diante endosso do FMI, possam avaliar as con-dições futuras para o pagamento da dívida ex-terna. Nenhuma das Cartas de Intenção que oBrasil assinou junto ao FMI depois de 1982 che-gou a ser cumprida. Veja também AutoridadesMonetárias; Dívida Externa; FMI.

CARTA DE RECOMPRA. Documento utiliza-do no mercado financeiro mediante o qual umvendedor (geralmente um banco ou uma insti-tuição financeira), devidamente habilitado peloBanco Central, se compromete a recomprar deum comprador (seu cliente) os títulos negocia-dos sob determinadas condições de preço, prazoe taxa de desconto.

CARTÃO DE CRÉDITO. Documento financei-ro que dá a seu possuidor o direito de fazercompras em estabelecimentos comerciais, inde-pendentemente de pagamento imediato; o pos-suidor apenas assina a fatura correspondente àcompra. A instituição financeira que emitiu ocartão se incumbe de pagar ao vendedor e cobrara dívida do comprador (e possuidor do cartão),geralmente em parcelas mensais acrescidas dejuros. A principal função econômica dos cartõesde crédito é estimular poderosamente o consu-mo. Veja também Consumo.

CARTA PARTITA. Expressão italiana que sig-nifica um acordo para o afretamento (leasing)de um navio ou de parte dele por determinadotempo ou para uma viagem específica.

CARTEIRA (Porta-fólio). Conjunto dos títulosou valores monetários que são objeto de nego-

ciação por parte de um banqueiro, comercianteou operador de Bolsa de Valores. Especificamen-te, designa as seções dos bancos especializadasapenas num tipo de operação, tais como carteirade crédito agrícola, carteira de descontos e carteirade câmbio.

CARTEIRA DE AÇÕES. Veja Porta-fólio.

CARTEIRA DE TÍTULOS. Veja Porta-fólio.

CARTEL. Grupo de empresas independentesque formalizam um acordo para sua atuaçãocoordenada, com vistas a interesses comuns. Otipo mais freqüente de cartel é o de empresasque produzem artigos semelhantes, de forma aconstituir um monopólio de mercado. O termo“cartel” refere-se em geral ao mercado interna-cional — onde chegam a existir cartéis de países—, enquanto se prefere utilizar termos comotruste e sindicato para os mercados regionais. Osobjetivos mais comuns dos cartéis são: 1) con-trole do nível de produção e das condições devenda; 2) fixação e controle de preços; 3) controledas fontes de matéria-prima (cartel de compra-dores); 4) fixação de margens de lucros e divisãode territórios de operação. As empresas que for-mam um cartel mantêm sua independência eindividualidade, mas devem respeitar as regrasaceitas pelo grupo, como a divisão do mercadoe a manutenção dos preços combinados. Em ge-ral, formam um fundo comum que serve de re-serva orçamentária ao cartel. Esse fundo é uti-lizado para punir as empresas do grupo quenão respeitarem o acordo e também para impe-dir que outras empresas penetrem em mercadosjá dominados. Na maioria dos países, a formaçãode cartéis que atuem internamente é proibida,por configurar uma situação de monopólio. Noentanto, a cartelização é fenômeno normal naseconomias capitalistas, tanto as desenvolvidasquanto as subdesenvolvidas. A atuação dos car-téis elimina a concorrência; os consumidores po-dem ser lesados por preços construídos artifi-cialmente e por produtos obsoletos; as fontesde matérias-primas ficam submetidas a compra-dores que fixam condições de compra, preçosetc. Para o mercado externo, entretanto, algunspaíses chegam a estimular a cartelização comoforma de constituir grupos para organizar ra-cionalmente a produção e competir em igual-dade de condições nesse mercado. Veja tambémMonopólio; Truste.

CARTELIZAÇÃO. Veja Cartel.

CARTISMO. Um dos primeiros movimentospolítico-reivindicatórios da classe operária, ocor-rido na Inglaterra entre 1838 e 1848. Seu nomederiva da Carta do Povo, um programa de seispontos que os operários apresentaram ao Par-lamento, reivindicando: 1) sufrágio universal

CARRYING COSTS 84

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masculino; 2) igualdade de direitos eleitorais; 3)voto secreto; 4) legislaturas anuais; 5) aboliçãodo censo eleitoral (baseado na propriedade); 6)remuneração das funções parlamentares. Inte-grado por diversas correntes político-ideológi-cas (democratas, socialistas, jacobinos) e sob aliderança de Feargus O’Connor, William Lovett,Julian Harney e Brontere O’Brien, o movimentocartista promoveu numerosas manifestações dedenúncias das condições de vida dos trabalha-dores e defendeu a jornada de dez horas de tra-balho e o direito à organização de classe e re-presentação parlamentar. O final do movimentocoincidiu com a derrota da revolução de 1848na Europa. Apesar disso, até 1867 todos os pon-tos da Carta do Povo, com exceção da legislaturaanual, foram incorporados à lei inglesa.

CASA DA GUINÉ E MINA; CASA DA ÍN-DIA. Instituições da administração colonial por-tuguesa, criadas no final do século XV para con-trolar o comércio de Portugal com a África e aÁsia. A elas competia organizar as frotas marí-timas destinadas a essas regiões, armazenar asmercadorias e fixar os preços. Os lucros das duascasas constituíram por muito tempo cerca demetade da receita da Coroa portuguesa.

CASA DA MOEDA. Instituição encarregada dafabricação da moeda e do meio circulante emgeral no Brasil. Desde 1643, funcionou no Riode Janeiro uma oficina para a remarcação dospatacões portugueses que mais tarde, em 1698,pela Carta Régia de 12/1, se transforma em Casada Moeda do Rio de Janeiro. Alguns anos antes,em 1694, havia sido criada a primeira Casa daMoeda na colônia, na Bahia (lei de 8/3). Em1720, é criada a Casa da Moeda de Vila Rica,MG, que funciona até 1734, quando é extinta,permanecendo apenas as casas da moeda do Riode Janeiro e da Bahia. Em 1834 (decreto de 13/3),as atividades da Casa da Moeda da Bahia sãoencerradas, passando a existir apenas a Casa daMoeda do Rio de Janeiro. Em 1950, a lei nº 1 216,de 28/10, criou o Museu da Casa da Moeda,onde são conservadas as moedas e o papel-moe-da emitidos por aquela instituição, e tambémoutros elementos como vales, certificados, do-cumentos e materiais que serviram como dinhei-ro ou instrumento de crédito no decorrer de nos-sa História. Atualmente, é uma autarquia vin-culada ao Ministério da Fazenda, e, desde 1969,fabrica o papel-moeda em circulação no Brasil,além de cunhar as moedas metálicas do nossomeio circulante. Até 1969 o papel-moeda em cir-culação no Brasil era fabricado por empresas es-trangeiras como a Thomas de La Rue, da Ingla-terra, e a American Bank of Notes, dos EstadosUnidos. Apesar de contar com imensa capaci-dade de produção de papel-moeda e de moedametálica, eventualmente o governo brasileiro re-

corre às antigas empresas que fabricavam nossomeio circulante, como aconteceu durante a in-trodução do Plano Real, quando a urgência emfabricar uma grande quantidade de moeda exi-giu que uma parte fosse produzida no exterior.A Casa da Moeda renovou seu parque industrialdurante os anos 80, e hoje conta com um parquetecnológico de elevada qualidade, produzindomoedas, passaportes, selos etc. para outros paí-ses tanto da América do Sul (Paraguai e Vene-zuela) como para a África (Guiné-Bissau). ACasa da Moeda produz anualmente cerca de 1bilhão de cédulas e moedas para substituir omeio circulante desgastado ou perdido, e tam-bém para expandi-lo. Nos períodos de inflaçãoacelerada vividos durante os anos 80 e iníciodos anos 90, a Casa da Moeda passou a produzire/ou carimbar uma quantidade maior de papel-moeda e moedas metálicas, em função das exi-gências da própria inflação. Além do dinheiro,a Casa da Moeda detém o monopólio da pro-dução brasileira de selos fiscais e postais, pas-saportes, diplomas, carteiras de motorista, cé-dulas de identidade e medalhas comemorativasoficiais. Veja também Casa dos Pássaros; Legis-lação Monetária Brasileira.

CASA DA MOEDA DA BAHIA. Veja Casa daMoeda; Legislação Monetária Brasileira.

CASA DA MOEDA DE VILA RICA. Veja Ca-sa da Moeda; Legislação Monetária Brasileira.

CASA DE CONTRATAÇÃO. Organismo cria-do na Espanha em 1503, composto por um te-soureiro, um controlador e um secretário, en-carregado de supervisionar as relações comer-ciais e marítimas entre as Índias e a metrópole,assegurar proteção aos comboios que iam paraa América e cuidar da entrada das rendas daCoroa (especialmente os metais preciosos) de-correntes dessas atividades econômicas. As Ca-sas de Contratação desempenharam também opapel de escola de navegação, de organismo depesquisas oceanográficas e, posteriormente, deCorte Soberana de Justiça nas relações comer-ciais com as Índias.

CASA DOS PÁSSAROS. Local no centro doRio de Janeiro onde funcionou a Casa da Moedado Brasil entre 1814 e 1868. O nome deveu-seao fato de a construção ali erguida ser destinadaoriginalmente a um Museu de História Natural,onde foram acumulados, logo depois, muitosanimais embalsamados, especialmente pássaros.

CASAS DE CUSTÓDIA. Denominação dada àsantigas casas onde eram depositadas moedas deouro e prata em relação às quais eram emitidoscertificados de depósito, que posteriormentepassaram a circular como notas (dinheiro), dan-do origem aos bancos. Veja também Dinheiro.

85 CASAS DE CUSTÓDIA

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CASAS DECIMAIS. Quantidade de dígitos exis-tentes depois da vírgula decimal. Por exemplo,a constante π (pi) pode ser apresentada da se-guinte maneira: 3,1415, possuindo neste casoquatro casas decimais, isto é, quatro dígitos de-pois da vírgula. Se desejássemos maior precisãopara o cálculo da área de um círculo, podería-mos agregar mais casas decimais: por exemplo,3,1415927, quando a constante π (pi) passaria ater sete casas decimais. Se não quiséssemos umaprecisão muito grande, poderíamos trabalharcom um número bem menor de casas decimais,por exemplo, 3,14, quando teríamos apenas duascasas decimais, e assim sucessivamente. As fra-ções têm seus equivalentes em decimais, sendoque as mais utilizadas são as seguintes: 1/2 = 0,5;1/4 = 0,25; 1/8 = 0,125; 3/4 = 0,75; 3/8 = 0,375;5/8 = 0,625; 7/8 = 0,875. Veja também Pi (π).

CASH COMMODITY. Veja Produto Físico.

CASH COW. Expressão em inglês que significauma empresa que entrega aos seus acionistastodos os ganhos a que têm direito na forma dedividendos, isto é, em dinheiro, e não como bo-nificações em ações ou outra forma não mone-tária.

CASH MARKET. Veja Mercado à Vista.

CASH FLOW. Veja Fluxo de Caixa.

CASO FORTUITO. É o evento da natureza que,por sua imprevisibilidade e inevitabilidade, criapara o contratante a impossibilidade intranspo-nível de executar um contrato. Por exemplo, aocorrência de um terremoto em regiões não su-jeitas a tal fenômeno pode tornar inexeqüível aconstrução de um túnel. Nesse caso, aplica-se odispositivo, pois não houve culpa do contratantese o contrato tornou-se inexeqüível. Veja tam-bém Força Maior.

CASSEL, Gustav (1866-1945). Economista neo-clássico sueco. Em sua juventude, sofreu a in-fluência de Alfred Marshall. Em 1904, tornou-seprofessor de Economia Política da Universidadede Estocolmo. Suas obras Grundriss einer Elemen-taren Preislehre (Esboço de um Estudo Elementardos Preços), 1899, e The Nature and Necessity ofInterest (Natureza e Necessidade do Juro), 1903,foram contribuições importantes para a teoriado juro e para a análise do ciclo econômico. Es-creveu ainda Memorando sobre os Problemas Mo-netários do Mundo (1920) e A Crise do Sistema Mo-netário Mundial (1932), obra na qual defende ocontrole permanente do dinheiro em circulação.Veja também Escola Neoclássica.

CASTAS, Sistema de. Organização social for-mada por camadas fechadas e distribuídas hie-rarquicamente segundo padrões étnicos, religio-sos e ocupacionais. Transmitido individualmen-

te pela hereditariedade, o sistema de castas obe-dece a um conjunto de valores rígidos que fixapara cada casta seus direitos e obrigações, bemcomo a forma de relacionamento entre elas. Osistema de castas mais conhecido é o da Índia,mas ocorre também no Ceilão e existiu no EgitoAntigo. Para muitos estudiosos do tema, todasas sociedades escravistas (até mesmo do Impériobrasileiro) baseavam-se num sistema de castas.O sistema indiano tem quatro castas: os brâma-nes (sacerdotes), os xátrias (guerreiros), os vai-xás (mercadores) e os sudras (camponeses e tra-balhadores); há ainda os párias, indivíduos so-cialmente desqualificados que não integram ne-nhuma das castas socialmente reconhecidas eque, em muitas regiões, formam o principal con-tingente de trabalhadores braçais. As pessoas sópodem se casar dentro da mesma casta, são o-brigadas a partilhar os mesmos rituais religio-sos, os mesmos alimentos e a mesma profissão,transmitida de pai para filho. A mobilidade so-cial nesse sistema é mais uma questão coletivado que individual: uma pessoa poderá melhorarsua condição dentro do grupo, mas só elevarásua posição de casta se o fenômeno atingir todaa sua família ou sua linhagem. Para Max Weber,essa rigidez social contribuiu para manter a so-ciedade indiana em situação de imobilismo, im-pedindo que a produção artesanal realizada nasoficinas avançasse para um sistema fabril. Issoporque numa oficina só trabalhavam pessoaspertencentes à mesma casta e a inovação tecno-lógica era condenada pela tradição. O sistemade castas na Índia foi profundamente abaladoa partir da dominação inglesa e, mais tarde, pelodesenvolvimento industrial do país. Mesmo as-sim, as castas persistem com grande força naszonas rurais.

CATASTROFISTA. Denominação dada ao ana-lista de mercado ou de uma economia que estásempre prevendo catástrofes nos negócios ou nodesempenho de uma economia. É sinônimo devisão pessimista levada ao extremo. Veja tam-bém Sinistrose.

CATEGORIAS. Conceitos fundamentais para oestudo da realidade. Por exemplo, as categoriasprodução, consumo, circulação, preço, lucro, ca-pital, salário, trabalho são usadas por todas asescolas econômicas; mas a categoria produtivi-dade marginal do capital é característica da es-cola marginalista, enquanto os marxistas recor-rem a categorias como mais-valia, valor-traba-lho, valor de uso e valor de troca.

CATOLICISMO SOCIAL. Veja Doutrina So-cial da Igreja.

CATS. Iniciais da expressão em inglês Certificateof Accrual on Treasury Securities, que designaemissões do Tesouro norte-americano vendidas

CASAS DECIMAIS 86

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com grande desconto no valor de face e semcupons ou pagamento de juros. O rendimentodeste título é obtido no seu vencimento quandoo possuidor recebe o valor de face do mesmo.Os cats não podem ser resgatados antes do ven-cimento. Este tipo de título é adequado para in-vestimentos de longo prazo, como, por exemplo,aqueles relacionados com planos de aposenta-doria.

CATS AND DOGS. Expressão em inglês dojargão financeiro que significa títulos altamenteespeculativos, em particular ações que não pro-porcionam dividendos, e são de valor indeter-minado ou mesmo nulo.

CATS CALL OPTIONS. Veja Opções de Com-pra Cats.

CATS CASH MARKET. Veja Mercado à VistaCats.

CATS FORWARD MARKET. Veja Mercado aTermo Cats.

CATS ODD-LOT MARKET. Veja Mercado Fra-cionário Cats.

CATS PUT OPTIONS. Veja Opções de VendaCats.

CAUÇÃO. Contrato pelo qual uma pessoa seobriga a satisfazer e cumprir as obrigações con-traídas por um terceiro, se este não as cumprir.“Prestar caução” significa fazer depósito em va-lores, títulos da dívida pública, papéis de créditoou hipoteca de bens de raiz, para responder pe-los desfalques que se possam dar na adminis-tração, gerência ou tesouraria de que se é en-carregado. Também é caução o depósito em tí-tulos da dívida pública como garantia da serie-dade de uma licitação ou do cumprimento deum contrato.

CAUCUS. Reunião de um pequeno grupo demembros influentes de uma organização (em-presa) para estabelecer a estratégia de atuaçãonuma assembléia geral. O termo tem maior di-fusão nos Estados Unidos, onde nas negociaçõescoletivas entre empregados e empregadores étambém utilizado no sentido do estabelecimentode um recesso para que cada parte possa discutirem separado questões sobre as quais cada gruponão tem uma posição prévia.

CAUDA. Em estatística, significa as partes ex-tremas de uma curva de freqüência em que asdensidades de freqüência são significantementemenores que para o restante da curva, emborasem um delimitação precisa entre ela e o restante(o corpo) da curva. Por exemplo:

CAURI. Veja Zimbo.

CAUSAÇÃO CIRCULAR. Teoria desenvolvidapelo economista sueco Gunnar Myrdal, segundoa qual problemas sociológicos e econômicos sãoprovocados por causas que se encadeiam em cír-culo vicioso. Assim, países subdesenvolvidosnão possuem condições de melhorar o nível dapopulação, que, por sua vez, não consegue tiraro país do subdesenvolvimento. Myrdal acredi-tava que esse círculo poderia ser rompido graçasa reformas sociais, políticas e econômicas queatuassem diretamente em determinados pontosdo círculo. Por exemplo, a melhoria das condi-ções de saúde e educação do povo possibilitariauma produção nacional mais elevada e menoresgastos sociais, o que acabaria por redundar emaumento da riqueza da nação; enfim, seria cria-do um outro círculo vicioso que propiciaria odesenvolvimento do país. Veja também Myrdal,Gunnar Karl.

CAUTELA. Certificado representativo das açõ-es, emitido pelas sociedades anônimas. As cau-telas, também chamadas de títulos múltiplos,são entregues aos acionistas para depois sersubstituídas por ações.

CAVALEIRO DE MÉRÉ. Veja Risco.

CAVALO-VAPOR. Veja Horse Power.

CAVEAT EMPTOR. Expressão em latim quesignifica “que o comprador esteja avisado” e queconstitui um princípio jurídico. Segundo esteprincípio, o comprador deve estar (ou se supõeestar) consciente das condições da mercadoriaque está comprando, como preço, adequação,qualidade etc., para posteriormente não sofrerperdas e não ter respaldo legal para reclamações,exceto nos casos de fraudes ou de garantias ex-pressas nos contratos de compra e venda. Vejatambém Caveat Venditor.

CAVEAT SUBSCRIPTOR. Expressão em latimque significa “que o subscritor esteja avisado”,isto é, que o subscritor de um título, ação etc.esteja consciente das condições da operação queestá prestes a realizar.

cauda

87 CAVEAT SUBSCRIPTOR

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CAVEAT VENDITOR. Expressão latina quesignifica “que o vendedor seja avisado” e queconstitui um princípio jurídico segundo o qualse supõe que o vendedor deve estar conscientee informado das condições da venda que estárealizando, para não ter o direito de reclamaçõesposteriores, exceto nos casos de fraudes ou degarantias expressas nos contratos de compra evenda. Veja também Caveat Emptor.

CB. Abreviatura utilizada nos boletins emitidospelas Bolsas de Valores, indicando que deter-minada ação está sendo comercializada com di-reito a bonificação. Opõe-se a EB, que significaex-bonificação (sem direito a bonificação). Vejatambém Boletim; Bonificação.

CBIC — Câmara Brasileira da Indústria daConstrução. Entidade de caráter nacional, comsede em Brasília-DF, que congrega sindicatos,associações de classe, empresas e profissionaisda área de construção civil em geral, serviçosde engenharia e consultoria. Objetiva defenderos interesses da engenharia nacional e promoverseu desenvolvimento, em cooperação com as au-toridades governamentais. É filiada à FederaçãoInternacional da Indústria da Construção (Fiic).Realiza, semestralmente, o Encontro Nacional daIndústria da Construção (Enic), que reúne em-presários e dirigentes classistas de todo o paíspara a discussão de temas e propostas de açãopara o setor.

CBOE. Iniciais de Chicago Board Options Ex-change (Bolsa de Opções de Chicago).

CBT. Iniciais de Chicago Board of Trade (Bolsade Mercadorias de Chicago).

CC-5. Denominação das contas correntes espe-ciais de pessoas físicas e empresas não residentesno Brasil, mediante as quais entravam grandesquantidades de dólares, que alimentavam a ofer-ta dessa moeda no mercado interno até o finalde abril de 1996. Foi quando norma do BancoCentral estipulou que quantias superiores a 10mil dólares deveriam ter sua origem justificada,o que reduziu sensivelmente a entrada de moe-da norte-americana por essa via, e fez o black(mercado negro de dólares) reaparecer.

CCQ — Círculo de Controle de Qualidade. Éa organização, geralmente nos locais de trabalho(mas também em âmbito de empresa), de gruposde trabalhadores, por meio de iniciativa patro-nal, com a finalidade principal de discutir asformas para melhorar a produção e o controlede qualidade dos produtos.

CD. Abreviatura usada nos boletins emitidospelas Bolsas de Valores, indicando que deter-minada ação está sendo comercializada com di-

reito a dividendos. Opõe-se a ED, que significaex-dividendo (sem direito a dividendo).

CDB — Certificado de Depósito Bancário. Do-cumento que comprova ter seu possuidor feitoum depósito a prazo fixo em estabelecimentofinanceiro. É negociável, rende juros e, no Brasil,na época em que existia a correção monetária,esta era agregada aos juros, sendo pré ou pós-fixada.

CDE — Conselho de Desenvolvimento Econô-mico. Criado pela lei nº 6 036 de 1/5/1974, paraassessorar o Executivo na formulação da políticaeconômica e, em especial, na coordenação dasatividades dos ministérios afins, de acordo coma orientação definida no Plano Nacional de De-senvolvimento Econômico. É presidido pelo pre-sidente da República e integrado pelos ministrosda Economia, Agricultura e Infra-Estrutura, ten-do como secretário-geral o ministro-chefe da Se-cretaria de Planejamento.

CDI — Conselho de Desenvolvimento Indus-trial. Órgão federal criado em agosto de 1969,para ser o principal formulador e coordenadorda política industrial brasileira. Cabe-lhe esta-belecer programas e condições para a implan-tação dessa política, assim como providenciar acompatibilização dos planos regionais de desen-volvimento industrial com os programas nacio-nais. Presidido pelo secretário da Indústria e Co-mércio, é integrado também pelos ministros daEconomia, Infra-Estrutura e Estado-Maior dasForças Armadas e pelos presidentes dos princi-pais bancos estatais (BNDES, Banco Central eBanco do Brasil) e das grandes entidades re-presentativas do setor privado (confederaçõesda indústria e do comércio). O trabalho do CDIé organizado por seis grupos setoriais, integra-dos ao gabinete do secretário-geral e correspon-dentes às indústrias de bens de capital; produtosintermediários não-metálicos; cimento, papel ecelulose; bens de consumo; indústrias metalúr-gicas básicas; químicas, petroquímicas e farma-cêuticas; automotivas e seus componentes. Detodos esses grupos fazem parte representantesde órgãos ministeriais, autarquias e Forças Ar-madas.

CDM. Iniciais da expressão em inglês chief de-cision makers, que significa “chefe dos tomadoresde decisão”.

CEBRAE — Centro Brasileiro de AssistênciaGerencial às Pequenas e Médias Empresas. En-tidade vinculada ao Ministério do Planejamento,criada em 1972. Em 9/10/1990, mediante o de-creto-lei nº 99570, passou a chamar-se ServiçoBrasileiro de Assistência Gerencial à Pequena eMédia Empresa (Sebrae). Veja também SEBRAE.

CAVEAT VENDITOR 88

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CEBRAP — Centro Brasileiro de Análise e Pla-nejamento. Instituição privada, sem fins lucra-tivos, criada em São Paulo em 1969 por um gru-po de cientistas sociais afastados de suas funçõesdocentes na Universidade de São Paulo por mo-tivos políticos. Especializada em pesquisas, es-tudos e assessoria técnica no campo das ciênciassociais, funciona independentemente dos órgãosgovernamentais brasileiros, recebendo dotaçõesde organismos nacionais e internacionais parao desenvolvimento de suas atividades. Publicalivros e revistas como Cadernos Cebrap e EstudosCebrap. Edita, desde 1981, a revista quadrimes-tral Novos Estudos Cebrap.

CECA — Comunidade Européia do Carvão edo Aço. Organização criada em 1951 pelo Tra-tado de Paris e integrada mais tarde à Comu-nidade Européia juntamente com o Mercado Co-mum Europeu e a Euratom. Reúne Alemanha,Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Holanda,Inglaterra, Irlanda, Dinamarca, Grécia, Portugale Espanha. Tem como origem o Plano Schuman,que propunha unificar, sob um controle únicoe um mercado comum, a produção de aço e car-vão da Alemanha e da França, com possibilidadede participação dos demais países europeus oci-dentais. O tratado estabelece, no âmbito do car-vão, ferro, aço e sucata, que os países-membrosse comprometem a eliminar entre si barreirasalfandegárias, restrições monetárias, cotas deimportação, diferenças nos preços dos transpor-tes, subsídios governamentais que impeçam alivre concorrência, e políticas discriminatóriasde preços. Proíbe ainda a formação de cartéis edetermina autorização prévia para o desenvol-vimento de concentrações verticais. O órgão exe-cutivo da Comunidade é a Alta Autoridade, se-diada em Luxemburgo e formada por um repre-sentante de cada país. Conta ainda com um Con-selho de Representantes, um Tribunal de Justiçae uma Assembléia, integrada por parlamentares.

CEDI NOVO. Unidade monetária de Gana.Submúltiplo: pesewa.

CÉDULA. Nome genérico dado a qualquer tipode promessa de pagamento por escrito e, porextensão, nome popular do papel-moeda. O ter-mo aplica-se também aos recibos emitidos porcasas de penhor (cédula de penhor), nos quaisse especificam os objetos empenhados, o valoremprestado e o prazo de resgate. E, no Impostode Renda, designa cada formulário específico aser preenchido pelo contribuinte, de acordo coma categoria a que pertence (assalariado, proprie-tário rural etc.).

CÉDULA DE PENHOR. Veja Cédula.

CEE. Iniciais de Comunidade Econômica Euro-péia. Veja também Comunidade Européia.

CEME — Central de Medicamentos. Órgão cria-do em junho de 1971 por decreto presidencial,com os objetivos de: 1) controlar a compra e ofornecimento de medicamentos aos diversos se-tores da administração federal e fundações, re-gulando também a produção e distribuição deremédios dos laboratórios subordinados ou vin-culados aos Ministérios da Marinha, Exército,Aeronáutica, Saúde, Trabalho e outros com osquais mantivessem convênio; 2) fornecer remé-dios a preços acessíveis ou mesmo gratuitamen-te à população de baixa renda, bem como in-tervir diretamente em sua produção, incentivan-do a instalação, em território nacional, de ma-térias-primas necessárias à confecção de medi-camentos essenciais. Em seu primeiro plano di-retor, de julho de 1973, a Ceme definia comouma de suas metas o desenvolvimento de umaindústria farmacêutica genuinamente nacional eo apoio à pesquisa científica e tecnológica. Em1975, porém, o órgão foi transformado em merodistribuidor de remédios, passou para a esferado Ministério da Previdência e transferiu a partede pesquisa ao Ministério da Indústria e Co-mércio. Em 1979, técnicos do Ministério da Pre-vidência e da própria Central de Medicamentoselaboraram um projeto de transformação daCeme em empresa pública vinculada ao Minis-tério da Saúde, visando a incrementar a fabri-cação de insumos e medicamentos no país. Esseprojeto, porém, não foi aprovado pela Secretariado Planejamento. Em 1983, elaborou-se o Pro-grama Nacional da Indústria Químico-Farma-cêutica, destinado a substituir as importações nosetor, fortalecendo a produção interna de maté-rias-primas destinadas à fabricação de remédiosda área da Ceme por empresas de capital na-cional. Em 1990, com a reforma ministerial, aCeme saiu do âmbito da Previdência e foi vin-culada ao Ministério da Saúde, onde desempe-nha a função de compradora e distribuidora deremédios.

CEMIG — Centrais Elétricas de Minas GeraisS.A. Primeira empresa estatal brasileira de ele-tricidade e que serviu de modelo para as outrascentrais elétricas estaduais. Sua criação em 1952,quando Juscelino Kubitschek era governador deMinas Gerais, assinalou a quebra do monopóliodas duas multinacionais que atuavam no setorda energia elétrica no Brasil: a Light, no eixoRio—São Paulo, e a Amforp, que detinha os mer-cados do Interior paulista, Vitória, Belo Hori-zonte e Curitiba. A Cemig supria, em 1989, qua-se 15% do mercado brasileiro de energia elétricae, em números absolutos, era responsável pelosegundo mercado energético nacional. Atendiaa 3 077 000 consumidores, atingindo 5 145 lo-

89 CEMIG

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calidades. Em sua área de concessão estavaminstaladas indústrias responsáveis, em termosglobais, por 100% da produção brasileira de mi-nério de ferro e de ferro-níquel, 47% da produ-ção de ligas de ferro, 52% de alumínio, 85% dezinco, 47% da siderurgia, 33% do cimento e 70%dos laticínios. Quando a Cemig começou a ope-rar, a única usina em funcionamento no Estadoera a de Gafanhoto, na cidade industrial de Con-tagem. A capacidade instalada da Cemig, em1989, chegava a 4 465 000 quilowatts, dos quais70% atendiam à demanda industrial. A energiaé produzida por dezenas de usinas espalhadaspelas principais bacias hidrográficas do Estado(rios Grande, Paranaíba, São Francisco, Jequiti-nhonha, Doce e Paraíba), das quais as maioressão as de São Simão (2,680 milhões de quilo-watts), Emborcação (1 milhão de quilowatts), Ja-guara (660 mil quilowatts), Três Marias (516 milquilowatts) e Volta Grande (516 800 quilowatts).

CENARISTA. Pessoa que se dedica a estabele-cer cenários de provável evolução futura dosacontecimentos no plano da economia, da ad-ministração e dos negócios em geral. Na medidaem que existem enormes massas de recursos fi-nanceiros e de investimento, que são aplicadosno médio e longo prazos, o papel dos cenaristastorna-se cada vez mais importante como pontode referência para a realização menos insegurade investimentos e aplicações financeiras. Emalguns casos, os cenaristas são também chama-dos de futurólogos.

CENSO. Registro estatístico de determinada po-pulação, segundo critérios como sexo, idade,ocupação, religião etc. No Brasil, o primeiro cen-so foi realizado em 1872 e destinava-se apenasà contagem da população; depois houve o censode 1890, e, desde então, um a cada dez anos.Em 1920, o campo de investigação ampliou-see, a partir de 1970, o recenseamento incluía oscensos demográfico (população e habitação),agropecuário, industrial, comercial e de serviços;esses últimos a cada cinco anos. No censo de-mográfico, são investigados tamanho e compo-sição populacional, estrutura familiar, movi-mentos migratórios, escolaridade, potencial equalificação da mão-de-obra, padrões de rendaindividual e familiar, fecundidade e situação ha-bitacional. Esses dados são parâmetros para oaferimento de outros dados estatísticos, e comeles obtém-se uma visão ampla da estrutura eco-nômico-social do país. A estratificação da po-pulação ativa, por idade, ajuda a determinar aestrutura da demanda de emprego. Renda e con-sumo dão idéia da poupança gerada pela po-pulação e como canalizá-la, na forma de inves-timentos governamentais, para zonas prioritá-rias. A estratificação por idade pode ainda de-terminar a necessidade de equipamentos sociais

básicos, como hospitais, escolas e creches. E adensidade demográfica permite ao governo di-recionar as correntes migratórias, incentivandoo desenvolvimento de determinadas regiões. Oscensos industrial, comercial, agropecuário e deserviços permitem o levantamento de dados re-lativos à mão-de-obra empregada, distribuiçãosalarial, produtividade média, capital emprega-do, estoques, índice de preços etc. São dadosfundamentais para a construção de uma políticaeconômica baseada nos aspectos reais do país.

CENTIL. Veja Percentil.

CENTRALIZAÇÃO. Veja Economia Centrali-zada.

CENTRO DE ARBITRAGEM OMPI. VejaOMPI.

CENTRO INTERNACIONAL PARA A DECI-SÃO DE DISPUTAS DE INVESTIMENTOS(International Centre for the Settlement of In-vestment Disputes). Organização internacionalque serve, às partes contratantes de investimen-tos, de fórum para resolver os conflitos de pa-gamentos ou questões semelhantes. O centro foicriado em 1966 pelo Acordo sobre Disputas deInvestimentos entre Estados e empresas priva-das estrangeiras, por iniciativa do Banco Inter-nacional de Reconstrução e Desenvolvimento(Bird).

CEO. Iniciais da expressão em inglês chief exe-cutive officer, que significa o diretor-presidentede uma empresa ou seu diretor-executivo maisimportante e com maiores poderes.

CEPAC — Certificado de Potencial de Área deConstrução. Título criado em março de 1995 nomunicípio de São Paulo, que faculta ao proprie-tário construir em seu terreno além do que aLei de Zoneamento permite. Estes certificadossão adquiridos pelos particulares junto à prefei-tura, e esta, com os recursos obtidos com a ven-da, investe na construção de obras públicas. Vejatambém Operações Interligadas; Operações Ur-banas.

CEPAL — Comissão Econômica para a Amé-rica Latina. Órgão regional das Nações Unidas,ligado ao Conselho Econômico e Social; foi cria-do em 1948 com o objetivo de elaborar estudose alternativas para o desenvolvimento dos paí-ses latino-americanos. É integrado por repre-sentantes de todos os países do hemisfério e con-ta com a participação especial dos Estados Uni-dos, Grã-Bretanha, França e Holanda. Tem sedeem Santiago do Chile e promove uma conferên-cia a cada dois anos para debater seus projetose analisar a situação dos países-membros. Osprimeiros estudos da Cepal caracterizaram a

CENARISTA 90

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América Latina como região fornecedora de pro-dutos primários e consumidora de produtos in-dustrializados vindos do exterior. Buscando asuperação desse quadro de subdesenvolvimen-to, formou-se no organismo um quadro de es-pecialistas renomados dos países da região (eco-nomistas, administradores, sociólogos) que, tra-balhando numa direção comum, tornaram-se co-nhecidos como integrantes da Escola da Cepal.Esses técnicos (entre eles, Raul Prebisch — ogrande inspirador da Comissão —, mas tambémCelso Furtado, Felipe Herrera, Oswaldo Sunkel)defenderam a necessidade de promover a in-dustrialização da América Latina e a diversifi-cação geral de sua estrutura produtiva. Nessesentido, propuseram medidas para uma melhordistribuição da renda, reorganização adminis-trativa e fiscal, planejamento econômico, refor-ma agrária e formas de colaboração entre os paí-ses para superar as deficiências concorrenciaisno mercado internacional (o que contribuiu paraa criação da Alalc — Associação Latino-Ameri-cana de Livre-comércio). Além disso, a Cepalelaborou programas educacionais e de saúdepública, energia e transporte. Atualmente, mi-nistra cursos de formação nas diversas áreas doplanejamento e presta assessoria técnica aos go-vernos. As formulações que celebrizaram a Es-cola da Cepal têm sido criticadas como incor-retas por tentar repetir, num quadro histórico eeconômico bastante diverso, os caminhos per-corridos pelas nações industrializadas no séculoXIX. Veja também Furtado, Celso; Prebisch,Raul.

CERCAMENTO. Veja Enclosure.

CERTIFICAÇÃO DE SISTEMA DA QUALI-DADE. Processo mediante o qual uma institui-ção credenciada de certificação realiza uma au-ditoria em uma empresa produtora de bense/ou serviços para avaliar se o sistema de qua-lidade implantado está de acordo com uma dasnormas da série ISO 9000.

CERTIFICADO. Na área de investimento finan-ceiro ou monetário, o termo designa os docu-mentos que atestam compra de papéis (porexemplo, certificado de compra de ações) ou va-lores (certificado de investimento). Alguns cer-tificados (por exemplo, certificado de depósitobancário, CDB) são negociáveis.

CERTIFICADO DE COMPRA DE AÇÕES. NoBrasil, documento emitido por entidade finan-ceira que comprova ter o seu possuidor adqui-rido cotas de um fundo de investimento como,por exemplo, o Fundo 157.

CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO.Veja CDB.

CERTIFICADO DE ORIGEM. Documento quecomprova o país de origem de mercadorias tran-sacionadas no mercado internacional. O certifi-cado é exigido pelas autoridades alfandegáriasquando os produtos do país em questão são be-neficiados por tarifas preferenciais.

CERTIFICADO DE PRIVATIZAÇÃO. Comocomplemento da medida que previa a desesta-tização de empresas públicas, o governo insti-tuiu, em 15 de março de 1990, mediante medidaprovisória nº 157, o Certificado de Privatização,título do Tesouro Nacional, nominativo e ine-gociável, cujos detentores terão direito a utili-zá-lo como pagamento de ações de empresasdo setor público que venham a ser desestatiza-das. A utilização dos certificados de privatizaçãodeverá ser limitada a leilões, especialmente con-vocados para a finalidade de venda de ações deempresas do setor público, a critério de órgãoou instituição criada para esse objetivo ou, nafalta deste, do Ministério da Economia. Por ou-tro lado, cabe ao Conselho Monetário Nacionalregular sobre os volumes e condições de comprados Certificados de Privatização por parte daprevidência privada, sociedades seguradoras ede capitalização, além de instituições financeiras.

CESP — Companhia Energética de São Paulo.Empresa estatal paulista vinculada à Secretariade Obras e Meio Ambiente e associada à Ele-trobrás. Fundada em 1966, resultou da fusão deonze empresas estaduais de energia elétrica eda incorporação de várias usinas, algumas pormeio de nacionalização. Além do governo deSão Paulo, seu acionista majoritário, participamdo capital da Cesp a Eletrobrás, a FundaçãoCesp e várias outras entidades e órgãos públicose particulares. Em patrimônio líquido, era em1983 a terceira maior empresa do país, depoisda Eletrobrás e da Petrobrás. Em 1975, a empresaassumiu o controle acionário da CompanhiaPaulista de Força e Luz (CPFL), antiga Amforp(American Foreign Power), que em 1965 fora in-corporada pela Eletrobrás. Em 1977, teve o nomeCentrais Elétricas de São Paulo S.A. mudadopara o atual, estendendo o âmbito de sua atua-ção a outras áreas energéticas. Em 1979, consti-tuiu com o Instituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo (IPT) o consórcio Pau-lipetro, para exploração de petróleo, que não ob-teve êxito e foi desativado em 1983. Ao ser fun-dada em 1966, a Cesp tinha uma potência ins-talada de 662 mil quilowatts; em dezembro de1988, essa potência chegava a 9 milhões de qui-lowatts. Suas principais usinas são as de Capi-vara, no rio Paranapanema, com 640 mil quilo-watts; Engenheiro Sousa Dias (antiga Jupiá) eIlha Solteira, no rio Paraná, com 1,411 milhãode quilowatts e 3,230 milhões de quilowatts res-pectivamente; Água Vermelha, no rio Grande,

91 CESP

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com 1,380 milhão de quilowatts, e Paraibuna,no rio Paraibuna, com 86 mil quilowatts. Comsuas novas usinas de Porto Primavera, Rosana,Taquaruçu e Três Irmãos, a Cesp produziu, em1988, 83% da energia elétrica consumida no Es-tado de São Paulo. A Cesp mantém, em suaszonas de atuação, programas de reflorestamen-to, para compensar áreas desmatadas para aconstrução de suas usinas e reservatórios; pis-cicultura, para conservação de espécies ameaça-das pelas alterações do meio ambiente; e desen-volvimento socioeconômico (eletrificação rural,irrigação artificial, drenagens de áreas inundá-veis etc.). Desenvolve ainda projetos de fontesalternativas de energia como metanol, solar, bio-massa, hidrogênio e processos eletroquímicos.Em 1981, fundou-se a Agência para Aplicaçãoda Eletricidade por meio de um convênioCesp/CPFL/Eletropaulo, visando à substitui-ção, nas indústrias, de derivados de petróleo poreletricidade. As dificuldades financeiras decor-rentes de um elevado grau de endividamento eda fixação de tarifas em níveis reduzidos oca-sionaram uma queda na capacidade de investi-mento da empresa durante os anos 80 e no inícioda década de 90. As dificuldades financeiras queo próprio Estado de São Paulo atravessou du-rante aquele período obrigaram o governo es-tadual a estabelecer um amplo programa de pri-vatizações no setor energético, o que incluiu aprópria Cesp. A partir de 1996, durante o go-verno Mário Covas, o processo de privatizaçãofoi iniciado e a Cesp deverá ser alienada duranteo ano de 1998.

CESTA BÁSICA DE ALIMENTOS. Conjuntode bens que entram no consumo básico de umafamília de trabalhadores, variando conforme onível de desenvolvimento social do país. No Bra-sil, a cesta básica de alimentos foi definida pelodecreto-lei nº 399, de 30/4/1938, e calculadapara atender às necessidades de um trabalhadoradulto.Veja também: Bens-salário; Ração Essen-cial Mínima.

CESTA DE MOEDAS. Depois da desvaloriza-ção do dólar em 1971 e da perda de confiançanesta moeda por parte do mercado financeirointernacional, o recurso da cesta de moedascomo índice de variação dos ativos financeirosvem crescendo no mundo. O recurso a esse me-canismo visa a evitar as bruscas variações queuma única moeda utilizada como padrão ou re-ferência possa trazer para o mercado financeirointernacional. Na prática, se estabelece um de-terminado número de moedas de diferentes paí-ses (geralmente os desenvolvidos) que entramnuma cesta, determina-se uma ponderação paracada uma delas, e o resultado é uma espécie demoeda contábil internacional que corresponde,

mutatis mutandis, aos Direitos Especiais de Saque(DES) do FMI. Veja também DES; FMI.

CETERIS PARIBUS. Veja Caeteris Paribus.

C & F. Expressão do comércio internacional quesignifica custo e frete, seguida geralmente daindicação do porto de destino. Nessa modalida-de, o vendedor assume todos os custos neces-sários para transportar a mercadoria ao local dedestino designado, mas o risco de perdas e da-nos, bem como de qualquer aumento das des-pesas, é transferido do vendedor ao compradorno momento em que a carga é colocada a bordodo navio que a transportará para o porto deembarque. Código ou abreviatura, CFR. Vejatambém CIF; INCOTERMS.

CFO. Iniciais da expressão em inglês chief finan-cial officer, que significa diretor-financeiro, ouchefe da diretoria financeira.

CFR. Veja C & F.

CGS. Iniciais das unidades fundamentais do sis-tema métrico decimal: centímetro (centimeter),grama (gram), segundo (second). Veja tambémSistemas de Pesos e Medidas.

CGT. Veja Confederação Geral dos Trabalha-dores.

CHADWICK, Edwin (1800-1890). Administra-dor público e reformador social, sir Edwin Chad-wick nasceu em Manchester, Inglaterra. For-mou-se em direito e seu radicalismo o colocouem contato com economistas e políticos de ins-piração ricardiana. Foi secretário de Bentham etambém amigo de Nassau Senior. Redigiu comeste último um relatório que em grande medidalevou à completa reestruturação da Lei dos Po-bres em 1834. Seu trabalho mais importantecomo administrador público foi o Report on theSanitary Condition of the Labouring Population(1842), que estabeleceu as bases para medidasde modernização urbana da saúde pública (es-pecialmente esgotos) em toda a Inglaterra. Suaobra foi bastante influenciada pelas análises or-todoxas, porém, em alguns aspectos, Chadwickestava bem à frente de seu tempo. Por exemplo,em seu trabalho nota-se a presença do problemadas externalidades relacionadas com os custosdos acidentes industriais. Ele considerava queos custos dos acidentes ocorridos na construçãode ferrovias deveriam ser absorvidos pelas pró-prias empresas. Contudo, só depois de 50 anosas primeiras leis de proteção aos trabalhadoresforam aprovadas na Inglaterra, e a justificativateórica (econômica) para esse tipo de legislaçãosó apareceu 100 anos depois naquele país.

CHAEBOLS. Também denominados xibow, sãoconglomerados empresariais existentes na Co-

CESTA BÁSICA DE ALIMENTOS 92

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réia do Sul, reunindo capitais financeiros e in-dustriais e dirigidos por grandes famílias quedominam importantes setores da economia dopaís. Os chaebols assemelham-se aos zaibatsu ja-poneses. Veja também Zaibatsu.

CHAIN. Unidade de medida de comprimentoutilizada nos Estados Unidos na agrimensura etopografia, equivalente a 66 pés, contendo 100links, e cada um com 7,92 polegadas cada. Existetambém o chain de 100 links, cada um medindoum pé (foot). Veja também Conversão das Uni-dades de Pesos e Medidas; Link; Sistemas dePesos e Medidas; Unidades de Pesos e Medidas.

CHAMADA DE ACIONISTAS. Convocação dosacionistas de uma empresa, a fim de que pa-guem a importância restante de suas subscriçõesde ações. Isso ocorre porque, no momento emque subscrevem as ações, os acionistas pagamapenas uma porcentagem de seu valor total; de-pois de algum tempo é que são chamados a com-pletar a importância devida para integralizar asrespectivas participações acionárias na empresaque lançou as ações.

CHAMADA DE CAPITAL. Subscrição de no-vas ações de uma empresa pelo seu valor no-minal. Quando uma empresa tem ações cotadasem Bolsa e o valor nominal de suas ações é in-ferior ao seu valor de mercado ou de Bolsa, estachamada pode ser uma forma disfarçada de dis-tribuir lucros, pois aqueles que têm o direito desubscrição (os acionistas da empresa) podemsubscrevê-las e, ato contínuo, vendê-las por umvalor mais elevado na Bolsa ou então vender ospróprios direitos de subscrição. Em condiçõesnormais, no entanto, uma empresa faz uma cha-mada de capital para aumentar os recursos dis-poníveis para investimento (a fim de não recor-rer ao mercado financeiro, endividando-se) oupara o financiamento de suas atividades em ge-ral.

CHAMADA DO COMPRADOR. Veja CallSale.

CHAMBERLIN, Edward Hastings (1899-1967).Economista norte-americano, conhecido por suaobra The Theory of Monopolistic Competition (ATeoria da Concorrência Monopolista), de 1933.Nela, propõe um enfoque da teoria econômicaque rompe com os antigos conceitos de concor-rência pura (ou perfeita) ou do puro monopólioe introduz o conceito de concorrência monopo-lista, que, para ele, caracteriza as condições reaisem que a maioria das empresas opera nas eco-nomias de mercado. Chamberlin considera ha-ver uma íntima combinação da concorrência edo monopólio na maioria das situações econô-micas: transportando a noção de monopólio daempresa para o produto que ela fabrica, de-

monstra que todo empresário detém o mono-pólio de seu produto cuja especificidade — sejapor meio de uma marca, seja por apresentaçãoespecial ou peculiaridade física — é exploradapela publicidade, visando a vencer a concorrên-cia de produtos semelhantes no mercado. Essanoção de concorrência monopolista, mais queuma mudança de técnica, implica uma nova vi-são do sistema econômico, já prenunciada porPiero Sraffa em 1926 e por Joan Robinson em1932 (em seu estudo sobre a concorrência im-perfeita). Titular da cadeira de Economia da Uni-versidade de Harvard, Chamberlin publicoutambém Towards a More General Theory of Value(Por uma Teoria Mais Geral do Valor), 1957, eThe Economic Analysis of Labour Union Power(Análise Econômica do Poder dos Sindicatos),1958.

CHATELIER (Le). Veja Princípio de Le Chate-lier.

CHATTEL MORTGAGE. Expressão em inglêsque significa o penhor sobre bens que perma-necem em poder do devedor, o que pode ocorrerna atividade agrícola, industrial ou mercantil emrelação a safras, mercadorias, bens móveis, ar-rendamentos etc.

CHAYANOV, Alexander Vasilevitch (1888-1939). Um dos mais destacados estudiosos daeconomia camponesa russa do início do século.Dirigiu a cadeira de Economia Agrícola naUnião Soviética até 1930, quando foi preso. Co-nhecido em toda a Europa, teve vários de seusescritos publicados em alemão, dentre eles ATeoria da Economia Camponesa, editado em Berlimem 1923, que pode ser considerado uma versãoabreviada de sua principal obra, Peasant FarmOrganization, editada em 1966 nos Estados Uni-dos pela American Economic Association. Chaya-nov defende a proposição de que a economiacamponesa deve ser tratada como um sistemaeconômico próprio, como um sistema não-capi-talista de economia nacional, rejeitando a utili-zação de conceitos extraídos da análise do sis-tema capitalista para o estudo das relações exis-tentes no campo russo. Formula o conceito defazenda familiar camponesa, onde a produçãorepousa apenas no trabalho dos próprios mem-bros da família, sem a utilização de trabalho as-salariado ou da compra da força de trabalho poroutros meios. Seu conceito baseava-se nas ca-racterísticas da economia camponesa russa,onde 90% ou mais das famílias camponesas nãoutilizavam trabalho assalariado. Em sua teoria,ocupa lugar central o conceito de equilíbrio entretrabalho e consumo, equilíbrio entre a satisfaçãodas necessidades familiares e o trabalho penoso.Nessa relação, cada família busca a produçãoanual para a satisfação de suas necessidades bá-

93 CHAYANOV

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sicas. Porém, isso envolve trabalho penoso, fa-zendo com que a família não leve seu trabalhoalém do ponto em que o possível aumento naprodução é superado pelas dificuldades do tra-balho.

CHEQUE. Ordem escrita, emitida por uma pes-soa em talão especial (o sacador), para que umainstituição financeira (um banco, o sacado) pa-gue certa quantia a outra pessoa (o beneficiário).Não é instrumento de crédito, mas um meio depagamento rápido, que facilita muito as opera-ções comerciais e se enquadra na categoria demoeda escritural. O cheque pode ser nominalquando tem expresso o nome do beneficiário, eao portador, quando não contém esse nome, de-vendo ser pago pelo sacado a qualquer pessoaque o apresente. O cheque cruzado (atravessadopor duas linhas paralelas) só pode ser pago pelosacado a outra instituição financeira; nesse caso,o beneficiário precisa depositá-lo na instituiçãoem que tenha conta. O cheque cruzado em pretocontém, entre as duas linhas paralelas, o nomeda instituição encarregada de recebê-lo do sa-cado. O cheque é visado quando o sacado, antesde pagar a importância devida, atesta a existên-cia de fundos para isso, pondo o visto (visando)no cheque, no banco onde possui conta. O che-que é endossado quando o beneficiário assina nodorso do cheque, transferindo o benefício paraum terceiro. O cheque de viagem é “comprado”no banco para ser descontado em qualquer desuas agências ou do sistema integrado com osdemais bancos, ou mesmo para efetuar paga-mentos em lojas que aceitem esse tipo de ins-trumento de crédito; quando destinado a via-gens internacionais, chama-se traveller’s check egeralmente é emitido em moeda forte (dólar,marco, libra, iene, franco etc.). O cheque é semfundos quando o emitente não tem em sua contao dinheiro correspondente; popularmente, étambém chamado de cheque-borracha (porquevai, é depositado... e volta). O cheque-bumeran-gue, esta também uma denominação popular, éaquele preenchido propositalmente de modo in-correto, para que não possa ser descontado, vol-tando para a pessoa que o emitiu. Embora nãoseja instrumento de crédito, o cheque pré-datadotem ampla difusão no Brasil, e funciona comoum verdadeiro instrumento de crédito fora docontrole da política monetária do Banco Central,especialmente depois da disseminação das em-presas de factoring, que atuam em muitos casoscomo intermediários financeiros. Veja tambémFactoring.

CHEQUE AO PORTADOR. Veja Cheque.

CHEQUE-BORRACHA. Veja Cheque.

CHEQUE-BUMERANGUE. Veja Cheque.

CHEQUE CRUZADO EM PRETO. Veja Cheque.

CHEQUE CRUZADO. Veja Cheque.

CHEQUE DE VIAGEM. Veja Cheque.

CHEQUE NOMINAL. Veja Cheque.

CHEQUE PRÉ-DATADO. A transformação docheque de meio de pagamento à vista como ins-trumento de crédito, isto é, como meio de pa-gamento a prazo. Para o vendedor de uma mer-cadoria que concede o crédito, esse instrumentoé mais seguro do que outras formas. Tem sidomuito utilizado no Brasil, especialmente duranteas épocas de intenso processo inflacionário. Vejatambém Cheque; Factoring.

CHEQUE VISADO. Veja Cheque.

CHESF — Companhia Hidrelétrica do SãoFrancisco. Empresa de economia mista, sediadaem Recife, subsidiária da Eletrobrás, criada em1948, quando começou a construção da Hidre-létrica de Paulo Afonso, com a finalidade de pro-duzir e transmitir energia para todo o Nordestebrasileiro. Sua área de atuação abrange os Es-tados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco,Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí eMaranhão. Integram o sistema da Chesf as usi-nas hidrelétricas de Paulo Afonso (I, II, III e IV),Apolônio Sales (ex-Moxotó), Boa Esperança, Fu-nil, Bananeiras, Araras, Curemas, Piloto, Sobra-dinho, Pedra do Cavalo, Itaparica, as termelé-tricas de Bongi, Aratu, Cotegipe (A e B) e SãoLuís. Com 12 500 km de linhas de transmissão,beneficia uma área onde vivem 36 milhões depessoas (1983). A maior obra de geração daChesf é a usina de Paulo Afonso IV.

CHETURN. Veja Ngultrun.

CHI-QUADRADO. Teste estatístico para des-cobrir se a diferença entre duas estimativas deduas pesquisas tem alguma significância.

CHINFRÃO. Moeda cunhada durante o reinadode D. Affonso em Portugal, entre 1450 e 1481.

CHIP. Placa de silício de diminuta dimensão,capaz de conter transistores, diodos e circui-tos integrados, essenciais na fabricação decomputadores.

CHIPS. Sigla de Clearing House Interbank Pay-ment System. Um sistema altamente especiali-zado de compensação interbancária, constituídoem 1970. Operado pela New York Clearing As-sociation, o Chips é um serviço privado, quefunciona como uma espécie de Câmara de Com-pensação altamente sofisticada, abrangendobancos de todo o mundo e aparecendo como omais aperfeiçoado sistema interbancário de pa-gamentos. A entidade registra um movimento

CHEQUE 94

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médio de nada menos que 175 bilhões de dólarespor dia em todo o mundo.

CHÕ. Medida de superfície utilizada na agri-cultura da China e do Japão, equivalente a 109 m.Uma área de 109 m ou 1 chõ de lado, ou o equi-valente a 118,81 m2, era denominada tsubo, ecada tsubo era dividido em dez partes iguais de-nominadas tan. Veja também Alqueire.

CHON. Veja Uon.

CHOQUE HETERODOXO. Política econômicade combate à inflação que consiste em aplicaro congelamento de preços em todos os níveisdurante um período determinado de tempo eliberar as políticas monetária e fiscal. Diante dainflação intensa que diversos países vêm sofren-do a partir do final dos anos 70, a política dochoque heterodoxo foi aplicada em vários casos,destacando-se a Argentina, Israel, Bolívia e Bra-sil. Veja também Choque Ortodoxo; Plano Aus-tral; Plano Bresser; Plano Collor; Plano Collor2 e Plano Cruzado.

CHOQUE ORTODOXO. Política econômica decombate à inflação que consiste em realizar umcorte brusco na expansão monetária e reduçãointensa do déficit público, acompanhado de umaliberalização dos preços para que estes encon-trem livremente seu ponto de equilíbrio no mer-cado. Esta política tem como resultantes a ele-vação da taxa de juros, a redução dos gastospúblicos (investimentos), a contenção do consu-mo e, conseqüentemente, a recessão econômica,cuja duração e profundidade dependem de umasérie de fatores. Veja também Choque Hetero-doxo.

CHOUKI SAI. Expressão em japonês que sig-nifica títulos com prazos de maturação superiora cinco anos, isto é, títulos de longo prazo. Osde médio prazo — entre um e cinco anos —são denominados Chyuki Sai, e os de curto prazo— menos de um ano —, Tanki Sai. Todos elespodem ser emitidos ao portador ou nominati-vos.

CHUN. Veja Uon.

CHURN. Termo em inglês que significa a perdade lealdade do consumidor em relação a deter-minado produto ou marca. A velocidade dasinovações, a universalização das informações, obarateamento das comunicações e o acirramentoda concorrência entre os grandes conglomeradosinternacionais pode provocar nos consumidoresrápidas mudanças em suas preferências. Na me-dida em que os mercados se tornam mais efi-cientes, essas mudanças ficam menos custosase estimulam os deslocamentos em benefício doconsumidor. Por exemplo, quando um plano de

saúde oferece mais vantagens do que os con-correntes e possibilita a inscrição de novos só-cios oriundos de outros planos, sem período decarência, está estimulando essa prática.

CHU SHO KIGYO. Expressão em japonês quesignifica pequenas e médias empresas. Essasempresas — como em outras economias — têmgrande importância na economia japonesa. Asempresas classificadas nessa categoria, isto é, asque na indústria manufatureira têm menos detrezentos funcionários ou menos de 100 milhõesde ienes de capital (em 1994, eram necessáriosaproximadamente 100 ienes para comprar umdólar); no comércio atacadista, aquelas com me-nos de cem funcionários e menos de 30 milhõesde ienes de capital, e, no comércio varejista enos serviços, aquelas com menos de cinqüentafuncionários e menos de 10 milhões de ienes decapital, congregavam 80% de toda a força detrabalho e 98% das empresas no Japão no iníciodos anos 90.

CHUVA ÁCIDA. É aquela cujo pH da água ouda neve é inferior a 5,6, indicando grau de acidezelevado. Este fenômeno decorre da existência deelementos ácidos na atmosfera — que contami-nam a água da chuva ou da neve quando estascaem na terra —, como também da evaporaçãode águas já contaminadas (rios, lagos etc.) que,ao cair em terra, a acidificam tornando-a impró-pria para o cultivo.

CIBERNÉTICA. Em seu livro Cybernetics (Ci-bernética), 1948, Norbert Wiener define ciberné-tica como o “estudo do controle da comunicaçãono animal e na máquina”. Assim, constitui umramo da teoria da informação que compara ossistemas de comunicação e controle de aparelhosproduzidos pelo homem com aqueles dos orga-nismos biológicos. Muitas comparações podemser feitas, por exemplo, entre o processamentode dados nos computadores e várias funções docérebro; as teorias da cibernética podem ser apli-cadas em ambos com a mesma validade. Vejatambém Automação; Computador.

CICLO. É a denominação dada a um movimen-to completo de uma onda elétrica. As ondas derádio, por exemplo, são medidas em ciclos, e,como seu movimento é muito rápido, são me-didas em quilociclos e megaciclos, que corres-pondem respectivamente a mil e um milhão deciclos por segundo.

CICLO DA BORRACHA. Período da históriaeconômica do Brasil marcado pela grande ati-vidade de extração do látex da borracha nos se-ringais da Amazônia, para exportação. Essa ati-vidade atingiu seu apogeu na primeira décadado século XX, quando o Brasil era o maior pro-dutor mundial do látex, que respondia por 26%

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do valor das exportações nacionais. A valoriza-ção da borracha no mercado internacional de-corria do desempenho da indústria automobi-lística na Europa e nos Estados Unidos, o queintensificou a procura de matéria-prima para aprodução de pneus. O predomínio brasileiro naprodução passou a declinar depois que os in-gleses iniciaram a cultura da seringueira noOriente, sobretudo na Tailândia e em Cingapu-ra. Em 1914, o Brasil respondia apenas por me-tade da produção, e, em 1930, contribuía somen-te com 3%.

CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR. Período dahistória econômica do Brasil em que a culturaaçucareira era a principal atividade produtivada colônia. As primeiras mudas de cana-de-açú-car foram trazidas da ilha da Madeira, em 1502,e em meados do século XVI as plantações ca-navieiras se estendiam por grandes extensõesdo litoral brasileiro, concentrando-se sobretudoem Pernambuco e na Bahia. Na metade do sé-culo XVII, o Brasil era o maior produtor mundialde açúcar, mas gradativamente perdeu essa po-sição para as concorrentes mundiais, particular-mente as Antilhas. Embora nunca tenha desa-parecido no Brasil colonial, a cultura canavieirafoi substituída no século XVIII como principalfonte de renda da colônia pela atividade mine-radora, que deu origem ao Ciclo do Ouro. Ocomércio açucareiro, segundo as normas do Pac-to Colonial e da política mercantilista, era mo-nopólio da Coroa e toda a produção, destinadaao mercado externo. Em decorrência disso, aeconomia canavieira moldou no Brasil uma so-ciedade que correspondia aos objetivos de suaprodução: os engenhos localizavam-se em lati-fúndios e a mão-de-obra empregada, o escravonegro, tornar-se-ia a base da economia brasileiraaté o final do século XIX. Praticamente não exis-tia uma camada social intermediária entre o se-nhor e o escravo, o que configurava uma socie-dade tipicamente patriarcal.

CICLO DE FLUXO DE CAIXA. Número de diastranscorridos entre a aquisição de matérias-pri-mas (no caso de uma indústria) e a conversãoda venda do produto acabado em caixa. Quantomais curto for esse ciclo, melhor para a empresa,pois a rotatividade de seu capital será maior, emenor sua dependência de empréstimos e fi-nanciamentos.

CICLO DE KONDRATIEFF. Veja Ciclo Eco-nômico.

CICLO DE KUZNETS. Ciclo sugerido por Si-mon Kuznets com duração aproximada de vinteanos (uma geração), cuja força propulsora se-riam as mudanças populacionais e a expansãoda construção de moradias decorrentes. Vejatambém Ciclo Econômico; Kuznets, Simon.

CICLO DE VIDA. Etapas definidas em cadasociedade, nas quais se divide o período de vidade um indivíduo. Geralmente, o ciclo de vidase estende do nascimento até a morte, emborao indivíduo já se torne um ente social antes donascimento, e muitas religiões afirmem a exis-tência da alma depois da morte. Do ponto devista social, as etapas do ciclo de vida de umindivíduo marcam a sua preparação para assu-mir papéis sociais e institucionais. Dependendodo período histórico, do grau de desenvolvi-mento de cada sociedade e de sua cultura, cadapovo tem a delimitação dessas etapas de formadiferente. Atualmente, nos países desenvolvidose onde a esperança de vida superou os 70 anos,esses limites são em linhas gerais os seguintes:1) infância: até os sete anos; 2) adolescência: dossete aos 13 anos; 3) juventude: dos 14 aos 25;4) maturidade: entre os 26 e 60 anos; 5) velhice:de 61 e mais. Estes limites de etapas variam tam-bém em relação aos sexos.

CICLO DO CACAU. Conjunto de característi-cas econômicas, políticas e socioculturais de de-terminada região — o sul da Bahia — no finaldo século XIX e nas primeiras décadas do séculoXX, quando ali florescia a cultura cacaueira.Planta nativa da América, o cacaueiro, plantadona Bahia desde o século XVI, só se difundiucomo lavoura comercial a partir do século XIX.O Brasil logo se tornou o primeiro produtormundial, o que veio fortalecer o predomínio, emescala regional, da figura do “coronel” do Sulda Bahia, plantador de cacau. Posteriormente,a liderança mundial passou à Costa do Ouro(atual Gana) e à Nigéria. Na década de 70, po-rém, em decorrência do aprimoramento técnicono cultivo, o Brasil voltou a ocupar o primeirolugar na produção mundial de cacau.

CICLO DO CAFÉ. Período da história econô-mica do Brasil, compreendido entre 1830 e 1930,marcado pelo desenvolvimento da cultura docafé, produto dominante no comércio exteriordo país e motivador da expansão da fronteiraagrícola na época. Introduzido no Brasil por vol-ta de 1727, o cultivo do café atingiu um pesosignificativo no conjunto da economia nacionalem meados do século XIX, quando se tornou oprincipal produto de exportação. Contribuírampara isso o declínio da economia açucareira doNordeste, a ruína da cultura do algodão e a de-cadência da mineração, que liberaram grandescontingentes de mão-de-obra escrava e recursosfinanceiros para serem empregados em ativida-des mais lucrativas. Ao mesmo tempo ocorriaum aumento da demanda de café na Europa enos Estados Unidos, e a ruína da agriculturacafeeira em Java (devido a uma praga) e no Haiti(por levantes de escravos), fatos que contribuí-ram para transformar o Brasil no maior forne-

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cedor do mercado mundial (desde 1840). Até1870, o principal centro de comercialização e ex-portação do produto foi o Rio de Janeiro, poisa principal área produtora era o vale do rio Pa-raíba. Com o esgotamento das possibilidadesagrícolas da região, a expansão da cultura docafé deslocou-se para o Oeste paulista (regiãode Campinas), atingindo em seguida o Oestenovo, rumo a Ribeirão Preto e Araraquara. En-tão, Santos tornou-se o principal centro expor-tador do produto e expandiram-se as ferrovias.O desenvolvimento da economia cafeeira emSão Paulo teve profundas conseqüências para oconjunto da sociedade brasileira. A necessidadede mão-de-obra provocou o incremento à imi-gração de europeus (paralelamente à desagre-gação do trabalho escravo) e as riquezas acu-muladas na comercialização do café proporcio-naram a ampliação, sem precedentes, das ativi-dades industriais, comerciais e financeiras. Noplano político, implantou-se a hegemonia de SãoPaulo, cujo papel foi decisivo na proclamaçãoda República. Ao iniciar-se o século XX, o Brasildetinha três quartos da produção mundial decafé e acumulava grandes estoques, configuran-do-se uma crise de superprodução. Para enfren-tá-la, os principais Estados produtores (São Pau-lo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) reuniram-seem 1906 na Convenção de Taubaté e estabele-ceram um plano de valorização do produto(compra de toda a produção, proibição de novosplantios, retenção dos estoques enquanto os pre-ços não atingissem níveis adequados). Umanova política de valorização, em âmbito federal,foi implantada em 1933 com a criação do De-partamento Nacional do Café (queima de esto-ques, erradicação de velhos cafezais). Com oabandono dessa política no governo Dutra(1946-51), sobreveio nova crise e, em 1952, o go-verno Vargas restabeleceu o controle criando oInstituto Brasileiro do Café (IBC). A partir deentão, a participação do café no conjunto dasexportações diminuiu sensivelmente, e em mea-dos da década de 70 as manufaturas já suplan-tavam aquele produto em termos de produçãode divisas. No início da década de 80, o caféparticipava com cerca de 10% do valor total dasexportações brasileiras.

CICLO DO OURO. Período da história colo-nial do Brasil, entre o final do século XVII e ofinal do século XVIII, em que a extração de ouroe diamantes teve decisiva importância econômi-ca. Cerca de dois terços das lavras se concen-traram em Minas Gerais, com o restante distri-buído entre Goiás, Mato Grosso e Bahia. A ex-ploração do ouro determinou um rápido cres-cimento da população brasileira e sua inte-riorização. A importação de escravos africanostriplicou em relação aos dois séculos anteriores.

Surgiram cidades ricas em Minas Gerais, e es-treitaram-se os laços entre as várias regiões dacolônia. O ouro brasileiro favoreceu o esplendorda Corte de dom João V e as iniciativas econô-micas do marquês de Pombal, mas fluiu, emsua maior parte, para a Inglaterra, estimulandoa Revolução Industrial. Com o esgotamento dasjazidas, aguçou-se a contradição entre a metró-pole e sua colônia, dando origem à InconfidênciaMineira.

CICLO DO PAU-BRASIL. Primeiro período dahistória econômica do Brasil, caracterizado pelaexploração da árvore do mesmo nome (Caesal-pinia cristal) e o pau-brasil do México (Caesalpiniaechinata). Estendeu-se desde os primeiros anosapós a descoberta até o início da segunda me-tade do século XVI, quando perdeu a primaziapara a cultura da cana-de-açúcar. Sendo ativi-dade apenas extrativa, consistia na coleta da ma-deira e sua remessa para a metrópole, onde erautilizada em marcenaria de luxo, fabricação deviolinos, indústria naval e, principalmente,como corante. A Coroa portuguesa arrendavapartes da região litorânea a comerciantes, quelhe deveriam entregar uma renda fixa e obriga-vam-se a construir feitorias: os primeiros nú-cleos de população européia no Brasil. Um dosprimeiros arrendatários da Coroa foi Fernão deNoronha. Ao lado dos portugueses, os espa-nhóis e, principalmente, os franceses, tambémse dedicaram à extração do pau-brasil na costabrasileira, disso surgindo inúmeros conflitos quelevaram a Coroa a criar as capitanias hereditá-rias. A extração do pau-brasil continuou sendouma atividade relativamente rendosa até mea-dos do século XIX, quando a invenção de co-rantes artificiais a tornou dispensável.

CICLO ECONÔMICO. Flutuação periódica ealternada de expansão e contração de toda ati-vidade econômica (industrial, agrícola e comer-cial) de um país ou de um conjunto de países.Um ciclo típico consiste num período de expan-são econômica, seguido de uma recessão, de umperíodo de depressão e um novo movimentoascendente ou de recuperação econômica. Os ci-clos de longa duração, chamados ciclos de Kon-dratieff, são marcados por períodos de sessentaanos de ascensão ou declínio da economia mun-dial. Distinguem-se do ciclo Juglar, de seis a dezanos, e do ciclo dos estoques ou ciclo Kitchin, decerca de quarenta meses. Já na história econô-mica brasileira, o termo ciclo é usado para de-signar os períodos de predomínio de determi-nados produtos coloniais de exportação comoo açúcar, o ouro e o café. O registro das variaçõescíclicas, com períodos alternados de altas e bai-xas dos níveis da atividade econômica, remontaao fim do século XVIII. As teorias dos cicloseconômicos são numerosas e variadas. As teo-

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rias da superprodução e subconsumo explicamos ciclos com base no aumento da produção,dos lucros e dos investimentos, sem um corres-pondente aumento dos salários e do poder decompra dos consumidores. As teorias monetá-rias baseiam-se na quantidade de moeda em cir-culação e nas variações dos níveis das taxas dejuros e de investimentos. E as teorias psicológi-cas argumentam que a atividade econômica éinfluenciada por ondas de pessimismo e de oti-mismo. Uma explicação genérica dos ciclos éque, sempre que a demanda total de bens e ser-viços é menor do que a necessária para mantera produção no seu nível de desenvolvimento,há queda na produção e no emprego. Isso podeser provocado pela tendência crônica da econo-mia a uma superpoupança (ou subconsumo) oupor uma escassez de investimentos para preen-cher a insuficiência da demanda. Iniciada umafase de recessão, a redução tende a ser cumu-lativa, com queda dos preços, esgotamento dosestoques, adiantamento de investimentos e sub-consumo. Mas, em determinado ponto, há ne-cessidade de substituir os estoques e equipa-mentos desgastados, ainda que apenas paramanter os baixos níveis da demanda de bensde consumo. Isso conduz a um aumento do in-vestimento, que, mesmo pequeno, leva a novocrescimento da produção, da renda e do consu-mo, tornando atrativo novos investimentos erealimentando o ciclo econômico. A expansãopode levar a economia a novo surto de prospe-ridade, com seus habituais pontos de estrangu-lamento: preços em alta e problemas de manu-tenção do equilíbrio no comércio exterior. Nesseponto, pode haver uma tendência à subpoupan-ça ou ao superinvestimento, e as tentativas decorrigir as tendências inflacionárias podem levaros empresários a rever suas expectativas de lu-cro, reduzindo os investimentos, com o que seinicia nova fase de contração da atividade eco-nômica. O estudo dos ciclos econômicos está in-timamente ligado ao das crises, que podem sercaracterizadas como um momento descontínuoe desastroso de uma evolução cíclica contínua.Embora tenha havido apenas três ciclos secula-res, ou de Kondratieff, no período que vai de1790 a 1950, a teoria dos ciclos longos divide-seem dois grupos. Os adeptos da teoria quantita-tiva da moeda explicam as ondas seculares dealtas dos preços pelo aumento da massa mone-tária, e, no caso da conversibilidade do ouro,pelo aumento do volume de ouro em circulação.Outros destacam a influência das inovações téc-nicas que se sucederam no século XIX (vapor,ferrovias, petróleo e eletricidade), como enfatizaSchumpeter: com a instalação das novas formasde energia e de transporte, a demanda ultrapas-sou a oferta, provocando a alta dos preços. Essacorrente destaca a influência da abertura de no-

vos mercados e a ação da guerra, pois os perío-dos de alta coincidem com a atividade bélica.A teoria dos ciclos curtos (do economista francêsClément Juglar, o primeiro a assinalar a naturezaperiódica das crises) divide-se em teorias exó-genas e endógenas. As primeiras procuram ascausas dos ciclos no meio exterior à economia.Desse modo, o ciclo econômico seria provocadopor um ciclo físico (Jevons), psicológico (Pareto),técnico (Schumpeter) ou demográfico (Lösch).As teorias endógenas procuram as causas do ci-clo no próprio processo econômico, visando ademonstrar basicamente a formação e a trans-missão de um processo cumulativo de alta oubaixa dos preços e as razões da suspensão desseprocesso. Assim, Wicksell argumentou que issose deveria à disparidade entre a taxa natural dojuro e a taxa do mercado. Já Kaldor e Kaleckidestacaram a idéia de expectativa de investi-mento, construindo um modelo econométrico deciclo a partir do atraso entre a decisão do in-vestimento e o resultado do investimento reali-zado. Outros modelos econométricos de ciclos,trabalhando com dados fornecidos ou não pelarealidade, foram construídos por Leontief, pelaescola sueca (Lundberg), e também por Harrod,Samuelson e Hicks, atualmente os mais conhe-cidos. A maioria das teorias dos ciclos baseia-senas variáveis e determinantes do investimentoe seus efeitos, vendo na renda nacional o me-canismo do multiplicador. Em combinação como princípio do multiplicador, usa-se a teoria doacelerador para mostrar o ajustamento do graude investimento à variação das vendas.

CICLO KENNEDY DE NEGOCIAÇÕES. VejaKennedy Round.

CICLO KITCHIN. Flutuação curta e rítmica daatividade econômica, batizada ciclo Kitchin de-vido a Joseph Kitchin, que foi o primeiro analistaa estudá-lo em detalhes. O ciclo Kitchin é umciclo regular de flutuação dos preços, da pro-dução, do emprego etc., de duração de quarentameses. Utilizado por Schumpeter em sua análisedos ciclos econômicos, é explicado por mudan-ças em estoques e por pequenas ondas de ino-vação, especialmente em equipamentos que po-dem ser produzidos rapidamente. Superpostosaos ciclos longos de Juglar e de Kondratieff, exis-tiriam três ciclos Kitchin em cada Juglar e de-zoito em cada Kondratieff. Veja também CicloEconômico.

CIDADES. Veja Urbanização.

CIDADES LIVRES. Cidades da Europa que,durante a Idade Média, conquistaram total ouparcialmente sua autonomia em relação ao pro-prietário da terra na qual se localizavam. Habi-tadas por artesãos e comerciantes, sobretudo a

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partir do século XII, as cidades ou burgos pro-curavam por vários meios — negociações ouluta aberta — ter sua própria administração elivrar-se das numerosas taxas impostas pelo se-nhor do feudo.

CIÊNCIA ECONÔMICA. Veja Economia.

CIÊNCIAS AFINS. Como ciência social, decor-rente da atividade do homem organizado emsociedade, a economia se relaciona com diversasoutras ciências. Como atividade prática ou teó-rica, é exercida sob certas condições permanen-tes ou variáveis, que se manifestam no sujeitoda atividade econômica ou no meio social ondeela atua. As condições do meio social estão re-lacionadas com fatores geográficos, históricos,culturais e com as instituições sociais. Assim, aeconomia mantém relações estreitas com a his-tória, a sociologia, a psicologia, a política, o di-reito, a geografia e a demografia. E, por sua na-tureza teórica, relaciona-se com a lógica, a ma-temática e a filosofia.

CIÊNCIAS SOCIAIS. Uma das principais di-visões do conhecimento humano. Conjunto dematérias que estudam o homem em relação comseu meio físico, cultural e social. Embora muitoscientistas sociais em geral tentem modelar suasdisciplinas conforme as ciências naturais, aspi-rando atingir um nível semelhante de consenso,seus esforços nesse sentido continuam a ser frus-trados devido à imperfeição de suas ferramentasconceituais em relação à complexidade de suamatéria de estudo e ao campo limitado que exis-te para experimentos controlados. Há teóricos,por outro lado, que afirmam a fundamental di-ferença entre o arcabouço lógico das ciências na-turais (cujo modelo é matemático) e o das ciên-cias sociais (cujo modelo seria jurídico); justa-mente por isso, essas últimas seriam argumen-tativas e dialógicas, não permitindo universali-dade e consenso quanto a postulados e conclu-sões, ao contrário, permanecendo abertas, porsua natureza própria, às reinterpretações e àspolêmicas. Incluem-se entre as ciências sociaisa antropologia, a arqueologia, a criminologia, ademografia, a economia, a educação, a ciênciapolítica, a psicologia e a sociologia.

CIF (Cost, Insurance and Freight). Expressãodo comércio internacional que significa “custo,seguro e frete”, geralmente seguida da designa-ção do porto de destino. Nessa modalidade, ovendedor assume todos os custos necessáriospara transportar a mercadoria a seu destino de-signado, além de contratar seguro marítimo con-tra risco de perdas e danos, que cobre apenasas condições mínimas exigidas, “livre de avariaparticular” (FPA ou free of particular average), queé o preço CIF mais 10%. Código ou abreviação,

CIF. As estatísticas das exportações e importa-ções brasileiras divulgadas pelo Banco Centralgeralmente são apresentadas na base FOB (freeon board), isto é, sem incluir os custos dos se-guros e dos fretes, os quais são registrados naConta de Serviços do Balanço de Pagamentos.Veja também Balanço de Pagamentos; Incoterms.

CIFR. Veja Zero.

CIM. Iniciais da expressão em inglês computerintegrated manufacturing, que significa a integra-ção total de todas as fases de produção realiza-das com a assistência de um computador —CAD, CAD/CAM, CAE — num processo único,de tal forma a integrar e automatizar um pro-cesso produtivo. Veja também CAD; CAD/CAM; CAE.

CINTURÃO VERDE. Faixa de terra, de larguravariável (em geral, alguns quilômetros), que cir-cunda as grandes regiões urbanas e deve sermantida intata. Tem a finalidade de conter a ex-pansão urbana, evitar ou direcionar conurbações(ligação contínua entre regiões urbanas) e tam-bém controlar problemas ecológicos, como po-luição da atmosfera e dos mananciais.

CIP — Conselho Interministerial de Preços.Órgão federal, subordinado à Secretaria do Pla-nejamento, criado em 1968 pela lei nº 63 196. Éresponsável pela sistemática reguladora de pre-ços, dentro dos objetivos da política econômicado governo. O controle de preços pelo CIP podese dar de vários modos: liberação parcial, libe-ração vigiada, acordos setoriais e apreciação pré-via dos reajustes por produtos. A liberação parcialocorre quando somente alguns produtos fabri-cados por uma empresa ficam sujeitos ao con-trole. Na liberação vigiada, os aumentos do preçode um produto são comparados aos índices depreços elaborados pela Fundação Getúlio Var-gas. Quando ocorre um aumento não justificá-vel, o produto passa para o controle direto doCIP. O controle setorial verifica-se quando os rea-justes de preços dizem respeito a todo o setorde produção. Em todos os casos, os percentuaisde reajustes determinados pelo CIP têm comobase os custos de produção. Embora o CIP tenhapoderes para castigar de forma drástica as em-presas que ignorem suas determinações (atémesmo com a expropriação de mercadoria), suasrepresálias consistem geralmente no corte doscréditos junto ao sistema financeiro público.

CIRCUIT BREAKER. Expressão em inglês quesignifica literalmente “interruptor de circuito” eé utilizada quando ocorrem oscilações muito for-tes na Bolsa de Valores, fazendo com que a co-tação das ações ou outros títulos que estão bai-xando muito seja interrompida para evitar que

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efeitos momentâneos possam desencadear o pâ-nico. Este dispositivo foi utilizado pela primeiravez no Brasil na crise do final de outubro de1997, provocada pela crise das Bolsas dos paísesasiáticos. Em Bolsas mais importantes, como ade Nova York e Londres, o sistema já é utilizadohá mais tempo.

CIRCUITO. Em economia, é o movimento deduplo sentido existente no processo produtivo,formando um circuito que fecha o mercado erevela a interdependência dos fatos econômicos.Esse processo é marcado por dicotomias: exis-tem produtores e consumidores, oferta e procu-ra, compra e venda. Incluem-se no circuito oscompradores e vendedores dos fatores de pro-dução, entre eles o próprio trabalho. A noçãode circuito, de caráter orgânico e dinâmico,opõe-se à de equilíbrio, que é mecânica e está-tica. Foi explicitada, pela primeira vez, no céle-bre Tableau Économique, de Quesnay. Ganhoudestaque na análise econômica a noção do cir-cuito (ou circulação) monetária, sobretudo paraos estudos de conjuntura. Veja também Ques-nay, François; Tableau Économique.

CIRCULAÇÃO. Conjunto de estruturas e me-canismos referentes à distribuição do produtogerado socialmente entre os diferentes elemen-tos participantes da criação desse produto. Essadistribuição baseia-se nos mecanismos de dis-tribuição da renda, referidos à estrutura de clas-se da sociedade. Veja também Classe Social.

CÍRCULO VICIOSO. Conceito derivado da con-cepção de Gunnar Myrdal de causação circularcomo, por exemplo, a explicação do subdesen-volvimento pela escassez de poupança, e estapelo subdesenvolvimento. Ao círculo viciosoopõe-se o círculo virtuoso, quando, por exem-plo, o aumento dos níveis médios de educaçãoviabiliza o aumento da produtividade, e estao aumento da riqueza, que, por sua vez, per-mite o aumento dos recursos destinados à edu-cação. Veja também Causação Circular; EfeitoSinérgico.

CÍRCULO VIRTUOSO. Veja Círculo Vicioso.

CIRM — Comissão Interministerial para os Re-cursos do Mar. Criada em 1968, destina-se a reu-nir toda a informação necessária à definição deuma política de exploração dos recursos naturaismarítimos do Brasil. Contribui para orientar aparticipação do país num comitê de 35 naçõesque estuda a utilização do fundo dos mares. Acomissão é presidida pelo ministro da Marinhae tem competência como órgão executivo. Em1981, aprovou o I Plano Nacional de Recursosdo Mar, a ser desenvolvido por meio de cincosubprogramas: sistemas oceânicos, sistemas cos-

teiros, recursos do mar, recursos humanos eapoio oceanográfico.

CITY, The. Região do centro de Londres quecongrega as principais instituições financeirasdo país. Reúne o Banco da Inglaterra, impor-tantes bancos comerciais e as principais casasde câmbio e de comércio internacional. Esse cen-tro financeiro, também chamado de Square Mile,comparável a Wall Street, desempenha quatrofunções básicas: 1) facilitar o pagamento de qual-quer quantia, com rapidez e segurança, sem autilização de papel-moeda; 2) financiar a pro-dução e o transporte de matérias-primas emtodo o mundo; 3) centralizar a captação de pou-panças e suas aplicações; 4) centralizar opera-ções de câmbio e de comércio internacional. Vejatambém Old Lady of Treadneedle Street; WallStreet.

CLARA BOW. Apelido das ações da Interna-tional Telephone & Telegraph (ITT) na Bolsa deValores de Nova York.

CLARK, Colin Grant (1905- ). Economista aus-traliano, destacou-se, a partir de 1940, por de-monstrar, usando dados estatísticos, os efeitosdo progresso técnico sobre a evolução econômi-ca. Sobre o assunto, escreveu The Conditions ofEconomics Progress (As Condições do ProgressoEconômico), 1940, e The Economics of 1960 (AEconomia de 1960), 1942. Colin Clark parte deestudos sobre a renda nacional para relacionaros graus de evolução dos países e a produtivi-dade do trabalho. Nesses estudos, reintroduziuuma distinção já esboçada pelos demógrafos doséculo XVIII: a divisão das atividades em setoresprimário (agricultura), secundário (indústria) eterciário (serviços). Essa distinção generalizou-se também por expressar o desenvolvimento dassociedades industrializadas, da terra à fábrica,da fábrica ao escritório. Veja também Setoresde Produção.

CLARK, John Bates (1847-1938). Economista nor-te-americano, principal representante da escolamarginalista nos Estados Unidos. Estudou emHeidelberg e Zurique, tornando-se, em 1895,professor-titular de Economia na Universidadede Colúmbia. Em Philosophy of Wealth (Filosofiada Riqueza), 1885, procura reformular os pos-tulados dos economistas clássicos. Distributionof Wealth (Distribuição da Riqueza), 1899, suaobra mais conhecida, estende o princípio mar-ginalista à análise da produção e distribuição eintroduz o conceito de “produto marginal”. ParaJohn Bates Clark, o lucro aparece sempre comoresultado de um desequilíbrio provisório devidoa uma concorrência imperfeita ou a um jogo depreços. Essa é uma posição intermediária entreas explicações estáticas e as dinâmicas, pois sus-

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tenta que numa concorrência perfeita (estática),nunca há lucro e que sem desequilíbrio e semlucro não há progresso. Escreveu ainda Essen-tials of Economic Theory (Fundamentos da TeoriaEconômica), 1907. Veja também Marginalismo.

CLARK, John Maurice (1884-1963). Economis-ta norte-americano, filho de John Bates Clark,sucedeu o pai na cadeira de Economia na Uni-versidade de Colúmbia em 1926. Em sua obraEconomics of Overhead Costs (Economia dos Cus-tos Fixos), 1923, estuda a questão dos custos fi-xos baseando-se nas condições de mercado dosEstados Unidos. Essa obra foi importante no de-senvolvimento das análises dinâmicas. Em 1917,John Maurice Clark publicou, no Journal of Po-litical Economy, o artigo “Business Acceleration andthe Law of Demand” (“Aceleração dos Negóciose a Lei da Demanda”). Nele, introduziu e de-senvolveu o conceito de acelerador, que relacionaa taxa de crescimento da demanda de bens deconsumo e a taxa de crescimento da demandade bens de produção. Esse conceito tornou-seum dos princípios básicos da moderna teoriamacroeconômica. Em 1963, publicou Essays inPreface to Social Economics (Ensaios Introdutóriosà Economia Social).

CLASSE MÉDIA. Conjunto das camadas so-ciais situadas entre a burguesia e o proletariado,especialmente o urbano. O processo de desen-volvimento capitalista ampliou significativa-mente os estratos médios da sociedade atual,que se diversificaram em relação ao trabalho eao nível de renda. Devido a essa heterogenei-dade, costuma-se dividir a classe média em alta,média e baixa. Assim, embora se incluam naclasse média os pequenos empresários, atual-mente ela é formada sobretudo por profissionaisassalariados que trabalham no setor de serviços(saúde, bancos, educação, comunicação) e emfunções especializadas do setor industrial.

CLASSE SOCIAL. Cada um dos grandes gru-pos diferenciados que compõem a sociedade. Oscritérios para definir-se um grupo social comoclasse são motivo de divergências. De modo ge-ral, nessa caracterização privilegiam-se fatoressocioeconômicos tais como riqueza, apropriaçãodos meios de produção, posição no sistema deprodução, profissão, nível de consumo e origemdos rendimentos, entre outros. Considera-se ain-da que os membros de uma classe social, alémde terem no conjunto os mesmos interesses, ten-dem a compartilhar valores semelhantes. ParaMarx, o que caracteriza uma classe social é suaposição no processo de produção, sua relaçãocom o sistema de propriedade. No capitalismo,ele identificou duas classes sociais principais:burguesia (proprietários dos meios de produ-ção) e proletariado (trabalhadores que vivem de

salário). Seria essa, também, a base objetiva dosconflitos político-sociais e das transformaçõeshistóricas. Outros autores consideram que,atualmente, a hierarquização social se processano âmbito das diferenças profissionais. Argu-mentam que a mobilidade social nas modernassociedades industriais, em decorrência da am-pliação das oportunidades, contribuiria para aexpansão das camadas médias e para a atenua-ção dos conflitos de classe, mais próprios docapitalismo passado. Nas pesquisas de mercado,as classes são identificadas pura e simplesmentepor estarem dentro de certas faixas (A, B, C, Detc.) construídas a partir dos níveis de renda ede consumo dos indivíduos.

CLÁSSICA. Veja Escola Clássica.

CLÁSSICO. Denominação dada aos selos anti-gos, quase sempre os das primeiras emissõesdos países. No Brasil, os selos clássicos são olho-de-boi e olho-de-cabra. Veja também Selo Postal.

CLÁSSICOS. Veja Escola Clássica.

CLÁUSULA DE NAÇÃO MAIS FAVORECI-DA. Cláusula existente em tratados de comércio,mediante a qual dois países estabelecem vanta-gens mútuas entre si, diferenciando-se em rela-ção a todos os demais países.

CLÁUSULA SOCIAL. No âmbito da Organiza-ção Mundial do Comércio (OMC), é a designa-ção dada às cláusulas incluídas nos acordos porforça dos países desenvolvidos. Tais cláusulasdariam a esses países o direito de colocar bar-reiras alfandegárias específicas se fosse consta-tada a exploração de trabalho infantil ou escra-vo, por exemplo, nas importações realizadas dospaíses de menor desenvolvimento, isto é, se es-tes estivessem praticando o “dumping social”.Veja também Dumping Social.

CLAY-CLAY. Expressão em inglês que designauma situação em uma função de produção nateoria do crescimento, segundo a qual a relaçãoentre capital e trabalho não varia nem antes, nemdepois de realizado o investimento. Clay em in-glês significa “argila” ou “barro” e é empregadaem relação ao capital no sentido de argila en-durecida, isto é, com falta de maleabilidade. Seopõe a putty-putty (putty significando uma mas-sa moldável), que denota uma situação na qualas proporções entre o capital e o trabalho podemser continuamente modificadas tanto antesquanto depois do investimento, dessa formadando à relação capital/trabalho grande varia-bilidade. A situação intermediária, putty-clay, se-ria aquela na qual essas proporções pudessemvariar antes do investimento; mas uma vez feitoo investimento, haveria grande rigidez nessaproporcionalidade, ou seja, a relação capital/tra-

101 CLAY-CLAY

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balho poderia variar antes do investimento, masnão depois que este tivesse sido realizado.

CLE. Veja Combined Leverage Effect.

CLEAN FLOAT. Veja Dirty Float.

CLIGNOTANT. Termo em francês que, poranalogia a uma lâmpada que se acende de formaintermitente, indica que alguma coisa vai malem determinado setor ou no conjunto da eco-nomia. Por exemplo, existem vários clignotantsou sinais de alerta numa economia: a elevaçãodas taxas de juros, a elevação ou queda do con-sumo de energia elétrica, a elevação do preçode matérias-primas de uso generalizado etc.

CLIOMETRIA. Denominação do conjunto deestudos e pesquisas sobre história que se utilizada econometria. A denominação vem de Clio,a deusa inspiradora dos estudos do passado esuas medições quantitativas. Foi iniciada poreconomistas americanos durante os anos 60 e70 em pesquisa sobre o papel que as ferroviastiveram no desenvolvimento dos Estados Uni-dos no século XIX. Existem controvérsias sobrea denominação da disciplina, alguns preferindoHistória Econométrica, História Quantitativa ouNova História Econômica.

CLP — Controlador Lógico Programável. Dis-positivo que pode ser programado para contro-lar uma ou mais funções de um processo pro-dutivo.

CLT — Consolidação das Leis do Trabalho.Conjunto de normas constitucionais que regemas relações entre empregados e empregadores.O código, promulgado em 1º de maio de 1943,mediante o decreto-lei nº 5 452, reúne toda alegislação trabalhista elaborada após a Revolu-ção de 1930. A CLT sofreu, ao longo de seusanos de vigência, uma série de alterações quenão lhe modificaram, no entanto, o substrato bá-sico.

CLUBE DE INVESTIMENTOS. Sociedade quecongrega investidores com a finalidade de ope-rar no mercado de ações. Difere dos fundos mú-tuos de investimento por não haver obrigato-riedade de patrimônio mínimo. Administradospelos próprios sócios, os clubes de investimentosão supervisionados por sociedades corretorasque atuam nas Bolsas de Valores.

CLUBE DE PARIS. Atualmente, o Clube de Pa-ris ou Clube dos Credores ou, ainda, Grupo dosDez, consiste num mecanismo para discutir osrefinanciamentos multilaterais das dívidas dos paí-ses que não são membros da Organização de Coo-peração e Desenvolvimento Econômico (OCDE),formada por Áustria, Bélgica, Dinamarca, Fran-ça, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália,

Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Sué-cia, Suíça, Turquia, Grã-Bretanha, Estados Uni-dos, Canadá e Japão. Constituída em 1961, aOCDE teve origem na Organização Européia deCooperação Econômica (Oece), reunida em 1948pelos países da Europa Ocidental para a distri-buição entre si dos recursos do Plano Marshall.A OCDE tinha um âmbito de operações muitomais amplo do que a Oece e um dos seus ob-jetivos era “contribuir para a expansão do co-mércio mundial com base em práticas multila-terais e não discriminatórias”, o que significavaa ampliação do comércio com todos os paísesdo mundo. Na realidade, os anos do pós-guerrase caracterizaram por grandes superávits no ba-lanço de pagamento dos Estados Unidos e pelaescassez de dólares em nível internacional. Paradefender sua indústria, seu nível de empregointerno e manter em equilíbrio seus balanços depagamentos, os países industrializados da Eu-ropa apoiaram as exportações em grande escala.A contrapartida foram algumas vantagens ofe-recidas aos importadores, especialmente no quese refere ao financiamento de suas compras nospaíses europeus. A América Latina tornou-seum pólo de atração para a expansão das expor-tações européias, não apenas porque constituíaum mercado em dinâmica de crescimento, mastambém porque havia acumulado reservas ex-pressivas durante a Segunda Guerra Mundial.Mas essa capacidade aquisitiva não se mantevepor muito tempo, e já na década de 50 algunspaíses latino-americanos, começando pela Ar-gentina e pelo Brasil, encontraram dificuldadespara saldar seus compromissos com os paísesda Oece. Para tratar desses casos, foi constituídoum espaço de negociações chamado Clube deParis, isto é, uma reunião dos credores para dis-cutir o problema da dívida dos países que nãopertenciam ao organismo. O Brasil já recorreuvárias vezes ao Clube de Paris para a renego-ciação de sua dívida externa, tendo celebrado,em julho de 1988, um acordo com esse organis-mo. Veja também FMI.

CLUSTERS. Termo em inglês que significa “blo-cos” ou “agrupamentos”, utilizado em várioscontextos para designar o agrupamento de ele-mentos comuns para um determinado fim. Eminformática, por exemplo, o termo é utilizadopara designar agrupamentos ou conglomeradosformados por computadores em geral de médioporte, por servidores — de terminais, arquivose discos — e por periféricos. No setor industrial,o termo é usado quando se deseja, por exemplo,destacar agrupamentos ou ramos industriais de-dicados à exportação que tenham alguma carac-terística comum, como o fato de ser produtosde consumo de massa, bens duráveis, semidu-ráveis etc.

CLE 102

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CMN — Conselho Monetário Nacional. Órgãofederal criado em 31/12/1964 pela lei que im-plantou a reforma bancária no país. Formadosegundo o modelo do Federal Reserve System,dos Estados Unidos, veio substituir a Superin-tendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) comoórgão responsável pelas normas dos ajustes dosmeios de pagamento de acordo com as neces-sidades do país, devendo regular o valor internoda moeda, corrigir surtos inflacionários ou de-flacionários e coordenar as políticas creditícia,monetária, fiscal, orçamentária e da dívida pú-blica (interna e externa). É responsável ainda pe-las emissões de papel-moeda, pela fixação denormas para a política cambial, pela aprovaçãode orçamentos monetários, pela limitação dastaxas de juros, descontos e comissões, e pela dis-ciplina do crédito, entre outras atividades de ca-ráter mais burocrático. As reuniões da CMN sãorealizadas pelo menos uma vez por semana. Par-ticipam do conselho representantes dos minis-térios da área econômica, de outros órgãos pú-blicos e de entidades representativas do setorprivado.

CMTC — Companhia Municipal de Transpor-tes Coletivos. Fundada em 1947, na cidade deSão Paulo, como companhia de economia mista,diante do desinteresse da Light (antiga conces-sionária) de continuar operando os serviços. ACMTC implantou em São Paulo, na década de50, uma frota de trólebus que foram pouco apouco substituindo os antigos bondes, assimcomo uma grande frota a diesel. Com o cresci-mento da cidade, empresas particulares foramaumentando sua participação e, em 1975, aCMTC, embora concessionária exclusiva, conta-va apenas com 15% do total do transporte co-letivo na cidade. Essa participação aumentoupara 30% até o final dos anos 80 e início dosanos 90, quando sua frota total em operação al-cançou cerca de 3 mil ônibus dos 8 500 existen-tes. Em 1991 constituiu a primeira frota de ôni-bus movidos exclusivamente a gás natural (cercade sessenta veículos). A partir de 1993, teve iní-cio o seu processo de privatização, com a pas-sagem de oitenta das 156 linhas para o setorprivado.

CNBV — Comissão Nacional de Bolsa de Va-lores. Entidade civil brasileira que congrega asBolsas de Valores do país.

CNC. Iniciais da expressão em inglês computernumerical control, que significa “máquina ope-ratriz controlada por computador“. Veja tam-bém MFCN (Máquina-ferramenta de Contro-le Numérico).

CNE — Comissão Nacional de Energia. Órgãotransitório criado em 1979 e diretamente subor-

dinado à presidência da República, com o ob-jetivo de criar as diretrizes para a racionalizaçãodo consumo e o aumento da produção nacionalde petróleo, a substituição de seus derivados poroutras fontes de energia e as medidas a seremadotadas na hipótese de redução abrupta — to-tal ou parcial — dos suprimentos externos doproduto. Presidida pelo ministro da Infra-estru-tura, é formada pelo ministro da Economia, pe-los secretários de Energia e de Planejamento,pelo chefe do Gabinete Militar e pelo secretáriodo Conselho de Segurança Nacional. A criaçãoda CNE foi conseqüência direta da chamada cri-se internacional do petróleo, em 1979. Na oca-sião, 70% do transporte de mercadorias, 90% dotransporte de passageiros e boa parte da ativi-dade industrial do país dependiam do petróleo.

CNEN — Comissão Nacional de Energia Nu-clear. Autarquia ligada ao Ministério da Infra-estrutura. É o órgão encarregado de coordenar,orientar, supervisionar e executar a política nu-clear brasileira, orientando as instituições liga-das ao setor nuclear, financiando seus progra-mas e a formação de pessoal. Foi criada em 1956,com o nome de Comissão de Energia Atômica,vinculada ao Conselho Nacional de Pesquisas.Controla diversos órgãos, como o Instituto deEngenharia Nuclear da Universidade Federal doRio de Janeiro, o Instituto de Pesquisas Radia-tivas da Universidade Federal de Minas Geraise a Associação de Produção de Monazita.

CNI — Confederação Nacional da Indústria.Entidade sindical de cúpula do empresariadoindustrial brasileiro, reúne representantes dasfederações estaduais da indústria. Fundada em1942, no âmbito da estrutura sindical montadapelo governo, substituiu duas entidades que aprecederam: Sociedade Auxiliadora da IndústriaNacional (1827-1904) e Centro Industrial Brasi-leiro — CIB (1904-42). Junto ao governo, a CNIatua apresentando sugestões, reivindicações ecríticas aos programas oficiais de desenvolvi-mento industrial. Colaborou na criação do an-tigo Ministério do Trabalho, Indústria e Comér-cio. O Serviço Nacional de Aprendizagem In-dustrial (Senai) e o Serviço Social da Indústria(Sesi) são entidades filiadas à CNI, destinadasa proporcionar formação profissional e ativida-des culturais aos trabalhadores.

CNP — Conselho Nacional do Petróleo. Órgãodo Ministério da Infra-estrutura, responsávelpor formular a política nacional do petróleo edo carvão mineral, controlar o abastecimento depetróleo em todo o país e fixar o preço de seusderivados. A criação do CNP pelo presidenteGetúlio Vargas, em abril de 1938, juntamentecom a regulamentação das jazidas e a descoberta

103 CNP

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de petróleo em Lobato (janeiro de 1939), assi-nalaram a segunda fase da luta pelo controleestatal do petróleo no Brasil (a fase anterior eraa da livre iniciativa no setor, e a posterior, a domonopólio estatal, começou com a criação daPetrobrás em outubro de 1953). A União exerceo monopólio do petróleo por intermédio doCNP, como um órgão orientador e fiscalizador,e da Petrobrás e suas subsidiárias, como órgãosde execução. A instituição dos contratos de risco,em 1976, retirou da Petrobrás o monopólio depesquisa e exploração.

CO-GESTÃO. Forma de participação dos tra-balhadores na administração da empresa, pormeio de representantes eleitos em votação dire-ta. É uma experiência típica da Europa Ocidental(Alemanha, França, Inglaterra), variando suaforma de organização em cada um desses países.De modo geral, no regime de co-gestão os re-presentantes dos trabalhadores são consultadossobre questões salariais, benefícios sociais pro-movidos pela empresa, dispensa de emprega-dos, utilização de novas tecnologias, e são tam-bém informados sobre os planos de expansãoda empresa e seu balanço anual. Veja tambémAutogestão.

COASE, Ronald Harry (1910- ). Nasceu emMiddlesex, na Inglaterra, e graduou-se em Eco-nomia pela London School of Economics em1932. Tornou-se professor na Universidade deLiverpool e na própria London School, entre1935 e 1951. Nos anos 50 transferiu-se para osEstados Unidos, onde lecionou na Universidadede Buffalo, na Universidade de Virgínia e naUniversidade de Chicago. Nesta última, dirigiu,entre 1964/1982, o Journal of Law and Economic.A colaboração mais importante de Coase paraa ciência econômica consiste em seus estudossobre as economias externas ou externalidades.Esses estudos e a preocupação com o tema ti-veram início numa monografia, The Nature ofthe Firm (A Natureza da Firma), quando Coaseainda cursava a graduação, culminando comsuas análises sobre os custos de transação nasconcessões de faixas para transmissões de rádioe televisão. Tais análises permitiram a Coase for-mular o que veio a ser denominado Teoremade Coase, estabelecendo que as externalidadesnão determinam uma alocação imperfeita de re-cursos, desde que os custos de transação sejamnulos. Os textos mais importantes de Coase fo-ram publicados entre 1959 e 1979 no Journal ofLaw and Economics, destacando-se “The FederalCommunications Commission” (1959), “TheProblem of Social Cost” (1960) e “Payola in Ra-dio and Television Broadcasting” (1979). Porsuas contribuições, Coase recebeu o Prêmio No-bel de Economia em 1991. Veja também Teore-ma de Coase.

COBAL — Companhia Brasileira de Alimen-tos. Empresa federal vinculada ao Ministério daAgricultura, criada em 1962 com o objetivo deassegurar o abastecimento de gêneros alimentí-cios em todo o país. Atua como reguladora domercado, evitando a excessiva especulação, eatende diretamente áreas não cobertas devida-mente pelo setor privado. Em 1972, a Cobal as-sumiu a direção do Sistema Nacional de Cen-trais de Abastecimento (Sinac), com participaçãosocietária no capital das Centrais de Abasteci-mento (Ceasas), vinculadas ao sistema. A funçãodo Sinac é organizar a produção e intermediaçãode produtos de origem hortifrutigranjeira, ven-dendo-os ao comerciante varejista por melhorespreços. Em 1979, a Cobal instalou a Rede Somarde Abastecimento para gêneros de primeira ne-cessidade. A rede formou-se por meio de con-vênios com varejistas independentes instaladosem áreas de baixa renda, tornando-se a maiorrede varejista do país. A Cobal compra grandesquantidades de gêneros e os distribui a essesvarejistas, objetivando a redução de preços parao consumidor. Mantém ainda postos de vendanas chamadas “áreas de alto risco”, como asfrentes de trabalho nas regiões de seca, nos ga-rimpos, nas povoações ribeirinhas da Amazôniae na periferia das grandes cidades. Os preçosda Somar só são subsidiados em casos excep-cionais em áreas consideradas muito pobres,onde o Instituto Nacional de Alimentação e Nu-trição (Inan) financia produtos básicos. Alémdos supermercados da Rede Somar, dos super-mercados Cobal e dos postos de venda, a em-presa possui mercados volantes para abasteci-mento pelas estradas e mercados flutuantes paraas hidrovias amazônicas.

COBB-DOUGLAS (Função de Produção). Umafunção com a fórmula Q = A.La.Kb, onde Q é aprodução, A, a e b são constantes e L e K são,respectivamente, o trabalho e o capital. A funçãoé homogênea do grau a+b, uma vez que a mul-tiplicação de L e K por uma constante c elevaráo resultado na proporção de ca+b. Assim, Q1 =A.cLa.cKb = Ka+b(A.LaKa). Se a soma dos expoen-tes for igual à unidade, a função Cobb-Douglasé linear homogênea, isto é, o retorno será umaconstante em relação à escala de produção: se,por exemplo, o capital e o trabalho empregadosaumentarem 50%, o produto também aumentaráem 50%; se esta soma for maior do que a uni-dade, a função terá retornos crescentes à escala;e se a soma for inferior à unidade, o retornoserá decrescente à escala. Veja também FunçãoHomogênea.

COBOL. Sigla da expressão inglesa Common Bu-siness Oriented Language (Linguagem ComercialComum Orientada), um tipo de linguagem uti-lizado na elaboração de programas de compu-

CO-GESTÃO 104

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tador e destinado principalmente a empresas.Veja também Informática.

COBRA — Computadores e Sistemas Brasilei-ros S.A. Empresa estatal criada em 1974 com oobjetivo de incorporar à economia uma indústrianacional de computadores. Em princípio, limi-tava-se a prestar assistência às áreas militares,especialmente serviços de controle e automaçãodas novas fragatas da Marinha fabricadas comtecnologia inglesa. Em 1975, a Cobra comprouprojetos tecnológicos da corporação norte-ame-ricana Sycor e obteve a transferência de know-how para a produção do primeiro minicompu-tador comercial brasileiro, o Cobra 400. Ao mes-mo tempo, assinou contratos com organizaçõesbrasileiras com programas de tecnologia decomputador em fase de desenvolvimento. Numcontrato com o Serviço Federal de Processamen-to de Dados (Serpro), adquiriu os direitos dedesenvolvimento de duas linhas de equipamen-to, os modelos TR e TD, que se transformariamem seu maior sucesso comercial. Em 1977, a em-presa entrou no mercado de minicomputadorespara aplicações comerciais. Em 1980, por meiodo Projeto Guaranis, surgia o Cobra 530, pri-meiro computador projetado, desenvolvido e fa-bricado no Brasil, resultado do trabalho conjuntode cientistas da Universidade de São Paulo(USP), responsáveis pelo projeto de hardware, eda Pontifícia Universidade Católica do Rio deJaneiro (PUC), responsáveis pelo projeto de soft-ware. Mais de 50% das ações da Cobra pertencema órgãos estatais — Banco do Brasil, Caixa Eco-nômica Federal, Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Digibrás —, e quase 40%das ações pertencem à holding Eletrônica Digitaldo Brasil S.A. (EDB), formada por onze bancosnacionais, pelas Bolsas de Valores do Rio de Ja-neiro e de São Paulo e pela Caixa Econômicado Estado de São Paulo. Em 1982, as vendas daempresa equivaleram à soma das vendas de to-das as suas concorrentes nacionais no setor decomputadores comerciais de portes pequeno emédio. Veja também Computador; Informática.

COBRA. Veja Snake.

COBWEB. Representação gráfica das condiçõesexistentes num mercado competitivo, no qual avenda de um produto perecível (em geral pro-duto agrícola), que exige certo tempo para a suaprodução, tem uma demanda relativamenteconstante durante determinada época. O perío-do em que se realizam as vendas é muito curtoe o tempo necessário para a produção, muitolongo, para que a oferta possa ser alterada porqualquer produtor depois do início das vendas.A cada ano, portanto, a oferta depende do preçodo mercado do ano anterior. Isso tende a pro-vocar consideráveis oscilações no preço de ano

para ano: um preço relativamente elevado e umaoferta reduzida alternando-se com um preço re-lativamente baixo e uma oferta abundante. Otermo cobweb, que em inglês significa “teia dearanha”, tem origem no fato de que o gráficoque expressa tais oscilações de preços guardasemelhança com uma teia de aranha.

COD. Iniciais de cash on delivery (pagamentocontra entrega ou reembolso postal).

CÓDIGO COMERCIAL BRASILEIRO. Conjun-to de leis que regula o comércio em todos osseus aspectos. Foi criado pela lei nº 556, de22/6/1850, inspirado nos códigos espanhol,francês e português. Posteriormente, acrescen-taram-se várias outras leis, entre as quais a LeiCambiária (1908), a Lei do Cheque (1912), a Leidas Sociedades Limitadas (1919), a Lei das So-ciedades por Ações (1940), a Lei das Falências(1945, modificada em 1966), a Lei do Mercadode Capitais (1965) e a Lei das Sociedades Anô-nimas (1977).

COEFICIENTE BETA. Medida da sensibilidadede uma ação específica em relação às alteraçõesdo mercado acionário em seu conjunto. É a me-dida de um risco sistemático.

COEFICIENTE DE ACELERAÇÃO. É o coefi-ciente pelo qual o investimento adicional cresceem função de um aumento na produção. Porhipótese, esse investimento adicional deve serproporcionalmente maior do que o incrementona produção, uma vez que o capital fixo (má-quinas, equipamentos etc.) tem um valor maiordo que o valor de sua produção anual. Veja tam-bém Princípio de Aceleração.

COEFICIENTE DE ACHATAMENTO (Curtose,Kurtosis). Veja Medidas de Achatamento.

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO.Conceito da Lei de Zoneamento que estabeleceem cada caso o máximo de área construída queum lote urbano comporta. No município de SãoPaulo, o máximo permitido é um coeficiente 4,embora os dispositivos das Operações Interliga-das e Operações Urbanas possam ultrapassarpontualmente tais limites. Veja também Adiron(Fórmula de); Lei de Zoneamento; OperaçõesInterligadas; Operações Urbanas; Taxa deOcupação.

COEFICIENTE DE CONCENTRAÇÃO (Espa-cial). Medida estatística do grau de concentraçãode atividade econômica num determinado es-paço geográfico (município, Estado ou país). Emtermos concretos, mede-se tal concentração com-parando a atividade a ser medida com um ref-erencial de distribuição espacial como, porexemplo, a população. Se a distribuição de uma

105 COEFICIENTE DE CONCENTRAÇÃO

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atividade como a industrial se concentrar de ma-neira diferente da população, o coeficiente deconcentração tenderá a ser elevado; ao contrário,se esta forma de distribuição acompanhar a dis-tribuição da população, seu coeficiente de dis-tribuição espacial será muito pequeno. A fór-mula para calcular este coeficiente é: Σj Caj –Cij , onde Caj representa a porcentagem da ati-vidade a (indústria, por exemplo) na localidadej, e Cij é a porcentagem da característica utili-zada como base ou referencial i (população, porexemplo) na localidade j. A expressão entre bar-ras significa valores absolutos, uma vez que emalguns casos Caj pode ser menor do que Cij.Quanto mais próximo de zero for o valor finaldo somatório, menos concentrada espacialmenteestará a atividade sendo considerada (no caso,a indústria); quanto mais elevado for o valor dosomatório, maior será o grau de concentração.

COEFICIENTE DE CRESCIMENTO VEGETA-TIVO. Considerando-se uma determinada po-pulação num certo período de tempo, é o restoda diferença que tem por minuendo o coeficientetotal de natalidade, e por subtraendo, o coefi-ciente bruto de mortalidade.

COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO. Tam-bém conhecido como R2, ou Coeficiente de Cor-relação Múltipla, é uma medida estatística quedesigna o poder explicativo de uma equação.Em termos mais concretos, é a proporção de va-riação na variável dependente que é devida àvariação combinada das variáveis explicativas(independentes), e é expressa pela fórmula

R2 = 1 – Σe2 Σy2

,

Onde Σe2 é o resíduo da soma dos quadrados,e Σy2 é a soma dos quadrados da variável de-pendente. Desta forma, R2 varia entre zero e 1.Quanto mais o coeficiente se aproximar do zero,menor será o poder explicativo, ou, o que é omesmo, maior será a variação residual comouma proporção do total; e quanto mais se apro-ximar de 1, maior será o seu poder explicativo.

COEFICIENTE DE MORTALIDADE. Veja Mor-talidade.

COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFAN-TIL. É o coeficiente demográfico (de uma socie-dade e relativo a um determinado período) quese obtém dividindo-se o total de óbitos de me-nores de um ano de idade (excluídos os nascidosmortos) pelo total de nascidos vivos; o resultadoé geralmente multiplicado por mil ou por 10 mil.

COEFICIENTE PEARSON DE ASSIMETRIA.Veja Medidas de Assimetria.

COEFICIENTE Q (de Tobin). Coeficiente obti-do dividindo-se o valor de mercado dos ativosde uma empresa pelo seu valor de reposição.Se este valor for superior a 1 (um), significa quea empresa em questão realizou decisões acerta-das de investimento.

COEFICIENTE DE GINI. Medida de concen-tração, mais freqüentemente aplicada à renda,à propriedade fundiária e à oligopolização daindústria. O coeficiente de Gini é medido pelarelação ou pela fórmula geral,

G = 1 – ∑ i = 1

n

(Yi + Yi–1)(Xi – Xi–1),

sendo xi a porcentagem acumulada da popula-ção (pessoas que recebem renda, proprietáriosde terra, indústrias etc.) até o estrato i; yi, a por-centagem acumulada da renda, área, valor daprodução etc., até o estrato i; e n, o número deestratos de renda, área, valor da produção etc.

Aumentando a concentração da renda, da pro-priedade fundiária ou do valor da produção,cresce a curvatura da curva de Lorenz e, por-tanto, a área entre a curva e a linha que passaa 45o no gráfico. O índice ou coeficiente de Ginise aproximaria de 1, refletindo o aumento daconcentração. Se a distribuição da renda, da pro-priedade da terra, do valor da produção indus-trial etc. fosse igualitária, a curva de Lorenz coin-cidiria com a linha de 45o e o coeficiente de Giniseria igual ou muito próximo de zero. Os valoresdo coeficiente de Gini variam, portanto, entre 1e zero; quanto mais próximo de 1 for o coefi-ciente, maior será a concentração na distribuiçãode qualquer variável, acontecendo o contrário àmedida que esse coeficiente se aproxima de zero.Por exemplo, em 1972 o índice de Gini para adistribuição da renda no Brasil alcançou 0,622,e o da propriedade da terra, em 1984, atingiu0,839. Veja também Lorenz, Curva de.

0,9

0,8

1,0

0,7

0,6

0,5

0,3

0,4

0,21,0

0,1

0,3

0,5

0,2

0,6 0,80,7 0,9 1,00,4

A

B

α

45o

0,1

COEFICIENTE DE CRESCIMENTO VEGETATIVO 106

Page 107: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

COEFICIENTE DE NATALIDADE. Veja Nata-lidade.

COETERIS PARIBUS. Veja Caeteris Paribus.

COFIE — Comissão de Fusão e Incorporaçãode Empresas. Entidade vinculada ao Ministérioda Economia e criada com a finalidade de esti-mular a formação de conglomerados industriaispela fusão de empresas. A Cofie propõe-se tam-bém a incentivar a abertura de capital das pe-quenas e médias empresas, na tentativa de for-talecer o mercado de ações.

COIVARA. Sistema de preparação do solo, mui-to usado no interior do Brasil, desde os primór-dios da colonização, especialmente nas áreas defronteiras agrícolas, e que consiste em juntar empilhas os galhos e outras partes das árvores dafloresta queimada e atear-lhes fogo outra vez.A coivara era utilizada pelos índios, e, realizadaem pequena escala, não significava uma ameaçaà fertilidade geral das terras e ao equilíbrio eco-lógico das matas. Mas sendo utilizada em gran-de escala, como acontece atualmente, causa da-nos ecológicos irreversíveis.

COLATERAL. Título (security) dado ao empres-tador por quem toma emprestado, como penhorpelo futuro pagamento do empréstimo. O em-prestador torna-se assim credor assegurado. Nocaso de default, pode utilizar esse título (ven-dendo-o no mercado, por exemplo) como paga-mento da dívida, e no caso de o valor do títulocolateral não ser suficiente, pode agir imediata-mente como credor cujo devedor se tornou ina-dimplente. Qualquer propriedade que tenha umvalor relativamente estável no mercado e con-siderável liquidez pode ser utilizada como co-lateral. No entanto, o mais comum são títulosda dívida pública de economias desenvolvidas,ações de grandes empresas, imóveis e outros.Título colateral é alguma coisa de valor — ge-ralmente títulos —, facilmente convertida em di-nheiro, depositada como uma garantia junto aocredor para assegurar o pagamento de um em-préstimo. Geralmente (mas não em todos os ca-sos), seu valor é superior àquele do empréstimo.Se o devedor for incapaz de pagar a dívida nadata estabelecida, o credor estará liberado paravender o “colateral” e recuperar o dinheiro em-prestado com o produto dessa venda. Veja tam-bém Default.

COLBERT, Jean-Baptiste (1619-1683). Estadistafrancês que, como ministro das Finanças de LuísXIV, foi o principal responsável pela aplicaçãoda política mercantilista. Começou por obrigaros homens de negócios a devolver parte de seuslucros ao Tesouro Nacional. Empreendeu pro-funda reforma fiscal, acabando com o confusosistema de taxações herdado da Idade Média.

Incrementou a atividade comercial para superaros mercados holandeses e criou várias compa-nhias de comércio, como a das Índias Ocidentaise das Índias Orientais; aumentou os impostossobre artigos importados e construiu numerosasvias de comunicação. Criou privilégios para vá-rias empresas privadas e fundou fábricas esta-tais. Ministro da Marinha desde 1668, levou àfrente a transformação da França numa grandepotência naval. Incentivou ainda as ciências eas artes. Escreveu Mémoires sur les Affaires de Fi-nance de France (Memórias sobre os Assuntos Fi-nanceiros da França), 1663. Veja também Mer-cantilismo.

COLBERTISMO. Denominação dada à políticamercantilista levada a cabo na França duranteo período em que Jean-Baptiste Colbert (1619-1683) foi ministro das Finanças de Luís XIV. Vejatambém Colbert, Jean-Baptiste; Mercantilismo.

COLCÓS. Cooperativa de produção agrícola exis-tente na ex-União Soviética, cuja forma de fun-cionamento era a seguinte: os membros traba-lhavam em uma gleba da qual eram co-proprie-tários. Com a reforma agrária de 1918, todas asterras passaram à propriedade do Estado, queconfiou parte delas a essas cooperativas, comusufruto perpétuo e gratuito. Cada colcós eraadministrado por um Conselho eleito por todosos membros e que se incumbia de distribuir en-tre eles a renda líquida (não reinvestida), deacordo com a cota de trabalho de cada um. Cadafamília tinha o direito de usufruir de pequenaárea de terra, anexa à residência. O trabalho eraaltamente mecanizado, com o apoio das Esta-ções de Máquinas e Tratores, que atendiam, cadauma, a grupos de dez a vinte colcoses. Na dé-cada de 70, havia cerca de 40 mil colcoses, ocu-pando uma área total de 104 milhões de hectares.Veja também Sovkhoz.

COLCOZE. Veja Colcós.

COLETIVA, Fazenda. Veja Colcós; Sovkhoz.

COLETIVISMO. Sistema político-social basea-do no controle da atividade econômica pela co-letividade ou pelo Estado. Os coletivistas negama propriedade privada dos meios de produçãoe afirmam que só vivendo em comunidade e aela se submetendo é que os indivíduos podemser efetivamente livres e realizar todas as apti-dões pessoais. De inspiração socialista, foi en-fatizado sobretudo pelas correntes anarquistas,cujo coletivismo tem como base a autogestão po-lítica e econômica a partir dos locais de trabalho.O coletivismo de inspiração marxista enfatiza opapel transitório do Estado como instrumentode planificação e coordenação econômica. Vejatambém Anarquismo; Comunismo.

107 COLETIVISMO

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COLIGADAS. Veja Empresas Coligadas.

COLINEARIDADE. Termo que, em estatística,designa uma elevada correlação entre duas va-riáveis, isto é, ambas têm a mesma trajetória li-near. Numa análise de regressão, duas variáveisindependentes podem estar altamente correla-cionadas, mantendo entre si elevada colineari-dade, de tal forma que não é possível estabelecero efeito de cada uma delas sobre a variável de-pendente. Por exemplo, a elevação das vendasde um produto (variável dependente) pode tersido influenciada por um aumento de saláriose pela redução das taxas de juros, não sendopossível distinguir no curto prazo qual das va-riáveis independentes teve a influência maior.Nesse caso, pode-se utilizar apenas a variávelindependente julgada a mais importante (o au-mento de salários, no caso), ou combinar as duasvariáveis independentes numa só, ou ainda es-colher uma terceira que substitua as duas pri-meiras. Quando existe um grau de correlaçãomuito elevado, com mais de duas variáveis, ofenômeno é denominado multicolinearidade. Vejatambém Análise de Regressão; Correlação.

COLLAR. Garantia de taxas de juros máximase mínimas registradas em contratos para prote-ger tanto o tomador de empréstimo quanto oemprestador. O sistema consiste num “piso”(floor) e num “teto” (cap). O piso (floor) garanteao credor que as taxas de juros não cairão maisalém de um determinado ponto; o teto (cap) ga-rante ao tomador que as taxas de juros não ul-trapassarão um determinado ponto superior.

COLLATERAL. Veja Colateral.

COLLATERAL TRUSTS BONDS. Expressão eminglês que significa obrigações ou títulos garan-tidos pelo penhor de outras obrigações ou títu-los.

COLOCAÇÃO DIRETA. Situação na qual umaempresa aumenta seu capital lançando novasações, e os únicos credenciados a adquiri-las sãoaqueles que já possuem ações dessa empresa, etêm o direito de adquiri-las em proporção àsque já possuem.

COLOCAÇÃO INDIRETA. Situação na qual umaorganização financeira subscreve a totalidadedas emissões de novas ações de uma empresaque aumenta seu capital para colocá-las ao pú-blico em geral, no mercado secundário.

COLÓN. Unidade monetária da Costa Rica.Submúltiplo: cent.

COLÓN SALVADORENHO. Unidade mone-tária de El Salvador. Submúltiplo: centavo.

COLÔNIA CECÍLIA. Comunidade agrícola deinspiração anarquista criada em 1890 no muni-cípio de Palmeira (Paraná). Seu principal fun-dador foi o agrônomo italiano Giovanni Rossi,que conseguiu do imperador dom Pedro II a doa-ção das terras para a organização da colônia. Che-gou a agrupar cerca de trezentas pessoas e existiuaté 1893. A experiência foi narrada por Rossi emQuaderni della Libertà, revista publicada em SãoPaulo em 1932. Veja também Anarquismo.

COLONIAL, Pacto. Veja Pacto Colonial.

COLONIALISMO. Sistema de relações econô-micas, políticas, sociais e culturais que tornamdependente uma sociedade (a colônia) em rela-ção a outra (a metrópole). Pressupõe assim aperda da autonomia de territórios colonizados,sob ocupação militar e totalmente subordinadosà metrópole. Nesse sentido, o colonialismo apre-senta-se como um fenômeno resultante da Re-volução Comercial européia (séculos XV e XVI),que atingiu o apogeu no século XIX, prolongan-do-se até os anos imediatamente posteriores àSegunda Guerra Mundial. Durante esse período,utilizando formas diferentes de dominação, Por-tugal, Espanha, Holanda, Bélgica, Alemanha,França e Inglaterra construíram seus impérioscoloniais. No primeiro momento (séculos XVI eXVII), a expansão colonial correspondeu à ne-cessidade de conquistar fontes fornecedoras deprodutos (metais preciosos, especiarias, açúcare outros produtos tropicais) indispensáveis aocomércio europeu em desenvolvimento. Assimse deu a colonização da América, da Ásia e aprimeira colonização da África. A segunda fasedo colonialismo (segunda metade do século XIX)diz respeito às transformações verificadas noâmbito do modo de produção capitalista. A pro-dução em larga escala levou à exportação decapitais, à conquista de novos mercados consu-midores e ao controle de fontes fornecedoras dematérias-primas: petróleo, borracha, minérios eprodutos tropicais. Deu-se então a nova partilhada África, a penetração na China e a dominaçãoinglesa na Índia — e a hegemonia das metró-poles do capitalismo sobre a vida econômica,política e cultural de países de passado colonialque, depois da independência, continuavamcomo fonte de produtos primários para o mer-cado mundial. Veja também Capitalismo; Co-lonização; Dependência; Imperialismo.

COLONIZAÇÃO. Processo de ocupação efetivae prolongada de determinado território por meiode atividades agrícolas, pastoris, extrativas e co-merciais. Um dos primeiros exemplos históricosde expansão colonizadora foi o das cidades-es-tados gregas, sobretudo Atenas, cujos cidadãosse estabeleceram em outros pontos do mar Egeu,Jônico, Adriático e Mediterrâneo, levando para

COLIGADAS 108

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aqueles locais sua cultura e estrutura social. Mo-dernamente, o conceito de colonização liga-seao sistema de dominação colonialista impostopela Europa a vastas regiões da Ásia, África eAmérica Latina, no decorrer da Revolução Co-mercial (séculos XV e XVI) e da Revolução In-dustrial (séculos XVIII e XIX). Foi no contextoda Revolução Comercial que se desenvolveu acolonização portuguesa no Brasil, com a explo-ração do pau-brasil, a economia açucareira, acotonicultura e a mineração. O processo de co-lonização pode ocorrer nos limites do territóriodo próprio país, levando ao povoamento e à in-corporação econômica de uma região: isso ocor-reu com vastas regiões da União Soviética e doCanadá; no Brasil, processa-se ainda a ocupaçãodo Centro-oeste e da Amazônia. Veja tambémColonialismo.

COLONO. Trabalhador livre, empregado na agri-cultura cafeeira paulista a partir da extinção daescravidão. O colonato foi também a relação deprodução típica no período de implantação dacultura de café no norte do Paraná e marcousua presença na zona rural desses dois Estadosaté a década de 60. A partir de então, os colonosforam sendo substituídos por trabalhadores as-salariados, sobretudo os chamados bóias-frias.O contrato entre o colono e o proprietário docafezal levava em conta, além do trabalho indi-vidual do colono, a força de trabalho de toda afamília, incluindo as crianças. Trabalhador sol-teiro não era aceito como colono. Como paga-mento para cuidar do cafezal — em geral 5 milpés de café —, o colono recebia um pagamentoem dinheiro, casa e um lote de terra, onde plan-tava milho, feijão, arroz, hortaliças e criava ani-mais. Segundo Thomas Holloway, no início doséculo XX cerca de 80% dos ganhos do colonoeram provenientes de rendas não salariais. Istoé, consistiam na remuneração representada pelacasa e pelo que lhe rendiam os gêneros produ-zidos na terra cedida pelo dono do cafezal. Partedessa produção era vendida nas pequenas cida-des do Interior paulista, possibilitando ao colonocerta acumulação. Com esses recursos ele podiaadquirir uma gleba de terra e tornar-se um pe-queno proprietário. Os primeiros contingentesde colonos eram formados de imigrantes euro-peus, sobretudo italianos, que vieram para oBrasil no final do século XIX e início do séculoXX. Formaram o primeiro mercado consumidorpotencial de artigos produzidos no Brasil, con-tribuindo decisivamente para o crescimento dasatividades fabris em São Paulo. Veja tambémCiclo do Café.

COMANDITA, Sociedade em. Veja Sociedadeem Comandita.

COMANDO NUMÉRICO. Processo no qual aatividade de uma máquina ou equipamento érealizada mediante informações de caráter nu-mérico.

COMBINED LEVERAGE EFFECT. Expressãoem inglês que significa alavancagem combinada— financeira e operacional —, que indica o efeitosobre o rendimento por ação de determinadavariação nas vendas.

COMECON — Conselho Econômico de Assis-tência Mútua. Órgão de integração econômicado bloco socialista. Criado em 1949 pela ex-União Soviética, Bulgária, Hungria, Polônia, Ro-mênia e Tchecoslováquia, teve a admissão pos-terior da Albânia (desde 1949 e desligada em1961), Alemanha Oriental (1950), Mongólia(1962), Cuba (1972) e Vietnã (1978). A ex-Iugos-lávia tinha participação parcial desde 1964, e,como observadores, participavam Afeganistão,Angola, Etiópia, Laos, Moçambique e RepúblicaPopular do Iêmen. O objetivo do Comecon eraa integração planificada das economias nacio-nais, associadas segundo os princípios de uma“divisão socialista do trabalho”: cada país-mem-bro iria se especializar num ramo da economia,conforme seus recursos naturais e seu nível tec-nológico. Isso obrigava certos países a renunciara um desenvolvimento mais abrangente, tornan-do-os dependentes da União Soviética em seto-res-chaves como o de bens de capital, o que le-vou a Romênia a insubordinar-se em relação àsdeterminações impostas pela direção do Come-con. Havia dois organismos financeiros ligadosao Comecon: o Banco Internacional para Coo-peração Econômica, fundado em 1963, e o Bancode Investimentos Internacionais, fundado em1970. O Comecon tinha sede em Moscou. Coma extinção da União Soviética, o Comecon foitambém extinto em 1991.

COMERCIALIZAÇÃO. Processo intermediárioentre o produtor e o consumidor. Consiste emcolocar os bens e serviços produzidos à dispo-sição do consumidor, na forma, tempo e localem que ele esteja disposto a adquiri-los. Atual-mente, a comercialização se realiza com a apli-cação das técnicas e dos processos da mercado-logia (ou marketing), que estudam o mercadopara descobrir quais os produtos e serviços queele demanda e em quais quantidades (mediantepesquisas de mercado), e orienta os testes decomercialização (para avaliar a aceitação do pro-duto), assim como as atividades de promoçãoe distribuição. A comercialização deve adequar-se às características do produto e ao mercado aque ele se destina. Alguns tipos de bens, comomáquinas e equipamentos, exigem a venda di-reta do produtor ao consumidor, enquanto osprodutos chamados de consumo de massa de-

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pendem de outro tipo de comercialização. Háprodutos, como os alimentos básicos, cuja co-mercialização é mais simples. A estrutura da co-mercialização sofreu várias mudanças a partirde 1945, modernizando-se, segundo a experiên-cia dos Estados Unidos e de outros países in-dustrializados que desenvolveram o marketing.A venda tornou-se mais direta e impessoal, me-diante o uso do correio (por mala direta), anún-cios em revistas etc., e em massa, com o surgi-mento dos supermercados, grandes lojas de de-partamentos e shopping centers. Veja tambémConsumo; Mercadologia.

COMÉRCIO. Troca de valores ou de produtos,visando ao lucro. Os atos de comércio promo-vem a transferência de mercadorias entre os in-divíduos, deslocando-os de regiões onde sãoabundantes para outras onde não existem emquantidade suficiente para satisfazer o consumo.Além de sua função econômica fundamental, ocomércio estimula a expansão dos meios de co-municação e transporte e o intercâmbio culturalentre as comunidades. Ao cumprir importantefunção social, qual seja a de possibilitar a trocade mercadorias, estimulando em conseqüênciaa produção e o consumo, o comércio torna-semais ou menos necessário de acordo com a di-versificação da estrutura produtiva de uma so-ciedade: quanto mais aprofundada for a divisãodo trabalho social, mais necessária será a funçãomediadora do comércio entre os grupos sociais.O comércio pode ser varejista, quando vendeas mercadorias diretamente ao consumidor, ouatacadista, quando compra do produtor paravender aos varejistas. O comércio atacadista, emgeral mais volumoso e menos diversificado, ad-quire a mercadoria em grandes quantidadespara revendê-la em partidas menores e a preçosmais elevados. Se, por um lado, a presença doatacadista onera o preço a ser pago pelo consu-midor, por outro torna possível que os produ-tores escoem rapidamente o produto sem ter denegociar diretamente e com grande número depequenos e médios varejistas. Em relação ao ata-cadista, o varejista dispõe de maior flexibilidadepara decidir quanto à dimensão do estabeleci-mento, volume das transações, diversificaçãodos produtos e práticas de atendimento. Desdeseu início, o comércio está ligado ao desenvol-vimento das técnicas de transporte e comunica-ções. A primeira forma de comércio de grandedistância foi a caravana, envolvendo a transaçãode produtos simples como tecidos, corantes eobjetos de metal e de cerâmica, entre as cidadese aldeias do Egito e da Mesopotâmia. As cara-vanas eram agrupamentos de mercadores quepercorriam juntos as rotas nos desertos, tendoos oásis como entrepostos. Mais tarde, com odesenvolvimento do comércio marítimo pelos

fenícios, foram alcançadas maiores distâncias ediversificaram-se as mercadorias. Até o séculoVIII a.C., quando os gregos introduziram a moe-da nas relações de troca, o comércio era feitomediante o escambo, isto é, com a simples trocade uma mercadoria por outra. A introdução damoeda ampliou consideravelmente a circulaçãodos bens. Desde a Antiguidade até o início daIdade Moderna, os artigos de luxo e ornamen-tação constituíam a maior parte dos bens co-merciáveis. No fim do século XVIII, quandoocorreu a Revolução Industrial na Inglaterra, asatividades comerciais passaram a envolver emmaior escala mercadorias destinadas ao consu-mo das populações e matérias-primas para asindústrias. Ao mesmo tempo, o interior dos con-tinentes foi aberto ao comércio pela construçãode ferrovias. No século XX, o desenvolvimentotecnológico permitiu grande expansão e aprimo-ramento extremo dos mecanismos de distribui-ção comercial. A estrutura de comercializaçãopassou a abranger todo tipo de mercadoria, eforam criados grandes centros comerciais dis-tribuidores (shopping centers). Nas sociedades de-senvolvidas, o comércio é hoje uma atividadepreponderante, que absorve grandes parcelas dapopulação economicamente ativa e contribui demodo significativo para o produto nacional. Nasregiões mais desenvolvidas do Brasil, como oEstado de São Paulo, onde o nível de urbaniza-ção e os mercados são maiores, a participaçãoé ainda mais acentuada, chegando a absorvermais de 10% da força de trabalho local. Vejatambém Comercialização; Consumo; Distribui-ção; Escambo; Mercadologia; Moeda; Venda.

COMÉRCIO A VAREJO. Veja Varejo.

COMÉRCIO ATACADISTA. Veja Atacado.

COMÉRCIO BILATERAL. Veja Bilateralismo.

COMÉRCIO INTERNACIONAL. Intercâmbiode bens e serviços entre países, resultante desuas especializações na divisão internacional dotrabalho. Seu desenvolvimento depende basica-mente do nível dos termos de intercâmbio (ourelações de troca), que se obtém comparando opoder aquisitivo de dois países que mantenhamcomércio entre si. Quando um país precisa ex-portar maior quantidade de determinada mer-cadoria para importar a mesma quantidade debens, diz-se que há uma deterioração de suasrelações de troca. O comércio internacional teveum primeiro grande impulso com a utilizaçãoda via marítima pelos fenícios. Na Antiguidade,sucederam-se como centros do comércio mun-dial as cidades de Tiro e Sídon, sob predomíniofenício, Atenas, sob o grego, e Alexandria, noperíodo helenístico. Sob o Império Romano, abase econômica era a troca de produtos entreas regiões banhadas pelo Mediterrâneo. Com a

COMÉRCIO 110

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decadência romana e as invasões bárbaras re-duzindo o volume do comércio na península Itá-lica, o centro comercial se transfere gradativa-mente para o Mediterrâneo oriental, que se cons-titui em entreposto de ligação entre a Europa ea Ásia. Na época das Cruzadas, os empóriosbizantinos perdem a supremacia para os novoscentros comerciais de Veneza e Gênova, enquan-to algumas cidades da Alemanha e dos PaísesBaixos se organizam formando a Liga Hanseá-tica, que procura obter franquias em outros paí-ses para a colocação de suas mercadorias. Quan-do a queda de Constantinopla nas mãos do Im-pério Otomano (1453) interrompe as correntescomerciais entre a Europa e a Ásia, novas rotasmarítimas são descobertas e utilizadas pelos eu-ropeus. Nessa tarefa, Portugal e Espanha des-cobrem novas terras e os produtos tropicais daAmérica engrossam o tráfico mundial de mer-cadorias. O comércio sai do Mediterrâneo paraos oceanos: os grandes descobrimentos maríti-mos completavam o quadro iniciado com o apa-recimento dos Estados Nacionais na Europa,configurando um comércio realmente interna-cional. Desde que se traçaram fronteiras entreas nações, criaram-se barreiras ao fluxo de mer-cadorias, que passa a ser fiscalizado e regula-mentado segundo políticas comerciais próprias.A primeira doutrina a definir uma política co-mercial para os Estados Nacionais foi o mercan-tilismo, que prevaleceu na Europa do início doséculo XVI ao final do XVIII. Essa doutrina de-fendia, como objetivo primordial da política na-cional, o máximo afluxo de ouro e prata ao país,pois sua retenção seria o meio mais adequadode acumular riqueza. Para isso, praticava-seuma política comercial que estimulasse as ex-portações e restringisse as importações, de modoa garantir o maior saldo favorável possível nabalança comercial. Daí a tendência dos paísesmais adiantados a importar somente o essencial,numa tentativa de auto-suficiência, e a mono-polizar certos fluxos de mercadorias para au-mentar as exportações. Esse monopólio era man-tido à força e subordinava totalmente os inte-resses das colônias aos da metrópole, que mo-nopolizava o comércio exterior de suas depen-dências. Com o início da Revolução Industrial,no fim do século XVIII, a Inglaterra, encontran-do-se numa situação em que suas mercadoriaspodiam competir vantajosamente com as de-mais, passou a opor ao mercantilismo o livre-cambismo. Essa doutrina, que num contexto li-beral mais amplo preconiza o mínimo de inter-ferência governamental, nega sentido econômi-co às fronteiras nacionais e propõe ampla liber-dade de comércio. Tal liberdade propiciaria aespecialização internacional e facilitaria o desen-volvimento da concorrência, permitindo a am-pliação dos mercados. Largamente difundido noséculo XIX, o livre-cambismo foi desde o início

denunciado como conveniente apenas às naçõesindustrializadas, pois na prática impedia que osoutros países se industrializassem. Em contra-posição, formulou-se a doutrina do protecionis-mo, preconizando barreiras alfandegárias contraa importação de mercadorias que competissemcom as indústrias passíveis de serem desenvol-vidas no país. O protecionismo foi posto em prá-tica em primeiro lugar pelos Estados Unidos epela Alemanha, que disputavam os mercadosde produtos industriais com a Grã-Bretanha,sendo seguidos, gradualmente, pela maioria dospaíses. A acirrada disputa de mercados culmi-nou com a Primeira Guerra Mundial, durantea qual se desorganizou o comércio internacionalcom o bloqueio das linhas industriais de nume-rosos países produtores de matérias-primas. Es-tes aproveitaram a oportunidade para se indus-trializar. A desorientação do comércio interna-cional persistiu durante o período que se seguiuao conflito, predominando uma acentuada ten-dência ao controle governamental das ativida-des mercantis. As tentativas de restaurar as li-berdades comerciais de antes da guerra fracas-saram com a crise de 1929. A disseminação daindústria em diversos países da Europa e noJapão, constituindo ameaça ao monopólio mun-dial exercido pelas grandes potências, causounova retração das atividades comerciais. Nessecontexto, eclodiu a Segunda Guerra Mundial,de que resultou nova redistribuição dos merca-dos entre os países vitoriosos. Após a guerra,numa tentativa de desobstruir as vias de inter-câmbio comercial, concluiu-se em Genebra oAcordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT).Os países-membros negociam periodicamenteacordos de redução mútua das barreiras tarifá-rias. Embora o efeito geral dessas reduções possaser interpretado como uma volta ao livre-cam-bismo, na verdade a expansão do comércio in-ternacional tem ocorrido sob cuidadoso controledos governos. São numerosos os acordos inter-nacionais de mercadorias, buscando conciliar osinteresses dos países compradores e vendedorespara evitar as bruscas oscilações de preços. Ou-tro incremento ao comércio internacional temsido a constituição dos blocos de países (comoo Mercado Comum Europeu — MCE) integran-do seus mercados e, às vezes, suas economias.Desde meados da década de 70, com a crise eco-nômica internacional evidenciada pelo grandeaumento nos preços do petróleo, surgiu umnovo surto de protecionismo, embora, formal-mente, se conservassem os princípios da liber-dade de comércio. Veja também Custos Com-parativos; Exportação; GATT; Importação; Tro-ca, Relações de.

COMÉRCIO MUDO. Forma primitiva de trocarealizada sem a intervenção de negociações orais

111 COMÉRCIO MUDO

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e pela avaliação silenciosa que cada um faz doproduto pertencente ao outro.

COMÉRCIO MULTILATERAL. Veja Multila-teralismo.

COMISSÃO. Porcentagem do valor de umatransação comercial, paga sempre que há umintermediário, a título de honorários por seusserviços. Está presente em todas as negociaçõesrealizadas em Bolsas de Valores e de Mercado-rias e nas negociações imobiliárias que envol-vem corretores. Por isso, recebe também o nomede corretagem.

COMISSÃO DE FÁBRICA. Forma de organi-zação dos trabalhadores que reúne represen-tantes dos funcionários de uma mesma empresa.Sua atuação desenvolve-se em torno das reivin-dicações concretas surgidas no local de trabalho:aumento de salários, melhoria das condições detrabalho, fixação da jornada de trabalho, con-tratação e dispensa de empregados, alimentação,transporte e outras. As comissões de fábrica sur-giram na Europa no século XIX. Reprimidas naépoca, atualmente constituem um importantemecanismo das relações trabalhistas nos paíseseuropeus. No Brasil, as primeiras comissões defábrica surgiram após 1945, mas foi a partir dasgreves operárias de 1978 que elas começaram aser vistas nos meios sindicais e em certos setoresdo empresariado como instrumento básico dasreivindicações dos trabalhadores e passaram aser implantadas em várias empresas.

COMISSÃO DE PLANEJAMENTO ECONÔ-MICO. Comissão idealizada por Eugênio Gudinem 1944 para contrabalançar as propostas doConselho Nacional de Política Industrial e Co-mercial, liderado por Roberto Simonsen, e parapreparar a economia para os tempos de paz.Com a deposição de Getúlio Vargas no ano se-guinte, a Comissão foi extinta, embora o planoferroviário que preparou tenha sido adotado em1946 e reformulado no Plano Salte.

COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRI-CA LATINA. Veja Cepal.

COMISSÃO MISTA BRASIL-EUA. Organis-mo criado em 1950 e instalado em 1951, tinhapor objetivo estudar os problemas básicos daeconomia brasileira e propor projetos para o de-senvolvimento do país, cujo financiamento seriarealizado por bancos dos Estados Unidos. Aprioridade seria dada aos setores de energia,transporte e agricultura, considerados pontoscríticos para o desenvolvimento econômico dopaís. Participaram da comissão Roberto de Oli-veira Campos, Ari Torres, Glycon de Paiva, Lu-cas Lopes, Valentim Rebouças e José Soares Ma-

ciel Filho. Todos esses técnicos foram transferi-dos para o BNDE (criado em 1952) com a dis-solução da Comissão Mista em 1953.

COMISSÃO NACIONAL DE POLÍTICA AGRÁ-RIA. Criado em 1951 e instalado no ano seguin-te, este organismo surgiu num momento do go-verno Getúlio Vargas em que as questões eco-nômicas (abastecimento de alimentos, produti-vidade) coincidiam com as sociais e políticas (re-forma agrária, extensão da previdência e de po-líticas salariais ao homem do campo, coopera-tivismo, regulamentação das relações de traba-lho etc.). Embora as propostas dessa comissãotenham sido bloqueadas pelos proprietários ru-rais, o grupo de técnicos que se envolveu comesses problemas reuniu informações e interpre-tações que contribuíram para o conhecimentoda realidade agrária brasileira. Dela fizeram par-te Luís Simões Lopes, Josué de Castro, AntônioArruda Câmara, José Arthur Rios, Carlos Me-deiros da Silva, Hermes Lima, Raul Cardoso deMelo Filho, Rui Miller Paiva e outros.

COMMERCIAL PAPERS. Expressão em inglêsque significa títulos que servem para a realiza-ção de empréstimos entre empresas mediadaspor um banco. Isto é, são títulos de crédito emi-tidos por uma empresa, representativos de suadívida perante o credor, utilizados para a cap-tação de recursos. São usados no Brasil para su-perar os obstáculos impostos pelas autoridadesmonetárias à concessão de crédito pelos bancosao setor privado da economia. Veja tambémNota Promissória.

COMMITMENT FEE. Expressão em inglês quesignifica a taxa anual cobrada por bancos em-prestadores a título de reserva, sempre que osrecursos liberados e postos à disposição do to-mador não são levantados ou utilizados dentrode determinado prazo ou condições. Geralmen-te, esses empréstimos e/ou financiamentos sãoos que requerem uma contrapartida do tomador,e este não dispõe desta contrapartida em tempohábil. Em geral, são empréstimos feitos por ban-cos oficiais internacionais ao setor público, sejada administração direta, seja da indireta, comotem acontecido no Brasil com os empréstimosdo Banco Mundial à União, ou aos Estados. De-pendendo do montante dos recursos liberados,o commitment fee pode alcançar níveis muito ex-pressivos, isto é, o tomador paga multa por nãoter utilizado o empréstimo, como é o caso dosDireitos Especiais de Saque (DES) ou da Euro-pean Currency Unit (ECU). Veja também DES;ECU; Moeda Escritural.

COMMODITIES. Veja Commodity.

COMMODITY (Commodities). O termo signifi-ca literalmente “mercadoria” em inglês. Nas re-

COMÉRCIO MULTILATERAL 112

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lações comerciais internacionais, o termo desig-na um tipo particular de mercadoria em estadobruto ou produto primário de importância co-mercial, como é o caso do café, do chá, da lã,do algodão, da juta, do estanho, do cobre etc.Alguns centros se notabilizaram como impor-tantes mercados desse produtos (commodity ex-change). Londres, pela tradição colonial e comer-cial britânica, é um dos mais antigos centros decompra e venda de commodities, grande partedas quais nem sequer passa por seu porto. Vejatambém Mercado de Commodities.

COMPAGNIE DE LA LOUISIANE ET DEL’OCCIDENT. Veja Mississippi Bubble.

COMPANHIA. Veja Sociedade Anônima.

COMPANHIA DE INVESTIMENTO. Empre-sa comercial constituída com a finalidade de in-vestir principalmente na compra de participa-ções em outras empresas, sem procurar conse-guir o controle delas. Em geral, são sociedadesanônimas que procuram atrair capital com avenda de suas ações ao público. Apesar do re-lativo risco, e por isso mesmo, oferecem boa ren-tabilidade.

COMPANHIA DO MISSISSÍPI. Veja Missis-sippi Bubble.

COMPANHIA GERAL DO COMÉRCIO DOBRASIL. Organização comercial e militar da Co-roa portuguesa, criada em 10/12/1949. Operavafrotas de guerra para proteger os navios portu-gueses dos ataques da marinha holandesa. De-tinha também o monopólio da exportação dopau-brasil e do comércio de azeite, farinha detrigo, bacalhau e vinho trazidos para a colônia.Responsável pela recuperação do comércio entreBrasil e Portugal, prejudicado pela presença ho-landesa no Nordeste brasileiro, tornou-se afinaldeficitária e foi extinta em 1720.

COMPANHIA GERAL DO GRÃO-PARÁ EMARANHÃO. Instituição do comércio ultrama-rino português criada em junho de 1755 por ini-ciativa do marquês de Pombal. Teve influênciadecisiva na valorização da economia do Nortedo Brasil, onde introduziu a mão-de-obra escra-va, vendendo 26 mil africanos a juros baixos e,depois, sem juros. Financiou o cultivo de arrozbranco e a comercialização das chamadas “dro-gas do sertão” (cacau, cravo, baunilha etc.). De-tinha o monopólio comercial dos produtos dametrópole (vinhos, manteiga, azeite etc.), sendopor isso muito combatida pelos comerciantes dacolônia. Foi dissolvida por dona Maria I, em 1777,ao terminar seu prazo legal de funcionamento.

COMPANHIA HOLANDESA DAS ÍNDIASOCIDENTAIS. Sociedade por ações formadaem 1621 com capitais de mercadores e apoiadapelo governo das Províncias Unidas dos PaísesBaixos (Holanda). Tinha o monopólio do comér-cio holandês com as Américas e a África, alémda prerrogativa de conquistar territórios e ad-ministrá-los. Foi a serviço dessa companhia queos holandeses ocuparam o Nordeste brasileirona primeira metade do século XVII. Sob suaorientação também se estabeleceram colônias naAmérica do Norte, nas Antilhas e na África, de-pois perdidas para Portugal, Espanha e Ingla-terra. Dedicada desde 1675 ao tráfico de escra-vos, a companhia foi extinta em 1794, depoisde ser encampada pelo governo holandês.

COMPANHIA HOLANDESA DAS ÍNDIASORIENTAIS. Sociedade por ações fundada em1602 por um grupo de banqueiros e mercadoresholandeses com o apoio do governo. Monopo-lizava o comércio com o Oriente, conquistavaterritórios e administrava-os em nome do go-verno holandês. Expulsou os portugueses de vá-rios pontos da Ásia, dominando praticamentetoda a Indonésia, as ilhas Molucas e o Ceilão,de onde levava para a Europa cravo, canela, noz-moscada, chá, café, metais e tecidos. Teve grandeprosperidade até meados do século XVIII, quan-do os dividendos pagos aos acionistas chegavama 50%. Entrou em decadência a partir de 1750devido à concorrência de outras nações na ex-pansão colonial, e foi extinta em 1798.

COMPANHIAS DAS ÍNDIAS ORIENTAIS.Companhias comerciais de capital privado, apoi-adas por governos europeus do século XVII evoltadas para a comercialização monopolistados produtos trazidos do Oriente (Índia, Indo-nésia, Molucas, Ceilão, China) após a descobertada rota marítima para as Índias por Vasco daGama. As companhias mais importantes forama inglesa e a holandesa, mas todas competiampara a obtenção da hegemonia comercial da re-gião e a conquista de territórios para a implan-tação de colônias. A Companhia Inglesa das Ín-dias Orientais (1600-1858) dominou o comérciocom a Índia, além de controlar a quase totali-dade do território indiano. William Pitt restrin-giu seu poder em 1784, e, em 1858, suas prer-rogativas foram transferidas à Coroa inglesa.

COMPANHIAS DE COMÉRCIO. Instituiçõestípicas do período mercantilista, criadas por co-merciantes e governos europeus para controlee incremento das relações comerciais entre a me-trópole e as colônias, ou ainda para a conquistae administração de territórios coloniais. Organi-zadas com objetivos monopolistas, constituíamuma versão atualizada das antigas associaçõesde mercadores medievais, como a Liga Hanseá-

113 COMPANHIAS DE COMÉRCIO

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tica, e recebiam dos monarcas europeus o pri-vilégio de exclusividade comercial com deter-minada região colonial, o direito de administrá-la e até mesmo de cobrar impostos. (Por isso,também ficaram conhecidas como “companhiasprivilegiadas”.) Suas características variavam deacordo com o país de origem: em Portugal, aCompanhia Geral do Comércio do Brasil (1649)teve o objetivo de defender o território coloniale a frota comercial portuguesa contra piratasfranceses, ingleses e holandeses. De forma di-versa e para fins diferentes foram criadas ascompanhias Inglesa, Francesa e Holandesa dasÍndias Orientais e Ocidentais. No Brasil colonial,a primeira sociedade comercial portuguesa foia Companhia Geral do Comércio do Brasil(1649), inspirada pelo padre Antônio Vieira, con-selheiro de dom João IV. Tinha o monopóliosobre o vinho, o azeite, a farinha, o bacalhau ea venda do pau-brasil, e podia proibir a fabri-cação de produtos que concorressem com os dametrópole. Além dela, foram criadas a Compa-nhia Geral do Grão-Pará e Maranhão (1755) e aCompanhia Geral de Pernambuco e Paraíba(1759), voltadas para o controle do comércio re-gional com Lisboa. As companhias privilegia-das, em escala mundial, desapareceram defi-nitivamente no século XIX, com o desenvolvi-mento do capitalismo industrial, interessadoem expandir a produção e penetrar em todosos mercados.

COMPENSAÇÃO. Em microeconomia, ajustede contas entre duas pessoas ou empresas quesejam reciprocamente credoras e devedoras, me-diante a apuração das diferenças. As contas decompensação são registros de direitos e obriga-ções contingentes ou condicionais; por seu ca-ráter transitório e/ou hipotético, aparecem noativo e no passivo dos balanços em partidas do-bradas, que têm origem simultânea, e são eli-minadas da mesma forma.

COMPETIÇÃO. Veja Concorrência.

COMPLEXITY THEORY. Veja Teoria da Com-plexidade.

COMPLEXO INDUSTRIAL MILITAR. Expres-são cunhada pelo ex-presidente dos EstadosUnidos D. Eisenhower, para designar a íntimaassociação que existia entre as empresas produ-toras de material bélico, os altos comandos mi-litares e líderes políticos norte-americanos. Ocomplexo industrial militar representava, na de-núncia feita por Eisenhower, o conjunto das for-ças sociais e políticas que detinham a hegemoniada sociedade norte-americana, influenciando de-cisivamente os rumos de sua vida política, eco-nômica e as relações com o exterior, sobretudocom a União Soviética. Para muitos analistas que

assumem posição crítica em relação ao complexoindustrial militar, esse sistema articula-se nosentido de impulsionar cada vez mais “a eco-nomia armamentista permanente”. Além do as-pecto puramente político — segurança nacional—, a corrida armamentista não corresponde ape-nas aos interesses das companhias produtorasde armamentos, mas representa, em certa me-dida, uma saída para as crises cíclicas inerentesà economia capitalista. É uma tese polêmica epreocupou sobretudo teóricos marxistas, deRosa Luxemburgo a Ernest Mandel.

COMPORTAMENTO. Em termos econômicos,o modo como as pessoas procuram obter o bem-estar material individual e coletivo. O homemeconômico procuraria reunir os recursos sob seucontrole com o mínimo de esforço e redistribuí-los de um modo que proporcionasse o máximode satisfação, individual ou coletiva. A partirdesse ponto de vista, o comportamento econô-mico consistiria no exercício da escolha entrevários bens e nas respectivas despesas que im-plicam sua aquisição. O equilíbrio seria alcan-çado quando o indivíduo não encontrasse meiosde mudar seu gasto entre um bem ou outro quesignificasse uma melhoria em seu bem-estar ma-terial. Em contraposição ao racionalismo doseconomistas clássicos e sua abstração de “ho-mem econômico”, surgiu uma corrente econô-mica behaviorista que argumenta que os fenô-menos econômicos devem ser interpretados eestudados como fenômenos de comportamento.Assim, para os behavioristas como Mitchell, aeconomia deve deixar de “ser um sistema delógica pecuniária, um estudo mecânico dos equi-líbrios estáticos em situações inexistentes, paratornar-se uma ciência da conduta humana”. Oscríticos da corrente behaviorista sustentam que,querendo tratar a economia com métodos e prin-cípios da biologia e da psicologia, ela acaboureduzindo o indivíduo e seu comportamentoeconômico a um feixe passivo que apenas rea-giria aos estímulos do mundo exterior.

COMPOSIÇÃO ORGÂNICA DO CAPITAL.Conceito formulado por Karl Marx ao analisaro processo de produção capitalista. Consiste narelação entre o valor do capital constante e docapital variável, cujas variações se fazem sentirna modificação da taxa de lucro. A composiçãoorgânica do capital resulta da relação de pro-porcionalidade existente entre o capital constan-te (c) e o capital variável (v), expressa na fórmulaCoc = c/ c+v. Ela será tanto mais elevada quantomaior for a parcela de capital constante em re-lação à parcela de capital variável. Se o capitalvariável aumentar, mas o capital constante apre-sentar um crescimento mais intenso (o que nor-malmente acontece), ocorrerá uma elevação dacomposição orgânica do capital, com efeitos na

COMPENSAÇÃO 114

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taxa de lucro. No mundo atual, a tendência dasempresas capitalistas orienta-se no sentido deelevar a composição orgânica do capital, commaior utilização de maquinarias e utensílios eum consumo maior de matérias-primas (elemen-tos que compõem o capital constante); em con-trapartida, vem ocorrendo uma queda relativano volume de mão-de-obra utilizada (capital va-riável). Para compreender a relação da compo-sição orgânica do capital com a taxa de lucro,devem ser consideradas a rotação de capital ea taxa de mais-valia. Tendo isso em vista, pode-se afirmar que quanto mais alta for a composiçãoorgânica do capital, menor será a taxa de lucro,e quanto mais alta for a mais-valia e mais intensaa rotação do capital, maior será a taxa de lucro.Assim, pode-se dizer que a taxa de lucro variana razão direta da taxa de mais-valia e da ro-tação do capital, e na razão inversa da compo-sição orgânica do capital. Veja também Mais-valia; Rotação do Capital.

COMPOSITE COMMODITY THEOREM. VejaTeorema da Mercadoria Composta.

COMPUTADOR. Aparelho eletrônico dotadode esquemas lógicos de raciocínio e memória,capaz de efetuar milhões de operações por se-gundo, utilizado nos mais variados campos daciência, da técnica e da administração. O pri-meiro computador eletrônico, que usava válvu-las eletrônicas em substituição aos relés eletro-mecânicos, mais lentos, foi o Electronic Nume-rical Integrator and Calculator (Eniac), que con-tinha 18 mil válvulas e foi construído nos Esta-dos Unidos entre 1944 e 1946. A introdução detransistores e circuitos integrados reduziu con-sideravelmente o tamanho dos aparelhos, pos-sibilitando sua aplicação nos projetos espaciais.Computadores analógicos servem para medir ecomparar grandezas; os digitais, por sua vez, sãoutilizados para contar. Possuem seis partes prin-cipais: unidade de entrada, unidade central deprocessamento, milhares de registros de memó-ria (que armazenam as informações), unidadearitmética e lógica (em que as operações são rea-lizadas no sistema binário), unidade de controlee unidade de saída. Os dados codificados per-correm os circuitos eletrônicos e chegam à uni-dade de saída, onde são traduzidos para a lin-guagem usual pelos compiladores. Esses empre-gam diversos sistemas, entre os quais o FormulaTranslation (Fortran), em programações de ca-ráter científico, e o Common Business OrientedLanguage (Cobol), no processamento comercial.

COMTE, Auguste (1798-1857). Pensador fran-cês, fundador do positivismo e um dos criadoresda sociologia científica. Foi secretário do filósofofrancês Saint-Simon (1760-1825) e desenvolveua Lei dos Três Estados, segundo a qual o co-

nhecimento do homem passaria por três estados:o teológico ou fictício, o metafísico ou abstratoe, por último, o científico ou positivo. Com opositivismo, Comte tenta encontrar leis invariá-veis do social e combate o negativismo dos ilu-ministas, que, segundo ele, estimulavam a re-volução e a desordem social. A sociologia deComte tenta unir dois elementos antagônicos narealidade da época: a ordem e o progresso. As-sim, caberia ao sociólogo, como cientista, proporsoluções que dessem conta da harmonia social(ordem) e de sua dinâmica (progresso), preco-nizando um desenvolvimento ordenado da so-ciedade. Em sua obra, a sociedade supera o in-divíduo, as instituições surgem como um todoharmonioso sem elementos contraditórios e asmudanças decorreriam dos estudos dos cientis-tas, que desprezariam as opiniões leigas. Escre-veu Curso de Filosofia Positiva (1830), Discurso so-bre o Espírito Positivo (1844) e Sistema de PolíticaPositiva (1851-1854).

COMUNA. Comunidade de caráter igualitário,criada com objetivos econômicos e políticos. Acomuna popular é a unidade econômico-admi-nistrativa característica da zona rural chinesa.A organização comunal na China processou-sea partir de 1958 como meio de promover a co-letivização da agricultura. A comuna é proprie-tária dos meios de produção (terra e instrumen-tos de trabalho) e tem a seu cargo o governolocal, a organização da produção, do abasteci-mento e dos serviços de educação e saúde. NaIdade Média européia, comunas eram as cidadesautônomas, particularmente na Itália e em Flan-dres. Eram governadas por mercadores ricos eestavam voltadas para a defesa dos seus habi-tantes (comerciantes e artesãos). A autonomiadas comunas decorreu de freqüentes revoltas deseus habitantes contra o senhor da cidade (bispoou barão), e também da compra desse direito,por meio de vultosas quantias. O termo “comu-na” também designa os governos revolucioná-rios que se instalaram na França durante a re-volução de 1789 e 1871 (a Comuna de Paris).Nesta última, as massas parisienses, influencia-das por ideais socialistas, sublevaram-se contrao governo conservador em decorrência da der-rota sofrida pela França na guerra com a Prússia.

COMUNICAÇÃO. Do ponto de vista de orga-nização de empresas, a comunicação é o fenô-meno pelo qual um emissor (empresa) influen-cia ou esclarece um receptor (público) e vice-versa. Além desses dois elementos — emissore receptor —, a comunicação conta ainda comalguns outros elementos básicos: mensagem, có-digo e veículo. Em uma empresa, destacam-sedois tipos de comunicação: interna, responsávelpelas informações necessárias ao funcionamentoda empresa; externa, que permite o relaciona-

115 COMUNICAÇÃO

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mento entre empresa e sociedade e a integraçãoda empresa nessa sociedade. A comunicação ex-terna é composta por dois sistemas: um sistemapara fora, que fornece ao meio exterior informa-ções sobre a empresa, e um sistema de informações(ou inteligência), que fornece à empresa infor-mações sobre o exterior. No primeiro caso, alémdo relacionamento com fornecedores de produ-tos e serviços, inclui-se todo o complexo pro-mocional da empresa. No segundo, são utiliza-das as técnicas de pesquisa de mercado e deopinião para sondar as necessidades do mercadoquanto a produtos e serviços ou para saber quala receptividade dos produtos e serviços que jáestão sendo oferecidos. Nesse sistema incluem-se ainda as informações referentes à situação, àatividade e aos planos de concorrentes, forne-cedores e clientes.

COMUNICAÇÃO HORIZONTAL. É a comu-nicação que se processa entre duas pessoas per-tencentes a um mesmo nível hierárquico dentrode uma organização.

COMUNIDADE. Agrupamento humano cujosparticipantes possuem interesses comuns e estãoefetivamente identificados entre si. É oposta, ge-ralmente, à idéia de sociedade, na medida emque lhe são atribuídas as características de ho-mogeneidade, afetividade e consenso, enquantoà sociedade são atribuídas as propriedades deheterogeneidade, interdependência e racionali-dade, além de luta e hostilidade. O sociólogoalemão Ferdinand Tönnies, em sua obra Ge-meinschaft und Gesellschaft (Comunidade e Socie-dade), 1887, estabelece uma tipologia segundoa qual a comunidade seria o agrupamento hu-mano onde predominassem a economia domés-tica e a organização social fundada nas relaçõesde parentesco e no prestígio. Veja também So-ciedade.

COMUNIDADE ECONÔMICA EUROPÉIA.Veja Mercado Comum Europeu — MCE.

COMUNIDADE EUROPÉIA. Denominação não-oficial dada ao conjunto da Comunidade Eco-nômica Européia do Carvão e do Aço, Comu-nidade Européia de Energia Atômica e MercadoComum Europeu. As três organizações, que játinham algumas instituições em comum, só seuniram oficialmente em 1967, quando seus di-rigentes passaram a compor a comissão das co-munidades européias, que cuida da implementa-ção dos acordos. Em junho de 1977, foi instituídaainda a corte dos auditores das comunidades eu-ropéias. Da administração conjunta das comuni-dades européias fazem parte ainda o Conselhode Ministros (um de cada país-membro), que éórgão decisório máximo, e o Parlamento Europeu,

que controla os orçamentos das três comunida-des. Veja também Tratado de Maastricht.

COMUNISMO. Doutrina que defende a aboli-ção da propriedade privada dos meios de pro-dução, a distribuição igualitária dos bens pro-duzidos pela sociedade e que a organização dariqueza social seja feita pela própria comunidadede produtores. Propõe ainda a extinção do Es-tado, o autogoverno da coletividade e o fim dasclasses sociais. As primeiras formas de organi-zação humana são classificadas como modali-dades de comunismo primitivo. Nelas não haviadiferenciação social e a existência do grupo ba-seava-se na cooperação entre todos os indiví-duos, que gozavam dos mesmos direitos e de-veres. Não havendo Estado ou hierarquia socialrígida, essas organizações sociais sustentavam-se não na sujeição de alguns indivíduos a outros,mas na responsabilidade de todos perante a co-munidade. No pensamento social moderno, ocomunismo apresenta-se como sistema econô-mico a ser implantado em lugar do capitalismo,a partir da destruição deste por uma revoluçãosocial conduzida pelos trabalhadores. Idéias co-munistas, no entanto, já aparecem na Antigui-dade. Na obra A República, Platão descreve umasociedade ideal cuja camada dirigente obedecea normas comunitárias de vida, embora o mes-mo não ocorra com as camadas inferiores e osescravos. Na Idade Média, as heresias que sepropagavam entre alguns setores do baixo cleroe entre os camponeses estavam comumente im-pregnadas de aspirações igualitárias. A partirdo Renascimento, com as mudanças trazidaspela desagregação da economia do feudalismoe pela Revolução Comercial, alguns autoresidealizaram sociedades comunistas, como asdescritas nas obras Utopia, de Thomas Morus,e A Cidade do Sol, de Tommaso Campanella. Coma consolidação do modo de produção capitalista,no decorrer da Revolução Industrial, o sonhode uma sociedade comunista tornou-se mais fre-qüente. As condições desumanas de vida a quefoi lançado o nascente proletariado geraram se-veras condenações à propriedade capitalista, re-voltas operárias e propostas de reforma social.Robert Owen, na segunda década do século XIX,propôs aos trabalhadores e artesãos ingleses acriação de uma sociedade alternativa baseadanas cooperativas industriais e agrícolas. À me-dida que o capitalismo se impunha, cresciam asassociações secretas, seitas e sindicatos, que seinsurgiam contra as novas relações de produção.Na França, as idéias reformadoras de CharlesFourier e Saint-Simon tiveram grande repercus-são entre os trabalhadores. Ambos, ao lado deRobert Owen, seriam mais tarde chamados porMarx de socialistas utópicos, pois pretendiamresolver os problemas dos trabalhadores sem in-

COMUNICAÇÃO HORIZONTAL 116

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tervir diretamente nas relações entre as classes,isto é, sem procurar desenvolver o antagonismoentre a burguesia e o proletariado. Manifesta-ções e revoltas operárias eclodiram na Inglaterra(o movimento cartista), na França (rebeliões emLyon e Paris) e na Alemanha, em toda a primeirametade do século XIX. Na França, até os acon-tecimentos da Comuna de Paris (1871), o movi-mento insurrecional de tendência comunista es-teve ligado basicamente às idéias de AugusteBlanqui, partidário dos métodos conspirativosde François Babeuf (Gracchus). Novas aborda-gens da questão social na sociedade capitalistasurgiram a partir de 1848, após os levantes ope-rários na França e na Alemanha. Então, as idéiasdos socialistas utópicos perdiam influência eduas tendências passavam a disputar a hege-monia dos movimentos comunista e operário:os partidários de Karl Marx e Friedrich Engels(fundadores do socialismo científico) e os par-tidários de Joseph Proudhon, um dos pioneirosdo anarquismo. Em seu Manifesto Comunista(1848), Marx e Engels submeteram a uma críticarigorosa as relações sociais capitalistas e susten-taram que, intensificando a luta de classes, ostrabalhadores poderiam destruir a dominaçãoda burguesia e construir a sociedade comunista.Para eles, ao desenvolver enormemente as forçasprodutivas nos mercados nacionais e interna-cionais e ao concentrar cada vez mais a riquezasocial, o capitalismo criava as condições de suaprópria superação. Por isso, ambos se insurgiamcontra as propostas dos socialistas utópicos eafirmavam que a libertação dos trabalhadoresdeveria ser obra dos próprios trabalhadores.Derrotando pela força a burguesia e apossan-do-se do poder do Estado, os operários expro-priariam os capitalistas e coletivizariam todosos meios de produção e de distribuição de bens.Os dois pensadores pouco se detiveram sobreas características e as formas de organização dafutura sociedade da abundância, onde o trabalhodeixaria de ser um sacrifício na qualidade detrabalho alienado e iria se tornar um prazer paratodos os membros da sociedade, porque seriaum trabalho livre e consciente. Ao mesmo tem-po, cada pessoa receberia da sociedade o sufi-ciente para satisfazer suas necessidades físicase culturais. Com o desaparecimento das classessociais, o Estado perderia suas funções, que se-riam gradativamente absorvidas pela sociedadecivil. O desaparecimento do Estado era tambémuma tese central dos anarquistas, principais ad-versários de Marx. Representados por Proudhone posteriormente por Bakunin, os anarquistassustentavam que a extinção do Estado e das clas-ses sociais deveria ser imediata (isto é, não seriaum processo gradativo), e a autogestão econô-mica e política, a prioridade do movimento an-ticapitalista. Por isso, preferiam ser considera-

dos libertários e não comunistas. As divergên-cias entre anarquistas e marxistas desenrolaram-se ao longo de toda a I Internacional. A partirde 1880, sobretudo, os termos “comunista” e“socialista” ficaram ligados fundamentalmenteaos seguidores de Marx. Com a vitória da Re-volução Russa de 1917, o movimento comunistaexpandiu-se por todo o mundo, sendo fundadospartidos comunistas em dezenas de países.Aglutinados em torno da Internacional Comu-nista, sediada em Moscou, esses partidos em-preenderam movimentos insurrecionais e con-quistaram o poder em vários países. Mais tarde,o movimento comunista contemporâneo passoupor divergências que ganharam várias tendên-cias opostas, cada uma delas atribuindo a si pró-pria a maior fidelidade ao pensamento de Marxe Engels. Assim ocorreu na divergência entreLênin e os representantes da II Internacional,no rompimento entre Stálin e Trotski, na de-núncia de Stálin por Kruschev, nas divergênciase conflitos entre a União Soviética e a China,entre esta e a Albânia e no afastamento dos di-rigentes do eurocomunismo em relação aos so-viéticos. Atualmente, em conseqüência da desa-gregação dos regimes comunistas dos países doLeste Europeu, os partidos comunistas dos paí-ses capitalistas também entraram em colapso.Com uma estrutura burocrática muito rígida,com a excessiva centralização da economia ecom um aparato político repressivo, os regimescomunistas do Leste Europeu não puderamacompanhar a revolução tecnológica que mar-cou os países capitalistas desenvolvidos a partirdos anos 70. Como durante todo esse períodocontinuaram a dar prioridade à indústria pesadae de armamentos, as populações desses paísescontinuaram à margem da produção dos pro-dutos de consumo, responsável pela melhoriado padrão de vida dos seus vizinhos ocidentais.À exceção de Cuba, da Coréia do Norte e daAlbânia, em todos os demais países o planeja-mento central deu lugar ao mercado como prin-cipal alocador de recursos. Na China, embora aorientação seja na direção de uma economia demercado, o regime político ainda continua fe-chado e dominado pelo Partido Comunista. Vejatambém Anarquismo; Capitalismo; Marxismo;Socialismo; Utopia.

COMUNISMO DE GUERRA. Conjunto de me-didas de rígido controle político e econômicoadotadas pelos bolcheviques após a RevoluçãoRussa para enfrentar a guerra civil e a interven-ção estrangeira. Abrange o período que vai deoutubro de 1917 ao final de 1921, quando asforças brancas, apoiadas por tropas inglesas,francesas e japonesas, tentavam impedir a con-solidação da revolução socialista liderada porLênin e Trotski. Ao mesmo tempo que concen-

117 COMUNISMO DE GUERRA

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travam todos os poderes do Estado, os bolche-viques submeteram toda a economia nacionalao esforço de guerra, buscando a “estrita regu-lamentação da produção e do consumo numpaís cercado” e adotando as seguintes medidas:1) nacionalização das empresas; 2) expropriaçãodos bens de todos os emigrados; 3) confisco detoda a produção agrícola; 4) controle estatal dacomercialização dos alimentos; 5) racionamentodos artigos de primeira necessidade; 6) trabalhoobrigatório para todos (sob o lema “quem nãotrabalha não come”); 7) coletivização das gran-des propriedades rurais. Com a guerra e o im-pacto dessas decisões, a economia foi totalmentedesorganizada. A produção industrial reduziu-se a um quinto da anterior à guerra e a produçãode carvão ficou apenas em um décimo da nor-mal. A população de Moscou ficou reduzida àmetade e a de Petrogrado diminuiu em 70%.Com a devastação dos campos e a resistênciados camponeses em aceitar o confisco das co-lheitas — que reduzia as provisões familiaresdos pequenos e médios agricultores —, a fomematou milhões de pessoas. No final de 1921,com o fim da guerra civil e a retirada das forçasestrangeiras, o Partido Comunista, objetivandoa reconstrução econômica do país, decidiu ado-tar a Nova Política Econômica (NEP). Veja tam-bém NEP; Planos Qüinqüenais.

CONCENTRAÇÃO. Situação em que um pe-queno número de empresas detém parte consi-derável do capital, investimentos, vendas, forçade trabalho, ou qualquer outro elemento que sir-va de medida ao desempenho de um setor in-dustrial, econômico ou de serviços. Costuma-secalcular o índice de concentração de um setor ve-rificando-se qual percentual que determinadonúmero de empresas detém sobre o total (devendas, por exemplo) do setor. O grau de con-centração é importante elemento da estruturaeconômica do mercado e varia desde a concor-rência considerada normal (pequena concentra-ção), passando pelo oligopólio e chegando atéo monopólio (grau máximo de concentra-ção).Veja também Concorrência; Monopólio;Oligopólio.

CONCENTRAÇÃO DE RENDA. Veja Renda,Concentração da.

CONCLAT — Conferência Nacional da ClasseTrabalhadora. Encontro de líderes sindicais dostrabalhadores brasileiros, realizado pela primei-ra vez de 20 a 23 de agosto de 1981 na PraiaGrande, São Paulo. Teve a participação de 5 036delegados, representantes de 1 091 entidades declasse — sindicatos urbanos e rurais, federações,associações de funcionários públicos, associaçõ-es pré-sindicais e confederações de trabalhado-res — e foi precedida de assembléias sindicais

estaduais, os Encontros Nacionais da Classe Tra-balhadora (Enclat). Divididos em comissões detrabalho, os sindicalistas discutiram direito dotrabalho, previdência social, política salarial eeconômica, política agrária, problemas nacionaise sindicalismo. Entre as resoluções da I Conclat,destacam-se as reivindicações por um CódigoNacional do Trabalho, seguro-desemprego, di-reito de greve, convenção coletiva de trabalho,salário mínimo real unificado, jornada de traba-lho de quarenta horas semanais, liberdade e au-tonomia sindicais, garantia de emprego, parti-cipação dos trabalhadores na administração daprevidência social e reforma agrária. Decidiu-seainda a criação de uma Central Única dos Tra-balhadores (CUT) e, para viabilizá-la, foi eleitauma comissão nacional composta por 56 sindi-calistas urbanos e rurais, de todos os Estados.As reivindicações aprovadas foram encaminha-das ao governo federal.

CONCORDATA. Recurso jurídico que permitea continuação do comércio da empresa insol-vente (incapaz de saldar seus débitos nos prazoscontratuais). Distingue-se, portanto, da falência,quando a empresa insolvente cessa todas as suasatividades. Há dois tipos de concordata judicial:a preventiva, utilizada antes da falência; e a sus-pensiva, que surge durante o processo de falên-cia, permitindo recolocar a empresa em funcio-namento. Para pedir concordata, o empresáriodeve atender a vários requisitos, entre eles oexercício regular de comércio por mais de doisanos; possuir um ativo superior a 50% do pas-sivo quirografário (aquele que não está oneradopor direito real ou pessoal de preferência, comohipotecas); não ter título protestado e não terrequerido outra concordata há menos de cincoanos. Uma vez decretada a concordata pelo juiz,todos os credores habilitados são obrigados aaceitá-la, mesmo que discordem. Todos os ven-cimentos dos créditos sujeitos à concordata sãoantecipados e passam a receber juros de 12% aoano até seu pagamento. O prazo máximo é dedois anos, mas, em qualquer caso, pelo menosdois quintos da dívida devem ser liquidados noprimeiro ano. Apesar do concordatário conti-nuar administrando seu negócio, o juiz nomeia,entre os credores, um comissário com papel fis-calizador. Existe também a concordata amigável:espécie de convenção realizada entre o deve-dor e seus credores. No entanto, por seu caráterextrajudicial, não vincula obrigatoriamente oscredores que dela discordarem. Veja tambémFalência.

CONCORRÊNCIA. Também chamada livre-con-corrência. Situação do regime de iniciativa pri-vada em que as empresas competem entre si,sem que nenhuma delas goze da supremacia emvirtude de privilégios jurídicos, força econômica

CONCENTRAÇÃO 118

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ou posse exclusiva de certos recursos. Nessascondições, os preços de mercado formam-se per-feitamente segundo a correção entre oferta e pro-cura, sem interferência predominante de com-pradores ou vendedores isolados. Os capitaispodem, então, circular livremente entre os váriosramos e setores, transferindo-se dos menos ren-táveis para os mais rentáveis em cada conjunturaeconômica. Nesse caso, o mercado é concorren-cial em alto grau. De acordo com a doutrinaliberal, propugnada por Adam Smith e peloseconomistas neoclássicos, a livre-concorrênciaentre capitalistas constitui a situação ideal paraa distribuição mais eficaz dos bens entre as em-presas e os consumidores. Com o surgimentode monopólios e oligopólios, a livre-concorrên-cia desaparece, substituída pela concorrênciacontrolada e imperfeita. Veja também Cartel;Concorrência Pública; Monopólio; Oligopólio;Truste.

CONCORRÊNCIA IMPERFEITA. Situação demercado entre a concorrência perfeita e o mo-nopólio absoluto — e que, na prática, corres-ponde à grande maioria das situações reais. Ca-racteriza-se sobretudo pela possibilidade de osvendedores influenciarem a demanda e os pre-ços por vários meios (diferenciação de produtos,publicidade, dumping etc.). Veja também Con-corrência; Concorrência Monopolista; Concor-rência Perfeita; Mercado.

CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA. Situaçãode mercado caracterizada pela existência deduas ou mais empresas cujos produtos são mui-to semelhantes sem serem substitutos perfeitosum do outro, de forma tal que cada empresapode manter certo grau de controle sobre os pre-ços. Na concorrência monopolista — que é umcaso de concorrência imperfeita —, existem ele-mentos tanto da concorrência quanto do mo-nopólio. Segundo E.H. Chamberlin, teórico doassunto, “cada vendedor tem o monopólio doseu produto, mas fica sujeito à concorrênciade produtos substitutos, mais ou menos im-perfeitos”. Veja também Concorrência; Con-corrência Imperfeita.

CONCORRÊNCIA PERFEITA. Modelo, criadopela economia clássica, da forma que assumiriaum mercado se fossem satisfeitas as seguintescondições: 1) existência de grande número devendedores, cada um dos quais incapaz de for-çar a baixa nos preços por não poder forneceruma quantidade maior de produtos do que osdemais; 2) todos os compradores e vendedorescom o mais completo conhecimento dos preçose disponibilidades do mercado local e de outraspraças; 3) inexistência de significativas econo-mias de escala, de modo a nenhum vendedorpoder crescer a ponto de dominar o mercado;

4) inexistência de barreiras à livre movimentaçãodos fatores de produção e dos empresários. Omodelo impõe também, do lado da demanda:1) existência de muitos compradores, nenhumdeles capaz de variar o volume de suas comprasa ponto de influir nos preços; 2) informaçãocompleta sobre preços, locais de venda etc.; 3)nenhum problema de locomoção; 4) homoge-neidade do produto, ou seja, é indiferente com-prar de um ou de outro vendedor. Num mer-cado assim estruturado, cada produtor operariacom a mais alta taxa de eficiência, seu produtoteria o mais baixo custo e seu lucro seria o mí-nimo necessário para manter o também neces-sário número mínimo de produtores. O conceitode concorrência perfeita é usado apenas por seuvalor analítico, pois não existe na prática. Vejatambém Mercado.

CONCORRÊNCIA PÚBLICA. Procedimento ad-ministrativo governamental destinado a selecio-nar o fornecedor de um serviço ou um bem.Consiste na tomada de preços e exame das pro-postas de cada concorrente, segundo critérios eprazos previamente fixados. A convocação dequalquer interessado é realizada com antecedên-cia mínima de trinta dias, mediante edital am-plamente divulgado. O edital é publicado emresumo no Diário Oficial (da União, dos Estadose dos Municípios) durante três dias consecuti-vos, e uma ou mais vezes em jornal diário degrande circulação (da capital) com a indicaçãodo local em que os interessados poderão obtero texto integral e todas as informações sobre oobjeto da solicitação. Pode a administração, con-forme o vulto da concorrência, utilizar-se aindade outros meios de publicidade para ampliar aárea de competição.

CONCORRÊNCIA PURA. Veja ConcorrênciaPerfeita.

CONCORRENCIAL. Veja Concorrência.

CONDIÇÃO MARSHALL-LERNER. Veja Ler-ner, Abba P.

CONDILLAC, Étienne Bonnot de (1715-1780).Pensador francês, defensor da teoria utilitaristado valor. Desenvolveu seu pensamento baseadona idéia de que todo o conhecimento deriva dassensações. Publicou, em 1776, Le Commerce et leGouvernement Considérés Relativement l’Un à l’Au-tre (O Comércio e o Governo Considerados emsuas Relações Recíprocas), desenvolvendo umateoria econômica que tem como ponto central anoção de valor. Rejeitando as concepções dosfisiocratas, sustenta que a fonte do valor é a uti-lidade, entendendo esta não como uma quali-dade física das coisas, mas como decorrente daimportância que o indivíduo atribui às mesmaspara satisfação de suas necessidades. Procura

119 CONDILLAC, Étienne Bonnot de

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ainda relacionar utilidade com escassez. Suasidéias exerceram influência sobre Jean-BaptisteSay e, mais tarde, foram desenvolvidas pelosmarginalistas em sua teoria do valor-utilidade.Veja também Utilitarismo.

CONDITIO JURIS. Expressão em latim quesignifica “condição jurídica”. Por exemplo, aposse de um funcionário nomeado pelo poderpúblico é sua conditio juris para o exercício desuas funções.

CONDOMÍNIO. Tipo de domínio conjunto, porduas ou mais pessoas, de propriedade que nãofoi ou não pode ser dividida. Normalmente, éempregado em propriedades imobiliárias dota-das de áreas de uso comum. Em investimentos,adotou-se também essa fórmula, tipo de pro-priedade coletiva, por permitir ao conjunto deproprietários usufruir de vantagens maiores doque as que teriam isoladamente. O condomíniopode ser: fechado, se o número de proprietáriosé limitado pelo regulamento, e aberto, se não hárestrições à entrada de novos condôminos.

CONDORCET, Marquês de (1743-1794). Marie-Jean Nicholas Caritat, pensador francês liberal,condenado à morte durante a Revolução Fran-cesa (período da ditadura jacobina, época doTerror), escreveu o livro Esquisse d’un TableauHistorique des Progrès de L’Esprit Humain (Ensaiode um Quadro Histórico do Progresso do Espí-rito Humano) em 1794, ano em que se suicidouna prisão. Em seu livro defendeu a propriedadeprivada, que considerava estimulante ao estudo,à educação e ao desenvolvimento da individua-lidade. Propôs também a criação de uma “Caixade Socorro e Poupança” para eliminar a pobrezae, dessa forma, a humilhação e a corrupção quea acompanhavam, e todos os seus membros se-riam felizes. Esta proposta foi muito criticadapor Malthus, que dizia: “Se os ociosos e negli-gentes são colocados em pé de igualdade emrelação a seus créditos e ao sustento futuro desuas famílias, da mesma forma que os ativostrabalhadores, podemos esperar ver os homensexercerem aquela animada atividade de melho-rar sua condição, que forma hoje a principal cau-sa da prosperidade pública?”.

CONDORCET. Veja Condorcet, Marquês de;Critério de Condorcet.

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PA-RA O COMÉRCIO E DESENVOLVIMENTO.Veja UNCTAD.

CONFERÊNCIA DE BANDUNG. Primeira con-ferência intercontinental de países africanos easiáticos, realizada em Bandung, Indonésia, emabril de 1955, e que foi um marco inicial na ten-tativa de organização dos países do Terceiro

Mundo. Apesar de divergências entre os blocospró-Ocidente, pró-comunista e neutro, a confe-rência aprovou resoluções defendendo a coope-ração econômica e cultural entre os países par-ticipantes, a autodeterminação, o repúdio ao co-lonialismo e a reafirmação dos princípios da De-claração Universal dos Direitos Humanos, daONU. Participaram da conferência: Afeganistão,Arábia Saudita, Camboja, Ceilão (atual Sri Lan-ka), China, Costa do Ouro (atual Gana), Filipi-nas, Egito, Etiópia, Iêmen, Índia, Indonésia, Irã,Iraque, Japão, Jordânia, Laos, Líbano, Libéria,Líbia, Nepal, Paquistão, Síria, Sudão, Tailândia,Turquia, Vietnã do Norte, Vietnã do Sul. Parti-ciparam como observadores representantes deChipre, Estados Unidos e do congresso nacionalafricano (da África do Sul).

CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS. Nomepelo qual ficou conhecida a Conferência Mone-tária e Financeira das Nações Unidas, realizadaem julho de 1944, em Bretton Woods (NewHampshire, Estados Unidos), com repre-sentantes de 44 países, para planejar a estabili-zação da economia internacional e das moedasnacionais prejudicadas pela Segunda GuerraMundial. Os acordos assinados em BrettonWoods tiveram validade para o conjunto dasnações capitalistas lideradas pelos Estados Uni-dos, resultando na criação do Fundo MonetárioInternacional (FMI) e do Banco Internacional deReconstrução e Desenvolvimento (Bird). Vejatambém Bird; FMI.

CONFERÊNCIA DE BRUXELAS. Conferênciamonetária internacional realizada em Bruxelas(Bélgica) em 1920 sob o patrocínio da Liga dasNações, que tratou fundamentalmente da esta-bilidade do câmbio à raiz da desorganizaçãoeconômica e financeira do comércio internacio-nal provocada pela Primeira Guerra Mundial.Essa conferência recomendou a criação de or-ganizações internacionais destinadas a ajudar ospaíses mais débeis, uma Caixa de CompensaçãoInternacional e o estabelecimento de bancos cen-trais nacionais, cuja finalidade seria manter a es-tabilidade monetária interna dos países. Veja tam-bém Banco para Pagamentos Internacionais.

CONFERÊNCIA MUNDIAL DO MEIO AM-BIENTE. Veja Agenda 21.

CONFERÊNCIA DE CANCÚN. Continuação daConferência para a Cooperação Econômica In-ternacional (Conferência de Paris), realizada em1975, onde pela primeira vez na história con-temporânea se reuniram representantes de 22países desenvolvidos e em desenvolvimentopara debater pendências econômico-financeiras.A Conferência de Cancún ocorreu nos dias 22e 23 de outubro de 1981, naquela cidade turística

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do México, e visava também a retomar o diálogoentre Norte e Sul, iniciado na Conferência deParis. Foi precedida por reuniões preparatóriasdos países do Terceiro Mundo, que buscavamdefinir uma estratégia comum de atuação. Aprincipal reivindicação desses países, entre eleso Brasil, era que se iniciasse um processo denegociação global na busca de soluções para osproblemas dos países subdesenvolvidos. Preten-dia-se uma abordagem global e integrada dosproblemas de relacionamento econômico entreo Norte e o Sul, em lugar dos tradicionais en-tendimentos bilaterais. Outros dois pontos im-portantes preocupavam os países subdesenvol-vidos: de um lado, os preços baixos para a ex-portação de suas matérias-primas; de outro, asaltas taxas de juros cobradas nos Estados Uni-dos, em prejuízo dos países não-produtores depetróleo, que obtinham dólares por meio de em-préstimos. Por pressão norte-americana, ficouacertado que a Conferência de Cancún não teriacaráter negociador, consistindo basicamente nu-ma troca de pontos de vista entre os chefes deEstado. Não se expediu tampouco nenhum do-cumento final. O presidente dos Estados Unidos,Ronald Reagan, presente à conferência, mani-festou-se contrário a qualquer tipo de negocia-ção global. A posição defendida pelo Brasil, deinter-relacionamento da economia mundial napresente conjuntura, com a abordagem globalde todos os problemas, e não apenas setorial egradualista, foi encampada pela maioria dos paí-ses em desenvolvimento, com o apoio da França,entre os desenvolvidos, seguida da AlemanhaFederal e de uma “predisposição favorável” doJapão. Para Reagan, porém, o desenvolvimentodos países do Terceiro Mundo dependeria doauxílio que prestassem a si próprios, por meiode investimentos privados e do comércio inter-nacional, sem esperar por ajuda maciça das na-ções mais ricas. Em seu discurso, o presidentenorte-americano enfatizou que a melhor manei-ra de acabar com a pobreza é dar rédeas livresao capitalismo por intermédio do setor privado,em vez de contar com ajuda externa em massae melhor tratamento comercial. Representandoo Brasil, o chanceler Saraiva Guerreiro reivindi-cou a revisão dos padrões de intercâmbio co-mercial; criticou as multinacionais pelo controledo mercado internacional; classificou de prote-cionista e discriminatória a proposta de gradua-ção dos países desenvolvidos e disse que os paí-ses socialistas do Leste Europeu não poderiameximir-se “da parcela de responsabilidade quelhes cabe no campo da cooperação internacio-nal”. Criticava, assim, também a ausência daUnião Soviética, que não participou da confe-rência, apesar de oficialmente convidada. Parti-

ciparam da conferência os seguintes países: Ale-manha Ocidental, Áustria, Canadá, Estados Uni-dos, França, Inglaterra, Japão e Suécia (Norte);Arábia Saudita, Argélia, Bangladesh, Brasil, Chi-na, Costa do Marfim, Guiana, Índia, Iugoslávia,México, Nigéria, Filipinas, Tanzânia e Venezuela(Sul).

CONFERÊNCIA MONETÁRIA E FINANCEI-RA DAS NAÇÕES UNIDAS. Veja Conferênciade Bretton Woods.

CONFIDENCE BUILDING. Expressão em in-glês que significa “construção da confiança” eque designa uma situação na qual um Estado,antes desacreditado econômica e financeiramen-te no mercado, adota uma política de recupera-ção de sua credibilidade.

CONFISCO CAMBIAL. Quantia retida pelo go-verno brasileiro do montante de dólares obtidospelos exportadores de certos produtos, em suastransações com o exterior. O confisco cambialfoi aplicado pela primeira vez em 1953, nas ex-portações de café, com o objetivo de controlaro preço do produto no mercado internacional efornecer divisas ao governo para financiamentode outras atividades, especialmente a indústria.Em certas ocasiões, esse confisco também é apli-cado às exportações de açúcar, soja e outros pro-dutos, sobretudo quando eles atingem elevadascotações no exterior. Veja também Exportação.

CONGLOMERADO. Tipo de organização noqual várias empresas que atuam nos mais dife-rentes setores e ramos da economia pertencemà mesma holding. O que caracteriza o conglome-rado é a diversidade. Nele, nenhuma empresaé fornecedora de elementos à linha de produçãode outra; por exemplo: uma siderúrgica, umafábrica de perfumes e uma fazenda de gado.Essa diversificação setorial visa a garantir umataxa média de lucratividade à holding, especial-mente em situações de crise e recessão, em quealguns setores são menos atingidos que outros.A fusão horizontal de empresas significa umatendência a conglomerizar uma economia. Vejatambém Holding.

CONGLOMERIZAR. Veja Conglomerado.

CONGRESS OF INDUSTRIAL ORGANIZA-TIONS. Veja AFL-CIO.

CONHECIMENTO DE DEPÓSITO. Documen-to firmado por companhias de armazéns gerais,ou semelhantes, dado como comprovação de re-cebimento de mercadorias que ficarão sob suaguarda. O conhecimento de depósito é um títulode propriedade, podendo, portanto, ser nego-ciado à vontade por seu possuidor.

121 CONHECIMENTO DE DEPÓSITO

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CONHECIMENTO DE EMBARQUE. Documen-to firmado por uma empresa transportadora,dado como comprovação de que tem em seupoder uma mercadoria que irá transportar.Quando se trata de transporte marítimo, o co-nhecimento de embarque é firmado por umagente ou capitão do navio, com especificaçãodo nome deste, o porto de destino, o número eo peso das mercadorias embarcadas, as condi-ções de frete e o nome da pessoa ou empresaa que se destinam as mercadorias. Com as adap-tações necessárias, os conhecimentos de embar-que fluvial, ferroviário, rodoviário e aeroviáriosão semelhantes ao marítimo.

CONJUNTURA ECONÔMICA. Termo que de-fine, de forma mais dinâmica do que “situaçãoeconômica”, o fluxo e o refluxo das atividadesde uma economia ou, de maneira mais genérica,o estudo da totalidade das condições de merca-do. O conceito de conjuntura originou-se emmeados do século XIX, quando se observou, pelaprimeira vez, a periodicidade das crises econô-micas. A freqüente instabilidade das condiçõeseconômicas acarreta períodos de queda da pro-dução e do nível de emprego, de declínio dospreços e lucros (período de contração ou conjun-tura descendente). Há também épocas de recupe-ração, com aumento da produção, expansão daoferta de emprego e melhoria dos padrões devida (período de expansão ou conjuntura ascen-dente). Uma recuperação muito rápida, no en-tanto, pode gerar inflação e especulação, muitasvezes causando nova queda. Essa alternância daprosperidade à depressão e vice-versa, que ca-racteriza o ciclo econômico, é um movimentoobservável em todas as economias capitalistas,desenvolvidas ou não. Para alguns autores, otermo “conjuntura” designa o conjunto de fato-res estritamente econômicos que influem namarcha da economia, eliminando assim a inci-dência de forças naturais e de condições sociaisextra-econômicas. Outros definem conjunturacomo a soma total das condições que afetam omercado, qualquer que seja a sua natureza. Osindicadores de conjuntura são um grande númerode variáveis econômicas, que se encontram emrelações múltiplas e complexas: produção, esto-ques, número de pessoas empregadas, taxa dejuros, receita e despesa do governo, dívida pú-blica, taxa de formação de capital, renda nacio-nal e índices de preços, entre outros. A análiseconjunta desses indicadores e de seus movimen-tos fornece um quadro da situação econômicaem que se encontra o país naquele momento,ou seja, em que ponto se encontra a economiadentro do ciclo econômico. Sua identificação emensuração permitem delinear a evolução fu-

tura e fazer previsões, que serão utilizadas naelaboração de políticas econômicas mais eficien-tes. Essas previsões são condicionais e aproxi-mativas, uma vez que outras variáveis, de na-tureza física (variações climáticas, por exemplo),política, social etc., também influem sobre a con-juntura. Veja também Ciclo Econômico; CriseEconômica.

CONJUNTURA ECONÔMICA (Revista). Re-vista mensal de análise econômica editada pelaFundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro deEconomia. Criada pelo economista Richard Le-winshn, em novembro de 1947, seu primeiro nú-mero era um boletim mimeografado. Seu obje-tivo é divulgar os resultados de pesquisas sobrea conjuntura econômica, observando as oscila-ções da marcha dos negócios, a evolução finan-ceira e monetária e suas repercussões sobre aeconomia nacional. Divulga mensalmente índi-ces nacionais e regionais de preços em diversossetores, um perfil das contas nacionais e as úl-timas pesquisas na área econômica. Publica, acada ano, os resultados econômico-financeirosdas maiores sociedades anônimas do país. Asedições de fevereiro apresentam, desde 1950, umretrospecto das atividades econômicas do anoanterior, e as edições de setembro trazem a re-lação das quinhentas maiores sociedades anô-nimas não-financeiras do Brasil.

CONSELHO DA EUROPA. Veja Europa, Con-selho da.

CONSELHO DE POLÍTICA ADUANEIRA. Ór-gão do Ministério da Fazenda criado em 1957para coordenar e orientar a política alfandegáriado país. Surgiu da necessidade de proteger aindústria brasileira de bens manufaturados, pormeio da unificação das várias taxas de câmbio(taxas múltiplas de câmbio) até então em vigor.A partir de sua fundação, as tarifas para pro-dutos importados passaram a ser fixadas emfunção de sua necessidade para o mercado na-cional e da existência de produto similar fabri-cado no país. Durante o governo Collor (1990-1992) esse conselho passou a ser vinculado aoMinistério da Economia, que reunia os Minis-térios da Fazenda e do Planejamento. Com odesmembramento do Ministério da Economiadurante o governo Itamar Franco (1992-1994) ea reconstituição do Ministério da Fazenda, oConselho de Política Aduaneira voltou a ser vin-culado ao Ministério da Fazenda.

CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA —Cofecon. Órgão criado pela lei nº 1 411 de agostode 1951, em conjunto com a designação profis-sional do economista. É de sua responsabilidadea supervisão e fiscalização do exercício da pro-

CONHECIMENTO DE EMBARQUE 122

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fissão no país. Quando de sua fundação, cou-be-lhe a organização dos conselhos regionais deeconomia nos Estados da federação. Ainda hojeaprova e examina o regimento interno dessesconselhos. Sua diretoria é eleita entre os repre-sentantes dos conselhos regionais do país.

CONSELHO FISCAL. Órgão de uma sociedadeanônima, composto de no mínimo três pessoas,escolhidas pelos sócios e encarregadas de fisca-lizar e aprovar as contas da sociedade.

CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. VejaCMN.

CONSELHO ULTRAMARINO. Órgão da Co-roa portuguesa criado em 1643 para orientar apolítica colonial do reino, substituindo a Casadas Índias. Fundado após a Restauração portu-guesa, quando o país se libertou do domínioespanhol (1580-1640), era formado por altos fun-cionários da Coroa e integrantes da nobreza.Teve importância decisiva na reconquista dosterritórios coloniais portugueses ocupados pelaHolanda, entre eles o Nordeste brasileiro.

CONSENSO DE WASHINGTON. Conjunto detrabalhos e resultado de reuniões de economis-tas do FMI, do Bird e do Tesouro dos EstadosUnidos realizadas em Washington D.C. no iníciodos anos 90. Dessas reuniões surgiram recomen-dações dos países desenvolvidos para que osdemais, especialmente aqueles em desenvolvi-mento, adotassem políticas de abertura de seusmercados e o “Estado Mínimo”, isto é, um Es-tado com um mínimo de atribuições (privati-zando as atividades produtivas) e, portanto,com um mínimo de despesas como forma desolucionar os problemas relacionados com a cri-se fiscal: inflação intensa, déficits em conta cor-rente no balanço de pagamentos, crescimentoeconômico insuficiente e distorções na distribui-ção da renda funcional e regional. O resultadomais importante dessas políticas (pelo menos noque se refere à América Latina) tem sido o êxitono combate à inflação nos países em que, du-rante os anos 80 e mesmo no início dos anos90, ela atingia níveis intoleráveis. Além disso, olivre funcionamento dos mercados, com a eli-minação de regulamentações e intervenções go-vernamentais, também tem sido uma das mo-las-mestras dessas recomendações. Embora ospaíses que seguiram tal receituário tenham sidobem-sucedidos no combate à inflação, no planosocial as conseqüências foram desalentadoras:um misto de desemprego, recessão e baixos sa-lários, conjugado com um crescimento econô-mico insuficiente, revela a outra face dessa moe-da. Na medida em que alguns países, como aChina, por exemplo, têm combinado inflaçãobaixa com crescimento econômico acelerado,

sem ter seguido a cartilha do Consenso de Wa-shington, alguns autores vêm criticando, ulti-mamente, a rigidez dessas políticas e tentandoencontrar alternativas de tal forma a combinarum vigoroso combate à inflação com o progressoeconômico e social dos países em desenvolvimen-to. Esta última tendência vem sendo denominadaPós-Consenso de Washington. Veja também Ba-lanço de Pagamentos; Bird; FMI; Recessão.

CONSENSO NEOKEYNESIANO. Denomina-ção dada ao domínio das concepções keynesia-nas na análise macroeconômica, no campo aca-dêmico em geral e na política econômica duranteos anos 60. Na política econômica, essa influên-cia e predomínio foram característicos do go-verno Kennedy, com a nomeação, em 1960, deum conselho de assessores econômicos de orien-tação keynesiana presidido por Walter Heller.Em vez de uma política de equilíbrio orçamen-tário, o governo Kennedy acabou optando poruma política de déficits fiscais que permitiriauma expansão econômica sem precedentes, acriação de milhões de empregos e o aumentodo produto real do país. O sucessor de Kennedy,Lyndon Johnson, deu prosseguimento a essa po-lítica econômica. No entanto, os acontecimentostraumáticos da década seguinte representaramum forte golpe nessa concepção de política eco-nômica. A guerra do Vietnã, a crise do sistemafinanceiro internacional com a desvalorizaçãodo dólar em 1971, o abandono do padrão-ourono câmbio, a inflação de mais de um dígito, odesemprego e a recessão mostraram as limita-ções dessa abordagem para promover a expan-são da renda.Veja também Curva de Phillips;Reagnomics; Supply Side Economics.

CONSERVE — Programa de Conservação eDistribuição de Energia. Foi lançado em maiode 1981 pelo Ministério da Indústria e do Co-mércio, com o objetivo de reduzir o consumode energia importada — principalmente na for-ma de óleo combustível extraído do petróleo. Éaplicado em empresas com maioria de capitalnacional, com preferência para as pequenas emédias empresas industriais. As empresas comprogramas aprovados pelo Conserve contamcom financiamentos do BNDES para cobrir até80% do valor global de cada programa.

CONSIGNAÇÃO. Contrato pelo qual o pro-prietário de mercadorias as entrega a um co-merciante, ficando este obrigado a prestar contasapenas da parte que efetivamente vender no pra-zo combinado previamente.

CONSISTÊNCIA. Termo do campo da estatís-tica que significa uma característica desejáveldos estimadores econométricos. Um estimadorconsistente é aquele cuja média tende para o

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verdadeiro valor do parâmetro, e cuja variânciatende a zero, na medida em que o tamanho daamostra torna-se muito grande. Por exemplo, oestimador calculado mediante os mínimos qua-drados é um estimador consistente se não exis-tirem problemas econométricos. Veja tambémBlue.

CONSOL. Denominação dada, no mercado fi-nanceiro da Inglaterra e dos Estados Unidos, aotítulo que proporciona juros (coupon) indefini-damente, isto é, para sempre, não tendo portantoprazo de vencimento. Este termo tem origemem títulos Gilt-Edged emitidos durante umaoperação de conversão e consolidação de dívidaem 1888 na Inglaterra. Em 1914, grande parteda dívida pública inglesa era registrada em con-sols, formando o maior título individual transa-cionado na Bolsa de Valores. Em função de suasegurança como títulos da dívida pública, elestinham fama de ativos financeiros muito segurose de alta liquidez, sendo que os bancos os man-tinham como reservas líquidas. Em 1888, essasações foram emitidas com vencimento em 1923ou depois desta data, o que os tornou na práticatítulos sem data ou sem vencimento. O cresci-mento da dívida pública inglesa durante duasguerras mundiais, especialmente depois de 1945,e o fato de que a partir de certo momento sófoi permitido emitir títulos com data de venci-mento reduziu os consols a uma pequena fraçãodos títulos emitidos relacionados com a dívidapública.

CONSOLIDAÇÃO DA DÍVIDA FLUTUAN-TE. Conversão das obrigações de curto prazoem obrigações (permanentes) de longo prazo.Veja também Funding.

CONSÓRCIO. Reunião de pessoas físicas ou ju-rídicas interessadas na compra de determinadosbens (automóveis, lanchas, caminhões, tratores,videocassetes etc.) e que formam uma caixa co-mum. No Brasil, os consórcios são regulamen-tados pelo governo federal, e essas regulamen-tações sofrem alterações quando a política eco-nômica se orienta no sentido de inibir ou am-pliar o consumo de determinados bens. Os con-sórcios reúnem um número variável de partici-pantes, que contribuem com uma quantia men-sal proporcional ao número de meses em queo grupo se manterá. Por exemplo: um grupo decem participantes com duração de cinqüentameses significará que cada um deles contribuirámensalmente com, no mínimo, a qüinquagésimaparte do preço do bem em questão. Nesse exem-plo, a cada mês pelo menos duas pessoas rece-berão o bem pretendido, sendo que a escolhase faz geralmente por sorteio. A regulamentaçãodos consórcios foi estabelecida pela InstruçãoNormativa nº 152 da Secretaria da Receita Fe-

deral de novembro de 1987, de acordo com asorientações da portaria nº 330 de 23 de setembrode 1987 do Ministério da Fazenda. Dá-se tambémo nome de consórcio ao grupo de empresas for-mado para a execução de uma obra ou financia-mento de um projeto de grande envergadura.

CONSÓRCIO MODULAR. Sistema de fabrica-ção estabelecido pela Volkswagen em sua plantade fabricação de caminhões em Resende (RJ) em1996, com o intuito de melhorar a produtividadee incrementar a qualidade de seus produtos. Aidéia básica é que cada fornecedor de peças ecomponentes execute a montagem da peça queforneceu e seja responsável pela qualidade deseu produto. Esse processo de “terceirização”da parte mais importante de uma planta dessetipo (a linha de montagem) significa que nelaapenas uma porção muito pequena — de 10 a15% — são funcionários da própria empresa. Osdemais são vinculados às empresas fornecedo-ras, denominadas parceiros. O edifício onde sedesenvolvem as atividades pertence à Volkswa-gen, mas cada fornecedor tem um espaço neleque administra como se fosse um condomínio.Cada empresa tem uma “doca” especial paradescarregar suas peças, e, durante a montagemdo veículo, não intervêm os funcionários daVolkswagen; apenas um funcionário denomina-do “maestro” supervisiona todas as etapas deprodução de um determinado número de veí-culos. Os funcionários da empresa só entram nafase de teste dos caminhões. Todo caminhão,no entanto, sai da fábrica com a assinatura do“maestro”, o responsável pela qualidade daque-le veículo diante dos consumidores. Em 1996,as empresas fornecedoras que estão participan-do desse sistema são as seguintes: Iochpe-Ma-xion; Rockwell; Remon; MWM; Cummins; Ei-senmann; Delga e VDO. Veja Também Just inTime; Terceirização.

CONSTITUIÇÃO DE 1988. Promulgada em5/10/1988, é a oitava Carta Magna do país ealterou alguns pontos na área econômica e tra-balhista. Ordem econômica: os impostos sobre cir-culação de mercadorias e serviços fundem-senum único imposto (ICMS); o ICM e os impostosúnicos sobre energia elétrica, minerais, combus-tíveis e lubrificantes, transportes e comunicaçõespassam para os Estados. Ampliam-se os fundosde participação dos Estados e municípios para47% das receitas do Imposto de Renda e do Im-posto sobre Produtos Industrializados. A trans-ferência dos recursos dar-se-á ao longo de cincoanos até atingir os 47%. O usucapião passa aexistir para aquele que ocupar área urbana deaté 250 m2 por cinco anos ininterruptos, semoposição por parte do proprietário. Todas as ci-dades com população acima de 20 mil habitantesdeverão ter um plano diretor para orientar seu

CONSOL 124

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desenvolvimento. A reforma agrária mantém ospreceitos do Estatuto da Terra, mas exclui dadesapropriação as terras produtivas e pequenase médias propriedades. Passam a existir dois ti-pos de empresa: a empresa brasileira, constituí-da sob as leis brasileiras e com sede e adminis-tração no país, e a empresa de capital nacionalcujo controle efetivo esteja em caráter perma-nente sob a titularidade direta ou indireta depessoas físicas domiciliadas e residentes no país.Fica estabelecido o limite de juros a 12% ao anoem todos os créditos e operações financeiras, de-pendente de regulamentação complementar. Aexploração de minérios será efetuada exclusiva-mente por brasileiros ou empresa brasileira decapital nacional. Trabalhadores: a multa indeni-zadora sobre o valor do Fundo de Garantia pas-sa de 10 para 40%. A jornada de trabalho nãopoderá ultrapassar 44 horas semanais, e, paraos trabalhadores em empresas de turnos inin-terruptos, a jornada será de seis horas; a remu-neração da hora extra sobre o salário normalpassa de 25 para 50%. Em gozo de férias, o tra-balhador terá direito a um terço a mais de seusalário. O valor do aviso prévio será proporcio-nal ao tempo de serviço e nunca inferior a umsalário. As licenças concedidas às trabalhadorasgestantes passam de 89 para 120 dias. A licen-ça-paternidade, que não existia, garante ao paicinco dias de ausência ao trabalho quando o fi-lho nascer. O direito de greve é assegurado atodas as categorias. A lei definirá as atividadesessenciais, nas quais os trabalhadores em grevedeverão garantir a manutenção dos serviços. Ostrabalhadores rurais terão legislação trabalhistasemelhante à dos trabalhadores urbanos. Os fun-cionários públicos terão limites salariais propor-cionais aos maiores vencimentos, que serão dedeputados, senadores e ministros de Estado edo Supremo. A remuneração dos aposentadose pensionistas nunca será inferior a um saláriomínimo. O reajuste será feito na mesma épocae com os mesmos índices dos trabalhadores ati-vos. Serão corrigidos os proventos de aposen-tados e pensionistas que vêm perdendo poderaquisitivo desde 1979.

CONSUMIDOR, Defesa do. Movimento de en-tidades civis e governamentais existente em vá-rios países, visando à criação de um corpo deleis que estabeleçam padrões de qualidade, se-gurança e higiene para os artigos e serviços ven-didos à população. A defesa do consumidor sur-giu nos Estados Unidos com a fundação das en-tidades Consumer’s Research (1929) e Consu-mer’s Union (1936), como reação aos preços ex-torsivos fixados pelos monopólios. Atualmente,existem nos Estados Unidos cerca de mil pro-gramas de defesa do consumidor, desenvolvi-dos por agências governamentais e entidades

particulares. O mais conhecido órgão federalnessa área é a Food and Drug Administration,que controla os padrões de pesos, medidas, se-gurança e publicidade dos produtos. A partirde 1965, nos Estados Unidos, a luta dos consu-midores adquiriu dimensões internacionais, soba liderança de Ralph Nader, que dirigiu um am-plo movimento de fiscalização popular, obrigan-do várias empresas a fabricar produtos menosnocivos à saúde humana e ao meio ambiente.No Brasil, a defesa do consumidor é uma preo-cupação relativamente recente e ainda muito li-mitada ao poder público. A primeira iniciativaocorreu em São Paulo, onde foi criado, em 1976,o Sistema Estadual de Proteção ao Consumidor(Procon), vinculado à Secretaria de Economia ePlanejamento do Estado. É integrado por doisórgãos: o Conselho Estadual de Proteção aoConsumidor (deliberativo) e o Grupo Executivode Proteção ao Consumidor (executivo). A partirde leis existentes nos Estados Unidos e na Eu-ropa, o Congresso Nacional aprovou, em11/9/1990, a lei nº 8 078, com um amplo códigode defesa do consumidor. Apesar de vários deseus artigos terem sido vetados pelo presidenteFernando Collor de Mello, a lei aprovada peloCongresso não foi alterada em sua essência. Emvigor desde 11/3/1991, são nove artigos que re-sumem todo o código. Entre os direitos básicosdos brasileiros incluem-se o de ter informaçõescorretas e claras sobre os produtos que consumire o de ser protegidos contra a publicidade en-ganosa e abusiva e contra métodos comerciaiscoercitivos. Em nenhuma hipótese a vida, a se-gurança e a saúde das pessoas podem ser colo-cadas em risco por produtos e serviços consi-derados nocivos. Também é direito do consu-midor a modificação de cláusulas contratuaisque proporcionem prestações desproporcionaisaos seus rendimentos. Ele ainda pode recusar arevisão de qualquer contrato, se isso implicarprestações muito onerosas. Veja também Nader,Ralph.

CONSUMIDOR, Soberania do. Papel determi-nante do consumidor numa economia de mer-cado, em relação à compra e venda de bens eserviços. Segundo o princípio da soberania, sen-do o consumidor a peça-chave do mercado, eleé também o elemento orientador do que é pre-ciso produzir, limitando-se o produtor a seguirseus desejos e necessidades. A soberania seriaexercida à medida que existisse concorrência en-tre os produtores, por meio do poder de decisãodos consumidores em relação à compra dosbens. Na prática, contudo, essa soberania tendea ser neutralizada pelos mecanismos impositi-vos da concorrência monopolista e pela influên-cia da publicidade. E, afinal, é o nível de rendados consumidores que determina objetivamente

125 CONSUMIDOR, Soberania do

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os limites dessa soberania. Veja também Con-sumo; Mercado.

CONSUMIDOR, Superávit do. Diferença entreo preço que o consumidor paga por uma mer-cadoria ou serviço e a quantia máxima que eleestaria disposto a desembolsar para adquiri-la.A existência do superávit do consumidor ba-seia-se na tendência a diminuir a utilidade mar-ginal de uma mercadoria em relação ao aumentode seu consumo; assim, um consumidor podepagar o máximo de mil reais pela primeira uni-dade de certa mercadoria, oitocentos reais pelasegunda (pois ele já é possuidor dessa mesmamercadoria) e seiscentos reais pela terceira uni-dade. Isso porque a propensão a consumir vaidiminuindo em função da quantidade já adqui-rida. O conceito foi introduzido na teoria do va-lor por Alfred Marshall. Sua concepção do pro-blema, no entanto, gerou algumas críticas (apli-cáveis ao conjunto de sua teoria de demandado consumidor) porque se baseia na hipótesede que a utilidade é mensurável da mesma for-ma que o lucro, as rendas e a produção. J. R.Hicks redefiniu a teoria da demanda de Mar-shall, baseando-se na utilidade ordinal e na aná-lise da indiferença.

CONSUMISMO. Veja Sociedade de Consumo.

CONSUMO. Utilização, aplicação, uso ou gastode um bem ou serviço por um indivíduo ouuma empresa. É o objetivo e a fase final do pro-cesso produtivo, precedida pelas etapas de fa-bricação, armazenagem, embalagem, distribui-ção e comercialização. Numa sociedade em quea divisão social e técnica é relativamente com-plexa, a apropriação e a transformação dos ele-mentos da natureza são separadas, no tempo eno espaço, de seu uso para a satisfação de ne-cessidades humanas. Por exemplo: a maçã co-lhida na Argentina pode vir a ser consumida sóno Brasil. Geralmente, o consumo é consideradouma atividade que se desenvolve no âmbito dafamília, definida como unidade de consumo. Mashá também o consumo no interior das empresas— especialmente nas fábricas — que utilizaminsumos ou bens provenientes de outras unida-des produtivas (consumo produtivo). A separaçãoentre produção e consumo suscita algumasquestões importantes para a atividade econômi-ca, uma vez que as necessidades humanas e asformas de satisfazê-las variam de acordo comvários fatores (idade, sexo, nível de renda). Tra-ta-se de saber de que modo podem os produ-tores conhecer as necessidades dos consumido-res, ou seja, como a produção se ajusta ao con-sumo. Há basicamente três maneiras. Uma con-siste no processo de tentativa e erro: na buscapara conhecer as aspirações e desejos do con-sumidor, aumenta-se a produção do que se mos-

tra escasso e diminui-se a produção daquilo quese revela supérfluo. É viável quando as dimen-sões do mercado são pequenas e as necessidadesdos consumidores bastante limitadas e estáveis.A segunda maneira de ajuste entre produção econsumo consiste no planejamento antecipadoda produção, dimensionando-a assim à capaci-dade do mercado. É um método característicodas economias planificadas, como a socialista,em que não ocorre a oferta de ampla variedadede formas diferentes do mesmo produto. Porúltimo, existe a prática mercadológica típica dasociedade capitalista moderna ou sociedade deconsumo: levar o consumidor, mediante a má-quina publicitária e todas as técnicas de marke-ting, a sentir necessidade de consumir aquiloque é produzido. Veja também Mercadologia;Necessidade; Publicidade.

CONSUMO, Função. Veja Propensão a Consu-mir.

CONSUMO CONSPÍCUO. É o dispêndio feitocom finalidade precípua de demonstração decondição social, manifestando-se por meio dacompra de artigos de luxo e de quaisquer gastosostentatórios. É praticado principalmente pelascamadas sociais de alta renda, cujo padrão devida as camadas de renda mais baixa procuramimitar. O conceito foi estabelecido e definidopelo economista norte-americano Thorstein Ve-blen em sua obra A Teoria da Classe Ociosa (1899).Veja também Veblen, Thorstein Bunde.

CONSUMO IMPRODUTIVO. Ocorre quandoos bens ou serviços produzidos se destinam àsatisfação física e/ou espiritual dos indivíduose o produto não tem continuidade no processoprodutivo: é destruído, gasto ou assimilado peloconsumidor individual ou familiar. É o caso doconsumo de gêneros alimentícios, roupas, calça-dos, eletrodomésticos e automóveis particulares.

CONSUMO PRODUTIVO. Consumo de pro-dutos que retornam ao processo de produção— sob a forma de insumos ou bens intermediá-rios (matérias-primas elaboradas) — para seremtransformados em novos produtos.

CONTABILIDADE. Setor das ciências de ad-ministração que cuida da classificação, registroe análise de todas as transações realizadas poruma empresa ou órgão público, permitindo des-sa forma uma constante avaliação da situaçãoeconômico-financeira. Tem por objeto o patri-mônio econômico das pessoas físicas ou jurídi-cas, comerciais ou civis, bem como o patrimôniopúblico e as questões financeiras do Estado. Seuobjetivo é permitir o controle administrativo eo fornecimento de informações precisas a inves-tidores, credores e ao público. Envolve todos osaspectos empresariais ou públicos que possam

CONSUMIDOR, Superávit do 126

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ser expressos em números, como o ativo (pro-priedade), o passivo (dívidas), as receitas e des-pesas, os lucros e perdas e os direitos de inves-tidores. A contabilidade, como simples registro,surgiu com as trocas de bens e serviços na An-tiguidade. Na Babilônia, esses registros foram abase para a cobrança de impostos. Em 200 a.C.,na república romana, as contas governamentaiseram apresentadas na forma de lucros e perdase constantemente fiscalizadas pelos questores.Aos poucos, os dados registrados nas contas go-vernamentais foram aumentando, mas só no fimda Idade Média, com os comerciantes italianos,é que a contabilidade se incorporou aos negóciosprivados, que cresciam e se diversificavam. Foientão que se desenvolveu o sistema de conta-bilidade por registro duplo ou por partidas do-bradas, utilizado atualmente. Com a RevoluçãoIndustrial, o novo aumento no volume de ne-gócios também levou ao aprimoramento do sis-tema contábil. Nessa ocasião, começaram a serfeitas restrições à prática de contabilidade porpessoas não qualificadas. O desenvolvimento dosistema capitalista no século XX, que deu origema grandes corporações transacionais, criou novasexigências de aperfeiçoamento da contabilidade,atendidas basicamente pela introdução dos sis-temas de computação. Veja também Adminis-tração; Balanço; Contas Nacionais; Orçamento;Partidas Dobradas; PIB; PNB; Renda Nacional.

CONTABILIDADE NACIONAL. Veja ContasNacionais.

CONTABILIDADE SOCIAL. Veja Contas Na-cionais.

CONTA CORRENTE. Na acepção mais gené-rica, é uma conta entre duas ou mais pessoasfísicas ou jurídicas em que são lançados os cré-ditos e débitos das operações entre elas. Em ter-mos bancários, é a contabilidade entre um bancoe seu cliente, pessoa física ou jurídica, em quesão computados os créditos e débitos dessecliente. O mesmo termo é utilizado internacio-nalmente para indicar as transações efetuadasentre dois países, com respectivos créditos e dé-bitos, ou entre um país e os demais.

CONTAG — Confederação Nacional dos Tra-balhadores na Agricultura. Entidade sindicalbrasileira, sediada em Brasília, fundada em de-zembro de 1963. Integrada por 21 federações re-gionais, tem na base 2 500 sindicatos rurais, comcerca de sete milhões de associados (1980). Temcomo objetivo a defesa dos interesses e direitosdos assalariados agrícolas, pequenos proprietá-rios, parceiros, meeiros e arrendatários que vi-vem em regime de economia familiar. Em abrilde 1964, sofreu intervenção do Ministério doTrabalho. Em 1968, uma chapa de oposição, en-

cabeçada por José Francisco da Silva, venceu aseleições e, desde essa época, a Contag vem seempenhando pela efetivação da reforma agrária.Edita um boletim, O Trabalhador Rural.

CONTAINERIZATION. Termo em inglês quesignifica um sistema de transporte e distribuiçãode mercadorias em contêineres padronizados,que evita a necessidade de manipulação de pro-dutos de volume e/ou volume heterogêneo,simplificando as tarefas de carga, descarga e dis-tribuição de mercadorias nos terminais ferroviá-rios, portuários, aeroviários e rodoviários, redu-zindo os respectivos custos.

CONTANGO. Situação na qual os preços spotou à vista de um determinado ativo financeirosão mais baixos do que os preços de futuros oua termo deste mesmo ativo. Em termos situa-cionais, é a quantia paga por um operador (es-peculador) que comprou ações e deseja poster-gar o recebimento das mesmas. Essa quantia,calculada de acordo com os juros sobre o valorda transação, é proporcional ao tempo que durara postergação do fechamento da operação. É oinverso de Backwardation. Veja também Back-wardation; Mercado a Futuro; Mercado Spot.

CONTAS NACIONAIS. Sistema de agregadosestatísticos correlatos que registra a atividadeeconômica global de um país num período de-terminado, geralmente um ano. O registro con-tábil é feito pelo método das partidas dobradas,de tal maneira que os agregados são apresenta-dos duas vezes: a débito de uma conta e a créditode outra. Ao débito corresponde uma despesaou um pagamento; ao crédito, um fundo origi-nário da produção interna do país ou procedentedo estrangeiro. Os sistemas de contas nacionaisconstituem indispensável instrumento de análi-se para a macroeconomia. Obedecem a uma pa-dronização internacional estabelecida pela ONUe incluem os seguintes itens gerais: conta do pro-duto interno, conta da renda nacional, conta dosconsumidores, conta do governo, conta das tran-sações com o exterior e conta consolidada decapital. Cada conta se compõe de agregados esubagregados, apresentados a preços correntese em termos reais, isto é, a preços deflacionados(corrigidos do efeito inflacionário). Somente comos agregados em termos reais é possível esta-belecer tendências do desenvolvimento ma-croeconômico e comparar os resultados deanos diferentes. Veja também Balanço de Pa-gamentos; Formação de Capital; Investimen-to; Renda Nacional.

CONTÊINER. Sistema de embalagem de mer-cadorias em recipientes metálicos para o trans-porte, o que aumenta a velocidade de embarque

127 CONTÊINER

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e desembarque, reduzindo, portanto, os custosde transporte.

CONTINGENCIAMENTO. Política econômicade intervenção governamental que consiste emimposição de limites à produção, comercializa-ção interna e importação ou exportação de umproduto. Com maior freqüência, o contingencia-mento é empregado para deter em determinadonível a importação de certo produto, estimulan-do sua produção no país.

CONTINGENCIAR. Ação relacionada com aadministração do orçamento governamentalmediante o qual um governo regula as despesasde acordo com as receitas, de tal forma a nãoapresentar dificuldades financeiras no decorrerde um exercício, embora a lei orçamentária pos-sa autorizá-lo a realizar despesas maiores do queas que realiza em determinado período.

CONTINGENT VALUATION. Expressão eminglês que significa uma técnica de valor não-monetário, isto é, procura-se aferir, por meio dequestionário, a concordância dos consumidoresem pagar por melhorias na prestação de um ser-viço, melhorias essas que ainda não foram im-plementadas. Trata-se, portanto, de avaliar a po-tencialidade de um mercado hipotético, e nãodo mercado existente, e é obtida mediante ques-tões que procuram analisar o grau de consenti-mento dos consumidores em efetuar pagamen-tos por serviços de que ainda não dispõem, como grau de qualidade que se pretende criar. Porexemplo, busca-se, por meio dessa técnica, ava-liar até que ponto os habitantes de determinadalocalidade estariam dispostos a pagar pela me-lhoria das condições ambientais, pela existênciade áreas verdes nas proximidades do meio ur-bano, ou pelo tratamento adequado ao proces-samento do lixo.

CONTO (de Réis). Unidade monetária utiliza-da no Brasil durante o século XIX até meadosdo século XX, equivalente a 1 milhão de réis,ou a mil réis.

CONTRABANDO. Ato de importar ou expor-tar mercadorias proibidas ou sonegar o paga-mento de direitos ou impostos devidos ao Es-tado pela entrada e saída de mercadorias. Ge-nericamente, o contrabando inclui o conceito dedescaminho: todo e qualquer ato fraudulentocom o fim de evitar o pagamento dos direitosestabelecidos sobre a entrada, saída, fabricaçãoou consumo de mercadorias. O contrabando temsido praticado onde quer que haja restrições al-fandegárias. No século XVII, quando a Espanhaproibiu o comércio de suas colônias com outrospaíses, contrabandistas ingleses praticavam lu-crativo comércio nas costas da América do Sul.O Bloqueio Continental, estabelecido por Napo-

leão para fechar a Europa ao comércio britânico,foi em grande parte anulado pelas atividadesde contrabandistas. O contrabando floresce par-ticularmente nos casos de produtos sobre osquais incidem altas taxas alfandegárias (seda,álcool e chá na Inglaterra do século XVIII, oucafé e tabaco na maior parte da Europa, na mes-ma época) ou onde haja proibições na importa-ção (narcóticos) e exportação (armas e divisas).Os artigos mais propícios a ser contrabandeadossão os altamente taxados e os de pequenas di-mensões, como relógios e drogas. Algumas con-dições geográficas favorecem o contrabando:costas marítimas extensas, fronteiras remotas oua proximidade de um território favorecido porcondições fiscais especiais — a ilha de Man jáconstituiu tal ameaça à Inglaterra, até 1765, ouGibraltar em relação à Espanha; outros exem-plos são Hong-Kong, Macau e Andorra.

CONTRABANDO-FORMIGA. Contrabando rea-lizado em pequenas quantidades, geralmentecontando com a complacência das autoridadesde um país, como acontece na fronteira entre oParaguai e o Brasil, onde, quando um sem-nú-mero de “sacoleiros” atravessam a ponte queune ambos os países, compram no Paraguai etrazem mercadorias a preços muito mais baixospara o Brasil, como cigarros (os mesmos cigarrosbrasileiros exportados para aquele país sem,contudo, a incidência de impostos), pequenosaparelhos eletrônicos, peças de vestuário etc.Veja também Sacoleiros.

CONTRA BROKER. Expressão em inglês quedesigna o corretor que está do lado da compranuma ordem de venda, ou do lado da vendanuma ordem de compra.

CONTRATO. Acordo de vontades entre duasou mais pessoas que, reciprocamente, se atri-buem direitos e obrigações. Os contratos são emgeral escritos e, em alguns casos, a lei prevê umaforma solene para sua celebração, mas podemser também consensuais ou verbais. Em princí-pio, ninguém é obrigado a vincular-se contra-tualmente. Para que o contrato possua validadejurídica, exige-se que as partes tenham capaci-dade de contratar e que o objetivo do contratoseja lícito. A parte que causar o rompimento docontrato se sujeita a ser constrangida pela Justiçaa atender aos danos causados à outra parte. Em-bora a própria natureza do contrato tenha comofundamento a concordância das partes, há con-tratos, como o de adesão, no qual o objeto dopacto é determinado de antemão por uma daspartes, enquanto a outra se limita a aceitá-lo.Há outros tipos de contrato, destacando-se: aces-sório (subordinado a um principal ou a ele opos-to), administrativo (entre pessoa física ou jurídicae o poder público), gratuito (em que só uma das

CONTINGENCIAMENTO 128

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partes se beneficia), oneroso (que impõe ônus àspartes, como os de locação, compra e venda),bilateral (em que as partes assumem obrigaçõesrecíprocas), unilateral (em que as obrigações sãoapenas de uma parte), coletivo (entre grupos ouentidades representativas dos mesmos), comer-cial (na esfera do direito comercial), de trabalho(entre empregado e empregador), judicial (fir-mado perante um juiz).

CONTRATO DE GAVETA. Sistema de trans-ferência de contratos de compra, geralmente deimóveis, mediante o qual o vendedor continuasendo o titular de um financiamento, e o com-prador paga o restante de um financiamento deposse de uma procuração que lhe dá plenos di-reitos, para que as condições vantajosas dessefinanciamento não sejam perdidas por mudançade titularidade. Os contratos de financiamentode casa própria — entre os quais os financia-dos pelo extinto Banco Nacional da Habitação(BNH) —, com condições muito favoráveis, sãosubmetidos a esse tratamento. Como o contratode compra e venda só é registrado no final dofinanciamento e permanece guardado até então,recebe o nome de “contrato de gaveta”.

CONTRATO DE GESTÃO. Contratos celebra-dos entre empresas estatais, por intermédio desuas diretorias e o acionista majoritário — o Es-tado —, mediante ministérios, quando se tratada União (governo federal), ou secretarias, quan-do se trata de Estados (governos estaduais),constituindo um compromisso gerencial commetas e objetivos de produção a serem alcança-dos em determinado período de tempo. O ob-jetivo básico desses contratos é estabelecer maiortransparência na gestão das empresas estatais epermitir ao Estado um maior controle e super-visão sobre as empresas das quais é acionistamajoritário. O Estado de São Paulo implantouesses contratos a partir de 1992, em suas em-presas estatais, e o governo federal também ini-ciou sua implantação na Companhia Vale doRio Doce e, em 1994, na Petrobrás.

CONTRATO DE MÚTUO. Veja Mútuo, Con-trato de.

CONTRATO DE RISCO. Veja Risco, Contrato de.

CONTRATO SOCIAL. Conceito elaborado pelofilósofo francês Rousseau, segundo o qual a so-ciedade se origina de um acordo convencionalentre os homens, com o objetivo de eliminar dis-putas e possibilitar a vida em comum. A teoriado contrato social de Rousseau parte do seguintepostulado: “A liberdade é um direito e um de-ver”. A viabilidade da liberdade geral resultada renúncia individual a certas prerrogativas,para que assim os homens se tornem cidadãos,criadores e participantes da “vontade geral”, que

é a coletividade. O conteúdo político do contratosocial é essencialmente democrático, pois o po-der e a autoridade estão vinculados à soberaniapopular, que é indivisível e inalienável: ela nãopode ser partilhada, mas pode ser delegada emsuas funções executivas (de governo). A lei,como ato da vontade geral, coletiva e expressãode soberania, é de vital importância, pois deter-mina o destino do Estado. Veja também Rous-seau, Jean-Jacques.

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. Tributo ge-rado pela valorização imobiliária decorrente dasobras públicas realizadas pelo governo. Essa va-lorização significa um acréscimo patrimonialdos detentores das propriedades imobiliárias be-neficiadas. Uma parte dessa valorização poderiase transformar em receitas públicas mediante acobrança da contribuição de melhoria, muitasvezes viabilizando investimentos infra-estrutu-rais que de outra forma seriam muito custosospara ser realizados. A Constituição de 1988 fa-culta à União, aos Estados e aos municípios ainstituição de contribuições de melhoria decor-rentes da realização de obras públicas.

CONTROLE CAMBIAL. Controle que as auto-ridades monetárias exercem sobre o comérciode moedas estrangeiras, por meio do sistemabancário (basicamente, pelo Banco Central). Essecontrole estende-se sobre toda a compra e vendade divisas pelas pessoas residentes e empresasestabelecidas no país. É apoiado sobretudo nafixação das taxas de câmbio oficiais e numa sériede restrições para a compra de moeda estran-geira e sua remessa para o exterior. Um dos me-canismos mais comuns do controle cambial é avenda obrigatória, ao Estado, da moeda estran-geira recebida pelos exportadores. Outro é a li-mitação para a aquisição de divisas pelos queviajam ao exterior; no Brasil, a partir de 1991,segundo decisão do Ministério da Economia,qualquer cidadão pode adquirir livremente dó-lares, desde que comprovada sua utilização.Veja também Política Cambial.

CONTROLE DE PREÇOS. Veja Preços, Con-trole de.

CONTROLE DE QUALIDADE. Processo quepermite a uma empresa verificar, por meio demétodos estatísticos, a qualidade dos produtosque produz. À medida que a concorrência in-ternacional vem se intensificando, o controle dequalidade torna-se uma exigência cada vezmaior e as empresas têm dedicado uma atençãocrescente a esse problema. Veja também ISO9000.

CONTROLE DO MEIO CIRCULANTE. VejaMeio Circulante, Controle do.

129 CONTROLE DO MEIO CIRCULANTE

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CONTROVÉRSIA DE CAMBRIDGE. Debatetravado entre a Escola de Cambridge (Univer-sidade de Cambridge, Inglaterra) e a Escola Neo-clássica, do Massachusetts Institute of Tecnology(MIT), Cambridge, Massachusetts (Estados Uni-dos) sobre a validade da abordagem neoclássicaem economia. Esse debate envolveu os econo-mistas mais destacados do MIT, como P. Sa-muelson e R. Solow, e da Escola de Cambridge,como J. Robinson, P. Sraffa e N. Kaldor. O pontocentral da controvérsia girava em torno do con-ceito de capital e do papel por ele desempenha-do numa função de produção agregada. De acor-do com a Escola de Cambridge, a possibilidadeda reciclagem de técnicas seria suficiente para in-validar muitos dos supostos da Escola Neoclás-sica e especialmente sua teoria do crescimentoeconômico. A Escola Neoclássica, embora admi-tindo que a possibilidade de reciclagem enfra-quecia suas concepções sobre o capital, não con-cordava que por essa razão a teoria deveria serabandonada. Tal debate ainda prossegue, em-bora com menor ímpeto, uma vez que os de-fensores da Escola de Cambridge consideramque suas críticas foram comprovadas. Veja tam-bém Escola de Cambridge; Escola Neoclássica;Reciclagem; Teoria Neoclássica do Crescimen-to Econômico.

CONTROVÉRSIA DO CAPITAL. Veja Contro-vérsia de Cambridge.

CONTROVÉRSIA DO MÉTODO (Metho-denstreit). Polêmica desenvolvida entre CarlMenger e Gustav Schmoller no final do séculoXIX, considerada um dos principais debates me-todológicos na história da ciência econômica.Teve início com a publicação do livro de Mengersobre o método (1883), que recebeu de Schmolleruma resenha crítica muito desfavorável, a qualfoi respondida com a mesma veemência porMenger no ano seguinte (1884), no The Errors ofHistoricism (Os Erros do Historicismo). Na ver-dade, as críticas de parte a parte estavam en-raizadas em discordância mais profunda, e nãoapenas em questões metodológicas. EnquantoMenger acreditava que o comportamento eco-nômico implicava um sistema social constituídopor indivíduos movidos por interesses egoístas,Schmoller considerava que os indivíduos for-mavam grupos, nações, com objetivos e interes-ses grupais, embora também individuais. Omais importante é que as concepções de Mengerresultavam e davam especial ênfase à primaziadas políticas liberais (laissez-faire), que deveriamser as mais abrangentes para permitir o funcio-namento dos mecanismos de ajuste e equilíbriodos mercados. As conclusões de Schmoller iamem direção oposta, supondo a intervenção doEstado por meio de políticas governamentaiscomo as emanadas pelo governo da Alemanha

recém-unificada. Como o ministro da Educaçãoem Berlim dava quase exclusiva preferência aosadeptos de Schmoller na indicação de professo-res universitários, a polêmica incorporou (alémdas questões do método e da política econômica)também as questões relacionadas com a liber-dade acadêmica, pois os ataques de Menger aSchmoller abarcavam toda a comunidade uni-versitária composta, em grande medida, de“partidários” deste último. Sobre a importânciada teoria e de estudos empíricos em economia,no entanto, ambos concordavam. As divergên-cias estavam na ênfase que se devia dar a cadainstância e no desenvolvimento das conclusões.Menger argumentava que a economia “pura”poderia ser desenvolvida por meio de análiseslógicas cujas conclusões seriam amplamenteaplicáveis e, portanto, úteis do ponto de vistaprático. Proposições apoiadas em dados empí-ricos, no entanto, seriam corretas apenas até oslimites dos dados em que as proposições se ba-seassem. Na medida em que os dados empíricoseram sempre parciais e limitados no espaço eno tempo, as conclusões deles emanadas seriamproblemáticas e de generalização limitada. Pro-posições corretas e de aplicação geral poderiamser desdobradas por meio de rigorosa análiselógica de supostos não limitados no tempo, es-paço ou circunstâncias especiais. Para Menger,os dados empíricos atuariam como uma espéciede ponte entre a economia pura (teoria) e asquestões de política aplicada à economia, masadvertia que isso só poderia ser feito medianteexaustivos estudos empíricos. Schmoller tam-bém defendia o uso de estudos empíricos e dateoria econômica, mas de acordo com uma com-binação diferente. Ele rejeitava o método lógicodedutivo de Menger por três razões: os pressu-postos eram irreais, seu elevado nível de abs-tração tornava a teoria irrelevante para resolveros problemas do mundo real e não continha ele-mentos empíricos. Dessa forma, a teoria seriainútil para esclarecer as principais questões comas quais os economistas se defrontavam: de quemaneira se desenvolveram as instituições eco-nômicas do mundo moderno, alcançando seupresente estágio, e quais são as leis e as regu-laridades que as governam? Para Schmoller, ométodo mais apropriado era a indução dos prin-cípios gerais por intermédio dos estudos histó-rico-empíricos. Veja também Menger, Carl; Mé-todo; Schmoller, Gustav.

CONVENÇÃO DE LOMÉ. Denominação dadaa uma série de acordos de comércio e cooperaçãoeconômica assinados, a partir de 1975, na capitaldo Togo, entre a Comunidade Econômica Eu-ropéia e países da África, do Caribe e do Pacífico.Esses acordos substituíram e ampliaram o esta-belecido na Convenção de Yaoundé entre a Co-

CONTROVÉRSIA DE CAMBRIDGE 130

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munidade Econômica Européia e países da Áfri-ca e a República Malgaxe. O aspecto mais im-portante desses acordos foi a garantia dada pelaCEE de eximir de tarifas (e sem exigir recipro-cidade) todos os produtos manufaturados ou deagricultura tropical oriundos desses países. Vejatambém Convenção de Yaoundé.

CONVENÇÃO DE YAOUNDÉ. Conjunto deacordos assinados em Yaoundé (Camarões), apartir de 1963, entre a Comunidade EconômicaEuropéia e a Associação de Países da África eda República Malgaxe, estabelecendo uma sériede políticas recíprocas e não-discriminatórias decomércio, ajuda financeira, assistência técnica eeliminação gradual de barreiras alfandegárias.A Convenção de Yaoundé prevaleceu até 1975,quando foi substituída pela Convenção de Lomé.Veja também Convenção de Lomé.

CONVÊNIO DE TAUBATÉ. Convênio assina-do em Taubaté (SP), em 1906, por representantesdos três Estados maiores produtores de café —São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro —,com o objetivo de valorização do produto nomercado internacional por meio do controle daoferta. As cláusulas eram as seguintes: 1) a fimde garantir o equilíbrio entre a oferta e a de-manda do café no mercado internacional, o go-verno federal interviria no mercado para com-prar os excedentes; 2) o financiamento necessá-rio para essas compras e para a manutenção deestoques seria feito mediante empréstimos es-trangeiros; 3) o serviço da dívida externa resul-tante seria pago com um imposto em ouro sobrecada saca de café exportada; 4) os governos dospaíses produtores deveriam desencorajar a ex-pansão das plantações. O ponto vulnerável des-se acordo residia no fato de o controle ser daoferta e não da produção, o que aumentava con-sideravelmente o risco de superprodução. A cri-se econômica mundial de 1929-33 mostrou a ex-tensão dessa vulnerabilidade. Veja também Cri-se Econômica; Dardanismo.

CONVERGÊNCIA, Tese da. Concepção de queas economias capitalistas e socialistas, emborapartindo de pontos completamente opostos,convergiriam crescentemente nas formas decomportamento, pensamento, instituições e mé-todos. Essa hipótese foi levantada originalmentepelo economista holandês Jan Tinbergen, no sen-tido de que tal convergência seria inevitável emfunção da necessidade de padrões similares dodesenvolvimento tecnológico. Com as transfor-mações ocorridas nos países do Leste Europeue na ex-União Soviética depois de 1989, a tesefoi totalmente superada.

CONVERSÃO. Mudança das características deuma ação ou título, inclusive nos rendimentos

assegurados. Depois da Segunda Guerra Mun-dial, por exemplo, os títulos de dívida públicaingleses foram trocados por outros, com jurosmenores. Ações ou debêntures podem ser tro-cadas, com mudanças na sua essência, isto é,passar de nominativas para ao portador ou deordinárias para preferenciais. Veja tambémConsols.

CONVERSÃO DAS UNIDADES DE PESOSE MEDIDAS. Medidas do Sistema Imperial In-glês e do Sistema Consuetudinário Americanoe suas conversões ao Sistema Métrico Decimal:Ver tabelas nas págs. 647, 648 e 649.

CONVERSÃO DE DÍVIDA. Troca de títulos dedívida pública, vencidos ou a vencer, por outroscom vencimentos a prazo mais longo. Equivale,na prática, a uma rolagem da dívida, já que seuvencimento é “empurrado” para o futuro. Noque se refere à dívida externa de um país, podeconsistir na transformação de parte dessa dívidaem capital de risco, operação que geralmenteimplica um deságio no ato de conversão. Vejatambém Capital de Risco; Deságio.

CONVERSIBILIDADE. Originalmente, era apossibilidade de trocar-se moeda-papel ou pa-pel-moeda por seu correspondente em ouroamoedado, segundo cotações determinadas. Du-rante o século XX, a conversibilidade existiu noBrasil por dois períodos curtos: entre 1906 e 1914com a Caixa de Estabilização, e entre 1926 e 1930com a Caixa de Conversão. Atualmente, o termoindica a situação em que uma moeda é livre-mente trocável por moedas estrangeiras, segun-do taxas de câmbio determinadas ou preços es-tabelecidos pela oferta e demanda da moeda. Aconversibilidade monetária é considerada fun-damental para o desenvolvimento e a manuten-ção do comércio internacional. Em contraparti-da, cria possibilidades de evasão de divisas ecrises no balanço de pagamentos. Por isso, mui-tos países impõem limites à conversibilidade desuas moedas. O real, por exemplo, só é conver-sível em moedas estrangeiras em condições de-terminadas pela política cambial — viagens aoexterior, por exemplo, e segundo uma quantia-limite. Veja também Caixa de Conversão; Caixade Estabilização; Comércio Internacional; Pa-drão Câmbio-ouro; Padrão-Ouro.

CONVERSOR. Em informática, é um equipa-mento capaz de transformar dados de uma for-ma para outra, a fim de torná-los adequados aum certo equipamento. Um conversor é porexemplo uma unidade que transforma quanti-dades analógicas em quantidades digitais. Vejatambém Computador.

CONVEXIDADE. Veja Função Convexa.

131 CONVEXIDADE

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COOPERATIVA. Empresa formada e dirigidapor uma associação de usuários, que se reúnemem igualdade de direitos com o objetivo de de-senvolver uma atividade econômica ou prestarserviços comuns, eliminando os intermediários.O movimento cooperativista contrapõe-se àsgrandes corporações capitalistas de caráter mo-nopolista. Conforme a natureza de seu corpode associados, as cooperativas podem ser de pro-dução, de consumo, de crédito, de troca e comercia-lização, de segurança mútua, de venda por atacadoou de assistência médica. As mais comuns são ascooperativas de produção, consumo e crédito;há ainda as cooperativas mistas, que unemnuma só empresa essas três atividades. Na Eu-ropa e nos Estados Unidos, as cooperativas decrédito são a principal fonte do crédito rural, ena União Soviética formam a base de economiados kolkhozes. No Brasil, a formação de coope-rativas é regulamentada por lei desde 1907. In-ternacionalmente, a atividade é incentivada pelaAliança Cooperativa Internacional. Veja tambémCooperativismo.

COOPERATIVISMO. Doutrina que tem porobjetivo a solução de problemas sociais por meioda criação de comunidades de cooperação. Taiscomunidades seriam formadas por indivíduoslivres, que se encarregariam da gestão da pro-dução e participariam igualitariamente dos bensproduzidos em comum. Sua realização práticaprevê a criação de cooperativas de produção,consumo e de crédito. O cooperativismo pre-tendeu representar uma alternativa entre o ca-pitalismo e o socialismo, mas sua origem en-contra-se nas propostas dos chamados socialis-tas utópicos. O iniciador deste movimento foio inglês Robert Owen, que patrocinou a criaçãoda primeira cooperativa na Europa, a sociedadePioneiros Equitativos de Rochdale, em 1844, in-tegrada por tecelões. Na França, o movimentocooperativista representou uma negação do ca-pitalismo e foi incentivado por Charles Fourier,Saint-Simon e Louis Blanc, os quais procuraramorganizar cooperativas de produção, principal-mente com os artesãos arruinados pela Revolu-ção Industrial. Mais tarde, em lugar do conteúdosocialista, o cooperativismo adquiriu caracterís-ticas mais atenuadas de reforma social, nas for-mulações de Beatrice Potter Webb, Luigi Luz-zatti e Charles Gide. No Brasil, o cooperativismoiniciou-se no final do século XIX, principalmenteno meio rural. Atualmente, é regulamentado porleis especiais e subordinado ao Conselho Na-cional de Cooperativismo, órgão do Ministérioda Agricultura. Conta ainda com uma institui-ção financeira especial, o Banco Nacional de Cré-dito Cooperativo. Veja também Banco Nacionalde Crédito Cooperativo; Fourier, Charles; Gide,Charles; Owen, Robert; Webb, Beatrice.

COOPETITION. Termo em inglês constituídodas palavras cooperation (cooperação) e competi-tion (concorrência), isto é, uma contradição emtermos, na medida em que se trata de uma coo-peração entre competidores. Este conceito é apli-cado nos casos em que empresas competidoras,mas desejosas de criar um novo mercado ou dereduzir riscos que envolvem investimentos vul-tosos em inovações, cooperam entre si, até queo resultado seja alcançado, para então continuarem sua trilha de competição. Não é raro encon-trar empresas que se enfrentam ferozmente emdeterminados mercados, cooperando amistosa-mente em outros. Por exemplo, as empresas Sun,IBM, Apple e Netscape entraram num processode cooperação para sustentar o novo programapara computadores Java, a fim de enfraquecera Microsoft. A linha divisória entre o que vemsendo denominado coopetition e a formação decartéis não é muito clara. As instituições encar-regadas de zelar pela manutenção da concor-rência ainda não definiram tais limites, que se-param as duas formas de comportamento. Fa-talmente, serão levadas a fazê-lo e até mesmoa consolidar uma legislação correspondente, namedida em que essa aproximação entre empre-sas possa resultar em benefícios para o público.Veja também Cartel; Concorrência.

COORDENADAS CARTESIANAS. Método derepresentação gráfica no qual se constroem duaslinhas perpendiculares, sendo a horizontal de-nominada “eixo de X ” e a vertical, “eixo de Y”.O ponto de intersecção chama-se “origem” e de-signa-se pela abreviação “0", ou o ponto zero apartir do qual medem-se as distâncias horizon-tais e verticais.

COPELAÇÃO. Veja Ouro.

COPEQUE. Veja Rublo.

COPYRIGHT. Direito de cópia ou de reprodu-ção, em inglês. Direito de propriedade que temo autor de uma obra literária, artística oucientífica.

CORBISIER, Roland. Veja ISEB.

CORD. Medida de volume para madeira utili-zada nos Estados Unidos, equivalente a uma pi-lha de 4 pés de altura por 4 pés de largura e 8pés de comprimento. Veja também Sistemas dePesos e Medidas; Unidades de Pesos e Medidas.

CÓRDOBA. Unidade monetária da Nicarágua.Submúltiplo: centavo.

CORECON — Conselho Regional de Econo-mia. Órgão estadual vinculado ao Cofecon, quetem por finalidade zelar pelo exercício da pro-fissão em nível estadual, proporcionando inclu-sive a habilitação legal mediante registro pro-

COOPERATIVA 132

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fissional. O Corecon é responsável também peloregistro de pessoas jurídicas que exerçam a ati-vidade de economista. Os membros do Corecon(conselheiros) têm seus cargos renovados emum terço de seu número a cada ano.

CORN BELT. Expressão que designa as regiõesonde se cultivam os principais cereais, como tri-go, arroz, cevada, milho etc. Em sentido estrito,corn significa “milho”, mas no sentido genéricorefere-se ao cereal mais importante de uma re-gião (na Europa e nos Estados Unidos, geral-mente o trigo). Assim, a tradução mais apro-priada seria “cinturão cerealista”.

CORN-HOG RATIO. Expressão em inglês quesignifica o coeficiente determinado pelo númerode bushels de milho igual em valor de cem li-bras-peso de carne de porco. Este coeficiente in-dica — dados os preços de mercado dos doisprodutos — se os fazendeiros tenderão a vendero milho que produzirem ou o utilizarão paraalimentar seus porcos e vender a carne destesno mercado.

CORN LAWS (Leis dos Cereais ou Leis do Tri-go). Legislação inglesa que restringia a impor-tação de cereais. Essas leis existiam desde a Ida-de Média, mas se tornaram uma questão centralna primeira metade do século XIX, gerando acir-rada polêmica entre donos de terras e indus-triais. O isolamento imposto à Inglaterra duranteas guerras napoleônicas contribuiu para a ele-vação dos preços dos cereais, particularmente otrigo, beneficiando os donos de terras, que ti-nham a maioria no Parlamento e queriam man-ter as restrições às compras de trigo russo, nor-te-americano e francês. Como o preço dos cereaisingleses era muito alto, isso resultava numapressão constante sobre os salários, pois os tra-balhadores tinham nos cereais seu gasto princi-pal. Os industriais, sobretudo de Manchester(centro da produção de tecidos), insurgiram-secontra a manutenção das restrições impostas pe-las Corn Laws, pois de um lado queriam bara-tear o preço de mão-de-obra (via importação detrigo mais barato) e, de outro, queriam intensi-ficar a exportação de produtos industriais paraa Rússia, os Estados Unidos, a França e outrospaíses, que só podiam pagar esses produtos comgêneros alimentícios. Era a política do livre-cam-bismo. A discussão pôs em confronto não sóindustriais e latifundiários, mas também os eco-nomistas clássicos: Malthus colocou-se ao ladodos proprietários rurais, e Ricardo (que era tam-bém deputado) tomou o partido dos industriais.No seu trabalho teórico, Ricardo procurou aindaligar o preço dos cereais aos problemas de re-partição da renda, crescimento da população,aumento da renda diferencial, salários e desen-volvimento do comércio internacional. A polê-

mica sobre as Corn Laws acentuou-se entre 1838e 1846, com a mobilização promovida pela Ligacontra as Corn Laws (criada pelos industriais)e que recebeu a adesão de trabalhadores. Essaquestão, em particular, foi tratada por Marx emseu Discurso sobre o Livre-cambismo.

CORNER. Termo em inglês que significa umasituação na qual um investidor ou um grupoarticulado de investidores controla a maior parteda oferta de uma ação ou título, podendo influirdecisivamente sobre suas cotações. Desse termoderiva a expressão cornering the market, que sig-nifica uma compra volumosa de um título oucommodity de tal forma que o(s) comprador(es)passa(am) a deter o controle dos respectivos pre-ços. Quando isso acontece, aqueles que porven-tura tenham vendido a descoberto, isto é, ven-deram um volume maior do que os títulos pos-suídos, deverão pagar cotações muito elevadaspara honrar seus contratos. Embora esta práticaseja considerada ilegal na maioria das Bolsas deValores, ela continua sendo praticada. Veja tam-bém Bolsa de Valores.

COROA. Unidade monetária da Islândia (NovaCoroa Islandesa; Submúltiplo: aurar), da Dina-marca (Coroa Dinamarquesa; submúltiplo: ore),da Noruega (Coroa Norueguesa; submúltiplo:ore), da Suécia (Coroa Sueca; submúltiplo: ore),da República Tcheca (Coroa Tcheca; submúlti-plo: haléru). Territórios e dependências: Groen-lândia (Dinamarca, Coroa — ore), Ilhas Faroë(Dinamarca, Coroa — ore), Sual Bard (Noruega,Coroa — ore).

CORONELISMO. Termo que designa, no Bra-sil, o tipo social do grande proprietário rural decomportamento despótico e patriarcal que, porforça do consenso geral de um sistema de o-brigações e favores, confunde em sua pessoaatribuições de caráter privado e público. O “co-ronel” protege e sustenta economicamente seusagregados, exigindo deles obediência e fidelida-de a sua chefia política. O termo surgiu no pe-ríodo da Regência, com a criação da Guarda Na-cional, em 1831, um corpo militar formado porcidadãos armados em que o governo confiavae que atuou várias vezes na repressão a movi-mentos internos de rebeldia. Posteriormente, aGuarda Nacional perdeu sua função militar, tor-nando-se meramente honorífica e decorativa. Oposto de coronel, o mais elevado da guarda, eraconcedido aos indivíduos de maior força eco-nômica e política nos municípios, em geral gran-des proprietários rurais. Com o correr do tempo,o termo “coronel” passou a designar os fazen-deiros mais abastados que, em cada município,ocupavam posições de liderança política, tor-nando-se os pontos de apoio locais do ordena-mento político que caracterizou a Primeira Re-

133 CORONELISMO

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pública (1889-1930). O grande proprietário ruralestendia seu domínio econômico e político a cen-tenas e até milhares de pessoas, que dependiamdele como agregados, meeiros ou colonos, tipi-ficando-se no exercício de um poder mercantile patriarcal-patrimonial. Embora produzissepara o mercado, muitas vezes para o mercadoexterno, o “coronel” comportava-se como pa-triarca e chefe de clientela em seus domínios.Em torno do latifúndio, formava-se uma teia dereciprocidades e de lealdades mútuas. Em trocade emprego, de um pedaço de terra para culti-var, de empréstimos ou outros “favores”, osagregados deviam incondicional fidelidade aopartido do coronel. A aplicação do sistema elei-toral pelo regime republicano, em vez de solapara força do coronelismo, conservou-lhe e deu-lhefeição particular. O voto, teoricamente livre, con-tinuou a ser, no Interior do país, um “voto decabresto”, cegamente atribuído pelo eleitoradodependente economicamente aos candidatos deseu chefe político, que impunha ainda seu do-mínio eleitoral com as “atas falsas” e “eleiçõesde bico de pena”. Desse modo, durante a Pri-meira República, o poder central apoiou-se noscoronéis, que dele obtinham todas as prerroga-tivas no setor municipal, onde controlavam avida econômica e política e dominavam o apa-relho administrativo, judiciário e policial. A par-tir de 1930, com o desenvolvimento e crescimen-to da economia industrial e da urbanização, como peso cada vez maior da classe operária e dascamadas médias urbanas, e com a adoção dovoto secreto e o aperfeiçoamento do poder cen-tral nos municípios, o sistema de coronelismopassou a enfraquecer-se, entrando em irre-versível decadência nas últimas décadas. Isso sedeu com a transformação das grandes proprie-dades rurais em empresas agrícolas capitalistas,nas quais a mão-de-obra é assalariada e obrigadaa grande mobilidade, não permitindo vínculosde dependência pessoal. Outros fatores que so-laparam as bases políticas do coronelismo fo-ram a modernização dos meios de transportee comunicação e a cada vez maior presençado poder central nos municípios. Veja tambémPatriarcalismo.

CORPORAÇÃO. Associação profissional de co-merciantes ou artesãos da Idade Média. Conhe-cidas também como confrarias, grêmios, fraterni-dades ou guildas, as corporações situavam-se nascidades e comunas medievais. Desenvolveram-se entre os séculos XII e XIV, acompanhando oprocesso do renascimento comercial. Foi na Itá-lia onde mais proliferaram; na França, perdura-ram até 1791, quando foram abolidas por lei.Eram organizações fechadas, cujos membrosmonopolizavam o exercício de determinada pro-fissão ou atividade comercial. Numa comuna,

só podia ser pedreiro quem pertencesse à cor-poração dos pedreiros ou só podia ser comer-ciante de lã quem fizesse parte da guilda cor-respondente. Até os mendigos tinham suas cor-porações. As atividades de cada membro da cor-poração eram regulamentadas por estatutos,cuja violação era punida severamente pelos pró-prios tribunais da entidade — um privilégio queera comprado ao senhor feudal. A corporaçãocontrolava a qualidade da produção artesanalde seus membros, determinava o preço das mer-cadorias, fiscalizava o aprendizado de ajudantese jornaleiros (que recebiam por dia ou jornadade trabalho) e realizava exames de capacitaçãopara o aprendiz tornar-se mestre artesão e poderingressar na corporação. As corporações tam-bém tiveram importante papel político. Muitascidades eram totalmente controladas pelas cor-porações dos comerciantes; estes impediam aparticipação político-administrativa das associa-ções artesanais, que se sublevaram várias vezescontra isso. Em troca de privilégios, muitas cor-porações apoiaram os reis na luta contra os se-nhores feudais, durante o processo de formaçãodos Estados Nacionais.

CORPORAÇÃO FINANCEIRA INTERNACIO-NAL (International Finance Corporation).Agência financeira das Nações Unidas criada em1956 e filiada ao Banco Mundial (Bird). Desti-na-se a prestar ajuda — nas formas de créditoa longo prazo ou subscrição de capital — a em-presas privadas em países subdesenvolvidos,sem necessidade de garantias governamentais.Pode também investir em novos empreendi-mentos, mas essa participação limita-se, geral-mente, a 25% do investimento total. Edita umrelatório anual (Annual Reports).

CORPORATIVISMO. Doutrina que prega aharmonização dos desajustes da economia demercado e dos conflitos sociais por meio da cria-ção de um sistema de corporações (unidadesprofissionais) formadas por representantes depatrões e empregados. A corporação, eficientee autodisciplinada, regulamentaria as relaçõesentre capital e trabalho, organizaria a produçãoe seus limites, respondendo ainda pela qualida-de dos produtos e pela comercialização. O cor-porativismo abrange várias tendências doutri-nárias, algumas enfatizando os problemas eco-nômicos e sociais, outras voltando-se mais paraa ação do Estado como criador, controlador ebeneficiário do sistema corporativo. Todas cul-tuam o dirigismo estatal, visto como caminhointermediário entre o liberalismo e o socialismo,ambos condenados. As doutrinas corporativis-tas surgiram no final do século XIX como reaçãoao espontaneísmo do liberalismo econômicopara resolver os desequilíbrios do mercado, e

CORPORAÇÃO 134

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ao coletivismo defendido pelos socialistas. Con-sideravam a luta de classes algo artificial, desa-gregador e que deveria ser destruído por meioda conciliação dos interesses conflitantes criadospelo capitalismo. Influenciados pelo catolicismotradicionalista e pelo saudosismo medieval, osdefensores do corporativismo viam nas corpo-rações romanas e medievais o padrão do meca-nismo conciliador, capaz de unir interesses depatrões e empregados, como no passado uniaos de mestres e aprendizes e controlava a pro-dução artesanal. O ideal corporativista surgiucom a obra de La Tour du Pin, a ação parla-mentar de Albert de Mun e as publicações darevista Association Catholique, que se empenha-ram na busca de uma ordem social cristã queamenizasse os problemas sociais gerados pelaRevolução Industrial. Esse ideal foi uma das ins-pirações da encíclica Rerum Novarum (1891) einfluenciou muitos intelectuais europeus, entreeles o sociólogo Émile Durkheim. Foi na décadade 20, em decorrência dos efeitos da PrimeiraGuerra Mundial e da crise econômica, que o cor-porativismo se concretizou como política de Es-tado, particularmente na Itália de Mussolini eno regime salazarista português. Na Itália, foioficializado em 1934, com a criação das 22 cor-porações subordinadas ao Ministério das Cor-porações: eram formadas por representantes depatrões, empregados, técnicos e representantesdo Partido Fascista; no topo do sistema ficavao Conselho Nacional das Corporações, integran-te da Camera dei Fasci e delle Corporazioni — quesubstituiu a Câmara dos Deputados. Os mem-bros das corporações, nomeados pelo governo,atuavam nas questões trabalhistas e na regula-mentação da economia. Toda essa estrutura ti-nha por base uma nova organização sindical,estreitamente vinculada ao Estado e estruturadanão por setor industrial, mas por profissão. Ocorporativismo aboliu, na teoria e na prática, opluralismo sindical, considerado um dos malesdo liberalismo. No Estado corporativo, os sin-dicatos, para não desenvolver atividades tidascomo anti-sociais, tornam-se coisa pública,apêndices do Estado para servir de instrumentosde conciliação e de paz social. Foi essa a políticasindical imposta pelo corporativismo fascista naItália e em Portugal, e que também inspirou aregulamentação das atividades sindicais no Bra-sil a partir de 1930. Um dos principais teóricosdo corporativismo brasileiro foi Oliveira Viana,que via como uma aplicação dos princípios cor-porativistas a tendência crescente de intervençãodo Estado na economia e a política desenvolvidapelos monopólios capitalistas em relação ao con-trole dos mercados e ao dimensionamento daprodução.

CORPUS. Veja Trust.

CORREÇÃO CAMBIAL. Atualização das taxascambiais, segundo a política econômica gover-namental e a situação interna do país. Uma in-flação elevada pode provocar violento aumentode custos dos produtos para exportação: acele-rando-se a correção cambial, pode-se evitar queos aumentos de custo internos dificultem as ex-portações. A correção cambial pode ser utili-zada também como um indexador de valoresde contratos, especialmente nas compras debens duráveis a prazo. Veja também Desvalo-rização; Maxidesvalorização; Política Cam-bial; Valorização.

CORREÇÃO MONETÁRIA. Mecanismo finan-ceiro criado em 1964 pelo governo Castelo Bran-co. Consiste na aplicação de um índice oficialpara o reajustamento periódico do valor nomi-nal de títulos de dívida pública (Obrigações Rea-justáveis do Tesouro Nacional) e privados (letrasde câmbio, depósitos a prazo fixo e depósitosde poupança), ativos financeiros institucionais(FGTS, PIS, Pasep), créditos fiscais e ativos pa-trimoniais das empresas. Os índices de correçãomonetária são calculados de acordo com a taxaoficial de inflação, tendo por objetivo compensara desvalorização da moeda. Com a decretaçãodo Plano Cruzado, em fevereiro de 1986, e acriação da Obrigação do Tesouro Nacional (OTN)em substituição à ORTN, a correção monetáriafoi eliminada, sendo reintroduzida a partir de1987, quando a inflação retornou a níveis muitoelevados. Novamente, em 1991, em decorrênciado Plano Collor 2, a correção monetária foi ofi-cialmente abolida com a extinção do Bônus doTesouro Nacional (BTN). Com o recrudescimen-to da inflação, a correção monetária volta a serpraticada até a adoção do Plano Real (1º/7/1994),quando é outra vez desativada. Veja tambémPlano Cruzado; Plano Real; Plano Verão.

CORREÇÃO MONETÁRIA PREFIXADA. VejaCorreção Prefixada.

CORREÇÃO PREFIXADA. Mecanismo de po-lítica econômica pelo qual as autoridades deter-minam, antecipadamente, qual será a desvalo-rização da moeda em determinado período. Essapolítica, em geral, exige também prefixação dacorreção cambial. Baseia-se na premissa de quecom uma correção prefixada (quase sempre sub-valorizada), as expectativas inflacionárias pode-rão ser mais bem controladas, com resultadosbenéficos no verdadeiro comportamento dospreços. Em geral, no Brasil, tem sido adotada acorreção pós-fixada. O termo também indica ostítulos cujo rendimento é determinado anteci-padamente. Nesses casos, os investidores estãosempre jogando contra a inflação: se diminuir,ganham mais; se aumentar, perdem.

135 CORREÇÃO PREFIXADA

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CORRELAÇÃO. Grau em que duas variáveisestão relacionadas linearmente, seja por meio decausalidade direta, indireta ou por probabilida-de estatística. A correlação é medida geralmentepelo coeficiente:

r = Σ x . y√ Σ x2 √ Σ y2

,

onde x e y são os desvios das médias das duasvariáveis respectivamente. Este coeficiente podeassumir valores entre -1 e 1. O primeiro indicauma perfeita correlação negativa e o segundo,uma perfeita correlação positiva, enquanto o va-lor 0 (zero) ou próximo de zero indica não havercorrelação entre as duas variáveis. Valores pró-ximos dos extremos indicam a existência de cor-relação, seja ela positiva ou negativa; valoresafastados dos extremos indicam não haver cor-relação entre as variáveis. É necessário conside-rar, no entanto, que o coeficiente r indica apenasa medida em que duas variáveis estão linear-mente relacionadas, pois duas variáveis podemestar perfeitamente relacionadas de forma não-linear como, por exemplo, y = x2, e resultar numvalor muito baixo para r.

CORRELAÇÃO DE POSTOS (Coeficiente de).A correlação de postos é um conceito estatísticoque significa a dependência estatística entre ospares de postos de um mesmo conjunto de in-divíduos relativamente a duas classificações,sendo uma delas tomada como ponto de refe-rência, e o seu coeficiente Pi calculado da se-guinte maneira: suponhamos dez indivíduosportadores de certo atributo que, pela apreciaçãode dois observadores, são classificados por or-dem decrescente (ou por um observador, segun-do dois atributos). Uma dessas observaçõespode ser tomada como ponto de referência oufundamental e seus elementos substituídos pelaseqüência 1, 2, 3, .... 10, números estes que pas-sarão a identificar os indivíduos. Então teremosas seguintes séries:a) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10;b) 2 4 1 3 6 5 7 10 9 8.Comparando-se cada elemento de b) com os se-guintes, conta-se +1 se for menor, e -1 se formaior. O mesmo se faz com o segundo termo,comparando-o aos sucessivos e assim por dian-te. A soma algébrica de todos esses valores seráequivalente a W, e o Coeficiente de Correlaçãode Postos π será igual a π = 2W/n(n-1). Se acorrespondência entre as duas classificacões forperfeita e direta, π = +1; se perfeita mas inversa,π = -1; se for igual a zero, inexistirá correlação.No exemplo anterior, π será igual a W = 32 eπ = 2 x 32/90 = 0,711.

CORRELAÇÃO FALSA. Situação em que duasvariáveis aparecem altamente relacionadas, mas,

na verdade, um fenômeno nada ou pouco tema ver com o outro. Por exemplo, a freqüênciade aparecimento das manchas solares e a fre-qüência de casamentos no interior da Bahia. Es-tes fenômenos podem encontrar-se estatistica-mente correlacionados, mas eles não se deter-minam reciprocamente.

CORRETAGEM. Atividade do intermediário en-tre o vendedor e o comprador de títulos, pro-priedades imobiliárias etc. Nas Bolsas de Valo-res brasileiras, as taxas de corretagem variamcumulativamente de acordo com o montante daoperação, desde 1,5% para valores menores, até0,5% para valores maiores. Nos casos de pro-priedades imobiliárias, esta taxa costuma sermaior. O profissional que realiza esta atividadedenomina-se corretor. Veja também Broker;Jobber.

CORRETOR. Veja Corretagem.

CORRIDA BANCÁRIA. Saques generalizadosque depositantes fazem em seus bancos devidoà perda de confiança na solvência dos bancosou por notícias alarmantes sobre iminência deguerra, cataclismos etc. No passado, as corridasse caracterizavam pela presença dos depositan-tes nos guichês dos bancos. Hoje, com os siste-mas eletrônicos integrados, uma corrida podeacontecer de forma silenciosa (“corrida silencio-sa”), isto é, por ordens de saque emitidas pelossistemas integrados de computadores, nos quaisos depositantes transferem seus depósitos deum banco para outro ou fazem aplicações eminstituições que representem maior segurança.Geralmente, quando uma corrida se generaliza,as autoridades monetárias autorizam o fecha-mento temporário dos bancos declarando feria-dos bancários mais ou menos longos. Muitosbancos, no entanto, podem quebrar (isto é, fe-char suas portas unilateralmente) antes que aautorização chegue.

CORRIDA SILENCIOSA. Veja Corrida Bancária.

CORTE TRANSVERSAL, Análise de. Métodode estudo econômico que consiste em fazer olevantamento de uma “fatia” da população oude setores produtivos, em determinado períodode tempo. Esses dados são posteriormente ex-trapolados para o resto de cada conjunto queestava representado no corte. Exemplo de aná-lise de corte transversal é a Pesquisa Nacionalpor Amostragem Domiciliar (PNAD), realizadaanualmente pelo IBGE, com o intuito de conhe-cer constantemente a variação do comportamen-to econômico dos vários segmentos da popula-ção. Esses dados, depois de extrapolados, ser-vem de base para dar o peso relativo de cadaproduto no cômputo da inflação, do custo devida e do INPC.

CORRELAÇÃO 136

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CORUMBA. Veja Bóia-fria.

CORVÉIA. Trabalho gratuito que o camponês,notadamente na primeira fase da Idade Média,era obrigado a prestar ao senhor feudal. Estedividia suas terras em parcelas ou glebas — re-tendo uma parte e entregando o restante a seusservos — para que fossem por eles lavradas. Osservos eram obrigados a trabalhar a terra do se-nhor feudal com seus próprios instrumentos detrabalho, durante alguns dias por semana, du-ração que variava de região para região, masque em todos os casos representava uma cargaconsideravelmente pesada para o servo. Vejatambém Jobagie.

CO-SENO. Veja Funções Trigonométricas.

COSIPA — Companhia Siderúrgica Paulista.Empresa de economia mista do grupo Siderbrás,produtora de aço e laminados planos. Localiza-da em Cubatão (SP), foi criada em 1953 comrecursos do BNDES, em colaboração com o go-verno do Estado. Em 1975, seu controle acioná-rio passou do BNDES para a Siderbrás, que de-tinha 95% do seu capital social. Em 1983, a Co-sipa começou a operar sua primeira unidade,com capacidade inicial de produção de 500 miltoneladas de aço por ano. Em 1965, inaugurouseu complexo siderúrgico integrado, a usina JoséBonifácio de Andrada e Silva, que ocupa umaárea de 10,5 milhões de m2 e se distribuiu pordezenove unidades fabris, para a transformaçãodas matérias-primas em aço e seu processamen-to em laminados planos não-revestidos. A usinaestá localizada a 70 km do pólo industrial dacapital paulista, o maior e mais importante dopaís, e liga-se ao porto de Santos (também omaior do país) por um canal de acesso de 5 kmde extensão. Seu terminal marítimo recebe todaa matéria-prima destinada à produção de aço,procedente de outros Estados brasileiros e doexterior. Também desse terminal saem suas ex-portações, que representam parcela substancialdas exportações brasileiras de aço. Foi privati-zada no dia 20 de agosto de 1993, tendo sidoadquirida pela Usiminas por intermédio daBrastubo.

COSSA, Luigi (1831-1896). Nasceu na Itália efoi professor de economia política na Universi-dade de Pádua, de 1858 até sua morte. Sua in-fluência se exerceu menos pela obra que pro-duziu diretamente e mais pelos alunos que teve.É considerado um dos “socialistas de cátedra”italianos e como tal foi acusado por Ferrara deser “germanófilo, socialista e corruptor da ju-ventude italiana”. Cossa foi muito influenciadopor Roscher — com quem estudou — e aceitavaa idéia da relatividade histórica das leis econô-micas. Também admitia que o protecionismo,

em certos casos e condições, permitia grandeprogresso da indústria. A fama de Cossa deve-setambém, em boa medida, aos ensaios biblio-gráficos que publicou, como o Guida allo Studiodell’Economia Politica (Guia para o Estudo daEconomia Política), 1876, reeditado com amplia-ções em 1892, com o título Introduzione allo Studiodell’Economia Política (Introdução ao Estudo daEconomia Política).

COST PLUS. Expressão em inglês da área docálculo tarifário (energia elétrica, transportesetc.) que consiste no retorno sobre o investimen-to feito (modelo tradicional), que se diferenciado sistema britânico do “preço-teto” ou price cap,que implica na cobrança de um determinadopreço por um serviço, mesmo que não seja re-munerativo do capital empregado.

COSTA, Artur de Sousa (1893-1957). Financis-ta e político brasileiro, presidente do Banco daProvíncia do Rio Grande do Sul e, em 1931, doBanco do Brasil. Ocupou a pasta da Fazenda de1934 até a deposição de Vargas, em 1945. Nesseperíodo, empreendeu a reforma tributária e reor-ganizou o sistema de arrecadação de impostos,gerando recursos para o Estado impulsionar oprocesso de industrialização do país. Entre 1940e 1944, efetuou a renegociação da dívida externabrasileira, tendo antes suspenso o pagamentode juros e parcelas de amortização aos credores.Nessa época introduziu o regime de câmbio li-vre, criou o Banco de Crédito da Borracha, fun-dou a Companhia Vale do Rio Doce e instituiuo cruzeiro como padrão monetário brasileiro. Foitambém o criador da Cacex (Carteira de Expor-tação do Banco do Brasil) e da Sumoc (Superin-tendência da Moeda e do Crédito). Foi deputadofederal pelo Partido Social Democrático (PSD)de 1946 até sua morte, em 1957.

COT. Veja BOT.

COTA. Também denominado “quota” no âm-bito do comércio internacional, é o limite quan-titativo para a importação de determinados pro-dutos, especialmente os primários. A limitaçãopor cotas é considerada mais efetiva que as ta-rifas diferenciadas de importação, pois não de-pende da elasticidade da demanda. Cota é tam-bém a fração com que cada sócio participa docapital de uma sociedade por cotas de respon-sabilidade limitada.

COTAÇÃO. Preço de cada um dos títulos, açõ-es, moedas estrangeiras ou mercadorias que es-tão sendo transacionadas. O termo é usado prin-cipalmente nas Bolsas de Valores ou de Merca-dorias. A Cotação de Abertura é a primeira co-tação de uma ação num dia de pregão; a Cotaçãode Fechamento é a última negociação com umaação num dia de pregão; a Cotação Máxima é

137 COTAÇÃO

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a mais elevada que uma ação teve durante umpregão; a Cotação Mínima é a mais baixa queuma ação teve num pregão, e a Cotação Médiaé o preço médio pelo qual uma determinadaação foi negociada em Bolsa durante um pregão.

COTAÇÃO DE ABERTURA. Veja Cotação.

COTAÇÃO DE FECHAMENTO. Veja Cotação.

COTAÇÃO DO BLACK. Veja Black.

COTAÇÃO MÁXIMA. Veja Cotação.

COTAÇÃO MÉDIA. Veja Cotação.

COTAÇÃO MÍNIMA. Veja Cotação.

COTTAGE ECONOMY. Título de um livro es-crito por William Cobbett, jornalista e escritorque exerceu grande influência no início do sé-culo XIX. O livro consistia numa espécie de eco-nomia doméstica rural, e com ele o autor pro-curava fazer reviver as atividades domésticas efamiliares. Dava conselhos sobre como preparara cerveja em casa, não apenas por ser mais eco-nômico, mas também porque era um estímulopara que os homens passassem as noites em casaem vez de ir para a taverna se embebedar. ParaCobbett, uma mulher que não soubesse fazerpão era “indigna de confiança” e “um peso paraa comunidade”. Ele assegurava aos pais que amelhor maneira de garantir um bom casamentopara as filhas era conseguir que elas se tornas-sem “destras, hábeis e ativas nas tarefas indis-pensáveis de uma família”. As covinhas e asfaces rosadas não bastavam. Saber fazer pão ecerveja, desnatar o leite e fabricar manteiga éque permitia a uma mulher que fosse uma pes-soa digna de respeito. Haveria outra imagemmais tocante para o Senhor do que a de um“trabalhador que, voltando do trabalho duronum dia frio de inverno, senta-se com sua mu-lher e filhos em volta de um bom fogo, enquantoo vento assobia na chaminé e a chuva tamborilano telhado?”.

COULISSE. Um dos mercados de títulos na Bol-sa de Valores de Paris. O Parquet, no andar prin-cipal, também denominado Corbeille, é onde ostítulos mais importantes são comercializados. Opapel da “Pequena Coulisse” é análogo ao de-sempenhado pela American Stock Exchange emrelação à Bolsa de Nova York, isto é, o localonde os títulos de importância secundária sãotransacionados. Veja também American StockExchange; Curb Market.

COULOMB. Unidade de medida da quantidadede eletricidade que passa por um ponto de umfio (condutor elétrico) em um tempo determi-nado. O nome tem origem no físico francêsCharles Coulomb. Veja também Ampère; Ohm;Unidades de Pesos e Medidas; Volt; Watt.

COUNTERVAILING DUTY. Expressão em in-glês que significa literalmente “taxa contraba-lançadora”, isto é, uma taxa alfandegária intro-duzida acima dos tributos de importação de umproduto com o propósito específico de neutra-lizar ou contrabalançar um subsídio às expor-tações, ou um dumping praticado pelo país deorigem desse produto. Veja também Dumping.

COUNTERVAILING POWER. Expressão eminglês que significa literalmente “força contra-balançadora”, e que consiste num conceito de-senvolvido por John Kenneth Galbraith, segun-do o qual um excessivo poder econômico porparte de um grupo pode ser combatido e neu-tralizado pela força de um grupo contrário. Oexemplo mais freqüentemente citado é o de umempregador (ou grupo de empregadores) pode-roso recebendo a oposição de um poderoso sin-dicato (ou de um grupo de sindicatos).

COUNTRY LIMIT. Expressão em inglês utili-zada no mercado financeiro internacional paradesignar o limite colocado por um banco no totalde empréstimos a ser concedido a devedorestanto públicos como privados de um país. Esseteto é estabelecido pela direção de cada bancoe pode ser ampliado, dependendo das garantiasproporcionadas pelo país devedor.

COUNTRY OF ORIGIN. Veja País de Origem.

COUNTRY RISK. Risco que os devedores tantopúblicos como privados de um determinadopaís representam para os bancos de outros paí-ses que concedem créditos ao primeiro.

COUPLING-UP. Expressão em inglês que sig-nifica dobrar um turno de trabalho para garantira continuidade da produção. Empregados quetenham responsabilidades de dobrar turnos po-dem receber adicionais de salário especiais.

COUPON. Veja Cupom.

COUPON BONDS. Expressão em inglês quesignifica títulos ao portador, isto é, não regis-trados em nome do possuidor, ao contrário dosregistered bonds, que são nominativos. Os couponbonds são pagáveis ao portador, os títulos mu-dando de mãos sem necessidade de endosso.Os juros sobre esses títulos são recebidos (emgeral semestralmente) destacando os cupons namedida do seu vencimento e apresentando-osao emissor (a organização devedora) ou ao agen-te fiscal (financeiro) do emissor.Veja tambémZero Coupon Bond.

COUPON RATE. Expressão em inglês que sig-nifica um título que traz declarada a taxa dejuros que proporcionará.

COUPONS. Certificados anexados a um títuloe que representam os montantes de juros devi-

COTAÇÃO DE ABERTURA 138

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dos no prazo de vencimento, estabelecidos naprópria emissão do título.

COURNOT, Antoine Augustin (1801-1877). Filó-sofo e professor de matemática francês, um dosprecursores da Escola Neoclássica (juntamentecom Thünen e Gossen) por sua contribuição àteoria do valor-utilidade. Seu livro Recherches surles Principes Mathématiques de la Théorie des Ri-chesses (Pesquisas sobre os Princípios Matemá-ticos da Teoria das Riquezas), de 1838, é consi-derado o ponto de partida da teoria matemáticaem economia. Nessa obra, ele considera que oúnico fundamento da riqueza é o valor da troca.Mostra que relações de mercado como demanda,preço e oferta podem ser expressas em equaçõesfuncionais e que as leis econômicas podem serformuladas em linguagem matemática. A partecentral dos Principes é uma teoria dos preços demonopólio, em que o autor chega a determinarcom precisão, em função da demanda de umbem, o preço que será fixado pela empresa. Asaplicações matemáticas de Cournot aos proble-mas do preço no regime de concorrência per-feita, de monopólio ou do que se conhece hojecomo duopólio foram esquecidas por muitotempo e só retomadas por marginalistas comoJevons e Walras. Escreveu ainda Exposition de laThéorie des Chances et des Probabilités (Exposi-ção da Teoria das Chances e das Probabilida-des), 1843.

COUTINHO, Luciano Galvão (1946- ). Nasceuem Recife (PE) e formou-se em economia na Fa-culdade de Economia e Administração da Uni-versidade de São Paulo, em 1968. Obteve dou-toramento pela Universidade de Cornell (Esta-dos Unidos) e é professor titular da Universi-dade de Campinas desde 1986. Foi presidentedo Conselho Regional de Economia da 2ª Região(São Paulo) em 1983 e em 1990, e secretário-geraldo Ministério da Ciência e Tecnologia entre 1985e 1988. Colabora com vários jornais como arti-culista, entre os quais Gazeta Mercantil, Folha deS. Paulo, O Estado de S. Paulo e na revista Exame.É professor de Economia do Instituto de Eco-nomia da Unicamp.

CÔVADO. Medida de comprimento utilizadapela Casa da Moeda do Brasil antes da adoçãodo Sistema Métrico Decimal e equivalente a 3palmos ou a 66 cm.

COVARIAÇÃO. Variação concomitante, em gran-deza e sinal, dos termos de duas séries crono-lógicas que se medem tomando os afastamentosdos termos de cada série em relação a sua res-pectiva tendência secular. Veja também Cova-riância; Tendência Secular.

COVARIÂNCIA. Medida estatística do grau emque duas variáveis aleatórias se movimentam jun-

tas. A medida estatística da covariância entre avariável x e a variável y no conjunto de pares(xi, yi), onde i = 1, 2, 3, .... n, é dada pela fórmula

COVxy = Σ

i = 1

n (xi – x

__) (Yi – Y

__)

N,

que expressa a média aritmética dos produtosdos afastamentos em relação às médias aritmé-ticas. A média aritmética de xi é x, e de yi é y.

CPM. Iniciais da expressão em inglês CriticalPath Method, denominação de uma das técnicasde Caminho Crítico (que considera a duraçãodas tarefas perfeitamente determinada). CPMtambém significa Control Program for Microcom-puters: programa de controle ou sistema opera-cional usado em grande parte dos modelos demicrocomputadores.

CPU (Central Processing Unit). Dispositivo oumáquina integrado em um sistema que contéma unidade aritmética e de controle e a memóriacentral.

CR. Grafia da unidade monetária “cruzeiroreal”, instituída no Brasil a partir de 2/8/1992e que vigorou até o advento do Real, em1º/7/1994. Veja também Real.

CRASH. Denominação dada a uma forte quedanas Bolsas de Valores. O crash mais famoso teveinício no dia 24/10/1929, na Bolsa de Valoresde Nova York, inaugurando a grande crise eco-nômica mundial dos anos 30. Mais recentemen-te, em 19/10/1987, a Bolsa de Nova York voltoua sofrer uma queda acentuada, de cerca de 22%num só dia, mas que não teve conseqüênciasdepressivas como a de 1929, isto é, as Bolsasmais importantes do mundo se recuperaram ra-pidamente e as economias dos países industria-lizados continuaram crescendo.

CRAWLING PEG. Sistema de taxas de câmbioflexíveis no qual um país trataria de manter suamoeda num valor fixo ou ao par, mas poderiamudá-lo gradualmente, se isso fosse necessáriopara corrigir um “desequilíbrio fundamental”no seu balanço de pagamentos. O sistema an-terior, estabelecido em Bretton Woods, signifi-cava que as mudanças dos valores ao par dastaxas de câmbio seriam realizadas com poucafreqüência, e, quando isso ocorresse, a alteraçãoseria de uma só vez e por “degraus”, isto é, pormeio de um adjustable peg. A intenção do craw-ling peg é evitar possíveis desordens no fluxointernacional de capitais por meio de uma mar-cha vagarosa da taxa de câmbio de um patamarpara outro. Para isso é necessário também queela seja acompanhada por uma política apro-priada de taxa de juros. Por exemplo, se fosse

139 CRAWLING PEG

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necessário desvalorizar a moeda de um país em6%, isso poderia ser realizado em três etapas de2% para que a taxa interna de juros não tivessede ser elevada em 6% de uma só vez, e comisso o capital fluísse para países onde não hou-vesse desvalorização. Quando o sistema do ad-justable peg de Bretton Woods começou a se de-sintegrar sob a influência dos fluxos de capitalespeculativo, no final dos anos 60, a adoção dosistema de taxas flexíveis de câmbio, com suasdificuldades inerentes, começou a se tornar ine-vitável. Este sistema permitia que os países de-fendessem o valor ao par de suas moedas e mu-dassem este valor sem provocar uma rupturano sistema como um todo. A grande dificuldadeé que o crawling peg torna muito difícil ou mes-mo impossível usar a política de taxas de jurosno controle interno da economia. Por exemplo,se um país tiver um déficit no balanço de pa-gamentos e ao mesmo tempo níveis elevadosde desemprego, ao desvalorizar o câmbio (craw-ling peg descendente; quando se trata de umavalorização cambial, temos o crawling peg ascen-dente) para eliminar o déficit, teria de elevar astaxas de juros internas para evitar a fuga de ca-pitais. Isso seria inibidor dos investimentos e,portanto, inconsistente com a política de com-bate ao desemprego. Veja também AdjustablePeg; Balanço de Pagamentos; Conferência deBretton Woods.

CRAWLING PEG ASCENDENTE. Veja Craw-ling Peg.

CRAWLING PEG DESCENDENTE. Veja Craw-ling Peg.

CRÉDITO. Transação comercial em que umcomprador recebe imediatamente um bem ouserviço adquirido, mas só fará o pagamento de-pois de algum tempo determinado. Essa tran-sação pode também envolver apenas dinheiro.O crédito inclui duas noções fundamentais: con-fiança, expressa na promessa de pagamento, etempo entre a aquisição e a liquidação da dívida.O crédito direto ao consumidor financia a comprade qualquer produto de consumo e até viagens.O comprador passa a usufruir imediatamentede um bem que será pago com sua renda pes-soal. Em muitos casos, as próprias vendedorasfinanciam o cliente, mas, em escala cada vezmaior, financeiras especializadas pagam o ven-dedor e “compram” a dívida e também o riscode não-pagamento. O lucro da financeira é for-mado pelos juros cobrados do comprador. Oscartões de crédito, extremamente difundidos nosEstados Unidos e alcançando boa receptividadeno Brasil, são também uma forma de créditodireto ao consumidor. O financiamento de casase apartamentos constitui o chamado crédito imo-biliário. Envolve pouco risco, pois em geral o

próprio imóvel é garantia do empréstimo, sobforma de hipoteca. As facilidades de crédito le-vam os consumidores à tentação de uma me-lhoria imediata do padrão de vida, dado o ime-diatismo do consumo a crédito. Nos casos derecessão prolongada ou de depressão econômi-ca, no entanto, a tendência é de inadimplemento(ou falta de pagamento) generalizado, o que aca-ba por agravar a crise. O crédito ao governo ba-seia-se na expectativa de que os impostos futu-ros serão capazes de cobrir o valor do emprés-timo e seus juros. Em geral, o governo obtémcrédito por meio da emissão de títulos de dívidapública negociáveis (como as ORTNs). Já o fi-nanciamento de obras de infra-estrutura, comoestradas e usinas, é conseguido junto a órgãosinternacionais (como o Bird) e consórcios debancos de grande porte. Finalmente, o crédito àprodução baseia-se na suposição de que será pagopor si mesmo, isto é, o investimento gerarámeios necessários para o pagamento da dívida,seus encargos e ainda sobrará algo para o lucro.Os créditos à produção podem ser a curto prazo(crédito comercial) ou a longo prazo (crédito deinvestimento). O crédito comercial, para pagamen-to no prazo de trinta a 129 dias, serve, na maioriados casos, para a formação do capital de giroda empresa. O crédito de investimento, a longoprazo, com vencimentos previstos para algunsanos, tem o papel de desenvolver determinadasáreas, inclusive proporcionando recursos paraa pesquisa tecnológica. O crédito agrícola é feitoa médio prazo (vencimento em um ano ou mais)e empregado na compra de insumos e imple-mentos. O governo tem criado carteiras agríco-las, tanto nos bancos particulares como nos es-tatais, a juros subsidiados, com a intenção dedesenvolver o setor.

CRÉDITO CONTINGENTE (ou Crédito Stand-by). Linha de crédito oferecida pelo Fundo Mo-netário Internacional aos países-membros, até olimite de suas respectivas cotas. É um emprés-timo de curto prazo (geralmente um ano) e re-quer, para ser liberado, uma carta de intençõesdo país que solicita o crédito. Veja também Cartade Intenção; FMI.

CRÉDITO-PRÊMIO. Linha de crédito criadapelo governo federal para incentivar principal-mente os setores ligados à exportação. Consistenum empréstimo feito pelo Banco Central e quecorresponde a uma porcentagem dos aumentosde faturamento das empresas exportadoras numdado período. Em 29/12/1982, por exemplo, ogoverno baixou um decreto-lei criando um cré-dito-prêmio de 10% para as empresas que con-seguissem converter seus empréstimos em moe-da estrangeira em investimentos no país (porexemplo, na compra de suas ações), diminuindoassim a dívida externa. O pagamento do crédi-

CRAWLING PEG ASCENDENTE 140

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to-prêmio é feito pelo sistema de desconto dareceita tributária: os bancos descontam o paga-mento do empréstimo do volume de impostosque arrecadam das empresas para o Tesouro Na-cional.

CRÉDITO QUIROGRAFÁRIO. Veja Falência.

CRÉDITO SUBSIDIADO. Tipo de empréstimofeito pelo governo a uma taxa de juros menorque a vigente no mercado. Pode ser implícito ouexplícito. O implícito, destinado principalmenteaos financiamentos agropecuários e às exporta-ções, corresponde à diferença entre as taxas dejuros normais desses empréstimos e o custo realpago pelo governo para a captação desse dinhei-ro. Crédito subsidiado explícito são os fundosaplicados em programas especiais como o Proa-gro, o Proterra e o Fundag, criados para incen-tivar certas regiões ou atividades econômicaspor meio de empréstimos a taxas de juros ex-tremamente baixas, variando entre 12 e 25%.Atualmente, o crédito subsidiado (implícito e ex-plícito) corresponde a 60% de todo o crédito con-cedido (2,5 trilhões de cruzeiros, em 1982, contra4,2 trilhões do total de créditos aprovados). To-davia, com o programa de estabilização finan-ceira proposto pelo Plano Collor, lançado em15/3/1990, foram cortadas todas as formas decrédito subsidiado, principalmente os que eramdados à agricultura e às exportações, em con-formidade com a medida provisória nº 161,aprovada pelo Congresso.

CRÉDITO SUPLEMENTAR. Crédito destinadoa reforçar as dotações consignadas no Orçamen-to em vigor. A abertura de crédito suplementardepende de prévia autorização legislativa.

CREMATÍSTICA (ou Ciência das Riquezas).Conceito criado por Aristóteles para designaras atividades de comércio realizadas a distância.Ele distingue esse conceito do de economia, queseria a atividade econômica basicamente agrí-cola e ligada à cidade. Num sentido diferente,o termo foi retomado no século XIX por algunsautores que consideraram a crematística umaciência econômica das coisas e da realidadepura, distinguindo-a do conceito tradicional deeconomia, que estaria excessivamente impreg-nado de filosofia moral e política. Veja tambémAristóteles.

CRESCIMENTO ECONÔMICO. Aumento dacapacidade produtiva da economia e, portanto,da produção de bens e serviços de determinadopaís ou área econômica. É definido basicamentepelo índice de crescimento anual do Produto Na-cional Bruto (PNB) per capita. O crescimento deuma economia é indicado ainda pelo índice decrescimento da força de trabalho, pela proporção

da receita nacional poupada e investida e pelograu de aperfeiçoamento tecnológico. Os paísesindustrializados atravessaram uma fase de cres-cimento econômico e prosperidade desde o fimda Segunda Guerra Mundial até o início da dé-cada de 70. Em 1974-1975, entretanto, o cresci-mento da produção industrial em todo o mundo,que foi de 6 a 7% ao ano na década de 60, co-meçou a declinar, enquanto o desemprego atin-gia níveis elevados. Veja também Desenvolvi-mento Econômico.

CRESCIMENTO EQUILIBRADO. No âmbitoda teoria do crescimento econômico, é a situaçãona qual todas as variáveis do crescimento eco-nômico se alteram nas mesmas taxas proporcio-nais na dinâmica econômica. Embora possa pa-recer paradoxal, essas taxas de crescimento po-dem ser iguais a zero ou negativas. Veja tambémCrescimento Econômico.

CRESCIMENTO NATURAL. Veja Crescimen-to Vegetativo.

CRESCIMENTO VEGETATIVO. Na popula-ção de determinado país, Estado, município oucidade, em determinado intervalo de tempo, éo resto da diferença que tem por minuendo onúmero de nascimentos e por subtraendo o deóbitos. É o mesmo que crescimento natural deuma população.

CRIME DE 1873. Denominação dada pelos de-fensores do bimetalismo (padrão ouro e prata)nos Estados Unidos à lei de 1873 que estabeleciaas condições para a cunhagem da prata, masque em termos práticos desmonetizava o metal.Veja também Desmonetização; Mágico de Oz.

CRIME FALIMENTAR. Veja Falência.

CRISE ASIÁTICA. Denominação genérica àcrise que os países do Sudeste (Tailândia, Fili-pinas, Malásia e Indonésia) e do Nordeste (Co-réia, Taiwan, Cingapura, Hong-Kong, China eJapão) sofreram a partir de meados de 1997 eque consistiu na forte desvalorização de suasmoedas — com as exceções da China e Hong-Kong —, na baixa acentuada de suas Bolsas deValores, na interrupção do crescimento econô-mico e até na queda de governos, como foi ocaso da Indonésia em 1998. Veja também NovoAcordo de Empréstimo.

CRISE DO XENXÉM. Crise sofrida pelo siste-ma monetário brasileiro logo depois de procla-mada a independência em 1822 e que durou até1835. Sua eclosão deveu-se basicamente ao fatode D. João VI e sua corte, ao voltarem para Por-tugal em abril de 1821, terem levado todas asreservas metálicas do Tesouro, obrigando o Ban-

141 CRISE DO XENXÉM

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co do Brasil a emitir papel-moeda sem lastro.A aceitação cada vez mais precária desse tipode moeda fez com que desaparecessem aquelasde ouro e prata de circulação, levando D. PedroI a autorizar particulares a cunhar moedas decobre cujo valor nominal era superior ao seupeso legal de 10 réis por oitava. As moedas decobre assim cunhadas eram denominadas “xen-xém”. Para ter uma idéia da desproporção entreo valor nominal e o valor do cobre no qual asmoedas eram cunhadas, basta examinar o dis-curso do deputado Lino Coutinho, na Câmarado Deputados em 20/5/1826, que encaminhavaum projeto para resolver a crise do “xenxém”:“...uma libra de cobre custa dezoito vinténs e,cunhada, produz o valor de dois mil réis”. Naépoca, 18 vinténs equivaliam a 360 réis.

CRISE ECONÔMICA. Perturbação na vida eco-nômica, atribuída pela economia clássica a umdesequilíbrio entre produção e consumo, loca-lizado em setores isolados da produção. Naseconomias pré-capitalistas, as crises derivavamda escassez súbita no abastecimento de bens,provocada por fenômenos naturais (secas, inun-dações, epidemia etc.) ou por acontecimentos so-ciais como guerras e insurreições. Na economiacapitalista, embora também possam ocorrer per-turbações derivadas da escassez, as crises eco-nômicas características do sistema são as de su-perprodução. Essas crises constituem uma faseregular do ciclo econômico, caracterizada peloexcesso geral da produção sobre a demanda, pri-meiro no setor de bens de capital e, em seguida,no setor de bens de consumo. Em conseqüência,há queda brusca na produção, falência de em-presas, desemprego em massa, redução de sa-lários, lucros e preços etc. A mais séria crise eco-nômica mundial foi a de 1929-1933, chamadaGrande Depressão. Na teoria marxista, a noçãode crise está associada ao conceito de mais-valiadevido à tendência de o capital concentrar-semais e mais em poucas mãos e também à pau-perização relativa da classe trabalhadora; porisso, as crises tornam-se mais freqüentes e maisfortes, o que levaria o sistema a uma ruptura.As teorias mais modernas de conjuntura deno-minam a fase de crise de depressão. O desen-volvimento econômico é entendido como umprocesso cíclico, dividido em várias fases, compontos de mudanças nas partes inferior e supe-rior do ciclo. A partir de um ponto abaixo desua linha de equilíbrio, o processo de desenvol-vimento econômico sairia de uma fase de recu-peração para uma fase de expansão, com au-mento da taxa de investimento, aumento rela-tivo da soma de salários, acréscimo do consumo.Segue-se a fase de prosperidade (boom), na qualos fatores de produção estariam plenamenteocupados e, em conseqüência, não poderiammais fazer crescer a renda nacional e o lucro. A

partir desse ponto, haveria um aumento cres-cente dos preços, uma desorganização no mer-cado financeiro e de capitais, entrando a econo-mia em processo de contração, pois os preços,que se mantiveram relativamente estáveis du-rante a fase de prosperidade, apesar da excessivataxa de juros para os investimentos, já não serevelam rentáveis. Essa contração é também cha-mada de recessão, pois a taxa de crescimentoda renda nacional decresce em termos absolutos.O agravamento da fase recessiva caracteriza adepressão, com aumento da taxa de desempre-go, queda da capacidade produtiva, restriçãodos investimentos e alta liquidez bancária. Ascrises são classificadas em endógenas (crises desuperprodução, venda, crédito e especulação) eexógenas (de causas não-econômicas, como guer-ras, desastres naturais e epidemias). Veja tam-bém Ciclo Econômico; Conjuntura; Depressão;Prosperidade; Recessão.

CRITÉRIO DE CONDORCET. Denominaçãode sistema de escolha coletiva na qual a alter-nativa escolhida é de tal natureza que derrotatodas as demais numa série de comparações porpares (uma diante da outra), utilizando a regrade maioria simples. Este critério deve-se ao mar-quês de Condorcet, que analisou esta questãono final do século XVIII. Por exemplo, se emtrês cidades diferentes, quatro candidatos seapresentassem para representá-las e a preferên-cia do eleitorado fosse a seguinte:

Cidades A, B, C

Candidatos X, Y, W, Z

Cidades

Candidatos 1º lugar

Candidatos 2º lugar

Como o candidato W vence X na cidade A, venceY na cidade B, e vence Z na cidade C, teremosconfigurado o Critério de Condorcet.

CRITÉRIO DE IGUAL VEROSSIMILHANÇA.Veja Critério de Laplace.

CRITÉRIO DE LAPLACE. Também denomi-nado “critério de igual verossimilhança”, consisteem atribuir a todas as situações de uma matrizde decisões igual probabilidade e, em seguida,utilizar o critério da esperança matemática.

CRITÉRIO DE SAVAGE. Critério de decisãoque se fundamenta naquilo que se deixa de ga-nhar por desconhecer o que vai acontecer comas condições gerais que um tomador de decisõesenfrentará no futuro. Esta perda não representaoutra coisa senão o custo da incerteza. O toma-dor de decisões deve tentar minimizar o custo

A, B, C

W W W

X Y Z

CRISE ECONÔMICA 142

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da incerteza ou o que ele deixa de ganhar pordesconhecer as mudanças nas condições quetêm influência sobre suas atividades. Se da ma-triz de decisões que, por exemplo, expressa ní-veis de lucro, subtrairmos todos os elementosde cada coluna do maior valor encontrado, ob-teremos uma segunda matriz de decisões, queexpressará aquilo que se pode deixar de ganharpor desconhecer as alterações que uma atividadesofrerá no futuro. O tomador de decisões deveoptar por aquela fila da matriz de decisões queminimize o que se deixa de ganhar.

CRITÉRIO DE WALD. Também denominado“critério pessimista”, o critério de Wald consisteem escolher numa matriz de decisões a fila queproporcione ao tomador de decisões o maior dosmenores lucros que possam ser obtidos, e porisso é também chamado de critério “maxmin”.Nesse caso, o tomador de decisões se contentariaem ganhar o máximo de suas possibilidades mí-nimas. Este critério se assemelha ao critério de“minimax” que Von Neumann e Morgensternidealizaram para a teoria dos jogos de estratégia.Wald adaptou o critério de “minimax” aos pro-blemas da teoria da decisão.

CRITÉRIO OTIMISTA. Critério segundo o qualo tomador de decisões escolhe a fila da matrizde decisões que proporciona o máximo dosmaiores lucros que podem ser obtidos.

CROSS-COLLATERAL. Expressão em inglêsque significa uma garantia (collateral) utilizadapara diversos empréstimos sob um mesmo acor-do de títulos. Também denominado dragnet clau-se e mother hubbard, é em essência o sistema noqual a garantia para cada empréstimo serve paraum conjunto de empréstimos.

CROSS-DEFAULT. Expressão em inglês quedesigna uma cláusula nos contratos de emprés-timo (geralmente quando o empréstimo é rea-lizado por vários emprestadores por intermédiode um sindicato) que dá ao emprestador o di-reito de acelerar o recebimento da dívida se odevedor deixar de pagar outra dívida, isto é, édeclarado em default em relação a outro credor.

CROSS HEDGE. Expressão em inglês que sig-nifica literalmente “salvaguarda cruzada”, ouseja, o estabelecimento de um hedge contra o ris-co de variações nas taxas de juros mediante acompra de títulos financeiros a futuro num ativodiferente, mas relacionado com o primeiro. Estemecanismo é utilizado quando no mercado defuturos não existem os títulos possuídos ouquando é mais lucrativo não utilizar o mesmomercado.

CROWDING HYPOTHESIS. Veja Hipótese doCongestionamento.

CROWDING IN. Veja Crowding Out.

CROWDING OUT. Expressão em inglês quesignifica “efeito deslocamento”. É utilizada ge-ralmente para designar uma situação em que osgastos governamentais deslocam (crowd out) al-gum outro componente dos gastos, embora semalterar a despesa agregada. Num sentido maisconcreto, significa que se o governo tomar gran-des empréstimos no mercado, a elevação dastaxas de juros (que o governo está disposto apagar e pode fazê-lo) deslocaria tomadores dosetor privado (não-governamentais), que não te-riam condições de pagar taxas tão elevadas. Naprática, as coisas não se desenvolvem exatamen-te assim, pois na medida em que as taxas dejuros sobem, novas fontes de crédito surgempara suprir essa demanda. O contrário desseprocesso é o crowding in, quando os gastos go-vernamentais estimulam os investimentos pri-vados, em vez de deslocá-los ou inibi-los.

CROWN JEWELS. Veja Jóias da Coroa.

CRUZADAS. Conjunto das expedições milita-res empreendidas pelos europeus entre o finaldo século XI e o século XIII, para acabar com adominação dos turcos muçulmanos sobre Jeru-salém e outras regiões do Império Bizantinoonde se iniciara o cristianismo. Além do senti-mento religioso, o movimento foi animado porimportantes motivações econômicas. As Cruza-das ofereciam a possibilidade de saque às cida-des orientais e o acesso a glebas de terra numaépoca em que na Europa já não havia mais feudoa ser doado. Para as cidades italianas, particu-larmente Gênova, Veneza e Pisa, que domina-vam a venda de produtos orientais no Ocidente,o empreendimento era um meio de ampliar seusprivilégios comerciais junto às cidades mediter-râneas do Oriente fornecedoras de sedas, mus-selinas, tapetes e especiarias. Assim, na organi-zação da IV Cruzada, o doge de Veneza forneceu4 500 cavalos, 30 mil soldados, 4 500 cavaleiros,alimentos e armas, com a condição de recebermetade do saque e das terras conquistadas.Além disso, as Cruzadas provocaram o deslo-camento, pela Europa, de milhares de pessoas,antes isoladas nos feudos, aldeias e pequenosburgos. Isso intensificou o rompimento com oparticularismo e o imobilismo feudal e ampliouas relações de troca entre as regiões. E o contatocom o Oriente divulgou e aumentou a pro-cura dos produtos daí originários, cujo co-mércio era monopolizado pelos italianos.Veja também Feudalismo.

CRUZADO. Denominação de moeda origináriada Europa, intimamente vinculada às Cruzadas,expedições de caráter militar e religioso cujo ob-jetivo principal era reconquistar a Terra Santa

143 CRUZADO

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em poder dos muçulmanos. A moeda que pas-sou a ter essa determinação surgiu inicialmentena Espanha, cunhada em prata, e seu uso emPortugal foi determinado por D. Afonso V, em1457, ao receber do papa Pio II a Bula da Cru-zada, que o autorizava a participar da guerrasanta contra os mouros. Ao iniciar-se a coloni-zação no Brasil, em 1532, o cruzado passou aintegrar o meio circulante brasileiro, embora empequena escala. Cunhado em ouro de 22 quila-tes, nele se destacava, em uma das faces, a Cruzde São Jorge, com a legenda In Hoc Signo Vinces("Sob Este Signo Vencerás"), dístico inscrito emgrande parte da moedagem portuguesa paraperpetuar a visão que, segundo a lenda, teve D.Afonso Henriques antes da batalha de Ourique(1139), da qual foi vencedor. Derrotados os mou-ros e triunfante o cristianismo, ficou a legendacomo um marco de fé. Esse mesmo lema, tam-bém segundo a lenda, foi o que apareceu, nocéu, inscrito em uma cruz, ao imperador romanoConstantino, o Grande, na véspera da batalhada ponte Milvius, no ano 312, em que derrotouMaxêncio. Com o advento do ciclo do ouro, noséculo XVIII, foi também cunhado no Brasil, naCasa da Moeda do Rio de Janeiro, entre 1707 e1727, e na Casa da Moeda de Minas Gerais, entre1724 e 1727. Seu valor nominal era de 400 réise circulava no Brasil e em Portugal. Mais tardepassou a ter o valor de circulação de 480 réis,sendo denominado “cruzado novo”, e o de valorde 400 réis, “cruzadinho”. A cunhagem do cru-zado, no Brasil Colônia e no Império, foi reali-zada em prata em substituição às patacas, queintegravam a moedagem provincial. Em feve-reiro de 1986, com a decretação do Plano Cru-zado e a reforma monetária correspondente, opadrão monetário brasileiro passou a denomi-nar-se cruzado. Em janeiro de 1989, com a de-cretação do Plano Verão, o cruzado foi substi-tuído pelo cruzado novo. Este último foi extintoem março de 1990, em decorrência da reformadecretada pelo Plano Collor. Em seu lugar foireintroduzido o cruzeiro como padrão monetá-rio. Em agosto de 1993, durante o governo Ita-mar Franco, ocorreu nova mudança no padrãomonetário, agregando-se a palavra real ao cru-zeiro, sendo a nova moeda denominada cruzeiroreal. O cruzeiro real deixou de existir a partirde 1º/7/1994, quando foi substituído pelo Real.Veja também Unidades Monetárias Brasileiras.

CRUZEIRO. Unidade monetária brasileira, im-plantada em novembro de 1942, em substituiçãoao mil-réis. Em 1967, passou a valer mil cruzei-ros antigos, chamando-se durante algum tempocruzeiro novo. A partir de 28/2/1986, foi subs-tituída pelo cruzado. O cruzeiro foi reintrodu-zido, como padrão monetário, a partir de15/3/1990, quando foi realizada, por meio do

Plano Collor, também chamado Plano BrasilNovo, uma profunda reforma monetária. Emagosto de 1993, passou a ser chamado cruzeiroreal, valendo mil cruzeiros. Veja também Cru-zado; Unidades Monetárias Brasileiras.

CRUZEIRO NOVO. Veja Unidades MonetáriasBrasileiras.

CS. Abreviatura usada nos boletins emitidos pe-las Bolsas de Valores, indicando que determi-nada ação está sendo comercializada com direitoà subscrição de novas ações. Opõe-se a ES, quesignifica ex-subscrição (sem direito a subscri-ção).

CSQ. Veja Certificação de Sistema da Quali-dade.

CTA — Centro Técnico Aeroespacial. AntigoCentro Técnico de Aeronáutica, localizado emSão José dos Campos (SP), fundado com o ob-jetivo de desenvolver pesquisas aeronáuticas.Mais tarde, suas atribuições foram ampliadas,passando a incluir as investigações espaciais. NoCTA, funcionam o Instituto Tecnológico daAeronáutica (ITA), destinado à formação de en-genheiros e técnicos em aeronáutica, e a Em-braer, empresa dedicada à produção de aviões.Ao CTA subordinam-se o Instituto de Pesquisae Desenvolvimento (IPD), o Instituto de Ativi-dades Espaciais (IAE), o Instituto de Fomentoe Coordenação Industrial (IFCI) e o Instituto deEnsaios e Padrões (IEP).

CUACHA. Unidade monetária de Malavi (sub-múltiplo: tambala) e da Zâmbia (submúltiplo:ngui).

CUANZA. Unidade monetária de Angola. Sub-múltiplo: luei.

CUM DIVIDEND. Expressão anglo-latina quesignifica que um título contém dividendos, istoé, o comprador de uma ação cum dividend rece-berá os dividendos que este título proporcionar.É o contrário de ex-dividend.

CUM RIGHTS. Expressão anglo-latina que sig-nifica que o portador de um título goza de todosos direitos que este título contém.

CUNHA TRIBUTÁRIA. Expressão que desig-na a presença de impostos, taxas e demais co-branças sobre as aplicações financeiras, tendopor resultado um aumento da taxa de juros dasmesmas. O Imposto sobre Operações Financei-ras (IOF) é um caso típico de “cunha tributária”.Veja também IOF.

CUNHAGEM. Antes da invenção da cunha-gem, muitos bens móveis foram utilizados comomeio de troca e padrão de valor. Esses bens eramrelacionados uns com os outros, formando uma

CRUZEIRO 144

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escala de valores. Os povos primitivos utiliza-vam nas trocas intertribais, como dinheiro, osprodutos que via de regra representavam a ri-queza na comunidade. Nas trocas com as demaistribos, a seleção de produtos dependia das pre-ferências dos outros povos. A partir daí, as ma-térias-primas começaram aparentemente a serutilizadas como dinheiro, em substituição aosprodutos acabados. Essa tendência pode ser ob-servada com mais clareza no caso dos metais,como o ferro, o cobre e o bronze, que gradual-mente foram superando outros meios de troca.(É muito provável que os sistemas de pesos te-nham sido criados para medir os metais precio-sos.) As civilizações antigas alcançaram esse es-tágio de desenvolvimento, fundamental para oinício do processo de cunhagem, no século VIIIa.C., embora as primeiras notícias de cunhagemdatem do século VII a.C.: a Lídia (Ásia Menor)já nessa época produzia peças de uma liga deouro e prata chamada electrum. A escolha dosmetais era determinada mais pelas necessidadeseconômicas imediatas e pelas oportunidades doque por ordens dos governantes. O desenvolvi-mento do comércio, no entanto, superou as li-mitações ditadas pela distribuição geográficados metais, cuja escolha serviria de base materialpara a moeda. É por esta razão que na GréciaAntiga, assim como em Roma, depois da mortede César, moedas de ouro e prata foram cunha-das em substituição às de bronze. Na Idade Mé-dia, com a retração do comércio, apenas moedasde cobre e prata foram cunhadas, com exceçãode uma cunhagem temporária de ouro durantea época carolíngea. Com o crescimento da de-manda de moedas, as cunhagens de ouro foramretomadas com os florins florentinos, e os zecchinide Veneza. Desde então, o ouro constituiu-seno metal preferido para a cunhagem de moedas,e no comércio internacional na forma de lingo-tes. O desenvolvimento da técnica de cunhagem,no entanto, foi relativamente lento. Só a partirdo século XVI a produção deixou de ser manuale passou a ser mecânica. Em 1786, Boulton in-troduziu a força a vapor na cunhagem, e em1839, Ulhhörn inventou a prensa de cunhagem,que acelerou enormemente seu processo de fa-bricação. O desenvolvimento econômico pro-porcionado por esses avanços técnicos é dignode nota. O custo de produção da cunhagem, queaté o século XVIII oscilava entre 10 e 20% dovalor da moeda, foi reduzido nas moedas deouro a menos de 0,3%. As novas técnicas decunhagem permitiriam também a uniformidadedas moedas, o que facilitava a aceitação por seuvalor de face, e não por peso, como ocorria emRoma, na Idade Média e mesmo na era moderna.A modernização das técnicas resolveu tambémum dos problemas mais graves do setor: a es-cassez de moeda. A inadequação da oferta mo-netária foi provavelmente a responsável pela

produção de moedas tão diminutas e finas quebastava cunhá-las de um só lado; e também pe-las emissões privadas de moeda. Desde o início,a cunhagem foi uma prerrogativa de quem de-tinha o poder. Durante a Idade Média, era pra-ticada não apenas pelo soberano, mas tambémpor aqueles que obtinham esse direito comouma concessão feudal. Em conseqüência, entreos séculos IX e XII, a cunhagem foi completa-mente descentralizada. Durante a primeira fasemedieval, esse fato não teve grande importância,em função do incipiente desenvolvimento do co-mércio. Mais tarde, com a expansão deste, taisconcessões foram se extinguindo e, na Inglaterrae na França no tempo de Henrique VII, só o reitinha o poder de cunhagem. Durante os séculosXII e XIII, com a descentralização política, o pri-vilégio de cunhagem obtido por alguns (assimcomo outros privilégios reais) era exercitadocom a finalidade de realizar os maiores ganhospossíveis. As receitas da cunhagem dependiamnão apenas da diferença permitida legalmenteentre o valor da face da moeda e o seu conteúdometálico (a senhoriagem), mas particularmente nagradual e desautorizada redução do conteúdometálico das unidades-padrão ou no peso e teordas moedas individuais. Mais importante, noentanto, do ponto de vista da receita de quemcunhava, era a produção total realizada: paraaumentá-la, as moedas sofriam alterações cons-tantes, o que exigia a necessidade de sua recu-nhagem e renovação. Tais alterações consistiamtanto na elevação do valor de face das moedascomo na redução do seu conteúdo metálico: coma emissão de novas moedas depreciadas, as an-tigas eram geralmente “convocadas” à recunha-gem, de acordo com os novos padrões. Depoisde certo tempo de depreciações, a medida in-versa era adotada, e as moedas eram outra vezconvocadas, agora para sua valorização e con-seqüente recunhagem. Assim, em algumas lo-calidades da Alemanha e da Áustria, durante oséculo XIV, as cidades adquiriam do senhor feu-dal (detentor dos direitos de cunhagem) o pri-vilégio de controlar as depreciações de suasmoedas, elevando seu valor por meio da recu-nhagem. As recunhagens também eram proces-sadas em função das dificuldades de circulaçãooriundas das imperfeições das técnicas de pro-dução existentes até o século XVIII. Mas a his-tória da cunhagem até o início do século passado(com variação de país para país, especialmenteno continente europeu) é a história de uma longasérie de experimentos destinados a extrair dacunhagem o máximo de receita possível. No Bra-sil, os precursores do processo de cunhagem fo-ram as oficinas de fundição, onde se fundia oouro oriundo das minas recém-descobertas du-rante o século XVIII. Depois de pago o quinto àCoroa, o ouro era fundido em barras com mar-cação do peso em onças, oitavas e grãos (medi-

145 CUNHAGEM

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das usadas antes da adoção do sistema métricodecimal no Brasil), o número de ordem, o títuloou toque, e o ano da fundição. Com a multipli-cação das casas de fundição, as barras passarama ter os nomes ou as iniciais da respectiva oficinae as iniciais do chefe de cunhagem. Essas peçaseram entregues aos proprietários acompanhadasde um certificado ou guia que comprovava aposse como legítima e a efetivação do pagamen-to do quinto. Mais tarde, com a intensificaçãodo comércio e para minimizar a falta de moedasno Brasil, a Metrópole autorizou que se fizesseaqui a marcação de novas características em pe-ças de outros países, especialmente moedas es-panholas, francos franceses, liras, moedas chile-nas e argentinas. Essas alterações eram realiza-das nas oficinas monetárias, que entravam emfuncionamento ou eram extintas dentro das ne-cessidades ditadas pelas diversas conjunturas daépoca. Mas as freqüentes variações no valor dasmoedas que circulavam no Brasil, os aumentose rápidos rebaixamentos desses valores, as inú-meras remarcações, as constantes proibições, asrefundições e os recolhimentos em prazos cur-tíssimos levaram à quase paralisação do comér-cio. Para superar essas dificuldades, foi autori-zado o funcionamento de uma Casa da Moedano Brasil, no final do século XVII. Essa autori-zação ocorreu durante o governo de D. Pedro IIde Portugal, cognominado “O Pacífico”, que porCarta Régia de 8/3/1694 criou a Casa da Moedana Bahia, a primeira do Brasil. Quatro anos depoisela foi transferida para o Rio de Janeiro. Veja tam-bém Casa da Moeda; Senhoriagem.

CUNHAGEM DECIMAL. Sistema de circula-ção monetária que utiliza a base dez. Quase to-dos os sistemas mundiais operam nessa base.A importante exceção era a Inglaterra, onde, até1971, uma libra esterlina valia 20 xelins e cadaxelim, 12 pence. A partir daquela data, a libraesterlina manteve o seu valor e foi dividida em100 novos pence (p), que equivalem a 2,4 dosantigos.

CUPOM. No mercado de capitais, cupom é aparte destacável de uma ação ou obrigação uti-lizada no momento do pagamento dos dividen-dos ou da entrega de bonificações. O cupomtambém significa a taxa de juros estampada naface de um título de dívida, cujo emissor se com-promete a pagar na data do vencimento, contrarecibo do cupom anexado ao título. Em outraacepção, quando há racionamento de algumamercadoria (durante guerras, por exemplo), osgovernos emitem talões de cupons, cada um de-les servindo para a aquisição de certa quanti-dade da mercadoria racionada. Cupons são tam-bém cédulas destacáveis de jornais e revistas quefuncionam como um recurso de marketing, dan-do ao possuidor o direito de receber desconto

ou brinde na compra de determinados produtos.Veja também Coupon Bonds; Zero Coupon Bond.

CUPOM CAMBIAL COBERTO. Denominaçãoda taxa de rendimento efetivo (juros) de opera-ções financeiras indexadas ao dólar, que podemser aplicações com risco cambial coberto por de-rivativos, um swap de moedas, ou operações nosmercados futuros de juros ou câmbio. Veja tam-bém Derivativos; Swap.

CURB MARKET. Denominação dada aos mer-cados de ações que originalmente se desenvol-viam fisicamente na rua, isto é, em locais des-cobertos. A maioria desses mercados hoje operaem locais apropriados. Sua função original eraoferecer uma oportunidade para a transação detítulos que não estavam inscritos nas Bolsas deValores, na medida em que não preenchiam ascondições estabelecidas por esses mercados.Constituíam, na verdade, mercados secundáriose complementares para as Bolsas de Valores dasgrandes cidades norte-americanas. Em NovaYork, por exemplo, o mercado conhecido ante-riormente como New York Curb Exchange hojedenomina-se American Stock Exchange. Vejatambém American Stock Exchange.

CURRENCY BOARD (Comitê da Moeda). Aprincipal característica dos Currency Boards éa garantia de trocar moeda nacional numa taxadeterminada e fixa por reservas de moeda es-trangeira. O Currency Board pode atuar tambémcomo um órgão emissor de moeda nacional con-tra lastro de moeda estrangeira mantida em re-serva. Nessa medida, as emissões no CurrencyBoard não são fiduciárias, ou melhor, sua acei-tação decorre do fato de a moeda ser conversívela qualquer momento e em qualquer quantidadepor moeda forte (que se encontra em reserva).Esse sistema foi muito utilizado nas colônias in-glesas da África, Ásia, Caribe e Oriente Médioaté a independência, e em alguns casos de criseou de forte instabilidade política, como aconte-ceu durante a guerra civil na Rússia, entre 1918e 1921, nas regiões do Norte dominadas pelosBrancos (contra-revolucionários). Hoje existemComitês da Moeda em Cingapura, Brunei,Hong-Kong e na Estônia, depois da separaçãoda ex-União Soviética. A idéia da introdução deum Currency Board no Brasil vem sendo dis-cutida pelas autoridades monetárias como umdos instrumentos para evitar a hiperinflaçãoe/ou dotar a moeda nacional de estabilidade.A condição prévia, no entanto, para que se es-tabeleça o Currency Board, é a existência de re-servas em quantidade suficiente para sustentaras emissões de moeda para a movimentação dosnegócios numa economia. É necessário tambémque essas reservas se mantenham dentro de cer-tos limites, isto é, que a conversibilidade não pro-voque sua redução a ponto de inviabilizar o pró-

CUNHAGEM DECIMAL 146

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prio sistema. Depois da crise financeira no Su-deste Asiático durante o segundo semestre de1997, a Indonésia vem tentando implantar essesistema para aumentar a confiança da populaçãona rúpia, mas as autoridades do FMI condicio-naram um vultoso empréstimo a que o governodaquele país não adotasse aquele sistema, poisa moeda local e a taxa de câmbio permaneceriamengessadas, o que poderia não contribuir paraque o país obtivesse os necessários superávitscomerciais.

CURRENCY BONDS. Expressão em inglês quesignifica títulos cujos termos de emissão estabe-lecem que o pagamento de juros e o resgate doprincipal no vencimento serão feitos em moedalegal, para distingui-los dos gold bonds, que an-teriormente, nos Estados Unidos, eram pagosem moedas de ouro.

CURRENCY SWAP. Expressão em inglês quedesigna uma obrigação contratual mantida entredois sujeitos que se comprometem a entregardeterminada soma em dinheiro na moeda dedeterminado país, contra uma soma em dinheirona moeda de outro país em intervalos e condi-ções estabelecidos.

CURSO FORÇADO. Atributo do papel-moeda(e das moedas metálicas que não sejam de metaispreciosos) que faz dele um meio irrecusável depagamento. O papel moeda oficial é atualmentede curso forçado, o mesmo não acontecendo como cheque ou a nota promissória. Nos antigossistemas monetários baseados no padrão-ouro,em épocas de grave crise econômico-financeira,de convulsões sociais ou de guerras, os governosdecretavam o curso forçado do seu papel-moedaou das notas bancárias, tornando obrigatória asua aceitação e ao mesmo tempo desobrigandoos bancos emissores, ou o Tesouro Nacional, deconvertê-los em ouro amoedado, ou em moedasmetálicas, suspendendo dessa forma a conver-sibilidade. Este atributo do papel-moeda temorigem em determinação governamental, obri-gando a aceitação desse tipo de moeda despro-vida de lastro metálico (ouro ou prata).

CURTO PRAZO. Termo aplicado aos vencimen-tos (de créditos ou débitos) que ocorrerão dentrode pouco tempo. O período de tempo varia emfunção do setor: um investimento financeiro acurto prazo no open market refere-se a uma apli-cação para ser resgatada no dia seguinte (apli-cação overnight); em outros setores, pode signi-ficar até um ano de prazo. No âmbito financeiro,curto prazo, geralmente referindo-se a um pro-cesso de endividamento, é aquele inferior a umano. Em outra acepção, Alfred Marshall definiucurto prazo como o período insuficiente paraque o abastecimento de insumos destinado àprodução de commodities responda a mudanças

de demanda; isso, dependendo do caso, podeequivaler a alguns meses ou, em caso extremo,a algumas horas. Veja também Longo Prazo.

CURVA A B C. Veja Método ABC.

CURVA DA DEMANDA. Relação entre o pre-ço de mercado de um produto e a quantidadedesse mesmo bem que os consumidores desejamadquirir. É representada numa escala gráfica(daí ser também chamada Escala da Demanda)em cujos eixos registram-se os preços do mer-cado (eixo vertical) e a quantidade de produtoque os consumidores adquiririam àqueles pre-ços (eixo horizontal). As alterações na Curva daDemanda ocorrem em função das variações nopreço e na renda dos consumidores. Por exem-plo, se ocorrer a elevação no preço da soja nomercado internacional, os consumidores deve-rão demandar uma quantidade menor desseproduto no mercado. Ao contrário, se as safrasforem muito boas, os preços deverão cair e osconsumidores deverão consumir mais desseproduto. Para estabelecer-se o equilíbrio anterior,deverá ocorrer retração na oferta, o esgotamentodos estoques, a elevação dos preços e a retraçãoconseqüente da demanda. Veja também Bem deGiffen; Curva Marshalliana da Demanda.

CURVA DA OFERTA. Relação entre o preçode mercado de um produto e a quantidade dessemesmo bem que os produtores se dispõem adestinar aos consumidores. É representadanuma escala gráfica (daí ser também chamadaEscala da Oferta) em cujos eixos registram-se ospreços do mercado (eixo vertical) e a quantidadede produto destinada aos consumidores (eixohorizontal). As alterações na Curva da Ofertaocorrem em função das variações no preço e, éclaro, da procura dos consumidores. Por exem-plo, se ocorrer a elevação no preço da soja nomercado internacional ou a elevação do consu-mo do produto, os agricultores tenderão a am-pliar as culturas da soja até o ponto em que oscustos dos fatores de produção assegurem umlucro compensador; até esse ponto, a curva seráascendente. Todavia, tenderá a decrescer quan-do houver uma saturação na capacidade consu-midora do mercado, que, então, ficará aquémda oferta do produto. Para estabelecer o equilí-brio e para a curva tornar-se outra vez ascen-dente, deverá ocorrer retração na oferta e o fimdos estoques.

CURVA DE CRESCIMENTO. Em geral, é a ex-pressão do tamanho de uma população y comouma função de um tempo t e a descrição de suatrajetória de crescimento. A expressão se aplicatambém ao caso de um indivíduo. Se a taxa re-lativa de crescimento diminui numa taxa cons-tante, isto é, se

147 CURVA DE CRESCIMENTO

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1 y

. dy

dt = –b b > 0

a curva é conhecida como Curva de Gompertz,e pode ser escrita como:

y = ae-bt

se o valor assintótico de y, na medida em quet tende ao infinito, for uma constante positivaC, então:

y = C+ae-bt

esta curva é também conhecida como Curva Ex-ponencial Modificada.

Uma Curva de Crescimento na qual

dy dt

= bY (k – y)

é chamada de Logística ou Autocatalítica, e suaforma explícita é

Y = K

1 + e –kbt

uma forma mais geral do tipo

Y = K

1 + e cø(t)

onde ø(t) é uma função do tempo, é chamadaLogística.

CURVA DE ENGEL. Curva elaborada pelo es-tatístico alemão Ernest Engel, relacionando ren-da das famílias e suas despesas com alimentos.Os estudos realizados por Engel mostraram queessas despesas eram relativamente maiores nasfamílias mais pobres do que nas mais ricas, istoé, os mais pobres comprometiam uma porcen-tagem relativamente grande de sua renda comalimentos, embora em termos absolutos os gas-tos dessas famílias com alimentação fossem con-sideravelmente menores do que aqueles observa-dos nas famílias mais ricas. Veja também Engel,Ernest.

CURVA DE INDIFERENÇA. Veja Indiferen-ça, Curva de.

CURVA DE LAFER. Teoria desenvolvida peloeconomista monetarista norte-americano ArthurLafer, segundo a qual existe uma relação pecu-liar entre a arrecadação tributária e a taxa deimpostos na economia. Quando esta última ébaixa, a relação é diretamente proporcional, masdepois de ultrapassar um ponto de maximizaçãoda arrecadação, a relação passa a ser inversa-mente proporcional. Assim, a partir de deter-minado nível de tributação, qualquer elevaçãoda taxa, em lugar de provocar aumento da ar-

recadação, resultaria numa redução. Ao contrá-rio, uma redução da taxa de impostos propor-cionaria um aumento da arrecadação. Para La-fer, a economia norte-americana se encontrariana secção descendente da curva, onde a arreca-dação é inversamente proporcional à variaçãoda taxa fiscal. As causas principais desse fenô-meno são a evasão fiscal (quando os impostossão muito elevados) e o desestímulo provocadosobre os negócios em geral. No entanto, a in-tenção da Curva de Lafer não era determinar ataxa de impostos que maximizaria a receita, maschamar a atenção dos formuladores de políticaeconômica para os efeitos dinâmicos de uma po-lítica tributária.

CURVA DE LEXIS. É a que representa a extin-ção gradual de uma mesma geração humana,anotando-se as idades nas abcissas e o númerode sobreviventes nas ordenadas.

CURVA DE LORENZ. Veja Lorenz, Curva de.

CURVA DE NÍVEL. Processo de representaçãográfica que consiste em: 1) projetar normalmentesobre o plano dos xy os pontos de um estereo-grama; 2) reunir por uma linha contínua (Curvade Nível) os pontos de igual cota ou aquelescujas cotas estão contidas dentro de dados in-tervalos cuja amplitude constitui o “módulo” dográfico. É usada, em geral, para representaçãográfica de distribuição de freqüência a dois atri-butos. As curvas de nível têm origem na topo-grafia. Na economia, elas servem para repre-sentar as curvas de indiferença. Veja tambémCurva de Indiferença.

CURVA DE PARETO. Também denominadaCurva de Distribuição de Pareto ou Lei da Dis-tribuição da Renda, é uma relação empírica des-crevendo o número de pessoas Y cuja renda éX, apresentada por Pareto em 1897, na forma

Y = A

(X – a)α ou Y = A (X – a)–α

0 ≤ x < ∞

Curva de Lafer

A taxa de impostos Tx2 maximiza a arrecadação(A2), enquanto a taxa Tx1, embora maior queTx2, proporciona uma arrecadação menor (A1).

Arrecadaçãofiscal

(valor)

A1

A2

0Tx2 Tx1 100

CURVA DE ENGEL 148

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cuja representação gráfica é

Sendo X o eixo das abscissas e nele marcadas asrendas e, no eixo das ordenadas, o número mínimode pessoas Y cujas rendas sejam iguais ou superioresa X, geramos uma Curva de Pareto. Verifica-se quequando X➞ a, Y➞ ∞, enquanto X➞ ∞, Y➞ 0, tendoportanto a Curva de Pareto duas assíntotas X= a e Y = 0. Se deslocarmos o eixo Y até o pontop correspondente à menor renda, então a = O ea equação de Pareto terá a forma.

Y = A

Xα = A.X – α

Esta é a forma simplificada e utilizada na prática,já que as informações sobre o número de pessoascom pequenas rendas são imprecisas. Veja tam-bém Curva de Lorenz; Índice de Gini; Índicede Pareto.

CURVA DE PHILLIPS. Representação gráficade uma regularidade estatística, encontrada em1958 por A.W.H. Phillips ao estudar a economiainglesa entre 1861 e 1957. A curva indicaria aexistência de uma relação inversamente propor-cional entre o nível de desemprego e a taxa devariação dos salários monetários. A.W.H. Phil-lips não apenas observou a existência dessa re-lação no caso inglês, como também concluiu queela era consideravelmente estável durante umperíodo de quase cem anos. Economistas comoPaul Samuelson realizaram estudos semelhantespara os Estados Unidos, encontrando as mes-mas tendências, embora bem menos conclusi-vas do que as de Phillips. Do ponto de vistada política econômica, a Curva de Phillipsmostra que em muitos casos a redução do de-semprego implica elevação dos salários mone-tários e, portanto, inflação; ou, ao contrário,uma política de combate à inflação (reduçãodos salários monetários) significa aumento dataxa de desemprego.

CURVA DE RENDIMENTO INVERTIDA. Cur-va resultante de uma situação no mercado fi-nanceiro na qual as taxas de juros de curto prazosão mais elevadas do que as de longo prazo,resultando numa curva de inclinação negativa.Em condições normais de mercado, a curva temuma inclinação positiva, isto é, quanto maiorfor o prazo de vencimento coeteris paribus, maiorserá a taxa de juros. Essa inversão pode acon-tecer quando as autoridades monetárias provo-cam um aperto monetário tornando o créditomais difícil e, conseqüentemente, as taxas de ju-ros mais elevadas. Nos países onde existe rela-tiva estabilidade de preços, as taxas de juros delongo prazo são influenciadas mais pelas expec-tativas inflacionárias do que pela política mo-netária das autoridades monetárias. Portanto, aCurva de Rendimento Invertida é consideradaum fenômeno transitório não ultrapassandoquinze meses, e é considerada sinal de que aeconomia está entrando numa recessão.

CURVA EM SINO. Veja Curva Normal; Distri-buição Normal; Risco.

CURVA IS-LM. Veja Curvas IS-LM.

CURVA J (Jota). Imediatamente depois da des-valorização da moeda de um país, este pode acu-sar um déficit no balanço de pagamentos. Logoapós, no entanto, o país obterá um superávitem conta corrente. O nome da Curva J tem ori-gem no formato gráfico deste movimento: se co-locarmos o resultado da balança comercial noeixo y e o tempo no eixo x, então a Curva Jmostrará um déficit inicial para ser rapidamentetransformado em superávit, na medida em queos efeitos da desvalorização cambial se genera-lizam. Este fenômeno deve-se ao fato de que aresposta das importações à mudança nos preçosrelativos não se processa imediatamente, resul-tando em déficits nos primeiros momentos de-pois da desvalorização.

CURVA LOGÍSTICA. Veja Logística, Curva.

CURVA MARSHALLIANA DA DEMANDA.Curva de Demanda inspirada em conceitos deAlfred Marshall, na qual a quantidade deman-dada em resposta aos preços depende não ape-

XP

Y

a

Taxa de Desemprego

A = Taxa Natural de Desemprego

A

Taxa deReajuste dos

SaláriosMonetários

(Inflação)

149 CURVA LOGÍSTICA

Page 150: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

nas do nível de renda, mas também incorporao efeito substituição. Veja também Efeito Subs-tituição; Marshall, Alfred.

CURVA NORMAL. Expressão gráfica de umadistribuição normal. Tem a forma aproximadade uma secção transversal de um sino. Teorica-mente a curva se estende de -∞ a ∞, tendo oeixo horizontal como assíntota. É também cha-mada de Curva em Sino, Curva de Gauss ouCurva Sigmóide. Veja também DistribuiçãoNormal; Probabilidade; Risco.

CURVA SIGMÓIDE. É aquela cuja forma seassemelha à Curva Normal de Distribuição. Vejatambém Curva Normal.

CURVA VERTICAL DE PHILLIPS. Hipótesede que, a longo prazo, não existe um trade-off(troca conflituosa) entre as mudanças na taxanominal de salários e o nível de desemprego,como indicava originalmente a Curva de Phillips.Contrastando com a hipótese original de Phillips,Milton Friedman, em 1968, levantou o problemade que a questão central não são os salários no-minais, mas sim os reais. A hipótese é que ostrabalhadores assalariados estão preocupadoscom os seus salários reais e, portanto, suas de-mandas sobre os salários nominais são feitas paracompensar as taxas esperadas de inflação. Assim,

dW = F(U)t + λdPet

onde dw é a mudança nas taxas nominais desalário;U é a taxa de desemprego e dPe, as mu-danças esperadas nos preços, todas no períodot e λ = 1. Este movimento é ilustrado no gráfico.

Partindo do ponto de equilíbrio A, correspon-dente à taxa natural de desemprego, o governoaumenta a demanda agregada na tentativa dereduzir o desemprego. A demanda aumenta, osempresários contratam mais trabalhadores e odesemprego diminui. Com o aumento do nívelde emprego, os salários aumentam e ocorre odeslocamento sobre a Curva de Phillips de curtoprazo de A para B. Supondo que não ocorranenhum aumento de produtividade, os preçosaumentam, os salários reais diminuem e o de-semprego volta para o ponto C. Agora existeuma taxa de inflação positiva no nível de de-semprego natural, pois aqueles que permane-cem empregados formulam suas demandas sa-lariais mais elevadas com base nas expectativasde futura elevação de preços, para compensaras taxas positivas de inflação. Se nenhuma açãofor tomada pelo governo, esta taxa de inflaçãode equilíbrio permanecerá. Mas se o governotentar reduzir outra vez o desemprego abaixoda taxa natural de desemprego, nos moveremospara uma segunda Curva de Phillips de curtoprazo, primeiro para o ponto D e, posteriormen-te, para o ponto E. Os pontos A, C e E estãosituados numa Curva Vertical de Phillips. O sis-tema tenderia a uma taxa natural de desempre-go. Veja também Curva de Phillips; Expectati-vas Racionais.

CURVAS DE PROGRESSÃO DOS SALÁ-RIOS. Curvas registradas em gráficos, relacio-nando o salário de um trabalhador com sua ida-de ou experiência. Elas são utilizadas nos casosem que não é possível estabelecer uma gradua-ção precisa das faixas salariais, como acontece,por exemplo, entre o pessoal dedicado à pes-quisa ou de elevada capacidade técnica. Em al-gumas empresas, as curvas são utilizadas comoparâmetro para a realização de revisões salariaisglobais.

CURVAS IS-LM. Interpretação formal da teoriageral de Keynes, as curvas IS-LM representadasem diagramas mostram: a primeira delas, a Cur-va IS, as combinações possíveis entre taxas dejuros e renda nacional, que mantêm em equilí-brio o mercado de bens e serviços (mercadorias);a segunda, a Curva LM, representa as combi-nações possíveis entre taxas de juros e rendanacional, que mantêm o mercado monetário emequilíbrio. John Hicks (1904-1989) inicialmentebatizou a curva LM apenas como L, mas AlvinHansen (1887-1975) rebatizou-a como LM, en-fatizando que a curva representa pontos nosquais L (demanda por moeda) = M (oferta demoeda). Essas curvas e sua interação repre-sentam em síntese a relação de equilíbrio entretaxas de juros e produto nacional e podem serutilizadas para testar a eficácia de políticas fis-cais. A curva IS representa a esfera dos gastos,

curva normal

estende-se de -∞ a ∞

-∞ µ ∞µ = média

ED

B C

U A

W2

Taxa deReajuste dos

SaláriosMonetários

(Inflação)

W1

Taxa de Desemprego

CURVA NORMAL 150

Page 151: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

ou o setor real da economia, e mostra que osgastos de consumo, de investimento ou as des-pesas do governo se elevam quando as taxas dejuros diminuem. A curva LM, por outro lado,mostra que, no âmbito financeiro, um aumentonos gastos só é viabilizado com um deslocamen-to para cima das taxas de juros. A razão dissoestaria na teoria da preferência pela liquidez daspessoas, proposta por Keynes, segundo a qualas pessoas preferem manter seus valores na for-ma mais líquida possível, isto é, na forma dedinheiro ou de depósitos à vista, para realizartransações — dadas as oportunidades — e in-vestir nos mercados financeiros especulativos.Quando os gastos se elevam, as pessoas neces-sitam de mais dinheiro para realizar as transa-ções. Se o volume de dinheiro em circulação fos-se fixo, as pessoas só poderiam realizar seu de-sejo de aumentar os gastos se os saldos mone-tários mantidos para garantir a liquidez dimi-nuíssem. Para que essa redução ocorra, é neces-sário que as taxas de juros aumentem. Na esferafinanceira, portanto, a relação é entre maioresgastos e taxas de juros mais elevadas. O perfilda curva LM é, portanto, ascendente. Os níveisde equilíbrio entre renda (produto) e taxas dejuros são fornecidos pela intersecção das curvasIS e LM. Do ponto de vista da eficácia da políticafiscal, as curvas IS-LM funcionariam da seguintemaneira: maiores despesas do governo ou re-dução dos impostos aumentariam a renda daspessoas e, portanto, provocariam maiores dis-pêndios na seqüência. A curva IS seria deslocadade IS1 para IS2. Este aumento dos gastos pro-voca uma necessidade adicional de dinheiropara as transações, o que, por sua vez, provocauma elevação das taxas de juros. O aumentoinicial dos gastos Y3 - Y1 sofre uma redução(passa a Y2 - Y1), mas o impacto final da políticafiscal ainda promove o crescimento da renda oudo produto, pois Y2 - Y1 é positivo.

Este esquema representa uma determinada in-terpretação da Teoria Geral de Keynes. No en-

tanto, na medida em que chama a atenção paraas condições de equilíbrio do sistema, não fo-caliza devidamente a estrutura subjacente e umadas questões que perpassam toda a obra key-nesiana: a incerteza que caracteriza o mercadomonetário e financeiro. Veja também Curva dePhillips; Reagnomics; Supply Side Economics.

CUSHION THEORY. Expressão em inglês quedesigna uma teoria segundo a qual o preço deuma ação deve subir se muitos investidores es-tiverem em posições vendidas, uma vez que taisposições devem ser cobertas pela compra de açõ-es. Os analistas de mercado consideram existiruma tendência altista se as posições vendidasde uma determinada ação registrarem um nívelduas vezes superior ao número de ações nego-ciadas diariamente. Isso acontece porque a ele-vação de preços força os portadores de posiçõesvendidas a cobrir suas posições comprando ações,fazendo com que o preço destas suba ainda mais.

CUSTO ALTERNATIVO. Veja Custos deOportunidade.

CUSTO/BENEFÍCIO, Análise de. Processo usa-do para a determinação da eficiência econômicaglobal de investimentos públicos em obras in-fra-estruturais. Comparam-se os custos com osbenefícios sociais que provavelmente resultarãodo investimento. Segundo esse processo, deve-se escolher, entre vários projetos, aquele queapresenta a maior diferença positiva entre os be-nefícios globais (econômicos e sociais) e os cus-tos globais. As dificuldades apresentadas poresse processo de análise são a quantificação dosbenefícios e dos custos sociais e a determinaçãode uma taxa de juros para os capitais emprega-dos. O método tem sido usado particularmentepara a análise dos benefícios advindos da cons-trução de estradas e outros empreendimentospúblicos. Veja também Benefícios Sociais.

CUSTO BRASIL. Denominação genérica dadaa uma série de custos de produção, ou despesasincidentes sobre a produção, que tornam difícilou desvantajoso para o exportador brasileiro co-locar seus produtos no mercado internacional,ou então tornam inviável ao produtor nacionalcompetir com os produtos importados. Tais cus-tos estariam relacionados com aspectos legais(legislação trabalhista, por exemplo, e os encar-gos sociais), institucionais (excesso de burocra-cia para a instalação de empresas ou para a ex-portação de produtos), tributários (excesso detributos sobre produtos que direta ou indireta-mente participam das exportações ou sofremconcorrência de produtos estrangeiros), de in-fra-estrutura (falta de estradas bem conservadas,comunicações deficientes e caras) e corporativas(domínio de sindicatos de trabalhadores sobrecertos tipos de atividade, dificultando a incor-

IS2

LM

IS1

Y1 Y2 Y3

151 CUSTO BRASIL

Page 152: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

poração do progresso técnico e o aumento daprodutividade).

CUSTO DE VIDA, Índice do. Medida da va-riação dos preços de bens e serviços consumidospor uma amostra representativa da populaçãode uma região, em certo período de tempo. Per-mite avaliar quantitativamente o poder de com-pra dos salários e o valor real da moeda. Osdiversos métodos de cálculo do índice do custode vida tomam como base o orçamento-padrãode uma amostra de famílias e incluem uma sériede bens e serviços básicos devidamente ponde-rada. Para que o índice esteja sempre atualizado,é necessário rever periodicamente o orçamento-padrão e o preço de cada um dos itens. No Bra-sil, os primeiros estudos sistemáticos sobre o as-sunto datam de 1936 e tinham por objetivo for-necer elementos para a fixação do salário míni-mo, instituído dois anos mais tarde pelo governoVargas. Na atualidade, as principais instituiçõesque se dedicam ao assunto são a Fundação Ge-túlio Vargas, do Rio de Janeiro, o Instituto dePesquisas Econômicas da Universidade de SãoPaulo, o Departamento Intersindical de Estatís-tica e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), de SãoPaulo, e o IBGE. Esses índices não são direta-mente comparáveis entre si porque diferem emseus campos de aplicação. O índice da FundaçãoGetúlio Vargas mede, desde 1944, as variaçõesde preços para o conjunto da população cariocae oferece uma média para os diferentes níveisde renda. O do Instituto de Pesquisas Econômi-cas mede as variações de preço para uma classede renda modal na cidade de São Paulo. O Diee-se ocupa-se das variações do custo de vida dostrabalhadores de São Paulo, dividindo-os emtrês estratos, de acordo com os salários recebi-dos. E, finalmente, o do IBGE calcula o INPCem bases nacionais. Veja também DIEESE; FGV;IBGE; INPC.

CUSTO DO PRAZO. Diferença que pode exis-tir, especialmente nos gastos públicos, entre omomento em que uma despesa é realizada e omomento em que é efetivamente paga. Nas eco-nomias onde existe um processo inflacionáriointenso e onde o mecanismo da correção mone-tária não se aplica em todos os contratos, esseprazo pode criar fortes distorções dos valoresreais efetivamente transacionados, causandoperdas para os fornecedores do setor públicoou para o próprio setor público, dependendoda forma na qual os contratos forem assinadose as formas indexadas ou não das receitas pú-blicas. No caso brasileiro, durante o período devigência da URV (28/2/1994 a 30/6/1994), asadministrações (governos) que converterampara a URV suas despesas, e não tiveram suasreceitas também convertidas, acusaram desequi-líbrios financeiros sérios.

CUSTO HISTÓRICO. Princípio adotado emcontabilidade segundo o qual todos os elemen-tos de uma demonstração financeira devem serbaseados no custo de aquisição (ou original), su-pondo que a unidade monetária utilizada nessademonstração não sofra desvalorização no pe-ríodo considerado, ou, quando isso ocorrer,compensando com a respectiva atualização mo-netária daqueles custos.

CUSTO MARGINAL DO CAPITAL. Sendo ocusto de uma unidade adicional de uma deter-minada mercadoria ou produto, o custo margi-nal do capital é o custo de obtenção de fundosadicionais, o que geralmente equivale às taxasde juros vigentes no mercado para tal tipo deoperação.

CUSTOMARY SYSTEM (Sistema Consuetudi-nário). Sistema de unidades de medidas em vi-gor nos Estados Unidos, derivado do SistemaImperial Inglês (Britânico), embora com algu-mas variações, especialmente no que se refereà medida de substâncias líquidas. Mas assimcomo o Sistema Imperial Inglês, o Sistema Con-suetudinário dos Estados Unidos tem o pé (me-dida de comprimento) e a libra (medida de peso)como suas unidades básicas. Ambos os sistemasestão sendo paulatinamente substituídos peloSistema Internacional. Veja também Sistema In-ternacional de Pesos e Medidas.

CUSTOS. Avaliação, em unidades de dinheiro,de todos os bens materiais e imateriais, trabalhoe serviços consumidos pela empresa na produ-ção de bens industriais, bem como aqueles con-sumidos também na manutenção de suas insta-lações. Expresso monetariamente, o custo resul-ta da multiplicação da qualidade dos fatores deprodução utilizados pelos seus respectivos preços.

CUSTOS (Minimização de). Para qualquer ní-vel de produção, é a combinação do empregode fatores (em geral capital e trabalho) que tornaos custos mínimos.

CUSTOS COMPARATIVOS (ou Lei das Van-tagens Comparativas). Conceito de custos in-troduzido na teoria do comércio exterior por Da-vid Ricardo, em 1817. Para efeito de simplifica-ção, relacionam-se os custos de produção dosprodutos A e B, produzidos por dois países dis-tintos (1 e 2), comparando-os. Os custos de pro-dução do produto A são expressos em relaçãoaos custos de produção do produto B. Possui avantagem comparativa o país em que for menora relação dos custos de produção dos produtosA e B. Ricardo introduziu esse conceito comoprova de que é vantajosa para um país sua es-pecialização internacional. Veja também Ricar-do, David.

CUSTO DE VIDA 152

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CUSTOS DE CARREGAÇÃO. Veja CarryingCosts.

CUSTOS DE OPORTUNIDADE. Conceito decustos utilizado por Marshall. Segundo esse con-ceito, os custos não devem ser considerados ab-solutos, mas iguais a uma segunda melhor opor-tunidade de benefícios não aproveitada. Ou seja,quando a decisão para as possibilidades de uti-lização de A exclui a escolha de um melhor B,podem-se considerar os benefícios não aprovei-tados decorrentes de B como opportunity costs,custos de oportunidade. Veja também Marshall,Alfred.

CUSTOS DE PRODUÇÃO. Soma de todos oscustos originados na utilização dos bens mate-riais (matéria-prima, mão-de-obra, depreciaçãoe amortização de máquinas, patentes, gastos di-versos) de uma indústria na elaboração de seusprodutos.

CUSTOS DE TRANSAÇÃO. Conceito relacio-nado com os custos necessários para a realizaçãode contratos de compra e venda de fatores nummercado composto por agentes formalmente in-dependentes. Esses custos são comparados comaqueles necessários à internalização dessas ati-vidades no âmbito da própria empresa e cons-tituem um critério importante na tomada de de-cisão nas empresas modernas. O conceito temrelevância também nas teorias desenvolvidaspor Ronald Coase que, mediante suas formula-ções, denominadas Teorema de Coase, estabe-leceu que as externalidades (economias exter-nas) não determinam uma alocação imperfeitade recursos desde que os custos de transaçãosejam nulos. Veja também Coase, Ronald; Eco-nomias Externas; Teorema de Coase.

CUSTOS DIRETOS. Custos que podem ser iden-tificados diretamente com uma unidade do pro-duto. É o caso dos custos decorrentes do con-sumo de matéria-prima, embalagem e mão-de-obra — a parte do salário paga ao operário quetrabalha diretamente no produto, segundo o pe-ríodo de tempo gasto com a unidade que estásendo produzida.

CUSTOS FIXOS. Custos que permanecem inal-terados, independentemente do grau de ocupa-ção da capacidade da empresa. São custos ori-ginados pela própria existência da empresa, semlevar-se em conta se ela está produzindo ou não(aluguéis, juros, instalações etc.).

CUSTOS INDIRETOS. Custos relacionados coma fabricação e que não podem ser economica-mente identificados com as unidades que estãosendo produzidas. Por exemplo: aluguel das ins-

talações da fábrica, depreciação, mão-de-obra in-direta, impostos, seguro etc.

CUSTOS INEVITÁVEIS. Custos que, conside-rados a curto prazo, coincidem com os custosfixos.

CUSTOS SOCIAIS. Despesas feitas durante oprocesso de produção e que não são pagas pelosque as ocasionaram, mas por terceiros, ou sãotransferidas para toda a sociedade. Trata-se dasdespesas acarretadas, por exemplo, pela polui-ção do ar e das águas, pela destruição da faunae da flora, pelos acidentes de trabalho e pelasdoenças profissionais, entre outros fatores. De-terminar esses custos é muito difícil, pois apenasuma parte deles chega a ser identificada emgrandezas monetárias.

CUSTOS SUPLEMENTARES. Custos que, nacontabilidade financeira da empresa, não apa-recem contrapostos por nenhuma despesa, masprecisam entrar no cálculo de custos, pois sig-nificam concretamente gastos. Por exemplo: cál-culo do aluguel de um imóvel da empresa, uti-lizado por ela mesma.

CUSTOS VARIÁVEIS. Parte do custo total quevaria conforme o grau de ocupação da capaci-dade produtiva da empresa: por exemplo, custoscom matérias-primas, salários por produção eoutros.

CUT — Central Única dos Trabalhadores. Umadas centrais sindicais brasileiras, fundada emagosto de 1983 em congresso que contou coma participação de 5 059 trabalhadores, delegadosde sindicatos urbanos e rurais. No congresso,foi eleita uma coordenação composta de 86membros, tendo como presidente o ex-presiden-te do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernar-do do Campo, Jair Meneguelli. A CUT e a CGTconstituem as duas grandes centrais do movi-mento sindical brasileiro. Por seu programa epelas greves e ações coletivas que tem patroci-nado no campo e na cidade desde a sua origem,a CUT é considerada mais à esquerda do quea CGT. Veja também CGT; Conclat.

CUTTHROAT COMPETITION. Expressão eminglês que significa competição selvagem (matarou morrer), que sempre termina em perdas paraas empresas envolvidas e cuja intenção é elimi-nar o concorrente. As perdas sofridas pela em-presa vencedora são compensadas em seguidapela elevação de preços e pela ausência ou re-dução da concorrência. Esse tipo de competiçãoé também denominado War Rate, isto é, Guerrade Preços.

CVM — Comissão de Valores Mobiliários. Co-missão criada pela lei nº 6 385, de 7/12/1976,

153 CVM

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inspirada na Securities and Exchange Commis-sion, dos Estados Unidos, para exercer uma fun-ção até então atribuída ao Banco Central: regu-lar, prestar consultoria e julgar, em instância ad-ministrativa, as operações e dispositivos do Mer-cado de Valores Mobiliários. Sob a jurisdiçãoda CVM, estão as Bolsas de Valores e sociedadescorretoras, os bancos de investimentos, as so-ciedades distribuidoras e as companhias abertas,os agentes autônomos de investimento e as car-teiras de depósitos de valores mobiliários, osfundos e sociedades de investimento e os audi-tores independentes, os consultores e analistasde valores mobiliários. A CVM, juntamente como Conselho Monetário Nacional, estabelece asnormas e diretrizes para o funcionamento domercado de valores.

CVRD — Companhia Vale do Rio Doce S.A.Empresa de economia mista criada em 1942, ten-do o governo federal como acionista majoritário.É a maior empresa de mineração de ferro domundo e a principal exportadora mundial doproduto. Sua criação resultou do mesmo esforçode nacionalização dos setores básicos que levariaà criação da Companhia Siderúrgica Nacional eda Petrobrás. Incorporou a Companhia Brasilei-ra de Mineração e Siderurgia, à qual se integra-vam a Estrada de Ferro Vitória—Minas e a Ita-bira Mining Company. Opera nos Estados deMinas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,Pará e Mato Grosso do Sul. O transporte de mi-nério das jazidas ao porto de embarque é feitopela ferrovia Vitória-Minas, com 550 km. Quasetoda a exportação é realizada pelo porto de Tu-barão, em Vitória, inaugurado em 1966. A Vale,com mais de vinte subsidiárias, extrai minériode ferro, manganês e alumínio e promove pro-jetos de reflorestamento e de industrialização decelulose, fertilizantes, fosfato, titânio e outrosmetais raros. Opera ainda com transportes ma-rítimo e ferroviário, pesquisas geológicas e en-genharia de projetos. Tem uma filial em Nassau,Bahamas (Itabira International Company Ltd. —Itaco) e outra na Alemanha, a Itabira EisenerzG.m.b.H. Sua principal subsidiária, a Docenave(Vale do Rio Doce Navegação S.A.), fundada em1961 e com sede no Rio, é a segunda maior em-presa de navegação do Brasil, encarregando-seda construção de navios e transporte a granel(minério de ferro, carvão, óleo cru, bauxita, açú-car, rocha fosfática, cereais e fertilizantes). Entreas subsidiárias, destacam-se ainda a FlorestasRio Doce S.A. (Belo Horizonte), a Rio Doce Ma-deiras S.A. — Docemade (Vitória) e a AmazôniaMineração S.A. (Belém). A Vale tem exclusivi-dade na exploração dos 18 bilhões de toneladasde ferro da serra dos Carajás, no Pará.

CWO. Iniciais da expressão em inglês cash withorder, que significa “pagamento com o pedi-do”, isto é, o pedido de uma mercadoria ouserviço deve ser acompanhado pelo devido pa-gamento.

CY PRÉS (Doutrina). Expressão em francês quesignifica “por aproximação” e é aplicada no casode instituições de caridade que, por uma razãoou outra, não podem exercer suas atividades emtotal concordância com os termos em que a ins-tituição foi criada. Nesses casos, os tribunais po-dem adotar a doutrina cy prés, universalmentereconhecida na legislação internacional, e deter-minar que a instituição (trust) desenvolva suasatividades de tal forma a se aproximar o maispossível do desejo original do doador dos bensou recursos à disposição da instituição. Estadoutrina está baseada no princípio de que, emúltima instância, é o Estado o protetor de todosos objetos de caridade.

CYBERPHOBIA. Termo relacionado com os es-tudos dos impactos da incorporação do progres-so técnico sobre os trabalhadores e que consisteno medo ou nas fobias causadas pela presençade computadores e aparelhos a eles relacionadosnos locais de trabalho.

CYCLICAL ASSYMETRY. Expressão em inglêscuja tradução literal é “assimetria cíclica”. É uti-lizada nos Estados Unidos para designar que apolítica monetária da Reserva Federal é mais efi-caz durante uma fase do ciclo econômico do queem outra.

D D. Inicial de: 1) debênture; 2) default (classificaçãoda Standard & Poor’s); 3) delivery (entrega); 4)demand (Curva da Demanda); 5) dinar (unidademonetária da Tunísia); 6) discount (desconto); 7)dólar (unidade monetária dos Estados Unidos).

DAÇÃO EM PAGAMENTO. Conceito utiliza-do em administração pública, que significa a en-trega de um bem que não seja dinheiro para aliquidação de uma dívida. Aquilo que, dado empagamento, pode ser de qualquer natureza e es-pécie, desde que o credor consinta no recebi-mento da prestação devida. Por exemplo, estedispositivo era utilizado nas operações interli-

CVRD 154

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gadas nas quais, em troca do aumento do po-tencial construtivo de um terreno, seu proprie-tário entregava à prefeitura municipal um de-terminado número de habitações de interesse so-cial para a remoção de favelas. Nesse caso, asmoradias eram entregues como dação em paga-mento desse compromisso (atualmente, o paga-mento pode ser feito em dinheiro, o que sim-plifica consideravelmente o processo).

DADOS DE REFERÊNCIA. Veja Bench Mark.

DAEs. Veja NICs.

DAISY CHAIN. Expressão em inglês que sig-nifica “corrente da felicidade”, que designa arealização de transações entre manipuladoresnum mercado financeiro para criar uma aparên-cia de que determinados títulos ou ações estarãoem processo de alta, como forma de atrair in-vestidores incautos e ingênuos. Quando estesúltimos entram no mercado comprando açõesou títulos e elevando, assim, as respectivas co-tações, os especuladores vendem maciçamenteseus títulos e ações, realizando lucros e deixandoos incautos com papéis “micados”. Veja tambémEspeculação; Mico.

DALASI. Unidade monetária da Gâmbia. Sub-múltiplo: butut.

DARDANISMO. Palavra derivada de Dardanus,feiticeiro fenício que destruía as colheitas. Sig-nifica a destruição consciente de uma colheitaou produção agrícola, para que os preços nãocaiam por excesso de oferta e a lucratividade semantenha satisfatória. No Brasil, o caso mais ex-pressivo de dardanismo foi a queima do cafénas fornalhas das locomotivas nos primeirosanos da década de 30, para evitar que os preçoscaíssem ainda mais no mercado internacional,deprimido pela crise econômica a partir de 1929.

DARWINISMO SOCIAL. Escola do pensamen-to sócio-econômico surgida na Europa no finaldo século XIX e que teve em Herbert Spencerseu principal teórico. Aceita as proposições neo-clássicas e condena a intervenção do Estado nosmecanismos de mercado e em outras esferas davida social; e, apoiando-se em Darwin, trans-planta para a vida econômico-social a teoria daseleção natural, segundo a qual os menos aptostenderiam a desaparecer. A intervenção do Es-tado no “organismo” social — segundo os se-guidores de Spencer — seria contrária à evolu-ção natural. A empresa monopolista — principalcaracterística do capitalismo moderno — resul-taria do processo de seleção na vida econômicae, portanto, seria benéfica, na medida em queafastaria os menos aptos. Nessa questão, a teoria

de Spencer afasta-se do neoliberalismo, que de-fende algum grau de intervenção do Estado paragarantir a concorrência. Veja também Spencer,Herbert.

DATA MINING. Expressão em inglês que sig-nifica a extração de conhecimentos dos dadosencontrados nos modernos meios de estocagemdos mesmos. A combinação de computadorescada vez mais rápidos, a capacidade de arma-zenamento de dados de forma barata e o pro-gresso nas comunicações tornam possível com-binar, para efeitos de marketing, por exemplo,dados fornecidos por diversas fontes para traçaro perfil de tendências de novos consumidores.É verdade que formas de pesquisa como essa,que se assemelham ao ato de cavar uma minaaté encontrar metais preciosos, tornam cada vezmais tênues os limites entre o que são dados dedomínio público (lista telefônica, por exemplo)e aquilo que pertence a cada cidadão e somentecom sua autorização poderia ser utilizado. Vejatambém Marketing.

DATIO IN SOLUTUM. Expressão em latim quesignifica “dação em pagamento”, no sentido emque, dessa forma, se extinguiu uma obrigação.

DAVANZATI, Bernardo (1529-1606). Comercian-te, tradutor e economista, Davanzati nasceu emFlorença, e ali trabalhou até o final de sua vida.Suas obras mais importantes foram Notizie deiCambi (Anotações sobre o Câmbio), 1582, na qualele explica as operações com moedas estrangei-ras, e Lezione delle Monete (Lições sobre a Moeda).Sua análise sobre o câmbio mostra como as taxasflutuam entre gold points, de acordo com a ofertae a demanda de notas, sendo tais gold points de-terminados por um prêmio de risco, custo detransporte e perda de juros, enquanto os fundosestão em trânsito. As considerações de Davan-zati sobre a moeda constituem uma das primei-ras versões da visão dos metalistas sobre a ori-gem e a natureza do dinheiro. Ele destaca asvantagens do dinheiro sobre o escambo, por fa-cilitar as trocas entre países e a divisão do tra-balho. Para explicar a origem do valor do di-nheiro, Davanzati apresenta uma primitiva teo-ria quantitativa, que relaciona o valor dos esto-ques de mercadorias com o estoque de moeda.Embora consciente da importância da circulaçãomonetária, não relacionou isto com o conceitoda velocidade de circulação. Davanzati criticavaas desvalorizações monetárias por meio da re-cunhagem, e defendia que a moeda deveria cir-cular “de acordo com o seu valor intrínseco”,isto é, pela quantidade fixa de material que acompunha. Na tradição metalista, definia o di-nheiro como “ouro, prata e cobre” cunhados

155 DAVANZATI, Bernardo

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pela autoridade pública, transformando-se nopreço e na medida das coisas. O dinheiro não-metálico ou não-conversível somente poderiacircular junto ao público pela coerção.

DAVOS (Fórum de). Denominação dada ao Fó-rum Econômico Mundial que se realiza anual-mente na cidade suíça de Davos, reunindo che-fes de Estado e ministros (especialmente da áreaeconômica e financeira) para discutir os grandesproblemas que afetam a economia mundial. Nãotem caráter deliberativo.

DAWES PLAN. Veja Plano Dawes.

DAY AFTER RECALL. Expressão em inglês quesignifica literalmente “lembrança do dia seguin-te”. Utilizada em propaganda e marketing, de-signa a lembrança que o público reteve de umapeça publicitária veiculada na véspera.

DAY-TO-DAY MONEY. Veja Call Money.

DAY TRADE. Expressão em inglês que signi-fica a realização de uma operação financeira esua liquidação no mesmo dia, isto é, a comprae a venda de um título por um mesmo operadornum mesmo dia. Dessa forma, um ganho ouuma perda são imediatamente obtidos. O me-canismo também é conhecido como in-and-outtrade. Por exemplo, um operador realiza o se-guinte negócio: adquire às 9:00 (no início do pre-gão) 100 onças de ouro por 37,5 mil dólares.Vende às 14:00 (no final do pregão) 100 onçasde ouro por 37 650 dólares. Na medida em queuma operação compensa a outra, esta liquidaçãotem preferência sobre as demais, e o operadorrealiza um ganho bruto (sem contar a comissão)de 150 dólares.

DCB (Debt Convertion Bond). Veja Plano Bra-dy; TJLP.

DCP. Veja Freight or Carriage Paid To.

DDP. Veja Delivered Duty Paid.

DE MOIVRE, Abraham. Veja Distribuição Nor-mal; Risco.

DE NOVO. Expressão de origem latina que, uti-lizada no âmbito financeiro, significa um banconovo que recebe uma carta de autorização cons-tituindo-se, dessa forma, em uma nova socieda-de financeira numa determinada economia. Estaforma se distingue quando alguém adquire, pormeio de compra, controle acionário etc., um ban-co já em funcionamento, isto é, que já possuiuma carta de autorização para funcionar.

DEAD HORSE WORK. Expressão em inglêsque significa trabalho pelo qual os trabalhadoresforam pagos por adiantamento ou aquele que

deve ser repetido, embora não seja estritamentenecessário fazê-lo.

DEADLINE. Termo em inglês que significa“prazo final”, isto é, data ou momento final paraque um projeto seja finalizado ou uma decisãoseja tomada.

DEAR MONEY. Veja Dinheiro Caro.

DEBÊNTURE. Título mobiliário que garante aocomprador uma renda fixa, ao contrário das açõ-es, cuja renda é variável. O portador de umadebênture é um credor da empresa que a emitiu,ao contrário do acionista, que é um dos pro-prietários dela. As debêntures têm como garan-tia todo o patrimônio da empresa. Debênturesconversíveis são aquelas que podem ser conver-tidas em ações, segundo condições estabelecidaspreviamente.

DÉBITO. Em contabilidade, especialmente nosistema de partidas dobradas, é qualquer quan-tia devida pela empresa, contrapondo-se ao cré-dito. Assim, por exemplo, a compra de uma má-quina entra como dívida na coluna de débito,ao mesmo tempo que a máquina, como equipa-mento, entra como crédito de mesmo valor. Vejatambém Crédito; Partidas Dobradas.

DEBREU, Gerard (1921- ). Nascido na Françae naturalizado norte-americano, Gerard Debreué um economista matemático, ganhador do Prê-mio Nobel em economia em 1983 por seus tra-balhos relacionados com a Teoria do EquilíbrioGeral. Debreu retomou e examinou em detalheas questões levantadas por Smith e Walras re-lacionadas com o equilíbrio dos mercados, es-pecialmente de que maneira um sistema de mer-cados descentralizados poderia levar à desejávelcoordenação dos planos individuais dos consu-midores. Em seu trabalho em conjunto com Ar-row, ele foi capaz de provar a existência de pre-ços proporcionadores de equilíbrio, confirman-do desta forma a lógica da visão de Smith eWalras. Debreu respondeu a duas questões adi-cionais neste campo. Em primeiro lugar, ele es-tabeleceu de que maneira as condições sob asquais a mão invisível de uma economia de mer-cado poderia assegurar a eficiência alocativa dosfatores e recursos. Em segundo lugar, ele ana-lisou a questão da estabilidade do equilíbrio deuma economia de mercado e foi capaz de mos-trar que, em economias de grande porte, cominúmeros agentes de mercado, o equilíbrio seriaestável. Seu livro mais importante, Theory of Va-lue (Teoria do Valor), 1959, é conhecido por suaabrangência (universalidade) e sua eleganteabordagem analítica, uma vez que Debreu foicapaz, no mesmo modelo de equilíbrio, de in-

DAVOS 156

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tegrar a teoria da locação (location), a teoria docapital e a teoria do comportamento em condi-ções de incerteza.

DEBT RELIEF. Expressão em inglês que signi-fica “redução da dívida”, e ocorre quando, dian-te da impossibilidade de um devedor pagar umadívida, o credor proporciona uma redução dela(às vezes acompanhada de uma redução tam-bém nas taxas de juros), de forma tal que o de-vedor possa honrá-la. Veja também Plano Ba-ker; Plano Brady.

DECIL. Veja Percentil.

DECIMAL (Sistema). Veja Sistemas de Pesose Medidas.

DECISÕES, Tomada de. Processo que envolvedesde o estabelecimento de uma política empre-sarial ou governamental até a execução de umapolítica já determinada, pelo julgamento de da-dos e escolha de meios necessários para alcançarum objetivo. A tomada de decisões tornou-semais formal e científica a partir da introduçãode métodos matemáticos, como a programaçãolinear, o uso de computadores e outras inova-ções. Esses avanços, contudo, apenas proveramo processo decisório de meios mais confiáveispara determinar claramente as conseqüências decursos alternativos de ação; a escolha final depolítica apropriada continua nas mãos do exe-cutivo.

DECLARAÇÃO DE FILADÉLFIA. Proclamaçãohistórica numa das conferências da OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), em 1944, contraa pobreza e pela liberdade de expressão e or-ganização dos trabalhadores.

DECRETO-LEI 1.401. Veja Sociedade de Inves-timento D.L. 1.401.

DECRETO-LEI 157. Assinado em 10/2/1967 pelogoverno federal, dispunha sobre a criação defundos fiscais de investimento, com a finalidadede estimular a capitalização de empresas comações negociáveis nas Bolsas de Valores e refor-çar o mercado de capitais. Por meio desse be-nefício fiscal, as pessoas físicas passaram a poderaplicar até 12% do Imposto de Renda devidona compra de cotas de fundos fiscais de inves-timento, administrados por instituições financei-ras especializadas. Após um período mínimo decinco anos, as cotas poderiam ser vendidas, re-cebendo o investidor o dinheiro aplicado, acres-cido da valorização das cotas correspondentes.O fim de sua vigência foi decretado em 1983.

DEDUÇÕES DO IMPOSTO DE RENDA. Des-pesas que podem ser subtraídas do total de ren-

dimentos em cada uma das cédulas da declara-ção do Imposto de Renda. Permitem, assim, umaredução da renda sobre a qual o imposto incide.Cada cédula possui deduções próprias, em fun-ção do tipo de fonte que originou o rendimento.Dessa forma, a cédula A/B (rendimentos de ca-pital) permite deduções com despesas de comis-são e corretagem, necessárias para receber osrendimentos em questão. Na cédula C (rendi-mentos do trabalho assalariado), podem-se de-duzir despesas relacionadas com o exercício daprofissão, como compra de uniformes e roupasespeciais ao exercício profissional, despesas ju-diciais (para recebimento dos rendimentos),compra de publicações e materiais necessáriosao desempenho de funções técnicas e outras.Veja também Imposto de Renda.

DEEP-DISCOUNT BOND. Expressão em in-glês que designa, no mercado financeiro, aquelestítulos com um cupom (taxa de juros) muito bai-xo ou mesmo sem proporcionar juros, mas ven-didos com um desconto muito grande, isto é,por um preço muito abaixo do seu valor de face.Quando o título não tem cupom, isto é, não pagajuros, denomina-se pure-discount ou original-is-sue-discount bond. Veja Também Zero CouponBonds.

DEFASAGEM CAMBIAL. Situação na qual amoeda de um país encontra-se valorizada emrelação às moedas fortes, o que constitui um de-sestímulo às exportações. Dependendo do graudessa defasagem, os exportadores deverão sercompensados com isenções tributárias e/ouvantagens financeiras como, por exemplo, acon-tece com as Antecipações de Contratos de Câm-bio (ACC). Veja também ACC.

DEFAULT. Termo de origem francesa que sig-nifica a declaração de insolvência do devedor de-cretada pelos credores quando as dívidas não sãopagas nos prazos estabelecidos. A cláusula de de-fault fez parte dos contratos assinados pelo go-verno brasileiro em seus empréstimos ou avaiscom as instituições financeiras internacionais.

DEFICIENCY PAYMENT. Expressão em inglêsque significa “pagamento por compensação” eque consiste num instrumento utilizado pelo go-verno norte-americano para compensar os agri-cultores que aderirem ao programa de reduçãode área cultivada de determinado produto, paraque não haja excesso de produção. Esta com-pensação é paga ao agricultor se o preço de mer-cado não alcançar o preço-meta (target price),previamente determinado pelo governo e quebusca assegurar um grau de rendimento normal(médio) para o agricultor. A magnitude destepagamento por compensação depende da dife-rença entre o preço-meta e o preço de mercadodo produto em questão ou o preço-empréstimo

157 DEFICIENCY PAYMENT

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de suporte (aquele que for o mais elevado). Essesmecanismos de incentivo e desincentivo têm sig-nificado (nos Estados Unidos) que mais de 75%dos grãos para alimentação humana (especial-mente o trigo) participam deste programa. Estepagamento por compensação não pode, no en-tanto, ultrapassar 50 mil dólares por produtor.

DÉFICIT. Em linguagem contábil, é um excessode passivo em relação ao ativo, isto é, as des-pesas e pagamentos são maiores que o fatura-mento e o total de crédito. Nas finanças públicas,fala-se em déficit orçamentário quando as des-pesas são superiores à arrecadação, e em déficitda balança comercial quando o valor total dasimportações é superior ao total das exportações.Nas contas do governo, o déficit pode ser con-siderado déficit primário (inclui todas as receitase todas as despesas do governo menos juros) edéficit operacional. A diferença entre os dois é queo segundo inclui as despesas com juros das dí-vidas interna e externa do setor público. O qua-dro abaixo mostra a evolução do déficit opera-cional e primário do setor público consolidado,isto é, incluindo União, Estados, municípios eempresas estatais entre 1985 e 1994:

Setor Público Consolidado: resultado operacio-nal e primário e juros reais em porcentagens doPIB.Observa-se que, embora o resultado primáriotenha sido em geral positivo, o operacional temse mostrado negativo, uma vez que o peso dosjuros produzidos pelo elevado grau de endivi-damento público tem mais do que superado osuperávit primário.

DÉFICIT CAMBIAL. Veja Superávit Cambial.

DÉFICIT EM CONTA CORRENTE. Tambémdenominado déficit em transações correntes, éaquele que ocorre quando a soma das balançascomercial e de serviços e de transferências uni-laterais do balanço de pagamentos mostra umresultado negativo, isto é, de déficit. Veja tam-bém Balanço de Pagamentos.

DÉFICIT EM TRANSAÇÕES CORRENTES.Veja Déficit em Conta Corrente.

DÉFICIT OPERACIONAL. Veja Déficit.

DÉFICIT ORÇAMENTÁRIO. Mecanismo deequilíbrio econômico proposto por Keynes, vi-sando superar os problemas criados pelas crisescíclicas da economia capitalista. Segundo Key-nes, cabe ao Estado o papel de restabelecer oequilíbrio econômico por meio de uma políticafiscal, creditícia e de gastos, realizando investi-mentos ou inversões reais que atuem, nos pe-ríodos de depressão, como estímulo à economia.Dessa política resultaria um déficit sistemáticono orçamento. Nas fases de prosperidade, aocontrário, o Estado deve manter uma políticatributária alta, formando com isso um superávit,que deve ser utilizado para o pagamento dasdívidas públicas e para a formação de um fundode reserva a ser investido nos períodos de de-pressão. Esse tipo de proposta orçamentária fi-cou conhecido como orçamento cíclico e decor-reu da verificação feita por Keynes de que oequilíbrio orçamentário não constitui um bene-fício para a economia; ao contrário, atua de for-ma prejudicial, já que contribui para agravar aconjuntura do ciclo, seja ele de expansão ou dedepressão. A teoria keynesiana dos orçamentoscíclicos constitui uma tentativa de encontrar saí-da para o laissez-faire, e serve para confirmar afalência do sistema liberal-individualista e rea-firmar a necessidade de intervenção estatal per-manente na economia. Veja também: Keynes,John Maynard; Orçamento.

DÉFICIT PRIMÁRIO. Veja Déficit.

DÉFICIT PÚBLICO. Veja Déficit e DéficitOperacional.

DEFLAÇÃO. Queda persistente do nível geralde preços, o oposto da inflação. Caracteriza-se

1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994

Resultado operacional

4,4 -3,6 -5,7 -4,8 -6,9 1,3 -0,2 -2,8 1,3 0,5

Governo Federal

-1,1 -1,3 -3,2 -3,4 -3,9 2,3 -0,1 -1,2 -1,0 1,3

Estados e municípios

-1,0 -0,9 -1,6 -0,4 -0,6 -0,4 0,7 -0,7 -0,1 -0,6

Empresas estatais

-2,3 -1,4 -,09 -1,0 -2,4 -0,6 -0,8 -0,9 -0,2 -0,2

Resultado primário

2,6 1,6 -1,0 0,9 -1,0 4,6 2,9 0,7 1,8 4,1

Governo Federal

1,6 0,4 -1,8 -1,0 -1,4 2,7 1,0 0,7 0,6 2,6

Estados e municípios

0,1 -0,1 -0,6 0,5 0,3 0,2 1,5 0,0 0,6 0,8

Empresas estatais

0,9 1,3 1,4 1,4 0,1 1,7 0,4 0,0 0,6 0,7

Juros líquidos

-0,7 -5,2 -4,7 -5,7 -5,9 -3,3 -3,1 -3,5 -3,0 -3,7

Governo Federal

-2,7 -1,7 -1,4 -2,4 -2,5 -0,4 -1,1 -1,8 -1,5 -1,4

Estados e municípios

-1,1 -0,8 -1,0 -0,9 -0,9 -0,6 -0,8 -0,7 -0,7 -1,4

Empresas estatais

-3,2 -2,7 -2,3 -2,4 -2,5 -2,3 -1,2 -1,0 -0,8 -0,9

DÉFICIT 158

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pela baixa oferta de moeda em relação à ofertade bens e serviços ou pela queda na demandaagregada (associada, por exemplo, a um maioríndice de poupança). Esse excesso de oferta debens — ou carência de demanda — aumenta oíndice de capacidade ociosa na economia e causaum acirramento da concorrência entre os pro-dutos, que disputam os poucos consumidoresdisponíveis, o que leva a uma rápida queda nospreços. Cai o investimento e, conseqüentemente,há queda no produto real e aumento no desem-prego. A deflação, assim, pode acabar provo-cando depressão (como a que ocorreu em 1929-1933 nos Estados Unidos). Normalmente, com-bate-se a deflação por meio de um aumento nosgastos públicos e um maior grau de endivida-mento público, como forma de aumentar a de-manda agregada. Veja também Deflacionar; De-flator; Demanda Agregada; Inflação.

DEFLACIONAR. Ato de comparar um preçocorrente específico com a inflação média exis-tente numa economia em determinado período,mediante um índice de inflação (IGP-Índice Ge-ral de Preços; IPC-Índice de Preços ao Consu-midor etc.) denominado deflator. Para calculara evolução do salário real, é necessário defla-cionar o salário nominal por meio de um deflatorque reflita a evolução dos preços dos produtosadquiridos pelos assalariados de forma habitual,como é o INPC (IBGE). Assim, por exemplo,entre julho de 1994 e julho de 1997, o saláriomínimo nominal cresceu 71,4%, enquanto oINPC (IBGE) aumentou 57,2%, o que resultounum aumento de 9,3% no salário mínimo realentre as duas datas, como mostram os númerosabaixo:

(Base: julho/1994 = 100)

Veja também Deflação.

DEFLATOR. Índice de correção das flutuaçõesmonetárias utilizado para determinar o preçoreal dos produtos. O deflator é calculado a partirdo valor do volume de bens e serviços, a preçosconstantes produzidos durante um período (ummês, um ano): essa é a referência inalterável,utilizada então como divisor para o valor dovolume de bens e serviços produzidos em qual-quer outro período. O quociente da divisão seráo deflator, que mostrará a variação do poderaquisitivo da moeda. Os preços corrigidos poresse deflator crescerão em valor absoluto, mas

permanecerão com valores reais comparáveis.Veja também Deflacionar.

DEKASSEGUIS. Originalmente, o termo em ja-ponês significa “migrante ou trabalho fora daresidência”. Era empregado no Japão para de-signar os trabalhadores do Norte e Nordeste queiam à procura de trabalho nas regiões desen-volvidas de Tóquio e Osaka. Hoje, o termo éutilizado para designar os descendentes de ja-poneses nascidos no Brasil que voltam ao Japãocomo trabalhadores temporários, tendo em vistaque o desemprego aumentou em nosso país nosúltimos anos. Calcula-se que o número dessestrabalhadores brasileiros que se transferirampara o Japão já supera os 230 mil, isto é, umnúmero superior ao dos imigrantes japonesesque vieram ao Brasil no início deste século. Cal-cula-se também que esses trabalhadores tempo-rários no Japão enviem para o Brasil uma médiade 1,5 bilhão de dólares anualmente, o que járepresenta um valor expressivo e que contribuipara a obtenção de um resultado positivo emtransações correntes no balanço de pagamentos,embora parcela desse valor possa entrar sem odevido registro no Banco Central. Com a reces-são da economia japonesa em 1993, e com a con-seqüente redução de postos de trabalho, es-pecialmente aqueles onde se empregavam os“dekasseguis”, esse fluxo migratório come-çou a diminuir.

DEL CREDERE (Acordo). Expressão em italia-no que designa uma comissão extra paga poruma empresa (geralmente exportadora) a umagente quando este assume o risco de que ocliente que adquiriu mercadorias do primeiro ésolvente e honrará o compromisso de pagar peloque comprou.

DELEGAÇÃO. Processo pelo qual a autoridadeé distribuída de cima para baixo numa organi-zação.

DELFIM NETO, Antônio (1929- ). Economistae político brasileiro. Cursou a Faculdade deCiências Econômicas e Administração da Uni-versidade de São Paulo, da qual se tornou pro-fessor catedrático. Em 1966, foi secretário da Fa-zenda do Estado de São Paulo e, em março de1967, assumiu o Ministério da Fazenda, man-tendo-se no cargo até março de 1974. Nesse pe-ríodo, correspondente aos governos Costa e Sil-va e Garrastazu Medici, foi considerado o prin-cipal artífice do “milagre brasileiro”. Emborateoricamente ligado à escola monetarista neo-clássica, ao liberalismo econômico e ao anties-tatismo, Delfim Neto utilizou-se amplamentedos instrumentos de intervenção estatal na eco-nomia. Com o início do governo Geisel, em 1974,foi nomeado embaixador brasileiro na França.Em 1979, assumiu o Ministério do Planejamento,

INPC(IBGE)

SalárioNominal

SalárioR$

Salário RealNominal

ÍndiceSN/IPC x 100

1994 100 70 100 100

1995 130,5 100 142,8 109,4

1996 149,9 112 160 106,7

1997 157,2 120 171,4 109,3

159 DELFIM NETO, Antônio

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no governo Figueiredo. Para enfrentar a falênciado “milagre”, a recessão do final da década de70, valeu-se fundamentalmente de recursos téc-nicos monetaristas, enfatizando o controle dossalários como meio de combater a inflação. Coma elevação da dívida externa e diante da impos-sibilidade de o país saldar seus compromissosfinanceiros no exterior, conduziu as negociaçõescom os credores estrangeiros e com o FundoMonetário Internacional (FMI). Esse fato e oagravamento da crise tornaram-no o principalalvo das críticas dirigidas ao governo Figueire-do. Delfim Neto escreveu O Problema do Café noBrasil, tese de doutoramento. Nessa obra, analisaas políticas dos governos brasileiros de valori-zação forçada do café e aponta as distorções queessas medidas acarretam para outros setores daeconomia brasileira. Ao mesmo tempo, mostracomo isso contribui para tornar competitivo, nomercado internacional, o café produzido a cus-tos elevados em outros países. Foi eleito depu-tado federal em 1986, reeleito em 1990 e nova-mente eleito em 1994.

DELINQUENT INTEREST. Expressão em in-glês que significa “juro de mora”. Veja tambémJuro de Mora.

DELIVERED AT FRONTIER. Expressão do co-mércio internacional que significa “entregue nafronteira”, seguida do nome do lugar de entregana fronteira entre dois países. Nessa modalida-de, as obrigações do vendedor cessam quandoa mercadoria chega à fronteira, mas antes depassar na alfândega do país designado no con-trato. Este termo foi criado para descrever otransporte por rodovia ou ferrovia, mas servepara ser utilizado por qualquer meio de trans-porte. Código ou abreviação: DAF. Veja tambémIncoterms.

DELIVERED DUTY PAID. Expressão do co-mércio internacional que significa impostos e ta-xas pagas até o local de destino indicado nopaís importador pelo vendedor. Esta modalida-de, ao contrário do ex work, significa a obrigaçãomáxima para o vendedor, que é responsávelpelo pagamento de todos os impostos e taxasalfandegárias no país importador, sendo que oponto crítico ou o ponto de transferência dosriscos e custos dá-se no estabelecimento do com-prador. Salvo acordo em contrário, as operaçõesde descarga correm por conta do vendedor.Código ou abreviação: DDP. Veja também EXW;Incoterms.

DELTA. Termo que designa — no campo dasopções — quanto o preço de uma opção varia,dada uma variação no preço do ativo, objetosobre o qual incide a opção. Veja também Alfa;Beta.

DEMAND MONEY. Veja Call Money.

DEMANDA. Na teoria microeconômica, a de-manda (ou procura) é a quantidade de um bemou serviço que um consumidor deseja e está dis-posto a adquirir por determinado preço e emdeterminado momento. Dessa forma, a deman-da deve explicar o comportamento de um con-sumidor tomado individualmente como, porexemplo, um sujeito interessado na compra dearroz. A demanda depende de fatores como: 1)preferência do consumidor — dada uma mu-dança na preferência do consumidor, a demandapelo bem em questão será conseqüentementeafetada; 2) poder de compra do consumidor,sem o qual a demanda não existe em termoseconômicos; 3) preços dos outros bens, tanto osbens substitutos como os complementares; 4)preço do bem em questão, pois, pelos mecanis-mos comuns do mercado, quanto mais alto foro preço, menor será a quantidade demandada;5) qualidade do bem; 6) expectativas do consu-midor quanto à renda pessoal e preços. Dada aimpossibilidade prática de relacionar todos es-ses fatores com a quantidade demandada, oseconomistas isolam um fator, considerando osoutros constantes. Veja também Consumidor,Soberania do; Consumo; Elasticidade da De-manda; Mercado; Necessidade; Oferta.

DEMANDA AGREGADA (ou Demanda deMercado ou Demanda Global). Quantidade debens ou serviços que a totalidade dos consumi-dores deseja e está disposta a adquirir em de-terminado período de tempo e por determinadopreço. Obtém-se, portanto, a demanda agregadade um produto somando-se todas as demandasindividuais desse produto. A demanda agrega-da depende de todos os fatores que determinama demanda individual mais o número de com-pradores do bem ou serviço em questão exis-tentes no mercado. É a soma das despesas dasfamílias, do governo e os investimentos das em-presas, consistindo na medida da demanda totalde bens e serviços numa economia. Tanto a po-lítica monetária (determinação das taxas de ju-ros) e a política fiscal (determinação dos impos-tos e gastos governamentais) tentam influenciara demanda agregada para alcançar metas dese-jadas de crescimento e emprego.

DEMANDA CONJUNTA. É a procura de bensque têm entre si uma relação de complementa-ridade, sendo por isso também chamada de de-manda complementar. Determinados produtos sãocomplementares de tal forma — lapiseira e gra-fite, por exemplo — que a demanda de um geraautomaticamente a demanda de outro. Mesmoexistindo efeitos de interdependência entre osbens complementares, os aumentos ou quedasem suas demandas não são necessariamenteiguais. A complementaridade pode diminuir ou

DELINQUENT INTEREST 160

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mesmo cessar devido a uma mudança nos há-bitos do consumidor (levando-o a deixar de usarconjuntamente dois bens complementares) ou ainovações tecnológicas (como a dos motores aálcool, que alteraram a complementaridade en-tre veículos automotivos e petróleo).

DEMANDA EFETIVA (ou Demanda Solven-te). Num sentido amplo, é a demanda de bense serviços para os quais existe capacidade depagamento, uma vez que, na economia de mer-cado, a demanda solvente é a única que conta,embora seja inferior àquela decorrente das ne-cessidades do conjunto da população. Num sen-tido mais específico, trata-se de um conceito de-senvolvido por Keynes em A Teoria Geral do Em-prego, do Juro e do Dinheiro (1936) para repre-sentar as forças determinantes nas mudanças daescala de produção e do emprego tomados glo-balmente. Keynes atribuiu aos economistas clás-sicos o ponto de partida da discussão sobre osdeterminantes da oferta e da demanda, sobreos níveis de produção geral e, em particular, aodebate entre Ricardo e Malthus a discussão so-bre a possibilidade de superprodução generali-zada de mercadorias, problema que desembo-cou no que se tornou conhecido como a Lei dosMercados de Say, ou, abreviadamente, Lei deSay. O conceito de demanda efetiva de Keynese sua teoria pretendiam substituir a Lei de Say,embora o conceito já esboçado no seu livro Trea-tise on Money (Tratado sobre a Moeda), 1930,fosse mais além e constituísse uma crítica ouantítese da teoria monetária dos economistasclássicos. A Lei de Say afirmava que era a pro-dução que determinava a demanda, pois, se aprodução é que capacita as pessoas a comprar,então a demanda não poderia ser inferior àquela,isto é, incapaz de realizar a produção. Emborafosse admitido o excesso de produção em algunsmercados, este seria compensado por escassezem outros. J. S. Mill, no entanto, já havia per-cebido que o dinheiro permitia a separação datroca em duas etapas, de tal forma que aqueleque vende não necessariamente compra no mes-mo ato. Mas isso só poderia causar transtornospassageiros no equilíbrio entre oferta e deman-da, uma vez que o dinheiro era demandado ouretido apenas para ser em seguida gasto. Paraa escola marginalista, um excesso de oferta so-mente poderia acontecer no caso em que o preçoda oferta superasse a utilidade marginal. Masnum mercado competitivo, o ajustamento entreoferta e demanda ocorria pela mudança nos pre-ços relativos, embora por algum tempo, isto é,de forma transitória, pudesse ocorrer um exces-so de oferta. Assim, embora houvesse divergên-cias entre os clássicos, como Smith e Ricardo, emarginalistas, como Marshall e Pigou, sobre ou-tros temas, na medida em que coincidiam naquestão da oferta e demanda pela produção,

Keynes os classificava como “clássicos”. Ou seja,as explicações dos marginalistas para a existên-cia de superprodução eram que esta não decor-ria de entesouramento devido à falta de con-fiança, mas de temporários períodos de ajustesdos preços relativos. Assim, embora divergis-sem de Smith, Ricardo e Mill sobre a origem dovalor, os contemporâneos de Keynes (margina-listas) sustentavam que as discrepâncias entreo nível de emprego e o nível de pleno empregoseriam determinadas por causas temporárias nãopersistentes e eliminadas a longo prazo. É claroque as críticas que Keynes já esboçava a essasconcepções tiveram um reforço considerável nosanos subseqüentes à crise econômica de 1929,quando os níveis de desemprego ultrapassaram20% da força de trabalho — o que estouravaqualquer limite do que se pudesse considerardesemprego friccional de curto prazo. Em outraspalavras, os mecanismos automáticos de ajus-tamento não ocorreram como afirmavam os clás-sicos e os neoclássicos, embora Keynes reconhe-cesse que enquanto os primeiros pelo menos ad-mitiam que aquilo que era poupado transfor-mava-se em investimento (e, portanto, em de-manda de meios de produção), a teoria neoclás-sica pressupunha a validez da Lei de Say semdar à questão nenhuma discussão adicional.Para Keynes, tratava-se então de substituir a in-suficiente Lei de Say pela nova concepção dademanda efetiva. Portanto, ele divergia das con-cepções dos clássicos em dois pontos fundamen-tais. O primeiro consistia em admitir que os sa-lários superavam o nível de subsistência dos tra-balhadores de tal forma que as despesas combens de consumo não exauriam a renda totalobtida pelo trabalho. De acordo com a teoria doconsumo de Keynes, isso significava que à me-dida que a produção crescia, aumentava tam-bém a diferença entre o custo do fator trabalhoe as despesas globais com consumo. A menosque tal diferença fosse coberta com gastos deinvestimentos, haveria problemas para a reali-zação da produção no mercado, e os empresá-rios acusariam perdas. O segundo ponto da di-vergência estava relacionado com o automat-ismo da transformação das poupanças em in-vestimento, defendido pelos clássicos. Se o in-vestimento produzisse perdas, ou mesmo mu-danças nas taxas de juros, se provocasse altera-ções no valor do capital, maiores ganhos futurospoderiam ser obtidos pela ação de não investir.Ou seja, numa economia monetária, nada ga-rantia que a maximização do retorno na formamonetária maximizaria também tanto a capaci-dade produtiva quanto a demanda por força detrabalho. Para Keynes, o nível de produção noqual o custo marginal de produção fosse equi-valente ao preço esperado da oferta seria deter-minado pelo nível de investimento e pela pro-

161 DEMANDA EFETIVA

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pensão a consumir. E esse nível de produçãoseria obtido dinamicamente pelas mudanças nastaxas de investimentos baseadas nas expectati-vas dos empresários sobre seus lucros futuros.Nesse sentido, a demanda efetiva dependeria,acreditava Keynes, da soma de dois fatores, istoé, das expectativas do que vai ser consumido edaquilo que vai ser investido. Portanto, além deuma explicação sobre o consumo baseada napropensão de consumir, a teoria da demandaefetiva necessitava explicar o que determinavaas flutuações no investimento. Os neoclássicosresolviam este problema assumindo que o in-vestimento era compatível com o pleno empregopor meio da taxa de juros, porém Keynes con-siderava que a falha devia-se ao fato de essaescola não ter conseguido desenvolver uma teo-ria satisfatória dos juros e das taxas de juros.Para Keynes, os elementos materiais que con-cretizam os investimentos são adquiridos por-que seu custo presente (ou preço da oferta) sãoinferiores ao preço presente de seus ganhos fu-turos antecipados (ou preço da demanda).Quanto maior for essa diferença, maior será ataxa esperada de retorno. Na medida em queuma mudança no preço de um bem de capitaldurável influenciará sua taxa de retorno, umateoria que explique o preço dos bens de capitaltambém explicará as taxas de retorno que Key-nes denomina eficiência marginal de capital. Comoo preço de demanda de um bem de capital estábaseado no valor dos ganhos futuros esperados,descontados pelas taxas de juros, uma teoria dosjuros torna-se crucial para a teoria da demandaefetiva. Keynes estabelece primeiro uma dife-rença entre o dinheiro e os meios que materia-lizam o capital, cada um deles tendo um preçoda demanda e da oferta. No caso do primeiro,é a preferência pela liquidez e a política dos bancosque determinariam a taxa de juros. O nível deinvestimento dependeria, portanto, da eficiênciamarginal do capital e da taxa de juros: quandoambas se igualassem, estaria determinado o ní-vel de produção de equilíbrio escolhido pelosempresários. No entanto, como a propensão aconsumir em sua trajetória significa que o in-vestimento terá de crescer de acordo com a am-pliação da diferença entre a renda e o consumo(à medida que a renda cresce), as taxas de jurosteriam de ser compatíveis com as taxas de in-vestimentos. Mas a determinação das taxas dejuros pela eficiência marginal do capital e a pre-ferência pela liquidez não garantem essa nive-lação automática. Em outras palavras, como osempresários estão em busca da maximização desua renda, ou retorno monetário, e não do em-prego ou da produção física, não se deve esperarque suas decisões de investimentos caminhempara um ponto de equilíbrio de pleno emprego.O nível de pleno emprego seria um dos pontos

possíveis de equilíbrio, mas não o único. Nessesentido, a concepção de Keynes é mais geral doque a concepção clássica de Say, segundo a qualo ponto limite de equilíbrio seria alcançado nonível de pleno emprego.Veja também Eficiência Marginal do Capital;Lei de Say; Propensão a Consumir.

DEMARCAÇÃO DIAMANTINA. Durante a dé-cada de 1720, foram descobertos diamantes naregião da Serra do Espinhaço, no centro de Mi-nas Gerais. A importância econômica das pedrasjustificou um controle mais estrito da Coroa so-bre toda a área. O governo português cercou-achamando-a de Demarcação Diamantina, e de-terminou inicialmente que sua exploração se fi-zesse na forma de contratos de arrendamentopor particulares. Surgiram os contratadores, pes-soas que tomavam em arrendamento áreas den-tro da Demarcação. O mais célebre deles foi JoãoFernandes de Oliveira, que se notabilizou tantopelo montante da fortuna amealhada quanto porter sucumbido aos encantos de uma escrava ne-gra, Chica da Silva. Em 1771, o sistema foi mu-dado, criando-se a Real Extração. Inaugurava-sea época dos intendentes. Nomeados pela me-trópole, autônomos ante o governo das Minas,eles deviam obedecer e comandar a Demarcaçãosegundo um regimento próprio, que o povo cha-mou de Livro da Capa Verde, por ser desta cora capa do exemplar existente na Sede da Inten-dência. Veja também Distrito Diamantino.

DEMARRAGEM (Demurrage). Taxa cobrada poruma empresa transportadora pela permanênciade veículos ou embarcações fretados além doperíodo destinado para a descarga.

DEMING, Edwards (1900-1994). Engenheiro eestatístico norte-americano, foi o introdutor dosprocessos de controle de qualidade no Japão apartir dos anos 50. Sua importância foi tão gran-de para o desenvolvimento da economia japo-nesa no pós-guerra que, em 1960, o imperadorlhe conferiu a Medalha da Segunda Ordem doTesouro Sagrado, e foi criado um prêmio de qua-lidade denominado Prêmio Deming. Veja tam-bém Deming Prize.

DEMING PRIZE. Um dos mais importantes prê-mios concedidos no mundo empresarial japonês,assim denominado em homenagem ao dr. Ed-wards Deming, o introdutor dos conceitos decontrole de qualidade no Japão. O Prêmio De-ming foi criado pela Associação Japonesa deCiência e Engenharia (Juse) e é distribuídoanualmente às empresas que mais se destacaramno desenvolvimento da qualidade de seus pro-dutos. A contribuição de Deming — consultorde renome internacional — foi tão significativapara o Japão que em 1960 o Imperador confe-

DEMARCAÇÃO DIAMANTINA 162

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riu-lhe a Medalha da Segunda Ordem do Te-souro Sagrado. Nos Estados Unidos, onde De-ming nasceu, sua contribuição também é reco-nhecida: em 1956, ele recebeu a Medalha Shew-hart de Qualidade e, em 1983, o Prêmio SamuelS. Wilks da Associação Americana de Estatística.Apesar de ter iniciado sua carreira no campoespecífico do controle de qualidade, as contri-buições de Deming vão mais além, abordandooutros temas de administração, especialmenteos relacionados com o estilo de gerência. Veja-se,por exemplo, seu livro Qualidade: a Revolução daAdministração, em que ele estabelece os catorzeprincípios básicos da prática administrativa.Veja também Prêmio Baldridge.

DEMOCRACIA. Regime de governo que reco-nhece o direito de todos os membros da socie-dade participarem das decisões políticas, diretaou indiretamente. A democracia direta, na qualas decisões políticas são tomadas pelo conjuntode todos os cidadãos, somente é possível ondea população é pequena, como ocorria em algu-mas cidades da Grécia Antiga. Na moderna de-mocracia representativa, as decisões políticas sãotomadas por representantes eleitos pelo povo.A democracia representativa começou a desen-volver-se durante os séculos XVIII e XIX na In-glaterra, na França e nos Estados Unidos. Suainstituição central é o Parlamento representativo,no qual se tomam decisões por maioria de votos.Instituições intrínsecas à democracia repre-sentativa são: eleições regulares, com livre es-colha de candidatos; sufrágio universal; liber-dade de organização de partidos políticos; in-dependência dos poderes executivo, legislativoe judiciário; liberdade de expressão e de impren-sa; preservação das liberdades civis e dos direi-tos das minorias. A Revolução Americana, a Re-volução Francesa e o crescimento da classe mé-dia que se seguiu à Revolução Industrial foramfatores importantes na formação das democra-cias modernas. A teoria da democracia repre-sentativa incorpora os conceitos de direitos na-turais e igualdade política dos homens, expres-sos por filósofos como John Locke, Voltaire,Jean-Jacques Rousseau e John S. Mill. Veja tam-bém Democracia Popular.

DEMOCRACIA INDUSTRIAL. Veja Co-gestão.

DEMOCRACIA POPULAR. Regime social epolítico surgido nos países da Europa Orientalque ficaram sob a influência soviética, após aSegunda Guerra Mundial. No início, apresenta-ram a peculiaridade de não ser democracias nosentido ocidental da expressão, nem Estados so-cialistas, como a União Soviética. Assim, em vá-rios setores da economia, permanecia a proprie-dade privada dos meios de produção e diversospartidos políticos podiam existir, formando uma

coligação com o Partido Comunista e compar-tilhando o poder. Essas características mantive-ram-se até por volta de 1948-1949; a partir deentão, acentuou-se a identidade com a UniãoSoviética. Com a queda do muro de Berlim em1989 e a extinção da União Soviética, as demo-cracias populares existentes em países como aTchecoslováquia, Romênia, Polônia e Hungriaderam lugar a democracias parlamentares, comampla representação partidária e abandono domodelo seguido até então da ex-União Soviética.

DEMOGRAFIA. Estudo estatístico das coletivi-dades humanas. Os dados para esse estudo, queabrange o tamanho, a distribuição territorial eas mudanças de uma população, são obtidos pormeio dos censos, estatísticas vitais e outras ob-servações específicas. O estudo de populaçõesantigas é feito por meio de documentos, queconstituem o campo da demografia histórica.Distinguem-se duas áreas na demografia: a aná-lise demográfica, que relaciona a composição po-pulacional à natalidade (ou fertilidade), morta-lidade e migração, por meio de levantamentode dados, cálculo de índices e elaboração de mo-delos matemáticos; e o estudo populacional, querelaciona esses dados numéricos a fatores de or-dem social, psicológica, econômica, política, so-ciológica, cultural e geográfica. Mortalidade, fer-tilidade e migrações são os componentes básicosda dinâmica populacional. A mortalidade é ex-pressa por um índice geral que relaciona o nú-mero total de mortes, ocorridas num local e emdeterminada época, com o total da populaçãodo local nessa data. Outros índices relacionammortes ou causas específicas de morte (doençascardiovasculares, acidentes de trânsito etc.) agrupos específicos (por idade, sexo etc.) da po-pulação. A fertilidade resulta de duas variáveis:a fecundidade, ou potencial que a mulher tempara conceber, e a exposição à possibilidade deconceber, que pode ser interrompida tempora-riamente por causas como gravidez, parto, abor-to e lactação. O índice ou taxa geral de fertilidaderelaciona o número de nascimentos vivos numlocal e época com o número de mulheres emidade fértil no mesmo local e época. Já o com-ponente das migrações depende de fatores entreos quais se destaca o da restrição ao número demigrantes imposta por um país. A migraçãopode ser medida diretamente, por meio de re-gistro de entrada e saída de pessoas em deter-minado período, ou indiretamente, por meio dedados censitários e registros civis. Atualmente,são as migrações internas, ligadas ao processode urbanização, que mais alteram a estruturada população, afetando a força de trabalho e astaxas de nupcialidade das regiões de origem ede destino. A estrutura populacional é analisadapor meio de classificação das pessoas em cate-

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gorias a partir de características biológicas e so-ciais básicas, como sexo, idade e estado civil. Osexo é um elemento da maior importância paraa demografia: a ocorrência de nascimentos, óbi-tos e casamentos depende diretamente da pro-porção de homens e mulheres numa população;e o sexo também influi na distribuição das pes-soas pelas profissões e nas migrações. Quantoà idade, a estrutura etária de uma populaçãoinflui diretamente sobre: 1) a fertilidade, poisdelimita uma época reprodutiva; 2) a mortali-dade, em que é um importante diferencial; 3) onúmero de indivíduos inseridos na força de tra-balho e a relação entre estes e os economica-mente dependentes. O estado civil, da mesmaforma, é um fator diferencial para a fertilidadee a mortalidade: a idade ao casar e a proporçãode pessoas casadas relacionam-se diretamentecom a fertilidade, e há indícios de que a mor-talidade é menor entre as pessoas casadas doque entre as não casadas. Além desses fatoresessenciais, a atuação dos componentes da mu-dança populacional depende de característicascomo nível de educação, status ocupacional, tra-ços culturais e religiosos, entre outros. Proble-mas como o da chamada explosão demográfica,que é o crescimento intenso e desordenado dapopulação, têm sido objeto de diversas doutri-nas populacionais: a de Thomas Malthus, no fi-nal do século XVII, foi a primeira a chamar aatenção sobre as conseqüências de um cresci-mento populacional rápido e chegou a ser revi-vida no século XX com o neomalthusianismo.Veja também Censo; Malthusianismo; Morta-lidade; Natalidade; Neomalthusianismo; Polí-tica Populacional; População.

DEMURRAGE. Veja Demarragem.

DENARIUS. Veja Dinheiro.

DENIER. Antiga unidade de medida de pesodos fios para tecidos, utilizada até hoje para pe-sar a seda, o náilon e o raiom. Surgiu duranteo século XVI, quando a França desenvolveu aindústria da seda e escolheu um peso para ofio, instituindo uma moeda chamada denarius,em francês denier. Assim, um fio de 1 denier teriacerca de 9 mil quilômetros por quilograma. Àmedida que aumenta o número de deniers, ocomprimento do fio por peso diminui, isto é,quanto maior o denier, mais grosso é o fio.

DENÚNCIA VAZIA. Veja Lei do Inquilinato.

DEPENDÊNCIA. Sistema de relações econômi-cas, financeiras, políticas e culturais que mantémas nações subdesenvolvidas subordinadas aosgrandes centros do mundo desenvolvido. A si-tuação de dependência atinge especialmente ospaíses de passado colonial recente, além dos quese iniciaram mais tarde no desenvolvimento in-

dustrial, estruturando-se como um sistema pe-riférico, que se estende pelo chamado TerceiroMundo (África, Ásia e América Latina). Demodo geral, as nações dependentes baseiam suaeconomia no setor primário (agropecuário e ex-tração mineral), mas a dependência pode sub-sistir mesmo quando o país possui, como o Bra-sil, um setor secundário consideravelmente de-senvolvido. Essa subordinação processa-se namedida de tecnologia, de matérias-primas ela-boradas, de equipamentos e de capitais para in-vestimentos internos ou compras no exterior.Um dos aspectos principais da dependência temsido justamente o endividamento constante eacelerado dos países dependentes, cujas divisasauferidas com as exportações acabam sendo in-suficientes para cobrir os déficits do balanço depagamentos. A importação sistemática de tec-nologia para diversificação do sistema produti-vo nacional contribui para gerar distorções so-ciais: a utilização de tecnologias sofisticadas li-bera, nesses países, grandes contingentes demão-de-obra, que não encontram trabalho no se-tor de serviços, como comumente ocorre nos paí-ses desenvolvidos. Esses contingentes vão au-mentar o número de desempregados e subem-pregados. A estrutura social das nações depen-dentes reforça os laços de subordinação, na me-dida em que há solidariedade de interesses entreas camadas dirigentes locais e os centros eco-nômicos externos. Muitos industriais de paísessubdesenvolvidos realizam suas atividades as-sociando-se a empresas estrangeiras ou mesmovendendo a elas seus estabelecimentos indus-triais. Paralelamente, podem subsistir algunsgrupos econômicos nacionais mais fortes, semvínculo orgânico com grupos internacionais ecom eles concorrendo em escala local e mesmointernacional. As relações de dependência esten-dem-se à esfera cultural e aos padrões de com-portamento, com a adoção de hábitos de vidae de consumo, valores, modas e formas de pen-samento gerados nos países mais desenvolvidos.Veja também Desenvolvimento Econômico; Im-perialismo; Subdesenvolvimento.

DEPÓSITO BANCÁRIO. Quantia em dinheiroconfiada a um banco por uma pessoa ou em-presa. Pode ser de dois tipos: à vista ou a prazofixo. Os depósitos à vista podem ser retirados pelodepositante a qualquer momento e não rendemjuros. Os depósitos a prazo fixo só podem ser re-tirados após o prazo combinado e rendem juros.

DEPÓSITO COMPULSÓRIO. Dispositivo depolítica monetária utilizado pelo Banco Centralquando deseja reduzir a liquidez do sistemae/ou restringir a capacidade de expansão de cré-dito do sistema bancário. Consiste em estabele-cer uma taxa de depósitos compulsórios que

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cada banco deverá efetuar junto ao Banco Cen-tral em relação aos empréstimos que realizar eaos depósitos que obtiver, sendo que tais depó-sitos compulsórios não proporcionam juros parao banco depositante. Assim, por exemplo, se umbanco emprestar R$ 10000,00 e o compulsóriofor igual a 15%, terá de depositar R$ 1500,00 noBanco Central. Portanto, para realizar este em-préstimo, ele deverá captar R$ 11500,00 e, con-seqüentemente, terá de elevar a taxa de juroscobrada, pois deverá dispor de 15% a mais derecursos para emprestar o mesmo volume quevinha fazendo anteriormente. O objetivo do go-verno com esta política é encarecer os emprés-timos e ao mesmo tempo retirar dinheiro de cir-culação, reduzindo a liquidez do sistema. Noinício de 1995, considerando que o Plano Realestava ameaçado pelo excesso de demanda, ogoverno brasileiro adotou um compulsório de15%. Veja também Banco Central; Liquidez;Plano Real; Política Monetária.

DEPRECIAÇÃO. Redução do valor ativo emconseqüência de desgaste pelo uso, obsolescên-cia tecnológica ou queda no preço de mercado— geralmente de máquinas, equipamentos e edi-ficações. O cálculo da depreciação pode ser feitopelo custo original (ou custo histórico) ou pelocusto atual (ou custo de reposição). Os métodospara calcular a depreciação são o da linha reta,o do balanço decrescente e o da anuidade e fun-do de amortização. O método de linha reta consisteem dividir o custo original do ativo consideradopelo seu número provável de anos de vida; oquociente resultante é debitado como um custoanual. O método do balanço decrescente consisteem deduzir, ano a ano, uma porcentagem fixado valor decrescente do ativo; a amortização émaior nos primeiros anos do ativo, quando oscustos de manutenção e de reparação são pe-quenos. O método da anuidade e fundo de amorti-zação leva em consideração os juros que, supos-tamente, se acrescentariam ao capital investidono início; somados o preço de custo inicial e osjuros, divide-se o total pelo número de anos eprocede-se como no método da linha reta.

DEPRECIAÇÃO ACELERADA. Método de con-tabilidade que consiste na redução do valor emlivros de um ativo num ritmo superior, no iníciode sua operação, ao do período final de sua exis-tência. Está baseado na teoria de que o valor deum ativo é maior durante o primeiro períodode sua vida útil, quando ele está novo e temganhos potenciais maiores do que quando já estáenvelhecido.

DEPRECIAÇÃO LINEAR. Método de depre-ciação de um ativo fixo que consiste em dividiro seu custo (preço de aquisição), menos o valor

residual (sucata), pelo seu período estimado devida útil. Se, por exemplo, o custo (preço deaquisição) de uma máquina é de R$ 10000,00 eo seu valor residual (sucata) é de R$ 2000,00 eseu período de vida útil é estimado em oito anos,a depreciação (linear) anual será igual a: 10000– 2000/8 = 1000.

DEPRESSÃO ECONÔMICA. Fase do ciclo eco-nômico em que a produção entra em declínioacentuado, gerando queda nos lucros, perda dopoder aquisitivo da população e desemprego.Para minorar seus efeitos, os governos procuramtomar medidas que possibilitem aumentar oconsumo e o nível de emprego. Entre essas me-didas estão a redução do Imposto de Renda, oaumento dos investimentos em obras públicas,a diminuição das taxas de redesconto e a emis-são de papel-moeda. A maior parte dessas me-didas foi teorizada por Keynes, durante o go-verno do presidente Franklin Delano Roosevelt,nos Estados Unidos, após a depressão de 1929.Veja também Ciclo Econômico; Crise Econômi-ca; Grande Depressão; Pleno Emprego; Recessão.

DERIVADA. Alterações da variável dependen-te de uma função originadas por cada unidadede variação na variável independente, calcula-das a partir de intervalos infinitesimais destaúltima. O processo de cálculo da derivada é cha-mado de diferenciação em relação à variável in-dependente. Nas funções não-lineares, a deriva-da será ela mesma função da variável inde-pendente. A derivada da derivada é chamadade derivada segunda, e assim sucessivamente.A derivada tem uma interpretação gráfica nainclinação do gráfico da função. Dessa forma, aderivada primeira de qualquer função total podeser considerada sua função marginal. Assim, aderivada primeira da função do custo total emrelação à quantidade é o seu custo marginal. Aderivada da função Y = f(X) é convencionalmen-te grafada Y/dX ou f’(X).

DERIVATIVOS. Operações financeiras cujo va-lor de negociação deriva (daí o nome derivati-vos) de outros ativos, denominados ativos-ob-jeto, com a finalidade de assumir, limitar outransferir riscos. Abrangem um amplo leque deoperações: a termo, futuros, opções e swaps, tan-to de commodities quanto de ativos financeiros,como taxas de juros, cotações futuras de índicesetc. A utilização ampliada dos derivativos nomundo todo tem gerado uma preocupação cres-cente por parte dos bancos centrais, autoridadesmonetárias e de supervisão bancária e técnicos,dada a dificuldade de avaliação de sua dimen-são e suas conseqüências em termos de riscos,já que as atividades financeiras se tornam cadavez mais globalizadas. Veja também Futuro(s);Opções; Operações a Termo; Swaps.

165 DERIVATIVOS

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DERRAMA. Imposto ou contribuição que inci-de arbitrariamente sobre os habitantes de umalocalidade, obrigando-os pela força a pagar aofisco determinada quantia. Essa prática de arre-cadação foi empregada pela Coroa portuguesano Brasil colonial, na região aurífera de MinasGerais. Isso ocorreu a partir de 1762, quando aeconomia mineradora dava sinais de esgota-mento e a arrecadação de impostos não atingiaa cota mínima de 100 arrobas de ouro anuaisestipulada pela metrópole. A cada ano, o go-verno português escolhia uma vila de minera-dores, que era ocupada pelas tropas até que oshabitantes cobrissem, com ouro e moedas, a taxadeterminada. A última derrama ocorreu em 1789e foi a causa imediata da Inconfidência Mineira.

DES. Veja Direitos Especiais de Saque.

DESÁGIO. Depreciação que sofre o papel-moe-da em relação ao preço do ouro. O termo tam-bém se aplica à depreciação do valor nominalde um título ou do preço de tabela de uma mer-cadoria em relação ao seu valor real no mercado.Veja também Ágio.

DESAPROPRIAÇÃO. Transferência compulsó-ria de um bem público ou privado para o Estadoou para quem ele determinar. Pelo Direito bra-sileiro, a desapropriação deve ocorrer com fun-damento em utilidade pública, necessidade pú-blica ou interesse social, e deve ser feita me-diante prévia e justa indenização, podendo terpor objeto qualquer bem móvel ou imóvel, cor-póreo ou incorpóreo. Na desapropriação parafins de reforma agrária, a indenização pode serpaga com títulos da dívida pública. Essa desa-propriação é da competência apenas da Uniãoe só pode ocorrer em áreas qualificadas legal-mente como latifúndios e cuja exploração sejaconsiderada contrária aos princípios básicos daordem econômica e social. A indenização, nessecaso, não é calculada por critério de mercado,mas segundo aqueles definidos por lei. No en-tanto, a Constituição de 1988 estabelece que nãopoderão ser desapropriadas para fins de reformaagrária as pequenas e médias propriedades, as-sim como as propriedades produtivas. Quandose baseia no princípio da utilidade pública, adesapropriação pode ser realizada pela União,Estados, municípios, Distrito Federal e Depar-tamento Nacional de Estradas de Rodagem.Após a declaração de utilidade pública, é feitaa apuração do valor do bem; em caso de havernecessidade premente para o usufruto do bempelo poder público, este deve efetuar em juízoum depósito prévio de indenização, enquantocorre o processo de desapropriação. Legalmente,em caso de imóvel urbano destinado à residên-cia, o expropriado tem o direito de recusar opreço oferecido pelo expropriador. Havendo de-

sacordo entre as partes, caberá ao juiz determi-nar o valor.

DESAQUECIMENTO. Fase de retração da eco-nomia, com restrição ao crédito, aumento nastaxas de juros e diminuição nas demandas in-termediária e final. Com isso pretende-se elimi-nar a pressão de demanda sobre os preços, di-minuindo os fatores inflacionários.

DESCARREGAR. Veja Unload.

DESCENTRALIZAÇÃO. Política governamen-tal de estímulo ao desenvolvimento de regiõesmenos desenvolvidas, por meio de relocalizaçãode setores empresariais nessas áreas. Em geral,utilizam-se diversos tipos de incentivos (fiscais,creditícios) e subsídios, pois de outra forma asempresas não se instalariam por conta própria.Considerando que um sistema geral de incenti-vos tende a ser ineficiente e improdutivo, os go-vernos se inclinam a uma política de descentra-lização seletiva (escolhendo tanto os locais comoas empresas que recebem os benefícios) e a umsistema de incentivos temporários, eliminando-os depois, progressivamente. Veja também Lo-calização Industrial.

DESCOBRIMENTOS MARÍTIMOS. Conse-qüências das grandes navegações iniciadas porPortugal e Espanha no século XV com o objetivode explorar novas rotas marítimas para comer-ciar com o Oriente. Os descobrimentos não sóde um novo caminho para as Índias, mas detodo o continente americano (configurando oque já se chamou de revolução geográfica), si-tuam-se no contexto da revolução comercial ini-ciada no século XIV, como desenvolvimento dastrocas entre as cidades italianas e o Norte daEuropa, a introdução de moedas de circulaçãogeral e a acumulação de capitais excedentes, en-tre outros fatores. Os países da península Ibéricabuscavam uma nova rota para o Oriente, poiseram obrigados a pagar altos preços pelos pro-dutos importados da Ásia pelas cidades italia-nas, que monopolizavam o comércio com oOriente através do mar Mediterrâneo até serembarradas pelos turcos em 1453, quando estes to-maram Constantinopla. Essa busca foi facilitadapelos progressos do conhecimento geográfico,pelo uso de instrumentos de navegação, comoa bússola e o astrolábio, e pela caravela, embar-cação de grande tonelagem e notável desempe-nho, desenvolvida em Portugal. Em meados doséculo XV, os portugueses descobriram e colo-nizaram a Madeira e os Açores e exploraram acosta africana até a Guiné. Em 1497, Vasco daGama contornou a extremidade sul da África,chegando no ano seguinte à Índia. Na mesmaépoca, o genovês Cristóvão Colombo, a serviçoda Espanha, chegava ao continente americano

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(1492), seguido por outros navegantes e conquis-tadores, como Cortez e Pizarro. Resultou daí afundação de um vasto império colonial espa-nhol, que incluía a atual porção sudoeste dosEstados Unidos, a Flórida, o México, as Antilhas,a América Central e toda a América do Sul, comexceção do Brasil, descoberto pelos portuguesesem 1500. Seguiram-se viagens inglesas e fran-cesas: as de Giovanni e seu filho, Sebastiano Ca-boto, em 1497-1498, deram base às pretensõesinglesas na América do Norte, reforçadas em1607 com a colonização da Virgínia; as de Cartierasseguraram aos franceses o Canadá oriental noinício do século XVII e, cem anos depois, Joliet,La Salle e o padre Marquette permitiram à Fran-ça estabelecer-se no vale do Mississípi e na re-gião dos Grandes Lagos. Os holandeses, ao selibertarem do domínio espanhol, lançaram-setambém à conquista de terras e, embora tives-sem de entregar aos ingleses sua colônia deNova Holanda, na região do rio Hudson, man-tiveram suas possessões de Malaca, as Molucase os portos da Índia e da África tomados aosportugueses no começo do século XVII. O co-mércio, que até os descobrimentos se limitaraao Mediterrâneo, assumiu pela primeira vezproporções mundiais, oceânicas. Seu eixo des-locava-se nitidamente do Oriente, terra de so-nhos e luxos, para um Ocidente mais prático eimediatista. O monopólio do tráfico orientalmantido pelas cidades italianas foi eliminado, eos portos de Lisboa, Bordeaux, Liverpool, Bristole Amsterdã ocuparam o primeiro plano. Coma descoberta e o crescente consumo dos produ-tos tropicais americanos e africanos, como taba-co, chocolate, melaço e marfim, ocorreu um au-mento considerável no volume do comércio. In-tensificou-se também o tráfico de escravos. Maso resultado mais importante dos descobrimen-tos foi a expansão do suprimento de metais pre-ciosos. Calcula-se que o total do ouro e da prataem circulação na Europa quando Colombo des-cobriu a América havia aumentado de cinco ve-zes por volta de 1600, uma inflação de metaispreciosos que provocou violenta alta de preços,beneficiando os comerciantes e prejudicando anobreza fundiária sujeita a rendas fixas. Os me-tais preciosos vinham da pilhagem dos tesourosincas e astecas e principalmente das minas doMéxico, do Peru e da Bolívia. Nenhuma outracausa influi tão decisivamente no desenvolvi-mento da economia capitalista como esse des-comunal aumento das reservas de metal precio-so na Europa. A acumulação de riquezas parainvestimento futuro é uma característica essen-cial do capitalismo, e os homens dispunham en-tão de riqueza sob uma forma que podia serconvenientemente armazenada para uso subse-qüente. O rápido afluxo de metais preciosos in-duziu ainda à especulação: à medida que eram

descobertas novas jazidas, umas revelando-semais rendosas, outras menos, o valor dos metaispreciosos sofria flutuações, que se refletiam nospreços das mercadorias; nesse contexto, jogavamos mercadores e banqueiros. Veja também Co-mércio; Comércio Internacional; Feudalismo;Revolução Industrial.

DESCONSTITUCIONALIZAR. Termo que sig-nifica o ato de retirar da Constituição elementosque impediriam maior flexibilidade para o go-verno de um Estado, passando os respectivosdispositivos para leis ordinárias. Esse processofoi batizado em função das iniciativas daquelesque consideram os dispositivos da Constituiçãode 1988 no Brasil excessivamente normatizadores.

DESCONTO. Quantia deduzida do valor no-minal de notas promissórias, letras de câmbioe duplicatas, quando são pagas antes do prazoestipulado. A mais freqüente operação de des-conto é a realizada pelos bancos, que recebempor um preço menor as duplicatas emitidas poruma empresa contra seus clientes. Em geral, otermo designa qualquer abatimento feito peloscomerciantes no preço de suas mercadorias. Nomercado financeiro, o termo também é denomi-nado “desconto simples”, em contraposição aodesconto composto, que significa a diferença en-tre o valor de face de um título (ou valor futuroa ser obtido na data de seu vencimento) e o seuvalor na data em que é transacionado. Esta di-ferença representa, para quem adquire um títu-lo, o rendimento esperado por essa aplicação.Por exemplo, se um título com valor de faceigual a R$ 1000,00, com data de vencimento emum mês, for vendido por R$ 950,00, a diferençade R$ 50,00 representa o ganho que o compradorobterá quando, no vencimento, trocar este títulopor R$ 1000,00. Existem duas modalidades decalcular o desconto: o desconto “por fora” e odesconto “por dentro”. No primeiro caso, mul-tiplica-se o valor de face de um título pela taxade desconto, e o resultado pelo prazo compreen-dido entre o momento da compra do título e oseu vencimento. Por exemplo, se quisermos cal-cular o desconto “por fora” de um título de R$1000,00, com vencimento em um mês e com taxade desconto de 5% ao mês, teríamos: 1000 x 0,05x 1 (mês) = 50 ou R$ 50,00. No segundo caso,ou do desconto “por dentro”, também chamadode racional, multiplica-se o valor atual do títulopela taxa de desconto, e o resultado pelo prazocompreendido entre a aquisição do mesmo e seuvencimento. Por exemplo, se um título estiversendo vendido por R$ 950,00 e a taxa de des-conto for de 5%, o desconto “por dentro” seráigual a 950 x 0,05 x 1 (mês) = 47,50, ou seja, o

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desconto “por dentro” será igual a R$ 47,50. Vejatambém Desconto Composto; Redesconto.

DESCONTO COMPOSTO. É o desconto deter-minado pela diferença entre o valor futuro deum título e seu valor atual, calculado a partirda capitalização composta. Assim como no des-conto simples, existem duas modalidades de cál-culo, o desconto “por fora” e o desconto “pordentro”. No primeiro caso, o desconto de umtítulo de prazo equivalente a n períodos, comtaxa de desconto composto “por fora”, é calcu-lado a partir da seguinte fórmula: Dc = VF – VF(1 – i)n. Por exemplo, se quisermos calcular odesconto composto de um título de R$ 20000,00,com vencimento em três meses, descontado auma taxa de 3% ao mês, teremos: Dc = 20000 –20000 (1 – 0,03)3 = 1746,54. No segundo caso,isto é, no desconto “por dentro”, o desconto écalculado de acordo com a seguinte fórmula: Dc= VF x (1 + i)n - 1 / (1 + i)n. Utilizando os mesmosvalores do exemplo anterior, teríamos: Dc =20000 x[(1 + 0,03)3 - 1 / (1 + 0,03)3] = 3551,70.

DESCONTO POR DENTRO. Veja Desconto.

DESCONTO POR FORA. Veja Desconto.

DESCONTO RACIONAL. Veja Desconto.

DESCONTOS AGREGADOS. Prática comer-cial de concessão de descontos na compra dedeterminadas mercadorias como forma de man-ter o cliente ou incentivá-lo a adquirir outrosprodutos.

DESDOBRAMENTO. Ato pelo qual uma em-presa com ações negociadas em Bolsa desdobracada uma das ações em duas, três ou mais, todascom o valor nominal igual ao da ação desdo-brada. Para ter validade, o desdobramento pre-cisa ser emitido pelas Caixas de Liquidação, ane-xas às Bolsas de Valores. Veja também Caixasde Liquidação; Split-Up.

DESECONOMIAS DE ESCALA. A elevação uni-tária de custos decorrente de um aumento novolume (escala) de produção, seja de uma em-presa, de um setor, região ou país.

DESECONOMIAS EXTERNAS. Veja EconomiasExternas.

DESEMPREGO. Situação de ociosidade invo-luntária em que se encontram pessoas que com-põem a força de trabalho de uma nação. Umadas principais tentativas de formulação de umateoria econômica para explicar o desempregosurgiu com o conceito de exército industrial dereserva, também denominado por Marx de “po-pulação excedente relativa”: uma massa de tra-balhadores seria constantemente desempregadapelo progresso técnico e, na concorrência para

a obtenção de empregos, pressionaria para baixoo nível de salários, evitando assim sua elevação.O desemprego seria, desse modo, uma conse-qüência do próprio processo de acumulação decapital, e os desempregados funcionariam comoreguladores das taxas de salário dos trabalha-dores e, em certa medida, das taxas de lucrodos capitalistas. Alguns economistas de linhamonetarista recomendam a manutenção de umataxa permanente de desemprego, por considerarque o pleno emprego da força de trabalho dis-ponível — defendido por Keynes — impulsio-naria a elevação dos salários, provocando umaconjuntura inflacionária que acabaria reduzindoa acumulação de capitais. O desemprego é clas-sificado em várias categorias conforme suas cau-sas. Nas grandes recessões econômicas, quandoa produção declina drasticamente, manifesta-seo chamado desemprego cíclico, ligado a uma fasede queda do ciclo econômico. O desemprego dis-farçado ou subemprego consiste na remuneraçãomuito abaixo de padrões aceitáveis, que afetatrabalhadores não registrados, mas que nem porisso deixam de compor a força de trabalho deuma nação. Alguns países desenvolvidos cria-ram o auxílio-desemprego ou seguro-desemprego,instrumento governamental destinado a mino-rar o problema social gerado pelo desemprego.O desemprego friccional ou normal ocorre por de-sajuste ou falta de mobilidade entre a oferta ea procura, quando empregadores com vagasdesconhecem a existência de mão-de-obra dis-ponível, enquanto trabalhadores desemprega-dos desconhecem as ofertas reais de trabalho.Em certas atividades, como agricultura e hote-laria, ocorre o desemprego sazonal, limitado a cer-tas épocas do ano por não haver oferta homo-gênea de emprego durante o ano inteiro. O de-semprego tecnológico ou estrutural origina-se emmudanças na tecnologia de produção (aumentoda mecanização e automação) ou nos padrõesde demanda dos consumidores (tornando obso-letas certas indústrias e profissões e fazendo sur-gir outras novas): em ambos os casos, grandenúmero de trabalhadores fica desempregado acurto prazo, enquanto uma minoria especializa-da é beneficiada pela valorização de sua mão-de-obra. Veja também Emprego; Pleno Empre-go; Seguro-desemprego.

DESEMPREGO CÍCLICO. Veja Desemprego.

DESEMPREGO CONJUNTURAL. Veja Desem-prego.

DESEMPREGO DISFARÇADO. Veja Desem-prego.

DESEMPREGO ESTRUTURAL. Veja Desem-prego.

DESCONTO COMPOSTO 168

Page 169: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

DESEMPREGO FRICCIONAL. Veja Desem-prego.

DESEMPREGO MARGINAL. Veja Desemprego.

DESEMPREGO PARCIAL. Veja Desemprego.

DESEMPREGO SAZONAL. Veja Desemprego.

DESEMPREGO SETORIAL. Veja Desemprego.

DESEMPREGO TECNOLÓGICO. Veja Desem-prego.

DESEMPREGO VOLUNTÁRIO. Veja Desem-prego.

DESENTESOURAMENTO. Veja Preferênciapela Liquidez; Propensão a Poupar.

DESENVOLVIMENTISMO. Ideologia que noBrasil caracterizou particularmente o governoKubitschek e que identifica o fenômeno do de-senvolvimento a um processo de industrializa-ção, de aumento da renda por habitante e dataxa de crescimento. Os capitais para impulsio-nar o processo são obtidos junto às empresaslocais, ao Estado e às empresas estrangeiras. Aspolíticas ligadas ao desenvolvimentismo con-centram sua atenção nas questões relativas àtaxa de investimentos, ao financiamento externoe à mobilização da poupança interna. São me-nosprezadas pela teoria as questões relativas àdistribuição da renda, concentração regional daatividade econômica, condições institucionais,sociais, políticas e culturais que influem sobreo desenvolvimento. Ao fazê-lo, o desenvolvi-mentismo opõe-se à escola estruturalista origi-nária da Comissão Econômica para a AméricaLatina (Cepal), que vê o desenvolvimento comoum processo de mudança estrutural global.

DESENVOLVIMENTO AUTÔNOMO. Desen-volvimento de um país à custa de seus própriosmeios, sem que se crie uma situação de depen-dência em relação a outros mais desenvolvidos.Teoricamente, para o desenvolvimento de umpaís é preciso mobilizar o excedente potencialde sua economia, encaminhando-o para setoresprioritários, de cujo crescimento depende todoo resto (indústrias de base, transporte, energiaetc.). Para muitos estudiosos, apesar da crençade que os países subdesenvolvidos, por serempobres, não possuem capital suficiente para sus-tentar seu próprio desenvolvimento, isso não sejustifica. Nesses países há considerável perda derecursos, sob a forma de exportação de capitais,importações desnecessárias, desenvolvimentode setores não prioritários, gastos militares ex-cessivos, desemprego e subemprego, o que, emprincípio, poderia ser evitado. Os recursos assimpoupados constituem um excedente acumulá-vel, que, uma vez reinvestido, tende a reprodu-

zir-se e aumentar. A verdadeira dificuldade estáem mobilizar esse excedente, pois a interferênciano uso desses recursos costuma contrariar inte-resses que, muitas vezes, se encontram repre-sentados com muita força junto ao poder.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Cres-cimento econômico (aumento do Produto Na-cional Bruto per capita) acompanhado pela me-lhoria do padrão de vida da população e poralterações fundamentais na estrutura de sua eco-nomia. O estudo do desenvolvimento econômi-co e social partiu da constatação da profundadesigualdade, de um lado, entre os países quese industrializaram e atingiram elevados níveisde bem-estar material, compartilhados por am-plas camadas da população, e, de outro, aquelesque não se industrializaram e por isso perma-neceram em situação de pobreza e com acen-tuados desníveis sociais. Durante o século XIX,a industrialização de muitos países da Europae da América do Norte reduziu os demais paísesà condição de colônias políticas e/ou econômi-cas dos primeiros. A guinada para o desenvol-vimento, ocorrida a partir da Segunda GuerraMundial, foi quase sempre precedida por mu-danças políticas profundas (especialmente aconquista da independência política e a forma-ção de governos que colocavam o desenvolvi-mento nacional como objetivo principal); a partirdaí fortaleceu-se a idéia de “desenvolvimento”,um processo de transformação estrutural como objetivo de superar o atraso histórico em quese encontravam esses países e alcançar, no prazomais curto possível, o nível de bem-estar dospaíses considerados “desenvolvidos”. O desen-volvimento de cada país depende de suas ca-racterísticas próprias (situação geográfica, pas-sado histórico, extensão territorial, população,cultura e recursos naturais). De maneira geral,contudo, as mudanças que caracterizam o de-senvolvimento econômico consistem no aumen-to da atividade industrial em comparação coma atividade agrícola, migração da mão-de-obrado campo para as cidades, redução das impor-tações de produtos industrializados e das ex-portações de produtos primários e menor de-pendência de auxílio externo. A Organizaçãodas Nações Unidas usa os seguintes indicadorespara classificar os países segundo o grau de de-senvolvimento: índice de mortalidade infantil,expectativa de vida média, grau de dependênciaeconômica externa, nível de industrialização,potencial científico e tecnológico, grau de alfa-betização, instrução e condições sanitárias. Entreos muitos obstáculos ao desenvolvimento, estão:1) a dificuldade de toda a população integrar-sena economia nacional (entre outros fatores, porinexistência de um sistema de transporte eficien-

169 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

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te que interligue, de fato, as regiões do país); 2)o isolamento social, cultural ou econômico, re-presentado por barreiras lingüísticas e religiosasentre diferentes setores da população e por sub-sistemas econômicos alienados do conjunto daeconomia nacional (empresas estrangeiras, lati-fúndios etc.); 3) a dificuldade de encaminhamen-to do excedente potencial da economia para ossetores prioritários (indústria de base, transpor-te, energia etc.), de cujo crescimento dependetodo o processo; 4) o desperdício de recursos(sob a forma de exportação de capitais, consumosupérfluo, gastos militares excessivos, especula-ção financeira) que, investidos, poderiam repro-duzir-se e ampliar. A chamada “escassez de ca-pital”, típica dos países não desenvolvidos, sur-ge algumas vezes sob a forma de carência dedivisas para importar bens e serviços essenciaisao desenvolvimento: é o chamado “estrangula-mento externo” da economia. Essa dificuldadeé muitas vezes agravada pelo fato de o país nãodesenvolvido depender política e economica-mente de uma grande potência que — em maiorou menor grau — monopoliza seu comércio ex-terno. Esses laços de dependência são muitasvezes reforçados por investimentos do país in-dustrializado em alguns setores em expansão dopaís que pretende se desenvolver. Embora essesinvestimentos possam inicialmente aliviar o “es-trangulamento externo”, ao proporcionar divi-sas e/ou equipamentos, às vezes acabam poragravá-lo, pela evasão de divisas na forma deremessa de lucros, royalties e juros ao país in-vestidor. Nesse caso, o desenvolvimento nãotem como mola propulsora o mercado interno,mas sim um grau de dependência maior ou me-nor ao mercado externo ou às grandes potênciaseconômicas. Veja também Dependência; Sub-desenvolvimento.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Con-ceito que pertence ao campo da ecologia e daadministração e que se refere ao desenvolvimen-to de uma empresa, ramo industrial, região oupaís, e que em seu processo não esgota os re-cursos naturais que consome nem danifica omeio ambiente de forma a comprometer o de-senvolvimento dessa atividade no futuro.

DESEQUILÍBRIO. Situação em que um sistemaeconômico não está em equilíbrio devido a al-terações das forças internas (endógenas) queagem sobre ele. Um exemplo clássico do mer-cado em desequilíbrio é aquele em que o totalde mercadorias oferecidas é inferior ao total demercadorias que os compradores estão dispos-tos a adquirir. Alguns compradores não reali-zarão seus projetos, os preços subirão e os com-

pradores e vendedores serão obrigados a reverseus planos.

DESEQUILÍBRIO FUNDAMENTAL. Conceitoelaborado quando da criação do Fundo Mone-tário Internacional (FMI) no Acordo de BrettonWoods (New Hampshire, EUA, 1944), mas queacabou não sendo bem definido por aquela or-ganização. Apesar dessa falta de definição esta-tutária, um desequilíbrio fundamental consistenum desequilíbrio de um balanço de pagamen-tos (déficit ou superávit) que tenha natureza per-sistente ou permanente. Em casos como esse,em que o ajustamento ou a volta ao equilíbrionão se daria rapidamente, a única solução seriaa desvalorização da moeda correspondente (nocaso de um déficit persistente) ou a sua valori-zação, se o superávit for crônico. Veja tambémAdjustable Peg; Balanço de Pagamentos; Con-ferência de Bretton Woods; Crawling Peg; FMI.

DESILUSÃO MONETÁRIA. Em contraposi-ção à ilusão monetária, significa o desencantoquando, depois de um plano de estabilização,com a inflação se reduzindo muito, os consu-midores percebem que os preços, embora está-veis, se encontram num patamar muito elevadoem relação aos seus rendimentos. A expressãofoi cunhada para refletir o que aconteceu no Bra-sil logo depois da implantação do Plano Realem 1º/7/1994. Veja também Ilusão Monetária;Plano Real.

DESINDUSTRIALIZAÇÃO. Processo de desa-parecimento de importantes empresas de setoresindustriais de países latino-americanos como oChile, a Argentina e, em menor escala, o Mé-xico e o Brasil, devido à adoção de políticasde ajuste aos desequilíbrios externos origina-dos pela dívida externa. Essas políticas de ajus-te causaram profundas e prolongadas crises,contribuindo para a falência de muitas empre-sas industriais e a perda de competitividadeem nível internacional.

DESINFLAÇÃO. Remoção de pressões inflacio-nárias da economia, visando a manter o valorda unidade monetária. A desinflação é obtidapor meio da restrição direta da expansão do con-sumo, pelo controle das vendas a prazo, pelosuperávit orçamentário, pela elevação da taxade juros, pela restrição do crédito e por outrasmedidas que exerçam controle sobre os gastoscusteados por empréstimos. Essas medidas nãopretendem reverter o processo inflacionário pro-vocando súbitas baixas de preços, fazendo per-der quem se beneficiava com a inflação e ganharquem perdia com ela. Visam simplesmente cor-rigir e limitar os aspectos prejudiciais da inflaçãoem termos macroeconômicos. Existem pelo me-nos duas dificuldades operacionais para a im-

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 170

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plantação de políticas desinflacionárias: durantedeterminado tempo, essas medidas tendem a re-duzir a quantidade de empregos a um nível mui-to abaixo do politicamente aceitável; além disso,quando as medidas desinflacionárias adotadaspelo governo são muito violentas, podem pro-vocar a deflação. A necessidade de medidas de-sinflacionárias pode ser atenuada, sob o ânguloda oferta, na proporção em que a produtividadeda economia aumenta. Por outro lado, a reduçãoda procura monetária total é conseqüência doaumento nas poupanças privadas, do aumentorelativo da tributação em comparação com osgastos governamentais, de medidas específicasvisando a reduzir os gastos em consumo e eminvestimento, e da redução das despesas go-vernamentais para que se situem em nívelabaixo ao da arrecadação. Veja também Defla-ção; Inflação.

DESINTERMEDIAÇÃO. Fenômeno em que aspessoas deixam de investir em títulos ou emoutras formas de poupança e passam a utilizardinheiro no consumo de bens duráveis. Esseprocesso ocorre quando os rendimentos finan-ceiros são inferiores às taxas da inflação. Aomesmo tempo, os juros cobrados nos emprésti-mos ao consumidor, também inferiores à infla-ção, favorecem o endividamento para comprasimediatas. Esse processo ocorreu no Brasil, em1980, quando a correção monetária foi fixada em45%, mas a inflação foi muito superior. Veja tam-bém Inflação.

DESINTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA. Proces-so de deslocamento da realização de transaçõesde intermediação do setor financeiro para o setornão-financeiro da economia. As raízes deste fe-nômeno estão fincadas na atuação direta degrandes empresas no mercado de capitais, nacriação de um mercado de títulos e valores quenão dependem diretamente da atuação de ins-tituições financeiras e na criação de mecanismosinovadores de transações financeiras que dis-pensem a atividade clássica de intermediaçãodas instituições financeiras. Quando, por exem-plo, investidores ou poupadores retiram suasaplicações de intermediários financeiros (ban-cos, caixas econômicas etc.) e emprestam dire-tamente a investidores ou consumidores com-prando títulos de dívida como duplicatas, oumesmo cheques pré-datados, estão operando nosentido da desintermediação financeira. Nosmomentos em que os diferenciais de taxas dejuros aumentam entre o que um cliente de umbanco paga por um empréstimo e o que recebepor aplicar seus recursos nas instituições finan-ceiras, a desintermediação torna-se mais atraen-te, valendo a pena para o aplicador correr maio-res riscos, mas obter uma remuneração maiorpor seu investimento.

DESINVESTIMENTO. Ou investimento negati-vo, é o contrário de investimento. Ocorre quandouma empresa não faz a reposição dos bens decapital (máquinas, equipamentos, veículos, imó-veis, instalações) à medida que eles se desgastampelo uso. Desse modo, há uma redução do ativofixo. Veja também Depreciação; Investimento.

DESMONETIZAÇÃO. Em sentido amplo, otermo significa a retirada de circulação de umaforma específica de moeda por determinação go-vernamental. Aplica-se a cédulas ou moedas me-tálicas que passam a ser declaradas sem valor,perdendo assim qualquer obrigação de cursoforçado. Em sentido estrito, significa que ummetal (especialmente o ouro ou a prata) deixade ser cunhado como moeda. No campo da nu-mismática, refere-se a um selo que, por força dedecreto ou mudança política de governo, perdeuo valor para franquia postal.

DESNACIONALIZAÇÃO. Processo pelo qualgrupos ou empresas estrangeiras adquirem ocontrole de uma parcela crescente da economiade um país. A desnacionalização de uma eco-nomia pode ocorrer de três maneiras distintas:1) compra de empresas nacionais por gruposestrangeiros; 2) concorrência que esses gruposfazem às companhias nacionais, desalojando-asdo mercado; 3) ocupação de setores dinâmicosda economia por capitais estrangeiros. O pri-meiro mecanismo talvez seja o mais polêmico,mas tudo indica ser o de menor importância,na medida em que os antigos proprietários deempresas nacionais conservam seu patrimônio,mantendo assim a possibilidade de investir emoutras áreas da economia nacional. No caso daconcorrência, as empresas estrangeiras pene-tram em setores onde já existem investimentosnacionais importantes e, aproveitando-se devantagens como maiores recursos financeiros,tecnologia mais avançada e maior experiência,tendem a reduzir a participação das empresasnacionais no mercado, levando-as à estagnaçãoou à falência. Na terceira forma de desnaciona-lização, as empresas estrangeiras ocupam seto-res novos e importantes, onde inexistem inves-timentos nacionais ou onde estes são relativa-mente pequenos. Durante todo o século XIX eaté a primeira metade do século XX, os paísesindustrializados tolheram a incipiente indústriados países agrícolas com a exportação de seusprodutos manufaturados. O dispositivo de de-fesa encontrado pelos países agrícolas foi o daalteração de suas tarifas aduaneiras, que torna-ram mais caros os referidos produtos, incenti-vando as indústrias locais. Foi assim que as in-dústrias da Alemanha e dos Estados Unidos sedefenderam da desigual concorrência inglesa nofinal do século XIX e início do século XX. Com

171 DESNACIONALIZAÇÃO

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o término da Segunda Guerra Mundial, esse tipode concorrência tornou-se extremamente difícildevido à escassez geral de divisas em todo omundo. Os países subdesenvolvidos, interessa-dos em adquirir equipamentos e matérias-pri-mas necessários para a sua incipiente industria-lização, foram particularmente afetados. Assim,os artigos vindos dos países que já contavamcom indústrias desenvolvidas esbarravam con-tra um obstáculo bem maior que o representadopelas barreiras aduaneiras, que na verdade sem-pre podiam ser contornadas mediante a reuniãodos preços dos produtos exportados. Com aaguda escassez de divisas do pós-guerra, osmercados em potencial simplesmente não con-tavam com meios para adquirir os bens ofere-cidos, independentemente dos preços do mer-cado. A solução encontrada foi criar unidadesprodutivas completas instaladas dentro dosmercados a serem conquistados, dando origemao processo de desnacionalização das economiasnacionais. A Constituição de 1988 estabeleceuuma série de restrições ao capital estrangeiro:vedou sua participação direta ou indireta na as-sistência à saúde; reservou aos brasileiros natosou naturalizados há mais de dez anos a pro-priedade de empresas jornalísticas de radiodi-fusão e televisão; vedou ao capital estrangeirodo setor financeiro a criação de novas agênciasou o aumento de sua participação nas institui-ções com sede no país até que sejam fixadascondições em lei, e proibiu novos contratos derisco para a prospecção de petróleo. Criou tam-bém a figura da empresa brasileira de capitalnacional, como sendo aquela que tem seu con-trole efetivo — capital e gestão — em mãos depessoas físicas domiciliadas e residentes no país,atribuindo-lhe tratamento preferencial na aqui-sição de bens e serviços do poder público e de-terminando que somente ela pode receber doEstado concessão para pesquisa e lavra de jazi-das, minas e outros recursos minerais, com ex-ceção do petróleo e minerais nucleares. As con-cessões já estabelecidas com empresas de capitalestrangeiro tornam-se nulas caso a exploraçãonão tenha sido iniciada.

DESORDEM (Coeficiente de). Medida do graude ordenação com que aparece uma seqüência(Yi) quando comparada a uma ordenação de re-ferência (Xi). Pode ser representada pelo Coefi-ciente Pi de Correlação de Postos. Veja tambémCorrelação de Postos (Coeficiente de).

DESPESA INTERNA BRUTA. Denominaçãodada ao Produto Interno Bruto (PIB) quando cal-culado sob a ótica do dispêndio. Veja tambémPIB.

DESPESA NACIONAL BRUTA. Valor contá-bil equivalente ao Produto Nacional Bruto (PNB),

a preços de mercado, quando calculado sob aótica do dispêndio. Veja também PNB.

DESREGULAÇÃO. Tendência que surgiu du-rante o final dos anos 70 nos países industria-lizados, recomendando a redução da participa-ção do Estado — direta ou indireta — na eco-nomia e nos mercados, baseada na tese de queas empresas, os preços e a alocação de recursossão controlados e administrados mais eficazmentepelas forças do mercado do que por regulamentosgovernamentais. As políticas econômicas origina-das dessa tendência abarcaram desde as privati-zações até a redução da carga tributária.

DESSAZONALIZAÇÃO. Operação de retiradada sazonalidade, isto é, variações estacionais deuma série estatística. A sazonalidade, ou os efei-tos de ocorrências sazonais regulares sobre umasérie estatística, pode provocar alterações sobreas tendências fundamentais desta mesma série.Mediante métodos estatísticos como a utilizaçãode médias móveis, dummy variables e mesmo aretirada por subtração dos índices estacionais,pode-se efetuar a dessazonalização. Veja tam-bém Sazonalidade.

DESVALORIZAÇÃO. Redução oficial do valorreal da moeda de um país em relação a moedasestrangeiras. Na maioria dos casos, essa opera-ção tem o objetivo de eliminar o déficit acumu-lado no balanço de pagamentos por meio demecanismos de depreciação cambial. Decididapelas autoridades monetárias, essa medida temo efeito de tornar mais caras as importações, ini-bindo-as, e de estimular as exportações, uma vezque o exportador recebe mais unidades de moe-da nacional para cada unidade de moeda es-trangeira convertida à nova taxa de câmbio.Além disso, a desvalorização tende a produzirfortes pressões inflacionárias. Quando a depre-ciação ou redução do valor da moeda era feitapor diminuição de seu peso e/ou do lastro ouro,ocorria a chamada desvalorização de cunhagem.

DESVIO PADRÃO. Medida estatística da va-riação absoluta ou dispersão de uma distribui-ção de freqüência em torno de sua média (quan-to menor o desvio, maior a representatividadeda média), obtida mediante o cálculo da raizquadrada da média aritmética dos quadradosdos desvios da distribuição de freqüência. Estaforma de cálculo da variância ou dispersão emtorno da média é conhecida também pela deno-minação de médias quadráticas ou médias dos míni-mos quadrados, e sua fórmula geral de cálculo é

Dp = √Σ Xi2 . fin

xi = xi – x = desvio em relação à média

DESORDEM 172

Page 173: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

N = número total de casos ou de elementos deuma distribuição

Exemplo:

Dp = √ 7750 155

= 7,071

DETERIORAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRO-CA. Veja Relações de Troca.

DETERMINANTES. Veja Teoria dos Determi-nantes.

DETERMINISMO. Doutrina filosófica segundoa qual todos os fenômenos estão submetidos aleis e se ligam entre si de acordo com o princípioda causalidade. Em Demócrito de Abdera (460-370 a.C.), filósofo grego sistematizador do ma-terialismo e do atomismo, encontra-se a primei-ra expressão do determinismo: é um processoque depende mais de certezas do que de pro-babilidades. Na Idade Moderna, o determinismoganhou nova força com o grande desenvolvi-mento das ciências da natureza. No terreno daeconomia, os teóricos admitem que os fatos es-tão subordinados a leis, mas estas são vistas,em geral, como tendências, isto é, expressandocerta direção que os fatos tomarão, a partir domomento em que se cumpram certas condições.

DEVASTAÇÃO. Exploração predatória dos re-cursos naturais de um país ou região, com con-seqüências prejudiciais para o meio ambiente,a fauna e a flora. No que diz respeito à devas-tação da fauna, os dados relativos ao Brasil sãoimpressionantes. Em Mato Grosso, por exemplo,contrabandistas e caçadores ilegais têm sistema-ticamente dizimado diversas espécies naturaisdo Pantanal, estimando-se que somente no anode 1982 tenham sido mortos aproximadamente1 milhão de jacarés, que tiveram suas peles con-trabandeadas sobretudo para a Bolívia. Tambémna Amazônia a exploração inescrupulosa e oscrescentes desmatamentos estão ameaçando se-riamente a perpetuação das 2 mil espécies depeixes que formam a fauna ictíica mais rica domundo, quando comparada com as 165 espéciesde peixes conhecidas em toda a Europa central.A pescaria desses peixes costuma ser feita com

a ajuda de bombas e pelo cerco de cardumesjovens, ainda em crescimento, nos lagos margi-nais da região amazônica, com resultados de-sastrosos sobre o equilíbrio ecológico local. Noque diz respeito à destruição da flora, o Brasilvem sendo devastado desde a época colonial,com a eliminação pura e simples das florestasde pau-brasil do Norte e Nordeste. Atualmente,a situação não mudou muito. Mato Grosso éum dos Estados mais afetados pelos desmata-mentos, tendo já perdido a cobertura florestalde 2,8 milhões de hectares de seu território (ou3,2% de seus 88,1 milhões de hectares). O Estadodo Pará apresenta situação igualmente calami-tosa, pois de seus 122,7 milhões de hectares, 2,2milhões (cerca de 1,8%) encontram-se comple-tamente desmatados, sendo que metade apenasnos últimos quatro anos. O desmatamento doEstado de Goiás mostra-se proporcionalmentemais grave, pois de seus 28,6 milhões de hecta-res, incluídos na chamada “Amazônia Legal”,mais de 1 milhão (ou perto de 3,6%) já foramdesmatados. Em Rondônia, a velocidade do des-matamento mostra-se realmente chocante, pois,dos 23 milhões de hectares do território, já foramdesmatados aproximadamente 350 mil. A prin-cipal causa desses desmatamentos tem sido apecuária, que faz com que quilômetros e maisquilômetros de reservas florestais seculares se-jam derrubadas para a formação de pastagens.E, apesar dos números impressionantes, as fa-zendas que receberam aprovação da Superin-tendência do Desenvolvimento da Amazônia(Sudam) para se fixar na Amazônia ainda nãoderrubaram nem metade da área a que têm di-reito de acordo com a legislação.Veja tambémEcologia.

DIA DE OPÇÃO. Data na qual uma opção (decompra ou de venda) expira, a não ser que sejaconcretizada. Se o exercício da opção não forrentável, seu custo pode ser considerado umcusto menor, na medida em que possa ser uti-lizada tanto no caso de compra ou de venda,para reforçar uma posição “comprada” (short)ou “vendida” (long). Veja também Long; Opção;Short.

DIAGRAMAS IS-LM. Veja Curvas IS-LM.

DIALÉTICA. Termo filosófico empregado emdiferentes acepções, ao longo da história do pen-samento ocidental. Em Platão (428 ou 427-348ou 347 a.C.), designa o processo de aquisiçãoda verdade por meio da ascese intelectual, queconduz ao mundo das idéias, entendidas estascomo essências imutáveis e fundamentos racio-nais das coisas sensíveis. Em Aristóteles (383-322a.C.), é o conjunto das formas de raciocínio pro-vável, à diferença da lógica, que se ocuparia dacerteza. Na Idade Moderna, prepondera certo

FreqüênciaDesvio emrelação à

média

Quadrado dedesvio da

média

Multiplicadopela freqüência

xi fi xi=Xi–x x=17 xi2 X2i. fi

17 130 – 10 100 3000

12 140 1– 5 125 1000

17 110 – 10 110 1000

22 150 – 15 125 1250

27 125 – 10 100 2500

155 7750

173 DIALÉTICA

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desprezo pela dialética, com Kant (1724-1804),por exemplo, considerando-a simples “lógica daaparência”. É com Hegel (1770-1831) que o ter-mo ganha novas forças, tornando-se o eixo cen-tral de sua filosofia; para esse filósofo alemão,a dialética é tanto o processo racional de desen-volvimento das idéias quanto o processo de de-senvolvimento da própria realidade, desenvol-vimento esse marcado pela tensão dos opostose pela contradição. Ainda para Hegel, é a dia-lética das idéias que determina a dialética darealidade. Marx (1818-1883) inverte essa relaçãoe opõe ao idealismo dialético hegeliano o ma-terialismo dialético e o materialismo histórico,segundo os quais a dialética é constituída pelascontradições reais, que se manifestam principal-mente nos níveis político, social e econômico.Para Marx, é dialético, por exemplo, o movi-mento histórico que faz com que o enriqueci-mento da burguesia implique, necessária e con-traditoriamente, o fortalecimento do proletaria-do (quanto maior a acumulação capitalista, tantomaior a massa explorada). A tradição hegelianaé continuada nos séculos XIX e XX por pensa-dores como Croce (1866-1952), Gentile (1875-1944) e Colingwood (1889-1943). Veja tambémHegel, Georg W. Friedrich; Marx, Karl Hein-rich; Marxismo; Materialismo Histórico.

DIBOR. Veja Ibor.

DIEESE — Departamento Intersindical de Es-tatística e Estudos Sócio-Econômicos. Institutode pesquisas criado em 1955 em São Paulo, como objetivo de assessorar os sindicatos de traba-lhadores. Fornece periodicamente dados relati-vos a custo-desemprego, produtividade e níveldo salário real. Realiza estudos críticos sobre po-lítica econômica e medidas governamentais queatinjam os interesses do trabalhador. O Dieeseé mantido por sindicatos e associações profis-sionais que utilizam seus serviços. Tem filiaisno Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,Recife, Curitiba e Brasília. Edita um boletimmensal.

DIGITAL. Veja Computador.

DIGITAL SIGNATURES. Expressão em inglêsque corresponde a “assinaturas digitais” e sig-nifica formas de autenticação de documentos,informações etc., no mundo da informática, quesubstituam as assinaturas em tinta e papel. Osproblemas de segurança envolvidos são consi-deráveis, pois na mesma medida em que umsistema seguro de assinaturas digitais pode serum mecanismo confiável (sem riscos) para o de-senvolvimento rápido dos negócios, pode tam-bém servir de guarida para a contravenção ouo crime “seguros”, desde que criminosos e de-linqüentes tenham acesso a tais mecanismos.

DÍGITO. Antiga medida de comprimento, even-tualmente utilizada ainda na Inglaterra e equi-valente à largura de um dedo, ou o correspon-dente a 1,87 cm. É também equivalente a umalgarismo. Veja também Unidades de Pesos eMedidas.

DILEMA DO PRISIONEIRO (Prisioner’s Di-lema). O termo está relacionado com a teoriados jogos e a teoria da decisão, e refere-se aocaso em que criminosos são submetidos a uminterrogatório em separado. Cada criminososabe que se ninguém confessar sobre a partici-pação própria e dos demais no crime, ele serálibertado ou no máximo terá uma pena muitopequena. Mas se um deles confessar, e os demaisnão o fizerem, esse um poderá ser libertado, en-quanto os outros sofrerão pesadas penas. Se to-dos confessarem, todos receberão penas, emboramenos severas do que se apenas um confessar.O incentivo, nesse caso, para o indivíduo racio-nal é confessar e deixar os demais sofrerem asconseqüências. Porém, se todos forem racionaise agirem desta forma, o resultado para todosserá pior do que seria se todos pudessem entrarnum acordo prévio para ninguém confessar.Este caso busca ilustrar como o comportamentoracional no âmbito microeconômico pode pro-duzir um resultado aparentemente irracional naesfera macroeconômica. Veja também Equilí-brio de Nash; Teoria dos Jogos.

DIN. Iniciais de Deutsche Industrie Normenaus-schutz (ou Deutsche Industrie Normen), que sig-nifica Comissão de Normas da Indústria Alemã,sistema criado em 1922 na Alemanha e trans-formado em convenção internacional, e empre-gado em muitos países para o formato de papelde impressão (livros, jornais etc.).

DINAR. Unidade monetária da Argélia (dinarargelino; submúltiplo: cêntimo), do Bahrein (di-nar do Bahrein; submúltiplo: fil), do Iêmen doSul (dinar sul-iemenita; submúltiplo: fil), do Ira-que (dinar iraquiano; submúltiplo: fil ou dirrã),da Jordânia (dinar jordaniano; submúltiplo: fil),do Kuweit (dinar kuweitiano; submúltiplo: filou dirrã), da Líbia (dinar líbio; submúltiplo: dir-rã) e da Tunísia (dinar tunisiano; submúltiplo:millième).

DINHEIRO. Denominação genérica do meio depagamento mais comum em praticamente todosos países. Nas línguas ocidentais, é a designaçãodo meio de pagamento geralmente utilizado nastrocas, a moeda metálica. Assim, a palavra di-nheiro, em português, tem origem na palavralatina denarius, moeda de prata equivalente adez ases, que eram moedas de cobre de uso cor-rente na Roma Antiga. Em inglês, o termo moneyconservou o sentido específico de moeda até o

DIBOR 174

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final do século passado, quando se generalizouseu significado como dinheiro. A vigência dometalismo, ou correspondência do valor damoeda ao ouro ou à prata, fez com que em al-guns países ainda hoje esses metais nobres sejamsinônimos de dinheiro, como na Alemanha (geld,da palavra gold que, em alemão, significa ouro)e na França (argent, que em francês significa tam-bém prata). Da mesma forma, até poucos anosatrás era comum no Brasil ouvir-se a expressão“ganhar uns cobres”, pois durante o século XIXe início do século XX, existiam muitas moedascunhadas em cobre, assim como na Argentinao dinheiro é designado pela palavra plata (prata)e o nome do próprio país evoca a palavra argent(prata, em francês). É interessante observar tam-bém como certas palavras indicativas de algumarelação com o dinheiro revelam ainda períodosremotos da história dos meios de pagamento.Os termos “pecúnia” e “pecuniário”, por exem-plo, originam-se da palavra latina pecus, que sig-nifica gado, o que indica a utilização que se faziano passado remoto de bois e outros animaiscomo meio de troca e pagamento. Nas chamadassociedades primitivas ou em estágio ainda mui-to próximo de uma economia natural, os maisvariados objetos serviram como meio de troca:conchas, colares, ossos, peles, sementes etc. Ageneralização de um único meio de pagamento,isto é, a transformação de uma mercadoria comoo gado, o sal, ou um metal como o ouro, ou aprata em equivalente geral, uma mercadoria naqual todas as demais expressavam o seu valor,e a fixação de unidades monetárias repre-sentaram o fim do período do escambo, quandoas trocas e os pagamentos se faziam in natura,ou seja, quantidade x de um produto trocadapor quantidade y de outro. Além da determi-nação de ser equivalente do valor de todas asdemais mercadorias, o dinheiro adquiriu umasérie de outras funções como decorrência dopróprio desenvolvimento do mercado num pri-meiro momento e do capitalismo em geral. Aprimeira característica, prévia a todas as demais,é de ser um meio de troca, utilizado no inter-câmbio de mercadorias, serviços, e mesmo naaquisição de dinheiro estrangeiro (divisas). Ou-tra função do dinheiro é a de representar umamedida de valor que serve para comparar o va-lor das mercadorias entre si, tomando por baseo preço de cada uma em relação à mercadoria-padrão (equivalente geral), que passou a ser opróprio dinheiro. A terceira função é a de diferirpagamentos, isto é, o dinheiro permite realizardeterminadas transações estabelecendo-se pra-zos para o pagamento, vencidos os quais o com-prador deverá pagar o valor estipulado no mo-mento em que adquiriu uma mercadoria. Umaquarta e última função, intrinsecamente vincu-lada à anterior, é a de reserva de valor, que pos-

sibilita o entesouramento ou reserva de dinheirosem que este perca o seu valor, o que originouo processo de poupança, elemento básico na for-mação de capital. Para que possa cumprir todasessas funções, o dinheiro deve necessariamenteapresentar algumas características, como a divi-sibilidade, a durabilidade, a estabilidade e a ho-mogeneidade. Ou melhor, o material no qual odinheiro está representado e que lhe serve debase deve ser divisível para facilitar as operaçõesde compra e venda e o transporte; a durabili-dade é essencial, pois não seria conveniente queum material que representasse o valor ou fosseuma forma de manutenção da riqueza se diluís-se ou estragasse de forma tal a provocar umaperda para o seu possuidor; mesmo o papel-moeda fabricado com material mais facilmentedestrutível do que as moedas metálicas é feitocom papel de alta resistência. A estabilidade étambém muito importante, pois não é conve-niente que a mercadoria que sirva como expres-são do valor de todas as demais tenha seu valorvariável, isto é, as oscilações para mais ou paramenos podem prejudicar o desenvolvimentodos negócios. Tais oscilações são característicasde épocas inflacionárias ou deflacionárias, e nãodependem em geral do material de que é feitoo dinheiro. A homogeneidade do material queconstitui o dinheiro também é muito importantepara evitar que existam diferenças de valor, porexemplo, em duas moedas do mesmo valor fa-cial, mas compostas de um material que possarepresentar mais valor num caso do que em ou-tro. O valor do dinheiro é inversamente propor-cional ao índice geral de preços. Se a quantidadede dinheiro crescer em maior proporção do quea quantidade de bens e serviços existentes nomercado, haverá elevação do índice geral de pre-ços (se considerarmos que a velocidade de cir-culação da moeda permanece constante); se aquantidade de dinheiro crescer menos intensa-mente do que os bens e serviços colocados nomercado, haverá queda de preços ou deflação,supondo também que a velocidade de circulaçãoda moeda não se altere. Com o desenvolvimentodo capitalismo, a função da moeda de diferirpagamentos ganhou enorme importância ao en-grossar as possibilidades de crédito brindadaspelos bancos. O crédito, ou a moeda escritural,também deve ser levada em conta quando ava-liamos o total de meios de pagamento existentesnuma economia, e, portanto, este tipo de moedatambém deve ser levada em consideração quan-do estimamos as relações entre a quantidade demoeda em circulação, os bens e serviços colo-cados no mercado, a velocidade de circulaçãoda moeda e o resultante nível geral de preços.O termo também era utilizado no passado paradesignar o título ou o toque das moedas de pra-ta. O máximo que poderia ser alcançado seria

175 DINHEIRO

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uma moeda de 12 dinheiros, isto é, uma moedatotalmente fabricada com prata. Uma moeda deprata de 9 dinheiros seria constituída de 3/4 deprata e 1/4 de outro metal, que formaria sualiga. As moedas cunhadas em Portugal e no Bra-sil tinham o toque de 11 dinheiros, ou 11/12,ou 0,91666 de toque. “Dinheiro” era também adenominação dada às moedas de cobre em Por-tugal durante o reinado de D. João I. Veja tam-bém Deflação; Inflação; Moeda Escritural;Moeda; Moeda Legal; Moeda-papel; Papel-moeda; Teoria Quantitativa do Valor da Moe-da; Velocidade de Circulação da Moeda; Xen-xém, Crise do.

DINHEIRO BARATO. Situação criada por umapolítica governamental de manutenção de em-préstimos a juros baixos, de forma a tornar maisbarato o dinheiro e incrementar a atividade eco-nômica em todos os campos. Opõe-se à políticado dinheiro caro.

DINHEIRO CARO (Dear Money). Situação cria-da por política governamental que se caracterizapor juros altos, e com a qual as autoridades pro-curam reprimir gastos demasiados em períodosde grande prosperidade, como medida de pre-venção de crises. Opõe-se à política do dinheirobarato.

DINHEIRO DE EMERGÊNCIA. Veja Werbes-tändiges Notgeld; Crise do Xexém.

DINHEIRO DE PLÁSTICO. Denominação po-pular dos cartões de crédito que em determina-das circunstâncias substituem (com vantagem)a moeda legal, seja o papel-moeda ou os che-ques. Este tipo de moeda pode ser entendidocomo aqueles cartões que efetuam compras depequeno valor para evitar problemas de trocoe que são descontados na conta corrente dousuário e abastecidos de fundos por essa mesmaconta.

DINHEIRO FÁCIL. Veja Easy Money.

DINHEIRO QUENTE. Veja Hot Money.

DINHEIRO VIVO. Veja Numerário.

DIP. Termo que designa uma pequena quedanas cotações das ações e títulos no mercado fi-nanceiro depois de vários pregões em que ocor-reu uma tendência de alta. Se as análises con-cluírem que a tendência de elevação das cota-ções prosseguirá, é o momento de investir nessemercado. O grande problema é, portanto, nãoapenas identificar o próprio dip, mas tambémas tendências do mercado imediatamente depois.

DIRECT BUSINESS. Expressão em inglês quesignifica negócios à vista, utilizada nas Bolsasde Valores quando as ações são vendidas à vista.

DIRECTOR’S LAW. Veja Lei de Director.

DIREITO COMERCIAL. Parte do direito pri-vado que regula o exercício da atividade mer-cantil e todos os atos a ela inerentes. Divide-seem direito comercial terrestre, direito comercial ma-rítimo e direito comercial aéreo, tendo em vista aspeculiaridades de cada um desses ramos de ati-vidade mercantil. O direito comercial internacionaltrata do comércio entre as nações.

DIREITO DE SUBSCRIÇÃO. Veja Subscrição.

DIREITO DO TRABALHO. Conjunto das nor-mas jurídicas que regulam as relações entre em-pregados e empregadores. Nas primeiras déca-das de desenvolvimento do capitalismo indus-trial, seguindo os princípios do pensamento li-beral, o Estado não intervinha nas relações entretrabalhadores e indústrias, a não ser para repri-mir as revoltas operárias, ficando os acordoseventuais entre essas duas partes como fenôme-nos localizados na área do direito privado. Como desenvolvimento das pressões sociais exerci-das pelo movimento operário e pelas organiza-ções socialistas contra as péssimas condições devida dos operários, surgiram as primeiras leisde proteção ao trabalho de crianças e mulheres,principalmente na Inglaterra. Essas conquistastrabalhistas ampliaram-se no final do século XIXe início do século XX, quando os partidos detendência socialista se firmaram como organi-zações políticas fortes. Assim, a questão traba-lhista adquiriu dimensão pública e estruturou-seum ordenamento jurídico ligado aos interessesdos segmentos assalariados da moderna socie-dade industrial. No Brasil, a legislação traba-lhista surgiu fundamentalmente após a Revolu-ção de 1930 e foi reunida na Consolidação dasLeis do Trabalho (CLT). Veja também CLT; Jus-tiça do Trabalho.

DIREITO INTELECTUAL. Direitos exclusivosdo autor de obra intelectual (produção literária,científica ou artística e do autor de invenção dequalquer campo, descoberta científica, desenhoindustrial, marca comercial e nome de produto).O direito intelectual reúne dois aspectos distin-tos: a propriedade industrial, que envolve royal-ties, patentes e as criações com utilidade prática(invenções, desenvolvimentos tecnológicos etc.),e os direitos do autor, que envolvem criaçõesestéticas e o próprio autor. Os direitos do autorsão formados por dois itens: os direitos morais,inalienáveis e intransferíveis (paternidade daobra e exigência de manter a integridade daobra, por exemplo), e direitos patrimoniais, quepodem ser transferidos a terceiros (exploraçãocomercial da obra, adaptação etc.). Para a defesada propriedade intelectual, formou-se, em 1967,em Estocolmo, a Organização Mundial de Pro-

DINHEIRO BARATO 176

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priedade Intelectual (Ompi), que se tornou, apartir de 1974, uma agência especializada da Or-ganização das Nações Unidas (ONU). A Ompitem entre seus objetivos básicos: assistência aospaíses para o desenvolvimento de leis apropria-das; promoção e disseminação de criações inte-lectuais; cooperação, a pedido dos países, na for-mação de instituições governamentais.

DIREITO NATURAL. Conjunto de normas quetêm por fundamento a própria natureza humanae, portanto, são consideradas universais e imu-táveis. Contrapõe-se ao direito positivo, que é obrados poderes do Estado. O princípio do direitonatural vem da Antiguidade greco-romana (jusnaturae) e foi incorporado à ética cristã. Assumiucaráter revolucionário no contexto do pensa-mento iluminista do século XVIII, dando res-paldo ideológico à Revolução Francesa (com suaDeclaração dos Direitos do Homem e do Cida-dão) e ao movimento de independência dos Es-tados Unidos. Foi com base no direito naturalque Rousseau elaborou sua teoria do Estado,como resultado de um contrato social, e o pen-samento liberal radical forjou o direito de os ci-dadãos rebelarem-se contra a tirania. Moderna-mente, os princípios do direito natural, ao mes-mo tempo que são usados para defender os di-reitos humanos contra o arbítrio do Estado, sãoempregados também como principal argumentoideológico do pensamento conservador contrao socialismo. Este, ao pretender abolir a pro-priedade privada dos meios de produção, estariaviolentando um dos direitos naturais.

DIREITOS ESPECIAIS DE SAQUE (DES). Umtipo de reserva ou moeda internacional criadaem 1967, na Conferência do Fundo MonetárioInternacional realizada no Rio de Janeiro, parasubstituir o ouro como o principal meio de li-quidação de transações financeiras internacio-nais, e por essa razão também denominado“ouro-papel”. Cada país pode saldar os déficitsde seu balanço de pagamentos com DES, ouroou com moedas fortes. Os DES foram criadospara aliviar as tensões criadas pela escassez deouro e de outros tipos de reserva em face deum comércio internacional em expansão. A ofer-ta de ouro estava crescendo num ritmo pequeno(menos de 2% ao ano) e os sucessivos déficitsexternos dos Estados Unidos e da Inglaterra en-fraqueceram o dólar e a libra esterlina a tal pontoque os demais países foram perdendo a con-fiança nestas moedas. Até 1971, o governo ame-ricano conseguiu manter a paridade do dólarem 35 dólares por onça troy de ouro, mas suasreservas caíram tanto que esta paridade foi sus-pensa naquele ano, e dali em diante adotou-seo sistema de taxas de câmbio flutuantes (crawlingpeg). Dentro de certos limites, cada país poderiatrocar sua própria moeda no FMI por DES, o

que tornava o DES a reserva para ser utilizadaem caso de déficit no respectivo balanço de pa-gamentos. Os DES são utilizados apenas paraacertos entre os bancos centrais de cada país eo FMI, e não têm uma existência tangível, istoé, não existem notas nem moedas de DES, nemum símbolo para designá-los. Até meados de1974, os DES eram avaliados em termos do ouroe do dólar. Mas, uma vez que esse sistema davalugar a flutuações acentuadas em função do en-fraquecimento da moeda norte-americana, ospaíses líderes do comércio internacional pres-sionaram para que se fixasse o valor dos DESnuma cesta de moedas. Esta cesta é formadapor moedas de dezesseis países da Europa Oci-dental, dos Estados Unidos, do Canadá, do Ja-pão e da África do Sul. O resultado é que osDES tornaram-se mais estáveis do que cadamoeda individual, e o seu uso se expandiu. Vejatambém Crawling Peg; FMI; Onça Troy; Pa-drão-ouro; Padrão Câmbio-ouro.

DIRIGISMO. Tendência de o Estado manteruma intervenção reguladora permanente numaeconomia capitalista, em contraposição ao ab-senteísmo do Estado liberal. Sem conduzir ne-cessariamente à estatização de empresas priva-das, a ação governamental pode existir sob asformas de regulamento, participação, controle eplanejamento da produção. Inclui medidas comotabelamento de mercadorias, serviços e salários,controle do comércio exterior, incentivos fiscaise creditícios, concessão de contratos de forneci-mento ao Estado e execução de obras públicas.A evolução das economias ocidentais revela apresença crescente do dirigismo, embora nos úl-timos anos as críticas dos defensores da não-in-tervenção tenham crescido e alguns países eu-ropeus, como a Inglaterra, por exemplo, tenhaminiciado um vigoroso processo de desestatizaçãoda economia. Veja também Estatismo; Libera-lismo; Mercantilismo.

DIRRÃ. Unidade monetária do Marrocos, sub-múltiplo: centime; e dos Emirados Árabes Uni-dos, submúltiplo: fil. Veja também Dinar; Rial.

DIRTY FLOAT. Expressão em inglês que sig-nifica literalmente “flutuação suja” e que, nomercado cambial, designa um processo no quala taxa de câmbio de um país sofre intervençõesno mercado pelas autoridades monetárias dessepaís (especialmente o Banco Central). A maioriadas moedas ocidentais, incluindo o dólar dosEstados Unidos e o iene japonês, mas tambémo franco francês, o marco alemão e a lira italiana,e em especial a moeda brasileira, o real, sofremintervenções das respectivas autoridades mone-tárias, e, portanto, caem na categoria do dirtyfloat. O oposto de dirty float é clean float, isto é,

177 DIRTY FLOAT

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“flutuação limpa”, aquela livre de intervençõesdas autoridades monetárias e dependente ape-nas das forças do mercado.

DISARRAY. Veja Desordem (Coeficiente de).

DISCLOSURE. Termo em inglês do mercadofinanceiro e das Bolsas de Valores que significaa obrigação de todas as empresas que lançamtítulos no mercado revelar (to disclose) todas asinformações relevantes de sua situação econô-mico-financeira aos investidores potenciais.

DISCO (Disquete). Em informática, peça feitade plástico recoberto de material magnético (dis-co flexível ou disquete) ou de alumínio (discorígido), utilizada para o armazenamento de da-dos de computador.

DISCO WINCHESTER. Disco magnético rígi-do, cuja cabeça de leitura não toca o disco: umefeito aerodinâmico a mantém suspensa a umadistância de alguns milésimos de milímetro dasuperfície.

DISCOUNT. Técnica de marketing de acordocom a qual são concedidos descontos atraentesna venda de determinados produtos em lugaresdeterminados, para atrair a clientela ou os “só-cios”. Esta prática é mais usual entre os super-mercados em relação aos alimentos não perecí-veis, bebidas, artigos de higiene pessoal etc. Aorganização do sistema muitas vezes exige acongregação de sócios que, pagando uma de-terminada anuidade ou mensalidade, têm acessoa essas lojas onde os descontos podem alcançar25% ou 30% se o cliente ou sócio adquirir pro-dutos em certa quantidade. O discount já se en-contra bem difundido nos Estados Unidos e co-meça a ser introduzido agora no Brasil.

DISCRIMINAÇÃO COMERCIAL. Prática dapolítica de comércio exterior de um país res-ponsável pela criação de estímulos ou desestí-mulos (taxas alfandegárias diferenciadas, con-troles de câmbio, acordos bilaterais de comércioetc.) para a negociação em determinados mer-cados. A discriminação comercial é utilizadaprincipalmente para a correção de desequilíbriosno balanço de pagamento entre países. Assim,se a balança comercial entre o país A e o paísB é muito desfavorável ao país A, A pode criarmecanismos que desestimulem a compra de pro-dutos de B, ou B pode criar estímulos à comprade produtos do país A. A criação de cotas de-terminadas e diferenciadas por país para o co-mércio de determinados produtos (café e açúcar,por exemplo) também é uma forma de discri-minação comercial, com vistas a manter certoequilíbrio nas relações comerciais entre países.Para evitar que países com maior poder de bar-

ganha econômica utilizem a discriminação co-mercial de forma prejudicial, foram criadas or-ganizações internacionais, entre as quais se des-taca o Acordo Geral de Tarifas e Comércio(Gatt), com funções de estruturar uma condutageral no intercâmbio entre os países. Veja tam-bém GATT; OMC.

DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS. Adoção depreços diferentes para o mesmo produto con-forme o comprador, prática que pode ser ado-tada em situações de monopólio. A discrimina-ção de preços pode ocorrer basicamente em duassituações: 1) quando os produtos não podemser revendidos (é o caso, por exemplo, dos ser-viços de água, esgoto, eletricidade) ou no casode impedimento por barreiras alfandegárias; 2)quando os compradores não podem locomover-se à procura de preços mais baixos ou produtossubstitutos. Para a discriminação de preços, hásempre necessidade de grandes grupos diferen-tes de consumidores (domésticos e industriaisou mercado interno e externo, por exemplo).Como a elasticidade da demanda desses gruposé diferente, pode-se aplicar um preço mais ele-vado ao grupo com menor elasticidade. Assim,a maior margem de lucro nesses mercados maisou menos cativos compensa a menor lucrativi-dade nos mercados onde existe maior competi-ção. E, de qualquer modo, essa prática mono-polista (também possível em situações de oli-gopólio e concorrência imperfeita) supõe que osque compram mais barato não consigam reven-der o produto aos que compram mais caro.

DISPERSÃO. Conceito do campo da estatísticaque significa a propriedade ou a qualidade deum atributo de variar nos diversos indivíduos(homogêneos) em que esse atributo foi obser-vado, ou a propriedade que as medidas da in-tensidade de um mesmo atributo têm de variarnas diversas observações feitas sobre um mesmoindivíduo. É o mesmo que variabilidade.

DISSÍDIO COLETIVO. Processo que corre nostribunais da Justiça do Trabalho com o objetivode solucionar conflitos entre patrões e empre-gados. As partes conflitantes são representadaspor suas organizações de classe (sindicatos detrabalhadores e de patrões), e o processo ins-taura-se quando uma delas recorre à Justiça doTrabalho para se pronunciar sobre questões dis-cordantes que não puderam ser resolvidas pormeio de negociações. O dissídio coletivo podeser de natureza jurídica ou de natureza econô-mica. No dissídio jurídico, a sentença do tribunaldiz respeito a interpretações do texto de acordoscoletivos de trabalhos existentes. Já o dissídioeconômico trata da criação de novas condiçõesde trabalho para determinada categoria profis-sional. Há também o dissídio individual, que diz

DISARRAY 178

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respeito a conflitos entre um empregado e seupatrão e cujo processo é iniciado nos órgãos deprimeira instância (juntas de Conciliação e Jul-gamento), cabendo recurso aos tribunais de se-gunda instância (TRT e TST). O instituto do dis-sídio coletivo foi criado pela Carta del Lavoro daItália, na época de Mussolini, e incorporado àlegislação trabalhista brasileira depois de 1930.É garantido pelo artigo 142 da Constituição Fe-deral do Brasil, e suas fases estão estabelecidasna Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), apartir do artigo 856. Veja também Trabalho,Convenção Coletiva do.

DISTRIBUIÇÃO. Modo como se processa a re-partição da riqueza e dos bens socialmente pro-duzidos entre os indivíduos e entre os diversossegmentos da população em determinada socie-dade. O caráter e os mecanismos de distribuiçãodo produto social variam de época para épocae dependem diretamente da organização da pro-dução e da forma de propriedade nela vigente.A distribuição decorre, portanto, do próprio pro-cesso produtivo e é por meio dela que os benschegam aos consumidores, aproximando, assim,os inúmeros produtores separados pela divisãosocial do trabalho. A forma de distribuição maisevidente é a distribuição física dos produtos, fe-nômeno que se desenvolve nas relações de troca,isto é, na esfera da comercialização dos produ-tos. Há também a distribuição funcional, que re-cebeu atenção especial nas análises dos econo-mistas clássicos e que se refere à repartição doproduto global entre os vários agrupamentos so-ciais. Tal repartição, segundo esses economistas,relaciona-se diretamente com a participação decada grupo ou classe social no processo produ-tivo; relaciona-se também com a propriedadedos fatores de produção e aparece sob a formade juros, lucros, rendas e salários. Veja tambémRenda.

DISTRIBUIÇÃO BINOMIAL. Modelo matemá-tico para a distribuição de um número de “su-cessos” em n tentativas, quando a probabilidadede um sucesso permanece constante em qual-quer tentativa e estas são independentes. Tam-bém é conhecida como a distribuição da somade n variáveis aleatórias de Bernoulli, cada umacom a mesma probabilidade Ø e 1-Ø de sucessoou fracasso. Veja também Bernoulli.

DISTRIBUIÇÃO DA RENDA. Veja Renda.

DISTRIBUIÇÃO NORMAL. Distribuição ori-ginalmente estudada em conexão com erros demedida e por isso também denominada “curvanormal de erros”. A distribuição normal é um dospilares da Teoria Estatística e sua equação (Cur-va Normal) foi primeiramente deduzida por

Abraham De Moivre em 1730, mas formalizadapor Karl F. Gauss com a seguinte expressão:

f (x) = 1

σ√2π e–

(x – µ)2

2σ2

Principais características da Curva Normal:

1) o ponto de máxima função é o ponto x = u,onde u é a média da distribuição; 2) os pontosde inflexão são x = ±σ, onde σ é o desvio pa-drão; 3) a curva é simétrica em relação a u, e 4)a curva é assintótica ao eixo horizontal em am-bas as direções. Veja também Desvio Padrão;Média; Variável Normal Reduzida.

DISTRITO DIAMANTINO. A grande produ-tividade das minas de diamantes, que permitiuenorme acumulação de riqueza por parte dos“contratadores”, e a convicção de que estes frau-davam o fisco levaram as autoridades do reinoa pretender explorar diretamente as minas. Paratal fim organizou-se uma Junta da Administra-ção Geral dos Diamantes, e dentro de uma ex-tensa região no entorno onde se encontravamas minas estabeleceu-se o Distrito Diamantino.Proibia-se a entrada de qualquer pessoa sem apermissão do Intendente, e este reinava absolutono perímetro do distrito, não necessitando pres-tar conta de seus atos a ninguém, exceto no quese referia à produção de ouro, resultante do tra-balho de milhares de escravos pertencentes àCoroa. Veja também Contratadores.

DITADURA DO PROLETARIADO. Veja Pro-letariado, Ditadura do.

DIVERSIFICAÇÃO. Participação de uma mes-ma firma na produção ou venda de diferentestipos de bens e serviços. Ao adotar esse proce-dimento, as empresas procuram precaver-secontra prejuízos causados por oscilações bruscasnos mecanismos de mercado (demanda, preços),admitindo que isso não ocorrerá ao mesmo tem-po em relação a todos os bens e serviços quenegociam, podendo, portanto, manter a taxa mé-dia geral de seus rendimentos. Uma firma comgrande produção na área de bens duráveis (au-tomóveis, geladeiras), que têm maior possibili-dade de flutuação de demanda, pode diversifi-car sua produção atuando em setores de deman-da mais estável (ou menos elástica), como o degêneros alimentícios, cujas vendas tendem a su-bir de acordo com o aumento da população.

DIVERSIFICATION PAYOFFS. Expressão eminglês cujo significado literal é “ganhos por di-versificação”. Tais ganhos estão relacionadoscom: 1) a redução dos riscos (princípio da nãocolocação dos ovos numa cesta só); 2) a estabi-lização dos ganhos, eliminando-se as bruscas os-cilações que podem ocorrer se a empresa se de-

179 DIVERSIFICATION PAYOFFS

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dica apenas a um produto ou serviço; 3) o au-mento das sinergias, pois o resultado positivode uma área pode influenciar as demais; 4) amelhor alocação de recursos materiais e huma-nos, isto é, os recursos existentes poderão sermelhor alocados, pois a empresa oferece inter-namente um leque mais amplo de alternativas;5) a adaptação às necessidades dos consumido-res e à comparabilidade do desempenho dos vá-rios setores da empresa que se dedicam a cadaproduto e/ou serviço visando o aprimoramentoda direção global da empresa.

DÍVIDA. Total dos débitos contraídos por umapessoa física ou jurídica junto a outras pessoasfísicas ou jurídicas. A sociedade capitalista mo-derna estimula o consumo, essencial para quese mantenha a produção e se gerem riquezas.A dívida passou a ser uma forma de acelerar oconsumo, baseando-se na expectativa de umarenda futura. Além disso, aumenta a velocidadeda circulação de dinheiro, pois de outra formaele ficaria estagnado em poupanças mantidaspara a compra dos produtos.

DÍVIDA, Administração da. Termo aplicado àpolítica econômica desenvolvida pelas autorida-des, de forma a controlar a composição e a na-tureza das dívidas públicas, tanto interna comoexternamente. Para o financiamento de novosdébitos e para a rolagem de débitos maduros (ven-cidos ou com vencimento muito próximo), osgovernos emitem novos títulos. Um dos objeti-vos dessa medida é estimular a estabilização daatividade empresarial, o crescimento econômicoe a gradual redução da dívida. A dívida públicaé parte considerável da base monetária de umpaís e, portanto, sua administração (e colocaçãode novos títulos) influencia fortemente todo omercado financeiro. Emitindo, por exemplo, tí-tulos com vencimentos variáveis, as autoridadeseconômicas influem na liquidez geral (quantomenor for o prazo de vencimento, maior liqui-dez terá um título e, portanto, mais rapidamentese converterá em dinheiro). Em períodos demaior expansão, o governo utiliza-se de títulosa longo prazo, reduzindo aqueles de curto prazoe diminuindo a liquidez da economia como umtodo. Em período de recessão, o governo rola adívida por meio de títulos de curto prazo, como intuito de restaurar a liquidez de todo o sis-tema e estimular o crescimento.

DÍVIDA CONSOLIDADA. Conjunto dos dé-bitos de longo prazo, sem data determinada depagamento, que o governo assume por meio daemissão de títulos negociáveis.

DÍVIDA EXTERNA. Somatório dos débitos deum país, garantidos por seu governo, resultantesde empréstimos e financiamentos contraídos

com residentes no exterior. Os débitos podemter origem no próprio governo, em empresasestatais e em empresas privadas. Neste últimocaso, isso ocorre com aval do governo para ofornecimento das divisas que servirão às amor-tizações e ao pagamento dos juros. Os residentesno exterior que forneçam os empréstimos e fi-nanciamentos podem ser governos, entidades fi-nanceiras internacionais, como o Fundo Mone-tário Internacional ou o Banco Mundial, bancose empresas privadas. Os empréstimos são ge-ralmente realizados em moeda estrangeira, des-vinculados de programas e projetos de investi-mento específicos, ao contrário dos financiamen-tos, que na maior proporção de seu montanterequerem a aprovação de um projeto (constru-ção de estradas, hidrelétricas etc.) para seremliberados. A dívida externa registra apenasaqueles empréstimos e financiamentos cujo pra-zo de vencimento é superior a um ano; os re-cursos cujo prazo de vencimento é inferior a umano — os capitais de curto prazo — não sãoregistrados no montante da dívida externa. Adívida externa pode ser considerada dívida ex-terna bruta quando dela não são subtraídas asreservas, e dívida externa líquida quando resul-tante da dívida externa bruta menos as reservas.Veja também Balanço de Pagamentos; Carta deIntenção; Dívida Interna; Moratória; Plano Ba-ker; Plano Brady.

DÍVIDA FLUTUANTE. Dívida cujo período deamortização ou resgate não ultrapassa doze me-ses. Compreende os restos a pagar, os serviçosda dívida a pagar e os débitos de tesouraria.Pode ser entendida também como o conjuntodos débitos de curto prazo assumidos pelo go-verno e representados por títulos negociáveis.Como os títulos de curto prazo permitem maiorliquidez ao meio circulante, uma dívida flutuan-te muito alta pode provocar pressões inflacio-nárias. Por isso, é comum que os governos pro-curem transformar a dívida flutuante em dívidaconsolidada, isto é, com vencimento a longo pra-zo, para restringir a liquidez no mercado.

DÍVIDA FUNDADA. Dívida proveniente de re-cursos obtidos pelo governo sob a forma de fi-nanciamentos ou empréstimos, mediante cele-bração de contratos, emissão ou aceite de títulosou concessão de quaisquer garantias que repre-sentem compromisso assumido para resgate emexercício subseqüente.

DÍVIDA INTERNA. Total dos débitos assumi-dos pelo governo junto às pessoas físicas e ju-rídicas residentes no próprio país. Sempre queas despesas do governo superam a receita, hánecessidade de dinheiro para cobrir o déficit.Para isso, as autoridades econômicas podem op-tar por três soluções: emissão de papel-moeda,

DÍVIDA 180

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aumento da carga tributária e lançamento de tí-tulos. A emissão de papel-moeda nem sempreé inflacionária, mas, em muitos países, há ne-cessidade de autorização do legislativo. O au-mento da carga tributária, além de ser uma me-dida politicamente antipática, pode trazer con-seqüências recessivas, pela diminuição do meiocirculante. Finalmente, a colocação de títulosjunto ao público pode gerar altas violentas nastaxas de juros, provocando um aumento da pró-pria dívida interna (agora acrescida dos juros).Dessa forma, dependendo do nível do déficit,podem ser combinadas as três soluções, commaior ou menor ênfase em cada uma das alter-nativas, de tal maneira que sejam evitados osmales de cada uma delas.

DÍVIDA SÊNIOR. Dívida cujo pagamento temprioridade sobre qualquer outra obrigação. Nocaso de uma empresa estar sendo liquidada, avenda de ativos desta empresa deve ser utilizadaprioritariamente para o pagamento das dívidassênior.

DIVIDENDO. Renda atribuída a cada ação deuma sociedade anônima. É obtida dividindo-seo lucro do exercício financeiro pelo número totalde ações. Em sentido amplo, dividendo é todaespécie de cota, porcentagem ou contribuiçãoobrigatória em qualquer rateio, divisão ou re-partição.

DIVISÃO DO TRABALHO. Veja Trabalho, Di-visão do.

DIVISAS. Letras, cheques, ordens de pagamen-to etc. que sejam conversíveis em moedas es-trangeiras, e as próprias moedas estrangeiras deque uma nação dispõe, em poder de suas enti-dades públicas ou privadas. Veja também Re-servas; Reservas-ouro.

DIVISIA, François Jean-Marie (1889-1964). Nas-ceu na Argélia e formou-se em engenharia em1919. Tornou-se professor de economia aplicadana École Polytechnic entre 1929 e 1959. Foi mem-bro fundador da Sociedade Econométrica em Pa-ris e seu presidente em 1935. Também presidiua Sociedade Estatística de Paris e a SociedadeEconométrica Internacional. Entre suas obrasmais importantes destacam-se L’Indice Monetaireet la Teorie de la Monnaie (O Índice Monetário ea Teoria da Moeda), 1926, Economie Rationnelle(Economia Racional), 1928, e Traitement Écono-métrique de la Monnaie l’Interêt et l’Emploi (Tra-tamento Econométrico do Dinheiro, do Juro edo Emprego), 1962. Na primeira obra, desenvol-veu o chamado Índice de Divisia, seu índice depreços com ponderações variáveis.

DÍZIMO. Tributo obrigatório cobrado pela Igre-ja Católica durante a Idade Média. Correspondia

à décima parte da produção do camponês oumestre artesão. Originou-se na França no séculoIV e difundiu-se por toda a Europa. O párocoou dizimeiro era o encarregado da cobrança. NoBrasil colonial, a Coroa portuguesa cobrava odízimo graças a uma bula papal que concediaesse direito à Ordem de Cristo, cujo mestre erao rei de Portugal. O dízimo foi abolido na Eu-ropa a partir da Revolução Francesa e, no Brasil,perdurou até a independência. Enquanto durou,consistia numa contribuição in natura ou sobreas rendas auferidas de aproximadamente 10%,incidente sobre a produção agrícola, destinadaa assegurar a subsistência dos membros do clero,a celebração dos cultos e o serviço de assistênciahospitalar e manutenção de Santas Casas, quese encarregavam também do sepultamento dosmortos. Hoje, o dízimo tem mais um significadosimbólico do que uma prestação devida e de-terminada que os cidadãos devam pagar. Vejatambém Quinto.

DNER — Departamento Nacional de Estradasde Rodagem. Autarquia vinculada à Secretariados Transportes, cuja tarefa é: 1) elaborar e exe-cutar o planejamento da política rodoviária fe-deral; 2) supervisionar os sistemas rodoviáriosestaduais e municipais, de modo a integrá-losno sistema rodoviário nacional; 3) encarregar-seda construção, melhoria e administração de ro-dovias, pontes e outras obras viárias; 4) controlara aplicação dos recursos provenientes do Im-posto Único sobre Lubrificantes e CombustíveisLíquidos e Gasosos, da arrecadação do pedágioe dos demais recursos destinados ao sistema ro-doviário nacional.

DNOCS — Departamento Nacional de ObrasContra as Secas. Autarquia federal subordinadaao Ministério da Infra-estrutura e ligada à Su-dene. As grandes secas que assolaram o Nor-deste no final do século passado deram origem,em 1909, à Inspetoria de Obras Contra as Secas(Iocs), que em 1924 passou a chamar-se Inspe-toria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs);e em 1945 surgiu o DNOCS, subordinado aoantigo Ministério da Viação e Obras Públicas.Só a partir de junho de 1963 é que o órgão passoua ter autonomia administrativa, com fontes es-pecíficas de receita. O DNOCS atua dentro dochamado Polígono das Secas, área de quase 1milhão de quilômetros quadrados, delimitadapor uma lei de 1951, abrangendo os Estados doPiauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Per-nambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Mi-nas Gerais. Seus objetivos são: 1) realizar estudose projetos para prevenir e combater os efeitosdas secas no Nordeste; 2) executar e operar essesprojetos e atividades indicados pelo ministério,relativos aos recursos hídricos, objetivando es-

181 DNOCS

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pecialmente a irrigação e a construção de açudese de poços profundos. Veja também Sudene.

DNPM — Departamento Nacional da Produ-ção Mineral. Órgão do Ministério da Infra-es-trutura, criado em março de 1934, que tem porfinalidade o planejamento, coordenação e exe-cução dos estudos geológicos em todo o terri-tório brasileiro, bem como a supervisão, fiscali-zação e controle da exploração dos recursos mi-nerais do país.

DOBB, Maurice Herbert (1900-1976). Economis-ta marxista inglês. Elaborou uma análise teóricae histórica do desenvolvimento do capitalismo,além de trabalhos sobre a formação de salários,o cálculo econômico racional e a transformaçãodos sistemas econômicos. Professor do TrinityCollege da Universidade de Cambridge desde1924, Dobb ocupa lugar de importância entreos economistas marxistas contemporâneos pelorigor de suas análises e pela amplitude de suaobra; nela se destacam a teoria econômica, osproblemas do socialismo e a história do desen-volvimento do capitalismo. Profundo conhece-dor da teoria econômica neoclássica, criticou-ae rejeitou-a em seu livro Os Salários, 1926. Dobbfoi um dos primeiros economistas a reconhecera importância política da intervenção dos sin-dicatos e dos poderes públicos no estabeleci-mento de uma política de salários. Também foium dos primeiros economistas ocidentais a es-tudar, desde o início, a economia socialista so-viética, defendendo o socialismo centralizadoem On Economic Theory and Socialism (Teoria Eco-nômica e Socialismo), 1955. Em seguida, porém,admitiu uma transição para uma economia des-centralizada, realizando uma crítica à burocraciae discutindo os temas da democracia dos traba-lhadores e da democracia econômica. Realizouainda uma ampla análise econômica e históricado desenvolvimento do capitalismo em Studiesin the Development of Capitalism, 1946 (traduzidono Brasil como A Evolução do Capitalismo), naqual destaca as características do capitalismocontemporâneo. A obra traz à tona as novas fun-ções econômicas do Estado e os problemas de-correntes do surgimento de um setor socialistamundial e das novas nações do Terceiro Mundo,voltadas para medidas de planejamento econô-mico e de capitalismo de Estado como meio deultrapassar o atraso econômico. Dobb analisouos problemas de crescimento econômico dos paí-ses do Terceiro Mundo e investigou as relaçõesentre o crescimento econômico e as linhas geraisde política econômica em An Essay on Economicabout Growth and Planning (Um Ensaio sobre oCrescimento Econômico e Planejamento), 1960.Além de publicar, junto com o economista PieroSraffa, as obras completas de David Ricardo, es-creveu os seguintes livros: Capitalist Enterprise

and Social Progress (Empresa Capitalista e Pro-gresso Social), 1925; Soviet Economic Developmentsince 1917 (Desenvolvimento da Economia So-viética desde 1917), 1928; Economia Política e Ca-pitalismo, 1937; Marx as Economist (Marx comoEconomista), 1943; Papers on Capitalism, Develop-ment and Planning (Estudos sobre o Capitalismo,Desenvolvimento e Planejamento), 1967; WelfareEconomics and the Economics of Socialism (Econo-mia do Bem-estar e Economia do Socialismo),1969; Theories of Value and Distribution since AdamSmith (Teorias do Valor e da Distribuição desdeAdam Smith), 1973.

DOBRA. Moeda cunhada em ouro no períodocolonial no Brasil. A “de quatro escudos”equivalia a 6 400 réis e a de “oito escudos”,a 12 800 réis. É também a unidade monetáriade São Tomé e Príncipe. Submúltiplo: centavo.

DOBRÃO. Moeda cunhada em ouro no Brasilcolonial, com valor equivalente a 24 mil réis.

DOENÇA DE MINAMATA. Veja Minamata,Mal de.

DÓLAR. Unidade monetária dos Estados Uni-dos da América e de outros catorze países. Adenominação tem origem provavelmente no tha-ler, velha moeda que circulou na Alemanha, ouno daler sueco. Desde 1971, quando os EstadosUnidos abandonaram oficialmente o padrãocâmbio-ouro, e a conversibilidade do dólar emouro numa taxa fixa, o valor de moeda norte-americana tem flutuado livremente em relaçãoàs outras moedas nos mercados internacionaisde câmbio. Na realidade, o dólar sofreu umaforte desvalorização desde 1971, quando umaonça troy de ouro equivalia a 35 dólares; em 1997uma onça de ouro valia (em dólares) cerca dedez vezes mais do que em 1971. A partir de1996, no entanto, o dólar vem se fortalecendoem relação às demais moedas, especialmenteporque a situação fiscal dos Estados Unidos vemmelhorando e as projeções indicam a eliminaçãodo déficit público até o ano 2000. Veja tambémUnidades Monetárias Internacionais.

DÓLAR, Escassez de. Fenômeno econômico-fi-nanceiro (dollar gap) que se caracteriza por ex-cessiva demanda de dólares no mercado mun-dial. Ao mesmo tempo, não ocorre um movi-mento equivalente nas operações cambiais, en-volvendo as moedas nacionais que se encontramdesvalorizadas em relação ao dólar. Embora ofenômeno já tivesse ocorrido logo depois da Pri-meira Guerra Mundial com o dólar e tambémcom a libra esterlina, a escassez do dólar foi umcaso típico do fim da Segunda Guerra Mundialaté meados dos anos 50, quando a moeda nor-te-americana substituiu definitivamente a ingle-sa no âmbito internacional. Nessa época, os paí-

DNPM 182

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ses europeus, asiáticos e africanos devastadospelo conflito lançaram-se a uma intensa buscade dólares para fazer frente às necessidades dareconstrução; ao mesmo tempo não dispunhamde reservas em ouro nem contavam com umcomércio exportador capaz de captar divisas.Esse desequilíbrio passou então a ser cobertopor meio de empréstimos aos Estados Unidos,contenção de importações e emprego de meca-nismos eficientes para o controle cambial. Essasmedidas, no entanto, se revelariam insuficientespara a recuperação das economias destruídaspela guerra, o que levou à implantação, na Eu-ropa, do Plano Marshall, marcado por uma gran-de captação de investimentos norte-americanosna região. Com isso, houve uma gradual recu-peração da capacidade produtiva européia eequilibraram-se as relações cambiais internacio-nais baseadas no dólar. Atualmente, muitos or-ganismos financeiros internacionais (como oFMI) atuam como instrumentos de prevenção auma possível escassez de dólares. Veja tambémPlano Marshall.

DOLLAR GAP. Veja Dólar, Escassez de.

DOMAR, Evsey David (1914- ). Economista ematemático norte-americano que desenvolveuum modelo abstrato de crescimento econômico.Para isso, baseou-se no pressuposto keynesianode que o investimento é igual à poupança; acres-centou, entretanto, uma segunda igualdade, queconsiderou necessária para assegurar o equilí-brio do pleno emprego: a de que o crescimentoda renda nacional deve ser igual ao da capaci-dade produtiva. Em seu modelo, Domar concluique o equilíbrio econômico e o pleno empregosó podem ser concebidos numa situação de cres-cimento. E a taxa de crescimento que asseguraesse equilíbrio do pleno emprego será igual aoproduto da propensão à poupança pelo coefi-ciente de intensidade do capital. Domar iniciousua teoria do crescimento no artigo “Capital Ex-pansion Rat of Growth and Employment” ("Ex-pansão do Capital, Taxa de Crescimento e Em-prego"), publicado em 1940 na revista Econome-trica. Desenvolveu esse trabalho em seguidanum artigo para a American Economic Review, in-titulado “Expansion and Employment” ("Expan-são e Emprego"), 1946, e no livro Essays in theTheory of Economic Growth (Ensaios sobre a Teo-ria do Crescimento Econômico), 1957. Veja tam-bém Modelo Harrod-Domar.

DOMICÍLIO PARTICULAR. É o domicílio deuma família censitária. Este conceito estatísticose caracteriza pelo local onde uma pessoa dor-me. Assim, o estabelecimento comercial, indus-trial, de serviços, escolar etc. no qual uma pessoadorme é considerado seu domicílio particular.

DOMINAÇÃO ECONÔMICA. Veja Depen-dência; Imperialismo.

DOMÍNIO. Toda soma de poder ou de direitoque se tem sobre uma coisa ou uma pessoa. Emalguns casos, a palavra indica a propriedade debens móveis ou imóveis, mas, a rigor, proprie-dade e domínio são dois conceitos diferentes: épossível ter domínio sobre um bem sem que seseja proprietário dele.

DOMÍNIO IMINENTE. Direito que tem o Es-tado de desapropriar bens particulares, median-te indenização.

DOMÍNIO PÚBLICO. Bens que pertencem aoEstado (União, Estados e municípios), inaliená-veis, e que podem ser usufruídos por toda apopulação; são obras literárias e artísticas, ruas,praças, rios, praias etc. No caso de obras literá-rias, estas tornam-se de domínio público depoisde passados cinqüenta anos de sua publicação.

DOMÍNIO ÚTIL. Veja Enfiteuse.

DONG. Unidade monetária do Vietnã. Submúl-tiplo: xu ou hao.

DONOR. Veja Trust.

DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. Toda e qual-quer verba prevista como despesa em orçamen-tos públicos e destinada a fins específicos. Qual-quer tipo de pagamento que não tem dotaçãoespecífica só pode ser realizado se for criadauma verba nova ou dotação nova para suprir adespesa.

DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA. Conjuntodos pronunciamentos da Igreja Católica Roma-na, com base nos textos da Bíblia e dos pensa-dores cristãos, apresentando normas para aná-lise e solução dos problemas sociais. Tais decla-rações não possuem valor dogmático, consti-tuindo, porém, documentos oficiais, sob a formade encíclicas, discursos e mensagens sociais dospapas, e das conclusões sobre temas sociais pu-blicadas pelos bispos em conjunto e pelas con-ferências episcopais. A doutrina social da Igrejaestá compendiada principalmente nas grandesencíclicas sociais. Rerum Novarum, a primeira de-las, foi promulgada em 1891 pelo papa Leão XIII,diante das condições miseráveis da classe pro-letária criadas pela Revolução Industrial, quan-do chegavam até a Igreja as tensões entre o ca-pitalismo e o socialismo marxista. Procurandomanter-se eqüidistante dos dois sistemas, defen-dia o direito de livre associação dos trabalha-dores e a intervenção do Estado na economia,denunciava o liberalismo capitalista e apontavao socialismo como o perigo mais ameaçador.Quarenta anos depois, ainda dentro da crisemundial causada pela depressão econômica nor-

183 DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

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te-americana, Pio XI publicou a encíclica Qua-dragesimo Anno (1931), ratificando a anterior eelaborando um modelo alternativo: o corpora-tivismo cristão. O mesmo papa publicou aindaas encíclicas Non Abbiamo Bisogno (1931), contrao fascismo, e Mit Brennender Sorge (1937), contrao nazismo. João XXIII, com a abertura do Con-cílio Vaticano II e com duas encíclicas, dá aopensamento social da Igreja uma direção mar-cantemente realista. Na Mater et Magistra (1961),a palavra “socialização” aparece pela primeiravez nos documentos pontifícios. Em 1963 surgea Pacem in Terris, apontando como sinais dostempos a ascensão das classes trabalhadoras, apromoção da mulher e o fim do colonialismo.O concílio, com o documento intitulado Gaudiumet Spes e a obra de Paulo VI, acentua o papelda pastoral social. Duas encíclicas marcam esseperíodo: a Populorum Progressio (Paulo VI, 1967)e a Laborem Exercens (João Paulo II, 1981). Comonos demais documentos, defende-se aí a digni-dade do trabalho e sua primazia sobre o capital,condena-se a luta de classes e se proclama alegitimidade e a função social da propriedadeprivada, inclusive dos meios de produção. Do-cumentos particularmente importantes para adoutrina social da Igreja são os aprovados na IIe na III Celam (Conferência Geral do EpiscopadoLatino-Americano). A II Celam, realizada emMedellín (Colômbia), em 1968, assumiu a cons-ciência da necessidade de libertação das massaspobres da América Latina e consagrou a expe-riência das comunidades de base, núcleos cris-tãos que se inspiram na chamada teologia dalibertação. A III Celam, reunida em 1979 em Pue-bla (México), sob a presidência de João PauloII, definiu a missão pastoral como “opção pre-ferencial pelos pobres”. Entre as Conclusões dePuebla, lê-se: “Esta opção, exigida pela escanda-losa realidade dos desequilíbrios econômicos daAmérica Latina, deve levar a estabelecer umaconvivência humana digna e a construir umasociedade justa e livre”. Em 1993, a encíclica Ve-ritas Splendor deslocou o eixo das preocupaçõessobre as questões sociais, que marcaram encí-clicas anteriores, para problemas mais gerais eabstratos. A verdade, o sentido moral dos atose a liberdade, entendida não como inde-pendência ou autonomia, mas como a possibili-dade e a capacidade de agir bem, passam a cons-tituir os principais temas dessa nova encíclica.

DOW JONES. Índice utilizado para o acompa-nhamento da evolução dos negócios na Bolsade Valores de Nova York. Seu cálculo é feito apartir de uma média das cotações entre as trintaempresas industriais de maior importância naBolsa de Valores, as vinte companhias ferroviá-rias mais destacadas e as quinze maiores em-presas concessionárias de serviços públicos.

DOW JONES AVERAGES. Veja Médias DowJones.

DOW THEORY. Teoria explicativa do movi-mento das cotações das ações baseada na inter-pretação das oscilações das médias Dow Jones,que considera as tendências das ações das prin-cipais empresas industriais e de transportes dosEstados Unidos. Para a determinação da direçãodas principais tendências, a teoria as classificacomo: a) primárias, consistindo nos maiores mo-vimentos de alta ou baixa; b) secundárias, quesão reversões temporárias nas tendências pri-márias. As flutuações diárias não são conside-radas individualmente, mas tomadas em seuconjunto formam os dois primeiros movimen-tos. As cotações de fechamento das empresasindustriais e de transporte (originalmente as em-presas de estradas de ferro) são usadas apenascomo dados básicos. A tendência primária écomparada com as marés; a tendência secundá-ria, com as ondas, e as flutuações diárias, comas espumas. O objetivo de previsão na aplicaçãoda Teoria Dow é determinar a direção da ten-dência primária (a maré). Uma vez estabelecido,o movimento primário prossegue na mesma di-reção, embora interrompido por movimentos se-cundários, até que se confirme uma mudançade direção do movimento. As tendências dasempresas industriais têm de ser confirmadas pe-las empresas de transporte, ou vice-versa, na in-dicação da mudança das tendências primárias.Em sua versão atual, a Teoria Dow foi reformu-lada por William P. Hamilton, sucessor de Char-les Dow (depois da morte deste em 1902) nachefia de redação do Wall Street Journal. Vejatambém Teoria das Vagas.

DOWBOR, Ladislau (1941- ). Nasceu na Françae obteve a graduação em economia política pelaÉcole des Sciences Sociales et Politiques (Facultéde Droit) da Universidade de Lausanne (Suíça)em 1968, obtendo o doutoramento em CiênciasEconômicas pela Escola Central de Planificaçãoe Estatística de Varsóvia, na Polônia. Seus tra-balhos e pesquisas têm se desenvolvido no cam-po da política econômica, com destaque para oplanejamento central, a participação comunitá-ria e os mecanismos de concertamento interna-cional. Trabalhou nessa direção, como consultorde projetos das Nações Unidas, em países emdesenvolvimento da África e da América Latina.Entre seus livros mais importantes, destacam-se:Formação do Capitalismo Dependente no Brasil(1977) e Salários e Lucros na Divisão Internacionaldo Trabalho (1982). Entre 1989 e 1991, foi Secre-tário dos Negócios Extraordinários da Prefeiturade São Paulo. Atualmente, é professor de eco-nomia no curso de pós-graduação da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo.

DOW JONES 184

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DOYUKAI. Termo em japonês que significa as-sociação empresarial fundada em 1946 por umgrupo de jovens e progressistas dirigentes dascorporações mais importantes do Japão. Insatis-feitos com as lideranças empresariais até entãopredominantes e diante da crise do pós-guerra,cerca de setenta executivos (atualmente são maisde mil) fundadores da associação procuraramformular uma ideologia empresarial ou admi-nistrativa compatível com a situação do pós-guerra. Desse pequeno núcleo inicial, a associa-ção cresceu para tornar-se uma importante or-ganização do mundo dos negócios, gozando degrande influência e prestígio. As principais ca-racterísticas dessa associação são as seguintes:1) sua preocupação fundamental foi articularuma ideologia empresarial com as condições im-postas por uma nova era (pós-guerra); 2) o corpode associados é quase exclusivamente formadopor executivos com as características daquelesque surgiram no pós-guerra, representando por-tanto as posições dessa nova camada de admi-nistradores; 3) todas as manifestações de caráterideológico emitidas pela associação são resul-tantes de cuidadosas e extensas discussões quevão desde os líderes até a base dos associados;4) como principal porta-voz das concepções des-sa nova classe de dirigentes empresariais, oDoyukai tem tido grande influência na formaçãode novos administradores, uma vez que seusassociados têm ganho posições de destaque eliderança nas principais empresas japonesas.

DRACMA. Antiga moeda cunhada em prata apartir do século IV a.C. e cujo valor, inicialmen-te, correspondia a 4,9 g de prata, mas que, pos-teriormente, foi reduzido para 3,40 g. É tambémunidade de medida de peso para pedras e metaispreciosos, equivalente a 27,3437 grãos ou 1,771 g,e que se mantém até hoje no sistema Avoirdu-pois. Atualmente, o Dracma é grafado com“Dram” em inglês. É também a denominaçãoda unidade monetária da Grécia, tendo comosubmúltiplo o ieptae.

DRAGNET CLAUSE. Veja Cross-collateral.

DRAM. Veja Dracma.

DRAs. Iniciais de Depósitos a Prazo de Reapli-cação Automática. Veja também TBF (Taxa Bá-sica Financeira).

DRAWBACK VERDE-AMARELO. Veja Draw-back.

DRAWBACK. Termo em inglês que significaliteralmente “devolução” ou “reembolso” e que,utilizado no comércio internacional, significa adevolução de impostos alfandegários pagos pormercadorias importadas e que são reexportadaspara um terceiro país. No Brasil, no início dos

anos 80 (Instrução Normativa SRF nº 52, de3/6/1983), criou-se o Drawback Verde-Amarelo,que é um sistema praticamente idêntico ao sis-tema tradicional do drawback, com a única dife-rença que a matéria-prima utilizada no produtoexportado é comprada no mercado interno, aocontrário do sistema tradicional, em que ela éimportada.

DRIVE. Termo em inglês que significa um sú-bito ataque sobre as cotações de títulos ou com-modities por parte dos vendedores, numa tenta-tiva de reduzir os respectivos preços.

DRUCKER, Peter (1909- ). Consultor de empre-sas norte-americano, acadêmico e ensaísta sobretemas de administração que popularizou o con-ceito de management by objectives (administraçãopor objetivos) e que também contribuiu para odesenvolvimento da prática do planejamentonas grandes empresas. É considerado um dosprincipais autores da Escola Neoclássica. Seuslivros mais importantes são os seguintes: ThePractice of Management (Prática da Administra-ção), 1954; An Introductory View of Management(Introdução à Administração), 1973; Innovationand Entrepreneurship (Inovação e Espírito Em-preendedor), 1985; Managing for the Future (Ad-ministrando para o Futuro), 1992, e The Post Ca-pitalist Society (A Sociedade Pós-Capitalista),1993. Veja também ABO.

DRY FARMING. Expressão inglesa que signi-fica o desenvolvimento da agricultura nas con-dições do solo semi-árido. Esta forma de cultivoteve especial relevância no desenvolvimento daagricultura dos Estados Unidos durante o séculoXIX, quando a colonização se estendeu a oestedo rio Mississípi. Os moinhos de vento tiveramespecial importância como força motriz para acaptação de água no subsolo.

DU PONT DE NEMOURS, Pierre Samuel. Ad-ministrador, político e economista francês (1739-1817), um dos mais influentes membros do gru-po dos fisiocratas. Discípulo de Quesnay, em1764 publicou L’Importation et l’Exportation desGrains (A Importação e a Exportação de Cereais),defendendo as teses de Turgot em favor da li-berdade do comércio internacional de cereais.Em 1765, tornou-se diretor do Journal de l’Agri-culture, du Commerce et des Finances. Em 1768,publicou Origines et Progrès d’une Science Nou-velle (Origens e Progresso de uma Ciência Nova),considerado um excelente resumo da doutrinafisiocrática. Com a morte de Turgot em 1781,Du Pont de Nemours passou a ser a eminênciaparda de muitos políticos da época e autor damaior parte das reformas econômicas e admi-nistrativas que se processaram entre 1780 e 1789.Após a eclosão da Revolução Francesa, foi preso,

185 DU PONT DE NEMOURS, Pierre Samuel

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exilando-se depois nos Estados Unidos, onde co-laborou com Jefferson (1743-1826) num plano deeducação nacional. De volta à França em 1809,ali permaneceu até 1814, quando se instalou de-finitivamente nos Estados Unidos. Neste país,deixou importantes descendentes, entre os quaiso criador do grande complexo de indústrias quí-micas que leva seu nome.

DUAL CURRENCY BOND. Expressão em in-glês que designa título que proporciona jurosnuma moeda, mas no vencimento é pago emoutra. Por exemplo, um título desse tipo podeser emitido por um banco alemão, pagando ju-ros em marcos alemães, mas no vencimentopode ser convertido em dólares dos EstadosUnidos.

DUALISMO. Concepção segundo a qual as eco-nomias encontram-se divididas em dois setoresque de certa forma se opõem, como, por exem-plo, a indústria e a agricultura, ou um setor mo-derno e um arcaico, um avançado e outro atra-sado, um rural e outro urbano. Esta concepçãoorigina-se em Malthus (Thomas Robert, 1766-1834), o qual considerava a economia constituídade dois setores: a agricultura e a indústria. Essametodologia era utilizada para facilitar a com-preensão do todo. No Brasil, o dualismo desen-volveu-se a partir dos anos 50 com as concepçõesestruturalistas (os Dois Brasis ou o DualismoEstrutural), sendo que as estruturas atrasadasdo meio rural seriam um impedimento ao de-senvolvimento dos setores dinâmicos como a in-dústria, na medida em que não eram capazesde proporcionar alimentos e matérias-primasbaratas para a indústria, provocando de um ladoa inflação (oferta inelástica de alimentos) e deoutro uma pressão sobre as importações dessesprodutos, contribuindo para os déficits comer-ciais. A solução seria a reforma agrária, paraquebrar essa estrutura arcaica, modernizando-a.Veja também Estruturalistas; Plano Trienal (deDesenvolvimento Econômico e Social).

DUALISMO ESTRUTURAL. Veja Dualismo.

DUCADO BRASILEIRO. Moeda cunhada noBrasil durante a ocupação holandesa (1645-1654), com valores equivalentes a 3, 6 e 12 flo-rins. Foram as primeiras moedas cunhadas emterritório brasileiro e tinham o formato retangu-lar ou rombóide, com as iniciais GWC repre-sentando o nome da Geoctroyerde WestindischeCompagnie (Companhia Privilegiada das ÍndiasOcidentais), companhia holandesa que finan-ciou a ocupação de 1645 a 1654. Cunhadas emouro, as moedas tinham um valor 20% superioràs da Holanda, a fim de que não saíssem doBrasil e pudessem ser mais tarde recolhidas.

DUE PROCESS OF LAW. Expressão em inglêsque significa literalmente “devido processo le-gal”. Constitui um princípio universal dos es-tados de direito, com origem no direito anglo-americano, e seu principal elemento é a garantiaconstitucional do direito de defesa a todo acu-sado. Dessa forma, processo administrativo semoportunidade de defesa, ou com a defesa cer-ceada, torna-se nulo.

DUESENBERRY. Veja Hipótese Modigliani-Duesenberry.

DÜHRING, Karl Eugen (1833-1921). Filósofo po-sitivista alemão conhecido por atacar as concep-ções de Karl Marx e Friedrich Engels em seusescritos e conferências feitos a partir de 1870.Engels, por sua vez, escreveu em resposta o lon-go livro Herrn Eugen Dührings Umwälzung derWisenschaft (A Subversão da Ciência pelo SenhorEugen Dühring), 1878, conhecido como o Anti-Dühring, e que adquiriu grande importânciapara a teoria do materialismo dialético e histó-rico. O pensamento de Dühring alia ao positi-vismo de Comte a economia política de H.C.Carey, o materialismo mecanicista e o socialismoutópico. Foi professor na Universidade de Ber-lim de 1864 a 1877 e escreveu Kapital und Arbeit(Capital e Trabalho), 1865; Careys Umwälzung derVolkswirtschaftslehre und Sozialwissenschaft (Re-volução de Carey na Teoria Econômica e na So-ciologia), 1865; Kritische Geschichte der Philosophie(História Crítica da Filosofia), 1869; Cursus derNational und Sozialökonomie (Curso de EconomiaPolítica e Social), 1873-1892, uma de suas obrasde maior sucesso.

DUMMY (Variable). Uma variável que consi-dera as alterações exógenas ou mudanças de in-clinação de uma curva numa relação economé-trica. Por exemplo, as variáveis dummy podemser utilizadas para a estimação das influênciassazonais sobre um conjunto de dados. Atribuin-do a uma dummy o valor 1 para os meses doinverno e 0 para os demais, ela indicará em quemedida uma relação econométrica (por exem-plo, preços de produtos agrícolas e quantidadesproduzidas) se alterará durante o inverno emrelação aos demais meses do ano. Quando o ter-mo é aplicado a respeito de diretores de empre-sas, funcionários graduados, acionistas etc., de-signa uma pessoa que atua como representantede outra, mas que só o faz formalmente, isto é,não assume responsabilidades reais pela funçãodesempenhada, como, por exemplo, acontecequando uma pessoa é designada a um cargoapenas para completar o número exigido porlei etc. Veja também Dummy Incorporators.

DUMMY INCORPORATORS. Expressão eminglês que designa as pessoas que durante o pe-

DUAL CURRENCY BOND 186

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ríodo de formação de uma empresa atuam comoincorporadores e diretores, em seguida passan-do essas funções para os reais proprietários. Estaprática existe e as pessoas que assumem essasfunções são pagas para que os reais proprietá-rios não tenham de perder tempo comparecendoa uma série de reuniões necessárias à formaçãode uma nova empresa.

DUMPING. Prática comercial que consiste emvender produtos a preços inferiores aos custos,com a finalidade de eliminar concorrentes e/ouganhar maiores fatias de mercado. No mercadointernacional, o dumping pode ser persistentequando existem subsídios governamentais parao incremento das exportações e as condições demercado permitem uma discriminação de pre-ços tal que a maior parte dos lucros de umaempresa que o pratica seja obtida no mercadointerno. O dumping temporário é utilizado paraafastar concorrentes de determinados mercadosquando um país necessita colocar neles exce-dentes de certos produtos, sem prejudicar ospreços praticados em seu mercado interno. AComunidade Econômica Européia (agora UniãoEuropéia) proíbe o dumping. E o Acordo Geralde Tarifas e Comércio (Gatt) — agora substi-tuído pela Organização Mundial do Comércio(OMC) — permite a introdução de tarifas es-peciais ou sobretaxas de importação como for-ma de limitar os efeitos de tal política. Essasmedidas, entre outras, são denominadas me-didas antidumping.

DUMPING SOCIAL. À medida que a globali-zação da produção, isto é, produção e forneci-mento de produtos em escala mundial, se apro-funda, vai atingindo o capital, os bens e a tec-nologia, mas não os trabalhadores. Os países quevêm perdendo condições competitivas, especial-mente em face daqueles que contam com mão-de-obra barata e pagam encargos sociais muitobaixos, acusam estes últimos de estar praticandodumping social, isto é, sacrificando seus trabalha-dores (em seu bem-estar) para conquistar mer-cados de seus vizinhos. Veja também Dumping;Global Sourcing; Globalização.

DUMPING TEMPORÁRIO. Veja Dumping.

DUODECIMAL (Sistema). Veja Sistemas de Pe-sos e Medidas.

DUOPÓLIO. Situação de mercado caracteriza-da pela existência de apenas dois vendedoresde determinada mercadoria ou serviço. As em-presas que o compõem estão de tal modo ligadasque qualquer mudança verificada numa delasirá influenciar a outra. Por isso, cada empresaprocura estar sempre atenta não só ao que aoutra faz, mas também ao que fará no futuro.Para amenizar essa tensão, que pode ser preju-

dicial a ambas, é comum que as empresas en-trem em acordo, estabelecendo preços únicos etomando outras medidas análogas, com o quecriam na prática um monopólio. O estudo doduopólio é de interesse analítico para os econo-mistas, por constituir um caso simplificado de oli-gopólio. Veja também Monopólio; Oligopólio.

DUOPSÔNIO. Situação de mercado caracteriza-da pela existência de apenas dois compradoresde determinada mercadoria ou serviço. É o con-trário de duopólio. Veja também Monopsônio.

DUPLICATA. Título privado de crédito me-diante o qual o comprador de um bem se com-promete a pagar ao vendedor, no prazo fixado,a importância estipulada. Corresponde a umacópia da fatura que, nas vendas comerciais aprazo, o vendedor é obrigado a entregar ao com-prador; este devolverá ao vendedor a duplicataassinada, caso as condições da transação aten-dam ao combinado. A duplicata contém o nú-mero e a importância da fatura, os nomes e osdomicílios do vendedor e do comprador, a datade vencimento, a cláusula, a ordem e o lugaronde deve ser feito o pagamento. Em geral, ovendedor negocia a duplicata com um estabe-lecimento bancário e este encarrega-se de cobrá-la do comprador. As duplicatas são protestáveispor falta de assinatura, devolução ou pagamen-to. Emitir uma duplicata sem venda de merca-dorias (fraude a que recorrem certas empresasquando escasseia o crédito na praça) é crimepunível por lei.

DURKHEIM, Émile (1858-1917). Pensador fran-cês, foi um dos criadores da sociologia científica.Para ele, os fatos sociais devem ser estudadoscomo “coisas”, independentes das consciênciasindividuais, assim como os fenômenos físicos.Opôs-se à tendência de transformar a sociologianum simples raciocínio dedutivo a partir de leisuniversais, como pretendia Augusto Comte eseus seguidores positivistas. O que caberia à so-ciologia seria procurar leis que expressassemcom precisão as relações empíricas entre os gru-pos sociais. Para isso, seriam necessários doisrequisitos: a existência de um objeto específico— o fato social — e a possibilidade de se ob-servar e explicar esse objeto de modo análogoao das demais ciências. Em seu primeiro grandelivro, Da Divisão do Trabalho Social, 1893, Durk-heim caracteriza a sociedade moderna pelo au-mento da divisão do trabalho social, exigido pelacrescente complexidade das atividades econô-micas. Isso instaura um tipo de solidariedadeque ele chama de “orgânica”, baseada na dife-renciação dos indivíduos; ela se contrapõe à so-lidariedade mecânica, característica das socieda-des sem escrita, onde os indivíduos diferempouco entre si e partilham os mesmos valores

187 DURKHEIM, Émile

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e sentimentos. Num livro posterior, O Suicídio,Estudo Sociológico, 1897, trata a divisão orgânicado trabalho como um desenvolvimento normale desejável para as sociedades humanas, poisaumentaria a iniciativa pessoal em substituiçãoà autoridade da tradição, mas ressalva que énecessário que a tarefa de cada um correspondaa seus desejos e aptidões.

DUROS. Denominação popular dada na Espa-nha, desde o século XIX, às moedas de prata de5 pesetas, cunhadas em 1860, e que se mantêmaté hoje naquele país.

DUTIES ON BUYER’S ACCOUNT. Veja Ex-Quay.

DUTY PAID. Veja Ex-Quay.

DÚZIA. Maneira mais comum de contagem deunidades de mercadorias no comércio. Corres-ponde a doze unidades, e o termo vem do latimduodecim (doze) — duo (dois) e decem (dez). Dozedúzias formam uma grosa, e doze grosas rece-bem a denominação de grande grosa.

DWT. Veja Pennyweight.

E E. Inicial de uma série de termos em economia,entre os quais: 1) exportações; 2) escudo (unidademonetária de Portugal); 3) estimativa; 4) The Eco-nomist (Revista).

EAGLE. Termo em inglês que significa, literal-mente, “águia”, utilizada para designar antigasmoedas de 10 dólares em ouro cunhadas nosEstados Unidos. Em 1934, deixaram de ser cu-nhadas.

EARLY-BIRD FARMER. Expressão em inglêsque designa os agricultores (fazendeiros gran-jeiros) nos Estados Unidos que adotam as tec-nologias mais avançadas para o setor, aumen-tam a produtividade de suas fazendas e conse-guem sobreviver na acirrada concorrência exis-tente nesse setor. Veja também Laggards.

EARMARKING. Termo em inglês que significaa prática, em administração pública, de vincularcertos gastos com as receitas obtidas de taxasdeterminadas. Esta medida é controvertida, poispode trazer certa rigidez ao gasto público, em-bora exista também a possibilidade de, por se-

rem os benefícios decorrentes destinados aosque pagaram as taxas, as mesmas serem consi-deradas preços. No Brasil, os recursos obtidosdessa forma e vinculados a determinados finssão denominados recursos “carimbados”.

EASY MONEY. Dinheiro que pode ser obtidoa taxas muito baixas de juros e sem dificuldade,por existir grande liquidez no sistema bancáriode uma economia.

EB. Veja CB.

EBIT. Iniciais da expressão em inglês earningsbefore interest and taxes, que significa “rendimen-tos antes dos juros e impostos”. Dependendoda magnitude destes últimos, uma situação ini-cialmente muito favorável pode transformar-senuma situação empresarial bastante precária.

ECOLOGIA. Área das ciências biológicas queestuda os seres vivos em relação com o ambien-te. A maior unidade ecológica conhecida, a bios-fera — que abrange todos os ambientes ondevivem os seres vivos —, pode ser dividida emsubunidades ecológicas menores, os ecossistemas.Um deserto, uma floresta tropical ou um lagosão ecossistemas nos quais existe um delicadoequilíbrio entre os organismos e o ambiente.Uma pequena modificação pode alterar esseequilíbrio e modificar o ecossistema. As mudan-ças naturais nos ecossistemas são relativamentelentas, o que permite que eles evoluam juntocom as modificações. As alterações ambientaisprovocadas pelo homem, no entanto, são vio-lentas e suas conseqüências, muitas vezes irre-versíveis. A mão humana foi responsável peladestruição de muitos ecossistemas e pela extin-ção de inúmeras espécies de animais e vegetais.A utilização desregrada de inseticidas e herbi-cidas, por exemplo, além de poluir o ambientedo homem e contaminar seus próprios alimen-tos, permite o crescimento populacional de es-pécies mais resistentes ou que não encontrammais seus inimigos naturais. Como conseqüên-cia, baratas, pernilongos, mosquitos diversosproliferam, destruindo lavouras e alimentos ar-mazenados e transmitindo doenças ao homeme aos animais domésticos. Outro exemplo é adestruição de florestas para a extração predató-ria de madeira. A falta de vegetação, além dealterar o clima, diminui a capacidade de infil-tração da água no subsolo, provocando a escas-sez de fontes de água potável e de recursos hí-dricos. As violentas enxurradas que se formamdevido à inexistência do obstáculo vegetal, alémde erodir o solo, carregam sua parte mais fértil,exigindo dos agricultores grandes investimentosem adubos e fertilizantes. A terra carregada as-soreia rios, e estes, pela diminuição da vazãode suas águas, provocam enchentes, que des-troem lavouras e criações de animais. A Cons-

DUROS 188

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tituição de 1988 estabeleceu, no artigo nº 225,uma série de dispositivos em defesa do meioambiente, declarando a floresta amazônica bra-sileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-gros-sense e a zona costeira patrimônio nacional, edeterminando sanções penais e administrativasàs pessoas físicas ou jurídicas cuja conduta forlesiva ao meio ambiente, independentemente daobrigação de reparar os danos causados. As usi-nas nucleares deverão ter sua localização defi-nida em lei federal, sem o que não poderão serinstaladas. Veja também Bhopal; Economias Ex-ternas; Devastação; Minamata, Mal de; Pigou,Arthur C.

ECONOMÊS. Designação dada por não-econo-mistas ao linguajar, geralmente de difícil com-preensão, utilizado por economistas em suasanálises, textos, discursos etc. sobre a conjunturaeconômica de um país.

ECONOMETRIA. Ramo da economia que cui-da do estabelecimento de leis quantitativas paraos fenômenos econômicos. Partindo da teoriaeconômica geral, analisa os dados fornecidospela estatística, mediante a aplicação de métodosmatemáticos. Com isso, prepara o quadro de va-riáveis concretas que poderá servir de base auma programação econômica. Um dos aspectosinovadores da econometria foi a possibilidadede exprimir, em linguagem matemática, as leiseconômicas, anteriormente formuladas de formaliterária, o que dificultava sua comprovação em-pírica. Na econometria, o método segue quatrofases: especificação (construção do modelo eco-nométrico a partir do modelo econômico suge-rido); estimativa (determinação aproximada deparâmetros para os modelos econométricos); ve-rificação (aceitação ou rejeição das hipótesesapoiadas em determinada teoria econômica);previsão (apresentação dos dados que permitamorientar uma política econômica). Veja tambémEscola Matemática; Estatística.

ECONOMIA. Ciência que estuda a atividadeprodutiva. Focaliza estritamente os problemasreferentes ao uso mais eficiente de recursos ma-teriais escassos para a produção de bens; estudaas variações e combinações na alocação dos fa-tores de produção (terra, capital, trabalho, tec-nologia), na distribuição de renda, na oferta eprocura e nos preços das mercadorias. Sua preo-cupação fundamental refere-se aos aspectosmensuráveis da atividade produtiva, recorrendopara isso aos conhecimentos matemáticos, esta-tísticos e econométricos. De forma geral, esseestudo pode ter por objeto a unidade de pro-dução (empresa), a unidade de consumo (famí-lia) ou então a atividade econômica de toda asociedade. No primeiro caso, os estudos perten-cem à microeconomia e, no segundo, à macroe-

conomia. A palavra “economia”, na Grécia An-tiga, servia para indicar a administração da casa,do patrimônio particular, enquanto a adminis-tração da polis (cidade-estado) era indicada pelaexpressão “economia política”. A última expres-são caiu em desuso e só voltou a ser empregada,na época do mercantilismo, pelo economistafrancês Antoine Montchrestien (1615); os econo-mistas clássicos utilizavam-na para caracterizaros estudos sobre a produção social de bens vi-sando à satisfação de necessidades humanas nocapitalismo. Foi somente com o surgimento daescola marginalista, na segunda metade do sé-culo XIX, que a expressão “economia política”foi abandonada, sendo substituída apenas por“economia”. Desde então, é a denominação do-minante nos meios acadêmicos, enquanto o ter-mo “economia política” ficou restrito ao pensa-mento marxista. Modernamente, de acordo comos objetivos teóricos ou práticos, a economia sedivide em várias áreas: economia privada, pura,social, coletiva, livre, nacional, internacional, es-tatal, mista, agrícola, industrial etc. Ao mesmotempo, o estudo da economia abrange numero-sas escolas que se apóiam em proposições me-todológicas comumente conflitantes entre si.Isso porque, ao contrário das ciências exatas, aeconomia não é desligada da concepção de mun-do do investigador, cujos interesses e valoresinterferem, conscientemente ou não, em seu tra-balho científico. Em decorrência disso, a econo-mia não apresenta unidade nem mesmo quantoa seu objeto de trabalho, pois este depende davisão que o economista tem do processo pro-dutivo. Veja também Economia Política.

ECONOMIA APLICADA. Emprego pragmáti-co do conhecimento das leis econômicas visandoa disciplinar e orientar a atividade produtiva.Enquanto a chamada “economia pura” cuida daformulação conceitual abstrata da realidade eco-nômica, a economia aplicada tem a função nor-mativa de determinar alternativas, métodos eprocessos de produção tanto no âmbito da em-presa quanto no da sociedade. Na medida emque utiliza recursos técnicos para atender às ne-cessidades práticas do processo econômico, aeconomia aplicada vai se especializando e se ra-mifica em: economia industrial, economia agrícola,economia comercial e economia financeira. Essa es-pecialização corresponde ao objetivo de racio-nalizar os processos de produção, distribuiçãoe consumo. A normatização da ciência econô-mica nas economias de mercado é característicado capitalismo moderno, marcado pelo poderda empresa monopolista e pela intervenção doEstado na atividade produtiva. O controle dosprocessos produtivos baseado na aplicação dosconhecimentos fornecidos pela teoria econômicatambém é — pelo menos no plano da ideologia

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— o elemento norteador da economia dos paísessocialistas. Veja também Economia.

ECONOMIA CENTRALIZADA (ou Central-mente Planificada). Denominação dada às eco-nomias socialistas, por oposição à descentrali-zação que caracteriza as economias capitalistasou de mercado. Distingue-se pela propriedadeestatal dos meios de produção e pela planifica-ção centralizada da economia nacional. O Esta-do, por meio de órgãos especializados, admi-nistra a produção em geral, determinando seusmeios, objetivos e prazos de concretização; or-ganiza os processos e métodos de emprego dosfatores de produção; controla de forma rígidaos custos e preços dos produtos; controla aindaos mecanismos da distribuição e dimensiona oconsumo. Embora tenha aparecido pela primeiravez nos trabalhos de Sismondi, a questão da eco-nomia do bem-estar adquiriu destaque no âm-bito do pensamento econômico com a obra deA.C. Pigou: Economics of Welfare (Economia doBem-estar), 1920. Pigou procurou superar o ca-ráter subjetivo do bem-estar, os estados de cons-ciência, e submetê-lo a uma quantificação combase na moeda. Isto é, a quantidade de satisfaçãode bens deve ser igual à quantidade de moeda.A partir de 1934, essa questão foi aprofundadacom o surgimento da nova economia do bem-estar,escola à qual estão ligados os nomes de Hicks,Kaldor, Little, Lerner, Hoteling, Samuelson,Lange, Bergson e outros. Retomando o sistemadas configurações ótimas de Pareto, esses eco-nomistas concluíram que a obtenção do bem-estar econômico seria o resultado da escolha fei-ta entre os inúmeros ótimos de produção. Aocontrário de Pareto, que dizia que a imposiçãode uma configuração máxima ou ótima implicao prejuízo da concorrente (não se pode, porexemplo, dar a alguém sem tirar de outrem), osadeptos da nova economia do bem-estar preco-nizam a eliminação desse prejuízo, desde que,alcançada a nova configuração ótima, os que me-lhoram de situação garantam a existência de re-cursos suficientes para indenizar os que foramsocialmente prejudicados. Essa formulação abreespaço para aplicação de políticas governamen-tais distributivas que garantam o bem-estar so-cioeconômico do conjunto dos indivíduos (amais ampla escolha de bens e serviços) sem al-teração do sistema econômico. Veja também Es-tado do Bem-Estar.

ECONOMIA CENTRALMENTE PLANIFICA-DA. Veja Economia Centralizada.

ECONOMIA DA ATENÇÃO. Veja AttentionEconomy.

ECONOMIA DE ESCALA. Produção de bensem larga escala, com vistas a uma considerável

redução nos custos. Também chamadas de eco-nomias internas, as economias de escala resul-tam da racionalização intensiva da atividadeprodutiva, graças ao empenho sistemático denovos engenhos tecnológicos e de processosavançados de automação, organização e espe-cialização do trabalho. Representada fisicamentepor gigantescas unidades de produção, as em-presas de economia de escala possibilitam o em-prego de amplo contingente de mão-de-obra al-tamente qualificada, grande capacidade de es-tocagem de produção e de matérias-primas. Seuelevado grau de especialização garante melhoresprocessos e métodos de controle de qualidadeda produção e maior uniformidade na padro-nização dos produtos. Além disso, os recursoscolocados a sua disposição possibilitam maioresinvestimentos na pesquisa e na criação de novosprodutos, além da elaboração de eficientes cam-panhas publicitárias e sólidas estratégias demarketing. Todos esses fatores integrantes daeconomia de escala estão fora do alcance daspequenas e médias empresas. Conseqüentemen-te, a tendência é a concentração monopolista,fundamentalmente de caráter multinacional,com a eliminação dos concorrentes. As econo-mias de escala não comportam mercados con-sumidores limitados. Sua existência está direta-mente ligada ao consumo de massa, capaz deabsorver em todos os níveis a produção em série.

ECONOMIA DE SUBSISTÊNCIA. Produçãoagrícola de bens de consumo imediato e para omercado local. Ao contrário do que a designaçãopossa sugerir, ela tem algum caráter mercantil,diferenciando-se por isso da agricultura de auto-subsistência ou economia natural, cuja produçãoé destinada à subsistência do produtor, pratica-mente não existindo um excedente. Praticadadesde a Antiguidade greco-romana, a economiade subsistência constitui a atividade mais im-portante da economia medieval, sobretudo apartir do século XI, com a ampliação das relaçõesde troca nos mercados locais e nas feiras. NoBrasil colonial, era praticada nos engenhos e fa-zendas (milho, feijão, arroz) ou nos núcleos deimigração colonizadora européia, baseada napequena propriedade (Rio Grande do Sul, SantaCatarina e Paraná). No período pós-abolicionis-ta, foi obra dos colonos que trabalhavam nasfazendas de café. Na atualidade, está ligada àspequenas propriedades agrícolas, que abaste-cem os centros urbanos de cereais, leguminosase tubérculos.

ECONOMIA DO BEM-ESTAR. Veja Pareto,Vilfredo.

ECONOMIA DO LADO DA OFERTA. VejaSupply Side Economics.

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ECONOMIA FECHADA. Economia típica deuma região isolada. Não há importação nem ex-portação de produtos. O intercâmbio de merca-dorias não se realiza além dos limites territoriaisdeterminados pelos agentes econômicos locais:produtores, intermediários e consumidores.Esse tipo de economia praticamente não existeno mundo atual. Mas é útil como modelo paraanalisar de que forma o total das despesas deconsumo, gastos governamentais, investimentose tributos interagem para determinar os níveisdo emprego e da renda nacionais. Na classifi-cação de sistemas econômicos de Werner Som-bart, é um tipo de economia voltada fundamen-talmente para a auto-subsistência, com o uso deinstrumentos e trabalho rudimentares. Veja tam-bém Economia de Subsistência.

ECONOMIA INFORMAL. Parte da economiaque abrange pequenas unidades dedicadas àprodução ou venda de mercadorias ou à pro-dução de serviços. Sua denominação vem dofato de que a maioria dessas unidades não éconstituída de acordo com as leis vigentes, nãorecolhe impostos, não mantém uma contabili-dade de suas atividades, utiliza-se geralmenteda mão-de-obra familiar e seus eventuais assa-lariados não são registrados. Este setor é tam-bém denominado de economia subterrânea,clandestina etc. Veja também Microempresa.

ECONOMIA LIVRE. Sistema econômico basea-do na livre ação da empresa privada, na ausênciade mecanismos restritivos à concorrência, ao in-vestimento, ao comércio e ao consumo. Corres-ponde aos princípios do liberalismo econômico,segundo o qual a única função do Estado seriagarantir a livre concorrência entre as empresas.Nas condições atuais do capitalismo, o sistemade economia livre é em grande parte limitadopela ação dos monopólios e pela intervenção es-tatal. Veja também Liberalismo.

ECONOMIA MADURA. Conceito criado porRostow para designar o estágio de crescimentode uma economia, no qual ela possui tecnologiae recursos para desenvolver sua produção, po-dendo ou não fazê-lo. É uma problemática típicadas economias altamente desenvolvidas, expres-sa na dicotomia desenvolvimento versus estag-nação. A maturidade de uma economia, em seuponto crítico, iria se traduzir num esgotamento,na chegada a uma fase estacionária, marcadapor queda nos investimentos e no nível de em-prego, e pela não-utilização dos recursos dispo-níveis, em decorrência da retração no mercadoconsumidor. Para Keynes, a saída estaria na in-tervenção do Estado na economia, elaborandopolíticas de investimento e de emprego.

ECONOMIA MERCANTIL. Sistema econômi-co voltado para a produção de mercadorias, ouseja, bens destinados às trocas. É o contrário daeconomia natural ou de auto-suficiência. A eco-nomia de produção mercantil simples era caracte-rística das formações sociais pré-capitalistas,quando só uma parte da produção se destinavaà troca, feita diretamente pelo produtor ou porum mercador. A economia mercantil feudal de-senvolveu-se a partir de produtores isolados,donos dos meios de produção, que produziampara um mercado bem limitado. Foi só com osurgimento do capitalismo que a produção mer-cantil tornou-se dominante e universal, envol-vendo todos os bens e serviços, além da própriaforça de trabalho. Todas as relações econômicassão baseadas na mercadoria e na moeda. Cadaempresa destina à venda toda a sua produção.É a produção mercantil ampliada. Veja tambémEconomia Natural.

ECONOMIA MISTA. Sistema econômico emque uma parte dos meios de produção pertenceao Estado e a outra, a empresários particulares.Existe em muitos países capitalistas, particular-mente nos de regime social-democrata. Nessascondições, o Estado, além de orientar a econo-mia, detém a propriedade de importantes em-presas em setores considerados estratégicos(bancos, indústrias de base, transporte, saúde eeducação).

ECONOMIA NATURAL. Forma de organiza-ção econômica em que os bens produzidos sedestinam à satisfação das necessidades dos pró-prios produtores, raramente havendo um exce-dente. Representa, portanto, uma economia deauto-suficiência, ao contrário da economia desubsistência, que tem algum caráter mercantil.A economia natural foi característica dos siste-mas econômicos pré-capitalistas, como as comu-nidades tribais, o escravismo patriarcal e o feu-dalismo. Só nos casos de comunidades comple-tamente isoladas, contudo, é que a economia na-tural chega a ser caracterizada. Na sociedade ca-pitalista contemporânea, a economia naturalsubsiste apenas como forma residual. Veja tam-bém Economia de Subsistência.

ECONOMIA POLÍTICA. Ciência que estuda asrelações sociais de produção, circulação e dis-tribuição de bens materiais, definindo as leis queregem tais relações. Procura também analisar ocaráter das leis econômicas, sua especificidade,sua natureza e suas relações mútuas. Nesse sen-tido, é uma ciência fundamentalmente teórica,valendo-se dos dados fornecidos pela economiadescritiva e pela história econômica. Para atin-gir seu objetivo, a economia política recorre aum conjunto de categorias que formam seu ins-trumental teórico e a uma metodologia capaz

191 ECONOMIA POLÍTICA

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de conduzir o investigador científico a um co-nhecimento objetivo do processo produtivo e desuas leis. Impossibilitada de recorrer à experi-mentação, como ocorre nas ciências exatas, aeconomia política vale-se da abstração, que sebaseia na observação comparativa dos processosestudados. A partir daí, procura estabelecer asrelações mais gerais, eliminando os aspectos se-cundários e ocasionais da problemática econô-mica. A síntese desse procedimento metodoló-gico é a formulação de teorias econômicas quedefinem a posição de indivíduos e até mesmode grupos sociais em face dos fenômenos e dosfatos econômicos. Embora a questão dos pro-blemas econômicos tenha sido objeto de preo-cupação de pensadores da Antiguidade clássica(Aristóteles) e da Idade Média (Santo Tomás deAquino), foi somente na era moderna que surgiuo estudo empírico e sistemático dos fenômenoseconômicos de um ponto de vista científico. Esseestudo assumiu a denominação de economia po-lítica, sendo o termo “política” sinônimo de “so-cial”, segundo a tradição aristotélica de que ohomem é um animal político, isto é, um animalsocial. Os estudos de economia política come-çaram com a escola mercantilista, cujos princi-pais representantes foram Thomas Mun, JosiahChild e Antoine Montchrestien. Este último foiquem restabeleceu a nomenclatura grega: eco-nomia política. Avanço considerável dos estu-dos econômicos ocorreu com os fisiocratas noséculo XVIII (Quesnay, Turgot), conhecidoscomo les économistes, que, ao contrário dos mer-cantilistas, deslocaram o foco de sua análise dacirculação para a produção, fundamentalmentepara a produção agrícola. Com a escola clássica— William Petty, Adam Smith e David Ricardo—, a economia política definiu claramente seucontorno científico integral, passando a centra-lizar a abordagem teórica na questão do valor,cuja única fonte original foi identificada no tra-balho, tanto agrícola quanto industrial. A escolaclássica firmou os princípios da livre-concorrên-cia, que exerceram influência decisiva no pen-samento econômico capitalista. A escola marxis-ta, fundada por Karl Marx e Friedrich Engels,seguindo a teoria do valor-trabalho, chegou aoconceito de mais-valia, fonte do lucro, do juroe da renda da terra. Centrando seu estudo naanatomia do modo de produção capitalista, omarxismo desvendou a lei principal desse sis-tema e forneceu a base doutrinária para o pen-samento revolucionário socialista. Com Marx eEngels, a economia política passou a ver o ca-pitalismo como um modo de produção histori-camente determinado, sujeito a um processo desuperação. A partir de 1870, a concepção amplada economia política foi sendo paulatinamenteabandonada, dando lugar a uma visão mais res-trita do processo produtivo, que ficou conhecido

como economia. Essa postura teórica foi iniciadapela escola neoclássica: William Stanley Jevons,Carl Menger, Léon Walras e Vilfredo Pareto. Aabordagem abstrata de conteúdo histórico e so-cial foi substituída pelo enfoque quantitativodos fatores econômicos. A inovação mais im-portante na tradição neoclássica ocorreu com aobra de J.M. Keynes, que refutou a teoria do equi-líbrio automático da economia capitalista, apre-sentando uma nova visão do problema do de-semprego, dos juros e da crise econômica. Apósa Segunda Guerra Mundial, o pensamento eco-nômico capitalista vem seguindo duas linhasfundamentais: a dos pós-keynesianos, com suaênfase nos instrumentos de intervenção do Es-tado e voltada para o planejamento e o controledo ciclo econômico, e a corrente liberal neoclás-sica, também chamada de monetária, que voltasua atenção fundamentalmente para as forçasespontâneas do mercado. No que diz respeito àeconomia política marxista, trava-se em seu in-terior um amplo debate (sobretudo no Ociden-te), visando a aprofundar certos aspectos teóri-cos não desenvolvidos por Marx e também alevar adiante a análise crítica do capitalismo mo-derno. Ao mesmo tempo, empreende-se um es-forço semelhante visando à abordagem, tambémcrítica, dos problemas econômicos do chamadosocialismo real, e à tentativa de elaborar a eco-nomia política a partir das formações sociais pré-capitalistas. Veja também Economia.

ECONOMIA PÓS-KEYNESIANA. Conjunto deformulações e propostas de um grupo de eco-nomistas — entre os quais se destacam Joan Ro-binson e Paul Davidson —, que, tomando comoponto de partida as idéias de Keynes e Kaleckisobre a crítica das idéias convencionais acercado equilíbrio, desenvolveu uma nova macroe-conomia. A ênfase dessa abordagem é a naturezadinâmica da economia de mercado (que utilizao dinheiro como intermediário de trocas), queestá sujeita a grande dose de incerteza. A dinâ-mica dos mercados, que envolve uma noção detempo cronológico, nem sempre encontra-se emequilíbrio e o comportamento dos agentes eco-nômicos em tais mercados nem sempre respon-de adequadamente aos estímulos proporciona-dos, de forma a alcançar qualquer ponto de oti-mização. Alguns autores pós-keynesianos colo-caram menor ênfase na dinâmica de curto prazoe concentraram suas atenções nas condições quepermitiriam uma taxa de crescimento estável amédio e longo prazos. Seguindo as teses de Sraf-fa, alguns autores dessa corrente estudaram astendências de longo prazo da economia capita-lista e a divisão do excedente entre o capital eo trabalho e as contradições que cercam essasrelações. Tais contradições criariam incertezas,

ECONOMIA PÓS-KEYNESIANA 192

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o que impediria que uma economia crescessenum ritmo estável, correspondendo a todas asexpectativas dos agentes. Veja também Keynes,John Maynard; Kalecki, Michal; Robinson,Joan; Sraffa, Paolo.

ECONOMIA QUANTITATIVA. Parte da econo-mia que trata da quantificação e análise dos fe-nômenos econômicos passíveis de mensuração.Para isso, recorre à matemática e à estatística.Muitas categorias econômicas podem ser obje-tivamente mensuráveis, como preço, lucro, cus-tos, renda etc., enquanto outras, como concor-rência, conflitos entre capital e trabalho e nívelde satisfação das necessidades, só podem serquantificadas em suas manifestações exterio-res. Para Oskar Lange, entretanto, os manuaisde economia teórica estão sempre repletos deinferências matemáticas, mesmo que em suaspáginas não apareçam registradas fórmulasmatemáticas.

ECONOMIA SOBRECARREGADA. Estado daeconomia sujeita a um processo inflacionário re-primido. Nesse contexto, a demanda de benssuplanta a oferta, desequilíbrio que pressiona osistema no sentido de uma elevação rápida dospreços. Essa tendência não segue seu curso na-tural quando os preços passam a ser adminis-trados por um rigoroso controle governamental.Como esse controle não é geral, ocorrendo tra-dicionalmente em bens de consumo de primeiranecessidade, os investimentos tendem a deslo-car-se para os setores econômicos não controla-dos. Nos setores cujos preços estão administra-dos, os empresários são obrigados a voltar aatenção fundamentalmente para a venda dos es-toques. Isso pode levar ao esgotamento dos es-toques, que não são renovados, configurando-seuma violenta queda na oferta. Por isso, a eco-nomia sobrecarregada é também chamada deeconomia vazia. Uma economia revela-se tambémsobrecarregada quando se tenta levar à frenteuma política de projetos econômicos muito alémdos recursos internamente disponíveis.

ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO. Caso es-pecial de economias externas quando é possívelreduzir custos pelo fato de várias empresas ouatividades estarem localizadas umas próximasdas outras, o que permite reduzir despesas, porexemplo, com transportes (fretes) e o tempo defornecimento de uma empresa a outra.

ECONOMIAS DE ESCALA. Redução de cus-tos unitários decorrente de um aumento no vo-lume (escala) de produção, seja de uma empresa,setor, região ou país.

ECONOMIAS EXTERNAS (Externalidades).Benefícios obtidos por empresas que se formam

(ou já existentes) em decorrência da implantaçãode um serviço público (por exemplo, energia elé-trica) ou de uma indústria, proporcionando àprimeira vantagens antes inexistentes. Porexemplo, a construção de uma rodovia podepermitir aos produtores agrícolas próximos cus-tos de transporte mais baixos e acesso mais rá-pido aos mercados consumidores. A existênciade economias externas permite em geral umaredução de custos para as empresas e significauma importante alavanca do desenvolvimentoeconômico. Muitas empresas, antes de tomar adecisão de se instalar em determinados locais,avaliam seu potencial presente e futuro de eco-nomias externas. O contrário acontece quandoa instalação de certas atividades traz aumentosde custos para as empresas ou afugenta clientesou, ainda, desestimula a demanda de certos pro-dutos. Nesse caso, ocorrem as “deseconomiasexternas”, como, por exemplo, quando indús-trias contaminam com chumbo as pastagens eáguas adjacentes: o leite produzido na regiãopode ter sua demanda em queda não apenaspor constatar-se que o produto contém aquelemetal, como pelo simples fato de que os consu-midores, sabendo da origem do leite, se recusama comprá-lo, por precaução. Veja também Coase,Ronald; Teorema de Coase.

ECONOMIAS INTERNAS. Forma de econo-mia de escala em que a própria empresa cria ainfra-estrutura necessária a sua expansão e à re-dução de seu custo unitário de produção. Seriao caso de uma empresa que constrói uma estradade ferro para que seu produto seja escoado commais facilidade. Esse procedimento requer re-cursos financeiros que só estão ao alcance degrandes empresas. Esse processo de expansãotende a gerar situações de monopólio.

ECONOMISTAS DO LADO DA OFERTA.Veja Supply Side Economics.

ÉCONOMISTES, les (os Economistas). Deno-minação pela qual eram conhecidos em sua épo-ca (século XVIII) os fisiocratas franceses, lidera-dos por Quesnay, e que depois se generalizouaos estudiosos da economia.

ECT — Empresa Brasileira de Correios e Te-légrafos. Empresa pública criada em 1969, emsubstituição ao antigo Departamento de Cor-reios e Telégrafos do Ministério da Viação. Vin-culada ao Ministério das Comunicações, tem porobjetivo planejar, implantar e explorar os servi-ços postais e telegráficos.

ECU. Iniciais de European Currency Unit (Uni-dade Monetária Européia) ou European Mone-tary Unit. A ECU é uma unidade monetária nãotangível, isto é, moeda escritural cujo valor é

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formado por uma cesta de moedas dos paísesda Comunidade Européia: marco alemão (deuts-chmark), franco francês, libra esterlina (inglesa),lira italiana, franco belga, guilda holandesa, co-roa dinamarquesa, franco luxemburguês, puntirlandês e uma participação de 20% de ouro.Foi criada quando o Conselho Europeu estabe-leceu o Sistema Monetário Europeu, em 1978.O nome foi dado não apenas porque correspon-de às iniciais das palavras em inglês EuropeanCurrency Unity, mas também porque era onome de uma moeda cunhada na França porLuís IX, no século 13. As proporções de cadamoeda que compõe a cesta são determinadaspor uma Junta da Comunidade Européia, tendocomo base o PNB e a situação financeira de cadapaís emissor. Essas proporções são revisadas acada cinco anos para a assimilação de alteraçõesnas economias de cada país e para a inclusãode novos membros. Com a aprovação do Tra-tado de Maastrich (1992), a ECU deveria trans-formar-se em unidade monetária dos países queconstituem a União Européia até 1997, se a maio-ria dos países-membros preenchesse as condi-ções necessárias. Se isto não for possível, aquelespaíses que atenderem às condições entrarão so-zinhos numa união de moeda única em1º/1/1999. França, Alemanha e Benelux já con-cordaram em adotá-la a partir de 1999. Até 2002,ela deve circular em paralelo com as moedasnacionais, e a partir de então, deverá subsistirapenas a moeda única. As condições macroeco-nômicas exigidas para que tal objetivo seja al-cançado são no entanto duras: déficit fiscal nomáximo em 3% do PIB, inflação entre 2 e 3%anual, taxa de câmbio fixa e redução da relaçãodívida interna/PIB.

ECUMENÓPOLE. Para Doxiadis, seria a cidadeuniversal. Doxiadis argumentava que os espaçoshumanos evoluiriam numa seqüência lógica:desde o espaço ocupado pelo homem sozinho,passando pela cidade, metrópole, conurbação,megalópole, região urbana, continente urbano etendo a ecumenópole como conseqüência finaldo crescimento ilimitado da população. Vejatambém Urbanização.

ED. Veja CD.

EDGEWORTH, Francis Ysidro (1845-1926). Eco-nomista e matemático inglês, professor nas uni-versidades de Londres e Oxford. Em sua pri-meira obra, Mathematical Psychics (PsicologiaMatemática), 1881, elaborou e desenvolveu osconceitos da Curva de Indiferença e da Curvade Contrato, mostrando as contradições da teo-ria do valor de Jevons; esses conceitos foramutilizados posteriormente por Pareto para de-monstrar a possibilidade de uma teoria econô-

mica baseada apenas em escalas de preferência.Edgeworth editou The Economic Journal de 1891a 1926, e a maioria de sua obra consiste em ar-tigos publicados em revistas especializadas, de-pois reunidos em Papers Relating to Political Eco-nomy (Artigos Relacionados com Economia Po-lítica), 1925. Seus livros Theory of Monopoly (Teo-ria do Monopólio), 1897, e Theory of Distribution(Teoria da Distribuição), 1904, o consagraramcomo um dos primeiros especialistas no uso damatemática na teoria econômica.

EDITIO PRINCEPS. Expressão latina que sig-nifica “primeira edição” e utilizada por antiquá-rios e operadores de mercado nos leilões de li-vros raros.

EFEITO. Quando associada a um atributo, a pa-lavra significa um mecanismo econômico carac-terístico, como, por exemplo, “efeito demons-tração”, “efeito Arizona”, “efeito Pigou” etc.

EFEITO AGLOMERAÇÃO. Denominação dadaaos efeitos positivos ou negativos decorrentesda aglomeração de empresas (industriais, co-merciais, financeiras etc.) num só local, produ-zindo vantagens para que novos empreendi-mentos se instalem nesse mesmo local (em geraluma cidade) ou provocando também desvanta-gens, que atuam como fator de repulsão a novosempreendimentos. Entre os efeitos positivos, po-dem ser citados a ampliação do mercado de fa-tores, a ampliação do mercado final e as possi-bilidades de integração vertical e horizontal;nesse caso, diz-se que há ganhos de aglomera-ção. Os efeitos negativos decorrem, por exem-plo, do crescimento da poluição, das dificulda-des no trânsito e no transporte, da elevação dopreço dos terrenos etc. Veja também EconomiasExternas; Economias de Escala.

EFEITO ARIZONA. Ilusão que consiste em to-mar a conseqüência pela causa. Por exemplo, amortalidade devida à tuberculose em décadaspassadas era mais elevada no Arizona do quenos demais Estados norte-americanos. Este fatopoderia levar à conclusão de que aquele Estadoé muito insalubre, quando, na realidade, por terum clima muito seco, é para lá que se dirigemos portadores da doença mencionada, desejososde cura.

EFEITO AVERCH-JOHNSON. É aquele rela-cionado com empresas obrigadas a proporcionarum determinado retorno sobre o capital inves-tido ou uma taxa mínima de lucro, sendo indu-zidas a escolher combinações de capital e tra-balho mais intensivas em capital do que as queseriam escolhidas se não houvesse tal obrigação.

EFEITO BACKWASH. Conceito desenvolvidopor Gunnar Myrdal (1898-1987), segundo o qual

ECUMENÓPOLE 194

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o desenvolvimento econômico de uma regiãode um país pode ter efeitos perversos no de-senvolvimento de outras. Esse efeito se daria es-pecialmente mediante o deslocamento de fatoresde produção — capital e trabalho — de regiõesde desenvolvimento lento para regiões de de-senvolvimento acelerado. Se o desenvolvimentoeconômico de uma região ultrapassa o ritmo dasregiões vizinhas, o efeito backwash operaria nosentido de ampliar a diferença, e o resultadoseria a ampliação do fosso que separa as taxasde desenvolvimento no plano inter-regional.Trata-se, do ponto de vista metodológico, doconceito de causação circular cumulativa apli-cado ao desenvolvimento regional. Veja tambémCausação Circular.

EFEITO BANDWAGON. Efeito mediante o qual,à medida que o preço de uma mercadoria di-minui e a demanda de alguns setores da socie-dade aumenta, outros setores, imitando essecomportamento, tenderão a aumentar a sua de-manda também. Dessa forma, a demanda au-mentará além do previsto, pois consumidoresadicionais se agregam ao bandwagon, fazendocom que a curva de demanda se desloque maisdo que proporcionalmente à queda nos preços.Veja também Efeito Manada.

EFEITO BUMERANGUE. Conseqüências ne-gativas de uma decisão econômica ou empresa-rial que voltam sobre quem a tomou. Por exem-plo, durante a crise do petróleo nos anos 70, abrusca elevação dos preços do produto pelospaíses exportadores provocou efeito semelhantenos preços de produtos finais que tinham o pe-tróleo como principal matéria-prima (petroquí-micos) e que eram importados pelos países ex-portadores de petróleo.

EFEITO CANIBALISMO. A expressão é utili-zada em vários contextos empresariais, em todoseles denotando uma ação que, embora melhorea situação num aspecto, o faz à custa da pioraem outro. Assim, esse efeito pode ser observadoquando uma empresa lança um produto cujasvendas se ampliam no mercado à custa da re-dução das vendas de outro produto da mesmaempresa; ou também quando uma empresa con-segue sobreviver no mercado utilizando seu fun-do de depreciação para cobrir despesas corren-tes (ficando, portanto, sem condições de reporno futuro seu capital fixo); ou mesmo de umaforma mais direta, quando uma empresa — detransportes, por exemplo —, sem recursos paracomprar peças de reposição, retira-as de um deseus veículos (imobilizando-o) para que outropossa ser consertado e funcionar.

EFEITO CONTÁGIO. Por analogia ao queacontece com uma epidemia, o efeito contágio

se dá quando o que aconteceu na economia deum país — especialmente uma crise, agravadapor algum plano econômico — provoca a sen-sação de que vai ocorrer num país vizinho porele ter as mesmas características e haver elabo-rado planos semelhantes. Por exemplo, logo de-pois da crise financeira e cambial do México em1994, temia-se que o mesmo ocorresse na Ar-gentina e no Brasil por “contágio”. Veja tambémEfeito Tequila.

EFEITO DE HALO. Denominação do processoque ocorre quando, na avaliação de desempenhode uma pessoa, ou no ato de contratação de umnovo funcionário, o avaliador deixa-se influen-ciar por um aspecto do caráter ou do desempe-nho do entrevistado. Assim, um erro ou umacerto cometidos pelo entrevistado, ou elemen-tos pontuais de antipatia, ou de simpatia, podemcondicionar toda a avaliação, prejudicando aanálise dos demais fatores.

EFEITO DEMONSTRAÇÃO. Tendência dos paí-ses de menor desenvolvimento socioeconômicode imitar ou tentar reproduzir em seu territórioos hábitos de consumo e de vida dos países maisdesenvolvidos, acarretando pressões sobre asimportações. Durante os anos 60, no Brasil, al-guns autores atribuíram ao efeito demonstraçãoas dificuldades registradas em nossa balança co-mercial e os respectivos déficits, atribuindo aoefeito demonstração a necessidade de desvalo-rizações cambiais, que por sua vez alimentavamo processo inflacionário. O efeito demonstraçãotambém caracteriza uma situação na qual os ele-mentos de um estrato social procuram copiarpadrões de comportamento de estratos supe-riores, tentando demonstrar um status que nãopossuem. O efeito demonstração é intensamenteutilizado na publicidade, sugerindo que bastariao simples consumo de determinados produtospara ascender na escala social.

EFEITO DESLOCAMENTO. Veja CrowdingOut.

EFEITO DEUSENBERY. Veja Efeito Demons-tração.

EFEITO DOMINÓ. Quando algum aconteci-mento, geralmente negativo do ponto de vistaeconômico, se encadeia com outro, provocandoefeito semelhante e assim sucessivamente, “atéque todas as peças do jogo de dominó” sejamderrubadas. Por exemplo, a falência de umagrande empresa pode provocar o mesmo efeitoem várias outras empresas, acarretando daí umacrise geral. O termo tem mais aplicação na po-lítica e na área militar, e foi muito utilizado du-rante o tempo da guerra fria, quando se acre-ditava que a passagem de um país da órbita

195 EFEITO DOMINÓ

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capitalista para a socialista poderia provocar umefeito dominó.

EFEITO FISHER. Concepção desenvolvida peloeconomista e matemático norte-americano Ir-ving Fisher (1867-1947), segundo o qual a dife-rença positiva entre as taxas nominais de jurose as taxas reais (ajustadas de acordo com o poderde compra do dinheiro) reflete a taxa de inflaçãofutura ou antecipada.

EFEITO HARRIS-TODARO. Originalmente atri-buído a Todaro (1968), mas conhecido como Hi-pótese de Harris-Todaro pelas contribuições deHarris (1970), é uma conseqüência da tentativade explicar a continuidade da migração do cam-po para a cidade mesmo quando a taxa de de-semprego nas cidades é muito elevada. Essesautores observaram que, especialmente em paí-ses em desenvolvimento, o migrante abandonaum emprego rural, onde recebe um salário S,tentando obter um salário S’ mais elevado noscentros urbanos, embora correndo o risco de per-manecer desempregado. A observação dessecomportamento levou-os a substituir o conceitode equivalência de salários pelo de equivalência desalários esperados como a condição básica de equi-líbrio num mercado de trabalho segmentado,mas homogêneo.

EFEITO HICKS. Também denominado EfeitoRenda, consiste no comportamento dos consu-midores diante da baixa do preço de um bemA, fazendo com que o poder de compra assimeconomizado se desloque para a compra de umproduto B, cuja aquisição não era viabilizada deacordo com os níveis de renda anteriores.

EFEITO IMITAÇÃO. Veja Efeito Demons-tração.

EFEITO “J”. Efeito imediato de uma desvalori-zação cambial, quando um determinado volumede importações exige um dispêndio maior demoeda nacional e acelera a saída de recursos,piorando em vez de melhorar a situação de dé-ficit comercial.

EFEITO JANEIRO. Tendência, nos Estados Uni-dos, de elevação das cotações das ações de pe-quenas e médias empresas nos primeiros diasde janeiro, como movimento contrário ou com-pensador da tendência vendedora — e, portanto,de baixa das cotações — nos últimos dias dedezembro, entre Natal e ano-novo, quando mui-tas empresas necessitam maquiar seus balanços,disfarçar seus ganhos ou mesmo ampliar sualiquidez para enfrentar as despesas de final deano. Isso acontece mais freqüentemente com pe-quenas e médias empresas, mas também podeser o caso de empresas grandes. Veja tambémWindow Dressing.

EFEITO KEYNES. Efeito decorrente de umamudança na demanda de mercadorias e servi-ços, provocada por uma alteração no nível geralde preços. Por exemplo, se acontecer uma quedageral no nível dos preços, existirão mais sobrasmonetárias para ser aplicadas com finalidadesespeculativas. Disso resultará uma elevação nostítulos de risco do mercado financeiro e umaqueda na taxa de juros, o que, por sua vez, es-timulará o investimento e fará aumentar a de-manda por mercadorias e serviços. Se houveruma elevação geral dos preços, os efeitos inver-sos ocorrerão.

EFEITO LIBERATÓRIO. Característica de umamoeda, geralmente papel-moeda, de ser recebi-da obrigatoriamente (por força de lei) por umcredor para a efetuação de um pagamento oua liquidação de uma dívida.

EFEITO LOCK-IN. A tendência de conservar tí-tulos cuja cotação caiu no mercado financeirode tal forma a evitar uma perda.

EFEITO MALYNES. Efeito destacado por Ge-rard Malynes (mercantilista do século XVII),quando uma desvalorização da moeda de umpaís, em vez de eliminar um déficit comercialde um país, agrava-o devido à inelasticidade dasimportações.

EFEITO MANADA. Também denominado Efei-to Bandwagon, ocorre quando o comportamentodos agentes econômicos, especialmente no mer-cado financeiro, se assemelha ao de uma mana-da; se alguns agentes praticam algumas ações— comprando ou vendendo maciçamente certostítulos —, o resto tende a acompanhar, mesmoque essa não seja a melhor atitude ou ação maiscorreta a ser tomada, ou mesmo que não existamrazões objetivas para isso.

EFEITO ORLOFF. Expressão popular inspiradaem um comercial de televisão sobre uma bebidaque aparentemente não causava efeitos de res-saca. Nesse comercial, um personagem apresen-tava-se bem-disposto a ele próprio (depois deter bebido), dizendo: “Eu sou você amanhã”. OEfeito Orloff é aplicado nos casos brasileiro eargentino, indicando que o que acontecia na Ar-gentina (Plano Austral e falência do mesmo)aconteceria um pouco depois no Brasil (PlanoCruzado e fracasso do mesmo). Veja tambémEfeito Tequila; Plano Austral; Plano Cruzado.

EFEITO PIGOU. Também conhecido como efei-to de balança real, foi enunciado por Arthur CecilPigou, para quem o volume de emprego poderiaser aumentado em conseqüência do declínio depreços. Com isso, o poder de compra dos salá-rios aumentaria, elevando também o consumo,

EFEITO FISHER 196

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a margem de lucro e, finalmente, o nível de em-prego.

EFEITO PONZI. Situação de um devedor que,para pagar as dívidas passadas, só pode fazê-locontraindo mais dívidas no presente. O nomerefere-se a Charles Ponzi, um estelionatário íta-lo-americano que, durante os anos 20 deste sé-culo, prometia pagar taxas de juros extraordi-nariamente elevadas para quem lhe emprestassedinheiro, e pagava essas dívidas com novos en-dividamentos, até quebrar. Ponzi foi preso e suaempresa, fechada. A partir dessa experiência, amesma situação relacionada com as finanças deum país ou de uma empresa foi batizada comesse nome. Veja também Ponzi Games.

EFEITO PREÇO. Modificação na demanda de-corrente de uma alteração no preço de um de-terminado produto. Essa modificação pode serinfluenciada não apenas pela renda dos consu-midores, mas também pela possibilidade que es-tes têm de substituir o produto cujo preço foialterado. Em termos matemáticos teríamos: Efei-to Preço = Efeito Renda + Efeito Substituição.Esta equação é também chamada de Equaçãode Slutsky. Veja também Efeito Renda; EfeitoSubstituição; Slutsky, Eugen.

EFEITO RENDA. Efeito provocado sobre a ren-da real dos consumidores quando os preços au-mentam ou diminuem. Como conseqüência des-sa alteração na renda real, deve-se esperar queos consumidores comprarão mais (ou menos)de todos os produtos, inclusive aquele cujo pre-ço se alterou. Veja também Efeito Substituição.

EFEITO SALTER. Com o aumento da produti-vidade e redução de custos e preços, expandem-se a demanda e as vendas, além de crescerema competitividade e as exportações. A Lei deVerdoorn e o Efeito Salter referem-se a um cír-culo virtuoso em que o crescimento econômicogera ganhos de produtividade, os quais, por suavez, engendram o crescimento econômico.

EFEITO SAUVY. Também denominado Princí-pio do Crescimento das Necessidades, é o fenô-meno de insatisfação psicológica permanentedos consumidores, mesmo que seu padrão devida esteja melhorando.

EFEITO SERENDIP. A obtenção de um resul-tado exatamente inverso daquele desejado. Onome é oriundo de um conto de Walpole, OsTrês Príncipes de Serendip, ambientado no Ceilão,onde tudo acontecia ao contrário.

EFEITO SINÉRGICO. Melhora do desempe-nho global de vários agentes econômicos, em-presariais, administrativos etc., à medida queeles unem seus esforços e os aplicam simulta-

neamente, de forma articulada, para a obtençãode um fim. Nesse caso, o efeito sinérgico podeser representado pela fórmula: 2 + 2 = 5.

EFEITO SPREAD. Conceito desenvolvido porGunnar Myrdal (1898-1987), relacionando osefeitos benéficos do desenvolvimento de umaeconomia regional sobre as economias de outrasregiões. Esses efeitos benéficos seriam decorren-tes da ampliação dos mercados para os produtosdas demais regiões e a difusão do progresso téc-nico a partir da região mais desenvolvida. Tra-ta-se de um caso particular de causação circularcumulativa e apresenta resultado contrário aodo Efeito Backwash. Veja também Causação Cir-cular; Efeito Backwash.

EFEITO SUBSTITUIÇÃO. Denominação dadaà alteração provocada na demanda de um bemquando seu preço se modifica, supondo que arenda real permaneça constante. O conceito derenda real tem abordagens diferentes. SegundoHicks, renda real constante significa que o con-sumidor permanece na mesma curva de indife-rença. Para Slutsky a renda real permanece cons-tante se o consumidor puder comprar sua com-binação de bens original antes que a alteraçãode preço ocorra. Veja também Hicks, John;Slutski, Eugen.

EFEITO TANZI. Relação entre a arrecadaçãotributária e as taxas de inflação desenvolvidapelo economista italiano Vito Tanzi. Como existeuma defasagem entre o fato gerador de um tri-buto e o momento de sua efetiva arrecadação,quanto maior for a inflação nesse período, me-nor será a arrecadação real do governo, provo-cada pela desvalorização da moeda na qual osimpostos são pagos. A partir dos últimos anosda década de 80, o intenso processo inflacionáriobrasileiro contribuiu para a redução das receitastributárias reais, de tal forma que foi necessárioindexar os tributos (estabelecer correção mone-tária para o seu pagamento) para reduzir o Efei-to Tanzi.

EFEITO TEQUILA. Denominação popular dadaà crise cambial sofrida pelo México no final de1994, em função de fortes déficits em seu balançode pagamentos. A crise representou uma enor-me fuga de capitais e o peso mexicano sofreuuma intensa desvalorização, representando umaquebra na estabilidade de preços que vinha sen-do sustentada desde 1989 e lançando o paísnuma forte recessão. O nome tem origem na be-bida homônima cujos efeitos de ressaca podemser comparados ao que aconteceu com a crisecambial mexicana.

EFEITO VEBLEN. Processo destacado pelo eco-nomista e sociólogo norte-americano ThorsteinVeblen (1857-1929), segundo o qual quando

197 EFEITO VEBLEN

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ocorre uma baixa de preço de certos produtos,os consumidores sequiosos de diferenciação so-cial são levados a abandonar o seu consumo.Inversamente, quando o preço de certos produ-tos se eleva, a sua demanda ou consumo, emvez de diminuir, pode aumentar pela mesmarazão anterior. Nesse caso, ele é denominado“preço psicológico”, de grande influência nas es-tratégias de marketing na era da concorrênciaoligopólica.

EFFICIENT FRONTIER. Veja Fronteira da Efi-ciência.

EFFICIENT MARKET HYPOTHESIS. Veja Hi-pótese do Mercado Eficiente.

EFICÁCIA. Significa fazer o que necessita serfeito para alcançar determinado objetivo. Esteconceito é distinto do de eficiência por se referirao resultado do trabalho de um empregado, istoé, se este ou o seu produto é adequado a umfim proposto. Dessa forma, um trabalhadorpode produzir um produto adequado (ideal-mente a um consumidor), mas se não realizaras tarefas correspondentes com eficiência, o re-sultado final não será apropriado. O ideal é queo resultado de uma tarefa seja eficaz (adequadoa um objetivo) e que a tarefa seja realizada comeficiência. Em resumo, fazer a coisa certa de for-ma certa é a melhor definição de trabalho efi-ciente e eficaz.

EFICIÊNCIA. Este conceito é distinto do de efi-cácia por se referir à forma de realizar uma ta-refa. Se um trabalhador realizar uma tarefa deacordo com as normas e padrões preestabeleci-dos, ele a estará realizando de forma eficiente.No conceito de eficiência, não se examina seaquilo que foi produzido com eficiência é eficaz,isto é, se o produto ou o resultado do trabalhoeficiente está adequado à finalidade proposta.Por exemplo, se um médico realizar uma inter-venção cirúrgica num paciente, poderá fazê-locom grande eficiência, mas se a intervenção tiversido realizada no órgão errado, ela não terá amínima eficácia. Dessa forma, uma ação podeser eficiente sem ser eficaz.

EFICIÊNCIA DE PARETO. Veja Ótimo de Pa-reto.

EFICIÊNCIA ECONÔMICA. Relação entre ovalor comercial de um produto e o custo unitáriode sua produção. Portanto, a eficiência econô-mica aumenta quando aumenta a relação entreo valor de um produto em relação a seu custounitário, mantendo-se as qualidades que satis-façam as normas técnicas.

EFICIÊNCIA MARGINAL DO CAPITAL. Con-ceito desenvolvido por John Maynard Keynes,

que significa a taxa de desconto que torna o va-lor presente dos rendimentos líquidos esperadosde um ativo de capital igual ao seu preço deoferta, supondo não haver elevação no preço deoferta dos elementos que constituem o ativo con-siderado. Consiste nas taxas de retorno espera-das em relação às oportunidades de investimen-to existentes. Veja também Propensão a Investir.

EFTA — Associação Européia de Livre-Comér-cio (European Free Trade Association). Orga-nismo de cooperação econômica criado em 1960,visando a abolir, entre os países-membros, astarifas alfandegárias na comercialização de pro-dutos industrializados. Esse objetivo foi alcan-çado em 1966. Quanto aos produtos agrícolas,as facilidades comerciais e alfandegárias devemresultar de acordos bilaterais entre os países-membros. Sediada em Genebra, a associação éintegrada por Áustria, Finlândia, Islândia, No-ruega, Portugal, Suécia e Suíça. Em 1973, a Grã-Bretanha, um dos países fundadores da EFTA,deixou o organismo, ingressando no MercadoComum Europeu. Em julho do ano anterior, asduas associações já haviam assinado um acordo,objetivando abolir, por um prazo de cinco anos,as tarifas no comércio de produtos industriali-zados. Veja também Mercado Comum Europeu— MCE.

EI BOND (Eligible Interest Bond). Veja PlanoBrady; TJLP.

EIGHTY-TWENTY RULE. Veja Regra do Oi-tenta-Vinte.

EINZIG, Paul (1897-1973). Einzig nasceu e for-mou-se na Hungria, tendo obtido doutorado naUniversidade de Paris. Em 1919, radicou-se naInglaterra, onde se tornou editor de política doFinancial Times. Seus estudos se desenvolveramna área das finanças internacionais e da moeda.Sua obra A Dinamic Theory of Forward Exchange(Uma Teoria Dinâmica do Câmbio a Termo),1961, descreve os métodos de intervenção dosbancos centrais nos mercados de câmbio a ter-mo, no período entre as guerras mundiais, etambém a prática dos bancos centrais da Áustriae da Rússia no final do século XIX. Einzig mos-trou que, exceto no caso de perfeita arbitragem,os mercados a termo de câmbio têm de ser con-siderados explicitamente numa análise de curtoprazo dos movimentos internacionais de capital.No livro Primitive Money in its Ethnological, Hi-torical and Economic Aspects (O Dinheiro Primi-tivo nos seus Aspectos Etnológicos, Históricose Econômicos), 1949, Einzig rejeita a hipótesede que o dinheiro desenvolveu-se primitiva-mente pela expansão da divisão do trabalho epelo aumento da complexidade das trocas, o quetornou o escambo crescentemente complicado.

EFFICIENT FRONTIER 198

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Para ele, muito mais importante era a designa-ção de uma mercadoria para o uso em “paga-mentos” não comerciais, como nos sacrifícios re-ligiosos.

EITC. Iniciais da expressão em inglês earned in-come tax credit, que significa “crédito fiscal porremuneração recebida” e constitui um instru-mento sugerido por Milton Friedman e adotadopor lei durante o governo Gerald Ford, em 1975,nos Estados Unidos. Consistia num complemen-to à remuneração de quem recebesse abaixo deum mínimo estipulado. Veja também Impostode Renda Negativo.

EJIDO. Forma de propriedade comunal da terraexistente entre os povos indígenas antes da con-quista do México. Este sistema prevaleceu mes-mo durante os primeiros anos do período colo-nial. Posteriormente, sobretudo depois de 1860e até o fim do regime de Porfirio Díaz (1911),numerosas comunidades foram privadas desuas terras e estas transformadas em proprie-dade de grandes fazendeiros, com os antigosocupantes passando a ser seus trabalhadores.Durante a Revolução Mexicana, uma das prin-cipais reivindicações dos trabalhadores agrícolasfoi o retorno ao sistema original desenvolvidopelos indígenas, isto é, que as terras voltassema ser propriedade comunitária e cultivadas emparcelas individuais entregues a cada uma dasfamílias pertencentes à comunidade.

ELASTICIDADE. Relação entre as diferentesquantidades de oferta e procura de certas mer-cadorias, em função das alterações verificadasem seus respectivos preços. De acordo com esseconceito, as mercadorias podem ser classificadasem bens de demanda inelástica ou fracamente elás-ticas, e bens de demanda fortemente elástica. Osprimeiros englobam os bens de primeira neces-sidade, indispensáveis à subsistência diária dapopulação. O sal é o mais característico entreos bens de demanda inelástica. Consumido empequenas quantidades, mas tratando-se de in-grediente indispensável à alimentação cotidiana,as alterações no preço do sal praticamente emnada afetam sua procura. Entre os bens de de-manda inelástica, encontram-se também algunsprodutos de luxo, utilizados pela camada maisrica da população, que continua comprando es-ses artigos, mesmo que os preços se elevem bas-tante. Os bens de demanda fortemente elásticasão aqueles que não são indispensáveis à sub-sistência da população, sendo geralmente utili-zados pelos setores médios da sociedade. Sele-cionados cuidadosamente pelos consumidores,uma elevação do preço desses artigos acarretaimediata diminuição da demanda. Demandafortemente elástica caracteriza também os arti-gos que podem ser, sem problemas, substituídos

por outros produtos similares. Existem duas ca-tegorias de elasticidade: 1) elasticidade perfeita,quando uma diminuta mudança nos preços pro-voca grande alteração no consumo; 2) elasticidadeimperfeita, quando uma mudança no preço nãointerfere na quantidade do consumo. A elasti-cidade também pode ser definida de forma ma-temática, como medida da força de reação deuma grandeza econômica tomada como variávelindependente. Assim, a reação de uma grande-za, quando a outra se altera, é expressa pelavariação relativa da variável independente. Seduas grandezas econômicas, a e b, se relacionamsegundo a equação b = f(a), designa-se por N aelasticidade de a em relação a b. O conceito deelasticidade estendeu-se a outros campos do es-tudo econômico, passando a englobar a elasti-cidade de custos, a elasticidade-renda, a elasti-cidade de produção e outras. Atualmente, é bas-tante utilizado em estudos de mercado, espe-cialmente naqueles onde há uma preocupaçãocom a análise da procura, que engloba a elasti-cidade-preço, a elasticidade-renda e a elastici-dade mista. Nesses casos, tomando-se o preçocomo variável dependente da demanda ou daoferta, pesquisa-se a elasticidade do preço emrelação à oferta e à demanda. Em alguns estudosteóricos, é utilizado o conceito de elasticidade desubstituição, que é a relação entre as variaçõesrelativas dos preços e quantidades de dois bensde consumo ou dois fatores de produção.

ELASTICIDADE CRUZADA DA DEMAN-DA. É a variação na quantidade demandada deum produto provocada pela alteração de preçode outro produto. Ela é estimada de acordo coma seguinte equação:

dQi Qi

. 100 ÷ dPj Pj

. 100 = dQiPj dPjQi

onde Qi é a quantidade do produto i, e Pj é opreço do produto j. As variações nas quantida-des e preços estão representadas por d. Se osprodutos i e j forem substituíveis, a elasticidadecruzada será positiva, pois uma redução no pre-ço do produto j resultará na queda da demandado produto i, na medida em que i será substi-tuído por j. Se os bens forem complementares,a elasticidade cruzada será negativa. Se não hou-ver relação entre os produtos i e j, a elasticidadecruzada será zero. Veja também Elasticidade deSubstituição.

ELASTICIDADE DA DEMANDA. Medida davariação na demanda de uma mercadoria. A de-manda, considerada a quantidade de certa mer-cadoria comprada por unidade de tempo, de-pende de alguns fatores: do preço da mercado-ria, da renda do consumidor, do preço de outrasmercadorias, do gosto do consumidor, entre ou-

199 ELASTICIDADE DA DEMANDA

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tros. Quando há qualquer mudança num dessesfatores, ocorre variação na quantidade compra-da da mercadoria na unidade de tempo em ques-tão. A elasticidade da procura mede a variaçãorelativa da quantidade comprada na unidade detempo, quando ocorre uma variação em um dosfatores citados anteriormente, mantendo-se cons-tantes os demais. Em vista disso, mede-se a elas-ticidade-preço da demanda, a elasticidade-rendada demanda e outras variáveis. Veja tambémDemanda.

ELASTICIDADE DE SUBSTITUIÇÃO. Medi-da que serve para determinar o grau de facili-dade ou dificuldade com que os consumidoressubstituem uma mercadoria por outra, o mesmoocorrendo com os produtores diante do empre-go dos mais diversos fatores de produção. Ograu de elasticidade de substituição de umamercadoria é representado pelo resultado da di-visão da mudança proporcional, na qual as duasmercadorias se combinam, pela mudança pro-porcional na relação de suas utilidades margi-nais. Quando o resultado da divisão é elevado(alta elasticidade de substituição), significa quegrandes mudanças nas proporções combinadaslevariam a uma pequena mudança na utilidademarginal relativa. Quanto aos fatores de produ-ção, a elasticidade de substituição é encontradaquando se divide a mudança proporcional narelação de combinação de dois fatores pela mu-dança proporcional na relação de suas produti-vidades marginais físicas. Um resultado alto in-dica um elevado índice de substituição entre osfatores considerados, enquanto um baixo valorrevela uma baixa tendência à substituição.

ELASTICIDADE-EMPREGO. Coeficiente quemede a sensibilidade do emprego, isto é, suasvariações diante das alterações da produção emcada setor ou numa economia como um todo.Por exemplo, se o produto industrial aumentar5% e o nível de emprego na indústria apenas1%, estaremos diante de uma situação de ine-lasticidade. Este conceito tem ganho importân-cia na mesma medida que o crescimento doproduto (especialmente o industrial) nos paí-ses mais desenvolvidos tem sido realizado, nosúltimos anos, com um aumento do empregomuito pequeno.

ELASTICIDADE-PREÇO. Relação entre a va-riação relativa na quantidade procurada ou ofer-tada de um bem e uma variação relativa de seupreço. O coeficiente de elasticidade-preço da de-manda pode ser obtido dividindo-se a variaçãopercentual dos seus preços. Caso o coeficienteseja maior do que 1, a procura é dita elástica,ou seja, uma variação percentual no preço re-sultará numa variação percentual maior naquantidade procurada. Se o coeficiente for igual

a 1, a demanda tem elasticidade unitária — ha-verá a mesma variação percentual na quantida-de demandada e no preço. Quando o coeficienteé menor que 1, a demanda é inelástica — umavariação percentual no preço resulta numa va-riação percentual menor na quantidade deman-dada. De modo semelhante, o coeficiente da elas-ticidade-preço da oferta é obtido pela divisão davariação percentual da quantidade ofertada pelavariação percentual dos preços. Assim, haveráoferta com elasticidade unitária quando o coefi-ciente for igual a 1; oferta elástica, quando elefor maior que 1, e oferta inelástica, quando formenor que 1. Veja também Oferta.

ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA.Medida da variação na quantidade demandadade um bem quando a renda do consumidor éalterada, mantendo-se constantes todos os ou-tros fatores que influenciam a demanda. Paraobter o coeficiente de elasticidade-renda da de-manda, divide-se a variação percentual da quan-tidade demandada pela variação percentual narenda do consumidor. Caso o coeficiente sejanegativo, o bem é chamado inferior e apresentaráqueda na demanda quando houver aumento narenda do consumidor; é o que acontece, porexemplo, com a margarina, cuja demanda dimi-nui quando a renda do consumidor aumenta eele prefere adquirir manteiga. Se o coeficientefor positivo, o bem é chamado normal, e quandoocorre um acréscimo relativo na renda, a de-manda também se eleva em termos relativos; éo que sucede com os bens de luxo e os chamadossupérfluos. Veja também Demanda.

ELECTRO. Liga de ouro e prata encontrada di-retamente na natureza. Esta liga foi muito usadana fabricação de moedas na Antiguidade, e asproporções de cada metal eram aproximada-mente de 75% de ouro e 25% de prata. A corda liga era amarelo-pálido.

ELECTRONIC BANKING. Expressão em in-glês que significa a forma de transferência defundos entre bancos ou instituições financeiraspor meio de sinais eletrônicos em vez de ins-trumentos como cheques, certificados de depó-sito etc.

ELEFANTE BRANCO. Expressão de uso muitoamplo, mas que, aplicada aos negócios, designaempreendimento inviável do ponto de vista eco-nômico-financeiro, por serem suas despesasmuito superiores às receitas possíveis. O termotem origem no balanço entre o que custa manterum elefante e os rendimentos que podem serextraídos dele mediante sua atividade.

ELETROBRÁS — Centrais Elétricas Brasilei-ras S.A. Empresa estatal brasileira criada em

ELASTICIDADE DE SUBSTITUIÇÃO 200

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25/4/1961, vinculada ao Ministério das Comu-nicações e com sede em Brasília. Controla de-zesseis empresas estatais subsidiárias e partici-pa, como acionista, de vinte empresas controla-das por governos estaduais e organismos regio-nais. É o órgão responsável pela execução dapolítica nacional de energia elétrica, contandopara isso com recursos internos e externos.

ELIGIBLE INTEREST PAPER. Veja Bradies.

ELIGIBLE PAPER. Expressão em inglês que sig-nifica ativos financeiros que um Banco Centralestá disposto a comprar (redescontar) ou aceitarcomo garantia de empréstimos em circunstân-cias especiais em suas negociações com deter-minadas instituições, geralmente do setor pri-vado. Veja também Bradies.

ELISÃO FISCAL. Método que empresas encon-tram, amparadas nos desvãos da legislação, paranão pagar impostos ou pagar menos do que de-veriam. Isto se deve ao fato da legislação per-mitir brechas, ou interpretações que são apro-veitadas especialmente por grandes empresas,ou conglomerados.

ELITE. Minoria influente que toma as decisõesno interior de uma classe ou grupo social. Dis-tinguem-se várias elites, abrangendo os mem-bros dos grupos ocupacionais que possuem sta-tus elevado no conjunto da sociedade: a elite po-lítica, a elite intelectual, a elite empresarial e a elitemilitar estão entre as mais poderosas. O conceitode elite nas ciências políticas e sociais foi par-ticularmente estudado pelos sociólogos italianosVilfredo Pareto e Gaetano Mosca, no início doséculo XX. Para eles, a elite seria formada porindivíduos superiores, socialmente bem organi-zados. Ambos se preocuparam especificamentecom a análise das elites políticas, controladorasdo poder e donas de todas as vantagens pro-porcionadas pela função. Opunham-se, dessaforma, às teorias que centralizavam a análise po-lítica e social no mecanismo das classes sociaise no conflito existente entre elas. Atualmente, oestudo das elites relaciona-se com a complexi-dade das chamadas sociedades de massa, queabrigam poderosas organizações burocráticas(empresas oligopólicas, partidos políticos, sin-dicatos, meios de comunicação de massa e or-ganizações estatais). Todas essas organizaçõesseriam dominadas por elites específicas. O so-ciólogo Wright Mills, analisando a sociedadenorte-americana em seu livro As Elites do Poder,distingue três elites fundamentais — dirigentesde empresas, líderes políticos e chefes militares —,todas basicamente recrutadas no interior domesmo estrato social e unificadas em torno deobjetivos comuns. Outros sociólogos norte-ame-ricanos distinguem cinco tipos de elite que ha-

bitualmente assumiram a liderança do processoeconômico: elite dinástica, proveniente da aristo-cracia agrária (caso do Japão); elite de classe média,composta de membros de uma nova classe em-presarial (Inglaterra e Estados Unidos); intelec-tuais revolucionários de tendência socialista (ex-União Soviética, China, Cuba); administradorescoloniais, representantes do poder metropolitanonas colônias (África e Ásia); e líderes nacionalistas,recrutados no interior das camadas superioresou nas Forças Armadas de países em desenvol-vimento (Egito, Líbia).

ELs (Eligible Interest Bonds). Veja Bradies.

EM ESPÉCIE. Veja In Natura.

EMBARGO. Em termos jurídicos, embargo é oimpedimento, obstáculo ou embaraço judicialutilizado por uma pessoa para evitar uma açãode outra que seja prejudicial a seus interessesou direitos. Compreende desde a suspensão dedespachos ou sentenças judiciais até a interdiçãode bens, com o conseqüente arresto ou seqüestrodos mesmos. Pode ser uma forma de defesa dequem é executado por dívida ou obrigação, oudo executante, para garantir bens suficientespara o pagamento de uma dívida da qual é cre-dor. No âmbito internacional, é a suspensão docomércio ou do crédito entre dois países comoforma de pressão econômica e/ou política. OsEstados Unidos utilizaram e continuam utilizan-do esta arma em maior ou menor grau contraCuba, contra a ex-União Soviética (quando de-terminaram o embargo à venda de cereais àquelepaís em represália à invasão do Afeganistão) econtra a África do Sul, devido à política do apar-theid praticada pelos governos até a eleição dopresidente Nelson Mandela. Veja também Blo-queio; Apartheid.

EMBARGO DE PRÍNCIPE. Veja Fato do Prín-cipe.

EMBRAER — Empresa Brasileira de Aeronáu-tica S.A. Sociedade de economia mista dedicadaà fabricação de aviões e que, em 1982, situava-seentre as dez maiores fabricantes do mundo nosetor de aviação geral. Possui filiais na Françae nos Estados Unidos, e até 1982 tinha produzido2 915 aparelhos. O governo federal detém 51%do capital flutuante e 8% do capital integraliza-do. Criada em 1968, sob supervisão do Minis-tério da Aeronáutica (ao qual está vinculada), aempresa tem sede em São José dos Campos (SP).Resultou das atividades de um grupo de enge-nheiros do Instituto Tecnológico da Aeronáutica(ITA), que projetou e desenvolveu os aviõesBandeirante e Xavante, grandes sucessos comer-ciais da aviação brasileira. Com produção nor-mal iniciada em 1973, o Bandeirante, turboélicepara vinte lugares, fazia parte, em 1982, das li-

201 EMBRAER

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nhas comerciais de mais de vinte países. Outrossucessos de vendas da Embraer são o avião mi-litar de treinamento Tucano e o avião agrícolaIpanema. Em 1985, a empresa iniciou a operaçãocomercial do Brasília, um turboélice para trintalugares, o maior modelo a ser construído no paíse do qual se projeta uma versão militar parapatrulhamento marítimo e transporte de tropas.Também se encontram em desenvolvimentoversões do jato de ataque AM-X, em conjuntocom as indústrias italianas Aermacchi e Aerita-lia. As dificuldades financeiras durante os anos90 levaram a sua privatização em 1994, quandofoi adquirida por um consórcio formado pelogrupo Bozano Simonsen, Sistel (fundo de pre-vidência da Telebrás), Previ (fundo de previdên-cia do Banco do Brasil), a Fundação Cesp e oClube de Investimentos dos Empregados daprópria Embraer.

EMBRAFILME — Empresa Brasileira de Fil-mes S.A. Sociedade de economia mista criadaem 1969 pelo decreto-lei nº 862, em substituiçãoao Instituto Nacional do Cinema. A criação daempresa teve como objetivo incentivar o desen-volvimento da indústria cinematográfica nacio-nal sob os aspectos técnico, artístico e cultural,mediante a concessão de financiamento, de co-mercialização, distribuição e divulgação dos fil-mes no mercado interno e externo, assim comoo registro dos aspectos socioculturais do país,por meio de pesquisa, prospecção, recuperaçãoe conservação de filmes, além da produção edifusão de filmes educativos, técnicos e cientí-ficos. A Embrafilme, assim como outras autar-quias do governo federal, foi extinta em 15/3/1990,segundo medida provisória de nº 151, posterior-mente aprovada pelo Congresso como parte deum plano de estabilização financeira que visava,entre outras medidas, diminuir a participaçãodo Estado em várias atividades.

EMBRAMEC. Veja BNDESPAR — BNDESParticipações S.A.

EMBRATEL — Empresa Brasileira de Teleco-municações S.A. Empresa de economia mista,constituída em setembro de 1965 pelo governofederal com a finalidade de implantar e explorarindustrialmente os serviços de telecomunicaçõ-es. É uma sociedade por ações, de cujo capitalpodem participar somente a União (com 51%obrigatoriamente), bancos e empresas governa-mentais. Até 1972, estava diretamente ligada aoMinistério das Comunicações. Com a criação daTelebrás, tornou-se uma subsidiária dessa em-presa, transferindo-lhe os recursos do FundoNacional de Telecomunicações. A Embratel cen-traliza nacionalmente o controle sobre os servi-ços de telefones, telegrafia, telex, transmissão dedados, transmissão radiofônica de alta-fidelida-

de (FM, por exemplo) e televisão. A partir de1967, a empresa instalou troncos de microondasde alta capacidade ligando todos os Estados doBrasil e a estação do sistema internacional decomunicações via satélite. Em 1975, a Embratelintegrou o país ao sistema internacional de dis-cagem direta (DDI). No mesmo ano, a instalaçãode novos equipamentos colocava o Brasil entreos cinco maiores usuários do sistema interna-cional de comunicações via satélite. Veja tam-bém Informática.

EMBRATER — Empresa Brasileira de Assis-tência Técnica e Extensão Rural. Empresa pú-blica vinculada ao Ministério da Agricultura, foicriada em junho de 1974 com o objetivo de pro-mover, estimular e coordenar programas visan-do à difusão nas áreas rurais de conhecimentosagrícolas econômicos e sociais. Da mesma formaque a Embrafilme e outras autarquias, a Embra-ter foi extinta em 15/3/1990, segundo medidaprovisória de nº 151, mais tarde referendadapelo Congresso como parte de um programa dediminuição das atividades econômicas do go-verno federal.

EMBRATUR — Empresa Brasileira de Turis-mo. Entidade governamental criada em 1966com o objetivo de incentivar a indústria turísticano país. A atuação da Embratur faz-se por meiode incentivos fiscais à iniciativa privada paraconstrução e aperfeiçoamento da infra-estruturaturística do país e do controle de qualidade dosserviços de interesse turístico. Além de incenti-vos fiscais, o governo participa também com in-vestimentos no setor, obtidos do Imposto deRenda das pessoas jurídicas.

EMH. Iniciais da expressão em inglês efficientmarket hypothesis, que significa Hipótese do Mer-cado Eficiente. Veja também Hipótese do Mer-cado Eficiente.

EMISSÃO FIDUCIÁRIA. Emissão de papel-moeda cujo valor de face não corresponde a umareserva real de ouro ou outro metal precioso. Otermo “fiduciária”, que se aplica hoje pratica-mente a todo o papel-moeda em circulação nomundo (e também às moedas constituídas demetal não precioso), refere-se à “fé” ou “con-fiança” (do latim fides e fiducia) que merece oemissor do papel-moeda. A generalização dasemissões fiduciárias em todo o mundo decorreudo gradativo declínio do padrão-ouro e do pa-drão câmbio-ouro. Veja também Fiat Money;Moeda Fiduciária; Padrão Câmbio-ouro; Pa-drão-ouro.

EMISSOR. País, autoridade monetária ou ins-tituição responsável pela emissão e colocação demoeda (metálica ou papel-moeda) em circula-ção. Entre essas instituições no Brasil, destacam-

EMBRAFILME 202

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se em cada época os bancos, o Tesouro Nacional,o Banco Central e as Caixas de Conversão e deEstabilização.

EMITENTE. Pessoa física ou jurídica responsá-vel pela emissão de um título (em geral nego-ciável) como cheque, nota promissória, duplica-ta, ação etc. e por seu pagamento na data dovencimento.

EMPENHO. Termo utilizado na área de admi-nistração e finanças públicas para designar ocompromisso de pagamento, no caso assumidopelo governo, dentro dos limites determinadosdas dotações orçamentárias e utilizados em con-dições específicas. Emanado por autoridadecompetente, cria obrigação de pagamento paraa administração governamental.

EMPENHO ESTIMATIVO. Ato gerador de o-brigação para o governo, referente a pagamentosde despesas cujo montante não se pode previa-mente determinar.

EMPENHO GLOBAL. Ato gerador de obriga-ção para o governo, referente a pagamento dedespesas contratuais sujeitas a parcelamento deserviços periódicos ou de base mensal.

EMPENHO ORDINÁRIO. Ato gerador de o-brigação para o governo, referente a pagamentode despesas cujo montante pode ser previamen-te determinado.

EMPIRISMO. Doutrina filosófica segundo aqual a origem de todo o conhecimento é a ex-periência sensível. Opõe-se ao racionalismo,para o qual a origem do conhecimento é a pró-pria razão. Encontrado já na Antiguidade grega,entre os sofistas e outros filósofos, o empirismodesenvolveu-se na Idade Moderna a partir deFrancis Bacon (1521-1626). Grandes filósofos em-piristas foram John Locke (1632-1704), GeorgeBerkley (1685-1753) e David Hume (1711-1776).No século XIX, o filósofo e economista StuartMill (1806-1873) foi seu maior representante. Noséculo XX, o empirismo assumiu novas formas,constituindo o chamado empirismo lógico, deBertrand Russel (1872-1970) e outros. No terrenoda economia, o empirismo e o racionalismo apa-recem como base metodológica dos especialistasque tendem a privilegiar ora uma ora outra des-sas posições.

EMPREENDIMENTO. Veja Empresa.

EMPREGO. Em sentido amplo, é o uso do fatorde produção por uma empresa. Estritamente, éa função, o cargo ou a ocupação remuneradaexercida por uma pessoa. A oferta total de em-pregos que um sistema econômico pode pro-porcionar depende do que se produz, da tecno-logia empregada e da política econômica gover-

namental e empresarial. Numa economia demercado, distinguem-se três categorias entre apopulação economicamente ativa: empregado-res, empregados e trabalhadores autônomos. Osempregadores e, por vezes, os autônomos sãoaqueles que possuem capital próprio, ou tomadode empréstimo, que lhes permite empregar ou-tras pessoas. Já os empregados não precisam dis-por de recursos próprios, apenas de sua capa-cidade de trabalho e de algum empregador queirá contratá-los. O nível de emprego consiste narelação entre aqueles que podem e desejam tra-balhar e os que efetivamente o conseguem, istoé, aqueles que, em tese, são necessários para criaro produto social. Os que possuem condições fí-sicas ou mentais e desejo de enquadrar-se nadivisão social do trabalho constituem a ofertada força de trabalho. Essa oferta depende dasituação econômica e social do país. Os aspectossociais influem na oferta da força de trabalhona medida em que determinam a idade em queuma pessoa estaria habilitada ao desempenhode determinada atividade, a participação dasmulheres no trabalho, o prestígio conferido acertas funções, entre outros fatores. A procurade força de trabalho é o resultado da demandade bens e serviços, do volume de mão-de-obranecessário para produzi-los e do grau em quea capacidade de produção das empresas é uti-lizado. Todos esses fatores — e o nível de em-prego em geral — dependem da existência deuma demanda de consumo por parte da popu-lação. Se essa demanda for relativamente baixa,parte da capacidade instalada das empresas fi-cará ociosa e parte da força de trabalho, desem-pregada. Para evitar que isso aconteça, os go-vernos de países capitalistas adotam certas me-didas para elevar o consumo de mercadorias eserviços, de modo que a economia seja condu-zida à situação de pleno emprego, na qual todosos que têm capacidade, aptidão e desejo de tra-balhar possam efetivamente fazê-lo. Veja tam-bém Emprego; Desemprego.

EMPREGO, Conselho Nacional de. Órgão in-terministerial ligado às áreas econômica e sociale coordenado pelo Ministério do Trabalho. Cria-do em maio de 1977, o Conselho tem a funçãode orientar as ações do governo e traçar umapolítica de emprego para todo o país. Os dadospara isso são fornecidos pelo Sistema Nacionalde Emprego (Sine).

EMPRESA. Organização destinada à produçãoe/ou comercialização de bens e serviços, tendocomo objetivo o lucro. Em função do tipo deprodução, distinguem-se quatro categorias deempresas: agrícola, industrial, comercial e financei-ra, cada uma delas com um modo de funciona-mento próprio. Independentemente da natureza

203 EMPRESA

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do produto, a empresa define-se por seu estatutojurídico, podendo ser pública, privada ou de eco-nomia mista. Uma empresa pode ser organizadade várias formas, dependendo da maneira comoo capital se divide entre os proprietários. Naspequenas e médias empresas, a direção é, habi-tualmente, entregue aos proprietários. Já nasgrandes empresas, é freqüente a contratação deadministradores profissionais para dirigi-las. Aspequenas e médias empresas organizam-se naforma de sociedades por cotas, com responsabili-dade limitada ou não, ou sob a forma de socie-dades anônimas de capital fechado. As grandes em-presas organizam-se geralmente na forma de so-ciedades anônimas de capital aberto, com ações (co-tas unitárias) livremente negociáveis nas Bolsasde Valores. Veja também Administração.

EMPRESA PRIVADA. Organização pertencen-te a indivíduos ou grupos, que produz e/ou co-mercializa bens ou serviços com o objetivo delucro. Apesar do crescente aumento da ingerên-cia estatal nas atividades econômicas, a empresaprivada predomina nos grandes países capita-listas, cuja economia se assenta na instituiçãoda propriedade privada. Veja também Econo-mia Mista; Estatismo; Livre-Empresa.

EMPRESA PÚBLICA. Organização que se des-tina a garantir a produção de bens e serviçosfundamentais à coletividade (transporte, energiaelétrica, combustível etc.). É criada por lei e éde responsabilidade do Estado. Os contratos, aorganização da empresa, os métodos de finan-ciamento, de contabilidade etc. seguem as nor-mas do direito privado, o que lhes permite agirde acordo com princípios comerciais. Em geral,a empresa pública é dirigida a atividades querequerem investimentos muito elevados e apre-sentam retorno lento, sendo por isso pouco atra-tivas para a iniciativa particular. Ao mesmo tem-po, a empresa pública costuma ter asseguradoo monopólio de sua atividade. Veja tambémEconomia Mista; Estatismo.

EMPRESA RURAL. Veja Estatuto da Terra.

EMPRESA SUBSIDIÁRIA. Veja Subsidiária.

EMPRESÁRIO. Pessoa ou grupo de pessoas queinicia e/ou administra uma empresa, assumindoa responsabilidade por seu funcionamento e efi-ciência. Encarrega-se de reunir e coordenar osfatores de produção no processo produtivo, ava-liar os mecanismos de oferta e demanda e as-sumir os riscos inerentes ao empreendimento.É quem cuida do suprimento de capital, comprae combina os insumos e decide o nível da pro-dução. No início da Revolução Industrial e du-rante boa parte da primeira metade do séculoXIX, o papel do empresário confundia-se com

o do capitalista, dono da empresa. A busca demaior produtividade, a crescente diversificaçãodo mercado e o rápido progresso tecnológicofizeram com que as empresas se tornassem cadavez mais complexas, o que resultou numa maiordivisão do trabalho e na intensa participação detécnicos especializados. Delegando poderes, oproprietário das grandes firmas atua como umjuiz das decisões dos quadros superiores, dei-xando de ser dono-administrador para ser ape-nas dono. O administrador, por seu lado, só éconsiderado empresário quando assume os ris-cos do empreendimento (por participação no ca-pital e nos lucros, por exemplo). Veja tambémGerencialismo.

EMPRESAS COLIGADAS. Empresas juridica-mente independentes, mas cuja direção pertenceaos mesmos sócios. Isso ocorre quando esse con-junto de sócios detém um percentual de parti-cipação suficiente para assegurar o comando daempresa.

EMPRESAS DE CAPITALIZAÇÃO. Instituiçõesfinanceiras que oferecem ao público um tipo depoupança — os títulos de capitalização — no qualse assume o pagamento de pequenas parcelasmensais. O reembolso do capital é geralmentefeito após períodos superiores a dez anos; entãoo portador do título recebe a quantia estabele-cida, acrescida de juros. Esses rendimentos cos-tumam ser inferiores aos pagos pelas cadernetasde poupança, mas os portadores de títulos decapitalização concorrem mensalmente a prêmiosem dinheiro.

EMPRESAS ESTRANGEIRAS. São aquelas so-ciedades que não possuem a sede de sua admi-nistração (a matriz) no Brasil. Dependem de au-torização do governo federal para que suas fi-liais, sucursais, subsidiárias ou agências operemno Brasil. No entanto, como tais empresas po-derão sempre se associar a empresas brasileiras,basta que tal ocorra para que as empresas pos-sam superar este obstáculo e se instalar em ter-ritório nacional sem a necessidade de pedidode autorização ao governo brasileiro.

EMPRESAS FORMA-U. Empresas nas quais oprocesso de decisão está centralizado num gru-po superior de executivos cujas responsabilida-des funcionais aplicam-se a tudo o que a em-presa produz. Esta forma de organização geral-mente é característica de pequenas e médias em-presas. Quando aplicada a grandes, geralmenteprovoca uma perda de controle.

EMPRÉSTIMO. Quantia de dinheiro obtidacom o compromisso de devolução ao fim de de-terminado prazo, mediante remuneração (juro).

EMPRÉSTIMO AMARRADO. Veja CréditoContingente.

EMPRESA PRIVADA 204

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EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. É aquele pre-visto no artigo 148 da Constituição, que reza oseguinte: “A União, mediante lei complementar,poderá instituir empréstimos compulsórios, a)para atender a despesas extraordinárias, decor-rentes de calamidade pública, de guerra externaou de sua iminência; b) no caso de investimentopúblico, de caráter urgente e de relevante inte-resse nacional, observado o disposto no artigo150”. No parágrafo único, lê-se o seguinte: “Aaplicação dos recursos provenientes de emprés-timo compulsório será vinculada à despesa quefundamentou sua instituição”.

EMPRÉSTIMO-JUMBO. Denominação dada aum empréstimo quando este ultrapassa a cifrade 1 bilhão de dólares. Geralmente, é concedidopor um consórcio (syndicate) de bancos, uma vezque seria uma quantia muito grande para as dis-ponibilidades de apenas um banco. O Brasil jáobteve empréstimos dessa natureza a partir de1982, em função da crise de seu balanço de pa-gamentos e da dívida externa. Veja também Ba-lanço de Pagamentos; Dívida Externa; Exposu-re; Syndicate.

EMPRÉSTIMO COLATERAL. Empréstimo decurto prazo em relação ao qual o devedor de-positou junto ao credor algum tipo de título co-lateral, como ações, certificados de depósitosbancários etc. que poderá ser vendido no mer-cado se a dívida não for paga no seu vencimento.Veja também Colateral.

EMPRÉSTIMO COMPENSATÓRIO. Recursofinanceiro que cada país sócio-cotista do FundoMonetário Internacional pode obter como cré-dito de emergência, sem necessidade de subme-ter-se às exigências do próprio FMI, para ajustarinternamente sua economia. Para obter o em-préstimo, o país solicitante deve provar que suabalança comercial se encontra em desequilíbriodevido à deterioração da relação de trocas, istoé, à baixa dos preços das exportações e elevaçãodos preços das importações, e que o déficit re-sultante contribuiu para um saldo negativo nobalanço de pagamentos.

EMPRÉSTIMO-PONTE (Bridge Loan). Em-préstimo internacional de emergência, a curtoprazo, feito para que um país possa cobrir ne-cessidades imediatas de pagamento. É semprevinculado a um empréstimo a prazo maior jácontratado e que, ao ser liberado, será usadoem parte para pagar o empréstimo-ponte. Tra-ta-se, portanto, de um mero expediente adotadoenquanto se aguarda a liberação de um crédito.

EMULAÇÃO PECUNIÁRIA. Conceito criadopelo economista e sociólogo norte-americanoThorstein Veblen (1857-1929) em resposta à abs-tração do “homem econômico” e ao processo

econômico que traduz toda a atividade humanaem termos de lucro. Veblen usou o termo aoanalisar os atributos funcionais da moderna clas-se capitalista em sua obra principal, The Theoryof the Leisure Class (A Teoria da Classe Ociosa),1899, na qual desmistifica a maioria dessas fun-ções, apontando seu caráter fictício. Tambémutilizou o termo “cultura pecuniária” para refe-rir-se ao processo mental e às racionalizaçõesde conduta surgidas sob o capitalismo.

ENAP. Iniciais de Escola Nacional de Adminis-tração Pública, organismo vinculado ao Minis-tério da Administração e Reforma do Estado(Mare), tendo por finalidade a formação de ad-ministradores públicos, o treinamento de servi-dores do serviço público federal e a formulaçãode estruturas organizacionais para o melhor de-sempenho dos servidores da União. Sua sedeestá localizada em Brasília.

ENCARGOS SOCIAIS. Conjunto de obriga-ções trabalhistas que devem ser pagas pelas em-presas mensalmente ou anualmente, além do sa-lário do empregado. No Brasil, incluem-se entreos encargos sociais os depósitos feitos no Fundode Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), opercentual da firma devido ao Instituto de Ad-ministração da Previdência e Assistência Social(Iapas), o seguro de vida e o 13º salário. De modogeral, esses encargos podem acarretar para a em-presa um desembolso mensal entre 50 e 90% amais em relação ao salário de cada empregado.Veja também Custo Brasil.

ENCILHAMENTO. Política financeira de estí-mulo à indústria, adotada por Rui Barbosa quan-do ministro da Fazenda (novembro de 1889 ajaneiro de 1891), após a proclamação da Repú-blica. Baseava-se no incremento do meio circu-lante com a criação de bancos emissores (tendocomo lastro não libras-ouro, mas títulos da dí-vida pública), cujos empréstimos teriam de seraplicados apenas no financiamento de novasempresas industriais (e não na agricultura). Porisso, incentivou-se intensamente a criação de so-ciedades anônimas, concitando-se o público ainvestir seu capital na indústria e no comércio.Com créditos, garantias oficiais e um ambientepsicológico favorável, a Bolsa de Valores do Riode Janeiro entrou em intensa atividade e a po-lítica do ministro foi popularmente identificadacom o encilhamento dos cavalos logo antes dalargada na pista dos hipódromos, quando a ati-vidade dos apostadores se torna frenética. Asações em alta rápida e constante faziam a for-tuna de uma infinidade de especuladores. Sur-giram com isso numerosas empresas inexeqüí-veis e mesmo fictícias. O investimento especu-lativo na Bolsa tornou-se um fim em si mesmoe não o que imaginava Rui Barbosa, esperançoso

205 ENCILHAMENTO

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de ver esse dinheiro empregado de fato em ati-vidades industriais produtivas. O resultado foiuma desenfreada espiral inflacionária e de fa-lências. Esses efeitos negativos foram politica-mente usados pelos inimigos de Barbosa, loca-lizados sobretudo na cafeicultura e nas firmasimportadoras, cujos interesses o ministro con-trariara. Rui Barbosa procurara responder às ne-cessidades do mercado nacional, que contavanaquela altura com grande contingente de imi-grantes e, em certa medida, fora ampliado tam-bém com os negros libertos. Seu projeto objeti-vava ainda limitar os privilégios dos cafeiculto-res, que não pagavam impostos territoriais eeram beneficiados por um sistema cambial fixoque transferia para o conjunto da população osprejuízos causados pelas baixas dos preços docafé. Veja também Barbosa, Rui de Oliveira.

ENCLOSURE. Expressão inglesa que significacercamento. A partir do século XVII, na Ingla-terra, passou a designar o processo de elimina-ção dos campos abertos ou pastos comuns me-diante o cercamento de terras, que passaram aconstituir propriedade privada dos landlords. Oprocesso de cercamento provocou a substituiçãode lavouras por pastagens para a produção delã (matéria-prima por excelência da florescenteindústria têxtil inglesa), causando a ruína doscamponeses que antes habitavam essas terras esua migração maciça para as cidades. Veja tam-bém Landlord.

ENCOMENDEROS. Veja Encomienda.

ENCOMIENDA. Durante o período colonial naAmérica Espanhola, a encomienda consistia numaconcessão real que inaugurou o sistema de tri-buto em trabalho. Foi usada primeiro na Espa-nha sobre os mouros vencidos e mais tarde naAmérica Latina sobre os índios nativos. Estestinham de pagar tributo sobre as terras que ha-viam sido concedidas a fidalgos espanhóis. Emtroca, recebiam proteção e instrução cristã. Essesistema destruiu as populações indígenas, espe-cialmente na região do Caribe, o que levou aCoroa espanhola a suprimir o sistema. Depoisde 1542, foi substituído pelo repartimiento, siste-ma em que os índios deveriam prestar serviçosaos conquistadores, seus soldados, oficiais emissionários. Na verdade, tratava-se de um sis-tema de trabalho forçado.

ENCUMBRANCE. Termo em inglês que signi-fica uma obrigação ou gravame que incide sobreuma propriedade imobiliária — como, porexemplo, uma hipoteca —, que reduz o valorlíquido da mesma, ou a parte de valor real queo proprietário tem sobre ela.

ENDIVIDAMENTO. Aumento das dívidas deuma empresa ou governo. O endividamento

pode ser conseqüência de uma necessidade em-presarial (como, por exemplo, a compra de ma-quinário para enfrentar a concorrência) ou deum erro na tomada de decisões (retorno do in-vestimento mais lento do que o esperado, porexemplo, com perda de liquidez para a empre-sa). Na área governamental, acontece a mesmacoisa: a urgência na concretização de uma obrade grande vulto ou um erro no planejamentopodem levar o país a maior endividamento. Emqualquer dos casos (setor privado ou governa-mental), há necessidade de um limite de endi-vidamento, variável segundo o tipo de atividadee composição da dívida. Na área privada, oslimites são estabelecidos pelo bom senso e peladireção da empresa; na área pública, são deter-minados por leis, uma vez que as dívidas pú-blicas afetam de maneira determinante todo ocomportamento econômico da sociedade.

ENDOSSO. Assinatura no verso (do latim in-dorsum, “nas costas”) de um título, pelo qual oproprietário (endossante) transfere sua posse paraoutrem (endossatário). O endosso pode ser embranco (ou incompleto, não-qualificado, subentendi-do), quando o endossante apenas assina sem in-dicar o endossatário; ou em preto (nominativo, ple-no, completo, qualificado, expresso), quando o fa-vorecido é nomeado no título.

ENERGÉTICA, Política. Consiste nas opções re-ferentes à exploração das diferentes fontes deenergia, com base nos recursos energéticos, eco-nômicos e tecnológicos disponíveis. Praticamen-te toda a energia disponível na Terra provém,direta ou indiretamente, da energia solar (98%,99%). Dela se originam as fontes renováveis deenergia, entre as quais a energia elétrica, e asnão-renováveis (carvão, petróleo, gás natural existo). Além da energia solar, há ainda energiageotérmica (calor provocado pela atividade na-tural do urânio e tório existentes no interior daTerra), a energia das marés e a energia nuclear(proveniente de átomos). O desenvolvimentotecnológico condicionou, ao longo do tempo, aspossibilidades de exploração das diferentes fon-tes de energia disponíveis. Em alguns casos, atecnologia se encontra plenamente desenvolvidae então se pode falar de fontes convencionaisde energia (carvão, petróleo, gás natural, energiahidrelétrica, fotossíntese). Em outros casos, a tec-nologia é incipiente, há barreiras econômicas oude padrão de consumo. Fala-se então de fontesnão-convencionais de energia (marés, ventos,xisto, energia geotérmica, fissão nuclear, energiasolar). Por último, há as fontes exóticas, em quea tecnologia ainda não está demonstrada, como,por exemplo, no caso da fusão nuclear. É im-possível também falar de fontes renováveis deenergia (hidrelétrica, fotossíntese) e não-renová-veis ou fósseis (carvão, petróleo, gás natural).

ENCLOSURE 206

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Os países industrializados dependem em largaescala do petróleo, que historicamente substi-tuiu o carvão como principal fonte de energia.A exploração da energia hidrelétrica, por suavez, atingiu seus limites máximos nesses países,com a tecnologia atualmente existente. Prevendoo esgotamento dos recursos energéticos conven-cionais não-renováveis do planeta, e impulsio-nados pela crise do petróleo, esses países inves-tem hoje no aproveitamento de fontes não-con-vencionais e exóticas, particularmente a nuclear.No Brasil, a energia hidrelétrica oferece aindagrandes possibilidades de aproveitamento, poisapenas 20% dos seus 120 milhões de quilowattssão aproveitados atualmente. A fotossíntese,com o Programa Nacional do Álcool, passou aocupar lugar de destaque na política energéticanacional, visando à substituição do petróleo im-portado, visto que as perspectivas de auto-su-ficiência na produção de petróleo são remotas.A utilização da energia nuclear, apesar de já pos-suir um programa em desenvolvimento, esbarranas dificuldades econômicas do país e nos pro-blemas de transferência de tecnologia. A issoacrescentam-se as exigências de maior partici-pação da comunidade científica e da indústrianacional. O consumo de energia per capita noBrasil atual é de 1 quilowatt, prevendo-se queatinja 3 a 4 quilowatts no ano 2000. O consumoatual, nos Estados Unidos, é de aproximada-mente 10 quilowatts. Veja também Fontes deEnergia.

ENERGIA. Veja Energética, Política; Fontes deEnergia.

ENERGIA EÓLICA. Energia obtida mediante odeslocamento dos ventos por meio de moinhos,velame de navios etc.

ENFITEUSE. Contrato que atribui ao titular odireito de explorar um imóvel alheio, sem lhedestruir a essência, mediante o pagamento deum foro anual. O contrato de enfiteuse é per-pétuo e distingue-se dos demais direitos reaisconstituídos sobre coisa alheia por sua ampli-tude: seu detentor tem, além de uso (domínioútil), os direitos de hipotecar, alienar e transmitirpor sucessão hereditária. O proprietário tem, noentanto, o direito de receber, além do foro, olaudêmio, que é uma porcentagem do valor datransação, sempre que o domínio útil é transfe-rido a outra pessoa. Essa porcentagem varia decaso para caso e de cidade para cidade. Geral-mente, as propriedades enfitêuticas são áreas daMarinha, ou pertencentes à Cúria Metropolita-na, ou aos descendentes da família real brasi-leira. Veja também Foro; Laudêmio.

ENGEL, Ernest (1821-1896). Estatístico alemãomais conhecido pela descoberta da Curva (de

Engel) e das leis que também levam seu nome.Seus primeiros estudos em conjunto com o so-ciólogo francês Frédéric Le Play versaram sobrea composição das despesas das famílias. Os da-dos obtidos levaram Engel a acreditar na exis-tência de uma relação entre a renda familiar eos gastos com alimentação. Esta foi uma das pri-meiras relações funcionais estabelecidas quanti-tativamente em economia. Engel observou tam-bém que as famílias com renda mais elevadatendiam a gastar mais com alimentação, mas quea participação desses gastos na renda variavade forma inversa à magnitude desta. Ou seja,com o aumento da renda diminuía proporcio-nalmente a despesa com alimentação, mesmoque esta crescesse de forma absoluta. Trata-seda lei mais importante de Engel. Por exemplo,no caso brasileiro, ela pode ser observada noexame dos resultados da Pesquisa Nacional porAmostragem Domiciliar (PNAD) de 1974: en-quanto as famílias mais pobres gastavam 62,8%de sua renda com alimentação, as mais ricas uti-lizavam apenas 6,3%, para uma média nacionalde 25,3%. No entanto, os mais ricos despendiamcerca de oito vezes mais com alimentação doque os mais pobres em termos absolutos. Estaregularidade estatística levou Engel a inferirque, no processo de desenvolvimento econômi-co, a participação relativa da agricultura tende-ria a diminuir na renda nacional. Mediante atabulação de uma pesquisa entre famílias ope-rárias belgas em 1857, Engel foi o primeiro amostrar que as despesas familiares com alimen-tação dependiam da renda ou da despesa totalrealizada. A representação gráfica dessa tendên-cia tornou-se conhecida como Curva de Engel.Entre 1860 e 1882, Engel dirigiu o Instituto Es-tatístico da Prússia, em Berlim, e em 1885 foium dos fundadores do Instituto Estatístico In-ternacional.

ENGELS, Friedrich (1820-1895). Pensador ale-mão, colaborador de Karl Marx na elaboraçãodos princípios do socialismo científico e do ma-terialismo histórico. Abordou temas de filosofia,história, etnologia, ciências naturais, estratégiamilitar e economia política. Filho de um rico in-dustrial alemão de Manchester (Inglaterra), seustrabalhos sobre economia antecedem as pesqui-sas de Marx sobre o modo de produção capita-lista. Em 1843, escreveu o artigo Umrisse zur Kri-tik der Nationalökonomie (Esboços para uma Crí-tica da Economia Política), considerado porMarx — que só conheceria o autor no ano se-guinte — uma obra profunda, que influenciariasua teoria econômica. Em Die Lage der arbeitendenKlasse in England (A Situação da Classe Operáriana Inglaterra), 1845, trabalho pioneiro de pes-quisa de campo, Engels analisa as conseqüênciassociais da Revolução Industrial nas condições

207 ENGELS, Friedrich

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de vida dos operários (condições que o levariama tornar-se partidário de uma solução comunistadesde 1845). Publicou com Marx Die deutscheIdeologie (A Ideologia Alemã), 1845/1846, e Dieheilige Familie (A Sagrada Família), 1845. Às vés-peras do movimento revolucionário europeu de1848, ambos publicaram Das kommunistische Ma-nifest (O Manifesto Comunista). Sozinho, publi-cou ainda Der deutsche Bauernkrieg (A GuerraCamponesa na Alemanha), 1850; Anti-Dühring,1877; Der Ursprung der Familie, des Privateigen-tums und des Staates, 1884 (A Origem da Família,da Propriedade e do Estado); Ludwig Feuerbachund das Ende der Klassischen deutschen Philosophie(Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia ClássicaAlemã), 1888; Die Entwicklung des Sozialismus vonder Utopie zur Wissenschaft (Do Socialismo Utó-pico ao Socialismo Científico), 1892. Colaborouintensamente na redação do Livro Primeiro deO Capital, de Marx. Depois da morte do amigo,editou os livros Segundo e Terceiro da mesmaobra, com numerosas notas explicativas, alémde redigir o capítulo “Rotação do Capital”, doqual Marx deixara apenas o título. Como reco-nhecimento da contribuição de Engels à teoriaeconômica de Marx, passaram a ser editados,como apêndice de O Capital, dois trabalhos eco-nômicos de sua autoria: Lei do Valor e Taxa deLucro e A Bolsa. Veja também Marx, Karl Hein-rich.

ENGENHARIA HUMANA. Veja Ergonomia.

ENGENHARIA INDUSTRIAL. Termo utiliza-do, no Brasil, em três sentidos: engenharia deprodução, engenharia especializada em um se-tor industrial e engenharia de fábrica. A enge-nharia de produção ocupa-se com a otimização doaproveitamento dos recursos produtivos de umaempresa. Projeta, amplia, modifica e avalia o de-sempenho de homens, máquinas e equipamen-tos. Trata normalmente do arranjo físico dos pré-dios, disposição interna etc. A engenharia espe-cializada restringe-se a setores particulares da in-dústria. A especialização tornou-se imprescin-dível devido ao desenvolvimento tecnológico,pois cada ramo industrial possui tecnologia pró-pria, sendo que, em alguns casos, há apenas ummétodo para produzir determinado produto. Aengenharia de fábrica está ligada essencialmenteà operação dos sistemas de apoio. Ocupa-se coma instalação e manutenção de máquinas e equi-pamentos, conservação e limpeza de prédios evias de acesso, instalação, operação e manuten-ção dos serviços de utilidade geral, como energiaelétrica, água, esgotos, ventilação etc.

ENGENHARIA SOCIAL. Matéria que trata daorganização e transformação de comunidadessocioeconômicas segundo uma ação central di-rigida, voltada para determinados objetivos. A

criação do termo é atribuída aos pensadores nor-te-americanos Roscoe e Pound, mas uma for-mulação mais elaborada foi proposta por KarlPopper, que parte de princípios inerentes à en-genharia técnica ou à mecânica aplicados às re-lações sociais.

ENIAC. Denominação do primeiro computadorfabricado nos Estados Unidos, em 1946, para asForças Armadas daquele país. A sigla Eniac écomposta pelas iniciais da expressão electronicnumeric integrator computer (computador e inte-grador numérico eletrônico), que pesava 24 to-neladas e tinha 24 m de comprimento. Esse pri-meiro computador rudimentar foi inventado pe-los engenheiros John Mauchty e Prosper Eckert.Ele consumia uma quantidade enorme de ener-gia elétrica e esquentava muito, o que tornavasua operacionalidade muito complicada.

ENSAIO. Ato de avaliar um metal precioso emtermos de seu peso e pureza (toque). Veja tam-bém Toque.

ENTENTE CORDIALE. Expressão do campoda política internacional e da diplomacia quesignifica um acordo ou um pacto de interessesentre duas ou mais nações.

ENTESOURAMENTO. Veja Preferência pelaLiquidez; Propensão a Poupar.

ENTRADAS. Veja Bandeiras.

ENTREPOSTO. Grande centro de armazena-gem de mercadorias originárias do exterior e quedevem ser reexportadas, estando isentas de ta-xas alfandegárias. Destacam-se atualmente,como grandes entrepostos mundiais, os portoseuropeus de Roterdã e Antuérpia.

ENTROPIA. Significa a tendência à perda, à de-sintegração e à desorganização. O reverso da se-gunda lei da termodinâmica é a entropia nega-tiva (ou negentropia), ou seja, o suprimento deinformação adicional (ou elementos adicionais)capaz não apenas de repor as perdas, mas de pro-porcionar integração e organização nos sistemas.

ENTROPIA NEGATIVA. Veja Entropia.

ENVIRONMENT. Termo em inglês que signi-fica “entorno”, aplicado geralmente no sentidode meio ambiente, e relacionado com a ciênciada ecologia.

E&OE. Iniciais da expressão em inglês Errorsand Omissions Excepted, que significa “salvo errose omissões”. Se esta declaração aparece comonota de um documento contendo dados finan-ceiros, isso significa que os mesmos não são ne-cessariamente precisos, estando sujeitos a errose omissões.

ENGENHARIA HUMANA 208

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EOM. Iniciais da expressão em inglês end ofmonth, que significa “fim do mês”, geralmenteutilizada para determinar a época de um paga-mento, ou a realização de uma transação, oumesmo se o vencimento de um título aconteceno início ou no final de um mês.

EOQ. Iniciais da expressão em inglês economicordering quantity, que significa a magnitude deum pedido que resulta ao mesmo tempo no me-nor custo de aquisição e de manutenção de es-toques.

EOY. Iniciais da expressão em inglês end of year,que significa “fim do ano”, designando um mo-mento no qual vence um título, deverá ser rea-lizada uma operação comercial ou financeira, oumesmo uma dívida deverá ser saldada.

EPS. Iniciais da expressão em inglês earnings pershare, que significa “rendimento por ação”.

EQUAÇÃO CÚBICA. É aquela na qual a po-tência mais alta de uma variável independen-te é igual a três (3). Por exemplo, a equaçãoY = a + bX + cX2 + dX3 é uma equação cúbica,pois seu último termo dX é elevado ao cubo.

EQUAÇÃO DE CAMBRIDGE. Veja TeoriaQuantitativa da Moeda.

EQUAÇÃO DE LIPSEY. Equação desenvolvi-da por R.G. Lipsey na Inglaterra, em 1960, que,à semelhança da Curva de Phillips, relaciona ta-xas de salários monetários (nominais) com o ní-vel de desemprego, mas levando em conta asmudanças nos preços no varejo durante os úl-timos doze meses.

EQUAÇÃO DE REGRESSÃO. Veja Regressão,Análise de.

EQUAÇÃO DE SLUTSKY. Veja Efeito Preço.

EQUILÍBRIO. Condição hipotética do mercadona qual a oferta é igual à procura. Expressa aestabilidade do sistema de forças que atuam nacirculação e troca de mercadorias e títulos. Umsistema econômico é considerado em equilíbrioquando todas as variáveis permanecem imutá-veis em determinado período. Se as condiçõesde oferta e demanda permanecem inalteradas,os preços tendem também a permanecer está-veis. Freqüentemente, condições externas (polí-ticas, sociais) atuam sobre o equilíbrio de preçose acabam alterando essa situação de estabilida-de. Se a oferta baixa os custos de mercadorias,ocorre um aumento de demanda, levando à altados preços. E se os preços sobem, os produtospermanecem estocados (ou os capitais não ne-gociados) e os preços tendem a cair. Portanto,somente ao preço de equilíbrio a oferta e a de-manda seriam iguais, pois as preferências dos

compradores se ajustariam às dos vendedores.O equilíbrio pode ser estável ou instável, parcialou geral. Será estável se houver uma tendênciapara que o equilíbrio original se restaure, mesmoque haja ligeiras perturbações no preço ou naquantidade produzida. No entanto, se uma per-turbação acidental (dos preços ou das quanti-dades produzidas) não gerar tais tendências,diz-se que o equilíbrio é instável. Em outros ter-mos, quando a vertente da Curva da Oferta formais acentuada que a vertente da Curva da De-manda, ocorrerá uma situação de equilíbrio es-tável; por outro lado, se a vertente da curva daoferta for menos acentuada do que a vertenteda curva da demanda, ocorrerá um equilíbrioinstável. O equilíbrio parcial refere-se a dados res-tritos — por exemplo, a análise da evolução nopreço de um produto, enquanto os outros semantêm constantes — e foi estudado por Mars-hall. O equilíbrio geral supõe a análise de todasas variáveis relevantes para o problema em es-tudo — por exemplo, produção e preços de to-dos os setores industriais — e foi estudado porWalras. Veja também Ponto de Equilíbrio; Wal-ras, Leon.

EQUILÍBRIO DE NASH. Conceito desenvolvi-do no âmbito da Teoria dos Jogos por John Nashe relacionado com a tomada de decisões anta-gônicas de dois jogadores que alcançam umasituação de equilíbrio, mas que individualmenteprefeririam outras alternativas ou escolhas in-dividuais. Para conseguir um acordo ou umasituação melhor, os jogadores deveriam aban-donar suas posições antagônicas e trabalharnum sentido cooperativo, ou pelo menos neutro,de tal forma a que um não atrapalhe o outro.Quando tal acontece, a nova situação denomi-na-se Solução de Nash. Veja também Dilemado Prisioneiro; Nash, John; Teoria dos Jogos.

EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR. Situação naqual o consumidor maximiza sua utilidade (sa-tisfação) tendo como restrição um determinadonível de renda. Num gráfico (ou mapa) de in-diferença, esta situação é obtida quando o con-sumidor alcança a Curva de Indiferença situadano ponto mais elevado, dadas as limitações deseu nível de renda.

EQUILÍBRIO GERAL. Veja Equilíbrio.

EQUILÍBRIO PARCIAL. Veja Equilíbrio.

EQUIPARAÇÃO SALARIAL. Aplicação do prin-cípio de direito trabalhista segundo o qual a tra-balho igual deve corresponder salário igual. Esseprincípio constou no Tratado de Versalhes(1919), na Carta das Nações Unidas (1945) e naConvenção nº 100 da Organização Internacionaldo Trabalho (OIT). No Brasil, o princípio foi in-corporado às constituições de 1934 e 1946 e de-

209 EQUIPARAÇÃO SALARIAL

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talhado no artigo nº 461 da Consolidação dasLeis do Trabalho (CLT), que impõe várias con-dições para que a equiparação seja reclamadana Justiça: os empregados devem exercer a mes-ma função, na mesma empresa e localidade, coma mesma perfeição técnica e a mesma produti-vidade. Além disso, a legislação trabalhista bra-sileira admite salários maiores para o emprega-do que tenha um tempo de serviço na casa dedois anos a mais que outro na mesma função.

EQUITY. Termo em inglês que significa a dife-rença entre o valor de uma propriedade e todasas demandas que existam contra ela. Por exem-plo, a equity de um proprietário em relação asua casa é a diferença entre o valor atual dacasa menos o montante de sua hipoteca. Apli-cada ao mercado de ações, significa o valor lí-quido de uma empresa da qual um acionistapossuía ações, ou seja, o valor do ativo que ex-ceda o do passivo. Significa também o capitallivre de uma empresa ou de uma pessoa, istoé, seu patrimônio líquido. Ou ainda, a diferençaentre a soma de seus ativos e de seus passivos.

ERA. Termo utilizado em numismática que de-signa o ano de cunhagem de uma moeda.

ERGONOMIA. Termo formado das palavrasgregas ergon (trabalho) e nomos (uso, regulamen-tação), designa a ciência que estuda os ritmose métodos de trabalho na perspectiva de umamelhor adaptação do homem ao processo de tra-balho. Também denominada “engenharia hu-mana”, estuda as características físicas e psico-lógicas dos seres humanos em situações de tra-balho. Objetiva planejar ambientes, produzirinstrumentos e adotar métodos de trabalho quepermitam aumentar a eficiência do trabalhador.

ERRO DE ESTIMAÇÃO. Diferença existenteentre a estimativa e o valor verdadeiro.

ERRO DE PRIMEIRA ESPÉCIE. Veja Erro doTipo I.

ERRO DE SEGUNDA ESPÉCIE. Veja Erro doTipo II.

ERRO DE TERCEIRA ESPÉCIE. Veja Erro doTipo III.

ERRO DO TIPO I (Erro de Primeira Espécie).No exame de uma hipótese estatística, consistena rejeição desta hipótese, sendo ela verdadeira.

ERRO DO TIPO II (Erro de Segunda Espécie).No exame de uma hipótese estatística, consisteem não rejeitá-la sendo ela falsa.

ERRO DO TIPO III (Erro de Terceira Espécie).No exame de uma hipótese estatística, consisteem rejeitá-la quando ela é falsa, mas por ummotivo errado.

ERRO NÃO-AMOSTRAL. No cálculo estatís-tico, é todo aquele que não pode ser imputadoàs flutuações das amostras.

ERROS E OMISSÕES. Item do balanço de pa-gamentos onde são computados os erros e omis-sões cometidos durante o ano no registro dasoperações das várias contas desse balanço. Porexemplo, no final de 1997 o governo anunciouum déficit na balança comercial de 8,536 bilhõesde dólares; no início de 1998, constatou um erroe uma omissão que reduziram o déficit para8,372 bilhões. O erro foi cometido no registrode uma operação de 91 mil dólares, que foi com-putada como 90 milhões de dólares. E a omissãofoi devida ao cancelamento de Declarações deImportação, no valor de 73 milhões de dólares,não utilizadas pelas empresas na segunda quin-zena de dezembro de 1997. Veja também Ba-lança Comercial; Balanço de Pagamentos.

ERTRAGSWERT. Termo em alemão que, deacordo com a conceituação marginalista, signi-fica “valor de rendimento”, ou “valor dos bensde produção”, também denominado Produktivi-tätswert (valor de produtividade). Com esta de-finição pode-se, por exemplo, diferenciar o valorde uso dos bens de produção do valor de usodos bens de consumo.

ESCALA, Deseconomia de. Aumentos nos cus-tos unitários dos produtos de uma empresa queatua segundo os princípios de uma economiade escala. As deseconomias de escala revertem,na prática, a tendência das economias de escalade aproveitamento racional e intensivo de fato-res de produção; conseqüentemente, revertemtambém a tendência de queda nos custos uni-tários dos produtos. Essa reversão pode decorrerde fatores internos e externos a determinada em-presa. Os fatores internos dizem respeito a de-ficiências gerenciais: falta de coordenação oucontrole administrativo, ou burocratização ecentralização excessivas. Os fatores externos de-sencadeadores de deseconomias de escala resul-tam da escassez de insumos utilizados pela em-presa, o que pode decorrer de processos de de-seconomia na empresa fornecedora. Assim, o fe-nômeno de deseconomia interna, em determi-nada empresa, pode desencadear deseconomiaexterna nas empresas que formam o mercadoconsumidor do que ela produz. Veja tambémEconomia de Escala.

ESCALA DE MIONNET. Série graduada decírculos para medir o módulo das moedas.

ESCALA LOGARÍTMICA. Na elaboração degráficos, é aquela em que se aplica apenas a umadas coordenadas a escala logarítmica aos pontos

EQUITY 210

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a serem representados no plano, enquanto a ou-tra coordenada se aplica à escala aritmética. Elaé também denominada escala semilogarítmica.Esta forma de representação gráfica é muito uti-lizada nas variáveis que têm um crescimentoexponencial, como, por exemplo, nos casos dehiperinflação, quando os preços num curto es-paço de tempo sofrem variações muito grandes.Esta forma facilita a representação gráfica dessesfenômenos.

ESCALA MÓVEL. Veja Salário, Escala Móvel de.

ESCAMBO. Troca de bens e serviços sem a in-termediação do dinheiro. É o estágio mais pri-mitivo nas relações de troca e caracteriza as so-ciedades de economia natural. Nas sociedadesmodernas, o escambo pode ressurgir em mo-mentos de elevada taxa inflacionária, em que osconsumidores perdem a confiança no papel-moeda. Isso ocorreu na Alemanha depois da Se-gunda Guerra Mundial, quando o marco, hiper-desvalorizado, foi substituído, nas relações detroca mais simples, pelo café e pelo cigarro. Oescambo pode ocorrer também entre dois países,quando suas trocas se realizam à base de mer-cadoria por mercadoria. Logo após a descobertado Brasil, o escambo foi intensamente empre-gado nas relações entre europeus e indígenas,para o carregamento de pau-brasil. Os índioscortavam a madeira e a deixavam na praia, paraser colocada nos navios, e recebiam em trocafacas, espelhos e bugigangas de fabricação eu-ropéia.Veja também Comércio.

ESCASSEZ. Em termos econômicos, a escassezsurge do pressuposto de que as necessidadeshumanas são infinitas, ao passo que os bens ouos meios de satisfazê-las são sempre finitos. Deacordo com as teorias econômicas neoclássicas,o homem pode produzir o suficiente de qual-quer bem econômico para satisfazer completa-mente determinada necessidade, mas jamais po-derá produzir o suficiente de todos os bens paraatender simultaneamente a todas as necessida-des. De acordo com essa definição, as ciênciaseconômicas serviriam exatamente para gerir aescassez. Por outro lado, os bens econômicos sãoescassos porque normalmente se dispõe apenasde quantidades limitadas de recursos produti-vos necessários para criar os bens em questão,recursos estes que compreendem basicamente otrabalho, a terra e o capital. Mas o total dos benseconômicos que se podem produzir com tais re-cursos é bastante influenciado pela técnica e pelograu de especialização, isso sem falar das com-plexas determinantes políticas que freqüente-mente afetam a produção e a distribuição dosbens. Assim, os economistas estudam tambémos processos produtivos pelos quais a escassezpode ser reduzida, empregando plenamente e

de forma mais eficiente os recursos disponíveis,agilizando as formas de produção e distribuiçãodos bens em questão.

ESCHEAT. Termo em inglês que designa situa-ção na qual uma propriedade abandonada (imó-veis, saldos bancários etc.), deixada por umapessoa falecida sem herdeiros e sem fazer tes-tamento, é transferida para o Estado.

ESCOLA AUSTRÍACA. Também conhecidacomo Escola de Viena, a Escola Austríaca é cons-tituída por um grupo de economistas que lecio-nou na Universidade de Viena e sustentou al-gumas idéias comuns, mais tarde englobadas nomarginalismo. Nascida com Carl Menger (1840-1921), a escola continuou com Friedrich vonWieser (1851-1926) e Eugen von Böhm-Bawerk(1851-1914). A tradição austríaca encontra-setambém nos trabalhos de Ludwig Edler von Mi-ses (1881-1973), de Friedrich August von Hayek(1899- ) e de John Richard Hicks (1904- ). O pontode partida de Carl Menger consistiu em chamara atenção para os fundamentos psicológicos dovalor, voltando a certas idéias de Condillac, quecriticava os economistas clássicos que pesquisa-vam a origem do valor nas coisas e não no homem.Baseando-se nessa idéia, Menger constatou quea intensidade de um desejo decresce com suasatisfação e daí concluiu que o valor de um bem(supondo que ele seja divisível, como um pe-daço de pão) é determinado por sua última por-ção, ou seja, por sua porção menos desejável.Esse é o princípio da utilidade marginal. A con-clusões semelhantes chegaram os economistasWilliam Stanley Jevons (1835-1882) e Léon Wal-ras (1834-1910), mas foram os representantes daescola austríaca os que melhor exploraram oprincípio. Reduzindo todos os fatos econômicosa valores e partindo da nova noção de valorque formularam, os austríacos acreditaram po-der reconstituir abstratamente os mecanismosda vida econômica. Assim, eles propuseram no-vas explicações para o valor dos bens de pro-dução, os juros, a moeda e a distribuição dosbens. Veja também Marginalismo.

ESCOLA BANCÁRIA. Denominação dada a umgrupo de economistas e financistas ingleses quedefendia a emissão de notas pelo sistema ban-cário inglês entre 1825-1860, em contraposiçãoaos defensores da Escola das ContrapartidasMetálicas. Essa denominação parece ter sido de-vida a Samuel Jones Lloyd, numa declaração pe-rante o Commitee on Banks of Issue, em 1840.Os membros mais destacados dessa escola fo-ram Tooke, John Fularton, James Wilson e J. W.Gilbart. Opunham-se à Escola das Contraparti-das Metálicas, que defendia a regulação auto-mática da emissão de notas. Para eles, os bancos

211 ESCOLA BANCÁRIA

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privados deveriam ter liberdade de emitir o vo-lume de notas que desejassem, com a condiçãode que pudessem ser convertidas em ouro quan-do os portadores exigissem. Nessas circunstân-cias, o volume de notas bancárias em circulaçãoseria regulamentado não pela quantidade demetal em reserva, mas pela concorrência entreos bancos, e variaria de acordo com a situaçãodos negócios e as necessidades do público. Vejatambém Escola das Contrapartidas Metálicas.

ESCOLA CLÁSSICA. Linha de pensamento eco-nômico que vai da publicação do livro A Riquezadas Nações, de Adam Smith, em 1776, aos Prin-cípios de Economia Política, de John Stuart Mill,de 1848, e é marcada pela obra de David Ricardo,Princípios de Economia Política e Tributação, de1817. Fundada por Smith e Ricardo, a escolaclássica desenvolveu-se nos escritos de Malthus,Stuart Mill, McCulloch, Senior e do francês Jean-Baptiste Say. Com os representantes da escolaclássica, a economia adquiriu caráter científicointegral quando passou a centralizar a aborda-gem teórica na questão do valor, cuja única fonteoriginal era identificada no trabalho em geral.Além da teoria do valor-trabalho, do uso do mé-todo dedutivo, do materialismo e da preocupa-ção em simplificar e generalizar as proposiçõeseconômicas e de uma visão de conjunto da evo-lução econômica, a escola clássica baseou-se nospreceitos filosóficos do liberalismo e do indivi-dualismo e firmou os princípios da livre-con-corrência, que exerceram decisiva influência nopensamento revolucionário burguês. A escolaclássica também é caracterizada por enfatizar aprodução, relegando a segundo plano o consu-mo e a procura. Para Adam Smith, o objeto daeconomia está indicado no título completo desua obra: é uma investigação sobre a naturezae as causas da riqueza das nações, entendendo-se por riqueza os bens que possuem valor detroca. Adam Smith distingue o valor de uso dovalor de troca das mercadorias, destacando queeste último é determinado pela quantidade detrabalho necessária para produzi-las. Para osfisiocratas, apenas o trabalho na agricultura pro-duzia valor. Smith refutou-os, demonstrando to-das as atividades que produzem mercadorias.E, contra as concepções mercantilistas, Smith ar-gumenta que a riqueza é constituída pelos va-lores de troca, e não pela moeda, que é apenaso meio que permite a circulação dos bens. Ba-seando-se na teoria do valor-trabalho, Smithmostra que o crescimento da riqueza de umanação depende essencialmente da produtivida-de do trabalho, que, por sua vez, é função dograu de especialização, ou da extensão, obtidapela divisão do trabalho, determinado pela ex-pansão do mercado e do comércio. Nesse pro-cesso, todos os participantes ganhariam, bene-

ficiando-se do aumento da produtividade. Smithconclui, então, pela remoção de todas as barrei-ras ao comércio interno e externo. A política li-vre-cambista deveria ser posta em prática, umavez que só ela conduziria ao desenvolvimentodas forças produtivas. O padrão mercantilistade regulamentação estatal e controle passa tam-bém a ser claramente contestado. A política eco-nômica deveria ser medida por seus efeitos so-bre o processo de riqueza e por suas conseqüên-cias sobre a acumulação de capital e especiali-zação do trabalho. A verdadeira fonte de riquezade um país é seu trabalho, e ela só pode serelevada com o aumento da produtividade, coma extensão de sua especialização e com a acu-mulação do produto sob a forma de capital. Es-sas proposições seriam endossadas por Ricardo,que colocou o trabalho como determinante dovalor de troca. O valor de determinada merca-doria seria dado pela quantidade de trabalhoempregada para produzi-la. O trabalho seria,portanto, fonte de todo o valor. Em suas análi-ses, Ricardo localiza uma contradição entre ovalor de troca e o preço relativo das mercadorias,que só seria resolvida muitos anos mais tardepor Marx, ao analisar a transformação do valor detroca em preço de produção. As principais ques-tões da escola clássica são as que se incluemhoje dentro da teoria do valor e da distribuição.A distribuição do produto nacional continuousendo tratada de modo tradicional, por meio dadivisão do produto em três partes destinadas aremunerar o trabalho (salários), o capital (o lu-cro) e a terra (renda). Em seguida, o trabalhode Say e seus discípulos, os rendimentos do ca-pital, denominados juros, passaram a ser consi-derados de modo separado dos lucros. A teoriaclássica do valor destaca o fato de que os preçosdos bens produtivos eram proporcionais aos res-pectivos custos de produção, quando prevale-ciam as leis de livre-concorrência do mercado.Porém, os custos não significavam apenas asdespesas em capital dos produtores, mas, prin-cipalmente, os “custos reais”, o custo do esforçohumano em produzir determinado produto emdetrimento da produção de outro. A teoria dospreços desdobra-se numa teoria da repartiçãoque visa a explicar a renda, a terra, o salário, ojuro e o lucro. Ao mesmo tempo, a escola clássicaapresenta uma visão de conjunto da dinâmicaeconômica, na qual os elementos decisivos sãoo princípio do crescimento populacional deMalthus, a lei dos rendimentos não-proporcio-nais e o princípio da acumulação de capital. Outra característica da economia clássica é a su-posição do emprego constante de todas as fontesprodutivas disponíveis. A teoria clássica é ela-borada em função de um equilíbrio automáticoque ignora as crises e os ciclos econômicos. Des-se modo, a oferta deve criar necessariamente sua

ESCOLA CLÁSSICA 212

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procura (Say), e a soma dos salários e dos ganhosretidos pelos consumidores deve corresponderà quantidade global de bens oferecidos no mer-cado. No contexto pragmático da escola clássica,destaca-se ainda a teoria de Ricardo sobre a ren-da da terra, que estava relacionada ao aumentoda população, o que explicava a alta renda fun-diária da Inglaterra. Ricardo admitia que o pro-prietário rural ocupava áreas menos férteis à me-dida que a população aumentava. Desse modo,os proprietários das terras mais férteis benefi-ciavam-se com a elevação dos custos de produ-ção em outras áreas, uma vez que os preços dosprodutos seriam mantidos para cobrir os custosmais elevados em terras de baixa categoria. As-sim, acabariam tendo uma maior receita, inde-pendentemente do capital e do trabalho aplica-dos na produção. Esse excedente econômico foidenominado por Ricardo de renda diferencialda terra. Com o crescimento dessa renda dife-rencial, os proprietários rurais iriam se apropriarde um excedente econômico maior, em detri-mento dos capitalistas, que teriam seus lucrosreduzidos, a ponto de colocar em perigo a acu-mulação de capital, prejudicando o desenvolvi-mento econômico. Para superar esse problema,Ricardo propõe o livre-cambismo no comérciointernacional, que permitiria aproveitar as me-lhores terras em escala mundial. Formula, assim,a teoria das vantagens comparativas, na qualdemonstra as vantagens de um país importardeterminados produtos, mesmo que pudesseproduzi-los por preço inferior, desde que suasvantagens comparativas em outros produtosfossem maiores. Contra a intervenção estatal, aescola clássica apóia-se no liberalismo e no in-dividualismo. Os clássicos ingleses propõem umsistema de liberdade econômica, pois seria me-diante o mecanismo impessoal do mercado quese conseguiria harmonizar os interesses indivi-duais. Entretanto, as revoluções que ocorreramna Europa no período de 1830 a 1848 mostraramque a harmonia de uma “ordem natural” e donão-intervencionismo preconizado pela escolaclássica era remota. O liberalismo e o individua-lismo começam então a sofrer várias críticas depensadores preocupados com os problemas eco-nômicos e sociais. E já na obra de Stuart Mill,considerada um resumo de todo o pensamentoda escola clássica, surgem indícios de aceitaçãode algumas restrições à liberdade individual. Assim, contra o liberalismo da escola clássica de-senvolvem-se, a partir de 1830, reações doutri-nárias que apresentam diferentes concepções demundo. Surgem a doutrina intervencionista deSismonti, o industrialismo de Saint-Simon, o na-cionalismo de List, o liberalismo otimista de Bas-tiat e o socialismo utópico de Fourier e Proud-hon. Esses autores apontam algumas das prin-cipais falhas do pensamento clássico — identi-

ficam crises e depressões da atividade econômi-ca, destacam a questão do desemprego eventuale econômico, a distribuição desigual de rendae a oposição entre os interesses individuais ecoletivos. Mas falta a essas críticas uma visãoglobal do sistema econômico diante da visão in-tegrada e coerente apresentada pela escola clás-sica. Marx é o primeiro autor a contestar ver-dadeiramente a análise realizada pelos clássicos,tanto nas suas premissas e objetivos como emsuas conclusões, ao desenvolver a análise doprocesso capitalista baseado na concepção ma-terialista da História e na luta de classes, emboraconservasse dos clássicos parte do instrumentalanalítico e alguns conceitos, como a teoria dovalor-trabalho, que utilizou para desenvolver oconceito de mais-valia.

ESCOLA DAS CONTRAPARTIDAS METÁ-LICAS. Destacada escola econômica da Ingla-terra, na primeira metade do século XIX. Con-siderava apenas o papel-moeda e moedas comodinheiro. Entrou em debate aberto com a escolabancária sobre o papel específico do Banco daInglaterra em emitir papel-moeda e a quantida-de necessária para suprir a economia, que pas-sou a ser regulado pelo Peel’s Bank Act de 1844.A escola das contrapartidas metálicas defendiaque a regulamentação da emissão do fluxo dedinheiro deveria corresponder a uma contrapar-tida metálica (o ouro), e assim manter um equi-líbrio automático da emissão de papel-moedacom o movimento de entrada e saída de ouro.O Banco da Inglaterra passou a seguir essa orien-tação, mantendo uma relação constante entreseus empréstimos, investimentos, papéis, açõese sua total liquidez. Por sua vez, a escola ban-cária argumentava que, como o papel-moeda eraconversível em ouro, não havia necessidade deregulamentar sua emissão, pois a conversibili-dade preveniria qualquer problema de supere-missão e as necessidades do comércio regula-riam automaticamente o volume de papel-moe-da emitido. Além disso, a demanda de papel-moeda seria atendida pela expansão de depósi-tos bancários, que teria o mesmo efeito que aexpansão da emissão de papel-moeda. A escoladas contrapartidas metálicas contra-argumenta-va que a checagem da emissão de papel-moedaproporcionada pela conversibilidade em ouronão operava em tempo para prevenir sérios pro-blemas comerciais de liquidez. O papel-moedadeveria ser visto como o valor do ouro que elerepresentava e sua quantidade de emissão de-veria flutuar de acordo com o balanço de paga-mentos do país. Veja também Escola Bancária.

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁ-RIA. Unidade de ensino vinculada ao Ministérioda Fazenda e destinada à formação de pessoal

213 ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA

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especializado (auditores, fiscais, técnicos etc.)para o próprio Ministério.

ESCOLA DE CAMBRIDGE. Conjunto dos pen-samentos econômicos desenvolvidos em duasfases distintas por um grupo de economistas li-gados à Universidade de Cambridge, na Ingla-terra. O primeiro e maior nome do grupo foiAlfred Marshall, teórico do marginalismo e ti-tular da cadeira de economia política de Cam-bridge até 1908. Marshall foi sucedido por seudiscípulo Arthur C. Pigou, teórico da políticado bem-estar social e que lecionou em Cambrid-ge até 1944. Em todo esse período, o pensamentoeconômico de Cambridge foi caracterizado pelorefinamento da teoria marginalista e da teoriaeconômica clássica, com ênfase nas teorias dovalor, da distribuição e do equilíbrio, assimcomo nas análises microeconômicas. Depois daSegunda Guerra Mundial, entretanto, os econo-mistas de Cambridge refutaram os preceitos bá-sicos da teoria marginalista, ou o que se tornouconhecido como teoria econômica neoclássica,desenvolvendo idéias baseadas no trabalho deJohn Maynard Keynes e abrindo um grande de-bate com o pensamento ortodoxo. As principaisfiguras nesse debate do pós-guerra foram JoanRobinson e Nicholas Kaldor. Nesse período,também passaram por Cambridge e exerceramconsiderável influência pelo rigor dos trabalhoso italiano Piero Sraffa e o polonês Michal Ka-lecki. Em sua nova postura, a escola de Cam-bridge passou a enfatizar a análise macroeco-nômica, em contraste com as análises microeco-nômicas baseadas na utilidade marginal. E re-futou diretamente alguns dogmas da teoria mar-ginalista, como o de que haveria uma relaçãofuncional direta entre a taxa de lucro e a apli-cação intensiva de capital. Os economistas deCambridge demonstraram a possibilidade da re-ciclagem do capital e criticaram os marginalistaspor tirarem conclusões sobre os grandes agre-gados econômicos a partir de microanálises, ar-gumentando que a função dos agregados de pro-dução não é compatível na prática com as mi-crofunções econômicas. Criticaram também ateoria neoclássica da distribuição, que relacionao fator preço com a produtividade marginal. Epassaram a desenvolver uma teoria do cresci-mento econômico fundamentada em Keynes,tendo como objetivo o pleno emprego, por meiodo qual se poderia determinar uma redistribui-ção de lucros e salários. De modo geral, essaabordagem tenta equacionar o subemprego derecursos econômicos, privilegiando o investi-mento como o motor da economia, em contrastecom a teoria neoclássica, que, detendo-se no equi-líbrio do pleno emprego, destaca a poupança, emvez do investimento, como fator de crescimento.Veja também Keynesianismo; Marginalismo.

ESCOLA DE CHICAGO. Escola de pensamen-to econômico monetarista, reunida em torno deMilton Friedman e outros professores da Uni-versidade de Chicago, e que sustenta a possibi-lidade de manter-se a estabilidade de uma eco-nomia capitalista apenas por meio de medidasmonetárias, baseadas nas forças espontâneas domercado. Milton Friedman, o principal teóricodo grupo, considera a provisão de dinheiro ofator central de controle no processo de desen-volvimento econômico. Explica as flutuações daatividade econômica não pelas variações do in-vestimento, mas apenas pelas variações de ofer-ta de dinheiro — entendida como a demandamonetária que depende da renda permanentedos agentes econômicos. A escola de Chicagobaseia-se na teoria quantitativa da moeda, for-mulada por meio de uma equação que estabeleceuma relação entre os preços, o número de tran-sações e o volume do dinheiro e sua velocidadede circulação na economia: a quantidade de di-nheiro em circulação é considerada o determi-nante principal do nível dos preços, que podeser influenciável por determinadas formas depolítica monetária. Dessa maneira, a inflação,por exemplo, é vista como fenômeno puramentemonetário. Apoiando-se numa forte crença nosmecanismos de competição e nas forças do livremercado, a escola de Chicago é contrária a qual-quer política pós-keynesiana de participação doEstado na expansão das atividades econômicas,sustentando que qualquer intervenção dessetipo é inútil e nociva e que apenas uma corretapolítica monetária pode levar à estabilidade eco-nômica. Além de Friedman, destacam-se na es-cola de Chicago os economistas Henry Simons,F. A. von Hayek, Frank Knight e George Stigler.A atuação de Friedman como conselheiro eco-nômico do governo chileno do general Pinochetprovocou veementes protestos de setores libe-rais da comunidade científica internacional, tor-nando conhecida do grande público a Escola deChicago como inspiradora de recentes políticaseconômicas ortodoxas recessivas, praticadas porgovernos autoritários sul-americanos. Veja tam-bém Friedman, Milton; Monetarismo.

ESCOLA DE LAUSANNE. Escola de pensamen-to econômico marcada pelas obras do economis-ta francês Léon Walras (1834-1910), primeiro ca-tedrático de economia da Faculdade Lausanne,e de seu sucessor e discípulo, o italiano VilfredoPareto (1848-1923). A escola caracteriza-se tam-bém pela formulação da teoria do equilíbrio ge-ral, desenvolvida por Walras, e pela ênfase notratamento matemático dos problemas econômi-cos. Walras e Pareto procuraram demonstrarcomo todos os valores econômicos determinam-se mutuamente, definindo uma interdependên-cia geral dos mercados de produtos e dos fatores

ESCOLA DE CAMBRIDGE 214

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de produção (ou de serviços produtivos, segun-do a expressão de Walras). Essa interdependên-cia seria assegurada pela ação do empresário,que utiliza os fatores de produção para produzire vender bens e serviços, e pelo fato de que asreceitas totais provenientes de todas as vendasdos meios de produção devem igualar — numaconcorrência pura e equilibrada — as receitastotais obtidas pelas vendas de todos os bens deconsumo. À noção de interdependência de mer-cados, acrescenta-se a de equilíbrio. Walras e Pa-reto procuraram definir as condições de umequilíbrio estável, onde existiriam forças quecompensariam automaticamente os desvios edesequilíbrios, restabelecendo o equilíbrio geral.

ESCOLA DE MANCHESTER. Parte da escolaclássica de pensamento econômico que se de-senvolveu na cidade industrial inglesa de Man-chester entre 1820 e 1850. Foi inspirada no mo-vimento contra as Corn Laws, liderado por Ri-chard Cobden e John Bright. Propunha a revo-gação dessas leis restritivas à importação de ce-reais e defendia o livre-comércio para a Ingla-terra, baseando-se nas idéias de David Ricardoe no princípio do laissez-faire. Opunha-se à po-lítica protecionista e a qualquer intervenção doEstado, mesmo na área social, argumentandoque a iniciativa privada e os mecanismos da con-corrência seriam os melhores meios de obter-seprosperidade e crescimento. Veja também CornLaws.

ESCOLA DE VIENA. Veja Escola Austríaca.

ESCOLA HISTÓRICA. Caracterizada pela im-portância primordial concedida à História no es-tudo do processo econômico, surgiu em 1840,na Alemanha, como reação à escola econômicaclássica e teve influência durante cerca de quatrodécadas. Seus principais componentes, na pri-meira fase (1840-60), foram Wilhelm Roscher(1817-1894), Bruno Hildebrand (1812-1878) eKarl Knies (1821-1898). Em sua crítica ao clas-sicismo, a escola histórica alemã nega que asleis econômicas possam ter validade universal,argumentando que não podem ser consideradasabsolutas e de atuação perpétua, mas, ao con-trário, devem ser relativas e variáveis com o tem-po e o lugar. Rejeitando o processo dedutivocomo método, enfatizou o relativismo. Ao mes-mo tempo, insistiu sobre a unidade da vida so-cial, afirmando que existe uma interação estreitaentre os diferentes aspectos sociais, o que tor-naria impossível a uma única ciência esgotar ocampo a ser investigado. A primeira obra quemarca a escola histórica alemã é a de W. Roscher,Grundriss zu Vorlesungen über die Staatswirtschaftnach geschichtlicher Methode (Esboço de um Cursode Economia Política Segundo o Método Histó-rico), 1843, que se baseia nos métodos da escola

do direito de Savigny e considera o empirismohistórico a base de toda pesquisa econômica.Sem muita clareza de método, Roscher utilizao material histórico como ilustração e fonte deinspiração dos problemas econômicos. ComBruno Hildebrand, que publica em 1848 Die Na-tionalökonomie der Gegenwart und Zukunft (A Eco-nomia Política do Presente e do Futuro), a escolahistórica torna-se mais explicativa, procurandoformular leis do desenvolvimento econômico, emais consistente na oposição ao classicismo. Hil-debrand nega a pretensão da escola clássica deter encontrado as leis da economia natural, vá-lida em todos os tempos, e distingue os proble-mas econômicos práticos da análise teórica, àqual se dedica. Propõe-se ainda estudar a evo-lução da experiência econômica humana, parachegar a uma história econômica da cultura, quese desenvolveria junto com outros ramos da his-tória e da estatística. Karl Knies foi mais precisona exposição dos problemas metodológicos daescola. Em Die politische Ökonomie von Standpunk-te der geschichtlichen Methode (A Economia Polí-tica do Ponto de Vista do Método Histórico),1883, revela-se um crítico mais sistemático daescola clássica que Roscher e Hildebrand, aosquais se opõe, mostrando que Roscher confundediferentes ramos da investigação econômica ecriticando as leis do desenvolvimento de Hilde-brand por fazerem concessões à teoria pura. Sus-tenta que o método histórico é a única formalegítima de economia, que não poderia propor-cionar leis como as ciências físicas, mas apenasdescobrir certas regularidades no desenvolvi-mento social, sugerindo analogias. Propõe aindaaos economistas que evitem polêmicas metodo-lógicas, mas produzam obras sobre os proble-mas econômicos do ponto de vista histórico. Aescola histórica alemã teve continuidade comGustav Schmoller (1838-1917) e seus discípulosAdolph Wagner e K. Bücher, inaugurando, apartir de 1870, uma segunda fase basicamentepositiva e descritiva, e desenvolvendo uma fortetendência para a investigação histórico-econô-mica. Já não se nega a existência de leis sociais,mas coloca-se em dúvida a capacidade do mé-todo clássico para desvendá-las. Também nãose procura formular leis gerais do desenvolvi-mento, mas simplesmente analisar os fatos eco-nômicos e as instituições, argumentando que osmecanismos econômicos são relativos às insti-tuições do momento. A nova escola histórica ale-mã tornou-se conhecida também por entrar emconflito com os marginalistas, na chamada “con-trovérsia sobre o método” (o Methodenstreit), quedurou duas décadas. A polêmica foi iniciadapelo marginalista austríaco Carl Menger, com apublicação de seu Untersuchungen über die Met-hode der Sozialwissenschaften und der PolitischenÖkonomie insbesondere (Pesquisas sobre o Método

215 ESCOLA HISTÓRICA

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das Ciências Sociais e da Economia Política emEspecial), 1883. Menger usa a discussão do mé-todo das ciências sociais em geral para atacaras idéias da escola histórica, argumentando que,se é necessária uma base histórica para a soluçãodos problemas econômicos, não se poderia dis-pensar a utilização dos conceitos gerais nem aprocura de regularidades sob a forma de leis.

ESCOLA LIBERAL. Veja Escola Clássica.

ESCOLA MARXISTA. Escola de pensamentoeconômico fundada por Karl Marx e FriedrichEngels. Consiste num conjunto de teorias eco-nômicas (a mais-valia), filosóficas (o materialis-mo dialético), sociológicas (o materialismo his-tórico) e políticas, desenvolvido a partir da fi-losofia de Hegel, do materialismo filosófico fran-cês do século XVIII e da economia política in-glesa do início do século XIX. A síntese dessasformulações foi apresentada em O Capital (1867),em que, a partir da teoria do valor-trabalho daescola clássica inglesa, Marx desenvolve o con-ceito de mais-valia como trabalho excedente,não-pago, fonte do lucro, do juro e da renda daterra. A partir da teoria da mais-valia, Marx ana-lisa o processo de acumulação de capital no sis-tema capitalista, mostrando haver uma correla-ção entre a crescente acumulação e concentraçãode capital e a pauperização do proletariado e aproletarização da classe média, situações quecausariam a eclosão das contradições básicas dosistema. Entre os principais fatores que contri-buíram para as crises periódicas no sistema ca-pitalista, Marx destacou: o progressivo decrés-cimo da taxa de lucro (a diminuição da mais-valia), decorrente do maior aumento do capitalconstante (máquinas e equipamentos) em rela-ção ao capital variável (mão-de-obra emprega-da); o dinamismo anárquico do sistema, ligadoà busca incessante de lucros maiores e expressono fato de os progressos técnicos tornarem osantigos instrumentos de trabalho ultrapassadosantes de sua utilização normal; a desordem dosmercados provocada pela contradição básica en-tre o aspecto coletivo dos meios de produção(as grandes unidades técnicas) e o caráter pri-vado de sua apropriação. A queda do regimecapitalista ocorreria por força de suas própriascontradições internas, mas a mudança seria im-pulsionada pela luta de classes, pela ação revo-lucionária do proletariado, que implantaria umregime socialista, com a socialização dos meiosde produção, estágio preparatório para a fasedefinitiva do comunismo. Entretanto, após amorte de Marx e Engels, a rápida industrializa-ção da Alemanha e o fortalecimento do PartidoSocial-Democrata e dos sindicatos melhoraramas condições de vida dos operários alemães.Nesse contexto, considerando que as previsõesde pauperização progressiva das massas não se

tinham verificado, surgiu na II Internacionaluma tendência revisionista da teoria marxista.Seu principal porta-voz foi Eduard Bernstein(1850-1932), que propôs substituir o conteúdorevolucionário do marxismo pela concepção deuma evolução reformista e gradual. O revisio-nismo “direitista” de Bernstein foi combatidopelo “centro” ortodoxo representado por KarlKautsky (1854-1938) e pela “esquerda” social-democrata de Rosa Luxemburgo (1870-1919). Acontrovérsia que se seguiu referiu-se basicamen-te à teoria do colapso do sistema capitalista e ànatureza das crises que levariam a seu fim e aoadvento do socialismo: as crises provocadas pelatendência decrescente da taxa de lucros e as cau-sadas pelo subconsumo das massas. Nessa dis-cussão, destacou-se a posição do economista re-visionista russo Tugan-Baranovski, para quemas crises se deviam à “desproporção” entre osvários ramos da produção. Mas o destaquemaior nessa controvérsia coube a Rosa Luxem-burgo. Em A Acumulação do Capital, 1913, ela ar-gumenta que acumulação de capital era impos-sível num sistema capitalista fechado, adaptan-do a teoria de Marx às novas condições do im-perialismo econômico e político do início do sé-culo XX. Pouco antes, o dirigente socialista aus-tríaco Rudolf Hilferding havia publicado seu fa-moso livro, O Capital Financeiro (1910), no qualmostra que o imperialismo é uma conseqüênciado desenvolvimento dos monopólios, controla-dos pelo capital financeiro. As concepções des-ses autores foram desenvolvidas por Lênin emO Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo,1916, em que caracteriza o capitalismo modernopor sua própria dinâmica de formação e am-pliação de mercados por meio da dominação co-lonial e da guerra. A ação do capital monopolistainternacional dividiria os países em dois grupos:os de estrutura financeira e industrial poderosa(em permanente expansão econômica) e os atra-sados (fornecedores de matéria-prima e mão-de-obra barata), em relação de dependência comos primeiros. A importância da contribuição teó-rica e prática de Lênin para a teoria marxistadeu origem à expressão marxismo-leninismo. Omarxismo-leninismo atribui ao Partido Comu-nista o papel de consciência teórica e liderançaprática do proletariado na derrocada do capita-lismo, doutrina vitoriosa na Revolução Russa de1917. Mais tarde, durante os primeiros anos deregime soviético, destacou-se a posição do eco-nomista Preobrajenski, autor de uma propostade industrialização imediata e de um rápidoprogresso técnico, em detrimento da expansãodo setor agrícola. Após a morte de Lênin, sur-giram novamente posições “direitistas”, “es-querdistas” e “centristas” no âmbito da expe-riência soviética (e na Internacional Comunista).Seus principais porta-vozes eram, respectiva-

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mente, Nikolai Bukharin (1888-1938), LeonTrotski (1879-1940) e Joseph Stalin (1879-1953),que esmagou seus adversários e adotou uma po-lítica que oscilou entre as concepções de Bu-kharin e Trotski, ambos teóricos de peso. Apósa estagnação dogmática que caracterizou o pe-ríodo stalinista, houve um revigoramento dapesquisa teórica no campo do marxismo. De-senvolveu-se uma série de polêmicas, centradasparticularmente em torno das contribuições deMao Tsé-Tung, Antonio Gramsci, Rosa Luxem-burgo, Georg Lukács, Louis Althusser e outros.No campo da teoria econômica, depois da im-portante contribuição do economista polonêsOskar Lange à planificação socialista, dando-lhefundamento matemático, destacam-se as contri-buições teóricas do belga Ernst Mandel, dirigen-te da IV Internacional (fundada por Trotski em1938) e autor de penetrante análise do capita-lismo contemporâneo, que denomina de “capi-talismo tardio”; do economista inglês MauriceDobb, no estudo dos problemas econômicos dosocialismo; do austríaco Andre Gorz, nas aná-lises das contradições do capitalismo e numaestratégia alternativa de transição para o socia-lismo; do francês Charles Bettelheim, autor deimportante estudo da estrutura de classes naUnião Soviética; e dos norte-americanos PaulSweezy e Paul Baran, na análise das característicasdo capitalismo monopolista contemporâneo. Vejatambém Marx, Karl Heinrich; Marxismo.

ESCOLA MATEMÁTICA. O uso da matemá-tica na análise dos princípios e problemas eco-nômicos foi feito pela primeira vez pelo econo-mista francês Antoine Cournot, na obra Recher-ches sur les Principes Mathématiques de la Théoriedes Richesses (Pesquisa sobre os Princípios Ma-temáticos da Teoria das Riquezas), 1838. Apósesse trabalho precursor, a análise matemática foiamplamente utilizada pelo teórico marginalistaStanley Jevons (1835-1882), autor de General Mat-hematical Theory of Political Economy (Teoria GeralMatemática da Economia Política), 1862, e pelosmarginalistas Léon Walras (1834-1910) e Vilfre-do Pareto (1848-1923), da escola de Lausanne,que elaboraram formulações matemáticas sobreas condições do equilíbrio econômico geral. Ou-tros autores expressaram matematicamente ques-tões teóricas tradicionais da economia e esten-deram a teoria a novos temas, como o da dinâ-mica econômica. Destaca-se o livro pioneiro donorte-americano Paul Samuelson, Foundations ofEconomic Analysis (Fundamentos da Análise Eco-nômica), 1947. Ao lado do desenvolvimento damatemática, da estatística e de sua aplicação iso-lada na análise econômica, surgiu, a partir dadécada de 30, uma tentativa mais complexa deconjugar essas duas técnicas à análise teórica esistemática: a econometria, que formula mate-

maticamente as teorias econômicas, mas sujei-tando-as à comprovação empírica. Veja tambémEconometria.

ESCOLA NEOCLÁSSICA. Escola de pensamen-to econômico predominante entre 1870 e a Pri-meira Guerra Mundial, também conhecida comoescola marginalista, por fundamentar-se na teo-ria subjetiva do valor da utilidade marginal parareelaborar a teoria econômica clássica. Seus pre-cursores foram Thgünen, Gossen e Cournot. Sãoconsiderados seus fundadores os economistasCarl Menger, na Áustria — iniciador do grupoda chamada escola austríaca —, William Jevons,na Inglaterra, e Léon Walras — criador do grupode Lausanne, na França. E, como representantesda segunda geração neoclássica, destacam-se Al-fred Marshall, em Cambridge, Eungen vonBöhm-Bawerk, em Viena, Vilfredo Pareto, emLausanne, e John Bates Clark e Irving Fisher,nos Estados Unidos. Os economistas neoclássi-cos negaram a teoria do valor-trabalho da escolaclássica, substituindo-a por um fator subjetivo— a utilidade de cada bem e sua capacidade desatisfazer as necessidades humanas —, acredi-tando que o mecanismo da concorrência (ou ainteração da oferta e da demanda), explicado apartir de um critério psicológico (maximizaçãodo lucro pelos produtores e da utilidade pelosconsumidores), é a força reguladora da ativida-de econômica, capaz de estabelecer o equilíbrioentre a produção e o consumo. A análise da es-cola neoclássica caracteriza-se fundamentalmen-te por ser microeconômica, baseada no compor-tamento dos indivíduos e nas condições de umequilíbrio estático, estudando os grandes agre-gados econômicos a partir desse ponto de vistae com uso da matemática. Tem como postuladosa concorrência perfeita e a inexistência de criseseconômicas, admitidas apenas como acidentesou conseqüências de erros. Após a Grande De-pressão de 1929-1933, os princípios da teorianeoclássica foram contestados por Keynes, quedesenvolveu uma análise macroeconômica e in-troduziu o conceito de equilíbrio de subempre-go. Veja também Marginalismo.

ESCOLA OPERACIONAL. Veja Escola Neo-clássica.

ESCOLA ORGÂNICA. Termo que designaaqueles que fazem uma analogia entre a socie-dade (a economia, o mundo dos negócios) como organismo humano. Assim, por exemplo, paraos adeptos desta escola, as estradas de ferro se-riam o sistema arterial; os fios do telégrafo, osistema nervoso; a Bolsa de Valores, o coraçãoetc. Tais paralelos foram desenvolvidos comgrande detalhe por Herbert Spencer.

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ESCOLA SUECA. Grupo de economistas sue-cos (Myrdal, Lundberg, Lindhal, Heckscher, Oh-lin) que, inspirados na obra de Knut Wicksell,notabilizaram-se por estudos sobre as relaçõestemporárias entre os fenômenos econômicos.Em 1934, Myrdal desenvolveu, em seu livro Mo-netary Equilibrium (Equilíbrio Monetário), a aná-lise das antecipações econômicas, introduzindoas distinções entre o que chamou de “ex-ante”e “ex-post”, ou seja, a definição das quantidadeseconômicas em termos de ações projetadas noinício de um período e de medidas realizadasno fim do mesmo período. Em seguida, Lund-berg, em seus Studies in the Theory of EconomicExpansion (Estudos sobre a Teoria da ExpansãoEconômica), 1937, e Lindhal, na obra Studies inthe Theory of Money and Capital (Estudos sobrea Teoria do Dinheiro e do Capital), 1939, utili-zaram a análise de seqüência, que indica comouma situação econômica se transforma em outrae explica os processos de ajustamento das va-riáveis econômicas no tempo. Como Myrdhal,Lindhal insiste na importância das antecipaçõesdas receitas, dos investimentos, dos movimentosde preços, dos juros etc. Para Lindhal, é a partirdessas antecipações que se calcula o valor docapital, e este, por sua vez, determinará a im-portância da renda global e do movimento dospreços. Ohlin não acredita na eficácia prática dastaxas monetárias de juros para determinar aquantidade de investimentos e o conjunto daatividade econômica, mas sim nos planos “ex-ante” de poupança, de consumo e de antecipa-ção da renda. Lundberg, por sua vez, procuroudinamizar o equilíbrio monetário com seus mo-delos de seqüência, que se aplicam, em particu-lar, no estudo da influência dos diferentes tiposde expansão (da produção de bens de consumoe investimentos de capital) sobre o desenvolvi-mento econômico. Ao contrário das análises eco-nômicas estáticas, que estudavam apenas a po-sição final do equilíbrio econômico e o resultadodas forças em ação, a dinâmica das seqüênciasdesenvolvidas pelos economistas suecos estudao jogo das forças econômicas e seus encadea-mentos temporais. O desenvolvimento da aná-lise dinâmica contribui para a explicação das flu-tuações econômicas, que não estavam integradasnos sistemas de equilíbrio estático. E essa expli-cação foi elaborada simultaneamente com aconstrução de uma teoria macroeconômica darenda global e da teoria dinâmica. Veja tambémEx-ante; Ex-post.

ESCOLHA. No campo da numismática, são ascotações que indicam se um selo é perfeito ouimperfeito. Denominam-se selos de primeira es-colha os selos perfeitos.

ESCOLHA BERNOULLI. Modelo matemáticopara um experimento com apenas dois resulta-

dos (ou estados) possíveis, normalmente deno-minados sucesso ou fracasso, bom ou mau, li-gado ou desligado. Essas escolhas são tambémdenominadas binárias ou comutativas, isto é, osresultados podem ser 0 ou 1. É um caso especialda distribuição binomial. Veja também Bernoul-li (Família); Distribuição Binomial; VariávelAleatória de Bernoulli.

ESCOLHA PÚBLICA. Veja Public Choice.

ESCRAVIDÃO. Condição em que um ser hu-mano, o escravo, é propriedade de outro, o se-nhor, dono absoluto do produto de seu trabalho.Em sua forma plena, a condição de escravo éperpétua e hereditária, isto é, transmissível aosdescendentes do cativo. O escravo constitui tam-bém uma mercadoria, podendo portanto ser ob-jeto de compra e venda, herança, doação, alu-guel, hipoteca e seqüestro judicial. A escravidãosurgiu no processo de desagregação da primi-tiva comunidade tribal, quando eram feitos pri-sioneiros de guerra. No Egito Antigo, na ÁfricaNegra e nos impérios orientais, prevaleceu a es-cravidão doméstica, pois raramente o escravoera empregado em trabalhos produtivos. Foi naGrécia e em Roma que surgiram as primeiraseconomias escravistas: os escravos eram empre-gados em trabalhos domésticos, artesanato, mi-neração, agricultura e navegação. Durante a Ida-de Média, a escravidão permaneceu apenascomo elemento residual, raro, mas durante a re-conquista cristã da península ibérica (séculosXIII-XV), ela recrudesceu com o aprisionamentode guerreiros muçulmanos. Depois, com a co-lonização européia do continente americano, aescravidão voltou a ser amplamente praticada:foram escravizados milhões de indígenas e cercade 15 milhões de negros africanos foram trazidoscomo escravos para trabalhar nas minas e plan-tações do Novo Mundo. A escravidão negra emterras americanas estendeu-se do século XVI aoXIX, sendo Cuba (1880) e o Brasil (1888) os últimospaíses a decretar definitivamente sua extinção.

ESCRÓPULO. Medida de peso para pedras pre-ciosas, utilizada pela Casa da Moeda do Brasilantes da adoção do Sistema Métrico Decimal eequivalente a 6 quilates ou aproximadamente1,125 g.

ESCROW (Fideicomisso). Termo em inglês em-pregado no mercado financeiro internacional eque significa um acordo por escrito entre trêspartes, mantido em custódia pela terceira partee só liberado por esta se as condições constantesdo acordo forem preenchidas pelas duas primei-ras. Geralmente, essa “terceira” que mantém odocumento do acordo em custódia é um bancoou uma trust company. É obrigada a seguir es-tritamente os termos do acordo mantido entreas outras duas partes. Esse mecanismo é utili-

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zado para a cobrança de tributos e de segurosde propriedades imobiliárias hipotecadas. Mastambém pode ser usado em outras circunstân-cias, como no caso do México durante a rene-gociação de sua dívida externa, a partir de 1989.

ESCROW BOND. Expressão em inglês do mer-cado financeiro que significa um título mantidocom uma opção de compra ou sujeito a algumaoutra condição limitativa. O escrow bond podeser também um título cuja autorização de emis-são já existe, mas ainda não emitido, sendo man-tido como alternativa por um curador (trustee)até que recursos adicionais sejam necessáriospara a realização de melhorias ou expansão deuma atividade específica.

ESCUDETE. Punção de pequeno escudo emmoedas existentes (em circulação) com o obje-tivo de alterar para maior o valor das mesmas,em cumprimento a determinações governamen-tais. Veja também Carimbo; Cunhagem; Recu-nho; Senhoriagem.

ESCUDO. Unidade monetária de Portugal, CaboVerde e Macau. Submúltiplo: centavo.

ESPADIM DE OURO. Moeda cunhada emPortugal a partir de 1489 por D. João II e equi-valente a meio justo. Veja também Justo.

ESPALDAS MOJADAS. Veja Bracero.

ESPECIALIZAÇÃO. Processo mediante o qualum empregado se dedica a realizar apenas umtipo de tarefa ou atividade, de tal forma queseu rendimento esperado aumente. O termopode ser aplicado também no comércio interna-cional, no qual alguns países se especializam naprodução e exportação de determinados tiposde mercadorias.

ESPÉCIE (em). Literalmente, a expressão “emespécie” significa “na mesma classe ou catego-ria”. Ou seja, uma obrigação a ser paga “emespécie” significa pagamento realizado na formaespecificada no contrato. No entanto, generica-mente o termo é utilizado quando se designauma operação qualquer realizada em dinheiro.No mercado financeiro, no entanto, significa di-nheiro em sua forma metálica — moedas deouro ou prata — para distingui-lo do dinheirocomo papel-moeda e outros meios de pagamen-to. O termo também é utilizado para designarouro e prata monetários na forma de lingotes.

ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃOATÔMICA. Veja Toque.

ESPECULAÇÃO. Compra e venda sistemáticade títulos, ações, imóveis etc. com a intenção deobter lucro rápido e elevado, aproveitando a os-cilação dos preços. A atuação de um especulador

consiste em comprar títulos ou commoditiesquando seus preços estão baixos, ou em baixa,e vender esses mesmos títulos ou commoditiesquando os preços estão em alta ou alcançamum ponto máximo de elevação. As áreas prefe-ridas para a ação dos especuladores são as Bol-sas de Valores e de Mercadorias ou os gênerosde primeira necessidade. E no caso da especu-lação com produtos agrícolas, ou provenientesda mineração, ou do extrativismo vegetal, a es-peculação ocorre geralmente com o produto emestado bruto, e não com o já processado poralgum sistema de beneficiamento, pois as osci-lações de preço para cima ou para baixo sãomuito mais acentuadas nas matérias-primas doque nos produtos acabados. Nos períodos decrise econômica ou de grande instabilidade fi-nanceira, os especuladores tendem a atuar commaior desenvoltura. No entanto, como a baseda atuação desses operadores é a incerteza, eesta torna-se presente em maior ou menor grauem todos os processos econômico-financeiros,mesmo nos momentos de estabilidade os espe-culadores estão presentes nos mercados de risco,como são, por exemplo, as Bolsas de Valores ede Mercadorias. Veja também Inflação.

ESPERANÇA MATEMÁTICA. Supondo que xé uma variável aleatória discreta com valores:x1, x2, ... xn e probabilidades respectivas: p(x1),p(x2),... p(xn), sua esperança matemática (ou suamédia) será a magnitude: E (a) = x1 p(x1) + x2p(x2) + ... xn p(xn). Por exemplo, se x assumiros valores: 0, 1, 2, e 3 com probabilidade: 1/2,1/4, 1/8 e 1/8, sua esperança matemática será:0 (1/2) + 1 (1/4) + 2 (1/8) + 3 (1/8) = 7/8. Setodas as p (xi) forem iguais, a esperança mate-mática se reduz a: (1/n) (x1 + x2 + ... + xn), ouseja, à média aritmética dos valores da variável.A característica fundamental da esperança ma-temática de uma variável aleatória está em suapropriedade de aproximar com grande exatidãoa média aritmética de qualquer número de rea-lizações aleatórias da variável, especialmentequando o número de eventos (casos) é grande.No caso de uma variável aleatória contínua comfunção de densidade f(x) e valores possíveis en-tre os limites a e b, a definição de sua esperançamatemática é a mesma, com a ressalva de queas somas do caso discreto se convertem em in-tegrais no caso contínuo. Assim, Σ (a) = ∫ x f(x)dx.

ESPIRAL INFLACIONÁRIA. Processo em queelementos interligados, que participam da infla-ção, funcionam como geradores de mais infla-ção, num processo auto-alimentador. Teorica-mente, os aumentos de preços devidos à inflaçãodeveriam provocar retração na demanda e, con-seqüentemente, diminuição nos preços. Se assimocorresse, a inflação se extinguiria por si mesma.

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Na prática, a inflação tende a ser cumulativa.Os empresários recusam-se a diminuir suas mar-gens de lucro, e o aumento de custos dos pro-dutos primários é repassado totalmente, e em“cascata”, ao consumidor. O aumento de preçosconduz à elevação do custo de vida e, por con-seguinte, às reivindicações salariais por partedos trabalhadores. As pequenas e médias em-presas que operam em mercados muito concor-ridos não podem repassar diretamente a seusconsumidores os aumentos de salários. Mas asgrandes empresas oligopolistas transferem to-talmente o ônus dos aumentos salariais dos fun-cionários, mediante os aumentos nos preços dosprodutos. Isso ocasiona a elevação no custo devida, novas reivindicações salariais e novos au-mentos nos custos dos produtos, levando a pre-ços finais mais altos. Se o processo inflacionáriose mantém, pode-se chegar à nova componenteda espiral inflacionária. A expectativa de au-mento de preços leva à antecipação de comprascom a finalidade de evitar os futuros aumentos.O crescimento na demanda, além de provocarum aumento de preços, traduz-se também emaumento de produção. Assim, os empresáriosfazem maiores investimentos, há uma demandaacelerada de mão-de-obra e os empregados con-seguem salários melhores, tudo isso alimentan-do a espiral custos-preços-finais-salários. Final-mente, deve-se salientar a componente psicoló-gica do processo: os empresários passam a cal-cular os preços em função dos custos futuros,antecipando índices inflacionários que só exis-tiriam muito mais tarde. Veja também Inflação.

ESPÓLIO. Totalidade de bens deixados poruma pessoa, após sua morte. Caso existam her-deiros, o juiz do espólio faz a partilha dos bens,segundo os ditames legais e acordos estabeleci-dos entre os herdeiros. Enquanto a partilha nãoestiver legalmente concluída, não se pode disporde nenhum bem do espólio (imóvel, dinheiroem conta bancária etc.) sem concordância judi-cial explícita.

ESTABILIDADE. Situação da economia de umpaís caracterizada pela ausência relativa de flu-tuações cíclicas. Depende basicamente do nívelda produção, do emprego e dos preços, fatoresque costumam flutuar em conjunto de forma cí-clica. No plano da produção e do emprego,pode-se considerar situação de estabilidadeaquela em que o produto nacional e o empregocrescem de forma modesta, porém a taxas rela-tivamente constantes. Em termos de preços, es-tabilidade significa um índice de preços com flu-tuações mínimas ou a ausência relativa de flu-tuação e deflação. No plano governamental, bus-ca-se a estabilização por meio das políticas mo-netária, fiscal e salarial e dos mecanismos decontrole de preços.

ESTABILIZAÇÃO. Geralmente, o termo vemassociado a políticas monetárias efetuadas porbancos centrais, para reduzir ou limitar as flu-tuações de uma moeda nacional nos mercadosfinanceiros internacionais, comprando ou ven-dendo reservas de, ou para, outros bancos cen-trais. Quando um Banco Central intervém noopen market para vender suas reservas, o valordessa moeda nacional tende a cair ou, na melhordas hipóteses, permanece o mesmo. No entanto,um Banco Central pode intervir também paraevitar que o valor de uma outra moeda diminuano mercado internacional: em agosto de 1993,para impedir que o dólar norte-americano caísseabaixo dos 100 ienes — rompendo uma barreira“psicológica” —, o Banco Central do Japão ad-quiriu mais de 1 bilhão de dólares, sustentandoassim o valor da moeda norte-americana acimadaquele patamar. O termo estabilização tambémse aplica a políticas de ajuste que os países doTerceiro Mundo realizaram durante os anos 80,em função da crise ocasionada pelo seu elevadoendividamento externo. Esses planos de ajusteforam quase sempre acompanhados por inten-sos processos inflacionários e, nesses casos, aestabilização significou não apenas intervençõesdos bancos centrais no âmbito da política mo-netária, mas também nos planos fiscal, cambial,administrativo etc., alterando-se as taxas de ju-ros, de câmbio, de salários e de impostos. Vejatambém Plano Cruzado; Plano Collor; PlanoReal.

ESTADO, Capitalismo de. Veja Capitalismo deEstado.

ESTADO DO BEM-ESTAR (Welfare State). Sis-tema econômico baseado na livre-empresa, mascom acentuada participação do Estado na pro-moção de benefícios sociais. Seu objetivo é pro-porcionar ao conjunto dos cidadãos padrões devida mínimos, desenvolver a produção de bense serviços sociais, controlar o ciclo econômico eajustar o total da produção, considerando os cus-tos e as rendas sociais. Não se trata de uma eco-nomia estatizada; enquanto as empresas parti-culares ficam responsáveis pelo incremento erealização da produção, cabe ao Estado a apli-cação de uma progressiva política fiscal, demodo a possibilitar a execução de programasde moradia, saúde, educação, Previdência social,seguro-desemprego e, acima de tudo, garantiruma política de pleno emprego. O Estado dobem-estar corresponde fundamentalmente às di-retrizes estatais aplicadas nos países desenvol-vidos por governos social-democratas. Nos Es-tados Unidos, certos aspectos do Estado do bem-estar desenvolveram-se particularmente no pe-ríodo de vigência do New Deal. Segundo PaulSweezy, economista norte-americano, alguns ru-

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dimentos do Estado do bem-estar foram aplica-dos no governo de Bismarck (1815-1898), no Im-pério Germânico. No campo teórico, o ponto departida da formulação dos contornos do Estadodo bem-estar tem seus fundamentos na obra deA.C. Pigou, Economics of Welfare (Economia doBem-estar), 1920. Posteriormente, sua naturezafoi rigorosamente analisada e defendida peloeconomista inglês John Strachey e pelo suecoGunnar Myrdal. Para Myrdal, trata-se de umaeconomia organicamente estruturada pela açãodo poder público. Essa intervenção ocorre noplano dos poderes central, estadual e municipal.Ao mesmo tempo, o controle público sobre aeconomia é limitado pelo controle que a socie-dade civil tem sobre o Estado. Embora Myrdaltenha como ponto de referência para a sua aná-lise as social-democracias escandinavas, ele afir-ma que o Estado do bem-estar é ainda um ob-jetivo futuro. Será, segundo ele, uma sociedadena qual se torne possível a realização dos prin-cípios de fraternidade, liberdade e igualdade,prometidos pela Revolução Francesa. Mesmodiscordando de Karl Marx, o ensaísta sueco dizque o Estado do bem-estar, no futuro, corres-ponderá ao “reino da felicidade”, sonhado peloautor de O Capital.

ESTADO GENDARME. Estado cujo papel ouparticipação econômica foi reduzida ao mínimoe se limita a fornecer alguns serviços coletivosque as empresas privadas não podem oferecerde maneira satisfatória. Como tais serviços estãogeralmente associados à ordem pública, desig-na-se tal Estado de Estado Gendarme. Coloca-seem oposição ao Estado Organizador ou EstadoPrevidência.

ESTADO MÍNIMO. Veja Consenso de Wa-shington; Smith, Adam.

ESTADOS NACIONAIS. Forma de Estado quese estruturou na Europa a partir do final da Ida-de Média e que definiu a fisionomia territoriale política das modernas nações européias. Cor-respondem ao período de consolidação do ab-solutismo monárquico, quando os reis, apoiadospela burguesia, conseguiram firmar seu poderperante o papado e os senhores feudais. A po-lítica econômica dos Estados Nacionais foi omercantilismo, que favoreceu a acumulação pri-mitiva de capitais, posteriormente aplicados naRevolução Industrial. Embora voltada para o de-senvolvimento comercial, a estrutura econômicadessas nações (Inglaterra, França, Portugal, Es-panha) baseava-se na exploração agrícola domi-nada pela nobreza e pela Igreja, no artesanatocorporativista e na nascente produção manufa-tureira. Veja também Feudalismo; Mercantilis-mo; Revolução Industrial.

ESTAGFLAÇÃO. Situação na economia de umpaís na qual a estagnação ou o declínio do nívelde produção e emprego se combinam com umainflação acelerada. O fenômeno contraria a teo-ria clássica segundo a qual a inflação tenderiaa declinar com o aumento do desemprego. Fe-nômeno típico do pós-guerra, a estagflação temse acentuado em quase todas as economias ca-pitalistas desenvolvidas depois da chamada cri-se do petróleo (1973-1979). As medidas essen-cialmente monetaristas adotadas pelos governosnorte-americano e britânico para reverter essatendência têm sido acompanhadas, no entanto,por considerável elevação dos preços, dos índi-ces de desemprego e da recessão econômica. En-tre 1963 e 1966, o Brasil atravessou um períodode estagflação quando o PIB chegou a diminuir(1964-1965) e a inflação ainda não havia sidodominada. A partir de 1981, o fenômeno reapa-receu com inusitada força, permanecendo até oprimeiro semestre de 1984. Depois da fase decrescimento correspondente ao biênio 1985-1986,a estagflação voltou a caracterizar a economiabrasileira com índices inflacionários elevados eum crescimento do PIB pequeno. A partir de1994, com a introdução do Plano Real e da re-forma monetária (advento do real), a inflaçãobaixou consideravelmente e o PIB voltou a cres-cer de forma expressiva. Veja também Inflação;Plano Cruzado; Plano Real.

ESTAGNAÇÃO. Situação em que o produto na-cional (ou produto per capita) não mantém nívelde crescimento à altura do potencial econômicodo país. Pode ocorrer, por exemplo, que mesmocom amplo emprego dos recursos disponíveis,o índice de crescimento do produto não supereo índice de aumento da população ou até fiqueabaixo dele. Uma demanda global deficientepode gerar esse quadro de estagnação numa eco-nomia que tenha grande capacidade de cresci-mento: é o caso, segundo alguns economistas,das dificuldades que envolviam as economiasnorte-americana e inglesa, ameaçadas pela es-tagnação e pelo desemprego, no início da décadade 80. Segundo os economistas da escola key-nesiana, a tendência à estagnação é uma das ca-racterísticas do capitalismo, caso a economiaconcorrencial seja relegada a seus mecanismosnaturais. Para combater essa tendência, advo-gam a intervenção do Estado na economia, comoinstrumento de controle da taxa de juros e in-centivador de novos investimentos.

ESTALÃO. Termo às vezes encontrado em tex-tos em português sobre finanças e problemasmonetários, que corresponde a “padrão”. É umatradução da palavra francesa étalon. Veja tam-bém Padrão.

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ESTÁTICA COMPARATIVA. Método de aná-lise econômica com o qual o investigador com-para, nas mais variadas situações de equilíbrio,o conjunto de características de um modelo eco-nômico, teoricamente construído. Trata-se deum conceito proveniente da física e serve paraindicar a teoria do equilíbrio de forças, que secontrapõe à da dinâmica, na qual os elementosde um modelo são estudados em sua transfor-mação. A noção de estática e dinâmica foi in-troduzida na economia por Stuart Mill, mas suaaplicação mais abrangente na teoria econômicafoi feita por Schumpeter.

ESTATISMO. Participação do Estado nas ativi-dades econômicas, nas quais ele atua como em-presário em setores da produção industrial e deserviços. Embora o fenômeno do estatismo ocor-ra nas economias capitalistas mais desenvolvi-das, foi nos países subdesenvolvidos que a pe-netração do Estado na economia surgiu comouma necessidade nacional. Na Ásia, África eAmérica Latina, o Estado foi o principal respon-sável pelos projetos de implantação das indús-trias de base (siderurgia, petróleo, geração deenergia) e sistemas de transportes e comunica-ções. Nas colônias afro-asiáticas que se tornaramindependentes após a Segunda Guerra Mundial,o Estado formou seu patrimônio com base nasempresas estrangeiras nacionalizadas pelos mo-vimentos de libertação vitoriosos. No Brasil, oEstado responde por cerca de um terço dos in-vestimentos dirigidos para os setores produti-vos, domina mais da metade do capital bancárioe tem presença empresarial preponderante emvários setores básicos. Veja também Dirigismo;Liberalismo; Nacionalização; Privatização.

ESTATÍSTICA. Ramo da matemática que lidacom os dados numéricos relativos a fenômenossociais ou naturais, com o objetivo de medir ouestimar a extensão desses fenômenos e verificarsuas inter-relações. Os métodos estatísticos sãonecessários para permitir o estudo de fenômenosnumericamente extensos (fenômenos de massa),classificando e abreviando os dados obtidos eprocurando determinar a existência de tendên-cias características que se acentuam com o au-mento do número de observações. A estatísticadescritiva cuida da classificação e apresentaçãodos dados. A estatística inferencial ou analítica es-tuda os meios de coleta dos dados, sua análisee interpretação; aqui, os métodos estatísticospermitem a elaboração de inferências estatísti-cas, isto é, fazer afirmações gerais, com escassamargem de erro, também medida estatistica-mente a partir de informações incompletas sobreo grupo (população) em estudo. Como é prati-camente impossível examinar todos os elemen-tos de uma população, considera-se apenas umaamostra representativa (casual ou sistemática),

extrapolando-se os dados para a totalidade dogrupo. Os dados coletados são analisados sobvários parâmetros, destacando-se o desvio pa-drão e a média da distribuição dos dados. Adistribuição, por sua vez, pode ser representadagraficamente (por histograma, polígono de fre-qüências ou curva de freqüências). Em termosideais, o estatístico procura criar um modelo ma-temático da distribuição dos dados, especial-mente se ele se aproxima da normalidade, istoé, se os dados distribuem-se simetricamente emtorno da média, configurando uma curva emforma de sino. Existem diferentes testes para de-terminar se um modelo é conveniente. Utilizadapraticamente em todas as ciências em que existaum elemento de probabilidade envolvido, a es-tatística é de importância fundamental para a eco-nomia política. Veja também Amostra; Censo;Econometria; Média; Probabilidade; Variável.

ESTATÍSTICA ECONÔMICA. É o campo daestatística aplicada que tem por objetivo o es-tudo e a apresentação dos dados relativos à pro-dução, à distribuição, à circulação e ao consumoda riqueza em determinada economia.

ESTATÍSTICA INDUTIVA. Veja Indução Es-tatística.

ESTATÍSTICO DAS NAÇÕES UNIDAS, Es-critório. Central de dados estatísticos das Na-ções Unidas. No âmbito de suas funções, prestaserviços aos países interessados, publica estu-dos, pesquisas, guias e manuais sobre assuntosestatísticos, organiza seminários e conferênciase mantém centros de treinamento de âmbito in-ternacional, possibilitando o intercâmbio de ex-periências sobre estatísticas dos países desen-volvidos e subdesenvolvidos. Veja também ONU.

ESTATUTO DA TERRA. Lei nº 4 504 de30/11/1964, que regula os direitos e obrigaçõesconcernentes aos bens imóveis rurais, tendocomo objetivo promover e executar a políticaagrícola e a reforma agrária. A política agrícolaé entendida como um conjunto de medidas queorientem as atividades agropecuárias com o in-tuito de garantir à propriedade rural sua plenautilização, harmonizando-a com o processo deindustrialização. A reforma agrária é entendidacomo uma meta que estabeleça um sistema derelações entre o homem, a propriedade rural eo uso da terra capaz de promover a justiça social,o progresso, o bem-estar do trabalhador rural eo desenvolvimento econômico do país. Para aconsecução de tais objetivos, o Estatuto da Terraestabeleceu que o cadastramento dos imóveisrurais passaria a ser efetuado com base num“módulo” de propriedade, ou seja, uma proprie-dade familiar capaz de assegurar ao trabalhadorrural um rendimento suficiente para seu pro-

ESTÁTICA COMPARATIVA 222

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gresso e seu bem-estar econômico e social. Essemódulo varia de acordo com as condições geo-gráficas de cada região. A partir dessa concei-tuação, passou-se a chamar minifúndio a área quenão corresponde a um módulo; empresa rural, oimóvel rural cuja área seja de até seiscentas vezeso módulo e no qual pelo menos metade da áreacultivável seja explorada de forma racional; la-tifúndio por exploração, as propriedades com asmesmas dimensões da empresa rural, mas cujaárea explorada é inferior ao que seria admitidoracionalmente; e latifúndio por dimensão, o imóvelcuja área ultrapassa seiscentas vezes o módulo.O Estatuto da Terra estabelece também que oacesso à propriedade rural se fará mediante adistribuição ou redistribuição de terras por in-teresse social, com o intuito de condicionar ouso da terra a sua função social e obrigar a suaexploração racional; compra e venda; doação;herança; e reversão ao poder público de terrasindevidamente ocupadas e exploradas por ter-ceiros. Para fixação da importância a ser pagaem caso de desapropriação, o estatuto estabeleceque serão levados em conta o valor declaradodo imóvel para efeito do imposto territorial ru-ral, o valor constante do cadastro acrescido dasbenfeitorias e seu valor venal. As terras são dis-tribuídas, sob a forma de propriedade familiar,a agricultores cujos imóveis rurais sejam com-provadamente destinados a associações de agri-cultores, sob a forma de cooperativas, quandose desejar a formação de glebas destinadas à ex-ploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroin-dustrial. Os beneficiados pela reforma serão ini-cialmente os proprietários do imóvel desapro-priado, desde que desejem explorar, diretamen-te ou por meio de suas famílias, uma parcelado imóvel desapropriado, como posseiros, as-salariados, parceiros ou arrendatários, e aquelesque tenham comprovada competência para aprática de atividades agrícolas e que não pos-suem terras. A Constituição de 1988 estabeleceuque são insuscetíveis de desapropriação a pe-quena e a média propriedade rural (a definiçãode uma e de outra será determinada em lei com-plementar), desde que seu proprietário não pos-sua outra, e a propriedade produtiva, qualquerque seja o seu tamanho. O órgão responsávelpela execução e promoção dessa reforma era oInstituto Brasileiro de Reforma Agrária (Ibra).Posteriormente, essas atribuições passaram parao Incra. Com a extinção do Incra, em 1987, elasforam assumidas pelo Ministério da Reforma edo Desenvolvimento Agrário (Mirad) e, em1990, com a desativação desse Ministério, essasatribuições passaram a pertencer ao Ministérioda Agricultura. Veja também Incra.

ESTÉREO. Medida de capacidade equivalentea 1 metro cúbico.

ESTERLINO (A). Termo que aparece vinculadoà libra quando se trata de unidade monetáriada Inglaterra e não unidade de peso do sistemaimperial inglês e do consuetudinário americano.O esterlino é também medida de pureza da pra-ta: no passado, representava prata com 92,5%de pureza. Hoje, seu padrão é igual a 50%.

ESTOCÁSTICO, Modelo. Veja Modelo Esto-cástico.

ESTOQUE. Quantidade de um bem armazena-do ou em conservação (matérias-primas, com-bustíveis, produtos semi-acabados ou acaba-dos). Os bens podem ser estocados para venda,abastecimento de entressafra ou simplesmentepara especulação. O estoque deve ser peri-odicamente avaliado para possibilitar o balançoanual de uma empresa. O volume total de es-toques numa economia tende a crescer com oproduto nacional e, a curto prazo, está sujeitoa flutuações conjunturais (valorização ou depre-ciação, conforme o nível dos preços ou a situaçãocambial). Veja também Açambarcamento; Justin Time.

ESTOQUE DE SEGURANÇA. É aquele man-tido para enfrentar problemas e imprevistos ouacidentes com a renovação do suprimento, detal forma que o processo produtivo não sofrainterrupções por falta de matérias-primas, peças,equipamentos etc.

ESTRANGULAMENTO. Veja Ponto de Estran-gulamento.

ESTRATÉGIA EMPRESARIAL. Denominaçãodada à maneira de agir das empresas dentro deuma perspectiva temporal e em decorrência deanálise de uma determinada conjuntura. As es-tratégias adotadas podem ter várias classifica-ções, entre as quais se destacam as seguintes:1) estratégia tradicional — aquela adotada nummercado que se caracteriza pela ausência de ino-vações tecnológicas relevantes (mercados estag-nados); 2) estratégia dependente — aquela que ca-racteriza a situação de empresas vinculadas àrelação de subcontratação com outras empresasgeralmente de maior porte; 3) estratégia oportu-nista — aquela relacionada com a identificaçãode nichos do mercado tecnologicamente dinâ-micos que não interessam às grandes empresas;4) estratégia ofensiva — tem como ponto de par-tida a convicção de que ser o primeiro a intro-duzir determinada inovação no mercado repre-senta uma vantagem que pode se traduzir emlucros mais elevados no curto prazo; 5) estratégiadefensiva — aquela que considera interessanteacompanhar com uma certa defasagem as em-presas mais agressivas na incorporação de ino-

223 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

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vações (progresso técnico), mas introduzindouma diferenciação no produto para torná-lomais competitivo; 6) estratégia imitativa — aquelaque reconhece um atraso em relação às demaisno que se refere à incorporação do progressotécnico, mas que administra com competênciaessa diferença, sem deixar que se amplie. Vejatambém Nicho.

ESTRATIFICAÇÃO. Modo pelo qual, nas di-versas sociedades, se estrutura um sistema deposições e papéis sociais dos indivíduos, dis-postos em diferentes camadas (estratos), quecorrespondem a diversos graus de poder, rique-za e prestígio. As diversas posições (ocupações)não são igualmente importantes socialmente,nem requerem o mesmo grau de treinamento.Para garantir que as posições sejam preenchidasde forma completa e sem atritos, associam-se aelas certas recompensas, tornando atraentes asmais significativas e de mais difícil desempenho.Essas recompensas refletem os critérios da es-tratificação social. Em geral, as pesquisas sobreestratificação social tomam como índices: mon-tante e origem das rendas, propriedades, edu-cação, prestígio da profissão, área residencial eetnia. A teoria da estratificação social vigora so-bretudo na sociologia norte-americana e consti-tui um tema polêmico nas ciências sociais. Seuscríticos salientam seu caráter a-histórico e a ten-tativa de constituir-se num esquema universal,válido para qualquer tipo de sociedade; alémdisso, apontam a confusão que se estabelece en-tre as noções de status, camada e classe social.Outros reconhecem a existência objetiva da es-tratificação, mas procuram analisá-la no conjun-to da estrutura social e, paralelamente, no da ca-racterização e do desempenho das classes. Vejatambém Classes Sociais; Mobilidade Social.

ESTRUTURA ECONÔMICA. Conjunto de ele-mentos relativamente estáveis que se relacionamno tempo e no espaço para formar uma totali-dade econômica. Na economia descritiva, a es-trutura corresponde à relação entre os três gran-des setores de atividade: primário (atividadeagrícola e extrativa), secundário (atividade detransformação fabril) e terciário (serviços em ge-ral, inclusive o comércio e os transportes). Ocrescimento desses setores não ocorre de formaharmônica, mas desigual, e essa defasagem se-torial é um elemento básico para avaliar a es-trutura que corresponde ao grau de desenvol-vimento de uma economia. Nessa perspectiva,considera-se menos desenvolvido um país deestrutura agrária, aquele cuja principal atividadeeconômica corresponde à agricultura. Isso por-que os elementos característicos do progressoestariam no setor secundário, o que implica a

hegemonia do setor industrial sobre as ativida-des primárias. A supremacia do setor secundá-rio, correspondente a uma estrutura industrial,foi característica dos países altamente desenvol-vidos a partir da Revolução Industrial. Mais re-centemente, a ênfase tem-se deslocado, nessespaíses, para o setor de serviços. Há estudos quese baseiam no nível de produtividade para ca-racterizar uma estrutura econômica, que corres-ponderia ao grau de presença de apenas doissetores fundamentais: setor moderno, de produ-tividade elevada, graças a técnicas avançadas deprodução, e o setor tradicional, baseado em téc-nicas primitivas e, portanto, com baixa produ-tividade. Freqüentemente, na mesma economia,coexistem uma estrutura moderna e uma tradi-cional. Uma terceira análise focaliza a estruturado mercado como dado básico da complexidadede uma estrutura econômica. Numa economianão desenvolvida, há basicamente um setor demercado externo muito especializado em produ-tos agrícolas ou extrativos, destinados à expor-tação; podem existir ainda um setor de mercadointerno (incluindo os produtos manufaturados)e um setor de subsistência, voltado para o auto-consumo e com baixa produtividade. Nessecaso, o desenvolvimento da estrutura econômicadependeria da expansão do setor de mercadointerno — isso estimularia o aumento da pro-dutividade agrícola, a expansão da área de ser-viços em geral e levaria a uma crise de setorvoltado para a subsistência. O conceito marxistade estrutura econômica liga-se ao conceito maisamplo de totalidade social. Assim, a estrutura(ou infra-estrutura) representa a base econômicada sociedade, sobre a qual se ergue a superes-trutura (relações jurídicas, políticas e demais for-mas de consciência social). Essa estrutura cor-responde ao modo de produção dominantenuma formação social e, mais especificamente,ao conjunto das relações sociais de produção(forma de propriedade, instrumentos de traba-lho e seu desenvolvimento tecnológico e classessociais). É o fio condutor que, em última ins-tância, explica os fenômenos político-sociais deuma época. Mas a relação entre a estrutura e asuperestrutura que ela engendra não se dá me-canicamente, é uma relação dinâmica, dialética:os fenômenos econômicos determinam os polí-ticos, mas são também por eles influenciados.Veja também Conjuntura; DesenvolvimentoEconômico; Sistema Econômico; Setores deProdução; Revolução.

ESTRUTURA INDUSTRIAL. Veja Organização.

ESTRUTURA SOCIAL. Em termos gerais, a to-talidade formada pelo conjunto das relações so-ciais. Abrange toda interação entre indivíduos,

ESTRATIFICAÇÃO 224

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grupos, classes sociais e o conjunto de normas,valores e padrões de comportamento que nor-teiam essas relações. O conceito de estrutura temvariado de acordo com a posição teórica e me-todológica do cientista social. O termo foi em-pregado pela primeira vez em ciências sociaispor Herbert Spencer, que fez uma analogia entrea sociologia e a biologia em que a noção de es-trutura aparece vinculada à de função: o con-junto das funções diferenciadas formaria a es-trutura em torno da qual ocorreria o funciona-mento do “organismo” social. A partir dessa re-ferência, o conceito de estrutura ganhou forçae características próprias nas obras de ÉmileDurkheim, Radcliffe-Brown e Talcot Parsons. Deforma particular, e mais modernamente, a noçãode estrutura passou a nortear os estudos de Lévi-Strauss e sua análise estrutural das relações deparentesco nas comunidades tribais. A formu-lação marxista de estrutura social relaciona-secom as noções de modo de produção e formaçãosocial, consideradas em sua dinâmica histórica:nesse sentido, a estrutura está sujeita a trans-formações, determinadas pelo grau de desen-volvimento das forças produtivas das relaçõesde produção.

ESTRUTURALISMO. Corrente de pensamentoeconômico latino-americana inspirada nos tra-balhos dos componentes da Cepal, que analisavao desenvolvimento econômico do ponto de vistados obstáculos estruturais que impediam umcrescimento maior dessas economias. Na expli-cação do fenômeno inflacionário, os estrutura-listas acreditavam que estruturas inadequadascomo a agrária, por exemplo, tornavam inelás-tica a oferta de alimentos e matérias-primas, oque significava elevação de preços nos centrosurbanos. A deterioração das relações de trocaprovocaria déficits comerciais e do balanço depagamentos, obrigando tais países a desvalori-zações cambiais constantes, sendo estas outroalimentador do processo inflacionário. As solu-ções propostas: para o primeiro caso, a reformaagrária; para o segundo, a transição de uma eco-nomia exportadora de matérias-primas para ou-tra que vendesse ao exterior principalmente pro-dutos manufaturados. O autor mais influentedessa escola de pensamento econômico é o ar-gentino Raul Prebisch. Entre os economistas bra-sileiros, o mais importante estruturalista é cer-tamente Celso Furtado. Veja também Furtado,Celso; Plano Trienal; Prebisch, Raul; Relaçõesde Troca.

ESTRUTURALISTAS. Veja Estruturalismo.

ESTUDO DE MOVIMENTOS. Análise dos mo-vimentos de um trabalhador ao realizar uma ta-refa, para determinar aqueles que são indispen-

sáveis à realização da mesma e eliminar os mo-vimentos supérfluos ou desnecessários, com ointuito de racionalizar o trabalho e aumentar aprodutividade. Veja também Estudo de Tempos.

ESTUDO DE TEMPOS. Estudos realizados emgeral num processo de trabalho fabril, a fim dedeterminar o tempo adequado para a realização deuma tarefa. Veja também Estudo de Movimentos.

ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS. Es-tudo que reúne o Estudo de Tempos e os Estudosde Movimentos, no sentido de determinar otempo adequado ou normal para que um tra-balhador execute os movimentos indispensáveisou necessários à realização de uma tarefa.

ET ALII. Expressão em latim que significa, li-teralmente, “e outros”, utilizada quando, ao re-ferir-se a um artigo ou livro de autoria de váriosautores, cita-se o principal ou o primeiro emordem alfabética, seguido da expressão et alii.

ET SIC DE COETERIS. Expressão em latim quesignifica “e assim por diante”, e cuja abreviaçãoé etc.

EUCKEN, Walter (1891-1950). Economista ale-mão neoliberal que tentou integrar a tradiçãoda abordagem da escola histórica alemã com ateoria econômica neoclássica, desenvolvendo oestudo comparativo de sistemas econômicos. In-fluenciado pelo conceito de “tipos ideais” deMax Weber, Eucken desenvolveu a noção de“ordem econômica”, entendida como um con-junto de elementos funcionais que estabelecemas condições para o funcionamento do processoeconômico. Elaborou uma “morfologia econô-mica” com base em dois tipos abstratos de or-ganização: 1) economia dirigida ou centralizada;2) economia de troca, descentralizada, em queas ações das unidades econômicas indepen-dentes seriam coordenadas por meio do merca-do e da moeda. Professor nas universidades deTübingen e de Freiburg, Eucken influiu no mo-vimento para liberalizar a economia alemã apósa Segunda Guerra Mundial. Sob esse tema des-taca-se seu artigo “On the Theory of the Cen-trally Administered Economy: an Analysis ofthe German Experiment” (“Sobre a Teoria daAdministração Econômica Centralizada: umaAnálise da Experiência Alemã”), 1948. Escreveutambém os livros Kapitaltheoretsche Untersuchun-gen (Considerações Teóricas sobre o Capital),1934, e Grundlagen der Nationalökonomie (Os Fun-damentos da Economia Política), 1940.

EULER, Leonhard (1707-1783). Matemático e fí-sico suíço cujas proposições os marginalistas uti-lizaram nas teorias da produção e da distribui-ção, formulando o chamado teorema de Euler.A teoria marginalista da distribuição afirma que

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a remuneração dos fatores de produção (terra,trabalho e capital) corresponderá ao valor doproduto produzido pela última unidade do fatorempregado. A partir de hipóteses simplificado-ras sobre o modo como os fatores de produçãose combinam para produzir uma mercadoria, oteorema de Euler demonstra a forma pela quala teoria da produtividade marginal explica a me-lhor combinação de fatores de produção e a dis-tribuição da renda entre esses fatores. A utili-zação desse teorema resolveu o problema daagregação, que preocupava os primeiros teóricosda produtividade marginal: o teorema permitiudemonstrar como a soma da remuneração dosprincipais fatores de produção (terra, trabalhoe capital), determinada pela produtividade mar-ginal de cada fator, seria acrescida ao produtototal. Também com base nas proposições mate-máticas de Euler, construíram-se os modeloseconômicos dinâmicos, principalmente sobre asflutuações do ciclo econômico.

EURATOM — Comunidade Européia de Ener-gia Atômica. Organismo de colaboração cientí-fica criado em março de 1957 para coordenar aspesquisas e os projetos de produção industrialde energia atômica, com fins pacíficos, do Mer-cado Comum Europeu. Sediada em Bruxelas,possui centros de pesquisa em Ispra (Itália), Geel(Bélgica), Karlsruhe (Alemanha), Culham (Ingla-terra) e Petten (Holanda). Desde 1967 integra aComunidade Européia. Veja também Comuni-dade Européia; Tratado de Maastricht.

EURCO. Iniciais de european composite unit, quesignifica uma unidade de conta não oficial e pri-vada baseada nas moedas dos países da Comu-nidade Européia. Esta unidade é composta portais moedas, na proporção da importância eco-nômica de cada país na Comunidade Européia.Veja também ECU.

EURIBOR. Iniciais de european interbank offeredrate, ou a taxa de juros oferecida pelo Banco Cen-tral Europeu, que representará os países daUnião Monetária Européia e se encarregará dapolítica monetária e cambial (emissão de euros,fixação das taxas de juros e de câmbio) da região.Veja também Euro; Libor.

EURO. Denominação da moeda unificada quea União Européia adotará em 1999 e que deverácircular a partir de 2002. O Euro, no entanto,somente será adotado pelos países que em 1997atingiram as metas relacionadas com o déficitpúblico (inferior a 3% do PIB) e o endividamentointerno (inferior a 60% do PIB) fixadas pelo Tra-tado de Maastricht. Esses países são os seguin-tes, com as cotações de suas moedas nacionaisem euros, em 1º/1/1999: Áustria (13,91 xelins),Bélgica (40,78 francos belgas), Finlândia (6,63markkas), França (6,63 francos franceses), Ale-

manha (1,98 marco), Holanda (2,23 florins), Ir-landa (0,80 libra irlandesa), Itália (1957,61 liras),Luxemburgo (40,78 francos luxemburgueses),Portugal (202,70 escudos) e Espanha (168,22 pe-setas). Os países que permaneceram fora daunião monetária nessa primeira fase também ti-veram suas moedas nacionais cotadas em ter-mos de euros: Grécia (357,00 dracmas), Dina-marca (7,54 coroas dinamarquesas), Suécia (9,43coroas suecas) e Grã-Bretanha (0,65 libra ester-lina). A cotação do dólar dos Estados Unidosfoi fixada como referência em US$ 1,166 = 1Euro. Veja também ECU; Tratado de Maas-tricht; União Monetária Européia.

EUROBANK. Banco da Europa Ocidental, es-pecialmente aquele que recebe depósitos, queconcede empréstimos e proporciona crédito nasmoedas dos vários países que constituem aUnião Européia.

EUROBILL OF EXCHANGE. Expressão em in-glês que designa uma letra de câmbio emitidae aceita da forma usual, mas denominada emmoeda estrangeira e aceita para ser paga fora dopaís cuja moeda foi utilizada na letra de câmbio.

EUROBOND. Título emitido por uma empresanorte-americana ou não-européia. Neste tipo demercado, esses títulos são geralmente de venci-mento entre dez e quinze anos.

EURO-CANADIAN DOLLARS. Dólares cana-denses negociados nos mercados da União Eu-ropéia (euromarkets).

EUROCARD. Cartão de crédito europeu desen-volvido pelo sistema bancário alemão e aceitona maior parte dos países europeus.

EUROCHEQUE. Um tipo de cartão de créditopara a compra de mercadorias na maior partedos países europeus.

EUROCLEAR. Sistema de compensação e de-pósitos computadorizado, para a manutençãoem custódia, entrega e pagamento dos Euro-bonds. É propriedade de 120 bancos e corretorasde títulos, e gerenciada pelo Morgan Guaranty.Veja também Eurobonds.

EUROCOMMERCIAL PAPER. Título comercialemitido em moeda européia (eurocurrency).

EUROCOMUNISMO. Uma das tendências domovimento comunista internacional, represen-tada por alguns partidos comunistas da Europa(particularmente Itália, França e Espanha), cujalinha política se fundamenta na revisão de al-gumas teses básicas do marxismo-leninismo.Partindo de uma nova interpretação da naturezado Estado e do significado da democracia, negaa necessidade da ditadura do proletariado na

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construção do socialismo e defende o pluripar-tidarismo em lugar do sistema de partido único,que é tradicional nos países de regime comu-nista. No plano econômico, a socialização dosmeios de produção seria feita de forma gradual,incluindo inicialmente apenas as empresas mo-nopolistas e as grandes corporações, enquantoos setores médio e pequeno da indústria per-maneceriam em mãos privadas.

EUROCRATA. Denominação popular aplicadaàqueles funcionários que trabalham em Bruxelasou Luxemburgo em comissões, conselhos e ati-vidades relacionados com o Mercado ComumEuropeu.

EUROCREDIT. Qualquer empréstimo denomi-nado em moeda européia (eurocurrency).

EUROCREDIT SECTOR. Seção do mercadoeuropeu na qual os bancos funcionam como em-prestadores de longo prazo mediante a constan-te rolagem de empréstimos de médio e curtoprazos, a taxas de juros flutuantes.

EUROCURRENCY. Moedas de vários paísesdepositadas em bancos europeus, utilizadas nomercado financeiro europeu.

EUROCURRENCY MARKET. Veja Mercadode Euromoedas.

EURODÓLAR. Termo aplicado atualmente àmoeda norte-americana que é depositada embancos comerciais da Europa, Oriente Médio eJapão e que resulta dos gastos ou empréstimosfeitos pelos Estados Unidos no exterior. Em de-corrência do poder de conversibilidade das di-versas moedas nacionais, o mercado dos euro-dólares (ou euromoedas) acabou por englobaro conjunto das moedas estrangeiras escritural-mente depositadas na Europa, formando-se as-sim uma grande reserva monetária em disponi-bilidade no mercado internacional. As transa-ções e a conversibilidade realizam-se por meiode uma operação financeira que envolve os ban-cos comerciais e os bancos centrais de cada país,tendo Londres como o principal mercado. Vejatambém Petrodólar.

EURODOLLAR COLLATERALIZED — CDs(Certificados de Depósito). Certificados de de-pósito de no mínimo 100 mil dólares para in-vestidores estrangeiros emitidos por FederallyChartered and Federal Savings and Loan Insu-rance Corporation.

EURODOLLAR DEPOSITS. Depósitos bancá-rios, geralmente rendendo juros e por tempo de-terminado, denominados em Dólares dos Esta-dos Unidos, mas feitos em bancos fora dessepaís.

EURODOLLARS. Depósitos de curto prazo, efonte de alta qualidade de recursos para os ban-cos, realizados em bancos ou filiais sediadas noestrangeiro (fora dos Estados Unidos), denomi-nados em dólares.

EUROEQUITY. Equity share (ações patrimoniais)denominadas numa moeda diferente da moedado país no qual elas são negociadas.

EUROFER. Cartel do ferro e do aço dos paísesdo Mercado Comum Europeu. Sediado em Lu-xemburgo, foi fundado oficialmente em 1976 eé dirigido por um conselho de cinqüenta pessoaseleitas pelas companhias produtoras de aço lo-calizadas na comunidade. Uma das prerrogati-vas da Eurofer é negociar com grupos mono-polistas semelhantes, como os seis maiores pro-dutores de aço do Japão.

EUROFRANCS. Francos belgas, suíços e fran-ceses negociados nos mercados financeiros eu-ropeus.

EUROGUILDERS. Guildas holandesas nego-ciadas no mercado monetário europeu.

EUROLAND. Veja Euro.

EUROMARKS. Marcos alemães negociados nomercado monetário europeu.

EUROMONEY. Veja Eurocurrency.

EUROPA, Conselho da. Organismo criado em1949 para desenvolver a cooperação econômica,social, cultural e científica entre os países-mem-bros. Outro de seus objetivos é salvaguardar osdireitos humanos e as liberdades fundamentaisdo cidadão no plano continental. Sua jurisdiçãoabrange ainda os problemas decorrentes de atosterroristas, emigração de trabalhadores e segu-rança coletiva. Sediado em Estrasburgo, é inte-grado por Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre,Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Holanda,Inglaterra, Irlanda, Islândia, Itália, Liechtenstein,Luxemburgo, Malta, Noruega, Portugal, Suécia,Suíça e Turquia. Os órgãos principais do con-selho são o Comitê de Ministros, a AssembléiaParlamentar (na qual as representações se ali-nham de acordo com suas tendências políticas:liberais, conservadores, socialistas, democratascristãos) e a Corte de Direitos Humanos.

EUROPEAN BANK FOR RECONSTRUCTIONAND DEVELOPMENT. Banco Europeu de Re-construção e Desenvolvimento fundado em15/1/1990 pelos doze membros da ComunidadeEuropéia. A finalidade do banco é realizar em-préstimos que contribuam para a reconstruçãodas economias dos países do ex-bloco soviético.O banco iniciou suas operações em abril de 1991e está sediado em Londres. Também denomi-

227 EUROPEAN BANK FOR RECONSTRUCTION AND DEVELOPMENT

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nado European Development Bank (Banco deDesenvolvimento Europeu).

EUROPEAN COMMUNITY. Veja Comunida-de Européia.

EUROPEAN CURRENCY BAND. Veja Serpente.

EUROPEAN CURRENCY UNIT. Veja ECU.

EUROPEAN INVESTMENT BANK. Banco deInvestimento Europeu, criado pelo Tratado deRoma como instituição financeira da Comuni-dade Econômica Européia, cuja finalidade é fi-nanciar projetos de investimento nos países quecompõem o Mercado Comum Europeu. Vejatambém Tratado de Maastricht.

EUROPEAN MONETARY UNION (EMU). VejaUnião Monetária Européia.

EUROPEAN MONETARY UNITY. Veja ECU.

EUROPEAN NARROW MARGIN ARRAN-GEMENT. Veja Serpente.

EUROSTERLING. Depósitos em libras esterli-nas obtidos por um banco fora do Reino Unido.

EUROSYNDICATED LOANS. Empréstimosconcedidos por grandes bancos com prazos devencimento entre três e dez anos, mediante aformação de sindicatos internacionais de bancospara cada caso específico. Os fundos para osempréstimos são retirados do Euromarket.

EUROYEN BONDS. Títulos emitidos em ienesno Euromercado. Antes de junho de 1986, o mer-cado de Euroyenes estava confinado às empre-sas japonesas e estrangeiras, governos de paísessoberanos e organizações supranacionais comoo Banco Mundial. Os bancos estrangeiros esta-vam impedidos de emitir certificados de depó-sito em Euroyenes. Em junho de 1986, o Minis-tério de Finanças do Japão autorizou os bancosdos Estados Unidos e outros bancos estrangeirosa levantar recursos em ienes como parte da li-beralização do mercado financeiro japonês, des-ta forma permitindo a bancos não japoneses (es-trangeiros) o acesso a recursos de baixo custo.Em pouco tempo essas emissões superaram ooutro instrumento de obtenção de recursos, ossamurai bonds, que são títulos emitidos em ienesno Japão por não-residentes. Veja também Sa-murai Bond.

EVALUATOR. Veja Appraisal.

EVEN KEELING. Expressão em inglês que de-signa um processo de controle da liquidez apli-cado pelos bancos que constituem a Reserva Fe-deral (Federal Reserve Banks), nos Estados Uni-dos, e que consiste em manter as taxas de juros

estáveis, ampliando a quantidade de moeda emcirculação, mas ao mesmo tempo com o Tesourolançando títulos da dívida pública no mercado,para neutralizar esta expansão dos meios depagamento.

EVENING UP. Expressão do mercado de açõesque designa uma situação na qual, para cobrirseus contratos, operadores “longos” vendemações, e operadores “curtos” compram simulta-neamente, de tal forma que a demanda e a ofertade ações se equilibram e as alterações das cota-ções são de pouca significância.

EVERGREEN CREDIT. Veja Evergreen Loan.

EVERGREEN LOAN. Empréstimo que não exi-ge do devedor pagamentos periódicos, isto é,não tem data de vencimento, embora o credorpossa convertê-lo num empréstimo por tempodeterminado, sendo que, no vencimento, elepode ser renovado ou pago.

EWG. Iniciais da expressão em alemão Euro-päische Wirtschaft Gemeinschaft, que significaComunidade Econômica Européia.

EX-ALL. Expressão em inglês que, aplicada aomercado de ações, significa que as ações vendi-das nessas condições são transacionadas sem ne-nhum direito ou privilégio que as mesmas con-têm, como, por exemplo, dividendos pendentes,o direito de subscrever novas ações etc.

EX-ANTE. Expressão criada por Gunnar Myrdale que se aplica às quantidades de investimento,poupança ou consumo planejadas como açãopara um período que se inicia. Portanto, sendoquantidades hipotéticas, funcionam como rotapara planos econômicos gerais, que serão depoisconfrontados com os cálculos ex-post, realizadosno fim do período. Veja também Ex-post; Myr-dal, Gunnar Karl.

EXCESSO DE ARRECADAÇÃO. Saldo positi-vo das diferenças acumuladas mês a mês entrea arrecadação prevista e a realizada, conside-rando-se ainda a tendência do exercício.

EXCHEQUER. Nome oficial da conta do Chan-cellor of the Exchequer do Reino Unido com oBanco da Inglaterra. Corresponderia, nos Esta-dos Unidos, às contas do Departamento do Te-souro com os Bancos da Reserva Federal. NoBrasil, se aproximaria da conta do Tesouro Na-cional junto ao Banco Central. Esta conta é des-tinada às grandes receitas do país e é de ondesão pagas as despesas do governo.

EXCHEQUER BILLS. Denominação das anti-gas notas promissórias emitidas pelo governoinglês. Sua emissão teve início em 1696 e cons-tituíram, durante muito tempo, o principal título

EUROPEAN COMMUNITY 228

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da dívida flutuante da Inglaterra. Foram subs-tituídas pelos Treasury Bills (Letras do Tesouroinglês).

EXCHEQUER BONDS. Denominação dada naInglaterra aos títulos emitidos pelo governo in-glês ou pelas indústrias nacionalizadas e garan-tidas pelo governo, e que são negociados na Bol-sa de Valores de Londres.

EXCISE TAX. Imposto seletivo lançado sobreprodutos determinados ou sobre as importaçõ-es, com o intuito de proteger atividades internas,priorizar as importações de determinadas regiõ-es ou de países e elevar a arrecadação tributária.

EX-DIVIDENDO. Condição aposta a uma ação,significando que, por determinado período, apósa transação, o vendedor reterá os dividendos. Emdecorrência, o preço da ação sofre uma redução.

EXECUÇÃO. Ato pelo qual a autoridade judi-cial obriga uma pessoa física ou jurídica a cum-prir algo que era de seu dever, em decorrênciade solicitação processual de uma parte prejudi-cada. Resume-se no cumprimento de uma sen-tença, constrangendo o réu (devedor) a assumiruma obrigação que é comprovadamente de suaresponsabilidade. É a parte final de uma açãojudicial.

EXERCÍCIO. Período de tempo de doze mesesem que o orçamento financeiro de uma empresadeve ser executado. Ao final do exercício, deve-se fazer um balanço das atividades, em funçãodo qual são calculados impostos, lucros, divi-dendos etc. As sociedades anônimas são obri-gadas a publicar os balanços de cada exercícioem jornais de ampla circulação, para informaçãode seus acionistas e do público.

EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA. Ex-pressão empregada por Karl Marx para designaro conjunto dos trabalhadores desempregados.A esse mesmo contingente humano ele deu tam-bém a denominação de população relativa exce-dente. Ao contrário de todos os economistas queo precederam, Marx analisou a existência doexército industrial de reserva como um fenôme-no inerente à própria produção capitalista. Paraele, os capitalistas, a fim de vencerem os con-correntes, são obrigados a empregar continua-mente novas máquinas, com o intuito de bara-tear os custos de produção e aumentar a pro-dutividade do trabalho. O emprego de novasmáquinas e novos equipamentos leva à dimi-nuição da parte relativa à mão-de-obra, o queprovoca o chamado desemprego tecnológico.Marx analisa também outras formas de criaçãodo exército industrial de reserva: mão-de-obrade jovens que não são absorvidos em sua tota-lidade pelo mercado de trabalho; trabalhadoresagrícolas que têm empregos temporários ou que

se deslocam para a cidade em decorrência damecanização da agricultura; pequenos proprie-tários e artesãos arruinados. Marx salientou ofato de que o capitalismo, mesmo em época deprosperidade, necessita da existência de um nú-mero razoável de trabalhadores desempregadoscom a finalidade de impedir uma maior pressãosobre o preço dos salários. Veja também Marx,Karl Heinrich.

EX-FACTORY. Veja EXW (Ex Works).

EXIMBANK (Export and Import Bank of theUnited States). O Banco de Exportação e Im-portação dos Estados Unidos é uma instituiçãocriada em 1934 pelo governo norte-americano,com o objetivo de promover o comércio exteriornos anos que se seguiram à Grande Depressão.Mais tarde, passou a financiar programas de go-vernos e empresas do exterior na compra exclu-siva de equipamentos e serviços norte-america-nos (crédito contingenciado). Atuando sobretu-do na área do Terceiro Mundo, o Eximbank foitambém responsável pelo financiamento dosplanos de reconstrução dos países europeusapós a Segunda Guerra Mundial, até a institui-ção do Plano Marshall.

EX-INTEREST. Expressão que, aplicada a umtítulo, significa que o próximo cupom de jurosa vencer foi destacado.

EXIT BONDS. Expressão em inglês que desig-na “bônus de saída”, que são os títulos emitidose negociados para que credores que tenham umaparticipação pequena numa dívida possam serpagos, tornando a renegociação dessa dívidacom os demais credores mais fácil. Veja tambémBradies; Plano Baker; Plano Brady.

EXIT FEE. Veja Back-End Load.

EX-MILL. Veja EXW (Ex Works).

EX NUNC. Expressão em latim que significa“de agora em diante”, “sem efeito retroativo”,especialmente nos contratos em que não há re-troatividade de efeitos. Quando há retroativida-de de efeitos, a expressão latina correspondenteé ex tunc.

EX-OFFICIO. Literalmente, a expressão latinasignifica “em virtude de um ofício”. No mundodos negócios, o termo é utilizado para identificaralguns deveres e prerrogativas que recaem sobreo titular de um cargo, mas que não constituemparte das tarefas regulares desse cargo. Assim,o presidente de uma corporação, em virtude desua posição, pode ser o presidente (ex-officio) doconselho de diretores da mesma empresa.

EXÓTICAS. Termo que designa, no campo dasopções, aquelas destinadas a atender a interessesespecíficos das organizações. Como as caracte-

229 EXÓTICAS

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rísticas são especiais, tornam-se de difícil colo-cação nos mercados padronizados, isto é, nasBolsas de Valores, sendo negociadas mais fre-qüentemente pelos bancos. Tais formas torna-ram-se conhecidas e vieram a ser designadas porcap, floor e collar, podendo também ser encon-tradas outras como, por exemplo, as Opções deBarreira, as Opções Asiáticas, as Opções Retros-pectivas (look back) e outras. Veja também Cap;Collar; Floor.

EXPECTATIVAS. Conceito usado por Keynespara designar o grau de incerteza em relaçãoao futuro. Um indivíduo fará um investimento,dependendo da taxa de juros e das expectativas.Se as expectativas, por exemplo, forem boas (oti-mistas), ele provavelmente investirá. Esse con-ceito, considerado uma das grandes contribui-ções de Keynes à economia, foi também desen-volvido pela escola sueca. As expectativas sãoimportantes para a teoria da preferência pelaliquidez. A demanda de dinheiro para satisfazero motivo especulativo depende das expectativassobre as mudanças da taxa corrente de juros.Se, por exemplo, a taxa corrente é baixa e ospreços das ações são altos, é de esperar que ospreços das ações caiam. Diante dessa perspec-tiva, as pessoas preferirão ter dinheiro a ações,porque seu custo de manutenção é baixo e, dessaforma, evitarão perdas de capital, se caírem —como se espera — os preços das ações. Veja tam-bém Conjuntura Econômica; Expectativas Ra-cionais; Previsão Econômica; Propensão a In-vestir; Propensão a Poupar.

EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS. Expressãoque significa a formação de expectativas sobreo comportamento futuro de uma variável, oude um processo econômico, ou de uma econo-mia que se baseia apenas no comportamentopassado dessa mesma variável, processo econô-mico ou economia. Em outras palavras, os agen-tes econômicos adaptariam seu comportamentofuturo ao desempenho de um processo econô-mico baseando-se apenas na evolução passadae recente desse mesmo processo. Foi MiltonFriedman quem introduziu este conceito no de-bate travado entre os defensores das expectati-vas racionais (monetaristas) e os neo-keynesia-nos, argumentando que os indivíduos ajustamsuas expectativas correntes para corrigir errosde previsão cometidos em períodos precedentes.Veja também Expectativas Racionais; Fried-man, Milton; Neokeynesiano.

EXPECTATIVAS HOMOGÊNEAS. Concepçãode que todos os indivíduos (que atuam no mercadofinanceiro) têm as mesmas crenças no que se referea investimentos futuros, lucros e dividendos.

EXPECTATIVAS RACIONAIS. Conceito dacorrente monetarista que interpreta a ação dos

agentes econômicos como racional, no sentidode que tais agentes formam suas expectativas(e agem de acordo com elas) sobre o desenvol-vimento futuro da economia não apenas exami-nando o passado, mas também o presente, aolevar em consideração todas as ações governa-mentais e do mundo dos negócios (nacionais einternacionais) que possam influir, por exemplo,sobre a taxa de inflação. No início dos anos 60,o economista John Muth afirmou que as expec-tativas dos indivíduos (no contexto de um mo-delo) são racionais quando são idênticas às pre-dições desse modelo. No final da mesma década,as idéias de Muth apareceram num artigo deRobert Lucas e Leonard Rapping. As conclusõesapoiavam a idéia monetarista da existência deuma taxa natural de desemprego. Leonard Rap-ping abandonou esta linha de pesquisa rejeitan-do este enfoque da economia neoclássica em fa-vor de um enfoque neo-keynesiano. Lucas, noentanto, prosseguiu e, em conjunto com EdwardPrescott, escreveu, em 1971, um artigo utilizan-do o conceito explorando as conseqüências dasexpectativas racionais sobre o comportamentodos investimentos. As conclusões coincidiramcom as da economia clássica: a moeda é neutrae a política governamental intervencionista é ine-ficaz. Por esta razão, esta corrente também é de-nominada nova economia clássica. Esta corrente depensamento econômico colidiu frontalmente comas concepções dos neo-keynesianos, e os princi-pais representantes nesse debate, do lado da novaeconomia clássica, são: Thomas Sargent, Neil Wal-lace, Bennett McCallum, Robert Barro e RobertTowsend. Veja também Economia Clássica; Ex-pectativas Adaptativas; Neokeynesiano.

EX-PLANTATION. Veja EXW (Ex Works).

EXPOENTE. Número que se afixa no alto deum outro, em tipo menor, indicando quantasvezes este outro deve ser multiplicado por simesmo. Por exemplo: 103 significa que 10 deveser multiplicado três vezes por ele próprio: 10x 10 x 10 = 1 000. No caso, o número três afixadono alto do número dez (103) é o seu expoenteou sua potência. Veja também Logaritmo; Po-tência.

EXPONENCIAL. Quando relacionada com umafunção, tem a conformação em que a variáveldependente está vinculada ao número e elevadoa alguma potência contendo a variável inde-pendente, onde e = 2,718, a base dos logaritmosnaturais. Um exemplo é Y = a.ebX, onde X é avariável independente e a e b são constantes.Estas funções são apropriadas para a descriçãodo crescimento de variáveis no tempo, como ospreços, a população etc.

EXPORTAÇÃO. Vendas, no exterior, de bens eserviços de um país. Resulta, como a importa-

EXPECTATIVAS 230

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ção, da divisão internacional do trabalho, pelaqual os países tendem a especializar-se na pro-dução dos bens para os quais têm maior dispo-nibilidade de fatores produtivos, garantindo umexcedente exportável. Exportar mais do que im-portar era o mecanismo preconizado pelos mer-cantilistas, no século XVII, como a única maneirade atrair metais preciosos para um país e tor-ná-lo rico e poderoso. Atualmente, considera-seainda a exportação um dos principais instru-mentos de uma política de pleno emprego. Asexportações são chamadas visíveis quando en-volvem mercadorias, e invisíveis quando se tratade serviços (turismo, transportes, serviços ban-cários, juros, dividendos, seguros, fundos dosmigrantes, heranças, donativos). As mercadoriasou serviços exportados como pagamento de jurosobre empréstimos ou amortização de capital,não sendo pagas por quem as recebe, não cap-tam moeda estrangeira, constituindo as chama-das exportações não-remuneradas. Veja tambémBalança Comercial; Comércio Internacional;Importação; Troca, Relações de.

EX-POST. Expressão criada por Myrdal para in-dicar a quantidade de investimentos, poupançae consumo realizados em determinado período.Como são cálculos processados posteriormente,baseiam-se em quantidades reais e suas conclu-sões são fundamentais para a definição de pla-nos e projetos calculados ex-ante. Veja tambémEx-ante.

EX-QUAY. Expressão do comércio internacionalque significa “no cais”, seguida da indicação doporto onde deverão ser colocadas as mercado-rias. O vendedor coloca a mercadoria à dispo-sição do comprador no porto, no lugar conven-cionado no contrato de venda, arcando com to-dos os custos e riscos de transporte do produtoaté esse local. Existem, no entanto, dois tiposde contratos ex-quay: a modalidade duty paid,quando a responsabilidade de liberar a merca-doria na alfândega do país importador cabe aovendedor, e duties on buyer’s account, quando taisdespesas são arcadas pelo comprador. Códigoou abreviação: EXQ. Veja também Incoterms.

EX-RIGHTS. Expressão que se aplica quandouma ação é vendida e todos os direitos e privi-légios que a mesma possui permanecem com ovendedor, isto é, ela é vendida sem direitos.

EX-SHIP. Expressão do comércio internacionalque significa “no navio”, seguida da designaçãodo porto de destino. O vendedor coloca a mer-cadoria à disposição do comprador a bordo donavio escolhido, sendo o frete pago pelo ven-dedor. A transferência de custos e riscos faz-sea bordo do navio, no ponto de descarga usual,

no porto designado. Código ou abreviação: EXS.Veja também Incoterms.

EX-SITU. Expressão em latim que significa “forade lugar” (no sentido físico) e aplicada nos casosem que se quer designar, por exemplo, a ma-nutenção de uma planta fora de seu lugar na-tural de crescimento, como acontece nos jardinsbotânicos ou mesmo nos laboratórios.

EXPOSURE. A expressão, de origem inglesa, sig-nifica “grau de exposição” de um banco em re-lação a suas aplicações nos diversos países. Tec-nicamente, representa a porcentagem de em-préstimos e financiamentos que um banco temem cada país em relação ao total de seus em-préstimos e financiamentos. Quando um bancotem uma percentagem grande de seus emprés-timos comprometida com um só devedor, seugrau de exposição ou sua vulnerabilidade au-menta, especialmente quando este devedorapresenta sinais de inadimplência.

EXPURGAR. Verbo utilizado geralmente para de-signar o ato de purificar, limpar, ou eliminar aquiloque é considerado nocivo ou prejudicial. Em eco-nomia, o termo tem sido utilizado para referir aretirada de um ou mais produtos que compõema cesta cujos preços estabelecem os índices infla-cionários, ou mesmo desconsiderando períodos(semana, quinzena) nos quais os preços se alte-raram, mas não foram registrados nos índices,alterando via de regra para menos o valor destes.

EXQ. Veja Ex-Quay.

EXS. Veja Ex-Ship.

EXTERNALIDADES. Veja Economias Externas.

EXTRAPOLAÇÃO. Veja Interpolação e Extra-polação.

EXTRAPOLAÇÃO DE TENDÊNCIA. Métodode previsão vinculado à regressão estatística, se-gundo o qual a direção e a magnitude experi-mentadas por uma variável no passado terão amesma configuração no futuro. Isto é, os valoresfuturos de uma variável tenderão a situar-senuma linha de tendência geral. Na medida emque esses valores podem situar-se acima ou abai-xo da linha de tendência, aquele que utiliza esseinstrumento de previsão poderá traçar linhas detendências alternativas ou possíveis.

EXTRATOS. Forma simplificada de apresenta-ção de uma conta corrente, com a relação dosdébitos, créditos e saldo.

EXW. Abreviação de ex-works e o mesmo queex-mill, ex-factory, ex-plantation, e que significaque a responsabilidade sobre a mercadoria postana porta da fábrica recai sobre o comprador. Vejatambém Incoterms; Ponto Crítico.

231 EXW

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F F. Inicial de: 1) farthing (unidade monetária in-glesa); 2) fen (unidade monetária chinesa); 3) fo-rint (unidade monetária húngara); 4) franco (uni-dade monetária francesa).

FAA. Iniciais da expressão em inglês free of allaverage, que significa “livre de avarias” ou “semavarias”.

FABIANA. Veja Sociedade Fabiana.

FÁBRICA. Conjunto industrial constituído deinstalações, equipamentos e trabalhadores vol-tados para a transformação de matérias-primas.A produção fabril distingue-se da produção ar-tesanal e da produção manufatureira por con-centrar grande número de trabalhadores comfunções especializadas, as quais são executadascom o auxílio de máquinas-ferramentas. As fá-bricas podem ser de dois tipos: de processamentoe de montagem. As primeiras obtêm o produtomediante transformação de matérias-primas pormeios mecânicos, químicos ou físico-químicos.Nas fábricas de montagem (como as de auto-móveis), o produto final resulta da combinaçãode peças e subconjuntos mecânicos produzidosnas fábricas de processamento. Há ainda as fá-bricas que combinam os dois tipos acima cita-dos. As primeiras fábricas surgiram na Inglater-ra com a Revolução Industrial, no final do séculoXVIII, quando a introdução da máquina a vaporna produção permitiu o aumento da produtivi-dade e a intensificação da divisão do trabalho;atualmente, o desenvolvimento desses fatores seapóia na automação. Veja também Artesanato;Indústria; Localização Industrial.

FACÃO, Passar o. No jargão dos operários etrabalhadores, particularmente os industriais,designa o ato de demitir empregados em grandenúmero, e de uma só vez.

FACILIDADES DE CAIXA. Atitude tomada porbancos, em relação a clientes preferenciais —empresas, sobretudo —, permitindo que perma-neçam com caixa a descoberto (sem liquidez),especialmente em ocasiões de grande concen-tração de pagamentos. Não chega a ser uma ope-ração de crédito, mas uma tolerância motivadapelo interesse em manter determinados clientes.

FACTOR DRIVEN. Expressão em inglês quesignifica vantagens competitivas de um país ba-seadas na abundância de fatores de produção,especialmente matérias-primas.

FACTORING. Atividade pela qual uma insti-tuição financeira especializada compra e admi-nistra as duplicatas de outras empresas, ou ou-tros títulos a receber, inclusive cheques pré-da-tados. Com esse sistema, cria-se a possibilidadede uma redução no custo do dinheiro (ou docrédito) das empresas, uma vez que se eliminaa intermediação dos bancos nos descontos deduplicatas. Ao mesmo tempo, as empresas pas-sam a ter maior capital de giro, uma vez queas instituições que operam com factoring adian-tam os valores das duplicatas (de 50 a 80%, porexemplo) antes de seus vencimentos, cobrandopelo adiantamento menos do que os bancos emtermos de taxas de juros. O sistema de factoringé adotado sobretudo como um serviço a peque-nas e médias empresas, ou, no comércio inter-nacional, como um serviço aos exportadores.Este tipo de atividade está ganhando muito im-pulso no Brasil, já existindo até mesmo uma As-sociação Nacional de Factoring (Anfac). Vejatambém Capital de Giro; Duplicata.

FACTOR-PRICE FRONTIER. Expressão cunha-da por Paul Samuelson para designar a inclina-ção negativa do trade-off entre a taxa de saláriose a taxa de lucros no âmbito da teoria do cres-cimento. Os economistas da Escola de Cambrid-ge preferem a expressão wage/rate of profit fron-tier, enquanto Hicks (sir John Hicks) referia-seao mesmo processo como wage-frontier.

FADEN. Veja Braça.

FAF. Veja Fundo de Aplicação Financeira.

FAISCADORES. Indivíduos que realizavam amineração do ouro independentemente, e que,ao contrário da produção em “lavras”, não sefixavam num lugar. Exerciam suas atividadesem áreas franqueadas a todos, mas cada um tra-balhando por si e isoladamente. O sistema ad-mitia também a presença de escravos, que tra-balhavam para seus proprietários entregando aestes certa proporção do ouro produzido, e emcaso de produção excepcionalmente elevada, po-diam ganhar com isso sua liberdade. Veja tam-bém Lavras.

FALÁCIA. Sinônimo de sofisma, estudado e clas-sificado por Aristóteles. Consiste em concluirpartindo-se de uma proposição particular parauma universal, ou em tratar o que é acidentalcomo essencial. Também se aplica a proposiçõesque parecem verdadeiras sem o ser. As faláciaseconômicas envolvem com freqüência o elemen-

F 232

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to tempo e a chamada composição da proposi-ção. A falácia que utiliza o tempo ocorre emproposições econômicas que não definem clara-mente sua dependência do fator tempo. Porexemplo, muitos autores acreditam que nãopode ser considerada verdadeira a proposiçãosegundo a qual, numa economia dinâmica, su-jeita a vários choques e influências, as principaisvariáveis (salários, lucros, preços e custos) en-contrarão sempre seu nível de crescimento, massim que elas estarão sempre tendendo a encontraresse nível. A falácia de composição da propo-sição deve-se à prática de ampliar, no final doargumento, a significação de termos utilizadosde modo restritivo em seu início. Esse tipo deconfusão produz grande número de erros vul-gares, que consistem em supor que o que é ver-dadeiro em relação a uma parte será, apenaspor isso, tido como verdadeiro em relação aotodo. Por exemplo, afirmar que uma ação con-siderada útil para um indivíduo ou uma em-presa o será também para o conjunto de umpaís. Outros tipos de falácias surgem quandoquantidades variáveis são tratadas como fixas— como na antiga “lei de bronze” de Lassale,pela qual os salários tenderiam a equilibrar-seno nível da simples subsistência. Alfred Mar-shall procurou denunciar esse tipo de sofisma,introduzindo na teoria econômica uma novacompreensão pela qual diferentes fatores deter-minam-se mutuamente.

FALANSTÉRIO. Comunidade organizada deacordo com os princípios socialistas defendidospor Charles Fourier. Os falanstérios eram estru-turados em bases cooperativas, e a repartiçãodos bens produzidos coletivamente se fazia se-gundo o capital empregado, a capacidade e otrabalho de cada membro da comunidade. Ospartidários de Fourier criaram falanstérios naEuropa, nos Estados Unidos e no Brasil, masnão tiveram condições de sobreviver às impo-sições do sistema capitalista. Veja também Fou-rier, Charles.

FALÊNCIA. Situação em que, por força de de-cisão judicial, uma empresa é declarada insol-vente, ou seja, incapaz de saldar seus débitosnos prazos contratuais estabelecidos. Duas con-dições são básicas para a declaração de falência:o caráter comercial da empresa, isto é, ela deveser enquadrada no que, em direito comercial, éconsiderado comércio, e a situação real ou pre-sumida de insolvência. A insolvência do comer-ciante (empresa) pode ser apenas presumida, se-gundo circunstâncias expressas no artigo 2º daLei de Falências: 1) se, ao sofrer uma execuçãojudicial qualquer, ele não pagar, não depositara quantia necessária ou não nomear bens à pe-nhora que bastem para satisfazer a obrigação;2) se, na iminência de vencimento de suas o-

brigações, ele liquidar precipitadamente seu ati-vo, ou o estoque de mercadorias a preço inferiorao custo, ou então lançar mão de meios ruinosos(como o empréstimo de dinheiro a juros eleva-dos), ou ainda utilizar-se de meios fraudulentospara conseguir dinheiro necessário para o pa-gamento de suas dívidas; 3) se ele convocar oscredores solicitando prazo maior para o paga-mento de obrigações a vencer, pedindo remissão(desistência) de créditos, ou propondo-lhes acessão de bens. A falência pode ser pedida pelopróprio comerciante (aliás, é sua obrigação legal,se estiver em insolvência) ou por credor munidode título de dívida líquida e certa. Uma vez de-cretada a falência, inicia-se o processo de exe-cução: todos os bens do falido são liquidados erepartidos proporcionalmente entre os credores,segundo as prioridades definidas em lei: 1) cré-ditos com direitos reais de garantia (hipotecas,por exemplo); 2) créditos com privilégio especialsobre determinado bem (garantia por caução,até o limite do título caucionado, por exemplo);3) créditos com privilégio geral (empregados,FGTS, dívidas fiscais etc.); 4) créditos quirogra-fários (todos os demais não privilegiados e, por-tanto, os últimos na ordem de rateio do paga-mento). A massa falida é administrada por umsíndico escolhido entre os credores e sob super-visão do juiz da falência. Todos os credores de-vem apresentar, em juízo, provas de suas con-dições, o que é chamado de habilitação de cré-dito. Em todo processo de falência é feita umainvestigação do procedimento do falido para ve-rificar a existência ou não de atos considerados,por lei, crimes falimentares. Considera-se crimi-nosa a falência se, para que ela ocorresse, o co-merciante tiver agido dolosamente (com inten-ção deliberada de prejudicar seus credores), ouculposamente (se ele dirigiu os negócios comomissão ou imperícia). Veja também Concordata.

FALLEN ANGELS. Expressão em inglês que sig-nifica literalmente “anjos caídos” e que, no jar-gão do mercado financeiro, designa um títuloou ação com boa classificação de crédito por par-te das empresas especializadas (como a Stand-ards and Poor’s ou a Moody’s) e que, posterior-mente, tem a sua qualificação em queda paraníveis em que não se recomenda ao investidoradquiri-los como investimento. Veja tambémMoody’s Investors Service; Standard & Poor’s.

FAMÍLIA CENSITÁRIA. Conceito adotado pelaFundação IBGE (Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística) e que designa tanto o conjuntode pessoas que, em virtude de parentesco, ado-ção, subordinação, hospedagem ou simples de-pendência, vivem em domicílio comum sob adireção e comando de uma pessoa, como a pes-soa que vive só, em domicílio independente.

233 FAMÍLIA CENSITÁRIA

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FANEGA. Unidade de medida utilizada no Bra-sil antes da adoção do sistema métrico decimale equivalente a aproximadamente 55 l. A fanegaera uma antiga medida de capacidade utilizadana Espanha e em grande parte dos países decolonização espanhola, equivalente a 55,5 ou56,5 l. Veja também Unidades de Pesos e Me-didas.

FANNO, Marco (1878-1965). Economista italia-no e professor de economia política nas univer-sidades de Sassari, Messina e Pádua. Sua obrase classifica na escola do equilíbrio geral predo-minante na Itália durante os anos 30. Nessa épo-ca, seus estudos mais importantes versaram so-bre a elasticidade da demanda e sobre questõesmonetárias. No entanto, seu trabalho mais im-portante trata das flutuações econômicas. No li-vro La Teoria delle Fluttuazioni Economiche (A Teo-ria das Flutuações Econômicas), 1947, desenvol-ve uma síntese das principais teorias existentessobre o tema e apresenta farto material históricoe empírico. O eixo principal do trabalho é umexame detalhado do papel do crédito na deter-minação da duração dos ciclos econômicos.

FAO — Organização para Alimentação e Agri-cultura (Food and Agriculture Organization).Órgão das Nações Unidas fundado em 1943 einaugurado em 1945 na reunião de Quebec (Ca-nadá). Sediada em Roma, a FAO tem por obje-tivo elevar os níveis de alimentação e nutriçãodas populações carentes do mundo, promoven-do o aumento dos níveis de produtividade daagricultura e uma melhor e mais eqüitativa dis-tribuição de alimentos em escala internacional.É dirigida por um conselho de representantesde 31 países, eleitos pela conferência bianual detodas as nações associadas.

FAPIS. Iniciais de Fundos de AposentadoriaProgramada Individual.

FARAD. Unidade de medida da capacidade(quantidade) de eletricidade que um corpo (ob-jeto qualquer) pode armazenar. O nome tem ori-gem no inventor inglês Michael Faraday, queconstruiu o primeiro gerador elétrico.

FARDO. Antiga unidade de medida de pesodo algodão, usada até hoje e admitindo pesosmuito variados, dependendo do país que o pro-duz e exporta. Por exemplo, nos Estados Unidos,um fardo de algodão pesa 226,5 kg; no Egito,317,1 kg; na Índia, 181,2 kg; no Brasil e no Peru,113,25 kg. O algodão pode ser medido tambémpor blocos, que são grandes rolos de fios comcerca de 2,5 kg, ou por sacos pesando 63 kg nosEstados Unidos e 126 kg na Inglaterra. Veja tam-bém Sakellerides.

FARMER. Veja Via Farmer.

FARQUHAR, Percival (1864-1953). Empresárionorte-americano ligado à construção de váriasestradas de ferro no Brasil, onde chegou em1905. Foi fundador da Light and Power (1905),da Brasil Railway (1906) e das estradas de ferroSorocabana (1907) e Madeira-Mamoré (1912).Obteve concessão do governo brasileiro para areconstrução dos portos de Belém, Rio Grandee Rio de Janeiro, além de ligar-se à atividadeagropecuária e madeireira. Em 1920, mediantecontrato com o governo de Epitácio Pessoa, Far-quhar fundou a Itabira Iron Ore & Co. (Com-panhia de Minério de Ferro de Itabira), que seencarregaria de extrair e exportar o minério,além de construir uma ferrovia, um porto e umasiderúrgica. Acusado de ser agente do capitalestrangeiro por várias personalidades influen-tes, teve a concessão de exploração dos minérioscassada em 1931 por Getúlio Vargas, pois atéentão não iniciara os trabalhos de prospecçãomineral. Ainda assim, a Companhia de Mine-ração e Siderurgia, fundada em 1939, incorporoua Itabira Iron, ficando o grupo de Farquhar com48% das ações. Em 1942, quando o governo fe-deral criou a Vale do Rio Doce, a Companhiade Mineração foi comprada e anexada ao patri-mônio estatal. Continuando suas atividades, en-tre 1944 e 1950, Farquhar criou a Acesita, quepassou a ser controlada pelo Banco do Brasil,em 1952, por endividamento.

FARTHING. Moeda de cobre inglesa de valorequivalente a 1/4 de penny, constituindo a moe-da de menor valor no sistema monetário inglês.Em 1960, o farthing foi oficialmente retirado decirculação devido ao seu valor irrisório.

FAS (Free Alongside Ship). Expressão do co-mércio internacional que significa “posto no cos-tado do navio” seguida da especificação “portode embarque indicado”. De acordo com esta mo-dalidade, as obrigações do vendedor terminamquando a mercadoria for colocada no cais nocostado do navio, ou em embarcações utilizadaspara realizar o carregamento no navio que faráo transporte, passando o comprador, a partirdesse momento, a arcar com todos os custos eriscos de perdas e danos. Diversamente do FOB(free on board), o FAS exige que o compradordesembarace a mercadoria na alfândega para aexportação, sendo também por sua conta a de-signação do navio e o pagamento do frete ma-rítimo. Veja também FOB; Incoterms.

FASCISMO. Regime político totalitário que secaracteriza por domínio de um partido único,hipertrofia do aparelho policial, exaltação nacio-nalista, pregação do antiliberalismo, do antico-munismo e defesa da ação do Estado como prin-cipal dirigente da economia nacional. Emborase tenha desenvolvido também na Alemanha

FANEGA 234

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(nazismo), Espanha (franquismo) e Portugal (sa-lazarismo), foi na Itália, no período entre guer-ras, que o fascismo adquiriu um corpo doutri-nário, o qual se materializou no governo de Be-nito Mussolini. No plano econômico, o fascismocombateu o capitalismo liberal típico do séculoXIX e aparelhou o Estado de organismos buro-cráticos para dirigir e controlar a atividade eco-nômica e minimizar ao máximo as tensões so-ciais. Para realizar essa tarefa, os Estados fas-cistas instituíram o corporativismo, que se ba-seava na organização profissional e setorial depatrões e empregados. Embora em sua origemo fascismo se tenha caracterizado por forte sen-timento anticapitalista, pois pregava uma naçãolivre do “capitalismo de rapina” — sobretudoo capital financeiro —, depois de investidos nopoder, os fascistas tornaram-se instrumento dosgrandes grupos monopolistas italianos e ale-mães, aos quais interessava a política expansio-nista de grande nação e o combate ao movimen-to reivindicatório dos operários. Profundamenteenraizado nos setores da classe média, o fascis-mo foi fruto da crise social e econômica em quea Europa enveredou após a Primeira GuerraMundial — devastada pelo conflito, por umaespiral inflacionária incontrolável, pelo desem-prego, e abalada pelas tensões políticas entre ascorrentes liberais, social-democratas e socialistas.

FAST TRACK. Expressão em inglês que signi-fica literalmente “via rápida” e que se refere aum mandato especial que o governo norte-ame-ricano busca obter do Congresso para negociarcom outros países novos acordos de liberaliza-ção do comércio, especialmente a criação da Alca(Área Livre de Comércio das Américas). Vejatambém Alca.

FAT. Iniciais de Fundo de Amparo ao Traba-lhador.

FATO DO PRÍNCIPE (Teoria do). Conceito deadministração pública que designa qualquer atogovernamental imprevisto e imprevisível, posi-tivo ou negativo, que onere substancialmente aexecução de contratos celebrados com terceiros.Se tal onerosidade torna intolerável ou impedeque o contrato seja cumprido, o poder públicoestará obrigado a aceitar a rescisão do contratoe garantir as indenizações cabíveis à parte con-tratada. O princípio que rege este dispositivo éo mesmo que se aplica nas indenizações pagasao expropriado por utilidade pública ou inte-resse social: o poder público não pode causardanos ou prejuízos aos administrados, mesmoquando isso acontece em benefício da coletivi-dade. Nesse caso, cabe o pagamento de umaindenização. Quando o poder público proíbe asaída de um navio ou aeronave estrangeira de

seu território por razões sanitárias, políticas, fi-nanceiras ou judiciais, tal ato é denominado ar-resto de príncipe ou embargo de príncipe.

FATORES DE PRODUÇÃO. Elementos indis-pensáveis ao processo produtivo de bens mate-riais. Tradicionalmente, desde Say, são conside-rados fatores de produção a terra (terras culti-váveis, florestas, minas), o homem (trabalho) e ocapital (máquinas, equipamentos, instalações,matérias-primas). Atualmente, costuma-se in-cluir mais dois fatores: organização empresarial eo conjunto ciência/técnica (pesquisa). Há aindaos que consideram cada insumo um tipo parti-cular de fator de produção. De modo geral, osfatores de produção são limitados e, por isso,eles se combinam de forma diferente conformeo local e a situação histórica. Por exemplo, oemprego de máquinas na agricultura modernadiminui o peso específico do trabalho e mesmoda terra como fatores de produção, enquantoaumenta o peso do capital; já na agricultura es-cravista ou extensiva, o peso maior encontra-sena terra e no trabalho, pois o emprego de ins-trumentos de produção (máquinas) e adubos ésignificativamente inferior ao dos dois primeirosfatores. Do mesmo modo, no período manufa-tureiro, a ênfase maior estava no trabalho, poisos meios de produção empregados eram aindaartesanais, ao contrário do que ocorre com o usode tecnologia moderna, que minimiza o papeldo trabalho no processo produtivo e enfatiza odo capital. A forma como estão distribuídos osfatores de produção tem particular importânciana teoria dos preços dos fatores e na teoria doscustos de produção, sendo portanto fundamen-tal na produtividade e rentabilidade da empresa.Por isso, a atenção do empresário deve recairnum dimensionamento correto dos fatores fixos(máquinas, instalações) e dos fatores variáveis(matérias-primas e mão-de-obra). Veja tambémCapital; Capital Intensivo; Lei dos Rendimen-tos Decrescentes; Organização; Tecnologia;Terra; Trabalho; Trabalho Intensivo.

FATORIAL. Designado pelo ponto de exclama-ção (!), significa uma seqüência decrescente demultiplicações como, por exemplo, 6! = 6 x 5 x4 x 3 x 2 x 1 = 720.

FATURA (ou Nota Fiscal). Documento contábilque comprova a venda de uma mercadoria oude um serviço. Como os impostos são cobradossobre os valores registrados nas faturas, elas sãodocumentos que permitem a circulação das mer-cadorias. Sem fatura ou nota fiscal, os produtosnão podem circular e, se o fizerem, estarão su-jeitos ao confisco, pois presume-se que há nestecaso sonegação de impostos. No caso de vendaao exterior, existe a “fatura pró-forma”, que con-siste num documento emitido pelo exportador,

235 FATURA

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sem valor contábil, jurídico ou fiscal, sendo ape-nas considerado um instrumento de apoio à ex-portação, que serve de base para a confecção dafatura comercial definitiva.

FATURA PRÓ-FORMA. Veja Fatura.

FATURAMENTO. Conjunto dos recebimentos,expresso em unidades monetárias, obtidos poruma empresa em determinado período com avenda de bens ou serviços. Em outros termos,é o número de unidades vendidas multiplicadopelo preço de venda unitário. Diferencia-se dereceita, que também inclui os valores obtidosde outras fontes, como aplicações financeiras ouvendas a prazo.

FAVORECIDO. Nas atividades de títulos e va-lores mobiliários, é o credor, aquele a quem serápaga a importância em dinheiro quando do res-gate dos títulos ou vencimento das obrigações.Nos setores de seguros, pecúlio ou pensão, ofavorecido denomina-se beneficiário, isto é,aquele que se torna titular do direito.

FAZENDA. Denominação dada aos órgãos pú-blicos federais, estaduais ou municipais que cui-dam da administração financeira e monetária dopaís, Estado ou município, sendo responsáveispela arrecadação de impostos, taxas e tributos,fiscalização e distribuição de bens públicos, ela-boração de políticas econômicas e contabilidadedas contas públicas.

FAZENDA ESTATAL. Tipo de exploração agrí-cola dos países socialistas, em que a terra e osinstrumentos de trabalho pertencem ao Estado,que também controla e organiza a produção.Veja também Sovkhoz.

FCVS (Fundo de Compensação das VariaçõesSalariais). Este fundo foi criado em 1967 paracompensar os agentes financeiros (bancos) quefaziam financiamentos habitacionais dentro dascondições do Sistema Financeiro da Habitação(SFH). Pelas regras do SFH, a dívida dos mu-tuários era gravada com os juros pagos pelascadernetas de poupança, mas as prestações eramcorrigidas pelas variações salariais (dos mutuá-rios). Como os dois índices não se desenvolviamna mesma proporção, a diferença era cobertapelo FCVS, no final dos contratos. Ou melhor,no final dos contratos, havia um resíduo, poisas prestações (corrigidas pelos reajustes sala-riais) não cobriam a totalidade da dívida (rea-justada pela remuneração da poupança). Essadiferença se ampliou durante os anos 80 com aelevação da inflação e das taxas de juros, poisos salários foram reajustados em níveis bem in-feriores. O FCVS tornou-se crescentemente de-ficitário. Entre 1985 e 1990, durante o governoSarney (mais especificamente durante o Plano

Cruzado, em 1986), o governo aplicou um re-dutor sobre as prestações dos mutuários, ele-vando consideravelmente a diferença entre asprestações e o saldo devedor, fazendo crescer orombo no FCVS. A partir de 1988, os novos fi-nanciamentos deixaram de ser cobertos peloFCVS.

FEBRE DAS TULIPAS. Denominação dada aum processo especulativo que se desenvolveuna Holanda no século XVII, envolvendo a co-mercialização de opções de compra e venda detulipas. À medida que se transacionavam as op-ções, mas não as próprias tulipas, os preços aca-baram se descolando do valor das tulipas, e acrise resultante ocasionou enormes perdaspara os produtores e investidores nesse mer-cado especulativo.

FECHAMENTO. Termo utilizado nas Bolsas deValores para indicar o último leilão realizadono pregão. O fechamento pode ser em alta, quan-do os preços superam a média do dia, ou embaixa, quando os preços são inferiores à médiado dia.

FEDERAL RESERVE SYSTEM. Veja Sistemade Reserva Federal.

FEELING. Termo em inglês que significa, lite-ralmente, “sentimento” ou “ter o pressentimen-to” de alguma coisa. Como as decisões empre-sárias, dos investidores em geral, dos especula-dores nas bolsas ocorrem numa base de consi-derável incerteza, muitas decisões, para seremtomadas, dependem do feeling desses agenteseconômicos.

FEITORIA. Estabelecimento promovido pelaCoroa portuguesa no Brasil colonial, constituídode dez a vinte portugueses comandados por umfeitor e localizado no litoral para viabilizar ocarregamento de produtos, como o pau-brasil,em navios que tinham como destino os portoseuropeus. Dentre as feitorias mais importantes,destacou-se a de Pernambuco e a do Rio de Ja-neiro.

FELIPETA. Veja Ponzi Games.

FEN. Veja Iuan.

FEPASA — Ferrovia Paulista S.A. A segundamaior empresa ferroviária do país (mais de 5mil km de vias), criada em 1971 com a unificaçãodas cinco estradas de ferro que operavam noEstado. Além do transporte de cargas, que cons-titui sua principal atividade, a empresa atendeao transporte de passageiros de longo percursoe ao transporte dos habitantes dos subúrbios daregião Oeste da Grande São Paulo. As linhas daFepasa vão até as divisas com Mato Grosso doSul e com o Paraná e penetram em Minas Gerais,

FATURA PRÓ-FORMA 236

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o Estado com o qual a rede paulista mais seintegra. As vias da Fepasa fazem confluênciaem diversos pontos com a Rede Ferroviária Federal.

FERMAT, Pierre de (1601-1665). Advogado emédico francês que contribuiu para o desenvol-vimento da Teoria das Probabilidades e da aná-lise do risco. É também chamado de O Criadorde Enigmas, tal a quantidade de desafios mate-máticos que elaborou, sendo o mais complexodeles o denominado Último Teorema de Fermat,que só foi resolvido mais de trezentos anos de-pois, em 1995, pelo matemático inglês AndrewWiles. Esse desafio consistia em encontrar a pro-va de que não existe solução para números in-teiros na fórmula pitagórica: x2 + y2 = z2, quandoo expoente for maior que 2. Veja também Pro-babilidade; Risco.

FERREIRA LAGE, Mariano Procópio (1821-1872). Engenheiro brasileiro, foi um dos maioresempresários de seu tempo, notabilizando-sepela idealização e construção da primeira rodo-via do Brasil, a União Indústria, construída entre1856 e 1861. Com 144 km de extensão, ligandoJuiz de Fora (MG) a Petrópolis (RJ), teve grandesignificado econômico por facilitar o escoamentoda produção cafeeira da Zona da Mata mineirapara o porto do Rio de Janeiro. Sua antiga re-sidência foi transformada em museu (MuseuMariano Procópio) em Juiz de Fora.

FERTILIDADE. Veja Natalidade.

FETICHISMO DA MERCADORIA. Conceito daeconomia marxista segundo o qual nas condi-ções da produção mercantil, baseada na proprie-dade privada dos meios de produção, desenvol-ve-se a ilusão ou representação ideológica deque as mercadorias são dotadas de propriedadesinatas, forças extra-humanas que terminam porinfluir no destino das pessoas. Trata-se, portan-to, de algo análogo ao fetichismo religioso doselvagem, que diviniza os objetos por ele mesmoproduzidos. Segundo Marx, esse fenômenoocorre porque, numa economia em que a divisãosocial do trabalho alcançou grande complexida-de e na qual os produtores (trabalhadores) nãotêm nenhum controle sobre o produto de seutrabalho, os vínculos entre os indivíduos e osgrupos sociais aparecem sob a forma de trocade coisas-mercadorias e não claramente comorelações sociais entre classes. Nesse contexto, asmercadorias não se apresentam como resultadodo trabalho humano apropriado pelo capitalista,mas como coisas dotadas de vida própria. Asrelações entre objetos, coisas, mercadorias mas-caram as relações sociais, as formas de proprie-dade, a alienação real que existe entre o traba-lhador e os objetos por ele criados. O fetichismoda mercadoria revela-se com maior intensidade

no dinheiro, que se apresenta, nas relações so-ciais, dotado de uma força sobrenatural que pro-porciona poder a seus possuidores. Supõe-seque a capacidade de tudo poder comprar sejauma propriedade natural da moeda, do ouro,quando na realidade essa força estranha é de-terminada não pelo dinheiro em si, mas pelasrelações sociais entre produtores de mercado-rias.

FEUDALISMO. Organização social e econômi-ca típica da Idade Média européia, caracterizadapelo sistema de grandes propriedades territo-riais isoladas (feudos) pertencentes à nobreza eao clero e trabalhadas pelos servos da gleba,numa economia de subsistência. O sistema eraorganizado segundo uma extensa e intrincadahierarquia de feudos. A terra, única fonte depoder, era recebida pelo senhor em caráter he-reditário. O senhor beneficiário da doação deum feudo tornava-se vassalo do doador (suse-rano), qualquer que fosse o título nobiliárquicodeste (rei, duque, conde, visconde, marquês, ba-rão), ficando ambos ligados por laços de leal-dade e ajuda mútua. A propriedade da terra nãoera plena. O senhor que a recebia em doaçãonão podia vendê-la, e a propriedade era herda-da, una e indivisível, pelo filho primogênito.Essa estrutura de relações de vassalagem torna-va o poder muito descentralizado. Na prática,os próprios reis eram senhores feudais com do-mínios limitados. Em cada feudo, o senhor faziaas leis, administrava a Justiça, cunhava moedas,exigia impostos aos mercadores que transitavampor suas terras e estipulava o tributo que os cam-poneses, livres e servos, tinham de pagar. Cadafeudo era economicamente auto-suficiente. Nele,eram produzidos os alimentos necessários aosservos e ao nobre, bem como roupas, instrumen-tos de trabalho e armas. Os camponeses paga-vam impostos ao senhor em produtos (parte dacolheita), em trabalho gratuito nas terras senho-riais (corvéia) ou em dinheiro. Também os ha-bitantes da cidade (burgo) tinham de pagar umataxa ao senhor das terras em que viviam. O feu-dalismo nasceu da desintegração do Império Ro-mano e do modo de produção escravista, atin-gindo seu apogeu entre os séculos XI e XIV. Seudeclínio deveu-se à conjugação do desenvolvi-mento das atividades comerciais e artesanais nascidades (atividades cerceadas pelo isolamentomútuo dos feudos), com a ampliação do podermonárquico, que aos poucos foi abolindo o par-ticularismo feudal e estendendo as fronteiraspara o comércio. A servidão da gleba foi supri-mida em quase toda a Europa entre os séculosXIII e XV, mas os camponeses continuaram su-jeitos a vários encargos feudais, que só seriamdefinitivamente extintos nas sucessivas revolu-ções burguesas que implantaram a ordem capi-

237 FEUDALISMO

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talista no Velho Continente. O feudalismo tam-bém existiu no Japão até a segunda metade doséculo XIX e em vários países do Norte da Áfricae do mundo árabe até o século XX. Na Rússia,os servos só foram libertados em 1861. Na Es-panha e em Portugal não houve feudos, mas aordenação social e as relações de produção feu-dais permaneceram na península até meados doséculo XIX, quando foram eliminadas pelas re-voluções liberais. Veja também Artesanato; Es-tados Nacionais; Mercantilismo.

FGTS — Fundo de Garantia por Tempo de Ser-viço. Fundo formado, no Brasil, por depósitosbancários feitos em nome dos empregados, paraprover indenizações trabalhistas. Criado pelogoverno federal em 13/9/1966, obrigou as em-presas sujeitas à Consolidação das Leis do Tra-balho (CLT) a depositarem até o dia 30 de cadamês, em conta bancária vinculada, 8% do saláriode cada funcionário que renunciasse ao sistemade indenização até então vigente e optasse pelofundo. O prazo de opção para os que, na ocasião,já trabalhavam na empresa era de 365 dias; paraos que fossem admitidos dessa data em diante,esse mesmo prazo começava a ser contado a par-tir da data de admissão. Apesar da possibilidadede opção prevista na lei, em geral as empresaslevavam o recém-admitido a aceitar o sistemado FGTS como condição para a contratação. Osdepósitos feitos mensalmente em nome do em-pregado eram sujeitos, até o Plano Real, a cor-reção monetária e juros de 3% ao ano. Para osoptantes admitidos antes da Lei nº 5 705, de21/9/1971, o pagamento dos juros é feito daseguinte forma: 3% nos dois primeiros anos, 4%do terceiro ao quinto ano de permanência namesma empresa, 5% do sexto ao décimo ano e6% do décimo primeiro ano em diante. Quandoocorre o desligamento do funcionário de umaempresa e sua admissão em outra, a conta vin-culada é transferida para um estabelecimentobancário de escolha do novo empregador. O de-pósito do FGTS é obrigatório por parte da em-presa nos seguintes casos de afastamento do em-pregado da empresa em que trabalha: para pres-tação de serviço militar; por motivo de doença,até um período de quinze dias; por acidente detrabalho; por motivo de gravidez e parto, entreoutros. O optante pode utilizar o FGTS nas se-guintes situações: 1) ao ser dispensado sem justacausa, dispondo então de todos os depósitos fei-tos em sua conta e ficando a empresa obrigadaa pagar mais 40% desse montante (antes daConstituição de 1988, esta multa era de 10%);quando a dispensa ocorre por justa causa, o em-pregado tem direito aos depósitos, juros e cor-reção monetária relativos ao período em que es-teve na empresa, perdendo no entanto o acrés-

cimo de 40%; 2) para aplicação do capital ematividades comerciais, industriais ou agropecuá-rias; 3) na compra de casa própria pelo SistemaFinanceiro da Habitação ou para o abatimentodas respectivas prestações; 4) diante de uma ne-cessidade premente: doença pessoal ou familiare desemprego; 5) no casamento do empregadodo sexo feminino. No caso de falecimento dooptante, o FGTS é pago a seus dependentes ha-bilitados na Previdência Social. Quando não hádependentes reclamantes, depois de dois anosdo falecimento do optante os depósitos revertemem benefício do FGTS.

FGV — Fundação Getúlio Vargas. Entidadefundada em 1944 com o objetivo de dedicar-seà pesquisa no campo das ciências sociais, da ad-ministração e da economia. De acordo com odecreto-lei nº 6 693, assinado pelo então presi-dente Getúlio Vargas, ficou autorizada “a cria-ção de uma entidade que se proponha ao estudoe divulgação dos princípios e métodos da orga-nização racional do trabalho e ao preparo depessoal qualificado para a administração públicae privada, mantendo núcleos de pesquisa, esta-belecimentos de ensino e serviços que forem ne-cessários”. A FGV reúne características de esco-la, editora e centro de estudos, pesquisa e coo-peração técnica. Desde sua constituição, vemcooperando com órgãos oficiais federais, esta-duais e municipais, bem como com entidadesinternacionais. Os primeiros trabalhos da enti-dade foram publicados em 1945, e desde então,com a criação de escolas superiores de economia,administração pública e administração de em-presas, no Rio de Janeiro, São Paulo e Nova Fri-burgo, tornou-se um dos mais importantes cen-tros de ensino do país, com cursos de graduação,mestrado, doutorado e de especialização. Nocampo da economia, em que suas pesquisas têmmaior relevância, a fundação atua por intermé-dio do Instituto Brasileiro de Economia, que fun-ciona, praticamente, como um órgão de asses-soramento do poder público. A FGV edita asseguintes publicações: revistas Correio da Unesco,Administração de Empresas, Conjuntura Econômica,Administração Pública, Direito Administrativo, Ciên-cia Política, Arquivos Brasileiros de Psicologia, Fó-rum Educacional e Revista Brasileira de Economia.Veja também Conjuntura Econômica.

FGV — Escola de Administração de Empresasde São Paulo (Eaesp). Criada em 1954, a Escolade Administração de Empresas da Fundação Ge-túlio Vargas foi sediada em São Paulo por seresta cidade, na época, um dos maiores centrosindustriais da América Latina. A idéia partiudo prof. Luiz Simões Lopes, que designou umgrupo de trabalho que iniciou o desenvolvimen-to do projeto Eaesp a partir de 1951, em convênio

FGTS 238

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com a Campanha de Aperfeiçoamento de Pes-soal de Ensino Superior (Capes) e o governodos Estados Unidos. O primeiro corpo docentefoi formado por professores da FGV, um grupode professores assistentes via concurso e outroformado por professores da Michigan State Uni-versity, mais conhecidos como “Missão Ameri-cana”. Em 1954, ano de fundação da Eaesp, foicriado um curso intensivo de administração; noano seguinte, tiveram início os cursos de gra-duação em administração de empresas; em 1959,foram criados os cursos de pós-graduação emadministração de empresas e o Núcleo de Pes-quisas e Publicações (NPP), além da Associaçãode Ex-Alunos; em 1961, foi lançada a Revista deAdministração de Empresas (RAE); em 1963, aEaesp tornou-se reconhecida pelo governo; em1965, criou-se o Fundo de Bolsas; em 1966, oscursos de extensão universitária; em 1969, o cur-so de administração pública; em 1975, o cursode administração de saúde e hospitalar; em 1989,o curso de pós-graduação em economia de em-presas; em 1993, o Master in Business Adminis-tration (MBA). Em 1994, a Eaesp oferecia os se-guintes cursos: graduação: administração de em-presas e administração pública. Pós-graduação:mestrado em administração de empresas; mes-trado em administração pública; mestrado emeconomia de empresas; doutorado em adminis-tração de empresas; doutorado em economia deempresas, (MBA). Especialização: especializaçãoem administração para graduados (Ceag); espe-cialização em administração hospitalar e siste-mas de saúde (Ceahs); programa de educaçãocontinuada para executivos (GVPEC).

FIABCI — Federação Internacional das Profis-sões Imobiliárias. Federação de associações na-cionais, fundada em Paris em 1951, que constituium enlace internacional para cerca de um mi-lhão de agentes imobiliários, promotores e cons-trutores, administradores de imóveis, avaliado-res, consultores, peritos em financiamento imo-biliário, agrupados em 84 associações nacionaisem 51 países dos cinco continentes. Sua sede éem Paris. É credenciada junto às Nações Unidas,onde participa na busca de soluções para os as-sentamentos humanos.

FIANÇA. Garantia dada por uma pessoa (fia-dor) de que pagará parte ou o total das dívidasde outra pessoa, se esta não puder pagá-las.

FIAT MONEY. Expressão anglo-latina que sig-nifica o papel-moeda emitido sem nenhuma vin-culação com metais preciosos ou obrigação deconvertê-lo em moedas metálicas compostasdesses metais. Diferencia-se a rigor da moedafiduciária, papel-moeda que contém uma pro-messa de conversão em moeda metálica com-posta de metais preciosos (ouro e prata).

FIBONACCI, Leonardo (1175-1240). Matemáti-co italiano, também conhecido como Leonardode Pisa, foi o primeiro a aliar a matemática àgeometria. Desenvolveu a chamada Série Fibo-nacci, na qual cada número de sua série é a somados dois anteriores. Seu trabalho só foi publi-cado depois de muitos séculos, em 1857. A SérieFibonacci é constituída dos números 1, 1, 2, 3,5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377... e assimsucessivamente. A relação básica — a que ocorrea partir do décimo segundo número da série —entre dois números consecutivos da Série Fibo-nacci é 0,618. A Série Fibonacci é utilizada naTeoria das Vagas, desenvolvida por Ralph Nel-son Elliot (1871-1948), para a explicação dos mo-vimentos oscilatórios das cotações dos ativos fi-nanceiros — títulos, opções etc. A Série de Lucas,derivada da de Fibonacci, difere desta na me-dida em que seus dois números iniciais são 1 e3, o que significa que a série prossegue com 4,7, 11, 18, 29, 47, 76, 123, 199 etc. Veja tambémTeoria das Vagas.

FICHTE, Johann Gottlieb (1762-1814). Filósofoalemão da época do romantismo. Na obra Dergeschlossene Handelstaat (O Estado Comercial Fe-chado), 1800, ele defende a criação de um Estadosocialista autárquico, sem moeda, com a econo-mia regida por planos qüinqüenais e a produçãoe distribuição de bens rigorosamente planejadas.

FIDEICOMISSÁRIO. Veja Fideicomisso.

FIDEICOMISSO. Modo de adquirir o domíniofiduciário de uma coisa com a condição de en-tregá-la a um terceiro logo que sejam cumpridasdeterminadas condições ou um prazo resolutó-rio imposto. A pessoa encarregada dessa missãoé denominada fideicomissário. Utiliza-se estedispositivo, por exemplo, na designação de doisou mais herdeiros sucessivos. O fideicomissoimpõe ao herdeiro (fiduciário) a obrigação de,por sua morte, ou dentro de certos prazos, oucondições, transferir a herança a um terceiro (fi-deicomissário) já designado no testamento. Vejatambém Fiduciário.

FIDUCIAL. Veja Moeda Fiduciária.

FIESP — Federação das Indústrias do Estadode São Paulo. Órgão sindical de representaçãodos interesses dos industriais do Estado. Con-grega mais de 100 mil indústrias, grandes, mé-dias e pequenas, reunidas em 106 sindicatos di-ferentes. Surgiu a partir do Centro das Indús-trias do Estado de São Paulo (Ciesp), fundadoem abril de 1928, e que mudou o nome paraFederação das Indústrias em 1931. Em 1942, aFiesp foi reconhecida pelo Ministério do Traba-lho como órgão sindical de representação. Em1943, ressurgiu o Ciesp, como sociedade civilde utilidade pública. As duas entidades atuam

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conjuntamente, uma como entidade sindical eoutra cuidando do funcionamento das empre-sas, no plano técnico e administrativo.

FIFO. Iniciais da expressão inglesa first in, firstout, que significa “primeiro a entrar, primeiro asair”, sistema utilizado na prática financeira,bancária, de gestão de estoques e de telecomu-nicações, em que o primeiro elemento a entraré o primeiro a sair (ou ser atendido). O sistemaFifo é o clássico sistema observado nas filas. Vejatambém Filo; Lifo.

FIL. Veja Dinar; Dirrã; Rial.

FILHOTE. Termo do jargão das Bolsas de Va-lores para designar as ações concedidas na formade bonificação. Veja também Desdobramento.

FILIGRANA. Veja Marca D’ Água.

FILL OR KILL (FOK). Expressão em inglês uti-lizada no mercado financeiro para designaraquelas operações que, se não forem concluídasdentro de determinadas condições, deverão sercanceladas, isto é, não devem permanecer à es-pera de que as condições estipuladas aconteçamno mercado.

FILLÉR. Veja Florim.

FILO. Iniciais da expressão inglesa first in, lastout (o primeiro a entrar e o último a sair), uti-lizada na prática financeira, bancária, ou de con-trole de estoques, indicando uma ordem em queos elementos entram e saem de um registro. Nocomércio internacional, são também as iniciaisde free in liner out, significando que, no fretepago pelo transporte de uma mercadoria, as des-pesas de embarque correm por conta do expor-tador e as de desembarque, por conta do arma-dor do navio. Veja também Fifo; Lifo.

FINAME — Agência Especial de Financiamen-to Industrial. Instituída por decreto federal emsetembro de 1966 e transformada em empresapública em 1971, tem o objetivo de: 1) atenderàs exigências financeiras da crescente comercia-lização de máquinas e equipamentos fabricadosno Brasil; 2) concorrer para a expansão da pro-dução nacional de máquinas e equipamentos,mediante facilidade de crédito aos respectivosprodutores e aos usuários; 3) financiar a impor-tação de máquinas e equipamentos industriaisnão produzidos no país; 4) financiar e fomentara exportação de máquinas e equipamentos in-dustriais de fabricação brasileira. Desenvolvesuas atividades basicamente com recursos colo-cados a sua disposição pelo BNDES e outrasagências financeiras da União e dos Estados.

FINANÇAS. Área da economia que engloba osramos de atividade e os processos relacionados

com a gestão dos recursos públicos, privados,dinheiro, crédito, títulos, ações e obrigações per-tencentes ao Estado, às empresas e aos indiví-duos. Refere-se ao sistema financeiro, que en-globa os estabelecimentos financeiros e seusagentes: bancos centrais, bancos comerciais, ban-cos de desenvolvimento, de investimentos, ins-tituições não-bancárias de crédito (como, porexemplo, as associações de poupança e emprés-timos), instituições cooperativas, sociedades deinvestimento, casas de câmbio, Bolsas de Valo-res, corretoras e agentes intermediários na co-locação de valores. As finanças constituem re-presentações simbólicas e indiretas de ativida-des econômicas reais. Os papéis financeiros, porexemplo, representam e promovem fenômenoseconômicos, como a transferência de fundosacumulados por pessoas ou entidades, destina-dos ao pagamento de, em última instância, al-gum trabalho produzido. A poupança é tambémparte importante das finanças e constitui o pro-duto do trabalho que excede as necessidades dapopulação. Numa sociedade monetarista, a pou-pança é encaminhada ao setor financeiro paraser acumulada e aplicada. No regime capitalista,a captação da poupança é realizada por empre-sas privadas. Num regime socialista, é o Estadoque monopoliza a captação da poupança. As ins-tituições financeiras são entidades que se dedicamà captação, intermediação e aplicação de recur-sos financeiros. Podem ser públicas ou privadase, no Brasil, devem ter autorização do BancoCentral para operar. Se forem empresas estran-geiras, necessitarão de autorização de funciona-mento por meio de decreto do poder executivo.As principais instituições no Brasil são: Conse-lho Monetário Nacional, Banco Central do Bra-sil, Banco do Brasil, Banco de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), Banco Nacionalda Habitação (BNH), sociedades de crédito imo-biliário, associações de poupança e empréstimo,cooperativas habitacionais, cooperativas de cré-dito, bancos comerciais privados, sociedades fi-nanceiras, Bolsas de Valores, sociedades distri-buidoras de valores, sociedades corretoras e ou-tras. As finanças empresariais tratam da vida fi-nanceira das empresas e possuem um corpo deconhecimento bem definido. Em sua origem, asentradas das empresas provêm da contribuiçãodos sócios para a formação do capital social. Essaentrada, em geral, costuma ser aumentada pelaobtenção de financiamento. Já em funcionamen-to, a principal fonte de recursos da empresa pro-vém das vendas de seus produtos. Essas vendaspodem ser efetuadas à vista, caracterizando-seentão uma entrada financeira, ou a prazo, quecaracterizará uma entrada denominada forma-ção de crédito. Quanto aos gastos: na fase deimplantação e nas de ampliação, a empresa gastarecursos em investimentos. Quando em funcio-

FIFO 240

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namento, a saída de recursos resulta da comprados fatores (mão-de-obra, matéria-prima, ener-gia e serviços), do pagamento de encargos (juros,aluguéis e impostos) e de quaisquer outros gas-tos necessários à produção ou comercializaçãode seus produtos. Mais modernamente, em de-corrência da complexidade da vida econômicae do crescimento da renda de algumas categoriasde pessoas, surgiu um novo ramo das finanças,que se encarrega de estudar alguns temas espe-cíficos. Denomina-se finanças individuais e estudaproblemas como o orçamento familiar, a utili-zação de mecanismos de crédito para o consu-midor, a aplicação mais vantajosa para a pou-pança privada e a diversificação das fontes derenda pessoal. Historicamente, a palavra “finan-ças” foi inicialmente aplicada para referir-se à“Fazenda Real”, que constituía a parte dos bensdo Estado à qual o rei tinha direito para satis-fazer suas necessidades. Depois, passou a serempregada para designar a administração dosdinheiros públicos. À medida que se ampliavao setor financeiro das nações, que se expandiamos negócios da Bolsa de Valores e as transaçõesimobiliárias, que se desenvolvia o sistema ban-cário e crescia o sistema de crédito, a palavra“finanças” ampliou também seu significado atéatingir a abrangência dos dias de hoje, quando,em termos econômicos, engloba todo o setor fi-nanceiro nacional e internacional.

FINANÇAS PÚBLICAS. Setor que controla amassa de dinheiro e de crédito que o governofederal e os órgãos a ele subordinados movi-mentam em um país. Abrange não só as ope-rações relacionadas com o processo de obtenção,distribuição e utilização dos recursos financeirosdo Estado, como também a atuação dos orga-nismos públicos em setores da vida econômica.Essa atuação amplia o âmbito da ação financeirado Estado que, nos dias de hoje, constitui agenteeconômico determinante do volume da rendanacional e da distribuição dessa renda entre osdiferentes grupos sociais. Ao mesmo tempo queatua como recolhedor de tributos e aplicadordesses tributos em benefícios sociais, salários eobras públicas, o Estado tem ampliado sua açãopor meio de empresas estatais, que operam emdiferentes setores da economia e por meio deum controle mais direto do comércio exterior edos mecanismos de consumo, investimentos edistribuição de matérias-primas. Esses controlespodem ser complementares ou alternativos comrelação aos instrumentos financeiros mais co-muns. Tradicionalmente, as finanças públicas re-feriam-se às operações desenvolvidas para seobter, distribuir e utilizar os recursos financeirosnecessários para o cumprimento da finalidadedo Estado. Sob a influência das doutrinas deeconomistas clássicos, como Adam Smith, David

Ricardo e J.B. Say, o estudo das finanças públicastornou-se bastante normativo, fixando regraspara a seleção dos gastos públicos e para a cria-ção de tributos, os quais deveriam perfazer aquantia estritamente necessária para o atendi-mento dos compromissos governamentais. Apartir do século XX, o campo de ação do Estadopassou a se expandir. A crise dos anos 30 deixouao Estado a responsabilidade de tentar evitarnovas crises econômicas, por meio de uma açãoregularizadora. A Segunda Guerra Mundial sóveio acentuar essa tendência. Para cumprir suanova função, o Estado ampliou também sua ati-vidade financeira. Criou novos impostos, au-mentando a receita na mesma proporção em queaumentaram os gastos. Houve um crescimentoprogressivo dos órgãos estatais encarregadosdas finanças públicas, que, ao se expandir, tor-naram os mecanismos de arrecadação de impos-tos e a administração das dívidas governamen-tais cada vez mais burocratizados e complexos.Nas finanças públicas, estão incluídas a receitae a despesa públicas. Em geral, a receita é obtidapor meio de tributos (impostos e taxas), de ren-das patrimoniais (aluguéis, juros, dividendos debens e valores patrimoniais), de rendas indus-triais (renda líquida de serviços públicos e in-dustriais e saldos das empresas estatais), con-tribuições parafiscais (previdência); transferên-cias correntes e empréstimos. Quando emite pa-pel-moeda, o Estado obtém recursos extraordi-nários. No entanto, essa emissão de papel-moe-da deve ser aprovada pelo legislativo. O controleé necessário porque se a emissão não correspon-der a um aumento equivalente do Produto In-terno Bruto, ela terá ação inflacionária na eco-nomia do país. A despesa pública é realizadapelos órgãos da administração governamental.Em geral, nela se incluem: o pagamento do cor-po de funcionários dos diversos órgãos públicos,em todos os níveis (municipal, estadual e fede-ral); a compra de material e equipamento paraos diversos setores dos ministérios e demais ór-gãos da administração pública; os investimentospúblicos; as subvenções; os subsídios etc. A des-pesa e a receita públicas são controladas peloorçamento nacional. No conceito de finanças pú-blicas, também estão incluídas as finanças como exterior, as quais, basicamente, dizem respeitoà renda das exportações de bens e serviços, re-ceitas de serviços como fretes, turismo, juros,assistência técnica, lucros, investimentos diretose empréstimos e financiamentos. É o saldo apre-sentado pelo balanço de pagamentos do país quevai indicar se ele é devedor ou credor de outrasnações. O setor financeiro público, por intermé-dio de seus órgãos competentes, é encarregadode receber ou efetuar pagamentos aos países es-trangeiros. Essas transações com o exteriorsão geralmente feitas em moedas fortes como

241 FINANÇAS PÚBLICAS

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o dólar dos Estados Unidos, em Direitos Espe-ciais de Saque ou mesmo em ouro monetário.Veja também Balanço de Pagamentos; Déficit;Direitos Especiais de Saque; Moeda Forte;Orçamento.

FINANCEIRA. Instituição especializada no for-necimento de crédito ao consumidor e no finan-ciamento de bens duráveis e de investimentos,operando principalmente por meio do aceite deletras de câmbio. Boa parte do capital das fi-nanceiras provém de investimentos realizadospelo público (tanto pessoas físicas como empre-sas), que é atraído por rendimentos elevados.Na verdade, a maior parte do dinheiro envol-vido nas operações das financeiras provém debancos comerciais, dos quais as financeiras são,freqüentemente, subsidiárias. Em outros casos,as financeiras são subsidiárias de grandes em-presas (como fábricas de automóveis), que assimprocuram facilitar o crédito aos consumidoresde seus produtos.

FINANCIAL TIMES. Diário inglês, apresenta-do como “o jornal de negócios da Europa”. Res-peitado pela qualidade de suas informações,destaca-se pela ênfase na cobertura internacionale pela diversidade de postura de seus colunistas.Fundado em 1888, pertence ao grupo PearsonLongman Ltd., que também edita outros jornaise boletins na Grã-Bretanha e uma revista nosEstados Unidos (a World Business Weekly). Desde1979, o Financial Times é impresso simultanea-mente em Londres e Frankfurt, na Alemanha(de onde é despachado, com algumas páginasespeciais, para os Estados Unidos, chegando àsbancas quase junto com o Wall Street Journal).Considerado tradicionalmente o jornal mais ren-tável da Inglaterra, o Financial Times tinha, em1990, uma tiragem em torno de 280 mil exem-plares, 30% dos quais circulavam no exterior.

FINANCIAMENTO DO DÉFICIT. Política eco-nômica de compensação do déficit orçamentáriopor meio de emissão de títulos de dívida pú-blica. Evita a emissão de papel-moeda, o quecausaria pressão inflacionária imediata, e tam-bém facilita o controle de desempenho da eco-nomia, por meio da combinação de papéis comvencimentos de curto e de longo prazo. À me-dida que o montante da dívida pública cresce,o serviço dessa dívida pode ser um fator deter-minante de déficits futuros, e, nesse caso, o fi-nanciamento do déficit mediante o endivida-mento pode resultar num acelerador do própriodéficit. O montante do déficit geralmente dá amedida da Necessidade de Financiamento doSetor Público (NFSP). Veja também Déficit; Dí-vida, Administração da; Efeito Ponzi.

FINEP — Financiadora de Estudos e ProjetosS.A. Empresa criada em 1967 com o objetivo de

elaborar projetos e programas de desenvolvi-mento econômico. Até o final de 1989 esteve vin-culada ao Ministério do Planejamento e Coor-denação Geral. A partir de 1990, suas atribuiçõespassaram para o Ministério da Economia. Osrecursos a seu dispor são aplicados prioritaria-mente em estudos que visem à implementaçãodas metas setoriais estabelecidas no plano deação do governo. Uma de suas metas é contri-buir para o aperfeiçoamento da tecnologia na-cional, principalmente no que se refere à enge-nharia de projetos e assistência técnica. Financiatambém estudos de aproveitamento de recursosnaturais. Os clientes da Finep são as empresasnacionais e as universidades, institutos e centrosde pesquisa tecnológica. Seu apoio financeiroconcretiza-se por meio de três linhas de atuação,representadas pelos programas de Apoio ao De-senvolvimento Tecnológico da Empresa Nacio-nal (Adten), Apoio a Usuários de Serviços deConsultoria (Ausc) e Apoio à Consultoria Na-cional (ACN). O programa Adten financia a rea-lização de projetos de desenvolvimento tecno-lógico e de formação de recursos humanos nasempresas nacionais. Pelo programa Ausc, sãoconcedidos recursos às entidades de naturezapública ou privada, de modo que possam con-tratar empresas de consultoria para desenvolverseus projetos nos setores econômico e/ou social.O programa ACN tem por finalidade prestarcolaboração financeira às empresas nacionais deconsultoria, favorecendo a gradativa nacionali-zação do setor. A Finep funciona também comoSecretaria Executiva do Fundo Nacional de De-senvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)e da Comissão Coordenadora dos Núcleos deArticulação com a Indústria (CCNAI), cabendo-lhe promover a substituição de importações debens de capital e serviços de engenharia deman-dados pelas empresas estatais.

FINEX — Fundo de Financiamento da Expor-tação. Organismo criado pela Lei nº 5 025, de10/6/1966, que unificou o comando da políticado comércio exterior no Conselho de Exportação(Concex). Coordenado pela Carteira de Créditoe Exportação (Cacex), o Finex tem como funçãoapoiar crediticiamente as vendas no exterior debens de capital e de consumo duráveis. Seusrecursos financeiros são fornecidos por uma li-nha de crédito rotativo em favor do Banco doBrasil. A parcela financiada pelo Finex é de nomáximo 85% do valor da venda ao exterior, fi-cando os outros 15% por conta do importador,que deve efetuar o pagamento até a data doembarque da mercadoria. De acordo com a Re-solução nº 68, de 14/5/1971, o Finex passou afinanciar também a exportação em consignaçãode bens de capital e de consumo duráveis, ematé 80% do valor CIF da mercadoria, por prazos

FINANCEIRA 242

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de 180 dias, que poderão ser prorrogados pelomesmo período. A Resolução nº 68 estendeu aatuação do fundo no crédito à venda de estudose projetos técnico-econômicos e de engenhariautilizados em empreendimentos de companhiasbrasileiras no exterior, também numa proporçãode 85% da parcela financiada.

FINOR — Fundo de Investimentos do Nordes-te. Organismo criado pelo governo federal paraapoiar financeiramente empresas nacionais ouestrangeiras estabelecidas ou que venham a seestabelecer dentro da área de atuação da Sudene(Superintendência do Desenvolvimento do Nor-deste). O apoio financeiro do Finor dá-se pelaparticipação acionária ou pela aquisição de de-bêntures, conversíveis ou não em ações. Somen-te as empresas industriais, agrícolas, agropecuá-rias, agroindustriais ou de telecomunicações po-dem receber esse apoio. A participação do Finorna estrutura financeira de cada projeto varia,sendo estabelecida de acordo com o grau deprioridade atribuído pela Sudene ao referidoprojeto, em função de seu interesse no desen-volvimento regional.

FINTA. Durante o ciclo do ouro no Brasil, aCoroa cobrava os respectivos impostos por meiode vários mecanismos. Um deles era o “quinto”,que consistia no pagamento por parte dos pro-dutores, a título de imposto, de 20% de todo oouro produzido nas minas. Como a fiscalizaçãode quanto ouro era produzido consistia numprocesso de difícil execução, apesar dos “regis-tros” instalados nos caminhos e estradas, en-quanto não se criou uma Casa de Fundição ese proibiu a circulação do ouro em pó, estabe-leceu-se um pagamento total constituído de umacota comum para o conjunto dos produtores,variando de 25 a 30 arrobas por ano. Esta cotadenominava-se finta. A partir de 1725, com o es-tabelecimento das Casas de Fundição voltou-seao sistema de cobrança do “quinto”. Veja tambémArroba; Capitação; Quinto; Renda Presumida.

FIO DE SEGURANÇA. Dispositivo de seguran-ça colocado nas cédulas e outros documentosde valor, constituído de um fio de metal ou plás-tico luminescente, que pode conter sinais mag-néticos, ou códigos especiais de tal forma a di-ficultar as falsificações e facilitar o reconheci-mento de papel-moeda, ou outros títulos de va-lor falsificados.

FIP. Iniciais da expressão em inglês free in pipe-line, que significa, nos contratos de compra evenda de petróleo, que o produto será entregueao comprador na entrada do oleoduto, se o com-prador assim o desejar.

FIPE — Fundação Instituto de Pesquisas Eco-nômicas. Entidade privada de ensino e pesquisa

criada em 27/11/1973 por um grupo de profes-sores do Departamento de Economia da Uni-versidade de São Paulo. Tendo como objetivosa pesquisa e a divulgação na área de economia,a Fipe mantém regularmente diversas publica-ções: a Revista de Estudos Econômicos, a série Es-tudos Econômicos, a série Relatórios de Pesquisa,os Ensaios Econômicos e um boletim mensal cha-mado Informações Fipe.

FIRM CENTERED ECONOMY. Expressão eminglês utilizada nas análises de economia urbanae desenvolvimento regional. Denomina a eco-nomia formal na qual, geralmente, os preços têmforte inflexibilidade para baixo e prevalecem asformações oligopolistas. A obtenção de um lu-cro, depois de cobertos todos os custos, é fun-damental para a sua reprodução. Contrapõe-seao conceito de bazaar economy. Características:tecnologia e capital intensivo, organização bu-rocrática, capital de grande magnitude, empregorelativamente reduzido, trabalho predominan-temente na forma assalariada, preços fixos e mo-vendo-se para cima, crédito bancário institucio-nal, relação impessoal e institucionalizada coma clientela, publicidade indispensável e compon-do parte considerável dos custos, ajuda gover-namental importante (subsídios, isenções).

FIRMA. Veja Teoria da Firma.

FIRMWARE. Em informática, termo que desig-na o conjunto de microprogramas permanentescolocados em memória ROM (read only memory),considerados suporte inalterável da programa-ção. Um exemplo são os sistemas operacionaise as linguagens tradutoras.

FIRST-CLASS PAPER. Expressão em inglês quesignifica, literalmente, “papel de primeira clas-se”; aplicada ao mercado financeiro, significaum título gilt edged endossado por empresas deelevada reputação em função dos produtos queproduzem, responsabilidade financeira e ampli-tude de crédito. Em contraposição aos second andthird class papers, endossados por empresas me-nores e não tão sólidas do ponto de vista finan-ceiro e creditício. Veja também Gilt Edged.

FISCAIS, Incentivos. Veja Incentivo Fiscal.

FISCAIS DO SARNEY. Denominação populardada às pessoas que, munidas de tabelas de pre-ços congelados, iam especialmente aos super-mercados verificar se os preços praticados cor-respondiam àqueles oficiais ou não. Isso acon-teceu em ocasião da vigência do Plano Cruzado,em 1986, durante a presidência de José Sarney(1985-1990). Veja também Plano Cruzado.

FISCAL, Política. Corresponde à ação do Estadoquanto aos gastos públicos e à obtenção da re-ceita pública. Sua área de ampliação acompa-

243 FISCAL

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nhou o crescimento do papel do Estado e dosetor público na demanda efetiva de bens e ser-viços, uma vez que a atividade fiscal afeta opoder aquisitivo dos diferentes segmentos daeconomia e da sociedade, bem como os tiposde bens e serviços que serão produzidos e con-sumidos. As fontes principais de receita do Es-tado são: 1) impostos; 2) empréstimos; 3) vendade bens, serviços e concessões; 4) emissão dedinheiro. Os efeitos decorrentes da utilização decada um desses métodos são distintos. Afetamde maneira diversa os preços relativos, o con-sumo, o emprego e a distribuição de renda. Den-tre os objetivos buscados pela política fiscal po-dem incluir-se: 1) sistema de preços adequados,tendo em vista que as atividades que se desejaestimular, bem como seu volume, são determi-nadas em grande parte pelos preços; 2) nível deconsumo conveniente; 3) nível de emprego de-sejável; 4) distribuição da renda, objetivo fun-damental que relaciona de imediato a políticafiscal e a questão do poder político na sociedade— seja porque a eficiência de uma economia estáem grande parte determinada pela forma comoé dividida a riqueza criada, seja porque afetadiretamente os preços, a quantidade de consu-mo e o volume e a estabilidade do emprego.Veja também Carga Fiscal; Fundos Fiscais; In-centivo Fiscal; Orçamento Fiscal; Reforma Tri-butária; Sonegação Fiscal.

FISCO. Órgãos públicos federais, estaduais oumunicipais que cuidam da arrecadação e fisca-lização de taxas, tributos e impostos. Veja tam-bém Fazenda; Imposto; Receita Federal.

FISCUS SEMPER LOCUPLES. Expressão emlatim que significa “o fisco é sempre merecedorde fé”.

FISCUS SEMPER SOLVENDO CENSITUR.Expressão em latim que significa que o “fisco(o Estado) é sempre considerado solvente”.

FISHBACKING. Método de transporte por fre-te no qual dois tipos de veículos são usados si-multaneamente, sendo um deles um cargueiro.Por exemplo, um caminhão carregado com mer-cadorias transportado por um navio até o seudestino. Ao chegar ao porto de desembarque, ocaminhão segue o seu trajeto por terra, ou atéatingir o ponto na cidade onde será descarregado.

FISHER, Irving (1867-1947). Economista e ma-temático norte-americano, um dos maiores ex-poentes do monetarismo. Formulou a célebreequação que relaciona as trocas na quantidadede dinheiro e as trocas no nível geral dos preços.Em sua versão da teoria quantitativa da moeda,distingue dois tipos de unidades monetárias: amoeda metálica e as notas bancárias de um lado,e os depósitos bancários de outro. Essa teoria

está desenvolvida no livro The Purchasing Powerof Money (O Poder de Compra do Dinheiro),1911, e em sua forma mais simples é sintetizadana célebre equação MV = PT, onde M é a massade moeda em circulação, V a velocidade de cir-culação dessa moeda, P o nível geral dos preçose T o índice do volume de negócios ou transa-ções efetuadas no tempo pelos sujeitos econô-micos. Desse modo, a equação mostra que o vo-lume do dinheiro em circulação multiplicadopela velocidade de circulação é igual ao nívelgeral de preços multiplicado pelo volume de ne-gócios ou número de transações. Conclui-se queo nível geral dos preços varia na razão inversado volume dos negócios e na razão direta daquantidade de dinheiro e da velocidade de suacirculação. Num livro anterior, The Rate of Inte-rest (A Taxa de Juros), 1907, substancialmenterevisado em 1930, Fisher parte da teoria dos ju-ros de Böhm-Bawerk para elaborar uma moder-na teoria da avaliação de investimento. Para ele,a taxa de juros é dominada pela interação deduas forças: a disposição ou ansiedade dos indiví-duos em utilizar um rendimento presente paraobter um rendimento maior no futuro; e o quechama de princípio de oportunidade de investimen-to, a habilidade em converter um rendimentoatual num rendimento futuro, que denomina detaxa de retorno sobre o custo, e que Keynes disseser o mesmo que a eficiência marginal do capital.Essa taxa de retorno sobre o custo é definidapor Fisher como uma taxa de desconto que equa-liza o valor presente ou atual do rendimentonas possíveis alternativas de investimentos aber-tas, e que depende em seu retorno das taxas dejuros utilizadas. Fisher também contribuiu paraclassificar as idéias sobre a natureza do capital,fazendo uma distinção entre um acervo ou es-toque de capital e renda como um fluxo de mer-cadorias e serviços ao longo do tempo. Assim,por exemplo, uma casa é um acervo de capital,mas seu uso a torna um fluxo de rendimento.Também desenvolveu numerosos estudos sobreo dólar compensado, um dólar com valor cons-tante de compra, e uma teoria dos números-ín-dices, estabelecendo as condições ideais de umaindexação de preços. Fisher foi professor de po-lítica econômica da Universidade de Yale (1898-1935) e um dos fundadores da Remington Rand,Inc. (1926), da qual foi diretor até seu falecimen-to. Além da economia, interessou-se tambémpor outros campos, defendendo várias causas,como a paz mundial e a medicina preventiva.Entre outras obras, escreveu: Mathematical Inves-tigations in the Theory of Value and Prices (Inves-tigações Matemáticas na Teoria do Valor e dosPreços), 1892; The Nature of Capital and Income(A Natureza do Capital e da Renda), 1906; Ele-mentary Principles of Economics (Princípios Ele-mentares de Economia), 1912; Stabilizing the Dol-

FISCO 244

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lar (Estabilizando o Dólar), 1920; The Making ofIndex Numbers (A Elaboração de Números-índi-ces), 1922; The Theory of Interest (A Teoria dosJuros), 1930; e Booms and Depressions (Altas e De-pressões), 1932.

FISIOCRATAS. Grupo de economistas france-ses do século XVIII que combateu as idéias mer-cantilistas e formulou, pela primeira vez, de ma-neira sistemática e lógica, uma teoria do libera-lismo econômico. Transferindo o centro da aná-lise do âmbito do comércio para o da produção,os fisiocratas criaram a noção de produto líqui-do: sustentaram que somente a terra, ou a na-tureza (physis, em grego), é capaz de realmenteproduzir algo novo (só a terra multiplica, porexemplo, um grão de trigo em muitos outrosgrãos de trigo). As demais atividades, como aindústria e o comércio, embora necessárias, nãofazem mais do que transformar ou transportaros produtos da terra (daí a condenação ao mer-cantilismo, que estimulava essas atividades emdetrimento da agricultura). Dividiam, portanto,a sociedade em três classes: os produtores (agri-cultores), os proprietários de terra (a nobreza eo clero) e as “classes estéreis” (os demais cida-dãos). Descobriram que existe uma circulaçãoda renda entre essas três classes: os agricultorese proprietários compram produtos e serviçosdos demais grupos, que depois fazem retornaressa renda comprando produtos agrícolas (o queé exposto no Tableau Économique, de Quesnay).Achavam que isso correspondia a uma ordemnatural regida por leis imutáveis como as leisfísicas: toda intervenção do Estado é condenávelquando não se limita a garantir essa ordem. Porisso, defenderam a mais ampla liberdade eco-nômica (contra as barreiras feudais, ainda im-perantes na época, e o intervencionismo mer-cantilista) e lançaram a célebre máxima do libe-ralismo: laissez-faire, laissez-passer ("deixar fazer,deixar passar"). Propuseram também a supres-são de todas as taxas, com sua substituição porum imposto único, que incidiria sobre a pro-priedade, já que esta seria a única fonte de ri-queza e os proprietários apenas se apropriariamda renda da terra sem contribuir para o aumentodo produto líquido, enquanto os agricultores,os comerciantes e os artesãos deveriam ficar ali-viados da carga tributária para que se facilitassea circulação da renda. Para manter essa ordemnatural, o Estado deveria assumir o papel ex-clusivo de guardião da propriedade e garantidorda liberdade econômica. O principal repre-sentante dos fisiocratas foi François Quesnay,ao qual se juntaram o ministro Turgot, o mar-quês de Mirabeau e Du Pont de Nemours, entreoutros. Suas teses exerceram influência sobreAdam Smith, embora tenham sido bastante cri-

ticadas por este e por toda a escola clássica. Vejatambém Escola Clássica; Liberalismo; Mercan-tilismo; Quesnay, François.

FIVE C’s OF CREDIT. Expressão em inglês re-lacionada com as iniciais de cinco palavras (quecomeçam por c) e que constituem critérios paraa concessão de crédito. Essas cinco palavras são:caráter, capacidade, capital, colateral (garantias) econdições. As quatro primeiras estão relacionadascom a capacidade de pagamento do devedor,enquanto a última diz respeito às condições ge-rais do mercado financeiro.

FIXPRICE. Conceito desenvolvido pelo econo-mista John Hicks, que significa preços fixadospara os produtos industriais de acordo com ocusto mais uma margem de lucro. Veja tambémFlexprice.

FLAN BRUNI. Veja Proof.

FLAT. No mercado financeiro, o termo significaque o preço de um título inclui qualquer juroacumulado desde o último recebimento. Os tí-tulos, na verdade, são vendidos a um preço queexclui os juros acrescentados, sendo estes incluí-dos de acordo com a taxa estabelecida no título.As ações, ao contrário, geralmente são vendidasflat, isto é, excluídos os dividendos acrescentados.

FLAT-FEE. Comissão paga, no Brasil e no ex-terior, a uma pessoa física ou jurídica por seupapel de intermediário em negócio mobiliário.

FLAT YIELD. O montante anual pago como ju-ros a um título (security), expresso como por-centagem de seu preço de compra.

FLEXIBILIDADE. Em informática, sistema ca-paz de oferecer possibilidades de diferentes apli-cações. O termo é freqüentemente utilizado paraindicar que as novas tecnologias possibilitam aprodução de diferentes modelos ou tipos comos mesmos equipamentos. No âmbito da políticaeconômica, designa uma fase que geralmente su-cede a algum tipo de congelamento de preços,quando se admite que estes possam se moverdentro de certos limites, caracterizando a “fle-xibilidade de preços” ou a “flexibilização de pre-ços”.Veja também Plano Bresser.

FLEXITIME. Veja Horário Flexível.

FLEXPRICE. Conceito desenvolvido por JohnHicks, relacionado com os preços gerados emsetores altamente competitivos (na agricultura,por exemplo) que admitem grandes oscilaçõese são negociados nos mercados futuros e a ter-mo. Veja também Fixprice.

FLIRB (Front-Loaded Interest Reduction Bond).Veja Plano Brady; TJLP.

245 FLIRB

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FLOOR. Termo em inglês cujo significado literalé “chão” ou “piso” e que, aplicado no mercadofinanceiro, significa a taxa de juros mínima queum banco pode impor sobre um empréstimocontratado na base de juros flutuantes. Geral-mente, esse tipo de mecanismo é negociado con-juntamente com um “teto” ou máximo que ataxa pode alcançar, denominado interest rate cap.Quando essas duas garantias financeiras apare-cem juntas, são denominadas interest rate collar.O floor protege o emprestador de uma eventualqueda brusca das taxas de juros, enquanto o capassegura ao devedor que as taxas de juros nãorepresentarão custos insuportáveis no caso deuma elevação pronunciada das taxas de jurosno mercado financeiro.

FLOOR TRADER. Denominação que se dá, naatividade das Bolsas de Valores, à pessoa que,sendo membro desta instituição, organiza pes-soalmente suas próprias operações no círculoonde se realizam as operações de futuros (nopiso da Bolsa). Veja também Collar.

FLORIM. Em 1252, para fortalecer e ampliarsuas prósperas transações comerciais, Florençacomeça a emitir uma moeda de ouro denomi-nada fiorino d’oro. As únicas moedas de ouroque circulavam na Europa na época eram árabes.E o florim de ouro converteu-se pouco a poucoem moeda “internacional” e manteve seu valore peso inalterados durante muito tempo. Junta-mente com o gros de prata, passa a constituiruma moeda confiável, que ajuda a tornar maisestável a circulação monetária e de mercadoriasna Europa por mais de dois séculos, apesar dosabusos de reis e príncipes que durante certasépocas conseguiram rebaixar o seu valor. Atual-mente, o florim é a unidade monetária da Ho-landa (submúltiplo: cent), da Hungria (florimhúngaro, submúltiplo: fillér) e do Suriname (flo-rim surinamês, submúltiplo: cent).

FLUTUAÇÃO SUJA. Veja Dirty Float.

FLUXO DE CAIXA (Cash Flow). O pagamentoou recebimento efetivo de dinheiro por uma em-presa ou instituição governamental. Na medidaem que tais fluxos não coincidem necessaria-mente com os momentos nos quais os bens ouserviços são adquiridos, se não houver um pla-nejamento financeiro adequado uma empresapode encontrar-se em dificuldades para saldarseus compromissos, mesmo que esteja numa po-sição economicamente sólida.

FLUXO ECONÔMICO. Movimento de umamercadoria, serviço ou título iniciado em ummercado e para ele dirigido, ou realizado no in-terior da economia em seu conjunto. O conceitode fluxo econômico para o conjunto do país —consumo, produção, investimento — é utilizado

nas modernas teorias do emprego e do ciclo eco-nômico. No processo produtivo, são gerados umfluxo de bens e mercadorias (produto) e um flu-xo de rendimentos (renda). O primeiro denomi-na-se fluxo real e o segundo, fluxo nominal. Ofluxo real, ou seja, as rendas geradas no processoprodutivo, destina-se ao consumo e à poupança.O fluxo nominal dirige-se ao mercado para su-prir as necessidades de consumo. Certa propor-ção desses bens é diretamente absorvida pelasempresas.

FMI — Fundo Monetário Internacional. Orga-nização financeira internacional criada em 1944na Conferência Internacional de Bretton Woods(em New Hampshire, Estados Unidos). É umaagência especializada da Organização das Na-ções Unidas (ONU) com sede em Washington,e que faz parte do sistema financeiro interna-cional, ao lado do Banco Internacional de Re-construção e Desenvolvimento (Bird). O FMI foicriado com a finalidade de promover a coope-ração monetária no mundo capitalista, de coor-denar as paridades monetárias (evitar desvalo-rizações concorrenciais) e de levantar fundos en-tre os diversos países-membros, para auxiliar osque encontrem dificuldades nos pagamentos in-ternacionais. Quase todos os países relativamen-te industrializados (com exceção dos países so-cialistas) fazem parte da organização. Cada paíscontribui com cotas-parte para o fundo (umaquarta parte em ouro e o restante em moedanacional corrente) e nomeia um delegado e umsuplente como seus representantes. O fundo édirigido por vinte diretores (cinco nomeados pe-los países que detêm o maior número de cotase os restantes eleitos entre os representantes),que elegem entre si um diretor-geral. Uma dasprincipais funções do fundo é regular as pari-dades das moedas (sua relação com o ouro). Nosprimeiros anos da atuação do fundo, se um paísdesejasse alterar a relação, deveria encaminharuma proposta ao FMI, para que este estudasseas conseqüências da modificação no âmbito docomércio internacional. Assim, a organizaçãotentava manter constante as taxas de compra evenda das várias moedas entre si. A partir de1971, com a queda da cotação das moedas emouro, o Grupo dos Dez (Estados Unidos, Ingla-terra, Canadá, Alemanha Ocidental, França, Bél-gica, Holanda, Itália, Suécia e Japão) formou umnovo “valor central”, desvalorizando o dólar em10% e permitindo uma variação das demaismoedas em 2,25% em torno desse valor. Pararegular os auxílios aos países com problemasnos balanços de pagamentos, criou-se, em 1967,o Direito Especial de Saque (DES), que funcionacomo uma moeda escritural de aceitação inter-nacional e cuja paridade é regulada por um con-junto de dezesseis moedas. Cada país-membro

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tem seu DES na proporção das cotas que possui.Valores mais altos podem ser solicitados dire-tamente à diretoria do FMI. De qualquer forma,os auxílios são vinculados à finalidade que seráatendida com a quantia e devem ser devolvidosem prazos que variam de três a cinco anos. Sem-pre que solicitada, a entidade envia repre-sentantes para auxiliar na solução de problemaseconômicos dos países-membros, especialmentequando esses enfrentam situações econômicasinstáveis (inflação acentuada, queda de expor-tações etc.), permitindo uma rápida adoção demedidas corretivas, para que as dificuldades in-ternas não se reflitam no comércio internacional.Também nos casos de pedidos de auxílio, o FMIoferece sua assistência, fiel a uma política dotipo monetarista (taxa cambial única e fixa, moe-da conversível, corte nos gastos públicos, con-tenção salarial etc.), que nem sempre correspon-de aos interesses dos países que almejam o de-senvolvimento, pois costuma provocar efeitosdepressivos na economia, com custos sociaiselevados.

FMS. Iniciais da expressão em inglês flexible ma-nufacturing systems, que significa sistemas flexí-veis de manufatura.

FOA. Veja Fob Airport.

FOB (Free on Board). Expressão do comérciointernacional que significa “posto a bordo”, se-guida da indicação do porto de embarque. Nessamodalidade, o exportador (vendedor) é obriga-do a colocar a mercadoria a bordo do navio de-signado no contrato de venda, cessando sua res-ponsabilidade sobre a mesma no momento emque ela transpõe a amurada do navio. As for-malidades de exportação são executadas pelovendedor. Código ou abreviação: FOB. Veja tam-bém Fas; Incoterms.

FOB AIRPORT. Expressão do comércio inter-nacional que significa “livre a bordo” ou “postoa bordo” de um avião, seguida da designaçãodo aeroporto de embarque. Nessa modalidade,as obrigações do vendedor terminam com a en-trega da mercadoria ao transportador aéreo noaeroporto de partida, e não, como no FOB ma-rítimo, no navio. A escolha da empresa aérea,o pagamento do frete, dos impostos e taxas cor-rem por conta do comprador. O desembaraçoalfandegário na exportação, no entanto, é feitopelo vendedor. Código ou abreviação: FOA.Veja também Incoterms.

FOK. Veja Fill or Kill.

FOME. Estado de carência de alimentos. Doponto de vista bioquímico e médico, inicia-selogo abaixo do consumo de 2 500 calorias diáriaspara um adulto de estatura mediana e que não

seja trabalhador braçal. À deficiência calóricasoma-se a falta de proteínas, vitaminas e saisminerais. Sociologicamente, a fome resulta deuma desigual distribuição das riquezas social-mente produzidas. Para que se tenha uma idéia,a safra de grãos brasileira em 1997 alcançou 80milhões de toneladas. Se dividirmos por umapopulação de 160 milhões de pessoas, teremos500 kg de grãos por pessoa/ano, o que equivalea cerca de 1,3 kg de grãos por pessoa/dia (amédia mundial é um pouco inferior a 1 kg). Setal distribuição fosse possível (trata-se apenasde um exercício teórico que serve para dar-nosuma indicação de que o problema não está naprodução, mas sim na distribuição), ninguémmorreria de fome ou de subnutrição no Brasil.O fenômeno ocorre também em decorrência deflagelos naturais (secas, inundações, epidemias,pragas). É um fenômeno típico dos países sub-desenvolvidos ou do Terceiro Mundo, onde im-peram profundas desigualdades sociais e são es-cassos os recursos produtivos. Para os estudio-sos do problema, a fome só será extinta por meiode uma série de medidas de alcance social, comoreforma agrária, melhor distribuição da renda,diversificação da produção, aumento da produ-tividade agropecuária e cooperação internacio-nal, especialmente da parte dos países ricos. Em1993, foi criado no Brasil o Programa Nacionalde Combate à Fome, inspirado e dirigido pelosociólogo Betinho (Herbert José de Souza), atéa sua morte, ocorrida em 1997. Veja tambémFAO; Subdesenvolvimento.

FONDO SPECCHIO. Veja Proof.

FONDS D’ETAT. Veja Valeurs.

FONTES DE ENERGIA. Termo que indica cor-rentes de água, vento, sol e combustíveis que,com meios apropriados, fornecem energia e tra-balho ao homem. A primeira fonte de energiautilizada pelo homem foi a força de seus pró-prios músculos. Depois, o homem passou a uti-lizar a força de animais domesticados, do calordo fogo, das correntes de água e do vento. Noséculo XIX, o carvão mineral e vegetal era o com-bustível que movia máquinas a vapor, na in-dústria e nos transportes. No final daquele sé-culo, o petróleo, na forma de seus derivados,começou a ser cada vez mais utilizado, tornan-do-se imprescindível no decorrer do século XX.A energia elétrica também passou a encontraraplicações cada vez mais amplas. Produzida apartir da queima de carvão ou de derivados depetróleo, ou em grandes usinas hidrelétricas, seuconsumo, em uso industrial ou doméstico, pas-sou a significar o grau de industrialização e bem-estar de um povo. Em meados do século XX,nova fonte de energia começou a ser aproveitadapelo homem: a energia atômica. Utilizada emnavios e submarinos e em grandes usinas pro-

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dutoras de eletricidade, a energia atômica en-contra também aplicações específicas nas áreasmédica e científica. A crise do petróleo na dé-cada de 70 acelerou a busca por fontes alterna-tivas de energia ou formas mais sofisticadas deaproveitamento das fontes tradicionais. A ener-gia elétrica, obtida a partir de recursos hídricos,passou a ser incrementada nos países que pos-suem condições geográficas favoráveis. Em ou-tros, como na França, construíram-se grandesfornos e usinas solares e aproveitou-se a forçadas marés para a produção de energia elétrica.Na Itália, utiliza-se a força vulcânica para pro-duzir eletricidade. No entanto, como todas asformas de energia são, em última análise, sim-ples transformações da energia térmica produ-zida pelo sol, a maioria dos projetos volta-separa o aproveitamento dessa fonte não poluentee não esgotável. Utilizando grandes sistemasconcentradores de calor ou células que transfor-mam a energia solar diretamente em eletricida-de, ou fazendo uso de pequenos sistemas do-mésticos, a engenharia de sistemas solares de-senvolveu-se muito. Em termos domésticos, fo-ram incrementados sistemas energéticos simplesmas eficientes, como aquecimento solar, bombasmovidas pelo vento ou biodigestores, que pro-duzem gás a partir do lixo. Veja também Crisedo Petróleo; Recursos Naturais.

FOOT. Veja Pé.

FOOTSIE. Apelido do índice ponderado dascem principais ações (ações alpha) negociadasna Bolsa de Valores de Londres, identificadopela sigla FT-SE 100 (Financial Times-Stock Ex-change 100 Stock Index), publicada pelo FinancialTimes de Londres. Veja também Alfa.

FOR (Free On Rail). Expressão do comércio in-ternacional que significa “posto no vagão”, se-guida da indicação do ponto de entrega na fron-teira. Esta modalidade é específica para o trans-porte ferroviário e engloba dois tipos de acordo:o primeiro, em que o vendedor assume os custose riscos do transporte da mercadoria até o seucarregamento no vagão, e o outro, onde essaresponsabilidade termina na chegada dos pro-dutos à estação ferroviária. Código ou abrevia-ção: FOR. Veja também Incoterms.

FOR A TURN. Expressão utilizada no mercadofinanceiro para designar uma compra ou umavenda especulativas com a finalidade de realizarum pequeno mas rápido ganho.

FORA DE BALANÇO. Expressão do mercadofinanceiro que designa as operações financeirasque não são registradas nas contas patrimoniaisdo balanço de um banco ou de qualquer em-presa. No entanto, a existência dessas contaspode acarretar alterações futuras na estrutura

dos ativos e passivos, como, por exemplo, acon-tece com os swaps. No Brasil, as instituições fi-nanceiras são obrigadas a registrar tais opera-ções em contas de compensação, e, em casos es-pecíficos, a apontar em contas patrimoniais o efei-to atualizado das operações nos balanços e ba-lancetes. Veja também Marcar ao Mercado; Swap.

FORAIS. Denominação dada aos documentosemitidos pela monarquia portuguesa conceden-do terras a determinadas pessoas, e que conti-nham normas para o desenvolvimento dessescontratos. As Capitanias Hereditárias no Brasilforam regulamentadas por forais, os quais esta-beleciam os direitos e deveres dos donatários edas pessoas que viviam nessas terras. Veja tam-bém Capitanias Hereditárias.

FORBEARANCE. Termo em inglês que admite,no âmbito financeiro e dos negócios, dois sig-nificados: 1) decisão do credor de não exercerseus direitos legais sobre um devedor default,em troca de promessa deste de regularizar ospagamentos no futuro; 2) alívio temporáriodado por uma autoridade monetária em relaçãoa um banco que não cumpriu com os disposi-tivos que regulam as atividades bancárias, porse localizar em regiões onde existe forte recessãoou se encontrar em crise econômica. Nesse casotambém, o banco tem de se comprometer a seenquadrar nos dispositivos financeiros num fu-turo imediato.

FORBONNAIS, François (1884-1965). Econo-mista francês, colaborou com a confecção da En-ciclopedie e escreveu duas obras importantes emseu tempo, Elements de Commerce (Elementos doComércio), 1754, e Principes et Observations Eco-nomiques (Princípios e Observações Econômi-cas), 1767. A primeira foi a pioneira na Françaem utilizar elementos matemáticos na análise deequilíbrio das taxas de câmbio entre mais dedois países, nas condições do bimetalismo quan-do existem diferenças nas relações de preço en-tre o ouro e a prata. A outra é uma obra polê-mica, a maior parte dedicada à crítica do TableauEconomique (Quadro Econômico) de FrançoisQuesnay, especialmente quanto às bases empí-ricas das teses dos fisiocratas.

FORÇA DE TRABALHO. Número de pessoascom capacidade para participar do processo dedivisão social do trabalho em determinada so-ciedade. A forma e o grau de aproveitamentodesse potencial humano dependem de como asociedade está organizada, do regime de pro-priedade e do nível de desenvolvimento das for-ças produtivas. Numa tribo indígena, o baixonível de desenvolvimento tecnológico exige oesforço de todos os indivíduos na atividade desobrevivência. Numa sociedade moderna, in-dustrial, regida pela economia de mercado, as

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contingências econômicas e o uso de inovaçõestecnológicas determinam as oscilações no preçoda força de trabalho (aumento ou diminuiçãodo salário real), o desemprego e o subemprego.Ao mesmo tempo, ao crescerem a complexidadee a diversificação de uma economia, incorpo-ram-se à atividade produtiva urbana contingen-tes sociais até então voltados para atividades tra-dicionais, como artesanato, agricultura de sub-sistência e serviços domésticos. É o caso da forçade trabalho feminina, amplamente empregadaem tarefas do setor secundário e, sobretudo, dosetor terciário.

FORÇA MAIOR. Evento humano que, por suaimprevisibilidade e inevitabilidade, torna im-possível para o contratante a execução de umcontrato. Por exemplo, a eclosão de uma greveque paralise completamente a produção de pe-ças e componentes de um produto cuja data deentrega não pode ser adiada. Veja também CasoFortuito.

FORÇAS PRODUTIVAS. Forças naturais (in-clusive o próprio homem) apropriadas pelo ho-mem para a produção e reprodução de sua vidasocial. A parte material das forças produtivas,isto é, os instrumentos e os objetos de trabalho,constituem a base material e técnica da socie-dade. A principal força produtiva, no entanto,é o próprio homem, que cria instrumentos detrabalho cada vez mais poderosos, aperfeiçoaseus objetos de trabalho e combina ambos nosentido de ampliar constantemente a produção.Isso significa que as forças produtivas tendema crescer constantemente. Essa expansão operamodificações nas relações de produção e nomodo de produção. Assim, a determinado nívelde desenvolvimento das forças produtivas cor-respondem determinadas relações de produção.De acordo com Marx, “(...) o que distingue asépocas econômicas não é o que se produz, mascomo se produz, isto é, com que instrumentosde trabalho se produz. Os instrumentos de tra-balho não são apenas o barômetro indicador dodesenvolvimento da força de trabalho do ho-mem, mas também o expoente das condiçõessociais em que se produz”. Em determinada fasede seu desenvolvimento, as forças produtivasentram em contradição com as relações de pro-dução existentes. Nos modos de produção es-cravista, feudal e capitalista, se, no princípio, asrelações de produção significaram um estímulopara o desenvolvimento das forças produtivas,posteriormente, com o desenvolvimento destasúltimas, transformaram-se em freios a sua ulte-rior expansão. A revolução social seria a formapela qual essa contradição se resolveria.

FORCE MAJEURE. Veja Força Maior.

FORCED SALE. Veja Venda Forçada.

FORD, Henry (1863-1947). Empresário norte-americano, pioneiro da indústria automobilísti-ca e inovador dos processos de produção coma introdução da linha de montagem na fabrica-ção em série de automóveis. Originário de umafamília de agricultores do Estado de Michigan,tornou-se mecânico aos dezesseis anos, traba-lhando em várias oficinas em Detroit. Entre 1892e 1896, construiu um automóvel peça por peçae, em 1903, fundou a Ford Motor Company, comoutros homens de negócios. Em 1919, tinha ocontrole acionário da empresa. Conhecido comoo “homem que pôs a América do Norte sobrerodas”, foi o primeiro fabricante a tornar o au-tomóvel um produto de consumo de massa.Conseguiu isso baixando os custos por meio daprodução em série e incrementando as vendaspelo barateamento do produto. Para enfrentara concorrência, aperfeiçoou ainda mais a linhade montagem, adquiriu plantações de seringuei-ras, minas de carvão e ferro e uma frota de na-vios. Criou o modelo mais popular dos carrosnorte-americanos — o Modelo T —, conhecidono Brasil como Ford Bigode, que atingiu o re-corde de vendas de quinze milhões de unidadesentre 1908 e 1926. Apesar da visão empreende-dora e inovadora, Ford era extremamente con-servador, negando-se a rever iniciativas que ti-veram êxito e atualizar o processo de adminis-tração industrial. Não admitia especialistas emadministração nem queria pessoas formadas emuniversidades no seu quadro de funcionários.Por muito tempo negou-se a produzir carros quenão fossem de cor preta. Opôs grande resistênciaà produção do Modelo A, em 1927, quando oModelo T (Ford Bigode) já estava superado eos concorrentes ameaçavam seu poderio. Duran-te a Segunda Guerra Mundial, construiu a maiorlinha de montagem do mundo para produziros bombardeiros B-54. Adversário ferrenho dossindicatos, adotava uma ação paternalista nasrelações trabalhistas: diminuiu a jornada de tra-balho de seus empregados e pagava cerca de 20dólares semanais, quando a média dos saláriosnas outras empresas era de 11 dólares; só a partirde 1941 é que passou a aceitar a sindicalizaçãode seus empregados. Veja Também Fordismo.

FORD BIGODE. Veja Ford, Henry.

FORDISMO. Conjunto de métodos de raciona-lização da produção elaborado pelo industrialnorte-americano Henry Ford, baseado no prin-cípio de que uma empresa deve dedicar-se ape-nas a produzir um tipo de produto. Para isso,a empresa deveria adotar a verticalização, che-gando a dominar não apenas as fontes das ma-térias-primas, mas até os transportes de seusprodutos. Para reduzir os custos, a produção de-veria ser em massa, e dotada de tecnologia capazde desenvolver ao máximo a produtividade de

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cada trabalhador. O trabalho deveria ser tam-bém altamente especializado, cada operário rea-lizando apenas um tipo de tarefa. E para garantirelevada produtividade, os trabalhadores deve-riam ser bem remunerados e as jornadas de tra-balho não deveriam ser muito longas. Em sín-tese, Henry Ford desenvolveu três princípios deadministração, em seu livro My Life and Work,que podem ser assim resumidos: 1) princípioda intensificação — consiste em reduzir o tempode produção com o emprego imediato dos equi-pamentos e matérias-primas e a rápida coloca-ção do produto no mercado; 2) princípio da eco-nomicidade — consiste em reduzir ao mínimoo estoque da matéria-prima em transformação,de tal forma que uma determinada quantidadede automóveis (a maior possível) já estivessesendo vendida no mercado antes do pagamentodas matérias-primas consumidas e dos saláriosdos empregados; 3) princípio de produtividade— consiste em aumentar a quantidade de pro-dução por trabalhador na unidade de tempo me-diante a especialização e a linha de montagem.Os princípios do Fordismo foram amplamentedifundidos não apenas nos Estados Unidos, masem todo o mundo, tornando-se uma das basesda organização do processo de produção nasindústrias durante muito tempo, e, embora demaneira modificada, mantendo-se até hoje emmuitos países. Veja também Economia de Es-cala; Especialização; Ford, Henry; Just in Time;Montagem, Linha de; Organização; Racionali-zação; Verticalização.

FORD PINTO. Modelo da linha Ford criado noinício dos anos 60 e que apresentava grandesproblemas de segurança, uma vez que o tanquede gasolina ficava muito exposto aos choquestraseiros, provocando incêndios nos veículos emdecorrência de colisões e morte dos ocupantes,que permaneciam presos nas ferragens.

FOREIGN BONDS. Expressão utilizada no mer-cado financeiro dos Estados Unidos para desig-nar títulos emitidos por devedores estrangeirosno mercado interno de determinado país. A de-nominação específica desses títulos geralmenteleva o nome do país de origem do devedor, ea sua denominação de valor é feita na unidademonetária do país em cujo mercado interno élançado. Esses títulos são também denominadosyankee bonds, e sua classificação é realizada porempresas de orientação de investidores como,por exemplo, a Standard & Poor’s. Muitos yankeebonds se encontram na listagem da Bolsa de Va-lores de Nova York.

FOREIRO. Literalmente, aquele que paga o foro.Na região Nordeste do Brasil, os foreiros são ospequenos arrendatários não capitalistas que pa-

gam aos proprietários um foro ou renda pelautilização da terra.

FORFAITIERUNG. Veja Forfaiting.

FORFAITING. Operação de financiamento detítulos a receber semelhante ao factoring. Na Ale-manha e na Áustria, são denominados forfaitie-rung. Enquanto uma operação de factoring ge-ralmente implica títulos a receber de curto pra-zo, no forfaiting um banco compra títulos a re-ceber de longo prazo com um máximo de ven-cimento de oito anos. Ao banco de forfaiting nãocabe recorrer ao vendedor das mercadorias, objetoda operação financeira (se o comprador não pa-gar), mas em compensação adquire os títulos comum desconto substancial. Os principais centrosdo forfaiting são Zurique e Viena, de onde os gran-des bancos processam o forfaiting por intermédiode suas filiais ou subsidiárias especializadas.

FORMAÇÃO DE CAPITAL. Conjunto de pro-cessos pelos quais uma economia poupa recur-sos, que de outra maneira serviriam ao consumoimprodutivo, e os transforma em capital. A re-petição dos ciclos produtivos seria impossívelse toda produção fosse consumida. Parte da pro-dução anual deve ser destinada à renovação docapital depreciado e, mais ainda, à ampliaçãoda capacidade produtiva. Ordinariamente, apoupança é feita pelas empresas, que deixamde distribuir parte de seus lucros e a destinama seus fundos de investimento; ou pelas pessoasfísicas, que separam do consumo privado partede seus rendimentos para aplicá-la numa em-presa. A criação de novas empresas faz partedos processos de formação de capital, os quais,em seu somatório, constituem um dos agrega-dos das contas nacionais. O problema históricoda formação originária do capital é controversona economia política. Segundo o economista Se-nior, os primeiros capitais surgiram da absti-nência, isto é, dos trabalhadores frugais que re-duziram o consumo pessoal para poder aumen-tar seus recursos produtivos. Segundo KarlMarx, o período de acumulação originária docapital, a partir do século XV, incluiu a expulsãodos camponeses de suas terras, a ruína dos ar-tesãos despojados de seus meios de produção,os lucros com a dívida pública, o protecionismo,o crédito usurário, a fraude comercial, o saquedas colônias e o tráfico de escravos. Atualmente,o problema da formação de capital nos paísessubdesenvolvidos tem sido um dos mais deba-tidos nos meios científicos e nos organismos in-ternacionais. À exceção dos exportadores de pe-tróleo, a formação de capital nos países expor-tadores de matérias-primas e gêneros alimentí-cios vincula-se negativamente à deterioração dostermos de intercâmbio no comércio internacionale ao agigantamento de sua dívida externa.

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FÓRMULA DE BAYES. Fórmula utilizada parao cálculo de algumas probabilidades condicio-nais às vezes denominadas probabilidade de“causas”. Permite que se expressem a posterioriprobabilidades em termos de probabilidade apriori e outras probabilidades conhecidas, e, por-tanto, que se revisem as probabilidades à luzde nova evidência. A fórmula tem um papel fun-damental em alguns enfoques da inferência es-tatística, sendo assim representada:

P(Aj/B) = P (Aj) . P(B/Aj) Σ P (Ai) . P(B/A)

i = 1, 2,...n j = 1, 2,...n

FORO. Localidade onde se devem desenrolareventuais questões judiciais. Em contratos, aspartes envolvidas devem escolher um foro (porexemplo, São Paulo), onde será levada qualqueração entre elas. Em outros casos, os foros sãodeterminados pelo domicílio de uma das partesenvolvidas. O foro pode ser também uma mo-dalidade de pagamento de renda da terra. Autilização do termo neste sentido ocorre geral-mente no Nordeste brasileiro.

FORT KNOX. Dependência do Exército norte-americano, localizada no Estado de Kentucky,onde o governo federal mantém suas reservasem ouro.

FORTRAN. Sigla da expressão inglesa formulatranslation (formulação transposta). Um tipo delinguagem utilizada na elaboração de progra-mas para computador, voltado principalmentepara a aplicação científica e acadêmica.

FORTUNE 500. Designação dada a qualquerdas empresas que apareçam relacionadas na lis-tagem apresentada anualmente pela revista For-tune sobre as maiores e melhores empresas nor-te-americanas.

FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL. Veja Da-vos (Fórum de).

FORWARD. Veja Operações a Termo.

FOT (Free on Truck). Expressão do comérciointernacional que significa “posto no caminhão”,seguida do nome do lugar para entrega na fron-teira. Esta modalidade é específica para o trans-porte rodoviário e apresenta duas variantes: noprimeiro caso, o vendedor assume os custos eriscos do transporte da mercadoria até seu car-regamento no caminhão; no segundo caso, essaresponsabilidade termina na chegada dos pro-dutos ao terminal rodoviário de caminhões. Có-digo ou abreviação. Veja também For; Incoterms.

FOURIER, François-Marie Charles (1772-1837).Pensador francês, um dos principais repre-sentantes do chamado socialismo utópico ou ro-mântico. Desenvolveu uma filosofia social debase naturalista — ligada à corrente de Rousseaue George Sand —, que considera o homem umacriatura fundamentalmente boa. Essencial a suadoutrina é a idéia de uma evolução natural dohomem, na qual se poderiam distinguir quatrofases: a primitiva, a selvagem, a patriarcal e acivilizada. Esta última, que Fourier considera ade seu tempo, estaria fadada a dar lugar a umaquinta: a fase da harmonia. O autor via nas de-sordens sociais provocadas pelo comércio e peloafã de lucro dos empresários e detentores dopoder econômico os sinais de decadência da ci-vilização. Ao liberalismo econômico, causadordessa situação, contrapunha a “liberdade daspaixões”, baseada na “atração social”. Para con-cretizar suas idéias, propôs a criação de comu-nidades cooperativas livres, os falanstérios, ba-ses de uma nova organização social. Suas idéiasencontram-se registradas em vários livros, entreos quais se destaca Théorie des Quatre Mouve-ments et des Destinées Générales (Teoria dos Qua-tro Movimentos e dos Destinos Gerais), 1808.Fourier é também a denominação de um sistemade medidas em tipografia e artes gráficas. Vejatambém Cooperativismo; Falanstério; Gide,Charles; Medidas Tipográficas; Socialismo; So-cialismo Utópico.

FOURIER. Veja Medidas Tipográficas; Fourier,François-Marie Charles.

FOUR PERCENT RULE. Veja Regra do Quatropor Cento.

FOURTH MARKET. Expressão em inglês quesignifica literalmente “quarto mercado” e quedesigna a prática de negociação direta de gran-des blocos de valores mobiliários entre investi-dores institucionais, para evitar o pagamento decorretagem. Este mercado é facilitado pela exis-tência do Instinet (Institutional Networks Co.),sistema registrado nos Estados Unidos junto àComissão de Valores Mobiliários como Bolsa deValores. Veja também Instinet.

FPA. Expressão do comércio internacional (freeof particular average) que significa “livre de ava-rias particulares”. Veja também Incoterms.

FPS. Designação das unidades absolutas do Sis-tema Imperial Inglês e Consuetudinário Ameri-cano: foot (pé), pound (libra-peso) e second (se-gundo). Veja também Sistemas de Unidades deMedidas.

FRAÇÃO. Parte de um todo. No mercado fi-nanceiro, as frações são utilizadas para designara existência de um valor inferior a um inteiro— em geral lote de ações, títulos etc. —, e no

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caso das taxas de juros ou de câmbio, a cotaçãode uma moeda pode ser registrada como tantosinteiros de outra fração. Por exemplo, em 1929,o mil réis era cotado em 5 d. (pence) e 115/126,isto é, quase 6 pence. As frações mais utilizadase suas equivalências decimais são as seguintes:1/2 = 0,5; 1/4 = 0,25; 1/8 = 0,125; 3/8 = 0,375;5/8 = 0,625; 3/4 = 0,75; 7/8 = 0,875. Veja tambémCasas Decimais.

FRACTIONAL GOLD STANDARD. Expres-são em inglês que significa padrão-ouro parcial,isto é, um sistema no qual uma unidade de ouromonetário pode lastrear mais de uma unidadede papel-moeda em circulação. Esta modalidadede padrão-ouro prevaleceu em quase todos ospaíses capitalistas avançados depois da criseeconômica de 1929, até o final dos anos 60. Vejatambém Padrão Câmbio-ouro; Padrão-ouro.

FRANCHISING. Método de comercialização deprodutos ou serviços no qual o franqueado ob-tém o direito de uso de uma marca (geralmentenome comercial), com ou sem exclusividade, eopera de acordo com um padrão de qualidadeestabelecido pelo franqueador, em troca do pa-gamento de um determinado montante em di-nheiro (franquia).

FRANQUIA. Livre entrada e saída de merca-dorias no país ou em determinado local (portolivre ou zona franca), sem pagamento de im-postos e sem controle alfandegário. Os materiaisdiplomáticos, por exemplo, gozam dessa fran-quia. No setor de seguros, especialmente de au-tomóveis, franquia é a importância não cobertapela seguradora, isto é, a despesa que necessa-riamente é feita pelo proprietário do veículo, in-dependentemente do valor do prejuízo (com ex-ceção da perda total, quando deixa de existirfranquia).

FRC. Veja Free Carrier.

FREE BANKING. Expressão em inglês que de-signa um sistema monetário no qual, num re-gime de competição, a emissão de moeda se rea-liza por meio de um grande número de bancosemissores. Seus defensores argumentam que asvantagens sobre o sistema central banking (únicoemissor) é que a competição entre os bancos pri-vados seria uma garantia de estabilidade damoeda, enquanto, no outro sistema, o BancoCentral estaria sujeito às pressões inflacionáriasprovocadas por seu controlador, o governo.Atualmente, não é muito utilizado pelos países,que preferem ter o seu sistema vinculado a umúnico banco emissor (central banking). Esse sis-tema foi utilizado durante o século passado naEscócia, no Canadá e em algumas regiões dosEstados Unidos. Veja também Banco Central.

FREE CARRIER (Named Point). Expressão docomércio internacional que significa franco trans-portador (ponto designado) e designa uma mo-dalidade que, na verdade, é uma adaptação damodalidade FOB às condições do transporte in-termodal. A diferença com o FOB consiste emque o ponto crítico passa a ser o ponto desig-nado, isto é, quando a mercadoria é entregueem custódia ao transportador, e não quando co-locado a bordo do navio. Código ou abreviação:FRC. Veja também FOB; FOB Airport; Inco-terms.

FREIE MAKLER. Corretores autônomos (livres)que atuam nas Bolsas de Valores da Alemanha.Eles atuam paralelamente aos corretores oficial-mente designados (Amtliche Kursmakler) e aosrepresentantes dos bancos nas Bolsas de Valoresda Alemanha.

FREIGHT OR CARRIAGE PAID TO. Expres-são do comércio internacional que significa “fre-te ou transporte pago até (local do destino)”.Nessa modalidade, o vendedor escolhe a em-presa de transporte e paga o respectivo frete damercadoria até o local estabelecido no contrato.Os riscos de avaria e perda da mercadoria ouaumento dos custos durante o trânsito são trans-feridos do vendedor ao comprador quando daentrega da mercadoria ao primeiro transporta-dor. As despesas com alfândega, na exportação,são pagas pelo vendedor. O código ou abrevia-ção é DCP. Veja também Incoterms.

FREIGHT TON. Termo em inglês que significa“tonelada de frete” e equivale a 40 pés cúbicos.

FREQÜÊNCIA. Número de vezes que um even-to acontece na unidade de tempo. O termo seaplica aos campos mais variados da ciência. Porexemplo, o número de ciclos de ondas de rádioque se formam e se movem num segundo cons-titui a sua freqüência. Quando uma rádio anun-cia que está operando em tantos megaciclos, paraque os ouvintes possam sintonizar o rádio na-quele ponto, significa que a estação está emitin-do tantos milhões de ondas de rádio por segundo.

FRETE. Quantia paga pelo aluguel de embar-cação ou pelo transporte de mercadorias emtrens, navios, caminhões ou aviões. O preço dofrete costuma constar nos conhecimentos de em-barques, e a cláusula CIF nos preços das mer-cadorias indica que estes incluem o frete, o custoe o seguro. Veja também Afretamento.

FRIEDMAN, Milton (1912- ). Economista nor-te-americano, recebeu o Prêmio Nobel de eco-nomia em 1976. Principal teórico da escola mo-netarista e membro da Escola de Chicago, paraa qual a provisão de dinheiro é o fator centralde controle no processo de desenvolvimentoeconômico. Para Friedman, as variações da ati-

FRACTIONAL GOLD STANDARD 252

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vidade econômica não se explicam pelas varia-ções do investimento, mas pelas variações daoferta de moeda. Assim, as intervenções multi-formes do Estado na vida econômica de um paíspoderiam ser substituídas pelo controle cientí-fico da evolução da massa de moeda em circu-lação. A política monetária visaria à redução daspossibilidades de intervenções específicas da au-toridade pública e à introdução no sistema deum grau mais elevado de auto-regulação dosaspectos do ambiente social que constituem asdeterminantes básicas do funcionamento da eco-nomia. Há conexões entre as opiniões de Fried-man sobre a política econômica nacional e a in-ternacional. Na esfera internacional, ele advogaa adoção de taxas de câmbio totalmente flexí-veis, que seriam determinadas pelo livre jogodas forças do mercado. Milton Friedman é co-lunista da revista Newsweek, leciona na Univer-sidade de Chicago desde 1946 e é membro doDepartamento Nacional de Pesquisas Econômi-cas dos Estados Unidos. Foi conselheiro do go-verno chileno do general Pinochet. Entre suasobras principais, encontram-se: Essays in PositiveEconomics (Ensaios em Economia Positiva), 1953;Capitalismo e Liberdade,1962; A Monetary Historyof the United States (Uma História Monetária dosEstados Unidos),1963; Inflation Causes and Con-sequences (Causas e Conseqüências da Inflação),1963. Veja também Monetarismo.

FRINGE BENEFITS. Veja Benefícios Salariais.

FRISCH, Ragnar (1895-1973). Economista no-rueguês, criador do termo “econometria” e umdos fundadores da Sociedade Internacional deEconometria, em 1930, nos Estados Unidos. Re-cebeu o primeiro Prêmio Nobel de ciências eco-nômicas, em 1969, juntamente com Jan Tinber-gen. Elaborou modelos de política econômica (os“modelos decisionais”), cuja finalidade é mos-trar os efeitos de diversas políticas econômicasem determinado país, em determinado momen-to e estudar as diversas combinações possíveisdos “níveis de comando”, sua coerência com osfins da política econômica perseguidos e suacoerência entre eles. É autor, entre outros en-saios, de Propagation Problems and Impulse Pro-blems in Dynamic Economics (Problemas de Pro-pagação e Problemas de Impulso em EconomiaDinâmica), 1933.

FRONAPE — Frota Nacional de Petroleiros.Empresa estatal brasileira criada em 1950 como objetivo de realizar o transporte de petróleoe derivados no país e no exterior, além de rea-lizar a respectiva armazenagem e comércio. Atéentão o transporte de produtos petrolíferos vi-nha sendo feito quase exclusivamente por na-vios estrangeiros, cujos fretes acarretavam aopaís grande evasão de divisas. Ao ser criada, aFronape recebeu do Conselho Nacional de Pe-

tróleo um patrimônio de 22 navios-tanques defabricação estrangeira, totalizando 220 mil tone-ladas de porte bruto (tpb). Em 1952, a Fronapepassou para a jurisdição do CNP. Em 1953, alei nº 2 004 (que criou a Petrobrás) estabeleciacomo monopólio da União não só a pesquisa ea lavra das jazidas nacionais e a refinação dopetróleo nacional ou estrangeiro, mas tambémseu transporte. Em conseqüência disso, o patri-mônio e as atividades da Fronape foram trans-feridos para a Petrobrás. A Fronape figura entreas maiores empresas mundiais de petroleiros econstitui a maior frota petroleira do hemisfériosul. Em 1982, possuía 63 navios próprios comcapacidade total de 4 877 599 toneladas de portebruto.

FRONTEIRA AGRÍCOLA. Região compreen-dida dentro das fronteiras nacionais de um país,ocupada pela produção agrícola efetiva. No Bra-sil, essas fronteiras ampliaram-se consideravel-mente nas últimas décadas, provocando prati-camente a duplicação da área ocupada pelaagropecuária, na direção dos Estados de MatoGrosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás,Amazonas e Pará.

FRONTEIRA DA EFICIÊNCIA (Efficient Fron-tier). Em finanças, significa a curva que re-presenta os porta-fólios (carteiras) com os maisaltos retornos relativos ao risco.

FT-SE 100. Veja Footsie.

FUGGER, Família. Clã alemão de mercadorese banqueiros, típicos representantes do mercan-tilismo e financiadores da nobreza européia. Afortuna da família iniciou-se com Hans Fugger(?-1409), filho de um tecelão de Graben, locali-dade vizinha de Augsburgo. A partir daí, a casaFugger alcançou grande prosperidade com o do-mínio do comércio europeu do sal e a exportaçãode prata das minas do Tirol e de cobre da Hun-gria. Financiando príncipes e reis, os Fugger ad-quiriram privilégios e foram enobrecidos. Atin-giram o apogeu com Jakob II, o Rico (1459-1525),cujos negócios se estendiam pela Europa Oci-dental e Central, pelo Mediterrâneo, pelo Bálticoe, por intermédio de Lisboa, se incorporaramao comércio ultramarino de especiarias asiáticas.Jakob Fugger foi o financiador dos imperadoresMaximiliano e Carlos V, cuja eleição imperialassegurou com um empréstimo de 544 mil flo-rins. Na segunda metade do século XVI, a casaFugger entrou em declínio, e seu banco faliuem 1607.

FUKUMI. Termo em japonês que designa umasituação na qual o valor de mercado de deter-minados ativos supera seu valor em livros. Tam-bém denominado capital virtual, capital latenteou potencial.

253 FUKUMI

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FULL COUPON BOND. Expressão em inglêsque designa os títulos que pagam uma taxa dejuros próxima ou um pouco acima das taxas cor-rentes de mercado.

FULLARTON, John (1780-1849). Economista es-cocês, importante analista da atividade bancária.Sua obra On the Regulation of Currencies (Sobrea Regulamentação das Moedas), 1844, insere-sena controvérsia em torno do Peel’s Act de 1844,que reformulava a estrutura e as funções do Ban-co da Inglaterra. Fullarton opôs-se à escola mo-netária, sustentando que a conversibilidade dasnotas emitidas era a única exigência para a es-tabilidade da moeda. Veja também Escola Ban-cária.

FUNARO, Dílson Domingos (1933-1989). En-genheiro, empresário e político brasileiro, gra-duado pela Universidade Mackenzie em 1957.Presidente da empresa Trol S.A. (fabricante debrinquedos), participou ativamente de organi-zações empresariais brasileiras e latino-america-nas, como o Sindicato da Indústria do Plásticodo Estado de São Paulo, a Federação das Indús-trias do Estado de São Paulo e a Associação La-tino-Americana da Indústria do Plástico. Em1969, assumiu a Secretaria da Economia e Pla-nejamento do Estado de São Paulo. Posterior-mente, foi indicado para a Secretaria da Fazendadurante o governo de Abreu Sodré. Ocupou oMinistério da Fazenda no governo de José Sar-ney, entre agosto de 1985 e abril de 1987, nota-bilizando-se pela implantação do Plano Cruza-do, no início de 1986, e pela declaração da mo-ratória da dívida externa, em 1987. O períodofinal de sua gestão caracterizou-se por um pro-cesso inflacionário muito intenso e aparente-mente fora de controle, o que contribuiu deci-sivamente para a sua exoneração. Veja tambémPlano Cruzado.

FUNÇÃO CÔNCAVA. Função cuja curva seapresenta de forma côncava em relação à ori-gem, e, portanto, função cuja derivada segundaé negativa.

FUNÇÃO CONSUMO. Veja Propensão a Con-sumir.

FUNÇÃO CONVEXA. É toda função convexaem relação à origem, e, portanto, uma funçãocuja derivada segunda é positiva.

FUNÇÃO DE MITSCHERLICH (Lei de Mits-cherlich). Função muito utilizada em economiaagrícola e em estudos agronômicos, desenvol-vida por Mitscherlich (1939) mediante experi-mentos correlacionando quantidades de fertili-zantes com o nível de produção. Tal função re-fere-se a fenômenos de crescimento restrito

(dentro de certos limites), uma vez que orga-nismos, populações e mesmo a produção agrí-cola (por unidade de área) não podem crescerindefinidamente. A formalização do modeloparte da seguinte concepção:

dP dX

= K (A – P0)

ou seja, a taxa de aumento na produção em de-corrência de um aumento na utilização de fer-tilizantes (fP/fX) é proporcional à diferença en-tre a produção máxima a ser obtida (A) e a pro-dução (P0) existente se a quantidade de fertili-zantes fosse nula. Assim,

dP (A – P0) = kdx, integrando obteremos A – P0 = Ce–kx

P0 = A – Ce–kx se x = 0 então C = A – P0,

P = A – Ce–kx P = A – (A – P0)e–kx

se x → ∞ P → A

se x → 0 P → P0

Na versão original P0 = 0, então a função é daforma P = A. (1 – ekx)

se P0 = 0 P = A (1 – ekx) graficamente teríamos

A constante K é denominada coeficiente de efi-cácia do fertilizante em questão.

FUNÇÃO DE PRODUÇÃO. A relação entre aprodução de um bem e os insumos ou fatoresde produção necessários para produzi-lo. Umafunção de produção pode ser apresentada naforma genérica Q = f(L,K,t), onde Q é o produto,L é a força de trabalho, K é o capital e t é oprogresso técnico. Outros fatores de produção,como as matérias-primas, podem fazer partetambém da função de produção. Embora tenhasido elaborada originalmente no âmbito da teo-ria da firma, é possível estender o conceito parauma economia onde o produto nacional resul-taria do emprego dos fatores de produção exis-tentes. Nesse caso a função de produção é umafunção de produção agregada e teria a mesma formaanterior, sendo, no entanto, o Q equivalente aoProduto Nacional Bruto, e K e L o total de capitale de força de trabalho empregados, respectiva-mente. Veja também Cobb-Douglas.

se P0 > 0P = A . (1 – C–kx)

se P0 > 0P = A . (A – P0) C–kx

PA

P0

PA

x x

FULL COUPON BOND 254

Page 255: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

FUNÇÃO ESTOCÁSTICA. Diz-se que Y é umafunção estocástica de X, se a cada valor de Xcorresponde uma distribuição de valores de Y;nesse caso, Y é uma variável aleatória que podeser expressa como Y = g(x) + α, onde g é umafunção no sentido comum da palavra e α é umavariável aleatória, X podendo ser um vetor.

FUNÇÃO HOMOGÊNEA. Uma função é ho-mogênea do grau n se a multiplicação de todasas variáveis independentes por uma constanteV resultar na multiplicação da variável depen-dente por Vn. Assim, a função Y = X2+Z2 é ho-mogênea do segundo grau, uma vez que(VX)2+(VZ)2 = V2(X2+Z2) = V2Y. Uma função ho-mogênea do primeiro grau é denominada linearhomogênea. Uma função de produção homogê-nea do primeiro grau apresenta retornos cons-tantes à escala, isto é, se todos os fatores utili-zados (trabalho e capital) aumentarem 50%, oproduto resultante também aumentará 50%.Veja também Cobb-Douglas.

FUNÇÃO NÃO-LINEAR. Relação matemáticaentre variáveis que não constituem uma funçãolinear, como, por exemplo, funções do tipo: a)Y = aX1X2; b) Y = aXn; c) Y = a.e bX.

FUNÇÃO-PERDA (Loss-function). Denomina-ção dada a uma função desutilidade que umapolítica macroeconômica deseja minimizar. Oconceito também pode ser estendido a políticasempresariais ou a objetivos individuais, mas,neste último caso, já escapa ao âmbito da ciênciaeconômica. A função-perda é usualmente apre-sentada como a diferença ao quadrado dos va-lores das variáveis atuais e seu nível desejado,ponderada por parâmetros associados às variá-veis. Formalmente, poderíamos apresentar afunção-perda da seguinte forma: L = #1[d*-d]2

+ #2[p*-p] onde, por exemplo, d* e p* são res-pectivamente a taxa de desemprego e a taxa deinflação atuais; d e p são as taxas de desempregoe de inflação desejadas. Os parâmetros (pesos)#1 e #2 têm suas magnitudes estabelecidas pelosgestores da política econômica. A minimizaçãoda função-perda capacita os executores de umapolítica econômica a estabelecer um trade-off(troca) entre os objetivos d e p. O desenvolvi-mento conceitual e formal da função-perda sedeve aos trabalhos dos economistas Jan Tinber-gen e Henri Theil. Veja também Trade-off.

FUNÇÕES BIOMÉTRICAS. São grandezas ab-solutas ou relativas, estabelecidas sobre a hipó-tese de que o número de sobreviventes a umaqualquer idade X é função contínua e diferen-ciável do valor dessa idade, desde X = 0 até X= alfa, idade extrema da tábua de mortalidadeadotada. As notações universais para cada umadessas grandezas são as seguintes: número de

sobreviventes à idade, x, 1x; número de mortosdentro do intervalo x a x mais 1, dx; pro-babilidade px de vida; probabilidade qx de mor-te ou coeficiente anual de mortalidade; coefi-ciente instantâneo de mortalidade ux, na idadex; coeficiente central mx de mortalidade; vidamédia completa ex; vida média abreviada ex;vida provável (não possui notação universal) epopulação estacionária Lx.

FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS. Funções defi-nidas em termos das propriedades dos triângulosretângulos, como o seno (sen), o co-seno (cos) e atangente (tg). Num triângulo retângulo, se os ladosadjacentes ao ângulo reto são de comprimento X(horizontal) e Y (vertical), e o ângulo entre ahipotenusa (H) e o lado horizontal é α, então,Tg α = Y/X, Sen α = Y/√X2 + Y2, Cos α =X/√X2 + Y2 . Por meio dessas relações, conheci-dos, por exemplo, a dimensão do cateto opostoe o ângulo formado pelo cateto adjacente e ahipotenusa, é possível calcular as dimensõesdestes últimos.

FUNDAÇÃO. Entidade jurídica sem finalidadelucrativa, destinada à prestação de serviços àcoletividade. É criada por meio da constituiçãode um patrimônio — por doação ou testamento—, que é próprio e independente de indivíduos.A origem mais remota das fundações é a dotaçãoinstituída para a construção e manutenção daBiblioteca de Alexandria, no Egito helenístico.Mais tarde, tornou-se comum com o uso dosfundos de caridade levantados pela Igreja. Asprimeiras fundações brasileiras foram as SantasCasas de Misericórdia, criadas no período colo-nial e que visavam a fornecer assistência médicaà população. Atualmente, o Brasil conta com nu-merosas fundações sustentadas por contribui-ções regulares do poder público, como a Fun-dação Getúlio Vargas (de estudos econômicos),a Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TVEducativa do Estado de São Paulo) e a FundaçãoInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), responsável pelos censos e índices eco-nômicos oficiais. A lei estabelece normas paraa criação das fundações, que são regidas porestatutos próprios, aprovados e fiscalizados pelaJustiça.

Hx

α

y

255 FUNDAÇÃO

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FUNDAMENTAL DISEQUILIBRIUM. Veja De-sequilíbrio Fundamental.

FUNDAMENTALIST. Designação dada, nosEstados Unidos, ao operador de Bolsa cujas de-cisões de vender ou comprar se baseiam maisnas tendências ou desenvolvimentos imediatosda oferta e da demanda, e menos nas análisestécnicas ou dos grafistas. Veja também Grafis-mo; Grafista.

FUNDING. Termo do mercado financeiro quegeralmente significa a substituição de uma dí-vida de curto prazo por uma dívida de longoprazo. Originalmente, no entanto, o termo esta-va relacionado com a substituição de uma dívidafundada por uma dívida com um prazo certode vencimento. Veja também Curto Prazo; Lon-go Prazo.

FUNDING LOAN. Moratória concedida peloscredores a um Estado devedor. Em troca, sãoemitidos novos títulos correspondentes aos en-cargos da dívida e das operações com os exce-dentes comerciais. O termo incorporou-se à his-tória brasileira, pois esse recurso foi utilizadovárias vezes pelos credores do Brasil no exterior,a partir da Independência.

FUNDO. Conjunto de recursos monetários em-pregados como reserva ou para cobrir despesasextraordinárias. No setor de finanças públicas,o termo refere-se às verbas destinadas ao de-senvolvimento de determinados setores; estãonesse caso as aplicações incentivadas nas áreasda Sudene e da Sudam e os fundos de incentivosfiscais.

FUNDO DE AMORTIZAÇÃO. Reserva de ca-pital mantida por uma empresa, destinada a co-brir a amortização de dívidas e o pagamentodos devidos juros. O fundo de amortização podeser utilizado também para fazer frente a even-tuais prejuízos ou despesas extraordinárias.

FUNDO DE APLICAÇÃO FINANCEIRA. Cria-do pelo Plano Collor 2, em substituição aos fun-dos de curto prazo, o fundo de aplicação finan-ceira (FAF) foi instituído com o objetivo de obteros recursos necessários para o desenvolvimento,a expansão e a modernização das empresas pú-blicas e privadas. Seus investidores poderão mo-vimentar livremente seu capital, aplicado emquaisquer agências ou instituições credenciadas,sendo que sua remuneração será calculada pelaTaxa Referencial Diária (TRD), descontando-seImposto de Renda e lucros obtidos para as apli-cações inferiores a trinta dias.

FUNDO DE DEPRECIAÇÃO. Reserva em di-nheiro formada pelas empresas e regulamentadapor lei. É suprida pela taxa de depreciação do

ativo fixo da empresa (imóveis, máquinas etc.)e destina-se à renovação desse ativo.

FUNDO DE PENSÃO. Espécie de pecúlio oupoupança formada por um conjunto de peque-nos investidores e poupadores, com o intuitode garantirem para si uma pensão mensal, de-pois de um prazo determinado. Em geral, osfundos de pensão (assim como pecúlios e outrossistemas da previdência privada) são organiza-dos por empresas financeiras que fazem aplica-ções com a soma do dinheiro dos pequenos pou-padores. Depois de um prazo (em geral, sempresuperior a dez anos), o indivíduo passa a receberseu dinheiro de volta, acrescido de juros e cor-reção, como uma espécie de complementação deaposentadoria. A Constituição de 1988 vedaqualquer subvenção ou auxílio do poder públicoàs entidades de previdência privada com finslucrativos.

FUNDO DE RESERVA LEGAL. Em contabili-dade, é a parte do lucro líquido de uma empresaque fica retida para cobrir eventuais perdas, des-pesas extraordinárias ou mesmo um investi-mento.

FUNDO DE SALÁRIOS. Doutrina da escolaclássica desenvolvida em meados do século XIX,segundo a qual o salário médio do trabalhadordefine-se pela quantidade de capital disponívelnas mãos dos empregadores, dividida pelo nú-mero de trabalhadores. Dessa forma, os saláriosnão poderiam subir enquanto o capital dispo-nível do empregador não aumentasse, o que,por sua vez, dependeria do aumento da pou-pança; a redução da poupança seria a única for-ma plausível de aumentos efetivos de salários.A escola clássica desenvolveu a teoria de fundode salários a partir da idéia dos fisiocratas deque os salários são pagos aos trabalhadores an-tes da venda de seu produto. A curto prazo,existe um número determinado de trabalhado-res e certa quantidade de poupança para pagaros salários, o que determinaria o salário médio.A longo prazo, o salário relaciona-se com o graumínimo de subsistência necessário para susten-tar a força de trabalho, e está vinculado a pa-drões de qualidade de vida determinados porlei. Se os salários aumentassem além desses pa-drões, a população deveria aumentar, e, no casoinverso, diminuir. Ainda a longo prazo, o nívelde demanda pela força de trabalho é determi-nado pelo montante do fundo de salários, quedepende, por sua vez, do nível de poupança dosempregadores. Segundo John Stuart Mill, issosignifica que “a demanda de bens não é a mesmacoisa que a demanda de trabalho”, já que umaumento do consumo reduziria a poupança e,desse modo, o fundo de salários. Por outro lado,a produtividade não influencia os salários reais,

FUNDAMENTAL DISEQUILIBRIUM 256

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que são calculados pela taxa de lucros do em-presário, pois a poupança depende dos lucrosobtidos. Desse modo, a poupança é obtida emproporções iguais no capital fixo e no capitalvariável (os salários), fazendo com que a com-posição orgânica do capital, na denominação deMarx, permaneça constante. Ricardo questionouesse aspecto da teoria do fundo de salários aorealizar uma análise do efeito de máquinas eequipamentos sobre o emprego, desviando o in-vestimento do fundo de salários e reduzindo ademanda pelo fator trabalho. Já W.T. Thorntoncriticou a doutrina do fundo de salários, argu-mentando que os salários são determinados pe-los fatores de oferta e procura estabelecidos pelomercado. Stuart Mill aceitou parcialmente o ar-gumento de Thornton, admitindo que a idéiado fundo de salários seria mais apropriada nocontexto de um processo de produção descon-tínuo, como no caso das safras agrícolas, do quenum processo contínuo de produção industrial.

FUNDO MONETÁRIO ÁRABE. Criado em1976, o Fundo Monetário Árabe é uma institui-ção financeira que busca acelerar a integração eo desenvolvimento dos países árabes. As prin-cipais atividades do fundo são: 1) corrigir de-sequilíbrios no balanço de pagamentos dos paí-ses-membros por meio de empréstimos espe-ciais; 2) manter a taxa de câmbio estável entreas moedas dos países árabes; 3) assegurar em-préstimos aos países árabes para a eliminaçãode déficits decorrentes da implantação de pro-jetos de desenvolvimento; 4) encorajar a adoçãode uma moeda árabe unificada.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL.Veja FMI.

FUNDO MÚTUO. Conjunto de recursos forma-dos pela soma de valores aplicados por diversosinvestidores e administrados por uma corretorade valores ou banco de investimentos. Trata-sede uma espécie de condomínio, no qual cadaum dos aplicadores é proprietário de cotas. Acorretora ou banco de investimentos reúne osrecursos levantados e os aplica na compra detítulos, ações ou valores mobiliários. Os rendi-mentos obtidos são distribuídos aos cotistas dofundo de acordo com o número de cotas quepossuem.

FUNDO PERDIDO. Veja Investimento a Fun-do Perdido.

FUNDO SOCIAL DE EMERGÊNCIA. Fundoaprovado em 23/2/1994 pelo Congresso revisorpor 402 votos a favor, 95 contra e 3 abstençõese previsto para vigorar em 1994 e 1995, quandoseria submetido à legislação complementar, de-cidindo-se sobre sua continuidade. Em 1995 foi

prorrogado por mais dezoito meses, vigorandoportanto até junho de 1997. Seu objetivo era fi-nanciar projetos da área social consideradosprioritários pelo governo. Os recursos do fundoseriam originados na retenção de uma parceladas seguintes receitas federais: 1) 20% dos gastosconstitucionais com educação; 2) 20% da arre-cadação do IPMF destinado a programas de ha-bitação popular; 3) adicional de 3% sobre o lucrodos bancos; 4) PIS dos bancos, isto é, 0,75% sobrea receita operacional bruta dos mesmos; 5) Im-posto de Renda do funcionalismo público (agoraexclusivamente destinado ao FSE). O FSE con-siste, na realidade, em um desbloqueio de re-cursos que antes tinham destinação mais amar-rada do que atualmente, isto é, com o FSE, ogoverno federal ganha flexibilidade para realizarsuas despesas. A previsão era que fossem obti-dos dessas fontes 16 bilhões de dólares de ar-recadação em 1994. Em 1997 foi outra vez pror-rogado até o final de 1998.

FUNDOS FISCAIS. Fundos de investimentosno mercado de ações, formados por quantiasabatidas do Imposto de Renda devido pelos con-tribuintes. No Brasil, os fundos de investimentoscom recursos de incentivos fiscais foram criadosa partir do decreto-lei nº 157, de 10/2/1967, queacabou dando nome a esse tipo de fundo. Oobjetivo era estimular a poupança, iniciar os con-tribuintes na área do mercado de capitais, obterrecursos para empresas médias e pequenas pormeio de ações e estimular os negócios das Bolsasde Valores. Esses fundos beneficiam apenas aspessoas físicas, e o valor das aplicações é calcu-lado no momento da declaração do Imposto deRenda. As porcentagens de aplicação variam deacordo com os rendimentos do contribuinte ecom os índices preestabelecidos pelo governo.Depois de calcular quanto deve de imposto, ocontribuinte pode abater desse total certa por-centagem para aplicação no mercado de capitais.Essa parte do imposto pago que foi transforma-da em ações pode ser resgatada alguns anos de-pois. O governo renuncia ao controle direto deparcelas de arrecadação tributária, que seriama ele alocadas, confiando à iniciativa privada opapel de administradora. Os fundos são admi-nistrados por corretoras ou bancos de investi-mento, obrigados a informar regularmente aoscotistas a receita dos dividendos das ações, onúmero de cotas adquiridas, o valor destas equais as que estão livres para resgate. Os fundos157 foram extintos em 1983.

FUNGÍVEL. Aplicado ao mercado financeiro, otermo significa um instrumento financeiro devalor equivalente a outro e facilmente trocávelou substituível.

257 FUNGÍVEL

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FUNRURAL — Fundo de Assistência ao Tra-balhador Rural. Órgão executor do Programade Assistência ao Trabalhador Rural (Prorural).Sua administração é presidida pelo presidenteda Previdência e Assistência Social, ou seu re-presentante, mais seis membros designados peloMinistério da Saúde, Ministério do Trabalho,Ministério da Agricultura, Instituto Nacional daPrevidência e Assistência Social, ConfederaçãoNacional da Agricultura e Confederação Nacio-nal dos Trabalhadores na Agricultura. Sua ati-vidade básica é conceder benefícios aos traba-lhadores rurais, classificados do seguinte modo:1) trabalhador rural — aquele que presta servi-ços ao empregador em estabelecimentos rurais,recebendo salários ou pagamento em produtosagrários; 2) produtor rural — aquele que, sendoproprietário ou não, trabalha sem ajuda de ter-ceiros em atividades rurais, individualmente oucom a ajuda familiar, desde que em condiçõesde mútua independência e colaboração. Dessaforma, esse conceito abrange parceiros meeiros,arrendatários e posseiros; 3) pescadores — aque-les que, na condição de pequenos produtores,trabalhando individualmente ou com a família,desde que não possuam nenhum vínculo em-pregatício, fazem da pesca seu meio de vida,sendo necessário pagarem prestações ao Proru-ral; 4) garimpeiros — aqueles que exercem tra-balho de garimpagem, faiscação e cata; 5) sa-fristas — aqueles trabalhadores cujo contrato de-pende de variações sazonais da atividade agrá-ria. São igualmente beneficiários seus depen-dentes, na medida em que possuam o nome ano-tado na carteira profissional ou declaração dedependência feita pelo segurado e confirmadapela entidade de classe a que pertença, seja detrabalhadores, seja de empregadores. Sendo as-sim, esses trabalhadores têm direito aos seguin-tes benefícios: 1) aposentadoria por velhice, quecorresponde ao maior salário mínimo vigenteno país, concedida ao trabalhador rural que tivercompletado 65 anos de idade, cabendo ao chefede família e/ou pessoas isoladas, de modo quenão se repita numa mesma família, mesmo quea mulher (cônjuge) preencha os requisitos parao recebimento; 2) aposentadoria por invalidez— corresponde ao maior salário mínimo vigenteno país e é concedida ao trabalhador rural por-tador de enfermidade ou lesão orgânica que otorne totalmente, e em caráter definitivo, inca-paz de exercer qualquer atividade; enquantoesse aposentado não completar 55 anos, o Fun-rural poderá efetuar perícia médica para manu-tenção ou cancelamento do benefício. Ambas asaposentadorias atingem o trabalhador rural quecomprove o exercício de sua atividade durantedoze meses, mesmo em períodos descontínuos,

nos três anos anteriores ao pedido de aposen-tadoria. Se a aposentadoria por invalidez decor-rer de acidentes de trabalho, o segurado terádireito a 75% do maior salário mínimo vigenteno país; 3) pensão — concedida aos dependentesdo segurado após sua morte, corresponde a 50%do maior salário mínimo vigente no país, ces-sando seu pagamento quando os direitos do úl-timo pensionista terminarem; 4) auxílio-funeral— tem a finalidade de indenizar quem realizouo funeral do segurado falecido, das despesas de-vidamente comprovadas, até o valor do maiorsalário mínimo vigente no país; 5) auxílio ina-tividade — concedido àqueles que possuem 70anos ou mais e que comprovem a inexistênciade renda ou meios de subsistência; essa com-provação se faz por meio de atestado passadopor autoridade administrativa ou judiciária localou, ainda, por meio de declaração do interessadocom testemunho de duas pessoas que o conhe-çam. Sendo assim, tanto as autoridades comoas testemunhas devem conhecer o requerenteno prazo mínimo de cinco anos. O Funrural tam-bém presta serviços de saúde que compreen-dem: prevenção de doenças, educação sanitária,assistência à maternidade e à infância, atendi-mento médico ou cirúrgico, assistência odonto-lógica (clínica e cirúrgica) e exames complemen-tares. Para a realização de tais serviços, o Fun-rural não pode contratar ou manter pessoal, mascelebrar convênios com estabelecimentos hospi-talares ou ambulatórios, de modo que os mes-mos sejam mantidos pela União, Estados, mu-nicípios, instituições de previdência social, uni-versidades, fundações, entidades privadas, coo-perativas de produtos rurais, enfim, empresasque executem serviços de saúde e que sejam idô-neas. Atualmente, essas tarefas foram encampa-das pelo Inamps. Cabem às entidades sindicaisos encargos concernentes à anotação de depen-dentes, ao encaminhamento de trabalhadores aoserviço de saúde e à fiscalização do atendimentodo trabalhador rural. Os serviços sociais têm porfinalidade propiciar assistência jurídica, colabo-ração nos serviços de prevenção às doenças ede educação sanitária, sendo isso efetuado me-diante acordo ou convênio com estabelecimen-tos de ensino, entidades sindicais, instituiçõespúblicas e privadas. O financiamento de tal pro-grama baseia-se na contribuição de 2% sobre ovalor comercial dos produtos rurais, sendo esserecolhimento efetuado pelo produtor quando elevende diretamente ao consumidor, ou esse en-cargo caberá às cooperativas quando estas fize-rem o trabalho de intermediação. Acresce aindamais 0,5% para custeio das prestações em casosde acidentes de trabalho. As empresas urbanastambém contribuem com 2,4% da folha de sa-

FUNRURAL 258

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lário-de-contribuição de seus empregados. Oempregador rural, por sua vez, contribui com1,2% do valor da respectiva produção rural doano anterior, e com 0,6% do valor da parte dapropriedade rural mantida sem cultivo, segundoa última avaliação feita pelo Incra. O controlede arrecadação de tais tributos cabe ao Institutode Administração Financeira e Assistência Social(Iapas) que, posteriormente, os repassa ao Fun-rural.

FURLONG. Antiga medida de distância utili-zada na Inglaterra e equivalente a 201,168 m ou1/8 de milha terrestre. Sua origem provável en-contra-se nas medidas de áreas na agricultura.O termo furlong deriva de furrow, denominaçãodo sulco deixado pelo arado.

FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. Empre-sa de economia mista, subsidiária da Eletrobráse ligada ao Ministério das Minas e Energia. Pro-duz e transmite energia elétrica em toda a regiãoSudeste e parte da região Centro-Oeste. Suaatuação abrange os Estados do Rio de Janeiro,São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás(até o paralelo 12) e Distrito Federal, área demaior concentração do parque industrial brasi-leiro e onde é consumida cerca de 75% da pro-dução nacional de energia elétrica. Criada em28/02/1957, com o nome de Central Elétrica deFurnas S.A. e com sede em Passos, MG, tinhapor objetivo construir a curto prazo a primeirausina hidrelétrica de grande porte no Brasil (Fur-nas, no rio Grande, inaugurada em 1963 e comcapacidade de 1 216 megawatts). Em 1971, a sedefoi transferida para o Rio de Janeiro. A empresacontava, em 1982, com um complexo de sete usi-nas hidrelétricas, três termelétricas e uma nu-clear (Angra I), totalizando uma potência de 8107 megawatts.

FUROSHIKI (Overtime). Termo em japonês quesignifica trabalho que o empregado leva paracasa e que, na realidade, significa horas extrasnão computadas e pelas quais o trabalhadornada recebe.

FURTADO, Celso Monteiro (1920- ). Econo-mista brasileiro, primeiro superintendente eidealizador da Superintendência do Desenvol-vimento do Nordeste (Sudene), ministro do Pla-nejamento no governo de João Goulart (1961-1964). Foi também um dos diretores da Cepal(1949) e do BNDE (1953). Após o golpe militarde 1964, teve os direitos políticos suspensos eexilou-se, passando a lecionar na Sorbonne (Pa-ris), nas universidades de Washington (EstadosUnidos) e de Cambridge (Inglaterra). Antes de1964, escreveu livros importantes, como Forma-ção Econômica do Brasil (1959) e a A Pré-revolução

Brasileira (1962). Posteriormente, reviu suas po-sições desenvolvimentistas puramente econômi-cas e passou a dar maior importância aos fatoressociais e políticos. Desse período, datam, entreoutros, os livros Subdesenvolvimento e Estagnaçãona América Latina (1966), Um Projeto para o Brasil(1968) e A Fantasia Organizada (1985). Tornou-seministro da Cultura no governo de José Sarney,entre 1985 e 1988. É, junto com Raul Prebisch,um dos mais expressivos representantes do pen-samento estruturalista da Cepal no Brasil. Vejatambém Cepal; Estruturalistas; Prebisch, Raul.

FUSÃO. União de duas ou mais companhias,formando uma única grande empresa, geral-mente sob controle administrativo da maior oumais próspera delas. Esse tipo de associação per-mite reduções de custos, mas pode levar a prá-ticas restritivas ou monopolistas. Veja tambémMonopólio.

FUSÃO HORIZONTAL. Fusão de duas empre-sas que produzem o mesmo produto no mer-cado. Por exemplo, duas empresas que produ-zem cerveja. Geralmente, esse tipo de fusãoacontece entre uma empresa grande (com altaparticipação no mercado) e outra de menor portee menor participação no mercado.

FUSÃO VERTICAL. Fusão de duas empresasque produzem produtos que pertencem a dife-rentes etapas do processo produtivo. Por exem-plo, quando uma empresa que produz calçadosse funde com uma empresa que produz couro,ocorre uma fusão vertical.

FUSO. Veja Typp.

FUSO HORÁRIO. Unidade de registro da horacorrespondente a 15 graus da circunferência daTerra e determinado em relação ao Prime Meri-dien (Primeiro Meridiano — Greenwich, Lon-dres, Inglaterra), podendo assumir um valor de12 positivos ou negativos, estando a oeste ou aleste desse ponto de referência. Veja tambémGreenwich; Linha Internacional da Data.

FUTSU KABUSHIKI. Expressão em japonêsequivalente a ações ordinárias, isto é, ações querepresentam direitos de propriedade sobre umaempresa, dando ao seu possuidor a faculdadede receber dividendos, bonificações e de votarnas assembléias de acionistas.

FUTURÓLOGO. Veja Cenarista.

FUTURO(S). Veja Mercado a Futuro.

FWH. Iniciais da expressão em inglês flexibleworking hours, que significa “jornada flexível detrabalho”. Veja também Jornada Flexível de Tra-balho.

259 FWH

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G G. Iniciais de: 1) geld (unidade monetária alemã;literalmente, “dinheiro”); 2) gourde (unidade mo-netária do Haiti); 3) groschen (unidade monetáriaaustríaca); 4) groszy (unidade monetária polone-sa); 5) guaraní (unidade monetária do Paraguai);6) guilder ou gulden (unidade monetária holan-desa); 7) guirsh (unidade monetária da ArábiaSaudita).

G-7. Veja Grupo dos Sete.

G-7 + 1. Veja Grupo dos Sete.

G-10. Veja Grupo dos Dez.

GA. Iniciais da expressão em inglês gold auctions,que significa “leilão de ouro”.

GAB. Iniciais da expressão em inglês generalagreements to borrow. Veja também GeneralAgreements to Borrow.

GALÃO. Medida antiga de capacidade para lí-quidos utilizada até hoje nos Estados Unidos ena Inglaterra. O galão americano — SistemaConsuetudinário — equivale a 3,785 l e o inglês— Sistema Imperial —, a 4,546 l. Na Inglaterra,costumava-se também utilizar um galão duasvezes e meia maior do que o imperial para medirvinho. O galão é também dividido em quartase pintas, mas sendo que o sistema decimal fa-cilita as contas, os americanos utilizam a divisãodo galão em décimos quando, por exemplo, en-chem o tanque de gasolina de seus carros. Vejatambém Sistema Consuetudinário Americano;Sistema Imperial Inglês; Unidades de Pesos eMedidas.

GALBRAITH, John Kenneth (1908- ). Econo-mista e escritor norte-americano, nascido no Ca-nadá, destacado crítico do poder das grandesempresas monopolistas e da tecnocracia. Gal-braith desenvolveu seu trabalho teórico no sen-tido de mostrar que a moderna economia capi-talista, dominada por grandes organizações mo-nopolistas, é um fato consumado, que deve serenfrentada com uma nova atitude por parte dasociedade e do Estado. Em Capitalismo, 1952, in-troduz o conceito de poder compensador e ques-tiona o espírito competitivo da sociedade indus-trial norte-americana, dominada por grandesempresas, sugerindo a organização de diferentes

setores da sociedade (sindicatos, cooperativasetc.) em blocos de pressão. Em The Affluent So-ciety (A Sociedade Afluente), 1958, Galbraith de-fende a tese de que os recursos absorvidos pelaprodução dos bens de consumo supérfluos de-veriam ser canalizados para investimentos pú-blicos e de bem-estar social. Por sua posição li-beral e pela crítica mordaz aos monopólios eaos mitos da sociedade industrial, Galbraith tor-nou-se conhecido do grande público, notabili-zando-se pela capacidade de expor claramentecomplexos problemas econômicos. Escritor pro-lífico, em sua numerosa obra destacam-se ainda:A Theory of Price Control (Uma Teoria do Con-trole de Preços), 1952; The Great Crash, 1929 (OColapso da Bolsa, 1929), 1955; The Economics Dis-cipline (A Disciplina Econômica), 1967; The NewIndustrial State (O Novo Estado Industrial),1967; Economics, Peace and Laughter (Economia,Paz e Humor), 1971; Economics and the PublicPurpose (Economia e Senso Público), 1974; TheAge of Uncertainty (A Era da Incerteza), 1977;e mais recentemente (1996), A Sociedade Justa:uma Perspectiva Humana. Veja também PoderCompensador.

GALIANI, Ferdinando (1728-1787). Escritor eeconomista italiano, um dos representantes domercantilismo e alto funcionário do reino de Ná-poles. Seu livro Della Moneta (Sobre a Moeda),1750, tornou-se um clássico por sustentar que,além da utilidade, a raridade de uma coisa in-tervém na determinação de seu valor. Na obraDiálogos sobre o Comércio de Trigo (1770), comba-teu as teorias dos fisiocratas da época e defendeuo mercantilismo, sustentando a opinião de quea exportação de cereais não deveria ser livre.Veja também Mercantilismo.

GALON. Veja Galão.

GALTON, Francis. Veja Distribuição Normal;Quincunx de Galton; Risco; Triângulo de Pascal.

GAMA. Termo (letra grega) que designa o in-dicador de riscos sobre opções. Sinaliza a varia-ção do indicador Delta para uma variação so-frida pelo valor do ativo, objeto sobre o qualincide a opção. O indicador Delta mostra quantoo preço de uma opção varia, dada uma variaçãono preço do ativo, objeto sobre o qual incide aopção. Veja também Alfa; Beta; Delta.

GAMBLER’S RUIN PROBLEM. Veja Proble-ma da Ruína do Jogador.

GANHOS DE CAPITAL. Todo lucro obtido emtransações comerciais, em conseqüência da es-peculação com capital, e não da aplicação detrabalho. Incluem compra e venda de ações, alu-guéis, venda de veículo ou imóvel e juros de

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investimentos financeiros, entre outras modali-dades. Diferenciam-se da renda, na qual o lucroé obtido em atividade produtiva, depois de des-contados os custos de produção. Veja tambémRenda.

GANHOS NÃO OPERACIONAIS. Veja Ga-nhos de Capital.

GANILH, Charles (1785-1836). Nasceu na Françae tornou-se conhecido como economista pelaelaboração de dois livros: Systemes d’EconomiePolitique (Sistema de Economia Política), 1809, eDictionnaire d’Economie Politique (Dicionário deEconomia Política), 1826. Estes livros constituemos primeiros estudos sistemáticos de que se temnotícia sobre a história do pensamento econô-mico e suas teorias. No entanto, sua contribuiçãonova é muito pequena, não indo muito além deuma introdução para leigos das principais tesesde Adam Smith. Ganilh, apesar disso, criticavaSmith em dois pontos: defendia o protecionismoem relação às indústrias francesas nascentes, decerta forma antecipando o Das Nationale Systemder Politischen Ökonomie (Sistema Nacional deEconomia Política), 1841, de Frederic List, e re-jeitava o conceito de Smith de trabalho produ-tivo; para Ganilh, qualquer trabalho que fossetrocado por dinheiro daria lugar a algum valor,e, portanto, seria produtivo.

GAP. Termo em inglês que significa lacuna, fos-so ou diferencial, e é aplicado em vários con-textos: por exemplo, technological gap significa adiferença tecnológica que separa duas econo-mias, uma mais avançada e outra mais atrasada.O termo pode ser utilizado também no mercadofinanceiro, quando, por exemplo, num gráficode barras e num movimento de alta, o preçomáximo de um título num determinado pregãoé inferior ao preço mínimo do mesmo título nopregão seguinte. Os gaps podem ser de váriostipos: gap comum, gap de corte, gap de fuga (ou demedida) e gap exaustivo. Os primeiros ocorremem formações de reversão ou consolidação detendências de mercado, sendo áreas de baixa ne-gociação. Os segundos tendem a ocorrer logoapós um rompimento de tendência. Os gaps defuga surgem durante um movimento de subidaou de descida, logo após a ultrapassagem deuma área de congestão. E os gaps exaustivosocorrem no final de uma rápida e íngreme altaou baixa, sinalizando que a tendência chegouao seu limite. Veja também Gráfico de Barras;Pregão.

GAP ANALYSIS. Expressão em inglês usadaem pesquisa de mercado e que significa umatécnica estatística utilizada para identificar la-cunas (gaps) no atendimento a um mercado ouem sua cobertura. Veja também Gap.

GAP COMUM. Veja Gap.

GAP DE CORTE. Veja Gap.

GAP DE FUGA. Veja Gap.

GAP EXAUSTIVO. Veja Gap.

GARANTIA. Compromisso adicional que se es-tabelece numa transação, como forma de asse-gurar sua realização e/ou lisura. Geralmente,envolve a posse de um bem de valor, que é dadoem garantia. Uma forma muito comum é a hi-poteca de um imóvel como garantia de pagamen-to de uma dívida. Outras são o penhor e a fiança.Na área comercial, a garantia é estabelecida emdocumento para assegurar a qualidade do pro-duto. Assim, durante certo período de tempo eem determinadas condições, o fabricante obri-ga-se a repor ou restaurar o equipamento. NoSistema Financeiro da Habitação, por exemplo,institui-se a garantia na construção do imóvel:o construtor obriga-se, durante cinco anos, a re-parar qualquer dano devido a problemas deconstrução. Veja também Fiança; Penhor.

GARDENALLI, Geraldo (1946- ). Nasceu na ci-dade de Tietê (SP) e formou-se em economiapela Faculdade de Economia São Luís, tornan-do-se mestre em administração de empresaspela Escola de Administração de Empresas daFundação Getúlio Vargas (São Paulo). Seus tra-balhos e pesquisas têm se dirigido para as ques-tões relacionadas com as finanças públicas e odesenvolvimento econômico nacional. Seu tra-balho mais importante é Reforma Econômica parao Brasil, Anos 90, em co-autoria com YoshiakiNakano. Foi presidente da Ordem dos Econo-mistas de São Paulo entre 1991-1992. Entre 1990e 1991, durante o governo Collor, foi secretárioda Fazenda Nacional do Ministério da Econo-mia, Fazenda e Planejamento (gestão Zélia Car-doso de Mello). Atualmente, é professor de eco-nomia do Departamento de Economia da Escolade Administração de Empresas da Fundação Ge-túlio Vargas, em São Paulo.

GARY DINNERS. Expressão em inglês que sig-nifica “acordo de cavalheiros” e utilizada no sen-tido de celebração de acordos verbais (não es-critos) sobre questões que violam a legislação(especialmente a antitruste, nos Estados Uni-dos), entre empresários, na formação de preços.

GATILHO SALARIAL. Dispositivo criado pelodecreto-lei nº 2 283, que originou o Plano Cru-zado. Conforme o decreto, os salários seriamreajustados automaticamente, isto é, o gatilhodispararia sempre que a inflação atingisse 20%.Desta forma, os salários seriam protegidos con-tra uma elevação futura dos preços. No iníciode 1987, o processo inflacionário retornou com

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redobrada intensidade, superando mensalmenteaquela percentagem. O gatilho salarial passouentão a disparar todo mês, tornando o disposi-tivo anômalo para a política econômica gover-namental de combate à inflação, que tem na re-dução dos salários reais um de seus pilares desustentação. Com a substituição do ministro daFazenda Dílson Funaro por Bresser Pereira, essedispositivo foi eliminado, sendo introduzidauma nova política salarial. Veja também Funaro,Dílson Domingos; Plano Cruzado; Plano Bres-ser; URP.

GATO. Denominação dada ao intermediário deforça de trabalho que contrata trabalhadores nomeio rural. Os trabalhadores contratados pelogato, para a realização de tarefas numa fazenda,não mantêm vínculos empregatícios com o pro-prietário. O fazendeiro paga ao gato pelo serviçoprestado e este remunera os trabalhadores con-tratados, ficando, evidentemente, com uma co-missão. O gato geralmente possui um caminhãoou outro meio para o transporte dos trabalha-dores de suas residências até a fazenda e vice-versa.

GATT — Acordo Geral de Tarifas e Comércio(General Agreement on Tariffs and Trade).Tratado multilateral de comércio internacionalfirmado em Genebra em 1947, tendo por prin-cípio básico o livre-comércio, o Gatt constituiu-se numa organização internacional com um se-cretariado em Genebra, que entrou em operaçãoem 1948. O tratado é constituído por um códigode tarifas e regras de comércio estabelecido emcomum acordo pelas 23 nações signatárias, in-clusive os Estados Unidos, componentes de umacomissão especial da ONU. O acordo foi origi-nariamente projetado pela comissão como ummeio temporário de lidar com as questões detarifa e comércio ao longo de linhas multilate-rais, até que a International Trade Organization(ITO — Organização Internacional do Comércio)fosse estabelecida, mas em 1950 o Senado dosEstados Unidos rejeitou a carta da ITO, e o Gatttornou-se efetivo. O Gatt rege-se por três prin-cípios básicos: tratamento igual, não discrimi-natório, para todas as nações comerciantes; re-dução de tarifas por meio de negociações; eli-minação das cotas de importação. Nos termosdo Gatt, as negociações para redução de tarifasseguiram desde o início o padrão estabelecidopelos anteriores Tratados Recíprocos de Comér-cio ou acordos (bilaterais) entre pares de países,cuidando de produto por produto. As conces-sões bilaterais assim alcançadas eram estendidasa todos os signatários pelo uso da cláusula denação mais favorecida e pela incorporação detodos os acordos individuais a um documentomultilateral. Em seus primeiros anos, o Gattpriorizou a redução e a estabilização das tarifas

entre os membros, e durante os anos 50, as res-trições sobre as importações foram largamentereduzidas. Entre outros compromissos, os mem-bros do Gatt devem fornecer detalhes a respeitode quaisquer subsídios criados, e, se estes forempassíveis de prejudicar os interesses de qualqueroutro membro, deve então ser discutida sua re-dução ou eliminação. Como a orientação parao livre-comércio favorece a situação privilegiadados países altamente industrializados em detri-mento dos países subdesenvolvidos, estes têmpleiteado e, às vezes, obtido, nas reuniões pe-riódicas do Gatt, algumas modificações do acor-do original que os favorecem. O princípio básicodo Gatt tem sido também contrariado pelo pro-tecionismo de alguns países, sobretudo os in-dustrializados, e pelo surgimento de blocos eco-nômicos e mercados regionais institucionaliza-dos (como o Mercado Comum Europeu), cujaexistência é levada em conta por ocasião dasnegociações tarifárias internacionais. Em 1990,o Gatt reunia 96 países. Em 1995, em Marrakesh(Marrocos), esses países assinaram um acordoconstituindo a Organização Mundial do Comér-cio (OMC), organismo de caráter permanente,em substituição ao Gatt, que tinha um carátertemporário. Veja também Comércio Internacio-nal; OMC; Protecionismo; Tarifas; Troca, Re-lações de; Unctad.

GAUSS, Karl F. Veja Distribuição Normal;Risco.

GB. Veja Gold Bond.

GEIA — Grupo Executivo da Indústria Auto-mobilística. Organismo criado pelo governobrasileiro em 1956. Planejou a implantação daindústria automobilística no país, estudando in-centivos governamentais e outras medidas quefavorecessem esse objetivo.

GENERAL AGREEMENTS TO BORROW(GAB). Acordos estabelecidos entre os paísescomponentes do Grupo dos Dez e o FMI, paraque esses países fizessem empréstimos em suasmoedas ao FMI, para financiar saques de paísesmembros do G-10. A Suíça também fez partedo acordo. O G-10 e a Suíça resolveram estendero GAB para todos os países membros do FMI.

GENERAL AVERAGE. Expressão em inglêsque significa “grande avaria”. É utilizada na ati-vidade de seguros e significa uma perda resul-tante de um sacrifício voluntário (que teve êxito)ou despesas incorridas sob circunstâncias ex-traordinárias, com o objetivo de impedir ou evi-tar um perigo maior e iminente à segurança co-mum. As perdas de “grande avaria” são distri-buídas entre todos os interesses que passarampelo risco e que foram registrados na Ata deGrande Avaria.

GATO 262

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GENRYO KEIEI. Expressão em japonês que de-signa o processo que acometeu, em meados dadécada de 70, as empresas japonesas, as quaisforam submetidas a enormes pressões para re-duzir custos de todas as formas possíveis, e aadministração das empresas deslocou sua aten-ção das questões relacionadas com o crescimen-to econômico para as questões decorrentes doscustos explosivos da energia, alta inflação erecessão. Foi durante esse período que o pro-cesso de introdução de robôs nas linhas demontagem começou a se disseminar em muitasatividades industriais no Japão. Veja tambémRobotização.

GEN-SAKI. Expressão em japonês que designao mercado monetário de curto prazo no Japão,utilizado como mercado secundário para recom-pra e revenda de títulos de médio e longo prazosdo governo e das corporações daquele país. Omercado Gen-Saki se desenvolveu no Japão por-que não existe naquele país um mercado secun-dário para transações com títulos emitidos peloBanco do Japão.

GEORGE, Henry (1839-1897). Jornalista e eco-nomista norte-americano. Propôs o imposto úni-co sobre a renda da terra em Progresso e Pobreza(1880), obra que revela grande influência deAdam Smith, Ricardo e Stuart Mill. Argumen-tava que a renda da terra resulta do crescimentoda economia do país e não do esforço do seuproprietário; que o progresso econômico acabafazendo da terra um fator cada vez mais escassoe que os proprietários de terras improdutivasse beneficiariam à custa do capital e do trabalho;e, finalmente, que os governos deveriam apro-priar-se dessa renda por meio de um impostoúnico sobre o valor da terra improdutiva. A ar-recadação seria destinada a obras públicas. Suasidéias tiveram grande repercussão nos EstadosUnidos nas últimas décadas do século XIX, eHenry George chegou a disputar as eleições paraa prefeitura de Nova York como candidato doPartido do Imposto Único.

GEREGELTER FREIEVERKEHR. Veja Amtli-cher Markt.

GERENCIALISMO. Doutrina econômica, sociale política segundo a qual tanto nos países capi-talistas como nos países socialistas predominaa tendência para elevação dos gerentes à con-dição de classe dominante. Para James Burnham,seu principal teórico, autor do livro A Revoluçãodos Gerentes, os tecnocratas, executivos e admi-nistradores de empresa, nos países capitalistas,cada vez mais sobrepõem seus interesses tantoaos trabalhadores quanto aos proprietários acio-nistas. Estes vão se transformando em merosrentistas, sem nenhum poder ou influência na

direção das empresas. Para ele, a forma maisdesenvolvida de sociedade de gerentes é aquelana qual os meios de produção estão sob o con-trole e propriedade do Estado. A ex-União So-viética foi o único país do mundo onde esseprocesso esteve totalmente concluído. Nos Es-tados Unidos, essa mudança estaria em marchadesde o New Deal.

GERMAN-PFANDBRIEF. Veja Pfandbrief.

GESSELCHAFTLICHER GEBRAUCHSWERT.Expressão em alemão que significa “valor de usosocial”, correspondente, na Alemanha, à elabo-ração filosófica, durante o século XIX, da teoriada utilidade marginal. Veja também Teoria daUtilidade Marginal; Teoria do Bem-estar;Wieser.

GETAT — Grupo Executivo das Terras do Ara-guaia-Tocantins. Criado em 1980 por decretopresidencial, subordinado à Secretaria Geral doConselho de Segurança Nacional, destina-se a“regularizar questões relacionadas com terras nosudeste do Pará, norte de Goiás e oeste do Ma-ranhão”. Na exposição de motivos apresentadapelo ministro da Agricultura e pelo secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional, his-toria-se a situação fundiária e social da região:“Desde o ano de 1945, quando se intentou acolonização do vale dos rios Araguaia-Tocan-tins, através da Fundação Brasil Central, essaregião vem-se caracterizando por titulação fun-diária extremamente indefinida. As grandes ro-dovias amazônicas têm-se constituído em con-duto de fluxo migratório intenso e desordenado,carreando para essa área um grande número defamílias em busca de terras férteis e disponíveis(...). A concentração humana assim formada ge-rou a luta pela posse e pelo uso da terra entreinvasores, posseiros e presumidos proprietários.A grande extensão da área, a fragilidade dasestruturas dos órgãos públicos e os enormes in-teresses envolvidos criaram um ambiente de in-certeza, insegurança e violência. O problemafundiário está na origem de grande parte dosconflitos, lutas e mortes que provocam instabi-lidade social e comprometem o desenvolvimen-to econômico e a própria segurança nacional”.O Getat exerce as atribuições previstas no Esta-tuto da Terra para alienação de imóveis, discri-minação das terras devolutas federais, reconhe-cimento de posses legítimas, incorporação ao pa-trimônio público de terras devolutas ilegalmenteocupadas e celebração de convênios com os Es-tados e municípios quanto às terras devolutasestaduais e municipais. Também coordena asatividades dos diversos órgãos federais, esta-duais e municipais existentes na área, que tema extensão aproximada de 200 mil km2 e foi con-siderada pelo Instituto Nacional de Colonização

263 GETAT

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e Reforma Agrária (Incra) a mais conflagradado país em termos de propriedade de terras ea mais tensa socialmente. O Getat tem seis mem-bros, todos eles nomeados diretamente pelo pre-sidente da República.

GEWINN UND VERLUST RECHNUNG. Ex-pressão em alemão que significa “balanço de lu-cros e perdas”.

GIANNETTI DA FONSECA, Eduardo (1957- ).Nasceu em Minas Gerais e graduou-se em eco-nomia em 1978 e em ciências sociais em 1979,na Universidade de São Paulo (USP). Obteveseu PhD na Universidade de Cambridge (Ingla-terra), em 1988, com a tese “Beliefs in Action:Economic Philosophy and Social Change”. Tor-nou-se professor de história do pensamento eco-nômico na Faculdade de Economia e Adminis-tração (FEA) da USP, em 1988. Foi pesquisadordo Instituto Fernand Braudel de Economia Mun-dial e, entre 1993 e 1994, foi colaborador do jor-nal Folha de S. Paulo. Entre suas obras mais im-portantes destacam-se: Vícios Privados, BenefíciosPúblicos? A Ética na Riqueza das Nações (1993);As Partes e o Todo (1995); Auto-Engano (1997). Éprofessor da Faculdade de Economia e Admi-nistração da Universidade de São Paulo.

GIDE, Charles (1847-1932). Economista francêsde tendência liberal, teórico do cooperativismo.Escreveu um dos mais difundidos manuais deeconomia, Principes d’Économie Politique (Princí-pios de Economia Política), 1884, que estabele-ceu uma atitude mais aberta no ensino da eco-nomia, ao adotar uma perspectiva econômico-social. Como teórico do movimento cooperati-vista na França, Gide reabilitou a tradição deFourier. Para ele, o desenvolvimento das coo-perativas deveria absorver gradualmente todosos ramos de atividade econômica, estendendo-sedos bens de produção aos de consumo, a pontode estabelecer uma “república cooperativa”,com características próprias e diferenciada dosocialismo e do capitalismo. Entre suas obrasdestacam-se ainda: Economie Sociale (EconomiaSocial), 1883; Cours d’Économie Politique (Cursode Economia Política), 1909; Histoire des Doctri-nes Économiques (História das Doutrinas Econô-micas), juntamente com Charles Rist, 1909; e LesColonies Communistes et Cooperatives (As Colô-nias Comunistas e Cooperativas), 1930. Gide foiprofessor da Universidade de Paris de 1898 a1920. Veja também Cooperativismo; Fourier,Charles.

GIFFEN, Robert (1837-1910). Nasceu na Ingla-terra e iniciou sua carreira como jornalista emLondres, em 1862. Mais tarde, tornou-se chefedo departamento de estatística na Câmara doComércio e, em 1889, seu secretário-assistente.

Giffen é mais conhecido por seu nome estar li-gado a um efeito da teoria do consumidor, co-nhecido como Paradoxo de Giffen. No entanto,Giffen parece jamais ter formulado tal paradoxo.Quem deu origem a essa indevida atribuição foiMarshall, quando ele mencionou o nome de Gif-fen na 3ª edição dos Principles. O que veio a serdenominado Paradoxo de Giffen consiste no au-mento da demanda de um bem quando seu pre-ço aumenta, em função da redução da rendareal do consumidor. Este comportamento dariaà Curva da Demanda de certos produtos umainclinação positiva. Marshall assim resumiu oparadoxo: “Como assinalou o senhor Giffen,uma elevação no preço do pão altera tanto osrecursos das famílias dos trabalhadores pobres,e eleva tanto a utilidade marginal do dinheiropara eles, que são forçados a reduzir seu con-sumo de carne e de alimentos farináceos maiscaros; sendo o pão ainda o alimento mais baratoque podem obter, eles consumiriam mais, e nãomenos do mesmo”.

GIGABYTE. Também designado por gbyte ouGBY. Medida equivalente a 1 000 megabytes. Vejatambém Megabyte.

GIGAFLOPS (GFlops). Bilhões de contas porsegundo que representam a unidade de medidade tempo de operação de supercomputadores.

GILL. Denominação antiga utilizada nos paísesde língua inglesa como medida de volume delíquidos ou sólidos; equivale a 1/4 de pint, oua 4 onças. No passado, media um copo de vinhoe, hoje, é utilizada eventualmente para referênciade bebidas como o café. Veja também Onça;Pint; Sistema Apothecary.

GILT EDGED. Denominação dos títulos de lon-go prazo emitidos em libras esterlinas pelo Ban-co da Inglaterra e conhecidos no mercado comogilts (dourados), pois seu risco de default é mí-nimo. Aplicada a títulos, ações, papéis em geral,significa alta qualidade, grande mérito, elevadasegurança ou o mais alto nível. Um título giltedged tem aceitação geral e, portanto, grande li-quidez. Os títulos emitidos pelas corporaçõesdos Estados Unidos e classificados como AAAtambém são considerados gilt edged. Veja tam-bém AAA; Default; First-Class Paper.

GILT EDGED MARKET. Expressão em inglêsque designa o mercado onde são negociados osgilt edged securities, isto é, títulos do governo in-glês.

GILT EDGED SECURITIES. Denominação dostítulos de longo prazo (30 anos e mais) emitidospelo governo inglês com taxas de juros fixas epagas no vencimento. São títulos muito seguros,isto é, quase sem risco algum de default, como

GEWINN UND VERLUST RECHNUNG 264

Page 265: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

acontece com aqueles emitidos pelo Tesouronorte-americano. Veja também Gilt Edged.

GINI, Corrado (1884-1965). Nasceu na Itália eformou-se na Universidade de Bolonha em ciên-cia social e estatística. Lecionou economia, esta-tística, sociologia e demografia nas universida-des de Cagliari, Pádua e Roma. É mais conhe-cido dos economistas pelo coeficiente de con-centração da renda que leva seu nome, o Coefi-ciente de Gini. Suas contribuições, no entanto, fo-ram além da elaboração desse índice. Apresen-tou uma teoria dinâmica da sociedade na qualos fatores demográficos, como taxas distintas denatalidade entre as classes e a mobilidade social,têm um papel determinante. Realizou estudosque contribuíram para a formulação de Wiener(cibernética) e as teorias do desequilíbrio eco-nômico de Von Bertalanffy. Pesquisou tambémas causas e conseqüências das migrações inter-nacionais, e apresentou novos enfoques para aanálise das migrações internas. Foi fundador eprimeiro presidente (1926-1932) do InstitutoCentrale di Statistica (Instituto Central de Esta-tística). Veja também Coeficiente de Gini.

GINZA. Denominação do maior distrito comer-cial do Japão, situado no centro de Tóquio. Gin-za significa “cunhagem da prata” de gin (prata)e za (cunhagem).

GIRO. Veja Giro, Capital de; Giro System.

GIRO, Capital de. Veja Capital de Giro.

GIRO SYSTEM. Expressão originada na práticado sistema bancário alemão e utilizada tambémpor outros países europeus, e que consiste namanutenção de contas (giro) para facilitar atransferência de fundos da conta de devedorespara a de credores, apenas mediante ordens di-retas dos devedores para o banco. Dessa forma,o pagamento em dinheiro ou em cheque emitidopelo devedor para o credor é eliminado, sim-plificando as operações. Na época do Reichs-bank, não apenas os bancos, mas também o pú-blico em geral mantinham tais contas naquelainstituição, e o Reichsbank possuía cerca de qui-nhentas filiais em todo o país, além de manterum sistema de compensação com o sistema Girodo Reichspost, correspondente ao serviço de cor-reio. No moderno sistema bancário alemão, estaprática encontra-se generalizada e centralizadapor intermédio do Bundesbank.

GL. Forma abreviada de Graus de Liberdade.Em inglês, DF (degrees of freedom). Veja tambémGraus de Liberdade.

GLASNOST. Palavra russa que significa “trans-parência”. Foi usada para designar o conjuntode medidas político-culturais empreendidas a

partir da ascensão de Mikhail Gorbatchev à Se-cretaria Geral do Partido Comunista Soviético.Consistia basicamente na concessão de maior li-berdade de expressão e de manifestação a am-plos setores da população em relação aos pro-blemas de ordem cultural, econômica ou polí-tica. O significado de glasnost está intimamenteligado à perestroika (reestruturação econômica),no sentido de que aquela visava a fornecer oesteio político para o desenvolvimento desta.Assim, a abertura democrática trazida pela glas-nost procurava responder às contradições inter-nas da burocracia soviética para a viabilizaçãoda reforma econômica. Veja também Perestroika.

GLASS-STEAGALL ACT. Veja Ato Bancáriode 1933.

GLEITZEIT. Termo em alemão que significa jor-nada flexível de trabalho.

GLOBAL SOURCING. Veja Globalização.

GLOBALIZAÇÃO. Termo que designa o fimdas economias nacionais e a integração cada vezmaior dos mercados, dos meios de comunicaçãoe dos transportes. Um dos exemplos mais inte-ressantes do processo de globalização é o globalsourcing, isto é, o abastecimento de uma empresapor meio de fornecedores que se encontram emvárias partes do mundo, cada um produzindoe oferecendo as melhores condições de preço equalidade naqueles produtos que têm maioresvantagens comparativas. Veja também Vanta-gens Comparativas.

GLUT THE MARKET. Expressão em inglês quesignifica o ato de abarrotar ou saturar o mercadocom determinada mercadoria ou conjunto demercadorias.

GNOMOS DE ZURIQUE. Denominação dadapelo ministro do Trabalho inglês, durante a criseda libra esterlina em 1964, aos especuladores domercado financeiro de Zurique. Também cha-mados de “anões de Zurique”.

GODWIN, William (1756-1836). Pensador in-glês, de linha anarquista idealista. Pastor pro-testante, aderiu ao ateísmo por influência dosenciclopedistas franceses e desenvolveu uma fi-losofia social inspirada em Rousseau. Tornou-seconhecido com a obra Enquiry Concerning thePrinciples of Political Justice (Investigação Sobreos Princípios de Justiça Política), 1793, na qualataca firmemente o governo (atribui-se a ele afrase “Todo governo, mesmo o melhor, é ummal”), a família (sua mulher, Mary Wollstone-craft, foi a primeira teórica do feminismo) e apropriedade privada. Para Godwin, a única pro-priedade legítima é a que resulta de uma dis-tribuição das coisas segundo as necessidades de

265 GODWIN, William

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cada um. Apontava os governos como os prin-cipais responsáveis pela manutenção do estatutoda propriedade privada, do direito de herançae de todas as conseqüentes desigualdades so-ciais. Não defendeu a derrubada violenta dosgovernos, acreditando que eles pudessem sernaturalmente dissolvidos pelo desenvolvimentodos homens e da sociedade. Considerava que ohomem é produto do meio e poderia atingir aperfeição por intermédio da razão e da com-preensão mútua. A crítica desse otimismo deGodwin foi um dos pontos de partida para ateoria econômica de Malthus.

GOING CONCERN VALUE. Expressão em in-glês que significa a diferença de valor entre umaempresa já em funcionamento, ou uma proprie-dade onde já se desenvolve uma atividade co-mercial, e uma empresa ou uma propriedadepronta e completa para ser operada, mas aindanão em funcionamento. O termo é utilizado nomercado imobiliário para diferenciar o valor deuma propriedade imobiliária, sobre a qual já sedesenvolve uma atividade comercial, de outroque tem apenas o potencial para que tal acon-teça. Veja também Highest and Best Use; Ope-rações Interligadas; Plottage.

GOLDANHEILE. Termo em alemão que signi-fica empréstimo em ouro ou bônus de emprés-timo em ouro, e que foram emitidos durante oprocesso hiperinflacionário alemão do início dosanos 20 e antes da aparição dos Rentenmarks(marcos-papel). Constitui mais uma tentativa deproporcionar à população uma moeda de valorestável. Foram emitidos 500 milhões de marcos-ouro em Goldanheile, que serviriam como meiode troca. O valor dessas emissões era mantidoestável em termos de dólares, embora o governonão dispusesse de cobertura (reservas em ouroou moedas fortes) para sustentá-las. Os Golda-nheile, embora não tivessem um lastro efetivo,serviram por sua vez para lastrear as emissõesdos Rentenmarks, na medida em que estes po-deriam ser trocados ou equivaliam a uma somafixa de Goldanheiles (marcos-ouro).

GOLD AUCTIONS. Veja GA.

GOLD BASIS. Expressão em inglês que desig-na a situação na qual a moeda de um país écomposta de uma certa quantidade (peso) deouro e a mesma é o padrão monetário, e suaunidade, padrão de valor.

GOLD BLOC. Expressão que significa literal-mente “bloco de ouro”, utilizada para designaros países europeus que durante a onda de sus-pensão do padrão-ouro, entre 1931 e 1932, semantiveram dentro daquele sistema. Faziamparte deste bloco a França (assumindo a lide-rança), a Suíça, a Holanda, a Bélgica, o Luxem-

burgo, a Polônia e a Itália. Durante a ConferênciaEconômica Mundial de Londres, em julho de1933, estes países lutaram para que os 35 paísesque haviam abandonado o sistema, depois dacrise econômica de 1929, se comprometessem avoltar ao sistema como um pré-requisito à eli-minação de barreiras ao comércio exterior. Coma desvalorização do dólar, em janeiro de 1934,estes países ficaram isolados na manutenção dasantigas paridades de suas moedas e sofreramuma pesada fuga de ouro para os Estados Uni-dos. Esta evasão só cessou e teve o seu sinaltrocado durante a Segunda Guerra Mundial,como resultado do lend-lease e outros gastos mi-litares feitos pelos americanos na Europa.

GOLD BOND (GB). Denominação dos títulosque são resgatáveis na forma de moedas deouro. Veja também Currency Bonds.

GOLD BRICK. Expressão em inglês que signi-fica literalmente “tijolo de ouro”, mas, utilizadano mercado financeiro de títulos ou empreen-dimentos financeiros, tem um sentido pejorati-vo, denotando título sem valor, empreendimen-to falido ou mesmo fraudulento, que possui, po-rém, a aparência de algo sólido e atrativo.

GOLD BULLION STANDARD. Sistema mo-netário adotado em 1925 pela Inglaterra, queconsistia num padrão-ouro no qual não se co-locavam em circulação moedas de ouro, e ascédulas eram conversíveis em barras ou lingotesde ouro. Era, na realidade, uma variante do pa-drão-ouro na qual não há a conversibilidade dopapel-moeda em moedas de ouro. A vantagemdeste sistema é a existência de uma economiade ouro, por este não circular como dinheirointernamente, embora conservando a sua con-versibilidade ou movimento no âmbito interna-cional. Os Estados Unidos, entre 1934 e 1971,mantiveram um gold bullion standard restrito, istoé, o dólar era conversível em âmbito internacio-nal, mas não internamente, embora cotizado emouro para efeitos contábeis até o fechamento dagold window, em agosto de 1971 (quando o dólarfoi desvalorizado e deixou de ser conversívelem âmbito internacional numa taxa fixa). Vejatambém Padrão Câmbio-ouro; Padrão-ouro.

GOLD FIXING. Processo de fixação diária dascotações do ouro no mercado internacional, oque se faz simultaneamente em Londres, Parise Zurique, às 10:30 da manhã e às 3:30 da tarde,por especialistas dos bancos oficiais do mercadode ouro.

GOLDEN AGE GROWTH. Expressão em in-glês que significa literalmente “época douradade crescimento”. Cunhada por Joan Robinson(1903-1983), significa uma situação de cresci-mento equilibrado na qual a taxa de crescimento

GOING CONCERN VALUE 266

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garantido (warranted) é igual à taxa natural decrescimento no pleno emprego. O termo foi uti-lizado por Joan Robinson para enfatizar a baixapossibilidade de uma situação dessas acontecernuma economia capitalista sem a intervençãogovernamental.

GOLDEN SHARE. Expressão em inglês quesignifica a parte do capital acionário de uma em-presa que está sendo vendida (ou privatizada)por parte de seu(s) proprietário(s), para vendafutura quando o conjunto das ações for valori-zado pelo fato de a empresa ter sido vendidaou privatizada.

GOLD-POINTS. Limites superior e inferior nastaxas de câmbio entre dois países que partici-pavam de um sistema de padrão-ouro. Quandoesses limites ou pontos eram atingidos, torna-va-se mais rentável transferir o ouro do quecomprar divisas estrangeiras. A operação dessemecanismo consistia no seguinte: no sistema dopadrão-ouro (1870-1914), havia uma grande es-tabilidade nas taxas de câmbio, e tal estabilidadedevia-se, pelo menos em parte, a um mecanismode compensação denominado gold-points. Se, porexemplo, a taxa de câmbio ou a paridade entreduas moedas fortes atreladas ao padrão-ouro,como a libra esterlina e o dólar dos Estados Uni-dos, fosse 1 L = 4 US$, e, por alguma razão demercado, a demanda pela moeda inglesa nomercado norte-americano aumentasse de inten-sidade, o preço da libra esterlina ultrapassariaa paridade fixada de 1 para 4. Nesse caso, paraaqueles que necessitassem adquirir libras ester-linas, seria mais interessante liquidar suas o-brigações no exterior, não na moeda inglesa, massim em ouro monetário (ou amoedado). A re-messa de ouro monetário, no entanto, deman-daria um certo custo em frete, seguro etc. Se,por exemplo, este custo fosse equivalente a 10centavos de dólar, a cotação da libra esterlinanos Estados Unidos jamais poderia ultrapassar4,10 dólares, pois se isto ocorresse, seria maisvantajoso enviar o ouro monetário para saldarcompromissos externos, pois, mesmo com o acrés-cimo dos custos de envio, ainda seria um preçopor libra inferior ao praticado no mercado entreas duas moedas. Esse valor era denominadogold-point de saída, pois, acima dele, o ouro sairiados Estados Unidos. Ao contrário, se a cotaçãoda libra esterlina caísse no mercado norte-ame-ricano, isso não poderia dar-se abaixo dos 3,90dólares, pois, para qualquer valor inferior, seriavantajoso para aqueles que dispusessem de li-bras na Inglaterra — como os bancos norte-ame-ricanos, por exemplo — convertê-las em ouro eenviar o ouro para os Estados Unidos. Esse pon-to era denominado, por essa razão, gold-point deentrada, pois, abaixo dele, o ouro, em vez desair, fluiria para o mercado interno dos Estados

Unidos. Por esta razão, as flutuações cambiaiseram muito pequenas e demarcadas pelos custosde transferência de ouro monetário de um paíspara outro. O gráfico abaixo mostra estes limitesde flutuação:

GOLD-POINT DE ENTRADA. Veja Gold-points.

GOLD-POINT DE SAÍDA. Veja Gold-points.

GOLD STANDARD. Veja Padrão-ouro.

GOLD TRANCHE. Os primeiros 25% da con-tribuição de um país-membro ao Fundo Mone-tário Internacional, normalmente em lingotes deouro.

GOLDEN RULE. Literalmente, a expressão sig-nifica “regra dourada” e se refere à forma oti-mizada de crescimento que proporciona o má-ximo de consumo sustentado às pessoas numaeconomia. O termo foi criado por E.S. Phelps,que o usou em seu artigo “Fable for Growth-men” (“Fábula para os Homens do Crescimen-to”), publicado na American Economic Review, em1961, no qual eram apresentados os problemaseconômicos de um imaginário Reino da Solóvia,como uma paródia a Robert Solow, um dos prin-cipais representantes da teoria neoclássica dodesenvolvimento econômico.

GOOD DELIVERY. Condição que os títulos de-positados como garantia colateral, junto a umbanco ou um corretor, devem possuir. A con-dição de good delivery dos títulos significa queeles devem ser genuínos, reconhecidos por seuproprietário, isto é, não ter sua propriedade con-testada, de tal maneira que possam ser vendidosa qualquer momento, se for necessário.

GOOD WILL. Expressão em inglês que signi-fica literalmente “boa vontade”, mas que, apli-cada à atividade das empresas, denota a repu-tação que estas e/ou seus produtos gozam juntoaos consumidores. Uma empresa obtém essacondição por intermédio da qualidade de seusprodutos, de propaganda e publicidade dosmesmos, mas também mediante atitudes e pro-cedimentos como o financiamento de campa-nhas humanitárias, a defesa do meio ambiente,o apoio a esportistas e artistas etc., que de uma

4,00

4,10

3,90

Paridade metálica

Gold-point de saída

Gold-point de entrada

267 GOOD WILL

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forma direta ou indireta ajudam a criar uma ima-gem positiva junto aos consumidores (efetivosou potenciais) de seus produtos. O good will con-siste num ativo da empresa e, no caso de vendadesta, ele é avaliado e entra como parte do valor,na categoria de bens intangíveis. Veja tambémIntangíveis.

GORZ, André (1924- ). Nasceu em Viena e ra-dicou-se na França após a Segunda Guerra Mun-dial. Seus escritos estão concentrados na análisedas contradições da sociedade capitalista e datransição para o socialismo. Uma das premissasprincipais de Gorz é a de que o desenvolvimentodas forças produtivas do capitalismo se deu demodo a impedir uma apropriação coletiva porparte do proletariado. A superação do capita-lismo, sua negação em nome de uma racionali-dade diferente, só poderia resultar da ação decamadas que representam ou prefiguram a dis-solução de todas as classes, inclusive da classeoperária. Chega-se, por esse caminho, ao temacentral de Adeus ao Proletariado (1980): a aboliçãodo trabalho. Para Gorz, esse termo sintetizariaum processo em curso, e em rápida aceleração,nos países mais industrializados da Europa Oci-dental. Neles, ocorreria a ampliação do espaçoda liberdade, do tempo livre, destinado a ativi-dades autônomas, a partir da redução progres-siva da necessidade de trabalhar para compraro direito à vida. Outras obras: La Morale de l’His-toire (A Moral da História), 1960; Stratégie Ou-vière et Néo-capitalisme (Estratégia Operária eNeocapitalismo), 1966; The Socialisme Difficile (OSocialismo Difícil), 1967; Fondements pour uneMorale (Fundamentos para uma Moral), 1977.

GOSPLAN — Comissão Estatal de Planeja-mento. Órgão central de planificação econômicada ex-União Soviética. Foi criado em 1921, paragarantir a execução do plano de eletrificaçãoapresentado por Lênin no ano anterior. Com aelaboração do I Plano Qüinqüenal, em 1928, aGosplan tornou-se o mais importante órgão dapolítica econômica daquele país. O modelo deplanejamento que desenvolveu se tornou o pa-drão da organização econômica socialista, sendoseguido por todos os países do Leste europeu,exceto a Iugoslávia, que adotou um planejamen-to descentralizado.Veja também Planificação;Planos Qüinqüenais.

GOSSEN, Herman Heinrich (1810-1858). Eco-nomista alemão que, apesar de não ter exercidonenhuma influência durante sua vida, antece-deu com seus teoremas a teoria da utilidademarginal. Sua principal obra é Entwicklung derGesetze des menschlichen Verkehrs und der darausFliessenden regeln für menschliches handeln (Desen-volvimento das Leis do Intercâmbio Humano eRegras Decorrentes para a Atuação do Homem),1854. Nela, procura analisar as leis da conduta

humana por meio do utilitarismo e do uso dométodo matemático. Ignorada durante muitosanos, a obra foi redescoberta e citada em 1871por Willian Jevons, um dos teóricos da utilidademarginal, na introdução de Theory of PoliticalEconomy (Teoria da Economia Política). A partirdo pressuposto de que toda conduta humanatem por objetivo um máximo de satisfação, Gos-sen desenvolve algumas leis, das quais duas sãoconhecidas como Leis de Gossen. A primeiraapresenta o princípio da utilidade decrescente:“A quantidade de uma mesma satisfação dimi-nui constantemente à medida que a realizamossem interrupção, até obter a saciedade”. A se-gunda lei, decorrente da primeira e do postuladode que é impossível obter satisfação completade todas as necessidades, expõe o princípio deque se pode obter o máximo de prazer com umnível uniforme de satisfação de cada necessida-de. O restante da obra de Gossen é dedicado àelaboração e às conseqüências econômicas des-sas leis, como: “As unidades isoladas de ummesmo bem terão diferentes valores segundo aquantidade que dele se possua”; ou “Além deuma certa quantidade, uma unidade desse bemperderá inteiramente seu valor”. O autor tam-bém classifica os objetos que podem ter valor(que, para ele, é sempre relativo) em: bens deconsumo (os que são capazes de proporcionarimediatamente uma satisfação), bens de segundaclasse (de que se necessita conjuntamente paraobter a satisfação) e bens de terceira classe (os bensempregados na produção de outros bens). Vejatambém Utilidade Marginal.

GOURDE. Unidade monetária do Haiti. Sub-múltiplo: centime.

GOURNAY, Vincent de (1712-1759). Negocian-te francês ligado aos fisiocratas. É atribuída aele a autoria da máxima “laissez-faire, laissez-pas-ser” (“deixar fazer, deixar passar”), no sentidode não se restringir o livre-comércio, e que pas-sou a sintetizar o liberalismo econômico. Gour-nay exerceu uma influência direta sobre Ques-nay e Turgot com seu proselitismo liberal. E, aocontrário de Quesnay, que dava primazia à agri-cultura, destacou a importância básica da indús-tria.

GOUVEIA, Delmiro Augusto da Cruz (1863-1917). Empresário brasileiro, pioneiro da indus-trialização. Depois de fazer fortuna com o co-mércio de couro, dedicou-se à atividade açuca-reira, com a Usina Beltrão, em Pernambuco.Construiu em Recife o Mercado Modelo Derby(1899) — que contava com hotel, teatro e parquede diversões —, onde o preço das mercadoriasestava abaixo da concorrência. Em conseqüênciade rixas com outros coronéis que dominavama política em Pernambuco, o mercado foi incen-diado pela polícia em 1900. Transferindo-se en-

GORZ, André 268

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tão para Pedra, lugarejo perdido no sertão ala-goano, às margens do São Francisco, DelmiroGouveia voltou ao comércio de couro e à agro-pecuária, divulgando na região o uso da palmacomo forragem para o gado. Ao mesmo tempo,tentou inutilmente influenciar o governo do Es-tado de Alagoas para o aproveitamento hidre-létrico do São Francisco. Decidiu levar adianteo empreendimento por conta própria: importoutécnicos e equipamentos da Europa e inaugurou,em 1913, a primeira usina hidrelétrica de PauloAfonso. Em Pedra, Gouveia tornou-se um pio-neiro da industrialização do Nordeste com a ins-talação da fábrica de fios e linhas Estrela (pri-meira, no gênero, da América Latina). Além deabastecer o mercado regional, a empresa expor-tava para o Chile e o Peru. Ao lado da fábrica,o industrial construiu centenas de casas para osoperários, escolas e chafarizes, e instalou luz elé-trica. Desenvolveu um plano de previdência so-cial implantando serviço médico, caixa de pre-vidência, descanso dominical e uma jornada diá-ria de apenas oito horas. O sucesso da empresachamou a atenção da firma inglesa Machine Cot-ton, que tentou por todos os meios comprar afábrica. Por motivos políticos e questões de ter-ras, Delmiro Gouveia entrou em conflito comvários coronéis da região, o que ocasionou seumisterioso assassinato a bala. Seus herdeiros,não podendo resistir às pressões da MachineCotton, venderam a fábrica à empresa estran-geira (produtora das linhas Corrente), que amandou demolir e lançar os escombros no rioSão Francisco.

GRADIENTE DE FERTILIDADE. No caso daexperimentação agrícola, é a linha que repre-senta essa fertilidade como função das sucessi-vas áreas onde tais experimentos se desenvolvem.

GRÁFICO CUMULATIVO. Todo gráfico que,para o valor xj da variável, registra o correspon-dente valor Ef(xi) da soma dos valores da funçãof(xi), menores ou que precedem xj, inclusive o deste.

GRÁFICO DE ÁREAS. Construção de figuras,geralmente em círculo, divididas em áreas pro-porcionais às magnitudes a serem representadas.

GRÁFICO DE BARRAS. É a representação grá-fica que consiste em construir retângulos, cha-mados barras, em que uma das dimensões é pro-porcional à magnitude a ser representada, sendoa outra arbitrária, porém igual para todas as bar-ras que são colocadas paralelamente umas àsoutras, horizontal ou verticalmente. No âmbitodo mercado financeiro, o gráfico de barras é en-tendido como aquele que registra, por meio deuma barra, as cotações máxima e mínima queum determinado título alcançou (ou o mercadocomo um todo) em cada pregão. No mercado detítulos e ações, as projeções baseadas num gráficode barras levam em conta não apenas os preços,mas também as quantidades negociadas.

Veja também Gráfico Ponto-figura.

GRÁFICO DE CURVAS DE NÍVEL. Veja Cur-va de Nível.

GRÁFICO DE FREQÜÊNCIA ACUMULADA.Veja Ogiva.

GRÁFICO DE VOLUMES. Representação grá-fica que consiste em constituir figuras planasque são a perspectiva de sólidos cujos volumessão proporcionais às magnitudes a serem re-presentadas.

GRÁFICO MÁXIMO E MÍNIMO. Em cadaponto xi da abcissa, marcam-se duas ordenadasfM(xi-1) e fm(xi-1), valores no ponto anterior deuma função f(x) do tempo, tais como preços,quantidades etc. Traça-se uma poligonal dosmáximos e outra dos mínimos, ou reúnem-seaqueles dois pontos da ordenada por um bas-tonete.

GRÁFICO PONTO-FIGURA. Gráfico utilizadopara projeções no mercado de títulos e ações eque leva em consideração apenas os preços des-ses papéis como variável relevante. Veja tam-bém Gráfico de Barras; Grafismo.

Cotação

18.000

17.40017.500

16.60017.000

16.350

15.000

16.000

fechamento

Aberturamáxima

mínima

Por exemplo, no 1º dia de pregão, o índice da Bolsa deValores abriu em 17.400, teve uma máxima em 17.500pontos, uma mínima em 16.350 e fechou em 16.600 pontos.

DIAS DE PREGÃO

25%

28%

9%

3%

35%

269 GRÁFICO PONTO-FIGURA

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GRAFISMO. Análise e projeção das cotaçõesdas ações e títulos do mercado financeiro, emgeral a partir da elaboração de gráficos de pre-gões anteriores. Veja também Dow Theory;Gap; Gráfico de Barras; Gráfico Ponto-figura;Teoria das Vagas.

GRAFISTA. Operador ou analista do mercadoacionário que baseia suas aplicações nas infor-mações e projeções proporcionadas pelos gráfi-cos elaborados a partir do que ocorreu no pas-sado. Veja também Dow Theory; Grafismo;Teoria das Vagas.

GRAFO. Conjunto de elementos unidos por fle-chas representando relações entre elementos deuma atividade. Em todos os grafos existem arcosou flechas e vértices. A teoria dos grafos é umaderivação da teoria dos conjuntos e faz partedo que vem sendo denominado matemática mo-derna. Existem muitos tipos ou famílias de gra-fos. Um organograma, por exemplo, onde se es-tabeleçam relações de autoridade e responsabi-lidade entre os distintos setores de uma empre-sa, é um grafo. No entanto, o tamanho de umarco ou flecha de um grafo não é proporcionalà dimensão real do fenômeno que representam.

GRAFO-PERT. Tipo de grafo que mostra a in-terdependência ou ordem temporal que existeentre as distintas atividades ou tarefas elemen-tares que integram um projeto complexo. Os ar-cos ou flechas representam as distintas tarefasou atividades elementares, enquanto os vérticesou nós, também chamados sucessos, aconteci-mentos ou eventos, representam a terminaçãode metas parciais do projeto. Em todo Grafo-pertexiste um vértice (nó) do qual partem atividades,mas que nenhuma nele termina; este vértice re-presenta o início do projeto. Assim como existeum vértice no qual as atividades terminam, massem nenhuma ter início nele, este vértice repre-senta o término de um projeto. A construção doGrafo-pert constitui a primeira fase de uma aná-lise Pert (caminho crítico). Se, por exemplo, umprojeto está constituído das atividades W, V, X,Y, Z, K, a inter-relação ou ordem temporal entreestas atividades é a seguinte: a atividade W pre-cede a atividade X; as atividades W e V prece-dem a atividade Y; a atividade X precede a ati-vidade Z e a atividade Y precede as atividadesZ e K.

GRAMEEN BANK. Banco fundado em Bangla-desh, em 1983, pelo economista Muhammad Yu-nus, destinado a emprestar recursos para pes-soas de baixa renda. Depois de quinze anos defuncionamento, o Grameen Bank conta commais de 2 milhões de clientes (mais de 90% mu-lheres). Os empréstimos são feitos em pequenaescala — de 20 a 30 dólares em média — e con-

dicionados a que as famílias mantenham seusfilhos na escola. Geralmente, esses recursos sãoutilizados para a compra de ferramentas ou ani-mais para o auxílio da produção doméstica. Oíndice de inadimplência é muito baixo em com-paração com bancos que operam em maior es-cala de valores, oscilando entre 2,0 e 2,5%. Jáexistem bancos deste tipo (Bancos do Povo) naBolívia, Peru, Equador, Costa do Marfim, Hon-duras e Guatemala. No Brasil, Porto Alegre criouum Banco do Povo em 1995, que concede pe-quenos empréstimos para micro e pequenos em-presários. No final de 1996, o BNDES criou umalinha de crédito para que Estados e municípiosestabeleçam organizações que emprestem paracapital de giro, criador de renda.

GRANDE DEPRESSÃO. Período da maior cri-se econômica mundial, entre os anos de 1929 e1933. Atingiu, em primeiro lugar e mais pro-fundamente, a economia norte-americana, espa-lhando-se em seguida para a Europa e os paísesda África, Ásia e América Latina. A crise ini-ciou-se no âmbito do sistema financeiro na cha-mada Quinta-Feira Negra (24/10/1929), que ahistória registra como sendo o primeiro dia depânico na Bolsa de Nova York. Era um momentode intensa especulação na Bolsa, e a economianorte-americana estava em plena prosperidade.De repente, 70 milhões de títulos foram jogadosno mercado sem encontrar uma contrapartidada demanda. A desconfiança com os aconteci-mentos da Bolsa espalhou-se para outros ramosda atividade econômica, atingindo a produção.A queda da renda nacional levou a uma retraçãona demanda, ao aumento dos estoques e à ver-tiginosa queda dos preços. Muitas atividadeseconômicas foram se paralisando, e, como umabola de neve, sucederam-se as falências e mi-lhões de trabalhadores ficaram desempregados.Nos Estados Unidos, entre 1929 e 1933, haviacerca de 15 milhões de desempregados, 5 milbancos paralisaram suas atividades, 85 mil em-presas faliram, as produções industrial e agrí-cola reduziram-se à metade. Quando a crise atin-giu proporções internacionais, o comércio mun-dial ficou reduzido a um terço, e o número dedesempregados chegou a cerca de 30 milhões.Na Europa, os primeiros países atingidos forama Inglaterra, a Alemanha e a Áustria. Na França,faliram a Citroën, o Banco Nacional do Comércioe a Companhia Geral de Transportes. No Brasil,o principal efeito da crise manifestou-se na que-da vertical dos preços do café, levando o gover-no federal a comprar grande parte das safras ea destruir 80 milhões de sacas do produto, paradiminuir os estoques e sustentar o preço. Essadestruição de bens — algodão nos Estados Uni-dos, trigo no Canadá — ocorreu em outras eco-nomias capitalistas. A elevação das tarifas al-

GRAFISMO 270

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fandegárias por muitos países reduziu o níveldo comércio internacional, agravando a crise. Opadrão-ouro foi sendo abandonado: em 1935,apenas Bélgica, França, Holanda, Polônia e Suíçao mantinham. A depressão trouxe também con-seqüências na estrutura da sociedade, particu-larmente nas relações do Estado com o processoprodutivo. Em todas as grandes economias ca-pitalistas, coube ao Estado instituir mecanismospara controlar a crise e reativar a produção.Ocorria assim o abandono dos princípios do li-beralismo econômico, que entregava aos pró-prios mecanismos de mercado a função de sa-neamento dos desequilíbrios que porventurasurgissem nas atividades econômicas. Esse tipode procedimento esteve presente por muito tem-po na administração do presidente norte-ame-ricano Hoover, na época à frente do governodos Estados Unidos. Somente em 1933, quandoo democrata Franklin Delano Roosevelt assumiuo governo, é que se aplicou de forma contun-dente a intervenção do Estado na economia, paraa superação da crise, por meio da aplicação doNew Deal. A crise não chegou a afetar a UniãoSoviética, que pouco antes acabara de entrar nafase da planificação econômica centralizada,pois ela se encontrava relativamente isolada doresto do mundo, no campo econômico. A falên-cia da política econômica liberal aplicada até en-tão fortaleceu as concepções estatizantes e in-tervencionistas na economia. Veja também CicloEconômico; Crise Econômica; New Deal; Re-cessão; Sexta-feira Negra.

GRANDE GROSA. Veja Dúzia.

GRANEL. Forma em que são vendidas ou trans-portadas determinadas mercadorias, isto é, semuma embalagem acondicionando-as em reci-pientes (sacos, barris, caixas etc.). É muito co-mum entre os grãos (milho, soja, arroz) ou al-guns líquidos, como os derivados do petróleo.

GRANTOR. Veja Trust.

GRÃO. Denominação da menor unidade dossistemas avoirdupois e troy e forma básica de to-das as pesagens. Foi provavelmente o primeirode todos os padrões e deve ter sido criado apartir do comércio do trigo, pois se constituía,desde o início, de um grão tirado do meio deuma espiga de trigo. Cada grão corresponde a64,798 mg, sendo necessários, portanto, 7 milgrãos para compor uma libra de 453 g. No fa-moso livro de Malba Tahan, é reproduzida alenda do homem que inventou o jogo de xadreze, como recompensa, solicita ao rei o pagamentoem grãos de trigo na proporção de 2 elevado a64; o resultado final equivale a mais de 110 tri-lhões de toneladas de trigo, produção inalcan-çável quando se considera que a produção mun-

dial média anual, durante a década de 90, destecereal situa-se em torno de 600 milhões de to-neladas. Em qualquer sistema, o peso do grãoé o mesmo, variando apenas a quantidade degrãos necessária para compor cada medida. É amenor unidade de peso do Sistema Imperial In-glês e do Sistema Consuetudinário Americano.No Brasil, antes da adoção do Sistema MétricoDecimal, era utilizado pela Casa da Moeda doBrasil e equivalia a 49,6 mg. Veja também Libra;Onça; Pennyweight; Unidades de Pesos e Me-didas; Sistemas de Pesos e Medidas.

GRÃO DE QUILATE. Veja Quilate.

GRAU DE ASSIMETRIA. É a intensidade re-lativa com que uma curva de freqüência se afastado tipo simétrico, expressa por uma fórmula queo representa em grandeza e sinal.

GRAU DE SOLVÊNCIA. Veja Solvência.

GRAUS DE LIBERDADE. O número de dadosque podem variar independentemente entre si.Uma amostra de n observações terá n graus deliberdade. Mas o cálculo da média da amostrasignificaria a perda de um grau de liberdade,pois mudanças independentes nas n-1 observa-ções da amostra implicariam necessariamenteuma mudança compensadora na enésima obser-vação, para manter inalterado o valor da médiada amostra. Da mesma forma o cálculo de Kestimativas paramétricas, num problema econo-métrico, significa a perda de K graus de liber-dade, ou gl = n-k. Geralmente, os graus de li-berdade entram como parâmetros de distribui-ção de probabilidade, como nos casos das dis-tribuições de Student(t) e de Chi-Quadrado(X2),e podem afetar fundamentalmente sua forma.

GREENBACKS. Durante a Guerra Civil nos Es-tados Unidos (1861-1865), o crédito do governofederal estava tão baixo que os bancos eram re-lutantes em emprestar dinheiro para que aquelefinanciasse suas atividades bélicas. O Congressovotou então uma lei permitindo a emissão demoeda fiduciária para financiar a guerra, e oTesouro emitiu cerca de 450 milhões de dólaresnão lastreados em ouro. Essas emissões tinhamcurso forçado, com exceção do pagamento dosjuros da dívida interna pública e das taxas deimportação. As notas dessa emissão receberamo nome de greenbacks porque foram impressasnum papel de cor verde. Em pouco tempo essasnotas perderam parte de seu valor (ainda du-rante a guerra). Depois do término da guerra,os banqueiros e os empresários forçaram (e ti-veram êxito) o governo a trocá-las pelo seu valororiginal em ouro. Veja também Conversibilida-de; Curso Forçado; Lastro; Moeda Fiduciária.

271 GREENBACKS

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GREEN CARD. Documento que torna legal otrabalho de imigrantes nos Estados Unidos. Émuito cobiçado, uma vez que permite a perma-nência em território norte-americano de imi-grantes com mão-de-obra sem qualificação. Emgeral, o trabalhador nessas atividades (relacio-nadas com a faxina e a cozinha) é denominadodishwasher (lavador de pratos) e pizzaman (faze-dor de pizzas).

GREENFIELDS. Designação das áreas de fron-teira econômica onde são instaladas plantas in-dustriais para gozar de vantagens de tipo eco-nômico (mercado de trabalho com força de tra-balho barata e abundante), ou políticas (sindi-catos de trabalhadores pouco atuantes), ou tri-butárias (isenção de impostos).

GREENWICH. Localidade próxima de Londresonde passa o primeiro meridiano (prime meri-dien) em relação ao qual se fixa o horário mun-dial. Esse primeiro meridiano tem o valor zero,e os demais 24 são fixados de quinze em quinzegraus (na linha do equador), doze positivos nosentido leste e doze negativos no sentido oeste,equivalendo cada quinze graus a um fuso ho-rário.Veja também Linha Horária Internacional.

GRESHAM, Lei de. Veja Lei de Gresham.

GRESHAM, Thomas (1519-1579). Financista in-glês. Como conselheiro da rainha Elizabeth I(1533-1603), promoveu a restauração do valorda libra, que tinha sido desvalorizada por Hen-rique VIII (1491-1547), e criou a Bolsa de Valoresde Londres. Atribui-se a ele a formulação daLei de Gresham. Veja também Lei de Gresham.

GREVE. Interrupção coletiva do trabalho paraatendimento de reivindicações. Geralmente, agreve é deflagrada por causa de problemas sa-lariais, para a obtenção de melhorias nas con-dições de trabalho ou para o reconhecimento daatividade sindical. Uma greve pode ser parcial(numa empresa ou em várias empresas de umsetor) ou geral (atingindo a maioria das ativida-des de uma região). Em geral, os trabalhadoresdeixam temporariamente de ir ao serviço e or-ganizam-se em piquetes, mas há greves em queeles permanecem no local de trabalho, como agreve tartaruga (que consiste na lentidão delibe-rada na execução das tarefas) e a greve de braçoscruzados (paralisação total no interior da empre-sa). A resolução das greves depende em grandeparte do grau de militância dos trabalhadores,das condições financeiras dos sindicatos e dacapacidade de negociação deles e dos empresá-rios, assim como dos instrumentos legais queregulem a questão. O direito de greve é asse-gurado nos países capitalistas mais avançadosdesde fins do século XIX (na Inglaterra, desde

1871). No Brasil, a greve tem sido proibida ereprimida por quase todos os governos republi-canos. Considerada recurso anti-social na Cons-tituição de 1937, foi reconhecida como direitodos trabalhadores na Carta de 1946, mas voltoua sofrer restrições em 1964 pela lei nº 4 330. Rea-gindo à sucessão de greves ocorridas no paísem 1978, o governo assinou o decreto-lei nº 1 632,tornando passível de enquadramento na Lei deSegurança Nacional os grevistas de vários seto-res básicos (água e esgotos, energia elétrica, pe-tróleo, gás, bancos, transportes, comunicações,carga e descarga, saúde) e de certos ramos daindústria. Para o sindicato promotor de uma gre-ve considerada ilegal, a lei permitia a cassaçãoda diretoria sindical e seu enquadramento emprocesso criminal. A Constituição de 1988 asse-gura o direito de greve, reconhecendo aos tra-balhadores a competência para decidir sobre aoportunidade de exercê-lo e os interesses quepor meio dele deverão ser definidos. A novaConstituição estabelece ainda que uma lei com-plementar definirá os serviços ou atividades es-senciais, dispondo sobre o atendimento das ne-cessidades inadiáveis da comunidade, e as penasàs quais estarão submetidos aqueles que come-tem abusos no exercício desse direito.

GRIDLOCK. Situação na qual, numa rede detransferência de valores via cabo, a incapacidadede um banco de saldar suas obrigações em re-lação a outros bancos pode causar situações se-melhantes nestes últimos, provocando um efeitodominó e causando sérios transtornos no mer-cado financeiro internacional. O risco de umasituação semelhante ocorrer denomina-se “riscosistêmico”. Veja também Risco Sistêmico.

GRILAGEM. Apropriação ilícita de terras, pormeio da expulsão de seus proprietários, possei-ros ou índios, e legalização do domínio median-te documentos falsos. O sujeito do ato de grila-gem é o grileiro. Veja também Posse.

GROS (Grossus). Moeda de prata emitida emVeneza a partir do final do século XII e queequivalia a 1 soldo carolíngio, mas convertidoem moeda real (unidade monetária) em vez deser apenas unidade de conta. Esta moeda foicunhada também na França, com o nome de grostournois ou gros de São Luís, e se converteu numamoeda internacional graças, em grande parte,ao auge e prosperidade das feiras da Champag-ne. Veja também Florim; Libra.

GROS TOURNOIS. Veja Gros.

GROSA. Veja Dúzia.

GROSCHEN. Veja Xelim.

GREEN CARD 272

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GROSSMANN, Henryk (1881-1950). Economis-ta austríaco de linha marxista que desenvolveuuma teoria do colapso do sistema capitalista apartir da escassez da mais-valia e da expansãodo capital, provocando controvérsias entre osteóricos marxistas na década de 30. Sua teoriaé elaborada no livro Das akkumulations und Zu-sammenbruchsgesetz des kapitalistischen System (ALei da Acumulação e do Colapso do SistemaCapitalista), 1929. Baseia-se num esquema abs-trato de reprodução desenvolvido por OttoBauer, em que a taxa de crescimento da forçade trabalho é estabelecida em 5%, a taxa de mais-valia em 100% e a do capital constante em 10%ao ano, duas vezes maior que a do capital va-riável. Grossmann extrapola esse esquema abs-trato para um período de 35 anos, no fim dosquais, segundo ele, haveria uma escassez demais-valia para a acumulação do capital, como conseqüente desmoronamento do sistema. Vá-rias críticas foram feitas à teoria do colapso deGrossmann. A principal delas é que seu esque-ma, aplicado mecanicamente, torna a taxa deacumulação de capital dependente da taxa docrescimento da população (que é estabelecidanuma cifra muito alta) e na suposta necessidadede que o capital constante aumente duas vezesmais que o capital variável. E que, além disso,a teoria ignora a relação entre a produção e oconsumo (o problema da realização) e o signi-ficado da taxa decrescente de lucro. Grossmannescreveu também sobre a teoria dos ciclos eco-nômicos e foi professor nas universidades deFrankfurt e Leipzig. Publicou ainda Simonde deSismondi et Ses Théories Économiques (Simonde deSismondi e Suas Teorias Econômicas), 1924, e oartigo “The Evolucionist Revolt against ClassicalEconomics” ("A Revolta Evolucionista contra aEconomia Clássica"), 1943.

GROSSOS. Moeda cunhada entre l450 e 1481 emPortugal, durante o reinado de D. Affonso V.

GROSZ. Veja Zloty.

GRUNDRISSE. Palavra alemã que significa“fundamento”. Utilizada para designar a obrade Marx Grundrisse der Kritik der politischen Öko-nomie (Fundamentos para a Crítica da EconomiaPolítica), escrita entre 1857 e 1858, editada peloInstituto Marx-Engels-Lênin de Moscou em1939-1941. Na realidade, os Grundrisse foram ela-borados, no dizer do próprio Marx, como “umconjunto de manuscritos redigidos com grandesintervalos, em diferentes períodos, para o escla-recimento de minhas próprias idéias e não parapublicação”.

GRUPO ANDINO. Organização econômica la-tino-americana criada em maio de 1969 com oobjetivo de melhorar a cooperação entre os paí-

ses da região andina. Os signatários do acordo,conhecido como Pacto Andino, foram Bolívia,Colômbia, Equador, Peru e Chile. Em 1973, aVenezuela associou-se ao grupo e, em 1977, oChile abandonou-o. Firmado em bases mais res-tritas e homogêneas que as da Alalc, à qual essespaíses já pertenciam, o Pacto Andino conseguiumultiplicar por dez o comércio entre os signa-tários de 1969 a 1979. Um dos itens mais conhe-cidos do acordo é a decisão nº 24, de 31/12/1970,a respeito do capital estrangeiro: os investidoresestrangeiros deveriam transferir 51% de suasações para os investidores locais; e as empresasnão poderiam remeter para o exterior mais doque 14% de seus lucros, exceto quando houvesseautorização do pacto. Em 1976, o Chile tentourevogar essa decisão e, não obtendo nenhum re-sultado positivo, retirou-se da organização emjaneiro de 1977. Em 1975, pelo Acordo de Car-tagena, os países do pacto criaram um plano dedesenvolvimento integrado da indústria petro-química. A sede do Pacto Andino funciona emLima, no Peru.

GRUPO DOS DEZ. Veja Clube de Paris.

GRUPO DOS SETE. Grupo internacional for-mado pelos dirigentes das sete mais importantespotências econômicas e que se reúnem anual-mente para coordenar a política econômica, mo-netária e financeira mundial. Também conheci-do como G-7, compreende a Alemanha, Japão,Itália, França, Grã-Bretanha, Canadá e EstadosUnidos. Devido à importância política e militarda Rússia, esta vem sendo convidada a partici-par das reuniões, dando lugar à denominaçãode G-7+1, que passou a denominar-se Grupodos Oito. Quando o Grupo dos Sete se reúnesem a presença da Itália e do Canadá, o grupopassa a denominar-se Grupo dos Cinco ou G-5.

GRUPO DOS OITO. Veja Grupo dos Sete.

GRUPO DOS 77. Grupo de países subdesen-volvidos da Ásia, África e América Latina, quese reuniram pela primeira vez na Conferênciada Unctad (Conferência das Nações Unidas parao Comércio e Desenvolvimento), realizada emGenebra em 1964. Atualmente, o grupo englobamais de cem nações do Terceiro Mundo, que sereúnem periodicamente para discutir os meca-nismos e as relações do comércio internacionale exigir dos países industrializados pagamentosmais justos para seus produtos. As posições as-sumidas por esses países são geralmente discu-tidas em conferências que antecedem as reu-niões da Unctad, no interior da qual formamum grupo de pressão. O Grupo dos 77 não temsecretariado, mas na 62ª Conferência realizadana Argentina, em abril de 1983, este país propôsque fosse criado um secretariado permanente e

273 GRUPO DOS 77

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que todas as medidas aprovadas em conjuntofossem adotadas, obrigatoriamente, por todos ospaíses participantes. A proposta foi rejeitada porvários países, inclusive o Brasil. Nessa reuniãoestiveram presentes delegados de 106 nações doTerceiro Mundo.

GRUPO MISTO DE ESTUDOS BNDE-CE-PAL. Criado em 1953 para estudar a aplicaçãoà economia brasileira dos métodos de planeja-mento e propostas elaboradas pela Cepal. For-mado por técnicos do BNDE e da Cepal, sob apresidência de Celso Furtado, o grupo realizouanálises da situação financeira, dos gargalos dodesenvolvimento, para direcionar os investi-mentos no sentido de superá-los. Os resultadosdesse relatório serviram de base para a elabo-ração do Plano de Metas de Juscelino Kubits-chek. As atividades desse organismo foram en-cerradas em 1957. Veja também BNDES; Cepal;Furtado, Celso; Plano de Metas.

GRUPO MITSUBISHI. Mitsubishi significa, emjaponês, três (mitsu) diamantes (bishi), que é ologotipo internacional do grupo. Ele consiste noKeiretsu mais coeso centrado num banco no Ja-pão com origens nos Zaibatsu de antes da Se-gunda Guerra Mundial. O grupo é compostode mais de 160 empresas em praticamente todosos setores da economia, empregando cerca de500 mil trabalhadores. As três mais importantesempresas do grupo são a Mitsubishi Corpora-tion, o Mitsubishi Bank e a Mitsubishi HeavyIndustries. A origem do Grupo Mitsubishi re-monta à época anterior à Segunda Guerra Mun-dial, no Ziabatsu Mitsubishi, um poderoso con-glomerado que iniciou sua trajetória entre 1870e 1880. Seu fundador chamava-se Y. Iwasaki,cuja família controlava a empresa (o grupo) porintermédio de uma holding. Inicialmente, o gru-po se concentrava nas atividades de transportemarítimo, financeira, cambial e de mineração.Mais tarde, passou à construção naval, montan-do estaleiros em Nagasaki, com subsídios go-vernamentais. Durante a Segunda Guerra Mun-dial, o grupo produziu equipamentos bélicos edeu sustentação aos dirigentes militares japone-ses. Depois da guerra, as forças de ocupaçãotornaram a holding fora de lei (Lei Antimono-pólio) e dissolveram os Zaibatsu, inclusive a Mit-subishi. Todas as empresas do grupo tornaram-se independentes do ponto de vista legal, masos vínculos pessoais entre seus dirigentes per-maneceram, o que constituiu a base para a res-tauração do grupo no pós-guerra. Os membrosdo grupo mantêm laços de diversos tipos. Porexemplo, o Clube de Sexta-Feira (Kinyokai) é omomento mensal de encontro — na segundasexta-feira de cada mês —, no qual os presiden-tes das trinta empresas mais importantes se en-contram para trocar impressões. Nessas ocasi-

ões, eles se programam para que nenhum delestome decisões que possam afetar as demais em-presas, além de manter posse cruzada de açõespara impedir as aquisições agressivas de algumaempresa do grupo por investidores de fora. OMitsubishi Bank atua como a principal entidadefinanceira das empresas do grupo, proporcio-nando-lhes a maior parte do financiamento ne-cessário. Veja também Keiretsu; Zaibatsu.

GTC. Iniciais da expressão em inglês good’tillcanceled, que significa uma ordem de um clientea um corretor, que deve permanecer válida atéser executada ou cancelada. Veja também GTM;GTW.

GTM. Iniciais da expressão em inglês good thismonth, que significa uma ordem dada por umcliente a um corretor, para comprar ou vendertítulos, que permanece válida durante o mês emque foi emitida. Findo esse prazo, se não tiversido executada, perde a validez, isto é, estaráautomaticamente cancelada. Veja também GTC;GTW.

GTW. Iniciais da expressão em inglês a good thisweek, que significa uma ordem de um clientepara seu corretor, a fim de comprar ou vendertítulos, válida durante a semana na qual foi emi-tida. Findo este prazo, se a ordem não tiver sidoexecutada estará automaticamente cancelada.

GUARANI. Unidade monetária do Paraguai.Submúltiplo: céntimo.

GUARDIAN AD LITEM. Expressão em latimque significa a pessoa determinada por um tri-bunal para representar os interesses de um me-nor de idade num processo.

GUDIN, Eugênio (1886-1986). Engenheiro e eco-nomista, o representante mais expressivo da es-cola monetarista neoliberal no Brasil. No iníciodo século, participou da construção de váriasestradas de ferro no Nordeste, a serviço de com-panhias inglesas. Depois, voltou-se para a áreaeconômica, assumindo, em 1938, a cátedra deeconomia monetária e financeira na Faculdadede Ciências Econômicas da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro. Delegado brasileiro à Con-ferência Monetária de Bretton Woods (1944), foidiretor do Fundo Monetário Internacional (FMI)e do Banco Mundial (Bird). Foi ministro da Fa-zenda no governo Café Filho (1954), executandouma reforma cambial da qual fez parte a ins-trução 113, da antiga Superintendência da Moe-da e do Crédito (Sumoc), que regulamentou aimportação de bens de capital sem coberturacambial pelas firmas estrangeiras. Posteriormen-te, foi um dos mais sérios críticos do processode industrialização por substituição de impor-tações nos governos Kubitschek e Goulart. Além

GRUPO MISTO DE ESTUDOS BNDE-CEPAL 274

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da intensa atividade jornalística, escreveu: AsOrigens da Crise Mundial (1931), Capitalismo e suaEvolução Monetária (1935), Princípios de EconomiaMonetária (1943) e Rumos da Política Econômica(1945).

GUERRA DE PREÇOS. Competição entre duasou mais empresas pela conquista de mercados,caracterizada pela baixa de preços até que asmais fracas se inviabilizem e saiam do mercado.Como, geralmente, nesses casos, o objetivo é eli-minar a concorrência, os preços caem muito,chegando a ficar abaixo dos custos durante umtempo maior ou menor. A empresa vencedorase compensa elevando, depois, substancialmen-te, seus preços, o que se torna mais fácil com odesaparecimento dos concorrentes ou com a re-dução destes. Veja também Cutthroat Compe-tition.

GUILDA. Veja Corporação.

GUINÉU. Moeda de ouro inglesa, emitida entre1663 e 1813. Em 1717, seu valor foi fixado em21 xelins, sendo ela, portanto, mais valiosa quea libra, cujo valor era de 20 xelins. Veja tambémLibra.

GULD (EN). Antiga moeda alemã e austríaca,equivalente ao florim, subdividida em Kreutzerse Pfennings.

GUNDER FRANK, André (1929- ). Economis-ta alemão especializado no tema do subdesen-volvimento, que considera inerente ao sistemacapitalista. Nascido em Berlim e educado nosEstados Unidos, Gunder Frank doutorou-se emeconomia em 1957 pela Universidade de Chica-go, com uma dissertação sobre a agricultura so-viética. Lecionou ciências econômicas e sociaisem diversas universidades norte-americanas e,em 1962, veio para a América Latina, onde per-maneceu durante quatro anos. Lecionou teoriasociológica na Universidade de Brasília, desen-volvimento econômico na Universidade de Chi-cago e problemas do desenvolvimento latino-americano na Universidade Nacional do México.Suas obras estudam particularmente a relaçãoentre o desenvolvimento do sistema capitalistaem escala mundial e o subdesenvolvimento dospaíses latino-americanos. Para Gunder Frank, osubdesenvolvimento na América Latina é o re-sultado da participação do continente, durantevários séculos, no processo de desenvolvimentocapitalista em nível mundial. Estudou particu-larmente a história econômica e social do Brasile do Chile e formulou a tese do “desenvolvi-mento do subdesenvolvimento”. O traço carac-terístico da economia desses países seria dadopela posição que ocupam na relação “satélite-

metrópole”. Sua conclusão é de que a causa dosubdesenvolvimento não está em “instituiçõesenvelhecidas” ou na “falta de capital”, mas simno próprio desenvolvimento capitalista dos paí-ses centrais e na absorção, por estes, do exce-dente econômico gerado nos países periféricos.O desenvolvimento nos países subdesenvolvi-dos não é visto como conseqüência da difusãodo progresso, permitida pelo contato com paísesdesenvolvidos. Pelo contrário, quando esses la-ços são mais fracos é que o desenvolvimentodos países satélites ocorreria de maneira maisintensa. A tese da existência do feudalismo nahistória da América Latina também é negadaem seus escritos, tendo como conseqüência a im-possibilidade de uma revolução burguesa empaíses que já são parte integrante do sistemacapitalista mundial. Conclui pela necessidade einevitabilidade da revolução socialista comopróximo estágio da história da América Latina.Entre suas obras, destacam-se: Capitalismo e Sub-desenvolvimento na América Latina — Estudos daHistória do Chile e do Brasil; América Latina: Sub-desenvolvimento ou Revolução. Veja também Sub-desenvolvimento.

GUSHER. Denominação dada a um poço de pe-tróleo que produz grandes quantidades, espe-cialmente se o petróleo jorra, isto é, não tem deser bombeado.

GYOSEI SHIDO. Expressão em japonês cujatradução literal corresponde a “indução admi-nistrativa” e que significa o processo medianteo qual os organismos governamentais japonesesobtêm a adesão de indivíduos e/ou empresasa políticas e práticas consideradas desejáveispelo governo. Embora não exista um vínculolegal que induza as empresas a seguir tais orien-tações governamentais, algumas sanções infor-mais são impostas àquelas que não aderem vo-luntariamente. Essa prática intervencionista nãoé nova no Japão, onde os burocratas tiveramsempre grandes poderes administrativos parainspirar e propor legislação que permitisse umacanalização de esforços da sociedade — espe-cialmente no campo econômico — para a reali-zação de grandes objetivos nacionais. Mas estatendência se manifestou de maneira especial de-pois da Segunda Guerra Mundial, durante a fasede reconstrução do país, quando foram aprova-dos dispositivos legislativos permitindo ao go-verno determinar diretamente planos de inves-timentos para setores estratégicos, como o refinode petróleo, indústria naval e a marinha mer-cante, assim como planos de racionalização deoutros setores industriais. A indução adminis-trativa é realizada concretamente por meio devários mecanismos de comunicação de diretri-

275 GYOSEI SHIDO

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zes, sugestões, avisos, advertências e estímulos,mas, geralmente, tais recomendações são ema-nadas do Shingikai, isto é, do Conselho Delibe-rativo Ministerial, que é uma divisão do pode-roso Ministério da Indústria e do Comércio In-ternacional (Miti). A partir de 1970, a resistênciado setor empresarial à “indução administrativa”aumentou bastante, na mesma medida em quevários setores se tornaram menos dependentesdos auxílios governamentais e que, mediante oincremento da produtividade, passaram a pres-cindir do forte protecionismo, que foi uma dascaracterísticas do desenvolvimento japonês nopós-guerra.

GYÕSHA. Termo em japonês formado por gyõ(negócio, comércio, profissão) e sha (homem,pessoa, partido), utilizado para diferenciar em-presas privadas, cujo objetivo é o lucro, de or-ganizações governamentais ou instituições pú-blicas (sem objetivo de lucro). No passado, otermo era usado para designar os comerciantesque faziam negócios com o governo, e tinha umacerta conotação pejorativa. Atualmente, o termoé utilizado para designar até mesmo as maiorescorporações industriais comerciais ou financei-ras, e, com o prefixo dõ (que significa “o mes-mo”), perde qualquer conotação pejorativa. Dõ-Gyõsha significa simplesmente “empresa domesmo ramo de negócios”.

H HAAVELMO, Trygve (1911- ). Nasceu na No-ruega e se formou na Universidade de Oslo. Em1933, ingressou no Instituto de Economia, re-cém-criado por Ragnar Frisch, como pesquisa-dor-assistente. As primeiras contribuições deHaavelmo ocorreram no campo da teoria eco-nométrica, no tempo em que passou nos EstadosUnidos, durante a Segunda Guerra Mundial.Seu artigo na revista Econométrica (1943) foi oprimeiro a considerar as implicações estatísticasda simultaneidade dos modelos econômicos.Mais tarde, de volta à Noruega, Haavelmo sedeslocou da econometria para a teoria econômi-ca. Seu livro Study in the Theory of Economic Evo-lution (Estudos sobre a Teoria da Evolução Eco-nômica), 1954, é uma ampla abordagem das con-tribuições que a economia analítica pode realizarpara entender as desigualdades econômicasmundiais. Em Study in the Theory of Investment

(Estudo Sobre a Teoria do Investimento), 1960,seu objetivo é proporcionar uma fundamentaçãomicroeconômica mais segura para a teoria ma-croeconômica da demanda de investimento.

HABERLER, Gottfried (1900- ). Economista daescola neomarginalista austríaca que reformuloua teoria dos custos comparados no comércio in-ternacional, ligando-a à moderna teoria do equi-líbrio geral. A teoria clássica baseava-se no va-lor-trabalho. Com a crítica dessa teoria pela es-cola marginalista austríaca, houve esvaziamentoda teoria dos custos comparados no comérciointernacional e a necessidade de uma explicaçãomais precisa no enfoque da teoria marginalistado valor. Foi o que Haberler fez. Para isso, partiudas combinações possíveis de quantidades dedois bens que podem ser produzidos com quan-tidades específicas de fatores de produção, emum país determinado. Formulou desse modouma Curva de Substituição dos dois produtos,também chamada “curva de limite de produçãopossível”, que descarta toda referência à teoriado valor-trabalho, considera simultaneamentevários fatores de produção e permite indicarquais são os ganhos ou desvantagens obtidosno comércio internacional. Haberler também es-creveu sobre a teoria de transferências interna-cionais de capital e de reparações e sobre a teoriada paridade do poder de compra. Analisou asvantagens e desvantagens dos sistemas de câm-bio fixo e flutuante. Sintetizou as principais teo-rias do ciclo econômico. Ao estudar o problemado nível de preço e valor da moeda, adotou amedição de suas variações pelo método dos nú-meros-índices. Foi professor nas universidadesde Viena e Harvard e consultor da Liga das Na-ções e do Departamento do Tesouro dos EstadosUnidos. Entre suas obras destacam-se ainda DerSinn der Indexzahlen (O Significado dos Núme-ros-índices), 1927; Der internationale Handel (OComércio Internacional), 1933; The Theory of In-ternational Trade, With its Application to Commer-cial Policy (A Teoria do Comércio Internacionalcom Suas Aplicações na Política Comercial),1936; Prosperity and Depression (Prosperidade eDepressão), 1937; e Economic Growth and Stability(Crescimento Econômico e Estabilidade), 1974.

HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. Veja Falência.

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL. De-nominação dada às moradias utilizadas em pro-cessos de desfavelização e de pequenas dimen-sões (até cerca de 40 m2), geralmente financiadascom recursos públicos a fundo perdido. Vejatambém Fundo Perdido; Operações Interligadas.

HALÉRU. Veja Coroa.

HALF CROWN. Literalmente, “meia coroa”,denominação dada a uma moeda de prata in-

GYÕSHA 276

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glesa de valor igual a 2,5 xelins, cunhada a partirde 1551. Em 1971, quando a cunhagem decimalfoi implantada no Reino Unido, esta moeda dei-xou de ser cunhada. Veja também CunhagemDecimal.

HAMBURGUÊS. Veja Método Hamburguês.

HAMMERED. Termo em inglês que, literalmen-te, significa “martelado”, e que, no jargão dasBolsas de Valores, significa que uma empresade corretagem perdeu seus direitos de operarnessas Bolsas devido a sua incapacidade de sal-dar compromissos com credores ou com outrasfirmas de corretagem. A denominação vem dofato de que o anúncio da suspensão é feito de-pois que o golpe de um martelo de madeira pedesilêncio aos operadores. Veja também Hamme-ring the Market.

HAMMERING THE MARKET. Expressão eminglês que, literalmente, significa “martelar omercado”. Aplicada no mercado de ações, ca-racteriza uma situação em que os especuladoresrealizam vendas maciças de ações por acreditarque os preços estão inflados e que é iminenteuma baixa nas cotações, e portanto, que é o mo-mento para a realização de lucros. Veja tambémRealização de Lucros.

HAND. Termo em inglês que significa literal-mente “mão” e que, aplicado como unidade demedida de comprimento ou de altura, é equi-valente a 4 polegadas. É utilizado principalmen-te (nos Estados Unidos) para a medida da alturade cavalos.

HANSEN, Alvin (1887-1975). Nasceu nos Esta-dos Unidos e formou-se pela Universidade deWisconsin, em 1919. Seus primeiros trabalhosversaram sobre as questões dos movimentos cí-clicos da economia: Cycle of Prosperity and De-pression (Ciclos de Prosperidade e Depressão),1921, e Business Cycle Theory (Teoria do CicloEconômico), 1927. Mais tarde, iniciou seus tra-balhos em Harvard, ao mesmo tempo que eraeditada a Teoria Geral de Keynes. Hansen tor-nou-se um dos principais expositores das idéiasde Keynes nos Estados Unidos. Ajudou tambéma formar, por intermédio do Seminário de Po-lítica Fiscal, em Harvard, uma geração de eco-nomistas especializados em política econômica.Dessa época datam os trabalhos mais importan-tes de Hansen, como Full Recovery and Stagnation(Recuperação Total e Estagnação), 1938; FiscalPolicy and Business Cycles (Política Fiscal e CiclosEconômicos), 1941; e Business Cycle and NationalIncome (Ciclos Econômicos e Renda Nacional),1951; mais tarde, elaborou um livro-texto muitoutilizado: A Guide to Keynes (Um Guia para Key-nes), 1953. A temática central dessas obras é odesemprego causado pela incapacidade do in-

vestimento privado absorver toda a poupançagerada num nível de pleno emprego. Como issonão poderia ser alcançado com os instrumentosda política monetária, só a expansão da políticafiscal poderia aproximar os níveis de poupançae investimento. Assim, o objetivo central do ple-no emprego necessitava de uma política fiscale orçamentária para ser concretizado. A expe-riência econômica do pós-guerra, no entanto,mostrou que eram necessários, além dos instru-mentos fiscais, aqueles da política monetária,para obter o pleno emprego. Hansen, pragma-ticamente, apoiou a síntese neoclássica de mea-dos da década de 60.

HAO. Veja Dong.

HARD CASH. Veja Soft Money.

HARD CURRENCY. Veja Hard Money.

HARD MONEY (Hard Currency). Expressãoem inglês que significa literalmente “moedadura”, isto é, moeda forte na qual todos confiam,não apenas em âmbito nacional, mas tambéminternacional, como acontece especialmente como dólar dos Estados Unidos e também, em me-nor escala, com o franco suíço, a libra inglesa eo marco alemão. Hard Money significa tam-bém moeda metálica de ouro ou prata (masespecialmente de ouro), em oposição ao papel-moeda, considerado soft money. Veja tambémSoft Currency.

HARD SPOT. Expressão do mercado de açõesutilizada para indicar uma ação que se destacouno pregão, por sua firmeza ou estabilidade,quando todas as demais ações tiveram cotaçõesfracas e oscilantes.

HARDWARE. Termo em inglês que designa oconjunto dos componentes eletrônicos, dos ter-minais e periféricos de um computador, comoimpressora, leitora de cartões, microfone, vídeo,scanner etc. Veja também Software.

HARROD, Roy Forbes (1900-1978). Economis-ta inglês que, baseado em Keynes, procurou de-monstrar, por meio de um modelo puramenteabstrato, as condições teóricas do crescimentoequilibrado da economia capitalista. Apresentousua teoria no artigo “An Essay in Dynamic Theo-ry” (“Um Ensaio sobre Teoria Dinâmica”), 1939,e a desenvolveu no livro Towards a Dynamic Eco-nomy (Para uma Economia Dinâmica), 1948. Omodelo de Harrod baseia-se na igualdade key-nesiana entre poupança e investimento. Consi-dera ainda o coeficiente capital/produto (núme-ro de unidades de capital necessárias à elabo-ração de uma unidade do produto) e a propen-são à poupança; e pressupõe que o único fatorde produção é o capital, sendo que o fator tra-

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balho se associa a ele em proporções predeter-minadas, e que o crescimento demográfico influiapenas sobre o crescimento da renda per capita.De modo geral, o modelo de crescimento equi-librado tenta demonstrar que, se a quantidadede dinheiro poupada pelos consumidores forigual à quantidade investida pelas empresas emcada período, a economia tenderá a crescer auma taxa adequada; e essa taxa será determi-nada pela propensão marginal à poupança epelo incremento da taxa de investimento do ca-pital. O modelo de Harrod seria complementadopelo de E.R. Domar, e sua análise pós-keyne-siana de crescimento teria continuidade nasobras de Kaldor e Robinson. Entre outras obras,Harrod escreveu International Economics (Econo-mia Internacional), 1933; The Life of John MaynardKeynes (A Vida de John Maynard Keynes), 1951;Policy against Inflation (Política contra a Inflação),1958; Reforming the World’s Money (Reformandoo Dinheiro Mundial), 1965; Towards a New Eco-nomic Policy (Para uma Nova Política Econômi-ca), 1967; Dollar-Sterling Collaboration (A Cola-boração entre o Dólar e a Libra Esterlina) 1968;e Money (Dinheiro), 1969.

HARROD-DOMAR. Veja Modelo Harrod-Do-mar.

HARSANYI, JOHN (1920- ). Nascido em Bu-dapeste (Hungria) e naturalizado norte-ameri-cano, Harsanyi foi professor da Universidadeda Califórnia e obteve o Prêmio Nobel de Eco-nomia, em 1994, por seus trabalhos sobre a Teo-ria dos Jogos. Veja também Teoria dos Jogos.

HAWTREY, Ralph George (1879-1975). Econo-mista inglês, teórico do ciclo econômico sob oenfoque da escola do equilíbrio monetário. Es-tudando a questão monetária após a PrimeiraGuerra Mundial, ressaltou a influência dos jurossobre as diversas fases do ciclo. A quantidadede dinheiro que os consumidores e investidoresestão dispostos a poupar ou despender seria de-terminada pela taxa de juros. As flutuações eco-nômicas dependeriam das variações na quanti-dade de dinheiro disponível, especialmente ocrédito bancário. Os bancos centrais, após certotempo, teriam de conter o volume do créditopara manter sua liquidez; assim, os empresáriostambém teriam de conter sua atividade, e ha-veria um freio à expansão econômica. Entre asobras de Hawtrey destacam-se Good and Bad Tra-de (Bom e Mau Negócio), 1913, e Currency andCredity (Dinheiro e Crédito), 1919.

HAYEK, Friedrich August von (1899-1992). Eco-nomista austríaco, naturalizado inglês, repre-sentante da corrente neoliberal, contrária a qual-quer intervenção do Estado na economia. Ga-nhador do Prêmio Nobel de Economia de 1974,

juntamente com Gunnar Myrdal. Membro da es-cola austríaca neomarginalista, Hayek refundiua teoria do ciclo econômico de Von Mises, in-tegrando-a à teoria do capital de Böhm-Bawerke desenvolvendo um sistema teórico para a aná-lise das modificações na estrutura de produção,de acordo com as flutuações do nível geral daatividade econômica. Ao estudar as flutuaçõesdas atividades econômicas, Hayek deu ênfaseespecial às desproporções que ocorrem entre osramos da produção, particularmente aquelesque se relacionam com a construção e a produ-ção de bens de capital, e os que produzem bensde consumo. Entre outras obras, escreveu: Mo-netary Theory and the Cyele (Teoria Monetária eo Ciclo Econômico), 1929; Prices and Production(Preços e Produção), 1931; Profits, Interest, Inves-tment (Lucros, Juros e Investimento), 1939; ThePure Theory of Capital (A Teoria Pura do Capital),1941; The Road to Serfdom (O Caminho da Ser-vidão), 1944; Individualism and Economic Order(O Individualismo e a Ordem Econômica), 1948;The Constitution of Liberty (A Constituição da Li-berdade), 1961; Law, Legislation and Liberty (Lei,Legislação e Liberdade), três volumes, 1973; eDenationalization of Money (Desnacionalização doDinheiro), 1976.

HBR. Iniciais de Harvard Business Review, revistaeditada pela Harvard Business School (Escolade Administração de Harvard).

HEAD GAMES. Veja Mind Games.

HEAD-HUNTER. Expressão em inglês que sig-nifica literalmente “caçador de cabeça”. Aplica-da ao mundo empresarial, designa a pessoa ourepresentante de uma empresa especializada emidentificar, selecionar e recrutar para terceirosos executivos, administradores e cientistas maistalentosos e capazes para desempenhar deter-minadas funções, geralmente de alta gerência,em empresas determinadas. Esta técnica é uti-lizada de preferência colocando-se anúncios emjornais, pois, geralmente, os profissionais sele-cionados já estão trabalhando. Por se tratar deuma transferência de uma empresa para outra,em geral acompanhada de uma melhoria sala-rial, aqueles que se encontram nesse caso pre-ferem se transferir com a máxima discrição, istoé, sem correr o risco de manifestar um pretensodescontentamento com a empresa onde estãotrabalhando.

HECKSCHER, Eli Filip (1879-1952). Economistasueco, estudioso da época mercantilista. Enun-ciou o princípio, desenvolvido por seu discípuloBertil Ohlin (1899-1979), que explica o comérciointernacional a partir da abundância ou da ra-ridade relativa dos fatores de produção nos paí-ses: os países tenderiam a exportar os bens para

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a produção dos quais contam com abundânciade fatores. Heckscher enunciou pela primeiravez esse princípio num artigo publicado em 1919e reimpresso na obra coletiva Readings in theTheory of International Trade (Leituras sobre aTeoria do Comércio Internacional), 1949. Em1931, publicou Mercantilism (Mercantilismo), emdois volumes, considerada uma obra de consultaobrigatória sobre as teorias e políticas da eramercantilista. Heckscher também desenvolveutrabalhos na área da estatística e sobre movi-mentos populacionais na Suécia. Escreveu aindaThe Continental System: An Economic Interpreta-tion (O Sistema Continental: Uma InterpretaçãoEconômica), 1922, e An Economic History of Swe-den (Uma História Econômica da Suécia), 1954.Veja também Mercantilismo.

HECKSCHER-OHLIN, Princípio. Veja Hecks-cher, Eli Filip; Ohlin, Bertil Gotthard.

HECKSCHER-OHLIN THEOREM. Veja Teore-ma de Heckscher-Ohlin.

HEDGE. Termo em inglês que significa “salva-guarda”. É um mecanismo utilizado por opera-dores do mercado financeiro e de commoditiespara se resguardarem de uma flutuação de pre-ços. É comum, por exemplo, que operadores domercado de commodities atuem também no mer-cado a termo, de tal forma que a baixa de preçosnum destes mercados atue no sentido negativonuma das operações, mas positivo em outra. Ve-jamos o exemplo de um operador da Bolsa deCereais que compra soja spot (entrega imediata)e vende para entrega futura. Suponhamos queeste operador compre, no dia 1º de maio, 10 milsacas de soja ao preço de 12,75 dólares cada sacana Bolsa de São Paulo, o que equivale a 127 500dólares. Desejando proteger-se contra flutuaçõesno preço da soja, vende nesse mesmo dia naBolsa de Chicago 10 mil sacas de soja a futuropor 12,95 dólares, o que equivaleria a um totalde 129 500 dólares. Nesta operação haveria umganho bruto de 2 mil dólares. No entanto, asoperações de hedge devem ser entendidas numaseqüência, pois as flutuações de preços no pre-sente e no futuro obrigam um operador a cons-tituir salvaguardas ao longo do tempo; e, emalgumas destas operações, ele pode até mesmo,acusar perdas. Assim, continuando com nossoexemplo, se o preço a futuro baixasse (situan-do-se em 12,65 dólares), este operador poderiavender 5 mil sacas de soja a um produtor deóleo por um preço 10 centavos menor do queo preço futuro e, portanto, a 12,55 dólares, e,para proteger-se desta venda, comprar 5 mil sa-cas de soja no mercado futuro a 12,65 dólares,acusando, nesse caso, uma perda de 63250 –62750 = 500 dólares. No final dessas duas ope-rações de hedging, o ganho do operador seria o

que obteve na primeira operação (dois mil dó-lares) menos o que perdeu na segunda (500 dó-lares). O resultado final nesse caso seria de 1500 dólares. As operações de Hedge não têmpor finalidade obter lucros com as sucessivasoperações de compra e venda de commodities,títulos etc., mas sim permitir aos operadores de-fesas e proteção contra as flutuações de preçoque essas mercadorias sofrem no decorrer dotempo. Veja também Spot.

HEDGING. Termo em inglês que designa a prá-tica do hedge. Veja também Hedge.

HEDONISMO. Concepção fundamental para odesenvolvimento do pensamento econômico eda formulação de teorias econômicas desde aépoca dos fisiocratas, que consiste em todo com-portamento humano como sendo naturalmentedirigido no sentido de assegurar o máximo desatisfação e prazer ou o mínimo de sacrifício.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich (1770-1831).O mais importante filósofo alemão da primeirametade do século XIX. Esforçou-se por unificartodo o conhecimento num vasto sistema lógicoe racional, com o objetivo de apreender o realem sua totalidade. Uma das preocupações deHegel foi a de eliminar a distância que, na con-cepção de seus antecessores, separava o ser doconceito. Assim, Fichte e Schelling haviam con-cluído que o ser só se determina na oposição ena luta com seu oposto. De Fichte, Hegel aceitaa noção de dialética como processo de afirma-ção, negação e negação da negação, isto é, sín-tese; e de Schelling, a noção de idealismo obje-tivo e da identidade do sujeito e do objeto naconsciência do absoluto. Hegel leva às últimasconseqüências o “trabalho do negativo”, con-cluindo que o conceito é um conhecimento doser, que se cumpre como um retorno a si, depoisda saída de si e da exteriorização na natureza.Essa idéia é central no sistema de Hegel e jus-tifica as divisões de sua filosofia em: fenomeno-logia do espírito, na qual a consciência se elevaprogressivamente das formas elementares desensação até a ciência; lógica, que estuda o ser,a essência e o conceito; filosofia da natureza, queapresenta o momento em que o espírito se tornaestranho a si mesmo, alienando-se em natureza;e filosofia do espírito, que descreve o retorno doespírito a si, por meio do direito, da moral, dareligião e, finalmente, da filosofia. Segundo He-gel, a filosofia atinge as coisas, a natureza e ahistória em sua verdade, ou seja, é vista comomomentos de realização de um espírito que, pormeio deles, toma consciência de si. Esse processoleva à transformação dos dados dos sentidos empensamento, conduz da individualidade à uni-versalidade. E sua realização é marcada pelo rit-

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mo ternário da dialética: a realidade é posta emsi (tese), em seguida manifesta-se fora de si (an-títese) para, finalmente, retornar a si (síntese).Para Hegel, o espírito absoluto realiza-se gra-dativamente através da história, assumindo aforma de espírito objetivo (arte, ciência, religiãoe demais criações humanas). A verdade seria,assim, historicamente determinada, correspon-dendo a cada uma das fases do desenvolvimentodo espírito e contendo em si o germe da con-tradição. A identidade entre o real e o racionalfaz com que a compreensão do real — basica-mente histórica — somente possa ser construídapor meio de uma lógica dialética, movida pelaidéia de negação determinada. O final do pro-cesso em que o absoluto se relativiza em históriaseria a liberdade absoluta: por intermédio daconsciência filosófica, o espírito absoluto torna-se autoconsciência. No plano político, essa cul-minação é identificada por Hegel com a criaçãodo Estado prussiano. O hegelianismo foi o úl-timo dos grandes sistemas filosóficos do Oci-dente, exercendo decisiva influência nas ciênciassociais, no marxismo, no existencialismo e emalgumas correntes do pensamento cristão. Obrasprincipais: Die Phänomenologie des Geistes (A Fe-nomenologia do Espírito), 1807; Wissenschaft derLogik (A Ciência da Lógica), 1812-1816; e Ency-clopädie der philosophischen Wissenschaften (Enci-clopédia das Ciências Filosóficas), 1817. Vejatambém Marxismo.

HEINRICH’S LAW. Sistematização estatísticasobre acidentes de trabalho na indústria, segun-do a qual a cada morte de trabalhador por aci-dente correspondem, em média, 29 que foramferidos pela mesma causa e trezentos que fica-ram expostos ao acidente e, por pouco, não fo-ram vítimas dele.

HERANÇA. Conjunto de bens que, após a mortede seu proprietário, se transmite a seus suces-sores. Pode ser testamentária (quando dispostapelo falecido por via de testamento), legal (aque cabe ao herdeiro por força de lei), jacente(aquela cujos herdeiros são desconhecidos) e va-cante (a que é reconhecida pela autoridade ju-dicial como não tendo herdeiros e que, portanto,passa ao domínio do Estado).

HERSTATT. Veja Quebra do Herstatt.

HETEROCEDASTICIDADE. Conceito de esta-tística que designa uma distribuição de freqüên-cia em que todas as distribuições condicionadastêm desvios-padrão (afastamentos) diferentes.Veja também Desvio-padrão.

HICKS, John Richard (1904-1989). Economistainglês da corrente marginalista contemporânea,

teórico do valor subjetivo e do equilíbrio eco-nômico geral. Professor na Universidade de Ox-ford (1952-65), recebeu o Prêmio Nobel de Eco-nomia de 1972 (com Kenneth Arrow). Num ar-tigo de 1934, junto com R.G. Allen, “A Recon-sideration of the Theory of Value” ("Uma Re-consideração da Teoria do Valor"), Hicks iniciouuma nova exposição de Marshall, utilizando-sedo conceito de curvas de indiferença de Pareto.O artigo foi ampliado em seguida em sua obramais importante, Value and Capital (Valor e Ca-pital), 1939, em que procura realizar uma expo-sição definitiva da teoria do valor subjetivo eda teoria marginalista do equilíbrio geral. Hickstenta demonstrar as deficiências da versão deMarshall da conduta do consumidor e mostrarque o método de Pareto permite superá-las, de-senvolvendo e complementando o próprio mé-todo das curvas de indiferença. Argumenta quea teoria de Marshall continua baseando-se nosconceitos de utilidade decrescente, embora des-de a obra de Menger se negasse a possibilidadede medir a utilidade. Segundo Hicks, a análisedas curvas de indiferença permite superar essadificuldade, proporcionando um sistema deequilíbrio que exige menos dados que o métododa utilidade marginal. Assim, em vez do prin-cípio da utilidade decrescente, Hicks utiliza oque chama de “taxa marginal de substituição”,que mede uma série de combinações de quan-tidades entre duas mercadorias mais ou menospreferidas ou indiferentes ao consumidor. Naobra A Contribution to the Theory of the Trade Cycle(Uma Contribuição à Teoria do Ciclo Econômi-co), 1950, Hicks elaborou uma teoria baseadana distinção entre investimento induzido (dotipo interno), dirigido pelo desenvolvimentonormal do crescimento econômico, e investi-mento autônomo (de origem externa), demons-trando, por meio de modelos matemáticos, comoo princípio do acelerador pode levar a váriostipos de flutuações. Entre suas obras destacam-se ainda The Theory of Wages (A Teoria dos Sa-lários), 1932; A Revision of Demand Theory (UmaRevisão da Teoria da Demanda), 1956; Capitaland Growth (Capital e Crescimento), 1965; CriticalEssays in Monetary Theory (Ensaios Críticos sobrea Teoria Monetária), 1967; A Theory of EconomicHistory (Uma Teoria da História Econômica),1969; The Crisis of Keynesian Economics (A criseda Economia Keynesiana), 1975, e Capital andTime: A Neo-Austrian Theory (Capital e Tempo:Uma Teoria Neo-austríaca), 1976.

HIFO. Termo constituído das iniciais das ex-pressões highest in, first out (“o mais alto a entrar,o primeiro a sair”), que designa um sistema paradeterminar o custo das primeiras peças que es-

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tão sendo fabricadas, em função dos preços maiselevados do que se tem em estoque nos arma-zéns.

HIGH FARMING. Expressão em inglês que de-signa a forma de desenvolvimento da agricul-tura durante o século XIX, isto é, uma agricul-tura organizada com uma clara separação entreas funções de direção e de execução do processoprodutivo, e na qual apareciam claramente asfiguras do capitalista agrário (arrendatário), doproprietário de terras (rentista) e do trabalhadorassalariado agrícola. Este modelo de desenvol-vimento da produção agrícola, pela eficiênciaem termos de produtividade que apresentava,chegou a influenciar — durante o século XIX —países como a França e o Japão, onde predomi-nava o sistema camponês e os arrendamentoseram geralmente não-capitalistas.

HIGH POWERED MONEY. Expressão em in-glês correspondente a “base monetária”. VejaBase Monetária.

HIGH-TECH. Contração da expressão, em in-glês, high technology, que significa literalmente“tecnologia avançada”. Em geral, aplica-se aosprocessos e produtos novos que representam eincorporam os processos tecnológicos maisavançados e desenvolvidos.

HIGHEST AND BEST USE. Expressão em in-glês utilizada no mercado imobiliário norte-americano na avaliação de um terreno. Por esteconceito, entende-se que um terreno urbanodeva ser avaliado pelo seu máximo e mais efi-ciente aproveitamento, independentemente douso que tal terreno tenha no momento da ava-liação. Em termos financeiros, este conceito estárelacionado com a utilização da qual resultariao máximo retorno líquido do investimento quefor realizado no mencionado terreno. Veja tam-bém Appraisal.

HILDEBRAND, Bruno (1812-1878). Economis-ta alemão da primeira escola histórica. Inspirou-se na filosofia histórica e negou a pretensão dospartidários da escola clássica, que afirmavam terencontrado as leis da economia natural, válidasem todos os tempos e para todos os países. ComHildebrand, a escola histórica alemã tornou-semais explicativa e assumiu uma posição maisconsistente em oposição ao pensamento clássico.Ele opôs-se à idéia de que é possível descobrira “fisiologia” da vida econômica e separou osproblemas práticos de política econômica daanálise teórica, concentrando-se nesta última.Propôs-se a estudar a evolução econômica dahumanidade para chegar a uma história econô-mica da cultura, desenvolvida junto com outros

ramos da história e da estatística. Estudando oprocesso do desenvolvimento econômico, dis-tinguiu nele três estágios: economia natural, eco-nomia do dinheiro e economia do crédito. Suaprincipal obra, Die Nationalökonomie der Gegen-want und Zukunft (A Economia Política do Pre-sente e do Futuro), 1848, é uma oposição maistrabalhada ao pensamento genérico da escolaclássica e marca a segunda fase da primeira es-cola histórica alemã. Hildebrand também desen-volveu trabalhos no campo da estatística e fun-dou o Centro de Estatística da Turíngia.

HILFERDING, Rudolf (1877-1941). Economis-ta e político marxista alemão, embora nascidona Áustria, um dos pioneiros na análise do ca-pitalismo monopolista. Foi professor da escolade quadros do Partido Social Democrata da Ale-manha e editor do jornal partidário Vorwärts(1907-1915). A partir da Primeira Guerra Mun-dial, tornou-se um dos mais destacados teóricosdo socialismo reformista, ocupando, em 1923 e1928-1929, o Ministério das Finanças da Repú-blica de Weimar. Exilou-se em 1933 e foi assas-sinado na França pelos nazistas, em 1941. Emsua crítica ao capitalismo, Hilferding demons-trou como a concentração do capital conduziua um papel decisivo dos bancos no processo decrescimento industrial, fenômeno que não semanifestara ainda nas condições do capitalismoconcorrencial observado por Marx. O novo es-tágio do capitalismo, na visão de Hilferding, ca-racterizava-se pela hegemonia do “capital con-trolado pelos bancos e utilizado pelos indus-triais”. Antes da publicação de O Capital Finan-ceiro, 1910, Hilferding destacou-se como compe-tente discípulo de Marx ao rebater as críticasfeitas por Böhm-Bawerk a possíveis contradi-ções entre o Livro Primeiro e o Livro Terceirode O Capital, nas passagens em que Marx tratada troca de equivalentes, isto é, sobre a questãodos preços e suas relações com a teoria do va-lor-trabalho. Essa resposta recebeu a denomina-ção de A Crítica de Böhm-Bawerk a Marx (1904).

HIPÉRBOLE. O gráfico de uma função do tipoY = a+bx-c, onde c é uma constante positiva.Estas funções são geralmente utilizadas pararepresentar curvas de demanda, dada a equaçãode suas propriedades teóricas. O caso especialda hipérbole retangular, cuja equação é Y = bx-1

= b/x, resultará numa curva de demanda (se Ycorresponder às quantidades e x aos preços),com elasticidade-preço constante e igual a –1.

HIPERINFLAÇÃO. Caso especial de inflaçãogalopante, em que os preços aumentam tanto(em geral por uma expansão substancial dosmeios de pagamento) que as pessoas não pro-

281 HIPERINFLAÇÃO

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curam reter dinheiro, mesmo por poucos dias,em razão da rapidez com que diminui seu poderde compra. Cai assim a confiança dos agenteseconômicos na estabilidade da moeda e eles pro-curam gastá-la o mais rapidamente possível.Isso provoca um aumento na velocidade de cir-culação da moeda e acelera ainda mais o au-mento dos preços. O mais famoso caso de hi-perinflação (um trilhão por cento entre agostode 1922 e novembro de 1923) ocorreu na Ale-manha, após a Primeira Guerra Mundial. Vejatambém Inflação.

HIPERINVESTIMENTO. Situação na qual osníveis de investimento realizados ou projetadospara uma economia superam seu nível de pou-pança e requerem formas especiais de financia-mento, seja mediante poupanças externas ou deprocessos inflacionários mais ou menos agudos.Veja também Investimento.

HIPOTECA. Garantia de pagamento de uma dí-vida dada sob a forma de um bem imóvel (comexceção de navios e aviões, que também podemser hipotecados). Embora conserve a posse dobem, o devedor só readquire sua propriedadeapós o pagamento integral da dívida. Se a dívidanão for paga, ou se só for paga uma parte dela,ao fim do prazo contratado, o credor pode exe-cutar a hipoteca, assumindo a propriedade totaldo bem.

HIPÓTESE DA EFICIÊNCIA ESPECULATI-VA. A proposição empírica de que os preços afuturo ou a termo não representam outra coisaque não os preços spot esperados.

HIPÓTESE DE BERNOULLI. Solução propos-ta pelo matemático Daniel Bernoulli, durante oséculo XVIII, ao Paradoxo de São Petersburgo.O problema consistia em explicar por que osindivíduos se negavam a apostar somas muitoelevadas no seguinte jogo: lança-se uma moedaaté que dê, por exemplo, coroa. Se der coroa nosegundo lançamento, o jogador recebe comoprêmio 22 unidades (monetárias) como prêmio.Se der coroa no terceiro lançamento, o prêmioserá equivalente a 23 unidades monetárias. Seder coroa no quarto lançamento, o prêmio será24 e assim sucessivamente. A soma das pro-babilidades da ocorrência de prêmios seria a uni-dade, mas, para um número infinito de lança-mentos, o valor esperado de prêmios é infinito.Dessa forma, seria lógico esperar que os joga-dores apostassem grandes somas de dinheironesse jogo. Para explicar por que isso não acon-tecia, Bernoulli argumentava que os jogadoresestavam menos interessados na recompensa mo-netária do que na utilidade de tal recompensa.Assumindo a hipótese da utilidade marginal de-

crescente da renda (antecedendo portanto o pen-samento dos economistas marginalistas do sé-culo XIX), Bernoulli mostrou que, embora o jogotivesse um valor esperado do prêmio infinito,tinha um valor esperado finito da utilidade. Ahipótese é, portanto, de grande interesse comoa primeira tentativa de substituir a maximizaçãoda utilidade por algum objetivo de ganhos mo-netários inferiores num contexto de risco e in-certeza. Veja também Bernoulli, Família; Para-doxo de Allais.

HIPÓTESE DE STUDENT. Na análise estatís-tica, é a hipótese relativa ao valor de um parâ-metro de uma população normal cuja variâncianão se especifica, usando-se então uma sua es-timativa.

HIPÓTESE DO CICLO DE VIDA. Hipótese deque os indivíduos (famílias) consomem umaparte constante do valor presente de sua renda,durante seu tempo de vida, em cada períododesta. Esta proporção dependerá dos gastos epreferências de cada consumidor, mas na me-dida em que a distribuição da população poridade e renda é mais ou menos constante, estasfunções individuais de consumo podem seragregadas para formar uma função de consumoagregada. De acordo com essa hipótese, umaamostra aleatória de domicílios segundo nívelde renda apresentaria um número despropor-cionalmente grande de pessoas de meia-idadena faixa superior dos níveis de renda, e um nú-mero desproporcionalmente grande de jovens eidosos na faixa inferior. Domicílios “jovens” e“idosos” têm uma elevada propensão a consu-mir, ou rendimentos presentes, ou poupanças.Os domicílios jovens tomam empréstimos paraconsumir no presente e pagar com renda futura,e os domicílios idosos consomem suas poupan-ças acumuladas no passado. Em contraste, osdomicílios de “meia-idade” ou estão pagandosuas dívidas contraídas anteriormente, ou estãopoupando para a velhice, e, portanto, têm umabaixa propensão média a consumir. Conseqüen-temente, os domicílios de baixa renda possuemuma propensão média a consumir muito eleva-da, acontecendo o contrário com os de rendaelevada. Uma vez que as rendas do trabalho (sa-lários) primeiro aumentam e depois diminuem,nesta trajetória de longo prazo, a propensão mé-dia a consumir variará inversamente em relaçãoà renda, no transcorrer do ciclo econômico, comosugerido pela função consumo de curto prazo.

HIPÓTESE DO CONGESTIONAMENTO (Crowding Hypothesis). Concepção desenvol-vida nos Estados Unidos de que barreiras à en-trada e imperfeições informacionais (desequilí-

HIPERINVESTIMENTO 282

Page 283: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

brios de informação) fariam com que certos gru-pos (por exemplo, mulheres e negros) se con-centrassem em certo tipo de atividade, dedican-do-lhe sua força de trabalho e fazendo com queos salários caíssem, determinando um nível sa-larial menor nelas do que nas demais.

HIPÓTESE DO MERCADO DE TRABALHODUAL. Hipótese segundo a qual o mercado detrabalho estaria dividido em dois setores, o pri-mário e o secundário. Os bons empregos, istoé, aqueles que proporcionam bons salários, pers-pectivas de promoção, segurança, benefícios evantagens, constituiriam o setor primário; e osempregos ruins, destinados aos que não conse-guem entrar no primeiro, constituiriam o setorsecundário. Neste último, os salários seriam for-mados pela competição e existiriam postos detrabalho para todos. A entrada no setor primárionão se daria tanto pela falta de capital humanoe treinamento, mas por fatores institucionaiscomo a discriminação, a prática restritiva de sin-dicatos e pela simples escassez relativa de em-pregos bem remunerados. A solução para o pro-blema não adviria apenas pela remoção dos obs-táculos institucionais, mas também pela criaçãode empregos mais bem remunerados. Esta con-cepção entra em choque com a visão neoclássica,que interpreta as desvantagens no mercadocomo um resultado de deficiências nos investi-mento em capital humano. Veja também CapitalHumano.

HIPÓTESE DO MERCADO EFICIENTE. A for-mulação central desta hipótese é que os preçosdas ações nas Bolsas de Valores têm um movi-mento aleatório. A análise do movimento dospreços durante um período longo confirma estemovimento, na medida do grau de correlaçãoencontrado nestes movimentos. Os proponentesdestas formulações consideram, portanto, queas abordagens da Análise Fundamental e daAnálise Técnica são de pouca valia para a pre-visão dos futuros movimentos dos preços dasações, pois se baseiam em dados do passado,cujas flutuações foram aleatórias. Esta concep-ção do comportamento do mercado se baseianas seguintes premissas: 1) existem inúmerosparticipantes num mercado eficiente; 2) todostêm acesso às informações relevantes que afetamos preços das ações; 3) estes participantes com-petem livremente e em igualdade de condiçõespelas ações no mercado de tal forma que as co-tações das mesmas refletem seus valores (patri-moniais). Neste contexto, e na medida em quenovas informações surgem aleatoriamente, seusreflexos nos preços fazem com que estes tambémse comportem aleatoriamente. Na mesma me-dida em que os adeptos desta concepção criti-

cam os adeptos da Análise Técnica e da AnáliseFundamental, estes também desfecham suas crí-ticas àqueles que acreditam na Hipótese do Mer-cado Eficiente. Em outras palavras, as cotaçõesdas ações nas Bolsas de Valores são as melhoresestimativas de seu valor real, devido ao alta-mente eficiente sistema do mecanismo de preços(flutuações) inerente ao mercado de ações nasBolsas de Valores. Esta hipótese estende-se tam-bém às taxas de câmbio: neste caso, a hipóteseé que as taxas a termo (futuro) são a melhoraproximação do que serão as taxas spot no futuro.

HIPÓTESE MODIGLIANI-DUESENBERRY.Hipótese sobre a importância dos hábitos paraa explicação das flutuações do consumo. A hi-pótese de Modigliani, também sustentada porDuesenberry, afirma que os gastos de um con-sumidor não dependem unicamente da rendacorrente, mas também do nível de sua últimarenda máxima. Esta hipótese se baseia no fatode que os consumidores planejam seu consumode acordo com seu nível máximo anterior devida, até que um novo nível superior de rendadetermine novos hábitos. Se a renda diminuir,a taxa de poupança diminuirá, podendo inclu-sive ser negativa. A aplicação da hipótese às eco-nomias americana, canadense e alemã, no pe-ríodo entre guerras, deu resultados aceitáveis,com a variante de T.E. Davis (The ConsumptionFunction as a Tool for Prediction), que, em lugarda renda máxima, coloca o nível de consumomáximo alcançado.

HIS. Veja Habitação de Interesse Social.

HISTOGRAMA. Representação gráfica de dis-tribuições de freqüência obtida construindo tan-tos retângulos contíguos quantas forem as clas-ses da distribuição, de tal forma que suas basescolineares sejam proporcionais às amplitudes declasse, e suas áreas, proporcionais às respectivasfreqüências. Se as amplitudes de classe foremtodas iguais, as alturas dos retângulos serão pro-porcionais às freqüências.

283 HISTOGRAMA

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HISTOGRAMA DE FREQÜÊNCIAS ACUMU-LADAS. Representação gráfica de freqüênciasacumuladas obtidas marcando, sobre o eixo dasabcissas, segmentos sucessivos proporcionais às

amplitudes de classe; e, sobre eles, construindoretângulos contínuos, cujas alturas são propor-cionais às respectivas freqüências acumuladas.

HISTORICAL COST. Veja Custo Histórico.

HKIBOR. Iniciais de Hong Kong Interbank Of-fer Rate, isto é, a taxa de juros interbancária pra-ticada na praça de Hong-Kong, com as mesmascaracterísticas da Libor. Veja também Libor.

HOBBES, Thomas (1588-1679). Pensador inglêsde concepção rigorosamente materialista e mer-cantilista, autor de uma importante obra de teo-ria política: Leviatã, 1651. Nela, é retomada a afir-mação de que “o homem é o lobo do homem”.Para superar o conflito permanente entre os ho-mens, a única via possível seria o estabelecimen-to de um contrato social para criar um Estadotodo-poderoso que controlaria todos os indiví-duos. O soberano de tal Estado teria poder ab-soluto para fazer respeitar esse contrato acimados interesses de grupos. Considerava a liber-dade de comércio uma lei natural. O economistaWilliam Petty foi seu discípulo. Veja tambémPetty, William.

HOBSON, John Atkinson (1858-1940). Econo-mista e reformador social inglês. Precursor deKeynes, sustentou que a causa fundamental dacrise econômica é a predominância da poupançaem detrimento do consumo, com a conseqüentequeda da produção. Socialista fabiano, Hobsondefinia-se como um herético entre os economis-tas de sua época. Recusando-se a separar a eco-nomia da ética, opunha ao bem-estar econômicoo bem-estar humano. Criticou a teoria margina-lista da utilidade final como uma “futilidade fi-nal”, procurando substituí-la por uma nova aná-lise da distribuição da renda. A principal con-

tribuição de Hobson foi a explicação das criseseconômicas pelo subconsumo, desenvolvida emPhysiology of Industry (Fisiologia da Indústria),1889, livro escrito em colaboração com A.F. Mu-mery. Essa teoria do subconsumo baseia-se naidéia de que os gastos do capital e do consumoexperimentam um desequilíbrio entre si devidoao excesso da poupança de uma minoria privi-legiada, que freia a utilização dos meios de pro-dução disponíveis. Defende um investimentoconstante da poupança como meio de incentivara demanda de bens, tese que seria desenvolvidamais tarde por Keynes, em sua Teoria Geral(1936). Numa obra posterior sobre o problemado desemprego, Hobson argumenta que a re-partição injusta da renda é um dos fatores queprovocam o excesso de poupança e a insuficiên-cia do consumo. Acrescenta que a solução paraa crise estaria na realização de obras públicasfinanciadas pelo Estado. Outra contribuição im-portante de Hobson está na obra Imperialism: AStudy (Imperialismo: Um Estudo), 1902. Apóscomparar as despesas públicas feitas nos em-preendimentos coloniais e os lucros dos capita-listas, argumenta que a Inglaterra deveria aban-donar o imperialismo por basear-se em impostoselevados dos contribuintes para sustentar ga-nhos particulares. Repleto de dados e cifras, olivro foi freqüentemente utilizado por autoresmarxistas como Hilferding e Lênin. Militante doPartido Trabalhista inglês desde 1914, suasidéias desempenharam um importante papel naevolução da doutrina do partido. Além de nu-merosos artigos e panfletos, publicou 35 livros,destacando-se, além dos citados, The Evolutionof Modern Capitalism (A Evolução do CapitalismoModerno), 1894; The Industrial System (O SistemaIndustrial), 1909; Work and Wealth (Trabalho eRiqueza), 1914; The Economics of Unemployment(A Economia do Desemprego), 1922, e Confes-sions of an Economic Heretic (Confissões de umHerege em Economia), 1938.

HODGSKIN, Thomas (1787-1869). Pensador so-cialista inglês da corrente anarquista, crítico deRicardo, Malthus e de outros autores clássicosdo início do século XIX. Hodgskin condenavao capitalismo e propunha reformas sociais a par-tir das lutas dos trabalhadores por meio das as-sociações de trabalhadores e do Parlamento.Seus escritos econômicos são baseados na idéiade que o trabalho é a única fonte de riqueza eque os trabalhadores são privados da riquezaque produzem. No livro Labour Defended againstthe Claims of Capital (A Defesa do Trabalho con-tra as Pretensões do Capital), 1825, e em PopularPolitical Economy (Economia Política Popular),1827, um dos primeiros manuais socialistas deeconomia, Hodgskin denuncia os proprietáriosrurais e os capitalistas por reduzirem os salários

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HISTOGRAMA DE FREQÜÊNCIAS ACUMULADAS 284

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ao mínimo possível e confiscarem todo o exce-dente do valor criado pelo trabalho, sustentandoque os trabalhadores devem receber integral-mente o valor do que produzem. Entretanto,Hodgskin não era um adversário da proprieda-de privada e reprovava a intervenção do Estadona economia, sustentando que apenas os sindi-catos operários poderiam suprimir a exploraçãodo trabalho pelo capital. Publicou ainda The Na-tural and Artificial Rights of Property Contrasted(Os Direitos Natural e Artificial da PropriedadeComparados), 1832.

HOGSHEAD. Antiga medida inglesa de capa-cidade que significa literalmente “cabeça de por-co”, e, dependendo do lugar, admite variaçõesentre 63 (pequena) até 140 (grande) galões, ouo correspondente a 238 até 530 l aproximada-mente. Veja também Sistemas de Pesos e Me-didas; Unidades de Pesos e Medidas.

HOLDING. Designação de empresa que man-tém o controle sobre outras empresas mediantea posse majoritária de ações destas. Em geral,a holding não produz nenhuma mercadoria ouserviço específicos, destinando-se apenas a cen-tralizar e realizar o trabalho de controle sobreum conjunto de empresas geralmente denomi-nadas subsidiárias. Nesse caso, ela é denomina-da pure holding company ou “holding pura”. Aempresa que, além de operar, isto é, produzirbens e serviços, também controla subsidiárias édenominada holding operating company, isto é,“empresa holding operadora”. Essa forma de or-ganização empresarial, um dos estágios maisavançados da concentração de capital, permitea uma holding controlar um capital muito maiorque o seu, obtendo lucros desproporcionalmenteelevados. Nos Estados Unidos, por exemplo, ogrupo Van Sweringen, dono de estradas de ferrono valor de mais de 2 bilhões de dólares, eracontrolado por uma holding com um investimen-to inferior a 20 milhões de dólares. As multina-cionais costumam centralizar o controle de suassubsidiárias espalhadas pelo mundo numa hol-ding instalada no país de origem ou em algumoutro onde a legislação fiscal seja mais branda.Veja também Concentração; Oligopólios; Zai-batsu.

HOLDING EM PIRÂMIDE. Uma sociedade con-trola uma outra, que controla uma terceira e as-sim sucessivamente, inexistindo, no entanto,participações recíprocas. Isso permite que a em-presa holding, com um montante de capital re-lativamente baixo, controle um conjunto de em-presas cujo capital é várias vezes superior aocapital da controladora. Veja também Holding.

HOLÍSTICO. Termo derivado do grego hólos,que significa o todo, ou aquilo que é inteiro e

completo. As concepções que perpassam e fun-damentam a administração japonesa são holís-ticas na medida em que consideram o conjuntodos trabalhadores de uma empresa, o grupo ouo coletivo, e não o indivíduo, ou dão mais ênfasea tais aspectos de totalidade.

HOMEM ECONÔMICO (Homo Economicus).Conceito criado pelos economistas da escolaclássica (Adam Smith, David Ricardo etc.) e uti-lizado pelos administradores, segundo o qual ohomem seria perfeitamente racional e capaz defundamentar suas decisões exclusivamente porrazões econômicas, preocupando-se em obter omáximo de benefício com o mínimo de sacrifíciode modo imediato. O homem econômico agiriaracionalmente no sentido de maximizar sua ri-queza e assim introduzir novos métodos pro-dutivos para enfrentar a concorrência no mer-cado. O conceito foi uma abstração convenienteda escola clássica, útil nas discussões e análiseseconômicas e na elaboração de suas teorias. Con-trapondo-se a essa noção abstrata do homem, aescola histórica alemã procurou estudar o com-portamento do verdadeiro homem, situando-oem diferentes épocas históricas e condições so-ciais. Veja também Escola Clássica; Escola Es-truturalista; Escola Neoclássica.

HOMESTEAD, Lei do. Lei aprovada em 1862,durante o governo Lincoln, nos Estados Unidos,estabelecendo a distribuição de terras no Oestede forma quase gratuita, na proporção de 160acres (cerca de 65 hectares). O homestead estabe-lecia, em resumo, que a propriedade da terraera de quem conseguisse demarcá-la duranteum dia, legitimando dessa forma as posses queos agricultores iam obtendo ao desbravar o Oes-te. A lei representou um poderoso estímulo paraa colonização do Oeste dos Estados Unidos eatraiu um enorme fluxo migratório para aquelepaís. Além disso, o homestead eliminava um po-deroso empecilho ao desenvolvimento da agri-cultura, na medida em que, pela nova lei, a pro-priedade da terra não pressupunha a proprie-dade de escravos, nem essa última, a proprie-dade de terras.

HOMO FABER. Expressão em latim que signi-fica o homem enquanto atividade criadora ouprodutiva, isto é, aquele que realiza uma ativi-dade orientada para um fim, a atividade pro-dutiva consciente, que o distingue dos outrosanimais.

HOMOCEDASTICIDADE. Propriedade de umadistribuição de freqüência em que todas as dis-tribuições condicionais, como, por exemplo, a va-riância, possuem o mesmo afastamento-padrão.

HOMOLOGAÇÃO. Ato pelo qual a autoridadereconhece ou aprova um outro ato, dando-lhe

285 HOMOLOGAÇÃO

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validade jurídica. No direito do trabalho, é aaprovação, pela autoridade competente — a De-legacia Regional do Trabalho ou o sindicato pro-fissional —, da demissão do empregado commais de um ano de serviço numa empresa.Quando o empregado trabalha há menos de umano numa firma, a homologação é feita na pró-pria empresa. No ato da homologação, verifica-se o cumprimento de todos os direitos traba-lhistas, tais como comprovação da guia de re-colhimento do Fundo de Garantia por Tempo deServiço (FGTS), férias, 13º salário e aviso prévio.

HORAS EXTRAS. Horas trabalhadas pelo em-pregado além da jornada de trabalho normal fi-xada por lei ou por contrato coletivo de trabalho.É um recurso amplamente utilizado pelas em-presas, para aumentar a produção sem precisarcontratar novos trabalhadores e arcar, conse-qüentemente, com os respectivos encargos so-ciais. No Brasil, o valor da hora extra é fixadopela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).O valor da hora extra ou suplementar deve ser,no mínimo, 20% superior ao da hora normal, enos dias de descanso (domingo) e feriados, amajoração é de 100%. No entanto, a Constituiçãode 1988 estabeleceu que a remuneração do ser-viço extraordinário deve ser no mínimo 50% su-perior à do normal.

HORSE-POWER. Expressão em inglês que sig-nifica unidade de potência ou trabalho. JamesWatt calculou que um cavalo normal podia le-vantar um peso de 550 libras (cerca de 250 kg) àaltura de um pé (30 cm) em um segundo. Foiestabelecido então que uma máquina com a mes-ma potência seria denominada máquina de 1 HP.A potência pode ser medida também em watts,sendo um HP igual a 746 watts. O cavalo-vapor,também usado para medir potência, equivale a735 watts. Outra medida também utilizada, em-bora com menor frequência, é o man-power, queequivale ao trabalho de elevar um peso de 90libras (cerca de 40 kg) a uma altura de 30 cm.

HOT ISSUE. Expressão do mercado acionárioque significa literalmente “emissão quente” eque designa emissões recentes de ações muitodemandadas pelo público e que, por esta razão,sofrem elevação em suas cotações.

HOT MONEY. Expressão inglesa que significaliteralmente “dinheiro quente”, isto é, são apli-cações em títulos ou no câmbio, atraídas portaxas de juros elevadas ou diferenças cambiaissignificativas, de curtíssimo prazo, podendodeslocar-se de um mercado para outro comgrande agilidade. Esse tipo de operação podeprovocar grandes turbulências, especialmenteno equilíbrio cambial de um país. Atualmente,

parte das reservas brasileiras são constituídasde operações hot money.

HP. Veja Horse-power.

HUAN. Veja Uon.

HULBERT RATING. Classificação do desem-penho dos investimentos recomendados pelaspublicações especializadas no assunto, realizadapelo Hulbert Financial Digest. A classificação es-tima as perdas e ganhos daqueles investidoreshipotéticos que tivessem seguido a orientaçãodessas revistas especializadas na constituição deseus porta-fólios. Veja também Moody’s Inves-tors Service; Porta-fólio; Standard & Poor’s.

HUME, David (1711-1776). Filósofo escocês, omaior representante do ceticismo no séculoXVIII e um dos precursores do liberalismo eco-nômico. Levou às últimas conseqüências o em-pirismo de Francis Bacon (1561-1626) e John Loc-ke (1632-1704), concluindo que o conhecimentohumano não pode alcançar a certeza, mas so-mente o provável. Kant afirmava que Hume odespertara de seu “sono dogmático”. AdamSmith, considerado o fundador da ciência eco-nômica, também foi muito influenciado por ele:nas obras filosóficas de Hume, estão desenvol-vidas algumas das teses fundamentais do libe-ralismo, como, por exemplo, a de que a pro-priedade não é um direito natural e seu primeirofundamento é o trabalho. As idéias exclusiva-mente econômicas estão em oito ensaios que fa-zem parte de Political Discourses (Discursos Po-líticos), 1752. Particularmente importante é o pri-meiro ensaio, no qual o autor trata dos proble-mas do comércio exterior, atacando a tese centraldo mercantilismo (de que a riqueza privada éo fundamento da riqueza pública) e mostrandoque os comerciantes e donos de manufaturasabsorvem recursos que poderiam servir ao for-talecimento do Estado. Nesse texto, Hume pro-cura mostrar que o comércio exterior exerce opapel de fornecedor do estímulo inicial à indús-tria, com o que aumenta o número de empregos,a demanda interna e a riqueza da nação. Passadaessa fase inicial, no entanto, o comércio exteriordeixaria de ser essencial ao desenvolvimento daindústria, tornando-se um mal que deveria sercombatido, pois as pessoas ricas causariam umcrescimento ilimitado da demanda interna. Omercantilismo é também atacado quando afirmaque a abundância de moeda (trazida pelo co-mércio exterior) não é a causa da baixa nas taxasde juros, pois estas dependeriam dos lucros nocomércio e na indústria, tese posteriormente re-tomada por Smith e Ricardo.

HUNDREDWEIGHT. Termo em inglês que sig-nifica medida de peso equivalente a um quintal,100 libras ou 45,359 kg.

HORAS EXTRAS 286

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HUNG UP. Expressão em inglês que tem doissignificados parecidos: 1) descreve a situação deum investidor ou especulador que comprou tí-tulos cujos preços caíram e que não podem serrevendidos, a não ser com uma perda; 2) des-creve a situação de uma empresa repleta de tí-tulos indesejáveis e de baixa liquidez que imo-bilizam seu capital e a impedem de aproveitaras oportunidades que apareçam no mercado.

HURDLE RATE. A taxa mínima de retorno es-perada pela aplicação de capital num determi-nado projeto. Se a taxa de retorno esperada forinferior à hurdle rate, o projeto será rejeitado. Ahurdle rate deverá ser pelo menos equivalenteao custo marginal do capital. Veja também Cus-to Marginal do Capital.

HYMER, Steven Herbert (1934-1974). Economistacanadense radicado nos Estados Unidos, Hymerrecebeu seu título de doutoramento no Massa-chussets Institute of Technology (MIT), em 1960.Depois de trabalhar em Gana por alguns anos,regressou aos Estados Unidos, onde lecionou emYale de 1964 a 1970. Inclinando-se no sentidodo marxismo, no final dos anos 60, foi afastadode Yale e se transferiu para a New School forSocial Research, onde ajudou a fundar e desen-volver um programa de economia política atésua morte prematura, em 1974. As contribuiçõesmais importantes de Hymer foram suas análisessobre o investimento no exterior das empresasmultinacionais. Afastando-se da teoria tradicio-nal do comércio internacional, considerava osinvestimentos diretos no exterior das empresasmultinacionais uma conseqüência de suas con-tradições internas e da tendência a ampliar seucontrole territorial. Suas contribuições tambémse desdobraram no desenvolvimento das análi-ses da economia política marxista. Seus ensaiosmais significativos a esse respeito, assim comoas análises sobre as corporações multinacionais,foram publicados postumamente no livro TheMultinational Corporation (A Corporação Multi-nacional), 1979. Veja Também Análise Técnica;Mercado Spot.

I I. Inicial de: 1) income (renda); 2) interest (juros).

I-SENN. Veja Índice Senn.

IAA — Instituto do Açúcar e do Álcool. Fun-dado em 1933, o IAA era um órgão autárquicovinculado ao Ministério da Indústria e Comér-cio. Encarregava-se da definição e direção daeconomia canavieira nacional, controlando aprodução, o comércio, a exportação e os preçosdo açúcar e do álcool de cana. O IAA sucedeuà Comissão de Defesa do Açúcar, criada em 1931com o objetivo de enfrentar a grande crise açu-careira mundial, reflexo da quebra do sistemafinanceiro internacional de 1929. Desde sua cria-ção até 1965, o IAA orientou a produção do açú-car e do álcool (mediante a fixação de cotas deprodução), visando a garantir o equilíbrio entreprodução e consumo interno. Eventuais exces-sos de produção eram exportados por meio doIAA, mas os riscos eram assumidos pelo pro-dutor. Em 1965, a política do órgão foi substan-cialmente alterada com a criação do Fundo Es-pecial de Exportação, que equiparou os preçosdo mercado interno aos do mercado internacio-nal, incentivando assim as exportações. A partirde então, o governo passou a pagar a diferençaentre os preços internos e os preços internacio-nais, mais baixos. Além de executar a políticaaçucareira nacional, o IAA dava assistência aplantadores e usineiros, promovia o aumentodo consumo e a exportação do produto, fixavapreços, arrecadava impostos e fiscalizava o cum-primento da legislação. Em 15/3/1990, em de-corrência da política do governo federal de eli-minar empresas estatais deficitárias e autar-quias, o Instituto do Açúcar e do Álcool foi ex-tinto pela medida provisória de nº 151, referen-dada em abril pelo Congresso Nacional.

IAEA — Agência Internacional de Energia Atô-mica (International Atomic Energy Agency).Organismo de colaboração internacional, criadoem 1957 e ligado à Organização das Nações Uni-das (ONU). Sediada em Viena, destina-se a pro-mover o emprego da energia atômica para finspacíficos. Conta com a participação de 113 paí-ses-membros e serve de intermediário entre elespara o fornecimento de combustível e intercâm-bio de informações científicas e tecnológicas nocampo das pesquisas nucleares.

IBC — Instituto Brasileiro do Café. Autarquiavinculada ao Ministério da Indústria e Comér-cio, cuja principal finalidade era executar a po-lítica cafeeira nacional em nível da produção ede sua comercialização interna e externa. Foicriado em dezembro de 1952 e tinha como atri-buições fundamentais: 1) realizar estudos neces-sários ao planejamento da política cafeeira; 2)prestar assistência técnica e econômica à cafei-cultura; 3) controlar a comercialização do café;4) promover a expansão do consumo do pro-duto; 5) executar e fazer cumprir a legislaçãocafeeira, julgar os processos fiscais e aplicar as

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sanções pertinentes. Em 15/3/1990, como partedo programa de estabilização financeira do go-verno (Plano Collor), que, entre outras medidas,eliminou empresas estatais deficitárias ou au-tarquias onerosas ao Estado, o IBC foi extintopela medida provisória de nº 151, aprovada nomês seguinte pelo Congresso.

IBDF — Instituto Brasileiro de Desenvolvi-mento Florestal. Entidade autárquica vinculadaao Ministério da Agricultura, criada em 1967.Tem como objetivo formular a política florestal,bem como orientar, coordenar e executar ou fa-zer executar as medidas necessárias à utilizaçãoracional, à proteção e à conservação dos recursosnaturais renováveis e ao desenvolvimento flo-restal do país. Elabora ainda planos de implan-tação de florestas e reflorestamento, promovepesquisas e controla a utilização racional das flo-restas pela indústria. O instituto possui um ór-gão consultivo e normativo, a Comissão de Po-lítica Florestal, reunindo representantes do po-der público, autárquicos e organizações patro-nais, cuja função é orientar e facilitar a coorde-nação e execução da política florestal, nos termosregulados pelo poder executivo. A receita doIBDF é constituída por dotações orçamentáriasda União; créditos especiais abertos por lei; ren-das provenientes da exploração e venda de pro-dutos florestais; rendas de qualquer natureza re-sultantes do exercício de suas atividades ou daexploração de imóveis sob sua jurisdição; em-préstimos, subvenções, dotações e outras rendasque eventualmente receber; e produtos de mul-tas. O IBDF controla a produção de cada indús-tria que opera na área sob sua jurisdição, esta-belecendo padrões de conservação e instituindoa obrigatoriedade de plantio de árvores paracada metro cúbico utilizado, em número variá-vel conforme o tipo de indústria. Administraainda os 34 parques nacionais e reservas bioló-gicas do país. Mas seu esforço ressente-se dafalta de pessoal especializado: pouco mais de 3mil guardas florestais, quando seriam necessá-rios 80 mil. Essa situação reflete-se num índiceanual de reflorestamento variável entre 300 mile 400 mil hectares, a partir de 1973, insuficientepara as necessidades brasileiras. O esquema deincentivos fiscais do IBDF para projetos de re-florestamento para pessoas jurídicas é mais ge-neroso na região Norte/Nordeste, onde o inves-tidor pode abater 25% do Imposto de Renda de-vido; nas outras regiões, esse abatimento é de17,5%. Veja também Reflorestamento.

IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística. Órgão vinculado à Secretaria de Pla-nejamento da Presidência da República. Sua atri-buição básica consiste em fornecer informaçõese estudos de natureza estatística, geográfica, car-tográfica, demográfica, de recursos naturais,

meio ambiente e poluição necessários ao conhe-cimento da realidade física, econômica e socialdo país, para fins de planejamento econômicoe social e segurança nacional. Entre os trabalhosde informação levados a efeito pelo IBGE des-tacam-se o processamento dos dados das esta-tísticas a cargo da instituição; o desenvolvimen-to de sistemas de obtenção de informações decaracterísticas geográficas, de questões geodési-cas, cartográficas e de recursos naturais; e a coor-denação do Sistema Estatístico Nacional. O IBGEpublica mensalmente a Revista Brasileira de Es-tatística e o Boletim Estatístico.

IBM. Iniciais de International Business Machi-nes, uma das mais importantes empresas mun-diais de fabricação de equipamentos para as em-presas, especialmente computadores. A evolu-ção das cotações de suas ações são um indica-dor da evolução geral dos negócios nos Esta-dos Unidos.

IBOR. Iniciais da expressão em inglês interbankoffered rate, que significa a taxa (de juros) adotadapelos bancos que emprestam a outros bancosnuma moeda determinada e num local deter-minado. As mais importantes são as seguintes:Libor (London Interbank Offered Rate); Luxibor(Luxemburgo Interbank Offered Rate); Mibor; Ki-bor; Hkibor (Hong Kong Interbank Offered Rate);Dibor; Bribor e Bibor.

IBOVESPA — Índice da Bolsa de Valores deSão Paulo. Número que exprime a variação mé-dia diária dos valores das negociações, na Bolsade Valores de São Paulo, de uma carteira deações de cerca de cem empresas selecionadas.O crescimento ou diminuição desse número —que é expresso em unidades chamadas “pontos”— representa a tendência geral dos preços dasações negociadas na Bolsa. Os critérios para aescolha das ações que compõem a carteira sebaseiam sobretudo na participação delas no vo-lume de negócios e em sua presença nos pre-gões. Quando alcança números muito elevados(50 mil pontos), o índice é ajustado para umnúmero-base (cem pontos), para facilitar os cál-culos.

IBV — Índice da Bolsa de Valores. Númeroque exprime a variação média diária dos valoresdas negociações, na Bolsa de Valores do Rio deJaneiro, de uma carteira de ações de cerca decem empresas. Veja também Ibovespa; Núme-ro-índice.

ICERC. Sigla em inglês correspondente a Co-mitê Interministerial de Avaliação de Risco So-berano, instância criada pelo governo norte-americano, depois da crise internacional da dí-vida externa em 1982, para proteger seu sistemafinanceiro. Durante os anos 80, a classificação

IBDF 288

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brasileira foi sendo rebaixada até alcançar o seunível mais baixo depois da moratória de 1987(durante o governo Sarney), quando foi consi-derada value impaired ou o equivalente a créditoduvidoso. Após o acordo em 1994 sobre a dívidaexterna nos termos do Plano Brady, a classifi-cação do Brasil vem melhorando e o deságiosobre os títulos da dívida securitizada vem di-minuindo no mercado internacional. Veja tam-bém Moody’s Investors Service; Plano Brady;Standard & Poor’s.

ICM — Imposto sobre Circulação de Merca-dorias. Introduzido no Brasil em 1/12/65 emsubstituição ao Imposto de Vendas e Consigna-ções (IVC), o ICM é cobrado, em cada Estadoda federação, por ocasião da primeira operaçãode venda de uma mercadoria. Nas etapas sub-seqüentes da circulação dessa mercadoria, o tri-buto incide apenas sobre o valor acrescentadoem relação à operação anterior. De acordo coma Constituição de 1988, o ICM e o Imposto sobreServiços (ISS) foram fundidos num único im-posto, o ICMS.

ICMS. Veja ICM.

IDDC. Iniciais de International Debt DiscountCorporation.

IDEMSONANS. Termo latino que significa li-teralmente “o mesmo som” e que é um docu-mento legal no qual a fidelidade absoluta nagrafia de um nome não é exigida, desde quesoe da mesma forma que a grafia correta, emse tratando de nome próprio, como, por exem-plo, Yeda, Ieda ou Yedda.

IDEOLOGIA. Um dos conceitos mais contro-versos no âmbito da filosofia, da sociologia eda historiografia, designando, na acepção maisgeral, um conjunto de idéias peculiar a uma clas-se ou camada social. O termo foi criado no co-meço do século XIX pelo francês Destutt de Tra-cy, com a significação de ciência que tem porobjeto o estudo das idéias. Foi retomado porKarl Marx e Friedrich Engels em A Ideologia Ale-mã (1845), com o sentido de consciência socialfalsa que os agentes intelectuais de uma classeelaboram, obscurecendo a natureza objetiva dosinteresses materiais dessa mesma classe. Todaideologia seria, por conseguinte, incompatívelcom a ciência social, considerada como conhe-cimento verdadeiro dos fenômenos sociais. Asideologias manifestar-se-iam na política, no di-reito, na moral, na arte, na religião e na filosofia,integrando, na concepção marxista, a superes-trutura social. O conceito tomou, no entanto, sig-nificações diferentes dentro do marxismo e foradele. Para Lênin, na obra Que Fazer? (1903), aideologia do proletariado seria científica, iden-tificando-se com o próprio marxismo. Pontos de

vista variados sobre o tema podem ser encon-trados em Georg Lukács, Antonio Gramsci, Lu-cien Goldmann, Louis Althusser, Maurice Gau-delier e outros. Fora do marxismo, estudarama ideologia Georges Gurvitch e Karl Mannheim.

IDU (Interest Due and Unpaid). Veja PlanoBrady; TJLP.

IENE. Unidade Monetária do Japão. Submúlti-plo: sen ou rin.

IEPTAE. Veja Dracma.

IGNORÂNCIA OPORTUNISTA. Expressão cu-nhada por Gunnar Myrdal (1898-1987) para de-signar economistas que, para provar suas teo-rias, enfatizam elementos irrelevantes e igno-ram elementos importantes na análise de umarealidade.

IGP — Índice Geral de Preços. Índice calculadopela Fundação Getúlio Vargas desde os anos 40.O IGP é composto pelo Índice de Preços porAtacado (IPA), que participa com 60%, pelo Ín-dice de Preços ao Consumidor (IPC) da cidadedo Rio de Janeiro, com a participação de 30%,e do Índice Nacional de Custo da ConstruçãoCivil (INCC), com o peso de 10%. O índice demaior participação no IGP, o IPA, é calculadosob o conceito de Oferta Global (OG), de Dis-ponibilidade Interna (DI) e de Mercado (M). NaOferta Global, são consideradas a produção in-terna e as importações, e na Disponibilidade In-terna são excluídas as exportações da OfertaGlobal; o IGP-M (de Mercado) tem a mesmacomposição que o IGP-DI, embora seja calculadotomando-se os preços entre os dias 21 do mêsanterior e 20 do mês em curso, e não entre osdias 1º e 30 de cada mês; a diferença deve-se ànecessidade de determinar a rentabilidade dosativos financeiros. Dependendo do IPA que seutilize na composição do IGP, este índice seráapresentado como Oferta Global (OG) ou comoDisponibilidade Interna (DI).

IGREJA, Doutrina Social da. Veja Doutrina So-cial da Igreja.

ILHAS DE FABRICAÇÃO. Consistem no agru-pamento de máquinas de tal forma que cada“ilha” possa confeccionar completamente umcerto conjunto ou “família” de peças semelhan-tes. Com esse procedimento, são eliminados ostransportes entre as seções e o fluxo do processode fabricação é feito como se estivesse em linha.No setor de usinagem, as ilhas de fabricaçãosubstituem a organização produtiva tradicional,compreendida pelas seções de tornos, fresas, re-tíficas etc.

ILIQUIDEZ. Falta de liquidez, isto é, falta dedinheiro para realizar pagamentos. Por proble-

289 ILIQUIDEZ

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mas gerenciais, por exemplo, uma empresa podechegar a um excesso de estoque e ter sua liqui-dez comprometida, já que boa parte do capitalestá em forma de mercadorias. Nesses casos,costuma-se fazer uma liquidação, isto é, venderrapidamente o estoque, transformando-o em di-nheiro.

ILUSÃO FISCAL. Situação na qual os benefí-cios ocasionados por determinados gastos dogoverno são claramente percebidos pelos bene-ficiários, não acontecendo o mesmo, no entanto,com os custos. Este fenômeno pode levar a mui-tas distorções nos gastos públicos.

ILUSÃO MONETÁRIA. Processo que consistebasicamente em confundir a correção monetáriade aplicações financeiras com ganhos reais, oucom juros reais incidentes sobre as mesmas. NoBrasil, com o intenso processo inflacionário apartir do início dos anos 80 e com os sucessivosplanos de estabilização a partir do Plano Cru-zado, a brusca redução dos patamares inflacio-nários (e, portanto, da correção monetária) levoumuitos aplicadores em cadernetas de poupança,Fundos de Aplicações Financeiras etc. a retiraro dinheiro para destiná-lo ao consumo, uma vezque a remuneração dessas aplicações havia setornado insignificante, quando, na realidade,seu rendimento real havia permanecido o mes-mo. Em função da ilusão monetária — e tambémpara facilidade de cálculos —, países que en-frentam taxas inflacionárias extremamente ele-vadas costumam realizar reformas monetárias,dividindo o valor da moeda anterior por 100,1 000 ou mais, num esforço de criar a ilusão deque os preços diminuíram.

IMBEL — Indústria de Material Bélico do Bra-sil. Empresa pública com sede em Brasília e vin-culada ao Ministério do Exército. Criada em1975 com o objetivo de: 1) colaborar no plane-jamento e fabricação de material bélico pelatransferência de tecnologia; 2) dar incentivo àimplantação de novas indústrias e prestação deassistência técnica e financeira; 3) promover,com base na iniciativa privada, a implantaçãoe o desenvolvimento da indústria de materialbélico de interesse do Exército; 4) administrar,industrial e comercialmente, seu próprio parquede material bélico por força de contingência depioneirismo, conveniência administrativa ou nointeresse da segurança nacional. Cabe ainda àImbel estabelecer planos visando ao desenvol-vimento do setor de material bélico, bem comoformar pessoal técnico habilitado para essa in-dústria.

IMIGRAÇÃO. Veja Migração.

IMO. Iniciais de International Maritime Orga-nization.

IMPERIALISMO. Política de dominação terri-torial e/ou econômica de uma nação sobre ou-tras. O conceito passou a ser difundido em finsdo século XIX, com a expansão econômica e po-lítica da Grã-Bretanha. Na época, representavao desejo de cada uma das nações mais desen-volvidas de adquirir, administrar e explorar eco-nomicamente territórios menos avançados, coma finalidade principal de comércio, mas algumasvezes para eliminar um risco estratégico em suacompetição mútua. Atualmente, os termos “im-perialismo econômico”, “neocolonialismo” e“dependência” são comumente usados para de-finir as relações econômicas dos países desen-volvidos com os países pobres. Para o pensa-mento de orientação liberal, o imperialismoconstitui uma política expansionista de grandespotências industriais que poderia ser evitada. Jápara o pensamento de orientação marxista, o im-perialismo é uma fase inevitável do desenvol-vimento da economia capitalista, devido à pró-pria natureza dessa economia. O inglês J.A. Hob-son, um dos primeiros autores a estudar as ca-racterísticas econômicas dessa política em Impe-rialismo (1902), vinculou-a às exportações de ca-pitais e à conquista de fontes de matérias-primase mercados. Para J.A. Schumpeter (Imperialismoe Classes Sociais, 1919-1927), a política imperia-lista não tem relação com a natureza do capita-lismo, por essência pacifista, mas com um im-pulso atávico de luta, próprio de estruturas ecamadas sociais pré-capitalistas, que não pode-riam existir sem guerras e conquistas territoriais.Hilferding em O Capital Financeiro (1910), Buk-hárin em A Economia Mundial e o Imperialismo(1915) e principalmente Lênin em O Imperialismo,Etapa Superior do Capitalismo definiram o capitalfinanceiro como a fusão do capital bancário como capital industrial, o que marcaria a passagemdo capitalismo de livre-concorrência para o ca-pitalismo dos monopólios. Nessa fase ocorreriaa formação de grandes excedentes de capitaisnos países industriais adiantados, capitais essesque precisariam ser exportados, tornando a ex-portação de capitais mais importante que a ex-portação de mercadorias. Outras característicasdo imperialismo seriam a necessidade das gran-des potências de garantir mercados e fontes dematérias-primas e a luta — até mesmo por meiode guerras — pela repartição territorial das es-feras de influência e das áreas coloniais e semi-coloniais. Lênin partiu das teses econômicas deMarx em O Capital e desenvolveu os estudosempíricos e teóricos de J.A. Hobson e Hilferding,afirmando que o imperialismo não é uma polí-tica eventual, mas faz parte da natureza da evo-lução do próprio capitalismo. Uma atualizaçãoda teoria marxista sobre o imperialismo, estu-dado sob o aspecto da grande empresa norte-americana, foi feita por Paul Baran e Paul Swee-

ILUSÃO FISCAL 290

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zy em O Capitalismo Monopolista (1966). Vejatambém Capitalismo; Colonialismo; Comérciointernacional; Dependência; Monopólio; Mul-tinacionais; Subdesenvolvimento.

IMPLIED VOLATILITY. Expressão em inglêsque significa o grau de volatilidade implícitapelo preço de mercado de uma opção. Algunsoperadores compram opções quando o seu graude volatilidade é baixo, e as vendem quandoseu grau de volatilidade é alto. Utilizando o Mo-delo Black Scholes, um operador que conheçao preço da opção, seu preço de exercício e outrosfatores, pode determinar a volatilidade de umtítulo. Veja também Black Scholes Model; Vo-latilidade.

IMPORTAÇÃO. Entrada de mercadorias e ser-viços estrangeiros num país. Os serviços, cujovalor não figura na receita comercial, constituemas importações invisíveis. Para manter a balançacomercial favorável ou ao menos equilibrada,os países submetem as importações a diversasformas de controle. Os importadores podem re-correr ao mercado financeiro internacional paraobter o crédito necessário ao pagamento de suasimportações. Para facilitar essas transações, como aumento do volume do comércio mundial, fo-ram criados instrumentos de troca, como os cer-tificados de crédito sobre operações futuras eos direitos especiais de saque que cada país temjunto ao FMI, variando conforme suas cotas nes-te órgão. Veja também Comércio Internacional;Incoterms.

IMPORTAÇÃO, Restrições à. Medidas restri-tivas impostas à importação de produtos porum país consistentes em tarefas, cotas ou depó-sitos de importação. São geralmente impostascom o objetivo de: 1) corrigir um déficit no ba-lanço de pagamentos, substituindo o consumode bens importados pelo de bens produzidosno país. A extensão desse efeito dependerá daelasticidade da demanda pelas importações emquestão, isto é, do grau em que o mercado localdispõe de substitutos aceitáveis; 2) aumentar aeconomia do bem-estar social de um país às ex-pensas de outros, na medida em que haja poderpara explorar os supridores estrangeiros, pormeio, por exemplo, de monopólio, sem perigode retaliação; 3) proteger o mercado da indústrianacional enquanto ela está se estabelecendo.Restrições não-tarifárias incluem direitos fis-cais, tais como taxas de valor de acréscimo.Outros exemplos de restrições são as taxas do-mésticas aplicadas de acordo com as caracte-rísticas técnicas dos produtos. Veja tambémBalança Comercial; Protecionismo; Substitui-ção de Importações.

IMPORTAÇÕES, Substituição de. Veja Subs-tituição de Importações.

IMPOSTO. Taxas obrigatórias pagas ao Estado,que devem reverter à coletividade sob forma debenefícios de interesse geral: transporte, educa-ção, saúde etc. Historicamente, esse pagamentodespontou sob a forma de tributo, exprimindouma relação de força que um povo vencido de-via a seus dominadores. Na Idade Média, pre-valeceu a idéia de que o imposto não podia serestabelecido sem o consentimento dos contri-buintes; ou que o imposto era estabelecido arogo do rei. Seria assim uma ajuda que se ofe-recia ao soberano, como um complemento deseus recursos normais. Mais tarde essas formasde tributos ganharam o sentido de obrigatorie-dade, de coisa imposta; uma imposição que nãopode ser exercida sem o consentimento dos con-tribuintes, consentimento este que, nos regimesrepresentativos, é atribuído ao poder legislativo.A obrigatoriedade dos impostos pode ser en-tendida em termos de uma relação contratualentre os cidadãos e o Estado, que lhes protegeos bens e a própria vida. De acordo com outrateoria, o imposto corresponderia ao preço queo indivíduo paga pelos serviços prestados peloEstado à coletividade; outros o vêem como umaespécie de dívida social, com a qual os cidadãosteriam de arcar pelo simples fato de fazer parteda comunidade política. Os impostos podem serde vários tipos: imposto pessoal — grava os bens,levando em conta o contribuinte que deles usu-frui e seu grau de bem-estar; imposto real — in-cide sobre a matéria tributável, sem levar emconsideração a pessoa do contribuinte, sua si-tuação ou grau de riqueza; imposto direto — afetaa riqueza dos contribuintes, incidindo direta-mente sobre seus capitais ou suas rendas, e de-pende da importância das riquezas possuídasou das rendas ou salários recebidos; imposto in-direto — decorrente da produção e comerciali-zação (geralmente, incide sobre vendas, produ-tos industrializados, importação etc.); impostopor cotas — sua tarifa é fixada pela lei fiscal,sem que seja determinado o produto total; im-posto por contingente — a lei fixa determinadaquantia, o contingente; não se estabelece tarifa;imposto progressivo — aumenta em proporçãomaior que o valor sobre o qual incide; impostoproporcional — aumenta na mesma proporçãoque o valor gravado; imposto regressivo — temum impacto menor ao incidir sobre as faixasbaixas de renda. A distinção entre imposto pro-gressivo e imposto regressivo é tênue, referidaa seu móvel de aspiração: o primeiro pretende-ria, sobretudo, sobrecarregar os contribuintes derendas mais elevadas; o segundo teria a finali-dade de aliviar os mais despossuídos. No Brasil,os impostos indiretos são geralmente regressi-

291 IMPOSTO

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vos e os impostos diretos, progressivos. Entreos impostos diretos podemos citar o impostosobre a renda, que apresenta alíquotas crescen-tes em relação à elevação das faixas de renda.Entre os impostos indiretos temos o Imposto so-bre Produtos Industrializados, Imposto sobreCirculação de Mercadorias e Serviços, Impostode Importação etc. Uma característica do sistematributário do Brasil e dos demais países subde-senvolvidos é a preponderância dos impostosindiretos. A posição secundária da tributação di-reta pode ser atribuída à inexistência de um sis-tema de arrecadação eficiente, ao baixo nível derenda da população e à constante premência derecolhimento imediato dos impostos. Muitoseconomistas atribuem aos impostos indiretosuma pressão inflacionária maior que a dos im-postos diretos, devido ao fato de as empresastransferirem para o consumidor o valor dos im-postos pagos, elevando o preço da venda de seusprodutos. Veja também Orçamento.

IMPOSTO DE CONSUMO. Tributo federal subs-tituído, em 1966, pelo IPI.

IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO. Imposto cria-do, em 1979, com o propósito de reduzir a quedana receita de exportações em função da maxi-desvalorização do cruzeiro daquele ano, bemcomo de elevar o preço de vários produtos parao consumidor externo, contendo a exportaçãodesses produtos e garantindo seu fornecimentono mercado interno. Foi utilizado também porocasião da maxidesvalorização de 1983, com alí-quotas que variaram de 5 a 20% sobre 69 pro-dutos da pauta de exportações, tanto primárioscomo industrializados. A redução desse impostoé progressiva, à medida que se vão atenuandoos efeitos da maxidesvalorização. Embora possaser aplicado sobre qualquer bem ou serviço, temsido utilizado em bens primários, como café,soja, algodão, açúcar e produtos agropecuários.

IMPOSTO DE LAREIRA. Tipo de imposto exis-tente na Inglaterra no século XVII e incidentesobre a(s) lareira(s) existente(s) numa casa. Se-gundo William Petty, este imposto era o maisfácil, claro e apropriado, na medida em queera fácil determinar o número de lareiras exis-tentes numa comunidade por meio do númerode chaminés existentes, e que não eram facil-mente removíveis como as pessoas. Veja tam-bém Capitação.

IMPOSTO DE RENDA. Tributo cobrado daspessoas físicas e jurídicas sobre os rendimentosauferidos no exercício de suas atividades pro-fissionais ou comerciais, ou ainda sobre os ren-dimentos resultantes da aplicação de seus capi-tais. O Imposto de Renda no Brasil foi criadopelo presidente Artur Bernardes, em 1922, sendo

a primeira cobrança feita sobre o exercício fi-nanceiro de 1924. O Imposto de Renda é diretoe progressivo, isto é, incide diretamente sobreuma pessoa física ou jurídica, e a taxação é pro-gressivamente proporcional ao valor do rendi-mento. Por isso, é considerado o imposto maisjusto. O sistema de arrecadação, apesar das cons-tantes mudanças feitas, sustenta-se em duas ba-ses: o imposto arrecadado na fonte e o imposto lan-çado. O imposto arrecadado na fonte é retido erecolhido pelas fontes pagadoras do rendimen-to, enquanto o lançado baseia-se na declaraçãodo contribuinte.

IMPOSTO DE RENDA NEGATIVO. O concei-to de Imposto de Renda negativo surgiu comoum dos mecanismos de transferência de rendainseridos no plano mais geral dos esforços dereformas dos sistemas de bem-estar, durante osanos 60, nos Estados Unidos. Os ancestrais desseprograma devem ser encontrados, no entanto,na Lei dos Pobres, na Inglaterra, durante o sé-culo XIX, e no Dividendo Social promovido porlady Rhis-Williams, também na Inglaterra, de-pois da Segunda Guerra Mundial. Embora o ter-mo tenha sido criado por Milton Friedman, aoapresentar um esquema sintético do sistema noseu livro Capitalism and Freedom (Capitalismo eLiberdade), 1962, o Imposto de Renda negativotem sido preocupação de economistas conven-cidos da necessidade de ampliar transferênciascomo uma componente da redução da pobreza,em vista da ineficácia dos programas então exis-tentes. A idéia básica do Imposto de Renda ne-gativo é fixar um nível de renda mínimo, e todosaqueles que não alcançassem esse nível recebe-riam uma quantia em dinheiro para complemen-tar sua renda. Outros benefícios que visam obem-estar e são concedidos in natura aos maispobres seriam substituídos, inclusive para re-forçar o fundo que viabilizasse financeiramenteo programa. No Brasil, o Imposto de Renda ne-gativo vem sendo discutido e defendido pelosenador Eduardo Suplicy por meio de um Pro-grama de Renda Mínima transformado em projetode lei e já aprovado no Senado em primeira dis-cussão. Veja também EITC.

IMPOSTO DIRETO. Veja Imposto.

IMPOSTO DO SELO. Veja Lei do Selo.

IMPOSTO DO VINTÉM. Taxa de vinte réis so-bre as passagens de bonde do Rio de janeiro,cuja inclusão na lei do orçamento deu motivosa um movimento popular que se estendeu de1º a 4 de janeiro de 1880. Após vários choquesentre a população revoltada e as tropas da Bri-gada Policial, do Corpo de Bombeiros e do Cor-po de Imperiais Marinheiros, o imperador D.

IMPOSTO DE CONSUMO 292

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Pedro II resolveu suspender a cobrança do im-posto, o que foi confirmado pelo Parlamentoquando da abertura de seus trabalhos, no dia1º de maio daquele ano.

IMPOSTO EM BENEFÍCIO DO BANCO DOBRASIL. Imposto criado durante o reinado deD. João VI no Brasil, de 12$800, incidente sobrecada negociante, livreiro, boticário, sobre lojasde ouro, prata, estanho e artigos de cobre, tabacoetc., isentas somente as lojas de barbeiro e sa-pateiro.

IMPOSTO INDIRETO. Veja Imposto.

IMPOSTO INFLACIONÁRIO. O imposto in-flacionário é aquele decorrente das receitas ob-tidas pelo governo pela emissão de moeda. Todaemissão de moeda que o governo realiza signi-fica automaticamente que ele aumenta sua ca-pacidade de adquirir bens e serviços, pagar dí-vidas etc., isto é, fazer frente às despesas gover-namentais. É como se um governo tivesse obtidotais recursos dos tributos que lança. Como talatitude, via de regra, provoca inflação, pois oaumento das emissões, expandindo os meios depagamento, resulta numa elevação dos preços,denomina-se esta arrecadação “imposto inflacio-nário”. Nos países onde a inflação é muito baixa,e onde, portanto, o governo emite uma quanti-dade muito pequena de moeda adicional, esteimposto não representa uma parcela significa-tiva do total de receitas de um governo: nospaíses industrializados da Europa e América doNorte, entre 1960 e 1978, esta receita média nãoalcançou 1% do PIB desses países. Nos países,no entanto, onde o processo inflacionário é mui-to intenso, estas receitas podem alcançar níveisexpressivos. Por exemplo, durante os anos 20,nas hiperinflações dos países europeus, como aAlemanha, esta participação alcançou cerca de10% do PIB e quase a totalidade da arrecadaçãodo governo central. Mais recentemente, na Ar-gentina, entre 1960 e 1975, as receitas do impostoinflacionário alcançaram em média cerca de 6%do PIB e quase 50% do total de receitas do go-verno. Veja também Braceagem; Senhoriagem.

IMPOSTO PROGRESSIVO. Veja Imposto.

IMPOSTO PROPORCIONAL. Veja Imposto.

IMPOSTO RETIDO NA FONTE. Todo impos-to que é descontado em sua própria fonte ge-radora. Nessa fonte, existe a figura do respon-sável, solidário com o contribuinte e que deveproporcionar o pagamento do imposto devido.Por exemplo: no Brasil, o Imposto de Renda édeduzido do salário no momento em que o em-pregado recebe sua remuneração, ficando a em-

presa responsável pelo recolhimento desse im-posto junto ao fisco.

IMPOSTO SELETIVO. Veja Excise Tax.

IMPOSTO SOBRE VENDAS. Veja ICM.

IMPOSTO SONEGADO. É o imposto não pagode forma dolosa, isto é, o contribuinte sabe quetem que pagar e, conscientemente, não recolheaos cofres públicos as importâncias devidas, em-bora exista expressa disposição legal para fazê-lo. Vários estudos desenvolvidos pela Secretariada Receita Federal indicam que o nível de so-negação é muito elevado no Brasil, sendo quepara cada real de imposto pago corresponderiaoutro de imposto sonegado. Veja também Re-ceita Federal (Secretaria da); Sonegação Fiscal.

IMPOSTO ÚNICO. Tipo de imposto que cons-tituiria a única fonte de receita do governo. Oimposto único pode incidir sobre a receita, ocapital, a propriedade etc., mas a forma que temrecebido mais atenção dos estudiosos é sobre ovalor da terra. A idéia do imposto único sobreo valor da terra foi lançada pelo economista epolítico americano Henry George, em sua obraProgresso e Pobreza, e tem certa afinidade com oimpôt unique dos fisiocratas. Segundo HenryGeorge, a renda econômica da terra era resul-tado do crescimento da economia e não do es-forço individual; em conseqüência, os governostinham uma justificativa para apropriar-se dessarenda, eliminando a necessidade de cobrar ou-tros impostos. No Brasil, o principal defensordo projeto do imposto único (adaptado às con-dições brasileiras) é o economista e vereadorMarcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, pro-fessor da Escola de Administração de Empresasda Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

IMPÔT UNIQUE. Veja Imposto Único.

IMPUTED INTEREST. Veja Juros Imputados.

INA — Indicador do Nível de Atividade. Índiceapurado pela Fiesp (Federação das Indústriasdo Estado de São Paulo) e que estima o nívelde capacidade ociosa na indústria no Estado deSão Paulo.

INADIMPLÊNCIA. Falta de cumprimento dascláusulas contratuais em determinado prazo.Além de permanecer em débito, a parte inadim-plente fica sujeita ao pagamento de juros demora, multa contratual ou outros encargos.

INAMPS. Veja INSS.

IN AND OUT. Expressão em inglês utilizadaentre especuladores para designar uma opera-ção de compra imediatamente seguida por umavenda, ou vice-versa. Por exemplo, a compra de

293 IN AND OUT

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um título e sua venda no mesmo dia é umaoperação in and out.

INCENTIVO FISCAL. Subsídio concedido pelogoverno, na forma de renúncia de parte de suareceita com impostos, em troca do investimentoem operações ou atividades por ele estimuladas.Os incentivos podem ser diretos ou indiretos.Quando concedidos na forma de isenção do pa-gamento de um imposto direto, como o impostosobre a renda, beneficiam o contribuinte; no casode um imposto indireto, tendem a diminuir opreço da mercadoria produzida pela empresaque recebe a isenção, beneficiando também oconsumidor. Veja também Fundos Fiscais.

INCERTEZA. Situação em que, partindo-se dedeterminado conjunto de ações, chega-se a vá-rios resultados possíveis. Os resultados são co-nhecidos, mas não a probabilidade de eles ocor-rerem. Caso as probabilidades sejam conhecidas,fala-se em risco. Veja também Risco.

INCH. Veja Polegada.

INCOMPATÍVEIS. Veja Mutuamente Exclusivos.

INCORPORAÇÃO. Aquisição de uma empresapor outra. Pode ser feita pela compra à vistadas ações, pagando-se por elas um preço supe-rior ao preço de mercado, ou adquirindo-se ocontrole acionário a longo prazo. As incorpora-ções são realizadas, em geral, para aumentar opoder de monopólio dos grupos empresariais ediminuir a concorrência. O termo “incorpora-ção” traz implícito o sentido de que a aquisiçãofoi feita sem total acordo por parte da incorpo-rada, diferindo, por isso, da fusão. Veja tambémConcorrência; Fusão; Merger.

INCORPORAÇÃO DE RESERVAS. Processocontábil pelo qual os lucros retidos e não dis-tribuídos nos exercícios anteriores (fundos dereserva etc.) passam a ser contabilizados comointegrantes do capital da empresa.

INCOTERMS. Abreviação da expressão em in-glês international commercial terms, que significa“termos do comércio internacional”. Os inco-terms surgiram em 1936, quando a Câmara deComércio Internacional resolveu editar um livroconsolidando e interpretando as várias fórmulascontratuais que vinham havia muito sendo uti-lizadas pelos comerciantes internacionais. Esseconjunto de normas ficou conhecido como In-coterms 1936. Em 1953, foi reformulado, tendosofrido algumas emendas e adições em 1967,1976 e 1980, sendo que, atualmente, o novo con-junto de regras denomina-se Incoterms 1980.Além dos incoterms, existem também as RevisedAmerican Foreign Trade Definitions 1941 (Defini-ções Americanas Revisadas para o Comércio Ex-

terior 1941). Estas definições foram estabelecidasno XXVII Congresso Nacional do Comércio Ex-terior, realizado nos Estados Unidos em 1940, esão ainda aplicadas naquele país, embora a ten-dência seja a uniformização em torno dos inco-terms, pois estes proporcionam uma aplicaçãomais universal. A importância dos incoterms estáno estabelecimento do que se denomina “pontocrítico”, isto é, aquele momento de transferênciade obrigações, ou seja, quando o vendedor (ex-portador) é considerado isento de responsabili-dade legal sobre a mercadoria entregue ao com-prador, tendo direito a receber o pagamento es-tipulado na medida em que, daquele ponto emdiante, as despesas e os riscos correm por contado comprador (importador). A relevância dosincoterms é sua capacidade de definir com pre-cisão, e sem deixar margem a dúvidas, o pontocrítico das transações. Os incoterms são os se-guintes: ex work; freight or carriage paid to; deliveredduty paid; free carrier (franco-transportador); na-med point (ponto designado); FAS; FOB; C&F;CIF; ex ship; ex quay; FOB Airport; FOR/FOT; de-livered at frontier. As fortes mudanças ocorridasnas modalidades de transporte e nos procedi-mentos documentais do comércio internacionalcriaram a necessidade de uma revisão dos inco-terms capaz de colocá-los em sintonia com essastransformações. Entre as mudanças mais impor-tantes encontram-se as seguintes: 1) estabeleci-mento de um único operador responsável portodas as etapas do sistema de transporte, comapenas um contrato de transporte abrangendotodo o percurso, da origem ao destino; 2) entregadas mercadorias (exceto quando se trata de gran-des volumes) na estação de fretes ou terminaisem vez de no navio, o que torna ociosos os in-coterms, que têm como ponto crítico (ponto detransferência de responsabilidades) o costado donavio (free alongside ship, por exemplo); 3) a con-teinerização impossibilitou a constatação de ava-rias durante o trânsito de uma mercadoria, anão ser antes do embarque ou depois do de-sembarque, quando o contêiner é aberto; 4) asubstituição do conhecimento de embarque tra-dicional por faturas e recibos fornecidos por sis-temas de dados computadorizados, o que pos-sibilita a revenda da mercadoria antes mesmode sua chegada ao destino, mediante a entregado documento ao novo comprador. A partir de1980, foram introduzidos dois novos termos,além da atualização de um já existente. Os doisnovos são os seguintes: 1) free carrier, que é umaadaptação do termo FOB para adaptá-lo às pe-culiaridades do transporte intermodal, isto é, en-quanto no sistema FOB o vendedor cumpre suasobrigações e isenta-se de responsabilidade quan-to a risco de perdas e danos da mercadoria nomomento do embarque (quando a mercadoriaé colocada a bordo do navio), na nova versão

INCENTIVO FISCAL 294

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o ponto crítico é o “ponto designado”, ou seja,quando o produto é entregue em custódia aotransportador; 2) freight/carriage and insurancepaid to (named point of destination) CIP. Segue osmesmos princípios do CIF (cost, insurance andfreight), sendo que o vendedor arca com os cus-tos de transporte e seguro até o ponto acordadoentre as partes. Os riscos de perdas e avarias eos aumentos de despesas são transferidos nãomais no momento do embarque (como ocorreno sistema CIF), o que atende apenas ao trans-porte marítimo, mas quando da entrega da mer-cadoria ao primeiro transportador, adaptando-se desta forma a qualquer tipo de transporte,inclusive o intermodal. A atualização do termoexistente refere-se a freight/carriage paid to. Estetermo não é novo, tendo sido apenas atualizadoàs condições do transporte integrado ou inter-modal. É praticamente igual ao anterior, com aúnica diferença de que não exige do vendedora contratação do seguro. Alguns incoterms ad-mitem variações, sendo as mais importantes asseguintes: 1) FOB americano. Neste caso, os cus-tos de transporte até o porto ou aeroporto deembarque e aqueles referentes ao desembaraçoalfandegário na exportação não estão a cargodo vendedor, mas sim do comprador. O FOBamericano fica num ponto intermediário entreo ex work e o free carrier; 2) ex work. Nesta mo-dalidade, os custos de carregamento da merca-doria da fábrica para o veículo do transportadorcorrem por conta do comprador. No entanto,caso haja acordo entre as partes, a responsabi-lidade desta operação pode passar ao vendedor;3) CIF landed. Os custos de descarregamento, in-clusive despesas de chatas e cais, correm porconta do vendedor, apesar dos riscos de trans-porte da mercadoria passarem para o compra-dor a partir do momento em que ela ultrapassarefetivamente a amurada do navio, no porto deembarque. Esta variante pode representar riscospara o vendedor, no caso de o porto de destinoser mal equipado, o que pode causar despesasadicionais e não previstas ao exportador; 4) CIFlanded/ex quay (duties on buyer’s account). No quese refere a custos, estes dois termos se equiva-lem, uma vez que cabe ao vendedor arcar comas despesas de desembarque da mercadoria.Mas no que se refere aos riscos, há uma diferençaimportante, pois enquanto no primeiro caso (CIFlanded) a transferência se dá no porto de embar-que, viajando a mercadoria por conta do com-prador, no último, a transferência de riscos ocor-re no porto de destino, quando, até então, a mer-cadoria esteve sob responsabilidade do vende-dor.

INCRA — Instituto Nacional de Colonizaçãoe Reforma Agrária. Órgão do governo federalcriado em 1970 e vinculado em 1982 ao novo

Ministério de Assuntos Fundiários. Tinha comofinalidade fazer o levantamento cadastral daspropriedades agrícolas e a demarcação de áreasprioritárias para colonização e reforma agrária,além de cuidar das medidas executivas para suaimplementação. O Incra foi extinto por decreto-lei assinado pelo presidente José Sarney em21/10/1987. As atribuições do Incra passarama ser desempenhadas diretamente pelo Minis-tério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário(Mirad). As superintendências regionais do In-cra foram mantidas e seus diretores estão vin-culados diretamente ao gabinete do ministro.

INCRA, Cadastramentos do. Levantamentos ca-dastrais das propriedades agrícolas realizadosperiodicamente, a partir de 1967, com a finali-dade da cobrança do Imposto Territorial Rurale a classificação das propriedades rurais comominifúndio, empresa rural, latifúndio por explo-ração e latifúndio por dimensão, com o objetivode realizar a reforma agrária. Veja também In-cra; Reforma Agrária.

INDENTURE. Termo em inglês que significaum acordo por escrito entre uma corporação queemite título de dívida e quem o adquire (o cre-dor), estabelecendo data de vencimento, taxa dejuros e outras condições do acordo.

INDEXAÇÃO. Mecanismo de política econômi-ca pelo qual as obrigações monetárias têm seusvalores em dinheiro corrigidos com base em ín-dices oficiais do governo. No Brasil, por exem-plo, os salários, pensões e aluguéis residenciaiseram corrigidos em função da variação do ÍndiceNacional de Preços ao Consumidor (INPC). De-pois de 1986, com o Plano Cruzado, o PlanoBresser (1987) e o Plano Verão (1989), as regrasde indexação sofreram várias alterações, sendoaté suspensas durante algum tempo. Desde aaplicação do Plano Collor 2, a indexação comomedida de correção monetária foi oficialmenteabolida. No entanto, com a aceleração da infla-ção entre 1991 e 1994, ela voltou a ser admitida,para ser outra vez eliminada (pelo menos par-cialmente) com o advento do Plano Real. Vejatambém Plano Bresser; Plano Collor 2; PlanoCruzado; Plano Real; Plano Verão.

ÍNDIAS OCIDENTAIS. Veja Companhia Ho-landesa das Índias Ocidentais.

ÍNDIAS ORIENTAIS. Veja Companhia das Ín-dias Orientais; Companhia Holandesa das Ín-dias Orientais.

INDICADOR SOCIAL. Procedimento estatísti-co que objetiva quantificar o grau de bem-estarou qualidade de vida de uma população. A ne-cessidade de detectar esses índices decorreu dodescontentamento generalizado do uso do con-

295 INDICADOR SOCIAL

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ceito de crescimento do produto nacional brutocomo principal referencial para se aferir o graude desenvolvimento social de uma comunidade.O conceito de indicador social procura superaressas características puramente quantitativas daprodução. Incluem-se, portanto, como indicado-res sociais: nível de emprego, qualidade habita-cional, nível de instrução, mobilidade social, ser-viços de transporte e de saúde, educação e perfilcultural global, oportunidades de lazer, grau dedepredação dos recursos naturais não-renová-veis, poluição do ar, da água e sonora, entreoutros dados. De posse desse tipo de informa-ção, o poder público, em qualquer nível, estariamais capacitado a planejar e desenvolver umapolítica social. Veja também Bem-estar, Econo-mia do; Desenvolvimento Econômico.

INDICADORES ECONÔMICOS. Conjunto dedados estatísticos, passíveis de mudança e os-cilações, capaz de dar uma idéia do estado deuma economia em determinado período oudata. Também chamados indicadores de conjun-tura, em geral fornecem dados sobre produção,comercialização e investimentos. Entre os indi-cadores econômicos mais relevantes estão os re-ferentes a desemprego, oferta de empregos, em-préstimos bancários, reservas, preços de certosprodutos (como petróleo), taxas de juros, mo-vimentos de importação e exportação, produçãoindustrial geral e setorial, produção de aço e veí-culos, preços de materiais de construção e con-sumo energético, entre outros.

ÍNDICE. Veja Número-índice.

ÍNDICE AGREGADO PONDERADO. Índiceagregado de preços pelo qual se estabelece, paracada um, um peso ou ponderação. É utilizado,por exemplo, na determinação do custo de vidae suas variações, na medida em que os váriosprodutos participam de forma diferenciada noconsumo habitual de uma população, variandotambém de acordo com as diversas faixas derenda dessa população. Por exemplo, o consumode pimenta é muito menor do que o de arroze feijão, na alimentação habitual das famíliasbrasileiras: uma alteração de 10% em seu preçonão terá a mesma influência sobre a variaçãodo custo de vida do que a mesma alteração nopreço do arroz ou do feijão. Os índices agrega-dos ponderados também admitem distinções,uma vez que uns incluem um leque mais amplode preços do que outros, ora registrando os pre-ços do atacado, isto é, praticados entre empre-sários, e ora os preços apenas do varejo, ou seja,preços praticados entre empresários e os consu-midores finais. A formula genérica desses índi-ces é a seguinte:

Iap = Σ Pn . w

Σ Po . w

Onde Pn são os preços do ano n, Po são os preçosdo ano base, e W são os pesos designados acada preço. No Brasil, os Índices Agregados Pon-derados mais utilizados para a estimativa da in-flação são os seguintes: Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), apurado pelaFundação Getúlio Vargas (FGV) entre os dias1º e 30 de cada mês, composto por uma médiaponderada do Índice de Preços ao Consumidor(30%), da cidade do Rio de Janeiro, do Índicede Preços no Atacado (60%) e do Índice Nacionalda Construção Civil (10%) e utilizado na corre-ção de contratos; Índice Geral de Preços de Mercado(IGP-M), o mesmo que IGP-DI, mas apuradoentre os dias 21 e 20 de cada mês; Índice Nacionalde Preços ao Consumidor (INPC), apurado peloIBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística) de 1º a 30 de cada mês, entre as faixasde renda de um a oito salários mínimos em onzeregiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janei-ro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Belém,Fortaleza, Salvador, Curitiba, Goiânia e Brasília),utilizado para a correção de contratos; Índice doCusto de Vida (ICV), apurado pelo Dieese (De-partamento Intersindical de Estudos e EstatísticaSócio-Econômicos) entre os dias 1º e 30 de cadamês nas faixas de renda de um a trinta saláriosmínimos no município de São Paulo, utilizadopara correção de acordos (salariais) setoriais, es-tando presente como índice de correção salarialde várias categorias até o advento do Plano Real;Índice do Custo de Vida da Classe Média (ICVM),apurado pela Ordem dos Economistas de SãoPaulo entre os dias 1º e 30 de cada mês nasfaixas de renda de dez a quarenta salários mí-nimos no município de São Paulo e utilizadopara correção de contratos; Índice de Preços aoConsumidor (IPC), apurado pela Fundação Ins-tituto de Pesquisas Econômicas (Universidadede São Paulo) entre os dias 1º e 30 de cada mêsnas faixas de dois a seis salários mínimos nomunicípio de São Paulo, utilizado para a corre-ção de impostos municipais e estaduais; Índicede Preços ao Consumidor em Real (IPCr), apuradopelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE) (a partir da vigência do Plano Real)entre os dias 16 do mês anterior até o dia 15 demês de referência, nas faixas de um a oito sa-lários mínimos nas onze regiões metropolitanascorrespondentes ao INPC, utilizado para a cor-reção de salários e contratos em geral.

ÍNDICE BIG MAC. Indicador do poder de com-pra das principais moedas mundiais, tendocomo referencial o preço do sanduíche homô-nimo produzido com as mesmas matérias-pri-mas e vendido praticamente em todo o mundo.

INDICADORES ECONÔMICOS 296

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Criado pela revista The Economist, de Londres,suas variações mensais podem refletir alteraçõesde custos e aumentos ou perdas de eficiênciaem cada economia na produção dos componen-tes que entram na composição nessa peça básicadas unidades do fast-food. A União dos BancosSuíços tem uma versão do índice relacionadacom o poder de compra, comparando quantotempo de trabalho necessita o assalariado médiopara comprar um Big Mac. Em 1997, os pontosextremos eram: duas horas para o caso de umassalariado em Caracas (Venezuela) e nove mi-nutos para um trabalhador em Tóquio (Japão).Veja também Cassel, Gustav; Paridade do Po-der de Compra.

ÍNDICE CAMPONÊS. Veja Kondratieff, Niko-lai Dmitrievitch.

ÍNDICE DE ATIVIDADE ECONÔMICA DONEW YORK TIMES. Veja New York TimesBusiness Index.

ÍNDICE DE BOLSA DE VALORES. Valor nu-mérico equivalente à média das cotações de cer-to grupo de ações, consideradas representativasde todo o mercado, em determinado momento.Pela comparação dos índices apurados sucessi-vamente pelas Bolsas de Valores, pode-se saberse o mercado se encontra em alta, estável ouem baixa, o que orienta os investidores em suasaplicações no futuro próximo. O acompanha-mento do índice é feito em geral por meio deum gráfico simples que registra sua evoluçãono tempo: um ano, um mês, uma semana ouaté mesmo ao longo de um dia.

ÍNDICE DE FISHER. Também denominado “Ín-dice Ideal de Fisher”, é um número que tem afinalidade de eliminar o viés para cima do Índicede Laspeyres, e o viés para baixo do Índice dePaasche, calculando a média geométrica entreambos:

If = √ Σ Pn . qn Σ Po . qn

. Σ Pn . qo Σ Po . qo

. 100

Onde Pn = preços do ano n; Po = preços noano-base; Qn = quantidades no ano n; Qo =quantidades no ano-base.

ÍNDICE DE GINI. Veja Coeficiente de Gini.

ÍNDICE DE HERFINDAHL. Índice idealizadopelo economista Orris Herfindahl, para a deter-minação dos efeitos anticompetitivos potenciaisde uma fusão de bancos. O índice mede o graude concentração por meio da soma das partici-pações individuais de cada empresa, elevadasao quadrado, de tal forma que

IH = Σi π2

onde π = participação percentual no mercadode cada empresa. Quando um único banco con-trola todo o mercado (monopólio ou monopsô-nio), o índice de Herfindahl é igual a 1. Noscasos de oligopólios ou oligopsônios, quandoexistem poucos bancos explorando um mercado,o índice será próximo a 1, e quanto mais con-correncial for o mercado, mais o índice será pró-ximo de 0. Supondo a existência de seis bancosnum determinado mercado, com participaçõesnos depósitos de 30%, 25%, 20%, 15% e 5%, asoma dos quadrados dessas participações será0,22. Se os dois maiores bancos se fundirem, oíndice aumentará para 0,37, o que pode ser con-siderado uma fusão anticoncorrencial. No en-tanto, se a fusão ocorrer entre os dois menoresbancos, a alteração no índice será desprezível,isto é, ele passará para 0,225, e, portanto, estafusão não seria anticoncorrencial. O índice deHerfindahl é apenas um dos indicadores dosefeitos da fusão de bancos sobre o mercado, edentro desta limitação, não pode ser considera-do a palavra final numa análise de concentraçãode mercados, na medida em que é apenas apro-ximativo.

ÍNDICE DE LASPEYRES. Índice de preços agre-gado ponderado no qual o numerador é a somados preços correntes ponderados pelas quanti-dades de um período-base, e o denominador éa soma dos preços do período-base, ponderadosda mesma forma. A fórmula para o cálculo é aseguinte:

Índ. Lasp. = Σi = 1

n Pn . Qo

Σi = 1

n Po . Qo

onde Pn = preço no ano n; Po = preço no ano-base; Qo = quantidade no ano-base.

ÍNDICE DE LERNER. Um indicador do poderde monopólio de uma empresa, definido pelafórmula:

L = Preço — Custo Marginal

Preço

Quando existe concorrência perfeita, o preço seiguala ao custo marginal, e, portanto, L será =0. Quando o preço supera o custo marginal, oíndice torna-se positivo e varia entre 0 e 1. Quan-to mais próximo L estiver de 1, maior será ograu de monopólio exercido pela empresa.

ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE. Medidade liquidez calculada mediante a divisão do ati-vo circulante da empresa pelo seu passivo cir-culante. Quanto maior for este índice, tantomaior será a liquidez da empresa.

297 ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE

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ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECO (Acid-test Ra-tio). Medida de liquidez que retira do ativo cir-culante os estoques de duvidosa realização, di-vidindo-se o resultado pelo passivo circulante.Este índice é, portanto, menor ou igual ao índicede liquidez corrente, e quanto maior for, maiorserá a liquidez da empresa.

ÍNDICE DE OFELIMIDADE. Índice desenvol-vido por Vilfredo Pareto (1848-1923), que rela-ciona o grau de prazer ou satisfação de combi-nações de dois bens de tal forma que: 1) tal ín-dice seja idêntico para duas combinações entreas quais a escolha seja indiferente para o con-sumidor; 2) tal índice seja diferente para duascombinações entre as quais uma seja preferívelà outra (a preferida deve ter um índice maior).Veja também Indiferença, Curva de; Ofelimi-dade; Pareto, Vilfredo.

ÍNDICE DE OSCILAÇÃO. Numa série estatís-tica cronológica de x termos, é a média aritmé-tica das x–1 diferenças, em valor absoluto, entrecada termo e o que se lhe segue imediatamente,tomados todos eles na sua ordem natural deapresentação.

ÍNDICE DE PARETO. É aquele em que a elas-ticidade da função de distribuição é igual ao pa-râmetro e é constante, ou:

E = dydx

. XY

= – α ou |E| =

dydx

. XY

= α

O parâmetro indica o decréscimo do número depessoas quando se passa de uma classe de rendapara outra mais elevada. Se α = 1,5 e passamosde uma classe de renda X0 para uma classe X1(sendo X10), ou que a renda da classe X1 seja10% superior à renda da classe X0, o númerode pessoas que ganha X1 será 15% menor (α é1,5) do que aquele que ganha X0. Analisandoos dados estatísticos relativos à renda de diver-sos países, Vilfredo Pareto descobriu que a gran-deza do parâmetro em termos absolutos situa-va-se entre os limites 1,2 e 1,9, sendo a média1,5. O valor de X pode ser considerado umamedida da desigualdade da distribuição da ren-da. Quanto maior for o valor do parâmetro, tan-to mais côncava será a hipérbole e tanto maiora diferença entre as rendas dos vários gruposda população.

ÍNDICE DE VALOR. Índice que mede as va-riações no valor da produção, do consumo etc.,comparando as variações nos preços e nas quan-tidades num determinado ano (mês, semanaetc.) com os preços e as quantidades num ano-base.

Iv = Σ Pn . qn

Σ Po . qo

onde pn = preços no ano n; po = preços no ano-base; qn = quantidades no ano n; qo = quanti-dades no ano-base.

ÍNDICE IDEAL DE FISHER. Veja Índice deFisher.

ÍNDICE MARSHALL-EDGEWORTH. Um nú-mero-índice para o cálculo da variação de preçosproposto por Marshall e Edgeworth como umaalternativa para as fórmulas de Laspeyres ePaashe, com a intenção de eliminar o viés decada uma delas:

IME = Σ [Pn (qo + qn)]

Σ [Po (qo + qn)]

A desvantagem deste índice é a falta de com-parabilidade entre os diferentes anos, na medidaem que os padrões de ponderação se deslocam.Veja também Índice de Fisher; Índice de Las-peyres e Índice Paasche.

ÍNDICE NIKKEI. Índice criado em 1950 e cons-tituído pelos preços médios (não ponderados)de 225 ações relacionadas na primeira secção daBolsa de Valores de Tóquio, e estimado pelo Ni-hon Keizai Shimbum, Inc. (editor do principaljornal de economia e negócios no Japão, o NihonKeizai Shimbum, fundado em 1876 e com circu-lação diária de mais de 3 milhões de exempla-res). Ele é calculado diariamente por meio deuma média não-ponderada de 225 ações sele-cionadas dentre cerca de 1 200 registradas naprimeira seção da Bolsa de Valores de Tóquio.Como o índice não é ponderado, pode dar lugara manipulações e, em alguns casos, passar umaimpressão falsa sobre o desempenho na Bolsade Valores, pois transações com grandes lotesde ações de empresas pequenas ou médias po-dem provocar alterações muito fortes no índice.Como o índice foi criado em 1950, existe umviés no sentido da indústria pesada. Em 1982,foi introduzido o Índice Nikkei Ampliado, con-tendo a média de quinhentas ações registradasna primeira seção da Bolsa de Valores de Tóquio.Contendo um número maior de ações, este ín-dice reflete melhor as flutuações do mercadoacionário no Japão. Veja também Topix.

ÍNDICE NIKKEI AMPLIADO. Veja ÍndiceNikkei.

ÍNDICE PAASCHE. Índice de preços, agregadoe ponderado, no qual a ponderação dos preçosé feita pelas quantidades produzidas, compra-das, vendidas etc. em determinado período detempo. A fórmula é:

Ip = Σ Pn . qn

Σ Po . qn . 100

ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECO 298

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onde Po = preço no ano-base; Pn = preço noano n; Qn = quantidade produzida no ano n.Veja também Índice Ideal de Fisher; Índicede Laspeyres.

ÍNDICE SENN. Índice do Sistema Eletrônico deNegociação Nacional das Bolsas de Valores doRio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, MinasGerais, Espírito Santo, Brasília, Paraná, Pernam-buco, Paraíba e Santos. Este índice, que computaas oscilações de preços de cinqüenta ações, in-dica a movimentação dos negócios nas Bolsasde Valores destes Estados e cidades.

INDIFERENÇA, Curva de. Lugar geométricoem que são representadas todas as combinaçõespossíveis de vários produtos que, para o con-sumidor, têm a mesma escala de preferência.Foi criada por Pareto para demonstrar a possi-bilidade de construir uma teoria baseada somen-te em escalas de preferências individuais. To-mando-se duas mercadorias quaisquer A e B, apreços fixos, combinam-se as quantidades uni-tárias de cada uma, estabelecendo-se assim ospontos em que para o consumidor é indiferenteadquirir uma ou outra combinação de quanti-dades de A e B. Cada ponto sobre a curva re-presenta uma combinação diferente da preferên-cia do consumidor pelos dois produtos. A Curvade Indiferença é traçada de tal modo que, se oconsumidor tivesse de escolher um desses pon-tos, não saberia qual preferir, pois para ele nãohaveria diferença entre as combinações oferecidas.

INDIVIDUALISMO. Doutrina segundo a qualo centro da vida humana se encontra na açãodo indivíduo, naturalmente livre, e não na co-letividade ou no Estado. Fruto das idéias de JohnLocke, David Hume e outros pensadores do sé-culo XVII e XVIII, o individualismo serviu debase ao liberalismo econômico clássico, que ado-tou a livre-concorrência como princípio máximoe teve em Adam Smith seu maior representante.Foi a expressão teórica da luta da nascente bur-guesia contra as restrições econômicas impostaspelo Estado absolutista mercantilista, e em favorda livre-iniciativa e do livre-cambismo. DudleyNorth foi o primeiro ideólogo a expressar cla-ramente a ética individualista. Dizia que os ho-mens são por natureza egoístas, motivados ape-nas por interesses próprios. Deveriam, contudo,ser deixados livres, sem leis restritivas nem fa-vorecimentos, pois assim se desenvolveriam aspotencialidades naturais de cada indivíduo e,pela soma dessas potencialidades — expressano livre jogo das forças do mercado —, atingir-se-ia o bem comum. O individualismo se apro-xima estreitamente da ética protestante, que, aoinsurgir-se contra a doutrina escolástica da Igre-ja medieval, glorificava o lucro e a usura, che-gando os adeptos mais extremados da seita pu-

ritana a pregar que o mercado e o câmbio ha-viam sido instituídos por Deus. Na atualidade,o individualismo econômico integra de formaatenuada a doutrina do neoliberalismo, que ad-mite a ação do Estado não apenas como guar-dião da propriedade privada e da livre-iniciati-va, mas também como regulador da estabilidademonetária e das finanças nacionais. A crítica aoindividualismo está centrada em seu oposto, ocoletivismo, defendido pelos socialistas a partirde Saint-Simon. Veja também Capitalismo; Co-letivismo; Contrato Social; Direito Natural; Di-rigismo; Laissez-faire; Liberalismo; Utilitaris-mo.

INDIVISIBILIDADE. Característica de um fa-tor de produção cuja utilização não pode serefetivada abaixo de um determinado nível ounúmero de unidades. Se, por exemplo, uma má-quina ou equipamento tiver um nível mínimode produção superior ao que pode ser absorvidopelo mercado consumidor, a indivisibilidade(técnica) deste fator pode significar a existênciade capacidade ociosa, elevação de custos ou, nolimite, a não-realização de um investimento paraa produção de um produto que enfrenta estasdificuldades. Por outro lado, a existência destaindivisibilidade pode estimular a empresa a con-quistar novos mercados e, assim, operar comuma máquina a plena capacidade.

INDIVISIBILIDADES. Conceito econômico querelaciona as limitações técnicas de um investi-mento produtivo (especialmente na indústria)com a demanda correspondente. Existem certosprodutos cuja escala de produção mínima ren-tável muitas vezes supera a demanda existente,como acontece, por exemplo, com a produçãode aço. Dessa forma, por ter atingido seu limitemínimo de divisão, este investimento torna-seinviável em função da demanda insuficientedesses produtos. O problema das indivisibilida-des atinge mais fortemente os países em pro-cesso de industrialização, cujos mercados inter-nos são estreitos ou de pequena magnitude. Vejatambém Big Push.

INDUÇÃO. Veja Método Indutivo.

INDUÇÃO ADMINISTRATIVA. Veja GyoseiShido.

INDUÇÃO ESTATÍSTICA. É a parte da esta-tística que tem por fim, baseando-se no estudode conjuntos chamados amostras, chegar a con-clusões que dizem respeito a conjuntos quecontêm os primeiros e que são denominadospopulações. Possui o mesmo significado de in-ferência estatística.

INDÚSTRIA. Conjunto de atividades produti-vas que se caracterizam pela transformação de

299 INDÚSTRIA

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matérias-primas, de modo manual ou com au-xílio de máquinas e ferramentas, no sentido defabricar mercadorias. De uma maneira bem am-pla, entende-se como indústria desde o artesa-nato voltado para o autoconsumo até a modernaprodução de computadores e instrumentos ele-trônicos. A indústria moderna surgiu com a Re-volução Industrial (séculos XVIII-XIX), como re-sultado de um longo processo que se inicioucom o artesanato medieval, passando pela pro-dução manufatureira (primeiro momento da or-ganização fabril). A indústria contemporânea ca-racteriza-se pela produção em massa nas fábri-cas, na qual os objetos padronizados resultamda intensa mecanização e automação do proces-so produtivo. Outra característica é a racionali-zação do trabalho, objetivando o aumento dasua produtividade e o máximo rendimento dasmáquinas. Ocorreu também uma radical mu-dança na estrutura da direção e da propriedadedas indústrias: as sociedades anônimas torna-ram-se a forma mais freqüente de propriedadee a organização do processo produtivo passouà responsabilidade de um corpo de técnicos ad-ministradores, ao qual cabe realizar o planeja-mento da produção e a política de investimen-tos. Nos países altamente industrializados, mui-tas empresas perderam seu caráter local, tornan-do-se grandes corporações multinacionais. Dis-tinguem-se as indústrias em vários ramos, con-forme os bens que produzem: indústrias de bensde capital ou bens de produção (máquinas, equi-pamentos), indústrias de bens intermediários (ma-térias-primas para outras empresas) e indústriasde bens de consumo (artigos de utilidade indivi-dual ou familiar). São classificadas como indús-trias tradicionais ou de trabalho intensivo as queocupam grande contingente de mão-de-obra ese apóiam em tecnologia atrasada; e como in-dústrias modernas ou de capital intensivo as por-tadoras de tecnologia sofisticada, com operá-rios altamente especializados e elevada taxa deinvestimento por pessoa empregada. Veja tam-bém Artesanato; Automação; Fábrica; Indus-trialização; Manufatura; Mecanização; Revo-lução Industrial.

INDÚSTRIA DE BASE. Empresa ou setor in-dustrial que alimenta os demais. São indústriasde base as que operam a extração de minériose sua transformação em matéria-prima para ou-tros setores industriais, e também as indústriasde produção de energia elétrica. Veja tambémTecnologia de Base.

INDÚSTRIA DE PONTA. Empresa ou setor in-dustrial que realiza a montagem final de umconjunto de peças fornecidas por outras fábricas,concluindo assim um processo fabril que abran-ge várias unidades produtoras. São indústrias

de ponta as fábricas de aviões, de automóveis,de aparelhos eletrônicos e de computadores, en-tre outras.Veja também Tecnologia de Ponta.

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO. Setorda produção industrial voltado para a transfor-mação de matérias-primas em bens, distinguin-do-se, portanto, da produção agrícola e da in-dústria extrativa vegetal e mineral. Abrange to-dos os momentos da produção industrial: ma-térias-primas elaboradas (aço), bens de capital(máquinas-ferramentas, autopeças) e bens de con-sumo (automóveis, roupas). Inclui-se nessa cate-goria a produção agroindustrial, como açúcar, su-cos e beneficiamento de produtos agrícolas.

INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL. VejaMineração.

INDÚSTRIA NASCENTE. Conceito protecio-nista aplicado aos setores industriais em forma-ção. Esses setores não alcançariam o tamanhosuficiente para trabalhar com uma economia deescala competitiva se não recebessem proteção,especialmente quando a competição é com in-dústrias estrangeiras. Uma indústria nova, deum país em desenvolvimento, estaria sempre emposição vulnerável de concorrência em relaçãoàs indústrias já estabelecidas de países adianta-dos. No entanto, essa indústria poderia conquis-tar uma vantagem comparativa se tivesse con-dições de iniciar sua atividade sem a concorrên-cia externa. Após a independência dos EstadosUnidos, o estadista Alexander Hamilton susten-tou que as indústrias nascentes deveriam serprotegidas com tarifas especiais até superar essafase. A tese seria retomada mais tarde pelo eco-nomista Friedrich List e apoiada até mesmo porortodoxos como Marshall e Taussig.

INDUSTRIAL. Veja Engenharia Industrial; Lo-calização Industrial; Organização; PsicologiaIndustrial; Relações Industriais; Revolução In-dustrial.

INDUSTRIALISMO. Doutrina que considera aindústria a meta principal do homem e da so-ciedade. Refere-se aos princípios e valores dasociedade gerada pela Revolução Industrial, quefazem a apologia da mecanização da produçãoe dos processos sociais dela decorrentes. O ter-mo foi usado pela primeira vez por Thomas Car-lyle, em 1830.

INDUSTRIALIZAÇÃO. Processo histórico-so-cial por meio do qual a indústria fabril se tornao setor predominante da economia de um país.Começou na Inglaterra com a Revolução Indus-trial, espalhando-se depois pela Europa, EstadosUnidos e Japão. Embora em certos casos (comono Brasil) inicie-se com a implantação da indús-

INDÚSTRIA DE BASE 300

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tria leve (produtos alimentícios e têxteis), o pro-cesso de industrialização caracteriza-se pela for-mação de um núcleo de indústria pesada, pro-dutora de matérias-primas básicas e de máqui-nas-ferramentas (indústrias de base) e alimen-tadora de todo o parque industrial. O processode industrialização corresponde a um intensodesenvolvimento urbano (urbanização) e do se-tor de serviços, particularmente o relacionadocom as atividades comerciais e financeiras. Temcomo pressuposto a existência de um mercadointerno e capitais disponíveis para serem inves-tidos nas atividades industriais. No Brasil, essascondições surgiram no final do século XIX,quando se implantaram as primeiras indústriasno país, mas o processo só se intensificou du-rante a Segunda Guerra Mundial, sendo reto-mado entre 1956 e 1960 e atingindo seu augena década de 70.

INDUSTRIAL WORKERS OF THE WORLD(IWW). Organização sindical fundada nos Esta-dos Unidos em 1905, sob inspiração anarco-sin-dicalista e que chegou a ter mais de 100 milmembros. Adversária do conservadorismo daAmerican Federation of Labor (AFL), tinhaapoio entre os trabalhadores não-qualificados dacidade e do campo e defendia o confronto diretocom os patrões e o aparelho repressivo comoforma de destruir o capitalismo. Durante a Pri-meira Guerra Mundial, liderou violentos movi-mentos grevistas no país; acusados de traição,seus dirigentes foram presos e a organizaçãopraticamente destruída pela ação policial. Vejatambém AFL-CIO; Sindicalismo; Teamsters.

INEFICIÊNCIA TÉCNICA. Veja X-Efficiency.

INÉRCIA INDUSTRIAL. Termo utilizado emeconomia industrial e teoria da localização paracaracterizar uma situação em que uma empresanão muda o local onde está estabelecida, mesmoquando sua localização deixa de ser a mais van-tajosa do ponto de vista de sua rentabilidade.Tal comportamento pode ser explicado pelo fatode que os custos de relocação podem superar(vigorando determinadas condições) os lucrosextraordinários originados em uma eventualmudança de localização.

INÉRCIA INFLACIONÁRIA. Veja InflaçãoInercial.

INERCIAL. Veja Inflação Inercial.

INFANT INDUSTRY ARGUMENT. Expressãoem inglês que significa “argumento de indústrianascente” e designa o argumento utilizado pelasatividades industriais emergentes, especialmen-te em países de industrialização recente, e quepor esta razão necessitam de proteção contra osconcorrentes externos — mais poderosos e con-

solidados — até que, mediante os ganhos deescala e aumento de produtividade, tenham con-dições de competir no mercado internacional empé de igualdade e não necessitem mais de pro-teção. Veja também Tese de Manoilescu.

INFERÊNCIA. Quando uma informação sobredeterminado processo ou população se baseianuma amostra extraída dos mesmos, as conclu-sões resultantes dessa informação são denomi-nadas inferências. Por exemplo, se uma empresadecide quanto vai produzir de um determinadoartigo a partir do consumo médio daquele arti-go, estimado a partir do consumo médio de umaamostra, esta decisão terá sido baseada numainferência.

INFERÊNCIA ESTATÍSTICA. Veja InduçãoEstatística.

INFLAÇÃO. Aumento persistente dos preçosem geral, de que resulta uma contínua perdado poder aquisitivo da moeda. É um fenômenomonetário, e isso coloca uma questão básica: seé a expansão da oferta de moeda que tem efeitoinflacionário ou se ela ocorre como resposta àmaior demanda de moeda provocada pela in-flação. A inflação, normalmente, pode resultarde fatores estruturais (inflação de custos), mo-netários (inflação de demanda) ou de uma com-binação de fatores. Entretanto, independente-mente da causa inicial do processo de elevaçãodos preços, a inflação adquire autonomia sufi-ciente para se auto-alimentar por meio de rea-ções em cadeia (a elevação de um preço “pu-xando” a elevação de vários outros). Dessemodo, configura-se a chamada espiral inflacio-nária. A escola monetarista atribui papel deci-sivo às expectativas inflacionárias como impul-sionadoras das elevações da taxa de juros, dasmaiores demandas salariais, dos reajustes siste-máticos da taxa cambial e, por extensão, comofator explicativo da autonomia relativa do pro-cesso inflacionário. Tudo surgiria espontanea-mente em função do comportamento racionaldos agentes dentro de mercados competitivos.Os estruturalistas, por sua vez, explicam a in-flação pelo fato de as demandas salariais deixa-rem de ser uma questão exclusivamente econô-mica; elas adquirem caráter sociopolítico, envol-vendo sindicatos, empresas e o governo, o quecontribui para generalizar a prática da fixaçãodos preços em função dos aumentos de custos,em detrimento do rigor impessoal dos mercadoscompetitivos. Dessas duas posições originam-semodelos diferenciados para o processo inflacio-nário. Segundo os monetaristas, o índice de pre-ços depende do nível de produção física, da ve-locidade-renda da moeda e do estoque nominalde moeda. Como os dois primeiros mudam deforma estável no mercado livre, os movimentos

301 INFLAÇÃO

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do índice geral de preços refletiriam unicamenteos movimentos do estoque nominal de moeda,determinados pela política econômica. Os pla-nos de gastos do governo, excessivos em relaçãoà capacidade de tributação e endividamento doTesouro Nacional, devidos a crédito subsidiadoou a uma política econômica incompetente (porexemplo, taxas de juros abaixo do nível de equi-líbrio), fariam com que se expandissem os meiosde pagamentos para cobrir esses gastos. Comonão haveria aumentos equivalentes no produtoreal ou na velocidade com que a moeda circula,os preços subiriam. O combate à inflação deveriarespeitar a “espontaneidade” do mercado (au-mentando o desemprego, se necessário) paraprocurar reverter as expectativas inflacionárias.Seria necessário emitir títulos, aumentar os im-postos e, sobretudo, neutralizar a ação dos me-canismos de reajustes, espontâneos ou não, depreços, salários, câmbio e taxa de juros. Em con-trapartida, os não-monetaristas lembram o im-pacto inflacionário do aumento de salários, docusto de certos insumos (por exemplo, o petró-leo, no caso brasileiro), da indexação dos preçosde certos produtos ao custo de produção, daestagnação da produtividade de bens de consu-mo etc. Para combater a inflação, o governo de-veria intervir diretamente nos reajustes de pre-ços, salários, câmbio e juros, para eliminar o po-der de barganha dos agentes econômico-sociais“inflacionantes” (por exemplo, as grandes em-presas e os sindicatos). Na ausência de um me-canismo de correção monetária, a inflação tendea favorecer os devedores e especuladores, pre-judicando os credores, as classes de renda fixa,os pensionistas e os investidores conservadores.Ela redistribui a renda entre setores (por exem-plo, agricultura/indústria) e/ou grupos de ren-da (por exemplo, lucros/salários). Além disso,a inflação tende a mudar os hábitos de consumoe a incentivar a aplicação em bens de valorizaçãogarantida, mesmo com o surto inflacionário(jóias, imóveis etc.). E pode ainda estimular aqueda da poupança, se a remuneração desta nãose adaptar aos novos níveis de aumento de pre-ços. Em princípio, o índice ideal para medir ainflação resultaria do deflator implícito do pro-duto nacional gerado em determinado períodode tempo, que daria uma medida, a uma certaperiodicidade, do crescimento dos preços dosbens de consumo, dos bens de produção e detodos os serviços gerados no intervalo de temporelevante com o concurso da força de trabalho.Por motivos de ordem prática, outros índicessão usados. Para medir a variação dos preçosdos produtos finais consumidos pela população,usam-se os Índices de Custo de Vida (ICV) oude Preços ao Consumidor (IPC), tendo comobase os hábitos de consumo de uma família-pa-drão (para toda a sociedade ou para certa classe).

Para medir a variação nos preços dos insumose fatores de produção (e demais produtos inter-mediários), usam-se índices de Preços ao Pro-dutor ou, em termos agregados, o Índice de Pre-ços ao Atacado (IPA). No Brasil, a inflação émedida pelo Índice Geral de Preços (IGP), daFundação Getúlio Vargas, e pelo IPC, elaboradopela Fundação IBGE. Veja também CorreçãoMonetária; Deflação; Deflator; Estagflação; Hi-perinflação; IGP; Imposto Inflacionário; IPC;Moeda; Preço; Senhoriagem.

INFLAÇÃO DE CUSTOS. Processo inflacioná-rio gerado (ou acelerado) pela elevação dos cus-tos de produção, especialmente das taxas de ju-ros, de câmbio, de salários ou dos preços dasimportações.

INFLAÇÃO DE DEMANDA. Também chama-da de inflação dos compradores, é o processoinflacionário gerado pela expansão dos rendi-mentos. Ocorre que os meios de pagamento cres-cem além da capacidade de expansão da eco-nomia, ou antes que a produção esteja em plenacapacidade, o que impede que a maior demandadecorrente da expansão dos rendimentos sejaatendida. Com isso, aumentam os preços e, porextensão, os salários e os rendimentos em geral,dando origem a uma espiral inflacionária.

INFLAÇÃO DE PAPEL-MOEDA. Expressãoutilizada para designar uma inflação decorrentede emissão excessiva de moeda (papel) não con-versível. Nos países onde existia a conversibili-dade interna do papel-moeda, sempre que asemissões desta superavam as possibilidades go-vernamentais de convertê-las em metal precioso,dizia-se que havia uma inflação de papel-moeda.

INFLAÇÃO GALOPANTE. Surto inflacionárioem que os preços sobem rapidamente, a inflaçãose mantém alta (no mínimo de 20 a 50%) e setorna crônica, tendendo a se realimentar. O Bra-sil sofreu inflação galopante em 1958-1964 e apartir de 1978. A economia pode se adaptar aesse carrossel de preços crescentes por mecanis-mos de correção monetária. Mas, caso haja perdade confiança na moeda, a remarcação desenfrea-da de preços pode resultar na hiperinflação. Vejatambém Inflação.

INFLAÇÃO INERCIAL. Processo inflacionáriomuito intenso, gerado pelo reajuste pleno depreços, de acordo com a inflação observada noperíodo imediatamente anterior; os contratoscontêm cláusulas de indexação que restabelecemseus valores reais após intervalos fixos de tem-po. Na medida em que esses intervalos são cadavez menores e os reajustes cada vez maiores econcedidos com a mesma intensidade para to-dos os preços, estes tendem a ficar alinhados.Embora variando com grande intensidade, um

INFLAÇÃO DE CUSTOS 302

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congelamento manteria as mesmas posições re-lativas anteriores, garantindo a neutralidade daoperação, isto é, não haveria nem ganhadoresnem perdedores se a inflação deixasse de existirrepentinamente pelo congelamento de preços.Veja também Choque Heterodoxo; Plano Cru-zado.

INFLAÇÃO REPRIMIDA. Também chamada deinflação contida ou oprimida, é aquela que secaracteriza por uma taxa de elevação dos preçosinferior à taxa de expansão do meio circulante.Essa não-elevação dos preços, em geral, é con-seqüência de bem-sucedidos controles governa-mentais sobre os preços. Quando vários setoresda economia planejam despesas que excedem acapacidade de produção dessa economia, os pla-nos não podem ser cumpridos. Uma possibili-dade de ajustamento seria então dada pela altados preços, visto que a pressão da demandaatuaria nesse sentido. Mas, estando sob controle,os preços não podem se alterar. O hiato infla-cionário permanece sob a forma de inflação re-primida. Veja também Inflação.

INFORMÁTICA. Disciplina matemática que cui-da da transmissão de informações e da sua rep-resentação matemática. O objetivo principal dainformática é ampliar ao máximo o número deinformações transmitidas e diminuir ao mínimoos erros que possam acontecer durante as trans-missões. Em computação, as informações sãotransformadas em bits (do inglês binary digits,ou “dígitos binários”); cada bit é uma alternativasim-ou-não, representada matematicamente por0 ou 1. Cinco bits apenas representam qualquerletra do alfabeto, e as mensagens são repre-sentadas por seqüências de bits. A informáticapreocupa-se ainda com os “suportes” de infor-mação (cartões perfurados, fitas perfuradas, fitasmagnéticas etc.) e com o modo como esses su-portes devem ser manipulados para ter máximaeficiência. Veja também Automação; Cibernéti-ca; Computador.

INFRA-ESTRUTURA. Conjunto de instalaçõese equipamentos empregados na extração, trans-porte e processamento de matérias-primas es-senciais, nos meios de treinamento da força detrabalho e na fabricação de bens de capital.Abrange indústria extrativa mineral, ferrovias,rodovias, navegação, siderurgia, metalurgia denão-ferrosos, indústria energética e mecânica.Na concepção marxista, infra-estrutura designaa base econômica da sociedade, o modo de pro-dução dominante e, mais especificamente, o con-junto das relações de produção. Essa infra-es-trutura econômica determina a superestruturapolítico-social historicamente correspondente.Veja também Indústria de Base; Modo de Pro-dução; Superestrutura.

INGOT. O mesmo que lingote, utilizado no casodo ouro, ou uma das formas nas quais o ouroé mantido como reserva de um país. Veja tam-bém Lingote.

IN NATURA. Expressão em latim que significaproduto ou matéria-prima que se encontra emestado natural, isto é, submetido a poucas etapasdos processos de trabalho. Quando esta expres-são aparece associada a forma de pagamento,significa que o mesmo foi realizado não em di-nheiro, mas em produto, seja ele de origem agrí-cola ou mineral. Contrapõe-se a pagamento “emespécie”, que significa a intervenção do dinheiro(moedas metálicas fundamentalmente, mas tam-bém papel-moeda) na conclusão de transaçõescomerciais.

INNOVATION DRIVEN. Expressão em inglêsque significa vantagens competitivas de um paísbaseadas no número elevado de inovações no âm-bito dos processos produtivos e dos produtos.

INOVAÇÃO. Introdução de novos produtos ouserviços, ou de novas técnicas para sua produ-ção, ou funcionamento. Pode consistir na apli-cação prática de uma invenção, devidamente de-senvolvida (como o transistor). Também são ino-vações as novas formas de marketing, vendas,publicidade, distribuição etc. que resultem emcustos menores e/ou faturamentos maiores.Além do grande impacto que podem produzirna própria vida social, as inovações têm umimportante papel de estímulo à atividade eco-nômica, na medida em que implicam novosinvestimentos.

INPC — Índice Nacional de Preços ao Consu-midor. Média ponderada de índices elaboradospela Fundação IBGE para dez regiões metropo-litanas brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro,Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salva-dor, Recife, Belém, Fortaleza e Brasília). O INPCé elaborado sob dois conceitos: o amplo, corres-pondendo a famílias com renda mensal entreum e trinta salários mínimos, e o restrito, cor-respondendo a famílias com renda entre um ecinco salários mínimos. O INPC restrito tem sidocalculado para dois intervalos diferentes de le-vantamento de preços: um deles relativo ao mês-calendário, e o outro correspondente ao períodocompreendido entre o dia 16 do mês anterior eo dia 15 do mês de referência. Este último cálculoé também denominado IPC, e constitui a basepara o reajuste ou a indexação de contratos.

INPI — Instituto Nacional da Propriedade In-dustrial. Órgão integrante do Sistema Setorialde Ciência e Tecnologia do Ministério da Indús-tria e Comércio. Foi criado em 11/12/70, pelalei nº 5 648, substituindo o antigo Departamentoda Propriedade Industrial. Principais atribuições

303 INPI

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no plano nacional: executar as normas que re-gulam a propriedade industrial (marcas e pa-tentes); adotar medidas capazes de acelerar eregular a transferência de tecnologia; pronun-ciar-se quanto à conveniência de assinatura, ra-tificação ou denúncia de convenções, tratados,convênios e acordos sobre a propriedade indus-trial. Com a reforma ministerial de 1990, o órgãopassou a ser subordinado ao novo Ministérioda Infra-estrutura.

INPUT-OUTPUT. Veja Insumo-Produto.

INQUILINATO. Veja Lei do Inquilinato.

IN REM. Expressão em latim que significa umprocesso jurídico direcionado contra uma coisa(objeto), em vez de contra uma pessoa. Geral-mente, esses processos envolvem a divisão depropriedade imobiliária.

INSIDER. Termo aplicado, especialmente nomercado de ações, a uma pessoa que dispõe deinformações privilegiadas sobre a situação deempresas que têm seus títulos cotados em Bolsae que, fazendo uso delas (antes que as mesmassejam acessíveis ao público), pode realizar gran-des lucros comprando e/ou vendendo ações. Alegislação em geral pune a ação dos insiders, em-bora com graus diferenciados de severidade.

INSIDER INFORMATION. Veja Insider.

IN-SITU. Expressão em latim que significa “den-tro de um lugar” (no sentido físico) e se aplicaquando se quer designar a manutenção de umaplanta ou de um conjunto de plantas no seulugar natural de crescimento.

INSOLVÊNCIA. Situação em que uma pessoafísica ou jurídica é incapaz de pagar seus com-promissos. A caracterização da insolvência per-mite que, independentemente de qualquer pe-dido formal por parte dos credores, seja decre-tada a falência.

INSPEÇÃO AMOSTRAL. É a que incide ape-nas sobre uma amostra do conjunto do materiala ser julgado.

INSPEÇÃO POR AMOSTRAGEM. Técnica uti-lizada, especialmente em grandes empresas,para a verificação da qualidade de um conjuntode produtos por meio de amostras dele extraí-das. Esta técnica foi introduzida por H.F. Dodgee H.G. Romig e publicada pelo Bell Systen Tech-nical Journal, em 1929.

INSPEÇÃO TOTAL. No processo de inspeçãode um conjunto de produtos, ou lotes de peças,é a que incide sobre a totalidade dos elementosdesse conjunto ou lote. Este processo de inspe-ção, embora realize o controle máximo que um

produto pode ter, é bem mais dispendioso doque a inspeção amostral. Veja também InspeçãoAmostral.

INSS — Instituto Nacional do Seguro Social.Autarquia que regula e prevê aposentadorias epensões, assistências médica, odontológica e far-macêutica, reabilitação profissional e serviço so-cial a cerca de 18,5 milhões de segurados e seusdependentes. O instituto presta a seus seguradosmais de trinta benefícios diferentes. Os mais im-portantes são: salário-maternidade (correspon-dente ao salário da segurada e pago durantequatro meses, pouco antes e posteriormente aoparto); auxílio-natalidade (correspondente a umsalário mínimo da região e pago à segurada oudependente do segurado); auxílio-doença (cor-respondente a no máximo 90% do salário de be-nefício); vários tipos de aposentadoria; auxílio-funeral (indenização das despesas do funeral dosegurado, até o máximo de duas vezes o saláriode referência da região). Para receber esses be-nefícios, exige-se que o segurado seja contribuin-te pelo menos durante doze meses. Até 1966, aprevidência social urbana no Brasil esteve a car-go dos vários Institutos de Aposentadoria e Pen-sões, que beneficiavam separadamente comer-ciários, ferroviários, servidores públicos, empre-gados em transportes de cargas, bancários, in-dustriários, portuários e marítimos. A partir de26/11/1966, de acordo com o decreto-lei nº 72,o antigo INPS absorveu esses institutos e tam-bém o Serviço de Assistência Médica Domiciliare de Urgência (Samdu) e o Serviço de Reabili-tação Profissional (Suserps). O custeio da Pre-vidência Social provém de contribuições dos tra-balhadores segurados, das empresas e de dota-ções orçamentárias do governo federal. A lei nº6 036, de 1º/5/1974, criou o Ministério da Pre-vidência e Assistência Social, no qual incluiu oINPS. Em 1º/9/1977, este passou a atender ape-nas à concessão dos benefícios, sendo criado oInstituto Nacional de Assistência Médica e Pre-vidência Social (Inamps), para o atendimentomédico-hospitalar, e o Instituto de Administra-ção Financeira da Previdência e Assistência So-cial (Iapas), para o serviço de arrecadação. Comoparte do Plano Collor, em 15/3/1990, o poderexecutivo instituiu o INSS como autarquia fe-deral, mediante a fusão do Iapas com o INPS.

INSTAR OMNIUM. Expressão em latim quesignifica “seguir o costume comum”.

INSTINET. Termo utilizado no mercado finan-ceiro norte-americano, formado pelas palavrasinstitutional net, que consiste num sistema total-mente automatizado de comunicações medianteo qual um terminal de computador é instalado

INPUT-OUTPUT 304

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no departamento de operações financeiras decada subscritor — a grande maioria investidoresinstitucionais ligados por um circuito telefônicoprivado —, conectado ao computador central.Cada terminal de assinante dispõe de uma uni-dade impressora que registra instantaneamenteas ordens (de compra ou venda) emitidas ourecebidas. Os assinantes apresentam suas ofertasno sistema com o nome, a quantidade, o preçoe os prazos das ações que desejam transacionar.Por meio deste sistema, os investidores institu-cionais podem se comunicar e transacionar di-retamente com outros investidores, sem a ne-cessidade de um corretor.

INSTITOR. Termo de origem latina que designaaquele que administra ou dirige os negócios deum banco, representando a outrem em funçõesde preposto.

INSTITUCIONALISMO. Escola de pensamen-to econômico que surgiu na década de 20 nosEstados Unidos, influenciada principalmentepela obra de Thorstein Veblen (1857-1929). De-senvolve uma análise econômica baseada no es-tudo das estruturas, regras e comportamentosde instituições — como empresas, cartéis, sin-dicatos, o Estado e seus organismos. Ressaltandoo papel da estrutura e da organização políticae social na determinação dos acontecimentoseconômicos, os institucionalistas entraram emaberta polêmica com os economistas ortodoxos,criticando-os por distorcerem a realidade pelouso de modelos puramente teóricos e matemá-ticos, não levando em conta o ambiente institu-cional que envolve a economia. Para os institu-cionalistas, não é a racionalidade, mas os ins-tintos e costumes que movem o comportamentoeconômico; não é a competição pelo mercado,mas a competição por riqueza e poder. Dessemodo, defendem a importância de outras dis-ciplinas sociais, como a sociologia, a política ea antropologia no estudo e na solução dos pro-blemas econômicos. Entre os economistas maisconhecidos dessa tendência, além de Veblen, es-tão W.C. Mitchell (1874-1948) e Gunnar K. Myr-dal (1898-1987).

INSTITUTO BROOKINGS. Veja Plano Brady.

INSTRUMENTO NEGOCIÁVEL. Qualquer tí-tulo que pode ser comercializado e possui valorde mercado. São instrumentos negociáveis oscheques, notas promissórias, termos de garantia,certificados de depósitos, ações e debêntures. Al-guns desses títulos, em casos excepcionais, nãopodem ser negociados: é o caso do cheque avulso.

INSUMO-PRODUTO, Análise do. Análise demodelos que pretendem detalhar as implicaçõesde determinada demanda ou de determinada

oferta. Para isso, valem-se de um sistema con-tábil que centra sua atenção na maneira comoas funções tecnológicas de produção das váriasindústrias afetam as relações entre as indústriase determinam a estrutura industrial do sistemaeconômico. Os dados proporcionados pelo sis-tema contábil insumo-produto são relacionadosna tabela de insumo-produto, constituída dosnúmeros correspondentes às quantidades deproduto que cada indústria comprou e vendeuàs outras unidades industriais, no conjunto daeconomia. As indústrias devem ser cuidadosa-mente selecionadas; de acordo com a finalidadeda análise e em conformidade com seu número,a tabela de insumo-produto apresentará um nú-mero correspondente de linhas — uma paracada indústria — e de colunas, também umapara cada indústria. Cada linha mostrará paraonde irá o produto de uma indústria; cada co-luna mostrará a quantidade de insumo que cadaindústria empregou. Essa tabela e suas variaçõessão utilizadas para analisar o impacto que a de-manda de um valor extra de certo tipo de pro-duto pode causar na economia. As teorias ela-boradas sobre as estatísticas de insumo-produtotêm várias utilizações: 1) indicam a expansãorequerida em áreas de importância econômica,a longo prazo, servindo como subsídio para osórgãos governamentais orientar seus investi-mentos e garantir um crescimento econômicoadequado; 2) ajudam a determinar a viabilidadeda obtenção de qualquer nível de produção,comparando os custos de obtenção de vários ní-veis e dando a conhecer os insumos requeridospara atingir determinado nível; 3) permitem pre-ver o impacto que uma variação no padrão deexportação provocará na estrutura industrial,bem como as variações nos requisitos de impor-tação, decorrentes de alterações na estrutura dademanda (o impacto dessas variações nas tran-sações externas pode ser acompanhado até a ve-rificação dos seus efeitos sobre o balanço de pa-gamento); 4) facilitam a investigação do resul-tado de políticas de desenvolvimento regional,em contraposição ao crescimento e à variaçãonacional; 5) facilitam o acompanhamento do im-pacto de uma variação dos preços dos fatoressobre o nível e a estrutura do preço dos produtosfinais. E também são utilizadas para acompa-nhar o impacto das variações de produtividadesobre a estrutura da economia e o nível de pro-dução.Os modelos insumo-produto contêm umnúmero considerável de suposições simplifica-doras, tais como os retornos constantes (inde-pendentes da escala de produção) e a ausênciade substituição entre os produtos (demanda fi-nal) e entre os insumos (demanda intermediá-ria). Em termos matemáticos, a análise do insu-mo-produto é representada por funções de pro-

305 INSUMO-PRODUTO

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dução lineares, que descrevem as relações entretodos os setores da economia. Assim,

a11 X1 + a12 X2 + ... + a1n Xn + F1 = X1

an1 X1 + an2 X2 + ... + ann Xn + Fn = Xn

onde X1 representa o produto do iésimo setorda economia; aij representa a quantidade do ié-simo produto usado na produção de uma quan-tidade do produto j. F1 representa a demandafinal do iésimo produto. Portanto, a produçãototal do iésimo setor é subdividida em quanti-dades usadas na produção de todos os outrosprodutos, as quais são por sua vez finalmenteconsumidas. Em termos matriciais o sistema po-deria ser escrito da seguinte maneira: A X + F= X, onde A é a matriz dos coeficientes de in-sumo-produto aij geralmente denominada ma-triz de coeficientes técnicos. X é o vetor de pro-dução intermediária de produtos, e F é o vetorda demanda final. Dessa maneira, é possível de-terminar as quantidades necessárias de produ-ção em cada setor para satisfazer uma dada de-manda final de tal forma que X = [I-A]-1 F.

INSUMO-PRODUTO. Veja Insumo-Produto,Análise do.

INTANGIBLES. Veja Intangíveis.

INTANGÍVEIS. Designação dada a valores quenão têm uma representação física imediata,como acontece com as mercadorias em geral. São“intangíveis” do ponto de vista contábil, porexemplo, as patentes, as franquias, as marcas,os copyrights, o goodwill etc.

INTEGRAÇÃO. Veja Cartel; Fusão; Holding;Integração Horizontal; Integração Vertical;Verticalização.

INTEGRAÇÃO HORIZONTAL. Processo oca-sionado pela fusão de duas ou mais empresasque operam no mesmo estágio e com os mesmosprodutos. Pode-se também dizer que existe in-tegração horizontal quando as empresas são in-tegradas por utilizar a mesma matéria-prima,embora não fabriquem o mesmo produto. A in-tegração horizontal pode permitir que as em-presas ganhem em termos de economia de es-cala, contem com maior poder econômico, ope-rem com um sistema mais amplo de revende-dores e, em última instância, diminuam a con-corrência, conquistando faixas maiores do mer-cado. Veja também Verticalização.

INTEGRAÇÃO VERTICAL. Veja Verticalização.

INTEGRALIZAÇÃO. Conclusão do pagamentode um título ou ação, comprados para serempagos em etapas, como ocorre nas subscriçõesde ações ou debêntures conversíveis. Quando

se faz o pagamento de uma só vez, denomina-seintegralização no ato.

INTERAÇÃO. É toda subseqüência den(1\=n\=N) elementos da mesma qualidade,em uma seqüência de N elementos dem(1\=m\=N), qualidades mutuamente exclusi-vas. Também se diz repetição ou chorrilho.

INTERCÂMBIO, Termos de. Veja Relações deTroca.

INTEREST RATE PARITY THEOREM. VejaTeorema da Paridade das Taxas de Juros.

INTERFACE. Forma pela qual se estabelece acomunicação entre o computador e os periféricos,ou local ou locais onde dois sistemas ou sub-sistemas interagem entre si. A comunicação dedados por meio de interfaces pode realizar-se ba-sicamente por dois métodos: o paralelo e o serial.No primeiro caso, todos os sinais se integrama uma palavra ou dado e são transferidos si-multaneamente por meio de um grupo de linhasparalelas. A comunicação do tipo serial se dáquando diversos sinais se transferem, um atrásdo outro, sobre a mesma linha de comunicação.Veja também Periféricos.

INTERIM DIVIDEND. Dividendo pago porantecipação ao dividendo periódico normal. Al-gumas empresas costumam fazer pequenosadiantamentos de dividendos (às vezes trimes-trais) para tornar suas ações mais atrativas nasBolsas de Valores. Esses adiantamentos são des-contados no momento em que o dividendo nor-mal é pago. No Brasil, os bancos são obrigadosa pagar dividendos semestrais.

INTERNA CORPORIS. Expressão em latimque significa algo que se dá dentro de um âmbitodeterminado, ou que se resolve dentro de umaorganização ou instituição sem se desdobrarpara o exterior. É muito utilizada para designarprocessos que se desenvolvem dentro de orga-nizações fechadas e submetidas a uma rígidahierarquia e disciplina, como acontece nas For-ças Armadas.

INTERNACIONALIZAÇÃO. Veja Multina-cional.

INTERNACIONAL SOCIALISTA. Designaçãocomum a sucessivas associações mundiais detrabalhadores, com objetivos socialistas. A I In-ternacional foi criada em Londres em 28/9/1864,sob a liderança de Marx e Engels. Reunia enti-dades operárias de toda a Europa, de tendênciaspolíticas as mais variadas, e tinha como lema apalavra de ordem de Marx de que a emancipa-ção da classe trabalhadora é obra dos própriostrabalhadores. Dissolveu-se em 1876, depois da

INSUMO-PRODUTO 306

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derrota da Comuna de Paris (1871), e tambémem conseqüência das agudas divergências entreos partidários de Marx (com maioria no comitêcentral) e os anarquistas, liderados por MikhailBakunin, expulsos em 1872. Paralelamente, como desenvolvimento acelerado do capitalismo eu-ropeu, acirraram-se os conflitos sociais, o quecontribuiu para o surgimento de fortes partidossocialistas, organizados segundo o modelo doPartido Social Democrata alemão. Em 1889, essespartidos fundaram em Paris a II Internacionalou Internacional Socialista, que se definiu ofi-cialmente pelo marxismo. Entre seus líderes,destacavam-se Karl Kautsky, Lênin, Rosa Lu-xemburgo, Eduard Bernstein, Jean Jaurés e Wi-lhelm Liebknecht. Dirigiu numerosas lutas pormelhorias nas condições de trabalho — sobre-tudo pela jornada de oito horas, pelo sufrágiouniversal e contra a guerra. As discussões emtorno das teses centrais do marxismo e sobre oscaminhos de instauração do socialismo dividi-ram a II Internacional em duas grandes tendên-cias: uma pregava a transformação gradual docapitalismo por meio de reformas sociais, outradefendia a luta revolucionária para a conquistado poder pelos trabalhadores. O rompimentototal entre as duas correntes ocorreu às vésperasda Primeira Guerra Mundial, quando os socia-listas alemães, franceses e ingleses, que partici-pavam dos parlamentos, votaram a favor doscréditos de guerra. Já a corrente liderada porLênin e Rosa Luxemburgo propunha a transfor-mação da guerra em luta revolucionária contrao capitalismo: foi o que fizeram os bolcheviquesna Rússia. Em meio aos acontecimentos revolu-cionários na Rússia e à guerra mundial, a II In-ternacional se desfez e os seguidores de Lêninfundaram, em 1919, em Moscou, a III Interna-cional ou Internacional Comunista. Foi nessaépoca que surgiram em todo o mundo os par-tidos comunistas marxistas-leninistas, orienta-dos pela III Internacional, segundo o modelo daRevolução Russa e do Partido Comunista daUnião Soviética. A III Internacional tornou-seem pouco tempo um instrumento de difusão dapolítica soviética e, após a morte de Lênin, dopensamento ideológico de Stálin. O rompimentopolítico-ideológico entre Stálin e Trotski, moti-vado por interpretações divergentes sobre a con-dução da construção do socialismo na Rússia eda revolução mundial, levou Trotski e seus par-tidários a fundarem, em 1938, na França, a IVInternacional. Em 1943, em plena guerra, Stálindesfez a III Internacional para consolidar suapolítica de aliança antinazista com os EstadosUnidos e a Inglaterra. A Internacional trotskistacontinua a existir, mas dividida em numerosasfacções. Veja também Comunismo; Socialismo.

INTERNATIONAL ALGEBRIC LANGUAGE.Veja Algol.

INTERNATIONAL BROTHERHOOD OFTEAMSTERS (Fraternidade Internacional dosCaminhoneiros). A maior organização sindicaldo mundo, com mais de 2 milhões de associadosem 1969. Fundada em 1888, aglutina sobretudomotoristas de caminhões, além de trabalhadoresde armazéns, da indústria alimentícia e de ou-tros setores. Sua jurisdição estende-se aos Esta-dos Unidos, Canadá e Porto Rico, e cada asso-ciação local goza de autonomia em relação à di-reção central. Publica mensalmente, em Wa-shington, o jornal International Teamster.

INTERNATIONAL STANDARD CLASSIFI-CATION OF OCCUPATIONS. Classificação pa-dronizada de ocupações desenvolvida pela Or-ganização Internacional do Trabalho (OIT) comoum referencial para permitir comparações inter-nacionais das ocupações.

INTERNATIONAL TRADE ORGANIZATION.Veja Organização Internacional do Comércio.

INTERNET. Rede internacional de intercomu-nicações aberta a quem queira se associar e es-tabelecer comunicações (enviando e recebendomensagens e informações) de uma rede que seespalha por mais de setenta países com cercade 30 milhões de associados e 48 mil redes di-ferentes. Esta rede mundial de computadores éacessada por milhões de usuários diariamente.

INTERPOLAÇÃO E EXTRAPOLAÇÃO (ouAnálise Regressiva). Técnica matemática utili-zada para medir a relação entre variáveis, como objetivo de fazer previsões ou determinar aexistência de correlação entre essas variáveis.Serve para estimar valores não conhecidos deuma variável dependente a partir de uma sériede valores conhecidos e correspondentes a de-terminados valores de uma variável inde-pendente. Em outros termos: enquanto, dadauma equação, ao ser resolvida ela pode ser ex-pressa em diversos pontos e representada porum gráfico, com a análise regressiva ocorre oinverso — dada uma série de pontos, trata-sede descobrir a equação. Em economia, a análiseregressiva é utilizada para destacar tendênciasou padrões de comportamento a partir de ob-servações. Um exemplo clássico é o do aumentodos gastos com alimentação a partir do cresci-mento da renda. A renda é a variável inde-pendente, e os gastos com alimentação são avariável dependente. Com base num númeroapreciável de informações, pode-se saber, comrelativa certeza, a tendência dos gastos futuroscom alimentação, em função das prováveis ren-das. A análise regressiva é um dos recursos maiscomuns da econometria.

307 INTERPOLAÇÃO E EXTRAPOLAÇÃO

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INTERPOLATRIZ. De um conjunto de valoresou de pontos, é a função ou sua imagem geo-métrica usada para a interpolação dos mesmos.

INTERVALO DE CONFIANÇA. Termo esta-tístico que significa um intervalo entre dois nú-meros em que temos x% de confiança de quese encontra o verdadeiro valor de um parâmetro.Veja também Desvio Padrão; Média.

INTERVENCIONISMO. Veja Dirigismo; Gyo-sei Shido.

INTERVENTION POINTS. Veja Support Points.

INTI. Unidade monetária do Peru. Submúltiplo:centavo.

INTRABRAND COMPETITION. Expressão eminglês que significa um processo de concorrênciaentre empresas que se encontram fabricando umproduto de uma mesma marca, geralmente me-diante algum tipo de franchising ou pagamentode royalties.

INTRA-EMPREENDEDOR. Denominação dadaa indivíduo que é empreendedor no âmbito in-terno das empresas.

INTRANET. É uma rede interna de uma orga-nização empresarial que utiliza tecnologias daInternet para permitir que os funcionários daempresa “naveguem” pela rede e compartilheminformações eletrônicas com grande facilidade(não confundir com Internet). É uma versão par-ticular da World Wide Web, a parte multimídiada Internet, disponível só para as pessoas quetrabalham na empresa. Veja também Internet;WWW.

INVARIÂNCIA. Conceito relacionado com aTeoria da Decisão e utilizado para caracterizarescolhas incoerentes mas não necessariamenteincorretas, quando o mesmo problema aparecesob perspectivas diferentes. Por exemplo, se Afor preferível a B, e B preferível a C, então pes-soas racionais deveriam preferir A a C. Se talnão ocorre — não importando o motivo —, diz-se que há falta de invariância nesse comporta-mento ou nessas decisões. Esta concepção, aexistência de invariância, é o ponto central doenfoque da utilidade de Oskar Morgenstern eJohannes von Neumann no desenvolvimento daTeoria dos Jogos. Veja também Morgenstern,Oskar; Neumann, Johannes von; Paradoxo deAllais; Teoria das Decisões; Teoria dos Jogos;Variância.

INVASÃO DO COBRE. Veja Crise do Xenxém.

INVENTÁRIO. Relação pormenorizada dos bense valores de uma pessoa ou firma. Em direito,

é o processo pelo qual se faz a exata demons-tração da situação econômica de uma pessoa fa-lecida, antes de realizar a partilha entre os her-deiros. Em contabilidade, é a base sobre a qualse faz o balanço de uma firma.

INVERSÃO. Termo que, aplicado em economia,tem o mesmo significado que investimento. Naverdade, trata-se de um termo em espanhol (cas-telhano), inversion, traduzido diretamente parao português como “inversão”. Os textos de eco-nomia dos anos 50 e 60, escritos no Brasil, re-ceberam forte influência do pensamento estru-turalista da Cepal, cujas principais obras foramelaboradas por economistas argentinos e chile-nos. Veja também Investimento.

INVERTED YIELD CURVE. Veja Curva deRendimento Invertida.

INVESTIDOR INSTITUCIONAL. Pessoa jurí-dica que, por força de determinações governa-mentais, é obrigada a investir parte de seu ca-pital no mercado de ações, constituindo umacarteira segura e com rentabilidade média ra-zoável. Por exemplo: fundos de incentivo fiscal(fundo 157), fundos de pensão e seguradoras.

INVESTIMENTO. Aplicação de recursos (di-nheiro ou títulos) em empreendimentos que ren-derão juros ou lucros, em geral a longo prazo.Num sentido amplo, o termo aplica-se tanto àcompra de máquinas, equipamentos e imóveispara a instalação de unidades produtivas comoà compra de títulos financeiros (letras de câm-bio, ações etc.). Nesses termos, investimento étoda aplicação de dinheiro com expectativa delucro. Em sentido estrito, em economia, inves-timento significa a aplicação de capital em meiosque levam ao crescimento da capacidade pro-dutiva (instalações, máquinas, meios de trans-porte), ou seja, em bens de capital. Por isso, con-sidera-se também investimento a aplicação derecursos do Estado em obras muitas vezes nãolucrativas, mas essenciais por integrarem a in-fra-estrutura da economia (saneamento básico,rodovias, comunicações). O investimento brutocorresponde a todos os gastos realizados combens de capital (máquinas e equipamentos) eformação de estoques. O investimento líquido ex-clui as despesas com manutenção e reposiçãode peças, equipamentos e instalações desgasta-das pelo uso. Como está mais diretamente liga-do à compra de bens de capital e, portanto, àampliação da capacidade produtiva, o investi-mento líquido mede com maior precisão o cres-cimento da economia. Os investimentos realiza-dos na compra de equipamentos e instalaçõessão registrados nas contas nacionais no item“formação de capital fixo” (ou investimentofixo). Os investimentos com capital circulante

INTERPOLATRIZ 308

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(formados pelos estoques de produtos finais)compõem o item “variação de estoques”. Dife-rencia-se ainda a formação interna de capitaldentro de um país e os investimentos realizadosno exterior. Geralmente cada país define o queconsidera investimento de uma forma específicae que corresponda melhor às suas necessidadeseconômicas.

INVESTIMENTO A FUNDO PERDIDO. É oinvestimento realizado sem expectativa de re-torno do montante investido. Esse tipo de in-vestimento é geralmente realizado pelo Estado,no sentido de melhorar as condições de existên-cia de setores de baixa renda, como na constru-ção de moradias populares, saneamento básico,ou mesmo realizações de obras de infra-estru-tura como estradas, que estimulam os investi-mentos privados por meio da oferta de um pro-duto ou serviço antes inexistentes.

INVESTIMENTO AUTÔNOMO. Investimen-to que não está relacionado com alterações nosníveis de renda. Os investimentos públicos, osinvestimentos que acontecem em função deavanços tecnológicos, ou aqueles que se reali-zam sem expectativa de obtenção de uma taxamédia de lucro, ou mesmo os realizados a fundoperdido, são considerados investimentos autô-nomos. Veja também Investimento a FundoPerdido; Investimento Induzido.

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO. Aquisiçãode empresas, equipamentos, instalações, esto-ques ou interesses financeiros de um país porempresas, governos ou indivíduos de outrospaíses. O investimento de capital estrangeiropode ser direto, quando aplicado na criação denovas empresas ou na participação acionária emempresas já existentes; e indireto, quando assumea forma de empréstimos e financiamentos a lon-go prazo. Os investimentos privados no exteriorsão feitos geralmente em decorrência de algu-mas motivações básicas: 1) visando a um lucromaior, ou a maiores facilidades fiscais e/ou le-gislativas do que se conseguiria no próprio país;2) na expectativa de variações cambiais favorá-veis; 3) por temor a mudanças políticas ou fiscaisno país de origem. O investimento governamental,por sua vez, é realizado geralmente por razõespolíticas, diplomáticas ou militares, independen-temente de possíveis rendimentos econômicos,mas pode ter a função de equilibrar, a longoprazo, o balanço de pagamentos do país de ori-gem. Para o país receptor, o investimento es-trangeiro pode ser um meio de estimular o cres-cimento econômico quando o nível de poupançainterna for insuficiente para atender às necessi-dades potenciais de investimento, embora issogeralmente acentue o grau de dependência eco-nômica e política do país anfitrião em relação

aos países exportadores de capital.Veja tambémDependência; Multinacional.

INVESTIMENTO INDUZIDO. O investimen-to realizado em decorrência de um aumento derenda é chamado induzido. Contrapõe-se aoconceito de investimento autônomo, que ocorreem virtude de fatores externos como inovaçõestecnológicas, guerras, política governamentaletc. Há uma relação entre renda e investimento:o aumento da capacidade de consumo de umaeconomia incentiva os investimentos. O aumen-to da renda induz a uma elevação do consumoe a um incremento da capacidade de produção.Quando essa capacidade se esgota, pode ser au-mentada por meio de novos investimentos. Sãoesses investimentos, destinados a atender à de-manda gerada pelo aumento da renda, que sãochamados de induzidos.

INVESTMENT DRIVEN. Expressão em inglêsque significa vantagens competitivas de um paísbaseadas na elevada capacidade de investir emmáquinas, equipamentos e em incorporação doprogresso técnico.

INVESTMENT SECURITIES. Veja Títulos deInvestimento.

IOF — Imposto sobre Operações Financeiras.Instituído em 20/10/1966, incide sobre as ope-rações de crédito e seguro realizadas por insti-tuições financeiras e seguradoras. São contri-buintes do imposto os tomadores de crédito eos segurados. O recolhimento, de responsabili-dade da instituição financeira, é efetuado men-salmente ao Banco Central do Brasil. Em contascorrentes, o IOF é gerado sobre o saldo devedor:se uma conta fica devedora, imediatamente in-cide sobre ela um imposto sobre o valor devido.No caso de cheques especiais, o imposto é sobreo saldo médio devedor mensal. O imposto é co-brado sobre: 1) o deferimento de empréstimode soma utilizável de uma só vez, parcelada-mente ou sob forma de conta corrente; 2) o des-conto de títulos cambiários, em moeda nacional;3) o valor global dos prêmios de seguro pagos.

IPA. Iniciais de Índice de Preços do Atacado eda expressão em inglês, utilizada nas atividadesde seguros, including particular average, que sig-nifica “incluídas avarias parciais (particulares)”.Veja também Índice Agregado Ponderado.

IPC. Veja INPC.

IPEN — Instituto de Pesquisas Energéticas eNucleares. Denominação que recebeu, a partirde 1979, o Instituto de Energia Atômica (IEA),fundado em 1956. Até novembro de 1982, cons-tituía uma entidade autárquica do Estado de São

309 IPEN

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Paulo, subordinada à Secretaria de Estado dosNegócios da Indústria, Comércio, Ciência e Tec-nologia, participando do Plano Nacional deEnergia Nuclear mediante convênios firmadoscom a Comissão Nacional de Energia Nuclear(Cnen) e as Empresas Nucleares Brasileiras (Nu-clebrás). Os objetivos básicos do Ipen têm sidoa investigação e o desenvolvimento da energianuclear para aplicações pacíficas, bem como aformação de pessoal técnico especializado e apli-cação da tecnologia nuclear na solução de pro-blemas brasileiros. O ponto de partida e centroforte de todo o seu trabalho tem sido o reatorde investigação montado no campus da Univer-sidade de São Paulo (USP); ali se realizou a pri-meira reação nuclear produzida em cadeia naAmérica Latina. Em 1º/11/1982, porém, o Ipenpassou a ser controlado pelo governo federal,com a denominação de Unidade Administrativade São Paulo (Cnen).

IPI — Imposto sobre Produtos Industrializa-dos. Tributo criado pelo governo brasileiro em12/11/1966, em substituição ao Imposto de Con-sumo. Recolhido na fonte de produção das mer-cadorias, é incorporado ao preço destas, sendo,portanto, pago pelo consumidor no ato da com-pra. Incide proporcionalmente sobre o preço doproduto, em taxas variáveis: a taxa é mais ele-vada sobre artigos considerados supérfluos e deluxo (cigarros, automóveis) e mais baixa sobrebens de primeira necessidade (alguns dos quaispodem ser isentos da tributação). A Constituiçãode 1988 estabeleceu que o IPI permanecerá se-letivo (em função da essencialidade do produto),será cumulativo e não incidirá sobre produtosindustrializados destinados ao exterior (expor-tações). Estabeleceu também que a União entre-gará 47% do total arrecadado aos Estados e aoDistrito Federal (21,5%), aos municípios (22,5%)e 3% para a aplicação em programas de finan-ciamento do setor produtivo das regiões Norte,Nordeste e Centro-oeste.

IPK. Iniciais de Índice de Passageiros por Qui-lômetro, que, no cálculo das tarifas de meios detransportes coletivos (ônibus, trens etc.), é o di-visor da totalidade dos custos fixos e variáveis.Quanto maior for o IPK, considerando constan-tes os custos fixos e variáveis, menor deverá sera tarifa, e vice-versa.

IPMF — Imposto Provisório sobre Movimen-tação Financeira. Mais conhecido como “impos-to do cheque”, entrou em vigor em 26/8/1993,e foi extinto em 1º/1/1995. Este imposto incidiafundamentalmente sobre os depósitos em contascorrentes, poupanças, depósitos especiais nascontas remuneradas, assim como sobre os rece-bimentos em dinheiro mediante ordens de pa-gamento. O imposto era cobrado de acordo com

uma alíquota de 0,25%, sempre que o dinheirosaísse da conta de um cliente. Inicialmente, oimposto foi proposto com a dupla finalidade deaumentar a arrecadação tributária do governofederal e combater a sonegação, revelando porintermédio dos cheques as movimentações rea-lizadas, especialmente pelo setor informal daeconomia. No entanto, as expectativas da receita— cerca de 600 milhões de dólares mensais —pareceram superestimadas, pois as liminarescontra o pagamento do imposto concedidas aEstados e municípios e também a alguns setoresprivados reduziram essas receitas em até 40%.Os saques do Fundo de Garantia do Tempo deServiço estavam isentos do IPMF, assim comoos pensionistas e aposentados do INPS, que re-ceberão 0,25% a mais em seus benefícios paracompensá-los do imposto. Em setembro de 1993,o Supremo Tribunal Federal acolheu demandae emitiu liminar suspendendo o pagamento doIPMF em todo o território nacional. Em 1995, ogoverno conseguiu aprovar a adoção da CPMF(Contribuição Provisória sobre MovimentaçõesFinanceiras), com as mesmas características doIPMF, devendo vigorar de 1º/1/96 a 31/12/98.Veja também CPMF.

IPSO JURE. Expressão em latim que significa“pela lei”, em função da lei, ou em decorrênciada lei.

IPT — Instituto de Pesquisas TecnológicasS.A. Organização de pesquisa e assessoria téc-nico-científica, criada em 1934 como autarquiada Universidade de São Paulo (USP) e transfor-mada em empresa de economia mista em 1975.Tem como atribuições executar projetos de pes-quisa nas áreas de engenharia e indústria e co-laborar na formação de técnicos de nível supe-rior.

IRINEU EVANGELISTA DE SOUZA. VejaMauá, Barão e Visconde de.

IRISH DIVIDEND. Expressão que significa, li-teralmente, “dividendo irlandês”, mas que, nojargão do mercado financeiro norte-americano,se aplica à situação em que o possuidor de ações,em vez de receber dividendos por elas, é cha-mado a pagar algum tipo de contribuição ne-cessária à manutenção das mesmas.

ISBN. Iniciais da expressão em inglês Interna-tional Standard Book Number, que significa o pa-drão internacional de numeração de livros, queconsiste num código para a identificação de umapublicação, afixado geralmente na quarta-capada mesma, composto de dez dígitos assim dis-postos: os dois primeiros indicam a área lingüís-tica do livro; os quatro seguintes, a editora; ostrês subseqüentes, o número de ordem da obrana produção da editora, e o dígito final (que

IPI 310

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também pode ser uma letra) é o verificador queindica ao computador examinar a exatidão dasinformações anteriores.

ISCO. Veja International Standard Classifica-tion of Occupations.

ISEB — Instituto Superior de Estudos Brasi-leiros. Instituto público criado em 4/7/1955pelo decreto-lei nº 57 608. Surgiu como uma es-pécie de sucessor do Instituto Brasileiro de Eco-nomia, Sociologia e Política (Ibesp), formado em1953 pelo chamado Grupo de Itatiaia, compostopor Hélio Jaguaribe, Álvaro Vieira Pinto, Cân-dido Mendes, Alberto Guerreiro Ramos, NélsonWerneck Sodré e Roland Corbisier. O Iseb su-bordinava-se diretamente ao ministro da Edu-cação e Cultura, embora gozasse de “autonomiaadministrativa e plena liberdade de pesquisa,de opinião e de cátedra”, segundo seu regula-mento geral. Compunha-se inicialmente de trêsórgãos principais: o conselho consultivo, cons-tituído por cinqüenta membros designados peloministro da Educação e Cultura, escolhidos en-tre “cidadãos representativos dos diversos ra-mos do saber ou da ação, relacionados com osestudos ou as atividades sociais, econômicas epolíticas do país”; o conselho curador, órgão di-retivo, com oito membros também designadospelo ministro; e a diretoria executiva, encarre-gada de executar as deliberações do conselhocurador, exercida por um diretor eleito pelo con-selho curador e escolhido entre seus membros.Além desses órgãos, o Iseb era integrado porcinco departamentos, responsáveis pela organi-zação de cursos e outras atividades patrocinadaspela instituição. Durante quase nove anos de ati-vidades, o Iseb organizou cursos, conferências,seminários de estudos e pesquisas diversas, con-tando com a participação de representantes devários setores do aparelho do Estado — ForçasArmadas, Congresso Nacional etc. — e da so-ciedade civil — empresários, líderes sindicais,profissionais liberais, funcionários públicos, pro-fessores, estudantes universitários etc. Re-presentou nesse processo um foco de elaboraçãode ideologia nacionalista, despertando a hosti-lidade dos setores estimulados contra o presi-dente João Goulart. O Iseb foi extinto no dia13/4/1964 pelo decreto-lei nº 53 884, assinadopor Paschoal Ranieri Mazzilli, que assumira in-terinamente a presidência após a deposição deGoulart. Pouco antes, nos primeiros dias deabril, a sede do Iseb foi invadida por gruposparamilitares e seus arquivos foram queimados.

ISENÇÃO FISCAL. Forma de incentivo fiscalem que uma pessoa física ou jurídica fica libe-rada do pagamento de determinados impostos.

Para as pessoas físicas, a isenção fiscal mais co-nhecida é a do Imposto de Renda para aquelesque recebem uma renda líquida inferior a umpiso determinado. Quanto a empresas, as auto-ridades podem isentar determinados produtos,em função da sua necessidade de consumo (por-tanto, uma forma de barateamento desses pro-dutos). Da mesma forma, outros tipos de im-postos (Imposto Predial e Territorial, impostosde exportação etc.) podem ser abolidos durantedeterminado período e para certas atividades.Veja também Imposto; Incentivo fiscal.

ISO 9 000. Certificado que atesta a aplicaçãopermanente de padrões de qualidade reconhe-cidos internacionalmente, o que é indispensávelpara participar do mercado internacional. A ori-gem da ISO 9 000 remonta a 1987, quando, dian-te da enorme proliferação de normas para a fa-bricação de produtos industriais, a ISO — In-ternational Organization for Standardization(Organização Internacional para a Normaliza-ção) estabeleceu o Comitê Técnico TC/176 —Garantia de Qualidade, com a finalidade de ana-lisar criticamente as diversas normas existentese consolidar seus diversos conteúdos. As nor-mas resultantes dessa análise foram denomina-das ISO 9 000 e adotaram a maioria dos ele-mentos contidos nas normas inglesas identifica-das pela sigla BS 5 750 — 1979. No mesmo ano,a Comunidade Européia adotou a ISO 9 000 coma designação de série EN-29 000. No Brasil, elascorrespondem à série NBR-19 000. Em 1995, jáexistiam quase cem países com participação nocomitê da ISO, sendo que o Brasil é representadopela Associação Brasileira de Normas Técnicas(ABNT). Na realidade, desde que os grandescompradores mundiais começaram a exigir ga-rantias dos padrões de qualidade para os pro-dutos que estavam adquirindo, a normalizaçãodos padrões utilizados por cada país se impôsnão só como uma necessidade técnica, mas tam-bém econômica. A tendência ao global sourcing,isto é, à globalização dos fornecedores, acelerouainda mais a adoção de normas de qualidadeque fossem aceitas mundialmente. Os setores re-lacionados com segurança, como o Departamen-to de Defesa dos Estados Unidos, cujos forne-cedores contam-se aos milhares em vários paísesdo mundo, a indústria de energia nuclear, osprodutores de equipamentos médicos e os pro-dutores de petróleo foram os primeiros que, aoexigir normas muito rígidas de qualidade, im-pulsionaram a adoção das normas ISO. Embora,para muitos, a imposição do certificado de qua-lidade tenha significado, num primeiro momen-to, quase uma barreira não-tarifária que invia-bilizava a entrada de certos produtos em deter-minados mercados, com a generalização do pro-cesso de certificação, o selo da ISO passou a serum verdadeiro passaporte de entrada nos mer-

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cados mais exigentes.A série ISO 9 000 é forma-da basicamente por três normas contratuais: ISO9 001, ISO 9 002 e ISO 9 003, voltadas especial-mente para a indústria, e duas normas com di-retrizes para a elaboração de sistemas de qua-lidade, ISO 9 004-1 e ISO 9 004-2, versão paraserviços. A certificação das normas ISO 9 000geralmente requer a intervenção de uma empre-sa especializada em auditorias e credenciada pororganismos oficiais de credenciamento. Essasauditorias são geralmente rigorosas, pois embo-ra as normas ISO da série 9 000 sejam suficien-temente abrangentes, respeitando a trajetória eo tamanho da empresa que requer a certificação,não existe flexibilidade no que se relaciona aoproblema da consistência e coerência entre o sis-tema documentado e o implementado. A utili-zação das normas ISO da série 9 000 geralmenteenvolve três elementos: 1) o cliente comprador,que exige uma demonstração de que o fornece-dor está utilizando sistemas de qualidade deacordo com as normas ISO 9 000; 2) o fornecedorque necessita seguir as normas ISO 9 000 emsua(s) própria(s) unidade(s); 3) os fornecedoresdo fornecedor (ou os sub-contratados) que ne-cessitam demonstrar a este último que estãoadotando sistemas de qualidade na produçãode seus produtos com as normas ISO 9 000. Umavez obtida a certificação, a tendência é que umaempresa só adquira produtos e/ou serviços deempresas também certificadas pelas normas ISO9 000. Especialmente para os exportadores, quenecessitam colocar seus produtos em mercadosaltamente competitivos e onde a qualidade épré-requisito básico, a ausência da certificaçãopode representar a perda de contratos de grandevalor. No Brasil até o final de 1995, mais de milempresas já haviam obtido a certificação dasnormas ISO 9 000.

ISO 9 660. Norma da International StandardsOrganization para a gravação e leitura de dadosem CD-ROM, padrão atual dos CD-ROMs uti-lizados em PC’s.

ISO 14 000. Normas da International StandardsOrganization para os processos relacionadoscom a preservação do meio ambiente e os pro-cessos de proteção econológica. O Comitê Téc-nico 207 da ISO, especificamente voltado paraquestões ambientais, estuda a criação da ISO14 000 com base na norma inglesa BS-7 750 paraempresas que tenham sistemas de gestão am-biental — garantir ao consumidor que os pro-cessos utilizados na fabricação do produto queele está consumindo sejam ambientalmente sus-tentáveis.

ISOLACIONISMO. Doutrina de política exte-rior que preconiza evitar o relacionamento deum país com outros. Exemplo extremo de po-lítica isolacionista, só encerrada em 1868 (início

do período Meiji), foi a praticada no Japão desdemeados do século XVII: quase todos os estran-geiros foram expulsos, foram proibidas a entra-da e a saída dos próprios japoneses e impostoum rígido controle ao intercâmbio comercialcom a China e a Holanda. Mas o termo “isola-cionismo” entrou no vocabulário internacionalem decorrência da política exterior dos EstadosUnidos, que em vários momentos foi caracteri-zada como isolacionista. São indicativos dessapolítica a Doutrina Monroe, a relutância do paísem participar da Primeira Guerra Mundial e arecusa de entrar para a Liga das Nações. Essemesmo procedimento repetiu-se em relação àSegunda Guerra Mundial, que só contou com aparticipação dos Estados Unidos depois que abase naval norte-americana de Pearl Harbor foiatacada pelos japoneses. Exemplos mais recentesde política isolacionista: a China, no período daRevolução Cultural (1966-1969), e a Albânia,desde seu rompimento político com a China(1977).

ISONOMIA. Princípio segundo o qual todosos indivíduos de uma comunidade devem re-ceber tratamento igual por parte das autorida-des tributárias.

ISOQUANTA. Representação gráfica, tambémconhecida por linha de igual produção, linha deisoproduto e curva de indiferença de produção.Corresponde, num gráfico bidimensional, a umacurva em que todos os pontos indicam combi-nações dos fatores que apresentam a mesmaquantidade de produção. Em outras palavras,uma isoquanta representa o mesmo nível de pro-dução resultante da utilização diferenciada dedois insumos. O que determina o perfil de umaisoquanta é o grau de substitutibilidade entreos fatores, referido numa tabela de igual pro-dução. Num grau de substituição perfeito, a iso-quanta é representada por uma linha reta. Quan-do a substitutibilidade existe, mas não é perfeita,tem-se uma linha curvilínea convexa em relaçãoà origem. Não havendo substitutibilidade entreos fatores de produção, a isoquanta é repre-sentada por linhas em ângulo reto.

IT. Iniciais da expressão em inglês informationtechnology, que significa “tecnologia de informa-ção” e designa toda uma série de tecnologiasvinculadas à informática, utilizadas no âmbitoda administração das finanças e dos negóciosem geral.

ITO. Iniciais de International Trade Organiza-tion, organismo criado no âmbito da ONU, em1948.

IUAN. Unidade Monetária da China. Submúl-tiplo: jiad ou fen.

ISO 9 660 312

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IVA — Imposto sobre Valor Agregado. Esteimposto está sendo examinado para constituirum dos elementos da reforma tributária prepa-rada pelo governo, a ser enviada ao Congressoaté o final de 1998. Em conjunto com o Impostosobre Vendas a Varejo (IVV) e o Imposto Sele-tivo (excise tax), poderiam substituir o Impostosobre Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS), o Imposto sobre Produtos Industriali-zados (IPI) e o Imposto sobre Serviços (ISS), oPIS/Pasep e a Contribuição Social para o Finan-ciamento da Seguridade Social (Cofins) sem per-da de receita final e simplificando bastante orecolhimento de impostos pela Receita Federal.Veja também Excise Tax.

IVV. Veja IVA.

J JAGUARIBE, Hélio. Veja Iseb.

JAPAN CHAMBER OF COMMERCE ANDINDUSTRY (Nihon Shõko Kaigisho). CâmaraJaponesa do Comércio e Indústria, organizaçãoque representa as pequenas e médias empresas.Fundada em 1922, congrega mais de quinhentascâmaras locais de comércio e indústria e temcerca de 1,4 milhão de membros.

JAPAN COMMITTEE FOR ECONOMIC DE-VELOPMENT. Denominação em inglês da Kei-zai Dõyu Kai, organização japonesa de empre-sários e executivos de várias empresas. A fina-lidade da organização é promover o progressoe a estabilidade na economia japonesa, fazendopropostas com o objetivo de melhorar a situaçãoeconômica do país como um todo, evitando con-tudo assumir posicionamentos políticos. Quan-do foi fundada, em 1946, era composta de líderesempresariais progressistas, preocupados com areconstrução do Japão e com a democratizaçãode sua vida política e social. Mais tarde, mesmocom o extraordinário desenvolvimento observa-do pela economia japonesa, esta organizaçãopermaneceu com suas preocupações sociais,sempre enfatizando as responsabilidades sociaisdas empresas e uma vinculação estreita com asuniversidades.

JAPAN INTERNATIONAL COOPERATIONAGENCY (JICA). Denominação em inglês daKokusai Kyõryoku Jigyõdan, órgão público ja-

ponês fundado em 1974 para oferecer assistênciatécnica aos países em desenvolvimento e aosemigrantes japoneses. Criado pelo governo ja-ponês, este órgão pode fazer empréstimos e emi-tir títulos.

JARDA (YARD). Medida de comprimento equi-valente a 36 polegadas ou 0,914 m. Sua origemé incerta. No norte da Europa, parece ter-se ori-ginado do comprimento da cinta utilizada pelossoldados. Nos países do sul, seria o equivalenteao dobro do cúbito. Como um cúbito equivaliaa aproximadamente 45 cm, uma jarda teria cercade 90 cm. Conta-se também que, no início doséculo XII, o rei Henrique I, da Inglaterra, de-terminou que a jarda correspondesse à distânciaentre seu nariz e o polegar de seu braço esticado.No decorrer do tempo, a jarda admitiu muitopouca variação, tanto que seu valor oficial é hoje91,440 cm. Veja também Unidades de Pesos eMedidas.

JARI. Veja Projeto Jari.

JAVA. Veja Coopetition.

JBRI. Iniciais de Japan Bond Research Institute,denominação da empresa japonesa que realizapesquisas, para os investidores no Japão, sobrea qualidade das ações e títulos emitidos por em-presas japonesas e internacionais. Veja tambémStandard & Poor’s; Moody’s Investors.

JEDI (Level). Iniciais da expressão em inglêsjust enough desirable inventory, que significa, li-teralmente, “o nível mínimo de estoque deseja-do”, e que se opõe ao conceito de estoque zero,a ser alcançado a qualquer custo.

JEIRA. Antiga unidade de superfície utilizadano Brasil antes do Sistema Métrico Decimale equivalente a uma área variável entre 19 e36 hectares. Veja também Sistema MétricoDecimal.

JET-LAG. Efeito causado sobre um pessoa queviaja por avião e atravessa muitos fusos horáriosnum período curto de tempo, e tem de se adap-tar, física e mentalmente, a um novo ciclo ouritmo de tempo de vigília e sono. Com a gene-ralização de rápidos transportes aéreos e a mul-tiplicação de viagens de negócios no sentido les-te—oeste ou oeste—leste, este termo passou aconstar do vocabulário dos executivos das em-presas, especialmente as multinacionais.

JETRO. Iniciais da denominação, em inglês, daJapan External Trade Organization (Nihon BõekiShinkõkai), que é a associação japonesa para ofomento do comércio exterior, organização su-pervisionada pelo Ministry of International Tra-de and Industry (Miti). Até 1970, a principal fun-

313 JETRO

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ção da Jetro era obter informações para ajudaras empresas japonesas, tanto grandes como pe-quenas, a expandir suas exportações. Escritóriosda Jetro foram criados nos principais centros decomércio mundiais e campanhas de marketingforam planejadas para impulsionar o comércioexterior japonês. Com o aumento da competiti-vidade do Japão, a partir dos anos 70, e os su-perávits comerciais japoneses se ampliando, aJetro começou a se encarregar também de fo-mentar as importações. Veja também MITI.

JETSAM. Veja Jettinson.

JETTINSON. Ato de atirar ao mar a carga deum navio para deixá-lo mais leve quando háperigo de naufrágio. Geralmente, um cargueironão se responsabiliza pela ocorrência de jettin-son. Este risco deve ser coberto pela apólice deseguro das mercadorias embarcadas.

JEVONS, William Stanley (1835-1882). Econo-mista inglês da escola marginalista, professor delógica em Manchester e de economia política emLondres, onde se destacou por combinar a aná-lise teórica com a estatística. Ao mesmo tempoque Menger e Walras, Jevons elaborou, inde-pendentemente, a teoria da utilidade marginal,em 1870. Sua principal obra, The Theory of Poli-tical Economy (A Teoria da Economia Política),1871, reuniu todas as análises anteriores basea-das na utilidade para formular uma teoria maisabrangente do valor, da troca e da distribuição.Para isso, o autor desenvolveu uma exposiçãomatemática das leis do mercado e da teoria dovalor-utilidade, que seria o ponto central de suateoria. Tomou como ponto de partida o indiví-duo e suas necessidades e, baseando-se nos prin-cípios da filosofia hedonista de Bentham, definiuutilidade como a capacidade que um objeto temde provocar o prazer ou impedir a dor. A ex-plicação de Jevons para a formação do valor detroca e do preço baseia-se numa adaptação daSegunda Lei de Gossen. Afirma que, quandouma mercadoria é capaz de satisfazer necessi-dades em vários usos diferentes, ela fica distri-buída entre eles de tal modo que seu grau deutilidade será o mesmo em todos os usos. Jevonsnão chegou a apresentar uma teoria subjetivacompleta, mas negou o trabalho como fonte devalor. Para ele, o trabalho gasto na produção damercadoria “passara e se havia perdido parasempre”, não podendo exercer nenhuma in-fluência sobre o preço. Apenas de modo indiretoo trabalho poderia afetar o valor de um produto,valor este definido pelo grau final de utilidade,por meio da seguinte relação: “O custo da pro-dução determina a oferta, que determina o graufinal de utilidade, que por sua vez determina ovalor”. Jevons também legou uma contribuiçãoimportante à teoria do capital. Afirmou que o

capital pode ser medido em termos de tempo,além de quantidade. Um aumento do capital in-vestido seria o mesmo que o aumento do pe-ríodo de tempo em que o capital é empregado.Embora se considerasse um “ardente defensorda liberdade de comércio”, Jevons declarou-sea favor do protecionismo na Inglaterra, em suaobra The State in Relation to Labour (O Estadoem Relação ao Trabalho), 1882. Seus trabalhosem economia aplicada e economia política foramreunidos no livro Investigations in Currency andFinance (Investigações em Moeda e Finanças),1884. Examinou especialmente o problema dasflutuações econômicas, chegando ao ponto detentar relacionar os ciclos com a atividade solar.Veja também Marginalismo; Menger, Karl;Walras, Leon.

JGB. Iniciais de japanese government bond, isto é,título do governo japonês.

JIAD. Veja Iuan.

JIDOKA. Termo em japonês que correspondea “automação”. Veja também Automação.

JIS. Iniciais de Japanese Industrial Standards(Normas Industriais Japonesas), que é o órgãonacional que estabelece parâmetros para a in-dústria no Japão.

JIT. Veja Just in Time.

JLTPR. Iniciais de japanese long term prime rate,que significa a taxa de juros cobrada pelos ban-cos japoneses a seus clientes preferenciais (deprimeira linha), para empréstimos de mais deum ano.

JOBAGIE. Palavra de origem francesa que de-signa prestações em trabalho que, na época feu-dal, o servo proporcionava ao senhor, caso ocor-ressem necessidades extraordinárias na produ-ção. Assemelhava-se à corvéia, e na Europa im-plicava que cada aldeia fornecesse anualmenteum grupo de pessoas (trabalhadores) para a jo-bagie, proporcional ao tamanho de sua popula-ção.Veja também Corvéia.

JOBBER. Veja Stock Jobber.

JOB CLUSTER. Termo em inglês cuja traduçãoliteral é “nichos ocupacionais”, mas que significaum grupo estável de ocupações ou profissões,dentro de um mercado interno de trabalho, quese encontram tão vinculadas que possuem de-terminações de salário comuns. Estes empregosestão vinculados como: 1) resultado do tipo detecnologia utilizada na empresa; 2) resultado daorganização administrativa da produção oucomo resultante dos usos e costumes no interiorda empresa.

JOGO DE BALLA. Veja Risco.

JETSAM 314

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JOGO DE ESTRATÉGIA PURA. Veja Jogo deEstratégia.

JOGOS. Veja Teoria dos Jogos.

JOGOS DE AZAR. Veja Jogos de Estratégia.

JOGOS DE ESTRATÉGIA. Ao contrário dosjogos de azar, nos quais o resultado dependeunicamente do acaso, os jogos de estratégia sãoaqueles em que o resultado depende total ouparcialmente das decisões (ou estratégias) toma-das pelos jogadores individuais. Por exemplo,enquanto o cara-ou-coroa é um jogo de azar (de-pende inteiramente do acaso), o pôquer é umjogo de estratégia, pois seu resultado dependeem grande parte das decisões de cada jogador.O jogo de estratégia pura é aquele em que cadajogador tem uma jogada ótima que não dependedo conhecimento prévio do jogo do opositor.Este tipo de jogo é também identificado comoPonto de Sela. A palavra “jogo”, no sentido an-terior, pode aplicar-se às mais variadas situaçõese campos de atividade, especialmente no âmbitodos negócios. Veja também Ponto de Sela; Teo-ria dos Jogos.

JOGOS DE SOMA ZERO. Veja Teoria dos Jogos.

JÓIAS DA COROA. Expressão utilizada quan-do uma empresa, na iminência de ser incorpo-rada por outra, ou pedir concordata, ou mesmofalir, vende seus ativos mais importantes, comofaziam príncipes e reis no passado, que, diantede dificuldades financeiras, vendiam ou lança-vam mão das jóias da Coroa.

JOINT-VENTURE. Expressão em inglês quesignifica “união de risco” e designa o processomediante o qual pessoas, ou, o que é mais fre-qüente, empresas se associam para o desenvol-vimento e execução de um projeto específico noâmbito econômico e/ou financeiro. Uma joint-venture pode ocorrer entre empresas privadas,entre empresas públicas e privadas, e entre em-presas públicas e privadas nacionais e estran-geiras. Durante a vigência da joint-venture, cadaempresa participante é responsável pela totali-dade do projeto. No caso brasileiro, esta moda-lidade foi estimulada especialmente durante osanos 70, envolvendo empresas privadas nacio-nais, empresas estatais e empresas estrangeiras.

JORNADA FLEXÍVEL DE TRABALHO. Siste-ma de trabalho no qual cada trabalhador tem aliberdade de escolher, dentro de determinadoslimites, isto é, respeitando um período no qualtodos os trabalhadores devem estar simultanea-mente no processo de produção, seu horário deentrada e de saída na empresa. Veja tambémCore Time.

JUGLAR, Clément (1819-1905). Economista fran-cês, pioneiro no estudo dos ciclos econômicos ena constatação da natureza periódica das crises.Seu nome denomina os ciclos curtos, o “cicloJuglar”, de oito a dez anos, de variações alter-nadas na atividade econômica. Médico, Juglarinteressou-se pela economia ao estudar os fenô-menos demográficos. Em seguida, passou a ana-lisar as crises econômicas, que, para ele, tinhamcausas naturais, inevitáveis mas previsíveis eque retornariam em ciclos. Destacou-se como es-tatístico realizando previsões acuradas da reto-mada das atividades econômicas, o que tambémlhe permitiu acumular uma grande fortuna pormeio da especulação. Professor da Escola Livrede Ciências Políticas de Paris e fundador da So-ciedade de Estatística de Paris, seu mais impor-tante trabalho foi Des Crises Commerciales et deLeur Retour Périodique en France, en Angleterre etaux États-Unis (Das Crises Comerciais e Seu Re-torno Periódico à França, à Inglaterra e aos Es-tados Unidos), 1862, a primeira obra a forneceruma descrição pormenorizada do ciclo econô-mico e a insistir na periodicidade das crises. Pu-blicou ainda Du Change et de la Liberté d’Émission(Da Troca e da Liberdade de Emissão), 1868, eLes Banques de Dépôt, d’Escompte et d’Émission (OsBancos de Depósito, de Desconto e de Emissão),1884.

JUMBO. Veja Empréstimo-jumbo.

JUNIOR SECURITY. Obrigação (título) quetem um baixo nível de prioridade para ser sal-dada contra liquidação de ativos. Estes títulostêm menos prioridade do que os senior securities.Geralmente, as prioridades seguem a seguinteordem: títulos de hipotecas, bonds, debêntures,ações preferenciais e ações ordinárias.

JUNK BOND. Expressão em inglês que designatítulo (bond) de péssima qualidade, isto é, títulode alto risco com classificação de crédito inferiorao nível BB. Em geral, são títulos emitidos porempresas de baixa credibilidade no mercado. Tí-tulos que oferecem rendimentos elevados, mascujo risco é também muito alto. Estes títulos ob-têm classificações BB ou mais baixas, de acordocom o sistema de classificação da Moody’s In-vestors Service e da Standard & Poor’s. Vejatambém Moody’s Investors Service; Standard& Poor’s.

JUNKER. Veja Via Junker.

JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMEN-TO. Órgão de primeira instância da Justiça doTrabalho brasileira, responsável pelo julgamen-to dos dissídios individuais entre patrão e em-pregado. Cada junta é constituída de dois juízes

315 JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO

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classistas (vogais), representantes dos emprega-dores e dos empregados, e de um juiz togado(presidente). Os vogais são escolhidos entre oseleitos de cada sindicato de classe, numa listatríplice enviada ao Tribunal Regional do Traba-lho (TRT). De posse dessas listas, o tribunal no-meia o número de vogais para as vagas exis-tentes nas diversas Juntas de Conciliação e Jul-gamento. Esses organismos da Justiça do Tra-balho foram criados pelo governo federal, em1932. As decisões das juntas podem ser alteradaspelo TRT, desde que uma das partes em litígiorecorra a essa instância superior.

JURO. Remuneração que o tomador de um em-préstimo deve pagar ao proprietário do capitalemprestado. Quando o juro é calculado sobre omontante do capital, é chamado de juro simples.Para o cálculo do juro composto, o juro vencidoe não pago é somado ao capital emprestado, for-mando um montante sobre o qual é calculadoo juro seguinte. Suponhamos um empréstimode R$ 1000,00 a 5% ao ano, por um período detrês anos. Se o contrato estabelecer juros simples,o resultado será: juros simples = 3 X 5% de R$1000,00 = R$ 150,00

Se o juro for composto, o resultado será:juros do 1º ano = 5% de R$ 1000,00 = R$ 50,005juros do 2º ano = 5% de R$ 1050,00 = R$ 52,501juros do 3º ano = 5% de R$ 1102,50 = R$ 55,125 ___________

R$ 157,625

O juro composto (R$ 157,625) é maior do queo juro simples (R$ 150,00). Na medida em queo juro composto é calculado sobre um montantecada vez maior, seu resultado será sempre maiordo que o juro simples. O cálculo do juro com-posto pode ser simplificado mediante a fórmulaj = c(1+i)n – c, onde j é o juro a ser calculado;c é o capital emprestado; i é a taxa de juro; n éo número de períodos (um ano, uma semanaetc.) ou intervalos nos quais o juro é composto.No exemplo anterior, o cálculo do juro compostoseria o seguinte: j = R$ 1000 (1+0,05) – R$ 1000= 157,625. Do ponto de vista teórico, os econo-mistas clássicos como Adam Smith, Ricardo eMarx associam de alguma forma a taxa de juroà taxa de lucro. Marx, por exemplo, considerao juro a participação financeira no lucro (formade expressão da mais-valia) do capitalista pro-dutivo, e afirma que a taxa de juro deve serinferior à taxa média de lucro, resultante da pro-dução capitalista. Os economistas clássicos atri-buíam a cobrança de juros à produtividade docapital, ou seja, ao lucro que o capital propor-ciona a quem o possui. A cobrança também foiconsiderada o pagamento de um serviço, isto é,da possibilidade de dispor de um capital. Outrosviram na cobrança de juros uma compensação

pela “espera”, ou seja, uma compensação pelofato de o dono do capital deixar de dispor dessedinheiro. Keynes explicou a cobrança de jurospela escassez de capital (fator objetivo) e porum elemento subjetivo, a “renúncia” do donodo capital à liquidez. As várias correntes eco-nômicas também se posicionam sobre as varia-ções da taxa de juros. Para os economistas clás-sicos, essas variações são decorrência das varia-ções na taxa de lucro, cujo movimento acompa-nham. Na teoria marginalista, a taxa de jurosvem associada à taxa de lucro marginal e nãoà taxa de lucro médio. A contribuição decisivapara a teoria do juro foi oferecida por John M.Keynes, para quem a quantidade de moeda, alia-da à preferência pela liquidez, é que determinaa taxa de juros. Esta seria determinada pela ofer-ta e procura da moeda, que tanto pode ser uti-lizada em investimentos quanto em consumo ouespeculação. A conseqüência prática da teoriakeynesiana do juro foi possibilitar a manipula-ção da oferta monetária disponível e, conseqüen-temente, alterar a taxa de juros, transformadaem instrumento de uma política de desenvolvi-mento econômico ou de combate à inflação. Al-guns keynesianos propuseram a instituição deuma taxa de juros alta, atuando como fatorde desestímulo ao gasto de recursos escassos ede incentivo à poupança. A essa posição contra-pôs-se o próprio Keynes, quando considerouque a extensão da poupança é determinada pelofluxo de investimento e este, por sua vez, crescecom uma taxa de juros baixa. A política econô-mica ideal seria a de baixar a taxa de juros atéo ponto em que, em relação à curva de lucro,alcançasse o mais alto nível de atividade eco-nômica, com pleno emprego. Deve-se dizer, po-rém, que a determinação da taxa de juros comoinstrumento de política econômica tem sido con-siderada pouco eficaz, uma vez que o peso dojuro no custo da produção não é significativo.Antes da expansão comercial e do desenvolvi-mento do capitalismo, a cobrança de juros cons-tituía um problema ético. Chamada de usura,era terminantemente proibida pela Igreja na Ida-de Média. Mas, com a expansão do comércio,as novas exigências de capitais mais vultososestimularam a cobrança de juros. A reboque dosfatos, a Igreja teve de fazer concessões e passoua proibir somente a cobrança de juros em em-préstimos destinados ao consumo pessoal. Noséculo XVI, a reforma calvinista aceitou e justi-ficou “teologicamente” a cobrança de juros, masfoi somente no século XVIII que os estudiososcomeçaram a buscar uma justificativa econômicapara a cobrança de juros sobre os empréstimosmonetários. Embora ainda existam limites paraa cobrança de juros, esses limites, atualmente,possuem finalidade econômica e são estabeleci-dos pelas autoridades monetárias de cada país.

JURO 316

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No Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceuque o juro real máximo a ser cobrado pelo sis-tema financeiro é de 12% ao ano. Esse disposi-tivo constitucional necessita de lei complemen-tar para ser regulamentado, uma vez que aConstituição não esclarece o que significa juroreal nem estabelece as sanções para aqueles queinfringirem a norma. Veja também Keynes, JohnMaynard; Marx, Karl Heinrich; Renda; TabelaPrice.

JURO BANCÁRIO. A taxa de juros cobrada pe-los bancos nas operações efetuadas junto aosclientes varia com o tipo de operação realizada:cheque especial, empréstimo pessoal, descontode duplicata, capital de giro etc. Os valores são,em geral, fixados pelos movimentos do merca-do, isto é, giram em torno de taxas comuns atodos os bancos, com pequenas variações con-forme a política de cada estabelecimento.

JURO NOMINAL. É o juro correspondente aum empréstimo ou financiamento, incluindo acorreção monetária do montante emprestado.Quando a inflação é zero, inexistindo correçãomonetária, o juro nominal é equivalente ao juroreal.

JURO REAL. É o juro cobrado ou pago sobreum empréstimo ou financiamento, sem contara correção monetária do montante emprestado.

JUROS COMPOSTOS. Veja Juro.

JUROS DE MORA. Juros decorrentes da mora,isto é, do atraso no pagamento de algo, em con-seqüência de ato do devedor.

JUROS EXATOS. São aqueles incidentes to-mando-se por base um ano de 365 dias. Vejatambém Juros Ordinários.

JUROS FLUTUANTES. Vigentes no mercadono momento do pagamento dos juros das dívi-das contraídas. Ao contrário dos juros fixos, pa-gos durante todo o período do empréstimo, deacordo com uma taxa preestabelecida em con-trato, os juros flutuantes trazem surpresas muitodesagradáveis para os devedores, pois podemelevar-se acentuadamente antes do término dopagamento de um empréstimo, onerando ex-traordinariamente o serviço da dívida, comoaconteceu com o Brasil no final dos anos 70 einício dos anos 80.

JUROS IMPUTADOS. Juros considerados efe-tivamente pagos, apesar de não ter havido umdesembolso real em dinheiro para efetivá-lo.

JUROS ORDINÁRIOS. São aqueles incidentestomando-se por base um ano de doze meses,de trinta dias cada, ou um ano de 360 dias. A

diferença entre os juros ordinários e os exatos(ano de 365 dias) é calculado por meio da razão365/360 = 1,01388 e representa 1,388%, o quenão é desprezível, tratando-se de grandes somasaplicadas a juros.

JUROS PRÉ OU PÓS-FIXADOS. Veja Pré-fi-xada (Juros).

JUS CUNNI E MONETA. Expressão em latimque significa um dos direitos reais durante aIdade Média, isto é, o direito de cunhar moedas.Veja também Senhoriagem.

JUS SANGUINIS. Expressão em latim que sig-nifica o princípio segundo o qual só se reconhececomo nacional a pessoa nascida de pais nacio-nais.

JUS SOLI. Expressão em latim que significa oprincípio adotado por alguns países segundo oqual o indivíduo conserva a cidadania vinculadaao país em que nasceu, independente da nacio-nalidade de seus genitores.

JUS UTENDI ET ABUTENDI. Expressão emlatim que significa o direito de usar e dispor deuma coisa ou um bem.

JUST IN TIME (JIT). Também denominado Sis-tema de Produção Toyota, ou Sistema Kanban,e também traduzido como “produção apenas-a-tempo”, é um sistema de controle de estoquesdesenvolvido pela empresa homônima, no qualas partes e componentes são produzidos e en-tregues nas diferentes seções um pouco antesde ser utilizadas. A definição mais sintética destesistema seria “a peça certa, no lugar certo, nomomento certo”. A Toyota começou a desen-volver este sistema durante os anos 30, mas sóiniciou sua difusão no final dos anos 50 e iníciodos 60. A principal razão que levou a sua adoçãoe difusão, nas palavras de Taiichi Ohno, vice-presidente daquela empresa e um de seus prin-cipais implementadores: “O sistema Toyota deprodução (just in time-Kanban) nasceu da neces-sidade de desenvolver um sistema de produçãode pequenas quantidades de automóveis dife-rentes no mesmo processo produtivo”. Esta ne-cessidade estava vinculada ao princípio de “su-prir o mercado com aquilo que é demandado,quando é demandado, e na exata quantidadenecessária”. Esta razão fundamental tambémajudou não apenas a minimizar o nível de es-toques, reduzindo os respectivos custos finan-ceiros, como também as necessidades de espaçofísico (tão caro no Japão) para a armazenagemdos estoques. Este sistema permite grande agi-lidade para a mudança de modelos nas linhasde montagem, e, portanto, adaptação mais rá-pida às alterações nos gostos dos consumidorese da demanda em geral. Esta forma de admi-

317 JUST IN TIME

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nistração da produção, que reduz sensivelmenteos custos, aumentando a produtividade, se di-fundiu rapidamente no Japão e em todo o mun-do, inclusive no Brasil. No Japão, no entanto, aredução dos estoques provocou um extraordi-nário aumento dos fluxos, e as empresas queadotaram este sistema passaram a dependercrescentemente do sistema de transportes. E aexpansão destes últimos sobrecarregou o trân-sito, tornando mais freqüentes os congestiona-mentos nas principais cidades japonesas. O tra-balho nas atividades de transporte e trânsito tor-nou-se mais duro e pesado e, de certa forma,perigoso. Ou melhor, se no interior das empre-sas o trabalho tendeu para os “5 S”, isto é, tra-balho limpo, ordenado, organizado etc., em seuexterior as atividades tornaram-se mais duras,tendendo a transformar-se em Trabalho 3 K, ouseja, trabalho duro, pesado e perigoso. A difusãodo just in time no Japão exigiu não apenas umamelhoria no sistema de transportes, mas tam-bém maior segurança no cumprimento dos con-tratos com as empresas fornecedoras no que serefere à qualidade e à pontualidade. Conceitoscomo acidente zero, defeito zero, atraso zero,passaram a fazer parte do vocabulário correntedas empresas que adotaram o just in time.

JUST IN TIME SEQÜENCIAL. Denominaçãodada ao sistema quando aplicado a duas ou maisempresas que mantêm contratos de fornecimen-to entre si e que utilizam, em suas linhas pro-dutivas, o processo just in time. Nesse caso, osdois sistemas necessitam estar sincronizados namedida em que um, para se desenvolver, de-pende do fornecimento do outro. Veja tambémJust in Time.

JUSTIÇA DO TRABALHO. Instituição do po-der judiciário responsável pelo julgamento dosdissídios individuais e coletivos entre patrões etrabalhadores, abrangendo todos os conflitosoriginários das relações de trabalho. É formadapelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tri-bunais Regionais do Trabalho (TRTs) e Juntasde Conciliação e Julgamento. Sua organizaçãofoi prevista nas Constituições de 1934 e 1937,mas como órgão normativo. Foi instituída comcaráter judiciário em 1941 e reconhecida pelaConstituição de 1946 como órgão do poder ju-diciário, independente do poder executivo, do-tado de instâncias especializadas nos julgamen-tos de dissídios trabalhistas, com quadros demagistrados de carreira, passando também a no-mear seus próprios funcionários. Veja tambémJunta de Conciliação e Julgamento; TRT; TST.

JUSTO. Moeda cunhada por D. João II, rei dePortugal, a partir de 1489, em ouro de 22 qui-lates, valendo 600 reais.

JUSTO PREÇO. Critério moral do valor de umamercadoria, isto é, o justo preço é o consideradomoralmente correto para a compra e venda deuma mercadoria. O termo está associado à épocamedieval e a São Tomás de Aquino. De acordocom este conceito, o mercado não seria o localonde os preços se formariam. Veja também Pre-ço Justo.

JUSTUM PRETIUM. Veja Justo Preço.

K K. Inicial de: 1) kip (unidade monetária do Laos);2) kopeck (unidade monetária russa); 3) krona(unidade monetária da Islândia e da Suécia); 4)krone(ur) (unidade monetária da Dinamarca e daNoruega); 5) kroon (unidade monetária da Estô-nia); 6) kurus (unidade monetária da Turquia);7) kuacha (unidade monetária da Zâmbia e doMalawi); 8) kyat (unidade monetária de Myan-ma, antiga Birmânia).

KABUTO-CHO. Denominação do centro finan-ceiro do Japão, distrito de Tóquio que repre-senta, para aquele país, o mesmo que Wall Streetpara os Estados Unidos. Ali estão sediadas asprincipais empresas e organizações financeirasjaponesas.

KAFFIRS. Termo utilizado na Inglaterra paradenominar as ações das minas de ouro da Áfricado Sul. São títulos negociados no mercado debalcão (over the counter), nos Estados Unidos, soba forma de recibos de depósitos de ações querepresentam direitos de participação sobre cer-tificados custodiados por bancos no exterior. Deacordo com a legislação sul-africana, os kaffirsdevem distribuir quase a totalidade de seus ren-dimentos aos acionistas como dividendos, o quetorna muito atraente — do ponto de vista darentabilidade — o investimento nestas ações.Além disso, estas ações oferecem aos investido-res um investimento em ouro, o que significaum hedge contra a inflação. Antes do governode Nelson Mandela, estes atrativos econômicoseram em certa medida anulados pelas incertezasque a situação política apresentava.

KAHN, Richard F. (1905-1982). Economista in-glês que desenvolveu suas atividades em Cam-bridge, entre as décadas de 30 e 70. Desenvolveuo conceito keynesiano de multiplicador e, no

JUST IN TIME SEQÜENCIAL 318

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campo da economia do bem-estar, estudou ascondições para atingir um ótimo social. Sua obramais importante é Selected Essays on Employmentand Growth (Ensaios Escolhidos sobre Emprego eCrescimento), 1973. Veja também Multiplicador.

KAISHAS. Denominação dada, no Japão, àsmaiores empresas.

KALDOR, Nicholas (1908-1986). Nasceu em Bu-dapeste, na Hungria. De 1927 a 1947, estudou elecionou na London School of Economics. De-pois de passar dois anos na Comissão Econô-mica para a Europa, em Genebra, transferiu-separa a Universidade de Cambridge, onde se tor-nou membro do King’s College e, em 1966, pro-fessor da mesma instituição. Em 1974, em reco-nhecimento às suas contribuições, foi elevado àcondição de barão Kaldor of Newham. Kaldorsempre se envolveu com problemas práticos dapolítica econômica. Como membro da BritishRoyal Commission, no início dos anos 50, ad-quiriu renome internacional no campo da tribu-tação. Mas tratava constantemente das questõesinternas e internacionais mais importantes emlivros, artigos, cartas aos jornais e em conferên-cias e discursos. Foi conselheiro especial do Bri-tish Chancellor of the Exchequer em 1964/1968e 1974/1976, e também de governos de outrospaíses e de várias organizações internacionais.Embora defendesse o sistema de mercado e deempresas privadas, freqüentemente aconselhoua intervenção governamental para tornar as eco-nomias capitalistas mais produtivas e equilibra-das, e concebeu várias políticas e instrumentoscom esta finalidade. No entanto, o maior inte-resse de Kaldor e a principal causa de sua re-putação como economista foi a teoria ou a ex-plicação de como as economias funcionam. Masas preocupações teóricas sempre estiveram re-lacionadas com a observação da realidade. Seuenvolvimento com questões práticas contribuiu(e beneficiou) com seus trabalhos teóricos: foium grande consumidor de estatística e trabalhosempíricos de outros economistas. Seus livrosmais importantes são: Essay on Economic Stabilityand Growth (Ensaios sobre Estabilidade e Cres-cimento Econômico), 1960; Capital Accumulationand Economic Growth (Acumulação de Capital eCrescimento Econômico), 1961; Causes of the SlowRate of Growth of the Uk (Causas do Lento Cres-cimento do Reino Unido), 1966; e Conflict in Po-licy Objectives (Conflitos nos Objetivos de Polí-tica Econômica), 1971.

KALECKI, Michal (1899-1970). Economista po-lonês, um dos pioneiros da crítica sistemática àdoutrina do marginalismo. Ao mesmo tempo eindependentemente de Keynes, demonstrou a

fragilidade do princípio do equilíbrio automá-tico da escola clássica e desenvolveu uma teoriada dinâmica capitalista e dos seus ciclos de con-juntura e crise. Em 1933, publicou, numa revistapolonesa, o primeiro esboço de sua teoria, “Pró-ba-Teorii Koniunktury” ("Esboço de Uma Teoriado Ciclo Econômico"), trabalho apresentado nomesmo ano numa conferência da Sociedade In-ternacional de Econometria, na Holanda. Doisanos depois, o trabalho sairia na Revue d’Écono-mie Politique e na revista norte-americana Eco-nometrica. Era um dos primeiros modelos mate-máticos construídos para explicar os ciclos eco-nômicos de conjuntura, mas não despertou aten-ção na época e foi completamente ofuscado, em1936, pela publicação de A Teoria Geral do Em-prego, do Juro e da Moeda, de Keynes. Sustentouque o nível de atividade econômica depende dosinvestimentos: se eles aumentarem, subirão osníveis de atividades e de emprego, haverá maiordemanda de bens e também os lucros dos ca-pitalistas serão maiores. A demanda efetiva au-mentará se o Estado gastar mais do que arrecadae se o país conseguir exportar mais do que im-porta, mas a decisão básica continuará nas mãosdos capitalistas: se eles investirem, a produçãoe os lucros aumentarão até o ponto em que oslucros acumulados (a poupança) sejam equiva-lentes ao investimento. Por sua vez, a insufi-ciência do investimento em relação à poupançacausa a contração da produção e a subutilizaçãoda capacidade produtiva. Isso ocorre quando apoupança cresce em excesso devido à baixa dossalários reais. Na Suécia, em contato com Gun-nar Myrdal, Kalecki inicia um livro, mas o aban-dona ao tomar conhecimento do livro de Key-nes, propondo sugestões semelhantes às suas.Na Inglaterra, conhece Joan Robinson e PieroSraffa, e, em seguida, Keynes, que o convida atrabalhar em Cambridge. Kalecki aceita e pre-para uma obra em que expõe de modo maisamplo sua teoria: Essay in the Theory of EconomicFluctuations (Ensaio sobre a Teoria das Flutua-ções Econômicas), 1939. Este livro e o seguinte,Studies in Economic Dynamics (Estudos de Dinâ-mica Econômica), 1943, são seus mais importan-tes trabalhos sobre a teoria dos ciclos. Para Ka-lecki, o mundo capitalista é regido pelas decisõesdos empresários quanto a investir, pelo Estadoquanto ao equilíbrio orçamentário e pelo comér-cio internacional. Nesse sistema, os ciclos deconjuntura são inevitáveis, mas a profundidadedas crises e sua duração dependem de decisõespolíticas, e não apenas das forças cegas do mer-cado. Essa posição era heterodoxa nos meiosmarxistas da época, que esperavam, como ab-soluta fatalidade ao final da guerra, uma reedi-ção da crise dos anos 30. Desse modo, Kalecki

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desempenhou, no lado marxista, um papel se-melhante ao de Keynes entre os marginalistas,embora com impacto e êxito menores. Ainda du-rante a guerra, em 1943, escreveu um artigo pro-fético: “The Political Aspects of Full Employ-ment” (“Aspectos Políticos do Pleno Emprego”).No final, prevê que o desenvolvimento da con-juntura econômica dependeria cada vez mais dedecisões políticas, sugerindo que as crises cícli-cas poderiam ser atenuadas por meio da políticaeconômica, e elaborando a noção de “ciclo deconjuntura política”, que ajuda a entender ascontradições do capitalismo contemporâneo.Depois de curtos períodos em Oxford, Paris,Montreal e Varsóvia (onde contribui para a pla-nificação da economia socialista polonesa), Ka-lecki assumiu, em 1946, um cargo no secretaria-do da ONU. Ali, editou os Relatórios sobre a Eco-nomia Mundial, até 1954, quando se demitiu sobpressão política dos representantes norte-ame-ricanos. Veja também Marginalismo.

KAMERALISMUS. Veja Cameralismo.

KAN’EI KOJO. Expressão que designa, no Ja-pão, as indústrias dirigidas pelo governo japo-nês em vários ramos de atividade, como esta-leiros, indústria têxtil, entre 1868 e o final deperíodo Meiji, em 1912, como parte da políticade importação e transferência de tecnologia doOcidente visando o desenvolvimento industrialdo país.

KANDIR, Antônio (1953- ). Nasceu em SãoPaulo e graduou-se em engenharia mecânicapela Escola Politécnica da Universidade de SãoPaulo em 1975, obtendo o título de doutor emeconomia pelo Instituto de Economia da Uni-versidade Estadual de Campinas em 1984. Foipresidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Eco-nômica Aplicada) entre 1990 e 1991. Tornou-sesecretário especial de Política Econômica do Mi-nistério da Economia, Fazenda e Planejamentono início do governo Collor até maio de 1991.Em seus trabalhos e pesquisas, tem se interes-sado pelos temas do desenvolvimento econômi-co e da inflação. Seu livro mais importante é ADinâmica da Inflação (1989). É professor de eco-nomia do Instituto de Economia da Universida-de Estadual de Campinas e articulista do jornala Folha de S. Paulo. Foi eleito deputado federalpelo PSDB de São Paulo em 1994 e foi nomeadoministro do Planejamento em 1996.

KANRI KAKAKU. Expressão em japonês quesignifica preços administrados (fixados unilate-ralmente) pelo setor oligopólico da economia,em contraposição aos preços resultantes da in-teração da oferta e da demanda num mercadode livre concorrência. A utilização da expressão

se tornou mais difundida no final dos anos 60,quando ocorreu uma série de fusões entre gran-des empresas do setor siderúrgico e automobi-lístico, aumentando o grau de concentração em-presarial no Japão. Embora tais fusões tenhamchamado a atenção do governo, a utilização dosdispositivos antitruste naquele país foi muitopouco eficaz, limitando-se a alguns produtos deconsumo final de pouca importância do pontode vista do valor agregado.

KANT, Emmanuel (1724-1804). Filósofo alemãode profunda influência no pensamento moder-no. Em suas três obras principais, Crítica da RazãoPura (1781), Crítica da Razão Prática (1788) e Crí-tica do Juízo (1790), fez uma profunda análise doconhecimento, superando a posição empiris-mo/racionalismo que marcava a filosofia oci-dental desde os pensadores gregos. No planoeconômico, social e político, Kant desenvolveualgumas teses que podem ser consideradas umajustificação da sociedade burguesa e do libera-lismo; em Metaphysik der Sitten (Metafísica dosCostumes), 1797, defendeu a propriedade pri-vada, o livre intercâmbio dos bens e o privilégiode cidadania exclusivamente aos proprietários.

KANTOROVITCH, Leonid Vitalovitch (1912-1986). Economista e matemático russo, elaborouo primeiro modelo matemático de programaçãolinear. Recebeu o Prêmio Nobel de Economiade 1975 por suas aplicações da matemática aosproblemas econômicos. Especializado na pes-quisa de um emprego ótimo dos recursos e dosmeios de produção numa economia socialista,publicou em 1939 O Método Matemático de Or-ganização do Planejamento da Produção. Esta obrafoi uma das primeiras tentativas de planejamen-to econômico por meio da programação linear.Em Os Melhores Usos dos Recursos Econômicos(1960), Kantorovitch desenvolveu modelos ma-temáticos de otimização dos recursos e concluiuque, para obter um resultado ótimo dos inves-timentos no conjunto da economia, é necessárioremunerar com um ganho extra as empresaspela utilização de métodos mais racionais deprodução, com uma taxa igual à da produtivi-dade marginal realizada pelo equipamento naempresa. Kantorovitch aplicou seus modelos deotimização dos recursos em problemas de pla-nejamento, transportes, teorias do preço e doinvestimento, progresso técnico e outras áreasda economia socialista. Foi professor nas uni-versidades de Leningrado, Glasgow, Grenoble,Helsinque, Paris e Cambridge e diretor do Ins-tituto de Sistemas e Estudos da Academia deCiências, Comércio e Técnica de Moscou. Escre-veu ainda Solução Ótima em Economia (1972), En-saio sobre Planejamento Ótimo (1976) e Análise Fun-cional (1977).

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KARAT. Na cunhagem de moedas de ouro, ouna fabricação de peças de joalheria, o metal queparticipa na liga com o ouro (para dar a estemaior consistência) é medido em karats, sendoo ouro em “quilates”. Assim, por exemplo, umanel de ouro de 18 quilates terá dezoito partesde ouro e seis partes de outro metal que compõea liga, ou 6 karats.

KAROB. Veja Quilate.

KAROSHI. Termo em japonês (ka = demasiado;ro = trabalho; shi = morte) que significa “mortesúbita provocada por excesso de trabalho”, tam-bém conhecida como síndrome da morte súbita.Esse processo, que ocorre entre trabalhadoresde escritório ("colarinhos brancos") relativamen-te jovens, vem chamando cada vez mais a aten-ção atualmente no Japão. A morte do trabalha-dor ocorre geralmente por enfarte do miocárdioou hemorragias internas. Alguns estudiosos dotema atribuem o aumento da incidência do ka-roshi às formas intensas e extensas de trabalho(o Japão é o país que tem jornadas de trabalhomais extensas entre os países desenvolvidos),determinadas pela concorrência internacional.As grandes empresas onde esse processo acon-tece com mais freqüência procuram não reco-nhecer publicamente o fato, assim como as pró-prias autoridades governamentais. No entanto,as novas gerações que surgiram na época daprosperidade no Japão tendem a reagir contraesse tipo de problema, não aceitando jornadastão longas ou intensas de trabalho, dedicandomais tempo ao lazer e ao consumo.

KATO KYÕSÕ. Expressão em japonês que sig-nifica “excesso de competição” entre as empre-sas e que teve origem na enorme expansão daeconomia japonesa durante os anos 50, e numadesaceleração do início dos anos 60, quando asempresas apresentaram excesso de capacidadeinstalada.

KAUTSKY, Karl Johann (1854-1938). Políticoalemão, principal teórico da II Internacional. Foiinspirador do Programa de Erfurt sobre a lutade classes, adotado pelo Partido Social Demo-crata Alemão em 1891, e que propõe um cami-nho evolutivo para o socialismo. Após a mortede Engels (1895), de quem foi secretário, tor-nou-se a figura de maior destaque do movimen-to marxista internacional. A trajetória teórica deKautsky foi singular: tornou-se marxista sob ainfluência de Eduard Bernstein, mas combateuo revisionismo deste e o radicalismo de RosaLuxemburgo, tornando-se porta-voz do marxis-mo centrista, que se opunha à ala mais radicaldo Partido Social Democrata. Durante a PrimeiraGuerra Mundial, formou uma minoria de socia-listas independentes, contrários à política beli-

cista do partido. Condenou a Revolução Russade 1917, criticando o poder discricionário doslíderes bolcheviques. Em 1883, Kautsky fundoua revista marxista Die Neue Zeit, que editou até1917. Todos os seus escritos posteriores visavamà difusão e à popularização do marxismo. Amaior parte de suas idéias, que foram aprovei-tadas para a orientação prática de sua política,está em seu livro mais famoso, Karl Marx Öko-nomische Lehren (As Doutrinas Econômicas deKarl Marx), 1887, no qual defende a propostade um marxismo evolutivo, que deveria levarà revolução como um fenômeno natural. Em di-versos escritos, aplicou os métodos marxistas àinterpretação da História, como na obra ThomasMore und seine Utopie (Thomas More e sua Uto-pia), 1888. A maior parte de sua obra, contudo,está impregnada de outras concepções, como oiluminismo e o evolucionismo social, mesmo emseu principal livro teórico, Die MaterialistischeGeschicht-sauffassung (A Concepção Materialistada História), 1927. Entretanto, Kautsky é lem-brado por duas importantes contribuições à teo-ria socialista: a publicação do livro pioneiro AQuestão Agrária, 1899, um dos primeiros estudosdo desenvolvimento do capitalismo no camposob o ponto de vista marxista; e a edição dasnotas manuscritas que formariam o quarto vo-lume de O Capital, de Marx, publicadas com otítulo de Theorien über den Mehrwert (Teorias daMais-valia), 1905-1910. Em O Marxismo e Sua Crí-tica, 1900, reviu a teoria da pauperização, queseria relativa: “a quantidade de produtos que che-ga a cada trabalhador pode crescer; a parte quelhe chega dos produtos que criou diminui”.Kautsky foi ministro-adjunto dos Negócios Es-trangeiros do governo socialista alemão de 1919,editando documentos que provavam a respon-sabilidade do governo imperial no desencadea-mento da Primeira Guerra Mundial: Wie derWeltkrieg Entstand (Como Eclodiu a GuerraMundial), 1919. Trabalhou em Viena de 1924 a1938. Com a ocupação alemã, foi refugiar-se emAmsterdã, na Holanda. Escreveu ainda O Socia-lismo e a Política Colonial (1907), O Caminho doPoder (1909), A Ditadura do Proletariado (1919) eTerrorismo e Comunismo (1919).

KD. Iniciais da expressão em inglês knocked down,que significa “desmontado”, isto é, que um de-terminado produto (automóveis, por exemplo)chega desmontado a seu destino; também podesignificar Kuwait Dinar, isto é, a denominação daunidade monetária do Kuweit (dinar kuweitiano).

KEEP OFF. Veja KO.

KEIDANREN. Termo em japonês composto pe-las iniciais da expressão Keizai Dantai Rengokai,que significa Federação das Organizações Eco-

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nômicas. A Keidanren é uma das quatro maioresorganizações empresariais do Japão, sendo astrês outras a Nikkeiren, o Comitê Japonês parao Desenvolvimento Econômico e a Câmara doComércio e da Indústria do Japão. A Keidanrenfoi criada em 1946, como resultado da reorga-nização das associações empresariais na Japão,depois que os Zaibatsus foram dissolvidos pelasforças militares de ocupação norte-americanas.Em 1952, no entanto, com a retirada dessas for-ças, a Keidanren absorveu o Nihon Sangyo Kyo-gikai (Conselho Industrial do Japão), aumentan-do consideravelmente sua força e influência. Asprincipais funções do Keidanren são coordenaras várias reivindicações das diferentes indústriase atividades empresariais afiliadas e submetê-lasao governo como propostas para estimular o de-senvolvimento econômico. A Keidanren possuivários comitês e órgãos consultivos que desen-volvem estudos sobre política econômica, polí-tica de comércio exterior, energia e política in-ternacional, através dos quais mantém relaçõescom entidades semelhantes da Europa, EstadosUnidos e América Latina. A influência da Kei-danren é considerável não apenas na economia,mas também na política no Japão: esta organi-zação influiu decisivamente para que os doispartidos conservadores do Japão (o Nihon Mis-huto e o Jiyuto, partidos Liberal e Democrático)se fundissem, formando um poderoso partidoconservador que governou o Japão do pós-guer-ra até os anos 90.

KEIRETSU. Designação de organização de gru-po de empresas privadas japonesas originadasda dissolução do Zaibatsu, depois da SegundaGuerra Mundial. Tais conglomerados existiamna época do Zaibatsu com um grau de integra-ção muito maior do que ocorre hoje em dia. Osmaiores keiretsu da época do Zaibatsu eram oMitsui Keiretsu, o Mitsubishi Keiretsu e o Su-mitomo Keiretsu. Os keiretsu admitem outrasformas também, como os Kin’yu Keiretsu, isto é,conglomerados financeiros; os Shihon Keiretsu,ou conglomerados de capital; e os Kigyo Keiretsu,ou conglomerados de empresas. O Kin’yu Kei-retsu é um grupo de empresas que toma em-préstimos no Banco que dá ao grupo seu nome.O Shihon Keiretsu é aquele constituído por em-presas que têm a mesma matriz, e o Kigyo Kei-retsu é constituído por um grupo de empresasque realiza subcontratos para a mesma empresa.Os keiretsu formados atualmente pela Sumito-mo, Mitsui e Mitsubishi são bem diferentes da-queles formados pelas mesmas empresas duran-te o período do Zaibatsu. A primeira e principaldiferença é que hoje não existe uma holding con-troladora dos vários grupos: essa prática foi eli-minada no Japão depois da Segunda GuerraMundial, com a Lei Antimonopólio e com a dis-

solução do Zaibatsu. A coordenação dos keiretsué realizada por intermédio de associações dospresidentes das empresas mais importantes, nãoexistindo entre eles, contudo, diferenciações hie-rárquicas. A participação acionária no interiordas empresas que constituem um keiretsu é con-sideravelmente menor do que no período doZaibatsu, não ultrapassando os 5% das ações.Os keiretsu podem admitir várias modalidades:o keiretsu intermercados, constituído por váriasempresas em torno de um banco comercial; okeiretsu vertical, associação de uma única grandeempresa com várias empresas satélites de ummesmo setor industrial organizado de acordocom uma rígida estrutura hierárquica. Os keiret-sus verticais, por sua vez, podem ser divididosem três tipos: os Sangyoo, ou keiretsus de produ-ção, os quais se encontram organizados em hie-rarquias de subcontratados (várias camadas),que são fornecedores da empresa principal; osRyuutsuu, ou keiretsus de distribuição, que se or-ganizam em sistemas lineares de distribuiçãoque operam sob o nome de uma grande empresado setor produtivo ou de um grande atacadista;e os Shihon, que são os keiretsus do âmbito finan-ceiro, isto é, que não operam com base em pro-dutos físicos (produção ou distribuição), masnos fluxos de capitais por eles representados, apartir da empresa principal.

KEIZAI DÕYU KAI. Veja Japan Committee forEconomic Development.

KENNEDY ROUND. A sexta de uma série denegociações iniciadas em 1947, entre os signa-tários do Tratado Geral de Tarifas e Comércio(GATT), com vistas à redução das barreiras co-merciais sobre uma base multilateral. Realizadaentre 1964 e 1967, essa negociação distinguiu-sedas anteriores pelo fato de o presidente Kennedyter sido autorizado pelo Congresso norte-ame-ricano a negociar uma redução tarifária até 50%abaixo das determinações do Ato de ExpansãoComercial. Tomaram parte na Kennedy Roundos 58 mais importantes países comerciais domundo, à exceção da União Soviética e da Re-pública Popular da China, ausentes das nego-ciações. Algumas tarifas foram reduzidas em50%, mas a média geral das reduções esteve emtorno de 30%. Além disso, foi elaborado um cro-nograma para o cumprimento do acordo. A pri-meira etapa, a ser executada pelos Estados Uni-dos, começou em 1968 e desdobrou-se em cincoestágios anuais. A segunda, a cargo do MercadoComum Europeu, Associação Européia de LivreComércio e Japão, determinava que dois quintosda redução de tarifas poderiam ser levados aefeito em julho de 1968. Novas reduções ocor-reram em 1970, 1971 e 1972. Em 1973, os repre-sentantes dos países signatários, reunidos emTóquio, concordaram em executar a sétima eta-

KEIRETSU 322

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pa de reduções tarifárias, iniciada em 1974. Vejatambém GATT; OMC.

KEOGH PLAN. Plano aprovado nos EstadosUnidos, no início da década de 60, permitindouma tributação diferida para os autônomos eempregados de pequenas e médias empresasque apliquem dinheiro em programas de apo-sentadoria. As retiradas só podem ser feitas de-pois dos 59,5 anos e só podem ter início antesdos 70,5. Retiradas fora destes limites estão su-jeitas a Imposto de Renda e multas.

KEYNES, John Maynard (1883-1946). O maiscélebre economista da primeira metade do sé-culo XX, pioneiro da macroeconomia. Seus es-tudos sobre o emprego e o ciclo econômico dei-taram por terra os conceitos da ortodoxia mar-ginalista, e as políticas por ele sugeridas con-duziram a um novo relacionamento, de inter-venção, entre o Estado e o conjunto das ativi-dades econômicas de um país. Keynes estudoue foi professor em Cambridge. Discípulo de Al-fred Marshall, o “papa do marginalismo”, foinomeado redator do Economic Journal em 1911.Dois anos depois, tornou-se secretário e redatorda Sociedade Real de Economia e, em 1915, in-gressou no serviço público. Seria o representantefinanceiro do Tesouro britânico na Conferênciade Paz, em 1919. As obras de Keynes mostramque suas preocupações estavam sempre ligadasa questões práticas, a políticas de conjuntura.Ele não parecia interessado em reconstruir a teo-ria econômica a partir da análise do valor, masem verificar por que motivo as teses margina-listas, nas quais fora educado, conduziam a po-líticas econômicas inconsistentes. Em 1930, es-creveu o Treatise on Money (Tratado sobre a Moe-da), em que, a pretexto de tratar da moeda edo nível de preços, preparou as bases da análisedo nível geral da produção. Esse problema seriadesenvolvido em seu principal livro, The GeneralTheory of Employment, Interest and Money (A Teo-ria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda),publicado em 1936, que contestou o conjuntode dogmas sobre os quais repousava o margi-nalismo. Escrito durante os anos da Grande De-pressão, A Teoria Geral abalou irremediavelmen-te as inovações clássicas do liberalismo econô-mico, mostrando a inexistência do princípio doequilíbrio automático na economia capitalista.Supunha-se até então, nos meios marginalistas,que uma economia de mercado encontrava “na-turalmente” seu equilíbrio numa situação emque todos os que desejassem trabalhar por umaremuneração correspondente a sua produtivida-de poderiam fazê-lo. Acreditava-se também quenessa economia jamais poderia haver superpro-dução, pois a cada venda corresponderia umacompra. Repetia-se dessa maneira a Lei dos Mer-cados de Say, segundo a qual, em um regime

de liberdade de comércio, a produção cria seupróprio mercado. Assim, para os marginalistas,a depressão e o desemprego que atingiram ospaíses capitalistas a partir de 1929 simplesmentenão existiram, ou não passaram de desajustetemporário a ser autocorrigido. Keynes criticouesse conjunto de crenças, mostrando que, a cadamomento, o nível de emprego numa economiacapitalista depende da demanda efetiva, ou seja,da proporção da renda que é gasta em consumoe investimento. E que, ao contrário da Lei deSay, numa economia monetária é possível rece-ber sem imediatamente gastar o dinheiro, ouseja, é possível vender sem comprar. Qualquerquantia de dinheiro pode ser aplicada lucrati-vamente, mas em certos casos pode haver van-tagem em reter o dinheiro, em entesourá-lo.Quando isso acontece, a demanda efetiva demercadoria cai e o número de atividades tam-bém diminui, reduzindo a renda. Ao analisaras variações de produção e emprego, Keynesconcluiu que o fator responsável pela alteraçãodo volume de emprego é a procura da mão-de-obra (e não sua oferta, como pensavam os neo-clássicos). Assim, o desemprego é resultado deuma demanda insuficiente de bens e serviços,e só pode ser resolvido por meio de investimen-tos — o fator dinâmico na economia, capaz deassegurar o pleno emprego e influenciar a de-manda. Na análise keynesiana, as crises econô-micas foram atribuídas a variações nas propen-sões a investir e consumir e ao aumento da pre-ferência pela liquidez (o entesouramento). Aeconomia pode encontrar seu nível de equilíbriocom uma alta taxa de desemprego, e assim per-manecer, a menos que o governo intervenhacom uma política adequada de investimentos eincentivos que sustentem a demanda efetiva,mantendo altos níveis de renda e emprego, demodo que, a cada elevação da renda, o consumoe o investimento também cresçam. Para isso, épreciso dotar o Estado de instrumentos de po-lítica econômica que permitam: regular a taxade juros, mantendo-a abaixo da “eficiência mar-ginal do capital” (a expectativa de lucros); in-crementar o consumo por meio da expansão dosgastos públicos; expandir os investimentos pormeio de empréstimos públicos capazes de ab-sorver os recursos ociosos. Muitas dessas idéiasforam propostas antes da crise de 29, mas sóforam reunidas num corpo teórico consistenteem A Teoria Geral, em 1936. O impacto do livroentre intelectuais foi enorme. Apesar de algumasdas principais teses já terem sido antecipadaspor Gunnar Myrdal e Michal Kalecki, a obra deKeynes oferecia aos economistas soluções con-cretas para os problemas de conjuntura. O im-pacto político também foi grande, mas retarda-do: apenas no pós-guerra a receita keynesianafoi apreendida e cuidadosamente aplicada pelos

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países capitalistas. O pleno emprego tornou-seum objetivo explícito, e os instrumentos de po-lítica econômica do Estado foram postos emação. Em 1944, Keynes representou a Inglaterrana Conferência Monetária de Bretton Woods,que criou o Fundo Monetário Internacional(FMI). Na ocasião, propôs o abandono do pa-drão-ouro e a estabilização internacional damoeda. Em 1946, Keynes tornou-se presidentedo FMI, mas o apego dos Estados Unidos aopadrão-ouro tornou impraticável a aplicação dasmedidas por ele preconizadas. Veja também Es-cola Neoclássica; Keynesianismo; Macroecono-mia; Marginalismo.

KEYNESIANISMO. Modalidade de interven-ção do Estado na vida econômica, com a qualnão se atinge totalmente a autonomia da em-presa privada, e que prega a adoção, no todoou em parte, das políticas sugeridas na principalobra de Keynes, A Teoria Geral do Emprego, doJuro e da Moeda, 1936. Tais políticas propunhamsolucionar o problema do desemprego pela in-tervenção estatal, desencorajando o entesoura-mento em proveito das despesas produtivas, pormeio da redução da taxa de juros e do incre-mento dos investimentos públicos. As propostasda chamada “revolução keynesiana” foram fei-tas no momento em que a economia mundialsofria o impacto da Grande Depressão, que seestendeu por toda a década de 30 até o inícioda Segunda Guerra Mundial. Suas idéias in-fluenciaram alguns pontos do New Deal, o pro-grama de recuperação econômica de FranklinD. Roosevelt (1933-1939). De fato, sob o estímulode grandes despesas governamentais, impostaspelo conflito mundial, a crise do desempregodeu lugar à escassez de mão-de-obra na maioriados países capitalistas. Para a maioria dos eco-nomistas, era a comprovação da eficácia das pro-postas keynesianas. Surgiu a convicção de queo capitalismo poderia ser salvo, desde que osgovernos soubessem fazer uso de seu poder decobrar impostos, reduzir juros, contrair emprés-timos e gastar dinheiro. Após 1945, a teoria eco-nômica keynesiana converteu-se em ortodoxia,tanto para os economistas quanto para a maioriados políticos. O keynesianismo lançou raízesprincipalmente nos Estados Unidos, temerososde que o regresso dos veteranos de guerra pu-desse provocar nova depressão. Em 1946, foiaprovada a Lei do Emprego, que transformouem obrigação legal do governo manter o plenoemprego mediante empréstimos e financiamen-tos de obras públicas. No período imediatamen-te posterior à guerra, a política econômica e umaparcela importante dos trabalhos teóricos doskeynesianos centraram-se no problema da ma-nutenção do pleno emprego. Assim, as pesqui-sas voltavam-se para as flutuações da atividade

econômica a curto prazo, para os meios de ven-cer a depressão e para a tendência à estagnação,manifestada a longo prazo pelo sistema econô-mico. Os trabalhos mais importantes baseadosnas idéias de Keynes surgiram nos Estados Uni-dos, elaborados por um grupo de jovens eco-nomistas liderados por Alvin Hansen, professorem Harvard. Alguns desses trabalhos referem-seao arcabouço técnico de A Teoria Geral; outrosprocuram analisar as relações entre os saláriosreais e nominais, tendo como preocupação oequilíbrio no desemprego, bem como os fatoresque contribuem para o esgotamento dos perío-dos de elevado nível de atividade econômica eo início das depressões. Mas os trabalhos teóri-cos de maior alcance dos keynesianos prendiam-se às tendências, a longo prazo, da economiacapitalista (a chamada teoria do declínio dasoportunidades de investimento) e à possibilida-de de o nível de atividade econômica ser in-fluenciado ou determinado pelo governo me-diante uma política monetária e fiscal. Veja tam-bém Economia Pós-Keynesiana.

KfW. Veja Kreditanstalt für Wiederaufbau.

KHOUM. Veja Uguia.

KIBOR. Veja Ibor.

KIBUTZ. Fazenda coletiva de Israel onde se pra-tica o regime de co-propriedade e cooperaçãomútua voluntária. Todas as atividades adminis-trativas e produtivas são realizadas comunal-mente. O kibutz fornece a seus habitantes aloja-mento, alimentação, berçários e educação ele-mentar, de acordo com as necessidades de cadaindivíduo. A educação fica a cargo da própriacomunidade. Os primeiros kibutzim surgiram noinício do século XX, originando-se dos ideais so-cialistas dos imigrantes sionistas russos. Muitoskibutzim acabaram se tornando organizaçõeseconômicas fortes, que incluem indústrias detransformação.

KILLING. Termo em inglês que, aplicado aomercado de ações, significa a realização de umgrande e inesperado lucro.

KILOPOND (KP). Antiga medida de força, sen-do 1 kp = 9,80665 newton. Veja também Uni-dades de Pesos e Medidas.

KIMEI KABUSHIKI. Expressão que, no mer-cado acionário japonês, significa ações nomina-tivas, isto é, ações emitidas com o nome do pos-suidor e registradas nos livros da empresa emis-sora. A propriedade destas ações pode ser trans-ferida, mas os direitos que elas tenham (divi-dendos etc.) só serão transferidos quando onome do novo proprietário for registrado nos

KEYNESIANISMO 324

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livros da empresa. A maioria das ações no Japãosão deste tipo.

KINA. Unidade monetária da Papua-Nova Gui-né. Submúltiplo: toea.

KINDLEBERGER, Charles P. (1910- ). Econo-mista norte-americano, especialista em estruturafinanceira. Em seus estudos, enfatizou o papeldos países que emprestam dinheiro como últimafonte de recursos, desenvolvendo a teoria de queos Estados Unidos funcionam como um banco,intermediando a condução do sistema financeirointernacional e provendo o mundo ocidentalcom liquidez. Kindleberger também elaborouestudos sobre o balanço de pagamentos dos paí-ses como reflexo do nível de desenvolvimentode suas economias e da estrutura de suas ativi-dades. Dentro dessa perspectiva, pesquisou aevolução dos fatores de troca do comércio in-ternacional e as causas do desequilíbrio estru-tural dos balanços de pagamentos. Segundo Kin-dleberger, esse desequilíbrio não pode ser ana-lisado em termos puramente monetários, e simdos produtos, e poderia resultar de diversos fa-tores: a modificação da demanda internacional,mudança de técnica ou um fato institucional (ta-rifas aduaneiras), alteração da oferta nacional(perda de safras, por exemplo) ou perda de ren-das no exterior. Em todos esses casos, o dese-quilíbrio só poderia ser resolvido por transfor-mações na estrutura econômica e por esforço deadaptação e inovação. O desequilíbrio no balan-ço de pagamentos poderia ainda ser provocadono plano dos fatores de produção. Seria o casode uma economia dualista na qual os saláriosfossem mais elevados no setor de exportaçãodo que nos setores industriais domésticos, e osinvestimentos da área da exportação não fossemabsorvidos pelo conjunto da economia, condu-zindo a uma grave inflação. E haveria ainda um“desequilíbrio secular” quando, num país toma-dor de empréstimos, o capital proveniente doexterior fosse insuficiente para financiar o exce-dente de importação, ou, no caso contrário,quando as exportações de capital fossem infe-riores à poupança do excedente de investimento.Nesses casos, as relações entre poupança e in-vestimento devem ser modificadas pela políticamonetária ou fiscal. Kindleberger foi durante vá-rios anos professor do Instituto de Tecnologiade Massachusetts (MIT). Escreveu, entre outrasobras: International Short-term Capital Movements(Movimentos Internacionais de Capital de CurtoPrazo), 1937; Economic Growth in France and Bri-tain, 1851-1950 (Crescimento Econômico naFrança e na Inglaterra, 1851-1950), 1964; TheWorld in Depression, 1929-1939 (O mundo em De-pressão, 1929-1939); Manias, Panic and Crashes(Manias, Pânico e Quebras), 1978; e InternationalMoney (Dinheiro Internacional), 1981.

KINYOKAI. Veja Grupo Mitsubishi.

KIN’YU. Veja Keiretsu.

KIN’YU KEIRETSU. Expressão em japonês quedesigna os Keiretsu Financeiros ou os seis gruposfinanceiros centralizados em bancos como o Mit-subishi, Mitsui, Sumitomo, Fuyo, Sanwa e Dai-Ichi Kangyo. Veja também Keiretsu.

KIP. Medida de peso designada pelas iniciaisde kilopound, ou mil libras (peso), ou o equiva-lente a meia tonelada (curta), isto é, toneladade 2 mil libras, ou equivalente a 907,184 kg.

KIP NOVO. Unidade monetária do Laos. Sub-múltiplo: at.

KITING. Termo em inglês que designa umaprática às vezes ilegal (irregular) de emitir che-ques contra uma conta bancária que não possuifundos para cobri-los, na esperança de que, an-tes de o cheque ser apresentado para descontoou compensação, os fundos necessários serãodepositados nessa conta para permitir o saque.

KLEIN, Lawrence Robert (1920- ). Economistanorte-americano. Depois de formar-se pela Uni-versidade da Califórnia (1942), trabalhou comeconometria no Instituto Tecnológico de Mas-sachusetts, sob a supervisão de Paul Samuelson.Dando prosseguimento aos trabalhos do holan-dês Ian Tinbergen, procurou produzir um ins-trumento que pudesse prever a evolução dasconjunturas e estudar os efeitos das diferentesmedidas da economia política. Em 1976, foi coor-denador do grupo que assessorou, em assuntosde natureza econômica, o então candidato Jim-my Carter à presidência dos Estados Unidos.Em 1980, foi laureado com o Prêmio Nobel deEconomia por seus trabalhos em econometria.

KLEIN-GOLDBERG (Modelo). Veja ModeloKlein-Goldberger.

KNIES, Karl Gustav (1821-1898). Economis-ta alemão que, junto com Wilhelm Roscher eBruno Hildebrand, foi um dos fundadores daescola econômica histórica alemã. Influenciadosprincipalmente pelas idéias de Auguste Comte,o fundador do positivismo, esses autores pro-curaram criar uma ciência econômica por meiodo exame dos fatos históricos, ao mesmo tempoque faziam a crítica da escola clássica. Knies foio mais preciso na exposição dos problemas me-todológicos da escola histórica. Em seu livro DiePolitsche Ökonomie von geschichtlichen Standpunkte(A Economia Política do Ponto de Vista Histó-rico), 1883, mostra-se um crítico mais decididoda escola clássica que Roscher e Hildebrand, aosquais se opõe. Aponta a confusão metodológicade Roscher, que mistura diferentes ramos da in-vestigação econômica, e critica Hildebrand por

325 KNIES, Karl Gustav

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fazer concessões à teoria pura com suas leis dodesenvolvimento. Sustenta que o estudo histó-rico é a única forma legítima da economia, quenão poderia formular leis como as ciências físi-cas, mas apenas descobrir regularidades no de-senvolvimento da sociedade, sugerindo analo-gias. Propõe aos economistas que evitem provara superioridade do método histórico, mas, aomesmo tempo, produzam obras que tratem dosproblemas econômicos sob o ponto de vista his-tórico. Com Knies encerra-se a primeira fase daescola histórica (1840-1860), que teve continui-dade, sob novo prisma (passou-se à discussãometodológica das ciências sociais em geral), comGustav Schmoller e seus discípulos.

KNIGHT, Frank (1885-1973). Nascido em Illi-nois, nos Estados Unidos, Frank Knight formou-se em economia e filosofia e incorporou-se, comoprofessor de economia, à Universidade de Iowa,em 1919, e, mais tarde, em 1928, passou a lecio-nar na Universidade de Chicago, onde perma-neceu até a sua morte. Realizou vários estudossobre ética e metodologia, mas talvez sua prin-cipal contribuição tenha sido o fruto da discus-são travada com J.B. Clark e com as concepçõesde Alfred Marshall sobre a existência de lucrosnum estado estacionário. Os discípulos de Mars-hall (Knight, por sua vez, foi discípulo de Clark)sustentavam que o lucro somente poderia serapropriado pelos empresários nas épocas demudanças. Numa economia estacionária, a ren-da somente aparecia na forma de salários, jurose renda (no sentido de renda da terra, por exem-plo). Os lucros seriam a remuneração da capa-cidade empreendedora dos empresários, que sa-beriam fazer investimentos e organizar a pro-dução em condições de mudanças. Knight ar-gumentava que não eram as mudanças em sique geravam os lucros, mas as discrepâncias en-tre a realidade e os resultados esperados, istoé, as expectativas. A incerteza sobre o futuroseria a causadora do lucro. De acordo com estalinha de raciocínio, Knight desenvolveu o seuconceito de lucro puro: seria a recompensa doempresário por investir e organizar a produçãoem atividades em que prevalecia a incerteza, istoé, nas quais não era possível quantificar o risco.Numa época em que a teoria econômica predo-minante enfatizava a tomada de decisões sobcondições de concorrência perfeita e sob leis es-tabelecidas da probabilidade, as concepções deKnight não tiveram o impacto que mereciam.Knight foi um dos fundadores da Escola de Chi-cago, e seus livros mais importantes são os se-guintes: Risk, Uncertainity and Profit (Risco, In-certeza e Lucro), 1921; The Economic Organization(A Organização Econômica), 1930; Freedom andReform (Liberdade e Reforma), 1947; Essay on the

History and Method in Economics, 1956. Veja tam-bém Escola de Chicago; Lucro Puro.

KNOCKOUT. Apelido das ações da Coca-Colana Bolsa de Valores de Nova York.

KNOWLEDGE WORKER. Termo em inglêsque significa, literalmente, “trabalhador com co-nhecimentos” ou “conhecedor”. O termo foi in-troduzido por Peter Drucker, para caracterizaro trabalhador moderno, pós-capitalista, comoaquele que não se baseia principalmente no usoda força física (manpower) para realizar seu tra-balho, mas na capacitação sob a forma de co-nhecimentos.

KO. Iniciais da expressão em inglês keep off, uti-lizada especialmente na atividade de seguros eque significa evitar assumir qualquer risco emdeterminada negociação de um contrato, até queinvestigações sejam feitas em relação ao negócio.

KOBO. Veja Naira.

KOKUDAINO. Prática desenvolvida no Japão,durante a era Edo (1600-1868), de pagamentoda taxa anual de renda (mengu) em dinheiro,em vez de arroz, o meio de pagamento maiscomum naquela época. Utilizava-se o kokudainoquando o transporte de grãos era inconvenienteou quando colheitas fracas limitavam os esto-ques de arroz. Os métodos de medição e as taxasde conversão do pagamento in natura para o pa-gamento em espécie diferiam de lugar para lu-gar. Esta prática aumentou consideravelmentedepois de meados do século XVIII, na medidaem que a economia monetária se expandiu, maso xogunato (governo), preocupado com a redu-ção dos estoques de arroz, colocou limitaçõesao kokudaino e encorajou o pagamento em arroz.

KOKUSAI. Termo em japonês que significa “tí-tulo do governo” ou “título da dívida pública”.No Japão, as finanças públicas são normatizadaspela Lei das Finanças Públicas, segundo a qualo governo central deve operar com um orça-mento equilibrado. Mas ela autoriza a emissãode títulos da dívida pública para o financiamen-to de projetos de investimento do governo. Alei, no entanto, proíbe que o Banco do Japão(Banco Central do Japão) adquira estes títulos.Eles só poderão ser vendidos no mercado aberto(open market) para bancos (privados), empresas(corporações) ou indivíduos. Esta restrição bus-ca evitar pressões inflacionárias pela expansãoda base monetária, se o governo se endividassecom a principal autoridade monetária do país.Entre 1947 e 1964, o governo japonês operoucom equilíbrio orçamentário, mas a partir de1965, a emissão dos kokusai tornou-se mais fre-

KNIGHT, Frank 326

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qüente e, atualmente, em conjunto com os títulosde dívida emitidos pelas empresas públicas, al-cança um percentual expressivo, tratando-se po-rém de endividamento de médio e longo prazos.

KOLMOGOROFF, Nicolai Andrei (1903-1987).Matemático russo, tornou-se professor de ma-temática do Instituto de Moscou em 1929. Con-siderado fundador da moderna teoria da pro-babilidade, deu contribuições significativas àteoria das funções reais. Sua obra mais impor-tante é Grundbegriffe der Wahrscheinlichkeitsrech-nung (Fundamentos Conceituais do Cálculo deProbabilidades), 1933.

KONDRATIEFF, Nicolai Dmitrievitch (1892-1930). Economista e estatístico russo. Seu nomeestá associado ao estudo dos ciclos econômicoslongos, ou ciclos seculares, de quarenta a ses-senta anos, os chamados ciclos Kondratieff. Amaioria dos economistas admite a existência detrês ciclos Kondratieff no período que vai de1790 a 1950. O primeiro estende-se até 1850,compreendendo 24 anos de alta e 36 de baixa;o segundo, entre 1850 e 1896, corresponde a 23anos de alta e 23 de baixa da atividade econô-mica, e o terceiro, de 1896 a 1940, com 22 anosde alta e 22 de baixa. Entretanto, a marcaçãodas datas dos ciclos Kondratieff é um problemade conceituação imprecisa. Por exemplo, não sesabe quando terminou a baixa iniciada supos-tamente em 1920 e se, atualmente, estamos ounão numa fase de baixa de um novo ciclo Kon-dratieff. Kondratieff foi ministro da Alimentaçãono governo provisório de Kerenski, logo apósa Revolução de Fevereiro de 1917 (não confundircom a de Outubro do mesmo ano). Posterior-mente, fundou o Instituto do Comércio de Mos-cou e participou da elaboração do primeiro pla-no qüinqüenal agrícola da União Soviética. Seustrabalhos em estatística agrícola incluem a ela-boração do chamado “índice camponês” de pro-dutos comprados e vendidos pelos agricultores.Entre suas obras destacam-se os livros MirovoeKhoziaistro i Ego Kon’inktury Vo Vremia i Posle Voiny(A Economia Mundial e suas Condições durantee depois da Guerra), 1922; Bolshie Tsikly Kon’in-ktury (Os Ciclos Longos de Conjuntura), 1928; eo artigo “As Ondas Seculares na Vida Econômi-ca”, 1925. Veja também Ciclos Econômicos.

KONDRATIEFF, Ciclos de. Veja Ciclo Econô-mico; Kondratieff, Nikolai D.

KONZERN. Termo em alemão que significa“negócio” ou “organização comercial”.

KOOPMANS, Tjalling C. (1910-1985). Econo-mista holandês radicado nos Estados Unidos,Prêmio Nobel de Economia de 1975. Conside-rado um dos expoentes da econometria e da es-tatística matemática, dirigiu a Cowles Commis-

sion, o maior centro norte-americano de econo-metria. Professor das universidades de Chicagoe de Yale, Koopmans destacou-se por seus tra-balhos de aplicação da estatística matemática emmétodos econométricos e no estudo da dinâmicaeconômica. Na área monetária, procurou preci-sar a fórmula do equilíbrio monetário mostran-do a relação entre a oferta e a demanda da moe-da pelo próprio funcionamento da economia eressaltando a incidência do entesouramento edo investimento. Entre outras obras, publicou:Linear Regression Analysis of Economic Time Series(Análises de Regressão Linear de Séries de Tem-po Econômico), 1937; Statistical Inference in Dy-namic Economic Models (Inferência Estatística emModelos de Dinâmica Econômica), 1950; ActivityAnalysis of Production and Allocation (Análise Ati-va da Produção e Alocação), 1951; e Studies inEconometric Method (Estudos em Métodos Eco-nométricos), 1953.

KREDITANSTALT FÜR WIEDERAUFBAU.Banco oficial alemão criado em 1948, dedicadoao financiamento da reconstrução da Alemanhano pós-guerra. Com a prosperidade alemã a par-tir dos anos 60, tornou-se uma agência de de-senvolvimento e de financiamento para paísesem desenvolvimento, entre eles o Brasil. A sededo Kreditanstalt se encontra em Frankfurt.

KREUTZERS. Veja Guld(en).

KRON. Veja Afegani.

KROON. Unidade monetária da Estônia.

KROPOTKIN, Piotr Alekseievitch (1842-1921).Príncipe e geógrafo russo, destacado líder e teó-rico do anarquismo. Abandonou a carreira e aposição social em 1871, para dedicar-se às ati-vidades revolucionárias. Foi preso em 1874, masconseguiu fugir da Rússia. Esteve preso na Fran-ça entre 1883 e 1886 e, em seguida, viveu naInglaterra, dedicando-se aos estudos, escreven-do e proferindo conferências. Retornou à Rússiaem 1917, mas reprovou a Revolução de Outubroe viveu no isolamento até a morte. Entre seuslivros destacam-se A Conquista do Pão (1888), Au-xílio Mútuo (1902) e A Grande Revolução Francesa,1789-1903 (1909). Em A Conquista do Pão, consi-derada sua obra principal, defende teses próxi-mas das de Bakunin, outro grande teórico doanarquismo, e também se preocupa com os pro-blemas da indústria, negando as vantagens daprodução em grandes empresas e prevendo umretorno às pequenas unidades produtivas, coma difusão da energia elétrica.

KRUGERRAND. Moeda de ouro de uma onça-troy (31,104 g) cunhada pela África do Sul. Oskrugerrands são vendidos a um valor ligeiramen-

327 KRUGERRAND

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te superior em relação ao valor de seu conteúdometálico. Em 1985, os Estados Unidos proibiramsua importação. As outras moedas em ouro co-mercializáveis são as seguintes: a moeda mexi-cana de 50 pesos, a austríaca de 100 coroas e amaple leaf canadense.

KRUGMAN, Paul R. Economista norte-ameri-cano, professor do Massachussets Institute ofTechnology (MIT) e ganhador da medalha JohnBates de 1992. Tem desenvolvido seus trabalhossobre economia internacional como consultor doCouncil of Economic Advisers e é autor de nu-merosos artigos e livros sobre este tema. Ganhounotoriedade ao analisar as debilidades das eco-nomias do Sudeste asiático antes da crise de1997, mostrando que elas se encontravam vul-neráveis e ataques especulativos.

KRUPP, Família. Família de industriais alemãesque se tornou famosa como a maior fabricantede armas do mundo e por estar ligada, durantemuito tempo, ao militarismo alemão, contribuin-do até mesmo para a ascensão do nazismo. Aempresa dos Krupp, em Essen, foi fundada em1811 por Friedrich Krupp (1787-1826), com umapequena fundição de aço e, sob a direção deseu filho Alfred (1812-1887), transformou-se namaior fabricante de aço fundido do mundo. Afamília teve importante papel como fornecedorade armas na Guerra Franco-prussiana e na Pri-meira e Segunda Guerras Mundiais. AlfredKrupp von Bohlen und Halbach (1907-1967),presidente da empresa desde 1943, foi preso em1948 como criminoso de guerra por ter utilizadoprisioneiros de campos de concentração nazistascomo escravos em suas fábricas durante a guer-ra, sendo anistiado em 1951. Após a guerra, aempresa foi reorganizada, retendo ainda grandeparte de suas posses, e dedicou-se à produçãode equipamentos industriais pesados.

KULAKS. Camponeses da Rússia czarista queeram possuidores de grandes áreas cultiváveis.Distinguiam-se pela exploração impiedosa deseus assalariados e pelos empréstimos usuráriosaos camponeses pobres, daí derivando a deno-minação pejorativa kulak, que significa “punho”.Com a coletivização forçada da agricultura sobStálin, a oposição dos kulaks foi violentamentereprimida e eles acabaram presos ou deportadospara a Sibéria.

KURTOSIS. Veja Medidas de Achatamento.

KURUSH. Veja Lira; Rial.

KUZNETS, Simon Smith (1901-1985). Econo-mista norte-americano de origem russa, teóricodo crescimento econômico. Foi pioneiro no de-senvolvimento de uma base conceitual para ocálculo da renda nacional dos Estados Unidos,trabalho que lhe valeu o Prêmio Nobel de Eco-

nomia de 1971. Destacou-se por um tipo de pes-quisa que alia as investigações estatísticas aoaperfeiçoamento de conceitos teóricos e aos es-tudos históricos. No famoso artigo “National In-come” (“Renda Nacional”), 1933, publicado naEncyclopaedia of the Social Sciences, vol. XI, Kuz-nets expôs claramente as várias definições e clas-sificações dos itens que integram a contabilidadesocial, associando-os com as proposições funda-mentais da teoria econômica relacionadas a sa-lários, lucros, capital e juros. Em seu livro Na-tional Income and its Composition 1919-1938 (Ren-da Nacional e sua Composição 1919-1938), uti-lizou abundante material histórico para analisara evolução da renda nacional norte-americananuma perspectiva demográfica, política, sociale técnica do crescimento. Analisou também asvariações cíclicas da atividade econômica e es-tendeu a aplicação de seus conceitos ao estudocomparativo da estrutura do crescimento daAlemanha e da Inglaterra e sua influência nadistribuição da renda. Em sua análise da dinâ-mica, utilizou o conceito de coeficiente de capi-tal, que é a relação capital-produto entre capitalaplicado e a produção anual, e serve para medir,em termos tecnológicos, a intensidade do capitale, em termos financeiros, o índice de capitaliza-ção. Salientou ainda os aspectos demográficosdo crescimento e da distribuição da renda. Kuz-nets foi professor nas universidades John Hop-kins (1954-1960) e Harvard (1960-1971). Entreoutros livros, escreveu: Secular Movements in Pro-duction and Prices (Movimentos Seculares na Pro-dução e nos Preços), 1930; Seasonal Variations inIndustry and Trade (Variações Sazonais na Indús-tria e no Comércio), 1934; National Income since1869 (Renda Nacional desde 1869), 1946; ModernEconomic Growth (Crescimento Econômico Mo-derno), 1966; e Economic Growth of Nations (Cres-cimento Econômico das Nações), 1971.

KYAT. Unidade monetária de Myanma.

L L. Inicial de: 1) lempira (unidade monetária deHonduras); 2) leu (unidade monetária da Romê-nia); 3) lev (unidade monetária da Bulgária); 4)libra (medida de peso); 5) lira (unidade mone-tária da Itália); 6) litas (unidade monetária daLituânia); 7) litro.

LAARI. Veja Rufiá.

KRUGMAN 328

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LAB. Iniciais de “livre a bordo”; o mesmo queFOB (free on board).

LABEL. Termo em inglês que significa marca eé utilizado na Grã-Bretanha para designar umselo, ou uma etiqueta, ou sinal especial que osoperários, com a finalidade de boicotar a vendade um produto que produzem, colocam nelepara indicar ao consumidor o empregador quenão cumpre as condições de trabalho estabele-cidas com o sindicato a que pertencem.

LABINI, Paolo Sylos (1920- ). Economista ita-liano, discípulo de Schumpeter, dedicou-se aoestudo do comportamento das grandes empre-sas industriais. Em Oligopólio e Progresso Técnico(1956), rompe com a teoria tradicional da em-presa e seus pressupostos: a teoria da concor-rência perfeita, a hipótese da livre-concorrênciae mesmo a hipótese da concorrência imperfeitaou monopolista, tal como apresentada por JoanRobinson. Labini adota a hipótese do oligopólio.O progresso técnico e a acumulação do capitalseriam os elementos principais da evolução dosmercados, elementos desprezados na análise tra-dicional. Na obra Sindacati, Inflazione e Produtti-vità (Sindicatos, Inflação e Produtividade), 1972,desenvolve um modelo econométrico da econo-mia italiana, tomado como base para uma aná-lise dos movimentos de preços, salários e inves-timentos. Conclui, então, pela impossibilidadede uma política de renda que regule salários epreços segundo modelos preestabelecidos. Su-gere, em vez disso, a introdução de uma políticaeconômica baseada em mecanismos de consultasistemática entre governo e sindicatos, no con-texto do planejamento econômico e também dapolítica social.

LAFFEMAS, Barthélemy de (1545-1612). Econo-mista francês da escola mercantilista. Como su-perintendente-geral do comércio da França des-de 1602, incrementou as atividades mercantis epromoveu a implantação de numerosas indús-trias têxteis. Escreveu duas obras, que testemu-nharam o espírito e as práticas do mercantilis-mo: Règlement pour Dresser les Manufactures duRoyaume (Regulamento para Construir as Ma-nufaturas do Reino), 1597, e Comme l’on Doit Per-mettre la Liberté du Transport de l’Or e del’ArgentHors du Royaume et par Tel Moyen Conserver leNôtre et Attirer Celui des Étrangers (Como se DeveDar Liberdade ao Transporte de Ouro e PrataFora do Reino e por Tal Meio Conservar o queÉ Nosso e Atrair o que É dos Estrangeiros), 1602.Para aumentar a produção, Laffemas propunhao desenvolvimento de invenções que possibili-tassem o trabalho de crianças.

LAGGARDS. Termo em inglês utilizado paradesignar, nos Estados Unidos, os agricultoresque não adotam as tecnologias mais avançadas

e cedo ou tarde se atrasam tecnologicamente.Sua produtividade é menor do que a dos demaise, não agüentando a concorrência, começam aoperar com prejuízo; no limite, são obrigados aabandonar o ramo de atividades. Veja tambémEarly-Bird Farmer.

LAISSEZ-FAIRE, LAISSEZ-PASSER (“DeixarFazer, Deixar Passar”). Palavras de ordem doliberalismo econômico, proclamando a mais ab-soluta liberdade de produção e comercializaçãode mercadorias. O lema foi cunhado pelos fi-siocratas franceses no século XVIII, mas a polí-tica do laissez-faire foi praticada e defendida demodo radical pela Inglaterra, que estava na van-guarda da produção industrial e necessitava demercados para seus produtos. Essa política opu-nha-se radicalmente às práticas corporativistase mercantilistas, que impediam a produção emlarga escala e resguardavam os domínios colo-niais. Com o desenvolvimento da produção ca-pitalista, o laissez-faire evoluiu para o liberalismoeconômico, que condenava toda intervenção doEstado na economia. Veja também Liberalismo;Mercantilismo.

LAMB. Termo em inglês que se aplica ao ope-rador inexperiente que investe seu dinheiro naBolsa às cegas. Por seguir as tendências de mer-cado, isto é, por comprar quando a maioria estácomprando e vender quando a maioria está ven-dendo, é denominado “carneiro”, por seguir orebanho e ser, portanto, presa fácil para os es-pertalhões e especuladores experientes.

LAME DUCK. Expressão em inglês que, lite-ralmente, significa “pato manco”, e que, aplica-da ao mercado financeiro, especialmente nasBolsas de Valores, significa pessoa que se en-contra em dificuldades financeiras em relaçãoaos especuladores.

LANCE. Oferta de preço para compra de umlote de ações ou para arrematar peças vendidasem leilão.

LANDLORD. Termo em inglês que significa,literalmente, “senhor da terra”. É o correspon-dente ao latifundiário no Brasil.

LANGE, Oskar (1904-1965). Economista e polí-tico polonês. Emigrou para os Estados Unidosem 1934, onde lecionou em universidades. Na-turalizou-se norte-americano em 1943, porém re-tomou a nacionalidade polonesa em 1945. Re-presentou seu país em Washington (1945-1946)e no Conselho de Segurança da ONU (1946-1948). Como vice-presidente do conselho de mi-nistros e presidente da Associação Central deCooperativas, influiu praticamente na planifica-ção da economia da Polônia. No âmbito da teo-ria, figura como um dos mais importantes fun-dadores da econometria. Empenhou-se em in-

329 LANGE, Oskar

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corporar, à economia política marxista, as téc-nicas mais modernas de pesquisa e quantifica-ção e em dar à planificação socialista um fun-damento matemático científico. Escreveu WstepEkonometrii (Introdução à Econometria), 1957;Ekonomia Polityczna (Economia Política), 1959;Essays on Economic Planning (Ensaios sobre Pla-nificação Econômica), 1960; Caloszi Roswoj wswietle Cybernetki (Totalidade e Desenvolvimen-to à Luz da Cibernética), 1962; e Problèmes d’Éco-nomie Socialiste et de Planification (Problemas daEconomia Socialista e da Planificação), 1964.

LAPLACE. Veja Risco; Teorema do Limite Cen-tral.

LARA RESENDE, André Pinheiro de (1951- ).Nasceu no Rio de Janeiro e formou-se em eco-nomia pela PUC (RJ) em 1973. Obteve o mes-trado em 1975 e o PhD em 1979, pelo Massa-chussets Institute of Technology, com a tese “In-flation and Oligopolistic Prices in Semi-indus-trialized Economies” (“Inflação e Preços Oligo-pólicos em países semi-industrializados”). Em1984, apresentou, juntamente com Pérsio Arida,uma proposta de estabilização da economia bra-sileira, que então atravessava um intenso pro-cesso inflacionário. O trabalho tinha o título de“Inertial Inflation and Monetary Reform in Bra-zil” e passou a ser conhecido como “PropostaLarida”. Em 1986, ocupou o cargo de diretor daDívida Pública e Mercado Aberto do Banco Cen-tral e colaborou na concepção e elaboração doPlano Cruzado. Depois do malogro do PlanoCruzado, participou de atividades na iniciativaprivada: conselho de administração das LojasAmericanas, diretor do Brasil Warrant Admi-nistração de Bens (grupo Moreira Salles), vice-presidente do Unibanco, diretor da CompanhiaSiderúrgica de Tubarão e fundador do BancoMatrix, em 1993. Em agosto de 1993, voltou aogoverno durante a gestão de Fernando HenriqueCardoso no Ministério da Fazenda, como nego-ciador-chefe da dívida externa brasileira, tendosido um dos principais formuladores do PlanoReal. Veja também Plano Cruzado; Plano Real.

LARIDA. Veja Arida, Pérsio; Lara Resende, An-dré Pinheiro de.

LASSALLE, Ferdinand (1825-1864). Filósofo po-lítico alemão, socialista, discípulo de Fichte e deHegel. Fundou, em 1863, a Associação Geral dosTrabalhadores Alemães, o primeiro partido ope-rário da Alemanha, transformado depois no Par-tido Social Democrata. Defendeu a transforma-ção progressiva da sociedade por meio de re-formas sociais conduzidas pelo Estado. Partici-pou do movimento revolucionário de Düssel-dorf, em 1848, que resultou na sua prisão. As-sumiu então a liderança do Partido OperárioAlemão, lutando pela fusão de duas tendências

que se opunham: a nacionalista e a socialista.Partidário da unidade alemã, liderada pela Prús-sia, lutou pelo estabelecimento do sufrágio uni-versal, para ele um objetivo da classe operáriae um meio de o Estado servir aos interesses damaioria e realizar o socialismo. O pensamentode Lassalle, inspirado em Fichte e Hegel, estápresente na sua principal obra, Das System dererworbenen Rechte (O Sistema dos Direitos Ad-quiridos), 1861, na qual defende uma linha so-cialista distante das concepções de Marx. Con-clui que a sociedade européia se tornaria socia-lista gradualmente, acompanhando uma mu-dança do que chamou de “espírito do povo”.Aceitava a teoria da chamada Lei de Bronze dosSalários, segundo a qual a pressão demográficaque sucede a todo aumento salarial torna geral-mente impraticável esse aumento. Para fugir aisso, defendeu a formação de cooperativas ope-rárias de produção, subsidiadas pelo Estado.Lassalle defendia a aliança com o governo comocaminho para o socialismo e colaborou com Bis-marck para alcançar tal objetivo, embora, apóssua morte, os socialistas tenham sido persegui-dos sistematicamente pelo Estado. O Partido So-cialista Alemão, contudo, adotou em 1875 umprograma inspirado em Lassalle, no que foi con-testado por Marx em A Crítica ao Programa deGotha (1875). Lassalle escreveu ainda Über dieVerfassung (Sobre a Constituição), 1863, e Arbei-terprogramm (Programa dos Trabalhadores), 1863.A maioria de seus escritos foi reunida postu-mamente em Gesammelte Reden und Schriften (Co-letânea de Discursos e Escritos), 1919.

LA SALLE STREET. Denominação da rua ondese encontra o centro financeiro de Chicago. Vejatambém Lombard Street; Old Lady of Thread-needle Street; Wall Street.

LASPEYRES, Etienne (1834-1913). Economista eestatístico alemão. Laspeyres estudou em Hei-delberg e, de 1874 a 1900, lecionou na Univer-sidade de Giessen. Suas contribuições mais im-portantes foram no campo da estatística, espe-cialmente a estatística de preços. Entre seus pri-meiros trabalhos, são mais conhecidas as pes-quisas sobre preços das mercadorias em Ham-burgo entre 1851 e 1863. Mais tarde publicouvários estudos a respeito do mesmo tema. Omais importante deles versa sobre os movimen-tos gerais de preços na segunda metade do sé-culo XIX e sobre os preços na Prússia de pro-dutos agrícolas entre 1821 e 1895. Em conexãocom seus estudos de preços, Laspeyres tambémdeu importantes contribuições à técnica dos nú-meros-índices. Ele estabeleceu a fórmula de nú-mero-índice, na qual o numerador é a soma dospreços correntes ponderados por um período-base, e o denominador é a soma dos preços doperíodo-base ponderados da mesma forma. No

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entanto, nunca aplicou sua fórmula, pois dadosinsuficientes não permitiram que ele determi-nasse “as quantidades de todos os bens consu-midos num país”. No folheto Die Kathedersocia-listen und die Statischen Congresse (Os Socialistasde Cátedra e o Congresso de Estatística), Las-peyres propugnava entre outras coisas por umaeconomia quantitativa que pudesse traçar as re-gularidades nos fenômenos sociais.

LA TOUR DU PIN CHAMBLY DE LA CHAR-CE, René, Marquês de (1834-1924). Pensador ca-tólico e monarquista francês, principal teóricodo corporativismo no século XIX. Impressiona-do pelos acontecimentos da Comuna de Paris,fundou com Albert de Mun os primeiros círculosoperários, dentro de um espírito corporativo.Suas concepções foram apresentadas numa sériede ensaios escritos entre 1882 e 1907, reunidosno livro Vers un Ordre Social Chrétien (Rumo auma Ordem Social Cristã). Neles, La Tour duPin condenou o lucro das grandes empresas, de-fendeu a função social da propriedade particu-lar, recusou o regime assalariado e propôs, emseu lugar, a remuneração dos operários pela par-tilha dos lucros entre o trabalho e o capital. Essasposições, que o colocam entre os pioneiros dadoutrina social da Igreja, fundamentaram suaproposta de regime corporativista. Em síntese,cada corporação deveria possuir um patrimôniocoletivo; seria reconhecida a capacidade e ne-cessidade profissional de patrões e trabalhado-res; as corporações teriam poderes regulamen-tares e judiciários e seus delegados formariamo “grande conselho”, espécie de Senado nacio-nal. As idéias de La Tour du Pin influenciaramdecisivamente a formação do “neocorporativis-mo” defendido pela ultraconservadora ActionFrançaise. Veja também Corporativismo.

LASTRO. Termo que, antigamente, tinha o sig-nificado do carregamento de uma coisa qual-quer, mas que, na prática da navegação, significaum peso de 2 toneladas (curtas), ou 4 mil libras,ou 1 812 kg. Mas é uma medida que admitegrande variabilidade. Usa-se atualmente o lastrocomo capacidade para navios, podendo assumiro valor de 1 ou 2 toneladas (curtas). O lastropode ainda equivaler a 82,5 bushels (2 907 l) nosEstados Unidos e a 80 bushles (2 819 l) na In-glaterra, tratando-se de uma carga seca, isto é,cereais, o que equivale a respectivamente 2 907e 2 819 l. No tempo em que a pólvora era trans-portada em barris, o lastro seria equivalente a24 barris deste produto, sendo cada barril equi-valente a 100 libras ou 45,3 kg; tratando-se decarga de peixes (arenques), o lastro poderia equi-valer a 10 mil, 13 200, 20 mil peixes ou dozesacos de lã. Veja também Lastro Metálico; Pa-drão-ouro; Sistemas Monetários; Unidades dePesos e Medidas.

LASTRO METÁLICO. Quantidade de metalprecioso mantida em reserva, em geral ouro,mas também prata, para garantir a conversibi-lidade do papel-moeda em circulação. Esses me-tais preciosos eram geralmente amoedados, istoé, ouro ou prata monetários, que poderiam sertrocados, de acordo com uma taxa de câmbiofixada em lei, pelo papel-moeda em circulação.Este sistema de conversibilidade correspondenteao padrão-ouro ou ao padrão câmbio-ouro jánão existe mais. No entanto, durante os períodosem que vigorou no Brasil, a conversão do mil-réis, por exemplo, garantida pela Caixa de Es-tabilização em 1926, estabelecia que o mil-réispoderia ser trocado por 0,2 gramas de ouro fino(amoedado).

LATIFUNDIÁRIO. Veja Latifúndio.

LATIFÚNDIO. Tipo de grande propriedade ru-ral caracterizada pela existência de vasta áreainculta ou cultivada com tecnologia primitiva ebaixo investimento de capital. Já existia na An-tiga Roma, onde as terras confiscadas aos povosvencidos nas guerras eram entregues a aristo-cratas e a oficiais do Exército, que, não podendoexplorá-las plenamente, mantinham-nas comosinal de nobreza. Isso foi causa de revoltas cam-ponesas que abalaram a República e o Império.Na Idade Média, o latifúndio predominou comoestrutura agrária básica do regime feudal, for-mado por uma grande gleba senhorial e peque-nas extensões exploradas pelos camponeses.Persistiu de forma diferenciada até a atualidadeem todo o mundo, com exceção dos países so-cialistas, onde foi extinto pela coletivização dasterras. Sua presença é maior nos países subde-senvolvidos, onde constitui grande obstáculo aoprogresso econômico, social e político. No Brasil,o latifúndio originou-se das sesmarias doadaspela Coroa portuguesa no período colonial. Atéo final do século XIX, caracterizou-se pela ex-ploração do trabalho escravo e pela monoculturavoltada para o mercado externo. Constituíamtambém unidades políticas até certo ponto au-tônomas em relação ao poder central. Apesardas transformações econômicas ocorridas nopaís a partir da década de 30, a presença doslatifúndios continua forte nos dias atuais. Vejatambém Estatuto da Terra; Minifúndio; Refor-ma Agrária; Sistemas Agrários.

LATIFÚNDIO POR DIMENSÃO. Veja Estatu-to da Terra.

LATIFÚNDIO POR EXPLORAÇÃO. Veja Es-tatuto da Terra.

LAUDÊMIO. Tributo de origem feudal. Incidesobre a venda de terras usufruídas em regimede enfiteuse. Quando ocorre a transferência dapropriedade (terra e benfeitorias) de um usu-

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frutuário para outro, o proprietário da terra,além de dar seu consentimento, tem direito acerta porcentagem do preço da terra e de suasbenfeitorias. Ou seja, uma porcentagem competeao senhorio direto, nos aforamentos, quando odomínio útil do imóvel é alienado com o seuconsentimento. Em geral, o pagamento do laudê-mio cabe ao vendedor. Veja também Enfiteuse.

LAUDERDALE, James Maitland, Conde de(1759-1839). Político e economista inglês. Ba-seando-se em Condillac, introduziu um elemen-to utilitário nas interpretações da teoria do valorde Adam Smith. Argumentou que riqueza étudo o possui utilidade, que a riqueza individualpossui utilidade e escassez, e esses dois fatoresdeterminam o valor. Negou a distinção entretrabalho produtivo e improdutivo, adotando oponto de vista de Jean-Baptiste Say sobre os fa-tores de produção. Sua principal obra é An In-quiry into the Nature and Origin of Public Wealthand into the Means and Causes of its Increase (UmaInvestigação sobre a Natureza e a Origem daRiqueza Pública e sobre os Meios e Causas doSeu Crescimento), 1804. Em Three Letters to theDuke of Wellington (Três Cartas ao Duque deWellington), 1829, Lauderdale faz uma exposi-ção pioneira de uma teoria do excesso de pou-pança.

LAUSANNE, Escola de. Veja Escola de Lausanne.

LAVAGEM. Termo geralmente utilizado paradesignar a operação de transferir dinheiro oriun-do de operações irregulares, escusas ou ilícitas,como aquele originário no tráfico de drogas (di-nheiro sujo), para contas regulares ou operaçõesfinanceiras oficiais. Esta operação às vezes étambém denominada “branqueamento”, emoposição às operações do black, isto é, do mer-cado negro.

LAVAGEM DE DINHEIRO. Ato de legalizardinheiro oriundo de atividades ilegais — comoo contrabando ou tráfico de drogas — no mer-cado financeiro mediante a aquisição de pro-priedades (imóveis, fazendas etc.), a compra debilhetes premiados de loteria ou a abertura decontas-fantasmas nas instituições financeiras.

LAVRAS. Empreendimentos para a exploraçãodo ouro, correspondentes à fase de auge do res-pectivo ciclo no Brasil, e que dispunham de re-cursos de certa importância e equipamentos es-pecializados, reunindo grande número de tra-balhadores (geralmente escravos) sob um únicocomando. Esta forma de organização da produ-ção se manteve enquanto a fertilidade das jazi-das era elevada. Posteriormente, quando estasforam se esgotando, esta forma cedeu lugar àatividade dos “faiscadores”, que eram indiví-duos isolados que não se fixavam num ponto

determinado, como acontecia com as lavras.Veja também Faiscadores.

LAW, John (1671-1729). Financista escocês radi-cado na França, adepto da teoria quantitativada moeda. Law, como os mercantilistas seuscontemporâneos, considerava que o aumento dodinheiro, fator de desenvolvimento, estimulariao crescimento da produção e do poder do país.Acrescentava que o ouro e a prata, então escas-sos, poderiam ser substituídos por papel-moedaemitido por um banco central controlado pelogoverno. Fundou tal banco (Banque Royale), em1716, e a Compagnie des Indes Occidentales, em1719, com apoio estatal. A companhia mono-polizava o comércio no Território do Mississípi.As atividades do banco, no entanto, resultaramem especulação desenfreada, política inflacioná-ria e pânico na economia francesa em 1720. Asteorias de Law encontram-se em sua obra Con-siderações sobre a Moeda e o Comércio, com umaProposta para Suprir a Nação de Dinheiro (1705).

LAY DAY. Expressão em inglês que significa odia no qual um navio pode permanecer no portosem pagar taxas de permanência.

LAY-OUT. Disposição ou distribuição dos ele-mentos de um todo. Aplicado a uma fábrica,significa a disposição das máquinas, dos equi-pamentos, das diversas seções, da organizaçãodo processo técnico de produção no espaço físicodisponível.

LBO. Iniciais da expressão em inglês leveragedbuyout. Veja Leveraged Buyout.

LE CHATELIER. Veja Princípio de Le Chate-lier.

LEAP-FROGGING. Expressão em inglês quesignifica o processo desencadeado pela conquis-ta de uma reivindicação salarial por um grupode empregados, que encoraja outros grupos aobter algo semelhante, sob a fundamentação deque os diferenciais de salários dentro de umaempresa ou de uma organização devem sermantidos.

LEASING (ou Arrendamento Mercantil). Ope-ração financeira entre uma empresa proprietáriade determinados bens (veículos, máquinas, uni-dades fabris etc.) e uma pessoa jurídica, que usu-frui desses bens contra o pagamento de presta-ções. Os contratos são sempre com tempo de-terminado, ao fim do qual a empresa arrenda-tária tem opção de compra do bem. A grandevantagem do leasing é a não-imobilização de ca-pital, sobretudo em casos de bens de alto preço,que terão utilização limitada.

LEBRET, Padre Louis Joseph (1897-1966). Eco-nomista e escritor francês, estudioso do subde-

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senvolvimento e dos problemas dos países doTerceiro Mundo. Fundou, em 1941, o movimen-to Economie et Humanisme, cujos estudos eobras editados tiveram intensa difusão na ÁfricaNegra e na América Latina. Criou também oInstituto Internacional de Investigação e de For-mação para o Desenvolvimento Harmonizadoe a revista Développement et Civilisation. No Bra-sil, em 1944, proferiu um curso sobre economiahumana na Escola de Sociologia e Política deSão Paulo. Lebret sintetizou seus estudos naobra Suicide ou Survie de l’Occident (Suicídio ouSobrevivência do Ocidente), 1959, na qual ques-tiona a finalidade do progresso tal como é en-carado na chamada civilização ocidental, e pro-cura mostrar que o desenvolvimento não deveser considerado simplesmente sob um prismaeconômico, técnico e industrialista.

LEGADO. Parte precisamente determinada deuma herança que a pessoa falecida deixa em tes-tamento para alguém (legatário). Este pode serou não herdeiro legítimo. O legado tambémpode ser doado a instituições.

LEGISLAÇÃO ANTITRUSTE. Conjunto de leispromulgadas nos Estados Unidos para restringira ação monopolista de certas grandes empresas.Iniciou-se em 1890 com a aprovação da Lei Sher-man, que tornava ilegais os contratos e combi-nações monopolistas para o controle do comér-cio interno e exterior. Em 1914, as restrições fo-ram ampliadas pela Lei Clayton, que proibia aimposição de preços monopolistas para eliminarconcorrentes e a concentração de empresas deum ramo sob uma mesma direção. Na Europa,os instrumentos jurídicos antimonopolistas sóforam aprovados depois da Segunda GuerraMundial. Na prática, às vezes essas leis têm sidoinócuas: os grandes trustes do petróleo e dofumo, por exemplo, foram dissolvidos por oca-sião da Lei Sherman, mas se reconstituíram pos-teriormente. No Japão, esta legislação foi criadaem 1947 com a dissolução dos Zaibatsu. Vejatambém Monopólio; Truste; Zaibatsu.

LEGISLAÇÃO MONETÁRIA BRASILEIRA.Conjunto de leis, decretos, alvarás, avisos, ban-dos, regimentos, provisões, cartas régias, docu-mentos, que ao longo de nossa história regeramo meio circulante brasileiro. No início, durantea época colonial, essa legislação era aquela quePortugal estabelecia para sua própria moeda;posteriormente, podemos distinguir mais trêsfases distintas: Brasil Colônia, até 1815; ReinoUnido de Portugal, Brasil e Algarves, até 1822;Brasil Império, até 1889, e Brasil República. Asdisposições mais importantes sobre o meio circu-lante nesses quatro períodos foram as seguintes:1) Brasil Colônia: lei de 11/6/1560 — determinaa suspensão da cunhagem das moedas de 1 real;alvará de 9/2/1564 — proíbe a circulação de

patacas e pesos espanhóis; provisão de29/3/1568 — determina a circulação do real; leide 25/111582 — estabelece a correspondênciade valores entre as moedas espanholas e as por-tuguesas; regimento de 15/8/1603 — determinaa abertura de uma Casa de Fundição em MinasGerais; decreto de 1640 — estabelece as orde-nanças ou ordens de pagamento, garantidas pe-las rendas reais provenientes de arrecadações;lei de 1º/7/1641 — sanciona a circulação dosreales castelhanos; lei de 27/7/1641 — determinaque sejam refundidas todas as moedas de pratada colônia; alvará de 26/2/1643 — determina ainstalação de oficinas monetárias no Maranhão,Bahia e Rio de Janeiro; alvará de 8/7/1643 —determina a fundição de moedas de prata; do-cumento de 1645 — estabelece o valor das pri-meiras moedas cunhadas no Brasil (ouro-gul-den), fixando o acréscimo de 20% sobre as deigual representatividade cunhadas na Holanda(lei do Conselho de Finanças durante a ocupaçãoholandesa); documento de 28/5/1652 — deter-mina a aplicação de um carimbo com a era de1643 nas patacas castelhanas que fossem de“bom-toque”, transformando-as em moedas decruzado (Capitania de São Paulo); em 1654, semque se conheça o documento de autorização, éefetuado o batimento de moedas de emergência,de prata-stuber (Conselho de Finanças, durantea ocupação holandesa); alvará de 6/7/1663 —determina a seguinte paridade de valores: cru-zado = $ 500 réis, meio cruzado = $ 250 réis,meia pataca = $ 200 réis, moeda de $ 120 =$ 150 réis, moeda de $ 100 = $ 120 réis, moedade $ 60 = $ 80 réis, moeda de $ 50 = $ 60 réis;carta régia de 6/7/1677 — determina que o go-vernador do Rio de Janeiro informe sobre a ne-cessidade de o açúcar circular como dinheiro,pela falta de moeda; portaria de 23/3/1679 —determina a contramarca, com o valor de $ 640,das patacas do valor de $ 620 (Portaria do Con-selho Ultramarino); lei de 17/10/1685 — proíbea circulação de moedas de ouro e de prata quenão tenham peso legal; decreto de 26/5/1686— estabelece que as moedas de ouro e de prata,entradas nas Oficinas Monetárias para seremcontramarcadas, retornem à circulação após re-ceber uma serrilha denominada “cordão”; lei de9/8/1686 — estabelece a obrigatoriedade dacontramarca e do “cordão” nas moedas de ouro;lei de 14/6/1688 — proíbe a circulação de moe-das de prata, cerceadas e por cercear, e deter-mina que o retorno ao meio circulante se façaapós encordoamento (colocação do “cordão”) ecunhagem de nova orla (serrilha); lei de8/3/1694 — cria a Casa da Moeda da Bahia edetermina o levantamento em 10% do preço doouro e da prata; alvará de 19/12/1695 — proíbea circulação, no Brasil, das moedas cunhadasem Portugal; carta régia de 12/1/1698 — cria aCasa da Moeda do Rio de Janeiro; provisão de

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30/7/1706 — proíbe o uso de moedas metálicasno Maranhão, estabelecendo apenas a circulaçãodo pano de algodão como moeda (Câmara deSão Luís do Maranhão); lei de 11/2/1711 — es-tabelece a área de circulação do ouro em pó;carta régia de 15/11/1712 — determina que oaçúcar, o cacau, o cravo, o tabaco e o pano dealgodão circulassem como moeda no Maranhão;carta régia de 24/3/1714 — determina o resta-belecimento da Casa da Moeda da Bahia; pro-visão de 25/3/1715 — determina a cunhagemde moedas de cobre; ordem de 29/10/1718 —determina a cunhagem do cruzado de ouro como valor $ 480 réis ou o equivalente a 1/10 dovalor da moeda (Ordem do Conselho da Fazen-da); carta régia de 16/6/1719 — estabelece nor-mas para a circulação do ouro em pó no distritodas Minas, no valor de 1$000 (mil-réis) a oitava(3,571g). Eram fundidas barras, deduzindo-se aquinta parte do ouro (imposto do quinto). Essasbarras eram marcadas com as armas reais, opeso, quilates e a era da fundição; carta régiade 19/3/1720 — cria a Casa da Moeda de VilaRica, Minas, e proíbe a circulação de ouro empó; alvará de 20/3/1720 — determina a cunha-gem do dobrão e do meio dobrão com valoresrespectivos de 5 e 2,5 moedas; carta régia de7/2/1730 — cria-se o “cruzadinho” ou o “quartode escudo”; bando de 25/5/1730 — reduz oquinto a 12% (doze por cento); carta régia de24/4/1732 — eleva o quinto outra vez para 20%(vinte por cento); carta régia de 18/7/1734 —determina o encerramento das atividades daCasa da Moeda de Vila Rica, Minas; carta régiade 1º/7/1735 — é regulado imposto de capita-ção; alvará de 1º/9/1750 — proíbe a circulaçãode ouro em pó em todas as capitanias e deter-mina que a circulação de ouro se faça em barrasfundidas nas Casas de Fundição; alvará de3/12/1750 — determina a abolição do impostode capitação em Minas Gerais. Restabelece oquinto, com o mínimo de 100 arrobas; provisãode 6/5/1799 — determina, à Casa da Moeda daBahia, a cunhagem de patacas; alvará de12/10/1808 — cria o primeiro Banco do Brasile autoriza a emissão de bilhetes (cédulas) ao por-tador; alvará de 20/11/1808 — determina o re-colhimento, às Casas da Moeda do Rio de Ja-neiro e da Bahia, dos pesos espanhóis de $ 750,para serem carimbados como moeda provincialcom o valor de $ 960; lei de 10/4/1809 — de-termina que o valor das moedas de cobre, cu-nhadas em 1803, passem a ter o aumento de100%, desde que carimbadas com as armas reais;provisão de 15/11/1810 — determina que a jun-ta de Fazenda da Bahia compre pesos espanhóisa $ 800, para serem recunhados com o valor de$960; aviso de 4/8/1814 — determina o reco-lhimento de pesos espanhóis, do valor facial de$ 800, para serem recunhados com o valor de$ 960; provisão de 14/12/1815 — determina que

as Províncias de Pernambuco e Maranhão reco-lham pesos espanhóis, pelo valor de $ 800, pararecunhagem pelo valor de $ 960. 2) Reino Uni-do de Portugal, Brasil e Algarves: lei de 16/12/1815— eleva o Brasil à condição de Reino Unido dePortugal, criando o Reino Unido de Portugal,Brasil e Algarves; lei de 13/5/1816 — cria o es-cudo do Brasil, a bandeira e as armas do ReinoUnido; alvará de 23/5/1818 — determina a cu-nhagem de moedas com as armas do Reino Uni-do; decreto de 6/3/1822 — eleva o valor da moe-da “meia peça” para 3$750; portaria de 6/9/1822— determina a cunhagem urgente de moedasde cobre. 3) Brasil Império: portaria de 9/9/1822— determina a cunhagem de moedas de cobrena Casa da Moeda do Rio de Janeiro e na Casada Moeda da Bahia; portaria de 15/10/1822 —proíbe a cunhagem de moedas com as caracte-rísticas de Portugal; decreto de 19/11/1822 —determina a cunhagem da primeira moeda comas características do Brasil independente (Peçada Coroação); portaria de 17/9/1823 — declaranão ter fundamento a queixa dos deputados àAssembléia Legislativa, por serem pagos comnotas de banco; Constituição de 25/3/1824, emseu artigo 15 # 17 — declara ser de atribuiçãoda assembléia geral determinar o peso, o valor,a inscrição, o tipo e as denominações das moe-das, assim como o padrão dos pesos e medidas;lei de 15/11/1827 — cria a Caixa de Amortiza-ção; decreto de 23/9/1829 — determina a ter-ceira emissão de cédulas do Banco do Brasil,mediante a hipoteca de propriedades nacionais,para garantia do pagamento das cédulas; lei de23/9/1829 — determina a extinção do primeiroBanco do Brasil; decreto de 1º/6/1833 — deter-mina a retirada de circulação das cédulas deemissão do Banco do Brasil, substituindo-as porcédulas de emissão do Tesouro Nacional; lei de3/10/1833 — determina a troca de moedas decobre por cédulas; decreto nº 59 de 8/10/1833— cria o Sistema Monetário Brasileiro; decretode 13/3/1834 — determina o encerramento dasatividades da Casa da Moeda da Bahia, passan-do a ser a Casa da Moeda da Corte (Rio de Ja-neiro) a única do Império; decreto de 11/10/1837— determina que as moedas de cobre, sem ne-nhum recunho, passem a valer metade do valorfacial; decreto nº 475, de 20/9/1847 — determinaa cunhagem de moedas de ouro, do título 22quilates, no valor de 20$000 e 10$000, e de pratade 11 dinheiros, no valor de 2$000, 1$000 e $500(o peso e o toque dessas moedas são fixadospelo decreto nº 625, de 28/7/1849); 1851 — poriniciativa do barão e visconde de Mauá, é fun-dado o segundo Banco do Brasil, que não chegaa se constituir naquele ano; lei nº 863 de5/7/1853 — autoriza a incorporação de um Ban-co de Depósitos, Descontos e Emissão na cidadedo Rio de Janeiro (o Banco Comercial) e fixa asdiretrizes para a unificação do sistema bancário

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nacional; lei nº 1 223 de 31/8/1853 — aprovaos estatutos do terceiro Banco do Brasil; lei nº1 172 de 28/8/1862 — determina a fusão do ban-co Rural e Hipotecário com o Banco Comerciale Agrícola e com o Banco do Brasil, reorgani-zando este último; 4) Brasil República: decreto nº1 154, de 7/11/1890 — determina a unificaçãogradual do meio circulante e cria o Banco dosEstados Unidos do Brasil; decreto nº 1 167 de17/12/1892 — cria o Banco da República do Bra-sil com a fusão do Banco dos Estados Unidosdo Brasil e do Banco do Brasil; decreto 1 455 de30.12.1905 — determina a extinção do Banco daRepública e a criação do terceiro Banco do Brasil(quarto de igual nome); lei nº 1 575 de 6/12/1906— cria a Caixa de Conversão; decreto nº 5 108de 18/12/1926 — cria a Caixa de Estabilizaçãoe altera o sistema monetário criando o cruzeiro,dividido em centésimos e que só é efetivado em1942; decreto 19 423 de 22/11/1930 — extinguea Caixa de Estabilização; decreto-lei nº 4 791 de17/10/1942 — institui o cruzeiro, dividido em100 centavos, como unidade monetária brasilei-ra, determinando o início de sua circulação em1º/11/1942; lei nº 1 216 de 28/10/1950 — criao Museu da Casa da Moeda; decreto nº 42 820de 16/12/1957 — regulamenta as operações decâmbio e o intercâmbio comercial com o exterior,bem como a entrada e saída de papel-moedanacional e estrangeiro; lei nº 4 595 de 31/12/1964— cria o Conselho Monetário Nacional e dispõesobre a política e as instituições monetárias, ban-cárias e creditícias; decreto-lei nº 1 de13/11/1965 — institui o cruzeiro novo, que sóentra em vigor em 13/2/1967; decreto nº 60 190de 8/2/1967 — regulamenta o decreto-lei nº 1de 13/11/1965, que institui o cruzeiro novo; re-solução nº 47 de 8/2/1967 — estabelece que apartir de 13/2/1967 a unidade do sistema mo-netário brasileiro passará a denominar-se cru-zeiro novo; resolução nº 65 de 5/9/1967 — dis-põe sobre o resgate dos Títulos da Dívida Pú-blica Interna Fundada Federal, que não possuamcláusula de correção monetária; resolução nº 144de 31/3/1970 — estabelece que, a partir de15/5/1970, a unidade do sistema monetário bra-sileiro passa a denominar-se “cruzeiro” (pela se-gunda vez, isto é, retira-se a palavra “novo” daunidade monetária anterior); lei nº 5 895 de19/6/1973 — determina a transformação daCasa da Moeda em empresa pública e ratificaa exclusividade da Casa da Moeda para a fabri-cação de cédulas e moedas; resolução 414 de20/1/1977 — cria o Certificado de RecolhimentoRestituível pelo Conselho Monetário Nacional;decreto-lei nº 2 283 de 27/2/1986 e resoluçãonº 1 100 do Conselho Monetário Nacional de28/2/1986 — institui nova unidade do sistema

monetário brasileiro, o “cruzado”, e são criadosos dispositivos monetários para a introdução doPlano Cruzado; comunicado mecir nº 29 de3/3/1986 — esclarece a equivalência em cruza-dos das cédulas e moedas em circulação; reso-lução nº 1 565 de 16/1/1989 — comunica queo presidente do Conselho Monetário Nacional,ad referendum daquele colegiado, com base noartigo 2 do decreto nº 94 303 de 1º/5/1987 e ten-do em vista a medida provisória nº 32 de15/1/1989, resolveu que a partir de 16/1/1989a unidade monetária brasileira passa a denomi-nar-se “cruzado novo”, equivalente a mil cru-zados, denominando-se “centavo” a centésimaparte do cruzado novo; lei nº 7 730 de 31/1/1989— institui o “cruzado novo”, determina o con-gelamento de preços e estabelece regras de de-sindexação da economia; medida provisória nº168 de 15/3/1990 — cria o “cruzeiro” como novaunidade do sistema monetário nacional (pelaterceira vez) com o valor de 1 cruzado novo;resolução nº 1 689 de 18/3/1990 do ConselhoMonetário Nacional — institui o cruzeiro comounidade do sistema monetário nacional; lei nº8 024 de 12/4/1990 — institui o cruzeiro comounidade do sistema monetário nacional e esta-belece os dispositivos para a implantação do Pla-no Collor. Veja também Banco do Brasil; Caixade Amortização; Caixa de Conversão; Caixa deEstabilização; Casa da Moeda; Conselho Mo-netário Nacional; Correção Monetária; Crise doXenxém; Cruzado; Cruzeiro; Mauá, Barão eVisconde de; Plano Collor; Plano Cruzado; Re-cunho; Rentenmark; Unidades Monetárias Bra-sileiras.

LÉGUA. Antiga medida de distância gaulesaque, dependendo do lugar, variava entre 2,5 e4,5 milhas (4,022 e 7,240 km). Nos países de lín-gua inglesa, hoje ela vale 3 milhas (4 827 m).Uma légua quadrada tem 5 760 acres ou 23,304km2. A légua brasileira mede 6 600 m; a portu-guesa, 6 179,74 m; a inglesa, 5 569,34 m; a fran-cesa, 4 444,44 m; a espanhola, 5 606,57 m.

LÉGUA GEOMÉTRICA. Medida de compri-mento do antigo sistema de medidas brasileiro(anterior ao métrico decimal), equivalente a 6Km. Veja também Sistema de Pesos e Medidas.

LÉGUA NÁUTICA. Medida de distância equi-valente a 3 milhas náuticas ou cerca de 5,560 km.

LEI ABERDEEN. Dispositivo jurídico aprovadopelo Parlamento inglês em 8/8/1845, com o ob-jetivo de combater o tráfico de escravos para oBrasil. A lei, que recebeu o nome do conde deAberdeen, secretário do Exterior da Inglaterra,dava direito à Marinha inglesa de perseguir,apresar ou atacar, mesmo em águas brasileiras,

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os navios negreiros. Além disso, estabelecia quea tripulação traficante passaria a ser julgada portribunais do Alto Almirantado. o Bill Aberdeenteve grande influência na promulgação da LeiEusébio de Queirós (1850), que aboliu o tráficonegreiro.

LEI ANTIMONOPÓLIO (Japão). Lei aprovadaem 1947 como parte dos programas de reestru-turação política e econômica do Japão, impostospelas Forças Aliadas de Ocupação. Durante aSegunda Guerra Mundial, a economia japonesaencontrava-se consideravelmente concentradasob o domínio dos Zaibatsu, que eram grandesconglomerados industriais e financeiros e que,de acordo com as interpretações do governo nor-te-americano, teriam contribuído com as inicia-tivas bélicas japonesas e, portanto, deviam sereliminados. Inspirada nas leis antitruste dos Es-tados Unidos, a lei Antimonopólio bania os trus-tes, os cartéis e as empresas holding, as quaisconstituíam parte importante dos Zaibatsu. Alei proibia o monopólio privado, qualquer res-trição não justificada ao comércio e métodos in-justos de competição. Ela restringia as fusões eproibia qualquer instituição financeira de pos-suir mais de 5% das ações de qualquer empresa,para evitar a concentração da propriedade e docontrole de empresas. Esta lei foi revisada di-versas vezes, e criou-se uma comissão (Fair Tra-de Comission) subordinada ao primeiro-minis-tro para implementá-la. Essa comissão, no en-tanto, permaneceu como um organismo sem for-ça e não devidamente instrumentado para en-frentar as poderosas empresas japonesas. Em-bora a implementação dessa lei tenha sofridovárias restrições, associada à dissolução dos Zai-batsu, ajudou a restaurar pelo menos em partea concorrência entre as empresas no Japão, nosanos seguintes ao final da Segunda Guerra Mun-dial. Veja também Zaibatsu.

LEI ÁUREA. Ato que aboliu a escravidão noBrasil. Sancionado em 13/5/1888 pela regenteprincesa Isabel, seu texto diz apenas: “Artigo1º: é declarada extinta a escravidão no Brasil.Artigo 2º: revogam-se as disposições em contrá-rio”. Com esse ato, o governo imperial extinguiaa principal barreira ao desenvolvimento do tra-balho livre no país, representado sobretudo pelocontingente de imigrantes europeus necessáriospara a expansão da cafeicultura. Veja tambémEscravidão.

LEI DA CO-GESTÃO (DETERMINAÇÃO). Le-gislação alemã que dá aos empregados de umaempresa o direito de serem representados noconselho de administração (Aufsichtsrat), assimcomo no works council (Betriebsrat). No sistemade administração de dois níveis, freqüente na

Alemanha, o órgão mais elevado é o conselhode administração (Aufsichtsrat). O órgão que seencarrega da administração do dia-a-dia, oudiretoria, denomina-se Vorstand. O termo “co-gestão” (“co-determinação”) é utilizado de for-ma muito ampla para designar as múltiplasformas mediante as quais os trabalhadores par-ticipam da gestão das empresas das quais sãoempregados.

LEI DA ENTROPIA. Trata-se da transposição,para a economia, da segunda lei da termodinâ-mica sobre a degradação da qualidade da ener-gia. Isto é, na medida em que uma economiase torna mais complexa, os desperdícios e asdisfunções em seu interior tendem a se desen-volver e a se generalizar.

LEI DA OFERTA E DA PROCURA (ou DE-MANDA). Conjunto de conceitos que designama disponibilidade de bens e serviços à venda nomercado, por um lado, e sua demanda solvável,por outro. A correlação entre ambas fixa o preçode mercado para o comprador num dado mo-mento, constituindo uma lei da circulação mer-cantil. Os preços movimentam-se no sentido in-verso da oferta e no sentido direto da demanda.A formação de monopólios introduz um fatordeformante nessas correlações. A lei da ofertae da procura explica as oscilações dos preçosno mercado, porém não explica sua determina-ção básica, que é dada pelo valor dos bens. Vejatambém Demanda; Oferta.

LEI DA PARCIMÔNIA. Entre duas soluções,é provável que a correta seja a mais simples.

LEI DA REMESSA DE LUCROS. No Brasil, alegislação sobre o controle da remessa de lucrospara o exterior teve início no governo do ge-neral Gaspar Dutra (1946-1950), com o decretonº 9 025, de fevereiro de 1946, fixando um limitede 8% do valor registrado do capital na remessade lucros e dividendos. No entanto, em agostodo mesmo ano, a extinta Superintendência daMoeda e do Crédito (Sumoc) emitia a instruçãonº 20, que abolia as limitações impostas pelodecreto nº 9 025. Alguns anos mais tarde, du-rante o governo de Getúlio Vargas (1951-1954),em 3/1/1952, o presidente baixou o decreto nº3 363, revalidando os dispositivos estabelecidosno governo anterior. O capital estrangeiro comdireito a retorno era apenas o que estivesse in-vestido no país, tivesse vindo do exterior e es-tivesse registrado na Carteira de Câmbio doBanco do Brasil. Determinou-se também umarevisão dos registros de capital estrangeiro noBrasil, para verificar se as remessas realizadasaté então não haviam ultrapassado os percen-tuais permitidos sobre o capital efetivamente re-

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gistrado como estrangeiro. Mas esse decretotambém não foi levado à prática. A chamadaLei do Câmbio Livre (nº 1 807), de janeiro de1953, aboliu o registro e as limitações ao capitalestrangeiro, revogou a nacionalização dos lucrosexcedentes e liberou totalmente a movimentaçãoao capital estrangeiro no mercado livre, ofere-cendo até mesmo uma taxa cambial favorávela investimentos considerados de interesse espe-cial para a economia do país. Em 1955, duranteo governo Café Filho, a Sumoc emitiu a instru-ção nº 113, de 17 de janeiro, aumentando aindamais as vantagens dos capitais estrangeiros apli-cados no Brasil. Em 1961, a questão polarizounovamente a opinião pública e, em 3/9/1962,já durante o governo João Goulart (1961-1964),foi promulgada a lei nº 4 131, limitando em 10%do capital registrado o valor das remessas delucros permitida ao capital estrangeiro. Esta leifoi posteriormente modificada durante o gover-no do general Castelo Branco pela lei nº 4 390,de 29/8/ de 1964, ampliando para 12% o limitefixado na lei anterior. Veja também Lei 4 131.

LEI DA UTILIDADE MARGINAL DECRES-CENTE. Também denominada Primeira Lei deGossen (Hermann Heinrich, 1810-1858), estabe-lece que a intensidade de uma necessidade di-minui na medida em que esta necessidade é sa-tisfeita pelo consumo de bens e serviços, e de-saparece por completo quando o consumo atin-ge o nível de saturação.

LEI DAS PROPORÇÕES VARIÁVEIS. Veja Leidos Rendimentos Decrescentes.

LEI DE BRONZE DOS SALÁRIOS. Veja Las-salle, Ferdinand; Salários, Lei de Ferro dos.

LEI DE COLIN CLARK-FOURASTIÉ. Veja Leidos Três Setores.

LEI DE DIRECTOR. Concepção desenvolvidapor Aaron Director, de acordo com a qual, numasociedade democrática, onde os governos sãoconstituídos pelo voto popular, eles tenderão aseguir políticas que redistribuam a renda (me-diante o orçamento), tirando dos mais ricos edos mais pobres e transferindo tais recursos paraa população de renda média. A concepção de-riva do Teorema do Votante Mediano (MedianVoter Theorem) segundo o qual, numa democra-cia, os candidatos tentarão refletir, em suas pro-postas, as preferências dos eleitores que se en-contram no meio de espectro político ou social,de tal forma que os políticos eleitos tenderiama realizar ações (obras, projetos etc.) em favordesse eleitor médio. Veja também Public Choice.

LEI DE GRESHAM. Lei econômica segundo aqual, quando duas moedas têm circulação legal

num país, “a moeda má expulsa a moeda boa”de circulação. Isso acontece porque a moeda con-siderada boa tende a valorizar-se cada vez maise desaparece de circulação, ou porque é ente-sourada, ou porque é fundida e trocada por umamaior quantidade de moeda má, ou é reservadapara a realização de pagamentos internacionais.O enunciado dessa lei econômica aparece emdiversos escritos anônimos do século XIV e numtratado do teólogo e estudioso dos problemaseconômicos Nicolas d’Oresme (1325-1382). Noséculo XVI, foi retomada pelo financista inglêsThomas Gresham (1519-1579), conselheiro e che-fe da Casa da Moeda durante o reinado de Eli-zabeth I (1533-1603), que promoveu a restaura-ção do valor da libra, desvalorizada por Henri-que VIII (1491-1547), e criou a Bolsa de Valoresde Londres.

LEI DE KING. Como a demanda de produtosagrícolas é relativamente inelástica, a receita doprodutor agrícola varia de forma inversamenteproporcional à magnitude da colheita. Veja tam-bém Dardanismo.

LEI DE KUZNETS. O economista Simon Kuz-nets (1901-1985) realizou, depois da SegundaGuerra Mundial, estudos sobre desenvolvimen-to econômico, relacionando desigualdades nadistribuição da renda e nos níveis de renda percapita. Verificou que países bastante pobres (ren-da per capita muito baixa) possuíam índices dedistribuição da renda (índices de Gini) menosdesiguais do que países que haviam iniciado seuprocesso de desenvolvimento, enquanto os paí-ses desenvolvidos possuíam índices de Ginimais equilibrados do que os primeiros. Esta re-gularidade estatística — que admitia exceções,entre as quais se destaca o caso dos países quehaviam realizado reformas agrárias profundasdepois da Segunda Guerra Mundial, como Tai-wan — constituiu a base de uma concepção deque, para o desenvolvimento econômico, seriainevitável que os países subdesenvolvidos atra-vessassem uma fase durante a qual as desigual-dades de distribuição da riqueza se acentuariampara, posteriormente — com o desenvolvimento—, voltar a diminuir e equiparar-se com a dis-tribuição mais igualitária dos países desenvol-vidos. Ou seja, a distribuição da renda piorariainicialmente com o desenvolvimento, para sómelhorar depois. Este processo foi denominado“efeito Kuznets”. Veja também Coeficiente deGini; Desenvolvimento Econômico; Renda perCapita.

LEI DE MALTHUS. Enquanto a população cres-ce numa progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32...),os meios de subsistência crescem em progressãoaritmética (2, 4, 6, 8...), o que significaria umafalta crônica de alimentos e a condenação à fome

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e à miséria da população, se medidas de controleao crescimento populacional não fossem tomadas.

LEI DE MURPHY. Concepção relacionada coma seguinte hipótese: se existir a possibilidade deque um item de um equipamento seja montadoou reparado de forma errada, então alguém, emalgum lugar e em determinado momento, agiráexatamente assim. Às vezes esta “lei” é apre-sentada da seguinte forma: “Se alguma coisa pu-der dar errado, ela dará errado, e, portanto, umequipamento deverá ser produzido à prova detolos”.

LEI DE OKUN. Conceito desenvolvido pelo eco-nomista norte-americano Arthur Okun (1929-1979), relacionando a perda do produto agrega-do decorrente de um aumento no nível do de-semprego. A afirmação de Okun é que a elas-ticidade da razão entre o produto real e o po-tencial e a mudança na taxa de desemprego éuma constante aproximadamente igual a 3 (três).Desta forma, se a taxa de desemprego aumen-tasse 2%, a razão entre o produto real e o po-tencial aumentaria 6%.

LEI DE PARETO. Veja Ótimo de Pareto.

LEI DE SAY. Também conhecida como Lei dosMercados, foi elaborada pelo economista francêsJean-Baptiste Say. Estabelece que a oferta criasua própria demanda, impossibilitando uma cri-se geral de superprodução. De acordo com esseconceito de equilíbrio econômico, a soma dosvalores de todas as mercadorias produzidas se-ria sempre equivalente à soma dos valores detodas as mercadorias compradas. Ou, em outraspalavras, ao ser criado, um produto está ao mes-mo tempo abrindo um mercado para outro pro-duto do mesmo valor. Em conseqüência, a eco-nomia capitalista seria perfeitamente auto-regu-lável, não exigindo a intervenção estatal. A Leide Say constituiu a pedra angular da teoria eco-nômica neoclássica, tendo exercido grande in-fluência sobre a obra de Ricardo. Keynes ques-tionou seriamente a sua validade nas condiçõeseconômicas do mundo moderno. Rigorosamen-te, a lei aplicar-se-ia a uma economia baseadano escambo, isto é, uma economia não-monetá-ria. Nas condições modernas, contudo, a inter-mediação da moeda cria sempre a possibilidadede adiar decisões de compra, portanto, interrom-pendo as vendas, o que causa uma retração dademanda, que pode resultar numa crise econô-mica. Veja também Say, Jean-Baptiste.

LEI DE TERRAS. Lei nº 601, promulgada noBrasil em 1850, mais conhecida como Lei de Ter-ras, visava fundamentalmente a alcançar três ob-jetivos, todos eles confluindo para a obtenção,por parte dos fazendeiros, de mão-de-obraabundante e barata: 1) proibir a aquisição de

terras que não se desse por meio da compra,extinguindo, portanto, o regime de posses; 2)aumentar o preço da terra e dificultar a sua ob-tenção por parte dos trabalhadores rurais, vi-sando a impedir a redução da oferta de forçade trabalho na agricultura e, conseqüentemente,a elevação dos salários; 3) os recursos obtidoscom a venda das terras seriam destinados aofinanciamento da imigração de trabalhadores,com a finalidade de ampliar a oferta de forçade trabalho e impedir que os salários se elevas-sem. A Lei de Terras foi objeto de muita con-trovérsia e sua regulamentação, realizada so-mente em 1854. A motivação básica, no entanto,foi impedir o livre acesso dos trabalhadores àterra diante da evidência da falência do escra-vismo. Os proprietários de terras de São Paulo,e também de outras regiões onde a agriculturase expandia com intensidade, estavam conscien-tes de que, se os homens passassem a ser livres(com a abolição da escravatura), “o acesso à terradeveria deixar de sê-lo”. Veja também Escravi-dão; Migração.

LEI DE VERDOORN. Popularizada por Ni-cholas Kaldor há mais de duas décadas, afirmaque o crescimento econômico conduz, simulta-neamente, ao crescimento do emprego e da pro-dutividade. Quando a economia cresce, produz-se mais com as mesmas máquinas e equipamen-tos, aumentando a produtividade e reduzindoos custos. Há também ganhos que se perpetuamno tempo, uma vez que, com o crescimento, hánovos investimentos, acompanhados de inova-ções técnicas, que aumentam a produtividade.Veja também Kaldor, Nicholas.

LEI DE VERHULST. Em oposição às concep-ções de Malthus, esta lei estabelece que o cres-cimento demográfico está submetido a um pro-cesso de autofreagem, sendo o fator de freagemproporcional à magnitude da população.

LEI DE WAGNER. Forma de participação dadespesa pública na renda nacional, elaboradapelo economista alemão homônimo no final doséculo XIX. O elemento central desta lei é queo desenvolvimento industrial provoca um au-mento da participação das despesas públicas narenda nacional, devido às seguintes causas: 1)um aumento relativo dos custos com adminis-tração pública, a garantia da lei e da ordem eos elementos reguladores numa sociedade quese industrializa; 2) bens e serviços oferecidospelo Estado nas áreas de cultura e bem-estarteriam uma elasticidade na renda da demandamaior do que a unidade. Assim, na medida emque a renda aumentasse, a demanda por taisbens e serviços aumentaria mais do que pro-porcionalmente, pressionando os gastos públi-cos; 3) a industrialização seria acompanhada

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pela formação de oligopólios e monopólios, osquais exigiriam um grau maior de controle es-tatal, o que significaria também um aumentodas despesas correspondentes. Embora muitasdas economias européias tivessem apresentadosituações em que as despesas do Estado aumen-taram mais do que proporcionalmente à renda(não necessariamente pelas razões apresentadaspor Wagner), na medida em que essas conclu-sões não se baseiam em uma teoria sobre o com-portamento humano ou na ação dos governos,o que se apresenta como “lei” não passa de umasérie de constatações que podem ou não se re-petir em economias que atravessam intensosprocessos de industrialização. Veja tambémWagner, Adolph Heinrich Gotthelf.

LEI DE ZONEAMENTO. Lei que determina asformas de uso do solo urbano (e também rural),visando proporcionar às cidades um desenvol-vimento harmônico tanto no campo econômicoquanto no social e político. Em termos práticos,no entanto, as leis de zoneamento das cidadesbrasileiras contêm um sem-número de casuís-mos que significam um desvirtuamento das fi-nalidades de uma legislação desse tipo. Por ou-tro lado, o próprio crescimento das cidades temtornado obsoletas certas leis de zoneamento,sendo imperioso — em nome do melhor desen-volvimento das cidades — sua urgente revisão.Veja também Operações Interligadas; Opera-ções Urbanas.

LEI DO AÇÚCAR. Ato do Parlamento inglês,em 1764, que reforçava o monopólio comercialsobre as colônias antilhanas britânicas produto-ras de açúcar. Visava especialmente a impedirque os colonos da América do Norte compras-sem diretamente açúcar, melaço e rum, a preçosmais baixos, nas colônias francesas das Antilhas.Medida protecionista, típica do mercantilismo,contribuiu para precipitar a luta pela inde-pendência norte-americana.

LEI DO CÂMBIO LIVRE. Veja Lei da Remes-sa de Lucros.

LEI DO INQUILINATO. Designação comum avárias leis que regulamentam as relações entreo locador (proprietário do imóvel, também de-nominado senhorio) e o locatário (aquele quepaga o aluguel do imóvel, ou inquilino) no Bra-sil, tanto as relacionadas com residências comocom estabelecimentos comerciais. Nas últimasduas décadas, as leis mais importantes foramas seguintes: lei nº 6 649, de maio de 1979 —estabeleceu 1) que o aluguel só poderia ser cor-rigido se o contrato estipulasse isso, determi-nando ainda a época e as condições do reajuste;2) a prorrogação automática do contrato no seu

término, se não houvesse manifestação das par-tes; 3) que a locação residencial não admitia aretomada do imóvel pela “denúncia vazia”, istoé, a retomada pela simples manifestação da von-tade do locador, sem apresentar nenhuma jus-tificativa para isso, ou a rescisão unilateral docontrato. De acordo com aquela lei, para retomaro imóvel, o locador necessitava comprovar queseria para uso próprio, ou de ascendentes, oudescendentes diretos. A lei de 1979 incorporavatambém uma nova sistemática para o reajustedos aluguéis, admitindo-se a semestralidade. Oteto máximo para a correção do valor do aluguelficou sendo a variação das então existentesORTNs (Obrigações Reajustáveis do TesouroNacional) durante o período considerado, istoé, a correção monetária do período do reajuste;no caso de aluguéis com reajuste anual, aplica-va-se a correção monetária dos doze meses an-teriores ao mês do reajuste; no caso dos semes-trais, dos seis meses anteriores. A lei nº 6 698de outubro de 1969 complementou a lei anterior,estabelecendo que, depois de cinco anos, os con-tratos seriam corrigidos de acordo com a varia-ção das ORTNs. Se o locador considerasse queo aluguel do imóvel estava abaixo do valor demercado, poderia solicitar um revisão judicial,também denominada “revisional”. A partir dejaneiro de 1983, os contratos residenciais novospassaram a ter como teto de reajuste 80% davariação do Índice Nacional de Preços ao Con-sumidor (INPC). Com a decretação do PlanoCruzado, os aluguéis foram congelados até28/2/1987. A partir dessa data, as condiçõespara os reajustes foram estabelecidas pelo de-creto-lei nº 2 290 de novembro de 1986, deter-minando que os reajustes voltassem a ter comobase as então existentes Obrigações do TesouroNacional (OTNs) — não confundir com asORTNs —, embora em períodos não inferioresa um ano. O decreto-lei nº 2 322, no entanto,voltou a estabelecer um prazo mínimo de seismeses para o reajuste dos aluguéis residenciais.Em outubro de 1991, foi aprovada a lei nº 8 245,estabelecendo algumas mudanças importantesna legislação anterior, como a livre negociaçãoentre as partes para os novos aluguéis e a voltada denúncia vazia para os aluguéis antigos.

LEI DO MENOR ESFORÇO. Também deno-minado Princípio Hedonístico, é a tendência dosindivíduos a alcançar seus objetivos econômicoscom o menor esforço possível.

LEI DO SELO. Primeiro imposto direto decre-tado pelo Parlamento inglês, em 1765, às trezecolônias norte-americanas. Consistia na obriga-toriedade de todos os documentos comerciais elegais, panfletos, cartas e jornais serem selados,

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para que o dinheiro arrecadado cobrisse as des-pesas com as tropas coloniais inglesas que seencontravam na América. Os colonos reagirama essa imposição, argumentando que toda taxa-ção deveria ser votada e aprovada pelos seusrepresentantes, e passaram a boicotar os produ-tos ingleses. Por isso, o Parlamento suspendeua aplicação da lei em março de 1766.

LEI DO VENTRE LIVRE. Aprovada pelo Se-nado imperial do Brasil em 28/9/1871, declara-va livres os filhos de mulher escrava nascidosa partir daquele momento. Estipulava, no en-tanto, que os senhores das mães poderiam ex-plorar o trabalho desses libertos até que com-pletassem a idade de 21 anos, caso não fossemindenizados pelo governo imperial. A lei decla-rava ainda livres os escravos de propriedade daCoroa e instituía um fundo de emancipação epecúlio destinado aos libertos.

LEI DOS GRANDES NÚMEROS. Lei estatís-tica segundo a qual a probabilidade de um even-to se aproxima da certeza na medida em quese repete e se multiplica o número desses even-tos. Veja também Risco.

LEI DOS MERCADOS. Veja Lei de Say.

LEI DOS PEQUENOS NÚMEROS. Lei estatís-tica que estabelece uma tendência para a regu-laridade dos eventos raros, definidos como osque se afastam significativamente das médias ecaracterísticas normais dos fatos de uma deter-minada ordem.

LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES.Também conhecida por Lei das Proporções Va-riáveis ou Lei da Produtividade Marginal De-crescente. Pode ser conceituada da seguinte ma-neira: ampliando-se a quantidade de um fatorvariável, permanecendo fixa a quantidade dosdemais fatores, a produção, de início, aumentaráa taxas crescentes; a seguir, após certa quanti-dade utilizada do fator variável, passará a au-mentar a taxas decrescentes; continuando o au-mento da utilização do fator variável, a produ-ção decrescerá. Um exemplo clássico é o do au-mento do número de trabalhadores em certa ex-tensão de terra a ser cultivada. Numa primeirafase, a produção aumenta, mas logo se chega aum estado de nenhum crescimento na produção,devido ao excesso de trabalhadores em relaçãoà extensão de terra (que não aumentou).

LEI DOS RENDIMENTOS NÃO-PROPOR-CIONAIS. O incremento da utilização de meiosde produção em determinado processo de tra-balho nem sempre resulta num aumento pro-porcional da produção. Esse pode ser: 1) maisdo que proporcional ao incremento dos meiosde produção, quando os rendimentos serão cres-

centes; 2) menos do que proporcionais, quandoos rendimentos serão decrescentes.

LEI DOS SEXAGENÁRIOS. Aprovada peloParlamento imperial em 28/9/1885, estabelecianormas para a libertação obrigatória dos escra-vos que tivessem mais de 60 anos de idade. Se-gundo essa lei, o valor do escravo decresceriagradualmente a partir dessa idade, devendo elepagar sua alforria com três anos de trabalho o-brigatório ao senhor, até a idade máxima de 65anos. Acima dessa idade, a emancipação era au-tomática e paga com fundos do Estado. Propostaem 1884 pelo senador Dantas, a lei foi rejeitada,mas aprovada no ano seguinte na Câmara e noSenado com base num projeto apresentado su-cessivamente pelos presidentes do conselho deministros J.A. Saraiva e barão de Cotegipe.

LEI DOS TRÊS SETORES. Na medida em queuma economia se desenvolve, a população eco-nomicamente ativa tende a se deslocar do setorprimário (agricultura, pecuária, extrativismo)para o setor secundário (indústria), e, em seguida,para o setor terciário (finanças, telecomunicações).

LEI ECONÔMICA. É uma relação necessáriaque se repete constantemente entre os diversoselementos do processo produtivo. São leis eco-nômicas a Lei do Valor e a Lei dos RendimentosDecrescentes. As leis econômicas, além de regero processo produtivo, determinam seu desen-volvimento e suas transformações. Nesse senti-do, elas têm caráter objetivo; isto é, existem in-dependentemente da vontade dos homens, em-bora manifestem a ação humana na atividadeprodutiva. Uma determinada lei econômica nãoatua de forma isolada, ela se relaciona com inú-meras outras leis, que compõem e caracterizamuma estrutura produtiva. Em sua manifestaçãoe ação, as leis econômicas têm caráter histórico;por um lado, ligam-se ao nível de desenvolvi-mento das forças produtivas de uma época oude uma sociedade e, por outro, refletem as for-mas de propriedade e de divisão do trabalhohistoricamente dadas. Por esse motivo, não sãoleis eternas da natureza, mas são produtos decondições históricas concretas. Nessa perspecti-va, há leis que são específicas de uma formaçãosocial, enquanto outras são comuns a várias for-mações sociais. Assim, a Lei de Formação dosPreços só se manifesta em formações sociais emque as trocas se encontram num elevado graude desenvolvimento, particularmente nas socie-dades regidas por economias de mercado. Em-bora numa formação social atuem numerosasleis econômicas, há em cada sociedade uma leieconômica fundamental, que determina todas asoutras leis econômicas, e também o modo deação dos indivíduos, dos grupos sociais e inclu-sive do Estado no tocante às questões econômi-

LEI DO VENTRE LIVRE 340

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cas práticas. O caráter objetivo e espontâneo dasleis econômicas aparece na consciência dos ho-mens como forças cegas da natureza, como algoestranho e totalmente independente das açõeshumanas. No entanto, a desmitificação desseprocesso de divinização ou fetichismo das leiseconômicas é de vital importância para a açãosocial e produtiva dos homens.

LEI NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Leinº 6 938, de 31/8/1981. Dispõe sobre a políticanacional do meio ambiente, seus fins e meca-nismos de formulação e aplicação. Além disso,constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente,cria o Conselho Nacional do Meio Ambiente einstitui o Cadastro Técnico Federal de Ativida-des e Instrumentos de Defesa Ambiental. A po-lítica nacional do meio ambiente tem por obje-tivo a preservação, melhoria e recuperação daqualidade ambiental propícia à vida. Preocupa-se, entre outros aspectos, com a manutenção doequilíbrio ecológico; a racionalização do uso dosolo, do subsolo, da água e do ar; a proteçãodos ecossistemas, com a preservação de áreasrepresentativas; o controle e zoneamento das ati-vidades potenciais ou efetivamente poluidoras;a recuperação de áreas degradadas; a proteçãode áreas ameaçadas de degradação; a educaçãoambiental em todos os níveis de ensino, inclu-sive a educação da comunidade, objetivando ca-pacitá-la para participação ativa na defesa domeio ambiente.Veja também Meio Ambiente.

LEI NATURAL. Veja Ordem Natural.

LEI 4 131. Lei promulgada em 3/9/1962, regu-lando o capital estrangeiro no Brasil. Tambémconhecida como Lei da Remessa de Lucros, de-finia como capital estrangeiro “os bens, máqui-nas e equipamentos entrados no Brasil com dis-pêndio inicial de divisas, bem como os recursosfinanceiros ou monetários introduzidos no paíspara a aplicação em atividades econômicas, des-de que, em ambas as hipóteses, pertençam a pes-soas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadasou com sede no exterior”. Esses capitais deve-riam ser registrados na antiga Superintendênciada Moeda e do Crédito (Sumoc). Hoje, isso éfeito no Banco Central, assim como as remessaspara o exterior e os reinvestimentos dos lucros,igualmente considerados capital estrangeiro. Aremessa de juros sobre empréstimos, créditos efinanciamentos não poderia exceder a taxa re-gistrada no contrato; qualquer quantia superioràs previstas seria considerada amortização decapital. As firmas poderiam deduzir até 5% dareceita bruta no Imposto de Renda, a título deroyalties, do produto fabricado e vendido, fican-do proibido o pagamento de royalties e serviçossemelhantes por parte de uma filial brasileira à

matriz no exterior. O artigo 31 limitava a 10%as remessas anuais sobre o valor dos investi-mentos registrados. Os excedentes seriam con-siderados retorno de capital e deduzidos do re-gistro na Sumoc, não podendo exceder a 20%do capital registrado. Os lucros que excedessem20% deveriam ser registrados à parte, sem dardireito a futuras remessas. Outros artigos deter-minavam que as empresas com maioria de ca-pital estrangeiro não teriam acesso ao créditodas entidades oficiais brasileiras antes do iníciocomprovado de suas operações, com exceção deprojetos considerados de alto interesse pelo po-der público. Em termos fiscais, a lei nº 4 131estabelecia a regulamentação do pagamento doImposto de Renda na fonte para lucros e divi-dendos atribuídos a pessoas físicas ou jurídicasresidentes no exterior, com um acréscimo de20% para empresas de setores de menor inte-resse para a economia nacional. Determinavatambém que os bancos estrangeiros autorizadosa funcionar no Brasil sofressem as mesmas res-trições dos bancos brasileiros nas sedes de suasmatrizes. A lei nº 4 390, promulgada em 29/8/1964,no governo Castelo Branco, trouxe inúmerasmodificações à lei nº 4 131. Entre outros aspec-tos, aumentou para 12% o limite de remessa delucros e concedeu maiores facilidades de crédi-tos oficiais às empresas estrangeiras. Veja tam-bém Lei da Remessa de Lucros.

LEI 4 390. Veja Lei 4 131.

LEI SECA. Emenda constitucional que proibiu,nos Estados Unidos, a produção e a comercia-lização de bebidas alcoólicas. Vigorou de 1919a 1933, mas seu cumprimento foi amplamenteburlado pelo contrabando e a fabricação clan-destina, práticas dominadas por quadrilhas quedisputavam violentamente o domínio do ren-doso negócio.

LEIBNIZ, Gottfried von. Veja Risco.

LEILÃO. Processo de venda de bens no qual ocomprador em potencial procura com seus lan-ces (ofertas de preço) vencer os demais. A regrabásica dos leilões é que aquele que oferecer opreço mais elevado adquire os bens leiloados.A tradição dos leilões é que os mesmos se pro-movam sob pregão, isto é, pela declaração emaltas vozes do preço oferecido por cada um dosinteressados. Hoje, no entanto, com os modernosmeios de comunicação, os lances podem ser fei-tos de forma mais discreta (pelo telefone, porexemplo) e informados aos demais pelo leiloei-ro. Embora o leilão se assemelhe à hasta pública(os romanos plantavam uma hasta (lança) nosítio do leilão, isto é, o leilão dava-se sub hasta)e tenha a mesma finalidade (vender em público

341 LEILÃO

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por almoeda ou sob pregão), mantém uma dis-tinção, uma vez que é dirigido e executado pes-soalmente pelo leiloeiro, quer se trate de leilãojudicial (quando determinado pelo juiz e cum-prido sob suas ordens) ou extrajudicial, quandocumprido por determinação e a pedido de par-ticulares, interessados diretamente na venda.Veja também Leilão Holandês; Vickrey Auc-tions.

LEILÃO ADMINISTRATIVO. É a modalidadede leilão realizado pela administração públicapara a venda de mercadorias apreendidas comocontrabando ou abandonadas nas alfândegas,nos armazéns ferroviários, portuários, aeropor-tuários e rodoviários de sua administração e nasrepartições públicas em geral.

LEILÃO COMUM. É aquele realizado pela ad-ministração pública e regido pela legislação fe-deral pertinente, embora as condições de suarealização possam ser estabelecidas pela admi-nistração interessada. Veja também Leilão Ho-landês.

LEILÃO HOLANDÊS. Leilão no qual o vende-dor (leiloeiro) oferece algum bem a um preçoinicial relativamente elevado e, em seguida, vaireduzindo esse preço até que alguém o aceite,manifestando-se, e adquira o bem que está sen-do leiloado. Originalmente, o leilão holandês eradenominado mineing, que deriva do termo eminglês mine, isto é, a manifestação daquele queaceitava o preço declarado pelo leiloeiro e pro-nunciava essa palavra que corresponde, em por-tuguês, à expressão “é meu”. Vendem-se váriostipos de mercadorias dessa forma, destacando-se o comércio de flores na Holanda e tambémos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

LEIS DE ENGEL. Veja Engel, Ernest.

LEIS DE PARKINSON. Conjunto de “leis” ela-boradas de forma satírica por C. Northcote Par-kinson sobre o funcionamento da administraçãopública e privada, contendo no fundo críticasàs formas burocráticas e emperradas que a ad-ministração, tanto pública como privada, adqui-rira nos tempos atuais. Exemplos dessas “leis”são, entre outros, os seguintes: 1) o trabalho ouqualquer atividade invariavelmente se estendeaté preencher todo o tempo previsto para a suarealização; 2) as despesas sempre se elevam atéalcançar as receitas. São também “princípios”,como “o número de funcionários de uma em-presa ou repartição tende a aumentar inde-pendentemente da quantidade de trabalho ad-ministrativo existente”, ou ainda, “quanto maistempo se dispõe para realizar um trabalho, mais

esse trabalho demandará tempo para ser reali-zado”.

LEIS DO TRIGO. Veja Corn Laws.

LEIS DOS POBRES (Poor Laws). Leis de am-paro oficial aos pobres, surgidas na Inglaterrano final do século XV e durante o século XVI.Essas leis foram conseqüência direta das pro-fundas transformações sociais decorrentes daexploração dos recursos naturais do Novo Mun-do e da abertura de novos mercados de consu-mo, que favoreceram a expansão do comércioe da indústria manufatureira. Na Inglaterra, atécnica evoluiu, a produção de lã expandiu-see a nação preparou-se para o processo que, doisséculos mais tarde, culminaria na Revolução In-dustrial. Essa transformação nas formas de pro-dução e de vida causou a proliferação da po-breza, da vagabundagem e da mendicância.Muitas áreas agrícolas, antes cultivadas e quegarantiam a subsistência de inúmeras famíliasde camponeses, foram cercadas e transformadasem pastagens para a produção de lã. Sem con-dições de adaptar-se à rígida disciplina da ma-nufatura ou mesmo à vida urbana, os campo-neses transformaram-se em mendigos. Durantetodo o século XVI, sucederam-se leis e decretospara diminuir essa categoria de habitantes dascidades. Geralmente desumanas, essas leis proi-biam a existência de desempregados, punindocom severas penas o “crime” de vadiagem. Em1530, por exemplo, Henrique VIII estabeleceuem lei que “doentes e velhos incapacitados têmdireito a uma licença para pedir esmolas, masvagabundos sadios serão flagelados e encarce-rados...”. A crescente influência das idéias e sen-timentos humanitários no século XIX atenuouos aspectos mais ásperos dessas leis, mas nãoeliminou de todo os efeitos de sua crença dog-mática nas “virtudes redentoras” do trabalhoárduo, que penalizava sobretudo velhos ecrianças.

LEMPIRA. Unidade monetária de Honduras.Submúltiplo: centavo.

LEND LEASE. Programa estabelecido nos Es-tados Unidos em 11/3/1941, que encaminhavauma lei anterior do Congresso denominada AnAct to Promote the Defense of the United States, aqual autorizava o presidente dos Estados Uni-dos a auxiliar as nações aliadas, mediante agên-cias governamentais, a vender, transferir, trocar,liberar, emprestar etc. bens e suprimentos tantopara uso militar quanto civil, necessários parao desenvolvimento da guerra. O programa pros-seguiu depois do final da guerra e, em julho de1946, um total de 50,442 bilhões de dólares haviasido transferido para países aliados. Os princi-pais países que receberam esta ajuda foram aInglaterra (31,267 bilhões de dólares) e a ex-

LEILÃO ADMINISTRATIVO 342

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União Soviética (11,260 bilhões). O programateve uma grande importância na vitória dosAliados e também contribuiu para o desenvol-vimento da indústria bélica americana e a eli-minação do desemprego nos Estados Unidos.Em 1945, em prosseguimento ao Acordo deWashington (Washington Agreement), a dívida in-glesa de cerca de 25 bilhões de dólares, que aInglaterra havia contraído por meio do LendLease, foi prescrita, e os ingleses obtiveram maiscerca de 3,7 bilhões de empréstimos adicionaisaté 1952, com taxas de juros de 2% ao ano epagáveis em cinqüenta prestações anuais a par-tir de 1951.

LÊNIN, Vladimir Ilitch Ulianov (1870-1924).Ativista e dirigente político socialista, teórico eprincipal líder da Revolução Russa de 1917, pri-meiro dirigente da União Soviética e fundadorda III Internacional. Iniciou sua carreira revolu-cionária em 1887, ao entrar para a Faculdade deDireito da Universidade de Kazan. Repeliu oterrorismo depois que seu irmão mais velho foienforcado por ter-se envolvido num atentadocontra o czar Alexandre III. Em 1893, em SãoPetersburgo, uniu-se a intelectuais marxistasque atuavam junto aos operários. No ano se-guinte, publicou clandestinamente seu primeirotrabalho, Quem São os Amigos do Povo e como Lu-tam os Sociais-Democratas?, 1894. Em 1895, entrouem contato com Plekhanov e outros marxistasrussos exilados em Genebra. De volta à Rússia,Lênin e seus companheiros tentaram fundar umjornal clandestino, mas foram presos antes dapublicação do primeiro número. Após catorzemeses de prisão, foi exilado para a Sibéria, ondepermaneceu três anos. Durante o exílio, com-pletou o livro O Desenvolvimento do Capitalismona Rússia, 1899, no qual analisa a formação domercado interno na Rússia czarista. Em 1900,seguiu para a Suíça, aproximando-se de Plek-hanov. Em janeiro de 1901, surgia o jornal re-volucionário Iskra (A Centelha). Foi num artigopublicado no Iskra, “A Questão Agrária e os Crí-ticos de Marx”, que pela primeira vez usou opseudônimo de Lênin. O segundo Congresso doPartido Social Democrata Russo (fundado em1898), realizado em Londres em 1903, provocouuma divisão no movimento socialista. Algunsdirigentes (Plekhanov, Martov e Axelrod) sus-tentavam que a revolução socialista deveria serprecedida por uma revolução democrático-bur-guesa que instaurasse o liberalismo. Lênin de-fendia a aliança entre operários e camponesescomo condição indispensável para a vitória darevolução, pois a burguesia seria incapaz de as-sumir a liderança do processo. A posição de Lê-nin teve mais votos; seus adeptos ficaram co-nhecidos pelo nome de “bolcheviques” (majo-ritários), enquanto os outros receberam a deno-

minação de “mencheviques” (minoritários).Com a Revolução de 1905, Lênin voltou à Rússia.Mas o fracasso do movimento levou-o novamen-te ao exílio. Nos anos seguintes, dedicou-se aosestudos filosóficos, publicando Materialismo eEmpirocriticismo, 1909, e à organização do mo-vimento social-democrata, na Rússia e em escalainternacional. Durante a Primeira Guerra Mun-dial, atacou os socialistas que aderiram às con-cepções de defesa nacional, insistindo na neces-sidade de os operários de cada país transforma-rem a guerra em revolução. Participou das con-ferências socialistas pacifistas nas localidadessuíças de Zimmerwald (1915) e Kienthal (1916).Analisando as relações entre a sociedade capi-talista e a guerra, Lênin escreveu O Imperialismo,Etapa Superior do Capitalismo, 1916, sua mais im-portante contribuição à economia política.Apoiando-se nas concepções de Hilferding so-bre o capital financeiro, analisa o imperialismocomo uma etapa do desenvolvimento do capi-talismo em que se estabelece a hegemonia dosmonopólios e dos grandes bancos. A própria di-nâmica de formação e ampliação de mercadoslevaria o capitalismo a buscar a dominação co-lonial e a guerra. Lênin aponta ainda a acentua-da importância que a exportação de capital ad-quiriu, a divisão do mundo entre trustes inter-nacionais e a situação dos territórios coloniaisfornecedores de matéria-prima e mão-de-obrabarata repartidos entre as grandes potências ca-pitalistas. E a combinação de revoltas na peri-feria do sistema com revoluções proletárias nasmetrópoles, que tornaria inevitável o adventodo socialismo. Após a queda do czar, provocadapelas revoltas populares em São Petersburgo,em fevereiro de 1917, Lênin voltou à Rússia.Logo em seguida, elaborou suas Teses de Abril,propondo, entre outras medidas, a paz imediata,a confraternização com os soldados alemães, opoder para os soviets (conselhos) populares e aexpropriação de terras e fábricas. Orientados poressas palavras de ordem, os bolcheviques reali-zaram intensa propaganda junto aos operários,camponeses e soldados. Em novembro de 1917,foi derrubado o governo provisório de Kerenski,e Lênin tornou-se presidente do Conselho dosComissários do Povo. Sob sua influência, o Con-gresso dos Soviets aprovou um decreto abolindoa grande propriedade rural, confiscando terrasda família imperial e da Igreja e nacionalizandoos bancos e as grandes indústrias. Em 1918, emBrest-Litovsk, foi assinada a paz em separadocom a Alemanha. Em condições adversas, o re-cém-criado Exército Vermelho enfrentou a con-tra-revolução, de 1918 a 1921, estimulada tantodentro como fora da União Soviética. Até 1921vigorou o chamado “comunismo de guerra”,mas nesse ano começou a ser aplicada a NovaPolítica Econômica (NEP), um retorno tático e

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parcial à economia de mercado, imposto pelavirtual destruição das estruturas econômicas dopaís. Simultaneamente, Lênin criou o plano deeletrificação da União Soviética. Em maio de1922, Lênin sofreu uma hemorragia cerebral. Emnovembro, ditou seu testamento, no qual reco-mendava a ampliação do Comitê Central do Par-tido Comunista, para tornar possível uma re-presentação mais democrática. Em 1923, sofreuum segundo ataque, morrendo no ano seguinte.Do ponto de vista de sua contribuição à econo-mia política, destacam-se os escritos a respeitodo imperialismo e seu estudo pioneiro sobre odesenvolvimento do capitalismo na Rússia. Nes-se livro, mostra a inconsistência teórica da cor-rente populista, que afirmava haver a possibi-lidade de a Rússia ser um país agrícola, evitaro “estágio ocidental” do capitalismo e passardiretamente do feudalismo ao socialismo. Os po-pulistas argumentavam que a viabilidade do ca-pitalismo na Rússia era problemática, pois ar-ruinaria a economia camponesa, limitando seumercado interno, e não teria nenhuma possibi-lidade de expansão devido à ocupação dos mer-cados externos pelos países industrializados. Ba-seado em dados concretos, Lênin pôde mostrarque a ruína dos camponeses não implica a li-quidação do mercado interno para o capitalis-mo. Ao contrário, é uma conseqüência necessá-ria do processo de instalação e evolução do ca-pitalismo, que promove a industrialização, ace-lera e aprofunda as contradições já existentesna comunidade camponesa, desintegrando-a eliberando as massas para a formação do prole-tariado. Na estrutura de sua obra, Lênin realizaum mapeamento do conjunto da economia agrá-ria russa, examina a mercantilização das ativi-dades agrícolas e verifica a penetração do capi-talismo na agricultura. Analisa em seguida asatividades industriais, estabelecendo as fasesevolutivas do capitalismo na indústria russa, damodalidade artesanal até o advento da grandeindústria mecanizada, que ele examina em de-talhes. Outras obras importantes deste autor,traduzidas em mais de cem idiomas: O Que Fa-zer?, 1902; Duas Táticas da Social-democracia naRevolução Democrática, 1905; Um Passo à Frente,Dois Passos Atrás, 1904; O Estado e a Revolução,1917; O Socialismo e a Guerra, 1915; e O Esquer-dismo, Doença Infantil do Comunismo, 1920. Vejatambém Imperialismo; Proletariado, Ditadurado; Social-democracia; Socialismo.

LEONE. Unidade monetária de Serra Leoa. Sub-múltiplo: cent.

LEONTIEF, Vassily (1906-1989). Economistarusso radicado desde 1931 nos Estados Unidos,criador da análise de input-output (insumo-pro-duto), que estimulou e desenvolveu o enfoquemacroeconômico com base em dados reais. Re-

cebeu em 1973 o Prêmio Nobel de Economia.Ao desenvolver pela primeira vez a análise dosgrandes agregados econômicos em termos de in-sumo-produto, Leontief inspirou-se no sistemaabstrato de equações do equilíbrio geral de Wal-ras, dando-lhe, porém, um conteúdo empírico,por meio de dados sobre os diferentes setoresque se inter-relacionam no processo econômiconorte-americano. Usando análise matemática ecomputação, Leontief estabeleceu, à maneira deQuesnay, um “quadro econômico” dos EstadosUnidos, em que a economia é descrita em termosde circulação, isto é, como um sistema integradode fluxos e transferências de insumos e produtosde um setor a outro da produção industrial.Cada setor absorve insumos de outros setores,além de produzir bens e serviços que serão uti-lizados, por sua vez, por outros setores, paraserem processados ou para consumo final. Como uso desse quadro, é possível detectar as con-seqüências que uma mudança num setor da eco-nomia traz para outros setores e para o conjunto.Os resultados do trabalho de Leontief foram pu-blicados em 1941 no livro The Structure of theAmerican Economy 1919-1929: An Empirical Ap-plication of Equilibrium Analysis (A Estrutura daEconomia Norte-americana 1919-1929: Uma Apli-cação Empírica da Análise do Equilíbrio). Numasegunda edição, em 1951, Leontief atualizou osdados até 1939. Em seguida, publicou uma obramais ampla sobre o assunto, Studies in the Struc-ture of the American Economy: Theoretical and Em-pirical Explorations in Input-output Analysis (Es-tudos na Estrutura da Economia Norte-ameri-cana: Explorações Teóricas e Empíricas na Aná-lise de Insumo-produto), 1953. O método deLeontief, que é uma dinamização da análise es-tática de Walras, pode ser aplicado tanto aosproblemas micro como macroeconômicos. Leon-tief estudou em Leningrado e Berlim, foi pro-fessor titular em Harvard desde 1946 e ocupoudiversos cargos de assessoria no governo dosEstados Unidos e na ONU. Publicou ainda Es-says in Economics (Ensaios em Economia), 1966;Input-output Economics (A Economia do Insumo-produto), 1966; e The Future of the World Economy(O Futuro da Economia Mundial), 1977.

LER NOVO. Unidade monetária da Albânia.Submúltiplo: quindarka.

LERNER, Abba P. (1905-1982). Economista nas-cido na Rússia e com formação em universida-des inglesas. Trabalhou nas universidades ame-ricanas, inicialmente com desdobramentos dasteorias marshallianas sobre preços, até as ques-tões relacionadas com concorrência imperfeitanos trabalhos de Joan Robinson e Edward Has-tings Chamberlin. Seu trabalho enfocou a ten-tativa de encontrar um conceito adequado de

LEONE 344

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poder de monopólio e a defesa do igualitarismoa partir da lei da utilidade marginal decrescente.Sua obra principal é The Economics of Control (AEconomia do Controle), na qual Lerner utilizaa análise marshalliana para defender a tese dosocialismo de mercado. No plano da políticaeconômica, Lerner estabeleceu as condições nasquais uma mudança na taxa de câmbio de umpaís melhoraria sua balança comercial. Esta con-dição é também chamada de Condição Mar-shall-Lerner e estabelece que, supondo altos pre-ços da elasticidade da oferta, uma desvaloriza-ção cambial melhorará a situação em conta cor-rente de um país, se a soma das elasticidadesda demanda interna por importações, mais a de-manda externa por exportações, for maior doque a unidade. Veja também Balanço de Paga-mentos; Curva J (Jota); Marshall, Alfred; So-cialismo de Mercado.

LEROY-BEAULIEU, Pierre Paul (1843-1916). Eco-nomista, empresário agrícola e jornalista francês,professor no Collège de France. Representantedo liberalismo econômico, rejeitou a teoria darenda de Ricardo e a Lei de Bronze dos Saláriosde Lassalle, expondo uma visão otimista e apo-logética do capitalismo. Em sua principal obra,Essai sur la Répartition des Richesses (Ensaio sobrea Repartição das Riquezas), 1881, Leroy-Beau-lieu procura mostrar que o fundo de saláriosaumenta com a riqueza das empresas. O aumen-to das riquezas produziria uma baixa dos juros,provocando uma diminuição do capital no pro-duto nacional e, em conseqüência, um aumentoda participação do trabalho. Também justificouos juros como um rendimento natural do capital,e o lucro, como uma justa remuneração do em-presário pelo seu espírito empreendedor, inven-tivo e pioneiro. Entre outras obras, escreveu:L’État Moral et Intellectual des Classes Ouvrières(O Estado Moral e Intelectual das Classes Tra-balhadoras), 1868; Traitè de la Science des Finances(Tratado da Ciência das Finanças), 1877; e TraitèThéoretique et Pratique d’Économie Politique (Tra-tado Teórico e Prático de Economia Política),1895.

L’ÉTAT C’EST MOI. Expressão em francês quesignifica, literalmente, “O Estado sou eu” e quecorresponde à monarquia absoluta.

LETRA DE CÂMBIO. Tipo de título negociávelno mercado. Consiste numa ordem de pagamen-to em que uma pessoa (sacador ou emitente)ordena que uma segunda pessoa (sacado) paguedeterminada quantia a uma terceira (tomadorou beneficiário). Deve trazer, de forma explícita,o valor do pagamento, a data e o local para efe-tuá-lo. Acredita-se que a letra de câmbio teveorigem na Itália, ainda na Idade Média, como

forma de evitar o transporte de grandes somasde dinheiro e, ao mesmo tempo, reduzir os pro-blemas ocasionados pelas diferentes moedas cu-nhadas em cada cidade. A forma atual da letrade câmbio e seu funcionamento foram desen-volvidos na Alemanha, no século XIX, quandose definiram as regras de sua circulação. A partirde então, as letras de câmbio passaram a tervalor próprio, tornando-se transmissíveis e comgarantia legal. Na prática, a letra de câmbio éuma forma de crédito: em pagamento a deter-minada compra, o sacador emite a letra de câm-bio, que será resgatada no dia de seu vencimen-to. O sacado, em geral uma instituição financei-ra, deve dar o aceite, ou seja, tornar-se o devedordireto da quantia estabelecida na letra de câm-bio. O sacador, no entanto, é o responsável pelopagamento, mesmo que o sacado não o faça.Em função da credibilidade do sacado, a letrade câmbio tem maior ou menor liquidez, ou seja,o beneficiário terá maior ou menor facilidadede vendê-la a outra pessoa (se a letra de câmbiofor nominal, basta um endosso), e assim pordiante, sempre com certo deságio.

LETRA DO TESOURO. Qualquer título emiti-do pelo governo federal, com prazo fixo e quepaga juros de mercado. As letras do Tesourosão usadas como instrumento de controle do di-nheiro circulante e de financiamento a investi-mentos e obras públicas. Recebem também onome de títulos de dívida pública. Veja tambémTítulo de Dívida Pública.

LETRA HIPOTECÁRIA. Título de crédito emi-tido por bancos hipotecários. É transmissível porendosso e garante a seu portador preferênciasobre todos os imóveis, capital e fundo de re-serva do banco.

LETRA IMOBILIÁRIA. Título de crédito emi-tido por sociedades de crédito imobiliário. Podeser emitida ao portador ou ser nominal (nestecaso, é transferível por endosso), rendendo ju-ros. Estes títulos não são emitidos com freqüên-cia, e praticamente não têm liquidez. No passa-do, eram também emitidos pelo extinto BancoNacional de Habitação, ocasião em que rendiamjuros e correção monetária; os recursos levanta-dos pela emissão destas letras destinavam-se ex-clusivamente à construção de casas populares.Veja também Banco Nacional de Habitação.

LETRA MONETÁRIA. Veja Marca Monetária.

LETTER OF INTENT. Veja Carta de Intenção.

LETTRES DE FAIRE. Expressão em francês quedesignava, nas feiras medievais, os contratosque os vendedores assinavam para entrega fu-tura dos produtos vendidos. Forma precursorados atuais contratos de futuros praticados nas

345 LETTRES DE FAIRE

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Bolsas de Valores. Veja também Mercado a Fu-turo; Mercado a Termo.

LEU. Unidade monetária da Romênia. Submúl-tiplo: ban.

LEV. Unidade monetária da Bulgária. Submúl-tiplo: stotinri.

LEVASSEUR, Pierre Émile (1828-1911). Econo-mista, estatístico e geógrafo francês. Considera-do o fundador da moderna história econômicana França, introduziu na história os ensinamen-tos da economia e de outras ciências sociais. Des-creveu sua área de trabalho como “arte econô-mica”, para diferenciá-la da teoria pura, defi-nindo esta como “ciência econômica”. Escreveupara a Grande Encyclopédie trabalhos de geografiae história do Brasil. Publicou: Recherches Histo-riques sur le Système de Law (Pesquisas Históricassobre o Sistema de Law), 1854; Histoires des Clas-ses Ouvrières en France, depuis la Conquête de JulesCésar jusqu’à la Revolution (História das ClassesOperárias na França, desde a Conquista de JúlioCésar até a Revolução), 1859; Histoires des ClassesOuvrières en France, depuis la Revolution jusqu’àNos Jours (História das Classes Operárias naFrança, desde a Revolução até Nossos Dias),1867; Du Rôle de l’Intelligence dans la Production(Sobre o Papel da Racionalização na Produção),1867; Cours d’Économie Rurale, Industrielle et Com-merciale (Curso de Economia Rural, Industrial eComercial), 1869.

LEVELLERS (Niveladores). Grupo de reforma-dores radicais do período da Revolução Puritanainglesa (1642-1651), formado por pequenos cam-poneses ameaçados de expulsão das proprieda-des rurais. Seu líder, John Lilburne, propunhaa implantação do regime republicano, reformaseconômicas e igualdade política e religiosa. Fo-ram derrotados por Cromwell.

LEVERAGE. Termo em inglês que significa “ala-vancagem”, isto é, a relação entre o capital pró-prio de uma empresa e o capital de terceiros eos efeitos desta estrutura de capital sobre a ren-tabilidade das ações da mesma. Este índice éimportante na medida em que orienta as deci-sões financeiras da empresa no sentido de de-terminar uma estrutura ótima de capital que mi-nimize os custos financeiros. O leverage pode tertambém um significado econômico, quando setomam como pontos de referência o volume devendas e sua variação sobre a magnitude doslucros.

LEVERAGED BUYOUT. Expressão em inglêsque significa a conquista do controle acionáriode uma empresa utilizando recursos de emprés-timos por um grupo de pessoas, entre as quaisgeralmente se encontra algum membro da ad-

ministração da empresa cujo controle acionárioé transferido.

LEVIATÃ. Conceito desenvolvido por ThomasHobbes na obra homônima, publicada em 1651.Hobbes considerava o homem um ser livre, mas,em virtude dessa liberdade, capaz de fazer omal a seus semelhantes. Para que não exista esserisco de destruição mútua, Hobbes via no Estado(Leviatã) a entidade capaz de controlar a socie-dade e evitar os conflitos. O Estado, personifi-cado na figura do rei, passa a ser o árbitro econtrolador da sociedade. O Leviatã é uma obraimportante para justificar o absolutismo, e, doponto de vista econômico, a forma política maisajustada à prática do mercantilismo. Veja tam-bém Mercantilismo.

LEWIS, William Arthur (1915-1991). Economis-ta inglês, especializado em modelos de desen-volvimento, com ênfase no papel dos setoresnão-capitalistas e da agricultura. Recebeu o Prê-mio Nobel de Economia de 1979, juntamentecom Theodore W. Schultz, por seus trabalhossobre os problemas do desenvolvimento dospaíses subdesenvolvidos. Em sua principal obra,Development with Unlimited Supplies of Labour(Desenvolvimento com Reservas Ilimitadas deTrabalho), 1954, Lewis elabora um modelo dua-lista de desenvolvimento, no qual o grande setornão-capitalista da economia, localizado no cam-po, fornece recursos para a expansão do setorurbano, capitalista, mediante abundantes reser-vas de mão-de-obra, deslocadas para o setor pro-dutivo da economia. Entretanto, Lewis não levaem conta que o setor não-capitalista da econo-mia é o responsável pela produção de alimentose que uma queda de produtividade nesse setorpode reverter as expectativas de um crescimentoreal da economia e dos salários. Ampliando oalcance de seu modelo, Lewis tentou explicar adeterioração dos termos de trocas entre os paísessubdesenvolvidos e desenvolvidos. Sua análisedo comércio internacional pretende mostrar queos custos de produção de matérias-primas e daindústria estão relacionados com a receita dosetor agrícola, que por sua vez depende do nívelde produtividade na produção de alimentos. Se-ria este, em última instância, o responsável peladeterioração do comércio internacional. Nascidona ilha de Santa Lúcia, no Caribe, Lewis foi du-rante vários anos vice-reitor da Universidade deWest Indies, professor na Universidade de Prin-ceton e o primeiro presidente do Banco de De-senvolvimento do Caribe, além de servir comoconsultor econômico aos governos de Gana, Ja-maica e Guiana. Escreveu mais de dez livros ede cem artigos, destacando-se entre eles: Econo-mic Problems of Today (Problemas EconômicosAtuais), 1940; The Principles of Economic Planning(Princípios do Planejamento Econômico), 1949;

LEU 346

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The Economics of Overhead Costs (A Economia dosCustos Fixos); The Theory of Economic Growth (ATeoria do Crescimento Econômico), 1955; Politicsin West Africa (Política na África Ocidental),1965; Reflection on The Economic Growth of Nigeria(Reflexões sobre o Crescimento Econômico daNigéria), 1967; The Evolution of the InternationalEconomic Order (A Evolução da Ordem Econô-mica Internacional), 1978; e Aspects of TropicalTrade (Aspectos do Comércio Tropical), 1969.

LIBERAL, ESCOLA. Veja Escola Clássica.

LIBERALISMO. Doutrina que serviu de subs-trato ideológico às revoluções antiabsolutistasque ocorreram na Europa (Inglaterra e França,basicamente) ao longo dos séculos XVII e XVIII,e à luta pela independência dos Estados Unidos.Correspondendo aos anseios de poder da bur-guesia, que consolidava sua força econômicaante uma aristocracia em decadência, amparadano absolutismo monárquico, o liberalismo de-fendia: 1) a mais ampla liberdade individual; 2)a democracia representativa com separação e in-dependência entre três poderes (executivo, le-gislativo e judiciário); 3) o direito inalienável àpropriedade; 4) a livre iniciativa e a concorrênciacomo princípios básicos capazes de harmonizaros interesses individuais e coletivos e gerar oprogresso social. Segundo o princípio do lais-sez-faire, não há lugar para a ação econômica doEstado, que deve apenas garantir a livre-con-corrência entre as empresas e o direito à pro-priedade privada, quando esta for ameaçada porconvulsões sociais. O pensamento econômico li-beral constitui-se, a partir do século XVIII, noprocesso da Revolução Industrial, com autorescomo François Quesnay, estruturando-se comodoutrina definitiva nos trabalhos de John StuartMill, Adam Smith, David Ricardo, Thomas Mal-thus, J.B. Say e F. Bastiat. Eles consideravam quea economia, tal como a natureza física, é regidapor leis universais e imutáveis, cabendo ao in-divíduo apenas descobri-las para melhor atuarsegundo os mecanismos dessa ordem natural.Só assim poderia o homo economicus, livre doEstado e da pressão de grupos sociais, realizarsua tendência natural de alcançar o máximo delucro com o mínimo de esforço. Os princípiosdo laissez-faire aplicados ao comércio internacio-nal levaram à política do livre-cambismo, quecondenava as práticas mercantilistas, as barrei-ras alfandegárias e protecionistas. A defesa dolivre-cambismo foi uma iniciativa fundamental-mente da Inglaterra, a nação mais industrializa-da da época, ansiosa por colocar seus produtosem todos os mercados europeus e coloniais.Com o desenvolvimento da economia capitalistae a formação dos monopólios no final do séculoXIX, os princípios do liberalismo econômico fo-ram cada vez mais entrando em contradição com

a nova realidade econômica, baseada na con-centração da renda e da propriedade. Essa de-fasagem acentuou-se com as crises cíclicas docapitalismo, sobretudo a partir da PrimeiraGuerra Mundial, quando o Estado se tornou umdos principais agentes orientadores das econo-mias nacionais. Coube a J.M. Keynes redefiniros pressupostos da economia clássica, conside-rando a intervenção do Estado na economia eos próprios monopólios uma evolução racionale natural no desenvolvimento capitalista. O li-beralismo econômico atual mantém-se mais noplano da retórica, pois, na prática, há muito di-rigismo econômico na sociedade capitalista mo-derna. Também as diretrizes dos mais impor-tantes organismos econômico-financeiros inter-nacionais, como o Fundo Monetário Internacio-nal (FMI) e o Acordo Geral de Tarifas e Comér-cio (GATT), contradizem os princípios do libe-ralismo clássico. Veja também Dirigismo; Esta-tismo; Mercantilismo; Planejamento Econômi-co; Planificação.

LIBERMAN, Yevsey Grigorievitch (1897-1975).Economista russo, crítico da centralização eco-nômica rígida da época de Stálin. Na década de60, defendeu uma relativa autonomia para asempresas, com a possibilidade de reinvestiremparte do excedente por conta própria e reorien-tarem sua produção em função das necessidadese do desejo dos consumidores. A reforma suge-rida por Liberman na economia soviética foi au-torizada a título de experiência em 1964 em duasempresas, estendida depois a quatrocentas em-presas da indústria leve e generalizada a partirde 1965. Constava de três pontos essenciais: li-berdade para as empresas ultrapassarem o planooficial de planejamento, com a condição de as-segurar a liquidação dos seus estoques; direitode entrarem em comunicação direta com outrasempresas; princípio de “direção única”, propor-cionando certa autonomia na gestão dos recur-sos e salários. Os resultados econômicos dessasempresas passaram a ser medidos pelo lucroreal, calculado segundo a contabilidade habitualdo capital investido, e não apenas pela estritaexecução do planejamento oficial. A experiênciadas idéias de Liberman mostrou a importânciada eficiência ante as considerações puramenteideológicas e refletiu as pesquisas recentes sobrea reabilitação do cálculo econômico e da taxade rentabilidade das empresas, definida comouma relação entre o lucro líquido e o montantede investimento. Entre os trabalhos publicadospor Liberman, destaca-se Os Métodos Econômicosda Elevação da Eficiência das Empresas Socialistas,1967.

LIBID. Iniciais da expressão inglesa London in-terbank bid rate, isto é, taxa de juros sob a qualos maiores bancos do mercado interbancário

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londrino estão dispostos a emprestar recursosentre si, à diferença da taxa de concessão deempréstimo (libor), estabelecida pelos bancos de-sejosos de emprestar excedentes de depósitosem eurodólares. A libid é mais baixa do que alibor.

LIBOR. Iniciais de London interbank offer rate, quesignifica a taxa de juros cobrada pelos bancoslondrinos e, juntamente com a prime rate — taxacobrada pelos bancos norte-americanos a seusclientes preferenciais —, serve de base para amaior parte dos empréstimos internacionais. Emtermos mais específicos, a libor é a taxa de juroscobrada pelos empréstimos em moedas, prazose magnitudes determinadas no mercado de eu-romoedas. A libor constitui uma base para a de-terminação das taxas de juros cobradas pelosbancos em seus empréstimos de médio prazo,que geralmente não ultrapassam os dois anos.A libor flutua de acordo com a situação finan-ceira internacional; no início dos anos 80, situou-se em patamares muito elevados, quase alcan-çando os 17% anuais (como taxa de juros no-minal, isto é, incluindo a inflação); na primeirametade dos anos 90, tem oscilado entre 4 e 7%ao ano. Veja também Adibor; Hkibor; JLTPR;Luxibor; Mercado de Euromoedas; Prime Rate;Sibor.

LIBRA. O sistema monetário durante o reinadode Carlos Magno (747-814) rompe com o sistemaromano (baseado no ouro) ao adotar o mono-metalismo de prata. Suas unidades de conta sãoa libra e o soldo, e, como unidade real, o denário.As equivalências entre elas eram as seguintes:1 libra = 20 soldos = 240 denários, sendo 1 soldo= 12 denários. O governo de Carlos Magno seencarregou de garantir com grande cuidado amanutenção do peso e do toque da prata, alémde reservar-se o direito exclusivo de cunhar alibra, estabelecendo as mais pesadas sançõesàqueles que ousassem falsificar ou que se ne-gassem a aceitar o denário como meio de paga-mento. O soldo era também chamado soldo ca-rolíngio. Atualmente, a libra é unidade mone-tária de vários países, especialmente da Grã-Bre-tanha, onde é denominada libra esterlina. Equi-valia a 20 xelins ou 240 pence. Depois da adoçãopela Inglaterra da cunhagem decimal, a partirde 1971, a libra esterlina passou a ser divididaem 100 novos pence, os quais equivalem a 2,4dos antigos, deixando-se de cunhar os xelins.Como unidade de peso, a libra é equivalente a453,59 g. No Brasil, antes da adoção do SistemaMétrico Decimal, a Casa da Moeda utilizava alibra-peso de 16 onças ou 447,104 g como uni-dade de medida de peso. Veja também Conver-são das Unidades de Pesos e Medidas; Cunha-gem; Sistemas de Pesos e Medidas; Unidadesde Pesos e Medidas.

LIBRA DE NAVIO. Unidade de peso utilizadana Inglaterra e correspondente a um peso quevaria entre 300 e 400 libras comuns, ou 136 e181 kg.

LICITAÇÃO. Procedimento administrativo cujoobjetivo é verificar, entre vários concorrentes,quem oferece condições mais vantajosas paracontratação de obras, serviços, compras e alie-nações da administração pública. Os princípiosque regem a licitação, independentemente doprincípio da moralidade, são o da publicidadee o da igualdade de tratamento entre os con-correntes.

LIDERANÇA DE PREÇO. Situação de merca-do que ocorre, em geral num oligopólio, quandouma das firmas que atuam no mercado impõeseu preço, sendo seguida pelas demais. Essa li-derança pode resultar da maior dimensão daempresa ou por seus custos de produção seremmais baixos. Pode ocorrer, entretanto, que a li-derança de preço seja exercida justamente pelaempresa que tem os maiores custos, o que irárequerer alguma forma de acordo entre as em-presas para o domínio do mercado.

LIFE CYCLE HYPOTHESIS. Teoria sobre asdecisões de poupar, considerando que as pes-soas poupam no presente para manter um nívelestável de consumo no futuro.

LIFO. Iniciais da expressão em inglês last in, firstout, que significa “último a entrar, primeiro asair”, cuja sigla em português é UEPS. Este sis-tema é utilizado no controle de estoques, valo-rização contábil dos mesmos e em alguns casosde formação de filas. Veja também Fifo.

LIFT A LEG. Expressão em inglês que significa,literalmente, “levantar uma perna”, e que, apli-cada ao mercado de futuros monetário, finan-ceiro, cambial e de commodities, significa fecharum lado de um hedge long-short, antes de liquidaro outro. Veja também Straddle the Market.

LIGA ÁRABE. Organização criada em marçode 1945 para promover a cooperação econômica,cultural e política entre os países árabes. Tevepapel de destaque durante a crise de Suez (1956),esteve à frente dos países-membros por ocasiãodo boicote do petróleo aos países ocidentais alia-dos de Israel (1972), enviou uma força de pazao Líbano (1976) e condenou os Acordos deCamp David, assinados em 1978 entre o Egitoe Israel. Originariamente, abrangia Egito, Iraque,Líbano, Arábia Saudita, Síria, Transjordânia (apartir de 1949, Jordânia); mais tarde, ingressa-ram Tunísia, Marrocos, Kuweit, Mauritânia, Iê-men do Norte, Iêmen do Sul, Argélia, Sudão,Omã, Qatar, Somália, União dos Emirados Ára-

LIBOR 348

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bes e a Organização para a Libertação da Pales-tina (OLP).

LIGA HANSEÁTICA. A mais poderosa confe-deração de cidades e mercadores da Idade Mé-dia européia, organizada com o objetivo de pre-servar os interesses dos comerciantes alemãesao longo da costa do mar Báltico e outras regiõesda Europa. Desenvolveu-se a partir de 1157 eem seu apogeu — séculos XIV e XV —, chegoua aglutinar cerca de mil cidades sob a liderançade Lübeck, estendendo sua influência comerciale política de Novgorod (Rússia) até Londres.Controlava a venda de pescado e sal do Báltico,peles russas, vinhos franceses, lã inglesa e pro-dutos de Portugal e Espanha. Para pertencer àliga, o comerciante tinha de ser alemão, pagaras taxas para o fundo de defesa comum e acataras decisões do grupo contra os inimigos. Essasnormas eram traçadas de três em três anos numcongresso realizado em Lübeck. Muitas vezesas rotas e entrepostos comerciais eram garanti-dos pela força armada contra os concorrentes(os principais eram os flamengos e os escandi-navos) e também contra os senhores feudais. Aassociação perdurou até 1669, enfraquecendo-sena medida em que se processava a formaçãodos Estados Nacionais.

LIGHT COIN. Expressão em inglês que signi-fica, literalmente, “moeda leve”, isto é, moedaque, devido à abrasão, tem o seu peso em metalinferior ao estabelecido por lei. No caso das moe-das de ouro, se a redução do peso fosse maiordo que o limite de tolerância (também determi-nado em lei), o seu valor legal seria reduzidona proporção dessa perda. No caso da moedadivisionária de prata, cobre e níquel, o princípionão se aplica, uma vez que estas moedas (a nãoser em casos excepcionais de hiperinflação) va-lem bem mais como moeda do que como metal,do qual elas são feitas. Veja também Abrasão.

LILANGENI. Unidade monetária da Suazilân-dia. Submúltiplo: cent.

LIMEAN. Iniciais da expressão inglesa Londoninterbank median average rate, que é a média dasmedianas da libid e da libor no mercado mone-tário europeu.

LIMIT DOWN. A máxima queda de preços per-mitida pelo regulamento em sessões de uma Bol-sa de Valores. Seu oposto, a elevação máximapermitida, é denominado limit up.

LIMITES. Valores máximo e mínimo de um tí-tulo ou ação, estabelecidos diariamente pelasBolsas de Valores, fora dos quais nenhuma ope-ração pode ser efetuada. Têm a finalidade demanter certo equilíbrio no mercado e evitar es-peculação desenfreada. Negócios sem limites de

preço podem ser realizados no dia de lançamen-to de uma ação ou em condições especiais, sem-pre a critério da direção da Bolsa.

LIMITES DE TOLERÂNCIA NÃO-PARAMÉ-TRICOS. São os determinados por processo quedispensa o conhecimento da distribuição da po-pulação de que provém a amostra sobre a qualse baseia aquela determinação.

LIMIT UP. Veja Limit Down.

LINDER. Veja Tese de Linder.

LINGOTE. Forma em que são produzidos e es-tocados os metais preciosos, especialmente oouro e a prata, também denominada barra deouro e prata ou pela palavra em inglês bullion.A Casa da Moeda do Brasil produz lingotes deouro nas seguintes dimensões: barra de 250 g— forma trapezoidal com 64 mm por 31 mmde base, altura de 7 mm e topo com 67 mm por33 mm; barra de 1 kg — base de 99 mm por 44mm, altura de 12 mm e topo de 104 mm por49 mm; barra de 100 onças (onça-troy = 31,103g), base de 99 mm por 44 mm, altura de 31 mme topo de 111 mm por 56 mm; e barra de 400onças — base 198 mm por 79 mm, altura de 37mm e topo de 210 mm por 95 mm. Na atividadetipográfica, é uma peça de chumbo (antimônio)usada para deixar espaços em branco numacomposição.

LINHA DA POBREZA. Nível de renda que de-fine a população pobre de um país. Geralmente,se considera um determinado nível de consumode bens essenciais e quanto esse conjunto repre-senta em termos monetários. Aqueles que rece-bem menos do que tal montante em dinheiroestariam abaixo da linha da pobreza. Em muitoscasos, esses números aparecem em porcenta-gens, isto é, que porcentagem da população en-contra-se abaixo dessa linha.

LINHA DE MONTAGEM. Sistema de produ-ção industrial no qual os trabalhadores são dis-postos numa seqüência, de modo que o produtovai sendo elaborado ao passar por eles, por meiode operações sucessivas. A linha de montagempode ser instalada sobre um sistema de esteirasrolantes, no qual as operações efetuadas pelostrabalhadores têm um tempo preciso para serrealizadas, ou sobre uma grande mesa imóvel,em que cada trabalhador, sucessivamente, exe-cuta uma etapa da produção de um produto. Éuma forma de organização do trabalho bem par-celada e especializada, com o objetivo de au-mentar a produtividade industrial. O sistema delinha de montagem está historicamente ligadoà indústria automobilística, onde foi introduzidopor Henry Ford. Veja também Consórcio Mo-dular; Ford, Henry.

349 LINHA DE MONTAGEM

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LINHA HORÁRIA INTERNACIONAL. Linhaque corresponde mais ou menos ao meridiano180 do lado oposto do de Greenwich, no qualo dia começa para a determinação da data. As-sim, por exemplo, quando a segunda-feira teminício nesta linha, ainda é domingo em qualqueroutro lugar do mundo. Nos últimos tempos,com a integração do mercado financeiro inter-nacional, essa demarcação ganhou grande im-portância, pois os países que se encontram a les-te da linha ainda estão na data anterior, e osque se encontram a oeste já estão na data se-guinte. Dessa forma, as operações na Bolsa deValores de Tóquio, por exemplo, podem ter iní-cio na segunda-feira pela manhã, quando a Bolsade Nova York ainda não começou a operar, por-que lá ainda é domingo. Este meridiano liga ospólos mais ou menos na altura da metade dooceano Pacífico. Veja também Greenwich.

LINHA INTERNACIONAL DA DATA. VejaLinha Horária Internacional.

LIPSEY EQUATION. Veja Equação de Lipsey.

LIQUIDAÇÃO. Em termos amplos, é a conver-são de estoques ou ativos de uma empresa emdinheiro. É comum uma empresa com proble-mas de liquidez (falta de dinheiro em caixa) pro-mover uma liquidação parcial — isso consiste, ge-ralmente, em vender estoques ou vender partedo ativo, tanto para comprar matéria-primacomo para poder pagar dívidas. Em alguns ca-sos, é feita a liquidação total da empresa, comconseqüente fechamento da firma. Essa liquida-ção pode ser amigável ou voluntária, quando éda iniciativa dos próprios interessados; ou for-çada, quando feita sob mandado judicial. Nesteúltimo caso, não é necessário ser uma falência;alguns casos expressos em lei obrigam ao fecha-mento da firma e, portanto, à liquidação de seuativo — isso ocorre, por exemplo, com a socie-dade anônima que passe a ter menos de setesócios. A liquidação precipitada, caracterizada pelavenda de estoques e ativos a preços muito bai-xos, sem motivos plausíveis, pode trazer prejuí-zos aos credores (levando à insolvência da em-presa). Essa é uma das situações previstas emlei que permitem o pedido de falência contra ocomerciante.

LIQUIDEZ. Disponibilidade em moeda corren-te, meios de pagamento, ou posse de títulos, ouvalores conversíveis rapidamente em dinheiro.Dependendo do tipo de aplicação financeira, aliquidez pode ser maior ou menor, sendo inver-samente proporcional aos prazos em que as apli-cações financeiras forem feitas: por exemplo,aplicações de longo prazo têm menor liquidezdo que aplicações de curto prazo. A liquidezabsoluta, no entanto, só é possuída pelo papel-

moeda e a moeda metálica numa economia. En-tre títulos ou aplicações com o mesmo prazo devencimento, terão maior liquidez aqueles títulosque possam ser vendidos mais facilmente nomercado, como acontece, no mercado acionário,com as ações consideradas blue chips. Para umaempresa, a liquidez é representada pelo dispo-nível (dinheiro em caixa mais títulos de merca-do) e pelo realizável a curto prazo (mercadoriasvendidas a prazos inferiores a seis meses, du-plicatas e promissórias). Veja também Blue Chip;Liquidez Internacional; Preferência pela Liqui-dez; Quase-Moeda.

LIQUIDEZ INTERNACIONAL. Capacidadeque um país tem de pagar seus débitos nos pra-zos estabelecidos em nível internacional. Comoos outros países dependem desses pagamentospara também realizarem os seus, o fato de umpaís protelar ou deixar de pagar seus débitosafeta a liquidez internacional ou a capacidadede os países credores realizar pagamentos. Porisso, nos momentos em que um país apresentafalta de liquidez, ele pode solicitar empréstimosao Fundo Monetário Internacional (FMI), de for-ma a poder cumprir seus compromissos e nãoromper o fluxo de transações internacionais ouainda reduzir de forma indesejável a liquidezinternacional. Veja também FMI; Default; Dí-vida Externa; Reservas.

LIQUIDITY TRAP (Armadilha da Liquidez).Processo identificado por Keynes e que consisteno seguinte: uma situação na qual o aumentoda oferta de dinheiro não tem por conseqüênciauma queda das taxas de juros, mas simplesmen-te provoca um incremento nos saldos monetá-rios ociosos. A explicação do fenômeno é que,em condições normais, um aumento na ofertamonetária resultaria num aumento do preço dostítulos, na medida em que os indivíduos pro-curariam adquirir ativos e não permanecer commoeda, e isto provocaria uma tendência paraqueda na taxa de juros. Mas, na situação descritapor Keynes, os indivíduos acreditam que o preçodos títulos estão muito elevados, e certamentediminuirão, assim como as taxas de juros se en-contram em níveis muito baixos, e certamenteaumentarão no futuro imediato. Assim sendo,acreditam que a aquisição de títulos acarretaráuma perda, e por isso mantêm o dinheiro naforma líquida. Em conseqüência, a expansão daoferta monetária apenas provoca o incrementodos saldos monetários ociosos, não afetando onível da taxa de juros.

LIRA. Unidade monetária da Itália (lira italiana;submúltiplo: centesimi), de San Marino (lira ita-liana; submúltiplo: centesimi), do Vaticano (liraitaliana; submúltiplo: centesimi), de Chipre (setor

LINHA HORÁRIA INTERNACIONAL 350

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turco, lira turca; submúltiplo: kurush) e da Tur-quia (lira turca; submúltiplo: kurush).

LISBOR. Iniciais da expressão em inglês Lisboninterbank offered rate ou taxa de juros interban-cária do mercado financeiro de Lisboa (Portu-gal). Veja também Libor.

LISENTE. Veja Loti.

LIS PENDENS. Expressão latina que denota aexistência de alguma pendência legal (ou litígio)sobre algum título de propriedade. Em funçãodo resguardo de direitos, sua existência deveser tornada pública.

LIST, Friedrich (1789-1846). Economista e polí-tico alemão, teórico do nacionalismo econômicoe do protecionismo. Professor em Tübingen, Listliderou em 1819 uma associação de comerciantese industriais alemães (o Zollverein), que lutavapela unificação econômica do país, com a eli-minação das barreiras alfandegárias entre seusEstados independentes e a criação de taxas paraos produtos estrangeiros. Por sua atividade po-lítica, List foi condenado em 1820 e exilou-seem vários países europeus e nos Estados Unidos(1825). De volta à Alemanha em 1832, continuoua lutar pela união alfandegária, concretizadadois anos depois. Em 1841, List publicou suaobra mais importante, Das nationale System derpolitischen Ökonomie (O Sistema Nacional de Eco-nomia Política), na qual expôs uma teoria pro-tecionista em favor da nascente indústria alemã,defendeu a industrialização como meio de su-perar o atraso econômico e atacou a doutrinainglesa do livre-comércio, por basear-se na de-sigualdade do desenvolvimento entre os paísese mascarar o imperialismo inglês. Defendeu aativa intervenção do Estado no desenvolvimen-to das forças produtivas nacionais. List classificao desenvolvimento dos países em cinco estados:selvagem, pastoril, agrícola, agrícola-manufatu-reiro e agrícola-manufatureiro-comercial. O Es-tado deveria realizar o equilíbrio entre a agri-cultura, a indústria e o comércio. Seu protecio-nismo era parcial, por fundamentar-se na indús-tria e excluir a agricultura, e provisório, apli-cando-se somente às indústrias nascentes, e sóaté o ponto em que elas estivessem suficiente-mente fortes para competir com as do exterior.Durante seu exílio nos Estados Unidos, List es-creveu Outlines of American Political Economy (Es-boço de uma Economia Política Norte-america-na), 1827.

LISTA NEGRA. Lista contendo nomes de tra-balhadores, geralmente com capacidade de agi-tação e organização sindicais (ou de greves), queos empresários elaboram e distribuem entre si,para que tais trabalhadores demitidos de umaempresa não sejam admitidos em outra.

LIVING TRUST. Veja Trust.

LIVRE-CÂMBIO. Regime no qual a taxa decâmbio — ou preço da moeda de um país emrelação a outra moeda — fica livre para flutuarsegundo as variações em sua procura e ofertamundiais, não sendo fixa em termos de um me-tal precioso como o ouro nem mantida estávelpor iniciativa governamental. Nesse regime, sea oferta de uma moeda excede sua procura, seuvalor de troca tende a cair, estimulando a pro-cura e diminuindo o excesso da oferta. Tais flu-tuações, tidas como nocivas ao comércio exte-rior, são evitadas por métodos artificiais estabe-lecidos pela maioria dos países (por meio deórgãos como o FMI, por exemplo), para garantira estabilidade da taxa cambial.

LIVRE-COMÉRCIO. Doutrina econômica se-gundo a qual o fluxo de mercadorias e serviçosentre os países não deve ser submetido a tarifas,a restrições quantitativas, ou a quaisquer outrosimpedimentos criados ou encorajados por inter-venção governamental direta. Baseia-se na tesesegundo a qual o uso pleno dos recursos eco-nômicos mundiais e a conseqüente melhoria dospadrões de vida seriam inversamente propor-cionais às obstruções ao comércio entre países.Deriva da teoria clássica do comércio interna-cional, que em fins do século XVIII reagiu contrao protecionismo da doutrina mercantilista, re-forçando um novo liberalismo econômico ligadoà doutrina do laissez-faire. O livre-comércio pre-valeceu na Inglaterra por quase um século, en-quanto o país dominava o comércio internacio-nal. Após a Primeira Guerra Mundial, o nacio-nalismo econômico atingiu seu apogeu e o li-vre-comércio foi substituído pelo protecionismo.Depois da Segunda Guerra Mundial, no entanto,desenvolveram-se internacionalmente o comba-te ao protecionismo e a busca de redução dasbarreiras comerciais, sobretudo em relação aosbens manufaturados. Veja também Laissez-fai-re; Mercantilismo; Protecionismo.

LIVRE-CONCORRÊNCIA. Veja Concorrência.

LIVRE-EMPRESA. Doutrina econômica basea-da nos princípios da propriedade e da iniciativaprivadas. No regime de livre empresa, típico docapitalismo, o indivíduo é considerado absolu-tamente livre para exercer qualquer atividadeeconômica e dispor dos meios de produção daforma que lhe for mais eficiente para atingir olucro. Para alcançar esse objetivo, as empresassão soberanas para contratar, produzir e deter-minar o preço que lhes parecer mais convenien-te. Idealmente, a livre concorrência e o livre jogodas forças de mercado (oferta e procura) seriamos elementos controladores dessa liberdade eco-nômica. A doutrina da livre empresa está ali-

351 LIVRE-EMPRESA

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cerçada nos princípios do liberalismo econômicoou laissez-faire, que afasta qualquer participaçãodo Estado nos mecanismos da produção e dacomercialização. A esse caberia apenas zelarpela segurança pública e garantir o direito à pro-priedade. Veja também Capitalismo; Dirigismo;Intervencionismo; Laissez-faire; Liberalismo.

LIVRE-INICIATIVA. Princípio do liberalismoeconômico que defende a total liberdade do in-divíduo para escolher e orientar sua ação eco-nômica, independentemente da ação de grupossociais ou do Estado. A liberdade para as ini-ciativas econômicas, nesse sentido, implica a to-tal garantia da propriedade privada, o direitode o empresário investir seu capital no ramoque considerar mais favorável e fabricar e dis-tribuir os bens produzidos em sua empresa daforma que achar mais conveniente à realizaçãodos lucros. Os limites da livre-iniciativa, de acor-do com a economia clássica, estariam determi-nados no próprio sistema de concorrência entreempresários particulares, cabendo ao Estadoapenas garantir a manutenção dos mecanismosnaturais da economia de mercado. Nas condi-ções atuais do desenvolvimento capitalista, a ne-cessidade de defender o sistema dos efeitos dascrises cíclicas levou o Estado a impor limites àlivre-iniciativa, seja atuando diretamente noprocesso produtivo, seja agindo como elementoorientador de investimentos e controlador de de-sajustes sociais.Veja também Dirigismo.

LIVRO-CAIXA. Livro de escrituração contábilde uma empresa, no qual são registradas as en-tradas e saídas de dinheiro. Em geral, possuiduas colunas: a da direita, relativa às importân-cias pagas; e a da esquerda, relativa às impor-tâncias recebidas. Nas empresas que fazem pa-gamentos e recebimentos por meio de bancos,o livro-caixa pode receber mais duas colunas re-ferentes a essas importâncias. Os saldos diáriosdo livro-caixa mostram, a qualquer tempo, aquantidade de dinheiro em poder da empresa,e devem ser transportados para outro livro, odiário, sob o título Caixa — Deve ou Haver.

LIVRO DA CAPA VERDE. Veja DemarcaçãoDiamantina.

LLOYD. Veja Atuária.

LMT DEBT. Iniciais da expressão em inglês longand medium term debt, que significa “dívida demédio e longo prazos”.

LOAD UP. Expressão em inglês que designauma situação no mercado financeiro na qual umoperador (especulador) comprou títulos ou açõ-es no limite de sua capacidade financeira comfins especulativos, ou que tal operador está lo-

tado com títulos indesejáveis, ou de baixa liqui-dez no mercado.

LOBBY. Termo em inglês que significa, literal-mente, “vestíbulo” ou “ante-sala”, mas que serefere a pessoa ou grupo organizado para pro-curar influenciar procedimentos e atos dos po-deres públicos como o Executivo, o Legislativoe o Judiciário. Esta atividade desenvolveu-separticularmente no Legislativo dos Estados Uni-dos, onde foi regulamentada em 1946. Empresas,grupos econômicos, sindicatos e associações declasse mantêm escritórios (ou contratam escri-tórios especializados) devidamente registradosem Washington, que acompanham atentamenteas atividades do Legislativo e se relacionam di-retamente com os deputados e/ou senadoresque têm mais influência nas comissões para oencaminhamento e a aprovação de leis. Tais es-critórios preparam argumentos, organizam cam-panhas e fazem diversos tipos de movimentaçãopara tentar impedir a aprovação de leis desfa-voráveis aos grupos ou empresas que repre-sentam, ou acelerar a tramitação e obter a apro-vação daquelas leis que interessam a tais grupos.No Brasil, embora não exista legislação especí-fica regulamentando a atividade, esses grupose escritórios de “lobistas” proliferam, especial-mente em Brasília, exercendo em alguns casosgrande influência sobre a aprovação ou rejeiçãode projetos de lei pelo Congresso Nacional.

LOBISMO. Atividade desenvolvida pelos lob-bies. Veja Lobby.

LOBISTA. Veja Lobby.

LOC. Iniciais de letter of credit, que significa “car-ta de crédito”.Veja também Carta de Crédito.

LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL. O estudo dasinfluências que determinam a distribuição geo-gráfica de empresas levou à elaboração de uma“teoria da localização”, que busca facilitar a to-mada de decisões dos empresários nesse senti-do. Essa especialidade originou-se dos estudosde Von Thünen, que desenvolveu modelos delocalização em condições de competição perfei-ta, visando à maximização de lucros. Como re-sultado desses modelos, a decisão para escolhade local de instalação da indústria era tomadaem função da natureza do produto e dos custosde transporte até o mercado consumidor. O mo-delo mais simples supõe que os custos de pro-dução, em qualquer localidade, sejam os mes-mos. Então, o problema resumir-se-ia em esco-lher uma região onde os custos de distribuiçãosejam os mais baixos possível. Na realidade, osfatores não são tão controláveis e variam desdeo custo do terreno até simpatias pessoais. Paraproduzir, uma empresa necessita fundamental-mente de mão-de-obra, combustíveis, matérias-

LIVRE-INICIATIVA 352

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primas e máquinas. Ao mesmo tempo, deve teracesso relativamente fácil a seu mercado consu-midor. Essas condições devem equilibrar-se deforma a diminuir ao máximo o custo da unidadeproduzida. Em alguns tipos de indústria, umdos fatores citados é o mais importante. As mi-nerações, por exemplo, devem situar-se nos lo-cais onde estão as jazidas. As siderúrgicas, de-vido ao alto custo do transporte do carvão, tam-bém costumam procurar localizações não muitodistantes das jazidas (isso explica por que asprimeiras fábricas do mundo concentraram-sejunto às minas). E, no passado, algumas fábricassituavam-se perto de quedas-d’água para apro-veitamento da energia hidráulica. Atualmente,com a distribuição de energia elétrica atravésde grandes distâncias, não há mais necessidadede a indústria ficar tão restrita à proximidadeda fonte energética. Quando o custo de trans-porte da matéria-prima não é fundamental, oscustos de distribuição do produto podem passara ser decisórios. Indústrias de bens de consumoduráveis (geladeira, televisores, fogões), porexemplo, tendem a procurar locais próximos agrandes centros urbanos, onde se concentra seumercado consumidor. Também a intervençãogovernamental pode alterar os fatores decisó-rios. Assim, procurando desenvolver determi-nadas regiões, os governos podem doar terre-nos, conceder isenções de impostos ou subven-cionar os custos de serviços básicos (como águae energia elétrica). Veja também Incentivos Fis-cais; Zona Franca; Thünen, Johann Heinrich von.

LOCKE, John (1632-1704). Filósofo e economis-ta inglês, teórico do empirismo e do liberalismo.Em Two Treatises on Government (Dois Tratadossobre o Governo), 1690, propõe uma monarquiaconstitucional, liberal e representativa, defen-dendo a tese de que os homens são iguais elivres por natureza e formam a sociedade porlivre consentimento (o contrato social) e combase em direitos naturais, como a integridadepessoal e a propriedade. Entende a finalidadeda vida social como a de produzir a maior quan-tidade possível de coisas úteis, não importandocomo sejam distribuídas. Essas idéias exerceramprofunda influência nos teóricos clássicos do li-beralismo econômico inglês (Adam Smith, Mal-thus, Ricardo). Locke opunha-se à limitação dosjuros. Era ainda influenciado pelas idéias mer-cantilistas. Já considerava o trabalho, e não aterra, a fonte principal do valor dos bens. EmSome Considerations on the Consequences of the Lo-wering of Interest and Raising the Value of Money(Algumas Considerações sobre as Conseqüên-cias da Baixa dos Juros e da Elevação do Valorda Moeda), 1692, o autor analisa a formação dospreços em função da oferta e da procura, ado-

tando a teoria quantitativa da moeda, que rela-ciona o nível dos preços à quantidade de moedaem circulação.

LOCK-IN EFFECT. Veja Efeito Lock-In.

LOCKOUT. Paralisação das empresas pelospróprios empregadores. Seus objetivos podemser: 1) frustrar a realização de uma greve; 2) in-duzir os grevistas de outras empresas a voltaremao trabalho para não prejudicar os companhei-ros das empresas fechadas pelos patrões; 3) pro-testar contra medidas governamentais; 4) forçarelevação de preços e/ou tarifas de bens ou ser-viços.

LOGARITMO NATURAL. Logaritmo de umnúmero é a potência à qual a base do logaritmodeve ser elevada para ser igual àquele número.Por exemplo, se a base de um logaritmo é w,então, Log w b = 1, de tal forma que b = w1.A base dos logaritmos mais comumente usadaé a 10, dos chamados logaritmos comuns, e onúmero e = 2,718, também chamado logaritmoneperiano ou logaritmo natural, e representadopelas letras Ln.

LOGÍSTICA, Curva. Uma função da forma Y= A/(1 + e elevado a (a+bX)), onde X e Y sãovariáveis, A, a, b são constantes e e é a base doslogaritmos naturais (neperianos). O gráfico des-ta função tem a forma de um S e esta fórmulaàs vezes é utilizada para representar o valor deuma variável econômica no tempo, ou de umavariável demográfica (especialmente do cresci-mento de uma população). Veja também Curvade Crescimento.

LÓIDE BRASILEIRO. Maior empresa da Ma-rinha Mercante brasileira, criada em 1890. Esta-tal à época de sua fundação, foi transformadaem sociedade de economia mista em 1967, sobcontrole acionário do governo. Possui linhas re-gulares para todos os continentes. Tem escritó-rios em Nova York, Tóquio, Hamburgo, Gênovae Buenos Aires.

LOMBARD RATE. Veja Lombarda, Taxa.

LOMBARDA, Taxa. Taxa de juros instituída pe-los bancos na Alemanha sobre empréstimos co-lateralizados (garantidos) por securities. O termoé usado oficialmente pelo Bundesbank (BancoCentral da Alemanha), que fixa a taxa lombardaem 0,05% acima de sua taxa de desconto. Infor-malmente, é usada por bancos europeus quandose refere a empréstimos garantidos por securities.

LOMBARD STREET. Rua na city londrinaonde estão sediados os principais bancos do

353 LOMBARD STREET

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país. O correspondente inglês da Wall Street deNova York. Veja também Lombarda, Taxa.

LOMÉ. Veja Convenção de Lomé.

LOMI. Iniciais da expressão em inglês letter ofmoral intent, que significa um documento obtidopor uma empresa sem as suficientes garantiaslegais, geralmente dado pela matriz em relaçãoa uma filial.

LONG. Termo utilizado no mercado financeiropara designar operador com ações ou títulos quepossui uma quantidade maior desses papéis doque deve entregar a compradores num momentodado. Essa situação se aplica geralmente aosoperadores do tipo bull, ao contrário dos bears,cuja posição é exatamente a contrária, ou seja,a posição por eles mantida é em geral (vendida)short. Veja também Bull; Bear; Long Account;Shorts.

LONG ACCOUNT. Expressão em inglês que,aplicada ao mercado financeiro, significa queum título ou o conjunto de títulos adquiridosno mercado são mantidos na expectativa de umaelevação de suas cotações.

LONGA MANUS. Expressão em latim que sig-nifica, literalmente, “longa mão”, mas que, apli-cada no campo administrativo, designa o pro-longamento do poder público. Neste sentido,uma autarquia é uma longa manus ou prolonga-mento do poder público.

LONG PULL. Expressão em inglês utilizada nomercado financeiro quando a compra de um tí-tulo é feita na expectativa de mantê-lo duranteum longo período de tempo antes que os lucrosda operação possam ser realizados.

LONGFIELD, Samuel Mountifort (1802-1884).Economista e jurista irlandês. Primeiro professorda cadeira de economia política do Trinity Col-lege, em Dublin (Irlanda), foi precursor da teoriada utilidade marginal. Sua principal obra, Lec-tures on Political Economy (Conferências sobreEconomia Política), 1834, em geral seguiu asdoutrinas fundamentais da economia clássica,mas introduziu inovações. Identificou o valorde um bem com sua utilidade. Afirmou que aconcorrência asseguraria o equilíbrio entre ofer-ta e procura e que a procura seria determinadapela utilidade. Longfield refutou a teoria do fun-do de salário, argumentando que os salários dostrabalhadores dependem do valor de seu traba-lho e não de suas necessidades, naturais ou ad-quiridas. Antecipou uma teoria marginal da pro-dutividade do trabalho e do capital. A demandade trabalhadores dependeria da “utilidade ouvalor do trabalho que eles são capazes de rea-

lizar”; o capital seria útil por ajudar o trabalhoa tornar-se mais produtivo; os lucros do capitaldependeriam de sua produtividade; e esta seriadeterminada marginalmente pela porção do ca-pital menos eficiente em ajudar o trabalho.Longfield realizou ainda trabalhos sobre tarifas,taxas de juros e ciclos econômicos que se ante-ciparam a idéias posteriores, principalmente asanálises da escola austríaca. Escreveu aindaThree Lectures on Commerce and one on Absenteeism(Três Conferências sobre Comércio e Uma sobreAbsenteísmo), 1835.

LONGO, Carlos Alberto (1941- ). Nasceu emSão Paulo e graduou-se em economia na Facul-dade de Ciências Econômicas da UniversidadeMackenzie (SP) em 1971. Obteve o título de dou-tor em economia pela Universidade de Rice(EUA) em 1978, e tornou-se professor titular daFaculdade de Economia e Administração daUniversidade de São Paulo em 1989. Seus tra-balhos e pesquisas têm tratado de questões tri-butárias e orçamentárias relacionadas com oprocesso de desenvolvimento econômico. Seuslivros mais importantes são: Em Defesa de umImposto de Renda Abrangente (1984), Caminhospara a Reforma Tributária (1986) e Estado Brasileiro:Diagnóstico e Alternativas (1990). Foi presidenteda Academia Nacional de Direito e Economiaentre 1989 e 1991, e membro da Comissão Exe-cutiva de Reforma Fiscal em 1992. É membrodo Conselho de Diretores do Institute of Eco-nomics Fernand Brandel desde 1992. É professorde economia da Faculdade de Economia e Ad-ministração da Universidade de São Paulo.

LONGO PRAZO. Termo aplicado aos venci-mentos (de créditos ou débitos) que ocorrerãoapós um período de tempo longo. Esse períodovaria conforme o caso: no que se refere a umaletra de câmbio, por exemplo, o longo prazo in-dica aplicações superiores a 360 dias; já na com-pra de uma casa ou um empréstimo internacio-nal, indica prazos de vários anos. No âmbitofinanceiro, longo prazo significa um período su-perior a cinco anos. Em outra acepção, AlfredMarshall denominou longo prazo aquele em queexiste tempo suficiente para que o abastecimentode insumos para a produção de commodities sejafeito para se adaptar às mudanças na demanda.Veja também Curto Prazo.

LOP. Iniciais da expressão em inglês law of oneprice, que significa que uma mercadoria terá omesmo preço, qualquer que seja a moeda utili-zada para comprá-la.

LORENZ, Curva de. Representação gráfica dadistribuição da renda usada pela primeira vezem 1905 por M.C. Lorenz.

LOMÉ 354

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Consiste em representar sobre o eixo horizontal(em porcentagem) o total dos destinatários darenda, e sobre o eixo vertical, a soma (ou por-centagem também) de todas as rendas recebidasno período (em geral, um ano). Ligando os pon-tos desses dois eixos, pode-se traçar uma linhaascendente a partir do ponto 0, com ângulo de45, o que representaria a curva de distribuiçãoideal da renda ou de igualdade absoluta: porexemplo, 10% da renda total corresponderiama 10% das pessoas que receberam renda ou 90%da soma da renda total corresponderiam a 90%das pessoas a quem essa renda foi destinada. Arepresentação da renda real sobre esse gráficomostrará como se distribuem os diferentes gru-pos de pessoas em relação a essa distribuiçãoideal. A curva que surge então poderá ser assiminterpretada: x% das pessoas mais pobres per-ceberam y% da renda total, ou, ao contrário, y%das rendas mais baixas corresponderam a x%de pessoas. A curva serve, portanto, para mediro grau de desigualdade entre os limites opostosda distribuição da renda.

LORO ACCOUNTS. Expressão ítalo-inglesa que,aplicada ao mercado interbancário internacio-nal, designa as contas correntes dos bancos deum país em bancos no exterior, nas unidadesmonetárias desses países, mantidas a favor deseus clientes. Literalmente, a expressão significa“conta deles”.

LS. Abreviação da expressão em inglês place ofthe seal, que significa lugar de embarque.

LOTAÇÃO MODULAR. Medida da capacida-de que um imóvel rural tem de absorver umdeterminado número de famílias de acordo coma sua capacidade de uso, condições regionais deprodução e mercado nos projetos de ReformaAgraria e Desenvolvimento.

LTDA. Abreviação de “limitada”, isto é, daque-las sociedades empresariais nas quais a respon-sabilidade de seus proprietários limita-se ao ca-pital investido na empresa, ou seja, sociedades

limitadas. Corresponde, nos Estados Unidos, aInc. (incorporated), embora naquele país, em al-guns Estados, se utilize também a abreviação“Ltd”, correspondente à palavra limited.

LOTE. Grupo de bens ou valores, iguais ou di-ferentes, colocado à venda em leilão. No mer-cado de títulos, é o grupo de ações ou títulosde qualquer natureza, arrematado em leilão ouem pregão normal das Bolsas. No mercado imo-biliário, é um terreno objeto de parcelamentode uma área maior.

LOTE ECONÔMICO DE COMPRA. Trata-se da quantidade de matérias-primas, pro-dutos semi-acabados ou acabados (peças,por exemplo) que uma empresa encomendade cada vez para minimizar seu custo total,levando-se em conta as despesas de armaze-namento, os juros do capital empatado e asdespesas gerais de compra.

LOTE FRACIONÁRIO. Denominação dada nasBolsas de Valores a um lote que não contenhaum número de unidades igual a um múltiplointeiro do lote padrão. Veja também Lote Pa-drão; Lote Redondo.

LOTE PADRÃO. Denominação dada nas Bol-sas de Valores à quantidade mínima de açõesvendidas e compradas nos pregões. No Brasil,esse lote padrão costuma ser de mil ações.

LOTE REDONDO. Denominação dada nas Bol-sas de Valores a um lote de títulos, ações etc.que corresponde a um múltiplo inteiro de umlote padrão. Veja também Lote Fracionário.

LOTI. Unidade monetária de Lesoto. Submúl-tiplo: lisente.

LOW GRADE. Expressão em inglês que signi-fica “baixa qualidade” e designa mercadorias,títulos, ações de qualidade inferior. Veja tambémMoody’s Investors Service; Standard & Poor’s.

LTCM. Iniciais de Long Term Capital Manag-ment (Administração de Investimentos de Lon-go Prazo), denominação de um fundo de inves-timentos norte-americano que, ao apresentarfortes perdas durante o mês de setembro de1998, teve de ser socorrido pelo Fed (Banco Cen-tral dos Estados Unidos), para evitar que hou-vesse uma reação em cadeia e outro fundos fos-sem também afetados, gerando uma crise finan-ceira de grandes proporções. O fato relevante éque este fundo tinha como consultores dois ga-nhadores do Prêmio Nobel de Economia, RobertMerton e Myron Scholes, os quais, durante osanos 70, haviam desenvolvido fórmulas pararealizar operações no mercado financeiro comrisco mínimo de perdas. Veja também PrêmioNobel (Economia).

100%

Renda

90

80

70

50

60

40

30

20

10

10 20 100908070605040301,0

100,0

35,0

49,5

25,2

18,613,5

9,15,93,2 População

355 LTCM

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LTN — Letras do Tesouro Nacional. Títulos derenda fixa, com taxas de juros convencionais,emitidos pelo governo federal e utilizados parafinanciar obras públicas e para controlar as ope-rações de open market. Quando há excesso deliquidez (muito dinheiro em circulação), o go-verno vende LTNs, “enxugando” o meio circu-lante. Em caso contrário, o governo recompraesses títulos, repondo dinheiro em circulação.

LUCAS, Robert E. (1937- ). Economista norte-americano ganhador do Prêmio Nobel de Eco-nomia em 1995. Professor da Universidade deChicago, desenvolveu, do ponto de vista ma-croeconômico, a teoria das expectativas racio-nais. Um dos representantes da chamada NovaEconomia Clássica, em função dos resultadosobtidos com a aplicação do conceito de expec-tativas racionais ao comportamento dos inves-timentos. Seus trabalhos mais importantes sãoos seguintes: Real Wages, Employment and Infla-tion (Salários Reais, Emprego e Inflação), em co-laboração com Leonard Rapping; EconometricTesting of the Natural Rate Hypothesis (Teste Eco-nométrico da Hipótese da Taxa Natural); Expec-tations and the Neutrality of Money (Expectativase a Neutralidade da Moeda); An Equilibrium Mo-del of Business Cycles (Um Modelo de Equilíbriodos Ciclos Econômicos). Veja também Expecta-tivas Racionais; Expectativas Adaptativas.

LUCRO. Rendimento atribuído especificamenteao capital investido diretamente por uma em-presa. Em geral, o lucro consiste na diferençaentre a receita e a despesa de uma empresa emdeterminado período (um ano, um semestreetc.). O lucro bruto é a diferença entre a receitaobtida pela venda de mercadorias e o custo desua produção, incluindo-se nesse custo os gastoscom insumos (matérias-primas), energia e ou-tras despesas, mais os impostos e a remuneraçãoda força de trabalho. O lucro líquido é calculadosubtraindo-se do lucro bruto a quantia corres-pondente à depreciação do capital fixo (máqui-nas e equipamentos) e as despesas financeiras(pagamento de juros de empréstimos). Parte dolucro líquido é paga em dinheiro para retiradados sócios (em empresas individuais) ou em di-videndos (em sociedades anônimas). Outra par-te, destinada a ampliar o capital da empresa, écolocada num fundo de reserva. O lucro brutoé considerado excedente econômico, ou seja, umrendimento gerado no interior da empresa, de-duzidos todos os custos necessários à produçãoda mercadoria. A produção de excedente carac-teriza vários sistemas econômicos, mas somenteno capitalismo ela assume a forma de lucro. Asescolas econômicas clássica, neoclássica e mar-ginalista consideram o lucro uma remuneraçãodo capital, justificada de várias maneiras: abs-tinência do consumo pessoal e poupança do em-

presariado visando a um futuro rendimento, ris-co do investimento, engenhosidade do empre-sário, posse de um fator de produção escasso(o capital). Para o marxismo, o lucro é uma for-ma de manifestação da mais-valia, resultante daapropriação, pelo empresário, de uma parte dovalor criado pelos trabalhadores. O principal ob-jetivo de uma empresa capitalista é produzir lu-cro para seus proprietários. Todas as decisõesimportantes — o que, quanto e como produzir— têm como critério básico aumentar o lucrodo capital investido. E isso é verificado pela taxade lucro da empresa: a relação entre o lucro lí-quido e o capital revela em que medida esseobjetivo foi alcançado. Como o lucro resulta dadiferença entre a receita das vendas e as despe-sas da produção, num mercado competitivouma das formas de elevá-lo consiste em aumen-tar o volume de vendas e ao mesmo tempo re-duzir os custos. Nesse caso, a taxa de lucro medetambém o desempenho, ou eficiência, da em-presa. No caso de um monopólio ou oligopólio,quando a empresa tem relativa liberdade de fi-xar o preço de venda dos produtos que fabrica,a margem de lucro é muito maior. Além disso,as empresas monopolistas têm melhores condi-ções de baixar seus custos de produção não ape-nas porque produzem em grande escala, mastambém porque impõem preços baixos aos seusfornecedores de matérias-primas e insumos emgeral. Portanto, nem sempre uma alta lucrativi-dade é expressão de grande eficiência. Os ren-dimentos proporcionados pela produção socialdividem-se entre as classes sociais de acordocom a forma como participam do processo eco-nômico. Os trabalhadores participam da rendarecebendo salários; os donos de recursos natu-rais ou imóveis obtêm a renda da terra ou alu-guéis; os proprietários do capital financeiro re-cebem juros; e os donos das empresas indus-triais, comerciais, de serviços ou de outra natu-reza, os lucros. Numa economia capitalista mo-derna, os rendimentos fundamentais são os sa-lários e os lucros, que mantêm entre si uma re-lação complexa. Da magnitude dos salários de-pende o poder aquisitivo da maioria da popu-lação. Por ter essa importância social, os saláriosnão são determinados apenas por mecanismosde mercado, mas também por regras institucio-nais (salário mínimo, contratos coletivos de tra-balho etc.) que atingem todas as empresas.Quando os salários aumentam, cria-se uma ex-pansão da demanda de bens e serviços, que per-mite às empresas elevar seus preços e, assim,preservar suas margens de lucro. Nesse caso,são especialmente beneficiadas as empresas queproduzem mercadorias de consumo de massa,onde os assalariados concentram seus gastos.Quando há uma queda de salários, os custosdas empresas tornam-se menores e aumenta amargem de lucro. No entanto, isso pode ser anu-

LTN 356

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lado pela redução do consumo e conseqüenteredução das vendas e da produção das empre-sas. Mas o aumento do lucro não tem efeito se-melhante na economia ao de uma elevação sa-larial, pois enquanto a maior parte dos saláriosé empregada em gastos de consumo, grandeparcela do lucro é destinada à poupança. Umaparte do lucro líquido é quase sempre retidanas empresas e reinvestida. Além disso, comoos que recebem rendimentos provenientes dolucro costumam ter uma renda elevada, sua pro-pensão a poupar é maior. Desse modo, um au-mento dos lucros em detrimento dos saláriostem um efeito depressivo sobre a demanda geralda economia. Dependendo do grau em que acapacidade de produção das empresas é utili-zada, a poupança proveniente do lucro podetransformar-se ou não em investimento de na-tureza produtiva, gerando novos lucros, empre-gos e salários. Por isso, a relação entre poupança,consumo e investimento depende em grandeparte do modo como o produto social é repar-tido entre salários e lucros. Veja também Capi-tal; Consumo; Investimento; Juros; Poupança;Renda; Salário.

LUCRO ARBITRADO. É a forma escolhida parao lançamento do imposto quando o contribuinte(sujeito à tributação com base no lucro real) nãomantém escrituração na forma estabelecida nalegislação comercial.

LUCRO CESSANTE. Lucro que o credor dei-xou de obter durante o período em que o de-vedor não cumpriu as obrigações contraídas(por empréstimo, contratos de fornecimento deserviços ou execução de obras etc.). É incluídoentre as perdas e danos pelos quais o credorpode requerer indenização.

LUCRO ÓTIMO. Veja Maximização de Lucros.

LUCRO PRESUMIDO. Uma das bases para ocálculo do Imposto de Renda. Ele pode ser to-mado opcionalmente, mas só no caso de pessoasjurídicas que preencham cumulativamente osseguintes requisitos: 1) tenham receita bruta re-duzida, e 2) a receita tenha origem fundamen-talmente na venda de produtos de própria fa-bricação, ou de mercadorias adquiridas para re-venda, ou da produção de artigos de encomenda.

LUCRO PURO. É a diferença resultante se sub-trairmos da renda de qualquer atividade seuscustos de oportunidade e o lucro normal (mé-dio) necessário para que os empresários façaminvestimentos na economia. Este conceito sus-citou a seguinte discussão: o “lucro puro” exis-tiria num sistema de concorrência perfeita? Oargumento de alguns economistas defendendoa existência de tal lucro, como Frank Knight, éque a incerteza levaria os empresários a fazer

estimativas sobre o futuro com ganhos supe-riores ao lucro normal, sendo a diferença o lucropuro. Veja também Knight, Frank.

LUCRO REAL. Do ponto de vista financeiro, éo lucro nominal de uma empresa deflacionadopor um índice oficial de variação de preços. Doponto de vista tributário, é aquele correspon-dente ao lucro líquido do exercício ajustado pe-las adições ou compensações prescritas ou au-torizadas legalmente e sobre o qual incide o Im-posto de Renda.

LUCROS. Veja Lei da Remessa de Lucros; Par-ticipação nos Lucros.

LUDITAS. Grupos de operários ingleses que noinício do século XIX destruíam as máquinas in-troduzidas na indústria têxtil. O emprego damáquina no processo produtivo provocou a ruí-na de milhares de artesãos, que se viram obri-gados a vender sua força de trabalho aos em-presários. Voltaram-se então contra as máquinasque substituíam nas fábricas seus instrumentosde trabalho. A prática foi reprimida com a penade morte (lei de 1812) e a deportação. A desig-nação veio do nome de King Ludd, um dos lí-deres do movimento. Atualmente, aqueles cida-dãos, especialmente nos Estados Unidos, que re-jeitam a utilização de computadores ou não re-conhecem as enormes vantagens oferecidas poresses equipamentos, e não os têm em suas casas,têm sido denominados de neoluditas.

LUEI. Veja Cuanza.

LUMEN. Veja Vela.

LUMPEMPROLETARIADO. Termo utilizadopor Marx para designar a camada social quevive de subemprego ou de atividades marginaiscomo prostituição, rufianismo, mendicância,roubo e tráfico de drogas. Esses indivíduos se-riam incapazes de qualquer ação conseqüentecontra a sociedade capitalista.

LUTA DE CLASSES. Conflitos e antagonismosentre as classes sociais, decorrentes da oposiçãode interesses econômicos e políticos. Pode se ex-pressar de diversas formas, desde a luta econô-mica, passando pela luta política (por exemplo,a disputa parlamentar entre os partidos repre-sentantes das diversas classes), até a luta arma-da. O marxismo explica a história universal comoa história da luta de classes, considerando-a aprincipal força motriz das transformações sociais.

LUTINE BELL. Sino tocado pela Lloyds (deLondres) para anunciar acontecimentos impor-tantes no âmbito dos seguros. Ele tocava duasvezes para anunciar boas notícias e uma vezpara anunciar notícias ruins. O sino foi retiradodo navio Lutine, que naufragou no mar do Norteem 1799, com uma carga de lingotes de ouro.

357 LUCRO REAL

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LUVAS. Quantia paga em dinheiro duranteuma negociação a título de compensação ou gra-tificação. Costuma-se cobrar luvas sempre quehá transferência de contrato, como compensaçãoà parte cedente (que transfere). É o caso de pon-tos comerciais, em que o cedente (o que passao ponto) investiu na formação de uma clientela.É também o caso da contratação de atletas, emque o cedente investiu na formação do nomedo atleta e em seu desenvolvimento.

LUXEMBURGO, Rosa (1870-1919). Revolucio-nária alemã de origem polonesa, economista, di-rigente da II Internacional. Autora de A Acumu-lação do Capital, 1913, marco da análise econô-mica marxista. Iniciou sua militância nas fileirasdo Partido Socialista Revolucionário polonês e,em 1889, já estava no exterior para escapar àprisão. Doutorou-se em economia política emZurique (Suíça), aproximando-se de Plekhanove outros marxistas russos no exílio. Em 1898,passou a militar na social-democracia alemã. NoCongresso de Dressen (1903), reivindicou a ex-pulsão de Eduard Bernstein, que propunha arealização de reformas graduais como meio parachegar ao socialismo. Publicou na época os ar-tigos reunidos em Reforma Social ou Revolução,1899. Ainda contra o reformismo, escreveu Grevede Massas, Partido e Sindicatos, 1906. Voltou à Po-lônia em 1905, para liderar o movimento deapoio à Revolução Russa, unindo grupos socia-listas poloneses e lituanos. Foi presa e libertadasob fiança. Retornou à Alemanha, onde proferiuconferências na escola do Partido Social Demo-crata em Berlim, que deram origem a seus prin-cipais trabalhos. Em 1914, Rosa Luxemburgocondenou o apoio da social-democracia alemãà “defesa nacional” na guerra imperialista. Porfazer propaganda pacifista, ficou presa de 1915a 1918. Escreveu então as Cartas da Prisão, 1921.Ainda no cárcere, fundou com Karl Liebknecht,também internacionalista e pacifista, o grupo deação revolucionária Spartakus. O grupo liderou,em janeiro de 1919, um levante socialista contrao novo governo republicano de Berlim, compos-to de social-democratas reformistas aliados aosconservadores. A revolta foi sufocada por vo-luntários de extrema-direita. Rosa Luxemburgoe Liebknecht foram presos e em seguida assas-sinados, seus corpos atirados num canal. Em AAcumulação do Capital, sua mais importante obraeconômica, tenta mostrar que a acumulação docapital é impossível num sistema capitalista fe-chado, por não haver uma correspondência en-tre o crescimento da oferta de bens e o cresci-mento da procura. Para realizar a mais-valianum esquema de reprodução ampliada, o capi-talismo necessita expandir-se para regiões oupaíses subdesenvolvidos, não-capitalistas, oupara setores não-capitalistas de produção dentrodos próprios países capitalistas. O imperialismo

surge, desse modo, como uma tentativa das po-tências capitalistas de controlar o máximo pos-sível do mundo não-capitalista; e as tarifas pro-tecionistas são o meio pelo qual cada país im-pede aos outros o acesso a seu próprio mercadointerno não-capitalista. O livro de Luxemburgoprovocou uma acesa controvérsia no pensamen-to marxista, envolvendo Kautski, Bukhárin, OttoBauer e outros autores. Devido ao fato de abor-dar criticamente as características da fase impe-rialista do capitalismo, foi considerado um tra-balho precursor do estudo que Lênin realizousobre o tema.

LUXIBOR. Iniciais de Luxembourg interbank offerrate, isto é, taxa de juros interbancária praticadana praça de Luxemburgo, com as mesmas ca-racterísticas da libor.

LW. Iniciais da expressão em inglês low water,que significa “águas rasas” ou “pouco profun-das” e aplicada na navegação quando esta sedá em águas de pouca profundidade.

M M. Inicial de: 1) mark (unidade monetária daAlemanha); 2) markka (unidade monetária daFinlândia); 3) mediana; 4) millime (unidade mo-netária da Tunísia); 5) mortgage (hipoteca).

M-1. Representação dos meios de pagamento,isto é, a soma do papel-moeda em poder dopúblico e dos depósitos à vista no sistema ban-cário.

M-2. Representação do estoque de moeda, cons-tituído pelo papel-moeda em poder do público,mais os depósitos à vista no sistema bancário,mais os depósitos a prazo neste mesmo sistema.O M-2 é, portanto, a soma do M-1 mais os de-pósitos a prazo no sistema bancário. A partirde 1991, com a criação dos fundos de aplicaçãofinanceira, o M-2 passou a ser constituído porM-1 mais carteiras dos fundos de investimentode curto prazo, mais os títulos federais, esta-duais e municipais em poder do público não-financeiro, sendo que os fundos excluem os de-pósitos à vista (já contemplados em M-1) e ostítulos públicos excluem títulos pertencentes àscarteiras das instituições financeiras e dos fun-dos de investimento. O M-2 é chamado tambémde “moeda de Friedman”, pois corresponde àdefinição de estoque de moeda utilizada por

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Friedman em seu livro A Monetary History of theUnited States (História Monetária dos EstadosUnidos).

M-3. Representação do estoque de moeda cons-tituído por M-2 mais o total dos depósitos empoupança.

M-4. Representação do estoque de moeda cons-tituído por M-3 mais o saldo dos títulos públicosfederais em circulação, isto é, fora da carteirado Banco Central. A partir de 1991, M-4 passoua ser constituído por M-3 mais os títulos priva-dos, sendo estes últimos constituídos pelos de-pósitos a prazo, letras de câmbio e letras hipo-tecárias, exceto aqueles pertencentes às carteirasdas instituições financeiras e dos fundos.

M-5. Entre março de 1990, com o lançamentodo Plano Collor, e julho de 1992, as retençõesefetuadas nas aplicações financeiras e nas ca-dernetas de poupança criaram os chamados Va-lores à Ordem do Banco Central (Vobc). Paracontemplar este novo e transitório estoque demoeda, foi instituído o M-5, composto de M-4mais os Vobc. Veja também Base Monetária;FAF; Meios de Pagamento; Plano Collor.

MA. Veja Mima.

MACEDO, Roberto Brás Matos (1943-). Nas-ceu em Belo Horizonte (MG) e formou-se emeconomia pela Faculdade de Economia e Admi-nistração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) em 1967. Obteve o doutoramento na Uni-versidade de Harvard em 1974, e tornou-se pro-fessor titular no Departamento de Economia daUniversidade de São Paulo em 1984. Foi mem-bro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo(1985-1991), chefe do Departamento de Econo-mia da FEA-USP (1985-1986), presidente da Or-dem dos Economistas de São Paulo (1986-1991),presidente do Ipea, do Ministério da Economia,Fazenda e Planejamento (1991-1992) e secretárioespecial de Política Econômica deste mesmo Mi-nistério durante a gestão de Marcílio MarquesMoreira (governo Collor), entre 1991 e 1992. Seusprincipais livros versam sobre questões relacio-nadas com os salários: Distribuição Funcional naIndústria de Transformação: Aspectos da Parcela Sa-larial (1980), Os Salários na Teoria Econômica(1982), e Os Salários nas Empresas Estatais (1985).Embora aposentado, continua prestando colabo-ração voluntária à FEA-USP.

MACROECONOMIA. Parte da ciência econô-mica que focaliza o comportamento do sistemaeconômico como um todo. Tem como objeto deestudo as relações entre os grandes agregadosestatísticos: a renda nacional, o nível de empregoe dos preços, o consumo, a poupança e o inves-timento totais. Esse direcionamento fundamen-ta-se na idéia de que é possível explicar a ope-

ração da economia sem que haja necessidade decompreender o comportamento de cada indiví-duo ou empresa que dela participam. Ao detec-tar as forças gerais que impelem os agregadosem determinada direção, a macroeconomia es-tabelece as chamadas forças de “ajuste” ou“equilíbrio”, que explicam o comportamentoeconômico, caracterizando-o, de forma mecâni-ca, como um sistema de igualdades de equilí-brio. É suposto que a demanda agregada de al-gum bem deve ser igual à oferta agregada dessemesmo bem. A teoria macroeconômica forneceparâmetros que permitem que a mensuração daatividade econômica geral de dado sistema sim-plifique o modelo agregativo, tornando possívela utilização de um número restrito de variáveisfundamentais. Isso porque trabalha sobre rela-ções estatísticas estáveis entre as diversas variá-veis agregadas, eliminando muitos fatores queafetam o comportamento individual. Dessa ma-neira, permite a análise e mesmo a previsão docomportamento das economias capitalistas de-senvolvidas. Essa limitação a um tipo bem de-terminado de formação econômico-social expli-ca-se, por um lado, pelo fato de a análise ma-croeconômica utilizar pressupostos e instrumen-tais referentes às forças de mercado, que desem-penham papéis de pouca ou nenhuma impor-tância em economias de planejamento centrali-zado, inspiradas no modelo da ex-União Sovié-tica. Além disso, uma análise agregativa macroe-conômica exige um instrumental estatístico bas-tante complexo, que os países capitalistas sub-desenvolvidos dificilmente podem oferecer. Maisainda, esse tipo de análise supõe como dadascertas condições que se apresentam como metaslongínquas para muitas sociedades subdesen-volvidas: um grande estoque de capital, forçade trabalho especializada, mercados financeiroseficientes etc. Essas condições impuseram umrelativo atraso à elaboração de modelos macroe-conômicos em países com as características doBrasil, que a partir de 1956 dispôs de dados es-tatísticos mais precisos, elaborados pela Funda-ção Getúlio Vargas, e que só em 1964 começoua construir modelos macroeconômicos. A ma-croeconomia tornou-se um ramo da ciência eco-nômica a partir de 1936, com a publicação deA Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda,de Keynes. Antes dele, os economistas clássicose Karl Marx já haviam considerado o organismoeconômico como um todo. Keynes, porém, for-neceu o modelo, a sistematização teórica e as“receitas práticas”, que nas décadas seguintesinspirariam a maioria dos economistas ociden-tais. Entretanto, à medida que suas falhas foramaparecendo, a teoria macroeconômica foi modi-ficada e complementada. Mais recentemente,um grupo de economistas liderados por MiltonFriedman — os monetaristas — contestaram aeconomia keynesiana e apresentaram uma nova

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teoria macroeconômica que enfatiza o papel de-sempenhado pela demanda de moeda e crédito,opondo-se frontalmente à intervenção direta ouindireta do Estado na economia. Veja tambémKeynes; Keynesianismo; Macromodelos; Mi-croeconomia; Monetarismo.

MACROMODELO. Visão deliberadamente sim-plificada do conjunto da economia, para fins deanálise ou previsão. O primeiro macromodelofoi constituído em 1936 por J.M. Keynes; basea-va-se nas relações de renda-despesa, com refe-rência especial aos “vazamentos” e às “injeções”do circuito renda-consumo. O papel central des-se modelo é desempenhado pelas decisões dasfamílias (consumidores) no sentido de destinarsuas rendas ao consumo ou à poupança. Quan-do expressa em termos exatos, a relação entreconsumo e renda é denominada função-consu-mo. A poupança, único vazamento, aparece de-terminada pelo nível de renda real (relação fun-ção-consumo ou, também, função-poupança).Admite-se que as injeções sejam independentesda renda, e o investimento, considerado comodado, é a principal injeção. No entanto, todasas injeções afetam o modelo da mesma maneira.Nesse modelo básico, a economia só pode estarem equilíbrio quando os vazamentos foremiguais ao nível das injeções. O nível da poupan-ça, único vazamento, depende do nível do pro-duto; portanto, o único nível de produto sus-tentável corresponde ao nível exato de rendapara que a poupança corresponda ao investi-mento (ou total das injeções, se houver outras).Da dinâmica desse modelo simplificado, os key-nesianos chegam a algumas conclusões: o níveldo produto é determinado a partir da função-consumo e do nível de injeções; um nível muitobaixo de injeções dá origem ao desemprego; umaumento das injeções provocará um aumentomaior no produto e na renda, em virtude dochamado efeito multiplicador, cujo valor é iguala 1/(1 – PMgC), onde PMgC é a propensão mar-ginal a consumir. O modelo keynesiano implicaa possibilidade de um governo intervir para oaumento do produto. Se o nível planejado deinvestimento conduzir a um nível de produtoreal inferior ao da capacidade produtiva, o pro-duto pode aumentar até o nível dessa capaci-dade, mediante uma injeção adicional, igual àdiferença entre o investimento necessário paraatingir o pleno emprego e o nível planejado deinvestimento real. Isso pode ser feito por meiode uma política fiscal ou do aumento do próprioinvestimento planejado. No entanto, para serviraos objetivos práticos das políticas econômicas,os macromodelos devem ser mais complexosque os keynesianos. A função-consumo, porexemplo, deveria envolver maior número de va-riáveis: moeda, taxas de juros, políticas de im-postos etc.; o investimento, por sua vez, deveria

ser determinado dentro do próprio modelo, enão ser apresentado como dado. Os modelosempíricos modernos e as técnicas de computa-ção permitiriam o desenvolvimento de modelosmacroeconômicos abrangentes e complexos —todos desenvolvidos, entretanto, a partir do mo-delo keynesiano pioneiro. Esses modelos subdi-videm os agregados estatísticos e acrescentamoutras variáveis ao modelo básico. Valem-se detécnicas econométricas para estimar as relaçõesnuméricas exatas entre as variáveis e se utilizamtambém de dados históricos relacionados à eco-nomia de que tratam. Desse modo, fornecemprevisões quantitativas sobre os resultados depolíticas específicas e outros tipos de alteraçõeseconômicas. O mais simples dos macromodelosmodernos é o de Klein-Goldberger, montado apartir do modelo macroeconômico quantitativode Lawrence Klein, construído em 1946 e de-senvolvido até aproximadamente 1953. O mo-delo Klein-Goldberger é o que mais se aproximada estrutura básica keynesiana. Contém dezes-seis equações estruturais, enquanto no modelokeynesiano simples a função-consumo constituia única equação estrutural. Considera períodosde um ano, sendo por isso pouco utilizável paraa maior parte das aplicações políticas. O macro-modelo mais complexo e elaborado é o Broo-kings-SSRC, construído por grande número depesquisadores (entre os quais Lawrence Klein).Contém 150 relações estruturais e toma o tri-mestre como período básico de tempo. Apesarde sua complexidade, foi considerado inadequa-do para o tratamento dos aspectos monetários.Por isso, seus críticos criaram o modelo FederalResearch Board (MIT), que contém mais deta-lhes monetários, embora recorra a apenas seten-ta relações estruturais. Outro modelo macroe-conômico — o de Warton — foi construído como objetivo de servir a previsões econômicas ge-rais para estudo de políticas. Possui 47 relaçõesestruturais e seu período-base de tempo é o tri-mestre. Veja também Klein, Lawrence; Macroe-conomia.

MAE-DAOSHI. Expressão em japonês que sig-nifica, literalmente, o arremessar de passageirospara a frente quando um ônibus freia repenti-namente. Nas finanças públicas, a expressão éutilizada quando um governo aplica capitais emobras públicas para estimular investimentos, de-sembolsando durante o segundo trimestre, porexemplo, aquilo que estava previsto para sergasto apenas no terceiro. No caso das empresasprivadas, a expressão é utilizada quando a exe-cução de um projeto ocorre antecipadamente,isto é, antes das datas previstas no planejamento.

MÁGICO DE OZ. Frank Baum, o autor de OMágico de Oz, não deixou nenhuma indicaçãoexplícita a respeito, mas existem fortes razões

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para se crer que a história de Dorothy e seuscompanheiros — o Espantalho, o Homem deLata, o Leão Covarde e o cachorrinho Totó —era na verdade uma alegoria à luta feroz travadanos Estados Unidos no último decênio do séculopassado entre os defensores do padrão-ouro eos adeptos do bimetalismo (padrão-ouro e pra-ta). Dorothy é a personagem central de O Mágicode Oz. Morava no interior do Kansas com seustios fazendeiros numa casa pobre de um únicoaposento, mas dotada de alçapão anticiclones.A ação tem início quando um ciclone arremessaa casa, Dorothy e Totó até o mágico Reino deOz. Honesta e plena de virtudes, Dorothy repre-senta o povo americano. O ciclone é o movi-mento populista que em poucos anos cresce depequenas reuniões de fazendeiros endividadose quase arruinados, até se tornar um vasto mo-vimento que desafiou os poderosos de Washing-ton e Nova York. O Reino de Oz representa osinteresses dos banqueiros e financistas, defen-sores do padrão-ouro, onde o dinheiro prevalecesobre tudo. A Bruxa Malvada do Leste é a suamais legítima expressão: a casa de Dorothy caijustamente sobre ela. Do impacto sobram apenasos sapatos de prata desta, ou melhor, sua porçãoboa: a base do bimetalismo. Para retornar aoKansas, Dorothy sai em busca do Mágico de Oz,que impera na Cidade das Esmeraldas. Em seucaminho, Dorothy vai superando obstáculos atéchegar à estrada dos tijolos amarelos (o padrão-ouro), ante-sala da Cidade das Esmeraldas. Notrajeto, encontra um espantalho (agricultores ar-ruinados) preso à terra por uma estaca e à mercêdos corvos que devoram todo o milho. Dorothyliberta o Espantalho e este torna-se seu primeirocompanheiro. Em seguida, ela encontra o Ho-mem de Lata. Paralisado pela ferrugem, ele es-pelha a situação dos operários industriais de-sempregados pela crise econômica. Dorothy re-cupera os movimentos do Homem de Lata eganha mais um companheiro. O último a inte-grar-se à caravana é o Leão Covarde. Este re-presenta William Jennings Bryan (1860-1925),um grande orador populista que aos 36 anosconseguiu a indicação como candidato à presi-dência da República nas eleições de 1896 pelospartidos Democrata, Populista e da Prata Na-cional. Sua principal bandeira de luta nas elei-ções de 1896 era a volta do bimetalismo (ouroe prata). Nas eleições de 1900, no entanto, abran-da suas posições, sendo por esta razão conside-rado um covarde por seus seguidores. Depoisde muitas peripécias, o grupo chega à Cidadedas Esmeraldas, (Washington D.C.). Ali, tudoera verde, isto é, da mesma cor do papel-moedaaté hoje conservada pelo dólar e que tem origemnos greenbacks. Dorothy encontra o Mágico deOz. Sempre operando sob um manto de mistérioe sombra, este representa provavelmente o pre-sidente do Partido Republicano, Mark Hanna,

cuja fama de eminência parda do governo erareconhecida na época. Ele impõe uma condiçãopara mandar Dorothy de volta ao Kansas: queela destruísse a Bruxa Malvada do Oeste. Estarepresentaria as forças adversas da natureza (es-pecialmente a falta de chuvas, fatal para as co-lheitas). Dorothy a destrói de forma bastantesimples: um balde de água basta para derretê-lae afastá-la do caminho. A arma utilizada repre-senta a redenção dos agricultores num duplosentido: indispensável para uma boa colheita, aágua é também sinônimo de “liquidez” na eco-nomia: se a prata pudesse ser cunhada, os meiosde pagamento se ampliariam, os preços reagi-riam tirando o país da deflação e as taxas dejuros tenderiam a diminuir. Era o que os agri-cultores desejavam ardentemente. Dorothy re-torna à Cidade das Esmeraldas para cobrar apromessa do Mágico de Oz. Ao encontrá-lo, per-cebe que não se trata de um homem todo-po-deroso, e sim de um ser comum. O padrão-ouroé desmistificado. Nada tem de mágico: é débilé pouco confiável. Entregue à própria sorte, Do-rothy aprende a “voar” batendo três vezes seussapatos de prata um contra o outro, evidencian-do mais uma vez as vantagens do bimetalismo.E retorna ao Kansas. A razão principal da lutapelo bimetalismo parece ter sido a idéia de queos estoques limitados de ouro condenavam aeconomia à deflação. Se o ouro fosse o únicomaterial-dinheiro ou o único metal a servir delastro para as emissões de papel-moeda, a am-pliação dos meios de pagamento dependeria daquantidade de ouro existente no país. Como aquantidade de ouro estava diminuindo, tendocaído de 640 milhões de dólares em 1890 para502 milhões em 1896, os negócios se retraíam eos preços tendiam a cair também. Além disso,entre 1893 e 1896, não apenas houve deflação,mas também um período recessivo nos EstadosUnidos. Para os agricultores, os grandes bene-ficiários dessa situação de penúria eram os ban-queiros, pois mesmo que as taxas de juros es-tivessem em patamares moderados, eram os quemais ganhavam numa época de deflação. Nãoé difícil imaginar como as pressões para a cu-nhagem da prata devem ter-se intensificado nes-se período. Os bimetalistas estavam na ofensiva,e o enfraquecimento das posições dos adeptosdo padrão-ouro contribuía para que a situaçãose agravasse mais ainda: o receio da desvalori-zação do ouro acelerava a fuga do metal paraa Europa. A melhoria nas condições econômicaspara a cunhagem da prata impulsionou aindamais a luta dos bimetalistas. A oferta do metalse expandiu não apenas porque a produtividadedo refino aumentou, mas também porque foramdescobertas novas minas de grande produtivi-dade. A demanda, ao contrário, sofreu forte re-dução; vários países europeus passaram do bi-metalismo ao padrão-ouro, reduzindo a utiliza-

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ção da prata para fins monetários: a Alemanharealizou a conversão entre 1871 e 1873, depoisde derrotar a França e impor uma pesada inde-nização de guerra pagável em títulos conversí-veis em ouro; a França, que havia mantido obimetalismo desde 1803 e apesar das importan-tes descobertas de prata (e depois de ouro), des-monetizou a prata entre 1873 e 1874, em açãoconjunta com os demais países da União Latina(Itália, Bélgica e Suíça), e nos anos finais da dé-cada os países da União Escandinava — Dina-marca, Noruega e Suécia — e a Áustria fizeramo mesmo, de tal forma que, no início dos anos80 do século passado, apenas a Índia e a Chinamantinham um padrão-prata efetivo. O movi-mento conjunto da expansão da oferta e a drás-tica redução da demanda para fins monetáriosfizeram com que os preços de mercado do metalbaixassem acentuadamente: em 1870, a cotaçãoda prata em relação ao ouro era 15,4; em 1873,havia subido para 16,4; em 1879, para 18,4; eem 1896, no auge da campanha presidencial,quando Brayan lutava por uma cunhagem nabase de 16 (de prata) por 1 (de ouro), a cotaçãoda prata havia alcançado 30 por 1! A desvalo-rização da prata abria, no entanto, o caminhopara sua monetização, pois se o valor de facedas moedas fosse superior ao preço de merca-do do metal, as primeiras permaneceriam cir-culando e o metal seria mantido na forma mo-netária, o que havia se tornado inviável depoisde 1836. Para os produtores de prata (concen-trados nos Estados do Oeste e do Sul), tornava-se interessante agora destinar o metal à cunha-gem.... desde que as regras vigentes até entãofossem mantidas. Mas em 1873, o Congressoaprovou uma lei que estabelecia o aumento doteor de prata de cada dólar (emissão destinadaao comércio com o México e com o Oriente, es-pecialmente a China e o Japão) e limitava o totaldo metal a ser cunhado. Na prática, inviabilizavao retorno da monetização da prata, pois retiravaas cláusulas fundamentais da livre e ilimitadacunhagem do metal vigente desde 1792. É claroque as reações dos defensores do bimetalismoforam violentas. A lei de 1873 foi alcunhada deo “Crime de 1873" e sua aprovação, consideradauma conspiração dos legisladores e financistasdo Leste. Este é o caldo de cultura onde nasceo Partido Populista ou do Povo, formado fun-damentalmente por agricultores arruinados etrabalhadores desempregados e apoiado pelosprodutores de prata dos Estados do Oeste e doSul dos Estados Unidos. O movimento crescevertiginosamente depois da crise de 1893, e alia-dos ao Partido Democrata referendam tambémWilliam Bryan à presidência da República naseleições de 1896. Por pequena margem de votos,Bryan é derrotado por Mckinley. Nas eleiçõesde 1900, Bryan se candidata outra vez, mas énovamente derrotado. A margem se amplia,

pois, a partir de 1896, as condições econômicase financeiras haviam mudado sensivelmente.Novas minas de ouro foram descobertas noAlasca, no Colorado, e três químicos escoceseshaviam inventado um processo economicamen-te rentável de extração de ouro de minério combaixos teores usando o cianeto, dessa forma via-bilizando a rápida expansão da produção nasrecém-descobertas minas de ouro na África doSul: se em 1886 aquele país não produzia ouro,em 1896, isto é, dez anos mais tarde, já partici-pava com 23% da produção mundial. Além dis-so, as boas safras americanas contrastaram comas míseras colheitas européias. Os preços agrí-colas aumentaram, dando início a um forte pro-cesso inflacionário (para os padrões da época)que durou até o início da Primeira Guerra Mun-dial. Os problemas que atormentavam os agri-cultores, talvez a principal base social do mo-vimento populista de Bryan, são parcialmenteresolvidos. Os preços agrícolas se recuperam ea escassez de ouro é superada pelo aumento daprodução nacional e mundial. Dessa forma, opadrão-ouro deixa de constituir obstáculo paraa ampliação da oferta monetária. Os tempos ha-viam mudado e Dorothy já podia retornar (mes-mo tendo perdido seus sapatos de prata, ou exa-tamente por esta razão) ao encontro dos seustios menos empobrecidos. Um novo ciclone sóvoltaria a assolar o país em 1907. Veja tambémBimetalismo; Crime de 1873; Greenbacks; Pa-drão-ouro; União Escandinava; União Latina.

MAIN-FRAME. Expressão inglesa utilizada paradesignar o computador principal de uma inter-ligação de computadores ou, também, a parteprincipal de um computador, isto é, sua unidadelógica.

MAINSTREAM. Termo em inglês que significaa corrente central ou mais importante do pen-samento econômico numa determinada época.

MAIORIA QUALIFICADA. Sistema no qual asdecisões de um grupo dirigente (assembléia,conselho, comissão etc.) são tomadas não pormeio da maioria simples, isto é, a metade maisum, mas mediante outras proporções superioresàquela, como 3/4, 2/3 ou 3/5 dos votos.

MAIORIA SIMPLES. Sistema no qual as deci-sões de um grupo dirigente (assembléia, conse-lho, comissão, câmara etc.) são tomadas quandouma proposta obtém a metade mais um dosvotos.

MAIS-VALIA. Conceito fundamental da econo-mia política marxista, que consiste no valor dotrabalho não pago ao trabalhador, isto é, na ex-ploração exercida pelos capitalistas sobre seusassalariados. Marx, assim como Adam Smith eDavid Ricardo, considerava que o valor de toda

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mercadoria é determinado pela quantidade detrabalho socialmente necessário para produzi-la.Sendo a força de trabalho uma mercadoria cujovalor é determinado pelos meios de vida neces-sários à subsistência do trabalhador (alimentos,roupas, moradia, transporte etc.), se este traba-lhar além de um determinado número de horas,estará produzindo não apenas o valor corres-pondente ao de sua força de trabalho (que lheé pago pelo capitalista na forma de salário), mastambém um valor a mais, um valor excedentesem contrapartida, denominado por Marx demais-valia. É desta fonte (o trabalho não pago)que são tirados os possíveis lucros dos capita-listas (industriais, comerciantes, agricultores,banqueiros etc.), além da renda da terra, dosjuros etc. Enquanto a taxa de lucro — a relaçãoentre a mais-valia e o capital total (constante +variável) necessário para produzi-la — define arentabilidade do capital, a taxa de mais-valia —a relação entre a mais-valia e o capital variável(salários) — define o grau de exploração sobreo trabalhador. Mantendo-se inalterados os salá-rios (reais), a taxa de mais-valia tende a elevar-sequando a jornada e/ou a intensidade do traba-lho aumenta (aumentando a mais-valia absolu-ta) ou com o aumento da produtividade nos se-tores que produzem os artigos de consumo ha-bitual dos trabalhadores (aumentando a mais-valia relativa). Veja também Capital Constante;Capital Variável; Capitalismo; Marx, KarlHeinrich.

MAKE A MARKET. Expressão em inglês quesignifica o ato de um operador de mercado quedemanda e oferece por determinado preço omesmo título.

MAKING A PRICE. Expressão em inglês quesignifica uma situação em que um vendedor fixaum preço ao qual ele aceita vender um títuloao comprador ou vice-versa. Esta expressão égeralmente utilizada na Bolsa de Valores deLondres.

MAKING-UP PRICE. Expressão em inglês quetanto pode significar o preço de entrega de umtítulo ou ação, quanto, na Bolsa de Valores deLondres, o preço de uma ação ou título no fe-chamento que é carregado de um pregão paraoutro.

MALCOLM BALDRIDGE NATIONAL QUA-LITY AWARD. Veja Prêmio Baldridge.

MALDIÇÃO DO VENCEDOR. Conceito rela-cionado com a Teoria dos Jogos e que consisteem pagar alto demais em função da determina-ção de vencer. Na medida em que o vencedorde uma concorrência, por exemplo, considera,após a vitória, que poderia ter pago menos, ca-racteriza-se a situação de maldição do vencedor.

MAL PÚBLICO. Conceito que designa uma si-tuação na qual o Estado é responsável ou con-siderado responsável por algum malefício aoscidadãos, à comunidade ou a toda a sociedadeseja por omissão, incompetência ou descuido.Esta caracterização pode dar lugar a ações judi-ciais contra o Estado.

MALTHUS, Thomas Robert (1766-1834). Eco-nomista e clérigo inglês, um dos principais no-mes da escola clássica. Filho de um culto pro-prietário de terras, amigo de Hume e Rousseau,formou-se em Cambridge e tornou-se pastor an-glicano em 1797. No ano seguinte era publicadasua mais célebre obra, An Essay on the Principleof Population (Ensaio sobre o Princípio da Popu-lação), na qual conclui que a produção de ali-mentos cresce em progressão aritmética, en-quanto a população tenderia a aumentar em pro-gressão geométrica, o que acarretaria pobreza efome generalizadas. Para Malthus, quando adesproporção chega a extremos, as pestes, epi-demias e mesmo as guerras encarregam-se dereequilibrar (temporariamente) a situação. Aúnica forma de evitar essas catástrofes seria ne-gar toda e qualquer assistência às populaçõespobres e aconselhar-lhes a abstinência sexual,com o fim de diminuir a natalidade. Os assala-riados deveriam ter consciência de que, “com onúmero de trabalhadores crescendo acima daproporção do aumento da oferta de trabalho nomercado, o preço do trabalho tende a cair, aomesmo tempo que o preço dos alimentos ten-derá a elevar-se”. A tese de Malthus foi contes-tada, entre outros, por Fourier e Marx, por ig-norar a estrutura social da economia e as pos-sibilidades criadas pela tecnologia agrícola. En-tretanto, “reciclada” para o terreno da evoluçãoe das populações de insetos e outras espéciesanimais, ela forneceu a chave decisiva para ateoria da seleção natural de Darwin e Wallace.David Ricardo e outros economistas clássicos in-corporaram o “princípio da população” às suasteorias, supondo que a oferta da força de tra-balho era inexaurível, sendo limitada apenaspelo “fundo de salários”. Paralelamente, Mal-thus aplicava suas próprias teorias ao estudoda renda no livro An Inquiry into the Nature andProgress of Rent (Investigação sobre a Naturezae o Progresso da Renda), 1815. Sua concepçãoda renda diferencial da terra é semelhante à deRicardo, mediante a aplicação da Lei dos Ren-dimentos Decrescentes, que admitia que o pro-prietário rural ocupava áreas menos férteis à me-dida que a população aumentava. Nos escritossubseqüentes, as concepções do Ensaio sobre oPrincípio da População foram o ponto de partidapara análises mais abrangentes de questões eco-nômicas e sociais, tratadas em livros, panfletose artigos. Surgiram assim The Poor Law (A Lei

363 MALTHUS, Thomas Robert

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dos Pobres), 1817; Principles of Political EconomyConsidered with a View to their Pratical Application(Princípios de Economia Política Consideradoscom Vista a sua Aplicação Prática), 1820; e De-finitions of Political Economy (Definições de Eco-nomia Política), 1827. Uma das polêmicas maiscélebres do período foi travada entre Ricardo eMalthus a respeito da chamada Lei de Say, se-gundo a qual a produção cria seu próprio con-sumo. Malthus argumentou que um aumentoda poupança (vista como investimento) dimi-nuiria o consumo e aumentaria a oferta de benspor meio do aumento do investimento. E tentoudemonstrar que o nível de atividade numa eco-nomia de mercado depende da demanda efetiva,uma idéia que mais tarde seria retomada porJ.M. Keynes.

MAMA BELL. Apelido das ações da AmericanTelephone & Telegraph na Bolsa de Valores deNova York.

MANAGED FLOAT. Veja Dirty Float.

MANAGEMENT FEE. Expressão em inglês quesignifica “taxa de administração”, geralmenteaplicada quando a administração ou o gerencia-mento de um contrato cabe a uma empresa, ouse concentra numa pessoa pertencente a um gru-po que assinou um contrato de empréstimo, oude prestação de serviços. Por exemplo, quandoum banco atua como intermediário financeirode um empréstimo, ele cobra uma taxa de ad-ministração do contrato denominada manage-ment fee.

MANAT. Unidade monetária do Azerbaijão.

MANCHESTER. Veja Escola de Manchester.

MANDEL, Ernest (1923-1995). Economista mar-xista belga. Em 1940, ingressou na IV Interna-cional Socialista, organização revolucionáriafundada por Leon Trotski em 1938. Em 1952,por ocasião da primeira cisão no movimentotrotskista, Mandel, ao lado de Michel Pablo, tor-nou-se o principal dirigente da facção majoritá-ria e seu mais destacado teórico. Ao mesmo tem-po estreitou suas ligações com o movimentooperário como membro da comissão de estudoseconômicos da Central Sindical Belga e comodiretor do semanário La Gauche, órgão da alaradical do Partido Socialista Belga, do qual foiexpulso em 1965. Como teórico marxista, adqui-riu notoriedade após a publicação da obra Traitéd’Économie Marxiste (Tratado de Economia Mar-xista), 1962. O rigor científico de suas pesquisasmanifesta-se também no estudo A Formação doPensamento Econômico de Karl Marx, 1967, no qualreconstitui detalhadamente os passos teóricosdados por Marx, desde seus primeiros escritosaté a elaboração de O Capital. No entanto, seu

trabalho mais expressivo e inovador no que dizrespeito à economia moderna é Der Spaetkapita-lismus — Versuch einer marxistischen Erklaerung(O Capitalismo Tardio), 1972, no qual analisa aatual fase do capitalismo monopolista. Na pre-sente etapa de seu desenvolvimento, o modode produção capitalista, segundo Mandel, temcomo característica fundamental a intensificaçãodos processos de automação, fenômeno definidopor ele como uma terceira revolução tecnológica.Esta ter-se-ia iniciado a partir de 1940, nos Es-tados Unidos e em outros países capitalistas de-senvolvidos, graças ao amplo emprego da ele-trônica e da energia nuclear no processo pro-dutivo. Nesse contexto, Mandel procura atuali-zar a crítica marxista da economia capitalista,focalizando as leis do movimento do capital, asalterações verificadas em sua composição orgâ-nica, as condições em que se dá a realização damais-valia no capitalismo tardio, o papel da eco-nomia armamentista nos quadros do capitalis-mo moderno, as possibilidades de crescimentodo sistema, a natureza das crises cíclicas, a con-centração e internacionalização do capital, a es-sência do neocapitalismo, a espiral inflacionária,a hipertrofia do setor de serviços e as caracte-rísticas da sociedade de consumo. A análise docapitalismo tardio feita por Mandel não se res-tringe exclusivamente ao âmbito das relações deprodução, mas abrange também os aspectos su-perestruturais do sistema e põe em relevo o pa-pel do Estado e da ideologia dominante. Os te-mas abordados em O Capitalismo Tardio têm con-tinuidade na obra Ende der Krise oder Krise ohneEnde? (Fim da Crise ou Crise Sem Fim?), 1977,uma série de ensaios que tratam sobretudo danatureza da recessão mundial na atualidade.Além das obras econômicas, Ernest Mandel pu-blicou inúmeros ensaios sobre problemas polí-ticos, tratando principalmente das questões domovimento revolucionário mundial e da pro-blemática dos países socialistas. Veja tambémCapitalismo; Internacional Socialista; Marxismo.

MANIFESTO COMUNISTA. Redigido porMarx e Engels e publicado um pouco antes darevolução alemã de 1848, consiste no programado comunismo. Passando em revista os regimeseconômicos e sociais existentes até então, o ma-nifesto estabelece que a luta de classes é o motorda história, sendo inevitável o desaparecimentodo capitalismo como fase histórica do desenvol-vimento da sociedade e sua superação pelo co-munismo. Veja também Comunismo; Luta deClasses.

MANIFESTO DE EISENACH. Veja Controvér-sia do Método.

MANIT. Termo resultante da abreviação das pa-lavras, em inglês, man minute, isto é, o trabalho

MAMA BELL 364

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realizado por um homem num minuto. A ex-pressão teve origem no início dos anos 20 desteséculo, nos Estados Unidos, quando se buscavareduzir todo e qualquer trabalho a um denomi-nador comum, para o cálculo da produtividadee dos salários. Por exemplo, o Plano Haynes deSalários estabelecia alguns coeficientes em ter-mos de manits: se o trabalhador apresentasseuma produção superior a sessenta manits porhora, ele receberia uma gratificação, sendo queno sistema Haynes um manit correspondia a 4/5do trabalho que um trabalhador normal, em con-dições normais, poderia render durante um mi-nuto.

MANLESS FACTORY. Expressão em inglêsque significa, literalmente, “fábrica sem operá-rios”, designando aquelas fábricas automa-tizadas onde as atividades são desenvolvidaspor robôs e sem a intervenção direta dos traba-lhadores; o mesmo que push-button factory, istoé, fábrica do “aperta-botão”.

MANNHEIM, Karl (1893-1947). Sociólogo ale-mão, crítico do totalitarismo. Seu livro Ideologiae Utopia, 1929, é considerado o marco de fun-dação da sociologia do conhecimento. Aluno deMax Weber, Mannheim foi professor em Frank-furt e na School of Economics de Londres, nadécada de 30. Influenciado inicialmente pelomarxismo, acabou abandonando-o em parte pornão acreditar que fossem necessários meios re-volucionários para construir uma sociedade me-lhor. Seu pensamento assemelha-se em certosaspectos ao de Hegel, na crença de que, no fu-turo, o homem superará o domínio que os pro-cessos históricos exercem sobre ele. Mannheimfoi ainda muito influenciado pelo historicismoalemão e pelo pragmatismo inglês. Em seu pri-meiro e principal livro, Ideologia e Utopia, afirmaque todo ato de conhecimento não resulta ape-nas da consciência teórica, mas também de nu-merosos elementos que provêm da vida sociale das influências e vontades a que o indivíduoestá sujeito. A influência desses fatores deveriaser o objeto de uma nova disciplina, a sociologiado conhecimento. Cada fase da humanidade se-ria dominada por certo estilo de pensamento ea comparação entre vários estilos diferentes seriaimpossível. Mas, mesmo em cada fase, surgi-riam tendências conflitantes, apontando para aconservação ou para a mudança de pensamento.A conservação tenderia a produzir ideologias,e a tendência à mudança conduziria a utopias.O pensamento de Mannheim foi criticado soba alegação de, por meio do historicismo, levarao relativismo. O sociólogo refutou essa crítica,afirmando que o relativismo só existe dentro deuma concepção absolutista das ideologias ou dequalquer forma de pensamento. Estudou tam-bém as relações entre o pensamento e a ação,

elaborou a caracterização das sociedades demassa e contribuiu para a teoria do planejamen-to. Entre outras obras, escreveu ainda Menschund Gesellschaft im Zeitalter des Umbaus (O Ho-mem e a Sociedade em Época de Crise), 1935;Diagnosis of our Time (Diagnóstico do NossoTempo), 1943; e Freedom, Power and DemocraticPlanning (Liberdade, Poder e Planejamento De-mocrático), 1950.

MANOILESCU. Veja Tese de Manoilescu.

MANUFATURA. Estabelecimento fabril em quea técnica de produção é artesanal, mas o trabalhoé desempenhado por grande número de operá-rios, sob a direção de um empresário. No pro-cesso manufatureiro vigora a divisão do traba-lho, pela qual cada operário, utilizando instru-mentos individuais, realiza uma operação par-cial. Assim, a qualidade da produção dependefundamentalmente da habilidade manual dooperário, pois não há ainda o emprego de má-quinas. A manufatura sucedeu o artesanato,como forma de produção e organização do tra-balho, sendo substituída pela produção indus-trial mecanizada. Surgiu por volta do século XIVem alguns centros urbanos da Itália, Flandres eInglaterra, e atingiu o apogeu nos séculos XVII-XVIII, preparando as condições materiais e téc-nicas para o advento da Revolução Industrial.Veja também Artesanato; Mecanização; Revo-lução Industrial.

MANUFATURADOS. Veja Produtos Manufa-turados.

MANUMISSÃO. Ato de libertar ou alforriarum escravo feito pelo senhor.

MÃO. Antiga unidade de comprimento equi-valente à largura de uma mão de tamanho nor-mal e correspondendo a aproximadamente a 10cm. Hoje em dia ela é ainda utilizada para medircavalos: a altura de um cavalo medida em mãoscompreende a distância entre suas ancas e o solo.Veja também Unidades de Pesos e Medidas.

MÃO INVISÍVEL. Conceito desenvolvido porAdam Smith em seu livro A Riqueza das Nações,significando uma coordenação invisível que as-segura a consistência dos planos individuaisnuma sociedade onde predomina um sistemade mercado. De acordo com Smith, um indiví-duo que busca apenas seu próprio interesse éna verdade conduzido por uma mão invisívela obter um resultado que não estava original-mente em seus planos. Esse resultado obtidocorresponderia ao interesse da sociedade. A con-cepção de Smith, embora tenha correspondênciana realidade, não significa que o mercado fun-cione tão bem assim conduzido pela mão invi-sível. As crises, as distorções e desigualdades

365 MÃO INVISÍVEL

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na distribuição da renda, a existência de desem-prego crônico e elevado significam que a mãoinvisível nem sempre proporciona a harmoniaentre os interesses individuais e os da sociedade.Esta questão, entendida como as condições doequilíbrio geral, foi retomada por Leon Walras(1834-1910) no final do século passado, por Ar-row (1921) e Debreu (1921), no presente século.Veja também Equilíbrio Geral; Laissez-Faire.

MAPLE LEAF. Veja Krugerrand.

MAQUIA. Antiga medida de cereais correspon-dente a 2 celamins (0,863 l). Atualmente (em Por-tugal), a maquia representa a parte que o mo-leiro recebe em cereais ou azeite pelo seu tra-balho de moagem desses mesmos produtos, quepara o efeito lhe são entregues pelos lavradores.É, portanto, o preço do trabalho do moleiro.

MAQUILADORAS. Denominação de empresassituadas em lugares próximos das fronteiras deum país, onde se montam produtos com peçase componentes vindos do país vizinho com van-tagens decorrentes de mão-de-obra barata. De-senvolveram-se especialmente durante os anos80 na fronteira do México com os Estados Unidos.

MARAVEDÍ. Moeda cunhada por ordem de Al-fonso VIII de Castela, em ouro e prata, imitandoo dinar almorávide e que também era denomi-nado mourisco, alfonsim e morabetim. Circuloudurante muito tempo na Espanha, cunhado emcobre e freqüentemente mencionado por Cris-tóvão Colombo em seus diários e cartas relatan-do o descobrimento da América. Seu valor eraequivalente a cerca de um centésimo de gramade ouro. Mesmo depois de ter saído de circu-lação, permaneceu durante muito tempo comounidade de conta na Espanha.

MARCA. Elemento de propaganda e marketingidentificador de uma empresa, organização, pro-duto, serviço etc., constituído de um nome, deum símbolo visual (figurativo ou não), de umlogotipo ou da logomarca.

MARCA D’ÁGUA. Um desenho ou uma formaincorporada ao papel durante sua fabricação eidentificável quando colocado contra a luz.Constitui um mecanismo para tornar mais difí-ceis e custosas as falsificações, sendo uma dascaracterísticas do papel utilizado para a emissãode notas, papel-moeda, talões de cheque e detítulos de valor em geral. É também conhecidacomo “filigrana”. Em inglês, a expressão é watermark.

MARCA MONETÁRIA. Marca que identificaa Casa da Moeda onde a moeda foi cunhada.A marca pode ser uma letra, ou um sinal, ou

símbolo secreto. É também denominada letramonetária.

MARCA REGISTRADA. Sinal distintivo (pa-lavra, letra, desenho, emblema) utilizado paraindividualizar um produto. É registrado no ór-gão competente para assegurar seu uso exclu-sivo por determinada empresa.

MARCAR AO MERCADO. Expressão do mer-cado financeiro que significa a avaliação de umaposição financeira resultante de uma operação,mediante sua comparação com o preço vigenteno mercado em uma determinada data, aindaque não seja a data do vencimento.

MARCO. Medida de peso utilizada pela Casada Moeda do Brasil antes da adoção do SistemaMétrico Decimal e equivalente a 8 onças ou apro-ximadamente 228,552 g. O marco é também a de-nominação da unidade monetária da Alemanha(marco alemão; submúltiplo: pfennige) e da Fin-lândia (marco finlandês; submúltiplo: penniá).

MARCUSE, Herbert (1898-1979). Filósofo ale-mão radicado nos Estados Unidos, para ondeemigrou em 1934, fugindo à perseguição nazista.Ligado à escola de Frankfurt, foi influenciadopor Hegel, Marx e Freud, elaborando uma con-cepção do indivíduo e da sociedade que fundeos pontos de vista do marxismo e da psicanálise.Em uma de sua obras mais importantes, Ideologiada Sociedade Industrial, 1964, Marcuse faz umaanálise crítica do sistema ideológico do modernocapitalismo industrial e afirma que o proletaria-do dos países desenvolvidos se interessa pelaconservação do sistema. O autor acha que o po-tencial revolucionário para derrubar o capitalis-mo e construir uma sociedade sem exploraçãode classe e sem repressão dos impulsos naturaisencontra-se nas maiorias oprimidas, nas classesmarginalizadas e nos povos do Terceiro Mundo.Seus ataques demolidores à sociedade de con-sumo e sua reivindicação de liberdade sexualcomo complemento indispensável da emancipa-ção política e econômica tiveram grande reper-cussão nos movimentos estudantis de 1968,principalmente nos Estados Unidos, França eAlemanha. Marcuse foi professor do Institute ofSocial Research da Universidade de Nova York(1934-1940) e da Universidade da Califórnia(1954-1965). Entre outras obras, escreveu: Razãoe Revolução, 1941; Eros e Civilização, 1955; e Mar-xismo Soviético, 1958.

MARGEM. Parte do valor de uma operação atermo, efetuada em Bolsa de Valores, que o com-prador deposita como garantia de liquidação donegócio no prazo estipulado. O depósito podeser feito em dinheiro ou em títulos determinadospela direção da Bolsa. Nas Bolsas de Mercado-rias, é um percentual em dinheiro depositado

MAPLE LEAF 366

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pelos contratantes como garantia contra possíveloscilação de preços. O termo pode ser entendidotambém como a diferença entre o preço de ven-da de um produto e seu custo de produção parao produtor, e neste caso significa o “ganho” ou“a margem de lucro” do empresário.

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO. É a diferen-ça entre o preço de venda de um produto e seucusto variável (MC = Pv – Cv). Se o preço devenda de um produto for igual a R$ 10000,00 eo custo variável desse produto se elevar a R$6000,00, a margem de contribuição será igual aR$ 4000,00. Isso significa que cada real de vendascontribui com 40 centavos para a cobertura doscustos fixos, os quais, dependendo do volumede vendas, podem ser ultrapassados, sendo ge-rados, nesse caso, lucros à empresa. A margemde contribuição é também chamada de “contri-buição para o custo fixo”, “saldo marginal” ou“receita marginal”.

MARGEM LÍQUIDA. Porcentagem de lucro lí-quido em relação ao total de faturamento. É adiferença entre o faturamento total e os custosdiretos e indiretos necessários para obtê-lo. Porexemplo, se uma construtora comercializar imó-veis com 25% de acréscimo sobre o preço decusto, e o esforço de comercialização (salário decorretores, publicidade, material promocionaletc.) consumir 15% da diferença, a margem lí-quida corresponderá a 10% do preço de venda.

MARGINALISMO. Escola e teoria econômicaque define o valor dos bens a partir de um fatorsubjetivo — a utilidade, isto é, sua capacidadede satisfazer necessidades humanas, rompendocom a teoria clássica do valor-trabalho. Comoa necessidade é uma característica subjetiva,também a utilidade de um bem terá uma ava-liação subjetiva; um mesmo bem ou serviço terádiferentes utilidades e, portanto, valores dife-rentes, de acordo com o indivíduo. Para explicaresse aspecto, a escola marginalista considera quea satisfação de cada necessidade requer certaquantidade de um bem ou serviço. À medidaque a quantidade consumida pelo indivíduo au-menta, reduz-se a satisfação obtida. O valor decada bem é dado pela utilidade proporcionadapela última unidade disponível desse bem, ouseja, por sua “utilidade marginal”. Os margina-listas argumentam que um bem muito abundan-te pode ser utilizado de formas que não são es-senciais. À medida que ele escasseia, as formasnão-essenciais devem ser abandonadas: sua uti-lidade marginal aumenta. Desse modo, a utili-dade marginal mede a necessidade que aindaresta a ser satisfeita e, portanto, o valor do bem.Os fatores de produção também são objeto deuma avaliação subjetiva, ou seja, de uma desu-tilidade ou renúncia à utilidade. Segundo a teo-

ria marginalista, o trabalho causa desprazer en-quanto atividade e só é realizado porque seusresultados (bens e serviços) proporcionam uti-lidade. À medida que o trabalho se prolonga,sua desutilidade (o desprazer provocado pelafadiga) aumenta e a utilidade marginal de seuproduto diminui. Quando a desutilidade e a uti-lidade se igualam, o trabalho cessa. Analoga-mente, o capital é visto como bens a cujo usu-fruto o indivíduo renuncia no presente para con-sumir uma maior quantidade no futuro. Resulta,portanto, de uma negação do consumo indivi-dual imediato, na expectativa de um rendimentomaior no futuro, a partir da comparação entreduas utilidades separadas no tempo. A partirdessas proposições, deduz-se que a cada bemse associa um custo, um preço de oferta, queaumenta com o volume de bens produzidos.Como cada bem é produzido mediante utiliza-ção de trabalho e capital, o crescimento da pro-dução requer volumes cada vez maiores de tra-balho e capital. Com isso, o custo do trabalhoeleva-se, pois sua desutilidade cresce. Dessemodo, os marginalistas explicam o fenômenopelo qual a oferta de uma mercadoria só podeaumentar se houver aumento de seu preço. Aformação dos preços no mercado ocorre de acor-do com a clássica lei da oferta e da procura,explicada pela teoria marginalista a partir de umcritério psicológico e de fundo racionalista. Oproduto resultaria da combinação entre três fa-tores de produção (trabalho, capital e recursosnaturais), combinados em determinadas propor-ções, conforme cada caso. A produtividade decada fator diminui à medida que sua quantidadeno processo produtivo aumenta em relação aosoutros fatores. Na margem, a produtividade decada fator reflete seu valor, isto é, sua escassezrelativa. Assim, um fator será tanto mais valiosoquanto menor for sua disponibilidade. Sendo osfatores comercializados num mercado de con-corrência perfeita — premissa clássica mantidapelos marginalistas —, demonstra-se que seuspreços (salário do trabalho, juros do capital erenda da terra) correspondem às respectivasprodutividades marginais. O marginalismo sur-ge como escola e teoria econômica estruturadaa partir de 1870, elaborado e desenvolvido in-dependentemente nas obras de três economistas:Karl Menger (Die Grundsätze der Volkswirtschafts-lehre (Princípios da Economia Política)), WilliamJevons (The Theory of Political Economy (Teoriada Economia Política)) e Léon Walras (Élémentsd’Économie Politique Pure (Elementos da Econo-mia Política Pura)). No início do século XX, aanálise econômica baseada na utilidade margi-nal é refinada pelos representantes das três es-colas mais importantes: a inglesa, com AlfredMarshall (1842-1924); a austríaca, representadapor Böhm-Bawerk (1851-1914) e Von Wieser

367 MARGINALISMO

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(1851-1926), discípulos de Menger; e a de Lau-sanne, com Pareto (1848-1923), discípulo de Wal-ras. Tornou-se o fundamento da doutrina eco-nômica acadêmica oficial dos países capitalistas,reafirmando o sistema de concorrência perfeitae a inexistência de crises econômicas, admitidasapenas como acidentes ou conseqüência de er-ros. Entretanto, a profunda crise de 1929 e a con-seqüente depressão que perdurou até a SegundaGuerra Mundial revelaram a fragilidade de suasformulações. Houve necessidade de uma análisemais abrangente, como a desenvolvida por J.M.Keynes, para adaptar a teoria econômica oficialà problemática contemporânea do capitalismo.Keynes tinha formação marginalista, mas rom-peu com os preceitos ortodoxos, elaborandosuas teorias da renda, consumo e investimentoa partir de comportamentos sociais, e não depeculiaridades individuais. Na versão keynesia-na, o marginalismo torna-se mais eclético e nãoenfatiza a teoria do valor marginal, relegado atextos escolares ou a interpretações de cunhoideológico. E, ao mostrar que não existe o prin-cípio de equilíbrio automático na economia ca-pitalista e que o investimento é o fator dinâmicona economia, Keynes inaugura uma nova fasede ciência econômica, que se utiliza cada vezmais do instrumental matemático aplicado aproblemas práticos, mas também de uma visãomais geral e interdependente dos grandes agre-gados econômicos.

MARK DOWN. Expressão em inglês que, nasatividades bancárias, significa a reavaliação dovalor de títulos oferecidos como colaterais deempréstimos para troca de ações, sempre queocorre um expressivo declínio de suas cotaçõesno mercado de títulos. Esta reavaliação torna-senecessária como uma proteção para os emprés-timos bancários dentro do princípio de que asmargens de segurança devem ser sempre man-tidas em boas condições.

MARK-I. Calculadora eletromagnética inventa-da pelo físico norte-americano Howard Aikenem 1943, contendo enorme quantidade de fios(800 km) e realizando operações com númerode mais de vinte dígitos em poucos segundos.Em 1945, a matemática norte-americana GraceMurray Hopper encontra um inseto (bug) noscircuitos do Mark-I, e a palavra bug passa a sersinônimo, desde então, de tudo aquilo que causeinterrupções ou panes nos circuitos dos compu-tadores.

MARKETING. Neologismo norte-americano quedesigna a moderna técnica de comercialização.Veja também Mercadologia.

MARK-TO-MARKET. Veja Marcar ao Mercado.

MARKET SHARE. Expressão em inglês quesignifica, literalmente, “participação no merca-do”, isto é, a fração do mercado controlado poruma empresa ou participação no mercado nasvendas de um determinado produto. Avalia-seque quando uma só empresa tem uma partici-pação superior a 10% de um mercado, ela já écapaz de influir na fixação de preços nesse mer-cado.

MARKOWITZ, Harry. Veja Prêmio Nobel;Risco.

MARKUP. Termo em inglês que significa a di-ferença entre o custo total de produção de umproduto e seu preço de venda ao consumidorfinal. A diferença indica o custo da distribuiçãofísica, ou seja, quanto custa levar o produto deonde está armazenado até as mãos do consu-midor final, mais o lucro do produtor dos in-termediários e varejistas. Por exemplo, se o custode produção de um produto é igual a R$ 20,00e o preço ao consumidor final deve ser 30% maiselevado (ou um markup de 30%), o preço finalao consumidor deverá ser de R$ 20,00 + 30% =R$ 26,00.

MARSHALL, Alfred (1842-1924). Economista ematemático inglês, principal representante dasegunda geração da escola marginalista inglesaou escola de Cambridge. Influenciado por Cour-not, Von Thünen e Bentham, transformou váriosargumentos de Ricardo e Mill em proposiçõesmatemáticas. Em 1879 foram publicados PureTheory of Foreign Trade (Teoria Pura do ComércioExterior), Pure Theory of Domestic Values (TeoriaPura dos Valores Internos) e Elements of Econo-mics of Industry (Elementos da Economia da In-dústria), este último em colaboração com suamulher. Onze anos depois surgiu sua principalobra, Princípios de Economia. Marshall procuroudar um tratamento mais científico à economia,buscando um denominador comum para medira atividade humana. Assim, em Princípios, ana-lisa as relações entre a oferta, a procura e o valor,caracterizando o comportamento econômico hu-mano de uma perspectiva hedonista, como umdelicado equilíbrio entre a busca de satisfaçãoe a negação do sacrifício. Combinando a utili-dade marginal com o custo real subjetivo, o va-lor é determinado, segundo Marshall, pela atua-ção conjunta das forças que se localizam na ofer-ta e na procura. Assim, atrás da procura está autilidade marginal, expressa nos preços de pro-cura dos compradores; e atrás da oferta locali-zam-se o esforço e o sacrifício marginal dos pro-dutores, refletidos nos preços de oferta em queos produtos são produzidos. Nessa análise, ocusto de produção surge também como deter-minante do valor. Marshall diferencia gastos deprodução e custo real de produção, que consiste

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na desutilidade do trabalho junto com o sacri-fício de poupar o capital necessário à produçãode uma mercadoria. Marshall aplicou esse es-quema geral a todo o campo de atividade eco-nômica. Desse modo, o consumidor obteria umarenda por meio de um processo de equilíbrioentre a desutilidade do esforço e a utilidade de-rivada do gasto da renda obtida com essa de-sutilidade. Do mesmo modo, o modelo de seugasto seria determinado pela utilidade obtidapor uma mercadoria, à custa da utilidade per-dida ao não comprar outras mercadorias. Mar-shall também sugeriu que, se os custos mone-tários de produção de duas mercadorias fossemiguais, os custos reais também seriam semelhan-tes. A partir dessa analogia, elaborou o conceito,desenvolvido antes por Dupuit, de “excedentedo consumidor”, que expressaria o excesso desatisfação experimentado pelo consumidor aocomprar um bem por um preço menor do queestaria disposto a pagar antes de pensar em ad-quiri-lo. A contribuição de Marshall ao proble-ma do valor e do preço também está em suaanálise do equilíbrio entre a oferta e a procura.Ele distingue diferentes períodos de tempo emque as forças do mercado tendem a estabelecero equilíbrio: o “valor de mercado”, determinadoquando a oferta é fixa; e os “valores normais”,determinados num período curto, quando aoferta pode aumentar mediante estoques de tra-balho, e a longo prazo, quando há modificaçõesno processo produtivo. Finalmente, sugere queo valor deveria ser considerado “não estático”quando há mudança em todos os dados econô-micos: população, gostos, técnica, capital e or-ganização. A distinção entre diferentes graus deequilíbrio da oferta e da procura ajudou Mar-shall a relacionar todas as categorias econômi-cas, ligando os problemas da oferta, da procurae do preço das mercadorias aos dos fatores deprodução. Desse modo ele inter-relacionou a tro-ca, a produção e a distribuição. Tal análise doequilíbrio originou muitos conceitos atualmentede uso generalizado, como as noções de “elas-ticidade da oferta e da procura” e o “princípiode substituição”. Também está implícita, nessateoria do equilíbrio do valor, uma teoria da dis-tribuição. Pelo uso do fator tempo, Marshall dis-tingue entre fatores que determinam os preçose aqueles que são determinados pelos preços. Emostrou que essa distinção não era absoluta, ex-ceto no caso da renda da terra (sempre deter-minada pelo preço), pois dependia de períodosde tempo. Mas, a curto prazo, a remuneraçãode muitos fatores é semelhante à remuneraçãoda propriedade do solo (a renda da terra), queproduziu o que ele chamou de “quase renda”.Quanto ao capital e ao trabalho, Marshall afir-mava que, a longo prazo, as remunerações des-ses fatores deveriam ser iguais a seus custos

marginais: o juro tenderia a ser igual ao sacrifíciomarginal da poupança, e os salários, iguais àdesutilidade marginal do esforço. A produtivi-dade marginal dos salários e dos juros deveriaser considerada parte de uma teoria completada distribuição. Marshall escreveu ainda Money,Credit and Commerce (Dinheiro, Crédito e Comér-cio), 1923. Devido à popularidade de seus livrose de suas aulas (foi professor de economia po-lítica em Cambridge de 1885 a 1908), exerceuenorme influência na formação da geração pos-terior de economistas.

MARTINGALE. Designação de um processo dejogar pelo qual enquanto o jogador não ganha,vai dobrando as apostas.

MARUTA. Veja Zaire.

MARX, Karl Heinrich (1818-1883). Filósofo eeconomista alemão, o mais eminente teórico docomunismo. Estudante universitário em Berlim,ligou-se à chamada esquerda hegeliana, frontal-mente contrária ao absolutismo prussiano. Dou-torou-se em direito pela Universidade de Ienacom a tese Sobre as Diferenças da Filosofia da Na-tureza de Demócrito e Epicuro, influenciado peladialética de Hegel. De maio de 1842 a janeirode 1843, foi redator-chefe do jornal RheinischeZeitung (Gazeta Renana), editado em Colônia,porta-voz do liberalismo alemão. Foi por forçade seu trabalho jornalístico que abordou, pelaprimeira vez, temas de natureza econômica, aoanalisar a ruína dos vinhateiros do Mosela e asquestões jurídicas relativas ao furto da lenhapraticado pelos camponeses alemães. Datamdessa época os artigos “A Liberdade de Impren-sa”, “Manifesto sobre a Escola Histórica do Di-reito”, “Debates Motivados pela Lei contra oFurto da Lenha”, “Justificação do Correspon-dente do Mosela”. O trato com esses problemaslevou-o a perceber a contradição entre a con-cepção hegeliana do Estado, que deveria ser aencarnação do “interesse geral”, e as leis ema-nadas da Dieta Provincial renana, voltadas ba-sicamente para a defesa da propriedade privada.Segundo Ernest Mandel, já nessa época Marxteria vislumbrado a noção da mais-valia, de am-pla utilização posterior. Ao analisar uma dispo-sição penal que atribui ao proprietário o trabalhodo ladrão para compensar suas perdas, ele teriapercebido que é o trabalho forçado não-retribuí-do a fonte das “percentagens”, isto é, do lucro.No entanto, sua postura política nesse períodoera a de um liberal radical. A adesão ao socia-lismo viria a ocorrer em Paris, onde Marx seexilou após o fechamento do Rheinische Zeitungpelo governo prussiano. Na capital francesa, eleentrou em contato com um movimento operáriorelativamente amadurecido e com revolucioná-rios de toda a Europa, entre os quais Bakunin,

369 MARX, Karl Heinrich

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teórico do anarquismo. Além disso, conheceuFriedrich Engels, cuja amizade marcaria suavida e sua obra. Foi por influência de Engelsque Marx se voltou para o estudo dos escritosde Adam Smith, Ricardo e outros economistasclássicos ingleses.Em Paris, Marx fundou, com outros intelectuaisalemães, a revista Deutsch-Französische-Jahrbü-cher (Anais Franco-Alemães), que teve um úniconúmero. Dois artigos da revista trazem sua as-sinatura: “A Questão Judaica” e “Contribuiçãoà Crítica da Filosofia do Direito”. Sob a influên-cia do materialismo de Feuerbach, rompeu como idealismo de Hegel e procurou fundamentara análise do Estado e do direito na “autonomiada sociedade civil”, isto é, nas relações sociaisconcretas.A partir de 1844, juntamente com Engels, dedi-cou-se a fundamentar teoricamente o socialismo(então dominado pelo pensamento utopista).Seus estudos de economia política resultaramna elaboração de Manuscritos Econômico-Filosófi-cos de 1844 (publicados somente em 1932). Otema central é a problemática da alienação, her-dada de Hegel e Feuerbach, mas que recebe umfundamento socioeconômico. Para Marx, o ho-mem alienado não é mais o indivíduo entreguea um sonho religioso ou especulativo, mas ohomem que habita uma sociedade desumaniza-da, que tem seu fundamento na propriedade pri-vada. No entanto, Marx não atinge ainda a es-sência da exploração nos quadros do capitalis-mo, pois refuta com veemência a teoria do va-lor-trabalho elaborada por David Ricardo. Pa-ralelamente, trabalhando em conjunto, Engels eMarx aprofundaram o ajuste de contas com afilosofia de Hegel e Feuerbach. Isso ocorre emA Sagrada Família (1844) e em A Ideologia Alemã,na qual elaboram o primeiro esboço do mate-rialismo histórico.O trabalho seguinte de Marx foi A Miséria daFilosofia (1847), em que as questões econômicasreceberam um tratamento especial. Marx aceitoue incorporou a seu pensamento a teoria do va-lor-trabalho de Ricardo. As concepções econô-micas presentes na obra serviram de fundamen-to para o ajuste de contas com o socialismo utó-pico, particularmente com o pensamento dou-trinário de Proudhon, autor de Filosofia da Mi-séria.Foi também no ano de 1847 que Marx e Engelsescreveram O Manifesto Comunista, espécie deprograma e carta de princípios da Liga dos Co-munistas, organização revolucionária que osdois amigos ajudaram a fundar. O manifestoapresenta, a partir das concepções do materia-lismo histórico, uma análise da sociedade capi-talista. Além disso, fundamenta a teoria do so-cialismo científico, apresenta o programa da re-volução proletária e a função histórica da dita-

dura do proletariado. No mesmo período surgeTrabalho Assalariado e Capital (conferências pro-nunciadas em Bruxelas), em que Marx delineiaos primeiros esboços da teoria da mais-valia combase na teoria do valor-trabalho.Em A Miséria da Filosofia, O Manifesto Comunistae Trabalho Assalariado e Capital, Marx e Engelsapresentaram uma primeira visão de conjuntodo modo de produção capitalista e sua possívelevolução. Mas os trabalhos teóricos deveriamesperar: em 1848, a eclosão do movimento re-volucionário em vários países europeus condu-ziu Marx e Engels de volta à Alemanha, ondeeditaram a Neue Rheinische Zeitung (Nova GazetaRenana), procurando orientar as ações do pro-letariado alemão.O fracasso da revolução levou-os a novo exílio,dessa vez em Londres. Com a ajuda de Engels,Marx procede a um minucioso estudo das crisescíclicas do capitalismo, no qual a problemáticados ciclos econômicos é vista em estreita relaçãocom os problemas suscitados pela ação política.É dessa época a obra As Lutas de Classe na França1848-1850, cuja temática do estudo e do com-portamento das classes sociais se desdobra e seaprofunda em O 18 Brumário de Luís Bonaparte(1852).Após a dissolução da Liga dos Comunistas,Marx voltou-se para um estudo em profundi-dade da economia política. Foram anos de ex-trema miséria, a sobrevivência precariamentegarantida pela ajuda de Engels e pela colabora-ção com o jornal norte-americano New York DailyTribune. As pesquisas desenvolvidas nesse pe-ríodo resultaram na Contribuição à Crítica da Eco-nomia Política (1857), nos Grundrisse (conjunto derascunhos só publicados em 1939 com o nomede Fundamentos para a Crítica da Economia Política)e nas Teorias da Mais-valia, obra que mais tardeMarx pretendeu publicar como Livro Quarto deO Capital.Ao mesmo tempo que redigia O Capital, Marxvoltou suas atenções para o movimento operá-rio, contribuindo decisivamente, ao lado de En-gels, para a fundação da Associação Internacio-nal dos Trabalhadores (I Internacional), criadaem Londres em 1864. Foi numa das reuniões doconselho geral da Internacional que expôs pelaprimeira vez, em forma de conferência, sua teo-ria definitiva dos salários, publicada postuma-mente com o nome de Salário, Preço e Lucro. Afi-nal, em 1867, veio a público o primeiro volumede O Capital. Os outros dois volumes, inacaba-dos, foram publicados em 1885 e 1894 por En-gels, que para eles elaborou inúmeras notas ex-plicativas e redigiu passagens incompletas.A doença contribuiu para que Marx não desseforma final aos outros volumes de sua mais im-portante obra. Outro fator foi seu compromissocom a militância política: inúmeras vezes Marx

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abandonou seu trabalho científico para dedicar-se ao movimento operário. Assim procedeu porocasião da Comuna de Paris (1871), cujos acon-tecimentos foram analisados por ele em A GuerraCivil na França, um dos mais perfeitos exemplosde análise política de conjuntura, pois mostraas concepções ideológicas, as alianças e conflitosentre as classes sociais na cena política. Outraobra dedicada à formação política do proleta-riado foi a Crítica ao Programa de Gotha (1875),uma análise do programa da social-democraciaalemã, publicada depois de sua morte.Na ocasião de sua morte, em 1883, Engels dissea seu respeito, na oração fúnebre: “Assim comoDarwin descobriu a lei do desenvolvimento danatureza orgânica, Marx descobriu a lei do de-senvolvimento da sociedade humana: o fato tãosimples, mas que até ele se mantinha oculto peloervaçal ideológico, de que o homem precisa, emprimeiro lugar, comer, beber, ter um teto e ves-tir-se antes de fazer política, ciência, arte, reli-gião etc.; e que, portanto, a produção dos meiosde subsistência imediatos, materiais e, por con-seguinte, a correspondente fase econômica dodesenvolvimento de um povo ou de uma épocaé a base a partir da qual se desenvolveram asinstituições políticas, as concepções jurídicas, asidéias artísticas e inclusive as idéias religiosasdos homens e de acordo com a qual devem ex-plicar-se; e não o contrário, como se vinha fa-zendo até então”.Veja também Comunismo; Engels, Friedrich;Internacional Socialista; Mais-valia; Marxismo;Materialismo Histórico; Revolução Socialista;Socialismo; Utopia.

MARXISMO. Denominação consagrada para aobra teórica de Marx e Engels e de seus segui-dores. Constitui a fundamentação ideológica domoderno comunismo. Abrange uma filosofia euma sociologia. Mudou os rumos da economiapolítica, principalmente com a obra O Capital,de Marx, que expõe a teoria da mais-valia e con-sidera o capitalismo um modo de produção tran-sitório, sujeito a crises econômicas cíclicas, e que,por efeito do agravamento de suas contradiçõesinternas, deverá ceder o lugar ao modo de pro-dução socialista, mediante a prática revolucio-nária. A teoria política marxista, chamada desocialismo científico, considera que a luta declasses é o motor da história e que o Estado ésempre um órgão a serviço da classe dominante,cabendo à classe operária, como classe revolu-cionária de vanguarda, lutar pela conquista doEstado da ditadura do proletariado. Na II Inter-nacional, surgiu uma tendência que propôssubstituir o conteúdo revolucionário do marxis-mo pela concepção de uma evolução social re-formista e gradual. A importância da obra teó-rica e prática de Lênin deu origem à expressão

marxismo-leninismo, modernamente difundida.Após a estagnação dogmática que caracterizouo período stalinista, a pesquisa teórica revigo-rou-se no campo do marxismo, dando lugar aacesas polêmicas, centradas particularmente emtorno das contribuições de Mao Tsé-Tung, Trotski,Gramsci, Rosa Luxemburgo, Lukács, Tito, LouisAlthusser e outros. Veja também Capitalismo;Comunismo; Escola Marxista; Eurocomunismo;Mais-valia; Materialismo Dialético; Materialis-mo Histórico; Proletariado, Ditadura do.

MARXISTA. Veja Escola Marxista.

MATARAZZO, Francisco (1854-1937). Empre-sário ítalo-brasileiro. Nasceu em Castellabate,província de Salerno, Itália. Aos 27 anos veiopara o Brasil com a esposa e dois filhos, esta-belecendo-se em Sorocaba. Dedicou-se ao co-mércio e montou fábricas de banha na região,até fundar, em 1890, uma sociedade com doisirmãos que já se encontravam no país. Nessemesmo ano, mudou-se para São Paulo, tornan-do-se importador de bens de consumo. Em 1891organizou uma sociedade anônima, a Compa-nhia Matarazzo: era o fim da Matarazzo e Ir-mãos. Em 1900 passou a importar farinha detrigo da Argentina, aproveitando-se das dificul-dades que havia na época para trazer o produtodos Estados Unidos, nosso tradicional fornece-dor. Com a ajuda de técnicos ingleses, construiuentão seus primeiros moinhos no bairro do Brás.Do projeto faziam parte também uma sacaria euma oficina de reparações, origem da Metalúr-gica Matarazzo. A sacaria transformou-se como tempo na Tecelagem de Algodão Mariângela,dedicada à produção de embalagens e tecidospara vestuário. O passo seguinte foi a criaçãode uma fábrica para extrair óleo de caroço dealgodão. Paralelamente, Matarazzo voltou-separa o ramo financeiro, participando, em maiode 1900, da fundação do Banco Commerciale Ita-liano di São Paulo. Em 1905 organizou, com ou-tros investidores, o Banco Italiano del Brasile.Um terceiro banco foi organizado com sua par-ticipação em 1910. Em 1911 sua empresa trans-formou-se em sociedade anônima. Seis anos de-pois, transferiu para seus filhos, particularmentepara Ermelino Matarazzo, o controle dos negó-cios. Por ocasião de sua morte, em 1937, o grupoMatarazzo estava entre os mais importantes con-glomerados industriais do país, posição que con-servou até fins da década de 70. Em 1979 o grupoera o segundo maior na relação das principaisempresas por patrimônio líquido, caindo parao décimo lugar em 1980 e para o vigésimo se-gundo no ano seguinte. Em 1983, na gestão deMaria Pia Matarazzo, várias empresas do grupoentraram em regime de concordata.

371 MATARAZZO, Francisco

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MATEMÁTICA, Escola. Veja Escola Matemá-tica.

MATERIALISMO DIALÉTICO. Concepção fi-losófica de Marx e Engels que incorpora a dia-lética de Hegel, extraída do envoltório idealista,ao princípio fundamental do materialismo. Opõe-se ao materialismo mecanicista, pois afirma ainterferência entre causa e efeito, o automovi-mento gerado pelas contradições internas, astransformações qualitativas da matéria e a ne-gação da negação como forma geral do desen-volvimento. Em gnosiologia, afirma a priorida-de do ser sobre a consciência, sendo esta a ati-vidade cerebral do homem socializado em suarelação primordialmente prática com o mundoobjetivo. Aplicado à sociedade humana, consti-tui a teoria do materialismo histórico. Veja tam-bém Marxismo; Materialismo Histórico.

MATERIALISMO HISTÓRICO. Parte da con-cepção marxista da história que trata dos modosde produção, de seus elementos constituintes edeterminantes, de sua gênese, da transição e dasucessão de um modo de produção a outro. Nãodiz respeito apenas ao modo de produção ca-pitalista, mas a todos os modos de produçãohistoricamente determinados: o das comunida-des primitivas, o da Antiguidade, o escravista,o asiático, o feudal, o capitalista e o socialista.A tese central do materialismo histórico é a deque o ser social determina a consciência social;isto é, a atividade material, produtiva, a formacomo os homens se relacionam com a natureza,por meio do trabalho, é o alicerce de toda or-ganização social. O sistema econômico, segundoessa perspectiva, é a base sobre a qual se erguetodo o edifício da sociedade; as relações de pro-dução (formas de propriedade dos meios de pro-dução, classes sociais e as relações entre elas)constituem o fundamento das instituições jurí-dicas e políticas (Estado) e das ideologias ouformas de consciência social (costumes, arte, re-ligião). Segundo Marx, cada modo de produçãogera uma superestrutura que lhe é correspon-dente e que não é mais do que a expressão idealdas relações materiais dominantes. Por isso,Marx e Engels afirmaram: “As idéias dominan-tes são, em todas as épocas, as idéias das classesdominantes. A classe que dispõe dos meios deprodução material dispõe com isso, ao mesmotempo, dos meios de produção intelectual”.Apesar da predominância do econômico sobrea superestrutura, essa relação não se dá de formamecânica, como um simples reflexo. Os diversosníveis da superestrutura influem também sobrea base, numa articulação dialética. O mundo dapolítica e o da ideologia possuem sua especifi-cidade e leis próprias de desenvolvimento, quelhes proporcionam uma autonomia relativa paracom o mundo da economia. A esse respeito, di-

zia Engels: “A economia não cria nada direta-mente, mas apenas determina o tipo de modi-ficações da matéria intelectual existente e ’faz’isso de forma indireta, pois são os reflexos po-líticos, jurídicos e morais os que exercem umaação mais direta sobre a filosofia”. Segundo esseraciocínio, o desenvolvimento histórico, suces-são e descontinuidade dos diversos modos deprodução, ocorre como um processo objetivo,determinado pelo antagonismo entre as forçasprodutivas e as relações de produção; esse an-tagonismo se manifesta no plano social comoluta de classes. Por essa razão, Marx e Engelsafirmaram, no Manifesto Comunista, que a histó-ria da humanidade é a história das lutas de clas-ses. Conseqüentemente, para o materialismohistórico, as transformações histórico-sociais eas revoluções não resultam da ação de grandespersonalidades, mas sim da participação ativadas massas trabalhadoras. Esse foi o mecanismoque impulsionou a sucessão entre os diversosmodos de produção; mas todas as estruturas so-ciais extintas geraram sempre novas formas deexploração das massas por uma nova classe do-minante. Contudo, o modo de produção capi-talista seria o último modo de produção baseadona existência de classes e das contradições entreelas. Sua extinção seria obra do proletariado re-volucionário, que instauraria seu próprio poder(a ditadura do proletariado) e edificaria uma so-ciedade baseada na propriedade coletiva dosmeios de produção. Essa concepção materialistado desenvolvimento da sociedade foi expostapela primeira vez por Marx e Engels em A Ideo-logia Alemã, obra em que analisam criticamentea filosofia hegeliana e elaboram uma nova pe-riodização da história, baseada na revolução dia-lética da economia. O materialismo históricorepresenta também um método de análise cien-tífica dos vários níveis da estrutura social. É ométodo presente em toda a análise do modo deprodução capitalista focalizado em O Capital.Mas Marx não deixou uma sistematização aca-bada desse método; há apenas algumas indica-ções ao longo de sua obra, como no Prefácio àCrítica da Economia Política, na qual o autor de-senvolve os conceitos de modo de produção ede formação social. Importante também, no mes-mo sentido, é o posfácio da segunda edição deO Capital, escrito que contém importantes for-mulações sobre a dialética. Veja também Mar-xismo; Materialismo Dialético.

MATÉRIA-PRIMA. Produto natural ou semi-manufaturado (bem intermediário) que deve sersubmetido a novas operações no processo pro-dutivo até tornar-se um artigo acabado. O mi-nério de ferro no subsolo é apenas recurso na-tural; depois de extraído, torna-se matéria-primapara produzir o ferro, que, por sua vez, servirá

MATEMÁTICA 372

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como bem intermediário e matéria-prima paraprodução do aço; este, finalmente, será matéria-prima para um produto final (automóvel, na-vio). A matéria-prima, portanto, tanto pode serproveniente do setor primário da economiacomo do secundário.

MATRIZ DE DECISÃO. Todo problema de de-cisão é composto dos seguintes elementos: a) vá-rias linhas de ação a serem seguidas pelo toma-dor de decisões, também chamadas estratégias,saídas ou alternativas; b) várias situações da rea-lidade que podem ser representadas em termosde probabilidade, entendendo-se realidade portudo aquilo que é alheio e escapa ao controledo tomador de decisões, como a conjuntura eco-nômica, a situação política internacional, o climaetc.; c) um resultado, geralmente representadoem termos monetários, que será diferente de-pendendo da estratégia adotada e da situaçãoda realidade.

MATRIZ DE PREÇOS RELATIVOS. Veja Pre-ços Relativos.

MATTEI, Enrico (1906-1962). Empresário e po-lítico italiano. Presidente da Agenzia Italiana diPetroleo (Agip), criada em 1926 por Mussolini;transformou-a em 1953 na Ente Nazionale Idro-carburi (ENI), uma empresa estatal convertidaem grande império econômico. Para tanto, Mat-tei usou métodos audaciosos. Passou a explorarpetróleo no exterior, pagando ao país produtor25% a mais do que os trustes anglo-americanos.Para entrar no mercado da Argélia, defendeu aFrente de Libertação Nacional argelina e, em ple-na guerra-fria, passou a comprar petróleo so-viético, bem mais barato.Deputado democrata-cristão em 1948 e 1953, Mattei foi responsávelpela “abertura à esquerda” de seu partido, aoforçar a constituição de um governo de centro-esquerda. Morreu num misterioso desastre deavião, havendo a hipótese de sabotagem prepa-rada pela Máfia no interesse dos trustes petro-líferos. Sua vida foi tema do filme O Caso Mattei,de Francesco Rosi (1971).

MAUÁ, BARÃO E VISCONDE DE (IrineuEvangelista de Souza) (1813-1889). Financista eempresário industrial brasileiro associado a ca-pitais ingleses durante o Segundo Reinado. Coma disponibilidade de capitais decorrente da proi-bição do tráfico de escravos, criou diversas em-presas de serviços públicos, tendo como princi-pal cliente o Estado. Entre seus mais importantesempreendimentos constam: a Companhia deNavegação a Vapor do Rio Amazonas, a Com-panhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiroe o Estaleiro de Ponta da Areia, em Niterói, deonde saíam desde navios a vapor e a vela atépontes de ferro e tubos para a canalização de

água. Por iniciativa sua, em 1851 inicia-se a reor-ganização do Banco do Brasil, o que se efetivaem 1853. Em 1854 construiu a primeira ferroviado país com 14 quilômetros de extensão, ligandoo Rio de janeiro à raiz da Serra de Petrópolis.A Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, inauguradaem 1857, e o cabo telegráfico submarino com aEuropa (1872), construídos por firmas inglesas,foram ambos empreendimentos iniciados porMauá. Mas, sem condições de operar empreen-dimentos de tal envergadura numa economiade base escravista e sem crédito governamental,Mauá acabou falindo em 1878. Relatou sua ex-periência no livro Exposição aos Credores e ao Pú-blico, publicado em 1878. Veja também Bancodo Brasil.

MAXIDESVALORIZAÇÃO. Em princípio, qual-quer desvalorização drástica de uma moedapode ser denominada maxidesvalorização. Umexemplo foi a desvalorização do cruzeiro decre-tada pela Sumoc em março de 1961, no governoJânio Quadros. Entretanto, o termo correspondeespecificamente às desvalorizações acionadasem dezembro de 1979 e fevereiro de 1983. A de1979 visava a baratear os preços dos produtosbrasileiros no mercado internacional, e foi se-guida pela extinção dos depósitos prévios paraimportação e outras medidas: incentivos à ex-portação, depósitos compulsórios para viagensao exterior e Lei do Similar Nacional. A segundamáxi obedece à tentativa (vitoriosa) de obter me-gassuperávits na balança comercial, por meio doaumento das exportações e redução das impor-tações, para viabilizar o pagamento dos jurosda dívida externa.

MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS (ou Lucro Óti-mo). Nível de produção em que a diferença entreos custos e as receitas obtidas com a venda dessaprodução é a maior possível. Pode-se localizaro ponto de lucro ótimo a partir de uma tabelana qual constem os custos para cada nível deprodução e o faturamento total conseguido coma produção naquele nível. A maximização doslucros será conseguida, em teoria, quando hou-ver a maior distância entre os custos e as receitas.Outro método consiste em determinar o retornoobtido com a venda de uma unidade adicionalde produção. Se o retorno for superior ao custodaquela unidade, a produção deverá ser aumen-tada, e repete-se o cálculo para outras unidadesadicionais, enquanto as condições prevalecerem;se os custos se equilibrarem com as receitas, en-tão a produção deverá ser reduzida.

MAYO, George Elton (1880-1949). Australianoradicado nos Estados Unidos, foi um dos fun-dadores da Escola de Relações Humanas e umdos críticos das concepções de Taylor e de Fayolda Escola Clássica. Sua principal contribuição à

373 MAYO, George Elton

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ciência da administração foram suas descobertas— juntamente com Fritz Hoethlisberger e Wil-liam Dickson, nos Estudos Hawthorne — da im-portância do fator humano e especialmente domeio social nas relações industriais entre patrõese empregados. Trabalhou no Departamento dePesquisas Industriais em Harvard, entre 1927 e1947, e sua principal atividade esteve voltadapara os estudos e experimentos realizados nafábrica da Western Electric, em Hawthorne (Chi-cago). Escreveu Os Problemas Humanos de umaCivilização Industrial (1933) e A Gerência e o Tra-balhador (1939).

MBA. Iniciais de Master Business Administration.

MBPS. Iniciais da expressão em inglês “milhõesde bytes por segundo”, que consiste em unidadede medida de informática e processamento dedados.

McCALLUM, Bennett. Veja Expectativas Ra-cionais.

McCULLOCH, John Ramsay (1789-1864). Esta-tístico e economista escocês, seguidor e grandedivulgador das teorias de David Ricardo. Suaobra principal é Principles of Political Economy(1825).

MCE. Veja Mercado Comum Europeu — MCE.

MEAÇÃO. Sistema de parceria agrícola em queo produto da exploração é dividido igualmenteentre o proprietário da terra e o camponês meei-ro. Segundo o costume ou acordo contratual, odono da terra faz algum adiantamento em se-mentes, adubos e ferramentas, mas todo o tra-balho é de responsabilidade do meeiro e de suafamília. Difundido no Brasil depois da abolição,o sistema ainda é freqüente no Nordeste e emMinas Gerais, em geral por meio de contratosmeramente verbais. Relação tipicamente pré-ca-pitalista, a meação existiu na França e na Itáliaa partir do final da Idade Média, sendo variáveisas partes do produto que cabiam ao meeiro eao proprietário; na França, era chamada de mé-tayage e na Itália, de mezzadria. Foi muito prati-cada no Japão, na Índia e no sul dos EstadosUnidos, após a abolição da escravidão. Veja tam-bém Parceria; Sistemas Agrários; Terça.

MEADA. Veja Typp.

MEADE, James Edward (1907-1995). Economis-ta inglês, neokeynesiano, pioneiro no campo damacroeconomia e especialista em comércio in-ternacional. Recebeu o Prêmio Nobel de Econo-mia de 1977, juntamente com o sueco Bertil Oh-lin, pelas pioneiras contribuições realizadas àteoria do comércio internacional e aos movimen-tos internacionais de capital. A principal obrade Meade é Theory of International Economic Policy

(A Teoria da Política Econômica Internacional),em dois volumes, escritos em 1951 e 1955, emque demonstra os diversos efeitos da políticaeconômica de comércio exterior e suas influên-cias no plano doméstico, na produção, no co-mércio e na alocação de recursos. Sua análisebaseia-se nas condições necessárias para queuma política de comércio internacional alcanceos equilíbrios interno e externo. Sua grande con-tribuição nesse campo é a descrição de como asdecisões governamentais sobre impostos fiscaise taxas de juros afetam a política de emprego ea balança de pagamentos. Em outra obra, TheBalance of Payments (O Balanço de Pagamentos),1951, procura demonstrar que os problemas dobalanço de pagamentos são fundamentalmentemonetários e de escolha da política econômica.Esta deve combinar instrumentos para obter aomesmo tempo um equilíbrio interno (o plenoemprego) e externo (o balanço de pagamentos),o que implica, entre outras medidas, uma polí-tica monetária que assegure um nível constantede emprego. Outra obra importante é Planningand the Price Mechanism (Planejamento e Meca-nismo de Preço), 1948, na qual propõe, entreoutras medidas, a redução das pressões infla-cionárias derivadas do excesso de demanda mo-netária, a extinção dos incentivos fiscais e docontrole governamental e medidas contrárias àexportação de capital. Meade formou-se em eco-nomia pela Universidade de Oxford, em 1930,participando em seguida do grupo de estudosdirigido por J.M. Keynes. Trabalhou no Depar-tamento Econômico da Liga das Nações (1938-1940) e, no pós-guerra, tornou-se o principal eco-nomista do gabinete trabalhista, tendo um im-portante papel ainda no estabelecimento doAcordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT).No campo acadêmico, foi professor na LondonSchool of Economics e nas universidades deCambridge e Oxford. Outras obras: National In-come and Expediture (Renda Nacional e Despesa),1944; A Geometry of International Trade (Geome-tria do Comércio Internacional), 1952; A Neo-Classical Theory of Economic Growth (Uma TeoriaNeoclássica do Crescimento Econômico), 1960;The Stationary Economy (A Economia Estacioná-ria), 1965; The Theory of Indicative Planning (ATeoria do Planejamento Indicativo), 1967; TheGrowing Economy (A Economia do Crescimento),1968; The Controlled Economy (A Economia Con-trolada), 1971; The Theory of Economic Externalities(A Teoria das Externalidades Econômicas), 1973;The Intelligent Radical’s Guide to Economic Policy(Guia Radical Inteligente para a Política Econô-mica), 1975; e The Just Economy (A Economia Jus-ta), 1976.

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MEAN. Termo em inglês que significa médiaaritmética. Veja também Average; Média Arit-mética.

MEANS, Gardiner C. (1896-1987). Economistanorte-americano. Ocupou vários cargos na ad-ministração das finanças públicas dos EstadosUnidos, distinguindo-se sobretudo na década de40. Escreveu: The Corporate Revolution in America(A Revolução da Sociedade Anônima nos Esta-dos Unidos); Pricing Power and the Public Interest(O Poder de Fixar Preços e o Interesse Público);The Structure of the American Economy (A Estru-tura da Economia Norte-americana); IndustrialPrices and their Relative Inflexibility (Preços In-dustriais e sua Inflexibilidade); em co-autoriacom Adolf A. Berle, Jr., The Modern Corporationand Private Property (A Moderna Sociedade Anô-nima e a Propriedade Privada); em co-autoriacom Caroline F. Wave, The Modern Economy inAction (A Moderna Economia em Ação); e emco-autoria com James C. Bonbright, The HoldingCompany (A Empresa Holding).

MECANIZAÇÃO. Substituição do trabalho dohomem pela máquina. Foi a grande inovaçãotecnológica da Revolução Industrial (séculosXVIII-XIX), quando a máquina a vapor, a ener-gia elétrica e o motor a explosão passaram a serempregados para mover as máquinas nas fábri-cas de tecidos, nas minas, nos transportes e naagricultura. Ao ser implantada na Europa, a me-canização causou grande aumento na produti-vidade industrial e agrícola, mas também arrui-nou milhares de artesãos, que não podiam con-correr com as modernas indústrias, deixando-ossem meios de subsistência. Houve nessa épocavárias revoltas, nas quais os operários destruíamas máquinas. Veja também Automação; Luditas.

MÉDIA. Termo matemático utilizado em cálcu-los. A média aritmética de n termos é igual àsoma desses termos dividida por n. A médiageométrica de n termos é definida como a raizn do produto desses termos. A média geomé-trica de um conjunto de números positivos ésempre menor que sua média aritmética.

MÉDIA ARITMÉTICA. É a soma de um deter-minado número de valores dividido pelo nú-mero dos valores. Assim, a média aritmética de5, 7, 9, 11, 13 é igual à soma destes valores 5 +7 + 9 + 11 + 13 = 45 dividida por 5 = 9. Ocálculo da média aritmética pode, no entanto,encobrir a variação dos valores que a compõe;por exemplo, a média calculada anteriormenteé a mesma que aquela composta dos valores 2e 16, pois 2 + 16 = 18 dividido por 2 = 9. Emoutras palavras, as médias não informam sobrea variância dos valores em torno desta média.Assim, duas médias aritméticas iguais podem

referir-se a conjuntos cujos valores extremos sãoextraordinariamente diferentes. Por esta razão,a média deve vir sempre acompanhada de umamedida da dispersão, como o desvio padrão, porexemplo, e deve-se evitar o cálculo da médiade duas médias, uma vez que cada conjuntopode possuir um peso ou uma importância di-ferente no fenômeno que se deseja medir.

x = X1 + X2 + X3 … Xn

n = Σ

i = 2

n Xi ,

onde Σi = 2

n Xi representa a soma de X1 em que i

varia de 1 até n.

Por exemplo, calcular a média aritmética de 10,8 e 5:

X = X1 + X2 + X3

3 =

10 + 8 + 53

= 233

= 7,66

Veja também Desvio Padrão; Média Ponderada;Variância.

MÉDIA GEOMÉTRICA SIMPLES. A médiageométrica de uma série de valores observados,X1, X2, X3... Xn, é a raiz enésima do produtodestes valores.

Mg = Xg = n√ X1 . X2 . X3 … Xn

Mg = Xg = média geométrica X1, X2, X3 ... Xn= valores cuja média se deseja encontrar. Ao con-trário da média aritmética, a média geométricaé apropriada para a obtenção da média de taxas.É utilizada na construção de números-índicesque registram, por exemplo, as taxas de variaçãode preços e outros dados dessa natureza. Asvantagens da utilização da média geométricapodem ser avaliadas no seguinte exemplo:

Se calculássemos a média aritmética, podería-mos pensar que houve um aumento substancialnos preços entre t0 e t1. No entanto, como astaxas de variação dos dois preços foram as mes-mas — só que em sentido inverso —, essas va-riações se anularam mutuamente e a média semanteve a mesma.

MÉDIA MÓVEL. Média obtida mediante sele-ção de um número determinado de itens de umasérie. A primeira média é calculada determinan-do-se um número de itens de uma série (por

Mercadoria Preço no ano t0 Preço no ano t1

X 100 1000

Y 100 1110

Média aritmética 100 1505

Média geométrica 100 1100

375 MÉDIA MÓVEL

Page 376: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

exemplo, três); a segunda, retirando o primeiroitem da média anterior e agregando o seguinte,e assim sucessivamente. O exemplo abaixo re-fere-se a uma média móvel de três itens:

As médias móveis são freqüentemente utiliza-das nos casos de séries que apresentam grandeirregularidade ou oscilação, como acontece coma produção agrícola no tocante a preços e vo-lumes produzidos. Neste caso, as médias móveiscontribuem para eliminar as variações sazonais,isto é, as oscilações provocadas sobre os preçose quantidades produzidas por safras muito boasou muito ruins.

MEDIANA. Termo matemático utilizado em es-tatística. Alinhadas em ordem crescente de fre-qüência todas as observações de uma amostra,a mediana é definida como a freqüência da ob-servação (valor) central; ou, se houver um nú-mero par de observações, a média aritmética dasduas observações centrais. Ela é utilizada no lu-gar da média em distribuições viesadas, pois,nesses casos, dá uma melhor idéia de onde estaúltima está centrada.

MÉDIA OBJETIVA. Aquela obtida à custa devárias observações da mesma magnitude.

MÉDIA PONDERADA. Média na qual os nú-meros que a compõem são multiplicados porvalores denominados pesos ou freqüências. Porexemplo:

a) Média aritmética ponderada:

Σ x1 . fi

Σ fi =

(10 x 1) + (8 x 2) + (5 x 3)6

= 6,83

b) Média geométrica ponderada:

Σ√ x1

fi . x2fe . x3

f3 = √80 000 = 6,56

c) Média aritmética simples:

S xi

N =

233

= N = Número de casos

As médias ponderadas são freqüentemente uti-lizadas na construção de números-índices. Vejatambém Média Geométrica; Número-índice.

MÉDIA SUBJETIVA. Aquela obtida à custa deobservações das diversas magnitudes de umavariável.

MÉDIAS DOW JONES. Médias das cotaçõesdos mercados de ações preparadas pela empresaDow Jones e publicadas diariamente no WallStreet Journal. Veja Também Dow Jones.

MEDIDAS DE ACHATAMENTO (Kurtosis).Medidas que procuram caracterizar a forma dedistribuição quanto ao seu achatamento. O ter-mo médio de comparação é dado pela distri-buição normal. Distribuições mais “achatadas”do que a normal são denominadas platicúrticas;as menos achatadas são denominadas leptocúr-ticas, e a normal propriamente dita é denomi-nada mesocúrtica. O coeficiente de achatamento(K) é calculado pela seguinte fórmula:

K = Q3–Q1

2(P90–P10)

onde Q3 e Q1, e P90 e P10 são, respectivamente,o 3º, o 1º quartis e o 90º e 10º percentis.

Se K = 0,263, a distribuição será mesocúrtica.

Se K < 0,263 a distribuição será platicúrtica.

Se K > 0,263 a distribuição será leptocúrtica.

O coeficiente de Curtose (Kurtosis) pode ser ob-tido também pelo quociente do momento cen-trado de 4ª ordem pelo quadrado da variância, ou

α = M4

S4 S = Desvio Padrão

Este coeficiente adimensional será menor do quetrês para distribuições platicúrticas, maior doque três para distribuições leptocúrticas e iguala três para uma distribuição mesocúrtica.

Platicúrtica Mesocúrtica Leptocúrtica

MEDIDAS DE ASSIMETRIA (Coeficiente Pear-son de Skewness). Uma distribuição é simétricase a média, moda e mediana coincidem. O coefi-

fi

Itens Soma de três itens Média móvel

2

6 (2 + 6 + 1) = 9 (9 ÿ 3) = 3

1 15 5

8 12 4

3 12 4

1 15 5

11 24 8

12 27 9

4

Números que compõema média x1

Pesos ou freqüências fi

10 1

18 2

15 3

MEDIANA 376

Page 377: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

ciente que mede a assimetria de um conjuntode dados é calculado pela fórmula:

1)

Sk = 3 (x

__ – x~)3

2)

Sk = 3 (x

__ – M0)5

3)

Sk = Q3 + Q1 – 2x~

Q3 – Q1

Se Sk = 0, a distribuição é simétrica; se Sk>0, adistribuição é assimétrica positiva; se Sk<0, a dis-tribuição é assimétrica negativa. E x

__, x~ e M0 são,

respectivamente, média, mediana e moda; S odesvio padrão e Q3 e Q1 são, respectivamente,o 3º e o 1º quartis. Veja também Kurtosis; Per-centil.

MEDIDAS DE COZINHA. São medidas utili-zadas na atividade culinária, admitindo umacerta dose de imprecisão. As mais utilizadas sãoas seguintes, com as devidas conversões para osistema métrico decimal e o imperial inglês:

2 xícaras de água = 1 pinta (líquida) ou 0,473 l;4 xícaras de água = 1 quarta líquida ou 0,946 l;1 pinta de água = 1 libra (453 g).

Para efeitos culinários, considera-se que quasetodos os líquidos têm o mesmo peso, excetoaqueles com grande viscosidade, como o meladoou os xaropes (concentrados). As seguintes subs-tâncias têm seu peso equivalente a 1 libra ou453 g:

2 xícaras de açúcar refinado = 2 1/2 xícaras deaçúcar cristal = 2 2/3 xícaras de açúcar mascavo= 4 xícaras de farinha = 2 xícaras de manteiga= 2 xícaras de carne moída. As seguintes subs-tâncias têm seu peso equivalente a uma onça:

2 colheres (sopa) de manteiga ou açúcar = 4 co-lheres (sopa) de farinha = 1 colher (sopa) de sal.

As demais equivalências são as seguintes:

12 colheres (sopa) de farinha ou açúcar = 1 xí-cara;

2 colheres (sopa) de água = 1 onça líquida (29 g);

60 gotas de água = 1 colher (chá);

3 colheres (chá) = 1 colher (sopa);

16 colheres (sopa) = 1 xícara.

É claro que essas medidas não são exatas nemoficiais, pois o tamanho das xícaras e colheresvaria no tempo e no espaço. Mas são indicaçõesaproximadas para atividades que não exigemuma precisão muito apurada, como acontececom a atividade de preparação de receitas paraa confecção de alimentos.

MÉDIO PRAZO. No âmbito financeiro, médioprazo significa aquele compreendido entre ume cinco anos.

MEGA TRENDS. Veja Megatendências.

MEGABYTE (Mbyte ou Mby). O equivalentea um milhão de bytes. Veja também Byte.

MEGAFLOPS (MFlops). Milhões de operações(contas) por segundo (unidade de medida detempo de operação de supercomputadores).

MEGATENDÊNCIAS. Conceito introduzido poralguns autores, como Peter Drucker e John Nais-bitt, sobre as tendências mais importantes queocorrerão no mundo nos próximos anos, espe-cialmente no início do próximo século, e queterão influência sobre o mundo dos negócios enas empresas em geral, como, por exemplo, atendência de integração econômica mundial, dasalianças comerciais e da personalização dos pro-dutos e serviços (correspondendo à busca daqualidade e da supremacia do consumidor).

MEHRWERTSTEUER. Termo em alemão quesignifica “imposto sobre o valor agregado”, tam-bém denominado Umsatzsteuer. É um dos im-postos mais importantes da Alemanha e é divi-dido entre a União (Bund) e os Estados (Länder),na proporção de 65% e 35%, respectivamente.

MEIA. Veja Meação.

MEIA SISA. Denominação de imposto de 5%sobre a renda de cada escravo que fosse “negroladino”, isto é, que já soubesse um ofício. Vejatambém Sisa.

MEIA TONELADA. Veja Kip.

MEIO AMBIENTE. Veja Ecologia; Lei Nacio-nal do Meio Ambiente; Sema.

MEIO CIRCULANTE, Controle do. Medidastomadas pelas autoridades financeiras de umpaís, regulando o volume total do meio circu-lante. Toda vez que a atividade econômica apre-senta sinais de aceleração, com tendência de altanos preços e incremento da inflação, torna-senecessário retirar parte do dinheiro em circula-ção. Essa medida pode ser tomada mediante res-trições ao crédito, colocação de títulos a longoprazo, aumento dos depósitos compulsórios debancos (retirada de dinheiro em circulação).Quando, ao contrário, surgem sinais de depres-

377 MEIO CIRCULANTE

Page 378: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

são econômica, restaura-se a liquidez por meiode títulos de curto prazo, diminuição do depó-sito compulsório de bancos etc.

MEIOS DE PAGAMENTO. Volume da ofertade moeda em circulação na economia (excluídosos montantes mantidos em caixa pelas autori-dades monetárias e pelos bancos comerciais)mais a moeda escritural (depósitos à vista dopúblico nos bancos). Existem quatro séries dis-tintas de meios de pagamento (entre 1991 e 1992existiu também uma quinta, a M-5). A M-1 equi-vale ao papel-moeda em poder do público e aosdepósitos à vista no setor bancário; a M-2 incluia M-1 mais os depósitos a prazo; a M-3 englobaa M-2 mais os depósitos em poupança; a M-4adiciona à M-3 o saldo dos títulos públicos fe-derais em circulação, isto é, fora da carteira doBanco Central. A partir de 1991, com a criaçãodos Fundos de Aplicação Financeira, as sériesM-2 e M-4 foram modificadas. Veja também M-2; M-4; M-5.

MEIOS DE PRODUÇÃO. Conjunto formadopelos meios de trabalho e pelo objeto de traba-lho. Os meios de trabalho incluem os instru-mentos de produção (ferramentas, máquinas),as instalações (edifícios, silos, armazéns), as di-versas formas de energia e combustível e osmeios de transporte. O objeto de trabalho é oelemento sobre o qual ocorre o trabalho huma-no: a terra e as matérias-primas, as jazidas mi-nerais e outros recursos naturais. O termo foielaborado por Marx, tornando-se de uso corren-te em economia.

MELHORIA PARETIANA. Situação em queuma realocação de recursos provoca a melhoriada situação de uma pessoa, sem que qualqueroutra sofra uma piora em sua condição. Vejatambém Ótimo de Pareto.

MELON. Termo em inglês que, aplicado ao mer-cado de ações, significa um grande dividendoextraordinário pago em dinheiro. Quando umacorporação concede uma distribuição extraordi-nária de dividendos desse tipo, costuma-se dizerque os seus diretores cut a melon, isto é, “corta-ram um melão” no sentido de dividi-lo.

MENDES, Cândido. Veja Iseb.

MENGER, Carl (1840-1921). Economista austría-co, fundador da escola austríaca. Desenvolveuuma teoria subjetiva do valor (teoria da utilida-de marginal), ligando-o à satisfação dos desejoshumanos. Para ele, as trocas ocorrem porque osindivíduos têm avaliações subjetivas diferentesde uma mesma mercadoria: toda a atividadeeconômica resulta simplesmente da conduta dosindivíduos e deve ser analisada a partir do con-sumo final, como uma pirâmide invertida. Sua

teoria da utilidade marginal foi também desen-volvida, na mesma época (1871) e inde-pendentemente, por Jevons, mas foram Mengere seus discípulos Böhm-Bawerk e F. von Wieserque melhor a exploraram. Menger foi professorde economia política na Universidade de Vienade 1873 a 1903. Sua obra mais importante, naqual desenvolve a teoria da utilidade marginal,é Die Grundsätze der Volkswirtschaftslehre (Prin-cípios da Economia Política), 1871. Também dei-xou contribuições no campo da teoria monetáriae da metodologia das ciências humanas.

MENU APPROACH. Veja Plano Baker.

MENU COSTS. Veja Teoria dos Custos deMenu.

MENU DE OPÇÕES. Veja Plano Baker.

MERCADO, Análise de. Estudo e acompanha-mento do comportamento do mercado de ações,como material para inferir seu comportamentofuturo. São analisadas informações como as co-tações, variações de preço em função do tempo,volumes negociados e até assuntos econômicosgerais que possam influir no comportamento dedeterminados setores industriais ou comerciaise reduzir ou melhorar o rendimento de deter-minados investimentos. Veja também Mercado.

MERCADO, Pesquisa de. Veja Pesquisa deMercado.

MERCADO, Reserva de. Veja Reserva de Mer-cado.

MERCADO. Em sentido geral, o termo designaum grupo de compradores e vendedores queestão em contato suficientemente próximo paraque as trocas entre eles afetem as condições decompra e venda dos demais. Um mercado existequando compradores que pretendem trocar di-nheiro por bens e serviços estão em contato comvendedores desses mesmos bens e serviços. Des-se modo, o mercado pode ser entendido comoo local, teórico ou não, do encontro regular entrecompradores e vendedores de uma determinadaeconomia. Concretamente, ele é formado peloconjunto de instituições em que são realizadastransações comerciais (feiras, lojas, Bolsas de Va-lores ou de Mercadorias etc.). Ele se expressa,entretanto, sobretudo na maneira como se or-ganizam as trocas realizadas em determinadouniverso por indivíduos, empresas e governos.A formação e o desenvolvimento de um mer-cado pressupõem a existência de um excedenteeconômico intercambiável e, portanto, de certograu de divisão e especialização do trabalho.Historicamente, isso ocorre nas cidades euro-péias no final da Idade Média. Com a formaçãoregular de um excedente, a antiga economia na-

MEIOS DE PAGAMENTO 378

Page 379: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

tural ou de subsistência passa a ser substituídapor um mecanismo de mercado, que é formadobasicamente pela oferta de bens e serviços e pelademanda (ou procura) desses bens e serviços.Da interação desses elementos surge um sistemade preços que vai orientar a economia no sentidodo aumento ou da redução da produção. A ofer-ta representa o volume total de determinadamercadoria que os produtores (ou vendedores)estão dispostos a vender a um determinado pre-ço. Ela tende a ser diretamente proporcional aopreço obtido no mercado. Quanto maior o preço,em geral é maior a quantidade ofertada, poispreços maiores oferecem uma margem mais ele-vada de lucro. A demanda representa o ladodos compradores (ou consumidores), cuja rea-ção tende a ser inversa: quanto mais elevado opreço, menos eles estarão dispostos a comprar.Oferta e procura agem assim em direções opos-tas em relação aos preços. O equilíbrio seria teo-ricamente alcançado quando, a determinadopreço, as quantidades de bens e serviços pro-curados fossem iguais às oferecidas. Aqui entraa questão da capacidade que compradores, deum lado, e vendedores, de outro, têm de in-fluenciar o preço. Isso leva a uma classificaçãodos mercados em cujos extremos estão a con-corrência perfeita (suposta pela economia clás-sica) e o monopólio. Um mercado seria de con-corrência perfeita quando reunisse, tanto nolado da oferta como no da procura, um grandenúmero de agentes econômicos (compradores evendedores), que seriam indiferenciados entresi, criando uma situação em que é indiferentepara o produtor vender a este ou àquele, desdeque paguem o mesmo preço, a mesma coisaocorrendo com os compradores. Além disso, acombinação dessas características de mercadoideal teria de acontecer de modo que não per-mitisse que nenhum dos agentes pudesse indi-vidualmente exercer uma influência perceptívelsobre o preço: qualquer vendedor que fixasseum preço maior perderia a clientela e, do mesmomodo, os compradores não teriam condições(por serem todos pequenos) de forçar a baixados preços. Economistas clássicos construíramsuas teorias na suposição de que a economiacapitalista fosse basicamente formada por mer-cados desse tipo, que tenderiam, portanto, numprazo mais ou menos longo, ao equilíbrio. En-tretanto, se é que algum dia existiram, os mer-cados de concorrência perfeita ou algo próximodisso praticamente desapareceram no desenvol-vimento do capitalismo. O funcionamento daeconomia de mercado (expressão que é usadamodernamente como sinônimo de capitalismo)modificou-se de modo irreversível por vários fa-tores, entre eles o gigantismo das modernas uni-dades industriais (por exigências técnicas ou porcritérios de rentabilidade determinados pela

economia de escala, na qual, quanto maior a pro-dução, menores são os custos e maiores os lu-cros) e o crescente intervencionismo do Estadona economia (formando empresas, regulandopreços, estoques e a oferta monetária, por exem-plo). Assim, atualmente, entre as situações demercado comuns em que prevalece a concor-rência imperfeita, destacam-se, do lado da ofer-ta, o monopólio (no qual um único produtor de-termina toda a oferta e exerce grande poder so-bre o preço) e o oligopólio (em que há um pe-queno número de vendedores, como o mercadode automóveis, por exemplo, controlado porpoucas e poderosas empresas); e, do lado dademanda, o monopsônio (em que um únicocomprador determina toda a demanda e exercegrande influência sobre os preços) e o oligop-sônio (no qual um pequeno grupo de compra-dores controla o mercado e influi decisivamentesobre os preços). De acordo com seu alcance, omercado pode ainda ser classificado em local,regional, nacional e mundial. Entre os fatoresque determinam o alcance do mercado estão aescala de produção, as características da merca-doria, a amplitude da demanda, o grau de or-ganização do comércio e o estágio de desenvol-vimento econômico e social. E, de acordo coma natureza da mercadoria, distinguem-se os mer-cados monetário, de trabalho, de produtos etc.,conforme o critério adotado. O mercado de pro-dutos pode ser dividido em mercados de bensde consumo e de bens de capital. As Bolsas deMercadorias e instrumentos de crédito como asletras de câmbio tornaram o mercado mais fle-xível e deram origem ao mercado a termo, ondese realizam contratos de compra e venda de mer-cadorias para entrega posterior, fixando-se pre-ço, prazo e local de entrega e permitindo comantecedência a garantia de estoques para o abas-tecimento de cidades e países. A microeconomia,que tem por objetivo as ações econômicas ape-nas de indivíduos e empresas, estuda o mercadoem seu funcionamento geral, características bá-sicas e comportamento dos agentes econômicos.Já a mercadologia (ou marketing) estuda a de-manda e as maneiras de influenciá-la. Veja tam-bém Concorrência; Consumo; Economia Natu-ral; Lei da Oferta e da Procura; Mercadoria; Mo-nopsônio; Oligopsônio; Preços.

MERCADO A FUTURO. Âmbito dos compro-missos de compra e venda, a preços determina-dos, de lotes prefixados e para uma data futurafixada pelas Bolsas. Tais transações são feitastanto nas Bolsas de Valores como nas Bolsas deMercadorias (ou commodities) e podem ser ne-gociadas também as posições, isto é, a situaçãode comprador ou de vendedor no futuro, emdeterminada transação. O objetivo desse merca-do é proteger compradores e vendedores contra

379 MERCADO A FUTURO

Page 380: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

problemas imprevisíveis, como grandes oscila-ções de preços, especulação desenfreada ou ca-tástrofes naturais. Veja também Backwardation;Contango; Mercado.

MERCADO A TERMO. Abrange as negociaçõ-es realizadas nas Bolsas de Valores e nas Bolsasde Mercadorias (commodities) com vencimentoacertado entre as partes para no mínimo cincodias depois (em geral, trinta, sessenta, noventaou até 180 dias). Veja também Mercado.

MERCADO A TERMO CATS. Veja Cats.

MERCADO À VISTA. Veja Mercado Spot.

MERCADO À VISTA CATS. Veja Cats.

MERCADO ABERTO (Open Market). Merca-do no qual o banco central de cada país regulao fluxo da moeda comprando e vendendo seustítulos (títulos de dívida pública). Quando hámuito dinheiro em circulação, o banco central“enxuga” o mercado vendendo letras do Tesou-ro Nacional; quando ocorre o contrário, ele com-pra esses títulos. As operações são feitas por in-termédio de instituições financeiras. O open ope-ra com grande flexibilidade e sem limitações:vendedores e compradores não precisam estarpresentes no mesmo recinto para que se efeti-vem as transações, em geral acertadas por tele-fone. Veja também Mercado.

MERCADO CATIVO. Mercado atendido ape-nas por uma empresa ou por um grupo pequenode empresas mediante contratos ou porque ospreços e a qualidade dos produtos oferecidospor essas empresas são altamente competitivos.Em alguns casos de fornecimento para institui-ções governamentais, os mercados podem sercativos no sentido de que empresas públicas ouestatais têm preferência para o fornecimento debens e serviços para entidades da administraçãopública.

MERCADO COMPRADOR. Expressão utiliza-da nas Bolsas de Mercadorias ou de Valores paradesignar o predomínio da demanda de bens so-bre a oferta. Quando isso ocorre, diz-se que o“mercado é comprador” e os preços geralmentesobem. Veja também Mercado Vendedor.

MERCADO COMUM. Veja Área de Livre-co-mércio.

MERCADO COMUM CENTRO-AMERICA-NO. Organização econômica regional integradapor Costa Rica, El Salvador, Honduras e Nica-rágua. Foi criada em 1960 pelo Tratado para aIntegração Econômica da América Central, sobo patrocínio das Nações Unidas e da ComissãoEconômica para a América Latina (Cepal). Tem

como finalidade o desenvolvimento econômicodos países-membros, o incremento das trocas debens e serviços e o aumento do nível de empregoe do padrão de vida nesses países. As atividadesdo mercado estão subordinadas às decisões deum secretariado permanente, de um conselhoeconômico e do conselho executivo. As transa-ções econômicas são respaldadas pelo BancoCentro-Americano para Integração Econômica.O livre-comércio entre os países membros só foiestabelecido em 1966, e, apesar de terem sidoeliminadas as tarifas sobre cerca de 95% dos pro-dutos comercializados, permaneceram algumastaxações alfandegárias, particularmente sobreprodutos agrícolas. Além disso, o desenvolvi-mento e a continuidade das medidas tomadaspela organização são constantemente interrom-pidos ou dificultados por conflitos políticos entreseus integrantes. Veja também Cepal.

MERCADO COMUM EUROPEU — MCE. De-nominação popularizada de Comunidade Eco-nômica Européia (CEE), entidade supranacionalque congrega doze países da Europa Ocidental.Seu surgimento foi incentivado pelo êxito doPlano Marshall e pela necessidade de superaros limites rígidos dos mercados nacionais paraviabilizar economias de escala na produção in-dustrial e agrícola e ganhos de produtividadecom o avanço da divisão do trabalho e da es-pecialização. Precedido pela experiência da co-munidade européia do carvão e do aço, o MCEnasceu oficialmente com o Tratado de Roma,assinado em 1957 pela Alemanha Ocidental,França, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo.Em 1973, incorporam-se à organização a Irlanda,a Inglaterra e a Dinamarca, as duas últimas atéentão integrantes da Associação Européia de Li-vre-Comércio. A Grécia só aderiu ao sistema em1981 e, a partir de 1º/1/1986, também Portugale Espanha passaram a fazer parte da comuni-dade. Juntamente com outras entidades supra-nacionais, o MCE subordina-se administrativa-mente à Comunidade Européia. Segundo o Tra-tado de Roma e outros instrumentos diplomá-ticos subseqüentes, os países-membros estabe-leceram um sistema que tende a fundir seusmercados nacionais num mercado único, insti-tuindo facilidades para a circulação entre elesde mercadorias e serviços, capitais e mão-de-obra. Tais facilidades incluem reduções recípro-cas de tarifas alfandegárias, uniformização tri-butária, ajustes cambiais e outras medidas. Ape-sar dos progressos, ainda são grandes as con-tradições econômicas entre os países-membros,dificultando maior unificação. Salientam-se asdiferenças de nível de desenvolvimento e as dis-putas de mercado pelas multinacionais. Tomadoem conjunto, o MCE representa, contudo, umapotência econômica que rivaliza com os Estados

MERCADO A TERMO 380

Page 381: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

Unidos e com os mercados asiáticos, lideradospelo Japão. Na sua nova organização comoUnião Européia, pode congregar um PIB maiordo que aquele formado pelos países do Nafta(Estados Unidos, Canadá e México).Veja tam-bém Comecon; Comunidade Européia; Efta;Nafta; União Européia.

MERCADO DE BALCÃO. Mercado em que asoperações não são registradas nos mercados or-ganizados (Bolsas). Abrangem não apenas nego-ciações com ações, como também com outros ati-vos, inclusive derivativos. Na medida em que es-tas operações atendem a especificações determi-nadas pelo cliente — não previstas nas negocia-ções em Bolsa —, as operações realizadas no mer-cado de balcão também são denominadas “sobmedida”, “tailor made” ou “customizadas” (termoderivado de customer, que significa “cliente”).

MERCADO DE CAPITAIS. Toda a rede de Bol-sas de Valores e instituições financeiras (bancos,companhias de investimento e de seguro) queopera com compra e venda de papéis (ações,títulos de dívida em geral) a longo prazo. Tema função de canalizar as poupanças da sociedadepara o comércio, a indústria e outras atividadeseconômicas e para o próprio governo. Distin-gue-se do mercado monetário, que movimentarecursos a curto prazo, embora ambos tenhammuitas instituições em comum. Os países capi-talistas mais desenvolvidos possuem mercadosde capitais fortes e dinâmicos. A fraqueza dessemercado nos países subdesenvolvidos dificultaa formação de poupança, constitui um sério obs-táculo ao desenvolvimento e obriga esses paísesa recorrer aos mercados de capitais internacio-nais, sediados nas potências centrais.

MERCADO DE COMMODITIES. Centros fi-nanceiros onde são negociadas as commodities(produtos primários de grande importância eco-nômica, como algodão, soja e minério de ferro).Por serem as commodities produtos de grandeimportância no comércio internacional, seus pre-ços acabam sendo ditados pelas cotações dosprincipais mercados: Londres, Nova York e Chi-cago. A grande maioria dos negócios é realizadaa termo, isto é, acerta-se o preço para pagamentoe entrega da mercadoria em data futura.

MERCADO DE EUROMOEDAS. Mercado in-ternacional no qual as moedas dos países maisdesenvolvidos do ponto de vista econômico efinanceiro são emprestadas pelos bancos dessespaíses. Embora este mercado seja denominadode euromoedas, ele não está restrito às moedasdos países europeus ou aos seus centros finan-ceiros. O mercado de euromoedas teve iníciocomo mercado de eurodólares no final dos anos

50 em virtude dos déficits comerciais norte-ame-ricanos que inundavam com dólares os paíseseuropeus. As euromoedas são emprestadas porperíodos variáveis até sete anos, mas o prazomais comum é o de doze meses. Durante a crisedo petróleo, entre 1973 e 1974, os países impor-tadores de petróleo — o Brasil em especial —fizeram grandes empréstimos nesse mercadopara cobrir os déficits de seus respectivos ba-lanços de pagamentos, e ao mesmo tempo estemercado foi o principal reciclador dos recursosobtidos naquela época como superávits comer-ciais dos países formadores da Organização dosPaíses Exportadores de Petróleo (Opep).

MERCADO DE MOEDA ESTRANGEIRA. Cen-tros financeiros onde são comercializadas moe-das de outros países (divisas), e cujas transaçõesdeterminam as cotações diárias de certas moe-das em relação às outras. No Brasil, a comprae a venda de moedas estrangeiras são monopóliodo governo, por meio do Banco do Brasil. Vejatambém Moeda Estrangeira.

MERCADO DE OPÇÕES. Veja Opção.

MERCADO DE OPÇÕES DE ÍNDICE. Contra-tos liquidados exclusivamente em moeda, nãohavendo entrega do produto (commodity) físico.A maioria dos contratos futuros e de opção sãoliquidados por margem antes do vencimento enão terminam em entrega física do produto.

MERCADO DE OURO EM BARRA. Centro fi-nanceiro onde se compra e vende ouro em barras(com pureza garantida de 99,9%). No Brasil, até1982, os negócios com ouro eram realizados nochamado mercado paralelo. Naquele ano, a Bol-sa de Mercadorias criou o mercado de barras,de 10 g até 1 kg, e a possibilidade de bancosparticiparem como intermediários. Dessa forma,o investidor pode comprar ou vender por tele-fone e guardar o ouro no cofre do próprio banco.

MERCADO ESTREITO. Situação do mercadode títulos em que o volume de transações é pe-queno.

MERCADO FINANCEIRO. Conjunto formadopelo mercado monetário e pelo mercado de ca-pitais. Abrange todas as transações com moedase títulos e as instituições que as promovem: Ban-co Central, caixas econômicas, bancos estaduais,bancos comerciais e de investimentos, corretorasde valores, distribuidoras de títulos, fundos deinvestimentos etc., além das Bolsas de Valores.

MERCADO FIRME. Fase do mercado de valo-res mobiliários (títulos, ações) em que as cota-ções dos papéis negociados e o volume das tran-sações apresentam oscilações mínimas.

381 MERCADO FIRME

Page 382: NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA

MERCADO FRACIONÁRIO. Conjunto das ne-gociações realizadas em Bolsas de Valores comlotes fracionados de cem ou mil ações.

MERCADO FRACIONÁRIO CATS. Veja Cats.

MERCADO INTERBANCÁRIO. Mercado noqual os bancos e instituições financeiras com-pram e vendem instrumentos financeiros comocertificados de depósito, duplicatas, aceites ban-cários etc., geralmente com prazos inferiores aum ano.

MERCADO LARGO. Situação do mercado detítulos em que há um grande volume de tran-sações.

MERCADO MOBILIÁRIO. É o mercado dosvalores mobiliários, ações, títulos, papéis emgeral.

MERCADO MONETÁRIO. Designa o setor domercado financeiro que opera a curto prazo.Compõe-se da rede de entidades ou órgãos fi-nanceiros que negociam títulos e valores, con-cedendo empréstimos a empresas ou particula-res, a curto ou curtíssimo prazo, contra o paga-mento de juros. Além dos bancos comerciais edas empresas financeiras de crédito, o mercadomonetário compreende também o mercado pa-ralelo e o mercado de divisas. O movimento fi-nanceiro a longo prazo caracteriza outro seg-mento, o do mercado de capitais.Veja tambémMercado de Capitais.

MERCADO NEGRO. Termo aplicado para de-nominar a compra e a venda de bens e serviçosfeitos clandestinamente, a fim de fugir das leisou normas costumeiras. Surge sempre que aoferta dos bens em questão é pequena ou, dealgum modo, restrita, o que faz com que os com-pradores se disponham a pagar por eles preçosbem acima dos praticados oficialmente. O termoaplica-se especialmente ao mercado de moedasestrangeiras, em que se paga por 1 dólar, marco,iene ou libra, por exemplo, bem mais do que oestabelecido pela taxa oficial de câmbio.

MERCADO PARALELO. Mercado de títuloscujas transações não são regulamentadas ou fis-calizadas pelo governo ou pelas instituições fi-nanceiras credenciadas. Trata-se de uma espéciede mercado negro, com a diferença de que étolerado pelas autoridades enquanto não ultra-passe certos limites.

MERCADO PRIMÁRIO. A expressão tem pelomenos três significados distintos: 1) mercado noqual um empréstimo é feito diretamente a umdevedor, que se distingue do mercado secun-dário, onde são vendidos títulos (securities) cujaorigem é o empréstimo feito no mercado pri-mário. Um banco ou instituição de crédito que

mantém seus empréstimos até a data do venci-mento, isto é, não vende esses créditos no mer-cado secundário, é denominado portfolio lender;2) mercado onde são transacionados em primei-ra-mão os títulos emitidos pelo governo (de suadívida pública) mediante leilões. Os operadoresdeste mercado revendem então tais títulos nomercado secundário aos investidores em geral;3) mercado no qual novas emissões de títulos,de contratos futuros e de opções são oferecidas.Veja também Gen-Saki; Pota-fólio Lender.

MERCADO SECUNDÁRIO. Fase do mercadode ações e títulos que vem logo em seguida aomercado primário e se caracteriza pela obriga-toriedade de se fazer as transações nas Bolsasde Valores. Veja também Mercado Primário.

MERCADO SPOT. Mercado de commodities emque os negócios são realizados com pagamentoà vista e entrega imediata das mercadorias. Dis-tingue-se do mercado a futuro ou do mercadoa termo, em que os contratos são feitos parapagamento e entrega posteriores. Há dois tiposbásicos de mercado spot: o mercado primário oulocal, situado junto às zonas produtoras, e o mer-cado central, localizado nos pontos de distribui-ção. Um exemplo deste último é o grande mer-cado de petróleo do porto de Roterdã. Veja tam-bém Mercado de Commodities.

MERCADO VENDEDOR. Expressão utilizadanas Bolsas de Mercadorias e de Valores paradesignar o predomínio da oferta sobre a procura.Quando isso ocorre, baixam os preços dos títulosem questão. Veja também Mercado Comprador.

MERCADOLOGIA (Marketing). Conjunto detécnicas matemáticas, estatísticas, econômicas,sociológicas e psicológicas usadas pelos produ-tores para estudar o mercado e conquistá-lo me-diante o lançamento planejado dos produtos.Para vender, as empresas usam diversos recur-sos: modificam o produto, incrementam sua uti-lidade, ampliam o mercado pela descoberta oucriação de novos consumidores, criam novasmercadorias ou convencem os consumidores deque seus produtos têm mais qualidade ou uti-lidade que os dos concorrentes. Isso é feito pormeio de exaustivas análises de mercado, que in-dicam quais as necessidades reais ou imaginá-rias do consumidor e as motivações que o levamà compra. Após as pesquisas, o produtor fabricaum produto capaz de satisfazê-las. Essa mudan-ça de orientação — produzir para atender àsaspirações do mercado — assinala o surgimentoda mercadologia, segundo a qual o mercadoconsumidor é mais importante que o produto.A mercadologia consiste numa estratégia doprodutor para adequar seus recursos às opor-tunidades que o mercado oferece. Esses recursos

MERCADO FRACIONÁRIO 382

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envolvem as características do produto (preço,aparência, embalagem, padronização, prazo deentrega, qualidade e assistência técnica), suapromoção (publicidade, promoção nos pontosde venda, merchandising) e sua distribuição. Paraa mercadologia, as características de um produtosão quase sempre determinadas pelas informa-ções que a empresa possui sobre as necessidadese preferências do mercado consumidor. Paraisso, o produtor pesquisa número, localização,hábitos e atitudes dos consumidores efetivos epotenciais, usando técnicas estatísticas, psicoló-gicas e sociológicas aplicadas à pesquisa de mer-cado. Veja também Comercialização; Consumo;Necessidade; Produto.

MERCADOR. Indivíduo que na Antiguidadeexercia a atividade comercial. Surgiu como re-sultado da divisão social do trabalho entre osagrupamentos humanos e do conseqüente de-senvolvimento das relações de troca. À medidaque se intensificava o intercâmbio de produtosentre as regiões, a figura do mercador foi ad-quirindo importância econômica e povos intei-ros, como os fenícios, tornaram-se famosos nessaatividade. Os mercadores constituíram tambémum dos principais segmentos sociais das cida-des-estados da Grécia Antiga. Na Idade Média,sobretudo a partir do século XI, com o desen-volvimento das atividades comerciais na EuropaOcidental, os mercadores tiveram papel de des-taque na decadência do feudalismo. Percorrendoem caravanas os feudos, feiras, burgos e castelos,vendiam na Europa medieval os tecidos e es-peciarias vindas do Oriente e os produtos ori-ginários do mar do Norte e do mar Báltico. Como desenvolvimento dos burgos, os mercadoresforam ampliando sua força econômica por meioda criação de corporações, guildas e ligas, dasquais a mais importante foi a Liga Hanseática.Essas organizações dominavam importantes en-trepostos comerciais ao longo do litoral europeue administravam burgos e cidades. Para lutarcontra as restrições impostas pelos padrões feu-dais, os mercadores aliaram-se aos reis, consti-tuindo-se então numa das principais forças desustentação das nascentes monarquias nacio-nais. O poderio econômico dos mercadores am-pliou-se sobretudo com a prática da políticamercantilista levada a efeito pelos Estados eu-ropeus após os grandes descobrimentos maríti-mos e com a formação dos grandes impérioscoloniais. Os grandes recursos acumulados pe-las companhias de mercadores, aliados ao saquedas regiões conquistadas e ao tráfico de escra-vos, possibilitaram a acumulação do capital queformou a base dos grandes investimentos exi-gidos pela Revolução Industrial. Veja tambémMercantilismo; Revolução Comercial.

MERCADORIA. Todo produto que se compraou que se vende. É, portanto, tudo o que se pro-duz para troca e não para uso ou consumo doprodutor. Segundo Marx, a mais importante ca-racterística do capitalismo é ser um modo deprodução de mercadorias. A mercadoria se apre-senta, portanto, como o principal elemento uni-versal na sociedade burguesa e serve de media-ção a todas as relações sociais. No início de OCapital, seu trabalho econômico de maior alcan-ce, Marx procura mostrar que a mercadoria temduplo aspecto: ela é ao mesmo tempo valor deuso e valor de troca. Isto é, destina-se a atendera uma necessidade humana (valor de uso), massua principal destinação, no capitalismo, é omercado, no qual se realiza seu valor de troca.No mercado, ela é comparada com as demaismercadorias, seja por meio da troca direta, sejapela mediação da mercadoria dinheiro. Marxanalisa a mercadoria a partir da teoria do va-lor-trabalho, seguindo e desenvolvendo os es-tudos de Adam Smith e Ricardo. É a quantidadede trabalho necessário à produção de uma mer-cadoria o elemento que possibilita que ela sejacomparada às demais nas relações de troca. As-sim, o preço de uma mercadoria representa aexpressão monetária de seu valor. Veja tambémDinheiro; Fetichismo da Mercadoria; Preço;Valor.

MERCADORIA COMPOSTA. Veja Teoremada Mercadoria Composta.

MERCANTILISMO. Doutrina econômica quecaracteriza o período histórico da Revolução Co-mercial (séculos XVI-XVIII), marcado pela de-sintegração do feudalismo e pela formação dosEstados Nacionais. Defende o acúmulo de divi-sas em metais preciosos pelo Estado por meiode um comércio exterior de caráter protecionis-ta. Alguns princípios básicos do mercantilismosão: 1) o Estado deve incrementar o bem-estarnacional, ainda que em detrimento de seus vi-zinhos e colônias; 2) a riqueza da economia na-cional depende do aumento da população e doincremento do volume de metais preciosos nopaís; 3) o comércio exterior deve ser estimulado,pois é por meio de uma balança comercial fa-vorável que se aumenta o estoque de metais pre-ciosos; 4) o comércio e a indústria são mais im-portantes para a economia nacional que a agri-cultura. Essa concepção levava a um intensoprotecionismo estatal e a uma ampla interven-ção do Estado na economia. Uma forte autori-dade central era tida como essencial para a ex-pansão de mercados e para a proteção dos in-teresses comerciais. O mercantilismo era cons-tituído de um conjunto de concepções desen-volvidas na prática por ministros, administra-dores e comerciantes, com objetivos não só eco-nômicos como também político-estratégicos. Sua

383 MERCANTILISMO

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aplicação variava conforme a situação do país,seus recursos e o modelo de governo vigente.Na Holanda, o poder do Estado era subordinadoàs necessidades do comércio, enquanto na In-glaterra e na França a iniciativa econômica es-tatal constituía o outro braço das intenções mi-litares do Estado, geralmente agressivas em re-lação a seus vizinhos. O mercantilismo inglêsfoi reforçado pelo Ato de Navegação de 1651.Os mercantilistas, limitando sua análise ao âm-bito da circulação de bens, aprofundaram o co-nhecimento de questões como as da balança co-mercial, das taxas de câmbio e dos movimentosde dinheiro. Entre os principais representantesda doutrina estão os ingleses Thomas Mun eJosiah Child, os franceses Barthélemy de Laffe-mas e Antoine de Montchrestien (ambos segui-dores de Colbert na época de Henrique IV) e oitaliano Antonio Serra. Veja também RevoluçãoComercial.

MERCHANDISING. Conjunto de técnicas demarketing que consiste num esforço adicionalà campanha publicitária normal de um produto,com o objetivo de cristalizar sua imagem de for-ma subliminar. De campo amplo e não muitopreciso, mas em geral ligado à área de promoçãode vendas, o merchandising pode valer-se de umveículo de comunicação de grande impacto —como as novelas em televisão —, cujos resulta-dos são em geral imediatos, ou utilizar veículosnão tão poderosos — como o cinema — cujoretorno é mais lento e difícil de ser medido. Astécnicas de merchandising incluem principalmen-te: 1) o sampling, que consiste em amostragense degustações em feiras e supermercados; 2) autilização do produto na produção de novelas,filmes e fotos; 3) os acordos entre empresas —por exemplo, quando determinado fabricante deroupas passa a produzir uma linha de produtoscom a marca de um fabricante de veículos. Vejatambém Mercadologia.

MERCIER DE LA RIVIERE, Pierre-Paul (1720-1794). Advogado, administrador e economistafrancês. Entre 1749 e 1759, foi chanceler do Par-lamento Francês. Embora não seja certo que te-nha se encontrado antes de 1765 com Quesnayou Mirabeau, a partir dessa data tornou-se umdestacado fisiocrata e publicou uma obra quemuitos — entre eles Adam Smith — considera-ram a exposição mais clara da doutrina fisio-crata. Em seu livro L’Ordre Naturel et Essentieldes Societés Politiques (A Ordem Natural e Es-sencial das Sociedades Políticas), 1767, expõe es-sas idéias, que são resenhadas em 1798 por DuPont de Nemours para as Ephémérides, confir-mando sua enorme importância para os fisio-cratas. As outras obras de destaque de De LaRiviere foram uma resposta aos diálogos de Ga-liani atacando os fisiocratas na questão do co-

mércio de grãos (1770) em um ensaio sobre aimportância da educação dedicada ao rei da Sué-cia (1775).

MERCOSUL — Mercado Comum do Cone Sul.O Mercosul teve como origem os acordos bila-terais de comércio estabelecidos entre o Brasile a Argentina a partir de 1990. Foi criado ofi-cialmente em 29/11/1991 com a assinatura doTratado de Assunção (Paraguai), congregandoo Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai.Sua meta é criar uma comunidade econômicaentre os quatro países para facilitar e incremen-tar o comércio entre eles, com a eliminação pro-gressiva das barreiras alfandegárias entre o Bra-sil e a Argentina (um ano a mais para os outrosdois países) e uma tarifa externa comum (TEC)contra os demais países.

MERGER. Termo em inglês que significa incor-poração de uma empresa por outra, perdendouma delas sua razão social original. Geralmente,a que incorpora as demais é empresa de maiorporte, que exerce domínio sobre os mercados.

METALISMO. Sistema monetário que tem comomoeda-padrão algum metal precioso (sobretudoouro e prata), com valor de troca fixo entre ometal e o dinheiro, além de cunhagem livre eilimitada. O objetivo é evitar ao máximo as flu-tuações no valor da moeda. Quando a moeda-padrão é apenas um metal — sistema que foiadotado pela Grã-Bretanha em 1816, com onome de padrão-ouro —, dá-se o nome de mo-nometalismo. No caso de dois metais serem uti-lizados como padrão, fala-se em bimetalismo, sis-tema amplamente utilizado no decorrer do sé-culo XIX. Na prática, esse sistema apresentavauma grande dificuldade: com a desvalorizaçãode um metal em relação ao outro, desequilibra-va-se o valor da troca entre eles e em relação àmoeda. Por isso, o padrão-ouro passou a ser uti-lizado na maioria dos países. Veja também Leide Gresham.

METAMODELO. É algo que transcende ummodelo, ou um modelo formulado num nívelde abstração mais elevado, que transforma aspropriedades ou os elementos estruturais dossistemas de nível inferior em proposições domodelo de maior nível de abstração.

METHUEN. Veja Tratado de Methuen.

METICAL. Unidade monetária de Moçambi-que. Submúltiplo: centavo.

MÉTODO. Instrumental teórico integrado usa-do na análise dos fenômenos econômicos. Cadaescola econômica dispõe de um método, umconjunto de conceitos adequados ao objeto deseu estudo e em acordo com a orientação ado-

MERCHANDISING 384

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tada. Assim, o pesquisador procura, no decorrerde seu trabalho, distinguir o essencial do aces-sório em determinada realidade econômica, con-forme a metodologia que adotou. A questão dométodo é o ponto inicial de diferenciamento en-tre as correntes de pensamento, pois condicionatodo processo de análise. Como nos demais cam-pos do conhecimento científico, em economiaexistem dois métodos básicos para abordagemda realidade: o dedutivo e o indutivo. O métododedutivo parte da abstração e, por meio da de-dução lógica, procura chegar à essência dos pro-cessos econômicos, formulando suas leis maisgerais, que serão comprovadas nos casos parti-culares concretos. Foi esse método de investiga-ção que caracterizou a escola clássica. O métodoindutivo parte dos aspectos particulares de umfenômeno, procurando chegar ao geral. Vai dofato à lei. Apesar dessa diferença, muitos autoressustentam que um método não exclui o outro:tanto o dedutivo quanto o indutivo são utiliza-dos de forma coerente e criativa por vários ana-listas de economia, que procuram buscar na rea-lidade empírica o fundamento de suas abstra-ções. Esse procedimento, chamado de “aproxi-mações progressivas”, é também uma forma derelacionar o âmbito da lógica com o da história.Os dois métodos básicos aparecem em cada umdos métodos específicos adotados em cada es-cola econômica, de acordo com os objetivos doanalista e com o método específico que usa: his-tórico, dialético, matemático, estatístico ou psi-cológico. É conforme a abrangência do métodoempregado em determinada investigação quecertos fenômenos perdem suas característicasmeramente econômicas, à primeira vista, parase integrar no quadro geral da história e até mes-mo da política.

MÉTODO ABC. Sistema de gestão que permitedeterminar sobre que tipo de produtos convémmanter um controle especial de estoques. Con-cebido por H. Ford Dickie, da General Motors,parte da verificação empírica de que apenas al-guns dos itens mantidos em estoque — cercade 10% — representam aproximadamente 70%do valor total imobilizado nos estoques. Outros25% dos itens correspondem a quase 20% dovalor dos estoques, sendo os restantes 65% deitens correspondentes a um valor de apenas 10%do total. Diante dessa realidade, o método ABCrecomenda que apenas os itens do primeiro gru-po deveriam receber um controle (científico)dentro da concepção da administração por ex-ceção. O controle sobre os demais itens poderáser menos rígido, bastando algumas aquisiçõesanuais daqueles produtos para a manutençãoapropriada dos estoques. A denominação dométodo decorre do fato de denominar o primei-ro grupo de itens pela letra A e os demais pelas

letras B e C, respectivamente. Num caso con-creto, quando se ligam num diagrama os pontosA, B e C, se terá formado a curva ABC. Vejatambém Administração por Exceção.

MÉTODO CANVASSER. Veja Método Diretode Recenseamento.

MÉTODO CIENTÍFICO. Conjunto de regras eprocedimentos que possibilitam a criação daciência. Os antigos gregos, sobretudo os repre-sentantes do eleatismo, foram os primeiros a sepreocupar com o problema, distinguindo a meraopinião (dóxa) da verdadeira ciência (epistéme).As impressões sensíveis, fundamento da primei-ra, não poderiam produzir a certeza: somenteas idéias constituiriam a correta via (hodós). Pla-tão desenvolveu a dialética, método que permi-tiria a ascensão ao puro mundo das idéias. Aris-tóteles sistematizou a lógica, disciplina que pre-tendia ser um instrumento (órganon) mais seguroe preciso. No início da Idade Moderna, a meto-dologia aristotélica foi duramente criticada porser apenas um instrumento de prova e demons-tração, não servindo para a descoberta de co-nhecimentos. O desenvolvimento das ciênciasda natureza, a partir do Renascimento, está li-gado intimamente à formulação de uma novametodologia, em contraposição à silogística aris-totélica: a da indução e experimentação. A pri-meira formulação sistemática do método indu-tivo-experimental encontra-se no Novum Orga-num, de Francis Bacon. Na mesma época, Des-cartes escreveu o Discurso do Método, obra naqual mostra que a verdade só pode ser obtidapor meio de procedimentos puramente racio-nais, como os empregados pelos matemáticos.A tarefa de união da indução e da experiênciacom a matemática ficou reservada a Galileu eNewton: o conhecimento científico da naturezasó é obtido quando os dados fornecidos pelaobservação e pela experimentação podem sertraduzidos em linguagem matemática que ex-presse a regularidade, a constância e as relaçõesentre os fenômenos considerados. No séculoXIX, Stuart Mill aprofundou o método indutivoe Claude Bernard ressaltou o papel da hipótese,uma idéia que dirige a experiência. Bernardmostrou, assim, que a dedução está sempre pre-sente na própria indução. Os estudos sobre ométodo na matemática trouxeram à luz o fatode ela ser um conjunto de proposições cuja ver-dade decorre de alguns poucos axiomas, por viade pura inferência lógica. Isso se evidenciou so-bretudo com o desenvolvimento da geometrianão-euclidiana. No século XX, a física quânticacolocou novos problemas, surgindo o pro-babilismo e a física estatística. Por outro lado,o desenvolvimento das ciências humanas, a par-tir do século XIX, foi marcado pela disputa entreos adeptos do positivismo, que defendiam o uso

385 MÉTODO CIENTÍFICO

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do método das ciências naturais no estudo dosfatos sociais, e os que advogavam um estatutopróprio para estes. Na atualidade, defrontam-seos partidários do estruturalismo e os defensoresda abordagem genética e histórica, entre os quaisos adeptos do marxismo. Gaston Bachelardopõe-se às pretensões cartesianas de uma ciênciauniversal, única, conforme o modelo das mate-máticas. Posição semelhante encontra-se nos se-guidores da nova retórica.

MÉTODO DA GERAÇÃO QUE SE EXTIN-GUE. Processo de construção de tábuas de mor-talidade que consiste em observar uma geraçãoisolada até a sua completa extinção pela morte,anotando-se o número dos que atingem as di-versas idades. Assim, denotando-se o efetivo ini-cial por V0, e por V1, V2 etc. os números dosque atingem, respectivamente, o primeiro, o se-gundo, o terceiro etc. ano de vida, a seqüênciaV0, V1, V2 constituirá a mencionada tábua.

MÉTODO DE DANTZIG. O método de Dant-zig ou Simplex é um método iterativo que per-mite resolver, mediante a otimização, problemasde programação linear. O método consiste empartir de um programa-base, passando sucessi-vamente a programas melhores, mais avança-dos, até alcançar um programa ótimo. A deno-minação deve-se ao nome do autor que o propôse desenvolveu.

MÉTODO DEDUTIVO. Método de raciocínioque consiste em ir do geral ao particular, dosprincípios ou premissas aos fatos. Exemplo tí-pico de dedução é o silogismo, que de duas pre-missas gerais possibilita inferir uma conclusãoparticular, como no seguinte exemplo: todos oshomens são mortais (premissa maior); Sócrates éhomem (premissa menor); logo, Sócrates é mortal(conclusão). Ciência tipicamente dedutiva é ageometria, sistematizada em rigoroso encadea-mento do geral ao particular por Euclides noséculo III a.C. Entre os economistas clássicos, ébastante freqüente o uso do raciocínio dedutivo,mas os economistas modernos têm mostradosuas limitações. Alfred Marshall, por exemplo,acha que não há lugar para longas cadeias dededuções na economia, uma ciência que se ocu-pa de fatos concretos. Apesar disso, esse autorreconhece que tanto a indução (o contrário dadedução) quanto a dedução “são necessáriasao pensamento científico, da mesma forma queo pé direito e o esquerdo são necessários paracaminhar”.

MÉTODO DE VENEZA. Veja Partidas Dobradas.

MÉTODO DIRETO DE RECENSEAMENTO.Processo de levantamento do censo no qual osagentes censitários, ou recenseadores, preen-

chem eles próprios os questionários medianteentrevista (direta) com os recenseados. Tambémchamado Método Canvasser.

MÉTODO DOS ÓBITOS. Em demografia, é oprocesso de construção de tábuas de mortalida-de que se baseiam na classificação dos óbitosregistrados dentro de um determinado período.Subtraindo-se sucessivamente do total da popu-lação os mortos com um ano, dois anos etc., ereduzindo-se os termos da série a fim de obterum total inicial igual a mil, tem-se uma tábuade sobrevivência.

MÉTODO DOW. Método de determinação dastendências mais importantes no mercado de açõ-es, mas não a extensão de sua duração. O mé-todo foi desenvolvido por Charles H. Dow. Vejatambém Dow Jones.

MÉTODO HAMBURGUÊS. Método aplicadopara o cálculo de taxas de juros (capitalizaçãosimples) incidentes sobre saldos devedores. Naépoca em que os bancos (no Brasil) pagavamjuros sobre depósitos à vista, este método estevemuito difundido. Por exemplo, se desejarmoscalcular o montante dos juros relativos à apli-cação de diferentes capitais por diferentes pra-zos, a uma taxa comum de juros, teremos o se-guinte: suponhamos três aplicações diferentesde R$ 10000,00, R$ 5000,00 e R$ 20000,00 pelosprazos de 36, 35 e 34 dias a uma taxa de 22,7%ao ano. Como no método hamburguês o ano éconsiderado tendo 360 dias (ou doze meses detrinta dias cada), e como se trata de capitalizaçãosimples, a taxa de juros diária seria equivalentea 0,227 / 360 = 0,00063, ou 0,063% ao dia. Omontante de juros obtido pelas três aplicaçõesseria:

Aplicação (A) x Taxa de juros (i) x Número dedias (N) =

1) 10000,00 x 0,00063 x 36 = 226,80

2) 5000,00 x 0,00063 x 35 = 110,25

3) 20000,00 x 0,00063 x 34 = 428,40

O montante total de juros seria equivalente a226,80 + 110,25 + 428,40 = 765,45. O método ham-burguês não é outra coisa senão a multiplicaçãoda taxa diária de juros pelo somatório dos pro-dutos das diversas aplicações pelo prazo (nú-mero de dias) a que cada uma tiver sido feita.Ou o equivalente a Montante de juros (Mj) =Taxa de juros diária

(i) x Σ A1 x N1 + A2 x N2 ... .... + A n x Nn;

o somatório variando de t = 1 até n.

MÉTODO INDIRETO DE RECENSEAMEN-TO. Processo de levantamento do censo no qualo chefe de cada unidade domiciliária é o res-

MÉTODO DA GERAÇÃO QUE SE EXTINGUE 386

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ponsável pelo preenchimento do questionárioque abrange todos os membros da família.

MÉTODO INDUTIVO. Método de raciocínioque consiste em chegar a conclusões de validadegeral a partir de conhecimentos particulares, to-mando-se a observação dos fatos do mundo em-pírico como base para generalizações posterio-res. Contrapõe-se ao método dedutivo, que par-te do conhecimento geral para o particular. Ométodo indutivo assumiu especial importânciano início da Idade Moderna, quando se consta-tou que o pensamento científico deveria basear-se nas induções a partir de observações empí-ricas, e não apenas da dedução silogística, atéentão considerada a única forma perfeita de co-nhecimento. Nessa época, Francis Bacon foi omaior teórico do método indutivo, com a obraNovum Organum. No século XIX, destacou-se otrabalho de John Stuart Mill. Como a induçãose baseia na seleção e observação de vários fatosparticulares, a variação de fatos escolhidos per-mite a elaboração de uma teoria sempre modi-ficável, fluida. Assim, o maior defeito apontadono método indutivo e sua aplicação em econo-mia é que ele torna impraticável atingir um graude finalidade no pensamento econômico. Umsistema teórico baseado apenas no método in-dutivo está sempre aberto a novas observações,que podem levar a diferentes conclusões. A va-lidade do sistema depende também do tipo deescolha de fatos observados e utilizados parafazer afirmações de caráter geral.

MÉTODO MATRICIAL. Forma de registro dedados econômicos, financeiros etc. de um paísou de uma empresa que implica um quadro dedupla entrada. Este quadro de dupla entrada,formado pela intersecção de linhas e colunas,estabelece as relações de dependência ou os coe-ficientes de correlação entre variáveis econômi-cas e financeiras significativas. O método ma-tricial é importante do ponto de vista das in-fluências quantitativas entre as variáveis: porexemplo, se a produção de aço depende da pro-dução de minério de ferro, de carvão, de utili-zação de equipamentos, do uso de mão-de-obraetc., um aumento de 10% na produção final exi-girá uma certa porcentagem de aumento dos in-sumos necessários. Tais relações quantitativassão dadas por uma matriz, e o método matricialpermite saber de quanto deverá ser essa produ-ção de insumos para permitir o aumento da pro-dução de aço. Veja também Insumo-Produto;Leontief, Wassily.

MÉTODO MONTE CARLO. Método que con-siste essencialmente em estabelecer uma amos-tragem artificial ou simulada. Em qualquer es-tudo de simulação, a geração de observações so-bre as variáveis de um modelo constitui um as-

pecto tão fundamental quanto o objetivo de le-var a cabo a experimentação do mesmo. No en-tanto, num grande número de problemas eco-nômicos, tais observações não podem ser obti-das da realidade por ser excessivamente custo-sas ou fisicamente impossíveis. Em tais casos,a única alternativa é recorrer a uma amostragemartificial ou simulada, que consiste em substituiro universo real por um universo teórico corres-pondente, descrito por uma lei de probabilidadeque se supõe conhecida e adequada, e em se-guida se obtém uma amostra da população teó-rica mediante uma sucessão de números alea-tórios. Nisso consiste o método Monte Carlo:obter números aleatórios e logo em seguida con-vertê-los em observações da variável ou variá-veis do modelo. A denominação Monte Carlo foidada por Von Neumann e Ulam, em 1940, quan-do trabalhavam em problemas relacionados coma construção de armas nucleares, que eram mui-to complexos para ser tratados analiticamente emuito perigosos para ser resolvidos por expe-rimentação física. O nome parece ser apropriadona medida em que o princípio básico do métodoé o mesmo que se encontra no Cassino de MonteCarlo, onde são utilizados artifícios tais comoroletas, dados, cartas etc., que permitem geraramostras aleatórias de populações bem defini-das, embora, atualmente, o método Monte Carloseja aplicado mediante simulações em compu-tadores. Veja também Von Neumann.

MÉTODO NÃO-PARAMÉTRICO. Veja Méto-do Paramétrico.

MÉTODO PARAMÉTRICO. Método de deci-são em estatística, como, por exemplo, o Testet (student), no qual a distribuição estatística daamostragem é conhecida e os dados encontram-se numa escala ordinal. Quando a decisão nãorequer o conhecimento dessa distribuição, diz-seque o método é não-paramétrico. Veja tambémAmostragem; Parâmetro.

MÉTODO SIMPLEX. Veja Método de Dantzig.

MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS.Veja Mínimos Quadrados, Estimativa dos; Re-gressão, Análise da.

MÉTODOS MATEMÁTICOS. Consistem basi-camente na aplicação de técnicas de análise ma-temática a variáveis econômicas, com o objetivode estabelecer relações entre essas variáveis. Sãomuitas vezes utilizados como uma linguagemsimplificadora e um modo sintético de expressarrelações entre os dados econômicos. A relaçãoentre números variáveis é simbolizada em eco-nomia pelo termo “função”. Assim, a demandaé uma função do preço, que por sua vez é to-mado como uma variável independente. Dessemodo, as quantidades ou números variáveis —

387 MÉTODOS MATEMÁTICOS

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preços, renda, custo de produção, quantidadesde bens comprados ou vendidos no mercado, aquantidade de fatores de produção empregadosetc. — podem ser convertidos em números deunidades físicas, ou em dinheiro, ou em unida-des de valor. As relações econômicas tambémpodem ser expressas por meio de funções ma-temáticas: é o caso das curvas de demanda eoferta, que representam a relação entre duas va-riáveis econômicas. Diagramas desse tipo per-mitem visualizar melhor uma realidade econô-mica. A aplicação de métodos matemáticos emeconomia foi desenvolvida e discutida, entre ou-tros autores, pelo economista inglês Roy Allen,no livro Mathematical Analysis for Economists(Análise Matemática para Economistas), 1938. Eé inegável que a crescente tecnificação da eco-nomia prende-se, em boa parte, ao estabeleci-mento de hipóteses matemáticas, que podem serverificadas ou refutadas. Deve-se lembrar, toda-via, que o economista Paul Samuelson, um dosautores que utilizaram com êxito os métodosmatemáticos, é de opinião que o conhecimentomatemático é necessário apenas em algumasáreas da alta teoria, uma vez que a economiausa em geral o método dedutivo da lógica e dageometria e o método indutivo da estatística eda evidência empírica.

METRICATION. Processo de conversão de me-didas que não pertencem ao sistema métrico,tais como aquelas do sistema imperial inglês oudo sistema customary (consuetudinário) dos Es-tados Unidos ao sistema métrico, em particularao sistema métrico internacional.

MFCN — Máquina-ferramenta de ControleNumérico. Máquina-ferramenta — torno, fresa,plaina etc. — ligada a um computador de co-mando numérico. Mediante uma programaçãopreestabelecida, o computador determina a se-qüência de movimentos da máquina-ferramen-ta: cortar, rosquear etc.

MFN. Iniciais da expressão inglesa most favourednation, que significa “nação mais favorecida”. Otermo se aplica no comércio internacional quan-do um país obtém alguma vantagem em relaçãoaos demais, em termos de taxas alfandegáriasou impostos sobre seus produtos, inferiores aosaplicados aos demais países, ou mesmo a prio-ridade para o abastecimento de determinadoproduto ou serviço.

MIBOR. Veja Ibor.

MICAR. No jargão financeiro, significa ficarcom um título que perdeu completamente seuvalor ou com um título de difícil aceitação. Otermo é tomado de empréstimo ao jogo de cartasno qual quem fica com o “mico” perde o jogo.

MICO. No jargão financeiro, significa título queperdeu seu valor ou que ninguém aceita.

MICROCOMPUTADORES VERDES. No jar-gão utilizado na área de marketing desse tipode equipamento, designa aqueles aparelhos quepoupam energia elétrica, mas apresentando omesmo desempenho que os demais.

MICROCRÉDITO. Veja Grameen Bank.

MICROECONOMIA. Ramo da ciência econô-mica que estuda o comportamento das unidadesde consumo representadas pelos indivíduos epelas famílias; as empresas e suas produções ecustos; a produção e o preço dos diversos bens,serviços e fatores produtivos. Em outras pala-vras, a microeconomia ocupa-se da forma comoas unidades individuais que compõem a econo-mia — consumidores privados, empresas co-merciais, trabalhadores, latifundiários, produto-res de bens ou serviços particulares etc. — ageme reagem umas sobre as outras. Surgiu no inícioda década de 30, quando a ciência econômicase dividiu em dois ramos: a microeconomia e amacroeconomia (esta se interessa pelo estudodos agregados como a produção, o consumo ea renda do conjunto da população). Embora es-ses dois ramos da ciência econômica caminhempor canais distintos, a separação é frágil, pois ofenômeno econômico requer o inter-relaciona-mento das teorias que se inserem nesses doisâmbitos. Apresentando uma visão “microscópi-ca” dos fenômenos econômicos, a microecono-mia engloba a teoria do consumidor, que oferecesubsídios para a análise da procura; a teoria dafirma que se desdobra nas teorias da produção,dos custos e dos rendimentos constitui o alicerceda análise da oferta. Os preços relativos consti-tuem a preocupação fundamental desse ramoda ciência econômica, tanto que ela é igualmenteconhecida como a teoria dos preços. Na teoriado consumidor, a microeconomia analisa a in-tenção dos indivíduos de se apropriarem de de-terminada quantidade de bens, que satisfaça aomáximo suas necessidades. Na teoria da firma,é enfocado o empresário que procura combinaros fatores de produção de modo a maximizarseus lucros. Mediante essa análise, obtêm-se oselementos necessários para a derivação das ofer-tas individuais e de mercado. A combinação dasquantidades de fatores de produção, bens e ser-viços, que os consumidores estão dispostos aadquirir, com as quantidades desses elementosque os empresários têm condições de oferecerimpõe a determinação de um denominador co-mum, que é o preço. Assim, é a determinaçãodesse preço que a microeconomia se propõe aoestudar a questão sob dois ângulos: o dos fatores

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de produção e o dos bens e serviços. A micro-economia caracteriza-se como uma ciência denatureza dedutiva ou teórica. Esse caráter de-dutivo é decorrência da complexidade e entre-laçamento de influências que subjazem às situa-ções reais que são objeto de seu estudo. O caráterdedutivo é realçado pelo fato de que muitas dasvariáveis consideradas pela microeconomia nãopodem ser observadas ou mensuradas. É o caso,por exemplo, do grau de utilidade que os con-sumidores desfrutam ao dispor de certos bensou serviços. A microeconomia lança mão de mo-delos, ou seja, construções compostas por umasérie de hipóteses, a partir das quais as conclu-sões são extrapoladas. São modelos a formacomo os indivíduos efetuam suas decisões, amaneira como as firmas procedem etc. A partirda situação do mundo real, são selecionadas asvariáveis mais significativas do fenômeno quese estuda, permitindo que a complexidade dessemundo real seja manipulada. Uma segunda ca-racterística da microeconomia é sua natureza es-tático-comparativa, ou seja, ela tende a confron-tar duas ou mais situações de equilíbrio, semse preocupar com o período intermediário entreessas situações inicial e final. A terceira carac-terística é seu enquadramento dentro do ramoda ciência positiva ou científica. Isso implica aausência de juízo de valor ou conotação éticanas teorias microeconômicas, que se mantêm ex-clusivamente descritivas. A quarta característicaé seu caráter de análise de equilíbrio parcial.Esse tipo de análise consiste na adoção de umahipótese, pressupondo-se que todas as demaiscondições que influenciem o relacionamento en-tre duas variáveis, funcionalmente dependentes,sejam mantidas constantes. A microeconomiaencontra bastante aplicação no mundo atual, po-dendo ser utilizada como elemento de previsãocondicionado à ocorrência de determinado even-to. É importante na elaboração de modelos queretratam as situações do mundo de forma sim-plificada. Desempenha importante papel na teo-ria do comércio internacional e encontra-se pre-sente no mundo dos negócios como auxiliar dedecisões administrativas relacionadas com aprocura, estrutura de custos empresariais, mé-todos de fixação de preços etc. Veja também Ma-croeconomia.

MICROEMPRESA. Empresa ou firma indivi-dual que obtém uma receita anual inferior ouigual ao valor nominal estabelecido pelo gover-no, no início de cada ano fiscal. A partir de no-vembro de 1984, o Estatuto da Microempresa(lei federal nº 7 256) isentou esse tipo de empresado pagamento de impostos como o IPI e o IR.Veja também Economia Informal.

MICROINFORMÁTICA. Ramo da informáticaque utiliza preferencialmente microcomputado-res. Veja também Informática.

MÍCRON. Unidade de medida de comprimentopara distâncias muito pequenas. Equivale a 10-3mm.Veja também Sistemas de Pesos e Medidas.

MICROPROCESSADOR. Unidade central deprocessamento de um microcomputador, pre-sente também em outros equipamentos de au-tomação.

MIDDLEMAN. Termo em inglês que significa“intermediário”, isto é, aquele que se coloca en-tre o produtor e o consumidor (aplicando-setambém ao mercado financeiro); é também de-nominado distribuidor. Veja também Broker;Jobber.

MIGRAÇÃO. Movimento populacional que sedirige de uma região (área de emigração) paraoutra (área de imigração). Por alterar o tamanhoe a composição das populações (distribuição porsexo e idade, composição da força de trabalho),a migração é uma das bases da dinâmica popu-lacional, junto com a natalidade e a mortalidade.Distingue-se a migração internacional (entre paí-ses) e a migração interna (entre regiões de ummesmo país). Elas geralmente ocorrem porqueas pessoas não encontram oportunidades sociaise econômicas em seus locais de origem. Fatoresculturais e políticos também podem influir nosmovimentos migratórios. Alguns países (entreeles o Brasil) têm procurado direcionar seus flu-xos migratórios, desviando-os de regiões urba-nas e encaminhando-os para novas frentes decolonização. No Brasil, um dos maiores pólosde atração para os movimentos migratórios é oEstado de São Paulo. No fim do século XIX,quando a imigração estrangeira se acentuou,grande parte dela foi encaminhada para as la-vouras de café paulistas, então em grande ex-pansão. No século XX, a migração interna foiresponsável por violento aumento populacionalno Estado. E, em termos interestaduais, a capitalconstituiu o centro principal de imigração e ur-banização. A participação da migração de po-pulações do próprio Estado ou de outros Esta-dos no crescimento demográfico da capital deSão Paulo foi de 75,9% na década 1940-1950, de61,4% em 1950-1960 e de 58,1% em 1960-1970.Apesar do declínio da contribuição relativa, essaimigração continuou aumentando em termosabsolutos. Um dos maiores movimentos migra-tórios da história moderna foi o êxodo europeuem direção às Américas, iniciado no século XVI.Outros de grande importância foram o de hin-dus para a África, de chineses para a Malásia ede europeus para a Austrália e para a África.Em todos os casos, a principal causa foi a de-

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fasagem entre o desenvolvimento econômico eo crescimento populacional nos países de ori-gem. O ponto máximo da emigração situou-senas duas primeiras décadas do século XX. Mas,como o fluxo migratório tendia a saturar o mer-cado de trabalho nos países de destino, muitosdestes, após a Primeira Guerra Mundial, insti-tuíram restrições à entrada de estrangeiros. Vejatambém Dekasseguis.

MIL. O termo tem vários significados: 1) podedesignar o número mil; 2) pode significar a abre-viação de milhão; 3) pode significar unidade demedida equivalente a 0,001 polegada, e utilizadapara medir seção transversal de condutores ecabos elétricos. Se um condutor elétrico tem 1 milde diâmetro, possui 1 “circular mil” de área decorte transversal. Um cabo condutor que tem 1polegada de diâmetro possui uma seção trans-versal de 1 milhão de circular mils. Veja tambémConversão de Unidades de Pesos e Medidas;Sistemas de Pesos e Medidas; Unidades de Pe-sos e Medidas.

MIL-RÉIS. Originalmente, era a quarta parte daoitava de ouro de 22 quilates, ou o equivalentea 0,8965 g de ouro amoedado. A peça principaldo sistema era a moeda de 20 mil-réis, de cincooitavas de ouro, com um peso equivalente a17,930 g. O mil-réis era a unidade monetária bra-sileira até 1942, quando foi substituído pelo cru-zeiro. Veja também Cruzeiro; Oitava; Sistemasde Pesos e Medidas; Legislação Monetária Bra-sileira.

MILHA. Medida de distância originada duranteo Império Romano, a qual equivalia inicialmentea mil passos (milia passuum), sendo estes equi-valentes a uma passada dupla contada do lugarem que um pé deixava o chão ao ponto em quevoltava a ele, e equivalente a 5 pés (cerca de 1,5m). Até o ano 1500 a milha era equivalente a 5mil pés. Para facilitar a medição da terra a milhafoi transformada em 5 280 pés, de tal forma queo furlong, que era a medida de distância maiscomum na época, seria exatamente igual a 1/8de milha, isto é, uma milha conteria 8 furlongs.Esta é a milha terrestre, de 5 280 pés ou 1 609,3m. Veja também Conversão de Unidades de Pe-sos e Medidas; Furlong; Milha Náutica (Marí-tima); Sistemas de Pesos e Medidas; Unidadesde Pesos e Medidas.

MILHA BRASILEIRA. Medida de comprimen-to equivalente a 2,2 km.

MILHA GEOMÉTRICA. Medida de compri-mento do antigo sistema de medidas brasileiroe equivalente a 2 km. Veja também Sistema dePesos e Medidas.

MILHA MARÍTIMA. Veja Milha.

MILHA NÁUTICA. A milha náutica ou marítimaadmite três equivalências: a de 6 080 pés, equi-valente a 1 853,2 m; a de 6 080,2 pés, equivalentea 1 853,248 m; e a de 6 076,1033 pés, equivalentea 1 852 m. De acordo com o Sistema Internacio-nal de Unidades, a milha náutica correspondea esta última medida — 1 852 m — ou o equi-valente ao comprimento de um minuto do me-ridiano terrestre na altura do equador. Para dis-tingui-la da milha terrestre, sua abreviação émima. Veja também Milha.

MILHA TERRESTRE. Unidade de medida decomprimento equivalente a 1 609 m. Para dis-tingui-la da milha náutica, sua abreviatura émite.

MILKING. Termo em inglês que significa a prá-tica de algumas empresas de arrancar de suasreceitas tudo o que é possível para transformarem lucros, isto é, muitas vezes reduzindo as re-servas de contingência, o fundo de depreciação,os fundos de investimento e outras práticas pe-rigosas para a continuidade da empresa a médioe longo prazo, embora mediante métodos decontabilidade impróprios mas não ilegais.

MILL, James (1773-1836). Pensador inglês, paide John Stuart Mill. Amigo e discípulo de Jere-my Bentham, desenvolveu e ajudou a difundiras teses do utilitarismo. Considerava que todaa moral se apóia no egoísmo e toda vida socialse resume nos interesses econômicos. Assim,toda a ciência social resumir-se-ia na economiapolítica. Escreveu Elements of Political Economy(Elementos de Economia Política), 1821, um ma-nual de economia que retoma as idéias de Ri-cardo.

MILL, John Stuart (1806-1873). Filósofo e eco-nomista clássico inglês, autor de Princípios deEconomia Política com Algumas de Suas Aplicaçõesà Filosofia Social, 1848, a mais abrangente sínteseda teoria econômica até aquela data. Mill ana-lisou principalmente as teses de Malthus e Ri-cardo. Abandonando o rigor doutrinário do lais-sez-faire, afirmava que deveria haver menor de-pendência das forças naturais e um maior graude intervenção governamental deliberada paraa resolução dos problemas econômicos. No quese refere à teoria do valor, procurou demonstrarcomo o preço é determinado pela igualdade en-tre demanda e oferta e como a demanda recí-proca de produtos afeta os termos do intercâm-bio entre os países. Lançou a idéia da elastici-dade da demanda (expressão introduzida maistarde por Marshall) para analisar possibilidadesalternativas de comércio. Adotou a idéia de seupai, o filósofo James Mill, de que a renda, por

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constituir um excedente (de acordo com Ricar-do), deve ser submetida à tributação. Princípiosde Economia Política tornou-se imediatamente lei-tura obrigatória e fundamental em economia.Mill teve uma sólida formação clássica e foi pro-fundamente influenciado por Ricardo e Bent-ham. Aderiu com algumas reservas à filosofiapositivista de Comte, reforçando seu repúdio àsconstruções metafísicas e a adesão ao tradicionalempirismo inglês. Suas idéias libertárias e al-truístas levaram-no a tentar conciliar teorica-mente empirismo, determinismo, liberalismo esocialismo, e, na ação prática, a defender o di-reito das mulheres ao voto e o direito dos sin-dicatos à greve. Previu que a possibilidade dosganhos de escala estimularia uma progressivaconcentração industrial, com um enfraqueci-mento da concorrência e elevação dos preços.Para contrabalançar esse poder dos grandes em-presários, considerava benéfico o fortalecimentodos sindicatos e o recurso à greve. Entre suasobras destacam-se ainda A System of Logic (UmSistema de Lógica), 1843; Essays on Some Unset-tled Questions of Political Economy (Ensaios sobreAlgumas Questões não Resolvidas de EconomiaPolítica), livro que ele escreveu aos 23 anos, masque só foi publicado em 1844; e Da Liberdade,1859.

MILLIÈME. Veja Dinar.

MILLS, Charles Wright (1916-1962). Sociólogonorte-americano. Estudou a ligação entre carátere estrutura social, a estratificação social nas mo-dernas sociedades de base urbano-industrial ea concentração do poder, nesse tipo de socieda-de, em mãos de uma elite formada por empre-sários, militares e políticos profissionais. Salien-tou a responsabilidade social dos intelectuais ecriticou o militarismo. Defendendo posições li-berais durante muito tempo, no fim da vida pro-pugnou o abandono do liberalismo, a seu verdesprovido de bases objetivas, e aderiu a umaposição fundamentada num marxismo crítico.Escreveu as seguintes obras: A Nova Classe Média(1951), A Elite do Poder (1956), As Causas da Ter-ceira Guerra Mundial (1958), A Verdade sobre Cuba(1960). Organizou a coletânea de textos Os Mar-xistas (1962).

MIMA. Abreviação de milha marítima ou náu-tica, para diferenciá-la da milha terrestre (mite).É também a abreviação utilizada nas Bolsas deValores para designar cotações mínimas (mi) emáximas (ma) alcançadas por um título ou açãodurante um pregão. Veja também Milha Náu-tica; Pregão.

MINAMATA, Mal de. Desastre ecológico ocor-rido no Japão na segunda metade dos anos 50,

numa pequena vila de pescadores denominadaMinamata. O desastre ocorreu em virtude dosdespejos de etil-mercúrio da fábrica Chisso nabaía de Minamata, de onde os pescadores daregião retiravam o seu sustento. A contaminaçãopor mercúrio (doença de Minamata) prejudicouespecialmente as gestantes: muitos bebês nasce-ram deformados e ocorreram vários abortos.Veja também Bhopal.

MIND GAMES. Jogos que se baseiam, funda-mentalmente, no raciocínio ou na estratégia enos quais os elementos aleatórios são irrelevantes.

MINEING. Veja Leilão Holandês.

MINERAÇÃO. Atividade do setor primário daeconomia correspondente à indústria extrativamineral. Compreende os processos economica-mente rentáveis que tratam da extração, elabo-ração e beneficiamento de minérios. É a princi-pal atividade econômica de vários países do Ter-ceiro Mundo, fornecedores de minérios para ospaíses industrializados. Os produtos mineraisde maior importância são os energéticos — pe-tróleo, gás e carvão mineral. A mineração é umadas atividades mais antigas do homem, servindode elemento de diferenciação entre várias civi-lizações que utilizavam tipos qualitativamentediversos de metais na fabricação de suas armase objetos domésticos.

MINERAÇÃO, Ciclo da. Veja Ciclo do Ouro.

MINIDESVALORIZAÇÃO. Mecanismo de rea-juste cambial implantado no Brasil, em 1968, vi-sando a compensar gradualmente as variaçõesde câmbio provocadas sobretudo pela diferençaentre a inflação interna do país e a inflação ex-terna. As minidesvalorizações variam entre 1 e2,5% em relação ao dólar. No ano de 1982 houve39 minidesvalorizações do cruzeiro, elevando opreço do dólar de 97,76% em relação ao cruzeiroao longo do ano. Devido à criação do IOF sobreo câmbio, o dólar para os turistas subiu 147,14%em 1982. Essa política cambial das minidesva-lorizações foi interrompida por duas vezes, comduas maxidesvalorizações de 30%, decretadasem dezembro de 1979, e em fevereiro de 1983.

MINIFÚNDIO. Pequena propriedade rural ex-plorada basicamente para o autoconsumo (eco-nomia de subsistência). A ausência de um ex-cedente expressivo impede o investimento(compra de adubos, corretivos, ferramentas etc.),levando ao progressivo esgotamento da terra,num círculo vicioso de improdutividade e po-breza. Ao lado do latifúndio, é uma das formasde exploração agrícola mais difundidas na Amé-rica Latina, Oriente Médio e Extremo Oriente.Há dois tipos de minifúndio, de acordo com a

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