novos horizontes na cooperação norte-sul - fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 novos...

12
Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz PÁG.3 PÁG. 5 março/ 19 PÁG. 12 PÁG. 2 abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute ações de Centros Colaboradores da OMS Segurança alimentar é debatida em reunião de países de língua portuguesa Entrevista: As ações de cooperação da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (Foto Peter Ilicciev/CCS) Em visita ao Brasil, diretora do Departamento das Américas do HHS, Cristina Rabadán-Diehl, revelou que o órgão americano quer firmar cooperações em biotecnologia e sistemas de saúde com a Fundação

Upload: others

Post on 24-Mar-2021

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

CRISINFORMA | 1

Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz

PÁG.3PÁG. 5

março/Nº19

PÁG. 12

PÁG. 2

abril2015

Novos horizontesna cooperaçãoNorte-Sul

Câmara Técnica de CooperaçãoInternacional discute ações deCentros Colaboradores da OMS

Segurança alimentaré debatida em reunião de

países de língua portuguesa

Entrevista: As ações decooperação da Vice-Presidência de

Ambiente, Atenção e Promoçãoda Saúde (Foto Peter Ilicciev/CCS)

Em visita ao Brasil, diretorado Departamento dasAméricas do HHS, CristinaRabadán-Diehl, revelou queo órgão americano querfirmar cooperações embiotecnologia e sistemas desaúde com a Fundação

Page 2: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

| CRISINFORMA2

Danielle Monteiro/CCS

Fiocruz e o Departamento deServiços Humanos e de Saú-de do governo dos EstadosUnidos (HHS, na sigla em in-glês) em breve devem firmar

novas parcerias. A ideia foi discutidadurante a visita da diretora do Depar-tamento das Américas do Escritório deAssuntos Globais do HHS, Cristina Ra-badán-Diehl, em 17 de abril. Respon-sável por coordenar as políticas gover-namentais americanas relativas às ati-vidades internacionais do HHS na re-gião das Américas, Cristina tem aju-dado a desenvolver parcerias multidis-ciplinares em nível global, contribuin-do para a formação de equipes de pes-quisa e para a criação de pontes entreos campos de pesquisa básica, trans-lacional e clínica. Durante o encontro,foram discutidas as possibilidades decooperações nos campos de biotecno-logia, doenças não transmissíveis, en-fermidades infecciosas, saúde do ido-so e materno-infantil, e sistemas desaúde, incluindo questões relativas ainiquidades e acesso à saúde.

Segundo Cristina, a futura coope-ração poderá ajudar a encontrar evidên-cias que embasem políticas voltadas aocombate a problemas de saúde multi-

A

destaques

setoriais, ou seja, que impactam outrossetores além da saúde. “Ouvi falar mui-to da Fiocruz por suas alianças com oNIH (Institutos Nacionais de Saúde dosEstados Unidos) e historicamente porsua contribuição à ciência de modo ge-ral, especialmente na área de enfermi-dades infecciosas. Temos muitos objeti-vos e desafios em comum, além de di-ferenças com as quais todos podemosaprender”, destacou. Cristina reforçouque o Brasil é um dos países com osquais o instituto deseja ampliar coope-rações e que são diversas as oportuni-dades de parceria entre as duas institui-ções. “Gostaríamos de entender maissobre o SUS e conhecer os mecanismosque estão sendo usados para a integra-ção do sistema de saúde brasileiro paraatacar as doenças crônicas. Queremostambém entender como se lida com otema de acesso à saúde a populaçõesvulneráveis em um país que, assim comoos EUA, é grande e tem uma ampla di-versidade populacional”, revelou.

Cristina também mostrou interes-se no estabelecimento de cooperaçõestrilaterais ou multilaterais, que envol-vam países latino-americanos e africa-nos de língua portuguesa. No entanto,segundo ela, para que parcerias comoessas possam ser firmadas, é preciso,primeiramente, identificar as áreas quepoderiam ser beneficiadas com essasinterações e levar essas necessidadesa autoridades para que se elaborempolíticas de saúde que apoiem essascooperações. “Se os cientistas traba-lharem juntos para encontrar essas evi-dências e demonstrarem que é neces-sário que as soluções venham atravésde acordos tripartites, haverá uma aber-

tura de diálogo para que esse tipo deparceria esteja presente na agendapolítica”, defendeu.

A diretora destacou que a áreada saúde é uma das que mais rece-bem investimentos do governo ameri-cano. A ampliação da cobertura desaúde, a integração do sistema de saú-de e o combate a doenças crônicasassociadas ao envelhecimento, segun-do ela, configuram como um dos prin-cipais desafios da saúde nos EstadosUnidos. “A iniciativa do presidenteObama tem ajudado muito na amplia-ção do acesso à saúde à parte da po-pulação que não tinha acesso a um sis-tema sanitário. No entanto, ainda te-mos que avançar muito, pois um dosgrandes problemas que enfrentamosno momento são as iniquidades emsaúde dentro de certas populações.Precisamos levar um sistema de saúdeintegrado a populações rurais e eco-nomicamente afetadas”, disse.

A fim de ampliar parcerias comos Estados Unidos, a Fiocruz, por meiodo Cris, fará um mapeamento dos acor-dos já existentes entre institutos desaúde vinculados ao Ministério da Saú-de brasileiro e os Institutos Nacionaisde Saúde (NIH, na sigla em inglês) paraser levado à reunião entre os ministrosda saúde do Brasil e dos EUA, que deveacontecer em cerca de três meses.“Primeiramente vamos identificar aslacunas existentes nas cooperações jáfirmadas. Em seguida, pensaremos emferramentas para o fortalecimento des-sas ações atuais e, com base nisso, emcomo poderíamos estabelecer umacooperação triangular”, concluiu o di-retor geral do Cris/Fiocruz, Paulo Buss.

Gostaríamos deentender mais sobreo SUS e conhecer osmecanismos queestão sendo usadospara a integração dosistema de saúdebrasileiro para atacaras doenças crônicas,disse Cristina(Foto Peter Ilicciev/CCS)

Fiocruz deve ampliarparcerias cominstitutos de saúdedos Estados Unidos

Page 3: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

CRISINFORMA | 3

destaques

NDanielle Monteiro/CCS

o dia 18 de março, foi realiza-da mais uma reunião da Câ-mara Técnica de CooperaçãoInternacional, coordenada

pelo Centro de Relações Internacionaisem Saúde da Fiocruz. O coordenadorgeral do Cris, Paulo Buss, deu início aoencontro com apresentação e discus-são sobre o texto final do VII Congres-so Interno da Fiocruz, no eixo Saúde,Estado e Cooperação Internacional. Foiapresentada a visão definida para aFundação naquela área: “Ser institui-ção de excelência em diplomacia dasaúde, articulando os demais eixos te-máticos na captação e oferta de coo-peração estratégica e estruturante parao fortalecimento dos sistemas de saú-de e de CT&I em saúde”. Foram des-tacados os objetivos de fortalecer as

redes de instituições estruturantes, apoi-ar a atuação da Organização Mundialda Saúde por meio dos Centros Cola-boradores e criar núcleos de coopera-ção nas unidades, ampliando a capa-cidade institucional de monitoramentoe avaliação dos projetos da área. Osparticipantes sugeriram a formulaçãode um plano de ação para a coopera-ção internacional, derivado do docu-mento analisado e de seus objetivosestratégicos.

Em seguida, foram apresentadosos objetivos e iniciativas recentes doCentro Colaborador da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) em SaúdeGlobal e Cooperação Sul-Sul. O Crisfoi designado Centro Colaborador daOMS no ano passado. Durante os pró-ximos quatro anos, a instância vai atu-ar com as seguintes funções: apoiarações voltadas aos determinantes so-

ciais da saúde e ao fortalecimento dasredes estruturantes de institutos desaúde e prestar apoio ao ePORTU-GUESe, plataforma que auxilia nodesenvolvimento de recursos huma-nos para a saúde.

Buss anunciou que uma nova de-manda surgiu para a Fiocruz, enquan-to Centro Colaborador: promover umacapacitação em cooperação sul-sul paraas assessorias internacionais dos Minis-térios e institutos de saúde dos paísesda América Latina. A demanda surgiupela Organização Pan-Americana daSaúde (Opas), que deverá financiar ainiciativa. “A proposta é discutirmosconceitos, o papel de cada um dosCentros Colaboradores e como elesestão relacionados com o Ministério deRelações Exteriores de outros países”,explicou. Antes de promover a capaci-tação, serão realizadas, ainda em

O encontro contou com apresentação sobre as atividades do Centro Colaborador em Ambientee Saúde Pública da Organização Mundial da Saúde e as ações de cooperação da Ensp/Fiocruz

Cris promove quarta reunião da CâmaraTécnica de Cooperação Internacional

Page 4: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

| CRISINFORMA4

destaques

2015, oficinas e workshops em gestãoe atuação em cooperação internacio-nal destinados ao quadro de profissio-nais da Fundação.

Na ocasião foi também apresenta-do o novo Grupo de Programação Inter-nacional (GPI) instituído no âmbito daPresidência, junto ao Cris e às vice-pre-sidências, com o objetivo de melhor or-ganizar as visitas institucionais recebidase estabelecer agendas estratégicas cominstituições. “O grupo elaborou uma pro-posta de matriz com projetos da institui-ção e suas respectivas demandas, paraserem dialogadas com os visitantes in-ternacionais. Esse esforço vai organizaro modo como realizamos nossas ativi-dades e trazer as unidades para um tra-balho em conjunto”, afirmou Buss. Du-rante o encontro, foi ainda sugerido aelaboração de um sistema de informa-ção interno para viagens ao exterior parabolsistas e terceirizados.

Centro Colabora-dor em Ambientee Saúde Públicada OrganizaçãoMundial da Saúde

O encontro contou com a apresen-tação do representante da Vice-presi-dência de Ambiente, Atenção e Pro-moção da Saúde na Câmara Técnicade Cooperação Internacional, Guilher-me Franco Neto. Ele apresentou o pla-no de trabalho, para os próximos trêsanos, do Centro Colaborador da Orga-nização Mundial da Saúde em Ambi-ente e Saúde Pública, coordenado pelaVice. Entre as atividades previstas es-tão estudos voltados a conflitos ambi-entais, saúde e modelo de desenvolvi-mento econômico no Brasil e naAmérica Latina, além da criação demetodologias para a vigilância da saú-de ocupacional, a prestação de coo-peração técnica a OPAS/OMS em aná-lises de toxicologia laboratorial e omonitoramento do perfil de suscetibili-dade dos vetores da doença de Cha-gas a inseticidas.

Neto anunciou que o Centro tam-bém vai desenvolver uma plataformadigital, que vai reunir informações so-bre saúde urbana e biodiversidade. “Oobjetivo é apoiar a Rede de CentrosColaboradores da OPAS/OMS da área

de saúde ambiental e desenvolvimen-to sustentável, possibilitando o com-partilhamento de experiências na re-gião das Américas e a comunicaçãoentre os Centros”, explicou. No segun-do semestre desse ano, será realiza-do um webseminário com os CentrosColaboradores da região das Améri-cas para lançar as bases para a cons-tituição da plataforma.

Cooperaçãointernacional evisitas para coope-rações prospectivas

Durante sua apresentação, o re-presentante da Escola Nacional de Saú-de Pública (Ensp/Fiocruz), FredericoPeres, falou sobre as principais ativi-dades de cooperação com países eu-

ropeus e americanos que constam naagenda da unidade. Entre as ações deparceria da unidade, está o plano detrabalho da Rede de Escolas de SaúdePública (Resp), o fortalecimento dosprogramas de pós-graduação promo-vidos em conjunto com países da Uniãode Nações Sul-Americanas (Unasul), acooperação com a Universidade deYale no âmbito da Aliança Fiocruz-Yalepara Saúde Global e o fortalecimentoda parceria com a Rede Ehesp – Ren-nes. Ao final do encontro, foi propostaa criação de um Grupo de Trabalhopara discutir formas de facilitar o aces-so à informação da cooperação inter-nacional da Fiocruz para o público ex-terno e, em especial, os estrangeiros.

A próxima reunião da Câmara estáprevista para 17 de junho. O encontrovai contar com a apresentação das ati-vidades de cooperação internacional daEscola Politécnica de Saúde JoaquimVenâncio (EPSJV/Fiocruz).

Page 5: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

CRISINFORMA | 5

destaques

ODanielle Monteiro – CCS

conceito de alimentação sau-dável tem conquistado novosadeptos e ganhado cada vezmais espaço na agenda mun-

dial. A temática foi escolhida para ce-lebrar o Dia Mundial da Saúde, come-morado em 7 de abril. Como parte dacelebração, o Ministério lançou o livroAlimentos Regionais Brasileiros, desen-volvido como complemento do GuiaAlimentar para a População Brasileira,lançado em novembro de 2014.

O tema ganhou recentemente maisum destaque internacional. Foi levadoà Lisboa, no dia 17 de abril, durante a2° Oficina de Segurança Alimentar eNutricional da Comunidade dos Paísesde Língua Portuguesa (CPLP), queaconteceu como parte da programa-ção do Congresso Lusófono de Doen-ças Transmitidas por Vetores, promovi-do pelo Instituto de Higiene e MedicinaTropical (IHMT). “Essa segunda ofici-na é mais uma parceria Fiocruz-IHMTe terá como produto um segundo livrosobre segurança alimentar na CPLP,cuja coautoria será partilhada entre osseus participantes”, revela Fonseca.Aproveitando a oficina, foi realizadomais um encontro da Comissão Temá-tica de Segurança Alimentar dos Ob-servadores Consultivos da CPLP, comparticipação do Cris/Fiocruz.

O conceito de nutrição e seguran-ça alimentar também conquistou in-teresse de alguns pesquisadores da Fi-ocruz. Em 2014, foi lançado, na EscolaNacional de Saúde Pública (Ensp) ena unidade da Fiocruz no Ceará, o li-vro Segurança Alimentar e Nutricio-nal na CPLP: desafios e perspectivas,organizado pelo assessor do Cris, LuizEduardo Fonseca, a pesquisadora daEnsp/Fiocruz, Rosana Magalhães, a in-vestigadora do Instituto de Higiene eMedicina Tropical de Lisboa (IHMT),Sónia Centeno Lima, e o professor

Escolhidos como tema do Dia Mundial da Saúde, os conceitos de nutrição e alimentação saudávelforam levados ao encontro com apresentação de livro sobre segurança alimentar na CPLP

Segurança alimentar é debatidaem reunião da Comunidadedos Países de Língua Portuguesa

Agostinho de Carvalho, do InstitutoSuperior de Ciências da Saúde EgasMoniz. A publicação, fruto das cola-borações conjuntas entre a Fiocruz eo IHMT de Lisboa, é produto de umaoficina de trabalho organizada pelasduas instituições em 2012, voltadapara a discussão da segurança alimen-tar na CPLP, durante o CongressoMundial de Alimentação, realizado noRio de Janeiro.

O livro tem três partes. A primeiratraça a história da segurança alimen-tar e nutricional no mundo e, particu-larmente, no âmbito da CPLP. Traz ain-da discussões tipológicas emetodológicas da avaliação do setor.Com uma análise crítica, a segundaparte aborda as políticas, programas einiciativas da segurança alimentar enutricional em diferentes países daComunidade. Já a terceira trata dasperspectivas referentes ao tema, sejapela sua dimensão internacional, sejapela sua inserção no âmbito da coope-ração e da agenda internacional futu-ra, em especial do seu papel na dis-cussão dos novos Objetivos deDesenvolvimento Sustentável pós

2015. “A fome é uma realidade ine-gável em todas as sociedades lusófo-nas, o que é inadmissível no mundoatual”, destaca a publicação.

A publicação indica que a questãoda fome e da má nutrição, nas suas di-versas formas, não pode ser combatidacom os conceitos da economia liberalatualmente em pauta nas prescriçõesdas agências financiadoras internacio-nais. “As soluções passam sempre peloenvolvimento do Estado, pelo empode-ramento da cidadania participativa e dasociedade civil, pelo reforço das estru-turas familiares e pelo reconhecimentodas especificidades culturais de cadacomunidade”, narram os autores. O li-vro também alerta para a importânciada cooperação internacional como fer-ramental principal a ser utilizada em umfuturo orientado por princípios de de-senvolvimento sustentável com metasde acesso universal aos cuidados desaúde e de erradicação da fome.

O assessor do Cris, Luiz EduardoFonseca, explica que o tema da segu-rança alimentar, geralmente vincula-do à questão da produção de alimen-tos e, portanto, da agricultura, é umelemento altamente ligado à questãoda saúde. Não é à toa que, segundoele, a temática foi escolhida pela OMSpara o Dia Mundial da Saúde. “Tantonas Metas do Desenvolvimento Sus-tentável para o período 2000-2015,quanto nas novas metas pós-2015,que ainda serão lançadas, a temáticasaúde e segurança alimentar estãoseparadas. Embora o conteúdo do dis-curso das metas globais de desenvol-vimento sustentável pregue a açãointersetorial, ele ainda reflete o pen-samento fragmentado da história re-cente do desenvolvimento humano. Aalimentação é um determinante fun-damental da saúde e da doença, por-tanto, é urgente que essas duas áreastrabalhem mais juntas”, defende. Cli-que aqui para ler o livro.

Page 6: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

| CRISINFORMA6

destaques

Cesar Guerra Chevrand, DanielleMonteiro e Ricardo Valverde/CCS

Fundação, em parceria coma Organização Mundial daSaúde (OMS), a OrganizaçãoPan-Americana de Saúde

(Opas/OMS), o Ministério da Saúde ea Plataforma Gulbenkian para a Saú-de Mental Global, realizou, entre 23e 25 de março, o Seminário Internaci-onal de Saúde Mental: Desinstitucio-nalização e Atenção Comunitária. Oobjetivo do encontro foi analisar aexperiência brasileira e identificaravanços, barreiras e estratégias efeti-vas em saúde mental.

Presente à abertura do evento, opresidente da Fiocruz, Paulo Gadelha,

Fiocruz promove semináriointernacional de saúde mental

A

Encontro discutiu a desinstitucionalização como ferramenta fundamentalpara o enfretamento dos principais problemas no campo de saúde mental

lembrou que o Brasil tem uma tradi-ção rica no campo da saúde mentalcom o processo da Reforma Psiquiátri-ca, que traz sucessos, mas tambémalguns problemas que precisam sersolucionados. “Esse encontro é um es-tímulo para fortalecer o que a Funda-ção já vem fazendo e tornar o campoda saúde mental prioritário em nossasatividades”, afirmou.

O diretor de saúde mental daOMS, Shekhar Saxena, reforçou que,em grande parte dos países, o cuida-do à saúde mental ainda está centra-do nos hospitais psiquiátricos, nosquais o cuidado não é de boa quali-dade e o estigma sobre os pacientesé maior. “Precisamos mudar esse pro-cesso de cuidado à saúde, transferin-

do o cuidado para a comunidade, naatenção básica e também nos hospi-tais gerais”, defendeu.

O vice-diretor da Fundação Ca-louste Gulbenkian, Sergio Gulbenki-an, falou sobre a Plataforma Gul-benkian para a Saúde Mental Globale ressaltou que ainda se fazem ne-cessárias muitas ações para a desins-titucionalização no campo da saúdemental no Brasil. “É muito gratifican-te para nós organizar esse semináriocom essas organizações. Esse encon-tro vai ajudar a aumentar a reflexãosobre a Reforma Sanitária e a Políti-ca Nacional de Saúde Mental e ana-lisar os progressos no campo. Esperoque este encontro se traduza em re-sultados concretos na implementação

O diretor de saúde mental da OMS, Shekhar Saxena,a representante do Ministério da Saúde, LumenaFurtado, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, arepresentante da Opas/OMS, Dévora Kestel, e o vice-diretor da Fundação Calouste Gulbenkian, SergioGulbenkian Foto Peter Ilicciev/CCS

Page 7: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

CRISINFORMA | 7

destaques

de melhores cuidados em saúde men-tal”, destacou.

Segundo a representante da Opas/OMS, Dévora Kestel, o seminário vaiabrir portas para que todos aprendamcom o que já foi feito. “Os países lati-no-americanos ainda têm um longocaminho para percorrer, já que 70%dos recursos em saúde mental aindasão todos destinados aos hospitais psi-quiátricos”, disse. A representante doMinistério da Saúde, Lumena Furta-do, lembrou que o Brasil foi um dospaíses que propôs uma mudança ra-dical no campo de saúde mental,abandonando o modelo centrado emhospitais psiquiátricos e adotando ocuidado à saúde na atenção primá-ria. “Temos ampliado, junto aos Esta-dos e municípios, a oferta de cuidadono SUS. Não podemos pensar em de-sinstitucionalização sem buscar a au-tonomia e reinclusão social do usuá-rio. Os manicômios não podem maisser os espaços na forma de cuidar emsaúde mental”, defendeu.

O representante da PlataformaGulbenkian de Saúde Mental, JoséMiguel Caldas, destacou que o princi-pal objetivo do seminário é discutir oprocesso de transição do cuidado cen-trado em instituições para o cuidadobaseado na comunidade, ou seja, nasredes de atenção à saúde e nos servi-ços da atenção primária. “A mudançano modelo de cuidado em saúde men-tal é fundamental, pois é a única for-ma de melhorar o acesso e a qualida-de dos serviços e combater abusos aosdireitos humanos”, reforçou.

Desinstitucio-nalização:a situaçãono contextomundial

Ainda no primeiro dia do evento,o representante da OMS em Genebra,Mark van Ommeren, apresentou pes-quisa feita pela organização com es-pecialistas e profissionais em saúdemental. Os resultados apontaram queos serviços baseados na comunidadesão ainda a melhor abordagem para aprovimento de tratamento e cuidadoem saúde mental e que a maioria dospaíses gasta a maior parte de seus re-

cursos, destinados à saúde mental, eminstituições. “São necessários cinco prin-cípios para a desinstitucionalização: aorganização dos serviços baseados nacomunidade, o comprometimento daforça de trabalho com a mudança, oapoio político, o timing que dê início aesse processo e recursos financeirosadicionais”, afirmou.

O coordenador do comitê organi-zador do evento, Pedro Gabriel Delga-do, fez uma apresentação sobre osavanços e desafios para a implanta-ção do processo de desinstitucionaliza-ção no Brasil. Segundo ele, alguns dosprincipais êxitos no campo foram a re-dução dos leitos psiquiátricos e a cria-ção de serviços residenciais terapêuti-cos. Desde 2001, houve redução demais de 25 mil leitos de hospitais psi-quiátricos no país. Atualmente cada umdesses hospitais possuem até 160 lei-tos. Outro avanço, segundo ele, foi acriação dos Centros de Atenção Psicos-social (Caps) e do Programa De VoltaPara Casa, que dispõe sobre a regula-mentação do auxílio-reabilitação psi-cossocial a pacientes que tenham per-manecido em longas internaçõespsiquiátricas.

A trajetóriada reformapsiquiátricabrasileira

A trajetória de 30 anos da refor-ma psiquiátrica brasileira foi o pontode partida dos debates da sessão ple-nária realizada no dia 24 de março,como parte da programação do se-minário. Coordenada por Ana Pitta,doutora em Medicina Preventiva eSaúde Mental pela Universidade deSão Paulo (USP), a sessão plenáriadiscutiu os principais temas do docu-mento técnico de trabalho, que foianteriormente elaborado pelas insti-tuições participantes do evento. Psi-quiatra e coordenador do Programade Pós-Graduação do Departamentode Psiquiatria da Unifesp, Jair Marireconheceu os avanços das últimasdécadas e ressaltou a importância doencontro para planejar o futuro. “Nósdevemos aqui dar uma contribuiçãopara um plano de ação futuro para asaúde mental. O caráter dogmáticoda reforma psiquiátrica deve ser subs-

tituído por um planejamento de no-vas políticas públicas, que possam in-corporar os avanços científicos dosúltimos trinta anos”, afirmou.

O chileno Alberto Minoletti fez elo-gios ao documento técnico do encon-tro e declarou que os temas discutidosem saúde mental no Brasil são muitosemelhantes aos debatidos em seupaís. “Com todas as imperfeições quepossa haver, a desinstitucionalizaçãopromovida pela reforma psiquiátricabrasileira é um grande exemplo para aAmérica Latina. Nós não deveríamosmais conviver com manicômios, ape-sar de ainda haver muitos pelo conti-nente”, explicou Alberto Minoletti.

Representando os usuários na ses-são plenária do encontro, Milton Frei-re Pereira relatou as dificuldades deadaptação dos pacientes psiquiátricosao mundo do trabalho. “O preconcei-to é grande e o estigma ainda é muitopesado”. O impacto da violência so-bre a saúde mental também foi assun-to da sessão plenária, com a participa-ção especial do antropólogo e diretorda ONG Viva Rio, Rubem César. “Emcomunidades fragilizadas socialmentedo Rio de Janeiro, por exemplo, oseventos quase que diários de violênciaarmada criam um campo de traumas,ansiedades e estresses, que permeia asociedade local”, declarou.

Em sintonia com o diretor da ONGViva Rio, o médico psiquiatra e doutorem Saúde Pública pela Fiocruz Fran-cisco Inácio Bastos também chamou aatenção para a rotina de violência queatinge os profissionais de saúde men-tal. “Muitas vezes esses problemas detráfico de drogas e milícia no Rio deJaneiro migram para dentro da insti-tuição de saúde e das comunidadesterapêuticas e tornam a gestão cotidi-ana extremamente complicada”.

O seminário chegou ao fim no dia25 de março, com uma plenária queapreciou e discutiu o relatório sobreo evento. Após diversas sugestões demodificações no texto, por parte dosparticipantes, essa versão preliminardo relatório vai incorporar o que foidebatido na plenária e será divulga-da posteriormente. “Fiquei extrema-mente entusiasmado com alguns pro-jetos brasileiros. O documento-basedeste seminário terá grande repercus-são internacional”, comentou Saxe-na. O diretor da OMS disse que, quan-do o relatório for concluído, serásugerido para publicação em revistascientíficas da área.

Page 8: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

| CRISINFORMA8

curtas

A Fiocruz foi convidada para par-ticipar do Programa para o Desenvol-vimento de Capacidades, do Fórumde Diálogo IBAS, iniciativa trilateralentre Índia, Brasil e África do Sul. Oprograma visa à expansão de um la-boratório móvel instalado em SerraLeoa para a contenção da epidemiade ebola que assolou o país nos últi-mos meses. A proposta é estender olaboratório para as sub-regiões naci-onais. A consulta foi feita durantevisita do diretor do Programa de Ges-tão de Fundos do Escritório de Coo-peração Sul-Sul da Organização dasNações Unidas (ONU), FranciscoSimplício, ao Cris. Além da Funda-ção, devem participar da ação aONU, a Organização Mundial da Saú-de, o Instituto Nacional de Doenças

Controle do ebola em Serra Leoa

Transmissíveis da África do Sul e ogoverno de Serra Leoa.

A Fiocruz seria responsável pelacapacitação de técnicos e pesquisado-res na detecção prematura e controlede futuros e potenciais surtos de doen-ças nas sub-regiões do país africano.Durante o encontro, também ficouacordado a identificação de possíveisparceiros para a criação de um Institu-to Nacional de Saúde (INS) em SerraLeoa. O Programa IBAS tem por obje-tivo apoiar atividades de cooperaçãoem ciência e tecnologia que contribu-am para o desenvolvimento científicoe tecnológico dos três países, nos cam-pos de HIV/Aids; tuberculose e malá-ria; biotecnologia na saúde e agricul-tura; nanociências e nanotecnologia;e ciências oceanográficas.

Visita de cortesiaDanielle Monteiro - CCS

Em visita à Fiocruz, no dia 9 deabril, a embaixadora da Venezuela noBrasil, Maria Lourdes Urbaneja Durant,reafirmou o compromisso de fortalecere aprimorar os projetos de cooperaçãoentre a Fundação e institutos de saúdeda Venezuela. “A RevoluçãoVenezuelana tem os projetos de saúdeem atenção primária como prioridadena busca por melhorias tanto no cui-dado quanto na promoção da saúde.Precisamos trocar experiências e apren-dermos um com o outro nesse cam-po”, destacou.

Formada no mestrado em saúdepública da Fiocruz, em 1979, MariaLourdes contou que sua experiênciadurante o período na Fundação deuimportante contribuição para o traba-lho que realizou posteriormente naVenezuela. “Quando voltei ao meupaís, logo me vinculei à AssociaçãoLatino Americana de Medicina Social(Alames) e pude levar as ideias adqui-ridas no Brasil para o movimento sa-nitário venezuelano”, revelou.“Retornar à Fiocruz significa recordare retribuir esse período de vida, mar-cado pela Reforma Sanitária brasilei-ra, que se traduziu nos princípios da8° Conferência Nacional de Saúde e,consequentemente, na constituição doSUS”, concluiu. Maria Lourdes veioacompanhada do cônsul geral daVenezuela no Rio de janeiro, EdgarAlberto Gonzales Martin. Participaramda reunião, entre outros, o presidenteda Fiocruz, Paulo Gadelha, e o coor-denador geral do Cris, Paulo Buss.

Cooperação emtransferência detecnologia

No dia 20 de março, a Coordena-ção da Gestão Tecnológica, da Vice-Presidência de Produção e Inovação emSaúde (Gestec/VPPIS), recebeu o se-gundo profissional para intercâmbio noâmbito da cooperação internacionalENTENTE Professional Exchange, quevisa desenvolver a experiência de pro-fissionais que atuam em transferênciade tecnologia, na medida em que con-tribuem para a construção de redes pro-fissionais entre escritórios de Transfe-rência de Tecnologia (TTOs) comdiversas instituições e empresas em di-ferentes países. Desta vez, a profissio-nal é a italiana Augusta Galano, titu-lar do escritório de transferência detecnologia do Instituto Italiano deTecnologia (IIT). A proposta é que apesquisadora atue na área de paten-tes originadas a partir de invenções depesquisadores, assim como na avalia-ção de seu potencial de marketing.

Internacionalizaçãodos periódicosbrasileiros

O Fórum de Editores da Fiocruz di-vulgou uma carta na qual problematizae questiona os movimentos em cursopara a internacionalização dos periódi-cos brasileiros, e reafirmando seu com-promisso com o debate político sobre aciência brasileira e sua disseminação,constituindo espaço de discussão e for-mulação de políticas editoriais e de C&Tque garantam a independência e a qua-lidade das revistas científicas. O docu-mento parte de um importante diagnós-tico: por um lado, a limitada participaçãode pesquisadores brasileiros em artigoscom colaboradores internacionais. Poroutro, a emergência de novos atores nomercado editorial – publishers ‘predado-res’, que aceitam qualquer artigo medi-ante pagamento, e mega journals, quenão usam critérios como relevância ouavanço científico para restringir publica-ções. Leia a íntegra da carta aqui.

Fonte: Editora Fiocruz

A embaixadora da Venezuela noBrasil com o presidente da Fundação,Paulo Gadelha Foto Peter Ilicciev/CCS

Page 9: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

CRISINFORMA | 9

curtas

A Fiocruz e o Departamento deDoenças Transmissíveis e Análise deSaúde da Organização Pan-America-na da Saúde (OPS WDC) devem for-mar um Comitê de Experts, nos próxi-mos dois meses, para a definição deações estratégicas colaborativas entreas duas instituições. A ideia é dar con-tinuidade ao suporte já prestado pelaFundação à Opas. A parceria foi discu-tida durante encontro realizado no dia25 de março, no Cris.

Na ocasião foram apresentadas asáreas de atuação estratégica das duasinstituições. O Departamento de Doen-ças Transmissíveis e Análise de Saúdeda Organização Pan-Americana da Saú-

Cooperação com OrganizaçãoPan-Americana da Saúde

de é uma instância catalizadora emsaúde global e regional, e tem entresuas áreas prioritárias as enfermidadesnegligenciadas e transmitidas porvetores, doenças sexualmentetransmissíveis, regulação sanitária,zoonoses, além de enfermidades comotuberculose e hepatites. Foram tambémreforçadas as experiências e preocupa-ções da Fiocruz quanto à emergênciade epidemias como gripe aviária esuína, e destacada a relevância da co-operação internacional da Fiocruz, as-sim como o advento do centro Colabo-rador da Organização Mundial da Saúdeem Diplomacia e Saúde Global e Coo-peração Sul-Sul, liderado pelo Cris.

Reforço nas coopera-ções com África

O Reino Unido poderá se tornar umdos parceiros prioritários para os proje-tos da Fiocruz na África. A ideia foi dis-cutida em encontro realizado entre in-tegrantes do Cris e do Departamentode Desenvolvimento Internacional, daEmbaixada Britânica no Brasil.

Durante o encontro, a primeira se-cretária de cooperação para o desen-volvimento, Silke Seco-Gutz, e o con-sultor de desenvolvimento, MassimilianoLombardo, expuseram o interesse daEmbaixada em desenvolver projetos jun-to à Fiocruz na África e nos paísessubsaarianos com os quais a Funda-ção tem histórico de cooperação. Naocasião o assessor do Cris, Luiz Eduar-do Fonseca, fez uma exposição sobrea atuação internacional da Fiocruz jun-to aos Países Africanos de Língua Ofi-cial Portuguesa (Palop).

Relações fortalecidascom o Instituto Nacionalde Saúde de El Salvador

Em um programa de cinco dias devisita oficial ao Brasil, estiveram naFiocruz os representantes do InstitutoNacional de Saúde (INS) de El Salvadore da Organização Pan-Americana daSaúde do país caribenho, MauricioSalazar e Monica Padilla. O programade visitas, chefiado pelo coordenadorgeral do Cris, Paulo Buss, envolveu o Cris,a Escola Nacional de Saúde Pública(Ensp/Fiocruz) e a Escola Politécnica deSaúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

Nas reuniões, ocorridas entre 23 e27 de março, foram abordadas as açõesda Fundação para o fortalecimentoinstitucional do INS com foco nos avan-ços políticos e sociais do Plano Nacio-nal de Saúde para o período 2015-2019.Em julho, a Fiocruz vai participar de umaOficina Técnica Organizativa, em ElSalvador. O objetivo será discutir o apoioda cooperação internacional em prol dadefinição de um plano estratégico decooperação entre o Brasil e o paíscaribenho, tendo como base o modeloadotado pela Associação Internacionalde Institutos Públicos Nacionais de Saú-de (Ianphi, na sigla em inglês) e pelopróprio Plano Nacional de Saúde. Du-rante o encontro, ainda foram debati-dos os avanços obtidos pelos Programasde Educação à Distância da Ensp/Fiocruze de outros institutos visitados.

O apoio da cooperação internaci-onal no processo de reabilitação do sis-tema de saúde durante o período pós-conflito no Timor-Leste foi tema deartigo da nova edição da revista Histó-ria, Ciências, Saúde – Manguinhos, daCasa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).Assinado pelo assessor do Cris/Fiocruz,Luiz Eduardo Fonseca, e pela pesqui-sadora e professora da Escola Nacio-

A cooperação internacional na reconstruçãodo sistema de saúde timorense

nal de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz),Célia Almeida, o estudo analisa a par-ticipação de diferentes instâncias denegociação na elaboração do docu-mento propositivo de uma política desaúde para o Timor-Leste durante a re-construção socioeconômica e de tran-sição para o primeiro governo eleito dopaís independente. Leia a íntegra doartigo aqui.

Page 10: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

| CRISINFORMA10

curtas

ConferênciaMundial sobreTabaco e Saúde

O Centro de Estudos sobre Tabacoe Saúde da Escola Nacional de SaúdePública (Ensp/Fiocruz) marcou presen-ça na Conferência Mundial sobre Ta-baco e Saúde, o principal congresso daárea que acontece a cada três anos.Realizado em Abu Dhabi, de 17 a 21de março, o encontro reuniu especia-lista de diversos países para discutir otema escolhido para 16ª edição do even-to: Tabaco e Doenças Crônicas NãoTransmissíveis. Além da pauta central,foram debatidas questões polêmicas eessenciais para o controle do tabaco nomundo, como medidas de preços eimpostos dos produtos derivados do ta-baco, o uso dos cigarros eletrônicos eaditivos de sabor, o comércio ilícito,entre outros assuntos. Com sete traba-lhos aprovados, pesquisadores e bolsis-tas do Cetab/ENSP foram contempla-dos a participar do evento na modali-dade scholarships - que garantiu todosos subsídios para a viagem.

Entre os temas levados pelo Cetabpara as discussões estiveram a preven-ção e fatores de risco para Doenças Crô-nicas; o impacto da produção de taba-co em agricultoras; o uso do cinemapara o cumprimento do artigo 12 daConvenção Quadro para o Controle doTabaco (CQCT); a questão dos direitoshumanos; a incidência de imagens detabaco nos canais abertos da televisãobrasileira; as restrições ao uso do taba-co em residências com crianças; o sis-tema de produção integrada no cultivodo tabaco; as estratégias da indústriado tabaco no Brasil; a substituição dotabaco por outras culturas; as desigual-dades em políticas de controle do ta-baco e seus impactos; e o uso e as cren-ças sobre cigarros mentolados entre osfumantes brasileiros.

Fonte: Ensp/Fiocruz

Com a proposta de ampliar as opor-tunidades de ensino para estudantes,representantes da Fiocruz e da Univer-sidade do Estado de Kent (EUA) se reu-niram, nos dias 23 e 24 de março, paradiscutir uma cooperação entre as insti-tuições na área acadêmica. A partir doencontro, foram definidas ações deensino que incluem a realização de doiscursos voltados para os estudantes daFiocruz e da Universidade do Estadode Kent, com os temas saúde global ebioestatística.

O curso de imersão em saúde glo-bal, oferecido pela Universidade doEstado de Kent em alguns países da

Erika Farias/CCS

Dar as boas- vindas aos estudan-tes dos campi do Rio de Janeiro, quevêm de outros estados ou países. Estefoi o objetivo da segunda edição do

Fiocruz Acolhe, evento realizado 12de março, pela Coordenação-Geral dePós-Graduação da Vice-Presidência deEnsino, Informação e Comunicação(CGPG/Vpeic), com apoio do Centrode Relações Internacionais em Saúde(Cris), da Escola Nacional de SaúdePública Sergio Arouca (Ensp) e do Ins-tituto Oswaldo Cruz (IOC). O encon-tro, promovido no auditório do Museuda Vida, contou com a presença de63 inscritos, 15% a mais do que em2014. O trabalho de acolhimento naFundação, as dificuldades de moradia,alimentação e transporte dos estudan-tes, diferenças culturais, segurança,além de soluções e projetos demelhoria, foram alguns dos assuntosabordados. Leia mais na AgênciaFiocruz de Notícias.

Universidade de Kent - Colaboraçãoem saúde global

América do Sul e Central, como Co-lômbia, Equador e Panamá, deverá tersua primeira edição brasileira no pri-meiro semestre de 2016, na sede daFiocruz Rondônia, em Porto Velho. Jáa iniciativa de capacitação embioestatística será realizada no âmbitodos programas de pós-graduação doInstituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) nosegundo semestre de 2016. Para firmara colaboração entre a Fiocruz e a uni-versidade norte-americana, está previs-ta uma nova reunião para a assinaturado memorando de entendimento.

Fonte: IOC/Fiocruz

Acolhimento de estudantes

Estudantes recebidos pelaFiocruz durante o evento FotoPeter Ilicciev/CCS

Page 11: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

CRISINFORMA | 11

E X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T E

CRISINFORMA #19

MARÇO / ABRILDE 2015

Coordenadoria deComunicação Social (CCS)

Edição e redação

Danielle Monteiro

com apoio da Coordenação de Informação

e Comunicação do Cris/Fiocruz

Projeto gráficoe edição de arte

Guto Mesquita

Fotografia

Peter Ilicciev e Arquivo CCS

Contato

Danielle MonteiroTel: (21) 3885-1065

E-mail: [email protected]

oportunidades de treinamento

Cursos internacionaisda Rede Internacionalde Institutos Pasteur

A divisão internacional do Insti-tuto Pasteur está com inscrições aber-tas para apresentação de propostaspara a organização de cursos interna-cionais da Rede Internacional de Insti-tutos Pasteur (RIIP) para 2016. Os cur-sos têm por objetivo promover e com-pletar a formação dos diferentes está-gios de carreiras científicas; consolidaras relações científicas entre pesquisa-dores da Rede; responder às priorida-des de saúde pública e de pesquisaem diferentes regiões da RIIP; reforçara formação em vacinologia, genômi-ca, bioinformática, entre outras áre-as; incentivar a emergência de proje-tos inovadores científicos regionais nofim do treinamento; e desenvolver par-cerias com universidades. As inscriçõespara a apresentação de propostas vãoaté 31 de maio.

Para mais informações, clique aqui.

Certificaçãointernacional porgestão ambiental

O Instituto de Tecnologia emFármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) setornou a primeira empresa pública aobter a ISO 14001, certificação in-ternacional por um desempenhoambiental correto. A unidade da Fun-dação é uma das 128 empresas bra-sileiras, em um universo de mais detrês milhões, que receberam estacertificação. A conquista foi obtidaapós um preparo de nove anos degestão ambiental e mais dois anosde diversas etapas das auditorias.Farmanguinhos também obteve, nofinal de 2014, a certificação da Co-ordenação de DesenvolvimentoTecnológico (CDT), a ISO 9001. O ob-jetivo desta norma é estruturar umsistema de gestão da qualidade combase no mapeamento dos processosda organização e buscando a melho-ra contínua do sistema, a fim de sa-tisfazer o cliente.

Fonte: Farmanguinhos/Fiocruz

Bolsas de estudosda Fundação Bille Melinda Gates

A Fundação Bill e Melinda Ga-tes, em parceria com o Grand Chal-lenges, está oferecendo bolsas de es-tudo, no valor de cem mil dólares, emsaúde global, salvamento de vidas nonascimento, alfabetização infantil etecnologias inovadoras em saúde.

As propostas serão aceitas até13 de maio nos seguintes temas: pes-quisa sobre saúde do aparelho diges-tivo de recém-nascidos por meio deengenharia de microbiomas media-da por bacteriófagos; exploração denovas formas de medir a disponibili-zação e o uso de dados sobre servi-ços de financiamento digitais, entreoutras temáticas. Os projetos maispromissores poderão receber finan-ciamento adicional de até 1 milhãode dólares.

curtas

Page 12: Novos horizontes na cooperação Norte-Sul - Fiocruz · 2015. 5. 25. · abril 2015 Novos horizontes na cooperação Norte-Sul Câmara Técnica de Cooperação Internacional discute

| CRISINFORMA12

A

“Nosso maior desafio é tornar as iniciativasem ambiente e promoção da saúde açõesde destaque na arena internacional”

Danielle Monteiro – CCS

elaboração de um sistema de informações sobre malária, o desenvolvimentode estudos voltados a conflitos ambientais, a criação de um Centro deDesastres e Saúde Pública e ações para o combate à dengue e chikungunya.Essas são algumas das iniciativas previstas pela Vice-Presidência deAmbiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), que, desde 2010,

atua como Centro Colaborador em Saúde Pública e Ambiental da OrganizaçãoPan-Americana da Saúde (Opas/OMS). O representante da Vice na Câmara Técnicade Cooperação Internacional, Guilherme Netto, falou ao Crisinforma sobre essas eoutras ações, e os desafios enfrentados no campo de cooperação internacional.

Que perspectivas teria a VPAAPSquanto à participação na Câmara Téc-nica de Cooperação Internacional?

Guilherme: Possibilitar que a Câ-mara Técnica de Cooperação Internaci-onal seja uma instância privilegiada paraque as temáticas de ambiente, atenção,promoção e vigilância, tratadas no âm-bito da VPAAPS, possam ser considera-das na agenda estratégica internacionalda Fiocruz, bem como possibilitar umintercâmbio destas iniciativas com osdemais membros da Câmara. Neste sen-tido é fundamental criar estratégias emecanismos de aproximação articuladae orgânica entre a Câmara Técnica deSaúde e Ambiente e a Câmara Técnicade Cooperação Internacional.

Quais são as ações previstaspela Vice no campo de cooperaçãointernacional?

Guilherme: Apoiamos um conjun-to de iniciativas internacionais das uni-dades da Fiocruz com as quais colabo-ramos, tais como o desenvolvimentode metodologias de abordagemecossistêmica sobre malária na frontei-ra entre o Amapá e a Guiana; o forta-lecimento da formação em promoçãoda saúde na América Latina por meiode cooperação com a Universidade deCali, Colômbia; a cooperação com aUniversidade de Coimbra no tema deterritórios saudáveis e sustentáveis; acooperação de intercâmbio técnico-ci-entífico com países da América Latinae com a ONG Médico Sem Fronteirasnos temas de dengue, chikungunya,doença de Chagas e ebola (doençasemergentes e reemergentes).

Desde 2010, a Fiocruz, por meioda VPAAPS, é Centro Colaborador

da Opas/OMS em Saúde Pública eAmbiental. Quais são as ações pre-vistas pela Fundação enquanto Cen-tro Colaborador?

Guilherme: As atividades previstasno Plano de Trabalho do CC de Ambi-ente e Saúde Pública estão voltadas àsseguintes temáticas: conflitosambientais; saúde e modelos de desen-volvimento econômico no Brasil e naAmérica Latina; Observatório do Climae Saúde; Indicador de Vulnerabilidadee adaptação à mudança do clima; esaúde e violência. Além disso, essasatividades visam estabelecer e desen-volver uma plataforma digital para aárea de ambiente e saúde, e criar es-tratégias operacionais para escolas téc-nicas de saúde nos contextos global,regional e nacional, por meio de umacooperação técnica internacional, coma criação de um banco de dados sobrequalificação e produção técnica.

Também pretendem oferecer coo-peração técnica à OPAS/OMS em análi-se toxicológica laboratorial, visando ati-vidades em rede sobre métodosanalíticos, estruturação de competência,controle de qualidade e disseminação deresultados sobre poluentes específicoscom atenção a iniciativas globais e regi-onais. O trabalho do Centro também évoltado a questões relativas à habitaçãosaudável; desenvolvimento e aplicaçãode metodologias sobre vigilância em saú-de do trabalhador; virologia em saúdeambiental visando o controle de surtos;monitoramento do perfil de susceptibili-dade/resistência de vetores de doençade Chagas a inseticidas; entre outros.

Quais são as parcerias interna-cionais de destaque estabelecidaspela Vice?

Guilherme: As parcerias em des-taque são com a OPAS/OMS relativasao Centro Colaborador; e a coopera-ção em saúde pública com a Organi-zação do Tratado de Cooperação Ama-zônica (OTCA). Uma das cooperaçõesde destaque, por exemplo, são as vol-tadas ao estudo de conflitos ambientaise o modelo de desenvolvimento eco-nômico e de saúde na América Latina.

Qual é a estratégia da VPAAPSnos acordos de cooperação interna-cional? E como a Vice se posicionaem relação à cooperação Norte-Sule também no âmbito da coopera-ção Sul-Sul?

Guilherme: A VPAAPS passa porum processo de realinhamento de suamissão, redefinição de prioridades eaprimoramento de seus mecanismos degestão, o qual incluirá a definição deestratégias de cooperação internacional.O posicionamento da Vice em relaçãoàs cooperações Norte-Sul e Sul-Sul es-tão alinhadas com as diretrizes da Pre-sidência e do Cris, nas quais temos con-tribuído com diversas iniciativas. O norteorientador é aproximar a produção ci-entífica e acadêmica das políticas pú-blicas e da agenda global dos objetivosdo desenvolvimento sustentável.

Quais são os maiores desafiospara a unidade na área de coopera-ção internacional?

Guilherme: O maior desafio é fa-zer com que a intensidade e riquezadas iniciativas nos campos de ambien-te, atenção, promoção e vigilância emsaúde desenvolvidas nacionalmentepela Fiocruz tenham canais consisten-tes de repercussão e intercâmbio naarena internacional.

entrevista

| CRISINFORMA12