novo marco regulatório das organizações da sociedade civil

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    MARCO REGULATRIODAS ORGANIZAES

    DA SOCIEDADE CIVIL

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    MARCO REGULATRIO

    DAS ORGANIZAESDA SOCIEDADE CIVIL

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    SECRETARIA-GERAL DAPRESIDNCIA DA REPBLICA

    MARCO REGULATRIODAS ORGANIZAESDA SOCIEDADE CIVILA construo da agendano governo federal 2011 a 2014

    Braslia, 2015

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    EXPEDIENTE

    Presidenta da Repblica Federativa do BrasilDilma Rousseff

    Vice-Presidente da RepblicaMichel Temer

    SECRETARIA-GERAL DAPRESIDNCI A DA REPBLICA

    Ministro-ChefeMiguel Rossetto

    Secretrio-ExecutivoLaudemir Mller

    Secretria-Executiva AdjuntaSimone Gueresi

    MARCO REGULATRIO DASORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL

    Assessora EspecialLas Vanessa Carvalho de Figueirdo Lopes

    AssessoresAline Akemi Freitas, Aline Gonalves deSouza, Ana Tulia de Macedo, Amazico JosRosa, Anna Paula Feminella, Evnio Antnio

    de Araujo Jnior, Felipe Mattos Leal Dias eSilas Cardoso

    Consultores do Projeto BRA/12/018/PNUD (Programa das Naes Unidas para oDesenvolvimento) e do Projeto 914BRZ3018/Unesco (Organizao das Naes Unidas para aEducao, a Cincia e a Cultura)Bianca dos Santos, Bruno de Souza Vichi,Cssio Aoqui, David Benedickt, DiegoCarmona Scardone, Eduardo Szazi, Iara RolnikXavier, Letcia Schwarz, Luciana Cristina

    Furquim Pivato, Marcos Botelho Piovesan,Marielle Ramires e Mariel Rosauro Zasso

    FICHA TCNICA

    Coordenao editorialLas de Figueirdo Lopes, Bianca dos Santose Iara Rolnik Xavier

    Projeto grfico e diagramaoElisa von Randow e Tereza Bettinardi

    Reviso de textoTodotipo Editorial

    Colaboraram com esta publicaoFernanda dos Anjos, Carolina Stuchi, JosCarlos dos Santos, Maria Helena Osrio,Mariana Levy Piza Fontes, Paula RacanelloStorto, Silvio Santana e Vera Masago Ribeiro

    Secretaria-Geral da Presidncia da RepblicaPalcio do Planalto70.150-900 Braslia-DF

    Atribuio No Comercial 4.0 Internacional

    Voc tem o direito de:

    Compartilhar:copiar e redistribuir o materialem qualquer suporte ou formato.

    Adaptar:remixar, transformar e criar apartir do material.

    O licenciante no pode revogar estes direitosdesde que voc respeite os termos da licena.

    De acordo com os seguintes termos:

    Atribuio: Voc deve atribuir o devidocrdito, fornecer um link para a licena,

    e indicar se foram feitas alteraes. Voc pode

    faz-lo de qualquer forma razovel, mas no deuma forma que sugira que o licenciante o apoia ouaprova o seu uso.

    No comercial: Voc no pode usar omaterial para fins comerciais.

    Sem restries adicionais: Voc no pode aplicartermos jurdicos ou medidas de carter tecnolgicoque restrinjam legalmente outros de fazerem algoque a licena permita.http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0

    IMPORTANTE: Esta publicao referente ao perodo

    de 2011/2014. Sua edio, entretanto, aconteceu em2015, aps a edio da Medida Provisria n 684, de 21 dejulho de 2015, que alterou novamente a data de entradaem vigor da lei para 540 dias de sua publicao, em 23de janeiro de 2016. A MP n 684/2015 est disponvel em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Mpv/mpv684.htm Acesso: 03 Ago. 2015.

    MARCO REGULATRIO DAS ORGANIZAES DASOCIEDADE CIVIL: A CONSTRUO DA AGENDANO GOVERNO FEDERAL 2011 a 2014

    Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica,Las de Figueirdo Lopes, Bianca dos Santose Iara Rolnik Xavier (orgs.) Braslia: GovernoFederal, 2014. 240 pp. Inclui bibliografias.

    ISBN 978-85-85142-35-3

    1. Marco Regulatrio das Organizaes da SociedadeCivil. 2. Organizaes da Sociedade Civil. I. Ttulo.

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    A AGENDA DO MARCO REGULATRIODAS ORGANIZAES DA SOCIEDADECIVIL E O APROFUNDAMENTO DADEMOCRACIA BRASILEIRA

    1. DEMOCRACIA, PARTICIPAOSOCIAL E PROTAGONISMO DASOCIEDADE CIVIL

    2. A CONSTRUO DE UM PROCESSOPARTICIPATIVO

    3. O UNIVERSO DAS ORGANIZAESDA SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL3.1 Quem so e o que fazem as organizaesda sociedade civil no Brasil

    4. CONTRATUALIZAO: FOMENTO ECOLABORAO COMO NOVO REGIMEDE PARCERIA4.1 Um cenrio de insegurana jurdica4.2 Dados sobre as parcerias entre OSCs e ogoverno federal (2009-2013)

    SUMRIO

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    4.3 Termo de Fomento e Termo de Colaborao:novos instrumentos jurdicos para as parcerias4.4 O processo de tramitao da Lei n 13.019/2014

    5. SUSTENTABILIDADE ECONMICA:MOBILIZAO DE RECURSOS EFORTALECIMENTO INSTITUCIONAL DASORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL5.1 A sustentabilidade econmica das OSCs hoje

    5.2 Avanos e desafios da agenda desustentabilidade

    6. CERTIFICAO: APERFEIOAMENTOSNECESSRIOS NOS SISTEMAS DEACREDITAO PELO ESTADO6.1 A certificao das OSCs hoje6. 2 Avanos e desafios da agenda de certificao

    7. PANORAMA DAS PESQUISAS RECENTESSOBRE O TEMA

    8. LINHA DO TEMPO SOBRE AS RELAESENTRE O ESTADO E AS ORGANIZAES DASOCIEDADE CIVIL

    9. A CONTINUIDADE DA AGENDA: UMPROCESSO DINMICO EM DIREO AUMA POLTICA PBLICA DE FOMENTO ECOLABORAO COM OSCS

    POSFCIO

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    125

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    A AGENDA DO MARCOREGULATRIO DASORGANIZAES DASOCIEDADE CIVIL E OAPROFUNDAMENTO DADEMOCRACIA BRASILEIRA

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    Um projeto poltico inclusivo calcado na combinao entredesenvolvimento econmico, reduo da pobreza, susten-tabilidade ambiental e superao das desigualdades tem

    como elemento essencial a participao social como mtodo degovernar. As mudanas que almejamos em nosso pas s seropossveis com a ampla participao da sociedade, como compro-

    vam os avanos nas polticas pblicas de desenvolvimento sociale as bem-sucedidas experincias de superao das desigualdadesconcretizadas na ltima dcada.

    As parcerias entre Estado e sociedade na formulao, na exe-cuo, no monitoramento e na avaliao das polticas pblicasoferecem ganhos democrticos legtimos e permitem aflorarcaractersticas da nossa sociedade, como a criatividade, capilari-dade e proximidade dos beneficirios. Reconhecer o trabalho que realizado e fortalecer as organizaes da sociedade civil e suas

    relaes de parceria so compromissos assumidos pelo governofederal e uma prioridade estratgica para a Secretaria-Geral daPresidncia da Repblica.

    As cerca de mil organizaes da sociedade civil (OSCs)que existem no Brasil atuam em diversas reas como assistn-cia social, educao, cultura, sade, esporte, agricultura familiare promoo do desenvolvimento sustentvel, entre outros e emdefesa dos direitos de grupos historicamente excludos, como pes-soas com deficincia, mulheres, jovens, povos indgenas, povos e

    comunidades tradicionais, quilombolas, lsbicas, gays, bissexuais,travestis, transexuais e transgneros (LGBTs). Cada uma das orga-

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    nizaes, individualmente ou em rede, atua nas mais diferentes loca-lidades do pas em causas pblicas. Sem a contribuio e a generosi-dade dessas entidades e a riqueza de iniciativas que desenvolvem, oBrasil pararia.

    As denncias de casos isolados de corrupo e os erros formaiscometidos nas relaes de parceria com OSCs, em meio a um pero-do marcado por comisses parlamentares de inqurito (duas CPIs dasONGs e a Comisso Parlamentar Mista de Inqurito da Terra), estoafetando organizaes que, historicamente, realizam um trabalho

    popular, srio e comprometido com o interesse pblico. Essa cri-minalizao burocrtica, que ocorreu, sobretudo, pela ausncia deregras claras e prprias, deve ser revertida com o Marco Regulatriodas Organizaes da Sociedade Civil (MROSC).

    A presidenta Dilma Rousseff delegou Secretaria-Geral da Presi-dncia da Repblica a coordenao desse processo de aperfeioa-mento do ambiente institucional e normativo e o desafio do dilogopermanente com a sociedade civil, respondendo a um compromisso

    assumido com a Plataforma por um Novo Marco Regulatrio para asOrganizaes da Sociedade Civil iniciativa que congrega diversasredes, coletivos, organizaes da sociedade civil e movimentos sociais.

    A principal conquista est refletida na nova Lei de Fomento e Cola-borao Lei n ./ cuja contribuio principal combinara valorizao das organizaes da sociedade civil com a transparnciana aplicao dos recursos pblicos. uma lei estruturante, produto deconstruo coletiva e pluripartidria, que dever criar novas relaesde parceria entre governos e organizaes, dando visibilidade ao enor-

    me trabalho que a sociedade civil organizada desenvolve no nosso pas.A conduo e os encaminhamentos desse processo so tambm

    reflexo da abertura do Estado brasileiro participao social. No fos-sem as reivindicaes da sociedade, dificilmente teramos conseguidomobilizar tantos atores diferentes em torno de temas que interessamdiretamente s organizaes, seja no aperfeioamento das regras refe-rentes s parcerias com o Estado, seja em relao ao aumento de recur-sos livres para sua sustentabilidade econmica e a desburocratizaode processos de certificao.

    A construo e a implementao da agenda do Marco Regulatriodas Organizaes da Sociedade Civil simbolizam a importncia da

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    sociedade organizada para a criao e o desenvolvimento de novastecnologias sociais e para a formulao e execuo das polticas pbli-cas. O que pretendemos com esse trabalho fortalecer e fomentar asiniciativas de solidariedade do povo brasileiro, construindo um novopatamar de cidadania no pas.

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    11.DEMOCRACIA,PARTICIPAO SOCIALE PROTAGONISMO DASOCIEDADE CIVIL

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    A DEMOCRACIA BRASILEIRA ENCONTRA-SE EM CONSTANTE EVOLUO Eaprimoramento. Esse fato notrio com a crescente garantia de direitossociais, econmicos, culturais e ambientais, somada ao surgimento denovos direitos, pelo fortalecimento das instituies democrticas e peloprotagonismo da sociedade civil na vida poltica. Passados quase trintaanos desde o fim da ditadura, vivemos hoje uma democracia viva, ancoradaem uma sociedade civil atuante e cada vez mais consciente de seus direitos.

    A construo dessa jovem democracia, que rompeu com a longa tra-dio autoritria do Brasil, contou com o protagonismo da sociedade

    civil: Ainda na ditadura, assistimos emergncia de uma sociedadecivil mais plural e complexa que buscava no apenas reivindicar o aces-so a direitos j conquistados, mas afirmar novos interesses e demandascomo direitos a partir da disputa na esfera pblica [...]. Com isso, abri-ram espao para a emergncia de novos discursos e novas prticas queampliaram o escopo do que se define como poltica e a legitimidade dosatores aos quais se atribui o direito de fazer poltica. Isso fez com quea participao seja um trao permanente da atual configurao institu-

    cional do Estado brasileiro.Do ponto de vista do aparato do governo federal voltado participa-o, atualmente, h uma diversidade de prticas que articulam o Estadoe a sociedade em espaos criados, em sua maioria, a partir da Consti-tuio de e ampliados e intensificados nos ltimos doze anos. Soeles os fruns pblicos de participao e debate (conselhos de polticaspblicas e outros rgos colegiados de participao social, como con-ferncias, audincias e consultas pblicas), as ouvidorias pblicas, asmesas de dilogo, os fruns interconselhos, alm das interfaces e dos

    ambientes virtuais voltados ao dilogo e participao social nas pol-ticas pblicas.

    1 SECRETARIA-GERAL DA PRESIDNCIA DA REPBLICA. Participao social no Brasil:entre conquistas e desafios. Braslia, 2014.2 Entre 2003 e 2014, mais de 9 milhes de cidados brasileiros participaram de 104conferncias nacionais, abrangendo mais de quarenta reas setoriais. No mbito dogoverno federal, existem mais de 120 conselhos, dos quais cerca de cinquenta tm, em

    sua composio, expressiva presena de representantes da sociedade civil. Esto at ivastambm cerca de 286 ouvidorias pblicas federais, que auxiliam o cidado em suasrelaes com o governo.

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    Estudo recente do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea)demonstra que houve crescimento da participao social no poderExecutivo no perodo de a , e que cerca de % dos progra-mas do governo federal possuem pelo menos uma forma de interfacesocioestatal, o que configura a existncia de processos permanentesde escuta e dilogo.

    Os mecanismos de participao ampliaram-se no ltimo gover-no. O Brasil aderiu, em , Parceria para o Governo Aberto (OpenGovernment Partnership OGP), pacto internacional para melhoria da

    gesto pblica que gera compromissos como a transparncia e a cria-o de mecanismos para que o cidado exera o seu direito legtimode fiscalizao do poder pblico. A Lei de Acesso Informao, queentrou em vigor em , passou a garantir o acesso de qualquer pes-soa s informaes pblicas dos rgos e entidades.

    O governo tambm lanou, em , a Poltica Nacional de Parti-cipao Social (PNPS) e o Compromisso Nacional pela ParticipaoSocial, iniciativas com o objetivo de sistematizar as diretrizes em rela-

    o aos canais de participao no poder Executivo. A PNPS busca orien-tar rgos e entidades da administrao pblica federal para melhorutilizao das diversas instncias e mecanismos de participao socialexistentes, o que permite alcanar um maior grau de aderncia social,transparncia e eficcia s polticas pblicas. A poltica abre, ainda,caminho para as novas formas de participao social, por meio dasredes sociais e dos mecanismos digitais de participao via internet.

    3 INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA (Ipea). Participao social comomtodo de governo? Um mapeamento das interfaces socioestatais no governo federal.Texto para Discusso n 1.707, 2012.4 De acordo com os autores da pesquisa, o conceito de interfaces socioestatais recuperado como base analtica capaz de acomodar um amplo espectro de interaesEstado-sociedade, que vo desde a participao social em fruns coletivos e deliberativos,como os conselhos e conferncias nacionais, s formas mais restritas e individualizadas decontato, como ouvidorias, servios de atendimento ao cidado etc. (p. 5).5 A Lei n 12.527/2011 aplicvel para os poderes Executivo, Legislativo e Judicirio,para os Tribunais de Contas e o Ministrio Pblico. Tambm se aplica a estados, DistritoFederal e municpios, inclusive s entidades privadas sem fins lucrativos que, recebendo

    recursos pblicos, devem dar acesso informao acerca do uso desses recursos.6 Para mais informaes sobre a PNPS, instituda pelo Decreto n 8.243/2014, cf. . Acesso em: 15 nov. 2014.

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    Alm dos espaos tradicionais, ganharam relevncia novas dinmi-cas de organizao e participao social, expresses da sociedade dainformao e da era digital, que demonstram a transversalidade dasdemandas por direitos. Tais dinmicas se materializam em novas for-mas de ativismo, empoderamento e articulao em rede. Esse movi-mento recente, explicitado de forma mais evidente no Brasil com asmanifestaes de junho de , vem desafiando a gesto pblica a ofe-recer respostas mais rpidas, diversificadas e efetivas ao conjunto dedemandas sociais.

    Por sua vez, a diversificao das formas de participao da socie-dade civil pode ser percebida tambm na garantia direta de direitose nas aes que tm o interesse pblico como objeto compartilhadocom a ao estatal. Por meio das parcerias com o Estado, a sociedadecivil organizada pode incidir mais diretamente no ciclo de polticaspblicas, com atuao relevante em diferentes papis. A presena dasOrganizaes da Sociedade Civil (OSCs) pode ser observada na etapadeformulao da poltica, por meio da participao em conselhos, con-

    ferncias e compartilhamento de experincias de tecnologias sociaisinovadoras; na execuo, por meio da celebrao de acordos com opoder pblico e a efetiva implementao de projetos e aes de inte-resse pblico; e no monitoramento e avaliao, no exerccio do controlee reflexo sobre meios e resultados do ciclo das polticas pblicas.

    A atuao da sociedade civil organizada nas fases de implantaoou execuo de polticas pblicas por meio de parcerias tem origem naConstituio Federal de . A poltica de assistncia social, por exem-plo, indica que a coordenao e a execuo das aes sero descentraliza-

    das s esferas estadual e municipal e se estendero atuao de entida-des beneficentes e de assistncia social (art. , I). Isso ocorre tambmno caso dos direitos da criana e do adolescente e na poltica para osidosos,ao prever que estes devero ser assegurados pela famlia, asocie-dade e o Estado (art. e art. ). No caso das aes e servios pbli-

    7 Sobre esse debate, cf. CASTELLS, M. Networks of Outrage and Hope: Social Movementsin the Internet Age. Cambridge: Policy Press, 2012; SAVAZONI, R. e COHN, S. Cultura

    digital.br. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2009 e SCHERER-WARREN, I. Dasmobilizaes s redes de movimentos sociais. In: Sociedade e Estado, Braslia, v. 21, n 1,jan./abr. 2006, p. 109-130.

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    cos de sade, a previso da participao da sociedade expressa (art. , e ), como tambm ocorre com a educao (art. ), a proteo aopatrimnio cultural brasileiro (art. , ); a defesa do meio ambienteecologicamente equilibrado (art. ), entre outras polticas.

    DIAGRAMA 1. PARTIC IPAO DA SOC IEDADE CIVIL

    NO CICLO DE POLTICAS PBLICAS

    Fonte: Elaborao prpria.

    8 LOPES, L. C. F. et al. As parcerias entre o Estado e as organizaes da sociedade civil

    no Brasil: a formao de uma agenda de mudana institucional e regulatria. In: NovenaConferencia Regional: The International Society For Third-Sector Research. Santiago doChile: 28-30 ago. 2013. p. 9.

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    Sem que se abra mo do papel do Estado, as parcerias com organi-zaes da sociedade civil para a realizao de polticas de interessepblico complementam e aprimoram o carter democrtico e descen-tralizado da administrao pblica, impactando a concepo e a ges-to do prprio Estado. Essa forma de operacionalizao democrticaconfere s polticas pblicas recursos de inovao, tais como maiorcapilaridade, porosidade territorial e incorporao de mecanismos etecnologias prprios de uma sociedade civil que, diariamente, experi-menta e encontra solues para questes estruturais do pas e detm

    parte importante do conhecimento e estratgias para enfrent-las.Alm disso, a transferncia de tecnologias sociais e das prticas

    democrticas para o nvel administrativofaz com que o processo deformulao de polticas no se restrinja aos gabinetes do poder Exe-cutivo, chegando mais perto dos anseios e necessidades da popula-o, incorporando-a, de fato, como parte fundamental do processo dedeciso. A colaborao mais intensa entre o Estado e as OSCs apontadirees, cria novos consensos e reorganiza prioridades para a ao

    estatal, contribuindo para superar desafios sociais existentes, persis-tentes e complexos.Ao mesmo tempo, e num processo cclico, as prprias organizaes

    so fortalecidas, consolidando o campo democrtico no pas. As par-cerias com o poder pblico aliceram as organizaes da sociedadecivil e aumentam sua capacidade de atuao. Nesse movimento, aspautas gestadas no bojo da sociedade civil so incorporadas agendapblica, incluindo tambm grupos tradicionalmente marginalizadosna poltica. Essa incorporao abre caminho para ganhos de escala

    das estratgias de enfrentamento aos problemas sociais e sua univer-salizao pode promover maior incidncia das OSCs.

    Ainda que a participao da sociedade civil tenha se ampliado nota-velmente nos espaos de formulao e incidncia, do ponto de vistanormativo, a execuo de polticas pblicas por meio de parcerias no

    9 AVRITZER, L. e SANTOS, B. S. Para ampliar o cnone democrtico. In: SANTOS, B.S. (Org.). Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Rio de

    Janeiro: Civilizao Brasileira, 2003. p. 39-82.10 COELHO, V. S. P. e NOBRE, M. (Orgs.). Participao e deliberao: teoria democrtica eexperincias institucionais no Brasil contemporneo. So Paulo: Editora 34, 2004.

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    era acompanhada de uma legislao clara e consistente. Nesse sentido,a aprovao da Lei n ./ trouxe novo tratamento relao dasorganizaes da sociedade civil com o Estado, ao reconhecer e valori-zar sua autonomia e peculiaridades e, ao mesmo tempo, fortalecer atransparncia na aplicao de recursos pblicos.

    A nova lei busca criar um ambiente normativo capaz de acompa-nhar o protagonismo da sociedade civil. Um desafio que se descortinacom o novo Marco Regulatrio das Organizaes da Sociedade Civil o de criar as condies para a incorporao crescente da sociedade

    civil no ciclo de polticas pblicas, refletindo uma concepo ampliadade espaos, formas e atores da participao social. Esse entendimentoest na base de um projeto de transformao da democracia que, almde representativa, passa a adotar tambm princpios da democraciaparticipativa direta, contribuindo para que a igualdade formal garanti-da em nosso ordenamento jurdico se traduza em uma sociedade efeti-

    vamente livre, justa e solidria.

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    22.A CONSTRUODE UM PROCESSOPARTICIPATIVO

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    NO PERODO DE 2011 A 2014, O MARCO REGULATRIO DAS ORGANIZAESda Sociedade Civil (MROSC) se constituiu como uma agenda polticaampla na Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica. Essa agendano se resumiu aos esforos que redundaram na edio da nova Lei deFomento e Colaborao (Lei n ./), mas se estendeu a um con-junto amplo de estratgias para o aperfeioamento do ambiente jurdicoe institucional relacionado s organizaes da sociedade civil e suas rela-es de parceria com o Estado.

    A agenda do MROSC est orientada pelo fato de que a incidncia, o

    impacto e a riqueza das organizaes da sociedade civil na participa-o social e na execuo de polticas pblicas precisam ser acompa-nhados de um quadro normativo que reconhea e valorize o trabalhodas organizaes altura dos desafios da democracia brasileira. Porisso, necessrio criar um ambiente mais favorvel que estimule apotencialidade da sociedade civil organizada, garantindo a plena par-ticipao, a transparncia na aplicao dos recursos pblicos, a efeti-

    vidade na execuo dos projetos e a inovao das tecnologias sociais.

    Para a mudana de cultura que o novo paradigma exige, a agen-da do Marco Regulatrio tem como objetivo, tambm, a produo deconhecimentos e a consolidao de entendimentos que explicitem osfundamentos e a lgica de funcionamento das organizaes enquantoentidades privadas sem fins lucrativos que atuam legitimamente naesfera pblica no estatal.

    Ao longo desta publicao utilizado o termo Organizaes daSociedade Civil ou a sigla OSCs para se referir s organizaes.Tambm so feitas explicaes sobre os diferentes formatos jurdicos

    e de titulao que as organizaes podem assumir, dando forma aoconceito apresentado.

    A adoo do termo uma opo que refora o carter afirmativo deprotagonismo e de iniciativa prpria da sociedade. O termo que temganhado cada vez mais fora tem sido disseminado pelo governofederal e por diversas organizaes nacionais e internacionais, taiscomo a Organizao das Naes Unidas (ONU), o Banco Mundial e aUnio Europeia,com a inteno tica e poltica de reafirmar o car-

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    ter autnomo, a finalidade pblica e a voz prpria da sociedade civilorganizada.

    O termo OSC evita, ao mesmo tempo, uma abordagem de negaosugerida pela expresso organizao no governamental (ONG), quese mostra insuficiente nos dias atuais. Isso porque, em vez de identificaras entidades como no integrantes do governo, afirma sua identidade apartir de sua origem em uma sociedade civil ativa e pulsante.

    A garantia da liberdade de associao para fins lcitos, dos princ-pios da no interferncia estatal e da liberdade de auto-organizao

    afirmou a legitimidade das liberdades associativas, que so a base daexistncia e atuao dessas organizaes no pas. Tais princpios,presentes na Constituio Federal, so o reflexo do direito liberdade

    11 ARMANI, D. OSCs no Brasil: a relevncia dos atores. In: ARMANI, D. Organizaes dasociedade civil: protagonismo e sustentabilidade. Recife/Barueri: Instituto C&A, 2013.12 ONG foi uma denominao cunhada em 1945 pela Organizao das Naes Unidasem referncia s entidades sem fins lucrativos, organizadas nos nveis local, nacionalou internacional e dirigidas a aes de interesse pblico, que atuaram na reconstruode seus pases aps a Segunda Guerra Mundial e tinham na independncia em relaoaos governos uma de suas principais caractersticas. Surgiu para explicitar que os povosdas Naes Unidas poderiam se expressar no apenas por meio dos representantes de

    organismos do governo como tambm por meio de organizaes no governamentais.Cf. UNITED NATIONS RULE OF LAW.Non Governmental Organizations. Disponvelem: . Acesso em: 15 nov. 2014. No contextobrasileiro, o termo ONG foi adotado pelas organizaes que atuavam prestando assessoriaa movimentos sociais e que protagonizaram, junto a diversos outros atores, a luta pelaredemocratizao, dando ao conjunto de organizaes um carter mais tcnico e poltico.Recentemente, com o acmulo de alguma carga negativa a respeito das organizaesnos ltimos anos, um conjunto de entidades e movimentos sociais representativos dosegmento, em especial a articulao criada em 2010 reunida na Plataforma por um novoMarco Regulatrio para as Organizaes da Sociedade Civil, abordada adiante, assumiu adenominao OSC.

    13 STORTO, P. A incidncia do direito pblico sobre as organizaes da sociedade civilsem fins lucrativos. In: DI PIETRO, M. S. Z. (Org.).Direito privado administrativo. SoPaulo: Atlas, 2013.

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    de reunio e associao pacficos, previstos na Declarao Universaldos Direitos Humanos.

    O movimento inicial da criao desta agenda se deu em , coma articulao da Plataforma por um Novo Marco Regulatrio para asOrganizaes da Sociedade Civil, cujos membros representam diver-sas organizaes, coletivos, redes e movimentos sociais.

    So entidades representativas das mais variadas frentes e segmen-tos que renem organizaes que atuam, por exemplo, na economiasolidria, na promoo e defesa de direitos, no investimento social pri-

    vado e responsabilidade social e em reas tradicionais, como sade,educao e assistncia social sejam de base comunitria, de origemreligiosa ou empresarial.

    Esse grupo heterogneo, aberto a adeses, reuniu-se para reivin-dicar normas e polticas que promovessem e protegessem seus direi-tos enquanto organizaes da sociedade civil autnomas que atuamna esfera pblica e querem construir uma relao harmnica com osgovernos, alm do fomento participao social e do acesso democr-

    tico a recursos pblicos. O coletivo comprometeu-se tambm a zelarpelo sentido pblico de sua atuao, pela boa gesto e transparncia.

    14 Recentemente (2010), a liberdade de associao e reunio pacfica foi objeto dacriao de uma relatoria especial da ONU, motivada pelo fato de que o espao global parasociedade civil e ao cvica tem diminudo de forma contnua. Isso acontece, entre outrosfatores, por meio da restrio do acesso a financiamentos externos por organizaes da

    sociedade civil, a represso violenta de protestos, assdio, intimidao e perseguiode defensores dos direitos humanos, a reduo de associaes on-linepor parte dosgovernos, incluindo os meios de comunicao social. Nos relatrios temticos anuaisdo presente relator Maina Kai, foram identificadas e compiladas as melhores prticasno exerccio do direito liberdade de reunio pacfica e de associao. Os relatriosargumentam que o acesso aos recursos, incluindo o financiamento externo, constitui umelemento integrante do direito liberdade de associao. Os documentos defendem aproteo dos direitos liberdade de assembleia pacfica e a associao no contexto daseleies e uma maior proteo destes direitos para grupos em situao de maior riscode ataques e represlias por conta do exerccio de seus direitos de se reunir e associarlivremente. Reafirmam, assim, o papel essencial da sociedade civil na consolidao

    dos sistemas democrticos. Mais informaes sobre essa relatoria e os documentos jpublicados esto disponveis em: . Acesso em: 15 nov. 2014.

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    A plataforma foi apresentada em carta reivindicatriaaos can-didatos Presidncia da Repblica que concorriam ao mandato de/, contendo as principais pautas relativas ao fortalecimentodas organizaes e das parcerias firmadas com a administrao pbli-ca. Na ocasio, a ento candidata Dilma Rousseff assinou compromis-so pblico e, aps sua eleio, instituiu, por decreto (n ./),um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de composio parit-ria entre representantes do governo federal e da sociedade civil paradiagnosticar e propor solues aos entraves jurdicos e institucionais

    relacionados ao universo das organizaes e a suas parcerias com opoder pblico.

    O GTI, coordenado pela Secretaria-Geral da Presidncia da Rep-blica, contou com a participao da Casa Civil da Presidncia daRepblica; da Controladoria-Geral da Unio (CGU); da Advocacia-Geralda Unio (AGU); do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto(MPOG); do Ministrio da Justia (MJ); do Ministrio da Fazenda (MF);do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) e catorze organi-

    zaes de representatividade nacional indicadas pela Plataforma porum Novo Marco Regulatrio para as Organizaes Sociedade Civil.So elas: Associao Brasileira de Organizaes No Governamentais(Abong); Grupo de Institutos, Fundaes e Empresas (GIFE); Confe-derao Brasileira de Fundaes (Cebraf); Fundao Grupo EsquelBrasil; Coordenadoria Ecumnica de Servios (Cese) representandoo Conselho Latino Americano de Igrejas (Clai-Brasil); Unio Nacionalde Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidria (Uni-cafes); Confederao das Cooperativas de Reforma Agrria do Brasil

    (Concrab) representando o Movimento dos Trabalhadores RuraisSem Terra (MST); Instituto Ethos de Empresas e ResponsabilidadeSocial; Associao de Proteo ao Meio Ambiente (Apema) represen-tando o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Critas Bra-sileira; Viso Mundial representando a Rede Evanglica Nacional de

    Ao Social (Renas); Instituto de Estudos Socioeconmicos (Inesc);

    15 Disponvel em: . Acesso em: 15 nov. 2014.16 O GTI atuou de novembro de 2011 a julho de 2012.

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    Instituto Socioambiental (ISA) representando o Frum Brasileiro deONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento(FBOMS) e Federao Nacional das Apaes (Fenapae).

    No mesmo decreto que instituiu o GTI, foram estabelecidas regrasque contriburam para o aprimoramento das parcerias no governofederal, como a exigncia de chamamento pblico e o tempo mnimode trs anos de existncia e experincia prvia das organizaes, oque exigiu tambm um esforo de mudana nas regras do Sistemade Gesto de Convnios e Contratos de Repasse do Governo Federal

    (Siconv).Pouco mais de um ms aps a criao do GTI e dessas novas regras,

    foi editado o Decreto n ./, que determinou a avaliao deregularidade dos repasses da execuo de convnios, contratos derepasse e termos de parceria celebrados pelo governo federal comentidades privadas sem fins lucrativos, alm da suspenso de novosrepasses pelo perodo de trinta dias.

    Excees suspenso foram autorizadas para a realizao de pro-

    gramas de proteo a pessoas ameaadas ou em situao que pudessecomprometer sua segurana; nos casos em que o projeto, a atividadeou o servio objeto do convnio, o contrato de repasse ou o termode parceria j fosse realizado adequadamente mediante colaboraocom a mesma entidade h pelo menos cinco anos e cujas respectivasprestaes de contas tenham sido devidamente aprovadas; e no casode transferncias do Ministrio da Sade destinadas a servios inte-grantes do Sistema nico de Sade (SUS).

    Para a anlise da regularidade prevista no Decreto n ./, os

    ministrios e rgos pblicos deveriam observar eventuais falhas a par-tir dos seguintes critrios na avaliao dos instrumentos celebrados:omisso no dever de prestar contas; descumprimento injustificadodo objeto de convnios, contratos de repasse ou termos de parceria;desvio de finalidade na aplicao dos recursos transferidos; dano aoerrio pblico; ou prtica de outros atos ilcitos na execuo dos ins-trumentos celebrados.

    O resultado dessa avaliao de regularidade foi que as poucas enti-dades que tiveram apontamentos geraram diligncias para esclareci-

    mentos e, em alguns casos, a instruo de processos de tomada decontas especial, para apurao de responsabilidades e eventuais pre-

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    juzos. O episdio revelou que a maior parte das parcerias celebra-das no apresentava nenhuma irregularidade sequer, corroborando anecessidade de avanar na arquitetura normativa e institucional ondeesto inseridas as parcerias com o Estado. Tratou-se de uma autocr-tica do governo para saber como estava a situao dos convnios comas OSCs, mas que gerou um descontentamento por parte de diversasorganizaes e movimentos. Estes seguiram na busca pela construode uma agenda positiva para um cenrio adverso e o GTI tornou-se umespao concreto para esse fim.

    A primeira reunio do GTI aconteceu durante o I Seminrio Inter-nacional do Marco Regulatrio das Organizaes da Sociedade Civil( a de novembro de ), que contou com a participao de convidados, entre agentes governamentais, representantes de OSCs,especialistas e ministros de Estado. Na abertura, estiveram presentesos ministros da Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica; CasaCivil; Justia; Controladoria-Geral da Unio; Planejamento, Oramen-to e Gesto; Meio Ambiente; Secretaria de Polticas para Mulheres;

    Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica eSecretaria de Polticas de Promoo da Igualdade Racial.A metodologia do seminrio foi desenhada de maneira a permitir

    que fosse elaborado, colaborativamente, um plano de ao contendocinquenta propostas agrupadas em eixos temticos que posteriormen-te se tornaram os trs eixos orientadores da agenda: contratualizao,sustentabilidade econmica e certificao, trabalhados tanto na dimen-so normativacomo na dimenso do conhecimento.

    17 Dos 1.403 instrumentos em vigor analisados, apenas 164 tiveram alguma questo a serapurada. A avaliao foi de que 88,3% do universo analisado estavam com as contas, em

    razo do cumprimento de formalidades, absolutamente regulares. Os repasses voltarama ser realizados normalmente, mas o cenrio de tenso em relao agenda perduroudurante algum tempo.

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    DIAGRAMA 2. EIXOS E DIMENSES DA AGENDA DO MARCO REGULATRIO DASORGANIZAES DA SOC IEDADE CIVIL

    Os eixos orientadores agrupam temas que, em interao com o Esta-do, afetam a vida das organizaes. No se pretendeu categorizar oudividir os elementos que compem a agenda, sabendo que os temas seentrelaam a depender da rea de atuao da entidade e a normativaque ela carrega em si. Ao contrrio, o objetivo foi organizar e conferir

    maior visibilidade complexidade do Marco Regulatrio das Organi-zaes da Sociedade Civil, trabalhando as especificidades dos trs dife-rentes eixos em paralelo.

    A dimenso normativae a de conhecimentoassumem a estratgiade criao de uma ambincia mais favorvel existncia e parti-cipao das organizaes da sociedade civil no Brasil, o que no serestringe elaborao e aprovao de uma lei, mas a um conjunto deaes abarcadas em uma agenda poltica abrangente e perene. Nessesentido, os eixos e as dimenses se combinam e se interpenetram bus-

    cando alcanar o fortalecimento da sociedade civil brasileira, tendo aspropostas diferentes graus de maturidade e pactuao.

    Em contratualizaoconcentram-se as relaes de parceria com asorganizaes da sociedade civil, sua forma de planejamento e seleo,as regras para a execuo das aes e dos recursos, monitoramento,avaliao, transparncia e prestao de contas. O objetivo trabalharum campo prprio de conhecimentos e prticas de gesto pblica quereconheam as especificidades das entidades privadas sem fins lucra-tivos no acesso e na utilizao de recursos pblicos. Nesse sentido,

    entende-se que as normas aperfeioadas so ferramentas que emba-sam e aceleram a cultura de transparncia.

    DIMENSO NORMATIVA

    DIMENSO DE CONHECIMENTO

    CONTRATUALIZAO CERTIFICAO SUSTENTABILIDADE

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    No eixo sustentabilidade,concentram-se as questes sobre econo-mia das OSCs, fontes de recursos especialmente os privados comincentivo fiscal , simplificao de pagamento de tributos, diversifi-cao de tipos societrios, fundos patrimoniais vinculados, atuaona cooperao internacional, entre outros temas que impactam ofinanciamento das organizaes. Sabe-se que a sustentabilidade temoutras dimenses alm da econmica e, por isso, tambm pilardesse eixo a sustentabilidade poltica das organizaes e sua gover-nana. Reconhecer as diferenas regionais e de atuao da diversi-

    dade de organizaes existentes fundamental para que se apro-fundem solues transversais e especficas. Apoiar a transparnciaativa dessas informaes em plataforma eletrnica tambm partedessa estratgia.

    Por fim, o eixo certificao relaciona-se discusso sobre o apri-moramento dos sistemas de certificaes e acreditaes que soconcedidas s organizaes da sociedade civil pelo Estado. Nas trsesferas da Federao h registros e reconhecimentos que so emiti-

    dos por meio de processos administrativos de outorga de ttulos ecertificados. Trabalhar o aperfeioamento dos ttulos e certificadosexistentes, desburocratizar o ordenamento jurdico, diminuindoa interferncia estatal para prover maior liberdade de associao eautonomia para a sociedade civil so os objetivos desse trabalho.

    No que tange s formas ou dimenses da macroestratgia, adimenso normativada agenda refere-se essencialmente elaboraoe reviso de normas jurdicas, abrangendo leis, decretos, portarias einstrues normativas, alm de orientaes e notas tcnicas. A dimen-

    so de conhecimentoest baseada na produo e estmulo a estudos epesquisas, bem como na realizao e apoio a seminrios, publicaes,processos formativos, comunicao e disseminao de informaessobre o universo das organizaes da sociedade civil no pas.

    Ao longo do desenvolvimento da agenda no governo federal,foram empreendidas diversas aes nessas duas dimenses, sendo oeixo da contratualizaopriorizado em razo do diagnstico de extre-ma insegurana jurdica referente s parcerias entre a Unio e asorganizaes. Tal priorizao refletiu na prpria finalidade prevista

    no Decreto n ./ para o Grupo de Trabalho Interministerialde avaliar, rever e propor aperfeioamentos na legislao federal

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    relativa execuo de programas, projetos e atividades de interessepblico e s transferncias de recursos da Unio mediante convnios,contratos de repasse, termos de parceria ou instrumentos congneres.

    Aps o diagnstico das relaes de parceria entre OSCs e o governofederal no mbito do GTI, foram elaboradas propostas concretas dereviso e aperfeioamento de questes pontuais contidas nas normasfederais relacionadas ao tema (Lei de Diretrizes Oramentrias, Decre-to n ./ e Portaria Interministerial n /), consolidadascom o objetivo de inaugurar um novo momento para as parcerias.

    Na coordenao dos trabalhos, a Secretaria-Geral da Presidncia daRepblica fez amplo levantamento das questes relacionadas, sistema-tizando projetos e anteprojetos de lei existentes no Congresso Nacio-nal e fora dele para servir de subsdio s discusses e, em conjuntocom os demais membros do GTI, passou a redigir os dispositivos daminuta de decreto e de projeto de lei federal. Para que ficassem maisclaros os propsitos e as questes envolvidas, a minuta foi constru-da com comentrios de modo a auxiliar sua compreenso e explicitar

    consensos alcanados para a sua redao.No processo, foram ouvidos representantes do governo federal, pormeio de reunies bilaterais com outros ministrios, a fim de envol-

    ver os rgos atuantes nas polticas finalsticas que, historicamente,realizam parcerias com as organizaes da sociedade civil. Foi o caso,por exemplo, dos ministrios do Desenvolvimento Social e Combate Fome; da Cultura; do Desenvolvimento Agrrio; da Cincia, Tecnologiae Inovao; das Cidades; do Esporte; das Comunicaes; do Trabalhoe Emprego; da Educao; da Sade; e das secretarias ligadas Presi-

    dncia da Repblica Direitos Humanos, Polticas para as Mulheres ePromoo da Igualdade Racial, alm da prpria Secretaria-Geral.

    Ao todo, foram realizadas mais de quarenta reunies na poca doGTI, nas quais estiveram envolvidos cerca de duzentos gestores pbli-cos com experincia na celebrao e acompanhamento de parcerias.O nmero de reunies foi ampliado com o processo de dilogo comorganizaes da sociedade civil, academia e rgos de controle. Mes-

    18 Disponvel em: . Acesso em: 7 jan. 2015.

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    mo depois de finalizados os trabalhos do GTI, a Secretaria-Geral conti-nuou mantendo ativa essa interlocuo durante todo o ciclo de gesto.

    Em agosto de , os resultados do grupo de trabalho foram des-critos em um relatrio finalcontendo o diagnstico, as propostaspara o aperfeioamento e os desafios remanescentes da agenda domarco regulatrio, dentre as quais ganharam relevncia os atos nor-mativos propostos: o decretoque antecipava resultados do que sepretende ver na nova lei e o projeto de lei que subsidiou o poder Legis-lativo sobre o tema.

    A minuta do projeto de lei foi discutida nos ministrios, envolven-do diferentes secretarias, secretarias-executivas e gabinetes ministe-riais, rgos de controle, na academia e entre organizaes da socie-dade civil em geral, tendo recebido nessas rodadas de dilogo retornosimportantes sobre o trabalho desenvolvido no GTI, dando ao temacada vez mais relevo.

    Alm da discusso sobre o projeto de lei, a minuta de decreto per-mitia tambm a pactuao sobre temas considerados mais nevrlgicos

    devido inexistncia de disciplina legal clara, como a remuneraoda equipe de trabalho e a alocao de todos os encargos sociais inci-dentes no plano de trabalho. Da parte mais diretamente relacionada contratualizao, o GTI tambm identificou iniciativas e pontos focaispara o desenvolvimento dos outros eixos da agenda referentes certi-ficao e sustentabilidade das organizaes.

    Em paralelo s atividades de aperfeioamento da legislao relacio-nadas s parcerias, foram empreendidas diversas aes para dissemi-nar o conhecimento sobre as OSCs, por meio da realizao de semi-

    nrios e eventos de formao e capacitao, e elaborao de artigos,apoio produo de pesquisas e documentos de referncia.

    19 O relatrio est disponvel no siteda Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica,juntamente com uma srie de artigos, pesquisas, notcias, notas tcnicas e textos explicativosda agenda. Disponvel em: . Acesso em: 7 jan. 2015.20 Essa minuta de decreto veio a se tornar o Decreto n 8.244/2014, disponvel em:. Acesso em:

    15 nov. 2014.21 As pesquisas so exploradas no item Panorama das pesquisas recentes ao final dapublicao.

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    A realizao dos Dilogos Intersetoriais do Marco Regulatriodas Organizaes da Sociedade Civil constituiu espao ampliado dedebate e formulao conjunta de propostas. O primeiro encontro,realizado em maro de , teve como foco o financiamento e a sus-tentabilidade econmica das OSCs e contou com a participao de representantes de OSCs, acadmicos, especialistas, advogados,contadores, representantes de estatais e rgos do governo federal.O Dilogo Intersetorial, realizado em junho do mesmo ano, discu-tiu possveis indicadores e interfaces para as diversas bases de dados

    existentes no governo federal sobre as organizaes da sociedadecivil. Os debates realizados nos dois encontros foram sistematizadose estimularam a construo de propostas concretas para atender snecessidades identificadas.

    Para aproximar o governo federal das OSCs, destaca-se tambma participao por dois anos consecutivos na Feira ONG Brasil (edi-es e ), em So Paulo (SP). Os estandes do governo fede-ral, organizados pela Secretaria-Geral, tinham por objetivo principal

    organizar uma delegao de servidores pblicos federais de diversosministrios e representantes de OSCs, permitindo esclarecimentose dilogos sobre servios como a outorga da Certificao de Entida-des Beneficentes de Assistncia Social (Cebas) nas reas de sade,educao e assistncia social , do ttulo de Organizao da Socieda-de Civil de Interesse Pblico (Oscip), a gesto do Siconv e a legisla-o sobre parcerias, alm de polticas e programas de interesse dasorganizaes como o plano Juventude Viva, o programa Cultura Viva,plano Brasil Agroecolgico, entre outros.

    No contexto da feira foram realizados, em paralelo, seminrioscom o tema principal Marco Regulatrio das Organizaes da Socie-dade Civil, Participao Social e Democracia, com mesas de debatee transmisso on-line. Tambm foram feitas rodas de conversa noprprio estande e oferecido um curso gratuito de horas sobre oSiconv, em parceria com o Ministrio do Planejamento, Oramento eGesto. Durante a feira de , houve ainda o lanamento do PortalCebas Educao, pelo Ministrio da Educao, e do resultado do

    22 Disponvel em: . Acesso em: 7 jan. 2014.

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    projeto Cenrios Transformadores da Sociedade Civil Organizada noBrasil , iniciativa da qual a Secretaria-Geral fez parte e envol-

    veu grupo de atores de todas as regies do Brasil organizaes dasociedade civil, movimentos sociais, governo, empresas, universida-des, mdias e coletivos de jovens para expressar vises sobre o pre-sente e construir narrativas sobre o futuro por meio de entrevistas,oficinas presenciais e mensagens pela internet.

    A agenda de produo de conhecimentos do Marco Regulatrio dasOrganizaes da Sociedade Civil tambm contou com uma importan-

    te ao de transparncia ativa, disponibilizada no siteda Secretaria-Geral, de uma seo especfica sobre o assunto com documentos,notas tcnicas, artigos, pesquisas, notcias e textos de interesse. Emdezembro de , foi elaborada uma cartilha, disponibilizada em ver-ses impressa e digital, com o objetivo de informar gestores pblicos esociedade em geral sobre a agenda. A presena nas redes sociais, espe-cialmente com a criao de uma pgina no Facebook especfica sobreo MROSC, foi outra estratgia para disseminar os contedos da agen-

    da e mobilizar parceiros. Os vdeos produzidos ao longo da gestoou relacionados ao tema foram tambm veiculados em canal prpriono YouTube, denominado TV MROSC alm das fotos arquivadas emconta especfica do Flickr.

    23 Em 2013, a Secretaria-Geral apoiou a discusso da sociedade civil que constituiuum grupo de diversos atores de todas as regies do Brasil, que representamorganizaes da sociedade civil, movimentos sociais, governo, empresas,

    universidades, mdias e coletivos de jovens para pensar no futuro da sociedade civilorganizada no Brasil. O grupo construiu um conjunto de quatro cenrios sobre ofuturo da sociedade civil organizada no Brasil e os batizou inspirado por brincadeirasinfantis: o Mestre Mandou, em que todos seguem um guia; a Amarelinha, em que preciso percorrer um caminho, equilibrando-se para chegar ao cu; o Passa Anel, emque o negcio dissimular para quem foi passada a joia; e a Ciranda, na qual todos sedo as mos para cantar e danar juntos. Todos os materiais produzidos nesse projetoesto disponveis em sitena internet. Disponvel em: . Acesso em: 15 nov. 2014.24 Disponvel em: . Acesso em: 7 jan. 2015.25 Em agosto de 2014, a pgina do Marco Regulatrio no Facebook tinha 4.840 curtidas,

    sendo que as publicaes alcanaram 16.287 perfis. O maior alcance foi registrado no diada aprovao do PL n 7.168/2014, com 46.327 perfis.26 Ao todo foram, publicados 45 vdeos, com 3.776 visualizaes.

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    Essa produo e disseminao de conhecimentos gerou umacmulo significativo sobre o universo das OSCs e suas relaesde parceria com o Estado, bem como mobilizou gestores pblicos,representantes de rgos de controle, setores da academia e meiosde comunicao.

    Esse somatrio de aes articuladas potencializou a realizao do Seminrio Internacional do Marco Regulatrio das Organizaesda Sociedade Civil (maio de ), onde se fez um balano da agendae um debate sobre os desafios futuros. O evento reuniu representan-

    tes do governo, estudiosos, especialistas brasileiros e estrangeiros erepresentantes de centenas de organizaes de todo o pas e contoucom painis, debates, oficinas, um estande de tira-dvidas. Na oca-sio, foi promovida a Maratona Hacker das Organizaes da Socieda-de Civil, atividade que envolveu hackers, designers, pesquisadores einventores em geral na criao de aplicativos e solues tecnolgicassobre o universo das organizaes da sociedade civil e de suas par-cerias com o Estado.

    O seminrio fez parte da Arena da Participao Social, encontropromovido pela Secretaria-Geral que congregou mais de mil pes-soas em torno da Poltica Nacional de Participao Social, da agendado Marco Regulatrio das Organizaes da Sociedade Civil, e dosObjetivos do Desenvolvimento do Milnio e da construo dos Obje-tivos de Desenvolvimento Sustentvel, constituindo um momentohistrico de entregas e reflexo das lutas e conquistas dos ltimosanos em relao participao da sociedade civil na incidncia edesenvolvimento de polticas pblicas.

    A presena da presidenta da Repblica no evento permitiu a assi-natura de importantes atos normativos. O Decreto n ./alterou o Decreto n ./, dispondo sobre as normas relativass transferncias de recursos da Unio mediante convnios e con-tratos de repasse, tratando do pagamento da equipe de trabalho eaperfeioando as regras de prestao de contas com OSCs; o Decreton ./ institui a Poltica Nacional de Participao Social(PNPS) e o Sistema Nacional de Participao Social (SNPS); e oDecreto n ./ regulamentou a Lei n ./, para dispor

    sobre o processo de certificao das entidades beneficentes de assis-tncia social e sobre procedimentos de iseno das contribuies

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    para a seguridade social, autorizando a remunerao de dirigentessem a perda de benefcios fiscais.

    Durante o seminrio, a atividadePensando as Organizaes da Socie-dade Civil: a formao de uma rede de pesquisaarticulou pesquisadores,observatrios e representantes de centros de pesquisa para a criaode uma rede, para o mapeamento e para a reflexo crtica sobre a pro-duo de conhecimento atual relacionada ao tema.

    Para aumentar a mobilizao, produo e disseminao de conhe-cimentos sobre o MROSC, foi feito plano de comunicao colaborati-

    va, tendo como objetivo a formao de uma rede conectada em prolde acesso democratizado informao em diferentes plataformas.O processo pretendeu estimular a efetiva participao dos interessa-dos e garantir a pluralidade de olhares e de narrativas.

    As aes em torno da agenda do Marco Regulatrio das Organizaesda Sociedade Civil desenvolvidas nos ltimos anos fortaleceram a pau-ta. Os consensos e dissensos acerca de temas essenciais evidenciarama necessidade de dilogo permanente, de produo e disseminao de

    informao, da construo de narrativas que possam dar destaque aopapel das OSCs. O compromisso dos atores diretamente envolvidos demanter o debate aceso trouxe mesa novos pontos de vista e ajudou amobilizar aqueles cujas aes so convergentes com a pauta.

    Entre os principais atores com participao e responsabilidade naagenda do Marco Regulatrio esto as prprias organizaes da socie-dade civil, movimentos sociais, redes e coletivos, rgos pblicoscomponentes do poder Executivo e os do sistema de controle, o queinclui os tribunais pblicos de contas e ministrios, o Parlamento, os

    profissionais que apoiam a gesto das organizaes, comunicadores emidialivristas, alm de todo o sistema de acesso justia, envolvendo

    juzes, promotores, defensores pblicos e advogados.Nos captulos seguintes, sero apresentados avanos propos-

    tos nos eixos contratualizao, sustentabilidade ecertificao, assimcomo o contedo da nova Lei de Fomento e Colaborao com OSCsaprovada no mbito da agenda do Marco Regulatrio das Organiza-es da Sociedade Civil. Antes, no entanto, sero abordados dados ecaractersticas reveladas em pesquisas importantes realizadas nesse

    ltimo ciclo de gesto sobre quem so as organizaes da sociedadecivil no Brasil.

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    importante reconhecer que o grupo de trabalho criado, os even-tos e espaos de discusso promovidos pelo governo, bem como asdiversas iniciativas criadas para debates pelas organizaes da socie-dade civil constituram um arcabouo relevante para que a agendapudesse ser pactuada com padres mnimos de consenso.

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    33.O UNIVERSO DASORGANIZAESDA SOCIEDADE CIVILNO BRASIL

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    3.1 QUEM SO E O QUE FAZEM AS ORGANIZAES DA SOCIEDADECIVIL NO BRASIL

    As organizaes da sociedade civil (OSCs) no Brasil tm como atribu-tos: serem de natureza privada, sem fins lucrativos, legal e voluntaria-mente constitudas e administradas. Do ponto de vista da naturezajurdica e nos termos do que determina o Cdigo Civil brasileiro,as OSCs assumem no Brasil as figuras de associaes, fundaes eorganizaes religiosas. Conformam, assim, um subconjunto de um

    total de , mil entidades privadas sem fins lucrativos presentes nopas ().

    Entre as figuras jurdicas citadas, a maior parte das OSCs enquadra--se nas formas societrias de associao e fundao. As associaesso constitudas pela unio de pessoas que se organizam para deter-minados fins, que podem ser voltados coletividade, como as que pro-movem os direitos das pessoas com deficincia, ou ser de benefciomtuo e se restringir a um grupo seleto e homogneo de associados,

    destinados, por exemplo, recreao, como o caso dos clubes.A fundao, por sua vez, definida pela destinao de seu patrim-nio. Seu momento de criao coincide com a dotao de bens destina-dos a cumprir uma finalidade social, de acordo com a vontade de seusinstituidores, que determinam tambm as formas como esse patrim-nio ser administrado. As fundaes privadas podem ser institudaspelo patrimnio de indivduos ou de empresas. J as associaes norequerem capital para iniciar suas aes, uma vez que esto baseadasnas pessoas. Ambos os tipos so regidos por estatutos sociais, elabo-

    27 Esta delimitao segue a metodologia do Manual sobre as instituies sem fins lucrativosno sistema de contas nacionais (Handbook on Non-Profit Institutions in the System of National

    Accounts), elaborado em 2002 pela Diviso de Estatstica da Organizao das Naes Unidas(ONU), em conjunto com a Universidade John Hopkins (EUA). INSTITUTO BRASILEIRO DEGEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE).As fundaes privadas e associaes sem fins lucrativosno Brasil: 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.28 Lei n 10.406/2002 (artigos 53 a 69).29 As entidades privadas sem fins lucrativos compreendem tambm associaes de

    natureza especial, como partidos polticos e entidades sindicais, e outras situaesque, por convenincia fiscal, so definidas como sem fins lucrativos, como o caso dassociedades cooperativas e dos condomnios, entre outras situaes.

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    rados segundo as regras do Cdigo Civil. O quadro a seguir sintetizadiferenas e semelhanas entre associaes e fundaes.

    QUADRO 1. ASSOC IAES E FUNDAES NO BRASIL

    Fonte: Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2012.

    O atual Cdigo Civil agregou a expresso de fins no econmicos paraas associaes, que vem sendo interpretada como sinnimo de finali-dade no lucrativa e, portanto, no impede que as OSCs realizem ati-

    vidades de gerao de renda coerentes com seus objetivos estatutrios.As organizaes religiosas, tambm consideradas nesta delimitao

    das OSCs, conquistaram uma figura jurdica prpria a partir da Lein ./, que alterou o Cdigo Civil e incluiu um novo tipo socie-trio. No foram todas as associaes de origem religiosa que adotaramessa nova figura; muitas ainda esto por adotar a nova forma para melhororganizar e separar as suas aes. Sabe-se que igrejas possuem forte e his-trica presena na prestao de servios pblicos, sobretudo nas reas deeducao, sade e assistncia social, sendo que, de modo geral, a presta-o de servios realizada por associaes criadas para essas finalidadesespecficas e, portanto, independentes de atividades confessionais.

    Importante atentar neste cenrio das OSCs as cooperativas que, adespeito da finalidade econmica (de gerao de renda para os coope-

    ASSOCIAO FUNDAO

    Origem Conjunto de pessoas que seorganizam para um determinado fim.

    Patrimnio (conjunto de bens)destinado a um objetivo determinado.

    Finalidade No lucrativa, de interesse pblicoou mtuo (dos associados).A depender dos estatutos, existea possibilidade de os associadosalterarem a finalidade institucionalpor meio de assembleia.

    No lucrativa, de interesse pblico.Finalidade perene e que deve seguiro determinado pelo(s) fundador(es).S pode ser alterada sob autorizaodo Ministrio Pblico.

    Patrimnio No h obrigao de existncia decapital social ou patrimnio inicial.

    Obrigatoriedade de existncia de umpatrimnio mnimo e de um planode sustentabilidade aprovado peloMinistrio Pblico.

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    rados), podem ter, nos princpios que as orientam, muito mais seme-lhanas com as associaes do que com as empresas, no caso daquelasque atuam na incluso produtiva de grupos socialmente vulnerveis.

    A existncia da figura das cooperativas sociais a partir de lei especfica(n ./) que tem o objetivo de inserir pessoas em desvantagemno mercado de trabalho um caso clssico nesse sentido.

    As cooperativas de incluso produtiva que atuam em reas espec-ficas coleta, processamento e comercializao de resduos slidosurbanos, extrativismo e integradas por pessoas em situao de vulne-

    rabilidade social, risco pessoal e social representam tpicas situaesem que a sociedade se une para finalidades de atuao de interessepblico, interveno poltica e incluso produtiva, com gerao de tra-balho e renda.

    EVOLUO DO NMERO DE ORGANIZAESDA SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL

    Aplicando os critrios de identificao das organizaes da socieda-de civil e enfocando nos tipos societrios de associaes e fundaes,foi identificada em a presena de . OSCs no Brasil. Com

    30 A Lei n 9.867/1999 dispe sobre a criao e o funcionamento de Cooperativas

    Sociais, visando integrao social dos cidados, conforme especifica. De acordo como art. 1, as cooperativas sociais, constitudas com a finalidade de inserir as pessoasem desvantagem no mercado econmico, por meio do trabalho, fundamentam-se nointeresse geral da comunidade em promover a pessoa humana e a integrao socialdos cidados, e incluem entre suas atividades: a organizao e gesto de serviossociossanitrios e educativos e o desenvolvimento de atividades agrcolas, industriais,comerciais e de servios. De acordo com o art. 3 da referida lei, consideram-sepessoas em desvantagem: I os deficientes fsicos e sensoriais; II os deficientespsquicos e mentais, as pessoas dependentes de acompanhamento psiquitricopermanente, e os egressos de hospitais psiquitricos; III os dependentes qumicos;IV os egressos de prises; VI os condenados a penas alternativas deteno; VII os

    adolescentes em idade adequada ao trabalho e situao familiar difcil do ponto de vistaeconmico, social ou afetivo.31 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE). op. cit.

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    dados do ano seguinte e adotando metodologia prpria, a pesquisarealizada pela Fundao Getulio Vargas (FGV) em parceria com a Secre-taria-Geral da Presidncia da Repblica (SG/PR)encontrou, em , mil OSCs em atividade no pas.

    A mesma pesquisa permitiu conhecer a distribuio das OSCssegundo sua natureza jurdica. Seus dados mostram que % das orga-nizaes so constitudas juridicamente como associaes privadas,seguidas por organizaes religiosas (cerca de %) e fundaes priva-das (cerca de %), como se observa no Grfico .

    GRFICO 1. ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL

    POR NATUREZA JURDICA, 2011

    Fonte: FGV PROJETOS e SECRETARIA-GERAL DA PRESIDNCIA DA REPBLICA. Pesquisa sobreas organizaes da sociedade civil e suas parcerias com o governo federal. Rio de Janeiro/Braslia: FGVProjetos/Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2014. [A partir dos dados da Relao Anual de

    Informaes Sociais (Rais MTE), 2011.]

    32 A Pesquisa sobre as organizaes da sociedade civil e suas parcerias com o governofederalutiliza os dados da Relao Anual de Informaes Sociais (Rais) do Ministriodo Trabalho e Emprego, de 2011, enquanto na Fasfil so utilizados os dados do CadastroCentral de Empresas (Cempre), de 2010, que s so acessveis ao IBGE.33 FGV PROJETOS e SECRETARIA-GERAL DA PRESIDNCIA DA REPBLICA.Pesquisa sobre as organizaes da sociedade civil e suas parcerias com o governo federal.Rio de Janeiro/Braslia: FGV Projetos/Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2014.

    34 As duas pesquisas mostram que as OSCs representam cerca de 50% do total deentidades sem fins lucrativos e 5% do total de pessoas jurdicas cadastradas no Cempre,de direito pblico ou privado.

    0

    0

    0

    0

    0

    0

    0

    Associao

    privada

    Organizao

    religiosa

    Fundao

    privada

    Fundao ou

    associao

    estrangeira

    Fundao ou

    associao

    domiciliada no exterior

    Comunidade

    indgena

    0

    0

    0

    89,85%

    7,65%

    2,31% 0,12% 0,07% 0,01%

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    possvel observar o crescimento constante do nmero de OSCsno Brasil: em havia mil e, em , mil entidades umaumento de ,% no perodo. Ainda que em tenha se observadoa reduo de , mil para , mil OSCs que ocorreu em funo dasmudanas de metodologia da pesquisa, passando a excluir as exis-tentes, porm inativas , o nmero de organizaes da sociedade civil

    voltou a crescer em (, mil), passando para . em .A partir de , possvel observar o crescimento de % no nmerode OSCs at o que revela um crescimento anual de cerca de %.

    Em relao distribuio das OSCs por data de fundao, observa--se que parte significativa das entidades nova, pois % do total deOSCs existentes hoje foi criada entre e , dos quais metadesurgiu a partir de . No entanto, apesar desse crescimento recente,predomina ainda uma parcela considervel das OSCs fundadas entre e (,% do total de entidades), com maior concentraono perodo de a (%). Esse nmero reflete o momento dereabertura democrtica do pas que, com a Constituio de e o

    reconhecimento do direito participao dos cidados nas polticaspblicas, configurou um perodo bastante profcuo para a criao e ainstitucionalizao de organizaes da sociedade civil.

    35 A incluso de pergunta na Rais (Cadastro do Ministrio do Trabalho e Emprego) sobre

    a existncia de atividade no ano-calendrio anterior mudou a caracterst ica do estudo,que passou a considerar apenas as ativas e no mais as inativas e, com isso, refinoudados do universo das organizaes.

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    GRFICO 2. ORGANIZAES DA SOC IEDADE CIVIL POR ANO DE FUNDAO

    Fonte: IBGE.As fundaes privadas e associaes sem fins lucrativos no Brasil: 2010. Rio de Janeiro:IBGE, 2012.

    MERCADO DE TRABALHO

    Em , as OSCs empregavam, juntas, , milhes de trabalhado-res formais assalariados, uma mdia de , pessoas assalariadas porentidade. Esse contingente bastante expressivo, j que equivale a,% dos trabalhadores formais brasileiros e a um quarto do total dosempregados na administrao pblica, no mesmo ano.

    Uma caracterstica relevante que ,%, ou seja, mil entidades,no empregam nenhum trabalhador formal. Sobre esse fato, impor-

    At

    1970

    de 1971

    a 1980de 1981

    a 1990

    de 1991

    a 2000

    de 2001

    a 2005

    2006 2007 2008 2009 2010

    2010

    (4%)

    2009(5%)

    2008(4%)2007(4%)

    2006(4%)

    De200

    1a200

    5(20%)

    De1991a200

    0(31%)

    De1981a

    1990(16%

    )

    De1971

    a1980(9%)

    At

    1970(3%)

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    tante considerar o peso do voluntariado no Brasil, que engloba partesignificativa dessa fora de trabalho.

    De acordo com a pesquisa realizada pela Rede Brasil Voluntrio e oIbope em , uma em cada quatro pessoas realizam trabalho volun-trio no Brasil (cerca de milhes de cidados maiores de anos, sen-do milhes os voluntrios ativos na pesquisa). A Pesquisa de Enti-dades de Assistncia Social Privadas sem Fins Lucrativos (Peas), queaprofunda o perfil das OSCs na rea da assistncia, e cuja ltima ediocompleta de , tambm ajuda a dimensionar o fenmeno, mos-trando que dos . colaboradores que atuam em tais entidades, os

    voluntrios constituem a maior parte, respondendo por ,% do total.

    36 Por voluntariado ou servio voluntrio entende-se a atividade no remunerada,prestada por pessoa fsica entidade pblica de qualquer natureza ou instituio privadade fins no lucrativos, que tenha objetivos cvicos, culturais, educacionais, cientficos,recreativos ou de assistncia social, inclusive, mutualidade (Lei n 9.608/1998). Com dadosde 2000, a pesquisa Doaes e trabalho voluntrio no Brasilmostrou que, naquele ano, o

    nmero de voluntrios no Brasil girava em torno de 19,7 milhes de pessoas, sendo que 71%delas informou trabalhar em organizaes sem fins lucrativos. In LANDIM, L. e SCALON,M. C. Doaes e trabalho voluntrio no Brasil: uma pesquisa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2000apud INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE). Fundaes eassociaes sem fins lucrativos no Brasil. Rio de Janeiro: 2002.37 At hoje o voluntariado tinha sido muito pouco dimensionado no pas, o que faz comque se desconhea o perfil e o volume desse tipo de engajamento, bem como sua relaocom as OSCs. Esse desafio enfrentado pela primeira vez pela Pesquisa Nacional porAmostra de Domiclios Contnua (Pnad Contnua) do IBGE, que ir substituir a tradicionalPnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do mesmo instituto. Alm de adotaruma metodologia mais abrangente, a Pnad Contnua usa os novos conceitos recomendados

    recentemente pela Organizao Internacional do Trabalho (OIT) para aferio do mercadode trabalho. A pesquisa, que trimestral, divulgar os resultados completos do mercado detrabalho relativos ao 1 trimestre de 2012 ao 3 trimestre de 2014, em janeiro de 2015.38 REDE BRASIL VOLUNTRIO/IBOPE INTELIGNCIA. Projeto voluntariado Brasil, 2011.Disponvel em: . Acesso em: 15 nov. 2014.39 Considerando como referncia a populao brasileira contabilizada na PesquisaNacional Amostral por Domiclios (Pnad/IBGE) de 2009 185,953 milhes de acordo como apontado na metodologia da pesquisa.40 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE).As entidades deassistncia social privadas sem fins lucrativos no Brasil: 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.41 Ainda que os primeiros resultados da edio de 2013 da pesquisa j tenham sido

    lanados de ser lanados, a ltima edio completa da pesquisa, que torna possvelcitar os dados mencionados, refere-se ao ano de 2006.

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    Alm do trabalho no remunerado, no entanto, preciso conside-rar a presena forte de trabalho autnomo nas organizaes, caracte-rstico de um sistema baseado em prestao de servios, com a lgicade financiamento por projetos. Das pessoas que colaboram com asorganizaes, muitas o fazem de forma autnoma, somando-se equi-pe do projeto como pessoa fsica (no caso de trabalhos pontuais ou portempo determinado), ou como pessoa jurdica prestadora de servios,como o caso das empresas de contabilidade, escritrios de advocaciaou consultorias de gesto.

    Pelos dados apresentados de pessoas com vnculos empregat-cios nas OSCs e as caractersticas apontadas em relao ao trabalho

    voluntrio e autnomo, no possvel afirmar categoricamente terhavido aumento da formalidade nas OSCs, mas plausvel observarque ocorreram avanos nesse sentido, j que houve aumento de cer-ca de % no nmero de trabalhadores assalariados nas OSCs entre a .

    Outra caracterstica do mercado de trabalho das organizaes da

    sociedade civil a predominncia feminina no setor, j que % dopessoal ocupado assalariado composto de mulheres porcentagembem superior do Cadastro Central de Empresas (Cempre) como umtodo, em que essa presena cai para ,%. A predominncia feminina visvel em todas as regies do pas e, do ponto de vista da sua distri-buio por rea de atuao das OSCs, mais forte nas reas de sa-de e assistncia social, apresentando disparidade em relao mdianacional as mulheres representam ,% e ,% do pessoal ocupadoassalariado das respectivas reas, de acordo com a pesquisa As fun-

    daes privadas e associaes sem fins lucrativos no Brasil(Fasfil/IBGE).Considerando o porte das organizaes da sociedade civil de acor-

    do com o nmero de trabalhadores ocupados, possvel afirmar quea grande maioria de pequeno porte. Em , enquanto , milentidades possuam menos de cinco pessoas assalariadas (,%), nooutro extremo, apenas ,% das entidades tinham mais de empre-gados (. OSCs). Nesse pequeno grupo das maiores organizaes,no entanto, est concentrada , milho de pessoas, o que equivale a,% do total de empregados.

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    TABELA 1. OSCS E PESSOAL OCUPADO SEGUNDO FAIXAS DE PESSOALOCUPADO ASSALARIADO NO BRASIL, 2010

    As fundaes so as que possuem maior nmero mdio de vnculosde trabalho por organizao: so 47,1 vnculos por organizao con-tra uma mdia de 7, considerando todas as naturezas jurdicas dasOSCs. Isso pode levar a supor que, em comparao s associaes,

    as fundaes so OSCs mais estruturadas, porque foram criadas comdotao oramentria inicial que as permitem ter mais planejamen-to de sua sustentabilidade econmica e, com isso, ter maior acesso arecursos para manter um maior contingente de vnculos de trabalho.

    Ainda assim, em funo de a grande maioria das OSCs ser constitudacomo associaes, a maior parte dos vnculos em termos quantitativosest concentrada nessa figura jurdica (82,7% do total).

    42 De acordo com os dados da pesquisa FGV/SG-PR, que permite a desagregao dosdados por natureza jurdica das OSCs.

    FAIXAS DEPESSOAL OCUPADOASSALARIADO

    FUNDAES PRIVADASE ASSOCIAESSEM FINS LUCRATIVOS

    PESSOAL OCUPADOASSALARIADO

    Total Percentual (%) Total Percentual (%)

    Total 290.692 100 2.128.007 100

    Sem pessoal ocupado 210.019 72,2 - -

    De 1 a 2 32.228 11,1 43.157 2,0

    De 3 a 4 11.645 4,0 39.719 1,9

    De 5 a 9 12.388 4,3 82.128 3,9

    De 10 a 49 17.340 6,0 376.284 17,7

    De 50 a 99 3.459 1,2 239.522 11,3

    De 100 a 499 2.975 1,0 601.830 28,3

    500 e mais 638 0,2 745.367 35,0

    Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas, 2010.

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    TABELA 2. NMERO MDIO DE VNCULOS DE TRABALHO ENTRE AS OSCS NOBRASIL POR NATUREZA JURDICA

    Fonte: FGV PROJETOS e SECRETARIA-GERAL DA PRESIDNCIA DA REPBLICA. Pesquisa sobreas organizaes da sociedade civil e suas parcerias com o governo federal. Rio de Janeiro/Braslia: FGVProjetos/Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2014. [A partir dos dados da Relao Anual de

    Informaes Sociais (Rais MTE), 2011.]

    As organizaes da sociedade civil que mais empregam profissio-nais so as que atuam nas reas de sade (%), educao e pesquisa(,%), seguidas daquelas ligadas assistncia social (,%), que soas trs reas mais tradicionais em relao atuao das OSCs no pas.Nesse particular, cabe ressaltar que mais da metade dos assalariadosdas OSCs (%) esto ocupados nas entidades de sade e educao,

    que representam apenas % do total de organizaes.O rendimento mdio dos trabalhadores das OSCs em era de ,

    salrios mnimos, um pouco superior remunerao mdia de todos osassalariados das organizaes pblicas e privadas, lucrativas e no lucra-tivas, cadastradas no Cempre , salrios mnimos mensais, sendoque os maiores salrios so os da rea de educao superior (, salriosmnimos/ms). Do ponto de vista da distribuio territorial dos salrios, o

    43 O que equivalia na poca a R$ 1.667,05 e, em 2014, a R$ 2.389,20.44 O que equivalia em 2010 a R$ 1.650,30 e, em 2014, a R$ 2.316,80.

    OSCS PORNATUREZA JURDICA

    NMERO MDIO DEVNCULOS DE TRABALHOPOR ORGANIZAO

    PROPORO DEVNCULOS EMRELAO AO TOTAL

    Fundaes privadas 47,1 15,8%

    Fundaes ou associaesestrangeiras 4,4 0,1%

    Fundaes ou associaesdomiciliadas no exterior 4,0 0,0%

    Organizaes religiosas 1,2 1,3%

    Comunidades indgenas 0,3 0,0%

    Associaes privadas 6,3 82,7%

    Total 6,9 100%

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    rendimento mdio dos trabalhadores no Nordeste era de , salrios mni-mos por ms, em , enquanto no Sudeste era de , salrios.

    A maior parte dos empregos gerados pelas OSCs se concentra noSudeste. De acordo com a Fasfil, Mais da metade do pessoal ocupadoassalariado das Fasfil (,%), o que equivale a , milho de pessoas,estem instituies localizadas na regio Sudeste, em especial no estado deSo Paulo, que rene, sozinho, , mil desses trabalhadores (,%).Tal distribuio, entretanto, supera bastante a estrutura da ocupaono mercado de trabalho no Brasil, o que demonstra uma concentrao

    mais elevada que o normal na regio. Segundo dados do Censo Demo-grfico (IBGE), do total de pessoas ocupadas no pas, ,% estono Sudeste, ou seja, o mercado de trabalho, em geral, concentra nessesterritrios propores inferiores s das Fasfil.

    GRFICO 3. REAS DE ATUAO DAS OSCS QUE MAIS EMPREGAM TRABALHADORES

    Fonte: Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2012.

    Isso ocorre tambm em funo das organizaes com cem ou mais pes-soas assalariadas estarem fortemente concentradas no Sudeste do pas:

    45 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE).As fundaesprivadas e associaes sem fins lucrativos no Brasil: 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.

    Assistnciasocial

    Religio Defesade direitos

    Cultura erecreao

    Educaoe pesquisa

    Sade

    7,1%

    11,1%

    7,4%

    14,6%

    26,4% 27%

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    na regio encontram-se ,% do total das grandes OSCs. Em contra-partida, nas regies Nordeste e Norte, encontram-se apenas ,% dasorganizaes de grande porte, como indicado na Tabela .

    TABELA 3. CONCENTRAO DE ORGANIZAES DA SOC IEDADE CIVIL POR

    PORTE E LOCALIZAO GEOGRFICA

    Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas, 2010.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA DAS OSCS NO PAS

    Do ponto de vista da distribuio geogrfica das OSCs no territrio, apresena dessas organizaes na regio Sudeste tem sido historica-mente maior, no s no caso das entidades maiores. Desde a dcadade , a regio sempre deteve o maior nmero de OSCs do Brasil(atualmente, % se concentram no Sudeste).

    Essa preponderncia, no entanto, vem sofrendo alteraes: de a , a concentrao das OSCs na regio Sudeste caiu de ,% para%, tendo apresentado um novo aumento entre os anos mais recen-tes ( a ). J a regio Nordeste tem ganhado gradativamente

    mais espao no universo das OSCs, ultrapassando a regio Sul, quedesde vinha sendo a segunda regio do pas com maior nmero

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    FUNDAES PRIVADAS E ASSOC IAES SEM FINS LUCRATIVOS

    Faixas de pessoal ocupado assalariado

    TotalSem

    pessoalocupado

    1 a 2 3 a 4 5 a 9 10 a 49 50 a 99 100 a 499 500 e mais

    Brasil 290.692 210.019 32.228 11.645 12.388 17.340 3.459 2.975 638

    Norte 14.128 10.871 1.374 494 523 594 123 129 20

    Nordeste 66.529 55.278 4.759 1.743 1.673 2.121 460 403 92

    Sudeste 128.619 85.979 16.220 5.902 6.608 9.832 1.966 1.746 366

    Sul 62.633 45.833 6.848 2.470 2.598 3.605 641 520 118

    Centro-Oeste 18.783 12.058 3.027 1.036 986 1.188 269 177 42

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    de OSCs. Esse fato pode revelar o fortalecimento da formalizao dasociedade civil organizada na regio e tambm a tendncia a uma dis-tribuio mais equilibrada das OSCs entre as regies do pas.

    MAPA 1. LOCALIZAO DAS ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL

    NO TERRITRIO NAC IONAL

    Fonte: Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2012.

    46 Idem.

    44%22%

    6%

    5%

    23%

    Total: 60.265

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    A localizao geogrfica das sedes das OSCs acompanha a distribuioda populao no pas. Se no Sudeste existem mais OSCs, nessa regiotambm est a maior concentrao populacional. Da mesma forma, asegunda maior concentrao de OSCs est no Nordeste, onde esto,% dos brasileiros. No Sul, ocorre a maior concentrao de OSCspor habitante, enquanto no Norte essa relao se inverte: h maiorconcentrao populacional em relao ao nmero de OSCs.

    Cabe ressaltar que frequente que uma organizao tenha sede emum determinado municpio, mas englobe projetos de extenso nacio-

    nal que alcanam outros municpios. A ttulo de exemplo, cita-se aPastoral da Criana, que tem Curitiba como sede, mas atua em maisde mil municpios do pas em projetos de erradicao da mortalida-de infantil. Essa uma das dificuldades de mapear com preciso a atu-ao das OSCs, que pode no se circunscrever jurisdio de sua sede.Mas no geral o dado macro ajuda a entender o cenrio, e cruzamentosmais amides facilitaro a compreenso do fenmeno.

    47 Em relao localizao das OSCs, cabe salientar que os dados so construdostendo como base o local da sede das organizaes, o que no significa, necessariamente,que sua atuao se restrinja a esses locais. Sobre isso, a pesquisa Peas (2006), sobre

    as entidades que atuam na rea da assistncia social mostra que, ainda que cerca de70% das entidades atuem na esfera municipal (ou local), 15,4% exercem atividade comabrangncia nacional, 7,8% atuam no nvel regional e 6,9% no mbito estadual.

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    MAPA 2. EVOLUO DA PRESENA DAS ORGANIZAES DA SOC IEDADE CIVILNAS UNIDADES DA FEDERAO

    Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Cadastro Central de Empresas, 2010.

    Total: 9.558

    At 1970

    1,7%

    58,1%

    25,9%

    3,6%

    10,7%

    2,6%

    54,4%

    25,6%

    6,3%

    11,1%

    Total: 27.270

    De 1971 a 1980

    3,8%

    47,8%

    24,4%

    6,7%

    17,3%

    Total: 45.132

    De 1981 a 1990

    5,1%

    40,2%

    21,1%

    6,2%

    27,4%

    Total: 90.079

    De 1991 a 2000

    5,6%

    41%

    20%

    6,9%

    26,5%

    6,2%

    44%

    19%

    6,7%

    24,1%

    Total: 58.388

    De 2001 a 2005Total: 60.265

    De 2006 a 2010

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    ATIVIDADE E REA DE ATUAO DAS OSCS

    Em relao s atividades desenvolvidas pelas OSCs, e utilizando oscritrios adotados pela Fasfil do IBGE, que agrupam dez reas deatuao, prevalecemas organizaes de desenvolvimento e defesa dedireitose de interesses dos cidados que, juntas, representam % dototal de organizaes. Em seguida, a pesquisa revela a prepondernciadas OSCs ligadas religio (%), cultura e recreao (,%), assistn-cia social (,%), e das OSCs que atuam na rea de educao e pesqui-

    sa (,%), como podemos observar no Grfico . A religio a rea queapresenta o maior crescimento entre as OSCs entre e , quandoforam criadas , mil entidades consideradas organizaes religiosas.

    48 O IBGE utiliza os critrios da Classificao dos Objetivos das Instituies sem FinsLucrativos a Servio das Famlias (Classification of the Purposes of Non-Profit InstitutionsServing Households COPNI), da famlia de classificaes definida e reconhecida como

    tal pela Diviso de Estatsticas da ONU, adequada s necessidades do estudo. Trata-sede uma COPNI ampliada, que inclui o conjunto das entidades sem fins lucrativos (eno somente a servio das famlias). A utilizao dessa classificao tem como objetivoseguir os padres internacionais de classificao, bem como manter a metodologiaadotada em todas as edies da Fasfil. De acordo com essa classificao, a Fasfil utilizoudez grupos (entre os quais encontram-se subgrupos) para enquadrar a atividade dasOSCs. A saber: (1) Habitao, (2) Sade, (3) Cultura e Recreao, (4) Educao e Pesquisa,(5) Assistncia social, (6) Religio, (7) Partidos Polticos, Sindicatos, AssociaesPatronais e Profissionais, (8) Meio Ambiente e Proteo Animal, (9) Desenvolvimentoe Defesa de Direitos e (10) Outras. Alm de definidas as categorias, o critrio para oagrupamento na Fasfil de alocao da atividade econmica preponderante descrita

    no Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica (CNPJ). Ocorre que muitas organizaes seinscrevem com o descritivo de outras formas de associao, o que dificulta a precisodo dado. Para melhor apur-lo, na Fasfil utiliza-se tambm alguns algoritmos que ajudama classificar as organizaes nos grupos a partir do descritivo da razo social, ou seja,do seu nome. E h um contingente residual que entregue a uma equipe de call centerdo IBGE para ligaes diretas que buscam esclarecer a informao. Alm disso, aequipe tcnica responsvel pela pesquisa auxilia a dirimir os casos mais complexos e acriar diretrizes para refinar os dados. Os profissionais que atuam com a contabilidadedas organizaes e normalmente so os que fazem a inscrio no CNPJ tm papelfundamental nessa correta alocao, e as organizaes devem ter ateno com esseponto para melhorar a sua transparncia ativa e o conhecimento do universo sobre o setor.

    49 Esto includas na categoria desenvolvimento e defesa de direitos as associaesde moradores, defesa de direitos de grupos de minorias, entre outras, e as associaespatronais e profissionais (associaes de profissionais, de produtores rurais etc.).

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    GRFICO 4. ORGANIZAES DA SOCI EDADE CIV IL POR REAS DE ATUAO

    Fonte: Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2012.

    Observando o critrio de finalidade de atuao das OSCs e analisando,portanto, a atividade econmica das organizaes, quase a totalida-de (%) das OSCs identificadas na Rais esto representadas nas dez

    50 Para essa leitura utiliza-se a pesquisa FGV/SG-PR, que partiu da anlise da atividadeeconmica das organizaes identificada com base na declarao realizada nomomento de inscrio do CNPJ, que utiliza como base a Classificao Nacional deAtividade Econmica (CNAE). Ainda que no permita a compatibilidade com a Fasfil doIBGE ou mesmo outras pesquisas internacionais, essa leitura valoriza as classificaes

    j existentes no sistema de cadastro brasileiro e, em funo disso, aponta a necessidadede melhorias tanto dos dados cadastrais como das prprias classificaes da CNAE,permitindo incidncia nesse campo.

    Cultura eRecreao

    12,7%

    Religio28%

    AssociaesPatronais e

    Profissionais

    16%

    AssistnciaSocial

    10,2%

    Educaoe Pesquisa

    6,1%

    Outras

    9%

    Habitao, Sadee Meio Ambiente

    3%

    Desenvolvimento eDefesa de Direitos

    15%

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    primeiras posies de subclasses CNAE. O Grfico mostra que cercade % das OSCs atuam como organizaes associativas (categoria queengloba as atividades de organizaes associativas patronais, empresariaise profissionais, de defesa de direitos sociais, de organizaes religiosas,polticas e ligadas cultura e arte). Em segundo lugar esto OSCs queatuam na rea de educao (,%), seguidas das que realizam atividadesligadas ao esporte, recreao e lazer (,%).

    As OSCs ligadas s atividades de assistncia social e sade somam cercade %. Atividades artsticas, e aquelas ligadas agricultura e pecuria e ao

    meio ambiente representam menos de % cada uma no universo das OSCs.

    GRFICO 5. ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL POR ATIVIDADE

    ECONMICA SEGUNDO SUBCLASSES CNAE, 2011

    Fonte: FGV PROJETOS e SECRETARIA-GERAL DA PRESIDNCIA DA REPBLICA. Pesquisa sobreas organizaes da sociedade civil e suas parcerias com o governo federal. Rio de Janeiro/Braslia: FGVProjetos/Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, 2014. [A partir dos dados da Relao Anual de

    Informaes Sociais (Rais MTE