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Novas Metodologias para Análise de órgãos e músculos a partir de imagens médicas – Aplicações à Cavidade Pélvica Feminina Alex Fernando de Araujo Relatório Planeamento de Investigação Programa Doutoral em Engenharia Informática Orientador: João Manuel R. S. Tavares (DEMec/FEUP) Julho de 2010

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Novas Metodologias para Análise de órgãos e músculos a partir de imagens médicas – Aplicações à Cavidade Pélvica

Feminina

Alex Fernando de Araujo

Relatório Planeamento de Investigação

Programa Doutoral em Engenharia Informática

Orientador: João Manuel R. S. Tavares (DEMec/FEUP)

Julho de 2010

ResumoA análise de órgãos em imagens médicas é muito importante para aplicação em

medicina, quando realizada de forma robusta, eficiente e automática, tornando-se uma

ferramenta útil no auxílio ao diagnóstico médico e na avaliação de planos de tratamento.

Além disso, a construção de modelos geométricos adequados de órgãos a partir de imagens é

requerido pelos sistemas computacionais que realizam a simulação dos órgãos de forma

realística e melhorada.

Disfunções nos órgãos da cavidade pélvica feminina podem causar doenças como

incontinência urinária e fecal. A visualização dos órgãos é feita através de exames por

imagens, como por exemplo ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultra-

sonografia. Métodos para analisar e processar imagens médicas têm sido propostos, com

várias aplicações. No entanto, ainda não há metodologias computacionais eficientes e

automatizadas para realizar a análise de imagens dos órgãos da cavidade pélvica feminina.

Propõe-se neste projecto o desenvolvimento de metodologias para a análise

automática, robusta e eficiente de órgãos em imagens médicas, incluindo a reconstrução de

modelos geométricos 3D adequados para os mesmos. Na análise de imagens, será considerada

a segmentação de órgãos com formas e topologias complexas, o seu seguimento, alinhamento

e emparelhamento. Neste projecto pretende-se adoptar imagens da cavidade pélvica feminina.

A análise robusta e automática de órgãos em imagens e a construção de modelos

geométricos adequados para os mesmos apresentam questões complexas ainda por responder.

Este projecto irá superar algumas dessas questões pela adoção de princípios biomecânicos na

modelação dos órgãos em análise.

Com este projecto pretende-se contribuir com o desenvolvimento de novas

metodologias que permitam um melhor entendimento sobre o funcionamento dos órgãos da

cavidade pélvica e suas disfunções. Estas novas metodologias também servirão para auxiliar

no treinamento de profissionais da área médica, bem como em cirurgias auxiliadas por robôs.

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ÍndiceCapítulo 1 – Introdução ............................................................................................................... 4 Capítulo 2 - Estado da arte .......................................................................................................... 8

2.1 - Introdução ....................................................................................................................... 8 2.2 – Segmentação ................................................................................................................. 9

2.2.1 – Algoritmos baseados em limiar ............................................................................. 10 2.2.2 – Algoritmos baseados em técnicas de agrupamento (clustering) ........................... 14 2.2.3 – Algoritmos baseados em modelos deformáveis .................................................... 15

2.3 – Seguimento (Tracking) ................................................................................................ 19 2.4 – Emparelhamento e alinhamento de imagens ................................................................ 20

Capítulo 3 – Proposta de Tese ................................................................................................... 22 3.1 – Objectivos .................................................................................................................. 22 3.2 – Questão de investigação ............................................................................................... 23 3.3 – Hipótese de pesquisa .................................................................................................... 23

Capítulo 4 – Plano de trabalho .................................................................................................. 24 4.1 – Descrição das tarefas .................................................................................................... 24 4.2 – Cronograma .................................................................................................................. 27 4.3 – Implicações da Pesquisa ............................................................................................... 27

Bibliografia ............................................................................................................................... 29 Apêndice A ............................................................................................................................... 35

3

Capítulo 1 – Introdução

A análise de órgãos e músculos a partir de imagens médicas, geralmente envolve

processar imagens com baixa resolução, como pode-se observar na Figura 1.1. Nota-se na

imagem desta figura, a região central (destacada pelo rectângulo amarelo) é composta por

áreas de baixo contraste e algumas transições suaves, o que pode gerar erros durante a

extração de características dos órgãos representados nesta parte da imagem. Além disso,

alguns órgãos possuem forma e topologia complexas. As imagens mais comumente usadas

neste tipo de análise são obtidas através de exames de tomografia computadorizada,

ressonância magnética e ultra-sonografia.

Figura 1.1: Exemplo de uma imagem da cavidade pélvica feminina de ressonância

magnetica.

4

O funcionamento dos órgãos humanos está sujeito a problemas causados por doença

ou mesmo pela idade. Disfunções nos órgãos da cavidade pélvica feminina, por exemplo,

geram transtornos que afectam mulheres de todo o mundo e de diferentes idades. Estima-se

por exemplo, que entre 30% e 50% das mulheres européias e norte-americanas são afectadas

por incontinência urinária [37]. A elaboração de planos de tratamento, sejam cirúrgicos ou

não, para estas disfunções requer um conhecimento elevado e detalhado das disfunções

ocorridas, bem como do funcionamento normal desses órgãos. Usando apenas imagens de

exames de tomografia computadorizada, ressonância magnética ou ultra-sonografia, é difícil

verificar a maneira como um determinado órgão está funcionando, porque às vezes estes

exames geram imagens bidimensionais, onde cada imagem representa apenas uma “fatia”

(slice) dos órgãos, em um determinando instante de tempo. Além disso, o fato de cada slice

possuir informações sobre várias estruturas dificulta a localização e a definição da forma de

cada órgão.

O primeiro passo para analisar estas imagens, é identificar as regiões que pertencem

aos órgãos de interesse. Fazer tal identificação manualmente demanda muito tempo ao

proffisional de saude, e não é viável devido ao grande número de imagens que são geradas por

estes exames. Para ajudar esta tarefa, têm sido propostos métodos computacionais para

realizar a extracção de regiões características de imagens médicas, usando diferentes

conceitos [37]. No entanto, a baixa resolução de algumas imagens e a forma complexa dos

órgãos, são factores que interferem na eficiência e qualidade dos resultados retornados pelos

métodos computacionais, e constituem problemas que ainda precisam ser superados. Além

disso, quando se trata da análise de órgãos, o ideal é ter a visualização de modelos

geométricos tridimensionais (3D) destes órgãos, construídos a partir das imagens

bidimensionais (2D) obtidas durante os exames. Assim, torna-se possível o entendimento das

funcionalidades fisiológicas destas estruturas, permitindo detectar mais facilmente as

disfunções ocorridas, definir planos de tratamento mais adequados e construir simuladores

médicos realistas para serem usados em treinamento médico.

A análise de órgãos e músculos a partir de imagens médicas, como de ressonância

magnética e tomografia computadorizada, envolve várias áreas de conhecimento de

Processamento e Análise de Imagem. Dentre as principais técnicas de análise de imagens

usadas na área da imagem médica, pode-se destacar a segmentação, o seguimento,

alinhamento e emparelhamento de imagens. É desejável que todas as etapas envolvidas no

tratamento computacional das imagens sejam robustas, eficientes e automáticas, para permitir

5

a construção geométrica de modelos realísticos e adequados para os órgãos a partir da análise

de imagens médicas. A forma e a topologia complexas dos órgãos, bem como a proximidade

entre eles, tornam frequentemente difícil a tarefa de segmentação. Assim, ainda não há

algoritmos desenvolvidos especificamente para aplicação em imagens da cavidade pélvica

feminina, e que sejam capazes de executar esta tarefa de forma eficiente, robusta e

automatizada. Consequentemente, este é mais um factor que influencia na construção

automatizada e generalizada de modelos geométricos (2D/3D) adequados para os órgãos.

Neste trabalho pretende-se desenvolver uma abordagem biomecânica completa, mais

robusta, eficiente, realística e de uso mais geral. Para realizar este objectivo, novas

metodologias de Visão Computacional para análise de órgãos a partir de sequências de

imagens e a construção de modelos 3D adequados para a simulação computacional destes

órgãos serão desenvolvidos. A modelagem biomecânica, realizada usando elementos finitos

avançados e leis constitutivas será considerada num framework de level set, integrando a esta

modelização, características obtidas pelo conhecimento a priori sobre os órgãos considerados.

Para o seguimento (tracking) eficiente e robusto, serão usados filtros estocásticos

complementados com técnicas de optimização e modelos de gerenciamento de características.

O emparelhamento (matching) e o alinhamento (registration) dos órgãos serão realizados por

técnicas de optimização e programação dinâmica. A construção tridimensional dos órgãos

analisados será feita usando algoritmos de matching cubes.

Os principais órgãos a serem considerados neste trabalho são os pertencentes à

cavidade pélvica feminina. Estes órgãos são muito importantes para a sociedade actual e o seu

entendimento clínico, diagnóstico de suas disfunções e planos de tratamento serão directa ou

indirectamente enriquecidos a partir dos resultados obtidos com este trabalho.

Portanto, os objectivos deste trabalho são relevantes tanto do ponto de vista cientifico

quanto do ponto de vista social. A análise robusta, eficiente e automática de imagens

permitirá o desenvolvimento de ferramentas úteis no auxílio ao diagnóstico médico e, na

avaliação de planos de tratamento para disfunções dos órgãos da cavidade pélvica feminina.

Além disso, a construção de modelos geométricos 3D adequados de órgãos a partir de

imagens pode ser aplicada nos sistemas computacionais que tentam simular tais órgãos de

forma melhorada e realística. Sendo estes simuladores importantes por participarem no treino

de médicos e em cirurgia auxiliada por robôs.

6

Este trabalho está organizado da seguinte forma: no capítulo seguinte, apresenta-se

uma revisão bibliográfica sobre as áreas de pesquisas abordadas neste projecto. No capítulo 3,

apresenta-se a proposta de Tese a ser desenvolvida, abordando os objectivos do projecto, a

questão de investigação envolvida, bem como a hipótese de pesquisa para este projecto de

Doutoramento. No último capítulo, apresenta-se um plano de trabalho detalhado do projecto,

com um cronograma e a descrição de todas as tarefas envolvidas. No apêndice A são

apresentadas algumas conferências e revistas, com suas respectivas classificações, bem como

alguns grupos de pesquisa em Processamento de Imagem e Visão Computacional que

trabalham com a análise de imagens médicas.

7

Capítulo 2 - Estado da arteNeste capítulo apresenta-se uma revisão sobre os principais trabalhos e métodos

relacionados com o tema central deste projecto de Douotoramento.

2.1 - IntroduçãoA modelização de estruturas em imagens é uma das áreas com os avanços mais

significantes ocorridos nos últimos anos [4, 30, 57, 63, 73, 74]. Esta modelização tem como

objectivos principais [73, 74]: a segmentação [43, 57, 74], que é a identificação de estruturas

numa imagem; o seguimento e a análise temporal de movimento/deformação de estruturas ao

longo de uma sequência de imagens [61, 63, 73, 74]; a reconstrução de estruturas 3D a partir

de estruturas representadas em imagens 2D [3, 4, 12, 68]; emparelhamento entre estruturas [4,

43, 58, 76]; a simulação de comportamento temporal de estruturas [58]; a codificação de

forma das estruturas [4, 48, 58, 73, 74]; entre outras.

Usualmente, alguns destes propósitos aparecem associados. Por exemplo, a análise

temporal da deformação de estruturas a partir de imagens, usualmente envolve tarefas de

segmentação de estruturas em cada imagem, de emparelhamento entre as estruturas

segmentadas, e finalmente o seguimento temporal e análise das deformações.

As aplicações de Visão Computacional existentes envolvendo a modelização de

estruturas são numerosas [73, 74]. Por exemplo: o reconhecimento e o seguimento de

veículos, o reconhecimento de caracteres, reconhecimento, seguimento e análise de

expressões da face humana, compressão e codificação de dados, reconstrução 3D de objectos

e seguimento e análise de movimento humano e animal.

No entanto, as áreas de aplicação mais relevantes da modelização de estruturas em

imagens são encontradas em medicina [3, 4, 38, 43, 63, 69, 73, 74, 75, 76]. Por exemplo: a

reconstrução 3D de estruturas anatómicas externas a partir de imagens 2D [3]; a análise do

sistema vocal em sistemas de reabilitação [76]; a segmentação, reconstrução e análise de

movimentos do coração e outros órgãos do sistema cardiovascular [68, 75]; a segmentação e

análise de imagens de próstata; a segmentação, reconstrução e análise de órgãos da cavidade

pélvica [21, 36, 37, 47, 56, 63], de pulmões [69], de intestino, de ventrículos do cérebro, entre

8

outras; e a análise de estruturas em imagens de pedobarografia dinâmica, isto é, de imagens

que permite verificar a interacção da planta do pé com a tarefa de caminhar [58, 73, 74].

As metodologias de modelização existentes em Visão Computacional para estruturas

em imagens são baseadas, usualmente nas abordagens geométrica, estatística e física [43, 73,

74].

A modelização baseada na abordagem geométrica tem as vantagens de ser simples e

gerar modelos simples, sendo assim uma abordagem computacionalmente rápida; no entanto,

ela tem a desvantagem de ser construída em função das estruturas em análise e, assim, tendo

aplicação restrita, bem como o fato de que não consideram o comportamento físico das

estruturas, [43, 73, 74].

Por outro lado, a modelização estatística considera as variações geométricas que as

estruturas apresentam em um conjunto de imagens. Nesta abordagem são construídos modelos

em função do comportamento que estas estruturas apresentam dentro do conjunto de imagens

abordado. Portanto, os modelos obtidos têm a desvantagem de aplicação ser restrita, tanto em

relação às estruturas modeladas quanto em relação aos comportamentos das mesmas [43, 73,

74].

Por fim, a metodologia baseada em abordagens físicas é mais complexa que as

anteriores, e por tanto, demandam mais processamento computacional. No entanto, possui a

vantagem de ser de uso mais geral, não exigir conhecimento a priori sobre as estruturas, e

considerar seus comportamentos físicos pela adopção de princípios físicos e, portanto, são

mais realísticos [43, 73, 74].

Recentemente, abordagens baseadas em métodos level set para análise de estruturas

em imagens têm ganho especial atenção, [37, 66, 68, 79]. Estas abordagens permitem

combinar conhecimento a priori sobre as estruturas a serem consideradas [66, 75].

2.2 – Segmentação A segmentação consiste em extrair objectos ou características a partir de imagens.

A precisão deste processo depende de factores como a quantidade de ruído presente, o

contraste das imagens, a textura presente e a variação dos níveis de cizento ou de cor nas

mesmas. Segmentar imagens com precisão é uma tarefa difícil e importante no processamento

e análise de imagens, pois pode determinar o sucesso ou falha dos procedimentos posteriores.

9

Zhen Ma e colaboradores propuseram em [37], classificar algoritmos de

segmentação para aplicação em imagens da cavidade pélvica feminina de acordo com suas

características principais. De acordo com esta proposta, os algoritmos podem ser divididos em

três categorias:

• algoritmos baseados em limiar;

• algoritmos baseados em técnicas de agrupamento (clustering); e

• algoritmos baseados em modelos deformáveis.

2.2.1 – Algoritmos baseados em limiarOs métodos baseados nestes algoritmos executam a segmentação de uma imagem

usando informações como intensidade ou o gradiente dos pixels da imagem, para definir quais

pertencem ao fundo e quais pertencem aos objectos. Para tal, define-se intervalos de valores

limitados por limiares, onde todos os pixels são analisados e separados de acordo estes

intervalos. Os limiares podem ser definidos de forma manual, a partir da análise visual da

imagem de entrada, ou automaticamente através da combinação de características da mesma

imagem [52]. A definição automática do limiar é desejada pela maioria das aplicações, para

permitir o desenvolvimento de métodos de análise automática.

Os algoritmos baseados em limiar podem ser classificados em baseados em arestas,

baseados em regiões e híbridos. Esta distinção ocorre de acordo com as informações usadas

para definir o limiar. A primeira classe destes algoritmos (baseados em arestas) usa limiares

relacionados com informações das arestas dos objectos, usando a intensidade dos pixels para

encontrar os pontos das arestas dos objectos representados na imagem. Os operadores

Laplaciano [28], de Canny [13, 28], de Sobel [28] e os algoritmos baseados em transformada

Wavelet [19] são exemplos de algoritmos baseados em arestas. Estes métodos estão

geralmente associados a uma etapa de pré-processamento para redução da interferência causa

por ruído. Na Figura 2.1b tem-se o resultado da aplicação do algoritmo de Canny sobre a

imagem da Figura 2.1a. Nota-se que neste exemplo, os contornos são descontínuos, gerando

erros na extracção das estruturas presenets na imagem original. Um dos factores que causam

esta descontinuidade é a presença de ruído na imagem original.

10

Figura 2.1: Exemplo da aplicação do detector de Canny (b) sobre uma imagem de

ressonância magnética (a) (retirado de [37]).

Os algoritmos baseados em regiões usam a similaridade entre os pixels da região

interna dos objectos, agrupando os pixels com características semelhantes em regiões

distintas. Os métodos baseados em crescimento de regiões são exemplos desta categoria de

algoritmos [37]. O procedimento de crescimento de regiões visa agrupar o maior número de

pixels possível em regiões maiores, de acordo com um critério de crescimento pré-definido. A

ideia básica é considerar um pixel semente, e ir agrupando a ele os seus vizinhos que possuam

características semelhantes às suas. Quando não tiverem mais pontos com as características da

semente conectados àquela região, define-se uma outra semente que ainda não tenha sido

percorrida e inicia-se o processo novamente obtendo-se uma nova região [16]. A selecção do

conjunto de sementes pode ser baseada na natureza do problema. Enquanto isso, a selecção da

característica usada para a escolha dos vizinhos a serem adicionados à região do pixel

semente, ou seja, o critério de similaridade, depende do problema analisado e de

características da imagem, como por exemplo, se a imagem de entrada é em níveis de

cinzento ou colorida [28].

Na Figura 2.2 tem-se um exemplo da aplicação de um algoritmo de crescimento de

regiões. Assim, na Figura 2.2a tem-se a imagem original e na Figura 2.2b alguns contornos

obtidos com o crescimento de regiões e sobrepostos sobre a imagem original.

11

Figura 2.2: Exemplo da aplicação do algoritmo de crescimento de regiões (b) na imagem (a)

(retirado de [37]).

Os algoritmos híbridos combinam características dos algoritmos baseados em

arestas e em regiões. Os algoritmos de watershed são exemplos de métodos híbridos [9, 29],

combinando informações sobre a intensidade e sobre o gradiente, além de usar técnicas de

morfologia matemática para segmentar as imagens. Proposta por Digabel e Lantuéjoul [23] e

melhorada por Beucher e Lantuéjoul [9], a segmentação por watershed é um método de

segmentação muito utilizado. Usando os conceitos de “inundação de relevos topográficos”,

essa abordagem considera que uma imagem pode ser formada como um relevo composto de

“vales” representando as áreas mais escuras, e “montanhas” representando as mais claras.

Pode ocorrer dois tipos de “inundação”: uma decorrente da “água” vinda de cima, como se

fosse derramada sobre o “relevo”, e uma outra como consequência de “furos nas regiões mais

baixas”, por onde a “água entraria após mergulhar o relevo num reservatório de água” [65].

A proposta inicial para a técnica de watershed considera que a “inundação” acontece

com “água” vinda de cima. Quando uma “gota de água cair sobre a superfície, esta vai

escorrer para o lado mais íngreme até chegar ao fundo do vale (região de mínimo)”. A região

formada por todos os pontos da superfície onde as “gotas escorrem para a mesma região de

mínimo é chamada de represa”. Por outro lado, todos os pontos onde a “gota de água cair e

não escorrer, formam as fronteiras das represas e são chamados de watershed, ou divisores de

água”. Ao ocorrer a “inundação, águas de diferentes bacias se encontram nas linhas divisoras

12

de águas, e o processo de inundação é interrompido quando a água atinge o pico máximo do

relevo” [45]. Esta técnica é muito usada para aplicação em imagens de radiografia, tomografia

computadorizada, entre outras.

Ao ser aplicado em imagens, o método de watershed pode também simular

a“inundação em uma região”, baseando-se na escolha de marcadores rotulados na imagem, a

partir dos quais são definidas as região que pertencem aos objectos de interesse e ao fundo.

Escolhendo-se rótulos distintos, é possível detectar vários objectos simultaneamente [10].

Esta técnica é geralmente aplicada sobre o gradiente morfológico de uma imagem, devido ao

fato deste operador realçar os contornos da mesma, facilitando o processo de segmentação.

Se a imagem for muito ruidosa, pode acontecer de gerar um número excessivo de

mínimos locais decorrente da sensibilidade do operador gradiente à presença de ruídos. Se

isso acontecer, pode resultar em uma super-segmentação da imagem, gerando um número

excessivo de regiões e dificultando a identificação correta das áreas de interesse. Algumas

adaptações têm sido propostas para reduzir o problema da super-segmentação, como em [29,

46], onde foi proposto a marcação de pontos por onde inicia-se o alagamento, passando o

método watershed a ser controlado por sementes. Um exemplo da aplicação do watershed

pode ser visto na Figura 2.3b.

Figura 2.3: Imagem original (a) e imagem segmentada por watershed (b) (retirado de [37]).

13

2.2.2 – Algoritmos baseados em técnicas de agrupamento (clustering)Algoritmos baseados em técnicas de agrupamento são muito utilizados em

segmentação de imagens médicas e podem ser divididos em duas classes principais:

supervisionados e os não supervisionados [37]. Alguns algoritmos de classificação

supervisionados são: o KNN (k-nearest neighbour- ou k- Vizinhos mais próximos) [77], que

usa a sua fase de treinamento para armazenar vetores de características e rótulos de classes,

usando um sistema de voto para fazer a classificação; o ML (maximum likelihood – ou

probabilidade máxima) [67], que identifica, durante o seu treinamento, os parâmetros a serem

usados por modelos estatísticos, sendo estes parâmetros avaliados pela maximização da

função de probabilidade do modelo; e o ANN supervisionados (Artificial Neural Networks –

ou Redes Neurais Artificiais) [8], que são ferramentas de modelização de dados estatísticos e

não lineares, usando pesos obtidos a partir da informação extraída do conjunto de

treinamento, para definir as características a serem extraídas no processo de segmentação.

Entre os algoritmos não supervisionados, pode-se citar: o CM (C-Means) e FCM

(Fuzzy C-Means)[72], que visa minimizar a variação intra-grupos através de interacções, onde

durante estas iterações os pixels não classificados são adicionados ao grupo, cuja distância

entre o pixel e o centróide do grupo é a menor; e os ANN não supervisionados [6], que

baseiam-se em aprendizado não supervisionado, onde os pesos são definidos através de

treinamento com regras de aprendizado, como por exemplo a rede neural de Hopfields [18] e

aprendizado de Hebbian [11].

Na figura 2.4b, tem-se um exemplo da aplicação do algoritmo C-Means na imagem

da Figura 2.4a, usando 4 grupos com média de intensidade inicial de 25, 80, 150 e 213.

14

Figura 2.4: Resultado da aplicação do método C-Means usando valores de intensidade

iniciais de 25, 80, 250 e 213 (b) e numa imagem original (a) (retirado de [37]).

2.2.3 – Algoritmos baseados em modelos deformáveisOs algoritmos baseados em modelos deformáveis são mais flexíveis do que os

algoritmos das outras duas classes descritas anteriormente, podendo ser aplicados em

procedimentos de segmentação de estruturas complexas. Os modelos deformáveis podem ser

classificados como paramétricos e geométricos, levando em consideração a forma como é

feito o seguimento do contorno durante o deslocamento do mesmo.

Os modelos paramétricos seguem a evolução da curva inicial através de amostras de

pontos do contorno. O modelo deformável paramétrico foi introduzido para processamento de

imagem por Kass, Within e Terzoupoulos [32] e, desde então têm se tornado uma ferramenta

importante para segmentação no processamento de imagens. A ideia básica desta técnica é

definir uma curva fechada, dentro do domínio da imagem e deformá-la em direcção à

fronteira desejada pela acção das energias interna e externa à curva. O objetivo da energia

interna é manter a regularidade do contorno, sendo definida através de propriedades

geométricas do contorno, como área e curvatura. Enquanto isso, a energia externa atua sobre o

contorno inicial, atraindo este para as regiões de limite do objecto, sendo definida pelas

informações da própria imagem, como por exemplo, a magnitude do gradiente da imagem de

entrada. A deformação é obtida a partir da minimização da energia da curva inicial, com o

objectivo de torná-la mínima quando esta estiver sobre uma região com as características

15

pretendidas para extracção. Por outras palavras, o resultado deste processo retorna

informações sobre a forma e a posição da borda dos objectos na imagem. Portanto, estes

modelos têm grande aplicação em segmentação de imagens médicas [39, 70].

A diferença entre os algoritmos desta classe de métodos deformáveis está na

definição das forças externas. No entanto, estes algoritmos seguem o mesmo raciocínio do

algoritmo proposto por Kass e colaboradores. Nesta abordagem, um modelo deformável é um

contorno embutido em uma imagem, que pode ser representada parametricamente como v(s)

= (x(s); y(s)), onde s Є [0, 1] e é o domínio paramétrico de uma imagem I no plano (x; y) Є

R2. Sua forma final corresponde à mínima energia do funcional em [32] e é definido como:

∫+∫∫ +=1

0

1

0

1

0

int ,))(())(())(( dssvEdssvEdssvEE resimagemsnake

onde Eint é a energia interna referente à deformação da curva, regularizando e quantificando a

deformação de um contorno elástico. Eimagem é a energia dependente da imagem onde o

contorno activo está inserido e Eres é a energia obtida por alguma restrição externa.

Alguns autores como Ballerini [5], Dumitras [24] e Xu [78, 79] utilizam o termo

energia externa (Eext) para representar todas as energias provenientes da imagem. Assim, a

Equação 1 passa a:

∫+∫=1

0

1

0

int .))(())(( dssvEdssvEE extsnake

Os modelos deformáveis paramétricos são sensíveis às condições de inicialização,

não modificando a topologia da curva inicial durante o processo de deformação desta.

Portanto, estes modelos são mais eficientes para as situações onde a curva inicial é definida

próximo da região de interesse, e quanto mais semelhante for a topologia da curva inicial em

relação à da borda desejada.

Algumas abordagens têm sido propostas na tentativa de amenizar este problema dos

algoritmos paramétricos [27 , 78, 79]. Em [79], por exemplo, Xu e Prince propuseram o uso

do fluxo do vetor gradiente (GVF) para actuar como força externa no modelo deformável. A

ideia desta abordagem é aumentar a faixa de actuação da força externa, estendendo-a para

longe dos objectos e guiando a curva em direcção à sua fronteira. Assim, as linhas de força

deixam de convergir para as bordas dos objectos apenas na sua vizinhança. O campo vectorial

do GVF pode ser definido como:

16

(1)

(2)

)],,(),,([),( yxvyxuyxV =

e minimiza a energia do funcional:

∫ ∫ ∇−∇++++= ,||||)( 222222 dxdyIvIvvuuE yxyxµ

onde I∇ é uma função gradiente da imagem de entrada e µ é um parâmetro de equilíbrio

entre o primeiro e segundo termos da equação.

De acordo com a análise feita por Xu e Prince, quando o valor da expressão || I∇ ,

presente na Equação 4, for pequeno, a energia é determinada pelas derivadas parciais dos

campos do vetor. Caso contrário, o segundo termo torna-se dominante na equação, e pode ser

minimizado adoptando: Iv ∇= .

Os modelos deformáveis geométricos possibilitam que sejam efetuadas mudanças na

topologia da curva inicial durante a deformação desta. São modelos baseados nos métodos

level set [51, 80], onde a deformação da curva inicial é realizada de acordo com características

geométricas do contorno do objecto e dirigida por uma função. Esta função pode ser

representada na forma de uma equação diferencial parcial, em que uma função de velocidade

controla a deformação, definindo o local de parada da curva a partir de informações obtidas

da imagem, como por exemplo, o gradiente ou o divergente desta.

O modelo level set foi proposto inicialmente por Osher e Sethian [51], e pode ser

descrito como [37]:

,0|| =∇+ φφ Ft

onde:

• 0),(,0)0,,( Lyxyx ∈=φ ;

• φ é a função level set;

• F é a função velocidade; e

• L0 é a curva inicial.

A função de velocidade dos modelos deformáveis paramétricos pode ser definida

directamente ou através da energia do funcional [36]. Malladi e colaboradores propuseram

uma função de velocidade definida a partir do gradiente da imagem [41, 42]. Neste caso, à

17

(3)

(4)

(5)

medida que a curva deformada se aproxima da região de limite do objecto, a magnitude do

gradiente aumenta, reduzindo o valor da velocidade e tornando a curva mais estável. No

entanto, esta dependência do gradiente da imagem torna este método pouco eficiente para

imagens com muito ruído ou desfocadas, podendo acontecer da deformação parar fora do

lugar adequado [37]. Para imagens com estas características o critério de parada deve ser

cuidadosamente escolhido, e geralmente é diferente para cada tipo de imagem processada.

Para amenizar este problema, pode-se incorporar parâmetros para aumentar a resistência nas

áreas da borda [34].

O algoritmo de contorno activo geodésico define a velocidade da deformação

através da energia de um funcional baseado na equação de Euler-Lagrange, e a curva é

incorporada numa função level set. Assim como no modelo paramétrico, o algoritmo de

contorno activo geodésico é um problema de optimização, estreitando a relação entre os

modelos paramétrico e geométrico, mas flexibilizando a deformação da curva inicial e

permitindo alteração da topologia durante o movimento da curva sobre a imagem. Este

algoritmo foi proposto inicialmente por Caselles, Kimmel e Sapiro [15] e tem sido muito

utilizado para segmentar imagens de ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Na figura 2.5 tem-se os resultados obtidos a partir da aplicação dos algoritmos de

Mallid (Figura 2.5b) e do contorno activo geodésico (Figura 2.5c), sobre a imagem da Figura

2.5a. Nota-se na Figura 2.5 que os contornos são regulares, sofrendo menos interferência de

ruídos presentes na imagem.

Figura 2.5: Contornos obtidos pelo algoritmo de Mallid (b) e resultado do algoritmo de

contorno activo geodésico (c) a partir de imagem original (a) (retirado de [37]).

Os modelos de contornos activos geométricos tentam aumentar a eficiência dos

métodos de segmentação, tornando-os menos sensíveis à presença de ruídos nas imagens de

18

entrada. Em [17, 54] tem-se exemplos de propostas de métodos de segmentação baseados

nesta abordagem. Leveton e colaboradores incorporam técnicas estatísticas de conhecimento

a priori ao modelo de contorno activo. Paragios combina o campo do fluxo do vetor gradiente

com o modelo de contorno activo geodésico para eliminar a dependência das condições de

inicialização. Chan e Vese propuseram um método de contorno ativo geométrico baseado na

energia do funcional de Mumford-Shah, extraindo os objectos através da minimização das

variações de intensidade das regiões interna e externa do contorno.

2.3 – Seguimento (Tracking)O seguimento de objectos num conjunto de imagens tem-se tornado uma área de

pesquisa relevante, devido ao aumento no desejo de usar técnicas computacionais para

realizar a análise de movimento/deformação de estruturas representadas ao longo do tempo.

Esta técnica pode ser elaborada usando diferentes metodologias, envolvendo usualmente, o

emparelhamento de informações visuais, tais como pontos, linhas e regiões, [60]. Esta técnica

pode ser aplicada em medicina, por exemplo, para análise de movimentos/deformações de

órgãos [53, 55].

Assim como na etapa de segmentação, a complexidade da forma e da topologia das

estruturas a serem processadas, é um factor que dificulta a elaboração de métodos

computacionais para realizar a tarefa de seguimento. Além disso, o seguimento simultâneo de

várias estruturas, as oclusões e a presença de ruídos nas imagens podem interferir na

elaboração de metodologias eficientes e robustas [60].

Várias abordagens para realizar o seguimento de estruturas têm sido propostas,

geralmente considerando simplificações para obter um equilíbrio entre precisão e custo

computacional. Redes Bayesianas, por exemplo, têm sido aplicadas para realizar o

seguimento de estruturas que apresentam oclusões, descartando informações dos estágios

anteriores para tomada de decisões, mantendo a complexidade da rede em níveis razoáveis

[31]. Noutras abordagens, os parâmetros descritivos do ambiente são definidos através de

filtros estocásticos e representações probabilísticas para definir os indicadores de movimento

de uma estrutura [35]. Em [59] usou-se o filtro de Kalman combinado com técnicas de

optimização para incrementar a robustez do método para situações de oclusão e movimentos

não-lineares.

19

2.4 – Emparelhamento e alinhamento de imagensO emparelhamento é o processo de estabelecimento de correspondências entre

estruturas, geralmente localizadas e extraídas de imagens pela etapa de segmentação. Na

busca por metodologias de emparelhamento adequadas, várias abordagens têm sido propostas.

O emparelhamento modal [14] tenta reconhecer os objetos através de suas simetrias

generalizadas. O emparelhamento baseado em shape context [7] calcula as correspondências

entre pontos de duas estruturas usando um descritor denominado shape context, que verifica a

distribuição dos pontos tomados como referência em relação aos demais pontos. Nesta

abordagem, a semelhança entre as formas é definida pela similaridade do descritor, sendo que

um descritor similar implica em formas similares. Outro descritor que pode ser usado é o

shape signature [49], que utiliza uma função derivada do contorno do objeto, como a

distância do centróide para definir a assinatura da estrutura. Esta abordagem tem sido usada

para desenvolvimento de sistemas de reconhecimento de objetos em imagens de ambientes

complexos e com presença de oclusões parciais [26]. Outra abordagem adotada para o

emparelhamento é o uso de critérios estocásticos [33].

As técnicas de alinhamento de imagens são adoptadas para realizar transformações

geométricas em uma região comum de imagens distintas, com o objectivo de representar estas

regiões com as mesmas coordenadas. O uso desta técnica torna possível comparar duas

estruturas homólogas em imagens diferentes. O alinhamento de imagens pode ser aplicado

para detectar variação em imagens capturadas em diferentes instantes de tempo, comparar

uma estrutura com uma base de dados, fazer reconhecimento automático de objectos, dentre

outras [81].

As abordagens de alinhamento aplicadas em imagens médicas (tanto 2D quanto eD)

têm ganhado atenção especial em processamento e análise de imagens. Desta forma, técnicas

computacionais para alinhamento de imagens também auxiliam no diagnóstico médico,

permitindo por exemplo, verificar variações em músculos e órgãos no decorrer do tempo. As

metodologias de alinhamento geralmente são baseadas na geometria, na intensidade e híbridas

(usando características geométricas e também de intensidade).

Nas metodologias baseadas na geometria pode-se ter: o alinhamento feito usando

correspondência entre pontos, onde os pontos usados podem ser marcas naturais ou artificiais

[40]; alinhamento usando os eixos principais; e alinhamento por aproximação pontual

iterativa [44], que realiza uma aproximação iterativa dos pontos ao modelo mais próximo.

Nos métodos de alinhamento baseados em intensidade pode-se usar a similaridade

entre pixels, onde o alinhamento é realizado através de optimização de uma medida de

20

similaridade de uma característica das imagens, como a própria intensidade ou o gradiente dos

pixels, por exemplo. Geralmente esta medida de similaridade é calculada a partir da soma dos

quadrados da diferença [50], da correlação cruzada [20, 40], da entropia conjunta [71, 22],

entre outras [40, 62]. Além disso, o alinhamento baseado em intensidades e pode ser realizado

no domínio da frequência de uma imagem, realizando as transformações a partir da correlação

entre as fases do espectro de frequência das imagens [1, 25, 64].

Nos métodos de alinhamento híbridos, as técnicas baseadas em geometria e em

intensidade são combinadas [1, 2]. Geralmente esta abordagem é dividida em dois passos: No

primeiro realiza-se um alinhamento grosseiro e aproximado das imagens, e em um segundo

passo, refina-se este alinhamento a partir do resultado retornado pelo passo anterior.

Um estudo detalhado sobre as técnicas de alinhamento de estruturas aplicadas em

imagens médicas é apresentado em [40, 62].

21

Capítulo 3 – Proposta de Tese

Neste capítulo apresenta-se a proposta de Tese de Doutoramento, abordando os seus

objectivos, as questões de investigação envolvidas e a hipótese de pesquisa associada.

3.1 – Objectivos O desenvolvimento de procedimentos robustos, eficientes, confiáveis e automáticos

para análise de órgãos humanos em imagens contribui significativamente para o entendimento

do funcionamento e para a simulação realística destes órgãos. O entendimento detalhado do

funcionamento dos órgãos é muito importante para auxiliar no diagnóstico médico e na

elaboração e avaliação de tratamentos. Além disso, a simulação realística de órgãos é vital

para melhorar o realismo de sistemas médicos virtuais, como do corpo humano, de

simuladores cirúrgicos e cirurgia robótica.

O principal caso de aplicação a ser considerado, denominado análise de órgãos da

cavidade pélvica, em particular da mulher, é muito importante para a sociedade, porque tal

estudo ajudará o diagnóstico e a definição de planos de tratamentos para disfunções da região

pélvica, tais como a incontinência urinária que afecta entre 30% e 50% das mulheres

européias e norte americanas, e a incontinência fecal que atinge cerca de 2.2% a 6.9% das

norte ameircanas e 15% da mulheres da Nova Zelândia [37]. Além disso, esta aplicação

impõe dificuldades e desafios tecnológicos, como a complexidade das formas e das topologias

das estruturas, que continuam a ser enfrentados pela comunidade científica.

Embora tenha grande importância, as abordagens actuais apresentam várias

limitações ao lidar com a complexidade das formas e topologias dos órgãos e,

consequentemente, sua aplicação se torna restrita. Este projecto está focado no sentido de

superar alguns dos inconvenientes existentes através da consideração de princípios

biomecânicos na modelização, bem como a integração de conhecimento a priori no

processamento das imagens. Os objectivos principais deste projecto são:

22

1) A partir de sequências de imagens médicas adquiridas de órgãos a serem analisados, a sua

análise temporal e a reconstrução da suaforma geométrica 3D serão realizadas usando

metodologiasatomáticas, eficientes e robustas.

2) Um modelo biomecânico para cada órgão será desenvolvido, baseado em elementos finitos

avançados e leis constitutivas, e integrado numa framework baseada em level set.

3) Para melhorar a análise e os modelos obtidos, conhecimentos a priori sobre os órgãos serão

considerados pela adopção de uma atlas anatómico da cavidade pélvica a ser construído.

Todas as metodologias e modelos desenvolvidos serão completamente testados e

validados por análise des especialistas clinicos e simulação computacional.

3.2 – Questão de investigaçãoDiante da complexidade da forma e da topologia dos órgãos e músculos humanos,

da baixa resolução das imagens médicas, das oclusões causadas por sobreposição de

estruturas e das elevadas deformações dos órgãos e músculos em relação ao tempo, a principal

questão de investigação que se tem neste trabalho é:

“Como analisar automaticamente, de forma eficiente e robusta e confiável, órgãos e músculos

da cavidade pélvica feminina a partir de imagens médicas, tais como ultra-sonografia,

ressonância magnética e tomografia computadorizada?”

3.3 – Hipótese de pesquisaOs problemas abordados na questão de investigação deste projeto serão superados através da

adoção de modelos baseados em level set para realizar a segmentação das imagens analisadas,

bem como o uso de princípios biomecânicos e elementros finitos avançados para a modelação

adequada dos órgãos em análise.

23

Capítulo 4 – Plano de trabalho

Neste capítulo apresenta-se a descrição das tarefas envolvidas nas etapas de

desenvolvimento do trabalho, bem como o cronograma do projecto de Doutoramento a ser

desenvolvido.

4.1 – Descrição das tarefasA primeira tarefa a ser considerada é o LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO (3

meses). Nesta etapa, efectua-se o levantamento, estudo e análise das metodologias e modelos

existentes que podem ser considerados na análise de órgãos em imagens médicas. Os

principais tópicos científicos a serem considerados são: modelização de órgãos em imagens,

com foco especial sobre as modelagens baseadas em princípios físicos; segmentação de

órgãos em imagens, com enfase em metodologias baseadas em level sets e conhecimento a

priori; seguimento de movimento de órgãos em sequências de imagens, especialmente nas

soluções baseadas em abordagens estocásticas; emparelhamento entre órgãos em imagens,

com interesse particular sobre o emparelhamento modal e técnicas de optimização;

alinhamento de órgãos em imagens, realizados usando princípios físicos, programação

dinâmica e optimização; reconstrução 3D de órgãos a partir de dados extraídos de imagens

2D; e sistemas de imagem médica usuais. Ao final da revisão, um artigo completo para

publicação em uma revista internacional será elaborado. No Apêndice A apresenta-se uma

relação das principais conferências e revistas relacionadas às áreas de Processamento de

Imagens, Visão Computacional, Computação Gráfica e análise de imagens médicas.

A segunda tarefa será o DESENVOLVIMENTO DE UMA PLATAFORMA DE

SOFTWARE COMPUTACIONAL USANDO TECNOLOGIA MULTICORE (4 meses).

Nesta tarefa será projectada uma plataforma computacional modular e de acesso livre,

adequada para a análise de órgãos a partir de imagens médicas. Assim, as entidades a serem

consideradas serão definidas, os formatos de arquivo suportados escolhidos, a interface da

plataforma projectada e desenvolvido um mecanismo para integração dos novos algoritmos e

para adaptar automaticamente a plataforma para as diferentes necessidades dos usuários.

24

Depois, serão implementadas e integradas algumas ferramentas usuais para análise

de órgãos de imagens médicas, tais como:

- Processamento e análise de imagens: métodos para filtragem e suavização, transformações

geométricas, operações lógicas e matemáticas, detecção de arestas, binarização de objetos e

análise de regiões;

- Computação gráfica: triangulação de dados, malhas, segmentação;

- Matemática computacional: operações algébricas e matriciais;

- Manipulação de arquivos com formatos comuns em sistemas de imagem médica.

Algumas bibliotecas computacionais disponíveis para uso em domínio publico serão

consideradas para facilitar o desenvolvimento de algumas das funções desejadas. Entre estas

bibliotecas pode-se destacar a OpenCV, Newmat, VTK, ITK, Free DICOM e ezDICOM. Ao

final desta tarefa, será escrito um manual de uso da plataforma.

Com a filosofia de uma plataforma aberta e modular, esta será continuamente

expandida, com o desenvolvimento de novos algoritmos mais simples e rápidos, bem como a

elaboração de um banco de testes para os modelos e algoritmos de análise de órgãos.

A próxima tarefa concentrará na ELABORAÇÃO DE METODOLOGIAS PARA

SEGMENTAR E RECONSTRUIR ÓRGÃOS (15 meses). Nesta etapa, novas metodologias e

modelos para segmentar órgãos em imagens médicas serão desenvolvidos. As metodologias

serão baseadas na consideração de modelização biomecânica adequada para deformações

elevadas e não-lineares, usando abordagem level set. A nova modelização considerará

elementos finitos avançados e leis constitutivas. Para aumentar a robustez da segmentação, o

conhecimento a priori sobre os órgãos será considerado usando um novo atlas anatómico da

cavidade pélvica feminina. Este atlas também será desenvolvido durante esta tarefa, e será

uma importante contribuição deste projecto. Este será o primeiro atlas anatómico da cavidade

pélvica feminina, especialmente construído para ajudar e melhorar a segmentação dos órgãos

incluídos nesta região.

Para a reconstrução geométrica 3D dos órgãos analisados, uma abordagem baseada

no algoritmo marching cubes será considerada e melhorada usando o atlas da cavidade

pélvica construído.

Todas as metodologias e modelos serão integradas na plataforma, iniciada na tarefa

anterior, e completamente testados, analisados e comparados usando dados reais e sintéticos.

25

Artigos científicos descrevendo as contribuições e resultados obtidos serão submetidos a

conferências e revistas internacionais.

A quarta tarefa concentra-se na ELABORAÇÃO DE METODOLOGIAS PARA

EMPARELHAMENTO E ALINHAMENTO DE ÓRGÃOS (6 meses). Durante esta tarefa,

novas metodologias para emparelhar órgãos em imagens médicas serão desenvolvidas,

baseando-se em medidas de a afinidade. Esta tarefa será realizada considerando os

deslocamentos dos órgãos, e técnicas de optimização e programação dinâmica com o

objectivo de encontrar o melhor emparelhamento global possível, minimizando os custos de

associações. O emparelhamento obtido será quantificado através dos valores da energia

elástica, tornando possível o reconhecimento de estruturas com formas similares.

Depois de estabelecer o emparelhamento, o alinhamento dos órgãos envolvidos será

realizado, com isso, as formas dos órgãos poderão ser comparadas e analisadas usando um

sistema referencial comum. Todas as metodologias e modelos serão integrados na plataforma,

iniciada na tarefa de “Desenvolvimento de uma plataforma computacional usando tecnologia

multicore”, e completamente testados, analisados e comparados usando dados reais e

sintéticos.

Artigos científicos descrevendo as contribuições e resultados obtidos com os novos

modelos biomecânicos serão submetidos a conferências e revistas nacionais e internacionais.

A próxima tarefa se concentra na ELABORAÇÃO DE METODOLOGIAS PARA

SEGUIMENTO DE ÓRGÃOS (6 meses). Durante esta tarefa, uma metodologia nova e

robusta será desenvolvida para realizar o seguimento temporal de órgão em sequências de

imagens. Para este objectivo, serão considerados: métodos estocásticos; emparelhamento

modal e técnicas de optimização, complementado com restrições adequadas; e um modelo de

gerenciamento para as características sendo seguidas. Assim, os recursos usados podem ser

tão baixo quanto possível e os problemas de oclusões e surgimento de novas características

podem ser superados com sucesso. Com o objectivo de que o seguimento seja flexível e

robusto, o modelo dinâmico usado no framework estocástico será definido a partir da

informação que é processada ao longo das sequências de imagens.

O movimento e/ou a deformação dos órgãos seguidos serão descritos e

caracterizados usando um conjunto de descritores adequados, como a energia elástica da

deformação distribuída pelos modos próprios modais. Todas as metodologias e modelos serão

integrados na plataforma computacional, sendo completamente testados, analisados e

26

comparados usando dados reais e sintéticos. Artigos científicos descrevendo as contribuições

e os resultados obtidos com a nova abordagem biomecânica serão submetidos para revistas e

conferências nacionais e internacionais.

A última tarefa deste projecto de doutoramento será a ESCRITA DA TESE (3

meses). Todos os resultados experimentais obtidos pelas metodologias e modelos

desenvolvidos para análise de órgãos a partir de imagens médicas da cavidade pélvica serão

avaliados e validados por especialistas com formação médica adeqauda. Além disso, as

malhas geométricas 3D construídas usando as metodologias desenvolvidas serão usadas e

comparadas em simulação computacional dos órgãos associados.

4.2 – CronogramaNa Tabela 4.1, tem-se o cronograma de desenvolvimento deste projecto de

Doutoramento. Os meses são numerados de 1 a 36, sendo o mês 1 referente ao início do

trabalho, que aconteceu em Fevereiro de 2010. Deve-se notar que a tarefa de “Levantamento

Bibliográfico” será mais intensa durante os 3 primeiros meses de trabalho. No entanto, ela

continuará sendo efetuada de forma mais moderada durante todo o projecto, visto que durante

o período de desenvolvimento do trabalho novas metodologias podem ser propostas pela

comunidade científica.

Tabela 4.1: Cronograma de desenvolvimento do trabalho de Doutoramento.

Tarefa Mês de Inicio Mês de términoLevantamento Bibliográfico 1 3Desenvolvimento de uma plataforma computacional

usando tecnologia Multicore

3 6

Elaboração de metodologias para segmentar e

reconstruir órgãos

7 21

Elaboração de metodologias para emparelhamento e

alinhamento de órgãos

22 27

Elaboração de metodologias para seguimento de

órgãos

28 33

Escrita da Tese 31 36

4.3 – Implicações da PesquisaNa literatura há várias propostas de metodologias e modelos para realizar análise de

imagens, inclusive com aplicações em imagens médicas. No entanto, não existem métodos

robustos, eficientes e automáticos para análise de órgãos e músculos da cavidade pélvica

27

feminina. Além disso, a análise destes órgãos quando realizada, é feita de forma totalmente

manual, exigindo muito tempo do especialista para realizar tal análise sendo por isso

altamente subjectiva e sujeita a erros.

Além do conhecimento adquirido sobre as diversas áreas de pesquisa envolvidas

neste trabalho, este projecto terá impactos científicos, académicos e sociais importantes. Com

este trabalho, pretende-se desenvolver novas metodologias que permitam realizar estas

análises de forma robusta, eficiente e principalmente automatizada. Assim, torna-se possível a

modelização automática e realística de estruturas geométricas 3D adequadas para os órgãos,

bem como o acompanhamento e análise do movimento e deformação dos mesmos durante um

período de tempo. Portanto, do ponto de vista científico , este trabalho implica em uma

melhoria dos métodos de segmentação, alinhamento, emparelhamento, seguimento e

reconstrução 3D de estrutras em imagens médicas, principalmente da cavidade pélvica, com

baixa resolução e de complexa análise, como imagens de ultra-sonografia, ressonância

magnética e tomografia computadorizada. Além disso, este trabalho também é importante do

ponto de vista social, porque permitirá um melhor entendimento sobre o funcionamento dos

órgãos analisados, bem como uma melhor observação das disfunções que afectam estes

órgãos e causam complicações na qualidade de vida de diversas mulheres por todo o Mundo.

Com esse melhor entendimento, que será proporcionado pelos modelos construídos a partir

das metodologias desenvolvidas durante este projecto, será possível definir planos de

tratamentos mais adequados, eficazes e com menor custo, ajudando a reduzir os efeitos das

disfunções dos órgãos em questão.

28

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34

Apêndice A

Nas Tabelas A.1 e A.2 apresenta-se, respectivamente, algumas revistas e

conferências relacionadas com Processamento de Imagens, Visão Computacional,

Computação Gráfica e análise de imagens médicas. As revistas e as conferências aparecem

classificadas de acordo com sua relevância, sendo A* o índice mais alto para as revistas e A o

índice mais alto para as conferências.

Tabela A.1: Lista de revistas, com seus respectivos índices.

Item Revista Índice1 Medical Image Analysis A*2 ACM Transactions on Graphics A*3 IEEE Transactions on Image Processing A*4 IEEE Transactions on Medical Imaging A*5 IEEE Transactions on Visualization and Computer Graphics A6 International Journal of Computer Vision A7 Computer Vision and Image Understanding A8 IEEE Computer Graphics and Applications B9 IEEE Engineering in Medicine and Biology Magazine B10 IET Computer Vision B11 IET Image Processing B12 Journal of Flow Visualization and Image Processing B13 Journal of Mathematical Imaging and Vision B

35

Tabela A.2: Lista de conferências, com seus respectivos índices.

Item Conferência Índice1 ACM SIG International Conference on Computer Graphics and Interactive

Techniques

A

2 Medical Image Computing and Computer-Assisted Intervention A3 Annual International Conference of the IEEE Engineering in Medicine and

Biology Society

A

4 IEEE International Symposium on Biomedical Imaging A5 IEEE Conference on Computer Vision and Pattern Recognition A6 IEEE Conference on Computer Vision A7 European Conference on Computer Vision A8 IEEE International Conference on Image Processing B9 ACM SIGGRAPH / Eurographics Symposium on Computer Animation B10 World Congress on Medical Informatics B11 Digital Image Computing Techniques and Applications B12 Image and Vision Computing Conference B13 International Conference on Computer Analysis of Images and Patterns B14 International Conference on Image Analysis and Processing B15 3-D Digital Imaging and Modeling C16 Brazilian Symposium on Computer Graphics and Image Processing C17 Iberian Conference on Pattern Recognition and Image Analysis C18 International Symposium on Visual Computing C

Na Tabela A.3 tem-se alguns grupos de pesquisa que atuam nas áreas de

Processamento de Imagens, Visão Computacional e análise de imagens médicas.

36

Tabela A.3: Alguns grupos de pesquisa nas áreas de Processamento de Imagens, Visão

Computacional e análise de imagens médicas.

Item Grupo1 MIPG – Medical Image Processing Group – Pennsylvania University,

Pennsylvania, USA.2 IPAG - Image Processing and Analysis Group – Yale University School of

Medicine, New Haven, USA.3 MEDISIP – Medical Image and Signal Processing – Ghent University, Ghent,

Belgium.4 Research Group of Medical Image Processing – Bochum University, Bochum,

Germany.5 Image Processing and Pattern Recognition Group – Technical University of Cluj-

Napoca, Cluj-Napoca, Romania.6 Image Processing Group – University of Zagreb, Zagreb, Croatia.7 Medical Graphics and Imaging Group – University College London, London,

United Kingdom.

37