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nÚmero 112 15 de março a 15 de abril de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica maratona na corunha 24 A primeira Maratona Popular da Co- runha celebrará-se o vindouro 15 de abril, mas já vem criando umha expe- taçom grande no atletismo. Nem toda positiva, pois vozes críticas já sinalam o afastamento do “espírito popular”. oPeraçom camPeom 7 o levantamento do segredo de sumá- rio da 'Campeom' deixa às claras a im- plicaçom de cárregos dos três grandes partidos. Entre as 40 pessoas que te- rám que passar polos tribunais há an- tigos e atuais cárregos da Junta. N ovas da G ali a “Conde Roa está obsessionado com a ideia de impedir o trabalho da Gentalha, devemos estar mais alerta” MACA IgREJAs, ativista e co-fundadora da associaçom cultural gentalha do Pichel Pág. 6 oPiniom gALIZA gLOBAL por Antom g.-R. ‘Tone’ / 3 UMhA PERsOnAgEM sInIsTRA ChAMADA gARZÓn por Rubém Centeno / 28 EsCánDALO por Ana Miranda / 3 suPlemento central a revista MORCEgOs, Os sEnhOREs DAs TREvAs Considerados criaturas demoníacas, houve sempre arredor deles umha série de lendas e de falsas crenças que esclarecemos TEATRO POLÍTICO POR MARÍA DO CEBREIRO Criaçom abre-se ao teatro ou nom abandona a poesia com As Branhas, diálogo entre presos e emanciapaçom das pessoas A Junta evita gerir as novas escolas infantís continua a Privatizaçom de serviços Anunciada em janeiro no DoG, a “contrataçom da gestom do serviço público de atençom edu- cativa à primeira infáncia” para cinco novas escolas infantís é mais um passo no desmantela- mento de serviços públicos em que se poderia resumir o gover- no de Núñez-Feijoo na Junta. A Conselharia de Educaçom pom os centros em maos de entida- des privadas, com contratos por valores que podem chegar a su- perar o custo que teria a gestom pública das escolas. Ainda, a pri- vatizaçom é coincidente com a primeira suba dos preços por aluno desde 2002. / PÁG. 20 Creba do BNG abre debates e alianças anÁlise de Panorama no soberanismo A recente ruptura no BNG, ceni- ficada após a última assembleia nacional da frente com a marcha do Encontro Irmandinho -lide- rado por Beiras- e a maioria da corrente Mais Galiza, pom o ponto final a anos de desputa e sucessivas crebas na confiança entre os seitores atuantes no Bloque. Enquanto a atençom mediática se centra na reconfi- guraçom dessas forças, distintos seitores do soberanismo externo ao BNG tenhem-se posicionado pola participaçom na procura de possíveis confluências. / PÁG. 18 Mufest premia vozes das migrantes A terceira ediçom do Mufest, Festival de Cinema feito por Mulheres, achegou a Compostela peças internacionais e debates sobre a relaçom entre género e produçom / PÁG. 22 A convocatória de greve geral para o dia 29 de março feita pola CIG e aderida por CUT, CNT e CGT, mais umha outra convocatória análoga feita polos sindi- catos de Euskal Herria semelham ter forçado às cen- trais estatais a chamar è greve nessa mesma data. Num contexto cada vez mais complicado economi- camente para a populaçom galega, e em plena vaga de recurtes de direitos sociais, o nosso pais vivirá umha nova greve geral, e NovAs DA GAlIzA procurou a vissom de sindicatos e movimentos sociais sobre a convocatória. CIG, CUT, CNT, o Bloco Anticapitalis- ta da Corunha, a Assembleia do obradoiro de Com- postela e CCoo respondem sobre motivos, objetivos ou métodos para a protesta de finais de mês. / PÁG. 16 Greve geral em resposta às medidas neo-liberais

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Page 1: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz112.pdf · 'Willy, El Niño' e ali desapareceu santiago Corella, 'El Nani', em fi-nais de 83, já 'em democracia'. Nengumha

nÚmero 112 15 de março a 15 de abril de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

maratona na corunha 24A primeira Maratona Popular da Co-runha celebrará-se o vindouro 15 deabril, mas já vem criando umha expe-taçom grande no atletismo. Nem todapositiva, pois vozes críticas já sinalamo afastamento do “espírito popular”.

oPeraçom camPeom 7o levantamento do segredo de sumá-rio da 'Campeom' deixa às claras a im-plicaçom de cárregos dos três grandespartidos. Entre as 40 pessoas que te-rám que passar polos tribunais há an-tigos e atuais cárregos da Junta.

Novas da Gali a

“Conde Roa está

obsessionado com

a ideia de impedir

o trabalho da

Gentalha, devemos

estar mais alerta”

MACA IgREJAs,ativista e co-fundadorada associaçom culturalgentalha do PichelPág. 6

oPiniom

gALIZA gLOBAL por Antom g.-R. ‘Tone’ / 3

UMhA PERsOnAgEM sInIsTRA ChAMADAgARZÓn por Rubém Centeno / 28

EsCánDALO por Ana Miranda / 3

suPlemento central a revista

MORCEgOs, Os sEnhOREs DAs TREvAsConsiderados criaturas demoníacas, houve sempre arredor delesumha série de lendas e de falsas crenças que esclarecemos

TEATRO POLÍTICO POR MARÍA DO CEBREIROCriaçom abre-se ao teatro ou nom abandona a poesia com As Branhas, diálogo entre presos e emanciapaçom das pessoas

A Junta evita gerir asnovas escolas infantís

continua a Privatizaçom de serviços

Anunciada em janeiro no DoG,a “contrataçom da gestom doserviço público de atençom edu-cativa à primeira infáncia” paracinco novas escolas infantís émais um passo no desmantela-mento de serviços públicos emque se poderia resumir o gover-no de Núñez-Feijoo na Junta. A

Conselharia de Educaçom pomos centros em maos de entida-des privadas, com contratos porvalores que podem chegar a su-perar o custo que teria a gestompública das escolas. Ainda, a pri-vatizaçom é coincidente com aprimeira suba dos preços poraluno desde 2002. / PÁG. 20

Creba do BNG abredebates e alianças

anÁlise de Panorama no soberanismo

A recente ruptura no BNG, ceni-ficada após a última assembleianacional da frente com a marchado Encontro Irmandinho -lide-rado por Beiras- e a maioria dacorrente Mais Galiza, pom oponto final a anos de desputa esucessivas crebas na confiança

entre os seitores atuantes noBloque. Enquanto a atençommediática se centra na reconfi-guraçom dessas forças, distintosseitores do soberanismo externoao BNG tenhem-se posicionadopola participaçom na procura depossíveis confluências. / PÁG. 18

Mufest premia vozes das migrantesA terceira ediçom do Mufest, Festival de Cinema feito porMulheres, achegou a Compostela peças internacionais edebates sobre a relaçom entre género e produçom / PÁG. 22

A convocatória de greve geral para o dia 29 de marçofeita pola CIG e aderida por CUT, CNT e CGT, maisumha outra convocatória análoga feita polos sindi-catos de Euskal Herria semelham ter forçado às cen-trais estatais a chamar è greve nessa mesma data.Num contexto cada vez mais complicado economi-camente para a populaçom galega, e em plena vaga

de recurtes de direitos sociais, o nosso pais viviráumha nova greve geral, e NovAs DA GAlIzA procuroua vissom de sindicatos e movimentos sociais sobre aconvocatória. CIG, CUT, CNT, o Bloco Anticapitalis-ta da Corunha, a Assembleia do obradoiro de Com-postela e CCoo respondem sobre motivos, objetivosou métodos para a protesta de finais de mês. / PÁG. 16

Greve geral em respostaàs medidas neo-liberais

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02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDITORAMInhO MEDIA s.L.

DIRETORCarlos Barros gonçales

COnsELhO DE REDAçOMCarlos Calvo varela, Iván gª Riobó, AarónLópez Rivas, Xavier Miquel, Antia Rguez.garcía, Xoán Rguez. sampedro, Raul Rios,Olga Romasanta, Alonso vidal, Paulo vilasenin

sECçOnsCronologia: Iván Cuevas / Economia:Aarón López Rivas / Agro: Paulo vilasenine Jéssica Rei / Mar: Afonso Dieste / Media:

Xoán R. sampedro e gustavo Luca / A Terra Treme: Daniel R. Cao / Além Mi-nho: Eduardo s. Maragoto / Povos: JoséAntom ‘Muros’ / Dito e Feito: Olga Roma-santa / A Denúncia: Iván garcía / Cultura:Antia Rodríguez / Desportos: Anjo Rua nova, Isaac Lourido e Xermán viluba /Consumir Menos, viver Melhor: Xan Duro /A Criança natural: Maria álvares Rei /Agenda: Irene Cancelas / A Foto: sole Rei /Tempos Modernos - Em Tempos: CarlosCalvo / A galiza natural: João Aveledo /gastronomia: Luzia Rgues., sino seco /Língua nacional: valentim R. Fagim / Criaçom: Patricia Janeiro / Cinema:Francesco Traficante, Xurxo Chirro

DEsEnhO gRáFICO E MAQUETAçOMManuel Pintor, helena Irímia, hilda Carvalho

FOTOgRAFIAArquivo ngZ, sole Rei, galiza Independente(gZI-Foto), natália gonçalves, Zélia garcia

ADMInIsTRAçOMsara Pérez neira

LOgÍsTICA E PUBLICIDADEXoán R. sampedro e Daniel R. Cao

AUDIOvIsUAL: galiza Contrainfo

IMAgEM CORPORATIvA: Miguel garcía

hUMOR gRáFICOsuso sanmartin, Pestinho, Xosé Lois hermo,Franxo Padín, Ruth Caramés, Pepe Carreiro

CORREçOM LIngÜÍsTICAEduardo s. Maragoto, Fernando v. Corredoira, vanessa vila verde, Mário herrero (A Revista)

COLABORAM nEsTE nÚMEROPepe Carreiro, Antón gómez-Reino varela‘Tone’, Ana Miranda, Camilo nogueira, Júlio Teixeiro, R.R.B., M.B., Maria álvaresRei, Rubém Centeno, Borxa Castro, Maríado Cebreiro Rábade villar

FEChO DE EDIçOM: 14/03/2012

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

inveja

Estou no aeroporto de Berlim, deregresso a casa depois de 5 diasna capital alemá. leio no NovAs aentrevista a Gustavo luca sobreFraga. venhem-me à memória al-gumas das visitas que figem na ci-dade. o museu Topographie desTerrors, sediado onde a Gestapoe as ss torturavam e assassina-vam os seus 'inimigos'. o quartelgeral foi destruído, mas ainda seconservam os sotos onde se co-metiam os crimes.

o museu Gedenkstätte Deuts-cher Widerstand, em memória decivis e militares que se opugeramao fascismo. Ali estám as biogra-fias de homens e mulheres queforam detidas, torturadas, assas-sinadas, deportadas ou que parti-ram para o exílio.

Por toda a cidade há placas on-de pessoas foram detidas e leva-das a campos de concentraçom.Também o tinha visto em Paris,onde som marcados os pontosonde morreu alguém da resistên-cia contra a ocupaçom nazi.

viajei polo vietname e tambémvisitei museus em memória da re-sistência, dos horrores da guerra

e mesmo das conseqüências quetivo para os soldados ianques.

No Estado espanhol foi destruí-do o cárcere de Carabanchel, quepodia ter sido um centro da me-mória histórica. Nom se quer lem-brar o que acontecia na DGs atéprincípios dos anos 80. A minhatia Petra Cuevas estivo lá detida45 dias nos anos 40 e foi torturadaquase até morrer; nos princípiosdos anos 80 ainda 'trabalhava' ali'Willy, El Niño' e ali desapareceusantiago Corella, 'El Nani', em fi-nais de 83, já 'em democracia'.

Nengumha placa indica o sofri-mento que houvo no atual Marcode vigo. Nada assinala os pontosonde manifestantes fôrom mor-tos polas FoP (Forças da ordemPública), às vezes comandadaspolo próprio Fraga.

os poucos locais de memóriasom assinalados, contra vento emaré, por associaçons da chama-da 'sociedade civil', e muitas vezessom profanados polos filhos e ne-tos (de sangue e ideológicos) da-queles fascistas que nos governa-ram e continuam a governar.

Inveja! Isso é o que sinto quan-do fago estas viagens.

Luísa Cuevas Raposo

luita contra o temPo

No cárcere o tempo é sumamentelento, preguiçoso, tedioso, teimo-so… chega a pesar um mundo,um mundo inteiro que combaterde algumha maneira, sem com-plexos e sem contemplaçons ouestás lixado. senom, ele come-te,deixando-che só o esqueleto. (...)o cárcere está feito para destruira pessoa, submetê-la e humilhá-

la. Dispom de tanto tempo famin-to que é fundamental continuar aluitar com todas as forças contraas humilhaçons, pelejando porconservar a dignidade.

o inimigo nom quer que com-batas o tempo. Por isso, pom-chemil e um empecilhos, censura-chea correspondência e obriga-che aestar deitado na cela ou no pátiotodo o dia para que sintas com to-da crueza como te come o tempo.Para os presos comuns, ainda há

algumha atividade, como cursosde desportos, de informática, tea-tro, escola, etc. Para os presos po-líticos nom há nada disto.

Aqui, no cárcere de Topas, omódulo 2 representa a negaçomcrua e nua. Nom há quarto paratrabalhos manuais nem biblioteca.(...) Ninguém se reeduca nem sereinserta: é umha fábrica de delin-qüentes. A maioria entra, a pri-meira vez, por delitos menores, edepois voltam a entrar por delitosque ponhem os cabelos de ponta.

Estou disposto a combater otempo e vou-no combater comunhas e dentes. Por tal motivo, oscarcereiros consideram-me umpreso perigoso e revistam-me acela umha vez por semana. Nominspecionam os barrotes, esqua-drinham minuciosamente os pa-péis, detenhem-se a ler os meusescritos, anotam os livros que es-tou a ler, e todas aquelas publica-çons suspeitas de serem mui deesquerda ou independentistas re-quisam-nas como se fossem tro-féus de guerra. Pouco se impor-tam com os ‘delitos’ por que estouaqui, senom com os ideais políti-cos, os objetivos por que luito.

Telmo Varela (Cárcere de Topas)

Acoexistência de múltiplossetores organizados no na-cionalismo e no indepen-

dentismo é um fenómeno que sereproduz nos diferentes espaçosgeográficos em que se manifestamos movimentos de esquerda e delibertaçom nacional na Europa.Costuma acontecer, porém, quequanto menos poder e incidênciasocial entesoura umha determina-da reivindicaçom, som mais as si-glas que patenteiam a sua defesa.Ao mesmo tempo, quando estasapostas políticas ganham vigor e

se convertem em alternativa depoder é quando o motor ou moto-res da mudança ganham a legiti-midade necessária que lhes per-mite agir como eixos unitários pa-ra dar coesom aos setores objeti-vamente interessados em tornarrealidade as suas aspiraçons.

É possível concluir, a partir daanálise dos processos emancipa-dores do século passado, que nasluitas que possibilitárom a emer-gência de povos livres coexistíromduas grandes referências que seretroalimentárom: setores que,

reivindicando o autogo-verno, se integráromnas estruturas estabele-cidas polos oponentes,

junto com outros que defendêroma rutura e negárom radicalmentea cooperaçom com os inimigos.Estes pólos batalhárom por sepa-rado e mesmo chegárom a se con-frontar, mas conseguírom vencerquando os seus contributos serví-rom com eficácia para os fins queperseguiam. Alimentando as ba-ses da sua potencialidade e fazen-do recuar os poderes que tivéromem frente. Batendo juntos, tam-bém, quando foi necessário.

A recomposiçom das peças queconformárom o nacionalismo re-

presentado polo BNG nas últimasduas décadas inaugura um cená-rio que nom pode ser valorizado acurto prazo. servirá para que aGaliza avance ou recue na medidaem que a síntese resultante con-tribua para incrementar tanto aconsciência coletiva como a efi-ciência dos recursos com que con-tam as suas forças.

Num momento em que Espanhae o capitalismo passam à ofensiva,vai ser determinante a articulaçomde respostas audazes e conseqüen-tes. E também o soberanismo teráque cumprir para evitar que o mal-estar resultante da crise se torneem frustraçom. Um papel que sópoderá exercer se oferece propos-

tas solventes a partir de referên-cias aglutinadoras. A atomizaçompatológica que arrasta o indepen-dentismo só beneficia os poderesinteressados na perpetuaçom domodelo social imposto por potên-cias estrangeiras na nossa terra.

No contexto que enfrentamos, agreve geral servirá como medidorda força dos setores que nom es-tám dispostos a se render perantea adversidade. Que o sindicalismogalego tome a iniciativa e que oseu chamamento seja secundadopola Galiza organizada recupera-rá nas ruas a presença da verda-deira naçom que também sabepassar à ofensiva e juntar as suasforças em momentos decisivos.

Resposta galegaeditorial

humor PePe carreiro

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

Fugindo da melhor das tradi-çons galeguistas, o movi-mento de reivindicaçom na-

cional tem rejeitado a via da valo-rizaçom do nosso país na esferapolítica da esquerda global.

Do ponto de vista do nacionalis-mo galego, alternativa de governocom poder político e postulanteativo a ocupar posiçons hegemó-nicas no campo social avançandoa partir do terreno institucional, amiopia quanto à importáncia depôr a Galiza no mapa global temsido relevante.

Tomando como experiência o(vice)governo quintanista, o modode abordar a questom tem-se situa-do fora do ámbito de atuaçom deum pretenso governo progressista,fugindo de alianças ou afinidadescom outras realidades que, usandoo poder institucional, estejam a darpassos à esquerda no planeta. Comumha política exterior caracteriza-da polo provincialismo, o país foipensado como marca comercialexportável através dos clássicosestereótipos impostos.

No que di respeito ao leque daesquerda independentista, atuan-do de forma antagónica às refe-rências catalás ou bascas, a subje-tividade preponderante tem sidoa de sugerir a ideia de que aquelaspessoas e coletivos interessadosem fazer valer a ideia da Galiza naconstelaçom de movimentos glo-bais som umha sorte de aventu-reiros, quando nom autênticoscomplexados, que na realidadetentam procurar longe do país oque nom encontram nas singula-

ridades do próprio.Porém, que acontece com os mo-

vimentos sociais, da cidadania or-ganizada em geral? À exceçom dedinámicas concretas vinculadas aotecido de centros sociais, de coleti-vos específicos setorialmente inte-ressados na questom internacional(Altermundo, Amarante, Implica-das, FugaEmRede...) ou, em tími-das ocasions, do ambientalismo emdefesa da terra, a dificuldade parafazer umha análise complexa docontexto global tem feito que mui-tos dos movimentos populares doámbito nacional ficassem orfos dereferências e alianças além docheckpoint simbólico dos Ancares.

E que podemos fazer no futuro?Parece imprescindível abrir umhadiscussom plural em relaçom ànecessidade de pôr, de formacoordenada, o planetaGaliza na esferadas esquerdastransfor -

madoras. E fazê-lo, polo menos,em três parâmetros:

Primeiramente, consolidar aparticipaçom de ativistas do paísem foros de debate e coordena-çom. lugares como os FsM ou di-versos encontros internacionaistemáticos onde é preciso partici-par, tomar a palavra e, já de re-gresso no País, esforçar-se por di-fundir e comunicar.

Em segundo lugar, tentar am-pliar a presença de ativistas com vi-som de país em açons políticas deenvergadura internacional, comopodem ser missons de apoio a lui-tas na América latina (MsT, zapa-tistas, povos indígenas), no ámbitodos países árabes, ou em açons deativismos coordenados, com von-tade de transcender a esfera públi-ca e romper a lógica sistémica da

cooperaçom internacional, valori-zando a açom política solidária.

Finalmente, explorar as vias pa-ra que militantes dos movimentos,com perfis políticos e intelectuaisespecíficos, podam participar, for-necendo e recebendo experiên-cias, em processos de transforma-çom política, especialmente no la-boratório das esquerdas que con-tinua a ser a América latina, par-tilhando processos constituintescomo os que tenhem lugar na ve-nezuela, na Bolívia ou, em dife-rente medida, noutros países ade-ridos ao AlBA.

Que pode tirar a pluralidade daesquerda nacional de umha estra-tégia como esta? Além de pôr opaís no mapa como elemento cen-tral, fomentar umha nova base ati-vista impregnada de novas cultu-ras políticas e de mobilizaçom.Aproximar a Galiza das questonsdo sul e globais é essencial para

compreender os fluxos dos pro-cessos de confrontaçom antis-sistémica atuais e por vir.Também se conseguiria tro-car a perceçom caritativa

que grande parte da ju-ventude tem em relaçomao mundo nom ociden-tal por umha culturasolidária, radical econsciente ou elaborarnovos ámbitos de co-

nexom com umhaGaliza exterior

cada vezmais di-

versa

e fundamentalmente desconectadadas dinámicas antagonistas exis-tentes no país.

Castelao dizia que “os bons ga-legos somos expatriados ainda quevivamos na Galiza". Porém, está nahora de pôr este país com força nohorizonte dos movimentos deemancipaçom. E para todo istosom precisas duas premissas. Um-ha ideológica, a respeito de olhar omundo sempre de um ponto de vis-ta pós-colonial. E umha outra tác-tica, na hora de pensar esta coor-denaçom como um elemento tácti-co em que devem coordenar-se to-das as sensibilidades dos movi-mentos de esquerda no país, semvontades homogeneizadoras eaproveitando, no contexto atual declara atomizaçom, para empregaro terreno de pensar a Galiza globalcomo um espaço de confluências eum campo para as alianças.

Antón Gómez-Reino, ‘Tone’,

é ativista de FugaEmRede

oPiniom

Simone de Beauvoir diziaque o mais escandalosoque tem o escándalo é que

umha pessoa acaba por se afazera ele. Escondido na escusa da tra-diçom, dos usos e dos costumes, omundo tem sido governado porhomens. o objetivo sempre foi omesmo: converter esse predomí-nio artificial numha espécie denormalidade. E abofé que o pa-triarcado alcançou esse objetivo.

o nosso país nunca foi alheio aessa realidade. A Galiza cons-truiu-se graças à força das suasmulheres, mas também de costasviradas para elas. Maes e filhasque escrevêrom páginas dos viei-ros da história da Galiza poste-riormente fôrom apagadas por

aqueles que obstaculizavam oprocesso de libertaçom da mulher.E assim continua a acontecer naatualidade. Nessa Galiza idílicaque parece existir só nos discur-sos de Feijóo, as mulheres veem-se notavelmente mais afetadasque os homens polo desemprego,no acesso (e permanência) aomercado de trabalho, com eviden-tes conseqüências nas condiçonslaborais e com diferenças sala-riais. som também as mulheres asque primeiro abandonam o em-prego para cuidarem dos seus fa-miliares dependentes (21%, se-gundo dados do IGE de 2010), edas meninhas e meninhos (14,5%,IGE, 2010). A gravidez continua aser um motivo de despedimentoquotidiano, e o direito ao aborto,que devia ser umha evidência da

vontade de cada mulher que devedecidir, ainda é um motivo de lui-ta. vivemos num mundo em quehá muito que mudar.

Estudantes, desempregadas,avós, viúvas, labregas, jornalis-tas, marisqueiras, enfermeiras emédicas, trabalhadoras da fun-ção pública, sindicalistas, autó-nomas, pequenas empresárias,informáticas, caixas, dependen-tas, vítimas de violência, condu-toras, mestras, limpadoras, em-

pregadas domésticas, comer-ciais, escritoras, e tantas outras,veem abafados os seus direitosna maré da indiferença e no con-texto da dinámina antissocial quepadecemos nos últimos tempos.

No nacionalismo galego tenta-mos contribuir para mudar estasituaçom com iniciativas e pro-postas que cumpriria reforçar ain-da mais, tal como foi aprovadonumha resoluçom na passada As-sembleia Nacional. Por isso, tam-bém aqui, onde nós, as mulheresgalegas, estamos representadas,ademais de formar parte da Co-missom da Mulher e Igualdade, atransversalidade de género estápresente em todo o trabalho polí-tico como eurodeputada. Nestacámara somos 261 deputadas,34% do total, frente a 493 deputa-dos e só o grupo do qual o BNGfai parte, verdes-AlE, tem maio-ria de mulheres nos assentos doParlamento europeu.

A naturalidade com que se as-sume esta situaçom, tanto naGaliza como na Europa é, citan-do de novo simone de Beauvoir,o maior motivo de escándalo.Por isso as mulheres tenhem, te-mos, que continuar a trabalharpara conscientizar sobre a igual-dade e desterrar a discrimina-çom por género, temos que con-tinuar a trabalhar para luitarcontra a passividade e as pro-postas esmagadoras, e temosque continuar a trabalhar paraque sejam promovidas políticasintegrais e nom sejam anuladosmais direitos. Aspiremos, pois, atrocar esta vergonha, e nom noshabituemos a este escándalo quese produz todos os dias.

Ana Miranda é deputada polo BNG

no Parlamento Européu

Este artigo foi publicado originalmente

no diário digital Praza Pública

EscándaloAna Miranda

Pensando a Galiza globalAntón gómez-Reino, ‘Tone’

As mulheres estámmais afetadas queos homens polo desemprego e noacesso ao mercadode trabalho, compiores condiçons

Aproximar a galizadas questons do sule globais é essencialpara compreender osfluxos dos processosde confrontaçom antissistémica atuaise por vir. É hora depôr este país comforça no horizontedos movimentos de emancipaçom

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NGZ / A convocaçom de greve ge-ral que a CIG decidira desenvolverno dia 7 de fevereiro foi apoiadapor outros sindicatos de esquerdana Galiza e em poucos dias obtivoo apoio da maioria sindical basca,coincidindo no dia 29 de marçocomo data propícia para umhamobilizaçom geral com o objetivode incidir na tramitaçom parla-mentar da reforma laboral, assimcomo na aprovaçom dos orçamen-tos do PP para este ano. A convo-caçom que a CUT, a CGT, a CNT ea CIG apresentavam no registo em2 de março foi finalmente secun-dada de maneira oficial polos sin-dicatos espanhóis UGT e CCoono passado dia 9, com o qual a gre-ve que inicialmente se ia desen-volver na Galiza e no País Bascoterá efeito em todo o território do

Estado espanhol. será a primeiragrande resposta popular contra asdiretrizes do governo Rajoy, aoque o sindicalismo acusa de atuarao ditado das entidades patronaise os grandes capitais financeiros.

As centrais CCoo e UGT defen-dem a convocaçom pola “intransi-gência” do Governo espanhol nahora de negociar os conteúdos deumha reforma laboral que qualifi-cam como “injusta, ineficaz e inú-til”, enquadrando-a num “ataquesem precedentes ao estado dobem-estar e aos serviços públicos”.

A CUT realizou um chamamen-to à unidade do coletivo de traba-lhadores e trabalhadoras assimcomo das pessoas em situaçom dedesemprego por “um futuro comtrabalho e dignidade”. Em parale-lo, o anarco-sindicalismo repre-

sentado na CNT concluiu que“agora mais que nunca, a nossaclasse tem que sair à rua a luitarpolos nossos direitos”.

10 de marçoA CIG já aqueceu motores no dia10 de março, dia da classe operá-ria galega, com a realizaçom demobilizaçons nas 7 principais ci-dades, em vila Garcia e em Ribei-ra, denunciando o “saqueio à clas-se trabalhadora” e pedindo umharesposta “com toda a força neces-sária” para “impedir a consuma-çom desta agressom brutal”. Porsua vez, a CUT desenvolveu umhaconcentraçom para comemorar aefeméride em vigo no dia 9 demarço enquanto CCoo e UGTrealizárom mobilizaçons no 11 demarço a nível estatal.

04 acontece Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

aconteceNos primeiros dias de março sucedêrom-se concentraçons de pessoal da funçom pú-blica perante sedes públicas em protestopolos efeitos dos cortes nas despesas daJunta. vam continuar a mobilizar-se e apre-sentárom alternativas para reduzir gastos.

Pessoal da funçom PÚblica continua com Protestos

o slG denunciou as mentiras difundi-das pola leite Rio na sua última cam-panha, onde afirma que nom desceu opreço do leite. Com os recibos na mao,demonstrárom que a descida desde de-zembro foi de 1 cêntimo por litro.

slG denuncia camPanha de leite rio

10.02.2012 / Suspende-se o jul-gamento contra Carlos Callón,presidente da Mesa, após a juí-za recusar a defesa.

11.02.2012 / A direçom de Es-querda Nacionalista acorda acisom do BNG.

12.02.2012 / Encontro Irmandi-nho abandona o BNG.

13.02.2012 / Marinheiro da Pó-voa falece no porto de Ribeiraao receber umha pancada na

cabeça enquanto estava a trabalhar.

14.02.2012 / Dúzias de estudan-tes impedem umha homena-gem a Manuel Fraga Iribarne naFaculdade de Filosofia da Uni-versidade de Santiago.

15.02.2012 / Uns 70 trabalhado-res de Novagalicia Banco eBanco Pastor concentram-sediante do Parlamento da Galizapara protestarem contra as re-formas financeira e laboral.

16.02.2012 / Coquetel molotovcontra os escritórios de Friger,com o pessoal em ERE de ex-tinçom, em Ponferrada.

17.02.2012 / CIG convoca de for-ma independente greve geralpara o dia 29 de março.

18.02.2012 / Sete pessoas feri-das ao derrubar-se um prédioem Vigo.

19.02.2012 / Mais de 140.000pessoas manifestam-se contra

a reforma laboral nas mobiliza-çons de CCOO e UGT em Vigo,Corunha, Ferrol, Santiago, Ou-rense, Ponte Vedra, Lugo, VilaGarcia e Burela.

20.02.2012 / Segundo dados doServiço Público de EmpregoEstatal, 95% das ofertas de tra-balho na Galiza som com con-tratos temporários.

21.02.2012 / Um moço é detidodurante o julgamento a cinco in-dependentistas em Compostela.

22.02.2012 / Encontram morto,presumivelmente por suicídio,um rapaz com tutela da Junta,de 16 anos, no centro de meno-res de Monte Alegre (Ourense).

23.02.2012 / Mais de 20.000pessoas manifestam-se contraos cortes na funçom públicaem Vigo, Corunha, Ferrol, Com-postela, Ourense, Ponte Vedra,Lugo e Barco.

24.02.2012 / Segundo dados deCáritas, a taxa de pobreza da

cronoloGia

Sindicalismo galego marca a datada primeira greve geral contra o PP

unanimidade oPerÁria Para Paralisar o estado a 29 de março

NGZ / No dia 21 de fevereiro tivolugar no Tribunal nº 2 de Com-postela um julgamento contra fa-miliares e amigos do preso inde-pendentista santiago vigo, acu-sados de tentar libertá-lo duranteumha transferência do mesmopara dependências judicias. o or-ganismo antirrepressivo Ceivarqualificou a acusaçom de “farsapolicial” e tentativa fiscal de “cas-tigar as mostras de apoio aos pre-sos”. A fiscal pediu a condenaçomde A.P, X.l, I.R. e R.A a um ano emeio de prisom polo delito deatentado à autoridade, e de A.P. eR.A a 5 meses de prisom polo de-lito de evasom de presos em graude tentativa. Em virtude de ate-nuantes, a petiçom fiscal paraE.v. fora reduzida a umha pena-multa de quota diária de 12 eurosdurante 2 meses, ficando a acu-saçom de duas lesons em faltasde lesons, punidas com respon-sabilidade civil de 300 euros cadaumha delas. Ainda, terá que en-frentar umha pena-multa de quo-ta diária de 12 euros durante 40dias. Está pendente a sentença.

o julgamento decorreu numambiente mui tenso, com umhagrande presença policial nosTribunais das Fontinhas. Umhastrinta pessoas chegárom-se aomesmo em solidariedade comos independentistas, exigindo aliberdade dos mesmos. Umhadisputa entre o militante inde-pendentista X.R. e um dos polí-

cias que escoltava Eduardo vigo-trazido diretamente da prisompara o julgamento-, quando oprimeiro e a mae do preso o ten-tárom saudar, deu na ordem dedespejo da sala entre berros de“viva Galiza Ceive!” e “vencere-mos!”. Em conseqüência, X.R.foi detido, levado à esquadra po-licial e libertado com acusaçonspouco depois por atentado con-tra a autoridade.

Transferem Eduardo VigoPosteriormente, no dia 23 de fe-vereiro, depois de participar nojulgamento das Fontinhas, o pre-so independentista Eduardo vigofoi transferido da prisom de Tei-xeiro para a de Córdova, situadaa mil quilómetros da sua morada.lá permanece em isolamento, ejá denunciou ameaças por partede carcereiros e novas restriçonsna sua vida dentro da cadeia. Cei-var, como medida de protesto,editou postais solidários para en-viar à direçom do cárcere, exigin-do o respeito polos direitos fun-damentais de Eduardo vigo e ofim das ameaças.

Por sua vez, o sindicalista Tel-mo varela cumpriu no passado9 de março um ano em prisompreventiva, sem ter sido aindasubmetido a julgamento nem termarcada data para o mesmo. oviguês estivera já 22 anos emprisom pola sua militáncia co-munista nas décadas de 80 e 90.

Julgam solidários e detenhem militanteem Compostela

MANIFESTAÇOMpolo 10 de março em Vigo

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

Gumersindo Rodríguez liz, alcalde do Páramo, foi acu-sado de retirar a luz pública a lugares onde residem vo-tantes do PsoE enquanto dispom de dous farois alu-miando a sua casa. Por umha dedicaçom contabilizadaem duas horas diárias está a receber um salário de 1.500euros, ao que se opujo o grupo municipal ‘socialista’.

o ‘amo do PÁramo’ continua a fazer das suas

o ativismo ecologista homenageou Xosé Reigosa no pas-sado dia 3 de março na península de Monte Ferro (Ni-grám), um espaço natural de cuja defesa foi protagonista.Reigosa foi fundador de salvemos Monte Ferro e impu-sionador de movimentos como Galiza Nom se vende e ARia Nom se vende. Faleceu no passado 21 de fevereiro.

homenaGeiam xosé reiGosa em monte ferro

Galiza situa-se entre 15 e 20por cento.

25.02.2012 / Mais de 700 pes-soas manifestam-se em Com-postela para denunciar a priva-tizaçom dos serviços públicose o desmantelamento do Con-sórcio Galego de Serviços deIgualdade e Bem-Estar.

26.02.2012 / Presidente da Fe-gamp, José Manuel Rey, recla-ma subir o preço dos serviçosmunicipais.

27.02.2012 / Funcionários fe-cham-se em edifícios da Juntae na CRTVG contra a Lei deMedidas no Emprego Público.Ao dia seguinte, uns 2.500 pro-testam perante o Parlamento.

28.02.2012 / Detenhem emBueu um menor dentro de ope-raçom contra Anonymous.

29.02.2012 / Vizinhança da Gra-nha (Ferrol) ocupa o consultóriomédico do bairro perante aameaça de fechar o serviço.

01.03.2012 / Dez pessoas detidaspor presumível autoria de incên-dios em Doçom, Toques, Ordes,Santa Comba, Valga, Aviom,Mesquita, Lugo e Baralha.

02.03.2012 / Dados do Ministé-rio espanhol de Emprego e Se-gurança Social refletem umhasubida em fevereiro de 1,25%do desemprego na CAG, atéatingir as 274.675 pessoas.

03.03.2012 / Julia Lorenzo Diz,vizinha de 64 anos de Vilarde-

vós, é assassinada polo seu ho-mem, Ángel Lorenzo Barrios,que se suicida a continuaçom.

04.03.2012 / Pessoas afetadaspolas participaçons preferen-tes manifestam-se em Vigo ena Corunha contra o que quali-ficam de “corralito” que atingeclientes de Novagalicia Banco.

06.03.2012 / Pai de Diego Viña éjulgado por ter denunciado amorte do seu filho no quartelda Guarda Civil de Arteijo.

07.03.2012 / De madrugada, as-saltam a Casa do Concelho deQualedro e queimam as ban-deiras galega, espanhola e eu-ropeia.

08.03.2012 / Polícia local de Vi-go detém um homem acusadode violar umha mulher com aque mantinha umha relaçomsentimental.

09.03.2012 / CCOO e UGT deci-dem convocar também grevegeral para o dia 29 de março.

cronoloGia

NGZ / Há poucos dias, o governode Feijóo passava por cima daforte oposiçom popular e davaluz verde à lei de medidas tem-porárias em determinadas ma-térias do emprego público daComunidade Autónoma da Ga-liza, isto é, o plano de cortes pa-ra o pessoal do setor público. Anorma foi aprovada sem contarcom o apoio do setor nem daoposiçom seguindo o procedi-mento da “leitura única”, umhavia rápida para aprovar leis quereduz ao máximo a tramitaçomdos projetos legislativos, mini-miza a capacidade de interven-çom dos grupos da oposiçom e,por lógica, deixa pouca margempara que as leis sejam debatidas

na esfera pública. segundo indi-ca o Manual Parlamentar, as cir-cunstáncias nas quais se poderecorrer a este procedimentoobrigam a um “consenso entreas forças políticas”, consenso to-talmente inexistente nas últimasleis fomentadas polo PP.

Assim, a “leitura única” era jáempregada por Feijóo só dousmeses após a tomada de posse,quando eliminou a obrigatorie-dade de realizar polo menos umexame em galego em cada pro-cesso de oposiçom. Esta modifi-caçom da lei da Funçom Públi-ca respondeu, segundo a daque-la conselheira, a um modo de“garantir os direitos lingüísticosdos opositores” no menor tempo

possível. As reformas da lei deCaixas e da lei de Comércio fô-rom empreendidas do mesmomodo, assim como a lei de me-didas urgentes para a moderni-zaçom do setor do transportepúblico. o denominador comumfoi evitar um debate público emtorno de umhas reformas que seanunciavam polémicas.

outro trámite empregadopolo PP para a aprovaçom des-te tipo de leis é o “procedimen-to de urgência”, mais lento queo anterior mas que reduz igual-mente pola metade o tempo detramitaçom. As reformas da leide Pesca ou da lei de Discipli-na orçamentária fôrom apro-vadas deste modo.

Feijóo aprova com urgênciaas suas leis mais polémicas

reduz ao mÁximo a tramitaçom dos Projetos leGislativos

Soberanismo concorrenas eleiçons asturianasNGZ / o Partido da Terra registou asua candidatura para as eleiçonsasturianas que vam ter lugar no dia25 de março com o objetivo de de-fender publicamente “sem medo esem complexos, a voz das pessoascomprometidas com os interessese com a cultura da Terra Eu-Návia”.

Esta organizaçom política, de re-cente criaçom, integrou na sua can-didatura pessoas vinculadas a dife-rentes entidades, a maioria sem li-gaçom com o seu partido. Procu-ram dinamizar um relacionamento

normal de pessoas que partilhamumha língua comum aquém e alémdo rio Eu. Assim, participam comoindependentes Ánxel suárez Alva-rez, luis González Blasco ‘Foz’,Daniel González vázquez ‘lavese-do’ ou Alexandre Banhos.

A reivindicaçom histórica da faixaleste da Galiza volta à atualidade emterras sob administraçom asturiana,depois de que Nós-UP tenha manti-do nos últimos anos atividade na co-marca do Berzo, administrada polacomunidade de Castela-e-leom.

Incêndios de marçoponhem em causa agestom de Meio RuralNGZ / No começo do mês de marçoa responsável pola Conselharia doMeio Rural e do Mar, Rosa Quinta-na, informava de que, ao longo doano em curso, os incêndios flores-tais queimárom 2.500 hectares naGaliza, um milhar mais que no mes-mo período de 2011. Porém, os da-dos ficam já desatualizados, já queno momento de redigir esta notícia,o monte continuava a arder. Na tar-de de 11 de março Meio Rural diziater controlado um incêndio que ar-rasara mais de 100 hectares em Fol-goso do Courel, e poucas horas an-tes informavam da extinçom de umoutro registado em Cervantes, noque arderam 28 hectares. Nesse fim

de semana também fôrom regista-dos incêndios em Aviom, veiga, la-lim, Ribeira e Boiro.

os meios anunciados (mais de4.000 guardas civis, 1.500 efetivosdo serviço contraincêndios, setehelicópteros da Junta e dous do Es-tado, ademais de brigadas de tare-fas preventivas que enviou o gover-no espanhol), continuam a ser in-suficientes dada a situaçom climá-tica que se viveu na Galiza duranteo mês de fevereiro e a primeiraquinzena de março. Além disto, asqueimas, causadoras de umha par-te importante dos incêndios flores-tais, continuárom a ser autorizadasaté o dia 12 de março.

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

Como se desenvolvem os factosdesde que vos notificam a multa? A multa chegou aproximadamen-te um mês depois da Cacharela.Quando a recebemos nom podía-mos acreditar. 1.500 euros porpendurar umha faixa? 300 por-que havia gente na praça depoisda hora autorizada para a festa?Desenvolvemos umha campanhade protesto denunciando a situa-çom, para que a cidade soubessecomo o Concelho viola a nossa li-berdade de expressom. Recorre-mos a sançom duas vezes pola viaadministrativa, mas o concelhonom forneceu as provas solicita-das ou umha resposta ao nossorecurso, simplesmente dixo que'nom o aceitava'. De maneira quedecidimos optar pola via judicial.o processo é custoso e esgotador,mas achamos que nom podemosaceitar tal abuso de poder semnos tentarmos defender. A dia 9de abril teremos o julgamento.

Qual é a vossa reaçom quandovos chega esta multa? A nossa reaçom foi, evidentemen-te, de muita surpresa. Aplicam-nos a máxima sançom da orde-

nança por “ocupaçom indevida davia pública”, catalogando-a de in-fraçom grave. Em dita ordenançaestabelecem-se como exemplosdeste tipo de atos sancionáveis a'conduçom negligente e temerária'ou a 'omissom de auxílio em casode socorro'. É evidente que pendu-rar umha faixa numha paredenom tem muito a ver com este tipode infraçons. Do nosso ponto devista, nom há dúvida de que se tra-ta de umha ordenança que permi-te sancionar entidades à vontadedas administraçons, e com san-çons que, por serem tam elevadas,podem tornar-se impossíveis depagar para muitos coletivos, im-plicando a sua desapariçom.

Trata-se de umha ordenançaque, além disto, só se aplica a ini-ciativas ou organizaçons incómo-das para o poder. Pouco depois daCacharela, Compostela sofreu a vi-sita do Papa e a seleçom espanholaganhou o mundial de futebol. Asfaixas e bandeiras que se pendurá-rom nesses dous acontecimentossom também puníveis como ocu-paçom indevida da via pública,mas nesse caso nada se fijo. Por-quê? Como já foi dito, porque essa

ordenança só se aplica quandoquem se está a expressar é incó-modo para o poder estabelecido.

Como vai acabar o julgamento eque faredes caso o perdades?sinceramente, nom sabemos.Concentramo-nos no julgamento,sobretodo, como umha oportuni-dade para dar a conhecer o nossotrabalho de ativismo cultural, dedefesa da nossa língua e cultura,em favor da defesa e conhecimen-to do meio natural e da recupera-çom da memória da comarca e daGaliza. som mais de 8 anos a tra-balhar de forma autogerida e de-monstrando a viabilidade da Gen-talha, que só se encontra qüestio-nada por multas como esta. Assançons confirmam a necessida-de do nosso projeto, já que a nossamaneira de entender o ativismo

cultural é radicalmente diferenteda cultura enlatada e turística quepromovem as instituiçons.

Em todo o caso, aproveitades ogolpe para tentar reforçar-vos.Em que consiste a campanhapara instaurar o 9 de abril comoDia do Associativismo Cultural?Consiste em chamar a atençomdas pessoas que simpatizam como nosso projeto cultural sobre aimportáncia de participarem. Nóssomos um centro social maiorita-riamente autogerido. Isso implicaque nós decidimos a linha de tra-balho, mas também que estamosaqui por vontade das sócias e dossócios da Gentalha, que quere-mos um espaço cultural diferenteem Compostela, 100% em galegoe nom submetido às instituiçons.Precisamente por esta razom pre-

cisamos de alargar o número deassociados e associadas, paradar-nos estabilidade e permitir-nos enfrentar este tipo de emba-tes com mais solvência.

A multa foi imposta polo bipar-tido PSOE-BNG e executada po-lo atual governo do PP. Mudou otrato do Concelho com o centrosocial desde a mudança?Nós somos críticas com o gover-no atual, igual que o fomos com ogoverno anterior, pois considera-mos que o modelo de cidade quepromovêrom e promovem é omesmo: umha cidade virada parao turismo religioso, que fomentasetores produtivos geradores deempregos precários e umha vi-som folclórica da nossa cultura.

Apesar dos canais de diálogoabertos com o governo anterior, édifícil esquecer o boicote a quesubmetêrom iniciativas como afesta do 17, especialmente nosprimeiros anos de existência daassociaçom. Mesmo assim, é evi-dente que a chegada à CámaraMunicipal de um indivíduo comoConde Roa, obsessivo com a ideiade impedir o trabalho da Genta-lha, dificulta ainda mais a dina-mizaçom social e cultural da ci-dade quando esta escapa ao seucontrolo. É necessário que ande-mos mais alerta que nunca.

Mais umha vez, a Cámara Mu-nicipal assume que as ruas nomsom para o uso de todas, para alivre expressom das cidadás e ci-dadaos participativos, senom pa-ra quem eles decidirem.

“A ordenança de ‘ocupaçom indevida’ da ruapermite sancionar à vontade do Concelho”

maca iGrejas é sócia e ativista da Gentalha do Pichel desde a fundaçom da associaçom

A presidenta do Conselho Económico e social e ex-pre-sidenta da Fundaçom Porto de vigo, Corina Porro, estáimputada por falsidade documental. Mudou a sua de-claraçom para se proteger, aduzindo que nom existiuumha junta de patronos nem umha ata da reuniom emque se teria decidido o despedimento de um alto cargo.

imPutam corina Porro Por falsidade documental

A Polícia Nacional espanhola vetou a megafonia da cla-que antifascista Riazor Blues e propujo umha sançom aospeaker do grupo por ter supostamente insultado um jo-gador de umha equipa contrária. Denunciam que a ver-dadeira razom do veto é ter lembrado pola mesma o pas-sado fascista do recentemente falecido Manuel Fraga.

riazor blues denunciam PerseGuiçom Policial

RAUL RIOS / Na noite do dia 23 de junho de 2010, o centro social daGentalha do Pichel organizava, como cada ano, a sua cacharelade Sam Joám numha praça da cidade velha de Compostela.Numha das paredes havia umha faixa pendurada em que podialer-se “Na Galiza, só em galego”. Um mês depois, por essa faixa,a Gentalha recebe umha multa por valor de 1.500 euros, por “ocu-paçom indevida da via pública”, e outra de 300 euros por excedero horário permitido. Começa assim um processo que leva ao jul-gamento que terá lugar no dia 9 de abril. Maca Igrejas, veteranaativista da Gentalha, explica o caso para o NOVAS DA GALIZA.

centros sociais

aguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

a.c. bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

casa dos caracoisAvda. da Igreja, Arca · Pino

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

csa la madriguera del oso PardoR. México · Ponferrada

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

Um moço natural de Bueu de 16 anos foi detido a 29de fevereiro pola Polícia Nacional espanhola sob aacusaçom de participar na rede de Anonymous. Emliberdade com acusaçons, relacionam-no com ata-ques contra entidades e empresas, e de divulgar da-dos de GEo’s e guarda-costas de altos cargos.

detenhem GaleGo que vinculam com anonymous

o concelho de Trasmiras en ourense pode converter-sena próxima atalaia do imperialismo americano à horade vigiar os movimentos de parte da Europa e norte deÁfrica. Numha recente reuniom da NATo, o responsávelde defesa americano comentou para o ministro da Defe-sa espanhol a possibilidade de empregar Trasmiras.

trasmiras Possível localizaçom Para avions da nato

NGZ / o levantamento do segredode justiça da chamada operaçomCampeom no começo de marçoacabou por constatar as suspeitasdivulgadas sobre a implicaçomde destacados membros dos trêspartidos com representaçom par-lamentar no Hórreo. o processojudicial que investiga delitos defraude na concessom de subven-çons públicas, tráfico de influên-cias e suborno atinge 40 pessoasimputadas entre as quais se con-tam os ex-deputados do PP PabloCobián e do BNG Fernando Blan-co, o ex-ministro do PsoE JoséBlanco –processado no Tribunalsupremo polo cargo eleito queocupava–, e ainda altos cargos daJunta, funcionários e empresá-rios. No fecho desta ediçom, eraimputado também o alcalde delugo José lópez orozco.

Tal e como no caso dos sumá-rios abertos contra os valencia-nos Francisco Camps ou CarlosFabra, nom se produzírom sen-tenças condenatórias e é possí-vel que isto tampouco vaiaacontecer contra os eleitos dostrês partidos, se bem que, comono caso levantino, a sua impli-caçom direta nas tramas ficassemais que clara a partir da divul-gaçom do sumário em que se in-cluem conversas telefónicas edocumentos da trama à cabeçada qual se encontra o empresá-rio lucense Jorge Dorribo.

Feijóo desentende-seApesar de que a trama de corrup-çom implica os máximos respon-sáveis polas conselharias de In-fraestruturas, Agustín Hernán-dez; Economia, Javier Guerra, esanidade, na altura Pilar Farjas,assim como a diretora da AgênciaGalega de Infraestruturas, Ethelvázquez, o presidente Núñez Fei-jóo mostra-se satisfeito com a des-tituiçom da cúpula do InstitutoGalego de Promoçom Económica(IGAPE) como medida para de-purar responsabilidades políticasdas quais ele mesmo nom se livra.Jorge Dorribo, da mesma manei-ra que assegura ter pago ao ex-

ministro José Blanco, acusa o pre-sidente da Junta de ter mediadopara a aceleraçom da concessomde subsídios às empresas envolvi-das na trama.

Múltiplas atividades A rede à qual inicialmente se alu-dia no negócio farmacêutico emque se teria comerciado com me-dicinas caducadas e para a qualteria obtido subsídios, entre eles

um proveniente do IGAPE, porvalor de 3 milhons de euros apoia-dos em facturas falsas, inclui ou-tros ámbitos de negócio como odos transportes através do sóciode Dorribo, José Antonio orozcode Azkar, ou as cobiçadas infraes-truturas por meio da Proitec. oempresário lucense e os seus só-cios aludem a Agustín Hernándeze Pilar Farjas como amizades comque contam, dispostas a favorecer

os seus negócios. o financiamen-to de campanhas eleitorais e ospagamentos diretos a cargos pú-blicos estariam por detrás dos fa-vores concedidos.

Também o BNGo sumário da operaçom Cam-peom situa o ex-chefe de gabine-te de Fernando Blanco na Conse-lharia de Indústria, Xoán Bazar-ra, como testa-de-ferro do ex-conselheiro na trama dentro daempresa andorrana Tramiphar-ma, na qual também disporia departicipaçons José Blanco. Bazar-ra exercia como gerente das divi-sons empresariais de Dorribo emAndorra, através das quais se rea-lizavam cruzamentos de paga-mentos de facturas entre empre-sas da trama. Em gravaçons di-vulgadas no levantamento do se-gredo de justiça chega a advertiro empresário Jorge Dorribo dapossibilidade de que certas ope-raçons podam gerar suspeitas so-bre a sua legalidade perante osórgaos fiscalizadores do Princi-pado andorrano. o salário de1.200 euros aludido polo ex-con-celheiro de Muros para a sua de-fesa nom incluiria outro tipo depagamentos que, de terem existi-do, seriam realizados através das‘contas B’ que o próprio Bazarralevou a reunions da trama, con-forme consta em escuitas telefó-nicas nas diligências processuais.

Corrupçom socializa-se entre ostrês grandes partidos na ‘Campeom’

nÚñez feijóo abstém-se de tomar medidas contra altos carGos imPutados

NGZ / A Conselharia de Infraestruturas, dirigidapor Agustín Hernández, que conta com quatroaltos cargos inputados na operaçom Campeom,fijo desaparecer o contrato de melhoria da estra-da entre Cerdedo e Campo lameiro (Po-230)que conforme as investigaçons judiciais foi con-cedido arbitrariamente à empresa de Jorge Dor-ribo Proitec. No entanto, agentes aduaneiros dé-rom com o documento na sede da empresa.

A diretora de infraestruturas Ethel vázquezMourelle, imputada, declarou a Aduanas que o

documento nom existia. Junto a ela estám a serprocessados os ex-subdiretores gerais de estra-das, luis Miguel Muñoz Bretos e Mateo Maigler,assim como Antonio lópez Blanco, que exerciacomo subdirector geral de Planificaçom e Pro-gramaçom de Infraestruturas.

Conforme as escuitas incorporadas no sumá-rio, dirigentes da Conselharia assessorárom aempresa para adequar a adjudicaçom do projetopara que fosse outorgado à empresa conformeos requerimentos previstos.

Fam desaparecer da Junta contrato irregularvinculado a altos cargos de Infraestruturas

Queimam viaturas noPorrinho e assaltamCasa do Concelhode QualedroNGZ / Nas últimas semanas pro-duzírom-se sabotagens nos con-celhos do Porrinho e Qualedro,nengumha das duas reivindicada.

Incendiam viaturas no PorrinhoNa madrugada do dia 21 de feve-reiro três veículos que se encon-travam no recinto de umha em-presa da paróquia de Budinho, fi-cárom praticamente calcinadasapós serem borrifadas com gaso-lina. Um camiom com reboque fi-cou inservível, assim como umhafurgoneta Renault Express, e orés-do-chao em que estava umdos veículos foi afetado tambémpolo lume, apagado polos bombei-ros. A polícia judiciária deslocou-se até o lugar da sabotagem paratomar amostras e a Guarda Civilaponta umha vingança laboral po-lo encerramento de outra compa-nhia relacionada com a proprie-dade, dedicada à construçom noboom dos 90, que despediu os tra-balhadores nos últimos meses. Demomento nom se efetuárom de-tençons nem reivindicaçons.

Casa do Concelho de Qualedro Na madrugada do dia 6 de marçoum grupo entrou na Casa do Con-celho de Qualedro, provocandonumerosos destroços. o gabinetedo alcalde, o do secretário, o Tri-bunal de Paz e a sala de plenáriosfôrom as divisons atacadas, in-cluindo mobília e computadores.Na última prendêrom lume numhabandeira espanhola. No exteriorretirárom as três bandeiras dosmastros: espanhola, galega e eu-ropeia, queimando-as também. AGuarda Civil investiga os factos,que paralisárom a atividade muni-cipal durante um dia. o alcalde po-lo PP, luciano Rivera, declarouque “nom há nengum conflito”,mas assinalou que “nom temos co-nhecimento de que roubassemnengum documento, porque di-nheiro nom havia”, o que dá maisforça à hipótese da motivaçom po-lítica. Por sua parte, o subdelegadodo Governo de Espanha em ou-rense, Roberto Castro, opina que“parece um ato de vandalismomais do que umha ofensa política”.

JORGE DORRIBOestá à cabeça da rede

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08 acontece Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

NGZ / o pessoal das empresas au-xiliares da área de pinturas e ser-viços que desenvolvem a sua ati-vidade em Navantia Ferrol e Fenedenunciou, por meio de um escri-to entregado no passado dia 6 demarço ao presidente da Junta daGaliza, Núñez Feijoo, a previsomde que se produzam centenas dedespedimentos por causa da faltade carga de trabalho.

o protesto deu continuidade àentrega de assinaturas que a últi-ma semana de fevereiro realizá-rom empresas auxiliares de acei-ros, denunciando que em quinzedias irám para o desemprego uns400 trabalhadores.

Ocupam edifício da Junta e começam marcha reivindicativaPor outro lado, na passada sex-ta-feira 9 de Março, por volta deumha centena de delegados sin-dicais de Navantia Fene-Ferrol ede oito empresas auxiliares vin-culadas à área da eletricidadeque trabalham no estaleiro rea-

lizaram umha ‘ocupaçom sim-bólica’, durante umha hora, doprédio que a Junta tem na cida-de, ao mesmo tempo que come-

çárom umha marcha a pé quechega a dia 15 de março a Com-postela, para reclamar soluçonsà falta de trabalho.

Alertam sobre despedimentosem massa no naval de Ferrol

Pessoal das emPresas auxiliares de Pinturas e serviços afetado

NGZ / segundo dados do Relatóriode sinistralidade laboral de 2011,elaborado pola Polícia Judiciária,o número de acidentes laborais nosetor serviços registou no ano pas-sado um incremento de 104,65% arespeito de 2010. Porém, neste do-cumento também se destaca queeste tipo de sinistros experimentá-rom umha descida progressivadesde 2008, quando se produziu aalta mais acentuada com 532 aci-dentes, até os 369 sinistros que seproduziram no ano passado.

Desce a produçom industrialA Galiza registou no mês de ja-neiro deste ano umha variaçominteranual negativa do Índice de

Produçom Industrial (IPI), que foide 9,2 por cento, segundo os da-dos publicados a 7 de março poloInstituto espanhol de Estatística.

Por outro lado, na segunda-feira 5 de Março também se tor-navam públicos os dados do in-dicador PMI, que avalia a ativi-dade económica e que voltam asituar o Estado espanhol em pro-cesso de contraçom económicaou recessom. Dentre os dadosque fornecem, desprende-se quea taxa de desemprego juvenil es-tá já em 50%, e nom existemperspetivas de que se reduza, anom ser que se produza um levefator de transvase nas empresasentre empregados com antigui-

dade e os denominados júnior,quer dizer, que as empresas co-mecem a dispensar o pessoalmais caro para recorrer a pes-soal mais barato. Porém, e ape-sar desta ‘oportunidade’ para ascompanhias, segundo os dadosde que se dispom, o desempregoentre a mocidade continuaráquadruplicando a taxa registadadurante a Transiçom espanhola,e duplicando a registada nosEUA durante a Grande Depres-som. Porém, sendo a taxa estatalmuito alta, a maior parte daseconomias da Uniom Europeiatenhem mais de 18% da sua po-pulaçom ativa mais nova em si-tuaçom de desemprego.

Cresce o número de acidenteslaborais no setor dos serviços

continua a descer o índice da Produçom industrial

NGZ / o ex-presidente da CEoEGerardo Díaz Ferrán enfrentaum pedido de condenaçom porparte da Fiscalia da AudiênciaNacional espanhola que se ele-va a dous anos e quatro mesesde prisom e umha sançom de 99milhons polo impagamento deimpostos após a compra deAerolíneas Argentinas.

Trata-se do primeiro julga-mento penal contra o que foradono de viajes Marsáns por umdelito contra a Fazenda pública.o empresário tem pendente umprocesso judicial pola supostaapropriaçom indevida de 4,4milhons de euros e fraude aquatro milhares de clientes daempresa de viagens.

Recentemente soubo-se quea falência de Marsáns se deveuà transferência de dinheiro dascontas da empresa para as arcaspatrimoniais de Ferrán e o seusócio Gonzalo Pascual Arias.segundo a investigaçom, os em-presários estariam a utilizar aempresa como se da sua própria

conta de poupança se tratasse,utilizando os fundos empresa-riais para os seus próprios gas-tos, o que acabou por provocara insolvência que motivou a fa-lência da sociedade.

Interesses na GalizaGerardo Díaz Ferrán, filho de ga-lego e catalá, conta com impor-tantes interesses empresariaisna Galiza por meio de diferentessociedades em que consta comobeneficiário ele próprio ou assuas empresas familiares, con-forme publicou o Novas da Gali-za no seu número 87. Do serviçode autocarros urbanos de san-tiago de Compostela à gestomdo também compostelano pavi-lhom Multiusos do sar, as pisci-nas de santa Isabel, a funeráriade sam láçaro e o mercado e re-cinto feiral de Ámio. Na cidadede vigo dispom de 10% do corpode acionistas da sociedade Pazode Congresos de vigo sA, a em-presa que administra o novo au-ditório Mar de vigo.

Solicitam prisompara Díaz Ferrán

Ativistas continuam aluitar contra desalojosNGZ / A plataforma stop Despe-jos Compostela começou nosprincípios de fevereiro umhacampanha de denúncia contrao iminente desalojo de umha fa-mília em Teio, com concentra-çons diárias na sede central deNovaGalicia Banco na Praça daGaliza da cidade. segundo re-colhe o grupo ativista nas suascomunicaçons, a entidade ne-ga-se a negociar com a sandra,umha mulher de 25 anos “comum irmao e a sua mae ao seucargo”, à qual reclama a sua ca-sa por nom poder fazer frenteàs cotas de umha hipoteca quelhe concederam “aos 18 anos,quando nom contava com ren-dimento algum”.

A plataforma denuncia a atitu-de do banco, que ademais de nomnegociar tem reclamado a atua-çom da polícia frente às concen-

traçons informativas que se reali-zam para denunciar este “caso deviolência económica brutal”.

Moçons de apoio às famíliasem risco de desalojoseis concelhos galegos -Coru-nha, Fene, oleiros, Moanha, Ar-teijo e Mondonhedo- aprováromnos últimos meses moçons emque solicitam proteçom contraas situaçons em que as execu-çons hipotecárias estám a dei-xar famílias inteiras sem habita-çom própria e endividadas amuito longo prazo. Nom aconte-ceu o mesmo em santiago deCompostela, onde o grupo mu-nicipal do Partido Popular, go-vernante com maioria absoluta,se recusou a estabelecer sequerum diálogo com a plataformastop Despejos, como figérom osoutros grupos municipais.

Feijóo só gasta metade dos fundos do EstadoNGZ / Em paralelo à ladainha da austeridade acabade conhecer-se que em 2011 a Junta só executou49,3% dos Fundos de Cooperaçom Interterritorialprovenientes do Estado, provocando a perda de 50milhons de euros que deveriam ser gastos na Comu-nidade Autónoma da Galiza. os cortes nas verbas doEstado que Feijóo tinha denunciado judicialmentecolidem com o facto de que o próprio governo daJunta nom chegasse a gastar no ano passado os fun-

dos de que dispunha, que poderiam perder-se nospróximos exercícios se a administraçom autonómicanom cumpre os seus compromissos.

os dados, tirados de um relatório elaborado poloMinistério da Fazenda e das Administraçons Públi-cas, revela que a Galiza perdeu investimentos paraprodutos pesqueiros, apoio às empresas, equipamen-to para portos, infraestruturas, abastecimento e sa-neamento de águas, e educaçom.

MARCHA REIVINDICATIVAchegou o dia 15 a Compostela

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

NGZ / Centenas de mulheres ma-nifestárom-se nas ruas da capitalgalega a 11 de março para come-morar o Dia da Mulher e reivindi-car a igualdade. A manifestaçom,que partiu da estaçom de trem, foio ponto final a umha campanhade agitaçom lilás que começou nopassado mês de novembro, quan-do mulheres de diferentes coleti-vos galegos se juntárom para pre-parar umha campanha conjuntasob o nome de Feministas Gale-gas. o mote escolhido foi “Mulhe-res galegas em luita polos nossosdireitos”, e nos coletivos integran-tes encontravam-se a MarchaMundial das Mulheres, a Rede Fe-minista Galega, Andaina, Femi-nismos Compostela, CUT, sTEG,slG, Faraxa, Nós Mesmas, so-mosdeGenerando e A lagoa.

A plataforma coordenou porvolta de meia centena de ativida-des em comarcas do país, comopalestras, colóquios, açons derua, obradoiros e atividades lúdi-co-festivas como leituras de poe-mas, contos e arruadas. No co-municado das Feministas Gale-gas denuncia-se a escalada deprecariedade à qual os diferentespoderes estám a submeter asmulheres e afirma-se que “vive-mos num mundo patriarcal ondenos foi roubado até o reconheci-mento da nossa força transfor-

madora”. Em relaçom com istoexplicam a “outra origem” do 8de março, dia escolhido por mi-lhares de trabalhadoras soviéti-cas para empreender um cami-nho coletivo na procura de pampara as suas famílias. Aliás, de-nunciam que essa negaçom dopapel das mulheres como “fia-deiras da revoluçom” chega atéos nossos dias, como o demons-tra a convocatória de mobiliza-çons contra as reformas laboraispor parte de CCoo e UGT sola-pando os atos feministas. Paradenunciar este facto, as feminis-tas galegas dérom na livraria lilade lilith umha conferência deimprensa em que manifestárompublicamente a sua rejeiçom aestas convocaçons “de uns sindi-catos espanholistas que nom nosrepresentam”. Esta invisibiliza-

çom a que som submetidas asmulheres e o seu trabalho foitambém o centro da campanhada Assembleia de Mulheres doCondado, que elaborou um abai-xo-assinado a exigir o reconhe-cimento público a todas as traba-lhadoras do Mercado Municipalcom o nomeamento do prédiocomo “Praça 8 de março”.

Para além da manifestaçomnacional, diversas açons decor-rêrom nas principais cidades evilas do país no próprio dia 8 demarço convocadas por sindica-tos, partidos políticos, e o tecidoassociativo das comarcas. Emlugo, por exemplo, tivo lugar naPraça da soidade a leitura tea-tralizada do conto “A cinzentaque nom queria comer perdizes”por parte de mulheres de dife-rentes idades e setores sociais.

Reclamam visibilizaçompara a luita das mulheres

feministas GaleGas saem à rua no 8 e 11 de março

Detidas da Sala Yago enfrentam cargospor usurpaçom e posse de explosivos

Julgam pai de DiegoVinha por denunciar asua morte no quartelNGZ / o caso de Diego vinha, o jo-vem de 22 anos morto em estra-nhas circunstáncias no quartel daGuarda Civil de Arteijo em 22 desetembro de 2004, acabou de en-trar numha nova fase. No passa-do dia 6 de março decorreu noTribunal do Penal da Corunha umjulgamento contra o seu progeni-tor, acusado de um delito de de-núncia falsa, em conseqüência daqual a Guarda Civil teria detido eencerrado o jovem ilegalmentesem as mínimas garantias deatençom no calabouço em que de-pois morreria. “Mais contra a im-punidade” denuncia que o julga-mento visa empregar o pai de

Diego vinha como “bode expiató-rio” do caso, que mantém muitas“incógnitas por esclarecer”.

Em 2006, a família de Diegovinha e a Comissom de Denún-cia da Galiza conseguira que oTribunal de Instruçom nº 5 daCorunha redigisse um auto queconcluía denunciando o mal es-tado das instalaçons policiais, eque existiam indícios da comis-som de um delito de detençomilegal e denúncia falsa. Familia-res e pessoas solidárias concen-tram-se cada 22 de setembrodiante da casa quartel de Arteijo,acumulando numerosas sançonseconómicas polos protestos.

NGZ / No passado dia 20 de fevereiro, as dozepessoas processadas pola okupaçom da sala Ya-go acudírom aos tribunais de Compostela para acomparência prévia com o juiz instrutor, José A.vázquez Taín. A totalidade das processadas aco-lhêrom-se ao direito de nom declarar até o jul-gamento, para o qual a Fiscalia, finalmente, efe-

tuou umha petiçom de cargos por usurpaçom eposse de material explosivo. Nos dias posterio-res às detençons, as ativistas denunciaram “ma-nipulaçom policial e mediática”, ao apresenta-rem os jornais umha fotografia do suposto ma-terial explosivo em que se viam extintores de in-cêndios ou garrafas de lixívia.

Junta subvenciona residência religiosacom mais de um milhom de eurosNGZ / A residência ultracatólica Nuestra señora deFátima y Cristo Rey, da organizaçom Esclavas dela virgen Dolorosa, será subvencionada com1.038.441,60 euros segundo o acordado no passadodia 1 de março no Conselho da Junta. o complexo,que tem como finalidade a atençom de pessoas quepadecem doenças psíquicas e grávidas em risco deexclusom, conta com um total de 68 vagas, de ma-neira que cada umha receberá dos orçamentos pú-blicos umha ajuda direta de 15.271,2 euros. A co-munidade de Madrid também concedeu generosassubvençons às Esclavas de la virgen Dolorosa em

recentes partidas orçamentárias. Para além de pessoas idosas e com diversidade

funcional, a “obra apostólica” de dita organizaçomcentra-se “no serviço de atençom e reabilitaçom demaes solteiras, junto com o cuidado dos seus filhos,oferecendo-lhes a capacitaçom para umha vida detrabalho honrado”. A ajuda concedida enquadra-senumha política de apoio explícito a instituiçons ul-tracatólicas posicionadas abertamente contra oaborto e o direito de decisom das mulheres. Aliás,reflete mais umha vez as prioridades do governo deFeijóo num momento de cortes generalizados. Mais de 10 mil pessoas

emigrárom desde achegada do PP à JuntaNGZ / segundo dados do INE(Instituto Nacional de Estatísti-ca), entre janeiro e setembro de2011 fôrom 3.790 os galegos e asgalegas que emigrárom para oestrangeiro. A Galiza foi, no anopassado, a sexta ComunidadeAutónoma do Estado espanholque mais habitantes perdeu pola

emigraçom para outro país.Nos primeiros nove meses de

2011 partiu mais gente que em to-do o ano de 2010, e o dobro queem 2004. Para além disso, desde achegada do PP ao Governo, maisde 10.000 pessoas abandonáromo País à procura de umha oportu-nidade laboral longe da Galiza.

Investigam poluiçomnos cultivos anexos à cetária de CarnotaNGZ / o responsável polo estabe-lecimento que a empresa stoltsea Farm tem em Quilmas (Car-nota), Pablo García, deverá de-clarar perante o juiz como impu-tado por umha suposta poluiçomcom metais pesados de uns ter-renos próximos dessa unidadede piscicultura. A cooperativa deagricultura ecológica Rainha lu-pa, que trabalha nestes terrenos,apresentara umha denúncia

contra a empresa em 2009, amesma que agora foi reaberta noJulgado de Instruçom número 1de Muros. o caso voltou a ser in-vestigado após serem apresenta-das as conclusons de um estudoda Universidade da Corunha, noqual se determina que nos terre-nos contíguos aos viveiros hácontaminaçom por metais pesa-dos e substáncias salinas proce-dentes de resíduos industriais.

ATO FINAL DA MANIFESTAÇOMna praça da Quintána praça da Quintá

INSTALAÇONS DA STOLT SEA FARMna paróquia de Quilmas, Carnota

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

aGro

J. REI / O monte galego situa-senumha posiçom destacávelnas últimas reformas da Jun-ta. Se em anteriores meses ti-nha sido a Lei da Caça, com apolémica cessom de direitoscinegéticos do monte aos ca-çadores, neste passado mêsde fevereiro voltou-se a daratençom ao monte com o an-teprojeto da Lei de Montes.

os malabares jurídicos que es-conde o rascunho limpam o cami-nho às florestaçons de terrenosagrários, rebaixam as exigênciaspara a proteçom de incêndios, earriscam a existência dos cavalosselvagens. outras medidas fôromjá descartadas graças as numero-sas alegaçons que se apresentá-rom, entre elas a que abria a portaà privatizaçom dos montes vici-nais que ganhárom umha melhordefiniçom com adjetivos como:indivisíveis, inalienáveis, impres-critíveis e desembargáveis.

No Relatório sobre as alega-çons ao rascunho do anteprojetode lei de Montes da Galiza, commais de 120 páginas, recolhem-senumerosas alegaçons de sindica-tos agrários, associaçons ecolo-gistas, e associaçons de montes eoutros, que figérom mudar a pri-meira redaçom desse esboço.

Um dos pontos mais alegados e

polémicos é o do florestamento desolos agrários. Trata-se do artigo61, que permitia a florestaçom dosterrenos agrícolas que nom for-massem parte do banco de terrasagrárias. o artigo 62, aliás, permi-tia a plantaçom em solo rústico deespecial proteçom agropecuária.A mudança introduzida deixa o ar-tigo 61 assim: “somente os terre-nos rústicos de uso agrícola em es-tado de manifesto abandono e queestiveram adscritos a um banco deterras agrárias ou intrumento se-melhante por um período de polomenos dous anos, poderám serflorestados prévia comunicaçom àAdministraçom florestal”.

A Galiza conta com umha per-centagem de terreno agrário muipequeno, para poder sustentarumha produçom própria de ali-mentos. Assim o entendem tam-bém os sindicatos, que lembramque a Galiza importa 600 milhonsem alimentos e que, polo contrá-rio, esse setor perde no nosso paíscada dia mais empregos.

Os incêndios A lei de prevençom de incêndiosé sobrescrita em partes importan-tes pola nova lei de montes. Asdistáncias preventivas para omonte com as casas e outro solourbanizável reduz-se para os 30metros, passando dos 100 para os

50 metros no caso das gasolinei-ras e outras instalaçons indus-triais de risco.

Mantém-se a proibiçom de mu-dar o uso do terreno queimado em30 anos, para evitar a especula-çom urbanística com os terrenosafetados; porém, reduz-se para 2anos (antes 3) a proibiçom de ca-çar nos terrenos incendiados.

Os animais A sociedade Galega de HistóriaNatural denunciou que o rascunhopom um grande número de entra-ves à identificaçom dos cabalos sel-vagens e denuncia que, por este ca-minho, poderá acontecer que desa-pareça como espécie selvagem. AsGHN argumenta que nom há mo-tivo para os cavalos estarem emtorno das exploraçons pecuárias,como pretende o esboço.

Em sentido contrário, a Junta ar-gumenta que está a investir na con-servaçom do cavalo de pura raça,que pretende “casar” interessesdos implicados e aplicar legisla-çom europeia sobre identificaçom.

A Lei do Monte retifica frenteàs alegaçons apresentadas

mar

Confrarias receiamque a Junta as obriguea privatizar serviços

A.DIESTE / A 'austeridade' da Jun-ta também chegou ao setor domar. Nas confrarias há mesesque nom recebem as tradicio-nais ajudas que dava a Adminis-traçom a estas entidades paracustearem serviços como a vigi-láncia das suas zonas de traba-lho ou as assistências técnicasque elaboram projetos de rege-neraçom e exploraçom de re-cursos. Apesar de a Conselhariado Mar ter assinado em 2011quatro convénios com cadaconfraria para fornecer essasajudas, estas ainda nom fôrompagas. E sem esse dinheiro háalgumhas que nom podemmanter os serviços.

o patrom maior da Póvoa doCaraminhal, Manuel Maneiro,foi um dos que mais rotundo semostrou na hora de criticar aJunta. Maneiro perguntou-sese com estas faltas de paga-mento “querem empurrar-nosa fechar”. o patrom, secretá-rio-geral de Agamar e um dosrostos de Nunca Mais há umhadécada, alerta sobre o facto deque sem esse dinheiro “tere-mos que privatizar serviços”, oque acarretará graves prejuí-zos para o setor.

os patrons maiores lembramque as confrarias som entidadessem ánimo de lucro e que oscontributos económicos da Ad-ministraçom ajudavam a custearprojetos de regeraçom de zonase bancos marisqueiros que,apontam, implicavam a possibi-lidade de mais postos de traba-lho. E isso, agora, está no ar.

Confrarias coma a de vilaJoám ou a de Carril tivérom querecorrer a apólices e emprésti-mos bancários para custear uns

serviços que antes se pagavamcom as ajudas da Junta e issoobriga-os a estar “presos” dasentidades bancárias polos inte-resses que geram. A situaçom é“alarmante”, reconhece algumpatrom, que suspeita que a Ad-ministraçom esteja a tentar de-sarticular um setor primáriotam importante para a Galizacomo o da pesca litoral.

A Conselharia defende que asentidades tenhem que ser auto-suficientes, mas as coopetativasde pescadores indicam que osmilhares de euros endividadospola Administraçom figuravamem convénios assinados com aConselharia do Mar “que bemque os vendeu perante os meiosde comunicaçom em conferên-cias de imprensa”.

o temor a umha privatizaçomde serviços produz-se, aliás,num quadro em que a descida depreços dos recursos do mar emprimeira venda, a entrada mas-siva de importaçons, a crise eco-nómica e a subida do preço docombustível estám a situar apesca costeira galega numha daspiores épocas dos últimos anos.

Permite-se a florestaçom de solo agrícola em caso de abandono

distÁncias Preventivas dos incêndios ficam na metade

há pouco terrenoagrário para termos soberania alimentar

A Conselharia do Mar endivida milhares de euros às cooperativas de pescadores

ROSA QUINTANAé conselheira do Mar

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

O governo equatoriano demonstrou que a dívida era ilegítima e declarou um cessamento de 70% dos pagamentoseconomia

A.L. / À espera da resoluçom donovo plano de resgate à Gré-cia, várias vozes a nível inter-nacional estám a expor umhaproposta que já se desenvol-veu em vários países da Amé-rica do Sul: as auditorias da dí-vida externa. Na atual fase ca-pitalista, o crédito e a conse-qüente dívida mantém em péumha estrutura de domina-çom que consegue tombar asoberania de diversos esta-dos do mundo, relegando assuas populaçons a umha con-diçom de quase escravidom.Exemplos disto podem obser-var-se nas medidas que apro-vou o Parlamento grego em fe-vereiro, no que aconteceu emdécadas anteriores com ospaíses que padecêrom as po-líticas de ajuste do FMI oumesmo nas reformas que estáa empreender o Estado espa-nhol. Nas seguintes linhasapresentam-se alguns factose reflexons ao redor do con-ceito da 'dívida odiosa'.

No documentário Debtocracy,dos gregos Aris Hatzistefanou eKaterina Kitidi, explica-se o con-ceito de 'dívida odiosa', definidoem 1927 polo russo Alexandersack e à qual se agarrárom, entreoutras, as grandes potências eco-nómicas para nom pagarem a dí-vida que mantinham os paísesque passavam a estar abaixo dasua influência. Dizia Alexandersack: “se um poder despótico

contrai umha dívida nom segun-do as necessidades e os interessesdo Estado, senom para fortalecero seu regime despótico, para re-primir a populaçom que o com-bate, esta dívida é odiosa para to-da a populaçom do Estado. Estadívida nom é obrigatória para anaçom: é umha dívida de regime,dívida pessoal do poder que acontraiu; em conseqüência caicom a queda de dito poder”.

segundo o relato de Debtocra-

cy, em 2002, quando os EUA es-tám a ultimar a sua próxima ofen-siva ao território iraquiano, o ga-binete de George Bush planificaque o novo governo provisório,com apoio ianque, nom pague asdívidas contraídas polo regime desaddam, amparando-se nesseconceito de 'dívida odiosa'. Po-rém, finalmente chega-se a umhasoluçom 'ad hoc': o Clube de Pa-ris, instáncia informal que reúneuns 19 países credores, aprova re-

duzir em 80% a dívida iraquiana.o motivo: que as palavras 'dívidaodiosa' nom aparecessem nas pá-ginas dos meios de comunicaçomevitando-se assim que fosse co-nhecido por parte da populaçomum conceito que permitiria reca-pitular o pagamento das dívidasdos Estados se estes proclamas-sem que a sua dívida é ilegítima.

“Inclusive se a dívida for legíti-ma, nengum governo pode serobrigado a matar a sua popula-çom para pagar os seus credo-res”, afirma-se em Debtocracy,salientando que “a dívida é resul-tado da luita de classes” e finali-zando num alegado a favor de

umha auditoria da dívida gregapara estabelecer que parte da dí-vida deste país forma parte deumha dívida ilegítima e portantonom deve ser paga. Na fita pom-se como exemplo de auditoria orealizado polo Governo de RafaelCorrea no Equador, graças à qualo Estado poupou milhares de mi-lhons de euros.

Olhando para sulsegundo expom no documentá-rio Hugo Arias, um dos membrosda Comissom Nacional de Inves-tigaçom e Auditoria da Dívida Ex-terna criada polo Equador, o go-verno equatoriano demonstrouque a dívida era ilegítima e decla-rou o cessamento de pagamentosde 70% da sua dívida em bónus.Entom, os que tinham os títulosde dívida equatoriana pugérom-nos à venda, com preços mui bai-xos no mercado. E o Equadorapoderou-se dos bónus, gastando800 milhons em ficar com 3.000milhons de dívida.

Durante muitas décadas, váriospaíses da América latina e deÁfrica estivérom a financiar onorte desenvolvido através do pa-gamento de milhares de milhonsem conceito de reembolsos, jurose outros produtos ligados à dívidaque mantinham com diferentesentidades financeiras. se há sé-culos os países do norte desenvol-vêrom o seu capitalismo graças àexploraçom dos recursos natu-rais do sul, a estratégia do séculoXX consistiu em endividar o sul

para receber milhons e milhonsde dólares nos anos futuros.

Em Investiguemos a dívida. Ma-

nual para realizar auditorias da dí-

vida do Terceiro Mundo, editado háuns anos por diversos coletivos co-mo ATTAC ou a CADTM, explica-se que “os pagamentos de juros ereembolsos nom cessárom de cres-cer: de 1985 a 2005, as quantias pa-gas polo sul, a título de capitais ini-cialmente tomados em emprésti-mo, elevárom-se a mais de 5,8 bi-lions de dólares, ou seja, o equiva-lente ao famoso Plano Marshallque os EUA pugérom em anda-mento após a II Guerra Mundial.No que di aos pagamentos poloserviço da dívida, superárom os450.000 milhons de dólares em2004, ou seja, 5,5 vezes a quantida-de oficial da ajuda pública ao de-senvolvimento”. Neste Manual ex-ponhem-se diversos casos de paí-ses que investigárom as dívidascontraídas por governos autoritá-rios, ou de Estados endividados pa-ra pagar a construçom de fábricasque nunca chegárom a funcionar.

voltando ao documentárioDebtocracy, nesta fita afirma-seque podemos falar de 'dívidaodiosa' quando “o Governo rece-be um empréstimo sem o conhe-cimento e a aprovaçom dos cida-daos, quando o empréstimo édestinado a atividades nom posi-tivas para a populaçom e quandoo prestamista está informado des-ta situaçom, mas desentende-se”.A atualizaçom destes preceitospoderiam pôr em questom a legi-timidade dos Estados europeus,especialmente num momento emque as suas populaçons estám aver como a sua vida se aproximacada vez mais da escravidom.Umha escravidom que os paísesexplorados do mal chamado ‘ter-ceiro mundo’ já conhecêrom.

Dívida odiosa: aquela que os povos nom devem pagar

Países do TerceiroMundo estivérom a

financiar o norte

CAPA DE DOCUMENTÁRIOsobre o conceito de ‘dívida odiosa’

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12 internacional Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

“Aumenta a presença de mercenários que protegem asexploraçons e os pesqueiros que usurpam os bancos africanos”a terra treme

DANIEL R. CAO / Para um entre-vistador, às vezes é compli-cado nom saltar a barreiraque divide um qüestionáriode um debate. Isto ocorre fa-cilmente com Eduardo Ro-mero, investigador militantesobre o colonialismo oci-dental em África, que visitouo nosso país em fevereiropara lançar o seu ultimo livro‘Quién invade a quién?’(Quem invade quem?).

As práticas coloniais atravessá-rom três fases, umha em que semanifestárom in situ, umha se-gunda em que as elites africanasassumírom as competências queantes possuía a metrópole e um-ha fase atual em que a carreiraenergética está impulsionandoumha remilitarizaçom. Achasque realmente se pode falar deumha mudança de modelo?Coincido com a tua análise, masquero fazer algum matiz. os exér-citos ocidentais nunca se fôromembora definitivamente de Áfri-ca, ainda depois das independên-cias. o certo é que, de facto, lide-rados polos EUA, nos últimos dezanos está-se a produzir esse re-gresso de tropas. Isto tem que vercom as luitas competitivas entreos diversos polos do capitalismo,nomeadamente com a China. Ageopolítica do petróleo em Áfricafai com que das costas da Guinéaté somália exista um contínuode interesses americanos, e comeles a chegada a acordos de coo-peraçom militar. De facto, os EUAconstituírom o Africom, um cor-po militar específico para essecontinente, cujas bases ficam emColónia e Rota, dado que nengumpaís africano, de momento, acei-tou a instalaçom no seu território.

O pretexto utilizado para pene-trar em África é o controlo daimigraçom e do terrorismo. Estetrabalho realizam-no as tropasregulares ou existe colaboraçom

com os exércitos autóctones?Nom, longe disso. Cada vez émaior a presença de mercenáriosque protegem as exploraçons ou,de modo crescente, os barcospesqueiros que usurpam os ban-cos africanos. De todos os modosa colaboraçom entre exércitos éestreita e as elites africanas con-sentem isto, permitindo tambémque as suas tropas sejam treina-das polas ocidentais. Um casobastante paradigmático é o da Ni-géria, em que os acordos de ajudaao desenvolvimento se tenhemmaterializado no controlo porparte dos EEUU de todas as for-ças de segurança. Um destesacordos consistia na recupera-çom dos portos nigerianos e to-dos os fundos fôrom destinados àcontrataçom de guardas armadose cámaras de videovigiláncia.

E as políticas extensivas de controlo da migraçom, como se levam a cabo?Neste terreno é que estám com-pletamente implicados os exérci-tos locais, existindo centros de de-tençom e reclusom ilegais por to-do o continente. Dous casos somos da Mauritánia, em que o Estadoespanhol financia um destes cen-tros, e o da líbia. Na líbia haviamilhares de refugiados reclusosque eram devolvidos aos seus paí-ses de origem. o mais desumanodeste acordo, que assinaram Ga-daffi e o governo italiano, é que,ademais de armamento, a Itáliafornecia a estes centros bolsas pa-

ra cadáveres. Quanto ao caso daMauritánia, na capital Nouadhi-bou existe, financiado por Espa-nha, umha antiga escola reconver-tida em cárcere onde as antigassalas de aulas som agora celas.Neste centro existem autocarrosque, conforme se vam enchendo,saem para a fronteira senegalesapara deportar os detidos.

E qual é a moeda de troca paratodo isto, a cooperaçom para odesenvolvimento? Ou isto só éempregado para disfarçar ou-tros investimentos?A cooperaçom para o desenvolvi-mento funciona para muitas cou-sas. Dizer que é moeda de troca é

insuficiente. Por exemplo, o sene-gal nom assinou os acordos de‘Nova Geraçom’, como os deno-minou o Governo espanhol, queconsistiam na troca de fundos poracordos de repatriaçom. E este éo problema, que a cooperaçomnom está a servir para melhoraras condiçons de vida, nem sequercomo moeda de troca, senom di-retamente como ponta de lançados interesses económicos dosgovernos que a oferecem. Já seique é umha obviedade, mas nomsom casualidades que nos anos90, durante a segunda coloniza-çom na América latina, este con-tinente fosse o principal destina-tário de ajudas, e que agora sejaÁfrica. É mui interessante compa-rar os relatórios dos organismosde cooperaçom do governo espa-nhol com os dos seus gabinetescomerciais, por exemplo, em Da-kar. Quando os primeiros diziamque para solucionar o problema

da fome era preciso revitalizar apesca, os segundos levavam a ca-bo operaçons de compra ou cons-tituiçom de empresas mistas.

Recentemente falava-se nestemesmo jornal do emergir de umnovo interesse, que a usurpa-çom em África nom consistia sóna energia, senom que se ence-tava umha nova fase em que es-ta ia mais ligada à questom ali-mentar. Novamente, há umhamudança de fase?Poderia dar-che a razom, masnom se pode esquecer que as ex-portaçons de petróleo e gás da UEem África ascendem a 25%, ou se-ja que som mui relevantes. Masefetivamente há um fenómeno emalta progressiva, estám-se a com-prar milhons e milhons de hecta-res férteis. Ademais da brutalida-de que significa este espólio, pe-rante um cenário de possíveis pro-blemas de alimentaçom a nívelglobal é um facto ainda mais es-candaloso. Pode ser que na lógicado império entre a exploraçomdos poços petrolíferos de paísesque nom fam uso deles, mas rou-bar a comida, destruindo ecossis-temas, etc. É incompreensível.Penso que o seguinte objetivo vamser os aqüíferos africanos. Aindaque tenhamos induzida a duplaimagem de África como desertoou como selva, o certo é que estaestá cheia de rios caudalosos egrandes lagos. Todo isto vai entrarem disputa nos próximos anos.

E que papel jogam os acordos pesqueiros?o Estado espanhol joga um papelfundamental. Para fazer umhaidea do que implicam os acordos,podo dizer que na Namíbia exis-tem quotas em que determinadasespécies estám reservadas em90% para a frota espanhola. outrodado, dous terços dos barcos quefainam em África som europeus.Isto vai das costas do saara até asomália. A espoliaçom é total.

“Está a dar-se um espólio brutal da áfrica”“a cooPeraçom estÁ a ser utilizada como Ponta de lança dos interesses económicos do ocidente”

“Potências estám acomprar milhons

de hectares férteis”

“As elites africanasaprovam a presençade tropas ocidentais”

“Penso que o seguinte objetivo

vam ser os aqüíferos”

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13internacionalNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

“Através dos cortes no gasto público opera-se a transferência derendimentos do trabalho para o capital, agravando as desigualdades”além minho

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Um dosprincipais problemas da socieda-de letá está na difícil integraçomde umha parte do seu próprio po-vo, a populaçom de origem russa-eslava. Este drama é herdeiro daimigaçom de trabalhadores a esteterritório na época do imperialis-mo russo-soviético, altura em quefoi estimulada a chegada de cen-tenas de milhares de pessoas a es-te território independizado nosanos 90 do século passado. Umnovo espisódio deste drama acon-teceu no mês de fevereiro em for-ma de um referendo em que se pe-dia a cooficialidade do russo e do

letom. Com todo o respeito polosfalantes de russo, tratou-se de um-ha provocaçom, basicamente pordous motivos: o primeiro, por soara neoimperialismo russo num ter-ritório vítima secular do mesmo; osegundo, que a assunçom do russocomo língua oficial dificultaria aintegraçom real na sua nova pátriade centenas de milhares de novosletons, provocando, de passagem,a descomposiçom da naçom.

De todas as maneiras, a sua rea-lizaçom acarretou que houvesseque enfrentar vários problemasreais: a terrível rigidez e conserva-dorismo fundacional do Estado.

Para qualquer cidadao criado nadiáspora ocidental chama a aten-çom o constante desprezo polosvalores democráticos e polas mi-norias e grupos de populaçom(lGTB, liberais, ciganos, esquer-distas, grupos religiosos...).

o resultado foi o esperado e apopulaçom de fala russa com di-reito a voto votou a favor, mas oproblema vai além da questom lin-güística: à parte das exclusons so-ciais e económicas, há outra dis-criminaçom, política, que se mani-festa de formas diversas. Por umlado, a ideológica, que se mostraatravés da beligeráncia do Estado

com todo aquilo que cheirar a es-querda e direitos humanos, queidentifica com esta comunidadepovoacional e os seus ativistas.Por outro, um terço da mesma(12,5% da populaçom global) nomtem reconhecida a cidania letá. Es-ta populaçom, que abrange emmuitos casos até quatro geraçonsno País, tem o dever de pagar im-postos e cumprir com a legislaçomletá, mas nom pode votar nem es-colher os seus representantes. Talbarbaridade tem o seu cerne nosprincípios fundacionais do Estado,conservando-se basicamente pormotivos racistas e ideológicos, já

que nom se trata de umha medidanecessária nem reparadora. Emdefinitivo, o Estado nom dá facili-dades para a naturalizaçom destecoletivo para nom aumentar a ba-se social da esquerda.

oxalá que o tempo, as luitas se-toriais e a mistura diluam estasfendas para facilitar o nascimentode umha nova letónia em que serde esquerda nom seja sinónimo deantipatriota. Umha nova latvijaque aceite a pluralidade e os seusnovos cidadaos de forma natural.Que rode sobre eixos de esquerda,mas especificamente letá. E em le-tom, evidentemente.

Oxalá poda nascer um novo país em que ser de esquerda nom seja sinónimo de antipatriotaPovos

Desafios e caraterísticas da nova Letónia

“A austeridade é o problema, nom a soluçom”E. MARAGOTO / Miguel Portas éeurodeputado polo Bloco deEsquerda (BE), do qual foi co-fundador em 1999. Até as últi-mas eleiçons, em que reduziupola metade a sua representa-çom, a progressom do BE foraespetacular, chegando a ultra-passar o sempre potente Parti-do Comunista Português(PCP). Agora, em plena situa-çom de emergência nacional ecom só 8 assentos numha As-sembleia da República commaioria absoluta da direita, li-dera a voz dos que acham queestá na hora de acometer um-ha profunda renovaçom nopartido, que se deveria 'adaptaraos novos tempos' afastandoda direçom os dirigentes fun-dadores, ele incluído, e redefi-nindo a política de alianças.

Tornou-se famoso na Europaquando quijo cortar nas despe-sas dos eurodeputados. Há algode verdade na necessidade daausteridade em tempos de crise? A austeridade é o problema, noma soluçom. A única vantagem quetraz é a da diminuiçom das impor-taçons, porque se comprime oconsumo das famílias, e em con-seqüência a balança de transa-çons correntes melhora. Mas estelado nom compensa, longe disso,os aspetos negativos que a auste-ridade impom à economia. Nomse trata apenas de mais recessome mais desemprego, a par de cor-

tes nas despesas sociais e no in-vestimento. A austeridade é a má-quina através da qual se opera atransferência de rendimentos dotrabalho para o capital, agravandoas desigualdades sociais.

Um hipotético governo do BE,só ou em coligaçom com o PCP,seria compatível com a perma-nência de Portugal na UE? Estamos muito longe de um gover-no do BE. Também umha soluçomapenas com o PCP é estreita. A

transformaçom de umha maioriasocial anti-austeridade numhamaioria política polo emprego im-plica, no mínimo, que a luita socialtenha tido força para separar o Psou parte dele, da política que assi-nou com a troika. Mas, em termosgenéricos, a sua pergunta tem res-posta: sim, é possível aplicar umhapolítica de esquerda mantendo opaís na UE. Depende, contodo, doapoio popular e da construçom dealianças na UE para alteraçons desubstáncia na política monetária.

Os protestos na Grécia tenhemgerado violência nas ruas. Portu-gal caminha para o segundo res-gate, mas a situaçom nas ruas,apesar do êxito de certas mobili-zaçons, está longe de parecer-secom a grega... Resignaçom? Nom se trata de resignaçom. Nasociedade portuguesa, medo e in-dignaçom coexistem na cabeça decada um, em doses variáveis. Es-tou convencido de que a vontadede justiça irá superar o medo eque, em conseqüência, a disponi-bilidade para a luita aumente.Mesmo na Grécia, de onde desa-pareceu o medo, nom há só capa-cidade de revolta. Há também um-ha imensa desilusom e descrençacom o sistema político e comaqueles que teriam a obrigaçomde encontrar as respostas.

Passos Coelho ganhou ampla-mente e o BE perdeu metade dosdeputados das anteriores legis-lativas. Qual é a “adaptaçom aosnovos tempos” de que precisa oBloco de Esquerda? Quando se luita nem sempre se ga-nha e nem sempre se acerta. Foi ocaso. É deste reconhecimento quepartimos. Iguais nas convicçons,mas com humildade e vontade uni-

tária na construçom das conver-gências sociais e políticas que de-volvam a esperança às pessoas.

A crise atingiu o BNG e outrospartidos da esquerda europeia...A soluçom será parecida? Na Europa, as forças de esquerdaestám marcadas polo selo de umhaderrota histórica e pola vitória pro-visória das políticas neoliberais.Procuram reencontrar-se com osseus povos para darem expressompolítica às suas expetativas. Acer-tando e errando. Nom opino empúblico sobre as escolhas de parti-dos amigos, mas dou imensa im-portáncia às suas experiências.

Com um irmao dirigente do PP[Paulo Portas é ministro com Pas-sos Coelho], é difícil acreditar queo confronto partidário seja maisumha manifestaçom da luita declasses... Afinal, será verdade queexiste umha classe política?ocasionalmente, trocamos im-pressons. Ambos fazemos 'políti-ca a tempo inteiro' e desse pontode vista, pertencemos ao que seconvencionou chamar de 'classepolítica'. A diferença? Pensamosde modo diferente, já se vê.

No Parlamento Europeu, o BNGusa o português para, de facto,usar o galego... Isto desperta sim-patia nos partidos portugueses?No BE, desperta seguramente.Nos outros... vou perguntar e de-pois digo-vos.

miGuel Portas é eurodePutado Polo bloco de esquerda (be) e cofundador desta orGanizaçom

“Medo e indignaçomcoexistem na cabeçade cada português”

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14 Palestra Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

Palestra num momento de crise em que a UE se erige em comisária das políticaseconómicas dos Estados surgem olhares contrapostos sobre o seu papel

Ahistória da UE é, em grande medi-da, a das crises derivadas da verti-gem que padecem os Estados ante

o avance da soberania partilhada que elesmesmos propugnaram. Assim ocorreucom a aplicação da União Económica eMonetária (UEM). o facto de os Estadosestabelecerem o euro adiando sem data acriação dum Governo Económico está naorigem dos transtornos deste momento.

A extensão a Europa da crise económi-co-financeira que estalou nos EUA encon-trou uma Eurozona carente da autoridadenecessária para ordenar a execução pon-tual dos objetivos monetários da UEM: dé-fice anual de 3% e dívida acumulada de60%, sempre a respeito do PIB, e índice deinflação de 2%. Não havendo quem o asse-gurara, os objetivos foram desrespeitados.No concernente à dívida acumulada o pro-blema não só afetou países que foram ob-jeto de resgate, como Grécia, Irlanda e Por-tugal, senão que tocou também os trêsmaiores Estados do euro, 114% em Itália,83% na Alemanha e 82% em França.

A ausência de Governo Económico ex-plica a presente instabilidade política daUnião Europeia. superados os limites dedéfice definidos nos Tratados, as políticasda UE para superar a crise desleixaram oimpulso da economia real e o combatecontra um desemprego que, crescente,atinge sobretudo a gente nova.

sem essa instituição, a pretensão ob-sessiva de solucionar a dívida dos Estadoscom políticas fundamentadas em cortesorçamentais, disfarçados de austeridade,abriu a porta ao tsunami do capitalismoultraliberal. os poderes neoliberais e dofundamentalismo de mercado aproveita-ram a ocasião para condicionarem as po-líticas estatais e pôr em causa os serviçospúblicos universais, criando um climadestinado a dar a volta a elementos bási-cos do sistema democrático. Um facto quetem uma transcendência global: não sepode esquecer que sendo a UE a primeirapotência e o centro e da economia mun-dial, constitui um dos raros lugares no

mundo onde a luta das classes trabalha-doras obrigou o sistema capitalista a atu-rar a generalização das instituições quedefinem o estado do bem-estar.

No Estado espanhol a crise evidenciouas falcatruadas cometidas durante anos.Amparando-se na facilidade dada por umeuro tomado a baixíssimas taxas de juro,primeiro o PP e depois o PsoE propicia-ram um crescimento especulativo daconstrução, financiado basicamente comdívida tomada no estrangeiro pola banca,as imobiliárias, as empresas construtorase indiretamente as famílias; numa políticaque coincidiu com o esbanjamento do di-nheiro público, procedente da UE em boamedida, em obras suntuárias ou desne-cessárias, enquanto se gabavam de estara criar mais postos de trabalho que em to-da a União ou de ter uma economia maisdinámica que a alemá, desconsiderandoque esse caminho conduzia ao desastre.

Desta maneira, por causas principal-mente internas e duplicando a média daUE, o desemprego atingiu 22% dos ocu-pados. A tarefa de criação de novos em-pregos requererá esforços que durarãoanos. Não o fará o Governo do PP nem oarranjo passará pola sua cruel política,que fere direitos sociais fundamentais eune a ánsia chauvinista de recentraliza-ção em Madrid com medidas agressivascontra os serviços públicos que governamas autonomias.

Apesar de todo, nada está decidido.Ante a deriva reacionária está a crescera consciência popular e democráticacontra o roubo do presente e do futuro.Assim passa em toda a UE, onde as tor-nas podem mudar em Estados tão deci-sivos como a França, Alemanha e Itália.E também na Galiza.

Frente ao tsunami docapitalismo neoliberal

Camilo Nogueira

No assédio de Alésia, as tropas ro-manas construírom duas linhasconcêntricas de trincheiras, for-

tificações e armadilhas arredor do oppi-dum gaulês. Umha para manter o sítio,impedindo o fornecimento; e outra, co-mo defesa, contra um possível auxíliodo resto da Gália a vercingetórix. A si-tuaçom actual da UE pode ser bem des-crita comparando-a com esta estratégiados romanos, contra os gauleses, emAlésia. Neste caso há, também, umhaspopulações que habitam, como se fosseum outeiro cercado, a perturbaçom quea crise gera na velha orografia do capi-talismo europeu. os sucessivos pacotesde resgate formam a primeira linha for-tificada, a de circunvalaçom, com a quea UE cercou os gregos, portugueses e ir-landeses. o objecto dessa primeira li-nha, construída com perto de 500 milmilhões de euros, é manter o sítio sobreos três povos para empobrece-los e des-poja-los de bens e direitos até rendê-losinteiramente à sua disciplina. o alívioda dívida grega, e mais a nova vaga deresgates que se prepara, deixaram muipequena a cifra do meio bilhom de eurosinvestidos até agora.

Mas, como em Alésia, há umha segun-da linha fortificada –a de contravala-çom– que, ao nom ser possível abrangertotalmente o perímetro das economiasmais quantiosas, tem como finalidadeisola las do outeiro sitiado. Para pôr empé esta segunda tranqueira, a UE preci-sou, polo momento, dum bilhom de eu-ros injectados aos bancos (para equili-brar os balanços bancários e financiaros estados deficitários) e os mais de 200mil milhões de euros dissipados em ali-viar a pressom, do mercado secundário,sobre a dívida soberana. Em fim, o mes-mo que César procurava satisfazer assuas ambições políticas submetendo to-da a Gália, as autoridades comunitáriasperseguem os seus interesses políticoscom o submetimento de toda a Europa enom apenas das populações assediadas

na Grécia, Irlanda e Portugal. Estamos no princípio dum processo

que pode demorar –ainda que nom ne-cessariamente décadas, ainda que nomnecessariamente. Um processo condi-cionado por um confronto cada vez maisviolento, entre gestom do declínio da so-ciedade da mercadoria, e a resistênciadas populações danificadas polos estra-gos desse declínio. sobre esse pano defundo deve ser interpretado todo quantode aqui em diante acontecer: políticasanti sociais, neo-chauvinismo, repres-som contra a crescente contestaçom,etc. Essa é também a chave para com-preender toda a problemática do euro.A Grécia ou Portugal ficarám na UniomMonetária o tempo que as potênciascentrais da UE julgarem necessário. En-quanto convinher continuar fortifican-do os dous cercos à base de milhões deeuros, a situaçom de assédio -em todosos sentidos- vai continuar. E no momen-to no que nom for possível, um estraté-gia esperável seria a configurada, porumha parte, polas mudanças necessá-rias para transformar o assédio numhaEuropa de duas velocidades na que en-caixar os restos dos resgatados. E, poroutra, polo debate sobre a necessidadedumha política fiscal e monetária co-mum para a Uniom Monetária, comomotor da primeira velocidade. Por umlado, nesse cenário, serám inevitáveis astensões entre Uniom Monetária, os es-tados ex-euro, e mais aqueles países quepreferem ficar fora do euro para mani-pular as taxas de cámbio. E, por outraoutro lado, podemos assistir à tentativade revitalizar o exánime debate políticoinstitucional polarizando-o entre parti-dários e detractores dos eurobonds.

O assédio continua:nova vaga de resgates

Júlio Teixeiro

A grécia ou Portugal ficarámno euro o tempo que aspotências julgarem preciso

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A ausência de governoEconómico explica ainstabilidade política da UE

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15dito e feitoNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

Há dous anos um grupo de pes-soas relacionadas com os cursosde cestaria do Centro de Artesa-nia de Lugo começades a vosjuntar e, há agora justo um ano,apresentades a ACEGA. Que im-portáncia tivo para vós a expe-riência que vivestes no Centro equal é a sua situaçom atual?Com efeito, o Centro de Artesaniade lugo foi o ponto de encontrode todos e todas nós: umha partecomo professorado e outra comoalunado, mas todo o mundo inte-ressado pola cestaria passou porali. ofereciam-se muitíssimoscursos onde se mostravam as di-ferentes técnicas da cestaria, emesmo vinha a gente mais repre-sentativa da cestaria de fora daGaliza dá-los. Enquanto estivoCarlos Fontales ao cargo dos cur-sos, o Centro de Artesania de lu-go foi um dos mais ambiciosos edinámicos da Europa. Depois elefoi afastado do cargo por motivospolíticos e na atualidade está to-talmente parado, nem sequer sa-bemos se se vai ofertar algumcurso de iniciaçom ou nom. A es-cusa que ponhem as administra-çons por este abandono é a desempre, que nom há dinheiro,mas para outras cousas nom fal-ta. o que parece é que nom existeum interesse real por promovereste tipo de atividades.

E que atividades realizastes nes-te primeiro ano de andamento?Por agora nom começamos a darcursos, mas assistimos a numero-sas feiras para mostrar os nossosprodutos. Estivemos em Friol, emNarom, em lugo, em Riba d’Eu,

em oscos, e, a mais internacional,a de sants, em Girona, umha feiraa que acorrem cesteiros de todo omundo. A nível mais individualestamos também recolhendo da-dos etnográficos entre a gentemais velha, que praticou desdesempre a cestaria, para que nomse perdam as técnicas nem os ma-teriais que empregam. o nossoobjectivo é dar a conhecer a ces-taria e revalorizá-la entre a socie-dade, para que se decate de todoo trabalho que há detrás de cadapeça e de que formam parte danossa história.

Vejo que a associaçom é hetero-génea, e com muita presença fe-minina… Nom existe um perfil depessoa interessada pola cestaria?Nom, em absoluto. somos domais variado que podas imagi-nar: há gente de vigo, de Burela,de Cerzeda, do Pais Basco, das

Astúrias… Umhas som mais decidade e outras estám mais liga-das ao rural, e há gente de todasas idades, porque pola cestariainteressa-se quem a praticousempre e também quem o vê co-mo algo exótico. Assim é que noscursos juntamos o avó que queraprender algumha técnica novae a neta que estudou desenho. Narealidade, o do cesteiro ou ces-teira nunca foi um perfil homo-géneo, porque era umha práticaentendidíssima, e dependendodas técnicas eram as mulheresquem elaboravam as peças.

Que funçom tinham as peças decestaria na Galiza tradicional equal credes que tenhem hoje?Na Galiza tradicional emprega-vam-se cestos para absolutamen-te todas as tarefas relacionadascom o agro ou com o mar. Ade-mais, a técnica da cestaria estava

presente por todas partes: nasparedes e telhados das moradas,nos cercados das leiras, nos es-trugos, nas varas que se usavampara abanear os colchons de lá,nas coroças, nas jarras,… Em to-das partes! A situaçom hoje ébem distinta, basicamente por-que a sociedade mudou, umhaparte mui grande já nom se dedi-ca a essas tarefas e aparecéromoutros materiais. Às cestas, cadaquem da-lhe a funçom que quer,mas normalmente hoje tenhemum sentido mais ornamental doque antigamente.

Existem diferenças entre as técnicas galegas de cestaria e as do resto do mundo?A verdade é que quanto mais in-vestigamos sobre o tema maisnos decatamos de que existemtécnicas universais para traba-lhar estes produtos, que vam des-de África até o Panamá, passan-do, claro, pola Galiza. seria inte-ressante estudar este substratocomum desde a Pré-história,mas, ao contrário da cerámica,nom se conservam restos porqueos materiais se degradam. Há di-ferenças por exemplo nos mate-riais: no sul da Península usam oesparto e na Catalunha a canaporque é o que tenhem. Aqui ha-via umha tradiçom cesteira muirica, e cada zona empregava o

que tinha de mao; por exemplo,no Caurel usava-se a aveleira.Umha diferença importante dasituaçom galega a respeito doresto é que aqui a cestaria conti-nua viva, porque há umha gera-çom que agora tem 80 anos que apraticou no seu dia a dia, e pou-cos países contam já com isso.

Credes que a sociedade valorizaa vossa profissom o que deveria?A verdade é que a gente nom cos-tuma dar-lhe o valor que tem. Co-mo nos dim as vizinhas: “fás ces-tos, pobre”. Tem sentido, porqueantes era um trabalho de pobres,ainda que agora há umha gera-çom que já o vê como algo maisartístico. Ademais, nom se vê otrabalho que há detrás de cada pe-ça. Ainda assim, pensamos que acestaria tem muito futuro: se nomdesapareceu em dous mil anosnom o vai desaparecer agora.

Existe algumha instituiçom que investigue com rigor as técnicas de cestaria ou é um trabalho voluntarista?Absolutamente voluntarista. oúnico estudo que há é um que fijoo Museu do Povo, mas nom apro-funda nada. Nom há mais que vera secçom que tenhem de cestaria,cativa e sem nengumha explica-çom. som as escolas de cestaria eas pessoas que se interessam porela as que fam que isto nom mor-resse já. Há por exemplo umha es-cola de cestaria em santa Mari-nha, em Alhariz, que tem a melhorcoleçom de cestaria galego-portu-guesa, mas às grandes instituiçonsnom parecem interessadas.

dito e feito

“Som as pessoas que se interessam pola cestaria as que a tornam viva”

“nos cursos que fazemos juntas o avó e a neta, nom há um perfil determinado”

entrevista coletiva à associaçom de cestaria GaleGa (aceGa) na sua sede da cidade de luGo

O. R. / A Casa das Cores de Lugo é o lugar escolhido para a reuniom mensal daAssociaçom de Cestaria Galega, onde nos recebem as suas sócias e sóciospara achegar-nos ao microcosmo desta arte. Antes de começar, o estado dasplantaçons dalguns sócios –de onde se tirará o vímio para fazer cestas– centraa conversa. É ai que começa todo o processo de elaboraçom dos produtos ces-teiros; um processo lento e laborioso que nom é reconhecido por umha socie-

dade viciada do plástico e por umhas instituiçons que preferem investir o orça-mento em mariscadas e mausoléus. Apesar de todo, nom trocariam a sua pro-fissom por nengumha outra, conscientes de que dam alento a umha arte queestivo omnipresente no dia a dia da Galiza tradicional. Com muitos anos de in-vestigaçom e prática às suas costas, a gente da ACEGA achega-nos às técnicase materiais da cestaria, aos seus usos e à sua valorizaçom na sociedade atual.

“nom há interessereal por promover

este tipo de atividades”

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Tendo em conta que é mui difícilimpedir que o PP retire a refor-ma, quais som os objectivosreais desta convocatória?É a melhor maneira de manifestara rejeiçom da classe trabalhadoraa um corte de direitos brutal. Háque pressionar os governos paraque fagam outro tipo de políticas.Há que passar à ofensiva para exi-gir mudanças e consciencializar agente de que neste quadro econó-mico nom temos saída. Promoverpolíticas no caminho de um mo-delo social mais justo.

Pode-se dizer que a CIG serviude revulsivo para acelerar a res-posta unitária contra a ofensivado governo? Que se pode espe-rar do sindicalismo espanhol?A CIG marcou a dinámica ao ser-mos os primeiros a apostar numhanova greve geral na Galiza. o perfilda reforma era patente e os orça-

mentos do Estado vam trazer polí-ticas mui duras de cortes nas des-pesas públicas e novas medidasprejudiciais para a classe trabalha-dora. Exigia dar um passo para afrente. A convocatória poderá ser-vir de revulsivo diante da apatia.

A respeito do sindicalismo espa-nhol, por parte da CIG oferecemosdinámicas mui distintas sobre co-mo afrontar este momento históri-co. Eles som pola negociaçom e aconciliaçom, eludindo a carga ideo-lógica anti-social das reformas. osseus pactos provocam que todo osacrifício vá só para umha parte,que é a classe trabalhadora. sequerem unidade de acçom, vam terque mudar de conduta perante acrise. Há que fazer umha frente realpara combater a reforma empresaa empresa, convénio a convénio.Fazermos um sindicalismo diferen-te e ir de frente. se estiverem dis-postos, poderemos concordar.

A reforma dificulta a capacidadede resposta sindical, e o direito àgreve está a ser já questionado.

Com que recursos vai ficar o sindicalismo?Assistimos à luita de classes emestado puro. As medidas que es-tám a adotar venhem para ficarno tempo. À parte de transferi-rem recursos públicos e da classeobreira para o capital, tentam de-bilitar os trabalhadores para difi-cultar a sua resposta. As dificul-

dades que ham de vir, há quecombatê-las criando organiza-çom nos locais de trabalho emantendo as centrais sindicaiscomo elementos vivos dentro daempresa, onde a gente participee poida sentir-se solidária paracoletivizar esta luita tam duracontra a patronal e o capital. Pre-tendem é individualizá-la porquepor essa via tenhem muito queganhar. A nossa funçom é fazer ocontrário: converter cada luitaem cada centro de trabalho num-ha luita global dos trabalhadorescontra o inimigo. Dar coesom esolidariedade, que é o que vaipermitir ganhar as luitas. Depois,teremos que procurar todos osmétodos que sejam adequadospara conseguir os nossos fins edivulgar as nossas alternativas.Mas se nom conseguirmos criare organizaçom em cada empresa,vai ser complicado. / C.B.G.

16 esPecial Greve Geral Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

nOvAs DA gALIZA entrevista seis agentes que participarámativamente no desenvolvimento da jornada de luitaGreve Geral

suso seixo é secretÁrio Geral da confederaçom intersindical GaleGa

“Devemos converter as luitas de cada centro detrabalho numha luita global contra o inimigo”

“Assistimos à luita declasses em estado puropolas suas medidas”

Qual seria um bom resultado?A própria convocaçom já é um-ha boa notícia, é o primeiro pas-so. ora bem, um bom resultadopara esta greve seria que fosse oprimeiro passo de umha mobili-zaçom permanente até pôr emxeque o sistema. o problemanom está na reforma laboral emsi mesma; o problema é o pró-prio modelo produtivo, que tempiorado as nossas condiçonsnos últimos trinta anos. o nossoobjetivo prioritário é transmitirumha mensagem de otimismo àclasse trabalhadora galega, queé a maioria e temos nas nossasmaos vencer nesta luita. Rom-per com o medo e o estado dechoque ao qual nos submetê-rom, recuperar a linguagem e aconsciência de classe.

Como parte da minoria sindi-cal, como pensas que pode aCUT ajudar a articular as sen-sibilidades que ficam fora dosgrandes sindicatos?

somos umha minoria sindicalquantitativamente, mas nomqualitativamente. Nós defende-mos valores universais como aigualdade, a solidariedade, afraternidade, a liberdade... De-fendemos o sindicalismo clássi-co enquanto ferramenta de de-fesa da classe trabalhadora...se os movimentos sociais, osindignados... a classe trabalha-dora em geral nom coincidircom estes valores entom andaum pouco desnorteada. o quenom podemos é cair na retóricado sistema, na sua linguagemprostituída quando fala do sin-dicalismo. os novos movimen-tos sociais devem fazer análises

objetivas e históricas de ondeestá cada quem e fixar-se. Nóspodemos, portanto, transmitiressa herança, esses conteúdos.

Que caminhos que deve tomar a luita operária?A luita operária só pode optarpor um caminho, que nom é ou-tro que recuperar os valores deque falávamos antes. É o mo-mento da generosidade sindical,de acumular forças e de deixar osectarismo na gaveta. Quem an-tepuger siglas, egos e outras nes-cidades à acumulaçom de forçasé um irresponsável. o sindicalis-mo deve recuperar o seu papelprotagonista entre a classe tra-balhadora e para isso há que re-nunciar a comer na casa do pa-trom, porque algum dia se calharvês-te obrigado a deitar-lhe aporta abaixo e nom serás capazpor seres um estômago agrade-cido. Devemos recuperar as as-sembleias nos centros de traba-lho como ferramenta. / C.C.V.

“O sindicalismo deve recuperar o seu papel como protagonista”

ricardo castro é secretÁrio Geral da cutQuais as expetativas para o 29-S?A greve é conseqüência das medidasunilaterais do governo, que som um-ha imposiçom sem precedentes noordenamento laboral e nos levamtrinta anos atrás. É umha perda detodos os direitos conquistados, aotempo que umha racha de como veudesenvolvendo-se o diálogo social,que até agora funcionou com respon-sabilidade por parte dos trabalhado-res e trabalhadoras. Temos formula-do alternativas de cara a introduzirelementos de mudança nas relaçonslaborais que estamos dispostos a ne-gociar. Mas vemos que essa nom é aintençom, racha-se com umha tradi-çom de negociaçom. Devemos darumha resposta os trabalhadores etrabalhadoras, e a cidadania emquanto que é quem desfruta de umhasérie direitos sociais que agora securtam. visamos explicar isto à so-ciedade e chama-la a se manifestarpacificamente para manifestar o nos-so rotundo rechaço a essas medidas.

Existe projeçom para logo da greve?logo disso, gerir esses protestos nalinha do que vimos demandando.o que nom imos é adiantar-nos a

nengumha situaçom, terám que di-zê-lo os acontecimentos. Expresa-mos a nossa predisposiçom a ne-gociar, e se a populaçom sae mas-sivamente esse dia 29, o governode Rajoy devera, se é democraticoe atende ao direito de opiniom, ex-pressom e manifestaçom da cida-dania, sentar a negociar.

Pode-se ler na convocatória coincidente com as greves em Galiza e Euskal Herria umha vontade de unidade de açom?Nom convocamos porque tenhamconvocado as centrais nacionalis-tas. Temos umha estratégia de lar-go, que vimos expondo e expres-sando, e que agora dá numha res-posta como esta. Há umha coinci-dência nessa data, pero a expres-som de unidade ou nom unidadeverá-se nas explicaçons que dea-mos dumha banda Comissonsobreiras e UGT, e as que deam ou-tras organizaçons. Nom entramosna discussom, porque entendemosque a agressom à cidadania é mui-to mais importante que as desavin-ças entre quem representamos omundo do trabalho. / X.R.S.

“Se a gente sai em massao governo vai negociar”

daniel costas, secretÁrio de açom sindical de ccoo

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É a greve geral do 29 umha for-ma de mobilizaçom ajeitada paraluita contra a reforma laboral?A greve é necessária. Mas as gre-ves, tal como se venhem desenvol-vendo, acontecem num dia, comum desfile que fam os sindicatos eum tanto que se apontam, e ao diaseguinte já nom há mais. Deveriadurar mais dum dia. Acho que omais importante é criar umha es-trutura organizativa que aglutine aum montom de gente para poderdar umha resposta às políticas quese estám a levar a cabo. Greve geralsim, mas tem que haver algo mais,se fica nisso vai ser um fracaso.

Que tipo de mobilizaçons somnecessárias, tanto face à grevecomo a partir desse dia?

Estamos a trabalhar conjuntamen-te com os sindicatos minoritáriosdo âmbito de Compostela para

convocar umha assembleia abertaem que participem tanto trabalha-dores que já estám organizados,como pessoas que nom o estejam etodo tipo de movimentos sociais.Acho que a via seria essa: estrutu-rar toda a oposiçom que há contraa reforma laboral e todas as medi-das do Governo e tentar criar um-ha força unitária. E através distodar umha resposta contundente.sobretodo, há que realizar um tra-balho de pedagogia para que agente conheça outras formas de or-ganizar-se e luitar. As forças quetrabalham através das instituiçonsvemos que estám em declive, cada

dia tenhem umha cissom nova ouhá gente que se marcha. Pareceque esse é um modelo de organi-zaçom que está caduco.

Que relaçom pode haver com os sindicatos tradicionais, espe-cialmente com as suas bases,neste tipo de mobilizaçom?Há que distinguir entre os sindi-catos minoritários e maioritários.os minoritários estám de acordocom realizar assembleias, procu-rar umha unidade e transcenderas formas de luita tradicionais.Quanto aos maioritários, poisacho que a cúpula dos mesmosnom compartilham isto, já que dealgumha maneira nom se lhes per-mite ser a vanguarda da luita ope-rária. Eu gostaria de que as basescríticas de todos os sindicatos ade-rissem a este tipo de iniciativas.Gostaria que esta gente partici-passe e se desligasse dos seus sin-dicatos, assim de claro. Há algunssindicatos que a dia de hoje nomtenhem salvaçom, ou a gente semarcha ou estarám aí sem chegara nenhum lado. / A.L.R.

17entrevista Greve GeralNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

iaGo é membro da assembleia do obradoiro (santiaGo de comPostela)

“As forças que trabalham via instituiçons estám em declive”

Porque adere a CNT a con-vocatória de greve geral?sobram os motivos para con-vocar a greve. A reforma la-boral de fevereiro é o maisduro ataque aos direitos dastrabalhadoras nos últimos 30anos. É o melhor instrumen-to de resposta que tem a clas-se trabalhadora fronte osataques do capital.

Como concebedes a mobilizaçom?A greve deveria ser indefinida até se con-seguirem todas as legítimas reivindicaçonsda classe trabalhadora. De feito, se se mar-cam uns objetivos na convocatória, deveriaser para nom voltar ao posto de trabalhoaté consegui-los. A CNT mantém grevesindefinidas em diversas empresas em vá-rios lugares do Estado, mas umha grevegeral indefinida é inviável.

Que representa a nova reforma laboral?A disposiçom absoluta da vida dos traba-lhadores e as trabalhadoras por parte daempresa: pola nova regulaçom da mobili-dade geográfica e das modificaçons subs-tanciais de condiçons de trabalho. Tam-bém gerará medo a exigir direitos e arris-car-se a um seguro despedimento. A subs-tituiçom de pessoal com direitos adquiri-dos, por umha precarizaçom geral dospostos de trabalho a todos os níveis. Aperda de direitos sindicais e a inutilidadeda negociaçom coletiva, que pode ser der-

rogada unilateralmente polo empresário.Penso também que esta reforma será uminício e nom um fim.

Como avaliades a uniom doutros movi-mentos sociais além dos sindicatos? Ainda que a convocatória costume ser sindi-cal, já que som os instrumentos de luita danossa classe, o 15-M, se é umha organiza-çom assemblear e de luita formada por tra-balhadoras em desemprego ou em activo, asua unióm à greve seria essencial.

Porque nom há umha contestaçom gene-ralizada contra a crise do capital?Creio que há umha geraçom que gozou dedireitos que por luitou e conquistou a gera-çom anterior e perdeu a consciência do quecusta consegui-los. Nova concepçom deque todas podemos ser empreendedoras.o acesso à universidade das filhas e filhosda classe obreira através das bolsas fijocrer às licenciadas que ja nom som classeobreira mas classe média. / X.M.

“A greve deveria ser indefinida”rita Giraldez é secretaria Geral da cnt na Galiza

Desde há mais dum ano, o Bloco An-ticapitalista da Corunha, vem apare-cendo em diversas mobilizaçonscum marcado decurso anti-sistemae crítico com os tradicionais mode-los de organizaçom.

Qual é a vossa postura diante da greve?Pese às dúvidas que nos suscita esta con-vocatória em termos de potencialidade,consideramos importante que se vaiamsucedendo experiências de luita contra osrecortes, independentemente das siglasque a acompanhem. No passado ano, ti-vemos a oportunidade de aportar os nos-sos esforços na greve convocada polaCIG. vivemos umha jornada de luita emalguns aspectos positiva, mas que se esta-va longe de cumprir as expectativas. ve-remos, desta vez, quanto temos avançadono fortalecimento do tecido combativodurante este último ano.

Como se deveria, para vós, a maneira deintervir no ámbito laboral?A crise tem acentuado as dificuldades paraartelhar a autodefesa dos trabalhadores.As taxas de desemprego e de temporalida-

de, sobretodo entre os sectores mais mo-ços, incitam ao medo à perda do emprego.Nunca fora tam fácil para a patronal des-fazer-se dos “elementos perigosos”. Poroutro lado, o sindicalismo foi incapaz dedar umha resposta contundente à atualconjuntura. Dificilmente, um trabalhadorvai poder sindicar-se se tem um contratotemporário. Da nossa perspectiva, tam sóa autonomia operária pode adequar-se aocenário. Deve ser a auto-organizaçom quetome a palavra. Isto sem desmerecer o es-forço e sincero dalgum sindicato.

Tendes previstas açons contra a reforma?É cedo ainda para falarmos de açonsconcretas. Mas estamos dispostos a co-laborar na expansom da conflitividadesocial, sempre da nossa perspectiva, au-tónoma e independente. No dia 29 demarço, aguarda-nos umha nova oportu-nidade para medir-nos com o poder e ocapital. É importante saber abstrair-sedo imediato e observar os factos de mo-do objectivo, evitando os atrancos dassobre-identificaçons tam comuns na es-querda, e propor açons coletivas com ou-tro tipo de movimentos. / D.R.C.

“Há que expandir os conflitos”bloco anticaPitalista da corunha, entrevista coletiva

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18 em anÁlise Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

em anÁlise Causa galiza aspira a “consolidar o bloco político soberanista-independentista”

R.R.B. / A começos da década pas-sada as contradiçons entre a prá-tica política institucional e o cor-pus teórico fundacional do BNGsom evidentes na maioria dosConcelhos governados ou co-go-vernados polo nacionalismo gale-go. será à volta desta contradi-çom e do debate acerca de comoalargar a base e a penetraçom so-cial que começaram a marcar-seposiçons. Umha das primeirasconsequências deste debate é aapariçom, após um dos primeirosdevalos eleitorais, da candidaturana décima Assembleia Nacionalda corrente de nom-adscritos, umdos alicerces do que hoje se cha-ma Mais Galiza. Esta correnteapresenta umha candidatura aoConselho Nacional e defende um-ha série de propostas que apos-tam na "renovaçom orgánica, dediscurso e de pessoas e a aberturado Bloco à sociedade".

A candidatura oficial, que esta-va conformada por quase todosos partidos da frente e encabeça-da por Xose Manuel Beiras, aca-bou por ganhar na altura a As-sembleia; mas a candidatura al-ternativa obtivo uns resultadosnada desprezáveis. será na se-guinte assembleia, a que concor-rem duas candidatura alternativa,a dos non-adscritos ao ConselhoNacional e umha candidatura al-ternativa à Presidência da Juntaencabeçada por Camilo Noguei-ra, que irá conformar-se a aliançaQuintana-UPG. Estas duas ‘can-didaturas alternativas’ nom somumha corrente unitária (a corren-te non-adscrita desmarca-se dodebate das candidaturas à Presi-dência da Junta), mas som o sin-toma de que o modelo frentistaconstituído por militantes indivi-duais e partidos e coletivos come-ça a mudar e tornar-se mais com-plexo após a passagem polas ins-tituiçons municipais.

A mutaçom do frentismo: dos partidos às correntesA aliança entre Quintana e a UPGacaba por excluir Xosé ManuelBeiras de qualquer responsabilida-de política no Bloco, bem como daslistas para as eleiçons autonómi-cas. Tempo antes, quando ainda

era presidente do Conselho Nacio-nal, ele mesmo advertira num do-cumento interno dos perigos quepara a estrutura do BNG compor-tava a prática da maioria aritméti-ca nos organismos de direçom eculpava o principal partido daFrente (a UPG) do abandono da li-nha consensual na tomada de de-cisons. A exclusom de Beiras edoutros colectivos e pessoas, mastambém as múltiplas tensons pro-vocadas pola ‘estranha’ adequa-çom entre a teoria e a praxe insti-tucional, tenhem no mínimo duasconseqüências: ‘deslocamento de

terras’ nos diversos colectivos epartidos e a conseguinte apariçomdas correntes, e que a chegada porfim ao governo da Junta se fagacom umha vida interna já mui ten-sa. Do mesmo jeito, esta aliançalança-se a mudar a participaçom

nas assembleias nacionais introdu-zindo pola primeira vez no Bloco afigura dos delegados e delegadas.Como resultado de todo o anterior,na Assembleia Nacional que tivolugar no ano 2006 com o BNG nogoverno fôrom apresentadas qua-tro candidaturas, três delas alter-nativas à aliança UPG-Quintana.

O bipartido e a UPGMas a aliança com Quintana e ascrescentes contradiçons entre ateoria e praxe da Unión do PovoGalego tenhem também conse-qüências neste partido. setores

críticos assinalam que o seu diri-gismo e a sua estratégia de subor-dinar o trabalho das organiza-çons sociais à estratégia e tácticaeleitorais do BNG, assim como adefesa e o fortalecimento do seuaparelho orgánico no que deno-mina "organizaçons de massas domovimento nacionalista" produzcrises em todas nas que pressu-punha ser hegemónica: mantémo controlo sobre a ADEGA umhavez provocada a cissom da verde-gaia, perde a hegemonia no slGe finalmente provoca outra cis-som nos Comités de onde surge aliga Estudantil Galega (no ano2010) já sem o controlo da UPG.De referir ainda, o caso da CIGonde as tensons ocorrem no inte-rior da própria Maioria sindical,criada anos antes pola UPG paramanter o equilíbrio dentro dacentral, e produzem o efeito in-verso: umha cissom da própriaUPG com a articulaçom dumhacorrente alternativa que concor-re, junto às outras duas candida-turas críticas, na Assembleia Na-cional do ano 2006. Nom todas ascorrentes internas da UPG enten-dem do mesmo jeito a aliançacom o denominado "quintanis-

Rutura do BNG perfila novo nacionalismoanalisamos as oriGens e o desenvolvimento da crise interna Para exPlicar o momento atual

A crise no nacionalismo representado polo BNG nom é recente. Durante muitotempo, as contradiçons resolvêram-se no seio da organizaçom, tradicionalmentehermética aos média, mas, por vezes, pequenas explosons chegavam ao conhe-cimento da opiniom pública. Foi quiçá na década dourada do BNG, os anos no-venta, que começárom as hostilidades que nas últimas semanas se tornáromguerra aberta. Na altura, a batalha deu-se no quadro da Galiza Nova e culminou

com a saída do MEU dos CAF, salpicando a gestom do Conselho da Juventudeda Galiza e tendo como ‘dano colateral’ a saída da Primeira Linha, pola esquerda.No fundo das sucessivas crises até à situaçom actual está o questionamento dopapel da UPG no conjunto do movimento nacionalista. A convivência entre asduas almas do nacionalismo galego, a que pretende adequar a teoria à prática e aque entende que a primeira é inquestionável, pode estar chegando ao fim.

C.B.G. / os movimentos abertos após a assem-bleia do BNG coincidem com a emergênciade novas posiçons no campo independentis-ta. Causa Galiza tinha chamado às vozes dis-cordantes antes da assembleia de Ámio e sau-dou a saída do Encontro Irmandinho doBNG, enquanto a FPG anunciou em finais defevereiro a decisom de “deixar de ter presen-ça e representaçom nos órgaos de Causa Ga-liza”. A resoluçom adotada no dia 4 do passa-do mês acusa a entidade autodeterminista dese ter transformado “numha simples expres-som partidista (...) que vulnerou os princípiosdo acordo e a democracia”.

Este partido une-se a Nós-UP como orga-nizaçom independentista que se exclui doreferente unitário e afirma ter vontade detrabalhar na articulaçom de umha “propostaque aglutine unha fronte ampla, plural e deesquerdas”, que poderia ter como interlocu-tores a elementos saídos do BNG como a

agrupaçom de Xosé Manuel Beiras ou Es-querda Unida, com que mantém alianças decaráter municipal em Cangas do Morraço.

Por sua vez, o Movimento pola Base anun-ciou a convocatória de umha conferência na-cional para o próximo 31 de março com o ob-jetivo de perfilar os passos a dar no seu futuromais próximo, tendo “mui em conta a atuaçompolítica das organizaçons e agentes com quemantivo relaçom” nos últimos anos a partir dasua saída do BNG. Debaterám sobre a “validezdas estratégias postas em andamento e a ade-quaçom das mesmas ao novo contexto”.

Causa Galiza procura recolocar-seA entidade autodeterminista Causa Galizaprepara em paralelo umha assembleia geralpara 25 de março em que aspira a “consolidaro bloco político soberanista-independentista”que representa. Aurélio lopes declarou aoNovAs DA GAlIzA que pretendem “superar o

esquema de organizadores de atos em efe-mérides” com o objetivo de intervir “numcontexto extremamente dinámico” para so-cializar a reivindicaçom do direito de autode-terminaçom. Destaca que na sua perspetivaos partidos “nem se integram nem se ex-cluem” na iniciativa soberanista, e assinalaque militantes da FPG continuam a trabalharno seio de um referente em que a maior partedos e das suas integrantes carecem de vincu-laçons partidárias.

Anunciam que irám abrir umha fase de in-terlocuçom com “todos os agentes do nacio-nalismo”, sem exluírem o diálogo com umBNG, que consideram que “deixa de ser jápara todos os efeitos a ‘casa comum’ do na-cionalismo”. No documento que debaterámem finais de março afirmam que é “inviávelincidir no País e defender de maneira efecti-va o Povo Trabalhador Galego sem um pro-jeto político de massas".

Soberanismo reage perante o novo cenário

subordinar o trabalhodas entidade sociais

à estratégia eleitoral doBng causou malestar

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19a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

a denÚnciamo". A corrente mais reticente,nucleada em torno ao sindicatonacionalista, umha vez perdido ogoverno, passará a ser fundamen-tal para manter as posiçons destepartido no novo cenário.

Mais Galiza e ‘irmandinhos’As fronteiras entre estas duas cor-rentes som difusas, se bem o En-contro nasce para defender a con-cepçom inicial do BNG e as regrasde jogo internas que garantam autilidade e unidade do "projectocomum". De um modo ou doutro,ambas as correntes apostam emadequar o discurso e a praxe donacionalismo, para superar as con-tradiçons entre a praxe institucio-nal e a teoria ‘clássica’. Mais Gali-za nom é o ‘quintanismo’ exacta-mente: no seu seio estám presen-tes o municipalismo e sectores deindependentes e também coletivossurgidos no BNG (como EsquerdaNacionalista e a sua rearticulaçomEspaço socialista Galego) que fô-rom construindo a sua alternativadurante muitos anos desde abaixo,também durante o bipartido, emuitas vezes à margem do poderinstitucional, suportando ademaisa pressom interna de um aparelhoorgánico do que nunca figéromparte. Daí que ambas as correntesvejam a proposta da UPG só comopuro tacticismo: o que se fai quan-do se chega às instituiçons nomacompanha o que se diz pensar,cousa que na própria UPG enten-dem que seria inviável. Por outraparte, a percepçom de que o se es-conde que por trás dessa ‘defesadas essências ideológicas’ é ape-nas umha luita polo controlo orgá-nico da frente e dos primeiros pos-tos nas listas nos diferentes pro-cessos eleitorais vai ganhando for-ça na base militante do Bloco. Nes-se sentido, entendem agora aatitude da UPG: após a derrota dobipartido, este partido quereria re-cuperar a hegemonia no bloco me-diante a 'clarificaçom ideológica",desligando as questons teóricasdas organizativas, recuperando ascríticas pola esquerda ao bipartidocontra o ‘quintanismo’, autoex-cluindo-se da gestom anterior epretendendo concentrar de novo acentralidade no Bloco para, nofundo, nom fazer nada que nomseja o que tem feito até hoje, se-gundo destacam os seus oposito-res. os mesmos que aludem a queesta atitude de ‘tampóm’ da UPG,acrescida à prepotência dumha or-ganizaçom acostumada a negociarpor riba componendas após lançaràs suas bases contra o ‘inimigo in-terno’ umha e outra vez, figéromque desta vez a pressom da potafosse demasiado forte. Após estáimportante rutura do BNG vere-mos que cenário político se vaidesenhando e poderemos com-provar se no terreo institucionalhá espaço para mais de umha for-ça política nacionalista e em quepontos se estabeleceram os mati-zes ou as diferenças entre elas.

Família dum ex-alto cargo do PPconstrui umha casa no leito dum rioA família de Juan Caamaño Cebreiro, conselheiro da Pesca comFraga e filho dum ex militar franquista que foi alcalde de Ferrol,está a construir umha vivenda sobre o leito do rio Rodeiro, em

Muros. A obra ilegal alterará o curso do rio, cuja demarcaçom de-sapareceu casualmente da versom definitiva do Plano Geral deOrdenamento Municipal (PGOM) da localidade corunhesa.

M.B. / A construçom da casa, situada dianteda praia do Espadanal, na paróquia de lou-ro foi promovida inicialmente por Francis-co Caamaño Cebreiro, irmao de Juan e fi-lho de Francisco Caamaño González, coro-nel da Armada franquista que foi alcaldede Ferrol e vice-presidente da Caixa Galiciae do Celta de vigo. Depois do seu falece-mento o ano pasado, quen está a levantar avivenda na actualidade é seu filho luis, exgerente da empresa eólica Gamesa na Ga-liza e no noroeste peninsular e atual direc-tor internacional da empresa basca na Eu-ropa do leste.

segundo testemunhos recolhidos por estapublicaçom entre a vizinhança do lugar, asinfluências da família Caamaño Cebreiroexplicariam que o traçado do rio desapare-cesse da redaçom definitiva do Plano Geral,enquanto si figurava em versons anteriores,no cadastro e em documentos municipais.As obras de construçom da vivenda incor-rem em ilícitos como o desvio das águas me-diante umha canle ou o incumprimento dadistância mínima entre o rio e os alicercesda edificaçom. Já, anteriormente, outro dosirmáns, vicente, infringira o regulamentourbanístico ao ampliar sem licença umhavivenda situada na zona velha da localidade. o PGoM que permite construir a vivendada família Caamaño Cebreiro foi aprovadopolo bipartido BNG-PsoE, que presidia umalcalde nacionalista, ainda que a elabora-çom do documento tivesse lugar durante aetapa em que o PsoE dirigia Alcaldia.

Interesses no negócio eólicoA família Caamaño Cebreiro possui interes-ses empresariais em sectores como a ener-gia eólica ou a promoçom imobiliária. Fran-cisco foi administrador até o seu falecimen-to da empresa Espadanal Proyectos Inmobi-liarios, sendo substituído no cargo pola suadona em maio de 2011. o seu filho luis teminteresses em companhias eólicas e imobi-liárias, ademais de ser o director internacio-nal da Gamesa na Europa do leste. Antes,fora gerente da empresa basca na Galiza eno noroeste peninsular, assim como directorinternacional.

A sua actividade profissional como máxi-mo responsável da Gamesa no nosso paíscoincide com a designación do seu tio Juancomo diretor do Instituto Energético de Ga-liza (Inega), aonde chega depois de passarpola Conselheria da Pesca. Desta época soma maioria das suas participaçons em empre-sas do sector.

Promotor do Serviço de Guarda-CostasEm 1990, pouco antes de ser nomeado con-selheiro da Pesca por Fraga, Juan Caamañopromove juntamente com Enrique lópezveiga a criaçom do serviço de Busca e sal-vamento, que mais tarde passaria a chamar-

se se serviço de Guarda-Costas da Galiza.Juntos recrutam o viguês Fernando Novoa,ex oficial da Armada espanhola e piloto dehelicópteros de salvamento que trabalha pa-ra a Junta como assessor marítimo. Novoaconvence o presidente galego para importaro modelo da sociedade espanhola ‘salva-mento y seguridad Marítima’ (sasemar).

As irregularidades marcárom o processologo desde o início. De feito, tal e como noti-ciava o NovAs DA GAlIzA no número 37, osdous primeiros directores-gerais da sase-mar na Galiza (José Álvarez Álvarez e Emi-liano Martín Bauza) chegárom ao cargo de-pois de serem obrigados a abandonar o ser-viço de vigiláncia Aduaneira (svA) polassuas relaçons com contrabandistas e narco-traficantes. Álvarez chegaria presidir poste-riormente a sogama.

A gestom do serviço foi um suculento ne-gócio para as empresas, como no caso daaquisiçom de meios aéreos, que se deixou

nas maos da Helicsa. Trata-se dumha filialdo grupo Inaer Inversiones Aéreas, proprie-dade da família Fernández de sousa-Faro eque controla mais de 70% do negocio doshelicópteros em todo o Estado. Novoa exer-ce o cargo de conselheiro delegado e à ca-beça do holding está Manuel Fernández desousa-Faro, o presidente da Pescanova, com21% das açons. Mas a família em conjunto édona de 50% dos títulos através da empresade material ferroviário Transfesa, anterior-mente presidida polo máximo responsávelactual da sociedade empresarial Inaer, An-tonio Domínguez Garcés, casado com umhadas irmás Fernández de sousa.

Este conglomerado empresarial acumulamais de 20 processos sancionadores daAviaçom Civil e Inspeçom do Trabalho, se-gundo denunciou o sindicato Espanhol dePilotos de linhas Aéreas (sepla). Isso nomimpede que a sua filial Helicsa continue aser a única adjudicatária da Junta em meiosaéreos desde 1995 polo que obtivo mais 100milhons de euros.

As origens desta empresa remontam aoano 1965. Na própria páxina web da compa-nhia explica-se que nasce por iniciativa deEduardo saavedra, que viria a ser a ser pilo-to do rei espanhol, e com a ajuda económicadas companhias galegas Ucomar e zeltia. Arelaçom da Família Real espanhola com aempresa nom ficaria por aí e há quem atri-bua ao rei de Espanha o ter mediado juntodo rei norueguês em favor da companhia.Pessoas do contorno de Fernando Novoaconfirmárom que o empresário se gaba empúblico da sua amizade com Juan Carlos,com quem teria compartido viagens em he-licópteros da Junta.

As suas influências explicamque o traçado do rio

desaparecesse da redaçomdefinitiva do Plano geral

A família Caamaño Cebreiro possui interesses

na energia eólica e na promoçom imobiliária

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20 a exame Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

Passam a ser geridos por empresas os novos centros infantis de Monte-Porreiro, Coristanco, Pino, Carvalho e Betanços a exame

A.L. / Durante o mês de janeiro, pu-blicou-se em diversos números doDoG a licitaçom da “contrataçomda gestom do serviço público deatençom educativa à primeira in-fáncia” de 5 novos centros de edu-caçom infantil que iriam ser aber-tos em breve em Monte-Porreiro(em Ponte-vedra), Carvalho, Be-tanços, o Pino e Coristanco. Esteprocedimento, que a Administra-çom autonómica define como sen-do umha “externalizaçom”, temcomo objectivo colocar nas maosprivadas os serviços educativosduns centros pertencentes a umharede que nasceu para garantir àpopulaçom o acesso a serviços so-ciais públicos.

segundo a documentaçom quese pode consultar na própria webdo Consórcio (www.igualdadebe-nestar.org), estas adjudicaçons es-tám já na fase definitiva e somduas as empresas que beneficia-rám da privatizaçom das cinco es-colas infantis referidas. Por um la-do, está a Fundación de Estudos eAnálises (Fesan), à qual som adju-dicadas a gestom das escolas deCoristanco, o Pino e Monte-Por-reiro. Pola gestom privada destestrês centros o Consórcio desem-bolsará à adjudicatária perto de1,6 milhons de euros.

Conforme publicou no mês defevereiro o jornal digital Galicia

Confidencial, a Fesan está a rece-ber umha grande quantidade decontratos por parte da Junta. As-sim, esta publicaçom indica quena atual legislatura de Alberte Nú-ñez Feijóo esta fundaçom teria re-cebido dos cofres autonómicosuns 3,7 milhons de euros atravésde diversas subvençons e adjudi-caçons. Nas últimas semanas sa-lientou-se a ligaçom entre a Fesane o opus. Assim, é destacável queo representante legal da funda-

çom, Manuel Rodríguez sedano,forma também parte do patronatodo Colegio Junior`s de santiago.Por outra banda, fontes sindicaisindicárom ao NovAs DA GAlIzA

que a própria Fesan recebeu noano 2009 a adjudicaçom da ges-tom dumha escola infantil situadano Edifício Administrativo da Jun-ta em sam Caetano.

A outra empresa contratada pa-ra a gestom de outros dous cen-tros infantís é a Promoción de laFormación las Palmas s.l., socie-dade sedeada em Madrid. o pes-soal educativo das novas escolasA Galinha Azul de Carvalho e Be-tanços correrám a cargo destaempresa, a qual receberá 897.039euros polo primeiro e uns 700.854euros polo segundo centro, tal co-mo se indica nos dados publica-dos na web do Consórcio. segun-do soubo o NovAs, o administra-dor único desta empresa, Fernan-do Ayo Díaz, é um empresário quetambém tem interesses no negó-cio imobiliário.

Monte-PorreiroA CIG-Ensino, central sindicalque esta a abandeirar a luita con-tra a privatizaçom da rede de es-colas infantis, lembra que estasGalescolas recém privatizadas es-tavam já licitadas polo Governobipartido, “portanto nom se estáma ofertar novas vagas, senom quese está a abrir o que já estavaaprovado e, em vez de fazê-lo co-mo estava previsto, fai-se entre-

gando-as às maos privadas, des-mantelando a rede de escolas in-fantis que se criara”.

os acordos entre o Consórcioe os Concelhos estabelecem queestes últimos se encarregam deentregar as instalaçons e demantê-las durante a vigência doacordo, enquanto o Consórciodota de material didáctico e depessoal. A central sindical assi-nala que os atuais movimentosprivatizadores consistem em “ce-der esta segunda parte do acor-

dado a umha empresa privada”. o exemplo do caso do Monte-

Porreiro permite salientar váriosdados. A adjudicaçom à Fesan se-rá durante 30 meses. o importedo contrato para o centro ponte-vedrés é duns 763.805,40 euros,com IvA. segundo fontes de CIG-Ensino, se desta gestom se encar-regasse o Consórcio os gastosnom chegariam a 500.000 eurospara o mesmo número de meses,polo que realmente tampouco seestá a aforrar dinheiro optandopola privatizaçom.

Estratégia de desmantelamentoEm paralelo à entrada de empre-sas privadas na gestom das escolasinfantis, o Consórcio apresentouaos sindicatos umha série de me-didas dirigidas ao pessoal laboral,que ainda fôrom elaboradas defi-

nitivamente. As propostas do Con-sórcio passariam por umha convo-catória de oposiçons para determi-nadas vagas, a elaboraçom dumhaRelaçom de Postos de Trabalho ea integraçom do pessoal do Con-sórcio numha nova Agência Gale-ga de serviços sociais. Tendo emconta a complexidade da estruturado pessoal laboral da rede A Gali-nha Azul, a qual conta com maisde 100 centros, fontes sindicaiscrem que as propostas do Consór-cio tenhem a intençom de dividiràs pessoas trabalhadoras, reduziro pessoal e abrir o caminho paraumha privatizaçom.

Mas os movimentos arredor dasescolas infantis nom acabam acó.No mês de janeiro a Junta aprovouvia decreto umha suba nos preçospúblicos das escolas infantis. A úl-tima vez que se revisárom estas ta-xas foi no ano 2002, sem que fos-sem modificadas ate o momentoatual. A suba começará a aplicar-se desde o próximo mês de setem-bro, mas este incremento abre aporta para que aqueles centros quenom sejam titularidade da Juntasubam também as tarifas. Ante is-to, a CIG-Ensino perguntam-se seesta iniciativa, pola sua coincidên-cia, nom terá a intençom de pôr-lhe o “colchom” mais apetecívelpara as empresas privadas.

o que sem dúvida é nítido é quea privatizaçom das escolas infantisvai implicar que “o serviço irá serinfinitamente pior”, segundo afir-ma a central sindical nacionalista.“No tocante às trabalhadoras, vai-se piorar em direitos, em salário eem horas de trabalho, que se am-pliarám. E os usuários em vez dedisporem dum número suficientede pessoas para um cuidado edu-cativo vam passar a ter um coidadoassistencial por um menor númerode pessoas e de menor qualidade”.

Preveem um Pioramento do serviço a Partir dos cortes e das concessons a sociedades emPresariais

Junta vai privatizar as escolas infantis

no mês de janeiroa Junta aprovou via

decreto subir os preços do serviço

A privatizaçom da rede de escolas infantis A Galinha Azul colhe impulso tras avitória eleitoral do PP no Estado espanhol. Já no mês de outubro CIG-Ensinodenunciava que a Junta estava estudando a “externalizaçom” de 17 escolas in-fantis de próxima abertura, as quais correspondia ao Consórcio Galego de Ser-

viços de Igualdade e Bem-Estar dotá-las de pessoal educativo. Em janeiro apa-recem no Diário Oficial de Galicia (DOG) as primeiras concessons. Trás unsconcursos que se desenvolvérom por via de urgência já som 5 os centros paranenos de entre 0 e 3 anos que passaram a ser geridos pola empresa privada.

Fesan e Promociónde la Formación Las

Palmas som asbeneficiárias

ZÉLIA GARCIA

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21mediaNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

XOÁN R. SAMPEDRO / o jornal coru-nhês La Voz de Galicia acaba deser definitivamente obrigado adevolver ao Estado mais de460.000 euros que recebera emforma de “Incentivos regionalesde la zona de Promoción Econó-mica de Galicia” no ano 2004. Asala do Contencioso da Audiên-cia Nacional espanhola resolveuque, longe de criar os postos detrabalho exigidos como condi-çom para beneficiar dos 'incenti-vos', La Voz de Galicia destruiupostos de trabalho no períodomarcado pola norma.

La Voz de Galicia deverá devol-ver às arcas do Estado 460.721 eu-ros, por força dumha sentença pu-blicada no mês de setembro pas-sado, mas que só agora foi conhe-cida pola opiniom pública. A salado Contencioso da Audiência Na-cional proferia entom, através damagistrada Mercedes Pedraz, um-ha sentença a rejeitar definitiva-mente os recursos da la voz deGalicia s.A. contra a ordem minis-terial que desde 2010 lhe exigia adevoluçom do dinheiro, que rece-

bera em 2004. La Voz de Galicia

alegava contra a ordem ministe-rial a caducidade dos prazos.

Destruiçom de empregosegundo diz a sentença, a empre-sa ficava comprometida polo sub-sídio a “criar e manter 6 postos de

trabalho ao termo do prazo de vi-gência [...] e a mantê-los nos dousanos posteriores”. Considera“inescusável” o cumprimento des-se compromisso, já que, se nomse dá, “só produz 'benefício' ao su-jeito fomentado (a empresa) enom se satisfaz o interesse públi-

co ou interesse social”. E este é ocaso do que ocorreu no jornal desantiago Rey Fernández-latorre:nom só nom mantivo os seis pos-tos de trabalho que lhe exigia odesfrute do subsídio, como aindaao longo do período analisadomantivera dez postos de trabalhomenos dos que tinha no momentode receber o dinheiro público.

Mais ainda, a defesa de La Voz

pretende fazer passar por contra-tos indefinidos umha série decontratos por obra e serviço, che-gando ao ponto de, como diz tam-bém o tribunal espanhol no seurelatório fazer “umha nova inscri-çom na segurança social a 17 deabril de 2009, um dia depois dereceber a comunicaçom de iníciodo processo por incumprimento”.

Exigem a ‘La voz’ que devolva ajudas paracriaçom de emprego por despedir pessoal

a sala do contencioso da audiência nacional esPanhola desestimou o recurso da emPresa informativa

media

Tenhem que devolverao Estado mais de

460.000 euros em“incentivos regionais”

A campanha de promoçom dos meios no nosso idiomavitaminas para o Galego entregou ‘recompensas’ às197 pessoas que permitírom juntar 6.830 euros na pri-meira fase da campanha, o dobro das expetativas dearrecadaçom. Prepara-se a organizaçom de um festivalem Compostela para o próximo dia 27 de abril.

vitaminas Para o GaleGo foi aPoiada Por 197 ‘mecenas’

o digital Dioivo fijo a sua apariçom no dia 29 de feverei-ro oferecendo umha original proposta comunicativa queprocura dispor de temas próprios para “contar e contra-riar”, tendo como base umha “uniom temporal de jorna-listas”, boa parte dos quais provenhem das redaçonsdos jornais Xornal de Galicia e Galicia Hoxe.

dioivo: “jornalismo Para o País da chuva”

Junta prepara por via de urgência a pré-campanha eleitoral do PPX.R.S. / Umha série de licitaçonsalimentou a hipótese de que aseleiçons autonómicas irám reali-zar-se no outono próximo. Me-diante convénios a meios e a con-trataçom de sete campanhas pu-blicitárias, o PP prepara com di-nheiro público, mais de milhom emeio de euros, a estratégia de co-municaçom para essas eleiçons.

A prática habitual de insuflar di-nheiro às empresas informativasa dedo, mediante convénios, con-tinua a ser prioritária para o go-verno de Núñez Feijoo, até ao pon-to de considerá-la um motivo de

“urgente e inadiável necessidade”para abrir um novo capítulo orça-mentário. Assim foi noticiado poloportal Galicia Confidencial, quepublicou um documento oficialem que Ethel Maria vázquezMourelle, diretora da Agência Ga-lega de Infraestruturas, solicita aabertura adiantada dum capítulodos orçamentos de 2012 para “tra-mitar convénios no valor de340.000 euros”.

os beneficiários som os cabeça-lhos mais tradicionais da imprensalocal do País, entre que salienta ogrupo de La Voz de Galicia, que vai

receber cerca de metade do dinhei-ro repartido, através do jornal mastambém doutras divisons do gru-po. A Conselharia do Meio Am-biente e Infraestruturas, que dirigeAgustín Hernández, reincide assimna distribuiçom discricional de di-

nheiro público mediante um siste-ma de convénios que nem se ache-ga a ser transparente, e que alémdisso tem por único critério o arbí-trio do conselheiro do momento.

Mais de um milhom para “promover de iniciativas da Junta”Mais o grosso das despesas públi-cas vai através da secretaria Geralde Meios, que por procedimento“urgente e aberto” vai investir 1,2milhons de euros em campanhas"sobre datas assinaladas e de al-cance institucional", em que pro-mover “as iniciativas da Junta de

Galiza em matéria de identidade,galeguidade e datas de especialsensibilidade social".

Umha quantidade cuja maiorparte irá parar também para a im-prensa, em forma de anúncios. Emconcreto, os media iram repartir-se 820.000 euros, enquanto o restoacabará nas agências publicitá-rias. Do dinheiro para as empresasinformativas, 60% será emprega-do na publicidade na imprensa es-crita, recaindo previsivelmentenos mesmos 6 grupos que venhemsendo beneficiários dos convéniosda Junta com a imprensa.

Infraestruturas solicitouadiantar parte dos orçamentos para

tramitar os convénios

‘La voz’ pretendeu fazer passar por

indefinidos umha sériede contratos por obra

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

cultura O festival, organizado por Andaina, promove o crescimento cultural e artístico e o impulso às futuras realizadoras, produtoras e escritoras

A terceira ediçom do Mufest premia as vozes das mulheres migrantes

sheyla Pie e marina sereseKy Ganham os Prêmios do melhor documentÁrio e à melhor curtametraGem

ZÉLIA GARCIA / A atora teatral PilarPereira, veterana na sua profis-som com 75 anos, foi a encarrega-da de abrir esta mostra, assinalan-do que “as mulheres temos queluitar toda a vida por ter o espaçoque desejamos”, e sublinhou a im-portáncia de certames como oMufest pola “defesa de esse lugarnosso no cinema”.

Realizadoras portuguesasAna Caterina Pereira, jornalistaportuguesa, na primeira jornadadeu a conhecer a realidade doseu país, onde 19 realizadorasfilmárom 39 longas-metragensdesde 1946. A crise, com a extin-çom do Ministério de Cultura e ocancelamento de subsídios ao ci-nema português, também afetaem maior medida as mulherescineastas, que sofrem aindamais a imposiçom de novos cor-ta-fogo económicos.

Estreia de filmesFôrom apresentados dous filmesque ainda nom tinham sido es-treados na Galiza: Talking HeadsMuslim Women, de Fathima Niza-ruddin, que mostra um grupo demulheres muçulmanas questio-nando a percepçom ocidental queexiste sobre elas; e sIs, umha cur-ta cómica sobre o confuso que àsvezes parece o mundo das pes-soas adultas para duas crianças.A diretora de sIs, Deborah Hay-wood, interviu dando a conhecera situaçom das mulheres inglesasno cinema e a sua própria expe-riência como realizadora.

Digna raivao documentário “Digna Rabia”codirigido por Maria victoriaMartins foi protagonista com asua apresentaçom e projeçom. oseu trabalho xurde do movimentoda memória histórica, ao analisaras eivas deste campo, já que “serealiza umha recuperaçom da me-mória moi masculinizada”.

o filme recolhe com rigor histó-rico a extrema dureza da repres-som franquista com as mulheres,as eivas democráticas da transi-çom e as remoras que se arrastamdesde essa época até a atualidade.

Maria victoria Martins afir-mou-se na necessidade de que “asmulheres e os homens se compro-metam na igualdade real e naconstruçom de umha sociedadejusta e solidária”.

Problemáticas sociais e culturaisAs duas últimas jornadas fôromos dias em que se exibírom os fil-mes do palmarés do III Mufest,umha seleçom variada que comoem ediçons passadas destacárompola sua qualidade tanto a níveltécnico como criativo.

Tanto os conteúdos dos filmesfora do palmarés, como os sele-cionados, tratárom sobre proble-máticas sociais e culturais trata-das da perspectiva de visibiliza-çom e denúncia.

As organizadoras insistíromno fim do Mufest na necessida-de de “estabelecer colaboraçonscom outros festivais de cinemae outras organizaçons que con-tribuam à mobilidade e amplia-çom do espaço de exibiçom daspeças selecionadas no Mufest”.Assim, apostam por “ganharmos

referencialidade”, e encontrarnovas vias de financiamento, jáque este festival nom conta comajudas públicas, e advogam porcontinuarem na autogestom eviabilidade deste projeto paraoferecer um espaço de difusomonde realizadoras e produtorasentrem em contacto com as suasaudiências.

Cinema e mulheresos relatos que transmite o cine-ma influírom desde os começosem todas as geraçons polos seusconteúdos, argumentos, ima-gens e ideias. Desde as primei-ras mulheres realizadoras, comoa francesa Alice Guy-Blaché, atéas atuais mulheres trabalhado-ras nos diferentes estamentos docinema, há todo um percurso

cheio de complexidades, mastambém de avanços.

o cinema e a televisom refor-çam e legitimam todo tipo de es-tereótipos sobre as mulheres, jáque em numerosas ocasions somrepresentadas em roles secundá-rios e tradicionais. Mas cada vez émaior a presença de mulheres queparte de umha visom crítica ou deoutros imaginários.

Porém, este guieiro ainda é lon-go, e o cinema como produto so-cial, responderá ao que acontecerao nosso redor. Nesse sentido, ocinema feminista contribuiu a es-ta luita para transformar a olhadahegemónica e patriarcal impostopola cultura. A complexidade vémimposta pola educaçom e a cultu-ra, que deixa fora da criaçom asmulheres. o retos a que se en-

frentam as cineastas, para alémdas barreiras estruturais, é a cons-truçom de sujeitos diferentes à fi-gura masculina e dominante.

Sheyla Pie e Marina SeresekyAs mulheres que percorrem mi-lheiros de quilómetros para da-rem um futuro melhor às suascrianças, os elos fundamentaisdas cadeias globais de cuidados,as suas vozes e testemunhas, fô-rom as premiadas na categoria demelhor peça documental nestaterceira ediçom do Mufest. A rea-lizadora que as trouxo até estabeira do Atlântico foi Marina se-reseky, atora e realizadora argen-tina, que recolheu com “Madres,015 el minuto” boas críticas e pré-mios. As migrantes relatam nestefilme como vivem a realidade deserem maes através de um telefo-ne ou de um computador, fazendodo locutório o seu segundo fogar,e transformando-o no seu recursomais valioso.

A curta-metragem premiadacomo melhor peça de ficçom foi“The Red virgin”, da realizadoracanadiense sheyla Pie. Trata-seda sua novena curta-metragemcomo realizadora. A curta galar-doada narra a história da ativistapolítica e defensora da liberdadesexual Aurora Rodríguez, queem 1933 matou o seu projetoutópico e a sua filha Hildegart.Criada e educada por Aurora pa-ra ser a primeira mulher real-mente livre para guiar a Huma-nidade para umha nova era, Au-rora nom foi quem de suportarque Hildegart quigera ter inde-pendência e construir o seu pró-prio caminho. o filme examinaesta tragedia e investiga a ten-dência suicida de assassinaraquilo que mais queremos.

Ficárom desertos por decisomdo juri o prémio na categoria deAnimaçom e a Mençom Especial aMelhor obra original em galego.

Cinema e televisomlegitimam estereótipos

sobre as mulleres

O festival nom contacom ajudas públicas,aposta na autogestom

Do 22 ao 25 de fevereiro tivo lugar a terceira ediçom do Mufest, festival de ci-nema feito por mulheres, em Compostela, e que este ano tivo como empraza-mento o Centro Galego de Arte Contemporáneo. Este certame xurdiu em 2009como um instrumento para fomentar a produçom audiovisual de obras dirigi-

das, escritas ou produzidas por mulheres, proporcionando um espaço para aexibiçom e o debate. Organizado pola Revista Galega de Pensamento Femi-nista Andaina, tenta promover o crescimento cultural e artístico e o impulsodas futuras realizadoras, produtoras e escritoras.

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23culturaNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

'a conquista antes da conquista’ vai ser Projetado em comPostela no Próximo 23 de março

Sobem à Rede o substituto precário de ‘Flocos.tv’À nova hemeroteca galega naInternet, Canle TV, pode-se ace-der através da web da AgênciaGalega das Indústrias Culturais(AGADIC). Até agora, conta ape-nas com 80 produçons, en-quanto a sua predecessora,‘Flocos.tv’, fechada há um ano,tinha arquivadas mais de tre-zentas produçons -entre curtas,teasers, documentários, vídeo-criaçons, longas e making off-,e contava com dous milharesde usuários registados.

A.R.G. / Na nova web tampouco ha-verá umha rede social interna,mas da AGADIC assinalárom queo número de peças irá aumentan-

do com o tempo. Para o seu lança-mento, Canle Tv conta com umtotal de 46 teasers e 86 fitas. A

mais antiga delas é a curta-metra-gem documental los Tranvías dela Coruña, de 1926. As fitas mais

próximas no tempo som de 2008,justo o ano em que nasceu Flo-cos.tv, a maior hemeroteca galegana Rede, criada polo Governo dobipartido através da também de-saparecida Agência AudiovisualGalega. Esta web funcionava co-mo umha videoteca de cinemapróprio, através da qual se podiamvisionar, de balde, umhas 350 cur-tas-metragens, longas-metragens,documentários, vídeo-criaçons,teasers, making off e materiaisinéditos de criadores e criadorasdo país. Para além disto, no mo-mento de mudar de Governo, es-tavam aguardando por serem su-bidas à Rede outras trezentas pe-ças, e contava com dous milhares

de usuários registados. Naquelaaltura, a página esmorecia pornom ter realizado o pagamentodos 300 euros que custava a suamanutençom mensal. Porém, jádesde 2009 estava sem atualizar, eficárom guardadas num caixomtodas as fitas que esperavam ter oseu lugar na Internet. segundoparece, som as peças guardadascom as que se está a começar o“repovoamento” da nova web, po-rém, ainda nom fôrom recupera-das todas as peças com que con-tava a antecessora. Na altura, odesaparecimento de Flocos indig-nou os internautas, que exigírompor meio das Redes sociais a rea-bertura da filmoteca.

O filme de animaçom em eus-cara 'Gartxot, konkista aitzinekokonkista' (Gartxot, a conquistaantes da conquista), dirigidopor Juanjo Elordi e Asisko Ur-meneta, vai ser estreado no pró-ximo 23 de março num cinemacompostelano, com subtítulosem galego AGAL. Trata-se deumha longa-metragem paraadultos que revive umha antigalenda do Val de Salazar, em Na-varra, sobre os bardos que luta-vam por preservar a memória ea cultura do seu povo.

A.R.G. / o novo abade de Roncesval-les desterra a Gartxot, o bardo lo-cal, porque quer ficar com a prodi-giosa voz de seu filho, Mikelot, econvertê-lo em monge cantor. MasMikelot foge do convento, e voltacantar a carom de seu pai e de um-ha menina, Xune, que tambémquer ser bardo. o filme está basea-do numha banda desenhada ho-

mónima, que, por sua vez, adapta alenda navarra do bardo Gartxot, re-cuperada a começos do século XXpor Arturo Campión no seu livro El

bardo de Itzaltzu (1917).

No próximo 23 de março será aestreia na Galiza deste filme, diri-

gido por Juanjo Elordi e AsiskoUrmeneta, e produzido por somu-ga, contando com música de Beni-to lertxundi e as vozes de conhe-cidos cantores da zona do baixoPireneu navarro e suletino. Trata-se de umha fita de animaçom para

adultos, que se projeta unicamen-te em euscara. Mas na Galiza, o fil-me passara-se nos MulticinesCompostela de Compostela, comsubtítulos em galego AGAl.

No NovAs DA GAlIzA soubemosda estreia do filme por séchu sen-de, quem conheceu a Asisko Ur-meneta (autor de banda desenha-da, desenhador da firma Kukuxu-

musu e ilustrador), numhas jorna-das de Mocidade e línguas Mino-rizadas que se desenvolvêrom emGasteiz. sende contou para o No-vAs que este é um filme “de espe-cial interesse” porque “trata o te-ma do conflito linguístico”, ba-seando-se numha história que se

tem convertido, com o tempo,num símbolo da proclamaçom daliberdade para criar em euscara enoutras línguas minorizadas.“Gartxot é mais do que um filmeou umha banda desenhada”, con-tou séchu sende, “trata-se dumprocesso social que se articulou aseu redor um movimento culturalamplo: na comarca onde nasceuGartxot mesmo som organizadosroteiros para conhecer os lugaresonde estivo o bardo”.

sende também assinalou que alonga-metragem por um lado “éformosa, dinámica, com grande in-tensidade narrativa, umha originalproposta e uns desenhos fantásti-cos”, e para além disto, “é interes-sante como trata a dominaçom cul-tural, e a resistência a esta, duastemáticas que som, em territórioscomo Euskal Herria, Catalunya ouGaliza, matérias universais nacriaçom cultural, como também osom o amor, a morte ou a vida”.

A longa-metragem de animaçom basca ‘Gartxot’ será estreada com subtítulos em reintegrado

VALENTIM R. FAGIM / Com este tí-tulo, o realizador Blake Edwardsconstruiu umha brilhante comé-dia em tempo de guerra. Um capi-tám americano é encarregue deconquistar umha estratégica vilaitaliana. As tropas locais estámdispostas a render-se na condiçomde poderem realizar um grandefestival regado com muito vinho.

o livro que vos quero encora-jar a ler, percorre também a sen-da bélica. Guerra de Grafias,

conflito de elites, forma parte datese de licenciatura de MárioHerrero e é o antecipo da segun-da parte sobre a substituiçom do

galego e a normalizaçom do es-panhol na Galiza contemporâ-nea, cuja ediçom está previstapara finais deste ano.

Quando a tese de Mário Herre-ro caiu nas minhas maos, fiquei apensar: este trabalho tem de sereditado. A oportunidade apresen-tou-se com a Coleçom Através da

Língua, umha das quatro coleçõ-es da Através Editora, carimbo li-vresco da AGAl.

Na verdade, um ensaio pode vira encher um espaço vago ou a ofe-recer novas perspetivas sobre umdado tema. o presente livro estádecididamente na primeira cate-

goria. o grosso das pessoas nacio-nalmente galegas, a priori curio-sas pola língua da Galiza, descon-

hecem todo o processo que levoua que o modelo de língua que ema-na das nossas instituições, elabo-rado polo Instituto da Lingua Ga-

lega (IlG) ocupasse esse lugarcentral. Isto tem-se traduzido nalegitimidade deste modelo dife-rencialista e a imagem de outsider

do modelo reintegracionista.Guerra de Grafias descreve os

autores e os grupos em volta des-ta guerra, centrando-se nas déca-das de 70,80 e 90 e partindo deumha análise glotopolítica, isto é,as relações entre política (em to-dos os sentidos) e língua. Nestelivro desfilarám os protagonistas

desta guerra através das suasações e também, e isto vai aliciaro(a) leitor(a), através dos seusdiscursos. Afinal, som as nossaspalavras e ações os que nos des-crevem e nos colocam num ounoutro lugar do mapa.

Guerra de Grafias mostrará,como no filme de Blake Ed-wards, que a norma IlG-Ragnom foi concebida para umhaguerra a sério... essa é a razomcentral do seu “êxito”.

Mário Herrero valeiro.

Guerra de grafias conflito de elites.

Através Editora, 2011.

entrelinhas que fizeste na Guerra, Paizinho? Resenha sobre o livro 'guerra de grafias, conflito de elites', de Mário herrero

séchu sende: “gartxot é mais do

que um filme”

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24 desPortos Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

d desP

orto

sGaliza Ganha em taeKwondo e judo

Andrés Túñez e Julio Álvarez defendê-rom a seleçom venezuelana no jogo defutebol disputado contra Espanha no 29de fevereiro. Nascidos no seio de famí-lias galegas emigradas, aspiram a parti-ciparem com a 'vinotinto' na fasse declassificaçom para o Mundial de 2014.

dous GaleGos joGam contra esPanha

A seleçom Galega de Taekwondo ven-ceu no campeonato estatal de Alacanteem equipas femininas, masculinas e nageral. somou 13 medalhas: 3 ouros, 5pratas e 5 bronzes. No estatal de Judo,Galiza logrou o prémio à melhor Fede-raçom e 5 metais: 2 ouros e 3 bronzes.

ISAAC LOURIDO / No próximo 15de abril a cidade da Corunha vaiacolher por primeira vez umhaprova atlética da mítica distánciada maratona (42,195 quilómetros),com circuito homologado oficial-mente e organizaçom compartilha-da pola federaçom galega da espe-cialidade e a cámara municipal. Nacarreira, que servirá ao mesmotempo como campeonato galegoda distáncia, os e as participantesdeverám completar três voltas aum traçado de perfil plano, propí-cio para a consecuçom de bons re-gistros, que percorre algumhas dasruas mais céntricas da cidade.

A celebraçom de umha provacom todas estas característicasvinha sendo umha demanda cen-tral do atletismo popular galegonos últimos anos. Após a quedada modesta Maratona do BaixoMinho (Tui), e apesar da celebra-çom da popular (mas sem distán-cia homologada) Maratona doMinho (ourense), esta I Marato-na da Corunha vem encher umoco gritante no já consolidado ca-lendário nacional de carreiras defundo, que conta com provasmuito sucedidas (quanto a núme-ro de participantes e nível atléti-co) tanto em 10 quilómetros co-mo na meia maratona.

Contodo, a expetaçom geradapor esta convocatória, especial-mente visível nas mais de 800 ins-criçons efetuadas no momento dofeche da ediçom deste jornal, nomevitou o surgimento de determi-nados debates em volta do evento.Por exemplo no que tem a vercom a sensaçom de certa impro-visaçom na convocatória, cujo re-gulamento foi dado a conhecercom pouca antecipaçom e deixaalgumhas dúvidas quanto à logís-tica organizativa da competiçom.

Para além disto, a principal con-trovérsia está representada polasvozes que reclamam umha Mara-tona mais atenta ao espírito popu-lar e menos virada para a face pro-

fissional e lucrativa do atletismo.A inscriçom é debalde para as pes-soas com licença pola FederaçomGalega de Atletismo, mas custaentre 25 e 50 euros para o resto(dependendo da data em que se fi-ger a inscriçom). Por outro lado,serám concedidos diversos pré-mios em metálico para os e as atle-tas mais velozes, com cifras e ca-tegorias que vam dos 2.500 eurospara o primeiro homem e a pri-meira mulher da classificaçom ge-ral até os 150 para quem vencerentre os atletas locais.

Apesar de se tratar de quanti-dades bastante inferiores às habi-tuais no ámbito ibérico e europeu,as reflexons e as queixas coloca-das em relaçom com o assunto de-monstram qual é o principal reptodas maratonas na atualidade: atensom entre o atletismo popular,capaz de mobilizar milheiros depessoas que se reúnem polo sim-ples gosto de correr, e o atletismoprofissional, que reclama deter-minadas condiçons económicas eorganizativas para fixar o atrativode umha prova concreta.

seja como for, as expectativasgerais para esta Maratona da Co-runha parecem localizar-se nasua continuidade para as próxi-mas temporadas e na consolida-çom de umha identidade própriapara a prova fundamentada nasbondades do seu circuito, bem co-mo na solvência de umha organi-zaçom que, atendendo as deman-das do atletismo de base, nomclaudique à tentaçom de pôr emprática o modelo empresarial quedomina nas maratonas mais pres-tigiosas a nível internacional.

A primeira Maratona da Corunha levanta grande expetaçom e debate no atletismo popular galego

vozes críticas pedemumha competiçom

mais atenta ao espírito popular

O atletismo profissionalreclama determinadascondiçons económicas

e organizativas

XERMÁN VILUBA / Em princípiosde março realizou-se em Mon-donhedo o mítico Aberto da Tar-ta, em homenagem aos ativistasanti-TAv em Tolouse que lançá-rom um bolo na cara da presi-denta de Navarra. A lNB tam-bém se armou, mas com cabelode anjo e com a explosiva gamade camisetas e suadeiras bilhar-deiras que já se podem conseguira dia de hoje através da loja on-line (http://cgruan.blogspot.com)para lançar alto e claro a sua po-derosa mensagem. Desde o inciodos tempos, a filosofia de açomda lNB foi a de nom aguardarpor ninguém nem por nada sequeríamos conseguir algo, é issoo que exercermos à hora de criaro nosso entramado de gestom

desportiva, mediático e sonoro,por isso agora voltamos batercom o punho na mesa paraapoiarmos incondicionalmente aprimeira loja on-line de Mer-chandising Bilhardeiro. Esta loja,posta em funcionamento por An-tón Romero, o sempre surpreen-dente ilustrador de vila Garciaque atua baixo as siglas do colec-tivo RuAn, ele é o criativo e ges-tor desta brutal boutique a queobrigatoriamente tés que acudirpara te vestires a moi bom preçocom texturas e desenhos basea-dos no explosivo universo bilhar-deiro. Estes espetaculares desen-hos bilhardeiros vam atrair todasas olhadas identificando-te comounha palanadora ou palanadorque desafia os convencionalis-

mos desportivos e a podridom doInditex star system. Ao impac-tante desenho do República Bil-harda para todas as prendas tam-bém se soma o histórico "Força,

Coraçom e Palám" baseado noestalo vencedor de primeiro con-curso de micro-relatos bilhardei-ros realizado no Play off Nacio-nal de Conxo cinzelado por sak:“Afia-me bem a bilharda, e vaipreparando o varal, que vamosjogar um aberto afastadinhos nogestal”. Com a realizaçom nestepassado 11-M do Bilharda Allstars que converteu a vila deCerzeda num imenso inferno demates e varados confirmou-se aimparável açom nas seis confe-rências lNB em que se distribuio país, mas a cousa nom fica poraí porque a lNB está a preparara sua irrupçom em territórios daGaliza histórica para que o EuNávia, o Berzo e, mesmo, o valdas Elhas na Extremadura poi-

dam integrar-se nesta grandecompetiçom bilhardeira com ple-no direito como entidades gale-gas. Assim, no próximo 5 deAbril com o Aberto de Bilhardado Berzo acende-se pois o gran-de facho para guiar as bilhardase consolidar unha competiçomgalega em toda a sua dimensome plenitude, onde todos poida-mos encontrar-nos para partilharem harmonia e liberdade ummesmo desporto e unha mesmalíngua mae. Epicentros múltiplospara um mesmo conflito que seestende por todos os poros de umpaís que se reivindica a si mesmocom os paláns e bilhardas comoúnica forma de existência e re-sistência possível. Bilharda sem-pre, Adiante com o varal!

força, coraçom e palám: encara inditex comprando camisolas bilhardeiras

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

A.RUA NOVA / A sançom ao ciclis-ta Alberto Contador, positivo porclenbuterol, e a mais que provávelsançom do TAs (Tribunal Inter-nacional de Arbitragem Desporti-va) ao atleta Paquillo Fernández(vinculado com umha rede de do-pagem) ponhem de manifesto,mais umha vez, que no Estado es-panhol existe um problema realcom a dopagem. As sentenças doTAs evidenciárom a imagem doEstado espanhol como paraíso dadopagem, onde os principais des-portistas espanhóis gozam de pro-teçom, apoio e ajuda, mesmo emcasos evidentes de dopagem. Con-tador foi defendido a capa e espa-da pola Federaçom Espanhola deCiclismo e o Governo espanhol,fazendo ouvidos surdos às peti-çons da AMA (Agência MundialAntidopagem) e outros organis-mos internacionais que pedempolíticas firmes para acabar coma dopagem no Estado espanhol.Analisamos os últimos escândalosda dopagem espanhola.

Caso ContadorDesde que foi publicamente con-hecida a nova de que Contadordeu positivo num controlo, o ci-clista nom deixou de receberapoios, mesmo o presidente dogoverno espanhol na altura de2010, zapatero declarava “nom há

razons jurídicas para sancionar a

Contador”. Na mesma linha sepronunciara Rajoy, defendendofirmemente o ciclista, nos dias emque o Comité de Disciplina Des-portiva da Federaçom Espanholade Ciclismo analisava o caso Con-tador e se reunia para tomar umveredito. Finalmente este organis-mo decidia nom sancionar a Con-tador, desestimando a proposta desançom que estava sobre a mesa.Umha sentença política emitidapor um Comité pressionado e aoserviço dos interesses do desportoespanhol, motivos que levárom aintervir ao TAs. lembremos quefoi esse mesmo Comité o que san-cionou o ciclista galego EzequielMosquera em novembro de 2011.Condenado por ter um resultado“nom apto”, que nom é positivo,mas condenado com a esperança

de salvar a Contador. (ver NovAs

DA GAlIzA nº 109).Mas, o TAs nom aceitou a reso-

luçom espanhola e decide intervir,principalmente por dous motivos.Pola ingerência política e pola na-tureza da substáncia dopante, oclenbuterol, que é umha substán-cia exógena, que o corpo humanonom produz. A defesa de Conta-dor afirmou que a substáncia che-gara ao corpo do ciclista pola in-gesta de carne contaminada, maso TAs desestimou este argumen-to, analisando os rigorosos con-trolos europeus à produçom dagadaria e a trazabilidade, deter-minando-se inverosímil que a car-ne estivesse contaminada, deses-timando esta teoria. Para alémdisso, considerou-se que nas aná-lises a Contador havia evidênciasde restos plásticos. Nos meios decomunicaçom espanhóis este fac-to foi ocultado sistematicamente,mas o certo é que nos controlos aomadrileno aparecêrom presentesrestos de plastificantes, um dos in-dícios mais evidentes de umha au-totransfusom de sangue, prática

proibida pola AMA. Em conclu-som, o TAs emite umha sentençafirme e contundente. Declara a Al-berto Contador culpável por do-pagem, positivo por clenbuterol,sendo sancionado com 2 anos desuspensom, a retirada dos triun-fos desportivos após o positivo eumha sançom económica.

A resoluçom deixou em evidên-cia a Contador e às autoridades es-panholas, que logo procuráromcortinas de fumo com que desviara atençom. Recorrêrom ao típicovitimismo espanhol e á suposta in-veja do mundo polos êxitos do des-portos espanhol, mentres em Eu-ropa, especialmente na França,empregárom o escárnio e durascríticas à gestom desportiva espan-hola pola sua evidente ligaçomcom a dopagem.

Operaçom GalgoEsta mesma política espanhola dedefesa dos sancionados nom é no-va. No 2010, as autoridades espan-holas clausuram pronto a “opera-çom Galgo”, umha operaçom maismediática que real, que buscavadesmantelar umha rede de dopa-gem de distribuiçom de substan-cias dopantes. Entre as imputadasestivo a vice-presidenta da Federa-çom Espanhola de Atletismo e se-nadora do PP, a atleta Marta Do-mínguez. segundo fontes da inves-tigaçom, encontrárom-se na suacasa medicamentos e documenta-çom vinculados com a rede desar-

ticulada, mas finalmente a juízaPérez Barrios exculpa a atleta doscargos de dopagem, subministro edelito fiscal.

Operaçom PortoEscandalosa também foi a deno-minada “operaçom Porto” que pe-rante a magnitude dos indivíduosimplicados, as autoridades espan-holas decidem fechar o caso apóspublicar só um reduzido númerode nomes, todos ciclistas exclusi-vamente, e de segunda fila. o juizAntonio serrano proibiu aos in-vestigadores aceder ao conteúdodos dous computadores confisca-dos nos registros, e que presumi-velmente teriam abundante infor-maçom e mais nomes de despor-tistas doutras disciplinas como ofutebol, ténis e boxeio. os relató-rios da guarda civil apontavamnesta linha de trabalho, ao igualque as declaraçons do médico im-putado na operaçom, EufemianoFuentes, que reconheceu que entreos seus clientes “havia equipas defutebol da primeira e segunda di-visom espanholas, tenistas e atle-tas e ciclistas de categoria mun-dial”, mas a ministra espanhola deEducaçom e Desportos, MercedesCabrera, e o secretário de Estadopara o Desporto, Jaime lissa-vetzky, anunciárom que nom havianengum tenista nem futebolista nosumário, quando já se começavama escuitar os nomes de Rafa Nadalou Alejandro valverde. Este últi-

mo, também protegido e ocultado,foi finalmente sancionado pola in-tervençom da justiça italiana, quecomprova que o ADN de umha dassacas de sangue confiscadas é omesmo que o do ciclista espanhol.

Esta operaçom Porto, foi inicia-da com um objectivo primordial,erradicar a imagem de Espanhacomo paraíso dos tramposos, paralimpar essa estendida ideia de co-nivência com a dopagem e com amisom de rematar com a crençade que os desportistas espanhoistenhem barra livre com as subs-táncias proibidas. A operaçomPorto puido ser o início de umhamudança de modelo, o de perse-guiçom sem trégua aos farsantes.

o resultado final foi totalmenteinverso. A “operaçom Porto”, a“operaçom Galgo” e o “Caso Con-tador” pugérom de manifesto nomundo inteiro no Estado espanholnom há um claro interesse pordesvincular desporto e dopagem,e que a perseguiçom à dopagem éseletiva. Demonstrou-se que o Es-tado sempre protege os estandar-tes do desporto espanhol, que go-zam de proteçom e imunidade to-tal dentro das fronteiras do Esta-do, como nos acaba de mostrar ocaso Contador, que vemos quenom foi um caso isolado nem úni-co. As autoridades espanholassempre mostrárom umha duplavara de medir no desporto espan-hol. As “vacas sagradas” ou osmelhores desportistas de elite,sempre desfrutárom de excepcio-nais medidas de apoio de carácterpolítico, económico e fiscal e tam-bém dispuérom de proteçom me-diática com campanhas de publi-cidade massivas em meios de co-municaçom públicos e privados.Nesta linha manifestou-se o médi-co Gérard Guillaume “o Estado es-panhol segue a ser a plataformada dopagem europeia”. só nos úl-timos 10 anos, no Estado espanholmais de 120 desportistas fôrom re-lacionados com o doping. organis-mos internacionais reclamam um-ha política contundente contra ojogo sujo, mas no Estado espanholnom se mudou a estratégia. somconscientes dos enormes réditosque estám a conseguir com o des-porto. o projeto político espanholavançou notavelmente com as vi-tórias de Alonso, Nadal, Contadorou a seleçom espanhola de fute-bol. Nom existe umha vontade re-al nem política de acabar com estegrande negócio e lacra como é adopagem no desporto e só assimse entende a defesa que fam asinstituiçons desportivas espanho-las dos seus desportistas mais des-tacados, apoiados ainda que sejamculpáveis por dopagem.

Vitórias do desporto espanhol novamente sob suspeita de dopagem

Um médico imputadoreconheceu que entreos seus clientes havia

equipas de futebol

MARTA DOMÍNGUEZ

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

a criança natural

MARIA ÁLVARES / o certo é que apequena escala cada vez sommais as mulheres que rejeitam ospartos que se levam a cabo namaioria dos hospitais galegosdesde há mais de 40 anos, e querompeu com o modo tradicionalde virmos ao mundo: na casa eacompanhadas por umha matro-na que atendia todas as mulheresda aldeia ou do bairro.

o protocolo de partos habitualnos hospitais segundo indica Pa-tricia lopez Izquierdo, presidentada associaçom o Parto é Nosso é oseguinte: “quando chegas ao hos-pital colhem-che umha via, tom-bam-te numha cama sem liberda-de de movimentos, para acelera-rem o parto escolhem a oxitocina,que pode causar sofrimento fetale materno, com a dor das contra-çons a mae pede a epidural e se hárisco de complicaçons bota-semao do fórceps ou da cesariana” .As estatísticas nom fam mais quecorroborar as denúncias que sefam desde as associaçons em de-fesa de um parto mais humaniza-do: os últimos dados do sergas

apontam a que na Galiza 23% dospartos é através de cesariana(quando a taxa recomendada polaoMs estaria em 15%) enquantonos hospitais privados esta por-centagem dispara-se até alcançar40%. As episiotomias (técnica con-traindicada também pola oMs- jáque em vez de previr os desgarrospodem provocar danos maiores-)som praticadas em 90 % dos ca-sos. o emprego de ventosa ou fór-ceps (que traz consigo umhamaior agressividade no parto e po-de derivar em danos na cabeça dobebé ou deformaçons na sua cla-vícula) situa-se ao redor de 18%.

De estas associaçons denun-ciam, aliás, que os facultativosmédicos sabem das consequên-cias negativas da tecnificaçom emedicalizaçom do parto desde hájá 25 anos, mas continuam em-pregando-se estas técnicas vigen-tes desde há 40 anos.

o mapa de hospitais galegos queadvogam por um parto mais res-peitado está reduzido a dous: oHospital de Cee e o salnês (centrode referência de muitas mulheres

que procuram ser respeitadas noseu parto). Neste último, que co-meçou a implantar o protocolo pa-ra o parto normal (impulsionadopola Conselharia de sanidade em2008) contam com banheiras paradilataçom, salas individuais am-bientadas com música e essênciasrelaxantes, para além de emprega-rem a medicina natural para o ali-vio da dor (flores de Bach, massa-gens, moxibustom, aromatera-pia...). Neste caso, as estatísticasfalam por si mesmas: a taxa de epi-siotomias ronda 4-6%, as cesaria-nas situam-se em 12% e a instru-mentalizaçom reduz-se até 6%.Mas os bons dados e a fama queatesoura este centro fam que mui-tos meses esteja colapsado, poloque os seus diretivos adotárom adecisom de nom receber mulheresque nom sejam da sua área de in-fluência com o fim de nom piorara qualidade do serviço.

Na procura de um parto respei-tado, humanizado e longe de umhospital onde se tratam doenças,outras maes optam por dar a luzna casa. o número de galegas que

pariu na casa em 2011 chega à dú-zia. Da Fundaçom Eomaia de vigo(formada por matronas e doulas)assinalam que a falta de profissio-nais que atendam no fogar, a es-cassa informaçom que recebe um-ha mulher desta opçom no sistemasanitário galego, o custo económi-co (que está entre os 1000 e 2000euros) e sobretodo a “demoniza-çom “ desta prática, habitual emesmo assumida por muitos siste-mas sanitários europeus como Rei-no Unido ou Holanda, som dificul-dades acrescentadas à escolhadesta opçom. Apesar destes incon-venientes, desde o 2007 as pare-lhas que tivérom aos seus filhos efilhas na casa chega a 25. As famí-lias destacam nesta prática “ a im-portáncia do trabalho do pai, o em-poderamento da mulher ao assu-mir umha funçom tradicional quelhe foi roubada pola classe médicae o bem-estar da criança dias de-pois do parto”.

Com o aumento de partos na ca-sa, está a aumentar a formaçom dematronas, projetos como “casas departos” e o número de matronas

que ajudam no trabalho do parto,em todo o país já som quatro oucinco que tratam de cobrir todo omapa da CAG.

No resto dos hospitais os partoscontinuam “a depender da sorte: opessoal que esteja de guarda o diaem que a mae se ponha de parto”como reconhece sarai Fernandes(doula), mas para as maes é impor-tante saber que agora contam comumha ferramenta mais à hora de“pressionar” para ter um parto omais natural possível; o plano departo (impulsionado polo Ministé-rio de sanidade). Umha folha quese apresenta no hospital meses an-tes do parto explicando como de-sejas que seja este.

o caminho por percorrer paraconseguir um dos direitos maisfundamentais das mulheres e um-ha decisom que só a elas lhes de-veria pertencer, tem muitos chan-ços resumidos em 40 anos de máspráticas médicas, mas a informa-çom e a consciencizaçom estám aser ferramentas indispensáveisnum futuro mais esperançador pa-ra o parto na Galiza.

Aumenta o número de galegas que escolhem o parto naturalAlgo está a mudar no modo de nascer. Umha tendência que também se observa no resto doestado espanhol, devido a várias razons: um maior acesso à informaçom de carácter médico, a to-ma de consciência de que a decisom sobre como queremos parir as nossas crianças é patrimóniodas mulheres e o aumento de hospitais e organizaçons que defendem um parto mais humanizado.

Tiveche a tua primeira criançanum hospital e a segunda na casa. Que diferenças entre umparto e o outro?o próprio embaraço de Xan foidiferente. Eu nom tinha informa-çom, fazia-lhe caso aos médicos,à família e à opiniom geral. Tinhamuitas expetativas postas no par-to, mas quando chegou o mo-mento levei umha decepçom.Nom foi doloroso nem traumáti-co, mas tampouco especial. Esta-va soa num quarto, e nom sabiase acabava de parir ou me acaba-vam de operar de apendicite. As-sim que decidim que a próximavez que estivesse embaraçadaqueria sentir o que era parir: co-mecei a investigar, vim que havia

gente que escolhia outras condi-çons e informei-me das matro-nas. o parto foi umha maravilha!Deixas-te levar, ninguém che dicomo te tes que colocar, na tuacasa fas o que queres. És a prota-gonista, e o teu corpo sabe comoresponder. Aliás estivo presenteXan, porque eu queria que visseque a vida é um processo natural,nom ir a um hospital como quan-do estás enfermo.

E nos primeiros meses de vida dacriança percebeche diferenças?sim. Por exemplo, Moraima nomtivo esses choros dos primeirosdias que nom sabes a que res-pondem, porque muitas vezesesse pranto desconsolado é um

trauma do parto. Na lactânciatambém há diferenças, porque anena segundo saiu trepou elasoa e agarrou a teta. Com Xan ti-vem muitas complicaçons, por-que ao separá-lo da mae repri-mes o seu instinto.

Com que dificuldades te atopa-che na hora de informar-te?Atopei-me com que buscarquem che ajudasse a parir na ca-sa era um mundo um poucoclandestino. Todo o mundo sa-bia quem atendia mas ninguémo dizia. As organizaçons de par-to natural devem estar submeti-das a muita pressom, ainda quepenso que hoje em dia cada vezé mais habitual. Estám tambémas dificuldades económicas, por-que ainda que eu tivem sorte eme atendeu umha amiga as ma-tronas cobram 1.500 euros, ealiás eu nom conhecia a nin-guém que o tivesse feito e mecontasse a sua experiência.

entrevista a Patrícia vÁzquez

“neste tipo de parto tu és a protagonistae o teu corpo sabe como responder”

Trata-se de umha decisom que só às mulheres deveria pertencer

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2012

que fazer

16.03.2012 / OBRADOIROABERTO DE POESIA / 20:00no museu Manuel Torres(Avenida de Ourense, 3). MARIMCom o professor e escritorEmilio Ínsua. organizam A.C.Almuinha e Queremos Galego.

16.03.2012 / GRUPO DE ES-TUDOS / 20:30 no C.S. MádiaLeva! (Rua Serra de Ancares,18). LUGOHistória da Galiza a debate.Ceia posterior.

17.03.2012 / ROTEIRO POLAMEMÓRIA HISTÓRICA DOBAIRRO DE LAVADORES /10:00 no L.S. Faísca (Rua To-ledo, 7). VIGOCom o historiador Román lago.Ao finalizar haverá um jantar nocentro social.

17.03.2012 / CONCENTRA-ÇOM ‘NEM CORTES DE DI-REITOS NEM REFORMA LA-BORAL’ / 17:00 no Mercadode Bertamiráns. AMESConvoca a CNT.

17.03.2012 / FESTA FURAN-CHEIRA DE PRIMAVERA /18:00 na Piconha. SALZEDADE CASELASorganiza Avv Carvalheira. In-clui concurso de espantalhos.

17.03.2012 / OBSERVAÇOMASTRONÓMICA / 20:00 noObservatório Astronómicode Cotobade (Campo da Po-ça). COTOBADEorganiza Amigas da Culturacom a colaboraçom da A. Astro-nómica sirio de Ponte vedra. Ins-criçom no endereço de [email protected].

17.03.2012 / OS ‘AJUSTESANTICRISE’ A DEBATE /20:30 no C.S. A Cova dos Ra-tos (Rua Romil, 3). VIGOIntervenhem Isidro Román (mili-tante sindical) e Diego lores(oDs-Coia).

17 e 18.03.2012 / OBRADOI-RO DE HORTA ECOLÓGICAFAMILIAR / 10:00 no Centrode Educaçom Ambiental AsCorcerizas (Pista florestal Ar-nuide – Sam Mamede, km.10). VILAR DE BAIRROorganiza Amigos da Terra. Ins-criçom no endereço de [email protected].

21.03.2012 / CONCENTRA-ÇOM ‘NEM CORTES DE DI-REITOS NEM REFORMA LA-BORAL’ / 17:00 na Praça doToural. COMPOSTELAConvoca a CNT.

21.03.2012 / II MOSTRA DEDOCUMENTÁRIOS EM GALE-GO / 19:30 no Ateneu Ferro-lano (Rua Magdalena, 202-204). FERROLAnimam a participar achegan-do trabalhos em formato DvD.

21.03.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘A GALIZA DE ROSALIA’/ 20:00 no museu Manuel To-rres (Avenida de Ourense, 3).MARIMCom o professor e escritor An-xo Angueira. organizam A.C.Almuinha e Queremos Galego.

21.03.2012 / PROJEÇOM DESE TOCA A UM, DE TRAVISWILKERSON / 21:45 no C.S.O Pichel (Rua Santa Clara,21). COMPOSTELAorganiza o Cineclube de Com-postela. vosG.

23, 24 e 25.03.2012 / III JOR-NADAS DA MOCIDADE GA-LEGA / Toda a jornada em di-ferentes espaços. TOMINHOE CAMINHAorganiza Mocidade Naciona-lista Galega. Programa com-pleto de palestras, obradoiros e

lazer na página web http://xor-nadasmng.org/.

22.03.2012 / APRESENTA-ÇOM DO LIVRO HISTÓRIADAS MULHERES NA GALIZA/ 20:00 na Aula de CulturaPonte de Rosas (Avenida daFeira, 10). GONDOMARParticipa ofelia Rey Castelao,umha das autoras, e apresentaMilagres Chapela Iglesias. orga-niza o Instituto de Estudos Min-horanos e Associaçom de Mulhe-res Area loura.

22.03.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘O CAMINHO DE EUS-KAL HERRIA PARA A SUA LI-BERDADE’ / 20:30 na SalaAzul do Auditório Municipal(Rua da Canle, 2). OURENSEPor Niko Moreno, portavoz deEzker Abertzalea. organiza A.C.A Esmorga dentro das jornadas

‘A crise territorial do Estado es-panhol: respostas e alternativasda esquerda’.

23.03.2012 / CONCERTO SO-LIDÁRIO COM A BIBLIOTECAANARQUISTA A GHAVILHA /22:00 no C.S.O. Palavea (RuaRio Quintas, 31). CORUNHA

24.03.2012 / II ROTEIRO‘CONHECE O TEU AMBIEN-TE’: CAMINHADA POLAS ZO-NAS HÚMIDAS DO LOURO /10:00 no C. Cultural O Coto(Rubindo, 14 - Budinho). SALZEDA DE CASELASInformaçom sobre o programaem http://www.ociorum.org.

24.03.2012 / IV NOITE DRU-PAL & GNU/LINUX / 11:00 nasede da da A.C. Ociorum(Rua Padeiras, 20-22, 1º C).CORUNHA

Informaçom sobre o programaem http://www.ociorum.org.

24.03.2012 / MANIFESTAÇOM‘NIM CORTES DE DIREITOSNIM REFORMA LABORAL’ /12:00 na Alameda. COMPOSTELAConvoca a CNT.

24.03.2012 / CONCERTO DEROJO 2 / 22:00 no C.S.O. Pa-lavea (Rua Rio Quintas, 31).CORUNHA

28.03.2012 / PROJEÇOM DETHE SUBCONSCIOUS ARTOF GRAFFITI REMOVAL, DEMATT MCCORMICK, E BUM-MING IN BEIJING, DE WUWENGUANG / 21:45 no C.S.O Pichel (Rua Santa Clara,21). COMPOSTELAorganizam o Cineclube de Com-postela e A Cuarta Parede. vosG.

30.03.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘A GALIZA COMO SU-JEITO DE DIREITOS NACIO-NAIS NO SÉCULO XXI:PERSPETIVAS E OPORTUNI-DADES’ / 20:30 na Sala Azuldo Auditório Municipal (Ruada Canle, 2). OURENSEPor X.M. Beiras. organiza A.C. AEsmorga dentro das jornadas ‘Acrise territorial do Estado espan-hol: respostas e alternativas daesquerda’.

24.03.2012 / CONCERTO DEBEGOTTEN E KOROIEV /22:00 no C.S.O. Palavea (RuaRio Quintas, 31). CORUNHA

31.03.2012 / FESTA DE APRE-SENTAÇOM DO NOVO DISCODE RUXE-RUXE / 21:00 naSala Capitol (Rua Concep-ción Arenal, 5). COMPOSTELAAtuam Ruxe-Ruxe e Medomedá.

09.04.2012 / DIA DO ASSO-CIATIVISMO CULTURAL /C.S. O Pichel (Rua Santa Cla-ra, 21). COMPOSTELAMais informaçom no bloguehttp://agal-gz.org/blogues/index.php/gent/.

14.04.2012 / MANIFESTAÇOMPOLA DECLARAÇOM DOMONTE PINDO PARQUE NA-TURAL / 12:00 na área recre-ativa do Ézaro. DUMBRIAFinaliza na Praça da solaina doPindo. Convoca a AssociaçomMonte Pindo Parque Natural.

14.04.2012 / CAMPEONATODE MATRAQUILHOS / 21:00no C.S. Gomes Gaioso (RuaMarconi, 9 - Atochas - MonteAlto). CORUNHAApadrinha Xurxo souto, polo 85aniversário do invento dos ma-traquilhos.

nOvAs DA gALIZA comemora o 10º aniversáriocom um encontro com o público leitor e festanOvAs DA gALIZA está de aniversá-rio e vai celebrá-lo com um encon-tro com os leitores e leitoras e um-ha festa concerto baixo o lema ‘10anos de jornalismo popular’. seráno Bar Avante (Cantom de samBieito, 4), em Compostela.

O ato está previsto para o dia21 de março e começa às 20:30com um encontro de membros

da equipa de nOvAs DA gALIZA

com o público do jornal. Partici-pam Marta Rodríguez (jornalis-ta), Iván garcía (da equipa de in-vestigaçom), Antía Rodríguez (doConselho de Redaçom) e CarlosBarros (diretor).

Às 21:30 haberá umha apre-sentaçom da campanha vitami-nas para o galego, na que ngZ es-

tá implicado junto com mais devinte meios de comunicaçom emgalego. Intervém Xurxo salgado(de galicia Confidencial) em re-presentaçom do grupo promotor.

A festa começa às 22:30 e con-ta com a atuaçom estelar dos TresTrebóns. A continuaçom, foliada efesta rachada com habelas hai-nas e Pandereteiras Bouba.

Festa da gaita em ArçuaA Associaçom Festa da gaita ga-lega convoca para o dia 17 demarço umha homenagem ao gai-teiro e artesám Basilio Carril emforma de Festa da gaita galegae Cantos de Taberna. A festa vai-se celebrar durante todo o dia noMultiusos de Arçua (começa às

12:00) e nos bares da vila, quevam ser palco do Canto de Ta-berna. Participam mais de vintegrupos, rondalhas e escolas demúsica tradicional. A homena-gem está prevista para as 13:30na Capela e às 15:00 vai haverum jantar de confraternidade.

A semana galega de Filosofiachega à sua XXIX ediçom dedi-cada a ‘Filosofia e Europa’. vai-se celebrar no Auditório de ngBem Ponte vedra. O programa,que se vai desenvolver do 9 ao13 de abril, conta com pales-tras de Éric Toussaint, Xosé LuísMéndez Ferrín, Fermín Bouzaálvarez, Carlos Berzosa, AntónBaamonde, Ana Miranda, Fran-cisco Louçã ou giacomo Marra-mao. Mais informaçom emhttp://aulacastelao.com/.

semana deFilosofia emPonte vedra

de 9 a 13 de abril

a 21 de março no bar avante, em comPostela

homenaGem a basilio carril

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

Page 28: Novas da Galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz112.pdf · 'Willy, El Niño' e ali desapareceu santiago Corella, 'El Nani', em fi-nais de 83, já 'em democracia'. Nengumha

Novas da Gali a Apartado 39 (15701) COMPOsTELA Tel. 692 060 607 [email protected]

Como se “cozinha”este livro?o livro é umha ideia que tinha nacabeça há tempo, tinha a ideia demostrar os meus trabalhos jun-tos...há anos já recebera algumhaproposta de algumha editorial,mas nom me animava.. .agoravim-me com as forças necessárias,aliás, parece que nestes tempos acultura está proibida desde o po-der com a escusa da crise, entomentram-me mais ganas de de-monstrar que nom.

E qual é o fio condutor, porqueaparecem fotos de diferentesanos e países?É um resumo das minhas viagense o que guia todo som os seussonhos. Na atualidade é mais fá-cil tirar polo dramático que polaalegria. Todas as pessoas que re-tratei e que aparecem no livro en-sinárom-me que renunciam à re-signaçom, ao vitimismo; e o seusustento som os sonhos, por pe-quenos que sejam.

E com as fotos como base contasas suas histórias...sim, nom podes ir a um lugar ondea gente vive na pobreza mais ab-soluta e falar do que te aconteceua ti, os textos som histórias que meconta a mim a gente que retratei.

Nom pretendim em nengum mo-mento que estivesse mui bem es-crito, ainda que tratei de cuidar alinguagem. sobretodo, o que que-ria era dar voz a quem nom a tem.

Por que apostache na autoediçom?Porque quigem adaptar-me aostempos que correm, pedim ajudaa vários amigos e apostei por auto-financiar-me. se algo bom tem acrise é a volta à coletividade,aprendes a que podes fazer cousassem bancos, sem editoriais... Aseditoras tenhem crise quando que-rem. Para sacar o livro recebim vá-rias ofertas, mas se fago caso, fariaoutra cousa diferente ao que euqueria... às vezes compram a tualiberdade...e eu nom queria fazernegócio com este projeto.

O mal chamado terceiro mundoé umha paisagem a que semprerecorres...Porque ali é onde está a ilusom deverdade, eu sempre digo que somricos em todo menos em quartos,por isso me atrai, porque sempreche dam umha liçom, em contrado que creem aqueles que vam alia ensinar-lhes a viver melhor, someles os que nos ensinam a nós. Es-tivem em África, na América dosul, na Ásia... e descobrim que a

pobreza é um idioma comum quehumaniza a gente: a solidariedade,as coletividades, a ajuda mutua...som quotidianas.

Mas esta gente procura realmen-te ser regatada?É umha pregunta complicada, porum lado sabem que é bom que agente saiba a sua realidade... mashá cooperaçom que “estorva”, etambém há outra que beneficia.Quando vas ali, até que ponto pro-curas o teu próprio ego? Ajudandotambém te ajudas a ti mesmo, lim-pas a consciência...mas enquantocontinue a ver na Tv as barbarida-des que se cometem, penso que fa-go melhor indo e contando-o... nolivro conto que umha senhoranumha aldeia dos Andes pediu-meque lhe tirara umha fotografia, ti-rei lha e depois perguntou-me quefaria com ela, respondim-lhe quemostrá-la no meu país, na Galiza,e ela agradeceu-me que a levassede viagem.

Dirias que som mais livres?sim, os seus valores estám intac-tos, cooperam entre eles em trocade nada. A solidariedade nom podeser esmola do rico ao pobre, maspessoas que se ajudam e apoiammutuamente... Como podes ser li-

vre chorando polo que che di aTv?, ou pensando que a crise deaqui é horrível enquanto em somá-lia há 4 milhons de refugiados e es-tám a morrerem de fome?

De facto, ali nom existem doen-ças como a depressom que atin-gem só a populaçom ocidental.Nom, nem psiquiatras...em Africanom sabiam o que era o suicídio,ali tivem verdadeiros problemaspara explicá-lo... agora começama conhecê-lo, os emigrantes quefracassárom no seu sonho euro-peu começam a suicidar-se ao re-gressarem.

Para quando Galiza na tua cámara?Já estou nisso, é um projeto emvigor, tenho umha grande dívidacom o meu país. A proposta quefigem a mim mesmo foi dar-meumha boa volta polo país e no fimdo ano fazer um livro, umha ex-posiçom... Ainda nom o tenhoclaro, o que sim tenho claro é co-mo titulá-lo: Quase Galiza, por-que Galiza é umha palavra tamgrande que é mui difícil poder re-tratá-la, quero que seja o maisatemporal possível e através danossa gente, do mar, da terra, dafesta, do choro... tanto a paisa-gem como a “paisanagem”.

“Descobrim que a pobreza é um idioma comum que humaniza a gente”MARIA ÁLVARES / Com a sua cámara Gabriel Tizón percorreualguns dos países mais pobres do mundo para achegarmo-nos a outras realidades, histórias que falam de solidarieda-

de real, mas sobretodo de sonhos, unificados agora num li-vro auto-editado que leva por título Sonhadores... O seu pró-ximo projeto é umha dívida pendente: Galiza.

Gabriel tizón, fotóGrafo e autor do livro ‘sonhadores...’

Rubém Centeno

umhaPersonaGem

sinistrachamada Garzón

som verdadeira-mente surpreenden-tes algumhas dasmostras de apoio re-cebidas polo juizBaltasar garzón,umha pessoa que,afortunadamente, jánom poderá come-ter mais abusoscontra os direitos eliberdades. garzón -um péssimo instru-tor, mais pendentedas cámaras que daqualidade das ins-truçons que redigia(ou que diretamenteplagiava dos relató-rios policiais)- pas-sará à história nomsó por fechar meiosde comunicaçom oupor valer-se de tes-temunhos obtidossob tortura, mas porter arruinado a vidade centenas de pes-soas inocentes nonome da luita anti-terrorista. Pessoasque fôrom persegui-das com sanha, cri-minalizadas, repri-midas e encarcera-das polas suasideias políticas,igual que os nossosfamiliares. O maishorrível que pode-mos fazer às vítimasdo franquismo é li-gar a sua memória àde umha persona-gem tam sinistra co-mo garzón.

ÓSCAR CORRAL