nova história cultural

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Universidade Estadual de Roraima História Cultural História da História Cultural Professor André Augusto da Fonseca - 2011 [email protected] www.lavrado.wordpress.com

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Um panorama das transformações no campo da História Cultural, contextualizado histórica e socialmente (baseado no livro de Peter Burke).

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Page 1: Nova história cultural

Universidade Estadual de Roraima

História Cultural

História da História CulturalProfessor André Augusto da Fonseca - [email protected]

Page 2: Nova história cultural

“Virada Cultural”

Burke vincula “a ascensão da história cultural a uma “virada cultural” mais ampla em termos de ciência política, geografia, economia, psicologia, antropologia e ‘estudos culturais’”.

Teria ocorrido um deslocamento “da suposição de uma racionalidade imutável [...] para um interesse crescente nos valores defendidos por grupos particulares em locais e períodos específicos” (p. 8).

Page 3: Nova história cultural

Explosão de temas e metodologias

Karl Lamprecht já perguntava o que é história cultural em 1897. Hoje vemos “histórias culturais da longevidade, do pênis, do arame farpado e da masturbação” .

Os métodos usados mostram diversidade e muita controvérsia: Trabalho intuitivo (como Jacob Burkhardt). Poucos usam métodos quantitativos. Uma procura de significado. Outros focalizam as práticas e as representações”. Alguns pretendem fazer uma mera descrição.

Page 4: Nova história cultural

Então, o que eles tem em comum?

“a preocupação com o simbólico e suas interpretações. Símbolos, conscientes ou não, podem ser encontrados em todos os lugares, da arte à vida cotidiana, mas a abordagem do passado em termos de simbolismo é apenas uma entre outras.”

“Uma história cultural das calças é diferente de uma história econômica sobre o mesmo tema, assim como uma história cultural do Parlamento seria diversa de uma história política da mesma instituição” (p. 10).

Page 5: Nova história cultural

“Mapa” da História Cultural

Tradição germânica (séc. XVIII) e holandesa; Anglófonos: resistência inglesa

(antropologia social) x interesse estadunidense (antropologia cultural);

tradição francesa: civilisation, mentalités collectives et imaginaire social: História das mentalidades, sensibilidades ou

‘representações coletivas’, na época de Marc Bloch e Lucien Febvre.

História da cultura material (civilization matérielle) na época de Fernand Braudel.

História das mentalidades (de novo) e da imaginação social, na época de Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy Ladurie e Alain Corbin.

Page 6: Nova história cultural

História da História Cultural

Fase “clássica” – 1800 a 1950. A Cultura do Renascimento na Itália

(1860), do historiador suíço Jacob Burkhardt; Outono da Idade Média (1919), do historiador holandês Johan Huizinga.

“o retrato de uma época”. Preocupação com as conexões entre as diferentes artes e o espírito da época – Zeitgeist.

Page 7: Nova história cultural

André Burguière A antropologia histórica

Por que a ênfase dos “positivistas” na história política? Século XVIII – administração real incentiva e

facilita a pesquisa sobre a história do Estado Criação e organização racional dos arquivos

públicos, por interesse do Estado absolutista Filosofia da época desenvolve uma

concepção idealista e política de sociedade O homem só adquire dimensão social na

vida política

Page 8: Nova história cultural

História das sociedades deveria se limitar à história da vida pública

História política, história do Estado, história das instituições

É a concepção de O Espírito das Leis, de Discurso sobre a grandesa e a decadência dos romanos, da Enciclopédia, das obras de Mably e Condorcet.

Rousseau preocupa-se com uma história pré-social da humanidade, uma história antropológica – mas só identificável nos povos “sem história”, ou seja, nos “selvagens”.

Page 9: Nova história cultural

História antropológica só para “os outros”

O estudo dos povos sem escrita admite que eles tenham uma história, mas o sentido de sua civilização é dado por suas crenças, pelas maneiras de se vestir, de se alimentar, de organizar a vida familiar, dos sexos se relacionarem.

Ainda assim, no período das Luzes, alguns viajantes, médicos e administradores lançam um olhar etnológico sobre as sociedades históricas.

Page 10: Nova história cultural

Tradição etnológica da História Há uma antiquíssima tradição de se traçar o

quadro histórico ou história natural de determinada região ou nação: definir a identidade de uma sociedade é reconstituir a história de seus costumes.

Esse era o empreendimento de HERÓDOTO. O estudo das formas da vida cotidiana “tornou-

se supérfluo quando os ESTADOS-NAÇÕES, recentemente constituídos, recrutaram a memória coletiva a fim de justificar pelo passado sua dominação sobre determinado território e sua maneira de organizar a sociedade”.

Page 11: Nova história cultural

Séc. XIX: duas escolas históricas

França: uma corrente mais narrativa, próxima das elites dirigentes e do debate político, herdeira dos cronistas.

Outra mais analítica, atenta à descrição dos costumes.

A primeira teve mais êxito na tentativa de dotar-se de um estatuto científico.

O desenvolvimento das ciências sociais mais jovens, como a SOCIOLOGIA, obrigou a História a redefinir sua identidade a partir de um território mais limitado – a esfera estatal e política.

Page 12: Nova história cultural

Séc. XIX: duas escolas históricas Ideal cientificista exigia metodologia

rigorosa nos moldes das ciências experimentais: a célula ou o átomo da História seria o FATO HISTÓRICO, isto é, o ACONTECIMENTO que sobrevém na vida pública.

Todo fenômeno que não aparece na cena pública pode ser ignorado pelo historiador, por não ser ação voluntária e consciente.

Page 13: Nova história cultural

Antropologia Histórica: mudança de paradigmas? (BURKE)

• Importantes para explicar a produção,a acumulação, o consumo da riqueza.

Cultura, valores

•1961 – estudo econômico sobre o declínio da Espanha•1978: estudo sobre a percepção do declínio

John Elliott:

• Antes, referia-se à alta cultura• Agora, inclui a cultura cotidiana – costumes,

valores, modo de vida

O uso do termo CULTURA a partir de 1960-70

Page 14: Nova história cultural

Antropólogos mais estudados pelos Historiadores:

Marcel Mauss: O DOM

E. Evans Pritchard: BRUXARIA

Mary Douglas: A PUREZA

Clifford Geertz: BALI

Page 15: Nova história cultural

Divergência

GEERTZ: teoria interpretativa

da Cultura

LÉVI-STRAUS

S: aborda

gem estruturalista

da Cultura

Page 16: Nova história cultural

GEERTZ: descrição densa

“CULTURA é um padrão, historicamente transmitido, de significados incorporados em símbolos, um sistema de concepções herdadas, expressas em formas simbólicas, por meio das quais os homens se comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atitudes acerca da vida” (apud BURKE, p. 52).

Page 17: Nova história cultural

GEERTZ: a briga de galos

Um drama filosófico

• A briga de galo não é um reflexo da cultura, mas uma leitura ou interpretação balinesa, uma história que os balineses contam sobre eles mesmos.

Robert Darnton

• Pode-se “ler um ritual ou uma cidade, assim como se pode ler um conto folclórico ou um texto filosófico” (apud BURKE, p. 53).

Page 18: Nova história cultural

GEERTZ: a briga de galos

Preocupação com a hermenêutica (interpretação dos significados).

Em oposição à análise das FUNÇÕES SOCIAIS dos costumes

A analogia do drama (interesse histórico pelos rituais; toda cultura teria um repertório

dramatúrgico, de performances esperadas)

Page 19: Nova história cultural

Investigando os vínculos entre cultura e sociedade: glacê e bolo?

Emmanuel Le Roy

Ladurie; Daniel Roche; Natalie

Davis Lynn Hunt, Carlo Ginzburg,

Hans Medick

Marxistas ou

admiradores de Marx

Virada antropológ

ica

Page 20: Nova história cultural

Atrativos da Antropologia para os historiadores

O conceito mais amplo de cultura

Ideia de regras ou protocolos culturais

A história cultural

como uma etnografia retrospecti

va