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18 | O Empreiteiro | Outubro 2012

Uma nova geração de empresários vem, no geral, comandan-do o processo de modernização das empresas de engenharia brasileira, sem negligenciar a rica experiência herdada das gerações anteriores. Ela acompanha a consolidação das novas fronteiras econômicas pelo País, proporcionada pelo petró-leo, mineração, agronegócios, polos de exportação, indústria automotiva e outras. A abordagem desse processo norteou a

escolha das Empresas de Engenharia do Ano, pela revista O Empreiteiro. • A Construtora Andrade Mendonça, que teve origem em Sergipe,

caminhou rumo à cidade de Feira de Santana, na Bahia e, depois, sediou--se em Salvador, buscando modelo de crescimento nos empreendimen-tos privados e em obras públicas, consolidando-se com a construção de edificações comerciais. Duas obras recentes sobressaem - o Centro de Convenções de Fortaleza e o moderno estádio Castelão, naquela capital.

• A Empresa Sul-Americana de Montagens S.A., a Emsa, que mergu-lhou fundo na especialização de obras nos segmentos de saneamento, irriga-ção, rodovias, pontes e viadutos, abriu caminhos a partir de Goiás. Constrói uma ponte de 1,9 km sobre a forte correnteza do rio Madeira, em Porto Velho.

• A Direcional Engenharia, nascida em BH, e que emprega proces-sos industrializados na construção de mais de 6 mil unidades habitacio-nais do programa Minha Casa, Minha Vida em 10 estados brasileiros. Em 2012, contratou mais 10.398 unidades nesse programa, além de ter lan-çado incorporações próprias em diversas capitais.

Nova geração comanda os avanços para além das fronteiras regionais

• A Tabocas, que embora com raízes fincadas em terras mineiras, monta linhas de transmissão, superando obstáculos de logística comple-xa e assimilando uma nova cultura local, na selva amazônica. No Nordes-te, começa a montagem de uma linha de 803 km, atravessando Alagoas, Pernambuco e Paraíba.

• A Temon, que começou a oferecer seus serviços de montagem quase de porta em porta, em São Paulo, tem aplicado 5% do seu faturamento na formação de mão de obra. Executa a montagem elétrica e hidráulica de dez shopping centers no País, além de três arenas esportivas.

• A baiana Qualidados, que iniciou sua caminhada a partir do Polo Petroquímico de Camaçari, Bahia, e cujos sócios fundadores assimilaram a cultura do gerenciamento, do controle e da qualidade, é reconhecida pela competência dos seus trabalhos na gestão de paradas programadas nas refinarias da Petrobras. Recebeu, em consequência, e por dois anos, prêmios da Petrobras.

• E a Progen, com sede em São Paulo (SP), que embalada por uma ge-ração pioneira, amplia seu campo de atuação via aquisição de empresas no exterior, ingressa em projetos de portos, metrôs e aeroportos. É uma das maiores empresas de consultoria em empreendimentos de mineração.

São sete empresas. Cada uma espelha um modo de empreender, pro-jetar, construir e montar. Preservam tradições, mas estão com os pés e com os olhos no futuro. São exemplos das novas empresas de engenharia que estão inovando modelos e métodos de fazer engenharia.

progen

E m p r e s a s d e E n g e n h a r i a d o A n o

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Progen rompe tradição e cresce através de aquisiçõesEla está crescendo, à margem das atividades tradicionais, com movimento inverso àquele de empresas de engenharia brasileiras, que são adquiridas por empresas estrangeiras; ela prefere comprar empresas consolidando seu espaço nos segmentos em que atua e abrindo novas frentes naqueles em que busca expansão

Nildo Carlos Oliveira

“Precisamos acelerar a velocidade de nosso crescimento. E, para fazer frente às grandes empresas de engenharia internacionais, nenhuma oportunidade é descartada, desde que isso nos ajude a atingir nossos objetivos es-tratégicos.” A afirmação é do diretor-presidente Eduar-do Barella, administrador de empresas, que vem desen-volvendo uma série de mudanças ousadas na Progen,

seguindo o exemplo do pai, José Ricardo R. Barella, que hoje responde

pelo conselho diretivo. Ele ingressou na empresa quando entrou na universida-de. À época, com 16 anos, lhe acudia uma dúvida: jogar futebol ou tornar-se empresário? Preferiu a segunda opção, ao perceber que o futebol “não era muito a minha seara”.

E foi ali, na empresa, que encon-trou oportunidade para colocar em prática o que estava aprendendo nos bancos universitários. Embora não se inclinasse para a engenharia, como profissão, vislumbrou que os negócios da engenharia poderiam ser, para ele, um campo vasto. Tomada a decisão de ser empresário, cuidou de montar e acrescentar alguns departamentos que julgou importantes no organograma da empresa, como o de suprimentos, qua-lidade, recursos humanos e comunica-ção e marketing.

Além disso, mesmo antes de se

Prevista para ser finalizada em dezembro próximo, esta obra envolveu a prestação de serviços de engenharia para o desenvolvimento do Projeto de Tubovias da Rnest, para o Consórcio Ipojuca Interligações, no Rio de Janeiro (RJ).

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Eduardo Barella aposta nas possibilidades das aquisições

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formar, costumava passar as férias em canteiros de obras, ajudando na parte de planeja-mento, controle financeiro e até almoxarifado. Participou com entusiasmo da abertura dos escritórios de Belo Horizonte, Salvador e Vitória.

O ano de 2009 foi significativo para ele e para a empresa, que possuía um sócio. Ele e seu pai consideraram que seria importante adquirir a parte da sociedade. Depois de assumida essa deliberação, resolveu ficar fora das atividades internas da companhia por cerca de seis meses, período em que conduziu a bom termo as negociações com aquele fim.

Resolvida a questão societária, o processo de reengenharia, com novo modelo de ges-tão, possibilitou a duplicação do tamanho da empresa. E esta, que possuía 1.300 colabora-dores e contabilizava faturamento de R$ 200 milhões, registrou, em 2011, faturamento de R$ 401 milhões, aumentando o contingente para 2.600 pessoas. “Este ano (2012) devere-mos alcançar faturamento de R$ 420 milhões com um quadro da ordem de 2.700 pessoas”, estima Eduardo.

Comprar e consolidarQuando, há cerca de dois anos, Eduardo e equipe revisaram o planejamento geral da com-

panhia, concluíram ser chegada a hora de uma ampla avaliação estratégica. Viram que o Brasil dispõe de uma engenharia mundialmente reconhecida, do ponto de vista de qualidade e poten-cialidade. “Mas vimos, também”, afirma o CEO da Progen, “que temos um mercado de engenharia muito pulverizado, com empresas que são, a rigor, pequenas”. Seu raciocínio ia mais longe: “So-mos hoje a sexta economia mundial (há economistas que a colocam como a sétima economia do mundo), mas se observarmos as empresas do segmento só de projetos e gerenciamento, vamos verificar que a principal delas, aqui no Brasil, não está entre as 50 empresas do gênero, interna-cionalmente falando”.

Ele constata que as empresas de engenharia brasileiras são pequenas em relação às empresas de engenharia lá de fora. E há algumas diferenças: lá fora, as empresas de engenharia têm mer-cado muito mais maduro. O mercado norte-americano, por exemplo, que chega a investir R$ 1 trilhão, somente em infraestrutura.

Além deste aspecto, as empresas de engenharia internacionais têm acesso ao mercado de ca-pitais, o que lhes permite crescer mediante fusões e aquisições. No Brasil, o que tradicionalmente tem ocorrido é a compra de empresas de engenharia daqui por empresas de fora.

Eduardo Barella aponta os casos da canadense SNC-Lavalin, que recentemente comprou a mineira Minerconsult; da australiana WorleyParsons, que adquiriu a CNEC Engenharia, do Grupo Camargo Corrêa; da Arcadis, que adquiriu a Logos, além de outros exemplos.

Foi diante dessas constatações que a Progen decidiu inverter a posição tradicional. E saiu na contramão dos exemplos citados disposta a tornar-se uma empresa compradora. Tanto é que, em março do ano passado, adquiriu a R.Peotta, especializada em projetos de portos, píeres e estaleiros, e que na época da aquisição registrava faturamento da ordem de R$ 7 milhões. Hoje, segundo Eduardo, ela deverá faturar R$ 42 milhões. Isso significa que empresa desse porte, desde que alicerçada numa plataforma mais robusta, como a da Progen, pode alcançar sucesso ainda maior.

Mais recentemente, a Progen fez outro movimento no tabuleiro de aquisições de empresas estrangeiras e adquiriu 50% das operações da espanhola AudingIntraesa no Brasil, que tem know-how em projetos de trem de alta velocidade, metrôs, VLTs, rodovias e aeroportos. Da joint-venture das duas empresas surgiu a Progen – Transportes, Água e Meio Ambiente.

Além de comprar aquelas empresas e de manter e ampliar suas atividades tradicionais nos negócios de óleo, gás, química e petroquímica, infraestrutura e energia, metalurgia e siderurgia e gerenciamento de obras de engenharia, a Progen — considerada a maior empresa brasileira na área de projetos de mineração no País — já estuda uma terceira aquisição, dentro da política de “adquirir, para consolidar”. Eduardo Barella diz, no entanto, que só mais tarde fará essa revelação à revista O Empreiteiro.

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Empresa busca ir além do mercado de mineração

Joás Ferreira

Em 2011, já com 24 anos de atividades, em fun-ção da estratégia de buscar e consolidar diver-sificação de atividades e atuação multissetorial,

a Progen realizou uma reestruturação organizacional que resultou na criação de quatro unidades de ne-gócio, que são: óleo, gás, química e petroquímica; infraestrutura e energia; mineração, metalurgia e siderurgia; e gerenciamento de construção.

“Cada unidade funciona como se fosse uma em-presa independente que detém suas próprias áreas de comercialização, planejamento, projeto, execução e gerenciamento, com conhecimento específico do setor em que atua”, explica o engenheiro químico Rodrigo Moralez, diretor de engenharia da empresa.

Hoje, a Progen tem sua força técnica de trabalho dividida entre engenheiros (44%), projetistas (31%) e desenhistas (7%), e está consolidada como uma companhia de engenharia consultiva, geren-ciamento e implantação de projetos industriais.

Moralez destaca que, atualmente, a Progen está envolvida numa grande quantidade de projetos, tanto os de grande como os de pequeno e médio portes: “Essa variedade faz parte da nossa estratégia global que visa atender ao cliente em toda a sua necessidade. As empresas que nos procuram nem sempre têm necessidade de grandes empreendimentos. Elas, muitas vezes, precisam de pequenas intervenções nas suas instalações industriais”.

O diretor de engenharia diz, entretanto, que dois empreendimentos atuais merecem espe-cial destaque, por suas dimensões e importância.

O primeiro diz respeito ao apoio técnico que a empresa vem dando à Vale da Malásia (subsidi-ária do grupo brasileiro), na implantação de um centro de distribuição de minério de ferro, o CD da Malásia, que está sendo construído nas proximidades de uma cidade chamada Lumut.

O contrato inclui o projeto básico em nível FEL 3 (requisitos para definição do projeto), incluindo elaboração de Capex (despesas de capital ou investimento em bens de capital), com o desenvolvimento de 96 transportadores de correia e 20 casas de transferência. A capacidade dos transportadores varia de 8 mil t/h a 16 mil t/h, incluindo um transportador tubular com capacidade de 3 mil t/h. As correias transportadoras mais longas têm a extensão de 2,5 mil m. Com isso, o CD aumentará sua capacidade de 30 milhões t/ano (1ª fase) para 100 milhões t/ano.

Segundo Moralez, o porto local recebe o minério de ferro e é dotado de uma instala-ção que faz blend, armazena e despacha o produto para o mercado asiático, em especial para a China. O trajeto que o minério de ferro faz é o seguinte: sai de Carajás, vai por ferrovia até São Luís (MA), onde é embarcado, dá a volta no mundo e chega à Malásia.

“Já executamos a primeira fase e, agora, estamos desenvolvendo a fase dois, que é uma expan-são do CD. É um trabalho típico de mineração, com muitos transportadores de correia e casas de transferência, tudo de grande porte. Há dez pilhas de minério, com 1,5 km de extensão cada uma. O projeto está sendo desenvolvido por uma equipe da Progen, aqui em São Paulo, e temos uma equipe de 15 profissionais que presta assistência de engenharia lá no local da obra”, explica Moralez.

Nesse projeto, segundo ele, os desafios são o de gerenciar as interfaces com diversas empresas que atuam no local e o de logística, em função principalmente de ser uma obra

Rodrigo Moralez, diretor de engenharia da Progen

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que está sendo implantada num lugar tão remoto. Como a primeira fase já foi concluída, ao desenvolver a segunda, ocorrem também muitas interfaces com as áreas já existentes.

Entre outras dificuldades, o diretor da Progen cita as diferenças de 11 horas de fuso horário e de língua. “O nosso pessoal que está lá, por exemplo, tem de ficar acordado às 3h da manhã para poder falar conosco aqui no Brasil. Parecem detalhes, mas a soma de tudo isso pode dificultar o andamento dos trabalhos”, salienta.

O outro projeto de destaque envolve o segmento de gerenciamento de construção. Trata-se de fazer uma grande mobilização para recrutamento de profissionais que vão atuar no projeto Salobo, que a Vale está im-plantando na província mineral de Carajás, no Pará (as cidades mais próximas são Parauapebas e Marabá).

“Essa equipe da nossa empresa deverá funcionar como um departamento da própria Vale, exer-cendo as funções de gerenciamento de todas as atividades das construtoras envolvidas na obra. Por ser um empreendimento com dimensões tão fora do comum, só a equipe de gerenciamento da Progen conta com cerca de 200 pessoas. Todas as pessoas selecionadas pela nossa empresa também foram avaliadas sob o rigoroso crivo da mineradora e tiveram de passar por exames e treinamentos especí-ficos”, explica Moralez.

Trata-se de um contrato de gerenciamento pleno, que consiste na implantação de uma nova uni-dade de beneficiamento de minério de cobre, aumentando assim a capacidade de produção para 24 MTPA. No pico do projeto, a empresa atingirá um efetivo de 220 profissionais. O contrato inicial tem duração de 668 dias, iniciado em julho de 2012 e conclusão prevista para maio de 2014.

Novos mercadosHoje, a atuação da Progen está predominantemente envolvida com o mercado de mineração,

que fica com cerca de 80% das atividades em desenvolvimento da empresa. Mas esse não é o perfil que a empresa quer manter no futuro. A Progen, a despeito disso, se destaca como uma empresa que tem muita experiência multissetorial, com contratos importantes com a Natura, General Electric (GE) e Petrobras, por exemplo. “Do planejamento estratégico da empresa, consta o objetivo de aumentar sua participação em outros segmentos econômicos”, ressalva o diretor de engenharia da Progen.

Por isso, segundo ele, a empresa vem constituindo contatos, parcerias e aquisição de empre-sas que vão abrir, ainda mais, o leque de oportunidades. Entre elas está a R.Peotta.

Contrato firmado com a Vale incluiu projetos conceitual, básico e detalhado para a flexibilização do Terminal da Ilha Guaíba (TIG) e também da ampliação da pera ferroviária, em Mangaratiba (RJ)

VALE Malaysia Manufacturing Project (VMMP) é um programa composto de instalações de pelotização, transportadores de correia e owner team, para o Centro de Distribuição da Malásia, que fica em Lumut (estado de Perak). Iniciado em 2009, deve ser concluído em fevereiro de 2013

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O engenheiro que “quase” virou pizzaNos anos 1980, a chamada “década perdida”,

ganhou destaque como símbolo daquele período a história de um engenheiro que, não encontran-do colocação profissional dentro da sua especia-lidade, abriu uma casa de sucos em plena avenida Paulista, em São Paulo, e a chamou de “O enge-nheiro que virou suco”.

Outro engenheiro, José Ricardo R. Barella, que hoje é o presidente do Conselho Diretivo e que foi o fundador da Progen, lembra-se dessa fase e conta que por pouco não mudou também de profissão: “Eu quase virei pizza, naquela épo-ca. Queria em montar uma casa de pizza para viagem, negócio que era promissor na ocasião. Mas, pensando melhor, cheguei à conclusão de que eu estava mais para consumidor do que para fabricante de pizza. Assim, insisti na profissão de engenheiro mecânico”.

No final da década de 1980, ele trabalhava no grupo Bunge como engenheiro e gerente de projetos do parque industrial de Jacupiranga, no Vale do Ribeira. Com a crise, a empresa dispensou muitos funcionários, inclusive ele, e foi quando a ideia da pizzaria surgiu. Mas, logo em seguida, a própria empresa em que ele trabalhou o chamou para atuar como tercei-rizado na área de engenharia de projetos. Assim, surgiu a Progen, há 25 anos.

De desempregado a empresário“Em 1995, já estávamos em São Paulo, desenvolvendo projetos no segmento de cimento.

Foi nesse ano que nos instalamos no escritório em que estamos até hoje, no Largo do Arou-che, centro de São Paulo. Logo entramos também no segmento de medicamentos e saúde humana”, descreve o engenheiro.

Nos anos 2000, com a mudança na economia brasileira e com o início de abertura do mercado nacional, as oportunidades começaram a surgir, relembra o engenheiro José Ricardo: “A partir de 2002, a cada ano, a Progen dobrava o seu tamanho. Em 2008, já tínhamos cerca de 1.600 funcionários e foi quando entendemos que a administração da empresa precisava ser profissionalizada, porque já tínhamos esgotado o modelo de crescimento que até então vínhamos experimentando. Corríamos um risco muito grande de comprometer a continuidade da empresa e a nossa responsabilidade social, afinal, tínhamos quase dois mil empregados”.

Hoje, ele sente que a economia enfrenta um ciclo de baixa, embora o mercado ainda tenha muita liquidez e o Brasil ainda represente um cenário potencial e interessante para investimentos, atraindo grandes empresas de engenharia. “O nosso País é notadamente a sexta economia do mundo, mas não temos empresas de engenharia de projeção. O Brasil, di-ferentemente do resto do mundo, ainda é movido pelas grandes construtoras, pelas empresas que fazem e não pelas que pensam”, analisa.

Para ele, “o brasileiro é muito bom de discurso, mas fica devendo no que diz respeito a projetos específicos para executar cada um dos muitos planos lançados”. E aponta a falha: “Percebe-se que ninguém concebeu, estudou, planejou, verificou como fazer ou avaliou o quanto vai custar”.

Sem propósito não tem caminhoE conclui: “Eu sou e sempre fui um otimista por natureza. Do contrário, eu teria virado

pizza. Mas é importante dizer que sou realista. Para tudo é preciso ter um propósito, tem de saber aonde se quer chegar, reconhecer as dificuldades e ter noção de quando é preciso mudar de caminho quando necessário”.

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Onça Puma é uma planta da Vale, projetada para produzir 250 mil t/ano de fer-roníquel, com 48 mil t de níquel contido, por meio da extração de 2,5 milhões t/ano de minério in natura. Com essas características, a instalação é considerada uma das maiores do mundo. O valor do investimento é de US$ 2,4 bilhões.

A Progen foi contratada para fazer a revisão e a consolidação dos projetos básico e detalhado, dar assistência a suprimentos, gerenciar a construção, a montagem e o comis-sionamento.

Embora a tecnologia utilizada, Rotary Kiln & Electric Furnace (RKEF), representas-se baixo risco de insucesso do empreendimento em termos técnicos, houve desafios por conta da magnitude do investimento, dos problemas logísticos de implantação em área remota, da precária infraestrutura local e das diferenças culturais entre as em-presas consorciadas (adaptação à forma brasileira de executar implantações similares, a “tropicalização” das soluções e os problemas de comunicação/língua).

Além disso, no decorrer dos cinco anos de implantação, o projeto atravessou ad-versidades diversas, como a crise econômica mundial do final de 2008.

O empreendimento, em suas fases iniciais (viabilidade técnica econômica, projeto bá-sico), foi desenvolvido fora do Brasil. O projeto da Mineração Onça Puma (MOP), antes de ser adquirido pela Vale, pertencia a uma empresa canadense. A Progen, no desenvolvimento da revisão do projeto básico, teve de proceder diversas adequações nas especificações de materiais e dos equipamentos, visando alinhá-las à condição brasileira de atendimento.

Dentre as soluções adotadas destacam-se: a mobilização dos recursos humanos e materiais apropriados, a criatividade na busca de soluções no mercado fornecedor de serviços de construção e montagem e a agilização de processos administrativos internos e do cliente. Somente o fato de adotar soluções possíveis de ser atendidas pelo mercado brasileiro resultou em economias significativas de prazos e custos. Em alguns casos as especificações técnicas foram revisadas sem prejuízo de requisitos de performance e se-gurança, para se adequar à capacidade de atendimento dos fornecedores nacionais.

O prazo de implantação foi de fevereiro de 2006 a julho de 2011, com início da operação da 1ª linha de produção em dezembro de 2010, e da 2ª linha em julho de 2011.

Onça Puma: da revisão do projeto ao comissionamento da planta

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