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CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE CASOS SUSPEITOS OU CONFIRMADOS DE VIOLÊNCIA

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Page 1: NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE CASOS SUSPEITOS …20... · A notificação pelo setor dos casos de violência contra a ao ocorre por ser ele o órgão ... contra a mulher atendidos

CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDEDEPARTAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SECRETARIA DA SAÚDE

NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIADE CASOS SUSPEITOS OU CONFIRMADOS

DE VIOLÊNCIA

Page 2: NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE CASOS SUSPEITOS …20... · A notificação pelo setor dos casos de violência contra a ao ocorre por ser ele o órgão ... contra a mulher atendidos

R585n Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual da Saúde. Centro Estadual de Vigilância em Saúde. Notificação Compulsória de Casos Suspeitos ou Confirmados de Violência. 1. ed. 2. reimp. Porto Alegre: CEVS, 2009.

1. Vigilância Epidemiológica 2. Notificação de Abuso 3. Violência Doméstica. I. Título

ISBN 978-85-60437-03-0NLM WA 105

Catalogação elaborada no Centro de Informação e Documentação do CEVS

© 2006 Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) / Secretaria da Saúde / Rio Grande do Sul

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Tiragem: 10.000 exemplares.

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03

As situações de violência

constituem um conjunto de

agravos complexos e estão entre

as principais causas de morte no

Estado do Rio Grande do Sul.

O combate à violência exige a

integração de esforços na

construção de uma nova cultura

que, promova, previna, vigie e

recupere a saúde.

Page 4: NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE CASOS SUSPEITOS …20... · A notificação pelo setor dos casos de violência contra a ao ocorre por ser ele o órgão ... contra a mulher atendidos

O grande e crescente número de pessoas, de todas as idades e de

ambos os sexos, que vêm sofrendo agravos à sua saúde causados por

ações intencionais de outras pessoas e, em algumas circunstâncias,

pelas próprias ações ocasionando mortes prematuras e lesões incapa-

citantes, traumas pessoais, sociais e prejuízos econômicos, é uma for-

te razão para que se reúnam esforços no sentido de compreender e en-

frentar o fenômeno da violência.

Os profissionais da , na maioria das vezes, são os primeiros a

entrarem em contato com as pessoas vitimizadas, agindo nas conse-

qüências da violência, com ações de tratamento e de reabilitação.

Cada vez mais, o setor tem buscado contribuir para a preven-

ção, o reconhecimento e o tratamento dos agravos da violência.

Violência é o uso deliberado da força física ou do poder, seja em

grau de ameaça ou de forma efetiva, contra si próprio, outra pessoa,

um grupo ou comunidade, que cause ou tenha probabilidade de cau-

sar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos ao desenvolvimen-

to pessoal e social ou privações do atendimento às necessidades

(OMS, 2002).

Os atos violentos podem ser de natureza física, sexual, psicológi-

ca, econômica e institucional (incluídas também a negligência, ca-

rência ou abandono).

É o registro sistemático e organizado, em formulário próprio, dos

saúde

saúde

04

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:l

casos onde se conhece o(a) vitimizado(a), suspeita-se ou se tem a con-

firmação de situação de violência, independente de ser conhecido

ou não o(s)/a(s) responsável(eis) pelo(s) ato(s) violento(s).

Não é denúncia policial, iniciando um processo que visa a inter-

rupção de atitudes e comportamentos violentos, seja no ambiente fa-

miliar, de trabalho, institucional, público ou em qualquer outro.

A notificação para a permite o conhecimento

das dimensões, formas, vítimas e agentes da violência, possibilita o

desenvolvimento de ações de prevenção e assistência adequadas e a

avaliação dos seus resultados.

Intervenção para o setor significa acolhimento, identifica-

ção, notificação, atendimento, avaliação dos resultados, articulação

de rede de atendimento e proteção, capacitação dos profissionais e

sensibilização da população em geral para o problema que se está

abordando.

A notificação pelo setor dos casos de violência contra a

ao ocorre por ser ele o órgão

“encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos 1da ” e pelo desenvolvimento de ações que

2objetivam :

interromper a prática de comportamentos violentos,

proteger de situações de exposição à violência,

promover os direitos de .

Do mesmo modo, os serviços de têm a obrigatoriedade de

notificar a violência contra a (Lei Federal nº 10.778/03) e

contra a (Lei Federal nº 10.741/03 - Estatuto do Idoso),

o que permite também desencadear ações de intervenção.

Secretaria da Saúde

Saúde

saúde

saúde

cri-

ança e adolescente

criança e do adolescente

L

J crianças e adolescentes

mulher

pessoa idosa

Conselho Tutelar

: l

1. Sobre o assunto ver Lei Federal nº 8.069/90 ECA art. 131 e subseqüentes.2. Sobre o assunto ver Lei Federal nº 8.069/90 ECA art. 136

05

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06

Porque existe um conjunto de normas legais (leis e portarias) que

determina a obrigatoriedade da notificação da violência:

a) Lei Federal nº. 8.069/90 Estatuto da

ECA:

Art. 13 – Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra

serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho

Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providencias legais.

Art. 245 – Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de

atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comuni-

car à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envol-

vendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra

:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em

caso de reincidência.

b) Lei Federal nº 10.741/2003 – Estatuto do :

Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra

idoso serão obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saú-

de a quaisquer dos seguintes órgãos: I – autoridade policial; II – Ministério

Público; III – Conselho Municipal do Idoso; IV – Conselho Estadual do ; V –

Conselho Nacional do .

c) Lei Federal nº. 10.778/2003

Estabelece a notificação compulsória do caso de violência contra a

que for atendi da em serviços de saúde públicos ou privados.

d) Portaria MS/GM nº. 737/01

Política Nacional de Morbimortalidade por Acidentes e Violências.

e) Portaria nº. 1.968/2001 do Ministério da Saúde

Dispõe sobre a notificação de casos de suspeita ou confirmação de

maus-tratos contra

f) Portaria nº. 40/2004 da SES/RS

Estabelece a notificação compulsória de todos os casos de suspeita

ou de confirmação de maus-tratos contra

atendidas na rede do Sistema Único de Saúde – SUS e determina que a

Criança e do Adolescente

criança ou adolescente

criança ou adoles-

cente

Idoso

Idoso

Idoso

mulher

crianças e adolescentes.

crianças e adolescentes

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notificação deva ser progressivamente universalizada a toda a rede do SUS,

através do elatório ndividual de otificação cidentes e iolência – ,

disponibilizado pela aos municípios.

g) Portaria nº 244/2008 da SES/RS

Complementa a portaria SES/RS 40/2004 ampliando a notifi-

cação compulsória de todos os casos de suspeita ou de confir-

mação de violência contra

.

Todos os profissionais e responsáveis por serviços de atenção à saú-

de devem encaminhar notificação de casos de suspeita ou confirma-

ção de violência ao Departamento de Vigilância da

de seu município assinada pelo(a) diretor(a) ou responsável pela

unidade de .

A determinou para todas as uni-

dades de saúde a utilização do formulário intitulado elatório ndivi-

dual de otificação cidentes e iolência – , para a realização

da notificação.

O , disponibilizado de forma impressa em todas as unidades

de , deverá ser preenchido em três vias:

– primeira via à a que pertence a

unidade que está realizando a notificação;

– segunda via deverá ser encaminhada ao ou,

nas localidades onde estes não estiverem atuando, à Promoto-

ria da Infância e Juventude;

– terceira via ficará arquivada na própria unidade, com acesso

restrito.

R I N A V RINAV

R I

N A V RINAV

RINAV

Secretaria Estadual da Saúde

Secretaria da Saú-

de

saúde

Secretaria Estadual da Saúde-SES

saúde

Secretaria Municipal de Saúde

todas as pessoas, independentemente do

sexo, orientação sexual, raça/etnia, classe social e fase do ciclo de

vida

Criança e adolescente:

Conselho Tutelar

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Mulher:

Pessoa Idosa:

Idoso Idoso

Idoso Idoso

– primeira via deverá ser encaminhada à

a que pertence a unidade que está realizando a notifica-

ção;

– segunda e terceira via ficarão arquivadas na própria unidade,

com acesso restrito.

Observação: a notificação compulsória para os casos de violência

contra a mulher atendidos nos serviços de , tem caráter sigilo-

so, e a identificação da vítima de violência fora do âmbito dos servi-

ços de , somente poderá ocorrer, em caráter excepcional, nos

casos de risco à comunidade ou à vítima, assim julgados pela autori-

dade sanitária e com conhecimento prévio da vítima ou do seu res-

ponsável (art 3º parágrafo único da Lei 10.778/03).

– primeira via à a que pertence a

unidade que está realizando a notificação;

– segunda via deverá ser encaminhada a quaisquer dos seguintes

órgãos: I autoridade policial; II Ministério Público; III Conse-

lho Municipal do ; IV Conselho Estadual do ; V Con-

selho Nacional do (Estatuto do );

– terceira via ficará arquivada na própria unidade, com acesso

restrito.

As são responsáveis:

- pelo monitoramento da notificação e pela elaboração do perfil

epidemiológico de sua área de abrangência;

- pelo desenvolvimento das ações de atendimento e mobilização

das redes intersetoriais de proteção;

- pelo encaminhamento das informações às Coordenadorias Regi-

onais de , responsáveis pelo monitoramento das

ações de sua região.

A enviará, de forma condensada, os

dados do Estado para o para fins epidemiológicos.

Secretaria Municipal de

Saúde

saúde

saúde

Secretaria Municipal de Saúde

Secretarias Municipais de Saúde

Saúde-SES

Secretaria Estadual de Saúde

Ministério da Saúde

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Nos casos em que o atendimento for realizado em serviços de

localizados em municípios que não os da residência será observa-

do o seguinte fluxo para a ficha de notificação – .

Saú-

de

RINAV

UBS - Unidade Básica de Saúde

SMS - Secretaria Municipal de Saúde

CRS - Coordenadora Regional de Saúde

CEVS - Centro Estadual de Vigilância em Saúde

DAS - Departamento de Ações em Saúde

DAHA - Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial

Atenção Básica

Média ComplexidadeAlta ComplexidadeFluxo notificaçãoFluxo das ações

Fluxo de Notificação e Atendimento a Pessoas emSituação de Violência nos Serviços de Saúde

Ministérioda Saúde

CEVS/SES DAS/SES DAHA/SES

Análise e divulgaçãodas informações (perfil

epidemiológico)

Articulação e mobilizaçãocom as redes intersetoriais

municipais

Conselho Tutelar ouConselho do Idoso ou

Ministério Público2ª Via

Atendimento de Caso Suspeito/ConfirmadoServiços de Saúde

3ª Via

Saúde Justiça eSegurança

SMS 1ª Via

CRS

Educação AssistênciaSocial

Capacitação dasunidades de saúde

Monitoramentodo atendimento

Avaliação doimpacto das ações

Notificação RINAV(Suspeito/Confirmado)

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Diante da complexidade da violência e dos agravos causados às

pessoas, a Secretaria Estadual de – RS elaborou uma política

pública de saúde para o seu enfrentamento, já aprovada pelo Conse-

lho Estadual de e pactuada na Comissão Intergestores Biparti-

te (CIB), buscando a intersetorialidade, com enfoque de gênero, clas-

se social, raça/etnia e ciclo de vida.

Saúde

Saúde

10

Fluxograma da Notificação dos Casos de ViolênciaAtendidos fora do Município de Residência

SMS(Município do atendimento)

SESCEVS/NVDANTs

CRS de residência

SMS de residênciaCONSELHO TUTELAR

(Município de residência)

Fluxo do papel

Fluxo da informação

SMS Secretaria Municipal de SaúdeSES – Secretaria Estadual da SaúdeCEVS – Centro Estadual de Vigilância em SaúdeNVDANT – Núcleo de Vigilância de Doenças e Agravos Não TransmissíveisCRS – Coordenadoria Regional de Saúde

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BRASIL. Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre o estatuto do idoso e dá outras

providências. Diário Oficial da União, Brasília:DF, 3 out. 2003. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/2003/L10.741.htm>.

BRASIL. Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003. Estabelece a notificação compulsória, no

território nacional, do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de

saúde públicos ou privados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 nov. 2003. Disponível

em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.778.htm>.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre a proteção integral à criança e ao

adolescente. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L8069.htm>.

BRASIL. Portaria nº 737/GM 16 de maio de 2001. Aprova a Política Nacional de Redução da

Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1[?] maio

2001. Disponível em:

<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2001/GM/GM-737.htm>.

BRASIL. Portaria nº 1.968, de 2001/GM. Dispõe sobre a notificação, às autoridades

competentes, de casos de suspeita ou de confirmação de maus-tratos contra crianças e

adolescentes atendidos nas entidades do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União,

Brasília, DF, 26 out. 2001. Disponível em:

<http://www.mp.sc.gov.br/legisla/fed_ato_port_res/portaria/2001/cij_pf1968gm_01.htm>.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Informe Mundial sobre la Violencia y la Salud:

resumen. Washington, DC: OMS, 2002.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria Estadual da Saúde. Portaria nº 40, de 20 de outubro de 2004.

Dispõe sobre a notificação compulsória de casos suspeitos ou confirmados de maus tratos

contra crianças e adolescentes. Diário Oficial Estado, Porto Alegre, 21 de outubro de 2004.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria Estadual da Saúde. Portaria nº 244, de 03 de junho de 2008.

Complementa a portaria SES/RS 40/2004 ampliando a notificação compulsória de todos os

casos de suspeita ou de confirmação de violência contra todas as pessoas,

independentemente do sexo, orientação sexual, raça/etnia, classe social e fase do ciclo de

vida. Diário Oficial Estado, Porto Alegre, 04 de junho de 2008.

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Núcleo de Vigilância das Doenças eAgravos Não Transmissíveis – NVDANT

Divisão de Vigilância Epidemiológica doCentro Estadual de Vigilância em Saúde/SES/RS:

Rua Domingos Crescêncio, 132 – 3º andar, sala 307Bairro Santana – Porto Alegre – RS – CEP 90.510-090

e-mail: [email protected]

Fone: 51 3901-1070