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Notas sobre Conselhos Populares, o Controle Externo da Administração Pública e o Capital Social* Prof. Dr. Ricardo W. Caldas * A partir dos conceitos desenvolvidos por Robert Putnam & Peter Evans

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Page 1: Notas sobre Conselhos Populares, o Controle Externo da Administração Pública e o Capital Social* Prof. Dr. Ricardo W. Caldas * A partir dos conceitos desenvolvidos

Notas sobre Conselhos Populares, o Controle Externo da Administração Pública e o Capital Social*

Prof. Dr. Ricardo W. Caldas

* A partir dos conceitos desenvolvidos por Robert Putnam & Peter Evans

Page 2: Notas sobre Conselhos Populares, o Controle Externo da Administração Pública e o Capital Social* Prof. Dr. Ricardo W. Caldas * A partir dos conceitos desenvolvidos

Controle externo da administração pública O controle externo de gastos públicos

insere-se no processo de democratização das instituições políticas

A constituição do Estado democrático de Direito está diretamente ligada ao controle da ação governamental, especialmente no que se refere à gestão dos recursos públicos.

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Mecanismos tradicionais de planejamento e controle da ação dos administradores públicos (PPA, LDO, LOA) conferem maior transparência às contas públicas, mas não bastam para promover o exercício pleno da cidadania e o aperfeiçoamento dos serviços públicos.

Controle externo da administração pública

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Capital social - Robert Putnam (Comunidade e Democracia- A Experiência da Itália)

A produção de laços de confiança e fidelidade mútua facilita a cooperação social, aumentando o desempenho e a responsabilidade dos governos e das instituições democráticas.

Sociedade dotada de redes de confiança e solidariedade horizontais produz instituições sólidas

Melhores condições na relação público-privado capazes de promover a boa governança.

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Conceito de Capital Social

Putnam: “capital social refere-se a aspectos da organização social, tais como redes, normas e laços de confiança que facilitam a coordenação e cooperação para benefícios mútuos.

Uma boa combinação adequada de atuação do Estado e ação da sociedade civil organizada pode aumentar as dotações sociais latentes e reformar as instituições, ampliando a democracia e tornando mais eficiente e responsável o funcionamento das políticas públicas.

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Tipos de Capital Capital físico refere-se à infra-estrutura e à objetos físicos em

geral (equipamentos, máquinas etc.);

Capital financeiro se refere à quantidade de recursos necessários a serem mobilizados;

Capital humano refere-se às habilidades, qualificações e características culturais e psicológicas dos indivíduos;

Capital social refere-se às conexões entre os indivíduos, ou seja, ao conjunto de laços e normas de confiança e reciprocidade contidos numa comunidade que facilitam a produção de capital físico e capital humano.

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Base Teórica do Capital Social

Virtude cívica e seu poder;

O capital social busca recriar antigas noções de civismo;

Para Tocqueville o suporte maior da liberdade com igualdade estava na ação cívica dos cidadãos e sua participação

nos negócios públicos.

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Capital Social e Cidadania

Era através da criação e desenvolvimento de organizações e associações livres que estimulavam a cidadania que se podia assegurar a manutenção o espaço da palavra e da ação comunitária.

São as associações, nos povos democráticos, que devem tomar o lugar dos particulares poderosos que a igualdade de condições fez desaparecer.

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A Perspectiva de Coleman

Capital social é produtivo. É próprio da estrutura de relações entre os atores e no meio de atores.

Coleman: entre duas comunidades com a mesma quantidade de capital humano e capital físico, o que as distingue no que tange ao desempenho é a existência de capital social. Ex.: Norte e Sul da Itália

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Capital Social e a Ação Coletiva

O capital social de uma associação amplia sua capacidade de ação coletiva e facilita a cooperação mútua necessária para a otimização do uso de recursos materiais e humanos.

Três funções - capital social como fonte de:

1) apoio familiar;

2) benefícios através de redes extra-familiares;

3) controle social.

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Emergência da exclusão social e o descrédito das instituições representativas provoca manifestações dos mais variados segmentos da sociedade civil.

A sociedade organizada sob a forma de associações, organizações não-governamentais etc., reage à fragilização e descrédito das instituições representativas exigindo a ampliação do espaço público para maior participação popular.

Participação social

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Conselhos políticos Conselhos de políticas são instituições

híbridas (Estado-sociedade civil) que buscam articular participação, deliberação e controle sobre o Estado e que têm tido importante papel na formação das agendas políticas, especialmente as locais.

Estão diretamente relacionados à formulação de políticas públicas e resultam da mobilização social e dos debates públicos para a promulgação da Constituição de 1988.

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“(..) espaços efetivos de decisão política acerca da gestão de determinada política pública, ou seja, suas decisões tratam da gestão de bens públicos, do estabelecimento de diretrizes e estratégias de ação, das definições de prioridades (inclusive orçamentárias), da regulação e da normatização das ações de determinada área de política pública e do controle público sobre o Estado(...).” (CUNHA e JARDIM).

Conselhos Políticos

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A partir das premissas estabelecidas pela Constituição de 1988 criaram-se e instalaram-se conselhos em todos os níveis de governo (federal, estadual e municipal), referentes aos diversos tipos de políticas públicas, alguns de caráter deliberativo, outros consultivo.

Os Conselhos Políticos PósConstituição de 1988

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Distribuição de conselhos em municípios por tema de atuação – 2001

Tipos de conselhos %

Saúde 98Assistência Social 93

Criança e Adolescente 77Educação 73

Trabalho / Emprego 34

Meio Ambiente 29

Turismo 22

Cultura 13

Habitação 11

Pol. Urb. / Trasnp. / Orç. 16

Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas. Coordenação de População e IndicadoresSociais. Pesquisa de Informações Básicas Municipais – 2001.

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O primeiro grupo, onde parece encontrar-se o maior número de conselhos de política em funcionamento, seria composto pelos Conselhos de Saúde e Assistência Social presentes em mais de 90% dos municípios.

Segundo o IBGE, esses conselhos possuem, em sua maior parte, composição paritária como devido e as reuniões realizadas pelos mesmos têm periodicidade “muito freqüente”.

Distribuição de Conselhos por Tema (I)

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O segundo grupo seria composto por Conselhos voltados para as áreas de Educação e Direitos da Criança e do Adolescente, presentes apenas em 70% a 80% dos municípios brasileiros.

Segundo o IBGE, na maioria dos municípios as reuniões tiveram periodicidade” muito freqüente”, apresentando-se um percentual um pouco mais elevado de municípios cujas reuniões ocorreram com periodicidade “irregular”.

Distribuição de Conselhos por Tema (II)

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No terceiro grupo estariam os demais Conselhos. Com ocorrência em percentuais variados de municípios (entre 5%e 33%), este conjunto, entretanto, se caracteriza por ser composto por Conselhos cuja periodicidade irregular ultrapassa 20% em todas as áreas pesquisadas.

Distribuição de Conselhos por Tema (III)

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A Região Sul apresenta maior concentração de conselhos, enquanto as Regiões Norte e Nordeste, as menores.

Correlação positiva entre indicadores sociais e participação da sociedade civil na gestão das políticas públicas: quanto maior o nível de desenvolvimento econômico e social de uma região, maior a cultura cívica e a disposição de seus cidadãos para participar da vida política.

Distribuição de Conselhos por Região

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Conselhos de Saúde parecem estar constituídos para cumprir o dispositivo legal obrigatório de descentralização das políticas de Saúde, no âmbito da Reforma Sanitária, ocorrida a partir da década de 1990.

Conselhos de Saúde

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Conselhos de Assistência Social responde aos estímulos e obrigações das disposições legais neste setor de governo, como a instituição da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, em 1993.

Conselhos de Assistência Social

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Conselhos para os Direitos da Criança e do Adolescente, desde sua promulgação por dispor que a gestão das políticas de defesa dos direitos das crianças e adolescentes seria baseada em municipalização do atendimento; criação de Conselhos, nas três esferas de governo, de caráter deliberativo e paritário, em relação à participação popular e criação de Fundos Especiais nas três esferas de governo.

Conselhos para

os Direitos da Criança e do Adolescente

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Conselhos de Educação são voltados para programas específicos do Setor de Ensino, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – Fundef e o programa de Merenda/Alimentação Escolar que exigem a formação de Conselhos Municipais para o repasse de recursos.

Conselhos para Educação

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Conselhos de Política ou Desenvolvimento Urbano Conselhos de Política ou Desenvolvimento Urbano

só foram sido instituídos em 6%dos municípios brasileiros e concentram-se nos municípios de maior porte populacional. O Estatuto da Cidade (2003), que regula as questões de política ou desenvolvimento urbano e prevê a criação de “órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal”, só foi regulamentado em 2001.

Os Conselhos de Política ou Desenvolvimento Urbano

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Conselhos de Trabalho/Emprego são criados como condição para os municípios receberem recursos para os programas financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhado – FAT.

Conselhos de Meio Ambiente, embora o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA tenha sido criado em 1983.

Os Conselhos de Trababalho/Emprego E Conselhos de Meio Ambiente

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Os demais setores (Transportes, Habitação, Cultura e Turismo) não possuem nenhuma lei que os torne obrigatórios, mas a pesquisa demonstra que quando existem seus Conselhos tendem a ser predominantemente paritários, abrindo espaço à participação da sociedade civil. De qualquer forma, esta tende a ser baixa devido Argila necessidade de conhecimentos mais especializados.

Os Conselhos nos Setores TécnicosTécnicos ou FuncionaisFuncionais

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Existem evidências insuficientes para indicar que a participação da sociedade civil nas políticas públicas das gestões locais é valorizada.

Há uma Necessidade de estudos e pesquisas qualitativas, junto aos conselheiros, em escalas geográficas mais abrangentes, com o objetivo de verificar a efetividade do caráter deliberativo dos Conselhos e a representatividade real dos membros da sociedade civil que os compõem.

Os Conselhos de Política e a Sociedade Civil

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Em geral, na visão de Pinheiro a atuação dos Conselhos não tem se revelado eficaz.

Não estimulam a Participação Social e inibem o Controle Social;

A composição do Conselho não é adequada; O usuário não controla o serviço; Os interesses dos membros dos Conselhos são difusos,

o que não impede que possa haver consenso. Os Conselhos dependem da mobilização da sociedade,

sua representação e sua capacidade de expressar demandas significativas e propor políticas alternativas.

Balanço da Atuação dos Conselhosna Área de Gastos Públicos (Leice Garcia)

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Área de Geração de Trabalho e Renda (Arno Vogel & Silvia Yannoulas)

Quanto à organização interna, falta apoio nos dois sentidos: infra-estrutura e respaldo político das decisões;

A ausência de infra-estrutura é constante; A Secretarias executivas não funcionam a contento; Está havendo um esboço de apoio das entidades patronais; O Grupo de Apoio Permanente não chegou a ser constituído; A não existência dos GAPs limitou o atuação das CETs; As reuniões foram consideradas muito burocráticas; Não possuem uma agenda substantiva; Não atendem as expectativas dos Conselheiros; Não há circulação de Informações; Não há informações sobre o Mercado de Trabalho; Não há memória institucional (ex.: Arquivos).

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Área de Meio AmbienteA PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NOS COMITES DE BACIA HIDROGRAFICA

UMA COMPARAÇÃO ENTRE OS COMITES DE BACIA DO LITORAL NORTE/SP E SANTA MARIA/RS

– RAQUELJOYCE ARAUJO DA SILVA SALGADO

Os dados demonstram que ambos os comitês utilizaram mais de cinqüenta por cento do espaço decisório para a discussão de assuntos referentes a organização do Comitê, demonstra também que para os assuntos referentes aos problemas substantivos da bacia, os comitês dispensaram menos de doze por cento do espaço decisório.

Em ambos os comitês, a demanda por gestão (administração) foi maior que por problemas substantivos. Contudo há de se destacar que o Comitê de Bacia Hidrográfica do Santa Maria voltou-se para os problemas substantivos que o dobro, em porcentagem, do que foi realizado pelo Litoral Norte, o que seria um indicativo de que aquele comitê tem discutido mais os problemas concretos que envolvem a sua Bacia.

No Comitê de Bacia Hidrográfica do Litoral Norte há superioridade da participação da sociedade civil, em detrimento do poder público. A sociedade civil, nesse comitê, no macrotema organização do comitê, segue a tendência do comitê como um todo, ou seja, tem demandado principalmente pelos mesmos assuntos que são grupos de trabalho, questões administrativas, anúncios e recursos.

Entretanto, a sociedade civil quase não participou do macrotema problemas substantivos, sendo essa categoria muito importante para a região que sofre principalmente com problemas de escassez de água, qualidade da água e ocupação desordenada do solo. Neste caso, é evidenciada uma ausência da sociedade civil na discussão de assuntos socioeconômicos importantes, o que pode ser um indício de que os fatores socioeconômicos não são determinantes para a participação da sociedade civil nesse comitê.

Nesse comitê, no macrotema gestão já há uma maior participação da sociedade civil, ela é a única que tratou do tema enquadramento, contudo não houve manifestação em relação à cobrança pelo uso da água. Esse segmento demandou, principalmente, por programas e projetos públicos de bacia, plano diretor, relação com o governo estadual, estudos de bacia, mas as participações em cada tema foi inferior a cinqüenta por cento da demanda geral.

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Há uma distância entre sociedade e instituições no Brasil; A cultura patrimonialista e clientelista permanece; Existe uma valorização da cidadania e da responsabilização. Mas é preciso preparar a sociedade para a participação para

evitar o problema da captura (Triângulos de Ferro). Existe uma grande desinformação sobre o funcionamento das

instituições e dos Programas e Políticas Públicas. Existe uma desigualdade quanto ao acesso à informação. Os Grupos mais bem organizados atuam com mais eficiência. Assim, o Estado acabe sendo controlado não precisam dele, mas

pelos que sabem como utilizá-lo a seu favor. Ainda não há uma cultura da transparência (accoutability), nem

pela sociedade (baixa atuação), nem pela burocracia

Os Conselhos de Política e a Sociedade Civil

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Conclusões

Apesar das limitações de informação, o quadro geral revelado exibe um movimento de aproximação entre sociedade civil e o Estado, em direção ao aprofundamento da democratização da gestão de políticas públicas.

A instituição de conselhos como instrumentos de controle da administração pública nas mais diversas áreas que sinaliza para a complementaridade das democracias representativa e participativa.

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Recomendações: Ação Conjunta TCU - Sebrae

Cursos De Políticas Públicas para A Sociedade Civil e Atores Públicos como Prefeitos e Vereadores (Sebrae);

Cursos de Qualificação dos Conselheiros; Avaliação dos Conselhos em Funcionamento

para Aprender como reforçá-los e torná-los um instrumento eficaz de Políticas Públicas;

Maior Divulgação e integração das Ações das Prefeituras e dos Conselhos para que haja maior sinergia entre ambos.

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Capital Social Evans e seus colaboradores sustentam a idéia do papel central

das instituições na formação de capital social, através de uma sinergia na relação entre Estado e sociedade civil, quando na implementação de programas de desenvolvimento social.

A autonomia inserida para o Estado em ação representa a existência da combinação da burocracia weberiana com uma intensa conexão com a estrutura social circundante.

A autonomia está inserida num conjunto concreto de laços e redes sociais que comprometem e provêm canais institucionais para negociação e renegociação de metas e políticas.

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A Criação de Capital Social: Os Conselhos Evans ao caracterizar esta relação de sinergia capaz de produzir

capital social define dois tipos de sinergia:

complementaridade;

Inserção.

Complementaridade e inserção não são excludentes e devem ser combinadas.

Outra questão levantada: relação entre dotes sociais e construção. As tentativas de sinergia dependem do regime político.

Um contexto político de igualdade e competitividade, não autocrático, representa um requisito mínimo que facilita a sinergia.

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O Estado e o Capital Social Outro aspecto importante que Evans destaca é a atitude do setor público

em incorporar a construção de civismo comunitário como elemento do seu trabalho

O capital social é algo diverso e depende do contexto político em que as forças sociais estão dispostas.

É também algo contingente (pode ser produzido ou destruído).

Não se deve prescindir da ação do governo na produção de capital social.

Cusack: “instituições trabalham melhor quando imersas numa cultura de cooperação”.

Estado e sociedade juntos podem produzir civismo ou capital social - nenhuma parte poderá prescindir da outra.