notas de mecânica quântica: teoria de perturbação independente do tempo

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  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    Chapter 1

    Teoria de Perturbação Independente do

    Tempo

    1.1 Introdução

    A mecânica quântica dos sistemas f́ısicos conservativos, isto é, dos sistemas cujos Hamiltonianos

    não dependem explicitamente do tempo, está baseada na equação autovalores do operador Hamil-

    toniano, a equação de Schrödinger. Para dois importantes sistemas f́ısicos, o oscilador harmônico

    e o átomo de hidrogênio, cujos Hamiltonianos são simples o suficiente, suas equações autovalores

    possuem uma solução analı́tica exata. No entanto na mecânica quântica, obter a solução exata

    de um sistema f́ısico é um fato raro e há somente um pequeno número de sistemas fı́sicos em que

    isso ocorre. Em geral, a equação de autovalores é complicada demais para que sejamos capazes

    de encontrar suas soluções analı́ticas. Por exemplo, não é conhecida uma forma de tratar átomos

    de muitos elétrons, exatamente, mesmo o mais simples deles o átomo de hélio. Além disso, o

    modelo teórico do átomo de hidrogênio o qual possui uma solução anaĺıtica leva em conta ape-

    nas a interação eletrostática entre o próton e o elétron; quando correções relativistas (tal como

    forças magnéticas) são adicionados a esta interação principal, a equação obtida para o átomo de

    hidrogênio não pode ser resolvida analiticamente. Nesse caso, deve-se recorrer a uma solução

    numérica para o problema, a qual dependendo do tamanho do sistema, não terá solução devido ao

    tamanho do esforço computacional. No entanto, existem métodos de aproximação que em certos

    casos, nos permitem obter soluções analiticamente aproximados da equação de autovalores básica.A partir de agora nosso estudo será voltado para um destes métodos mais conhecidos como “teoria

    de perturbação estacionária”. Posteriormente, será descrita a “teoria de perturbação dependente

    do tempo”, a qual é usada para tratar sistemas cujos Hamiltonianos contém termos dependentes

    explicitamente do tempo.

    A teoria de perturbação estacionária é muito usada na mecânica quântica, uma vez que corre-

    sponde muito bem à abordagem usual do f́ısico para os problemas. Ao estudar um fenômeno ou

    1

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    2

    um sistema f́ısico, começa-se por isolar os efeitos principais que são responsáveis pelas principais

    caracterı́sticas deste fenômeno ou este sistema. Quando forem compreendidas, tenta-se explicar

    os detalhes “finos”, levando em conta os efeitos menos importantes que foram negligenciadas na

    primeira aproximação.   É no tratamento destes efeitos secundários que geralmente usa-se uma

    teoria de perturbação. Posteriormente, será visto a relevância da teoria de perturbação na f́ısica

    atômica: ela nos permitirá calcular, no caso do átomo de hidrogênio, as correções relativistas. Damesma forma, o tratamento que será dado ao átomo de hélio, indica como teoria de perturbação

    permite que átomos de muitos elétrons sejam tratados. Inúmeras outras aplicações da teoria de

    perturbação são dadas.

    1.2 Rayleigh-Schrödinger: Formulação do Problema

    Aqui serão tratados os problemas que não podem ser resolvidos exatamente, o que significa que

    deve-se recorrer a algum tipo de aproximação ou método aproximado. Entre os métodos dispońıveispara o efeito, métodos de perturbação são estão reunidas as mais comumente usadas determinadas

    condições. Um começa com o sistema não perturbado que é solúvel e mais próximo do problema em

    questão. O Hamiltoniano de interação é expresso como uma soma de duas partes: a primeira parte

    corresponde ao Hamiltoniano do sistema não perturbado  H 0, cuja solução é conhecida, enquanto

    a segunda parte é dada pelo novo termo de interação  W . O problema é resolvido essencialmente

    como uma série de potências na força deste termo de interação.

    Portanto, a teoria de perturbação independente do tempo é aplicável quando o problema de

    autovalores tem a seguinte forma

    H |ψn = (H 0 + W ) |ψn = E n |ψn   (1.1)

    na qual  H 0   e  W   são operadores lineares hermitianos e  W  pode ser considerado como uma per-

    turbação de   H 0. Considere por exemplo o caso em que   W   =   λV , no qual   λ   é um pequeno

    parâmetro, λ 1, e nesse caso, W   H 0, ou seja,

    W   = λV    Para   λ 1.   (1.2)

    Além disso, será considerado que os autovalores e autovetores de H 0 são conhecidos. O operador H 0,o qual é independente do tempo é chamado de Hamiltoniano não-perturbado, enquanto o operador

    W   é conhecido como perturbação. Se  W   for independente do tempo, diz-se que a perturbação é

    estacionária. O problema agora é encontrar as modificações nos ńıveis de energia de H 0 introduzidas

    pela perturbação  W .

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    3

    Figure 1.1: Variação dos autovalores de  E (λ) do Hamiltoniano  H (λ) =  H 0 +  λV   com relação a

    λ. Cada curva corresponde a um autoestado de  H (λ). Para  λ  = 0, obtém-se o espectro de  H 0.Aqui os autovalores de H 0, E 

    03  e E 

    04   são duplamente degenerados. A perturbação W   = λV   remove

    a degenerescência de   E 03   mas não de   E 04 . Além disso, para   λ   =   λ1   surge uma degenerescência

    adicional.

    A solução conhecida do problema não-perturbado é

    H 0ϕ(i)n  =  E (0)n ϕ(i)n , (1.3)

    a qual possui um espectro de energia  E 

    (0)

    n   discreto. Note que o conjunto de vetores ϕ(i)n  formamuma base ortonormal no espaço de estados, ou seja,

    ϕ(i)m

    ϕ( j)n  =  δ m,nδ i,j   com n

    gni=1

    ϕ(i)n ϕ(i)n  = 1.   (1.4)Aqui, os ı́ndice   i  dos vetores de estado

    ϕ(i)n  permite, no caso de autovalores degenerados  E (0)n   ,que haja uma distinção entre os vários vetores de estado da base ortonormal.

    1.2.1 Nı́veis de energia

    Quanto ao problema perturbado, é razoável considerar que seus autovetores e seus autovalores

    diferem apenas ligeiramente dos valores não-perturbados. Além disso, pode-se representar por

    |ψn  e  E n   o par caracteŕıstico (um par caracterı́stico é a função caracterı́stica do autovetor |ψncom o seu correspondente autovalor  E n) de  H   =  H 0 +  W , que se reduz a

    ϕ(i)n  e  E (0)n   , quandoλ → 0, pois  W   é proporcional a um pequeno parâmetro λ  (ou seja, W   = λV ) e nesse caso

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    4

    H (λ) = H 0 + λV,   (1.5)

    então

    H (λ)|ψn(λ)

    = (H 0 + λV )

    |ψn(λ)

    = E n(λ)

    |ψn(λ)

      (1.6)

    mas com a condição de que

    limλ→0

    H (λ) = H 0; limλ→0

    E (λ) = E (0)n   ; limλ→0

    |ψn(λ) =ϕ(i)n   (1.7)

    na qual a contribuição de  W   desaparece. Porém, usar uma teoria de perturbação só faz sentido

    se o problema em questão for suficientemente semelhante ao problema original cujas soluções são

    conhecidas exatamente.

    O método de perturbação depende de obtenção das soluções como uma série de potências em

    λ. A hipótese central é que essas séries de potências sejam convergentes e que as soluções sejamfunções suaves e cont́ınuas do parâmetro  λ, para que se possa obter a solução necessária no caso

    em que  λ  = 1.

    Considerando que os ńıveis não perturbados são não degenerados o que significa que uma única

    funçãoψ(0)n  está associada ao autovalor  E (0)n   e que portanto, E n  e |ψn(λ) podem ser expandidos

    em uma série de potências infinita em  λ (uma “série perturbativa”), da seguinte forma

    E n =  E (0)n   + λ

    1E (1)n   + λ2E (2)n   + . . . =

    i=0λiE (i)n   (1.8)

    |ψn =ψ(0)n + λ ψ(1)n + λ2 ψ(2)n + . . . = ∞

    i=0

    λiψ(i)n   (1.9)

    Note que, essa é uma condição fundamental para a solução do problema.

    Substituindo (1.8) e (1.9) em (1.6)

    (H 0 + λV )

     ∞k=0

    λkψ(k)n

     =

     ∞k=0

    λkE (k)n

     ∞ j=0

    λ jψ( j)n

    , (1.10)

    a qual ao expandirmos ambos os lados encontra-se que

    H 0ψ(0)n + λ H 0 ψ(1)n + V  ψ(0)n + λ2 H 0 ψ(2)n + V  ψ(1)n + . . . =

    E (0)nψ(0)n + λ E (0)n ψ(1)n + E (1)n ψ(0)n + λ2 E (0)n ψ(2)n + E (1)n ψ(1)n + E (2)n ψ(0)n + . . .   (1.11)

    Agora impõe-se que essa equação seja satisfeita para um  λ qualquer pequeno e arbitrário. Ao

    movermos todos os termos do lado direito para o lado esquerdo, a série acima toma a seguinte

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    forma

    A + λB + λ2C  + · · · = 0.   (1.12)

    A validade da série acima para um valor qualquer de  λ 1, implica que

    A =  B  =  C  =

    · · ·= 0.

    Com isso, separa-se em ambos os lados da igualdade em (1.11) e os termos que tem a mesma

    ordem de grandeza em  λ, o que resulta em

    •  Ordem zero em  λ: H 0 − E (0)n

    ψ(0)n  = 0; (1.13)•  Primeira ordem em  λ:

    H 0 − E (0)n ψ(1)n + V  − E (1)n ψ(0)n  = 0; (1.14)•  Segunda ordem em λ:

    H 0 − E (0)n

    ψ(2)n + V  − E (1)n ψ(1)n − E (2)n ψ(0)n  = 0 (1.15)•   j-ésima ordem em  λ:

    H 0 − E (0)n ψ

    ( j)n + V  − E 

    (1)n ψ

    ( j−1)n − E 

    (2)n ψ

    ( j−2)n − · · · − E 

    ( j)n ψ

    (0)n  = 0 (1.16)

    Essas equações podem ser escritas em termos dos autovetores conhecidosϕ(i)n  e do autovalores

    conhecidos E (0)n   , entretanto, para isso, devemos calcular o produto escalar destas equações com os

    vetores não-perturbadosϕ(i)n  e usar os resultados da aproximação de ordem (k − 1) para calcular

    os de ordem  k , como veremos a seguir.

    1.2.2 Autovetores

    Antes de prosseguirmos, devemos lembrar que a equação de autovalores (1.6) define |

    ψn

    (λ)

      a

    menos de um fator constante, o qual é definido ao escolhermos sua norma e fase:   imp˜ oe-se que 

    |ψn(λ) seja normalizado e que sua fase seja tal que o produto escalar 

    ψ(0)n

    ψ(λ) seja real . Paraa ordem zero, isso implica que o vetor de estado

    ψ(0)n  deve ser normalizado,

    ψ(0)n ψ(0)n  = 1.   (1.17)

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    Entretanto, sua fase ainda permanece arbitrária. Na aproximação de primeira ordem, temos que

    ψn(λ)| ψn(λ)   =

    ψ(0)n + λ ψ(1)n ψ(0)n + λ ψ(1)n + O(λ2)

    =

    ψ(0)n ψ(0)n

    + λ

    ψ(1)n

     ψ(0)n

    +

    ψ(0)n ψ(1)n

    + O(λ2) (1.18)

    na qual o śımbolo   O(λn

    ) significa termos da ordem de   λn

    ou mais alta. Usando o fato de que|ψn(λ)  deve ser normalizado e (1.17), encontra-se que

    λ

    ψ(1)n ψ(0)n + ψ(0)n  ψ(1)n  = 0,

    mas como o produto escalar

    ψ(0)n

     ψ(1)n   é real, então temos que,

    ψ(1)n ψ(0)n  = ψ(0)n  ψ(1)n  = 0.   (1.19)

    De modo análogo, para a aproximação de segunda ordem temos que

    ψn(λ)| ψn(λ)   =

    ψ(0)n + λ ψ(1)n + λ2 ψ(2)n ψ(0)n + λ ψ(1)n + λ2 ψ(2)n + O(λ3)

    =

    ψ(0)n ψ(0)n + λ ψ(1)n  ψ(0)n + ψ(0)n  ψ(1)n +

    λ2

    ψ(2)n ψ(0)n + ψ(1)n  ψ(1)n + ψ(0)n  ψ(2)n + O(λ3) (1.20)

    Usando o fato de que |ψn(λ) deve ser normalizado e as equações (1.17) e (1.19), encontra-se que

    λ2

    ψ(2)n

     ψ(0)n

    +

    ψ(1)n

     ψ(1)n

    +

    ψ(0)n

     ψ(2)n

     = 0,

    mas como o produto escalar

    ψ(0)n

     ψ(2)n   é real, então temos que,

    ψ(2)n ψ(0)n  = ψ(0)n  ψ(2)n  = −12 ψ(1)n  ψ(1)n .   (1.21)

    Com argumentos análogos aos anteriores, para a aproximação de ordem   k  chega-se ao seguinte

    resultado,

    ψ(k)n

     ψ(0)n   =

    ψ(0)n

     ψ(k)n =   −12ψ(k−1)n  ψ(1)n + ψ(k−2)n  ψ(2)n + · · ·

    +

    ψ(2)n ψ(k−2)n + ψ(1)n  ψ(k−1)n .   (1.22)

    Note, que a equação (1.13) expressa o fato deψ(0)n   é um autovetor de  H 0  com autovalor  E (0)n   ,

    portanto o autovalor  E (0)n   pertence ao espectro de  H 0. Esse resultado já era esperado, já que cada

    autovalor de H (λ), quando λ → 0, deve se aproximar do valor de uma das energias não-perturbadasE 

    (0)n   .

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    1.3 Correções para um ńıvel não-degenerado

    Agora será considerado o caso de um autovalor  E (0)n   não-degenerado do Hamiltoniano não pertur-

    bado  H 0. Associado a esse autovalor está o autovetor |ϕn, o qual é único a não ser por um fatorde fase constante. Determinaremos as modificações introduzidas, na energia não perturbada e no

    seu correspondente autovetor, pela adição da perturbação  W   ao Hamiltoniano H 0  do sistema.Para isso, serão usadas as equações perturbativas que vão da equação (1.13) at́e (1.16), assim

    como as condições que vão da equação (1.17) até (1.22). Para o autovalor de   H (λ) o qual se

    aproxima de E (0)n   quando λ → 0, tem-se que  E n(λ) = E (0)n  o que, de acordo com (1.13) implica queψ(0)n  deve ser proporcional a |ϕn. Os vetores ψ(0)n  e |ϕn são ambos normalizados e nesse caso,

    escolhe-se uma fase adequada de modo que

    ψ(0)n

     = |ϕn .   (1.23)

    Portanto, quando  λ → 0, obtém-se o estado não perturbado |ϕn  com a mesma fase.Chamando de E n(λ) os autovalores de H (λ) os quais, quando  λ → 0, se aproxima do autovalor

    E (0)n   de  H 0. Será considerado que λ   é pequeno o suficiente de modo que esse autovalor permaneça

    não-degenerado, isto é, haverá um único autovetor |ψn(λ)   correspondente a ele. A seguir serãocalculados os primeiros termos da expansão de  E n(λ) e |ψn(λ)  em potências de  λ.

    1.3.1 Correção de primeira ordem

    A seguir serão obtidas as correções em primeira ordem tanto para os autovalores, a energia, quanto

    para o autovetores, as funções de onda. Ao limitarmos a correção somente aos termos de primeiraordem em  λ, e usando (1.23), pode-se escrever que

    |ψn ∼= |ϕn + λψ(1)n   e   E n ∼= E (0)n   + λE (1)n   . (1.24)

    1.3.1.1 Correção em primeira ordem na energia

    Dá equação (1.14), tem-se que:

    H 0 − E (0)n ψ(1)n + V  − E 

    (1)n ψ(0)n  = 0

    Projetando essa equação sobre o vetor |ϕn =ψ(0)n , obtém-se

    ψ(0)n

    H 0 − E (0)n ψ(1)n + ψ(0)n V  − E (1)n ψ(0)n  = 0 (1.25)Note que devido a condição (1.19), o primeiro termo da equação acima é nulo, pois como  H 0   é

    um operador hermitiano, ent̃ao

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    8

    ψ(0)n

    H 0 ψ(1)n  = H †0ψ(0)n ψ(1)n  =  E (0)n ψ(0)n ψ(1)n , (1.26)logo,

    ψ(0)n

    H 0 − E (0)n

    ψ(1)n

     =

    E (0)n   − E (0)n

    ψ(0)n

    ψ(1)n

     = 0,

    portanto, chega-se emE (1)n   =

    ψ(0)n

    V  ψ(0)n  = ϕn | V  | ϕn .   (1.27)A seguinte notação para os elementos de matriz

    V nn =

    ψ(0)nV  ψ(0)n  = ϕn | V  | ϕn , (1.28)

    é muito comum, e será usada de agora em diante.

    No caso de um estado não degenerado com energia   E (0)n   , o autovalor   E n(λ) de   H   o qual

    corresponde em primeira ordem a energia  E (0)n   pode ser escrito, em primeira ordem de perturbação,

    com W   = λV , como

    E (λ) = E (0)n   + W nn + O(λ2) = E (0)n   + ϕn | λV  | ϕn + O(λ2).   (1.29)

    A corre瘠ao em primeira ordem, para uma energia n˜ ao degenerada  E (0)n   , é simplesmente igual 

    a sua soma com o valor médio  W nn  do termo perturbativo  W   no estado n˜ ao perturbado |ϕn, ou seja,  E n =  E 

    (0)n   + W nn.

    1.3.1.2 Correção em primeira ordem do autovetor

    A seguir serão calculadas as correções de primeira ordem dos autovetores não perturbados. Note

    que a projeção (1.25) não exauri toda a informação contida em (1.14) e que além disso, a hipótese

    que está sendo usada é a de que somente o autoestado |ϕn   de   H 0   é não degenerado, porémnada sabemos sobre os seus outros autoestados, portanto, será considerado que eles podem ser

    degenerados, assim, um autovetor qualquer de  H 0   será referido comoϕ(i) , com   =  n, onde o

    ı́ndice   i  = 1, . . . , g, representa a degenerescência deste ńıvel de energia. Será considerado que o

    conjunto dos autovetores não-perturbados de H 0 constitui uma base ortonormal completa conforme

    (1.4), o que significa que ele pode ser usado como base para nosso espaço de estados e que ψ(1)n pode ser escrito como uma superposição linear dos autovetores não-perturbados,

    ψ(1)n  = m

    gm j=1

    B(,j)nmϕ( j)m , (1.30)

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    9

    em que a soma pode ser finita ou infinita, dependendo da natureza do espaço de estados. Logo o

    produto interno dessa expressão, comϕ(i)  fornece

    ϕ(i)

    ψ(1)n

     =

    mgm

     j=1B(,j)nm

    ϕ(i)

    ϕ( j)m

     =

    mgm

     j=1B(,j)nmδ mδ i,j  = B

    (i)n   com   n = 

    Lembrando-se que |ϕn =ψ(0)n , ao projetar o ket ϕ(i)  em (1.14), obtém-se que

    ϕ(i)

    H 0 − E (0)n ψ(1)n + ϕ(i) V  − E (1)n ϕn = 0,substituindo (1.30) nessa expressão tem-se que

    mgm

     j=1 B(,j)nm ϕ

    (i) H 0 ϕ

    ( j)m + ϕ

    (i) V  ϕn =  E 

    (0)n m

    gm

     j=1 B(,j)nm ϕ

    (i) ϕ

    ( j)m + E 

    (1)n ϕ

    (i) ϕn .

    (1.31)

    Como os autovalores são não-degenerados, os autovetoresϕ(i)m são ortogonais entre si, de maneira

    que

    ϕ(i)

    ϕ( j)m  =  δ mδ i,j ϕ(i) ϕn = 0 (pois   n =   ), (1.32)isso reduz a nossa equação à seguinte forma

    E (0)   B

    (i)n  + ϕ(i) V  ϕn =  E (0)n   B(i)n   ( = n).

    A quantidade   V n   =

    ϕ(i)

    V  ϕn   é chamada de elemento matriz do operador   V   entre osvetores (estados) indexados por    e por  n. Isolando  B

    (i)n   tem-se

    B(i)n   =

      V n

    E (0)n   − E (0)

    ( = n). (1.33)

    Portanto, pode-se escrever o autovetorψ(1)n

     como

    ψ(1)n  = =n

    gi=1

    ϕ(i) V  ϕnE 

    (0)n   − E (0)

    ϕ(i)   (1.34)consequentemente, para a primeira ordem de perturbação   W   =   λV , o autovetor |ψn(λ)   de   H 

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    10

    correspondendo ao estado não perturbado |ϕn  pode ser escrito como

    |ψn(λ) = |ϕn +=n

    gi=1

    ϕ(i)

    V  ϕnE 

    (0)n   − E (0)

    ϕ(i) + O(λ2).   (1.35)A expressão (1.33) determina todos os coeficientes no termo de correção ψ(1)n , exceto um,

    ou seja, o coeficiente   Bnn. Para obter alguma informação sobre   Bnn, será usada uma condição

    adicional. Exigiremos que os autovetores aproximados |ψn ∼=ψ(0)n +λ ψ(1)n sejam normalizados,

    pelo menos em primeira ordem.

    Em geral, ao tomar o produto interno de |ψm  e |ψn, tem-se que

    ψm |ψn ∼=

    ψ(0)mψ(0)n + λ ψ(0)m ψ(1)n + λ ψ(1)m ψ(0)n + ψ(1)m ψ(1)n λ2

    ψm |ψn ∼= ψ(0)m ψ(0)n + ψ(0)m ψ(1)n + ψ(1)m ψ(0)n conservando somente os termos de primeira ordem. Se  m =  n, então

    ψ(0)m

    ψ(0)n  = 0 e os doistermos restantes se reduzirão a B

    (i)nm+ B

    (i)mn, que se anulam devido à fórmula para B

    (i)nm  e devido ao

    fato de que  V   é um operador hermitiano, então

    V nm =

    ψ(0)n

    V ψ(0)m

     =

    V †ψ(0)nψ(0)m

     =

    V ψ(0)nψ(0)m

     =

    ψ(0)mV ψ(0)n

    ∗= V ∗mn. (1.36)

    Por conseguinte, os autovetores perturbados permanecem ortogonais entre si. Fazendo m =  ne exigindo que ψn |ψn = 1 nessa aproximação, então obtém-se a seguinte condição sobre  B(i)nm

    ψn | ψn ∼=

    ψ(0)nψ(0)n + ψ(0)n ψ(1)n + ψ(1)n ψ(0)n

    1 ∼= 1 +m

    gmi=1

    B(i)nm

    ψ(0)nψ(0)m +

    m

    gmi=1

    B(i)nm

    ψ(0)mψ(0)n

    Bnn + B∗nn = 0. (1.37)

    Para os casos os espaços de estados no qual se apoia o objeto desta investigação sejam espaços

    reais, esta condição exigirá imediatamente que  Bnn = 0. Por outro lado, se o espaço for complexo,

    pode-se afirmar somente que Re(Bnn) = 0, enquanto que Im(Bnn) permanece indeterminado.

    Neste ponto, deve-se ressaltar que: um autovetor complexo, mesmo de m ódulo unitário, não é de

    nenhuma maneira único, pois pode ainda ser multiplicado por um fator de fase  eiα com fase real α

    arbitrária. Se escolhermos arbitrariamente, como Bnn, um certo número imaginário puro Bnn =  iδ ,

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    11

    onde  δ   é real e de primeira ordem, então o autovetor perturbado será

    |ψn ∼=ψ(0)n + iδ ψ(0)n +

    m=n

    gmi=1

    B(i)nmψ(0)m . (1.38)

    No entanto, isto pode ser simplesmente interpretado como se o vetor n ão-perturbado ψ(0)n tenha sido pré multiplicado por  eiδ, pois  eiδ = 1 + iδ  +   (iδ)

    2

    2!  + . . ..

    Com isso, pode-se escrever, em primeira ordem que

    eiδψ(0)n ∼= ψ(0)n + iδ ψ(0)n .

    É evidente que   eiδψ(0)n   é sempre aceitável, em vez de simplesmente ψ(0)n , como sendo o

    vetor original não-perturbado, e isso equivale à escolha de  B(i)nm  = 0, na teoria de perturbação de

    primeira ordem.

    Sobre o fator de fase  eiδ

    , pode-se salientar que sempre que forem usados espaços complexos,como na mecânica quântica, as quantidades fisicamente mensuráveis serão do tipo ψ| O |ψ, ondeO   é um operador. Elas não são afetadas pelo fator de fase.

    Então, o autovetor e o seu respectivo autovalor são dados por

    |ψn =ψ(0)n +

    m=n

    W mn

    E (0)n   − E (0)m

    · ψ(0)m   (1.39)E n =  E 

    (0)n   + W nn   (1.40)

    1.3.2 Correção de Segunda Ordem: energia

    Começando com a equação de ordem zero, vemos que está trivialmente satisfeita. A equação de

    primeira ordem é exatamente a mesma da seção precedente. Efetuando as mesmas operações que

    antes, temos ainda as fórmulas

    E (1)n   = V nn   B(i)nm =

      V mn

    E (0)n   − E (0)m

    (m = n).

    No entanto, devemos rever as afirmativas feitas sobre os coeficientes   Bnn, pois estes eram

    limitados a aproximações de primeira ordem. Se desejarmos utilizar uma condição de normalização

    de segunda ordem, deveremos primeiro investigar as correções de segunda ordem.

    O produto interno da equação de segunda ordem (1.15) comψ(0)n é determinado ao considerar

    o fato de que  H 0   é hermitiano e que éψ(0)n  normalizado, ou seja

    ψ(0)n

    H 0 ψ(2)n  =  E (0)n ψ(0)n ψ(2)n   e ψ(0)n ψ(0)n  = 1

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    12

    então

    ψ(0)n

    H 0 ψ(2)n + ψ(0)n V  ψ(1)n  =  E (0)n ψ(0)n ψ(2)n + E (1)n ψ(0)n ψ(1)n + E (2)n ψ(0)n ψ(0)n , (1.41)Logo obtém-se que

    E (0)n

    ψ(0)nψ(2)n + ψ(0)n V  ψ(1)n  =  E (0)n ψ(0)n ψ(2)n + E (1)n ψ(0)n ψ(1)n + E (2)n

    ψ(0)n

    V  ψ(1)n  =  E (1)n ψ(0)n ψ(1)n + E (2)n   (1.42)Ao usarmos a expansão (1.30), as relações de ortonormalização (1.32) e o resultado de primeira

    ordem E (1)n   = V nn  a equação (1.27), a expressão (1.42) transforma-se na seguinte relação

    m

    gmi=1

    V nmB(i)nm  =  E (1)n   Bnn + E (2)n   (1.43)

    Observe que os termos contendo  Bnn  se cancelam, e a equação fornece

    E (2)n   =m=n

    gmi=1

    B(i)nmV nm

    ou, explicitamente, substituindo (1.33), teremosV nm

    E (2)n   =m=n

    V nmV mn

    E (0)n   − E (0)m

    =m=n

    gmi=1

    ϕnW ϕ(i)m ϕ(i)m W ϕn

    E (0)n   − E (0)m

    =m=n

    gmi=1

    ϕ(i)m W ϕn2E 

    (0)n   − E (0)m

    ,

    (1.44)

    A correção de segunda ordem da energia  E (2)n   , é obtida através da realização de um somatório

    por todos os estadosψ(0)m  = ϕ( j)m  com m = n, como indicado em (1.44). Os estados ψ(0)m  sobre

    a qual o somatório é realizado muitas vezes são chamados de estados “intermediário”. A partir

    do somatório de (1.44), é comum interpretar cada termo desta soma como uma sucessão de duas

    transições de primeira ordem, ponderada pela diferença em energia do denominador  E (0)n   − E (0)m   ,

    entre o estado ψ(0)n  que o sistema sai e propaga-se, “visita todos os estado intermediárioψ(0)m posśıveis e, em seguida, retorna” para o estado inicial

    ψ(0)n . Também pode-se observar a partirde (1.44) que, se o ńıvel  n  que estamos estudando corresponde ao estado fundamental do sistema,

    então a diferença de energia do denominador  E (0)n   − E (0)m  

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    13

    Portanto a energia total corrigida em até segunda ordem é

    E n(λ) = E (0)n   + ϕn | W  | ϕn +

    m=n

    gmi=1

    ϕ(i)m W ϕn2E 

    (0)n   − E (0)m

    .   (1.45)

    1.3.3 Correção de Segunda Ordem: autovetor

    Agora será calculado os autovetores em até segunda ordem, ou seja, o termo de segunda ordemψ(2)n .

    Vamos inciar projetando (1.15) no ketϕ(i) , com  = n, o que resulta em

    ϕ(i)

    H 0 ψ(2)n +ϕ(i) V  ψ(1)n  =  E (0)n ϕ(i) ψ(2)n +E (1)n ϕ(i) ψ(1)n +E (2)n ϕ(i) ψ(0)n   (1.46)Expandido o termo de segunda ordemψ

    (2)n em função dos autovalores não-perturbados, obtém-se

    ψ(2)n  = m

    gm j=1

    C (,j)nmϕ( j)m . (1.47)

    Substituindo as expansões (1.47) e (1.30) em (1.46), e usando o fato de queψ(0)n  = |ϕn   é um

    autovetor não degenerado, isso resulta em

    m

    gm j=1

    C (,j)nmϕ(i) H 0 ϕ( j)m +

    m

    gm j=1

    B( j)nmϕ(i) V  ϕ( j)m  =  E (0)n

    m

    gm j=1

    C (,j)nmϕ(i) ϕ( j)m +

    E (1)nm

    gm j=1

    B( j)nm

    ϕ(i)

    ϕ( j)m + E (2)n ϕ(i) ϕn

    Note que como   = n, então devido a ortogonalidade

    ϕ(i)

    ϕn = 0. AssimE 

    (0)   C 

    (i)n   +m

    gm

     j=1B( j)nmV m =  E 

    (0)n   C 

    (i)n   + E 

    (1)n   B

    (i)n .

    Como   C (i)nm   ainda está indeterminado, separamos este termo na soma sobre   m; usamos as

    fórmulas de primeira ordem para obter

    (E (0)n   − E (0)   )C (i)n   = V nBnn +m=n

    V mBnm − E (1)n   B(i)n ,

    mas de (1.27) temos que   E (1)n   =   V nn   , e usando o valor encontrado para os coeficientes   B

    (i)n   de

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    14

    primeira ordem (1.33), logo pode-se reescrever a expressão anterior como

    (E (0)n   − E (0)   )C (i)n   = V nBnn +m=n

    V mV mn

    E (0)n   − E (0)m

    −   V nV nnE 

    (0)n   − E (0)

    ,

    logo

    C (i)n   =

      V n

    E (0)n   − E (0)

    Bnn +m=n

    V nV mn

    (E (0)n   − E (0)   ) · (E (0)n   − E (0)m  )

    −   V nV nn(E 

    (0)n   − E (0)   )2

    (1.48)

    Vemos que os coeficientes C (i)n   não ficam completamente determinados antes de acharmos  Bnn.

    O coeficiente   C (i)nn   também permanece indeterminado. Isso é tudo o que pode ser obtido, até

    segunda ordem, da equação original de autovalores. Voltando agora a atenção para os problemas

    de ortogonalidade e de normalização. Se formarmos, em geral, o produto interno de |ψm   e de|ψn, como representado pela série

    |ψm =ψ(0)m + λ ψ(1)m + λ2 ψ(2)m + · · · =

    k

    λkψ(k)m

    obteremos termos de diferentes ordens na expressão de ψm |ψn  =  δ mn, conforme os resultadosobtidos de (1.17) à (1.22), do que ao exigirmos que ψm | ψn = δ mn  segue então para cada ordemque

    ordem zero: ψ(0)m

    ψ(0)n  =  δ mnprimeira ordem:

    ψ(0)m

    ψ(1)n + ψ(1)m ψ(0)n  = 0segunda ordem:

    ψ(0)m

    ψ(2)n + ψ(1)m ψ(1)n + ψ(2)m ψ(0)n  = 0,Segue-se então, que os termos de qualquer ordem dada devem anular-se identicamente, e não

    faz diferença se  m = n  ou  m  =  n. Usando a expansãoψ(1)n  =

    m

    Bnmψ(0)m ,

    a equação de primeira ordem fornece imediatamente

    Bnm + B∗nm = 0 (m e  n  quaisquer)

    Se   m =   n, esta relação se satisfaz automaticamente; se   m   =   n, obtemos Re {Bnn}   = 0 como

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    15

    condição.

    De maneira semelhante, usando também a expansão de segunda ordem

    ψ(2)n  = m

    C nmψ(0)m ,

    a equação de segunda ordem impõe que

    i

    C ni

    ψ(0)m

    ψ(0)i +i

     j

    B∗miBnj

    ψ(0)i

    ψ(0) j +i

    C ∗mi

    ψ(0)i

    ψ(0)n  = 0,da qual segue imediatamente

    C nm + C ∗mn +

    B∗mBn = 0. (1.49)

    Se usarmos as expressões obtidas para Bnm e C nm, é posśıvel mostrar que esta relação é satisfeita

    para  m = n, não interessa qual seja Bnn. Para o caso  m  =  n, obtemos, no entanto, a condição

    Re

    C (2)nn

     = −12

    |Bn|2 (1.50)

    Como na teoria de primeira ordem, pode-se considerar o vetor  eimψ(0)n , em vez de ψ(0)n ,

    como autovetor não-perturbado temos

    eim

    ψ(0)n

     =

    ψ(0)n

    + iδ 

    ψ(0)n

    −  δ 2

    2! ψ(0)n

    + . . .

    É evidente que, se fizermos  δ  =  I m {Bnn} + I m {C nn}, podemos incorporar as partes imagináriasde Bnn  e C nn  no ator de fase arbitrário e

    iδ. Isso é equivalente a escolher  I m {Bnn} = I m {C nn} = 0nos cálculos das perturbações.

    Por conseguinte, pode-se reunir os resultados da teoria de segunda ordem no seguinte conjunto

    de fórmulas:

    E (1)n   = V nn   Bnn = 0   B(i)nm =

      V mn

    (E (0)n   − E (0)m  )

    (m = n)

    E (2)n   =m=n

    V nmV mn

    E (0)n   − E (0)m

    ,   C nn = −12

    m,i

    B(i)nm2 ,C (i)nm =

    =n

    V mV nE 

    (0)n   − E (0)m

    (0)n   − E (0)

     −   V mnV nnE 

    (0)n   − E (0)m

    2   (m = n).Mas como

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    16

    ψ(2)n  = =n

    C nmψ(0)m + C nn ψ(0)m

    ψ(2)n  = m=n

    =n

    V mV nE 

    (0)n   − E (0)m

    (0)n   − E (0)

     −   V mnV nnE 

    (0)n   − E (0)m

    2 ψ(0)m −12 m

    |V mn

    |2

    E (0)n   − E (0)m

    2 ψ(0)m

    Seja agora ωnm  = (E (0)n   − E (0)m  )/ .

    ψ(2)n  = m=n

    =n

    V mV n 2ωnmωn

    −  V mnV nn 2ω2nm

    ψ(0)m − 12m

    |V mn|2 2ω2nm

    ψ(0)m   (1.51)E (2)n   = m=n

    V nmV mn ωnm

    (1.52)

    Portanto a energia em até segunda ordem é

    E n(λ) = E (0)n   + ϕn | W  | ϕn +

    m=n

    gmi=1

    ϕ(i)m W ϕn2E 

    (0)n   − E (0)m

    (1.53)

    Este tipo de análise pode ser levado a ordens mais altas. Na prática, no entanto, a maior parte

    dos cálculos se limita à primeira e segunda ordens. Além das complexidades computacionais, o

    ponto é que, se os resultados de segunda ordem não forem suficientemente exatas, então a validade

    geral (convergência) da série perturbada ficará geralmente duvidosa.

    1.3.4 Limite superior de E (2)n

    Ao limitar a expansão da energia em primeira ordem em  λ  poderá se obter uma ideia aproximada

    do erro envolvido ao avaliar o termo de segunda ordem.

    Considere expressão (1.52) para   E (2)n   . Ela cont́em uma soma (a qual geralmente é infinita)

    cujos termos do numerador são positivo ou zero. Denota-se por ∆E  o valor absoluto da diferença

    entre a energia  E (0)n   , do ńıvel a ser estudado e aquela do ńıvel mais próximo. Para todo  n, tem-se

    obviamente que:

    |E (0)n   − E (0)m | ≥ ∆E 

    Essa expressão fornece um limite superior para o valor absoluto de  E (2)n   :

    E (2)n ≤   1∆E i

    m=n

    ϕ(i)m V  ϕn2

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    17

    a qual pode ser reescrita como

    E (2)n ≤   1∆E i

    m=n

    ϕnV  ϕ(i)m ϕ(i)m V  ϕn

    ≤  1

    ∆E ϕn V i m=n ϕ(i)m ϕ(i)m V  ϕn   (1.54)

    O operador que aparece dentro dos colchetes é diferente do operador identidade somente devido

    ao projetor sobre o estado |ϕn, uma vez que a base de estados não perturbados satisfaz a relaçãode completeza:

    |ϕnϕn| +i

    m=n

    ϕ(i)m ϕ(i)m  =    .Portanto a desigualdade (1.54), toma a seguinte forma

    E (2)n ≤   1∆E  ϕn | V   [    − |ϕnϕn|] V  | ϕn≤   1

    ∆E 

    ϕnV 2 ϕn− (ϕn | V  | ϕn)2   (1.55)

    Multiplicando ambos os lados de (1.55) por  λ2, obtém-se um limite superior para o termo de

    segunda ordem na expansão de  E n(λ), na seguinte forma:

    λ2E (2)n ≤   1∆E  (W )2na qual

    W   é o desvio quadrático médio da perturbação W   não estado não perturbado

    |ϕn

    . Esta

    indica a ordem de magnitude do erro cometido ao levar em conta somente a correção em primeira

    ordem.

    1.4 Aplicações

    Nessa seção apresentaremos alguns exemplos de aplicação da teoria de perturbação não degenerado

    ao problema do oscilador harmônico unidimensional

    H 0 =   P 2

    2m +  1

    2mω2X 2,   (1.56)

    com

    H 0 |n = E (0)n   |n ,   com   E (0)n   = (n + 1

    2) ω   (1.57)

    e esse será o hamiltoniano do sistema não perturbado. A seguir serão analisadas alguns potenciais

    perturbadores a esse problema.

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    18

    1.4.1 Oscilador harmônico com perturbação linear:   V (X ) =   ωX 

    Considere o seguinte potencial perturbativo

    W (X ) = λ ω X̃,   com   X̃  =

     mω

       X    (1.58)

    o que significa que o hamiltoniano do sistema é dado agora por

    H  = H 0 + W   =  P 2

    2m +

     1

    2mω2X 2 + λ ω X̃.   (1.59)

    Em particular esse sistema possui uma solução exata. A seguir resolveremos exatamente o

    problema e em seguida aplicaremos o método perturbativo para determinar novas as energias do

    sistema.

    1.4.1.1 Solução exata

    Esse problema é equivalente ao de uma part́ıcula de massa   m   e carga   q , movendo-se em um

    potencial harmônico, do tipo (1.56), a qual é submetida a um campo elétrico uniforme  E  = E ̂ex,o que significa que operador hamiltoniano da part́ıcula toma a seguinte forma

    H  = H 0 − q E X  =   P 2

    2m +

     1

    2mω2X 2 − q E X.   (1.60)

    Note que os hamiltonianos (1.59) e(1.60) possuem a mesma forma, e sua equivalência é obtida

    fazendo-se

    −q E X  = λ ω mω 

      X    =⇒   q E  = −λω√ m ω

    O hamiltoniano (1.59) desse sistema, pode ser manipulado de forma que

    H  =  P 2

    2m +

     1

    2mω2X 2 + λ ω

     mω

       X  =

      P 2

    2m +

     1

    2mω2X 2 + λω

    √ m ωX 

    =  P 2

    2m +

     1

    2mω2

    X 2 + 2λ

        

    mωX 

    =   P 

    2

    2m +  12mω2 X 2 + 2λ    mω X  + λ    mω

    2−  12mω2λ    mω2

    =  P 2

    2m +

     1

    2mω2

    X − λ

        

    2−  1

    2λ2 ω.   (1.61)

    Definindo

    X 0 =  λ

        

    mω; e   U 0 =

     1

    2λ2 ω,   (1.62)

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

    19/44

    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    19

    então, fazendo uma mudança de variável

    Z  = X − X 0   e   E  = E − U 0   (1.63)

    então teremos

    H  =

      P 2z2m +

     1

    2mω2

    Z 2

    − U 0  =  H 0z − U 0.   (1.64)Logo, como

    H 0z |ϕn,z = E n,z |ϕn,z =   ω

    n + 1

    2

    |ϕn,z   (1.65)

    e [H, H 0z] = 0, então os autovetores de  H 0z  também s̃ao autovetores de  H  e com autovalores

    H |ϕn,z = E n |ϕn,z = ω

    n +

     1

    2

    − U 0

    |ϕn,z .   (1.66)

    Portanto, as energias desse sistema são

    E n =

    n +

     1

    2

     ω −  1

    2λ2 ω,   (1.67)

    Note que se os autovetores de  H 0z   são dados pelos kets |ϕn,z  = |ϕn  então os autovetores deH  serão dados pelos kets |ψn, os quais estão relacionados por

    x | ψn = ψn(x)   ⇐⇒ z | ϕn,z = x − x0 | ϕn,z = ϕn(x − x0),

    ou seja, os dois são equivalente, porém suas origens estão deslocadas, ou seja,  ψn

    (x) = ϕn

    (x−

    x0),

    assim como vimos os dois autoestados estão relacionados um com outro por meio do operador

    translação espacial, dado por

    |ψn = U (λ) |ϕn ,   com   U (λ) = e−  λ√ 2(a†−a)

    .

    Uma expansão limitada de  U (λ) fornece o seguinte resultado

    |ψn =

    1 −   λ√ 2

    (a† − a) + · · ·

    |ϕn

    = |ϕn − λ n + 1

    2  |ϕn+1 + λ

     n2 |ϕn−1 + · · ·   (1.68)

    1.4.1.2 Solução perturbativa

    Trocando  X̃  por (a† + a)/√ 

    2 em (1.58), obtém-se que

    W   = λ ω√ 

    2(a† + a).   (1.69)

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    20

    Dá expressão acima vê-se que o termo perturbativo   W , mistura o estado |ϕn   somente com osestados |ϕn−1 e |ϕn+1. Portanto, os únicos elementos de matriz não nulos de  W , que contribuempara a expansão perturbativa são

    ϕn | W  | ϕm   = 0 para   |m − n| = 1ϕn+1 | W  | ϕn   = λ n+12    ωϕn−1 | W  | ϕn   = λ

     n2 ω

    (1.70)

    Portanto, a correção na energia em segunda ordem de perturbação pode ser escrita como

    E n =  E (0)n   + ϕn | W  | ϕn +

    m=n

    |ϕm | W  | ϕn|2E 

    (0)n   − E (0)m

    + · · ·   (1.71)

    Substituindo os elementos de matriz (1.70) em (1.71), obtém-se

    E n =  E (0)n   + 0 −

     (n + 1)λ2

    2   ω +

     nλ2

    2   ω + · · ·

    =

    n +

     1

    2

     ω −  1

    2λ2 ω + · · ·   (1.72)

    Isso, mostra que a correção perturbativa em segunda ordem para a energia coincide com o resultado

    exato. Já a correção em primeira ordem para os autoestados fornece

    |ψn = ψ(0)n + m=n

    W mn

    (0)

    n   − E (0)

    m

    · ψ(0)m   (1.73)

    = |ϕn − λ 

    n + 1

    2  |ϕn+1 + λ

     n

    2 |ϕn−1 + · · ·  ,   (1.74)

    a qual também coincide com a expansão em série, em primeira ordem, do resultado exato.

    1.4.2 Potencial perturbativo quadrático

    Considere agora o seguinte potencial perturbativo

    W (X ) = 12

    ρ ω X̃ 2 = 12

    ρmω2X 2,   (1.75)

    portanto agora o hamiltoniano do sistema será dado por

    H  = H 0 + W   =  P 2

    2m +

     1

    2mω2(1 + ρ)X 2,   (1.76)

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    21

    o que por uma questão de simplicidade introduz-se a frequência

    ω2 = (1 + ρ)ω2,   (1.77)

    logo a solução exata do problema é imediata e seus autovalores são dados por

    E n =

    n + 1

    2

     ω =

    n +

     1

    2

     1 + ρ ω.   (1.78)

    Expandindo essa solução em série, para  ρ 1, obtém-se

    E n =

    n +

     1

    2

     ω

    1 +

     1

    2ρ −  1

    8ρ2 + · · ·

      (1.79)

    Como

    X̃  =  1√ 

    2

    (a† + a) =⇒   W (X ) = 14

    ρ ω(a† + a)(a† + a) (1.80)

    o qual ainda pode ser escrito como

    W (X ) = 1

    4ρ ω(a† + a)(a† + a)

    = 1

    4ρ ω

    a†2 + a2 + a†a + aa†

    =

     1

    4ρ ω

    a†2 + a2 + 2N  + 1

    ,   (1.81)

    na qual  N   é o operador número dado por  N   =  a†a  =  aa† − 1. Portanto os únicos elementos dematriz não nulos para esse termo são

    ϕn | W  | ϕn   =   12ρ

    n +   12

     ω

    ϕn+2 | W  | ϕn   =   14ρ 

    (n + 1) (n + 2) ω

    ϕn−2 | W  | ϕn   =   14ρ 

    n (n − 1) ω.(1.82)

    Note ainda que

    E 0n − E 0m  = (n − m) ω,   (1.83)

    logo, a correção na energia em segunda ordem de perturbação pode ser escrita como

    E n =  E 0n +

     1

    n +

     1

    2

     ω −   1

    16ρ2 (n + 1) (n + 2)

     ω

    2  +

      1

    16ρ2n (n − 1)   ω

    2  + · · ·

    =

    n +

     1

    2

     ω +

    n +

     1

    2

     ω ·  ρ

    2 −

    n +

     1

    2

     ω ·  ρ

    2

    8  + · · ·

    =

    n +

     1

    2

     ω

    1 +

     1

    2ρ −  1

    8ρ2 + · · ·

    .   (1.84)

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    22

    Esse resultado, coincide com a expansão do resultado exato.

    1.4.3 Potencial perturbativo de ordem  X 3

    Considere agora o seguinte potencial perturbativo

    W (X ) = σ ω X̃ 3 (1.85)

    o qual em termos dos operadores de criação e aniquilação pode se reescrito como

    W (X ) =

    √ 2

    4  σ ω(a† + a)(a† + a)(a† + a)

    =

    √ 2

    4  σ ω

    a†2 + a2 + 2N  + 1

    (a† + a)

    o que após alguma álgebra, chega em

    W (X ) =

    √ 2

    4  σ ω

    a†3 + a3 + 3N a† + 3(N  + 1)a

      (1.86)

    Os elementos de matriz não nulos para esse termo são

    ϕn+1 | W  | ϕn   = 3σn+12

    3/2 ω

    ϕn−1 | W  | ϕn   = 3σn2

    3/2 ω

    ϕn+3 | W  | ϕn   = σ (n+3)(n+2)(n+1)

    8    ω

    ϕn−3 | W  | ϕn   = σ n(n−1)(n−2)8    ω.(1.87)

    e as diferenças em energia são

    E 0n − E 0n±3  = ∓3 ω   e   E 0n − E 0n±1  = ∓ ω.

    Portanto, a correção na energia em segunda ordem de perturbação pode ser escrita como

    E n = n + 1

    2  ω + σ2

    3  ·  n (n − 1) (n − 2)

    8   ω −  σ

    2

    3  ·  (n + 3)(n + 2) (n + 1)

    8   ω+

    3σ2n3

    8   ω − 9σ2 (n + 1)

    3

    8   ω + · · ·

    a qual ainda pode ser reescrita na forma compacta

    E n =

    n +

     1

    2

     ω −  15

    4 σ2

    n +

     1

    2

    2 ω −  7

    4σ2 ω + · · ·   (1.88)

    Nesse caso, o efeito de W   é baixar os ńıveis de energia, conforme indica o sinal de σ. A diferença

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    23

    n

    −2

    n − 1

    n

    n + 1

    n + 2

    Figure 1.2: Ńıveis de energia de  H 0, linhas pontilhadas, e de  H , linhas sólidas. Sobre o efeito daperturbação  W , cada ńıvel de  H 0   é baixado, e os  n  maiores possuem um deslocamento maior.

    entre dois ńıveis adjacentes é dada por

    E n − E n−1 =

    1 −  152

     σ2n

     ω   (1.89)

    Essa diferença de energia não é mais independente de n, como no caso do oscilador harmônico.

    Nesse caso as energias do estados não são mais equidistantes, a medida em que   n   cresce a a

    diferença em energia diminui, conforme mostrado ilustrativamente na figura 1.2.

    Substituindo as relações (1.87) na expansão (1.73), obtém-se que

    |ψn =ψ(0)n +

    m=n

    W mn

    E (0)n   − E (0)m

    ·ψ(0)m

    = |ϕn − 3σ

    n + 1

    2

    3/2|ϕn+1 + 3σ

    n2

    3/2|ϕn−1

    − σ

    3 (n + 3)(n + 2) (n + 1)

    8   |ϕn+3 + σ

    3 n (n − 1) (n − 2)8   |ϕn−3 + · · ·

    Portanto, sobre o efeito da perturbação   W , o estado |ϕn   é misturado com os estados |ϕn+1,|ϕn−1, |ϕn+3  e |ϕn−3.

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    24

    1.5 O Caso de Autovalores Degenerados

    Não é de nenhuma maneira raro que o tratamento do problema de autovalores

    (H 0 + V ) |ψ = E |ψ ,

    por métodos perturbativos, faça surgir uma dificuldade fundamental. Quando o problema de

    autovalores não-perturbado

    H 0ψ(0)n  =  E (0)n ψ(0)n

    exibe degenerescência; ou seja, alguns (ou todos) dos autovalores estão associados a mais de um

    autovetor. A dificuldade provém de que não conhecemos o autovetor não-perturbado a que se

    reduz o perturbado, se a perturbação for reduzida a zero. Como uma tal informação é vital em

    qualquer teoria perturbativa, nossa primeira missão será investigar este problema.

    Concentremos nossa atenção em um certo autovalor E (0)n   que supomos ter degenerescência de or-dem g, isto é, possui g  autovetores linearmente independentes. Qualquer combinação linear destes

    é também um autovetor, de maneira que estamos tratando de todo um subespaço  g-dimensional

    de autovetores. Neste subespaço, podemos sempre selecionar uma base ortonormal, composta dos

    vetores

    |ψk   (k = 1, 2, 3, . . . , g) (1.90)

    observe que todos estes vetores pertencem ao autovetor E (0)n   , assim

    H 0 |ψk = E (0)n   |ψk   (k = 1, 2, 3, . . . , g). (1.91)

    Ora, se um autovetor perturbado com energia  E  se reduz a um outro com energia  E (0)n   , então

    seu autovetor |ϕ   deverá reduzir-se a algum vetor de nosso subespaço. Como anteriormente es-creveremos

    E n(λ) = E (0)n   + λE 

    (1)n   + λ

    2E (2)n   + . . .

    |ϕ = ϕ(0) + λ ϕ(1) + λ2 ϕ(2) + . . .   (1.92)É importante perceber que

    ϕ(0)  não necessita ser um dos vetores |ψk, mas tem de ser umacombinação linear deles:

    ϕ(0) = gk=1

    λkC k |ψk , (1.93)

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    25

    e desejamos encontrar o conjunto de coeficiente  C k. Como antes λ  é um pequeno parâmetro, tal

    que, 0 < λ ≤ 1.Como antes, escrevemos a equação perturbada exata

    (H 0 + λV )∞

    i=0 ϕ(i) =

    i=0 λiE (i)n

     j=0 ϕ( j)   (1.94)

    e separamos as ordens de perturbação,

    ordem zero:

    H 0ϕ(0)n  =  E (0)n ϕ(0) ;

    primeira ordem:

    H 0 ϕ(1)

    + V  ϕ(0)

     =  E (0)n ϕ

    (1)

    + E (1)n ϕ

    (0)

    ;segunda ordem:

    H 0ϕ(2) + V  ϕ(1) =  E (0)n ϕ(2) + E (1)n ϕ(1) + E (2)n ϕ(0) .

    Enquanto que a equação de ordem zero é automaticamente satisfeita, podemos obter alguma

    informação da equação de primeira ordem, formando os produtos internos com vetores |ψk. Nãoimporta o que seja

    ϕ(1), temosψk Hϕ(1) = H †ψk ϕ(1) =  E (0)n ψk ϕ(1) ,

    pois H 0   é hermitiano. Expressandoϕ(0)  comoϕ(0) = g

    =1

    C  |ψ , (1.95)

    obtemos as seguintes  g  equações, correspondendo a cada valor de  k :

    g

    =1C  ψk | V  | ψ = E (1)n   C k   k = (1, 2, . . . , g) (1.96)

    Como as quantidades  V k  = ψk | V  | ψ podem ser calculadas, estamos em face de um sistemade  g  equações algébricas em  g   incógnitas C 1.C 2, . . . , C  g. Estas equações são homogêneas e do tipo

    de autovetores; exibimos isso explicitamente:

    g=1

    C V k − E (1)n   · C k  =g

    =1

    (V k − E (1)n   δ k)C  = 0

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    26

    V 11 − E (1)n   V 12   · · ·   V 1gV 21   V 22 − E (1)n   · · ·   V 2g

    ...  ...

      . . .  ...

    V g1   V g2   · · ·   V gg − E (1)n

    ·

    C 1

    C 2...

    C g

    = 0 (1.97)

    Este sistema de equações lineares homogêneas com respeito as quantidades  C    tem soluções

    diferentes de zero se o determinante dos coeficientes das incógnitas anula-se. Obtemos assim a

    equação

    V 11 − E (1)n   V 12   · · ·   V 1gV 21   V 22 − E (1)n   · · ·   V 2g

    ...  ...

      . . .  ...

    V g1   V g2   · · ·   V gg − E (1)n

    = 0 (1.98)

    detV k − E (1)n   δ k = 0.   (1.99)

    1.6 Teoria de Perturbação de Wigner-Brillouin

    Aqui o problema colocado é o mesmo da teoria de perturbação de Rayleigh-Schrödinger, ou seja,

    dado o seguinte problema de autovalores

    (H 0 + W ) |ψ = H |ψ = E |ψ

    o qual deve ser resolvido. Porém, agora ele será reescrito na seguinte forma

    (E − H 0) |ψ = W  |ψ .   (1.100)

    Considere que os autoestados de  H 0   são tais que

    H 0ϕ(i)n  =  E (0)n ϕ(i)n

    com ϕ(i)n

    ϕ( j)m  =  δ m,nδ i,j   e i,n

    |ϕ(i)n ϕ(i)n | =    .   (1.101)

    Agora serão introduzidos os projetores definidos por

    P   = |ϕ(i)n ϕ(i)n |   e   Q =k=n

    gki=1

    |ϕ(i)k ϕ(i)k |,   (1.102)

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    27

    os quais satisfazem a seguinte relação

    P  + Q =     =⇒   Q =    − P    (1.103)

    Viu-se anteriormente que era posśıvel expandir o ket |ψ da seguinte forma

    |ψ = ψ(0) + λ ψ(1) + λ2 ψ(2) + · · · = i

    λiψ(i) .

    Considerando λ  = 1 e que

    ψ(0)ψ(0) = 1, viu-se que

    ψ(0)ψ = ϕ(i)n ψ = 1.

    Como pode-se escrever que

    |ψ =    |ψ = (P  + Q) |ψ = P  |ψ + Q |ψ ,   (1.104)porém como

    P  |ψ =ϕ(i)n ϕ(i)n ψ = ϕ(i)n ,   (1.105)

    portanto, tem-se que

    |ψ =ϕ(i)n + Q |ψ   (1.106)

    Note que

    [H 0, Q] = 0,   (1.107)

    então de (1.100) e(1.107) pode-se escrever

    Q (E − H 0) |ψ = (E − H 0) Q |ψ = QW  |ψ ,

    da qual segue imediatamente que

    Q |ψ = (E − H 0)−1 QW |ψ   (1.108)

    Agora, substituindo a equação (1.108) em (1.106) obtém-se que

    |ψ =ϕ(i)n + RW  |ψ   (1.109)

    na qual foi introduzido um novo operador  R, definido por

    R = (E − H 0)−1 Q =   1E − H 0Q =  Q (E − H 0)

    −1 = Q  1

    E − H 0 .   (1.110)

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    28

    A equação (1.109) é resolvida por um processo iterativo, no qual substitui-se ela nela mesma.

    Mais explicitamente tem-se que:

    •   Primeira iteração:|ψ =

    ϕ(i)n

    + RW 

    ϕ(i)n

    + (RW )2 |ψ

    •   Segunda iteração:

    |ψ =ϕ(i)n + RW  ϕ(i)n + (RW )2 ϕ(i)n + (RW )3 |ψ

    •  k-ésima iteração

    |ψ =ϕ(i)n + RW  ϕ(i)n + (RW )2 ϕ(i)n + (RW )3 ϕ(i)n + · · · + (RW )k+1 |ψ .

    Portanto, a série infinita é

    |ψ =ϕ(i)n + RW  ϕ(i)n + (RW )2 ϕ(i)n + (RW )3 ϕ(i)n + · · · + (RW )k+1 ϕ(i)n + · · ·   (1.111)

    Somando essa série infinita, obtém-se

    |ψ = (1 − RW )−1ϕ(i)n  =   11 − RW  ϕ(i)n   (1.112)

    Portanto, essa é a solução formal exata do problema.

    Para obter a energia, projeta-se (1.100) em ϕ(i)n  e como resultado tem-se queE − E 0 =

    ϕ(i)n

    W ψ   =⇒   E  = E 0 + ϕ(i)n W ψ   (1.113)Ao substituir (1.111) em (1.113), obtém-se a seguinte série de potências

    E  = E 0 +

    ϕ(i)nW ϕ(i)n + ϕ(i)n W RW  ϕ(i)n + ϕ(i)n WRWRW ϕ(i)n + · · ·   (1.114)

    mas com a representação espectral do operador  R  é

    R =   1E − H 0

    k=n

    gki=1

    |ϕ(i)k ϕ(i)k | =k=n

    gki=1

    |ϕ(i)k ϕ(i)k |E − E (0)k

    (1.115)

    então o resultado da substituição de (1.115) em (1.114) é uma forma mais familiar para a expansão

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

    29/44

    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    29

    da energia em uma série perturbativa, ou seja, obtém-se que

    E  =  E (0)n   +

    ϕ(i)nW ϕ(i)n +

     j,k=n

    ϕ(i)n

    W  ϕ( j)k ϕ( j)k W ϕ(i)n E − E (0)k

    +

     j,k=n

    ,m=n

    ϕ(i)n W ϕ( j)k ϕ( j)k W ϕ()m ϕ()m W ϕ(i)n E − E (0)k

    E − E (0)m

      + · · ·   (1.116)Note que a energia desconhecida E , aparece no denominador do lado direito; portanto, essa não

    é uma expressão explicita para a energia  E . Para calcular a energia com precisão em até terceira

    ordem, nesse caso basta trocar  E  por seu valor de ordem zero, ou seja,  E  = E (0)n   no denominador

    do termo de terceira ordem de (1.116); mas deve-se usar o valor da correção de primeira ordem

    E  = E 0 +

    ϕ(i)n

    ϕ(i)n

    , no denominador do termo de segunda ordem.

    Um modo mais prático de calcular a energia   E  a partir da expressão (1.116) é inicialmente

    fazer uma estimativa para E , a qual deve ser substitúıda em todos os denominadores e a série deve

    ser somada numericamente, e o novo valor obtido para a energia  E  deve ser reintroduzido na série

    , até se obter um valor convergido para a energia E  com a precisão desejada.

    Se realizarmos uma expansão formal de todos os fatores de

    E − E (0)n−1

    do lado direito de

    (1.116) em uma série de potência da força da perturbação, recupera-se a série perturbativa de

    Rayleigh-Schrödinger. Em todas as ordens além da segunda, ela irá conter muito mais termos

    do que (1.116), então ela é menos conveniente de se lidar do que a série (1.116), do formalismo

    perturbativo de Wigner-Brillouin.

    1.7 O método variacional

    Existem muitas aplicações dos métodos variacionais para encontrar um extremo útil. Esta é a

    essência do “método variacional”. Como forma de encontrar soluções aproximadas para a equação

    de Schrödinger, uma abordagem comum é adivinhar uma forma aproximada de uma solução,

    parametrizado de alguma forma. Os parâmetros são variadas até que seja encontrado um extremo.

    Esta abordagem será ilustrada com exemplos.

    Considere o seguinte problema de autovalores

    H |ϕn = E n |ϕn ,   com   n = 0, 1, 2, . . .   (1.117)

    Embora o operador hamiltoniano H   seja conhecido, não necessariamente os seus autovalores  E n  e

    os seus correspondentes autovetores |ϕn são conhecidos.

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    30

    1.7.1 Propriedades do estado fundamental do sistema

    Para um vetor de estado |ψ  qualquer tem-se que

    H ψ  = ψ | H | ψ

    ψ | ψ   ≥ E 0.   (1.118)

    Note que, o vetor de estado |ψ, pode ser expandido na base do autovetores de  H , assim

    |ψ =n

    C n |ϕn ,   (1.119)

    do que segue imediatamente que

    ψ | H | ψ =n

    |C n|2 E n ≥ E 0n

    |C n|2 .   (1.120)

    Aqui foi considerado que o vetor de estado |ψ é normalizado, ou seja,

    ψ | ψ =n

    |C n|2 = 1.   (1.121)

    Com isso, tem-se que

    ψ | H | ψ =n

    |C n|2 E n ≥ E 0   (1.122)

    1.7.2 Generalização: O teorema de Ritz

    Considere que

    H ψ  = ψ | H | ψ

    ψ | ψ   ,   (1.123)

    nesse caso, o H ψ  é um funcional do vetor de estado |ψ. Portanto, pode-se calcular o incrementoδ H ψ, quando |ψ → |ψ + δ |ψ, com  δ |ψ = |δψ sendo infinitesimalmente pequena.

    Reescrevendo a expressão (1.123) na seguinte forma

    ψ ψ

    |H 

    ,   (1.124)

    ao fazer uma variação infinitesimal δ |ψ no vetor de estado |ψ, essa expressão toma a forma

    δ H ψ ψ | ψ + H ψ [δψ | ψ + ψ | δψ] = δψ | H | ψ + ψ | H | δψ ,

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    31

    e como H ψ   é um número, segue que

    ψ | ψ δ H ψ  =

    ψH − H ψ δψ + δψ H − H ψ ψ .

    Após uma cuidadosa análise dessa expressão, pode-se concluir que H ψ  será estacionário se

    δ H ψ  = 0,

    o que significa que ψH − H ψ δψ + δψ H − H ψ ψ = 0.

    Considere ainda que,

    |ϕ =

    H − H ψ

    |ψ ,

    logo

    ϕ | δψ + δψ | ϕ = 0.Essa relação deve ser satisfeita para qualquer valor infinitesimal do ket |ψ ,  em particular para

    |δψ = δλ |ϕ ,

    do que segue imediatamente que

    2 ϕ | ϕ δλ = 0.

    Então

     ϕ

    = 0, o que nesse caso significa que

     |ϕ

    = 0, ou seja,

    |ϕ = 0 =⇒

    H − H ψ

    |ψ = 0,

    logo

    H |ψ = H ψ |ψ .

    Portanto, o valor médio de H ψ   será estacionário se e somente se o vetor de estado  |ψcorrespondente a ele, for um autovetor de  H , e os valores estacionários de H ψ  forem autovaloresde  H .

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    32

    1.7.3 Exemplo: oscilador harmônico unidimensional

    1.7.3.1 Estado fundamental

    A seguir será usado o método variacional para determinar a energia do estado fundamental de um

    oscilador harmônico unidimensional, cujo o hamiltoniano é

    H  = −  2

    2m

    d2

    dx2 +

     1

    2mω2x2,

    usando a seguinte função tentativa

    ψα(x) = e−αx2 com   α > 0.

    Tem-se que

    ψα | ψα =ˆ   +∞−∞

    dx e−2αx2

    e que

    ψα | H | ψα =ˆ   +∞−∞

    dx e−αx2

    −  

    2

    2m

    d2

    dx2 +

     1

    2mω2x2

    e−αx

    2

    =

    ˆ   +∞−∞

    dx e−αx2

    −  

    2

    2m

    d

    dx (−2αx) e−αx2

    +

    ˆ   +∞−∞

    dx 1

    2mω2x2e−2αx

    2

    Chamando a primeira integral do lado direito de  I 1, tem-se

    I 1 =

    ˆ   +∞−∞

    dx e−αx2

    −  

    2

    2m

    d

    dx (−2αx) e−αx2

    ,

    usando a integração por partes, na qual

    ˆ   udv =  uv −

    ˆ   vdu,

    com  

    u =  e−αx2

    du = −2αxe−αx2

    dx

    dv =   ddx

     2

    m αxe−αx2

    dx v =    

    2

    mαxe−αx2

    logo

    I 1 =   

    2

    mαxe−2αx

    2

    +∞−∞   

    =0

    +2 2

    mα2

    ˆ   +∞−∞

    dx x2e−2αx2

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    33

    assim

    I 1 = 2 2α2

    m

    ˆ   +∞−∞

    dx x2e−2αx2

    .

    Dessa forma, tem-se que

    H αα = ψα | H | ψα = 2 2α2

    m   +

     1

    2mω2ˆ   +∞

    −∞ dx x2

    e−2αx2

    .

    Note ainda que ˆ   +∞−∞

    dx x2e−2αx2

    = −12

    d

    ˆ   +∞−∞

    dx e−2αx2

    e que a integral gaussiana. A seguir mostraremos algumas propriedades da integral gaussiana

    definida por

    I n(α) =

    ˆ   +∞−∞

    dx xne−2αx2

    (1.125)

    Note que para n ı́mpar o integrando, da integral (1.125), é uma função ı́mpar, portanto, nesse caso

    a integral é nula, esse resultado pode ser expresso da seguinte forma

    I 2n+1(α) =

    ˆ   +∞−∞

    dx x2n+1e−2αx2

    = 0 para   n = 0, 1, 2, 3, . . .

    Já para  n  par na integral (1.125), é integral possui um valor não nulo.

    Sabe-se que

    I 0(α) =ˆ   +∞−∞

    dx x0e−2αx2

    =ˆ   +∞−∞

    dx e−2αx2

    = ψα | ψα =   π2α

     =  π2

    α−1/2.

    Diferenciando ambos os lados da expressão anterior em relação  α, obtém-se que

    dI 0(α)

    dα  = −1

    2

     π

    2α−3/2 = −   1

    2αI 0(α),   (1.126)

    portanto,

    I 2(α) =ˆ   +∞

    −∞ dx x

    2

    e

    −2αx2

    = −1

    2

    dI 0(α)

    dα   =

      1

    4αI 0(α).   =⇒   4αI 2(α) − I 0(α) = 0.   (1.127)

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    34

    Temos ainda que

    I 4(α) = 1

    2

    d

    ˆ   +∞−∞

    dx x2e−2αx2

    = −12

    dI 2(α)

    dα  = −1

    2

    d

      1

    4αI 0(α)

    = 1

    8

    1

    α2I 0(α) −  1

    8

    1

    α

    dI 0(α)

    = 18

     +   12α

    I 0(α)

    =  3

    16

    1

    α2I 0(α) (1.128)

    Da qual segue que

    I 4(α) =  3

    16

    1

    α2I 0(α) ou   I 4(α) =

     3

    4

    1

    αI 2(α) (1.129)

    Assim

    H αα  = ψα | H | ψα = −1

    22 2α2m   + 12mω2 dI 0(α)dα

    =  1

    2 2α2

    m  +

     1

    2mω2

    I 0(α)

    =

     2α

    2m  +

     1

    8mω2

     1

    α

    ψα | ψα .

    Consequentemente, tem-se

    H ψα = ψα | H | ψα

    ψα | ψα   = H ψα (α)

    H ψα (α) =    2α

    2m  + 1

    8mω2 1

    α.

    O mı́nimo dessa função, ocorre quando

    d

    dαH ψα (α)

    α0

    =   

    2

    2m − 1

    8mω2

      1

    α20= 0,

    logo

    α0  = 1

    2

       .

    Portanto, para  α  =  α0  tem-se que

    H ψα (α0) = 1

    2 ω.

    Essa é a energia do estado fundamental do oscilador harmônico unidimensional.

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    35

    1.7.3.2 Primeiro estado excitado

    A energia do primeiro estado excitado também pode ser estimada, e para isso, basta escolher uma

    função de onda que seja ortogonal a  ψα0(x) = x | |ψα0. Com esse intuito escolhe-se a seguintefunção de onda tentativa

    ψα(x) = xe−αx2 com   α > 0.

    Assim,

    ψα | ψα =ˆ   +∞−∞

    dx x2e−2αx2

    = I 2(α) =  1

    4αI 0(α)

    e

    ψα | H | ψα =ˆ   +∞−∞

    dxxe−αx2

    −  

    2

    2m

    d2

    dx2 +

     1

    2mω2x2

    xe−αx

    2

    .

    Chamando de I 1, a primeira integral do lado direito

    I 1 =ˆ   +∞

    −∞ dxxe−αx2 −  

    2

    2m

    d

    dx 1 − 2αx2 e−αx2 ,integrando ela por partes, com

    u =  xe−αx

    2

    du = (1 − 2αx2)e−αx2dx

    dv =−  2

    2mddx

     (1 − 2αx2) e−αx2

    dx v = −  22m

     (1 − 2αx2) e−αx2

    logo

    I 1 = −  22m

    x

    1 − 2αx2 e−2αx2+∞−∞   

    =0

    +   2

    2m

    ˆ   +∞

    −∞

    dx

    1 − 2αx22 e−2αx2

    assim

    I 1 =   

    2

    2m

    ˆ   +∞−∞

    dx

    1 − 2αx22 e−2αx2=

       2

    2m

    ˆ   +∞−∞

    dx

    1 − 4αx2 + 4α2x4 e−2αx2=

       2

    2mI 0(α) − 4αI 2(α) + 4α2I 4(α)

    Dessa forma, tem-se que

    H αα = ψα | H | ψα =ˆ   +∞−∞

    dx

      

    2

    2m

    1 − 2αx22 + 1

    2mω2x4

    e−2αx

    2

    =   

    2

    2m

    I 0(α) − 4αI 2(α) + 4α2I 4(α)

    +

     1

    2mω2I 4(α).

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

    36/44

    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    36

    Mas de (1.127), 4αI 2(α) − I 0(α) = 0, segue que

    ψα | H | ψα = 2 2α2

    m  I 4(α) +

     1

    2mω2I 4(α),

    =

    2 2α2

    m  +

     1

    2mω2

    I 4(α)

    = 2 2

    m

    α2 + 1

    4m2ω2

     2

    I 4(α)

    = 2 2

    m

    α2 +

    mω2 

    2I 4(α)

    mas de (1.129), tem-se que  I 4(α) = (3/4α)I 2(α), segue então que

    ψα | H | ψα = 3 2

    2m

    α +

    mω2 

    2 1α

    I 2(α).

    Logo pode-se escreverH ψα =

     ψα | H | ψαψα | ψα   = H ψα (α)

    H ψα (α) = 3 2

    2m

    α +

    mω2 

    2 1α

     =

     3 2α

    2m  +

     3

    8mω2

     1

    α.

    O mı́nimo dessa função, ocorre quando

    d

    dαH ψα (α)

    α0

    = 3 2

    2m −  3

    8mω2

      1

    α20= 0,

    logo

    α0  = 1

    2

       .

    Portanto, para  α  =  α0  tem-se que

    H ψα (α0) = 3 2

    2m

    α0 +

    mω2 

    2 1α0

     =

     3 2

    m α0  =

     3

    2 ω.

    Essa é a energia correta do primeiro estado excitado do oscilador harmônico unidimensional.

    1.7.3.3 Estado fundamental: Funções de onda racionais

    A seguir será estimada a energia do estado fundamental do oscilador harmônico unidimensional,

    usando para tal uma função de onda tentativa, da seguinte forma

    ψα(x) =  1

    x2 + a,   com   a > 0.

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

    37/44

    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    37

    Nesse caso tem-se que

    ψα | ψα =ˆ   +∞−∞

    dx  1

    (x2 + a)2  =

      π

    2a3/2.

    Observa瘠ao   1.  A integral

    I  =ˆ   +∞−∞

    dx   1(x2 + a)2

    ,

    pode ser calculada fazendo-se a seguinte substituição

    x =√ 

    a tg(θ) =⇒   dx = √ a sec2(θ)dθ,

    logo

    I  =

    √ a

    a2 ˆ 

      +π/2

    −π/2

    sec2 θ

    sec4

    θ

    dθ =  1

    a3/2 ˆ 

      +π/2

    −π/2

    cos2 θdθ

    =  1

    a3/2

    ˆ   +π/2−π/2

    1

    2 [1 + cos 2θ] dθ

    =  1

    2a3/2

    θ +

     1

    2 sen 2θ

    +π/2−π/2

    =  π

    2a3/2

    Como o hamiltoniano do sistema é dado por

    H  = −  2

    2md2

    dx2 + 1

    2mω2x2,

    e

    Hψα = −  2

    2m

    d

    dx

    −   2x

    (x2 + a)2

    +

     1

    2mω2

      x2

    x2 + a,

    logo

    ψα | H | ψα =ˆ   +∞−∞

    dx  1

    x2 + a

    −  

    2

    2m

    d

    dx

    −   2x

    (x2 + a)2

    +

     1

    2mω2

      x2

    x2 + a

    .

    A primeira integral do lado direito, pode ser feita por partes, assim

    I 1 =   

    2

    m

    ˆ   +∞−∞

    dx  1

    x2 + a

    d

    dx

      x

    (x2 + a)2

     =

       2

    m ·   x

    (x2 + a)3

    +∞−∞

    +  

    2

    m ·ˆ   +∞−∞

    dx  2x

    (x2 + a)4,

    logo

    ψα | H | ψα = 2 2

    m  ·ˆ   +∞−∞

    dx  2x

    (x2 + a)4 +

     1

    2mω2

    ˆ   +∞−∞

    dx  x2

    (x2 + a)2.

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

    38/44

    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    38

    Para resolver as integrais a seguir, usa-se a seguinte transformação

    x =√ 

    a tg(θ) =⇒   dx = √ a sec2(θ)dθ,

    assim

    ψα | H | ψα = 2 2

    m  ·  a√ a

    a4

    ˆ   +π/2

    −π/2

    tg2 θ · sec2 θsec8 θ

      dθ + 1

    2mω2 ·  a√ a

    a2

    ˆ   +π/2

    −π/2

    tg2 θ · sec2 θsec4 θ

      dθ

    =  2 2

    ma5/2

    ˆ   +π/2−π/2

    sen2 θ

    sec4 θdθ +

     1

    2mω2 ·   1

    a1/2

    ˆ   +π/2−π/2

    2sen θ dθ

    =  2 2

    ma5/2

    ˆ   +π/2−π/2

    (2sen θ · cos θ)24

      cos2 θ dθ + 1

    4mω2 ·   1

    a1/2

    ˆ   +π/2−π/2

    (1 − cos(2θ))  dθ

    =   

    2

    4ma5/2

    ˆ   +π/2−π/2

    2sen(2θ) (1 + cos(2θ))  dθ +

     1

    4mω2 ·   1

    a1/2 [π − 0]

    =    2

    4ma5/21

    2

    ˆ   +π/2−π/2

    (1 − cos(4θ))dθ + 12

    ˆ   +π/2−π/2

    2sen(2θ)d(sen(2θ)) + 14

    mω2 ·   πa1/2

    =   

    2

    8ma ·   π

    a3/2 +

     1

    4mω2 ·   π

    a1/2

    =

    1

    4 ·    

    2

    ma +

     1

    2mω2a

    ·   π

    2a3/2.

    Portanto,

    ψα

    = ψα | H | ψα

    ψα | ψα  =

    ψα

    (a) = 1

    4 ·   

    2

    ma

     + 1

    2

    mω2a.

    O mı́nimo da função H ψα (a) é obtido, derivando-se ela em relação a variável a e igualando-seo resultado a zero, assim

    d

    daH ψα (a)

    a=a0

    =

    −1

    4 ·    

    2

    ma2 +

     1

    2mω2

    a=a0

    = 0,

    logo

    a0 =

    √ 2

    2  ·    

    mω.

    Consequentemente

    H ψα (a0) =√ 

    2

    2  ·  ω

    Esse valor se desvia do resultado exato por

    H ψα (a0) −   12 ·  ω ω

      ≈√ 

    2 − 12

      ≈ 0.2 =⇒   20%

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    39

    1.7.4   Átomo de Hélio

    A seguir o método variacional será usado para determinar a energia do estado fundamental do

    átomo de Hélio. Note que ao escolher a função de onda tentativa, deve-se ter em mente o seguinte

    objetivo: deve-se escolher uma função tentativa que esteja muito próxima do estado exato do

    sistema desejado, para obter-se um bom valor médio para a energia 

     do estado desejado. Para

    o estado fundamental do átomo de hélio uma boa escolha é o estado fundamental do átomo de

    hidrogênio, dado por

    r | 1, 0, 01s =  1√ 

    π

    a0

    3/2e−Zr/a0 ,

    e a função de onda tentativa para o estado fundamental do átomo de hélio

    |ψ0 = |1, 0, 01 ⊗ |1, 0, 02 ,

    na qual os ı́ndices 1 e 2 referem-se aos dois elétrons.Para calcularmos E    = ψ0 | H | ψ0, é conveniente agrupar os termos do hamiltoniano da

    seguinte forma

    H  =  P212me

    +  P222me

    −   Ze2

    |R1| −  Ze2

    |R2|  +  e2

    |R1 − R2|

    =

      P212me

    − Z̃e2

    |R1| +  P222me

    − Z̃e2

    |R2|

    +

    ( Z̃ − Z )e2

    |R1|   + ( Z̃ − Z )e2

    |R2|

    +

      e2

    |R1 − R2|

    aqui introduziu-se o número atômico efetivo  Z̃   que é o parâmetro o qual irá minimizar a

    energia. Aqui o movimento do núcleo está sendo negligenciado,   me   é a massa do elétron e a

    seguinte convenção foi adotada

    e2 =  q 2

    4π0;   R1  = |R1|;   R2 = |R2|; e   R12  = |R1 − R2|.

    Para obtermos uma boa “função de onda tentativa”, note que, se o termo de interação e2/R12  não

    estiver presente, a função de onda do estado fundamental por será dada simplesmente pelo produto

    de duas funções de onda do estado fundamental do átomo de hidrogênio, com as respectivas funções

    R1  e  R2:

    r1, r2 | ψ0 = ψ0(r1, r2) = Z̃ 3

    πa30e−

     Z̃ 

    a0(r1+r2), a0 =

     4π0 2

    meq 2  =

       2

    mee2  .   (1.130)

    Não há um motivo pelo qual possa-se esperar que o termo  e2/R12   seja especialmente “pequeno”

    comparado com os outros termos, então uma aproximação via teoria de perturbação pode não

    funcionar bem aqui. Entretanto, a função de onda acima será usada no método variacional, e

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

    40/44

    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    40

    usaremos o  Z̃  como sendo o parâmetro variacional do problema, para obtermos um limite superior

    para a energia do estado fundamental do átomo de hélio.

    É necessário calcular o valor esperado de  H . A energia cinética de um elétron é:

    ψ0|  P2

    12me |ψ0 =

    ˆ (∞)

    d3(r1)Z̃ 3

    πa30e−

    ˜Zr1/a0

    P2

    12me e

    −˜Zr1/a0 × ˆ 

    (∞)d3(r2)

    Z̃ 3

    πa30e−2

     ˜Zr2/a0

    = −4π · Z̃ 3

    πa30·    

    2

    2me

    ˆ   +∞0

    r21e−Z̃r1/a0

     1

    r1

    ∂ 2

    ∂r21

    r1e

    −Z̃r1/a0

    dr1 × 1

    = −4 Z̃ 3

    a0·    

    2

    2mea20·ˆ   +∞0

    r21e−Z̃r1/a0

     1

    r1

    ∂ 

    ∂r1

    1 − Z̃ 

    a0r1

    e−Z̃r1/a0

    = −4 Z̃ 3

    a0· Ry ·

    ˆ   +∞0

    r1e−Z̃r1/a0

    − Z̃ 

    a0−

    1 − Z̃ a0

    r1

     Z̃ 

    a0

    e−Z̃r1/a0

    = 4 Z̃ 4

    a20 · Ry ·ˆ   +∞0

    r12 − Z̃ a0r1 e−2 ˜Zr1/a0Como, foi visto anteriormente que as integrais

    I (k, p) =

    ˆ   ∞0

    rk e− pr/a0 dr =  k! ·

    a0 p

    k+1

    logo

    ψ0|  P212me |ψ0 =

     4 Z̃ 4

    a20 · Ry · 2I (1, 2 Z̃ ) − Z̃ a0 I (2, 2 Z̃ )=

     4 Z̃ 4

    a20· Ry ·

    2

    a0

    2 Z̃ 

    2− Z̃ 

    a02

    a0

    2 Z̃ 

    3

    = 4 Z̃ 4

    a20· Ry · [2 − 1]

    a0

    2 Z̃ 

    2=  Z̃ 2 · Ry

    Aqui Ry   é o Rydberg efetivo, que é dado por

    Ry =  e2

    2a0=

       2

    2mea20=

     mee4

    2 2  =

     1

    2α2mec

    2 = 1

     c

    a0.

    A constante de estrutura fina α   é dada por

    α =  e2

     c =

      q 2

    4π0·   1 c

    ∼=   1137, 036

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    41

    Em termos da constante de estrutura fina, o raio de Bohr pode ser reescrito como

    a0 =   

    me·    

    e2  =

       

    αmec =

      1

    α ·    

    mec·

    Portanto,

    ψ0|   P212me

    +   P22

    2me|ψ0 = 2 Z̃ 2Ry =  Z̃ 2α2mec2.   (1.131)

    Similarmente tem-se que,

    ψ0| − Z̃e2

    |R1| |ψ0 = −ˆ (∞)

    d3(r1)Z̃ 3

    πa30e−Z̃r1/a0

    Z̃e2

    |R1|e−Z̃r1/a0 ×

    ˆ (∞)

    d3(r2)Z̃ 3

    πa30e−2

     Z̃r2/a0

    = −8Z̃ 4

    a20·   e

    2

    2a0·ˆ   ∞0

    r1 e−2 Z̃r1/a0 dr1

    =−

    8Z̃ 4

    a20 ·

    Ry·

    a0

    2 Z̃ 2

    = −2 Z̃ 2Ry

    Portanto, temos que calcular

    ψ0| ( Z̃ − Z )e2

    |R1|   |ψ0 =ˆ (∞)

    d3(r1)Z̃ 3

    πa30e−Z̃r1/a0

    ( Z̃ − Z )e2|R1|   e

    −Z̃r1/a0 ׈ (∞)

    d3(r2)Z̃ 3

    πa30e−2

     Z̃r2/a0

    = 8

    Z̃ 3( Z̃ 

    −Z )

    a20 ·  e2

    2a0 · ˆ   ∞

    0 r1 e

    −2 Z̃r1/a0

    dr1

    = 8Z̃ 3( Z̃ − Z )

    a20· Ry ·

    a0

    2 Z̃ 

    2= 2 Z̃ ( Z̃ − Z ) · Ry

    ψ0|

      P212me

    − Z̃e2

    |R1|  +  P222me

    − Z̃e2

    |R2|

    |ψ0 = 2 Z̃ 2Ry − 4 Z̃ 2Ry  = −2 Z̃ 2Ry   (1.132)

    ψ0|( Z̃ − Z )e2|R1|   + ( Z̃ − Z )e2|R2| |ψ0 = 4 Z̃ ( Z̃ − Z ) · Ry   (1.133)Portanto, falta calcular a “energia de interação” entre os dois elétrons, para a função de onda

    tentativa:

    ψ0|   e2

    R12|ψ0 = e2

    ˆ (∞)

    ˆ (∞)

    d3(r1)d3(r2)

     Z̃ 3

    πa30

    2e− 2

     Z̃ 

    a0(r1+r2)

    |r1 − r2|   .   (1.134)

    A seguir será feita uma integral, a qual será muito útil .

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    42

    Teorema 1.  Seja  u,  v, e  w  tr̂es n  ́umeros reais positivos (os quais também podem ser zero). Ent˜ ao

    I (u, v; x, x)   ≡ˆ (∞)

    d3(y)exp(−u|y − x| − v|y − x|)

    |y − x||y − x|

    =

      4π e−v∆ − e−u∆

    ∆(u2 − v2)   ,   (1.135)

    na qual  ∆ ≡ |x − x|.

    J (u,v,w)   ≡ˆ (∞)

    d3(x)

    ˆ (∞)

    d3(y)exp(−u|x| − v|y| − w|x − y|)

    |x||y||x − y|

    =  (4π)2

    (u + v)(v + w)(w + u).   (1.136)

    Proof.   A seguir é mostrado com determinar tal integralInicialmente considere que  z =  y − x, e que |z| = r. Então a seguinte troca de variáveis pode

    ser feita

    d3(y) → d3(z) = r2drd cos θdφ.   (1.137)

    Para simplificar a integração sobre os ângulos, considere, sem perdas de generalidade, que um dos

    eixos do sistema está direcionado ao longo do vetor  x − x:

    |y − x| = |z + x − x| =√ 

    r2 + ∆2 + 2r∆cos θ.   (1.138)

    Portanto,

    I (u, v; x, x) = 2π

    ˆ   ∞0

    re−urdr

    ˆ   1−1

    d cos θexp(−v√ r2 + ∆2 + 2r∆cos θ)√ 

    r2 + ∆2 + 2r∆cos θ.   (1.139)

    A integração sobrecos θ  resulta

    I (u, v; x, x) =  2π

    v∆

    ˆ   ∞0

    dre−ur

    e−v|r−∆| − e−v(r+∆) .   (1.140)Finalmente, integrando sobre  r   obt́em-se

    I (u, v; x, x) = 4π

    e−v∆ − e−u∆

    ∆(u2 − v2)   .   (1.141)

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

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    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    43

    Seja  x  = |x|, y  = |y|, logo escreva

    J (u,v,w) = 4π

    ˆ   ∞0

    x2dx 2π

    ˆ   ∞0

    y2dy

    ˆ   1−1

    d cos θ   (1.142)

    exp(−ux − vy − w 

    x2 + y2 − 2xy cos θ)

    xy x2 + y2 − 2xy cos θ.

    A integração procede similarmente a acima.

    Aplicando agora esse teorema ao nosso problema, temos

    ψ|   e2

    R12|ψ   =   e2

     Z̃ 3

    πa30

    2 ˆ (∞)

    ˆ (∞)

    d3(x)d3(y)e− 2

     Z̃ 

    a0(|x|+|y|)

    |x − y|

    =   e2

     Z̃ 3

    πa30

    2∂ u∂ vJ (u = 2 Z̃/a0, v = 2 Z̃/a0, 0) (1.143)

    =  5

    4Z̃Ry.   (1.144)

    Portanto,

    ψ| H |ψ =−2 Z̃ 2 + 4 Z̃ ( Z̃ − Z ) + 5

    4Z̃ 

    · Ry.

    =

    2 Z̃ 2 − 4 Z̃Z  + 5

    4Z̃ 

    · Ry

    Para determinar o mı́nimo, deve-se

    ∂ 

    ∂  Z̃ ψ| H |ψ =

    4 Z̃ − 4Z  +  5

    4

    · Ry = 0 =⇒   Z̃  = Z −   5

    16,

    mas como  Z  = 2, então segue que

    Z̃  = 2 −   516

     = 27

    16.

    Portanto, o mı́nimo está em  Z̃  = 27/16. Logo

    ψ| H |ψmin|Z̃ =27/16  = 2 Z̃ ( Z̃ − 2Z ) + 54Z̃  · Ry=  Z̃ 

    2( Z̃ − 2Z ) + 5

    4

    · Ry

    = 27

    16

    2(

    27

    16 − 4) + 5

    4

    · Ry

    = −77.04 eV.

  • 8/19/2019 Notas de Mecânica Quântica: Teoria de Perturbação Independente do Tempo

    44/44

    CHAPTER 1. TEORIA DE PERTURBAÇ ˜ AO INDEPENDENTE DO TEMPO    44

    Experimentalmente, a energia do estado fundamental do átomo de hélio, da primeira e segunda

    energias de ionização, é

    E 0  = −(24.59 + 54.41) = −79.00 eV.   (1.145)

    O valor obtido pelo método variacional com a função tentativa do átomo de hidrogênio está 2.5%

    acima do resultado experimental. Cálculos variacionais mais cuidadosos, com melhores funções

    tentativa, fornecem valores mais próximos do resultado experimental. Note que o melhor valor

    obtido para o número atômico efetivo foi  Z̃   = 27/16 em vez de  Z̃   =  Z   = 2. Isso sugere que o

    núcleo blinda um elétron em relação ao outro, o que reduz a carga efetiva para   516

    e.