notas de belegür

2
Notas de Belegür acerca dos relatos históricos da família Grimaldi: Dos cinco livros sobre a nobre família Grimaldi, com seus mais de quatro mil pergaminhos, eu fiquei relegado a um relato de apenas duas páginas após enfadonhos relatos que pareciam não ter fim sobre meus pais e irmão, mesmo sendo minha mãe uma traidora da família e condenada a forca e meu irmão um desertor. Meu avô, Dragomir, nunca conheci, dizem que conseguia ser mais cruel que meu pai, que por sua vez já recebera o título de “O Terrível”, muito bem merecido, isso posso ratificar. A verdade é que o matrimonio de meus pais foram apenas negócios. Para fortalecer a família Grimaldi, Dario, meu pai, conseguira arquitetar o casamento com minha mãe, uma conhecida Clériga de Kossuth, conseguindo maior apoio e poder para a família Grimaldi. Desde criança percebia que aquela casa, aquele ambiente, não era do agrado de minha mãe, que ela estava ali não por autonomia de sua vontade. “Infância solitária, porém repleta de ensinamentos”? Fui feito um verdadeiro prisioneiro durante anos de minha vida, sendo obrigado a ler intermináveis livros com intervalos em que meu pai me espancava enquanto vangloriava seu outro filho. A única coisa que me separava do meu pai vil era minha mãe, que não ficou lá para me proteger por muito tempo, abandonou-me, mas eu a perdoo, não sei por que, mas a perdoo. Não tive contato com meu irmão, isso é verdade, mas os poucos que tive foram o suficiente para não os terem desejado por mais vezes, aquele odioso, ele ainda me chamará de senhor e se curvará. O maldito ainda conseguia ser mais narcisista que o nosso pai, enaltecendo-se por ter ingressado ainda jovem nos Círculos dos Magos Vermelhos de Thay. A verdade é que nunca quis participar dos Círculos e toda vez que tentava explicar isso para meu pai conseguia algumas dezenas de chicotadas pela minha insolência. Mantinha meus estudos sobre necromancia sozinho e via essas artes como um caminho a ser seguido pelos demais magos de Thay. Meu pai, apesar do desprezo que sentia por mim, acabou por me escutar quando eu tinha treze anos e propôs aos demais Magos Vermelhos que Thay deveria se especializar em necromancia e, com um exército incansável, leal e infinito, poderia conquistar novos territórios. Sua ideia foi erradicada pelos demais Magos Vermelhos, inclusive por seu filho, meu irmão, Melegor, sendo defendida apenas por Szass Tam. É claro que os demais Magos Vermelhos temem a ascensão de Szass Tam, mais isso já é inevitável. Em razão disso, houve a ruptura entre meu pai e irmão, abrindo espaço para que eu pudesse construir meu futuro. Após minha educação como Clérigo ter sido completada, recebi uma tarefa dos próprios Magos Vermelhos, como representante da Casa Grimaldi, o verdadeiro teor desse trabalho não será revelado nessas páginas, mas há um ponto salutar a ser registrado. Com o Império de Thay buscando aumentar sua influência

Upload: gustavo-henrique

Post on 14-Aug-2015

29 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Notas de Belegür

Notas de Belegür acerca dos relatos históricos da família Grimaldi:

Dos cinco livros sobre a nobre família Grimaldi, com seus mais de quatro mil pergaminhos, eu fiquei relegado a um relato de apenas duas páginas após enfadonhos relatos que pareciam não ter fim sobre meus pais e irmão, mesmo sendo minha mãe uma traidora da família e condenada a forca e meu irmão um desertor.

Meu avô, Dragomir, nunca conheci, dizem que conseguia ser mais cruel que meu pai, que por sua vez já recebera o título de “O Terrível”, muito bem merecido, isso posso ratificar.

A verdade é que o matrimonio de meus pais foram apenas negócios. Para fortalecer a família Grimaldi, Dario, meu pai, conseguira arquitetar o casamento com minha mãe, uma conhecida Clériga de Kossuth, conseguindo maior apoio e poder para a família Grimaldi. Desde criança percebia que aquela casa, aquele ambiente, não era do agrado de minha mãe, que ela estava ali não por autonomia de sua vontade.

“Infância solitária, porém repleta de ensinamentos”? Fui feito um verdadeiro prisioneiro durante anos de minha vida, sendo obrigado a ler intermináveis livros com intervalos em que meu pai me espancava enquanto vangloriava seu outro filho. A única coisa que me separava do meu pai vil era minha mãe, que não ficou lá para me proteger por muito tempo, abandonou-me, mas eu a perdoo, não sei por que, mas a perdoo.

Não tive contato com meu irmão, isso é verdade, mas os poucos que tive foram o suficiente para não os terem desejado por mais vezes, aquele odioso, ele ainda me chamará de senhor e se curvará. O maldito ainda conseguia ser mais narcisista que o nosso pai, enaltecendo-se por ter ingressado ainda jovem nos Círculos dos Magos Vermelhos de Thay.

A verdade é que nunca quis participar dos Círculos e toda vez que tentava explicar isso para meu pai conseguia algumas dezenas de chicotadas pela minha insolência. Mantinha meus estudos sobre necromancia sozinho e via essas artes como um caminho a ser seguido pelos demais magos de Thay.

Meu pai, apesar do desprezo que sentia por mim, acabou por me escutar quando eu tinha treze anos e propôs aos demais Magos Vermelhos que Thay deveria se especializar em necromancia e, com um exército incansável, leal e infinito, poderia conquistar novos territórios. Sua ideia foi erradicada pelos demais Magos Vermelhos, inclusive por seu filho, meu irmão, Melegor, sendo defendida apenas por Szass Tam. É claro que os demais Magos Vermelhos temem a ascensão de Szass Tam, mais isso já é inevitável. Em razão disso, houve a ruptura entre meu pai e irmão, abrindo espaço para que eu pudesse construir meu futuro.

Após minha educação como Clérigo ter sido completada, recebi uma tarefa dos próprios Magos Vermelhos, como representante da Casa Grimaldi, o verdadeiro teor desse trabalho não será revelado nessas páginas, mas há um ponto salutar a ser registrado. Com o Império de Thay buscando aumentar sua influência

Page 2: Notas de Belegür

econômica em Faerun, informações sobre as demais regiões passam a ser muito valiosas, assim, são enviados jovens estudantes em busca de prestígio para regiões longínquas com o bojo de colherem conhecimentos úteis para Thay. Dessa forma, os Magos Vermelhos gastam menos com esses desbravadores e já selecionam os mais fortes, já que a grande maioria não irá sobreviver a essa jornada.

No entanto, o meu caso foi diferente. Sendo um nobre, com um Mago Vermelho como patrono, foi determinado que apenas um tivesse a oportunidade de adentrar nos Círculos de Iniciação, vaga que será disputada por mim e Novak Krasnyî, um detestável Clérigo da região de Pyrados, que tem como patrono algum Mago Vermelho idiota da Escola de Encantamento, amigo de Melegor.

Minha intenção não é se tornar um Mago Vermelho de Thay, mas sim ter acesso ao conhecimento guardado por esses tolos magos, além de que, matando Novak, irei humilhar meu irmão Melegor e poderei assumir o controle da família Grimaldi e usar todos os seus recursos para meus objetivos pessoais.

Aqui estou escrevendo essas notas de memórias que algum dia serão uma fonte histórica valiosa para toda Thay, enquanto aguardo minha esperada viagem ao desconhecido, mas antes disso recebo uma informação: meu odioso irmão partiu de Thay, foi enviado para alguma tarefa a longo prazo, tomara que eu não o encontre no caminho, pois com certeza ele irá tirar minha vida com prazer. Não estou preparado agora, ainda levará tempo para que eu tenha poder para sobrepuja-lo, mas tempo não será problema para quem busca a imortalidade.

Além disso, meus pensamentos são tomados por outra informação que recebi há duas semanas, algo que meu pai não sabe...

Belegür Gorthaur Grimaldi, filho de Dario Grimaldi

Clérigo de Velsharoon e único herdeiro da família Grimaldi