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1 Notas de aulas de Sistemas de Transportes (parte 2) Helio Marcos Fernandes Viana Tema: Análise de sistemas de transporte Conteúdo da parte 2 1 Introdução 2 Metodologia para análise de sistemas de transporte 3 O plano para o sistema de transporte 4 Aspectos energéticos relacionados aos modos de transporte

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Notas de aulas de Sistemas de Transportes (parte 2)

Helio Marcos Fernandes Viana

Tema:

Análise de sistemas de transporte

Conteúdo da parte 2

1 Introdução

2 Metodologia para análise de sistemas de transporte

3 O plano para o sistema de transporte

4 Aspectos energéticos relacionados aos modos de transporte

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1 Introdução

A seguir serão apresentados alguns conceitos relacionados a sistemas, os quais são utilizados em problemas em geral, inclusive em problemas de transporte. 1.1 Definições i) Sistema

Sistema é um conjunto de partes que se interagem de acordo com um plano ou princípio, de modo a atingir um determinado fim. ii) Enfoque sistêmico

O enfoque sistêmico é um processo de análise no qual SE PROCURA DISCIPLINAR (através do raciocínio lógico e de uma análise formal do problema): O BOM SENSO e A INTUIÇÃO. O enfoque sistêmico é caracterizado, pelos seguintes elementos: -> Por uma análise do problema como um todo; -> Pela preocupação com as interfaces, entre as diversas partes do problema; -> Pela reunião de equipes interdisciplinares; -> Pelo estabelecimento de uma linguagem comum entre os diversos especialistas (ou pelo uso de normas); -> Pela avaliação permanente; e -> Pela iteração (ou repetição) permanente. OBS. Muitas vezes, o problema que esta sendo analisado muda uma de suas partes e precisa ser redimensionado. Assim sendo, o redimensionamento do problema caracteriza a iteração (ou repetição) iii) Elementos relacionados ao conceito de sistemas Os principais elementos relacionados ao conceito de sistemas são: a) O meio ambiente; b) A entrada (ou os recursos, ou os insumos); c) A saída (ou os resultados); d) A retro-alimentação (ou o controle); e e) O modelo. a) O meio ambiente de um sistema O meio ambiente de um sistema é o conjunto de todos objetos, que não fazem parte do sistema em questão, mas que exercem alguma influência na operação (ou comportamento) do sistema.

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b) Entrada do sistema (ou recursos ou insumos)

A saída do sistema são os resultados (ou os produtos) do processamento das informações, que foram fornecidas ao sistema através da entrada do sistema. c) Saída do sistema (ou resultados ou produtos) A saída do sistema são os resultados (ou os produtos) do processamento das informações provenientes da entrada (ou dos recursos). d) Retro-alimentação do sistema (ou controle) A retro-alimentação é um procedimento que permite ajustar ou modificar o sistema, através da utilização dos dados de saída (ou resultados) do próprio sistema. e) Modelo do sistema O modelo é utilizado para representar o sistema. OBS. Os aspectos relacionados aos modelos serão discutido em detalhes a seguir. iv) Sistema de TRANSPORTES

Sistema de transportes é um conjunto de partes (por exemplo: veículos, vias, terminais, etc.,) que se interagem de modo a promover o deslocamento de pessoas e mercadorias, de acordo com: a) A vontade dos usuários; b) A programação dos operadores; e c) As regras estabelecidas. A Figura 1.1 ilustra o sistema de transportes, com a entrada do sistema (ou insumos) e a saída do sistema (ou produtos). Observa-se na Figura 1.1 que os elementos contidos no retângulo (vias, terminais, veículos, etc.) constituem o sistema de transportes.

Figura 1.1 - Sistema de transportes, com a entrada do sistema (ou insumos) e a

saída do sistema (ou produtos)

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v) O ambiente (ou meio ambiente) do sistema de TRANSPORTE

O ambiente do sistema de transporte é constituído pelos elementos externos ao sistema de transporte, ou seja: a) Pelos elementos da entrada do sistema de transporte (ou insumos) Por exemplo: número de pessoas transportadas, peso das mercadorias transportadas, custo do combustível, custo da mão de obra, etc. b) Pelos elementos de saída do sistema de transporte (ou produtos) Por exemplo: pessoas e mercadorias transportadas em tempo aceitável, fumaças, ruídos, gás carbônico, etc. OBS.

Embora, o clima não seja considerado diretamente como sendo ambiente do sistema, ele pode exercer influência no número de pessoas transportadas pelo sistema. Por exemplo: O número de pessoas que utilizam o sistema de transporte nos dias de chuva é menor. vi) Aspectos relacionados aos modelos Utilidade dos modelos Os modelos são utilizados para representar os sistemas. O modelo é uma representação simplificada de um sistema, cujo objetivo é facilitar a análise e/ou projeto do sistema. Assim sendo, o modelo é usado por 2 (duas) razões básicas: a) Porque o modelo torna mais fácil o estudo do sistema; e b) Porque é impossível levar em conta todas as características e aspectos da realidade, que influenciam no sistema de transporte. Construção dos modelos A construção de um modelo é baseada em informações obtidas da realidade, através de observações e/ou medidas. Por exemplo:

O modelo tensão-deformação, eq. (1.1), permite a determinação da deformação do material a partir da tensão atuante no mesmo, contudo é necessário determinar através de medições no laboratório o módulo de elasticidade do material. (1.1)

E

a

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em que:

= deformação;

a = tensão axial; e E = módulo de elasticidade. Vantagem (ou benefícios) dos modelos A principal vantagem ou benefício dos modelos é que eles permitem simulações e/ou estudos de situações futuras ou que ainda não existem na vida real. Por exemplo: Uma vez definido o módulo de elasticidade do modelo tensão-deformação (eq. 1.1), é possível determinar a deformação para diversas tensões, até para tensões não usuais (muito grades). O modelo e o analista de sistema Para um analista de sistema, o modelo do sistema deverá ser constantemente confrontado com a realidade; Ou seja, sempre é verificado se as respostas do modelo correspondem ao que ocorre na realidade. Sabe-se que um modelo é bom, quando as previsões ou respostas fornecidas pelo modelo são próximas ao que ocorre na vida real. 1.2 Enfoque sistêmico aplicado à análise e ao planejamento de sistemas de transportes A análise de sistemas de transporte feita por meio de um ENFOQUE SISTÊMICO é uma análise lógica e coordenada de cada uma das unidades que forma o sistema de transporte.

A Figura 1.2 ilustra o fluxograma de um enfoque sistêmico, que é utilizado no processo de seleção de planos, programas e projetos de transportes.

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Figura 1.2 - Fluxograma de um enfoque sistêmico, que é utilizado no processo

de seleção de planos, programas e projetos de transportes

Observa-se no fluxograma do enfoque sistêmico da Figura 1.2 que: i) Primeiro: O Fluxograma do enfoque sistêmico é dividido em 7 (sete) passos bem definidos, os quais são: A (definição do problema), B (definição de objetivos), C (requisitos para solução), D (Geração der alternativas), E (critério de avaliação), F (avaliação de alternativas) e G (seleção da melhor alternativa). ii) Segundo: Após a avaliação das alternativas, que corresponde ao passo F, ainda é possível através da retro-alimentação (5) realizar as seguintes atividades: a) Definir novos problemas, através do vetor (1); b) Estabelecer novos requisitos (ou elementos) parta solução de problemas, através do vetor (2); c) Gerar novas alternativas para solução de problemas, através do vetor (3); e d) Influenciar na avaliação de alternativas, através do vetor (4).

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1.3 As 3 (três) etapas básicas de uma análise de sistemas de transporte A análise de sistemas de transporte pode ser realizada em 3 (três) etapas básicas, as quais são: i) Primeira etapa A primeira etapa apresenta as seguintes características: a) Diagnóstico (ou determinação) da situação atual do sistema de transporte existente; b) Diagnóstico (ou determinação) da possível situação do sistema de transporte no futuro; c) Definição dos problemas do sistema de transporte existentes no presente; d) Definição dos problemas do sistema de transporte que poderão ocorrer no futuro; e; e) Definição dos objetivos a serem alcançados. ii) Segunda etapa A segunda etapa de uma análise de sistemas de transporte apresenta as seguintes características: a) Estudo de planos, programas ou projetos alternativos, os quais são utilizados para serem alcançados os objetivos; b) Estimativa dos custos das estratégias (ou táticas) para solução dos problemas; e c) Estimativa dos benefícios das estratégias (ou táticas) de solução para solução dos problemas. iii) Terceira etapa A terceira etapa de uma análise de sistemas de transporte apresenta as seguintes características: a) Definição dos melhores planos, programas e projetos, que serão usados para serem alcançados os objetivos; e b) Análise dos impactos (econômicos, sociais, ambientais, etc.) relacionados a tomada de decisão. OBS(s). -> Um sistema de transporte eficiente deverá apresentar aos seus usuários: segurança, conforto, pontualidade, preço acessível e rapidez. Portanto, o sistema de transporte deve ser analisado focando sempre estes objetivos; -> É importante que um sistema de transporte seja bem utilizado para propiciar a sociedade o máximo de benefícios (Por exemplo: Ônibus muito vazios evidenciam mal dimensionamento do sistema, e pode gerar altas tarifas); e -> É necessário dar ênfase ao diagnóstico (ou determinação) dos possíveis problemas a serem superados com o sistema de transporte a ser implantado.

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2 Metodologia para análise de sistemas de transporte

A análise de sistemas de transporte pode ser detalhada em 12 (doze) passos principais. Além disso, os 12 (doze) passos para análise de sistemas de transporte são inter-relacionados.

Os 12 (doze) passos da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente) são organizados na seguinte sequência lógica: 1.o) Inventário; 2.o) Diagnóstico; 3.o) Definição de políticas, objetivos e critérios; 4.o) Análise institucional e financeira; 5.o) Análise de demanda; 6.o) Análise de oferta; 7.o) Melhoramentos operacionais e de capital; 8.o) Previsão de movimentos interzonais; 9.o) Análise da escolha do futuro modo de transporte; 10.o) Identificação de futura deficiência de transporte; 11.o) Geração, análise e avaliação das alternativas para os “corredores críticos”; e 12.o) Geração, análise e avaliação de alternativas para o sistema de transporte. 2.1 Inventário (ou registro)

O inventário é a primeira fase da análise de um sistema de transporte, a ser implantado ou existente, e corresponde a: -> Coleta de dados;

-> Estudos e planos sobre o sistema a ser implantado ou existente; e -> Estudos e planos para o sistema a ser implantado ou existente.

Por exemplo: Os dados indicam que o terminal principal do sistema de transporte não poderá ser na região central da cidade, pois nesta região o tráfego intenso. O sistema de transporte atual possui os ônibus com idade média de 20 anos, este é um estudo sobre o tipo de veículo do sistema de transporte atual. Os ônibus do sistema deverão consumir álcool, porque o sistema de transporte está próximo a uma usina de álcool, este e um plano para o sistema de transporte a ser implantado.

O inventário é composto de várias informações, entre as quais: a) Dados sobre o tráfego e infra-estruturas existentes; b) Políticas e objetivos do setor de transportes; c) Dados sócio-econômicos da população; d) Tecnologias disponíveis para o sistema de transportes; e e) Etc.

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2.2 Diagnóstico

O diagnóstico é uma fase de suma importância na análise de sistemas de transporte, pois qualquer decisão de intervir ou não no sistema de transporte é baseada no diagnóstico.

A fase de diagnóstico apresenta as seguintes características: a) Representa o estudo do funcionamento do sistema de transporte atual; b) Define os obstáculos existentes, que podem ser eliminados para a melhoria do sistema de transporte atual; c) Define os locais onde efetuar as possíveis melhorias no sistema de transporte; d) Define o nível de esforço a ser dedicado a um problema específico; e e) É uma fase que ajuda a estabelecer consenso (ou entendimento) entre os políticos e os técnicos, uma vez que são apresentados claramente os problemas do sistema de transporte. (*) Por exemplo: Os técnicos provam aos políticos, que os custos do sistema de transporte impede a existência de tarifas ao preço de R$ 1,00. f) Etc. 2.3 Definição de políticas, objetivos e critérios A fase de definição de políticas, objetivos e critérios apresenta as seguintes características: a) É a fase da priorização dos problemas identificados na fase de diagnóstico. A priorização dos problemas é feita com base nos custos e nos critérios. (*) Por exemplo: Têm-se os seguintes critérios de prioridade para solução de problemas do sistema de transporte: 1.o Critério é o critério da segurança Inicialmente, serão solucionados os problemas para deixar o sistema mais seguro. 2.o Critério é o critério da pontualidade Nesta fase, serão solucionados os problemas para deixar o sistema pontual. b) É a fase da definição de políticas e objetivos para solucionar problemas que foram identificados no diagnóstico. (*) Por exemplo: i) A política do sistema de transporte é: proporcionar um transporte que polui pouco, por isso a maioria dos ônibus do sistema tem motor elétrico; e ii) O objetivo do sistema de transporte é: proporcionar uma tarifa acessível para quem ganha até 1 (um) salário mínimo.

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2.4 Análise institucional e financeira

Esta é a quarta fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente). i) A análise institucional

A análise institucional consiste em: a) Identificar as principais atividades de transporte que o setor público está envolvido; b) Fazer uma análise das leis, que se relacionam a oferta do serviço de transporte; c) Identificar os motivos pelos quais as leis não estão sendo aplicadas no serviço de transporte; e d) Etc. ii) Análise financeira A análise financeira consiste em: a) Determinar as fontes de financiamento público ou privado para o sistema de transportes; b) Analisar o impacto de cada tipo de financiamento sobre o possível usuário; c) Determinar a quantia ou forma de subsídio; e (*) Por exemplo: 5% do valor da passagem do público geral será cobrado para subsidiar os idosos, que não pagam passagem. d) Etc. 2.5 Análise da demanda por transporte A análise da demanda por transporte é a quinta fase da análise de um sistema de transportes, e apresenta as seguintes características: a) Uma análise da demanda atual por serviços de transporte; b) Uma análise da demanda futura por serviços de transporte; c) Uma divisão da área de estudo da demanda em zonas de tráfego; d) A determinação do fluxo de mercadoria em cada zona de tráfego; e e) A determinação do número de pessoas que entram e saem das zonas de tráfego; f) Etc. OBS(s). a) Como exemplo de zonas de tráfego tem-se os bairros de uma cidade; e b) A demanda por transporte será estudada, em detalhes, em aula futura

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2.6 Análise de oferta de transporte A fase de análise de oferta de transporte é a sexta fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente), e apresenta as seguintes características: a) O desempenho do sistema de transporte é medido, em termos do nível de serviço e do custo aos usuários; b) A oferta de transporte é apresentada para permitir comparações com a demanda prevista por transporte; c) São analisados os custos, financeiros e não financeiros, do sistema de transporte para os NÃO USUÁRIOS; (*) Por exemplo: A oferta de ônibus no cetro da cidade, com o novo sistema, causará desemprego a muitos taxistas (não usuários) que atuam no cetro. d) Etc. 2.7 Previsão de movimentos interzonais Esta é a sétima fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente). A previsão de movimentos interzonais, de cargas ou de passageiros, na rede de transporte será realizada como se segue: 1.o) No caso de transporte de mercadorias, os movimentos (ou fluxos) interzonais são estimados em função dos excedentes e déficits de cada classe (ou tipo) de mercadoria. (*) Por exemplo: O peso de carne (em toneladas), que faltou no mês de abril no frigorífico da empresa Pantanal em São Paulo, indica que a quantidade de viagens de caminhão frigorífico entre o matadouro de Grama Alta-MS e o frigorífico Pantanal em São Paulo-SP no mês de maio deverá ser maior para suprir a demanda do mercado. 2.o) No caso de transporte de passageiros, os movimentos (ou fluxos) interzonais são estimados em função: a) Das características sócio-ecônomicas dos habitantes de cada zona;

b) Das características da oferta de transporte interzonais; e (*) Por exemplo: Se o preço do transporte é baixo a movimentação de passageiros interzonal (ou entre os bairros) tende a ser maior. c) Etc.

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2.8 Melhoramento operacional e de capital

Esta e a oitava fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente).

Os grandes projetos de transportes, como rodovias, ferrovias, aeroportos, etc., requerem elevado investimento. Portanto, é importante MAXIMIZAR o uso dos componentes do sistema de transporte existente; Ou seja, maximizar o uso dos terminais, dos veículos, das estradas, etc., através do MELHORAMENTO OPERACIONAL.

O MELHORAMENTO OPERACIONAL está relacionado com: a) Práticas gerenciais modernas e eficientes; e com

b) O MELHORAMENTO DE CAPITAL ou melhoria dos componentes físicos; Ou seja, melhoria das estradas, portos, aeroportos, frota de veículos, etc.

Por exemplo: O MELHORAMENTO OPERACIONAL do sistema de transporte através da operação tapa-buracos permite diminuir o gasto com peças quebradas; Portanto, promove a MAXIMIZAÇÃO do uso dos veículos. 2.9 Análise da escolha do futuro modo de transporte (ou Futura opção modal)

Esta é a nona fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente).

O objetivo desta fase é mais voltado para análise da capacidade potencial de novos modos (ou tipos) de transporte. (*) Por exemplo: É feito um estudo da viabilidade de uma linha norte-sul de metrô numa cidade de 2 milhões de habitantes.

A análise da escolha do FUTURO MODO DE TRANSPORTE é caracterizada por: a) Estimar as proporções de passageiros e mercadorias, que provavelmente serão atraídas pelo novo modo de transporte; b) Caracterizar os movimentos (ou fluxos) de passageiros e mercadorias interzonais; (*) Por exemplo: Caracterizar o fluxo diário de passageiros da zona sul de São Paulo para zona central de São Paulo com a nova linha de metrô. c) Analisar os impactos econômicos, sociais, ambientais, etc., da nova opção modal (ou de transporte); e d) Etc.

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2.10 Análise de futura deficiência de transporte

Esta é a décima fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente).

As futuras deficiências de transporte podem ser identificas analisando o desempenho do atual sistema, e analisando a demanda que provavelmente ocorrerá no futuro.

O estudo da identificação de futura deficiência de transporte apresenta as seguintes características: a) Realização de uma análise supondo que nenhuma infra-estrutura de transporte será criada para aliviar a demanda futura; b) Realização de uma análise do desempenho do sistema de transporte considerando melhorias operacionais; OBS. Como exemplo de melhorias operacionais pode-se citar: aumento de terminais, uso de veículos articulados, uso de faixas exclusivas para ônibus, etc. c) Definição dos custos relacionados aos melhoramentos operacionais previstos; d) Definição dos “corredores críticos”; e e) Etc. OBS. “Corredores críticos” são pistas ou faixas de trânsito usadas exclusivamente para o transporte público (ou ônibus), onde se encontram problemas, por exemplo: faixas com excesso de tráfego. 2.11 Geração, análise e avaliação de alternativas para “corredores críticos”

Esta é a penúltima fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente).

Os corredores alternativos devem ser analisados, apenas onde existir sérios problemas ou deficiências, ou seja, onde existir “corredores críticos”. OBS. Corredores alternativos são novas rotas com faixas exclusivas para ônibus.

A fase de geração, análise e avaliação de alternativas (ou soluções) para “corredores críticos” apresenta as seguintes características: a) Ordenação dos corredores existentes (ou faixas existentes exclusiva para ônibus), de acordo com sua importância; b) Geração de alternativas (ou soluções) para os “corredores críticos”, onde serão considerados os diferentes meios de transportes existentes; Por exemplo: metrô e ônibus articulados; e c) Análise dos custos, benefícios, e restrições de cada uma das alternativas (ou soluções) para os “corredores críticos”.

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Destaca-se que para cada alternativa (ou solução) para os “corredores críticos” deve-se analisar detalhadamente os seguintes elementos: a) Custos de capital Ou seja, deve ser estimado para cada alternativa em substituição ao corredor crítico, os custos dos terminais, da frota, do melhoramento das avenidas, etc. b) Custo de manutenção, de conservação, e custo operacional Por exemplo: deve ser estimado estimar para cada alternativa em substituição ao corredor crítico, os custos de manutenção, de conservação, e custo operacional da frota de veículos. c) Receitas Ou seja, deve ser estimado para cada alternativa em substituição ao corredor crítico, as receitas (ou lucros) que poderão ser arrecadas dos usuários do sistema de transporte. d) Benefícios ao desenvolvimento nacional e regional

Por exemplo: Se o “corredor crítico” for relacionado a uma rodovia saturada (ou carregada) com o tráfego; Então, a solução ou alternativa poderá ser a abertura de uma nova rodovia (ou novo corredor), que causará o desenvolvimento de uma nova região. e) Impacto de uso do solo Por exemplo: Se for aberto um novo corredor de ônibus em substituição ao “corredor crítico”; Então, a região onde foi aberto o novo corredor pode ter um grade povoamento incentivado pela facilidade de transporte; Ou seja, o solo de uma região, antes pouco habitado, passará a ser muito habitado. f) Impactos ambientais

Por exemplo: Se for aberto um novo corredor de ônibus em substituição ao “corredor crítico”; Então, a poluição do ar na região do “corredor crítico” será menor, pois o tráfego de ônibus no “corredor crítico” será menor. g) Qualidade do serviço Por exemplo: Se for aberto um novo corredor em substituição ao “corredor crítico; Então, o tráfego de veículos no novo corredor poderá ser mais rápido, o que poderá DIMINUIR O TEMPO DE VIAGEM para o usuário, o seja, o serviço de transporte será melhor.

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h) Segurança Ou seja, é importante verificar se o novo corredor, que será aberto em substituição ao “corredor crítico”, possui condições seguras para o tráfego de ônibus, isto é, ruas largas e bem sinalizadas. i) Características das mercadorias transportadas no novo corredor Por exemplo: A Avenida X, que se localiza próximo ao porto, pode não ser uma boa opção para substituir um corredor crítico, pois na época da safra da soja Avenida X fica saturada de caminhões com soja. j) Características do transporte de passageiros Ou seja, deve ser estimado para o novo corredor (ou corredor alternativo) usado para substituir o corredor crítico os seguintes elementos: -> O tempo de viagem pelo novo corredor; -> A variação de passageiro que ocorre nos horários de pico (ou alta demanda); -> O acesso de pessoas ao transporte público, levando-se em conta a renda familiar; e -> Etc. 2.12 Geração, análise e avaliação de alternativas para o sistema de transporte

Esta é a última fase da análise de um sistema de transporte (a ser implantado ou existente).

Na etapa de geração, análise e avaliação de alternativas (ou soluções) para o sistema de transportes são considerados os aspectos já descritos no item 2.11, os quais são: a) Custos de capital; b) Custo de manutenção, de conservação, e custo operacional; c) Receitas; d) Benefícios ao desenvolvimento nacional e regional; e) Impacto de uso do solo; f) Impactos ambientais; g) Qualidade do serviço; h) Segurança para os passageiros em novos corredores; i) Características das mercadorias transportadas no novo corredor; e j) Características do transporte de passageiros. E ainda, acrescenta-se mais os seguintes aspectos: Para fins de geração, análise e avaliação de alternativas (ou soluções) para o sistema de transportes são considerados os aspectos já descritos no item 2.11, os quais são:

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a) Custos de capital; b) Custo de manutenção, de conservação, e custo operacional; c) Receitas; d) Benefícios ao desenvolvimento nacional e regional; e) Impacto de uso do solo; f) Impactos ambientais; g) Qualidade do serviço; h) Segurança; i) Características das mercadorias; e j) Características do transporte de passageiros. E ainda, acrescenta-se mais os seguintes aspectos: l) Fontes de financiamento

Ou seja, deve-se analisa para cada alternativa (ou solução) proposta para o sistema de transporte (a ser implantado ou existente), as fontes potenciais de financiamento. m) Impactos do sistema de transporte sobre as instituições Ou seja, são indicados os impactos do sistema de transporte (a ser implantado ou existente) sobre as instituições que têm responsabilidades operacional, gerencial e de planejamento. Por exemplo: O novo sistema de transporte municipal requer que a prefeitura coloque o tráfego na Avenida WX em um único sentido. n) Relações políticas institucionais

Ou seja, são indicados os apoios e as oposições com relação às alternativas (ou soluções) para o sistema de transporte (a ser implantado ou existente). Por exemplo: Os moradores de Ouro Preto-MG não querem que a histórica Praça Tiradentes seja usada como estação de ônibus urbanos.

A Figura 2.1 mostra a praça histórica Tiradentes onde se localiza o Museu da Inconfidência no centro cidade de Ouro Preto-MG, a qual é visitada por turistas do Brasil e do mundo.

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Figura 2.1 - Praça histórica Tiradentes onde se localiza o Museu da

Inconfidência no centro cidade de Ouro Preto-MG o) Estudos especiais

Por exemplo: Para o novo sistema de transporte, a ser implantado, deverá ser feito um estudo para verificar a possibilidade da utilização de um transporte multimodal, ou seja, ônibus e metrô. p) Informações estratégicas Por exemplo: Apresentação de informações que serão úteis para o projeto do novo sistema de transporte, tais como: definição dos locais disponíveis para terminais, e definição do número atual de usuários do sistema de transportes. q) Análises estratégicas Por exemplo: Para o novo sistema de transporte, a ser implantado, deverá ser feita uma análise da demanda futura por transporte de passageiros e/ou carga.

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3 O plano para o sistema de transporte

O plano para a implantação de um sistema de transporte apresenta as seguintes características: a) Primeiramente, o plano é resultado da análise de um sistema de transporte (como descrito anteriormente); b) O plano possui um conjunto de documentos que direcionam: -> Os investimentos; e -> O desenvolvimento geral do sistema de transporte. c) O plano possui longo prazo para sua implantação; d) O plano não estabelece um cronograma rígido; Ao invés disso, apresenta uma lista de projetos prioritários; e) O plano deve considerar metas: sociais, econômicas, políticas e ambientais, para a região ou para o país; e f) Finalmente, o plano não deve ser visto como o término do processo de planejamento, pois o planejamento do sistema de transporte é um processo contínuo.

A seguir são descritos os documentos que deverão compor o plano para o sistema de transporte i) Caderno com definição de políticas, objetivos e critérios O objetivo deste documento é dirigir e avaliar os futuros projetos, que podem interferir no plano para o sistema de transporte. OBS. A definição de políticas, objetivos e critérios já foi discutido no item 2.3 anteriormente. ii) Programa de projetos prioritários Este documento apresenta as seguintes características: a) É o resultado mais concreto do processo de planejamento; b) Apresenta uma lista ordenada dos projetos, em temos de prioridade; e c) Constitui a base para estabelecer o programa de investimentos. iii) Programa de investimento Este documento deve apresentar o montante de investimento, que é necessário para execução de cada projeto do sistema de transporte.

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iv) Programa financeiro Este documento deverá indicar: a) As fontes de financiamento para execução do plano para o sistema de transporte; Por exemplo: O sistema será financiado pela CAIXA, BNDS, etc.; b) As condições de cada fonte de financiamento; Por exemplo: O financiamento do sistema de transporte será com 20 anos para o pagamento, e juros anuais iguais à taxa Selic do Banco Central do Brasil. v) Caderno de recomendações institucionais Este documento apresenta as seguintes características: a) Este documento pode requerer modificações na estrutura institucional do setor de transporte; Por exemplo: Este documento pode requerer mudança na norma, que trata da cobrança de determinado imposto sobre as empresas de ônibus. b) Este documento deve ser gerado a partir das discussões na cúpula da política de transporte. Por exemplo: As recomendações institucionais são discutidas antecipadamente: pelos sindicatos das empresas de transporte, pelos vereadores, pelo ministério dos transportes, etc. vi) Programa de continuidade de planejamento Este documento apresenta as seguintes características: a) Este documento é preparado com o objetivo de garantir que o planejamento do sistema de transporte continue; b) Este documento deverá apresentar o desempenho dos projetos do sistema de transporte que foram executados. Sendo que a verificação do desempenho dos projetos executados é feita por monitoramento. Por exemplo: É verificado se o número de pessoas transportadas na atualidade corresponde ao número de pessoas transportadas que foi previsto no projeto. c) Este documento deverá determinar quais são as mudanças que deverão ser feitas no plano do sistema de transporte atual. d) O programa de continuidade de planejamento deverá considerar os seguintes itens: d1) O inventário atualizado Neste item, o inventário deve ser organizado como uma atividade continua, cujo objetivo é manter o banco de dados atualizado sobre o sistema de transporte.

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d2) O diagnóstico periódico Neste item deverá ser apresentado um diagnóstico periódico do sistema de transporte, o qual pode ser anual, para informar sobre os problemas e as necessidades do sistema de transporte. d3) Os modelos atualizados Este item trata dos modelos do sistema de transporte, que devem ser atualizados com base em dados reais (ou de campo) obtidos através do monitoramento do sistema de transporte. d4) A revisão periódica das políticas e critérios

Finalmente, neste item são consideradas as possíveis mudanças na política governamental, que podem influenciar no programa de continuidade de planejamento do sistema de transporte. 4 Aspectos energéticos relacionados aos modos de transporte

Você sabia que o ônibus articulado, com duas partes, movido a diesel é o modo de transporte mais eficiente do ponto de vista energético? Você sabia que o automóvel consome 6 (seis) vezes mais energia para transportar um passageiro do que um ônibus articulado, com duas partes, movido a diesel? A Tabela 4.1 apresenta o consumo energético dos modos de transporte usados em sua plena capacidade (ou total lotação).

Observa-se na Figura 4.1 que o ônibus articulado, com duas partes, movido a diesel é o meio de transporte mais eficiente, ao passo que o automóvel é o meio de transporte menos eficiente do ponto de vista energético. Em que: GEP é igual a gramas equivalentes de petróleo para mover um passageiro por quilômetro. Tabela 4.1 - Consumo energético (teórico) dos modos de transporte usados em

sua plena capacidade (ou total lotação)

Energia

(GEP)

3,2

3,5

4,1

4,3

11,0

19,3

Metrô

Motocicleta

Automóvel

Modo de transporte (considerando veículos

em plena lotação)

Ônibus articulado (com duas partes)

Ônibus biarticulado (com três partes)

Ônibus comum

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RJ: Nova Fronteira S.A., 1986. 1838p. KAWAMOTO, E. Análise de sistemas de transporte. 2.ed. São Carlos - SP: Escola

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LOPES, S. B.; CARDOSO, G.; FERNANDES JÚNIOR, J. L. Análise do

desempenho de corredores de ônibus da cidade de Porto Alegre. Endereço: http://www.eptc.com.br/noticias/imagens/02.doc

VASCONCELLOS, E. A. A cidade, o transporte e o trânsito. São Paulo – SP:

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