normas internacionais sobre a inspecção do trabalho
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Normas Internacionais do Trabalho
sobre a
Inspecção do Trabalho
Data de emissão Março 2005 Data de revisão Maio 2005 Autor GabIGT Acesso Público
ÍNDICE
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NOTA DE APRESENTAÇÃO 2
MISSÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA INSPECÇÃO DO TRABALHO: CONVENÇÕES E RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO
Recomendação n.º 20, de 1923 sobre a Inspecção do Trabalho ........ 6
Convenção n.º 81, de 1947, sobre a Inspecção do Trabalho ............. 15
Protocolo, de 1995 relativo à Convenção 81 sobre a Inspecção do
Trabalho ............................................................................................... 27
Recomendação n.º 81, de 1947 sobre a Inspecção do Trabalho ........ 32
Recomendação n.º 82, de 1947 sobre a Inspecção do Trabalho
(minas e transportes) ...........................................................................
36
Convenção n.º 129, de 1969, sobre a Inspecção do Trabalho na
agricultura ............................................................................................ 37
Recomendação n.º 133, de 1947 sobre a Inspecção do Trabalho
(agricultura) .......................................................................................... 48
A INSPECÇÃO DO TRABALHO NA UNIÃO EUROPEIA: O COMITÉ DOS ALTOS RESPONSÁVEIS DA INSPECÇÃO DO TRABALHO – CARIT
Decisão da Comissão 95/319/CE que institui o CARIT ....................... 52
Princípios comuns de inspecção do trabalho em relação com a
segurança e a saúde nos locais de trabalho ....................................... 57
CONTEXTO DE RELAÇÃO DA INSPECÇÃO DO TRABALHO COM OUTROS SISTEMAS: CONVENÇÕES E RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO
Convenção n.º 150, de 1978 sobre a Administração do Trabalho ...... 69
Recomendação n.º 158, de 1978 sobre a Administração do Trabalho 75
Convenção n.º 155, de 1981 sobre a segurança, a saúde dos
trabalhadores e ambiente de trabalho ................................................. 82
Recomendação n.º 164, de 1981 sobre a segurança e a saúde dos
trabalhadores ....................................................................................... 92
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NOTA DE APRESENTAÇÃO
O PAPEL NORMATIVO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO Com o termo da 1ª Grande Guerra Mundial, o Tratado de Versalhes que lhe pôs
fim criou, através de um diploma constitutivo, a OIT – Organização Internacional do
Trabalho (artigo XIII do tratado) da qual Portugal é membro fundador. Esses instrumentos
normativos internacionais requerem que em todos os Estados-Membros da OIT seja
constituído “um sistema de inspecção do trabalho para assegurar o respeito da legislação
tendo em vista a protecção das pessoas empregadas”. O papel da inspecção do trabalho
é, pois, considerado prioritário para garantir standards mínimos que viabilizem no plano
mundial, tal como são referenciadas no preâmbulo da Constituição da OIT, a
concretização de motivações humanitárias – a eliminação de “condições de trabalho que
implicam... a injustiça, a miséria e privações” – de motivações políticas – o combate à
injustiça que coloca em perigo “a paz e a harmonia universais” – e de motivações económicas – os efeitos nos mercados internacionais e a promoção do desenvolvimento
baseado num “regime de trabalho realmente humano”.
Os primeiros instrumentos normativos sobre os serviços de inspecção do trabalho,
desde logo adoptados, assumiram uma forma não vinculativa – em 1919, a
Recomendação n.º 5, visando a salvaguarda da saúde dos trabalhadores, que entretanto
já não está vigente e, em 1923, a Recomendação n.º 20 – e definiram a configuração de
atribuições, organização, recursos, metodologias e deontologia inspectivas, a observar na
configuração dos serviços públicos de inspecção do trabalho.
Após a 2ª Grande Guerra Mundial o tema é relançado e são adoptadas as
Convenções n.º 81, em 1947 e n.º 129, em 1969, complementadas pelas Recomendações
n.º 81 e 82 e n.º 133, respectivamente, prevendo a existência de um sistema de inspecção
do trabalho nos estabelecimentos industriais e comerciais e na agricultura. O Protocolo de
1995, estende o âmbito de aplicação da Convenção n.º 81 ao sector dos serviços não
comerciais.
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DA INSPECÇÃO DO TRABALHO
Deste conjunto de normas internacionais é possível identificar um conjunto de
princípios estruturantes da inspecção do trabalho que a seguir se discriminam.
1.º A natureza de serviço público A inspecção do trabalho é um serviço público da responsabilidade dos governos
cujas funções, contextualizadas na missão de administrar a política social e do trabalho
(cfr. Convenção n.º 150 e a Recomendação n.º 158, ambas de 1978, sobre a
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administração do trabalho) se centram na missão de supervisionar o cumprimento da
legislação do trabalho, através de metodologias de informação, de conselho e de controlo.
Para o efeito, os inspectores do trabalho devem gozar de um estatuto próprio de
funcionários do Estado (art.ºs 6.º e 7.º da Convenção n.º 81 e art.ºs 8.º e segs. da
Convenção n.º 129) que lhes garanta a independência face aos interesses, para que
possam exercer as suas funções e poderes de forma imparcial e livres de pressões
externas (art.º 6º da Convenção n.º 81 e art.º 8º da Convenção n.º 129) e a autonomia técnica quanto à efectivação dos processos inspectivos de decisão na aplicação da lei
(art.ºs 13º e 17.º da Convenção n.º 81 e art.ºs 18º e 22.º da Convenção n.º 129).
É a esta natureza pública que são referenciáveis o conjunto de direitos e
prerrogativas de autoridade pública de que estão investidos os inspectores do trabalho
(art.º 12º da Convenção n.º 81 e art.º 16.º da Convenção n.º 129), o código deontológico a
que estão vinculados (art.º 15.º da Convenção n.º 81 e art.º 20.º da Convenção n.º 129),
bem como a sua subordinação ao controlo de uma autoridade central (art.ºs 4º e 19.º e
segs. da Convenção n.º 81 e art.º 25.º e segs. da Convenção n.º 129), pois que tais
características fundamentam a coerência do sistema como um todo.
2.º A cooperação entre a inspecção do trabalho e empregadores e trabalhadores Tanto quanto seja possível a acção da inspecção do trabalho deve assentar e
fomentar a cooperação entre empregadores e trabalhadores e entre as suas organizações
representativas (cfr. art.ºs 3º/1-b-c e 5º-b da Convenção n.º 81, art.ºs 6º/1-b-c e 13º da
Convenção n.º 129, e art.ºs 8.º e segs. da Convenção n.º 155). Esta perspectiva
compreende quer a formulação da própria legislação e daí a função de “chamar a atenção
da autoridade competente para irregularidades ou abusos que não estejam
especificamente cobertos pelas disposições legais em vigor e de lhe apresentar propostas
sobre o aperfeiçoamento da legislação”, quer no estudo e na proposta de melhorias das
condições de trabalho, nos diversos planos em que tal possa ser realizável (v.g. sectorial,
regional ou local) e, muito particularmente, nos locais de trabalho. Com efeito, incumbe à
inspecção do trabalho “prestar informações e dar conselhos técnicos a empregadores e
trabalhadores sobre os meios mais eficazes de observarem as disposições legais”.
Ora, este desiderato pressupõe que seja garantida a participação dos
trabalhadores e dos seus representantes aos mais diversos níveis e que os empregadores
assumam estes mecanismos nos seus processos de decisão, para que os problemas
possam ser resolvidos no âmbito do diálogo e da consulta entre os actores envolvidos.
Neste contexto o papel de informação e aconselhamento da inspecção do trabalho
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assume tanto maior relevância e eficácia quanto maiores sejam os níveis de participação e
cooperação.
3.º A cooperação com outras instituições A complexidade nos planos tecnológico e relacional, que caracteriza e
progressivamente se vai acentuando no mundo do trabalho, pressupõe a cooperação com
entidades da comunidade técnica e científica, autoridades do sistema de segurança social,
peritos de várias valências... (cfr. art.ºs 5.º e 9.º da Convenção n.º 81, art.ºs 12.º e 18.º da
Convenção n.º 129 e art.ºs 8.º e segs. da Convenção n.º 155) e cuja complementaridade
de acção seja relevante para a prossecução de objectivos comuns e permita conduzir uma
acção global.
4.º A orientação e a ênfase na prevenção A orientação para a prevenção no contexto de trabalho significa a condução de um
esforço para evitar incidentes, conflitos, acidentes de trabalho e doenças profissionais,
assegurando o cumprimento da legislação existente. As normas internacionais fornecem
um conjunto significativo de indicações, quer sobre a actividade inspectiva propriamente
dita – a informação a prestar à inspecção do trabalho, a distribuição dos serviços de
inspecção e de recursos materiais e humanos numa relação de adequação às
características do tecido económico e social colocado sobre o seu controlo, a frequência
das visitas inspectivas a realizar, a avaliação de resultados de eficácia da intervenção...
(cfr. Recomendação n.º 20, Convenções n.º 81 e n.º 129 e respectivas Recomendações) –
quer sobre a inserção do seu contributo em contextos da acção mais amplos (cfr.
Convenções n.º 150 e n.º 155 e respectivas Recomendações) que, no seu conjunto,
traduzem a ideia de uma condução da acção inspectiva, caracteristicamente, pró-activa,
de proximidade, direccionada em função da identificação de causas dos problemas,
relacionada com a acção de outros actores sociais, alvo de processos de avaliação de
resultados para permitir a informação de retroalimentação e melhorar as estratégias de
acção.
Poder-se-á, assim, dizer que à inspecção do trabalho incumbe promover uma
cultura de prevenção, na medida em que da sua acção e da forma como a executa resulta
uma leitura sobre a concreta efectivação da legislação vigente que é socialmente
partilhada pelos destinatários da sua intervenção e influencia os seus comportamentos.
Nesta acepção a inspecção de trabalho posiciona-se como um instrumento de
modernização da sociedade em que se insere.
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5.º O alargamento progressivo de âmbito a toda a população empregada A inspecção do trabalho foi, originariamente, fruto do desenvolvimento da
sociedade industrial e centrada na relação de trabalho subordinado, mas o seu âmbito de
acção tende a ser, progressivamente, alargado a toda a população empregada pelas
sucessivas normas internacionais do trabalho.
A Convenção n.º 129, sobre ao inspecção do trabalho na agricultura, estende a
função do conselho e controlo às condições de vida dos trabalhadores e das famílias. De
uma forma mais abrangente e no domínio da segurança e saúde do trabalho, a Convenção
n.º 155 afasta-se claramente da noção de «trabalhador por conta de outrém» e abrange
“todos os ramos da actividade económica incluindo a função pública” e o “termo
«trabalhadores» visa todas as pessoas empregadas, incluindo os trabalhadores da
Administração Pública.”
Trata-se, pois, de um esforço, ainda não integralmente consolidado, de abranger
as designadas «formas atípicas de emprego» emergentes na sociedade actual, de
considerar os fenómenos de segmentação entre trabalhadores beneficiários e não
beneficiários de sistemas de protecção e de enquadrar o sector informal da economia.
A UNIÃO EUROPEIA E A INSPECÇÃO DO TRABALHO A circunstância de todos os Estados-Membros da União Europeia serem
simultaneamente membros da OIT e, por isso, disporem de sistemas de inspecção do
trabalho construídos de acordo com a mesma estrutura de princípios e orientações, bem
como o conjunto e o peso significativo do direito derivado comunitário no domínio da
segurança e saúde do trabalho, que constitui uma plataforma comum a todas as empresas
e a todos os trabalhadores europeus, suscitou a conveniência de a Comissão Europeia.
“incentivar a cooperação entre Estados-Membros e facilitar a coordenação das suas
acções” em tal domínio (cfr. art.ºs 136º, 137º e 140º do Tratado que instituiu a União
Europeia).
Para tanto, foi instituído o Comité dos Altos Responsáveis da Inspecção do
Trabalho (CARIT), integrado por representantes nacionais de todos os Estados-Membros,
com o objectivo de harmonizar as práticas de inspecção no espaço europeu. Ao CARIT
incumbe, designadamente, definir princípios comuns de inspecção de trabalho, proceder à
troca de experiências, de intercâmbios, de informação relevante para a actividade de
controlo, promover programas comuns de intervenção... tendo em vista assegurar uma
aplicação coerente da legislação comunitária de segurança e saúde do trabalho em todos
os Estados-Membros que integram a União Europeia.
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MISSÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA INSPECÇÃO DO
TRABALHO CONVENÇÕES E RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
DO TRABALHO
RECOMENDAÇÃO N.º 20 SOBRE A INSPECÇÃO DO TRABALHO, 1923 1
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho, reunido a 22 de Outubro de 1923, na sua quinta sessão;
Após ter decidido adoptar diversas propostas relativas à determinação de
princípios gerais para a inspecção do trabalho, questão inscrita na ordem de trabalhos da
sessão;
Após ter decidido que estas propostas tomariam a forma de uma recomendação,
adopta, a 29 de Outubro de 1923, a recomendação seguinte, que será designada
Recomendação sobre a inspecção do trabalho, 1923, a apresentar ao exame dos Estados-
Membros da Organização Internacional do Trabalho, para que possa ser efectivada sob a
forma de lei nacional ou de outra forma, em conformidade com as disposições da
Constituição da Organização Internacional do Trabalho:
Considerando que, de entre os métodos e os princípios que relevam de uma
importância específica e urgente para o bem-estar físico, moral e intelectual dos
trabalhadores, a Constituição da Organização Internacional do Trabalho proclamou a
necessidade de que seja organizado, por cada Estado, um serviço de inspecção,
compreendendo mulheres, a fim de assegurar a aplicação das leis e regulamentos para a
protecção dos trabalhadores;
Considerando que as resoluções adoptadas pela Conferência Internacional do
Trabalho, na sua primeira sessão, no que diz respeito a certos países colocados em
condições especiais implicam a necessidade para estes países de criar serviços de
inspecção que ainda os não possuam;
Considerando que a necessidade de organizar serviços de inspecção torna-se
particularmente urgente no momento em que são postas em vigor, pela ratificação dos
Membros, as convenções elaboradas durante as sessões da Conferência;
Considerando, por outro lado, que se a instituição do serviço de inspecção deve
ser recomendada inegavelmente como constituindo um dos meios mais eficazes para
1 Tradução não oficial.
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assegurar a aplicação das convenções e outras obrigações relativas à regulamentação
das condições do trabalho, cada um dos Membros da Organização é o único responsável,
nos territórios colocados sob a sua soberania ou a sua autoridade, da execução das
convenções por ele ratificadas, e a quem pertence determinar, de acordo com as
condições locais, as medidas de controlo que lhe podem permitir assumir tal
responsabilidade;
Considerando, no entanto, que a fim de permitir aos Membros aproveitar da
experiência adquirida para instituir ou reorganizar o seu serviço de inspecção, há interesse
a determinar os princípios gerais que decorrem da prática como mais apropriada para
assegurar, de maneira igual, exacta e eficaz, a aplicação das convenções e, mais
geralmente, de todas as medidas de protecção dos trabalhadores;
Após ter decidido reservar, por completo, à apreciação de cada país a aplicação
destes princípios gerais a certas formas específicas de actividade,
E inspirando-se essencialmente na experiência, já longa, adquirida na inspecção
dos estabelecimentos industriais, a Conferência Geral recomenda a cada Membro da
Organização Internacional Trabalho que tome em consideração os princípios e as regras
seguintes:
I. OBJECTO DA INSPECÇÃO
1. O serviço de inspecção que cada Membro deve organizar, em conformidade
com o princípio enunciado no n.º 9 do artigo 41.º da Constituição da Organização
Internacional do Trabalho, deve ter por tarefa essencial a de assegurar a aplicação das leis
e regulamentos relativos às condições do trabalho e à protecção dos trabalhadores no
exercício da sua profissão (duração do trabalho e os descansos; trabalho de noite;
proibição de empregar certas pessoas em trabalhos perigosos, insalubres ou excedendo
as suas forças; higiene e segurança, etc.). 2
2. Na medida em que pareça possível e útil confiar aos inspectores tarefas
acessórias, devido à facilidade do controlo ou devido à experiência que lhes é conferida
pelo exercício da sua função essencial, variando de resto de acordo com as
2 Este parágrafo refere-se à Constituição da Organização Internacional do Trabalho anteriormente à sua
modificação em 1946. A Constituição da OIT, tal como foi alterada em 1946, não contém nenhuma
referência específica à organização de um serviço de inspecção. Ver contudo as disposições da
Convenção n.º. 81 sobre a inspecção do trabalho, 1947.
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preocupações, as tradições ou os costumes dos diversos países, estas tarefas podem ser-
lhes atribuídas nas condições seguintes:
a) que não possam, em nada, acarretar prejuízo para o cumprimento da sua função
essencial;
b) que, tanto quanto possível, estejam relacionadas, pela sua mesma natureza, ao
esforço primordial de protecção da saúde e da segurança dos trabalhadores;
c) que não possam em nada comprometer a autoridade e a imparcialidade da qual
têm necessidade junto dos empregadores e os trabalhadores.
II. NATUREZA DAS FUNÇÕES E OS PODERES DA INSPECÇÃO
A. Disposições gerais
3. Os inspectores, munidos de documentos comprovativos da sua qualidade,
devem ter o direito, consagrado pela lei:
a) de visitar e inspeccionar a todo o momento, de dia e noite, os locais onde possam
ter um motivo razoável para supor que são ocupadas por pessoas que gozam da
protecção legal e de entrar o dia em todos os locais e nas suas dependências onde
possam ter um motivo razoável para supor ser um estabelecimento sujeito ao seu
controlo;
antes de se retirarem, e na medida do possível, os inspectores advertirão da sua
passagem o empregador ou um dos seus representantes;
b) de interrogar, sem testemunhos, o pessoal relacionado com o estabelecimento e,
para realizar a sua tarefa, dirigir-se para obter informações a todas as pessoas
cujo testemunho possa parecer-lhes necessário e de pedir a comunicação de
todos os registos ou documentos cuja posse seja prescrita pelas leis que
regulamentam o trabalho.
4. Os inspectores devem ser obrigados, quer por juramento, quer por qualquer
outro método conforme com as práticas administrativas ou os costumes de cada país, e
sob pena de sanções penais ou de medidas disciplinares adequadas, a não revelar os
segredos de fabrico e, em geral, os métodos de exploração dos quais possam ter
conhecimento no exercício das suas funções.
5. Tendo em conta a organização administrativa e judicial de cada país, e sob
reserva do controlo hierárquico que possa parecer necessário, os inspectores devem
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poder apresentar, directamente às autoridades judiciais competentes, as infracções que
constataram.
Nos países onde tal não seja incompatível com os sistemas e princípios de direito, os
autos redigidos pelos inspectores devem fazer fé em justiça até a prova em contrário.
6. Sempre que for conveniente tomar medidas imediatas para tornar as instalações
e a organização dos locais ou aparelhos conformes com as disposições das leis e
regulamentos, os inspectores devem poder formular injunções (ou, quando tal
procedimento não seja compatível com a organização administrativa ou judicial do país,
dirigir-se à autoridade competente para formular semelhantes injunções), comportando a
execução, num prazo determinado, das modificações nas instalações, nos locais ou
aparelhos que sejam necessárias para assegurar a aplicação exacta e precisa das leis e
regulamentos relativos à higiene e à segurança dos trabalhadores.
Nos países onde as injunções dos inspectores tenham força executória, o efeito deve
apenas poder ser suspenso mediante recurso às autoridades administrativas superiores ou
aos tribunais; mas, em qualquer caso, as garantias dadas aos empregadores contra o
poder arbitrário não devem poder, em nada, prejudicar a execução das medidas prescritas
tendo em vista prevenir perigos iminentes devidamente constatados.
B. Segurança
7. Considerando que, se é essencial que a inspecção seja provida dos poderes
legais necessários para o cumprimento da sua tarefa, importa igualmente, de modo que a
actividade da inspecção se torne cada vez mais eficaz que, de acordo com a tendência
que se manifesta nos países industriais mais antigos e mais experientes, ela deve orientar-
se, preferencialmente, para o emprego dos métodos de segurança mais adequados para
prevenir os acidentes e as doenças, para tornar o trabalho menos perigoso, mais salubre,
mais fácil e, mesmo através de uma compreensão inteligente, pela educação e pela
colaboração dos interessados;
os meios seguintes parecem apropriados para acelerar esta evolução em todos os países:
a) todos os acidentes deveriam ser notificados às autoridades competentes e uma
das tarefas primordiais dos inspectores deveria consistir em proceder a inquéritos
sobre os acidentes e em especial sobre aqueles que revistam de um carácter sério
ou frequente, para estudar as medidas susceptíveis de evitar o seu regresso;
b) os inspectores deveriam informar e aconselhar os chefes de empresa a respeito
dos melhores dispositivos tipo de segurança e de higiene;
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c) os inspectores deveriam incentivar a colaboração dos chefes de empresa, dos
seus funcionários e dos trabalhadores para despertar o sentido pessoal da
prudência, preconizar medidas de segurança e aperfeiçoar os dispositivos de
protecção;
d) os inspectores deveriam ser associados à melhoria e ao aperfeiçoamento das
medidas de higiene e de segurança, seja pelo estudo permanente dos métodos
técnicos de instalação interna dos locais de trabalho, seja por inquéritos
específicos sobre problemas de higiene e de segurança, seja por quaisquer outros
métodos;
e) nos países onde se considere preferível ter uma organização especial de seguro e
prevenção dos acidentes do trabalho, completamente independente dos serviços
da inspecção, os agentes especiais desta organização deveriam inspirar-se nos
princípios precedentes.
III. ORGANIZAÇÃO DA INSPECÇÃO
A. Organização do pessoal
8. Para que os inspectores estejam contacto tão estreito quanto possível com os
estabelecimentos que inspeccionam e com os empregadores e os trabalhadores, e de
modo que a maior parte possível do seu tempo seja consagrada à visita efectiva dos
estabelecimentos, é desejável que tenham a sua residência nos distritos industriais,
quando as condições do país o permitem.
9. Nos países que são divididos em distritos de inspecção, é desejável que, para
assegurar a uniformidade da aplicação da lei nos diversos distritos e para obter da
inspecção o melhor rendimento, os inspectores de distrito sejam colocados sob a vigilância
geral de um inspector possua de elevadas qualidades e uma longa experiência.
Se a importância da indústria do país é tal que exige a nomeação de mais de um inspector
superior, os inspectores superiores deveriam reunir-se de vez em quando para discutir as
questões levantadas nas regiões sujeitas ao seu controlo, no que diz respeito à aplicação
da lei e à melhoria das condições do trabalho.
10. A inspecção deveria ser colocada sob o controlo directo e exclusivo de uma
autoridade nacional central; não deveria ser colocada sob o controlo ou depender, de
qualquer forma, de autoridades locais para o exercício de nenhuma das suas funções.
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11. Em razão da dificuldade das questões científicas e técnicas que resultam das
condições da indústria moderna, no que se refere o emprego de matérias perigosas, à
captação das poeiras e à evacuação dos gases nocivos, ao emprego da corrente eléctrica,
etc., é essencial que peritos que possuem conhecimentos e uma experiência especiais em
matéria médica, mecânica, eléctrica ou outras sejam contratados pelo Estado para tratar
de tais problemas.
12. Em conformidade com o princípio contido no artigo 41.º da Constituição da
Organização Internacional do Trabalho, a inspecção deveria compreender mulheres assim
como homens. Se é evidente que, para certas matérias e certos trabalhos, convém mais
confiar a inspecção a homens e que, para outros, convém antes confiá-la a mulheres, as
inspectoras deveriam, em regra geral, ter os mesmos poderes e funções e exercer a
mesma autoridade que os inspectores, sob a reserva de terem o treino e a experiência
necessários, e deveriam ter os mesmos direitos a ser promovidas aos postos superiores. 3
B. Títulos e formação dos inspectores
13. Em consequência da complexidade da indústria moderna e do carácter das
funções administrativas que têm a exercer para a aplicação da lei, em consequência
igualmente das relações que deverão ter com os empregadores e os trabalhadores, com
as associações de empregadores e de trabalhadores, com as autoridades locais e
judiciais, é essencial que os inspectores possuem uma experiência séria do ponto de vista
técnico, que tenham uma boa cultura geral e que, pelas suas aptidões e pelas suas
qualidades morais, possam adquirir a confiança de todos.
14. O pessoal da inspecção deve ser dotado de um estatuto orgânico que o torne
independente das mudanças de governo. Para o subtrair a todas as influências externas,
os inspectores devem possuir uma situação e receber uma remuneração convenientes.
Não devem ter nenhum interesse nos estabelecimentos que são colocados sob a sua
vigilância.
3 Este parágrafo refere-se ao texto da Constituição da Organização Internacional do Trabalho
anterior à sua modificação em 1946 (Declaração de Filadélfia). A Constituição da OIT, tal
como foi alterada em 1946, não contém nenhuma referência precisa à participação de
inspectoras no trabalho da inspecção do trabalho. Ver contudo o artigo 8.º da Convenção n.º 81
sobre a inspecção do trabalho, 1947.
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15. Antes de ser nomeados definitivamente, os inspectores deverão submeter-se a
um período de estágio destinado a provar as suas qualidades, a treinar as suas funções; e
a sua nomeação não poderá ser tornada definitiva, no fim deste período de estágio, a
menos que demostrem as aptidões necessárias para as funções de inspector.
16. Quando os países são divididos em distritos de inspecção e, em especial,
quando as indústrias do país são variadas, é desejável que os inspectores, em especial
durante os primeiros anos do seu serviço, sejam transferidos de um distrito ao outro, a
intervalos de tempos convenientes, de modo que adquiram uma experiência completa do
funcionamento da inspecção.
C. Tipos e métodos de inspecção
17. Considerando que, num serviço de inspecção nacional, as visitas de cada
estabelecimento pelos inspectores são, necessariamente, mais ou menos espaçadas, é
essencial:
1)
a) que os chefes de empresa ou os seus representantes sejam, em virtude de um
princípio absoluto, reconhecidos como responsáveis pela observação da lei e que
possam ser perseguidos, sem advertência prévia, no caso de uma violação
deliberada da lei, ou uma negligência grave na sua observância; este princípio não
é aplicável nos casos específicos onde a lei preveja que um parecer deva ser dado
primeiro pelo inspector para a execução de certas medidas;
b) que, em regra geral, as visitas dos inspectores sejam feitas sem advertência prévia
ao empregador;
2)
É desejável que sejam tomadas as disposições adequadas pelo Estado de modo que
os empregadores ou os seus representantes e os trabalhadores conheçam as
disposições da lei e as medidas a tomar para a protecção da saúde e a segurança dos
trabalhadores, por exemplo, pela obrigação imposta ao empregador de apresentar no
estabelecimento um extracto das disposições da lei.
18. Dado as diferenças que existem entre os diversos estabelecimentos no que diz
respeito à sua extensão e à sua importância e às dificuldades que podem resultar pelo
facto os estabelecimentos serem dispersos, por vezes em regiões de carácter rural, é
desejável que cada estabelecimento seja visitado por um inspector, para fins de inspecção
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geral, pelo menos uma vez por ano, independentemente das visitas especiais que podem
ser necessárias na sequência de uma queixa específica ou por outras razões.
É igualmente desejável que os estabelecimentos importantes e aqueles nos quais a
organização não seja satisfatória do ponto de vista da segurança e da saúde dos
trabalhadores, bem como os estabelecimentos nos quais sejam efectuados trabalhos
insalubres ou perigosos, sejam visitados muito mais frequentemente.
É desejável que, se forem descobertas irregularidades sérias num estabelecimento, seja
visitado outra vez pelo inspector, numa data próxima, para constatar se a irregularidade
desapareceu.
D. Cooperação dos empregadores e dos trabalhadores
19. É essencial que todas as facilidades sejam atribuídas aos trabalhadores e os
seus representantes para assinalar livremente aos inspectores qualquer defeito ou
infracção à lei que aplicável no estabelecimento em que são empregados;
que, na medida do possível, se proceda, prontamente, a um inquérito a respeito de
uma queixa deste tipo;
que a queixa seja considerada pelo inspector como absolutamente confidencial e
que nenhuma indicação seja dada ao empregador ou aos seus representantes de que se
procede a uma visita de inspecção em consequência de uma queixa.
20. Para assegurar uma cooperação inteira dos empregadores e dos trabalhadores
e das suas organizações respectivas e a fim de melhorar as condições que respeitam à
saúde e à segurança dos trabalhadores, é desejável que a inspecção consulte, de vez em
quando, os representantes das organizações de empregadores e de trabalhadores sobre
as melhores disposições a tomar para esse efeito.
IV. RELATÓRIOS DOS INSPECTORES
21. Os inspectores deverão apresentar relatórios periódicos à autoridade central,
sobre os resultados e a actividade do serviço da inspecção, segundo um quadro
determinado e a referida autoridade deverá apresentar num relatório anual publicado tão
rapidamente quanto possível, num prazo que não ultrapasse um ano a partir do fim do ano
ao qual respeita, com uma visão global das informações fornecidas pelos inspectores; o
ano adoptado para todos os relatórios deverá ser, uniformemente, o ano que começa a 1
Janeiro.
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22. Este relatório anual global deverá conter uma lista das leis e regulamentos
relativos à regulamentação das condições do trabalho promulgados durante o ano ao qual
se reportam.
23. Deverão ser inseridos, igualmente, neste relatório anual os quadros estatísticos
necessários para dar todas as informações sobre a organização e a actividade da
inspecção, bem como sobre os resultados obtidos por ela. As informações fornecidas
deverão mencionar tanto quanto possível:
a) a organização e a composição do pessoal do serviço da inspecção;
b) o número de estabelecimentos sujeitos às leis e regulamentos, classificados por
grupos de indústrias, com a indicação do número de trabalhadores ocupados
(homens, mulheres, jovens pessoas, crianças);
c) o número de visitas de inspecção efectuadas para cada categoria de
estabelecimentos com a indicação do número de trabalhadores ocupados nos
estabelecimentos inspeccionados (este número é aquele que foi constatado
durante a primeira visita do ano) e o número de estabelecimentos que foram
inspeccionados mais uma vez durante do ano;
d) o número e o carácter das infracções às leis e regulamentos submetidos às
autoridades competentes e o número e a natureza das condenações pronunciadas
pelas autoridades competentes;
e) o número, a natureza e a causa, por categoria de estabelecimentos, dos acidentes
e as doenças profissionais que foram objecto de uma declaração.
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CONVENÇÃO N.º 81, DE 1947, SOBRE A INSPECÇÃO DO TRABALHO 4
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da
Repartição Internacional do Trabalho, tendo-se reunido em 19 de Junho de
1947, na sua 30.ª sessão;
Depois de ter decidido adoptar diversas disposições relativas à inspecção do
trabalho na indústria e no comércio pelo 4.º ponto da ordem do dia da sessão;
Depois de ter decidido que essas disposições tomariam a forma de uma
convenção internacional;
Adopta, aos onze de Julho de mil novecentos e quarenta e sete, a convenção
abaixo transcrita, que será denominada “Convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947”.
PARTE I - Inspecção do trabalho na indústria
Artigo 1º Todo o Estado Membro da Organização Internacional do Trabalho, no qual
esteja em vigor a presente Convenção, deverá possuir um sistema de inspecção
do trabalho nos estabelecimentos industriais.
Artigo 2º 1. O sistema de inspecção do trabalho nos estabelecimentos industriais
aplicar-se-á a todos os estabelecimentos em que os inspectores do trabalho
estejam encarregados de assegurar a aplicação das disposições legais relativas
às condições de trabalho e à protecção dos trabalhadores no exercício de sua
profissão.
2. A legislação nacional poderá isentar as empresas mineiras e de
transportes ou partes dessas empresas da aplicação da presente Convenção.
Artigo 3º 1. O sistema de inspecção do trabalho terá por objectivo:
a) Assegurar a aplicação das disposições legais relativas às condições de
trabalho e à protecção dos trabalhadores no exercício de sua
4 Ratificada pelo Decreto Lei n.º 44.148, de 6 de Janeiro de 1962.
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profissão, tais como as disposições relativas a duração do trabalho,
salários, segurança, higiene, bem-estar, emprego menores e outras
matérias conexas, na medida em que os inspectores do trabalho
estejam encarregados de assegurar a aplicação das disposições
referidas;
b) Fornecer informações e conselhos técnicos aos patrões e aos
trabalhadores sobre a maneira mais eficaz de observar as disposições
legais;
c) Chamar a atenção da autoridade competente para as deficiências ou
abusos que não estejam especificamente previstos nas disposições
legais em vigor.
2. No caso de serem confiadas outras funções aos inspectores do
trabalho, estas não deverão constituir obstáculos ao exercício das funções
principais dos inspectores nem causar qualquer prejuízo à autoridade ou a
imparcialidade necessárias nas suas relações com os patrões e trabalhadores.
Artigo 4.º 1. A inspecção do trabalho ficará sob a fiscalização e controlo de uma
autoridade central, na medida em que isso não seja incompatível com a prática
administrativa do Estado Membro.
2. No caso de se tratar de um Estado Federal, a expressão «autoridade
central» poderá significar quer uma autoridade federal, quer uma autoridade
central de uma entidade constitutiva da Federação.
Artigo 5.º A autoridade competente tomará as medidas adequadas para favorecer:
a) Por um lado, uma cooperação efectiva entre o serviço de inspecção, e
outros serviços governamentais e, por outro, entre as instituições
públicas e privadas que exercem actividades análogas;
b) A colaboração entre os funcionários da inspecção do trabalho e patrões
e trabalhadores ou suas organizações.
Artigo 6.º O pessoal da inspecção será composto por funcionários públicos cujo
estatuto e condições de serviço lhes garantam a estabilidade nos seus empregos
e os tornem independentes de modificações de Governo ou de quaisquer outras
influências externas inconvenientes.
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Artigo 7.º 1. O recrutamento dos inspectores do trabalho será feito unicamente com
base na aptidão do candidato para o exercício das funções a desempenhar sob
reserva das condições que a lei nacional imponha para o preenchimento de cargos
públicos.
2. Os meios para verificar tais aptidões serão determinados pela autoridade
competente.
3. Os inspectores do trabalho deverão receber uma formação adequada ao
exercício das suas funções.
Artigo 8.º As mulheres, tal como os homens, poderão fazer parte dos quadros de
serviço de inspecção; quando necessário, poderão ser atribuídas funções
especiais aos inspectores e às inspectoras, respectivamente
Artigo 9.º A fim de assegurar a aplicação das disposições legais relativas à higiene e
à segurança dos trabalhadores no exercício da sua profissão e averiguar os
efeitos resultantes dos processos empregados, dos matérias utilizados e dos
métodos de trabalho sobre a higiene e segurança dos trabalhadores, deverá cada
Estado Membro tomar as medidas necessárias para conseguir a colaboração de
peritos e técnicos devidamente qualificados, designadamente médicos,
mecânicos, electricistas e químicos, necessários ao funcionamento da inspecção,
e segundo os métodos mais adequados às condições nacionais.
Artigo 10.º O número dos inspectores do trabalho será suficiente para assegurar o
exercício eficaz das funções do serviço de inspecção e será fixado tendo em conta;
a) A importância das funções a exercer pelos inspectores,
designadamente:
i) O número, natureza, importância e situação dos
estabelecimentos sujeitos à fiscalização do inspector;
ii) O número e diversidade de categorias dos trabalhadores
empregados nessas empresas;
iii) O número e complexidade das disposições legais cuja
aplicação deverá ser assegurada.
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b) Os meios materiais de execução postos à disposição dos inspectores;
c) As condições práticas em que se deverão realizar as visitas de
inspecção para que estas sejam eficazes.
Artigo 11.º 1. A autoridade competente tomará as medidas necessárias para fornecer aos
inspectores do trabalho:
a) Instalações locais adequadas às exigências de serviço e acessíveis
aos interessados;
b) Facilidades de transporte necessárias ao exercício das suas funções no
caso de não existirem ou serem deficientes os meios de transporte
públicos.
2. A autoridade competente tomará as medidas necessárias para reembolsar
os inspectores do trabalho de todos os gastos de deslocação e de quaisquer outras
despesas necessárias ao exercício das suas funções.
Artigo 12.º 1. Os inspectores do trabalho, munidos de qualquer meio de identificação
justificativo das suas funções serão autorizados:
a) A entrar livremente, sem aviso prévio, a qualquer hora do dia ou da noite, em
todos os estabelecimentos sujeitos à fiscalização;
b) A entrar, de dia, em todos os locais sempre que possa haver um motivo
razoável para supor que estejam sujeitos à fiscalização da inspecção;
c) A proceder a todos os exames, fiscalizações e inquéritos julgados
necessários para se certificarem de que as disposições legais são
efectivamente observadas, e designadamente:
i) Interrogar, quer a sós, quer na presença de testemunhas, o patrão ou
o pessoal da empresa acerca de tudo o que se relacione com a
aplicação das disposições legais;
ii) Pedir todos os livros, registros e documentos exigidos pela legislação
do trabalho, a fim de verificarem a sua conformidade com as
disposições legais e de os copiar ou extrair quaisquer apontamentos;
iii) Exigir a afixação de mapas nos casos em que a lei assim o determinar;
iv) Recolher e levar para análise amostras de matérias e substâncias
utilizadas ou manipuladas, desde que de tal facto seja dado
conhecimento à entidade patronal ou ao seu representante.
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2. Quando em visita de inspecção, deverá o inspector informar da sua
presença a entidade patronal ou o seu representante, a não ser que tal aviso possa,
no seu entender, prejudicar a eficácia da fiscalização.
Artigo 13.º 1. Os inspectores do trabalho serão autorizados a promover a adopção de
medidas destinadas a eliminar os defeitos verificados numa instalação, uma
disposição ou métodos de trabalho, desde que haja uma razão plausível que os
leve a considerar que tais defeitos ou métodos são prejudiciais à saúde ou à
segurança dos trabalhadores.
2. A fim de poderem promover a adopção de tais medidas, os inspectores
terão a faculdade de, sob reserva de todo o recurso judicial ou administrativo que a
legislação nacional possa prever, de ordenar ou fazer ordenar:
a) Que sejam feitas nas instalações, dentro de um prazo determinado, as
modificações necessárias para assegurar a aplicação estrita das
disposições legais referentes à saúde e segurança dos trabalhadores;
b) Que sejam tomadas medidas imediatamente executórias nos casos de
perigo iminente para a saúde e segurança dos trabalhadores.
3. No caso de não der compatível o procedimento fixado no § 2.º com as
práticas administrativa e judicial do Estado Membro, os inspectores terão a faculdade
de encarregar a autoridade competente de estabelecer novas determinações ou de
tomar medidas imediatamente executórias.
Artigo 14.º A inspecção do trabalho deverá ser informada dos acidentes de trabalho e dos
casos de doença profissional pela forma e nos casos prescritos pela legislação
nacional.
Artigo 15.º Sob reserva das excepções que a legislação nacional possa prever, os
inspectores do trabalho:
a) Não poderão ter nenhum interesse directo ou indirecto nas empresas
submetidas à sua fiscalização;
b) Serão obrigados, sob pena de sanções penais ou de medidas
disciplinares adequadas, a guardar sigilo, mesmo depois de terem
deixado o serviço, sobre os segredos de fabrico ou de comércio ou os
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processos de exploração de que possam ter tido conhecimento no
desempenho das suas funções;
c) Deverão considerar como confidenciais todas as fontes de denuncia
que lhes assinalem um defeito da instalação ou uma infracção às
disposições legais e abster-se de revelar à entidade patronal ou ao seu
representante que a uma visita de inspecção foi consequência de uma
denúncia.
Artigo 16.º Os estabelecimentos deverão ser inspeccionados, tão frequente e
meticulosamente quanto necessário para assegurar a aplicação efectiva das
disposições legais em questão.
Artigo 17.º 1. As pessoas que violarem ou não observarem as disposições legais, cuja
execução incumbe aos inspectores do trabalho ficarão sujeitas a procedimento
legal imediato, sem prévia participação.
No entanto, a legislação nacional poderá prever excepções para o caso em
que deva ser dado aviso prévio para que seja remediada uma situação ou que
sejam tomadas medidas preventivas.
2. É deixado ao critério dos inspectores do trabalho fazer advertências ou dar
conselhos em lugar de intentar ou recomendar quaisquer procedimentos.
Artigo 18.º Serão previstas pela legislação nacional e efectivamente aplicadas sanções
adequadas às violações das disposições legais cuja aplicação está submetida à
fiscalização dos inspectores do trabalho, e bem assim às obstruções feitas aos
inspectores do trabalho no exercício das suas funções.
Artigo 19.º 1. Os inspectores do trabalho ou as delegações locais de inspecção,
conforme os casos, serão obrigados a submeter à autoridade central relatórios
periódicos de carácter geral relativos aos resultados de suas actividades.
2. Estes relatórios serão feitos segundo a indicação da autoridade central e
referir-se-ão a assuntos determinados, periodicamente, por essa autoridade; ser-
lhe-ão submetidos sempre que ela assim o determine, mas em todo o caso, pelo
menos uma vez por ano.
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Artigo 20.º 1. A autoridade central de inspecção publicará um relatório anual de
carácter geral sobre os trabalhos dos serviços de inspecção colocados sob sua
fiscalização.
2. Esses relatórios serão publicados num período que não deverá
ultrapassar os doze meses após o ano a que dizem respeito.
3. Serão enviadas ao director-geral da Repartição Internacional do
Trabalho cópias desses relatórios dentro de um prazo razoável após a sua
publicação, mas, que em todo o caso não deverá ultrapassar três meses.
Artigo 21.º O relatório anual publicado pela autoridade central de inspecção deverá conter os
seguintes assuntos:
a) Leis, regulamentos dependendo da competência da inspecção de
trabalho;
b) Pessoal da inspecção de trabalho;
c) Estatísticas dos estabelecimentos sujeitos à fiscalização da
inspecção e número de trabalhadores empregados nesses
estabelecimentos;
d) Estatísticas das visitas de inspecção;
e) Estatísticas das infracções cometidas e das sanções impostas;
f) Estatísticas dos acidentes de trabalho;
g) Estatísticas das doenças profissionais;
h) assim como quaisquer outros assuntos relacionados com estas
matérias, desde estejam sob a fiscalização e sejam da competência
dessa autoridade central.
PARTE II - Inspecção do trabalho no comércio
Artigo 22.º Todo o Estado Membro da Organização internacional do Trabalho para o
qual esteja em vigor a parte II da presente Convenção, deverá ter um sistema de
inspecção do trabalho para os estabelecimentos comerciais.
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Artigo 23.º O sistema de inspecção do trabalho nos estabelecimentos comerciais
aplica-se aos estabelecimentos em que os inspectores do trabalho estejam
encarregados de assegurar a aplicação das disposições legais relativas às
condições do trabalho e à protecção dos trabalhadores no exercício da sua
profissão.
Artigo 24.º O sistema de inspecção do trabalho nos estabelecimentos comerciais deverá
satisfazer ao disposto nos artigos 3.º a 21.º da presente Convenção, na medida em
que forem aplicáveis.
PARTE III - Medidas diversas
Artigo 25.º 1. Qualquer Estado Membro da Organização Internacional do Trabalho que
ratificar a presente Convenção poderá, por meio de uma declaração que
acompanhe sua ratificação, excluir a parte II da aceitação da presente Convenção.
2. Qualquer Estado Membro que fizer tal declaração poderá anulá-la, em
qualquer altura por meio de uma nova declaração.
3. Todo o Estado Membro para o qual esteja em vigor uma declaração feita
nos termos do parágrafo l deste artigo deverá indicar no seu relatório anual sobre a
aplicação da presente Convenção, a sua legislação e práticas administrativas
respeitantes às disposições da parte II da presente Convenção, precisamente as
medidas que tenham sido tomadas para tornar aplicáveis essas disposições.
Artigo 26.º Nos casos em que não haja certeza de que um estabelecimento, ou uma parte
ou serviço de um estabelecimento está sujeito às disposições da presente
Convenção é à autoridade caberá decidir sobre a questão.
Artigo 27.º Na presente Convenção a expressão «disposições legais» compreende, além
da legislação, as sentenças arbitrais e os contratos colectivos que tenham força de
lei e cuja aplicação seja assegurada pelos inspectores do trabalho.
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Artigo 28.º Os relatórios anuais a que se refere o artigo 22.º da Constituição da
Organização Internacional do Trabalho deverão conter informações pormenorizadas
sobre toda a legislação nacional que dê execução às disposições da presente
Convenção.
Artigo 29.º 1. Quando o território de um Estado Membro compreender vastas regiões
onde, devido à fraca densidade da população ou ao seu estádio de desenvolvimento,
a autoridade competente julgar ser impraticável a aplicação das disposições da
presente Convenção, poderá a referida autoridade isentar essas regiões da
aplicação da Convenção, quer de uma maneira geral quer por meio de
excepções que julgar adequadas em relação a certos estabelecimentos ou a
determinados trabalhos.
2. Todo o Estado Membro deverá indicar no seu primeiro relatório anual
sobre a aplicação da presente Convenção, nos termos do artigo 22.º da
Constituição da Organização Internacional do Trabalho, as regiões em relação às
quais se propõe recorrer às disposições do presente artigo e, bem assim, as
razões justificativas do facto. Por conseguinte, nenhum Estado Membro poderá
recorrer às disposições do presente artigo, salvo no que diz respeito às regiões
que tiver assim indicado.
3. Todo o Estado Membro que tenha feito uso das disposições do
presente artigo deverá indicar, em seus ulteriores relatórios anuais, as regiões
em relação às quais renuncia ao direito de recorrer às disposições aludidas.
Artigo 30.º 1. No que respeita aos territórios mencionados no artigo 35º da Constituição da
Organização Internacional do Trabalho, nos termos em que foi modificado pelo
instrumento de alteração à Constituição da Organização Internacional do Trabalho, 1946,
com exclusão dos territórios visados pelos parágrafos 4 e 5 do referido artigo, todo o
Estado membro que ratifique a presente Convenção deverá enviar ao director-geral da
Repartição Internacional do Trabalho, no mais curto prazo possível após a ratificação uma
declaração em que dê a conhecer:
a) Os territórios a que se compromete aplicar na íntegra as disposições da
Convenção;
b) Os territórios a que se compromete aplicar na íntegra as disposições da
Convenção com modificação e em que consistem tais modificações;
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c) Os territórios onde a Convenção é inaplicável e, nesse caso, as razões da
sua inaplicabilidade.
d) Os territórios para os quais reserva uma ulterior decisão.
2. Os compromissos mencionados nas alíneas a) e b) do parágrafo l do presente
artigo serão considerados partes integrantes da ratificação e produzirão idênticos efeitos.
3. Todo o Estado Membro poderá renunciar por uma nova declaração a todas ou
parte das reservas contidas na sua declaração anterior nos termos das alíneas b) e c) do
parágrafo l do presente artigo.
4. Todo o Estado Membro poderá enviar ao director-geral, nos períodos em que a
presente Convenção pode ser denunciada, nos termos do artigo 34.°, uma nova
declaração que modifique por completo qualquer outra declaração anterior e que dê a
conhecer a situação em determinados territórios.
Artigo 31º 1. Quando as questões tratadas pela presente Convenção entrarem no quadro da
competência própria das autoridades de um território não metropolitano, o Estado
Membro responsável pelas relações internacionais deste território poderá, de acordo com
o Governo do referido territór io, env ia r ao director-geral da Repart ição
Internacional do Trabalho, em nome desse território, uma declaração de aceitação das
obrigações decorrentes da presente Convenção.
2. Poderá ser enviada ao director-geral da Repartição Internacional do Trabalho
uma declaração de aceitação das obrigações da presente Convenção:
a) Por dois ou mais Estados Membro da Organização para um território que
esteja sob a sua autoridade conjunta;
b) Por qualquer autoridade internacional responsável pela administração de um
território, nos termos das disposições da Carta das Nações Unidas ou de
qualquer outra disposição em vigor, no que respeita a esse território.
3. As declarações enviadas ao director-geral da Repartição Internacional do
Trabalho, de acordo com as disposições dos parágrafos precedentes do presente
artigo, deverão indicar se as disposições da Convenção serão aplicadas ao território
com ou sem modificação; quando a declaração indicar que as disposições da
Convenção serão aplicadas sob reserva de modificações, terá de especificar em que
consistem as referidas modificações.
4. O Estado ou Estados Membros ou a autoridade internacional interessada
poderão renunciar inteira ou parcialmente, por meio de uma declaração ulterior, ao
direito de invocar uma modificação indicada numa declaração anterior.
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5. O Estado ou Estados Membros ou a autoridade internacional interessados
poderão, nos períodos durante os quais a Convenção pode ser denunciada, segundo
o disposto no artigo 34.°, enviar ao director-geral uma nova declaração que
modifique, na íntegra, os termos de qualquer declaração anterior que dê a conhecer a
situação no que respeita à aplicação desta convenção.
PARTE IV - Disposições finais
Artigo 32.° As ratificações formais da presente Convenção serão comunicadas ao director-
geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registadas.
Artigo 33.° 1. A presente Convenção apenas obrigará os Estados Membros cujas ratificações
tenham sido registadas pelo director-geral.
2. A Convenção entrará em vigor doze meses após terem sido registadas, pelo
director-geral, as ratificações de dois Estados Membros.
3. A partir de então, esta Convenção entrará em vigor para cada Estado Membro
doze meses após a data em que a sua ratificação tenha sido registada.
Artigo 34.° 1. Qualquer Estado Membro que tenha ratificado a presente Convenção pode
denunciá-la no fim do prazo de dez anos, após a data da sua inicial entrada em vigor, por
acto comunicado ao director-geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele
registado. A denúncia só produzirá efeitos depois de um ano do seu registo.
2. Qualquer Estado Membro que tenha ratificado a presente Convenção, e no prazo
de um ano, depois da expiração do período de dez anos mencionado no parágrafo
precedente, não faça uso da faculdade de denúncia prevista no presente artigo ficará
vinculado por um novo período de dez anos, e, por conseguinte, poderá denunciar a
presente Convenção ao fim de cada novo período de dez anos nas condições previstas
neste artigo.
Artigo 35.° 1. O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará todos os
Membros da Organização Internacional do Trabalho do registo de todas as ratificações,
declarações e denúncias que lhe sejam comunicadas pelo Estados Membros da
Organização.
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2. Ao notificar os Estados Membros do registo da segunda ratificação que lhe tenha
sido comunicada o director-geral chamará a atenção dos Estados Membros da
Organização para a data em que a presente Convenção entrará em vigor.
Artigo 36.° O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho enviará ao
Secretário-Geral das Nações Unidas, para fins de registo, nos termos do artigo 102.°
da Carta das Nações Unidas, informações completas a respeito de todas as
ratificações, declarações e actos de denúncia que tenham sido registadas nos termos
dos artigos precedentes.
Artigo 37.° No fim de cada período de dez anos, a contar da data da entrada em vigor da
presente Convenção, o Conselho de Administração da Repartição Internacional
do Trabalho deverá apresentar à Conferência um relatório sobre a aplicação da
presente Convenção e decidirá se será oportuno inscrever na ordem do dia da
Conferência a questão da sua revisão total ou parcial.
Artigo 38.º 1. No caso de a Conferência adoptar uma nova convenção resultante da
revisão total ou parcial da presente Convenção e salvo disposição em contrário da nova
convenção:
a) A ratificação, por um dos Estados Membros, da nova convenção
resultante da revisão pressupõe de pleno direito, não obstante o artigo
34.° acima, a denúncia imediata da presente Convenção, sob reserva de
que a nova convenção resultante da revisão tenha entrada em vigor;
b) A partir da data da entrada em vigor da nova convenção a presente
Convenção deixará de estar aberta à ratificação dos Estados
Membros.
2. A presente Convenção permanecerá, todavia em vigor na sua forma e teor
primitivos para os Estados Membros que a tenham ratificado e não ratifiquem a nova
convenção resultante da primeira.
Artigo 39.° Fazem igualmente fé os textos francês e inglês da Convenção.
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PROTOCOLO DE 1995 RELATIVO À CONVENÇÃO 81 SOBRE A INSPECÇÃO DO
TRABALHO, 1947 5
A Conferencia Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada para Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho, e reunida em 6 junho 1995 na sua 82ª sessão;
Considerando que as disposições da convenção sobre a inspecção do trabalho,
1947, apenas se aplicam aos estabelecimentos industriais e aos estabelecimentos
comerciais;
Considerando que as disposições da convenção sobre a inspecção do trabalho
(agricultura), 1969, apenas se aplicam às empresas agrícolas, comerciais e não
comerciais;
Considerando que as disposições da convenção sobre a segurança e a saúde dos
trabalhadores, 1981, aplica-se a todos os ramos de actividade económica, compreendendo
a função pública;
Tendo em consideração todos os riscos aos quais os trabalhadores do sector de
serviços não comerciais podem estar expostos, e a necessidade de assegurar que este
sector está submetido ao mesmo sistema de inspecção do trabalho ou a um sistema tão
eficaz e imparcial quanto o previsto pela convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947;
Após ter decidido adoptar diversas proposta relativas às actividades no sector de
serviços não comerciais, questão que constitui o sexto ponto da ordem do dia da sessão;
Após ter decidido que essas propostas tomariam a forma de um protocolo relativo
à convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947,
Adopta em 22 de junho de mil novecentos e noventa e cinco, este protocolo que
será denominado “Protocolo de 1995 relativo à convenção sobre a inspecção do trabalho,
1947”.
PARTE I - Campo de aplicação, definição e aplicação
Artigo 1.º 1. Todo o Estado-Membro que ratifique o presente protocolo compromete-se a
estender a aplicação das disposições da convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947
(a seguir designada como a convenção), às actividades do sector de serviços não
comerciais.
5 Tradução não oficial. O presente protocolo não foi ratificado por Portugal.
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2. A expressão às actividades do sector de serviços não comerciais designa as
actividades de todas as categorias de estabelecimentos que não são consideradas como
industriais ou comerciais para os fins de aplicação da convenção.
3. O protocolo aplica-se a todos os estabelecimentos que não estejam já
abrangidos pela convenção.
Artigo 2.º 1. O Estado-Membro que ratifique o presente protocolo pode, através de uma
declaração anexa ao seu instrumento de ratificação, excluir total ou parcialmente de seu
campo de aplicação as categorias de serviços seguintes:
a) As administrações nacionais (federais) essenciais;
b) As forças armadas, quer se trate de pessoal militar ou de pessoal civil;
c) A polícia e outros serviços de segurança pública;
d) Os serviço prisionais, quer se trate de pessoal prisional ou de detidos quando
trabalhem;
se a aplicação da convenção relevar de problemas particulares de natureza substancial.
2. Antes de se fazer prevalecer da possibilidade prevista no parágrafo 1, o Membro
deverá consultar as organizações mais representativas dos empregadores e dos
trabalhadores, ou, na ausência de tais organizações, os representantes dos empregadores
e dos trabalhadores interessados.
3. Todo o Estado-Membro que tenha feito a declaração referida no parágrafo 1
deverá indicar, no relatório sobre a aplicação da convenção apresentado por força do
artigo 22.º da Constituição da OIT seguinte à ratificação do presente protocolo, as razões
da exclusão, e, ma medida do possível, prever outros mecanismos de inspecção para as
categorias de serviços excluídas.
Deverá indicar nos relatórios ulteriores as medidas que tenha tomado, tendo em vista
estender a essas categorias de serviços as disposições do protocolo.
4. Todo o Estado-Membro que tenha feito a declaração referida no parágrafo 1
pode, a todo o tempo, modificá-la ou anulá-la por uma nova declaração de acordo com as
disposições deste artigo.
Artigo 3.º 1. As disposições do presente protocolo devem ser aplicadas por via de legislação
ou por outras meios conformes à pratica nacional.
2. As medidas tomada para tornar eficaz o presente protocolo devem ser
elaboradas em consulta com as organizações mais representativas dos empregadores e
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dos trabalhadores ou, na ausência de tais organizações, os representantes dos
empregadores e dos trabalhadores interessados.
PARTE II. - Disposições particulares
Artigo 4.º 1. O Estado-Membro pode prever disposições particulares para a inspecção dos
estabelecimentos das administrações nacionais (federais) essenciais, das forças armadas,
da policia e de outros serviços de segurança pública e de serviços prisionais a fim de
regulamentar as prerrogativas dos inspectores do trabalho tal como elas são previstas no
artigo 12.º da convenção, no que diz respeito:
b) o acesso apenas aos inspectores devidamente autorizados pelos serviços de
segurança;
c) a inspecção mediante aviso prévio;
d) o direito de pedir a comunicação de documentos confidenciais;
e) o direito de levar documentos confidenciais;
f) o levantamento e a análise de amostras de materiais e de substâncias.
2. O Estado-Membro pode também tomar disposições particulares quanto à inspecção
dos estabelecimentos das forças armadas, assim como da polícia e de outros serviços de
segurança pública a fim de que as prerrogativas dos inspectores do trabalho possam ser
objecto de uma ou mais limitações seguintes:
a) restrição das inspecções durante as manobras ou exercícios;
b) restrição ou interdição de inspecções de unidades que se encontrem na frente ou
em serviço activo;
c) restrição ou interdição de inspecções durante os períodos de tensão declarados;
d) limitação à inspecção de transportes de explosivos e de armamento para fins
militares.
3. O Estado-Membro pode, por outro lado, tomar as disposições particulares quanto à
inspecção dos estabelecimentos dos serviços prisionais a fim de permitir a restrição das
inspecções durante os períodos de tensão declarados.
4. Antes de se fazer prevalecer de uma ou mais disposições particulares previstas nos
parágrafos 1, 2 e 3, o Estado-Membro deverá consultar as organizações mais
representativas dos empregadores e dos trabalhadores, ou, na ausência de tais
organizações, os representantes dos empregadores e dos trabalhadores interessados.
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Artigo 5.º O Estado-Membro pode tomar disposições particulares quanto à inspecção de
estabelecimentos de serviços de luta contra o incêndio e doutros serviços de socorro a fim
de permitir a restrição de inspecções durante as operações de luta contra o incêndio, as
operações de socorro ou outras operações de urgência. Em casos semelhantes, a
inspecção do trabalho deverá passar em revista essas operações periodicamente e após
todo o incidente sério.
Artigo 6.º A inspecção do trabalho dar conselhos a propósito da formulação de medidas
eficazes tendentes a reduzir ao mínimo os riscos durante a formação em tarefas
susceptíveis e serem perigosas e de participar no controlo d sua aplicação.
PARTE III. - Disposições finais
Artigo 7.º 1. O Estado-Membro pode ratificar o presente protocolo ao mesmo tempo que
ratifica a convenção, ou a todo o momento após a ratificação desta, comunicando a sua
ratificação formal do protocolo ao director-geral do Repartição Internacional do Trabalho
para fins de registo.
2. O protocolo entrará em vigor doze meses após as ratificações de dois Estados-
Membros serem registadas pelo director-geral. De seguida, este protocolo entrará em vigor
para cada Estado-Membro doze meses após a data em que a sua ratificação seja
registada pelo director-geral. A contar desse momento, o Estado-Membro interessado
estará vinculado pela convenção tal como ela é completada pelos artigos 1º a 6º do
presente protocolo.
Artigo 8.º 1. O Estado-Membro que tenha ratificado o presente protocolo pode denunciá-lo no
termo de um período de 10 anos após a data da sua entrada em vigor inicial, por um acto
comunicado ao director-geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registado.
A denúncia apenas produzirá efeito um ano após ter sido registada.
2. Todo o Estado-Membro que tenha ratificado o presente protocolo e que, no
prazo de um ano após expirar o período de 10 anos mencionado no parágrafo precedente,
não faça uso da faculdade de denuncia prevista pelo presente artigo, estará vinculado por
um novo período de 10 anos e, em seguida, poderá denunciar o presente protocolo no
termo de cada período de 10 anos nas condições previstas no presente artigo.
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Artigo 9.º 1. O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará todos os
Estados-Membros da Organização Internacional do Trabalho do registo de todas as
ratificações e das denuncias do presente protocolo.
2. Ao notificar aos Estados-Membros da Organização o registo da segunda
ratificação do presente protocolo, o director-geral chamará a atenção dos Estados-
Membros da Organização sobre a date na qual o presente protocolo entrara em vigor.
3. O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho comunicará ao
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, para fins de registo, conforme o
artigo 102.º da Carta das Nações Unidas as informações completas sobre todas as
ratificações e denúncias do presente protocolo.
Artigo 10.º As versões inglesa e francesa do texto do presente protocolo fazem igualmente fé.
* *
*
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RECOMENDAÇÃO N.º 81, 1947 SOBRE A INSPECÇÃO DO TRABALHO
I. Missão preventiva dos serviços de inspecção do trabalho
1. Quem quer que se proponha abrir um estabelecimento industrial ou
comercial ou assumir a sucessão de um tal estabelecimento, ou começar a
desenvolver nesse estabelecimento uma actividade que a autoridade
competente tenha declarado sujeita à aplicação das disposições legais, deverá
notificar, com antecedência, o serviço competente de inspecção do trabalho,
seja directamente, seja por intermédio de outra autoridade designada.
2. Os países-membros deveriam estabelecer disposições segundo as
quais os projectos relativos a estabelecimentos novos, a instalações novas ou a
processos novos de fabrico pudessem ser submetidos, para parecer, ao serviço
competente de inspecção do trabalho, a fim de saber: se os ditos projectos
tornariam difícil ou impossível a aplicação da legislação nacional relativa à
saúde e à segurança dos trabalhadores; se seriam de natureza a constituir um
perigo para a saúde e a segurança dos trabalhadores.
3. Salvo todo o recurso que pudesse ser previsto pela legislação nacional,
a implantação de todos os projectos de estabelecimentos novos de instalações
novas ou de processos novos de produção, considerados pela legislação
nacional como sendo perigosos ou insalubres, deveria ser condicionada à
execução de todos as modificações ordenadas pelo dito serviço no interesse da
saúde e da segurança dos trabalhadores.
II. Colaboração dos empregadores e dos trabalhadores no que concerne à saúde e segurança
4. (l) Deveriam ser concebidos dispositivos com vista à colaboração entre
empregadores e trabalhadores para melhorar as condições de saúde e de
segurança dos trabalhadores.
(2) Esses dispositivos poderiam consistir na criação de comissões de
segurança ou de órgãos análogos instituídos no âmbito de cada empresa ou
estabelecimento e compreendendo representantes de empregadores e de
trabalhadores.
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5. Representantes dos trabalhadores e da direcção, e mais particularmente
os membros de comités de segurança ou de órgãos análogos, no caso de existirem
esses comités ou esses órgãos, deveriam ser autorizados a colaborar directamente
com os funcionários do serviços de inspecção do trabalho nos limites e segundo
um método fixado pela autoridade competente, aquando de investigações e,
nomeadamente, na ocasião de inquéritos sobre acidentes de trabalho e doenças
profissionais.
6. A colaboração entre os funcionários dos serviços de inspecção e as
organizações de empregadores e de trabalhadores deveria ser incentivada com a
organização de conferências, comissões mistas outros organismos análogos, no
âmbito dos quais representantes serviços de inspecção do trabalho pudessem
discutir, com os representantes das organizações de empregadores e de
trabalhadores, questões concernentes à aplicação da legislação do trabalho, bem
como da saúde e segurança dos trabalhadores.
7. Deveriam ser tomadas medidas apropriadas para que empregadores e
trabalhadores fossem instruídos na legislação do trabalho, sobre questões de saúde
e segurança e pudessem receber orientações nesse sentido, nomeadamente pelos
meios a seguir referidos:
a) conferências, programas radiofónicos, cartazes, folhetos e filmes explicativos
que resumam as disposições legais e proponham métodos de aplicação
dessas disposições e das medidas preventivas contra acidentes do trabalho
e doenças profissionais;
b) exposições sobre saúde e segurança;
c) cursos de saúde e de segurança industriais em escolas técnicas.
III. Conflitos de trabalho
8. As funções dos inspectores do trabalho não deveriam incluir funções de
actuar na qualidade de conciliadores ou de árbitros em conflitos do trabalho.
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IV. Relatórios anuais sobre a inspecção
9. Os relatórios publicados anualmente sobre as actividades dos serviços de
inspecção deveriam, na medida do possível, prestar as informações detalhadas
seguintes:
a) lista das leis e regulamentos dos quais não foi feito menção nos relatórios
anteriores e relativos às actividades dos serviços de inspecção;
b) esclarecimentos sobre os serviços de inspecção do trabalho, indicando
principalmente;
i) o número total dos inspectores;
ii) o número de inspectores das diferentes categorias;
iii) o número de inspectoras;
iv) esclarecimentos sobre a distribuição geográfica dos serviços de
inspecção;
c) estatísticas dos estabelecimentos sujeitos no controlo da inspecção e do
número das pessoas empregadas nesses estabelecimentos, indicando
principalmente:
i) número de estabelecimentos sujeitos ao controle da inspecção;
ii) número médio das pessoas empregadas nesses estabelecimentos
durante o ano;
iii) esclarecimentos sobre a classificação das pessoas empregadas,
conforme os seguintes critérios: homens, mulheres, adolescentes e
crianças;
d) estatísticas das visitas de inspecção, indicando principalmente:
i) número dos estabelecimentos visitados;
ii) número de estabelecimentos visitados;
iii) número de visitas de inspecção efectuadas, classificadas segundo
tenham sido feitas de dia ou à noite;
iv) número de pessoas empregadas nos estabelecimentos visitados;
v) número dos estabelecimentos visitados mais de uma vez por ano;
e) estatísticas das infracções e das sanções indicando principalmente:
i) número das infracções notificadas às autoridades competentes;
ii) esclarecimentos sobre a classificação das infracções segundo as
disposições legais às quais se reportem;
iii) número de sanções impostas;
iv) esclarecimentos sobre a natureza das sanções impostas pelas
autoridades competentes nos diversos casos (multa, prisão, etc.);
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f) estatísticas dos acidentes do trabalho indicando especialmente o número
dos acidentes do trabalho declarados e esclarecimentos sobre a
classificação desses acidentes:
i) por indústria e profissão;
ii) segundo sua causa;
iii) acidentes mortais e não-mortais;
g) estatística das doenças profissionais, indicando principalmente:
i) o número de casos de doença profissional declarados;
ii) esclarecimentos sobre a classificação desses casos segundo a
indústria ou profissão;
iii) esclarecimentos sobre a classificação desses casos, segundo suas
características (natureza da doença profissional, natureza das
substâncias tóxicas, natureza dos processos insalubres de
fabricação, etc.) aos quais se atribui a doença profissional.
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RECOMENDAÇÃO N.º 82, 1947 SOBRE A INSPECÇÃO DO TRABALHO (MINAS E
TRANSPORTES) 6
A Conferência geral da Organização internacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho, reunida em 19 de Junho de 1947, na sua trigésima sessão;
Após ter decidido adoptar diversas propostas relativas à organização da inspecção
do trabalho nas empresas mineiras e de transporte, questão que é compreendida no
quarto ponto da ordem de trabalhos da sessão;
Após ter decidido que algumas destas propostas tomariam a forma de uma
recomendação que completa a recomendação sobre a inspecção do trabalho, 1923, a
convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947, e a recomendação sobre a inspecção do
trabalho, 1947,
Adopta, neste décimo primeiro dia Julho de 1947, a recomendação seguinte, que
será designada Recomendação sobre a inspecção do trabalho (minas e transportes),
1947.
Considerando que a convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947, prevê a
organização de serviços de inspecção do trabalho e autoriza a isenção, pela legislação
nacional, das empresas mineiras e de transporte da aplicação da referida convenção;
Considerando que é no entanto essencial tomar medidas adequadas relativas às
empresas mineiras e de transporte com o propósito da aposta em vigor efectiva das
disposições legais relativas às condições do trabalho e a protecção dos trabalhadores no
exercício da sua profissão, a Conferência recomenda aos Estados-Membros que apliquem
as disposições seguintes tão cedo quanto as condições nacionais o permitirem e de
apresentar à Repartição Internacional do Trabalho, em conformidade com que decidirá o
Conselho de Administração, dos relatórios que expõem as medidas tomadas para o pôr
em aplicação:
Cada Estado-Membro da Organização Internacional do Trabalho deveria submeter
as empresas mineiras e de transporte, tal como são definidas pela autoridade competente,
aos serviços de inspecção do trabalho adequados para assegurar a aplicação das
disposições legais relativas às condições do trabalho e a protecção dos trabalhadores no
exercício da sua profissão.
6 Tradução não oficial.
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CONVENÇÃO N.º 129, DE 1969 SOBRE A INSPECÇÃO DO TRABALHO NA
AGRICULTURA 7
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho:
Convocada para Genebra pelo conselho de administração da Repartição
Internacional do Trabalho a 4 de Junho de 1969, na sua 53.ª sessão;
Recordando os termos das convenções internacionais do trabalho existentes
relativas à inspecção do trabalho, tais como a Convenção sobre a Inspecção do Trabalho,
de 1947, que se aplica à indústria e ao comércio, e a Convenção sobre as Plantações, de
1958, que se aplica a uma categoria especial de empresas agrícolas;
Considerando a conveniência de adoptar actualmente normas internacionais sobre
a inspecção do trabalho na agricultura em geral;
Após ter decidido adoptar diversas propostas relativas à inspecção do trabalho na
agricultura, questão que constitui o quarto ponto da ordem do dia da sessão;
Após ter decidido que essas propostas tomariam a forma de uma convenção
internacional;
adopta, neste dia 25 de Junho de 1969, a seguinte convenção, que será denominada
«Convenção sobre a Inspecção do Trabalho (Agricultura), de 1969»:
Artigo 1.º 1 - Para os fins da presente Convenção, a expressão «empresa agrícola» designa
as empresas ou partes de empresa cujo fim seja o cultivo, a criação de animais, a
silvicultura, a horticultura, a transformação primária de produtos agrícolas pelo explorador
ou quaisquer outras formas de actividade agrícola.
2 - Quando necessário, a autoridade competente determinará, após consulta às
organizações mais representativas dos empregadores e dos trabalhadores interessadas,
se as houver, a linha de demarcação entre a agricultura, por um lado, e a indústria e o
comércio, por outro, de modo que nenhuma empresa agrícola fique excluída do sistema
nacional de inspecção do trabalho.
3 - Em todos os casos em que existam dúvidas sobre se a Convenção se aplica a
uma empresa ou a parte de uma empresa, a questão será resolvida pela autoridade
competente.
7 Ratificada pelo Decreto n.º 91/81 de 17 de Julho.
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Artigo 2.º Na presente Convenção, a expressão «disposições legais» abrange, além da
legislação, as decisões arbitrais e os contratos colectivos com força de lei, cuja aplicação
os inspectores do trabalho se encarregam de assegurar.
Artigo 3.º Qualquer Membro da Organização Internacional do Trabalho para o qual a
presente Convenção estiver em vigor deve ter um sistema de inspecção do trabalho na
agricultura.
Artigo 4.º O sistema de inspecção do trabalho na agricultura aplicar-se-á às empresas
agrícolas nas quais estejam ocupados trabalhadores assalariados ou aprendizes, sejam
quais forem o seu modo de remuneração e a modalidade, forma ou duração do seu
contrato.
Artigo 5.º 1 - Qualquer Membro que ratificar a presente Convenção pode, por declaração anexa
à sua ratificação, comprometer-se a alargar o seu sistema do inspecção do trabalho na
agricultura a uma ou mais das seguintes categorias de pessoas que trabalhem em
empresas agrícolas:
a) Rendeiros que não empreguem mão-de-obra externa, meeiros e categorias
análogas de trabalhadores agrícolas;
b) Pessoas associadas à gestão de uma empresa colectiva, tais como os membros
de uma cooperativa;
c) Membros da família do explorador, tal como forem definidos pela legislação
nacional.
2 - Qualquer Membro que tiver ratificado a presente Convenção poderá posteriormente
comunicar ao director-geral da Repartição Internacional do Trabalho uma declaração pela
qual se compromete a alargar o seu sistema de inspecção do trabalho na agricultura a
uma ou mais categorias de pessoas enumeradas no parágrafo precedente que não
tenham já sido mencionadas numa declaração anterior.
3 - Qualquer Membro que tiver ratificado a presente Convenção deverá indicar nos
relatórios que será obrigado a apresentar em virtude do artigo 22.º da Constituição da
Organização Internacional do Trabalho em que medida deu ou tenciona dar cumprimento
às disposições da Convenção relativamente às categorias de pessoas enumeradas no
parágrafo 1 acima referido que não tenham sido abrangidas por essas declarações.
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Artigo 6.º 1 - O sistema de inspecção do trabalho na agricultura ficará encarregado:
a) De assegurar a aplicação das disposições legais relativas às condições de trabalho
e à protecção dos trabalhadores no exercício da sua profissão, tais como as
disposições respeitantes à duração do trabalho, aos salários, ao descanso
semanal e às férias e feriados, à higiene e ao bem-estar, ao trabalho das
mulheres, das crianças e dos adolescentes e a outras questões conexas, na
medida em que os inspectores do trabalho estiverem encarregados de assegurar a
aplicação destas disposições;
b) De fornecer informações e conselhos técnicos aos empregadores e aos
trabalhadores sobre os meios mais eficazes de observarem as disposições legais;
c) De chamar a atenção da autoridade competente para os defeitos ou para os
abusos que não estiverem especificamente abrangidos pelas disposições legais
existentes e de lhe apresentar propostas sobre o aperfeiçoamento da legislação.
2 - A legislação nacional pode confiar aos inspectores do trabalho na agricultura
funções de assistência ou de controle que incidam sobre a aplicação de disposições legais
relativas às condições de vida dos trabalhadores e suas famílias.
3 - Se forem confiadas outras funções aos inspectores do trabalho na agricultura, estas
não devem obstar ao exercício das suas funções principais nem prejudicar de qualquer
maneira a autoridade nas suas relações com os empregadores e os trabalhadores.
Artigo 7.º 1 - Na medida em que isso for compatível com a prática administrativa do Membro,
a inspecção do trabalho na agricultura será colocada sob a vigilância e controle de um
órgão central.
2 - Se se tratar de um Estado federal, a expressão «órgão central» pode designar
um órgão central estabelecido quer a nível federal, quer a nível de uma entidade
constituinte federada.
3 - A inspecção do trabalho na agricultura poderá ser efectuada, por exemplo:
a) Por um órgão único de inspecção do trabalho competente para todos os ramos da
actividade económica;
b) Por um órgão único de inspecção do trabalho que comporte uma especialização
funcional assegurada pela formação adequada dos inspectores encarregados de
exercerem as suas funções na agricultura;
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c) Por um órgão único de inspecção do trabalho que comporte uma especialização
institucional assegurada pela criação de um serviço tecnicamente qualificado,
cujos agentes exerceriam as suas funções na agricultura;
d) Por uma inspecção especializada encarregada de exercer, as suas funções na
agricultura, mas cuja actividade seria colocada sob a vigilância de um órgão central
dotado das mesmas prerrogativas no tocante à inspecção do trabalho noutros
ramos de actividade económica, tais como a indústria, os transportes e o comércio.
Artigo 8.º 1 - O pessoal da inspecção do trabalho na agricultura deve compor-se de
funcionários públicos cujo estatuto e condições de serviço lhes assegurem a estabilidade
no seu emprego e os tornem independentes de qualquer mudança de governo e de
qualquer influência exterior.
2 - Quando tal for conforme com a legislação ou a prática nacionais, os Membros
terão a faculdade de incluir no seu sistema de inspecção do trabalho na agricultura
agentes ou representantes das organizações profissionais, cuja acção completaria a dos
funcionários públicos; esses agentes ou representantes devem beneficiar de garantias
quanto à estabilidade das suas funções e estar ao abrigo de qualquer influência exterior.
Artigo 9.º 1 - Sob reserva das condições às quais a legislação nacional possa submeter o
recrutamento dos agentes da função pública, os inspectores do trabalho na agricultura
serão recrutados unicamente com base na aptidão dos candidatos para executarem as
tarefas que tiverem de assumir.
2 - Os meios de verificar essa aptidão devem ser determinados pela autoridade
competente.
3 - Os inspectores do trabalho na agricultura devem receber uma formação
adequada para o exercício das suas funções, e serão tomadas medidas para assegurar de
maneira apropriada o seu aperfeiçoamento no decurso do seu trabalho.
Artigo 10.º As mulheres, tal como os homens, podem ser designadas como membros do
pessoal dos serviços de inspecção do trabalho na agricultura; se necessário, poderão
atribuir-se tarefas especiais, respectivamente, aos inspectores ou às inspectoras.
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Artigo 11.º Qualquer Membro deve tomar as medidas necessárias para assegurar a
colaboração de peritos e técnicos, devidamente qualificados e que possam concorrer para
a solução dos problemas que requeiram conhecimentos técnicos, no funcionamento da
inspecção do trabalho na agricultura, pelos métodos julgados mais apropriados às
condições nacionais.
Artigo 12.º 1 - A autoridade competente deve tomar as medidas apropriadas para favorecer
uma cooperação efectiva entre os serviços de inspecção do trabalho na agricultura e os
serviços governamentais ou instituições públicas ou agregadas por lei que possam ser
chamados a exercer actividades análogas.
2 - Se as circunstâncias o exigirem, a autoridade competente pode confiar, a título
auxiliar, certas funções de inspecção, a nível regional ou local, a serviços governamentais
apropriados ou a instituições públicas, ou associar às ditas funções esses serviços ou
instituições, desde que a aplicação dos princípios previstos pela presente Convenção não
seja por isso afectada.
Artigo 13.º A autoridade competente deve tomar as medidas apropriadas para favorecer a
colaboração entre os funcionários da inspecção do trabalho na agricultura, os
empregadores e os trabalhadores, ou as suas organizações, se as houver.
Artigo 14.º Devem ser tomadas disposições para que o número de inspectores do trabalho na
agricultura seja suficiente para permitir assegurar o exercício eficaz das funções do serviço
de inspecção e seja fixado tendo em conta:
a) A importância das tarefas a executar e, sobretudo:
i) O número, a natureza, a importância e a situação das empresas agrícolas
sujeitas ao controle da inspecção;
ii) O número e a diversidade das categorias de pessoas ocupadas nessas
empresas;
iii) O número e a complexidade das disposições legais cuja aplicação deve ser
assegurada;
b) Os meios materiais de execução postos à disposição dos inspectores;
c) As condições práticas nas quais as visitas devem efectuar-se para serem eficazes.
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Artigo 15.º 1 - A autoridade competente deve tomar as medidas necessárias a fim de pôr à
disposição dos inspectores do trabalho na agricultura:
a) Repartições locais de inspecção dispostas de maneira adequada às necessidades
do serviço, tanto quanto possível acessíveis a todos os interessados, e situadas
em lugares escolhidos em função da situação geográfica das empresas agrícolas e
das facilidades de comunicação existentes;
b) As facilidades de transporte necessárias para o exercício das suas funções,
quando não existirem meios de transporte público apropriados.
2 - A autoridade competente deve tomar as medidas necessárias para o reembolso
aos inspectores do trabalho na agricultura de todas as despesas de deslocação e de todas
as despesas acessórias para o exercício das suas funções.
Artigo 16.º 1 - Os inspectores do trabalho na agricultura, munidos de credenciais comprovativas
das suas funções, devem ser autorizados:
a) A penetrar livremente, sem aviso prévio, a qualquer hora do dia e da noite, nos
locais de trabalho sujeitos ao controle da inspecção;
b) A penetrar de dia em todos os locais relativamente aos quais haja motivos
razoáveis para se supor sujeitos à alçada da inspecção;
c) A proceder a todos os exames, controles ou inquéritos considerados necessários
para se assegurarem de que as disposições legais são efectivamente observadas
e, especialmente:
i) A interrogar, quer a sós quer perante testemunhas, o empregador, o pessoal
da empresa ou qualquer outra pessoa que se encontre na exploração sobre
todas as questões relativas à aplicação das disposições legais;
ii) A pedir, por formas que poderiam ser definidas pela legislação nacional, a
apresentação de todos os livros, registos e outros documentos cuja
manutenção seja prescrita pela legislação relativa às condições de trabalho e
de vida, a fim de verificar a sua conformidade com as disposições legais e de
os copiar ou de elaborar resumo deles;
iii) A retirar e a levar, para fins de análise, amostras dos produtos, matérias e
substâncias utilizados ou manipulados, desde que o empregador ou o seu
representante sejam avisados de que foram retirados e levados com esse fim
produtos, matérias ou substâncias.
2 - Os inspectores não podem penetrar, em virtude das alíneas a) ou b) do
parágrafo anterior, na habitação privada do explorador de uma empresa agrícola, a não
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ser que tenham obtido o seu consentimento ou que estejam munidos de uma autorização
especial passada pela autoridade competente.
3 - Os inspectores devem, quando de uma visita de inspecção, informar da sua
presença o empregador ou o seu representante, assim como os trabalhadores ou os seus
representantes, a não ser que considerem que esse aviso possa prejudicar a eficácia do
controle.
Artigo 17.º Os serviços de inspecção do trabalho na agricultura devem ser associados, nos
casos e condições previstos pela autoridade competente, ao controle preventivo das novas
instalações, das novas substâncias e dos novos processos de manipulação ou de
transformação dos produtos que sejam susceptíveis de constituir uma ameaça para a
saúde ou para a segurança.
Artigo 18.º 1 - Os inspectores do trabalho na agricultura devem ser autorizados a tomar
medidas destinadas a eliminar os defeitos verificados numa instalação, num arranjo ou em
métodos de trabalho das empresas agrícolas, incluindo a utilização de substâncias
perigosas, relativamente aos quais possam ter um motivo razoável para os considerar
como ameaça para a saúde e segurança.
2 - Para ficarem habilitados a tomar essas medidas, os inspectores terão o direito, sob
reserva de todos os recursos judiciais ou administrativos que possam ser previstos pela
legislação nacional, de ordenar ou mandar:
a) Que se efectuem nas instalações, nos locais, nos utensílios, no equipamento ou
nos aparelhos, num prazo determinado, as modificações que forem necessárias
para assegurar a aplicação rigorosa das disposições legais relativas à saúde e à
segurança;
b) Que se tomem medidas imediatamente executórias, que poderão ir até à
suspensão do trabalho, nos casos de perigo iminente para a saúde e a segurança.
3 - Se o processo descrito no parágrafo 2 acima não for compatível com a prática
administrativa e judicial do Membro, os inspectores terão o direito de apelar para a
autoridade competente para que esta formule prescrições ou mande tomar medidas
imediatamente executórias.
4 - Os defeitos verificados pelo inspector ao visitar uma empresa, assim como as
medidas ordenadas em virtude do parágrafo 2 ou solicitadas em virtude do parágrafo 3,
devem ser imediatamente dados a conhecer ao empregador e aos representantes dos
trabalhadores.
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Artigo 19.º 1 - A inspecção do trabalho na agricultura deve ser informada dos acidentes de
trabalho e dos casos de doença profissional que ocorrerem no sector agrícola, nos casos e
da maneira que forem prescritos pela legislação nacional.
2 - Tanto quanto possível, os inspectores do trabalho devem ser associados a
todos os inquéritos, no próprio local, que incidam sobre as causas dos acidentes de
trabalho ou das doenças profissionais mais graves, especialmente quando se trate de
acidentes ou doenças mortais ou que façam um certo número de vítimas.
Artigo 20.º Sob reserva das excepções que possam ser previstas pela legislação nacional, os
inspectores do trabalho na agricultura:
a) Não terão direito a ter quaisquer interesses, directos ou indirectos, nas empresas
colocadas sob o seu controle;
b) Ficarão obrigados, sob pena de sanções penais ou medidas disciplinares
apropriadas, a não revelar, mesmo depois de terem deixado o serviço, os segredos
de fabrico ou de comércio ou os processos de exploração de que possam ter tido
conhecimento no exercício das suas funções;
c) Deverão tratar como absolutamente confidencial a fonte de toda e qualquer queixa
que lhes assinale um defeito, um perigo nos processos de trabalho ou uma
infracção às disposições legais e deverão abster-se de revelar ao empregador ou
ao seu representante que se procedeu a uma visita de inspecção na sequência de
uma queixa.
Artigo 21.º As empresas agrícolas deverão ser inspeccionadas tantas vezes e tão
cuidadosamente quanto necessário para assegurar a aplicação efectiva das disposições
legais pertinentes.
Artigo 22.º 1 - As pessoas que violarem ou descurarem a observação das disposições legais
cuja aplicação estiver submetida ao controle dos inspectores do trabalho na agricultura
ficarão sujeitas a processos judiciais ou administrativos imediatos sem aviso prévio.
Todavia, a legislação nacional pode prever excepções para os casos em que deva fazer-
se um aviso prévio a fim de se remediar uma situação ou de se tomarem medidas
preventivas.
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2 - Deixa-se ao critério dos inspectores do trabalho fazerem advertências ou darem
conselhos em vez de intentarem ou recomendarem processos.
Artigo 23.º Se os próprios inspectores do trabalho na agricultura não estiverem habilitados a
intentar processos, terão o direito de apresentar directamente à autoridade investida do
poder de os intentar relatórios sobre as infracções às disposições legais.
Artigo 24.º Serão previstas pela legislação nacional e efectivamente aplicadas sanções
adequadas à violação das disposições legais cuja aplicação esteja submetida ao controle
dos inspectores do trabalho na agricultura e à obstrução feita aos mesmos no exercício
das suas funções.
Artigo 25.º 1 - Os inspectores do trabalho ou as repartições locais de inspecção, conforme os
casos, ficarão obrigados a apresentar à autoridade central de inspecção relatórios
periódicos sobre os resultados das suas actividades na agricultura.
2 - Esses relatórios serão estabelecidos da maneira prescrita pela autoridade
central de inspecção e versarão sobre os assuntos indicados periodicamente por essa
autoridade; serão apresentados pelo menos com tanta frequência quanto a prescrita por
essa autoridade e, em qualquer caso, pelo menos uma vez por ano.
Artigo 26.º 1 - A autoridade central de inspecção publicará um relatório anual sobre a
actividade dos serviços de inspecção na agricultura, quer sob a forma de um relatório
separado, quer como parte do seu relatório anual geral.
2 - Esses relatórios anuais serão publicados num prazo razoável, que em nenhum
caso ultrapassará doze meses a partir do fim do ano aos quais respeitarem.
3 - Serão enviadas cópias dos relatórios anuais ao director-geral da Repartição
Internacional do Trabalho num prazo de três meses após a sua publicação.
Artigo 27.º Os relatórios anuais publicados pela autoridade central de inspecção incidirão
especialmente sobre os seguintes assuntos, na medida em que esses assuntos
dependerem do controle dessa autoridade:
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a) Leis e regulamentos do âmbito da competência da inspecção do trabalho na
agricultura;
b) Pessoal da inspecção do trabalho na agricultura;
c) Estatísticas das empresas agrícolas submetidas ao controle da inspecção e
número de pessoas ocupadas nessas empresas;
d) Estatísticas das visitas de inspecção;
e) Estatísticas das infracções cometidas e das sanções aplicadas;
f) Estatísticas dos acidentes de trabalho e das suas causas;
g) Estatísticas das doenças profissionais e das suas causas.
Artigo 28.º As ratificações formais da presente Convenção serão comunicadas ao director-
geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registadas.
Artigo 29.º 1 - A presente Convenção obrigará apenas os Membros da Organização
Internacional do Trabalho cuja ratificação tiver sido registada pelo director-geral.
2 - Entrará em vigor doze meses após o registo, pelo director-geral, da ratificação
de dois Membros.
3 - Em seguida, esta Convenção entrará em vigor para cada Membro doze meses
após a data em que tiver sido registada a sua ratificação.
Artigo 30.º 1 - Qualquer Membro que tiver ratificado a presente Convenção pode denunciá-la
decorrido um período de dez anos após a data da entrada em vigor inicial da Convenção,
mediante comunicação enviada ao director-geral da Repartição Internacional do Trabalho
e por ele registada. A denúncia só produzirá efeito um ano depois de registada.
2 - Qualquer Membro que tiver ratificado a presente Convenção e que, no prazo de
um ano a contar da expiração do período de dez anos mencionado no parágrafo anterior,
não usar da faculdade de denúncia prevista pelo presente artigo ficará obrigado por um
novo período de dez anos e, posteriormente, poderá denunciar a presente Convenção no
termo de cada período de dez anos, nas condições previstas neste artigo.
Artigo 31.º 1 - O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará todos os
Membros da Organização Internacional do Trabalho do registo de todas as ratificações e
denúncias que lhe forem comunicadas pelos Membros da Organização.
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2 - Ao notificar os Membros da Organização do registo da segunda ratificação que
lhe tiver sido comunicada, o director-geral chamará a atenção dos Membros da
Organização para a data em que a presente Convenção entrará em vigor.
Artigo 32.º O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho comunicará ao Secretário-
Geral das Nações Unidas, para fins de registo, de acordo com o artigo 102 da Carta das
Nações Unidas, informações completas sobre todas as ratificações e actos de denúncia
que tiver registado de acordo com os artigos anteriores.
Artigo 33.º Sempre que o julgar necessário, o conselho de administração da Repartição
Internacional do Trabalho apresentará à Conferencia Geral um relatório sobre a aplicação
da presente Convenção e decidirá se há motivo para inscrever na agenda da Conferência
a questão da sua revisão total ou parcial.
Artigo 34.º 1 - No caso de a Conferência adoptar uma nova convenção que reveja total ou
parcialmente a presente Convenção, e a não ser que a nova convenção disponha de outro
modo:
a) A ratificação por um Membro da nova convenção que efectuar a revisão pressupõe
de pleno direito, não obstante o disposto no artigo 30.º, a denúncia imediata da
presente Convenção, desde que a nova convenção que efectuar a revisão tenha
entrado em vigor;
b) A partir da data da entrada em vigor da nova convenção que efectuar a revisão, a
presente Convenção deixará de estar aberta à ratificação dos Membros.
2 - A presente Convenção permanecerá em todo o caso em vigor na sua forma e
conteúdo para os Membros que a tiverem ratificado e que não ratificarem a convenção que
efectuar a revisão.
Artigo 35.º As versões francesa e inglesa do texto da presente Convenção são igualmente
autênticas
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RECOMENDAÇÃO N.º 133, DE 1969, SOBRE A INSPECÇÃO DO TRABALHO
(AGRICULTURA) 8
1. Se as condições nacionais o permitirem, a competência da inspecção do
trabalho na agricultura deveria ser estendida de modo a incluir a colaboração com
os serviços técnicos competentes, com vista a ajudar o produtor agrícola,
qualquer que seja seu estatuto, a melhorar sua exploração e a elevar o nível das
condições de vida e de trabalho das pessoas ali empregadas.
2. Salvo o disposto no artigo 6º, parágrafo 3, da Convenção de 1969, sobre a
inspecção do trabalho (agricultura), a inspecção do trabalho na agricultura pode
também ser envolvida na aplicação das disposições legais que tratam de questões
como:
a) formação profissional dos trabalhadores;
b) serviços sociais na agricultura;
c) cooperativas;
d) obrigação escolar.
3. (1) As funções dos inspectores do trabalho na agricultura não
deveriam normalmente incluir a função de actuarem como conciliadores ou
árbitros em conflitos do trabalho.
(2) Quando não houver, no sector agrícola, órgãos especiais
encarregados da conciliação, os inspectores do trabalho na agricultura poderiam
ser convocados, a título precário, a assumir essas funções.
(3) No caso contemplado no parágrafo 2 acima, a autoridade competente
deve tomar medidas adequadas à legislação nacional e compatível com os
recursos da administração do trabalho no país, para aliviar progressivamente
os inspectores do trabalho das funções aí tratadas, de modo a que possam
dedicar-se mais à inspecção propriamente dita das empresas.
4. Os inspectores do trabalho na agricultura devem familiarizar-se com as
condições de vida e de trabalho nesse sector de actividade; devem também
possuir conhecimentos dos aspectos económicos e técnicos do trabalho que ali
se faz.
8 Tradução não oficial.
- 48 -
5. Os candidatos a cargos superiores da inspecção do trabalho na
agricultura devem comprovar qualificações profissionais ou académicas
apropriadas ou possuir uma experiência profunda adquirida na administração do
trabalho.
6. Os candidatos a outros cargos da inspecção do trabalho na agricultura
(inspectores adjuntos, fiscais, etc.) devem, se o nível de escolaridade no país o
permitir, ter concluído o ciclo médio de instrução geral, completada, se possível,
com uma adequada formação profissional ou possuir boa experiência da
administração do trabalho ou do ambiente do trabalho.
7. Nos países onde o ensino estiver insuficientemente desenvolvido, as
pessoas nomeadas como inspectores do trabalho na agricultura devem ter,
pelo menos, uma certa experiência de agricultura ou manifestar interesse e ter
as aptidões para esse género de inspecção; devem receber formação
adequada no curso do emprego tão logo quanto possível.
8. A autoridade central da inspecção do trabalho deve dar instruções aos
inspectores do trabalho na agricultura, a fim de poderem desempenhar suas
tarefas, com uniformidade, em todo o país.
9. As fiscalizações nocturnas só devem ser efectuadas sobre questões
que não possam ser objecto de verificação diurna.
10. O recurso, na agricultura, a comités de saúde e de segurança, que
compreendem representantes de empregadores e de trabalhadores, poderia
ser uma das formas de colaboração entre funcionários do serviço de inspecção
do trabalho na agricultura e empregadores e trabalhadores, ou suas
organizações, se as houver.
11. A extensão dos serviços de inspecção do trabalho na agricultura –
contemplada no artigo 17.º da Convenção de 1969, sobre a inspecção do
trabalho (agricultura) – à fiscalização preventiva de novas instalações, de
novas substâncias e de novos processos de manipulação ou de transformação
dos produtos susceptíveis de constituir uma ameaça à saúde ou à segurança,
deve implicar a consulta prévia da inspecção do trabalho sobre:
- 49 -
a) o início da operação dessas instalações, da utilização dessas
substâncias e da execução desses processos;
b) os projectos de toda instalação onde se fizesse uso de máquinas
perigosas ou de processos de trabalho insalubres ou perigosos.
12. Os empregadores deveriam pôr à disposição dos inspectores do
trabalho na agricultura as facilidades necessárias, inclusive, se for o caso, um
local onde possa entender-se com pessoas empregadas na empresa.
13. Os relatórios anuais publicados pela autoridade central de
inspecção, além dos assuntos indicados no artigo 27.º da Convenção de 1969,
sobre a inspecção do trabalho (agricultura), deveriam tratar dos assuntos
seguintes, contanto que dependam dessa autoridade:
a) estatísticas dos conflitos de trabalho na agricultura;
b) exposição dos problemas que põe a aplicação das disposições
legais e dos progressos realizados com vista a sua solução;
c) sugestões com vista à melhoria das condições de vida e de trabalho
na agricultura.
14. (1) Os países-membros devem empreender ou promover uma
contínua acção educativa, destinada a informar as partes interessadas, por
todos os meios apropriados, sobre as disposições legais e a necessidade de
sua rigorosa aplicação, assim como dos perigos que ameaçam a saúde ou a
vida das pessoas empregadas nas empresas agrícolas e dos meios mais
apropriados para os evitar.
(2) Essa acção educativa poderia incluir, de acordo com as
condições nacionais:
a) a utilização dos serviços de animadores ou de monitores rurais;
b) a difusão de cartazes, brochuras, periódicos e jornais;
c) a organização de sessões de cinema e programas radiofónicos e de
televisão;
d) a organização de exposições e de demonstrações concernentes à
saúde e à segurança;
e) a inclusão de questões de saúde e de segurança, bem como, também,
de outras questões apropriadas, nos programas de ensino das escolas
rurais e das escolas agrícolas;
- 50 -
f) a organização de conferências destinadas às pessoas que trabalham
na agricultura e são afectadas pela introdução de novos métodos de
trabalho ou pela utilização de novas matérias e substâncias;
g) a participação dos inspectores do trabalho na agricultura nos
programas de educação do trabalhador;
h) a organização de cursos, de debates e de seminários, assim como de
competições com atribuição de prémios.
* *
*
- 51 -
A INSPECÇÃO DO TRABALHO NA UNIÃO EUROPEIA: O COMITÉ DOS
ALTOS RESPONSÁVEIS DA INSPECÇÃO DO TRABALHO – CARIT
DECISÃO DA COMISSÃO DE 12 DE JULHO DE 1995 QUE INSTITUI UM
COMITÉ DOS ALTOS RESPONSÁVEIS DE INSPECÇÃO DO TRABALHO
(95/319/CE)
A COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS,
Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia,
Considerando que um « Grupo dos altos responsáveis da inspecção do trabalho »
funciona desde 1982, de modo informal;
Considerando que a comunicação da Comissão (1) sobre o seu programa no
domínio da segurança, da higiene e da saúde no local de trabalho preconiza a oficialização
das reuniões periódicas deste grupo;
Considerando que as conclusões do Conselho, de 21 de Dezembro de 1992, sobre
a aplicação e a execução eficazes da legislação comunitária no domínio dos assuntos
sociais (2), convidam os Estados-membros e a Comissão a encorajar e a favorecer uma
cooperação estreita e continuada entre os membros desse grupo, no respeito do princípio
da subsidiariedade;
Considerando que a comunicação da Comissão relativa ao seu programa no
domínio da segurança, higiene e protecção da saúde no trabalho (3), prevê que o « Grupo
dos altos responsáveis da inspecção do trabalho » seja formalizado, passando a constituir
um comité;
Considerando que a Resolução do Conselho, de 16 de Junho de 1994, relativa ao
desenvolvimento da cooperação administrativa no domínio da execução e da aplicação da
legislação comunitária no âmbito do mercado interno (4), define uma metodologia de
cooperação administrativa entre os Estados-membros e entre os Estados-membros e a
Comissão baseada nas obrigações de prestar assistência mútua e de transparência e nos
princípios de proporcionalidade e de confidencialidade;
Considerando que esta política deve também ser prosseguida no que respeita à
execução e à aplicação da legislação social comunitária no domínio da saúde e segurança
no trabalho, designadamente nos termos em que é referida no « Livro Branco » da
Comissão sobre a política social europeia (ponto 10 B) e no Programa de acção social a
médio prazo;
- 52 -
Considerando que a identificação, a análise e a resolução dos problemas práticos
ligados à criação e ao controlo da aplicação do direito comunitário derivado, em matéria de
saúde e segurança no local de trabalho, são essencialmente da competência dos serviços
nacionais de inspecção do trabalho e requerem uma estreita colaboração entre esses
serviços e os serviços da Comissão;
Considerando que o « Comité dos altos responsáveis da inspecção do trabalho »
constitui, pela sua já longa experiência, o quadro adequado para acompanhar, com base
numa estreita colaboração entre os seus membros e a Comissão, a execução efectiva e
equivalente do direito comunitário derivado da saúde e segurança no trabalho e analisar
de maneira rigorosa as questões práticas colocadas pelo controlo da aplicação da
legislação neste domínio;
Considerando que a presente decisão não prejudica as obrigações dos Estados-membros
decorrentes da Convenção da Organização Internacional do Trabalho sobre a inspecção
do trabalho (n.º 81) adoptada em 11 de Julho de 1947,
DECIDE:
Artigo 1º 1. A Comissão é assistida por um «Comité dos altos responsáveis da inspecção do
trabalho», a seguir designado por «comité».
2. O comité é composto por representantes da Inspecção do Trabalho dos
Estados-membros.
Artigo 2º 1. O comité tem por função emitir pareceres destinados à Comissão, quer a pedido
desta, quer por iniciativa própria, sobre todos os problemas relativos ao controlo pelos
Estados-membros da aplicação do direito comunitário da saúde e segurança no trabalho.
2. Devido à diversidade de competências dos serviços nacionais de inspecção do
trabalho, que podem exceder o domínio da saúde e segurança no trabalho, o comité
formulará, a pedido da Comissão ou por sua própria iniciativa, pareceres sobre matérias
envolvendo outras áreas da legislação social comunitária que tenham efeitos sobre a
saúde e a segurança no trabalho.
3. O comité proporá à Comissão qualquer iniciativa que julgue apropriada com o
objectivo de favorecer a aplicação efectiva e equivalente do direito comunitário da saúde e
segurança no trabalho, nomeadamente através de uma cooperação mais estreita entre os
sistemas nacionais de inspecção do trabalho.
- 53 -
Artigo 3º O comité, na sua tarefa de assistir a Comissão, desenvolverá a sua acção com
vista a atingir os seguintes objectivos:
1. Definição dos princípios comuns da inspecção do trabalho em matéria de saúde
e segurança no local de trabalho e desenvolvimento de metodologias de avaliação dos
sistemas nacionais de inspecção, por referência a esses princípios;
2. Promoção de um melhor conhecimento e compreensão mútuos dos vários
sistemas e práticas nacionais de inspecção do trabalho, das metodologias e quadros
jurídicos de intervenção;
3. Desenvolvimento de intercâmbios de experiências entre serviços nacionais de
inspecção do trabalho em matéria de controlo da aplicação do direito comunitário derivado
relativo à saúde e segurança no trabalho, a fim de assegurar uma aplicação coerente do
mesmo em toda a Comunidade;
4. Promoção dos intercâmbios de inspectores do trabalho entre administrações
nacionais e elaboração de programas de formação destinados aos inspectores;
5. Elaboração e publicação de documentos destinados a facilitar a actividade dos
inspectores do trabalho;
6. Desenvolvimento de um sistema fiável e eficaz de intercâmbio rápido de
informações entre Inspecções do Trabalho sobre qualquer problema levantado pelo
acompanhamento da execução da legislação comunitária no domínio da saúde e da
segurança no local de trabalho;
7. Estabelecimento de uma cooperação activa com as Inspecções do Trabalho de
países terceiros, a fim de promover a acção realizada pela Comunidade em matéria de
saúde e segurança no trabalho e ajudar a resolver eventuais problemas transfronteiriços;
8. Estudo do possível impacte de outras políticas comunitárias sobre as actividades
das Inspecções do Trabalho relativas à saúde e segurança no trabalho e às condições de
trabalho.
Artigo 4º O comité definirá um programa de trabalho, válido por três anos, no qual as
actividades a desenvolver serão anualmente especificadas, tendo em conta a avaliação
das actividades realizadas no ano anterior.
Artigo 5º 1. O comité inclui dois representantes de cada Estado-membro.
2. Os membros do comité são designados pela Comissão sob proposta dos
Estados-membros.
- 54 -
3. O mandato dos membros do comité é de três anos. O mandato é renovável.
4. O mandato de um membro termina antes de expirar o período de três anos em
caso de demissão ou morte ou na sequência de notificação do Estado-membro em causa
à Comissão indicando o termo do mandato.
5. As funções exercidas não são remuneradas.
Artigo 6º A lista dos membros é publicada pela Comissão no Jornal Oficial das
Comunidades Europeias, para informação.
Artigo 7º 1. O comité é presidido por um representante da Comissão.
2. O comité é assistido por dois vice-presidentes escolhidos dentre os membros
dos dois Estados-membros que nesse ano assegurarem a Presidência do Conselho.
3. O presidente e os dois vice-presidentes constituem a Mesa.
4. A Mesa prepara e organiza os trabalhos do comité com os serviços da
Comissão, que asseguram o secretariado do comité, da Mesa e dos grupos de trabalho
previstos no artigo 9º
Artigo 8º 1. O comité pode, com o assentimento do representante da Comissão, convidar a
participar nos seus trabalhos, na qualidade de perito, qualquer pessoa especialmente
competente numa matéria inscrita na ordem de trabalhos.
2. Os peritos participam nas deliberações apenas no que respeita às questões que
motivaram a sua presença.
Artigo 9º 1. O comité pode, com o assentimento do representante da Comissão, constituir
grupos de trabalho.
2. Os grupos de trabalho serão presididos por um membro do comité e serão
formados por membros do comité e/ou por peritos quando tal se revele necessário. O
grupo de trabalho apresentará relatórios da sua actividade ao plenário do comité.
Artigo 10º 1. O comité e a Mesa reúnem-se por convocação do presidente do comité, por
iniciativa deste ou a pedido de um terço dos membros do comité. O comité reúne-se pelo
menos duas vezes por ano.
- 55 -
2. Os representantes da Comissão participam nas reuniões do comité e dos grupos
de trabalho.
Artigo 11º 1. Nos casos em que a Comissão solicite o parecer do comité, pode fixar-lhe o
prazo em que o referido parecer deve ser emitido.
2. As deliberações do comité não são seguidas de qualquer votação.
3. As conclusões do comité serão escritas. Se os membros do comité expressarem
pareceres de sentido diferente, será feito um registo escrito dos pareceres formulados, o
qual será submetido à Comissão.
Artigo 12º 1. O comité submeterá anualmente à Comissão um relatório das suas actividades,
em especial no que se refere a qualquer problema relacionado com a aplicação ou o
acompanhamento da aplicação do direito comunitário derivado relativo à saúde e à
segurança no trabalho.
2. A Comissão transmitirá esse relatório ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao
Comité Económico e Social e ao Comité consultivo para a segurança, higiene e protecção
da saúde no local de trabalho.
Artigo 13º Sem prejuízo do disposto no artigo 214º do Tratado, os membros do comité ficam
obrigados a não divulgar as informações a que tiveram acesso através dos trabalhos do
comité ou dos grupos de trabalho, sempre que a Comissão ou um membro do comité pedir
que o carácter confidencial da informação dada ou do parecer emitido seja mantido.
Neste caso, apenas os membros do comité e os representantes da Comissão podem
assistir às reuniões.
Feito em Bruxelas, em 12 de Julho de 1995.
Pela Comissão Pádraig FLYNN Membro da Comissão
* *
*
- 56 -
PRINCÍPIOS COMUNS DE INSPECÇÃO DO TRABALHO EM RELAÇÃO COM A
SEGURANÇA E A SAÚDE NOS LOCAIS DE TRABALHO 9
Objectivo Esta nova versão é o resultado de um pedido apresentado pelo Grupo de Trabalho para a
Estratégia do CARIT (SLIC Strategy Working Group) para que se revisse o documento a
fim de se ter em consideração a experiência adquirida nas avaliações executadas em anos
recentes e a nova Estratégia Comunitária relativa à saúde e à segurança no trabalho.
Embora a responsabilidade pela execução da legislação comunitária recaia sobre os
Estados-Membros, o CARIT desempenha um papel fundamental no que se refere à
promoção da execução e do cumprimento correctos das directivas comunitárias. O
objectivo deste documento é definir um certo número de Princípios Comuns tendo em vista
a inspecção nos domínios da saúde e da segurança e, desse modo, encorajar a adopção
de uma abordagem comum para a aplicação dos requisitos legais nos locais de trabalho e
a adopção de critérios comparáveis pelos serviços de inspecção nas suas políticas e
práticas de execução e imposição do respeito pela legislação. Esta revisão está
estruturada de acordo com três secções principais:
A Visão de Conjunto, que explica o contexto actual em que se processam as inspecções
de trabalho na União Europeia,
Os Princípios Fundamentais, cuja adopção é essencial em todos os Estados-Membros e
que se concentram na aplicação e na execução da legislação da UE. Estes princípios
ocupam-se do ponto de vista do Conselho e da Comissão, segundo o qual “a aplicação
efectiva da legislação comunitária é uma condição indispensável para a melhoria da
qualidade do ambiente de trabalho”,
Os Princípios de Desenvolvimento, cuja adopção é fundamental para os Estados-
Membros atingirem os objectivos mais vastos da Estratégia Comunitária.
A avaliação dos Serviços de Inspecção do Trabalho concentrar-se-á sobre os Princípios Fundamentais, mas analisará igualmente os progressos alcançados em direcção aos
Princípios de Desenvolvimento.
9 O presente documento foi aprovado pelo Comité de Altos Responsáveis da Inspecção do Trabalho
(CARIT) em reunião plenária (Maastricht, Holanda, 3-5 Novembro de 2004).
- 57 -
Visão de conjunto
1 O campo de acção da inspecção do trabalho situa-se no ponto em que a
legislação, a tecnologia e a realidade política, social e económica se entrecruzam.
Actualmente ela é amplamente reconhecida como uma actividade multidimensional
que se desenvolve em contextos políticos, económicos, culturais e sociais, assim
como em contextos de natureza técnica, médica e legal. Assim, a inspecção do
trabalho confronta-se com desafios complexos que implicam a necessidade de se
equilibrarem as exigências dos problemas de saúde e de segurança industrial mais
tradicionais com as exigências resultantes da economia em transformação e da
percepção, em evolução, do papel da inspecção do trabalho. O ponto de equilíbrio
varia entre os Estados-Membros (EM) e os Princípios Comuns (PC) deverão ser
expressos de modo a permitir que os EM relacionem as suas necessidades e
prioridades divergentes com estes princípios.
2 O reconhecimento de todas estas realidades implica a necessidade de abordagens
mais holísticas10, que integrem melhorias no ambiente de trabalho, com métodos que
procurem garantir o “bem-estar no trabalho11” no sentido mais amplo. Estas abordagens
baseiam-se:
(i) nas exigências de convenções em vigor da Organização Internacional do
Trabalho, nomeadamente a Convenção 81 sobre “Inspecção do
Trabalho";
(ii) na Directiva Quadro e nas directivas com ela relacionadas, que incidem
sobre sistemas de gestão da saúde e da segurança;
(iii) nos objectivos expostos na Comunicação da Comissão “Adaptação às
transformações do trabalho e da sociedade: uma nova estratégia
comunitária de saúde e segurança 2002-2006", cujo objectivo é a
melhoria constante do bem-estar no trabalho;
10 O vocábulo "holística" implica uma abordagem “global”, seja em relação a um indivíduo ou a uma
organização.
11 A Estratégia Comunitária define o "bem-estar no trabalho" como um bem-estar físico, moral e social e
não apenas como algo que se possa medir pela ausência de acidentes ou de doenças profissionais.
- 58 -
(iv) na “Resolução relativa ao papel do CARIT no quadro da nova estratégia
comunitária sobre segurança e saúde no trabalho em 2002-2006”, CARIT
Billund, Dinamarca, 5-6 de Novembro de 2002;
(v) na Carta Social Europeia (revista), Estrasburgo, 3 de Maio de 1996.
3 A Directiva Quadro constitui uma base legislativa acerca do âmbito da inspecção
do trabalho na UE dado que define como se deve aplicar a legislação da UE sobre saúde e
segurança. A directiva aplica-se praticamente a todos os sectores do trabalho. O interesse
fundamental do CARIT reside na execução e na imposição do respeito correcto e uniforme
pelas directivas comunitárias e estes Princípios Comuns favorecem este interesse. A
Directiva Quadro não se aplica a trabalhadores independentes12, nem se aplica aos riscos
infligidos ao público e que resultem de actividades laborais, mas nalguns Estados-
Membros estas duas áreas fazem parte da inspecção regular do trabalho. Além disso,
podem existir outras funções desempenhadas pelos inspectores do trabalho (por exemplo
em relação com o ambiente ou com as relações industriais) e que não façam parte do
âmbito legislativo da Directiva Quadro. O âmbito sectorial da Directiva Quadro ultrapassa o
âmbito da Convenção 81 da OIT sobre “Inspecção do Trabalho” e das suas convenções
conexas, embora o âmbito temático da Convenção 81 seja mais amplo.
4 A Convenção 81 da OIT tem um conceito estrutural que faz referência a
autoridades “centrais” ou “competentes” encarregadas de fiscalizar a nível nacional os
dispositivos legais e administrativos, e de superintenderem e controlarem a inspecção do
trabalho. Contudo, as organizações de muitos Estados-Membros responsáveis pela função
de inspecção do trabalho incluem igualmente o desenvolvimento de estratégias, a criação
de políticas operacionais e as funções de planeamento, fiscalização e recolha de
informações. O resultado desta situação é que a distinção entre uma inspecção do
trabalho e uma autoridade central é em muitos casos extremamente artificial. Por
conseguinte, nos casos em que esta declaração de princípios comuns revista se refere à
Inspecção do Trabalho (IT) presume-se que isso inclua o papel desempenhado pela
“Autoridade Central” da OIT, papel esse que inclui os dispositivos inseridos no âmbito dos
sistemas federais.
5 A Resolução do Conselho de 3 de Junho de 2002 e a Estratégia Comunitária para
2002-06 que a apoia realçam que “a imposição efectiva do respeito pela legislação
12 Mas, vide "Recomendação do Conselho de 18 de Fevereiro de 2003 relativa à melhoria da protecção
da saúde e da segurança no trabalho de trabalhadores independentes”.
- 59 -
comunitária é uma condição necessária para a melhoria da qualidade do ambiente de
trabalho” e esta ideia permanece no âmago das responsabilidades do CARIT e no dos
Princípios Comuns. Porém, simultaneamente, a Resolução e a Estratégia prevêem uma
abordagem muito mais ampla, mais inovadora e mais holística da saúde e da segurança
profissional a fim de “atingir o objectivo de uma constante melhoria do bem-estar no
trabalho”, e é importante que a Inspecção do Trabalho seja encarada como estando a
contribuir integralmente para estes desenvolvimentos.
6 Significa isto que as autoridades responsáveis pela inspecção do trabalho
assumem as tarefas de:
(i) formulação de uma visão clara;
(ii) reorientação dos serviços para novos objectivos, ao mesmo tempo que
reconhecem a continuidade da importância de muitos dos actuais
objectivos;
(iii) porem efectivamente em prática todas as actividades de inspecção do
trabalho;
(iv) aumento da sua eficácia; de criação de novas políticas, estratégias e
métodos de intervenção preventiva; e de
(v) optimização e avaliação do seu impacto qualitativo e quantitativo.
7 Esta declaração revista dos Princípios Comuns foi elaborada como resposta a
estes marcos e como base para a avaliação por parte dos Estados-Membros e pode ser
utilizada:
(i) como um guia para a política estratégica, a política administrativa e a política
de inspecção, assim como para a organização, a prática e a ética da
inspecção;
(ii) como uma ferramenta destinada a encorajar o desenvolvimento de sistemas de
inspecção e para controlar o progresso de um Estado-Membro no sentido de
um sistema mais eficaz;
(iii) como uma medida da eficácia dos diversos sistemas de inspecção vigentes,
em parte para ajudar a reforçar os serviços de inspecção nacionais e regionais
e em parte para aumentar a transparência entre os Estados-Membros e os
métodos de avaliação do seu desempenho e impacto, tanto externa como
internamente;
- 60 -
(iv) como fonte de referência de política, reflectindo ou tomando em consideração
as normas internacionais e nacionais;
(v) como uma demonstração dos objectivos comuns e da coerência da
abordagem;
(vi) como modo de explicar de que forma uma política de controlo do respeito pela
legislação deve decorrer de um conjunto de princípios fundamentais que
reflictam o papel e as responsabilidades da inspecção do trabalho, assim como
as expectativas do mundo do trabalho.
8 A responsabilidade pela execução e respeito pela legislação comunitária relativa à
saúde e à segurança profissional incumbe aos Estados-Membros. É importante que eles
trabalhem em conjunto a fim de desenvolverem abordagens coerentes em toda a
Comunidade. Para que a função de Inspecção do Trabalho possa ser exercida
eficazmente, no que se refere aos princípios comuns, é indispensável (vide os parágrafos
10 e 11) que também existam acordos em vigor nos Estados-Membros, destinados a:
(i) garantir que a legislação comunitária seja devidamente transposta para o
direito interno;
(ii) definir as suas estratégias de saúde e segurança ocupacional no contexto de
abordagem global das condições de trabalho, que indique o que o Estado-
Membro pretende alcançar e ao longo de que período de tempo. As
estratégias devem ser transparentes para os parceiros sociais e devem ter
em consideração a Estratégia Comunitária, e as expectativas, necessidades
e prioridades nacionais e locais;
(iii) manter ou desenvolver instituições e mecanismos encarregados da aplicação
da legislação da UE que, em certos casos, pode incluir serviços
especializados de apoio, a polícia e os sistemas jurídicos e judiciais, dos
quais os serviços de inspecção do trabalho dependem para garantir o
cumprimento eficaz e eficiente das suas responsabilidades. Estas instituições
devem dispor de recursos suficientes para poderem cumprir os deveres que
as estratégias nacionais e regionais delas esperam;
(iv) estabelecer relacionamentos efectivos entre ministérios, organizações e
instituições envolvidas, directa ou indirectamente, na segurança e na saúde
ocupacional, a fim de se alinharem estratégias, de se partilharem
competências e de se coordenarem acções;
- 61 -
(v) estabelecer relacionamentos efectivos com os parceiros sociais a fim de se
aproveitarem as suas competências, de se terem em consideração as suas
prioridades e de se garantir o seu apoio;
(vi) recolher, comparar, analisar e publicar informações acerca dos
comportamentos na área da saúde e da segurança recolhidas ao nível dos
sectores de actividade nacional e regional e, se tal se justificar, ao nível das
empresas e dos locais de trabalho;
(vii) encorajar os empregadores e os trabalhadores a adoptarem acções positivas
para porem em prática normas mais exigentes de saúde e segurança
ocupacional e para prestarem informações e promoverem orientações
adequadas destinadas a ajudarem os empregadores e os trabalhadores a
respeitar a legislação.
9 Há alguns outros aspectos que podem ser relevantes para se fazer melhorar os
níveis de saúde e de segurança e para os pôr em conformidade com a Estratégia
Comunitária e em relação com os Princípios de Desenvolvimento (vide o parágrafo 12). A
fim de tomarem em consideração estes aspectos, os Estados-Membros deverão:
(i) garantir que as estratégias futuras dos Estados-Membros integrem como
seu objectivo a melhoria constante da qualidade do trabalho e do bem-
estar no trabalho em termos físicos, mentais e sociais;
(ii) estabelecer ou reforçar relacionamentos efectivos entre ministérios,
organizações e instituições envolvidas directa ou indirectamente no bem-
estar no trabalho, na reabilitação, na saúde pública, nas políticas do
emprego e noutras políticas que prossigam objectivos de protecção, a fim
de se alinharem estratégias, de se partilharem competências e de se
coordenarem acções;
(iii) garantir que a afectação de recursos reflicta as necessidades das
estratégias nacionais ou regionais de desenvolvimento;
(iv) chegar a consensos acerca de acordos claros de coordenação
destinados a garantir as alterações e o desenvolvimento necessários;
(v) sublinhar a importância do diálogo social no desenvolvimento da
estratégia geral;
(vi) alargar o âmbito da legislação relativa à saúde profissional e à segurança
de modo a que inclua todos os empregados;
(vii) analisar a forma como os riscos em que incorrem os trabalhadores
independentes podem ser incluídos em estratégias nacionais e regionais;
- 62 -
(viii) analisar a forma como os princípios subjacentes à legislação europeia
que se relacionem com riscos para o público que decorram de
actividades de trabalho podem aplicar-se por intermédio do sistema de
inspecção do trabalho;
(ix) promover uma cultura de prevenção em todo o sistema educativo.
Os princípios fundamentais 10 Os princípios fundamentais, cuja aplicação é essencial em todos os Estados-
Membros, concentram-se sobre a execução e a imposição do respeito pela legislação da
UE e corroboram o ponto de vista do Conselho e da Comissão, segundo o qual “a
imposição efectiva do respeito pela legislação comunitária é imprescindível para a
melhoria da qualidade do ambiente de trabalho". A fim de garantirem a execução e a
aplicação efectivas ao nível operacional, as inspecções do trabalho devem:
Planificação e controlo: (i) preparar planos anuais de trabalho que definam as áreas de acção prioritárias
para o ano em causa e que pormenorizem os programas de inspecção assim
como outros programas que sejam necessários para o cumprimento dos planos 13;
(ii) criar sistemas destinados a controlar o modo como se vai cumprindo o
programa anual e para a criação dos dados necessários ao Relatório Anual do
CARIT;
Competências e independência dos inspectores (iii) garantir que tanto os homens como as mulheres sejam elegíveis para
nomeação como inspectores; que os inspectores possuam as habilitações
adequadas; que sejam competentes para assumirem as suas
responsabilidades; e que recebam a formação, as instruções e as informações
necessárias para que possam desempenhar o seu trabalho;
(iv) garantir que os inspectores obtenham apoio especializado, técnico, científico,
jurídico, metodológico e outro que os ajude a desempenhar os seus deveres;
13 Os planos devem também reflectir as necessidades do Relatório Anual do CARIT, que constituirá uma
das ferramentas utilizadas na avaliação da aplicação dos Princípios Comuns.
- 63 -
(v) garantir que os inspectores sejam imparciais, independentes de influências
externas inaceitáveis, bem como das empresas ou organizações que
inspeccionem, e que não exerçam outras tarefas que possam interferir com as
suas responsabilidades fundamentais;
(vi) garantir que os inspectores disponham de gabinetes de trabalho adequados e
de meios de transporte, e que sejam reembolsados de quaisquer despesas
necessárias em que incorram no desempenho das suas tarefas.
Poderes dos inspectores (vii) garantir que os inspectores disponham dos poderes necessários para
desempenharem as tarefas que lhes são atribuídas. Aqueles poderes deverão
incluir especialmente os seguintes:
• de entrada nos locais de trabalho sem aviso prévio;
• de efectuar inspecções e investigações no local de trabalho;
• de exigir aos empregadores e aos empregados informações relevantes
para qualquer inspecção ou investigação;
• de examinar os arquivos e os relatórios relevantes para a saúde e a
segurança no local de trabalho;
• de aplicar ou de fazer aplicar sanções sempre que estas sejam
consideradas necessárias;
• de exigir a cessação imediata das actividades laborais no caso de
existência de riscos graves. Nalguns Estados-Membros, estes riscos
graves têm também de ser considerados como imediatos, enquanto
noutros, o risco grave pode ser um risco que tenha efeitos retardados,
como é o caso dos efeitos latentes sobre a saúde;
Estes poderes devem ser exercidos no respeito pela plena confidencialidade
dos dados clínicos pessoais, pelas informações económicas, pelas queixas dos
empregados e pelos segredos de fabrico.
Orientações para os inspectores (viii) expor por escrito a abordagem a adoptar pelos inspectores nas visitas que
efectuam aos locais de trabalho e indicar a acção a executar em circunstâncias
especiais (vide o parágrafo 11 abaixo);
- 64 -
Comunicações internas (ix) garantir a existência de bons laços de comunicação a fim de permitir que as
questões de boa prática e as áreas passíveis de melhorias sejam submetidas à
atenção de outros inspectores, decisores de políticas e de legisladores,
especialmente recorrendo à utilização de um sistema de informações
adequado.
11 A abordagem a adoptar durante uma inspecção deve incluir um exame físico das
práticas laborais no local de trabalho, das normas e das condições de trabalho e um
debate com os representantes do empregador e dos trabalhadores. Ao investigar
acidentes relacionados com o trabalho ou casos de doença é importante que, sempre que
necessário e possível, a pessoa envolvida seja entrevistada. No quadro dos princípios
chave, a análise e o debate devem centrar-se na garantia do respeito pela legislação
nacional aplicável, incluindo a que resulte da transposição da legislação da UE para o
direito interno. No seguimento de uma inspecção, o inspector deve ficar apto a tomar as
medidas adequadas, baseado nos poderes legais de que dispõe no Estado-Membro.
Essas medidas podem incluir a aplicação de sanções que o inspector esteja autorizado a
aplicar. As prioridades da inspecção, baseadas na estrutura da Directiva Quadro são as
seguintes:
Acções que visem garantir a conformidade com a legislação da UE
(i) verificar se as políticas do empregador em prol da saúde e da segurança se
orientam para a garantia da saúde e da segurança dos seus empregados;
(ii) verificar se é previsível que a organização e as disposições que o empregador
introduziu para garantir a saúde e a segurança conduzem à identificação,
rectificação e prevenção de deficiências, o que deverá incluir as disposições do
empregador destinadas a identificar os perigos e a avaliar os riscos;
(iii) avaliar especialmente as disposições adoptadas pelo empregador para:
• o planeamento, organização, execução, controlo, fiscalização e revisão
efectiva das medidas de protecção e de prevenção no local de trabalho;
• garantir pareceres e ajuda de peritos acerca de questões de saúde e
segurança;
• lidar com as situações de emergência; fornecer aos empregados e/ou
aos seus representantes, informações compreensíveis e relevantes;
• formar os empregados na área da saúde e da segurança;
• assegurar consultas com os empregados e/ou os seus representantes
acerca de matérias relevantes para a saúde e a segurança;
- 65 -
• garantir que as disposições em vigor protegem efectivamente os
trabalhadores contra o risco identificado;
Medidas tomadas pelo inspector como resultado da sua inspecção No que se refere ao empregador
(iv) decidir que acções são necessárias e tomar as medidas exigidas para
assegurar o respeito pelas disposições legais e a aceitação das orientações
que as apoiam; essas acções incluem pareceres (tanto escritos como verbais);
a emissão de uma ordem de cessação imediata dos trabalhos ou a introdução
de melhorias dentro de um espaço de tempo determinado; a emissão de uma
multa/penalização (seja directamente, seja por intermédio da autoridade
adequada); ou um encaminhamento para as autoridades judiciais.
No que se refere aos empregados
(v) garantir que os representantes dos trabalhadores sejam informados acerca das
conclusões dos inspectores e que quaisquer relatórios escritos entregues ao
empregador sejam disponibilizados aos representantes dos trabalhadores, que
devem igualmente ser informados das respostas dadas pelo empregador.
Esses relatórios não devem incluir informações confidenciais relativas ao
empregador ou aos empregados (vide secção 10(vii) acima).
No que se refere a outras organizações
(vi) decidir se é necessária a existência de qualquer ligação com outros órgãos
encarregados da imposição do respeito pela legislação que possam ser
responsáveis, de acordo com a legislação nacional, por assuntos tais como a
protecção da saúde pública, a protecção dos consumidores ou do ambiente, ou
a segurança contra incêndios.
No que se refere aos relatórios conservados apenas para uso interno dos inspectores
(vii) redigir um relatório acerca das decisões e medidas tomadas pelo inspector, o
qual pode incluir informações sobre:
• os dados fundamentais, características e identificação do empregador e
da organização, e das disposições sobre saúde e segurança em vigor
no local de trabalho;
• as normas de saúde, de segurança e de condições de trabalho
adoptadas no local de trabalho, incluindo uma indicação do nível de
conformidade com as disposições legais aplicáveis;
- 66 -
• os riscos identificados pelo inspector e uma avaliação desses riscos;
• os pareceres dados ou as medidas formais sobre imposição do respeito
pela legislação tomadas pelo inspector;
• uma avaliação acerca da amplitude das melhorias introduzidas no
sector da saúde, da segurança e das condições de trabalho, e acerca
da probabilidade de se manterem essas melhorias. Nomeadamente,
podem incluir-se as medidas que o empregador propôs aos
representantes dos trabalhadores para melhorar e manter normas de
saúde e de segurança em vigor
Os princípios de desenvolvimento
12 Os princípios de desenvolvimento tratam dos objectivos mais vastos da Estratégia
da Comunidade. Alguns deles já serão uma realidade em várias inspecções do trabalho;
outros não passarão ainda de aspirações na maioria delas. Se bem que seja importante
manter-se a prioridade relativamente às funções que visem o respeito pela legislação,
funções que só os inspectores do trabalho podem exercer, é igualmente fundamental
melhorar-se a protecção do trabalhador por meio da aplicação dos princípios de
desenvolvimento. Por conseguinte, é importante que os Estados-Membros tomem medidas
para:
(i) desenvolverem uma melhor compreensão da abordagem holística
integrada, encorajarem uma cultura de abertura de espírito nas
inspecções do trabalho, e tornarem os inspectores mais conscientes do
papel que podem desempenhar na promoção do bem-estar no trabalho;
(ii) encorajar o desenvolvimento do trabalho em parceria entre a inspecção
do trabalho e outras partes interessadas que possam influenciar a
abordagem do bem-estar no trabalho;
(iii) garantir que os planos de trabalho e as prioridades tenham em conta as
transformações da economia, a variação dos modelos de emprego e a
sua influência sobre as questões e as prioridades na área da saúde e da
segurança;
(iv) garantir que os inspectores recebam uma formação adequada em
questões emergentes, e que o apoio especializado que lhes é fornecido
seja bem adaptado às prioridades e perspectivas em transformação;
- 67 -
(v) desenvolver sistemas de controlo dos processos, das técnicas e das
actividades de inspecção, que tenham em consideração as abordagens
internacionais no domínio da gestão de qualidade.
Avaliação do sistema de inspecção
13 A Estratégia Comunitária impõe a inspecção e o controlo da execução correcta e
equivalente da legislação comunitária nos Estados-Membros e considera que, em relação
aos princípios comuns, a avaliação dos sistemas nacionais de inspecção é um elemento
importante no quadro da sua execução coerente. O CARIT comprometeu-se a executar
um programa de avaliações em todos os Estados-Membros; cada avaliação será chefiada
por um seu membro apoiado por representantes de outros Estados-Membros. O Anexo 1
contém um Protocolo que fornece orientações úteis relativas à execução das avaliações.
Com base nos Princípios Comuns elaborou-se um questionário que consta no Anexo 2,
que tem em vista facilitar o processo de avaliação. Para minimizar duplicações e para
integrar as respostas, o questionário sublinha que, nos casos em que as informações já
tenham sido introduzidas no Manual do Estado-Membro ou no Relatório Anual do CARIT,
essas informações não devem ser repetidas ao responder ao questionário, mas
simplesmente anexadas ao mesmo.
Revisão de princípios
14 O Comité de Altos Responsáveis da Inspecção do Trabalho procederá, de tempos
a tempos, à revisão dos princípios expostos neste documento, à medida que evolua a
experiência adquirida com a aplicação da legislação europeia e que se apure a
consciência dos objectivos de longo prazo da Estratégia Comunitária.
12 de Setembro de 2004
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- 68 -
CONTEXTO DE RELAÇÃO DA INSPECÇÃO DO TRABALHO COM OUTROS
SISTEMAS: CONVENÇÕES E RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DO TRABALHO
CONVENÇÃO N.º 150 DE 1978 RELATIVA À ADMINISTRAÇÃO DO TRABALHO
(PAPEL, FUNÇÕES E ORGANIZAÇÃO) 14
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada para Genebra pelo conselho de administração da Repartição
Internacional do Trabalho e aí reunida em 7 de Junho de 1978, na sua sexagésima quarta
sessão;
Recordando os termos das convenções e recomendações internacionais do
trabalho existentes - especialmente da Convenção sobre a Inspecção do Trabalho, 1947,
da Convenção sobre a Inspecção do Trabalho (Agricultura), 1969, e da Convenção sobre o
Serviço de Emprego, 1948 -, que requerem efectivação de certas actividades específicas
relativas à administração do trabalho;
Considerando a conveniência de adoptar instrumentos que formulem directivas
referentes ao sistema de administração do trabalho no seu conjunto;
Recordando os termos da Convenção sobre Política de Emprego, 1964, e da
Convenção sobre a Valorização dos Recursos Humanos, 1975; recordando também o
objectivo do pleno emprego convenientemente remunerado e convencida da necessidade
de adoptar uma política de administração do trabalho susceptível de permitir o alcance
desse objectivo e de pôr em prática as finalidades das mesmas Convenções;
Reconhecendo a necessidade de respeitar plenamente a autonomia das
organizações de empregadores e de trabalhadores; recordando a este propósito os termos
das convenções e recomendações internacionais do trabalho existentes que garantem a
liberdade e os direitos sindicais e de organização e negociação colectiva - particularmente
a Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Protecção do Direito Sindical, 1948, e a
Convenção sobre Direito de Organização e Negociação Colectiva, 1949 - e que proíbem
todos os actos de ingerência das autoridades públicas susceptíveis de limitar esses
direitos ou de estorvar o seu exercício legal; considerando igualmente que as
organizações de empregadores e de trabalhadores desempenham um papel essencial na
prossecução dos objectivos do progresso económico, social e cultural;
14 Ratificada pelo Decreto n.º 53/80, de 30 de Julho.
- 69 -
Após ter decidido adoptar certas propostas relativas à administração do trabalho
(papel, funções e organização), questão que constitui o quarto ponto da ordem do dia da
sessão;
Após ter decidido que essas propostas tomariam a forma de uma convenção
internacional, adopta, aos 26 dias do mês de Junho de 1978, a seguinte convenção, que
será denominada «Convenção sobre a Administração do Trabalho, 1978»:
Artigo 1.º Para os fins da presente Convenção:
a) A expressão «administração do trabalho» designa as actividades da Administração
Pública no domínio da política nacional do trabalho;
b) A expressão «sistema de administração do trabalho» visa todos os órgãos da
Administração Pública responsáveis ou encarregados da administração do trabalho
- quer se trate de administrações ministeriais ou de instituições públicas, incluindo
os organismos para-estatais e as administrações regionais ou locais ou qualquer
outra forma descentralizada de administração -, assim como todas as estruturas
institucionais estabelecidas para coordenar as actividades desses órgãos e
assegurar a consulta e a participação dos empregadores, dos trabalhadores e das
suas organizações.
Artigo 2.º Todo e qualquer Membro que ratificar a presente Convenção pode delegar ou
confiar, em virtude da legislação ou da prática nacionais, certas actividades de
administração do trabalho a organizações não governamentais, especialmente
organizações de empregadores e de trabalhadores, ou, se for caso disso, a representantes
de empregadores e trabalhadores.
Artigo 3.º Todo e qualquer Membro que ratificar a presente Convenção pode considerar
certas actividades pertencentes ao domínio da sua política nacional do trabalho como
fazendo parte das questões que, em virtude da legislação ou da prática nacionais, são
reguladas pelo recurso à negociação directa entre as organizações de empregadores e de
trabalhadores.
Artigo 4.º Todo e qualquer Membro que ratificar a presente Convenção deverá, de forma
apropriada às condições nacionais, fazer com que seja organizado e funcione eficazmente
- 70 -
no seu território um sistema de administração do trabalho e que as tarefas e
responsabilidades que lhe forem atribuídas sejam convenientemente coordenadas.
Artigo 5.º 1 - Todo e qualquer Membro que ratificar a presente Convenção deverá tomar
medidas adaptadas às condições nacionais, a fim de assegurar, no âmbito do sistema de
administração do trabalho, consultas, cooperação e negociações entre as autoridades
públicas e as organizações de empregadores e trabalhadores mais representativas, ou, se
for caso disso, representantes de empregadores e trabalhadores.
2 - Na medida em que tal for compatível com a legislação e a prática nacionais,
essas disposições deverão ser tomadas aos níveis nacional, regional e local, assim como
ao dos vários sectores da actividade económica.
Artigo 6.º 1 - Os órgãos competentes do sistema de administração do trabalho deverão,
conforme os casos, ser encarregados da preparação, execução, coordenação, controlo e
avaliação da política nacional do trabalho, ou participar em cada uma dessas fases, e ser,
no âmbito da Administração Pública, os instrumentos de preparação e da aplicação da
legislação que a concretizará.
2 - Deverão, sobretudo, tendo em conta as normas internacionais do trabalho
pertinentes:
a) Participar na preparação, execução, coordenação, controlo e avaliação da
política nacional de emprego, segundo as modalidades previstas pela
legislação e pela prática nacionais;
b) b) Estudar de modo contínuo a situação das pessoas que tenham um
emprego, assim como a das pessoas que estiverem desempregadas ou
subempregadas, atendendo à legislação e à prática nacionais relativas às
condições de trabalho, emprego e vida profissional, chamar a atenção para as
insuficiências e abusos verificados nesse domínio e apresentar propostas
sobre os meios de os remediar;
c) Oferecer os seus serviços aos empregadores e aos trabalhadores, assim como
às respectivas organizações, nas condições permitidas pela legislação ou pela
prática nacionais, a fim de favorecer, aos níveis nacional, regional e local,
assim como ao nível dos vários sectores da actividade económica, consultas e
cooperação efectivas entre as autoridades e organismos públicos e as
organizações de empregadores e de trabalhadores, assim como entre essas
organizações;
- 71 -
d) Responder aos pedidos de pareceres técnicos dos empregadores e
trabalhadores, assim como das respectivas organizações.
Artigo 7.º Se as condições nacionais o exigirem para satisfazer as necessidades do maior
número possível de trabalhadores, e na medida em que tais actividades ainda não
estiverem asseguradas, todo e qualquer Membro que ratificar a presente Convenção
deverá encorajar a extensão, se necessário progressiva, das funções do sistema da
administração do trabalho, de modo a incluir nele actividades que serão exercidas em
colaboração com os outros organismos competentes e que respeitarão às condições de
trabalho e vida profissional de categorias de trabalhadores que, aos olhos da lei, não são
assalariados, especialmente:
a) Os rendeiros que não empreguem mão-de-obra exterior, os jornaleiros e as
categorias análogas de trabalhadores agrícolas;
b) Os trabalhadores independentes que não empreguem mão-de-obra exterior,
empregados no sector não estruturado, tal como este se entender na prática
nacional;
c) Os membros das cooperativas e os trabalhadores das empresas autogeridas;
d) As pessoas que trabalhem num quadro estabelecido pelo costume ou pelas
tradições comunitárias.
Artigo 8.º Na medida em que a legislação e a prática nacionais o permitirem, os órgãos
competentes do sistema de administração do trabalho deverão participar na preparação da
política nacional no domínio das relações internacionais do trabalho e na representação do
Estado nesse domínio, assim como na preparação das medidas que devem ser tomadas
com esse fim à escala nacional.
Artigo 9.º A fim de assegurar uma coordenação apropriada das tarefas e responsabilidades
do sistema de administração do trabalho, de modo determinado de acordo com a
legislação ou a prática nacionais, o Ministério do Trabalho ou qualquer outro órgão similar
deverá dispor dos meios para verificar que os organismos para-estatais encarregados de
certas actividades no domínio da administração do trabalho e os órgãos regionais ou locais
aos quais tiverem sido delegadas essas actividades procedem em conformidade com a
legislação nacional e respeitam os objectivos que lhes tenham sido fixados.
- 72 -
Artigo 10.º 1 - O pessoal afecto ao sistema da administração do trabalho deverá compor-se de
pessoas convenientemente qualificadas para exercerem as funções que lhes forem
destinadas, com acesso à formação necessária para o exercício dessas funções e
independentes de toda e qualquer influência exterior indevida.
2 - Esse pessoal beneficiará do estatuto, dos meios materiais e dos recursos
financeiros necessários para o exercício eficaz das suas funções.
Artigo 11.º As ratificações formais da presente Convenção serão comunicadas ao director-
geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registadas.
Artigo 12.º 1 - A presente Convenção obrigará apenas os Membros da Organização
Internacional do Trabalho cuja ratificação tiver sido registada pelo director-geral.
2 - Entrará em vigor doze meses depois de as ratificações de dois Membros terem
sido registadas pelo director-geral.
3 - Posteriormente, esta Convenção entrará em vigor para cada Membro doze
meses após a data em que tiver sido registada a sua ratificação.
Artigo 13.º 1 - Todo e qualquer Membro que tiver ratificado a presente Convenção pode
denunciá-la findo um período de dez anos após a data da entrada em vigor inicial da
Convenção, por um acto comunicado ao director-geral da Repartição Internacional do
Trabalho e por ele registado. A denúncia apenas terá efeito um ano depois de ter sido
registada.
2 - Todo e qualquer Membro que tiver ratificado a presente Convenção e que, no
prazo de um ano após a expiração do período de dez anos mencionado no parágrafo
anterior, não usar da faculdade de denúncia prevista pelo presente artigo ficará obrigado
por um novo período de dez anos e, posteriormente, poderá denunciar a presente
Convenção no termo de cada período de dez anos, nas condições previstas no presente
artigo.
Artigo 14.º 1 - O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará a todos os
Membros da Organização Internacional do Trabalho o registo de todas as ratificações e
denúncias que lhe forem comunicadas pelos Membros da Organização.
- 73 -
2 - Ao notificar aos Membros da Organização o registo da segunda ratificação que
lhe tiver sido comunicada, o director-geral chamará a atenção dos Membros da
Organização para a data em que a presente Convenção entrará em vigor.
Artigo 15.º O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho comunicará ao Secretário-
Geral das Nações Unidas, para fins de registo, de acordo com o artigo 102.º da Carta das
Nações Unidas, informações completas sobre todas as ratificações e actos de denúncia
que tiver registado de acordo com os artigos anteriores.
Artigo 16.º Sempre que julgar necessário, o Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho apresentará à Conferência Geral um relatório sobre a aplicação
da presente Convenção e decidirá se há motivo para inscrever na ordem do dia da
Conferência a questão da sua revisão total ou parcial.
Artigo 17.º 1 - No caso de a Conferência adoptar uma nova convenção que reveja total ou
parcialmente a presente Convenção, e a não ser que a nova convenção disponha de outro
modo:
a) A ratificação por um Membro da nova convenção que efectuar a revisão
pressupõe de pleno direito, não obstante o disposto no artigo 13.º, a denúncia
imediata da presente Convenção, desde que a nova convenção que efectuar a
revisão tenha entrado em vigor;
b) A partir da data da entrada em vigor da nova convenção que efectuar a
revisão, a presente Convenção deixará de estar aberta à ratificação dos
Membros.
2 - A presente Convenção permanecerá, em todo o caso, em vigor, na sua forma e
conteúdo, para os Membros que a tiverem ratificado e que não ratificarem a convenção
que efectuar a revisão.
Artigo 18.º Fazem fé, tanto uma como outra, as versões francesa e inglesa do texto da
presente Convenção
- 74 -
RECOMENDAÇÃO N.º 158 SOBRE A ADMINISTRAÇÃO DO TRABALHO, 1978 15
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho, reunido a 7 de Junho de 1978, na sua 64ª sessão;
Recordando os termos das convenções e recomendações internacionais do
trabalho existentes, nomeadamente, da convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947,
da convenção sobre a inspecção do trabalho (agricultura), 1969, e a convenção sobre o
serviço do emprego, 1948 que requerem o desenvolvimento de certas actividades
específicas que são da competência da administração do trabalho;
Considerando que é desejável adoptar instrumentos que formulem directivas
relativas ao sistema de administração do trabalho como um todo;
Recordando os termos da convenção sobre a política de emprego, 1964, e a
convenção sobre a aposta no valor dos recursos humanos, 1975; recordando também o
objectivo do pleno emprego convenientemente remunerado, e convencido da necessidade
de adoptar uma política de administração de trabalho que seja de molde a permitir a
continuação deste objectivo e conferir efectividade aos objectivos das referidas
convenções;
Reconhecendo a necessidade de respeitar plenamente a autonomia das
organizações de empregadores e de trabalhadores; recordando a esse respeito os termos
das convenções e recomendações internacionais do trabalho existentes que garantem a
liberdade e os direitos sindicais e de organização e negociação colectiva, particularmente
a convenção sobre a liberdade sindical e a protecção do direito sindical, 1948, e a
convenção sobre o direito de organização e negociação colectiva, 1949 e que proíbem
todos os actos de ingerência por parte das autoridades públicas de molde a limitar estes
direitos ou a obstruir o exercício legal; considerando igualmente que as organizações de
empregadores e de trabalhadores desempenham um papel essencial na prossecução dos
objectivos do progresso económico, social e cultural;
Após ter decidido adoptar certas propostas relativas à administração do trabalho:
papel, funções e organização, questão que constitui o quarto ponto da ordem de trabalhos
da sessão;
Após ter decidido que estas propostas tomariam a forma de uma recomendação
que complementa a convenção sobre a administração do trabalho, 1978,
Adopta, em 26 de Junho de 1978, a recomendação seguinte, que será designada
Recomendação sobre a administração do trabalho, 1978.
15 Tradução não oficial.
- 75 -
I. Disposições Gerais
1. Para os fins da presente recomendação:
a) os termos administração do trabalho designam as actividades da administração
pública no domínio da política nacional do trabalho;
b) os termos sistema de administração do trabalho visam todos os órgãos da
administração pública responsáveis ou encarregados da administração do
trabalho, quer se trate de administrações ministeriais ou instituições públicas,
incluindo os organismos para-estatais e as administrações regionais ou locais ou
qualquer outra forma descentralizada de administração, bem como qualquer
estrutura institucional estabelecida para coordenar as actividades destes órgãos e
assegurar a consulta e a participação dos empregadores, dos trabalhadores e as
suas organizações.
2. Qualquer Membro pode delegar ou confiar, por força da legislação ou da prática
nacionais, certas actividades de administração do trabalho a organizações não
governamentais, nomeadamente, organizações de empregadores e de trabalhadores, ou,
se for caso disso, a representantes de empregadores e de trabalhadores.
3. Qualquer Membro pode considerar certas actividades que relevam da sua
política nacional do trabalho, como fazendo parte das questões que, por força da
legislação ou da prática nacionais, são reguladas pelo recurso à negociação directa entre
as organizações de empregadores e de trabalhadores.
4. Qualquer Membro deveria, de forma adequada às condições nacionais, agir de
modo a que fosse organizado e funcione de forma eficaz sobre o seu território, um sistema
de administração do trabalho e que as tarefas e as responsabilidades que lhe fossem
atribuídas sejam coordenadas convenientemente.
II. Funções do Sistema Nacional de Administração do Trabalho
Normas do trabalho 5. (1) Os órgãos competentes, no seio do sistema de administração do trabalho,
deveriam – em consulta com as organizações de empregadores e de trabalhadores e de
acordo com as modalidades e nas condições previstas pela legislação ou pela prática
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nacional – participar activamente na preparação, no desenvolvimento, na adopção, na
aplicação e no reexame das normas do trabalho, incluindo as leis e os regulamentos
pertinentes.
(2) Estas autoridades deveriam, nas condições permitidas pela legislação ou pela
prática nacional, oferecer os seus serviços às organizações de empregadores e de
trabalhadores para promover a regulamentação das condições de emprego através de
negociação colectiva.
6. O sistema de administração do trabalho deveria compreender serviços de
inspecção do trabalho.
Relações profissionais
7. Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam
participar na determinação e a aplicação das medidas que podem ser necessárias para
assegurar aos empregadores e os trabalhadores o livre exercício do direito sindical.
8. (1) Deveriam existir programas de administração do trabalho, visando promover,
estabelecer e manter relações profissionais que, no respeito do direito de organização e de
negociação colectiva, favoreçam uma melhoria constante das condições de trabalho e de
vida profissional.
(2) Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam
contribuir para a melhoria das relações profissionais criando ou reforçando os meios para
fornecer serviços de consulta às empresas, às organizações de empregadores e às
organizações de trabalhadores que o requeiram, de acordo com programas estabelecidos
com base em consultas com estas organizações.
9. Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam
promover o desenvolvimento e a utilização dos mais amplos procedimentos de negociação
voluntária.
10. Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam, no
caso de conflito colectivo, estar em condições de a fornecer, com o acordo das
organizações de empregadores e de trabalhadores interessadas, meios de conciliação e
de mediação adaptados às condições nacionais.
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Emprego 11. (1) Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam ser
responsáveis pela preparação da administração, da coordenação, do controlo e da
avaliação da política nacional de emprego, ou participar no exercício destas funções.
(2) Um órgão central do sistema de administração do trabalho, determinado em
conformidade com a legislação ou a prática nacionais, deveria ser encarregado de tomar
as medidas de ordem institucional apropriadas para assegurar a coordenação das
actividades dos diversos organismos ou autoridades que se ocupam dos diversos
aspectos da política de emprego, ou ser associado estreitamente a ela.
12. Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam
coordenar os serviços do emprego, os programas de criação e promoção do emprego,
orientação e formação profissionais e os regimes de prestações de desemprego, ou
participar em tal coordenação; deveriam, igualmente, coordenar estes diversos serviços,
programas e regimes com a aplicação da política geral de emprego, ou participar em tal
coordenação.
13. Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam ser
encarregados de aplicar métodos e procedimentos destinados a assegurar a consulta das
organizações de empregadores e trabalhadores, ou, se for caso disso, dos representantes
de empregadores e de trabalhadores, sobre os diversos aspectos da política de emprego,
bem como o desenvolvimento da sua participação na aplicação desta política, ou
incentivar a aplicação de tais métodos e procedimentos.
14. (1) Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam ser
responsáveis pela planificação da mão-de-obra ou, quando tal não for possível, participar
no funcionamento dos organismos de planificação da mão-de-obra, sendo, ao mesmo
tempo, institucionalmente associados, fornecendo conselhos e informações técnicas.
(2) Os referidos órgãos deveriam participar na coordenação e na integração dos
planos relativos à mão-de-obra na planificação económica.
(3) Deveriam incentivar, com o concurso eventual das outras autoridades e dos
organismos públicos competentes, uma acção concertada dos empregadores e dos
trabalhadores relativos às políticas de emprego, a curto e a longo prazo.
- 78 -
15. O sistema de administração do trabalho deveria compreender um serviço
público e gratuito do emprego e assegurar um funcionamento eficaz.
16. Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam,
onde a legislação ou a prática nacional o permita, ter a responsabilidade da gestão de
fundos públicos destinados, nomeadamente, a lutar contra o subemprego e o desemprego,
a assegurar uma distribuição regional do emprego melhor equilibrada ou a facilitar o
emprego de certas categorias de trabalhadores, nomeadamente por programas de
empregos protegidos, ou compartilhar esta responsabilidade.
17. Os órgãos competentes no sistema de administração do trabalho deveriam, de
acordo com as modalidades e nas condições determinadas pela legislação ou pela prática
nacional, participar no desenvolvimento de políticas e programas completos e concertados
de valorização dos recursos humanos, incluindo nomeadamente a orientação e a formação
profissionais.
Investigação em matéria de trabalho
18. A realização de trabalhos de investigação constitui uma função importante do
sistema de administração de trabalho que, ele mesmo, deveria empreender e incentivar
para atingir os seus objectivos sociais.
III. Organização do Sistema Nacional de Administração do Trabalho
Coordenação
19. O Ministério do Trabalho, ou qualquer outro órgão semelhante determinado
pela legislação ou pela prática nacional, deveria tomar ou suscitar medidas que visem que
o sistema de administração do trabalho seja representado apropriadamente nos
organismos administrativos e consultivos onde se efectue a recolha das informações, as
trocas de impressões, a preparação e a tomada das decisões e onde as medidas de
aplicação no domínio da política económica e social são elaboradas.
20. (1) Cada um dos principais serviços da administração do trabalho competentes nos
domínios mencionados nos parágrafos 5 a 18 acima deveria apresentar informações ou
relatórios periódicos relativos das suas a actividades ao Ministério do Trabalho ou ao
- 79 -
órgão referido no parágrafo 19, bem como as organizações de empregadores e de
trabalhadores.
(2) Estas informações ou relatórios deveriam ter um carácter técnico, compreender
estatísticas relevantes e indicar as dificuldades encontradas e, tanto quanto possível, os
resultados obtidos, de forma a permitir a avaliação das tendências actuais e a evolução
previsível nos domínios que apresentam um interesse essencial para a administração do
trabalho.
(3) O sistema de administração do trabalho deveria avaliar, publicar e difundir as
informações de carácter geral sobre as questões de trabalho que possam ser retiradas do
exercício das suas actividades.
(4) Os Estados-Membros deveriam, em consulta com a Repartição Internacional do
Trabalho, esforçar-se por incentivar o desenvolvimento de modelos adequados para a
publicação destas informações, a fim de facilitar as comparações à escala internacional.
21. A estrutura do sistema nacional de administração do trabalho deveria ser
reexaminada de maneira constante, em consulta com as organizações de empregadores e
de trabalhadores mais representativas.
Recursos e pessoal 22. (1) Deveriam ser tomadas medidas adequadas de modo a que o sistema de
administração do trabalho seja dotado dos recursos financeiros necessários e de um
efectivo suficiente de pessoal convenientemente qualificado para promover a sua eficácia.
(2) A esse respeito, os recursos e efectivos deveriam ser fixados tendo
devidamente conta:
a) a importância das tarefas a realizar;
b) os meios materiais dos quais dispõe o pessoal;
c) as condições práticas nas quais as diferentes tarefas devem ser efectuadas para
obter o resultado esperado.
23. (1) Os membros do pessoal da administração do trabalho deveriam receber uma
formação inicial e uma formação complementar de um nível que corresponda às suas
funções; deveriam existir mecanismos permanentes para fazer de modo que tal formação
fosse-lhes acessível ao longo de toda a sua carreira.
- 80 -
(2) O pessoal de serviços especializados deveria possuir as qualificações
específicas requeridas para estes serviços e os meios para verificar estas qualificações
deveriam ser determinados pelo órgão adequado.
24. Conviria perspectivar o completar dos programas e dos meios de formação
nacionais, mencionados no parágrafo 23 acima, através de uma cooperação internacional
organizada nomeadamente a nível regional, sob a forma de intercâmbios de experiências
e de informações, bem como de programas e meios comuns de formação e de
aperfeiçoamento.
Estrutura interna 25. (1) O sistema de administração do trabalho deveria normalmente compreender
uma unidade administrativa especializada para cada uma das grandes funções técnicas
que a legislação nacional confia à administração trabalho.
(2) Poderia, por exemplo, existir unidades administrativas para matérias como a
elaboração das normas relativas às condições de trabalho, a inspecção do trabalho, as
relações profissionais, o emprego, a planificação da mão-de-obra e a valorização dos
recursos humanos, as relações internacionais de trabalho e, se for caso disso, a
segurança social, a legislação sobre o salário mínimo e as questões relativas a categorias
específicas de trabalhadores.
Serviços externos 26. (1) Deveriam ser tomadas medidas adequadas para assegurar a organização e o
funcionamento eficazes dos serviços externos da administração do trabalho.
(2) Em especial, estas medidas deveriam:
a) assegurar uma implantação dos serviços externos que responda às necessidades
das diversas regiões, sendo as organizações representativas dos empregadores e
dos trabalhadores interessadas consultadas para esse efeito;
b) dotar os serviços externos do pessoal, do equipamento e dos meios de transporte
necessários para lhes permitir concretizar eficazmente as tarefas que lhes
incumbem;
c) fornecer os serviços externos com instruções precisas e suficientes para evitar que
as disposições legislativas ou regulamentares sejam interpretadas diferentemente
de acordo com as regiões.
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CONVENÇÃO N.º 155, SOBRE A SEGURANÇA, A SAÚDE DOS TRABALHADORES
E O AMBIENTE DE TRABALHO, 1981 16
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho:
Convocada para Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho, onde reuniu em 3 de Junho de 1981, na sua 67.ª sessão;
Após ter decidido adoptar diversas propostas relativas à segurança, à higiene e ao
ambiente de trabalho, questão que constitui o sexto ponto da ordem do dia da sessão;
Após ter decidido que essas propostas tomariam a forma de uma convenção
internacional:
Adopta, neste dia 22 de junho de 1981, a seguinte convenção, que será
denominada Convenção sobre a Segurança e a Saúde dos Trabalhadores, 1981.
PARTE I – Campo de aplicação e definições
Artigo 1.º 1 – A presente Convenção aplica-se a todos os ramos de actividade económica.
2 – Qualquer Estado membro que ratificar a presente Convenção pode, depois de
ouvidas, no mais curto prazo possível, as organizações representativas dos empregadores
e trabalhadores interessadas, excluir a sua aplicação, quer parcial quer totalmente, de
determinados ramos de actividade económica, tais como a navegação marítima ou a
pesca, quando essa aplicação levantar problemas específicos que assumam uma certa
importância.
3 – Qualquer Estado membro que ratificar a presente Convenção deverá, no
primeiro relatório sobre sua aplicação, em cumprimento do disposto no artigo 22.º da
Constituição da Organização Internacional o Trabalho, indicar, com razões
fundamentadas, os ramos de actividade que tenham sido objecto de exclusão ao abrigo do
disposto no n.º 2 deste artigo, descrevendo as medidas tomadas para assegurar uma
protecção suficiente aos trabalhadores dos ramos excluídos e expor, nos relatórios
ulteriores, todos os progressos realizados no sentido de uma aplicação mais ampla.
Artigo 2.º 1 – A presente Convenção aplica-se a todos os trabalhadores dos ramos de
actividade económica por ela abrangidos.
16 Ratificada pelo Decreto do Governo n.º 1/85, de 16 de Janeiro.
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2 – Qualquer membro que ratificar a presente Convenção, pode, depois de
ouvidas, no mais curto prazo possível, as organizações representativas dos empregadores
e trabalhadores interessadas, excluir da sua aplicação, quer parcial quer totalmente,
categorias limitadas de trabalhadores para as quais existam problemas particulares de
aplicação.
3 – Qualquer Estado membro que ratificar a presente Convenção deverá, no
primeiro relatório sobre a sua aplicação, em cumprimento do disposto no artigo 22.º da
Constituição da Organização Internacional do Trabalho, indicar, com razões
fundamentadas, as categorias limitadas de trabalhadores que tenham sido objecto de
exclusão ao abrigo do estipulado no n.º 2 do presente artigo e expor, nos relatórios
posteriores, todos os progressos realizados no sentido de uma aplicação mais ampla.
Artigo 3.º Para efeitos da presente Convenção:
a) A expressão «ramos de actividade económica» abrange todos os ramos em que
estejam empregados trabalhadores, incluindo a função pública;
b) O termo «trabalhadores» visa todas as pessoas empregadas, incluindo os
trabalhadores da Administração Pública;
c) A expressão «local de trabalho» visa todos os lugares onde os trabalhadores
devam encontrar-se ou para onde devam dirigir-se em virtude do seu trabalho e
que estejam sujeitos à fiscalização directa ou indirecta do empregador;
d) O termo «prescrições» visa todas as disposições às quais a autoridade ou
autoridades competentes confiram força de lei;
e) O termo «saúde», em relação com o trabalho, não visa apenas a ausência de
doença ou de enfermidade; inclui também os elementos físicos e mentais que
afectam a saúde directamente relacionados com a segurança e a higiene no
trabalho.
PARTE II – Princípios de uma política nacional
Artigo 4.º 1 – Qualquer membro deverá, à luz das condições e da prática nacionais e em
consulta com as organizações de empregadores e trabalhadores mais representativas,
definir, pôr em prática e reexaminar periodicamente uma política nacional coerente em
matéria segurança, saúde dos trabalhadores e ambiente de trabalho.
2 – Essa política terá como objectivo a prevenção dos acidentes e dos perigos para
a saúde resultantes do trabalho quer estejam relacionados com o trabalho quer ocorram
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durante o trabalho, reduzindo ao mínimo as causas dos riscos inerentes ao ambiente do
trabalho, na medida em que isso for razoável e praticamente realizável.
Artigo 5.º A política mencionada no artigo 4.º deverá ter em conta as seguintes grandes esferas
de acção, na medida em que estas afectem a segurança, a saúde dos trabalhadores e o
ambiente de trabalho:
a) A concepção, a experimentação, a escolha, a substituição, a instalação, a
organização, a utilização e a manutenção dos componentes materiais do trabalho
(locais de trabalho, ambiente de trabalho, ferramentas, máquinas e materiais,
substâncias e agentes químicos, físicos e biológicos e processos de trabalho);
b) As relações que existem entre os componentes materiais do trabalho e as pessoas
que executam ou supervisionam o trabalho, assim como a adaptação das
máquinas, dos materiais, do tempo de trabalho, da organização do trabalho e dos
processos de trabalho às capacidades físicas e mentais dos trabalhadores;
c) A formação e a formação complementar necessária, as qualificações e a
motivação das pessoas que intervêm, a qualquer título, no sentido de serem
alcançados níveis de segurança e higiene suficientes;
d) A comunicação e a cooperação ao nível do grupo de trabalho e da empresa e a
todos os outros níveis apropriados, incluindo a nível nacional;
e) A protecção dos trabalhadores e dos seus representantes contra todas as medidas
disciplinares decorrentes de acções por eles devidamente efectuadas, em
conformidade com a política definida no artigo 4.º.
Artigo 6.º A formulação da política mencionada no artigo 4.º deverá precisar as funções e
responsabilidades respectivas, em matéria de segurança, saúde dos trabalhadores e
ambiente de trabalho, das autoridades públicas, empregadores, dos trabalhadores e de
outras pessoas interessadas, tendo em conta o carácter complementar dessas
responsabilidades, assim como as condições e a prática nacionais.
Artigo 7.º A situação em matéria de segurança, saúde dos trabalhadores e ambiente de
trabalho deverá ser objecto, periodicamente, de um exame de conjunto ou de um exame
que incida sobre sectores particulares, procurando identificar os grandes problemas,
deduzir os meios eficazes para os resolver e a ordem de prioridade das medidas a tomar,
bem como avaliar os resultados obtidos.
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PARTE III – Acção a nível nacional
Artigo 8.º Qualquer Estado membro deverá, por via legislativa ou regulamentar ou por
qualquer outro meio, conforme as condições e a prática nacionais, e em consulta com as
organizações representativas dos empregadores e trabalhadores interessadas, tomar as
medidas necessárias para dar aplicação ao artigo 4.º.
Artigo 9.º 1 – A fiscalização da aplicação das leis e das prescrições relativas à segurança, à
higiene e ao ambiente de trabalho deverá ser assegurada por um sistema de inspecção
apropriado e suficiente.
2 – O sistema de fiscalização deverá prever sanções apropriadas em caso de
infracção das leis ou das prescrições.
Artigo 10.º Deverão ser tomadas medidas para aconselhar os empregadores e os
trabalhadores, a fim de os ajudar no cumprimento das suas obrigações legais.
Artigo 11.º Como medidas destinadas a dar concretização à política mencionada no artigo 4.º, a
autoridade ou autoridades competentes deverão progressivamente assegurar as seguintes
funções:
a) A determinação, onde a natureza e o grau dos riscos o exigirem, das condições
que regem a concepção, a construção e a organização das empresas, a sua
exploração, as transformações importantes que lhes forem sendo introduzidos ou
qualquer alteração do seu destino primitivo, assim como a segurança dos materiais
técnicos utilizados no trabalho e a aplicação de processos definidos pelas
autoridades competentes;
b) A determinação dos processos de trabalho que devam ser proibidos, limitados ou
sujeitos à autorização ou à fiscalização da autoridade ou autoridades competentes,
assim como a determinação das substâncias e dos agentes aos quais qualquer
exposição deva ser proibida, limitada ou submetida à autorização ou à fiscalização
da autoridade ou autoridades competentes; devem ser tomados em consideração
os riscos para a saúde provocados por exposições simultâneas a várias
substâncias ou agentes;
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c) O estabelecimento e a aplicação de processos que visem a declaração dos
acidentes de trabalho e dos casos de doenças profissionais pelos empregadores e,
quando tal for julgado apropriado, pelas instituições de seguros e outros
organismos ou pessoas directamente interessados e o estabelecimento de
estatísticas anuais sobre os acidentes de trabalho e as doenças profissionais;
d) A realização de inquéritos, quando um acidente de trabalho, uma doença
profissional ou qualquer dano para a saúde ocorrido durante o trabalho ou com
este relacionado pareça reflectir uma situação particularmente grave;
e) A publicação anual de informações sobre as medidas tomadas em cumprimento da
política mencionada no artigo 4.º, assim como sobre os acidentes de trabalho,
doenças profissionais e outros danos para a saúde ocorridos durante o trabalho ou
com este relacionados;
f) A introdução ou o desenvolvimento, tendo em conta as condições e as
possibilidades nacionais, de sistemas de investigação sobre a perigosidade para a
saúde dos trabalhadores de agentes químicos físicos ou biológicos.
Artigo 12.º Deverão ser tomadas medidas, em conformidade com a legislação e a prática
nacionais, de forma que as pessoas que concebem, fabricam, importam, põem em
circulação ou cedem, a qualquer título, máquinas, materiais ou substâncias de utilização
profissional:
a) Se assegurem de que, na medida em que isso for razoável e praticamente
realizável, as máquinas, os materiais ou as substâncias em questão não
apresentem perigo para a segurança e a saúde das pessoas que as utilizarem
correctamente;
b) Forneçam informações sobre a instalação e a correcta utilização das máquinas e
dos materiais, assim como sobre o uso correcto das substâncias, os riscos que
apresentam as máquinas e os materiais e as características perigosas das
substâncias químicas, dos agentes ou produtos físicos e biológicos, bem como
instruções sobre a maneira de os utilizadores se prevenirem contra os riscos
conhecidos;
c) Procedam a estudos e a investigações ou acompanhem por qualquer outra forma a
evolução dos conhecimentos científicos e técnicos, tendo em vista o cumprimento
das obrigações que lhes incumbem em virtude das alíneas a) e b) do presente
artigo.
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Artigo 13.º Um trabalhador que se tenha retirado de uma situação de trabalho relativamente à
qual tivesse um motivo razoável para a considerar como representando um perigo
iminente e grave para a sua vida ou para a sua saúde deverá ser protegido contra
consequências injustificadas por motivo dessa decisão, em conformidade com as
condições e a prática nacionais.
Artigo 14.º Deverão ser tomadas medidas que visem encorajar, de acordo com as condições e
a prática nacionais, a inclusão de temas de segurança, higiene e ambiente de trabalho nos
programas de educação e formação a todos níveis, incluindo o ensino superior, técnico,
médio e profissional, de modo a satisfazer as necessidades de formação de todos os
trabalhadores.
Artigo 15.º 1 – A fim de assegurar a coerência da política mencionada no artigo 4.º e das
medidas tomadas em aplicação dessa política, qualquer membro deverá, depois de
ouvidas, no mais curto prazo possível, as organizações dos empregadores e trabalhadores
mais representativas e, sendo caso disso, outros organismos apropriados, adoptar
disposições conformes à prática e condições nacionais que visem assegurar a
coordenação necessária entre as diversas autoridades e os diversos organismos
encarregados de dar execução às partes II e III da Convenção.
2 – Sempre que as circunstâncias o exijam e que condições e a prática nacionais o
permitam, essas disposições deverão incluir a instituição de um órgão central.
PARTE IV – Acção a nível de empresa
Artigo 16.º 1 – Os empregadores, sempre que isso for razoável e praticamente realizável,
deverão ser obrigados a tomar as medidas necessárias para que os locais de trabalho, as
máquinas, os materiais e os processos de trabalho sujeitos à sua fiscalização não
apresentem risco para a segurança e saúde dos trabalhadores.
2 – Os empregadores, sempre que isso for razoável e praticamente realizável,
deverão ser obrigados a fazer com que as substâncias e os agentes químicos, físicos e
biológicos sujeitos à sua fiscalização não apresentem risco para a saúde, desde que se
encontre assegurada uma protecção correcta.
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3 – Os empregadores serão obrigados a fornecer, em caso de necessidade,
vestuário e equipamento de protecção apropriados, a fim de prevenir, na medida em que
isso for razoável e praticamente realizável, os riscos de acidentes ou de efeitos prejudiciais
à saúde.
Artigo 17.º Sempre que várias empresas se dediquem simultaneamente a actividades num
mesmo local de trabalho, deverão colaborar na aplicação das disposições da presente
Convenção.
Artigo 18.º Os empregadores deverão ser obrigados a prever, em caso de necessidade,
medidas que permitam fazer face a situações de urgência e a acidentes, incluindo meios
suficientes para a administração de primeiros socorros.
Artigo 19.º Deverão ser tomadas disposições a nível de empresa segundo as quais:
a) Os trabalhadores, no âmbito do seu trabalho, dêem o seu contributo no
cumprimento das obrigações que incumbem ao empregador;
b) Os representantes dos trabalhadores na empresa cooperem com o empregador no
domínio da segurança e da higiene no trabalho;
c) Os representantes dos trabalhadores na empresa recebam uma informação
suficiente sobre as medidas tomadas pelo empregador para garantir a segurança e
a saúde, podendo consultar as suas organizações representativas sobre essa
mesma informação, desde que não divulguem segredos comerciais;
d) Os trabalhadores e os seus representantes na empresa recebam uma formação
apropriada no domínio da segurança e da higiene no trabalho;
e) Os trabalhadores ou os seus representantes e, sendo caso disso, as suas
organizações representativas na empresa fiquem habilitados, em conformidade
com a legislação e a prática nacionais, a examinar todos os aspectos da
segurança e da saúde relacionados com o seu trabalho e sobre os mesmos sejam
consultados pelo empregador; com esse objectivo poder-se-á recorrer, por acordo
mútuo, a conselheiros técnicos escolhidos fora da empresa;
f) Os trabalhadores assinalem imediatamente aos seus superiores hierárquicos
directos qualquer situação relativamente à qual tenham um motivo razoável para
considerar que ela representa um perigo iminente e grave para a sua vida ou para
a sua saúde, não podendo o empregador pedir aos trabalhadores que retomem o
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trabalho numa situação em que persista tal perigo iminente enquanto não forem
tomadas medidas que visem a sua correcção, se tal for necessário.
Artigo 20.º A cooperação dos empregadores e dos trabalhadores e ou dos seus
representantes na empresa deverá constituir elemento essencial das disposições tomadas
em matéria de organização e noutros domínios quanto à aplicação do preceituado nos
artigos 16.º a 19.º da presente Convenção.
Artigo 21.º As medidas de segurança e higiene no trabalho não devem constituir qualquer
encargo para os trabalhadores.
PARTE V – Disposições finais
Artigo 22.º A presente Convenção não implica a revisão de qualquer convenção ou
recomendação internacional do trabalho já existente.
Artigo 23.º As ratificações formais da presente Convenção serão comunicadas ao director-
geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registadas.
Artigo 24.º 1 – A presente Convenção obrigará apenas os membros da Organização
Internacional do Trabalho cuja ratificação tiver sido registada pelo director-geral.
2 – A presente Convenção entrará em vigor 12 meses após o registo pelo director-
geral das ratificações de dois Estados membros.
3 – Posteriormente, esta Convenção entrará em vigor para cada Estado membro,
12 meses após a data que tiver sido registada a sua ratificação.
Artigo 25.º 1 – Qualquer Estado membro que tiver ratificado a presente Convenção poderá
denunciá-la decorridos 10 anos sobre a data inicial da entrada em vigor da mesma, por
comunicação ao director-geral da Repartição Internacional do Trabalho, que a registará. A
denúncia só produzirá efeitos 1 ano após o seu registo.
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2 – Qualquer Estado membro que tiver ratificado a presente Convenção e que, no
prazo de 1 ano a partir do período de 10 anos mencionado no número anterior, não usar
da faculdade de denúncia prevista no presente artigo, ficará obrigado por novo período de
10 anos e só poderá denunciar a presente Convenção no termo de cada período de 10
anos, observadas as condições estabelecidos neste artigo.
Artigo 26.º 1 – O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará todos os
membros da Organização Internacional do Trabalho, do registo de todas as ratificações e
denúncias que lhe forem comunicados pelos Estados membros da Organização.
2 – Ao notificar os Estados membros da Organização do registo da segunda
ratificação que lhe tiver sido comunicada, o director-geral chamará a atenção dos Estados
membros da Organização para a data em que a presente Convenção entrará em vigor.
Artigo 27.º O director-geral da Repartição Internacional do Trabalho enviará ao Secretário-
Geral das Nações Unidas, para fins de registo nos termos do artigo 102.º da Carta das
Nações Unidas, informações completas sobre todas as ratificações e actos de denúncia
que tiver registado de harmonia com o preceituado nos artigos anteriores.
Artigo 28.º Sempre que o julgar necessário, o conselho de administração da Repartição
Internacional do Trabalho apresentará à Conferência Geral um relatório sobre a aplicação
da presente Convenção e decidirá, da oportunidade de inscrever na ordem do dia da
Conferência a questão da sua revisão total ou parcial.
Artigo 29.º 1 – No caso de a Conferência adoptar outra convenção de que resulte a revisão
total ou parcial da presente Convenção, e salvo disposição em contrário da nova
convenção:
a) A ratificação por um Estado membro da convenção revista pressupõe, de pleno
direito, não obstante o disposto no artigo 25.º, a denúncia imediata da presente
Convenção, sob reserva de que a nova convenção tenha entrado em vigor;
b) A partir da data da entrada em vigor da nova convenção revista a presente
Convenção deixará de estar aberta à ratificação dos Estados membros.
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2 – A presente Convenção permanecerá, em todo o caso, em vigor, na sua forma e
conteúdo, para os membros que a tiverem ratificado e que não ratificarem a nova
convenção revista.
* *
*
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RECOMENDAÇÃO N.º 164 SOBRE A SEGURANÇA E A SAÚDE DOS
TRABALHADORES, 1981 17
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho, reunida a 3 de Junho de 1981, na sua 67ª sessão;
Após ter decidido adoptar diversas propostas relativas à segurança,
à higiene e ao ambiente de trabalho, questão que constitui o sexto ponto
da ordem de trabalhos da sessão;
Após ter decidido que estas propostas tomariam a forma de uma recomendação
que complementa a convenção sobre a segurança e a saúde dos trabalhadores, 1981,
Adopta, a 22 de Junho de 1981, a recomendação seguinte, que será designada
Recomendação sobre a segurança e a saúde dos trabalhadores, 1981.
I. Campo de Aplicação e Definições 1. (1) Em toda a medida possível, as disposições da convenção sobre a segurança e a
saúde dos trabalhadores, 1981 (designada a seguir a convenção), e as da presente
recomendação deveriam ser aplicáveis a todos os ramos de actividade económica e a
todas as categorias de trabalhadores.
(2) As medidas necessárias e praticamente realizáveis deveriam ser previstas para
assegurar aos trabalhadores independentes uma protecção análoga à que é
estabelecida na convenção e na presente recomendação.
2. Para fins da presente recomendação:
a) a expressão ramos de actividade económica cobre todos os ramos onde os
trabalhadores estão empregados, incluindo a administração pública;
b) o termo trabalhadores visa todas as pessoas empregadas, incluindo os
funcionários públicos;
c) a expressão local de trabalho visa todas as lugares onde os trabalhadores devam
encontrar-se ou deslocar-se em virtude do seu trabalho e que estejam sob o
controlo directo ou indirecto do empregador;
d) o termo prescrições visa todas as disposições às quais a autoridade ou a
autoridade competente confiram força de lei;
17 Tradução não oficial.
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e) o termo saúde, em relação com o trabalho, visa não somente a ausência de
doença ou de enfermidade, inclui também os elementos físicos e mentais que
afectam a saúde directamente ligados à segurança e à higiene ao trabalho.
II. Domínios Técnicos de Acção
3. Em conformidade com a política mencionada no artigo 4.º da convenção, deveriam
ser tomadas medidas adequadas, tendo em conta a diversidade dos ramos de actividade
económica e os tipos de trabalhos, bem como o princípio que consiste em dar prioridade à
supressão dos riscos na sua fonte, em especial nos domínios seguintes:
a) a concepção, a implantação, as características de construção, a instalação, a
manutenção, reparação e a transformação dos locais de trabalho, as suas vias de
acesso e as suas saídas;
b) a iluminação, a ventilação, a ordem e a limpeza dos lugares de trabalho;
c) a temperatura, a humidade e a circulação do ar nos locais de trabalho;
d) a concepção, a construção, a utilização, a manutenção, o ensaio e a inspecção
das máquinas e dos materiais susceptíveis de apresentar riscos bem como e, se
for caso disso, a sua aprovação e a sua cessão a qualquer título;
e) A prevenção de qualquer stress físico ou mental prejudicial à saúde devida às
condições de trabalho;
f) a movimentação, a arrumação e o armazenamento, manual ou através meios
mecânicos, das cargas e dos materiais;
g) a utilização da electricidade;
h) o fabrico, a embalagem, a rotulagem, o transporte, o armazenamento e a utilização
de substâncias ou de agentes perigosos, a evacuação dos seus desperdícios e
dos seus resíduos bem como, se for caso disso, a sua substituição por outras
substâncias ou outros agentes inofensivos ou menos perigosos;
i) a protecção contra as radiações;
j) a prevenção dos riscos profissionais devidos ao ruído e a vibrações, a sua
limitação e a protecção dos trabalhadores contra estes riscos;
k) a vigilância da atmosfera dos locais de trabalho e de outros factores de ambiente;
l) a prevenção e a limitação dos riscos devidos aos fortes desvios barométricos;
m) a prevenção dos incêndios e as explosões e as medidas a tomarem no caso de
incêndio ou explosão;
n) a concepção, o fabrico, o fornecimento, a utilização, a manutenção e o ensaio dos
equipamentos de protecção individual e dos vestuários de protecção;
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o) as instalações sanitárias, os balneários, os vestiários, o fornecimento de água
potável e todas as instalações análogas que se relacionem com a segurança e a
saúde dos trabalhadores;
p) os primeiros socorros;
q) o estabelecimento de planos de acção no caso de emergência;
r) a vigilância da saúde dos trabalhadores.
III. Acção a Nível Nacional
4. Tendo em vista efectivar a política mencionada ao artigo 4.º da convenção, a
autoridade ou as autoridades competente deveriam, tendo em conta os domínios técnicos
de acção especificados no parágrafo 3 acima:
a) estabelecer ou aprovar prescrições, recolhas de directivas práticas ou outras
disposições adequadas, relativas à segurança, à saúde dos trabalhadores e ao
ambiente de trabalho, tendo em conta as relações que existem entre a segurança
e a saúde, por um lado, e a duração do trabalho e o ordenamento das pausas, por
outro lado;
b) proceder, periodicamente, ao reexame das disposições legislativas relativas à
segurança, à saúde dos trabalhadores e ao ambiente de trabalho, bem como das
disposições estabelecidas ou aprovadas em virtude do parágrafo a) acima, face à
experiência e às novas aquisições da ciência e a tecnologia;
c) empreender ou promover os estudos e investigações destinados a identificar os
riscos e a encontrar meios eficazes que lhes permitem fazer face;
d) fornecer aos empregadores e aos trabalhadores, sob uma forma adequada, as
informações e os conselhos dos quais possam ter necessidade e promover ou
favorecer a cooperação entre os empregadores e os trabalhadores, bem como
entre as suas organizações, para eliminar ou reduzir os riscos na medida em que
seja praticamente realizável; e assegurar, quando adequado, um programa
especial de formação aos trabalhadores migrantes na sua língua materna;
e) prever medidas específicas para prevenir as catástrofes, coordenar e tornar
coerentes as acções a efectuar aos diferentes níveis e em especial nas zonas
industriais onde estão concentradas empresas com riscos potenciais elevados
para os trabalhadores e para a população circundante;
f) assegurar uma boa ligação com o Sistema Internacional de Alerta para a
Segurança e a Saúde dos Trabalhadores instaurado no âmbito da Organização
Internacional do Trabalho;
g) prever medidas adequadas para os trabalhadores deficientes.
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5. O sistema de inspecção previsto no artigo 9.º, parágrafo 1, da convenção deveria
inspirar-se nas disposições da convenção sobre a inspecção do trabalho, 1947, e sobre a
inspecção do trabalho (agricultura), 1969, sem prejuízo das obrigações assumidas em
relação a estas duas últimas convenções pelos Estados-Membros que as ratificaram.
6. Sempre que seja adequado, a autoridade ou as autoridades competentes, em
consulta com as organizações representativas dos empregadores e os trabalhadores
interessadas, deveriam, no domínio das condições de trabalho, promover medidas
conformes com a política mencionada no artigo 4.º da convenção.
7. O objectivo principal das disposições mencionadas no artigo 15.º da convenção
deveria ser:
a) de assegurar a aplicação das disposições dos artigos 4.º e 7.º da convenção;
b) de coordenar o exercício das funções que incumbem à autoridade ou as
autoridades competentes nos termos das disposições do artigo 11.º da convenção
e do parágrafo 4 acima;
c) de coordenar as actividades desenvolvidas em matéria de segurança, saúde dos
trabalhadores e do ambiente de trabalho, à escala nacional, regional ou local, os
pelos poderes públicos, pelos empregadores e pelas organizações de
empregadores, pelas organizações e pelos representantes dos trabalhadores, bem
como por todos os organismos ou pessoas interessadas;
d) de promover as trocas de pontos de vista, informações e experiências a nível
nacional ou no âmbito de uma indústria ou um ramo de actividade económica.
8. Deveria ser instaurada uma cooperação estreita entre os poderes públicos e as
organizações representativas de empregadores e trabalhadores e qualquer outro
organismo interessado, para a formulação e a aplicação da política mencionada no artigo
4.º da convenção.
9. O exame mencionado no artigo 7.º da convenção deveria, nomeadamente, incidir
sobre a situação dos trabalhadores mais vulneráveis, por exemplo, os deficientes.
IV. Acção ao Nível da Empresa
10. De entre as obrigações que lhes incumbem para a realização do objectivo fixado
no artigo 16.º da convenção, os empregadores poderiam, tendo em conta a diversidade
dos ramos de actividade económica e os tipos de trabalhos, ser encarregados:
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a) de disponibilizar locais de trabalho, máquinas e materiais e utilizar métodos de
trabalho que, na medida em que seja razoável e praticamente realizável, não
apresentam perigo para a segurança e a saúde dos trabalhadores;
b) de dar as instruções e assegurar a formação indispensável, tendo em conta as
funções e as capacidades dos trabalhadores de diferentes categorias;
c) de assegurar uma vigilância suficiente no que diz respeito aos trabalhos
efectuados, à maneira de trabalhar e às medidas de segurança e higiene do
trabalho levadas a cabo;
d) de tomar, em função da dimensão da empresa e da natureza das suas actividades,
medidas de organização no que diz respeito à segurança, à saúde dos
trabalhadores e ao ambiente de trabalho;
e) de fornecer, sem despesas para o trabalhador, o vestuário de protecção e os
equipamentos de protecção individual adequados que poderão ser exigidos
quando, razoavelmente, não seja possível prevenir ou controlar os riscos de outra
maneira;
f) assegurar-se de que a organização do trabalho, no que diz respeito,
particularmente, à duração do trabalho e ao ordenamento das pausas, não
prejudica a segurança e a saúde dos trabalhadores;
g) tomar todas as medidas, razoáveis e praticamente realizáveis, para eliminar o
cansaço físico ou mental exagerado;
h) empreender estudos e investigações ou manter-se a par, por qualquer outra forma,
da evolução dos conhecimentos científicos e técnicos indispensáveis para se
conformar às disposições dos parágrafos acima.
11. Sempre que várias empresas realizem, simultaneamente, actividades no mesmo
lugar de trabalho, deveriam colaborar para aplicar as disposições relativas à segurança, à
saúde dos trabalhadores e ao ambiente de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade de
cada empresa em relação à saúde e à segurança dos trabalhadores que emprega. Nos
casos julgados adequados, a autoridade ou as autoridades competentes deveriam
prescrever as modalidades gerais desta colaboração.
12. (1) As medidas tomadas para favorecer a cooperação mencionada no artigo 20.º
da convenção deveriam, nos casos em que seja adequado e necessário,
comportar a instituição, em conformidade com a prática nacional, de delegados dos
trabalhadores para a segurança, de Comissões operárias de segurança e higiene
e/ou de Comissões conjuntas de segurança e de higiene; nas Comissões
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conjuntas de segurança e de higiene, os trabalhadores deveriam ter uma
representação, pelo menos, igual à dos empregadores.
(2) Os delegados dos trabalhadores para a segurança e as Comissões operárias
ou conjuntas de segurança e higiene ou, se for caso disso, outros representantes
dos trabalhadores deveriam:
a) receber uma informação suficiente sobre as questões de segurança e de higiene,
ter a possibilidade de examinar os factores que afectam a segurança e a saúde
dos trabalhadores e ser incentivados a propor medidas neste domínio;
b) ser consultados quando sejam previstas e antes que sejam executadas novas
medidas importantes de segurança e de higiene e esforçar-se para obter a adesão
dos trabalhadores às medidas em questão;
c) ser consultados sobre todas as mudanças previstas quanto aos métodos de
trabalho, ao conteúdo do trabalho ou à organização do trabalho que possa ter
repercussões sobre a segurança ou a saúde dos trabalhadores;
d) ser protegidos contra o despedimento e outras medidas prejudiciais quando
realizam as suas funções no domínio da segurança e a higiene do trabalho como
representantes dos trabalhadores ou membros dos Comités de segurança e de
higiene;
e) estar em condições de a contribuir para o processo de tomada de decisões à nível
da empresa no que diz respeito às questões de segurança e de saúde;
f) ter acesso à todos os locais de trabalho e poder comunicar com os trabalhadores
sobre as questões de saúde e de segurança durante as horas de trabalho e nos
locais de trabalho;
g) ter a liberdade de contactar com os inspectores do trabalho;
h) estar em condições de contribuir para as negociações na empresa sobre os
assuntos relativos à segurança e à saúde dos trabalhadores;
i) dispor de um tempo remunerado razoável para exercer as suas funções relativas à
segurança e à saúde e para receber uma formação relacionada com estas
funções;
j) ter possibilidade de recurso a especialistas para receber conselho sobre problemas
específicos de segurança e de saúde.
13. Quando as actividades da empresa o exijam e em que a sua dimensão o torne
praticamente realizável, conviria prever:
a) a disponibilização de um serviço de medicina do trabalho e um serviço de
segurança, que podem ser de uma única empresa ou comuns a várias, ou ainda
ser assegurados por um organismo externo;
- 97 -
b) o recurso a especialistas para conselho sobre problemas específicos de segurança
ou de higiene, ou para o controlo da aplicação das medidas tomadas para os
resolver.
14. Nos casos em que a natureza das suas actividades o justifique, os empregadores
deveriam formular por escrito a política e as disposições que tenham adoptado no domínio
da segurança e a higiene do trabalho, assim como as diversas responsabilidades
exercidas em virtude destas disposições; estas informações deveriam ser levadas ao
conhecimento dos trabalhadores, numa linguagem ou por um meio que possam
compreender facilmente.
15. (1) os empregadores deveriam controlar regularmente a aplicação das normas
relevantes de segurança e de higiene, através, por exemplo, da vigilância das condições
de ambiente e proceder, de vez em quando, a exames críticos e sistemáticos da situação
neste domínio.
(2) Os empregadores deveriam registar os dados relativos à segurança e à saúde dos
trabalhadores e ao ambiente de trabalho julgados indispensáveis pela autoridade ou
autoridades competentes e que poderiam incluir os dados relativos a todos os acidentes
do trabalho e a todos os casos atentatórios da saúde que ocorram durante do trabalho, ou
ter um relatório com estes dados dando lugar à respectiva declaração; as autorizações e
as derrogações que se referem à legislação ou às prescrições de segurança e de higiene
bem como, às condições eventualmente postas a estas autorizações ou a estas
derrogações; os certificados relativos à vigilância da saúde dos trabalhadores na empresa;
os dados relativos à exposição a substâncias e agentes determinados.
16. As disposições tomadas por força do artigo 19.º da convenção deveriam ter por
objecto assegurar que os trabalhadores:
a) tomam um cuidado razoável da sua própria segurança e das outras pessoas
susceptíveis de ser afectadas pelas suas acções ou omissões no trabalho;
b) se conformam às instruções dadas para assegurar a sua própria segurança e para
a sua saúde e a de outras pessoas bem como, aos procedimentos de segurança e
de higiene;
c) utilizam correctamente os dispositivos de segurança e os equipamentos de
protecção e não os tornam inoperantes;
- 98 -
d) assinalam imediatamente ao seu superior hierárquico directo qualquer situação da
qual têm razão para pensar que possa apresentar um risco que, eles mesmos, não
podem corrigir;
e) assinalam qualquer acidente ou atentado à saúde que ocorra durante o trabalho ou
dispor de um relatório para este efeito.
17. Nenhuma medida prejudicial deveria ser tomada contra um trabalhador por, de boa
fé, ter formulado uma queixa sobre o que considerava ser uma infracção às disposições
regulamentares ou a uma carência grave nas medidas tomadas pelo empregador no
domínio da segurança, da saúde dos trabalhadores e do ambiente de trabalho.
V. Relação com as Convenções e Recomendações Internacionais do Trabalho Existentes
18. A presente recomendação não importa a revisão de nenhuma recomendação
internacional do trabalho existente.
19. (1) Na elaboração e na aplicação da política mencionada no artigo 4.º da
convenção, os Estados-Membros deveriam, sem prejuízo das obrigações assumidas em
relação às convenções que ratificaram, referir-se às convenções e recomendações
internacionais do trabalho cuja lista figura em anexo.
(2) O anexo em questão poderá ser alterado pela Conferência Internacional de
Trabalho, por uma decisão tomada por maioria dos dois terços, por ocasião de qualquer
adopção ou revisão futura de uma convenção ou uma recomendação que interesse à
segurança, à higiene e ao ambiente de trabalho.
ANEXO
Lista de Instrumentos relativos à Segurança, à Higiene e ao Ambiente de Trabalho adoptados desde 1919 pela Conferência Internacional do Trabalho
Ano Convenções Recomendações
1921 13. Carbonato de chumbo (pintura)
1929 27. Indicação do peso dos volumes transportados por embarcação
1937 62. Prescrições de segurança (construção)
53. Prescrições de segurança (construção)
1946 73. Exame médico de marítimos
77. Exame médico de adolescentes (indústria)
79. Exame médico de crianças e
adolescentes
- 99 -
78. Exame médico de crianças e
adolescentes(trabalhos não industriais)
1947 81. Inspecção do trabalho 81. Inspecção do trabalho
82. Inspecção do trabalho (minas e
transportes)
1949 92. Alojamento das tripulações (revisto)
1953 97. Protecção da saúde dos
trabalhadores
1958 105. Farmácias de bordo
106. Consultas médicas no mar via
rádio
1959 113. Exame médico dos pescadores 112. Serviços de medicina do trabalho
1960 115. Protecção contra radiações 114. Protecção contra radiações
1963 119. Protecção das máquinas 118. Protecção das máquinas
1964 120. Higiene (comércio e escritórios)
121. Prestações em casos caso de acidentes do trabalho e doenças profissionais
120. Higiene (comércio e escritórios)
121. Prestações em casos caso de
acidentes do trabalho e doenças
profissionais
1965 124. Exame médico dos adolescentes
(trabalhos subterrâneos)
1967 127. Pesos máximos 128. Pesos máximos
1969 129. Inspecção do trabalho (agricultura) 133. Inspecção do trabalho(agricultura)
1970 133. Alojamento das tripulações (ar condicionado) (disposições complementares) 134. Prevenção de acidentes (marítimos)
140. Alojamento das tripulações (ar
condicionado)
141. Alojamento das tripulações (luta
contra o ruído)
142. Prevenção dos acidentes
(marítimos)
1971 136. Benzeno 144. Benzeno
1974 139. Cancro profissional 147. Cancro profissional
1977 148. Ambiente de trabalho (poluição do ar
(poluição do ar, ruído e vibrações)
156. Ambiente de trabalho (poluição do
ar, ruído e vibrações)
1979 152. Segurança e higiene nas
movimentações portuárias
160.Segurança e higiene nas
movimentações portuárias
- 100 -