melhores práticas - normas internacionais e mpe

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A A P P R R E E S S E E N N T T A A Ç Ç Ã Ã O O O incremento da competitividade é um fator decisivo para a maior inserção das Micro e Pequenas Empresas (MPE), em mercados externos cada vez mais globalizados. Internamente, as MPE estão inseridas em um ambiente de acirrada concorrência resultante da abertura comercial. Neste cenário, diversos aspectos e dimensões envolvem as MPE na busca de ferramentas para aumentar a sua competitividade. Entre estas, a normalização e a utilização de norma técnicas são, reconhecidamente, fatores relevantes para o incremento e para a promoção da competitividade das MPE tanto no mercado interno quanto no potencial mercado externo. Da mesma forma, é reconhecido que as MPE têm dificuldade de identificar e entender como as normas técnicas afetam as suas atividades. Freqüentemente, as MPE não sabem que existem normas que se aplicam aos seus produtos (ou serviços) e muito menos que outras normas as afetam, seja por que se aplicam aos seus processos, seja porque se aplicam aos seus fornecedores ou aos seus clientes, refletindo-se naturalmente nas suas próprias atividades. O problema é agravado quando se considera a possibilidade de que iniciativas de normalização, ao nível regional e ao nível internacional, possam afetar o seu negócio, o que é cada vez mais comum devido à crescente integração comercial na economia globalizada. Dessa forma, o desafio da inserção das MPE no processo de normalização e na utilização de normas técnicas tem sido uma preocupação constante dos organismos de normalização nacionais e das entidades representativas dos micro e pequenos empresários no

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Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

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Page 1: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

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O incremento da competitividade é um fator decisivo para a maior

inserção das Micro e Pequenas Empresas (MPE), em mercados

externos cada vez mais globalizados. Internamente, as MPE estão

inseridas em um ambiente de acirrada concorrência resultante da

abertura comercial.

Neste cenário, diversos aspectos e dimensões envolvem as MPE na

busca de ferramentas para aumentar a sua competitividade. Entre

estas, a normalização e a utilização de norma técnicas são,

reconhecidamente, fatores relevantes para o incremento e para a

promoção da competitividade das MPE tanto no mercado interno

quanto no potencial mercado externo.

Da mesma forma, é reconhecido que as MPE têm dificuldade de

identificar e entender como as normas técnicas afetam as suas

atividades. Freqüentemente, as MPE não sabem que existem normas

que se aplicam aos seus produtos (ou serviços) e muito menos que

outras normas as afetam, seja por que se aplicam aos seus

processos, seja porque se aplicam aos seus fornecedores ou aos seus

clientes, refletindo-se naturalmente nas suas próprias atividades.

O problema é agravado quando se considera a possibilidade de que

iniciativas de normalização, ao nível regional e ao nível internacional,

possam afetar o seu negócio, o que é cada vez mais comum devido à

crescente integração comercial na economia globalizada.

Dessa forma, o desafio da inserção das MPE no processo de

normalização e na utilização de normas técnicas tem sido uma

preocupação constante dos organismos de normalização nacionais e

das entidades representativas dos micro e pequenos empresários no

Page 2: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

mundo todo.

Neste sentido, o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas e a ABNT – Associação Brasileira de Normas

Técnicas estabeleceram uma parceria especificamente com o objetivo

de mudar o contexto atual de maneira que o envolvimento das MPE

com as normas se dê, não pelo simples uso, mas em todo o processo

de normalização, potencializando o desenvolvimento de normas

nacionais, regionais e internacionais que também atendam às suas

necessidades, incluindo a dinamização da participação das MPE na

própria elaboração.

Esta publicação, um dos produtos da parceria Sebrae/ABNT, tem

como tema a importância da normalização internacional para as

micro e pequenas empresas. Aborda o conceito de normas

internacionais e de exemplos de normas utilizadas; a relação dessas

normas com o comércio internacional e seus impactos nos negócios;

como verificar e acessar as normas internacionais e, por fim, como

participar do processo de normalização internacional.

Page 3: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

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O que são normas internacionais?

As normas internacionais são aquelas desenvolvidas

fundamentalmente no âmbito da ISO – International Organization for

Standardisation e da IEC – International Electrotechnical Commission.

A IEC cuida especificamente dos temas relacionados ao setor elétrico

e eletrônico enquanto a ISO cuida da maioria dos demais temas.

A ISO, fundada em 1947, é uma organização privada, sem fins

lucrativos. É uma federação dos Organismos Nacionais de

Normalização (ONN). Seu papel é a elaboração das normas

internacionais por meio da conciliação dos interesses de

fornecedores, consumidores, governos, comunidade científica e

demais representantes da sociedade civil organizada.

Por sua vez, a IEC, com a sua fundação datada de 1906, é uma

organização não governamental, sem fins lucrativos. Seu papel é a

elaboração de normas internacionais na área de tecnologia elétrica,

incluindo eletrônica, eletromagnetismo, eletroacústica, multimídia,

telecomunicações, energia e produção e distribuição, bem como as

disciplinas associadas geral, tais como terminologia e os símbolos,

compatibilidade eletromagnética, medição e de desempenho,

confiabilidade, design e desenvolvimento, segurança e meio

ambiente.

A representação nos organismos internacionais de normalização é

feita pelos organismos nacionais de normalização de cada país. No

Brasil, a ABNT tem esse papel, sendo o único organismo

representante do País na ISO e na IEC.

Page 4: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

Tal como as normas nacionais, as normas ISO e IEC são voluntárias,

cabendo aos seus membros decidirem se as adotam como normas

nacionais ou não. Quando isto ocorre, as normas nacionais adotam

também a designação que têm na ISO ou a IEC, complementada com

o código nacional respectivo, de maneira a ficar claro que se trata da

adoção na íntegra de uma norma ISO ou IEC.

Assim, por exemplo, no Brasil, a identificação ABNT NBR ISO 9994,

significa que se trata da adoção como norma brasileira da norma

internacional ISO 9994, que é a norma para isqueiros – requisitos de

segurança. Isso vale também para a norma IEC. Como exemplo, a

identificação ABNT NBR IEC 60335-1, norma relativa à segurança dos

eletrodomésticos, indica que a norma brasileira é idêntica à norma

internacional IEC 60335-1.

Dentre as normas internacionais adotadas como normas brasileiras e

utilizadas largamente nas transações comerciais mundiais, destacam-

se as normas de sistema de gestão da qualidade ABNT NBR ISO 9001

e de sistema de gestão ambiental ABNT NBR ISO 14001, a primeira

principalmente.

Um importante indicador da relevância da norma ISO 9001 como

instrumento facilitador do comércio internacional é o número de

certificações de acordo com a norma emitidas no mundo – até 2006

foram emitidos cerca de 900.000 certificados em 170 países (Fonte:

The ISO Survey – 2006 / www.iso.org).

Qual a relação destas normas com o comércio de produtos e serviços?

A Organização Mundial do Comércio – OMC, entidade criada em 1995,

tem como principal objetivo regular as relações comerciais

Page 5: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

internacionais, contribuindo para um processo contínuo de

liberalização do comércio internacional.

Entre as medidas para se atingir o citado objetivo, está a assinatura

entre os países-membros do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao

Comércio. O Acordo, de cumprimento obrigatório pelos países da

OMC, visa eliminar as barreiras técnicas (medidas relacionadas a

Regulamentos Técnicos, Normas e Procedimentos para Avaliação da

Conformidade, que podem vir a criar obstáculos ao comércio) nas

relações comerciais entre os países.

O Acordo cita no seu Artigo 2 – Na Preparação, Adoção e Aplicação de

Regulamentos Técnicos – as seguintes referências às normas

internacionais:

Os Membros utilizarão Normas Internacionais existentes (ou em

vias de) como base para Regulamentos Técnicos, exceto quando

inadequadas, por exemplo, devido a fatores geográficos ou

climáticos ou problemas tecnológicos fundamentais.

Sempre que um Regulamento Técnico for elaborado, adotado ou

aplicado em função de fatores como os acima, e esteja em

conformidade com as Normas internacionais pertinentes,

presumir-se-à que o mesmo não cria obstáculos ao comércio

internacional.

Para harmonizar o mais possível os Regulamentos Técnicos, os

Membros participarão na preparação de Normas internacionais

para os produtos para os quais tenham adotado, ou prevejam

adotar, Regulamentos Técnicos.

A OMC reconhece as normas publicadas pela ISO e pela IEC como

Page 6: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

normas internacionais.

Como conseqüência desse Acordo, tanto governos como empresas

procuram utilizar as normas internacionais para suas

regulamentações técnicas e parâmetros para as trocas comerciais,

respectivamente.

Dessa forma, os organismos nacionais de normalização dos diversos

países, integrantes da OMC principalmente, tendem a reduzir a sua

produção de normas nacionais propriamente ditas, passando a adotar

as normas internacionais como normas nacionais.

Como as normas internacionais podem impactar os negócios no Brasil?

Como visto anteriormente, tanto a ISO como a IEC são reconhecidas

como organismos internacionais de normalização pela Organização

Mundial do Comércio – OMC e, dessa forma, as normas internacionais

publicadas por essas entidades são utilizadas como referências

técnicas para o comércio internacional.

O Brasil, como signatário do Acordo de Barreiras Técnicas ao

Comércio da OMC, vem implementando, da mesma forma que os

demais signatários, boas práticas de regulamentação técnica

(documentos de atendimento obrigatório) como forma de atender as

cláusulas do citado Acordo.

Desta forma, cada vez mais os órgãos regulamentadores brasileiros,

e estrangeiros, estão utilizando as normas internacionais para a

elaboração de seus regulamentos. Esta utilização se dá através da

adoção das normas na íntegra, ou de referências a estas, ou, ainda,

adotando partes destas.

Page 7: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

Pelo lado do mercado, a mesma prática de utilização de normas

internacionais como parâmetro técnico para a transação comercias na

cadeia produtiva (fornecedor-produtor-cliente) está sendo adotada.

Neste contexto, atender à norma internacional é um fator estratégico

para as micro e pequenas empresas brasileiras.

Pelo lado obrigatório, as MPE são impactadas por essas

regulamentações técnicas, devido à obrigatoriedade legal, e são

expostas a um potencial ambiente de maior concorrência pela

entrada de importadores que, por sua vez, também devem atender

aos mesmos requisitos técnicos (provavelmente nos países de

origem, inclusive).

Já nas questões de mercado, as MPE são cada vez mais afetadas pela

decisão dos clientes corporativos em utilizar as normas técnicas

internacionais como parâmetros de compra.

Como saber quais são as normas internacionais que existem ou estão em desenvolvimento?

A informação sobre as normas internacionais (ISO e/ou IEC)

existentes ou em desenvolvimento pode ser obtida junto à ABNT –

Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Como participar do processo de normalização internacional?

As normas da ISO e IEC são desenvolvidas no âmbito dos Comitês

Técnicos (Technical Committees) específicos de cada entidade

(ISO/TC e IEC/TC), que são constituídos pelos membros da ISO que

neles se inscrevem como participantes (membros – P) ou

observadores (membros – O).

Page 8: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

As decisões nos comitês são tomadas pelos membros – P; estes têm

a obrigação de votar em todos os assuntos formalmente submetidos

a votação, e, sempre que possível, estar presente às reuniões

internacionais. Já os membros – O recebem as informações sobre o

andamento dos trabalhos, mas não têm a obrigação de votar os

documentos.

Cada comitê tem uma secretaria técnica, que é assumida por um

Organismo Nacional de Normalização, dentre os membros – P do

comitê. Quando necessário, os TC são subdivididos em subcomitês

(Subcommittees – SC), que funcionam da mesma maneira. São ainda

constituídos grupos de trabalho (Working Groups – WG) para o

desenvolvimento de temas específicos, como preparar uma minuta de

norma.

A participação na elaboração de normas da ISO/IEC é feita por

intermédio da ABNT, pelos seus Comitês Brasileiros ou Comissões

Especiais específicos. Assim, um ABNT/CB ou ABNT/CE inscreve-se

como membro-P ou membro-O, de acordo com a sua conveniência e

recursos para a participação, quando então passa a receber os textos

em discussão. O Comitê analisa os textos e discute-os e então envia

as posições brasileiras para o Comitê da ISO ou da IEC para

consideração.

Pode-se, ainda, participar fisicamente nas reuniões dos TC da ISO ou

IEC nos quais está inscrito, enviando delegações. As posições

submetidas aos TC da ISO e IEC, bem como as delegações, devem

apresentar posições de consenso nacionais sobre os temas em

discussão. Cabe ao ABNT/CB ou ABNT/CE construir estas posições de

consenso nacionais.

Em resumo, participar da normalização internacional significa

Page 9: Melhores Práticas - Normas Internacionais e MPE

influenciar no conteúdo das normas internacionais, que cada vez

afetam mais os mercados, seja o internacional, seja o próprio

mercado nacional.

Outra vantagem em participar da normalização internacional é a

oportunidade de acompanhar o desenvolvimento tecnológico

internacional, tornando a participação na elaboração de normas

técnicas internacionais um verdadeiro processo de transferência de

tecnologia. ________________________________________________