normas contabilísticas de financeiro: 17, 18 e 22

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Instituto Politécnico de Portalegre Escola Superior de Tecnologia e Gestão Normas Contabilísticas de Relato Financeiro NCRF: 17, 18 e 22 Unidade Curricular: Contabilidade Financeira III Discentes: Margarida Inácia n.º 16930 Sandra Crespo n.º 3260 Sónia Macedo n.º 10091 Docente: Prof. Paulo Castanho

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Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular Contabilidade Financeira III do 2.º ano do curso de Gestão- Contabilidade. Trabalho explora as NCRF 17, 18 e 22 e inclui exercícios resolvidos.

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Page 1: Normas Contabilísticas de Financeiro: 17, 18 e 22

Instituto Politécnico de Portalegre

Escola Superior de Tecnologia e Gestão

Normas Contabilísticas de Relato Financeiro

NCRF: 17, 18 e 22

Unidade Curricular: Contabilidade Financeira III

Discentes: Margarida Inácia n.º 16930

Sandra Crespo n.º 3260

Sónia Macedo n.º 10091

Docente: Prof. Paulo Castanho

Janeiro 2015

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Se quisermos que a glória e o sucesso

acompanhem nossas armas, jamais devemos

perder de vista os seguintes fatores: a doutrina,

o tempo, o espaço, o comando, a disciplina.

(Sun Tzu)

2Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Lista de siglas e abreviaturas

AFT – Ativos Fixos Tangíveis

AI – Ativos Intangíveis

BADF - Bases para a apresentação de demonstrações financeiras

CC – Código de Contas

CNC – Comissão de Normalização Contabilística

ESNL – Entidades do Setor Não Lucrativo

FIFO – First in first out

IASB - International Accounting Standards Board

IAS – International Accounting Standard

IRFS – International Financial Reporting Standards

MDF- Modelos de Demonstrações Financeiras

NCM – Normalização Contabilística das Microentidades

NCRF – Normas Contabilísticas de Relato Financeiro

NCRF-PE- Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades

NI – Normas Interpretativas

POC – Plano Oficial de Contabilidade

SIMA – Sistema de Informação de Mercados Agrícolas

SNC – Sistema de Normalização Contabilística

UE – União Europeia

UEM – União Económica e Monetária

3Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

ÍndiceINTRODUÇÃO................................................................................................................................6

ENQUADRAMENTO TEÓRICO....................................................................................................7

CAPÍTULO I: NCRF 17- AGRICULTURA.....................................................................................9

1.1 Enquadramento..................................................................................................................9

1.2 Objetivo...................................................................................................................................9

1.3 Âmbito....................................................................................................................................9

1.4 Definições...............................................................................................................................9

1.5 Reconhecimento e Mensuração.............................................................................................10

1.6 Subsídios do Governo............................................................................................................11

1.7 Divulgações...........................................................................................................................11

1.8 Data de eficácia.....................................................................................................................12

1.9 Aplicação prática 1................................................................................................................12

1.10 Aplicação prática 2..............................................................................................................13

CAPÍTULO II: NCRF 18- INVENTÁRIOS...................................................................................15

2.1 Enquadramento......................................................................................................................15

2.2 Objetivo.................................................................................................................................15

2.3 Âmbito..................................................................................................................................15

2.4 Definições.............................................................................................................................16

2.5 Mensuração de Inventários....................................................................................................16

2.4 Reconhecimento como gasto.................................................................................................17

2.5 Divulgações...........................................................................................................................18

2.6 Data de eficácia.....................................................................................................................19

2.7 Aplicação prática 1................................................................................................................19

2.7 Aplicação prática 2................................................................................................................20

CAPÍTULO III: NCRF 22- CONTABILIZAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DO GOVERNO E DIVULGAÇÃO DOS APOIOS DO GOVERNO...........................................................................22

3.1 Enquadramento......................................................................................................................22

3.2 Âmbito..................................................................................................................................22

3.3 Definições.............................................................................................................................22

3.4 Subsídios do Governo............................................................................................................23

3.5 Apoio do Governo.................................................................................................................24

3.6 Divulgações...........................................................................................................................24

3.7 Data de eficácia.....................................................................................................................254

Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

3.8 Aplicação prática 1................................................................................................................25

3.9 Aplicação prática 2................................................................................................................26

APLICAÇÃO PRÁTICA GERAL..................................................................................................28

CONCLUSÃO................................................................................................................................30

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................32

5Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

INTRODUÇÃO

No âmbito da unidade curricular Contabilidade Financeira III, foi-nos solicitado a

realização de um estudo mais aprofundado de três das vinte e oito Normas Contabilísticas

de Relato Financeiro que se encontra no Sistema de Normalização Contabilística. Neste

estudo vamos realçar os aspetos mais importantes e que nos orientam aquando resolver

situações cujas temáticas se encontram nas NCRF.

O presente trabalho vai incidir sobre as seguintes normas: NCRF 17- Agricultura,

NCRF 18- Inventários, NCRF 22- Contabilização dos Subsídios do Governo e Divulgação

de Apoios do Governo.

O trabalho apresenta um breve enquadramento teórico sobre o Sistema de

Normalização Contabilístico, posteriormente uma análise das normas supra mencionadas

com casos práticos e por último a conclusão.

6Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

O Sistema de Normalização Contabilística, de agora em diante SNC, veio substituir

o Plano Oficia de Contabilidade (POC) e foi aprovado pelo Decreto-lei n.º 158/2009, de 13

de julho. Este surgiu da necessidade do normativo contabilístico português se sintonizar

com as normas internacionais de contabilidade, nomeadamente as Diretivas Contabilísticas

e com os regulamentos da União Europeia (UE) e União Económica e Monetária (UEM).

A 15 de janeiro de 2003 a Comissão de Normalização Contabilística (CNC) apresentou o

“Projeto de Linhas de Orientação para um Novo Modelo de Normalização Contabilística”.

Após a proposta feita pela CNC, o Governo aprovou o SNC. Este passou a estar de

acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pela International

Accounting Standards Board (IASB) e adotadas na União Europeia, a ter na sua base

princípios e não regras específicas e, além de entrar em conformidade com as Diretivas

Comunitárias, melhora o relato financeiro do nosso país e ainda procura atender às

especificidades das entidades de menor dimensão através da Norma Contabilística de

Relato Financeiro, de agora em diante NCRF, para Pequenas Entidades (PE), ou através da

Normalização Contabilística para Microentidades.

O SNC é composto pelos seguintes instrumentos:

• Bases para a apresentação de demonstrações financeiras (BADF);

• Modelos de demonstrações financeiras (MDF);

• Código de contas (CC);

• Normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF);

• Norma contabilística e de relato financeiro para pequenas entidades (NCRF-PE);

• Normas interpretativas (NI).

Nem todas as normas International Accounting Standard (IAS) e International

Financial Reporting Standards (IFRS) foram transpostas para as NCRF, outras foram

parcialmente acolhidas e ainda se verifica situações onde as normas do SNC não possuem

correspondências com as normas IAS/IFRS. Sempre que o SNC é omisso deve recorrer-se

às Normas Internacionais de Contabilidade.

O novo referencial contabilístico português é obrigatório a:

7Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Grupos cotados: quando apresentam contas consolidadas são obrigatoriamente

aplicadas as IAS/IFRS, caso possuam contas individuais da empresa-mãe e das suas

subsidiárias, poderão ser aplicadas as IAS/IFRS ou as NCRF;

Sociedades individuais cotadas: a aplicação das IAS/IFRS é obrigatória;

Grupos não cotados: quer apresentem contas consolidadas ou possuam contas

individuais da empresa-mãe e das suas subsidiárias, poderão ser aplicadas as

IAS/IFRS ou as NCRF;

Sociedades individuais não cotadas: se estiverem sujeitas a certificação legal das

contas aplica-se obrigatoriamente as NCRF, caso contrário verifica-se se excedem

dois dos seguintes três limites: total de balanço- 1 500 000€, total de rendimentos-

3 000 000€ e número médio de trabalhadores durante o exercício- 50. Se

ultrapassarem aplica-se obrigatoriamente as NCRF, caso não ultrapassam procura-

se saber se a entidade é microentidade e aí poderá aplicar-se as NCRF, NCRF-PE e

NCM. Se não for microentidade poderá aplicar-se NCRF ou NCRF-PE;

ESNL: para estas entidades poderá selecionar-se entre as IAS/IFRS e a

normalização contabilística para as ESNL.

8Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

CAPÍTULO I: NCRF 17- AGRICULTURA

1.1 Enquadramento

A NCRF-17 tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 41, adotada

pelo texto original do Regulamento CE n.º 1126/2008 da comissão, de 3 de novembro.

Sempre que existam remissões para as Normas Internacionais de Contabilidade refere-se às

normas adotadas pela UE, nos termos do regulamento (CE) nº 1606/2002 do Parlamento

Europeu e do Concelho de 19 de julho.

1.2 Objetivo

O objetivo desta Norma Contabilística e de Relato Financeiro é o de determinar o

tratamento contabilístico, a apresentação de demonstrações financeiras e as divulgações

relativas à atividade agrícola.

1.3 Âmbito

A presente norma aplica-se a ativos biológicos; produto agrícola no ponto de

colheita e subsídios governamentais relacionados com ativos biológicos. Por sua vez não

se aplica a terrenos relacionados com a atividade agrícola, uma vez que esses são tratados

na NCRF 7 e na NCRF 11; e não se aplica a Ativos Intangíveis relacionados com a

atividade agrícola, uma vez quer esses são abordados na norma NCRF 6.

É de realçar que esta norma não trata dos produtos após a colheita, ou seja, o que

está relacionado com a transformação, venda e comercialização.

1.4 Definições

Ao longo da NCRF n.º 17 – Agricultura são utilizados vários termos com

significados específicos dos quais salientamos:

Atividade agrícola – Gestão da transformação biológica de ativos biológicos em

produtos agrícolas, por uma entidade;

Ativo biológico – Animal ou plantas vivos;9

Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Produto agrícola – Produto colhido dos ativos biológicos;

Colheita – Momento de separação de um produto agrícola do seu ativo biológico;

Transformação biológica – São as transformações qualitativas e quantitativas dos

ativos biológicos como os processos de crescimento natural (aumento da

quantidade ou qualidade), degeneração (diminuição da quantidade ou qualidade),

produção e procriação (criação de animais ou de plantas vivos adicionais);

Mercado ativo – mercado no qual se verifica compra e venda de itens num mercado

homogéneo, existem vendedores e compradores a qualquer momento e os preços

estão disponíveis para o público;

Quantia escriturada – quantia pela qual o ativo é reconhecido no balanço após

dedução de amortizações e perdas por imparidade acumuladas.

1.5 Reconhecimento e Mensuração

Os ativos biológicos ou produtos agrícolas devem ser reconhecidos quando a

entidade controla o ativo como consequência de acontecimentos passados, haja forte

probabilidade de adquirir benefícios futuros associados ao ativo e quando o justo valor ou

custo do ativo passa a ser fiavelmente mensurável.

O critério de mensuração pelo justo valor menos os custos estimados no ponto de

venda é utilizado nos ativos biológicos no reconhecimento inicial e em cada data do

balanço, e utilizado nos produtos agrícolas no momento da colheita. O justo valor é-nos

muitas vezes indicado pelo mercado ativo desse ativo biológico, se a entidade estiver

perante vários mercados ativos selecionar aquele cujo valor for mais relevante. Caso não

exista mercado ativo terá que se utilizar um ou mais dos seguintes indicadores: o preço

mais recente de transação no mercado, o preço de mercado de ativos semelhantes e

referências do setor, ex.: valor do gado expresso em quilo de carne. A entidade deverá

optar pelos indicadores que lhe dão uma estimativa mais viável do justo valor. Muitas

vezes as entidades comprometem-se com contratos de venda dos seus ativos ou produtos

biológicos numa data futura, os preços do contrato não serão relevantes na determinação

do justo valor pois este remetesse para o mercado corrente.

Ainda é possível verificar-se situações onde, não é possível determinar o justo valor

nas condições em que ele se apresenta (por exemplo uma fase de crescimento de um 10

Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

vegetal), nestas condições o ativo será mensurado pelo valor presente nos fluxos de caixa

líquidos, descontados a uma taxa pré-imposto determinada no mercado corrente. A norma

ainda permite que um ativo biológico seja mensurado pelo seu custo no reconhecimento

inicial, quando o seu justo valor não é fiavelmente mensurado, pois quando este se tornar

fiavelmente mensurado a entidade terá que alterar a mensuração para o justo valor.

Um ganho ou perda resultante da alteração do justo valor menos os custos

estimados no ponto de venda, devido a alterações físicas e de preços no mercado, devem

ser incluídos nos resultados líquidos do período. Exemplo: nascimento de um bezerro é um

ganho por aumento de justo valor (débito na conta 37 e crédito na 77), uma perda será

debitada numa conta 66 e creditada numa conta 37.

1.6 Subsídios do Governo

Existem dois tipos de subsídios que são tratados na presente norma: Subsídios

condicionais e não condicionais. Os subsídios condicionais reconhecem-se como

rendimento quando as entidades satisfazem as condições dos subsídios e os subsídios não

condicionais reconhecem-se como rédito quando se tornam recebíveis.

Se tivermos perante um subsídio relacionado com um ativo biológico que tenha

sido mensurado pelo custo menos depreciações e perdas por imparidade acumuladas é

tratado na NCRF 22.

1.7 Divulgações

Nas divulgações os ativos biológicos poderão ser consumíveis ou para produção.

Os que estão para serem colhidos são considerados como produtos agrícolas. Os ativos

biológicos poderão ainda ser considerados como maduras ou juvenis no momento da

divulgação dependendo das condições colhíveis ou se sustentam colheitas regulares.

Como já se verificou anteriormente o justo valor pode alterar-se, nesta situação

deverá divulgar-se separadamente as alterações físicas e de preços na avaliação do

desempenho do período corrente.

Uma entidade deve divulgar a descrição dos respetivos ativos, ou grupos de ativos

biológicos que possui, bem como as medidas e estimativas não financeiras utilizadas para a

11Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

quantificação física dos seus ativos. Deve ainda divulgar os métodos e pressupostos

aplicados na determinação do justo valor, bem como o justo valor menos os custos no

ponto de venda no momento da colheita.

Quando o justo valor não pode ser mensurado fiavelmente e a entidade o mensura

pelo seu custo menos as depreciações e perdas por imparidade acumuladas, esta deve

descrevê-los identificando uma justificação para a utilização deste método de mensuração,

indicando o método de depreciação e taxa de depreciação utilizada se for caso disso. Caso

se tornem mensuráveis a entidade deverá explicar a razão e qual o efeito que surgiu.

Relativamente aos subsídios esta deve indicar as diferentes formas de subsídios do

Governo, o seu reconhecimento nas demonstrações financeiras; condições não satisfeitas e

outras contingências ligadas ao apoio do Governo que tenham sido reconhecidas.

1.8 Data de eficácia

Uma entidade deve aplicar esta norma, a partir do primeiro período que se inicie

em, ou após 1 de janeiro de 2010.

1.9 Aplicação prática 1

A entidade Vaquinha Matilde Lda. adquiriu, a 30 de novembro do ano N, 200 vacas

leiteiras (a crédito) no valor de 2 500€ cada com destino à produção de leite. Em dezembro

as vacas produziram 25 000litros de leite. Nesse mesmo mês o leite foi vendido a 0,45€ /

litro.

Proceder ao correto tratamento contabilístico.

Resolução:

1.º Reconhecimento do ativo biológico (compras)

2.º Variação de inventários (Inventário permanente)

3.º Venda de produto acabado

Valor compra das vacas: 2 500€ x 200 = 500 000€

12Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Valor IVA dedutível: 500 000€ x 23% = 115 000€

Venda de leite: 25 000 x 0,45€ = 11 250€

Data Nº Descrição Débito Crédito ValorN

30, Nov. 1 Compra ativo biológico: vacas 313 500 000Iva dedutível 2432 115 000

2211 615 0002 Ativo biológico de produção 3721 313 500 000

Dez. 3 Produto acabado – leite (variação inventário) 341 734 11 2504 Venda de leite a cliente 712 11 250

IVA liquidado 2433 258,752111 13 837,5

5 Variação inventário 734 341 11 250

1.10 Aplicação prática 2

A sociedade Pernil e Afins Lda. adquiriu em janeiro do ano N-1, 30 porcos com um

ano de idade, para posterior venda da carne, cujo seu custo foi de 500€ cada. Em setembro

do ano N nasceram 8 leitões, cujo justo valor na SIMA era de 65€ cada.

A 31 de dezembro do ano N verificou-se que o justo valor dos seus ativos biológicos eram

os seguintes:

- Leitões recém-nascidos até 2 meses: 68€;

- Leitões dos 3 meses até 11 meses de idade: 70€ cada;

- Porcos com idade entre 12 meses até 24 meses de idade: 600€;

- Porcos com idade entre 25 meses até 36 meses de idade: 300€;

Proceder ao correto tratamento contabilístico do ano N.

Resolução:

1.º Reconhecimento do ativo biológico

2.º Reconhecimento e mensuração aquando o nascimento de um ativo biológico

3.º Alterações do justo valor devido a alterações físicas e alterações de preço de mercado

Mensuração dos leitões à data do nascimento: 8 x 65€ = 520€

Justo valor dos porcos juvenis (com 3 meses): 8 x 70€ = 560€

13Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Ganho por aumento do justo valor: 560€ - 520€ = 40€

Justo valor a 31 de Dez. de N-1 dos porcos: 30 x 500 = 15 000€

Justo valor dos porcos (com 34 meses) a 31 de Dez. de N: 30 x 300 = 9 000€

Perda por diminuição do justo valor: 15 000€ - 9 000€ = 6 000€

Data Nº Descrição Débito Crédito ValorN

Set. 1 Ativos biológicos consumíveis – leitões 3711 520Ganho por aumento do justo valor 774 520

31, Dez. 2 Ativo biológico – porcos 3711 6 000Perda por diminuição do justo valor 664 6 000

3 Ativo biológico – porcos juvenis 3711 40Ganho por aumento do justo valor 774 40

CAPÍTULO II: NCRF 18- INVENTÁRIOS

14Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

2.1 Enquadramento

A NCRF-18 tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 2, adotada pelo

texto original do Regulamento CE n.º 1126/2008 da comissão, de 3 de novembro.

Sempre que se façam remissões para as Normas Internacionais de Contabilidade refere-

se às normas adotadas pela UE, nos termos do regulamento (CE) nº 1606/2002 do

Parlamento Europeu e do Concelho de 19 de julho.

2.2 Objetivo

Com esta norma pretende-se definir o tratamento adequado a adotar para os

inventários, apresentando diretivas para a correta determinação do custo e do seu

subsequente reconhecimento como gasto.

2.3 Âmbito

A NCRF-18 aplica-se a todos os inventários que não sejam relacionados com produção

em curso proveniente de contratos de construção, que se encontram previstos na NCRF 19,

relacionados com instrumentos financeiros, previstos na NCRF 27 e ativos biológicos

relacionados com a atividade agrícola e produto agrícola na altura da colheita, abordados

na NCRF 17.

Por outro lado, esta Norma não tem aplicação na mensuração dos inventários detidos

por produtores de produtos agrícolas e florestais, do produto agrícola após a colheita, até

ao ponto em que sejam mensurados pelo valor realizável líquido, e corretores / negociantes

(aqueles que compram ou vendem mercadorias para outros ou por sua própria conta) de

mercadorias que mensurem os inventários pelo justo valor, menos os respetivos custos de

venda.

2.4 Definições

15Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

De modo a permitir uma mais fácil compreensão, são apresentadas algumas definições

de termos usados na presente Norma:

Inventários (existências) consistem em ativos –

1. Detidos para venda, no decurso normal da atividade da empresa;

2. No processo de produção para venda;

3. Na forma de materiais ou consumíveis que se destinam a serem aplicados no

processo de produção ou prestação de serviços.

Dos inventários fazem parte: os bens comprados e detidos para revenda, como

mercadorias, os produtos acabados ou em vias de fabrico, bem como materiais e

consumíveis destinados ao processo de produção. Se se tratar de um prestador de serviços,

os inventários incluem os custos do serviço, relativamente ao qual a entidade ainda não

tenha procedido ao reconhecimento do respetivo rédito.

Valor realizável líquido – consiste no preço de venda estimado, decorrente do

decurso normal da atividade empresarial, sendo-lhes retirados os custos estimados

de acabamento, bem como os custos estimados necessários para se poder efetuar a

venda do produto, ou seja, é a quantia líquida que a entidade estima realizar, como

consequência da venda de um inventário.

2.5 Mensuração de Inventários

Relativamente à problemática da mensuração, tendo por base, o princípio da prudência, os

inventários deverão ser mensurados pelo menor dos valores, entre o custo ou valor

realizável líquido.

De referir que, no custo dos inventários deverão ser incluídos todos os custos

necessários e decorrentes da colocação dos inventários no local de destino e condições

atuais, tais como custos de compra ou custos de conversão. Por sua vez, os custos de

compra de inventários englobam o preço de compra, direitos de importação, custos de

transporte, sendo deduzidos de eventuais descontos comerciais ou abatimentos aplicados.

Relativamente aos custos de conversão de inventários, estes englobam os custos

diretamente relacionados com as unidades de produção, bem como a imputação sistemática

dos gastos gerais de fabrico incorridos na conversão das matérias em produtos acabados.

16Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Aquando do tratamento dos custos de inventários de um prestador de serviços, deverão

os mesmos ser mensurados pelos custos da produção, isto é, os custos de mão-de-obra e

outros custos com o pessoal diretamente envolvido na prestação do serviço.

No que se refere às técnicas para a mensuração do custo de inventários, podemos

considerar:

a) Método do Custo-Padrão – toma em consideração níveis normais dos materiais

e consumíveis, da mão-de-obra, da eficiência e utilização da capacidade

produtiva;

b) Método de retalho – utilizado no sector de retalho para mensurar inventários de

grandes quantidades de itens que mudam com grande regularidade, sendo

impraticável aplicar outros métodos de custeio.

Dentro das Fórmulas de Custeio a adotar, verifica-se que o custo dos inventários deve

ser calculado em função das seguintes fórmulas:

FIFO – os itens do inventário que forma adquiridos ou produzidos em primeiro

lugar, sejam igualmente vendidos em primeiro lugar, sendo que, os itens que

permanecerem em inventário no fim do período serão sempre os itens comprados

ou produzidos mais recentemente.

Custo Médio Ponderado – o custo de cada item é determinado com base numa

média aritmética ponderada do custo de itens semelhantes, no começo de um

período e do custo de itens semelhantes que forem comprados ou produzidos

durante esse mesmo período.

De referir que, a entidade deverá utilizar a mesma fórmula de custeio para todos os

inventários que apresentem natureza e uso semelhantes para a entidade.

Convém também referir que, o custo dos inventários deve ser registado em baixo, pela

prática do write down, pelo seu valor realizável líquido, pois os ativos não devem ser

escriturados por quantias superiores às que resultariam da venda ou uso dos bens.

2.4 Reconhecimento como gasto

De primordial importância na contabilização dos inventários, apresenta-se a quantia do

custo que deverá ser reconhecida como um ativo, bem como ser escriturada até ao

momento em que ocorra o reconhecimento do respetivo rédito.

17Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Deste modo, estabelece a NCRF 18 que, aquando da venda dos inventários, a quantia

escrituradas desses bens deve ser reconhecida como um gasto do período em que o

respetivo rédito seja reconhecido.

No que se refere a ajustamentos de inventários para o valor realizável líquido, essa

quantia deve ser reconhecida como um gasto do período em que o ajustamento ou perda se

verifique. Do mesmo modo, a quantia de uma reversão do ajustamento de inventários,

proveniente de um aumento no valor realizável líquido, deve ser reconhecida como uma

redução na quantia de inventários reconhecida como um gasto no período em que a

reversão ocorra.

2.5 Divulgações

Relativamente aos inventários, as Demonstrações Financeiras deverão divulgar:

a) As Políticas Contabilísticas adotadas na mensuração dos inventários, bem como a

fórmula de custeio adotada;

b) A quantia total escriturada de inventários e a quantia escriturada em classificações

apropriadas para a entidade;

c) A quantia de inventários escriturada pelo justo valor menos os custos de vender

(corretores / negociantes);

d) A quantia de inventários reconhecida como um gasto durante o período;

e) A quantia de qualquer ajustamento de inventários reconhecida como um gasto do

período;

f) A quantia de qualquer reversão de ajustamento que tenha sido reconhecida como

uma redução na quantia de inventários reconhecida como gasto do período;

g) As circunstâncias ou acontecimentos que conduziram à reversão de um ajustamento

de inventários;

h) A quantia escriturada de inventários dados como penhor de garantia a passivos.

18Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

2.6 Data de eficácia

A presente Norma deverá ser aplicada a partir do primeiro período que se inicie após 1

de Janeiro de 2010.

2.7 Aplicação prática 1

A empresa Só Madeira, Lda., adquiriu em 1 de Janeiro, 50 cadeiras do modelo “Relax”,

para posterior revenda, sendo os custos de transporte da sua responsabilidade (500€).

Além disso, no dia 12 de Janeiro foram ainda pagos 850,00€ (iva incluído) à empresa

Transportadora, relativos a custos de manuseamento, descarga e arrumação da mercadoria.

a) Qual seria o correto tratamento contabilístico da presente operação?

Resolução:

1.º Aquisição de mercadorias;

2.º Apuramento dos custos de compra, com inclusão dos custos adicionais, custos

de transporte e manuseamento

3.º Transferência do custo da compra para armazém;

4.º Pagamento a crédito ao fornecedor das cadeiras e a pronto à empresa

transportadora.

Cálculo do custo da compra: 50 unidades x 175,00€ = 8.750,00€

Apuramento do Valor do IVA (Dedutível): (8.750,00€ + 500,00€) x 0,23 = 2.127,50€

Apuramento do valor total da aquisição: 8.750,00€ + 500,00€ + 2.127,50€ = 11.377,50€

Apuramento dos Custos de Manuseamento: 850,00€ / 1.23 = 691,05€

Apuramento do Iva Dedutível dos Custos de Manuseamento: 691,05€ x 1.23 = 158,94€

Data Nº Descrição Débito

Crédito Valor

19Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

N1, Jan. 1 Aquisição, a crédito, de 50 cadeiras, modelo “Relax” 311 8.750,00€

Custos de transporte 311 500,00€IVA Dedutível 2432 2.127,50€Fornecedores gerais 2211 10.877,50€Custos de manuseamento 311 691,05€IVA Dedutível 2432 158,95€Fornecedores gerais 2211 850,00€

2 Transferência para armazém 321 311 9.941,05€12, Jan. 3 Pagamento dos custos de manuseamento à empresa

Transportadora 2211 121 850,00€

31, Jan 4 Pagamento ao Fornecedor das cadeiras 2211 121 11.377,50€

2.7 Aplicação prática 2

A empresa PC e Afins, Lda. procedeu à aquisição, em 1 de Janeiro, de 30

computadores do modelo “Top” cujo seu valor era de 1 250€ ao qual acresce IVA à taxa

normal de 23%. Ao comprar 30 computadores teve direito a um desconto comercial de 2%.

Foi acordado um pagamento em 30 dias.

Em fevereiro a empresa comprou 20 computadores do modelo “Top” pelo preço de

1 200€ cada um e nesse mesmo mês vendeu 35 cada um por 1 500€. Sabe-se que a

empresa tem sistema de inventário permanente e a fórmula de custeio é o FIFO.

a) Qual seria o correto tratamento contabilístico da presente operação?

Resolução:

1.º Apuramento do custo da compra;

2.º Transferência do custo da compra para mercadorias;

3.º Desconto comercial;

4.º Pagamento a crédito ao fornecedor

Cálculo do custo da compra: 30 unidades x 1 250,00€ = 37 500,00€

Apuramento do Valor do IVA (Dedutível): 37 500,00€ x 23% = 8 625,00€

Apuramento do valor total da aquisição: 37 500,00€ + 8 625,00€ = 46 125,00€

Cálculo do desconto comercial: 37 500€ x 2% = 750€

Apuramento regularização do IVA após desconto comercial: 750€ x 23% = 172,50€

20Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Apuramento do valor total do desconto comercial: 750€ + 172,50€ = 922,50€

Cálculo custo de compra em fevereiro: 20 x 1 200€ = 24 000€

Cálculo IVA dedutível: 24 000€ x 23% = 5 520€

Apuramento valor total da compra: 24 000€ + 5 520€ = 29 520€

Cálculo valor mercadorias vendidas: 35 x 1 500€ = 52 500€

Custo das matérias vendidas e matérias consumidas:

(lote 1) 30 x 1 250€ + (lote 2) 5 x 1 200€ = 43 500€

Apuramento IVA liquidado: 12 075€

Existências finais: 15 x 1 200€ = 18 000€

Data Nº Descrição Débito

Crédito Valor

N1, Jan. 1 Aquisição, a crédito, de 30 computadores, modelo

“Top”311 37 500,00

IVA Dedutível 2432 8 625,00Fornecedores gerais 2211 46 125,00

2 Desconto comercial 318 750Regularização IVA 2434 172,50

2211 922,50Entrada em armazém 321 36 750

318 750311 37 500

31, Jan. 3 Pagamento a Fornecedor 2211 121 45 202,5

Fev. 4 Aquisição, a crédito, de 20 computadores, modelo “Top”

311 24 000

IVA dedutível 2432 5 5202211 29 520

5 Venda 35 computadores “Top” 711 52 5002433 12 075

21 11 64 575

21Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

CAPÍTULO III: NCRF 22- CONTABILIZAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DO GOVERNO E DIVULGAÇÃO DOS APOIOS DO GOVERNO

3.1 Enquadramento

A presente NCRF-22 tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 20,

adotada pelo texto do Regulamento CE n.º 1126/2008. Sempre que existam remissões para

as Normas Internacionais de Contabilidade refere-se às normas adotadas pela UE.

3.2 Âmbito

A NCRF - 22 é aplicada na contabilização e divulgação dos subsídios, bem como

outras formas de apoio concedidas pelo Governo. Não trata de problemas especiais que

surgem na contabilização dos subsídios do Governo em Demonstrações de Resultados;

apoios sob a forma de benefícios que ficam disponíveis após determinar o rendimento

coletável ou com base de passivos por impostos sobre os rendimentos; participações do

Governo no capital das entidades e subsídios relativos à agricultura, pois esses serão

tratados na NCRF – 17.

3.3 Definições

Apoio do Governo – são ações do Governo no sentido de proporcionar benefícios

económicos específicos a uma entidade. Não inclui benefícios que afetem as

condições comerciais gerais

Justo valor – A expressão Justo Valor designa a quantia pela qual o mesmo ativo

podia ser trocado ou passivo liquidado, entre compradores e vendedores

conhecedores e dispostos a isso;

Subsídio do Governo – Auxílios e recursos do Governo, que são transferidos para

uma entidade. Esta em troca terá que cumprir as condições acordadas. Não se inclui

as formas de apoio nas quais não se pode atribuir um valor e que não se possam

distinguir das transações comerciais;

22Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Subsídios não reembolsáveis – Após o cumprimento das condições acordadas a

entidade recebe o subsídio;

Subsídios relacionados com ativos – O Governo entrega o subsídio à entidade e

esta terá que adquirir ativos a longo prazo;

Subsídios relacionados com rendimentos – Subsídios que não estão relacionados

com ativos.

O apoio do Governo assume diferentes formas, variando na constituição da

assistência dada e nas condições que lhes tão associadas. Possuem também diferentes

designações: dotações, subvenções ou prémios.

3.4 Subsídios do Governo

Os subsídios do Governo só devem ser reconhecidos após existir a segurança de

que a entidade cumprirá as condições acordadas e que os subsídios serão recebidos. A

maneira pela qual o subsídio é recebido não reflete o método contabilístico a ser utilizado e

as contingências relacionados com esse subsídio, já reconhecido, são tratadas na NCRF-21.

Existem dois tipos de subsídios: não reembolsáveis e reembolsáveis. Os subsídios

reembolsáveis são tratados como passivo, são uma obrigação a pagar, ainda que com juros

baixos (conta: 255). Deve ainda ser contabilizado na NCRF- 4, ou seja, como uma revisão

de uma estimativa contabilística.

Os subsídios não reembolsáveis relacionados com Ativos Fixos Tangíveis e Ativos

Intangíveis deverão ser reconhecidos no capital próprio (conta: 593 numa base sistemática

para a conta 7883). Posteriormente deve verificar-se se os ativos são depreciáveis e

apresentam vida útil definida. Caso os AFT sejam depreciáveis e os AI possuam vida útil

definida o subsídio será considerado como rédito durante o número de períodos necessários

para balanceá-los com os gastos (amortizações, depreciações) relacionados com esses

ativos e que se pretende compensar. Por sua vez se os AFT e AI não forem depreciáveis

(exemplo: terrenos) e possuírem vida útil indefinida serão reconhecidos como capitais

próprios, excepto se for necessário compensar imparidades.

Os subsídios são reconhecidos como rédito na Demonstração de Resultados para

balancear com os gastos específicos tidos durante o mesmo período, no entanto, os

subsídios não reembolsáveis relacionados com AFT E AI deverão ser divulgados

separados dos fluxos de caixa aquando o recebimento do subsídio ou compra do ativo. Os 23

Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

subsídios de ativos não depreciáveis serão também considerados como rédito pelo período

no qual a empresa terá gastos relacionados com as obrigações acordadas.

Deverão ser reconhecidos como rendimentos do período em que se tornam

recebíveis os subsídios que visam compensar gastos e perdas já incorridos, dar suporte

financeiro imediato às entidades e/ou subsídios concedidos para assegurar a rentabilidade

mínima ou compensar deficits de exploração. Caso se verifique que o subsídio é concedido

para compensação de deficits futuros então estes devem ser apresentados separadamente na

Demonstração de Resultados.

Os subsídios não monetários são aqueles cuja sua transferência é feita através de

um ativo por exemplo. Nestas situações avalia-se o justo valor do ativo e contabiliza-se o

ativo e o respetivo subsídio por esse valor.

3.5 Apoio do Governo

Só são considerados apoios do Governo, se lhe for atribuído um valor razoável,

caso contrário serão excluídos. Os conselhos técnicos e de comercialização gratuitos e a

concessão de garantias não serão considerados como apoios do governo. Os empréstimos

sem juros ou taxas de juro baixas são um apoio do governo, no entanto, o benefício não é

quantificado pela imputação de juros, ou seja, não se leva à demonstração de resultados o

benefício.

3.6 Divulgações

Deverão ser divulgados os seguintes assuntos:

Políticas contabilísticas adotadas na contabilização de subsídios;

As diferentes formas de subsídios do Governo, o seu reconhecimento nas

demonstrações financeiras;

Condições não satisfeitas e outras contingências ligadas ao apoio do Governo que

tenham sido reconhecidas.

3.7 Data de eficácia

24Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

A entidade deve aplicar esta norma, a partir do primeiro período em que se inicia,

ou após 1 de janeiro de 2010.

3.8 Aplicação prática 1

A sociedade Doce Gourmet Lda. candidatou-se a um subsídio governamental para a

aquisição de um terreno, de forma a expandir-se a sua fábrica de doces, cujo valor de

aquisição é 500 000€, aos quais acresce IVA à taxa normal em vigor. No dia 12 de

fevereiro do ano N, a sociedade verificou que o subsídio lhe foi atribuído para a aquisição

do terreno em 50% do valor do valor de aquisição do terreno. O terreno foi adquirido na

mesma data. A 31 de dezembro do mesmo ano, a entidade verificou que a quantia

recuperável do terreno ascendia os 450 000€.

a) Proceda ao tratamento contabilístico

Resolução:

1.º Reconhecer o subsídio recebido;

2.º Aquisição do Ativo Fixo Tangível não depreciável

3.º Verificação se há ou não perda por imparidade

4.º Imputação do subsídio como rédito.

Cálculo do valor do subsídio: 50% de 500 000€ 500 000 x 50% = 250 000€

Cálculo da perda por imparidade:

Perda Imparidade= Quantia Escriturada - Quantia Recuperável

Perda Imparidade = 500 000 – 450 000

Perda Imparidade = 50 000€

50 000€ são 10% do valor do ativo.

Parcela de subsídio a imputar como rédito na proporção da perda por imparidade:

50 000 x 10% = 5 000€

Data Nº Descrição Débito Crédito

Valor

N

25Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

12, Fev. 1 Reconhecimento Subsídio 121 593 250 0002 Aquisição AFT: Terreno 431 500 000

Iva dedutível 2432 115 0002711 615 000

31, Dez. 3 Perda por imparidade 655 439 50 0004 Subsídio imputado como rédito 593 7883 5 000

3.9 Aplicação prática 2

A sociedade Jeans Mania Lda. candidatou-se a um subsídio governamental para a

aquisição de uma máquina fabril com um tempo de vida útil de 10 anos. O custo da

aquisição deste AFT é de 35 000€ aos quais acresce IVA à taxa normal de 23%. No dia 1

de Abril do ano N foi-lhe atribuído o subsídio no valor de 15 000€ e na mesma data a

sociedade adquiriu o AFT para dar início à nova produção de calças. O método de

depreciação utilizado pela empresa para esta tipologia de equipamentos é o método das

quotas constantes (linha reta).

a) Proceda ao tratamento contabilístico

Resolução:

1.º Reconhecer o subsídio atribuído

2.º Aquisição do AFT

3.º Depreciação do ativo

4.º Imputação do subsídio como rédito

Cálculo do valor do IVA a deduzir: 35 000 x 23% = 8 050€

Cálculo da depreciação do AFT: 35 000 / 10 = 3 500€ ao ano

Relação valor subsídio e o valor de aquisição: (15 000 x 100) / 35 000 = 42,86 %

Parcela de subsídio a reconhecer como rédito: 3 500 x 42,86% = 1 500,10€

Data Nº Descrição Débito Crédito

Valor

26Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

N1, Abr 1 Reconhecimento Subsídio 121 593 15 000

2 Aquisição AFT: máquina fabril 433 35 000Iva dedutível 2432 8 050

2711 4305031, Dez. 3 Depreciação AFT 642 438 3 500

4 Subsídio imputado como rédito 593 7883 1 500,10

27Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

APLICAÇÃO PRÁTICA GERAL

A sociedade Cordélia Mumu Lda. vende leite de vaca. No ano N comprou 500

vacas (5 000€ cada uma, valor sem IVA) para poder dar resposta aos seus clientes.

Sabe-se que no mês de dezembro produziu-se e vendeu-se 500 000 litros de leite

que foi vendido a 0, 50€ por litro.

Como está em expansão e procura novos horizontes, a sociedade começou um novo

projeto onde vende peluches de vitelos e vacas. Como o negócio tem tido sucesso, em

dezembro a sociedade optou por comprar ao fornecedor 40 000 peluches de leitões (10€

cada) a pronto pagamento.

Optou também por candidatar-se a um subsídio governamental para aquisição de

uma máquina de produção de peluches de vaca e vitelo, cujo valor é 20 000€ aos quais

acresce IVA à taxa de 23% e a vida útil é de 8 anos (depreciável em quotas constantes).

Sabe-se que o subsídio foi atribuído em Setembro do ano N no valor de 10 000€ e que a

máquina foi comprada na mesma data.

Proceda ao tratamento contabilístico.

Resolução:

1.º Reconhecimento do subsídio

2-º Aquisição AFT

3.º Reconhecimento do ativo biológico (compras);

4.º Variação de inventários;

5.º Venda de produto acabado;

6.º Compra de peluches leitões ao fornecedor;

7.º Entrada em armazém da aquisição;

8.º Depreciação do AFT

9.º Imputação do subsídio como rédito.

Valor compra das vacas: 5 000€ x 500 = 2 500 000€

Valor IVA dedutível: 2 500 000€ x 23% = 575 000€

Valor total da compra: 2 500 000€ + 575 000€ = 3 075 000€

Venda de leite: 500 000 x 0,50€ = 250 000€

28Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Valor da compra de peluches: 40 000 x 10€ = 400 000€

Cálculo IVA dedutível: 400 000€ x 23% = 92 000€

Valor total compra: 400 000€ + 92 000€ = 492 000€

Cálculo do valor do IVA a deduzir: 20 000 x 23% = 4 600€

Cálculo da depreciação do AFT: 20 000 / 8 = 2 500€ ao ano

Relação valor subsídio e o valor de aquisição: (10 000 x 100) / 20 000 = 50 %

Parcela de subsídio a reconhecer como rédito: 2 500 x 50 % = 1 250€

Data Nº Descrição Débito Crédito ValorN

Set. 1 Reconhecimento subsídio 121 593 10 0002 Aquisição AFT 433 20 000

IVA dedutível 2432 4 6002711 24 600

30, Nov. 3 Compra ativo biológico: vacas 313 2 500 000Iva dedutível 2432 575 000

2211 3 075 0004 Ativo biológico de produção 3721 313 2 500 000

Dez. 5 Produto acabado – leite (variação inventário) 341 734 250 0006 Venda de leite a cliente 712 250 000

IVA liquidado 2433 57 5002111 307 500

7 Variação inventário 734 341 250 0008 Compras de peluches - leitões 311 400 000

IVA dedutível 2432 92 0002211 492 000

9 Pagamento ao fornecedor 2211 121 492 000

Entrada em armazém 321 311 400 000

31, Dez. 10 Depreciação AFT 642 439 2 50011 Subsídio imputado como rédito 593 7883 1 250

29Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente trabalho, veio permitir-nos conhecer de forma mais

aprofundada um pouco da evolução do Sistema de Normalização Contabilística, bem como

a correta aplicação de três das vinte e oito normas que compõem o SNC, neste caso em

concreto, a NCRF 17, relativamente à Agricultura, a NCRF 18 no que diz respeito aos

Inventários e, por fim a NCRF 22 no que concerne à Contabilização dos Subsídios do

Governo.

Relativamente à NCRF 17 trata dos ativos biológicos, produtos agrícolas e de

subsídios relacionados com a agricultura desde que o critério de mensuração dos ativos

biológicos seja feito através do justo valor menos custos estimados no ponto de venda. O

justo valor é geralmente obtido no mercado ativo ou indicadores, como o preço mais

recente de transação, preço de mercado de ativos semelhantes ou referências de sector. Por

sua vez caso não possamos saber o seu preço de mercado terá que ser mensurado pelo seu

custo menos depreciações e perdas por imparidade acumuladas no seu reconhecimento

inicial até que o seu valor seja fiavelmente mensurado. Relativamente aos subsídios

relacionados com esta norma, estes são condicionais ou não condicionais.

No que diz respeito aos Inventários, NCRF 18, e à sua mensuração, inicialmente deverão

ser contabilizados pelo seu custo. Posteriormente, há que ter em conta o seguinte:

Se o Custo for superior ao Valor de Realização Líquido, teremos um ajustamento

no Valor Realização líquido, o que representa uma perda por imparidade em

inventários;

Se o Custo for inferior ao Valor de Realização líquido, manter-se-á o custo.

Relativamente à norma NCRF 22 verificam-se dois principais tipos de subsídios os

reembolsáveis e não reembolsáveis. Os subsídios reembolsáveis devem ser

reconhecidos como passivos, por usa vez os não reembolsáveis devem ser reconhecidos

como capital próprio e posteriormente deverão compensar imparidades se existem ou

compensar depreciações dependendo se os AFT ou AI são ou não depreciáveis ou

apresentam vida útil. Os subsídios poderão ser não monetários, por exemplo, subsídio

na forma de ativos, este (ativo e subsídio) deverão ser reconhecidos pelo justo valor do

ativo. Os subsídios deverão ser reconhecidos apenas quando são recebíveis ou as

entidades respeitaram as condições acordadas.

30Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

Verificámos que estas três normas se relacionam bastante umas com as outras, bem

como com outras do SNC. Há uma transversalidade e articulação entre todas as normas

que nos permite dar resposta correta aos problemas com os quais nos poderemos

deparar futuramente na área. Permite ainda dar respostas que são aceites e

compreendidas na UE, permitindo uma melhor articulação entre empresas nacionais e

internacionais.

31Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo

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Normas Contabilísticas de Relato Financeiro: 17, 18 e 22

BIBLIOGRAFIA

Livros

RODRIGUES, J. (2012). Sistema de Normalização Contabilística – Explicado, Porto,

Porto Editora;

ALMEIDA, R. et al (2013). SNC casos práticos e exercícios resolvidos, Cacém, ATF

Edições.

Sites consultados

DOMINGOS, J. (2009). O Regime de pequenas entidades no quadro do SNC.

Link: http://www.otoc.pt/fotos/editor2/SNC-PequenasEntidadesDis2509.pdf

(acedido a 26 de Novembro de 2014);

32Discentes: Margarida Inácia, Sandra Crespo, Sónia Macedo