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Nome: Stephanie Katarinie Monteiro Gomes Turma: 2012 Trabalho final da oficina: O uso de documentos de arquivo em sala de aula Tema: Projeto de Imigração Brasileiro no Final do Século XIX, Perfil do Imigrante Justificativa: O Brasil era uma república nova, com uma estrutura social e econômica colonial, população mal distribuída demograficamente, a maior parte da população era de mestiços e negros e após a oficialização da abolição do regime escravo a elite cafeeira (sendo o café a principal fonte de renda no Brasil) estava privada de sua principal força de trabalho. O projeto de imigração tinha em seu cerne uma série de ideias de teorias sociais e raciais de branqueamento da população (VARNHAGEM), com base em um perfil específico de imigrante: branco, europeu, católico, que viesse com a família para trabalhar nas lavouras cafeeiras e mais tarde na indústria paulista. Ora, sim era necessária uma mão obra substituinte, mas com a mudança de modo de produção e das relações de trabalho (relativamente) era necessária uma força de trabalho diferente e condizente com as ambições econômicas e sociais da elite econômica e intelectual do Brasil república. Esta sequência didática visa proporcionar ao aluno noções sobre o conceito de imigração, migração e emigração, analisar os motivos do projeto de imigração, as motivações dos imigrantes, o perfil do imigrante focando nos italianos, portugueses e galegos. Objetivo geral: • Identificar o papel e a importância da memória histórica para a vida da população e de suas raízes culturais. Objetivos específicos: • Compreender o trabalho como elemento primordial nas transformações históricas. • Reconhecer a natureza específica de cada fonte histórica. • Reconhecer o papel das diferentes linguagens: escrita, pictórica, fotográfica, oral, eletrônica, etc. • Reconhecer os diferentes agentes sociais e os contextos envolvidos na produção do conhecimento histórico. • Perceber que as formações sociais são resultado de várias culturas.

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Page 1: Nome: Stephanie Katarinie Monteiro Gomes Turma: 2012 · parte da população era de mestiços e negros e após a oficialização da abolição do regime escravo a elite cafeeira (sendo

Nome: Stephanie Katarinie Monteiro Gomes

Turma: 2012

Trabalho final da oficina: O uso de documentos de arquivo em sala de aula

Tema: Projeto de Imigração Brasileiro no Final do Século XIX, Perfil do

Imigrante

Justificativa: O Brasil era uma república nova, com uma estrutura social e

econômica colonial, população mal distribuída demograficamente, a maior

parte da população era de mestiços e negros e após a oficialização da abolição

do regime escravo a elite cafeeira (sendo o café a principal fonte de renda no

Brasil) estava privada de sua principal força de trabalho.

O projeto de imigração tinha em seu cerne uma série de ideias de teorias

sociais e raciais de branqueamento da população (VARNHAGEM), com base

em um perfil específico de imigrante: branco, europeu, católico, que viesse com

a família para trabalhar nas lavouras cafeeiras e mais tarde na indústria

paulista. Ora, sim era necessária uma mão obra substituinte, mas com a

mudança de modo de produção e das relações de trabalho (relativamente) era

necessária uma força de trabalho diferente e condizente com as ambições

econômicas e sociais da elite econômica e intelectual do Brasil república.

Esta sequência didática visa proporcionar ao aluno noções sobre o conceito de

imigração, migração e emigração, analisar os motivos do projeto de imigração,

as motivações dos imigrantes, o perfil do imigrante focando nos italianos,

portugueses e galegos.

Objetivo geral:

• Identificar o papel e a importância da memória histórica para a vida da população e de suas raízes culturais. Objetivos específicos:

• Compreender o trabalho como elemento primordial nas transformações históricas. • Reconhecer a natureza específica de cada fonte histórica.

• Reconhecer o papel das diferentes linguagens: escrita, pictórica, fotográfica,

oral, eletrônica, etc.

• Reconhecer os diferentes agentes sociais e os contextos envolvidos na

produção do conhecimento histórico.

• Perceber que as formações sociais são resultado de várias culturas.

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Componente curricular:

Segundo Reinado no Brasil

Abolição da escravatura e imigração europeia para o Brasil

O imaginário republicano

Série: 2º série do ensino médio

Tempo previsto: 4 horas/aulas

Bibliografia

AZEVEDO, Aluízio de. O Cortiço. Rio de Janeiro, ática, 1991. p. 23-24

OLIVEIRA, Lucia Lippi. O Brasil dos Imigrantes. São Paulo, Zahar, Rio de Janeiro, 2001. MONTEIRO, Carlos Eduardo. Interpretação de Gráfiços: Atividade Social e Conteúdo de Ensino. Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, São Leopoldo, RS.. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/publicacao/4357_Texto_Monteiro.pdf Acesso em: 17/10/2012 às 16:53min

RONDON, Eduardo José. O Haiti é Aqui. Carta Capital. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-haiti-e-aqui/ Acesso em: 06/11/12 às 18h51min RONDON, Eduardo José. Governo Restringe Entrada de Haitianos. Carta Capital. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-haiti-e-aqui/ Acesso em: 06/11/12 às 18h51min Atividades:

1º hora/aula - Primeiramente será necessário verificar o que os alunos

entendem ou sabem sobre imigração. Introdução ao tema.

2º hora/aula – expositiva sobre o assunto com esclarecimento de dúvidas e

leitura de um fragmento do livro “O Cortiço”.

“Três horas depois, Jerônimo e Piedade achavam-se instalados e dispunham-

se a comer o almoço, que a mulher preparara o melhor e o mais depressa que

pôde. Ele contava aviar até a noite uma infinidade de coisas, para poder

começar a trabalhar logo no dia seguinte. Era tão metódico e tão bom como

trabalhador quanto o era como homem. Jerônimo viera da terra, com a mulher

e uma filhinha ainda pequena, tentar a vida no Brasil, na qualidade de colono

de um fazendeiro, em cuja fazenda mourejou durante dois anos, sem nunca

levantar a cabeça, e de onde afinal se retirou de mãos vazias e com grande

birra pela lavoura brasileira. Para continuar a servir na roça tinha que sujeitar-

se a emparelhar com os negros escravos e viver com eles no mesmo meio

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degradante, encurralado como uma besta, sem aspirações, nem futuro,

trabalhando eternamente para outro. Não quis. Resolveu abandonar de vez

semelhante estupor de vida e atirar-se para a Corte, onde, diziam-lhe patrícios,

todo o homem bem disposto encontrava furo. E, com efeito, mal chegou,

devorado de necessidades e privações, meteu-se a quebrar pedra em uma

pedreira, mediante um miserável salário. A sua existência continuava dura e

precária; a mulher já então lavava e engomava, mas com pequena freguesia e

mal paga. O que os dois faziam chegava-lhes apenas para não morrer de fome

e pagar o quarto da estalagem. Jerônimo, porém, era perseverante, observador

e dotado de certa habilidade. Em poucos meses se apoderava do seu novo

ofício e, de quebrador de pedra, passou logo a fazer paralelepípedos; e depois

foi-se ajeitando com o prumo e com a esquadria e meteu-se a fazer lajedos; e

finalmente, à força de dedicação pelo serviço, tornou-se tão bom como os

melhores trabalhadores de pedreira e a ter salário igual ao deles. Dentro de

dois anos, distinguia-se tanto entre os companheiros, que o patrão o converteu

numa espécie de contramestre e elevou-lhe o ordenado a setenta mil-réis. Mas

não foram só o seu zelo e a sua habilidade o que o pôs assim para a frente;

duas outras coisas contribuíram muito para isso: a força de touro que o tornava

respeitado e temido por todo o pessoal dos trabalhadores, como ainda, e,

talvez, principalmente, a grande seriedade do seu caráter e a pureza austera

dos seus costumes. Era homem de uma honestidade a toda prova e de uma

primitiva simplicidade no seu modo de viver. Sala de casa para o serviço e do

serviço para casa, onde nunca ninguém o vira com a mulher senão em boa

paz; traziam a filhinha sempre limpa e bem alimentada, e, tanto um como o

outro, eram sempre os primeiros à hora do trabalho. Aos domingos iam às

vezes à missa ou, à tarde, ao Passeio Público; nessas ocasiões, ele punha

uma camisa engomada, calçava sapatos e enfiava um paletó; ela o seu vestido

de ver a Deus, os seus ouros trazidos da terra, que nunca tinham ido ao monte

de socorro, malgrado as dificuldades com que os dois lutaram a principio no

Brasil.”

O projeto de imigração foi idealizado por intelectuais da elite brasileira. Este

livro foi publicado em 1890 por Aluízio Azevedo, escritor brasileiro influenciado

pelo determinismo (o meio, o lugar, e o momento influenciam o ser humano) e

pelo darwinismo social. Com este fragmento do livro (cap. V, p. 23-24), será

trabalhado o perfil de imigrante desejado para trabalhar no Brasil e também

características próprias deste imigrante, levando em conta a vida do autor e o

contexto histórico no qual ele viveu, informações estas que estão implícitas no

texto e serão trabalhadas em conjunto com o professor e os alunos.

3º hora/aula – Leitura crítica de um gráfico e confrontação com um mapa dos

núcleos de imigrantes em São Paulo.

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Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeir

Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de

povoamento. p. 226. Disponível em:

http://teen.ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/tabelas/imigracao_nacionalidade_84a33.htm. Acesso em: 23 maio 2011.

O gráfico será usado para dar um vislumbre da quantidade de imigrantes e do

aumento expressivo da imigração no período de fins do século XIX e inicio do

século XX, levando em consideração que a fonte é um gráfico produzido pelo

IBGE, uma fundação pública da administração federal, que elabora os censos

com documentação “oficial” e por esse caráter institucional, não leva em

consideração uma gama de outros documentos.

Imigração no Brasil, por nacionalidade - períodos decenais 1884-1893 a 1924-1933

Nacionalidade Efetivos decenais

1884-1893 1894-1903 1904-1913 1914-1923 1924-1933

Alemães 22778 6698 33859 29339 61723

Espanhóis 113116 102142 224672 94779 52405

Italianos 510533 537784 196521 86320 70177

Japoneses - - 11868 20398 110191

Portugueses 170621 155542 384672 201252 233650

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Mapa do Estado de São Paulo indicando a posição dos núcleos coloniais existentes e em projeto. Secretaria da Agricultura/SP. 1908. Apesp.

A imigração em São Paulo no fim do século XIX, à qual esta sequencia da enfase, foi direcionada às grandes lavouras de café e os imigrantes italianos foram em sua maioria direcionados às lavouras de café no interior de São Paulo. Neste mapa será possível ressaltar este aspecto com os alunos de acordo com a localização das colonias no mapa.

4º hora/aula – Atividade em sala de aula para análise de domínio da leitura do

documento por parte dos alunos: localização de informação, compreensão e

interpretação e reflexão.

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Livro Tombo: Meneguel Pietro, Italiano

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/imigracao/presencaimagem.php?cod=31844&img=SACOPDITCINCSCE12015025.j

pg&junta=E12015, acessado em 06/11/12 às 18h31min

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Matrícula de colonos: Joaquim Custodio dos Santos, Português

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/imigracao/presencaimagem.php?cod=5641&img=SACOPDITCINCCSE01838025.jp

g&junta=E01838, acessado em 06/11/12 às 17h34min.

Atividade em Grupo

Cada grupo recebe uma cópia desses dois documento para analisar e

responder a um questionário:

1- Que tipo de órgão produziu este documento?

2- Quando o documento foi produzido?

3- Que tipo de informações o documento exibe?

4- A partir destas informações e do conteúdo das aulas é possível traçar o

perfil do “imigrante desejado” no fim do século XIX início do século XX?

Qual o perfil desse imigrante?

5- “No centro de uma pequena igreja no extremo oeste do Amazonas, em

Tabatinga (região da tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru), a figura de

um homem chama a atenção. Ele caminha de um lado para o outro, fala

espanhol e tenta dar uma palavra de conforto a cerca de cem haitianos

que chegam ao local todos os dias por volta das 12 horas. A paróquia

está lotada, mas o grupo de estrangeiros não quer rezar. Famintos,

buscam a única refeição que conseguirão durante o dia... No refeitório

improvisado, o padre Gonzalo conta que para os haitianos o Brasil

equivale aos Estados Unidos para os brasileiros. ‘A Copa do Mundo, as

Olimpíadas, tudo isso na cabeça deles cria um mundo de oportunidades.

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Só que chegam aqui e ficam sem emprego, sem moradia, sem

alimentação, sofrendo uma outra calamidade’”.

O Haiti é aqui, Carta Capital

“Na terça-feira 10 o governo federal anunciou uma série de medidas

após reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e quatro ministros. Uma

das medidas visa a conter o fluxo de deslocamento deles ao Brasil. Para

isso, determinou que só serão aceitos os haitianos que tenham visto

concedido pela Embaixada do Brasil no Haiti. Quem estiver em situação

irregular poderá ser deportado. Os vistos permitirão a permanência no

Brasil por cinco anos para quem vier para atividade de trabalho regular,

segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. ‘Aqueles que

entrarem depois estarão em situação irregular e, como qualquer outro

estrangeiro nessa condição, -serão -notificados e extraditados’, disse

ele.”

Governo restringe entrada de haitianos, Carta Capital

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-haiti-e-aqui/, acessado em 06/11/12 às 18h51min

Com base no conteúdo ministrado sobre imigração no fim do século XIX início

do século XX, podemos dizer quais as mudanças e as permanências da

imigração para o Brasil?