stephanie laurens - familia cynster 10 - a amante perfeita (rev. pl-prt)

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A Amante Perfeita Família Cynster 10 Stephanie Laurens

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Romance

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A Amante Perfeita

A Amante Perfeita

Livro 10 da srie Familia Cynster

Sthepanie Laurens

Resumo

Simon Frederick Cynster sabe que uma noiva perfeita e uma amante perfeita so o mesmo. De modo que decide achar o par ideal, algum que seja uma perfeita dama de dia... E uma amante ardente noite. Mas Simon no est disposto a anunciar ao mundo inteiro e assim correr o risco de que todas as vivas ricas se apaixonem por ele. Por isso comea sua busca cuidadosamente na festa da Manso Glossup... E fica surpreso quando sente uma irresistvel atrao pela teimosa Portia Ashford.Embora a conhecesse desde a infncia, jamais a considerara como uma possvel esposa... At que um beijo apaixonado o faz mudar de idia para sempre. Porm, medida que ele e Portia comeam a explorar profundamente a arrebatadora paixo que compartilham, acontece algo terrvel... Algo que pe Portia em perigo mortal, forando Simon a usar sua fora e influncia social para proteger sua adorada amante perfeita.

Traduo Ana Paula BatistaReviso Inicial Edith Reviso Final Kelly Leitura Final e Formatao Analu

Informao da Srie:

01 Diabo Distribudo -ARE02 O Juramento de um Libertino Reviso Final PL & PRT03 - Seu Nome Escndalo Distribudo PL & PRT04 - A Proposta de um Libertino Distribudo RM TRADUES05 Um Amor Secreto Distribudo PL & PRT06 Tudo Sobre o Amor Distribudo PL & PRT07 Tudo Sobre a Paixo Distribudo PL & PRT7,5 - A Promessa em um Beijo Distribudo - ARE08 Uma Noite Selvagem Distribudo PL & PRT09 Sombras ao Amanhecer Distribudo PL & PRT10 A Amante Perfeita LANAMENTO11 A Noiva Ideal - Leitura Final PL & PRT12 A Verdade Sobre o Amor - Reviso Final PL & PRT13 Puro Sangue - Reviso Final PL & PRT14 The Taste of Innocence15 O sabor da Tentao - Reviso Final PL & PRT

Captulo 1

Finais de julho de 1835.Arredores da Manso Glossup, em Ashmore, Dorset.

Demnios! Simon Cynster freou seus cavalos zainos, fixou o olhar na cordilheira que se erguia no alto atrs da aldeia de Ashmore. A prpria aldeia estava as suas costas, dirigia-se para a Manso Glossup, situada a uma milha de distncia alm do frondoso atalho rural.Por trs das cabanas da aldeia, o terreno se levantava abruptamente, uma mulher avanava pelo caminho que serpenteava pela vereda daquilo que Simon conhecia como antigos aterros. Do alto, a vista se estendia at Solent, e em dias limpos inclusive at a Ilha de Wight.No era estranho ver que algum avanava nessa direo. Tampouco que ningum a acompanhasse.Com crescente irritao, observou como aquela figura esbelta, de cabelo escuro, inegavelmente graciosa, subia a costa com passo firme, uma figura de pernas longas que inevitavelmente atraa o olhar de qualquer homem com sangue nas veias. Reconheceu-a imediatamente, Portia Ashford, a cunhada de sua irm Amelia.Com certeza Portia se dirigia reunio campestre oferecida durante vrios dias na Manso Glossup, esta era a nica casa importante prxima o suficiente para ir caminhando.A sensao de que abusava dele se incrementou.Maldio! Cedera aos rogos de seu velho amigo James Glossup e aceitado deter-se em seu caminho a Somerset para ajudar James com as complicaes da reunio. Mas se Portia estava convidada, j teria suficiente com suas prprias complicaes. Ela chegou ao topo dos aterros e se deteve para segurar a queda de seu cabelo negro azeviche com sua esbelta mo e, com o rosto levantado para a brisa, contemplou fixamente distncia. Depois, deixando cair a mo, prosseguiu com elegncia seu caminho, seguindo a estrada at o mirante e descendo-a lentamente at que desapareceu de vista.Ela no minha responsabilidade.As palavras ressoaram em sua mente, Deus sabe que ela tinha afirmado este sentimento com suficiente freqncia, de diferentes maneiras, a maioria delas muito enfticas. Portia no era sua irm, no era sua prima, com efeito, no compartilhavam nenhuma relao de parentesco.Apertando a mandbula, olhou seus cavalos, e puxou as rdeas. E amaldioou para si mesmo. Wilks, acorde, homem! Simon lanou as rdeas ao seu cavalario, que at ento dormia atrs dele. Freou e desmontou de seu cavalo S segure as rdeas, retorno em um instante.Colocando as mos nos bolsos de seu sobretudo, dirigiu-se a estreita trilha ascendente, finalmente unindo-se ao caminho da casa que Portia tinha seguido ao subir a costa.S estava procurando problemas, pelo menos um encontro cortante, entretanto, deix-la sozinha, desprotegida frente a qualquer folgado que passasse por ali, simplesmente no era possvel, no para ele. Se tivesse seguido seu caminho, no teria tido um momento de paz at que ela retornasse s e salva Manso.Dada sua propenso a caminhar sem rumo, poderia demorar vrias horas.Ningum agradeceria sua preocupao. Se sobrevivesse sem que seu ego fosse alfinetado em dzias de lugares desagradveis, podia considerar-se afortunado. Portia tinha uma lngua como uma navalha de fio duplo, no podia evitar sair ferido. Sabia perfeitamente qual seria sua atitude quando a alcanasse, precisamente a mesma que tivera durante os ltimos dez anos, desde que ele se dera conta que ela realmente no tinha idia do prmio que era, a tentao que representava e, portanto, necessitava constantemente proteo das situaes nas quais despreocupadamente se metia.Enquanto permanecesse fora de sua vista, fora de sua rbita, no era sua responsabilidade, se entrava nela, desprotegida, sentia-se obrigado a cuid-la, a velar por sua segurana, deveria saber que no devia lutar contra o impulso de faz-lo.De todas as mulheres que conhecia, era indubitavelmente a mais difcil, possivelmente por ser tambm a mais inteligente. Entretanto, ali estava, caminhando com dificuldade atrs dela apesar de saber com segurana como o receberia, no estava seguro sobre o que isso indicava sobre sua prpria inteligncia.Mulheres! Passara toda a viagem ao oeste pensando nelas. Sua tia av Clara havia falecido recentemente e legara a ele sua casa em Somerset. A herana servira de catalisador, obrigando-o a revisar sua vida, a reconsiderar sua orientao, entretanto, seu estado de perturbao tinha uma origem mais fundamental, percebera finalmente o que dava um propsito vida de seus primos mais velhos e a dos maridos de suas irms.O propsito do que ele no tinha.Uma famlia, seus prprios ramos dela, seus prprios filhos, suas prprias esposas. Tais coisas nunca antes pareceram decisivas, agora dominavam seus pensamentos como algo vital para sua vida, para sentir-se satisfeito com sua sorte.Descendente de uma famlia enriquecida e distinta tivera a sorte de uma posio confortvel na vida. Mas de que valia esta comodidade frente falta de realizaes que agora sentia to agudamente? No era sua capacidade de desempenho que estava em dvida, nem em sua mente nem, estava seguro, na dos outros, seno a meta, a necessidade, a razo, eram estas as necessidades das que carecia. Necessidades cruciais para que pessoas como ele pudessem levar uma vida satisfatria.O legado da tia av Clara fora a alfinetada final, o que faria com uma velha casa campestre, cheia de rachaduras, seno viver nela? Precisava achar uma esposa e comear a construir a famlia que necessitava, para dar a sua vida a verdadeira direo. No aceitara esta idia docilmente. Durante os ltimos dez anos, sua vida estivera bem dirigida, ordenada, as mulheres s se misturavam em dois campos, ambos completamente controlados por ele. Com inumerveis aventuras discretas a seu ver, era um professor consumado em dirigir, seduzir, desfrutar e, finalmente, desfazer-se das distintas damas com quem habitualmente paquerava. Alm delas, as nicas mulheres com quem se relacionava eram as de sua prpria famlia. Reconhecia que, dentro da famlia, elas governavam, mas como sempre fora assim, nunca se sentiu limitado ou ameaado por este fato, simplesmente o aceitava como algo natural. Com seu ativo interesse no negcio de investimentos Cynster junto com as distraes de uma elegante Sociedade, com suas conquistas sexuais e as costumeiras reunies familiares para alegrar tudo, sua vida fora agradavelmente plena. Nunca havia sentido a necessidade de entreter-se naqueles bailes e festas cheios de jovens casamenteiras.O que o deixava agora na posio pouco invejvel de desejar uma esposa e no ter uma maneira fcil de encontr-la, sem alarmar a toda a Sociedade. Se fosse suficientemente idiota para comear a ir aos bailes e festas, as complacentes mes perceberiam imediatamente, que estava procurando uma esposa e o assediariam.Era o ltimo varo Cynster de sua gerao que ainda no tinha contrado matrimnio.Subiu at o topo da parede externa dos aterros e se deteve. O terreno descia em suaves ondulaes, a estrada continuava para a esquerda, at um mirante baixo e coberto, encravado na rocha umas cinqenta jardas mais adiante.A vista era magnfica. A luz do Sol brilhava sobre o mar distante, podia distinguir a silhueta da Ilha de Wight atravs da suave bruma do vero. Vira esta paisagem antes. Voltou-se para o mirante e para a mulher que ento se encontrava nele. Estava em p contra a balaustrada, contemplando o mar. Por sua atitude e silncio, sups que no o vira.Apertando os lbios, prosseguiu seu caminho. No era preciso que desse uma razo para acompanh-la. Durante os ltimos dez anos, tinha-a tratado com a mesma insistente atitude protetora, que mostrava com todas as mulheres de sua famlia, sem dvida, era sua relao, o fato de que fosse a irm de seu cunhado Luc, o que ditava a maneira como se sentia por ela apesar de no serem parentes.Para ele, Portia Ashford era parte de sua famlia, correspondia a ele proteg-la. Ao menos isso era algo indiscutvel.

Que lgica tortuosa tinha levado os deuses a decretar que uma mulher necessitasse de um homem para conceber?Portia abafou um gemido de desgosto. Esse era o centro do dilema que agora enfrentava. Infelizmente no tinha sentido debater o assunto, os deuses o tinham decretado assim, e no podia fazer nada a respeito.Alm de achar uma maneira de fugir do problema.Este pensamento aumentou sua irritao, dirigida em grande parte contra si mesma. Nunca tinha desejado um marido, nunca imaginou que o caminho habitual que levava a um agradvel matrimnio, socialmente aprovado, com todas as restries pertencentes a ele, fosse para ela. Nunca tinha contemplado um futuro nestes termos.Mas no havia outra opo. Erguendo-se, enfrentou o fato diretamente, se desejava ter seus prprios filhos, teria que achar um marido.A brisa se deslocou sigilosamente, sussurrando, acariciando suavemente suas faces, penteando levemente as pesadas ondas de seu cabelo. Ao se dar conta de que as crianas, seus prprios filhos, sua prpria famlia era o que seu corao realmente desejava, o desafio para o qual, assim como sua me, fora educada para aceitar e conquistar, chegara assim como a brisa, furtivamente. Durante os ltimos cinco anos, trabalhara com suas irms, Penlope e Ana, cuidando de crianas abandonadas em Londres. Mergulhou no projeto com sua dedicao habitual, convencida de que seus ideais eram adequados e corretos, s para descobrir que seu prprio destino se achava em uma direo que nunca antes tinha contemplado.Agora necessitava de um marido.Devido a sua procedncia, posio e conexes de sua famlia, e seu dote, superar este obstculo seria simples, embora j tivesse vinte e quatro anos. Entretanto, era suficientemente inteligente para saber, que no seria indicado qualquer Cavalheiro. Dado seu carter, temperamento e cortante independncia, era necessrio que escolhesse sabiamente.Enrugou o nariz, com o olhar fixo, mas perdido, na remota perspectiva. Nunca imaginara que chegaria a isto, a desejar um marido. Graas ao desinteresse que manifestara seu irmo Luc em insistir em que ela e suas irms contrassem matrimnio, tinha lhes permitido seguir seu prprio caminho, o seu evitara os bailes e os sales, as reunies de alta Sociedade no Almack e outras similares, nas quais as jovens casamenteiras achavam seus maridos.Aprender a achar um marido parecera algo indigno dela, um projeto muito inferior aos desafios mais substanciosos que exigia seu intelecto. Lembranas de sua passada arrogncia, de todas as oportunidades para aprender os como e quando da seleo de um marido e as posteriores estratgias para apanh-lo, que considerava com desdm, alimentavam seu aborrecimento. Que irritante descobrir que seu intelecto, aceito amplamente como superior, no previra sua atual condio.A crua verdade era que podia recitar Horacio e citar Virgilio sem equivocar-se de pgina e, entretanto, no tinha idia de como conseguir um marido.E menos ainda o marido correto.Olhou de novo o mar distante, a luz do Sol que cintilava sobre as ondas, vacilando constantemente. Assim como estava ela esteve durante o ltimo ms. Isto estava to pouco dentro de sua personalidade, to oposto ao seu carter, sempre decidido, nunca fraco ou tmido, que sua indeciso crispava seus nervos. Seu carter desejava, no, exigia, uma deciso, um objetivo firme, um plano de ao. Suas emoes, um aspecto de si mesma pelo que raramente se deixou arrastar eram muito menos seguras. Muito menos inclinadas a mergulhar neste ltimo projeto com seu habitual ardor.Revisou os argumentos ad infinitum, no havia aspectos adicionais para explorar. Caminhara at ali aquele dia porque estava decidida a utilizar as poucas horas de que dispunha, antes da chegada dos convidados e de que se iniciasse a festa de vrios dias, para elaborar um plano.Franzindo os lbios, entrecerrou os olhos no horizonte, consciente de uma resistncia que a invadia interiormente, o desejo de evitar o momento, to irritante e, entretanto to intuitivo, to poderoso, que teve que lutar para super-lo e avanar... Mas no partiria sem um compromisso firme.Obstinada ao corrimo do mirante, levantou a cabea e afirmou com deciso. Aproveitarei todas as oportunidades que a festa oferecer para aprender tudo o que puder e me decidir de uma vez por todas Isto no era suficientemente decisivo, acrescentou ento com determinao Quem quer que esteja presente, de idade e condio apropriadas, juro que considerarei seriamente.Finalmente! Tinha formulado em palavras o passo seguinte. Em um juramento solene. Sentiu-se invadida pelo sentimento de positiva animao que seguia sempre a uma deciso... Ah, isso alentador, devo dizer, embora, da idade e condio apropriadas para que?Girou rapidamente com um gemido abafado de surpresa. Por um instante, ficou atnita. No pelo temor, apesar das sombras onde se achava e a luminosidade do dia as suas costas, reconheceu sua voz, soube que eram seus ombros os que bloqueavam o arco da entrada.Mas, que demnios fazia ele aqui?O olhar dele se fez mais agudo, um olhar azul desconcertantemente penetrante, excessivamente direto para ser corts. E sobre que no se decidiu? Isso habitualmente toma ao mximo dois segundos.Calma, deciso, audcia, retornaram imediatamente. Entrecerrou os olhos. Isso no assunto seu.Avanou, com deliberada lentido, at chegar ao seu lado. Ela ficou tensa. Os msculos que emolduravam suas costas se petrificaram, seus pulmes se fecharam enquanto algo nela reagiu. Conhecia-o to bem e, entretanto ali, as ss no silncio dos campos e do cu, parecia maior, mais poderoso.Mais perigoso de uma maneira indefinvel.Detendo-se uns poucos passos, indicou com um gesto o panorama. Parecia declar-lo ao mundo inteiro.Olhou-a nos olhos, a diverso de t-la apanhado rondava no azul de seu olhar, junto com certa vigilncia e desaprovao.Seus traos permaneceram impassveis. Suponho que muito esperar que haja um cavalario ou um lacaio aguardando perto daqui.Era um assunto que ela no estava disposta a debater, especialmente com ele. Olhando a paisagem, inclinou sua cabea tranquilamente. Boa tarde. A vista magnfica Fez uma breve pausa No pensei que fosse um admirador da natureza.Sentiu que seu olhar deslizava por sobre seu perfil, e depois olhava a paisagem. Pelo contrrio Guardou suas mos nos bolsos, pareceu relaxar H algumas criaes da natureza cuja adorao sou viciado.No requeria muita reflexo adivinhar a que se referia. No passado, ela teria feito algum comentrio cortante... Agora, a nica coisa que escutava em sua mente eram as palavras de sua imprecao... Veio festa na casa dos Glossup.No era uma pergunta, ele respondeu dando de ombros com elegncia. A que mais?Ele se voltou enquanto ela se endireitava. Seus olhos se encontraram, ele tinha escutado sua imprecao e no era provvel que a esquecesse.Subitamente ela teve a certeza de que necessitava de maior espao entre eles. Vim em busca de solido informou sem rodeios. Agora que chegou, acredito que melhor retornar.Voltou-se para a sada. Ele se interpunha em seu caminho. Com o corao acelerado, ela contemplou seu rosto, a tempo para ver que seus traos se endureciam, sentir que retinha uma rplica mordaz. Seu olhar roou o dela, sua conteno era quase evidente. Com uma calma to deliberada que era em si mesmo uma advertncia, fez-se de um lado e indicou a porta com um gesto. Como quiser.Seus sentidos permaneceram fixos nele enquanto passava ao seu lado com rapidez, sua pele ardia como se ele realmente representasse um perigo potencial. Uma vez que se adiantou, com a cabea alta, deslizou pelo arco, com uma calma mais aparente que real, avanou pelo atalho.Apertando os dentes, Simon abafou com determinao o desejo de det-la, de aproximar-se, de tomar sua mo, de fazer que retrocedesse, com que fim, no estava seguro. Isto recordou a si mesmo, era o que necessitava, que ela retornasse, altiva, Manso Glossup.Inspirando profundamente, segurou a porta e a seguiu para o sol.Depois continuou atalho abaixo. Quanto mais cedo ela retornasse civilizao e segurana, mais cedo terminaria sua prpria viagem. Tinha conduzido sem se deter desde Londres, estava sedento, um copo de cerveja iria bem. Com seus passos mais largos, podia alcan-la com facilidade, em lugar de faz-lo, caminhou sem pressa atrs dela, satisfeito com a vista. A moda atual de tnicas com cinturas que realmente coincidiam com a cintura da mulher ia bem, enfatizando as esbeltas linhas de sua figura, as finas curvas, as longas linhas de suas pernas. O azul violeta do vestido leve de vero complementava seu dramtico colorido, cabelo negro azeviche, olhos azuis escuros e uma pele plida, quase translcida. Ela era mais alta do que o habitual, sua fronte quase roaria seu queixo, se alguma vez chegassem a estar to perto.Este pensamento fez que risse melancolicamente para si mesmo.Ao chegar ao mais alto do declive, ela prosseguiu e s ento percebeu que ele a seguia. Lanou-lhe um olhar escuro, depois se deteve e aguardou, voltando-se para ele quando chegou ao seu lado.Com os olhos como fragmentos escuros de pederneira, olhou-o com ira. No pensar me seguir todo o caminho de volta Manso.Portia no perguntou o que achava que estava fazendo, ambos sabiam. Viram-se pela ltima vez durante o Natal, sete meses antes, mas s de maneira distante, rodeados pelas hordas de suas duas famlias combinadas. Ele no tivera ocasio ento de irrit-la, algo que, desde que ela completara quatorze anos, ele parecia absolutamente dedicado a provocar cada vez que se encontravam se fosse possvel.Seus olhos se fixaram nos dela. Algo, fria? Deciso brilhava atrs do enganoso azul suave de seus olhos. Depois apertou os lbios, rodeou-a com sua habitual graa elegante, enervante em um homem to alto, e continuou atalho abaixo.Ela se voltou e o observou. No avanou muito, mas sim se deteve um pouco antes do lugar onde se dividia o caminho para a aldeia.Ao voltar-se, encontrou seu olhar. Tem razo. No o farei despediu-se com um gesto e prosseguiu seu caminho.Ela olhou nessa direo. Uma carruagem, a sua, achava-se no caminho. Sua carruagem a espera.Levantando o olhar, encontrou o dele. Diretamente. Estava impedindo o atalho para a Manso, deliberadamente. Propunha-me caminhar de volta.Seu olhar no se moveu. Mude de idia.Seu tom, pura arrogncia masculina, em que havia um pouco de provocao que ela no tinha encontrado antes e no sabia localizar, fez que um estranho estremecimento a percorresse. No havia uma agresso aberta em sua atitude e, entretanto, no duvidou por um momento de que podia det-la se tentasse avanar, e que o faria.Fria, selvagem obstinao. Sua resposta habitual s tticas intimidadoras, especialmente quando provinham dele, a invadiram e, entretanto, desta vez se mesclavam com outras emoes poderosas que a distraam. Permaneceu perfeitamente imvel, com o olhar fundido em silencioso combate com o dele, a conhecida luta pela supremacia e, no obstante...Algo tinha mudado.Nele.E nela.Era simplesmente a idade? Quanto tempo transcorrera desde que tinham enfrentado suas vontades desta maneira? Trs anos? Mais? Apesar disso, o campo mudara, a batalha j no era a mesma. Algo era fundamentalmente diferente, sentiu nele uma nervura mais ousada, mais evidentemente predadora, um brilho de ao atrs de sua elegncia, como se com os anos sua mscara se gastara.Sempre soube como era ele na realidade...Sua imprecao ressoou em sua mente. Ps de lado essa distrao e, entretanto, continuou escutando... Reconhecendo o desafio.No pode resistir.Levantou a cabea e avanou de uma maneira to deliberada como a dele.O alerta de seus olhos se condensou, at que sua ateno se concentrou exclusivamente nela. Outra sensao a estremeceu. Deteve-se diante dele, sustentando seu olhar.O que via ele? Agora ela o olhava, tratando de ver alm de suas defesas, s para descobrir que no podia faz-lo, estranho, pois nunca procuraram ocultar sua mtua displicncia. O que ocultava? Qual era a razo por trs da velada ameaa que emanava dele?Para sua surpresa, desejava saber.Suspirou deliberadamente e afirmou sem emoo. Muito bem.A surpresa acendeu seus olhos, rapidamente acontecida pela suspeita, ela virou e olhou para baixo, tomando o atalho que conduzia aldeia e ocultando seu sorriso. S para que no acreditasse que tinha ganhado, acrescentou friamente. Na realidade, um de meus sapatos est me incomodando.S tinha dado um passo mais quando sentiu que ele se movia, depois a alcanou com rapidez, avanando com excessiva velocidade.Seus sentidos saltaram. Insegura, avanou mais devagar...Ele no se deteve, inclinou-se e a levantou em seus braos. O que isso?Sem interromper o passo, acomodou-a at que a embalou em seus braos, carregando-a como se no pesasse mais que uma criana. Seus pulmes paralisaram junto com seus sentidos, custava um grande esforo respirar. O que acha que est fazendo?Sua total incompreenso revestia todas suas palavras. Nunca antes mostrara ele o menor sinal de reagir a seus sarcasmos fisicamente.Estava... O que? Surpresa? Ou...?Pondo de um lado sua confuso, enfrentou seu olhar quando ele brevemente o dirigiu para ela. Seu sapato a incomoda, no queremos que seu delicado p sofra um dano desnecessrio.Seu tom era banal, sua expresso sem malcia, o olhar de seus olhos inclusive poderia passar por inocente.Ela piscou. Ambos olharam para diante. Pensou em protestar, mas descartou essa idia em seguida. Ele era perfeitamente capaz de discutir at que chegassem carruagem.Quanto a lutar, era intensamente consciente, muito mais do que desejaria, de ser fisicamente muito mais fraca que ele. Os braos que a seguravam pareciam de ao, seu passo nunca vacilou, poderoso e seguro. A mo que segurava sua coxa justo em cima do joelho, decentemente protegido por sua ampla saia, a apertava como uma tenaz, a amplitude de seu peito e sua dura musculatura a tinham apanhada. Nunca tinha considerado sua fora como algo que precisasse ponderar ou sopesar, entretanto, se ele se dispunha a introduzir o contato fsico em sua equao, deveria pensar de novo.E no s em sua fora.Ele estar to perto, apanhada em seus braos, a fez sentir... Entre outras coisas, aturdida.Ele avanou mais devagar, ela se concentrou outra vez.Com um gesto elegante, depositou-a no assento da carruagem.Surpresa, agarrou-se ao balaustre, pela fora do hbito recolheu sua saia para que ele pudesse sentar ao seu lado, percebendo a expresso igualmente surpresa de Wilks, seu cavalario. Ah... Boa tarde, Senhorita Portia Com os olhos muito abertos, Wilks se inclinou enquanto entregava as rdeas a Simon.Wilks deve ter presenciado todo o espetculo, estava aguardando que ela explodisse, ou ao menos, que dissesse algo cortante.E no era o nico.Ela sorriu com perfeita tranqilidade.Boa tarde, Wilks.Wilks piscou, assentiu fatigado e depois se apressou a retornar ao seu lugar.Simon a olhou enquanto subia carruagem ao seu lado, como se esperasse que ela mordesse. Ou ao menos grunhisse.No teria acreditado que respondesse com um doce sorriso, que ela olhasse para frente, serenamente composta, como se o unir-se a ele na carruagem tivesse sido idia dela. Seu olhar suspeito havia valido todo o esforo que to risonha docilidade havia custado.A carruagem se sacudiu e depois comeou a avanar. No instante em que ele conseguiu que seus cavalos tomassem o passo, ela perguntou: Como se encontram seus pais?Seguiu uma pausa, mas depois replicou.Ela assentiu e comeou a falar de sua famlia, a quem ele conhecia, descrevendo sua sade, onde se achavam, seus ltimos interesses. Como se ele o tivesse perguntado, prosseguiu. Precisei acompanhar Lady O.Durante anos, esta fora sua abreviatura para Lady Osbaldestone, uma conhecida dos Cynster e velha amiga da famlia de Portia, uma antiga beldade que aterrorizava a metade da alta Sociedade. Passou as ltimas semanas em Chase, e depois teve que viajar para c. uma velha amiga de Lorde Netherfield, sabia? O Visconde Netherfield era o pai de Lorde Glossup, e atualmente passava um tempo na Manso. Franziu o cenho. No.Portia sorriu autenticamente, professava um grande carinho Lady O, mas Simon, assim como quase todos os Cavalheiros de sua classe, achavam que sua perspiccia era algo aterrador. Luc insistiu que no devia cruzar meio pas sozinha, ento me ofereci a acompanh-la. Os outros que chegaram at agora... Continuou conversando, informando sobre aqueles que estavam presentes e os que estavam ainda por chegar, como qualquer jovem bem educada e amistosa o faria. A suspeita em seus olhos era cada vez mais pronunciada.Depois apareceram as portas da Manso Glossup, totalmente abertas para acolh-los. Simon fez virar os cavalos e fez que avanassem com rapidez pela entrada.A Manso Glossup era uma casa rural construda na poca isabelina. Sua tpica fachada de tijolo vermelho dava ao sul e apresentava trs pisos com alas este e oeste construdas perpendicularmente a ela. A ala central, onde se achavam o salo de baile e o conservatrio, fazia o traado do meio do L. medida que se aproximavam, a luz do sol se refletia nas fileiras de janelas montantes e brilhava nas altas lareiras com seus decorados vasos de barro.Quando fez virar os cavalos no ptio dianteiro, Simon se sentiu completamente desconcertado. No era uma sensao habitual nele, no havia muito na vida social que o fizesse perder o equilbrio.Alm de Portia.Se ela o tivesse recriminado, se tivesse usado sua afiada lngua como costumava faz-lo, tudo teria sido normal. No teria desfrutado do encontro, mas tampouco teria experimentado esta sbita desorientao.Apesar de espremer os miolos, no recordava uma s ocasio em que ela se comportara com ele com tal... Suavidade feminina, foi a descrio que veio mente. Usualmente estava encouraada e espinhosa, hoje, aparentemente, tinha abandonado seu escudo e suas lanas.O resultado daquilo era...Deteve os cavalos, freou, lanou as rdeas a Wilks e desembarcou da carruagem.Portia aguardou que ele passasse ao outro lado da carruagem e a ajudasse a descer, ele observava, esperando que ela saltasse da maneira costumeira, independente, indicando que no o necessitava. Em lugar de faz-lo, quando ofereceu a mo, ps seus finos dedos nela e permitiu que a ajudasse a apear com assombrosa graa.Levantou os olhos e sorriu quando ele a soltou. Obrigada seu sorriso se fez mais profundo, seus olhos sustentaram seu olhar Tinha razo. Meu p est indubitavelmente melhor do que estaria se tivesse caminhado.Com expresso de inefvel doura, inclinou a cabea e se voltou. Seus olhos eram to escuros que ele no pode saber se o brilho que acreditou ver neles era real ou um efeito da luz.Permaneceu no ptio dianteiro, enquanto passavam ao seu lado velozmente cavalarios e lacaios, e observou como ela deslizava para a casa. Sem olhar para trs uma s vez, desapareceu nas sombras pela porta de entrada.O som do cascalho produzido pela marcha de sua carruagem e seus cavalos, que eram conduzidos a outro lugar, tirou-o de sua abstrao. Exteriormente impvido, interiormente algo melanclico, avanou para a porta da Manso Glossup. E a seguiu.

Simon! Maravilhoso Sorrindo amplamente, James Glossup fechou a porta da biblioteca e avanou para ele.Deixando seu sobretudo nas mos do mordomo, Simon se voltou para saudar James.O alvio brilhava nos olhos de James enquanto estreitava a mo. Chegou bem a tempo para nos apoiar a Charlie e a mim Com um gesto, indicou o salo, atravs das portas fechadas, o inconfundvel barulho de vozes masculinas e femininas conversando animadamente chegava at eles Charlie entrou para fazer um reconhecimento do terreno.Blenkinsop, o mordomo, deteve-se ao lado de James. Farei que ponham a bagagem do Senhor Cynster no quarto habitual, Senhor.James assentiu. Obrigado, Blenkinsop. Uniremos aos outros, no preciso que nos anuncie.Ex-sargento superior, alto, quase robusto, mas com uma posio rigidamente erguida, Blenkinsop se inclinou e partiu. James olhou Simon, depois fez um gesto para o salo. Vamos, ataquemos!Entraram juntos, detendo-se para fechar uma das portas. O olhar de Simon achou o de James quando fechou o trinco, do outro lado do salo, Portia suspeitou que ambos eram conscientes da imagem que ofereciam ao entrar ambos lado a lado.Dois lobos da Sociedade, ningum os confundiria com outra coisa e, ao v-los juntos, o efeito se duplicava. Ambos eram altos, magros, de largos ombros e geis, nenhum excessivamente pesado. Enquanto que o cabelo castanho de James se frisava levemente, os cachos de Simon, que antes tinham sido loiros, escureceram-se com a idade e eram agora de um castanho claro brilhante, que preservava ainda a promessa de um ouro oculto, caam em suaves ondas de ambos os lados da cabea. Simon tinha os olhos azuis e a pele mais clara, James tinha comovedores olhos castanhos que utilizava com bons resultados.Ambos estavam vestidos ltima moda, com seus trajes perfeitamente ajustados, o corte levava a marca inconfundvel do alfaiate social mais reputado. Suas gravatas eram de um branco antigo, precisamente atadas, seus coletes, exerccios em sutil elegncia.Levavam o manto da graa da alta Sociedade como se tivessem nascido nela, como com efeito o tinham feito. Eram irmos sob a pele, experientes da Sociedade, enquanto James fazia as apresentaes, isso se evidenciava alm de toda dvida.Uniu-se a eles Charlie Hastings, o terceiro membro de sua tripulao, um Cavalheiro loiro, levemente mais baixo, bonito e com mesmo aspecto despreocupado.Portia observou o resto da companhia, espalhada pelo amplo salo, agrupada em cadeiras e sofs, com suas xcaras de ch na mo. Os nicos hspedes que ainda no tinham chegado eram Lady Hammond e suas duas filhas, a quem esperavam aquela tarde.James conduziu Simon primeiro ao anfitrio, seu pai, Harold, Lorde Glossup, um Cavalheiro de aparncia agradvel de idade madura, que acolheu efusivamente todos seus hspedes. Ao seu lado se achava George Buckstead, um Cavalheiro rural de slida textura, um velho amigo de Harold e de gostos similares. Fazia tambm parte do grupo Ambrosio Calvin, um Cavalheiro de imagem algo diferente. Ambrosio tinha um pouco mais de trinta anos e, aparentemente, estava decidido a prosseguir uma carreira poltica. Portia suspeitou que a isto se devia sua presena ali. No estava certa do que exatamente ele esperava ganhar com isso, mas tinha experincia com pessoas de seu tipo, certamente tinha algum objetivo em mente.Charlie, a quem j tinham apresentado, manteve-se afastado, quando James e Simon se voltaram, descobriram que a Senhorita Lucy Buckstead tinha capturado seu amigo. De apenas vinte anos, brilhante, dinmica, bonita e de cabelo escuro, a Senhorita Buckstead estava encantada de estreitar a mo de Simon, mas seus olhos retornaram com excessiva rapidez ao rosto de James.Com uma elegante desculpa, James levou Simon para continuar com as apresentaes, Charlie tomou seu lugar para distrair Senhorita Buckstead. Portia percebeu o olhar que trocaram James e Simon quando se aproximaram do grupo seguinte .Nele se achava a me de James, sua anfitri, Catherina, Lady Glossup. Uma mulher madura, apagada, de plidos cabelos loiros e olhos azuis aguados, preservava ainda certo grau de reserva, o fraco eco de uma superioridade que, de fato, no possua. No era uma pessoa desagradvel, mas possivelmente, algum cujos sonhos a tinham deixado de lado. Ao seu lado estava a Senhora Buckstead, Helena uma mulher grande, cuja serena alegria mostrava que estava bastante satisfeita com sua sorte. Ambas as damas sorriram graciosamente quando Simon se inclinou diante delas, trocaram algumas palavras e depois se voltaram para estreitar a mo do Cavalheiro que se achava ao seu lado. O Senhor Moretn Archer era um banqueiro rico e influente, o segundo filho de um segundo filho, viu-se obrigado a abrir-se caminho no mundo, e o tinha feito com xito. A confiana que projetava se via como uma ptina sobre ele, por cima dos custosos trajes e cuidadoso arranjo.Da gerao de Lorde e Lady Glossup, o Senhor Archer era o pai de outra Catherine, conhecida por todos como Kitty, que tinha contrado matrimnio com o filho mais velho de Lorde Glossup, Henry. Era evidente para todos que o Senhor Archer considerava esta circunstncia como uma oportunidade de ingressar nos crculos sociais aos quais aspirava. Ser apresentado a Simon fez que seu olhar se aguasse, teria agradado falar com ele um pouco mais. Mas James engenhosamente prosseguiu com as apresentaes.O grupo seguinte inclua Kitty Glossup, em alguns aspectos sua segunda anfitri. Loira, pequena, mas um pouco robusta, Kitty tinha uma tez de porcelana branca e rosa, e brilhantes olhos azuis. Suas pequenas mos revoavam, seus lbios levemente coloridos estavam sempre em movimento, sorrindo, fazendo caretas ou falando. Nunca estava mais feliz que quando era o centro de ateno, era ftil, frvola e Portia pensava que tinham muito pouco em comum, mas Kitty no era muito diferente de muitas outras Senhoras da alta Sociedade.Kitty estivera conversando com Lady Calvin e o Senhor Desmond Winfield. Cynthia, Lady Calvin, era uma viva severa, mas bem conectada, uma dama fria, equilibrada, que guiava cuidadosamente seus dois filhos, Ambrosio e Drusilla pela vida. Filha de um Conde, movia-se nos mesmos crculos que os Cynster e os Ashford, sorriu majestosamente a Simon e ofereceu sua mo.O Senhor Winfield chegara umas poucas horas antes, Portia ainda teria que aprender muito dele. Sua aparncia externa o declarava como um Cavalheiro de boa posio econmica, sbrio e bastante considerado. Portia pensou que fora convidado atravs dos Archer, se perguntou se estava destinado a sua filha mais velha, Winifred, que ainda no se casara.A prpria Winifred se achava no grupo que conduziu James a Simon depois, junto com Henry Glossup, o irmo mais velho de James, Alfreda Archer, a me de Kitty e Winifred, quer dizer, a sogra de Henry, e Drusilla Calvin.Como antigo amigo de James, Simon tinha visitado com freqncia a Manso Glossup e conhecia bem a Henry, estreitaram-se a mo como velhos amigos. Henry era uma verso mais velha, mais sossegada e mais slida de James, uma pessoa agradvel em cujos ombros cara a responsabilidade da propriedade.Alfreda Archer se mostrou efusiva, Portia sentiu que as defesas de Simon se ajustavam de novo, mesmo que estivesse do outro lado do salo. A Senhora Archer tinha todos os sinais de uma me casamenteira, decidida a utilizar o matrimnio para escalar socialmente. A diferena dela, Winifred era uma pessoa calma, que saudou Simon com um amvel sorriso e aberta cortesia, nada mais.Drusilla mal o conseguiu. Era quase da mesma idade de Portia, mas chegava at ali a semelhana. Drusilla era uma ratinha, introvertida e inusualmente sria para sua idade. Parecia considerar a si mesma como a acompanhante de sua me mais que sua filha, portanto tinha pouco interesse em Simon ou em James, e o mostrava.As nicas outras pessoas presentes, alm de Lady Osbaldestone e Lorde Netherfield, ao lado de quem se achava Portia, eram Oswald Glossup, o irmo mais novo de James, e Swanston Archer, o irmo mais novo de Kitty. Ambos eram de idade e atitude similares, com seus coletes de listas ridiculamente estreitos e palets de longas barras, consideravam-se os galos do passeio e se pavoneavam como se o fossem, mantendo-se separados do resto dos presentes.Simon os reconheceu com um seco gesto de cabea e um olhar que insinuava desaprovao. E depois ele e James se aproximaram do sof onde se instalaram Lady Osbaldestone e Lorde Netherfield, um pouco separados do resto para observ-los melhor e comentar sem restries.Portia se levantou quando se aproximaram os dois homens, no por um sentido do comportamento correto, seno simplesmente porque a desagradava que a observassem do alto, especialmente os dois ao mesmo tempo.Lady Osbaldestone aceitou a saudao de Simon e sua inclinao com um alegre golpe de sua bengala, e depois o ps em seu lugar ao perguntar. Bem, ento como est sua me?Habituado por sua longa experincia, e consciente tambm de que no tinha escapatria, replicou com meritria serenidade. Lady O exigiu um relato sobre suas irms mais novas e seu pai, enquanto ele satisfazia sua grande curiosidade, Portia trocou um sorriso com James, e iniciou com ele e com seu av, uma discusso sobre os lugares mais bonitos dos arredores.Lady O eventualmente liberou Simon. Este se voltou para Lorde Netherfield com um sorriso e em poucas palavras, renovando sua amizade anterior. Feito isto, Simon, que agora se achava ao lado de Portia, voltou-se de novo para Lady O e se paralisou.Portia o sentiu, olhou para Lady O, e fez o mesmo. O olhar de basilisco que tinha aterrorizado alta Sociedade durante mais de cinqenta anos se fixou neles.Em ambos.Permaneceram transfigurados, ambos hesitaram sobre para onde deviam mover-se, como tinham transgredido...Ameaadoramente, as sobrancelhas de Lady O se levantaram com lentido. Vocs se conhecem, no verdade?Portia sentiu que se ruborizava, pela extremidade do olho, observou que Simon no ia melhor. Apesar de estar perfeitamente conscientes um do outro, nenhum deles tinha recordado reconhecer a presena do outro de uma maneira socialmente aceitvel. Ela abriu a boca, mas ele se adiantou. A Senhorita Ashford e eu nos encontramos antes.Se no estivessem vista de todos, ela o teria chutado. Sua fria arrogncia deixava acreditar que seu encontro fora clandestino! Em um tom displicente, explicou. O Senhor Cynster teve a amabilidade de me conduzir de volta da aldeia. Tinha caminhado at o mirante. Oh, assim ? O negro olhar de Lady O os abrangeu um instante mais, depois assentiu e golpeou o piso com sua bengala J vejo! Antes que Portia pudesse decidir o que queria dizer com isso, Lady O prosseguiu Muito bem Apontou sua xcara vazia sobre a mesa auxiliar Pode me trazer outra xcara de ch, Senhor.Com uma presteza que Portia compreendeu plenamente, Simon sorriu de maneira encantadora, tomou a xcara e o pires, e se dirigiu para o carrinho ao lado de Lady Glossup. James foi despachado por seu av a realizar o mesmo servio. Portia aproveitou o momento para se desculpar, e se dirigiu para o outro lado do salo, onde se achavam Winifred Archer e Drusilla Calvin, as hspedes a quem menos provavelmente se uniria Simon. Podia ter jurado considerar todos os Cavalheiros solteiros presentes, isto no significava que devia permanecer ao lado de nenhum deles enquanto o fazia.Especialmente ao lado de Simon.Especialmente quando Lady O os estava observando.Simon retornou com a xcara de Lady O e depois se desculpou com grande efuso, a velha fera o deixou partir com um grunhido e um gesto. Tomando uma xcara de ch para si, uniu-se a Charlie e a Lucy Buckstead ao lado das janelas.Charlie o acolheu com um sorriso, mas no interrompeu seu engenhoso falatrio, Estava dedicado a transtornar a amalucada cabea da Senhorita Buckstead. Mas isto no significava nada, a Charlie simplesmente fascinava apaixonar s garotas. Com seu cabelo loiro encaracolado, olhos castanhos escuros e seu acento na moda, era um adorno da alta Sociedade a quem procuravam com freqncia damas de gosto e discernimento.O ponto que as damas discerniam, habitualmente com exemplar rapidez, era que Charlie, na maioria dos casos, era todo palavras e nenhuma ao. No era que no as agradasse quando isto convinha, simplesmente, isto no ocorria freqentemente. Inclusive a Senhorita Buckstead, ingnua como era, parecia bastante despreocupada, rindo e respondendo aos comentrios quase atrevidos de Charlie.Simon sorriu e provou seu ch. Tanto ele como Charlie sabiam que estavam a salvo com a Senhorita Buckstead, era em James quem tinha fixado seus ingnuos olhos.Sob o pretexto da conversa, observaram os presentes. O propsito da reunio era, evidentemente, reconhecer laos, com os Archer, a famlia de Kitty, com os Buckstead, velhos amigos, e com os Calvin e os Hammond, todos conexes teis. Uma coleo de convidados inteiramente normal, mas ao estar presente Lucy Buckstead, Simon podia apreciar a estratgia de James de assegurar que houvesse alguns Cavalheiros a mais.No invejava a James nestes dias, para isso eram, finalmente, os amigos. No obstante, sim se perguntou que entretenimento podia achar para ocupar o tempo, at que pudesse deixar James a salvo e continuar seu caminho para Somerset.Seu olhar se deteve no trio de damas que se achavam ao lado do outro conjunto de janelas, Winifred Archer, Drusilla Calvin e Portia. Estas ltimas eram da mesma idade, perto de vinte e quatro anos, uns poucos anos menos que Kitty, cuja risada atordoada afogava o murmrio de conversas mais srias.Portia olhou para Kitty e depois retornou discusso entre Winifred e Drusilla.Winifred dava as costas a sua irm e no mostrava nenhum indcio de ter escutado seu estridente regozijo. Winifred era mais velha, Simon pensou que devia ter aproximadamente sua idade, vinte e nove anos.Olhou o grupo presidido por Kitty e viu que Desmond Winfield olhava para Portia. Ou era para Winifred? Desmond se esticou, como se dispusesse a aproximar-se delas.Kitty ps uma mo na manga e dirigiu uma pergunta, ele se voltou para ela e respondeu em voz baixa.Mais perto dele, Charlie riu, Lucy Buckstead abafou um risinho. Sem ter idia do que haviam dito, Simon sorriu a ambos, e depois levantou sua xcara e bebeu um pouco mais.Seu olhar retornou a Portia.O sol caa a torrentes sobre ela, enchendo de brilhos negros azulados seu cabelo azeviche.Sem ser convidada, a fragrncia que tinha emanado de suas pesadas ondas, o quente aroma que tinha brincado com seus sentidos, enquanto a carregava atalho abaixo, retornou a ele, agudamente evocador. Feriu-lhe a memria e trouxe consigo todo o resto, seu peso entre seus braos, a ligeira tenso de seu corpo, as curvas muito femininas. As sensaes recordadas o invadiram e o deixaram acalorado.Estivera muito consciente dela como mulher, uma fmea, algo que nunca imaginou que pudesse ser. Sentia-se assombrado, tambm pelo descobrimento de que parte de sua mente desejara conscientemente estar levando-a para outro lugar. A um lugar muito mais particular. Entretanto, em nenhum momento a confundiu com outra pessoa, sabia muito bem quem estava em seus braos. No esquecia sua lngua afiada, o chicote de sua fria. Entretanto, teria desejado...Franzindo o cenho interiormente, desviou o olhar para Lucy Buckstead. Se queria uma esposa, certamente este era o tipo de mulher que devia considerar, bem comportada, dcil, manejvel. Fixou seu olhar nela... Mas sua mente deslizava constantemente...Ps sua xcara na mesa, invocou um sorriso. Se me desculparem devo tirar o p do caminho.Com uma leve inclinao Lucy e um gesto a Charlie, retornou sua xcara a Lady Glossup, desculpou-se elegantemente, e escapou.Enquanto subia a escada, Portia, aquele momento inesperado no atalho, e sua resposta, igualmente inesperada, apoderaram-se de novo de sua mente. A Manso Glossup oferecia panoramas que no tinha antecipado, tinha tempo de faz-lo, no havia razo para no explor-los. Alm de todo o resto, o desafio de descobrir exatamente o que era que uma mulher extremamente educada tinha ainda que aprender a respeito da vida era virtualmente irresistvel.

Captulo 2

Nunca o teria acreditado covarde.As palavras, pronunciadas em um tom doce, feminino, decididamente provocante, levaram Portia a deter-se subitamente no patamar das escadas da ala ocidental. Passara a ltima meia hora no piano no salo de msica do primeiro piso desta ala, agora era o momento de reunir-se no salo antes do jantar, e para ali se encaminhava.As escadas desta ala no eram muito freqentadas pelas damas da reunio, pois seus aposentos se achavam na ala oriental. Mas possivelmente s um artifcio?As palavras se aderiram como uma carcia, era Kitty quem falava. No um artifcio! James falava com os dentes fechados No estou brincando, e nunca o faria com voc!Estavam fora da vista de Portia no lugar ao final da escada, mas a averso de James chegou claramente. Junto com um toque de desespero.Kitty riu. Sua incredulidade, ou, melhor, sua convico de que nenhum homem, especialmente um homem como James, no a desejasse, ressoou no vazio da escada.Sem pensamentos adicionais, Portia, serena e firmemente, continuou descendo a escada.Escutaram-na e ambos se voltaram. Suas expresses registravam uma surpresa pouco agradvel, mas s a de James registrou algo que se assemelhasse vergonha, a expresso de Kitty s manifestava sua irritao por ter sido interrompida.Depois James reconheceu Portia, o alvio invadiu seus traos. Boa noite, Senhorita Ashford. Perdeu-se?No estava perdida, mas Kitty fazia com que James retrocedesse at um nicho. Com efeito Lutou para dar um ar de desamparo a sua expresso Pensei que sabia para onde ia, mas... Fez um gesto vago.James passou rapidamente ao lado de Kitty. Permita-me. Dirigia-me precisamente ao salo. Suponho que l para onde se dirige?Tomou sua mo e a ps sobre sua manga, seus olhos se encontraram e ela viu nos de James uma splica. Sim, por favor. Agradeceria muito que me acompanhasse Sorriu amavelmente e depois se voltou para Kitty.Kitty no devolveu o sorriso, assentiu de maneira algo cortante.Portia levantou as sobrancelhas. No nos acompanha, Senhora Glossup?James ficou rgido ao seu lado.Kitty se despediu com a mo. Depois os alcano. Por favor, sigam Com isto, virou e se dirigiu escada.James relaxou. Portia se voltou e permitiu que ele a conduzisse para a ala central. Olhou seu rosto, tinha o cenho franzido e estava algo plido. Encontra-se bem, Senhor Glossup?Olhou-a e depois sorriu de maneira encantadora. Por favor, me chame de James Com um gesto, acrescentou Obrigado.Levantando as sobrancelhas, no pode resistir a perguntar: Freqentemente o inoportuna desta maneira?Hesitou, e depois disse: Cada vez parece ficar pior.Evidentemente se sentia incomodado, ela olhou frente. Ter que agarrar-se a outras damas at que ela se sobreponha.Lanou um agudo olhar, mas no a conhecia o suficientemente bem para estar seguro de sua ironia. Permitiu que a guiasse pela casa, ocultando um sorriso do estranho giro que tinha feito que o experiente James Glossup dependesse dela, por assim dizer, para proteger sua virtude.Seus olhos se encontraram quando entraram no vestbulo principal, ele estava quase certo de que ela ria, mas no estava certo por que. Aproximavam-se do salo, ela olhava para frente. Simon teria sabido.Quando atravessaram a soleira, ela o viu, a um lado da lareira, conversando com Charlie e duas alegres jovens, as filhas de Lady Hammond, Anabel e Cecily. A prpria Lady Hammond, uma clida mulher de alegre encanto, estava sentada ao lado de Lady Osbaldestone.Do outro lado do salo, os olhos de Simon encontraram os de Portia. James se desculpou e se dirigiu para seu pai. Depois de deter-se para saudar Lady Hammond, uma amiga de sua me, Portia se uniu a Simon e Charlie, Anabel e Cecily. As jovens eram uma baforada de ar fresco, eram inocentes e, entretanto, sentiam-se completamente em casa nesta esfera e estavam decididas a ser a alma, ou as almas, da reunio. Portia as conhecia h muitos anos, saudaram-na com sua tpica alegria. Esplndido! No sabia que estaria aqui! Oh, ser maravilhoso, estou segura de que nos divertiremos muitssimo!Olhos risonhos, brilhantes sorrisos, era impossvel no responder da mesma maneira. Depois das habituais perguntas sobre suas respectivas famlias e conhecidos, a conversa se concentrou nos prazeres que se esperavam dos dias seguintes e dos entretimentos que ofereciam a Manso Glossup e seus arredores. Os jardins so enormes, com muitos atalhos. Li em um guia confessou Anabel. Ah, e h um lago, o livro dizia que no era fabricado, mas sim o enche um manancial natural muito profundo Cecily fez uma careta Muito profundo para passear de canoa. Imagine! Bem interveio Charlie no queriam correr o perigo de cair nele. condenadamente frio, posso assegurar. Santo cu! Anabel se voltou para Charlie O fez? Quero dizer, caiu no lago?Portia percebeu o olhar que Charlie dirigiu a Simon, e o gesto com que responderam os lbios de Simon, pensou que o mais provvel era que tivessem jogado Charlie no lago.Os movimentos no salo desviaram sua ateno, Kitty entrou e se deteve, observando as pessoas. Henry se afastou do grupo em que estava e se dirigiu para ela. Falou em voz baixa, com a cabea inclinada, evidentemente, era algo particular.Kitty ficou tensa, levantou a cabea. Lanou a Henry um olhar de desdenhosa afronta e depois replicou muito brevemente, voltou-lhe as costas e, com uma expresso perigosamente prxima a uma careta truculenta, voou para falar com Ambrosio e Drusilla Calvin.Henry a viu partir. Seus traos estavam tensos, controlados, fechados, entretanto, a impresso que dava era de dor. Era evidente que nem tudo andava bem nessa frente.Portia se concentrou de novo na conversa, que ainda borbulhava ao seu redor. Anabel se voltou para ela com os olhos cheios de entusiasmo.J esteve ali?Obviamente, perdera algo. Olhou Simon. Seus olhos encontraram os seus, suas sobrancelhas se moveram, mas consentiu em salv-la. Portia no esteve aqui antes, to nova para os deleites da casa como vocs. Quanto ao templo... Seu olhar se deteve outra vez no rosto de Portia Devo admitir que prefiro a casa de vero ao lado do lago. Possivelmente algumas pessoas a acham um pouco retirada, mas eu adoro a tranqilidade das guas. Teremos que ir por esse lado Cecily estava ocupada fazendo planos E ouvi dizer que tambm h um mirante, perto daqui. Fui caminhando at l.Negando-se a enfrentar o olhar de Simon, Portia ps de sua parte para aplacar a sede de informao das jovens Hammond. Este tema os absorveu at quando se anunciou o jantar. Uma vez sentada na longa mesa, Portia, recordando seu juramento, dedicou sua ateno a reconhecer o terreno.Qualquer pessoa presente, da idade e condio apropriadas, juro que o considerarei seriamente.Ento, a quem estava considerando? Todos os homens sentados mesa eram, ao menos teoricamente, de condio apropriada, pois do contrrio no estariam ali. Alguns eram casados, e por conseguinte, seriam facilmente eliminados, daqueles que ficavam, a alguns os conhecia melhor que a outros. Enquanto comiam e conversavam, mesmo que prestasse ateno a uma discusso e depois a outra, deixava que seu olhar vagasse, notando cada homem, reconhecendo cada possibilidade. Seu olhar se deteve em Simon, sentado ao outro lado da mesa, dois assentos abaixo. Lutava por conversar com Drusilla, que parecia especialmente reservada, sria, mas tambm desconfortvel. Portia franziu o cenho interiormente, apesar de seus freqentes desacordos, sabia que as maneiras de Simon eram extraordinariamente educadas e nunca falhariam em uma situao social. Qualquer que fosse o problema, era de Drusilla.Houve uma pausa no barulho que a rodeava. Seu olhar permaneceu fixo em Simon, no brilho dourado de seu cabelo, seus longos e elegantes dedos rodeando a taa de vinho, o resignado gesto de seus lbios quando se reclinou, abandonando Drusilla aos seus pensamentos.Estivera olhando-o durante muito tempo, ele sentiu seu olhar.No instante antes que olhasse para ela, ela olhou para baixo, servindo-se calmamente mais vegetais e depois voltando-se para o Senhor Buckstead que se achava ao seu lado. S quando sentiu que o olhar de Simon se afastava, respirou livremente de novo.Logo ento percebeu que estranha era sua reao.Qualquer pessoa presente, da idade e condio apropriadas...Quando as damas se levantaram e saram para o salo, deixando os homens com seu Porto, mentalmente acrescentou trs nomes a sua lista. A reunio evidentemente estava destinada a ser uma prova, um campo de comprovao no qual podia desenvolver suas habilidades para selecionar um marido, nenhum dos Cavalheiros presentes eram do tipo que imaginaria confiar sua mo, mas como espcimes com os quais praticar, eram perfeitos.James Glossup e Charlie Hastings eram exatamente os tipos de Cavalheiro cujos atributos devia aprender a sopesar.Quanto a Simon, s porque o conhecia a sua vida toda, s porque passaram os ltimos dez anos irritando-se mutuamente, s porque nunca teria pensado em p-lo em sua lista se no tivesse formulado seu juramento nesses precisos termos sem saber que ele estaria presente, nenhuma destas era razo suficiente para fechar seus olhos as suas qualidades de possvel marido.Qualidades que deveria aprender a valorizar e avaliar.Com efeito, ao entrar no salo atrs de Lady O, ocorreu que, sendo um Cynster, as qualidades de marido de Simon poderiam constituir os parmetros segundo os quais mediria a todos outros.Era um pensamento perturbador.Por sorte, dado que os Cavalheiros no estavam presentes, podia afast-lo de sua mente e distrair-se com a conversa das irms Hammond e de Lucy Buckstead.Mais tarde, quando retornaram os Cavalheiros e as conversas tomaram um giro mais geral, achou-se em um grupo com Winifred Archer e Desmond Winfield. Ambos eram agradveis, um pouco reservados, embora nenhum deles carecia de confiana em si mesmo. Entretanto, cinco minutos mais tarde, teria apostado seu melhor traje de que havia algo entre eles, ou ao menos que algo estava a ponto de desenvolver-se entre eles. Qual era a atitude de Winifred no saberia dizer, mas Desmond, apesar de suas maneiras exemplares, figurativamente s tinha olhos para Winifred.Seu lpis mental se preparou para eliminar Desmond de sua lista, mas depois se deteve. Possivelmente, dada sua relativa falta de experincia neste mbito, devia seguir considerando-o, no como um possvel marido, mas para definir os atributos masculinos que damas como Winifred, que apesar de sua reserva, parecia eminentemente razovel, requeriam e aprovavam.Aprender atravs da observao dos xitos, e fracassos, de outros era algo sbio.Este pensamento fez que olhasse ao seu redor. Kitty, em seu reluzente traje de seda gua-marinha, brilhava com um encanto efervescente enquanto passava de um grupo a outro. No havia rastros de sua anterior irritao, parecia estar em seu elemento. Henry conversava com Simon e James, j no parecia preocupado ou distrado por Kitty. Possivelmente tinha interpretado incorretamente seu intercmbio anterior? Algum se aproximava, Portia se voltou para encontrar Ambrosio Calvin, que se inclinava diante dela. Imediatamente respondeu com uma reverncia. Senhorita Ashford, um prazer conhec-la. Vi-a em vrios eventos em Londres, mas nunca tive ocasio de ser apresentado. Verdade, Senhor? Devo supor que passa a maior parte do tempo na capital?Ambrosio tinha olhos castanhos escuro e o cabelo castanho claro, seus traos eram regulares, de molde patrcio, mas suficientemente suavizados pela educao e a cortesia para ser agradveis. Inclinou a cabea. A maior parte do tempo Vacilou e depois acrescentou Espero ingressar no Parlamento nas prximas eleies. Certamente, passo tanto tempo como posso me mantendo a par dos acontecimentos da atualidade, para estar perto da fonte, preciso estar na capital. Sim, certamente.Esteve a ponto de explicar que o compreendia muito bem, por conhecer Michael Anstruther-Wetherby, o Representante de Godleigh, em West Hampshire, mas a acuidade que viu nos escuros olhos de Ambrosio ps um cadeado em sua lngua. Pensei freqentemente que, nestes tempos de mudana, servir aos seus eleitores no Parlamento deve ser algo muito satisfatrio. Efetivamente No havia nada no tom de Ambrosio que sugerisse que estivesse animado por um zelo reformista Sustento que necessitamos dos homens indicados nestas posies, aqueles que esto ativamente interessados em governar, em guiar ao pas pelo caminho correto.Isto soou um tanto pomposo para seu gosto, mudou de assunto. J decidiu a quem representar? Ainda no.O olhar de Ambrosio se fixou no grupo que se achava no outro lado do salo, Lorde Glossup, o Senhor Buckstead, e o Senhor Archer. Um instante depois voltou o olhar para ela e sorriu, com um pouco de condescendncia. possvel que voc no saiba, mas estes assuntos usualmente se decidem dentro do partido, e o melhor. Espero receber notcias de minha seleo muito em breve. J vejo Sorriu docemente, o tipo de sorriso que Simon no confiava Esperemos ento que as notcias sejam tudo o que voc merece.Ambrosio aceitou o comentrio como desejava escut-lo, ela se sentiu decididamente condescendente enquanto se voltaram aos outros para se unir conversa geral. Cinco minutos mais tarde, a Senhora Glossup levantou a voz, pedindo voluntrios para que oferecessem um pouco de msica aos presentes.Antes que algum pudesse reagir, Kitty se adiantou, com o rosto iluminado. Danar! Isso exatamente o que necessitamos.A Senhora Glossup piscou, ao seu lado, a Senhora Archer tinha uma expresso vazia. Agora no centro do salo, Kitty girava, aplaudindo suavemente quem tocar para ns?Portia tinha respondido a esse chamado tantas vezes durante longos anos, que era quase natural nela. Me agradaria tocar para vocs, se o desejarem.Kitty a olhou com uma surpresa matizada de suspeita, quase imediatamente revestida de aceitao. Genial! Voltando-se, fez um gesto para os Cavalheiros James, Simon poderiam colocar o piano em seu lugar? Charlie, Desmond essas cadeiras podem ir contra a parede.Enquanto se sentava diante do teclado, Portia olhou de novo para Kitty, parecia que nada diferente do simples prazer de danar motivava suas aes. Imbuda de to inocente entusiasmo, brilhava realmente atraente, tinha desaparecido a sereia que abordara James na escada, a mulher sedutora e desapegada que tinha entrado no salo.Portia percorreu as teclas experimentando, o instrumento estava afinado, graas ao cu! Quando levantou a vista, pode ver uma srie de partituras sobre a tampa brilhante do piano. Nesse momento achou o olhar firme e azul de Simon, depois ele levantou uma de suas sobrancelhas. Ocultando-se atrs de suas destrezas, como sempre.Piscou surpresa, com um olhar enigmtico, ele se voltou e se uniu ao grupo que se dividia em casais. Pondo de lado o estranho comentrio, ps as mos sobre o teclado e deixou que seus dedos deslizassem ao preldio de uma valsa.Conhecia muitas, a msica sempre tinha vindo naturalmente, simplesmente flua de seus dedos. Esta era a razo pela qual se oferecia com tanta freqncia para tocar. No precisava pensar para faz-lo, desfrutava, sentia-se cmoda no piano e podia, a seu gosto, perder-se na msica ou estudar os presentes.Foi este ltimo que decidiu fazer aquela noite.O que via a fascinou.Como era o costume, o piano se achava do outro lado do grande salo, longe da lareira e das cadeiras e sofs ocupados pelas pessoas mais velhas. Os bailarinos enchiam o espao entre eles e o piano, como poucos imaginavam que a intrprete no estivesse olhando seus dedos, aqueles casais que procuravam usar o baile para comunicar-se em particular optaram por faz-lo, enquanto atravessavam o salo para o lugar mais afastado dos agudos olhos de seus mais velhos. Quer dizer, diretamente na frente dela.Contentou-se passando sem tropeos de uma valsa seguinte, mesclando ocasionalmente uma dana campestre, dando aos bailarinos apenas o tempo suficiente para recuperar o flego e trocar de par. A primeira coisa que percebeu era que, apesar de seu autntico prazer na dana, Kitty perseguia finalmente um objetivo. O que era exatamente a que se propunha era difcil de determinar, Kitty parecia ter mais de um Cavalheiro em vista. Paquerava, definitivamente paquerava com James, seu cunhado, para grande irritao do mesmo. Com Ambrosio era um pouco menos evidente, mas, entretanto havia um brilho de convite em seus olhos e um sorriso provocante em seus lbios. Mesmo que observasse cuidadosamente, Portia no pode culpar Ambrosio, ele no incentivou em nada Kitty.Com Desmond, Kitty se mostrou tmida, continuou paquerando, mas ainda com mais cautela, como se modulasse seu ataque de acordo com o carter de seu par. Desmond pareceu vacilar, titubear, no a animou, mas tampouco a recusou abertamente. Quando foi a vez de Simon e de Charlie, ambos pareciam encerrados atrs de muros de aberta desaprovao. Kitty os desafiava e, no obstante, sua exibio carecia de convico, como se com eles s estivesse atuando.Portia no podia imaginar por que se incomodava em faz-lo. Havia algo que no sabia? Entretanto, quando Kitty danou com Henry, seu marido, mostrou-se indiferente. No fez esforo algum para manter sua ateno, com efeito, quase no pronunciou uma palavra. Henry, apesar de tent-lo, no pode ocultar seu desencanto e certa desaprovao triste e resignada.Dos outros, apenas foi aparente que Lucy Buckstead se decidiu por James. Ria com todos os Cavalheiros e lhes sorria, mas quando estava com James se mostrava pendente de tudo o que dizia, com os olhos brilhantes, os lbios entreabertos. James teria que se cuidar, e no s pelo lado de Kitty, algo que Portia suspeitou que ele j sabia, seu comportamento era agradvel mas frio.As Senhoritas Hammond no estavam interessadas em nenhuma relao, achavam-se ali simplesmente para se divertir e esperavam que outros tambm o fizessem. Sua juvenil exuberncia era um alvio. Drusilla, pelo contrrio, teria passado todas as peas sentada ao lado de sua me, se a Senhora Calvin o tivesse permitido. Drusilla suportou os ritmos com o prazer de um aristocrata francs passeando em uma carreta.Quanto a Desmond e Winifred, havia decididamente um romance no ar. Era certamente instrutivo observar os intercmbios entre eles, Desmond sugeria, nunca impositivo, sem acanhamento, mas sem excessiva segurana, Winifred respondia silenciosamente, abaixando as pestanas, com o olhar baixo, s para levant-la de novo para seu rosto, seus olhos.Portia se inclinou para dissimular um sorriso quando se aproximava do final da pea. Ao tocar o ltimo acorde, decidiu que os bailarinos necessitavam de um curto intervalo enquanto ela procurava entre as partituras. Ficou em p para as folhear com mais comodidade. Chegara quase na metade quando escutou o ranger de saias ao seu lado. Senhorita Ashford, deleitou-nos com sua msica, mas imperdovel que por faz-lo voc esteja excluda da diverso.Portia se voltou quando Winifred apareceu pelo brao de Simon. Oh, no. Isto ... deteve-se, sem saber como devia responder.Winifred sorriu. Agradeceria se me permitisse substitu-la. Agradaria-me passar algumas peas, e... Esta parece ser a melhor maneira de faz-lo.Portia achou os olhos de Winifred e percebeu que era literalmente certo. Se Winifred s se sentasse, algum especularia a respeito de por que o fazia. Portia sorriu. Se o desejar.Afastou-se da poltrona do piano. Winifred tomou seu lugar e ambas folhearam as partituras. Winifred selecionou as que desejava e se sentou. Portia se voltou para o salo, para Simon quem, com uma pacincia pouco caracterstica, aguardava.Olhou-a nos olhos e depois ofereceu seu brao. Danamos?Era absurdo, mas nunca antes tinha danado com ele. Jamais. A idia de passar dez minutos girando pelo salo sob sua direo, sem que seus intercmbios descessem a uma guerra declarada, no parecia ter sido anteriormente uma possibilidade.Seu olhar tranqilo revelava com clareza a provocao que havia nela. Ao recordar sua imprecao, ao escut-lo ressoar em sua mente, levantou o queixo e sorriu. De maneira encantadora. Que ele pensasse o que quisesse. Obrigada.A suspeita fluiu atrs de seus olhos, mas inclinou a cabea, colocou a mo dela em sua manga, e a levou a unir-se com os outros enquanto Winifred comeava a interpretar uma valsa.A primeira sacudida a sua equanimidade chegou quando ele a atraiu para seus braos, quando sentiu sua fora frrea que a arrancava e recordou com excessiva exatido, com excessiva vivacidade, como havia se sentido quando ele a carregou em seus braos. De novo ficou sem flego, perdeu a respirao e a recuperou mais levemente, a sensao de sua mo, grande e forte em suas costas, distraa-a, mesmo que lutasse por exult-lo.A msica os apanhou, segurou-os, os fez girar, seus olhares se tocavam e depois deslizavam para outro lugar. Mal podia respirar. Tinha danado valsa em inmeras ocasies, inclusive com Cavalheiros de sua classe, nunca antes as sensaes fsicas tinham afetado sua conscincia, menos ainda ameaado subornar sua inteligncia. Mas nunca antes estivera to perto dele, o movimento e ritmo de seus corpos, a conscincia que ela tinha de sua fora, sua flexibilidade, o poder controlado, tudo caa como uma cascata dentro dela, brilhante, agudo, desorientador. Piscou duas vezes, tentando centrar sua mente em qualquer coisa, menos na maneira como giravam com tal facilidade, na sensao de perder a cabea, no estremecimento de antecipao que a percorria.Antecipao do que?Mal pode deter-se antes de sacudir a cabea em um esforo, sem dvida vo, para controlar seus pensamentos. Com um suspiro, olhou ao redor. E viu Kitty danando com Ambrosio. Sua atuao, com todas suas sutis variaes, prosseguia. Que trama Kitty? Sabe?Era o primeiro pensamento que apareceu em sua mente, mas nunca fora afetada, especialmente com Simon. Ele estivera observando-a intensamente, ela tivera o cuidado de evitar seu olhar. Agora levantou a vista e, com alvio, viu o cenho franzido, a expresso exasperada que estava habituada a ver formar-se em seus olhos.Sentindo-se mais serena, levantou as sobrancelhas.Ele franziu os lbios. No preciso que saiba. Possivelmente no, mas o desejo, tenho minhas prprias razes.Seu desgosto adotou outra dimenso, no podia imaginar a que razes se referia. Ela sorriu. Se no me disser, perguntarei a Charlie. Ou a James.Foi o Ou a James, que o persuadiu. Suspirou entre dentes, levantou a vista, conduziu-a para o outro lado do salo e depois disse, em voz baixa: Kitty tem o costume de paquerar com qualquer Cavalheiro agradvel que conhea depois de um momento, acrescentou Que to longe v...Tencionou para encolher os ombros, mas no o fez. Seu rosto se endureceu. Quando no continuou e seguiu evadindo seu olhar, ela, intrigada pelo fato de que ele no tivesse podido desmenti-la cortesmente, suplicou: Voc sabe perfeitamente bem que to longe vai, porque insinuou-se a voc, a Charlie, e ainda est pressionando a James.Olhou-a com algo muito mais complexo que a irritao. Como demnios descobriu isto?Ela sorriu, por uma vez no com o fim de irrit-lo, mas sim de tranqiliz-lo. Voc e Charlie emanam a mais cortante desaprovao quando esto perto dela inclusive em uma situao quase particular, como quando danam, por exemplo. E James porque me encontrei com ele in extremis esta noite Sorriu Resgatei-o, por isso que entramos juntos.Sentiu uma leve relaxao da tenso e aproveitou sua vantagem, realmente desejava sab-lo. Voc e Charlie conseguiram convenc-la de que vocs fez um gesto com a mo que estava livre no esto interessados. Por que James no fez o mesmo?Encontrou seu olhar um breve instante, e depois replicou. Porque James se esforar para no ocasionar nenhuma dor a Henry, no mais dor de que seja necessrio. Kitty sabe, isso a faz mais ousada. Nem Charlie nem eu teramos escrpulos em trat-la como o merece, se atrevesse a ir alm de certo ponto. Mas ela suficientemente inteligente para no faz-lo.Ele assentiu. E sobre Henry? Quando se casaram, ele a queria muitssimo. No sei o que sente por ela agora. E, antes que pergunte, no tenho idia porque ela como , nenhum de ns sabe Viu Kitty do outro lado do salo, sorrindo sedutoramente para Ambrosio, que se esforava por fingir que no o percebera.Sentiu o olhar de Simon em seu rosto. Alguma sugesto?Ela o olhou e negou com a cabea. Mas... No acredito que seja uma compulso irracional, sabe o que quero dizer. Ela sabe o que faz, faz isso deliberadamente. Tem algum motivo, algum objetivo, em mente.Simon no disse nada. Soaram os ltimos acordes da valsa. Detiveram-se para conversar com Anabel e Desmond e depois trocaram de par, quando comeou a seguinte pea.Manteve-se fiel ao seu juramento e conversou agradavelmente com Desmond, afastou-se dele pensando que Winifred devia ser felicitada por sua boa sorte, Desmond parecia um Cavalheiro muito agradvel, embora um pouco srio. Danou com Charlie, James e Ambrosio e utilizou seus prprios ardis com cada um, embora no tivesse podido paquerar assim se fosse para salvar sua vida, sentia-se insegura ao faz-lo, segura de que no veriam em suas engenhosas perguntas, nada diferente de um interesse geral. Depois danou com Henry e se sentiu terrvel. Mesmo que ele fizesse todos os esforos possveis para entret-la, no podia deixar de ser consciente de que ele estava pendente do comportamento de Kitty.A situao era difcil, Kitty era inteligente, ardilosa. No havia nada grave que pudesse reprovar, mas sua paquera era de tal grau e constncia que deixava grandes perguntas na mente de todos. Por que o fazia?Portia no podia imagin-lo, pois Henry, assim como Desmond, era um homem sereno, amvel e decente. Nos dez minutos que passou conversando com ele, compreendeu plenamente o desejo de James de proteg-lo, apesar das circunstncias, e a forma como Simon e Charlie o apoiavam neste propsito.Concordou inteiramente com eles.Quando terminou o baile, a pergunta que com mais insistncia a atormentava era quantas pessoas tinham observado o comportamento de Kitty, assim como ela, Simon, Charlie, James e provavelmente Henry o tinham feito.Ambrosio e Desmond quase certamente, mas as Senhoras? Isso era mais difcil de adivinhar.Chegou o carrinho com o ch e todos se reuniram em torno dele, desejosos de descansar e repousar. A conversa era relaxada, j no sentiam a necessidade de encher todos os silncios. Portia bebeu seu ch e observou que o chamado de Kitty para danar fora inspirador, tinha cortado as rgidas formalidades e os tinha unido como grupo muito mais rpido do que o habitual nestes casos. Agora, em lugar de correntes cruzadas entre diferentes membros, havia coeso, a sensao de estar ali para compartilhar o tempo com estas outras pessoas, o que certamente faria que desfrutassem mais dos dias vindouros.Estava pondo sua xcara vazia ao seu lado quando Kitty ocupou de novo o centro do cenrio. Levantou-se, fazendo ranger sua saia, colocou-se no ponto central da reunio e sorriu, abrindo as mos. Deveramos caminhar pelos jardins antes de nos retirarmos. O clima est realmente agradvel e muitas das plantas de aroma florescem. Depois de danar tanto, necessitamos de um momento de reflexo em um ambiente sereno antes de nos retirar a nossos quartos.De novo, estava certa. As pessoas mais velhas, que no tinham danado no se sentiam inclinadas a faz-lo, mas todos os que tinham girado pelo salo decididamente o desejavam. Seguiram Kitty pelas portas de vidro para o terrao, dali, aventuraram-se a descer aos prados em grupos de dois e trs. No se surpreendeu quando Simon se materializou ao seu lado no terrao, quando estavam na mesma reunio, em situaes como esta, sempre se mantinha perto dela, podia contar com isso. Fora seu costume durante anos assumir o papel do protetor reticente.Mas ento rompeu o costume e ofereceu seu brao.Ela hesitou.Simon a observou piscar diante de seu brao como se no estivesse segura do que era. Estava aguardando quando ela levantou o olhar, encontrou seus olhos, levantou uma sobrancelha em uma provocao sem palavras, deliberadamente arrogante.Ela levantou a cabea, com altiva calma, ps seus dedos sobre sua manga. Ocultando seu sorriso, assim fosse por uma vitria insignificante, conduziu-a pelos degraus para o prado.Kitty se tinha adiantado com Ambrosio e Desmond, conversando animadamente com Lucy Buckstead, de maneira que a moa se viu obrigada a acompanhar ao trio em lugar de esperar e caminhar com James, como provavelmente fosse sua inteno. Charlie e James escoltavam s Senhoritas Hammond e Winifred, Drusilla se tinha negado a unir-se a eles, invocando uma averso ao ar noturno, e Henry estava imerso em uma conversa com o Senhor Buckstead.Ao chegar ao prado, saram. Tem alguma preferncia, h algo que deseje ver? Fez um gesto ao redor. luz da inconstante lua? Portia rastreou o pequeno grupo de Kitty que se afastava da casa, para a escura franja de enormes rododendros que ladeavam o prado O que h nessa direo?Ele estivera observando-a. O templo.Levantou as sobrancelhas, levemente altiva. Para que lado o lago?Ele indicou para o lugar onde descia o prado, perdendo-se na distncia, formando um amplo atalho verde que serpenteava pelos canteiros de flores do jardim. No perto, mas tampouco muito longe para um passeio.Caminharam nessa direo. Os outros vagaram atrs deles, as exclamaes das irms Hammond sobre os extensos jardins, os altos arbustos e as rvores, os numerosos atalhos, bordas e canteiros variados de flores, conformavam um admirado coro no suave ar da noite. Os jardins eram, com efeito, densos e exuberantes, os aromas misturados de flores desconhecidas se mesclavam na morna escurido.Continuaram caminhando, sem pressa nem lentido, sem nenhum objetivo em mente, o momento era um propsito suficiente, sereno, silencioso, inesperadamente cordial. Atrs deles, passeavam os outros, suas vozes se apagavam em um murmrio. Olhou para Portia. O que se prope?Ela ficou tensa por um momento. Me proponho? Escutei-a no mirante, recorda? Algo a respeito de aprender mais, tomar uma deciso e considerar a todos os candidatos.Ela o olhou, seu rosto estava escurecido pelas rvores sob os que caminhavam.Ele prosseguiu. Candidatos para que?Ela piscou, sentindo seu olhar em seu rosto, depois olhou para frente. s um ponto de interesse. Sobre algo que estive me perguntando. Sobre o que?Depois de um momento, replicou. No preciso que saiba. Ou seja que no deseja me dizer isso.Ela inclinou a cabea.Ele se sentiu tentado a pression-la, mas ela estaria ali, sob seus olhos, durante os prximos dias, teria mais tempo para descobrir sua ltima deciso olhando tudo o que fazia. Ele vira como tomava nota dos Cavalheiros durante o jantar, e como quando danou com James e Charlie, e Winfield, tambm, mostrou-se inusualmente animada, iniciando a conversa com perguntas. Estava certo de que aquelas perguntas no era a respeito de Kitty, ela podia perguntar estas coisas a ele, mas isto se devia por serem quase famlia. Entre eles, no fingiam sequer respeitar as convenes sociais. Muito bem.Sua fcil aceitao mereceu um olhar suspeito, mas no convinha brigar. Ele deixou que seus lbios se curvassem, escutou seu suave suspiro enquanto ela olhava de novo para diante. Caminharam em um silncio agradvel, nenhum dos dois sentia necessidade de afirmar o que era claro, que ele continuaria observando-a at descobrir seu segredo, e que ela agora estava advertida de que o faria.Enquanto cruzavam o ltimo trecho de prado sobre o lago, revisou o comportamento de Portia at ento. Se tivesse sido outra mulher, teria suspeitado que estava em busca de um marido, mas ela nunca fora inclinada a isso. Nunca tinha encontrado maior utilidade aos machos da espcie, ele no podia imaginar nenhuma circunstncia que a tivesse feito mudar de idia.Era muito mais provvel que estivesse em busca de algum conhecimento, possivelmente alguma introduo ou informao a respeito de alguma atividade que habitualmente no fosse acessvel s mulheres. Isso parecia altamente provvel, exatamente o tipo de coisa que a agradava.Chegaram borda a partir de onde o atalho coberto de erva descia suavemente at o lago. Detiveram-se, ela desejava contemplar a cena que se abria diante de seus olhos, a vista do amplo lago, com suas guas quietas e escuras, um espao negro que repousava em um vale natural, com uma colina coberta de bosques suspensa alm dele, um pinheiral sobre um alto para a direita e, apenas visvel a fraca luz, a casa de vero no extremo da borda esquerda, austeramente branca contra o fundo negro da massa de rododendros.A vista a fez emudecer, absorta, com a cabea erguida, enquanto assimilava o panorama.Ele aproveitou o momento para estudar seu rosto. A convico de que ela estava procurando um Cavalheiro para que a introduzisse a alguma experincia ilcita, cresceu, floresceu, arraigou-se nele, de uma maneira inesperada. Oh! Santo cu! Anabel chegou at eles, e depois se uniram outros. Que beleza! ... Bastante gtico! Cecily, com as mos entrelaadas, ria com deleite. realmente muito profundo? Winifred olhou para James. Nunca encontramos o fundo.A resposta suscitou olhares horrorizados das irms Hammond. Prosseguimos? Charlie olhou para Portia e Simon. Um estreito atalho rodeava o lago, rodeando suas bordas. Oh Anabel trocou um olhar com Cecily No acredito que devamos faz-lo. Mame disse que devamos repousar esta noite para nos recuperar dos rigores da viagem.Winifred tambm se mostrou reticente. James se ofereceu galantemente a escoltar s trs damas de volta casa. Desejaram-lhes boa noite e partiram. Rodeada por Charlie e Simon, Portia se dirigiu para o lago. Caminhavam e conversavam, realmente era fcil. Todos se moviam nos mesmos crculos, era simples encher o tempo com comentrios e observaes sobretudo o que tinha ocorrido durante a estao recm-terminada, os escndalos, os matrimnios, os rumores mais fulgurantes. Inclusive mais surpreendente foi que Simon, contrariamente ao seu comportamento habitual de manter-se em um silncio pouco til, contribuiu para animar a conversa que se desenvolvia segundo os rumos geralmente aceitos. Quanto a Charlie, sempre fora um grande conversador, era fcil agrad-los com vividos relatos de apostas que tinham sado mal com as proezas dos machos mais jovens.Detiveram-se diante da casa de vero, admirando sua lmpida estrutura de madeira, um pouco maior do que o habitual devido a sua distncia da casa, e depois continuaram bordejando o lago. Quando chegaram pequena colina que levava a casa, ela se sentia bastante petulante. Tinha sobrevivido uma noite completa, e um longo passeio noturno com dois dos lobos mais importantes da alta Sociedade, de maneira bastante aceitvel, conversar com Cavalheiros, fazer que falassem de si mesmos, no fora to difcil como acreditava.Estavam a meio caminho quando apareceu Henry e se dirigiu para eles. No viram Kitty? perguntou medida que se aproximava.Negaram com a cabea. Detiveram-se e todos olharam para o lago. O atalho era visvel em sua totalidade do lugar onde se achavam, o traje de seda gua-marinha de Kitty teria sido fcil de ver. Vimos quando samos disse Portia Ela e outras pessoas se dirigiam ao templo.Simon acrescentou: No a vimos depois, tampouco aos outros. J estive no templo disse Henry.Escutaram uns passos prximos. Todos se voltaram, mas foi James quem saiu das sombras. Viu Kitty? perguntou Henry Sua me a necessita.James negou com a cabea. Acabo de ir casa e retornar. No vi ningum no caminho.Henry suspirou. Melhor continuar procurando-a Com uma reverncia a Portia e uma inclinao aos homens, dirigiu-se para o pinheiral.Todos o olharam partir at quando desapareceu entre as sombras. Teria sido melhor Observou James que a Senhora Archer tivesse pensado em falar com Kitty antes. Tal como esto as coisas... Possivelmente seria melhor que Henry no a encontrasse.Todos compreenderam exatamente o que queria dizer. O silncio se prolongou.James recuperou a compostura, olhou para Portia. Perdo, querida. Temo que no estou no melhor dos nimos esta noite, no sou boa companhia. Se me desculparem, retornarei casa.Inclinou-se de maneira um pouco rgida. Portia inclinou a cabea. Saudando brevemente Simon e Charlie, James se voltou e caminhou de retorno casa. Os outros trs o seguiram mais lentamente, em silncio. Parecia que havia, com efeito, pouco a dizer, e sentiam um estranho tipo de segurana em no por em palavras o que estavam pensando. Chegaram a uma intercesso com um atalho que conduzia, por um lado, ao templo e, pelo outro, rodeava o pinheiral, quando escutaram um passo ligeiro.Todos se detiveram ao mesmo tempo para olhar para o atalho suspeito que conduzia ao templo. Uma figura surgiu de um pequeno caminho que se afastava da casa. Era um homem e comeou a avanar para eles. Ao entrar em uma mancha iluminada pela luz da lua olhou para cima e os viu. Sem diminuir o passo, desviou-se para um lado, para outra dos milhares de caminhos que atravessavam os densos grupos de arbustos. Sua sombra desapareceu. Ouviu-se o ranger das folhas e j no o viram mais.Passado um instante, todos suspiraram profundamente, olharam para frente e prosseguiram seu caminho. Nenhum falou e tampouco encontrou o olhar dos outros. Entretanto, cada um sabia o que pensavam os outros. O homem no era um dos convidados, como tampouco um dos criados ou ajudantes da fazenda.Era um cigano magro, moreno e de aparncia agradvel. Com seu rebelde cabelo negro completamente despenteado, seu palet desabotoado, partes de sua camisa fora da cala. Era difcil imaginar uma explicao inocente para que um homem semelhante tivesse estado na casa, e menos ainda para que a deixasse em tal estado a uma hora to avanada da noite.No jardim principal se encontraram com Desmond, Ambrosio e Lucy que, assim como eles, dirigiam-se para a casa.No havia rastro de Kitty.Captulo 3

Ento, Senhorita! Lady Osbaldestone sumiu na poltrona frente da lareira de seu quarto e contemplou Portia com um olhar de perita Agora pode me confessar a que se prope. A que me proponho? balbuciou Portia. Fora acompanhar Lady O a descer para o caf da manh, achou-se na metade do aposento com a plena luz da janela sobre ela, e se sentiu transfigurada pelo agudo olhar da dama. Abriu os lbios para dizer que no se propunha nada, mas depois os fechou outra vez.Lady O grunhiu impaciente. Com efeito. Economizaramos muito tempo se me disser isso sem rodeios. Usualmente leva a cabea to alta que no nota sequer os Cavalheiros que a rodeiam, entretanto, ontem no s estava estudando-os, mas tambm inclusive dignou-se a conversar com eles Dobrando as mos sobre o punho de sua bengala, inclinou-se para diante Por qu?Uma ardilosa especulao brilhava nos olhos de Lady O, negros como tinta. Era velha e muito sbia, imbuda da alta Sociedade, as relaes e as famlias, o nmero de matrimnios que tinha presenciado e nos que colaborara devia ser lenda. Era a mentora perfeita para a nova ttica de Portia.Se decidisse ajud-la.Se Portia tinha a coragem de pedir-lhe.Unindo suas mos, suspirou profundamente e escolheu suas palavras com cuidado. Decidi que chegou o momento de procurar um marido.Lady O piscou. E est considerando os Cavalheiros que se encontram aqui? No! Bem... Sim Fez uma careta No tenho nenhuma experincia neste tipo de coisas, como voc sabe.Lady O assentiu. Sei que desperdiou os ltimos sete anos, ao menos nessa frente. Pensei continuou Portia, como se no a tivesse escutado que enquanto estou aqui, posto que decidi que quero com efeito um marido, seria sensato aproveitar a oportunidade para aprender a selecion-lo. Como recolher a informao e compreenso que necessitarei para fazer uma escolha certa, com efeito, para calcular que tipo de atributos deveria procurar, o que o mais importante para mim em um Cavalheiro Franziu as sobrancelhas, olhando de novo para Lady O Suponho que diferentes tipos de mulheres tero diferentes requisitos?Lady O agitou uma mo. Comme i, comme a. Eu diria que alguns atributos so fundamentais, enquanto que outros so mais superficiais. Os fundamentais, o ncleo do que procuram a maioria das mulheres, no varia tanto de uma mulher a outra. Oh. Bem Portia levantou cabea Isso o que espero esclarecer enquanto estou aqui.O olhar de Lady O permaneceu fixo em seu rosto por alguns momentos, depois relaxou e se acomodou de novo em sua poltrona. Vi como avaliava os Cavalheiros ontem noite. A qual deles decidiu considerar?O momento da deciso. Necessitaria ajuda ao menos alguma outra mulher com quem discutir as coisas. Algum em quem pudesse confiar. Pensei em Simon, James e Charlie. So os candidatos claros. E, mesmo que suspeito que o interesse de Desmond est fixado em Winifred, pensei em consider-lo tambm, s como um exerccio para definir a convenincia. Notou no verdade? Como interpretou a reao de Winifred? No est decidida. Pensei que poderia aprender algo ao observar como se decide. Exceto que tem trinta anos e ainda no se casou Lady O arqueou as sobrancelhas Me pergunto por qu? Possivelmente no tenha pensado nisso antes... o olhar de Portia achou o de Lady O e sorriu Parece uma pessoa perfeitamente razovel, pelo que vi. Certamente, o que no responde pergunta. Mas o que tem sobre Ambrosio? o nico Cavalheiro disponvel que no mencionou.Portia deu de ombros. Pode ser que valha a pena faz-lo, mas... Enrugou o nariz, procurando as palavras adequadas para descrever sua impresso ambicioso, e est decidido a fazer carreira no Parlamento. Isto no deveria contar contra ele, pense to somente em Michael Anstruther-Wetherby. No isso, exatamente Franziu o cenho de novo a forma da ambio, acredito. Michael tem a ambio de servir, de fazer um bom governo. De dirigir porque bom para isso, como sua irm.Lady O assentiu. muito perceptiva. Devo supor ento que Ambrosio no est motivado por uma razo to nobre? No tive ocasio de falar muito com ele ainda. Acredito que quer o cargo s pelo cargo mesmo. Bem seja pelo poder, ou por qualquer outra coisa que confira. No senti nenhuma outra razo mais profunda Olhou para Lady O Mas possvel que o tenha julgado mal, no o explorei o suficiente. Bem, ter muito tempo enquanto estamos aqui, e, sim, estou de acordo em que esta uma ocasio muito apropriada para afiar suas habilidades.Lady O comeou a levantar-se, Portia foi em sua ajuda. Recorde Lady O se endireitou me atrevo a dizer que ter as mos cheias se considerar Simon, James e Charlie. possvel que no tenha tempo de ampliar seu campo de explorao.A sombra de um sorriso de superioridade rodeava os lbios de Lady O enquanto se voltava para a porta. Portia no estava segura a respeito de como devia interpretar isso. Pode reportar todas as noites, ou todas as manhs se o preferir. Enquanto estiver aqui, est sob meu cuidado, apesar de quanto voc e seu irmo pensem que o contrrio Lady O lanou um olhar oblquo quando cruzaram a soleira Ser interessante saber, nesta poca, quais os atributos que decide serem mais desejveis.Portia inclinou a cabea diligentemente, nenhuma das duas se enganava. Diria Lady O que ocorria, porque necessitava de ajuda e orientao, no porque reconhecesse alguma responsabilidade da parte da Senhora.Ao chegar porta, tomou o trinco, Lady O ps o extremo de sua bengala contra a porta, impedindo-a que a abrisse. Portia a olhou. E encontrou seu penetrante olhar. Um ponto que no explicou por que, depois de sete longos anos na Sociedade, decidiu subitamente que deve se casar?No parecia haver necessidade de reserva, era uma razo bastante normal, certamente. Os filhos. Quando comecei a trabalhar no orfanato, dei-me conta que me agradava, realmente me agradava, trabalhar com crianas pequenas. Cuid-las, v-las crescer, gui-los sentiu que esta necessidade a invadia s em pensar nisso Mas quero ter meus prprios filhos a quem cuidar. Retornar a Chase s reforou isso, ver Amelia e Luc com sua prole e, certamente, Amanda e Martn os visitam com freqncia com a sua. uma casa de loucos, mas... Ao levantar pensativamente os olhos, sustentou o olhar de Lady O algo que quero.Perfeitamente sria, Lady O explorou seus olhos, depois assentiu. Filhos. Isso est muito bem como um impulso incitante, o incentivo que a obrigou finalmente a abaixar o nariz, a ver o que h ao seu redor, e a considerar o matrimnio. Compreensvel, correto, adequado. No obstante lanou um escuro olhar a Portia essa no uma razo apropriada para se casar.Portia piscou. No ?Lady O retirou sua bengala e fez um gesto, Portia abriu a porta. Mas... No se preocupe Levantando a cabea, Lady O avanou com rapidez pelo corredor S siga seu plano e considere os candidatos, e ento, no esquea minhas palavras, surgir a razo correta.Deu passos mais largos, Portia precisou apressar-se para alcan-la. Vamos! Lady O indicou a escada Toda esta conversa sobre o matrimnio me abriu o apetite!O apetite de intrometer-se, mas este sempre o tivera. E era uma antiga mestra dessa arte, fazia isso de maneira to sutil, enquanto passava as torradas e a gelia que Portia estava certa de que nem Simon, nem James nem Charlie perceberam que a idia de sair para cavalgar naquela manh era dela.O convite, finalmente, veio deles, ela aceitou diligentemente. Lucy tambm o fez. Para surpresa de todos, Drusilla se uniu a eles. Winifred confessou que no a entusiasmava cavalgar, optou por dar um passeio. Desmond se ofereceu imediatamente para acompanh-la.Ambrosio estava imerso em uma discusso com o Senhor Buckstead, e se limitou a negar com a cabea. As garotas Hammond, com seus olhos brilhantes fixos em Oswald e Swanston, j os tinham persuadido de que as acompanhassem a passear pelo lago. Kitty no estava presente, mas tampouco as outras Senhoras, todas tinham optado por tomar o caf da manh em seus quartos.Quinze minutos depois de levantar-se da mesa do caf da manh, o grupo da cavalgada se reuniu na vestbulo da entrada, e James o conduziu aos estbulos.Selecionar os cavalos tomou algum tempo, vestida com seu traje de montar azul prof