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APOSTILA APOSTILA DE DE FUNDAMENTOS DOS CONHECIMENTOS JURÍDICOS FUNDAMENTOS DOS CONHECIMENTOS JURÍDICOS CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – CFSd 2009 ___________________________________ 1 SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO DEIP CFAP

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APOSTILAAPOSTILA

DEDE

FUNDAMENTOS DOS CONHECIMENTOS JURÍDICOSFUNDAMENTOS DOS CONHECIMENTOS JURÍDICOS

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – CFSd 2009

___________________________________ 1

SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO

DEIP CFAP

SUMÁRIO

Introdução.......................................................................................................................................................51. Dos Direitos e Garantias Fundamentais.........................................................................................................8

1.1. Conceito..................................................................................................................................................81.2.Destinatários dos Direitos Fundamentais e Princípio da universalidade.................................................91.3. Relativização e Restrições aos Direitos Fundamentais.........................................................................10

2. Dos Direitos Fundamentais em Espécie......................................................................................................112.1. Direito à vida........................................................................................................................................112.2. Direito à Liberdade...............................................................................................................................122.3. Princípio da Igualdade. (Art. 5º,I).........................................................................................................13

Exceções legais ao Princípio da Igualdade (ou hipóteses válidas do tratamento diferenciado)..............132.4. Princípio da Legalidade e da anterioridade Penal. (Art. 5º, II e XXXIX)............................................14

Legalidade................................................................................................................................................14Anterioridade da Lei Penal......................................................................................................................15Retroatividade da lei penal mais benéfica...............................................................................................15

2.5. Liberdade da Manifestação do Pensamento. (Art.5º, IV).....................................................................152.6. Inviolabilidade da Intimidade, Vida Privada, Honra e Imagem (Art. 5º, X)........................................152.7. Inviolabilidade do Lar, (Art. 5º, XI).....................................................................................................162.8. Sigilo de Correspondência e de Comunicação. (Art. 5º, XII). .............................................................172.9. Liberdade de Locomoção. (Art. 5º, XV)...............................................................................................192.10. Direito de Reunião e de Associação. (Art. 5º, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI)...........................20

Direito de Reunião...................................................................................................................................20Direito de Associação..............................................................................................................................20

2.11. Direito de Propriedade. (Art. 5º, XXII, XXIII)...................................................................................21GARANTIAS AO DIREITO DE PROPRIEDADE................................................................................21DESAPROPRIAÇÃO..............................................................................................................................22

Hipóteses de Desapropriação...............................................................................................................22Bens que podem ou não ser desapropriados:.......................................................................................22Indenização..........................................................................................................................................22Desistência da Desapropriação............................................................................................................22Requisição............................................................................................................................................22

2.12. Vedação ao Racismo. (Art. 5º, XLII)..................................................................................................22

___________________________________ 2

2.13. Garantia à Integridade Física e Moral do Preso. (Art. 5º, XLIX).......................................................232.14. Vedação às Provas Ilícitas. (Art. 5º, LVI),..........................................................................................232.15. Princípio da Presunção de Inocência. (Art. 5º, LVII),........................................................................242.16. Privilégio contra a Auto-Incriminação. (Art. 5º, LXIII).....................................................................24

3. FUNÇÃO CONSTITUCIONAL DA PMPE...............................................................................................244. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO.................................................................................................................26

4.1. Federação..............................................................................................................................................264.2. Entidades federativas............................................................................................................................264.3. O Município..........................................................................................................................................263.4. União ....................................................................................................................................................263.5. Estados .................................................................................................................................................273.6. Brasília .................................................................................................................................................273.7. Territórios ............................................................................................................................................273.8. Vedações constitucionais aos seus entes...............................................................................................273.9. Competências dos entes da Federação..................................................................................................27

1. Conceito.......................................................................................................................................................272. Princípios do Direito Administrativo...........................................................................................................28

2.1. Princípios Constitucionais da Administração Pública:.........................................................................282.2. Princípios de Direito Administrativo:...................................................................................................29

3. Poderes Administrativos..............................................................................................................................294. Lei 11.929 / 01.............................................................................................................................................305. Atos Administrativos...................................................................................................................................351. CONCEITO DE DIREITO PENAL............................................................................................................362. FONTES DO DIREITO PENAL.................................................................................................................363. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL..........................................................................................................37

3.1. PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO (principais):.....................................373.2. PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO (principal):.......................................37

4. Elementos do crime.....................................................................................................................................374.1. Elementos objetivos ou descritivos do tipo..........................................................................................374.2. Elementos subjetivos do tipo................................................................................................................374.3. Elementos normativos do tipo..............................................................................................................37

5. Conceito de crime........................................................................................................................................385.1. Excludentes de tipicidade.....................................................................................................................39

5.1.1. Causas legais..................................................................................................................................395.1.2. Causas supra-legais:.......................................................................................................................39

5.2. Excludentes de antijuridicidade ou ilicitude ou criminalidade.............................................................39Estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito.......................................................39Estado de necessidade..............................................................................................................................40Legítima defesa........................................................................................................................................40

5.3. Excludentes de culpabilidade................................................................................................................40

___________________________________ 3

Descriminantes putativas.........................................................................................................................40Erro sobre a ilicitude do fato ( ERRO DE PROIBIÇÃO)........................................................................40Coação irresistível....................................................................................................................................40Obediência hierárquica............................................................................................................................41Inimputabilidade......................................................................................................................................41Embriaguez completa involuntária..........................................................................................................41

Outras questões que não são hipóteses de Excludentes...................................................................................41Emoção e paixão..........................................................................................................................................41Embriaguez..................................................................................................................................................42Erro determinado por terceiro......................................................................................................................42Erro sobre a pessoa......................................................................................................................................42

Relação de causalidade....................................................................................................................................426. Crime tentado e consumado.........................................................................................................................43

Outros...........................................................................................................................................................44Desistência voluntária e arrependimento eficaz......................................................................................44Arrependimento posterior........................................................................................................................44Crime impossível.....................................................................................................................................45

7. Dolo e culpa.................................................................................................................................................458. Do concurso de pessoas...............................................................................................................................46

9. Do concurso de crimes.............................................................................................................................4610. Classificações doutrinárias acerca do crime..............................................................................................47

01. CRIMES COMUNS E ESPECIAIS.....................................................................................................47 02. CRIMES COMUNS E PRÓPRIOS .....................................................................................................47 03. CRIMES DE MÃO PRÓPRIA OU DE ATUAÇÃO PESSOAL ........................................................47 04. CRIMES DE DANO E DE PERIGO ...................................................................................................47 05. CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA .........................................................48 06. CRIMES COMISSIVOS E OMISSIVOS ...........................................................................................48 07. CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES E INSTANTÂNEOS DE EFEITOSPERMANENTES .......................................................................................................................................48 08. CRIME CONTINUADO .....................................................................................................................48 10. DELITO PUTATIVO ..........................................................................................................................49 11. CRIME IMPOSSÍVEL ........................................................................................................................49 12. CRIME CONSUMADO E TENTADO ...............................................................................................49 13. CRIMES HEDIONDOS ......................................................................................................................49

LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE...............................................................................................................74ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE......................................................................................74LEI DE EXECUÇÕES PENAIS.................................................................................................................87ESTATUTO DO DESARMAMENTO.......................................................................................................88ESTATUTO DO IDOSO.............................................................................................................................93LEI DE DROGAS........................................................................................................................................95

___________________________________ 4

TÍTULO I.................................................................................................................................................95LEI MARIA DA PENHA................................................................................................................................981. CONCEITO...............................................................................................................................................1002. DIREITO DISCIPLINAR MILITAR E DIREITO PENAL MILITAR....................................................1013. FONTE IMEDIATA:.................................................................................................................................1014. FONTE MEDIATA:..................................................................................................................................1015. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:..............................................................................................................1016. A LEI PENAL NO TEMPO:.....................................................................................................................1017. TEMPO DO CRIME:................................................................................................................................1018. LUGAR DO CRIME: ...............................................................................................................................1019. TERRITORIALIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE.....................................................................10110. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO..............................................................................................10211. DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ:..............................................................................10212. CRIME MILITAR EM RELAÇÃO À POLÍCIA MILITAR..................................................................10314. CRIME MILITAR PRATICADO POR CIVIL.......................................................................................10315. CRIME MILITAR PRATICADO POR MILITAR FEDERAL CONTRA MILITAR ESTADUAL.....10316. CRIMES MILITARES............................................................................................................................1041. Princípios do Direito Processual Penal:.....................................................................................................1102. Inquérito Policial........................................................................................................................................1113. Ação Penal.................................................................................................................................................1124. Provas.........................................................................................................................................................112

4.1. Exame de Corpo de Delito..................................................................................................................1135. Prisão.........................................................................................................................................................113

5.1. Prisão em Flagrante Delito.................................................................................................................1135.2. Prisão preventiva.................................................................................................................................1145.3. Da prisão temporária...........................................................................................................................1155.4. Da prisão processual...........................................................................................................................116

1. O processo..................................................................................................................................................1172. Ação penal.............................................................................................................................................117

3. Inquérito Policial Militar...........................................................................................................................118

___________________________________ 5

INTRODUÇÃO

Antes de darmos qualquer passo na presente disciplina, é conveniente que entendamos, antes de tudo, o

significado de Direito.

Tal palavra pode ser entendida de diversas formas, senão vejamos:

1) José comprou um ingresso para uma partida de partida de futebol. Portanto, ele tem direito a entrar no

estádio e a assistir.

2) Maria mora na casa azul do lado direito da rua.

3) Antônio, por ser idoso, tem o direito de andar gratuitamente de ônibus.

4) João é formado em Direito.

5) Eliza tem uma vida muito direita.

Nos itens 1 e 3, a palavra direito é vista como uma garantia, ou seja, as pessoas ali mencionadas, por alguma

razão qualquer, possuem vantagens que devem ser respeitadas, seja pela aquisição de um passaporte (1) ou por

atender a um requisito legal (3).

No item 2 vemos a mesma palavra, porém com uma conotação diferente, relacionando-se ali com uma

posição geográfica.

Já no item 4, eis que surge a palavra Direito como ciência, ou seja, como instrumento de estudo das relações

jurídicas.

E, por último, temos a expressão “direito” se referindo a algo que é correto (item 5).

Interessa ao nosso estudo apenas o conceito do item nº 4, ou seja, do Direito como ciência, tal como a

matemática, a física, a geologia, a medicina, etc.

Mas o que vem a ser então o Direito como ciência?

Para que possamos dar uma definição, é preciso estudarmos um pouco de história.

Na evolução do ser humano, o mesmo passou por diversas etapas: da fase de coleta e caça, para a idade do

bronze, do ferro, etc., até chegar nas mais remotas civilizações e evoluir até o estágio atual em que nos encontramos.

Acontece que, para que tivesse ocorrido toda essa evolução, fui preciso que o homem tivesse descoberto algo muito

importante: a vida em coletividade é bem mais segura que a vida solitária.

Vivendo juntamente com seus semelhantes, o homem passou a ter uma vida mais fácil: enquanto uns

dormiam, outros vigiavam o grupo; havia aqueles que caçavam, enquanto outros coletavam raízes, frutos, etc. Porém,

diante daquela vida mesmo que primitiva, houve a necessidade de haver liderança, normalmente esta realizada pelos

guerreiros mais fortes ou curandeiros/sacerdotes.

Mas, mesmo na existência de uma liderança no grupo, foi preciso algo mais para reger e organizar as

pessoas, evitando conflitos e desordens. Eis que começaram a surgiu códigos de regras, sendo os mais famosos da

Antiguidade os “Código de Hamurabi” (da antiga Babilônia) e o “Código de Manu” (Índia), os quais continham regras

que deveriam ser obedecidas por todos, as quais estabeleciam quem era o poder dominante, penas para o

descumprimento de tais regras, bem como normas sobre o casamento, comércio, etc.

Começou, então, a surgir o Direito, que nada mais é do que a ciência que disciplina o Estado e a conduta da

sociedade, através de regras obrigatórias, criadas estas pelo Poder Público. A palavra Direito encontra sua origem

nos vocábulos latinos directu (particípio de dirigere: guiar, conduzir, dirigir) e rectus (reto, correto).

___________________________________ 6

A história do Direito, tal como se depreende, é a história da própria vida do homem. Apesar de não

percebermos isso, o nosso dia a dia e a nossa vida se encontram imersos no Direito. Existe uma relação muito forte

entre a sociedade e o Direito, pois uma sociedade não pode permanecer íntegra nem subsistir sem o mínimo de

ordem e de regras que estruturem a convivência.

Ubi homo, ibi societas; ubi socieatas, ibi jus = onde está o homem, está a sociedade; onde está a sociedade,

está o direito.

Portanto, o fim maior do Direito se resume em regular as relações humanas a fim de que haja ordem, paz e

prosperidade, obstaculando e impedindo a desordem ou o crime. As leis que no passado eram feitas por uma minoria

(absolutismo), deu lugar a um sistema onde as leis refletem os interesses da maioria (democracia), a partir da

Revolução Francesa, de 1789.

Outrossim, entendamos também que a vida em sociedade seria impossível sem a existência de um certo

número de normas reguladoras do agir do homem, as quais são tidas como obrigatórias, bem como acompanhadas

das respectivas sanções. Mas porquê sanção? Ora, de nada adiantaria a lei dizer, por exemplo, que matar é crime,

se, paralelamente, não impusesse uma sanção aquele que matasse. Por isso é que a lei que proíbe fumar em

recintos fechados é tão descumprida, pois a mesma não prevê punição alguma ao infrator.

Não é por outra razão que a Justiça é representada por uma deusa, chamada de Temis, a qual em uma das

mãos segura uma espada, de que serve para se defender a si própria e à sociedade, e na outra a balança, onde pesa

mais o direito de quem realmente merece. A espada sem a balança é força bruta, e a balança sem espada é

impotência.

E o Direito, por sua vez, dividiu-se em vários ramos específicos, cada um abrangendo uma particularidade da

“disciplina social”, senão vejamos o seguinte gráfico:

Direito Público: Direito Constitucional, Direito Tributário, Direito Administrativo, Direito Financeiro, Direito

Penal, Direito Eleitoral, etc.

Direito Privado: Direito Civil, Direito Comercial, etc.

Na verdade, o Direito se divide em dois grandes ramos, o Direito Público e o Direito Privado.

O Direito Público é o ramo que regula a relação do Estado com a sociedade, havendo uma superioridade do

Poder Coletivo em relação ao privado, ou seja, impera o interesse do Estado, como representante da coletividade,

sobre o particular.

A subordinação que é vista acima não é a de um superior para com um subordinado, mas sim de uma

entidade (o Estado) que representa os interesses da maioria (a sociedade) sobre uma minoria. A ascensão do Estado

sobre o particular decorre de que deve prevalecer, em uma democracia, o interesse da maioria, sendo esta

representada por um único ente, o Poder Público, que se divide em Poder Executivo, Poder Judicial e Poder

Legislativo. Um exemplo ilustrativo seria um criminoso sendo condenado por um crime. O juiz, que age ali como um

agente do Estado, e, por sua vez, representado a sociedade (a maioria), quando emite uma sentença, tal documento

é uma ordem da própria sociedade para que aquele malfeitor seja afastado da mesma e, num estabelecimento

prisional, permaneça por um determinado tempo como reprimenda e forma de se ressocializar.

___________________________________ 7

Estado

Subordinação

Já o Direito Privado reúne normas que regulam a relação entre os indivíduos, não havendo relação de

superioridade, mas sim de coordenação. É o caso de um cidadão que celebra um contrato de compra e venda com

outro. Nesta situação as regras que irão imperar serão as do Direito Civil, que estabelece, entre outras coisas, que,

uma vez uma das partes descumprindo o contrato, a outra poderá romper o acordo, ou então cobrar com multa. Ex.:

juros do cartão de crédito. Ou seja, não há subordinação, mas sim as partes estão no mesmo patamar, podendo uma

cobrar da outra apenas em caso de inadimplência, o que não impede do caso ser levado à Justiça.

DIREITO CONSTITUCIONAL

A Constituição é a norma maior de uma nação. É a lei que rege todas as relações entre as pessoas – físicas

e jurídicas - em um determinado país, bem como a própria organização do Estado e a relação deste com o exterior. É

ela quem define a forma e o regime de governo, os direitos e garantias individuais e coletivas, a composição do e os

limites dos poderes estatais, etc.

As demais leis nacionais não podem, de maneira alguma, contrapor os termos previstos na constituição, a

qual é chamada também de “Carta Magna”, “Carta Excelsa”, “Lei-Mãe” ou “Lex Mater”.

Uma das mais antigas constituições é a da Inglaterra, com mais de 800 anos, a qual é uma junção dos

principais costumes daquele país, ou seja, o Poder Legislativo inglês “revela”, no seio da sociedade, quais os

costumes que deverão ser incluídos na constituição ao longo do tempo, e, com isso, ter força de lei. Ao contrário, no

Brasil, a constituição tem origem não na revelação, mas sim na “criação” pelo Poder Constituinte, e, por isso, não é

tão sólida como a inglesa, necessitando sempre de emendas. Ou seja, varia de acordo com a cultura de cada

sociedade.

O que vai interessar no nosso estudo é justamente o entendimento de que a constituição é a norma maior de

um país, devendo ser respeitada por todos, bem como está a mesma no ápice da hierarquia das leis.

E é importante ainda que tenhamos noção de um dos mais importantes artigos do texto da Constituição do

Brasil, que é o artigo 5º, que trata dos Direitos e Garantias Individuais e Coletivos. Vejamos sua transcrição:

1. Dos Direitos e Garantias Fundamentais.

1.1. Conceito.

CF. Art. 5º. ...

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes

do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repú-

blica Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,

em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos res-

___________________________________ 8

CoordenaçãoParticular Particular

Particular

pectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 45, de 2004)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha

manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ...

A democracia, como é definida de modo mais freqüente, é o governo do povo e pelo povo. É ele quem

escolhe seus representantes que, agindo como mandatários, decidem os destinos da nação. Este poder, no entanto,

não é absoluto, conhecendo várias limitações. Dentre estas limitações estão os direitos e garantias fundamentais

(individuais e coletivos), tanto do cidadão uns diante dos outros, como diante do próprio Estado.

A atual Constituição da República (CR) de 1988 trouxe em seu texto, no Título II os direitos e garantias

fundamentais. Historicamente estes direitos tiveram origem nas declarações de direitos surgidas de movimentos

sociais contra o autoritarismo e arbítrio, em busca de ideais democráticos. A inspiração dos direitos fundamentais

está na idéia de direito natural, em doutrinas filosóficas, no pensamento cristão e no Iluminismo, bem como nos ideais

socialistas.

Os direitos fundamentais são considerados indispensáveis à pessoa humana, necessários para assegurar a

todos uma existência digna, livre e igual. O Estado deve reconhecê-los e viabilizá-los no dia a dia dos cidadãos.

A doutrina atual diferencia direitos de garantias. Vejamos:

Direitos – são normas declaratórias. São bens declarados pela norma jurídica, imprescritíveis, inalienáveis, es-

senciais à vida em sociedade, ao respeito à dignidade. São os enunciados que imprimem existência legal aos di-

reitos reconhecidos.

Garantias - são normas assecuratórias. São deveres do Estado em face dos cidadãos e dos cidadãos em rela-

ção uns aos outros. São normas negativas, isto é, proibições, vedações dirigidas ao Estado e aos cidadãos. Es-

tas normas limitam o poder estatal, instituindo as garantias. Quando se viola um direito, logo vem uma garantia

para assegurar a reparação desse direito.

Além disso, didaticamente costuma-se dividir os direitos na seguintes classificações:

• Direito individual – é aquele que afeta o indivíduo em particular;

• Direito Coletivo – é aquele que ampara um grupo determinado de pessoas que estão ligadas por algum vínculo

jurídico;

• Direito Difuso – é aquele que diz respeito a grupo indeterminado ou indeterminável de pessoas que busquem a

satisfação de um direito que a todas pertencem.

Os direitos individuais e coletivos básicos estabelecidos especificamente no Art. 5º da Constituição da

República são o direito à Vida, Propriedade, Liberdade, Igualdade e Segurança.

Estes são os direitos individuais básicos, todos os demais setenta e sete incisos que compõem o Art. 5. da

CR (direitos e deveres individuais e coletivos) são variações destes cinco direitos. Outro dado relevante nesta

questão é que os direitos diferem dos deveres. Os direitos são bens conferidos tanto às pessoas físicas quanto

jurídicas. Os deveres são normas de inegável caráter limitativo que buscam circunstanciar o exercício dos direitos.

Nenhum direito é absoluto, todo direito tem um dever igual e contrário em intensidade e força. Nem o direito à vida é

absoluto, pois a Constituição admite a pena de morte, nos casos de guerra declarada (5. , LX).

Diríamos, em suma, que o Art. 5. é uma proteção do cidadão em face do Estado, e não o contrário.

Eventuais proteções do Estado em face do cidadão estão contidos em outros dispositivos da Carta Magna.

1.2.Destinatários dos Direitos Fundamentais e Princípio da universalidade.

___________________________________ 9

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,

à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:...

Os destinatários dos direitos e garantias fundamentais são:

a) Brasileiros (natos e naturalizados – vide diferenças a seguir);

b) Estrangeiros residentes no Brasil ou em trânsito por ele;

c) Pessoas físicas/ naturais e pessoas jurídicas/ morais.

Obs.: Como a CF não referendou o que caracteriza “residentes”, estende-se aos estrangeiros ainda que em

trânsito no país.

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde

que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles

esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam

registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República

Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela

nacionalidade brasileira;

II - naturalizados:>

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de

países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil

há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a

nacionalidade brasileira...

1.3. Relativização e Restrições aos Direitos Fundamentais.

Os direitos e garantias fundamentais não podem ser utilizados como verdadeiro escudo protetivo da prática

de atividades ilícitas, nem como argumento para seu destinatário querer se eximir de suas responsabilidades por atos

danosos que venha a cometer.

Os direitos e garantias fundamentais, portanto, não são ilimitados, pois encontram seus limites nos demais

direitos consagrados na Carta Magna. Chama-se a isto Princípio da Relatividade ou Conveniência das

Liberdades Públicas. Deste modo, quando houver conflito entre dois ou mais direitos e garantias fundamentais, o

intérprete deve utilizar-se do Princípio da Concordância Prática ou da Harmonização, de forma a coordenar e

combinar os bens jurídicos em oposição, a fim de buscar o verdadeiro significado da norma, bem como a harmonia

do texto da Constituição em sua finalidade maior. Não sendo possível harmonizar, utiliza-se o Critério de Peso,

prevalecendo no caso concreto o de maior valor. Ex.: liberdade de informação jornalística x intimidade da vida privada

(Art. 220, § 1º CR).

___________________________________ 10

2. Dos Direitos Fundamentais em Espécie.

2.1. Direito à vida.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à li-

berdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:...

...

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

“CF. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Con-

gresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das ses-

sões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a

mobilização nacional;”

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

A Carta Magna garante que todos são iguais perante a lei, sem que possa haver distinção de qualquer

natureza, sendo invioláveis aos brasileiros, estrangeiros residentes no país (e também os de passagem no território

nacional) o direito à VIDA, à Propriedade, à Liberdade, à Igualdade e à Segurança. Assim, o direito à vida apresenta-

se como o mais fundamental de todos os direitos, já que se constitui em pré-requisito à existência e exercício de

todos os demais direitos.

Magalhães Noronha define vida como sendo o estado em que se encontra o ser animado, normais ou

anormais, que sejam suas condições fisiopsíquicas. Já a morte é a cessação da vida, pelo fim das funções vitais do

organismo: respiração, circulação e atividade cerebral. A Constituição não define qual é o momento inicial da vida,

mas o Código Civil assegura desde a concepção os direitos do nascituro (que é o ser já concebido no ventre da mãe).

Há vários sentidos nesta acepção do direito à vida:

a) Direito de nascer

b) Direito de continuar vivo

c) De defender a própria vida

d) Direito de não ter a vida interrompida (quer pela eutanásia ou pela ortotanásia )

e) Direito de ter uma vida digna quanto à subsistência.

A Constituição protege a vida de um modo geral, inclusive a uterina. Tanto é assim que o aborto é

considerado crime, salvo as hipóteses em que a lei admite que seja praticado.

Do Direito à Vida decorre uma série de direitos como o direito à integridade física e moral, a proibição da

pena de morte e da venda de órgãos, punição para o homicídio, para a eutanásia, para o aborto e para a tortura.

A Constituição proíbe expressamente a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada (Art. 5 , XLVII).

Em tempo de guerra há casos em que se aplica a pena de morte, como está previsto no Código Penal Militar.

A vida é um bem jurídico considerado indisponível e dele decorre a proteção à integridade física de todos,

inclusive dos presos. Assim protege-se a vida no seu aspecto material (o corpo) e também em seu aspecto moral (a

mente e a honra). Pelo fato da vida e também a integridade física serem indisponíveis, a Constituição proíbe a

comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa ou tratamento (CR, art.

199, § 4 ) a doação, no entanto, é válida (seja em vida ou post mortem) para fins de transplante e tratamento (lei n

___________________________________ 11

9.434/97 e 10.211/2001). É possível revogar-se a doação a qualquer tempo, salvo se já iniciado o procedimento

médico.

A integridade física do indivíduo também compõe o direito à vida. Por isto a tortura é proibida pela

Constituição. A tortura é a imposição de sofrimento físico ou mental, mediante violência ou grave ameaça, para obter

informações ou confissão, por causa de raça ou religião, bem como visando aplicar castigo pessoal.

Finalmente a Eutanásia e a Ortortanásia são práticas criminosas e atentam contra o direito à vida. A Eutanásia (eu =

bom e thanatos = morte, do grego), significa boa morte ou homicídio piedoso, em que se mata alguém para abreviar

um sofrimento prolongado e doloroso. A Ortotanásia (orthos = justo e thanatos = morte, do grego), significa morte

justa ou passiva, em que o médico deixa de prolongar artificialmente a vida de um doente terminal, desligando os

aparelhos que mantêm a circulação e a respiração.

2.2. Direito à Liberdade.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à li-

berdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Liberdade é a faculdade que uma pessoa possui de fazer ou não fazer alguma coisa. Envolve um direito de

escolha entre duas ou mais alternativas, de acordo com sua própria vontade. Este direito, contudo, não é absoluto, a

pessoa não pode fazer o que bem entender. Para o exercício desse direito é necessário que todos e cada um

respeitem as liberdades individuais dos outros.

Modalidades de Liberdade constantes na Constituição:

Liberdade de Pensamento ( VIDE ÍTEM 2.5): o pensamento pertence ao próprio indivíduo e é questão de foro ín-

timo. O pensamento, em si, é absolutamente livre, mas sua manifestação não pode ser feita de forma descontrola-

da, pois se houver abuso o transgressor poderá ser punido;

Liberdade de Consciência: também é de foro íntimo, interessando apenas ao indivíduo. Por sua natureza é inde-

vassável e absoluto, não estando sujeito ao controle do Estado. Abrange a liberdade de crença (natureza religiosa)

e a liberdade de consciência em sentido estrito (convicções ideológicas e filosóficas);

CF. Art. 5º. ...

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício

dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas

liturgias;

...

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção

filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta

e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;...

Liberdade de Culto: enquanto a liberdade de crença é de foro íntimo, em questões de ordem religiosa, abrangen-

do assim o direito de crer em um Deus ou vários deuses, e até de não acreditar (ateísmo), a liberdade de culto é a

Liberdade de exteriorização da liberdade de crença;

Liberdade de manifestação de Pensamento:

CF. Art. 5º...

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;...

A CR teve a preocupação de assegurar ampla liberdade de manifestação de pensamento, e o fez em

diversos dispositivos constitucionais. Deve esta liberdade ser exercida também de modo responsável, pois em

___________________________________ 12

caso de abuso, a pessoa ofendida tem o chamado direito de resposta, além de indenização moral e material à

pessoa ofendida;

Liberdade de Opinião: é decorrente da liberdade de manifestação de pensamento. Trata-se do direito de emitir juí-

zo de valor sobre os fatos da vida social;

Liberdade Artística e os Veículos de Comunicação Social :

CF. Art. 5º... IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de

comunicação, independentemente de censura ou licença;

É a liberdade de produção da arte em suas diversas formas. Apenas as manifestações artísticas feitas

pelos veículos de comunicação (imprensa, rádio e televisão) ou de forma pública (cinemas, teatros) estão sujeitas

a certos controles por parte do Estado, como estabelecimento de faixas etárias, horários e locais para exibição de

alguns programas ou espetáculos;

Liberdade de Locomoção ( VIDE ÍTEM 2.9): : consiste no direito de ir e vir. Em tempo de paz a locomoção é ir-

restrita no território nacional. A garantia para essa liberdade é a ação de habeas corpus. Apenas em tempo de

guerra pode haver alguma restrição à liberdade de locomoção;

Liberdade de Reunião ( VIDE ÍTEM 2.10): : é o agrupamento de pessoas, organizado, em caráter transitório,

com uma determinada finalidade. Em locais abertos ao público deve-se observar alguns requisitos;

Liberdade de Associação ( VIDE ÍTEM 2.10):: é o agrupamento de pessoas, organizado e permanente, para fins

lícitos. Distingue-se do direito de reunião por ter o caráter de permanência. É o direito de associar-se a outras

pessoas para formar uma entidade nova, para aderir a uma associação já formada, desligar-se da associação de

que já faz parte ou de autodissolução da associação. Veremos este direito novamente mais à frente.

2.3. Princípio da Igualdade. (Art. 5º,I).

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,...

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

O Princípio da Igualdade ou Princípio Da Isonomia é de grande relevância não só para o Direito

Constitucional, mas também para os demais ramos do direito, norteando todas as relações jurídicas. Nossa

Constituição adotou este Princípio prevendo a igualdade de aptidões, uma igualdade de possibilidades virtuais, quer

dizer, todos têm o direito de tratamento idêntico perante a lei. De acordo com Montesquieu a verdadeira igualdade

consiste em tratar de forma desigual os desiguais. Deste modo, confere-se aos menos favorecidos

economicamente um patrimônio jurídico mais amplo.

O que se pretende com o Princípio Da Igualdade é proibir as diferenciações arbitrárias e discriminações

absurdas, pois só assim se atenderá ao conceito maior de justiça. O fundamento do direito de igualdade encontra-se

no princípio de que todos devem ser tratados de forma igual perante a lei.

Deste modo a doutrina distingue dois modos de Igualdade, que são:

a) Igualdade Formal – é aquela que defende a igualdade de todos perante a lei. No entanto, as diferenças sociais e

econômicas não impedem que hajam as desigualdades de fato;

b) Igualdade Material – é a busca da igualdade de fato na vida econômica e social. Este tipo de igualdade é prati-

camente utópico, pois defende um tratamento uniforme de todos os homens perante a vida. Nenhuma nação con-

seguiu estabelecer efetivamente esta igualdade aos seus cidadãos.

Exceções legais ao Princípio da Igualdade (ou hipóteses válidas do tratamento diferenciado)

No que se refere à igualdade entre os sexos, as exceções admitidas em Direito estão na própria Constituição.

Senão vejamos:

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Aposentadoria dos servidores públicos que é diferente para homens e mulheres:

• Aposentadoria integral – homem, 60 anos de idade e 35 de contribuição e mulher 55 anos de idade e 30 de contri-

buição;

• Aposentadoria proporcional - homem 65 anos de idade e mulher 60 anos de idade;

• professores em regência – homem, 30 anos de contribuição e mulher, 25 anos de contribuição (art. 40, § 3 , III).

• Aposentadoria dos servidores da previdência social que também é diferente para homens e mulheres:

• homem, 35 anos de contribuição e mulher 30 anos de contribuição;

• homem, 65 anos de idade e mulher 60 anos de idade;

• homem, 60 anos de idade e mulher 55 anos de idade – trabalhadores rurais, economia familiar, produtor rural, ga-

rimpeiro e o pescador artesanal;

• professores em regência – homem, 30 anos de contribuição e mulher, 25 anos de contribuição (art. 202, § 5 ) .

• Exclusão de mulheres e eclesiásticos do serviço militar obrigatório em tempo de paz ( Art. 143, § 2 ) ;

• Exclusividade de determinados cargos a brasileiros natos;

• Outros casos: preferência para gestantes e idosos em filas e assentos em ônibus, candidatas do sexo

feminino para concurso a carcereiro de penitenciária feminina etc.

• Tratamento Isonômico em concurso público

a) Idade em concurso público: é inconstitucional a proibição de acesso a determinadas carreiras pú-

blicas em função da idade, pois trata-se de discriminação abusiva (art. 7 , XXX). Algumas carreiras,

no entanto, em função da natureza do serviço;

b) Critérios para admissão em emprego: de igual modo é proibida a exigência de atestados de gravi-

dez e esterilização, e outras práticas discriminatórias para efeito de admissão ou permanência em

trabalho ( a Lei nº 9.029/95 proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização para efeitos

admissionais). Também pelo art. 7º, XXX, é proibida a discriminação de admissão e diferença de sa-

lários por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

2.4. Princípio da Legalidade e da anterioridade Penal. (Art. 5º, II e XXXIX).

CF. Art. 5º. ...

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei...

Legalidade

O Princípio da Legalidade é o alicerce do Estado de Direito. Este princípio visa combater o poder arbitrário do

Estado em face do cidadão. De um certo modo é uma variação do direito à liberdade. Desta forma, somente as leis

podem limitar a nossa liberdade. Há outros que acham ser uma variação do direito à segurança, pois o Estado só

pode exigir uma conduta baseado em lei anteriormente definida. Uma terceira corrente, entende que o Princípio da

Legalidade se aproxima mais de uma garantia do que de um direito, pois visa proteger o cidadão das arbitrariedades

que o Estado contra ele possa cometer.

Assim, ocorre Abuso De Poder quando o Estado (a Administração Pública) não respeita o Princípio Da

Legalidade e age com interesse próprio, com comportamento reprovável, atingindo o cidadão. O Abuso de Poder

pode assumir duas formas:

• Excesso de Poder – o agente público é competente para praticar o ato, mas vai além do que a lei autoriza, exa-

gerando e exorbitando no exercício regular de suas funções. Ex.: uma prisão ilegal ou o cometimento de violência

contra um elemento já preso e dominado;

• Desvio de Finalidade – ou desvio de poder, é quando o agente dando a impressão que está cumprindo a lei,

mascara a sua atuação, para obter vantagem ou proveito para si ou para outrem. Ex.: simular uma dispensa de li-

citação para usar a verba amealhada em uma confraternização na repartição.

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Estes casos de abuso de poder estão tratados na Lei n 4.898/65 e podem levar o agente que cometeu a

transgressão a uma tríplice responsabilidade: civil, criminal e administrativa (há também a responsabilidade política,

que seria uma quarta). Uma das conseqüências imediatas desta regra do PRINCÍPIO DA LEGALIDADE é de que o

administrador público só pode fazer o que a lei autoriza, enquanto o particular pode fazer tudo o que a lei não

proíbe.

Deste princípio decorrem diversos outros a saber:

Anterioridade da Lei Penal

CF. Art. 5º...

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação

legal;...

O Princípio da Anterioridade da lei Penal informa que tanto a previsão do crime, como a pena a ser aplicada

devem ser anteriores ao fato típico. Em outras palavras, para que alguma conduta possa ser considerada crime ela

tem que estar proibida antes, com a definição clara de qual é o comportamento proibido, bem como qual será a

punição aplicada em caso de alguém violar a lei e realizar tal comportamento.

Retroatividade da lei penal mais benéfica

CF. Art. 5º...

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;...

Exceção do princípio anterior, permisiona uma exceção a este quando tratar-se de lei penal mais benéfica,

hipótese em que a lei poderá retroagir para beneficiar o réu.

2.5. Liberdade da Manifestação do Pensamento. (Art.5º, IV).

CF Art. 5º. ...

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;...

É uma variação evidente do direito à liberdade e preconiza a possibilidade que qualquer indivíduo tem de

expressar seu pensamento, de qualquer forma e por qualquer meio, desde que se identifique. Esta proibição do

anonimato surge para assegurar eventual indenização pelo abuso do direito de manifestação de pensamento.

É livre ao indivíduo expressar seu pensamento, desde que o faça de modo responsável, pois se houver abuso,

poderá ser concedido ao prejudicado o direito de resposta, além de indenização moral e material. Se este direito é

uma conquista do cidadão, proíbe-se o anonimato para que ninguém fuja da responsabilidade em caso de abusar do

direito. No caso de imprensa, responderá o autor da notícia. Em caso de matéria sem indicação do autor,

responderão os responsáveis pelo periódico ou jornal (Lei n 5.250/67). No caso do direito de resposta, este será

proporcional ao agravo, além de indenização material, moral ou à imagem. O direito de resposta é exercício de

defesa por pessoa que foi ofendida pela imprensa por publicação de notícia inverídica ou errônea.

2.6. Inviolabilidade da Intimidade, Vida Privada, Honra e Imagem (Art. 5º, X).

CF Art. 5º. ...

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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, as-

segurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Em razão dos avanços tecnológicos, com a possibilidade crescente de intromissão na vida íntima das

pessoas, é indispensável assegurar-se o respeito à privacidade de cada cidadão. Neste artigo o constituinte procurou

proteger a privacidade dos destinatários da CR. até mesmo a chamada liberdade de imprensa não pode violar este

artigo. Tanto é assim que não se pode converter em instrumento de diversão ou entretenimento assuntos de natureza

íntima como falecimentos, padecimentos ou desgraças alheias que não demonstrem finalidades meramente

jornalísticas ou de interesse público. Portanto, a divulgação de fotos, imagens ou notícias que acarretem dano à

dignidade humana autoriza a ocorrência de indenização por danos morais e materiais, além de direito de resposta.

Vejamos alguns conceitos:

a) Intimidade – qualidade do que é íntimo. O que é interior de cada ser humano. É o direito de estar só e não ser

perturbado em sua vida particular. A vida privada é o relacionamento de uma pessoa com os seus familiares e

amigos, a que se vive em recesso do lar, ou em locais fechados. É o direito de levar sua vida pessoal sem intro-

missão de terceiros, como agentes do Estado, vizinhos, jornalistas, curiosos etc.

b) Honra – é um atributo pessoal. Compreende a auto-estima e a reputação de uma pessoa, ou seja, a avaliação

que ela faz de si mesma (honra subjetiva), bem como a de que goza no meio social (honra objetiva). O Código

Penal protege a honra, estabelecendo os crimes de calúnia, difamação ou injúria.

c) Imagem – este direito tem dupla acepção. Uma possui o sentido de retrato físico (imagem-retrato) que é a ima-

gem gráfica. A pessoa tem o direito de não ter sua imagem reproduzida em televisão, cartaz, cinema ,a não ser

com sua autorização. As pessoas de vida pública, como políticos, não podem reclamar da reprodução de suas

imagens, quando no exercício de suas atividades. A outra possui o sentido de retrato social (imagem- atributo),

que é a forma pela qual a pessoa é vista no meio social em que vive. Uma imagem de bom profissional, pessoa

de boa índole, leal e honesta, é construída ao longo dos anos, não podendo ser atingida por uma notícia difama-

tória veiculada de forma precipitada. A pessoa jurídica também pode sofrer dano moral à sua imagem, conforme

decisão do Supremo Tribunal Federal.

2.7. Inviolabilidade do Lar, (Art. 5º, XI).

CF Art. 5º. ...

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consenti-

mento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,

ou, durante o dia, por determinação judicial;...

É a chamada inviolabilidade de domicílio. Aqui a Constituição impõe limites à atuação do Estado, garantindo

aos indivíduos um espaço físico e espiritual para que exerçam plenamente sua capacidade de autodeterminação. A

palavra casa em Direito Constitucional é muito mais amplo do que no direito privado ou o senso comum. Considera-

se, pois, domicílio todo local, delimitado e separado, que alguém ocupa com exclusividade, a qualquer título, inclusive

profissionalmente.

Vejamos alguns conceitos essenciais:

• Casa – é o lugar onde uma pessoa viva ou trabalhe (neste caso, não aberto ao público), reservado a sua intimi-

dade e a sua vida privada. De acordo com a nossa legislação infraconstitucional (Código Penal), o termo compre-

ende qualquer compartimento habitado, aposento ocupado de habitação coletiva e compartimento não aberto ao

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público onde alguém exerça sua profissão ou atividade (Art. 150, § 4 CP). Portanto, é o compartimento onde al-

guém viva ou trabalhe, incluindo o barraco da favela, o quarto de pensão e o armazém não aberto ao público

onde alguém exerça sua profissão.

• O Código Penal (Art. 150, § 5 ) diz o que NÃO É CASA:

a) Hospedaria, estalagem ou qualquer habitação coletiva, enquanto aberta ao público (se estiver ocupado é consi-

derado casa);

b) Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

• Flagrante delito – os casos de Flagrante Delito estão previstos no Código de Processo Penal. Considera-se em

Flagrante Delito quem:

a)Está cometendo uma infração penal;

b)Acaba de cometê-la;

c)É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação em que faça presumir

ser o autor da infração;

d) É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da in-

fração.

• Mandado Judicial – é a autorização emitida por juiz competente que possibilita o ingresso da polícia na casa de

alguém. Mas mesmo com autorização judicial a polícia só poderá entrar na casa de alguém à noite com consenti-

mento do morador. Durante o dia, com a exibição do mandado judicial, a busca pode ser efetuada mesmo com a

discordância do morador, arrombando-se a porta, se houver resistência. Desse modo, se uma pessoa procurada

pela polícia estiver escondida em uma casa, a polícia não poderá efetuar a prisão no período noturno, devendo

aguardar o amanhecer para ingressar em tal casa.

• Dia e Noite – temos duas posições para fixar o que é dia e o que é noite. Na primeira posição, diz-se que o dia

estende-se das 6 às 18 horas. Na segunda entende-se que o dia é o intervalo de tempo que vai da aurora (ama-

nhecer, alvorada) ao crepúsculo (arrebol, ocaso).

Verificamos então que a casa é o asilo inviolável do indivíduo, mas isto não significa que possa ser

transformado em garantia de impunidade de crimes. Tanto é assim que mesmo sem o consentimento do morador, a

entrada é permitida conforme as hipóteses da Constituição, que são:

Durante o dia:

1. Flagrante delito;

2. Em caso de desastres, como incêndio, inundação etc.;

3. Para prestar socorro a alguém;

4. Por determinação judicial.

Durante a noite: todas as hipóteses do dia, EXCETO para cumprir ordem judicial. Quer dizer, como já anterior-

mente citado, durante a noite não se pode cumprir ordem judicial. A polícia deve aguardar o evento dia para atuar no

cumprimento da ordem da justiça. Aí se o morador se recusar, o executor da ordem, após convocar testemunhas, ar-

rombará a entrada e cumprirá o mandado.

A qualquer hora, do dia ou da noite, pode-se entrar na casa desde que se tenha o consentimento do seu morador.

2.8. Sigilo de Correspondência e de Comunicação. (Art. 5º, XII).

___________________________________ 17

CF Art. 5º. ...

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e

das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na

forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual

penal;...

O indivíduo precisa ter segurança de que suas comunicações pessoais, tanto as feitas por cartas, como as

realizadas por telegramas ou telefonemas, não serão interceptadas por outras pessoas. Esta inviolabilidade na

correspondência protege a liberdade de manifestação de pensamento e do segredo como expressão do direito à

intimidade das pessoas. Também estão protegidos por este artigo os dados bancário e fiscal do cidadão.

Assim a privacidade deve proteger o homem contra:

Interferência em sua vida privada, familiar e doméstica;

Ingerência em sua integridade física ou mental, ou em sua liberdade intelectual e moral;

Ataques à sua honra e reputação;

Comunicação de fatos relevantes e embaraçosos relativos à sua intimidade;

Uso de seu nome, identidade e retrato;

Espionagem e espreita;

Intervenção na correspondência;

Transmissão de informes dados ou recebidos em razão de segredo profissional.

Vejamos os casos de intromissão na privacidade no que tange à correspondência, comunicação telegráfica e

dados:

Inviolabilidade da Correspondência e Comunicação Telegráfica: violar a correspondência e a comunicação tele-

gráfica e de dados é crime previsto no Código Penal e na lei 6.538/78. Nesta garantia não se estabelece qualquer

restrição. Entretanto, nenhuma garantia constitucional é absoluta. Portanto, aparece uma exceção para a violação da

correspondência sem que se cometa crime, que é na vigência do Estado de Defesa ou de Sítio (Art. 136,I,b e 139,III

CR).

Inviolabilidade de dados: aqui quer a Carta Magna se referir ao sigilo de dados bancário e fiscal, que não podem

ser violados, exceto se feitos com autorização judicial, ou por determinação de Comissão Parlamentar de Inquérito

(CPI) ou por requisição do Ministério Público. Em todos os casos deve-se manter sigilo em relação às pessoas es-

tranhas ao processo;

Inviolabilidade das Comunicações Telefônicas: é direito do indivíduo não ter sua comunicação telefônica inter-

ceptada, exceto para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A interceptação telefônica de-

pende de autorização judicial e somente pode ser permitida para apuração de crimes, mas não de qualquer tipo, pois

é proibida quando a prova puder ser colhida por outro meio ou quando o fato investigado for punido, no máximo, com

pena de detenção.

• Possibilidade de Interceptação telefônica: interceptação telefônica é a captação e gravação de conversa te-

lefônica, no mesmo momento em que ela se realiza, por terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer dos in-

terlocutores. A Constituição abriu exceção para que se possa efetuar a interceptação telefônica, desde que pre-

sentes 3 (três) requisitos:

• Ordem judicial

• Para fins de investigação criminal ou instrução processual penal

• Nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer.

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A lei que regulamenta este tema é a lei n 9.296/96. Esta lei autoriza a interceptação telefônica:

α)Quando houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

β)Quando a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis;

χ)Quando o fato investigado constituir infração penal punida com pena de reclusão (ou seja quando o crime for puní-

vel com detenção ou multa não há autorização legal para a autorização).

Gravação clandestina – diferente da interceptação telefônica é a gravação clandestina, tanto de captação de som,

como de imagem. Na primeira nenhum dos interlocutores tem conhecimento da invasão de privacidade, na segun-

da um deles tem pleno conhecimento de que a gravação se realiza. Neste caso enquanto na interceptação telefôni-

ca está em evidência o direito do inciso XII do art. 5 da CR, no da gravação clandestina está em questão o direito

do inciso X do mesmo artigo. As gravações clandestinas (ilícitas) se caracterizam pelo fato do desconhecimento

por parte do indivíduo, interlocutores ou grupos de pessoas que sua voz ou imagem estejam sendo captadas e re-

gistradas para serem depois reproduzidas. Inclui-se na espécie fotos, imagens, slides etc.. Assim não se pode utili-

zar este tipo de prova pelo Estado em juízo, pois este procedimento envolve quebra de privacidade, sendo, assim,

nula a eficácia jurídica desta prova. Nada obstante, Alexandre de Moraes registra que excepcionalmente se admite

a possibilidade de gravação clandestina com autorização judicial, mesmo ausente lei específica que regulamente o

assunto (in Direito Constitucional, p. 83, 8a ed.).

• A título de informação – há um comentário interessante de Rodrigo César R. Pinho (in Teoria Geral da Consti-

tuição e Direitos Fundamentais, p. 109, 3a ed.) na qual ele afirma que há decisão jurisprudencial em que não

constitui gravação clandestina a que é feita por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro. Usa para

isto o caso de alguém que vem sendo ameaçado de morte pelo telefone e resolve gravar a conversa. Observe

que o juiz neste caso não poderia autorizar a gravação, pois o crime de Ameaça é punido com detenção, e a lei

exige que para ser dada autorização judicial, é necessário que o crime a ser investigado seja punido com reclu-

são. Neste caso o STF já decidiu como prova válida a obtida por gravação telefônica de forma consentida por

um dos interlocutores, feita por ele mesmo ou por terceiro, mesmo sem autorização judicial. O mesmo Alexandre

de Moraes (in Direito Constitucional, p. 120, 8a ed.) salienta que a doutrina passou a atenuar a vedação das pro-

vas ilícitas , visando corrigir distorções que poderiam levar a algum caso de excepcional gravidade. Tal atenua-

ção prevê, com base no Princípio da Proporcionalidade hipóteses em que as provas ilícitas em caráter excep-

cional e em casos extremamente graves poderão ser utilizados, pois nenhuma liberdade pública é absoluta. Há

casos mais extremos em que se percebe que o direito tutelado é mais importante que o direito à intimidade, se-

gredo e liberdade de comunicação, por exemplo. Alerte-se, entretanto, que tais provas só serão admitidas por

exceção, pois a regra é a de que as provas obtidas por meios ilícitos sejam recusadas.

2.9. Liberdade de Locomoção. (Art. 5º, XV).

CF Art. 5º. ...

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,

nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;...

Aqui está consagrado o direito de ir e vir, um dos mais imediatos e inalienáveis do ser humano. Este direito

abrange o ir, vir, permanecer, ficar ou sair. É o chamado direito à livre locomoção. Entretanto, este direito está

submetido a uma reserva legal (uma lei infraconstitucional que o regule), pois há regras tanto para brasileiros como

para estrangeiros no aspecto de querer circular no país (passaporte, pagamento de taxas ou tributos etc.). Em tempo

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de paz a lei vai regular para brasileiros e estrangeiros a entrada e saída do território nacional. Em tempo de guerra

não só a entrada e saída, como também a circulação dentro do território nacional.

Qualquer cerceamento da liberdade de locomoção, com ilegalidade ou abuso de poder, será coibido com a

impetração de habeas corpus.

CF. Art. 5º. ...

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada

de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro-

priamente militar, definidos em lei;

2.10. Direito de Reunião e de Associação. (Art. 5º, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI).

CF Art. 5º. ...

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, inde-

pendentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convo-

cada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de auto-

rização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades

suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para

representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;...

Direito de Reunião

Alexandre de Moraes ensina que o direito de reunião presume os seguintes elementos:

Pluralidade de participantes – é considerada forma de ação coletiva;

Tempo – tem duração limitada, em razão de seu caráter temporário e episódico;

Finalidade – finalidade lícita, pacífica e sem armas. Mesmo se alguma pessoa estiver armada, não será considera-

da ilícita. Neste caso a polícia desarma aquela pessoa e age conforme a lei, prosseguindo a reunião normalmente,

com os participantes que não estejam armados.

Lugar – deve ser realizada em local delimitado, uma área certa. Passeatas, comícios e desfiles estão englobados

no direito de reunião, sujeitando-se aos requisitos constitucionais, da mesma forma que os cortejos e banquetes com

finalidade política.

Desnecessidade de autorização da autoridade pública – não há necessidade de autorização para o exercício do

direito de reunião. Naturalmente que a comunicação prévia à autoridade é feita para que se tomem providências

como regularização do trânsito, garantia de segurança e principalmente não frustrar outra reunião anteriormente mar-

cada.

Garantia do direito de reunião – o direito de reunião é tutelado pelo mandado de segurança e não pelo habeas

corpus, pois aqui o direito atingido é o de reunião (líquido e certo). O direito de locomoção é apenas o meio utilizado

para se atingir o direito maior que é o direito de reunião.

Direito de Associação

Como o direito de reunião este direito só poderá ser exercido de forma coletiva. Vejamos os elementos do

direito de associação:

___________________________________ 20

• Fins lícitos – o fim da associação deve estar sob o manto da lei, tanto de ordem penal como da ordem jurídica

de um modo geral;

• Caráter paramilitar – seria o treinamento de seus membros para finalidades bélicas. Deste modo para se deter-

minar o caráter paramilitar é necessário que sejam observados também o uso de uniformes, a nomenclatura de

seus postos, a organização hierarquizada e o princípio da obediência.

• Interferência estatal – se o Estado interferir arbitrariamente no exercício deste direito pode ser responsabilizado,

pois age com abuso de autoridade (natureza penal), cometendo crime de responsabilidade (infração de natureza

político-administrativa) ou possibilitando aos prejudicados a indenização por danos morais e materiais.

• Dissolução das associações – para que haja dissolução ou suspensão compulsória das atividades das associa-

ções é necessário que seja através de uma decisão judicial. Para a dissolução é preciso que transite em julgado

a referida decisão. Qualquer ato normativo diferente de decisão judicial (editada pelo poder Executivo ou Legisla-

tivo) é inconstitucional. Também para que o poder Judiciário possa dissolver a associação é preciso que sua ativi-

dade seja ilícita.

• Representação dos associados – as associações quando devidamente autorizadas podem representar seus

membros judicial ou extrajudicialmente, sendo desnecessária a expressa e específica autorização de cada um

dos seus integrantes, pois ela pode assumir a condição de defesa dos interesses coletivos de seus associados,

bastando existir na norma de criação da entidade ou em seus atos constitutivos de pessoa jurídica, esta autoriza-

ção.

2.11. Direito de Propriedade. (Art. 5º, XXII, XXIII).

CF Art. 5º. ...

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade

pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalva-

dos os casos previstos nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de proprie-

dade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famí-

lia, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade

produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;...

O direito de propriedade que nos interessa é aquele que se refere à propriedade como função social. A

legislação civil afirma que o direito de propriedade consiste no direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de

reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua. Já em direito constitucional, a propriedade é mais

amplo, abrangendo qualquer direito de conteúdo patrimonial, econômico, tudo que possa ser convertido em dinheiro,

alcançando créditos e direitos pessoais. Por isto, quando há uma desapropriação, a pessoa deve ser indenizada.

Agora não há mais um direito absoluto de alguém poder utilizar a coisa e desfrutá-la da forma que melhor

entender. A utilização e o desfrute de um bem devem atender a uma conveniência social. O direito do dono deve

ajustar-se aos interesses da sociedade. Deste modo prevalece o interesse social sobre o interesse individual.

Exemplo é a desapropriação para fins de reforma agrária de propriedade rural improdutiva, com o pagamento de

indenização (CR, art. 184).

GARANTIAS AO DIREITO DE PROPRIEDADE

a)Garantia de conservação – ninguém pode ser privado de seus bens fora dos casos elencados na CR;

b)Garantia de compensação – se for privado de seus bens, receberá a devida indenização.

___________________________________ 21

DESAPROPRIAÇÃO

É quando o Estado toma para si ou transfere para terceiros bens de particulares, mediante o pagamento de

prévia e justa indenização. Ela só pode ser feita nas hipóteses da CR.

Hipóteses de Desapropriação

1. Por necessidade pública ( Há um risco iminente ao qual o Estado precisa intervir);

2. Por utilidade pública ( É conveninte para o estado e/ ou sociedade);

3. Por interesse social ( visa diminuir as diferenças sociais).

Bens que podem ou não ser desapropriados:

Móveis ou imóveis; públicos ou privados; corpóreos ou incorpóreos;

• A União pode desapropriar bens dos Estados e Municípios; o Estado pode desapropriar bens dos Municípios;

• Não podem ser desapropriados: os bens de caráter personalíssimo e a moeda do País, porque constitui o próprio

meio de pagamento.

Indenização

É a retribuição pela desapropriação. Difere de confisco porque neste a transferência de propriedade se dá

sem qualquer reposição. Na CR o confisco das propriedades utilizadas no plantio de plantas psicotrópicas. A

indenização deve ser justa, prévia e em dinheiro.

• Justa – calculada de acordo com o valor de mercado do bem no instante da transferência, acrescidos de dano

emergente e lucro cessante, bem como juros de mora, despesas judiciais, honorários advocatícios e correção

monetária;

• Prévia – o pagamento deve ser antes de transmissão da propriedade para o Estado;

• Em dinheiro – em moeda corrente e não em títulos ara pagamento futuro e liquidez incerta. Há duas exceções:

desapropriação para reforma urbana, cujo pagamento pode ser feita pelo município em títulos da dívida pública

(resgate em até 10 anos); desapropriação para reforma agrária, cujo pagamento é feito em títulos da dívida agrá-

ria (resgate em até 20 anos).

Desistência da Desapropriação

O Poder Público pode existir da desapropriação em qualquer momento antes do bem em questão ser

incorporado ao seu patrimônio. Neste caso, revoga-se o ato e devolve-se a coisa ao proprietário.

Requisição

É uma espécie de desapropriação. Conforme prevê a CR (Art. 5 , XXV) em caso de iminente a autoridade

pública poderá usar qualquer propriedade particular, para pagar posteriormente, se houver dano a tal patrimônio.

Trata-se de flagrante exceção ao pagamento prévio e o Estado só fará uso dessa Requisição em mementos de

calamidade pública já ocorrida ou na iminência de acontecer. Neste caso há bens mais importantes em jogo do que o

direito de propriedade, que é o direito à vida ou à saúde das pessoas.

2.12. Vedação ao Racismo. (Art. 5º, XLII).

CF Art. 5º. ...

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da

tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como

crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo

evitá-los, se omitirem;...

A prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da

lei.

De acordo com o dicionário técnico-jurídico de Deocleciano Torrieri, racismo é a doutrina que prega a

superioridade de uma raça sobre as outras. Como observamos a prática de racismo no Brasil é crime inafiançável e

imprescritível, sujeito à pena de reclusão. Em suas relações internacionais, o Brasil repudia o terrorismo e o racismo

___________________________________ 22

(art. 4º, VIII). A norma que trata do crime de racismo é a Lei nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de

preconceito de raça ou de cor. Antes de considerarmos os aspectos mais importantes dessa lei, vejamos:

a) inafiançável – que não admite fiança, que não pode ser objeto de fiança. A fiança é uma caução real que o

acusado ou alguém por ele presta, perante a a autoridade policial ou judiciária, para defender-se em liberdade, nos

casos e nas formas que a lei dispõe. Não se concede fiança: 1) para os crimes punidos com reclusão superior a dois

anos; 2) nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade, se o réu já tiver sido condenado por sentença

definitiva; 3) nos crimes punidos com reclusão que causem clamor público ou tenham sido cometidos com violência

ou grave ameaça; 4) fica prejudicada a concessão da fiança em qualquer caso se houver no processo prova de que o

réu é vadio.

b) imprescritível - não está sujeito à prescrição. A prescrição é uma das formas de extinção da punibilidade,

ou seja, é a extinção da responsabilidade criminal do acusado por ter findado o prazo legal da punição a que fora

sentenciado, ou por inação do titular da ação penal que não a exercitou no prazo legal. O crime de racismo é

insuscetível de prescrição.

A Lei nº 7.716/89 traz em seu art. 1º que o racismo compreende o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou

procedência nacional.

2.13. Garantia à Integridade Física e Moral do Preso. (Art. 5º, XLIX).

CF Art. 5º. ...

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;...

O preso conserva todos os direitos fundamentas, salvo os que são incompatíveis com a condição de preso,

tais como: liberdade de locomoção, liberdade de exercício profissional, inviolabilidade domiciliar de sua cela, exercício

de direitos políticos. Mantém os direitos à: integridade física e moral, liberdade religiosa, direito de propriedade, vida,

dignidade humana, dentre outros.

2.14. Vedação às Provas Ilícitas. (Art. 5º, LVI),

CF Art. 5º. ...

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;...

As provas ilícitas são as colhidas com desrespeito às normas de direito material (ex.: obter confissão

mediante tortura). A prova ilícita é inidônea e imprestável ao processo.

As provas ilícitas, bem como as demais delas derivadas, em razão da “teoria dos frutos da árvore

envenenada”são constitucionalmente inaceitáveis, devendo, pois, serem retiradas do processo, não tendo, porém, o

objetivo de anulá-lo, permanecendo válidas as demais provas ilícitas e autônomas delas não decorrentes.

IMPORTANTES: a exceção a essa regra decorre do princípio da proporcionalidade.

A prova derivada também é afetada pelo “veneno” da prova ilicita. A prova derivada é considerada

irremediavelmente maculada e inquinada de nulidade. Aplica-se aqui a teoria dos frutos da árvore envenenada

(fruits of poisonous tree - criada pela Suprema Corte dos Estados Unidos), que diz haver a transmissão do veneno

da ilicitude da prova clandestina para a prova derivada que seria hábil a ser utilizada pela Justiça contra o

criminoso. Um exemplo que nos dá Alexandre Cebrian (in Processo Penal, p. 107, 2a ed.) é a de apreensão de

entorpecente em veículo abordado por policiais que obtiveram a informação acerca do transporte da substância por

meio de interceptação telefônica ilegal.

___________________________________ 23

2.15. Princípio da Presunção de Inocência. (Art. 5º, LVII),

CF Art. 5º. ...

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal

condenatória;...

A aplicação mais comumente defendida pela doutrina da norma sob exame dá-se no campo probatório. Nessa

primeira formulação, o réu ser presumido inocente (in dubio pro reo) significa, por um lado, que o ônus de provar a

veracidade dos fatos que lhe são imputados é da parte autora na ação penal (em regra, o Ministério Público) e, por

outro lado, que se permanecer no espírito do juiz alguma dúvida, após a apreciação das provas produzidas, deve a

querela ser decidida a favor do réu.

Outrossim, a presunção de inocência não impede a decretação das chamadas prisões processuais (prisão em

flagrante, temporária, preventiva, e prisão decorrente da pronúncia e da sentença condenatória recorrível, todas

previstas em lei).

A partir deste princípio surgem outros de extrema importância: o direito à ampla defesa, o direito de recorrer em

liberdade, o duplo grau de jurisdição, o contraditório, e outros. A importância destes princípios é muito importante para

a democracia, pois o réu mantém a sua integridade, sendo-lhe assegurado o devido processo legal e são menores os

riscos de uma decisão atropelada do juiz.

2.16. Privilégio contra a Auto-Incriminação. (Art. 5º, LXIII).

CF Art. 5º. ...

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sen-

do-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;...

De acordo com a Constituição, ninguém é obrigado a produzir prova contra si. Cabe ao estado demonstrar a

culpa do indivíduo, que é presumivelmente inocente.

O réu, em razão da autodefesa, pode ficar em silêncio ao ser preso ou interrogado, tanto na fase inquisitorial,

quanto na processual. Tem ele o direito de não responder a qualquer pergunta do delegado ou do juiz, que não

podem dizer que o silêncio ser-lhe-á prejudicial. Pode o réu também mentir, sem que importe em conseqüência

judicial a ele, como responder pelo crime de perjúrio (falso testemunho).

3. FUNÇÃO CONSTITUCIONAL DA PMPE

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

...

Seção III

DOS SERVIDORES PÚBLICOS

DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas

com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Re-

dação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

___________________________________ 24

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fi-

xado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei esta-

dual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais confe-

ridas pelos respectivos governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for

fixado em lei específica do respectivo ente estatal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,

19.12.2003)

.....

CAPÍTULO III

DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a

preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes

órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e es-

truturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interes-

ses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja

prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispu-

ser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,

sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em

carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em

carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competên-

cia da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de

bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa

civil.

§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, su-

bordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos

Territórios.

§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança públi-

ca, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

___________________________________ 25

§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, servi-

ços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada

na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

4. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

4.1. Federação

O Brasil adotou a Federação como forma de organização do Estado. Outros países que também adotaram

esta forma de organização são a Argentina, Alemanha, Austrália, Estados Unidos, México, Suíça, índia, Rússia, Índia,

e África do Sul.

A federação é uma aliança de Estados para a formação de um Estado único, em que as unidades preservam

parte de sua autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado Federal. As atribuições e

competências são fixadas pela própria Constituição.

4.2. Entidades federativas

As entidades federativas brasileiras são as seguintes: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

4.3. O Município

Pela atual Constituição, os Municípios foram expressamente elevados à condição de entidades federativas,

ao lado da União, dos Estados e do Distrito Federal. Antes da Carta Magna, somente a União e os Estados poderiam

ser considerados como entes dotados de autonomia, por isso só existiam duas esferas de poderes políticos.

Atualmente eles são conhecidos como entidades políticas de terceiro grau. José Afonso da Silva discorda desta

posição, afirmando que não existe federação de Municípios, mas sim, federação de Estados. Não é uma união de

Municípios que formam a federação. Dizer que a República Federativa do Brasil é uma união indissolúvel de

Municípios é uma coisa sem sentido. Os Municípios são vinculados aos Estados e não à união, pois quando se faz

intervenção neles, quem o faz é o Estado e não a união.

Os Municípios são sempre voltados para os problemas de interesse local. Podem ser criados, incorporados,

desmembrados ou unidos (fusão). Esta possibilidade facultada na Constituição, levou a criação de muitos municípios

e a verificação de abusos, o que ocasionou o surgimento da EC n.º 15 que estabeleceu critérios para a formação de

novos municípios, quais sejam:

α)Lei complementar federal determinando o período para criação de novos municípios;

β)Plebiscito para que a população diretamente interessada aprove a criação;

χ)Estudos de viabilidade municipal que devem ser divulgados;

δ)Lei estadual criando o município.

3.4. União

A União é a entidade federal formada pela reunião das partes componentes. É o ente federativo central, que

só existe em Estados Federais, pois os Estados-membros se reúnem para a formação de um governo central e a

administração de assuntos de interesse comum. A organização político-administrativa da República Federativa do

Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos nos termos da

Constituição. Ora, o Estado Brasileiro é dotado de soberania e a união é pessoa jurídica de direito público interno,

dotada de autonomia e do poder de agir, nos limites constitucionais.

___________________________________ 26

3.5. Estados

A Federação é a aliança dos Estados, todos com autonomia política. Qualquer conflito entre a União e os

Estados é da competência originária do STF (art. 102, I, f).

3.6. Brasília

É a capital federal e tem como função precípua sediar o pólo central do governo federal. O Distrito Federal

tem a natureza jurídica de entidade federativa e não é mais a sede do governo federal. O Distrito Federal votam e

elegem os representantes dos Poderes Legislativo e Executivo.

3.7. Territórios

São autarquias da União. Não são dotados de autonomia política. Atualmente não existe nenhum território no

estado Brasileiro. Fernando de Noronha foi reincorporado a Pernambuco, conforme arts. 14 e 15 das ADCT. Podem

ser criados novos territórios por lei complementar, desde que aprovada por plebiscito. Estes territórios seriam

divididos em municípios.

3.8. Vedações constitucionais aos seus entes

São ordens aos entes da Federação para se abster de certos atos, que visam a assegurar o equilíbrio

federativo, para impedir que sejam aprovadas normas que sirvam para dividir os brasileiros. Estas proibições estão

relacionadas no art. 19, I a III da CR).

3.9. Competências dos entes da Federação

A competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade. É a esfera delimitada de atribuições de

uma entidade federativa. O princípio para se determinar qual é a competência de cada ente está na predominância de

interesses. Quando o interesse for local, será competência do Município, quando o interesse for regional, dos

Estados, quando for de interesse geral será da União.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Antigamente o Direito Administrativo confundia-se com o Direito Civil (que rege relações entre as pessoas,

estabelecendo normas sobre seu estado e capacidade, interesses particulares e de família, etc.) e somente no século

XVIII, na França, passou a ter autonomia própria, pois, em face do absolutismo que reinava anteriormente, não era

possível a existência de tal ramo do Direito no Estado, pois os soberanos, em sua grande maioria, não queriam se

submeter a nenhuma regra. E aqueles que resistiram não obtiveram sucesso, ao contrário da Grã-Bretanha, Suécia,

Dinamarca, Holanda, Noruega, Espanha e Bélgica, países estes que ainda são monarquias.

1. Conceito

Portanto, Direito Administrativo é o ramo do Direito que fixa normas para a atividade da Administração

Pública. É ramo do Direito Público, pois há uma relação de subordinação entre o Estado e o particular, ou seja, há

uma ascendência de uma das partes sobre a outra.

Mas o que é Administração Pública?

___________________________________ 27

São funções (Executiva, Legislativa e Judiciária) criadas para atender as necessidades e interesses da

sociedade (saúde, educação, segurança pública, etc.), administradas pelos governos da União, Estados e Municípios.

Vejamos o seguinte esquema que visa compreender melhor o tema:

1- Administração Pública é uma gestão de coisa alheia;

2- Essa atividade se destina a atender necessidades coletivas;

3- O administrador tem o dever de agir de ofício, sem provocação, para atender aos interesses públicos.

4- É uma atividade que se destina a atender necessidades concretas – Saúde; Educação; Poder de polícia,

etc.

2. Princípios do Direito Administrativo

Constitucionais (previstos no art. 37 da CF):

Outros Princípios:

Finalidade

Continuidade do Serviço Público

Auto-tutela

Razoabilidade

Proporcionalidade

Supremacia do Interesse Público sobre o Privado

2.1. Princípios Constitucionais da Administração Pública:

LEGALIDADE: é o princípio básico de todo o Direito Público. Significa dizer que o administrador não pode

agir, nem deixar de agir, senão de acordo com a lei. Enquanto na atividade particular tudo o que não está proibido é

permitido, na Administração Pública é o inverso, ela só pode fazer o que a lei permite, deste modo, tudo o que não

está permitido é proibido.

MORALIDADE: no Direito Administrativo há um conceito próprio de moral, diferente da moral comum. A

moral administrativa significa o dever de o administrador não apenas cumprir a lei formalmente, mas cumprir

buscando sempre o melhor resultado para a administração.A Constituição de 1988 enfatizou a moralidade

administrativa, prevendo que “os atos de improbidade importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da

função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário na forma e gradação previstas em lei, sem

prejuízo da ação penal cabível”.

IMPESSOALIDADE: A administração deve servir a todos, sem preferência ou aversões pessoais ou

partidárias. O mérito dos atos pertence à administração, e não às autoridades que os executam, devendo a

publicidade dos órgãos evitar o uso de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem a promoção pessoal.

PUBLICIDADE: os atos públicos devem ter divulgação oficial, como requisito de sua eficácia, salvo as

exceções previstas em lei. Esse princípio também se justifica para permitir a qualquer pessoa que fiscalize os atos

administrativos, ensejando a possibilidade de obter certidões que poderão servir para o ajuizamento de Ação Popular.

___________________________________ 28

LegalidadeImpessoalidadeMoralidade PublicidadeEficiência

EFICIÊNCIA: Não basta a instalação do serviço público apenas. Exige-se mais, ou seja, que esse serviço

seja eficaz e que atenda plenamente a necessidade para qual foi criado.

2.2. Princípios de Direito Administrativo:

a) supremacia do interesse público – em razão dele, a Administração ocupante uma posição preponderante

em relação ao particular. Consiste em onerar terceiros com obrigações por ato unilateral. A incorreta utilização dessa

prerrogativa enseja no manejo dos remédios constitucionais.

b) indisponibilidade – as transações envolvendo bens, direitos e interesse público devem ser precedidas de

autorização legal.

c) continuidade – os serviços públicos e a atividade administrativa não podem sofrer paralisações. Os

militares não possuem o direito de greve (art. 142, § 3º, IV da CF/88). Os servidores possuem esse direito que carece

de regulamentação. Os serviços essenciais não podem ser interrompidos. Não se admite a exceptio non adimplenti

contractus.

d) autotutela – a Administração tem o poder de rever seus próprios atos, seja para os revogar, seja para os

anular. Súmula 473 do STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os

tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,

respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

e) especialidade – as entidades estatais não podem abandonar, alterar ou modificar os objetivos para as

quais foram criadas. Ex.: autarquia criada para atuar na área de educação não pode atuar na área de saúde.

“XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de

empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei

complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das

entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em

empresa privada;”

f) controle ou tutela – a necessidade da Administração manter sob fiscalização as entidades a ela vinculadas.

g) razoabilidade – o administrador deve atuar segundo valores comuns a toda a coletividade, não podendo,

por conseguinte, agir segundo seus valores pessoais exclusivamente.

h) proporcionalidade – consiste na obrigatoriedade da adequação entre os meios e os fins, vedando-se

medidas de intensidade superior ao estritamente necessário. Muito respeitado: nas intervenções da propriedade

privada, sanções de servidores e no exercício do Poder de Polícia.

i) motivação – os atos administrativos devem ser fundamentados. Há a obrigatoriedade da indicação dos

pressupostos de fato e de direito para a prática de um ato. Visa proporcionar o controle sobre a atividade

administrativa.

j) segurança jurídica ou estabilidade das relações – não se pode, sem causa legal, invalidar atos

administrativos, desfazendo relações ou situações. Pelo contrário, sempre que possível, os atos com vício de forma

ou competência devem ser convalidados.

3. Poderes Administrativos

São instrumentos de atuação do administrador. Não se confundem com os poderes do Estado que são

estruturais. A doutrina trata dos seguintes poderes administrativos:

___________________________________ 29

Poder Hierárquico : É o poder de ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades dos órgãos e agentes

no âmbito da administração. Abrange a possibilidade de delegar e avocar competências;

Poder Disciplinar : relaciona-se com o poder hierárquico. É o poder-dever que possui a administração de punir

internamente as infrações funcionais dos seus servidores e das demais pessoas que se encontram sujeitas à

disciplina da administração. Não se confunde com o poder punitivo do Estado que diz respeito à repressão de

crimes e contravenções penais. Deve ser exercitado com obediência ao devido processo legal. Admite certa

margem de discricionariedade;

Poder Regulamentar : corresponde à competência do chefe do Poder Executivo (presidente da república,

governadores e prefeitos) para editar os decretos de execução destinados à fiel execução da lei.

Poder de Polícia : é o poder de que dispõe a administração para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,

atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. O Poder de Polícia não

está restrito à segurança, mas se aplica em todas as situações nas quais a restrição de direitos individuais

seja necessária para beneficiar o interesse público, O seu fundamento é o princípio da predominância do

interesse público sobre o particular. Atua mediante a elaboração de atos normativos em geral, de atos

administrativos e operações materiais, implicando em medidas preventivas e medidas repressivas. Tem como

características a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade. O Poder de Polícia deve estar

previsto em lei e será exercitado com obediência à razoabilidade e à proporcionalidade.

4. Lei 11.929 / 01

LEI Nº 11.929 DE 02 DE JANEIRO DE 2001.

Dispõe sobre a competência e as atribuições da Corregedoria Geral da Secre-

taria de Defesa Social, órgão superior de controle disciplinar interno, cria o

Conselho Estadual de Defesa Social e dá outras.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º A presente Lei define a competência e as atribuições da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, comoórgão superior de controle disciplinar interno dos demais órgãos e agentes a esta vinculados, bem como dos Agentes deSegurança Penitenciária vinculados à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, em razão da naturezaque lhe é peculiar ( Alterado pela LC nº106, de 20 de dezembro de 2007).

Art. 2º - São atribuições institucionais da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social:

I - acompanhar os atos de afastamento previstos no artigo 14, desta Lei, relacionados a policiais civis, militares

e bombeiros estaduais, bem como a outros servidores públicos da Secretaria de Defesa Social;

II - realizar, inclusive por iniciativa própria, inspeções, vistorias, exames, investigações e auditorias;

III - instaurar, proceder e acompanhar sindicâncias;

IV - instaurar, proceder e acompanhar processos administrativos disciplinares;

V - requisitar a instauração de Conselhos de Disciplina e Justificação para apuração de responsabilidade ;

VI - requisitar diretamente aos órgãos da Secretaria de Defesa Social toda e qualquer informação ou documen-

tação necessária ao desempenho de suas atividades de fiscalização;

VII - requisitar a instauração de inquérito policial civil ou militar e acompanhar a apuração dos ilícitos;

VIII - requisitar informações acerca do fiel cumprimento das requisições ministeriais e de cartas precatórias;

IX - criar grupos de trabalho ou comissões, de caráter transitório, para atuar em projetos e programas específi-

cos, contando com a participação de outros órgãos e entidades da administração pública estadual, federal e

municipal, conforme autorização governamental;

___________________________________ 30

X - manter arquivo atualizado e pormenorizado com todos os dados relativos aos integrantes da Secretaria de

Defesa Social, que estejam ou estiveram respondendo a processos judiciais, procedimentos administrativos

disciplinares, Conselhos de Disciplina e Justificação ou a inquéritos policiais civil ou militar;

XI - expedir provimentos correicionais ou de cunho recomendatório.

Parágrafo único - As requisições da Corregedoria Geral da Defesa Social deverão ser atendidas no prazo má-

ximo de 15 (quinze) dias, sob as penas da lei.

Art. 3º Compete ainda à Corregedoria Geral receber sugestões, reclamações, representações e denúncias, dando a elaso   devido   encaminhamento,   inclusive   instaurando   os   procedimentos   administrativos   disciplinares   com   vistas   aoesclarecimento dos fatos e a responsabilização de seus autores, sem prejuízo da competência institucional da Ouvidoriade Polícia da Secretaria de Defesa Social, de tudo dando ciência aos membros do Ministério Público ( Alterado pela LCnº106, de 20 de dezembro de 2007)..

Art. 4º - A estrutura organizacional da Corregedoria Geral será integrada pelos seguintes órgãos:

I - Departamento de Correição;

II - Departamento de Inspeção;

III - Departamento de Administração; e

IV - Arquivo geral.

Art. 5º - A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social será dirigida por um Corregedor Geral, símbolo

CCS-2, bacharel em Direito, nomeado em comissão pelo Governador do Estado, dentre pessoas sem vínculo

funcional com a Secretaria de Defesa Social, a quem cabe planejar, coordenar e supervisionar as atividades da

Corregedoria Geral.

§ 1º - O Corregedor Geral será substituído nas suas ausências ou impedimentos pelo Corregedor Geral Adjun-

to, símbolo CCS-3, bacharel em Direito, nomeado em comissão pelo Governador do Estado.

§ 2º - Os cargos em comissão previstos no presente artigo serão alocados, pelo Poder Executivo, dentre os já

existentes na atual estrutura administrativa do Estado, na forma que dispõe o artigo 17, da presente Lei.

Art. 6º - A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social será integrada por 6 ( seis ) cargos em comissão,

símbolo CCS-4, nomeados em comissão pelo Governador do Estado, os quais exercerão a função de correge-

dores auxiliares e serão encarregados de proceder às inspeções, correições ordinárias e extraordinárias, além

de outras atribuições estabelecidas em regulamento que estabelecerá também os procedimentos quanto à ho-

mologação dos resultados de tais diligências por parte do Corregedor Geral.

Parágrafo único - Os cargos em comissão previstos no presente artigo serão alocados, pelo Poder Executivo,

dentre os já existentes na atual estrutura administrativa do Estado, na forma que dispõe o artigo 17, da presen-

te Lei.

Art. 7º - Ficam criadas, no âmbito da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, compondo o Departa-

mento de Correição, as seguintes Comissões:

- 01 (uma) Especial permanente de Disciplina composta por um Médico Legista, um Perito Criminal de padrões

QTP-E e um Delegado de Polícia de padrão QAP-E, atribuindo-lhes a função gratificada símbolo FGS-1, ca-

bendo ao Secretário de Defesa Social designar quem presidirá a mesma em cada procedimento, com compe-

tência para apurar as transgressões disciplinares atribuídas aos Delegados de Polícia, aos médicos legistas e

aos peritos criminais ( Alterado pela Lei nº12.441, de 17 de outubro de 2007).

___________________________________ 31

II - 04 (quatro) Permanentes de Disciplina, presididas por Delegados de Policia de padrão QAP-1, função grati-

ficada símbolo FGG-1, e integradas, cada uma, por dois policiais civis de padrão SP-10, Função gratificada

FGG-1, com competência para apurar as transgressões disciplinares atribuídas aos policiais de nível médio e

Agentes Administrativos vinculados àquela Secretaria.

III - 02 (duas) Permanentes de Disciplina Policial Militar composta por 03 (três) Oficiais Superiores da Polícia

Militar de Pernambuco - PMPE, funções gratificadas símbolo FGG - 1, sobre os quais recairão nomeações

para Conselhos de Justificação referentes a Oficiais da Polícia Militar.

IV - 08 (oito) Permanentes de Disciplina Policial Militar, compostas por 03 (três) Oficiais Intermediários e subal-

ternos da Polícia Militar de Pernambuco - PMPE, funções gratificadas símbolo FGG-1, sobre os quais recairão

as nomeações para Conselhos de Disciplina referentes às praças da PMPE;

V - 01 (uma) Permanente de Disciplina Bombeiro Militar, composta por 03 (três) Oficiais Superiores do Corpo

de Bombeiros Militar de Pernambuco - CBMPE, funções gratificadas símbolo FGG-1, sobre as quais recairão

as nomeações para Conselhos de Justificação referentes a Oficiais do Corpo de Bombeiros;

VI - 02 (duas) Permanentes de Disciplina Bombeiro Militar, compostas por 03 (três) Oficiais intermediários e su-

balternos do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco - CBMPE, funções gratificadas símbolo FGG -1, so-

bre os quais recairão as nomeações para Conselhos de Disciplina referente a membros da corporação dos

Bombeiros; e

VIII – 01 (uma) Permanente de Disciplina de Segurança Penitenciária, presidida por Bacharel em Direito, com-

posta por dois Agentes de Segurança Penitenciária, com respectivo Secretário, escolhidos dentre servidores

estáveis, integrante do quadro da Secretaria Executiva de Ressocialização, que farão jus a função gratificada

de atividade correicional, prevista na Lei nº 12.483, de 09 de dezembro de 2003, com competência para apurar

transgressões disciplinares praticadas por Agentes de Segurança Penitenciária e por Agentes Administrativos

integrantes do Sistema Penitenciário do Estado.

§ 1º - Os membros que compõem as Comissões referidas nos incisos I a VII, deste artigo, terão um mandato

de 01(um) ano, renovável na forma regulamentar, para desempenhar as atividades referentes às mesmas.

§ 2º Todos os relatórios finais dos processos administrativos realizados pelas comissões previstas pelos incisos I a VIII,deste artigo, deverão ser homologados pelo Corregedor Geral, antes do envio para deliberação do Secretário de DefesaSocial ou do Secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, conforme o caso, ouvidos, para oferecimento deparecer ou proposição de outras providências que entenderem cabíveis, os membros do Ministério Público com atuaçãojunto à Corregedoria Geral. ( Alterado pela LC nº106, de 20 de dezembro de 2007).§ 3º - Relatório semestral contendo os resultados dos processos administrativos disciplinares instaurados e/ou

concluídos em tal período, incluindo os relatórios referenciados no § 5º deste artigo, deverá ser remetido dire-

tamente pelo Corregedor Geral à Procuradoria Geral do Estado para envio, com parecer do Procurador Geral

do Estado , ao Gabinete do Governador.

§ 4º - Para compor as Comissões definidas nos incisos I a VII, do presente artigo, poderão ser nomeados Ofici-

ais da Reserva, ou Delegados aposentados, nos termos da legislação estadual.

§ 5º Os Comandantes Gerais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros remeterão ao Corregedor Geral da Secretaria deDefesa Social cópia dos atos que instituírem Conselhos de Disciplina, para distribuição às respectivas Comissões, semprejuízo da instauração, de ofício, pelo Corregedor Geral quando do não atendimento do requisitório a que alude o incisoV do art. 2º, ou mesmo do Secretário de Defesa Social, ouvido o representante do Ministério Público. ( Alterado pela LCnº106, de 20 de dezembro de 2007).§ 6º - Aos membros das Comissões instituídas na forma dos incisos III a VI, deste artigo, poderão ser conferi-

dos outros encargos de apoio a trabalhos que a Corregedoria Geral esteja desenvolvendo na esfera das orga-

nizações militares estaduais.

___________________________________ 32

§ 7º - As funções gratificadas previstas no presente artigo serão alocadas, pelo Poder Executivo, dentre as já

existentes na atual estrutura administrativa do Estado, na forma que dispõe o artigo 17, da presente Lei.

§   8º   A   Comissão   Permanente   de   Disciplina   de   Segurança   Penitenciária,   a   que   alude   o   inciso   VIII   deste   artigo,permanecerá   funcionando   no   âmbito   da   Corregedoria   Geral   da   Secretaria   de   Defesa   Social   devendo,   ao   final,   osrespectivos procedimentos administrativos serem remetidos ao Secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanospara deliberação, a quem compete designar os membros da comissão conjuntamente com o Secretário de Defesa Social.( Alterado pela LC nº106, de 20 de dezembro de 2007).Art. 8º - O Procurador Geral de Justiça, nos termos do artigo 4º, inciso X, e artigo 9º, inciso XIII, alíneas "c" e

"e", da Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de Pernambuco, designará 03 (três) Promotores de Justi-

ça para terem exercício junto à Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, atuando como fiscais da lei

em todos os procedimentos disciplinares, no exercício do controle externo da atividade policial.

Parágrafo único - Os Promotores de Justiça designados manterão sua vinculação aos seus órgãos de execu-

ção.

Art. 9º - A oposição, o retardamento, a resistência injustificada e o não atendimento às requisições da Correge-

doria Geral e às ordens da presente Lei sujeitarão o servidor e o militar à aplicação de sanção administrativa

disciplinar proporcional ao gravame, sem prejuízo da responsabilidade penal e por improbidade administrativa,

estabelecida na Lei Federal n.º 8.429, de 02 de junho de 1992, quando couber, e demais disposições legais

aplicáveis.

Parágrafo único - Na ocorrência de infração ao caput, deste artigo, deverá o Corregedor Geral comunicar o

fato imediatamente ao Procurador Geral de Justiça para as providências pertinentes.

Art. 10 - Ficam extintas as Corregedorias das Polícias Civil e Militar, aproveitados os seus cargos em comissão

e funções gratificadas para prover a estrutura da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, na forma

que dispõe o artigo 17, da presente Lei.

Art. 11. Enquanto as Comissões instituídas nos incisos III a VI do artigo 7º não estiverem completamente estru-

turadas, os Conselhos de Disciplina e de Justificação tramitarão no âmbito das respectivas Corporações milita-

res, e, quando solucionados, serão remetidos à Corregedoria Geral, para registro e arquivo ( Alterado pela Lei

nº 12.754, de 21 de janeiro de 2005).

§ 1º - Durante o prazo estipulado no caput, deste artigo, os processos administrativos disciplinares e os Conse-

lhos de Disciplina e Justificação em tramitação ficarão sobrestados.

§ 2º - Enquanto não concluídos inteiramente o inventário e a transferência dos expedientes de que trata o pre-

sente artigo, os servidores e militares atualmente lotados nas Corregedorias da Polícia Civil e Militar, continua-

rão responsáveis pela guarda e manutenção dos processos em tramitação e arquivados, existentes naqueles

órgãos.

Art. 12 - O Secretário de Defesa Social poderá requisitar, por expressa solicitação do Corregedor Geral, servi-

dores das Polícias Civil, e militares da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, para exercício na Corre-

gedoria Geral, sem que tal requisição importe em transferência ou remoção automática.

Parágrafo único - No caso da convocação dos militares previstos no caput, deste artigo, a função por eles

exercida será considerada de natureza militar para efeito de engajamento.

Art. 13 - Os servidores da polícia civil e os militares da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, respon-

sáveis pela abertura de inquéritos policiais ou policiais militares, deverão remeter no prazo máximo de 72 (se-

tenta e duas) horas à Corregedoria Geral, quando da instauração de quaisquer inquéritos, requisitados ou não,

para apurar responsabilidade de seus integrantes, cópia da respectiva portaria ou do auto de prisão em fla-

grante delito, e , após a conclusão, cópia do respectivo relatório.

Art. 14. Fica o Governador do Estado autorizado a, por decreto, determinar o afastamento das funções

exercidas por Policiais Civis, Militares Estaduais e Agentes de Segurança Penitenciária, que estejam

___________________________________ 33

submetidos a procedimentos administrativo, militar, policial, judicial, inquérito civil e comissão

parlamentar de inquérito, por prática de ato incompatível com a função pública, sem prejuízo da

remuneração. ( Alterado pela LC nº106, de 20 de dezembro de 2007).

§ 1º - O afastamento das funções implica na suspensão das prerrogativas funcionais do servidor e do militar

até a decisão final do respectivo procedimento.

§ 2º O Policial Civil,  Militar ou Agente de Segurança Penitenciária afastado da função, ficará à disposição do Setor deRecursos Humanos a que estiver vinculado, segundo regulamentação contida no decreto previsto no caput deste artigo.( Alterado pela LC nº106, de 20 de dezembro de 2007).§ 3º - A identificação funcional deverá ser entregue ao Setor de Recursos Humanos e será devolvida após a

decisão conforme o caso.

§ 4º Os Processos Administrativos Disciplinares instaurados em desfavor de Policial Civil, Militar ou Agente de SegurançaPenitenciária afastados por força do disposto no caput deste artigo, tramitarão em regime de prioridade nas respectivasComissões Disciplinares. ( Alterado pela LC nº106, de 20 de dezembro de 2007).Art. 15 - A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social funcionará em prédio próprio e terá autonomia fi-

nanceira e orçamentária.

Art. 16 - Fica criado o Conselho Estadual de Defesa Social, composto por 01 (um) membro do Poder Judiciário

Estadual, 01 (um) membro da Assembléia Legislativa, 01 (um) membro do Ministério Público Estadual, 01 (um)

membro da Polícia Federal, o Secretário de Defesa Social, o Secretário da Justiça e Cidadania, 01 (um) mem-

bro da Procuradoria Geral do Estado, o Corregedor Geral da Secretaria de Defesa Social, 01 (um) represen-

tante da Ordem dos Advogados do Brasil - secção de Pernambuco e 01 (um) membro indicado pelas Organi-

zações Não Governamentais com atribuições na área de defesa dos direitos humanos.

§ 1º - O Conselho será presidido pelo Secretário de Defesa Social e reunir-se-á sempre que for convocado,

pelo seu presidente, para tratar de assuntos considerados relevantes ou quando provocado por qualquer de

seus membros, na forma que dispuser seu regulamento.

§ 2º - O Conselho terá como atribuição precípua propor políticas públicas nas áreas de defesa social, bem

como funções de planejamento, orçamento, avaliação, coordenação e integração referentes às ações de justi-

ça e segurança pública no âmbito estadual.

§ 3º - Decreto estadual específico criará grupo de trabalho para elaborar o regulamento do Conselho, onde

constarão suas atribuições, organização e competências.

Art. 17 - Os cargos em comissão e funções gratificadas, previstos nesta Lei, serão vinculados à Corregedoria

Geral da SDS, mediante decreto do Poder Executivo, elaborado sob a supervisão do Procurador Geral do Es-

tado, aproveitados, no que couber, os oriundos das Corregedorias de Polícia Civil e Militar extintas, sendo os

demais transferidos da atual estrutura administrativa do Estado, na forma prevista pela Lei nº 11.629, de 28 de

janeiro de 1999.

Art. 18 - É facultada a criação de estágio acadêmico em Delegacias de Polícia para estudantes do curso de

graduação em Direito, através de seleção isonômica, conforme decreto regulamentador.

Art. 19 - O artigo 58, da Lei nº 11.817, de 14 de julho de 2000, Código Disciplinar dos Militares do Estado de

Pernambuco, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 58 - A Comissão Especial de Recursos Administra-

tivos será constituída por 03 (três) Coronéis, sendo um Corregedor Auxiliar, integrante da Corregedoria Geral,

oriundo da corporação militar (PM ou BM), que instale a referida comissão e, 02 (dois) sorteados especialmen-

te para cada recurso, competindo-lhe julgar requerimentos oriundos de penas disciplinares aplicadas pelas au-

toridades especificadas nos incisos II a IV, do artigo 20, deste Código."

Art. 20 - O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 30 (trinta) dias, sob a supervisão do Pro-

curador Geral do Estado. / Art. 21 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

___________________________________ 34

Art. 22 - Revogam-se as disposições em contrário. / PALÁCIO DO CAMPO DAS PRINCESAS, em 02de janeiro de 2001.

___________________________________ 35

Instrução / Julgamento

CPDPM / CPDBM (Art. 7º, IV e

VI, Lei 11.929/01 c/c Decreto

nº 3639/75 e Art. 5º, LV, CF)

Distribuição Corregedor Geral

Penas Disciplinares

(exceto

Licenciamento /

Exclusão)

Penas

Disciplinares

( Art. 28, Lei nº

11.817/00 )

Instauração Cmts Gerais e/ou de

OMEs PMPE e CBMPE(Portaria

CG/PMPE nº 088/07)

PROCESSO ADMINISTRATIVO

DISCIPLINAR SUMÁRIO (Art. 30, §

1º , Lei nº 11.817/00 – Praça sem

estabilidade)

CJCDPADS

Instrução (Portaria MD nº

202/00 c/c Art. 136, Lei nº

6.783/74 e Art. 5º, LV, CF)

Instauração Cmts Gerais e/ou

de OMEs PMPE e CBMPE

(Portaria CG/PMPE nº 638/03)

SINDICÂNCIA

PADM

Homologação Corregedor

Geral ouvido o MP (Art. 7º, §

2º, Lei 11.929/01 )

Instauração Cmts Gerais

PMPE e CBMPE

CONSELHO DE DISCIPLINA (Art.

30, § 2º, Lei 11.817/00 c/c Art.

48 da Lei nº 6783/74 - Praça

com Estabilidade)

ReformaArt.

94, V da Lei

nº 6783/74

Reforma

Art. 94, VI da

Lei nº 6783/74

Absolvição /

Arquivamento

Cmts Gerais submete ao SDS p/

remessa ao Governador do

Estado

Requisição do Corregedor Geral

(Art. 2º, V, Lei 11.929/01)Requisição do Corregedor

Geral (Art. 2º, V, Lei 11.929/01)

Absolvição /

Arquivamento

Absolvição /

Arquivamento

Absolvição /

Arquivamento

IPM

Instauração e/ou

Acompanhamento

Corregedoria Geral (Art, 2º, III,

Lei nº 11.929/01

Deliberação da Autoridade

Instauradora c/ cópia p/

Corregedoria Geral

Deliberação Cmts Gerais PMPE e

CBMPE c/ cópia p/ Corregedoria

Geral

Instrução e Julgamento Oficial

designado (Portaria CG/PMPE nº

740/00 c/c Art. 5º, LV, CF)

TJPE

(Art. 125,

§ 4º CF)

Deliberação do SDS (Art. 7º, § 2º,

Lei 11.929/01 )

Instrução e Julgamento CPDPM /

CPDBM (Art. 7º, III e V, Lei 11.

929/01 c/c Leis nºs 5.836/72,

6.957/75 e Art. 5º, LV, CF)

Distribuição Corregedor Geral

Homologação do Corregedor Geral

ouvido o MP ( Art. 7º, § 2º Lei

11.929/01 )

Instauração Governador Estado

CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO

( Oficiais – Leis nºs 5.836/72 e

6.957/75 c/c Art. 47 da Lei nº

6783/74)

Deliberação SDS

( Art. 7º, § 2º, Lei 11.929/01 )

Penas

Disciplinares

(Art. 28, Lei nº

11.817/00 )

Demissão Art.

105 da Lei nº

6783/74

empossado

cargo

permanente

5. Atos Administrativos

É a manifestação unilateral de vontade da Administração que, agindo nessa qualidade, visa a adquirir,

constituir, conservar, declarar ou extinguir direitos. Exemplos de atos administrativos: uma portaria, uma sanção

disciplinar, etc.

É o acontecimento material da Administração, que produz conseqüências jurídicas. No entanto, não traduz

uma manifestação de vontade voltada para produção dessas conseqüências. Ex.: A construção de uma obra pública;

o ato de ministrar uma aula em escola pública; o ato de realizar uma cirurgia em hospital público, são exemplos de

atos administrativos, pois esses atos estão voltados para o âmbito técnico, encerram a sua finalidade em si mesmos,

na sua própria realização.

O ato Administrativo não se destina a produzir efeitos no mundo jurídico, embora muitas vezes esses efeitos

ocorram, como exemplo, uma obra pública mal executada vai causar danos aos administrados, ensejando

indenização. Uma cirurgia mal realizada em um hospital público, que também enseja a responsabilidade do Estado.

Portanto, pode haver conseqüências jurídicas em relação a esses atos, no entanto, não são decorrentes

vontade da Administração, não são desejados.

Atributos dos Atos Administrativos:

Presunção de Legitimidade: salvo prova em contrário, presumem-se legítimos os atos da administração e

verdadeiros os fatos por ela alegados.

Imperatividade: a administração pode impor unilateralmente as suas determinações, sendo estas válidas desde que

legais.

Exigibilidade: o cumprimento das medidas administrativas pode ser exigido desde logo.

Auto-executoriedade: a administração pública pode executar diretamente seus atos e fazer cumprir determinações,

até com o uso da força, sem precisar recorrer ao Judiciário.

Mas será que os atos administrativos não podem ser extintos ou perder seus efeitos? Claro que sim, através

das seguintes formas:

DIREITO PENAL

1. CONCEITO DE DIREITO PENAL

___________________________________ 36

é o ramo do Direito que ligando ao crime, como fato, a pena como conseqüência, disciplina também as

relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de

liberdade em face do poder de punir do Estado.

2. FONTES DO DIREITO PENAL

A fonte material é o Estado. É o único ente que pode legislar sobre Direito Penal. O art. 22, I, da Constituição

da república Federativa do Brasil prescreve: compete privativamente à União legislar sobre Direito Penal.

As fontes formais (exteriorizam o direito, dão-lhe forma e o revelam) são: direta ou indireta.

A fonte formal direta do Direito Penal: é a lei.

As fontes formais indiretas do Direito Penal, em decorrência do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil,

são: o costume e os princípios gerais do direito.

Costume – é uma regra de conduta praticada de modo geral, constante e uniforme, com a consciência de

sua obrigatoriedade.

Princípios gerais do direito – são premissas éticas extraídas da legislação.

3. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

a. princípio da legalidade – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude

de lei (art. 5º, II, CF).

b. princípio da reserva legal – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação

legal. (CP, art. 1º e CF, art. 5º, XXXIX)

3.1. PRINCÍPIOS DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO (principais):

c. tempus regit actum - a lei rege os atos praticados durante sua vigência.

d. anterioridade da lei penal – art. 1º, CP.

e. irretroatividade da lei penal mais grave – art. 5º, XL, CF.

3.2. PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO (principal):

f. princípio da territorialidade temperada – art. 5º do CP.

4. Elementos do crime

4.1. Elementos objetivos ou descritivos do tipo

Referem-se à materialidade do ilícito penal, observando, mais especificamente, a execução, o lugar, o tempo etc.

Trata-se de um verbo transitivo, núcleo do tipo, eventualmente acompanhado de referências ao sujeitos ativo e

passivo, ao objeto, ao lugar, ao tempo ou à ocasião e aos meios empregados.

4.2. Elementos subjetivos do tipo

Trata-se de elementos concernentes ao estado anímico do agente, como o fim desejado e a intenção. São os

elementos subjetivos do injusto, que aparecem, no Código Penal, em diversas oportunidades, tais como: no art. 131

("com o fim de"), no art. 161, § 1o, I ("em proveito próprio ou de outrem"), no art. 234 ("para fim de comércio") etc.

___________________________________ 37

4.3. Elementos normativos do tipo

Diferentemente do que ocorre nos elementos objetivos e subjetivos, que devem ser analisados caso por caso pelo

magistrado, nos elementos normativos, cuida-se de pressupostos do injusto típico que podem ser determinados tão-

só mediante juízo de valor da situação de fato.

Podem apresenta-se sob duas formas diversas: uma referente a termos jurídicos (documento, certidão, atestado,

função pública etc) ou extrajurídicos (mulher honesta, dignidade, moléstia etc) e outra sob a forma de franca

referência ao injusto (indevidamente, sem justa causa, sem as formalidades legais etc).

Em regra a relação criminal é praticada com os seguintes elementos:

*Como o Estado é o regulador social, diz-se ele SUJ. PASSIVO PERMANENTE e a vitima o EVENTUAL OU

MATERIAL.

5. Conceito de crime

CRIME/ CONCEITO: CRIME É TODA A AÇÃO OU OMISSÃO, TÍPICA, ANTIJURÍDICA E CULPÁVEL.

Ação é uma forma de conduta humana que se manifesta por movimento corpóreo e visa uma finalidade. Os

crimes estão expressos em verbos: matar, subtrair. Costuma-se chamar de crime comissivo.

A omissão é penalmente relevante quando o sujeito DEVIA E PODIA agira para evitar o resultado, mas não o fez.

Costuma-se chamar de crime omissivo.

As características são três:

TIPICIDADEANTIJURIDICIDADE CULPABILIDADE

É

c

r

i

m

e

Precisa estar escrito em lei

• Conduta ( por dolo)

• Resultado

• Nexo causal

Fere o que entendemos que é cer-

to ou errado

É razoável exigir-se a punição

pois quem praticou o crime:

• Imputabilidade;

• Exigibilidade de conduta

diversa;

• Potencial consciência da

ilicitude;

___________________________________ 38

SUJEITO

ATIVO

Por ex. Um

SUJEITO

PASSIVO*:

Por ex. A vítima

OBJETO JURÍDICO:

Por ex.: Direito dePropriedade

OBJETO MATERIAL:

Por ex.: A bolsa da vítima

Autor: Comete a conduta

Co-autor: Comete a conduta em

concurso de pessoas

Partícipe: Auxilia na execução.

N

ã

o

é

c

r

i

m

e

EXCLUDENTES DE

TIPICIDADE

Causas legais:

Erro de tipo

Causas supra-legais:

Princípio da insignificância;

Princípio da adequação so-

cial;

Consentimento do ofendido.

EXCLUDENTES DE

CRIMINALIDADE / ILICITUDE/

ANTIJURIDICIDADE

Legítima defesa;

Estado de necessidade;

Estrito cumprimento do dever

legal e exercício regular de di-

reito

EXCLUDENTES DE

CULPABILIDADE

Coação Moral Irresistível,

Descriminantes putativas,

Erro de proibição e erro

determinado por terceiro,

Obediência hierárquica,

Inimputabilidade ( Menor

de 18 e doente mental ple-

no),

Embriaguez plena Náo –

voluntária.

5.1. Excludentes de tipicidade

5.1.1. Causas legais

ERRO DE TIPO

Erro sobre elementos do tipo(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição

por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Trata-se de hipótese em que o agente desconhece que pratica o que é previsto em lei como não aceitável. Vê-se

existir dois tipo de erro de tipo:

a) Invencível ou Escusável – está previsto no art. 21, "caput", 1.º parte. Verifica-se quando o resultado ocorre,

mesmo que o agente tenha praticado toda diligencia necessária, em suma, naquela situação todos agiriam da mesma

forma;

b) Vencível ou Inescusável – previsto no art.21, 1º parte, CP. Se dá quando o agente, no caso concreto, em não

agindo com a cautela necessária e esperada, acaba atuando abruptamente cometendo o crime que poderia ter sido

evitado.

5.1.2. Causas supra-legais:

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: É um instrumento de interpretação restritiva, por intermédio do qual se alcança “a

proposição político-criminal da necessidade de descriminilização de condutas que, embora formalmente típicas, não

atingem de forma relevante os bens jurídicos protegidos pelo direito penal”. Fundamenta-se nos princípios da inter-

venção mínima do direito penal e da proporcionalidade da pena em relação à gravidade do crime. Ex: a pessoa que

furta uma fivela de plástico de uma loja de departamentos.

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL: É também um critério de interpretação, que restringe o alcance literal dos ti-

pos da parte especial, excluindo deles aqueles comportamentos que resultam socialmente adequados. Ao contrário

do princípio da insignificância, em que a conduta é relativamente tolerada por sua escassa gravidade, no princípio da

adequação ela recebe total aprovação social. Ex.: a circuncisão na religião judaica diante do art. 129 CPB.

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: pode levar à atipicidade da conduta nos delitos em que o tipo requer expressa-

mente o não-consentimento ( por ex: violação de domicilio, Art. 150 CPB) ou nos casos em que se requer força, inti-

___________________________________ 39

midação ou fraude ( Por ex: rapto violento, art. 219). Exite uma corrente que prefere que também classifica isso como

causa supralegal de exclusão de antijuridicidade

5.2. Excludentes de antijuridicidade ou ilicitude ou criminalidade

Estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito

Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato:

I – ...

II – ...

III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito

Exercício Regular de Direito: São os comportamento aprovados por lei extrapenal, pois não pode o direito penal

considera-lo ilícito penal.

Excesso punível

Parágrafo único: O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou

culposo.

Estado de necessidade

Art. 24 – Considera–se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que

não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,

nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§ 1º- Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

§ 2º- Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um

a dois terços.

Nossa doutrina aponta que só ocorrerá a excludente de criminalidade quando se trate de bens de mesmo valor

jurídico.

Legítima defesa

Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele

injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

5.3. Excludentes de culpabilidade

Descriminantes putativas

Art 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situa-

ção de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de

culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Neste caso, o agente pensa que age pensando que está em algumas das excludentes de antijuridicidade / ilicitude: 1.

Legitima defesa; 2) Estado de necessidade, ou 3) Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito

___________________________________ 40

Erro sobre a ilicitude do fato ( ERRO DE PROIBIÇÃO)

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de

pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitu-

de do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada

pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Neste, o sujeito não tem como saber que o fato é PROIBIDO por lei. Pode ser ESCUSÁVEL ou INESCUSÁVEL (=

EVITÁVEL.. A T E N Ç Ã O : Nesta hipótese não temos uma excludente de culpabilidade, apenas um abrandamento

da pena).

Coação irresistível

Coação irresistível e obediência hierárquica

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifesta-

mente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem .(Redação dada pela

Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Coação é o emprego de força física ( COAÇÂO FÍSICA) ou grave ameaça ( COAÇÃO MORAL), para que alguém

faça ou deixe de fazer algo. É necessário que seja irresistível. A doutrina aponta que apenas esta última exclui a

culpabilidade, pois na primeira hipótese temos total atipicidade.

Obediência hierárquica

Ao tratar de superior hierárquico o CPB alude ao que está definido em direito público. Não há de se falar em

obediência hierárquica entre pais e filhos, relacionamentos eclesiásticos, etc. É necessário que exista uma lei que a

defina.

É também necessário que a ordem dada seja “NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL” pois se o for manifestamente

ilegal responderá o agente e o superior que determinou. Caso não seja, apenas quem deu a ordem ilegal responderá.

Cabe alegações de obediência hierárquica putativa por erro de tipo, erro de proibição, etc.

Inimputabilidade

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou

retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do

fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação

de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de

entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada

pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas es-

tabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Embriaguez completa involuntária

___________________________________ 41

Art. 28 - ...

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força

maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato

ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

...

Outras questões que não são hipóteses de Excludentes

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada

pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - ...

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso

fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender

o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei

nº 7.209, de 11.7.1984)

Erro determinado por terceiro

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

É quando o agente pratica o ato influenciado por terceiro. Na doutrina se divide didaticamente em:

a) Por provocação dolosa: O terceiro está consciente da ilicitude da ação. Este vai responder por dolo;

b) Por provocação culposa: O terceiro o motiva por imprudência, negligencia ou imperícia. Responde pela culpa.

Erro sobre a pessoa

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram,

neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria

praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Observa-se fundamental a representação da vítima. Existe uma outra figura parecida conhecida por aberrac-

tio ictus ( Art. 73 CPB). Ex.: se o sujeito quis agredir o irmão e acerta pessoa estranha, sofre o agravamento

de parentesco ( Art. 62, II) mesmo assim; ao contrário, se desejava acertar uma pessoa qualquer e acerta seu

irmão, não sofrerá tal agravamento.

Erro na execução ( aberractio ictus)

Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a

pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime

contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também

atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.(Redação

dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

___________________________________ 42

Relação de causalidade

Relação de Causalidade: vai estudar como o comportamento de determinada pessoa causa uma modificação no

mundo exterior. Este comportamento humano tem que estar especificado na lei penal.

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.

Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela

Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Superveniência de causa independente

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, pro-

duziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº

7.209, de 11.7.1984)

Relevância da omissão(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O

dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209,

de 11.7.1984)

A responsabilidade penal é exclusiva do sujeito ativo. Toda ação delitiva precisa estar unida pelo nexo causal e

uma ação preexistente, MAS quem aderir à idéia de causar resultado pela ação também é responsabilizado. Da

mesma forma acontece com quem somente adere ao resultado.

Superveniência Causal: a causa superveniente é “absolutamente independente” da causa primeira quando se

puder afirmar que o resultado verificado teria ocorrido mesmo que o curso causal primário não tivesse sido deflagrado

– ex.: queda de uma viga do teto (por caso fortuito) sobre a cabeça da vítima de envenenamento enquanto esteja ela

em seu lugar por não ter sentido ainda os efeitos da substância ingerida. Ainda que se elimine o curso causal iniciado

com o envenenamento da vítima, o resultado morte teria ocorrido por força exclusiva da queda da viga em sua

cabeça.

6. Crime tentado e consumado

Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº

7.209, de 11.7.1984)

Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do

agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Pena de tentativa(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao cri-

me consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Diz-se consumado quando o agente quis e atingiu o RESULTADO DESEJADO. Por Ex. No crime de homicídio,

atinge o núcleo do tipo, verbo “matar”.

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Para Luiz Regis Prado1 há tentativa quando, iniciada a execução do fato punível (tipo objetivo), este não se

consuma por circunstâncias independentes do querer do agente.

Isto define o Inter-criminis: cogitação, atos preparatórios, atos de execução e consumação.

A diferença entre atos preparatórios e de execução, segundo a doutrina, baseia-se em dois critérios:

a) critério material: há ato executório quando a conduta do agente ataca o bem jurídico;

b) critério formal: existe ato de execução quando o comportamento do agente dá início à realização do tipo.

Adotamos no Brasil a teoria objetiva ( e não subjetiva), ou seja, para aferição da tentativa é necessário a prática de

algum ato executório.

Embora, nossa lei não diferencie a tentativa perfeita e a tentativa imperfeita, doutrinariamente, diz-se que a tentativa

perfeita ocorre quando a fase da execução do crime é integralmente realizada pelo agente, mas o resultado não se

verifica por circunstâncias alheias à sua vontade e a tentativa imperfeita quando o próprio processo executório do

crime é interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Não admitem a figura da tentativa

a) os crimes culposos;

b) os crimes preterdolosos;

c) as contravenções;

d) os omissivos próprios;

e) os crimes unissubsistentes (materiais, formais ou de mera conduta), que se realizam por um único ato. ex.:

Injúria verbal. Os crimes plurissubsistentes admitem a tentativa;

f) os crimes que a lei pune somente quando ocorre o resultado, como a participação em suicídio. (C.P. Art. 122);

g) os crimes habituais, que não possuem um "inter", como o descrito no Art. 230 C.P.)

h) os crimes permanentes de forma exclusivamente omissiva. Ex.: cárcere privado praticado por quem não libera

aquele que está em seu poder. O crime permanente que possui uma fase inicial comissiva admite a tentativa;

i) os crimes de atentado, pois é inconcebível tentativa de tentativa.obs.: Crime

Outros

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado

se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

É necessário que a desistência seja voluntária, ou seja, que o agente não tenha sido coagido, moral ou material-

mente, à interrupção do iter criminis. Ocorre quando não forçada por outros elementos circunstanciais.

Não é preciso que a desistência seja espontânea. Será espontânea se a idéia inicial partir do próprio agente. Pode

ela partir de terceiro, da própria vítima, etc.

Não há desistência voluntária se o agente, após ter iniciado o delito, percebe os riscos que assumirá caso prossi-

ga em seu intento, e, pressentindo a impossibilidade do êxito da empreitada criminosa, conclui que não tem outra al-

ternativa senão fugir. Nesse caso, há tentativa.

Já para o arrependimento eficaz, o agente, após ter esgotado todos os meios de que dispunha, necessários e sufi-

cientes, arrepende-se e evita que o resultado aconteça. O agente pratica nova atividade para evitar que o resultado

ocorra. Também não é necessário que seja espontâneo, bastando que seja voluntário. O êxito da atividade impeditiva

do resultado é indispensável. Caso contrário, não será eficaz.

Se o agente não conseguir impedir o resultado, por mais que se tenha arrependido, responderá pelo crime consu-

mado. Pode o agente beneficiar-se apenas na etapa fixação da pena, no artigo 59.

1 PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro. 4. ed. Vol. 1. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.

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Por fim, consiste numa abstenção de atividade: o sujeito cessa o seu comportamento delituoso. Assim, só ocorre

antes de o agente esgotar o processo executivo, sendo somente cabível na tentativa imperfeita ou inacabada (RT,

476:402). É impossível na tentativa perfeita, uma vez que nela o sujeito esgota os atos de execução. Pode acontecer

nos crimes materiais ou formais, porém não nos de mera conduta, pois, nestes, o início de execução já constitui con-

sumação.

Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída

a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida

de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

O arrependimento posterior só pode ser aplicado nos crimes materiais, pois tem como pressuposto a reparação do

dano ou a restituição da coisa, indicando, assim, claramente a sua natureza. Quando reconhecido com base no artigo

16, só é possível nos crimes materiais. Quando previsto pela própria figura típica, é possível nos materiais e nos for-

mais. Aplica-se o dispositivo a crimes dolosos e culposos, tentados ou consumados.

O ato de restituir ou reparar precisa ser voluntário, embora possa não ser espontâneo (ex.: reparação por receio

de condenação, ou até mesmo visando apenas essa diminuição de pena, ou convencido por terceiros a restituir a coi-

sa). Há controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais acerca da necessidade da reparação do dano ser feita pessoal-

mente pelo agente.

Deve a reparação ser, além de voluntária, ser completa. Ou seja, deve abranger todo o prejuízo causado ao ofen-

dido, sendo que a restituição parcial revela-se somente como atenuante na fixação da pena. Sendo voluntária, não

ocorrerá se ocorrer a reparação por coação física ou moral. A reparação feita por um dos acusados, aproveita aos

demais, por se tratar de circunstância objetiva. Caso a reparação for posterior à denúncia e anteceder o julgamento,

constituirá apenas circunstância atenuante genérica (65, III, b, última parte).

Crime impossível

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade

do objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

7. Dolo e culpa2

Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime doloso

2 APENAS PARA INFORMAÇÃO: São elementos do crime doloso:

a) consciência da conduta e do resultado: o agente deve ter consciência – embriaguez e intoxicação por drogas não retira a consciência da pessoa!;b) consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado: a pessoa tem que saber que a conduta dela estará obrigatoriamente unida com o

resultado – momento intelectual: “vou matar X” c) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado – momento volitivo

d) consciência da ilicitude da conduta (esta, para a teoria finalista) São elementos do crime culposo:

a) conduta voluntária que determina resultado involuntário b) nexo de causalidade entre conduta e resultado

c) previsibilidade da ocorrência do resultado

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I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209,

de 11.7.1984)

Crime culposo(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluí-

do pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como cri-

me, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

OBS: Diferença entre CULPA CONSCIENTE e DOLO EVENTUAL: Conforme aponta Damásio E.

De Jesus3 , No dolo eventual o agente tolera a produção do resultado, o evento lhe é indiferente.

Na culpa consciente ele não quer o resultado, não assume o risco nem lhe é tolerável ou indiferente.

8. Do concurso de pessoas

Regras comuns às penas privativas de liberdade

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida

de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;

essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Reda-

ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elemen-

tares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

3 JESUS, Damásio E. Código Penal Anotado. Pág.18.

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CRIME

DOLOSO

(vontade

de

concretiza

r)

CULPOSO

Imprudência:

“Fez o que

não devia”

Negligência:

“ Não fez o

que devia”

Imperícia:

Sem

habilidade

técnica mas

c/ habilitação

DOLO DIRETO

O suj. ativo visa um certo e

determinado resultado.

DOLO EVENTUAL / INDIRETO

O sujeito ativo assume o risco

do resultado

PRETERDOLO

O sujeito ativo deseja um

resultado, mas causa outro.

CULPA CONSCIENTE

O agente prevê o resultado,

mas sinceramente acredita que

não ocorrerá.

CULPA INCONSCIENTE

O agente não prevê o

resultado, inobstante ser

previsível.

9. Do concurso de crimes

Concurso material

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênti-

cos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No

caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Reda-

ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não

suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste

Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as

que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

Concurso formal

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou

não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,

em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a

ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o dis-

posto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

10. Classificações doutrinárias acerca do crime

01. CRIMES COMUNS E ESPECIAIS

Damásio E. de Jesus ensina: “os crimes comuns são os descritos no Direito Penal Comum; especiais, os definidos no

Direito Penal Especial”.

02. CRIMES COMUNS E PRÓPRIOS

“Crime comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa. Crime próprio é o que só pode ser cometido

por uma determinada categoria de pessoas, pois pressupõe no agente uma particular condição ou qualidade pessoal”

(Damásio E. de Jesus)

Como ensina Mirabete, o tipo penal dos crimes próprios “limita o círculo do autor, que deve encontrar-se em

uma posição jurídica, como os funcionários públicos, médicos.”

Esta classificação é feita por Magalhães Noronha como crimes comuns e especiais.

03. CRIMES DE MÃO PRÓPRIA OU DE ATUAÇÃO PESSOAL

Damásio de Jesus conceitua este tipo de crime como “os que só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa”.

Este crime é praticado de tal maneira que somente o autor está em condição de realizá-lo. (v.g.: incesto, falso

testemunho) Mirabete completa o conceito ao dizer que “embora passíveis de serem cometidos por qualquer pessoa,

ninguém os pratica por intermédio de outrem”.

___________________________________ 47

04. CRIMES DE DANO E DE PERIGO

“Crimes de dano são os que só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. Crimes de perigo são os

que se consumam tão só com a possibilidade do dano”. (Damásio de Jesus)

Damásio distingue os diversos tipos de perigo. Segundo ele, o perigo pode ser:

a-) presumido (Não precisa ser provado) ou concreto (necessita ser investigado e comprovado)

b-) individual (expõe uma única pessoa ao risco) ou coletivo (crimes contra incolumidade pública)

c-) atual (está ocorrendo), iminente (está prestes a desencadear-se) ou futuro (pode advir em ocasião

posterior) Mirabete conceitua também estes dois tipos de crime. Os crimes de dano “só se consumam com a efetiva

lesão do bem jurídico visado, por exemplo, lesão à vida. Nos crimes de perigo, o delito consuma-se com o simples

perigo criado para o bem jurídico”.

Segundo Magalhães Noronha, “crimes de perigo são os que se contentam com a probabilidade de dano.

Crimes de dano são os que só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico tutelado”.

05. CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA

Seguindo o conceito dado por Damásio de Jesus crimes de mera conduta são aqueles em que “o legislador só

descreve o comportamento do agente”. O crime formal menciona em seu tipo “o comportamento e o resultado, mas

não exige a sua produção para a consumação.” São distintos porque os crimes de mera conduta são sem resultado,

os crimes formais tem resultado, “mas o legislador antecipa a consumação à sua produção”.

No crime material “o tipo menciona a conduta e o evento, exigindo a sua produção para a consumação”.

Vejamos o conceito de Mirabete: “No crime material há a necessidade de um resultado externo à ação, descrito

na lei, e que se destaca lógica e cronologicamente da conduta. No crime formal não há necessidade de realização

daquilo que é pretendido pelo agente, e o resultado jurídico previsto no tipo ocorre ao mesmo tempo e, que se

desenrola a conduta, havendo separação lógica e não cronológica entre conduta e resultado. Nos crimes de mera

conduta a lei não exige qualquer resultado naturalístico, contentando-se com a ação ou omissão do agente”.

06. CRIMES COMISSIVOS E OMISSIVOS

O critério que distingue estes dois crimes é o comportamento do agente.

Segundo Damásio de Jesus, crimes comissivos são “os praticados mediante ação”, o agente pratica uma ação.

Já os crimes omissivos são os praticados ‘mediante inação”, o agente deixa de praticar uma ação que deveria ser

feita .

Mirabete define crime comissivo como “os que exigem, segundo um tipo penal objetivo, em princípio, uma

atividade positiva do agente, um fazer”. Crimes omissivos como “os que objetivamente são descritos com uma

conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não

sendo necessário qualquer resultado naturalístico.”

O mesmo autor fala ainda de crimes de conduta mista (comissivos-omissivos). São aqueles que “no tipo penal

se inscreve uma fase inicial comissiva, de fazer, de movimento, e uma final omissão, de não fazer o devido”. E.

Magalhães Noronha define que ocorre os crimes comissivos-omissivos “quando a omissão é meio ou forma de se

alcançar um resultado posterior”.

07. CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES E INSTANTÂNEOS DE EFEITOS PERMANENTES

“Crimes instantâneos são os que se completam num só momento. A consumação se dá num determinado

instante, sem continuidade temporal (homicídio). Crimes permanentes são os que causam uma situação danosa ou

perigosa que se prolonga no tempo, como o seqüestro ou cárcere privado”. (Damásio E. de Jesus)

___________________________________ 48

Segundo Mirabete, crimes instantâneos de efeitos permanentes “ocorrem quando, consumada a infração em

dado momento, os efeitos permanecem, independentemente da vontade do sujeito ativo”. Como exemplo podemos

citar a bigamia.

Faz-se necessário saber que, segundo observação de Magalhães Noronha, “a instantaneidade não significa

rapidez ou brevidade física da ação, mas cuja consumação se realiza em um instante”.

08. CRIME CONTINUADO

O crime continuado está definido no caput do art. 71 do nosso Código Penal: “quando o agente, mediante mais

de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,

maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro”.

Magalhães Noronha conceitua crime continuado aquele que é “constituído por duas ou mais violações jurídicas

da mesma espécie, praticadas por uma ou pelas mesmas pessoas sucessivamente e sem ocorrência de punição em

qualquer daquelas, as quais constituem um todo unitário, em virtude da homogeneidade objetiva”.

Damásio de Jesus explica-nos que neste caso “impõe-se-lhe pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a

mais grave, se diversas”. E ressalta que não se trata de uma tipo de crime, mas uma “forma de concurso de delitos”.

10. DELITO PUTATIVO

Segundo Mirabete, crime putativo (ou imaginário) “é aquele em que o agente supõe, por erro, que está

praticando uma conduta típica quando o fato não constitui crime”. Segundo Damásio de Jesus, o delito putativo ocorre

quando “o agente considera erroneamente que a conduta realizada por ele constitui crime, quando, na verdade, é um

fato atípico. Só existe na imaginação do sujeito”. O mesmo autor destaca que há três tipos de delito putativo:

- delito putativo por erro de proibição: ocorre quando o agente supõe violar uma norma penal que na verdade não

existe. “Falta tipicidade à sua conduta, pois o fato não é considerado crime”.

- - delito putativo por erro de tipo: há a errônea suposição do agente e esta não recai sobre a norma, ma sobre os

elementos do crime. “O agente crê violar uma norma realmente existente, mas à sua conduta faltam elementares

de tipo”.

- - delito putativo por obra de agente provocador (crime de flagrante provocado): “ocorre quando alguém, de forma

insidiosa, provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo que toma providências para que o mesmo

não se consuma.”

-11. CRIME IMPOSSÍVEL

Descrito pelo art. 17 do Código Penal: “ Não se pune a tentativa, quando, por ineficácia absoluta do meio ou

por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”.

“Este crime pressupõe sejam absolutas a ineficácia e a impropriedade” (E. Magalhães Noronha). Quando o

dispositivo se refere ‘à ineficácia absoluta do objeto’, deve-se entender que “o meio é inadequado, inidôneo, ineficaz

para que o sujeito possa obter o resultado pretendido”. No que diz respeito ‘à absoluta impropriedade do objeto’

material do crime, este “não existe ou, nas circunstâncias em que se encontra, torna impossível a consumação”.

(Fabbrini Mirabete)

12. CRIME CONSUMADO E TENTADO

Segundo nosso Código Penal, há o crime consumado “quando nele se reúnem todos os elementos de sua

definição legal (art.14, I)”. Diz Mirabete que o crime está consumado “quando o tipo está inteiramente realizado, ou

seja, quando o fato concreto se subsume no tipo penal abstrato descrito na lei penal”.

Há o crime tentado “quando, iniciada a execução, não se consuma, por circunstâncias alheias à vontade do

agente” (art.14,II). “A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei. Na tentativa há

___________________________________ 49

prática do ato de execução, mas não chega o sujeito à consumação por circunstâncias alheias à sua vontade”. (Júlio

Fabbrini Mirabete)

13. CRIMES HEDIONDOS

Damásio de Jesus conceitua crimes hediondos como “delitos repugnantes, sórdidos, decorrentes de condutas que,

pela forma de execução ou pela gravidade objetiva dos resultados, causam intensa repulsa”.

João José Leal afirma que haveria um crime hediondo “toda vez que uma conduta delituosa estivesse revestida de

excepcional gravidade, seja na execução, quando o agente revela total desprezo pela vítima, insensível ao sofrimento

físico ou moral a que a submete, seja quanto à natureza do bem jurídico ofendido, ainda pela especial condição das

vítimas”.

A Constituição Federal de 1988 considera estes crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia (art. 5º, inc.

XLIII).

Direito Penal – Parte Especial

* Os textos a seguir foram retirados do Código Penal vigente DECRETO-LEI N o 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE

1940., em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm, acessado em 05.09.2008, legisla-

ção extravagente.

...

PARTE ESPECIAL

TÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples

Art 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de

violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a

um terço.

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo futil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa

resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a de-

fesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

___________________________________ 50

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Homicídio culposo

§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra

técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura di-

minuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena

é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60

(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infra-

ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela

Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa

de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada:

Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico;

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Infanticídio

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada

ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência

do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são

duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

___________________________________ 51

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,

de seu representante legal.

CAPÍTULO II

DAS LESÕES CORPORAIS

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incuravel;

III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesão corporal seguida de morte

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco

de produzí-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Diminuição de pena

§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de vi-

olenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um

terço.

Substituição da pena

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos

mil réis a dois contos de réis:

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;

II - se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa

§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Aumento de pena

§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. (Redação dada pela

Lei nº 8.069, de 1990)

§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)

Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

___________________________________ 52

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem

conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou

de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste arti-

go, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra

pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)

CAPÍTULO III

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de contágio venéreo

- Suprimido -

Perigo de contágio de moléstia grave

- Suprimido -

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a

perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natu-

reza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)

Abandono de incapaz

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer moti-

vo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.

§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Aumento de pena

§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:

I - se o abandono ocorre em lugar ermo;

II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.

III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

Exposição ou abandono de recém-nascido

Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - detenção, de um a três anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

___________________________________ 53

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou

extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses

casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e

triplicada, se resulta a morte.

Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de

educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer

sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (In-

cluído pela Lei nº 8.069, de 1990)

CAPÍTULO IV

DA RIXA

Rixa

- Suprimido -

CAPÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrí-

vel;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Difamação

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Exceção da verdade

___________________________________ 54

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é

relativa ao exercício de suas funções.

Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se

considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição

de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

Disposições comuns

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injú-

ria.

IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluí-

do pela Lei nº 10.741, de 2003)

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em do-

bro.

Exclusão do crime

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de inju-

riar ou difamar;

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cum-

primento de dever do ofício.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

Retratação

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento

de pena.

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido

pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,

responde pela ofensa.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do

art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

___________________________________ 55

Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141, e medi-

ante representação do ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo.

CAPÍTULO VI

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

SEÇÃO I

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qual-

quer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Aumento de pena

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais

de três pessoas, ou há emprego de armas.

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justi-

ficada por iminente perigo de vida;

II - a coação exercida para impedir suicídio.

Ameaça

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal

injusto e grave:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Seqüestro e cárcere privado

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)

anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou mo-

ral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Redução a condição análoga à de escravo

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jor-

nada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio,

sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº

10.803, de 11.12.2003)

___________________________________ 56

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela

Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de tra-

balho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do tra-

balhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de

11.12.2003)

SEÇÃO II

DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

Violação de domicílio

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de

quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou

por duas ou mais pessoas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.

§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou

com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.

§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:

I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;

II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º - A expressão "casa" compreende:

I - qualquer compartimento habitado;

II - aposento ocupado de habitação coletiva;

III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do

parágrafo anterior;

II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

SEÇÃO III

DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA

- Suprimido -

SEÇÃO IV

DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS

- Suprimido -

TÍTULO II

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

___________________________________ 57

CAPÍTULO I

DO FURTO

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão

pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-

portado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Furto de coisa comum

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a

coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o

agente.

CAPÍTULO II

DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,

ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou

grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;

(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa;

se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426,

de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Extorsão

___________________________________ 58

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para

outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um

terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072,

de 25.7.90

Extorsão mediante seqüestro

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição

ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior

de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Re-

dação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação

do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)

Extorsão indireta

Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode

dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

CAPÍTULO III

DA USURPAÇÃO

- Suprimido -

CAPÍTULO IV

DO DANO

Dano

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Dano qualificado

Parágrafo único - Se o crime é cometido:

I - com violência à pessoa ou grave ameaça;

II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave

III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou socieda-

de de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)

IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

___________________________________ 59

Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia

Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde

que o fato resulte prejuízo:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico

Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artísti-

co, arqueológico ou histórico:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Alteração de local especialmente protegido

Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Ação penal

Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante

queixa.

CAPÍTULO V

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Apropriação indébita

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:

I - em depósito necessário;

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;

III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

- Suprimido -

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza

- Suprimido -

CAPÍTULO VI

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Estelionato

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém

em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o dispos-

to no art. 155, § 2º.

§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Disposição de coisa alheia como própria

___________________________________ 60

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou

imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer des-

sas circunstâncias;

Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quan-

do tem a posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as con-

seqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou

de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Duplicata simulada

Art. 172 - - Suprimido -

Abuso de incapazes

Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alie-

nação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito

jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Induzimento à especulação

Art. 174 - Suprimido -

Fraude no comércio

Art. 175 - Suprimido -

Outras fraudes

Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de

recursos para efetuar o pagamento:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, dei-

xar de aplicar a pena.

Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações

Art. 177 - Suprimido -

Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"

Art. 178 - Suprimido -

___________________________________ 61

Fraude à execução

Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.

CAPÍTULO VII

DA RECEPTAÇÃO

Receptação

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser

produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº

9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,

expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial

ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular

ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela

condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de

1996)

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de

1996)

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coi-

sa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,

deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº

9.426, de 1996)

§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária

de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em do-

bro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuí-

zo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

___________________________________ 62

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à

pessoa;

II - ao estranho que participa do crime.

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei

nº 10.741, de 2003)

TÍTULO VI

DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES

CAPÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

Estupro

Art. 213 - Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:

Parágrafo único.(Revogado pela Lei n.º 9.281, de 4.6.1996)

Pena - reclusão, de seis a dez anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

Atentado violento ao pudor

Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique

ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Parágrafo único. (Revogado pela Lei n.º 9.281, de 4.6.1996

Pena - reclusão, de seis a dez anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

Posse sexual mediante fraude

Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

Pena - reclusão, de um a três anos.

Parágrafo único - Se o crime é praticado contra mulher virgem, menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Atentado ao pudor mediante fraude

Art. 216. Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter-se à prática de ato libidinoso diverso da conjunção

carnal: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

Pena - reclusão, de um a dois anos.

Parágrafo único. Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (quatorze) anos: (Redação dada pela Lei nº

11.106, de 2005)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente

da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função." (In-

cluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

CAPÍTULO II

DA SEDUÇÃO E DA CORRUPÇÃO DE MENORES

___________________________________ 63

Sedução

Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Corrupção de menores

Art. 218 - Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, com ela

praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

CAPÍTULO III

DO RAPTO

Art. 219, 220, 221,222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES GERAIS

Formas qualificadas

Art. 223 - Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Pena - reclusão, de oito a doze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

Parágrafo único - Se do fato resulta a morte:

Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

Presunção de violência

Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

a) não é maior de catorze anos;

b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;

c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.

Ação penal

Art. 225 - Nos crimes definidos nos capítulos anteriores, somente se procede mediante queixa.

§ 1º - Procede-se, entretanto, mediante ação pública:

I - se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à

manutenção própria ou da família;

II - se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador.

§ 2º - No caso do nº I do parágrafo anterior, a ação do Ministério Público depende de representação.

Aumento de pena

Art. 226. A pena é aumentada:(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº

11.106, de 2005)

II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,

preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; (Redação dada pela Lei nº

11.106, de 2005)

III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

CAPÍTULO V

DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOAS

(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

___________________________________ 64

Mediação para servir a lascívia de outrem

Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descenden-

te, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tra-

tamento ou de guarda: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.

§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Favorecimento da prostituição

Art. 228 - Induzir ou atrair alguém à prostituição, facilitá-la ou impedir que alguém a abandone:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

§ 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do artigo anterior:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.

§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Casa de prostituição

Art. 229 - Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidi-

noso, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Rufianismo

Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no

todo ou em parte, por quem a exerça:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do art. 227:

Pena - reclusão, de três a seis anos, além da multa.

§ 2º - Se há emprego de violência ou grave ameaça:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da multa e sem prejuízo da pena correspondente à violência.

Tráfico internacional de pessoas (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

Art. 231. Promover, intermediar ou facilitar a entrada, no território nacional, de pessoa que venha exercer a prostitui-

ção ou a saída de pessoa para exercê-la no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

§ 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do art. 227:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

§ 2o Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze) anos, e

multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

§ 3º - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Tráfico interno de pessoas (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

___________________________________ 65

Art. 231-A. Promover, intermediar ou facilitar, no território nacional, o recrutamento, o transporte, a transferência, o

alojamento ou o acolhimento da pessoa que venha exercer a prostituição: (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

Parágrafo único. Aplica-se ao crime de que trata este artigo o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 231 deste Decreto-Lei.

(Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

Art. 232 - Nos crimes de que trata este Capítulo, é aplicável o disposto nos arts. 223 e 224.

CAPÍTULO VI

DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

Ato obsceno

Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Escrito ou objeto obsceno

Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de expo-

sição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:

I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;

II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter

obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;

III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.

TÍTULO XI

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO I

DOS CRIMES PRATICADOS

POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO

CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Peculato

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de

que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o sub-

trai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona

a qualidade de funcionário.

Peculato culposo

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;

se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Peculato mediante erro de outrem

Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

___________________________________ 66

Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 313-A. - Suprimido -

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 313-B. - Suprimido -

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento

Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutili-

zá-lo, total ou parcialmente:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas

Art. 315 - Suprimido -

Concussão

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas

em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Excesso de exação

§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido,

emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de

27.12.1990)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos co-

fres públicos:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de

assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou

deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a

pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Facilitação de contrabando ou descaminho

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

Prevaricação

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,

para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

___________________________________ 67

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a

aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:

(Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Condescendência criminosa

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do

cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Advocacia administrativa

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da quali-

dade de funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Violência arbitrária

Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.

Abandono de função

Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

Art. 324 - Suprimido -

Violação de sigilo funcional

Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a

revelação:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.

§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de

pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; (Incluído pela Lei

nº 9.983, de 2000)

II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Violação do sigilo de proposta de concorrência

___________________________________ 68

Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:

Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

Funcionário público

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunera-

ção, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem tra-

balha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Adminis-

tração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes

de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de

economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)

CAPÍTULO II

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Usurpação de função pública

Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Resistência

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo

ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Desobediência

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Desacato

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de

influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada

ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)

___________________________________ 69

Corrupção ativa

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retar-

dar ato de ofício:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou

omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Contrabando ou descaminho

Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto

devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

§ 1º - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)

a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de

14.7.1965)

b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de

14.7.1965)

c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercí-

cio de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no

País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de im-

portação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)

d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, merca-

doria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que

sabe serem falsos. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)

§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou

clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº 4.729, de

14.7.1965)

§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. (Incluí-

do pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)

Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência

Art. 335 - Suprimido -

Inutilização de edital ou de sinal

Art. 336 - Suprimido -

Subtração ou inutilização de livro ou documento

Art. 337 - Suprimido -

Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 337-A. - Suprimido -

CAPÍTULO II-A

(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA

- Suprimido –

___________________________________ 70

CAPÍTULO III

OS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Reingresso de estrangeiro expulso

Art. 338 - Suprimido -

Denunciação caluniosa

Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação adminis-

trativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe ino-

cente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.

§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

Comunicação falsa de crime ou de contravenção

Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não

se ter verificado:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Auto-acusação falsa

Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

Falso testemunho ou falsa perícia

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete

em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de

28.8.2001)

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o

fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da

administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou

declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou

intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou inter-

pretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova

destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração públi-

ca direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Coação no curso do processo

Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade,

parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo,

ou em juízo arbitral:

___________________________________ 71

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Exercício arbitrário das próprias razões

Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.

Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judici-

al ou convenção:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Fraude processual

Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de

pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas

aplicam-se em dobro.

Favorecimento pessoal

Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão:

Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:

Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.

§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.

Favorecimento real

Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o pro-

veito do crime:

Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

Exercício arbitrário ou abuso de poder

Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de

poder:

Pena - detenção, de um mês a um ano.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que:

I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a execução de pena privativa de li-

berdade ou de medida de segurança;

II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de execu-

tar imediatamente a ordem de liberdade;

III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;

IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.

Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança

Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

___________________________________ 72

§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de re-

clusão, de dois a seis anos.

§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência.

§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está

o preso ou o internado.

§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses

a um ano, ou multa.

Evasão mediante violência contra a pessoa

Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando

de violência contra a pessoa:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.

Arrebatamento de preso

Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência.

Motim de presos

Art. 354 - Suprimido -

Patrocínio infiel

Art. 355 - Suprimido -

Sonegação de papel ou objeto de

valor probatório

Art. 356 - Suprimido -

Exploração de prestígio

Art. 357 - Suprimido -

Violência ou fraude em arremata-

ção judicial

Art. 358 - Suprimido -

___________________________________ 73

Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito

Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

Direito Penal – Legislação extravagante

LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adoles-

cente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Título I

Das Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente

aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e

vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo

da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e

facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberda-

de e de dignidade.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta priori-

dade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissi-

onalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, vi-

olência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fun-

damentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem co-

mum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas

em desenvolvimento.

Título II

Dos Direitos Fundamentais

Capítulo I

Do Direito à Vida e à Saúde

- suprimido -

___________________________________ 74

Capítulo II

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Capítulo III

Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária

Seção I

Disposições Gerais

Seção II

Da Família Natural

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no

próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a ori-

gem da filiação.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar

descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser

exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.

Seção III

Da Família Substituta

Subseção I

Disposições Gerais

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situa-

ção jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.

§ 1º Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser previamente ouvido e a sua opinião devidamente con-

siderada.

§ 2º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a

fim de evitar ou minorar as conseqüências decorrentes da medida.

Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade

com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.

Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a enti-

dades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.

Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalida-

de de adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o en-

cargo, mediante termo nos autos.

Capítulo IV

Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

___________________________________ 75

Capítulo V

Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

Título III

Da Prevenção

Capítulo I

Disposições Gerais

Capítulo II

Da Prevenção Especial

Seção II

Dos Produtos e Serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:

I - armas, munições e explosivos;

II - bebidas alcoólicas;

III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;

IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar

qualquer dano físico em caso de utilização indevida;

V - revistas e publicações a que alude o art. 78;

VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere,

salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

Seção III

Da Autorização para Viajar

Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsá-

vel, sem expressa autorização judicial.

§ 1º A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na

mesma região metropolitana;

b) a criança estiver acompanhada:

1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;

2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:

I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reco-

nhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional

poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

___________________________________ 76

Parte Especial

Título II

Das Medidas de Proteção

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta

Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

Capítulo II

Das Medidas Específicas de Proteção

Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituí-

das a qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que

visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre

outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

VII - abrigo em entidade;

VIII - colocação em família substituta.

Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a colocação em

família substituta, não implicando privação de liberdade.

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acompanhadas da regularização do registro ci-

vil.

§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vis-

ta dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.

§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo são isentos de multas, custas e

emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

Título III

Da Prática de Ato Infracional

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.

___________________________________ 77

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.

Capítulo II

Dos Direitos Individuais

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem es-

crita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser infor-

mado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à

autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade,

demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais,

de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

....]

Capítulo IV

Das Medidas Sócio-Educativas

Seção I

Disposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes

medidas:

I - advertência;

II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade;

IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravida-

de da infração.

§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado,

em local adequado às suas condições.

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

___________________________________ 78

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficien-

tes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.

Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes

da autoria.

Seção II

Da Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Seção III

Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,

que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da

vítima.

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada

Seção IV

Da Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por pe-

ríodo não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos con-

gêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante

jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudi-

car a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Seção V

Da Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompa-

nhar, auxiliar e orientar o adolescente.

§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entida-

de ou programa de atendimento.

§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada,

revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes

encargos, entre outros:

I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em

programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;

II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;

IV - apresentar relatório do caso.

Seção VI

Do Regime de Semi-liberdade

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio

aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

___________________________________ 79

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recur-

sos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

Seção VII

Da Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e

respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa de-

terminação judicial em contrário.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão funda-

mentada, no máximo a cada seis meses.

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.

§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de

semi-liberdade ou de liberdade assistida.

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;

II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;

III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses.

§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti-

nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:

I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;

II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;

III - avistar-se reservadamente com seu defensor;

IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;

V - ser tratado com respeito e dignidade;

VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;

VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;

VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;

IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;

X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;

XI - receber escolarização e profissionalização;

XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:

XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;

XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;

___________________________________ 80

XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante da-

queles porventura depositados em poder da entidade;

XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.

§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.

§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem

motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas ade-

quadas de contenção e segurança.

Capítulo V

Da Remissão

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Pú-

blico poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüên-

cias do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato

infracional.

Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspen-

são ou extinção do processo.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem pre-

valece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas

em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedi-

do expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

Título IV

Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:

I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;

II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;

IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;

VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;

VII - advertência;

VIII - perda da guarda;

IX - destituição da tutela;

X - suspensão ou destituição do pátrio poder.

Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos

arts. 23 e 24.

Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a auto-

ridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.

...]

Título VI

___________________________________ 81

Do Acesso à Justiça

Seção V

Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente

Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade polici-

al competente.

Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato

infracional praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as pro-

vidências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.

Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autorida-

de policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:

I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;

II - apreender o produto e os instrumentos da infração;

III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.

Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocor-

rência circunstanciada.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade

policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público,

no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e

sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou

manutenção da ordem pública.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante

do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de aten-

dimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À

falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da des-

tinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.

Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do Minis-

tério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na prática de ato infra-

cional, a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investigações e de-

mais documentos.

Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em

compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua

integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

___________________________________ 82

Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apre-

ensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre

os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais

ou responsável, vítima e testemunhas.

Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou responsá-

vel para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar.

...]

Título VII

Dos Crimes e Das Infrações Administrativas

Capítulo I

Dos Crimes

Seção I

Disposições Gerais

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem

prejuízo do disposto na legislação penal.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro-

cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal.

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada

Seção II

Dos Crimes em Espécie

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de man-

ter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à

parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercor-

rências do parto e do desenvolvimento do neonato:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar

corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no

art. 10 desta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de

ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais.

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comu-

nicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:

___________________________________ 83

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescen-

te, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Mi-

nistério Público no exercício de função prevista nesta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial,

com o fim de colocação em lar substituto:

Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:

Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com

inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:

Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.

Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.

Art. 240. Produzir ou dirigir representação teatral, televisiva, cinematográfica, atividade fotográfica ou de qualquer ou-

tro meio visual, utilizando-se de criança ou adolescente em cena pornográfica, de sexo explícito ou vexatória: (Reda-

ção dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1o Incorre na mesma pena quem, nas condições referidas neste artigo, contracena com criança ou adolescente.

(Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

§ 2o A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

I - se o agente comete o crime no exercício de cargo ou função;

II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si ou para outrem vantagem patrimonial.

Art. 241. Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive

rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envol-

vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

___________________________________ 84

I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo, intermedeia a participação de criança ou adolescente em produ-

ção referida neste artigo;

II - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do

caput deste artigo;

III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede mundial de computadores ou internet, das fotografias, cenas ou

imagens produzidas na forma do caput deste artigo.

§ 2o A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do exercício de cargo ou função;

II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si ou para outrem vantagem patrimonial.

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,

munição ou explosivo:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescen-

te, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utili-

zação indevida:

Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela

Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de

estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer

dano físico em caso de utilização indevida:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à ex-

ploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa.

§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submis-

são de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabele-

cimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)

Capítulo II

Das Infrações Administrativas

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamen-

tal, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo

suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos in-

cisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

___________________________________ 85

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou

documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato

infracional:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato

infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permi-

tir sua identificação, direta ou indiretamente.

§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste ar-

tigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emis-

sora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números. (Expressão declara inconstitucio-

nal pela ADIN 869-2).

Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regulari-

zar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado

pelos pais ou responsável:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independentemente

das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guar-

da, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável ou sem autorização escrita

destes, ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:

Pena - multa de dez a cinqüenta salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-

minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85

desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à en-

trada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especifi-

cada no certificado de classificação:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade

a que não se recomendem:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à

casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua

classificação:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá

determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.

___________________________________ 86

Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às cri-

anças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do

espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação

atribuída pelo órgão competente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar

o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de

apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o aces-

so de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar

o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

LEI DE EXECUÇÕES PENAIS

LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

Institui a Lei de Execução Penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

...]

CAPÍTULO IV

Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina

SEÇÃO I

Dos Deveres

Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de exe-

cução da pena.

Art. 39. Constituem deveres do condenado:

I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;

II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;

III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;

IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;

V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

VI - submissão à sanção disciplinar imposta;

___________________________________ 87

VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;

VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto

proporcional da remuneração do trabalho;

IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;

X - conservação dos objetos de uso pessoal.

Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo.

SEÇÃO II

Dos Direitos

Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provi-

sórios.

Art. 41 - Constituem direitos do preso:

I - alimentação suficiente e vestuário;

II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

III - Previdência Social;

IV - constituição de pecúlio;

V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;

VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis

com a execução da pena;

VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;

VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;

X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;

XI - chamamento nominal;

XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;

XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;

XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;

XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação

que não comprometam a moral e os bons costumes.

XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária compe-

tente. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 13.8.2003)

Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato mo-

tivado do diretor do estabelecimento.

Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Se-

ção.

Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento

ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento.

Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.

...]

ESTATUTO DO DESARMAMENTO

LEI N o 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.

___________________________________ 88

Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo

e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define

crimes e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

...]

CAPÍTULO III

DO PORTE

Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação

própria e para:

I – os integrantes das Forças Armadas;

II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal;

III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (qui-

nhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;

IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000

(quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004)

V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do

Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;

VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as

guardas portuárias;

VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei;

IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o

uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental.

X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de

Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)

§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de pro-

priedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do re-

gulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação

dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X

do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4o

desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas municipais está condicionada à formação funcional de

seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e

de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Comando do

Exército. (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004)

§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os milita-

res dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento

do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei.

§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego de

arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de

fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois)

canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva neces-

___________________________________ 89

sidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706,

de 2008)

I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

II - comprovante de residência em área rural; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações

penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido. (Redação

dada pela Lei nº 11.706, de 2008)

§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas será autorizado

porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de transporte de valores,

constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente

podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armazenagem estabe-

lecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Fede-

ral em nome da empresa.

§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança privada e de transporte de valores responderá

pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis,

se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de ex-

travio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas

depois de ocorrido o fato.

§ 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar documentação comprobatória do preen-

chimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.

§ 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao

Sinarm.

Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obedecer às condições

de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a

arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei.

Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de ci-

dadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta

Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de

representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional.

Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência

da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.

§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos

de atos regulamentares, e dependerá de o requerente:

I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integri-

dade física;

II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;

III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no órgão competen-

te.

___________________________________ 90

§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o por-

tador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alucinógenas.

...]

CAPÍTULO IV

DOS CRIMES E DAS PENAS

Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com

determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de

trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Omissão de cautela

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portado-

ra de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e

transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, rou-

bo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras

24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em-

prestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem

autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em

nome do agente. (Vide Adin 3112-1)

Disparo de arma de fogo

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em

direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3112-1)

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,

emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido

ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;

II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou

restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

___________________________________ 91

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com

determinação legal ou regulamentar;

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de

identificação raspado, suprimido ou adulterado;

V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança

ou adolescente; e

VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

Comércio ilegal de arma de fogo

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulte-

rar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade co-

mercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal

ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação

de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.

Tráfico internacional de arma de fogo

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,

acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou mu-

nição forem de uso proibido ou restrito.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por in-

tegrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.

Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3112-1)

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES GERAIS

...]

Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros

de armas de fogo, que com estas se possam confundir.

Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à

coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.

Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aquisições dos Comandos Militares.

Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das entida-

des constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de

2008)

___________________________________ 92

ESTATUTO DO IDOSO

LEI N o 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.

Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.

TÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou

superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral

de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para pre-

servação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de

liberdade e dignidade.

...]

CAPÍTULO II

Dos Crimes em Espécie

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e

182 do Código Penal.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de trans-

porte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por

motivo de idade:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer mo-

tivo.

§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do

agente.

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente

perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o so-

corro de autoridade pública:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplica-

da, se resulta a morte.

Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não

prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas

ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a

trabalho excessivo ou inadequado:

Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

___________________________________ 93

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 2o Se resulta a morte:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:

I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;

II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;

III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa

idosa;

IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a

que alude esta Lei;

V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando re-

quisitados pelo Ministério Público.

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações

em que for parte ou interveniente o idoso:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes apli-

cação diversa da de sua finalidade:

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração

à entidade de atendimento:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como

qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à

pessoa do idoso:

Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de

bens ou deles dispor livremente:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida representação

legal:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

___________________________________ 94

LEI DE DROGAS

LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006.

Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -

Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, aten-

ção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; es-

tabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao

tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para

prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas

para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de

causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder

Executivo da União.

Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a

exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de

autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre

Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.

Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste

artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,

respeitadas as ressalvas supramencionadas.

...]

TÍTULO IV

DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA

E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS

CAPÍTULO II

DOS CRIMES

___________________________________ 95

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em

depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda

que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-

multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,

transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação

legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;

II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de

plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância,

ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com

determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a

consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-

multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,

vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não

se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar

ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação,

preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes

previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime

definido no art. 36 desta Lei.

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-

multa.

Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos

crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.

___________________________________ 96

Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses

excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o

agente.

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de

outrem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação

respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200

(duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.

Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6

(seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de

transporte coletivo de passageiros.

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:

I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a

transnacionalidade do delito;

II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder

familiar, guarda ou vigilância;

III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou

hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais

de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de

tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes

públicos;

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de

intimidação difusa ou coletiva;

V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;

VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou

suprimida a capacidade de entendimento e determinação;

VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na

identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no

caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.

Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal,

a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.

Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42

desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos

acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.

Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem

ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes,

ainda que aplicadas no máximo.

___________________________________ 97

Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,

graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.

Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento

de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou

força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,

inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato

previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu

encaminhamento para tratamento médico adequado.

Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45

desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito

do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do

agente para tratamento, realizada por profissional de saúde com competência específica na forma da lei, determinará

que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.

...]

LEI MARIA DA PENHA

LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar

contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição

Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas

de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção

Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra

a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência

Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de

Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá

outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos ter-

mos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência

contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de ou-

tros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de

Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situ-

ação de violência doméstica e familiar.

TÍTULO II

___________________________________ 98

DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou

omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou pa-

trimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou

sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram

aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, inde-

pendentemente de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos huma-

nos.

CAPÍTULO II

DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

CONTRA A MULHER

Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da

auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,

comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vi-

gilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e

vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar

de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar

ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a for-

ce ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou

que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição par-

cial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos

econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

...]

CAPÍTULO III

DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade

policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência

deferida.

Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, en-

tre outras providências:

___________________________________ 99

I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judi-

ciário;

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;

III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de

vida;

IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência

ou do domicílio familiar;

V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.

Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, de-

verá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Códi-

go de Processo Penal:

I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;

II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;

III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para

a concessão de medidas protetivas de urgência;

IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais ne-

cessários;

V - ouvir o agressor e as testemunhas;

VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a

existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;

VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.

§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:

I - qualificação da ofendida e do agressor;

II - nome e idade dos dependentes;

III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.

§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos

os documentos disponíveis em posse da ofendida.

§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos

de saúde.

DIREITO PENAL MILITAR

1. CONCEITO

É a parte do Direito Penal consistente no conjunto de normas que definem os crimes contra a ordem

jurídica militar, cominando-lhes penas, impondo medidas de segurança e estabelecendo as causas condicionantes,

excludentes e modificativas da punibilidade, normas essas jurídicas positivas. (Jorge Alberto Romeiro).

É um direito penal especial, porque a maioria de suas normas, diversamente das de direito penal

comum, destinadas a todos os cidadãos, aplicam-se, em regra, exclusivamente aos militares, que têm especiais

deveres para com o Estado.

O art. 360 do CPB prescreve que ficam ressalvadas as disposições do Código Penal Militar

(destacando a sua especialidade).

___________________________________ 100

A Constituição Federal atribui caráter de direito penal especial, conforme o insculpido nos arts. 122,

123, 124 e 125 da CF/88.

Outros dispositivos relevantes: art. 42, caput, art. 5°, XLVI, 84, XIX e 5°, XIX, todos da CF/88.

2. DIREITO DISCIPLINAR MILITAR E DIREITO PENAL MILITAR.

Não há, ou torna-se difícil apontar, diferenças entre crime militar e transgressão disciplinar. Jorge

Alberto Romeiro aponta que a diferença é quantitativa e não qualitativa.

Diferenças:

pena – aplicável apenas por órgão jurisdicional. Pena administrativa - por Comandantes Militares.

crime militar resulta de lei federal. O “Regulamento” disciplinar do diploma legal estadual.

Crime – pena específica. Transgressão – conduta e pena genéricas.

A comunicação de instâncias ocorre apenas por inexistência do fato ou negativa de autoria.

No direito disciplinar comum existe a possibilidade de cumulação de sanção?

O art. 5°, LXI prescreve que a transgressão seja definida em lei. E o procedimento?

3. FONTE IMEDIATA:

A lei (art. 22, I, 124 e 125, § 4° da CF/88).

4. FONTE MEDIATA:

O costume e a jurisprudência.

5. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:

Art. 1° do CPM (embasado na máxima de Feuerbach).

Decorrentes: reserva legal, anterioridade da lei penal e irretroatividade.

6. A LEI PENAL NO TEMPO:

Art. 5°, XXXIX, CF/88.

Abolitio criminis: art. 2° e art. 123, III, CPM.

Lex mitior ou novatio legis in melius: art. 2°, §1°.

Novatio legis incriminadora.

Novatio legis in pejus.

7. TEMPO DO CRIME:

Teoria da atividade.

8. LUGAR DO CRIME:

O CPM adota um sistema misto – atividade e ubiqüidade.

O art. 6° adota a teoria da ubiqüidade para os crimes comissivos e da atividade para os omissivos.

9. TERRITORIALIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE.

Territorialidade temperada. - Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções,

tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território

___________________________________ 101

nacional, ou fora dêle, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido

julgado pela justiça estrangeira

10. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

Adota o non bis in idem.

11. DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ:

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou

nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;

II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal

comum, quando praticados:

a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou as-

semelhado;

b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar,

contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou

em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou

reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reforma-

do, ou assemelhado, ou civil;

e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração

militar, ou a ordem administrativa militar;

f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 8.8.1996)

III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições

militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II,

nos seguintes casos:

a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelha-

do, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função ineren-

te ao seu cargo;

c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, explo-

ração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;

d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza

militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, ad-

ministrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a de-

terminação legal superior.

Crimes militares em tempo de guerra

Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos

contra civil, serão da competência da justiça comum. (Incluído pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)

Crime militar é toda violação acentuada ao dever e aos valores das instituições militares.

Critérios para a definição:

a) ratione materiae – exige que se verifique a dupla qualidade militar – no ato e no agente.

___________________________________ 102

b) ratione personae – aquele cujo sujeito ativo é militar atendendo exclusivamente à qualidade militar do

agente.

c) ratione loci – leva em conta o lugar do crime.

d) ratione temporis – praticados em determinada época, v.g., em tempo de guerra.

e) ratione legis – crime militar é aquele que o CPM diz que é. Caso do aborto.

Crime militar próprio – ou propriamente militares – é aquele cuja prática não seria possível senão por

militar, porque essa qualidade do agente é essencial para que o fato delituoso se verifique. Ex.: art. 149 a 153; art.

157 a 159; art. 163 a 166; art. 187 a 194; art. 195 a 203. Ver CF acerca de prisão em flagrante).

Crime militar impróprio – são aqueles que estão definidos tanto no CPM quanto no CPB e, que, por

um artifício legal tornam-se militares por se enquadrarem em uma das várias hipóteses do art. 9°, II.

Crime contra as instituições militares – são os que atentam contra a administração militar, o

patrimônio destinado à finalidade das instituições ou os bens sujeitos à administração militar.

12. CRIME MILITAR EM RELAÇÃO À POLÍCIA MILITAR.

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta

Constituição.

§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do T ribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual,

constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo

grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo

militar seja superior a vinte mil integrantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de

2004)

§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes milita-

res definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência

do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da

patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de

2004)

14. CRIME MILITAR PRATICADO POR CIVIL.

Para Clóvis Beviláqua são os acidentalmente militares.

Crime militar que só pode ser cometido por civil?

Se serviço de natureza militar – civil contra militar federal – justiça militar. Se serviço de natureza

comum – justiça comum.

Civil contra militar estadual é sempre justiça comum.

15. CRIME MILITAR PRATICADO POR MILITAR FEDERAL CONTRA MILITAR ESTADUAL.

Justiça comum (art. 125, § 4°). Não basta a condição de militar e o fato ser típico, mas também a

natureza dos bens jurídicos tutelados.

Direito Penal Militar é o ramo do Direito Público que define as infrações penais de âmbito meramente

militar, estabelecendo as penas e medidas de segurança, tal como o Direito Penal comum.

___________________________________ 103

16. CRIMES MILITARES

De acordo com o Código Penal Militar, os crimes militares em tempo de paz são aqueles que

preenchem os requisitos do art. 9º daquela lei, ou seja:

* Os textos a segyuir foram retirados daDECRETO-LEI Nº 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969. acessado em

http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del1001Compilado.htm , em 05.09.2008.

Militares estrangeiros

Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas fôrças armadas, ficam sujeitos à lei pe-

nal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções internacionais.

Equiparação a militar da ativa

Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se ao militar em situa-

ção de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar.

Militar da reserva ou reformado

Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do pôsto ou gradua-

ção, para o efeito da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra êle é praticado crime militar.

Defeito de incorporação

Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou conhe-

cido antes da prática do crime.

Tempo de guerra

Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o re-

conhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nêle estiver compreendido aquêle re-

conhecimento; e termina quando ordenada a cessação das hostilidades.

...]

Infrações disciplinares

Art. 19. Êste Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.

Crimes praticados em tempo de guerra

Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as penas cominadas

para o tempo de paz, com o aumento de um têrço.

Assemelhado

Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da

Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento.

Pessoa considerada militar

___________________________________ 104

Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação dêste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz

ou de guerra, seja incorporada às fôrças armadas, para nelas servir em pôsto, graduação, ou sujeição à disci-

plina militar.

Equiparação a comandante

Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, tôda autoridade com função

de direção.

Conceito de superior

Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sôbre outro de igual pôsto ou graduação, consi-

dera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.

Crime praticado em presença do inimigo

Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em zona de efetivas operações

militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade.

Referência a "brasileiro" ou "nacional"

Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as pessoas enumeradas

como brasileiros na Constituição do Brasil.

Estrangeiros

Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros os apátridas e os brasileiros

que perderam a nacionalidade.

Os que se compreendem, como funcionários da Justiça Militar

Art. 27. Quando êste Código se refere a funcionários, compreende, para efeito da sua aplicação, os juízes, os

representantes do Ministério Público, os funcionários e auxiliares da Justiça Militar.

...]

TÍTULO II

DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE

OU DISCIPLINA MILITAR

CAPÍTULO I

DO MOTIM E DA REVOLTA

Motim

Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:

I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;

II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;

III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior;

IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer dêles, han-

gar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de trans-

porte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou

da disciplina militar:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um têrço para os cabeças.

Revolta

Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:

___________________________________ 105

Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um têrço para os cabeças.

Conspiração

Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149:

Pena - reclusão, de três a cinco anos.

Isenção de pena

Parágrafo único. É isento de pena aquêle que, antes da execução do crime e quando era ainda possível evitar-lhe as

conseqüências, denuncia o ajuste de que participou.

Cumulação de penas

CAPÍTULO II

DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO

Incitamento

Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar,

impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à práti-

ca dos atos previstos no artigo.

Apologia de fato criminoso ou do seu autor

Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à adminis-

tração militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.

CAPÍTULO III

DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU

MILITAR DE SERVIÇO

Violência contra superior

Art. 157. Praticar violência contra superior:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.

Formas qualificadas

§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general:

Pena - reclusão, de três a nove anos.

§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um têrço.

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.

§ 4º Se da violência resulta morte:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço.

Violência contra militar de serviço

Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

Formas qualificadas

§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um têrço.

§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.

§ 3º Se da violência resulta morte:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

___________________________________ 106

CAPÍTULO IV

DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A

SÍMBOLO NACIONAL OU A FARDA

Desrespeito a superior

Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço

Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-general, ofici-

al de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade.

Desrespeito a símbolo nacional

Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração militar, ato que se traduza em ultraje a

símbolo nacional:

Pena - detenção, de um a dois anos.

Despojamento desprezível

Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por menosprêzo ou vilipêndio:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.

Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado diante da tropa, ou em público.

CAPÍTULO V

DA INSUBORDINAÇÃO

Recusa de obediência

Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sôbre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever

impôsto em lei, regulamento ou instrução:

Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Oposição a ordem de sentinela

Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Reunião ilícita

Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou assunto atinente

à disciplina militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis meses a quem dela participa, se

o fato não constitui crime mais grave.

Publicação ou crítica indevida

Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar públicamente ato de seu

superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Govêrno:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

CAPÍTULO VI

DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO OU ABUSO

DE AUTORIDADE

___________________________________ 107

Uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia militar por qualquer pessoa

Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que não tenha direito:

Pena - detenção, até seis meses.

Abuso de requisição militar

...

Rigor excessivo

Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor não permitido, ou ofendendo-o por pala-

vra, ato ou escrito:

Pena - suspensão do exercício do pôsto, por dois a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave.

Violência contra inferior

Art. 175. Praticar violência contra inferior:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também aplicada a pena do crime contra a pessoa,

atendendo-se, quando fôr o caso, ao disposto no art. 159.

Ofensa aviltante a inferior

Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltan-

te:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo anterior.

...

CAPÍTULO II

DA DESERÇÃO

Deserção

Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por

mais de oito dias:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.

Casos assimilados

Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:

I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias;

II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele em que termina

ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de guerra;

III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;

IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando incapacidade.

....

CAPÍTULO III

DO ABANDONO DE PÔSTO E DE OUTROS

CRIMES EM SERVIÇO

Abandono de pôsto

Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o pôsto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que

lhe cumpria, antes de terminá-lo:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

___________________________________ 108

Descumprimento de missão

Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um têrço.

§ 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade.

Modalidade culposa

§ 3º Se a abstenção é culposa:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

CAPÍTULO IV

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA OU DA SAÚDE

Abandono de pessoa

Art. 212. Abandonar o militar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade e, por qualquer moti-

vo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.

Formas qualificadas pelo resultado

§ 1º Se do abandono resulta lesão grave:

Pena - reclusão, até cinco anos.

§ 2º Se resulta morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

CAPÍTULO VII

DOS CRIMES SEXUAIS

Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com êle se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a

administração militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.

Presunção de violência

CAPÍTULO VIII

DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

Ato obsceno

Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar sujeito à administração militar:

Pena - detenção de três meses a um ano.

Parágrafo único. A pena é agravada, se o fato é praticado por militar em serviço ou por oficial.

Escrito ou objeto obsceno

Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à venda, exibir, adquirir ou ter em depósito para o fim de venda, distribui-

ção ou exibição, livros, jornais, revistas, escritos, pinturas, gravuras, estampas, imagens, desenhos ou qualquer outro

objeto de caráter obsceno, em lugar sujeito à administração militar, ou durante o período de exercício ou manobras:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem distribui, vende, oferece à venda ou exibe a militares em serviço obje-

to de caráter obsceno.

...

CAPÍTULO VI

DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL

Prevaricação

___________________________________ 109

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei,

para satisfazer interêsse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Violação do dever funcional com o fim de lucro

...]

CAPÍTULO VI

DO INCITAMENTO

Incitamento

Art. 370. Incitar militar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar,

impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à práti-

ca dos atos previstos no artigo.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Para que o Estado, através da sua função judiciária, venha a apurar os crimes ocorridos em seu território,

aplicando o Direito e fazendo justiça, é preciso que haja uma apuração coerente, justa, legal e igualitária.

Para que tal “apuração” ocorra é preciso alguns fundamentos e regras importantes que devem ser

obedecidos. Em primeiro lugar, a apuração que é realizada pelo judiciário, ou Justiça propriamente dita, é chamada

de processo, o qual é regido por regras de Direito Processual.

O Direito Processual, por sua vez, é o ramo do direito público que regula a função do Estado de julgar as

infrações penais e aplicar a lei.

O processo é a seqüência de atos interdependentes, destinados a solucionar um litígio (conflito de

interesses), com a vinculação do juiz e das partes (autor e réu) a uma série de direitos e obrigações.

Já o procedimento é o rito, a forma como irá ocorrer o processo, que pode ser sumário, ordinário, de

execução, cautelar, etc.

É oportuno frisar que existe o Direito Processual Civil, o qual abrange as questões reguladas pelo Código

Civil (litígios inerentes a compra e venda, filiação, pátrio poder, dissolução conjugal, adoção, indenizações, danos

morais, etc.), não se confunde com o Direito Processual Penal, este matéria de nosso estudo.

1. Princípios do Direito Processual Penal:

Devido processo penal (Art. 5º, LIV/CF) = a privação da liberdade de um homem, ou dos seus bens, não se

procederá senão atrav

Garantia do contraditório e da ampla defesa (Art. 5º, LV/CF) = um dos mais importantes princípios processuais.

Por contraditório se entende o direito de contradizer, de contraditar, de argumentar algo em favor de si próprio,

tendo em vista as acusações existentes. É o direito de rechaçar a acusação. E por ampla defesa se entende o

direito de se utilizar de todos os meios de prova legalmente previstos em favor de si próprio.

Proibição de obtenção de provas ilegais (Art. 5º, LVI/CF) = o ordenamento jurídico do Brasil proíbe o uso de

provas obtidas ilegalmente, como, por exemplo, documentos roubados da casa de alguém, através de uma

invasão de domicílio.

___________________________________ 110

Estado de inocência (Art. 5º, LVII/CF) = até a sentença transitar em julgado, ninguém pode ser caracterizado

como culpado de crime algum. Isso vale também para a oralidade de tratamento. Ou seja, se um acusado é

chamado de “assassino” antes de ser sentenciado, está este no direito de ingressar em juízo contra o ofensor

alegando ter sido caluniado. Por isso se utilizam as expressões “réu”, “acusado”, “denunciado”, etc.

Publicidade (Art. 5º, LX/CF) = o processo é um somatório de atos, que são públicos. Por isso devem ser

“expostos” à sociedade, salvo circunstâncias que exigem sigilo para preservar o nome das partes ou pela

relevância das informações, que podem interessar ao Estado ou, uma vez divulgados possam facilitar atos

ilícitos de obstaculação da própria Justiça. Ex.: destruição de provas.

Juiz Natural (Art. 5º, LIII/CF) = o autor do ilícito só pode ser processado e julgado perante o órgão a que a

Constituição Federal atribui competência para julgamento. Ex.: quem comete um crime deve ser processado

por um juiz – de Direito ou Federal, dependendo do caso -, e não por um juiz do trabalho.

Impulso Oficial (Art. 251/CPP) = uma vez iniciado o processo, este deve ser obrigatoriamente concluído.

Verdade Real = O juiz deve buscar provas que elucidem como de fato ocorreu o crime, independentemente das

partes não terem requerido.

Legalidade = os atos processuais devem ser previstos em lei, bem como prazos, formas, etc.

Ordem processual = o processo segue uma lógica seqüencial, prevista em lei inclusive. Não pode o juiz, por

exemplo, ouvir as testemunhas de defesa antes das de acusação.

Supremacia do interesse Público sobre o Privado = por ser um ato exclusivo de Estado, o processo é

entendido como a suplantação do interesse privado (do acusado) em desfavor do interesse público (da

sociedade). Uma vez processado, o acusado passa a cumprir um série de exigências judiciais, tais como

comparecer às audiências, não deixar a cidade sem antes avisar ao juiz, etc., tudo em favor da coletividade,

que impera.

2. Inquérito Policial

O inquérito policial é um procedimento administrativo prévio, que antecede um processo, para apurar as

infrações penais e para fundamentar a denúncia ou queixa. De acordo com o art. 9º do Código de Processo Penal

Militar é uma apuração sumária de fato que, de acordo com as leis, configure crime. Tem o caráter de instrução

(apuração) provisória, cujo fim maior é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.

É peça investigatória, não sujeita ao contraditório, pois pode ser celebrado até mesmo sem a presença do

acusado. Não é indispensável, podendo a denúncia, ou a queixa, ser oferecida com base em qualquer peça de

informação (reportagem, depoimentos, provas, filmagens, etc.).

Seu valor probatório é relativo, pois o juiz pode atribuir ou não importância às informações ali contidas. A

prova testemunhal em IP, se não for renovada em juízo, não serve para fundamentar a decisão judicial, já que não

houve ali a imperatividade do princípio do contraditório e da ampla defesa.

Inicia-se por portaria, expedida pela autoridade competente (delegado de polícia) ou pelo Auto de Prisão em

Flagrante Delito. No 1º caso (por portaria), o delegado a expede quando toma ciência de um fato ilícito no âmbito de

sua circunscrição, ou por requisição do juiz ou do promotor.

Prazo (do IP da Polícia Civil) = 30 dias, prorrogáveis de acordo com a necessidade, devidamente autorizada

pelo juiz. Se o indiciado estiver preso, o prazo é reduzido para 10 dias.

Terminada a apuração, a autoridade policial fará um relatório objetivo, remetendo todo o IP para o juiz

competente, e este, após receber, dará “vistas” dos autos ao Ministério Público. Ao receber o IP, o promotor poderá

requerer ao juiz uma das três providências: a) solicitar o arquivamento (por falta de provas; estiver extinta a

punibilidade; não existir crime, etc.); b) requerer novas diligências (o IP volta para a delegacia); c) oferece denúncia.

___________________________________ 111

O Inquérito Policial é instrumento exclusivo da chamada Polícia Judiciária, cuja autoridade competente é um

delegado de polícia. Já o Inquérito Policial Militar é o mesmo instrumento, porém abrange apenas apurações de

crimes exclusivamente militares, cujo responsável não pode ser oficial de posto inferior ao de capitão. Pode ser

instaurado nas mesmas circunstâncias do IP, com o acréscimo da portaria do comandante da área onde tenha

ocorrido o fato ilícito a ser apurado.

3. Ação Penal

É a faculdade que tem o Estado de, em nome da sociedade, apurar a responsabilidade dos agentes de

delitos, o autor de crime ou contravenção, para lhes aplicar sanções punitivas correspondentes às infrações. Pode

ser:

- Privada = quando promovida após queixa da parte ofendida ou de representante legal (procurador,

sucessor, etc.).

- Publica = a iniciativa é exclusiva do Ministério Público (Ação Penal Pública Incondicionada),

representando a sociedade, ma depende, quando a lei assim especifica, de representação do ofendido

(Ação Penal Pública Condicionada).

Como regra, a ação penal é publica. Somente quando a lei expressamente declara é que será privada,

constando abaixo do artigo a expressão “só se procede mediante queixa ou representação”.

OBS.1: para a impetração de ação penal privada, o prazo de decadência é de 6 (seis) meses, a contar da data em

que a vítima, ou seu representante legal, tomam conhecimento do autor do ilícito. Já na ação penal pública o prazo é

diferente, de acordo com a gravidade do delito, de acordo com o art. 109/CP.

OBS.2: A denúncia é peça exclusiva do Ministério Público, solicitando à Justiça a instauração de processo, em caso

de crimes de ação penal pública. Já a queixa e a mesma coisa, só que é exclusiva do ofendido ou vítima do crime de

ação penal privada. Nos crimes de ação penal pública condicionada, para que o Ministério Público haja, através do

oferecimento da denúncia, é preciso que a vítima se manifeste, através de uma representação.

4. Provas

Cabe às partes apresentar provas do que alegam, ou seja, durante o curso de um processo, as partes

(Ministério Público e réu) podem trazer ao juiz, para que este anexe aos autos, provas para fundamentar ainda mais a

decisão, desde que ao sejam provas obtidas por meios lícitos.

Não há hierarquia entre as provas, não existindo um tipo de prova mais importante que outra. O que irá definir

a importância da prova é justamente o seu conteúdo. São os seguintes os tipos de prova: interrogatório (da vítima, do

acusado e das testemunhas), perícias, documentos, reconhecimento de pessoas ou coisas, acareação e indícios. Há

uma prova, porém, que é obrigatória, quando o crime deixa vestígios: a perícia. Mas, mesmo sendo obrigatória –

quando houver vestígios – a perícia não é mais importante que as demais provas, devendo ser avaliada pelo juiz com

os mesmos critérios.

___________________________________ 112

4.1. Exame de Corpo de Delito

Corpo de delito são as alterações materiais deixadas pela infração penal. Nos crimes que deixam vestígio, o

exame pericial ou o exame de corpo de delito, é indispensável. Não pode ser suprido por outro meio de prova, salvo

se os vestígios do crime desapareceram.

5. Prisão

A prisão é uma medida legal, ou administrativa, pela qual o indivíduo tem restringida a sua liberdade de

locomover-se, por prática de ilícito penal ou por ordem de autoridade competente, nos casos previstos em lei.

É a privação da liberdade de locomoção, ou seja, do direito de ir e vir. Pode significar, de acordo com o

Direito, à pena privativa de liberdade (reclusão, detenção, prisão simples, etc.), ao ato de captura (prisão em

flagrante delito ou em cumprimento a mandato de prisão), à custódia (recolhimento da pessoa ao cárcere).

Com a promulgação da CF/88, deixou de existir a chamada “prisão administrativa” e também a “prisão para

averiguação”, tão comum nas repartições policiais, graças ao teor do art. 5º, LXI, que diz: ninguém será preso senão

em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade competente, salvo nos casos de transgressão

militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.

Outrossim, a CF/88 garantiu outros direitos ao preso:

A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente – e

obrigatoriamente - ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (Art. 5º, LXII).

O preso deve ser informado, no ato da lavratura do APFD, de seus direitos, entre os quais o de

permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e do advogado (Art. 5º, LXIV).

Os responsáveis pela prisão, ou pelo interrogatório policial, deverão se identificar ao preso (Art. 5º, LXV).

A prisão ilegal será imediatamente relaxada pelo juiz competente (Art. 5º, LXVI)

Quais os tipos de prisão, afinal?

Existem vários tipos de prisão, de acordo com a legislação brasileira. Tomemos como base a Prisão

Provisória, também chamada de prisão processual, que tem o caráter cautelar, ou seja, de salvaguardar os

interesses do Estado, em detrimento do preso, o qual é recolhido, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença,

por motivos legais. Vejamos os tipos de Prisão Provisória:

Prisão em Flagrante Delito;

Prisão Preventiva;

Prisão resultante de pronúncia;

Prisão resultante de sentença condenatória;

Prisão temporária.

5.1. Prisão em Flagrante Delito

A prisão em flagrante é a prisão provisória efetuada quando a infração penal está ocorrendo ou acaba de

ocorrer. Vem do latim flaglare, que se refere ao delito que está flamando, queimando ou ardendo. De acordo com o

art. 302/Código de Processo Penal, eis os tipos de flagrância:

Flagrante Próprio (Art. 302, I e II) = quando o agente está cometendo a infração. É o caso, por exemplo, do agente

surpreendido praticando o homicídio ou visto saindo da cena do crime carregando o corpo da vítima, com a faca suja

de sangue.

___________________________________ 113

Outros casos: a de quem é surpreendido no ato de execução do crime (desfechando golpes na vítima,

destruindo ou subtraindo coisa alheia, etc.) e a de quem já esgotou os atos de execução, causando o resultado

jurídico (morte, lesões, dano material, etc.), encontrando-se ainda no local do fato.

Flagrante Impróprio (Art. 302, III) = ou quase-flagrante, ocorre quando o agente é perseguido logo após o ilícito, em

situação que se faça entender ser ele o autor da infração. Por “logo após” a doutrina e a jurisprudência não

estabeleceram nenhum lapso temporal, e talvez jamais o faça, pois é impossível mensurar um prazo quando as

circunstâncias de cada crime são diferentes.

Contudo, é necessário que a perseguição ao agente seja iniciada quase que imediatamente, bem como o

agente perseguido deve ser determinado, pois é preciso que as circunstâncias que cercam a perseguição o coloquem

em situação que faça presumir ser ele o autor do fato ilícito. Se o agente não é determinado, não há perseguição,

mas apenas investigação.

Flagrante Presumido (Art. 302, IV) = ou ficto, é aquele em que o agente é encontrado, logo depois, com instrumentos,

armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. Mais uma vez a lei se utiliza da expressão

“logo após”, entendendo-se que o encontro com o “suposto agente infrator” se dê em ato sucessivo ao delito. Por

exemplo: há notícia de que uma casa foi arrombada, às altas horas da madrugada. No caminho ao local do crime, eis

que a polícia se depara com um homem levando objetos de valor pela rua, os quais coincidem com os retirados

daquela casa.

Importante!!!: “qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que

seja encontrado em flagrante delito” (Art. 301/CPP)

5.2. Prisão preventiva

- Da Prisão Preventiva

- É medida extrema, só devendo ser decretada quando realmente necessária de despacho fundamentado.

Requisitos 1- Prova de Materialidade;

2- Indícios Suficientes da Autoria;

3- Para garantia da Ordem Pública ;

4- Para garantia da Ordem Econômica;

5- Por Conveniência da Instrução Criminal;

6- Para assegurar a aplicação da Lei Penal.

Art. 311. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva

decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou do querelante, ou mediante

representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem

econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando

houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 8.884, de

11.6.1994)

Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a decretação da

prisão preventiva nos crimes dolosos: (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

I - punidos com reclusão; (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

___________________________________ 114

II - punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua

identidade, não fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la; (Redação dada pela Lei nº 6.416,

de 24.5.1977)

III - se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado

o disposto no parágrafo único do art. 46 do Código Penal. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de

24.5.1977)

IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para

garantir a execução das medidas protetivas de urgência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)

Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes

dos autos ter o agente praticado o fato nas condições do art. 19, ns. I, II ou III do Código Penal.

(Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)

Art. 315. O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentado.

(Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)

Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo

para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação

dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)

5.3. Da prisão temporária

- Prisão Temporária

É a decretada pela autoridade judiciária, quando for indispensável para as investigações policiais.

Requisitos:

1- Não ter o acusado residência fixa ou não fornecer elementos para sua identificação

2- Quando for imprescindível para as investigações

3- Somente nos casos previstos em lei, se houver fundadas suspeitas de participação ou autoria

Prazo - 05 dias - Lei nº 7960, de 21/12/89

- 30 dias - Lei nº 8072 de 25/07/90 (crimes hediondos)

LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a

seguinte Lei:

Art. 1° Caberá prisão temporária:

I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;

II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento

de sua identidade;

III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de

autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);

c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);

e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);

g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo

único);

h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único);

i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

___________________________________ 115

j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.

270, caput, combinado com art. 285);

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas

típicas;

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).

Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou

de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em

caso de extrema e comprovada necessidade.

§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério

Público.

§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do

prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do

requerimento.

§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o

preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo

a exame de corpo de delito.

§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será

entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.

§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.

§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da

Constituição Federal.

§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em

liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.

Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos.

Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte

redação:

"Art. 4° ...............................................................

i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir

em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade;"

Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um plantão permanente de vinte e quatro

horas do Poder Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.

Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independência e 101° da República.

5.4. Da prisão processual

Art.408.Se o juiz se convencer da existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu autor,

pronunciá-lo-á, dando os motivos do seu convencimento.

§1o Na sentença de pronúncia o juiz declarará o dispositivo legal em cuja sanção julgar incurso o réu,

recomendá-lo-á na prisão em que se achar, ou expedirá as ordens necessárias para sua captura.

___________________________________ 116

§2oSe o réu for primário e de bons antecedentes, poderá o juiz deixar de decretar-lhe a prisão ou

revogá-la, caso já se encontre preso.

§3oSe o crime for afiançável, será, desde logo, arbitrado o valor da fiança, que constará do mandado de

prisão.

§4o O juiz não ficará adstrito à classificação do crime, feita na queixa ou denúncia, embora fique o réu

sujeito à pena mais grave, atendido, se for o caso, o disposto no art. 410 e seu parágrafo.

§5o Se dos autos constarem elementos de culpabilidade de outros indivíduos não compreendidos na

queixa ou na denúncia, o juiz, ao proferir a decisão de pronúncia ou impronúncia, ordenará que os autos

voltem ao Ministério Público, para aditamento da peça inicial do processo e demais diligências do

sumário.

Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de

bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou condenado por crime de que se

livre solto.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Conceito: é o conjunto de normas e princípios que regem a composição das lides penais militares, por

meio da aplicação do Direito Penal Militar Penal objetivo.

O Estado detém o jus puniendi.

1. O processo

A finalidade do processo é propiciar a adequada solução jurisdicional do conflito de interesses entre o

Estado e o infrator, através de uma seqüência de atos que compreendem a formulação da acusação, a produção das

provas, o exercício da defesa e o julgamento.

O processo, para a consecução do seu fim, compreende: o procedimento ( seqüência de atos

interdependentes, direcionados à preparação de um provimento final – é a seqüência de atos procedimentais até a

sentença) e a relação jurídica processual ( que se forma entre o juiz e as partes).

O procedimento é o modo pelo qual são ordenados os atos do processo até a sentença.

Princípios informadores: legalidade, contraditório, indisponibilidade, oficialidade, oficiosidade, verdade

real, publicidade, inadmissibilidade de provas ilícitas, devido processo legal, motivação das decisões, presunção da

inocência.

Sistemas processuais: acusatório, inquisitivo e misto.

2. Ação penal.

Conceito: direito de pedir ao Estado-juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto.

Características: direito autônomo, direito abstrato, direito subjetivo, direito público.

Espécies: privada e pública ( condicionada e incondicionada ).

Ação penal privada: art. 100, 145, CPB. Queixa-crime.

Função do MP: art. 129, I, CF.

Vide: art. 121, CPM e 29, CPPM.

Exceção: art. 5º, LIX, CF.

Ação Penal Pública inicia-se com a denúncia.

A denúncia é o ato pelo qual o MP manifesta a vontade do Estado, ofendido pelo crime, para que se

faça justiça. Conteúdo: art. 77, CPPM.

___________________________________ 117

Justiça é uma virtude que consiste em dar a cada um o que é seu, tratando igualmente os iguais e

desigualmente os desiguais, nas medidas de suas desigualdades.

Características da ação penal pública: necessária (art. 30, CPPM) e indisponível (art. 32, CPPM).

Princípio da indivisibilidade.

MP: dominus litis e custos legis.

Ação Penal Pública Condicionada ( art. 122, CPM).

Ação penal privada subsidiária da pública: art. 5, LIX, CF.

A decadência do direito de queixa (art. 29, CPP e 103, CPB).

O MP, ao oferecer a denúncia, expõe a opinio delicti.

3. Inquérito Policial Militar

Conceito: é o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária militar para a apuração de uma

infração e a sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressa em juízo.

Destinatários: imediato – o MP e o ofendido – conforme o caso concreto.

mediato – o juiz.

A polícia é uma instituição de direito público destinada a manter a paz pública e a segurança

individual.

Classificação:

Qtº ao lugar de atividade: terrestre, marítima e aérea;

Qtº à exteriorização: ostensiva e secreta;

Qtº ao objeto: administrativa e judiciária.

Finalidade: apurar as infrações penais e as autorias, fornecendo ao titular da ação penal elementos

para propô-la.

O inquérito Policial Militar leva ao Poder Judiciário a informatio delicti.

A polícia na Constituição da República: art. 144.

Inquéritos extrapoliciais: inquérito judicial ( crimes falimentares ); investigação efetuada pelas

Comissões Parlamentares de Inquérito; inquérito civil público; inquéritos, instaurados na sede ou dependência do

STF, Câmara dos Deputados ou Senado, para apurar as infrações penais ocorridas nas suas sedes ou

dependências; lavratura de auto de prisão em flagrante delito por crime praticado contra ou na presença de

autoridade judiciária (magistrado).

Características do IPM: escrito, sigiloso, oficialidade, oficiosidade, autoritariedade, indisponibilidade e

inquisitivo.

Os únicos inquéritos que admitem o contraditório são: o judicial, na apuração dos crimes falimentares,

e o instaurado pela Polícia Federal, a pedido do Ministro da Justiça, visando à expulsão de estrangeiro.

___________________________________ 118

Remessa dos autos a Central de Inquéritos do MPPE/AJME (Art. 129, I e

VII, CF/88 c/c Art. 125, §4º CF)

Autoridade de PJM - Delega ou Instaura (Art. 7º, §§ 1º a 5º CPPM c/c Portaria

CG/PMPE nº 638/03)

Autoridade Delegada Instaura c/ cópia da Portaria p/ Corregedoria Geral (Art. 13,

Lei 11.929/01)

Investigações / Produção de Provas

Relatório

Solução da Autoridade Delegante c/ cópia p/ Corregedoria Geral (Art. 22, §1º

CPPM c/c Art. 13, Lei 11.929/01)

I PM

(Art. 144, § 4º, CF c/c Art. 9º ao 28 DL 1.002/69 - CPPM)

PADM

PADS

CD

CJ

Notificação / Penas Disciplinares (Exceto

Licenciamento / Exclusão)

___________________________________ 119