nob-rh suas - anotada e comentada

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  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

  • MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME

    SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL

    DEPARTAMENTO DE GESTO DO SUAS

    COORDENAO-GERAL DE IMPLEMENTAO E ACOMPANHAMENTO DA POLTICA DE RH DO SUAS

    NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    Braslia, dezembro de 2011

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    EXPEDIENTEPresidenta da Repblica Federativa do Brasil | Dilma Roussef

    Vice-Presidente da Repblica Federativa do Brasil | Michel Temer

    Ministra do Desenvolvimento Social e Combate Fome | Tereza Campello

    Secretrio Executivo | Rmulo Paes de Sousa

    Secretrio Executivo Adjunto | Marcelo Cardona

    Secretria Nacional de Assistncia Social | Denise Colin

    Secretria Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional | Maya Takagi

    Secretrio Nacional de Renda de Cidadania | Tiago Falco

    Secretrio de Avaliao e Gesto da Informao | Paulo Jannuzzi

    Secretria Extraordinria de Erradicao da Pobreza | Ana Fonseca

    SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL

    Secretria Adjunta | Valria Gonelli

    Diretora de Gesto do Sistema nico de Assistncia Social | Simone Albuquerque

    Diretora de Proteo Social Bsica | Aid Canado Almeida

    Diretora de Proteo Social Especial | Telma Maranho Gomes

    Diretora de Benefcios Assistenciais | Maria Jos de Freitas

    Diretora da Rede Socioassistencial Privada do SUAS | Carolina Gabas Stuchi

    Diretor Executivo do Fundo Nacional de Assistncia Social / Antonio Jose G. Henriques

  • SUMRIOResolues........................................................................................................................................... 7

    Apresentao .....................................................................................................................................11

    I Introduo .....................................................................................................................................13

    II Princpios e diretrizes nacionais para a gesto do trabalho no mbito do SUAS ...... 15

    III Princpios ticos para os trabalhadores da assistncia social ................................19

    IV Equipes de referncia ...........................................................................................................25

    V Diretrizes para a poltica nacional de capacitao ....................................................39

    VI Diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salrios PCCS .............45

    VII Diretrizes para as entidades e organizaes de assistncia social ...................53

    VIII Diretrizes para o co-financiamento da gesto do trabalho ................................55

    IX Responsabilidade e atribuies do gestor federal, dos gestores

    estaduais, do gestor do Distrito Federal e dos gestores municipais para

    a gesto do trabalho no mbito do SUAS ............................................................................59

    X Organizao de cadastro nacional de trabalhadores do SUAS Mdulo

    CADSUAS .................................................................................................................................... 85

    XI Controle social da gesto do trabalho no mbito do SUAS ..................................87

    XII Regras de transio..............................................................................................................93

    XIII Conceitos bsicos ............................................................................................................... 99

    XIV Referncias bibliogrficas ..............................................................................................105

    ANEXOS............................................................................................................................................109

    PUBLICAO DA SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL

    ELABORAO/REDAO |Stela da Silva Ferreira (Consultora da Gesto do Trabalho)

    COLABORAO TCNICA Jos Crus (Coordenador Geral)Clara Carolina de S Karoline Aires Ferreira Miriam de Souza Leo AlbuquerqueRosrio de Maria da Costa Ferreira

    EQUIPE DE COORDENAO-GERAL DE IMPLEMENTAO E ACOMPANHAMENTO DA POLTICA DE RH DO SUAS CGIAP-RH/DGSUASJos Crus (Coordenador-Geral)Eliana Teles do CarmoDivainne Joz de Souza Eliane dos Reis MotaFrancisca Alves de CarvalhoMiriam de Souza Leo AlbuquerqueRosrio de Maria da Costa Ferreira

    EQUIPE DA COORDENAO-GERAL DE REGULAO DA GESTO DO SUAS Clara Carolina de S (Coordenadora-Geral)Karoline Aires FerreiraAlexsandra Santana de BritoFernanda Maria Pinheiro TrintaIzabela Adjuto Cardoso

    CONSULTOR DA GESTO DO TRABALHO Juliano Suzin dos Santos

    PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO | Raimundo Arago

    REVISO Jos CrusSimone Albuquerque

    TIRAGEM | 15.000 exemplares

    IMPRESSO | Grfica Brasil

    2010 Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome.Todos os direitos reservados.Qualquer parte desta publicao pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.Secretaria Nacional de Assistncia Social SNASEdifcio mega, SEPN W3, Bloco B, 2 andar, Sala 229 - CEP: 70.770-502 Braslia, DFTelefone: (61) 3433-8774/8776 Fax: (61) 3433- 8773wwwmds.gov.brFome Zero: 0800-707-2003Solicite exemplares desta publicao pelo e-mail: [email protected]

    Advertncia: O uso da linguagem que no discrimine nem estabelea a diferena entre homens e mulheres uma preocupao deste docu-mento. O uso genrico do masculino foi uma opo inescapvel em muitos casos. Mas fica o entendimento de que o genrico do masculino se refere a homem e mulher.

    Os consultores da Gesto do Trabalho foram contratados no mbito do Projeto de Fortalecimento Institucional para a Avaliao e Gesto da Informao do MDS (BRA/04/046) do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD.

    Ferreira, Stela da Silva.NOB-RH Anotada e Comentada Braslia, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistncia Social, 2011.144 p. ; 23.

    ISBN:

    1. Gesto do Trabalho no SUAS, Brasil. 2. Polticas pblicas, Brasil.3. Assistncia social, Brasil.

    CDU

  • 9NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOMECONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL

    RESOLUO N 269, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2006. DOU 26/12/2006

    Aprova a Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos do Sistema nico de Assistncia Social NOB-RH/SUAS.

    O CONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL CNAS, em reunio ordinria realizada nos dias 12, 13, e 14 de dezembro de 2006, no uso da competncia que lhe conferem os incisos II,V, IX e XIV do artigo 18 da Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 Lei Or-gnica da Assistncia Social LOAS,

    RESOLVE:

    Art. 1 - Aprovar a Norma Operacional Bsica de Recursos Hu-manos do Sistema nico de Assistncia Social NOB-RH/SUAS.

    Art. 2 - O texto da NOB-RH/SUAS ser publicado em 30 (trin-ta) dias, devendo ser encaminhado para gestores e conselhos de As-sistncia Social.

    Art. 3 - Esta Resoluo entra em vigor na data de sua pu-blicao.

    Slvio IungPresidente do Conselho Nacional de Assistncia Social

  • 11NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOMECONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL

    RESOLUO N 01, DE 25 DE JANEIRO DE 2007.

    Publica o texto da Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos NOB--RH/SUAS.

    O CONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL CNAS, em reunio ordinria realizada nos dias 12, 13, e 14 de dezembro de 2006, no uso da competncia que lhe conferem os incisos II,V, IX e XIV do artigo 18 da Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 Lei Or-gnica da Assistncia Social LOAS e,

    Considerando o artigo 2 da Resoluo CNAS n 269, de 13 de dezembro de 2006, publicada no Dirio Oficial da Unio em 26 de dezembro de 2006,

    RESOLVE:

    Art. 1 - Publicar o texto da NOB-RH/SUAS, anexo.

    Art. 2 - A Presidncia e a Secretaria Executiva do Conselho Na-cional de Assistncia Social CNAS devero encaminhar o texto da NOB-RH/SUAS ao Senhor Ministro de Estado do Desenvolvimento So-cial e Combate Fome, ao CONGEMAS, ao FONSEAS, aos Conselhos de Assistncia Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    Art. 3 - Esta Resoluo entra em vigor na data de sua pu-blicao.

    Slvio IungPresidente do Conselho Nacional de Assistncia Social

  • 13NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    APRESENTAO

    com senso de compromisso e satisfao que temos dedicado

    esforos em negociaes, e decises que fortaleam a consolidao do

    Sistema nico de Assistncia Social em todo Brasil.

    A Lei Orgnica de Assistncia Social Lei 8.742/93, atualizada

    pela Lei 12.435/2011 (ANEXO I), organiza, em termos legais, o Sistema

    nico de Assistncia Social. Todos os avanos polticos que vimos cons-

    truindo nas instncias de pactuao e deliberao, desde 1993, esto

    hoje contemplados em uma legislao que nos orienta e nos torna cor-

    responsveis pela implantao do SUAS.

    Sabemos que mudanas histricas profundas, como as que es-

    tamos realizando na poltica pblica de assistncia social, demandam

    tempo para serem estruturadas. Ao mesmo tempo, afirmamos que

    necessrio reconhecer as conquistas que alcanamos nesse processo.

    A Secretaria Nacional de Assistncia Social, do Ministrio de De-

    senvolvimento Social e Combate Fome, estabeleceu instncias e me-

    canismos para implantar a gesto do trabalho como uma dimenso es-

    tratgica para a efetivao do SUAS.

    A publicao desta Norma Operacional Bsica de Recursos Hu-

    manos dos SUAS: Anotada e Comentada tem por objetivo trazer aos

    gestores, trabalhadores, conselheiros e usurios contedos atualizados

    sobre a gesto do trabalho no SUAS.

    Desejamos que esta verso facilite a compreenso sobre o conte-

    do da NOB-RH/2006 e fortalea os espaos coletivos de construo

    do Sistema nico de Assistncia Social.

    Denise Colin

    Secretria Nacional de Assistncia Social

  • 15NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    I - INTRODUO

    A Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos do SUAS re-

    presenta um avano no que diz respeito profissionalizao da poltica

    de assistncia social, com vistas a garantir aos usurios do Sistema ni-

    co de Assistncia Social servios pblicos de qualidade.

    As diretrizes da NOB-RH/SUAS orientam a ao de gestores das

    trs esferas de governo, trabalhadores e representantes das entidades

    de assistncia social que, cotidianamente, lidam com os desafios para a

    implantao do SUAS.

    A iniciativa de publicar esta NOB-RH/SUAS anotada e comentada

    tem por objetivo contribuir para o entendimento e a fundamentao

    jurdica de suas diretrizes e, assim, tornar as aes no mbito do SUAS

    mais assertivas.

    Os contedos da NOB-RH/SUAS demandam compreenso da di-

    reo tica e poltica que temos hoje para qualificar a oferta dos servi-

    os e consolidar o direito socioassistencial.

    Nesta verso o leitor encontrar anotaes e comentrios. Na cor

    azul esto as anotaes que propiciar o leitor identificar as referncias

    legais e normativas que esto relacionadas aos contedos do SUAS. Em

    verde o leitor encontrar em linguagem acessvel comentrios que tra-

    duzem os propsitos dos princpios e diretrizes desta Norma.

    Em anexo esto algumas das normativas relevantes para a gesto

    do trabalho no mbito do SUAS.

    As referncias bibliogrficas ratificam e ampliam as bases tericas

    e de anlise dos contedos desta Norma.

    Que a leitura possa dar maior sustentao tica e poltica a todos

    os que esto participando da construo histrica da poltica pblica de

    assistncia social no Brasil.

  • 17NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    II - PRINCPIOS E DIRETRIzES NACIONAIS PARA A gESTO DO TRABALHO NO MBITO DO SUAS

    1. A promulgao da Constituio Federal de 1988 e da

    Lei Orgnica da Assistncia Social LOAS, de 1993, e conse-

    quentemente a formulao da PNAS/2004 e a construo

    e regulao do Sistema nico da Assistncia Social SUAS

    e da sua Norma Operacional Bsica NOB/SUAS tornam ne-

    cessria a reflexo da poltica de gesto do trabalho no m-

    bito da Assistncia Social, visto que a mesma surge como

    eixo delimitador e imprescindvel qualidade da prestao

    de servios da rede socioassistencial.

    2. Para a implementao do SUAS e para se alcanar

    os objetivos previstos na PNAS/20004, necessrio tra-

    tar a gesto do trabalho como uma questo estratgica. A

    qualidade dos servios socioassistenciais disponibilizados

    sociedade depende da estruturao do trabalho, da qualifi-

    cao e valorizao dos trabalhadores atuantes no SUAS.

    3. Para tanto, imperioso que a gesto do trabalho no

    SUAS possua como princpios e diretrizes disposies con-

    soantes s encontradas na legislao acima citada.

    A Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993, alterada pela Lei 12.435, de 06 de julho de 2011, em seu artigo 6 - institui entre os objetivos da gesto do Sistema nico da Assistncia Social (SUAS), implementar a gesto do trabalho e a educao permanente da assistncia social.

    A gesto do trabalho no mbito do SUAS contribui para aprimorar a gesto do Sistema e a qualidade da oferta dos servios na perspectiva de consolidar o direito socioassistencial.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA18 19NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    4. Neste aspecto, importante ressaltar o carter p-

    blico da prestao dos servios socioassistenciais, fazendo-

    -se necessria a existncia de servidores pblicos respons-

    veis por sua execuo.

    5. Nos servios pblicos, o preenchimento de cargos,

    que devem ser criados por lei, para suprir as necessidades dos

    servios deve ocorrer por meio de nomeao dos aprovados

    em concursos pblicos, conforme as atribuies e competn-

    cias de cada esfera de governo, compatibilizadas com seus

    respectivos Planos de Assistncia Social (Nacional, Estaduais,

    do Distrito Federal e Municipais), a partir de parmetros que

    garantam a qualidade da execuo dos servios.

    6. De acordo com as atribuies dos diferentes n-

    veis de gesto do SUAS, definidas na NOB/SUAS, compete

    a cada uma delas contratar e manter o quadro de pessoal

    qualificado academicamente e por profisses regulamenta-

    das por Lei, por meio de concurso pblico e na quantidade

    necessria execuo da gesto e dos servios socioassis-

    tenciais, conforme a necessidade da populao e as condi-

    es de gesto de cada ente.

    7. Assim, para atender aos princpios e diretrizes es-

    tabelecidos para a poltica de Assistncia Social, a gesto

    do trabalho no SUAS deve ocorrer com a preocupao de

    estabelecer uma Poltica Nacional de Capacitao, funda-

    da nos princpios da educao permanente, que promova

    a qualificao de trabalhadores, gestores e conselheiros da

    A Lei 8.742/1993, em seu Art. 6 E, alterada pela Lei 12.435/2011, um dispositivo que contribui com a materializao dessa diretriz.

    Para cumprir essa diretriz, observar a Orientao para o Processo de Seleo e Recrutamento no mbito do SUAS.

    Observar o prescrito no item IV desta Norma, que trata das equipes de referncia e Resoluo CNAS n. 17/2011 (ANEXO II).

    rea, de forma sistemtica, continuada, sustentvel, partici-

    pativa, nacionalizada e descentralizada, com a possibilida-

    de de superviso integrada, visando o aperfeioamento da

    prestao dos servios socioassistenciais.

    8. A gesto do trabalho no mbito do SUAS deve tambm:

    garantir a desprecarizao dos vnculos dos trabalhadores do SUAS e o fim da tercerizao,

    garantir a educao permanente dos trabalhadores, realizar planejamento estratgico, garantir a gesto participativa com controle social, integrar e alimentar o sistema de informao.

    Alm do princpio da educao permanente a Poltica Nacional de Capacitao do SUAS (PNC/SUAS) deve contemplar o princpio da interdisciplinaridade.

  • 21NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    III - PRINCPIOS TICOS PARA OS TRABALHADORES DA ASSISTNCIA SOCIAL

    1. A Assistncia Social deve ofertar seus servios com

    o conhecimento e compromisso tico e poltico de profissio-

    nais que operam tcnicas e procedimentos impulsionadores

    das potencialidades e da emancipao de seus usurios;

    2. Os princpios ticos das respectivas profisses de-

    vero ser considerados ao se elaborar, implantar e imple-

    mentar padres, rotinas e protocolos especficos, para nor-

    matizar e regulamentar a atuao profissional por tipo de

    servio socioassistencial.

    3. So princpios ticos que orientam a interveno

    dos profissionais da rea de assistncia social:

    a) Defesa intransigente dos direitos socioassistenciais;

    A composio das equipes de referncia composta por categorias profissionais de nvel superior orientadas por cdigos de tica e, portanto, agregam essa dimenso aos servios e benefcios, gesto do SUAS.

    A V Conferncia Nacional de Assistncia Social deliberou o contedo dos dez direitos socioassistenciais. Em 23 de fevereiro de 2006, foi publicada no Dirio Oficial da Unio a Resoluo no 40, do Conselho Nacional de Assistncia Social, aprovada em 16 de fevereiro de 2006. Esta Resoluo aprova as deliberaes da V Conferncia Nacional.

    A consolidao democrtica do SUAS requer a superao de prticas frequentes nos rgos pblicos que tendem a supervalorizar os motivos para no divulgar informaes aos usurios. Isso ocorre porque muitas vezes a transparncia das informaes leva ao maior controle por parte do cidado, deixando mais evidentes as responsabilidades, aes e omisses dos agentes pblicos.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA22 23NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    b) Compromisso em ofertar servios, programas, projetos e

    benefcios de qualidade que garantam a oportunidade de

    convvio para o fortalecimento de laos familiares e sociais;

    c) Promoo aos usurios do acesso a informao, garan-

    tindo conhecer o nome e a credencial de quem os atende;

    d) Proteo privacidade dos usurios, observado o sigilo

    profissional, preservando sua privacidade e opo e resga-

    tando sua historia de vida;

    A qualidade dos servios e benefcios tem dimenses ticas, polticas e tcnicas. O servio e benefcio socioassistencial de qualidade produz uma mudana fundamental na vida do cidado: a passagem da condio de submisso para a condio de protagonista. Essa mudana, a ser alcanada por meio do trabalho social, fundamental para a construo e exerccio de cidadania nos espaos polticos, nos quais so construdos e defendidos os direitos individuais e coletivos.

    Para a construo do vnculo entre o trabalhador e o usurio fundamental a criao de estratgias simples, como expor a credencial para que o usurio possa trat-lo pelo nome, assim como o trabalhador possa referir-se ao usurio do mesmo modo.

    O usurio dos servios socioassistenciais, assim como qualquer cidado brasileiro, tem assegurado o direito informao no art 5, XXXIII da Constituio Federal. A nota tcnica da procuradoria federal dos direitos do cidado, do Ministrio Pblico Federal, analisa o Projeto de Lei n 41/2010, em tramitao no congresso nacional, que trata do direito informao. A nota tcnica, de 25 de maro de 2011, est disponvel no sitio: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/temas-de-atuacao/direito-a-memoria-e-a-verdade/atuacao-do-mpf/nota-tecnica-sobre-o-pl-41-2010.

    A Constituio Federal no artigo 37, pargrafo 3o prev formas de participao dos usurios na administrao pblica direta e indireta, regulando, entre outros aspectos, o acesso dos usurios a registros administrativos e a informaes sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5, X e XXXIII.

    Quanto ao sigilo profissional importante considerar dois aspectos fundamentais.

    De um lado, o cumprimento das orientaes relativas ao sigilo, conforme o cdigo de tica de cada profisso.

    De outro lado, uma vez que a prestao de servios aos usurios se faz por uma equipe de referncia interdisciplinar, tal como detalhado no item IV desta Norma, necessrio definir parmetros comuns, vlidos para (e entre) os profissionais responsveis pela proteo das famlias e de seus membros, demandando elaborao e negociao em torno do que estritamente necessrio e relevante para qualificar o servio prestado. A definio coletiva desses parmetros vale, inclusive, para estabelecer o grau de detalhamento de informaes encaminhadas a outras instituies, como as do Poder Judicirio.

    A Poltica Nacional de Assistncia Social (PNAS/2004) afirma a funo de defesa socioinstitucional como parte do SUAS e, podemos dizer, como uma direo para a superao dos obstculos efetivao dos direitos dos usurios. Porm, preciso ultrapassar a mera declarao dessa funo e construir estratgias efetivas para sua realizao no cotidiano da proteo s famlias e indivduos.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA24 25NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    e) Compromisso em garantir ateno profissional dire-

    cionada para construo de projetos pessoais e sociais para

    autonomia e sustentabilidade;

    f) Reconhecimento do direito dos usurios a ter

    acesso a benefcios e renda e a programas de oportunida-

    des para insero profissional e social;

    g) Incentivo aos usurios para que estes exeram seu

    direito de participar de fruns, conselhos, movimentos so-

    ciais e cooperativas populares de produo;

    h) Garantia do acesso da populao a poltica de as-

    sistncia social sem discriminao de qualquer natureza

    (gnero, raa/etnia, credo, orientao sexual, classe social,

    ou outras), resguardados os critrios de elegibilidade dos

    diferentes programas, projetos, servios e benefcios;

    A gesto do trabalho no mbito do SUAS contribui para aprimorar a gesto do Sistema e a qualidade da oferta dos servios na perspectiva de consolidar o direito socioassistencial.

    A gesto do trabalho no mbito do SUAS contribui para aprimorar a gesto do Sistema e a qualidade da oferta dos servios na perspectiva de consolidar o direito socioassistencial.

    O Sistema nico de Assistncia Social efetiva os direitos dos cidados de duas maneiras:

    1. Os direitos so garantidos pelos resultados alcanados nos servios, programas e projetos. Esses resultados esperados esto detalhados como aquisies na Tipificao dos Servios Socioassistenciais (2009).2. Os direitos so garantidos tambm pelo acesso renda, que se faz por meio da garantia do direito constitucional ao Benefcio de Prestao Continuada (BPC), que substitutivo da renda das famlias e indivduos; pelos programas de transferncia de renda condicionada, como o Programa Bolsa Famlia, que complementa a renda mensal familiar; e tambm pelo acesso aos benefcios eventuais, que atendem suas necessidades materiais temporrias.

    importante levar em conta que os servios socioassistenciais e os programas de transferncia de renda so direito dos usurios, embora tenham critrios de acesso e resultados diferentes. Essa compreenso fundamental para que no cotidiano profissional no sejam feitas discriminaes entre beneficirios de programas de transferncia de renda condicionada e usurios dos servios, como se o profissional pudesse estabelecer uma hierarquia das necessidades das famlias. A satisfao das necessidades de proteo de assistncia social complementar e no excludente: o fortalecimento do carter protetivo das famlias e a expanso do campo das relaes sociais so, do ponto de vista das famlias, to importantes quanto o acesso renda.

    A redao da LOAS, atualizada pela lei 12.435/2011, expressa claramente o entendimento de que os benefcios eventuais compem as garantias do SUAS, conforme artigo 22.

    i) Devoluo das informaes colhidas nos estudos

    e pesquisas aos usurios, no sentido de que estes possam

    us-las para o fortalecimento de seus interesses;

    j) Contribuio para a criao de mecanismos que

    venham desburocratizar a relao com os usurios, no

    sentido de agilizar e melhorar os servios prestados.

    O pronturio de atendimento previsto na Tipificao Nacional de Servios Socioassistenciais um instrumento que compe o trabalho social. Conhecer o contedo do seu pronturio de atendimento um direito das famlias e indivduos usurios do SUAS.

    Enfim, toda informao sobre o acesso aos servios e benefcios, bem como s instncias de defesa desses direitos deve ser garantida ao cidado prontamente, sem procedimentos morosos que dificultem ao exerccio de sua cidadania.

    A Resoluo no 4 da Comisso Intergestores Tripartite, de 24 de maio de 2011, institui parmetros nacionais para registro das informaes relativas aos servios ofertados nos CRAS e CREAS.

  • 27NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    IV - EqUIPES DE REfERNCIA

    Equipes de referncia so aquelas constitudas por servido-

    res efetivos responsveis pela organizao e oferta de ser-

    vios, programas, projetos e benefcios de proteo social

    bsica e especial, levando-se em considerao o nmero de

    famlias e indivduos referenciados, o tipo de atendimento e

    as aquisies que devem ser garantidas aos usurios.

    H duas noes de referncia nesse primeiro pargrafo que preciso compreender: equipe de referncia e famlia e indiv-duos referenciados. Comecemos pelas equipes.

    O funcionamento de um sistema sempre indica a necessida-de de articular, aproximar e criar vnculo entre partes que, frequentemente, so vistas como separadas e independen-tes. O SUAS, ao afirmar a necessidade de equipes de refe-rncia na proteo social bsica e especial nos coloca diante de perguntas desafiadoras, como: o que significa construir referncia? A referncia vlida para quem? Como funciona uma equipe de referncia?

    Em primeiro lugar, importante considerar que o SUAS se consolida, em grande medida, pela expanso dos servios e a oferta de benefcios socioassistenciais. A caracterstica principal dos servios (e sua diferena em relao aos proje-tos e programas) diz respeito sua oferta contnua. Ou seja, sempre que o cidado tiver uma necessidade de proteo de assistncia social haver um servio para atend-lo. Isso pro-duz para o cidado um sentimento de segurana a partir do qual ele pode afirmar se eu precisar, sei que posso contar! Essa certeza a primeira ideia que devemos fixar quando queremos construir referncia.

    A ideia de referncia tambm nos leva a considerar outra di-menso: a direo para onde ela sinaliza. Quando usamos a ideia de referncia como um norte, como um rumo, estamos de certo modo nos referindo ao ponto onde esta-mos e onde queremos chegar. Por isso, a ideia de referncia tambm diz respeito indicao de um ponto de chegada,

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA28 29NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    satisfao de uma expectativa. Podemos nos apropriar des-ses elementos transportando para a ideia de referncia um sentido que nos permite aproximar, ou at mesmo satisfazer, necessidades sociais.

    Esses dois elementos certeza e satisfao de necessidades sociais - nos ajudam a responder para quem vale a referncia que as equipes de profissionais do SUAS constroem: so re-ferncias de proteo social para as famlias e indivduos, que tm nas equipes a certeza de que encontraro respostas qua-lificadas para suas necessidades. Uma referncia, portanto, construda a partir de conhecimentos tcnicos especficos e de uma postura tica que, ao acolher as necessidades sociais dos cidados como direito, acenam em direo a horizontes mais acolhedores, compartilhados e de maior autonomia.

    Em sntese, a natureza da referncia construda pelas equipes de referncia do SUAS uma s: produzir para o cidado a certeza de que ele encontrar acolhida, convvio e meios para o desenvolvimento de sua autonomia. Esse entendimen-to traz maior clareza sobre a articulao necessria entre as equipes da proteo social bsica e especial. Como conse-quncia desse entendimento, podemos afirmar o seguinte: no se trata de funcionar na lgica de encaminhamento for-mal de uma equipe para outra, como se a somatria de inter-venes isoladas levasse, automaticamente, ao atendimento das necessidades sociais das famlias e indivduos. A frag-mentao das respostas leva, muitas vezes, sensao de sobrecarga ou de insatisfao tanto para o cidado, quanto para as equipes profissionais. Portanto, ainda que o plano de ao de cada equipe organize o trabalho para garantir os resultados esperados do servio sob sua responsabilidade, conforme consta da Tipificao, h que se ter essa referncia compartilhada, cuja baliza a matricialidade sociofamiliar e o territrio.

    O Sistema nico de Assistncia Social, inspirado nos conhe-cimentos j produzidos no mbito do SUS, adota o modelo de equipes de referncia. Isso significa que cada unidade de assistncia social organiza equipes com caractersticas e ob-jetivos adequados aos servios que realizam, de acordo com a realidade do territrio em que atuam e dos recursos que dispem. As equipes de referncia do SUAS so entendidas como um grupo de profissionais com diferentes conhecimen-tos, que tm objetivos comuns e definem coletivamente es-

    tratgias para alcan-los. Quando falamos de organizao dos servios, estamos nos referindo funo desempenhada pelos coordenadores; quando falamos de oferta dos servios nos referimos s categorias profissionais que atuam direta-mente com os usurios. Estas equipes so responsveis por um certo nmero de famlias e usurios, de acordo com a referncia do servio de proteo social bsica e especial.

    Cada equipe de referncia encarregada de intervir junto a um determinado nmero de usurios, que apresentam deter-minadas situaes de vulnerabilidade ou risco social e pesso-al, de acordo com o nvel de proteo social em que se insere (bsica ou especial, de mdia ou alta complexidade) e o tipo de servio socioassistencial operado. Isto significa dizer que a equipe se torna referncia para um determinado nmero de usurios, criando vnculos de confiana com eles.

    Uma vez entendidas as equipes desse modo, podemos ento desdobrar a segunda noo de referncia: o que so famlias e indivduos referenciados? Dito de outro modo, para quan-tas famlias e indivduos cada equipe do SUAS referncia?

    De acordo com a NOB-SUAS/2005 famlia referenciada aquela que vive em reas caracterizadas como de vulnera-bilidade, definidas a partir de indicadores estabelecidos por rgo federal, pactuados e deliberados. A unidade de me-dida famlia referenciada tambm adotada para atender situaes isoladas e eventuais famlias e indivduos que no estejam em agregados territoriais atendidas em carter per-manente, mas que demandam do ente pblico proteo social.

    Para saber qual a melhor equao entre nmero de profissio-nais e nmero de famlias referenciadas estamos desafiados a responder duas questes. A primeira delas : qual o tra-balho social desenvolvido com as famlias? Quantas famlias participam, por exemplo, de um servio de convivncia e for-talecimento de vnculos? Com que frequncia ele deve acon-tecer? Que outras estratgias e mtodos de trabalho devem estar associados aos servios para que os resultados sejam mais efetivos?

    Ao buscar respostas sobre o contedo do trabalho social, te-mos parmetros para saber o tempo de trabalho necessrio para o planejamento, execuo, registro, monitoramento e

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA30 31NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    avaliao dos servios socioassistenciais. Ao conhecer essa dimenso temporal do trabalho social, possvel tambm ter mais clareza de quantos profissionais so necessrios para que a equipe de referncia oferea com qualidade os servi-os s famlias e indivduos com as quais trabalham.

    A segunda questo diz respeito ao grau de conhecimento que temos sobre as necessidades de proteo social nos munic-pios e em seus territrios. A avaliao de suficincia ou insufi-cincia do nmero de profissionais em relao ao nmero de usurios exige profundo conhecimento das necessidades por servios e benefcios socioassistenciais em nvel municipal e intramunicipal, estadual e regional. Nos municpios e regies em que h dificuldade de acesso aos servios, ou seja, terri-trios com peculiaridade de extenso territorial, isolamento, reas rurais e de difcil acesso podero ser compostas, alm das equipes de referncia dos servios socioassistenciais, ou-tras equipes para atender a essa especificidade.

    Essa uma atribuio fundamental da funo de vigilncia socioassistencial: subsidiar planos de assistncia social por meio de diagnsticos que dem a viso da totalidade das necessidades de proteo de assistncia Social. Uma vez conhecida a totalidade das necessidades, possvel plane-jar melhor os meios necessrios para atend-la. O territrio, como unidade de anlise do Plano de Assistncia Social, deve ser apreendido tambm em sua relao com o contexto nacional mais amplo, bem como com a dinmica econmica e social da regio em que est inserido.

    A anlise da realidade deve ser tratada no apenas pelos dados numricos, mas tambm pelo que pensam e propem os sujeitos fundamentais que vivem neste territrio. Portan-to, no se deve restringir a coleta de informaes apenas a estudos estatsticos. O depoimento de usurios e da popula-o pode revelar outras faces dos problemas e atendimentos oferecidos. [...] O processo de investigao da realidade e das vulnerabilidades e riscos sociais e pessoais presentes nos territrios no assume, assim, apenas o carter quantitativo baseado em levantamento de dados numricos e na cons-truo de indicadores e ndices; mas exige o estabelecimen-to de relaes, mediaes e sistematizaes que garantam a anlise e interpretao desses dados, reveladores de novos modos de ler a realidade como totalidade. (BRASIL/ MDS, 2008, vol. 3, p.34)

    Assim, podemos ter a dimenso mais objetiva de quantas fa-mlias, ao longo de seu ciclo de vida, podero necessitar a proteo de assistncia social (as famlias referenciadas) e as famlias que so efetivamente atendidas (que expressam o grau de cobertura dos servios, programas, projetos e be-nefcios). Do ponto de vista da referncia para os servios de proteo social especial, por sua nfase na proteo especializada e individualizada, a referncia do nmero de profissionais na equipe se d em relao ao nmero de atendimentos. Em resumo, a noo de famlias e indivduos referenciados permite dimensionar o nmero de profissionais nas equipes, explicitando a articulao necessria entre o conhecimen-to da totalidade das necessidades de proteo das famlias e a capacidade de resposta do rgo gestor da poltica de assistncia social. medida que essa articulao se efetiva, temos mais clareza do nmero de trabalhadores necessrios para prestar servios pblicos de qualidade aos usurios do SUAS. Ou seja, seremos capazes de responder com mais se-gurana as perguntas: quantas famlias podem afirmar que tm uma equipe de referncia na poltica de assistncia So-cial? Que grau de cobertura das necessidades de proteo de assistncia Social temos hoje? Que informaes temos para reivindicar maior nmero de profissionais nas equipes de referncia?

    PROTEO SOCIAL BSICA

    Composio da equipe de referncia dos Centros de Refe-

    rncia da Assistncia Social - CRAS para a prestao de servios e

    execuo das aes no mbito da Proteo Social Bsica nos mu-

    nicpios:

    A Tipificao de Servios Socioassistenciais (2009), pactua-da na Comisso Intergestores Tripartite (CIT) e aprovada pelo Conselho Nacional de Assistncia Social, define e detalha trs servios de proteo social bsica: a) Servio de Proteo e Atendimento Integral Famlia (PAIF); b) Servio de Convivn-cia e Fortalecimento de Vnculos; c) Servio de Proteo Social Bsica no domiclio para pessoas com deficincia e idosas.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA32 33NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    O PAIF o servio que deve ser prestado exclusivamente pela equipe de referncia do CRAS. Nas situaes em que o CRAS no tenha recursos fsicos ou de pessoal, os outros dois servios podem ser prestados por entidades de assis-tncia social, desde que sejam referenciados aos CRAS. Isso significa que o CRAS e as entidades devem ter uma atuao conjunta e articulada, alinhadas s diretrizes do SUAS, para atender com qualidade as necessidades de proteo das fa-mlias (e de cada um dos seus membros) que vivem no seu territrio de abrangncia.

    As categorias profissionais estabelecidas nesta norma para a composio das equipes de referncia da proteo social bsica considerou entre outros fatores, as profisses regula-mentadas em lei. Outro fator considerado foi a existncia de Conselho Profissional, responsvel pela fiscalizao do exerc-cio profissional, das condies de trabalho e do cumprimento do respectivo cdigo de tica profissional. Para conhecer o Cdigo de tica de cada profisso consulte os seus respecti-

    vos conselhos

    Vale dizer que essa composio das equipes tambm esti-mula o papel dos conselhos profissionais de zelar pelo cum-

    primento do cdigo de tica profissional. Desse modo, na perspectiva dos direitos dos usurios, os conselhos profis-sionais - e suas respectivas comisses de tica - so mais uma instncia que contribui para a defesa dos direitos dos usurios do SUAS.

    A Resoluo no 17/2011, do Conselho Nacional de Assistncia Social, ampliou o elenco das categorias profissionais que po-dem compor a equipe de referncia dos servios de proteo social bsica. Ao reconhecer outras profisses que agregam saberes e habilidades aos servios, essa Resoluo avana na definio das condies para o aprimoramento da gesto do sistema e a oferta qualificada dos servios socioassistenciais.

    Esta NOB, juntamente com a Resoluo no 17 do CNAS con-solidam a direo de profissionalizao da poltica de assis-tncia social, indicando parmetros para a seleo de profis-sionais, a partir das especificidades locais, do conhecimento das necessidades de seus usurios e da disponibilidade de profissionais na regio.

    As equipes de referncia para os Centros de Refern-

    cia da Assistncia Social - CRAS devem contar sempre com

    um coordenador, devendo o mesmo, independentemente

    do porte do municpio, ter o seguinte perfil profissional: ser

    um tcnico de nvel superior, concursado, com experincia

    em trabalhos comunitrios e gesto de programas, projetos,

    servios e benefcios socioassistenciais.

    Considerando que as equipes de referncia so compostas por diferentes categorias profissionais, do ponto de vista da gesto do trabalho, a coordenao do CRAS fomenta o tra-balho articulado entre os profissionais, estimulando a troca de conhecimentos e a produo de novos saberes. Ao mesmo tempo, reconhece as necessidades de capacitao e forma-o continuada da equipe que coordena com vistas a superar dificuldades e melhorar a qualidade dos servios.

    Pequeno Porte I Pequeno Porte IIMdio, Grande, Metrpole

    e DF

    At 2.500 famlias referenciadas

    At 3.500 famlias referenciadas

    A cada 5.000 famlias referenciadas

    2 tcnicos de nvel superior, sendo um profissional assistente social e outro preferencial-mente psiclogo.

    3 tcnicos de nvel superior, sendo dois profissionais assistentes sociais e preferencialmen-te um psiclogo.

    4 tcnicos de nvel superior, sendo dois profissionais assistentes sociais, um psiclogo e um profissional que compe o SUAS.

    2 tcnicos de nvel mdio

    3 tcnicos nvel mdio 4 tcnicos de nvel mdio

    cras

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA34 35NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    PrOTEO sOcIaL EsPEcIaL

    Equipe de referncia para a prestao de servios e

    execuo das aes no mbito da Proteo Social Especial de

    Mdia e Alta Complexidade.

    As categorias profissionais estabelecidas nesta norma para a composio das equipes de referncia da proteo social especial considerou entre outros fatores, as profisses regu-lamentadas em lei.

    A Tipificao Nacional de Servios Socioassistenciais (2009) prev quais servios de proteo social especial devem ser prestados nos CREAS e os que podem ser realizados median-te parceria das entidades com os rgos gestores. As entida-des de atendimento, conforme artigo 3, pargrafo 1o da Lei 8.742/93, alterada pela Lei 12.435/2011, devem respeitar os parmetros de composio de equipe de referncia do servi-o, conforme consta desta Norma.

    Mdia Complexidade:

    O Centro de Referncia Especializado de Assistncia Social

    CREAS uma unidade pblica que se constitui como plo

    de referncia, coordenador e articulador da proteo social

    especial de mdia complexidade.

    Alta Complexidade

    A Portaria n 843, de 28 de dezembro de 2010, ao dispor sobre a composio das equipes de referncia dos CREAS, passou a considerar, para alm do nvel de gesto, disposto nesta Norma, o Porte dos municpios como um elemento fun-damental no planejamento da capacidade de atendimento e da definio das equipes de referncia do CREAS.

    As Orientaes Tcnicas para os Centros de Referncia Espe-cializados para Populao em Situao de Rua (MDS, 2011), recomenda a equipe de referncia necessria para seu fun-cionamento, de acordo com a capacidade de atendimento. Esta Orientao Tcnica est em consonncia com o prescri-to nesta Norma e na Resoluo CNAS n 17/2011.

    1) Atendimento em Pequenos Grupos (abrigo institucional,

    casa-lar e casa de passagem)

    Equipe de referncia para atendimento direto:

    Municpios em Gesto Inicial e BsicaMunicpios em Gesto Plena

    e Estados com Servios Regionais

    Capacidade de atendimento de 50 pessoas/indivduos

    Capacidade de atendimento de 80 pessoas/indivduos

    1 coordenador 1 coordenador

    1 assistente social 2 assistentes sociais

    1 psiclogo 2 psiclogos

    1 advogado 1 advogado

    2 profissionais de nvel superior ou mdio (abordagem dos usurios)

    4 profissionais de nvel superior ou mdio (abordagem dos usurios)

    1 auxiliar administrativo 2 auxiliares administrativos

    crEas

    PROFISSIONAL / FUNO

    ESCOLARIDADE QUANTIDADE

    Coordenadornvel superiorou mdio

    1 profissional referenciado para at 20 usurios acolhidos em, no mximo, 2 equipamentos

    Cuidadornvel mdio e qualificao especfica

    1 profissional para at 10 usurios, por turno. A quantidade de cuidador por usurio dever ser aumentada quando houver usurios que demandem ateno especfica (com deficincia, com necessidades especficas de sade, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com Grau de Dependncia II ou III, dentre outros). Para tanto, dever ser adotada a seguinte relao:a) 1 cuidador para cada 8 usurios, quando houver 1 usurio com demandas especficas; b) 1 cuidador para cada 6 usurios, quando houver 2 ou mais usurios com demandas especficas.

    Auxiliar Cuidador

    nvel fundamental e qualificao especfica

    1 profissional para at 10 usurios, por turno. A quantidade de cuidador usurio dever ser aumentada quando houver usurios que demandem ateno especfica (com deficincia, com necessidades especficas de sade, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com Grau de Dependncia II ou III, dentre outros). Para tanto, dever ser adotada a seguinte relao:a) 1 auxiliar de cuidador para cada 8 usurios, quando houver 1 usurio com demandas especficas; b) 1 auxiliar de cuidador para cada 6 usurios, quando houver 2 ou mais usurios com demandas especficas.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA36 37NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    Equipe de Referncia para atendimento psicossocial, vincu-

    lada ao rgo gestor:

    2) Famlia Acolhedora

    Equipe de Referncia para atendimento psicossocial, vincu-

    lada ao rgo gestor:

    3) Repblica

    Equipe de Referncia para atendimento psicossocial, vincu-

    lada ao rgo gestor

    4) Instituies de Longa Permanncia para Idosos ILPIs

    Equipe de Referncia para Atendimento Direto:

    FUNEs EssENcIaIs Para a GEsTO DO sUas

    Para a adequada gesto do Sistema nico de Assistncia

    Social - SUAS em cada esfera de governo, fundamental a

    garantia de um quadro de referncia de profissionais desig-

    nados para o exerccio das funes essenciais de gesto.

    importante considerar que a Constituio Federal garante a possibilidade de nomeao de servidores de carreira para cargos em comisso, desde que sejam destinadas apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento. As diretrizes desta Norma reafirmam a profissionalizao das funes de gesto e, nesse sentido, para as funes de coordenao de-

    vem ser priorizados os servidores efetivos.

    Para o SUAS a concepo de gesto composta pela as-sociao entre o domnio de conhecimentos tcnicos e a capacidade de inovao, alinhada aos princpios democr-ticos da gesto pblica. Desse modo, pensar as dimenses diagnstico/ Planejamento / execuo / monitoramento/ avaliao, como movimentos absolutamente interligados e interdependentes, que se imbricam e inter-relacionam, numa dinmica estratgica e no linear. Tais dimenses no podem mais serem vistas como etapas ou fases que se su-cedem, mas sim como uma totalidade dinmica. (BRASIL/

    MDS, 2008, vol. 2, p.48)

    PROFISSIONAL / FUNO

    ESCOLARIDADE QUANTIDADE

    Assistente Social nvel superior

    1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios acolhidos em at dois equipamentos da alta complexidade para pequenos grupos.

    Psiclogo nvel superior

    1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios acolhidos em at dois equipamentos da alta complexidade para pequenos grupos.

    PROFISSIONAL / FUNCO

    ESCOLARIDADE QUANTIDADE

    Coordenador nvel superior 1 profissional referenciado para at 45 usurios acolhidos.

    Assistente Social nvel superior

    1 profissional para acompanhamento de at 15 famlias acolhedoras e atendimento a at 15 famlias de origem dos usurios atendidos nesta modalidade.

    Psiclogo nvel superior

    1 profissional para acompanhamento de at 15 famlias acolhedoras e atendimento a at 15 famlias de origem dos usurios atendidos nesta modalidade.

    PROFISSIONAL / FUNCO

    ESCOLARIDADE QUANTIDADE

    Coordenador nvel superior1 profissional referenciado para at 20 usurios

    Assistente Social nvel superior1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios em at dois equipamentos.

    Psiclogo nvel superior1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios em at dois equipamentos.

    PROFISSIONAL / FUNCO ESCOLARIDADE

    1 Coordenador nvel superior ou mdio

    Cuidadores nvel mdio

    1 Assistente Social nvel superior

    1 Psiclogo nvel superior

    1 Profissional para desenvolvimento de atividades socioculturais

    nvel superior

    Profissional de limpeza nvel fundamental

    Profissional de alimentao nvel fundamental

    Profissional de lavanderia nvel fundamental

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA38 39NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    A Resoluo no 17/2011, do Conselho Nacional de Assistncia So-cial, avanou ao reconhecer as categorias profissionais de nvel superior para atender s funes essenciais de gesto do SUAS.

    importante esclarecer que nesse item tratamos das funes de gesto, o que diferente do conceito de cargos pblicos, cujo contedo ser detalhado no item relativo aos Planos de Carreira, Cargos e Salrios. A diferena entre cargo e funo que cargo a posio que uma pessoa ocupa dentro de uma estrutura organizacional, determinado estrategicamente; e funo o conjunto de tarefas e responsabilidades que cor-respondem a este cargo. Portanto, todo cargo tem funes, mas pode haver funo sem cargo, conforme Constituio Fe-deral, Art. 37 e seguintes e Lei 8.112/1990.

    Quadro de Referncia das Funes Essenciais da Gesto:

    GESTO FUNES ESSENCIAIS

    Gesto Municipal

    Gesto do Sistema Municipal de Assistncia Social

    Coordenao da Proteo Social Bsica

    Coordenao da Proteo Social Especial

    Planejamento e Oramento

    Gerenciamento do Fundo Municipal de Assistncia Social

    Gerenciamento dos Sistemas de Informao

    Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios

    Monitoramento e Controle da Rede Socioassistencial

    Gesto do Trabalho

    Apoio s Instncias de Deliberao

    Gesto Estadual

    Gesto do Sistema Estadual de Assistncia Social

    Coordenao da Proteo Social Bsica

    Coordenao da Proteo Social Especial

    Planejamento e Ora mento

    Gerenciamento do Fundo Estadual de Assistncia Social

    Gerenciamento dos Sistemas de Informao

    Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios

    Cooperao Tcnica / Assessoria aos Municpios

    Gesto do Trabalho e Educao Permanente em Assistncia Social (Capacitao)

    Apoio s Instncias de Pactuao e Deliberao

    GESTO FUNES ESSENCIAIS

    Gesto do DF

    Gesto do Sistema de Assistncia Social do DF

    Coordenao da Proteo Social Bsica

    Coordenao da Proteo Social Especial

    Planejamento e Oramento

    Gerenciamento do Fundo de Assistncia Social do DF

    Gerenciamento dos Sistemas de Informao

    Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios

    Gesto do Trabalho e Educao Permanente em Assistncia Social (Capacitao)

    Apoio s Instncias de Pactuao e Deliberao

    Gesto Federal

    Gesto do Sistema nico de Assistncia Social

    Coordenao da Proteo Social Bsica

    Coordenao da Proteo Social Especial

    Coordenao de Gesto de Rendas e Benefcios

    Planejamento e Oramento

    Gerenciamento do Fundo Nacional de Assistncia Social

    Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios

    Gesto dos Sistemas de Informao

    Apoio (cooperao/assessoria) Gesto Descentralizada do SUAS

    Gesto do Trabalho e Educao Permanente em Assistncia Social (Capacitao)

    Apoio s Instncias de Pactuao e Deliberao

    A nova redao da LOAS, dada pela Lei 12.435/2011, fortalece o compromisso entre as esferas de governo no sentido de ga-rantir o cofinanciamento da Unio, dos Estados e do Distrito Federal para o aprimoramento da gesto do SUAS em suas respectivas reas de abrangncia (artigos 12, 13 e 14 respec-tivamente). Nessa mesma perspectiva, os referidos artigos, incluem entre as competncias das esferas de governo a reali-zao de monitoramento e avaliao da poltica de assistncia social em seus respectivos mbitos administrativos.

    A funo de apoio s instncias de deliberao encontra res-paldo na Norma Operacional Bsica do Sistema nico de As-sistncia Social - NOBSUAS/2005 e esclarecimento na Reso-

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA40 41NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    luo no 237 do CNAS, aprovada em 14 de dezembro de 2006, e publicada no Dirio Oficial da Unio em 26/12/2006. Esta Resoluo trata das diretrizes para a estruturao, reformu-lao e funcionamento dos Conselhos, destacando as atribui-es da secretaria executiva, o que justifica a necessidade de profissionalizao dessa importante funo de gesto para a consolidao democrtica do SUAS.

    A composio das equipes de referncia dos Esta-

    dos para apoio a Municpios com presena de povos e co-

    munidades tradicionais (indgenas, quilombolas, seringuei-

    ros, etc.) deve contar com profissionais com curso superior,

    em nvel de graduao concludo em cincias sociais com

    habilitao em antropologia ou graduao concluda em

    qualquer formao, acompanhada de especializao, mes-

    trado e/ou doutorado em antropologia.

    V - DIRETRIzES PARA A POLTICA NACIONAL DE CAPACITAO

    1. A Coordenao e o Financiamento da Poltica Na-

    cional de Capacitao so de competncia dos Governos

    Federal, Estadual e do Distrito federal.

    A consolidao do Sistema nico de Assistncia Social traduz o desafio de contemplar as diretrizes gerais, vlidas para todo o Pas, assim como as especificidades de cada regio e/ou muni-cpio. Por isso, uma Poltica Nacional de Capacitao prev res-ponsabilidades compartilhadas entre as trs esferas de governo, capaz de pr em andamento iniciativas e planos de capacitao que sejam articulados e complementares entre si. Em outras pa-lavras, as aes que daro corpo Poltica Nacional de Capaci-tao ao mesmo tempo em que do a cara do SUAS no Brasil, trazem tambm os diferentes sotaques dos brasileiros.

    Em 2006, o governo federal instituiu a Poltica e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da administrao pblica federal direta, autrquica e fundacional, por meio do decreto no 5.707. Embora delimitado aos servidores pblicos federais, a estrutura do decreto esclarecedora dos contedos necess-rios a uma poltica dessa natureza. Por isso, destacamos alguns deles: definio da finalidade e do mbito de aplicao; Expli-cao dos conceitos bsicos contidos na poltica de capacita-o; o perfil de instituies que so reconhecidas como capa-zes de realizar as capacitaes; os instrumentos de gesto da poltica de capacitao, como planos que permitam planejar, monitorar e avaliar o alcance e a qualidade das aes; forma de gesto, indicando responsabilidades e fluxos de deciso; for-mas de incentivo para a participao dos profissionais.

    2. Os Gestores Municipais devero liberar os tcnicos

    para participarem da capacitao sem prejuzo dos recebi-

    mentos e com as despesas correspondentes de participao

    de acordo com o Plano de Capacitao.

    Uma das responsabilidades compartilhadas entre o governo federal, estadual, municipal e do Distrito Federal a libera-

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA42 43NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    o dos seus trabalhadores para participao em processos formativos, garantindo a sistematizao do conhecimento produzido no trabalho social.

    3. Os gestores federal, estaduais e do Distrito Federal

    devem publicar o contedo da capacitao e os atores que

    devem ser capacitados, para atender ao disposto na Reso-

    luo do CNAS que dispe sobre o Programa Universidade

    para Todos - PROUNI.

    4. A capacitao dos trabalhadores da rea da Assis-

    tncia Social deve ser promovida com a finalidade de produzir

    e difundir conhecimentos que devem ser direcionados ao de-

    senvolvimento de habilidades e capacidades tcnicas e geren-

    ciais, ao efetivo exerccio do controle social e ao empodera-

    mento dos usurios para o aprimoramento da poltica pblica.

    A Poltica Nacional de Capacitao - PNC/SUAS deve estar estruturada segundo uma lgica de patamares formativos progressivos: capacitao introdutria, atualizao, aper-feioamento, especializao e mestrado profissional. A con-cepo da PNC/SUAS parte do reconhecimento da dimenso processual do aprendizado, assim como a gradativa conso-lidao dos saberes necessrios para enfrentar os desafios cotidianos na perspectiva de qualificar a oferta e consolidar o direito socioassistencial.

    5. A capacitao dos trabalhadores da Assistncia

    Social tem por fundamento a educao permanente e deve

    ser feita de forma:

    a) sistemtica e continuada: por meio da elabo-

    rao e implementao de planos anuais de ca-

    pacitao;

    b) sustentvel: com a proviso de recursos financei-

    ros, humanos, tecnolgicos e materiais adequados;

    c) participativa: com o envolvimento de diversos

    atores no planejamento, execuo, monitoramen-

    to e avaliao dos planos de capacitao, aprova-

    dos por seus respectivos conselhos;

    d) nacionalizada: com a definio de contedos

    mnimos, respeitando as diversidades e especi-

    ficidades;

    e) descentralizada: executada de forma regionali-

    zada, considerando as caractersticas geogrficas

    dessas regies, Estados e municpios.

    f) avaliada e monitorada: com suporte de um

    sistema informatizado e com garantia do con-

    trole social.

    6. A Unio, os Estados e o Distrito Federal devem ela-

    borar Planos Anuais de Capacitao, pactuados nas Comis-

    ses Intergestores e deliberados nos respectivos Conselhos

    de Assistncia Social, tendo por referncias:

    a) a elaborao de diagnstico de necessidades co-

    muns de capacitao s diversas reas de atuao;

    b) o conhecimento do perfil dos trabalhado-

    res e suas competncias requeridas, conside-

    rando o padro da prestao dos servios de-

    sejado, considerando as informaes obtidas

    no CADSUAS;

    c) a definio de pblicos, contedos program-

    ticos, metodologia, carga horria e custos;

    d) a incluso de contedos relativos aos servios,

    programas, projetos, benefcios e gesto da as-

    sistncia social, bem como relativos a financia-

    mento, planos, planejamento estratgico, moni-

    toramento, avaliao, construo de indicadores

    e administrao pblica;

    e) a especificidade dos trabalhos desenvolvidos

    com comunidades remanescentes de quilombos,

    povos indgenas e outras;

    f) a definio de formas de monitoramento e ava-

    liao dos prprios planos.

    A Resoluo da CIT n 17/2010, dispe sobre o Pacto de Aprimoramento da Gesto dos Estados e do Distrito Fe-deral, no mbito do SUAS, do Programa Bolsa Famlia e do Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA44 45NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    Para a gesto do trabalho destaca-se a prioridade IV do Pacto de Aprimoramento: Coordenao, gerenciamento, execuo e cofinanciamento de programas de capacitao para gesto-res, trabalhadores e conselheiros.

    A gesto do trabalho no mbito do Governo Federal deve estabelecer uma agenda conjunta e integrada com as Secre-tarias Estaduais e do Distrito Federal, por regio do pas, vi-sando apoi-las tecnicamente na formulao dos Planos Es-taduais de Capacitao (PEC/SUAS), em consonncia com a concepo da PNC/SUAS.

    7. A capacitao no mbito do SUAS deve destinar-se

    a todos os atores da rea da Assistncia Social gestores,

    trabalhadores, tcnicos e administrativos, dos setores gover-

    namentais e no-governamentais integrantes da rede socio-

    assistencial, e conselheiros.

    8. A capacitao no mbito do SUAS deve primar

    pelo investimento em mltiplas formas de execuo, ado-

    tando instrumentos criativos e inovadores, metodologias

    que favoream a troca de experincias e tecnologias

    diversificadas (exemplo: ensino a distncia, vdeos e tele

    conferncias, elaborao de material didtico, cartilhas,

    entre outros).

    A inovao esperada nos Planos Estaduais de Capacitao e na Poltica Nacional de Capacitao consiste na composio e articulao de diferentes estratgias que sejam mais faci-litadoras do aprendizado dos participantes, de acordo com sua escolaridade, cargo, funo e contribuio esperada no

    Sistema nico de Assistncia Social.

    9. A capacitao no mbito do SUAS deve respei-

    tar as diversidades e especificidades regionais e locais na

    elaborao dos planos de capacitao, observando, en-

    tretanto, uma uniformidade em termos de contedo e da

    carga horria.

    A Poltica Nacional de Capacitao do SUAS estabelecer

    patamares formativos, com a respectiva a carga horria.

    10. A capacitao no mbito do SUAS deve adequar-se

    aos diferentes pblicos (gestores, tcnicos e conselheiros).

    11. A capacitao no mbito do SUAS deve garantir

    acessibilidade das pessoas com deficincia aos projetos de

    capacitao por meio da adoo de recursos tcnicos ade-

    quados.

    A acessibilidade das pessoas com deficincia um direito es-tabelecido no Decreto n 5.296/04, que regulamenta as leis n 10.048/2000 e n 10.098/2000 e a Norma Tcnica ABNT NBR 9050: 2004.

    A Resoluo CNAS n 33, de 28 de novembro de 2011, que define a promoo da integrao ao mercado de trabalho no campo da assistncia social e estabelece seus requisitos, in-cluiu no rol de requisitos bsicos para as aes de promoo da integrao ao mundo do trabalho no mbito da assistn-cia social a garantia da acessibilidade e tecnologias assistivas para a pessoa com deficincia ou com mobilidade reduzida, viabilizando a condio de seu alcance para a utilizao com segurana e autonomia dos espaos, mobilirios, tecnologias, sistemas e meios de comunicao, conforme o conceito do desenho universal e as normas da ABNT.

    12. A capacitao no mbito do SUAS deve estimular a

    criao de escolas de governo e parcerias com instituies de

    ensino, organismos governamentais e no-governamentais.

    13. A capacitao no mbito do SUAS deve estabele-

    cer mecanismos de parcerias entre as instituies de ensino

    e a gesto do Sistema.

    14. A capacitao no mbito do SUAS deve procurar

    ampliar a discusso com os Fruns dos diferentes segmen-

    tos das Instituies de Ensino Superior - IES, favorecendo

    a articulao para a construo e consolidao da Poltica

    Nacional de Capacitao.

    15. A capacitao no mbito do SUAS deve incentivar

    a produo e publicao de pesquisas acerca dos resulta-

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA46 47NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    dos das capacitaes realizadas, visando a criar uma fonte

    de consultas e dar visibilidade s capacitaes.

    16. A capacitao no mbito do SUAS deve incentivar

    a produo e publicao pelos trabalhadores da Assistncia

    Social de artigos e monografias sobre a Poltica de Assistn-

    cia Social.

    Os processos formativos devem estar contemplados na PNC/SUAS, nos PEC/SUAS e nos Planos Municipais de Capacitao no mbito do SUAS. Isso significa que a qualidade a ser construda tanto nas aes de gesto, como na ateno direta aos usurios, fruto de conhecimentos produzidos por seus trabalhadores. Desse modo, os conhecimentos produzidos so de usufruto coletivo.

    A partir desse entendimento sobre os resultados dos processos formativos decorrem outros dois processos: 1) a validao, cer-tificao e disseminao para o Sistema; e 2) o reconhecimento dos processos formativos na promoo funcional da carreira do

    trabalhador.

    VI - DIRETRIzES NACIONAIS PARA OS PLANOS DE CARREIRA, CARgOS E SALRIOS - PCCS

    Os Planos de Carreira, Cargos e Salrios - PCCS de-

    vero ser institudos em cada esfera de governo para os

    trabalhadores do SUAS, da administrao direta e indireta,

    baseados nos seguintes princpios definidos nacionalmente.

    Os planos de carreira, cargos e salrios (PCCS) expressam o modo como a administrao pblica compromete-se com o desenvolvimento profissional dos servidores pblicos para melhorar a qualidade dos servios prestados populao.

    Convm destacar o que entendemos por cargos pblicos: cargo pblico o lugar institudo na organizao do servi-o pblico, com denominao prpria, atribuies e respon-sabilidades especficas e estipndio correspondente, para ser provido e exercido por um titular, na forma estabelecida em lei. Cargo uma composio de funes ou atividades equivalentes em relao s tarefas a serem desempenha-das. Funo, por sua vez, a atribuio ou o conjunto de atribuies que a administrao confere a cada categoria profissional ou comete individualmente a determinados ser-vidores para a execuo de servios eventuais (Meirelles, 2008, p. 423-424)

    Tendo em vista que a Unio, os estados, municpios e o Dis-trito Federal tm autonomia administrativa, cada esfera de governo formula, debate, negocia e aprova os respectivos PCCS. Geralmente, os PCCS so formulados para o conjunto dos trabalhadores da administrao pblica, por vezes dife-renciando carreiras para a administrao direta, indireta e autarquias. A NOB-RH estimula a discusso de planos de carreira, cargos e salrios considerando a especificidade da

    poltica pblica de Assistncia Social.

    No mbito Federal, a Lei 11.357, de 19 de outubro de 2006, dispe sobre a criao do Plano Geral de Cargos do Poder

    Executivo PGPE.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA48 49NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    PrINcPIOs:

    1. Universalidade dos PCCS: Os Planos de Carreira,

    Cargos e Salrios abrangem todos os trabalhadores que

    participam dos processos de trabalho do SUAS, desenvol-

    vidos pelos rgos gestores e executores dos servios, pro-

    gramas, projetos e benefcios socioassistenciais da Adminis-

    trao Pblica Direta e Indireta, das trs esferas de governo

    na rea da Assistncia Social.

    A Constituio Federal, no artigo 37, inciso VIII, estabelece que a lei reservar percentual de cargos e empregos pblicos para as pessoas com deficincia e definir critrios para sua admisso. Essa uma direo tica para garantir a equidade e universalidade do acesso aos cargos pblicos.

    2. Equivalncia dos cargos ou empregos: Para efei-

    to da elaborao dos PCCS, na rea da Assistncia Social,

    as categorias profissionais devem ser consideradas, para

    classificao, em grupos de cargos ou carreira nica (mul-

    tiprofissional), na observncia da formao, da qualificao

    profissional e da complexidade exigidas para o desenvolvi-

    mento das atividades que, por sua vez, desdobram-se em

    classes, com equiparao salarial proporcional carga ho-

    rria e ao nvel de escolaridade, considerando-se a rotina

    e a complexidade das tarefas, o nvel de conhecimento e

    experincias exigidos, a responsabilidade pela tomada de

    decises e suas consequncias e o grau de superviso pres-

    tada ou recebida.

    Legalidade, impessoalidade, regras formais e universais so princpios que normativamente devem orientar no s a ao dos funcionrios quando executam as funes do Es-tado, mas igualmente a estruturao das carreiras pblicas, ou seja, o processo de recrutamento, promoo, avaliao e controle dos atos e omisses dos membros do aparato esta-tal. (Azevedo e Loureiro, 2003, p. 2).

    3. Concurso pblico como forma de acesso car-

    reira: O acesso carreira estar condicionado aprovao

    em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos.

    Essa diretriz alinha as condies de contratao dos tra-balhadores da poltica de assistncia social ao artigo 37 da Constituio Federal ao instituir o concurso pblico como meio de acesso aos cargos das equipes de referncia dos CRAS e CREAS. A contratao por meio de concurso pblico, institucionaliza o servidor pblico como seu representante legal, tendo este a responsabilidade e a funo de represen-tar o Estado.

    Esta Norma afirmou, simultaneamente, que sero exigidos desses profissionais conhecimentos anteriores (formao es-pecializada) e constante atualizao (formao continuada, com base no princpio da educao permanente)

    As diretrizes referentes contratao de profisses reconhe-cidas, assim como aquelas que indicam a elaborao de uma Poltica Nacional de Capacitao, so respostas ao cenrio de baixa profissionalizao e precariedade de vnculos tra-balhistas identificados nos estudos nacionais Fotografias da Assistncia Social no Brasil na perspectiva do SUAS (MDS/CNAS/ PUC-SP, 2005) e Perfil de informaes municipais.

    Assistncia Social (IBGE, 2005).

    4. Mobilidade do Trabalhador: Deve ser assegurada

    a mobilidade dos trabalhadores do SUAS na carreira, en-

    tendida como garantia de trnsito do trabalhador do SUAS

    pelas diversas esferas de governo, sem perda de direitos ou

    da possibilidade de desenvolvimento e ascenso funcional

    na carreira.

    medida que o SUAS se consolida pela expanso de ser-vios socioassistenciais, a necessidade de vnculos estveis dos seus trabalhadores vai ficando cada vez mais urgente e necessria. Ou seja, a continuidade dos servios supe a es-tabilidade dos vnculos dos seus trabalhadores. Nesse sen-tido, a lgica do concurso pblico se presta consolidao de equipes profissionais, que garantam a continuidade e a

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA50 51NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    qualidade dos servios pblicos, rompendo com a alta rota-tividade na assistncia social. (FERREIRA, 2010, p.113)

    A mobilidade do trabalhador contribui para sua segurana e sade na perspectiva de prevenir situaes de exposio ao risco pessoal, social e profissional. Tambm se refere ao aproveitamento do acmulo de conhecimentos desse traba-lhador em determinadas reas dentro do Sistema. E ainda garante os direitos do trabalhador quando este for cedido para outras esferas de governo.

    5. Adequao Funcional: Os PCCS adequar-se-o

    periodicamente s necessidades, dinmica e ao funciona-

    mento do SUAS.

    A atualizao sistemtica das informaes sobre o perfil dos trabalhadores no CADSUAS se torna urgente e necessria, tendo em vista que ele uma importante ferramenta para a gesto do trabalho. Ao captar a dinmica de consolidao do SUAS nos diferentes municpios, estados e no Distrito Fe-deral, a anlise dessas informaes pode reorientar as deci-ses quanto adequao das funes dos trabalhadores, a

    partir da particularidade dos territrios onde atuam.

    6. Gesto partilhada das carreiras: entendida como

    garantia da participao dos trabalhadores, atravs de me-

    canismos legitimamente constitudos, na formulao e ges-

    to dos seus respectivos plano de carreiras.

    fundamental construir e consolidar processos democrti-cos de construo dos PCCS, considerando a diversidade de interesses dos atores polticos envolvidos. O item desta NOB relativo s responsabilidades e atribuies relativas gesto do trabalho nas trs esferas de governo, prev que os PCCSs sejam discutidos em comisso paritria, reunindo represen-tantes do governo e dos trabalhadores. Considera ainda que o Poder Executivo deve encaminhar projeto de lei de criao do respectivo PCCS para o Poder Legislativo, pois segundo a Constituio Federal os cargos pblicos devem ser criados por lei. Desse modo, fica visvel que o processo de elabo-rao e aprovao dos PCCSs envolvem diferentes atores e instncias de negociao.

    O CNAS, por meio da Resoluo n 172, em 20 de setembro de 2007 (ANEXO III), recomendou ao Ministrio do Desenvol-vimento Social e Combate Fome a instituio da Mesa Na-cional de Negociao Permanente do SUAS. Esta se constitui num espao fundamental para a democratizao das relaes de trabalho na assistncia social e reafirma uma caracterstica essencial do SUAS: a lgica da negociao e pactuao entre

    os diversos atores que atuam no Sistema.

    7. PCCS como instrumento de gesto: entendendo-

    -se por isto que os PCCS devero constituir-se num instru-

    mento gerencial de poltica de pessoal integrado ao plane-

    jamento e ao desenvolvimento organizacional.

    8. Educao Permanente: significa o atendimento s

    necessidades de formao e qualificao sistemtica e con-

    tinuada dos trabalhadores do SUAS.

    A educao permanente constitui-se no processo contnuo de construo de conhecimentos pelos trabalhadores, de todo e qualquer conhecimento, por meio de escolarizao formal ou no formal, de vivncias, experincias laborais e emocionais, no mbito institucional ou fora dele. Tem o ob-jetivo de melhorar e ampliar a capacidade laboral dos tra-balhadores, em funo de suas necessidades individuais, da equipe de trabalho e da instituio em que trabalha, das ne-

    cessidades dos usurios e da demanda social.

    9. Compromisso solidrio: compreendendo isto que

    os PCCS so acordos entre gestores e representantes dos

    trabalhadores em prol da qualidade dos servios, do profis-

    sionalismo e da garantia pelos empregadores das condies

    necessrias realizao dos servios, programas, projetos e

    benefcios da assistncia social.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA52 53NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    DIrETrIZEs:

    1. Os Planos de Carreira, Cargos e Salrios abrangem

    todos os trabalhadores que participam dos processos de

    trabalho do SUAS, desenvolvidos pelos rgos gestores e

    executores dos servios, programas, projetos e benefcios

    socioassistenciais da Administrao Pblica Direta e Indire-

    ta, das trs esferas de governo na rea da Assistncia Social.

    A valorizao dos trabalhadores do SUAS, sejam eles do r-go pblico ou de entidades e organizaes de assistncia social, se expressa pela implementao de espaos de nego-

    ciao e efetivao dos PCCS.

    2. Os PCCS devem ser nicos, com isonomia em cada

    uma das esferas de governo, garantindo mecanismos regio-

    nais e locais negociados, visando fixao de profissionais

    em funo da garantia de acesso e equidade na oferta de

    servios populao.

    A gesto do trabalho deve pautar o debate em torno das es-tratgias necessrias para a construo de referenciais, em conjunto com as entidades de classe, que orientem a toma-da de deciso quanto isonomia salarial dos trabalhadores do SUAS, considerando as especificidades locais, regionais

    e estaduais.

    3. Devero ser criadas as Programaes Pactuadas

    Integradas -PPI sobre a gesto do trabalho (incluindo os

    trabalhadores da gesto e da execuo dos servios socio-

    assistenciais), especialmente quanto pactuao entre os

    gestores de pisos salariais regionais e fatores de diferencia-

    o inter-regionais.

    A instituio de Mesas de Negociao estabelecer Fruns Permanentes de negociao entre gestores pblicos e pri-vados e trabalhadores do SUAS sobre todos os pontos per-tinentes gesto do trabalho. Uma de suas pautas sero as

    Programaes Pactuadas Integradas (PPIs).

    4. Quando da elaborao dos PCCS, a evoluo do servidor

    na carreira dever ser definida considerando-se a formao

    profissional, a capacitao, a titulao e a avaliao de de-

    sempenho, com indicadores e critrios objetivos (quantita-

    tivos e qualitativos), negociados entre os trabalhadores e os

    gestores da Assistncia Social.

    A previso constitucional de participao dos usurios na ad-ministrao pblica direta e indireta artigo 37, 3 - inclui a participao dos cidados na avaliao da qualidade dos servios pblicos a eles prestados. A legitimidade da avalia-o dos usurios na composio da avaliao de desempe-nho ainda um desafio para a consolidao democrtica da

    gesto pblica em geral, e do SUAS em particular.

    Deve ser estimulada e incentivada a aplicao destes

    princpios e diretrizes aos trabalhadores da Assistncia So-

    cial contratados pelas entidades e organizaes de Assistn-

    cia Social, conveniados pelo SUAS, de modo a garantir a iso-

    nomia entre os trabalhadores pblicos e privados do SUAS.

    As Resolues do CNAS n 109/2009, que trata da Tipifica-o Nacional de Servios Socioassistenciais e a n 27/2011 (ANEXO IV), estabelecem parmetros para o reordenamen-to da atuao de entidades e organizaes de assistncia social. A definio das entidades de atendimento, assesso-ramento e defesa de direitos, para efeito de vinculao ao SUAS, est estabelecida no artigo 3 da LOAS, atualizada pela lei 12.435/2011. A vinculao aos SUAS se d pela inscri-

    o dessas nos Conselhos de Assistncia Social.

    6. Os PCCS devem estimular o constante aperfeioa-

    mento, a qualificao e a formao profissional, no sentido de

    melhorar a qualidade dos servios socioassistenciais e permitir

    a evoluo ininterrupta dos trabalhadores do SUAS na carrei-

    ra. Devem ser definidos parmetros e/ou perodos para que os

    trabalhadores tenham direitos e deveres quanto s possibili-

    dades de afastamento temporrio do trabalho para realizarem

    a qualificao profissional dentro ou fora do Pas.

    7. Os PCCS incluiro mecanismos legtimos de est-

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA54 55NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    mulo, propiciando vantagens financeiras, entre outras, aos

    trabalhadores com dedicao em tempo integral ou dedica-

    o exclusiva para a realizao do seu trabalho, na rea de

    abrangncia do plano.

    8. Para o exerccio das funes de direo, chefia e

    assessoramento, os cargos de livre provimento devem ser

    previstos e preenchidos considerando-se as atribuies do

    cargo e o perfil do profissional.

    A Constituio Federal no artigo 37, inciso V, estabelece que as funes de confiana exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento.

    9. Os cargos e funes responsveis pelos servios,

    programas, projetos e benefcios socioassistenciais, bem

    como responsveis pelas unidades pblicas prestadoras

    dos servios socioassistenciais, devem ser preenchidos por

    trabalhadores de carreira do SUAS, independente da esfera

    de governo (nacional, estadual, do Distrito Federal e muni-

    cipal) a que estejam vinculados.

    VII - DIRETRIzES PARA AS ENTIDADES E ORgA-NIzAES DE ASSISTNCIA SOCIAL

    1. valorizar seus trabalhadores de modo a ofertar ser-

    vios com carter pblico e de qualidade conforme realida-

    de do municpio;

    As entidades e organizaes de assistncia social de atendi-mento - definidas no artigo 3, 1 da nova redao da LOAS - compem o Sistema nico de Assistncia Social. A partir dessa definio, os servios prestados por essas entidades e organizaes tm finalidade pblica e, desse ponto de vista, buscam o alinhamento aos princpios ticos dos trabalhadores do SUAS, assim como 8 diretriz para a gesto do trabalho que consta do item II desta Norma.

    A Tipificao Nacional de Servios Socioassistenciais,

    aprovada pelo CNAS por meio da Resoluo no 109, de

    11 de novembro de 2009, estabelece os servios que de-

    vem prestados nos CRAS e CREAS e os que podem ser

    prestados pelas organizaes e entidades de assistn-

    cia social. Ao detalhar os objetivos de cada servio e as

    aquisies de seus usurios, a Tipificao oferece par-

    metros para que estados, municpios e Distrito Federal

    definam padres de qualidade que podem ser exigidos.

    De acordo com o artigo 6-C da LOAS, atualizada pela lei 12.435/2011, os CRAS e CREAS so equipamentos pblicos es-tatais que articulam, coordenam e ofertam servios e benef-cios. Nesse sentido, os servios prestados pelas organizaes e entidades de assistncia Social devem ser referenciados ao CRAS, quando se trata da proteo social bsica; e no CREAS, quando se trata da proteo social especial.

    2. executar plano de capacitao em consonncia

    com as diretrizes da Poltica Nacional de Capacitao;

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA56 57NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    3. viabilizar a participao de seus trabalhadores em

    atividades e eventos de capacitao e formao no mbito

    municipal, estadual, distrital e federal na rea de assistncia

    social;

    A garantia da qualidade da proteo aos usurios do SUAS supe a presena de profissionais capazes de dar respostas tecnicamente qualificadas e eticamente responsveis. A pro-fissionalizao da poltica de assistncia social deve alcanar tanto as equipes de referncia, quanto as equipes das entida-des e organizaes que compem o SUAS. Por isso, a parti-cipao dos trabalhadores dessas entidades e organizaes em processos de capacitao fundamental para qualificar os servios prestados.

    4. buscar, em parceria com o poder pblico, o tra-

    tamento salarial isonmico entre os trabalhadores da rede

    pblica e da rede prestadora de servios socioassistenciais;

    Os estados, municpios e o Distrito Federal tm autonomia para estabelecer o contedo dos instrumentos que regulam as relaes de parceria com entidades e organizaes de assis-tncia social que prestam servio em seu mbito. O artigo 2, 2 da nova redao da LOAS, dada pela Lei 12.435/2011, es-tabelece parmetros relativos ao financiamento e ao reconhe-cimento da capacidade instalada das instituies que podem compor sua rede socioassistencial.

    A busca de isonomia salarial significa o reconhecimento da importncia de todos os trabalhadores para a consolidao das diretrizes e contedos do SUAS.

    5. manter atualizadas as informaes sobre seus tra-

    balhadores, disponibilizando-as aos gestores para a alimen-

    tao do Cadastro Nacional de Trabalhadores do SUAS.

    VIII - DIRETRIzES PARA O COfINANCIAMENTO DA gESTO DO TRABALHO

    1. A Assistncia Social oferta seus servios, progra-

    mas, projetos e benefcios com o conhecimento e compro-

    misso tico e poltico de profissionais que operam tcnicas

    e procedimentos, com vistas a mediar o acesso dos usurios

    aos direitos e mobilizao social.

    2. Universalizar uma poltica cujos servios socioas-

    sistenciais devem ser operados por trabalhadores da assis-

    tncia social que exigem investimentos para seu desenvol-

    vimento requer estratgias especficas para as trs esferas

    de governo.

    A Lei Orgnica de Assistncia Social, em seus artigos 13, 14 e 14, define as competncias de cada ente federado. De acordo com o artigo 28 da LOAS, o financiamento da assistncia So-cial composto com recursos da Unio, estados, municpios e do Distrito Federal. Em cada esfera de governo os recursos devem ser alocados no respectivo fundo de assistncia social para operacionalizar e aprimorar a gesto do Sistema e a ofer-ta dos servios e benefcios.

    O artigo 30-A da LOAS estabelece que o cofinanciamento do Sistema nico de Assistncia Social ser feito por meio de transferncias automticas entre os fundos de assistncia so-cial e mediante alocao de recursos prprios nesses fundos

    nas trs esferas de governo.

    3. Garantir, por meio de instrumentos legais, que

    os recursos transferidos pelo governo federal para os mu-

    nicpios para o cofinanciamento dos servios, programas,

    projetos e gesto dos benefcios permitam o pagamento da

    remunerao dos trabalhadores e/ou servidores pblicos

    concursados da Assistncia Social, definidos como equipe

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA58 59NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    de referncia nesta NOB. O estudo de custo dos servios

    prestados pelas equipes de referncia deve incluir a defi-

    nio do percentual a ser gasto com pessoal concursado,

    sendo deliberado pelos conselhos.

    A nova redao da LOAS, dada pela lei 12.435/2011, foi uma conquista para a poltica de Assistncia Social, pois seu arti-go 6-E possibilita o uso dos recursos do cofinanciamento do governo federal para pagamento dos profissionais que inte-gram as equipes de referncia. O estudo dos custos dos ser-vios socioassistenciais de responsabilidade de cada esfera de governo, considerando informaes qualificadas sobre a demanda por servios e benefcios e padres de qualidade da

    proteo s famlias e indivduos usurios do SUAS.

    4. O valor transferido pela Unio para pagamento de

    pessoal dever ser referncia para determinar um percen-

    tual a ser assumido por Estados e Municpios em forma de

    co-financiamento.

    A Resoluo n. 32, de 28 de novembro de 2011 (ANEXO V), estabelece percentual dos recursos do SUAS, cofinanciados pelo governo federal, que podero ser gastos no pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referncia, de acordo com o art. 6-E da Lei n 8.742/1993, inserido pela Lei 12.435/2011.

    Essa Resoluo resolve, em seu art. 1, que os estados, Distrito Federal e municpios podero utilizar at 60% (sessenta por cento) dos recursos oriundos do Fundo Nacional de Assistncia Social, destinados a execuo das aes continuadas de assistncia social, no pagamento dos profissio-nais que integrarem as equipes de referncia do SUAS, conforme art. 6 - E,

    da Lei 8742/1993.

    5. Reviso das diretrizes e legislao do fundo de

    assistncia social para que possa financiar o pagamento de

    pessoal, conforme proposta de Projeto de Emenda Consti-

    tucional - PEC.

    O artigo 6- E da Lei Orgnica de Assistncia Social, atualiza-da pela Lei 12.435/2011, garante que os recursos do cofinancia-mento do SUAS possam compor as receitas referentes ao pa-

    gamento das equipes de referncia que constam da NOB-RH.

    6. Prever recursos financeiros para a realizao de

    estudos e pesquisas que demonstrem objetivamente a reali-

    dade dos territrios que sero abrangidos com a poltica

    de assistncia social.

    A consolidao democrtica do SUAS depende do aumento de recursos financeiros, e tambm de planos de assistncia social baseados em diagnsticos consistentes, que demons-trem conhecimento da realidade que se tem e que se quer transformar. Informaes confiveis e transparentes so fun-damentais para a tomada de deciso na gesto pblica.

    7. Prever, em cada esfera de governo, recursos pr-

    prios nos oramentos, especialmente para a realizao de

    concursos pblicos e para o desenvolvimento, qualificao

    e capacitao dos trabalhadores.

    8. Assegurar uma rubrica especfica na Lei Ora-

    mentria, com a designao de Gesto do Trabalho, com

    recursos destinados especificamente para a garantia das

    condies de trabalho e para a remunerao apenas de tra-

    balhadores concursados nos mbitos federal, estadual, dis-

    trital e municipal.

  • 61NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    IX - RESPONSABILIDADE E ATRIBUIES DO gES-TOR fEDERAL, DOS gESTORES ESTADUAIS, DO gESTOR DO DISTRITO fEDERAL E DOS gESTORES MUNICIPAIS PARA A gESTO DO TRABALHO NO MBITO DO SUAS

    IX. 1. RESPONSABILIDADES E ATRIBUIES DO GESTOR

    FEDERAL

    1. Dotar a gesto de uma institucionalidade respon-

    svel, do ponto de vista operacional, administrativo e tc-

    nico-poltico, criando os meios para efetivar a poltica de

    assistncia social. Destinar recursos financeiros para a rea,

    compor os quadros do trabalho especficos e qualificados

    por meio da realizao de concursos pblicos.

    2. Criar diretriz relativa ao acompanhamento, em n-

    vel nacional, da implantao da NOB-RH/SUAS.

    O Decreto n 7.334, de 19 de outubro de 2010, institui o Censo do Sistema nico de Assistncia Social, mecanismo de acom-

    panhamento do SUAS em nvel nacional.

    3. Designar, em sua estrutura administrativa, setor

    responsvel pela gesto do trabalho no SUAS.

    No governo federal o Decreto n 7.079, de 26 de janeiro de 2010, aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demons-trativo dos Cargos em Comisso e das Funes Gratificadas do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome. O Decreto institui a Coordenao Geral de Implementao e Acompanhamento da Poltica de RH do SUAS, responsvel

    pela Gesto do Trabalho no mbito do SUAS.

  • NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA62 63NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

    4. Elaborar um diagnstico da situao de gesto do

    trabalho existente em sua rea de atuao, incluindo os se-

    guintes aspectos:

    a) quantidade de trabalhadores, por cargo, da ad-

    ministrao direta e indireta, os cedidos de outras

    esferas de gesto e os terceirizados;

    b) local de lotao;

    c) distribuio por servios, por base territorial,

    comparando-os com o tamanho da populao

    usuria, por nvel de proteo social (bsica e es-

    pecial de mdia e alta complexidade);

    d) categorias profissionais e especialidades;

    e) vencimentos ou salrios pagos por categoria

    profissional ou por grupos ocupacionais, vanta-

    gens e benefcios;

    f) qualificao/formao;

    g) nmero de profissionais que compem a Se-

    cretaria Executiva do CNAS;

    h) nmero de profissionais que compem a Secre-

    taria Executiva da CIT;

    i) nmero de profissionais que compem equipe

    de monitoramento e avaliao;

    j) nmero de profissionais que compem a ges-

    to do FNAS;

    k) nmero de profissionais que compem a equi-

    pe responsvel pela capacitao;

    l) nmero de profissionais que compem a equi-

    pe de assessoramento aos Estados;

    m) nmero de profissionais que compem a equi-

    pe de monitoramento e avaliao do BPC;

    n) nmero de profissionais que compem a equi-

    pe dos sistemas de informao e monitoramento;

    o) outros aspectos de interesse.

    5. Organizar e disponibilizar aos municpios, Estados e

    Distrito Federal um sistema informatizado sobre os trabalha-

    dores do SUAS, configurando o Cadastro Nacional dos Traba-

    lhadores do SUAS, de modo a viabilizar o diagnstico da situ-

    ao do trabalho e sua gesto existente na assistncia social,

    com atualizao peridica, como um mdulo do sistema de

    informao cadastral CADSUAS, aplicativo da REDESUAS.

    A Portaria no. 08, do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome, aprovada em 21 de julho de 2009, institui o Sistema de Informao do Sistema nico de Assistncia Social - Rede SUAS.

    A Portaria no. 430, do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome, aprovada em 3 de dezembro de 2008, institui o Cadastro Nacional do Sistema nico de Assistncia

    Social CADSUAS.

    6. Elaborar quadro de necessidades de trabalhado-

    res para a manuteno dos servios, programas, projetos e

    benefcios do SUAS.

    7. Estabelecer plano de ingresso de trabalhadores e

    a substituio dos profissionais terceirizados.