nob-rh-suas - anotada e comentada

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NOB-RH/SUAS: ANOTADA E COMENTADA

MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL DEPARTAMENTO DE GESTO DO SUAS COORDENAO-GERAL DE IMPLEMENTAO E ACOMPANHAMENTO DA POLTICA DE RH DO SUAS

NOB-RH/SUAS:ANOTADA E COMENTADA

Braslia, dezembro de 2011

EXPEDIENTEPresidenta da Repblica Federativa do Brasil | Dilma Roussef Vice-Presidente da Repblica Federativa do Brasil | Michel Temer

Ministra do Desenvolvimento Social e Combate Fome | Tereza Campello Secretrio Executivo | Rmulo Paes de Sousa Secretrio Executivo Adjunto | Marcelo Cardona Secretria Nacional de Assistncia Social | Denise Colin Secretria Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional | Maya Takagi Secretrio Nacional de Renda de Cidadania | Tiago Falco Secretrio de Avaliao e Gesto da Informao | Paulo Jannuzzi Secretria Extraordinria de Erradicao da Pobreza | Ana Fonseca SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL Secretria Adjunta | Valria Gonelli Diretora de Gesto do Sistema nico de Assistncia Social | Simone Albuquerque Diretora de Proteo Social Bsica | Aid Canado Almeida Diretora de Proteo Social Especial | Telma Maranho Gomes Diretora de Benefcios Assistenciais | Maria Jos de Freitas Diretora da Rede Socioassistencial Privada do SUAS | Carolina Gabas Stuchi Diretor Executivo do Fundo Nacional de Assistncia Social / Antonio Jose G. Henriques

NOB-RH/SUAS:ANOTADA E COMENTADA

PUBLICAO DA SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIALELABORAO/REDAO |Stela da Silva Ferreira (Consultora da Gesto do Trabalho) COLABORAO TCNICA Jos Crus (Coordenador Geral) Clara Carolina de S Karoline Aires Ferreira Miriam de Souza Leo Albuquerque Rosrio de Maria da Costa Ferreira EQUIPE DE COORDENAO-GERAL DE IMPLEMENTAO E ACOMPANHAMENTO DA POLTICA DE RH DO SUAS CGIAP-RH/DGSUAS Jos Crus (Coordenador-Geral) Eliana Teles do Carmo Divainne Joz de Souza Eliane dos Reis Mota Francisca Alves de Carvalho Miriam de Souza Leo Albuquerque Rosrio de Maria da Costa Ferreira EQUIPE DA COORDENAO-GERAL DE REGULAO DA GESTO DO SUAS Clara Carolina de S (Coordenadora-Geral) Karoline Aires Ferreira Alexsandra Santana de Brito Fernanda Maria Pinheiro Trinta Izabela Adjuto Cardoso CONSULTOR DA GESTO DO TRABALHO Juliano Suzin dos Santos PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO | Raimundo Arago REVISO Jos Crus Simone Albuquerque TIRAGEM | 15.000 exemplares IMPRESSO | Grfica Brasil

SUMRIOResolues........................................................................................................................................... 7 Apresentao .....................................................................................................................................11 I Introduo.....................................................................................................................................13 II Princpios e diretrizes nacionais para a gesto do trabalho no mbito do SUAS ...... 15 III Princpios ticos para os trabalhadores da assistncia social ................................19 IV Equipes de referncia ...........................................................................................................25 V Diretrizes para a poltica nacional de capacitao ....................................................39 VI Diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salrios PCCS .............45 VII Diretrizes para as entidades e organizaes de assistncia social ...................53 VIII Diretrizes para o co-financiamento da gesto do trabalho ................................55 IX Responsabilidade e atribuies do gestor federal, dos gestores estaduais, do gestor do Distrito Federal e dos gestores municipais para a gesto do trabalho no mbito do SUAS ............................................................................59 X Organizao de cadastro nacional de trabalhadores do SUAS Mdulo CADSUAS .................................................................................................................................... 85 XI Controle social da gesto do trabalho no mbito do SUAS..................................87 XII Regras de transio..............................................................................................................93

Ferreira, Stela da Silva. NOB-RH Anotada e Comentada Braslia, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistncia Social, 2011. 144 p. ; 23. ISBN: 1. Gesto do Trabalho no SUAS, Brasil. 2. Polticas pblicas, Brasil. 3. Assistncia social, Brasil. CDU

2010 Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome. Todos os direitos reservados. Qualquer parte desta publicao pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Secretaria Nacional de Assistncia Social SNAS Edifcio mega, SEPN W3, Bloco B, 2 andar, Sala 229 - CEP: 70.770-502 Braslia, DF Telefone: (61) 3433-8774/8776 Fax: (61) 3433- 8773 wwwmds.gov.br Fome Zero: 0800-707-2003 Solicite exemplares desta publicao pelo e-mail: [email protected] Advertncia: O uso da linguagem que no discrimine nem estabelea a diferena entre homens e mulheres uma preocupao deste documento. O uso genrico do masculino foi uma opo inescapvel em muitos casos. Mas fica o entendimento de que o genrico do masculino se refere a homem e mulher. Os consultores da Gesto do Trabalho foram contratados no mbito do Projeto de Fortalecimento Institucional para a Avaliao e Gesto da Informao do MDS (BRA/04/046) do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD.

XIII Conceitos bsicos ............................................................................................................... 99 XIV Referncias bibliogrficas..............................................................................................105 ANEXOS............................................................................................................................................109

MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME CONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL RESOLUO N 269, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2006. DOU 26/12/2006 Aprova a Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos do Sistema nico de Assistncia Social NOB-RH/SUAS. O CONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL CNAS, em reunio ordinria realizada nos dias 12, 13, e 14 de dezembro de 2006, no uso da competncia que lhe conferem os incisos II,V, IX e XIV do artigo 18 da Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 Lei Orgnica da Assistncia Social LOAS, RESOLVE: Art. 1 - Aprovar a Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos do Sistema nico de Assistncia Social NOB-RH/SUAS. Art. 2 - O texto da NOB-RH/SUAS ser publicado em 30 (trinta) dias, devendo ser encaminhado para gestores e conselhos de Assistncia Social. Art. 3 - Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Slvio Iung Presidente do Conselho Nacional de Assistncia Social

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MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE FOME CONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL RESOLUO N 01, DE 25 DE JANEIRO DE 2007. Publica o texto da Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos NOB-RH/SUAS. O CONSELHO NACIONAL DE ASSISTNCIA SOCIAL CNAS, em reunio ordinria realizada nos dias 12, 13, e 14 de dezembro de 2006, no uso da competncia que lhe conferem os incisos II,V, IX e XIV do artigo 18 da Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993 Lei Orgnica da Assistncia Social LOAS e, Considerando o artigo 2 da Resoluo CNAS n 269, de 13 de dezembro de 2006, publicada no Dirio Oficial da Unio em 26 de dezembro de 2006, RESOLVE: Art. 1 - Publicar o texto da NOB-RH/SUAS, anexo. Art. 2 - A Presidncia e a Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Assistncia Social CNAS devero encaminhar o texto da NOB-RH/SUAS ao Senhor Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate Fome, ao CONGEMAS, ao FONSEAS, aos Conselhos de Assistncia Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. Art. 3 - Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Slvio Iung Presidente do Conselho Nacional de Assistncia Social

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APRESENTAO com senso de compromisso e satisfao que temos dedicado esforos em negociaes, e decises que fortaleam a consolidao do Sistema nico de Assistncia Social em todo Brasil. A Lei Orgnica de Assistncia Social Lei 8.742/93, atualizada pela Lei 12.435/2011 (ANEXO I), organiza, em termos legais, o Sistema nico de Assistncia Social. Todos os avanos polticos que vimos construindo nas instncias de pactuao e deliberao, desde 1993, esto hoje contemplados em uma legislao que nos orienta e nos torna corresponsveis pela implantao do SUAS. Sabemos que mudanas histricas profundas, como as que estamos realizando na poltica pblica de assistncia social, demandam tempo para serem estruturadas. Ao mesmo tempo, afirmamos que necessrio reconhecer as conquistas que alcanamos nesse processo. A Secretaria Nacional de Assistncia Social, do Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome, estabeleceu instncias e mecanismos para implantar a gesto do trabalho como uma dimenso estratgica para a efetivao do SUAS. A publicao desta Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos dos SUAS: Anotada e Comentada tem por objetivo trazer aos gestores, trabalhadores, conselheiros e usurios contedos atualizados sobre a gesto do trabalho no SUAS. Desejamos que esta verso facilite a compreenso sobre o contedo da NOB-RH/2006 e fortalea os espaos coletivos de construo do Sistema nico de Assistncia Social.

Denise Colin Secretria Nacional de Assistncia Social

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I - INTRODUOA Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos do SUAS representa um avano no que diz respeito profissionalizao da poltica de assistncia social, com vistas a garantir aos usurios do Sistema nico de Assistncia Social servios pblicos de qualidade. As diretrizes da NOB-RH/SUAS orientam a ao de gestores das trs esferas de governo, trabalhadores e representantes das entidades de assistncia social que, cotidianamente, lidam com os desafios para a implantao do SUAS. A iniciativa de publicar esta NOB-RH/SUAS anotada e comentada tem por objetivo contribuir para o entendimento e a fundamentao jurdica de suas diretrizes e, assim, tornar as aes no mbito do SUAS mais assertivas. Os contedos da NOB-RH/SUAS demandam compreenso da direo tica e poltica que temos hoje para qualificar a oferta dos servios e consolidar o direito socioassistencial. Nesta verso o leitor encontrar anotaes e comentrios. Na cor azul esto as anotaes que propiciar o leitor identificar as referncias legais e normativas que esto relacionadas aos contedos do SUAS. Em verde o leitor encontrar em linguagem acessvel comentrios que traduzem os propsitos dos princpios e diretrizes desta Norma. Em anexo esto algumas das normativas relevantes para a gesto do trabalho no mbito do SUAS. As referncias bibliogrficas ratificam e ampliam as bases tericas e de anlise dos contedos desta Norma. Que a leitura possa dar maior sustentao tica e poltica a todos os que esto participando da construo histrica da poltica pblica de assistncia social no Brasil.

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II - PRINCPIOS E DIRETRIzES NACIONAIS PARA A gESTO DO TRABALHO NO MBITO DO SUAS

1. A promulgao da Constituio Federal de 1988 e da Lei Orgnica da Assistncia Social LOAS, de 1993, e consequentemente a formulao da PNAS/2004 e a construo e regulao do Sistema nico da Assistncia Social SUAS e da sua Norma Operacional Bsica NOB/SUAS tornam necessria a reflexo da poltica de gesto do trabalho no mbito da Assistncia Social, visto que a mesma surge como eixo delimitador e imprescindvel qualidade da prestao de servios da rede socioassistencial.A Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993, alterada pela Lei 12.435, de 06 de julho de 2011, em seu artigo 6 - institui entre os objetivos da gesto do Sistema nico da Assistncia Social (SUAS), implementar a gesto do trabalho e a educao permanente da assistncia social.

2. Para a implementao do SUAS e para se alcanar os objetivos previstos na PNAS/20004, necessrio tratar a gesto do trabalho como uma questo estratgica. A qualidade dos servios socioassistenciais disponibilizados sociedade depende da estruturao do trabalho, da qualificao e valorizao dos trabalhadores atuantes no SUAS.A gesto do trabalho no mbito do SUAS contribui para aprimorar a gesto do Sistema e a qualidade da oferta dos servios na perspectiva de consolidar o direito socioassistencial.

3. Para tanto, imperioso que a gesto do trabalho no SUAS possua como princpios e diretrizes disposies consoantes s encontradas na legislao acima citada.

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4. Neste aspecto, importante ressaltar o carter pblico da prestao dos servios socioassistenciais, fazendo-se necessria a existncia de servidores pblicos responsveis por sua execuo.A Lei 8.742/1993, em seu Art. 6 E, alterada pela Lei 12.435/2011, um dispositivo que contribui com a materializao dessa diretriz.

rea, de forma sistemtica, continuada, sustentvel, participativa, nacionalizada e descentralizada, com a possibilidade de superviso integrada, visando o aperfeioamento da prestao dos servios socioassistenciais.Alm do princpio da educao permanente a Poltica Nacional de Capacitao do SUAS (PNC/SUAS) deve contemplar o princpio da interdisciplinaridade.

5. Nos servios pblicos, o preenchimento de cargos, que devem ser criados por lei, para suprir as necessidades dos servios deve ocorrer por meio de nomeao dos aprovados em concursos pblicos, conforme as atribuies e competncias de cada esfera de governo, compatibilizadas com seus respectivos Planos de Assistncia Social (Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais), a partir de parmetros que garantam a qualidade da execuo dos servios.Para cumprir essa diretriz, observar a Orientao para o Processo de Seleo e Recrutamento no mbito do SUAS.

8. A gesto do trabalho no mbito do SUAS deve tambm: garantir a desprecarizao dos vnculos dos trabalhadores do SUAS e o fim da tercerizao, garantir a educao permanente dos trabalhadores, realizar planejamento estratgico, garantir a gesto participativa com controle social, integrar e alimentar o sistema de informao.

6. De acordo com as atribuies dos diferentes nveis de gesto do SUAS, definidas na NOB/SUAS, compete a cada uma delas contratar e manter o quadro de pessoal qualificado academicamente e por profisses regulamentadas por Lei, por meio de concurso pblico e na quantidade necessria execuo da gesto e dos servios socioassistenciais, conforme a necessidade da populao e as condies de gesto de cada ente.Observar o prescrito no item IV desta Norma, que trata das equipes de referncia e Resoluo CNAS n. 17/2011 (ANEXO II).

7. Assim, para atender aos princpios e diretrizes estabelecidos para a poltica de Assistncia Social, a gesto do trabalho no SUAS deve ocorrer com a preocupao de estabelecer uma Poltica Nacional de Capacitao, fundada nos princpios da educao permanente, que promova a qualificao de trabalhadores, gestores e conselheiros da

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III - PRINCPIOS TICOS PARA OS TRABALHADORES DA ASSISTNCIA SOCIAL

1. A Assistncia Social deve ofertar seus servios com o conhecimento e compromisso tico e poltico de profissionais que operam tcnicas e procedimentos impulsionadores das potencialidades e da emancipao de seus usurios;A composio das equipes de referncia composta por categorias profissionais de nvel superior orientadas por cdigos de tica e, portanto, agregam essa dimenso aos servios e benefcios, gesto do SUAS.

2. Os princpios ticos das respectivas profisses devero ser considerados ao se elaborar, implantar e implementar padres, rotinas e protocolos especficos, para normatizar e regulamentar a atuao profissional por tipo de servio socioassistencial. 3. So princpios ticos que orientam a interveno dos profissionais da rea de assistncia social: a) Defesa intransigente dos direitos socioassistenciais;A V Conferncia Nacional de Assistncia Social deliberou o contedo dos dez direitos socioassistenciais. Em 23 de fevereiro de 2006, foi publicada no Dirio Oficial da Unio a Resoluo no 40, do Conselho Nacional de Assistncia Social, aprovada em 16 de fevereiro de 2006. Esta Resoluo aprova as deliberaes da V Conferncia Nacional. A consolidao democrtica do SUAS requer a superao de prticas frequentes nos rgos pblicos que tendem a supervalorizar os motivos para no divulgar informaes aos usurios. Isso ocorre porque muitas vezes a transparncia das informaes leva ao maior controle por parte do cidado, deixando mais evidentes as responsabilidades, aes e omisses dos agentes pblicos.

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A Poltica Nacional de Assistncia Social (PNAS/2004) afirma a funo de defesa socioinstitucional como parte do SUAS e, podemos dizer, como uma direo para a superao dos obstculos efetivao dos direitos dos usurios. Porm, preciso ultrapassar a mera declarao dessa funo e construir estratgias efetivas para sua realizao no cotidiano da proteo s famlias e indivduos.

d) Proteo privacidade dos usurios, observado o sigilo profissional, preservando sua privacidade e opo e resgatando sua historia de vida;Quanto ao sigilo profissional importante considerar dois aspectos fundamentais. De um lado, o cumprimento das orientaes relativas ao sigilo, conforme o cdigo de tica de cada profisso. De outro lado, uma vez que a prestao de servios aos usurios se faz por uma equipe de referncia interdisciplinar, tal como detalhado no item IV desta Norma, necessrio definir parmetros comuns, vlidos para (e entre) os profissionais responsveis pela proteo das famlias e de seus membros, demandando elaborao e negociao em torno do que estritamente necessrio e relevante para qualificar o servio prestado. A definio coletiva desses parmetros vale, inclusive, para estabelecer o grau de detalhamento de informaes encaminhadas a outras instituies, como as do Poder Judicirio.

b) Compromisso em ofertar servios, programas, projetos e benefcios de qualidade que garantam a oportunidade de convvio para o fortalecimento de laos familiares e sociais;A qualidade dos servios e benefcios tem dimenses ticas, polticas e tcnicas. O servio e benefcio socioassistencial de qualidade produz uma mudana fundamental na vida do cidado: a passagem da condio de submisso para a condio de protagonista. Essa mudana, a ser alcanada por meio do trabalho social, fundamental para a construo e exerccio de cidadania nos espaos polticos, nos quais so construdos e defendidos os direitos individuais e coletivos.

c) Promoo aos usurios do acesso a informao, garantindo conhecer o nome e a credencial de quem os atende;Para a construo do vnculo entre o trabalhador e o usurio fundamental a criao de estratgias simples, como expor a credencial para que o usurio possa trat-lo pelo nome, assim como o trabalhador possa referir-se ao usurio do mesmo modo. O usurio dos servios socioassistenciais, assim como qualquer cidado brasileiro, tem assegurado o direito informao no art 5, XXXIII da Constituio Federal. A nota tcnica da procuradoria federal dos direitos do cidado, do Ministrio Pblico Federal, analisa o Projeto de Lei n 41/2010, em tramitao no congresso nacional, que trata do direito informao. A nota tcnica, de 25 de maro de 2011, est disponvel no sitio: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/temas-deatuacao/direito-a-memoria-e-a-verdade/atuacao-do-mpf/ nota-tecnica-sobre-o-pl-41-2010. A Constituio Federal no artigo 37, pargrafo 3o prev formas de participao dos usurios na administrao pblica direta e indireta, regulando, entre outros aspectos, o acesso dos usurios a registros administrativos e a informaes sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5, X e XXXIII.

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e) Compromisso em garantir ateno profissional direcionada para construo de projetos pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade;A gesto do trabalho no mbito do SUAS contribui para aprimorar a gesto do Sistema e a qualidade da oferta dos servios na perspectiva de consolidar o direito socioassistencial.

f) Reconhecimento do direito dos usurios a ter acesso a benefcios e renda e a programas de oportunidades para insero profissional e social; g) Incentivo aos usurios para que estes exeram seu direito de participar de fruns, conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares de produo;A gesto do trabalho no mbito do SUAS contribui para aprimorar a gesto do Sistema e a qualidade da oferta dos servios na perspectiva de consolidar o direito socioassistencial.

importante levar em conta que os servios socioassistenciais e os programas de transferncia de renda so direito dos usurios, embora tenham critrios de acesso e resultados diferentes. Essa compreenso fundamental para que no cotidiano profissional no sejam feitas discriminaes entre beneficirios de programas de transferncia de renda condicionada e usurios dos servios, como se o profissional pudesse estabelecer uma hierarquia das necessidades das famlias. A satisfao das necessidades de proteo de assistncia social complementar e no excludente: o fortalecimento do carter protetivo das famlias e a expanso do campo das relaes sociais so, do ponto de vista das famlias, to importantes quanto o acesso renda.A redao da LOAS, atualizada pela lei 12.435/2011, expressa claramente o entendimento de que os benefcios eventuais compem as garantias do SUAS, conforme artigo 22.

h) Garantia do acesso da populao a poltica de assistncia social sem discriminao de qualquer natureza (gnero, raa/etnia, credo, orientao sexual, classe social, ou outras), resguardados os critrios de elegibilidade dos diferentes programas, projetos, servios e benefcios;O Sistema nico de Assistncia Social efetiva os direitos dos cidados de duas maneiras: 1. Os direitos so garantidos pelos resultados alcanados nos servios, programas e projetos. Esses resultados esperados esto detalhados como aquisies na Tipificao dos Servios Socioassistenciais (2009). 2. Os direitos so garantidos tambm pelo acesso renda, que se faz por meio da garantia do direito constitucional ao Benefcio de Prestao Continuada (BPC), que substitutivo da renda das famlias e indivduos; pelos programas de transferncia de renda condicionada, como o Programa Bolsa Famlia, que complementa a renda mensal familiar; e tambm pelo acesso aos benefcios eventuais, que atendem suas necessidades materiais temporrias.

i) Devoluo das informaes colhidas nos estudos e pesquisas aos usurios, no sentido de que estes possam us-las para o fortalecimento de seus interesses; j) Contribuio para a criao de mecanismos que venham desburocratizar a relao com os usurios, no sentido de agilizar e melhorar os servios prestados.A Resoluo no 4 da Comisso Intergestores Tripartite, de 24 de maio de 2011, institui parmetros nacionais para registro das informaes relativas aos servios ofertados nos CRAS e CREAS. O pronturio de atendimento previsto na Tipificao Nacional de Servios Socioassistenciais um instrumento que compe o trabalho social. Conhecer o contedo do seu pronturio de atendimento um direito das famlias e indivduos usurios do SUAS. Enfim, toda informao sobre o acesso aos servios e benefcios, bem como s instncias de defesa desses direitos deve ser garantida ao cidado prontamente, sem procedimentos morosos que dificultem ao exerccio de sua cidadania.

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IV - EqUIPES DE REfERNCIA

Equipes de referncia so aquelas constitudas por servidores efetivos responsveis pela organizao e oferta de servios, programas, projetos e benefcios de proteo social bsica e especial, levando-se em considerao o nmero de famlias e indivduos referenciados, o tipo de atendimento e as aquisies que devem ser garantidas aos usurios.H duas noes de referncia nesse primeiro pargrafo que preciso compreender: equipe de referncia e famlia e indivduos referenciados. Comecemos pelas equipes. O funcionamento de um sistema sempre indica a necessidade de articular, aproximar e criar vnculo entre partes que, frequentemente, so vistas como separadas e independentes. O SUAS, ao afirmar a necessidade de equipes de referncia na proteo social bsica e especial nos coloca diante de perguntas desafiadoras, como: o que significa construir referncia? A referncia vlida para quem? Como funciona uma equipe de referncia? Em primeiro lugar, importante considerar que o SUAS se consolida, em grande medida, pela expanso dos servios e a oferta de benefcios socioassistenciais. A caracterstica principal dos servios (e sua diferena em relao aos projetos e programas) diz respeito sua oferta contnua. Ou seja, sempre que o cidado tiver uma necessidade de proteo de assistncia social haver um servio para atend-lo. Isso produz para o cidado um sentimento de segurana a partir do qual ele pode afirmar se eu precisar, sei que posso contar! Essa certeza a primeira ideia que devemos fixar quando queremos construir referncia. A ideia de referncia tambm nos leva a considerar outra dimenso: a direo para onde ela sinaliza. Quando usamos a ideia de referncia como um norte, como um rumo, estamos de certo modo nos referindo ao ponto onde estamos e onde queremos chegar. Por isso, a ideia de referncia tambm diz respeito indicao de um ponto de chegada,

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satisfao de uma expectativa. Podemos nos apropriar desses elementos transportando para a ideia de referncia um sentido que nos permite aproximar, ou at mesmo satisfazer, necessidades sociais. Esses dois elementos certeza e satisfao de necessidades sociais - nos ajudam a responder para quem vale a referncia que as equipes de profissionais do SUAS constroem: so referncias de proteo social para as famlias e indivduos, que tm nas equipes a certeza de que encontraro respostas qualificadas para suas necessidades. Uma referncia, portanto, construda a partir de conhecimentos tcnicos especficos e de uma postura tica que, ao acolher as necessidades sociais dos cidados como direito, acenam em direo a horizontes mais acolhedores, compartilhados e de maior autonomia. Em sntese, a natureza da referncia construda pelas equipes de referncia do SUAS uma s: produzir para o cidado a certeza de que ele encontrar acolhida, convvio e meios para o desenvolvimento de sua autonomia. Esse entendimento traz maior clareza sobre a articulao necessria entre as equipes da proteo social bsica e especial. Como consequncia desse entendimento, podemos afirmar o seguinte: no se trata de funcionar na lgica de encaminhamento formal de uma equipe para outra, como se a somatria de intervenes isoladas levasse, automaticamente, ao atendimento das necessidades sociais das famlias e indivduos. A fragmentao das respostas leva, muitas vezes, sensao de sobrecarga ou de insatisfao tanto para o cidado, quanto para as equipes profissionais. Portanto, ainda que o plano de ao de cada equipe organize o trabalho para garantir os resultados esperados do servio sob sua responsabilidade, conforme consta da Tipificao, h que se ter essa referncia compartilhada, cuja baliza a matricialidade sociofamiliar e o territrio. O Sistema nico de Assistncia Social, inspirado nos conhecimentos j produzidos no mbito do SUS, adota o modelo de equipes de referncia. Isso significa que cada unidade de assistncia social organiza equipes com caractersticas e objetivos adequados aos servios que realizam, de acordo com a realidade do territrio em que atuam e dos recursos que dispem. As equipes de referncia do SUAS so entendidas como um grupo de profissionais com diferentes conhecimentos, que tm objetivos comuns e definem coletivamente es-

tratgias para alcan-los. Quando falamos de organizao dos servios, estamos nos referindo funo desempenhada pelos coordenadores; quando falamos de oferta dos servios nos referimos s categorias profissionais que atuam diretamente com os usurios. Estas equipes so responsveis por um certo nmero de famlias e usurios, de acordo com a referncia do servio de proteo social bsica e especial. Cada equipe de referncia encarregada de intervir junto a um determinado nmero de usurios, que apresentam determinadas situaes de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, de acordo com o nvel de proteo social em que se insere (bsica ou especial, de mdia ou alta complexidade) e o tipo de servio socioassistencial operado. Isto significa dizer que a equipe se torna referncia para um determinado nmero de usurios, criando vnculos de confiana com eles. Uma vez entendidas as equipes desse modo, podemos ento desdobrar a segunda noo de referncia: o que so famlias e indivduos referenciados? Dito de outro modo, para quantas famlias e indivduos cada equipe do SUAS referncia? De acordo com a NOB-SUAS/2005 famlia referenciada aquela que vive em reas caracterizadas como de vulnerabilidade, definidas a partir de indicadores estabelecidos por rgo federal, pactuados e deliberados. A unidade de medida famlia referenciada tambm adotada para atender situaes isoladas e eventuais famlias e indivduos que no estejam em agregados territoriais atendidas em carter permanente, mas que demandam do ente pblico proteo social. Para saber qual a melhor equao entre nmero de profissionais e nmero de famlias referenciadas estamos desafiados a responder duas questes. A primeira delas : qual o trabalho social desenvolvido com as famlias? Quantas famlias participam, por exemplo, de um servio de convivncia e fortalecimento de vnculos? Com que frequncia ele deve acontecer? Que outras estratgias e mtodos de trabalho devem estar associados aos servios para que os resultados sejam mais efetivos? Ao buscar respostas sobre o contedo do trabalho social, temos parmetros para saber o tempo de trabalho necessrio para o planejamento, execuo, registro, monitoramento e

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avaliao dos servios socioassistenciais. Ao conhecer essa dimenso temporal do trabalho social, possvel tambm ter mais clareza de quantos profissionais so necessrios para que a equipe de referncia oferea com qualidade os servios s famlias e indivduos com as quais trabalham. A segunda questo diz respeito ao grau de conhecimento que temos sobre as necessidades de proteo social nos municpios e em seus territrios. A avaliao de suficincia ou insuficincia do nmero de profissionais em relao ao nmero de usurios exige profundo conhecimento das necessidades por servios e benefcios socioassistenciais em nvel municipal e intramunicipal, estadual e regional. Nos municpios e regies em que h dificuldade de acesso aos servios, ou seja, territrios com peculiaridade de extenso territorial, isolamento, reas rurais e de difcil acesso podero ser compostas, alm das equipes de referncia dos servios socioassistenciais, outras equipes para atender a essa especificidade. Essa uma atribuio fundamental da funo de vigilncia socioassistencial: subsidiar planos de assistncia social por meio de diagnsticos que dem a viso da totalidade das necessidades de proteo de assistncia Social. Uma vez conhecida a totalidade das necessidades, possvel planejar melhor os meios necessrios para atend-la. O territrio, como unidade de anlise do Plano de Assistncia Social, deve ser apreendido tambm em sua relao com o contexto nacional mais amplo, bem como com a dinmica econmica e social da regio em que est inserido. A anlise da realidade deve ser tratada no apenas pelos dados numricos, mas tambm pelo que pensam e propem os sujeitos fundamentais que vivem neste territrio. Portanto, no se deve restringir a coleta de informaes apenas a estudos estatsticos. O depoimento de usurios e da populao pode revelar outras faces dos problemas e atendimentos oferecidos. [...] O processo de investigao da realidade e das vulnerabilidades e riscos sociais e pessoais presentes nos territrios no assume, assim, apenas o carter quantitativo baseado em levantamento de dados numricos e na construo de indicadores e ndices; mas exige o estabelecimento de relaes, mediaes e sistematizaes que garantam a anlise e interpretao desses dados, reveladores de novos modos de ler a realidade como totalidade. (BRASIL/ MDS, 2008, vol. 3, p.34)

Assim, podemos ter a dimenso mais objetiva de quantas famlias, ao longo de seu ciclo de vida, podero necessitar a proteo de assistncia social (as famlias referenciadas) e as famlias que so efetivamente atendidas (que expressam o grau de cobertura dos servios, programas, projetos e benefcios). Do ponto de vista da referncia para os servios de proteo social especial, por sua nfase na proteo especializada e individualizada, a referncia do nmero de profissionais na equipe se d em relao ao nmero de atendimentos. Em resumo, a noo de famlias e indivduos referenciados permite dimensionar o nmero de profissionais nas equipes, explicitando a articulao necessria entre o conhecimento da totalidade das necessidades de proteo das famlias e a capacidade de resposta do rgo gestor da poltica de assistncia social. medida que essa articulao se efetiva, temos mais clareza do nmero de trabalhadores necessrios para prestar servios pblicos de qualidade aos usurios do SUAS. Ou seja, seremos capazes de responder com mais segurana as perguntas: quantas famlias podem afirmar que tm uma equipe de referncia na poltica de assistncia Social? Que grau de cobertura das necessidades de proteo de assistncia Social temos hoje? Que informaes temos para reivindicar maior nmero de profissionais nas equipes de referncia?

PROTEO SOCIAL BSICA Composio da equipe de referncia dos Centros de Referncia da Assistncia Social - CRAS para a prestao de servios e execuo das aes no mbito da Proteo Social Bsica nos municpios:A Tipificao de Servios Socioassistenciais (2009), pactuada na Comisso Intergestores Tripartite (CIT) e aprovada pelo Conselho Nacional de Assistncia Social, define e detalha trs servios de proteo social bsica: a) Servio de Proteo e Atendimento Integral Famlia (PAIF); b) Servio de Convivncia e Fortalecimento de Vnculos; c) Servio de Proteo Social Bsica no domiclio para pessoas com deficincia e idosas.

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O PAIF o servio que deve ser prestado exclusivamente pela equipe de referncia do CRAS. Nas situaes em que o CRAS no tenha recursos fsicos ou de pessoal, os outros dois servios podem ser prestados por entidades de assistncia social, desde que sejam referenciados aos CRAS. Isso significa que o CRAS e as entidades devem ter uma atuao conjunta e articulada, alinhadas s diretrizes do SUAS, para atender com qualidade as necessidades de proteo das famlias (e de cada um dos seus membros) que vivem no seu territrio de abrangncia.

primento do cdigo de tica profissional. Desse modo, na perspectiva dos direitos dos usurios, os conselhos profissionais - e suas respectivas comisses de tica - so mais uma instncia que contribui para a defesa dos direitos dos usurios do SUAS. A Resoluo no 17/2011, do Conselho Nacional de Assistncia Social, ampliou o elenco das categorias profissionais que podem compor a equipe de referncia dos servios de proteo social bsica. Ao reconhecer outras profisses que agregam saberes e habilidades aos servios, essa Resoluo avana na definio das condies para o aprimoramento da gesto do sistema e a oferta qualificada dos servios socioassistenciais. Esta NOB, juntamente com a Resoluo no 17 do CNAS consolidam a direo de profissionalizao da poltica de assistncia social, indicando parmetros para a seleo de profissionais, a partir das especificidades locais, do conhecimento das necessidades de seus usurios e da disponibilidade de profissionais na regio.

crasPequeno Porte I At 2.500 famlias referenciadas Pequeno Porte II At 3.500 famlias referenciadas Mdio, Grande, Metrpole e DF A cada 5.000 famlias referenciadas

2 tcnicos de nvel superior, sendo um profissional assistente social e outro preferencial-mente psiclogo.

3 tcnicos de nvel superior, sendo dois profissionais assistentes sociais e preferencialmen-te um psiclogo.

4 tcnicos de nvel superior, sendo dois profissionais assistentes sociais, um psiclogo e um profissional que compe o SUAS.

2 tcnicos de nvel mdio

3 tcnicos nvel mdio

4 tcnicos de nvel mdio

As equipes de referncia para os Centros de Referncia da Assistncia Social - CRAS devem contar sempre com um coordenador, devendo o mesmo, independentemente do porte do municpio, ter o seguinte perfil profissional: ser um tcnico de nvel superior, concursado, com experincia em trabalhos comunitrios e gesto de programas, projetos, servios e benefcios socioassistenciais.Considerando que as equipes de referncia so compostas por diferentes categorias profissionais, do ponto de vista da gesto do trabalho, a coordenao do CRAS fomenta o trabalho articulado entre os profissionais, estimulando a troca de conhecimentos e a produo de novos saberes. Ao mesmo tempo, reconhece as necessidades de capacitao e formao continuada da equipe que coordena com vistas a superar dificuldades e melhorar a qualidade dos servios.

As categorias profissionais estabelecidas nesta norma para a composio das equipes de referncia da proteo social bsica considerou entre outros fatores, as profisses regulamentadas em lei. Outro fator considerado foi a existncia de Conselho Profissional, responsvel pela fiscalizao do exerccio profissional, das condies de trabalho e do cumprimento do respectivo cdigo de tica profissional. Para conhecer o Cdigo de tica de cada profisso consulte os seus respectivos conselhos Vale dizer que essa composio das equipes tambm estimula o papel dos conselhos profissionais de zelar pelo cum-

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PrOTEO sOcIaL EsPEcIaL Equipe de referncia para a prestao de servios e execuo das aes no mbito da Proteo Social Especial de Mdia e Alta Complexidade.As categorias profissionais estabelecidas nesta norma para a composio das equipes de referncia da proteo social especial considerou entre outros fatores, as profisses regulamentadas em lei. A Tipificao Nacional de Servios Socioassistenciais (2009) prev quais servios de proteo social especial devem ser prestados nos CREAS e os que podem ser realizados mediante parceria das entidades com os rgos gestores. As entidades de atendimento, conforme artigo 3, pargrafo 1o da Lei 8.742/93, alterada pela Lei 12.435/2011, devem respeitar os parmetros de composio de equipe de referncia do servio, conforme consta desta Norma.

Alta ComplexidadeA Portaria n 843, de 28 de dezembro de 2010, ao dispor sobre a composio das equipes de referncia dos CREAS, passou a considerar, para alm do nvel de gesto, disposto nesta Norma, o Porte dos municpios como um elemento fundamental no planejamento da capacidade de atendimento e da definio das equipes de referncia do CREAS. As Orientaes Tcnicas para os Centros de Referncia Especializados para Populao em Situao de Rua (MDS, 2011), recomenda a equipe de referncia necessria para seu funcionamento, de acordo com a capacidade de atendimento. Esta Orientao Tcnica est em consonncia com o prescrito nesta Norma e na Resoluo CNAS n 17/2011.

1) Atendimento em Pequenos Grupos (abrigo institucional, casa-lar e casa de passagem) Equipe de referncia para atendimento direto:PROFISSIONAL / FUNO Coordenador ESCOLARIDADE nvel superior ou mdio QUANTIDADE 1 profissional referenciado para at 20 usurios acolhidos em, no mximo, 2 equipamentos 1 profissional para at 10 usurios, por turno. A quantidade de cuidador por usurio dever ser aumentada quando houver usurios que demandem ateno especfica (com deficincia, com necessidades especficas de sade, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com Grau de Dependncia II ou III, dentre outros). Para tanto, dever ser adotada a seguinte relao: a) 1 cuidador para cada 8 usurios, quando houver 1 usurio com demandas especficas; b) 1 cuidador para cada 6 usurios, quando houver 2 ou mais usurios com demandas especficas. 1 profissional para at 10 usurios, por turno. A quantidade de cuidador usurio dever ser aumentada quando houver usurios que demandem ateno especfica (com deficincia, com necessidades especficas de sade, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com Grau de Dependncia II ou III, dentre outros). Para tanto, dever ser adotada a seguinte relao: a) 1 auxiliar de cuidador para cada 8 usurios, quando houver 1 usurio com demandas especficas; b) 1 auxiliar de cuidador para cada 6 usurios, quando houver 2 ou mais usurios com demandas especficas.

Mdia Complexidade: O Centro de Referncia Especializado de Assistncia Social CREAS uma unidade pblica que se constitui como plo de referncia, coordenador e articulador da proteo social especial de mdia complexidade.

Cuidador

nvel mdio e qualificao especfica

crEasMunicpios em Gesto Inicial e Bsica Capacidade de atendimento de 50 pessoas/indivduos 1 coordenador 1 assistente social 1 psiclogo 1 advogado 2 profissionais de nvel superior ou mdio (abordagem dos usurios) 1 auxiliar administrativo Municpios em Gesto Plena e Estados com Servios Regionais Capacidade de atendimento de 80 pessoas/indivduos 1 coordenador 2 assistentes sociais 2 psiclogos 1 advogado 4 profissionais de nvel superior ou mdio (abordagem dos usurios) 2 auxiliares administrativos Auxiliar Cuidador nvel fundamental e qualificao especfica

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Equipe de Referncia para atendimento psicossocial, vinculada ao rgo gestor:PROFISSIONAL / FUNO ESCOLARIDADE QUANTIDADE 1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios acolhidos em at dois equipamentos da alta complexidade para pequenos grupos. 1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios acolhidos em at dois equipamentos da alta complexidade para pequenos grupos.

4) Instituies de Longa Permanncia para Idosos ILPIs Equipe de Referncia para Atendimento Direto:PROFISSIONAL / FUNCO 1 Coordenador Cuidadores 1 Assistente Social 1 Psiclogo 1 Profissional para desenvolvimento de atividades socioculturais Profissional de limpeza Profissional de alimentao Profissional de lavanderia ESCOLARIDADE nvel superior ou mdio nvel mdio nvel superior nvel superior nvel superior nvel fundamental nvel fundamental nvel fundamental

Assistente Social

nvel superior

Psiclogo

nvel superior

2) Famlia Acolhedora Equipe de Referncia para atendimento psicossocial, vinculada ao rgo gestor:PROFISSIONAL / FUNCO Coordenador ESCOLARIDADE nvel superior QUANTIDADE 1 profissional referenciado para at 45 usurios acolhidos. 1 profissional para acompanhamento de at 15 famlias acolhedoras e atendimento a at 15 famlias de origem dos usurios atendidos nesta modalidade. 1 profissional para acompanhamento de at 15 famlias acolhedoras e atendimento a at 15 famlias de origem dos usurios atendidos nesta modalidade.

FUNEs EssENcIaIs Para a GEsTO DO sUas Para a adequada gesto do Sistema nico de Assistncia Social - SUAS em cada esfera de governo, fundamental a garantia de um quadro de referncia de profissionais designados para o exerccio das funes essenciais de gesto. importante considerar que a Constituio Federal garante a possibilidade de nomeao de servidores de carreira para cargos em comisso, desde que sejam destinadas apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento. As diretrizes desta Norma reafirmam a profissionalizao das funes de gesto e, nesse sentido, para as funes de coordenao devem ser priorizados os servidores efetivos.

Assistente Social

nvel superior

Psiclogo

nvel superior

3) Repblica Equipe de Referncia para atendimento psicossocial, vinculada ao rgo gestorPROFISSIONAL / FUNCO Coordenador ESCOLARIDADE nvel superior QUANTIDADE 1 profissional referenciado para at 20 usurios 1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios em at dois equipamentos.

Assistente Social

nvel superior

Psiclogo

nvel superior

1 profissional para atendimento a, no mximo, 20 usurios em at dois equipamentos.

Para o SUAS a concepo de gesto composta pela associao entre o domnio de conhecimentos tcnicos e a capacidade de inovao, alinhada aos princpios democrticos da gesto pblica. Desse modo, pensar as dimenses diagnstico/ Planejamento / execuo / monitoramento/ avaliao, como movimentos absolutamente interligados e interdependentes, que se imbricam e inter-relacionam, numa dinmica estratgica e no linear. Tais dimenses no podem mais serem vistas como etapas ou fases que se sucedem, mas sim como uma totalidade dinmica. (BRASIL/ MDS, 2008, vol. 2, p.48)

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A Resoluo no 17/2011, do Conselho Nacional de Assistncia Social, avanou ao reconhecer as categorias profissionais de nvel superior para atender s funes essenciais de gesto do SUAS. importante esclarecer que nesse item tratamos das funes de gesto, o que diferente do conceito de cargos pblicos, cujo contedo ser detalhado no item relativo aos Planos de Carreira, Cargos e Salrios. A diferena entre cargo e funo que cargo a posio que uma pessoa ocupa dentro de uma estrutura organizacional, determinado estrategicamente; e funo o conjunto de tarefas e responsabilidades que correspondem a este cargo. Portanto, todo cargo tem funes, mas pode haver funo sem cargo, conforme Constituio Federal, Art. 37 e seguintes e Lei 8.112/1990.

GESTO

FUNES ESSENCIAIS Gesto do Sistema de Assistncia Social do DF Coordenao da Proteo Social Bsica Coordenao da Proteo Social Especial Planejamento e Oramento

Gesto do DF

Gerenciamento do Fundo de Assistncia Social do DF Gerenciamento dos Sistemas de Informao Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios Gesto do Trabalho e Educao Permanente em Assistncia Social (Capacitao) Apoio s Instncias de Pactuao e Deliberao

Quadro de Referncia das Funes Essenciais da Gesto:GESTO FUNES ESSENCIAIS Gesto do Sistema Municipal de Assistncia Social Coordenao da Proteo Social Bsica Coordenao da Proteo Social Especial Planejamento e Oramento Gesto Municipal Gerenciamento do Fundo Municipal de Assistncia Social Gerenciamento dos Sistemas de Informao Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios Monitoramento e Controle da Rede Socioassistencial Gesto do Trabalho Apoio s Instncias de Deliberao Gesto do Sistema Estadual de Assistncia Social Coordenao da Proteo Social Bsica Coordenao da Proteo Social Especial Planejamento e Ora mento Gerenciamento do Fundo Estadual de Assistncia Social Gesto Estadual Gerenciamento dos Sistemas de Informao Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios Cooperao Tcnica / Assessoria aos Municpios Gesto do Trabalho e Educao Permanente em Assistncia Social (Capacitao) Apoio s Instncias de Pactuao e Deliberao Gesto Federal

Gesto do Sistema nico de Assistncia Social Coordenao da Proteo Social Bsica Coordenao da Proteo Social Especial Coordenao de Gesto de Rendas e Benefcios Planejamento e Oramento Gerenciamento do Fundo Nacional de Assistncia Social Monitoramento e Controle da Execuo dos Servios, Programas, Projetos e Benefcios Gesto dos Sistemas de Informao Apoio (cooperao/assessoria) Gesto Descentralizada do SUAS Gesto do Trabalho e Educao Permanente em Assistncia Social (Capacitao) Apoio s Instncias de Pactuao e Deliberao

A nova redao da LOAS, dada pela Lei 12.435/2011, fortalece o compromisso entre as esferas de governo no sentido de garantir o cofinanciamento da Unio, dos Estados e do Distrito Federal para o aprimoramento da gesto do SUAS em suas respectivas reas de abrangncia (artigos 12, 13 e 14 respectivamente). Nessa mesma perspectiva, os referidos artigos, incluem entre as competncias das esferas de governo a realizao de monitoramento e avaliao da poltica de assistncia social em seus respectivos mbitos administrativos. A funo de apoio s instncias de deliberao encontra respaldo na Norma Operacional Bsica do Sistema nico de Assistncia Social - NOBSUAS/2005 e esclarecimento na Reso-

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luo no 237 do CNAS, aprovada em 14 de dezembro de 2006, e publicada no Dirio Oficial da Unio em 26/12/2006. Esta Resoluo trata das diretrizes para a estruturao, reformulao e funcionamento dos Conselhos, destacando as atribuies da secretaria executiva, o que justifica a necessidade de profissionalizao dessa importante funo de gesto para a consolidao democrtica do SUAS.

V - DIRETRIzES PARA A POLTICA NACIONAL DE CAPACITAO

A composio das equipes de referncia dos Estados para apoio a Municpios com presena de povos e comunidades tradicionais (indgenas, quilombolas, seringueiros, etc.) deve contar com profissionais com curso superior, em nvel de graduao concludo em cincias sociais com habilitao em antropologia ou graduao concluda em qualquer formao, acompanhada de especializao, mestrado e/ou doutorado em antropologia.

1. A Coordenao e o Financiamento da Poltica Nacional de Capacitao so de competncia dos Governos Federal, Estadual e do Distrito federal.A consolidao do Sistema nico de Assistncia Social traduz o desafio de contemplar as diretrizes gerais, vlidas para todo o Pas, assim como as especificidades de cada regio e/ou municpio. Por isso, uma Poltica Nacional de Capacitao prev responsabilidades compartilhadas entre as trs esferas de governo, capaz de pr em andamento iniciativas e planos de capacitao que sejam articulados e complementares entre si. Em outras palavras, as aes que daro corpo Poltica Nacional de Capacitao ao mesmo tempo em que do a cara do SUAS no Brasil, trazem tambm os diferentes sotaques dos brasileiros. Em 2006, o governo federal instituiu a Poltica e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da administrao pblica federal direta, autrquica e fundacional, por meio do decreto no 5.707. Embora delimitado aos servidores pblicos federais, a estrutura do decreto esclarecedora dos contedos necessrios a uma poltica dessa natureza. Por isso, destacamos alguns deles: definio da finalidade e do mbito de aplicao; Explicao dos conceitos bsicos contidos na poltica de capacitao; o perfil de instituies que so reconhecidas como capazes de realizar as capacitaes; os instrumentos de gesto da poltica de capacitao, como planos que permitam planejar, monitorar e avaliar o alcance e a qualidade das aes; forma de gesto, indicando responsabilidades e fluxos de deciso; formas de incentivo para a participao dos profissionais.

2. Os Gestores Municipais devero liberar os tcnicos para participarem da capacitao sem prejuzo dos recebimentos e com as despesas correspondentes de participao de acordo com o Plano de Capacitao.Uma das responsabilidades compartilhadas entre o governo federal, estadual, municipal e do Distrito Federal a libera-

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o dos seus trabalhadores para participao em processos formativos, garantindo a sistematizao do conhecimento produzido no trabalho social.

3. Os gestores federal, estaduais e do Distrito Federal devem publicar o contedo da capacitao e os atores que devem ser capacitados, para atender ao disposto na Resoluo do CNAS que dispe sobre o Programa Universidade para Todos - PROUNI. 4. A capacitao dos trabalhadores da rea da Assistncia Social deve ser promovida com a finalidade de produzir e difundir conhecimentos que devem ser direcionados ao desenvolvimento de habilidades e capacidades tcnicas e gerenciais, ao efetivo exerccio do controle social e ao empoderamento dos usurios para o aprimoramento da poltica pblica.A Poltica Nacional de Capacitao - PNC/SUAS deve estar estruturada segundo uma lgica de patamares formativos progressivos: capacitao introdutria, atualizao, aperfeioamento, especializao e mestrado profissional. A concepo da PNC/SUAS parte do reconhecimento da dimenso processual do aprendizado, assim como a gradativa consolidao dos saberes necessrios para enfrentar os desafios cotidianos na perspectiva de qualificar a oferta e consolidar o direito socioassistencial.

d) nacionalizada: com a definio de contedos mnimos, respeitando as diversidades e especificidades; e) descentralizada: executada de forma regionalizada, considerando as caractersticas geogrficas dessas regies, Estados e municpios. f) avaliada e monitorada: com suporte de um sistema informatizado e com garantia do controle social. 6. A Unio, os Estados e o Distrito Federal devem elaborar Planos Anuais de Capacitao, pactuados nas Comisses Intergestores e deliberados nos respectivos Conselhos de Assistncia Social, tendo por referncias: a) a elaborao de diagnstico de necessidades comuns de capacitao s diversas reas de atuao; b) o conhecimento do perfil dos trabalhadores e suas competncias requeridas, considerando o padro da prestao dos servios desejado, considerando as informaes obtidas no CADSUAS; c) a definio de pblicos, contedos programticos, metodologia, carga horria e custos; d) a incluso de contedos relativos aos servios, programas, projetos, benefcios e gesto da assistncia social, bem como relativos a financiamento, planos, planejamento estratgico, monitoramento, avaliao, construo de indicadores e administrao pblica; e) a especificidade dos trabalhos desenvolvidos com comunidades remanescentes de quilombos, povos indgenas e outras; f) a definio de formas de monitoramento e avaliao dos prprios planos.A Resoluo da CIT n 17/2010, dispe sobre o Pacto de Aprimoramento da Gesto dos Estados e do Distrito Federal, no mbito do SUAS, do Programa Bolsa Famlia e do Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal.

5. A capacitao dos trabalhadores da Assistncia Social tem por fundamento a educao permanente e deve ser feita de forma: a) sistemtica e continuada: por meio da elaborao e implementao de planos anuais de capacitao; b) sustentvel: com a proviso de recursos financeiros, humanos, tecnolgicos e materiais adequados; c) participativa: com o envolvimento de diversos atores no planejamento, execuo, monitoramento e avaliao dos planos de capacitao, aprovados por seus respectivos conselhos;

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Para a gesto do trabalho destaca-se a prioridade IV do Pacto de Aprimoramento: Coordenao, gerenciamento, execuo e cofinanciamento de programas de capacitao para gestores, trabalhadores e conselheiros. A gesto do trabalho no mbito do Governo Federal deve estabelecer uma agenda conjunta e integrada com as Secretarias Estaduais e do Distrito Federal, por regio do pas, visando apoi-las tecnicamente na formulao dos Planos Estaduais de Capacitao (PEC/SUAS), em consonncia com a concepo da PNC/SUAS.

10. A capacitao no mbito do SUAS deve adequar-se aos diferentes pblicos (gestores, tcnicos e conselheiros). 11. A capacitao no mbito do SUAS deve garantir acessibilidade das pessoas com deficincia aos projetos de capacitao por meio da adoo de recursos tcnicos adequados.A acessibilidade das pessoas com deficincia um direito estabelecido no Decreto n 5.296/04, que regulamenta as leis n 10.048/2000 e n 10.098/2000 e a Norma Tcnica ABNT NBR 9050: 2004. A Resoluo CNAS n 33, de 28 de novembro de 2011, que define a promoo da integrao ao mercado de trabalho no campo da assistncia social e estabelece seus requisitos, incluiu no rol de requisitos bsicos para as aes de promoo da integrao ao mundo do trabalho no mbito da assistncia social a garantia da acessibilidade e tecnologias assistivas para a pessoa com deficincia ou com mobilidade reduzida, viabilizando a condio de seu alcance para a utilizao com segurana e autonomia dos espaos, mobilirios, tecnologias, sistemas e meios de comunicao, conforme o conceito do desenho universal e as normas da ABNT.

7. A capacitao no mbito do SUAS deve destinar-se a todos os atores da rea da Assistncia Social gestores, trabalhadores, tcnicos e administrativos, dos setores governamentais e no-governamentais integrantes da rede socioassistencial, e conselheiros. 8. A capacitao no mbito do SUAS deve primar pelo investimento em mltiplas formas de execuo, adotando instrumentos criativos e inovadores, metodologias que favoream a troca de experincias e tecnologias diversificadas (exemplo: ensino a distncia, vdeos e tele conferncias, elaborao de material didtico, cartilhas, entre outros).A inovao esperada nos Planos Estaduais de Capacitao e na Poltica Nacional de Capacitao consiste na composio e articulao de diferentes estratgias que sejam mais facilitadoras do aprendizado dos participantes, de acordo com sua escolaridade, cargo, funo e contribuio esperada no Sistema nico de Assistncia Social.

12. A capacitao no mbito do SUAS deve estimular a criao de escolas de governo e parcerias com instituies de ensino, organismos governamentais e no-governamentais. 13. A capacitao no mbito do SUAS deve estabelecer mecanismos de parcerias entre as instituies de ensino e a gesto do Sistema. 14. A capacitao no mbito do SUAS deve procurar ampliar a discusso com os Fruns dos diferentes segmentos das Instituies de Ensino Superior - IES, favorecendo a articulao para a construo e consolidao da Poltica Nacional de Capacitao. 15. A capacitao no mbito do SUAS deve incentivar a produo e publicao de pesquisas acerca dos resulta-

9. A capacitao no mbito do SUAS deve respeitar as diversidades e especificidades regionais e locais na elaborao dos planos de capacitao, observando, entretanto, uma uniformidade em termos de contedo e da carga horria.A Poltica Nacional de Capacitao do SUAS estabelecer patamares formativos, com a respectiva a carga horria.

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dos das capacitaes realizadas, visando a criar uma fonte de consultas e dar visibilidade s capacitaes. 16. A capacitao no mbito do SUAS deve incentivar a produo e publicao pelos trabalhadores da Assistncia Social de artigos e monografias sobre a Poltica de Assistncia Social.Os processos formativos devem estar contemplados na PNC/SUAS, nos PEC/SUAS e nos Planos Municipais de Capacitao no mbito do SUAS. Isso significa que a qualidade a ser construda tanto nas aes de gesto, como na ateno direta aos usurios, fruto de conhecimentos produzidos por seus trabalhadores. Desse modo, os conhecimentos produzidos so de usufruto coletivo. A partir desse entendimento sobre os resultados dos processos formativos decorrem outros dois processos: 1) a validao, certificao e disseminao para o Sistema; e 2) o reconhecimento dos processos formativos na promoo funcional da carreira do trabalhador.

VI - DIRETRIzES NACIONAIS PARA OS PLANOS DE CARREIRA, CARgOS E SALRIOS - PCCS

Os Planos de Carreira, Cargos e Salrios - PCCS devero ser institudos em cada esfera de governo para os trabalhadores do SUAS, da administrao direta e indireta, baseados nos seguintes princpios definidos nacionalmente.Os planos de carreira, cargos e salrios (PCCS) expressam o modo como a administrao pblica compromete-se com o desenvolvimento profissional dos servidores pblicos para melhorar a qualidade dos servios prestados populao. Convm destacar o que entendemos por cargos pblicos: cargo pblico o lugar institudo na organizao do servio pblico, com denominao prpria, atribuies e responsabilidades especficas e estipndio correspondente, para ser provido e exercido por um titular, na forma estabelecida em lei. Cargo uma composio de funes ou atividades equivalentes em relao s tarefas a serem desempenhadas. Funo, por sua vez, a atribuio ou o conjunto de atribuies que a administrao confere a cada categoria profissional ou comete individualmente a determinados servidores para a execuo de servios eventuais (Meirelles, 2008, p. 423-424) Tendo em vista que a Unio, os estados, municpios e o Distrito Federal tm autonomia administrativa, cada esfera de governo formula, debate, negocia e aprova os respectivos PCCS. Geralmente, os PCCS so formulados para o conjunto dos trabalhadores da administrao pblica, por vezes diferenciando carreiras para a administrao direta, indireta e autarquias. A NOB-RH estimula a discusso de planos de carreira, cargos e salrios considerando a especificidade da poltica pblica de Assistncia Social. No mbito Federal, a Lei 11.357, de 19 de outubro de 2006, dispe sobre a criao do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo PGPE.

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PrINcPIOs: 1. Universalidade dos PCCS: Os Planos de Carreira, Cargos e Salrios abrangem todos os trabalhadores que participam dos processos de trabalho do SUAS, desenvolvidos pelos rgos gestores e executores dos servios, programas, projetos e benefcios socioassistenciais da Administrao Pblica Direta e Indireta, das trs esferas de governo na rea da Assistncia Social.A Constituio Federal, no artigo 37, inciso VIII, estabelece que a lei reservar percentual de cargos e empregos pblicos para as pessoas com deficincia e definir critrios para sua admisso. Essa uma direo tica para garantir a equidade e universalidade do acesso aos cargos pblicos.

3. Concurso pblico como forma de acesso carreira: O acesso carreira estar condicionado aprovao em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos.Essa diretriz alinha as condies de contratao dos trabalhadores da poltica de assistncia social ao artigo 37 da Constituio Federal ao instituir o concurso pblico como meio de acesso aos cargos das equipes de referncia dos CRAS e CREAS. A contratao por meio de concurso pblico, institucionaliza o servidor pblico como seu representante legal, tendo este a responsabilidade e a funo de representar o Estado. Esta Norma afirmou, simultaneamente, que sero exigidos desses profissionais conhecimentos anteriores (formao especializada) e constante atualizao (formao continuada, com base no princpio da educao permanente) As diretrizes referentes contratao de profisses reconhecidas, assim como aquelas que indicam a elaborao de uma Poltica Nacional de Capacitao, so respostas ao cenrio de baixa profissionalizao e precariedade de vnculos trabalhistas identificados nos estudos nacionais Fotografias da Assistncia Social no Brasil na perspectiva do SUAS (MDS/ CNAS/ PUC-SP, 2005) e Perfil de informaes municipais. Assistncia Social (IBGE, 2005).

2. Equivalncia dos cargos ou empregos: Para efeito da elaborao dos PCCS, na rea da Assistncia Social, as categorias profissionais devem ser consideradas, para classificao, em grupos de cargos ou carreira nica (multiprofissional), na observncia da formao, da qualificao profissional e da complexidade exigidas para o desenvolvimento das atividades que, por sua vez, desdobram-se em classes, com equiparao salarial proporcional carga horria e ao nvel de escolaridade, considerando-se a rotina e a complexidade das tarefas, o nvel de conhecimento e experincias exigidos, a responsabilidade pela tomada de decises e suas consequncias e o grau de superviso prestada ou recebida.Legalidade, impessoalidade, regras formais e universais so princpios que normativamente devem orientar no s a ao dos funcionrios quando executam as funes do Estado, mas igualmente a estruturao das carreiras pblicas, ou seja, o processo de recrutamento, promoo, avaliao e controle dos atos e omisses dos membros do aparato estatal. (Azevedo e Loureiro, 2003, p. 2).

4. Mobilidade do Trabalhador: Deve ser assegurada a mobilidade dos trabalhadores do SUAS na carreira, entendida como garantia de trnsito do trabalhador do SUAS pelas diversas esferas de governo, sem perda de direitos ou da possibilidade de desenvolvimento e ascenso funcional na carreira. medida que o SUAS se consolida pela expanso de servios socioassistenciais, a necessidade de vnculos estveis dos seus trabalhadores vai ficando cada vez mais urgente e necessria. Ou seja, a continuidade dos servios supe a estabilidade dos vnculos dos seus trabalhadores. Nesse sentido, a lgica do concurso pblico se presta consolidao de equipes profissionais, que garantam a continuidade e a

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qualidade dos servios pblicos, rompendo com a alta rotatividade na assistncia social. (FERREIRA, 2010, p.113) A mobilidade do trabalhador contribui para sua segurana e sade na perspectiva de prevenir situaes de exposio ao risco pessoal, social e profissional. Tambm se refere ao aproveitamento do acmulo de conhecimentos desse trabalhador em determinadas reas dentro do Sistema. E ainda garante os direitos do trabalhador quando este for cedido para outras esferas de governo.

O CNAS, por meio da Resoluo n 172, em 20 de setembro de 2007 (ANEXO III), recomendou ao Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome a instituio da Mesa Nacional de Negociao Permanente do SUAS. Esta se constitui num espao fundamental para a democratizao das relaes de trabalho na assistncia social e reafirma uma caracterstica essencial do SUAS: a lgica da negociao e pactuao entre os diversos atores que atuam no Sistema.

5. Adequao Funcional: Os PCCS adequar-se-o periodicamente s necessidades, dinmica e ao funcionamento do SUAS.A atualizao sistemtica das informaes sobre o perfil dos trabalhadores no CADSUAS se torna urgente e necessria, tendo em vista que ele uma importante ferramenta para a gesto do trabalho. Ao captar a dinmica de consolidao do SUAS nos diferentes municpios, estados e no Distrito Federal, a anlise dessas informaes pode reorientar as decises quanto adequao das funes dos trabalhadores, a partir da particularidade dos territrios onde atuam.

7. PCCS como instrumento de gesto: entendendo-se por isto que os PCCS devero constituir-se num instrumento gerencial de poltica de pessoal integrado ao planejamento e ao desenvolvimento organizacional. 8. Educao Permanente: significa o atendimento s necessidades de formao e qualificao sistemtica e continuada dos trabalhadores do SUAS.A educao permanente constitui-se no processo contnuo de construo de conhecimentos pelos trabalhadores, de todo e qualquer conhecimento, por meio de escolarizao formal ou no formal, de vivncias, experincias laborais e emocionais, no mbito institucional ou fora dele. Tem o objetivo de melhorar e ampliar a capacidade laboral dos trabalhadores, em funo de suas necessidades individuais, da equipe de trabalho e da instituio em que trabalha, das necessidades dos usurios e da demanda social.

6. Gesto partilhada das carreiras: entendida como garantia da participao dos trabalhadores, atravs de mecanismos legitimamente constitudos, na formulao e gesto dos seus respectivos plano de carreiras. fundamental construir e consolidar processos democrticos de construo dos PCCS, considerando a diversidade de interesses dos atores polticos envolvidos. O item desta NOB relativo s responsabilidades e atribuies relativas gesto do trabalho nas trs esferas de governo, prev que os PCCSs sejam discutidos em comisso paritria, reunindo representantes do governo e dos trabalhadores. Considera ainda que o Poder Executivo deve encaminhar projeto de lei de criao do respectivo PCCS para o Poder Legislativo, pois segundo a Constituio Federal os cargos pblicos devem ser criados por lei. Desse modo, fica visvel que o processo de elaborao e aprovao dos PCCSs envolvem diferentes atores e instncias de negociao.

9. Compromisso solidrio: compreendendo isto que os PCCS so acordos entre gestores e representantes dos trabalhadores em prol da qualidade dos servios, do profissionalismo e da garantia pelos empregadores das condies necessrias realizao dos servios, programas, projetos e benefcios da assistncia social.

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DIrETrIZEs: 1. Os Planos de Carreira, Cargos e Salrios abrangem todos os trabalhadores que participam dos processos de trabalho do SUAS, desenvolvidos pelos rgos gestores e executores dos servios, programas, projetos e benefcios socioassistenciais da Administrao Pblica Direta e Indireta, das trs esferas de governo na rea da Assistncia Social.A valorizao dos trabalhadores do SUAS, sejam eles do rgo pblico ou de entidades e organizaes de assistncia social, se expressa pela implementao de espaos de negociao e efetivao dos PCCS.

4. Quando da elaborao dos PCCS, a evoluo do servidor na carreira dever ser definida considerando-se a formao profissional, a capacitao, a titulao e a avaliao de desempenho, com indicadores e critrios objetivos (quantitativos e qualitativos), negociados entre os trabalhadores e os gestores da Assistncia Social.A previso constitucional de participao dos usurios na administrao pblica direta e indireta artigo 37, 3 - inclui a participao dos cidados na avaliao da qualidade dos servios pblicos a eles prestados. A legitimidade da avaliao dos usurios na composio da avaliao de desempenho ainda um desafio para a consolidao democrtica da gesto pblica em geral, e do SUAS em particular.

2. Os PCCS devem ser nicos, com isonomia em cada uma das esferas de governo, garantindo mecanismos regionais e locais negociados, visando fixao de profissionais em funo da garantia de acesso e equidade na oferta de servios populao.A gesto do trabalho deve pautar o debate em torno das estratgias necessrias para a construo de referenciais, em conjunto com as entidades de classe, que orientem a tomada de deciso quanto isonomia salarial dos trabalhadores do SUAS, considerando as especificidades locais, regionais e estaduais.

Deve ser estimulada e incentivada a aplicao destes princpios e diretrizes aos trabalhadores da Assistncia Social contratados pelas entidades e organizaes de Assistncia Social, conveniados pelo SUAS, de modo a garantir a isonomia entre os trabalhadores pblicos e privados do SUAS.As Resolues do CNAS n 109/2009, que trata da Tipificao Nacional de Servios Socioassistenciais e a n 27/2011 (ANEXO IV), estabelecem parmetros para o reordenamento da atuao de entidades e organizaes de assistncia social. A definio das entidades de atendimento, assessoramento e defesa de direitos, para efeito de vinculao ao SUAS, est estabelecida no artigo 3 da LOAS, atualizada pela lei 12.435/2011. A vinculao aos SUAS se d pela inscrio dessas nos Conselhos de Assistncia Social.

3. Devero ser criadas as Programaes Pactuadas Integradas -PPI sobre a gesto do trabalho (incluindo os trabalhadores da gesto e da execuo dos servios socioassistenciais), especialmente quanto pactuao entre os gestores de pisos salariais regionais e fatores de diferenciao inter-regionais.A instituio de Mesas de Negociao estabelecer Fruns Permanentes de negociao entre gestores pblicos e privados e trabalhadores do SUAS sobre todos os pontos pertinentes gesto do trabalho. Uma de suas pautas sero as Programaes Pactuadas Integradas (PPIs).

6. Os PCCS devem estimular o constante aperfeioamento, a qualificao e a formao profissional, no sentido de melhorar a qualidade dos servios socioassistenciais e permitir a evoluo ininterrupta dos trabalhadores do SUAS na carreira. Devem ser definidos parmetros e/ou perodos para que os trabalhadores tenham direitos e deveres quanto s possibilidades de afastamento temporrio do trabalho para realizarem a qualificao profissional dentro ou fora do Pas. 7. Os PCCS incluiro mecanismos legtimos de est-

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mulo, propiciando vantagens financeiras, entre outras, aos trabalhadores com dedicao em tempo integral ou dedicao exclusiva para a realizao do seu trabalho, na rea de abrangncia do plano. 8. Para o exerccio das funes de direo, chefia e assessoramento, os cargos de livre provimento devem ser previstos e preenchidos considerando-se as atribuies do cargo e o perfil do profissional.A Constituio Federal no artigo 37, inciso V, estabelece que as funes de confiana exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento.

VII - DIRETRIzES PARA AS ENTIDADES E ORgANIzAES DE ASSISTNCIA SOCIAL

1. valorizar seus trabalhadores de modo a ofertar servios com carter pblico e de qualidade conforme realidade do municpio;As entidades e organizaes de assistncia social de atendimento - definidas no artigo 3, 1 da nova redao da LOAS - compem o Sistema nico de Assistncia Social. A partir dessa definio, os servios prestados por essas entidades e organizaes tm finalidade pblica e, desse ponto de vista, buscam o alinhamento aos princpios ticos dos trabalhadores do SUAS, assim como 8 diretriz para a gesto do trabalho que consta do item II desta Norma.

9. Os cargos e funes responsveis pelos servios, programas, projetos e benefcios socioassistenciais, bem como responsveis pelas unidades pblicas prestadoras dos servios socioassistenciais, devem ser preenchidos por trabalhadores de carreira do SUAS, independente da esfera de governo (nacional, estadual, do Distrito Federal e municipal) a que estejam vinculados.

A Tipificao Nacional de Servios Socioassistenciais, aprovada pelo CNAS por meio da Resoluo no 109, de 11 de novembro de 2009, estabelece os servios que devem prestados nos CRAS e CREAS e os que podem ser prestados pelas organizaes e entidades de assistncia social. Ao detalhar os objetivos de cada servio e as aquisies de seus usurios, a Tipificao oferece parmetros para que estados, municpios e Distrito Federal definam padres de qualidade que podem ser exigidos.De acordo com o artigo 6-C da LOAS, atualizada pela lei 12.435/2011, os CRAS e CREAS so equipamentos pblicos estatais que articulam, coordenam e ofertam servios e benefcios. Nesse sentido, os servios prestados pelas organizaes e entidades de assistncia Social devem ser referenciados ao CRAS, quando se trata da proteo social bsica; e no CREAS, quando se trata da proteo social especial.

2. executar plano de capacitao em consonncia com as diretrizes da Poltica Nacional de Capacitao;

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3. viabilizar a participao de seus trabalhadores em atividades e eventos de capacitao e formao no mbito municipal, estadual, distrital e federal na rea de assistncia social;A garantia da qualidade da proteo aos usurios do SUAS supe a presena de profissionais capazes de dar respostas tecnicamente qualificadas e eticamente responsveis. A profissionalizao da poltica de assistncia social deve alcanar tanto as equipes de referncia, quanto as equipes das entidades e organizaes que compem o SUAS. Por isso, a participao dos trabalhadores dessas entidades e organizaes em processos de capacitao fundamental para qualificar os servios prestados.

VIII - DIRETRIzES PARA O COfINANCIAMENTO DA gESTO DO TRABALHO

1. A Assistncia Social oferta seus servios, programas, projetos e benefcios com o conhecimento e compromisso tico e poltico de profissionais que operam tcnicas e procedimentos, com vistas a mediar o acesso dos usurios aos direitos e mobilizao social. 2. Universalizar uma poltica cujos servios socioassistenciais devem ser operados por trabalhadores da assistncia social que exigem investimentos para seu desenvolvimento requer estratgias especficas para as trs esferas de governo.A Lei Orgnica de Assistncia Social, em seus artigos 13, 14 e 14, define as competncias de cada ente federado. De acordo com o artigo 28 da LOAS, o financiamento da assistncia Social composto com recursos da Unio, estados, municpios e do Distrito Federal. Em cada esfera de governo os recursos devem ser alocados no respectivo fundo de assistncia social para operacionalizar e aprimorar a gesto do Sistema e a oferta dos servios e benefcios. O artigo 30-A da LOAS estabelece que o cofinanciamento do Sistema nico de Assistncia Social ser feito por meio de transferncias automticas entre os fundos de assistncia social e mediante alocao de recursos prprios nesses fundos nas trs esferas de governo.

4. buscar, em parceria com o poder pblico, o tratamento salarial isonmico entre os trabalhadores da rede pblica e da rede prestadora de servios socioassistenciais;Os estados, municpios e o Distrito Federal tm autonomia para estabelecer o contedo dos instrumentos que regulam as relaes de parceria com entidades e organizaes de assistncia social que prestam servio em seu mbito. O artigo 2, 2 da nova redao da LOAS, dada pela Lei 12.435/2011, estabelece parmetros relativos ao financiamento e ao reconhecimento da capacidade instalada das instituies que podem compor sua rede socioassistencial. A busca de isonomia salarial significa o reconhecimento da importncia de todos os trabalhadores para a consolidao das diretrizes e contedos do SUAS.

5. manter atualizadas as informaes sobre seus trabalhadores, disponibilizando-as aos gestores para a alimentao do Cadastro Nacional de Trabalhadores do SUAS.

3. Garantir, por meio de instrumentos legais, que os recursos transferidos pelo governo federal para os municpios para o cofinanciamento dos servios, programas, projetos e gesto dos benefcios permitam o pagamento da remunerao dos trabalhadores e/ou servidores pblicos concursados da Assistncia Social, definidos como equipe

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de referncia nesta NOB. O estudo de custo dos servios prestados pelas equipes de referncia deve incluir a definio do percentual a ser gasto com pessoal concursado, sendo deliberado pelos conselhos.A nova redao da LOAS, dada pela lei 12.435/2011, foi uma conquista para a poltica de Assistncia Social, pois seu artigo 6-E possibilita o uso dos recursos do cofinanciamento do governo federal para pagamento dos profissionais que integram as equipes de referncia. O estudo dos custos dos servios socioassistenciais de responsabilidade de cada esfera de governo, considerando informaes qualificadas sobre a demanda por servios e benefcios e padres de qualidade da proteo s famlias e indivduos usurios do SUAS.

6. Prever recursos financeiros para a realizao de estudos e pesquisas que demonstrem objetivamente a realidade dos territrios que sero abrangidos com a poltica de assistncia social.A consolidao democrtica do SUAS depende do aumento de recursos financeiros, e tambm de planos de assistncia social baseados em diagnsticos consistentes, que demonstrem conhecimento da realidade que se tem e que se quer transformar. Informaes confiveis e transparentes so fundamentais para a tomada de deciso na gesto pblica.

4. O valor transferido pela Unio para pagamento de pessoal dever ser referncia para determinar um percentual a ser assumido por Estados e Municpios em forma de co-financiamento.A Resoluo n. 32, de 28 de novembro de 2011 (ANEXO V), estabelece percentual dos recursos do SUAS, cofinanciados pelo governo federal, que podero ser gastos no pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referncia, de acordo com o art. 6-E da Lei n 8.742/1993, inserido pela Lei 12.435/2011. Essa Resoluo resolve, em seu art. 1, que os estados, Distrito Federal e municpios podero utilizar at 60% (sessenta por cento) dos recursos oriundos do Fundo Nacional de Assistncia Social, destinados a execuo das aes continuadas de assistncia social, no pagamento dos profissionais que integrarem as equipes de referncia do SUAS, conforme art. 6 - E, da Lei 8742/1993.

7. Prever, em cada esfera de governo, recursos prprios nos oramentos, especialmente para a realizao de concursos pblicos e para o desenvolvimento, qualificao e capacitao dos trabalhadores. 8. Assegurar uma rubrica especfica na Lei Oramentria, com a designao de Gesto do Trabalho, com recursos destinados especificamente para a garantia das condies de trabalho e para a remunerao apenas de trabalhadores concursados nos mbitos federal, estadual, distrital e municipal.

5. Reviso das diretrizes e legislao do fundo de assistncia social para que possa financiar o pagamento de pessoal, conforme proposta de Projeto de Emenda Constitucional - PEC.O artigo 6- E da Lei Orgnica de Assistncia Social, atualizada pela Lei 12.435/2011, garante que os recursos do cofinanciamento do SUAS possam compor as receitas referentes ao pagamento das equipes de referncia que constam da NOB-RH.

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IX - RESPONSABILIDADE E ATRIBUIES DO gESTOR fEDERAL, DOS gESTORES ESTADUAIS, DO gESTOR DO DISTRITO fEDERAL E DOS gESTORES MUNICIPAIS PARA A gESTO DO TRABALHO NO MBITO DO SUAS

IX. 1. RESPONSABILIDADES E ATRIBUIES DO GESTOR FEDERAL 1. Dotar a gesto de uma institucionalidade responsvel, do ponto de vista operacional, administrativo e tcnico-poltico, criando os meios para efetivar a poltica de assistncia social. Destinar recursos financeiros para a rea, compor os quadros do trabalho especficos e qualificados por meio da realizao de concursos pblicos. 2. Criar diretriz relativa ao acompanhamento, em nvel nacional, da implantao da NOB-RH/SUAS.O Decreto n 7.334, de 19 de outubro de 2010, institui o Censo do Sistema nico de Assistncia Social, mecanismo de acompanhamento do SUAS em nvel nacional.

3. Designar, em sua estrutura administrativa, setor responsvel pela gesto do trabalho no SUAS.No governo federal o Decreto n 7.079, de 26 de janeiro de 2010, aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comisso e das Funes Gratificadas do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome. O Decreto institui a Coordenao Geral de Implementao e Acompanhamento da Poltica de RH do SUAS, responsvel pela Gesto do Trabalho no mbito do SUAS.

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4. Elaborar um diagnstico da situao de gesto do trabalho existente em sua rea de atuao, incluindo os seguintes aspectos: a) quantidade de trabalhadores, por cargo, da administrao direta e indireta, os cedidos de outras esferas de gesto e os terceirizados; b) local de lotao; c) distribuio por servios, por base territorial, comparando-os com o tamanho da populao usuria, por nvel de proteo social (bsica e especial de mdia e alta complexidade); d) categorias profissionais e especialidades; e) vencimentos ou salrios pagos por categoria profissional ou por grupos ocupacionais, vantagens e benefcios; f) qualificao/formao; g) nmero de profissionais que compem a Secretaria Executiva do CNAS; h) nmero de profissionais que compem a Secretaria Executiva da CIT; i) nmero de profissionais que compem equipe de monitoramento e avaliao; j) nmero de profissionais que compem a gesto do FNAS; k) nmero de profissionais que compem a equipe responsvel pela capacitao; l) nmero de profissionais que compem a equipe de assessoramento aos Estados; m) nmero de profissionais que compem a equipe de monitoramento e avaliao do BPC; n) nmero de profissionais que compem a equipe dos sistemas de informao e monitoramento; o) outros aspectos de interesse. 5. Organizar e disponibilizar aos municpios, Estados e Distrito Federal um sistema informatizado sobre os trabalhadores do SUAS, configurando o Cadastro Nacional dos Trabalhadores do SUAS, de modo a viabilizar o diagnstico da situ-

ao do trabalho e sua gesto existente na assistncia social, com atualizao peridica, como um mdulo do sistema de informao cadastral CADSUAS, aplicativo da REDESUAS.

A Portaria no. 08, do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome, aprovada em 21 de julho de 2009, institui o Sistema de Informao do Sistema nico de Assistncia Social - Rede SUAS. A Portaria no. 430, do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome, aprovada em 3 de dezembro de 2008, institui o Cadastro Nacional do Sistema nico de Assistncia Social CADSUAS.

6. Elaborar quadro de necessidades de trabalhadores para a manuteno dos servios, programas, projetos e benefcios do SUAS. 7. Estabelecer plano de ingresso de trabalhadores e a substituio dos profissionais terceirizados. 8. Planejar o ingresso de pessoal, com a previso de quantitativos anuais de vagas a serem preenchidas por meio de concurso pblico. 9. Oferecer condies adequadas de trabalho quanto ao espao fsico, material de consumo e permanente.Os trabalhadores com necessidades especiais tm direito acessibilidade em seus espaos de trabalho, o que consiste na garantia de espaos de uso equitativo, verstil, natural, intuitivo e seguro (Brasil/MDS, 2009, p. 40). O Decreto n 5.992, de 19 de Dezembro de 2006, no termos de seu art. 3-B, includo pelo Decreto n 7.613/2011, prev que no mbito da Administrao Pblica Federal Direta, Autrquica e Fundacional a concesso de dirias ao servidor ou colaborador eventual que acompanhar servidor com deficincia em razo de deslocamento de servio.

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10. Implementar normas e protocolos especficos, para garantir a qualidade de vida e segurana aos trabalhadores do SUAS na prestao dos servios socioassistenciais. 11. Fortalecer mecanismos de desenvolvimento profissional nas carreiras, estimulando a manuteno dos servidores no servio pblico e valorizando a progresso nas carreiras. 12. Estabelecer mecanismos para realizar o reenquadramento, reorganizao de cargos e progresso na carreira do trabalhador no PCCS. 13. Fortalecer, por meio de criao ou reorganizao, as atuais carreiras, direcionando-as para a formulao, controle, monitoramento e avaliao da Poltica Pblica de Assistncia Social. 14. Nomear comisso paritria entre governo e representantes dos trabalhadores para a discusso e elaborao do respectivo Plano de Carreira, Cargos e Salrios, no seu mbito de governo.A comisso paritria deve ser instituda no mbito das Mesas de Negociao Permanente do SUAS.

ensino superior e beneficentes de assistncia social possam promover aes de formao do trabalho do SUAS, incluindo estas para fins de mensurao do percentual de 20% degratuidade exigido nas normas legais e suas atualizaes. 18. Formular, coordenar, co-financiar e executar, em conjunto com a esfera estadual e distrital, a Poltica Nacional de Capacitao com objetivo de contribuir para a melhoria da eficincia, eficcia e efetividade dos servios, programas, projetos e benefcios, observando as peculiaridades locais, os perfis profissionais, a territorialidade e o nvel de escolaridade dos trabalhadores, com base nos princpios desta NOB-RH/SUAS.A Poltica Nacional de Capacitao do SUAS PNC/SUAS deve estabelecer corresponsabilidades para os entes federados e, desta forma, prever que os Planos Estaduais de Capacitao estejam alinhados aos princpios e diretrizes da PNC/SUAS. A Resoluo n 17 da Comisso Intergestores Tripartite (CIT), de 18 de novembro de 2010, dispe acerca do Pacto de Aprimoramento da Gesto dos Estados e do Distrito Federal, no mbito do Sistema nico de Assistncia Social - SUAS, do Programa Bolsa Famlia - PBF e do Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal Cadnico, estabelece prioridades nacionais e compromissos para o quadrinio 2011/2014 e d outras providncias.

15. Instituir uma Mesa de Negociaes com composio paritria entre gestores, prestadores de servio, trabalhadores da rea da assistncia do setor pblico e do setor privado. 16. Encaminhar projeto de lei de criao do respectivo Plano de Carreira, Cargos e Salrios ao Poder Legislativo. 17. Regulamentar, em articulao com o Ministrio da Educao e com outros rgos, sob a intervenincia do CNAS Conselho Nacional de Assistncia Social, o que assistncia social em programas no decorrentes de obrigaes curriculares, conforme estabelecido nos artigos 10 e 11 da Lei Federal n 11.096/05, que institui o Programa Universidade para Todos - PROUNI, possibilitando que as instituies de

19. Destinar a capacitao a todos os atores da rea da Assistncia Social gestores, trabalhadores, tcnicos e administrativos, dos setores governamentais e no-governamentais integrantes da rede socioassistencial, e conselheiros. 20. Implementar a capacitao, com base nos fundamentos da educao permanente para os trabalhadores de todos os nveis de escolaridade. 21. Definir normas, padres e rotinas para a liberao do trabalhador para participar de eventos de capacitao e aperfeioamento profissional.

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Esta deve ser uma diretriz para a PNC/SUAS e os Planos de Capacitao dos estados, Distrito Federal e municpios. Ao dar ampla divulgao quanto aos critrios para liberao dos trabalhadores, a PNC/SUAS e os Planos Estaduais e Municipais de Capacitao valorizam e legitimam os espaos formativos do SUAS.

a responsabilida-de das trs esferas de governo, especialmente para a implementao de PCCS e para a capacitao dos trabalhadores, necessrios implementao da Poltica de Assistncia Social. 26. Estabelecer critrios de repasse de recursos fundo-a-fundo, como forma de incentivo aos Estados, Distrito Federal e municpios que cumprirem esta NOB-RH/SUAS em seus diversos aspectos. 27. Estabelecer de forma pactuada, na Comisso Intergestores Tripartite - CIT, requisitos, responsabilidades e incentivos referentes ao cumprimento da NOB-RH/SUAS por parte dos gestores.A Resoluo da CIT no 05, de 03 de maio de 2010, institui de forma pactuada as metas de desenvolvimento dos CRAS por perodos anuais, visando sua gradativa adaptao ao