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NO UNIVERSO DOS CONTOS MARAVILHOSOS: a arte de contar histórias.

Sirlei Zanotto1

Professora Doutora Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira2

RESUMO

Este artigo tem como objetivo descrever as ações realizadas na etapa final do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional). O material didático foi elaborado no formato de Caderno Pedagógico e o tema eleito versou sobre Gênero Literário: Contos maravilhosos. O desafio principal foi difundir a leitura, estimular o prazer de ler e de criar, promover o debate crítico e proporcionar momentos de integração e lazer. Os contos trabalhados foram: “Joãozinho e Mariazinha”, “Quadro de pano” e “Ali Babá e os quarenta ladrões”, estes sustentaram a implementação do projeto. A sequência didática trabalhada explora os mais variados aspectos, construindo assim o hábito de contar e ouvir histórias, utilizando-se dos recursos extralinguísticos, como entonação, pausas, expressão facial e outros. Percebeu-se que na escola deve ser espaço de diálogo, mais liberdade para os alunos se expressarem, mais escuta e partilha dos significados atribuídos aos textos, mais ligação entre aquilo que se lê e aquilo que se vive. Assim, o educando refletirá tanto a partir da sua fala quanto da fala do outro, sobre: o conteúdo temático do texto; elementos composicionais, formais e estruturais do gênero usado em diferentes esferas sociais; os argumentos utilizados e o papel do locutor e do interlocutor na prática da oralidade, levando os mesmos a compreenderem que ler e contar histórias são de fundamental importância para o desenvolvimento intelectual e cultural dos mesmos, enriquecendo a prática pedagógica nas aulas de língua portuguesa.

Palavras-chave: Gênero literário; contos maravilhosos; letramento literário;

contação de histórias.

1 Secretaria do Estado do Paraná – SEED/PR; Professora do Quadro Próprio do Magistério;

Professora Sirlei Zanotto graduada em Letras Literatura (FAFIG); Artes Visuais (UNIPAN); Pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura (UNOPAR) e PDE/2012/2013/[email protected].

2 Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – UNICENTRO; Departamento de Letras

do Programa Mestrado em Letras; Orientadora do PDE; Professora Doutora Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira; Doutora em Letras e Pós-doutora em Ciências da Literatura. Tel: 554299367990.

1. INTRODUÇÃO

As histórias são recreação e terapia, suporte de cultura e, o mais

importante, elemento de comunicação. Contar histórias é a mais antiga das

artes, paradoxalmente, a mais moderna forma de comunicação. Os contos

maravilhosos são verdadeiras obras de arte, pois pertencem ao patrimônio

cultural da humanidade, representa a visão do mundo, as relações entre o

homem e a natureza sob as formas estéticas mais acabadas.

Sabedores desta suntuosa importância e valor trabalhou-se o tema:

gênero literário – contos maravilhosos, para dar um sentido diferente quanto à

interpretação da leitura e da vida, atuar e reforçar a autoimagem, colaborar

para seu crescimento interior e autonomia, acrescentar e incrementar essa

vivência com os textos.

Segundo Rildo Cosson (2007, p.27) “[...] letramento literário só se faz via

textos literários.” Então, optou-se, por três contos clássicos que, são curtos e

despertam o interesse das crianças. Cosson afirmando que não devemos

somente ler, mas sim interpretar e ir além da leitura relacionando com o que já

sabemos, compartilhando este saber com as pessoas:

Não é possível aceitar que a simples atividade da leitura seja

considerada a atividade escolar de leitura literária. Na verdade,

apenas ler é a face mais visível da resistência ao processo de

letramento literário na escola. Por trás dele encontramos

pressuposições sobre leitura e literatura que, por pertencerem ao

senso comum, não são sequer verbalizadas. Daí a pergunta honesta

e o estranhamento quando se coloca a necessidade de se ir além da

simples leitura do texto literário quando se deseja promover o

letramento literário. (COSSON, 2007, p.26).

Diante disso, é fundamental conquistar os alunos para que façam da

literatura algo importante, e que os contos maravilhosos sirvam de alento e

inspiração para a vida em família ou comunidade, porque as histórias não só

ensinam como também nos convidam a olhar para dentro, pois apresentam os

percalços e os deleites que a vida nos reserva. Acredita-se que, trabalhando

com os alunos desta forma, eles terão mais facilidade em ler, escrever e maior

desenvoltura nas situações do cotidiano.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Tornar a leitura uma porta aberta, ampliando o conhecimento, buscando

informações complexas e simples, descontraindo, envolvendo, dando prazer e

realização, para que isso aconteça escolheu-se os contos maravilhosos.

Samira Yousseff Campedelli e Jésus Barbosa Souza (2000, p.69) assim

definem o conto: “uma narrativa curta, condensada, de episódio único e poucas

personagens, um só espaço, em curto lapso temporal”.

O resgate histórico apresenta que os contos tiveram origem mais ou

menos 4000 a.C. e no século XIV é que se expandiu. Eram contados de pais

para filhos e assim continuaram a se propagar. Com o passar do tempo, as

mudanças sociais determinaram algumas alterações nessa literatura oral, como

se pode perceber, hoje, o livro supre as ausências familiares vividas na

antiguidade. Entretanto, na década de 1970-80 um surpreendente

florescimento aconteceu nos países latinos americanos, como o Brasil. Entre

os contistas se destacam: Carlos Drummond de Andrade, Amândio Sobral,

Murilo Rubião, Berilo Neves, André Carneiro, Raul Brandão, L. F. Riesemberg,

Câmara Cascudo, Clarice Lispector e outros.

Sabemos que as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná colocam a

leitura como um ato dialógico. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências,

os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural,

enfim, as várias vozes que o constituem. Por esse motivo é que se deve

sempre que possível relacionar o que esta sendo ensinando com o que os

alunos trazem de conhecimento, como é o caso dos contos já aprendidos,

ouvidos, que foram contados pelos seus pais ou amigos.

Percebemos que nas DCEs a leitura é colocada como um processo que:

[...] implica uma resposta do leitor ao que lê, é dialógico, acontece

num tempo e num espaço. No ato de leitura, um texto leva a outro e

orienta para uma política de singularização do leitor que, convocado

pelo texto, participa da elaboração dos significados, confrontando-o

com o próprio saber, com a sua experiência de vida. (DCEs, 2006,

p.57).

A função da escola na visão de Irandé Antunes é tornar as pessoas cada

vez mais críticas, emersas e atuantes, para isso acontecer os alunos devem ler

textos literários, gêneros variados – contos, lendas, classificados, cruzadinhas

e outros, para reavivar o gosto e o encantamento, cabendo assim ao professor

proporcionar e difundir o gosto pela leitura, utilizando-se de diversas

estratégias para estimular e motivar os alunos, mostrando amplas

possibilidades de informações através da leitura:

[...] a leitura nos dá esse poder de emersão, nos confere esse poder de enxergar e perceber o que nos circunda, a fim de, como cidadãos, assumir nossos diferentes papéis na construção de uma sociedade que respeite a lógica do bem coletivo e dos valores humanos. (ANTUNES, 2009, p.193)

Cosson nos alerta que não devemos colocar a leitura como simples

prazer ou prazer absoluto, mas sim diz que é fundamental que seja organizado

segundo os objetivos da formação do aluno, e que a literatura tem um papel a

cumprir no âmbito escolar. As palavras que formam a linguagem, para Cosson

(2009, p.16): “... elas vêm da sociedade de que faço parte então são de

ninguém. Para adquiri-las basta viver em uma sociedade humana. Ao usar

as palavras eu as faço minhas [...]”. É por esse uso, simultaneamente,

individual e coletivo, que as palavras se modificam, se dividem e se multiplicam,

vestindo de sentido o fazer humano.

Com base na teoria desenvolvida pelo autor, é interessante observar

que, para que o aluno tenha prazer na leitura, ele precisa passar pelo

letramento literário. Cosson (idem, p.65) defende que: “[...] na escola é preciso

compartilhar a interpretação e ampliar os sentidos construídos

individualmente”. Com isso os leitores fortalecem e ampliam seus horizontes de

leitura e nos diz que:

[...] devemos compreender que o letramento literário é uma prática

social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser

enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura,

como bem nos alerta Magda Soares, mas sim como fazer essa

escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um

simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de

humanização. (COSSON, 2009, p. 23)

Na mesma discussão, Jatte Bonaventure coloca como devemos ler os

livros literários: “Primeiramente devemos fazer uma leitura de reconhecimento

da obra para depois fazermos uma leitura mais profunda e compreensiva onde

podemos nos encantar pelos textos”.

Pensando nisso pode-se citar Ezequiel Theodoro da Silva (2005, p.21)

quando fala que: “[...] as práticas de ensino e de uso consequente das

bibliotecas deveriam ser complementares, levando os alunos a um convívio

frequente e concreto com acervos diversificados”.

Quanto a prática pedagógica ele sugere que se deve ter:

Mais humildade pedagógica, mais diálogo, mais liberdade para os

alunos se expressarem, mais escuta e partilha dos significados

atribuídos aos textos, mais ligação entre aquilo que se lê e aquilo

que se vive, estes são os caminhos para uma leitura libertária e

transformadora, tão necessária à sociedade brasileira de hoje.

(SILVA, 2005, p.24).

Os contos também são lidos e contados nos consultórios de

psicanalistas, onde a magia tem papel fundamental para a melhora dos

pacientes como deixou claro Bruno Bettelheim em A Psicanálise do conto de

fadas apud Regina Zilberman (2005, p.92) “[...] o auxiliar mágico nunca perde

a função de coadjuvante”.

Zilberman coloca que:

Os contos de fadas acabam por reforçar a autoimagem do leitor,

colaborando para o seu crescimento interior e autonomia, o que

justifica não apenas a popularidade que detêm até nossos dias,

como também a permanência das figuras principais. (idem).

Pensa-se que, em parceria com a escola, é preciso criar mecanismos

para mostrar a importância que a leitura dos contos maravilhosos e a contação

de histórias é interessante para a formação dos indivíduos. Diante dos

ensinamentos apresentados pelos estudiosos podemos perceber que é

possível sim, com uma metodologia adequada, atingir a maioria dos alunos,

fazendo com que se tornem bons leitores.

3. O CONTO COMO ESTRATÉGIA - LETRAMENTO LITERÁRIO

As histórias abrem espaços para outros pensamentos e se tornam fieis

parceiras nos processos de transformação, desenvolvem a oralidade, tornando

as pessoas mais comunicativas e cheias de inspirações.

Bonaventure diz como devem ser lidos os contos de fadas e o que eles

nos despertam:

Começar a ler um conto se tornou uma verdadeira aventura, não

sabendo nunca aonde vou chegar. Primeiro, começo com uma

simples leitura para me familiarizar com o enredo: [...] ao desenrolar.

Já nessa leitura há como um encantamento [...] pela obra prima

literária que pode ser. (BONAVENTURE, 1992, p.15–16).

As atividades propostas a partir de gênero literário – contos

maravilhosos constituem-se basicamente no letramento literário, fazendo uma

interrelação com os contos que os alunos conhecem; apresentação dos contos

e autores; exercícios de leitura individual e coletiva; debates e socialização;

contação de histórias; escrita e reescrita de resenhas; bem como outras que se

interrelacionem. Assim, a metodologia aqui adotada é a sequência básica

proposta por Cosson (2009,p.51-69) composta por quatro etapas: a motivação,

que consiste na preparação do aluno para que ele “entre” no texto.

Normalmente, essa etapa se dá de forma lúdica e tem como objetivo principal

incitar a leitura proposta. Já na introdução é feita a apresentação do autor e da

obra. A terceira etapa é a leitura do texto em si, que deve ter um

acompanhamento do professor. O autor chama esse acompanhamento de

“intervalos”, no qual há a possibilidade de aferição da leitura, assim como

solução de algumas dificuldades relacionadas à compreensão de vocabulário

ou mesmo de partes do texto. A última etapa é a interpretação e para o autor

ela se dá em dois momentos, um interior e outro exterior. O momento

interior compreende a decifração, é chamado de “encontro do leitor com a

obra”. Já o momento exterior é a “materialização da interpretação como ato de

construção de sentido em uma determinada comunidade”.

Para incentivar a leitura, também na família, foram digitalizados os

contos, passando pela casa de cada um dos alunos onde eles leram e

responderam questões sócio afetivas e culturais, propostas pelo professor e

pelos alunos, que foram registradas por seus familiares após a leitura do livro.

A implementação da proposta de intervenção pedagógica na escola

aconteceu no terceiro período do PDE, primeiro semestre de 2013, junto aos

alunos do 9º ano do Colégio Estadual Ludovica Safraider – Casa Familiar

Rural, Município de Rio Bonito do Iguaçu - Paraná, período manhã e tarde,

semanas alternadas, com 13 alunos, 11 meninos e 2 meninas, faixa etária

entre 13 a 16 anos.

O objetivo foi difundir a leitura, estimulando o prazer de ler e de criar,

promovendo assim o debate crítico e proporcionando momentos de integração

e lazer por meio dos contos maravilhosos. Instigando assim o talento dos

adolescentes para contar e ouvir histórias; Explorando os textos - contos,

interpretando-os sob os mais variados aspectos; E construindo o hábito de

contar e ouvir histórias, utilizando-se dos recursos extralinguísticos, como

entonação, pausas, expressão facial e outros.

Na utilização dos materiais pedagógicos construídos, no formato de

caderno pedagógico, teve como meta a efetivação da relação entre o cotidiano

e o saber sistematizado, procurando relacionar os conteúdos a partir do dia a

dia do educando na busca da valorização de seu conhecimento, propiciando a

partir dele, a construção de um novo saber com bases estabelecidas na

significação desses conteúdos.

Para melhor visualização do processo sequência básica junto aos

alunos descreveremos brevemente as atividades desenvolvidas durante a

implementação, e em seguida as análises possíveis da aplicação dessa

metodologia.

3.1. PRÁTICAS EM SALA DE AULA – APONTAMENTOS

No primeiro semestre de 2013 foi realizada a apresentação do caderno

pedagógico, para os alunos, direção e equipe pedagógica da escola visando

ressaltar a importância do mesmo, bem como socializar a proposta teórico-

metodológicas que foi desenvolvida com a implementação do material didático

junto aos alunos do 9º ano “z” do ensino fundamental.

Este caderno pedagógico esta dividido em três unidades, em cada

unidade foi trabalhado um conto de um autor.

A sequência básica apresentada por Cosson inicia-se pela motivação,

então foram escolhidas, na primeira unidade, palavras que indicam coisas

boas, com elas, em mãos, os alunos responderam algumas perguntas como:

Com quem dividiria esta palavra? Que cor ela representa? E assim por diante.

Esta atividade foi de grande valia, pois pudemos perceber que todos

querem dividir as coisas boas com seus familiares.

Depois foi feito a introdução e conversação sobre leitura, a professora

fez algumas perguntas como: Quem gosta de ler? O que gosta de ler? Quais

os contos que conhecem? A professora foi escrevendo no quadro o nome dos

contos que eles iam falando, depois os alunos contaram alguns contos. Foi

interessante quando um aluno estava contando o conto “Chapeuzinho

vermelho” ele esqueceu a sequencia então a professora interagiu e os dois

terminaram o conto como se fosse o Chepeuzinho e o lobo falando um com o

outro.

Quando a professora pediu quem era o autor, do conto “Joãozinho e

Mariazinha” eles não sabiam que foram os irmãos Grimm quem escreveram.

Em seguida foram distribuídos os contos para os alunos e feito a leitura

silenciosa por todos, seguida de comentários individuais sobre a impressão da

leitura feita. Na sequência o professora fez a leitura expressiva do conto,

dando inflexões na voz, a fim de alcançar as intenções que deveriam ser

detectadas pelos ouvintes.

Como atividade de casa, os educandos, leram o conto para a família e

pediram que respondessem algumas perguntas como: Hoje ainda abandonam

os filhos? O que seria a casinha de doces? Quem seria a bruxa? O que seria

as joias? A essas questões que foram respondidas, a maioria fez ligação com

as drogas. Nessa parte da aplicação do trabalho pedimos aos alunos que, após

ouvirem histórias em casa, fizessem discussão em pequenos grupos

abordando contos trazidos. Organizamos um seminário onde os alunos

relataram como foi o diálogo com os pais, avós ou outras pessoas mais velhas

e recontaram estas histórias ou contos aos demais alunos da sala de aula.

Na sequencia assistiram ao filme João e Maria, o qual gostaram muito e

acharam que o texto é mais rico e interessante porque podemos imaginar as

coisas.

A professora distribuiu algumas imagens, as quais serviram de suporte

para os contos que os alunos criaram. Nesse momento a professora passou as

características do conto. Os alunos tiveram um pouco de dificuldade de iniciar

as histórias, mas depois tudo se encaminhou e saíram as histórias que foram

lidas e expostas no mural para que todos os alunos da escola pudessem ler.

A professora escolheu o texto “A fazenda” de Evanildo Bechara para

iniciar a segunda unidade, o qual fala de um lugar muito bonito, uma fazenda

com peixinhos vermelhos, milharais cor de fogo. Esse texto prendeu a atenção

dos alunos e, alguns, depois contaram que conhecem lugares como esse. Esse

texto e a conversação serviu de motivação para o próximo conto que é de autor

desconhecido “O quadro de pano”. Este conto foi o mais emocionante, alguns

alunos e a professora se identificaram nele, pois mostra a luta de conseguir

alguma coisa na vida, ter sonhos e poder alcançá-los. Depois de lido e

conversado sobre o texto que foi analisado, parágrafo por parágrafo a

professora distribuiu as palavras cruzadas, foi nesta atividade que os alunos se

empenharam com gosto. Com as letras que sobraram da palavra cruzada,

surgiu um texto. Os alunos foram divididos em grupos e com esse texto eles,

com a ajuda da professora de artes, fizeram um livro ilustrado.

O conto foi levado para casa e lido pela família, com isso acreditamos

que conseguimos alcançar os pais dos alunos do nono ano e despertar neles o

conhecimento da importância do diálogo entre pais e filhos, que pode começar

pela contação de histórias pois estes, os pais, tiveram que contar uma história

para os filhos escreverem. Procuramos fazer os alunos perceberem que os

livros também são histórias inventadas e contadas como a de seus pais e avós,

e que o ato de ler pode ser tão atrativo quanto o de ouvir histórias. Então

quando voltaram para a escola com as histórias, compartilharam com os

colegas em sala de aula, reinventando, na leitura, a oralidade espontânea e

autêntica do cotidiano, procurando sensibilizar leitores iniciantes para a

importância do ato de ouvir, ler e contar histórias como motivação. Esta foi uma

atividade muito interessante, os alunos demonstraram interesse em ouvir as

histórias que os colegas estavam contando. Riam de algumas situações das

narrativas, emocionavam-se com outras.

Com a ajuda da professora de arte fizeram histórias em quadrinhos

baseadas em situações, diferentes para cada aluno, como: Você é um mago

poderoso e tem uma grande missão. Qual? Conseguiu executar? Como? Esta

atividade, por eles terem dificuldades em desenhar, não houve muito empenho,

por parte dos alunos, ficando as histórias de alguns alunos sem serem

finalizadas.

A terceira unidade iniciou-se com a motivação, um conto de Carlos

Drummond de Andrade “Infância”, conforme a professora ia lendo os alunos

tinham que completar as frases do conto. “Meu pai montava a cavalo, ia ...”,

esta atividade despertou bastante concentração e interesse, pois cada um

queria responder, dando sua contribuição.

Depois foi mostrado uma imagem, feito algumas perguntas sobre ela, os

alunos reconheceram de imediato que era a imagem do conto “Ali Babá e os

quarentas ladrões” e assim foi apresentado o autor e o conto, lido a história,

tirado algumas dúvidas sobre o texto e o autor.

Os alunos leram o texto “Histórias em cubinhos” de Betinho e Esther, e

com papel colorido, fizeram um painel na parede representando esse texto,

conforme as cores e formas geométricas. Essa atividade foi elaborada junto

com a professora de Arte, usando recorte e colagem.

Como atividade de casa, os alunos, levaram livros de contos como:

“Melhores contos” de Lygia Fagundes Telles, “Contos de amor novo”de Edson

Gabriel Garcia, e outro da coleção Literatura em minha casa. Quando

retornaram à escola contaram as histórias que leram e as que ouviram de seus

pais. Com isso, evidenciou-se que contação de histórias é sem dúvidas, um

excelente meio para desenvolver o gosto e o interesse pela leitura. Foi

gratificante proporcionar aos alunos o contato com o conto maravilhoso,

oferecer-lhes condições para que percebessem os elementos principais que

estruturam um conto, seguindo esta estrutura para criar textos narrativos,

estimulando-os e despertando-os para a leitura de novas histórias e a busca

por novas leituras do gênero.

Depois também foi relevante para complementação destas atividades,

sugerir aos alunos que fizessem a interpretação oral e escrita do texto, e para

finalizar, os alunos, formaram grupos, escolheram um conto, adaptado-o para o

teatro, ensaiaram e representaram para os colegas.

4. CONCLUSÃO

A motivação deste trabalho de pesquisa do PDE deu-se, principalmente,

pelo fato que a maioria dos educandos não gostava de ler e tinham dificuldades

em compreender os livros literários que estavam lendo em sala de aula ou

mesmo em casa. Então a solução foi buscar textos mais curtos para eles

perceberem que ao ler poderiam entender e contar as histórias.

Os encaminhamentos metodológicos levaram o professor a desenvolver

um trabalho voltado para uma aprendizagem significativa, onde os alunos

foram motivados a buscar novas histórias em seu cotidiano, vencendo assim

etapas muito significativas e importantes, pois além deles estarem envolvidos

com a leitura e a contação das histórias envolveram também seus familiares

que, por sinal, ficaram muito satisfeitas com a participação e incentivo de leitura

de seus filhos, passando assim a ver a leitura como uma atividade prazerosa e

significativa, capaz de fazer a diferença na vida deles e ter um novo olhar sobre

o ensino da língua materna e principalmente sobre a leitura de textos no dia a

dia da escola.

Os objetivos desse projeto foram obtidos com êxito, já que as atividades

realizadas durante a implementação estimularam a criatividade, a leitura e a

melhoria na capacidade oral dos alunos.

Concluímos que este é uma experiência que deve ter continuidade

devido à importância da temática para a vida e que é relevante o

acompanhamento e o incentivo para que busquem outros gêneros com tanto

interesse quanto tiveram pelos contos, pois esta metodologia incentivada por

Cosson é de grande valia para o ensino aprendizagem de nossos educandos.

5. REFÊRENCIAS

ANTUNES, Irandé, - Aula de português, encontro e interação / Maria Irandé

Antunes, - São Paulo: Parábola Editorial, 2003 – (Série aula: 1)

ANTUNES, Irandé, 1937 – Língua, texto e ensino outra escola possível / Irandé

Antunes – São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Estratégias de ensino, 10)

BONAVENTURE, Jette, - O que conta o conto? / Jette Bonavanture. – São Paulo,

1992. – (Amor e psique)

CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa, - Literaturas brasileira e

portuguesa – Teoria e texto – São Paulo: Editora Saraiva, 2000, 1ª edição.

COSSON, Rildo, Letramento literário: teoria e prática / Rildo Cosson. – 1. Ed. 1ª

reimpressão, São Paulo: 2007.

JOUVE, Vicent, - A leitura / Vicent Jouve; tradução Brigitte Hervot. – São Paulo:

Editora UNESP, 2002.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação, Departamento de Educação Básica.

Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. - Produção da leitura na escola – Pesquisas x

propostas, 2005, 2ª edição, 5ª impressão. Editora Ática

ZILBERMAN, Regina, - Como e por que ler a literatura infantil brasileira / Regina

Zilberman – Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.