no reino da imaginaÇÃo estudos sobre literaturas

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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS CENTRO DE ESTUDOS DA LEITURA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CÁTEDRA DE LEITURA UNESCO PUC/Rio LINHA DE PESQUISA: LEITURA E LITERATURA INFANTO-JUVENIL NO REINO DA IMAGINAÇÃO: ESTUDOS SOBRE LITERATURAS INFANTIL E JUVENIL RELATÓRIO DE LICENÇA SABÁTICA MARIA AFONSINA FERREIRA MATOS Professora Doutora/Pós-Doutora Interlocutora: Profa. PhD. Eliana Yunes Cátedra de Leitura UNESCO PUC\Rio Assistente Voluntária de Pesquisa: Gizelen Santana Pinheiro CEL\UESB Bolsista de Iniciação Científica: Daniele Santana Santos UESB/FAPESB Pesquisadores Voluntários: Alunos da Pós-graduação lato sensu em Literatura e Linguagens: o texto infanto-juvenil UNEB/Campus XXI/Ipiaú-BA JEQUIÉ-BA / RIO DE JANEIRO - RJ JULHO - 2013

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Page 1: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS

CENTRO DE ESTUDOS DA LEITURA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

CÁTEDRA DE LEITURA UNESCO – PUC/Rio

LINHA DE PESQUISA: LEITURA E LITERATURA INFANTO-JUVENIL

NO REINO DA IMAGINAÇÃO: ESTUDOS SOBRE LITERATURAS INFANTIL E

JUVENIL

RELATÓRIO DE LICENÇA SABÁTICA

MARIA AFONSINA FERREIRA MATOS

Professora Doutora/Pós-Doutora

Interlocutora: Profa. PhD. Eliana Yunes – Cátedra de Leitura UNESCO – PUC\Rio

Assistente Voluntária de Pesquisa: Gizelen Santana Pinheiro – CEL\UESB

Bolsista de Iniciação Científica: Daniele Santana Santos – UESB/FAPESB

Pesquisadores Voluntários: Alunos da Pós-graduação lato sensu em Literatura e Linguagens: o texto infanto-juvenil – UNEB/Campus XXI/Ipiaú-BA

JEQUIÉ-BA / RIO DE JANEIRO - RJ

JULHO - 2013

Page 2: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

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MARIA AFONSINA FERREIRA MATOS

NO REINO DA IMAGINAÇÃO: ESTUDOS SOBRE LITERATURAS INFANTIL E

JUVENIL

Relatório final do projeto executado durante período de Licença Sabática junto à Cátedra de Leitura UNESCO/PUC-Rio, apresentado ao Departamento de Ciências Humanas e Letras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

JEQUIÉ-BA / RIO DE JANEIRO-RJ

Julho-2013

Page 3: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

3

Graduação em Letras Licenciatura Plena Com Português Inglês e suas Literaturas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Patos de Minas (1982), mestrado em Literaturas de Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1996) e doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2001). Atualmente é professor titular/pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura, atuando principalmente nos seguintes temas: leitura, formação de leitores, literatura infanto-juvenil. É líder de Pesquisa em Leitura e Literatura Infanto-juvenil - UESB/Jequié, inscrito no CNPQ sob a denominação de Estação da Leitura: grupo de pesquisa em leitura e literatura Infanto-juvenil. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9847283486611328

Maria Afonsina Ferreira Matos

Dra. Maria Afonsina Ferreira Matos

Pesquisadora

Eliana Yunes é criadora do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER) da Fundação Biblioteca Nacional. É uma das pesquisadoras mais renomadas sobre temas de Leitura na AméricaLatina, onde seu discurso teve uma imensa recepção, principalmente no Méxicoe Colômbia. Doutorou-se em Letras e Lingüística pela Pontifícia Universidade Católica PUC - Rio e pela Univercidad de Málaga, Espanha.Também é Ensaísta, Crítica e Pesquisadora de temas relacionados com a Formação de leitores, infância e cultura. É assessora da UNESCO para Políticas de Leitura, Coordenadora adjuntada Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio, Consultora do CERLALC e do PNLL.Tem artigos e livros publicados tanto no Brasil como em outras partes do mundo, com ênfase no tema Leitura, bem como emTeoria Literária, Literatura Comparada e trabalhos interdisciplinares. Entre suas publicações mais recentes estão: Dar a ler. Edipuc: Rio de Janeiro, (2001); A Leitura pelo olhar do

cinema. Edipuc: Rio de Janeiro, (2001); Profetas e Profecias. Edipuc/Ed. Loyola: Rio de Janeiro/São Paulo, (2002); Pensar a Leitura. Ed. Loyola (2002); Mulheres de Palavra. Ed. Loyola: São Paulo, (2003); Os DeS/Z Mandamentos. Edipuc/Ed. Loyola: Rio de Janeiro/São Paulo, (2003); A Experiência da Leitura (2003);A Chaga da Corrupção, Ed. PUC-Rio,Riode Janeiro, (2005);Andersen, 200 anos de ficção e verdade (2006);Cecília, Murilo, Drummond: cem anos de poesia e teologia (2006);A bala, a flor e o perdão: violência e reconciliação, Edipuc: Rio de Janeiro, (2006);O bem e o mal em Guimarães Rosa (2009);Futuro da Autonomia(2009);O Dualismo na teologia cristã: a deformação da antropologia bíblica (2010);Teologias e Literaturas: considerações metodológicas (2011). Lattes: http://lattes.cnpq.br/4700246374439911

Eliana Yunes

Dra. Eliana Yunes Interlocutora

Graduada em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, foi

Bolsista de Iniciação Científica/FAPESB/UESB, entre os anos de 2010 e 2011 do

Projeto de Pesquisa Emília vai à escola. Atuou como Auxiliar de Coordenação no

Programa do Governo Federal Todos Pela Alfabetização/TOPA em parceria com a

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, no período de Janeiro de 2012 a Abril de

2012. Atualmente Pesquisadora Voluntária do Centro de Estudos da

Leitura/CEL/UESBe Professora de Redação no Educandário Santa Terezinha. Lattes:

http://lattes.cnpq.br/3584971780537087

Gizelen Santana Pinheiro

Gizelen Santana Pinheiro

Assistente Voluntária de Pesquisa

Page 4: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

4

AGRADECIMENTOS

A Deus

possibilidade de criar mundos com palavras...

No princípio, era o verbo...

À UESB

Parceira de sonho...

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Bolsa de seis meses,

e fez-se a luz...

Ao DCHL

Equipe do CEL/UESB, fonte inesgotável de realizações...

Colegas da Área de Estudos Literários, cúmplices da proposta... Profa. Dra. Adriana Maria de Abreu Barbosa e Profa. Ms. Ana Sayonara Fagundes Brito Marcelo, signos de presença...

Corpo Administrativo, ação substantivada em técnica...

Plenária Departamental, consentimento burocrático...

E produziu a terra erva verde, que dava semente segundo a sua espécie...

Á Cátedra de Leitura UNESCO – PUC\Rio

Acolhimento irrestrito...

Faça-se o firmamento no meio das águas...

À Interlocutora, Professora Doutora Eliana Yunes

Escuta generosa...

E o verbo se fez carne...

Aos pesquisadores voluntários, alunos de Pós UNEB e UESB-BA

Abraços de ideal e cumplicidade...

e habitou entre nós...

Page 5: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

5

Para:

José Ferreira e Adélia Porto,

sumário da minha existência...

Luciano,

marcador, na página atual de minha vida...

Bruno e Gizelen, Átila e Paloma,

páginas seguintes, sublinhadas de tanto sentido...

Aurora,

ilustração delicada, feita de estimação...

Page 6: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

6

RESUMO

Apresenta resultados de um programa de ações realizadas no intuito de aprofundar estudos

no que se refere às Literaturas Infantil/juvenil (especificamente contos de fada tradicionais /

modernos e a obra de Monteiro Lobato) e seu ensino, tendo em vista a qualificação do

Projeto No Reino da Imaginação: experimentos com literaturas Infantil e Juvenil, que,

desde 2002, investiga, em Jequié e seu território, a recepção de textos e metodologia de

trabalho com Literaturas Infantil e Juvenil em espaços de educação formal. O trabalho

desenvolvido constou de várias atividades em diferentes ambientes acadêmicos: (re)leitura

de obras e discussão das mesmas em fóruns distintos –banca, evento, curso, reuniões de

discussão - além de produção de material para publicação (catálogo, artigos, resumos e

resenhas de obras teóricas e literárias a serem divulgados nos sites da Cátedra de Leitura

UNESCO\PUC-Rio e/ou do Centro de Estudos da Leitura – CEL/ UESB. Tudo isso, tendo em

vista o destaque de questões relevantes para a continuidade das pesquisas do Projeto No

Reino da Imaginação... Os resultados poderão contribuir para o debate sobre a formação de

leitores em geral, sobre as literaturas infantil/juvenil, de modo especial, os contos de fada e

a obra lobatiana, bem como sobre o seu ensino na educação básica.

Page 7: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

7

SUMÁRIO

ERA UMA VEZ..._________________________________________________________09

I – A LÂMPADA MÁGICA DE UMA PROPOSTA DE ESTUDOS _____________________11

II – NO TAPETE MÁGICO DO CONHECIMENTO: UM VOO DE ATIVIDADES... ______ 15

1- NO REINO DAS ÁGUAS CLARAS: uma participação em banca... ____________ 15 1.1- Parecer s\nº ________________________________________________15

2- NO BOSQUE ENCANTADO DA PESQUISA: uma participação em evento...____20

2.1 – Simpósio Coordenado _______________________________________ 20

2.2 – Resumo Publicado __________________________________________ 20

3- REINAÇÕES NO PICAPAU AMARELO: uma disciplina em curso de pós- graduação... ____________________________________________________21 3.1 – Serões de Dona Benta na Disciplina: A Literatura Infanto-juvenil de

Monteiro Lobato...__________________________________________ 21

3.1.1 - Plano de viagem a bordo do Beija-flor das Ondas... _______________21

3.1.2- Emília no país das leituras, produção de resenhas/resumos partilhados e discutidos em sala de aula... _______________________________ 22

3.1.3 – Roteiro de aventuras teórico/literárias... _______________________ 23 3.1.4– Expedições lobatianas: subprojetos de pesquisa de campo... ________26

4– GESTAS DO VISCONDE DE SABUGOSA: produção bibliográfica... __________ 29

4.1 – Resenhas/Resumos... ________________________________________29

4.2 - Catálogo de Projetos/2013... ___________________________________30

4.3 – Artigos... __________________________________________________ 30 4.3.1 - A Desconstrução do Medo de Bruxa na Literatura Infantil

Contemporânea ______________________________________30

III – NO REINO DA IMAGINAÇÃO: expedições pelo mundo mágico da

leitura literária... _________________________________________________ 48

1- DIÁLOGOS TEÓRICOS COM O VISCONDE DE SABUGOSA..._______________48

1.1 – O Conceito de Leitura nos Serões de Dona Benta...________________ 49

1.2 - Leitura e Literatura na Escola do Sítio___________________________50

1.3 - Materiais e Métodos na bolsa de viagem_______________________ 52

Page 8: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

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2 - REINAÇÕES DE EMÍLIA: os experimentos em campo__________________ 53

2.1 – Experimento: A Pílula Falante de Narizinho______________________53

2.2 – Experimento: Um Pouco de Lobato: Aritmética da Emília___________54

2.3 – Experimento: Vivendo Lobato_________________________________55

2.4 – Experimento: O Fígado Indiscreto, Qual é o seu?__________________57

2.5 – Experimento: Dom Quixote na Narrativa Lobatiana: um diálogo com

as mais diversas produções artísticas_________________________ 58

2.6 – Experimento: Do E-mail de Volta à Carta: um passeio pela história de

amor de Lobato___________________________________________ 59

3 – BALANÇO DOS FINAIS FELIZES: resultados... __________________________61

IV- RESPEITÁVEL PÚBLICO! ATÉ LOGO!... __________________________________66

V - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________71

ANEXOS

Page 9: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

9

ERA UMA VEZ...

Vocês acreditam em fadas? (...) Se acreditam, batam palmas! (Peter Pan, em: Em busca da Terra do Nunca)

Este relatório apresenta resultados dos estudos realizados, durante seis meses de

licença sabática, com o objetivo de aprofundar estudos nas áreas de Literaturas Infantil e

Juvenil - especificamente contos de fadas, obras de Monteiro Lobato- e seu ensino, dando

sequência aos trabalhos de qualificação do Projeto No Reino da Imaginação: experimentos

com literaturas infantil e juvenil... que, desde 2002, investiga, em Jequié e seu território, a

recepção de textos e metodologia de trabalho com essas literaturas em espaços de

educação formal.

O trabalho desenvolvido constou de: uma revisão de estudo, realizado anteriormente

a propósito dos contos de fada, para fins comunicação e publicação; uma (re)leitura de obras

lobatianas no intento de debatê-las em diferentes situações acadêmicas: banca de defesa de

dissertação de mestrado, curso de especialização, confecção de resenhas e resumos para

fins de publicação nos sites da Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio e do Centro de Estudos

da Leitura –CEL/UESB; além da revisitação a textos teóricos sobre a Teoria e História da

Literatura Infantil, sobre a vida e obra lobatiana e sobre o ensino da leitura e da literatura,

visando a discussão de pontos relevantes para as pesquisas do Projeto No Reino da

Imaginação...

Vale salientar que este projeto de estudos se insere dentro do conjunto de ações do

Programa Estação da Leitura - ESTALE, desenvolvido no Centro de Estudos da Leitura

CEL/UESB, onde atuo como Coordenadora Acadêmica. Portanto, o que ora é relatado não se

destaca das ações coletivas do grupo, mesmo quando algumas atividades são executadas,

individualmente, por mim. Assim, na esteira de toda a produção coletiva do ESTALE, os

resultados desse trabalho refletem o diálogo profícuo e a parceria consolidada mantida com

alunos/pesquisadores, bolsistas de iniciação científica, pesquisadores voluntários,

professores/técnicos colegas do CEL e do Ensino Fundamental, entre outros. Tudo e todos,

pretendendo contribuir para o debate sobre as Literaturas Infantil e Juvenil em geral, a

vida/obra lobatiana e seu ensino na educação básica.

Para oferecer essa contribuição, os estudos dos contos de fada foram desenvolvidos

à luz de referências da Teoria e História da Literatura Infantil (Nelly Novaes Coelho, Bárbara

Page 10: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

10

Vasconcelos, Lúcia Pimentel Góes...) e da Psicanálise, especialmente Bruno Bettelheim e

Jean-Yves Leloup, referenciados no artigo produzido e constante no item 4.3.1 deste

Relatório. Já, os estudos sobre a obra lobatiana foram conduzidos a partir dos tratados

teóricos sobre sua vida e obra, além de pressupostos da Sociologia da Leitura, da Estética da

Recepção e da Pedagogia da Leitura que já norteiam os experimentos do ESTALE desde

2002. Nesse sentido, durante todas as atividades, houve um diálogo (implícito e/ou explícito)

com Barthes, Iser, Jauss, Yunes, Zilberman, Silva, Lajolo, Matos, Soares, Smith, Alves, entre

outros, segundo se verifica no decorrer do relatório que se segue.

O intuito da pesquisa foi contribuir para a reflexão sobre o ensino da literatura de

modo geral e, em especial, sobre as Literaturas Infantil e Juvenil, bem como sobre a

formação de leitores na escola – o que tem sido uma preocupação marcante por conta dos

índices de analfabetismo funcional apontados pelos institutos de pesquisa na avaliação da

competência leitora de estudantes brasileiros.

Para dar conta do que foi feito, esse relatório se divide em duas sessões: uma que dá

conta dos trabalhos de gabinete – leituras, produção de textos, plano de curso... – e outra

que cuida de expor o trabalho de campo: seus fundamentos teóricos, metodológicos, a ação

em campo e seus resultados. O artigo transcrito traz suas Referências Bibliográficas

específicas e, no final, se encontram as Referências gerais do trabalho todo. Nos anexos,

constam fotos comprobatórias do trabalho e enriquecedoras do relatado verbalmente...

Page 11: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

11

I – A LÂMPADA MÁGICA DE UMA PROPOSTA DE ESTUDOS...

ler é viajar e, portanto, um exercício de imaginação em que paisagens e ideias se iluminam, ampliando gestos e libertando a inteligência de sua escravidão diária . Maria Afonsina F. Matos, em: O que é qualidade em literatura infantil e juvenil: com a palavra o educador.

A partir da interlocução com equipe da Cátedra UNESCO de Leitura PUC/Rio, mais

especificamente a Profa. Dra. Eliana Yunes, ficou definido um plano de trabalho que

estabeleceu as leituras e (re)leituras, os locais, as atividades de discussão dos dados em

análise e dos resultados. Assim, foi estabelecido empreender uma pesquisa bibliográfica

produção de resumos/resenhas a serem disponibilizadas para professores em publicações

eletrônicas. Também ficou determinado que o objeto dessa pesquisa seria posto em

discussão em diferentes atividades e instâncias acadêmicas, a exemplo de banca de defesa

de dissertação, curso de especialização, comunicação em evento... Dessa forma entendido, o

trabalho teve início como uma leitura investigativa da literatura lobatiana, de alguns contos

de fadas tradicionais e modernos, além de alguns livros teóricos sobre as obras lidas e sobre

os temas em estudo.

A pesquisa focou o medo em contos infantis em geral e algumas pontos selecionados

na obra lobatiana, quando foi possível levantar questões, tanto de ordem psíquica, quanto

sócio-políticas, além de permitir a reflexão educacional no campo recepção literária e da

formação de leitores. Isso ocorreu especialmente na investigação da obra lobatiana, a partir

da qual foi possível ponderar sobre sua natureza caleidoscópica e sobre pontos relacionados

às polêmicas em torno de sua entrada em sala de aula.

Essa investigação apontou enfim para o quanto é imprescindível, necessário e

interessante o estudo das literaturas infantil e juvenil, especialmente, das obras aqui

consideradas.

No caso dos contos de fada, a investigação do discurso mítico, das figuras

arquetípicas, das representações da condição humana e do seu papel no desenvolvimento

emocional do sujeito chega a ser comovente, pois, nessa oportunidade, se dá conta do

quanto os professores da educação infantil estão alheios a esse conhecimento. Ele

raramente é promovido. Nem mesmo os cursos de Pedagogia lhe dão o espaço necessário.

Ilustra isso o fato de que, quando o ESTALE começou a propagar esse conhecimento no

Campus da UESB/Jequié, era frequente o seguinte comentário: _Os contos de fada são

Page 12: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

12

muito violentos!!! _Como podem ser lidos por/para crianças!? Foi preciso socializar muito

os saberes da psicanálise para vencer esse preconceito que rondava o Programa Estação da

Leitura. Na mesma direção desse desconhecimento, na apresentação dos resultados desse

estudo, no XII Painel sobre o Insólito, na UERJ/RJ, em março de 2013, ainda foi possível notar

a perplexidade, a surpresa da maioria dos presentes, diante das reflexões sobre a relação

das crianças/leitoras com os arquétipos da bruxa, da madrasta e da mãe representados nos

contos de fadas tradicionais e modernos... Além dessa carência de informações, também

contribuiu para a decisão de incluir essa literatura como objeto de revisão, nessa proposta

de estudos, a boa aceitação do trabalho Reading Station: experiments with fairy tales in the

countryside of the brazilian northest, no The Grimm Brothers Congress, em Lisboa, no ano

de 2012, no qual foram relatados e discutidos 11 experimentos com contos de fada

realizados no período de 2004 a 2007, em Jequié/BA e região. Essa boa aceitação motivou o

desejo de aprofundar esses estudos.

Já, no caso da literatura lobatiana, é relevante considerá-la porque, além de todas

as polêmicas que sempre a envolveram e evolvem através do tempo, as investigações sobre

a mesma, de modo geral e lamentavelmente, ocorrem segundo um procedimento

sinedóquico (uma parte passando a valer pelo todo). Esse procedimento acaba resultando

em recortes de conjuntos de teses ou de antíteses, segundo as melhores conveniências do

momento, feitos de modo precário em uma obra de natureza dialética e de formato

caleidoscópico. Vale considerar, nessa direção, que Lobato, além de conceber o Sítio do

Picapau Amarelo, é autor de uma vasta obra - ensaios, entrevistas, artigos, crônicas,

conferências, prefácios, cartas, contos, um romance... - na qual, várias vozes se falam,

defendendo múltiplas visões do mundo e tratando ironicamente uma impensável

diversidade de temas...

A obra polifônica, inscrita entre a tradição e a modernidade, com prenúncios de ir

muito além do seu tempo, foi estudada, neste trabalho, como poderosa aliada na formação

do leitor competente – informado, curioso, produtor de sentido e crítico. Por último, o

recorte para essa pesquisa privilegiou Lobato, também por ser ele o autor de uma literatura

clássica, mas atual e nominar um dos grupos de estudos do Programa Estação da Leitura,

desenvolvido sob minha orientação no Centro de Estudos da Leitura – CEL, na Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB: o GPEL – Grupo de Pesquisa e Extensão em Lobato...

Page 13: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

13

A investigação se deu sempre no sentido de contribuir para o avanço das pesquisas

no campo das literaturas infantil e juvenil e seu papel na formação de leitores. Além disso,

foi proposto um estudo específico de algumas obras: contos de fada, livros lobatianos, livros

teóricos, sendo um sobre a vida e obra de lobato e outro sobre o ensino da leitura. Essas

leituras teóricas foram postas em diálogo como outras feitas anteriormente desde que o

Projeto No Reino da Imaginação... foi concebido – ano de 2002.

Os contos de fada postos em questão foram: os contos tradicionais A Bela

Adormecida, Branca de Neve, João e Maria e Rapunzel (Irmãos Grimm); Cinderela ou A

Gata Borralheira (Charles Perrault), além dos contos modernos O livro mágico da Bruxinha

Nicolau (Rita Espeschit), As Memórias da Bruxa Onilda e As férias da Bruxa Onilda (Larreula

& Capdevila), Uxa, ora fada, ora bruxa (Sylvia Orthof), A bruxinha que era boa (Maria Clara

Machado). Esse estudo resultou no artigo A desconstrução do medo de bruxa na literatura

infantil contemporânea (item II - 4.3.1 deste relatório).

Também para atender ao propósito de subsidiar o debate em que este estudo se

inscreve, a maior parte da obra de Lobato foi levada em conta. Os livros O Presidente Negro,

Reinações de Narizinho, Gramática da Emília foram resenhados para fins de publicação

eletrônica, sendo que o primeiro deles foi objeto de discussão em banca examinadora de

dissertação de mestrado na UNB (Parecer S/Nº, no item I – 1.1 deste Relatório). Cartas de

Amor, Negrinha e Cidades Mortas junto com todos os livros da saga do Sítio do Picapau

Amarelo foram objeto de debate no curso de Pós da Uneb/Ipiaú-BA, gerando resumos,

subprojetos de oficinas/experimentos, relatórios de experiência e material para publicações

futuras. Nessa ocasião, o estudo dessas obras levantou reflexão, considerando questões

raciais, pedagógicas, literárias, intertextuais, psicanalíticas; identificou traços de

antropofagia/intertextualidade; aproximou o diálogo entre literatura, educação, ciência, arte

e cultura.

Quanto aos procedimentos metodológicos, iniciaram-se com leituras prospectivas de

textos selecionados segundo os objetivos do projeto proposto: Bettelheim e Leloup no que

tange à psicanálise; Novaes Coelho, Vasconcelos, Góes no que se refere à Teoria e História

da Literatura Infantil e aos Contos de Fadas, especialmente; Grimm, Perrault e autores de

contos contemporâneos foram objeto de reconsideração; Lajolo, Yunes, Zilberman,

Cavalheiro, Matos subsidiaram as revisões de estudos sobre Lobato e suas obras; teóricos

como Barthes, Silva, Zilberman, Alves, Lajolo, Orlandi, Geraldi, Smith e Yunes , entre outros,

Page 14: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

14

fundamentaram as discussões sobre leitura, literatura e seu ensino nas escolas... além de

releituras no campo da recepção e produção de sentido ( Jauss, Iser...). Dessas leituras, o

livro A Produção da Leitura na Escola: pesquisas e propostas de Ezequiel Theodoro da Silva

foi resenhado para publicação no site da Cátedra e Monteiro Lobato: um brasileiro sob

medida de Marisa Lajolo foi resumido para publicação no site do CEL/UESB.

Foram realizadas leituras investigativas, propriamente ditas, dos livros acima citados,

identificando e destacando passagens significativas para o estudo em tela, avaliando a

pertinência ou não de verdades estabelecidas, por exemplo, sobre Lobato e suas obras ou

pontuando diálogos possíveis entre o referencial teórico e as obras investigadas.

Nos 6 (seis) meses de licença sabática, foram feitos o levantamento de dados e seus

compartilhamentos, confrontos, debates, discussões em um curso de especialização e em

uma banca de mestrado, além de apresentação de comunicações em evento e publicações

eletrônicas..

O projeto foi desenvolvido no espaço da Cátedra de Leitura Unesco PUC/Rio, no

Centro de Estudos da Leitura – CEL/UESB – Jequié/BA, em escolas da região de Ipiaú/BA.

Além desses espaços, as discussões da pesquisa se estenderam também em uma banca de

mestrado na UNB, em Brasília/DF, em um curso de especialização no Campus XXI da UNEB

em Ipiaú/BA e em um evento na UERJ no Rio de Janeiro/RJ – oportunidades em que foram

debatidas as questões da pesquisa, como: racismo, pedagogia lúdica e criticidade em Lobato

ou o medo nos contos de fadas.

O projeto resultou em resenhas, resumos, artigos, publicações eletrônicas, 26

projetos/relatórios de oficinas de leitura da obra lobatiana aplicadas em escolas de Ipiaú/BA

e região. Além disso, os conhecimentos produzidos serão utilizados também na avaliação de

mais uma dissertação de mestrado sobre a literatura Infanto-juvenil de Lobato (Sítios de

Memórias: Histórias e Narradores de Monteiro Lobato, de autoria de Jenniffer Souto

Miranda) cujo exame será no dia 26 de agosto de 2013, na UEFS, em Feira de Santana/BA...

Page 15: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

15

II – NO TAPETE MÁGICO DO CONHECIMENTO: UM VOO DE ATIVIDADES...

Após sucessivas leituras de (...) do romance O Presidente Negro acabei recompondo a minha admiração por Lobato que, (...), faz um dramático e realista libelo contra o racismo, os preconceitos e a violência. Teócrito

Abritta

Esta sessão deste Relatório registra as atividades envolvendo uma participação em banca,

uma participação em evento (como Coordenadora de Simpósio e Expositora), a ministração

de disciplina em curso de pós-graduação e a produção de material para publicação, segundo

roteiro de trabalho estabelecido com a Interlocutora, Profa. Dra. Eliana Yunes, e conforme se

vê abaixo:

1- NO REINO DAS ÁGUAS CLARAS: uma participação em banca...

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DECANATO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA INSTITUTO DE LETRAS DEPARTAMENTO DE TEORIA LITERÁRIALITERATURAS PÓS-LIT – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA 23 de novembro de 2012

BANCA EXAMINADORA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Título da Dissertação: A Estética Lobatiana em ‘O Presidente Negro’: ações e recepções

Mestranda: Miriam Mônaco Mota

Integrantes da Banca: Profª Drª Hilda Orquídea Hartmann Lontra –TEL/ UnB (Orientadora)

Profª Drª Rita de Cassia Pereira dos Santos – TEL/UnB

Profª Drª Maria Afonsina Ferreira Matos – CEL/UESB

Profª Drª Vilma Reche Correa – LIP/UnB (Suplente)

Local: Instituto Central de Ciências, Ala Centro, sala 316

Horário: 15h

1.1 - Parecer S\Nº

ASSUNTO: Defesa da Dissertação de Mestrado intitulada A Estética Lobateana em “O

Presiente Negro”: Ações e Recepções, de autoria da Mestranda Miriam Mônaco

Mota e orientada pela Profª Drª Hilda Orquídea Hartmann Lontra

Page 16: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

16

LOCAL: UNB – BRASÍLIA\DF

DATA: 23\11\2012

PARECERISTA: PROFª PhD. MARIA AFONSINA FERREIRA MATOS – CEL\UESB-BA

Primeiramente, quero externar meus agradecimentos:

- a Deus que nos reuniu para um trabalho saudável...

- à UNB, ao Programa de Pós-Graduação em Literatura, que viabilizaram minha presença aqui;

- à Profª Dra. Hilda Lontra (essa incansável guerreira), que me fez o convite e garantiu minha participação nesse momento;

- à Miriam Mota, por ter me oportunizado uma ler um texto inteligente, interessante...

Quero também iniciar este parecer, explicitando que, nessa situação discursiva de defesa de

dissertação - já que defesa pressupõe ataque – meu lugar de fala é o de uma voz marcada

pela inquietação. A inquietação do avaliador...

Nesse sentido, me conforto nas palavras de Walter Benjamin – em Rua de mão única.São

Paulo: Brasiliense.1995, p.14 - para quem convencer é infrutífero... e todo contraponto não

é contraposição, mas apenas uma outra fala sobre o mesmo tema. Pensar em termos

benjaminianos me parece salutar e necessário, numa ocasião avaliativa como essa, em que a

fogueira das vaidades pode se acender e queimar as possibilidades de uma reflexão

produtiva... Nessas ocasiões, na guerra de egos do universo acadêmico, tendemos a procurar

no outro um espelho e, não raro, tentamos ajustar a produção alheia ao nosso horizonte de

expectativas e práticas... Nesse sentido, nesse lugar de poder, meu esforço é o de me

policiar no intuito de oferecer uma contribuição a esse teatro de ideias, sem pretender

assumir a direção da cena e, perseguindo o exercício da inteligibilidade não concludente das

coisas, para manter o desejo de continuar conversando e alimentar o pensamento..., como

queria Benjamin.

É, assim, tentando respeitar a vontade exposta nesse trabalho acadêmico, que eu aqui

compareço para avaliar essa dissertação, sem querer que ela sirva aos meus desejos, mas

antes que os mantenha acesos, iluminados pelo efêmero insight das verdades...

O Que então essa dissertação me apresenta?

Page 17: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

17

1- um texto bem escrito e substancial: Miriam organizou uma dissertação por onde falam

imagens, palavras suas e de outrem, vozes de e sobre Monteiro Lobato – algumas delas

contrastantes. O seu texto mescla o texto lobatiano com suas múltiplas falas, suas próprias

reflexões (da autora), os fundamentos teóricos, as informações históricas e as opiniões de

diferentes leitores;

2- sua escrita é clara, bem estruturada, o que autoriza uma leitura fluente e agradável.

Entretanto, ainda requer alguma revisão de digitação (por exemplo, no penúltimo parágrafo

das páginas 28 e 29 e penúltima linha do único parágrafo da página 90, onde há questões de

concordância ou letra sobrando); estruturação de um ou outro parágrafo (como nos dois

primeiros parágrafos da página 29) e, nas Referências Bibliográficas: há repetição completa

de A Barca de Gleyre.

3- o seu conteúdo revela:

- que houve leitura cuidadosa da obra em estudo e do que gravita em torno dela: outras

obras do mesmo autor, depoimentos históricos na forma de documento escrito ou de

imagens...

-as epígrafes foram benjaminianamente escolhidas. Elas ajudam a dizer o texto...

- nos pressupostos teóricos fundamentais (pp. 13-15), a autora explicita o lugar de onde vai

falar, destacando as premissas que orientam sua postura analítica...

- o referencial teórico (à luz dos estudos recepcionais) está apropriado para as discussões

em questão e Miriam foi objetiva, tanto na apresentação desses referenciais, quanto na

aplicação dos mesmos ao seu objeto de estudo... Ela recorre aos autores que tratam

especificamente o texto como objeto relacional (Jauss, Iser) e a outros que reforçam o que

tem a dizer (Platão, Kant, Nietzsche, Gadamer, Heidegger, Benjamin e Bakhtin). Miriam faz o

exercício de apropriação desses autores para colocá-los a serviço do seu texto, atualizando-

os com propriedade...

- no que se refere às informações gerais sobre a biografia lobatiana, Miriam fez um passeio

tranqüilo pelo já dito sobre a mesma. Entretanto, no segundo parágrafo da página 33, há

uma pequena correção a fazer: embora haja quem afirme que o bairro de Salvador\BA, onde

jorrou o primeiro poço de Petróleo brasileiro, tenha recebido o nome de Lobato em

Page 18: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

18

homenagem ao escritor, essa informação não procede. Na verdade, houve aí uma grande

coincidência (que mais parece ironia do destino na vida de um autor tão irônico). Na década

de 30, esse bairro era uma fazenda que pertencia a um senhor chamado Francisco Rodrigues

Lobato, que nenhum parentesco tinha com o escritor. Daí o nome do poço e a coincidência.

Ainda, na página 33 (penúltimo parágrafo), observo que o comentário sobre O Sítio do

Picapau Amarelo, aparece entre duas informações cronológicas que dão a impressão de que

sua obra infantojuvenil foi escrita entre 1943 e 1945. Creio que valha a pena, nesse

momento, situar o tempo de produção dessa obra que se iniciou em 1920, com o álbum A

menina do narizinho arrebitado, já que os outros fatos relatados aparecem datados

cronologicamente. Ainda que, no decorrer do texto, isso venha a se esclarecer nos

comentários posteriores sobre as obras.

- No que se refere ao comentário das obras, atenta aos pressupostos recepcionais, Miriam

situa a obra\objeto de estudo entre as demais obras lobatianas:

*assim, o comentário das obras de temática adulta foi feito com propriedade e objetividade,

além do cuidado que a autora teve de citar até obras pouco conhecidas (como O Garimpeiro

do Rio das Garças) e edições e reedições de outras, a exemplo de Urupês;

*já o comentário das obras infantojuvenis, em alguns momentos, se limita a listar os livros

cronologicamente. Sem querer impor meu ponto de vista, creio que aqui valeria um

comentário geral do conteúdo fabuloso das obras em geral com destaque para algumas

obras que podem transitar entre os dois universos (a ex. de O Minotauro, Os doze trabalhos

de Hércules, O Poço do Visconde, A chave do Tamanho) ou discorrer sobre aspectos dessas

obras que dialogam com os temas de OPN, como por exemplo: as diegeses em O Minotauro,

em Os Doze trabalhos de Hércules; uma relação do pó de pirlimpipim com o porviroscópio...

talvez... Ainda, nesse comentário, chamo a atenção para o fato de que, nas páginas 41 e 44,

Miriam fala da obra infanto em 17 volumes e 22 títulos, respectivamente. A meu ver, é

preciso deixar clara que edição é essa, pois há edições de até 24 volumes, mesmo que nas

referências esteja citada uma edição de 1952. A propósito do comentário da página 44 sobre

a preterição da obra lobateana pelas novas gerações, devo ressaltar que nossas pesquisas no

Centro de Estudos da leitura – CEL\UESB têm certificado um interesse e gosto de crianças e

jovens pela leitura do texto lobatiano. Com uma mediação planejada, que inclui até a

Page 19: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

19

construção de referências, quando necessário, crianças e jovens têm se tornado co-autores

do Sítio e de Obras de temática adulta, a exemplo de Negrinha.

- no estudo específico de OPN:

* também atenta às orientações recepcionais, Miriam, contextualiza a obra no tempo

histórico de sua produção e nos acontecimentos biográficos de seu autor à sua gênese,

dialogando, para tanto, com o biógrafo mais detalhista da vida lobatiana (Edgard Cavalheiro)

e com seu principal interlocutor por quarenta anos, Godofredo Rangel...

*ao focalizar a narrativa, Miriam deu voz efetiva à obra OPN, apresentou bem as idéias

relacionadas aos espaços diegéticos, discorreu sobre questões fundamentais do texto e foi,

neste e em outros momentos da sua dissertação, precisa na pontuação da ironia lobatiana,

ainda que, a meu ver, pudesse ter explorado mais esse recurso literário, enquanto forma de

afirmar para negar ou negar para afirmar – o que, diga-se de passagem, é marca registrada

em Lobato. Para trabalhos futuros, Miriam, recomendo atenção a essa possibilidade aliada

ao estudo do discurso dialético em Lobato que, mesmo sem explicitar, você deixou o texto

lobatiano teatralizar através das citações escolhidas... Pense nisso, se for continuar a

pesquisa, pois a ironia e o discurso dialético são armadilhas do texto lobatiano nas quais os

leitores desavisados se escorregam e fatalmente caem...

- na análise da Recepção de OPN, Miriam, deu voz e vez a estudos, textos de formadores de

opinião e depoimentos de pessoas comuns, o que enriqueceu por demais o seu trabalho

com falas dissonantes ou convergentes no todo ou em parte...

4- Ao final do seu trabalho, gostei de ver a (in)conclusão da página 110 ( último parágrafo),

e gostei de ter lido um texto que não elegeu determinadas passagens de uma obra para

servir a fins pré-estabelecidos. Você, muito bem orientada pela Profa. Dra. Hilda, fez o

contrário, foi caminhando junto com a obra, dizendo o que ela lhe permitia dize a partir dos

diferentes diálogos que travou com seus parceiros de caminhada: dos teóricos aos

pesquisados, dos textos aos contextos...

Este é o parecer, no momento...

Page 20: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

20

2 – NO BOSQUE ENCANTADO DA PESQUISA: uma participação em evento...

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE LETRAS

XII Painel Reflexões sobre o insólito na narrativa ficcional, IV Encontro Regional

O Insólito como Questão na Narrativa Ficcional, VI Fórum de Estudos em Língua

Inglesa, realizado no período de 25 a 27 de março de 2013, no Campus da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sob o tema: As Arquiteturas

do Medo e o Insólito Ficcional.

(http://www.sepel.uerj.br/xii-painel-reflexoes-sobre-o-insolito )

2.1 – Simpósio Coordenado: A Literatura Infantil e Juvenil e as Práticas de Mediação

Literária: Diálogos com a Temática do Medo.

Sessão 2 LIDIL 3

Segunda-feira, 25 de março, das 14:45 às 16:15

Coordenação: Maria Afonsina Ferreira Matos - UESB

Maria Afonsina Ferreira Matos - UESB

A desconstrução do medo de bruxa na literatura contemporânea

Maria Laura Pozzobon Spengler - UFSC

Medo de quê você tem? - Possibilidades de leitura e mediação literária de temas amedrontadores nos livros de

literatura infantil

http://www.dialogarts.uerj.br/arquivos/[4]Caderno_resumo_XII_Painel_2013_final.pdf

2.2 - Resumo da Comunicação Publicado

Maria Afonsina Ferreira Matos.

UESB

A desconstrução do medo de bruxa na literatura contemporânea

Este estudo se inicia apresentando considerações gerais sobre a imagem da bruxa nos contos de fadas

tradicionais em contraponto com a imagem da bruxa nos contos contemporâneos. Na sequência, dialoga com

Leloup(2001) e Bettelheim(2000) sobre o medo da bruxa: suas representações, seus símbolos e significado

social; discorre sobre a origem desse intrigante personagem, evidenciando o maniqueísmo de sua

representação tradicional e sua vinculação com o feminino em vários contos. Por fim, descreve as novas bruxas

da literatura contemporânea, em obras como: O livro mágico da bruxinha Nicolau, A bruxinha que era boa, A

bruxinha Ângela, Uxa – ora fada, ora bruxa e As memórias da bruxa Onilda. Conclui-se verificando a

importância do contato com as diferentes representações de bruxa na formação emocional da criança.

http://www.dialogarts.uerj.br/arquivos/[4]Caderno_resumo_XII_Painel_2013_final.pdf

Page 21: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

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3- REINAÇÕES NO PICAPAU AMARELO: uma disciplina em curso de pós-graduação...

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

CAMPUS XXI – IPIAÚ\BA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LITERATURA E LINGUAGENS: O TEXTO

INFANTO-JUVENIL

22 a 26 de abril de 2013

3.1 – Serões De Dona Benta na Disciplina: A Literatura Infanto-juvenil de Monteiro Lobato...

A Oficina: “A Chave do tamanho: abrindo as portas da imaginação”, promoveu a análise crítica sobre o papel da leitura e da produção literária infanto-juvenil, especialmente a obra lobateana, bem como contribuiu para a formação dos educadores com relação as prática de ensino e leitura na sala de aula. Nara Silva de Oliveira, em: A Chave do tamanho: abrindo as portas da imaginação.

Com carga horário de 45h\a, essa disciplina possibilitou a professores da Educação Básica a

construção de um conhecimento profícuo sobre a vida e a obra lobatiana e, por isso mesmo

se constituiu numa oportunidade rara, já que nossas pesquisas diagnósticas revelam um

desconhecimento brutal dessa obra por parte do corpo docente em efetivo exercício nas

escolas de I e II graus da Bahia.

Na licença sabática em questão, as atividades relacionadas à ministração dessa disciplina

envolveram planejamento, ministração de aulas em que aconteceram os debates profícuos

sobre a obra lobatiana, além da produção de resumos de boa parte de suas obras, produção

de subprojetos de pesquisa de campo e relatórios dessas experiências com os textos de

Monteiro Lobato, conforme se verifica a seguir:

3.1.1 - Plano de Viagem a Bordo Do Beija-Flor Das Ondas...

Ementa: Uma viagem ao universo da Literatura Infanto-juvenil lobatiana: o ficcional e o

didático, a fantasia e a realidade no Sitio do Picapau Amarelo. As representações culturais,

Page 22: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

22

os personagens, a linguagem política. O conhecimento na República de Lobato: a gramática,

a mitologia, a história... o saber e a imaginação.

Objetivos:

Geral: Promover o conhecimento da literatura de Monteiro Lobato e a reflexão sobre seu

papel na formação de leitores competentes.

Específicos:

Oportunizar o conhecimento sobre a relação vida e obra de Lobato;

Discutir a interface entre o ficcional e o didático no Sítio;

Refletir obre o diálogo fantasia/realidade no texto lobatiano;

Debater o conteúdo ideológico do Picapau Amarelo;

Focalizar representações culturais, o lugar dos personagens e a linguagem política dos textos

picapaus;

Produzir conhecimento sobre os saberes no Sítio;

Refletir sobre as possíveis práticas de leitura do sítio nos espaços de educação formal.

3.1.2 - Emília no País das Leituras, Produção de Resenhas/ Resumos partilhados e

discutidos em Sala de Aula...

Os pós-graduandos leram previamente obra(s) indicada(s) para cada um. Feita a leitura,

elaboraram um resumo da mesma para apresentar, por escrito e oralmente, na sala de aula,

em 30 min., sendo 10 minutos reservado para o levantamento de questões pelos presentes.

As produções escritas daí obtidas deverão ser publicados em Caderno de Resumos no site

www.celeitura.com.br Assim, foram distribuídas as leituras, resumidas e debatidas as obras

conforme indicado abaixo:

Abraão Augusto da Silva Santos – Reinações de Narizinho

Adeline Gomes da Silva – Fábulas

Ana Maria Silva de Macedo – Aritmética da Emília

Davi Carvalho Porto – Os Doze trabalhos de Hércules

Diego Maradona da Hora Mendes – Memórias da Emília

Eliene Matos Marambaia – A Reforma da Natureza

Elma Santos Souza – O Poço do Visconde

Fernanda Lima Vieira – Peter Pan

Franciele Silva Santos – Emília no País da Gramática

Gilmara Lisboa da Silva – A História do Mundo para Crianças

Page 23: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

23

Izael Oliveira Muniz – O Picapau Amarelo

Jeane Borges dos Santos – Geografia de D. Benta

Joilton Cardozo Alves– Biografias: Monteiro Lobato (Coleção Crianças Famosas) Editora

Callis, Autoras: Nereide S. Santana Rosa e Mica Ribeiro. Biografias Brasileiras: Monteiro

Lobato, Autora Nereide S. Santana Rosa. Editora Callis

Jorge Luiz Barreto Pinto – Histórias Diversas

Lorena Silva Santana – D. Quixote das Crianças

Lucielma Lopes de Oliveira – Viagem ao Céu

Manuela Porto Santos – Histórias das Invenções

Marta Tamandaré da Silva – Caçadas de Pedrinho

Nara silva de Oliveira _ A Chave do Tamanho

Paula Amâncio dos santos – O Saci

Raimário Bonfim Panta – Serões de D. Benta

Rita de Cássia de Souza Moreira – Hans Staden

Robério dos Santos Souza – Negrinha

Suzane Reis Bonfim – Cidades Mortas

Tissiane Amâncio dos Santos – O Minotauro

Uilma dos Santos Ramos – Cartas de Amor

3.1.3 – Roteiro de Aventuras Teórico/Literárias...

Durante a disciplina, foram trabalhados, por meio de apresentações orais, palestras, conferência,

leituras partilhadas, debates etc, temas relacionados à biografia, às obras do escritor em questão

e uma extensa bibliografia que discute suas obras e práticas de leitura das mesmas, como se vê a

seguir:

22-04-2013

Manhã: Tema - Vida e obras de Monteiro Lobato

Exposição (por Joilton Cardozo Alves) do Resumo das obras:

-RIBEIRO, M & ROSA, N. S. S. Monteiro Lobato. (Coleção Crianças Famosas). 1ª Ed. São Paulo: Callis, 1999 e ROSA, N. S.S. Biografias Brasileiras: Monteiro Lobato. 2ª Ed. São Paulo: Callis, 1999.

Leitura e discussão dos textos: Cronologia biográfica de Monteiro Lobato e Lobato que saudades você nos faz, de Maria Afonsina Ferreira Matos.

Page 24: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

24

Tarde: Tema – A vida e as obras adultas de Monteiro Lobato

- Construção da Linha do Tempo de Monteiro Lobato

- Exposição: As obras ‘adultas’ de Monteiro Lobato (Maria Afonsina Ferreira Matos)

Apresentação dos Resumos: Negrinha (Robério dos Santos Souza); Cidades Mortas (Suzane Reis Bonfim); Cartas de amor (Uilma dos Santos Ramos);

Comentários sobre o livro O Presidente Negro (Maria Afonsina Ferreira Matos);

Leitura e discussão dos textos: Sujeito e Ideologia em Jeca e seu filho preto, de Miriam Ramos dos Santos e Aline Garcia Santos; Monteiro Lobato: o Andersen desta terra, de Lino de Albergaria.

23-04-2013

Manhã: Tema: Na ficção lobatiana

- Exposição: As Obras Infanto-juvenis de Monteiro Lobato (Maria Afonsina F. Matos).

Apresentação dos resumos: Reinações de Narizinho (Abraão Augusto da Silva Santos); Peter Pan (Fernanda Lima Vieira); O Picapau Amarelo (Izael Oliveira Muniz); A Reforma da Natureza (Eliene Matos Marambaia); D. Quixote das Crianças (Lorena da Silva de Santana); Caçadas de Pedrinho (Marta Tamandaré da Silva);

- Leitura e discussão dos textos Hans Christian Andersen e Monteiro Lobato, de Silza Bignotto; Lobato no país da infância, de Maria Cristina Soares de Gouveia; Monteiro Lobato e a aventura do imaginário, de Regina Zilberman, Peter Pan para as crianças brasileiras: a adaptação de Monteiro Lobato para a obra de James Barrie, de Gabriela Hardtke Böhm; Reinações de Narizinho: Leitores e leituras, de Maria Augusta Hermengarda W. Ribeiro; Adaptações de clássicos: a proposta lobatiana, de Amaya Prado, O Não Preconceito na Obra Caçadas de Pedrinho (Letícia Schuler Gonçalves).

Tarde: Tema - Culturas no Sítio

- Palestra: A cultura Popular no Sítio do Picapau Amarelo (Maria Afonsina F. Matos)

Apresentação dos resumos: Fábulas (Adeline Gomes da Silva); O Saci (Paula Amâncio dos Santos);

Comentários sobre o livro: Histórias de Tia Nastácia (Maria Afonsina Ferreira Matos);

- Conferência: O Insólito no Sítio do Picapau Amarelo - o jogo com a cultura clássica (Maria Afonsina Ferreira Matos)

Apresentação dos resumos: Os Doze trabalhos de Hércules (Davi Carvalho Porto); O Minotauro (Tissiane Amâncio dos Santos); Histórias Diversas (Jorge Luiz Barreto Pinto)

24-04-2013

Manhã: Tema: História e Realismo no Sítio

Page 25: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

25

- Leitura e Discussão dos textos: A Maior Reinação de Emília, de Angelina M. F. Castro; Criando através da atualização: Fábulas de Monteiro Lobato, de Míriam G. P. Pallotta; Manifestações do Realismo no Sítio do Picapau Amarelo, de Eliana Yunes;

Apresentação dos resumos: O Poço do Visconde (Elma Santos Souza); A História do Mundo para Crianças (Gilmara Lisboa da Silva); História das Invenções (Manuela Porto Santos); A Chave do Tamanho (Nara Silva de Oliveira); Memórias da Emília (Diego Maradona da Hora Mendes); Hans Staden (Rita de Cássia de Souza Moreira).

Tarde: Tema – Lobato e a Educação

- Palestra: A Educação na República de Lobato (Maria Afonsina Ferreira Matos).

Apresentação dos resumos: Aritmética da Emília (Ana Maria Silva de Macedo); Emília no país da Gramática (Franciele Silva Santos); Geografia de D. Benta (Jeane Borges dos Santos); Viagem ao céu (Lucielma Lopes de Oliveira); Serões de D. Benta (Raimário Bomfim Panta)

- Leitura Compartilhada dos textos: Monteiro Lobato: um sítio de aventuras, de Maria Afonsina Ferreira Matos & Elâne Francisca de Souza; Emília no país da Gramática: Análise do Ensino\Aprendizagem de Conteúdos Gramaticais sob a ótica de Monteiro Lobato, de Davi Porto e outros.

25-04-2013

Manhã: Tema - O Sítio e Mulher

- Leitura e Discussão dos textos: Monteiro Lobato: o escritor da Criança, de Bárbara Vasconcelos; Sítio do Picapau Amarelo, de Edgard Cavalheiro

- Exposição: As Representações da Mulher em Monteiro Lobato (Maria Afonsina F. Matos)

- Leitura Compartilhada do texto: O Feminino na Literatura Infantil de Monteiro Lobato, de Eliane Santana Dias Debus

- Exposição das capas dos livros de Lobato no pátio do Campus XXI da UNEB/Ipiaú/BA.

Tarde: Tema – Atividades Práticas

- Elaboração de um subprojeto de oficina/experimento (da obra lida) para posterior aplicação e elaboração de um catálogo.

26-04-2013

Manhã: Tema – Práticas de Leitura da Obra Lobatiana

- Revisão dos subprojetos de oficinas (de uma obra lobatiana)

- Leitura e Discussão dos textos: Emília vai à Escola: práticas Leitoras da Obra Lobateana, de Elâne Francisca de Souza e outros; Emília vai à Escola: experimentos com a literatura Infanto-juvenil de Monteiro Lobato, de Maria Afonsina Ferreira Matos & Davi Carvalho Porto; Memórias de leitura: na terceira margem da academia, de Maria Afonsina Ferreira Matos; O Hércules de Lobato: no conto e encanto de uma história mitológica, de Maria Afonsina Ferreira Matos e Mara Rúbia Souza Machado;

Page 26: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

26

Tarde: Tema – Leituras e Leituras de Lobato

- Leitura e Discussão dos textos: Projeto de Extensão do GPEL: Lobato novamente na sala de aula, de Maria Afonsina Ferreira Matos e outros; Projeto Emília vai à Escola: um estudo sobre as condições de práticas de leitura da obra lobateana no ensino fundamental, de Davi Carvalho Porto e outros; Leitores de Lobato no Mato Grosso do Sul, de José Batista de Sales; Lendo e Relendo Lobato: programa de incentivo à leitura no médio Rio de Contas, de Davi Carvalho Porto e outros; Carta aberta à Comunidade Acadêmica, de Maria Afonsina Ferreira Matos

- Produção de Depoimentos pelos pós-graduandos: O que ficou de Lobato para você?

3.1.4 – Expedições Lobatianas: subprojetos de pesquisa de campo...

Após as leituras prévias indicadas no item 3.1.2 acima, os pós-graduandos, na qualidade de

pesquisadores voluntários, produziram um plano preliminar de um experimento/oficina

(com a obra lida) para ser discutido e finalizado em sala de aula. Esse plano preliminar

resultou em subprojeto aplicado posteriormente como atividade de campo integrada à

pesquisa do Projeto No Reino da Imaginação: experimentos com Literaturas Infantil e

Juvenil. Esses subprojetos deverão ser publicados em um Catálogo no site

www.celeitura.com.br e os Relatórios daí resultantes e elencados abaixo estão disponíveis

para consulta no Centro de Estudos da Leitura – CEL/UESB, além de constar nos arquivos da

Pós-graduação da UNEB.

-Subprojeto: Um Passeio pelo Sítio do Picapau Amarelo: no Reino das Águas Claras

Pesquisador: Abraão Augusto da Silva Santos

Experimento realizado com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II, Centro

Educacional Leur Lomanto, no distrito de Itaibó – Jequié/BA

-Subprojeto: Reescrevendo Fábulas

Pesquisadora: Adeline Gomes da Silva

Experimento realizado com alunos do 1º ano do Ensino Médio noturno, Colégio Estadual

Professor Fábio Araripe Goulart / Ilhéus- BA

- Subprojeto: Um pouco de Lobato: Aritmética da Emília

Pesquisadora: Ana Maria Silva de Macedo

Oficina realizada com professores do Ensino Fundamental I, Grupo Escolar Luís Viana Filho,

em Ibirapitanga/BA

-Subprojeto: Uma aventura mitológica: os doze trabalhos de Hércules

Pesquisador: Davi Carvalho Porto

Page 27: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

27

Experimento realizado com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental I, Ginásio Municipal

Dr. Celi de Freitas, em Jequié/BA

- Subprojeto: Se Emília pode, também posso: escrevendo minhas memórias

Pesquisador: Diego Maradona da Hora Mendes

Experimento realizado com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II, Colégio Estadual

Clemente Mariani, no distrito de Ibiaçu – Maraú/BA

-Subprojeto: Uma Viagem à Literatura Infantil de Monteiro Lobato

Pesquisadora: Eliene Matos Marambaia

Experimento realizado com alunos do 4º ano B do Ensino Fundamental I, E. M. Tertulina

Pereira Andrade, em Ipiaú/BA

-Subprojeto: O Poço do Visconde vai à Escola

Pesquisadora: Elma Santos Souza

Experimento realizado com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, Colégio Municipal

José Firmino da Silva, em Ibirataia/BA

-Subprojeto: Peter Pan: uma proposta de incentivo à leitura

Pesquisadora: Fernanda Lima Vieira

Experimento realizado com alunos do 5º ano, Colégio Municipal Maria Aurélia, em Dário

Meira/BA

-Subprojeto: O Universo Infantil em Emília no País da Gramática

Pesquisadora: Franciele Silva Santos

Experimento realizado com alunos do 5º ano da Escola Balão Mágico, em Jequié/BA

-Subprojeto: Vivendo Lobato

Pesquisadora: Gilmara Lisboa da Silva

Experimento realizado com alunos do 7º ano (turno matutino), Escola Municipal Maria

José Lessa de Moraes, em Ipiaú/BA

-Subprojeto: Rumo ao Pica pau Amarelo

Pesquisador: Izael Oliveira Muniz

Experimento realizado com alunos do 3º ano do Fundamental I, Escola Municipal Italva

Myrthes Bitencourt, em Ipiaú/BA

- Subprojeto: Do Local ao Global: uma volta ao mundo com a obra ‘Geografia de Dona

Benta’

Pesquisadora: Jeane Borges dos Santos

Experimento realizado com alunos do 7º ano do Fundamental II, Escola Municipal Alcides

Filinto Magnavita de Souza, em Boa Nova/BA

Page 28: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

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-Subprojeto: A Pílula Falante de Narizinho

Pesquisdor: Joilton Cardoso Alves

Experimento realizado na Bookafé (Cafeteria, biblioteca e livraria) com alunos do 3º ano do

Fundamental I, Escola Municipal Italva Myrthes Bitencourt, em Ipiaú/BA

-Subprojeto: Histórias Diversas

Pesquisador: Jorge Luiz Barreto Pinto

Experimento realizado com alunos do 3º ano do Fundamental I, Escola Municipal Italva

Myrthes Bitencourt, em Ipiaú/BA

-Subprojeto: Dom Quixote na narrativa lobatiana: um diálogo com as diversas

produções/manifestações artísticas

Pesquisadora: Lorena Silva Santana

Experimento realizado com alunos do 3º ano B, Ensino Médio, Colégio Estadual Almakazyr

Gally Galvão – CEAGG, em Coaraci/BA

-Subprojeto: Viagem ao Céu: um encontro com a leitura

Pesquisadora: Lucielma Lopes de Oliveira

Experimento realizado com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, Escola Municipal

José Mendes de Andrade, em Ipiaú/BA

-Subprojeto: Histórias das Invenções: redescobrindo as invenções humanas

Pesquisadora: Manuela Porto Santos

Experimento realizado com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, Colégio Estadual

Clemente Mariani, em Ibiaçu, distrito de Maraú/BA

Subprojeto: As Aventuras na Floresta com Monteiro Lobato

Pesquisadora: Marta Tamandaré da Silva

Experimento realizado com alunos do 2º ano Infantil, Colégio Academus, em Ipiaú/BA

Subprojeto: ‘A Chave do Tamanho’: abrindo as portas da imaginação

Pesquisadora: Nara silva de Oliveira

Experimento realizado com alunos do 4º ano do Fundamental I, E. M. Agostinho Pinheiro,

em Ipiaú/BA

Subprojeto: Caçada ao Saci

Pesquisadora: Paula Amâncio dos santos

Experimento realizado com alunos do 4º ano do Fundamental I, E. M. Agostinho Pinheiro,

em Ipiaú/BA

Subprojeto: Lobato: como e por que Lê-lo?

Page 29: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

29

Pesquisador: Raimário Bonfim Panta

Experimento realizado com alunos de 8ª séries, Centro Educacional de Ibirapitanga/BA .

-Subprojeto: Conhecendo ‘As Aventuras de Hans Staden’ de Monteiro Lobato

Pesquisadora: Rita de Cássia de Souza Moreira

Experimento realizado com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II, Colégio de

Aplicação Dom Bosco, em Ipiaú/BA.

-Subprojeto: Negrinha: representação e inserção do negro na literatura

Pesquisador: Robério dos Santos Souza

Experimento realizado com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental II, Centro Educacional

de Dário Meira, em Dário Meira/BA

-Subprojeto: O Fígado Indiscreto. Qual é o seu?

Pesquisadora: Suzane Reis Bonfim

Experimento realizado com alunos de 5ª e 6ª séries do Programa Mais Educação, Colégio

Estadual Dr. Milton Santos, em Jequié/BA

-Subprojeto: Despertando o prazer da leitura através da história de Monteiro Lobato

Pesquisadora: Tissiane Amâncio dos Santos

Experimento realizado com alunos do 6º ano do Fundamental II, no Colégio Estadual de

Ipiaú/BA

Subprojeto: Do e-mail de volta à carta: um passeio pela história de amor de Lobato

Pesquisadora: Uilma dos Santos Ramos

Experimento realizado com alunos do 8º e 9º anos do Fundamental II/Noturno, Centro

INTEGRAL DE ENSINO ALTINO COSME CERQUEIRA, EM IPIAÚ/BA

4 – GESTAS DO VISCONDE DE SABUGOSA: produção bibliográfica...

No período da Licença Sabática concernente à revisita de obras literárias e teóricas

para referendar as reflexões em curso, me vesti de Visconde, produzindo, para publicação,

material ( resumos, resenhas, artigos e o Catálogo de Projetos/2013), em parceria com a

assistente voluntária de pesquisa, Gizelen Santana Pinheiro e com integrantes da Equipe

ESTALE, como se segue:

4.1 – Resenhas/ Resumos...

- MATOS, Maria Afonsina Ferreira & PINHEIRO, Gizelen Santana. O Presidente Negro

(Resenha). Disponível em: http://www.celeitura.com.br/ (clicar em Artigos e Publicações).

Page 30: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

30

- MATOS, Maria Afonsina Ferreira & PINHEIRO, Gizelen Santana. A Produção da Leitura na

Escola: pesquisas e propostas. (Resenha) Disponível em: http://www.catedra.puc-

rio.br/portal/sitiodaleitura/pesquisa/biblioteca_tematica/conteudo/?/1230/.html"

- MATOS, Maria Afonsina Ferreira & PINHEIRO, Gizelen Santana. Reinações da Narizinho.

(Resenha). Disponível em: http://www.celeitura.com.br/ (clicar em Artigos e Publicações).

- MATOS, Maria Afonsina Ferreira & PINHEIRO, Gizelen Santana. Monteiro Lobato: um

brasileiro sob medida. (Resumo). Disponível em: http://www.celeitura.com.br/ (clicar em

Artigos e Publicações).

- MATOS, Maria Afonsina Ferreira & PINHEIRO, Gizelen Santana. Gramática da Emília.

(Resenha). Disponível em: http://www.celeitura.com.br/ (clicar em Artigos e Publicações).

4.2 - Catálogo de Projetos/2013...

- Matos, Maria Afonsina Ferreira et. al. Catálogo de Projetos – Estação da Leitura: Pesquisa

Experimental - No Reino da Imaginação: experimentos com Literatura Infantil e Juvenil.

Resumos de 18 projetos de leitura de literatura infantil e juvenil (12 com obras lobatianas e

06 com livros de outros autores) aplicados em 2012-II, em escolas do território de

Jequié/BA. Disponível em: http://www.celeitura.com.br/ (clicar em Artigos e Publicações)

4.3 – Artigos...

-Matos, Maria Afonsina Ferreira et al. O Impacto da Obra Lobatiana em Escolas da Caatinga.

Disponível pelo site: http://www.trabalhosfeitos.com

-Matos, Maria Afonsina Ferreira. A Desconstrução do Medo de Bruxa na Literatura

Contemporânea.

Obs.: O Artigo completo - produzido a partir de estudos realizados anteriormente em

parceria com a discente Jussara Almeida Souza – e apresentado sob a forma de comunicação

com o mesmo nome no SIMPÓSIO: A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL E AS PRÁTICAS DE

MEDIAÇÃO LITERÁRIA: DIÁLOGOS COM A TEMÁTICA DO MEDO. Essa comunicação será

publicada nos Anais XII Painel Reflexões sobre o insólito na narrativa ficcional, IV Encontro

Regional O Insólito como Questão na Narrativa Ficcional, VI Fórum de Estudos em Língua

Inglesa. Rio de Janeiro: UERJ, 2013. (Texto a seguir)

4.3.1 - A Desconstrução do Medo de Bruxa na Literatura Infantil Contemporânea...

Maria Afonsina Ferreira MATOS

Page 31: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

31

RESUMO:

Este estudo se inicia apresentando considerações gerais sobre a imagem da bruxa nos contos de fadas tradicionais em contraponto com a imagem da bruxa nos contos contemporâneos. Na sequência, dialoga com Leloup(2001) e Bettelheim(2000) sobre o medo da bruxa: suas representações, seus símbolos e significado social; discorre sobre a origem desse intrigante personagem, evidenciando o maniqueísmo de sua representação tradicional e sua vinculação com o feminino em vários contos. Por fim, descreve as novas bruxas da literatura contemporânea, em obras como: O livro mágico da bruxinha Nicolau, A bruxinha que era boa, A bruxinha Ângela, Uxa – ora fada, ora bruxa e As memórias da bruxa Onilda. Conclui pela importância do contato com as diferentes representações de bruxa na formação emocional da criança. PALAVRAS CHAVES: Medo; Bruxa; Fada; Contos Tradicionais e Contemporâneos.

ABSTRACT:

This study initiates presenting general considerations about the witch image on traditional fairy tales as opposed to the witch image in contemporary tales. Following, it dialogues witch Leloup (2001) and Bettelheim (2000) about the fear of witch: its representations, symbols and social meaning; discusses the origin of this intriguing character, showing manichaeism from their traditional representation and its linking with the feminine in several tales. Finally, it describes the new witches of contemporary literature, in works such as: The magic book of witch Nicholas, A witch that was good, the witch Angela, Uxa - sometimes fairy, sometimes witch and The memories of Witch Onilda. It concludes with the importance of contact with the different representations of witch in training children's emotional. KEYWORDS: Fear; Witch; Fairy; Traditional and Contemporary Tales.

Considerações Iniciais

Muitos medos a gente tem e outros a gente não tem. Os

medos são como olhos de gato brilhando no escuro.

Roseana Murray

A partir das histórias tradicionais...

Investigando a imagem da bruxa tradicional recorrente no imaginário infantil, verifica-

se que ela é vista como apavorante nas recordações que os adultos de hoje têm de sua

infância. A caracterização física dessa figura fantástica - segundo depoimentos ouvidos em

trabalho de sondagem- auxiliava, e muito, na construção do medo em relação a tal

personagem feminina. Muitas vezes, essa imagem de mulher feia\megera era usada até por

pais como forma de ameaça a fim de intimidar\disciplinar as crianças: havia quem falasse em

chamar a bruxa de João e Maria para impedir os filhos de comer doce fora de hora...; E quem

nunca ouviu a frase “_A cuca te pega”? Também valiam, nesse sentido, a descrição grotesca

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da antropofágica bruxa da floresta e a informação de que a madrasta de Branca de Neve se

enfeia pra se vingar da beleza da enteada...

Colaboraram também muito para essa construção da imagem negativa:

- o crescer ouvindo a descrição da bruxa da história de João e Maria - senhora de feições

grotescas e afeita à antropofagia (era aterrorizante!);

- o estar na escola, sabendo da informação de que a madrasta de Branca de Neve

personificava a maldade de bruxa a fim de castigar a enteada por conta de sua beleza. A bela

senhora se enfeiava ao extremo para atingir a menina\moça no vigor da idade e beleza!...

Assim, associada a essas e tantas outras imagens da mesma linha, surge a designação

‘bruxa’, como sinônimo de mulher feia e megera... Mas, essa é uma história antiga...

Na Atualidade, um contraponto...

Atualmente, nota-se que essa visão de bruxa passou por alguma transformação:

foram criadas bruxas ridículas ou que agem, eventualmente, com bondade ou, por vezes,

portam-se como fadas. Umas são aventureiras, engraçadas; outras são ternas, meigas -

fofinhas com rostinho de criança - o que parece divertir os leitores, desconstruindo, no

imaginário, a representação ameaçadora da maldade:

Diante dessa transformação: “bruxa-feia-malvada” em “bruxa-simpática-bondosa”,

surgiu o desejo de realizar, neste trabalho, um estudo sobre a imagem da bruxa na literatura

infantil tradicional e contemporânea tendo em vista os seguintes objetivos: analisar a

desconstrução do medo de bruxa na literatura contemporânea; tecer considerações gerais e

históricas sobre as bruxas tradicionais; focalizar personagens más de alguns contos de fadas;

Page 33: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

33

proporcionar um passeio pelo universo simbólico das bruxas antigas e contemporâneas;

e.com isso, contribuir para o debate a propósito da Literatura Infantil Brasileira...

A Bruxa no divã

Para atender aos objetivos propostos, um diálogo psicanalítico com Leloup e

Bettelheim sobre o significado do medo de bruxa se faz necessário Nesse sentido, vale

retomar uma assertiva já conhecida no universo da Psicanálise: desejo e medo são

elementos fundamentais para a evolução dos seres humanos e, nessa evolução, os temores

devem ser enfrentados sob a pena de surgirem patologias.

Segundo os estudos sobre os diversos tipos de medo empreendidos por Jean Leloup

(2001), o temor de bruxa pode ser relacionado a dois degraus da escala do desejo e do medo:

“medo da separação” e “medo de ser rejeitado pela sociedade”.

Bruno Bettelheim (2007) discute a questão afirmando que as crianças têm medo de

se separarem da mãe (ou de quem representa esse papel) e, assim, perder a garantia de

segurança e proteção. Por conseguinte, a figura materna é vista com ternura e cercada de

atributos positivos. Entretanto, por vezes, a criança é contrariada em suas vontades

exatamente por essa pessoa. Instaurando-se, assim, o dilema infantil: como sentir raiva de

alguém tão amada sem ferir os sentimentos dela e perdê-la... Manifesta-se então, a

necessidade de dividir a figura materna em duas partes que corresponderiam à fada – lado

positivo – e à bruxa – lado negativo (essa necessidade se torna maior quando quem está no

lugar da mãe é uma madrasta).

Sobre o tema, o mesmo Bettelheim diz que a madrasta permite compreender a

importância desse personagem no imaginário infantil: ao mesmo tempo em que ela preserva

a imagem da boa mãe, ainda estimula a criança a se defender da mãe malvada. Então, “as

boas qualidades da mãe são tão exageradas quanto as más o foram na bruxa” (2007, p.101),

da mesma forma como a criança vê o mundo: inteiramente prazeroso ou um inferno sem

alívio. Com essa divisão, a bruxa concentra em si a maldade e, por isso, pode ser odiada e

castigada numa atitude de defesa por parte da criança em relação à mãe.

Para vivificar esse desejo de vingança infantil, a bruxa tem de corresponder a um ser

detestável – daí nasce a imagem de uma ardilosa senhora de certa idade, que se veste em

tons escuros e sombrios, sendo geralmente descrita como fisicamente fora do padrão de

beleza social. A maldade precisa ser sua característica mais marcante com o fim de justificar

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tamanho ódio a ela direcionado. Dessa maneira, a dissociação entre fada/mãe e bruxa/mãe

facilita a superação do medo da separação materna.

Por outro lado, o desejo de se adequar a uma imagem de ‘homem de bem’ ou

‘mulher de bem’ gera a preocupação com o chamado “imago social”. Desse desejo de

corresponder a uma imagem social de ‘bem’, surge o medo de ser rejeitado pelo grupo e de

ser diferente – questão bem discutida em Leloup (2001), isto é, de não corresponder aos

padrões exigidos para a aceitação social. Nessa direção, o medo é a sombra que contém os

aspectos ocultos, reprimidos e desaforáveis do homem. Para ultrapassar a limitação, o ego

entra em conflito com esta sombra a fim de enfrentar a não aceitação de características

pessoais socialmente mal vistas.

Essa necessidade de enfrentar a própria sombra é tema recorrente na literatura

infantil e é representada de diversas maneiras, dentre elas através das bruxas. Essas

simbolizam a força perversa do poder. Por isso mesmo, por muito tempo, as bruxas foram

personificadas através de um estereótipo grotesco, impactando e causando horror. O herói

precisa reconhecer a existência da sombra, e a batalha travada para vencer o poder da bruxa

representa o triunfo do ego sobre essas tendências negativas.

(...) nos contos de fadas o mal é tão onipresente quanto à virtude (...) o bem e o mal são corporificados sob a forma de algumas personagens e de suas ações, uma vez que o bem e o mal são onipresentes na vida e as propensões para ambos estão presentes em todo homem. É essa dualidade que coloca o problema moral e requisita a luta para resolvê-lo. (BETTELHEIM, 2007:16)

Para a psicanálise, o maniqueísmo que divide as personagens facilita a compreensão

de valores básicos da conduta humana e do difícil convívio social. Se essa dicotomia for

transmitida através de uma linguagem simbólica durante a infância, não prejudica a

formação de sua consciência ética. A criança identifica-se com os heróis do mundo

maravilhoso, sendo levada a resolver, inconscientemente, sua situação pessoal. Dessa forma,

consegue enfrentar e superar o medo presente a sua volta e pode alcançar o equilíbrio na

fase adulta.

Na literatura infantil contemporânea, por seu turno, a ética maniqueísta que separa

nitidamente bem de mal, certo de errado, vem perdendo espaço. Em seu lugar será presente

uma ética relativista em que o mal aparente revela-se em bem ou resulta em algo certo.

A visão maniqueísta da bruxa apresenta-a como uma personagem-tipo ou plana, e

quase sempre estereotipada. Essa personagem corresponde a um procedimento padrão da

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35

maldade que nunca muda suas ações ou reações, sendo sempre má. Noutra direção,

inscritos em uma nova visão de mundo, os escritores passaram a privilegiar personagens que

sejam condizentes com essa relativização de conceitos. Essa dimensão ambígua do homem

ganha forma através da personagem/individualidade, típica da ficção contemporânea. Esse

tipo de personagem não pode ser apontado como sendo bom ou mau. Ele passa a “estar”

bom ou mau diante de situações diferentes.

Essa representação se mostra cada vez mais presente nas histórias infantis, Nelas, a

bruxa torna-se um elemento bastante representativo para uma leitura da desconstrução da

imagem da maldade, que leva em consideração a identificação do leitor com essa

personagem tão instigante.

Algumas produções infantis brasileiras apresentam nitidamente, exemplos de bruxas

nessa concepção de personagem/individualidade, como: A bruxinha que era boa de Maria

Clara Machado. Eva Furnari apresenta uma bruxa trapalhada, bem próxima à realidade

infantil. A personagem Bruxa Onilda, em suas aventuras também não fica atrás...

Bruxas - sempre bruxas!!!: a ética maniqueísta...

Para melhor compreender a desconstrução do medo de bruxa na literatura infantil

contemporânea, não se dispensa uma viagem à nomeação adamítica do termo para

conhecer a origem e o significado desse ser maravilhoso que continua encantando os adultos

e as crianças através da literatura oral e escrita em todo mundo.

Segundo Bárbara Carvalho (1985), a bruxa é a opositora da fada – mediadora mágica

entre o homem e a realização de seus sonhos – e a sua denominação vem do latim bruchu

(origem hipotética), que significa “gafanhoto sem asas” ou simplesmente bruxa, ae (também

hipotética), com o significado de “mulher má”.

A bruxa é o símbolo da maldade humana, tão importante quanto as forças do bem, para a avaliação e equilíbrio destas (...). Essas duas personagens-símbolos (Fada e Bruxa) são as representações simbólicas do Bem e do Mal. Veículo da bondade e da maldade, do certo e do errado(...). As estórias a dramatizações, onde essas forças foram antagônicas medem suas possibilidades, terminam sempre, logicamente, com o triunfo do Bem. Essa proposição maniqueísta, realizada pelas Fadas e pelas Bruxas, encontrou seu clima na época barroca, e fez carreira na literatura infantil (CARVALHO: 1985:60-61)

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As Bruxas fazem parte do folclore europeu ocidental e tornaram-se conhecidas como

seres fantásticos ou imaginários que se apresentam sob a forma de mulher. Dotadas de

maldade e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens para frustrá-los em

situações-limites.

Na vida real, as bruxas teriam surgido na Europa no período de maior repressão dos

inquisidores católicos. Curandeiras, que utilizavam ervas medicinais, eram tidas pela igreja

como uma ameaça à onisciência de Deus. Tornaram-se as vilãs das histórias - mulheres feias

e más. Fora do campo da ficção, arderam em fogueiras para purgar pecados que não

cometeram.

Para Nelly Novaes Coelho (1998) “as bruxas nascem quando as fadas encarnam o Mal”

e apresentam-se ao avesso de sua imagem “(bruxas são antifadas)” e “vulgarmente se diz

que “fada” e “bruxa” são formas simbólicas da eterna dualidade da mulher ou da condição

feminina” (p.31-32). Por isso é constante a presença da mulher nos contos infantis, ora

angelical, ora malvada, estando ligada intimamente, às figuras de fadas e de bruxas. Sobre o

tema Novaes Coelho acrescenta:

a mulher teria representado no universo: uma forma primordial (...). As fadas simbolizam talvez a face positiva e luminosa dessa força feminina e essencial (...). O reverso seria a face frustradora: a da bruxa- a mulher que corta o fio destino, frustra a realização do ser (2000:177).

No conto Borralheira de Perrault - mais conhecido como Cinderela - é evidente a

íntima ligação entre mulher e a imagem de bruxa(nessa caso a da madrasta) mesmo em sua

forma não estereotipada. A madrasta da Cinderela não é a típica bruxa - aquela que faz

feitiços ou monta em vassouras voadoras, ou seja, não é um personagem fantástico - mas

age psicologicamente como tal exatamente, porque realiza crueldades, tendo como vítima é

a enteada.

No conto, Cinderela era filha de um casal rico feliz, mas quando ainda era criança sua

mãe morreu: o que fez sentir-se sozinha e triste. “Passaram-se alguns anos e a menina

transformou-se numa linda e encantadora menina” (Reino da Criança, s/d:10); mas a casa

continuava vazia e pai também solitário e achando que a filha precisava de alguém que

cuidasse dela, resolveu casar-se novamente:

Escolheu uma viúva que tinha duas filhas, pensando na companhia que elas fariam a Cinderela. Como estava enganado! A madrasta era uma mulher ambiciosa, autoritária e má, e as filhas, sendo feias e invejosas transformaram a vida de Cinderela num constante tormento: (10-11).

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A madrasta começa a revelar seu caráter de bruxa maltratando a enteada que, mesmo

tendo pai vivo, não tinha nenhuma vantagem em relação às suas “irmãs”: “ela trabalhava

desde que amanhecia até a hora de dormir, pois o pai dominado pela autoritária mulher,

nada fazia para diminuir o sofrimento de Cinderela” (12). Essa atitude do Pai em relação à

filha que tanto amava poderia estar relacionada a um feitiço de bruxa, pois nada justificaria

tal atitude.

Mas as maldades da madrasta/bruxa não param por aí: “Quando sua majestade, o Rei,

convida todas as jovens solteiras do reino para os três bailes (...) quando será escolhida por

sua alteza, o Príncipe, a futura rainha”... (15), Cinderela pede humildemente à madrasta para

ir e ela, fingindo bondade, diz que lhe daria uma oportunidade. No entanto, para que a

menina pudesse ir a baile, precisaria primeiro realizar algumas tarefas impossíveis (a seu ver)

que lhe seriam ordenadas. Contra as probabilidades, Cinderela consegue realizá-las com a

ajuda de seus amigos animais:

Ela ficou tão irritada ao ver que a menina conseguia realizar a difícil tarefa, que não hesitou um segundo. - Não irás a nenhum baile! Serias motivo de zombarias para nós. E retirou-se sem ligar para as lagrimas da infeliz. Gata Borralheira correu ao tumulo de sua mãe, onde pôs-se a chorar. (18)

É evidente, portanto, a face bruxa da madrasta no conto A Borralheira, e é possível

afirmar que qualquer criança, ao ler esse conto, temerá perder sua mãe e vê-la substituída

por uma madrasta como essa ao tempo em que se sentiria vingada ao vê-la derrotada no

final.

Outro conto que apresenta uma bruxa capaz de apavorar é Rapunzel. Nele, um casal

que queria muito ter um filho tem o seu sonho frustrado quando uma bruxa exige que o

bebê lhe seja entregue como pagamento dos rabanetes que o homem roubara em sua porta

para satisfazer o desejo da esposa grávida:

Como te atreves a entrar no meu quintal como ladrão para roubar meus rabanetes? Tive que vir aqui porque minha esposa sentiu um desejo muito grande de comê-los. Sendo assim, podes pegar quanto quiser, porém, em troca me darás o teu filho que está pra nascer. (CONTOS CLÁSSICOS, s/d: 4-6)

Aos doze anos Rapunzel (a filha que a bruxa recebera do casal) é presa numa torre

alta sem portas ou escadas. Sempre que precisa subir e encontrar-se com a menina, a bruxa

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38

grita: “_ Rapunzel, jogue-me suas tranças!” (08) e, agarrada nos cabelos de Rapunzel, a

malvada chega ao topo da torre:

A perversidade da bruxa desse conto e o medo que ela pode transmitir se torna

maior quando ela descobre que sua prisioneira recebe a visita de um príncipe. Furiosa, a

bruxa engana o príncipe, jogando as tranças para que ele caia numa armadilha previamente

preparada:

- Ah, ah! Você veio buscar sua amada? Pois a linda avezinha não está mais no ninho, nem canta mais! O gato apanhou-a, levou-a e agora vai arranhar o seus olhos! Nunca mais você verá Rapunzel! Ela está perdida para você (PENTEADO, 1994: 95)

Apesar disso, Geane Azevedo, no artigo Bruxa: malignidade / benignidade?!, as

defende:

Na realidade uma pessoa possessiva, diante de certas situações, fica furiosa e impulsivamente se apraz em vingar-se do outro em reparação ao agravo; (...) possivelmente, ela não agiu por maldade, mas, devido às circunstâncias de engano, acabou despertando nela a maldade que aparentemente estava adormecida. (s/d: 5-6)

Entretanto, se essa bruxa não for tão má quanto parece, o temor que ela causa nos

pequenos leitores não se torna menor. Suas ações, aos olhos das crianças, não são de

pessoas comuns, mas de pessoas malvadas – “bruxas” – sem o mínimo de afetividade...

E qual criança não se sentiria ameaçada por uma bruxa como a “décima terceira fada”

do conto A Bela Adormecida?!

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Essa fada não teria sido convidada para o batizado da princesa: (...) “Elas eram treze.

Mas, como no castelo só havia doze pratos de ouro reservados para as fadas, uma dela não

foi convidada” (Contos de Grimm, 1994:32). Como se sabe, quando uma fada cai no

esquecimento, ela sofre metamorfose e transforma-se em bruxa. Então, antes que se

completassem as boas profecias proferidas pelas doze fadas, a porta se abriu violentamente

e furiosa a fada/bruxa faz um pronunciamento mortal:

-Há, há, há! Não esperavam por mim! Eu sei não me convidaram! No

entanto eu vim, mesmo assim. Também vou dar meu presente à nossa

gentil princesa. Mas... o que foi que aconteceu? Assustei-os com certeza...

Escuta, linda menina, vai ser este o teu destino: completando quinze anos

numa roca de fiar tu espetarás o dedo! E nesse horrível momento, ouve

bem linda criança? Tu dormirás para sempre! Há, há, há! Como é bela uma

vingança. (FIUZA, 1998:10).

Depois disso, a bruxa despareceu e a ultima fada benévola interviu em favor da

princesa, anunciando que, ao ferir o dedo, não morreria, mas dormiria cem anos até que um

príncipe a desencantasse. Dessa forma, o terrível pronunciamento em profecia foi

minimizado.

Mais apavorante e temida que as três bruxas anteriores é a bruxa em Branca de Neve,

que também aparece metamorfoseada em “rainha-madrasta”. Era uma mulher de rara

beleza, mas tão cheia de orgulho e vaidade que não suportava a ideia de que pudesse haver

no reino formosura que superasse a sua. Só que Branca de Neve cresceu e tornou-se a mais

bonita mulher, enchendo de raiva e despeito o coração da rainha que passou a odiar

obsessivamente a menina:

- Espelho, espelho meu! Existe alguém neste mundo mais bela do que eu? Ele respondeu - Sois belíssima, senhora rainha, mas Branca de Neve é mil vezes mais bela (PENTEADO,1994:56)

Desde então, a rainha-bruxa perseguiu sem cautela Branca de Neve. O primeiro

ataque da rainha manifestou sua tendência antropofágica: deu ordem a um caçador para

matar a menina e trazer-lhe alguns de seus órgãos como prova. A bruxa comeu as vísceras

trazidas pelo caçador pensando que fossem de Branca de Neve.

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A criança que venha a ler ou ouvir essa história sentirá medo de uma madrasta tão

má. Essa situação seria semelhante aquela em que os personagens se veem desamparados

no meio da floresta. “Para todos que ouviram contos de fadas, a imagem e o sentimento de

estar perdido numa floresta profunda e escura são inesquecíveis.” (BETTELHEIM, 2007:219)

E mesmo depois de estar morando com os anões, Branca de neve - muito ingênua -

sofre mais três investidas da rainha-bruxa: passando-se por vendedora de fitas, cintos e

corpetes, (...): “a velha apertou com tamanha força que a fez perder o fôlego e cair por terra

como morta” (Fantasia Colorida da Criança, s/d:45)

“Numa nova tentativa de matar Branca de Neve envenenou um pente e, de novo,

rumou para as montanhas, disfarçada de velhinha” (46). A bruxa penteia os cabelos da

menina conseguindo envenená-la. Mas, mais uma vez, os anões salvam a garota. Por fim, a

bruxa consegue fazer com que Branca de Neve coma o lado envenenado de uma maça e caia

morta: “- Alva como neve, rubra como sangue, negra como ébano! Desta vez, seus

amiguinhos anões não a farão voltar à vida!” (48).

Apresentando o mesmo caráter antropofágico da Rainha de Branca de Neve, a bruxa

do conto João e Maria, aparece atraindo as crianças com o que elas mais gostam: doces e

chocolates, para depois cozinhá-las e comê-las:

- Quem está comendo a minha casinha? (...) aí surgiu uma velha muito velha, muito feia, com um nariz muito grande (...). Aconteceu que essa

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velha era uma terrível feiticeira, que tinha construído sua casa com doces para atrair crianças e depois devorá-las (FELIPE, s/d: 102-4)

Diante de todos esses tipos ameaçadores, o que suaviza o medo da criança em

relação à bruxa é ver que no final o herói vence e o mal tem uma punição equiparada aos

atos maléficos realizados: a bruxa em Branca de Neve dança sobre os chinelos de ferro em

brasa e morre lentamente; em João e Maria, a bruxa é devorada pelo fogo, água e azeite.

Assim, a criança ganha coragem ao se identificar com o herói: “Devido a essa identificação a

criança imagina que sofre com o herói suas provas e atribulações e triunfa com ele quando a

virtude sai vitoriosa” (BETTELHEIM, 2007:16).

Bruxa - ora fada, ora bruxa: a ética relativista...

Os personagens maravilhosos mais comuns são fadas e bruxas, justamente a oposição

entre forças positivas e negativas. Nos contos de fadas, o mal é tão onipresente quanto a

virtude (GÓES, 1984: 120). Mas, nas historias modernas, a bruxa – representante máxima do

mal – não aparece como nos contos tradicionais, geralmente a é representada de forma

engraçada ou num ato desastrado de uma bruxinha atrapalhada.

A imagem da bruxa, atualmente, não é mais a apavorante, apesar de, na maioria das

vezes, apresentar a aparência física, traje e cores da bruxa tradicional – requisitos que

inspiram medo. Multiplicam-se os sites na grande rede de computadores que registram

como fazer bruxarias e defendem categoricamente as boas intenções das bruxas. A literatura

infantil contemporânea está desempenhando o papel de mostrar a relativização dos

conceitos de bem e mal em toda a ambiguidade humana.

Hoje as bruxas deixaram de ser antagonistas ou opositoras das fadas, elas são a

personagem principal e muitas vezes fazem o papel de fadas, realizando bons atos e

ajudando os outros em situações difíceis.

Em O livro mágico da bruxinha Nicolau, Nicolau é criada por uma família comum,

depois de ter sido deixada no Brasil por sua mãe. Antes de completar onze anos, ela

descobre sua natureza de bruxa e passa a realizar “esquisitices”. Mas, mesmo sendo muito

estrovertida, Nicolau era uma criança relativamente solitária: “colegas, tinha muitos. Mas

amigos mesmo, do peito e da raça, uma alma gêmea que não a achasse esquisita e que

entendesse seus profundos sentimentos de bruxas, esse ela ainda não tinha encontrado”.

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(ESPESCHIT, 1997:22). Vê-se claramente nessa historia o rompimento com o conceito de

bruxa tradicional, pois mostra que o sentimento de Nicolau é semelhante ao de qualquer ser

humano comum e, nesse momento, a criança se identifica com a personagem, no plano do

consciente, sentindo-se acompanhada e digna de ser representada.

Nicolau conhece Zé Maria, um garoto que não acreditava em bruxa e o primeiro a

não dar a mínima para a visível diferença da amiga. Por isso, Nicolau decide compartilhar

seus segredos com ele e, então começa a realizar várias manobras para convencê-lo de que

ela é uma bruxa. Assim, essa historia se desenrola: cheia de humor e diversão, distraindo a

criança e mostrando que é possível conviver com as bruxas e entender o comportamento de

cada uma delas sem temê-las.

Já, na peça A bruxinha que era Boa, Maria Clara Machado rompe logo pelo título com

o paradigma de maldade relacionado às bruxas: mulher má, figura apavorante, feiticeira etc.

Na peça, há seis bruxas. Sendo uma a chefe das demais que são aprendizes prestes a realizar

seus exames finais diante do temido Bruxo Belzebu, sua Ruindade Suprema.

Subliminarmente, questiona-se o poder da dominação do Grande Bruxo e o medo que as

outras sentem de contrariá-lo de alguma maneira. Aí, a Bruxinha Angela, cujo nome sugere

referência a anjo, é diferente das outras em seu comportamento e até fisicamente (típico

patinho feio). Ela tem movimentos elegantes, risos ao invés de estridentes gargalhadas,

rostinho angelical e cabelos “estranhamento louros”. Ela não apresenta um estereotipo da

bruxa e não é de sua natureza fazer maldades.

A última bruxinha de fila é diferente das outras. Debaixo da roupa preta de bruxa, emoldurada por cabelos estranhamente louros ( as outras têm cabelos pretos e roxos desgrenhados) surge um rostinho angélico: é a bruxinha Ângela. (MACHADO, 1997:7)

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Em certa parte da história, O Grande Bruxo convoca as bruxinhas aprendizes para fazer

maldades, pois só se veem bruxas falsificadas, segundo ele. O primeiro alvo é Pedrinho,

jovem lenhador, que acaba se tornando seu amigo e achando aquela bruxinha diferente -

até questiona se ela não é uma fada disfarçada: “É esquisito mesmo... Quem sabe você não é

bruxa nada?” (26)

Como punição pela sua rebeldia, Ângela é condenada a ficar presa numa torre, como castigo

por não fazer as maldades típicas de bruxa. Pedrinho é quem salva-a do cárcere...

Nessa esteira da ruptura com a tradição maniqueísta, a autora Sylvia Orthof

apresenta UXA através de um narrador que se diz amigo dela: “Essa aí, de costas baixinha,

gorducha é Uxa minha amiga bruxa” (3). Com essa personagem, Silvia Orthof traz o humor

para a sua historia ao contar as desventuras da baixinha e gordinha Uxa que, sendo bruxa

resolve dar uma de fada algumas vezes. Para desempenhar esse papel, ela tem de mudar o

visual e coloca peruca loura e chapéu de fada. Como para um bruxa é difícil fazer caridade,

ela, na tentativa de ser boa acaba criando diversas confusões. Depois de seus equívocos

como fada, a varinha vira vassoura e ela diz que se cansou “de ser tão boa... e loira” (21). Uxa

descobre que pratica mesmo o que chama de “maldade beleza pura” (25). Na esteira do

referencial de bruxa moderna, ela acaba vencida pelo amor: “Uxa acaba se apaixonando, que

danada !, por um moderno computador” (27).

Em As memórias da Bruxa Onilda, o leitor encontra uma historia cheia de bom

humor e otimismo, pois, mesmo passando por várias dificuldades, Onilda não se desanima,

mostrando ao leitor que na vida pessoal nós temos que encarar os problemas por mais

difíceis que sejam. Nessa história, Onilda conta que estava tudo planejado para o seu

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nascimento; foram consultados os astros, a geografia e a meteorologia e o lugar “certo era

exatamente a copa de uma árvore” (LARREULA E CAPDEVILA, 2001:9).

As dificuldades que Onilda tem que enfrentar durante sua vida se devem ao fato de ter

nascido antes do tempo:

- Nasci dois dias antes do tempo. Elas tinham feito tanto para eu nascer

uma bruxa perfeita, que vim ao mundo vestida de bruxa e tudo!(...) foi um

desastre! Por causa da diferença de dias e hora, os astros não estavam na

posição correta para eu nascer. Por isso, sempre tive de enfrentar tantos

problemas a minha vida inteira. (13-14)

Nota-se que os traços físicos de Onilda não rompem totalmente com a imagem da bruxa

tradicional. Conserva-se o nariz grande, as roupas, o chapéu preto e as unhas grandes. Mas

como se trata de uma bruxa moderna, Onilda tem o cotidiano igual ao de qualquer pessoa,

porque, apesar de cumprir seus compromissos de bruxa (preparar e aprender fórmulas

mágicas), ela também tira férias – desastradas, mas férias.

Em As férias da Bruxa Onilda, a personagem procura um lugar arejado para fugir do

calor insuportável num certo verão. Nem bem chega a praia, vê mais gente que areia, mesmo

assim não desanima: “No meio dessa multidão ninguém vai me reconhecer e eu vou ficar

sossegada” (4). Onilda se hospeda num hotel e, para não ser reconhecida, compra chapéu de

palha, óculos de sol e maiô. Mas a bruxa se engana: “-Não sei quem espalhou que só a bruxa

Onilda usaria um maiô tão fora de moda. Adeus sossego! Eu não parei mais de dar

autógrafos.” (LARRREULA E CAPDEVILA, 1999: 14)

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Nesse momento, reafirma-se a desconstrução do medo de bruxa na literatura infantil

contemporânea, pois Onilda torna-se uma estrela admirada e querida por crianças e adultos.

Considerações Finais

Bruxa tradicional e bruxa moderna, qual seria mais importante para o enriquecimento

da experiência na vida das crianças? Ao final deste estudo, entende-se que as duas, tanto

uma quanto a outra têm sua parcela de contribuirão nessa tarefa tão importante.

Pela via do medo, a bruxa tradicional (sob a égide da ética maniqueísta) ensina que as

maldades realizadas geram castigos ou punições dolorosas para quem as pratica. A bruxa

moderna, por seu turno (à luz da ética relativista) ensina, através do humor e do otimismo,

que a dignidade e o bom caráter valem mais que maldade.

As bruxas são eternas na literatura infantil, mudando um pouco em suas ações: no

conto tradicional apresentam características negativas, permitindo exercícios de projeção

inconsciente necessários à saúde emocional; nos contos modernos, apresentam

características positivas e irreverentes, possibilitando, no plano consciente o reconhecimento

também fundamental para a formação humana.

Dizer que houve ou está havendo uma desconstrução do medo de bruxa na literatura

infantil contemporânea não significa dizer que as bruxas clássicas estão eliminadas do

imaginário infantil, pelo contrario, elas permanecem, só que agora convivendo com as novas

bruxas e sendo menos temidas, porque as crianças descobriram que não existe maldade que

não possa ser derrotada e que as aparências enganam, pois “bruxa” agora também pode ser

“sinônimo” de fada. Por fim vale lembrar que, no que se refere ao medo, enquanto as bruxas

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tradicionais estão para o princípio do prazer (permitem a projeção, isto é, o reconhecimento

de si no herói, trabalhando o inconsciente e proporcionando o alívio infantil ao lidar com a

dualidade da mãe), as bruxas modernas estão para o princípio da realidade, pois se fazem

espelho das crianças comuns e da vida ordinária, dando a sensação de pertencimento social,

isto é, uma sensação de conforto (por estar com os outros no mundo, por estar também se

sentindo representadas num lugar de poder que é a narrativa)... Assim, tanto uma como a

outra tem seu papel e lugar de relevância na formação da criança.

Referências Bibliográficas:

A Bela Adormecida. In: Contos de Grimm. Trad. De Maria Heloísa Penteado. Ilust. De A

Archipowa. 2ª. Ed. São Paulo: Ática, 1994. V.2( Série Clara Luz). P.32

AZEVEDO, Geane Oliveira M. Bruxa: malignidade/benignidade. Artigo do curso de

Especialização Lato Sensu em “Literatura e Ensino de Literatura”. UESB, 2001. P. 5-6.

BETTELHEIM. Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 23. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

P. 15, 16, 219.

Branca de Neve. In: Contos de Grimm. Trad. De Maria Heloisa Penteado. Ilust. De A.

Archipowa. 2. Ed. São Paulo: Ática, 1994. V.2 (Série clara Luz). P. 56

Branca de Neve. In: Fantasia Colorida da Criança. São Paulo: Editorial Focus LTDA, s/d. p.

45,46,48.

CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A literatura infantil – visão histórica e crítica. 4ª Ed. São

Paulo: global editora, março/1985. P. 60-61.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. 7 ed. São Paulo: Moderna, 2000. P. 177.

___________. O conto de fadas. São Paulo: Ática, 1998. p. 31-32.

ESPESCHIT, Rita. O livro Mágico da bruxinha Nicolau. 4ª Ed. São Paulo: Atual Editora, 1997.

P.22.

FIÚZA, Elza. A bela adormecida. 2ª Ed. São Paulo: Moderna, 1998. Il. P.10.

GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura infantil e juvenil. São Paulo Pioneira: 1984.

Joãozinho e Maria. In: Fantasia Colorida da Criança. São Paulo: Editorial Focus LTDA, s/d.

LARREULA, e. & CAPDEVILA, e. AS Férias da Bruxa Onilda.. 9. Ed. São Paulo: Scipione, 1999.

P . 4,14.

__________. As memórias da Bruxa Onilda. 10 ed. São Paulo: Scipione, 2001. P. 9,13,14.

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47

LELOUP, Jean-Yves. Caminhos de realização dos medos do eu ao mergulho no ser. 10ª Ed.

Petrópolis: Editora Vozes, 2001.

MACHADO, Maria Clara. A bruxinha que era boa. In: Teatro I. 18 ed. Rio de Janeiro: Agir.

1999. P. 4,14.

ORTHOF, Sylvia. Uxa, ora fada ora bruxa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. P. 3 , 21,25,27.

PERRAULT, Charles. Cinderela. Sintra/Portugal: Editora Girassol, s/d.

Rapunzel. In: Contos Clássicos. – Ciranda Cultural, s/d.P. 4-6,8.

Rapunzel. In. Contos de Grimm. Trad. De Maria Heloísa Penteado. Ilus. De A Archipowa. 2 ed.

São Paulo: Ática, 19994. V.2 (Serie Clara Luz). P. 95

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III – NO REINO DA IMAGINAÇÃO: expedições pelo mundo mágico da leitura literária...

Ler implica o compromisso de incluir e excluir colheitas de sentido dadas no mundo. Mas lendo, implica também oferecer-se como sentido novo. Eliana Yunes – frase produzida especialmente para este Relatório

Esta segunda sessão deste Relatório se dedica a apresentação dos subprojetos de

pesquisa de campo desenvolvidos pelos alunos de pós-graduação, sob minha orientação,

dentro do Projeto No Reino da Imaginação: experimentos com Literaturas Infantil e

Juvenil, situando e discutindo alguns experimentos com praticas de leitura da obra

lobatiana em espaços de educação. Esse Projeto de Pesquisa coloca em prática a integração

das atividades universitárias essenciais (pesquisa, ensino e extensão), além de se constituir

numa proposta de intervenção em espaços de educação formal que muito pode contribuir para

o debate no campo de pedagogia/didática da leitura na comunidade regional. Isso porque,

através da promoção da leitura e da investigação in loco (ou in situ, in vivo, como se diz na

etnopesquisa) sobre as práticas leitoras nos espaços educativos, ele tem experimentado

descobertas e certificações valiosas.

1 – DIÁLOGOS TEÓRICOS COM O VISCONDE DE SABUGOSA

Em Lobato: tudo é realidade, tudo é ficção; tudo é mentira, tudo é verdade; tudo está dito, tudo se quer dizer; implícito e explicitamente tudo está sugerido perspicazmente de maneira ‘in-completa’, reticente... Reflexão do discente Raimário Bomfim Panta durante as aulas do módulo “A Literatura Infanto-juvenil de Monteiro Lobato”

O sabugo científico do sítio, o Visconde – que sabe tudo o que está nos livros –

perdeu algumas palhas do pescoço para descobrir os fundamentos dos trabalhos

relacionados ao projeto No Reino da Imaginação... O resultado se seu esforço acadêmico,

se configura no diálogo que se segue, travado entre ele e algumas teorias da leitura, da

literatura e seu ensino, da pesquisa...

No sítio de D. Benta, o conhecer é experimentar o mundo de forma divertida e

dialógica, é exercitar a curiosidade e o senso crítico, além de ser o direito de todos aos

diferentes saberes...

Concordando com os picapaus, a proposta de estudos dessa licença sabática se

encaminhou nessa direção..., perscrutando contos de fadas na sua possível relação com

leitores e, mais ainda, entrando em campo com as aventuras lobatianas... Os resultados da

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revisão de estudos dos contos de fada foram apresentados em artigo no item II - 4.3.1 deste

Relatório e os resultados lobatiáveis, já anunciados neste Relatório, nos itens II -1; II - 3 e

suas seções; II - 4(4.1 e 4.2); III e IV, serão, agora, objeto de consideração.

Nesse sentido, o que se segue é uma abordagem sobre os fundamentos, métodos e

procedimentos adotados para as atividades com a obra lobatiana no Curso de Pós-

graduação lato sensu Literatura e Linguagens: o texto infanto-juvenil da UNEB-Ipiaú/BA, vez

que já consta, neste documento, o resultado das demais atividades com essa obra: o

Parecer emitido a propósito da dissertação de mestrado A Estética Lobatiana em ‘O

Presidente Negro’: ações e recepções; o plano de trabalho elaborado para a disciplina A

Literatura Infanto-juvenil de Monteiro Lobato. Ministrada no já citado Curso de Pós-

graduação; os endereços das publicações eletrônicas (resumo, resenhas, artigo e catálogo de

projetos/2013)... Segue-se, pois, a fundamentação Teórica norteadora das atividades:

1.1 – O Conceito de Leitura nos Serões de Dona Benta

O conceito de leitura que esses experimentos com Literatura Infanto-juvenil assumem

é um conceito amplo e norteador de suas investigações. Desse modo, ao executar suas

ações, o projeto tem em mente as teses que entendem o ato de ler para além de mera

decodificação, a exemplo de Silva (1995), Solé (1998), Lajolo (1986) e Bartolomeu Campos

Queirós, segundo o qual:

As palavras são portas e janelas. Se debruçamos e reparamos, nos inscrevemos na

paisagem. Se destrancamos as portas, o enredo do universo nos visita. Ler é

somar-se ao mundo, é iluminar-se com a claridade do já decifrado. (1999: 24).

Em outras palavras, essa noção ecoa em fala de Magda Soares, que afirma:

A leitura não é um ato solitário, isolado dos problemas sociais, (...). A leitura é

interação verbal entre indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu

universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros;

entre os dois: enunciação e diálogo. (2000: 18)

A partir dessas referências, o projeto em questão tem em mente que ler é mais que

decodificar sinais e reproduzir mecanicamente as informações obtidas. É como diz Zilberman

uma ação que “caracteriza toda a relação racional entre o indivíduo e o mundo que o cerca”

(1988: 17). No Reino da Imaginação..., esse conceito amplo é ponto de partida...

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1.2 – Leitura e Literatura na Escola do Sítio

A leitura em geral e a literária em particular, como defendem Vera Aguiar (1993), Ezequiel

Theodoro da Silva (1984), Regina Zilberman (1991), Eliana Yunes (1984), Antônio Cândido

(1989), entre outros, são condições para a formação cidadã. Aguiar defende a leitura como

condição de inclusão e Silva a vê como meio de compreender-se no mundo. Nessa direção,

Zilberman trata a literatura como alimento para os sentimentos e inteligência do mundo,

Yunes a coloca como princípio para a formação do sujeito e Cândido a considera um direito

humano. Todos apontam para o fato de que ler é alcançar uma compreensão própria da

realidade. Compreensão essa, que passa por movimentos de identificação/filiação e

estranhamento/emancipação no contato com o texto. Nesse sentido, Bordini defende:

O ato de ler é, portanto, duplamente gratificante. No contato com o conhecimento, fornece a facilidade da acomodação, a possibilidade de o sujeito encontrar--se no texto. Na experiência com o desconhecido, surgem as descobertas de modos alternativos de ser e de viver. (1993: 26)

Esse ato de leitura, construído sobre os processos de reflexão e autorreflexão, se dá

em determinadas condições e a principal delas é a autorização de uma erótica da leitura,

que permita um ato de ler significativo: como quer Alves (2001): “Ler é fazer amor com as

palavras” até alcançar o indizível barthesiano. Esse prazer de ler que se conquista através de

um processo contínuo, dinamizado por atividades diversas e diferenciadas, que ponham os

leitores em estado de interações múltiplas (leitor/texto, leitor/leitor, texto/textos...), faça do

espaço de leitura um lugar de descobertas e dê ao livro o status de passaporte, de bilhete de

partida, como pensou Queirós (1999).

Segue-se daí, que os leitores de todas as idades precisam sentir prazer em contato

com a leitura. Barthes (1981) vê o momento de interação texto/leitor como um instante

transcendente: o ato ler se transmuta em objeto de desejo e prazer. Para o autor, há gozo

na linguagem, tanto quando ela toca em si mesma, como quando se dá em uma relação.

Assim entendido, a experiência amorosa com o texto deve ser um direito do leitor e

um dever da sociedade, especialmente da escola. Silva (2004) defende a tese de que o

incentivo ao ato de ler é a melhor forma de iniciar leitores no espaço escolar e Zilberman

(1991) afirma que a escola é o lugar, por excelência, de aprendizado da leitura e da escrita, é

o lugar de conhecer a literatura e desenvolver o gosto de ler. Pelas pesquisas do ESTALE até

aqui, e possível dizer que essa função escolar deve ser protagonizada pelo

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professor/mediador em um cenário onde o lúdico e o dialogo se destacam, além de dispor

de livros e suportes de linguagens outras...

Nesse sentido, a qualidade das intervenções do educador potencializa ou aniquila,

enriquece ou empobrece a utilização da literatura como recurso pedagógico. Como lembra

Frank Smith, entre o cumprimento de programas e o ensino da leitura, os professores

“devem ser capazes de ver o que faz sentido.” (1999: 136) e Silva (2004) acrescenta que os

educadores, preocupados com a promoção do prazer pela leitura, devem reservar espaços

para atividades novas sem a obrigação de impor leituras e avaliar o educando. Trata-se de

organizar espaços na escola e na sala de aula onde a leitura por fruição/prazer possa ser

praticada. Dessa forma, torna-se necessário que dentro do ambiente escolar, o professor

faça a mediação entre o texto, especialmente o literário, e o aluno para que, daí, sejam

criadas situações de coautoria nas quais o aluno seja capaz de se realizar, interagindo,

dialogando, criticando, atualizando sentidos, fruindo ao se alongar nas páginas de um livro...

Desse jeito, concordando com os interlocutores do Visconde sobre a importância da

leitura de literatura na escola, as literaturas infantil e juvenil são levadas aos espaços

educativos através do Projeto No Reino da Imaginação: Experiências com Literaturas

Infantil e Juvenil. A ideia é levar a literatura ao público escolar pesquisado de maneira

divertida, fazendo da ludicidade o caminho de elaboração do significado textual,

preenchendo, assim, as lacunas de uma formação leitora mecânica e desprovida de prazer.

Essa opção pelo ludismo se alinha às discussões de autores, como: Orlandi (2000),

para quem, o lúdico autoriza novos espaços de significação (p. 60); Lajolo (1986) que

diferencia o gosto ler – prazer: que autoriza o retorno espontâneo ao texto - de hábito de

leitura – ação rotineira, mecânica, promotora da indisposição no leitor; Geraldi, que afirma

ser necessário trazer para dentro da escola “o que se exclui por princípio – o prazer –“ para

ele “ o ponto básico para o sucesso de qualquer esforço honesto de ‘incentivo à

leitura’”(2002:98)...

A história desse projeto legitima as teses nessa direção - desses e de outros

autores, como: Amarilha (1997), Rodari (1982), Smole (1996) – por entender que o lúdico é

coisa séria e que os jogos com o texto lido, as brincadeiras na leitura, o recurso a atividades

imprevistas possibilitam a cooperação entre leitor-texto, leitor-leitor, leitor-mediador...

Esses fundamentos que, com grande esforço, foram levantados pelo Visconde de

Sabugosa nos arquivos da produção de conhecimento do Programa ESTALE, serviram

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também de orientação para a elaboração dos subprojetos dos alunos da pós (UNEB/Ipiaú-

BA)...

1.3 - Materiais e Métodos na bolsa de viagem...

Como em todas as ações experimentais do projeto No Reino da Imaginação... nos

subprojetos em tela, foi feito um trabalho de Documentação Direta, que se valeu da pesquisa

de campo orientada por princípios da pesquisa-ação a qual, segundo Thiollent (1996), enfoca

uma ação planejada de caráter social, educacional ou técnico, ou, segundo Barbier (2007,

p.44-46), focaliza experiências de vida construídas (...) por pesquisadores que dela não

participam diretamente que visa uma mudança entendida como modificação de

comportamento, de aprendizagem.

Na sua execução, foram considerados aportes de outros tipos de pesquisa, como a

etnográfica, a etnopesquisa... Da etnografia, foi considerado, por exemplo: a construção de

um saber de observação (ocular); a predominância do método qualitativo de análise; o diário

etnográfico de Malinowski (1978), entrevistas, contato pessoal e temporário com o grupo

pesquisado; a assunção do papel de tradutores pelos pesquisadores, na expressão de Da Mata

(1978); o tratamento dos pesquisados como seres portadores de cultura; a atitude

epistemológica de ir do concreto ao desconhecido nos termos de Marcel Mauss (1974); a

atenção às três fases do pesquisador em campo de que fala Da Mata – preparação teórica,

planejamento da inserção em campo (preparo de formulários e equipamentos para registro de

dados); contato com os pesquisados e confronto da realidade observada com as teorias

estudadas... Da etnopesquisa, foram tomados de empréstimo o diário de campo (=

etnográfico); a opção pelo discurso descritivo como modo de compreensão por excelência; a

preferência pela abordagem qualitativa; o envolvimento de seres humanos em estado de

interação...

Assim, as atividades, aqui apresentadas, foram desenvolvidas a partir dos seguintes

procedimentos metodológicos, dividindo-se em cinco etapas: na primeira etapa, os alunos da

Pós-graduação, individualmente ou em dupla, escolheram o tema e o local para aplicação das

oficinas, definiram o título das mesmas e elaboraram um subprojeto com público alvo,

objetivos, justificativa, referencial teórico cronograma de trabalho...; na segunda etapa, foi

feito o contato com os locais de pesquisa, obtenção de aceite e assinatura do termo de

consentimento; na terceira etapa, ocorreu o planejamento da entrada em campo ( preparo de

materiais didáticos e de instrumentos de coleta e registro de dados); na quarta etapa foi

realizado o trabalho de campo, sendo o mesmo registrado através de fotografias, listas de

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freqüência e coleta de material produzido pelos pesquisadores (diário de campo e

questionário) para fazerem uma constituição do corpus de pesquisa; na quinta etapa, os

discentes construíram o relatório de cada experimento para constar nos arquivos da Pós e

integrar o banco de dados do do ESTALE, ficando os mesmos à disposição de pesquisadores

interessados e passíveis de serem publicados posteriormente.

.

2 – REINAÇÕES DE EMÍLIA: as expedições em campo...

Foram realizadas efetivamente 26 oficinas/experimentos entre abril e julho de 2013,

sendo 01 em cada turma pesquisada, conforme se vê, no item II, 3.4. O campo de pesquisa

abrangeu escolas municipais e/ou estaduais de 09 municípios. Assim, a quantidade de

experimentos realizados, por município, foi: 12 em Ipiaú; 04 em Jequié, sendo 01 deles no

distrito de Itaibó; 02 em Dário Meira; 02 em Ibirapitanga; 02 em Maraú - mais precisamente

no distrito Ibiaçu; 01 em Coaraci; 01 em Boa Nova; 01 em Ibirataia; 01 em Ilhéus . O publico

pesquisado variou entre estudantes - crianças da Educação Infantil, pré-adolescentes,

adolescentes – e professores do Fundamental I, sendo que, com esses últimos, 01 experimento

foi realizado. A maioria dos relatórios finais está em fase de elaboração, mas, mesmo assim,

já é possível tecer considerações gerais sobre alguns dados levantados dos instrumentos de

coleta de dados, o que permite já apresentar uma amostra dos resultados alcançados por um

bloco de experimentos. Serão, portanto, objeto de consideração, nesse relatório, 06

experimentos, escolhidos por elegerem, como objeto de pesquisa, públicos distintos (crianças,

jovens, adultos), por criarem situações diferenciadas de leitura (texto considerado infantil

sendo lido por jovens e textos considerados adultos sendo lidos por pré-adolescentes):

2.1 - Experimento: A Pílula Falante de Narizinho

No dia 29 de abril de 2013, foi realizada essa oficina/experimento, conforme relata o

pesquisador voluntário, Joilton Cardozo Alves:

...”reuniu-se a turma do 3º ano (referente à 2ª série, vinte e sete alunos, faixa etária de 08 a 10 anos), estudantes da Escola Municipal Italva Myrthes Bitencourt, situada na Rua Carlos Chagas, nº 44, bairro auto da subestação, em Ipiaú/BA, para os quais sugeriu-se a partir do tema o sub tema A pílula falante de Narizinho – Literatura infanto-juvenil de Monteiro Lobato. Com a aquiescência da diretoria e especificamente da professora titular da turminha Eliene Nunes, e por motivos metodológicos, práticos e desenvolvimento, escolheu-se realizar o citado projeto em um espaço neutro, a saber, no BOOKAFÉ, cafeteria, livraria e biblioteca, situada na avenida Getúlio Vargas nº 02. Preparado o espaço da cafeteria, a professora titular chegou ao local as 07h30, conduzindo as crianças em fila indiana.

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Entusiasmados por estarem participando de uma atividade num espaço extra “sala de aula”, as crianças foram distribuídas em cinco grupos; dois grupos de 6 e três grupos de 5. Bem comportados e alegres, atendiam a todas as sugestões direcionadas para a realização da oficina. Iniciou-se a oficina falando sobre a importância da leitura, as possibilidades de ler os diversos tipos de texto, desde um filme mudo, um gesto, uma mímica, a expressão de um rosto, a manifestação da natureza, enfim; contextualizou-se que tudo na vida é um texto. A fim de instigar o fantástico e o imaginário da turma, projetou-se o curta metragem “A pequena vendedora de fósforos”, desenho animado de Walt Disney, mudo, cujo texto pode ser compreendido por intermédio da música e dos gestos dos personagens desenhos. O desenho mudo acima citado serviu como um contra ponto ao filme A pílula falante de Narizinho do livro Reinações de narizinho de Monteiro Lobato, material adequado para o desenvolvimento das atividades relacionadas a leitura infantil lobatiana, a escrita e a fala. A turminha em questão foi muito participativa, pois a cada etapa das atividades os alunos respondiam participando positivamente. Percebeu-se que alguns poucos alunos estavam em processo de alfabetização, que, pela dinâmica da oficina, não tiveram dificuldade de engajar-se. Foram distribuídas cópias do texto A pílula falante de Narizinho, que foi lido de forma dinâmica. Na sequência, textos verbais e escritos foram produzidos por eles recontando a história. Ademais, todos gostaram de assistir ao filme onde a boneca Emília falava loucamente após tomar a pilha falante do doutor Caramujo. A oficina encerrou ás 11h30, perfazendo um total de três horas e meia de aplicação. Recolhida as atividades, dada uma palavra final inerente ao tema em questão, foi servido um lanche para os alunos, que, logo em seguida retornaram para a sala de aula de origem ordenado em fila indiana. Vale salientar a satisfação que o projeto provocou tanto em professores, quanto em alunos, patrocinando, inclusive a possibilidade de avaliar e considerar a metodologia comumente aplicada em aula.”

2.2 - Experimento: Um pouco de Lobato: Aritmética da Emília

Conforme relata a pesquisadora voluntária, Ana Maria Silva de Macedo essa

oficina/experimento ocorreu:

“No dia 06/05/2013, das 18 às 21 horas, com autorização da Srª Liliane santos Aragão – diretora do Grupo Escolar Luis Viana Filho, em Ibirapitanga/BA – foi realizada a oficina Um pouco de Lobato: Aritmética da Emília, com participação do Coordenador pedagógico e dos docentes do Ensino Fundamental I da instituição educacional supracitada. O experimento se constituiu a partir do desejo de apresentar aos professores de uma escola de Ensino Fundamental I uma obra literária infanto-juvenil de Monteiro Lobato como fomento à leitura e estudos das obras daquele que é considerado o maior expoente de nossa literatura para crianças e jovens. A oficina configurou-se também como oportunidade de problematizar alguns aspectos concernentes aos temas, personagens e outros elementos que por ventura surgissem durante a oficina. Durante primeiro passo, apresentação de pequena biografia de Lobato, os professores mostraram-se interessados e alguns dados já eram conhecidos por parte de alguns participantes. A maioria afirmou ter lido pelo menos uma obra de Monteiro Lobato. De maneira geral a expectativa criada pelo título da obra em estudo foi vinculada à ludicidade no ensino da matemática. Esperava-se que os professores percebessem no decorrer da leitura e dos questionamentos levantados que há uma confrontação de métodos de ensino de matemática, e que estes métodos são representados pela atuação dos personagens de acordo com seus respectivos perfis delineados por Monteiro Lobato quando

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da criação destes personagens. Após a leitura dos dois primeiros capítulos metade dos professores percebeu que estava subtendido ali uma crítica ao ensino de matemática. Entretanto, esta percepção foi ampliando-se na medida em que se lia, os demais capítulos escolhidos para leitura, o que se confirmou também pelas respostas dadas à questão referente ao perfil das personagens. Os adjetivos atribuídos a Visconde (chato, sabichão, dono do saber) e Emília ( questionadora, inteligente, atrevida, esperta, crítica) revelam que cada um representava uma postura diante do saber. Além, do questionamento ao método de Visconde, características apontadas em Pedrinho (vaidoso) foi apontada pelos participantes como uma possível crítica de Lobato ao favorecimento à inteligência dos meninos no que tange o entendimento da matemática. Desejava-se também despertar a curiosidade para a leitura integral da obra em estudo e de outros textos de Lobato. Neste ponto, a partir de comentários e das respostas de como utilizariam a obra com seus alunos, os professores demonstraram interesse nesta e em outras obras do autor. Em uma das respostas foi comentado que “a fama das personagens aguçaria a curiosidade das crianças” e que o método de exposição de alguns cálculos embasaria procedimentos na aula de matemática. Almejava-se que a recepção da obra pudesse fornecer dados quanto aos critérios de valor e função da literatura para crianças no âmbito da escola em que se realizou o experimento e também para nós de forma geral. Para este resultado esperado destacamos a resposta à última questão dada pelo coordenador pedagógico da unidade de ensino onde a oficina se realizou. “A leitura literária para crianças deve ser tanto formativa quanto recreativa. Os textos literários trazem muitas informações que favorecem o desenvolvimento pessoal e sociocultural da criança, por seu lado, a leitura recreativa favorece o estímulo do prazer em ler e do ler por prazer.” A assertiva da coordenadora pedagógica traz em seu bojo uma concepção de leitura literária compromissada com a função social da literatura, a saber, aquela que amplia os horizontes de expectativa da criança sem ser essencialmente didática, mas emancipatória e humanizadora. Em comparação com outras respostas a esta mesma questão, foi possível observar que a leitura literária na escola encontra obstáculos quanto à concepção de literatura como bem cultural. Boa parte dos docentes não externou um olhar mais abrangente sobre a obra Aritmética da Emília, talvez pelo fato de a leitura não ter sido realizada integralmente. No entanto, se observarmos os adjetivos atribuídos aos personagens e a percepção do perfil de cada um, poderemos inferir que mesmo havendo tal percepção, a aula de matemática acaba sobressaindo em detrimento de uma reflexão sobre criança e aprendizagem, pois muitos se detiveram nos procedimentos didáticos. De qualquer modo, a obra foi bem recebida despertando interesse dos participantes pelo acervo literário de Lobato por meio da leitura coletiva. De nossa parte, julgamos ser necessário um trabalho de leitura literária infantil nesta escola a começar pelo professor objetivando o despertar daqueles aspectos do universo da leitura apontados pelo coordenador pedagógico, pois acreditamos que a motivação e a mudança são consequências de alterações pessoais. Assim, o prazer da leitura e a ampliação dos horizontes do professor se refletiriam em sua prática profissional.”

2.3 - Experimento: Vivendo Lobato

Conforme o relatório da pesquisadora voluntária, Gilmara Lisboa da Silva, esse

experimento, com os discentes do 7º Ano A da Escola Municipal Maria José Lessa de Moraes,

em Ipiaú/BA e ocorreu em seis dias (07/06, 14/06, 08/07, 11,07, 15/07, 18/07/2013) com

oficinas de 45 min., sendo que cada oficina correspondeu a uma etapa de trabalho:

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“A primeira etapa chamou-se Conhecendo Monteiro Lobato e a estratégia utilizada foi de pesquisa biográfica do autor e o resumo bem elaborado e colorido usando papel pautado e alguns elementos de sucata. Depois de pronto, cada um socializou a sua pesquisa. A segunda etapa chamou-se Debatendo Lobato e a atividade realizada foi com elaboração de perguntas e respostas feitas pelos alunos. A turma foi dividida em dois grupos que disputaram qual grupo acertava mais perguntas a respeito da vida de Monteiro Lobato. A etapa 3 chamou-se Cantando Emília, com leitura prévia e interpretação da poesia escrita, audição e cantoria, e em seguida reprodução da música através de desenhos. Texto – Música da Emília, a boneca de pano; Emília, a Boneca-gente de Baby do Brasil. A etapa 4 chamou-se Contando História . Utilizamos o livro Histórias do mundo para crianças e capítulo Pirâmides. A ministrante leu para os alunos e depois firmou diálogo sobre o texto e as informações prévias sobre o texto já conhecido por eles: Tumbas e Pirâmides. Juntos, fizemos um paralelo com o escrito de Lobato. A atividade foi de verbalização.

Na quinta etapa, realizamos um trabalho de produção textual. Retomamos o que foi discutido na aula anterior e os alunos produziram um texto inserindo a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo no Egito Antigo, vivendo aventuras. Os textos foram socializados. Realizamos a 6ª etapa com um trabalho artístico. Essa etapa foi intitulada Desenhando os Personagens Lobatianos. Cada aluno reproduziu através de desenhos, os personagens de Monteiro Lobato. Montamos a fotografia dos personagens que foram expostos na parede da sala de aula. Durante o desenvolvimento da oficina foi possível ver a felicidade de grande parte dos alunos por terem participado. Os discentes exibiam seus sorrisos após cada atividade aplicada. As atividades propostas eram realizadas de forma prazerosa como pode ser visto nas fotografias. Acreditamos ter conseguido envolver quase todos os alunos no processo de maneira ativa e participativa, emitindo opiniões e respostas elaboradas a partir do que foi visto, criando seus próprios conhecimentos. Através deste trabalho, conseguimos fazer com que alguns alunos que nunca participaram de nenhuma atividade lúdica na escola, atuassem na oficina de forma alegre. O uso de recursos como, pen drive, caixa de som, papel sulfite, material de sucata etc. deixou-os excitados, e ao mesmo tempo curiosos com o que iriam ver e aprender. Todas as atividades foram elaboradas de forma a permitir que eles encontrassem as respostas a partir da interação com o outro. A oficina foi bastante proveitosa, os alunos se sentiram felizes participando dos trabalhos.”

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2.4- Experimento: O Fígado Indiscreto, Qual é o seu?

Suzane Reis Bonfim, pesquisadora voluntária e professora do programa federal Mais

Educação, trabalhou com o conto O Fígado Indiscreto do livro Cidades Mortas (considerado

obra adulta de Lobato), no seguinte experimento:

“A oficina foi montada na cidade de Jequié-Ba, para o publico alvo da 5º e 6º séries (Mais Educação), do Colégio Estadual Dr. Milton Santos, considerada uma escola quilombola, tendo como diretora da instituição a professora Ângela Eça de Oliveira e a coordenadora geral do programa na época da apresentação a professora Eviluzia Silva Moura. Por ser, na época, a professora destes alunos na disciplina de letramento, utilizei minhas aulas no programa para aplicação do projeto no dia 30/04/2013. Inicialmente, fiz alguns questionamentos iniciais para que os alunos respondessem de forma oral (- Alguém conhece algum autor de literatura infanto-juvenil?; - Quais são os livros que vocês já leram?; -Vocês sabem quem é o escritor Monteiro Lobato?; - Alguém já leu algum livro dele? Qual foi?; - Alguém já assistiu ou assisti o Sítio do Pica-Pau Amarelo?; - Vocês sabem que foi Monteiro Lobato que escreveu esta história?). Nas respostas, a maioria dos alunos somente lembrava-se de Maurício de Souza - autor das histórias em quadrinhos da Turma da Mônica - e alguns perguntavam se as histórias em quadrinhos eram consideradas literatura infanto-juvenil ou não. Quando questionados a respeito de Monteiro Lobato a maioria não lembrava por meio somente dos nomes, mas quando associei com suas obras os alunos se identificaram rapidamente se lembrando de principalmente do Sítio do Pica Pau Amarelo. Por conta da linguagem do conto “O fígado indiscreto” ser um pouco rebuscada e de difícil entendimento, para os alunos poderem entender, inicialmente, fiz um momento de contação da história do conto. As crianças gostaram muito do enredo e deram muitas risadas por ser a representação de costumes antigos e que atualmente não se usa mais. Um dos momentos que eles mais acharam graça foi a explicação inicial do contexto da época em que o namoro se dava por meio de visitas nas casas dos pais e que depois de pouco tempo já se noivava. Assim como das vestimentas da época, já que o noivo ia para a casa da noiva de terno e que as mulheres da época vestiam somente vestidos longos, sendo a alegria dos homens o momento que conseguiam ver os tornozelos das mulheres. Já o outro momento de muita algazarra foi à chegada do fígado no prato do noivo e suas reflexões se ele comia ou não aquele fígado mesmo correndo o risco de uma má digestão, posteriormente chegando a engolir metade do fígado sem ao menos mastigar. Vendo que o noivo comeu com tanta rapidez aquele fígado a sogra vem servir mais e ele resolve colocar todo o fígado no bolso. Muitos dos participantes desta oficina se identificaram com o personagem por também não gostar de fígado e se colocaram no lugar do noivo na história. Desta forma eles ficaram com uma imensa expectativa de saber qual foi o final da história, e quando finalmente chegamos ao final da história eles deram muita risada, já que todo o sacrifício do noivo foi em vão. Posteriormente entreguei a eles recortes de todo o conto trabalhado em parágrafo sem numeração. Este foi um momento bem delicado, pois alguns alunos tinham muita vergonha de ler em publico ou não gostavam de ler. Resultados: (...) O objetivo de recortar a história e pedir para que todos fizessem a leitura oral era para que ficassem cientes de todos os fragmentos do texto que posteriormente iriam reunir como um quebra-cabeça. Assim como foi o planejado consegui executar, a pesar de ter tido muitas dificuldades de comportamento e de falta de atenção no momento da leitura. Os participantes da oficina quando lia o parágrafo depois não sabiam explicar o que tinham lido, então sempre quando se terminava

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uma leitura, se os alunos não soubessem explicar o que tinha lido, eu explicava e já ia situando na história para facilitar a compreensão e posteriormente a construção final da atividade posterior. No momento de construção da do quebra-cabeça do conto, os alunos demoraram muito tempo resolvendo onde iria encaixar cada fragmento, pois alguns não prestavam atenção na leitura do colega e outros não entendiam o que estava sendo lido. Com isso, não tivemos tempo para a realização da ultima atividade que iria requerer muito mais tempo. Sendo assim, fizemos uma singela finalização com a entrega de um bombom, serenata de amor, com uma mensagem de incentivo ao estudo e de realização dos objetivos que eles almejam e ainda no clima das histórias de Monteiro Lobato colocamos a música do Sítio do Pica-Pau Amarelo. “

2.5- Experimento: Dom Quixote na narrativa lobatiana: um diálogo com as mais

diversas produções/manifestações artísticas

Lorena Silva de Santana, como pesquisadora voluntária e professora de Ensino Médio,

em Coaraci/BA, desenvolveu esse subprojeto com uma de suas turmas, 3° Ano E,

comprometendo-se, ao longo do ano letivo, estender esse conhecimento às demais turmas

do Colégio Estadual Almakazyr Gally Galvão – CEAGG, pelo relato abaixo:

“À primeira vista, a ‘escolha’ do corpus Dom Quixote das crianças parece algo incoerente, já que estamos falando de uma turma do ensino médio noturno, certo? Ledo engano, primeiro porque a referida turma – como muitas outras – é composta de um grupo misto: adultos, senhores/as e, uma expressiva maioria de jovens que, cada vez mais cedo, precisam trabalhar para auxiliar no sustento da casa; o segundo motivo reside no fato de que o corpus consiste numa adaptação da obra cervanteana, considerada um clássico, obra prima da Literatura universal; nela, o escritor satiriza o comportamento humano, por meio de alegorias constantes. Vale, ainda, pontuar que a expressão: das crianças, que compõe o título do livro, em verdade, sugere/denota a ideia de “iniciantes”, ou seja, apesar da obra de Miguel de Cervantes ser considerada um clássico, há de se considerar que, ainda, nos dias vigentes, muitos desconhecem a riqueza dessa obra. (...) Com esse projeto, anelamos oportunizar aos discentes o acesso à narrativa lobatiana, por meio de Dom Quixote das crianças e, simultaneamente, despertar o anseio em conhecer, com mais profundidade, a obra cervanteana, bem como da rica antologia de Monteiro Lobato, “um brasileiro sob medida”. A oficina foi aplicada em dois momentos (duas noites). No limiar, fiz uma breve exibição de slides, nos quais continham informações e curiosidades sobre a vida e obra do escritor taubateano. Uma sondagem concernente à personagem D. Quixote foi feita e, como havia de se esperar, a maioria dos cursistas desconheciam-no, cheguei a escutar algo do tipo: “até já ouvi falar, mas de nada me lembro dele, tampouco da sua história”. Como explicar? Certamente, Monteiro Lobato era conhecedor desse fato e, para tornar esse e outros clássicos mais acessíveis, empenhou-se nas adaptações. Percebi, então, que para o meu público, D. Quixote ainda não era tão célebre assim. Para adentrarmos à história, resolvi apresentar um pequeno excerto do episódio do Sítio do Pica-pau Amarelo - adaptado à TV - no qual narra-se a história do “Cavaleiro da Triste Figura”. A seguir, aos cursistas foram exibidas algumas ilustrações do corpus e, simultaneamente, fomos apresentando as principais aventuras, mas, é claro, sem contar o final, aguçando assim, a curiosidade pela história. No momento seguinte, foi realizado o círculo de leitura. A ideia seria que os alunos tivessem acesso direto ao texto (corpus); assim, foram disponibilizados aos cursistas os

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capítulos II e III, em quatro grupos, numa leitura compartilhada; depois, concedemos espaço à socialização das leituras/análises; os quatro grupos, então, fundiram-se em um e assim, todos compartilharam as/das suas impressões sobre a obra. Para propiciar o desenvolvimento desse assunto, valemo-nos de um material áudio-visual - clip musical – do grupo Engenheiros do Hawaii, oportunizando momentos de reflexão, imprescindível discussão dos mais diversos assuntos. Aos alunos foi apresentado - individualmente - o poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado O esguio propósito, possibilitando assim, outras leituras, olhares em relação ao memorável D. Quixote, a partir de jogos com palavras, relações metafóricas, depois, abriu-se espaço ao debate, à socialização das idéias. Deu-se o término desse primeiro encontro com a proposta do Dário de bordo, assim, os alunos registrariam o resultado das suas impressões, aquilo que julgassem mais relevante durante a oficina. No segundo e último dia da oficina, tivemos a exposição de algumas obras/pinturas de Portinari (da série/mostra D. Quixote), via data show; depois, com a história cervanteana quadrinizada (de autoria de Caco Calhardo), os cursistas tiveram contato com outros gêneros/plataformas textuais. Fez-se, então, a leitura compartilhada do corpus (capítulos VI XVII), onde se narram as principais venturas e desventuras do nosso herói. Posteriormente, socializamos as leituras e, à guisa de “finalizar”, fomos agraciados com canção Dom Quixote, de Maria Rita. Com a exibição do trecho final do episódio do Sítio do Pica-pau Amarelo, os cursistas, como era de se esperar, estavam ávidos por mais informações, anelam saber detalhes sobre o triste fim do Cavaleiro andante; assim, fizemos uma leitura dos capítulos: XX “A volta do engaiolado” e XXIX “Doença e morte de D. Quixote” e os alunos, de tão tristes, nem quiseram comentar nada, tal como Emília. Culminância do projeto: Os alunos, diante das diversas produções/gêneros que lhes foram apresentados (música, poema, desenho/pintura, charge, quadrinhos, vídeo) tiveram a liberdade para elencar/escolher um desses gêneros/mídias/tipologias textuais, fizeram /produziram o seu próprio material e, por fim, socializam as suas produções.

2.6- Experimento: Do e-mail de volta à carta: um passeio pela história de amor de Lobato.

Trabalho realizado pela pesquisadora voluntária, Uilma dos Santos Ramos, com alunos

do turno noturno a partir do livro Cartas de Amor de Monteiro Lobato: “... oficina numa

turma de Jovens e Adultos (aceleração, 8º e 9º ano) do Centro Integral de Ensino Profº Altino

Cosme Cerqueira, da rede municipal de ensino de Ipiaú/BA:

“(...) Num primeiro momento os alunos foram levados ao laboratório de informática da Universidade Estadual da Bahia - UNEB, essa atividade foi possível graças a uma parceria e a contribuição do município que cedeu transporte. Solicitou-se que fizessem e-mail, os que ainda não tinham, e enviamos uma mensagem para a colega que encontrava-se em outro estado. Era visível a euforia do grupo, e o encantamento da maioria que não tem acesso a este tipo de recurso. A partir desta atividade fez-se uma reflexão sobre a evolução dos meios de comunicação, para tanto usamos como recurso um vídeo do You Tube. Os alunos ficaram encantados com o vídeo e fizeram colocações sobre experiências. Dando seguimento ao primeiro momento, ainda no laboratório de informática, os alunos foram convidados a visitar um site e conhecer um pouco sobre o autor com o qual iriamos trabalhar, Monteiro Lobato, a navegação pelo site foi uma atividade livre, eles podiam escolher qual link acessar, ao longo do tempo ouvia-se alunos chamando atenção um dos outros para partilhar a

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informação que encontraram. Fotos, frases, obras, linha de tempo da vida... diversos aspectos da biografia do autor foram comentadas. As expressões dos alunos, suas falas deixaram claro o interesse despertado em conhecer obras de Monteiro. Uma das razões que despertou essa curiosidade foi ler informações novas sobre o autor, nas leituras das frases de Lobato, nas fotografias, nos relatos de estudos, foi se descobrindo um homem a mais, a ideia do escritor do sítio foi se ampliando. A estratégia de apresentar o autor através da internet, usando como recurso computadores contribuiu para o envolvimento dos alunos. A segunda parte da oficina, aconteceu na biblioteca da mesma universidade, em grupos os alunos fizeram a leitura de algumas das cartas do livro e após foram solicitados a comparar as cartas de Lobato com letras de músicas contemporâneas, buscando observar como a figura da mulher era descrita nas duas. Dialogou-se sobre os sentimentos despertados por cada um dos materiais. Os alunos listaram uma série de características de Lobato a partir das cartas: romântico, ciumento, possessivo, um homem que diferente dos outros de sua época valorizava a mulher, delicado e ao mesmo tempo agressivo e exigente, mas encantador. As palavras que Lobato destina a Purezinha foram recebidas pelos alunos como um elemento que seduz. Segundo uma das alunas ler as cartas a fizeram voar. Neste momento, pode observar-se a tese de Jaus sobre a recepção do leitor, um livro pode ser muitos livros, o consórcio entre leitor e texto é que realiza esse texto. As impressões dos alunos foram várias, tivemos elogios, mas também críticas a Lobato. Essa situação pode exemplificar a quarta tese de Jaus sobre estética da recepção discutida por Ana Sayonara Marcelo, segundo essa tese pode haver uma tensão entre o tempo da escrita e o tempo da leitura. A ortografia, o vocabulário, algumas expressões e situações provocaram essa tensão. Enquanto liam os alunos comentaram e questionaram o que era apresentado. Os pensamentos resultados deste momento foram diversos com são diversos os perfis dos leitores. Comparando a obra com letras de canções atuais tivemos grupos de alunos que afirmaram preferir a forma como as cartas foram escritas e outros que fizeram críticas ao perfil apresentado nas cartas. A vivência do leitor tem implicações na interpretação que faz da obra. Entretanto mesmo tendo criticado, todos os alunos se interessaram em transcrever trechos das cartas separados previamente. Sentiu-se que alguns alunos um comportamento diferente, um interesse maior em colecionar aqueles pensamentos e inclusive falas em que afirmavam o desejo de partilhar tais pensamentos com outras pessoas. Eles solicitaram que esses mesmos trechos fossem entregues e lidos no evento que a escola realizaria no dia dos namorados, assim a socialização da leitura se fez diferente da forma como foi descrita no planejamento da oficina. Os trechos pré-selecionados foram entregues a alguns alunos e lidos durante o evento, muitos trechos emocionaram o grupo que também ficaram curiosos por conhecer as cartas. Analisando a oficina, percebe-se que o principal objetivo foi alcançado, as atividades que antecederam a leitura das cartas criaram o desejo de lê-las. Após a leitura destas os alunos se interessaram em ler o livro e questionaram com a intenção de saber mais sobre o autor. Na socialização da atividade e dos trechos da carta outras turmas manifestaram o desejo de ler a obra por completo. Entretanto essa manifestação não foi de uma parcela significativa dos alunos, muitos não se interessam em ler o livro. Acredito que as dificuldades com a habilidade leitora que nossos alunos do EJA apresentam tenham levado a essa situação”

Pelos relatos acima, verifica-se que houve gestão no sentido de promover o encontro do

público pesquisado com a literatura lobatiana, atendendo à tese de Silva (2004, p.14) sobre

a imperiosa necessidade de “buscar soluções sérias e caseiras, evitando o assassinato do

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potencial de leitura de milhares de crianças e jovens”. É justamente o que o Projeto No

Reino da Imaginação: Experiências com Literatura Infanto-Juvenil fez nos experimentos

acima relatados: levou literatura para a sala de aula, buscou promover o gosto de ler entre

crianças, jovens e adultos. Nos experimentos relatados, o ludismo, o diálogo e a fantasia

ocuparam os espaços de leitura, deixando os leitores envolvidos com o texto lobatiano em

circulação no ambiente pesquisado. Assim, o exposto confirma Rubem Alves (2004), para

quem “... o lugar da literatura não é a cabeça: é o coração. A literatura é feita com as

palavras que desejam morar no corpo. Somente assim, elas provocam as transformações

alquímicas que deseja realizar.”

3 – BALANÇO DOS FINAIS FELIZES: resultados...

Esse trabalho com Lobato contribuiu para uma reflexão sobre a entrada de suas

obras na sala de aula. Os experimentos/oficinas realizados permitiram certificar a

importância da leitura lobatiana, pois, seus textos, além de entreter os alunos e ampliar os

seus horizontes, serviram como oportunidade de diálogo, aprendizagem e reflexão numa

experiência amorosa com sua literatura, tanto da parte dos pesquisadores, como dos

pesquisados.

As oficinas/experimentos foram planejadas e ministradas de maneira cuidadosa, o

que concorreu para alcançar resultados esperados: uma provocou interessante diálogo entre

um filme mudo com o texto a Pílula Falante; outra promoveu entre professores o debate

sobre o ensino de matemática a partir do livro lido; uma colocou o Egito Antigo no Sítio de D.

Benta; outra contextualizou a obra para que O fígado indiscreto pudesse ser digerido com

alegria; uma pôs em diálogo o texto do Cavaleiro da Triste Figura com vários outros gêneros

textuais: vídeo, música, poema, pintura, cartoon, charge; outra contrapôs a comunicação

por carta à comunicação por e-mail, a imagem da mulher nas Cartas de Amor lobatianas a

letras de músicas contemporâneas do tipo arrocha, aché e forró universitário...

Nota-se que cada experimento obedeceu a um roteiro próprio e a inclusão do diálogo

e do ludismo nos espaços de leitura contribuíram para despertar o interesse dos alunos e

promover a interlocução dos mesmos com os textos, além de possibilitar a relação destes

com outros suportes de linguagem. A maioria dos pesquisados participou com muita

animação correspondendo aos objetivos da(s) oficina(s): alunos do ensino médio se

encantaram com o Dom Quixote das Crianças, vivendo com ele suas aventuras e

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desventuras; as Cartas de Amor de Lobato causaram dentro e fora da sala de aula em

turmas de EJA, provocando a vontade de ir além nas missivas do autor para sua amada; pela

primeira vez num experimento do Projeto No Reino da Imaginação..., professores do

Fundamental I se despertaram para a necessidade de lerem de forma compartilhada a obra

lobatiana, ao fazerem autorreflexão pedagógica a partir de Aritmética da Emília; Pré-

adolescentes se divertiram, se estranhando na linguagem e costumes representados no

conto O fígado Indiscreto do Livro Cidades Mortas; crianças se identificaram, viajando no

capítulo A Pílula Falante do livro Reinações de Narizinho; jovens discutiram o capítulo

Pirâmides de História do Mundo para crianças, colocando-o em diálogo com um capitulo do

livro didático sobre o mesmo tema, já conhecido em sala de aula.

Assim, pode-se dizer que, durante a realização das oficinas, os alunos/pesquisados se

interssaram pelos textos/obras trabalhados, pois envolveram-se nas atividades. Além disso,

foi criada a oportunidade para que os pesquisados chegassem ao conhecimento da vida de

Lobato e algumas de suas obras ainda desconhecidas pela maioria deles. Percebeu-se

interesse desses alunos pela leitura e desejo de conhecer novas realidades a partir do livro

dado a ler.

As intervenções revelaram também a necessidade de um investimento maior em

pesquisas de campo sobre práticas de leitura e formação de leitores. Isso porque

constatamos a aceitação, o envolvimento dos sujeitos da pesquisa nas atividades propostas,

quando a opinião recorrente é a de que os alunos de hoje não querem ler ou não gostam de

ler... e, sobretudo não podem mais ler Lobato, porque a linguagem é difícil e os textos são

longos. Essa última, era a opinião de uma das pesquisadoras voluntárias que resistia,

inicialmente, ao trabalho de promover, entre pré-adolescentes, a leitura de uma obra

considerada adulta. Ao final, segundo seu relato:

“No momento da leitura todos deram muita risada com as palavras esquisitas que eles nunca tinham visto e que não se usa mais atualmente. Por conta deste ocorrido acrescentei em meu planejamento a explicação destes termos e o porquê de antes se falava ou escrevia tão diferente do que usamos atualmente.“

Essa pesquisadora registra também problemas de compreensão dos pesquisados,

mesmo a apesar de sua intervenção diferenciada. A curta duração da oficina, com certeza,

contribuiu para que o problema ocorresse e não houvesse tempo para resolvê-lo,

confirmando dados das pesquisas sobre analfabetismo funcional no país. Mas, ainda assim,

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seu relato aponta para a viabilidade de leitura dos textos lobatianos em sala de aula, mesmo

em realidades sócio-culturalmente desfavorecidas, a partir de uma mediação inteligente...

Por conta disso é que o Projeto No Reino da Imaginação: experimentos com

Literaturas Infantil e Juvenil atua, procurando agir em campo no que se refere à formação

de leitores. Durante a realização do trabalho nos sítios de pesquisa, o desafio é passar para

as crianças e jovens - e, agora, também para os professores - a leitura e a literatura lobatiana

de uma forma agradável, buscando no lúdico, na fantasia e no diálogo bilhetes de passagem

para despertar nos pesquisados o desejo pela leitura, especialmente pelos livros em

questão...

É importante reafirmar que, em todos os experimentos, utilizou-se uma metodologia

fundada no ludismo e no dialogismo, conforme recomendado por Platão, na República: Não

eduques as crianças no estudo pela violência, mas a brincar (1949, 536e) e Quem for capaz

de ter uma vista de conjunto, é dialético (idem: 537c).

Verifica-se, em todos os relatórios de campo, que a atividade lúdica e esforço pelo

diálogo: facilitaram a entrada dos pesquisadores no local de pesquisa; possibilitaram a troca

intersubjetiva pesquisadores/pesquisados e pesquisados entre si, abriram espaço para que a

experiência de leitura se tornasse significativa na educação formal; oportunizaram a

colaboração entre os leitores pesquisados e a literatura lobatiana, bem como a sua

atualização; autorizaram a entrada do texto literário, enquanto literatura, na sala de aula

(YUNES, 1984 e BARTHES, 1992); permitiram que pesquisadores e pesquisados descobrissem

que A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados enquanto redimensiona seus

entendimentos (QUEIRÓS, 1999: 23); e foram decisivos para a experiência de leitura

prazerosa, em termos bartheseano (1977).

No que se refere à qualidade da mediação, cumpre observar que, como ocorre em

toda intervenção do projeto No Reino da Imaginação..., os pesquisadores prepararam bem

sua entrada em campo. À luz da teoria da pesquisa etnográfica e da pesquisa de campo em

geral, eles tomaram decisões e estabeleceram estratégias, segundo orientações de Alba

Zaluar (1991) Mariza Peirano (1990) para esse tipo de investigação científica. Assim, eles

escolheram o local de pesquisa, selecionaram o material de leitura, que consideraram

adequados à proposta e ao público pesquisado, estabeleceram as estratégias de inserção no

campo de estudos e de coleta de dados (observação, entrevistas, anotações em diário de

campo, fotografias, fichas de avaliação/ acompanhamento, material produzido pelos

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pesquisados...). Com relação à entrada dos pesquisadores no campo de pesquisa, pode-se

dizer que, apesar de ela acontecer dentro do seu próprio grupo de ethos, eles se prepararam

para garantir a troca intersubjetiva desde o primeiro momento e se tornaram logo um deles,

lendo, contando histórias, brincando com os textos, debatendo-os... Essa troca ocorreu de

modo tal maneira que, ao término da experiência, ficou clara a colaboração para o ritual de

iniciação à leitura nos locais pesquisados. Pode-se dizer que, nessas intervenções, atuaram

pesquisadores/mediadores/iniciadores e pesquisados/seduzidos por textos, ainda que com

dificuldades e até medo da leitura – notado mais visivelmente em alguns grupos estudados.

Vale observar que os únicos problemas apontados em alguns relatos disseram respeito à

dispersão e falta de habilidade de leitura de algumas turmas. Entretanto, isso não chegou a

comprometer a mediação e as oficinas alcançaram o objetivo terminal de se constituírem

num momento de filiação de leitores... O bilhete de partida foi comprado pelos pesquisados,

fica, pois, o desejo de que as escolas continuem a viagem sem deixar pelo caminho qualquer

passageiro...

Além dos aspectos relacionados à recepção da metodologia de trabalho utilizada

pelos pesquisadores, o projeto No Reino da Imaginação: experimentos com literaturas

infantil e juvenil é desenvolvido também no intuito de observar a recepção dos textos das

Literaturas Infantil e juvenil por diferentes públicos e em diferentes espaços. Nesse sentido,

pode-se dizer que, nos experimentos da pós, aqui considerados, o texto ganhou vida no ato

de leitura – a interação leitor/texto se colocou em perspectiva através de leitores

criadores/(co)produtores de significado e, portanto, o sentido se fez destino, conforme

querem as teorias recepcionais. Concorreram, decisivamente, para isso as estratégias

inclusivas dos mediadores no intuito de promover a parceria leitor/texto: atividades

interessantes foram propostas, houve espaço para diferentes leituras de um mesmo texto, a

tensão tempo de escrita/tempo de leitura foi resolvida de forma tranquila e criativa... Tudo

facilitou o encontro com o texto: crianças, ainda em fase da alfabetização, reescreveram o

episódio da pílula falante; professores do Fundamental I entraram em sintonia com a crítica

lobatiana aos métodos tradicionais de ensino da matemática e vislumbraram as

possibilidades de entrada dessa obra em sala de aula; alunos de 7º ano criaram

conhecimentos, viajando com os picapauzinhos pelo antigo Egito; estudantes do Mais

Educação, venceram barreiras culturais e produziram humor a partir do confronto tempo de

escrita/tempo de leitura de O Fígado Indiscreto; alunos do ensino médio se fizeram

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cúmplices de Emília no luto por Dom Quixote; pesquisados da EJA (re)significaram as cartas

de amor lobatianas de tal maneira que uma pesquisada afirmou: -... as cartas me fizeram

voar... O exposto permite afirmar que os pesquisados deram, como diria Eco (1994, p 34),

em diferentes níveis, a sua “colaboração à máquina preguiçosa” que é o texto,

transformando-o em “signo-que-fica”, ainda e apesar, da maior ou menor, carência de

patrimônio cultural de alguns.

Desse modo realizado, o trabalho servirá, com certeza, como modelo para a

formação dos pós-graduandos envolvidos e oferecerá contribuição aos debates na área da

Pedagogia/Didática da leitura, pois os conhecimentos produzidos em campo os auxiliarão

nas práticas docentes e, em outros momentos, concorrerão de forma efetiva para a

produção acadêmica referente à formação de leitores.

Por fim, o exposto referente ao projeto de pesquisa - objeto dessa licença sabática -

autoriza dizer que, nas oficinas realizadas pelos alunos da pós da UNEB/Ipiaú-BA, o que

ocorreu legitima a pergunta queirosiana (1999): “Há trabalho mais definitivo, há ação mais

absoluta do que essa de aproximar o homem do livro?”

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66

IV- RESPEITÁVEL PÚBLICO! ATÉ LOGO!

...já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum. Monteiro Lobato, em: Mundo da Lua.

Um “balanço” dos resultados nos aponta a relevância dos estudos desenvolvidos na

Licença Sabática. Pelo ocorrido nas oportunidades em que os colocamos o conhecimento

produzido na licença em debate - em banca examinadora de mestrado, em evento, em curso

de pós e experimentos em campo - certificamos o valor da nossa contribuição: elucidando

equívocos sobre a vida e as obras de Monteiro Lobato; disseminando informações pouco de

divulgadas tanto no que refere aos contos de fadas, como à vida e às obras lobatianas;

socializando um conhecimento necessário aos professores da educação básica por meio de

curso e publicações; promovendo a pesquisa e a leitura crítica das obras lobatianas em

mares nunca dantes navegados – cidadelas e distritos no interior da Bahia...

Especialmente, acreditamos que esse conhecimento produzido e partilhado pode

servir de base para a formação docente dos estudantes que atuaram como

pesquisadores/parceiros (voluntários ou bolsistas) e como parte de um rito de iniciação para

o público pesquisado (alunos da educação básica e professores do fundamental I) envolvido

nos 23 experimentos realizados pelos pós-graduandos, em Ipiaú/BA e região. Ao mesmo

tempo, seus resultados podem oferecer uma contribuição para os debates no campo

Pedagógico/Didático da leitura, em especial, a leitura dos contos de fada e dos textos de

Lobato, além das literaturas infantil e juvenil em geral. Ademais, os dados coletados em

campo oferecem subsídios para a reflexão do papel dessa literatura no processo de

formação de alunos/leitores críticos, competentes.

Para chegar a esses resultados, algumas dificuldades de percurso, de diferentes graus,

foram enfrentadas. Alguns desafios foram encontrados na execução das atividades

planejadas e o maior deles foi vencer a resistência dos alunos da pós-graduação a propósito

de Lobato.

A partir do momento em que as polêmicas sobre a obra lobatiana se reacenderem

motivadas pelas questões raciais e ambientais, é corriqueiro iniciar uma disciplina sob as

indagações dos alunos que, por curiosidade ou vontade de provocação, lançam juízos

apressados, geralmente formulados sobre leituras parciais da obra e/ou copiados

acriticamente de terceiros. No curso de pós, em Ipiaú/BA, o mesmo ocorreu com o

Page 67: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

67

agravante de que alguns alunos resistiam à leitura das obras indicadas previamente sob o

pretexto de não ter encontrado o livro ao tempo em que questionavam a viabilidade das

ações em campo propostas como avaliação final da disciplina. Esse problema só foi superado

a partir do momento que o conhecimento sobre a vida do escritor foi partilhado através da

leitura de uma Cronologia e o artigo de minha autoria (Lobato, que saudades você nos faz!)

ambos fartamente debatidos em aula. Ao saber da vida do escritor: seus sonhos, seus vários

projetos, sua determinação, sua coragem, seu envolvimento em questões de saneamento e

meio ambiente, seu pioneirismo editorial, sua luta árdua pela exploração de petróleo em

solo brasileiro, sua posição crítica e questionadora frente à realidade... Ao tomar

conhecimento detalhado de todas as gestas lobatianas, o grupo admitiu estar pré-julgando o

escritor e sua obra a partir de informações superficiais, abrindo-se para uma interlocução

efetiva: as obras foram lidas, resumidas e discutidas em sala. Nessas discussões, algumas

questões foram amplamente discutidas: as sutilezas do discurso lobatiano; o recurso à

dialética socrática na elaboração textual; a construção do insólito no Picapau Amarelo; a

ironia, por vezes mordaz, que permeia sua literatura; as polêmicas de ordem racial e

ambiental no sítio; os diálogos com Platão e a Escola Nova... Ao final, após o conhecimento

da vida, de grande parte da parte da obra lobatiana e da leitura de estudos sobre o escritor e

a obra, foi possível ouvir os depoimentos, falando do tema com conhecimento de causa e

mudança de postura, portanto... dentre os vários depoimentos nesse sentido, citamos:

“Preconceito e desinformação: estas são as duas palavras que me definem no

início deste módulo (...) amadureci conceitos e vi que conhecer é fundamental

para se tecer comentários ou fazer leituras sobre qualquer assunto”... (D. M. H.

M.);

“Esta semana foi para mim mágica. Senti-me como Peter Pan em Neverland.

Estudar a trajetória da Monteiro Lobato e sua obra é uma daquelas experiências

que nos faz sentir saudades do tempo de criança. (...) Foram muitas leituras, aulas

expositivas, apresentações de resumos, elaboração de painéis. Participar de tudo

isso me fez crescer um pouco mais como pessoa e como profissional. Novas ideias

surgiram em minha mente, novos projetos que aplicarei com meus alunos”... (A. A.

S. S.);

“(...)pensar Lobato era sinônimo de chatice. Contudo, neste módulo (...) esse

paradigma começou a ser quebrado uma vez que estudar Lobato tornou-se o

mesmo que voltar ao tempo e perceber a sua importância no contexto sócio,

histórico, cultural e político da época. (E. S. S.Q.);

Page 68: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

68

Esses depoimentos, somados aos relatos dos experimentos produzidos a partir da

disciplina, geram expectativas quanto aos possíveis desdobramentos positivos desse curso/

pesquisa: no relato do subprojeto Dom Quixote na narrativa lobatiana: um diálogo com as

mais diversas produções/manifestações artísticas, a pesquisadora Lorena Silva de Santana,

animada como resultados do experimento numa turma de 3º ano, decidiu estender o

trabalho a todas as suas turmas do ensino médio do Colégio Estadual Almakazyr Gally Galvão,

em Coaraci/BA; pelo relato do experimento Um pouco de Lobato: Aritmética da Emília, a

pesquisadora Ana Maria Silva de Macedo conseguiu plantar uma semente de Lobato entre

os professores do ensino fundamental do Grupo Escolar Luís Viana Filho, em

Ibirapitanga/BA; segundo conta a pesquisadora Uilma dos Santos Ramos, no relato do

experimento do Do e-mail de volta à carta: um passeio pela história de amor de Lobato, o

interesse por ler o livro Cartas de Amor de Monteiro Lobato foi despertado em sua turma de

EJA e em alguns alunos de outras turmas, além disso, seus alunos levaram trechos do livro

para serem lidos em um evento comemorativo do dia dos namorados, encantando os

presentes, no Centro Integral de Ensino Prof. Altino Cosme Cerqueira, em Ipiaú/BA.

Além disso, durante o curso, os pós-graduandos nos indagaram sobre as

possibilidades de parceria das prefeituras da região para promover/partilhar o

conhecimento da vida e das obras lobatianas nas demais escolas de Ipiaú e cidades

circunvizinhas...

Assim, chegamos ao final dessas considerações, apostando na ideia de que os

trabalhos desenvolvidos na licença sabática contribuíram para reflexão sobre a metodologia

de ensino da leitura, sobre a recepção de contos de fadas por crianças e da obra lobateana

entre alunos de diferentes níveis de ensino e professores do ensino fundamental I, como

também confirmaram a importância que essas obras têm no papel de auxiliar na formação

dos leitores no espaço escolar.

Com referência ao conjunto dos trabalhos desenvolvidos no período deste Relatório

Final de licença sabática, é possível afirmar que:

– houve aprofundamento de estudos referentes à Psicanálise dos Contos de Fadas – foi feita

uma releitura dos textos e destacadas as informações relevantes para a produção de um

texto sobre A desconstrução do medo de bruxa na literatura contemporânea;

Page 69: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

69

- a maior parte da obra lobatiana e alguns estudos sobre a mesma foram revisitados,

debatidos, resumidos ou resenhados, estando alguns desses trabalhos publicados nos sites

do Centro de Estudos da Leitura – CEL/UESB ou da Cátedra Unesco de Leitura PUC/Rio;

- os estudos teóricos nas áreas de Sociologia da Leitura, das Teorias Recepcionais e

Pedagogia/Didática da Leitura/Literatura foram fundamentais para a análise e discussão

dos resultados dos subprojetos pertencentes ao projeto em questão na licença;

- um subprojeto diferenciado de todos os já realizados com a obra lobatiana foi desenvolvido

nessa licença. Foi o experimento com professores do ensino fundamental I. Já

vislumbrávamos essa necessidade desde os resultados dos Projetos Emília vai a Escola...

desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Lobato - GPEL/ESTALE no território

de Jequié/BA. A intenção já era dar início ao Projeto Emília e os Professores... a partir de

2014, mas uma pós-graduanda adiantou a proposta através do experimento Um pouco de

Lobato: Aritmética da Emília, confirmando a necessidade dessa iniciativa e subsidiando-a

com resultados iniciais;

- as atividades de campo se constituíram em oportunidade exercício investigativo para os 26

pesquisadores/ colaboradores voluntários, que foram orientados e preparados por mim,

durante disciplina de pós-graduação, para a entrada em campo;

- as atividades dessa licença também oportunizaram o envolvimento de voluntários

interessados na investigação proposta, a exemplo da assistente voluntária, Gizelen Santana

Pinheiro, e da integração à proposta das atividades de pesquisa da Bolsista, Daniele

Santana Santos, minha orientanda, pela FAPESB, no Projeto No Reino da Imaginação...

– quase tudo ocorreu dentro do previsto; somente os resultados da pesquisa de campo e o

relatório final da licença não foram divulgados/ publicados conforme planejado e em tempo

por conta de um problema de saúde que tive na segunda quinzena de maio, o que me

obrigou a concluir os trabalhos no mês de julho.

Como os estudos desenvolvidos na Licença Sabática se inserem no processo de

produção de conhecimento do Programa Estação da Leitura – ESTALE, desenvolvido no

Centro de Estudos da Leitura – CEL/UESB, por um grupo de trabalho sob minha coordenação

acadêmica, as atividades inerentes à pesquisa das Literaturas Infantil e Juvenil não se

concluem com este relatório. Assim como essa proposta de estudos dá continuidade a

alguns trabalhos iniciados antes da licença sabática, algumas atividades iniciadas aqui terão

solução de continuidade. Por exemplo: a elaboração de um Catálogo das

Page 70: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

70

oficinas/Experimentos de leitura de obras lobatianas planejadas e executadas pelos alunos

da disciplina de pós; a revisão dos resumos das obras lobatianas produzidos pelos alunos da

pós, sob minha orientação, para fins de publicação em um caderno...

Vale registrar ainda, como desdobramento dessa história de trabalho, que fui convidada: a

participar, como examinadora, na Banca de Defesa da Dissertação de Mestrado Sítios de

Memória: histórias e narradores de Monteiro Lobato, de autoria de Jenniffer Souto

Miranda, no dia 26 de agosto de 2013, na UEFS, em Feira de Santana/BA; a participar, como

Palestrante, em evento na UFSC, tratando do tema Contos de Fadas...

Por fim, tenho que afirmar que os resultados da licença sabática foram muito

promissores, por se constituírem em tempo para aperfeiçoamento e redimensionamento de

um projeto de pesquisa do ESTALE no que se refere à recepção de contos de fada e da obra

lobatiana dentro de um processo de Iniciação/Formação de Leitores em espaços de

educação... Não posso deixar ainda de registrar que isso só foi possível graças à bolsa

recebida da PPG/UESB para esse fim e à generosidade da interlocução com a Cátedra

Unesco de Leitura PUC/Rio, na pessoa da Profª Drª Eliana Yunes...

Page 71: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

71

V– REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Os livros, penso que são/ Como portas encantadas/ Que levam a lindas terras,/ Onde moram anões e fadas /Lugares longe e tão belos/ Aonde eu não podia ir/ Mas, agora, com esta porta,/ É só ter cuidado e... abrir. Adelaide Love, em: Livros

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Page 78: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

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ANEXOS

Anexo I

- Espelho, Espelho meu: fotos das aventuras

acadêmicas

Anexo II

- Documento do Dr. Caramujo: Atestado Médico

Page 79: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

79

ANEXO I

ESPELHO, ESPELLHO MEU... FOTOS DAS AVENTURAS ACADÊMICAS:

1- NA BANCA EXAMINADORA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, NA UNB,

EM BRASÍLIA/DF – 23/11/2012:

Page 80: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

80

2–COMUNICAÇÃO ORAL NO XII PAINEL REFLEXÕES SOBRE O INSÓLITO NA NARRATIVA

FICCIONAL, IV ENCONTRO REGIONAL ‘O INSÓLITO COMO QUESTÃO NA NARRATIVA

FICCIONAL’, NA UERJ/RJ – 25/03/2013

Page 81: NO REINO DA IMAGINAÇÃO ESTUDOS SOBRE LITERATURAS

81

2- NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’ EM LITERATURA E

LINGUAGENS: O TEXTO INFANTO-JUVENIL, NA UNEB, EM IPIAÚ/BA – 22 A

26/04/2013

3.1 – Aulas da Disciplina: A Literatura Infanto-juvenil de Monteiro Lobato

3.2 – Experimentos em Campo:

Oficina: A Pílula Falante de Narizinho, Bookafé (livraria, cafeteria e biblioteca), 3º ano, E. M. Italva Myrthes Bitencourt, em Ipiaú/BA –

04/2013

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Oficina: Conhecendo ‘As Aventuras de Hans Staden’ de Monteiro Lobato, 6º ano, Colégio Dom Bosco, em Ipiaú/BA – 05/ 2013

Oficina: Uma Viagem à Literatura Infantil de Monteiro Lobato, 4º ano B, E. M. Tertulina Pereira Andrade, em Ipiaú/BA – 05/2013

Oficina: Um Pouco de Lobato: Aritimética da Emília, Professores do Fundamental I, Grupo Escolar Luís Viana Filho, em Ibirapitanga/BA

– 05/2013

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Oficina: A Chave do Tamanho: abrindo as portas da Imaginação, 4º ano, E.M. Agostinho Pinheiro, Ipiaú/BA - 06/2013

Oficina: Histórias das Invenções: redescobrindo as invenções humanas, 6º ano, Colégio Estadual Clemente Mariani , Ibiaçu, distrito de

Maraú/BA - 06 /2013

Oficina: Vivendo Lobato, 7º ano, E.M. Maria José Lessa de Moraes, Ipiaú/BA - 06 e 07/2013

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Oficina: Do e-mail de volta à carta: um passeio pela história de amor de Lobato, 8º e 9º anos, Centro Integral de Ensino Altino Cosme

Cerqueira, Ipiaú/BA - 0 5/2013

3- NA CÁTEDRA DE LEITURA UNESCO/PUC-RIO - 03/2013

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4- NO CENTRO DE ESTUDOS DA LEITURA – CEL/UESB, EM JEQUÍÉ/BA – 07/2013

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ANEXO II

DOCUMENTO DO DR. CARAMUJO: ATESTADO MÉDICO