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No frenesi de uma vila operária: histórias de vida, cultura e sociabilidades
em Fernão Velho (Maceió-al, 1940-1950)
MARCELO GÓES TAVARES
Era um dia qualquer da semana nos idos de 1940. O sol acabara de nascer. O
movimento da natureza se permitia registrar no conjunto de sensações e sensibilidades do
viver na vila operária de Fernão Velho1. Ouviam-se os grunhidos e cantos das aves que
vinham da sua mata e que por ali sobrevoavam. As pequenas ondas das águas do Mundaú
rebatiam seguidas e infinitas vezes na orla lagunar. Vinham também os ventos que sem uma
barreira de edificações na orla, na rua da Praia, adentravam as outras ruas arejando o ambiente
e refrescando as pessoas e seus espaços. Formava-se uma paisagem idílica, reforçando um
significado de lugar aprazível entre seus viventes.
Com o calor do dia, acelerava-se os movimentos do cotidiano, que à noite era
desacelerado no descanso da maioria dos viventes daquele território fabril. Enquanto alguns
muitos dormiam repondo suas energias para o dia seguinte, outros continuavam na incessante
produção da fábrica que também funcionava com turnos noturnos. Estes operários noturnos
também ansiavam pelo momento de descanso, recuperação de seu “corpo produtivo”,
sobretudo tendo em vista que era um dos horários onde muitos recebiam por produtividade. A
Fábrica Carmen funcionava diuturnamente com toda a intensidade do tempo da produção.
Ao longo do dia, diversos outros sons em Fernão Velho expressavam esse lugar que
pulsava através das realizações e movimentos das pessoas entre seus múltiplos espaços. Os
apitos do trem, as badaladas do sino da Igreja anunciando a missa, o burburinho e conversas
das pessoas na praça, as gargalhadas das crianças nas ruas, os ensaios da Banda Othon
Historiador, doutorando em História na linha de Cultura e Memória na UFPE. É docente na Universidade
Estadual de Alagoas – UNEAL e Centro Universitário Tiradentes – Unit/AL. Contato:
[email protected] 1 Pertencia à Fábrica Carmen, que atuava no ramo de fiação e tecelagem. Esta foi implantada em Maceió-AL,
nas margens da laguna Mundaú, ainda no século XIX através dos esforços de José Antônio de Mendonça – o
Barão do Jaraguá - e o comerciante Tibúrcio Alves de Carvalho. Foi fundada em 1857 com o nome de
Companhia União Mercantil e inaugurou sua produção têxtil em Alagoas em 1963. Foi uma das primeiras
companhias fabris-têxteis no Brasil. Passou por seis gestões e grupos empresariais, destacando-se entre estes, o
liderado por Othon Lynch Bezerra de Melo que a administrou entre 1943-1996, e que nos idos da década de
1940 detinha outras fábricas nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
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mantida pela fábrica, as feiras, e as diversas atividades na laguna Mundaú. Um frenesi de
sons, pessoas, movimentos...
Esse território fabril pulsava através das experiências operárias então praticadas,
abrindo-se também, aos acontecimentos diversos, simultâneos e imprevisíveis. À contrapelo
das tentativas de controle2 da fábrica, a vila operária se tornava febril com toda sua
intensidade em sons e movimentos. Fervilhava no pulsar de suas sociabilidades, mas também
nas (re)apropriações de múltiplos personagens que se constituíam operários em suas cenas.
Concomitante à produção têxtil e o cumprimento de funções laborais marcadas pela
tentativa de disciplinarização de seus corpos e comportamentos, muitos operários resistiam.
Viviam sua vida, permitindo-se permear pela política e apropriando-se dos benefícios sociais3
ofertados pela fábrica, mas também lutando por direitos e melhores condições de vida, seja
nas lutas políticas e/ou atividades cotidianas. Diversas cenas simultaneamente se
descortinavam em Fernão Velho. A vida operária era encenada em suas múltiplas formas,
permitindo histórias críveis.
Nos labirintos da memória e tessituras da história: cenas febris
Cena 1: Aprendizagens
Logo cedo pela manhã e a caminho do colégio, crianças, filhos e filhas de operários,
percorriam as ruas de Fernão Velho. Algumas mal passavam da altura da cintura de um
adulto, e apesar da tranquilidade nas ruas, muitas vezes eram acompanhados por alguém mais
velho. Como pequeninos, iam com sono, tagarelando, e às vezes até chorando. Andavam de
mãos dadas com seu acompanhante, ou não, quando já tinham mais autonomia. Já outros, com
idade que se aproximava ao início da adolescência, juntavam-se em uma turminha fazendo
2 Entendo o controle como uma forma de biopoder, de disciplina de corpos e comportamentos, e que no caso de
Fernão Velho, ensejava a gestão da produtividade e da vida dos operários. Sobre o biopoder, ver: FOUCAULT,
Michel. Aula de 17 de março de 1976 In: Em defesa da sociedade. Curso no Collége de France (1975-1976).
São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.285 - 315. 3 A fábrica ofertava vários serviços aos seus operários: casa para moradia, atendimento de saúde, escola, energia
elétrica e água encanada, atividades culturais diversas como festas, banda, time de futebol, grupo de escoteiro,
entre outras. Estes visavam sobretudo assegurar a permanência dos trabalhadores na vila operária suprindo
demandas diversas em seu cotidiano, evitando assim o afastamento do ambiente fabril.
3
aquela algazarra. Alguns passavam pela Praça São José com seu coreto e jardins de flores
vistosas. Destinavam-se todos para o Colégio São José.
Esta fora construída pela fábrica ainda nos tempos da gestão dos Machados (1891-
1938), e que nos tempos dos Othon (1943-1996) continuou funcionando. Eram ofertadas a
alfabetização e as séries iniciais do ensino primário.
Para lá, os operários, outrora estudantes, relatam que caminhavam levando seu
material escolar composto por livro, caderno e lápis. Alguns levavam um lanche preparado
pelos pais.
Todos vestiam o fardamento do colégio. Isso era regra. A fábrica se preocupava em
identificar seus estudantes. “Na escola era 100 por cento vestidos e com farda completa e
composta”, relatou Antônio Cardoso (2015), um operário aposentado. Para todas as crianças
era entregue o fardamento que deveria ser usado e mantido limpo. Este geralmente era feito
com tecidos brancos, mas também foi composto com calça e saia azul. A padronização
facilitava a fiscalização da higiene e permitia distinguir meninos e meninas.
Os meninos, nas memórias de Antônio Cardoso (2015), usavam “calça curta e
tamanco para ir para a escola e igreja. [...] O tamanco era muito duro. E durava. Muitas das
vezes, eu tinha um cinto velho e cortava as tiras para aproveitar o tamanco.” Já as meninas,
lembrava que “era uma percatinha baixa, a saia bem cumprida, a blusa bem bonita e
penteada.” Um fardamento que embora fosse útil na identificação dos estudantes, não oferecia
conforto adequado. Sobretudo para os meninos que também usavam o tamanco, era “duro, de
pneu, para não se gastar4”.
O tipo de material usado na confecção do fardamento, apesar de ser fornecido pela
fábrica, não era desprovido de uma preocupação empresarial com os custos que este
acarretava. O “duro para não gastar” permitia longevidade ao calçado, e mesmo quando
começava a apresentar sinais de desgaste, era possível usar tiras de cinto para prendê-lo aos
pés, prolongando sua vida útil.
4 Relato de Zequinha Moura, 2014.
4
O prédio do colégio parecia modesto, com poucas salas de aula, porém o suficiente
para o número de estudantes. Era de esquina, bem próximo da Igreja católica e da praça
central de Fernão Velho. Havia janelas grandes que ajudava na iluminação e arejamento
interno desse prédio escolar. Localizava-se em uma área bem central para todos. Os
educadores geralmente eram mulheres, havendo homens em menor número. Contavam ainda
com o Pe. Cabral, que além de pároco na Igreja local, era o diretor do colégio. Em seu relato,
Antônio Cardoso (2015) lembrou que as irmãs do padre também foram professoras.
Logo ao chegar no colégio, a criançada se concentrava em frente na escadaria de
acesso, sem poder ainda entrar.
Aguardavam do lado de fora o horário para
cumprir as obrigações cívicas como parte do
aprendizado. Meninos e meninas ficavam em pé
organizados em fileiras, e junto com as professoras
e professores de suas turmas cantavam o Hino
Nacional, o da Bandeira e por vezes o de Alagoas.
Formavam um coro de vozes infantes misturadas
com as dos adultos educadores na realização
daquele ato pedagógico.
Depois, poderiam seguir para suas respectivas salas de aula. “A aula começava oito
horas até uma da tarde5”. As lições abordavam conteúdos de humanidades, ciências e língua
pátria. As crianças aprendiam sobre Geografia, História, Matemática e Português. As
meninas, nas lembranças de Dona Emília, também aprendiam bordado, crochê, e ponto de
cruz. Tais saberes eram opcionais aos meninos, embora importante. Ajudava a desenvolver
habilidades manuais que posteriormente poderiam ser uteis para os futuros operários, em
especial as mulheres. Dona Emília logo que começou a trabalhar ainda como menor, foi
5 Relato de Antônio Cardoso, 2015.
Figura 1 - Colégio São José em Fernão Velho
Ano e autor desconhecidos. Foto extraído do
livro “Terra de Alagoas” de Adalberto
Marroquim, 1922. Acervo: Biblioteca do
Instituto Histórico Geográfico de Alagoas –
IHGAL
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transferida para o setor de urdimento6, onde exerceu habilidades com fios aprendidas quando
criança na escola.
Além das habilidades manuais, a didática de ensino de conhecimentos propedêuticos
estimulavam memorização e perspicácia na mobilização dos saberes. Era uma prática que
Zequinha Moura destacara como “argumentos”, envolvendo, sobretudo o ensino da
Matemática e do Português. “Não gostava! Era assim: três vezes oito? Se não sabia dava a
palmatória. Era o ‘argumentos’7” Exercícios com tabuada e ditado eram frequentes. Os alunos
e alunas deveriam responder prontamente e de forma correta. Do contrário, a sanção
pedagógica viria sob forma de castigos, sobretudo em momentos que ocorria bagunça que
poderia atrapalhar a aula ou mesmo danificar o que a fábrica disponibilizava para a educação.
“Tinha uma professora que tirava o tamanco e batia. Pá, pá, pá... Levanta os pés! E falava
para levantar os pés. A preocupação não era com acabar com os tamancos, mas com o piso.8”
Ao levantarem seus pés, os estudantes tornavam-se momentaneamente imóveis em
seus lugares, evitando deslocarem-se dentro da sala de aula, mantendo-se em suas cadeiras
perfiladas para um maior controle, e circulação dos educadores entre seus educandos. Visava-
se a eficiência do aprendizado e disciplina no comportamento, assim como seria exigido na
produção fabril.
Pressupunha-se que a educação em Fernão Velho não deveria apenas formar sujeitos
dotados de conhecimentos propedêuticos. Nas memórias de Veríssimo Ferreira, a Irmã Maria
José, uma freira, ensinava com seriedade e entusiasmo, tentando despertar nas crianças
sentimentos de civismo e amor ao próximo. Porém, “esse amor ao próximo” reforçava o
caráter de coletividade entre os operários e as obrigações que deveriam cumprir desde cedo,
6 Esse setor consistia na preparação dos fios que saiam da seção da fiação para então serem encaminhados para a
seção de tecelagem onde eram produzidos os tecidos. Os operários e operárias manipulavam os fios em estado
bruto que saiam das bobinas da fiação para passagem nas máquinas urdideiras. Nestas, os fios eram torcidos,
esticados e afinados, transformando-se em fios mais finos, mas que rompiam com frequência e facilidade.
Precisavam ser unidos novamente, realizando emendas, sendo necessário as mãos ágeis e delicadas de
operários(as) urdideiros(as). Somente então é que eram encaminhados para serem enrolados em tubos menores,
muito embora não estivessem totalmente prontos para serem encaminhados à tecelagem. Passavam ainda pela
engomação onde adquiriam resistência e elasticidade. 7 Relato de Zequinha Moura, 2014. 8 Relato de Antônio Cardoso, 2015.
6
quando criança. Seja com as obrigações escolares, ou na igreja, entre outras, e posteriormente
como operários. A educação propiciava uma formação moral extremamente disciplinadora.
Cena 2 – As festas como possibilidade de resistência à disciplina
Nos tempos dos Othon, comemorava-se de tudo ao longo do ano: São João, Carnaval,
Natal, Padroeiro... Sentimentos religiosos e cívicos, de profanação e danação9, esportivos,
entre outros eram celebrados. E em um mesmo festejo que mobilizava os operários, a fábrica
e até pessoas de fora, havia espaço para todas as formas de sentimentos e seus efeitos como
práticas diversas10. Fernão Velho era conhecido como lugar de muitos festejos.
Dia Primeiro de Maio, vinha gente de fora. Tinha uma missa campal. Cinco horas
da manha tinha giranda de fogos e agente se acordava. Ai vinha, era jogo, era o dia
todinho. Primeiro de Maio, dia dos trabalhadores. Desde menina era isso. Ai vinha
o desfile, agente pequena tudinho. Tinha banda de música. Era tudo pela fábrica.
(Relato de Dona Emília, 2014)
A participação da gestão da Fábrica na organização e promoção de festejos era uma
prática em Fernão Velho. Isso já ocorria desde os tempos dos Machado. Com os Othon, as
festas também se tornaram uma forma de profilaxia da alegria. Nesse ensejo, a Fábrica
Carmen construiu o Recreio Operário em 1948. Neste, aos domingos, sempre ocorriam
momentos dançantes aos operários. Lá, a Banda Othon também ensaiava suas apresentações.
Era um lugar de múltiplas práticas, sempre reunindo o operariado. O sindicato usava esse
espaço para realização de suas assembleias, momento em que concentrava maior número de
operários sindicalizados. E embora fosse um espaço cuja denominação “recreio” emitisse
signos de espontaneidade entre os operários, a presença panóptica dos Othon era frequente.
Uma das festas esperadas com mais ansiedade entre os operário era o Natal, relatou
Dona Emília. “As festas daqui eram famosas. Não cabiam de tanta gente. Vinham tudo para
cá”, relatou Zequinha Moura (2014). A vila operária era toda ornamentada, e para animá-la
9 Ato ou efeito motivado por fúria, raiva, oposição e negação do que é sagrado, tornando-se passível de
condenação moral e espiritual. 10 Para o historiador Pierre Mayol, são minúsculos fatos sociais, difíceis de analisar em sua banalidade cuja
memória tende a apagar-se, mas indiciárias da extraordinária acumulação do desejo de vivenciar a cidade. Ver:
CERTEAU; GIARD; MAYOL, 2013:151.
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ainda mais, apresentavam-se grupos de folguedos como reisado, pastoril, guerreiro, chegança,
baiana. Todos abrilhantavam a festa.
Em pleno pátio da festa eram armados palanques para Pastoril, para Guerreiro e
Reisado. Enquanto que para a chegança eram armadas duas grandes barcas, [...]
onde os marinheiros apresentavam suas danças e cantavam seus feitos e suas
histórias no que se refere às suas vidas difíceis sobre os mares, enfrentando as
grandes tormentas e espessos nevoeiros. (Veríssimo Ferreira, 1997:13)
Havia também a Chegança representando marinheiros imaginários, muito embora
alguns brincantes eram pescadores que trabalhavam embarcados aventurando-se pelo mar.
Este folguedo encantava seus espectadores. Como típicos narradores de Walter Benjamin11,
proferiam histórias épicas que traziam e levavam nas navegações e cheganças pelo mundo.
Histórias de viagens que naquele momento eram contadas com música e dança, encenando-as.
Envolviam todos nos mistérios dos nevoeiros em meio às águas do mar, suscitando a surpresa
e entrega à superação das tormentas do cotidiano. Tormentas que favoreciam lembrar as lutas
pela sobrevivência.
Lutas como as do folguedo chamado “Guerreiro” em alusão a índios e negros,
mamelucos, caboclos e mulatos, e que entoavam suas resistências na espera do messias para
sua salvação. Aos operários, para além de uma encenação que alegrava seus festejos, os
folguedos possibilitavam intercambiar experiências, apreender lições úteis que pudessem
ajudar na realização de suas vidas.
O carnaval era bastante celebrado e lembrado. Em Fernão Velho ocorriam bailes no
Recreio Operário animados com a própria Banda de Música Othon. Os Othon até permitiam
parar a fábrica em um determinado horário para que seus operários pudessem festejar e quem
sabe, continuarem posteriormente produzindo mais e alegremente. Ou mesmo, com esse ato,
os patrões poderiam estar lembrando a todos nesta celebração que a gestão da fábrica era
simbolicamente o próprio Momo que poderia permitir e limitar o tempo da festa.
11 BENJAMIN, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Obras escolhidas. Magia
e técnica, arte e política. Vol.01. São Paulo: Brasiliense, 1996, p.197-221.
8
O carnaval tornava-se uma prática cultural capaz de expressar a própria vida vivida12,
representando outra possibilidade de sua realização marcada pelo riso, que por sua vez, pode
ser indício da alegria e liberdade sonhada permitida de ser celebrada no festejo.
Produzia-se, desse modo, outro mundo, um mundo carnavalizado paralelo ao mundo
oficial das normas. Carnavalizar, portanto, pode ser também compreendido como ritual de
resistência à perda da liberdade, da rememoração de tudo que pode ser considerado sagrado,
ou mesmo da profanação dos valores que se sobrepõe aos desejos de liberdade. Nessa
profanação, o coletivo se traveste de máscaras e fantasias, e nas suas trampolinagens,
brincantes expressam utopias e desejos. É o tempo da libertinagem e da renovação de uma
vida vivida intensamente, tornando-se lócus privilegiado para a inversão das normas, abrindo-
se ao jogo da danação.
Entre as memórias festivas dos operários de Fernão Velho, é sempre viva a lembrança
de um bloco carnavalesco de rua polêmico que perdurou durante muito tempo. É o Ferruge13!
Este costumava sair nas segundas e terças de carnaval percorrendo as ruas da vila operária.
Adultos, crianças, homens, mulheres,
jovens e pessoas maduras carregavam graxa, óleo
queimado, melaço de cana, lama, pó de serra,
maisena, ovo, o que achasse para sujar o outro.
Melavam quem passasse.Todo mundo ficava preto
com o mela-mela. Era uma danação entre os
brincantes do Ferruge.
Como um dos blocos mais divertidos, aboliam momentaneamente a intransigência das
restrições cotidianas, revogando hierarquias e medos em favor das sensações do riso e
liberdade.
12 BAKHTIN, 1987:05-6. 13 Segundo o historiador e sociólogo Ivo dos Santos Faria, o bloco Ferruge, como chamavam os operários, surgiu
em 1951 e deixou de sair no carnaval em 1995. Ver: FARIAS, Ivo dos Santos. Carnaval operário em Fernão
Velho. Disponível em: <http://pcbalagoas.blogspot.com.br/2011/09/artigo-carnaval-operario-em-fernao.html>.
Acesso em 15 de fev. de 2014.
Figura 2 –Bloco Ferruge 1
Autor: Celso Brandão, [198?].
9
Diante de tanta alegria e melação, a Fábrica Carmen até alertava para a manutenção
dos bons costumes, dos comportamentos morais e necessária manutenção da limpeza e
profilaxia de seu território. Inclusive com tons de ameaça. Os operários poderiam ser
“chamados” na fábrica.
Vocês vão brincar, agente dá tudo, brinquem como quiser. Só não quero que
encostem um dedo nas paredes!” Todo mundo brincava e quando terminava o
carnaval você não via mancha nenhuma. E às vezes quando um caba tocava na
parede e manchava, ele mesmo fazia qualquer coisa para tirar e não ser chamado
na fábrica. (Relato de Zequinha Moura, 2014).
Após a celebração sempre se tentava restituir a ordem e manutenção do tempo cíclico
da produção que não deveria parar. Por outro lado, o Ferruge como expressão de um mundo
carnavalizado na vila operária, tornava possível a prática do deboche e da burla, onde todos
riam dos outros, de si mesmos, e porque não de toda moral vigente. E quem sabe até indagar:
“E agora patrão?”
Parodiavam a disciplina, convertendo-a
“num jogo alegre e totalmente desenfreado tudo
que é sagrado e importante aos olhos da ideologia
oficial (BAKHTIN, 1987:73)”, nesse caso os
desígnios morais da fábrica. Possibilitavam as
encenações brincantes entre disciplina e
contradisciplina, entre o sujo e o limpo. Ensejavam
múltiplas resistências e táticas como enredos nas
lutas operárias.
De início as pessoas até se continham na melação e nos exageros, tendo cuidado com
as paredes que a fábrica costumava pintar antes do natal. As casas e prédios ficavam todos
caiados, brancos e limpos através da intervenção da fábrica que preparava o festejo natalino,
mas também a profilaxia que deveria perdurar no ano seguinte. Mas depois daquele fevereiro
do Ferruge...
Se por um lado o carnaval poderia emitir em suas práticas culturais os signos da
profanação, os festejos religiosos por outro lado lembravam sobre os pecados, talvez o maior
Figura 3 –Bloco Ferruge 2
Autor: Celso Brandão, [198?].
10
fosse a corrosão da disciplina. A festa do padroeiro São José era também bastante popular
entre os operários. Os párocos conduziam os maiores esforços de catequese católica nesse
território fabril, inclusive estendendo suas ações região vizinha. O Pe. Cabral sempre
mobilizava os operários, inclusive com procissões cuja intenção ia além da homenagem aos
santos e datas sagradas.
Nas memórias de Zequinha Moura, por uma ocasião, o Pe. Cabral decidiu ajudar, com
a fé, tijolos e pedras, a construção da igreja do Tabuleiro. A procissão saia da Igreja São José
e seguia em direção ao Tabuleiro. O povo subia a ladeira rezando, entoando os cânticos
católicos, carregando santo, e junto também carregavam tijolos e pedras na cabeça. E o
mesmo se sucedeu com a construção da igreja do Rio Novo. A Igreja São José em Fernão
Velho se tornava igreja matriz, e ao mesmo tempo, oportunizava a remissão dos pecados
acumulados inclusive nas festas pagãs. Contribuía para a disciplina, oferecendo oportunidades
para a fé e realização de boas ações, mesmo que com tijolos e pedras na cabeça. Estes
materiais de boa ação talvez lembrassem aos fieis o peso de seus pecados e das supostas
indisciplinas que tenham cometido contra a fábrica.
Cena 3: A vida incerta no rés do chão da fábrica
Eram seis horas da manhã. A sirene da Fábrica Carmen tocava pela primeira vez logo
após o nascer do sol. Ecoava por toda Fernão Velho, sendo ouvida por todos que ali trabalham
na produção fabril. Esse som se repetiria mais algumas vezes ao longo do dia. Cada vez que
soava, operários e operárias entravam ocupando as seções para o exercício de suas funções
laborais. Simultaneamente outros saiam. Todos se alternavam. Era um tempo de produção
contínua, com escalas de trabalho que adentravam pela noite e amanheciam em um novo dia.
A sirene demarcava o tempo da produção. Findava-se um turno, iniciava-se outro.
Em Fernão Velho, além da sirene, os operários lembram que se ouvia
permanentemente o barulho das máquinas que vinham da Fábrica. “Passei muitos e muitos
anos ouvindo a tecelagem aí na frente de casa. A zoada14 era grande. Pááááá, páaaa...
Centenas de máquinas. Páaaaaa, paaaaa. Era aquela zoada. O dia todinho, e a noite também”,
14 Barulho.
11
relatou Zequinha Moura. Na medida em que a sirene demarcava a divisão do tempo em
turnos, a “zoada” que durava dia e noite ecoava a incessante produção. As duas em conjunto,
expressavam o funcionamento da “engrenagem fabril” formada por máquinas, mas também
por operários como parte do corpo produtivo.
Os operários da fábrica eram homens, mulheres, jovens, pessoas de idade madura e até
crianças entrando na adolescência por volta dos treze e quatorze anos de idade. Havia
tecelões, urdideiros, fiandeiros, carpinteiros, caldeiros, contramestres, encarregados de setor,
gerentes, cardistas, azeiteiros15, e pessoal do acabamento e expedição. Trabalhavam
diretamente na produção dos fios e tecidos. A denominação da função de cada operário se
dava a partir da seção ou setor que trabalhava. Havia também os motoristas, mecânicos,
pedreiros, pintores, carpinteiros, lenhadores, e vigias. Realizavam a manutenção da vila
operária e da fábrica. A mudança de função era comum. O próprio Carlos Caraccioli (2015),
que foi gerente de produção, lembrou que trabalhou em diversos setores e atividades, e assim
resconstruiu sua imagem espacial da fábrica.
A produção abrangia todo o
espaço da fábrica com diferentes
seções16. Havia a seção das caldeiras,
armazém de algodão e almoxarifado
com material para abastecer a fábrica,
a fiação, a preparação para a
tecelagem, a tecelagem, o acabamento
com sala de fazendas e expedição, o
escritório onde era realizada toda a
administração.
A tecelagem era uma seção de ocorrência de muitos acidentes de trabalho. Havia as
lançadeiras. Era uma peça de ferro ou madeira que media de 15 a 30 cm podendo pesar até 15 Operários responsáveis pela lubrificação das máquinas. 16 É relevante aqui esclarecer que o esforço por recuperar o processo produtivo da Fábrica esbarrou em algumas
dificuldades. A principal delas foi a falta de acesso a fontes documentais da própria Fábrica Carmen que
possibilitasse o mapeamento da produção dentro do seu espaço físico, bem como descrições sobre as máquinas e
etapas da produção.
Figura 4 – Representação da distribuição de salas e
setores de produção nos tempos dos Othon
Autor: Carlos Caracciolo, 2015. Acervo pessoal.
12
1kg e que carregava um rolo de linha conhecido como espula. Funcionava dentro dos teares,
passando de um lado para outro realizando a trama do tecido. Era comum saltarem para fora
dos teares quando esvaziava a espula. Quando isso ocorria, seguia uma trajetória indefinida,
percorrendo todo o salão. Atingia quem estivesse em sua frente. Quando acertava diretamente
na parede provocava perfurações no reboco que a revestia. As paredes eram marcadas pelas
lançadeiras, o que lembrava permanentemente os operários sobre os perigos que corriam
quando trabalhavam naquela seção. Carlos Caracciolo (2015) relatou que era difícil encontrar
algum operário tecelão que nunca fora atingido por lançadeiras.
Valdigleide, que nasceu em Fernão Velho e foi operária na Fábrica Carmen até 1996,
trabalhava na tecelagem quando uma lançadeira saltou e a atingiu no pé17. Ainda possui, no
corpo e na memória, a cicatriz provocada por esse acidente. Em casos mais graves, poderia
atingir no rosto, no olho provocando cegueira, ou nas mãos podendo causando mutilação dos
dedos. Com certa dose de cuidado e sorte, além da destreza para desviar das lançadeiras
voadoras, poder-se-ia evitar acidentes mais graves.
Outros perigos pairavam naquele ambiente. Dona Aidée, operária na Fábrica Carmen,
lembra suas histórias de família durante os tempos da Companhia União Mercantil. Era
novembro, feriado do dia de finados. Sua mãe, então no oitavo mês de gravidez, foi
surpreendida em casa com um senhor que chegou em sua porta: “Oh de casa!”. Quando ela
saiu e ele a viu com o barrigão, ficou receoso de falar o que se passava. Ficou
momentaneamente preso no silêncio. Possivelmente consternado com aquela situação. Levava
uma notícia urgente: “Senhora, não tome susto não, mas seu marido está quase morto na
farmácia18 (Relato de Dona Aidée, 2008)”.
Era o pai de Dona Aidée, um forte jovem machadeiro contratado pela fábrica. Tinha
saído cedo para trabalhar quando foi acometido por um grave acidente. “Caiu um pau na
cabeça dele que enterrou o pescoço e foi dois homens ou três para segurar o corpo e o outro
para deslocar da cabeça do pescoço, puxar a cabeça dele (Relato de Dona Aidée, 2008).” Sua
mãe, então grávida e desesperada com o que se sucedia, seguiu ao encontro do seu marido
17 Relato de Valdigleide, 2015. 18 Relato de Dona Aidée, 2008: DVD nº01.
13
cuja vida se esvaía. Chegando na farmácia, viu o marido com sangue que saia por quase todos
os orifícios do corpo. Nariz, boca, ouvido... Era muito sangue. O jovem cortador de lenha
faleceu sufocado de sangue quando trabalhava para a fábrica e sustento de sua família.
Então a minha mãe quase que perdia a visão da vista de tanto chorar só de pensar
como ia criar agente, e eu ia nascer sem ninguém em casa trabalhar. Nesse tempo
não existia ainda INPS19 e nem esse negócio da pessoa trabalhar, ta doente vai pra
casa que tem direito, não existia licença. (Relato de Dona Aidée, 2008)
Em seu desamparo, essa família passou a contar com o suporte material e financeiro
dos Machado, então proprietários da fábrica. Estes, diante da morte trágica de um funcionário
durante o trabalho, tentava de alguma forma compensar a perda daquela família. Passou a
doar alimentos, como se fosse uma cesta básica, além do que mais precisasse para as crianças
pequenas, filhos da viúva. Doou também o enxoval de bebê da então recém nascida e já órfã
de pai. Era Dona Aidée, que veio ao mundo às vésperas do natal, no dia 20 de dezembro
daquele ano. Sua família tornara-se o que os sociólogos Victor Leonardi e Francisco Foot
Hardman designam como um agregado da Fábrica20. O amparo dos industriais mantinha as
famílias operárias sob seus domínios.
Mesmo assim, a mãe de Dona Aidée não encontrou sossego para sua angústia e
tristeza. Manteve-se na melancolia diante da perda do marido. “A minha mãe nunca parava de
chorar quando ela contava para gente já grande. Ela não suportava, então quase perdia a visão
de chorar todos os dias.” Anos depois, Dona Aidée quando já crescida o suficiente, passou a
trabalhar na fábrica.
O choro da mãe de Aidée decorrente do sofrimento da perda de seu marido pode
também expressar o choro de outras famílias que tiveram vidas ceifadas por acidente de
trabalho. A vida, diante dos perigos que o trabalho fabril oferecia, tornava-se incerta nessa
vila operária, possibilitando o desamparo da perda, a tristeza, a melancolia. Mesmo quando
houve momentos de preocupação dos patrões com a condição do corpo produtivo, e/ou ainda
a regulamentação das leis do trabalho que poderia amparar os trabalhadores, os acidentes
19 Trata-se do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, que era responsável pelo recolhimento do
pagamento da contribuição do trabalhador para efeitos de aposentadoria. Com a ampliação dos direitos de
benefícios previdenciários na Constituição de 1988, o sistema previdenciário brasileiro passou por reformas. Em
1989, o INPS foi extinto, passando suas atribuições para o Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. 20 FOOT; LEONARDI, 1982:199.
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continuaram ocorrendo. “Houve aqui uma vez uma explosão na fábrica que matou um. Foi no
setor de engomadeira. A engomadeira explodiu e matou um cidadão. Faz muitos anos. Foi
mais ou menos em 1950 (Relato de Zequinha Moura, 2014)”.
Uma situação, entre tantas outras, que representa as duras condições de trabalho e
sobrevivência nessa vila operária no passado, muitas vezes invisíveis entre benefícios sociais
e festas. Eram condições de vida e de sofrimento muitas vezes insuperáveis pelos operários,
perpetuando uma cegueira para a vida.
Ou do contrário, quando insuportável, ensejavam resistências como formas de
sobrevivência em meio à produção capitalista que ao ofertar-lhes benefícios, também
hipotecavam a liberdade dos operários, mantendo suas vidas incertas. Nesses momentos,
outras formas de resistências e lutas eram abertas, adentrando nas organizações de classe
como o sindicato, e deslocando-se para outras dimensões políticas como a justiça, eleições,
greves, entre outras formas de enfrentamento à vida incerta no rés do chão da fábrica.
Memórias e histórias em aberto
Fernão Velho e Maceió se tornam múltiplas – com memórias, experiências, cenários,
cenas e protagonistas. Através da narrativa, reconhecemos nelas, suas tramas e histórias
descortinadas e críveis em suas diversas cenas. Uma história de existência humana e do
trabalho operário a qual a cidade também fazia e faz parte... Uma história em aberto, na
medida em que “cada história é o ensejo de uma nova história, que desencadeia uma outra,
que traz uma quarta, etc; essa dinâmica ilimitada da memória é a da constituição do relato,
com cada texto chamando e suscitando outros textos.(GAGNEBIN, 1996:13)”
Entre estas cenas (educação, festas e micro-resistências, trabalho e vida incerta) apesar
da oferta de benefícios sociais por parte da Fábrica Carmen, a violência se configura como
prática recorrente. É difundida no cotidiano com formas simbólicas, sutis e microscópicas.
Reside no controle do fardamento dos alunos, no cuidado da batida do tamanco duro no piso
da escola, nas ameaças patronais que poderia chamar para o escritório o operário que sujasse
as paredes das edificações na vila operária durante o carnaval, os acidentes de trabalho e as
duras rotinas ao longo do dia, entre outras. Todas podem igualmente implicar na reprodução
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do medo, da perda de direitos, da existência de precárias condições de vida, e até mesmo na
busca de negociações cogitando perda parcial de direitos para se assegurar o mínimo de
dignidade humana. Outras vezes pode se materializar na ação direta dos patrões como o
recrudescimento da repressão aos possíveis movimentos sociais e reinvindicações de direitos.
Esta violência – simbólica e objetiva –reforça a condição de estado de exceção para
nossa sociedade. Uma condição que, a exemplo do que sugere o filósofo Walter Benjamin21,
constitui-se como regra na tradição dos oprimidos22.
Nessas histórias e experiências narradas, ao se evidenciar os efeitos das práticas
disciplinares sobre os corpos e comportamentos, percebe-se também como estes ocorrem de
forma simultânea às resistências, permitindo compreender relações de poder, as práticas
sociais, ou mesmo evidenciar os “saberes sujeitados”. São saberes das pessoas comuns23,
como Zequinha Moura, Elisabete, Dona Emília, entre outros, e que muitas vezes podem ser
compartilhados socialmente por um grupo, como os operários de Fernão Velho. Saberes e
práticas – que como resistências – foram utilizados em sua própria sobrevivência, e passíveis
de serem recuperadas no trabalho de registro de memórias, da escrita da história, e dupla
tarefa de rememoração e explicação do passado.
Desta forma, quem sabe, possamos lançar luzes que permitam compreender nosso
presente, à contrapelo, utilizando-se uma experiência e legado histórico que quando narrados
saltam em direção ao nosso próprio tempo.
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21 BENJAMIN, Walter. Crítica da violência, crítica do poder. In: Documentos de cultura, documentos de
barbárie. Escritos escolhidos. São Paulo: Cultrix; Edusp, 1986. 22 BENJAMIN, 1996:226. 23 FOUCAULT, 1999:12.
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Fernão Velho, 23/1/2014), Valdicleide (Maceió, bairro de Fernão Velho, 24/01/2014), Dona
Emília (Maceió, bairro de Fernão Velho, 30/9/2014), Carlos Caracciolo (Maceió, bairro de
Fernão Velho, 11/7/2015), Antônio Cardoso (Maceió, bairro de Fernão Velho, 15/7/2015).
Acervo pessoal.
Relato de Dona Aidée. DVD nº01, son.,color. Disponível em LESSA, Golbery. Trama da
memória, tessitura do tempo: registro da memória e da iconografia das famílias de
tradição operária residentes no Bairro de Fernão Velho – Maceió/AL. Coordenação de
Analice Dantas Santos e Golbery Lessa. Maceió: Universidade Estadual de Ciência da Saúde
de Alagoas, 2008. Acervo do Arquivo Público de Alagoas – APA.
UNIÃO MERCANTIL. Colégio São José mantido pela Companhia. Autor: Desconhecido.
Foto extraída do livro “Terra de Alagoas” de Adalberto Marroquim, 1922. Acervo: Biblioteca
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