crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

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Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária: alterações no espaço social lisboeta no final do século XIX Daniel Alves e Ana Alcântara “Humanidades Digitais e Investigação Histórica” IHC, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa Coimbra, 6 de Junho de 2014

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Page 1: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária: alterações no espaço

social lisboeta no final do século XIX

Daniel Alves e Ana Alcântara

“Humanidades Digitais e Investigação Histórica”

IHC, FCSH, Universidade NOVA de Lisboa

Coimbra, 6 de Junho de 2014

Page 2: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Introdução

• No final do século XIX as cidades da “periferia europeia” estavam a crescer de forma significativa (Bairoch 1988)

• Lisboa era então uma metrópole de segundo plano, com características sociais e de crescimento urbano similares a outras cidades portuárias, nomeadamente as mediterrânicas (Pinol e Walter 2003; Clark 2009; Ünlü 2013)

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Introdução

• Estas transformações demográficas e urbanas, em sintonia com o que acontecia noutras cidades, estavam a promover um certo nível de hierarquização ou segregação social (Beascoechea Gangoiti 2003; Gilliland e Olson 2010)

• Recentemente, esta evolução histórica tem sido estudada com dados detalhados e com recurso a SIG (DeBats e Lethbridge 2005; Alves 2010; Lesger e Leeuwen 2012; Alcântara 2012)

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Fontes e Métodos

• Para a evolução populacional: dados dos censos de 1878, 1890 e 1900

• Para o estudo sobre a habitação operária: relatórios, inquéritose outras fontes de arquivo para a década de 1890 e primeiradécada do século XX

• Para o estudo do pequeno comércio: almanaques, relatórios e informação fiscal camarária para a década de 1890

• Reconstituição da malha urbana de Lisboa em 1890 e georeferenciação dos dados sobre comércio de retalho e a habitação operária

• Recurso a um SIG para análise de estatística espacial e distribuição geográfica de lojas, indústria e residência operária

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Crescimento populacional de Lisboa

Ano População TCAM (%)

1878 237591 --

1890 298995 1,9

1900 350374 1,6

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Densidade populacional (1878)

Page 7: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Densidade populacional (1890)

Page 8: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Densidade populacional (1900)

Page 9: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

TCAM (1878-1890)

Page 10: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Lisboa em 1890 (reconstituição)

Page 11: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Localização e dimensão daindústria em 1890

Page 12: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Localização da habitação operária

Page 13: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Dimensão da habitação operária

Page 14: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Localização das lojas em 1890

Page 15: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Lojas de acordo com a renda paga

Page 16: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Renda média por arruamento

Page 17: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Renda média por arruamento

Avenidas recentes

Baixa

Page 18: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Renda média por freguesia

Page 19: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Habitação operária e rendas (ruas)

Page 20: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Habitação operária e rendas (freg.)

Page 21: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Número de lojas por freguesia

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Número de pessoas por loja

Page 23: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Tipos de lojas mais comuns em ruascom uma renda média de...

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

14.0

16.0

Mais de 200 100 a 200 50 a 100 Menos de 50

% d

e lo

jas

Renda média

Taberna

Mercearia

Padaria

Escritório

Alfaiate

Ourives

Page 24: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Conclusões

• No final do século XIX, a população de Lisboacomeçou a crescer de forma acentuada, mas com ritmos diferentes; mais lento no centro, mais rápidona periferia

• A maior concentração de lojas permanecia no centroda cidade, é certo, mas certos tipos de lojas tendiama mudar-se/concentrar-se na periferia

• A habitação operária foi construída fora do centrourbano (da cidade de 1890), que era também o centro político e cultural da Lisboa

Page 25: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Conclusões

• Estas alterações tinham uma clara relação geográficacom o valor crescente das rendas habitacionais, visível à medida que nos afastamos das ruas centraise das avenidas abertas recentemente

• Mas as alterações na distribuição geográfica das lojasdeviam-se também às mudanças demográficas que a cidade estava a viver

• As lojas que vendiam produtos de consumo diário e de baixo valor acrescentado, aquelas que eramacessíveis à classe operária, estavam a afastar-se do centro da cidade

Page 26: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Conclusões

• O centro reforçou a sua quase exclusiva identidadede zona de serviços e delojas que negociavam com roupas, acessórios e produtos de luxo

• Apesar destas mudanças, as áreas onde se concentrava agora uma crescente populaçãoindustrial não eram muito afastadas do centro e muito do trabalho industrial estava ainda situado naBaixa. Em momentos de crise politica e/oueconómica era a esta cidade “burguesa” que desciamlojistas e operários para contestar a Monarquia oupara fazer as greves na República

Page 27: Crescimento urbano, pequeno comércio e residência operária

Obrigado!

Daniel Alves

[email protected]

@DanielAlvesFCSH