no brasil a era dos engenhos - wikidoamarelinho /...

3
ESTUDO MUNICÍPIOS CANAVIEIROS 2010 10 ESTUDO MUNICÍPIOS CANAVIEIROS 2010 11 NO BRASIL D urante os três séculos em que o Brasil foi colônia de Portugal, as exportações do país somaram o equivalente a 536 milhões de libras esterlinas, moeda ingle- sa usada como referência na época. Desse montante, 300 milhões vieram da venda de açúcar – dois terços do total. Em nenhum lu- gar do mundo a cana-de-açúcar se deu tão bem quanto em solo brasileiro. Depois que Martim Afonso de Sousa plantou as primei- ras mudas em 1532, os engenhos se multipli- caram com tal rapidez que, no fim do século 16, já eram mais de 120 no litoral brasileiro, a maioria concentrada ao redor das cidades de Salvador e Olinda. Em menos de 70 anos, o Brasil tornou-se o maior produtor e forne- cedor mundial do “ouro branco”. A indústria açucareira funcionava no sistema de "plantation", baseado na utilização de grandes áreas contínuas (em média, mil hectares), no uso intensivo de mão de obra e na produção voltada para o mercado externo. O fim do monopólio brasileiro na pro- dução de açúcar se anuncia com a ex- pulsão dos holandeses em 1654. Depois de passar duas décadas no Nordeste, em contato com a cultura da cana, a Holanda leva mudas pernambucanas para suas co- lônias nas Antilhas e dá início a uma pro- missora indústria açucareira. Em segui- da, franceses e ingleses fazem o mesmo em outras ilhas caribenhas. No século 18, Jamaica e Haiti já são os maiores produ- tores mundiais. A concorrência derruba a venda do açúcar brasileiro e o aumento da oferta reduz os preços pela metade. Por outro lado, o bloqueio continental imposto à França pela Marinha inglesa no início do século 19 leva Napoleão Bo- naparte a buscar uma alternativa à im- portação do açúcar de cana. Estimula, então, a produção de açúcar de beterra- ba, que logo se expande em todo o conti- nente europeu. Afetado pela competição Do declínio às grandes usinas No século 17, auge da economia da cana, um engenho de grande porte produzia em média 200 toneladas de açúcar por ano e utilizava cerca de 150 trabalhadores, que na época eram, principalmente, escravos trazidos da África. A estrutura era sempre a mesma: havia uma casa-grande, na qual viviam o senhor de engenho e sua família; a senzala, local em que dormiam os escravos; e a casa de engenho, em que o açúcar era fabricado. Três eram as etapas de produção: a moenda, na qual a cana era triturada; a casa das caldeiras, para cozinhar o caldo em tachos de cobre; e a casa de purgar, onde o melado descansava em cones de barro até cristalizar. Esses cones eram chamados de pão de açúcar. Embora hoje pareça rudimentar, o processamento do açúcar era uma atividade avançada para a época, cuja força de trabalho se dividia em até 18 funções especializadas. De tão eficiente, o sistema permanece inalterado até o início do século 19. Já no século 17, o processamento do açúcar no Brasil era uma atividade estruturada e organizada em base industrial A era dos engenhos A partir do século 17, a indústria açucareira impulsionou uma vigorosa rede comercial em escala global, que envolvia três continentes. Da Europa, navios ingleses, holandeses e franceses partiam com armas, roupas e joias em direção à África. Lá, trocavam os bens por mão de obra escrava, que levavam à América continental e ilhas do Caribe nos navios negreiros (como o da gravura abaixo, feita por Francis Meynell em 1840) para trocar por açúcar bruto, ainda não refinado. De volta à Europa, vendiam o açúcar às refinarias e recarregavam os navios, antes de seguir novamente para a África A expressão “assobiar e chupar cana” é exclusiva da língua portuguesa. Não se sabe ao certo quando e onde surgiu, mas tem sido usada pelo menos desde o período colonial para definir a capacidade de fazer muitas coisas simultaneamente. A origem está no próprio ato de sugar o caldo da cana com a boca, um movimento que exige articulações faciais totalmente diferentes do assobio. Ou seja, assobiar e chupar cana ao mesmo tempo é impossível O processamento da cana-de-açúcar no Brasil, retratado em 1845 Em 1875, dom Pedro II idealizou os Engenhos Centrais, usinas a vapor dedicadas à fabricação do açúcar com o Caribe e a Europa, a participação do Brasil na produção mundial cai de pri- meiro para quinto lugar. No ranking das exportações nacionais, café e borracha assumem a liderança. Ciente da necessidade de moderni- zar o maquinário e aumentar a produti- vidade, dom Pedro II idealiza, em 1875, os Engenhos Centrais, usinas a vapor que se dedicariam exclusivamente à fa- bricação e não mais ao cultivo. O impul- so definitivo viria só na década de 1920, quando a crise do café leva as fazendas paulistas a investirem na cana-de-açú- car. E, a despeito dos esforços do go- verno em equilibrar a produção nacio- nal, o Estado de São Paulo ultrapassa o Nordeste nos anos 50, pondo fim a uma hegemonia nordestina de quatro sécu- los. A Europa, devastada pela guerra e sofrendo a perda de suas colônias, volta a comprar o açúcar brasileiro. Você sabia? Você sabia? ROGER VIOLET/AFP THE PICTURE DESK/AFP SSPL/GETTY IMAGES SANDRO FALSETTI/HORIZONTE

Upload: lymien

Post on 23-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

estudo municípios canavieiros 201010 estudo municípios canavieiros 2010 11

no BrasiL

D urante os três séculos em que o Brasil foi colônia de Portugal, as exportações do país somaram o equivalente a 536

milhões de libras esterlinas, moeda ingle-sa usada como referência na época. Desse montante, 300 milhões vieram da venda de açúcar – dois terços do total. Em nenhum lu-gar do mundo a cana-de-açúcar se deu tão bem quanto em solo brasileiro. Depois que Martim Afonso de Sousa plantou as primei-ras mudas em 1532, os engenhos se multipli-caram com tal rapidez que, no fim do século 16, já eram mais de 120 no litoral brasileiro, a maioria concentrada ao redor das cidades de Salvador e Olinda. Em menos de 70 anos, o Brasil tornou-se o maior produtor e forne-cedor mundial do “ouro branco”.

A indústria açucareira funcionava no sistema de "plantation", baseado na utilização de grandes áreas contínuas (em média, mil hectares), no uso intensivo de mão de obra e na produção voltada para o mercado externo.

O fim do monopólio brasileiro na pro-dução de açúcar se anuncia com a ex-pulsão dos holandeses em 1654. Depois de passar duas décadas no Nordeste, em contato com a cultura da cana, a Holanda leva mudas pernambucanas para suas co-lônias nas Antilhas e dá início a uma pro-missora indústria açucareira. Em segui-da, franceses e ingleses fazem o mesmo em outras ilhas caribenhas. No século 18, Jamaica e Haiti já são os maiores produ-tores mundiais. A concorrência derruba a venda do açúcar brasileiro e o aumento da oferta reduz os preços pela metade.

Por outro lado, o bloqueio continental imposto à França pela Marinha inglesa no início do século 19 leva Napoleão Bo-naparte a buscar uma alternativa à im-portação do açúcar de cana. Estimula, então, a produção de açúcar de beterra-ba, que logo se expande em todo o conti-nente europeu. Afetado pela competição

Do declínio às grandes usinas

No século 17, auge da economia da cana, um engenho de grande porte produzia em média 200 toneladas de açúcar por ano e utilizava cerca de 150 trabalhadores, que na época eram, principalmente, escravos trazidos da África. A estrutura era sempre a mesma: havia uma casa-grande, na qual viviam o senhor de engenho e sua família; a senzala, local em que dormiam os escravos; e a casa de engenho, em que o açúcar era fabricado.

Três eram as etapas de produção: a moenda, na qual a cana era triturada; a casa das caldeiras, para cozinhar o caldo em tachos de cobre; e a casa de purgar, onde o melado descansava em cones de barro até cristalizar. Esses cones eram chamados de pão de açúcar. Embora hoje pareça rudimentar, o processamento do açúcar era uma atividade avançada para a época, cuja força de trabalho se dividia em até 18 funções especializadas. De tão eficiente, o sistema permanece inalterado até o início do século 19.

Já no século 17, o processamento do açúcar no Brasil era uma atividade estruturada e organizada em base industrial

A era dos engenhos

A partir do século 17, a indústria açucareira impulsionou uma vigorosa rede comercial em escala global, que envolvia três continentes. Da Europa, navios ingleses, holandeses e franceses partiam com armas, roupas e joias em direção à África. Lá, trocavam os bens por mão de obra escrava, que levavam à América continental e ilhas do Caribe nos navios negreiros (como o da gravura abaixo, feita por Francis Meynell em 1840) para trocar por açúcar bruto, ainda não refinado. De volta à Europa, vendiam o açúcar às refinarias e recarregavam os navios, antes de seguir novamente para a África

A expressão “assobiar e chupar cana” é exclusiva da língua portuguesa. Não se sabe ao certo quando e onde surgiu, mas tem sido usada pelo menos desde o período colonial para definir a capacidade de fazer muitas coisas simultaneamente. A origem está no próprio ato de sugar o caldo da cana com a boca, um movimento que exige articulações faciais totalmente diferentes do assobio. Ou seja, assobiar e chupar cana ao mesmo tempo é impossível

O processamento da cana-de-açúcar no Brasil, retratado em 1845

Em 1875, dom Pedro II idealizou os Engenhos Centrais, usinas a vapor dedicadas à fabricação do açúcar

com o Caribe e a Europa, a participação do Brasil na produção mundial cai de pri-meiro para quinto lugar. No ranking das exportações nacionais, café e borracha assumem a liderança.

Ciente da necessidade de moderni-zar o maquinário e aumentar a produti-vidade, dom Pedro II idealiza, em 1875, os Engenhos Centrais, usinas a vapor que se dedicariam exclusivamente à fa-bricação e não mais ao cultivo. O impul-so definitivo viria só na década de 1920, quando a crise do café leva as fazendas paulistas a investirem na cana-de-açú-car. E, a despeito dos esforços do go-verno em equilibrar a produção nacio-nal, o Estado de São Paulo ultrapassa o Nordeste nos anos 50, pondo fim a uma hegemonia nordestina de quatro sécu-los. A Europa, devastada pela guerra e sofrendo a perda de suas colônias, volta a comprar o açúcar brasileiro.

Você sabia?

Você sabia?

Ro

geR

Vio

let/

AFP

the

Pic

tuR

e D

esk

/AFP

ssP

l/g

etty

imA

ges

sAn

DR

o F

Als

etti

/ho

Riz

on

te

estudo municípios canavieiros 201012 estudo municípios canavieiros 2010 13

10.000

6.000

8.000

4.000

2.000

02000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

estudo municípios canavieiros 2010 estudo municípios canavieiros 2010 13estudo municípios canavieiros 2010 estudo municípios canavieiros 2010estudo municípios canavieiros 201012

1532 Martim Afonso de Sousa chega ao Brasil com as primeiras mudas de cana e funda, na ilha de São Vicente, os primeiros engenhos de açúcar

1535 Em Pernambuco, próximo a Olinda, Jerônimo de Albuquerque manda construir o primeiro engenho do Nordeste

1815 Surge, na ilha de Itaparica, na Bahia, o primeiro engenho a vapor

1875 Com planos de modernizar a produção nacional, o governo imperial promove uma separação entre o cultivo e a fábrica. Cria os Engenhos Centrais, usinas dedicadas exclusivamente a processar o açúcar, e não mais cultivá-lo. Os antigos senhores de engenho passam a ser apenas fornecedores

1920 No Rio de Janeiro, a Estação Experimental de Combustíveis e Minérios (futuro Instituto Nacional de Tecnologia) começa a fazer testes em veículos movidos a etanol. Em 1923, Heraldo de Souza Mattos participa de corridas automobilísticas com carros a etanol

1933 Com a crise do café, estados do Sudeste começam a apostar na cana-de-açúcar, abrindo concorrência às usinas nordestinas. A fi m de controlar a superprodução, Getúlio Vargas funda o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Entre outras medidas, estabelece cotas de produtividade e rígido controle de preços

1975A crise mundial do petróleo leva o governo brasileiro a criar o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), como alternativa para ampliar a autossufi ciência energética do país. Em diversos estados, aumentam as lavouras de cana e o número de destilarias de etanol. Em 1977 o governo torna obrigatória a adição de etanol anidro na gasolina em todo o país, que se inicia com um teor médio de 5% e, ao longo dos anos, foi sendo gradualmente aumentado. Em 1979, é lançado o primeiro carro brasileiro 100% movido a etanol

1981O governo federal torna obrigatória a mistura de etanol anidro na gasolina em no mínimo 20%. Em 2002, o governo estabelece que essa porcentagem deve se situar entre 20% e 25%, medida que vigora até hoje

2005Começa a voar o Ipanema, avião agrícola movido a etanol hidratado. Cerca de 250 aviões desse tipo operam no país atualmente, representando 20% da frota de aviões agrícolas do país

2008Duas importantes empresas anunciam planos para a produção de eteno derivado de etanol. O eteno, tradicionalmente produzido de petróleo, é a matéria para a fabricação de polietileno, matéria plástica mais consumida no mundo. A produção de eteno do etanol possibilitará a fabricação em escala industrial do “bioplástico”, mais amigável para o meio ambiente

2009Diversas fabricantes de motores diesel, de máquinas agrícolas e tratores e de veículos pesados diesel (ônibus e caminhões) anunciam a realização de pesquisas para o desenvolvimento de motores que utilizem etanol e substituam, parcial ou totalmente, o uso do óleo diesel. Em março desse ano é lançada no Brasil a primeira motocicleta fl ex do mundo, que rapidamente vira um sucesso de vendas

2010É anunciada a introdução no mercado nacional de uma tecnologia inovadora, capaz de fabricar diversos produtos de alto valor a partir da cana-de-açúcar. Outras empresas de biotecnologia e institutos de pesquisa estão trabalhando no desenvolvimento de processos similares, ampliando o leque de opções existentes. A EPA, agência de proteção ambiental dos EUA, classifi ca o etanol de cana, produzido no Brasil, como “biocombustível avançado” para a redução da emissão de gases de efeito estufa

E o Brasil se torna o número 1 no mundoA vantagem do Brasil sobre as outras na-

ções canavieiras começa na localização. A cana-de-açúcar cresce numa faixa latitudinal entre 36º Norte e 31º Sul, um pouco acima e um pouco abaixo dos dois trópicos. O Brasil não só está totalmente contido dentro desse limite como ainda tem, entre os países pro-dutores, a maior extensão territorial. Hoje, cerca de um terço das terras cultivadas com

cana está no Brasil graças à herança colonial do país. Já no começo do século 20 eram 300 mil hectares plantados com cana no território brasileiro. Desde então, o crescimento ocor-reu de modo gradual, mas com alguns saltos importantes. O primeiro deles aconteceu nos anos 50, quando estados do Centro-Sul, como São Paulo, Paraná e Minas Gerais, passaram a assumir a maior parte da produção.

O AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES Total de açúcar e etanol vendidos para o exterior

(em milhões de US$)

Fonte: Secretaria de Comércio Exterior2,5% das terras agrícolas do Brasil são ocupadas pela cana-de-açúcar

1985O preço do petróleo no mundo cai pela metade e a gasolina volta a ser o combustível preferencial nos veículos brasileiros. O crescimento da produção de etanol no Brasil desacelera e praticamente entra em estagnação na década seguinte

Brasil 645

Índia 348

China 125

Tailândia 74

Paquistão 64

México 51

Colômbia 39

Austrália 34

Argentina 30

Estados Unidos 28

Outros 305

Total 1.743

RANKING MUNDIAL Quais são e quanto produzem os 10 maiores do planeta (em milhões de toneladas de cana processada)

Duas décadas depois, em 1975, o Pro-álcool (programa governamental de incentivo ao etanol) encarregou-se de triplicar a produ-ção. No ano de 1980, o Brasil ultrapassou a Índia e assumiu o topo do ranking mundial. O impulso fi nal veio com a entrada dos veículos Flex, em 2003. Em cinco anos, o volume de cana processada nas cerca de 417 usinas do país aumentou 60%. Hoje, o setor sucroener-gético nacional produz anualmente cerca de 645 milhões de toneladas. A Região Centro-Sul detém quase 90% desse total.

Açúcar Etanol

2003Surge o primeiro automóvel fl ex do país, com motor capaz de operar com gasolina ou etanol ou, ainda, com qualquer mistura desses combustíveis. Em sete anos, a frota nacional de carros fl ex ultrapassa 10 milhões de unidades e as vendas desses carros se fi rmam no patamar de 90% da venda total de veículos leves (automóveis, picapes e peruas), que representam a maior parte do total de unidades comercializadas no país

Fonte: IBGE e FAOSTAT (2008)

O progresso da indústria da cana no Brasil tem gerado o interesse de importantes empresas estrangeiras, que investiram nos últimos anos mais de US$ 3 bilhões no setor. Isso permitiu a criação de mais empregos e desenvolvimento, não somente na indústria da cana, mas também em todas as atividades da cadeia produtiva, que envolvem, por exemplo, a produção de equipamentos industriais, máquinas agrícolas, tratores, caminhões e insumos agrícolas

Você sabia?

12

Breve história da cana no Brasil

2009

co

Rte

siA

un

icA

/Fo

to t

AD

eu F

esse

l

J.W

.Ro

DR

igu

es –

mu

seu

PA

uli

stA

RogeR Viollet/AFP

AR

Qu

iVo

/Ae

Ro

geR

Vio

llet

/AFP

osW

AlD

o l

uiz

PA

leR

mo

/Ae

AR

Qu

iVo

Vo

lksW

Ag

en

seB

Ast

iÃo

no

gu

eiR

A/A

e

co

Rte

siA

un

icA

/Fo

to t

AD

eu F

esse

l

co

Rte

siA

un

icA

/Fo

to n

iels

An

DR

eAs

DiV

ulg

Ão

estudo municípios canavieiros 2010 estudo municípios canavieiros 2010

estudo municípios canavieiros 201014 estudo municípios canavieiros 2010 15

100 ANOS DE CANA Quanto o Brasil produziu de 1920 a 2010 (em mil toneladas de cana processada)

PARANAGUÁ (PR)

15%15%

SANTOS (SP)

72%67%

RIO DE JANEIRO (RJ)

2%

VITÓRIA (ES)

1%

MACEIÓ (AL)

8%9%

Norte

Nordeste

Centro-Oeste

Sudeste

Sul

SUAPE (PE)

1%4%

RECIFE (PE) 2%

CABEDELO (PB)

2%

O mapa das usinas e da exportaçãoConfi ra a localização das principais usinas processadoras de cana-de-açúcar do país

e os portos de onde saem o açúcar e o etanol brasileiros para exportação(dados relativos à safra 2007/2008)

Fonte: Unica e MAPA

Criando riquezaO Estado de São Paulo ainda responde

por dois terços da produção sucroenergé-tico nacional. Mas esse é um cenário que promete mudar nos próximos anos. A de-manda cada vez maior por etanol – aqui e lá fora – tem proporcionado um avanço inédito dos canaviais em direção a outros estados do Centro-Sul. No Triângulo Minei-ro, Uberaba saltou da décima para a quar-ta posição no ranking em um ano. Goiás, na última década, triplicou a produção. E o

Mato Grosso do Sul, sem tradição no setor, já conta com 21 usinas em funcionamento.

Esse crescimento tem sido notado parti-cularmente em pequenos municípios antes dedicados à pecuária e à produção de grãos. Afetados pela queda nos preços do boi gor-do, da soja e do milho, muitos produtores investiram no setor sucroenergético, quase sempre reaproveitando terras degradadas antes usadas para a pecuária – em geral ex-tensas, planas, baratas e com solo propício ao cultivo da cana. Caso exemplar é o de Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, que, em um ano, saltou para o segundo lugar no ranking de produção de cana e promete des-bancar a liderança histórica de Morro Agu-do, município do nordeste paulista.

A chegada das usinas a esses municí-pios opera, em quase todos os casos, trans-formações profundas na economia e na vida dos moradores. Há, de imediato, um aumento da demanda por mão de obra, que tem atraído muitos trabalhadores de outras partes do país. Ao mesmo tempo, surgem novas indústrias de peças e máquinas para servir às necessidades da indústria, nascem cursos e disciplinas nas universidades da região voltadas a formar profi ssionais para o setor e até o comércio da cidade adqui-re novo fôlego. Aconteceu com a pequena Campo Florido, no Triângulo Mineiro: de-pois que foi construída uma usina em 2002, os cinco mil moradores ganharam hotel, agência bancária e outros benefícios.

A grande surpresa do último levantamento da produção canavieira nacional, realizado em 2008 pelo IBGE, foi a presença do município sul-mato-grossense de Rio Brilhante, de apenas 26 mil habitantes. A cidade, que nem fi gurava na lista anterior dos dez mais, teve um aumento de 110% na produção e alcançou, em um ano, o segundo lugar. Antigas pastagens hoje possibilitam o cultivo de cana para três usinas

A cidade de Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, está em segundo lugar no ranking de produção de cana

Fontes: IBGE, Ministério da Agricultura e Unica

0,2%

11,1%

11%

7,9%

69,8%

1% das exportações de açúcar e de etanol é feita por modos de transportes diversos (rodovias, aeroportos, portos, ferrovias), que, individualmente, respondem por menos de 0,5% do volume exportado

Você sabia?

Participação regional na produção de cana-de-açúcar

Usinas

Portos exportadores

Exportação de açúcar

Exportação de etanol

19200

100

200

300

400

500

600

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

valor estimado

PR

eFei

tuR

A D

e R

io B

Ril

hA

nte