engenhos do nordeste no brasil

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0 CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 2015 AB Rural Arquitetura Civil Rural do s. XVI ao XVIII Andressa Oliveira Sá Aurélio Pacheco Igor Zoffoli Monique Pires

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Page 1: Engenhos do Nordeste no Brasil

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

2015 AB Rural

Arquitetura Civil Rural do s. XVI ao XVIII

Andressa Oliveira Sá

Aurélio Pacheco

Igor Zoffoli

Monique Pires

Volta Redonda, 2015

Page 2: Engenhos do Nordeste no Brasil

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

2015 AB Rural

Arquitetura Civil Rural do s. XVI ao XVIII

Trabalho elaborado pelo(s) aluno(s) Andressa Sá, Aurélio Pacheco, Igor Zoffoli e Monique Pires, do 5º período do Curso de Arquitetura e Urbanismo, para obtenção de nota parcial da disciplina História da Arquitetura no Brasil I, ministrada pela prof Isabel Rocha no º1 bimestre.

Volta Redonda, 2015

Page 3: Engenhos do Nordeste no Brasil

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3

2 MORADA PAULISTA .............................................................................................. 4

2.1 IMPLANTAÇÃO ..................................................................................................... 4 2.2 TÉCNICA ................................................................................................................. 5

3 ENGENHOS DO NORDESTE ................................................................................. 7

3.1 FORMAÇÃO DOS ENGENHOS NORDESTINOS ............................................... 7

3.1.1 Engenho ................................................................................................................. 7 3.1.2 Equipamentos do Engenho .................................................................................. 83.1.3 Edificações do Engenho ........................................................................................ 93.1.3.1 Casa Senhorial ...................................................................................................... 93.1.3.2 Capela ................................................................................................................. 103.1.3.3 Senzala ................................................................................................................ 113.1.3.4 Engenho - Fábrica ............................................................................................... 11

4 COMPARAÇÃO MORADA PAULISTA E ENGENHOS DO NORDESTE ... 13

Page 4: Engenhos do Nordeste no Brasil

3

1 INTRODUÇÃO

A história do Brasil dos primeiros séculos confunde-se com a história do açúcar. As

Colônias existiam para desenvolver comercio, através do acumulo de riquezas, através de

extrativismo ou de praticas agrícolas. Alguns fatores tornaram o açúcar brasileiro dominante

no mercado europeu. Foi no engenho que se formou a sociedade patriarcal açucareira.

Conjuntos de engenhos foram instalados ao longo de quase todo o litoral brasileiro, com

maior concentração nas áreas que correspondem hoje aos estados de Pernambuco, Bahia, Rio

de Janeiro e São Paulo.

Page 5: Engenhos do Nordeste no Brasil

4

2 MORADA PAULISTA

Sem ouro, sem pau brasil, fracassada a experiência de produção volumosa de açúcar, a

sociedade paulista se vê abandonada a própria sorte e disposta a construir seu próprio

destino”

SAIA, Luís. Morada Paulista. Pág. 27

Durante todo o período colonial as

tendências monocultoras do nosso mundo

rural contribuíram para a existência de

uma permanente crise no abastecimento

das cidades. As casas urbanas resolviam

em parte este problema com a criação de

pequenos animais e o cultivo da mandioca

ou outro legume.

Soluções mas satisfatórias eram porém conseguidas nas chácaras, que aliavam ainda as

vantagens da presença dos cursos d’água, que substituíam os equipamentos hidráulicos

inexistentes nas residências urbanas. Por tais razões morar nas chácaras tornara-se

característica de pessoas ricas que utilizavam as casas urbanas somente em ocasiões especiais.

2.1 IMPLANTAÇÃO

Casa do Engenho d’água. Jacarepaguá – Rio RJ (séc. XVIII)

Page 6: Engenhos do Nordeste no Brasil

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À meia altura da paisagem

Sobre plataformas (naturais, ou artificiais, em pedra)

Planta quadrangular

2.2 TÉCNICA

Taipa de pilão

Exemplos:

A

casa da fazenda de Colubandê e sua capela de

Santana estão localizadas no topo de um aclive à

margem da estrada Amaral Peixoto, Niterói – RJ.

Com um só pavimento e construída sobre embasamento posteriormente transformado em

porão habitável, a casa é contornada, pela frente e pelos lados, por avarandados corridos, com

sequência de colunas de alvenaria que dão apoio direto, acima dos capitéis, ao frechal de

madeira em que descansam os caibros do telhado e os cachorros que armam o beiral.

Lateralmente, à esquerda, escadas em dois lances, com guarda-corpos de alvenaria, dão

acesso à casa. Nos fundos desse avarandado, a casa tem, ao centro, a sala principal, que

possuía uma capela reservada entre as passagens que a ligavam a um outro avarandado

posterior, o qual contorna um pátio interno para onde se abrem os quartos e os cômodos de

serviço. Separada da casa, mas dentro do recinto murado que a ladeia pela – esquerda, está a

capela, com nave, capelamor, torre-sineira e um alpendre de entrada, apoiado por colunas

parecidas com as da casa.

Fazenda Colubandê. São Gonçalo – RJ (1760)

Fazenda Colubandê. São Gonçalo – RJ (1760)

Page 7: Engenhos do Nordeste no Brasil

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A casa do Sítio de Santo Antônio foi

construída em 1640, por Pedra Vaz de Barros. Originalmente possuía oratório interno, mas

em 1681 foi dada provisão para a construção da capela.

A capela, a pequena distância da casa, é também de taipa de pilão sobre embasamento de

pedra. Constituída por telhado de quatro águas, de extrema horizontalidade e grande

predomínio de cheios sobre vazios.

Exatamente no meio da fachada abre-se o alpendre, ladeado por apenas duas janelas. Os

batentes, balaústres, caibros, cachorros, janelas e portas são de canela-preta, madeira de

extraordinária resistência.

A casa do sítio do Padre Inácio em Cotia – SP, possui planta quadrada, construída em taipa

de pilão e com telhado de quatro águas, possui alpendre central ladeado por duas janelas,

como a casa do Sítio de Santo Antônio, mas com maior verticalidade. O interior se

desenvolve em torno de uma sala central, havendo também sótão, o que explica a segunda

Fazenda Colubandê. São Gonçalo – RJ (1760)

Fazenda Colubandê. São Gonçalo – RJ (1760)

Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690) Planta baixa - Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690)

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linha de janelas - apenas duas, correspondentes aos vãos inferiores nas fachadas posterior e

laterais.

As pilastras do alpendre e os cachorros do beiral, esculpidos em

canela-preta são de belíssimo trabalho. Há uma elegância de

proporções e um requinte dentro de extrema e simplicidade que

não deixam de nos evocar certos traços da grande arquitetura

moderna no Brasil.

Pilastra do alpendre. Sítio do Padre Inácio. Cotia – SP (1690)

Page 9: Engenhos do Nordeste no Brasil

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3 ENGENHOS DO NORDESTE

3.1 FORMAÇÃO DOS ENGENHOS NORDESTINOS:

Bom como sabemos as colônias brasileiras se formaram de modo que se tornaram pontos de

transição de especiarias desde o descobrimento por seu valor de mercado e eram exportadas e

comercializadas pelos colonos, como o pau-de-tinta ou pau-brasil que a priori foi o que

chamou a atenção dos portugueses, por seu valor no mercado europeu.

O fator econômico foi o fator de maior interesse estrangeiro na questão colonial brasileira. E

essa economia colonial a priori se baseava na produção dessas especiarias tal como açúcar,

cana de açúcar, que na época era um produto nobre cujo consumo crescia na Europa,

principalmente entre as realezas.

O que favorecia a produção de açúcar nas colônias brasileiras era o fator climático,

principalmente nas regiões do nordeste, outro fator era a mão de obra em abundancia que na

grande maioria era escrava. Enfim foram esses fatores que levaram a formação dos Engenhos.

3.1.1 ENGENHO

O termo designava inicialmente as

instalações necessárias à produção

açucareira: casa da moenda, casa da

fornalha, tendal das forjas e casa de purgar.

Com o tempo, estendeu-se ao conjunto da

propriedade senhorial, abrangendo as

plantações, a casa-grande, a capela e a

senzala. O engenho que utilizava a tração

animal era chamado “trapiche” e o movido à roda de água, “engenho real”.

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Os engenhos eram grandes complexos arquitetônicos com edificações que cumpriam funções

diferenciadas e imbricadas entre si. O número de edificações e os partidos (ou padrões)

arquitetônicos variavam de acordo com a capacidade de produção e a importância de cada um.

Alguns complexos assumiam o caráter de povoações semiautônomas, enquanto outros se

restringiam ao indispensável para a produção do açúcar.

Desde o século XVI, há notícias de engenhos que se destacavam por reunir casas de moendas,

cozimento e purga, além de casa-grande e capela, todas construídas em pedra e cal1. Havia

ainda construções mais simples, como as casas de trabalhadores livres e senzalas, construídas

em taipa ou adobe e recobertas com palha. No século XVII, aparecem nesses conjuntos, além

das senzalas dos escravos e além das moradas do capelão, feitores, mestre, purgador,

banqueiro e caixeiro, uma capela decente em seus ornamentos e todo o aparelho do altar, e

umas casas para o senhor do engenho com seu quarto separado para os hóspedes que no

Brasil, na falta total de estalagens, são contínuas, e o edifício do engenho, forte e espaçoso,

com mais oficinas e casa de purgar, caixaria, lambique e outros apetrechos.

3.1.2 EQUIPAMENTOS DO ENGENHO

O discurso sobre a necessidade de

modernização dos engenhos e as numerosas

tentativas de aperfeiçoamento técnico é tão

antigo quanto à própria agroindústria no

Brasil. Embora pleiteassem maior eficiência

dos equipamentos e melhor qualidade do

produto, as propostas de modernização não

contemplavam a alteração do sistema

escravista de produção. Como a incorporação de avanços técnicos era insignificante, a Coroa,

preocupada com o problema, instituiu, ainda no século XVI, o que hoje chamamos de

incentivos fiscais à modernização. D. João III amplia as liberdades coloniais isentando do

pagamento do dízimo a todo aquele que fizesse ou reformasse engenhos movidos por água ou

por bois. Tais iniciativas parecem ter tido algum efeito, a julgar pelo número de patentes

requeridas por inventores independentes. A partir do século XVII, foram registradas na Bahia

várias invenções, cujo alvo era minimizar os gastos com lenha e animais, tornando as

fornalhas mais eficientes e maximizando a produção do suco de cana na moagem. Nesse

mesmo período, fizeram-se concessões a estrangeiros que apresentaram novos processos para

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o fabrico de grelhas para fornalhas. Outros inventos foram registrados entre os séculos XVII e

XVIII, tais como engenhos de tração animal com apenas uma besta por turno ou, ainda, com

20 cavalos executando o mesmo trabalho que 60. Havia inclusive inventos que representavam

uma verdadeira regressão, implicando a substituição da força d’água e de animais por braço

escravo.

Os reclamos constantes, nos primeiros

séculos, pela melhoria da qualidade do açúcar

e por métodos de produção mais eficientes

confirmam que não havia grandes avanços no

setor. Dois séculos mais tarde, esse sentimento

persistia e os senhores de engenhos baianos

eram tão presos às ideias de seus pais que

olhavam com excessiva indiferença para

qualquer inovação. Reconhecendo essa condição, a Coroa, no final do século XVIII, reeditou

a Provisão Régia de 1655 que concedia privilégios aos senhores que introduzissem

melhoramentos em seus engenhos. A partir de 1789, alguns favores foram também

concedidos pelo Conselho.

3.1.3 EDIFICAÇÕES DO ENGENHO

3.1.3.1 Casa Senhorial

Dada à extensão do estado e a duração do ciclo

do açúcar, não se pode falar em um único modelo

de casa de engenho na Bahia. Alguns modelos

mantiveram-se em uso ao longo dos éculos,

outros foram específicos de determinadas regiões

e períodos. As casas de senhores, no século XVI,

resumiam-se a construções muito simples,

cobertas de sapé. As construções domésticas eram edificações sumárias de origem indígena e

de procedência europeia, do tipo choupana e casebre.

Casa avarandada – Trata-se de casa térrea, recoberta por telhado de quatro águas, com

varandas em três ou quatro lados, sustentada por colunas de alvenaria de tijolo. Estas chamam

a atenção pelo apuro construtivo e estilístico. São colunas perfeitamente moduladas, que

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reproduzem com esmero as ordens arquitetônicas clássicas. Quando edificadas em terrenos

em aclive, era comum a formação de um porão para melhor ajustamento à topografia.

Casa em U com pátio posterior – Outro grupo de casas de engenhos baianos apresenta

planta em forma de U, com pátio posterior ajardinado, para o qual se abrem dependências de

serviço. Essa tipologia pode ser observada nas casas dos engenhos Embiara (já destruída),

situada em Cachoeira, Monte e Cajaíba, em São Francisco do Conde. São construções

assobradadas em alvenaria mista, com capelas no interior.

3.1.3.2 Capela

Enquanto nos séculos XVII e XVIII as capelas

eram presença praticamente obrigatória na

paisagem dos engenhos, no século XIX elas

escasseiam. Entre os engenhos construídos ou

reformados nessa época, em cerca de 60% não

havia capela e, quando esta existia, geralmente

era na forma de um oratório no interior da casa-

grande. As poucas capelas isoladas encontradas localizam-se na área tradicional de produção

açucareira, integrando engenhos mais antigos ou desmembrados dos mesmos. Na zona de

expansão ao norte do Recôncavo prevaleceram os oratórios internos e, a oeste, na bacia do

Jaguaripe, simplesmente não existiram capelas ou oratórios.

3.1.3.3 Senzala

As áreas tradicionais de produção açucareira

continuavam concentrando, no século XIX, os

maiores engenhos e o maior número de

escravos. Já as áreas de expansão da

agroindústria, situadas mais ao interior, tendiam

a apresentar menor concentração de escravos e

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maior diversificação da economia. A distribuição das moradias dos escravos na paisagem do

engenho variava. Geralmente elas se situavam a meia altura entre a casa-grande e a fábrica.

Poderiam, no entanto, estar próximas da casa-grande, formando com esta um grande pátio. As

edificações eram de dois tipos: casebres isolados, com paredes de pau a pique, recobertas por

palha, ou conjuntos de moradia em linha, formando unidades recobertas por um único

telhado, conhecidos como senzalas. A maioria dessas habitações era antecedida por uma

varanda-corredor. Os escravos domésticos podiam morar no térreo das casas-grandes

assobradadas ou nos fundos, quando térreas.

3.1.3.4 Engenho – Fábrica

A forma das fábricas resultava basicamente de fatores tecnológicos de produção. Como estes

não variaram muito durante todo o período colonial, a arquitetura das edificações não

apresentou grandes modificações. Somente no período imperial, com a incorporação de novas

técnicas construtivas e a introdução da máquina a vapor e de novos processos de purga, a área

e a forma das fábricas se alterariam, adaptando-se ainda à nova capacidade produtiva dos

engenhos. A principal característica da arquitetura dos engenhos baianos, na primeira metade

do século XIX, é a fábrica em forma de galpão, com planta retangular formada por três ou

mais naves e recoberta por um só telhado de quatro ou duas águas, sustentado por esteios ou

pilares de alvenaria. Geralmente, a nave central era sustentada por tesouras de madeira de até

12m de vão e as laterais, por meias-tesouras ou vigas de até 6m de vão.

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4 COMPARAÇÃO MORADA PAULISTA E ENGENHOS DO NORDESTE

A arquitetura paulista foi por muito tempo tratada com pouca atenção na história da

arquitetura brasileira, talvez pelo seu menor refinamento em relação ao barroco mineiro ou à

arquitetura colonial do nordeste. É apenas com Luís Saia, em meados do século XX, que as

grosseiras casas de taipa se tornam relevantes. O condicionante principal que levo em conta

tem relação com os novos costumes que surgem ao mesmo tempo em que outros antigos se

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modificam em decorrência das correntes migratórias, é justamente a relação da mudança da

configuração das residências rurais paulistas com as diferentes correntes migratórias que essa

comparação pretende explorar.

Deste modo, as divisões dessa arquitetura se apresentam da seguinte forma: o sincretismo dos

costumes portugueses e indígenas é responsável pelo surgimento das casas bandeiristas, e seu

período vai do início da exploração da capitania São Vicente até o século XVIII. Os

imigrantes europeus que trazem influências estilísticas das suas respectivas regiões de origem,

porém O colonizador português não reproduziu no Brasil o estilo das casas portuguesas,

preferindo criar uma casa que correspondesse ao ambiente físico brasileiro e que, ao mesmo

tempo, atendesse as necessidades de trabalho e pessoais dos residentes. As casas-grandes

eram erguidas visando à segurança e não à estética. Os donos de engenhos, chamados

posteriormente de senhores de engenhos, sentiam-se inseguros com a possibilidade de ataques

dos índios e dos negros, já que essas casas representavam o poderio feudal brasileiro. O

senhor de engenho em sua propriedade, tinha poder total sobre a vida de seus escravos,

empregados e moradores.

A construção destes novos povoados era complicada no que diz respeito à disponibilidade de

materiais. As vilas no litoral aproveitavam a pedra e o cal para suas cidades, deste modo não

foi necessário muita adaptação quanto aos costumes construtivos da metrópole. Em situação

contrastante, o interior não gozava de tanta pedra, e a cal inexistia. Não é a toa que São Paulo

recebeu o título “Império da Taipa”, pois a alternativa a falta dos materiais utilizados no

litoral foi a técnica da taipa de pilão. Esta, por sua vez, não fora muito praticada no litoral pela

carência de terra argilosa. A

provável origem desta técnica é que tenha sido trazida pelos colonos do sul de Portugal, que

por sua vez herdaram da invasão árabe à Península Ibérica. Porém não se pode considerar que

tenha ocorrido uma pura transposição da técnica da taipa afro-européia para a floresta

tropical. As primeiras moradias sofrem influência também da população nativa graças aos

primeiros missionários jesuítas que facilitaram a troca cultural dos dois povos.

Enquanto os engenhos do nordeste, as casas eram construídas com alicerces profundos

utilizando óleo de baleia e grossas paredes de taipa (barro amassado para preencher os

espaços criados por uma espécie de gradeado de paus, varas ou bambus); pedra e cal; teto de

palha, sapê ou telhas com o máximo de inclinação para servir de proteção contra o sol forte e

as chuvas tropicais; piso de terra batida ou assoalho; poucas portas e janelas e alpendres na

frente e dos lados. Todavia essas quase fortalezas, feitas para durarem séculos, não seriam

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suficientes para impedir que ainda “na terceira ou quarta geração”, começassem a desmoronar

por falta de conservação. Dos indígenas temos, além do fornecimento da cobertura das casas

com a palha, a estrutura da armação de madeira que definiu a planta retangular das casas

bandeiristas.

As moradas paulistas foi possível verificar conceituação da fachada que praticavam os

arquitetos da época através de um tratamento especial dado aos cachorros e as portas

principais a observação pode ser facilmente comprovada com analise das colunas dos

alpendres.

Todas as construções, com maior ou menor dificuldade, poderiam usar pedra ao invés

do tijolo, porém a pedra de boa qualidade não existe em todo o território, e despenderia muito

trabalho e dinheiro para transportá-las. No entanto, o tijolo poderia ser feito em olarias dentro

das próprias fazendas.

REFERÊNCIAS

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HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.

MENDES, Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, Willian. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007.

REIS, Nestor Goulart. Evolução Urbana do Brasil 1500/ 1720. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo, Pini, 2000.

REIS, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. 4 ed. São Paulo, Perspectiva, 1970.

SAIA, Luís. Morada Paulista. 2 ed. São Paulo, Perspectiva, 1976.

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VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro, Objetiva, 2000.

História do Brasil – Brasil Colonia. Volta Redonda: 2015. Disponível em: < http://www.portalbrasil.net/brasil_historiadobrasil_brasilcolonia.htm > Acesso em: 12 mar 1015.

Os engenhos de açúcar no Brasil. Volta Redonda: 2015. Disponível em: < http://www.historiatecabrasil.com/2009/04/engenhos-de-acucar-do-brasil.html > Acesso em: 12 mar 2015.

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O engenho e o fabrico do açúcar no Brasil Colonial. Volta Redonda: 2015. Disponível em: < http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2013/12/o-engenho-e-o-fabrico-do-acucar-no.html > Acesso em: 12 mar 2015.