500 mil parti-cipantes.

Balneário Camboriú, 27 de agosto de 201615Perfil

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de ‘tábula rasa’, teoria de Aristó-teles que sugeria algo como uma folha em branco que deveria ser preenchida pelo professor. Hoje, a criança quando chega à escola pela primeira vez, já assistiu a 5.000 horas de televisão e domina uma tecnologia que muitos professores (principalmente os mais velhos) nem sonham conhecer.

Por que surgiu a ideia de escre-ver ‘Efeito Nora’?Durante mais de uma década, tive-mos um consultório aonde atendía-mos, além de pacientes individuais de todas as idades, também casais e famílias. Percebíamos que mui-tos dos conflitos e sofrimentos dos pacientes, eram resultados de dificuldades em aceitar e conviver com as diferenças sócio/culturais de genros e noras. Tivemos histó-rias tão incríveis que, se fossem a u t o r i z a d a s para publicação, renderiam um ‘best-seller’. Essa experiência nos motivou a buscar pessoas dispostas a nos contar suas histórias e autorizar as publicações com a segurança de que os nomes, épocas e locais fossem alterados. Os desafios foram feitos nas redes sociais e as histórias acabaram chegando aos poucos. Filtradas e alteradas sem mexer na ques-tão central, foram romanceadas e publicadas.

As sogras são criticadas, viram centro de piadas e deboches, mas elas também são vítimas muitas vezes. Como estabelecer uma relação saudável?Quando iniciamos o projeto, o prin-cipal objetivo era de uma ampla revisão bibliográfica sobre o que já havia sido publicado sobre as noras. Surpresa: tudo o que existe na literatura nacional, é focado nas sogras, geralmente de forma jocosa. Esse fato, nos trouxe uma responsabilidade, até então não mensurada, mas que, por outro lado, muito gratificou pelo aspecto pioneiro da obra.

Qual foi o livro mais difícil de escrever? Por quê?Foi mesmo o ‘Efeito Nora’ (O outro Lado das Histórias Sobre S o g r a s) . A t é então, as nos-sas obras eram mais técnicas, fundamentadas com teorias, experimentos e farta bibliogra-fia. Nunca antes escrevemos de

forma romanceada como é o caso do Efeito Nora!

Quais são os perigos que cercam os jovens hoje?De forma generalizada, os jovens sempre estão correndo perigo. A sua ingenuidade e falta de experi-ência, associados a comportamen-tos impulsivos, duas das principais

características dessa população, lhes deixam vulneráveis a uma representativa gama de riscos, como as drogas, por exemplo, que ainda representam o maior perigo para essa população. Se foram superprotegidos pelos pais na infância então, os riscos aumen-tam expressivamente. Crianças superprotegidas não desenvolvem repertórios para lidar com proble-mas e frustrações.

O que considera uma educação excelente?

O resultado de uma participação sadia dos pais na educação dos filhos. Pais que promovem a auto-nomia com responsabilidade, que dão supervisão e participação ativa em todas atividades dos filhos, principalmente enquanto crianças, que são exemplos de respeito às diferenças e também aos valores sociais como cidadania, moral e ética, justiça, entre outros, terão ampliadas as chances de sucesso na educação dos filhos.

Quais são as maiores carências de pais e filhos nestes tempos de informação instantânea?

A principal é a falta de diálogo. Em muitas famílias, pai, mãe e filhos podem até estar fisicamente jun-tos num cômodo da casa, porém, cada um com o seu smartphone, tratando de assuntos individuais. Não é comum que pais e filhos à noite, interajam no sofá da casa como no passado, cada um con-tando como foi o seu dia. Ninguém tem mais tempo pra ninguém.

Quais são as principais recla-mações/preocupações dos pais hoje?Fora a questão da sobrevivência neste momento do nosso país, a preocupação maior ainda é o futuro dos filhos. O problema é que, com esse pensamento, mui-tos pais dispõem do seu tempo e energia para construir estabi-lidade material, idealizando que assim, o futuro da família estará assegurado. Lá na frente pode-remos ver uma família rica, porém, toda desestruturada porque os pais não tiveram tempo para a c o m p a n h a r os filhos, tinham que trabalhar, viajar e ganhar muito dinheiro! O sentimento de culpa nessas situ-ações é um dos principais moti-vos de depressão e ansiedade e outros transtornos psicológicos nas populações.

Gostaria de acrescentar algo?Que os pais se preocupassem com

algumas regras básicas da educa-ção de filhos como:

• Liberdade com responsabili-dade – A liberdade que devemos dar aos nossos filhos tem que estar atrelada aos níveis de responsabi-lidade deles, ou seja: quanto mais responsabilidade, mais liberdade!

• Afeto, aten-ção e confiança são compor-tamentos que ca rac te r izam pa r t i c i pa ção ativa na vida dos filhos. Pais que conhe-cem os amigos dos filhos, que sabem aonde eles estão em cada momento, que se dispõem a ouvir e acon-selhar, e que são afetivos, tendem

a ter muito menos problemas com a educação deles.

• Respeito à individualidade dos filhos – Pais não são, nunca foram e nunca serão proprietários dos filhos. Têm poder sobre eles, prin-cipalmente na primeira infância, porém, devem abdicar da sensação de propriedade que essa dependên-cia deles, no início da vida, sugere.

Caio é um do palestrantes mais requisitados do país e defende que a principal preocupação dos pais modernos é o futuro dos filhos.

Hoje, a criança quando chega à

escola pela primeira vez, já assistiu a 5.000

horas de televisão e domina uma

tecnologia que muitos professores nem

sonham conhecer”

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Lá na frente poderemos ver uma família rica, porém, toda desestruturada porque os pais não tiveram tempo para

acompanhar os filhos”

“

Crianças superprotegidas não desenvolvem repertórios para lidar com problemas e frustrações”“

Para quem ainda não conhece, vai aqui o texto de Khalil Gibran: “Vossos filhos não são vossos filhos. 

São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. 

Vêm através de vós, mas não de vós. 

E embora vivam convosco, não vos pertencem. 

Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, 

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; 

Pois suas almas moram na man-são do amanhã, 

Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, 

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. 

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.

O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força 

Para que suas flechas se proje-tem, rápidas e para longe. 

Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: 

Pois assim como ele ama a fle-cha que voa, ama também o arco que permanece estável.”