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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIA DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA ELISA DE OLIVEIRA SCHMELING NICOLI KULBA PERBONI NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA Itajaí (SC) 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIA DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ELISA DE OLIVEIRA SCHMELING

NICOLI KULBA PERBONI

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO

DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA

Itajaí (SC) 2011

1

ELISA DE OLIVEIRA SCHMELING

NICOLI KULBA PERBONI

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO

DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista junto ao Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientadora: Profa. Christine Kalvelage Philippi

Itajaí (SC) 2011

2

ELISA DE OLIVEIRA SCHMELING

NICOLI KULBA PERBONI

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO

DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista, Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, aos três dias do mês de maio do ano de dois mil e onze, é considerado aprovado.

Profª Christine Kalvelage Philippi (Presidente)____________________________

Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

Prof. Mário Uriarte Neto______________________________________________

Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

Prof. José Agostinho Blatt______________________________________________

Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

Profa. Elisabete Rabaldo Bottan ______________________________________

Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

3

DEDICATÓRIA

Dedicamos esse trabalho à Prof.ª Christine, por ter aceitado nos orientar

nesse projeto, sendo tão atenciosa e dedicada, sempre nos apoiando.

Obrigada por todo o conhecimento repassado, por ser um exemplo de

professora.

Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é

alguém que acredite que ele possa ser realizado.

(SHINYASHIKI, R.)

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado forças para chegar ao final dessa

jornada.

À minha mãe Regina, meu maior exemplo, por estar sempre ao meu

lado me apoiando e me incentivando, fundamental em minha vida, obrigada por

tudo!

Ao meu pai Martin, por todos os aprendizados e por tantos momentos de

alegria, dedico essa realização em sua memória.

Aos meus irmãos Leo, Gui, Cla, Tay e Rico, e toda minha família, pelo

carinho e amizade.

À minha dupla e grande amiga Nicoli, por toda a ajuda durante esses

anos, pelos momentos de alegria e dificuldades, que a nossa amizade continue

por muito tempo.

A todos os meus amigos que me acompanharam nessa caminhada, por

cada momento que passamos juntos que tornaram esses anos inesquecíveis.

À Profª Christine, minha orientadora, pela dedicação, ensinamentos

ofertados e pela paciência.

À Profª Elisabete, pela colaboração e apoio, que foram essenciais para a

conclusão desse trabalho.

Obrigada a todos os professores que aceitaram participar dessa

pesquisa.

Elisa

Agradeço a Deus, por ser meu guia em tudo na vida, pela força, pela

família que tenho e estar presente quando ninguém mais estava.

À minha mãe, a pessoa mais maravilhosa que eu conheço, meu

exemplo de tudo na vida, de força, de amor, de vitória, você é simplesmente

tudo na minha vida, se hoje sou o que sou, é por nunca ter desistido de mim e

dos meus sonhos, essa vitória eu dedico principalmente a você, te amo

eternamente!

5

Ao meu pai, por ensinar valores mesmo não estando presente em

muitos momentos, a dedicação extrema em realizar esse sonho comigo, por

desejar sempre meu bem, amo você demais!

Aos meus irmãos, anjos da minha vida, companheiros de tudo, obrigada.

Aos meus avós, por serem meu porto seguro, segurarem minha mão e

me mostrarem que tudo que desejo pode ser alcançado se for com vontade e

paixão, meu amor por vocês não cabe em palavras e muito menos minha

gratidão.

Ao meu amor, Vinicius, por ser meu companheiro durante todo esse

tempo, dividir comigo os momentos de felicidades e tristeza, por saber o

momento de calar e apoiar. Crescemos juntos e conquistamos mais essa

vitória, obrigada, amo muito você.

A todos os meus familiares e amigos que de alguma forma ajudaram e

acreditaram que tudo isso era mais que um sonho, obrigada.

À minha prima Jaiane, que dividiu comigo os momentos de dúvidas,

estresse, provas, medos, alegrias e felicidades, obrigada por passar noites em

claro comigo, conversando, por ser sempre meu ombro amigo em qualquer

situação, és muito especial, amo muito você.

À minha colega, amiga e dupla Elisa, obrigada pela paciência, pelos

conhecimentos divididos, pelos momentos de alegria e agonia, obrigada pela

linda amizade que construímos nesses quatro anos e meio de faculdade que

irão durar pra vida inteira, és uma irmã pra mim, obrigada.

À Prof.ª Elisabete, promovedora de conhecimento, que nos ensinou

coisas que não existem em livros, por ajudar tudo isso se tornar real, que de

forma tão dedicada nos ajudou em muitos momentos, és um exemplo de

professora e pessoa, tenho muito orgulho de ter convivido contigo durante esse

curto tempo, obrigada do fundo do meu coração.

À Prof.ª Christine, por instigar em mim a vontade de aprender cada vez

mais, por ser tão compreensiva, pelo conhecimento passado, és realmente um

exemplo de pessoa e professora, obrigada por tudo.

A todos os professores participantes dessa pesquisa obrigada pela

preocupação e interesse.

Nicoli

6

SUMÁRIO

1 ARTIGO..........................................................................................................07

2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................24

7

ARTIGO A SER SUBMETIDO À REVISTA DA

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE LINS

8

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO

DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA.

KNOWLEDGE LEVEL OF TEACHERS FROM DENTISTRY

COURSE OF UNIVALI ON ORAL CANCER.

Elisa De Oliveira SCHMELING

Acadêmica do Curso de Odontologia da UNIVALI; Bolsista de Iniciação

Científica

Nicoli Kulba PERBONI

Acadêmica do Curso de Odontologia da UNIVALI; Bolsista de Iniciação

Científica

Christine Kalvelage PHILIPPI

Professora do curso de Odontologia da UNIVALI; Integrante do Grupo de

Pesquisa Atenção à saúde Individual e Coletiva em Odontologia

ELISABETE Rabaldo BOTTAN

Professora do curso de Odontologia da UNIVALI; Integrante do Grupo de

Pesquisa Atenção à saúde Individual e Coletiva em Odontologia

Pesquisa financiada pelo Programa de Iniciação Científica Artigo 170/Governo

do Estado de Santa Catarina/UNIVALI.

Endereço para Correspondência

Profa. Christine Kalvelage PHILIPPI Rua Uuruguai, 458 – Caixa Postal 360 88302-202 – Itajaí – SC Fone (47) 33417564 E-mail: [email protected]

9

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO CURSO DE

ODONTOLOGIA DA UNIVALI SOBRE O CÂNCER DE BOCA.

KNOWLEDGE LEVEL OF TEACHERS FROM DENTISTRY COURSE OF

UNIVALI ON ORAL CANCER.

Resumo

Com objetivo de avaliar o nível de conhecimento dos professores do curso de

odontologia, sobre câncer de boca, foi conduzido estudo descritivo, mediante

levantamento de dados primários. A população-alvo foram professores da

graduação em Odontologia, da UNIVALI. O instrumento para coleta de dados

foi um questionário autoaplicável, remetido por e-mail. As perguntas, do tipo

fechado, foram distribuídas em duas partes: caracterização do sujeito e

conhecimento. Para a determinação do nível de conhecimento foram

estabelecidas as seguintes categorias: nível excelente – 17 a 15 acertos; nível

bom – 14 a 12 acertos; nível regular – 11 a 8 acertos; nível insatisfatório –

menos de 8 acertos. Houve o retorno de 37% dos instrumentos. A

caracterização sócio-demográfica do grupo ficou assim distribuída: 52,4% do

gênero feminino; 71% com idade superior a 40 anos; 57% com tempo de

formação acadêmica superior a 20 anos. Com relação ao nível de

conhecimento, 66,7% apresentou nível excelente ou bom, no entanto, apenas

52,4% se autoavaliou nestes níveis. O tópico que apresentou maior freqüência

de resposta incorreta foi quanto à região anatômica de predileção do

aparecimento de câncer de boca. Concluiu-se que a maioria dos docentes

possui um alto nível de conhecimento sobre aspectos básicos do câncer de

boca, sendo um grupo interessado sobre a prevenção e diagnóstico precoce do

câncer de boca.

Palavra chave: Neoplasias Bucais; Carcinoma Epidermóide; Conhecimentos,

Atitudes e Prática em Saúde.

10

Abstract

In order to evaluate the knowledge level of the professors of dentistry on oral

cancer, descriptive study was conducted by collecting primary data. The target

population was undergraduate dental teachers, UNIVALI. The instrument for

data collection was a self administered questionnaire, sent by email. The

questions, the closed type, were divided into two parts:

characterization of subject and knowledge. In determining the level

of knowledge were established the following categories: excellence - from 17 to

15 correct answers; good level -14 to 12 correct answers; regular level - 11 to 8

correct; unsatisfactory – less than 8 hits. There was a return of 37% of

the instruments. The socio-demographic group was distributed as follows:

52.4% female, 71% aged over 40 years, 57% of academic time with more than

20 years. Regarding the level of knowledge, 66.7% showed excellent or good

level, however, only 52.4% self-evaluation at these levels. The topic that had

the highest incorrect response frequency was the anatomical region of

predilection of the appearance of oral cancer. It was concluded that

teachers have a high level of knowledge about basic aspects of oral cancer,

and a group concerned about the prevention and early diagnosis of oral cancer.

Keywords: Mouth Neoplasms; Carcinoma, Squamous Cell; Health Knowledge,

Attitudes, Practice.

Introdução

O câncer é um problema de saúde pública no mundo inteiro. O

carcinoma epidermóide é o tipo etiológico mais frequente, representando de 90

a 95% dos cânceres que ocorrem na boca 3,5,6,8,10,20.

O câncer de boca é uma doença crônica multifatorial, tendo como

principais fatores etiológicos o fumo, o álcool, a radiação solar, a dieta, os

microrganismos e a deficiência imunológica, sendo assintomático nos estágios

iniciais 10,15,16,23.

A melhor forma de reverter o quadro dessa doença é conhecer sua

etiologia, características clínicas, o diagnóstico de lesões pré-malignas, sempre

tendo em mente a prevenção e o seu diagnóstico precoce. Portanto, o

11

cirurgião-dentista, além de ter fundamental importância no diagnóstico precoce

das diversas lesões que acometem a cavidade oral, também precisa

desenvolver um papel social frente à população, prestando esclarecimentos em

relação aos fatores causais e às medidas preventivas referentes a essas

lesões 2,4,10,15,23,24,25.

Neste sentido, é de fundamental importância o preparo adequado do

futuro profissional. Este preparo deve se iniciar durante o curso de graduação e

se estender durante toda vida profissional. Assim sendo, o profissional

professor do curso de Odontologia deve estar devidamente capacitado a

repassar aos seus alunos informações corretas e atualizadas sobre a temática

do câncer de boca. Daí porque elegermos como público alvo deste trabalho os

professores do Curso de Odontologia da UNIVALI de Itajaí.

Materiais Métodos

Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo transversal, através da

análise de dados primários. O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão

de Ética em pesquisa da UNIVALI, sob o n° 550/09.

A população-alvo deste estudo foi constituída por professores do curso

de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, sendo que estava em

atuação no primeiro semestre letivo de 2010, um total de 51 professores. Desta

população, foi constituída uma amostra do tipo não-probabilístico, obtida por

conveniência, tendo sido considerado como fator de exclusão professor que

não fosse cirurgião-dentista. Este número, à época da pesquisa era de 47.

O instrumento de coleta de dados foi um questionário autoaplicável

contendo 19 perguntas do tipo fechado, abordando os seguintes itens:

formação do profissional, caracterização e fatores de risco sobre o câncer de

boca. O questionário foi encaminhado por e-mail com as explicitações sobre a

pesquisa, tendo sido determinado um prazo de até sete dias para a devolução

do instrumento respondido.

Os dados foram organizados e tabulados com a ajuda do programa

Microsoft Excel, tendo sido calculada a frequência relativa das repostas de

cada questão.

12

Para a determinação do nível de conhecimento foram estabelecidas as

seguintes categorias: nível excelente – 17 a 15 acertos; nível bom – 14 a 12

acertos; nível regular – 11 a 8 acertos; nível insatisfatório – menos de 8

acertos.

O projeto de pesquisa foi, previamente, submetido à Comissão de Ética

em Pesquisa da UNIVALI, tendo sido aprovado sob o nº 550/09.

Resultados

O retorno de instrumentos devidamente preenchidos foi de 42%. A

caracterização sócio-demográfica da amostra se encontra no quadro 1.

Quadro 1: Caracterização sócio-demográfica da amostra

CARACTERÍSTICA %

Gênero

Feminino Masculino

52,38 47,62

Idade

Até 39 anos De 40 a 50 anos 51 ou mais anos

28,0 38,0 33,0

Tempo de Formado

Até 20 anos De 21 a 30 anos 31 ou mais anos

43,0 38,0 19,0

À solicitação sobre como avalia seu conhecimento sobre atemática do

câncer de boca, maioria (42,9%) dos participantes identificou como regular seu

conhecimento. A frequência das demais categorias que identificam o nível de

conhecimento dos participantes da pesquisa se encontra no gráfico 1.

13

28,6

23,8

42,9

4,8

0

20

40

60

Ótimo Bom Regular Insuficiente

%

Gráfico 1: Freqüência relativa das categorias indicadoras da autoavaliação dos participantes da pesquisa sobre o nível de conhecimento sobre o câncer de boca.

Quando questionados se realizam exame clínico para identificação de

lesões indicadoras de câncer de boca, a maioria (87,5%) respondeu

afirmativamente. No entanto, apenas uma minoria (15,8%) destes sujeitos

considera alto o nível de confiança para a realização de diagnóstico para

detecção do câncer de boca.

A maioria dos participantes desta pesquisa afirmou ter participado de

curso de capacitação sobre a temática de câncer de boca há mais de cinco

anos (Gráfico 2). E, quase que a totalidade (90%) afirmou que tem interesse

em participar de cursos de educação continuada sobre este tema e reconhece

a importância do cirurgião-dentista na prevenção e diagnóstico precoce do

câncer de boca.

29,4

47,1

5,9

17,6

0

20

40

60

Cinco ou menos

anos

Mais de cinco

anos

Nunca Não lembro

%

Gráfico 2: Frequência relativa das categorias indicadoras das respostas sobre a participação a cursos de educação continuada sobre câncer de boca.

14

A avaliação do conhecimento dos participantes da pesquisa sobre a

temática do câncer de boca pode ser identificada no quadro 2 e no gráfico 3.

Quadro 2: Frequencia das respostas às questões do domínio cognitivo

Gráfico 3: Freqüência relativa das categorias indicadoras das respostas sobre fatores de risco para o câncer de boca.

QUESTÃO

Resposta correta (%)

Resposta incorreta

(%)

Não sabe(%)

Tipo de câncer de boca mais comum. 76,0 0 24

Região anatômica mais frequente de aparecimento de câncer de boca.

23,8 66,7 9,5

Aspectos mais comuns em pacientes com câncer de boca inicial.

90,5 4,8 4,8

Faixa etária mais comum para o aparecimento do câncer de boca.

81,0 14,3 4,8

Características dos linfonodos em metástases cervicais.

66,7 4,8 28,6

Características mais comuns identificadoras de lesões precancerizáveis

66,7 4,8 28,6

15

Com base nos critérios estabelecidos para classificação do nível de

conhecimento dos participantes da pesquisa, pode-se afirmar que a maioria

apresenta um nível de conhecimento entre excelente e bom (Gráfico 4).

19,05

47,62

33,33

0

20

40

60

Excelente Bom Regular

%Nível de conhecimento

Gráfico 4: Distribuição da freqüência relativa das categorias identificadoras do nível de conhecimento sobre o tema de câncer de boca dos professores participantes da pesquisa.

Discussão

A temática desta investigação está centrada no papel do cirurgião-

dentista no diagnóstico precoce e preventivo do câncer de boca. Esta temática

é de fundamental importância e tem recebido uma atenção especial em termos

de pesquisas, cursos de capacitação e de formação acadêmica. No entanto,

quando se trata da colaboração de diferentes sujeitos, nas mais diversas

regiões do país, respondendo instrumentos de pesquisa, observa-se que há um

baixo engajamento.

Esta situação, também, ocorreu nesta pesquisa, pois do total de

questionários enviados, obtivemos o retorno de, apenas, 42%. Este valor,

conforme Pinheiro et al.23 se aproxima daquele identificado em diversos

estudos, cujo percentual médio é de 45%.

É indiscutível que o cirurgião-dentista tem responsabilidade sobre a

prevenção e o tratamento dos efeitos deletérios, possibilitando aos pacientes

uma melhor qualidade de vida 1,4,10,17,23,28. Portanto, o cirurgião-dentista deve

16

estar muito bem informado sobre os mais diversos aspectos referentes à

temática do câncer de boca.

Neste sentido, esta pesquisa enfocou o nível de conhecimento de

professores do curso de Odontologia da UNIVALI, sendo que a maioria dos

participantes (42,9%) qualificou como regular o seu conhecimento, de modo

similar a outras pesquisas 10,17, contrapondo-se ao estudo de Pinheiro et al.23

em que um alto percentual (73%) de profissionais se qualificava como

portadores de ótimo a bom conhecimento.

Os cirurgiões-dentistas, ainda, não se conscientizaram do seu papel na

prevenção e diagnóstico precoce do câncer de boca, provavelmente esta

postura faça com que estes profissionais não se considerem detentores de um

melhor nível de conhecimento sobre esta temática como apontado em outros

estudos11,12,15,16,23,28. É necessário um melhor preparo dos profissionais para

diagnosticarem clinicamente com segurança e fazerem exames de lesões

suspeitas 8,10,15,23.

Quando indagados sobre a realização de exames para identificar câncer

de boca, 87,5% afirmaram que realizam exames procurando lesões malignas,

semelhante aos dados encontrados na literatura 10,17,23,28.

No que se refere às questões específicas, que permitiram estabelecer o

nível de conhecimento dos pesquisados, observou-se que o índice de acertos

variou de 23,8% a 90,5%, tendo-se uma freqüência média de acertos da ordem

de 67,45%. O item que obteve a mais baixa freqüência de acerto foi quanto à

região anatômica de localização do câncer de boca. O lábio foi a região mais

citada pelos pesquisados sendo que a literatura aponta a língua como a

localização de predileção. Provavelmente, a resposta do grupo deve-se à

associação entre exposição solar e aparecimento de lesões malignas

apresentadas em lábio, pois 95% dos sujeitos que integraram a pesquisa

indicaram esta associação.

Um alto percentual (76%) soube informar que o carcinoma epidermóide

é o câncer mais comum da boca, reforçando as afirmações efetuadas por

outros pesquisadores 7,9,10,15,17,20,21. Sobre a região anatômica mais acometida

pelo câncer de boca, a opção correta que é a língua 5,9,10,14,15,19,27, foi apontada

17

por somente 23,8% da amostra, ficando este dado abaixo do encontrado em

outros estudos 14,22.

Quanto ao aspecto inicial mais comum do câncer de boca, a maioria da

amostra (90,5%) respondeu corretamente ser úlcera indolor, semelhante aos

achados na literatura 18,21.

Em relação à faixa etária de maior ocorrência do câncer de boca, a

maioria (81%) respondeu corretamente que é acima de 40 anos, o que

corresponde às informações contidas na literatura 10,12,15,19,21,26.

Em relação à condição mais comumente associada ao câncer de boca,

66,7% respondeu de forma correta apontando a leucoplasia. Sobre a forma

como os linfonodos se apresentam em metástases cervicais no câncer de

boca, a maioria (66,7%) soube informar que eles se apresentam com as

seguintes características: duros, sem dor, com mobilidade ou não. Estes

achados se assemelham àqueles citados em outros estudos 10,11,13,21. Embora

66,7% tenham respondido de forma correta, o percentual que não soube

responder foi preocupante (28,6%), em função da relevância do tema, sendo

que é conhecido que o risco de desenvolvimento de câncer numa área

leucoplásica é cinco vezes maior que em áreas onde não se encontram

leucoplasia.

Quanto aos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de boca,

os principais fatores apontados foram: consumo de tabaco (100%), consumo

de álcool (100%) e exposição solar (95%). Sem dúvida, estes fatores

desencadeadores são os mais frequentemente associados ao aparecimento do

câncer de boca e são amplamente divulgados pela mídia, portanto este era um

comportamento esperado, que também aparece em outras pesquisas

6,10,13,25,26,29.

Quando indagados sobre a rotina para com seus pacientes, realizando

exame para identificar lesões indicadoras de câncer de boca, 87,5% afirmaram

que o efetuam. No entanto, seu nível de confiança na realização do diagnóstico

do câncer de boca é baixo. Esta realidade, também, foi encontrada em outras

pesquisas 10,15,16,23 .

Os dados obtidos nesta pesquisa evidenciam deficiências quanto ao

conhecimento teórico-prático sobre câncer de boca, enfatizando a necessidade

de construção de um programa de capacitação profissional. É de grande

18

importância que os profissionais de odontologia sejam mais confiantes e

preparados para o diagnóstico preciso. Entretanto, a maioria dos participantes

(53%) afirmou que a última atualização sobre câncer de boca foi realizada há

mais de cinco anos ou nunca a realizou. Porém 90% relataram a necessidade e

a vontade de frequentar cursos sobre o assunto e reconheceram a importância

do cirurgião-dentista na prevenção do câncer de boca. Este achado vem ao

encontro da literatura revisada 10,15,17,23,26,28.

Conclusão

Com base na análise dos resultados, pode-se afirmar que a maioria dos

docentes que participaram da pesquisa possui nível de conhecimento teórico

entre bom e ótimo, em relação aos tópicos básicos da temática sobre câncer

de boca. No entanto, ao se autoavaliarem consideram que necessitam melhor

preparo no que se refere à prática do diagnóstico, por isso, demonstraram-se

altamente interessados em participar de cursos sobre a prevenção e

diagnóstico precoce do câncer de boca.

Referências

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20

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21

APÊNDICE: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1. Idade________ 2. Sexo: [1] Masculino [2] Feminino 3. Qual o seu tempo de formação acadêmica?________________________ 4. Qual o curso de graduação? ____________________________________ Caracterização 1. Com relação ao seu nível de conhecimento sobre câncer bucal, qual é sua autoavaliação? [1] Ótimo [2] Bom [3] Regular [4] Insuficiente 2. Na primeira consulta odontológica dos seus pacientes, você realiza exame procurando identificar câncer bucal? [1]Sim [2] Não 3. Quando você encontra lesões bucais suspeitas de malignidade, como você encaminha o caso? [1] Eu mesmo tomo os procedimentos diagnósticos [2] Encaminho a um dentista especialista em estomatologia [3] Encaminho a um médico [4] Encaminho a um Curso de Odontologia [5] Encaminho a um hospital especializado em tratamento oncológico [6] Encaminho ao Centro de Especialidade Odontológica – CEO [7] Não sendo a queixa principal do paciente, espero até que ele se manifeste, pedindo orientação. 4. Qual é o tipo de câncer mais comum da boca? [1] Linfoma [2] Carcinoma Espinocelular [3] Sarcoma de Kaposi [4] Ameloblastoma [5] Adenocarcinoma de Glândula Salivar [6] Não sei 5. Qual é a região anatômica mais frequente para o câncer bucal? [1] Língua [2] Soalho de boca [3] Gengiva [4] Palato [5] Mucosa jugal [6] Lábio [7] Não sei 6. Dentre os citados, qual o aspecto mais comum em pacientes com câncer de boca inicial? [1] Salivação abundante [2] Úlcera indolor [3] Nódulo duro [4] Dor intensa [5] Não sei

22

7. Qual é a faixa etária mais comum para a ocorrência de câncer bucal? [1] Menos de 18 anos [2] 18 a 39 anos [3] Acima de 40 anos [4] Não sei 8. O linfonodo mais característico em metástases cervicais em câncer bucal, quando palpado apresenta-se: [1] Duro, dolorido, com mobilidade [2] Duro, sem dor, com mobilidade ou não [3] Mole, dolorido, com mobilidade [4] Mole, sem dor, com mobilidade ou não [5] Não sei 9. Das seguintes condições, qual a mais comumente associada com o câncer de boca? [1] Leucoplasia [2] Pênfigo Vulgar [3] Estomatite [4] Candidíase [5] Língua Geográfica [6] Não sei Fatores de risco 1. Nas próximas alternativas assinale as que você considera a condição apresentada como fator de risco para câncer de boca: A. Uso de drogas injetáveis [1] Sim [2] Não B. Ter apresentado outro câncer previamente [1] Sim [2] Não C. Consumo de álcool [1] Sim [2] Não D. Consumo de tabaco [1] Sim [2] Não E. História familiar de câncer [1] Sim [2] Não E. Consumo de comidas condimentadas [1] Sim [2] Não F. Higiene oral deficiente [1] Sim [2] Não G. Contágio direto [1] Sim [2] Não H. Exposição solar [1] Sim [2] Não I. Bebidas e comidas quentes [1] Sim [2] Não J. Obesidade [1] Sim [2] Não

23

Formação 1. Qual é o seu nível de confiança para realizar procedimentos de diagnóstico para câncer de boca? [1] Alto [2] Baixo [3] Não sei 2. Qual foi a ultima vez que você assistiu a um curso de educação continuada sobre câncer de boca? [1] No ano passado [2] Durante os últimos 2 a 5 anos [3] Mais de 5 anos [4] Nunca [5] Não lembro 3. Você sente necessidade em assistir a um curso de educação continuada sobre câncer de boca no futuro? [1] Sim [2] Não [3] Não tenho certeza 4. Em sua opinião, qual a importância do cirurgião-dentista na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de boca? [1] Alta [2] Média [3] Regular [4] Baixa [5] Não sei

24

2 REVISÃO DE LITERATURA

25

De acordo com Costa e Migliorati (2001), o câncer no Brasil é

considerado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) como um problema de

saúde pública, estando entre as causas mais frequentes de morte. Registros

hospitalares afirmam que a boca está entre as dez localizações mais

freqüentes para a ocorrência de câncer. Considerando-se que este é um local

de fácil acesso ao exame clínico, pode-se deduzir que há uma deficiência no

diagnóstico desses tipos de câncer. O objetivo desse trabalho foi avaliar o

serviço de atendimento a pacientes portadores de câncer de boca na

Faculdade de Odontologia da USP. De novembro de 1997 a outubro de 1998,

15 pacientes portadores de lesões malignas da cavidade oral foram

identificados e encaminhados para a disciplina de semiologia da faculdade para

acompanhamento. Foram examinados um por um, as lesões suspeitas foram

biopsiadas e os pacientes foram questionados sobre aspectos importantes

relacionados com o diagnóstico precoce do problema. A maioria dos pacientes

(60%) era do sexo masculino e 93% tinham mais de 40 anos. Em 66,6% dos

casos foram diagnosticados carcinoma epidermóide. Os resultados apontaram

uma demora inexplicável, desde o momento da detecção da lesão até o início

do tratamento. Assim, foi comum observar pacientes portadores de lesões

extensas, com meses ou anos de duração. Foi concluído que o ideal seria que

houvesse um programa de cooperação inter-institucional, com integração de

vários grupos profissionais. O diagnóstico precoce e o pronto atendimento da

lesão ainda é a melhor forma de aumentar a sobrevida de 5 anos e diminuir a

morbidade e mortalidade.

Alfano e Horowitz (2001) afirmaram que a maioria dos americanos não

recebe um exame regular de câncer de boca, ou nem mesmo sabe da sua

existência. Muitas organizações estão dando atenção aos perigos e à

prevenção do câncer oral. Neste trabalho foram avaliados alguns programas e

iniciativas de alerta ao público sobre câncer de boca. Universidades e hospitais

americanos formaram uma organização para manter o público informado sobre

a doença, chamado de Oral Cancer Consortium. Ela provou ser eficiente no

treinamento de dentistas e programas sobre o câncer. Desde sua criação, em

1999, muitas lesões foram diagnosticadas, e o exame à procura do mesmo se

tornou rotina nos consultórios. Maryland também se tornou um modelo de

estado na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de boca, isso porque a

26

doença tinha alta incidência de mortalidade, principalmente entre os homens

afro-americanos. E quando o diagnóstico era feito, ocorria em estágios

avançados. Foi concluído, então, que com as iniciativas de organizações como

estas, pode-se fazer a diferença nas estatísticas, diminuindo a morbidade e

mortalidade do câncer de boca.

Carvalho et al. (2001) afirmaram que o carcinoma epidermóide é uma

neoplasia que atinge preferencialmente os homens, sendo o álcool e o tabaco

os principais fatores de risco, e estes parecem ser os principais responsáveis

pela desproporção entre a incidência do sexo masculino em relação ao

feminino. Este trabalho teve como objetivo identificar as principais diferenças

clínico-epidemiológias do carcinoma epidermóide no sexo feminino quando

comparada ao sexo masculino. Foram estudados 228 prontuários de pacientes

do sexo feminino portadoras da neoplasia, atendidas no Serviço de Cirurgia de

Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis, no período de 1997 e 1996, sendo

comparadas com 849 pacientes do sexo masculino. A idade dos pacientes do

sexo feminino teve uma media de 60,7 anos, nos homens a média foi de 55,6

anos. Foi notado também que quando o etilismo e o tabaco estavam ausentes,

a incidência da neoplasia ocorreu em uma faixa etária mais tardia, sendo que a

presença do tabaco isoladamente não afetou na distribuição por faixa etária,

enquanto o álcool isoladamente ou em associação com o tabaco levou a uma

incidência mais precoce do câncer. Os principais sítios foram a língua e o

soalho bucal, mas em comparação ao homens essa incidência é menor. Sendo

assim, foi concluído que o carcinoma epidermóide nas mulheres tem

características clínico-epidemiológicas peculiares, o que justifica o

desenvolvimento de protocolos de diagnóstico e tratamento específicos.

De acordo com Clovis, Horowitz e Poel (2002), em 2000,

aproximadamente 3200 novos casos de câncer oral foram identificados no

Canadá, e ocorreram cerca de 1050 mortes. A causa são os diagnósticos

tardios, que ocorrem em mais da metade dos casos. O câncer de boca

continua recebendo menos atenção que os outros tipos de câncer. O objetivo

desse trabalho foi descrever o conhecimento de cirurgiões-dentistas

canadenses sobre os fatores de risco e diagnóstico relacionados ao câncer de

boca, e determinar suas opiniões sobre a preparação profissional para prevenir

e controlar a doença. Um questionário contendo 41 questões foi respondido por

27

670 dentistas, sendo 401 da Colúmbia Britânica e 269 da Nova Escócia.

Destes, 82,1% eram do sexo masculino. O fumo foi identificado por quase

todos; o álcool e a exposição solar foram identificados corretamente também

por 70% dos entrevistados. A maioria sabia que indivíduos mais velhos são

mais propícios a ter este tipo de câncer. Mais da metade reconheceu a

eritroplasia e a leucoplasia como sendo condições associadas ao câncer de

boca. Os autores concluíram que um número alto de dentistas (61,9%)

acreditou não ter conhecimento suficiente, e indicou ter interesse em fazer

cursos sobre o assunto, afinal, o diagnóstico precoce pode promover pelo

menos 5 anos de sobrevida.

Conforme Perussi et al. (2002), o aumento da expectativa de vida das

pessoas não traz apenas benefícios, traz também conseqüências, como o

aumento de doenças crônicas ou associadas aos processos de envelhecimento

celular como o câncer. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do sexo

e a localização da lesão no prognóstico do câncer de boca em pacientes

idosos. Foram avaliados todos os prontuários do Serviço de Cirurgia de

Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis, em São Paulo, do período de 1978 a

1997. Os 1440 registros foram divididos em dois grupos, idade igual ou

superior a 60 anos (559 registros), e idade inferior a 60 anos (878 registros). A

freqüência do câncer em idosos permaneceu estável no período estudado,

sendo a relação masculino/feminino de 3:1 em pacientes com mais de 60 anos,

e 8:1 em idade inferior aos 60 anos. Ocorreu um predomínio em idosos de

câncer na região jugal (56%) e palato (47%), quando comparados aos

pacientes mais jovens, localizados em soalho (67%) e língua (62%). Não foi

observada diferença na percentagem de pacientes falecidos antes do início do

tratamento e na sobrevida em diferentes períodos. Foi concluído que existe

uma maior prevalência de mulheres com câncer de boca entre os idosos

quando comparados aos mais jovens. As diferenças observadas em relação ao

sexo e localização não se refletiram na modificação da sobrevida dos pacientes

estudados.

Matos e Araújo (2003) afirmaram que o perfil do portador de câncer de

boca é esboçado da seguinte forma: homens, com idade entre 45 e 55 anos,

etilistas e tabagistas. De acordo com literatura sociológica, as mulheres

demonstram ser mais atentas que os homens às suas sensações e

28

percepções. O objetivo desse estudo foi identificar, analisar e compreender as

práticas e atitudes dos cirurgiões-dentistas e da população acerca do câncer de

boca. O estudo foi realizado entre abril e dezembro de 2002, na cidade de

Lages (SC). Foram utilizados questionários com perguntas fechadas, abertas e

semi-abertas, sendo um direcionado aos cirurgiões-dentistas e outro à

população. No total foram 70 profissionais, entre os quais 77% consideraram-

se preparados para diagnosticar lesões cancerígenas, porém somente 44%

costumam fazê-lo. Somente 27,2% apontaram corretamente a opção “úlcera”

como a apresentação clínica da lesão. Das 675 pessoas entrevistadas, 58,8%

pertencem ao gênero feminino, 41,2% tem mais que 40 anos de idade e a

maioria possui baixo nível de escolaridade. Quando questionados sobre qual

profissional procuraria se tivesse alguma lesão na boca, 41,2% indicaram o

médico. Apesar da desinformação dos pesquisados, foi citado o fumo e o álcool

com causadores de câncer. As autoras concluíram que quanto maior a

escolaridade maior a tendência em buscar o dentista como profissional certo

para tratar da patologia bucal; porém os cirurgiões-dentistas não realizam um

correto exame clínico, que é o método eficaz para o diagnóstico da lesão.

Almeida et al. (2005), afirmaram que o câncer de boca é um problema

da classe odontológica, cabendo a mesma a obrigação de orientar e ensinar o

auto exame ao paciente em busca de lesões em boca, tendo em vista um

diagnóstico precoce e a educação em saúde na população de uma forma geral.

Inspirado nisso, este trabalho foi elaborado para a popularização do auto

exame da boca, para mostrar que é possível fazer ações educativas nacionais

em câncer de boca. Esse trabalho foi colocado em prática em um grande

simpósio de implantes onde várias palestras, cursos de atualização profissional

e fóruns foram realizados sobre o assunto, tendo como maior público

participante (90%), cirurgiões dentistas da rede pública em saúde. Com esse

trabalho, que teve como foco principal o caráter multidisciplinar e

multiprofissional, o diagnóstico precoce e a orientação em saúde bucal, foi

concluído que campanhas de auto-exame e cursos de atualizações são

medidas úteis e de bons resultados quando o esperado é o diagnóstico

precoce das lesões e uma maior sobrevida do paciente.

De acordo com Coutinho et al. (2005), os brasileiros com mais de 60

anos representam 8,6% da população no Brasil, e que esta proporção chegará

29

a 14% em 2025. O atendimento a um indivíduo idoso apresenta características

peculiares sendo necessário o conhecimento de alguns princípios básicos e

essenciais. A odontogeriatria foi reconhecida como especialidade pelo

conselho federal de odontologia em 2001. A prevenção do câncer de boca

passou a ser um ponto extremamente importante a ser discutido, uma vez que

a faixa etária onde se encontra a maior incidência é a terceira idade. Dentre os

fatores responsáveis pelo diagnóstico tardio do câncer de boca está o fato da

maioria dos pacientes serem idosos, desdentados e que não possuem o hábito

de visitar o cirurgião-dentista. O objetivo desse estudo foi realizar o

levantamento dos fatores de risco para câncer de boca na população idosa

residente no bairro Cascavel Velho na cidade de Cascavel/PR. Foram

avaliados 48 idosos, com idade entre 60 e 87 anos, de ambos os gêneros, que

residiam no bairro de Cascavel Velho e que foram atendidos pelos Agentes

Comunitários de Saúde da Unidade Básica de Saúde do referido bairro. A

coleta de dados foi realizada durante visita domiciliar e também após a

realização de palestras direcionadas aos idosos, através de exame clínico

odontológico. A idade média dos avaliados foi de 70,16 anos, sendo 68,75% do

gênero feminino. Fatores de risco foram identificados em 67% dos pacientes e

85% apresentou necessidade de atendimento odontológico, que refletiu o difícil

acesso aos serviços odontológicos nesta comunidade e confirmou a

necessidade de serviço público reformular suas ações para atender as

especificidades da terceira idade.

Conforme Lima et al. (2005), o câncer de boca é uma doença crônica

multifatorial, tendo como principais fatores etiológicos o fumo, o álcool, a

radiação solar, a dieta, os microrganismos e a deficiência imunológica, sendo

assintomático nos estágios iniciais. O não conhecimento dos fatores de risco e

conhecimento dessa doença interfere no diagnóstico precoce. O objetivo desse

trabalho foi identificar o nível de conhecimento de estudantes universitários em

relação ao câncer de boca, seus fatores de risco, as lesões cancerizáveis e o

tratamento dessa doença. Foram analisados 300 jovens de diversas áreas de

conhecimento na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, sendo 166 do

sexo feminino e 134 do sexo masculino. Foi aplicado um questionário de 7

perguntas abertas e fechadas. Desses 300 entrevistados, 259 (86,3%)

responderam saber que o câncer pode ocorrer na boca e cerca de 117 (39%)

30

afirmaram que conheciam a existência de lesões cancerizáveis. Oito por cento

dos entrevistados considerou o álcool como fator causal, o tabagismo foi

considerado em 69,3% e a falta de higiene bucal em 20,3%. Quanto ao

tratamento, 113 entrevistados (37,6%) procurariam um cirurgião-dentista caso

suspeitasse de câncer de boca. Esse trabalho demonstrou que uma parcela

representativa dos estudantes sabia que o câncer pode acometer a boca e que

o tabagismo é um dos fatores de risco, entretanto desconhecem o papel do

álcool, sendo necessário implementação de medidas preventivas visando os

verdadeiros fatores de risco para o câncer de boca.

No entender de Biazevic et al. (2006), o câncer de boca tem uma

etiologia multifatorial, integrando fatores endógenos, como predisposição

genética e fatores exógenos ambientais e comportamentais que quando

integradas podem agravar a manifestação. O objetivo desse trabalho foi

descrever e explorar analiticamente a magnitude e as tendências da

mortalidade por câncer de boca e orofaringe no Município de São Paulo no

período de 1980 a 2002. Foram coletados dados sobre os óbitos, cuja causa foi

identificada como câncer de boca e orofaringe. Foi identificada também a

localização da lesão, e a língua foi o local de maior concentração. A

mortalidade foi mais elevada no sexo masculino. O câncer de lábio, gengiva e

região retromolar apresentaram tendência decrescente, enquanto orofaringe e

outras partes não especificadas da boca sofreram incremento de mortalidade, e

essa tendência crescente sugere a necessidade de implantar medidas que

visem o diagnóstico precoce e a prevenção dessa doença.

Conforme Andreotti et al. (2006), os tumores de cabeça e pescoço, pela

expressiva incidência e mortalidade, constituem-se em relevante preocupação

para a saúde no mundo. O diagnóstico do câncer oral no Brasil é, em geral,

realizado mais tardiamente que em países desenvolvidos. Fumo e álcool são

os principais fatores de riscos reconhecidos, mas estudos mostraram relação

entre câncer da cavidade bucal e faringe e o exercício de determinadas

ocupações, como pescadores e agricultores, pedreiros e condutores de

veículos a motor. O objetivo desse estudo foi investigar o papel dos fatores

ocupacionais na incidência do câncer da cavidade oral e orofaringe na Região

Metropolitana de São Paulo, que compreende 37 cidades e cerca de 18,8

milhões de habitantes. Foram 798 indivíduos que preencheram os critérios de

31

inclusão quando eram abordados no hospital, no atendimento ambulatorial ou

na internação. O instrumento de coleta era dividido em três partes: questionário

sobre hábitos de vida (QHV), questionário ocupacional geral (QOG) e

questionário ocupacional especializado (QOE). Foram coletados dados sobre

tabagismo e ingestão de álcool. O levantamento da história ocupacional do

indivíduo, através do QOG, relacionou os empregos. Outras informações foram

obtidas, como idade e raça. A média de idade foi de 55,6 e a maioria era da cor

branca. A localização anatômica mais freqüente foi a língua. Fumantes e

indivíduos que consumem álcool apresentaram risco elevado. O emprego em

oficinas mecânicas revelou risco de câncer, que aumentou naqueles com dez

anos ou mais de emprego, porém esta afirmação é inusitada por não haver

outras referências. Os autores concluíram que a atividade em oficinas

mecânicas e mecânicos de veículos têm maior risco de ter câncer de boca e de

orofaringe, pois estão expostos habitualmente a agentes químicos classificados

como carcinogênicos, o que tornou o estudo plausível.

Silva, Figueiredo e Carvalho (2006) afirmaram que o câncer de boca é

uma doença genética complexa multifatorial, sendo considerada um problema

de saúde pública. De acordo com literatura científica, cerca de 50% dos

tumores de boca são diagnosticados em estágios muito avançados da doença,

enquanto 8,6% ocorrem na fase inicial. O diagnóstico tardio pode ser atribuído

à desinformação entre as classes médica e odontológica. O objetivo deste

estudo foi avaliar o nível de conhecimento sobre câncer de boca e o grau de

atenção que é dispensado à realização do exame clínico bucal pelos

cirurgiões-dentistas e graduandos de odontologia, da cidade de Anápolis e

Entorno. Foi elaborado um questionário com questões sobre conhecimentos

gerais e específicos sobre câncer de boca e se o profissional sente-se apto ou

não a realizar correta e precocemente o diagnostico de lesões bucais. Os

questionários foram distribuídos “in loco” durante o período de abril a agosto de

2006, o qual foi preenchido de forma espontânea, anônima e sem direito a

consulta bibliográfica. Oitenta e dois questionários foram respondidos. Somente

57,31% afirmou realizar uma anamnese completa. O tabaco foi apontado por

todos como um fator de alto risco, e a maioria (65,85%) identificou

corretamente a língua como sendo o sítio mais acometido. Apenas 53,6% dos

avaliados concordou que estava adequadamente treinado a realizar o exame

32

para prevenção de câncer de boca. Foi concluído que os cirurgiões-dentistas

ainda não se conscientizaram do seu papel na prevenção e no diagnóstico

precoce do câncer de boca. A abordagem desses temas durante a formação

acadêmica e cursos de educação continuada são imprescindíveis.

Segundo Antunes, Toporcov e Wünsch-Filho (2007), no estado de São

Paulo a mortalidade por câncer de boca nas últimas décadas manteve-se

estacionada, mas elevada. Desde 2000, a taxa média de mortalidade para

homens e mulheres é de 6,95:1,2. Porém, quando a faixa etária de 60 anos ou

mais é considerada, este número aumenta consideravelmente para 40,7:7,7.

Este estudo relata os resultados obtidos na campanha de prevenção e

diagnóstico precoce do câncer de boca, no Estado em 2004, e suas

consequências. Foi utilizado um questionário com perguntas fechadas para a

coleta de dados, além de um exame visual para detecção de lesões em lábios,

língua, cavidade oral, amígdala e orofaringe. As pessoas que apresentavam

lesões foram encaminhadas para serviço de referência. Foram realizados

238.087 exames bucais, em pessoas de 60 anos ou mais, e destes, 8,5%

foram encaminhados para diagnóstico, e 0,9% eram portadores de lesões

bucais suspeitas de malignidade. O estudo mostrou que 61% das pessoas

tiveram seu problema resolvido, e 39% não completaram o diagnóstico ou não

houve informação disponível. Na opinião dos autores, esta campanha se

mostrou ineficaz devido à falta de monitoramento dos resultados, e também

pela proporção de pacientes que não tiveram seu problema resolvido.

Conforme Campos, Chagas e Magna (2007), são muitos os fatores que

contribuem para o aumento dos casos de câncer em um país. Além do

envelhecimento da população, a urbanização e o desenvolvimento tecnológico

expõe a população a riscos para essa enfermidade. No Brasil, as taxas de

incidência e mortalidade são muito altas em relação a outros países, estando

associada principalmente com o alto consumo de álcool e tabaco. O atraso no

diagnóstico dessas lesões influencia no desenlace fatal da doença, sendo o

objetivo desse trabalho mostrar os fatores que causam esse atraso. Foram

entrevistados 64 pacientes, com perguntas abertas e fechadas, admitidos nos

Serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital e Maternidade Celso

Piero da Pontifícia Universidade Católica de Campinas-SP e Hospital

Higienópolis, no período de fevereiro de 2005 a março de 2006. Dos 64

33

pacientes, 32,8% eram aposentados e 67,2% estavam em atividade produtiva.

Considerando-se este fato, é importante o diagnóstico precoce para reintegrar

os pacientes em suas atividades sociais e laborais. As visitas ao dentista nem

sempre acontecem com frequência, interferindo no diagnóstico precoce de

lesões neoplásicas de cabeça e pescoço com manifestações orais. Os autores

concluíram que o tempo decorrido entre a percepção dos sintomas, diagnóstico

e tratamento correto interfere na evolução e prognóstico dessa doença e,

também na qualidade de sobrevida dos pacientes. Os profissionais da saúde

deveriam se preocupar em diminuir este intervalo de tempo. Assim, a

realização de campanhas de esclarecimento à população e programas de

educação continuada dos profissionais de saúde são fundamentais.

Daher, Pereira e Oliveira (2008), descreveram as características

demográficas e epidemiológicas dos pacientes com carcinoma epidermóide no

centro de referência para o tratamento de câncer em Uberaba-MG, no período

de 1999 a 2003. O estudo foi feito através da coleta de dados de prontuários de

101 pacientes, e as informações obtidas foram comparadas com outros

estudos. Foi encontrada uma relação masculino/feminino de 3,8:1. A faixa

etária mais atingida foi entre 50 e 69 anos, e 89 pacientes eram da cor branca.

Foi mostrado, também, que a língua foi o sítio anatômico mais acometido

(33,66%), e que a maior parte destes encontrava-se no estágio 3 e 4. A taxa de

sobrevida dos pacientes foi de 38,71% em 5 anos. Assim os autores

concluíram que é necessária maior atenção a esta população para que se

possa estabelecer um diagnóstico mais precoce.

Martins et al. (2008) explicaram que na boca o carcinoma espinocelular

é responsável por cerca de 90% das neoplasias malignas, sendo considerada

como problema de saúde pública. A prevenção e diagnóstico precoce são as

melhores formas de reverter essa situação. Para que isso ocorra, o cirurgião-

dentista necessita conhecer o assunto e ter noções de prevenção. O objetivo

desse trabalho foi avaliar o conhecimento de universitários de odontologia de

diferentes períodos sobre o câncer de boca, aos quais foi aplicado um

questionário de 37 questões. Cento e quarenta e oito alunos responderam ao

questionário, sendo 41 do gênero masculino e 107 do feminino. O nível de

conhecimento dos alunos do 3° e 4° ano foi mais elevado, entretanto esses não

sabem na sua totalidade que o carcinoma espinocelular é o que mais acomete

34

a boca. Os alunos responderam que possuem interesse em realizar cursos

sobre o câncer de boca; 38% acham que possuem um nível de conhecimento

regular, e 74,07% realizam exames para detectar lesões malignas ou pré-

malignas. Essa porcentagem diminui entre os alunos do 1° ano por não se

sentirem aptos a fazer. Do total de entrevistados, 86,49% afirmou que o

cirurgião-dentista tem um grande papel na prevenção do câncer de boca.

Esses resultados demonstram a necessidade de um programa de prevenção

de câncer de boca envolvendo todos os alunos, para promover a prevenção e o

diagnóstico precoce.

Segundo Rezende et al. (2008), o câncer oral tem como principal fator

etiológico o fume e o consumo de álcool, sendo que medidas de higiene oral,

visitas regulares ao dentista e instrução sobre esses fatores de risco são

medidas importantes na prevenção da doença. O objetivo deste trabalho foi

determinar as possíveis correlações do estado de saúde bucal e os fatores

predisponentes para o desenvolvimento de carcinoma espinocelular de

cavidade oral e orofaringe. O estudo foi feito através da comparação entre 50

indivíduos com câncer de boca e 50 que não apresentavam a doença. Foi

realizado um questionário de saúde bucal e um exame oral para avaliação de

doença periodontal e condições dentárias. A faixa etária entre os dois grupos

foi acima de 40 anos, 76% dos pacientes portadores do câncer apresentaram

doença periodontal com bolsas periodontais acima de 6 mm, apresentado

sangramento gengival e cálculo. No grupo controle, 10% apresentaram o

mesmo grau da doença. A relação ao uso de prótese, dentes perdidos,

obturados e cariados não teve diferença significativa entre os grupos. Foi

concluído que a doença periodontal foi observada de forma mais severa em

pacientes portadores de câncer, sem relação com hábitos de higiene ou

condição dentária, porém estudos com inclusões de outras variáveis são

necessários para que fique esclarecido o papel da doença periodontal como

fator de risco ao câncer de boca.

Conforme Borges et al. (2008), o câncer de boca no Brasil é o quinto tipo

de câncer em incidência entre os homens e o sétimo entre as mulheres, sendo

que a estimativa do INCA para o ano de 2008 é uma taxa bruta em homens e

mulheres respectivamente de 11,00 e 3,88 novos casos por 100 mil habitantes.

O objetivo desse estudo foi analisar a epidemiologia do câncer de boca dos

35

casos diagnosticados pelo laboratório público do Estado de Mato Grosso.

Foram analisados 1324 laudos entre janeiro de 2005 e dezembro de 2006. A

média de idade dos pacientes com câncer de boca foi de 55,2 anos, sendo que

em 2005 o sexo feminino que predominou e em 2006 foi o sexo masculino. O

tipo histológico mais prevalente foi o carcinoma epidermóide nos dois anos.

Comparando os dados entre os dois anos, notamos um aumento de 266% de

casos de câncer de boca registrados. Sendo assim, foi concluído que há a

necessidade de um melhor preparo e educação em saúde dos pacientes em

relação ao câncer de boca.

Segundo Ribeiro et al. (2008), o carcinoma epidermóide é responsável

por cerca de 90% das neoplasias malignas e está entre os tipos de câncer mais

comuns nos seres humanos. Acomete principalmente indivíduos do sexo

masculino e acima de 40 anos. O objetivo desse estudo foi realizar um

levantamento sobre o nível de conhecimento de uma população numa cidade

do interior do Estado de São Paulo sobre câncer oral. O trabalho foi realizado

em praça pública na cidade de Mogi das Cruzes, em dois dias e em dois anos

consecutivos (2006 e 2007). Foram 731 pessoas entrevistadas que

responderam um questionário que continha questões referentes à causa,

sintomatologia, doença prévia e hábitos prejudiciais ao câncer de boca, sendo

57% mulheres. Em relação aos fatores etiológicos, 44% mencionaram o fumo

como fator causador do câncer de boca e 23% relacionaram com o álcool.

Outros fatores foram mencionados, mas em proporções mais baixas. A

população avaliada não pode ser considerada um grupo de risco devido o alto

nível de conhecimento sobre o câncer de boca. Isso porque os participantes

foram principalmente mulheres. Verificou-se que campanhas devem ser mais

direcionadas para pacientes com perfil dos portadores da doença, como

homens com mais de 40 anos, fumantes e etilistas crônicos. Porém essas

campanhas devem ser mais cativantes e educativas, salientando a importância

do diagnostico precoce. O cirurgião-dentista é de fundamental importância na

difusão de medidas de conscientização e prevenção da doença.

Conforme Spanemberg et al. (2008), o câncer de boca é um problema

de saúde pública em vários países e representa um quadro dramático de

mortalidade e morbidade em todo o mundo, sendo que o diagnóstico não

requer aparelhos caros e nem intervenções complicadas. Tendo em vista a

36

importância e necessidade de verificar o nível de informação da população,

esse trabalho teve como objetivo avaliar a percepção e o conhecimento de 51

pacientes da Faculdade de Odontologia da Universidade de Granada,

Espanha, sobre o câncer de boca. Desses entrevistados, apenas quatro

citaram o câncer como uma enfermidade que pode afetar a boca, 29 pacientes

sabiam que o câncer pode ocorrer na boca, sendo que os fatores de risco mais

apontados foram o fumo (25,5%) e o tabaco associado ao álcool (7,8%). Em

relação ao profissional de escolha caso suspeitasse de alguma lesão em boca

52,4% procurariam o médico. Esses resultados sugeriram a necessidade de

ações educativo-preventivas visando a conscientização da população em

relação as lesões e a importância do CD no diagnóstico e o tratamento das

lesões de boca.

Conforme Montoro et al. (2008), segundo a OMS, o câncer de boca e de

orofaringe são as neoplasias de cabeça e pescoço mais freqüentes. Dentre os

tumores de boca, 95% são carcinomas espinocelulares (CEC). Apesar de todos

os avanços no diagnóstico e na terapêutica, o câncer da cavidade oral continua

com um prognóstico desfavorável, com altas taxas de mortalidade. O objetivo

desse trabalho foi avaliar, em pacientes com CEC de cavidade oral, as

variáveis relacionadas ao paciente, ao tumor e ao tratamento que influenciam o

tempo de sobrevida. Foram revistas as informações de 45 pacientes, no

período de janeiro de 2001 a janeiro de 2006, pertencentes ao Banco de

Amostras da Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Foram analisados os dados do

paciente, do tumor, do tratamento e da evolução. O diagnóstico do tumor foi

realizado através de exame clínico, seguido de biópsia. Todos os pacientes

foram submetidos à remoção cirúrgica da lesão primária com margens de

segurança. A média de idade foi de 56,3 anos, sendo que a taxa de sobrevida

foi de 5 anos em 39% dos casos. A sobrevida foi menor em pacientes com

metástase cervical, com margens comprometidas e nos tumores mais

agressivos. Esta sobrevida baixa foi provavelmente pelo alto número de

pacientes com metástase (52,2%). Foi concluído, então, que a metástase

cervical dos CEC e o comprometimento das margens da ressecção cirúrgica

influenciaram na sobrevida dos pacientes.

De acordo com Mauricio, Matos e Guimarães (2009), o câncer de boca e

orofaringe é a neoplasia mais frequente de cabeça e pescoço, sendo que o

37

lábio inferior, terço anterior de língua e soalho bucal são os locais de maior

incidência. Homens com idade acima de 40 anos são os mais acometidos.

Deste modo, é de grande importância o diagnóstico precoce e conhecimento

sobre essa doença. O objetivo desse trabalho foi identificar o grau de

conhecimento de uma comunidade atendida pela Equipe de Saúde Bucal de

Programa de Saúde da Família sobre câncer de boca, levando em conta o

nível socioeconômico e o nível de informação que esta população possui. A

pesquisa foi feita com 50 pacientes que estavam fazendo sua primeira

consulta, quando foram coletadas informações sobre o perfil socioeconômico,

fatores de risco e nível de conhecimento. Em relação aos fatores de risco, 50%

afirmou utilizar bebidas alcoólicas e 37% ser fumante. Já, em relação ao grau

de conhecimento sobre o câncer, 58% afirmou conhecer a doença, 50% ralatou

conhecer os fatores de risco, 56% não sabia como prevenir a doença e 96%

não realiza o autoexame. Cinquenta e seis por cento dos pacientes

consideraram seu conhecimento insuficiente, porém, 98% teve interesse em

aprender mais sobre o assunto. Os autores concluíram que medidas que

possibilitem a tomada de atitudes práticas preventivas é de grande importância,

para que se possa fazer um diagnóstico precoce e evitar o aparecimento de

lesões pré-cancerizáveis.

De acordo com Borges et. al (2009), o câncer é uma enfermidade

degenerativa que apresenta um crescimento desordenado de células podendo

espalhar-se, com um índice de mortalidade elevado. O objetivo desse trabalho

foi descrever e analisar os índices de mortalidade por câncer oral nas capitais

do Brasil e correlacionar com indicadores sócio-econômicos. Os dados da

pesquisa foram retirados do banco de dados do Serviço de Informação de

Mortalidade (SIM) entre os anos de 1998 a 2002. Foi, então, possível concluir

que a mortalidade por câncer oral teve valores maiores nas regiões Sul e

Sudeste, sendo o sexo masculino o mais afetado em todas as regiões. Ao

analisar os índices de mortalidade infantil, foi demonstrada uma correlação

inversa com o câncer de boca. A respeito da educação, foi observado que 50%

dos casos de óbitos por câncer de boca ocorreram em indivíduos com pouco

ou nenhum grau de instrução, sendo que esses dados são justificados pelo fato

dessa população apresentar uma condição precária ao acesso a saúde e

informações sobre a doença. Um maior desenvolvimento sócio-econômico e

38

uma melhor condição de vida e instrução a população poderia reverter esse

quadro, com medidas preventivas e ações de promoção e prevenção a doença.

De acordo com Cimardi e Fernandes (2009), o câncer de boca é uma

doença genética complexa e multifatorial, sendo que as manifestações iniciais

da doença raramente são diagnosticadas, reduzindo assim a sobrevida do

paciente. Esse diagnóstico é de grande importância e de fácil execução, pois

os grupos de maior risco são bem conhecidos e a região é de fácil acesso ao

exame clinico, não necessitando de qualquer equipamento especial, mesmo

em lesões potencialmente cancerizáveis. O objetivo desse trabalho foi avaliar a

prática e a atitude clínica perante o câncer de boca entre os CD do estado de

Santa Catarina. A pesquisa foi feita através de um questionário, avaliando o

profissional, em relação a exames feitos em busca de lesões suspeitas de

câncer de boca, qual era seu encaminhamento ao encontrar essas lesões e

quantos diagnósticos de câncer de boca o profissional havia feito durante sua

profissão. A amostra foi composta por 385 cirurgiões-dentistas, sendo a maioria

situada na faixa de 20 a 40 anos de idade. Em relação à realização de exame

para identificação de câncer de boca 72,73% realizam, 66,66% alega que não

acha necessário fazer a inspeção da cavidade bucal em busca de uma lesão

suspeita, ou mesmo que não sabe como fazer o exame. Em relação ao

encaminhamento apenas 11,7% relatou encaminhar ao CEO. A respeito dos

diagnósticos já realizados 47,5% relatam nunca terem realizado um diagnóstico

de câncer de boca. Esses achados revelaram a necessidade de um melhor

preparo dos profissionais para um melhor diagnóstico e uma maior segurança

ao fazer exames de lesões suspeitas, sendo também necessária a divulgação

dos serviços de diagnóstico do câncer de boca, tornando essa uma forte área

de atuação responsabilizando-se pelo diagnóstico da doença.

De acordo com Prado e Passareli (2009), o cirurgião-dentista, em muitos

casos, é o primeiro a suspeitar e diagnosticar o câncer de boca, no entanto

poucos atuam na sua prevenção. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi

selecionar oito itens importantes para que o cirurgião dentista possa orientar,

dialogar e educar o paciente quanto ao câncer de boca, além de reconhecê-lo

e diagnosticá-lo precocemente, atuando na prevenção da doença. Dentre

esses itens, o tabaco está associado a 90% dos cânceres de boca, e quando

combinado ao o álcool o risco aumenta de 15 a 20 vezes. O profissional tem a

39

obrigação de orientar o paciente contra o mal provocado pelo tabagismo e o

álcool tanto nos processos de câncer, como na saúde como um todo. A dieta é

outro fator importante, pois já é sabido que uma dieta rica em frutas, verduras,

legumes e cereais que são ricos em vitaminas A, C, E e fibras que auxiliam na

prevenção do câncer. Os indivíduos que sofrem exposição solar diariamente

também devem ficar atentos e fazer o uso de filtro solar, pois há evidências que

a incidência de luz solar está associada ao aumento de câncer em lábios.

Estimular a higiene e adequação do meio, com a retirada de agentes irritantes

são atitudes importantes. Estar atento as lesões pré cancerizáveis presentes é

de grande importância para o diagnóstico precoce, assim como estar atento a

imunodeficiência apresentada pelo paciente, principalmente quando associada

a outros fatores de risco. Por fim, ensinar ao paciente o auto exame, que deve

ser feito em frente ao espelho, observando lesões, feridas, alterações que

fujam da normalidade, em lábio, língua, mucosa jugal, bordas laterais e dorso

de língua.

Segundo Seroli e Rapoport (2009), o entendimento do quadro

epidemiológico e dos fatores de risco para o câncer oral pode ajudar a

identificar e tratar pacientes com risco para a neoplasia maligna, devido ao fácil

acesso e pela simplicidade do exame clínico que facilita o diagnostico precoce.

A proposta desse trabalho foi avaliar o estado de saúde bucal de pacientes

com câncer de boca primário, no estabelecimento do diagnóstico. O trabalho foi

composto por 17 indivíduos com câncer de boca e 23 não portadores da

neoplasia maligna (grupo controle). Em relação ao gênero, no grupo oncologia

houve o predomínio dos homens e no grupo controle houve equivalência. Em

relação ao tabagismo, o predomínio é no grupo oncologista (64,71%), já o

número de etilista é maior no grupo controle (56,62%). A localização de maior

incidência da neoplasia maligna foi a língua, seguida do soalho bucal. Sobre a

presença de dentes, foi verificado que no grupo oncologia há menos dentes

presentes na boca (94,12%) quando comparado ao grupo controle (78,26%).

Foi observado também que o grupo oncologia apresenta um maior número de

pacientes com dentes comprometidos em sua estrutura. Três pacientes do

grupo oncologia tinham queixa de trauma na área da lesão, devido à presença

de prótese mal adaptada. Esse estudo revelou que pacientes portadores da

neoplasia maligna apresentam maior incidência de lesões bucais e pior

40

condição de saúde bucal, sendo importante o acompanhamento e reabilitação

dessas condições.

Segundo Neville (2009), aproximadamente 94% de todas as lesões

malignas orais são carcinomas de células escamosas. Os homens brancos têm

um risco maior de câncer intraoral após os 65 anos de idade. As mulheres,

sendo brancas ou não, tem uma taxa de incidência muito menor, sendo a

proporção de 3:1. A causa da doença é multifatorial. Os fatores extrínsecos

incluem agentes externos tais como tabaco, álcool, sífilis luz solar. Os fatores

intrínsecos incluem estados sistêmicos ou generalizados, como desnutrição

geral ou anemia por deficiência de ferro. Existe dor mínima durante a fase

inicial do crescimento e isso pode-se explicar a demora na procura dos

cuidados profissionais. Tem uma apresentação clínica variável, podendo ser

ulcerada ou com aumento de volume, mancha branca ou vermelha, ou ter a

associação das duas. A destruição de osso subjacente, quando presente,

pode ser dolorida ou não, e terá imagem radiográfica como uma radiolucidez

em “roído de traças”. O carcinoma do vermelhão do lábio é encontrado

principalmente em pessoas de pele clara ou com uma exposição solar

prolongada. No carcinoma intraoral, o sitio mais acometido é a língua, seguido

pelo soalho bucal, que por sua vez tem mais propensão a originarem-se de

uma leucoplasia ou eritorplasia preexistente. O carcinoma orofaríngeo localiza-

se na região posterior, e o diagnóstico normalmente é tardio. A disseminação

metastática ocorre principalmente através dos vasos linfáticos para os

linfonodos cervicais ipsilaterais. Este tipo de carcinoma surge a partir de um

epitélio de superfície displásico e é caracterizado histopatologicamente por

ilhas e cordões invasivos de células escamosas malignas. O tratamento é feito

pela excisão cirúrgica, e em alguns casos tem associação com a radioterapia.

O prognóstico depende do estadiamento do tumor, porém a taxa média de

sobrevida é de cinco anos. Desse modo, o diagnóstico precoce e a prevenção

são essenciais para a melhora no desfecho dos pacientes.

De acordo com Falcão et al. (2010), o câncer de boca provoca a morte

prematura de pessoas relativamente jovens, baixa qualidade de vida e angústia

nos pacientes.Desta forma o objetivo desta pesquisa foi verificar o

conhecimento dos cirurgiões dentistas em relação ao câncer de boca, em Feira

de Santana (BA). A pesquisa foi feita através de um questionário com 51

41

questões objetivas abordando o perfil sócio demográfico, conduta clinica,

fatores e condições de risco da doença, sendo a amostra composta por 240

participantes. A maioria dos participantes era do sexo feminino (62,9%), em

relação a confiança para realizar procedimentos de diagnóstico 69,5% dos

participantes avaliam seu nível como baixo, quanto a participação em cursos

sobre a doença 35,3% realizaram durante os últimos 2 anos, 92,3% mostraram

interesse em participar de cursos dessa natureza no futuro. Em relação a auto

avaliação sobre o nível de conhecimento a maioria (41,1%) consideraram como

regular seu conhecimento, quase a metade dos entrevistados não sabia ou não

respondeu corretamente sobre o tipo mais comum de câncer de boca, a região

mais referida (32,7%) foi a língua. A respeito dos fatores de risco mais comuns

verificou-se que 87,1% apontaram a ingestão de álcool, 92,6% ao consumo do

tabaco, 100% ao histórico familiar de câncer, 88,5% a exposição solar, 72,7% a

higiene bucal deficiente e 77,4% aos dentes em mau estado. Esses achados

conduzem a necessidade do investimento em políticas publicas que dêem

sustentação as ações que visem a redução da mortalidade pelo câncer de

boca. Os cirurgiões dentistas de Feira de Santana não apresentaram o

conhecimento mínimo necessário em relação ao câncer de boca, essa situação

sugere a necessidade de reformulação do ensino, a fim de capacitar os

profissionais ao diagnostico precoce.

Segundo Pinheiro, Cardoso e Prado (2010), dentre todos os cânceres

que incidem na região de cabeça e pescoço, 40% ocorrem na cavidade oral,

tendo como principais fatores de risco o álcool, tabaco e a exposição a

exposição solar. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os conhecimentos e

diagnostico do câncer de boca entre os cirurgiões dentistas da cidade de

Jequié (BA). A pesquisa foi realizada através de um questionário fechado,

contendo informações sociodemográficas dos participantes, diagnóstico e

prevenção do câncer oral e variável sobre o ensino da graduação relacionado

ao câncer de boca. A pesquisa foi totalizada com 60 dentistas, porém apenas

38% aceitaram participar desta pesquisa, representando 71,6% o que foi

elevada em relação a outros estudos que obtiveram um percentual médio de

45%. A maioria 60,5% julgou ter bom conhecimento sobre a doença, o exame

dos tecidos moles faz parte da rotina de 73,7% dos profissionais. Em relação

aos fatores de risco associados a doença, 97,4% relataram o tabaco, 92,1%

42

relataram o consumo de álcool, 86,8% a historia familiar de câncer e 73,7%

relacionaram ao uso de próteses mal adaptadas. Apesar dos sujeitos deste

estudo mencionarem como satisfatórios seu conhecimento sobre a doença, em

alguns momentos isso se mostrou inconsistente, principalmente aos

procedimentos práticos para o diagnostico da doença. Notou-se no presente

estudo a preocupação dos cirurgiões dentistas em buscar atualização dos seus

conhecimentos e praticas no campo do câncer de boca, por meio de cursos de

educação continuada, refletindo o reconhecimento do seu papel no âmbito

dessa doença.

43

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