ninguém causa emoção no outro

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Ninguém causa emoção no outro

Se quisermos chegar a uma compreensão de nós mesmos, devemos aceitar e estar abertos a todas as nossas reações emocionais. Se nossas emoções se

constituem na chave para a compreensão pessoal, precisamos aprender as escutá-las, se quisermos crescer. HáUm princípio – básico no qual preciso acreditar se quiser me compreender através da compreensão de minhas emoções:

ninguém pode causar ou ser responsável por minhas emoções. No geral, sentimo-nos melhor

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responsabilizando outras pessoas por nossas emoções. Você me faz ficar com raiva... Você me assustou... Você me deixou ciumento, etc... a verdade é que você não pode fazer

nada comigo. Você só pode estimular as emoções que já estão dentro de mim, esperando para serem ativadas. A diferença entre causar e estimular emoções, não é apenas um jogo de palavras, é importante que se compreenda a verdade que existe nessa distinção. Se acreditar que você pode me fazer ficar com raiva, simplesmente lhe acuso e lhe atiro o problema para ser resolvido, quando estou com raiva. Posso então afastar-me de um possível encontram, sem nada aprender, apenas acreditando que você falhou porque me fez ficar com raiva. E então nada me preciso perguntar a meu próprio respeito. Pois atirei a seus pés toda a responsabilidade.Se, pelo contrário, aceito o princípio de que os outros só podem estimular emoções que já estão latentes em mim, então permito que elas venham à tona a situações se torna uma experiência de aprendizagem. E então me pergunto: Porque estou com tanto medo? Por que isso me ameaça tanto? Por que fiquei com tanta raiva? Há alguma coisa dentro de mim que foi evocada por esse incidente? E que coisa é essa?

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Uma pessoa que realmente acredita nisso pode lidar com suas emoções de uma maneira proveitosa; ela não vai mais se permitir escapar de seus próprios sentimentos julgando e condenado outras pessoas. E vai se tornar cada vez mais, uma pessoa que cresce e que está em contato consigo mesma.

Em cada emoção, a revelação do eu.

Lembro-me de ter recebido há varias anos atrás, uma carta muita amarga. O autor me acusava de “ sádico... perverso... megalomaníaco...” Minha reação foi tranqüila e moderada. Eu sabia quem a tinha escrito devia ter problemas sérios, e eu me perguntei como poderia ajudá-lo. A carta provocou apenas uma compaixão profunda em mim.Alguma semana mais tarde, estava conversando, alegremente com dois alunos meus, quando um deles disse brincando: “você sabia que algumas pessoas te consideram falso? Imediatamente a brincadeira acabou. Pedi, cerimoniosamente, uma definição de” falso “. Os dois embaraçados tentaram voltar atrás, insistindo que eles mesmos não pensavam isso a meu respeito, mas não foi suficiente. Um fluxo de intensa raiva me invadiu, e eu os pressionei, pedindo a definição. Afinal um dos alunos disse: “Suponho que ser falso significa que você não pratica o que prega.”Tendo escutado deles essa definição, imediatamente assumi a culpa. Sabia que estava em terreno seguro, mostrando a eles que ninguém consegue realmente viver todos os seus ideais ou traduzir suas intenções de modo perfeito. Depois ainda apontei um segundo significado para falso como

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sendo aquilo que a pessoa não pratica porque não acredita no que prega. Com relação a isso, me declarei inocente. Tendo estancado a hemorragia com uma precisão cirúrgica, dispensei minhas vítimas. Logicamente, percebi logo que tinha sentido uma raiva enorme e sido injusto por causa dessa raiva.Este é o momento crítico. O único erro verdadeiro é aquele com o qual nada se aprende. Depois de um encontro com esse que descrevi, há duas opções. Pode-se “bufar de raiva”, acusando esses meninos de estúpidos e ingratos, ou olhar para dentro de nós mesmos à procura de uma razão para as emoções sentidas. Essa é a diferença fundamental entre uma pessoa que está crescendo e uma que está entre a autenticidade e a auto-ilusão. Pelo menos nessa ocasião, escolhi crescer e ser autêntico. Olhei para dentro de mim mesmo e escutei cuidadosamente a raiva que pouco a pouco se acalmava. Descobri que ela vinha de um medo profundo de que eu pudesse ser, talvez um falso, mesmo no segundo sentido. Eu podia reagir com tranqüilidade a uma acusação de sadismo, perversidade ou megalomaníaco. Mas a acusação de falsidade me tocava num terminal nervoso exposto. Algumas vezes tenho medo de saber falar muito melhor do que viver, realmente, e com o conseqüente medo de não acreditar inteiramente no que prego. Desculpei-me com os alunos, admitindo a eles a fonte de minha raiva e explicando-lhes o que tinha descoberto a meu próprio respeito.O medo que tenho de ser incoerente quando ao que falo e ao que vivo não é mau ou lamentável. Isso sou eu.

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O importante é saber que cada reação emocional nos diz alguma coisa a nosso respeito. Precisamos aprender a não responsabilizar outras pessoas por essas reações, acusando-os ao invés de

aprender alguma coisa sobre nós mesmos. Se quero saber alguma coisa a meu respeito, a respeito de minhas necessidades, minha auto-imagem, minha sensibilidade, minha programação psicológica e meus valores, preciso escutar cuidadosamente minhas próprias emoções.

As emoções humanas.

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Conseguimos ver apenas dez por cento da realidade total. Isso não quer dizer que as pessoas mostram apenas dez por cento de seus sentimentos ( verdadeiros e conhecidos por elas mesmas) às outras, mas que elas próprias só estão cientes de uma pequena parcela de suas emoções. Escondemos a maior parte de nossas emoções de nós mesmos através de um mecanismo de defesa denominada repressão.Naturalmente, é muito comum a não expressão das emoções. Muitas emoções humanas, apesar de reconhecidas inteiramente, nunca são expressas. Por exemplo: “ Ela nunca vai saber que sinto ciúmes”. Às outras pessoas ficariam pensando a nosso respeito e poderiam questionar nossa sanidade ou nossa integridade. E essa dúvida atinge aquela nossa área sensível, o centro do comportamento e da existência humana: nossa auto-imagem e, conseqüentemente, nossa auto-aceitação-estíma-celebração.A segunda razão possível para a não expressão das emoções é ainda mais amedrontadora. Temo que min hás confissões emocionais possam ser usadas contra mim, voluntária e involuntariamente. Você pode me jogar coisas na cara mais tarde, e mesmo se não o fizer explicitamente, vou estar sempre me perguntando se você está com pena de mim com modo ou distante da minha pessoa por causa dos sentimentos que confidenciei a você.Já não é bom quando não expressamos emoções, mais ainda, mais destrutivo é quando reprimimos nossos sentimentos mais verdadeiros, mas não sabemos porque. Escondemos a fonte da dor na prisão do subconsciente. Infelizmente, as emoções reprimidas não morrem. Recusa-se a permanecer

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em silêncio. Influenciam insistentemente toda a personalidade e os comportamentos do repressor. Por exemplo, uma pessoa que reprime sentimentos de culpa passa toda a vida tentando se punir, ainda que inconscientemente. Ela jamais vai se permitir ser bem sucedida ou ter alegrias. Medos e raivas reprimidas podem se extravasar fisicamente através de insônia, dores de cabeça ou ulceras. Se esses medos ou raivas forem expressos a outra pessoa, não haveria necessidade de falta de sono, dores de cabeça tencionais ou úlceras.

As razões para a repressão

Há três motivos gerais para essa repressão emocional. Enterramos emoções indesejáveis porque:

1) Fomos programados para fazermos isso. Os ensinamentos de nossos pais, que escutamos como uma doutrina desde cedo, continua, como umas fitas gravadas, presentes em nós. Nossas tendências mais profundas foram adquiridas nos primeiros cinco anos de nossas vidas através de contatos com nossos pais e com outras pessoas que nos influenciam. Uma criança educada numa família onde não há o hábito de se expressar emoções, vai, certamente, tender a reprimir sentimentos de ternura e afeição. Uma criança que cresce numa família em que são constantes as brigas, pode se sentir muito à vontade para admitir e expressar

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as brigas, pode se sentir muito à vontade para admitir e expressar emoções mais carinhosas de compaixão, remorso, etc...

2) Moralizamos nossas emoções - tendemos a rotular certas emoções de boas ou más. Por exemplo, é bom sentir-se grato a alguém, mas ruim sentir-se com raiva ou ciúme.

3) Um outro fator que nos leva a regar certos sentimentos válidos é o conflito de valores. Por exemplo, se ser homem torna-se um elemento importante de minha identidade e auto-imagem,, um valor importante para mim, algumas emoções vão ser certamente consideradas prejudiciais a essa imagem.

4) Talvez os três motivos possam ser reduzidos apenas a um, O que é preciso é auto-aceitação-estima-apreciação-celebração.

A verdadeira perda das emoções reprimidas.

As emoções reprimidas não estão realmente perdidas. De uma maneira ou outra, continuam nos lembrando que não conseguimos de fato, rejeitá-las inteiramente. Além da séria de sanções dolorosas, a tragédia essencial da repressão é que todo o processo de crescimento humano é paralisado, pelo menos temporariamente. Os psicólogo chamam a isso de fixação, uma parada do crescimento e no desenvolvimento.

Encontrando as emoções perdidas.

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Recuperar nossas emoções perdidas é absolutamente essencial ao crescimento humano. Na medida em que as reprimimos perdemos contato com nosso eu. Nós nos perdemos por detrás de nossas máscaras e de nossas operações de segurança.Correndo o risco de simplificar demais as coisas, gostaria de sugerir que, se você quiser realmente escutar suas emoções, elas vão falar com você. Quando paramos de dizer às nossas emoções o que deveriam ser, elas vão nos dizer o que realmente são. O descobridor do subconsciente, Sigmund Freud disse que todas as emoções reprimidas estão tentando constantemente chegar à consciência. Já que ass emoções reprimidas estão, sempre tentando vir à tona, é necessário algum esforço para que elas sejam mantidas reprimidas.Assim, a primeira coisa que deveríamos fazer será sentirmos silenciosamente e fazemos um inventário mental e emocional. Você quer realmente saber o que está enterrado dentro de você?Se um médico lhe oferecesse o soro da verdade e gravasse suas respostas a várias questões, você estaria disposto ou relutando em aceitar a oferta?Você estaria pronto a rever as suposições que fez a seu próprio respeito? Você estaria aberto para admitir que alguns de seus supostos motivos para agir são falsos? Você poderia encarar o fato de estar talvez deslocando emoções para bodes expiatórios inocentes, acusando outros de coisas que você não pode aceitar em si mesmo? Todas nossas são possibilidades que devem ser consideradas. O quanto você quer a verdade e o conhecimento real a seu próprio respeito?Minha própria resposta é que eu realmente quero toda a receita, mas em pequenas doses. Quero a estória inteira, mas

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um capítulo de cada vez. Não me sinto forte o bastante porque não me amo o suficiente para encarar tudo de uma vez. Creio que é por isso que tantas pessoas foram levadas à loucura através de drogas. Como disse um jovem depois de uma má viagem: estive em lugares dentro de mim aos quais ninguém deveria ir jamais.Felizmente, a natureza é mais generosa e benevolente do que os narcóticos. O subconsciente divulga seu conteúdo gradualmente na medida de nossas forças. À medida que amamos, estimamos, apreciamos e celebramos nossa realidade, nos tornamos mais flexíveis ao conteúdo do subconsciente e mais abertos a todo processo. À medida que nos tornamos conscientes de muitas de nossas características desejáveis, adquirimos confiança para enfrentar as indesejáveis. Assim, o ponto de partida é a vontade e o empenho em conhecer a verdade. Somente a aceitação total de toda a verdade pode nos levar à plenitude da vida.

Interpretação e análise: Clodovís Boff e Mário Betiatto – PUC-PR

Para Desenvolver:• Fazer alguns apontamentos em relação ao posicionamento dos autores.• Relacionar: Ser humano; Educação; Relações Humanas e o Processo

afetivo/sentimentos;