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1 Edição da Associação Progresso -Maio/Junho 2003 Com financiamento de ACDI/CODE 5 O PANGOLIM O PANGOLIM • Ensino bilingue 2 • Graduação do CPAE 3 • Sobre o Iraque 5 • O que eu queria saber sobre HIV/SIDA 7 • Energia 10 • 1 de Junho, Dia da Criança 13 • 25 de Junho, Dia da Independência 13 • Felismina Velho, autora moçambicana 16 O TRABALHO QUE PRODUZ RIQUEZA A propósito do 1º de Maio, um dia destes alguém dizia “aqui trabalha-se pouco!”. Como? perguntámos. E a pessoa explicou: muita gente faz algo para a sua sobrevivência, mas somos muito poucas pessoas a produzir, a criar novas coisas, a transformar matéria prima, etc. Em particular nas cidades, salta à vista que toda a gente anda a comprar e a vender. Quem produz??? E mais, o nosso comércio gira à volta da produção de outros países. Do Rovuma ao Maputo, das bolachas até aos enlatados, da bicicleta até à bola de futebol, tudo ou quase tudo vem de fora. A riqueza criada pela produção (e pos- terior venda) fica no país vizinho. Nós, aqui, contentamo- nos com a venda e revenda dos mesmos produtos. Porque é que não trabalhamos para produzir? Deve haver muitas respostas para uma questão tão complexa como é a produção nacional. É certo que a atitude perante o trabalho também conta. Quantas crianças e jovens estudantes sonham com um futuro de bom camponês ou trabalhador agro-pecuário? Quantos perspectivam serem enfermeiros, carpinteiros, alfaiates ou mecânicos? Aposto que a grande maioria das crianças, se não todas, quer uma profissão que ‘não suja as mãos’, querem trabalho de ‘gabinete’. O trabalho manual não é valorizado, tem pouco prestígio, considera-se menos digno. É um pensamento muito comum, mas errado. Pois não há trabalho ‘digno’ e outro ‘não-digno’. O que importa é que seja feito com honestidade. Temos de trabalhar muito e temos de aprender a fazer bem tudo que fazemos! Todo o trabalho tem de ser feito com qualidade para que os consumidores fiquem satisfeitos e possamos concorrer com os produtos que vêm do exterior. Para terminar, vai uma nota positiva para o trabalho feito por mulheres nesta terra e provávelmente em todo o mundo. Produzem na machamba, vendem os exedentes, educam os filhos, tratam dos doentes da casa e algumas combinam tudo isso com um emprego no sector formal ou informal. Enfim, as mulheres têm dado provas de saber fazer sacrifícios, de iniciativa e criatividade, responsabilidade e capacidade de organização e gestão. Por tudo isso endereçamos no dia 1 de Maio uma saudação especial às mulheres trabalhadoras!

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Edição da Associação Progresso -Maio/Junho 2003

Com financiamento de ACDI/CODE5O PANGOLIMO PANGOLIM

• Ensino bilingue 2

• Graduação do CPAE 3

• Sobre o Iraque 5

• O que eu queria saber sobre HIV/SIDA 7

• Energia 10

• 1 de Junho, Dia da Criança 13

• 25 de Junho, Dia da Independência 13

• Felismina Velho, autora moçambicana 16

O TRABALHO QUE PRODUZ RIQUEZA

A propósito do 1º de Maio, um dia destes alguém dizia“aqui trabalha-se pouco!”. Como? perguntámos. E apessoa explicou: muita gente faz algo para a suasobrevivência, mas somos muito poucas pessoas aproduzir, a criar novas coisas, a transformar matéria prima,etc. Em particular nas cidades, salta à vista que toda agente anda a comprar e a vender. Quem produz??? Emais, o nosso comércio gira à volta da produção de outrospaíses. Do Rovuma ao Maputo, das bolachas até aosenlatados, da bicicleta até à bola de futebol, tudo ou quasetudo vem de fora. A riqueza criada pela produção (e pos-terior venda) fica no país vizinho. Nós, aqui, contentamo-nos com a venda e revenda dos mesmos produtos.

Porque é que não trabalhamos para produzir? Devehaver muitas respostas para uma questão tão complexacomo é a produção nacional. É certo que a atitude peranteo trabalho também conta. Quantas crianças e jovensestudantes sonham com um futuro de bom camponês outrabalhador agro-pecuário? Quantos perspectivam seremenfermeiros, carpinteiros, alfaiates ou mecânicos? Apostoque a grande maioria das crianças, se não todas, queruma profissão que ‘não suja as mãos’, querem trabalhode ‘gabinete’.

O trabalho manual não é valorizado, tem poucoprestígio, considera-se menos digno. É um pensamentomuito comum, mas errado. Pois não há trabalho ‘digno’ eoutro ‘não-digno’. O que importa é que seja feito comhonestidade.

Temos de trabalhar muito e temos de aprender a fazerbem tudo que fazemos! Todo o trabalho tem de ser feitocom qualidade para que os consumidores fiquemsatisfeitos e possamos concorrer com os produtos quevêm do exterior.

Para terminar, vai uma nota positiva para o trabalhofeito por mulheres nesta terra e provávelmente em todo omundo. Produzem na machamba, vendem os exedentes,educam os filhos, tratam dos doentes da casa e algumascombinam tudo isso com um emprego no sector formalou informal. Enfim, as mulheres têm dado provas de saberfazer sacrifícios, de iniciativa e criatividade,responsabilidade e capacidade de organização e gestão.Por tudo isso endereçamos no dia 1 de Maio umasaudação especial às mulheres trabalhadoras!

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Notícias da progresso

ENSINO BILINGUE

De 21 a 26 de Abrilrealizaram-se nas cidadesde Pemba e Lichinga ossegundos seminários decapacitação de professorese técnicos para o ensino bi-lingue. Estes semináriosvisaram avaliar o trabalhorealizado pelos professores

das escolas expe-rimentais durante oprimeiro triméstre eainda preparar osmesmos para leccio-nar a materia constan-te na segunda Unida-de dos livros de alunonas línguas Nyanja,Yao, Makua, Kimwane

e Makonde.Assim como da primeira

vez, os seminários foramorientados por uma equipamista de técnicos do INDEe da Progresso.

Tanto em Pemba comoem Lichinga, os semináriosdecorreram de melhor

forma. Os participantesmostraram a sua satisfac-ção com a oportunidadesque lhes foi dada paraaperfeiçoar o seu conheci-mento da língua local e ametodologia do ensino damesma. No entanto, recla-maram a falta de acom-panhamento ao longo dotrimestre passado. Consta-tou-se ainda que seránecessário produzir rapida-mente material de leituranas línguas locais para quealunos e professorespossam consolidar e alargaro conhecimento da sualíngua.

EDUCAÇÃO PARA TODOSNa semana de 6 a 13 de

Abril 2003 realizou-se emtodo o país a “Semana deAcção de Educação paraTodos”. O secretariádo cen-tral do movimento deEducação para Todos (EPT)solicitou às instituiçõespúblicas da Educação e àsociedade civil querealizassem actividadeseducativas nas escolas ecomunidades, tais como de-bates sobre o tema mulhere educação, aula simultâneaem todo o país sobre aeducação da rapariga evisitas a projectos queincentivam a participação darapariga na educação.

Neste contexto, aCoordenação Provincial daProgresso em Niassa

preparou e realizou debatessobre a participação darapariga nas comunidadesde Lussanhanda eMbandezi. Um grupo demulheres de Mbandezi fezainda uma visita ao Centrode Promoção para o Auto-Emprego (CPAE) deUtuculo para ver no localcomo as mulheres se podemd e s e n v o l v e rprofissionalmente paramelhorar a sua vida e a dassuas famílias.

Em Cabo Delgado foramrealizadas, junto comtécnicos da Direcção Provin-cial da Educação, aulassimultâneas no distrito deAncuabe, nas aldeias deSalaue, Metoro-Sede eNanjua.

Em 2 de Maio de 2003 foilançada a “Década dasNações Unidas de alfa-betização 2003-2012. EmMaputo o acto formal dolançamento teve lugar naEscola Noroeste I e foipresidido pelo presidente daRepública. Em representa-ção da Progresso participoua Sra. Teresa Veloso.

DÉCADA DEALFABETIZAÇÃO

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Notícias da progresso

Terminou o terceiro cursode formação para o auto-emprego! No dia 2 de Maiode 2003 foram entregues oscertificados de participaçãono curso de auto-emprego a35 graduados do CPAE.Entre eles são 15 queseguiram o curso deconstrução civil, 11 decarpintaria, 6 de agriculturae 3 de pecuária. Os recémgraduados já têm os seuse m p r e e n d i m e n t o smontados nas aldeias edistritos por elesidentificados nos finais doano passado. Assim espera-se que a sua passagem sejafacilitada para o maior êxitodo seu auto-emprego.

“Vida Silvestre”, jornal doMinistério da Agricultura,noticiou no princípio desteano que tinha sido capturadoem Unango, distrito deSanga, no Niassa, umpangolim com 20 kilos depeso.

O animal, de acordo coma informação do jornal, foicapturado quando circulavaem áreas de cultivo daUnidade de Produção doUnango, cujo líder é EbedeJossias. Foi Ebede Jossiasquem avisou o administradordo distrito, SérgioBuanaunda, que “tinha umanimal muito importante emcasa” mas exigia dinheiro

Pangolim sequestradoPangolim sequestradoPangolim sequestradoPangolim sequestradoPangolim sequestradopara o devolver àsautoridades. Estasconcordaram em indemnizarEbede, porque ele tinhaalimentado o pangolim com“xima, restos de arroz ealguns vegetais”, diz a “VidaSilvestre”.

O pangolim é um animalmuito pacífico, que em geralse afasta da proximidade de

pessoas. Mas se se sentirameaçado pode atacar comviolência usando a cauda.Não há nenhuma razão para“caçar” um pangolim e aspessoas que o fazem paradepois pedir dinheiro emtroca do animal, são decondenar. Os animais rarosdevem ser,s em especial,protegidos e nunca caçados.

Houve muita festae alegria no dia deencerramento docurso. O dia começoucom uma visita àsinstalações eactividades doCentro. Durante acerimónia foramapresentadas dançase outras actividadesculturais e fez-se aentrega decertificados e dos kitsde materiais que osgraduados levampara o local defixação. Seguiu-se ohabitual almoço deconfraternização commúsica ao vivo.

GRADUADOS DO CPAE

O PANGOLIM deseja a todos osgraduados muita iniciativa, força eperseveranca no seu trabalho!

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Política e Democracia

A proposta de Lei de Família entrou emAbril na Assembleia da República e seráaprovada nesta sessão. Desde que o Governocriou a Comissão de Reforma Legal, aelaboração e a aprovação de uma nova Leide Família foi prioritária para a maioria dasorganizações de mulheres em Moçambique.A proposta de Lei da Família teve emconsideração vários aspectos:• O respeito pela Constituição da República,

que nos seus artigos 66º e 67º consagraa não discriminação com base no sexo.

• Os instrumentos legais internacionais,que o Governo de Moçambiqueratificou ao longo de vários anos. Doisem especial são de grande relevância:a Carta Africana dos Direitos doHomem e dos Povos e a ConvençãoInternacional Contra Todas as Formasde Discriminação da Mulher(CEDAW).

• Finalmente, garantir que a nova leifosse conforme às realidades sociais eeconómicas do país, numa altura degrandes transformações políticas,económicas e sociais.

Lei reflecte a sociedade

Quando se diz que a Lei de Família devereflectir as realidades do país, não quer dizerque a Lei de Família deve ser um espelhodas práticas existentes. Isso não seconseguiria porque a nossa sociedade écaracterizada pela pluralidade. Seria assumirque a maneira como as famílias emMoçambique se estruturam hoje é o modoideal e que, por isso, a lei devia obrigar todosa viver de acordo com os mesmos modelos.Não se pretendeu fixar limites legais paraas novas gerações na maneira como sedevem relacionar na família e as posiçõesde cada um no seio famíliar. Pretendeu-seestabelecer os princípios e normas onde asexpectativas e anseios de cada um e de cada

Precisamos duma LEI DA FAMÍLIAuma, se encontrassem reflectidos. Ninguémtem o direito de impor aos outros a sua visãodo mundo, da sociedade e da família.As mulheres moçambicanas, através das suasorganizações, batalharam por uma Lei daFamília que ajude a corrigir as actuaisassimetrias e desigualdades e que sirva desuporte legal para combater a violênciadoméstica. Uma lei que contribua para fazerda família um lugar de acolhimento, deconforto e de segurança, onde todos nossentimos amados e respeitados.

Como vamos eleger osMunicípiosAs eleições autárquicas já estão marcadaspara Outubro deste ano. Antes de elegerdevemos reflectir sobre o que queremosdo município e o que é que cada candidatose propõe fazer para benefício dosmunícipes.Criar e manter um ambiente mais saudávele mais organizado nas nossas cidades, éa tarefa que espera os nossos novosmunicípios e é nessa base que vão sereleitos.Recordamos que uma cidade funcionabem quando há um bom abastecimentode água limpa para beber e para oscuidados domésticos; quando em cadahabitação há saneamento, seja de casasde banho com água corrente, seja umalatrina; quando o lixo é deposto, recolhidoe levado para uma lixeira municipal,regularmente e com respeito pela saúdepública; quando há vias de acessodevidamente mantidas e uma circulaçãoorganizada de pessoas e meios detransporte; quando os residentes têmacesso ao comércio de produtos, em lojase mercados; e quando as crianças têmacesso à escola e centros de saúde oscidadãos dispõem de segurança etranquilidade nas ruas.

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Saber não ocupa lugar

O comércio, isto é, comprar e vender,existe há mais tempo que o dinheiro. Noinício as pessoas trocavam um produtopor outro produto. Rápidamente seconcluiu que isso não era prático e quese devia atribuir o valor da mercadoria aobjectos – de preferência pequenos efáceis de guardar – que simbolizavamesse valor.

Nas civilizações mais antigas usaram-se conchas, feijões de cacau, sal, grão oupedrinhas. Até que, diz a História, asmoedas foram inventadas na China hámilhares de anos. Estas moedas eram porsi mesmas valiosas, feitas de ouro ouprata. Mais tarde passou a usar-secobre, ferro, bronze, para fazer moedas.Embora estes metais não tivessem valor,as moedas simbolizavam o valor doproduto. Para isso podiam ter inscrições

Como apareceu o DINHEIROindicativas, cunhadas na moeda.

Assim se chegou ao dinheiro, em metale em papel, que usamos nos nossos dias.Não interessa que os materiais de que odinheiro é feito não tenham valor. O quelhe dá o valor é ele ser garantido peloEstado, através do Banco Central, e aspessoas terem confiança nele.

Depois do dinheiro em moedas e notas,apareceu outra forma de pagamento que éo cheque – um documento que tem agarantia do Banco que o emite, de quecorresponde ao valor que nele está escrito.E os cheques de viajante, igualmentegarantidos pelo Banco e que permitem aoportador levantar dinheiro em qualquerparte do mundo. Mais moderno ainda sãoos cartões em plástico, com identificaçãoelectrónica, que servem para levantardinheiro no Banco ou pagar nas lojas.

Sobre o IRAQUEO Iraque tornou-se um nome

familiar por causa da guerra iniciadaem Março passado, que chegou aténós, em imagens de dor edestruição, pela comunicação social.Poderosas forças militares dosEstados Unidos da América e seusaliados invadiram este país doSudoeste Asiático, para derrubar ogoverno de Sadam Hussein e imporas novas regras – as regras dapotência invasora.

O Iraque é um país com umapequena costa marítima, encravadoentre o Irão, a Síria, a Turquia, aJordânia, a Arábia Saudita e oKoweit, com cerca de 20 milhões de

habitantes. A capital é Bagdade, comperto de 5 milhões de habitantes. Asua principal riqueza é o petróleo cujosrendimentos permitiram desenvolveras infraestruturas modernas do país,como autoestradas, oleodutos,escolas e hospitais.

Grande parte do território do Iraqueé deserto e parte do povo sãonómadas que vivem no deserto comos seus rebanhos de carneiros ecabras. A maioria dos habitantes sãomuçulmanos, pertencendo aos ramosChiita e Sunita.

Os dois rios que atravessam oIraque, o Tigre e o Eufrates, criam umvale muito fértil onde se faz agricultura

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Saber não ocupa lugar

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A propósito de HIV/Sida, de constipaçõese gripe, ou nos últimos meses, de pneumoniaatípica, ou SARS – sindroma de doençaaguda das vias respiratórias - que temcausado a morte a centenas de pessoassobretudo na China, fala-se muito de vírus.

Ao contrário da maior parte dosorganismos que causam doenças como asbactérias e bacilos, e os parasitasmicroscópicos, os vírus não são organismosvivos. Eles não crescem nem se reproduzem

sózinhos. Dependem de uma célula viva dohospedeiro, para fazerem cópias de sipróprios e se multiplicarem.

Os vírus são aglomerados de substânciasquímicas que infectam células vivas do nossocorpo. Quando infectam uma célula, o seuácido nucleico domina as reacções químicasdessa célula. Os genes do vírus transmiteminstruções à célula e esta passa a produzir aspartes necessárias para formar novos vírusiguais.

O que torna o vírus do HIV/Sida maisperigoso do que os outros é que, quando eleentra no sistema sanguíneo da pessoainfectada, “encosta-se” precisamente nascélulas do sistema imunológico. O sistemaimunológico é o que nos protege contrainvasões de outros organismos que causamdoenças, como bactérias e bacilos. Por issoo portador de HIV/Sida tem o sistemaimunológico muito fraco e está muito maisvulnerável a outras doenças infecciosas comoconstipações, diarreias, tuberculose,meningite, etc..

HIV significa Vírus da ImunodeficiênciaHumana e SIDA significa Sindroma daImunodeficiência Adquirida.

e se situam indústrias. Este territórioentre os dois rios é conhecido desdea Antiguidade pelo nome deMesopotâmia, palavra que significa“entre os rios”.

A Mesopotâmia é considerada oberço de várias civilizações que alicriaram as cidades mais antigas quese conhecem. As letras que o leitorestá a ler, evoluiram duma escritainventada e desenvolvida há milharesde anos nesta região: a escritacuneiforme. É também um dosberços das religiões cristã,

muçulmana e judaica, onde existiramcidades referidas na Bíblia, como Ur,onde se diz que nasceu Abraão, ou aBabilónia, cujas ruínas ainda estão noIraque.

Hoje, depois das bombas teremfeito muitos mortos, destruído muitariqueza, e deixado atrás orfaõs emutilados,“A situação dos Iraquianosé chorar com um olho (porque o paísestá destruído) e rir com o outro (por-que se libertaram do ditador)” – comodisse Sayd Hashem Al-Shamaa,dirigente religioso de Bagdade.

Os “vírus”Os “vírus”Os “vírus”Os “vírus”Os “vírus”

Imagem do vírus da gripe, ampliadopelo microscópio. Os seres humanos, osanimais e as plantas, podem seratacados por diversos vírus queprovocam doenças.

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Saber não ocupa lugSaber não ocupa lugSaber não ocupa lugSaber não ocupa lugSaber não ocupa lugararararar

- O que significa HIV positivo?Uma pessoa é HIV positivo se, depois de

fazer o teste ao HIV, este demonstrar que elatem HIV no sangue. A isso chama-se“resultado positivo”. Também se diz dapessoa infectada que é “seropositivo”.

- O que significa HIV negativo?Diz-se da pessoa que faz o teste e o

resultado indica que ela não tem HIV nosangue. Por vezes acontece que a pessoa temHIV no sangue e o teste é negativo. Istoacontece porque pode passar-se até seismeses depois da infecção sem que o sanguereaja ao HIV. Por isso, e para se estar 100%

O que eu queria saber sobre HIV/Sidaseguro, deve-se repetir o teste duas vezes,com intervalo de seis meses. Atenção:durante esse período deve usar semprepreservativo se tiver relações sexuais, ouentão abster-se completamente de sexo.

- É possível uma mulher infectada comHIV dar à luz um bebé saudável?

Sim é possível. O risco de o bébé de umamulher portadora de HIV nascer com o vírus,é de 1 para 3. Em dois de cada três casos, obébé não está infectado. È importante saberque um teste de HIV numa criança commenos de 18 meses não é seguro. Só depoisdesta idade é que se pode testar comsegurança uma criança, para ver se tem HIV.

Conhecer as “Vitaminas”Vitaminas são químicos de que o corpo

humano necessita para se manter com saúde.As Vitaminas foram identificadas peloscientistas, à medida que as descobriam, comletras. As mais conhecidas são a A, B1 e B12,C, D, E e K.

A Vitamina A mantém ocorpo forte e mais resistente àdoença e aparece nos alimentossob várias formas, sendo a maisconhecida o Caroteno Beta. Osalimentos mais ricos emCaroteno são as Cenouras emprimeiro lugar, mas também aBatata-doce ou as Mangas. Paraextraír o máximo benefício daCenoura deve-se comê-la crua.

Outros alimentos onde existeVitamina A são o Leite, a gemado Ovo, o Fígado, o Peixe e oóleo de Palma. Pelo menos umdestes alimentos deve estarpresente, diáriamente, na nossaalimentação se queremos ter

boa saúde.A Vitamina A é conhecida por proteger a

vista, ajudar o crescimento das crianças etodas as defesas do corpo contra doenças.

Este fruto chama-se, em português, jujuba.Mas pode existir em diferentesregiões de Moçambique com outro nome. Ele é doce e muito rico em VitaminaC e caroteno.

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Saber não ocupa lugar

DICIONÁRIO DE PORTUGUÊS

Artigo – Esta palavra tem pelo menos quatroacepções (ou aceitações) habituais. É umadas divisões de um Acordo, uma Lei, umContrato, como neste exemplo: O Artigo 1da Constituição define a República deMoçambique. Pode também significar umtexto escrito, versando um determinadoassunto, como nesta frase: Estive a ler umartigo no jornal sobre a criminalidade. Podesignificar produto ou mercadoria, comoquando se diz: Fica mais caro porque é umartigo importado. Por fim, há o artigo comoelemento gramatical. Trata-se de uma palavraque antecede um substantivo para indicar seeste é definido ou indefinido, e ainda o seugénero e número.

Banco – Pode ser uma simples peça demadeira, onde uma pessoa se senta, comouma cadeira, mas sem costas. E banca, é onome duma mesa estreita e comprida, ondese trabalha. Daqui derivou o nome banco,pois era assim, sentados num banco, juntode uma banca, que os banqueiros,antigamente, na praça ou mercado, faziamtrocas de dinheiro, recebiam depósitos doscomerciantes ou faziam empréstimos,recebendo juros pelo tempo que o dinheiroestivesse emprestado. Nos tempos actuais,banco é uma empresa que lida com dinheiro:recebe o dinheiro dos clientes como depósito,guarda esse dinheiro, devolve-o ao donoquando este o pede, empresta-o a quem opretende para fazer negócios a troco dopagamento de juros. Por cada operação delevantar dinheiro, de obter um empréstimo,de fazer uma transferência para outro banco,ou outra conta dentro do mesmo banco, ocliente paga uma certa quantia. Esse é onegócio dos bancos. Quando dizemos, por

exemplo: É melhor evitar recorrer à bancapara um empréstimo, a banca, neste caso, éo conjunto dos bancos.

Calamidade – É o mesmo que catástrofe,desastre, desgraça pública. A fome, a guerraou as epidemias, são calamidades. Quandofalamos em calamidades naturais, referimo-nos geralmente às calamidades provocadaspor condições climáticas extremas, comoventanias ou chuvas muito intensas, ostemporais severos ou ciclones, as secasprovocadas por anos sem chuva, ou as cheiasprovocadas por chuvas excessivas. Podeusar-se a palavra num sentido figurado, porexemplo: Os resultados neste exame foramuma calamidade!

Data – Indicação do dia, mês e ano. Todo odocumento deve ser datado – quer dizer quea indicação da data num documento éindispensável para a sua validade. Data étambém o conjunto de números que indicamo dia, mês e ano: 15.01.03 é a data de umacarta escrita no dia 15 de Janeiro de 2003.Por vezes emprega-se com o sentido detempo em geral, por exemplo quando se diz:Este é um amigo meu de longa data,queremos dizer que é um amigo desde hámuito tempo. Datar, quer também dizer quepertence a uma dada época: Este edifício datado século passado.

Estatuto – Texto que estabelece as regrasde funcionamento de uma associação oucolectividade, seja de cidadãos privados oude organismo do estado. Um exemplo: Anossa cooperativa já tem o estatutoaprovado. Significa também um texto ouconjunto de textos legais que fixam as regras

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Saber não ocupa lugar

de comportamento ou as garantias legais, deum determinado grupo social: Está a seravaliado segundo o estatuto dosfuncionários públicos. Emprega-se emsentido figurado relacionado com a posiçãosocial de cada um: Esse emprego não dáestatuto! Não deve confundir-se comestatura que significa altura, tamanho: Éuma mulher de grande estatura, querendodizer que é alta.

Família – é um conjunto de pessoas ligadaspor laços de sangue, isto é, pais e filhos,irmãos, irmãs. Na moderna antropologia(ciência que estuda os seres humanos e suasculturas), distinguem-se a família nuclear –pai, mãe e seus filhos, e a familia alargada -em que, debaixo do teto e da autoridade do,ou da, chefe de família, vivem mais do queuma geração e mais de que um núcleofamiliar. Mas em todas as culturas seconsidera a família, nuclear ou alargada, acélula-base da sociedade. Por extensão,emprega-se a palavra família para designarseres vivos, animais ou vegetais, comcaracterísticas comuns. O adjectivo familiarusa-se para classificar qualquer coisa que nosé próxima ou que conhecemos bem: Este tipode música não me é familiar, significandoque não é a música a que se está habituado.Também existe o verbo familiarizar: Estoua familiarizar-me com a minha nova casa,isto é estou a habituar-me à nova casa.

Gratidão – é o reconhecimento pelo bemque nos foi feito. Estar grato, é o mesmoque estar agradecido. O sentimento degratidão pode manifestar-se por palavrasexprimindo agradecimento. É por isso quedizemos: obrigado ou obrigada (depen-dendo se somos homem ou mulher). Existeem todas as línguas uma palavra paraexprimir agradecimento. A gratidão tambémse pode manifestar pela retribuição. Quandoalguém nos visita quando estamos doentes,

devemos retribuir, visitando essa pessoaquando ela estiver doente. A gratidão nãoestá associada a pagamento e agradecer nãoé pagar.

Habilidade – é a qualidade de quem é hábil,isto é, capaz de executar com destreza umadeterminada tarefa. Certas tarefas exigemhabilitações específicas para seremexecutadas. Quem recebeu essas habilitaçõesestá apto, capacitado ou habilitado, para asexecutar. Outras tarefas apenas exigemhabilidade, ou destreza natural. Por isso, nalíngua portuguesa distingue-se entrehabilidade que é natural, isto é, nasceu coma pessoa, e habilitação, que é adquirida.

Identidade – É o que faz com que uma coisaseja igual a outra. Idêntico é o mesmo queigual ou muito parecido. Identidade pessoalé o conjunto de circunstâncias que fazemcom que alguém seja determinada pessoa,por isso se diz: A polícia verificou aidentidade dos suspeitos. Numa sociedadeorganizada cada pessoa está registada (numaConservatória de Registo Civil) e tem umcartão ou Bilhete de Identidade. Nesse cartão,conhecido por BI, estão as circunstâncias queidentificam uma pessoa: o nome, a fotografia,as impressões digitais, o nome dos pais, olugar e a data de nascimento. Isto faz comque seja difícil confundir a identidade de duaspessoas. O mesmo para certos bens valiosos,como um veículo automóvel. Este tem de serregistado na repartição competente(Conservatória do Registo Automóvel) ondelhe é atribuida uma identificação que constado Livrete. As letras e número de registoestão na placa de matrícula que, por lei, deveser fixada de forma visível, no veículo.Identidade nacional é o que distingue umEstado de outros, através de símbolosnacionais como a bandeira e o hino, mastambém pelas características culturais dosseus habitantes.

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ambiente animais e plantas

Na nossa vida, a energia está semprepresente no nosso Ambiente. A luz e o calordo dia é-nos dada pela energia do Sol.Quando produzimos, no campo ou numafábrica, usamos a força dos nossosmúsculos, a nossa energia muscular.Quando pensamos, lemos, estudamos,usamos energia produzida pelas células donosso cérebro. Quando cozinhamos osnossos alimentos, usamos calor, produzidopela energia resultante da combustão(queima) de lenha ou de carvão, de gás ouda energia eléctrica. Quando acendemos

Energiauma lâmpada, ligamos energia provenientede electricidade a essa lâmpada, provocamosa combustão no filamento metálico dalâmpada e transformamos calor em luz.

Na Natureza nada se perde, nada secria, tudo se transforma. As transformaçõesde uma coisa em outra, fazem-se comenergia. Além disso, a energia não podeser produzida nem destruída, porque sópode mudar de uma forma, para outraforma, de energia. Esta é a Primeira Leida Termodinâmica.

Nos países menos desenvolvidos,incluindo Moçambique, a fonte de energiamais usada para produzir calor é a madeira,transformada em lenha e carvão. Qualquerproduto usado para produzir combustão, ouqueima, chama-se combustível e assim,lenha e carvão são os combustíveis maisusados pela maioria da população nas zonasrurais.

Esta é uma preocupação ambiental, poisao abater cada vez mais árvores paraqueimar, a um ritmo superior áquele que anatureza leva para fazer nascer e crescer

novas árvores, aumentam as áreasdeflorestadas e desertificadas. A erosão einfertilidade, resultando da desertificação,torna os solos impróprios para agricultura.Ao mesmo tempo a população humanaaumenta constantemente. Assim ficareduzida a possibilidade de vencer a fome ea pobreza absoluta.

É importante usar as fontes alternativasde energia. A energia solar e a energia dovento, não são devidamente aproveitadas.Nos próximos números do jornal, voltaremosa falar de “energia”.

CombustíveisEnergia muscular (homem a cortar lenha)

Energia animal (burro e barril)

Fogão melhoradoEnergia do vento (moinho)

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AMBIENTE ANIMAIS E PLANTAS

O BOM e o MAU do AMENDOIMO amendoim em

Moçambique é maisdo que alimento paracozinhar, é fonte derendimento. Podecomercializar-se secoe torrado. Mas tam-bém se pode trans-formar em “man-teiga” por processosindustriais, cons-

tituindo um produto que se exporta ou seconsome localmente, principalmente nascidades.

A planta do amendoim está sujeita adoenças mas hoje já existem variedadesproduzidas nos centros de investigação, queresistem bem à seca, a solos pobres e àspragas.

Todavia o amendoim em grão tambémconstitui um risco para a saúde humanaquando é mal armazenado. O calor ehumidade fazem crescer um bolor, ou fungo,

que pode provocar cancro do fígado naspessoas, e também pode afectar o gado. Ofungo perigoso desenvolvido no amedoimque é armazenado em locais mal arejados,contem um produto tóxico chamadoaflatoxina. O fungo não altera o sabor ou ocheiro por isso as pessoas consomem oamendoim afectado sem saber e podemadoecer.

À esquerda, muito ampliadopelo microscópio, vê-se o fungodo amendoim que é perigosopara a saúde.

Amarula, canhu e outros nomes...

Em Moçambique, como em toda a ÁfricaAustral, a bebida caseira feita do canhu émuito apreciada. Na África do Sul éproduzida industrialmente chamando-seLicor de Amarula.

Mas nem só as pessoas apreciam este frutoe a bebida que ele produz. Os elefantestambém o consomem e se embriagam comele, usando a sua inteligência...

Quando o canhoeiro (o nome mais

correcto em portuguêsé ocanheira) começa adar os seus frutos oselefantes vêm de todosos lados para encher abarriga com eles.Depois de comer,bebem muita água edepois correm para tráse para a frente paramisturar as duas coisasno estômago e amistura fermentar. Éassim que rivalizamcom os homensapanhando fortesbebedeiras de amarulaou canhu.

Este é o licor produzido naÁfrica do Sul e exportadopara o resto do mundo.

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PARA CONTAR ÀS CRIANÇAS

Um rapaz foi à água. No cimo de ummonte viu um grupo de guerreiros Koranajunto do poço e viu que eles também o viram.Então fez-se de muito pequeno e caminhouimitando uma criança. Os Koranaexclamaram: “Que vergonha! Olhem!Porque é que há pessoas que mandam umacriança buscar água em vez de mandar umadulto?” De facto o rapaz actuava tãodesajeitadamente que até os Korana oajudaram a encher a “casca de ovo” edeixaram-no ir, apesar de um velho ter ditoque era melhor matá-lo para não os denunciaraos pais. Logo que o rapaz chegou ao outrolado do monte, voltou a comportar-se comoum jovem e correu para casa a avisar o seupovo. As mulheres foram-se esconder, oshomens fizeram fogueiras dentro daspalhotas com grandes troncos para arderemdurante muito tempo e seguiram as mulheres.Os Koranas foram bem enganados – quandocercaram as palhotas elas não tinhamninguém.

(Em Contos Populares da África do Sul)

Nota: Este é um conto dos Bosquímanes

O Rapaz que enganou os inimigosque descreve um episódio real que, com oandar dos tempos se tornou “lenda”. OsKorana são uma tribo Khoisan (Hotentotes)de pastores. Eram inimigos dos Bosquímanesque roubavam o seu gado e por isso, sempreque podiam, matavam Bosquímanes. Ambosestes povos (não Bantu), são consideradosos verdadeiros povos indígenas da África doSul (Sudoeste). Por serem de pequenaestatura e com feições diferentes, foramdiscriminados e muitas vezes perseguidospelos povos Bantu e mais tarde, pelosEuropeus.

Estes povos habitam as regiões desérticasonde desenvolveram a sua cultura de exímioscaçadores e conhecedores de plantas dodeserto que usam como alimento e medicina.

A “casca de ovo” refere-se ao ovo deavestruz. Os ovos desta grande ave são muitoapreciados pelos Bosquímanes pois servemde alimento, extraido do ovo através de umpequeno orifício, e depois de vazios servempara carregar água. Se a casca se parte, éaproveitada para fazer objectos de adorno.Os Bosquímanes há milénios que fazemdesenhos e pinturas nos rochedos.

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DATAS IMPORTANTES

O Dia Nacional de Moçambique

Todos os países celebramo seu Dia Nacional.Moçambique celebra o seu a25 de Junho, para marcar adata em que foi proclamadaa Independência e içada pelaprimeira vez a bandeira dopaís: às 0 horas do dia 25 deJunho de 1975.

Esta cerimónia teve lugar

nos arredores da capital, noEstádio da Machava e foipresidida pelo primeiroPresidente da República,Samora Machel. Nessa noitefria e chuvosa de Junho,milhares de moçambicanosque conseguiram lugar noEstádio, estavam presentesna cerimónia; os que nãoc o n s e g u i r a m ,acompanhavam-na pelaRádio (ainda não tínhamosTV nessa altura) em casa, emlocais de convívio ou nasruas. Nas restantes cidadesdo país o dia era assinaladocom comícios e festas, epode dizer-se que mesmo

nos distritos mais remotoshouve acontecimentos paramarcar o dia.

Tão importante como apresença dos moçambicanosna cerimónia, foram osmuitos convidados doestrangeiro, pois com a suapresença no Estádio daMachava eles indicavam quetodo o mundo reconhecia onovo país, os novossímbolos, o Presidente daRepública e seu governo. Erao reconhecimento dacomunidade internacional demais um membro para aOrganização das NaçõesUnidas.

O Dia 1 de Junho foi escolhido pela AssembleiaGeral das Nações Unidas como dia Internacionaldedicado às crianças. Nesta data se recorda que a ONUtambém fez e aprovou uma lei chamada a Convençãosobre os Direitos da Criança.

Ela é também lei em Moçambique, pois o PresidenteJoaquim Chissano assinou essa Convenção em 1990 eem Abril de 1994 ela foi ratificada pela Assembleia daRepública de Moçambique.

Devemos sempre recordar que não é apenas a famíliamas a sociedade inteira que é responsável pelaprotecção e segurança da Criança, contra os abusos demenores, a violência doméstica e a discriminação e peloseu desenvolvimento, saúde e educação.

1 de Junho dia Internacional da Criança

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PASSATEMPO

?Sabia que…

- Há 750 000 espécies diferentes de moscas e cada mosca tem 2 pares de asas - o parprincipal para voar e um par mais pequeno atrás para ajudar a manter o equilíbrio?

- A Torre Eiffel em Paris, capital da França, é uma das obras monumentais maisconhecidas do mundo, foi construida em 1889, é toda em ferro e tem 300 metros de altura?

- Que a mais alta temperatura do ar, à sombra, foram 57, 7 graus centígrados registadosno deserto do Sahara, no Norte de África?

T A L H E R

O L E I C O

E

CRUZADEXColoque no diagrama as palavras da lista abaixo.

4 LetrasCRIAPATO5 LetrasAMOLAFARDAREGRA

RESTOTEMPO6 LetrasALIADOANTESEAQUELAARMILA

CANSARCHAVESCRISMACURAREFRASESOLEICOORAXIA

PESSOAPORQUERANCHORÉPTILSINTRATALHERTAPISA

SOLUÇÃO

Horiz.: Talher - Porque - Cansar.

Tapisa - Amola - Frases - Oleico - Sintra - Armila.

Vert.: Aliado - Orexia - pessoa - Réptil - rancho - Chaves -

Crisma - Cria - Resto - Aquela - Antes - Curare - Tempo -

Farda

ROBERT KOCH, Prémio Nobel da MedicinaA Tuberculose, uma doença pulmonar, é provocada por um agente que échamado o Bacilo de Koch.A razão do nome é porque este bacilo (uma bactéria) foi identificado aomicroscópio pelo cientista Robert Koch, em 1892.Ele foi o primeiro a comprovar que as bactérias provocam doenças. Em1876, fez experiências que o levaram a isolar as bactérias que provocamuma doença no gado chamada carbúnculo.Estas contribuições para a biologia e medicina fizeram-no conquistar o prestigiado PrémioNobel em 1905.

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Literatura

Nascida e criada em Nampula em 1965,Felismina Velho partiu para Maputo em1982 onde se formou na UEM, primeiro naFaculdade de Educação e mais tarde com ocurso de Linguística.

Actualmente trabalha na RádioMoçambique como Técnica de

Comunicação,na área dasEmissões emL í n g u a sMoçambicanas.

P u b l i c o upoemas napágina juvenil do“Notícias” e apartir de 2000 aEditora Ndjirapublicou várioslivros de contosda sua autoria.

Do seu livro Chilendela Maconde FoiRiscada do Mapa, extraimos este trecho queintitulámos:

Apresentando uma Autoramoçambicana: Felismina Velho

usando vestes largas. Tanto aparecia de noitecomo de dia sob diversas formas: comoRemoinho, como Relâmpago, como Seca oucomo Chuva, mas sempre com o mesmoobjectivo: arrasar tudo e semear a morte poronde passava.

A lua permanecia muda e estática. Assimcomo nascia também morria, ninguémconseguia ler nela um sinal encorajador, nemmesmo um ténue vislumbre de chuva.

As esperanças do bom tempo esfumaram-se. Os animais domésticos morreram. A caçadesapareceu. Provocaram queimadas paraafugentar os animais semi-cadavéricos, a fimdestes abandonarem os esconderijos.

Nessas caçadas, apanhava-seessencialmente ratos, coelhos e cobras. Osanimais debilitados não conseguiam fugir emorriam chamuscados, facilitando assim otrabalho de limpar os restos de pele e depoissecá-los. As cobras eram o prato apreciado,depois de retirada a parte do veneno,confeccionavam-se uns filetes saborosos. Asarmadilhas para os macacos nas árvores eraoutra actividade rentável. Punham-searmadilhas nos frutos silvestres e os macacosdesprevenidos e sempre curiosos, enfiavamas mãos nas armadilhas e ficavam presos.Quando se sentiam encurralados, punham-se aos guinchos. Os outros com medo fugiamem debandada. Aquela carne era mesmosaborosíssima, especialmente depois dapassagem pelo fumeiro, dava um óptimocaril.

Os leões para fugir do flageloaproximavam-se da aldeia e devoravam ascrianças desprevenidas e os aleijados. Eranecessário andar com cuidado. À noite nãose saía das palhotas, nem mesmo com opretexto de se ir à casa de banho. Nada de seter desarranjos intestinais. (...)

CalamidadesNesse ano houve muita seca, o milho

murchou antes das espigas amarelecerem eas folhas tenras para liponda tambémmurcharam. Restavam meia-dúzia de folhasde feijão cafreal, mas o adivinho interditouque tais fossem consumidas, sob pretexto decausarem coisas más, aquilo era obra donandenga: o que espalha o terror, a desgraçae as epidemias com a rapidez do vento. Apartir de então, andariam com o panoembebido em ntela amarrado no pescoço.

Ninguém ainda vira aquele que era tidocomo o pior dos piores espíritos, mas eramunânimes em afirmar que era um vulto alto,magro e com cabelo e barba comprida,

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Ficha TécnicaEdição: Associação Progresso Maputo. •Av. Ahmed Sekou Touré, 1957 C. Postal: 2223Telefone: (01) 430485/6 • Fax:(01) 323140, e-mail [email protected] Rua do Cemitério nº109 • C. P. 304 • Tel/Fax:(072) 20934 e-mail [email protected] Rua de Nachingweia Talhão B/50 Quart.-2 Bairro-1 •Tel/Fax: (071) 20417 e-mail [email protected].

Coordenação e redacção: Maria de Lourdes TorcatoIlustração e arranjo gráfico: Benjamim MondlaneImpressão: SOGRÁFICA, LDA. Tiragem: 4.000 Exemplares

Literatura

Jorge Viegas nasceu a 6 de Novembro de1947, na cidade de Quelimane. Apesar deexcelente Poeta, talvez injustamente nunca fezparte dos nomes conhecidos e popularizados emMoçambique. No seu livro “O Núcleo Tenaz”editado em 1981, a sua poesia mostra ainfluência da independência de Moçambique nainspiração do Autor, como mostra este Soneto:

Fala de Um Guerrilheiro

Neste tempo de medos e retrancas,Com que tentam calar a Pátria em nós,Faremos de nós mesmos, alavancas,E das armas, nos braços, nossa voz.

Neste tempo de verdades mancasCalafetadas numa ironia atroz,Espancaremos, com amor, palavras francasSob as barbas postiças do algoz.

Neste tempo de susto e de loucura,Tempo de fome e tempo de amargura,A Pátria cresce em nós num sonho puro.

E na sinistra voz das carabinas,Ao som terrível do rebentar das minas,As nossas mãos constroem o futuro.

Poema de abertura, sem título

Poeta:As pátrias nascem, crescem,Vivem dentro de nós.As pátrias morrer não devem.Por isso esperamosQue a Pátria estejaClara, harmoniosa, plena de vida,No eco da tua voz.

Um poeta de outra geração:Um poeta de outra geração:Um poeta de outra geração:Um poeta de outra geração:Um poeta de outra geração: Jorge Viegas Jorge Viegas Jorge Viegas Jorge Viegas Jorge Viegas