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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS DOENÇAS FOLIARES NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA E SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS EM SORGO SACARINO (Sorghum bicolor (L.) Moench) CÁSSIO LUIZ CAETANO DOURADOS MATO GROSSO DO SUL 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

DOENÇAS FOLIARES NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA E

SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS EM SORGO SACARINO

(Sorghum bicolor (L.) Moench)

CÁSSIO LUIZ CAETANO

DOURADOS

MATO GROSSO DO SUL

2016

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DOENÇAS FOLIARES NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA E

SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS EM SORGO SACARINO

(Sorghum bicolor (L.) Moench)

CÁSSIO LUIZ CAETANO

Engenheiro Agrônomo

Orientador(a): PROFª. DR. LILIAN MARIA ARRUDA BACCHI

Dissertação apresentada à Universidade

Federal da Grande Dourados, como parte

das exigências do Programa de Pós-

Graduação em Agronomia – Produção

Vegetal, para obtenção do título de Mestre.

Dourados

Mato Grosso do Sul

2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).

C127d Caetano, Cássio Luiz.

Doenças foliares na produção de biomassa e sólidos solúveis

totais em sorgo sacarino (Sorghum bicolor (L.) Moench). / Cássio

Luiz Caetano. – Dourados, MS: UFGD, 2016.

43f.

Orientadora: Prof. Dra. Lilian Maria Arruda Bacchi.

Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal

da Grande Dourados.

1. Colletotrichum sublineolum. 2. Exserohilum turcicum. 3.

Bipolaris sorghicola. 4. Etanol. 5. Bioenergia. 6. Fungicida. I.

Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central – UFGD.

©Todos os direitos reservados. Permitido a publicação parcial desde que citada a fonte.

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i

A Deus, pela vida e toda criação a nós confiada.

Aos meus amados pais,

Antônio Sergio Caetano e Irene Melo Caetano

À minha amada e preciosa esposa,

Michele Aparecida Pereira Giomo,

Aos meus amados professores,

Em especial Prof.ª Drª Lilian Maria Arruda Bacchi

Dedico e Ofereço.

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ii

AGRADECIMENTOS

Ao programa de Pós Graduação em Agronomia, pela experiência de vida,

crescimento profissional e pessoal, e por ter confiado na conclusão deste trabalho.

À professora Lilian Maria Arruda Bacchi, pela orientação e paciência, mas

principalmente por ter contribuído para minha formação intelectual e pela superação de

meus próprios limites.

Agradeço aos meus familiares que me deram apoio em todos os momentos para

que fosse possível a conclusão deste trabalho.

Aos amigos e irmãos da XXXIII turma de Engenharia Agronômica da

Universidade Federal da Grande Dourados que nunca mediram esforços para o

desenvolvimento deste trabalho em especial Eduardo Pimenta dos Reis, Renato

Albuquerque da Luz e Rodrigo Keiti Arakawa.

Aos CNPq pelo auxilio financeiro e pela bolsa durante todo o desenvolvimento

deste trabalho.

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iii

SUMÁRIO

PÁGINA

RESUMO .................................................................................................................. ix

ABSTRACT .............................................................................................................. x

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 01

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 03

2.1 O Sorgo Sacarino ...................................................................................... 03

2.2 Cultivares de Sorgo Sacarino BRS 506 e BRS 511 .................................. 03

2.3 Doenças do Sorgo Sacarino ...................................................................... 05

2.3.1 A Antracnose do Sorgo ................................................................ 06

2.3.2 Helmintosporiose ......................................................................... 08

2.3.3 Ferrugem ...................................................................................... 09

2.3.4 Cercosporiose .............................................................................. 10

2.3.5 Mancha alvo ................................................................................. 10

2.4 Controle Químico de Doenças foliares do Sorgo ..................................... 11

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 13

3.1 Diferentes Número de Aplicações de fungicida ....................................... 13

3.2 Com e Sem Aplicação de Fungicida ......................................................... 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 19

4.1 Diferentes Número de aplicações de Fungicida ........................................ 19

4.1.1 Ensaio Safra ................................................................................. 19

4.1.2 Ensaio Safrinha ............................................................................ 26

4.2 Com e Sem Aplicação de Fungicida .......................................................... 34

5. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 39

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 40

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iv

LISTA DE QUADROS

PÁGINA

Quadro 1. Resumo da análise de variância dos dados de severidade de

helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT); cercosporiose (CER) e

mancha alvo (MAA), em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e

BRS 511, sob três intensidades de tratamentos fungicida e uma

testemunha sem aplicação, UFGD-Dourados, MS, 2016 ...................... 20

Quadro 2. Severidade da helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT) e

cercosporiose (CER) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e

BRS 511 em três diferentes datas de avaliação, UFGD-Dourados, MS,

2016 ......................................................................................................... 22

Quadro 3. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT) e

cercosporiose (CER), em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e

BRS 511, submetidas a três diferentes números de aplicação do

fungicida epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016 23

Quadro 4. Severidade da mancha alvo (MAA) aos 110 DAE em duas cultivares

de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes

números de aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina,

UFGD-Dourados, MS, 2016 .................................................................. 23

Quadro 5. Resumo da Análise de Variância para diâmetro do colmo, DC (mm);

altura de planta, AP (m); biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

);

volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

); sólidos solúveis totais,

SST (ºBRIX) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS

511 submetidas a três diferentes números de aplicação do fungicida

epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016 ............... 24

Quadro 6. Diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa

verde por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L

ha-1

) e sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX), em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, UFGD-Dourados, MS, 2016 ........ 24

Quadro 7. Análise de correlação da severidade das doenças ocorrentes ente

diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa

verde por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L

ha-1

) e sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) de duas cultivares BRS

506 e BRS 511, UFGD-Dourados, MS, 2016 ........................................ 25

Quadro 8. Resumo da análise de variância dos dados de severidade de

helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT); cercosporiose (CER);

mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em duas cultivares de sorgo

sacarino BRS 506 e BRS 511, sob três intensidades de tratamentos fungicida e uma testemunha sem aplicação, UFGD-Dourados, MS,

2016 ........................................................................................................ 27

Quadro 9. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT),

cercosporiose (CER), mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER) em duas

cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três

diferentes números de aplicação do fungicida epoxiconazol +

piraclostrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016 ........................................ 29

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v

Quadro 10. Severidade da helmintosporiso (HEL) aos 122 DAE em duas cultivares

de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes

números de aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina,

UFGD-Dourados, MS, 2016 ................................................................... 29

Quadro 11. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT);

cercosporiose (CER); mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em duas

cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511 em duas avaliações,

UFGD-Dourados, MS, 2016.................................................................... 31

Quadro 12. Severidade da ferrugem (FER) aos 122 DAE em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes

números de aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina,

UFGD-Dourados, MS, 2016 ................................................................... 31

Quadro 13. Resumo da Análise de Variância para diâmetro do colmo, DC (mm);

altura de planta, AP (m); biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

);

volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

); sólidos solúveis totais,

SST (ºBRIX) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS

511 submetidas a três diferentes números de aplicação do fungicida

epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016 ................ 32

Quadro 14. Diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa

verde por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L

ha-1

) e sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX), em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, UFGD-Dourados, MS, 2016 ........ 32

Quadro 15. Diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa

verde por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L

ha-1

) e sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX), em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes

números de aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina,

UFGD-Dourados, MS, 2016 ................................................................... 33

Quadro 16. Análise de correlação da severidade das doenças ocorrentes entre

diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa

verde por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L

ha-1

) e sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) de duas cultivares BRS

506 e BRS 511, UFGD-Dourados, MS, 2016 ........................................ 33

Quadro 17. Resumo da análise de variância dos dados de intensidade de

helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT); cercosporiose (CER);

mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em duas cultivares de sorgo

sacarino BRS 506 e BRS 511, com e sem aplicação de fungicida,

UFGD-Dourados, MS, 2016. .................................................................. 35

Quadro 18. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT);

cercosporiose (CER); mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em duas

cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e 5011 em duas avaliações,

UFGD-Dourados, MS, 2016 ................................................................... 35

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vi

Quadro 19. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT),

cercosporiose (CER), mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER) em duas

cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, com ou sem

tratamento dos fungicidas protioconazol + trifloxistrobina, UFGD-

Dourados, MS, 2016 ............................................................................... 36

Quadro 20. Severidade da cercosporiose (CER) aos 122 DAE, em duas cultivares

de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, com e sem aplicação do

fungicida protioconazol + trifloxistrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016 36

Quadro 21. Resumo da análise de variância para: diâmetro do colmo, DC (mm);

altura de planta, AP (m); biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

);

volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

) e sólidos solúveis totais,

SST (ºBRIX) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS

511, com ou sem tratamento do fungicida protioconazol +

trifloxistrobina, UFGD – Dourados, MS, 2016........................................ 37

Quadro 22. Análise de correlação da severidade das doenças ocorrentes entre

diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa

verde por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L

ha-1

) e sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) de duas cultivares BRS

506 e BRS 511, UFGD-Dourados, MS, 2016 ........................................ 38

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vii

LISTA DE FIGURAS

PÁGINA

Figura 1. Precipitação pluviométrica e temperatura média mensal durante a

condução do ensaio de safra e safrinha, anos de 2014/2015 .................... 13

Figura 2. (A) parcela que recebeu o tratamento fungicida, imagem fotografada

aos 122 DAE; (B) parcela sem tratamento fungicida, imagem

fotografada aos 122 DAE ......................................................................... 28

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viii

RESUMO

CAETANO, C. L. Doenças foliares na produção de biomassa e sólidos solúveis totais

em sorgo sacarino (Sorghum bicolor (l.) Moench). 2016. 58f. Dissertação (Mestrado em

Agronomia) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados – MS.

Cultivares de sorgo são estudadas como potenciais fontes de biocombustíveis,

devido à sua alta produção de biomassa e de açúcar. Contudo, alguns fatores podem

interferir na produtividade de biomassa e açúcares do sorgo, podendo citar as doenças.

Assim, o presente trabalho teve por objetivo a avaliação de doenças foliares em duas

cultivares de sorgo sacarino tratadas ou não com fungicida e sua correlação com a

produção de biomassa e sólidos solúveis totais. O experimento foi conduzido a campo, na

Fazenda Experimental de Ciências Agrárias (FAECA) da Universidade Federal da Grande

Dourados (UFGD). Foram avaliadas duas cultivares de sorgo sacarino (BRS 506 e BRS

511), em duas épocas de semeadura: 25 de novembro de 2014, para o ensaio de safra, e 02

de março 2015, para ensaio de safrinha. O delineamento experimental foi inteiramente

casualizado, com quatro repetições, em esquema fatorial 2x4 (cultivares x tratamentos). Os

tratamentos constituíram da aplicação de epoxiconazol + piraclostrobina nos seguintes

esquemas: 0 - sem tratamento; 1 - uma aplicação (45 dias após a emergência - DAE); 2 -

duas aplicações (45 e 66 DAE) e 3 - três aplicações (45, 66 e 87 DAE). Um segundo ensaio

de safrinha foi montado em delineamento experimental inteiramente casualizado, com

quatro repetições em esquema fatorial 2x2 (cultivar x tratamento) onde os tratamentos

constituíram da aplicação de protioconazol + trifloxistrobina nos seguintes esquemas: a

primeira aplicação aos 45 DAE seguidas de mais 4 aplicações a cada 14 dias; e sem

aplicação do fungicida. Foram avaliadas a severidade das doenças foliares ocorrentes,

diâmetro do colmo, altura de planta, volume de caldo, biomassa verde e teor de sólidos

solúveis totais. Os dados foram submetidos à análise de variância e quando significativos

foram realizados os testes de médias. Foi realizada análise de correlação entre os dados de

severidade de doença e as características agronômicas estudadas. Existem diferenças entre

as cultivares quanto à suscetibilidade a mancha alvo. A aplicação de epoxiconazol +

piraclostrobina tem efeito positivo no controle de doenças foliares, acumulo de biomassa e

diminui a perca de sólidos solúveis totais. O fungicida protioconazol + trifloxistrobina

diminuiu a severidade da antracnose, cercosporiose e ferrugem, não apresentou resultados

no controle da helmintosporiose e mancha alvo e não resultou em incremento de biomassa

e açúcares. Doenças foliares se correlacionam de forma negativa com a produção de

biomassa e sólidos solúveis totais, em sorgo sacarino.

Palavras-chave: 1) Colletotrichum sublineolum; 2) Exserohilum turcicum; 3) Bipolaris

sorghicola; 4) etanol; 5) bioenergia 6) fungicida.

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ix

ABSTRACT

CAETANO, C. L. Effects of the foliar diseases on the biomass and sugar production of

sweet sorghum (Sorghum bicolor (L.) Moench). 2016. 58f. Dissertation (Master in

Agronomy) – Federal University of Grande Dourados, Dourados – MS.

Sorghum cultivars have been studied as potential biofuels sources due to their large

potential to produce sugar and biomass. However, some features may influence the

viability of biomass or sugar production from sorghum, for example plant diseases. The

aim of this study was evaluate leaf diseases of two different sweet sorghum cultivars

treated or not with fungicides, and the correlation between the fungicides applications and

the sorghum biomass and the total soluble solids. The trial was conducted under field

conditions at the Agriculture Science Experimental Farm (FAECA) at the Federal

University of Grande Dourados (UFGD). Two sorghum cultivars (BRS 506 and BRS 511)

were evaluated in two sowing seasons: November 25, 2014, and March 2, 2015. The

experimental design was completely randomized, with four replications, in a 2x4 factorial

design (cultivars x treatments). The treatments consisted in applications of Epoxiconazole

+ Pyraclostrobin with theses days: 0 – control (nor application), 1- one fungicide

application at 45 days after the sorghum emergence, 2 – two fungicide applications at 45

and 66 days after the sorghum emergence, 3- three fungicide applications at 45, 66 and 87

days after the sorghum emergence. A second field trial was set up in March using a

completely randomized design, in a factorial design (2x2) with four replications. The

treatments consisted of Prothioconazole + Trifloxystrobin applications at the following

application arrangement: first application at 45 days after sorghum emergence followed by

four applications applied every 14 days, and another treatment with no fungicide

application. The parameters evaluated were disease severity, stem diameter, plant height,

broth volume, green biomass content and total soluble solids content were evaluated in the

experiment. The data were submitted to analysis of the variance, and once significant were

performed in the means tests. The correlation analysis between disease severity data and

agronomic characteristics was performed. There are differences among cultivars regarding

susceptibility to the target spot. The application of epoxiconazole + pyraclostrobin has a

positive effect on the foliar diseases control, biomass accumulation and decrease the loss of

total soluble solids. The fungicide prothioconazole + trifloxystrobin decreased the severity

of anthracnose, cercosporiosis and rust; however, did not showed results in the control of

helmintosporiosis and target spot and did not resulted in an increase of the biomass and

sugars. Foliar diseases are negatively correlated with the production of biomass and total

soluble solids in sweet sorghum.

Keywords: 1) Colletotrichum sublineolum; 2) Exserohilum turcicum; 3) Bipolaris

sorghicola; 4) ethanol; 5) bioenergy; 6) fungicide.

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1. INTRODUÇÃO

A espécie Sorghum bicolor (L.) Moench apresenta diversos tipos de

variações morfológicas e genotípicas que são exploradas economicamente. Existem

genótipos de sorgo sacarino mais eficientes em acumular biomassa e açúcares

fermentáveis e que têm potencial na produção de biocombustíveis (PATERSON et al.,

2009), gerando interesse como uma matéria-prima alternativa para produção de

bioenergia desde os anos 1970 (SHOEMAKER e BRANSBY, 2010), devido a busca

por outras fontes energéticas que poderão ser solução para uma futura falta de petróleo

no globo terrestre. Sua importância deve-se não somente devido à possibilidade da falta

de combustíveis fósseis, mas também, devido à preocupação com questões ambientais e

socioeconômicas (MOURÃO et al., 2012).

Os açúcares do sorgo podem ser uma vantagem econômica sobre culturas à

base de amido na produção de biocombustíveis, pois cultivares de sorgo possuem

prontamente disponíveis açúcares fermentáveis dentro do colmo, por conseguinte, a

conversão enzimática do amido em açúcar não é necessária. O bagaço pode ser utilizado

para gerar eletricidade ou vapor de água, como parte de um esquema de cogeração, ou

como uma matéria-prima para a produção de biocombustíveis de celulose através da

biomassa (SHOEMAKER e BRANSBY, 2010).

Outras características desejáveis do sorgo, que o tornam um atrativo para o

cultivo destinado a produção de biocombustíveis, incluem sua ampla faixa de

adaptação, resistência à seca e tolerância à salinidade (SHOEMAKER e BRANSBY,

2010), importante em regiões secas, como a nordeste da África (o seu centro de

diversidade) e as planícies do sul dos Estados Unidos (PATERSON et al., 2009).

O sorgo sacarino pode ser cultivado em todas as áreas hoje recomendadas

para o cultivo da cana de açúcar, podendo ser recomendado para áreas de reforma de

canaviais. O processamento dos colmos produzidos é o mesmo utilizado para a cana de

açúcar não sendo necessárias alterações dentro do parque industrial. Com tudo isso, o

cultivo do sorgo sacarino pode ser considerado a “safrinha” da cana-de-açúcar no Brasil

(EMBRAPA, 2011).

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2

Entretanto, alguns fatores podem interferir na produtividade de biomassa e

açúcares do sorgo, podendo citar as doenças, que podem atacar folhas e colmo das

plantas, reduzindo a quantidade e a qualidade de açúcares e, até mesmo, inviabilizando

o plantio dessa cultura (MOURÃO et al., 2012). As principais doenças que incidem

sobre a cultura do sorgo no Brasil como a antracnose (Colletotrichum sublineolum P.

Henn), o míldio (Peronosclerospora sorghi (W. Weston & Uppal) C.G. Shaw), a

helmintosporiose (Exserohilum turcicum (Pass.) K. J. Leonard & E. G. Suggs, Sin.

Helminthosporium turcicum Pass.), a ferrugem (Puccinia purpurea Cooke), o ergot, ou

doença açucarada (Claviceps africana Frederickson, Mantle & de Milliano), e a

podridão seca (Macrophomina phaseolina (Tassi) C. Goid.). (COTA et al., 2009)

Enfermidades como a antracnose, helmintosporiose, ferrugem, míldio e a

doença açucarada (ergot) estão presentes em praticamente todas as áreas de plantio do

sorgo no Brasil, podendo ocorrer, em condições severas, perdas superiores a 70% e 50%

nos casos de antracnose e helmintosporiose, respectivamente (SILVA et al., 2012a).

Mourão et al. (2012), avaliando o efeito da severidade de doenças foliares

no desenvolvimento de 25 cultivares de sorgo sacarino, relataram que existe variação na

resistência dos genótipos de sorgo sacarino para a antracnose, ferrugem e

helmintosporiose e que há correlação negativa entre a severidade da antracnose e teor

de açúcares em sorgo sacarino. Silva et al. (2014) demonstraram que aplicação de

fungicida na cultura do sorgo sacarino pode reduzir a quantidade de doenças nas plantas

e aumentar o teor de açúcares armazenados no colmo.

Assim, o presente trabalho teve por objetivo a avaliação de doenças foliares

em duas cultivares de sorgo sacarino tratadas ou não com fungicida e sua correlação

com a produção de biomassa e sólidos solúveis totais.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O sorgo sacarino

O sorgo é uma planta de origem africana, pertencente ao reino Plantae;

divisão Magnoliophyta; classe Liliopsida; ordem Poales; família Poaceae; gênero

Sorghum; espécie Sorghum bicolor (L.) Moench (OYOLA, 2010).

A espécie Sorghum bicolor (L.) Moench é caracterizada por um

germoplasma muito diversificado em termos de características fenotípicas e

morfológicas. Essa espécie pode ser classificada em quatro grupos principais

dependendo de suas características de produção como sorgo granifero, sorgo forrageiro,

sorgo vassoura e sorgo sacarino (SHOEMAKER e BRANSBY, 2010).

O sorgo sacarino corresponde a um tipo de planta alta, fraca em produção de

semente e com colmo suculento rico em açúcar, servindo para extração de açúcar,

melaços e podendo ser uma matéria-prima alternativa eficaz para a produção de etanol

(CIDRAES, 1966; RATNAVATHI et al., 2010).

A sua colheita deve ser realizada quando os colmos contiverem a

percentagem máxima de açúcar o que parece coincidir com a fase de início do

endurecimento de grão (CIDRAES, 1966). De acordo com Teixeira et al. (1999), o

rendimento em massa verde e o teor de açúcares nos colmos são mais elevados quando

as plantas atingem a maturidade fisiológica, que ocorre cerca de 121 dias após a

semeadura na cultivar BR 505.

2.2 Cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511

A cultivar de sorgo sacarino BRS 506 floresce em média entre 70 a 75 dias

após a emergência (DAE), apresentando panícula aberta com grão cinza e endosperma

branco semiduro, altura média da planta de 2,80m, com colmo suculento e doce, com

rendimento de colmos variando de 40 a 60 t ha-1

, e matéria seca variando de 15 a 20 t

ha-1

, com período de utilização industrial maior que 30 dias. A composição dos açúcares

no colmo, esta em torno de 108,60 g L-1

de sacarose, 44,5 g L-1

de glicose, 19,5 g L-1

frutose e 20,9 ºBRIX (EMBRAPA, 2012a).

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A cultivar de sorgo sacarino BRS 511 floresce em média entre 61 a 74

DAE, apresentando panícula semiaberta com grão marrom e endosperma branco

semiduro, com altura média da planta de 3,00 m, de colmo suculento e doce, com

rendimento de colmos variando de 60 a 80 t ha-1

, e matéria seca variando de 15 a 20 t

ha-1

, com período de utilização industrial maior que 30 dias. A composição dos açúcares

no colmo, esta em torno de 154,8 g L-1

de sacarose, 33,3 g L-1

de glicose, 5,9 g L-1

frutose e 21,9 ºBRIX (EMBRAPA, 2012b).

Uma cultivar de sorgo sacarino no Brasil deve no mínimo produzir 50 t ha-1

de colmos (biomassa sem panículas), 12,5% de açúcares redutores totais (ART), 60 L t-1

de colmo de etanol, 3000 L ha-1

e um período de utilização industrial (PUI) de 30 dias

(SCHAFFERT 2012).

As cultivares BRS 506 e BRS 511 em ecossistema de cerrado no estado de

Roraima, relataram diferenças estatisticamente significativas na altura das plantas (1,54

m e 1,70 m respectivamente), não relatando diferenças entre dias até o florescimento

(66,3 e 67,3), peso da massa verde (23,2 e 32,5 t ha-1

) e quantidade de doenças (SOUZA

et al., 2012). Emygdio et al. (2012), avaliando o desempenho de 22 cultivares de sorgo

sacarino no município de Pelotas, região sudeste do Rio Grande do Sul, relataram

diferenças significativas entre as cultivares BRS 506 e 511 na altura de planta (3,1 m e

2,6 m respectivamente), peso da massa verde (43 e 26 t ha-1

), não relatando diferenças

em dias até o florescimento, diâmetro do colmo e sólidos solúveis totais, sendo que a

cultivar BRS 506 destacou-se entre as melhores.

Pareira Filho et al. (2012), avaliando quatro cultivares de sorgo sacarino em

diferentes densidades de semeadura visando a obtenção de etanol, concluíram que a

massa verde cresceu linearmente em relação à elevação do número de plantas por área,

e a cultivar BRS 506 foi a que maior apresentou ganhos no rendimento, assim, também

aconteceu com o volume de caldo, porém sem diferenças significativas no teor de

sólidos solúveis totais.

As cultivares BRS 511, 508 e 509 apresentaram os mesmos percentuais; já

em relação ao açúcar redutor a BRS 506 apresentou o maior valor, o que a diferenciou

estatisticamente das demais. No teor de fibra, as cultivares BRS 508 e 509 apresentaram

maiores percentagens. No que se refere aos teores de açúcares totais recuperáveis, a

BRS 506 teve valores inferiores ao das cultivares BRS 511, 508 e 509. Em relação aos

açúcares redutores totais no caldo, as cultivares BRS 511 e 508 diferenciaram-se da

BRS 506, que apresentou o menor índice percentual. Referindo-se aos valores de

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produtividade de etanol em L t-1

de biomassa e de produtividade de etanol em L ha-1

, as

cultivares BRS 511 e BRS 508 apresentaram as maiores. Além disso, foi possível

constatar a superioridades das novas cultivares de sorgo sacarino (BRS 511, BRS 509 e

BRS 508) em relação a cultivar BRS 506, lançada no fim da década de 90 para

produção de etanol, bem como aos híbridos disponíveis no mercado atualmente

(Parrella e Schaffert 2012).

2.3 Doenças do sorgo sacarino

As doenças que atacam a cultura do sorgo sacarino são praticamente as

mesmas que infectam os outros tipos de sorgo (granífero, forrageiro e vassoura) as quais

podem ser limitantes da produção, dependendo das condições ambientais e da

suscetibilidade de cada cultivar (SILVA et al., 2012b). Pela ampla faixa de condições

ambientais em que é cultivado, o sorgo apresenta-se particularmente suscetível a um

grande número de doenças, cuja extensão e severidade variam de ano para ano e de uma

localidade para outra em função do grau de compatibilidade entre o hospedeiro e o

patógeno e da ação do ambiente sobre esta associação (FERREIRA et al., 1986).

De acordo com Silva et al. (2012a), pode ocorrer o ataque de patógenos

causadores de doenças foliares e da panícula, de agentes causais de doenças sistêmicas e

de fungos de solo causadores de podridões radiculares e viroses. Dentre as doenças que

afetam a cultura do sorgo sacarino no Brasil, destacam-se como importantes a

antracnose (Colletotrichum sublineolum), o míldio (Peronosclerospora sorghi), a

helmintosporiose (Exserohilum turcicum), a ferrugem (Puccinia purpurea), o ergot ou

doença açucarada (Claviceps africana) e a podridão-seca (Macrophomina phaseolina)

(COTA et al., 2009; SILVA et al., 2012a).

Outras doenças, embora ocorram atualmente com baixa frequência,

apresentam potencial para causar danos à cultura do sorgo sacarino, são elas, o mosaico-

da-cana-de-açúcar (SCMV); a mancha-de-ramulispora (Ramulispora sorghi (Ellis &

Everh.) L.S. Olive & Lefebvre), ainda esporádica no país, mas com aumento de

frequência, atacando várias cultivares de sorgo sacarino; nematoides (Pratylenchus spp.

e Meloidogyne spp.); mancha-alvo (Bipolaris sorghicola (Lefebvre & Sherwin) Alcorn)

e a cercosporiose (Cercospora fusimaculans G.F. Atk). Entre estas doenças, o SCMV e

os nematoides são comuns à cana-de-açúcar e ao sorgo, necessitando de avaliações em

áreas de sucessão entre estas culturas (SILVA et al., 2012b).

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A antracnose (C. sublineolum) e a ferrugem (P. purpurea) são importantes

pela severidade e por sua ocorrência generalizada, podendo a primeira se constituir, às

vezes, em fator limitante para a cultura do sorgo. Doenças como helmintosporiose (E.

turcicum); cercosporiose (C. fusimaculans), mancha zonada (Gloeocercospora sorghi

D. Bain & Edg.) e a podridão do colmo seca causada por M. phaseolina têm a sua

importância e ocorrência variável com os anos e localidade (FERREIRA et al., 1986).

Patógenos como C. sublineolum (antracnose) e E. turcicum

(helmintosporiose), são necrotróficos, ou seja, sobrevivem como saprófitos em restos

culturais (palhada) de sorgo após a colheita. Para essa categoria de patógenos, a

sobrevivência e a multiplicação do inóculo na palhada do sorgo, no campo, são

fundamentais para o desenvolvimento de severas epidemias na lavoura. Para outros

patógenos que não se enquadram na categoria de necrotróficos, embora sejam

considerados secundários para a cultura do sorgo, deve ser dada atenção especial para

evitar a ocorrência de severas epidemias. Esse é o caso da ferrugem, causada pelo fungo

P. purpurea, parasita obrigatório, cuja disseminação ocorre pelo vento e não sobrevive

em restos culturais de sorgo. Nesse caso, o inóculo inicial para o desenvolvimento da

doença no campo é trazido a partir de outras lavouras através das correntes de ar

(SILVA et al., 2012b).

2.3.1 A Antracnose do sorgo

A antracnose do sorgo foi descrita pela primeira vez em Togo, oeste da

África, em 1902 (PANDE et al., 1991). O agente causal da antracnose conhecido como

Colletotrichum graminicola (Ces.) Wilson, (sin. Colletotrichum sublineolum P. Henn.,

Kabat & Bulbak) foi descrito pela primeira vez em plantas de milho (Zea mays L.), na

Itália, por Cesati em 1852 apud Costa et al. (2003), com o nome de Dicladium

graminicolum Ces. Posteriormente, o fungo foi constatado nos Estados Unidos no ano

de 1855, e descrito sob o nome de Psilonia apalospora Berk & Curt (SUTTON, 1980).

Wilson em 1914, apud Costa et al. (2003), incluiu 11 espécies que apresentavam

conídios falciformes à sinonímia C. graminicola. Desde o trabalho de Wilson (1914)

apud Sutton (1980), com comprovação de Arx (1957) apud Sutton (1980), praticamente

todas as espécies de Colletorichum sobre Gramineae foram atribuídas a C. graminicola.

Messaien et al. (1959) apud Sutton (1980), no entanto, sugeriram formae speciales em

diferentes culturas, tais como milho, sorgo, cana-de-açúcar e centeio, mas este

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tratamento implicava na ausência de diferenças morfológicas entre os níveis

taxonômicos. Sutton (1966) apud Sutton (1980) mostrou claramente as diferenças da

área adesiva entre apressorios de isolados derivados de milho, sorgo e cana-de-açúcar,

consequentemente a separação taxonômica neste complexo deveria estar no nível mais

elevado do que o posto de forma specialis. O mesmo autor relata que C. falcatum é bem

estabelecido como causador de doença em cana-de-açúcar, os isolados de milho como

pertencentes à espécie C. graminicola e tendo sido proposta a denominação C.

sublineolum para os isolados oriundos de sorgo.

Mais recentemente, Sherriff et al. (1995) apud Costa et al. (2003),

compararam as sequências de nucleotídeos de rDNA da região ITS-2 de C. graminicola

proveniente de milho e sorgo. Segundo os autores, dentro dos isolados de milho e sorgo

as sequências foram altamente homólogas (98 - 100%), enquanto que entre esses grupos

de isolados a homologia de sequência foi de 92%. Esses resultados indicaram que os

isolados de milho representam uma espécie distinta daquela dos isolados de sorgo,

confirmando estudos morfológicos e genéticos anteriores.

Apesar dos vários estudos citados confirmarem a distinção entre as duas

espécies, a denominação C. sublineolum não foi amplamente aceita, e raramente tem

sido utilizada para designar isolados de Colletotrichum oriundos de sorgo. É importante,

entretanto, que se reconheça a existência das duas espécies de Colletotrichum, e que

apesar da semelhança morfológica entre elas, diferenças fisiológicas quanto ao modo de

infecção, esporulação, gama de hospedeiros, compatibilidade genética, epidemiologia e

sensibilidade a fungicidas podem existir, requerendo, em certos casos, estratégias e

práticas de manejo diferenciadas (COSTA et al., 2003).

As colônias de C. sublineolum são normalmente delimitadas por uma borda

de cor cinza por onde avançam ao limbo foliar, ocasionalmente com micélio aéreo e

pulverulento de cor cinza esverdeado, escleródios geralmente ausentes, e quando

presentes imersos a uma superfície lenticular e de cor preta e denso, cetas abundantes,

conídios fusiforme com ápices agudo 18,5 - 27,5 x 3 - 4,5 µm, apressórios abundante de

cor castanho médio com borda moderadamente irregular (mas não tanto como em C.

graminicola), 11,5 - 15 x 8,5 - 9 µm (6 - 25 x 4 - 16 µm) (SUTTON, 1980).

Os conídios, produzidos em acérvulos, aglutinam-se em uma massa

gelatinosa de cor rosa que se dissolve na presença de umidade. A sobrevivência do

fungo, de um ano para outro, se dá nos restos de cultura, espécies de sorgo selvagens e

sementes. No solo, a sobrevivência é drasticamente reduzida na superfície. A

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disseminação dos conídios produzidos nas espécies selvagens ou em plantas

remanescentes se dá através da água de chuva e dos ventos e se constitui na fonte

primária de inóculo. As condições favoráveis para o aparecimento da doença são de alta

umidade e temperatura em torno de 25 a 30°C. Nestas condições a produção de esporos

é elevada (FERREIRA et al., 1986).

A partir do florescimento, a antracnose passa a ser a doença mais severa em

cultivares suscetíveis. Plantas expostas a períodos prolongados de temperatura e

umidade elevadas, e principalmente coincidindo com a fase de formação dos grãos,

poderão apresentar severidade alta e perdas na produção superiores a 70% (FERREIRA

et al., 1986; SILVA et al., 2012b).

2.3.2 Helmintosporiose

O patógeno foi descrito pela primeira vez como Helmintosporium turcicum,

em 1876. A helmintosporiose em sorgo é causada pelo fungo Exserohilum turcicum

(Pass.) K. J. Leonard & E. G. Suggs (sinônimos Helminthosporium turcicum Pass.;

Bipolaris turcica (Pass.) Shoemaker; Drechslera turcica (Pass.) Subramanian & P. C.

Jain) (WHITE, 2000). O fungo agente causal da helmintosporiose pertence à Classe dos

Deuteromicetos, ordem Moniliales, família Dematiaceae, tendo como forma sexuada

Setosphaeria turcica (REIS et al., 2004).

O gênero Helminthosporium foi estabelecido em 1809, tendo como espécie

o fungo H. venlutinum. Alguns fitopatógenos de gramíneas pertencentes ao gênero

Helminthosporium diferiam fundamentalmente de H. velutinum. Por existirem tais

diferenças, houve a segregação do gênero Helminthosporium em dois subgêneros:

Cylindro-Helminthosporium e Eu-Helminthosporium com diferenças baseadas na forma

e na germinação dos conídios. Mais tarde, foi estabelecido o gênero Drechslera,

substituindo o subgênero Cylindro-Helminthosporium, caracterizando o gênero com

conídios cilíndricos, germinando de todas as células e associado ao gênero

Pyrenophora. Também o gênero Bipolaris tomou o lugar do subgênero Eu-

Helminthosporium, o qual foi descrito com conídios fusóides, retos e curvados, e com

tubo germinativo em cada extremidade do conídio. Em 1974, criou-se o gênero

Exserohilum para as espécies que apresentavam o hilo conidial protuberante, criando

assim mais uma segregação dentro dos fungos helmintospóricos de gramíneas

(ALCORN, 1988).

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E. turcicum produz conídios de coloração verde-oliva ou marrom-escura,

fusiformes, ligeiramente curvos contendo 3 a 8 septos, medindo de 20 x 105 µm, com

hilo basal saliente e germinação através de tubo germinativo polar. Os conidióforos são

oliváceos, com 2 a 4 septos, medindo de 7-9 x 150-250 µm. A ocorrência da fase sexual

na natureza é rara, podendo ser induzida em condições controladas, com a produção de

peritécios globosos e escuros. As ascas são cilíndricas, contendo de 1 a 8 ascósporos. Os

ascósporos são hialinos, triseptados, retos ou ligeiramente curvos de dimensões de 13-

17 x 42-78 µm (WHITE, 2000).

O fungo sobrevive de um ano para outro nos restos de cultura e sementes na

forma de micélio. A principal via de disseminação dos conídios é pelo vento. A

helmintosporiose ocorre com maior frequência antes da emergência da panícula. A sua

incidência tem sido maior em áreas de plantios de safrinha no centro-oeste e sudeste do

Brasil, favorecida por temperaturas moderadas (18 a 27°C) e alta umidade,

principalmente na forma de orvalho. O patógeno apresenta especificidade para

hospedeiro podendo ocorrer em sorgo, milho e outras gramíneas. Dois tipos de

resistência a esta doença são conhecidos, a poligênica (lesões pequenas e pouco

numerosas) e a monogênica (reações de hipersensibilidade ou ausência de lesões)

(FERREIRA et al., 1986; SILVA et al., 2012b).

Em alta severidade, a doença reduz significativamente a área fotossintética

do sorgo e, em consequência, a quantidade e a qualidade dos grãos e da forragem. A

ocorrência da doença tem aumentado em anos recentes. Os sintomas são lesões

necróticas elípticas que coalescem necrosando grandes áreas nas folhas. A cor da borda

dessas lesões varia de amarelada a avermelhada, dependendo da cultivar de sorgo

(OLIVEIRA et al., 2011)

2.3.3 Ferrugem

A ferrugem é causada por P. purpurea, que por ser um parasita obrigatório,

tem sua sobrevivência de uma estação para outra ocorrendo em hospedeiros vivos como

Sorghum verticilliflorum, Sorghum halepense, entre outros, e plantas remanescentes da

cultura anterior. Tem como condições favoráveis temperaturas mais amenas e alta

umidade. Essa doença pode reduzir o valor da forragem, predispõe as plantas ao ataque

de Fusarium sp. e M. phaseolina e reduz o conteúdo de açúcares no colmo (FERREIRA

et al., 1986; SILVA et al., 2012b).

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O inóculo é constituído pelos uredosporos que são transportados, a longas

distâncias, pelos ventos. Em contato com o hospedeiro e em condições ambientais

favoráveis, estes germinam em uma a duas horas e penetram no hospedeiro através dos

estômatos (FERREIRA et al., 1986).

O sintoma típico é a presença de pústulas de coloração purpura, vermelha ou

palha, dependendo da cultivar de sorgo, presente em ambas as faces das folhas

(OLIVEIRA et al., 2011).

2.3.4 Cercosporiose

O patógeno desta doença é o fungo C. fusimaculans. Sua sobrevivência no

solo se dá em restos de cultura infectados, plantas remanescentes da cultura anterior,

espécies de sorgo selvagem e sementes. Condições quentes e úmidas favorecem o

desenvolvimento e disseminação do fungo. Os conídios constituem o inóculo inicial e

secundário e são disseminados pelos- ventos e chuva. Os conídios germinam e penetram

nas folhas no espaço de 12 horas. Existem relatos da ocorrência de C. fusimaculans em

milho, mas observações de campo e experimentos com inoculações artificiais indicam a

ocorrência de especialização fisiológica (FERREIRA et al., 1986).

Os sintomas aparecem, principalmente, após o florescimento. As lesões nas

folhas são limitadas pelas nervuras cuja cor varia de vermelho-escuro a amarelado,

dependendo da cultivar atacada. O sintoma típico consiste no aparecimento, no interior

das lesões, de pequenas áreas necrosadas circulares, dando-lhes a aparência de um

rosário (FERREIRA et al., 1986).

2.3.5 Mancha alvo

De acordo com Silva et al. (2006), Bipolaris sorghicola (Lefebvre &

Sherwin) Alcorn, foi identificado como o agente etiológico da doença e sugere-se que a

doença seja chamada “mancha alvo”.

Em 1999, a ocorrência de B. sorghicola foi relatada afetando Sorghum

halepense, na região de La Plata, na Argentina. Peng et al. (2016) relataram a infecção

de B. sorghicola em folhas e raízes de sorgo, em plantas de Arabidopsis sp., e cevada

(Hordeum vulgare), podendo até ser agente causal de doenças em cebolas (Allium

cepa), visto que foi relatado o crescimento micelial do fungo sobre e entre as células

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dessa planta. Este fato mostra o potencial do patógeno em causar perdas severas para a

cultura do sorgo no Brasil, que tem, na maior parte das regiões produtoras, condições de

umidade alta e temperaturas que favorecem a ocorrência e disseminação da doença. E

além de ter outras hospedeiras, o patógeno pode sobreviver em restos culturais, o que

torna possível o aumento do inóculo entre plantios (SILVA et al. 2006).

Os sintomas característicos são manchas de forma elíptica, ovais, de cor

roxa escura a vermelho, medindo 0,5 a 1,5 cm de comprimento em média, e dispostas

na direção das nervuras, podendo causar a morte de todo limbo foliar. As colónias de B.

sorghicola em meio de cultura BDA, a pH 6, incubadas a 25ºC por 12 dias são

caracterizadas por cor cinza escuro, com micélio aéreo e bordas irregulares. Conídios

são fusiformes, retos ou ligeiramente curvados, 30-80 x 10-15 µm, 4-8 distoseptos, hilo

não pronunciada; germinação bipolar. O período de incubação da doença é curto,

resultando em uma doença aguda, potencialmente grave e pode atingir níveis

epidêmicos (CÚNDOM et al., 2013).

2.4 Controle químico de doenças foliares do sorgo

O uso de fungicidas para o controle de doenças foliares na cultura ainda é

muito restrito, devido à falta de produtos registrados para essa cultura. Atualmente,

somente dez produtos comerciais de fungicidas estão registrados para o controle de

doenças, sendo quatro para o tratamento de sementes e seis para pulverizações aéreas.

Seis desses produtos são formulados isolados e quatro em misturas. Constam,

atualmente, quatro produtos comerciais a base de tebuconazol (triazol), dois com

captana (dicarboxamida), três com mistura dupla fludioxonil + metalaxil-M (fenilpirrol

+ acilalaninato) onde recentemente registrou-se as misturas epoxiconazol +

piraclostrobina (triazol + estrobilurina), e fluxapiroxade + piraclostrobina (carboxamida

+ estrobilurina), e um em mistura tripla de fludioxonil + metalaxyl-M + tiabendazol

(fenilpirrol + acilalaninato + benzimidazol) (AGROFIT, 2016).

Silva et al. (2014) avaliaram a eficiência fungicida de dez produtos

comerciais, com nove princípios ativos puros ou em misturas, fazendo uma aplicação

aos 40 DAE ou aos 55 DAE ou em ambos os dias, para o controle da helmintosporiose e

seu efeito na qualidade e quantidade de caldo produzido pelo sorgo sacarino, onde

concluíram que fungicidas do grupo dos triazóis e estrobilurinas foram eficientes na

redução da helmintosporiose em sorgo sacarino, relatando que uma aplicação, aos 40

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DAE foi suficiente para reduzir a helmintosporiose. Ainda comentam que fungicidas

eficientes na redução da helmintosporiose aplicados aos 55 e aos 40 e 55 DAE

favoreceram o aumento de sólidos solúveis totais, e que a mistura epoxiconazol +

piraclostrobina favoreceu o aumento do sólidos solúveis totais em todas as épocas de

aplicação, quando comparado aos tratamentos sem aplicação.

Costa et al. (2009) avaliaram a eficiência das formulações comerciais de

fungicidas registrados para o controle de doenças foliares na cultura do milho

tebuconazol + trifloxistrobina, epoxiconazol + piraclostrobina, azoxistrobina +

ciproconazol e propiconazol + triflostrobina, em duas doses para cada mistura

comercial, com uma, duas ou três aplicações, como um componente de manejo da

antracnose do sorgo, onde concluíram que todos os produtos avaliados apresentaram

eficiência em reduzir a severidade da antracnose foliar do sorgo, quando comparados à

testemunha sem tratamento, e que a maior eficiência de controle da doença e os maiores

incrementos de produtividade foram observados para a mistura de epoxiconazol +

piraclostrobina, seguidos de azoxistrobina + ciproconazol. Os autores ainda relatam que

duas ou três aplicações resultaram em melhores níveis de controle da antracnose,

independente da dose utilizada, e que os resultados obtidos evidenciam o potencial de

perda e a importância do manejo da antracnose em genótipos suscetíveis.

Considerando que a helmintosporiose e a ferrugem serão mais severas na

fase vegetativa, e que a antracnose é mais severa a partir do florescimento, deve-se

atentar para sua ocorrência e severidade nestas fases da cultura, o que permite definir

sobre a necessidade de controle. Para o controle da helmintosporiose, uma maior

eficiência tem sido verificada quando a aplicação é realizada entre 40-45 dias após a

emergência (DAE). No caso da antracnose, a maior eficiência da aplicação de fungicida

ocorre entre 60-65 DAE. Vale ressaltar que aplicações realizadas entre 45- 50 dias,

dependendo do produto, terão efeito preventivo para a antracnose (SILVA et al.,

2012b).

Pinto (1999) verificou a eficiência dos fungicidas propiconazol em duas

doses, propiconazol + difenoconazol em duas doses e tebuconazol em dose única, no

controle de ferrugem, antracnose, helmintosporiose e cercosporiose, onde relatou

diminuição das doenças em plantas tratadas com fungicidas comparadas a testemunha

sem aplicação.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Diferentes números de aplicação de fungicida

O experimento foi conduzido em condições de campo, na Fazenda

Experimental de Ciências Agrárias (FAECA) da Universidade Federal da Grande

Dourados (UFGD), em um Latossolo Vermelho distroférrico de textura argilosa, situada

sob a latitude 22º 14’ 02”S, longitude 54º 59’ 14”O, e altitude de 406 m. Os dados

climáticos mensais durante a condução dos ensaios podem ser consultados na Figura 01.

FIGURA 1. Precipitação pluviométrica e temperatura média mensal durante a

condução dos ensaios de safra e safrinha, anos de 2014/2015. Fonte: Embrapa CPAO (2016)

Foram avaliadas duas cultivares de sorgo sacarino (BRS 506 e BRS 511), do

programa de melhoramento genético da Embrapa Milho e Sorgo, em duas épocas de

semeadura: 25 de novembro de 2014, para o ensaio de safra, e 02 de março 2015, para

ensaio de safrinha. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com

quatro repetições, em esquema fatorial 2x4 (cultivares x tratamentos). Os tratamentos

constituíram da aplicação de epoxiconazol + piraclostrobina (50 + 133 g L-1

,

respectivamente - OPERA®) na dose de 0,75 L ha-1

do produto comercial (p.c.), nos

seguintes esquemas: 0 - sem tratamento; 1 - uma aplicação (45 dias após a emergência -

DAE); 2 - duas aplicações (45 e 66 DAE) e 3 - três aplicações (45, 66 e 87 DAE).

0

5

10

15

20

25

30

0

50

100

150

200

250

Novem

bro

Dez

embro

Janei

ro

Fev

erei

ro

Març

o

Abri

l

Maio

Junho

Julh

o

Tem

per

atura

(ºC

)

Pre

cipit

ação

plu

vio

mét

rica

(m

m)

Meses

Precipitação Pluviométrica Temperatura

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As parcelas foram constituídas de sete linhas de cinco metros, espaçadas

0,45 m entre linhas. O preparo do solo foi realizado convencionalmente, com duas

gradagens e uma nivelagem, antes da instalação de cada época dos ensaios. A

semeadura foi realizada mecanicamente, com semeadora de arrasto contendo sete

linhas, regulada sua profundidade de semeadura a 3 cm de profundidade e distribuição

de 10 sementes por metro linear, e na adubação foram utilizados 240 kg ha-1

do

formulado 4-20-20 (N-P-K), incorporado no sulco de plantio via semeadora, regulada

para sete centímetros de profundidade.

A adubação de cobertura foi realizada no estádio V4 da planta, utilizando 40

kg ha-1

de K2O, e 20 kg ha-1

de N, aplicados manualmente a lanço. No tratamento de

sementes foram utilizados os princípios ativos imidacloprid + tiodicarb (150 + 450 g L-

1, respectivamente - CROPSTAR®) na dose de 1,5 L-p.c. 100kg de sementes

-1. O

tratamento foi adicionado à face interna de saco plástico contendo as sementes de cada

cultivar, estes foram inflados com ar e agitados vigorosamente durante dois minutos,

visando a uniformização do tratamento sobre toda a massa de sementes.

Nas aplicações do tratamento, foi utilizado pulverizador costal pressurizado

(CO2) provido de uma barra dotada de seis bicos espaçados 0,5 m entre si. As

pulverizações foram realizadas ao final do período vespertino. A pressão regulada na

barra foi de 350 KPa e o volume de calda ajustado para 200 L ha-1

, com pontas de

pulverização LD-100-02.

Para controle de pragas, foram feitas duas aplicações de metomil (215 g L -1

- LANNATE®) na dose de 0,6 L-p.c. ha-1

, e para controle de plantas daninhas foi feita

uma aplicação de atrazina (500 g L-1

– ATRAZINA NORTOX 500 SC®) na dose de 5,0

L-p.c ha-1

e duas capinas manuais em cada época.

Para efeito das avaliações foi considerada como área útil as três linhas

centrais de cada parcela, descartando-se 0,5 metros das extremidades, e duas linhas de

bordadura de ambos os lados da parcela.

Foram realizadas quatro avaliações de severidade das doenças foliares

ocorrentes na primeira época sendo: aos 48, 62, 79 e 110 dias após a emergência (DAE)

e duas para segunda época sendo: aos 106 e 122 DAE, avaliando 10 plantas por parcela.

As médias de severidade para ferrugem e mancha alvo foram obtidas com o auxílio da

escala diagramática apresentada por Agroceres (1996). As notas de severidade de cada

doença nesta escala variam de 1 a 9 de acordo com a percentagem de área foliar afetada,

em que: 1 (0%), 2 (1%), 3 (>1% e <10%), 4 (>10% e <20%), 5 (>20% e <30%), 6

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15

(>30% e <40%), 7 (>40% e <60%), 8 (>60% e <80%) e 9 (>80%). Já para

helmintosporiose, cercosporiose e antracnose, utilizou-se a escala diagramática da

Embrapa (2012c), sendo, 1 = ausência de sintomas ou apenas poucas lesões nas folhas

inferiores da planta, 2 = até 25% das folhas com lesões, 3 = 26 a 50% das folhas com

lesões, 4 = 51 a 75% das folhas com lesões, 5 = 76 a 100% das folhas com lesões.

Para correta identificação das doenças ocorrentes, logo após a primeira

constatação, amostras de tecido doente das plantas, foram coletadas e levadas para o

Laboratório de Microbiologia Agrícola e Fitopatologia da Universidade Federal da

Grande Dourados – UFGD, onde foram deixadas em câmara úmida por 24 horas,

posteriormente observadas as estruturas dos patógenos em microscópios

estereoscópicos e ópticos, e comparadas à literatura.

A colheita do ensaio da primeira época ocorreu aos 120 DAE e da segunda

época aos 126 DAE. Antes da colheita, foi contabilizado o estande de plantas da área

útil de cada parcela, totalizando 12 metros lineares por parcela. Trinta plantas da área

útil de cada parcela foram colhidas para avaliação da biomassa verde, através da

pesagem da planta inteira (colmo, folha e panícula), e transformados os dados para

biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

), pela equação:

Biomassa verde por hectare = (

)

Estande de plantas por hectare =

MTA = Massa total aferida da parcela (kg parcela-1

)

EST = Estande de plantas por hectare

NPAU = número de plantas da área útil da parcela

MLH = metros lineares em uma hectare = 22.222,22222 metro lineares

Os colmos colhidos foram desfolhados e passados três vezes em moenda

para extração e medição do volume de caldo por parcela. Os dados foram transformados

para volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

), pela equação:

Volume de caldo por hectare = (

)

VCP = volume de caldo da parcela (L parcela-1

)

EST = Estante de plantas por hectare

O teor de sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) foi medido em refratômetro

digital de leitura automática (INSTRUTEMP®, modelo ITREFD 65), fazendo-se três

repetições por parcela, corrigindo os dados observados para temperatura a 20ºC. Antes

da colheita foram medidas a altura, AP (m), e o diâmetro do colmo, DC (mm), de dez

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plantas por parcela. A altura das plantas foi medida como a distância, em metros, da

base dos colmos rente ao solo até a extremidade das panículas, com fita métrica. O

diâmetro de colmo foi medido, em milímetros, na base do solo, com a utilização de um

paquímetro digital.

Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando o software de

análises estatísticas SANEST, e quando significativos foram realizados os testes de

médias, aplicando o teste de Tukey (p<0.05), somente entre os tratamentos. Foi

realizada análise de correlação entre os dados de severidade de doença e as

características de diâmetro de colmo, altura de planta, volume de caldo por hectare,

biomassa verde por hectare e sólidos solúveis totais.

3.2 Com e sem aplicação de fungicida

O experimento foi conduzido em condições de campo, na Fazenda

Experimental de Ciências Agrárias (FAECA) da Universidade Federal da Grande

Dourados (UFGD), em um Latossolo Vermelho distroférrico de textura argilosa, situada

sob a latitude 22º 14’ 02”S, longitude 54º 59’ 14”O, e altitude de 406 m. Os dados

climáticos mensais durante a condução dos ensaios podem ser consultados na Figura 01.

Foram avaliadas duas cultivares de sorgo sacarino (BRS 506 e BRS 511), do

programa de melhoramento genético da Embrapa Milho e Sorgo, semeadas em 02 de

março de 2015. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro

repetições em esquema fatorial 2x2 (cultivar x tratamento). Os tratamentos constituíram

da aplicação de protioconazol + trifloxistrobina (175 + 150 g.L-1

, respectivamente -

FOX®) na dose 0,5 L ha-1

do produto comercial (p.c.) nos seguintes esquemas: com

aplicação, sendo a primeira aos 45 DAE seguidas de mais 4 aplicações a cada 14 dias; e

sem aplicação do fungicida.

As parcelas foram constituídas de sete linhas de cinco metros, espaçadas

0,45 m entre linhas. O preparo do solo foi realizado convencionalmente, com duas

gradagens e uma nivelagem, antes da instalação do ensaio. A semeadura foi realizada

mecanicamente, com semeadora de arrasto contendo sete linhas, regulada sua

profundidade de semeadura a 3 cm de profundidade e distribuição de 10 sementes por

metro linear, e na adubação foram utilizados 240 kg ha-1

do formulado 4-20-20 (N-P-

K), incorporado no sulco de plantio via semeadora, regulada para sete centímetros de

profundidade.

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A adubação de cobertura foi realizada no estádio V4 da planta, utilizando 40

kg ha-1

de K2O, e 20 kg ha-1

de N, aplicados manualmente a lanço. No tratamento de

sementes foram utilizados os princípios ativos imidacloprid + tiodicarb (150 + 450 g L-

1, respectivamente - CROPSTAR®) na dose de 1,5 L-p.c. 100kg de sementes

-1, o

tratamento foi adicionado à face interna de saco plástico contendo as sementes de cada

cultivar, estes foram inflados com ar e agitados vigorosamente durante dois minutos,

visando a uniformização do tratamento sobre toda a massa de sementes.

Nas aplicações do tratamento, foi utilizado o pulverizador costal

pressurizado (CO2) provido de uma barra dotada de seis bicos espaçados 0,5 m entre si.

As pulverizações foram realizadas ao final do período vespertino. A pressão regulada na

barra foi de 350 KPa e o volume de calda ajustado para 200 L ha-1

, com pontas de

pulverização LD-100-02.

Para controle de pragas, foram feitas duas aplicações de metomil (215 g L-1

- LANNATE®) na dose de 0,6 L-p.c. ha-1

, e para controle de plantas daninhas foi feita

uma aplicação de atrazina (500 g L -1

– ATRAZINA NORTOX 500 SC®) na dose de

5,0 L-p.c ha-1

e duas capinas manuais.

Para efeito das avaliações foi considerada como área útil as três linhas

centrais de cada parcela, descartando-se 0,5 metros das extremidades, e duas linhas de

bordadura de ambos os lados da parcela.

Foram realizadas duas avaliações de intensidade de doenças, a primeira aos

106 e a segunda aos 122 DAE, avaliando-se 10 plantas por parcela. As médias de

severidade para ferrugem e mancha alvo foram obtidas com o auxílio da escala

diagramática apresentada por Agroceres (1996). As notas de severidade de cada doença

nesta escala variam de 1 a 9 de acordo com a percentagem de área foliar afetada, em

que: 1 (0%), 2 (1%), 3 (>1% e <10%), 4 (>10% e <20%), 5 (>20% e <30%), 6 (>30% e

<40%), 7 (>40% e <60%), 8 (>60% e <80%) e 9 (>80%). Já para helmintosporiose,

cercosporiose e antracnose, utilizou-se a escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo

(2012c), sendo, 1 = ausência de sintomas ou apenas poucas lesões nas folhas inferiores

da planta, 2 = até 25% das folhas com lesões, 3 = 26 a 50% das folhas com lesões, 4 =

51 a 75% das folhas com lesões, 5 = 76 a 100% das folhas com lesões.

A colheita do ensaio ocorreu aos 126 DAE. Antes da colheita foi

contabilizado o estande de plantas da área útil de cada parcela, totalizando 12 metros

lineares por parcela. Trinta plantas da área útil de cada parcela foram colhidas para

avaliação da biomassa verde, através da pesagem da planta inteira (colmo, folha e

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panícula), e transformado os dados para biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

),

através da equação:

Biomassa verde por hectare = (

)

Estande de plantas por hectare = (

)

MTA = Massa total aferida da parcela (kg parcela-1

)

EST = Estande de plantas por hectare

NPAU = número de plantas da área útil da parcela

MLH = metros lineares em uma hectare = 22.222,22222 metro lineares

Os colmos colhidos foram desfolhados e passados três vezes em moenda

para extração e medição do volume de caldo por parcela; os dados foram transformados

para volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

), através da equação:

Volume de caldo por hectare = (

)

VCP = volume de caldo da parcela (L parcela-1

)

EST = Estante de plantas por hectare

O teor de sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) foi medido em refratômetro

digital de leitura automática (INSTRUTEMP®, modelo ITREFD 65), fazendo-se três

repetições por parcela, corrigindo os dados observados para temperatura a 20ºC. Antes

da colheita foram medidas a altura, AP (m), e o diâmetro do colmo, DC (mm), de dez

plantas por parcela. A altura das plantas foi medida como a distância, em metros, da

base dos colmos rente ao solo até a extremidade das panículas, com fita métrica. O

diâmetro de colmo foi medido, em milímetros, na base do solo, com a utilização de um

paquímetro digital.

Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando o software de

análises estatísticas SANEST, e quando significativos as médias foram comparada ao

próprio teste F (p<0.05). Foi realizada análise de correlação entre os dados de

severidade de doença e as características de diâmetro de colmo, altura de planta, volume

de caldo por hectare, biomassa verde por hectare e sólidos solúveis totais.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Diferentes números de aplicação de fungicida

4.1.1 Ensaio safra

A emergência das plântulas começou a ocorrer aos 5 dias após a semeadura

(DAS), com estabilização do estande de plantas aos 13 DAS. O estande final foi

contabilizado em 159.333 plantas ha-1

, ou seja 7,17 plantas m-1

linear.

Durante o período de condução do ensaio a temperatura média foi de

25,14ºC, com a precipitação pluviométrica acumulada no período de 569,80mm. A

precipitação pluviométrica acumulada e temperatura média dos últimos trinta dias

anteriores à instalação do ensaio foram 189,20 mm e 24,44ºC, respectivamente.

Entre os 24 e 58 dias após a emergência (DAE) (23/12/2014 a 26/01/2015),

houve deficiência hídrica no ensaio devido à falta de precipitação pluviométrica

ocorrida nesse período, com saldo acumulado de apenas 37,7 mm em 35 dias.

Foram observados seis patógenos causadores de doenças no limbo foliar, e

um de panícula. As doenças ocorrentes nesse ensaio foram a helmintosporiose

(Exserohilum turcicum), antracnose (Colletotrichum sublineolum), cercosporiose

(Cercospora fusimaculans), mancha alvo (Bipolaris sorghicola), míldio

(Peronosclerospora sorghi), ferrugem (Puccinia purpurea) e a doença açucarada ou

ergot (Claviceps africana), isso condiz com as observações de Silva et al. (2012a) e

Cota et al. (2009), que também relataram essas doenças em sorgo sacarino no Brasil.

Neste ensaio, somente foram quantificadas a helmintosporiose, antracnose,

cercosporiose e a mancha alvo. O Quadro 1 apresenta o resumo da análise de variância

para as doenças foliares avaliadas.

No que diz respeito ao míldio, somente foi observada sua ocorrência na

cultivar BRS 511, e em todo o seu desenvolvimento, com incidência média, de três

avaliações, na ordem de 10% das plantas. Já no que se refere à ferrugem, essa somente

foi relatada posteriormente a colheita do ensaio, em plantas remanescentes das

bordaduras das parcelas. Esse relato tardio da doença pode estar relacionado às altas

temperaturas e períodos de escassez hídrica, durante a condução do ensaio visto que o

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patógeno é favorecido por temperaturas amenas, elevada umidade relativa do ar e

ocorrência de chuvas finas e orvalho (SILVA et al., 2012b). A doença açucarada foi

presente logo após a emissão da panícula, porém não avaliada.

QUADRO 1. Resumo da análise de variância dos dados de severidade de

helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT); cercosporiose (CER) e

mancha alvo (MAA), em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e

BRS 511, sob três intensidades de tratamentos fungicida e uma

testemunha sem aplicação, UFGD-Dourados, MS, 2016.

FV GL QUADRADO MÉDIO

HEL ANT CER MAA

62 DAE

CULTIVAR 1 1,531250* - - -

Nº DE APLICAÇÕES 3 0,114583NS - - -

CULTIVAR X Nº DE APLICAÇÕES 3 0,114583 NS - - -

RESIDUO 24 0,177083 - - -

CV (%)

24,48 - - -

79 DAE

CULTIVAR 1 8,000000* 1,280000* 5,120000* -

Nº DE APLICAÇÕES 3 0,000000 NS 0,173333 NS 0,065417 NS -

CULTIVAR X Nº DE APLICAÇÕES 3 0,000000 NS 0,141667 NS 0,252500 NS -

RESIDUO 24 0,000000 0,199583 0,167292 -

CV (%)

0,00 23,36 20,78 -

110 DAE

CULTIVAR 1 0,031250 NS 0,525313* 0,125000 NS 7,702812*

Nº DE APLICAÇÕES 3 0,031250 NS 0,153646 NS 1,083333* 1,001146*

CULTIVAR X Nº DE APLICAÇÕES 3 0,031250 NS 0,056146 NS 0,041667 NS 0,576146*

RESIDUO 24 0,031250 0,105938 0,166667 0,186979

CV (%)

8,98 15,95 29,69 15,92 NS

= não significativo; * significativo a 5% ao teste de F; - doença não relatada na data de avaliação.

O efeito do fator cultivar foi significativamente importante no controle de

todas as doenças ocorrentes neste ensaio. O número de aplicações foi significativo para

cercosporiose e mancha alvo aos 110 DAE. A interação significativa dos fatores

estudados foi observada somente aos 110 DAE para mancha alvo.

A helmintosporiose foi a primeira doença ocorrente, e em ambas as

cultivares simultaneamente. Silva et al. (2014) relatam que essa doença pode apresentar

sintomas logo aos 35 DAE, e comentam que a fase da cultura em que a

helmintosporiose ocorre com maior severidade é a fase vegetativa. Essa doença pode ter

se favorecido das temperaturas mais amenas e pela alta precipitação pluviométrica

durante os 23 dias iniciais após a emergência, com saldo acumulado de 113,8 mm e

24,17ºC, visto que a doença e favorecida por temperaturas entre 18 e 27°C e pela

ocorrência de chuvas. Na primeira avaliação aos 48 DAE e na segunda aos 62 DAE foi

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observado somente a helmintosporiose. Não houve efeito estatístico do número de

aplicações do fungicida na quantidade da doença em nenhuma das avaliações para este

ensaio, talvez devido a primeira aplicação ter ocorrido após o estabelecimento da

doença, mesmo que esta, quando detectada, apresentasse com baixa severidade. Silva et

al. (2014) comentam que aplicações entre 40-45 DAE tendem a ser mais eficientes no

controle desta doença que as aplicações mais tardias, quando a doença já atingiu seu

potencial, contudo para esse ensaio a aplicação aos 45 DAE não proporcionou efeito

significativo. A falta de resultados significativos da aplicação aos 45 DAE pode estar

relacionada a fatores climáticos (estresse hídrico) em que se encontravam as plantas no

momento de aplicação. Já no que se refere às aplicações aos 66 e 87 DAE, essas

aplicações não surtiram efeito, mesmo estas aplicados em estágio de turgidez normal da

planta.

Aos 48 DAE, a helmintosporiose ocorreu de forma homogênea entre as

cultivares, não havendo diferenças significativas. Aos 62 e 79 DAE, houve efeito de

cultivares, sendo que a cultivar BRS 511 apresentou intensidade da doença inferior à

BRS 506, nas duas avaliações. Aos 110 DAE, não houve efeito significativo das

cultivares na quantidade da doença, igualando-se as duas cultivares (Quadro 2). Mourão

et al. (2012) afirmam que existe diferença significativa entre os genótipos de sorgo

sacarino quanto à resistência a helmintosporiose, corroborando com este trabalho, nesta

época de ensaio. A resistência genética a ser considerada não se trata da resistência total

da planta à doença, e sim no atraso do estabelecimento da maior severidade da doença à

planta, que para esse ensaio, nesta época de semeadura, demostrou a cultivar BRS 511.

A primeira ocorrência da antracnose foi relatada somente na avaliação dos

79 DAE, em folhas mais velhas do terço inferior das plantas, após início da emissão das

panículas, que ocorreu aos 65 DAE. Ferreira et al. (1986) e Silva et al. (2012b) afirmam

que a partir do florescimento, a antracnose passa a ter maior importância em cultivares

suscetíveis. Houve efeito significativo somente entre as cultivares. No primeiro relato, a

cultivar BRS 506 obteve menor severidade da doença. Na avaliação dos 110 DAE a

cultivar BRS 511 foi menos suscetível a doença (Quadro 2).

A respeito dos tratamentos com fungicida, Moura et al. (2012) concluíram,

em seu trabalho, que duas (40 e 55 DAE) e três (40, 55 e 60 DAE) aplicações de

epoxiconazol + piraclostrobina foram suficientes para o controle efetivo da doença nas

cultivares BRS 310 e BRS 304, respectivamente, não sendo observado o mesmo nas

condições deste ensaio para as cultivares BRS 506 e BRS 511.

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QUADRO 2. Severidade da helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT) e

cercosporiose (CER) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e

BRS 511 em três diferentes datas de avaliação, UFGD-Dourados, MS,

2016.

CULTIVAR DOENÇA

HEL ANT CER

62 DAE

506 1,937b * *

511 1,500a * *

79 DAE

506 2,000b 1,712a 1,568a

511 1,000a 2,112b 2,368b

110DAE

506 1,937a 2,168b 1,312a

511 2,000a 1,912a 1,437a

Médias seguidas da mesma letra minúscula dentro da mesma data na coluna, não diferem entre si pelo

teste de F a 5% de probabilidade respetivamente; *doença não relatada na data de avaliação; para

helmintosporiose (HEL), antracnose (ANT) e cercosporiose (CER), utilizou-se a escala diagramática da

Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas de 1 a 5.

A ocorrência da cercosporiose somente foi observada na avaliação aos 79

DAE, sendo as cultivares significativamente diferentes neste primeiro relato,

demonstrando a cultivar BRS 506 menos suscetível a cercosporiose (Quadro 2). Na

avaliação dos 110 DAE houve efeito do tratamento. Quando as cultivares tratadas com

epoxiconazol + piraclostrobina, a quantidade da doença foi inferior com o maior

numero de aplicações quando comparada a sem tratamento. Três aplicações (45, 66 e 87

DAE) foram mais eficientes na diminuição da cercosporiose comparada com uma (45

DAE) (Quadro 3). Pinto (2003), trabalhando com diferentes fungicidas no controle da

doença açucarada, também relatou eficiência dos fungicidas tebuconazol, fenarimol e

thiabendazol, aplicados três vezes, com intervalos de quatro dias, sendo a primeira após

a antese, no controle da cercosporiose.

A mancha alvo somente foi observada na avaliação dos 110 DAE. Houve

efeito significativo da interação entre as cultivares e os tratamentos. A cultivar BRS

506, quando não tratada com fungicida, diferiu-se da BRS 511 mostrando-se mais

suscetível à doença neste ensaio. Porém a aplicação de fungicida em uma única vez aos

45 DAE foi eficiente no controle da doença, igualando-se as demais aplicações. O

número de aplicações, não foi relevante na redução da doença mesmo que esta seja

detectada somente aos 110 DAE, uma vez que duas ou três aplicações, não resultaram

em incremento na redução da doença quando comparada com uma única aplicação aos

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45 DAE para cultivar BRS 506. Para cultivar BRS 511, mais resistente, não houve

efeito da aplicação de fungicida (Quadro 4).

QUADRO 3. Severidade da helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT) e

cercosporiose (CER), em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e

BRS 511, submetidas a três diferentes números de aplicação do

fungicida epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-Dourados, MS,

2016.

DOENÇA

NÚMERO DE APLICAÇÕES

SEM

APLICAÇÃO 1 2 3

110 DAE

HEL 2,000a 2,000a 1,875a 2,000a

ANT 2,200a 2,037a 2,062a 1,862a

CER 1,750c 1,625bc 1,125ba 1,000a

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha, não diferem entre si ao teste de Tukey a 5% de

probabilidade. Para helmintosporiose (HEL), antracnose (ANT) e cercosporiose (CER), utilizou-se a

escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas de 1 a 5.

QUADRO 4. Severidade da mancha alvo (MAA) aos 110 DAE em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes

números de aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina,

UFGD-Dourados, MS, 2016.

CULTIVAR

NÚMERO DE APLICAÇÕES

SEM

APLICAÇÃO 1 2 3

110 DAE

506 4,000Bb 2,950Aa 3,125Aa 2,750Ab

511 2,250Aa 2,350Aa 2,500Aa 1,800Aa

Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelos

testes de F e Tukey a 5% de probabilidade respectivamente. Para helmintosporiose (HEL), antracnose

(ANT) e cercosporiose (CER), utilizou-se a escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas

de 1 a 5. Para mancha alvo, utilizou-se a escala diagramática apresentada por Agroceres (1996), notas de

1 a 9.

Para as características agronômicas estudadas, não foram observadas

diferenças significativas entre os tratamentos utilizados, somente havendo diferenças na

altura de planta e biomassa verde por hectare entre as cultivares. No Quadro 5

apresenta-se o resumo da análise variância para os características agronômicas.

A cultivar BRS 511 apresentou maior altura de planta e maior quantidade de

biomassa quando comparada a cultivar BRS 506. Esses dados estão de acordo com

Embrapa (2012a,b), empresa responsável pelas cultivares, que também relatam maiores

altura de planta e biomassa verde para cultivar BRS 511. Não houve efeito significativo

no volume de caldo e no teor de sólidos solúveis totais (Quadro 6).

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Silva et. al. (2014), avaliando dez produtos comerciais, com nove princípios

ativos puros ou em misturas no controle de helmintosporiose na cultivar de sorgo

sacarino CMSXS 633, não observaram efeito da aplicação de fungicidas, épocas de

aplicação ou de sua interação nos valores de biomassa verde e volume de caldo na

condução dos trabalhos por eles realizados.

QUADRO 5. Resumo da Análise de Variância para diâmetro do colmo, DC (mm);

altura de planta, AP (m); biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

);

volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

); sólidos solúveis totais, SST

(ºBRIX) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511

submetidas a três diferentes números de aplicação do fungicida

epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016.

FV GL QUADRADO MÉDIO

DC AP BVH VCH SST

CULTIVAR 1 0,705078 NS 0,803278* 967,450078* 10421313.031878 NS 0,976503 NS

TRATAMENTO 3 0,615186 NS 0,005103 NS 44,215578 NS 8584097.396670 NS 0,578511 NS

CULTIVAR X TRATAMENTO 3 0,100886 NS 0,009486 NS 35,070453 NS 1534450.821453 NS 0,191453 NS

RESIDUO 24 0,421457 NS 0,011134 NS 55,431609 NS 4278408.657514 NS 0,334776 NS

CV (%)

4,07 4,29 14,08 27,50 3,03

NS= não significativo;

* significativo a 5% ao teste de F.

Na análise de correlação, entre a severidade das doenças ocorrentes e as

características agronômicas estudadas, foram encontrados coeficientes significativos de

correlação, negativo e positivo (Quadro 7). Todas as doenças apresentaram pelo menos

um tipo de correlação para cada avaliação. Na maioria das vezes essa correlação foi

negativa, com isso pode-se inferir a diminuição dos fatores estudados quando da

presença de doenças, mostrando que o controle, pode ser de grande importância para

que a planta possa expressar seu máximo potencial produtivo.

QUADRO 6. Diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa verde

por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

) e

sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX), em duas cultivares de sorgo

sacarino BRS 506 e BRS 511, UFGD-Dourados, MS, 2016.

CULTIVAR

CARACTERÍSTICA AGRONÔMICA

DC AP BVH VCH SST

506 15,800a 2,302b 47,386b 6951,184a 19,263a

511 16,097a 2,619a 58,383a 8092,527a 18,913a

Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de F a 5% de

probabilidade.

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A severidade da helmintosporiose correlacionou-se de forma negativa nas

avaliações aos 62 e 79 DAE para altura de planta e biomassa verde por hectare,

demonstrando diminuição destas características quando da ocorrência da doença. Houve

também, para mesma doença, uma correlação positiva no diâmetro do colmo para a

avaliação aos 110 DAE. A correlação negativa sobre a biomassa verde pode ser refletida

pela diminuição da altura da planta por essa doença. A biomassa é de grande

importância para indústria processadora do sorgo, visto que esse material é matéria

prima na cogeração de energia.

QUADRO 7. Análise de correlação da severidade das doenças ocorrentes ente diâmetro

do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa verde por

hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

) e

sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) de duas cultivares BRS 506 e BRS

511, UFGD-Dourados, MS, 2016

DOENÇA CARACTERÍSTICA AGRONÔMICA

DC AP BVH VC SST

HELMINTOSPORIOSE 62 DAE 0.0787813NS -0.5816391* -0.4817409* -0.4817409 NS 0.2723321 NS

HELMINTOSPORIOSE 79 DAE -0.2331726 NS -0.8490580* -0.6176866* -0.2695241 NS 0.2916340 NS

ANTRACNOSE 79 DAE 0.4543298* 0.1597473 NS 0.0791189 NS -0.0331509 NS -0.2643565 NS

CERCOSPORIOSE 79 DAE 0.1713603 NS 0.6119977* 0.3122471 NS 0.1509029 NS -0.3333652 NS

HELMINTOSPORIOSE 110 DAE 0.3693290* 0.0971519 NS 0.1015829 NS -0.0918741 NS -0.1087148 NS

ANTRACNOSE 110 DAE 0.2771709 NS -0.6396119 NS -0.5899080* -0.4066256* 0.0624681 NS

CERCOSPORIOSE 110 DAE 0.2161039 NS 0.0825882 NS 0.0900899 NS -0.1071161 NS -0.3502239*

MANCHA ALVO 110 DAE 0.0833319 NS -0.7616789* -0.6208037* -0.4072753* 0.1201176 NS

NS = Coeficientes não significativos; * Coeficientes significativos a 5% de probabilidade

A severidade da antracnose aos 79 DAE correlacionou-se positivamente

com o diâmetro do colmo, contudo aos 110 DAE o efeito da correlação foi negativo

para biomassa verde e volume de caldo. Segundo Mourão et al. (2012), existe

correlação negativa entre a severidade da antracnose e teor de açúcares em sorgo

sacarino, porém não foi observada essa correlação nas condições deste ensaio. Assim

como a biomassa, o volume de caldo é importante na indústria de etanol, pois a maior

extração deste produto resultara no maior rendimento industrial.

Para cercosporiose aos 79 DAE, houve correlação positiva com altura de

planta, e aos 110 DAE correlacionou-se negativamente ao teor de sólidos solúveis

totais. Um dos principais atributos para que se possa aferir a qualidade de plantas

produtoras de biocombustíveis é o teor de sólidos solúveis totais contidos no caldo.

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A mancha alvo teve forte correlação negativa na altura de planta, biomassa

verde por hectare e volume de caldo hectare. Essa doença, mesmo sendo observada

somente aos 110 DAE, mostrou-se correlacionada com redução na qualidade da planta e

o seu máximo rendimento.

As doenças ocorrentes neste ensaio podem ter interferido negativamente,

nas características agronômicas estudas, e evidenciam perdas na qualidade da planta. Os

prejuízos causados pelas doenças vão além das perdas na qualidade e na quantidade de

biomassa verde, podendo afetar os atributos desde o diâmetro do colmo até o teor de

sólidos solúveis totais que é importante indicador de qualidade para indústria

processadora. Segundo Mourão et al. (2012), as doenças podem causar reduções da área

fotossintética com consequente perda na produção de grãos, forragem e de açúcares no

colmo e, portanto, produtores e pesquisadores devem considerar que, para osorgo

sacarino atingir o máximo de seu potencial produtivo, o manejo adequado da cultura

que resulte em redução de doenças deverá ser prioritário.

4.1.2 Ensaio safrinha

A emergência das plântulas começou a ocorrer aos 6 dias após a semeadura

(DAS), com estabilização do estande de plantas aos 11 DAS. O estande final foi

contabilizado em 114.000 planta ha-1

, ou seja 5,13 plantas por metro linear.

Durante o período de condução do ensaio, a temperatura média foi de

21,12ºC, com a precipitação pluviométrica acumulada no período de 611,4mm. A

precipitação pluviométrica acumulada e temperatura média dos últimos trinta dias

anteriores à instalação do ensaio foram de 185,20 mm e 25,20ºC, respectivamente.

As condições climáticas para o desenvolvimento deste ensaio foram

melhores que as relatadas nas condições de safra. Não houve um grande período de

déficit hídrico, e as temperaturas foram mais amenas, o que pode ter favorecido a

presença da ferrugem no ensaio.

Foram observadas as mesmas doenças ocorrentes no primeiro ensaio (safra).

Para efeito da analise estatística foi acrescentada a ferrugem, que foi ocorrente durante

as avaliações neste ensaio. Míldio e a doença açucarada também foram presentes, e na

mesma incidência de severidade do ensaio de safra. No Quadro 8, apresenta-se o

resumo da análise de variância para as doenças foliares avaliadas neste ensaio.

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Na análise de variância para intensidade de doenças, foi possível constatar

efeito de cultivares apenas para a mancha alvo, na primeira e segunda avaliação (106 e

122 DAE). O efeito do número de aplicações de fungicida foi constatado para todas as

doenças nas duas avaliações, nas condições deste ensaio, corroborando com as análises

visuais das parcelas, pois quando utilizado o fungicida, mesmo que apenas uma única

aplicação, o efeito visual da parcela foi de melhor aparência (Figura 2). O efeito da

interação cultivar x fungicida somente foi observada, na segunda avaliação, para

helmintosporiose e ferrugem.

QUADRO 8. Resumo da análise de variância dos dados de severidade de

helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT); cercosporiose (CER);

mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em duas cultivares de sorgo

sacarino BRS 506 e BRS 511, sob três intensidades de tratamentos

fungicida e uma testemunha sem aplicação, UFGD-Dourados, MS,

2016.

FV GL QUADRADO MÉDIO

HEL ANT CER MAA FER

106 DAE

CULTIVAR 1 0.0028125 NS 0.0050000 NS 0.0028103 NS 4.9612511* 0.3003104 NS

Nº DE APLICAÇÕES 3 0.1136458* 0.5587499* 4.6361450* 2.2625000* 9.3211454*

CULTIVAR X Nº APLICAÇÕES 3 0.0019792 NS 0.0541666 NS 0.0378133 NS 0.1270833 NS 0.2328131 NS

RESIDUO 24 0.0132292 0.0239583 0.1367709 0.1045833 0.4115626

CV (%)

9,66 11,10 19,56 14,53 29,88

122 DAE

CULTIVAR 1 0.0078109 NS 0.0112545 NS 0.0112518 NS 8.8199986* 0.0153077 NS

Nº DE APLICAÇÕES 3 0.7853120* 0.6845848* 4.9412506* 1.2645830* 32.6336436*

CULTIVAR X Nº APLICAÇÕES 3 0.1094797* 0.0879151 NS 0.0645827 NS 0.0733339 NS 0.9894809*

RESIDUO 24 0.0278126 0.0437498 0.0620832 0.0822917 0.2928127

CV (%)

12,38 14,36 13,79 12,57 21,35 NS

= não significativo; * significativo a 5% ao teste de F.

A helmintosporiose foi ocorrente, e em ambas as cultivares

simultaneamente. Não houve efeito estatístico das cultivares na quantidade da doença

em nenhuma das avaliações, nas condições deste ensaio. As aplicações de epoxiconazol

+ piraclostrobina foram eficientes na redução da doença. Uma única aplicação aos 45

DAE obteve diminuição na quantidade da doença, igualando estatisticamente a duas (45

+ 66 DAE) e três (45 + 66 + 87 DAE). Silva et al. (2014), trabalhando com

epoxiconazol + piraclostrobina no controle da helmintosporiose na cultura do sorgo,

relatam que o princípio ativo piraclostrobina, puro ou nas misturas com o epoxiconazol,

chama a atenção quanto à eficiência, já que para o epoxiconazol isoladamente não se

observou a mesma eficiência que suas misturas.

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O fato de a aplicação ter apresentado resultado no ensaio de safrinha e não

no de safra pode estar relacionado às condições do clima e da planta. A primeira

aplicação do fungicida neste ensaio ocorreu com a planta em estado de turgidez normal,

sem apresentação visual de qualquer estresse climático. Contudo, podemos inferir que

com apenas uma aplicação aos 45 DAE há diminuição significativa na quantidade da

doença a campo na condição em que este ensaio foi tratado (Quadro 9). Silva et al.

(2014) comentam que aplicações entre 40-45 DAE tendem a ser mais eficientes no

controle que as aplicações mais tardias, quando a doença já atingiu seu potencial.

FIGURA 2. (A) parcela que recebeu o tratamento fungicida, imagem fotografada aos

122 DAE; (B) parcela sem tratamento fungicida, imagem fotografada aos 122 DAE.

Na interação significativa entre os fatores cultivar x tratamentos, na

avaliação aos 122 DAE, foi constatada diferença entre as cultivares quando não

tratadas, demostrando a cultivar BRS 511 com maior quantidade da doença comparada

a BRS 506. Contudo uma única aplicação foi suficiente para que essa diferença não

fosse detectada (Quadro 10).

Para a antracnose, foi observado diferenças significativas apenas entre os

tratamentos nas duas avaliações (Quadro 9). Na primeira avaliação, aos 106 DAE, uma

única aplicação aos 45 DAE de epoxiconazol + piraclostrobina, foi eficiente na redução

da doença, notando-se uma menor severidade de antracnose quando comparada com a

testemunha (sem aplicação), e igualando-se a duas (45 + 66 DAE) e três (45 + 66 + 87

DAE) aplicações do fungicida. Já na segunda avaliação, observou-se maior controle da

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doença à medida que se aumentou o número de aplicações quando comparada a

testemunha sem aplicação, o que está de acordo com a afirmação de Costa et al. (2009),

que comentam que no caso de ocorrência de antracnose, poderá ser necessário um maior

número de aplicações, já que ela é mais severa a partir da fase reprodutiva do sorgo e

que o período residual dos fungicidas dos grupos triazóis e estrobilurinas está em torno

de 20 dias, de modo que aplicações aos 45 DAE podem diminuir o inóculo inicial de C.

sublineolum, porém a cultura ficaria desprotegida na fase de florescimento.

QUADRO 9. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT), cercosporiose

(CER), mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER) em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes números

de aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-

Dourados, MS, 2016.

DOENÇA

NÚMERO DE APLICAÇÕES

SEM

APLICAÇÃO 1 2 3

106 DAE

HEL 1,350b 1,212ab 1,112a 1,087a

ANT 1,775b 1,362a 1,250a 1,187a

CER 2,962c 1,900b 1,400ab 1,300a

MAA 2,962c 2,265b 1,875ab 1,800a

FER 3,687b 2,050a 1,612a 1,237a

122 DAE

ANT 1,825c 1,550bc 1,275ab 1,175a

CER 2,850c 1,975b 1,200a 1,200a

MAA 2,650b 2,600b 1,925a 1,950a

FER 5,487c 2,187b 1,225a 1,237a

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha, não diferem entre si ao teste de Tukey a 5% de

probabilidade. Para helmintosporiose (HEL), antracnose (ANT) e cercosporiose (CER), utilizou-se a

escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas de 1 a 5. Para mancha alvo, utilizou-se a

escala diagramática apresentada por Agroceres (1996), notas de 1 a 9.

QUADRO 10. Severidade da helmintosporiose (HEL) aos 122 DAE em duas cultivares

de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes

números de aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina,

UFGD-Dourados, MS, 2016.

CULTIVAR

NÚMERO DE APLICAÇÕES

SEM

APLICAÇÃO 1 2 3

HEL – 122 DAE

506 1,625Ab 1,275Aa 1,250Aa 1,175Aa

511 2,000Bb 1,225Aa 1,100Aa 1,125Aa

Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste

de F e Tukey a 5% de probabilidade respectivamente. Para helmintosporiose (HEL), utilizou-se a escala

diagramática da Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas de 1 a 5.

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Para cercoporiose, foi observado efeito significativo dos tratamentos sobre a

doença nas duas avaliações. Pode-se observar que, à medida que foi aumentando o

número de tratamentos, houve uma diminuição na quantidade da doença nas condições

estudadas, podendo-se inferir que o controle da cercosporiose e a obtenção dos

melhores resultados quanto à severidade da doença podem ser obtidos com duas (45 e

66 DAE) e três (45 + 66 + 87 DAE) aplicações dos fungicidas epoxiconazol +

piraclostrobina. Uma única aplicação aos 45 DAE diferiu-se da sem tratamento, porém

com resultados inferiores as demais aplicações (Quadro 9).

Para mancha alvo, foi detectado efeito significativo entre as cultivares e os

tratamentos nas duas avaliações nas condições do ensaio. Para o fator cultivar foi

observada maior quantidade da doença na cultivar BRS 506 nas duas avaliações

(Quadro 11). Quanto ao fator tratamento foi observado que duas aplicações (45 + 66

DAE) de epoxiconazol + piraclostrobina foi o suficiente para se obter os mesmos

resultados de três (45 + 66 + 87 DAE) aplicações. Uma única aplicação diferiu-se

apenas na primeira avaliação, mostrando-se estatisticamente igual a sem tratamento na

segunda avaliação (Quadro 9).

Para ferrugem, houve efeito significativo entre os tratamentos nas duas

avaliações e interação dos fatores cultivar x tratamentos para a avaliação aos 122 DAE.

Na primeira avaliação, para uma (45 DAE), duas (45 + 66 DAE) e três (45 + 66 + 87

DAE) aplicações de epoxiconazol + piraclostrobina, nota-se uma menor severidade da

doença quando comparada com a testemunha (sem aplicação), não havendo diferença

entre as aplicações com fungicidas (Quadro 9). Na segunda avaliação, para o efeito do

número de aplicações do fungicida também se observou diferenças, duas e três

aplicações do fungicida apresentaram melhores resultados na cultivar BRS 506 aos

demais tratamentos, já na cultivar BRS 511 apenas uma aplicação aos 45 DAE foi

suficiente para diminuição da doença. Quanto as cultivares, sem tratamento foram

observadas maiores quantidades da doença na cultivar BRS 511, bastando-se apenas

uma aplicação para que se tornassem significativamente semelhantes. Ambas as

cultivares quando não tratadas apresentaram maior quantidade da doença em relação a

qualquer tratamento fungicida (Quadro 12).

Na análise de variância para características agronômicas, foi possível

constatar diferenças significativas para o diâmetro de colmo e altura de planta entre as

cultivares e sólidos solúveis totais entre os tratamentos. Assim, pode-se inferir que há

diferença de comportamento agronômico entre os genótipos avaliados e os tratamentos

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podem interferir nos teores de açúcares finais. O efeito da interação cultivar x fungicida

não foi constatado (Quadro 13).

QUADRO 11. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT);

cercosporiose (CER); mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em

duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511 em duas

avaliações, UFGD-Dourados, MS, 2016.

CULTIVAR DOENÇA

HEL ANT CER MAA FER

106 DAE

506 1,200a 1,381a 1,900a 2,618b 2,243a

511 1,181a 1,406a 1,881a 1,831a 2,050a

122 DAE

506 1,331a 1,437a 1,787a 2,806b *

511 1,362a 1,475a 1,825a 1,756a *

Médias seguidas da mesma letra minúscula dentro da mesma data na coluna, não diferem entre si pelo

teste de F a 5% de probabilidade. *consultar Quadro 12. Para helmintosporiose (HEL), antracnose (ANT)

e cercosporiose (CER), utilizou-se a escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas de 1 a

5. Para mancha alvo, utilizou-se a escala diagramática apresentada por Agroceres (1996), notas de 1 a 9.

QUADRO 12. Severidade da ferrugem (FER) aos 122 DAE em duas cultivares de sorgo

sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes números de

aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-Dourados,

MS, 2016.

CULTIVAR

NÚMEROS DE APLICAÇÕES

SEM

APLICAÇÃO 1 2 3

FER – 122 DAE

506 4,975Ca 2,500Ba 1,225Aa 1,350Aa

511 6,000Bb 1,875Aa 1,225Aa 1,125Aa

Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste

F e Tukey a 5% de probabilidade respectivamente. Para ferrugem (FER), utilizou-se a escala diagramática

apresentada por Agroceres (1996), notas de 1 a 9.

A cultivar BRS 506 apresentou, nas condições do ensaio, menor diâmetro

do colmo e menor altura de plantas (Quadro 14). As diferenças significativas

encontradas no diâmetro do colmo e altura de plantas parecem estar mais relacionadas a

fatores genéticos intrínsecos às cultivares, do que as condições do ensaio.

O teor de sólidos solúveis totais aumentou com a aplicação de fungicida,

embora não tenha variado com o numero de aplicações (Quadro 15). De acordo com

Silva et al. (2014), a mistura epoxiconazol + piraclostrobina favoreceu o aumento de

sólidos solúveis totais em todas as épocas de aplicação, quando comparado aos

tratamentos sem aplicação. Este resultado está de acordo com Costa et al. (2009), que

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dizem que estando as doenças controladas no período de início de acúmulo de açúcares,

a planta terá mais recursos de seu metabolismo disponíveis para produzir os açúcares.

No caso do sorgo sacarino, garantir a produção de açúcares está relacionado ao maior

rendimento de etanol.

QUADRO 13. Resumo da Análise de Variância para diâmetro do colmo, DC (mm);

altura de planta, AP (m); biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

);

volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

); sólidos solúveis totais, SST

(ºBRIX) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511

submetidas a três diferentes números de aplicação do fungicida

epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016.

FV GL

QUADRADO MÉDIO

DC AP BVH VC SST

CULTIVAR 1 37.5626624* 0.1785030* 133.720771NS 87301.6720971 NS 4.5748892 NS

Nº DE APLICAÇÕES 3 0.7775297 NS 0.0184864 NS 71.728305 NS 9788119.8449466 NS 37.9351709*

CULTIVAR X Nº APLICAÇÕES 3 3.3611533 NS 0.0098281 NS 98.844701 NS 1464915.3996479 NS 3.7603477 NS

RESIDUO 24 1.5760239 0.0133010 64.549934 NS 5335849.3265293 1.6462143

CV (%)

7,54 4,78 22.29 28,44 7,64

NS = não significativo;

* significativo a 5% ao teste de F.

QUADRO 14. Diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa

verde por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L

ha-1

) e sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX), em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, UFGD-Dourados, MS, 2016.

CULTIVAR CARACTERÍSTICA AGRONÔMICA

DC AP BVH VC SST

506 15,556b 2,336b 38,085a 8069,136a 16,414a

511 17,723a 2,485a 33,997a 8173,631a 17,172a

Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si no teste de F a 5% de

probabilidade.

Na análise de correlação, observou-se que a intensidade de doenças

correlacionou-se fortemente com a redução do teor de sólidos solúveis totais (ºBRIX).

A correlação entre a severidade de doenças e o teor de sólidos solúveis totais, foi

negativa próxima a -1 (alta correlação), não foi observa correlação significativa para

produção de biomassa verde por hectare nesta época de semeadura (Quadro 16).

De acordo com Cota et al. (2010), isto significa que com o aumento da

severidade das doenças, houve redução no teor de açúcares no colmo. Esta correlação

das doenças com o teor de açúcares no colmo, além da perda de área foliar disponível

para a planta utilizar em seu metabolismo, pode ser influenciada, também, pela

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coincidência na época de ocorrência da doença e acúmulo de açúcares pela planta,

ambos próximos do florescimento.

QUADRO 15. Diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa verde

por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

) e

sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX), em duas cultivares de sorgo

sacarino BRS 506 e BRS 511, submetidas a três diferentes números de

aplicação do fungicida epoxiconazol + piraclostrobina, UFGD-

Dourados, MS, 2016.

CARACTERÍSTICA

AGRONÔMICA

NÚMEROS DE APLICAÇÕES

SEM

APLICAÇÃO 1 2 3

DC 16,478a 17,092a 16,398a 16,588a

AP 2,393a 2,481a 2,372a 2,396a

BVH 33,374a 34,132a 40,013a 36,646a

VC 9564,352a 7563,157a 8344,369a 7013,658a

SST 13,700b 16,845a 18,252a 18,382a

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha, não diferem entre si ao teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

QUADRO 16. Análise de correlação da severidade das doenças ocorrentes entre

diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa verde

por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

) e

sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) de duas cultivares BRS 506 e BRS

511, UFGD-Dourados, MS, 2016

DOENÇAS CARACTERÍSTICA AGRONÔMICA

DC AP BVH VCH SST

FERRUGEM 114 DAE -0,00504NS -0,04507 NS -0,27932NS 0,34571* -0,85194*

ANTRACNOSE 114 DAE 0,06944 NS 0,07934 NS -0,32839 NS 0,28311 NS -0,85362*

CERCOSPORIOSE 114 DAE -0,02039 NS 0,12227 NS -0,23315 NS 0,35491* -0,84771*

HELMINTO SPORIOSE 114 DAE 0,04989 NS 0,08866 NS -0,21879 NS 0,15453 NS -0,72814*

MANCHA ALVO 114 DAE -0,36777* -0,25020 NS -0,08830 NS 0,28484 NS -0,76951*

FERRUGEM 130 DAE -0,03874 NS -0,02384 NS -0,24421 NS 0,36154* -0,81416*

ANTRACNOSE 130 DAE -0,04566 NS -0,08031 NS -0,13381 NS 0,34388 NS -0,52066*

CERCOSPORIOSE 130 DAE 0,06339 NS 0,11243 NS -0,27189 NS 0,23094 NS -0,73210*

HELMINTOSPORIOSE 130 DAE -0,05359 NS 0,00257 NS -0,14784 NS 0,44251* -0,70979*

MANCHA ALVO 130 DAE -0,43851* -0,30517 NS 0,04877 NS 0,11580 NS -0,44864*

NS = Coeficientes não significativos; * Coeficientes significativos a 5% de probabilidade

Vale ressaltar que a concentração de sólidos solúveis (ºBRIX) tem sido

largamente empregada pelas indústrias de produção de açúcar e álcool como principal

parâmetro para estimar a concentração de açúcares presente no caldo (TSUCHIHASHI

e GOTO, 2004).

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Silva et al. (2014) observaram uma correlação entre a helmintosporiose e o

teor de sólidos solúveis totais de -0,15, e comentam que este valor indica que houve

uma baixa correlação entre as variáveis, porém indica que o aumento na doença resulta

em redução de açúcares no colmo. Os mesmos autores ainda comentam que a baixa

correlação entre a helmintosporiose e o teor de açúcares, pode ter ocorrido em função da

época de ocorrência da doença, antes do florescimento e a época de aumento na

concentração dos açúcares que tende a aumentar após o florescimento.

Mourão et al. (2012) avaliando 25 genótipos, obtiveram menores valores de

sólidos solúveis totais (11,4 a 13,7° BRIX), quando observou-se uma maior severidade

da antracnose nas cultivares estudadas, obtendo alto coeficiente de correlação (-0,70), já

no caso da ferrugem, não observaram esta relação.

4.2 Com e sem aplicação de fungicida

A emergência das plântulas começou a ocorrer aos 6 dias após a semeadura

(DAS), com estabilização do estande de plantas aos 11 DAS. O estande final foi

contabilizado em 118.222 planta ha-1

, ou seja 5,32 plantas por metro linear.

Durante o período de condução do ensaio, a temperatura média foi de

21,12ºC, com a precipitação pluviométrica acumulada no período de 611,4mm. A

precipitação pluviométrica acumulada e temperatura média dos últimos trinta dias

anteriores à instalação do ensaio foi de 185,20 mm e 25,20ºC, respectivamente.

Foram observadas as mesmas doenças ocorrentes no experimento anterior.

Para efeito da analise estatística foram avaliadas a helmintosporiose, antracnose,

cercosporiose, mancha alvo e ferrugem. No Quadro 17, apresenta-se o resumo da

análise de variância para as doenças foliares avaliadas neste ensaio.

Na análise de variância para quantidade de doenças, foi possível constatar

diferenças significativas para helmintosporiose e cercosporiose, quanto à fonte de

variação cultivar para primeira avaliação aos 106 DAE e cercosporiose na segunda

avaliação aos 122 DAE. Assim pode-se inferir que há diferenças na reação da

severidade da helmintosporiose e cercosporiose entre as cultivares avaliadas. O efeito

do tratamento fungicida foi constatado para antracnose, cercosporiose e ferrugem na

primeira avaliação e cercosporiose e ferrugem na segunda avaliação, nas condições

deste ensaio. O efeito da interação cultivar x fungicida somente foi observada na

segunda avaliação aos 122 DAE para cercosporiose.

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QUADRO 17. Resumo da análise de variância dos dados de intensidade de

helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT); cercosporiose (CER);

mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em duas cultivares de sorgo

sacarino BRS 506 e BRS 511, com e sem aplicação de fungicida,

UFGD-Dourados, MS, 2016.

FV GL QUADRADO MÉDIO

HEL ANT CER MAA FER

106 DAE

CULTIVAR 1 0,075625* 0,062500 NS 1,890625* 0,090000 NS 0,160000NS

Nº DE APLICAÇÕES 1 0,030625 NS 0,490000* 1,755625* 0,160000 NS 3,802500*

CULTIVAR X Nº DE APLICAÇÕES 1 0,050625 NS 0,122500 NS 0,225625 NS 0,090000 NS 1,000000 NS

RESIDUO 12 0,015625 0,081250 0,111042 0,191667 0,262917

CV (%)

10,58 20,00 19,82 21,89 20,82

122 DAE

CULTIVARES 1 0,022500 NS 0,002500 NS 1,890625* 0,015625 NS 1,755625 NS

Nº DE APLICAÇÕES 1 0,090000 NS 0,250000 NS 2,480625* 0,765625 NS 15,015625*

CULTIVAR X Nº DE APLICAÇÕES 1 0,010000 NS 0,002500 NS 0,680625* 0,050625 NS 1,625625 NS

RESIDUO 12 0,042917 0,545830 0,047292 0,172708 1,352292

CV (%)

16,41 15,32 12,38 17,18 40,36

NS = não significativo;

* significativo a 5% ao teste de F.

Para helmintosporiose houve diferença significativa apenas entre as

cultivares para a avaliação aos 106 DAE. A cultivar BRS 511 apresentou menor

quantidade da doença (Quadro 18).

QUADRO 18. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT);

cercosporiose (CER); mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER), em

duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511 em duas

avaliações, UFGD-Dourados, MS, 2016.

CULTIVAR DOENÇAS

HEL ANT CER MAA FER

106 DAE

506 1,250b 1,362a 1,337a 1,925a 2,562a

511 1,112a 1,487a 2,025b 2,075a 2,362a

122 DAE

506 1,225a 1,512a 1,412a 2,450a 3,215a

511 1,300a 1,537a 2,100b 2,387a 2,550a

Médias seguidas da mesma minúscula na coluna dentro da mesma avaliação, não diferem entre si pelo

teste de F a 5% de probabilidade. Para helmintosporiose (HEL), antracnose (ANT) e cercosporiose

(CER), utilizou-se a escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas de 1 a 5. Para mancha

alvo, utilizou-se a escala diagramática apresentada por Agroceres (1996), notas de 1 a 9.

O efeito significativo para antracnose só foi relatado entre os tratamentos na

primeira avaliação aos 106 DAE. Quando as cultivares foram tratadas com

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protioconazol + trifloxistrobina, houve diminuição na quantidade da doença (Quadro

19).

QUADRO 19. Severidade de helmintosporiose (HEL); antracnose (ANT), cercosporiose

(CER), mancha alvo (MAA) e ferrugem (FER) em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, com ou sem tratamento dos

fungicidas protioconazol + trifloxistrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016.

TRATAMENTO DOENÇAS

HEL ANT CER MAA FER

106 DAE

COM 1,137a 1,250a 1,350a 1,900a 1,975a

SEM 1,225a 1,600b 2,012b 2,100a 2,950b

122 DAE

COM 1,187a 1,400a 1,362a 2,200a 1,912a

SEM 1,337a 1,650a 2,150b 2,637a 3,850b

Médias seguidas da mesma minúscula na coluna dentro da mesma avaliação, não diferem entre si pelo

teste de F a 5% de probabilidade. Para helmintosporiose (HEL), antracnose (ANT) e cercosporiose

(CER), utilizou-se a escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo (2012), notas de 1 a 5. Para mancha

alvo, utilizou-se a escala diagramática apresentada por Agroceres (1996), notas de 1 a 9.

Para cercosporiose, na primeira avaliação aos 106 DAE, houve efeito

significativo entre as cultivares e os tratamentos. A cultivar BRS 506 apresentou menor

quantidade da doença nas duas avaliações (Quadro 18). O tratamento também diminuiu

a severidade da doença, comparada a sem tratamento. Na segunda avaliação aos 122

DAE, houve efeito significativo da interação tratamento x cultivar (Quadro 20). A

cultivar BRS 511 apresentou maior quantidade da doença em relação a cultivar BRS

506, quando não tratadas, demostrando diferença na susceptibilidade entre as cultivares.

Não houve diferenças entre as cultivares quando tratadas na segunda avaliação. O

tratamento com protioconazol + trifloxistrobina reduziu a severidade da doença.

QUADRO 20. Severidade da cercosporiose (CER) aos 122 DAE, em duas cultivares de

sorgo sacarino BRS 506 e BRS 511, com e sem aplicação do fungicida

protioconazol + trifloxistrobina, UFGD-Dourados, MS, 2016.

CULTIVAR TRATAMENO

COM SEM

BRS 506 1,225Aa 1,600Ba

BRS 511 1,500Aa 2,700Bb

Letra minúscula iguais na coluna e letras maiúsculas na linha, não difere pelo teste de F a 5% de

probabilidade. Para cercosporiose (CER), utilizou-se a escala diagramática da Embrapa Milho e Sorgo

(2012), notas de 1 a 5.

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A mancha alvo foi relatada em ambas as avaliações, contudo não houve

efeito significativo de nenhum dos fatores estudados para doença, neste ensaio.

Para a ferrugem, somente foi observada diferença entre os tratamentos nas

duas avaliações. Quando utilizado o fungicida protioconazol + trifloxistrobina houve

redução significativa da severidade da doença em relação a não tratada das duas

avaliações (Quadro 19)

Para as características agronômicas avaliadas neste ensaio, não foram

observadas diferenças entre os fatores estudados (Quadro 21). Silva et al. (2014),

avaliando dez produtos comerciais, com nove princípios ativos puros ou em misturas no

controle de helmintosporiose da cultivar de sorgo sacarino CMSXS 633 comentam em

seu trabalho que não houve efeito dos fungicidas no volume de caldo no colmo e no

peso da biomassa contudo a aplicação de fungicida melhorou a qualidade do caldo,

favorecendo o aumento se sólidos solúveis totais.

QUADRO 21. Resumo da análise de variância para: diâmetro do colmo, DC (mm);

altura de planta, AP (m); biomassa verde por hectare, BVH (t ha-1

);

volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

) e sólidos solúveis totais,

SST (ºBRIX) em duas cultivares de sorgo sacarino BRS 506 e BRS

511, com ou sem tratamento do fungicida protioconazol +

trifloxistrobina, UFGD – Dourados, MS, 2016.

FV GL QUADRADO MÉDIO

DC AP BVH VC SST

CULTIVARES 1 0.003570 NS 0.035910 NS 54.333926 NS 1145362.393678 NS 6.002500 NS

TRATAMENTO 1 0.179988 NS 0.002704 NS 51.147528 NS 5310606.431355 NS 6.250000 NS

CULTIVAR X

TRATAMENTO 1 0.834026 NS 0.005550 NS 83.128533 NS 28124362.293363 NS 1.102500 NS

RESIDUO 12 2.458328 NS 0.010470 NS 111.930981 NS 15186110.712873 NS 1.620417 NS

CV (%)

9,50 4,49 27,14 37,80 8,46

NS = não significativo;

* significativo a 5% ao teste de F.

Correlações negativas significativas, foram verificadas entre o teor de

sólidos solúveis totais contidos no caldo e severidade da helmintosporiose e ferrugem

(Quadro 22). Isso pode ser explicado devido à diminuição da área foliar

fotossiteticamente ativa, promovida pela colonização dos fungos ao tecido da planta,

diminuindo assim a produção de carboidratos para formação de açúcares, diminuindo

sua concentração no colmo consequentemente.

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QUADRO 22. Análise de correlação da severidade das doenças ocorrentes entre

diâmetro do colmo, DC (mm); altura de planta, AP (m); biomassa verde

por hectare, BVH (t ha-1

); volume de caldo por hectare, VCH (L ha-1

) e

sólidos solúveis totais, SST (ºBRIX) de duas cultivares BRS 506 e BRS

511, UFGD-Dourados, MS, 2016

DOENÇA ATRIBUTOS FITOTÉCNICOS

DC AP BVH VC SST

HELMINTOSPORIOSE 106 DAE -0.287893NS -0.3652629 NS 0.3440973 NS 0.2783072 NS -0.5303793*

ANTRACNOSE 106 DAE 0.1994298 NS 0.0168746 NS -0.1677263 NS 0.0405137 NS -0.1611275 NS

CERCOSPORIOSE 106 DAE 0.0579256 NS 0.1245746 NS -0.2277981 NS -0.0812833 NS -0.0712481NS

MANCHA ALVO 106 DAE 0.3175988 NS 0.2267459 NS -0.0648363 NS 0.0916351 NS -0.1157961 NS

FERRUGEM 106 DAE 0.0126145 NS 0.0904491 NS 0.2657837 NS 0.3687832 NS -0.4167839 NS

HELMINTOSPORIOSE 122 DAE 0.2747655 NS 0.3917077 NS -0.1586883 NS -0.1363846 NS 0.0202339 NS

ANTRACNOSE 122 DAE -0.165534 NS -0.2606303 NS -0.1814035 NS -0.1147067 NS -0.3559561NS

CERCOSPORIOSE 122 DAE 0.0376541 NS 0.0860437 NS -0.1586408 NS -0.0521390 NS -0.1350006 NS

MANCHA ALVO 122 DAE 0.2276683 NS 0.0013704 NS 0.0879001 NS 0.1800647 NS -0.4466549 NS

FERRUGEM 122 DAE -0.0954521NS -0.3116003 NS 0.2886037 NS 0.2652223 NS -0.7958525* NS

= Coeficientes não significativos; * Coeficientes significativos a 5% de probabilidade

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5. CONCLUSÃO

A cultivar BRS 506 é mais suscetível a mancha alvo comparada a BRS 511.

A ferrugem tem maior ocorrência em época de safrinha na região de

Dourados – MS.

O fungicida epoxiconazol + piraclostrobina reduz a severidade das doenças

foliares em sorgo sacarino, sendo os melhores resultados obtido com duas aplicações.

O fungicida protioconazol + trifloxistrobina diminui a severidade da

antracnose, cercosporiose e ferrugem, não apresenta resultados no controle da

helmintosporiose e mancha alvo e não resulta no incremento de biomassa e de sólidos

solúveis totais (ºBRIX)..

Existe correlação negativa da severidade da helmintosporiose, antracnose,

cercosporiose, mancha alvo e ferrugem com teores de sólidos solúveis totais (ºBRIX).

O fungicida epoxiconazol + piraclostrobina a partir de uma aplicação aos 45

DAE reduz a perda de sólidos solúveis totais (ºBRIX).

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