neurorradiologia conceitos bÁsicos

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NEURORRADIOLOGIA CONCEITOS BÁSICOS Arnolfo de Carvalho Neto ([email protected] ) ANATOMIA DO ENCÉFALO O encéfalo é dividido, basicamente, em hemisférios cerebrais, tronco e cerebelo (figura 1). Ele é composto por 2 tipos de tecidos: a substância cinzenta, onde estão os neurônios (córtex, tálamos e núcleos profundos) e substância branca, que são os tratos de axônios. Entre a substância cinzenta e a branca mielinizada há uma diferença de concentração de água de cerca de 5-10%, suficiente para diferenciar os dois tipos de tecidos pela TC e pela RM (figura 2). FIGURA 1: CORTE SAGITAL DO ENCÉFALO

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neurorradiologia

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  • NEURORRADIOLOGIA

    CONCEITOS BSICOS

    Arnolfo de Carvalho Neto ([email protected])

    ANATOMIA DO ENCFALO

    O encfalo dividido, basicamente, em hemisfrios cerebrais, tronco e cerebelo (figura 1).

    Ele composto por 2 tipos de tecidos: a substncia cinzenta, onde esto os neurnios (crtex, tlamos e ncleos profundos) e substncia branca, que

    so os tratos de axnios. Entre a substncia cinzenta e a branca mielinizada h

    uma diferena de concentrao de gua de cerca de 5-10%, suficiente para

    diferenciar os dois tipos de tecidos pela TC e pela RM (figura 2).

    FIGURA 1: CORTE SAGITAL DO ENCFALO

  • O encfalo apresenta um sistema interno de cavidades, o sistema

    ventricular, composto pelos ventrculos laterais, um terceiro ventrculo mediano,

    o aqueduto e o quarto ventrculo na fossa posterior (figura 3).

    Alm dos tecidos nervosos, outras estruturas, que fazem parte da

    proteo, so muito importantes. A primeira delas a caixa craniana, que no

    adulto inextensvel. Ela forma a cavidade craniana que no nica, mas est

    subdividida em fossas anterior, mdia e posterior; separadas pela asa do

    esfenide e pelo rochedo respectivamente. Nos traumas fechados estes ossos

    e o assoalho da fossa anterior (que no liso, apresentando irregularidades)

    so obstculos contra os quais o encfalo bate (figura 4).

    FIGURA 2: SUBSTNCIA BRANCA E CINZENTA

  • Alm das estruturas sseas so muito importantes as meninges: dura-mater, aracnide e pia-mater. A dura capa fibrosa muito resistente, que

    recobre e est firmemente aderida a todas as superfcies sseas, e tambm

    emite projees que ajudam a subdividir a cavidade craniana. As principais so

    a foice cerebral e a tenda do cerebelo (figura 5).

    A pia muito fina e est aderida ao parnquima e entre as duas h a aracnide e um grande espao chamado sub-aracnide, onde fica o lquor. Os

    demais espaos entre as meninges so virtuais: o extra ou epidural (entre a

    dura e o osso) e o subdural (entre dura e a aracnide) (figura 6).

  • Finalmente, importante o lquido cfalo-raquidiano, produzido nos

    ventrculos, ele sai para o espao sub-aracnide pelos forames entre tronco e

    cerebelo e tanto desce em torno da medula como sobe para as convexidades

    cerebrais, ocupando os sulcos e as cisternas.

    No plano microscpico, muito importante lembrar que a microcirculao do encfalo toda particular. Como forma de proteo, os

    capilares no possuem poros e a membrana basal contnua, por isto a

    maioria das substncias no passa para o espao extra-vascular (meio

    interno). O transporte seletivo. Este mecanismo chamado de barreira

    hemato-enceflica (figura 8) e sua importncia grande tambm no equilbrio

    hdrico, pois, como j dissemos, o encfalo est contido numa caixa

    inextensvel e no possui um sistema linftico para eliminar o excesso de gua.

  • ESPAOS LQUIDOS

    SUBARACNIDE: SULCOS

    CEREBRAIS

    CEREBELARES

    CISTERNAS

    FOSSA POSTERIOR

    MAGNA

    PONTO-CEREBELAR

    PERIMESENCEFLIA

    PERIBULBAR

    SUPRATENTORIAL

    FISSURAS SILVIANAS

    FISURA INTER-HEMISFRICA

    SUPRA-SELAR

    AMBIENS

    VEO INTERPSITO

    VENTRCULOS

    LATERAIS

    TERCEIRO

    AQUEDUTO CEREBRAL

    QUARTO

  • SEMIOLOGIA EM NEURORRADIOLOGIA

    A investigao do encfalo na era pre-tomografia computadorizada era

    extremamente complicada, porque todas estruturas enceflicas (tecido

    cerebral, meninges, lquor) tm densidade de gua, no havendo contraste. As

    radiografias simples s mostram as estruturas sseas, que raramente so

    envolvidas pelas doenas do encfalo. Assim, era necessrio injetar

    diretamente ar ou contraste na cavidade craniana ou ento fazer uma

    angiografia e tentar diagnosticar indiretamente as doenas, pois a angiografia

    mostra apenas os vasos.

    A tomografia computadorizada (TC) e a ressonncia magntica (RM)

    permitem uma demonstrao anatmica fantstica, provavelmente a mais

    detalhada de todo corpo, devido a sua constituio, onde o lquor serve como

    forma de contraste natural, e ausncia de movimentos, que permite que

    sries demoradas, como as de RM no sejam prejudicadas.

    Devemos reconhecer, nos cortes, as estruturas nervosas e tambm as

    referncias sseas, meninges e face. A TC apresenta importante perda de

    resoluo na fossa posterior devido aos rochedos (tambm as fossas mdias

    sofrem com artefatos de endurecimento do feixe), enquanto a RM, no

    apresenta este problema, o que associado capacidade de formar imagens

    com diferentes contrastes, torna a RM mais sensvel e melhor na

    demonstrao anatmica, embora a TC permanea como excelente mtodo,

    para a maioria das doenas.

    fundamental entender alguns processos fisiopatolgicos prprios do

    SNC, para obter das imagens, informaes preciosas no diagnstico da maioria

    das doenas.

    Em primeiro lugar, a caixa craniana inextensvel no adulto, cria uma

    sria limitao de espao, pois o encfalo no tem para onde crescer nos

    processos, que causam aumento de volume. O nico espao disponvel

    aquele ocupado pelos lquidos, ou seja, sulcos, cisternas e ventrculos, que vo

    sendo obliterados nas leses, que crescem (tumores, abscessos, hematomas,

    etc), dando o chamado efeito expansivo ou de massa. Se, por outro lado, h

    perda de volume enceflico, como na cicatrizao (gliose), os espaos lquidos

    dilatam junto leso (efeito retrtil) (figura 1).

  • Quando uma leso continua crescendo, pode haver herniao (figura 2)

    do SNC para o compartimento vizinho, seja atravs do forame magno (hrnia

    de amigdalas cerebelares) (e), seja pelas subdivises das meninges, gerando

    as hrnias subfalcina (a) e tentrio (hrnia de uncus) (b).

    Quando a presso aumenta, h um limite acima do qual o sangue no

    consegue penetrar na cavidade craniana, levando morte cerebral.

    No nvel microscpico, o mecanismo da barreira hemato-enceflica pode

    ser rompido em diversos processos, permitindo que macro-molculas passem

    para o extra-vascular e haja acmulo de gua. A quebra da barreira hemato-

    Figura 1: RM T1

  • enceflica traduzida por edema vasognico e impregnao pelos meios

    de contraste (figura 3).

    No edema vasognico a gua (hipodensa na TC e hiperintensa em T2

    na RM) acumula-se mais na substncia branca, poupando o crtex (figura 4). A

    impregnao o acmulo de contraste, que no deveria passar para o extra-

    vascular. Obs: embora substncias diferentes, os contrastes da RM (gadolnio)

    e da TC (iodo) tm farmacodinmica semelhante.

  • Se houver uma obstruo ao fluxo do lquor, em qualquer nvel, vai

    haver hidrocefalia, (figura 5) com conseqente dilatao ventricular (nem toda

    dilatao hidrocefalia). Como o sistema ventricular funciona como um auxiliar

    na reabsoro de gua, observa-se edema periventricular nas hidrocefalias

    com presso liqurica elevada.

  • PRINCIPAIS PROBLEMAS EM NEUROLOGIA QUE PODEM

    EXIGIR INVESTIGAO POR IMAGEM

    A maioria dos mdicos sente-se pouco confortvel diante das doenas

    neurolgicas, pois existe a crena generalizada que neurologia complicada e

    obscura e que o exame neurolgico muito difcil e demorado. Em parte isso

    verdade, mas temos que considerar 2 pontos: 1) impossvel fugir das queixas

    neurolgicas, voc goste ou no. Ou seja, s resta encarar o problema se no

    quiser passar vergonha ou perder muitos clientes 2) os mtodos de imagem

    ajudaram a simplificar bastante o diagnstico neurolgico na maioria dos casos

    importantes. Por isso, voc no precisa mais ser uma enciclopdia de sinais

    neurolgicos para tomar decises em doenas neurolgicas.

    O primeiro passo desenvolver um exame neurolgico bsico, que sirva

    para uma avaliao rpida, prpria de um no especialista (tipo for dummies).

    Tenha no bolso do colete tambm alguns testes simples extras, que possam

    ser acrescentados ao exame neurolgico bsico. claro que o fundo de olho

    importante e tente aprender a execut-lo, mas, que ningum nos oua, a

    maioria dos neurologistas tambm no sabe identificar edema de papila (se

    voc for oftalmologista e no souber fazer um bom fundo de olho a sim bom

    se preocupar!!). Outra coisa que deixa os mdicos gerais apavorados a

    perspectiva de ter que fazer uma puno liqurica, mas no vou entrar nesta

    confuso...

    Assim, com um exame neurolgico bsico bem treinadinho e um pouco

    de conhecimento das doenas d para tomar as decises na maioria dos

    casos, sem recorrer ao neurologista de planto.

    No tenho a pretenso de ensinar neurologia, mas, apenas facilitar

    nosso curso, vamos dar uma olhadinha nos problemas ou queixas que um no

    especialista encontra mais frequentemente no dia a dia do ambulatrio e nos

    plantes (obs. a disciplina de Neurologia no curso de Medicina da UFPr dada

    aps sexto perodo).

    1. CEFALIA

    A dor de cabea a queixa mais frequente nos ambulatrios e plantes

    gerais. Na maioria das vezes no encontraremos uma etiologia para ela, mas

    temos que excluir doenas que possam por em risco a vida do paciente ou que

    possam ser tratadas com facilidade. Para facilitar a abordagem, podemos

    classific-la em aguda e crnica.

  • 1.1 Aguda: neste grupo esto doenas graves que podem por em risco a vida

    do paciente, se no forem diagnosticadas rapidamente, por isso a utilizao

    dos mtodos de imagem frequente.

    a) Procure sinais de meningismo, que sugerem meningite ou hemorragia

    subaracnoidea (HSA). A tomografia computadorizada sem contraste

    endovenoso tem uma alta sensibilidade para hemorragia e normalmente est

    disponvel nos pronto-socorros. Se no houver sangue e meningite for uma

    hiptese, vai ser necessrio um exame do lquor, pois os exames de imagem

    no so suficientemente sensveis para excluir meningite. Um lembrete, que a

    RM pouco especfica para HSA e no substitui a TC.

    b) Se uma doena das meninges no sugerida pela histria e exame fsico,

    outras doenas importantes ainda podem ser a causa. Quase sempre, alm da

    cefaleia de inicio recente, aparecero outros sinais neurolgicos, como torpor,

    confuso mental, paresia de nervos cranianos, etc. b.1) A hidrocefalia aguda

    pode ser identificada pela dilatao dos ventrculos e, muitas vezes, por edema

    periventricular e pode ser diagnosticada pela tomografia sem contraste. b.2) A

    trombose de seios venosos durais mais comum em mulheres utilizando

    anticoncepcionais, em pacientes com doenas eu favoream tromboses ou por

    infeces graves das orelhas mdias. um quadro raro, que deve ser

    lembrado para procurar ativamente os sinais na TC ou na RM e prosseguir o

    exame injetando contraste endovenoso, que confirma a trombose. . b.3)

    Hematomas intraparenquimatosos agudos so facilmente identificados na TC

    por serem muito densos (brancos). A RM tambm bastante sensvel mas

    menos especfica.

    c) causas frequentes e de bom prognstico so a enxaqueca e as cefaleias

    idiopticas, que no tm achados caractersticos. Tenha cuidado ao relacionar

    cefaleia s doenas dos seios paranasais. importante lembrar que velamento

    de seios paranasais no igual a sinusite, acontecendo numa porcentagem

    grande da populao. Uma causa de cefaleia relacionada a sinusopatia a

    obstruo da via de sada do seio esfenoidal, que pela situao pode gerar

    quadros de cefaleia indistinguveis das causas intracranianas.

    1.2) Crnica: o sintoma mais comum da clinica diria e quase nunca tem

    traduo nos exames de imagem. Muito postulam que no deve ser usado

    exame de imagem, a no ser que haja outro sinal neurolgico associado

    (edema de papila, dficit motor, alterao mental, etc.), mas, muitas vezes, o

    paciente cobra do mdico um exame que o deixe mais tranquilo quanto a no

    haver doena grave. Comumente se solicita uma TC sem contraste venoso

    como mtodo de triagem, capaz de excluir causas como hidrocefalia, a maioria

    dos tumores e outras leses expansivas.

  • 2. TONTURAS E ALTERAES DO EQUILBRIO

    So queixas extremamente frequentes. Primeiro preciso lembrar que o

    equilbrio e a noo de posio no espao e deslocamento esto

    primariamente relacionados ao aparato vestibular situado na orelha interna,

    mas a queixa de tontura e falta de equilbrio mais complexa, pois pode

    envolver tambm o sistema cardiocirculatrio.

    Outra vez, uma boa forma de abordar o problema dividir em inicio agudo e

    crnico. Os quadros crnicos leves so extremamente comuns e na maioria

    das vezes associados ao envelhecimento normal ou patolgico do nosso

    sistema vestibular. A maioria dos pacientes idosos, se questionados, vai contar

    que sofre de tonturas eventuais, que do uma rpida sensao de

    desequilbrio, especialmente ao fazer movimentos um pouco mais bruscos.

    Eventualmente, como tambm h um alentecimento dos reflexos e perda de

    flexibilidade muscular, pode ser a causa de quedas. importante avaliar as

    condies cardiocirculatrias, porque, eventualmente, estes sintomas podem

    ser causados por hipotenso ortosttica (especialmente se o paciente est

    utilizando medicao anti-hipertensiva) ou arritmias cardacas. Se a avaliao

    neurolgica sugerir uma alterao mais importante do equilbrio, importante

    avaliar tambm a audio, pois lembre que o acstico acompanha o nervo

    vestibular (assim como o facial) e uma perda lentamente progressiva da

    audio pode no ser percebida ou atribuda idade, mas indicar a presena

    de uma leso do ngulo ponto-cerebelar, como um schwanoma vestibular ou

    um meningioma.

    Os quadros agudos de tontura e desequilbrio impedem as atividades normais

    do paciente, por isso so considerados mais graves pelo paciente e quase

    sempre so a queixa principal da consulta. Podem ser causados por

    labirintopatias tipo Menire, por polineurites e no esquecer os infartos

    cerebelares.

    Quando for necessrio investigar por imagem, o melhor mtodo a RM com

    injeo de contraste, pois estuda melhor o ouvido interno e a fossa posterior do

    encfalo.

    3. DERRAMES OU DEFICTS NEUROLGICOS SBITOS

    Pela sua gravidade, todo o mdico tem uma boa noo da conduta imediata

    quando o paciente tem um quadro de derrame (ver a aula especfica).

    Normalmente inicia-se a investigao por imagem utilizando uma TC sem

    contraste, para rapidamente excluir hemorragias e outras causas que simulam

    derrame, como hematomas subdurais crnicos e os tumores. A partir da, a

  • conduta depende de uma srie de fatores relacionados sua capacidade de

    conduzir o caso sem o auxlio de um especialista.

    4. CONVULSES E DESMAIOS

    O paciente e seus acompanhantes podem contar claramente a histria de uma

    convulso, especialmente se for do tipo tnico-clnica, mas outras vezes a

    histria confusa e parece ter havido um episdio de perda de conscincia

    sem testemunhas ou com descrio no clara.

    importante, inicialmente, separar convulso de desmaio ou sncope. Vocs

    sabem que sncopes so extremamente frequentes e relacionadas

    instabilidade cardio-circulatria, exigindo investigao no neurolgica. Se

    persistir a possibilidade de convulso, um exame de imagem deve ser

    solicitado para excluir causas como cisticercose, infartos, tumores,

    malformaes, etc. ideal iniciar por um RM com injeo de contraste.

    5. ALTERAES DE CONSCINCIA

    Excludas as causas metablicas, os exames de imagem podem indicar

    causas como derrames, tumores, hidrocefalia, etc. A RM o mtodo ideal, mas

    a TC mostra a maioria das doenas tratveis.

    6. ALTERAO DE MEMRIA E DEMNCIA

    Hoje em dia, a sensao de perda de memria uma queixa extremamente

    frequente, que muitas vezes s uma associao do declnio normal da

    memria prpria da idade associado ao estresse ou a depresso. Mas como

    este um problema bastante complexo, melhor que seja avaliado por um

    especialista, pois testar a memria e as outras funes cognitivas bastante

    complicado.

    Vale lembrar que os mtodos de imagem tm um papel bastante limitado nesta

    rea, pois as alteraes morfolgicas do encfalo tm correlao muito frgil

    com as alteraes funcionais, especialmente nas doenas degenerativas. Ou

    seja, tenha cuidado ao solicitar uma RM (TC tem pouca utilidade) para

    investigar perda de memria, pois voc pode acabar com um exame cujo

    resultado pode ser de difcil valorizao.

    Quando a alterao de memria mais aguda ela no uma demncia e

    investigada como alterao de conscincia.

  • 7. TRAUMA

    Essa uma das poucas situaes em neurologia cuja avaliao simples. Se

    houve, ou pode ter havido, trauma craniano e o paciente apresenta qualquer

    sintoma ou sinal neurolgico ou teve perda de conscincia importante

    solicitar uma tomografia computadorizada sem contraste. A partir da passa a

    ser assunto para especialista.

    8. AMORTECIMENTO / PARESTESIAS

    Tambm uma queixa extremamente frequente e que pode ter diversas

    causas. Est entre as queixas psicossomticas mais comuns. O paciente conta

    amortecimentos e formigamentos transitrios e que no seguem padres

    anatmicos claros. O problema que se voc atribuir todas queixas deste tipo

    a psicadas vai acabar errando pois doenas como esclerose mltipla e at

    infartos podem comear com estas queixas.

    claro que importante que o exame fsico avalie a possibilidade de

    neuropatias perifricas, outra causa importante desta queixa.

    Se voc achar que vale a pena pedir um exame de imagem, solicite uma RM

    com contraste, que pode identificar com facilidade leses da esclerose mltipla

    e infartos.

    9. LESES DE NERVOS CRANIANOS

    A clnica depende do nervo envolvido. A mais comum a neuralgia do

    trigmeo (V nervo), que investigada por RM, que na maioria das vezes no

    se demonstra a causa da dor.

    Diplopia tambm freqente (III, IV e VI), assim como a paralisia facial

    (VII) e surdez neuro-sensorial (VIII). Tambm nestes casos, a RM com

    contraste o melhor mtodo de imagem.

    10. PROBLEMAS NEUROPEDITRICOS

    Problemas como atraso do desenvolvimento, mal desempenho escolar e

    hiperatividade so comuns no consultrio do pediatra. A maioria das vezes os

    exames de imagem no tm importncia na investigao, pois a chance de

    achar causas estruturais para estas queixas pequena, mas o pediatra

    obrigado a solicitar um exame para acalmar os pais. Neste caso a RM sem

    contraste o melhor mtodo, pois alm de mais sensvel, no utiliza radiao

    ionizante, porm devemos lembrar que exames em criana, na maioria das

  • vezes exigem sedao e cada caso deve-se pesar os riscos em relao aos

    benefcios.

  • MACETES PARA INTERPRETAR EXAMES DE

    TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DO ENCFALO

    1. CONHECER A ANATOMIA 2. SABER COMO O EXAME FOI FEITO (PLANO DE CORTE /

    ESPESSURA DO CORTE / USO DE MEIOS DE CONTRASTE / ETC)

    3. IDENTIFICAR OS ESPAOS LQUIDOS (VENTRCULOS E ESPAO SUBARACNIDE). OS CONTORNOS SO DADOS PELO CONTATO ENTRE O LIQUOR E O PARNQUIMA ENCEFLICO.

    4. COMPARAR A SIMETRIA DAS ESTRUTURAS DO ENCFALO (MAS LEMBRE QUE ELA NO ABSOLUTA).

    5. IDENTIFICAR IMAGENS SUSPEITAS. OLHAR O CORTE ANTERIOR E POSTERIOR

    6. DESCARTAR ARTEFATOS (MOVIMENTO / VOLUME PARCIAL) 7. TENTAR CLASSIFICAR AS LESES EM EXPANSIVAS (REDUZ

    OS ESPAOS LQUIDOS / CAUSA HERNIAES) E LESES RETRTEIS OU CICATRIZES (AUMENTA OS ESPAOS LQUIDOS).

    8. TENTAR DEFINIR SE A LESO EST DENTRO DO PARNQUIMA (INTRA-AXIAL) OU FORA (EXTRA-AXIAL).

    9. SE EXISTEM CALCIFICAES (DENSIDADE ALTA COMO O OSSO) E SE PODEM SER FISIOLGICAS (PLEXOS CORIDES / PINEAL / DURA-MATER)

    10. PROCURAR REAS COM DENSIDADE DIFERENTE DO PARNQUIMA: MAIS ESCURA MAIS GUA (EDEMA / TUMOR / INFARTO) MAIS BRANCA (CALCIFICAO / HEMORRAGIA / IMPREGNAO PELO MEIO DE CONTRASTE).

    11. FAZER A LISTA DAS DOENAS MAIS PROVVEIS

  • MACETES PARA INTERPRETAR EXAMES DE

    RESSONNCIA MAGNTICA DO ENCFALO:

    1. CONHECER A ANATOMIA 2. SABER COMO O EXAME FOI FEITO (TIPO DE CONTRASTE (T1,

    T2, T2*, FLAIR, etc)/ PLANO DE CORTE / ESPESSURA DO CORTE / USO DE MEIOS DE CONTRASTE / ETC)

    3. IDENTIFICAR OS ESPAOS LQUIDOS (VENTRCULOS E ESPAO SUBARACNIDE). OS CONTORNOS SO DADOS PELO CONTATO ENTRE O LIQUOR E O PARNQUIMA ENCEFLICO.

    4. APROVEITAR A SIMETRIA DAS ESTRUTURAS DO ENCFALO (LEMBRE QUE ELA NO ABSOLUTA).

    5. IDENTIFICAR IMAGENS SUSPEITAS. OLHAR O CORTE ANTERIOR E POSTERIOR

    6. DESCARTAR ARTEFATOS (MOVIMENTO / VOLUME PARCIAL / FLUXO)

    7. TENTAR CLASSIFICAR AS LESES EM EXPANSIVAS (REDUZ OS ESPAOS LQUIDOS / CAUSA HERNIAES) E LESES RETRTEIS OU CICATRIZES (AUMENTA OS ESPAOS LQUIDOS).

    8. TENTAR DEFINIR SE A LESO EST DENTRO DO PARNQUIMA (INTRA-AXIAL) OU FORA (EXTRA-AXIAL).

    9. PROCURAR REAS COM SINAL DIFERENTE DO PARNQUIMA: T1 = MAIS ESCURA MAIS GUA (EDEMA / TUMOR / INFARTO) MAIS BRANCA (HEMORRAGIA / IMPREGNAO PELO MEIO DE CONTRASTE) T2 = MAIS BRANCA MAIS GUA (EDEMA/ TUMOR/ INFARTO); MAIS ESCURA = SANGUE / CALCIFICAO / FLUXO.

    10. FAZER A LISTA DAS DOENAS MAIS PROVVEIS

  • TERMOS USADOS NA RESSONNCIA MAGNTICA

    TR: tempo de repetio entre os pulsos de radiofreqncia.

    medida em milisegundos (ms).

    TE: tempo aps o qual o sinal vai ser captado na bobina (para

    isto, aplicado um pulso, que faz os spins inverterem seu

    sentido, num tempo igual a TE/2)

    T2: tempo de relaxamento 2 ou spin-spin. As leses com

    mais gua ficam mais branca, o que o torna muito sensvel

    para demonstrar leses no SNC.

    T2*: tempo de relaxamento T2 sem a correo das

    inomogenidades do campo, o que o torna muito mais curto que

    o T2. usado para identificar calcificaes e depsitos de

    sangue.

    T1: tempo de relaxamento 1 ou spin-latice As leses com

    mais gua ficam mais escuras. Mostra a anatomia com mais

    detalhes, embora menos sensvel para leses. A impregnao

    pelo gadolnio s aparece nas imagens baseadas em T1.

    SEQNCIA: conjunto de imagens obtidas simultaneamente,

    num determinado plano (axial, coronal, sagital) utilizando um

    conjunto de parmetros (TR, TE, etc) de modo a ter contraste

    baseado numa das propriedades dos tecidos (T1, T2,

    densidade de prtons, etc).

    FLAIR: seqncia com contraste T2 em que se inibe os sinais

    da gua livre (ex. liquor) tornando mais fcil identificar leses

    superficiais e periventriculares, alm de ressaltar o contraste

    do parnquima para leses com mais gua tecidual.

    SATURAO DE GORDURA: tcnica usada para suprimir o

    sinal (alto) da gordura que pode impedir a identificao de

    impregnaes pelo gadolnio.

  • SINAL NA RESSONNCIA MAGNTICA

    GUA LIVRE: lquido no ligado s protenas, como o lquor, cistos,

    etc.

    GUA TECIDUAL: as molculas de gua que envolvem as protenas

    ou esto nos espaos intracelular e extravascular dos tecidos. Esta

    gua no suprimida na seqncia FLAIR.

    GORDURA: os hidrognios ligados gordura tm freqncia de

    precesso pouco diferente da gua. A gordura costuma ser branca

    tanto em T1 quanto em T2 (use a gordura do subcutneo como

    referncia).

    OSSO CORTICAL: sempre escuro, pois no tem prtons livres. Olhar

    sempre se a cortical prxima a uma leso est ntegra ou no.

    OSSO ESPONJOSO: nos adultos predomina a medula amarela

    (gordura), aparecendo hiperintensa em T1 e T2.

    SANGUE: o hematoma pode ser qualquer sinal. Lembre de hematoma

    com leses que tenham componentes muito escuros em T2 e

    brancos em T1.

    VEIA: a velocidade do fluxo varia muito. Pode ser branca ou negra.

    Depende do tipo de seqncia.

    ARTRIA: fluxo rpido, que pelo efeito flow void deixa a artria

    escura, mas algumas seqncias podem mostrar artrias brancas.

  • SINAL NA RESSONNCIA MAGNTICA

    T1 T2 FLAIR

    GUA LIVRE

    GUA TECIDUAL

    GORDURA

    OSSO CORTICAL

    OSSO ESPONJOSO

    SANGUE

    VEIA

    ARTRIA