natureza e problematização da teoria crítica.docx

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Capítulo 1 Natureza e Problematização da Teoria Crítica 1.1 CRISE DE RACIONALIDADE MUDANÇAS DE PARADIGMA Wolkmer aborda nesse tópico o esgotamento das verdades teológicas, metafisicas e racionais da modernidade que sustentaram formas de saber e racionalidades dominantes. Tais modelos já são insatisfatórios para a realidade atual. Assim são necessário novos paradigmas para a complexidade do contexto sócio político e econômico da contemporaneidade. A racionalização do mundo emergida da subida da burguesia ao poder é a razão instrumental e o direito se divide em duas vertentes: O jusnaturalismo e o positivismo jurídico que se veem esgotados perante aos novos. Assim, é preciso procurar edificar um novo paradigma de Direito, com uma racionalidade que suplante a razão instrumentalista, alcançando um caráter emancipatório, buscando a libertação e não opressão do sujeito histórico. Celso Nunes: Wolkmer cita tal autor para revelar o processo emancipatório como articulação da teoria, reflexão analítica com ação consistente, metódica com postura política propositiva. 1.2. NATUREZA E CONCEITUALIZAÇÃO DE CRÍTICA Wolkmer parte para um destaque da expressão “crítica” que tem um significado polissêmico e vai apoiar-se nos pensamentos de Marx e de Kant. Crítica para Kant é a operação analítica do pensando, buscando não criticar a razão e sim acerca de como se formulam e funcionam os juízos científicos. Marx diferencia-se de Kant, a crítica no marxismo é um discurso que revela e desmitifica as ideologias ocultas projetadoras de fenômenos distorcidos, podendo avança-se na ideia de crítica como um processo que faz a si próprio. Na linha do conhecimento com práxis, a crítica seria acompanhada por uma ação resultante de uma transformação da realidade, resultando na libertação do ser humano. Crítica abre alternativas e possibilidade sobre a continuidades histórica, podendo direcionar a uma nova existência. Teoria crítica como instrumento pedagógico operante que faz com que sujeitos inertes tomem consciência e formem uma concepção do mundo racionalizada, antidogmática, participativa e transformadora. 1.2. ORIGENS FILOSÓFICAS DA TEORIA CRÍTCA O autor busca examinar a escola ou a corrente que serve como base acerca de uma teoria crítica. Os integrantes da Escola de Frankfurt buscam distanciar-se do marxismo ortodoxo, mesmo compartilhando um ideário utópico. Sua inspiração teórica remonta tanto do criticismo kantiano, da dialética idealista hegeliana, subjetivismo psicanalítico de Sigmund Freud e uma reinterpretação do materialismo marxista. Sobre a teoria tradicional, os teóricos de Frankfurt não são homogêneos: Habermas a identifica com Aristóteles com um tom abstrato e contemplativo. Horkheimer vai associar o método de Descartes

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Capítulo 1 Natureza e Problematização da Teoria Crítica1.1 CRISE DE RACIONALIDADE MUDANÇAS DE PARADIGMA Wolkmer aborda nesse tópico o esgotamento das verdades teológicas, metafisicas e racionais da modernidade que sustentaram formas de saber e racionalidades dominantes. Tais modelos já são insatisfatórios para a realidade atual. Assim são necessário novos paradigmas para a complexidade do contexto sócio político e econômico da contemporaneidade.A racionalização do mundo emergida da subida da burguesia ao poder é a razão instrumental e o direito se divide em duas vertentes: O jusnaturalismo e o positivismo jurídico que se veem esgotados perante aos novos. Assim, é preciso procurar edificar um novo paradigma de Direito, com uma racionalidade que suplante a razão instrumentalista, alcançando um caráter emancipatório, buscando a libertação e não opressão do sujeito histórico. Celso Nunes: Wolkmer cita tal autor para revelar o processo emancipatório como articulação da teoria, reflexão analítica com ação consistente, metódica com postura política propositiva.1.2. NATUREZA E CONCEITUALIZAÇÃO DE CRÍTICA Wolkmer parte para um destaque da expressão “crítica” que tem um significado polissêmico e vai apoiar-se nos pensamentos de Marx e de Kant. Crítica para Kant é a operação analítica do pensando, buscando não criticar a razão e sim acerca de como se formulam e funcionam os juízos científicos. Marx diferencia-se de Kant, a crítica no marxismo é um discurso que revela e desmitifica as ideologias ocultas projetadoras de fenômenos distorcidos, podendo avança-se na ideia de crítica como um processo que faz a si próprio. Na linha do conhecimento com práxis, a crítica seria acompanhada por uma ação resultante de uma transformação da realidade, resultando na libertação do ser humano. Crítica abre alternativas e possibilidade sobre a continuidades histórica, podendo direcionar a uma nova existência. Teoria crítica como instrumento pedagógico operante que faz com que sujeitos inertes tomem consciência e formem uma concepção do mundo racionalizada, antidogmática, participativa e transformadora. 1.2. ORIGENS FILOSÓFICAS DA TEORIA CRÍTCA O autor busca examinar a escola ou a corrente que serve como base acerca de uma teoria crítica. Os integrantes da Escola de Frankfurt buscam distanciar-se do marxismo ortodoxo, mesmo compartilhando um ideário utópico. Sua inspiração teórica remonta tanto do criticismo kantiano, da dialética idealista hegeliana, subjetivismo psicanalítico de Sigmund Freud e uma reinterpretação do materialismo marxista. Sobre a teoria tradicional, os teóricos de Frankfurt não são homogêneos: Habermas a identifica com Aristóteles com um tom abstrato e contemplativo. Horkheimer vai associar o método de Descartes pela questão do sujeito e objeto, não havendo percepção da atuação do contexto social. Para Adorno, a teoria tradicional estará vinculada a produção do cientificismo positivista. Consciência e razão na tradicional vinculam-se a natureza e ao presente em contemplação diferente da teoria crítica coloca razão em um processo histórico social duma em constante transformação da realidade. Horkheimer vai ver o materialismo dialético como maior alimentador da Teoria Crítica. A Escola de Frankfurt enfatizou a importância do pensamento crítico como forma para luta auto-emancipatória e de transformação social. 1.4 Objetivos e Significação da Teoria CríticaO objetivo central da Teoria Crítica é a construção de uma mudança na sociedade para um novo tipo de homem, emancipando este da condição alienada. Stein diz que ela quer a emancipação humana de todo estado de retificação, buscando um paradigma de teor antropológico buscando libertar o homem dos determinismos naturais e histórico-sociais. Entra o ideal utópico de reaproximação entre Homem, Natureza não opressora e história. Para Marcuse, para a teoria crítica não cair em uma antropologia pessimista, é que é necessário a dialética hegeliana.Para Stein, o paradigma filosófico da teoria critica frankfurtiana está na suposição de um plano de humanos, colocando questões a partir desse plano, questões sem apelo teológico ou naturalistas. O problema passa ser resumido em uma análise do que o homem produz, seu discurso, sua cultura e sua história. A teoria crítica incide em uma filosofia histórico-social de estrutura cognitiva reflexiva, colocando um programa de investigação social para comprovação de interesses reprimidos. Ela demostra a coisificação e moldação dos sujeitos definidos por determinismos históricos. A Teoria Crítica fornece a auto-reflexão que dissolve as falsas legitimações e pseudo-

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objetividades. Geuss diz que a teoria crítica é um objeto conceitual endereçado a um grupo particular de agentes frustrados buscando que estes tenham consciência da sua condição. O próprio Geuss coloca quatro requisitos essenciais de uma teoria crítica.Um estado inicial para o final proposto é objetivamente possível.O estado inicial para o final proposto é praticamente necessáriaA transição só pode acontecer com adoção da Teoria CríticaDe que maneira sociedade satisfaz as condições para aplicar a teoria crítica.1.5 IMPRECISÕES E APORIAS DA TEORIA CRÍTICAO autor passa a questionar a própria Teoria Crítica. A principais críticas a ela estão nas ambiguidades:Natureza e História: Stein assinala que conforma é feita a ruptura com o mundo natural, não razão para uma reconciliação entre o homem e a natureza. É um projeto de ideário utópico que não contribui para a libertação do homem, pois a natureza contribui com o fator de alienação e limita a expansão cultural humana.Adorno coloca a questão da dialética hegeliana como processo sempre em movimento e sempre em um resultado negativo, sem procurar uma resposta que inverta os polos.Outra imprecisão é o caráter elitista da postura da teoria crítica, mesmo com uma doutrina neomarxista, não havendo uma identificação pessoal com a opressão social e a condição real das massas oprimidas. A crítica acaba tendo um tom romântico, idealista e hermética. Imprecisão também é a falta de vinculação do discurso emancipatório com uma práxis dos movimentos emergentes. A Teoria Crítica precisa reconhecer a natureza dialética das lutas e servir de mediação dos envolvidos. É preciso que seja uma teoria crítica-prática.Boaventura Sousa Santos coloca a ultima ponderação questionadora é que existem problemas da modernidade que não podem ser resolvidos com soluções da modernidade. Se a Teoria Crítica é moderna, ela pode não resolver essas novas problemática, revelando a necessidade de uma teoria pós-moderna. Um pensamento alternativo das alternativa a partir da tradição marginalizada e desacreditada da modernidade, assentando-se num conhecimento-emancipação.