nathalia prezotti

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XI Encontro JUTRA - O Direito do Trabalho de mãos dadas - A indispensável solidariedade, sempre 26 s 27 de março de 2015, Faculdade de Direito, FOCCA, Olinda, PE GT - 1: A NEO FLEXIBILIZAÇÃO E A VIOLAÇÃO - OU NÃO - AO PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE ASSOCIAÇÕES E COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAIS REUTILIZÁVEIS E RECICLÁVEIS: FOMENTO LEGAL A TERCEIRIZAÇÃO QUE AFRONTA O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E O DIREITO A UM TRABALHO DIGNO E DECENTE Autor: Nathalia T. Chalub Prezotti Instituição: Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (PPGSD-UFF) Endereço: Av. Pres. Roosevelt, 1485 (casa) - Golfe, Teresópolis, RJ, CEP 25.966-001 Celular: (21) 98798-0350 E-mail: [email protected] Niterói, 2015

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AS TESES SELECIONADAS E DEFENDIDAS NO XI JUTRA , em OLINDA, PE, Brasil. - ACESSEM aqui e no site da JUTRA www.jutra.org.pt

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Page 1: Nathalia Prezotti

XI Encontro JUTRA - O Direito do Trabalho de mãos dadas - A

indispensável solidariedade, sempre

26 s 27 de março de 2015, Faculdade de Direito, FOCCA, Olinda, PE

GT - 1: A NEO FLEXIBILIZAÇÃO E A VIOLAÇÃO - OU NÃO - AO

PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE

ASSOCIAÇÕES E COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAIS

REUTILIZÁVEIS E RECICLÁVEIS: FOMENTO LEGAL A

TERCEIRIZAÇÃO QUE AFRONTA O PRINCÍPIO DA

SOLIDARIEDADE E O DIREITO A UM TRABALHO DIGNO E

DECENTE

Autor: Nathalia T. Chalub Prezotti

Instituição: Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense

(PPGSD-UFF)

Endereço: Av. Pres. Roosevelt, 1485 (casa) - Golfe, Teresópolis, RJ, CEP 25.966-001

Celular: (21) 98798-0350

E-mail: [email protected]

Niterói, 2015

Page 2: Nathalia Prezotti

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RESUMO

A Lei nº 12.305/10, que promulgou a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),

estabelece o fomento às associações e

cooperativas de catadores de materiais

reutilizáveis e recicláveis como forma de

integrá-los nas ações que envolvam a

responsabilidade compartilhada pelo ciclo de

vida dos produtos, sob o pretexto de que desta

forma estaria a promover a emancipação

econômica e a integração social desses

trabalhadores, a despeito do fim dos lixões

("prima loco" do trabalho dos catadores),

igualmente estabelecido na referida lei. Esse

trabalho tem por fim demonstrar que essa

política pública é falaciosa, através da revisão

bibliográfica de dados constantes de pesquisas

oficiais que apontam para inviabilidade

financeira dessas entidades; bem como

demonstrar que afronta ao princípio

constitucional da solidariedade e ao direito a um

trabalho digno e decente, configurando uma

terceirização inconstitucional de serviços cuja

responsabilidade única é dos geradores de lixo.

Palavras-chave: Associações e cooperativas de

catadores de materiais reutilizáveis e

recicláveis. Política Nacional de Resíduos

Sólidos. Terceirização inconstitucional.

ABSTRACT

Law No. 12,305/10, which

promulgated the National Solid Waste Policy

(PNRS), establishes the promotion of

associations and cooperatives of reusable and

recyclable materials' collectors as a way to

integrate them in the actions involving shared

responsibility for the life cycle of the products,

under the pretext that this would promote the

economic emancipation and social integration

of these workers, in spite of the end of the

dumps ("cousin loco" the work of garbage

collectors), also established in this law. This

article is to demonstrate that public policy is

fallacious, through the review of information

contained in official surveys pointing to

financial infeasibility of these entities; as well

as demonstrate that this policy affronts

constitutional principle of solidarity and the

right to decent and dignified work, configuring

an unconstitutional outsourcing of services

whose sole responsibility is from the generators

of waste

. Keywords: Associations and cooperatives of

reusable and recyclable material collectors.

National solid waste policy. Outsourcing

unconstitutional.

Nathalia T. Chalub Prezotti1

1. INTRODUÇÃO

Em agosto de 2010 foi promulgada a Lei nº 12.305, a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS). A partir de então, várias leis estaduais foram promulgadas, com o fim de

especificar como seria implementada a política, em esfera estadual.

A PNRS dispõe sobre o ciclo de vida dos produtos, a coleta seletiva, o controle social,

a destinação final ambientalmente adequada dos resíduos (reutilizáveis, recicláveis e

compostagem), a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (lixo sem qualquer tipo

de aproveitamento), bem como sobre o gerenciamento e a gestão integrada dos resíduos sólidos,

1 Juíza do Trabalho, titular da Vara do Trabalho de Três Rios no estado do Rio de Janeiro; graduada pela

Faculdade Nacional de Direito da UFRJ; com pós-graduação "lato sensu" em Direito e Processo do

Trabalho pela Universidade Estácio de Sá; ex-docente da Universidade Santa Úrsula (RJ-RJ) e Unifeso

(Teresópolis, RJ); em licença para estudo, cursando o mestrado em Sociologia e Direito da UFF, no qual

integra o Núcleo de Estudos do Trabalho e das Organizações (NETO).

Valena
Realce
Page 3: Nathalia Prezotti

3

sobre a logística reversa, sobre os padrões sustentáveis de produção e consumo, a reciclagem e

a reutilização e sobre a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos,

estabelecendo o prazo de quatro anos para o fim dos lixões, aterros controlados e espaçados

(sem tratamento do chorume e gases).

Existirão somente aterros sanitários (com tratamento de chorume e aproveitamento

energético dos gases). Em tais aterros só haverá rejeitos, ou seja, não haverá material

reutilizável ou reciclável. Esse material deverá ter destinação correta, coleta seletiva e

beneficiamento e, para tanto cabe a responsabilidade compartilhada de todos os geradores de

resíduos e a logística reversa no ciclo de vida dos produtos. Para tanto, considera-se como

gerador inclusive o consumidor.

O prazo legal, contudo, se esgotou e vários lixões e aterros controlados ou espaçados

permanecem em funcionamento e a catação de lixo em tais locais continua sendo a rotina e o

ganha pão de uma pequena multidão (estimada em 500.000, pelo Movimento Nacional de

Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis – MNCR). Tal atividade possui, até mesmo,

CBO (código brasileiro de ocupações).

O que será dessas pessoas com o fim do seu local primeiro de trabalho, que um dia há

de acontecer?

A PNRS para solucionar o problema impõe como condição para o repasse de verbas

públicas federais destinadas ao saneamento a integração dos catadores de lixo nas ações que

envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, elencando essa

integração como um dos objetos para a consecução da Lei (BRASIL, 2010, art. 7º, inciso XII).

Como incentivo, chega a liberar de licitação a contratação de tais entidades pelos municípios

(BRASIL, 2010, art. 36, parágrafos 1º e 2º).

O MNCR adotou como bandeira a coleta seletiva, entretanto, essa prestação de serviço

contratada pelos municípios não atenderá à demanda social de emancipação financeira e

integração social dos catadores, tal como preconizado na PNRS pois, sendo o lixo reciclável e

reutilizável de responsabilidade de seus geradores, sequer deveriam chegar à coleta seletiva dos

municípios.

Como se verá, esse contingente é aproveitado pelos geradores de lixo reciclável e

reutilizável, sem qualquer custo, burlando sua responsabilidade pela correta destinação final de

seus resíduos e contrariando o princípio de solidariedade que norteia a República Federativa do

Brasil (BRASIL, 1988, art. 3º, inciso I), por meio de uma terceirização legalmente permitida,

mas que afronta os princípios do trabalho digno e do trabalho decente, configurando, portanto,

uma neo flexibilização inconstitucional.

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4

Esse trabalho visa a desenvolver esse raciocínio crítico, apontando, em um primeiro

momento, pelos dados de estudos oficiais, a inviabilidade econômico-financeira dessas

entidades para servirem como meio de emancipação econômica dos catadores e, em um

segundo momento, apontando o seu fadado fracasso como meio de inclusão social desse

contingente, ressaltando, em um terceiro momento, a inconstitucionalidade dessa política

pública, para, ao final, analisar criticamente como essa mão-de-obra deve ser aproveitada,

considerando, especialmente, que a limpeza pública é de responsabilidade dos municípios

(BRASIL, 1988, ar. 241 e BRASIL, 2007, arts. 3º, alínea “c” e 7º) e que cabe ao Estado, diante

de sua responsabilidade constitucional, fiscalizar e punir os infratores, devendo zelar pela

salvaguarda da saúde pública e do meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo a

educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação

do meio ambiente (BRASIL, 1988, art. 225).

2. DADOS CONSTANTES DE PESQUISAS OFICIAIS

Com efeito, há o registro de estudos levados a efeito pelo governo, que dão subsídios à

conclusão de que o fomento às associações e cooperativas em questão não é justificável ou

recomendável técnica, econômica ou financeiramente.

Primeiramente, quanto ao saneamento, com base na Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico do IBGE, realizada em 2008 e publicada em 2010, foi verificado que em menos de 10%

dos municípios brasileiros tal atividade é feita através de cooperativas e associações de

catadores de lixo. O poder público terceiriza o dobro do pessoal permanente trabalhando na

coleta de lixo (IBGE, 2010, p. 26 e tabelas 84 e 109).

Em segundo, quanto à gestão dos RSU, no Relatório de Pesquisa sobre o Diagnóstico

dos Resíduos Sólidos Urbanos, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (IPEA,

2012), foi constatado que 95% dos municípios brasileiros têm menos de 100 mil habitantes;

que em somente em 15% há coleta seletiva; tendo a conclusão do trabalho apontado, dentre

outros fatos, que a gestão dos RSU é dispendiosa e deficitária (IPEA, 2012, tabelas 1, 2, 13).

Em terceiro, quanto à reciclagem, no 10º Produto do Relatório Final de Avaliação

Técnica, Econômica e Ambiental das Técnicas de Tratamento e Destinação Final dos

Resíduos, da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento (FADE) da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE), pesquisa realizada entre 2011 e 2013 e publicada em 2013 (FADE,

2013a), constatou-se que são reciclados apenas 1,4% do total dos resíduos recicláveis; só nas

regiões sudeste e sul a reciclagem é mais estruturada e viável.

Page 5: Nathalia Prezotti

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Os valores comercializados com as indústrias da reciclagem são 225% maiores do que

os comercializados com as associações e cooperativas, que estão no início da cadeia da

reciclagem e, pior, chegou-se à conclusão de que os gastos decorrentes da implantação,

operação e manutenção de centrais de triagem ainda são superiores às receitas auferidas com a

venda do material beneficiado.

As centrais de triagem manuais somente são viáveis em municípios onde a geração de

resíduos é pequena, resultando em baixos índices de produtividade e recuperação de materiais.

A utilização de centrais de triagem mecanizadas é indicada para municípios de médio a grande

porte (valendo lembrar que 95% dos municípios brasileiros têm menos de 100 mil habitantes,

sendo, portanto, de pequeno porte), devido à quantidade de resíduos que geram.

Outrossim, verificou-se que os custos unitários de operação das unidades de triagem são

superiores aos de implantação, independentemente do porte; os custos de operação em unidades

de pequeno porte são significativamente superiores aos de unidades de maior porte, devido ao

uso intensivo de mão de obra. A aquisição de terreno, construção de galpões, unidades

administrativas e baias de armazenamento, além da mecanização, conforme seu porte, implicam

em custos superiores aos de implantação, independentemente do porte.

Por fim, constatou-se, ainda, que a mão de obra é o elemento mais significativo na

composição dos custos de operação. Ela varia de 90%, nas unidades que usam catação manual,

a 60%, naquelas mecanizadas, de modo que a viabilidade de implantação de unidades de

triagem em municípios de pequeno porte só é possível ao se excluir os gastos com a mão de

obra e encargos, relacionando-se a remuneração dos catadores exclusivamente à sua

produção.

A implantação dessas unidades de triagem, portanto, só se mostra viável para instalação

de unidades de médio a grande porte, que atendam a municípios com mais de 250 mil habitantes

e que possuam programas efetivos de coleta seletiva e mercado de venda de materiais

recicláveis (FADE, 2013a, p. 31 e 85).

Em quarto, em relação aos países desenvolvidos, com base no 7º Produto do Relatório

Final sobre as Principais Rotas Tecnológicas de Destinação de Resíduos Sólidos Urbanos no

Exterior e no Brasil, da FADE da UFPE (FADE, 2013b), foi apurado que, na Europa, nos

Estados Unidos e no Japão, não há espaço para catação de lixo, justamente devido à coleta

seletiva, à responsabilidade compartilhada e à logística reversa, bem como ao sistema de

tarifação e às parcerias dos setores público e privado, na gestão dos RSU. (FADE, 2013b, p.

27).

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6

Em centrais de triagem o lixo já chega limpo, segregado e beneficiado, sendo uma

estação intermediária entre a coleta seletiva e a reciclagem propriamente dita. As unidades de

triagem participam da cadeia produtiva, fornecendo às indústrias recicladoras um resíduo já

segregado, limpo e beneficiado (FUNASA, 2006). Essa é a obrigação dos consumidores,

produtores, fabricantes, importadores, distribuidores e de todo e qualquer produtor de lixo: a

correta destinação dos resíduos. Ao governo incumbe a fiscalização do cumprimento da PNRS

e a implementação da coleta seletiva e dos aterros sanitários, sejam públicos, terceirizados ou

fruto de parcerias público-privadas.

Como situar a atividade da catação se os materiais reutilizáveis e recicláveis já devem

chegar aos postos de destinação limpos, segregados e beneficiados? Somente a coleta seletiva

não garantirá o sustento dos catadores associados ou cooperativados, pois não haverá venda de

material reciclável e reutilizável nas centrais de triagem.

3. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE, TRABALHO DIGNO E TRABALHO

DECENTE

Sob a ótica jurídica e sociológica, o fomento às associações e cooperativas de catadores

é igualmente injustificável na medida em que o trabalho dos associados e cooperados é, no atual

modelo, levado a efeito sem vínculo de emprego, ou seja, sem qualquer direito trabalhista e de

forma precária. São trabalhadores sem qualificação profissional e com baixo nível educacional,

sem função real na cadeia da responsabilidade compartilhada e da logística reversa,

estabelecidas na PNRS.

O IPEA levou a efeito uma pesquisa que resultou no relatório sobre a Situação Social

das Catadoras e dos Catadores de Material Reutilizável e Reciclável, publicado em 2013, que

utilizou como base, entre outros, o CENSO 2010, publicado pelo IBGE em 2012, e a Pesquisa

Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) de 2012.

Sendo ambas as pesquisas autodeclaratórias, perderam-se dados sobre os catadores sem

domicílio definido, de modo que não engloba a real totalidade da categoria.

Ainda assim, nessa pesquisa foram apurados dados importantes. No estudo Diagnóstico

sobre Catadores de Resíduos Sólidos realizado pelo IPEA em 2011, estimou-se com base em

dados de organizações públicas, empresariais e do próprio MNCR, que havia uma média de

500 mil catadores no país (organizados e não organizados em associações e cooperativas)

(IPEA, 2013, p. 44), ou seja 0.25% da população brasileira.

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A média de idade é de 40 anos e 25% do total encontram-se entre 18 e 29 anos (IPEA,

2013, p. 47); os homens representam 69% do total dos catadores; 66% são negros, sendo que o

maior percentual está na região norte, com 82% dos catadores (IPEA, 2013, p. 49).

A renda média auferida em um mês equivalia a 12% a mais do que o salário mínimo

nacional, sendo que na região sudeste a remuneração era um pouco maior do que essa média e

na região norte, um pouco menor (IPEA, 2013, p. 53). Nada foi mencionado a respeito da carga

horária semanal e jornada de trabalho necessárias para que os catadores alcançassem essa

média remuneratória. As mulheres recebem em média 32% menos do que a média

remuneratória dos homens e os catadores brancos recebem em média 22% mais do que os

catadores negros (pretos e pardos) (IPEA, 2013, p. 54); dos catadores, 4,5% vivem em

condições de extrema pobreza, sendo que na região sudeste o percentual é de 2,2% e na região

nordeste, 8,4% (IPEA, 2013, p. 55).

Quanto aos idosos, embora no país a média de cobertura previdenciária dessa população

chegue a 74,9%, a cobertura dos catadores idosos alcança somente 57,8% (IPEA, 2013, p. 57).

Já em relação aos catadores em atividade, a média nacional de contribuição previdenciária é de

15,4%, apesar de ser uma “atividade sujeita a tantos riscos físicos e psicológicos como esta”,

tendo a região sul o maior percentual, na base de 25,9% e as regiões norte e nordeste os menores,

com 7,5 e 6,2%, respectivamente (IPEA, 2013, p. 59).

Entre os catadores o índice de analfabetismo atingiu 20,5% (mais do que o dobro da

média nacional), despontando a região nordeste com 34% e a sudeste com 13,4% (IPEA, 2013,

p. 60). Já entre os catadores com 25 anos ou mais de idade, somente 24,6% terminaram o ensino

fundamental (menos da metade da média geral da população brasileira), sendo que, quanto à

conclusão do ensino médio, a média cai para 11,4%, contra a média nacional de 35,9% para a

mesma população (acima de 25 anos). As menores médias ficaram com sul e nordeste e as

maiores na região sudeste (IPEA, 2013, p. 61).

Apenas 49,8% das residências de catadores possui esgotamento sanitário adequado,

contra 66,7% da média brasileira em geral (IPEA, 2013, p. 61); sendo que dessa média relativa

aos catadores, 75,4% diz respeito a residências de catadores na região sudeste, sendo

baixíssimo o índice para as demais regiões, dentre as quais a pior é a região norte, com apenas

12,3% (IPEA, 2013, p. 62).

Somente 38,6% possuem relação contratual, seja com carteira de trabalho assinada, seja

pelo Regime Jurídico Único, concentrados na região sudeste, com 45%. Apenas 10% são

associados ou cooperados (IPEA, 2013, p. 51). E para tal fato há um registro interessante:

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[...] dadas as especificidades que caracterizam a cadeia de valor da reciclagem,

dificilmente os catadores conseguirão auferir melhores remunerações e maior

poder de negociação, seja com outras empresas na comercialização, seja com

o poder público na formação de parcerias, sem que antes consigam alcançar

um maior grau de organização interna de sua força de trabalho. (IPEA, 2013,

p. 52).

Mas o mapeamento mostra que “essa categoria profissional, além de ser fortemente

heterogênea em termos de inserção no mundo do trabalho, constitui o elo mais vulnerável na

cadeia de valor da reciclagem”. A maioria é constituída de homens, negros, “com baixa

escolaridade, baixa cobertura previdenciária e residentes em áreas urbanas com deficiências de

infraestrutura domiciliar graves”, ou seja, sem esgotamento sanitário adequado (IPEA, 2013, p.

65).

A PNRS impôs a extinção dos lixões, aterros controlados ou espaçados; deveria,

portanto, dar “destinação” a esse extranumerário e a solução apresentada é a tentativa de sua

proletarização, mas sem vínculo empregatício ou estatutário, em benefício de um poder público

e de uma sociedade irresponsáveis ambientalmente.

Os catadores, ainda que associados ou cooperados, nos atuais moldes continuarão a ser

os únicos responsáveis pelos seus destinos, sem terem a quem e de quem reclamar, pelas suas

doenças ocupacionais, pelos acidentes de trabalho, pela exaustiva jornada, pelo ambiente

insalubre; alijados de seu direito de ação, constitucionalmente garantido no artigo 5º, inciso

XXXV, da Constituição Federal e suportando um ônus que deveria ser de toda a sociedade

geradora de lixo, não só conforme a PNRS, mas por força do princípio da solidariedade

constitucionalmente previsto no artigo 3º, inciso I da Constituição Federal Brasileira (CFB).

Desnecessário demonstrar que os trabalhos escravo e degradante afrontam princípios,

valores, fundamentos e objetivos previstos e disciplinados na Declaração Universal dos Direitos

Humanos (DUDH), que em seu artigo XXIII estabelece que “toda pessoa tem direito ao

trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção

contra o desemprego” e que “toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e

satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a

dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social”;

que no seu artigo XXIV estabelece que “toda pessoa tem direito ao repouso e lazer, inclusive à

limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas”; e em seu artigo

XXV, que “toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família

saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços

sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez,

Page 9: Nathalia Prezotti

9

velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle”. Nosso país é

um dos Estados signatários da DUDH.

Quem representa, quem vela, quem implementa os direitos fundamentais a um trabalho

digno e decente dos catadores “associados ou cooperados”?

O trabalho decente é o eixo central para o qual convergem os quatro objetivos

estratégicos da Organização Internacional do Trabalho (OIT): (1) respeito às normas

internacionais do trabalho, em especial aos princípios e direitos fundamentais do trabalho; (2)

promoção do emprego de qualidade; (3) extensão da proteção social; e (4) fortalecimento do

diálogo social.

E a nossa Constituição Federal, incorporando as diretrizes da DUDH e da OIT em seus

artigos 1º, 3º e 4º, que tratam dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil,

assegura o respeito à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho (CFB, art.

1º, incisos III e IV), sendo que para a concretização dos objetivos fundamentais da nossa

república, aponta a construção de uma sociedade justa, livre e solidária, a erradicação da

pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais (CFB, art. 3º,

incisos I e III); enaltecendo a prevalência dos direitos humanos (CFB, art. 4º, inciso II).

Em maio de 2006, o governo brasileiro lançou oficialmente a Agenda Nacional de

Trabalho Decente (ANTD). Desde então, as áreas de atuação da OIT no Brasil têm se articulado

em torno das três prioridades da agenda: (1) gerar mais e melhores empregos, com igualdade

de oportunidades e de tratamento; (2) erradicar o trabalho escravo e eliminar o trabalho

infantil, em especial em suas piores formas; e (3) fortalecer os atores tripartites e o diálogo

social como um instrumento de governabilidade democrática.

A partir da ANTD foi elaborado o Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente

(PNETD) (2006), que representa uma referência fundamental para a continuidade do debate

sobre os desafios de fazer avançar as políticas públicas de emprego e proteção social:

O seu objetivo é o fortalecimento da capacidade do Estado brasileiro para

avançar no enfrentamento dos principais problemas estruturais da sociedade e

do mercado de trabalho, entre os quais se destacam: a pobreza e a

desigualdade social; o desemprego e a informalidade; a extensão da

cobertura da proteção social; a parcela de trabalhadoras e trabalhadores

sujeitos a baixos níveis de rendimentos e produtividade; os elevados índices

de rotatividade no emprego; as desigualdades de gênero e raça/etnia; as

condições de segurança e saúde nos locais de trabalho, sobretudo na zona

rural.

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O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC),

incorporado à nossa legislação pátria pelo Decreto nº 591, de 06 de julho de 1992, em seu artigo

6º reconhece o direito de toda pessoa ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho

livremente escolhido ou aceito, cabendo aos Estados-partes tomar todas as medidas apropriadas

para salvaguardar esse direito, reconhecendo o direito de toda pessoa de gozar de condições de

trabalho justas e favoráveis (BRASIL, 1992).

A indústria do lixo (da reciclagem) possui um próspero mercado, no qual os catadores

de lixo de países subdesenvolvidos são os “cabeça de bagre”. São a mão de obra gratuita para

o trabalho sujo. Ou seja, análogo ao da escravidão. São os escravos modernos. Inseridos em

uma logística perversa no ciclo de vida dos produtos e da irresponsabilidade compartilhada

dos geradores de lixo.

O incentivo às associações e cooperativas de catadores de lixo pode, portanto, ser

comparado ao incentivo às sweatshops, nas quais o explorador do trabalho degradante é o

próprio poder público, que sabe das precárias condições de trabalho dos catadores e do

insucesso a que estão fadadas suas associações, mas que fomenta tal trabalho, por custo zero,

sem quaisquer garantias trabalhistas e ao relento da seguridade social.

Sabido é que o sweat system2 vem sendo combatido duramente pelas autoridades

nacionais e internacionais, por tratar-se de trabalho em condições análogas às de escravidão no

meio urbano, isto é, trabalho degradante.

E tal fato fica muito claro no depoimento de Sebastião Carlos dos Santos, no

emblemático I Seminário Brasileiro contra o Racismo Ambiental, realizado na Universidade

Federal Fluminense (UFF) em 2005:

Mais uma: “a valorização e o reconhecimento da autogestão”. Valorização por

quê? Pelo trabalho que prestamos à sociedade, ao poder público, ao meio

ambiente, às empresas geradoras, porque todo detrito, todo o lixo gerado, as

empresas recebem para coletar. E o catador que faz o trabalho certo, que dá

destino aos resíduos, que move esse grande ciclo econômico que é a

reciclagem dentro do país, não recebe pelo serviço prestado. As empresas

recebem. Nós que fazemos o trabalho correto, que destinamos corretamente,

não recebemos. (HERCULANO; PACHECO, 2006, p. 223).

2 Exploração de mão de obra em lugares (sweatshops) e condições socialmente inaceitáveis para os

trabalhadores, sujeitos a trabalhos extenuantes, em condições precárias de salubridade e segurança, mediante

pagamentos irrisórios que os obrigam a se manterem vinculados aos contratantes em troca de abrigo e comida,

sem qualquer proteção trabalhista e previdenciária. Normalmente acontece com estrangeiros ilegais em grandes

fábricas e indústrias. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Sweatshop

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O direito pátrio reconhece a centralidade do trabalho e sua qualificação como espaço da

integração do ser humano com o meio em que vive, como forma de dar concretude à cidadania,

à dignidade do cidadão, basilar à soberania interna.

Traz para o direito interno a concepção de trabalho digno de que tratam os direitos

humanos, através do reconhecimento do direito ao trabalho decente e a todos os direitos sociais

estatuídos nos artigos 6º ao 11º da CFB, nos quais resta consubstanciado o primado do trabalho

como fundamento da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988, art. 1º, inciso IV),

conclusão a que chegamos utilizando como fonte para o desenvolvimento do raciocínio o artigo

de Rosenfield e Pauli (2012).

A Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012, por sua vez, dispõe sobre a organização e o

funcionamento das cooperativas de trabalho e estabelece como princípios e valores a adesão

voluntária e livre; a educação, formação e informação; a preservação dos direitos sociais, do

valor social do trabalho e da livre iniciativa; e a não precarização do trabalho (BRASIL, 2012,

incisos I, V, VIII e IX).

Sem educação e saúde não há coalizão, não há informação, não há profissionalismo

bastante. E, falando em profissão, a “categoria” só pode ser assim considerada, por possuir um

CBO (IPEA, 2013, p.42). Sociologicamente, contudo, não se pode falar em profissão, pois não

há aptidão especial, ofício específico, credencial, especialização ou regulamentação que

justifique a classificação da atividade de catação de lixo como “profissão”.

A PNRS é exemplar ao dispor com maestria sobre os meios e modos para o

gerenciamento de resíduos sólidos, sobre as responsabilidades dos geradores e do poder público

e sobre os instrumentos econômicos oferecidos para a consecução de tal fim.

Dispõe sobre todos esses aspectos, impondo aos geradores de lixo reutilizável ou

reciclável suas responsabilidades e prevendo sanções para sua inobservância. Das definições

constantes da PNRS depreende-se que nos aterros, sejam controlados ou sanitários, não deverá

haver resíduos, mas tão somente rejeitos e, portanto, nada reutilizável ou reciclável.

A coleta seletiva, a logística reversa e a responsabilidade compartilhada implicam em

que o material reciclável e reutilizável deva ser segregado pelos consumidores e sua destinação

final passa a ser de responsabilidade não só dos consumidores, como dos empreendedores,

fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes.

O ciclo de vida do produto inclui o consumo e a disposição final e os consumidores são

considerados “geradores de resíduos sólidos” (PNRS, art. 3º, incisos IV e IX).

Entende-se por responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos:

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[...] conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares

dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para

minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para

reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental,

decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei. (PNRS, art. 3º,

inciso XVII).

Entende-se por logística reversa:

[...] instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um

conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a

restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,

em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos ou outra destinação final

ambientalmente adequada. (PNRS, art. 3º, inciso XII).

Por fim, entende-se por destinação final ambientalmente adequada a “destinação de

resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o

aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes” (PNRS,

art. 3º, inciso VII).

As associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis são,

em última análise, fadadas ao insucesso, supérfluas ao ciclo de vida dos produtos recicláveis e

reutilizáveis, além de acobertam o trabalho precário, em afronta, no que tange a princípios

constitucionais elementares e à própria lei das cooperativas.

Sob esse aspecto, a PNRS faz crer que está a fornecer meios e modos de os catadores

reforçarem sua identidade, como agentes ambientais, e que esta seja firmada socialmente;

contudo, na inviabilidade econômico-financeira das associações e cooperativas cujo incentivo

fomenta, legará a tais indivíduos nada mais do que a própria sorte, para continuarem suas

trajetórias de vida, suportando o ônus que incumbe a todo gerador de lixo, à sociedade como

um todo e ao Estado, portanto.

A realidade discrepa dos conceitos criados pelos legisladores e estudiosos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Zigmunt Bauman, em Em Busca da Política (2000, p. 36) coloca que a defesa ao

neoliberalismo é o “reinado absoluto da flexibilidade”, que visa a “precarizar” e assim

incapacitar as pessoas que possam encabeçar qualquer fonte de resistência; tornar precária a

posição daqueles que são afetados e mantê-la precária. Medidas como a substituição de

contratos permanentes e legalmente protegidos por empregos ou serviços temporários que

permitem demissão incondicionada, rotatividade, terceirização e o tipo de emprego onde a

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política de promoção e aumento salarial priorizam não a competência, mas os resultados obtidos

por cada um no momento, assim como a indução à competição entre setores e departamentos

da mesma empresa, pulveriza os movimentos de união dos empregados, produzindo uma

situação de incerteza endêmica e permanente. Tal estratégia alcança mesmo os mais elevados

níveis da hierarquia empresarial – o que significa a perda do meio de subsistência, dos títulos

sociais, do lugar na sociedade e da dignidade humana que os acompanha.

Se a precarização das condições de trabalho é um tema urgente e universal para os que

possuem e almejam manter seus postos de trabalho primeirizado, muito mais grave é a

imposição da precarização para aqueles que já vivem em condições precárias de humanidade.

A flexibilização das relações de trabalho implica em flexibilização da própria

identidade. A estrada que parte do bem-estar para o trabalho leva da segurança à insegurança

ou de uma menor para uma maior insegurança. Sendo essa estrada o que é, estimular o maior

número possível de pessoas a tomá-la combina bem os princípios da “economia política da

insegurança”, tornando em tese aceitável e até louvável o fomento às associações e cooperativas

de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Mas tão somente de acordo com esses

princípios “econômicos”, inserindo os catadores na cadeia da logística perversa ambiental e da

irresponsabilidade social compartilhada.

Com efeito, o atual Wellfare State não comporta mais a função que originariamente lhe

foi aclamada. A privatização do que vem a ser o “interesse público”, a fragmentação dos

problemas sociais, não poderia redundar, para os catadores, em outra saída que não uma saída

legalista e utilitarista.

Flagrantemente inconstitucional, portanto, o artigo 7º, inciso XII da PNRS, por afrontar

não só o princípio da solidariedade mas, igualmente, direitos fundamentais do catador, inclusive

ao da livre associação e o direito ao trabalho decente. O referido artigo não passa de uma norma-

álibi, segundo a classificação de Kindermann adotada por Marcelo Neves (apud, NEVES, 2011,

p. 31), pois, diante da necessidade ambiental da extinção dos lixões, criou-se um “clamor”

quanto à sorte dos catadores que dali tiram sua subsistência, o que merecia atenção e uma

solução política, pelo legislador.

Também pode-se dizer que tal dispositivo possua um efeito dilatório, seguindo o

raciocínio do referido autor, no que tange à classificação da legislação simbólica, se pensarmos

que a indústria geradora de lixo não é cobrada a investir na logística reversa e que o próprio

governo ainda não foi capaz de implementar concretamente a Política Nacional de Educação

Ambiental (BRASIL, 2008) (MENEGUZZO; MENEGUZZO, 2013) e a coleta seletiva, de

modo que a responsabilidade compartilhada resta prejudicada.

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Por outro lado, para a indústria da reciclagem entrar no mercado, barganha os menores

custos possíveis para sua atuação, valendo-se, igualmente, da mão-de-obra dos catadores, a

preços irrisórios.

Fato é que, com a educação ambiental, a coleta seletiva (uma das bandeiras do MNCR,

conforme nos informa a Herculano e Pacheco) (2006, p. 224), assim como com a logística

reversa e a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, não haverá material

reutilizável e reciclável nos aterros sanitários, que só recebem rejeitos, uma vez que a

destinação final de materiais reutilizáveis e recicláveis inclui a reutilização, a reciclagem, a

compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas

pelos órgãos competentes. As centrais de triagem não necessitarão de “catação” pois o lixo lá

chegará, limpo, segregado e beneficiado.

Assim sendo, o contingente dos catadores deverá ser dignamente contratado, mediante

contratos regulares de trabalho, seja pelos responsáveis pela logística reversa de seus produtos,

seja pela indústria da reciclagem, seja pelo Poder Público, a quem incumbe a limpeza urbana,

pois são serviços essenciais à efetivação e consecução das demais disposições da PNRS e que

podem, estes sim, absorver o contingente dos catadores de lixo existentes, até que a categoria

seja extinta, juntamente com os lixões e o trabalho degradante.

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