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NATASHA BALTHAZAR Gestão de riscos em empreendimentos rápidos de varejo em shopping centers São Paulo 2021

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NATASHA BALTHAZAR

Gestão de riscos em empreendimentos rápidos de varejo em shopping centers

São Paulo

2021

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NATASHA BALTHAZAR

Gestão de riscos em empreendimentos rápidos de varejo em shopping centers

Versão Original

Monografia apresentada à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo,

para obtenção do título de Especialista em

Gestão de Projetos na Construção

Área de Concentração: Gestão de Projetos

na Construção

Orientadora:

Profa. Dra. Flávia Rodrigues de Souza

São Paulo

2021

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação-na-publicação

Balthazar, Natasha GESTÃO DE RISCOS EM EMPREEDIMENTOS RÁPIDOS DE VAREJO

EM SHOPPING CENTERS / N. Balthazar -- São Paulo, 2021. 170 p.

Monografia (Especialização em Gestão de Projetos na Construção) –

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Poli-Integra.

1.Gestão de Riscos 2. Gestão de Projetos 3. Projetos Rápidos 4. Projetos em Varejo 5. Construção Civil I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Poli-Integra II.t.

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Dedico este trabalho ao meu parceiro de vida,

Guilherme Castilho, que é meu porto seguro e

minha fonte diária de incentivo para

continuar lutando pelos meus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço profundamente à minha orientadora, Profa. Dra.

Flávia Rodrigues de Souza, pelas conversas construtivas e orientação precisa para

que eu conseguisse desenvolver este trabalho. Muito obrigada por me acompanhar

em uma fase de tantas mudanças na minha vida e se mostrar sempre tão carinhosa

e amiga, me encorajando e me fazendo lembrar o porquê de não desistir.

Não menos importante, agradeço ao meu pai, por ter dedicado tanto tempo,

energia e dinheiro à minha criação e educação. Quanto mais o tempo passa, mais

eu percebo o valor de tudo que você cultivou em mim desde que nasci e hoje colho

os resultados. Todas as minhas conquistas têm um pedacinho de você, que me

ensinou a pensar, agir e lutar como faço hoje.

Agradeço também ao Prof. Dr. Silvio Burrattino Melhado, à toda estrutura da

Escola Politécnica e à minha turma do curso GPC 2018, que fez com que as sextas-

feiras, sábados e segundas-feiras ficassem mais leves e divertidas. Agradeço

especialmente à Thais, Tatiane e Fernanda, amigas que levo para a vida. Meninas,

obrigada pela amizade sincera que criamos e mantivemos; tenho muitas saudades

de me encontrar com vocês.

Por fim, agradeço ao meu eterno namorado e melhor amigo, por todo amor e

compreensão. Gui, obrigada por respeitar e incentivar meus sonhos, compreender

minha falta de tempo e compartilhar comigo os sofrimentos e as conquistas. Poder

dividir a vida com você é um dos maiores presentes que recebi.

Page 6: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

RESUMO

O setor varejista no Brasil representa 61% do Produto Interno Bruto do país,

segundo análise de dados observados em 2020, e tem sido uma das áreas afetadas

pelo presente contexto de pandemia, o que impactou, também, no processo de

implantação de novas lojas no que diz respeito à disponibilidade de materiais e mão

de obra. Os empreendimentos rápidos de varejo em shopping centers, isto é,

abertura de lojas, são caracterizados, principalmente, pela sobreposição de

atividades, valores significativos de investimentos, requisitos e expectativas

peculiares de cada marca, e, portanto, são processos com alta exposição a riscos.

Nessa conjuntura, este estudo tem como objetivo propor recomendações para se

fazer gestão de riscos nesses processos de implantação. Desenvolvido por meio de

dois estudos de caso, cujos dados foram coletados por observação dirigida, o

presente trabalho apresenta a descrição, análise e comparação do processo de

implantação de novas lojas de duas marcas diferentes. Os projetos foram

gerenciados pela mesma empresa projetista de arquitetura e, considerando os

problemas observados, elaborou-se o mapeamento dos riscos percebidos em cada

caso. A partir desse levantamento, aprofundou-se a análise para uma estruturação

de riscos genéricos recorrentes aos empreendimentos rápidos na área de varejo e,

por fim, a proposição de diretrizes para introduzir a gestão de riscos em projetos

rápidos.

Palavras-chave: Gestão de riscos. Gestão de Projetos. Projetos Rápidos. Projetos

de Varejo.

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ABSTRACT

The retail sector in Brazil represents 61% of the country's Gross Domestic Product,

according to data analysis observed in 2020, and has been one of the areas affected

by the current pandemic context, which also impacted the process of setting up new

stores in the with regard to the availability of materials and labor. Fast retail ventures

in shopping centers, that is, store openings, are mainly characterized by the

overlapping of activities, significant amounts of investments, requirements and

expectations peculiar to each brand, and, therefore, are processes with high

exposure to risks. In this context, this study aims to propose recommendations for

risk management in these implementation processes. Developed through two case

studies, whose data were collected by guided observation, the present work presents

the description, analysis and comparison of the process of implantation of new stores

of two different brands. The projects were managed by the same architectural design

company and, considering the problems observed, a mapping of the risks perceived

in each case was prepared. From this survey, the analysis was deepened for a

structuring of generic risks recurrent to fast projects in the retail area and, finally, the

proposal of guidelines to introduce risk management in fast tracking constructions.

Keywords: Risk management. Project management. Fast construction. Fast

tracking. Retail Design.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Síntese da metodologia do estudo ........................................................... 22

Figura 2 – Comparação entre Abordagem Tradicional e Abordagem Fast Track ..... 27

Figura 3 – Inter-relação entre os componentes da estrutura para gerenciar riscos .. 32

Figura 4 – Processos de gestão de riscos ................................................................ 34

Figura 5 – Visão geral do gerenciamento de riscos do projeto.................................. 40

Figura 6 – Estrutura PRINCE2 .................................................................................. 42

Figura 7 – Processo para gestão de riscos segundo PRINCE2 ................................ 44

Figura 8 – Elementos inseridos pelo PRINCE2 AGILE na metodologia PRINCE2 ... 48

Figura 9 – Matriz de probabilidade e impacto............................................................ 50

Figura 10 – Síntese dos objetivos para os estudos de caso apresentados e análises

realizadas .................................................................................................................. 64

Figura 11 – Alinhamento entre cliente e escritório projetista de arquitetura sobre as

etapas e cronograma do projeto ................................................................................ 66

Figura 12 – Síntese do fluxo de comunicação........................................................... 71

Figura 13 – Processos que compõem a implementação de uma nova loja .............. 73

Figura 14 - Etapas e cronograma previsto para o processo de projeto ..................... 98

Figura 15 – Síntese do fluxo de comunicação......................................................... 103

Figura 16 – Síntese do fluxo de informação e processos que compõe a

implementação de uma nova loja ............................................................................ 104

Figura 17 – Gráfico com a quantidade de riscos avaliados em cada impacto ......... 148

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese dos trabalhos acadêmicos estudados relevantes ao tema ........ 19

Quadro 2 – Definição dos princípios da abordagem fast track segundo autores ...... 28

Quadro 3 – Comparação entre os modelos estudados ............................................. 54

Quadro 4 – Mapeamento das partes interessadas x responsabilidades x etapas do

processo .................................................................................................................... 68

Quadro 5 – Mapeamento das solicitações do Shopping na primeira análise do

projeto ....................................................................................................................... 78

Quadro 6 – Comparação entre cronograma previsto e cronograma averiguado....... 86

Quadro 7 – Quadro síntese para esquematizar objetivos, pressupostos e desafios

identificados no processo sob a perspectiva da parte interessada ........................... 87

Quadro 8 – Quadro síntese para esquematizar objetivos, pressupostos, desafios e

interfaces identificados sob a perspectiva dos processos ......................................... 88

Quadro 9 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso 1

– Perspectiva das Partes Interessadas ..................................................................... 90

Quadro 10 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso

1 – Perspectiva dos Processos ................................................................................. 93

Quadro 11 – Quadro síntese para mapeamento das partes interessadas x

responsabilidades x etapa do processo que participam .......................................... 100

Quadro 12 – Comparação entre cronograma previsto e cronograma averiguado... 110

Quadro 13 – Síntese para esquematizar objetivos, pressupostos e desafios

identificados sob a perspectiva da parte interessada .............................................. 111

Quadro 14 – Síntese para esquematizar objetivos, pressupostos, desafios e

interfaces identificados sob a perspectiva dos processos ....................................... 112

Quadro 15 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso

2 – Perspectiva das Partes interessadas ................................................................ 114

Quadro 16 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso

2 – Perspectiva dos Processos ............................................................................... 116

Quadro 17 – Quadro comparativa entre os casos estudados ................................. 119

Quadro 18 – Identificação de riscos genéricos em projetos de empreendimentos de

varejo em Shopping Centers – Perspectiva Partes Interessadas x Processos ....... 129

Quadro 19 – Síntese do impacto positivo das diretrizes propostas nos grupos de

riscos percebidos .................................................................................................... 151

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABComm Associação Brasileira de Comércio Eletrônico

Abrasce Associação Brasileira de Shopping Centers

APM Association for Project Management

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção

Cm Centímetro

CNC Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e

Turismo

CP Closing a Project

CP Controlling a Project

DP Directing a Project

EAR Estrutura Analítica de Riscos

Fecomercio-SP Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado

de São Paulo

IEC International Electrotechnical Commission

IP Initiating a Project

ISO Internacional Organization for Standardization

m Metro

m² Metragem quadrada (área)

MP Managing Product Delivery

NBR Norma Brasileira

OGC Office of Government Commerce

PDV Ponto de Venda

PIB Produto Interno Bruto

PMBoK Project Management Body of Knowledge

PMI Project Management Institute

PRAM Project Risks Analyses and Management

PRINCE Projects IN Controlled Environment

RRT Registro de Responsabilidade Técnica

SB Managing a Stage Boundary

SBVC Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo

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SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SU Starting Up a Project

SWOT Strengths, Weakness, Opportunities, Threats

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1 Contexto ...................................................................................................... 13

1.2 Problema ..................................................................................................... 16

1.3 Questões ..................................................................................................... 17

1.4 Objetivo ....................................................................................................... 17

1.5 Justificativa ................................................................................................ 18

1.6 Métodos de pesquisa ................................................................................. 20

1.7 Estrutura do Trabalho ................................................................................ 23

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 25

2.1 Definição de Risco ..................................................................................... 25

2.2 Abordagem Fast Track .............................................................................. 26

2.3 Revisão e Análise dos Manuais, Normas e Guias para Gestão de Riscos

e Empreendimentos Rápidos ................................................................................. 29

2.3.1 ABNT NBR ISO 31.000:2018 ....................................................................... 29

2.3.2 GUIA PMBOK (2017) ................................................................................... 36

2.3.3 METODOLOGIA PRINCE2 (2017) ............................................................... 41

2.3.4 GUIA PRINCE2 AGILE ................................................................................ 47

2.3.5 PRAM (2018) ............................................................................................... 49

2.3.6 Comparação entre os Modelos de Gestão de Projetos ................................ 53

2.4 Revisão de Trabalhos Acadêmicos .......................................................... 55

2.4.1 Gestão de Partes Interessadas .................................................................... 55

2.4.2 Gestão de Riscos ......................................................................................... 57

2.4.3 Projetos Rápidos .......................................................................................... 60

3. ESTUDOS DE CASO ......................................................................................... 63

3.1 Caso 1 ......................................................................................................... 64

3.2 Caso 2 ......................................................................................................... 96

3.3 Análise Comparativa ................................................................................ 118

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4. ANÁLISES E CONTRIBUIÇÕES ..................................................................... 123

5. RECOMENDAÇÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................... 149

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 155

APÊNDICE A: DIÁRIO DE BORDO CASO 01 ....................................................... 159

APÊNDICE B: DIÁRIO DE BORDO CASO 02 ....................................................... 163

ANEXO A: ANÁLISE DO SHOPPING (CASO 01) ................................................. 166

ANEXO B: NOTIFICAÇÃO PARA REGULARIZAÇÃO (CASO 01) ....................... 169

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13

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

A contextualização parte de dados sobre o setor varejista e o setor da

construção civil no Brasil, e das visões da autora, que possui vivência profissional na

área. Nesse sentido, o início deste trabalho conta com informações sobre a

representatividade do setor varejista e sobre a construção civil no Brasil e sua

relevância para a economia, além de considerações relacionadas aos perfis de

consumidores e como isso afeta na demanda por lojas físicas.

O ano de 2020 foi importante para o varejo devido ao grande impacto que as

restrições de funcionamento, decorrentes da pandemia, provocaram no que se

refere ao faturamento da loja física e ao comportamento do consumidor. Segundo

estudo apresentado em março de 2021 pela Sociedade Brasileira de Varejo e

Consumo (SBVC), o varejo representa 61% do Produto Interno Bruto (PIB)

brasileiro, ou seja, R$ 4,48 trilhões, tendo como base dados de 2020. Ainda de

acordo com o estudo, esses números retratam o cenário de crise devido à pandemia

do Coronavírus vivenciada no último ano e à mudança no comportamento dos

consumidores, que apresenta uma queda de 5,5% em comparação ao ano anterior.

Outro estudo, dessa vez realizado pelo Mercado Pago (2021) a partir de

números coletados em 2020, revela que, no Brasil, existem duas datas que

movimentam fortemente o comércio, que são o Dia das Mães (maio) e o Natal

(dezembro). Em convergência com esse comportamento do comércio, percebe-se

ainda uma tendência maior de abertura de lojas quando tais datas se aproximam.

Não há dados precisos para afirmar que existe uma sazonalidade no Brasil no

que concerne à abertura de lojas, contudo, com base na demanda de trabalho da

autora, pode-se dizer que há maior busca por projetos arquitetônicos para novas

lojas entre os meses de março e abril, e entre outubro e novembro.

Em razão da pandemia, 75 mil estabelecimentos comerciais no Brasil

encerraram suas atividades em 2020; este é o pior resultado desde 2016, segundo

levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e

Turismo (CNC, 2021). Outro dado apresentado nessa pesquisa é que, das 75 mil

empresas fechadas, 98,8% são micro e pequenas empresas; no entanto, apesar do

Page 15: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

14

alto índice de fechamento dos estabelecimentos, as vendas no varejo tiveram queda

de apenas 1,5%.

O levantamento da CNC (2021) também traz dados sobre as vendas no

comércio digital, que cresceram 37% em 2020, se comparados a 2019. A aderência

ao comércio digital foi, para muitas marcas, a forma de sobreviver às medidas

restritivas de funcionamento do espaço físico.

De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM,

2021), entre os dias 9 e 30 de abril de 2020, mais de 100 mil lojas aderiram às

vendas por canais digitais. Ao mesmo tempo em que se percebe um aumento do

comércio virtual, estudos da CNC (2021) apontam que a população ainda manifesta

certo grau de dependência em relação ao consumo presencial, o que gera

especulações para o mercado em 2021.

Segundo publicação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE, 2020), o setor da construção civil representa 6,2% do PIB

brasileiro. De acordo com dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e

Turismo do Estado de São Paulo (FECOMERCIOSP, 2021), o mercado do varejo

paulista foi o setor que registrou maior crescimento em faturamento, com 18,7%,

chegando a R$ 67,6 bilhões.

Um panorama geral sobre a construção civil apresentou retração em 2020 de

2,8%, segundo informações atualizadas pela Câmara Brasileira da Indústria da

Construção (CBIC, 2020). Porém, ainda segundo a CBIC (2020), existem projeções

animadoras que preveem que o PIB do seguimento deve avançar 4% em 2021, o

que converge com a pesquisa apresentada pela CNC (2021) em relação a certo

otimismo para crescimento em 2021.

A partir das observações desta autora, na atual conjuntura, a questão “o que

leva o consumidor à loja física?”, que já estava sendo fomentada antes da

pandemia, ganhou ainda mais força. Em um momento em que vários meses se

passaram com centros comerciais fechados, parece ilógico investir em abertura ou

reforma de lojas físicas, porém, foi possível perceber que não só os espaços físicos

sofreram mudanças por conta da pandemia, mas os consumidores também

mudaram.

Page 16: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

15

A empresa de tecnologia Criteo (2020) realizou um estudo sobre o

comportamento dos consumidores brasileiros e, de acordo com os dados

analisados, percebeu-se que 67% dos consumidores entrevistados descobriram, ao

menos, uma nova forma de comprar durante a pandemia. Como novas maneiras de

consumo, foram elencadas: compras online, uso de aplicativos de entrega e

compras via WhatsApp. A conclusão desse estudo foi que o isolamento social no

Brasil redefiniu os hábitos de consumo e que 52% dos consumidores entrevistados

declararam que irão incorporar essa nova forma de consumo, mesmo com o fim da

pandemia.

Ao mesmo tempo, outra pesquisa feita pela Criteo (2020) relacionada ao

retorno gradual da abertura de shoppings revelou que 40% dos entrevistados

declararam que voltarão a frequentar as lojas físicas no ato da reabertura do

comércio, 27% dizem que vai demorar entre três e cinco meses para entrar em loja

física, 18% consideram que voltarão a frequentar o espaço físico entre seis e nove

meses, enquanto 16% afirmam que só voltarão a frequentar shoppings após nove

meses da reabertura. A porcentagem que declara a intenção de voltar a frequentar o

espaço físico converge com o estudo da CNC (2021), que aponta a dependência

percebida em relação ao consumo presencial.

Além da questão do consumidor, houve também aumento nas oportunidades

dentro dos shoppings em relação à comercialização de pontos com valores

reduzidos. Segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers

(ABRASCE, 2021), a vacância nos shoppings da cidade de São Paulo dobrou em

comparação a 2019, chegando a 9,3% em dezembro de 2020.

Dessa forma, empresas que tinham reserva financeira aproveitaram as

oportunidades oferecidas pelos shoppings para garantir a locação do ponto e

implantação de nova loja, confiando na retomada do comércio pós-pandemia.

Identificam-se lacunas de publicações sobre os resultados dos investimentos

em pontos comerciais durante a pandemia, mesmo porque ela ainda está sendo

vivenciada; contudo, o que se observa é que a incerteza em relação ao futuro

começou a ser considerada no momento de decisão por abrir ou não uma nova loja

– quando optou-se pela abertura, o orçamento destinado a essa nova operação se

tornou mais controlado em comparação ao período pré-pandemia.

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16

1.2 Problema

Em função da experiência profissional desta autora na área de projetos de

varejo, verifica-se que os processos de implantação de lojas em shopping centers

são caracterizados pelo alto nível de exposição a riscos, já que o tempo para

desenvolvimento do projeto e execução gira em torno de três meses. Por essa

razão, são necessárias práticas específicas, como resposta rápida aos problemas,

motivação de toda equipe com o objetivo do projeto, sobreposição de atividades

para atendimento ao prazo estipulado, gestão da comunicação entre as partes

envolvidas, entre outras que serão aprofundadas no presente estudo.

Diante desse cenário, destacam-se as seguintes causas para os problemas:

a) Requisitos técnicos do shopping para o projeto arquitetônico: existe a

formalização dos requisitos em um caderno técnico, entretanto, o shopping

resguarda o direito de alterar esses requisitos a qualquer momento sem aviso

prévio, sendo o lojista responsável pela adequação;

b) Requisitos do negócio: a empresa de projeto precisa propor soluções

coerentes com a parte operacional da loja e a favor do aumento da

rentabilidade do negócio, ou seja, o custo de implantação precisa se pagar

com a loja em funcionamento;

c) Custo para execução: o custo pode ser considerado uma incerteza, pois o

orçamento disponível para cada loja varia de acordo com a negociação feita

com o shopping, localização da loja e situação existente do local em que a

nova loja será implementada. Com o histórico de lojas, existe uma referência

do valor normalmente gasto por metro quadrado, mas o número não é claro e

varia com as externalidades, resultando em uma indefinição na diretriz de

custo;

d) Tempo para execução: a duração do processo também é uma incerteza, ao

passo que varia de acordo com a carência de aluguel negociada com o

shopping. Esse requisito de tempo é repassado aos fornecedores envolvidos

(o que impacta, também, no custo);

e) Shopping: caracterizado como um agente que agrega uma série de

incertezas, pois cada um possui um regimento interno de normas para o

Page 18: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

17

projeto arquitetônico (ou seja, existe um projeto conceito replicável para a

marca, mas que deve ser adaptado para cada shopping, segundo suas

diretrizes internas);

f) Cliente: apesar de o cliente ter clareza sobre as suas expectativas em relação

ao tempo, custo e qualidade, em geral, as incertezas e possibilidades de

mudanças fazem parte da relação com este agente;

g) Fornecedores: de forma geral, as possibilidades de mudanças presentes no

processo também fazem parte da relação contratual com este agente,

levando à exposição a riscos.

1.3 Questões

A questão central da pesquisa é: quais são os principais riscos inerentes aos

empreendimentos de varejo em shopping centers?

Como questões secundárias, tem-se:

• Quais são os agentes envolvidos em um projeto de varejo em shopping

center?

• Dentre as variáveis que envolvem o projeto de varejo em shopping center,

quais devem ser consideradas para gestão de riscos?

• Como ocorre o fluxo de comunicação em projetos de varejo em shopping

center e qual o impacto desse processo na exposição a riscos?

• Em qual momento a gestão de riscos deve acontecer para sucesso do

empreendimento de varejo em shopping center?

1.4 Objetivo

Como objetivo principal, pretende-se propor recomendações para gestão de

riscos em empreendimento de varejo em shopping center, a partir dos principais

riscos percebidos nesse tipo de empreendimento; estes serão identificados sob a

perspectiva das partes interessadas e processos.

Page 19: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

18

É de extrema importância expor que não há pretensão de se criar uma lista

rígida de riscos, causas e agentes, mas sim entender o contexto que envolve os

empreendimentos de varejo nessa área e suas variáveis para, então, realizar um

mapeamento de riscos que pode ser utilizado como gatilho para que os gestores de

projetos repensem a gestão, de forma a reduzir a exposição inicial aos riscos

inerentes a essa tipologia. Tal mapeamento estará em constante transformação, de

acordo com as novas experiências e lições aprendidas.

Nesse sentido, esta monografia delimita-se pelos estudos de caso em que o

cliente é uma rede de lojas (franqueadora), que busca expansão por meio da

abertura de lojas nos mais diversos shoppings centers, com base na replicação de

um conceito arquitetônico já consolidado.

1.5 Justificativa

A motivação para desenvolver esta pesquisa é o envolvimento da autora em

projetos rápidos no ramo de varejo em shopping centers. Em função dessa

experiência profissional na área, verifica-se a escassez de estruturas, procedimentos

e ferramentas que auxiliem os gerentes de projeto na gestão de riscos desse tipo de

empreendimento.

Percebe-se ainda que, em razão da experiência prática da autora, quando a

gestão de riscos é exercida, mesmo que de forma intuitiva e pouco estruturada,

existe uma melhora no processo de projeto e implementação de um

empreendimento de varejo em shopping centers. Sendo assim, entende-se a

importância de aprofundar o conhecimento em técnicas e ferramentas que façam a

gestão de risco possível dentro de um processo tão curto quanto ao do contexto em

questão.

Outro fator que justifica o desenvolvimento deste estudo é a carência de

material acadêmico que faça o cruzamento entre riscos, obras de varejo e

metodologia fast track. Foram encontrados dois trabalhos relevantes que fazem essa

relação e que foram aprofundados na revisão bibliográfica para serem adotados

como base teórica na análise dos estudos exploratórios apresentados. O conteúdo

desses trabalhos está resumido no Quadro 1.

Page 20: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

19

Quadro 1 – Síntese dos trabalhos acadêmicos estudados relevantes ao tema

Título

Obras rápidas de varejo:

caracterização e proposta de

diretrizes e produtos para

planejamento e controle de tempos

Aplicação da metodologia Fast

Construction em uma Obra de

Construção Civil

Autor (es)

Guilherme Rodrigues Su

Madalena Osório Leite

Alisson Gabriel Alexandrino Ramos

Domingos Sávio Viana de Sousa

Domingos Sávio Viana de Sousa

Filho

Ano e local

de publicação

2019

São Paulo / Brasil

2018

Paraná / Brasil

Tipo de

publicação

Dissertação

Universidade de São Paulo

Artigo científico / Congresso Brasileiro

de Engenharia de Produção

Conceitos

trabalhados

Obras rápidas

Setor de varejo

Planejamento e controle de

cronograma

Obras rápidas

Setor de Varejo

Planejamento e logística

Objetivo

Caracterizar obras rápidas de varejo

com base nas obras da empresa

objeto de estudo para então propor

diretrizes e produtos para o

planejamento e controle de tempos

em suas obras.

Apresentar modelo de planejamento e

controle de obras de curto prazo no

setor de varejo, com influência da

metodologia fast construction (obras em

regime acelerado).

Resumo

O trabalho apresenta a caracterização

do contexto que envolve as obras de

construção civil no setor varejista,

apontando a necessidade de serem

planejadas e controladas de uma

maneira diferenciada. O autor tem

experiência na área e o trabalho foi

desenvolvido a partir da coleta de

dados em 120 obras, entrevistas e

observação direta.

O trabalho apresenta um estudo de

caso de uma obra no setor varejista

realizada em curto prazo em que foi

aplicada a metodologia fast

construction. No estudo, apresentam as

práticas aplicadas para o gerenciamento

de projetos e planejamento do

empreendimento em relação a

orçamento e cronograma e como esse

método possibilitou a empresa

construtora definir indicadores que

serão empregados nas próximas obras,

sendo este o grande ganho apontado

pelo estudo em relação a aplicação do

fast construction na construção civil.

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 21: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

20

Por fim, a contribuição que o presente estudo pretende entregar aos

profissionais da área é um direcionamento para que se faça gestão de riscos em

empreendimentos rápidos de varejo a partir das diretrizes e do mapeamento

genérico das possíveis fontes de riscos inerentes a um empreendimento de varejo

em shopping centers. Considerando a importância atribuída à estruturação do

processo de gestão de riscos, esse mapeamento genérico de riscos recorrentes

pode ser utilizado como ponto de partida para o ordenamento específico do

gerenciamento de riscos dentro de cada projeto.

1.6 Métodos de Pesquisa

Este trabalho é resultado de uma pesquisa exploratória e aplicada com

caráter qualitativo, realizada por meio de dois estudos de caso que tiveram seus

dados coletados a partir de observação dirigida feita pela autora, culminando em

diretrizes e proposições decorrentes dos acontecimentos analisados.

Uma pesquisa exploratória caracteriza-se pelo pouco conhecimento sobre o

tema escolhido, dificultando o aparelhamento de hipóteses. Ela se faz necessária

para esclarecer o objeto a ser estudado e, posteriormente, realizar uma pesquisa

mais aprofundada (OLIVEIRA, 2018).

A pesquisa exploratória apresenta descrições precisas da situação a ser

estudada e visa descobrir as relações existentes entre seus elementos

componentes. Esse tipo de estudo prevê a consideração dos mais diversos

problemas e aspectos que caracterizam a situação e tem como objetivo familiarizar-

se com o fenômeno ou obter uma nova percepção sobre ele (CERVO; BERVIAN;

DA SILVA, 2007).

Por conta disso, a pesquisa exploratória é considerada um trabalho preliminar

ou preparatório para outro tipo de investigação (ANDRADE, 2017), e se desenvolve

com o propósito de proporcionar uma visão geral de determinado fato que será

estudado (ASSIS, 2009).

Este estudo pode ser considerado uma pesquisa exploratória, já que os

problemas são apresentados por meio da descrição de acontecimentos reais, que

contextualizam e caracterizam os empreendimentos analisados.

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21

Uma pesquisa qualitativa é aquela que se preocupa em analisar e interpretar

os dados, e que está diretamente ligada às percepções do observador, considerado

um instrumento-chave para a sua realização (ASSIS, 2009).

Uma pesquisa aplicada é aquela na qual o fator motivador são razões de

ordem prática, isto é, o objetivo é contribuir para fins práticos pela busca de soluções

para problemas concretos (ANDRADE, 2017).

Outra nomenclatura encontrada para pesquisa aplicada é pesquisa prática,

por tratar-se de um método que se interessa pela aplicação, utilização e

consequências práticas dos conhecimentos teóricos e científicos (ASSIS, 2009).

Sendo assim, este trabalho é uma pesquisa aplicada, ao passo em que

descreve o processo de implementação de empreendimentos de varejo e, baseado

nos problemas identificados nos estudos de caso, apresenta proposições práticas

baseadas no referencial teórico previamente estudado, gerando as contribuições

(diretrizes e proposições).

Segundo Yin (2005), o estudo de caso é uma forma, entre tantas, de se fazer

pesquisa em ciências sociais; o experimento, a análise de arquivos, a busca

histórica e os levantamentos são considerados outras maneiras de pesquisa. A

escolha pelo estudo de caso torna-se adequada quando o pesquisador possui baixo

controle sobre os acontecimentos e quando o problema em questão apresenta

perguntas com “como” e “por quê”.

Dessa forma, para Yin (2005), o estudo de caso deve ser adotado quando há

uma situação na qual se pretende, propositalmente, abordar questões das condições

contextuais, já que se acredita que elas são relevantes ao objeto de estudo.

A Figura 1 ilustra o fluxo do trabalho adotado, através da organização de suas

etapas da pesquisa, que são:

a) Revisão bibliográfica: em um primeiro momento, foram analisados guias,

normas e metodologias que abordam a gestão de riscos em projetos;

posteriormente, buscou-se por artigos científicos e dissertações com a

finalidade de incrementar o referencial teórico nos seguintes grandes temas:

Gestão de partes interessadas, Gestão de riscos e Projetos rápidos;

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22

b) Estudos de caso: coleta de dados, apresentação e análise dos dados

observados, esclarecendo o contexto e os acontecimentos que envolveram os

processos em questão. Este foi o método escolhido para apresentar como

ocorre a implantação de um empreendimento de varejo em shopping centers,

tendo em vista a descrição precisa e detalhada dos acontecimentos,

processos, fluxos de comunicação, problemas e riscos que envolvem esse

tipo de empreendimento;

c) Discussão dos dados: diante das observações alcançadas pelos estudos de

caso, foram apresentadas proposições baseadas no referencial teórico

pesquisado na revisão bibliográfica, com o objetivo de relacionar questões

práticas com teorias científicas;

d) Fechamento do trabalho: contribuições e conclusões decorrentes da

discussão realizada por meio do cruzamento dos dados coletados com as

teorias estudadas.

Figura 1 – Síntese da metodologia do estudo

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Complementando as etapas descritas no fluxo, para atingir o objetivo

proposto, pode-se resumir a trajetória da pesquisa nos seguintes pontos:

a) descrição do processo de um empreendimento de varejo em shopping

centers, identificando suas etapas e complexidades;

b) mapeamento das partes interessadas e seus respectivos objetivos,

pressupostos e desafios;

c) mapeamento dos processos e seus respectivos objetivos, pressupostos,

desafios e interfaces;

d) mapeamento do fluxo de comunicação durante o processo;

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23

e) identificação dos riscos recorrentes nos empreendimentos de varejo em

shopping center;

f) discussão de diretrizes para a identificação e gestão de riscos em

empreendimentos de varejo em shopping centers.

1.7 Estrutura do Trabalho

Esta monografia está organizada em cinco capítulos, que são: Introdução,

Revisão Bibliográfica, Estudos de Caso, Contribuições e Conclusões, e

Considerações Finais.

O Capítulo 1 é iniciado pela contextualização setorial do varejo tanto na

economia quanto na construção civil do Brasil, a partir de dados de pesquisas

publicadas recentemente, mas também de percepções da autora relacionadas a

esse mercado, no qual ela é profissional atuante. Na sequência, apresentam-se o

problema, as questões que envolvem a situação estudada, o objetivo do estudo, a

justificativa da relevância do trabalho, a metodologia adotada e, por fim, sua

estrutura.

O segundo capítulo discorre sobre as referências bibliográficas que

respaldam as análises e relações abordadas no Capítulo 4. O conteúdo da revisão

bibliográfica pode ser resumido em definição de riscos, conceituação de fast track,

entendimento dos principais modelos para gestão de riscos em relação a projetos e

organizações, e análise de trabalhos acadêmicos relacionados ao objeto de

pesquisa, a fim de aprofundar conhecimentos nas áreas de: gestão de partes

interessadas, gestão de riscos em projetos, conceituação e aplicação de projetos

rápidos, e gestão da comunicação em projetos rápidos.

O capítulo seguinte retrata os estudos de caso realizados por meio de

observação dirigida da autora em relação a dois processos de implantação de nova

loja em shopping center, de duas empresas distintas. Posteriormente, os dados são

analisados com o objetivo de estabelecer uma comparação, que será considerada

adiante na elaboração das análises gerais do contexto de obras rápidas de varejo

em shopping centers, elencando áreas de atenção e riscos recorrentes.

Page 25: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

24

O Capítulo 4 destina-se, portanto, à apresentação das contribuições obtidas

com base nas análises realizadas no âmbito dos estudos de caso aqui cuidados, e

da aplicação do conteúdo estudado na revisão bibliográfica. O resultado desse

cruzamento de dados, com suas informações e teorias, abrange uma lista genérica

de riscos presentes na tipologia de projetos de varejo dentro de shopping center,

além de uma lista de diretrizes para nortear sua gestão de riscos.

Por fim, o Capítulo 5 descreve as considerações finais e as conclusões

alcançadas a partir do referencial teórico e dos estudos apresentados.

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25

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo dedica-se à apresentação de conceitos e referências

bibliográficas utilizadas como subsídio teórico durante toda a discussão proposta

neste trabalho, com a síntese dos seguintes temas:

• Diferentes interpretações sobre o que são riscos, determinando qual definição

será adotada para o direcionamento deste trabalho.

• Conceituação da abordagem fast track e a descrição de estudos teóricos

sobre projetos rápidos e suas particularidades.

• Revisão dos manuais comparando os modelos, normas e guias de boas

práticas em gestão de projetos, priorizando a vertente de gestão de riscos,

com o objetivo de estudar diferentes abordagens, ferramentas e modelos

existentes. Dessa forma, são abordadas as ponderações da norma ISO

31000 (2018); o Guia PMBoK – Project Management Body of Knowledge

(2017), 6ª edição (Capítulo 11: Gerenciamento dos riscos dos projetos); e a

metodologia PRINCE2 – Projects IN Controlled Environment (2015),

complementada pela PRINCE2 AGILE GUIDE (2017) e pela PRAM – Project

Risks Analyses and Management (2018).

• Revisão de trabalhos acadêmicos relevantes sobre modelos e abordagens

para a gestão de riscos em projetos na construção civil, visando selecionar

ideias pertinentes que irão enriquecer o embasamento teórico. Os artigos

selecionados foram publicados nos últimos 10 anos (entre 2011 e 2021), em

países como Brasil, Canadá, Reino Unido, Portugal e China e Turquia, e,

neste trabalho, foram divididos em três temas: Gestão de partes interessadas,

Gestão de riscos e Projetos rápidos.

2.1 Definição de Risco

Existem algumas definições para risco na literatura acadêmica e a ideia é

trazer essas diferentes visões para, então, determinar qual delas será considerada

neste estudo.

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26

Segundo a ISO 31.000 (2018), risco é o efeito da incerteza nos objetivos do

projeto. Já no PMBoK (2017, p. 310), risco é considerado um “[...] evento ou

condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito positivo ou negativo em um ou

mais objetivos do projeto, tais como escopo, cronograma, custo e qualidade”. No

dicionário formal, tem-se que risco é a “[...] probabilidade de insucesso de

determinado empreendimento, em função de acontecimentos eventual, incerto, cuja

ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados”.

Diante desses conceitos, que podem ser considerados complementares, fica

estabelecido que a definição de risco norteadora deste estudo será: condições

incertas decorrentes tanto do contexto quanto dos requisitos das partes interessadas

do projeto e que, quando ocorrem, podem impactar positiva ou negativamente nos

objetivos do projeto, apresentando-se, portanto, como oportunidades ou ameaças,

respectivamente.

2.2 Abordagem Fast Track

O conceito fast track baseia-se na redução de prazos de um projeto e pode

ser definido como processos cujas fases de projeto e de construção são sobrepostas

(SU, 2019).

Outra definição complementar traduz fast track como uma técnica para

redução da duração do cronograma do empreendimento sem redução de escopo;

para tanto, são adotadas ações que visam à diminuição da duração total do

cronograma. Essas ações são estabelecidas após análise de alternativas que

propiciem a máxima sobreposição na execução de atividades que, no processo

tradicional, seriam executadas em sequência (DAYCHOUM, 2012).

Em resumo, o fast track é uma abordagem que trata as atividades paralelas

não somente entre projeto e obra, mas também no processo como um todo, isto é, a

forma de gerir as atividades simultâneas é diferente da forma de conduzir um

processo sequencial tradicional (SU, 2019). Verifica-se, portanto, a necessidade de

que o empreendimento evolua como um todo, passando a ser encarado como um

processo integrado (GIMENES, 2012).

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27

Figura 2 – Comparação entre Abordagem Tradicional e Abordagem Fast Track

Fonte: Adaptado de Jergeas (2004)

Dessa forma, aponta-se como consequência direta da aplicação da

abordagem fast track a existência de riscos resultantes dessa sobreposição de

atividades, como por exemplo, quando da execução de atividades concomitantes, os

custos do projeto podem aumentar diante da necessidade de retrabalhos, já que

atividades foram executadas sem o detalhamento de todos os projetos (SU, 2019).

Alguns autores já escreveram sobre essa metodologia, tais como Cho (2010),

Elvin (2003), Deshpande (2009) e Fazio (1998); em comum, todos apontam alguns

princípios básicos para o sucesso na adoção da metodologia fast track (SU, 2019),

que são:

a) time de projeto integrado;

b) importância do planejamento e cronograma integrados;

c) projeto e construção são desenvolvidos juntos.

No Quadro 2, tais princípios são explicados de acordo com a definição de

cada autor, com o objetivo de exemplificar a diretriz atribuída individualmente.

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28

Quadro 2 – Definição dos princípios da abordagem fast track segundo autores

Princípios

Fast Track

Cho

(2010)

Elvin

(2003)

Deshpande

(2009)

Fazio

(1998)

Time de projeto

integrado

Projetistas,

construtores e

proprietário

devem se reunir

no início do

projeto para

minimizar erros

de projeto.

Para promover

integração de um

time de projetos

é necessária boa

comunicação,

alinhamento dos

objetivos,

autonomia dos

envolvidos e

confiança.

Devido a

sobreposição das

atividades, é

necessário que a

cooperação entre

os envolvidos

aconteça desde

as primeiras

etapas do

projeto.

O sucesso da

aplicação da

abordagem fast

track só será

alcançado se o

time de projeto

estiver alinhado

com suas

responsabilidades

em um ambiente

de cooperação.

Importância do

planejamento e

cronograma

integrados

O tempo é fator

crítico para o

sucesso de

empreendimentos

fast track e,

portanto, o

controle do

cronograma deve

ser feito de

maneira

integrada com as

equipes

envolvidas.

Construtores e

projetistas devem

desenvolver um

único

planejamento, no

qual todas as

atividades sejam

consideradas

acontecerem em

paralelo.

É necessária a

identificação das

atividades

interdependentes

entre projeto e

obra com o

objetivo de criar

um fluxo

contínuo,

sincronizado e

proativo de

trabalho.

A comunicação

efetiva entre

projetistas e

construtores é

essencial para

reduzir os riscos,

ou seja, as

informações da

execução

precisam ser

constantemente

passadas para o

time de projeto.

Projeto e

construção são

desenvolvidos

juntos

Projeto e obra

andam juntos e

são

desenvolvidos ao

mesmo tempo.

As atividades de

construção são

sobrepostas as

atividades de

projetos.

Sobreposição de

atividades entre

projetos e obras.

Cronograma é

comprimido por

meio da

sobreposição de

pacotes de

trabalho.

Fonte: Adaptado de Su (2019)

Por fim, pode-se concluir que a abordagem fast track é aquela em que há

sobreposição de atividades, ou seja, elas ocorrem de forma simultânea, e para que o

empreendimento tenha sucesso, a atuação de uma equipe multidisciplinar, que

Page 30: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

29

trabalhe de maneira colaborativa e, portanto, com constante troca de informações, é

fundamental.

2.3 Revisão e Análise dos Manuais, Normas e Guias para Gestão de Riscos

e Empreendimentos Rápidos

2.3.1 ABNT NBR ISO 31.000:2018

Trata-se da tradução de uma norma internacional chamada ISO 31.000,

elaborada pela International Organization for Standardization (ISO), conforme

ISO/IEC Guide 21-1:2005.

A NBR ISO 31.000 (2018) entende que todas as organizações já praticam a

gestão de riscos de alguma forma e, pelo menos, em algum grau. Partindo desse

pressuposto, a norma estabelece princípios para melhorar a eficiência da gestão de

riscos, que, muitas vezes, ocorre de maneira discreta e sem planejamento.

Considerando que cada setor possui demandas específicas, a NBR ISO

31.000 (2018) propõe que a gestão de riscos carregue necessidades particulares de

acordo com as organizações, percepções e critérios. Este é um ponto diferencial da

norma, uma vez que a definição do contexto é apontado como fator primordial para

determinar qual abordagem de riscos será colocada em prática, e esse

entendimento deve acontecer no início do processo genérico.

Segundo a norma, a influência do contexto está diretamente ligada aos

objetivos da organização, ao ambiente para o qual tais objetivos estão sendo

propostos, às partes interessadas que estão envolvidas e à multiplicidade de

critérios de riscos.

Para a organização, as vantagens de uma implementação de gestão de riscos

contemplam o aumento na probabilidade de atingir os objetivos propostos; o

encorajamento de uma gestão proativa; as evidências quanto à necessidade de

identificar e tratar os riscos através de toda a organização; o aprimoramento na

identificação de oportunidades e ameaças; a melhoria no reporte das informações

financeiras, na governança e no relacionamento e confiança entre as partes

interessadas; o estabelecimento de uma base confiável para a tomada de decisão e

o planejamento; o aperfeiçoamento dos controles; a alocação e utilização dos

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30

recursos para tratamento de risco de forma eficaz; a melhoria da eficiência

operacional, do desempenho em saúde, segurança e proteção ao meio ambiente e

da prevenção de perdas; a inclusão da gestão de acidentes; a minimização de

perdas; a melhoria da aprendizagem organizacional e o aumento da resiliência da

organização (NBR ISO 31.000, 2018).

A norma está dividida em três seções que se relacionam entre si: princípios,

estrutura e processo. Os princípios são responsáveis pelas diretrizes, que visam

garantir a eficácia da gestão, ao passo que a estrutura proporciona o suporte para

que o processo de gestão de riscos ocorra, facilitando a tomada de decisão; por fim,

o processo regulamenta as etapas para a concretização sistematizada e

padronizada da gestão.

Logo, os princípios podem ser resumidos em:

• A gestão de riscos cria e protege valor: ao contribuir para a melhoria no

desempenho relacionado às várias outras partes que compõem a

organização, a gestão de riscos se torna uma aliada no aprimoramento da

eficiência nas operações, na governança e na reputação.

• A gestão de riscos é parte integrante de todos os processos organizacionais:

reforça a ideia de que a gestão de riscos não acontece de forma isolada, mas

integrada com os demais processos de gestão da organização.

• A gestão de riscos é parte da tomada de decisões: um dos objetivos é munir

o tomador de decisão com argumentos e dados para que ele exerça sua

função de forma consciente.

• A gestão de riscos aborda explicitamente a incerteza: a incerteza é o ponto

de partida para a análise sobre a origem do risco e como ele pode ser

tratado.

• A gestão de riscos é sistemática, estruturada e oportuna: necessária para

alcançar resultados consistentes, comparáveis e confiáveis.

• A gestão de riscos baseia-se nas melhores informações disponíveis: os

tomadores de decisão devem estabelecer limitações dos dados a serem

utilizados, já que a coleta de informações iniciais é abrangente (dados,

Page 32: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

31

históricos, experiências, partes interessadas, observações, previsões,

opiniões de especialistas).

• A gestão de riscos é feita sob medida: isso se torna verdade a partir do

momento em que o contexto (tanto interno quanto externo à organização) é

considerado para a elaboração da gestão de riscos, traçando diferentes

perfis de acordo com a circunstância.

• A gestão de riscos considera fatores humanos e culturais: o reconhecimento

de percepções e intenções dos contingentes interno e externo possibilitam

que fatores humanos e culturais facilitem ou dificultem a realização dos

objetivos da organização.

• A gestão de riscos é transparente e inclusiva: ao envolver as partes

interessadas e tomadores de decisão, garante-se uma gestão de riscos

pertinente e atualizada.

• A gestão de riscos é dinâmica, interativa e capaz de reagir a mudanças: por

ser um processo ativo com outros fatores, a estrutura deve, continuamente,

ser revisada diante das eventuais mudanças, internas e externas, que

acontecem na organização, mudanças de contexto e resultados de análises

críticas dos monitoramentos.

• A gestão de riscos facilita a melhoria contínua da organização: por ser um

processo desenvolvido com os demais processos da organização, é

importante que sejam implementadas estratégias para aperfeiçoar a

maturidade dessa gestão.

A estrutura proposta na NBR ISO 31.000 (2018) tem como objetivo garantir

que a informação sobre riscos provenientes do processo de gestão seja

devidamente reportada e aplicada como base para a tomada de decisões, ou seja,

não é uma proposta de sistematização engessada, mas um anteparo para integrar a

gestão de riscos no sistema de gestão geral da organização.

É importante reforçar que a NBR ISO 31.000 (2018) abre possibilidade para

que as organizações adaptem os componentes da estrutura de acordo com as

necessidades específicas de cada contexto. Essa melhoria contínua da estrutura

permite que a organização promova revisões segundo os resultados do

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monitoramento e das análises críticas dos processos. Na Figura 3, é possível

observar os componentes necessários à estrutura de gerenciamento de riscos e a

interatividade entre eles.

Figura 3 – Inter-relação entre os componentes da estrutura para gerenciar riscos

Fonte: ABNT NBR ISO 31.000 (2018)

Em uma breve descrição dos componentes da estrutura da NBR ISO 31.000

(2018) ilustrados pela Figura 3, tem-se:

• Mandado e comprometimento: diz respeito ao firme engajamento que deve

ser assumido pela administração da organização, além de um planejamento

estratégico para conseguir comprometimento em todos os níveis. Para tanto,

sugere-se que a política de gestão de riscos esteja definida e aprovada dentro

da empresa, que exista alinhamento entre os objetivos corporativos e os

objetivos da gestão de riscos, que haja previsão de recursos necessários para

desempenhar a gestão de riscos e que seja realizada uma comunicação

eficaz sobre os benefícios da gestão de riscos para todas as partes

interessadas.

• Concepção da estrutura para gerenciar riscos: elencam-se fatores que devem

ser observados e mapeados para criar a estrutura de gestão de riscos. Entre

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33

eles, os que se destacam são: contextualização da organização (tanto interna

quanto externa); elaboração de uma política interna na qual os objetivos e o

comprometimento da organização com a gestão de riscos esteja clara;

determinação dos responsáveis para gerenciar riscos; planejamento para

incorporação da gestão de riscos nos outros processos da organização;

definição de quanto, quando, como e com o que serão aplicados os recursos

destinados à gestão de riscos e definição de quais canais de comunicação

(internos e externos) serão responsáveis por consolidar informações tanto

para os integrantes da organização quanto para as partes interessadas.

• Implementação da gestão de riscos: trata-se da estratégia para implantação

prática da estrutura elaborada para gestão de riscos, por meio de um plano de

ação pertinente.

• Monitoramento e análise crítica da estrutura: refere-se à verificação da

eficiência da estrutura de gestão proposta em relação aos objetivos

pretendidos. O resultado dessa análise crítica são proposições de melhorias e

esse exercício de medição de desempenho deve ser realizado

periodicamente, a fim de verificar o progresso ou o desvio do plano de gestão

de riscos.

• Melhoria contínua da estrutura: a partir da etapa anterior de monitoramento e

análise crítica, propõem-se mudanças fundamentais na estrutura para gestão

de riscos, de acordo com as necessidades específicas de cada organização.

Os processos, conforme representação da Figura 4, partem do

“Estabelecimento do contexto”, pois é nessa fase que o processo de gestão de

riscos é adaptado para as necessidades específicas do projeto e da empresa. Nesse

momento, reforça-se a ideia de que é essencial que o processo de gestão de riscos

seja parte integrante da gestão da organização como um todo e esteja incorporado à

sua cultura e em práticas desenvolvidas.

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Figura 4 – Processos de gestão de riscos

Fonte: ABNT NBR ISO 31.000 (2018)

A seguir, apresenta-se a descrição sucinta das etapas que envolvem o

processo, segundo a NBR ISO 31.000 (2018):

• Comunicação e Consulta: convém que o plano de comunicação seja

desenvolvido em um estágio inicial, porém, que seja revisitado durante todas

as fases do processo de gestão de riscos por meio da consulta às partes

interessadas internas e externas. Por isso, é imprescindível que a

comunicação seja eficaz, criando planos de comunicação que abordem o

risco propriamente dito, sua origem, seu impacto e o que está sendo feito

para tratá-los. Entende-se que os planos de comunicação fornecem

fundamentos que justificam as tomadas de decisões.

• Estabelecimento do contexto do processo: nesta etapa são definidos os

objetivos, parâmetros para o gerenciamento de riscos, escopo e critérios de

risco a serem considerados durante o restante do processo. Ao determinar o

contexto para o processo de gestão de riscos, os parâmetros externos e

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35

internos precisam ser detalhados com mais precisão, principalmente no que

se refere ao escopo do processo de gestão de riscos em questão.

• Processo de avaliação dos riscos: compreende três etapas, que são

identificação, análise e avaliação dos riscos. Na primeira, identificam-se,

através de critérios, as fontes de risco, áreas de impacto, eventos, causas e

consequências potenciais, com o objetivo de conceber uma lista genérica de

riscos baseada nas circunstâncias que possam criar, aumentar, evitar,

reduzir, acelerar ou atrasar o cumprimento dos objetivos. O resultado da

identificação é a enumeração de todos os possíveis riscos e convém que uma

previsão da reação em cadeia do que tais riscos podem provocar seja

elaborada, de acordo com suas consequências específicas, incluindo os

efeitos cumulativos e em cascata. Na fase de análise, por meio da

compreensão dos riscos levantados na etapa anterior, é estabelecida uma

estratégia para a tomada de decisão, pautada nas compreensões críticas das

causas, consequências e probabilidade dos riscos. Por sua vez, na etapa de

avaliação dos riscos, o objetivo é subsidiar a tomada de decisão com base

nas análises dos riscos combinados com os critérios definidos no contexto.

Em termos gerais, a intenção da norma não é propor ferramentas para a

realização dessas atividades, mas estabelecer uma metodologia para que

elas sejam executadas.

• Tratamento dos riscos: traduz-se em um processo contínuo através do qual

são selecionadas opções e atitudes a serem adotadas, com o intuito de

modificar o risco e a forma de sua aplicação. A norma ressalta que o próprio

tratamento de riscos é um processo que introduz riscos na medida em que

existe a possibilidade de que as medidas adotadas para intervenção não

sejam eficazes e surtam efeito contrário aos objetivos pretendidos

• Monitoramento e análise crítica do processo: é uma fase contínua que visa

avaliar o desempenho do processo de gestão de riscos. Destaca-se a

importância do registro e comunicação dos resultados do monitoramento e

análise crítica, pois tais ações devem servir para repensar (e modificar,

quando necessário) a estrutura da gestão de riscos.

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36

• Registros do processo de gestão de riscos: a criação de um banco de

informações com os registros dos processos é essencial para a criação de

parâmetros e guias voltados à melhoria dos projetos futuros no que se refere

não apenas ao processo como um todo, mas também aos métodos e

ferramentas utilizados.

2.3.2 Guia PMBoK (2017)

O Project Management Body of Knowledge (PMBoK) é um guia de boas

práticas para projetos, desenvolvido pelo Project Management Institute (PMI). Trata-

se de uma organização fundada em 1969, nos Estados Unidos, que nasceu com o

propósito de compartilhar informações e discutir problemas frequentes da área com

gerentes de projeto. A compilação das experiências e discussões promovidas pelo

PMI resultou no PMBoK, utilizado mundialmente como referência para melhores

práticas de gerenciamento de projetos (de qualquer natureza, tipo e dimensão).

Em linhas gerais, o PMBoK (2017) lista 47 processos de gerenciamento de

projetos divididos em cinco grupos, que são iniciação, planejamento, execução,

monitoramento e controle e encerramento; tais processos, por sua vez, são divididos

em áreas de conhecimento.

Segundo o PMBoK (2017), existem dez áreas de conhecimento que devem

ser consideradas em qualquer gerenciamento de projeto: gerenciamento da

integração do projeto, gerenciamento do escopo do projeto, gerenciamento do

tempo do projeto, gerenciamento dos custos do projeto, gerenciamento da qualidade

do projeto, gerenciamento dos recursos humanos do projeto, gerenciamento das

comunicações do projeto, gerenciamento dos riscos do projeto, gerenciamento das

aquisições do projeto e gerenciamento das partes interessadas no projeto. A gestão

de riscos faz parte dos grupos de processos de planejamento e dos processos de

monitoramento e controle.

Considera-se, portanto, que a gestão de riscos é apresentada pelo PMBoK

(2017) como uma área de conhecimento composta por seis processos, que serão

aprofundados a seguir.

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37

• Planejamento da gestão de riscos – etapa de planejamento: resume-se em

definir como serão coordenadas as dinâmicas para gerenciamento de riscos

no projeto. A contribuição desta etapa é a garantia de que as atividades serão

conduzidas de acordo com o grau de importância, tipo e visibilidade dos

riscos e da relevância do projeto para a organização. Como ferramentas, são

apresentadas soluções técnicas e analíticas, consulta à opinião especializada

e reuniões entre o gerente de projeto e pessoas selecionadas tanto da equipe

quanto das partes interessadas. O produto é o plano de gerenciamento de

riscos, no qual deve ser exposta a metodologia, papéis e responsabilidades,

orçamento, prazos, categorias de riscos, definições de probabilidade e

impacto dos riscos, matriz de probabilidade e impacto, tolerâncias revisadas

das partes interessadas, formatos de relatórios e acompanhamento.

• Identificação de riscos – etapa de planejamento: consiste em apontar os

riscos que podem afetar o projeto e o registro das suas propriedades. A

contribuição deste processo é a documentação dos riscos existentes e como

esse mapeamento pode auxiliar a equipe de projeto na antecipação dos

eventos. Em relação às ferramentas e técnicas, incluem-se as revisões de

documentação, técnicas de coleta de informações, análise de listas de

verificação, análise de premissas, técnicas de diagramas, análise SWOT

(forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) e consulta à opinião de

especialistas. O produto é uma primeira proposta de registro dos riscos, que é

a formalização de um documento no qual são apresentadas as listas dos

riscos identificados e das possíveis respostas aos riscos.

• Análise qualitativa dos riscos – etapa de planejamento: o diagnóstico

qualitativo se dá pelo cruzamento da probabilidade de ocorrência com o

impacto, e sua contribuição é preparar os gerentes de projetos para minimizar

o nível de incerteza e permitir que ele se concentre nos riscos de alta

prioridade. Como ferramentas e técnicas, são elencadas a avaliação de

probabilidade e impacto dos riscos, a matriz de probabilidade e impacto, a

avaliação de qualidade dos dados sobre riscos, a avaliação de urgência dos

riscos e a consulta a opinião de especialistas. O resultado desta etapa é a

revisitação dos documentos do projeto, fazendo atualizações e melhorias em,

por exemplo, registros dos riscos e das premissas.

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• Análise quantitativa dos riscos – etapa de planejamento: consiste na análise

numérica do efeito do risco previamente identificado, contribuindo para a

elaboração de informações quantitativas que darão suporte ao gerente de

projeto para a tomada de decisão, com o intuito de reduzir o grau de incerteza

do projeto. As ferramentas empregadas são as técnicas de coleta e

apresentação de dados, técnicas de modelagem e análise quantitativa dos

riscos e consulta a opinião de especialistas. Sua entrega compreende a

atualização nos documentos do projeto segundo os resultados obtidos nas

análises, como por exemplo, a análise probabilística do projeto, a

probabilidade de atingir os objetivos de custo e tempo, lista priorizada de

riscos quantificados e tendências nos resultados da análise quantitativa dos

riscos.

• Planejamento das respostas aos riscos – etapa de planejamento: resume-se

em desenvolver opções e programar ações para manipulação dos riscos,

visando aumentar as oportunidades (positivos) e reduzir as ameaças

(negativos) no que concerne aos objetivos do projeto. A relevância desta

etapa é conseguir tratar os riscos por prioridades, isto é, de acordo com a

necessidade, são alocados recursos e atividades no orçamento, cronograma

e plano de gerenciamento para abordar o evento. As ferramentas propostas

são as estratégias para riscos negativos ou ameaças (prevenir, transferir,

mitigar, aceitar), estratégias para riscos positivos ou oportunidades (explorar,

melhorar, compartilhar, aceitar) e estratégia para respostas de contingência e

consulta a opinião de especialistas. Como resultado, apresenta-se a

possibilidade de atualização no plano de gerenciamento do projeto

(cronograma, custo, qualidade, aquisições, recursos humanos, escopo) e

atualizações nos documentos do projeto (registro de premissas,

documentação técnica, mudanças).

• Controlar os riscos – etapa de monitoramento e controle: concentra-se na

implementação de planos de respostas aos riscos e no acompanhamento dos

riscos já identificados. O monitoramento dos riscos residuais, a possível

identificação de novos riscos e o processo de avaliação do plano de riscos

durante todo o projeto também integram esta etapa. Sua relevância

caracteriza-se por promover a melhoria do grau de eficiência do tratamento

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dos riscos em todo o ciclo de vida do projeto, com o objetivo de,

continuamente, otimizar as respostas aos riscos, não só para o projeto em

questão, mas principalmente para projetos futuros. As ferramentas e técnicas

apontadas são a reavaliação de riscos, auditorias de riscos, análise de

variação e tendências, medição de desempenho técnico, análise de reservas

e reuniões. Como saídas, têm-se as informações sobre o desempenho do

trabalho, solicitações de mudança (ações corretivas e preventivas

recomendadas), atualizações no plano de gerenciamento do projeto

(resultados de reavaliações de riscos e resultados reais dos riscos do projeto

e resposta e eles), atualizações nos documentos do projeto e atualizações

nos ativos de processos organizacionais (principalmente o registo de lições

aprendidas).

A Figura 5 apresenta a síntese de todos os processos descritos acima, que

envolvem a gestão de riscos dos projetos, segundo o PMBoK (2017).

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40

Figura 5 – Visão geral do gerenciamento de riscos do projeto

Fonte: PMBoK (2017)

Dessa forma, entende-se que, em linhas gerais, a finalidade do

gerenciamento dos riscos é aumentar a probabilidade de eventos positivos, ao

mesmo tempo em que se pretende reduzir a incidência de eventos negativos, que

comprometem os objetivos do projeto. O responsável pelo sucesso ou fracasso do

projeto é o gerente de projetos (PMBoK, 2017).

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41

2.3.3 Metodologia PRINCE2 (2017)

Em 1989, o PRojects IN Controlled Environment (PRINCE2) foi criado no

Reino Unido com o intuito de ser um modelo padrão para gestão de projetos pelo

Office of Government Commerce (OGC).

A metodologia apresenta sete temas, sete princípios e sete processos que

serão detalhadas neste estudo. Para melhor entendimento da estrutura do PRINCE2

(2017), seus sete princípios imutáveis são:

• Justificativa contínua do negócio: todo projeto existe por uma razão e essa

justificativa deve ser revalidada durante o processo do projeto.

• Aprender com a experiência: o registro das experiências de projetos

anteriores deve ser realizado para que os times de projetos aprendam com o

histórico.

• Definir papéis e responsabilidades: a definição da organização do projeto

(equipe), com seus respectivos papéis e responsabilidades, é considerada

uma das principais ações no gerenciamento de projetos.

• Gerenciar por estágios: propõe-se que os projetos sejam coordenados e

controlados por estágios.

• Gerenciar por exceção: em todos os projetos, devem ser definidas tolerâncias

para cada objetivo de projeto e para cada nível de gestão.

• Foco no produto: todas as entregas devem ser definidas conforme os

requisitos de qualidade determinados para o projeto.

• Adaptar para ajustar ao ambiente do projeto: reforça a ideia de que o contexto

no qual o projeto será executado afeta diretamente a forma com que o

gerenciamento deve ser conduzido; dessa forma, os fatores a serem

considerados abrangem o ambiente, tamanho, complexidade, tipo, risco e

capacidade.

A Figura 6 sintetiza a estrutura do PRINCE2 (2017) e revela a importância do

contexto do projeto para o desenvolvimento do processo.

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Figura 6 – Estrutura PRINCE2

Fonte: Adaptado de PRINCE2 (2017)

Fazendo analogia às áreas de conhecimento do PMBoK (2017), o PRINCE2

(2017) apresenta sete temas que norteiam a metodologia e que serão sintetizados

abaixo:

• Business Case: responde à pergunta “Por que realizar o projeto?” – todo

projeto nasce de uma ideia ou necessidade, que se traduzem em sua

justificativa e valor.

• Organização: responde à pergunta “Quem irá realizar o projeto?” – a definição

dos envolvidos é parte importante do processo e já deve identificar os papéis

e responsabilidades de cada um dentro do projeto.

• Qualidade: responde à pergunta “O que será entregue no projeto?” –

momento em que as tolerâncias são estabelecidas e a qualidade do produto a

ser entregue é combinada, levando em consideração o contexto no qual o

projeto está inserido.

• Planos: responde à pergunta “Como, quanto e quando serão feitos?” –

elaboração dos planos do projeto em todos os seus níveis, determinando as

aprovações necessárias para que cada estágio possa ser gerenciado.

• Risco: responde à pergunta “O que fazer se?” – prever as incertezas que

podem afetar o Business Case do projeto e montar plano de identificação,

análise e controle desses eventos.

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43

• Mudança: responde à pergunta “Qual o impacto de?” – o gerenciamento de

mudanças se mostra importante ao passo em que a mudança pode ser

negativa, por não ter sido prevista no início do projeto, e comprometer os

objetivos do projeto; dessa forma, torna-se necessário elaborar um plano de

controle para tal finalidade, visando a avaliação do impacto.

• Progresso: responde às perguntas “Onde estamos agora? Para onde vamos?

Nós deveríamos continuar com o projeto?” – este controle é feito para

avaliação do andamento do processo e se o mesmo está atendendo aos

requisitos combinados.

Antes de aprofundar a questão dos riscos, é importante tecer uma breve

explicação de como funcionam os sete processos que compõem o gerenciamento

de projetos, segundo a metodologia PRINCE2 (2017):

• Iniciando um projeto / Starting Up a Project (SU): concentra-se na avaliação

do projeto – se é viável, se vale a pena e se atende a todos os pré-requisitos.

• Guiando um projeto / Directing a Project (DP): prepara o comitê diretor do

projeto, considerado responsável pelo seu sucesso, pois a ele compete a

tomada de decisões-chave e a organização das atividades que serão

delegadas ao gerente de projetos para gerenciamento diário.

• Iniciando um projeto / Initiating a Projetct (IP): definição de bases sólidas para

o projeto, orientando os envolvidos para compreender o propósito do trabalho

a ser realizado, para que as entregas dos produtos do projeto sejam feitas de

maneira coerente, antes de comprometer o custo.

• Controlando um estágio / Controlling a Stage (CS): este processo visa

estabelecer o trabalho a ser realizado, monitorando-o, lidar com problemas,

reportar o progresso ao comitê diretor e tomar ações corretivas, quando

necessário, a fim de garantir que o estágio continue dentro da tolerância

prevista.

• Gerenciamento de entrega de produto / Managing Product delivery (MP):

compreende a definição de requisitos formais de aceitação, execução e

entrega do trabalho do projeto, com o intuito de alinhar as expectativas entre

o gerente do projeto e o gerente do time.

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44

• Fechando um projeto / Closing a Project (CP): este processo avalia se o

projeto atendeu a todos os objetivos propostos no primeiro estágio (SU) e se

não há mais nada a cumprir, tornando-o, portanto, finalizado para aceitação.

• Gerenciando os limites do estágio / Managing a Stage Boundary (SB):

momento em que o gerente de projeto repassa informações relevantes ao

comitê diretor, possibilitando sua avaliação sobre o sucesso do estágio

vigente e a aprovação do próximo plano de estágio.

Sendo assim, entende-se que, de acordo com a metodologia PRINCE2

(2017), o responsável pelo sucesso ou fracasso do projeto é o comitê diretor.

Entendidas as propostas para o gerenciamento de projetos, o foco volta-se às

questões de gerenciamento de riscos, abordadas no capítulo 10 do livro “Managing

Sucessful Projects with PRINCE2”. Segundo PRINCE2 (2017), o gerenciamento de

riscos é feito em três etapas: identificar, avaliar e controlar as incertezas. Como

resultado desse processo, destaca-se a obtenção de melhorias que favorecem o

sucesso do projeto.

A recomendação de processo para gerenciamento de risco está ilustrada na

Figura 7 e foi baseada em outro guia, intitulado “Management of Risk: Guidance for

Practitioners” (OFFICE OF GOVERNMENT COMMERCE, 2010).

Figura 7 – Processo para gestão de riscos segundo PRINCE2

Fonte: Adaptado de PRINCE2 (2017)

O processo consiste em cinco etapas, sendo as quatro primeiras sequenciais:

identificar (tanto o contexto, quanto os possíveis riscos), avaliar (probabilidades e

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impactos), planejar o tratamento dos riscos mapeados e implementar as respostas

aos riscos. O quinto processo, que é a comunicação, acontece em paralelo com os

demais, de acordo com as informações que decorrem das outras quatro etapas. O

PRINCE2 (2017) reforça que todos os processos são contínuos e quando uma nova

informação é recebida, recomenda-se que sejam feitas reavaliações baseadas

nesse novo dado. A seguir, encontra-se a explicação do que se espera de cada um

dos cinco processos.

• Identificar: o processo de identificação consiste em dois momentos, sendo

que o primeiro se refere ao contexto em que o projeto está sendo

desenvolvido e o segundo, por sua vez, volta-se à identificação dos riscos

propriamente ditos. Para reconhecimento do contexto, é preciso alinhar as

expectativas de qualidade do cliente; entender a quantidade de organizações

envolvidas e a relação entre elas; assimilar as necessidades das partes

interessadas do projeto; conhecer a importância, a complexibilidade e a

escala do projeto; quais suposições já foram feitas, entre outras questões

que abrangem o universo no qual o projeto está inserido e será desenvolvido.

Para apontar os riscos relacionados ao projeto, deve-se, primeiramente,

resgatar informações e registros de projetos anteriores, a fim de capturar

riscos já mapeados. O produto importante da identificação de riscos é que ela

seja capaz de produzir informações, de maneira clara e concisa, sobre a

causa do risco (descrição da origem do risco, ou seja, não são os riscos em

si, mas circunstâncias passíveis de desencadeá-los), o evento do risco

(descrição da área de incerteza, classificando-a como ameaça ou

oportunidade), o efeito do risco (descrição dos impactos que podem ser

ocasionados pelo risco sobre os objetivos do projeto, caso seja

materializado). Segundo o PRINCE2 (2017), os riscos podem e devem ser

identificados a qualquer momento durante o gerenciamento de entrega do

projeto, sendo que, quando isso acontece, é necessário rever e atualizar os

planos envolvidos, considerando os novos riscos.

• Avaliar: a partir dos riscos elencados na fase de identificação, é preciso

verificar se os riscos considerados estão em consonância com o apetite ao

risco determinado pela empresa. Se a exposição for maior do que a

capacidade de tolerar riscos, as ações de controle são necessárias para

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tentar modificar esse cenário. Seguindo as determinações do PRINCE2

(2017) no que concerne ao princípio de justificativa contínua do negócio, esta

deve ser averiguada no contexto da exposição ao risco. Não existe projeto

isento de riscos, por isso, o mapeamento é primordial para que esses

acontecimentos sejam avaliados quanto às tolerâncias estabelecidas pela

organização, visando a tomada de decisão sobre ações e respostas.

• Planejar: consiste em identificar as possíveis respostas e avaliar qual é mais

adequada para conseguir remover (ou reduzir) as ameaças e maximizar as

oportunidades. Existem respostas típicas aos riscos, tais como evitar uma

ameaça/explorar uma oportunidade, reduzir uma ameaça/realçar uma

oportunidade, transferir o risco, dividir o risco, aceitar o risco e preparar

planos de contingência. Quando uma ameaça é reduzida (mas não

eliminada), esta recebe o nome de risco residual, contudo, se mesmo

reduzida, a ameaça ainda é significativa, pode-se adotar mais de uma

resposta a esse risco. Outro cenário provável é que, após implementação da

resposta ao risco, podem surgir riscos secundários, isto é, riscos oriundos da

resposta ao risco previsto. Os riscos secundários devem ser tratados da

mesma forma que os riscos inicialmente identificados. O planejamento das

respostas aos riscos deve considerar esse possível impacto por meio de

avaliação prévia, pois toda resposta impacta diretamente no projeto.

• Implementar: as respostas planejadas no processo anterior devem ser

colocadas em prática e, quando seu efeito não corresponder às expectativas,

devem ser adotadas medidas corretivas. Para uma boa gestão, é essencial

que sejam determinados, logo no estágio inicial, os responsáveis pela

gestão, monitoramento e controle (chamado de proprietário do risco), e os

responsáveis pelas ações e respostas aos riscos (chamado de acionista do

risco), que devem receber orientação do proprietário. É comum que essas

duas figuras estejam concentradas em uma única pessoa, mas o proprietário

é sempre alguém mais capacitado e com mais experiência para promover

essa gestão.

• Comunicar: esta etapa deve ser entendida como uma ação contínua. A

relevância de desempenhar uma boa comunicação é garantir que as

informações relacionadas às ameaças e oportunidades do projeto sejam

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47

comunicadas tanto internamente, aos colaboradores da organização, quanto

externamente, às partes interessadas. Há inúmeras formas através das quais

a comunicação sobre os riscos pode ser disseminada: relatórios sobre

andamento do projeto, relatórios de verificação de estágio, relatório final do

projeto e relatórios de exceção. O cuidado com a comunicação dos riscos

para os agentes externos da organização é muito importante para manter os

objetivos do projeto resguardados. Além dos produtos apresentados pelo

PRINCE2 (2017) como forma de comunicação dos riscos, outros métodos

podem ser incluídos, como boletins, quadros de avisos, painéis e tópicos de

discussões.

2.3.4 Guia PRINCE2 AGILE

O Guia PRINCE2 AGILE (2015) foi derivado dos mesmos princípios do

PRINCE2 (2017), porém, com o incremento da contextualização de um ambiente de

projeto ágil. Este guia pertence à Axelos e foi lançado em 2015.

Posteriormente à análise dos conceitos trabalhados pela metodologia do

PRINCE2 (2017), pode-se dizer que já se vislumbram pinceladas de características

ágeis, como por exemplo, a proposta de entregas parceladas. Isso significa que o

trabalho é planejado como um todo, mas as entregas são feitas em pedaços; ao final

de cada entrega, são realizadas reuniões de análise, com o objetivo de avaliar se o

produto é satisfatório, viabilizando o avanço para a próxima etapa. Ao final de cada

estágio, há uma reflexão sobre o processo e um registro da experiência, que será

utilizada para promover melhorias no estágio seguinte.

O PRINCE2 AGILE (2015) unifica em uma metodologia híbrida a essência do

PRINCE2 (2017) e algumas propriedades do ágil, principalmente na camada de

entrega. Sendo assim, o grande diferencial é a inserção de comportamentos,

conceitos, frameworks e técnicas ágeis no seu guia de boas práticas, conforme

ilustrado na Figura 8.

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Figura 8 – Elementos inseridos pelo PRINCE2 AGILE na metodologia PRINCE2

Fonte: Adaptado de PRINCE2 AGILE Guide (2017)

É importante ressaltar que, no PRINCE2 AGILE (2015), não há intenção de

direcionamento único, mas de fornecer algumas possibilidades para estruturação de

equipes em projetos ágeis.

Para atingir os objetivos deste trabalho, as áreas de foco ágil serão

aprofundadas com o intuito de levantar algumas questões a serem consideradas na

resolução do problema proposto. Dessa forma, apresenta-se a seguir o

detalhamento das áreas de foco propostas pelo PRINCE2 AGILE (2015).

• Agilometer: é uma forma eficaz de mapeamento do contexto ágil. Cada

projeto é uma situação singular devido a fatores como confiança entre cliente

e fornecedor, tecnologia e programas utilizados, nível de incerteza e

experiências anteriores com a mesma tipologia.

• Requisitos: a priorização dos requisitos é o cerne de todo o funcionamento do

contexto ágil e deve ser realizada sobre o trabalho que está sendo entregue,

a fim de que prazo e qualidade sejam cumpridos.

• Comunicação rica: problemas de comunicação são comumente citados pelos

gestores de projeto. Uma técnica eficaz para melhorar a comunicação é usar

o veículo certo no tempo exato para transmitir a mensagem.

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• Entregas frequentes: o planejamento de um projeto envolve,

necessariamente, o planejamento de seus entregáveis. O curto espaço entre

as entregas agrega vantagens ao processo, tais como feedback para

alinhamento, possível redução de risco de grandes entregas equivocadas,

maior envolvimento das partes interessadas no projeto e benefício ao cliente

por possuir entregas parciais.

• Criando contratos: quando se trata de processos ágeis, é necessário

reformular todas as relações que integram o processo de projeto

(compartilhamento de riscos).

De todos os conceitos e técnicas apresentados sobre o PRINCE2 AGILE

(2015), percebe-se a recorrência sobre a necessidade de flexibilizar o que está

sendo entregue para obter sucesso em um projeto ágil. Ao priorizar o que é entregue

(muitas vezes, realizando entregas incompletas em comparação ao processo

tradicional), uma reformulação no modo como o projeto é executado torna-se

primordial. Segundo o guia, essa mudança deve ser substancial na forma de agir e

pensar das pessoas, sem ignorar que aspectos como prazo e custo nunca podem

ser flexibilizados, enquanto podem ser estabelecidas tolerâncias para qualidade,

escopo, risco e benefícios.

2.3.5 PRAM (2018)

O guia Project Risks Analyses and Management (PRAM 2018) é uma

compilação de experiências e processos formais oriundos de empresas que

atingiram os objetivos dos projetos nos quais praticavam gestão de riscos.

Desenvolvido pela Association for Project Management (APM), sua primeira edição

foi publicada em 1997, no Reino Unido; a segunda edição, por sua vez, foi lançada

em janeiro de 2018.

A abrangência do guia se aplica a qualquer tipo de projeto, pois o PRAM

(2018) reconhece que os projetos, independentemente de sua natureza, possuem

conteúdo técnico, inovador e estratégico. A partir dessa premissa, propõe-se uma

estrutura processual e sistêmica como melhor forma de fazer gestão de riscos.

Analisando a estrutura do PRAM (2018), entende-se que existem dois

estágios para análise de risco: qualitativa e quantitativa.

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No estágio de análise qualitativa de risco, a primeira etapa é a identificação

do risco, que pode ser feita, por exemplo, por meio de:

a) entrevistas com membros-chave da equipe do projeto;

b) reuniões de brainstorming com partes interessadas;

c) experiência pessoal do analista de risco (projetos similares ou análogos);

d) uso de banco de dados de experiências anteriores, quando existem.

Segundo o guia, a fase de identificação é considerada de extrema importância

no processo de gestão de riscos, ao passo que somente quando se conhece o risco

é possível fazer algo a respeito, ou seja, se o mapeamento não for realizado de

forma satisfatória, todo o processo de gestão dos riscos fica comprometido.

Após a identificação, os riscos são analisados e categorizados de acordo com

a probabilidade de ocorrência (alta ou baixa) e impacto sobre os objetivos do projeto,

caso o risco ocorra (insignificante, pequeno, médio, alto, severo). A representação

dessa fase analítica pode ser uma matriz de probabilidade e impacto, conforme pode

ser observado na Figura 9.

Figura 9 – Matriz de probabilidade e impacto

Fonte: Adaptado de PRAM Mini Guide (2018)

No estágio de análise quantitativa de risco, todos os riscos previamente

mapeados e analisados são quantificados considerando três critérios básicos de

sucesso do projeto: custo, tempo e desempenho. Para tanto, as principais técnicas

propostas pelo PRAM (2018) são:

• Análise de sensibilidade: determinação do efeito em todo o projeto ao alterar

um de seus riscos variáveis, como atrasos no projeto ou diferença no custo de

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materiais. A importância desta análise é demonstrar como o efeito de uma

mudança em uma variável é capaz de afetar o resultado do projeto. Em

termos práticos, a análise de sensibilidade deve ser realizada para todos os

riscos identificados, com o intuito de determinar aqueles que têm potencial de

alto impacto em relação ao custo e prazo do projeto. Esta técnica também

pode ser adotada para estudar o impacto do risco no retorno econômico

previsto para o projeto.

• Análise probabilística: no primeiro momento, todos os riscos são analisados e

atribuídos de probabilidade de ocorrência; posteriormente, seus efeitos são

considerados em conjunção, a fim de traçar um panorama geral do projeto.

• Diagramas de influência: trata-se de um método gráfico para construir um

modelo dos problemas que envolvem o projeto, a ser utilizado como interface

de usuário para uma modelagem de riscos baseada em programação. Dessa

forma, consegue-se atingir maior complexidade para analisar custo, tempo e

desempenho.

• Árvores de decisão: outro método gráfico para construir modelo, mas seu foco

é reunir as informações necessárias para elaborar a tomada de decisão frente

ao risco, trazendo para visualização presente os possíveis caminhos de ação

e todos os possíveis resultados futuros de cada ocorrência. As árvores de

decisão, frequentemente, são usadas para análise de riscos no que se refere

aos custos do projeto.

Em linhas gerais, segundo o PRAM (2018), a gestão de riscos é feita por meio

das informações coletadas durante o mapeamento de riscos para orientar a tomada

de decisão, a fim de assegurar que o projeto atinja o tempo, custo e desempenho

previstos no seu objetivo. Reduzir a exposição ao risco quando possível, monitorar o

risco durante todo o processo e gerenciar os riscos inerentes que permanecem

durante todo o processo são formas de garantir o sucesso do projeto.

O papel do gerente de projeto é aproveitar as informações disponíveis e

oriundas das análises iniciais para escolher qual é a reposta mais adequada aos

riscos. De acordo com o PRAM (2018), existem três tipos de respostas aos riscos,

que são:

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a) alterar o escopo do projeto: evitar riscos por meio da mudança no

planejamento do projeto;

b) resposta proativa: respostas previamente planejadas e implementadas

(quando necessário) para reduzir a probabilidade do risco e seus impactos

negativos, caso ele ocorra;

c) resposta reativa: ações planejadas a serem implementadas apenas no caso

de materialização dos impactos negativos do risco previamente identificado.

A essência das respostas aos riscos permeia quatro grandes ações:

a) evitar o risco: quando os riscos em questão podem ser eliminados do projeto

por meio de alguma ação;

b) reduzir o impacto e a probabilidade dos riscos: quando os riscos podem ser

diminuídos pela prática de certas ações;

c) transferir os riscos: repassar o risco a outras partes, que podem estar em

melhor posição ou contar com mais recursos para gerenciá-lo. Isso não

significa eliminar o risco, mas sim levá-lo a uma instância que tenha mais

poder de gerenciamento;

d) aceitar o risco: quando o risco é analisado e o entendimento é de que existem

benefícios ao assumi-lo, quando comparados às penalidades. Saber que o

risco existe não o elimina, mas evidencia a necessidade de gerenciá-lo.

Por fim, é importante ressaltar que o PRAM (2018) propõe que o processo de

gerenciamento de risco é um exercício contínuo durante todo o ciclo de vida do

projeto e que as informações obtidas durante a fase quantitativa são essenciais para

permitir que o gerente do projeto tenha um panorama geral dos riscos e entenda as

peculiaridades do projeto, tornando-o mais capaz para tomar as decisões

necessárias à redução da exposição aos riscos mapeados.

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53

2.3.6 Comparação entre os Modelos de Gestão de Projetos

A ABNT ISO 31.000 (2018) defende a ideia de que toda organização já faz

gestão de riscos, mesmo que intuitivamente; portanto, a norma visa estabelecer

princípios para melhorar a eficiência desse gerenciamento.

A essência do conteúdo da norma é orientativa, ou seja, ela não propõe

ferramentas específicas e nem conceitos pré-determinados para gestão, entretanto,

apresenta ações processuais que podem auxiliar na estruturação da gestão de

riscos e defende que essa estrutura deve ser adaptada de acordo com os objetivos

da empresa e projeto envolvidos. Em outras palavras, ela auxilia a pensar sobre o

caminho para a gestão de riscos e não almeja desenhar como o caminho deve ser

trilhado ou qual caminho deve ser seguido.

O guia PMBoK (2017) apresenta maior foco nas ferramentas para o

gerenciamento de riscos, discorrendo sobre soluções técnicas a serem aplicadas

nos projetos e, por isso, pode ser considerado “padrão”. Sua divisão abrange dez

áreas de conhecimento, sendo uma delas específica para gerenciamento de riscos.

O cerne do PRINCE2 (2017) está voltado para a governança, trazendo

conceitos para comando do gerenciamento de riscos, isto é, aborda noções que

permeiam a administração do processo. Por essa razão, este guia pode ser

entendido como uma metodologia. Na sua versão PRINCE2 AGILE (2015), os

princípios são mantidos, mas questões relativas ao contexto de um projeto ágil são

inseridas, revelando que essa tipologia apresenta complexidades específicas e que,

por isso, alguns comportamentos devem ser diferentes de um projeto convencional.

Por sua vez, o PRAM (2018) é um guia focado em apresentar ferramentas

para fazer gestão de riscos e defende que as etapas que envolvem esse

gerenciamento são as análises quantitativas e qualitativas. A partir dessas análises,

formam-se matrizes que auxiliam na elaboração de respostas aos riscos que

envolvem o projeto.

A seguir, o Quadro 3 apresenta a comparação entre os guias estudados

segundo os parâmetros: instituição responsável e ano de publicação; estrutura

proposta para gestão; abrangência; objetivos e referência conceitual.

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54

Quadro 3 – Comparação entre os modelos estudados

Modelo

ABNT NBR ISO

31000

PMBok

(Cap.11)

PRINCE2

+ PRINCE2

AGILE

PRAM

Instituição

responsável e

ano de

publicação

ABNT / ISO

2018

PMI

2017

OGC / AXELOS

2017 / 2015

APM

2018

Estrutura

para gestão

Normativas

padronizadas

para gestão de

riscos.

Linear e

processual, sem

muita interação

entre as áreas.

Linear e por

estágios, com

integração entre

as áreas.

Linear e

orientativa, com

exemplos

práticos de

como fazer a

análise de riscos

e tomada de

decisão.

Abrangência Projetos e

organizações.

Projetos Projetos Projetos

Objetivos Orientações

genéricas

Ferramentas Governança Ferramentas

Referência

conceitual

Abordagem

genérica com o

intuito de

oferecer

diretrizes e

princípios para

gerenciamento

de qualquer tipo

de risco, de

maneira

sistemática,

transparente e

confiável.

Propõe que

existem dez

áreas de

conhecimento,

sendo uma

delas a gestão

de riscos, que

abrange seis

processos.

Propõe a gestão

do projeto por

estágios, sendo

sete temas

(onde um deles

é riscos) e sete

processos (que

sãos os

estágios). Por

seu caráter

genérico, pode

ser aplicado em

diferentes tipos

de projetos.

Defende que,

até certo ponto,

todas empresas

fazem gestão de

riscos, porém,

muitas vezes de

forma subjetiva

e intuitiva.

Dessa forma,

apresentam-se

diretrizes para

fazer gestão de

riscos de forma

mais processual

e sistêmica.

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

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55

2.4 Revisão de Trabalhos Acadêmicos

Para complementar a revisão bibliográfica realizada sobre os guias, manuais

e normas que abordam a gestão de projetos e a gestão de riscos, o passo seguinte

foi buscar por artigos científicos que aprofundassem alguns conteúdos adjacentes

ao tema central do trabalho.

Para facilitar a organização das resenhas, os artigos foram separados em três

eixos temáticos: gestão de partes interessadas, gestão de riscos e projetos rápidos.

O recorte temporal para seleção dos artigos foi de até dez anos de

publicação, sem restringir, no entanto, o país de origem, já que o foco estava

centrado na temática discutida e em sua relação com este estudo. Dessa forma, os

artigos escolhidos e analisados foram publicados entre 2011 e 2021, em países

como Brasil, Canadá, Reino Unido, Portugal, China e Turquia.

2.4.1 Gestão de Partes Interessadas

Para minimizar o risco de insatisfação do cliente, não são necessários

recursos muito aprimorados e nem dispensar muito dinheiro – essa é a provocação

levantada por Pitangueira et al. (2017). Apesar de o artigo estar focado na área de

softwares, é possível usufruir de parte do conteúdo para pensar gestão de riscos em

projetos rápidos, pois sua intenção é apresentar uma nova abordagem multiobjetiva,

através da qual há conhecimento do risco no que se refere aos problemas que são

comuns em projetos cujas partes interessadas têm certo custo previsto para o

projeto.

A partir de histórico acumulado em situações similares, os autores criaram um

algoritmo para formular resposta aos problemas recorrentes, buscando diminuir o

grau de insatisfação do cliente, ao passo em que os problemas foram previstos e

planejados.

Os resultados obtidos dessa proposta mostram que o risco de insatisfação foi

reduzido sem impactos significativos em custos, todavia, para seu sucesso, entende-

se ser necessário um banco de dados com alimentação constante, tanto para o

desenvolvimento do algoritmo quanto para a sua atualização, garantindo, dessa

forma, o seu desempenho adequado (PITANGUEIRA et al., 2017).

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56

No artigo “Mapeando o domínio do conhecimento dos estudos de perspectiva

das partes interessadas em projetos de construção”, Xue et al. (2020) declaram que,

em empreendimentos na construção, a colaboração efetiva entre as partes

envolvidas é fundamental para que os objetivos sejam atingidos. Especificamente

em empreendimentos complexos, é necessário contar com uma abordagem que

integre a informação sobre todas as partes interessadas, visando uma gestão

eficiente.

Segundo os autores, ao estabelecer uma relação colaborativa entre as partes

interessadas, é possível reagir instantaneamente quando eventos incertos

acontecem. Nesse sentido, as partes interessadas são definidas não só como

participantes diretos no empreendimento, mas também como partes por ele

afetadas, cujo relacionamento pode influenciar diretamente na sua conclusão. Xue

et al. (2020) defendem que a gestão das partes ainda é um tema pouco explorado

por parte dos gestores de projetos e, portanto, enfatizam a necessidade de estudos

sobre o tema, com o intuito de melhorar o desempenho do empreendimento como

um todo.

A pesquisa realizada por Xue et al. (2020) pautou-se em uma análise

bibliométrica de publicações relacionadas ao tema, a partir de três filtros: cocitações

de documentos, recorrência de palavras-chave e análise de citações em um recorte

de tempo. O estudo explora, por meio de análise quantitativa, o domínio do

conhecimento e a sua evolução.

O resultado desse estudo mostrou que existem quatro fases críticas no

campo da gestão de stakeholders, quais sejam, a própria conceituação do que são

os stakeholders; os métodos de identificação; as formas de avaliação, incluindo a

gestão dos stakeholders e, por fim, a análise da influência e complexidade das

partes interessadas (XUE et al. 2020).

Por último, no artigo “Gestão de riscos de projetos e stakeholders:

identificação e análise de riscos baseado na percepção de risco”, foi apresentado

um modelo para gestão de riscos que integra a percepção de risco, associado à

stakeholders do projeto, no processo de identificação e análise de riscos. Para os

autores, envolver os stakeholders na gestão de riscos possibilita agregar visões

plurais e mais abrangentes sobre o empreendimento e seus riscos, prevendo

problemas das mais diversas fontes (BELLA; GUTIERREZ; QUELHAS, 2019).

Page 58: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

57

Bella, Gutierrez e Quelhas (2019) foram motivados pelas recorrentes

dificuldades apresentadas pelas ferramentas para gestão de empreendimentos no

que concerne à gestão de riscos. De acordo com os autores, a matriz de

probabilidade e impacto, amplamente utilizada na gestão de riscos, em geral,

apresenta limitações, como baixa precisão, ambiguidades e ineficácia dos seus

desdobramentos.

Partindo do pressuposto de que uma boa gestão de riscos deve maximizar os

ganhos e diminuir as perdas, a ação de envolver os stakeholders na identificação

dos riscos pode trazer benefícios expressivos ao empreendimento. Após alguns

testes, Bella, Gutierrez e Quelhas (2019) perceberam que as atividades que

obtiveram melhorias pela atuação de stakeholders foram a análise de listas de

verificação, a análise de premissas, técnicas de diagrama, a análise SWOT, a

avaliação de probabilidade e impacto, além da avaliação dos dados sobre os riscos.

Percebe-se, portanto, que a participação dos stakeholders agrega benefícios

principalmente na fase de identificação e análise qualitativa de riscos.

O modelo proposto se baseia em um modelo no qual os processos de gestão

de stakeholders e gestão de riscos se relacionam de maneira transversal, chamado

de “integração da percepção de riscos de stakeholders” (BELLA; GUTIERREZ;

QUELHAS, 2019). Para os autores, o processo está estruturado em quatro etapas:

planejar a integração, selecionar os stakeholders, engajar à identificação dos riscos

e engajar à avaliação qualitativa dos riscos. O modelo funciona, basicamente,

através de formas para coleta de dados direcionados, com o objetivo de entender a

percepção de risco.

2.4.2 Gestão de Riscos

Segundo Silva e Alencar (2013), a gestão de riscos na indústria da construção

civil deve partir do uso integrado de metodologias. Os autores identificaram os riscos

recorrentes na construção civil e as fontes comuns de risco, que são o não

entendimento completo do negócio, a má definição de funções e responsabilidades,

a falta de equipe capacitada, projetos incompletos (erros nos projetos e falta de

projeto na fase da proposta), a estimativa equivocada de quantidade e tempo do

empreendimento, o não conhecimento das condições naturais da região de

Page 59: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

58

implantação do projeto, a logística para recebimento de materiais e os fornecedores

não capacitados.

Para Silva e Alencar (2013), tratar de riscos somente na fase da proposta

comercial não é eficiente e seguro, então, defende-se que a gestão de riscos deve

ser contínua durante todo o ciclo de vida do empreendimento. Os autores também

sugerem que a avaliação qualitativa do risco (probabilidade e impacto) é o que

permite definir estratégias coerentes para tratá-lo.

Nesse contexto, Silva e Alencar (2013) apresentam a Estrutura Analítica de

Riscos (EAR) como uma ferramenta bastante utilizada para representar, de forma

hierárquica e organizada, os riscos identificados no projeto. A estrutura se dá por

meio de categorias e subcategorias associadas aos potenciais riscos.

Como conclusão, os autores constataram que os riscos associados aos

empreendimentos de engenharia são, em geral, avaliados somente na fase de

proposta e, portanto, os contingenciamentos definidos apresentam uma série de

fragilidades para a cobertura dos riscos das fases posteriores, incluindo a execução.

Tal procedimento é considerado errôneo, uma vez que a qualidade das informações

nas fases preliminares do empreendimento, normalmente, não possibilita o

entendimento sobre os riscos inerentes às fases posteriores. Nesse sentido, o

acompanhamento dos riscos previamente mapeados acaba por ser negligenciado e

as fragilidades do processo de gestão de riscos como um todo acabam por ameaçar

o cumprimento dos objetivos do empreendimento (SILVA; ALENCAR, 2013).

Para modificar esse cenário, Silva e Alencar (2013) propõem um modelo que

auxilia no gerenciamento dos riscos durante todo o projeto, de maneira prática e

eficaz. O modelo em questão está baseado na metodologia de gestão de risco, que

visa maximizar as oportunidades e minimizar as ameaças por meio da identificação

generalizada dos riscos ligados às atividades, com posterior avaliação qualitativa

dos riscos, ponderando os níveis de severidade e ocorrência.

Por meio de um fator multiplicador, os riscos são avaliados de acordo com as

prioridades a serem acompanhadas (e que devem ser vistas de forma detalhada),

associadas às atividades estratégicas passíveis de serem adotadas como resposta e

aos responsáveis pela tomada de decisão (SILVA; ALENCAR, 2013).

Page 60: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

59

Dessa forma, o modelo deve ser adaptado a cada realidade de obra, ou seja,

não se trata de um modelo rígido, mas, sob qualquer contexto, Silva e Alencar

(2013) alertam para a necessidade do controle e do monitoramento constante,

durante todo o ciclo de vida do projeto e obra.

Para Okudan, Budayan e Dikmen (2021), projetos na construção civil, de

forma geral, são considerados empreendimentos complexos e de alto risco em razão

de sua vulnerabilidade às condições externas, além das incertezas relacionadas ao

próprio empreendimento. Por isso, a gestão de riscos é fator crítico para o sucesso

das empresas que atuam no setor da construção.

Ainda segundo os autores, o processo de gestão de riscos requer gestão

eficaz do conhecimento relacionado ao risco, isto é, a vivência do risco é necessária

para sua melhor identificação e gestão.

Okudan, Budayan e Dikmen (2021) explicam que já existem ferramentas que

auxiliam no processo de gestão de riscos; estas, contudo, ignoram alguns recursos

críticos, como por exemplo, o compartilhamento de conhecimento e o registro de

casos, para que seja possível aprender com projetos anteriores. Além disso, os

autores alegam que, muitas vezes, a gestão de riscos é feita de forma fragmentada,

ao passo que a identificação, análise, resposta e monitoramento do risco devem ser

realizados de forma integrada e durante todo o processo de implantação.

Logo, o estudo apresentado visa preencher essas lacunas identificadas por

meio da proposta de uma ferramenta virtual que possibilite o gerenciamento dos

riscos com base em um banco de dados para recuperação de experiências

adquiridas em projetos anteriores. A ferramenta está fundamentada em uma lista

abrangente de riscos e funciona por meio da similaridade entre os PROJETOS

(OKUDAN; BUDAYAN; DIKMEN, 2021).

Essa proposta, desenvolvida e validada pelos autores em testes e em reunião

com especialistas, apresentou resultados que comprovaram seu potencial para

aumentar a eficácia da gestão de riscos em projetos da construção civil, podendo

ainda ser adotada por outras indústrias, mediante ajustes.

De acordo com Okudan, Budayan e Dikmen (2021), o desenvolvimento dessa

ferramenta foi possível devido ao fato de que, por mais que cada empreendimento

seja único e temporário, ainda assim possuem características similares entre si no

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60

que diz respeito à estruturação da equipe e processos da construção. Em razão de

tais semelhanças, os problemas já diagnosticados em um empreendimento podem

ocorrer novamente em empreendimentos futuros até que uma solução apropriada

seja implementada. Dessa forma, os autores defendem que, ao tomar ciência dos

problemas, as empresas podem imprimir mais eficácia à gestão de riscos de projetos

futuros utilizando a memória de projetos passados; além disso, todo novo projeto

constrói uma nova memória, garantindo a reinvenção da lista de riscos a cada novo

projeto.

Outra contribuição da ferramenta para gestão de riscos, conforme Okudan,

Budayan e Dikmen (2021), é que ela favorece a empresa ao protegê-la da alta

rotatividade de funcionários, que saem com a experiência formal.

Por fim, os autores destacam que a ferramenta não apresenta uma estrutura

rígida e que, para atender à demanda de organizações com muita diversidade de

projetos em seu portfólio, sua adaptação de acordo com a tipologia torna-se

necessária.

2.4.3 Projetos Rápidos

De acordo com Leite et al. (2018), o cenário atual da construção civil no Brasil

revela que as empresas não realizam o planejamento da obra, ou quando o fazem, é

de maneira inadequada, principalmente em obras de pequeno porte.

Os autores apresentam um estudo de caso sobre um empreendimento do

setor varejista, com curto prazo e restrições comuns em obras dessa tipologia, na

qual foi aplicada a metodologia de fast construction a partir de adaptações de

conceito, método e técnicas de gerenciamento de projetos.

A estratégia do empreendimento envolveu, em linhas gerais, a utilização de

diversas informações sobre o orçamento e o custo real da obra na fase de

planejamento, que foram compatibilizadas com os cronogramas requeridos. Esse

cruzamento de dados proporcionou a definição de indicadores a serem empregados

em outras obras da mesma rede (LEITE et al., 2018).

Os resultados da pesquisa apresentam ações e estratégias cujo objetivo é

garantir o custo, o tempo e a qualidade pretendidos pelo cliente. Todo o sucesso do

Page 62: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

61

projeto é baseado no planejamento prévio das etapas e em quais mudanças

afetarão os objetivos do projeto. Leite et al. (2018), por exemplo, destacam a

necessidade de processos técnicos aconteçam preliminarmente ao início da obra,

isto é, todas as aprovações, documentações, equipe e fornecedores precisam estar

aprovados.

Como riscos desse processo, os autores elencam os imprevistos na fase de

obra, o acréscimo de custo por mudanças no meio do processo, o cronograma, o

tempo insuficiente para planejamento e a falha na compatibilização de informação.

Outro ponto destacado por Leite et al. (2018) é a questão das mudanças.

Entendidas como algo inevitável, é preciso planejar uma maneira de lidar com tais

variações, quais respostas e informações devem ser atualizadas e para quem

devem ser avisadas.

Como conclusão, os autores relacionam o sucesso do fast construction

diretamente à eficiência do planejamento, à execução e ao controle realizado, e

destacam a necessidade de a empresa de engenharia possuir experiência com esse

tipo de obra, além de saber combinar a experiência prévia com o conhecimento em

gerenciamento de projeto (LEITE et al., 2018).

Segundo Alhomadi, Dehghan e Ruwanpura (2011), o sucesso do fast

construction depende de uma comunicação eficiente entre as partes, a fim de que

estas consigam resolver a complexidade dos processos. Dessa forma, os autores

defendem que é possível prever tempo, custo e qualidade com base em projetos

semelhantes, que tiveram uma quantidade de repetição alta; no entanto, somente a

repetição não garante o sucesso da previsibilidade; esta precisa estar combinada

com uma equipe capacitada, com o planejamento profundo do processo, o

conhecimento dos requisitos e dos envolvidos, e com o conhecimento da tipologia

(tamanho, complexidade).

No que diz respeito à gestão da comunicação em projetos rápidos, Loiro et al.

(2019) entendem que, para o sucesso de um empreendimento, é fundamental que

exista comunicação adequada na equipe, além de motivação e preocupação com a

qualidade e com a satisfação do cliente.

Nesse sentido, os autores enfatizam que a definição das equipes dos

empreendimentos deve ser estruturada com cuidado e a partir das suas

Page 63: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

62

competências, que devem ser coerentes com a complexidade do empreendimento,

uma vez que definição da equipe é decisiva para a realização de atividades

complexas e também no atingimento dos objetivos do empreendimento.

Uma equipe que se depara com a necessidade do gerenciamento ágil precisa

ser composta, ao menos, por um desenvolvedor do produto e por um líder de equipe

e seus membros, além de ser respaldada por um fluxo de comunicação que subsidie

a gestão em três momentos específicos: análise de requisitos, planejamento e

design (LOIRO et al., 2019).

O modelo proposto pelos autores apresenta um fluxo de etapas e processos

no qual são definidos as responsabilidades e o fluxo da informação, considerando o

caminho da informação e o que deve ser imprescindível para prosseguir no

processo. No plano da comunicação, os reports e validações devem evidenciar a

sequência de atividades e responsabilidades.

Para Panagiotidis, Tsolakis e Tsigkas (2020), o uso de ferramentas que

auxiliem na comunicação entre as partes interessadas pode facilitar

significativamente o fluxo da informação, favorecendo o sucesso do

empreendimento. Contudo, os autores defendem que a maior parte das ferramentas

de comunicação especializadas em gestão de empreendimentos foi desenvolvida de

maneira comercial e, portanto, negligenciam alguns recursos que permitem a

comunicação entre as diversas etapas do projeto.

Logo, o modelo proposto por Panagiotidis, Tsolakis e Tsigkas (2020) prevê o

gerenciamento da comunicação a partir da facilitação e da interação direta entre as

equipes de implementação e execução do projeto. Esse modelo é baseado em

princípios da cibernética e permite uma estrutura organizacional de empreendimento

mais horizontal, a fim de garantir que as partes interessadas compartilhem o mesmo

nível de autoridade, porém, com as diferentes responsabilidades.

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63

3. ESTUDOS DE CASO

As informações dos estudos de caso apresentados a seguir foram coletadas

por meio de observação dirigida por esta autora enquanto desempenhava função de

coordenadora de projetos em uma empresa projetista de arquitetura de pequeno

porte (cerca de 20 funcionários), localizada na cidade de São Paulo.

Os clientes em questão se traduziam em contratos cuidados pela autora entre

2018 e 2020, e os empreendimentos foram estudados entre setembro e dezembro

de 2020, momento em que ações para início de estruturação dos processos,

pensadas com o objetivo de resolver problemas recorrentes observados desde 2018

(ou pelo menos minimizar os impactos dos problemas inerentes à tipologia), já

haviam sido implementadas pela autora.

De acordo com o contrato assinado entre empresa projetista de arquitetura e

o cliente (Marca), era de responsabilidade da arquitetura, em ambos os casos:

a) elaborar o projeto executivo para a reforma, segundo conceito já definido;

b) submeter projeto para aprovação do Shopping em que a loja seria

implantada;

c) liberar projeto executivo arquitetônico para os demais envolvidos, após

aprovação formalizada pelo Shopping;

d) fazer o acompanhamento remoto de toda implementação, por meio de fotos e

vídeos enviados por e-mail ou mensagens de WhatsApp, com o objetivo de

verificar se o que está sendo executado encontra-se em consonância com as

especificações do projeto.

Segundo a Figura 10, os Estudos de Caso descritos a seguir contam com

informações coletadas por meio de um diário de bordo, com dados do processo

observado, para posterior análise dos acontecimentos, tendo em vista a identificação

dos riscos desses processos, tanto pela ótica das partes interessadas quanto pela

ótica dos processos. A partir dos riscos percebidos nos estudos, aprofundou-se a

análise decorrendo na identificação de riscos recorrentes em empreendimentos de

varejo em shopping center. Finalmente, como resultado das análises e partir do

referencial teórico, são propostas diretrizes para a gestão de riscos na tipologia

estudada.

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64

Figura 10 – Síntese dos objetivos para os estudos de caso apresentados e análises realizadas

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A fim de comprovar idoneidade dos dados apresentados, foram reunidos nos

anexos alguns documentos que comprovam a análise do shopping e a notificação

citadas no Caso 1. Em relação ao Caso 2, não foi possível reunir os documentos, já

que eles não foram enviados à empresa projetista de arquitetura.

3.1 Caso 1

A empresa responsável pelo empreendimento descrito no Caso 1 atua no

mercado de moda íntima feminina há 50 anos e possui 61 lojas espalhadas por todo

território nacional. Estima-se que, na sede, localizada na cidade de São Paulo e que

abriga tanto o escritório administrativo quanto a fábrica, trabalham cerca de 500

funcionários.

O empreendimento descrito neste estudo cuidou da implementação de uma

nova loja na cidade de Campinas, no Estado de São Paulo, entre os meses de

agosto e outubro de 2020. A loja foi implantada em uma das unidades de uma

grande rede de Shopping Centers e Outlets de alto padrão, presente em quatro

estados brasileiros (São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Distrito

Federal), com um total de 16 unidades.

A loja em questão possui 52 m², sendo 40 m² de área de loja (atendimento e

provadores) e 12 m² de mezanino (estoque). O custo dessa reforma girou em torno

de R$ 350.000,00, considerando o levantamento técnico da situação existente, o

projeto de arquitetura, projetos técnicos, construtora (mão de obra e materiais),

marcenaria, comunicação visual e mobiliário decorativo.

Page 66: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

65

O processo como um todo teve duração de cerca de dois meses e meio, e foi

dividido nas seguintes etapas:

• contrato com empresa projetista de arquitetura;

• elaboração do layout para aprovação com a franqueadora;

• elaboração do projeto para envio ao shopping e início dos orçamentos;

• aprovação do projeto arquitetônico no shopping;

• orçamentação;

• formalização do projeto executivo liberado para a obra;

• aprovação dos orçamentos e contrato com os fornecedores escolhidos;

• execução civil, montagem de marcenaria e mobiliário decorativo;

• montagem da loja (produtos);

• vistoria pré-inauguração feita pelo shopping;

• inauguração e início da operação da loja.

Anteriormente ao início de todo o processo, o cliente foi orientado pela

empresa projetista de arquitetura sobre as etapas que envolvem o desenvolvimento

do projeto e os pré-requisitos para o seu começo. O processo de projeto está

estruturado na Figura 11.

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Figura 11 – Alinhamento entre cliente e escritório projetista de arquitetura sobre as etapas e cronograma do projeto

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 68: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

67

A estruturação apresentada na Figura 11 foi elaborada e colocada em prática

pela autora quando ocupava a função de coordenadora na empresa projetista de

arquitetura. O objetivo da estruturação do processo foi explicar para o cliente o que

antecede o início do projeto em si, ou seja, sem o contrato assinado com a empresa

projetista e o levantamento técnico enviado e conferido, não é possível começar o

processo de projeto.

Após recebimento de todo material solicitado, o projeto tem início e o caminho

a ser percorrido consiste na elaboração de layout para aprovação da diretoria da

franqueadora, na liberação do projeto pré-executivo (documento que será enviado

para análise do Shopping e orçamentação dos fornecedores) e, após as devidas

aprovações, na liberação do projeto executivo para obra (que também deve ser

enviado a todos os fornecedores envolvidos, para formalização da versão de projeto

válida para execução).

Paralelamente ao processo de projeto, internamente, na Empresa

Franqueadora1, acontecem os planejamentos relacionados à orçamentação

(responsabilidade do coordenador de expansão da franqueadora de organizar os

valores e selecionar os fornecedores), ao cronograma (a partir da data de

inauguração, determinada pelo contrato com o Shopping, os demais envolvidos são

notificados e os prazos são estabelecidos pelo coordenador de operações, e não

pelos especialistas que executarão os serviços), à contratação dos fornecedores e

ao contato com a franqueada (atualizações sobre o status e andamento).

No caso em questão, as partes interessadas envolvidas no processo são:

empresa projetista de arquitetura (setor financeiro da empresa e arquiteto

responsável pelo projeto), franqueadora (diretoria e coordenador de expansão),

franqueado (dono da loja), empresa construtora responsável pela execução civil,

demais projetistas e fornecedores (levantamento técnico, marcenaria, comunicação

visual, mobiliário decorativo) e o shopping (setor comercial, de arquitetura e de

manutenção). No Quadro 4, foram mapeadas as partes interessadas e suas

respectivas responsabilidades dentro do processo.

1 Empresa franqueadora: pessoa jurídica detentora dos direitos sobre determinada marca ou patente, que formata um modelo de negócio e cede a terceiros (franqueados) o direito de uso dessa marca ou patente e do know-how por ela desenvolvido, sendo remunerada por eles pelo uso deste sistema. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/franquias_portal_sebrae.pdf>.

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68

Quadro 4 – Mapeamento das partes interessadas x responsabilidades x etapas do processo

Parte

interessada

Responsabilidades Etapa

01

Etapa

02

Etapa

03

Etapa

04

Etapa

05

Etapa

06

Setor

financeiro

da empresa

projetista de

arquitetura

Elaboração da proposta

comercial para nova loja

X

Envio do contrato após

aprovação da proposta

X

Emissão de NF e cobrança dos

pagamentos

X

Comunicar ao arquiteto

responsável a liberação para

início

X

Arquiteto

responsável

pelo projeto

Cobrança de envio do caderno

técnico do Shopping com as

normas para projeto

X

Cobrança e conferência do

levantamento técnico da

situação existente da loja que

será reformada

X

Elaboração da proposta de

layout

X

Elaboração do projeto pré-

executivo para aprovação no

shopping

X

Elaboração de eventuais

revisões segundo as solicitações

presentes nas análises do

shopping

X

Elaboração do projeto executivo

liberado para obra

X

Emissão da documentação de

responsabilidade de projeto

(RRT)

X

Auxílio na conferência dos

orçamentos

X

Acompanhamento remoto de

todo processo de execução para

tirar possíveis dúvidas e verificar

se as alterações estão sendo

feitas conforme projeto

X

Diretoria da

franquea-

dora

Contrato com o Shopping X

Aprovação do layout com

empresa projetista de arquitetura

X

Definição do valor que será

investido para abertura da loja

X

Continua

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69

Parte

interessada

Responsabilidades Etapa

01

Etapa

02

Etapa

03

Etapa

04

Etapa

05

Etapa

06

Coordena-

dor de

expansão da

franquea-

dora

Comunicação de nova loja para

o setor financeiro da empresa

projetista de arquitetura (envio

de dados como: local,

metragem, cartão CNPJ para

faturamento)

X

Solicitação de caderno técnico

para o Shopping

X

Atualizações para a franqueada

sobre o andamento das

atividades

X

X

X

X

X

X

Contratação do levantamento

técnico da situação existente

X

Envio do pré-executivo para

aprovação no Shopping

X

Cobrar retorno do Shopping em

relação à análise do projeto de

arquitetura

X

Solicitação dos orçamentos da

obra e demais fornecedores

X

Validação e conferência dos

orçamentos

X

Montagem do grupo no

whatsapp para facilitar

comunicação entre obra e

arquitetura

X

Elaboração de cronograma dos

fornecedores e montagem de

loja para inauguração

X

Acompanhamento de

cronograma e cobrança dos

fornecedores envolvidos

X

X

X

X

X

Franqueado

Realizar os pagamentos

conforme datas passadas pelo

coordenador de expansão para

que o processo aconteça como

planejado

X

X

X

Continua

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70

Parte

interessada

Responsabilidades Etapa

01

Etapa

02

Etapa

03

Etapa

04

Etapa

05

Etapa

06

Empresa

construtora

Envio de orçamento de acordo

com projeto de arquitetura

X

Contratação e coordenação dos

projetos técnicos e as devidas

aprovações com o shopping

X

X

Execução de acordo com o projeto

aprovado

X

Envio de fotos e vídeos do

andamento da obra no grupo com

arquitetura e coordenador de

expansão

X

Programar e estar presente em

vistoria pré-inauguração com o

shopping

X

Atender às possíveis demandas do

shopping após vistoria

X

Emissão da documentação de

responsabilidade de execução

(ART)

X

Projetistas

complemen-

tares

Entregar os projetos técnicos de

acordo com as normas

apresentadas no caderno técnico

do Shopping

X

X

Entregar soluções coerentes com

as necessidades do layout da loja

X X

Emissão da documentação de

responsabilidade de projeto

X X

Fornece-

dores

Entregar produtos e serviços com

qualidade

X

Entregar produtos e serviços de

acordo com o que foi pedido em

projeto / Seguir projeto para

execução

X

Shopping

(setor de

manutenção

e arquitetura)

Entregar todo material de regras

para elaboração dos projetos

X

Explicar o regimento interno para

realização de obras (autorização,

horários)

X

Analisar os projetos enviados X

Fazer vistorias periódicas na

reforma e assinalar qualquer

irregularidade que seja constatada

X

Fazer vistoria pré-inauguração

para liberação de abertura da loja

X

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

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71

Apenas a título de esclarecimento, há casos em que o setor comercial do

Shopping se envolve no processo de implementação de um empreendimento de

varejo, mas essa relação é desenvolvida entre Marca2 e Shopping. Dessa forma,

pelo fato de a relação entre projetista de arquitetura e setor comercial do Shopping

não ser direta, não é possível mapear o Setor Comercial como parte interessada

neste estudo. No entanto, fica a consideração sobre a importância desse setor no

processo, principalmente na fase inicial de contrato e locação do espaço dentro do

shopping (tratativa direta com a franqueadora).

Outro ponto que merece destaque é que, dentro da empresa projetista de

arquitetura, somente a arquiteta responsável estava envolvida com o projeto, ou

seja, não existia uma equipe de projetos, mas sim a concentração de todas as

tarefas e conferências em uma só pessoa.

A Figura 12 exemplifica a interação entre as partes descrita acima e revela a

centralização da distribuição das informações no coordenador de expansão.

Figura 12 – Síntese do fluxo de comunicação

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

2 Marca se refere à Empresa Franqueadora. Franqueado se refere à pessoa física que comprou o direito de uso desta marca e do conhecimento já desenvolvido por ela.

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72

Através da Figura 12, é possível perceber que o coordenador de expansão

está no centro do processo de comunicação, sendo o único responsável pela

conexão entre o franqueado e os demais envolvidos. Na empresa de arquitetura,

apenas a arquiteta atua como responsável técnica, já que o setor financeiro opera

somente na fase inicial de contrato.

No que diz respeito aos fornecedores e à empresa construtora, que são os

responsáveis pela entrega dos produtos e execução dos serviços, nota-se que as

informações são centralizadas no coordenador de expansão. Existe uma interação

maior entre arquitetura e construtora, tendo em vista a agilidade na resposta

relacionada às dúvidas sobre o projeto de arquitetura, no entanto, todas as demais

questões passam sempre pelo coordenador de expansão, que direciona o problema

para o profissional e/ou setor responsável por resolvê-lo.

A Figura 13 apresenta os processos que antecedem a montagem da loja,

evidenciando etapas sequenciais e etapas que são sobrepostas. Como é possível

observar, grande parte do processo é composto por etapas sequenciais e, por essa

razão, caso ocorra algum problema em uma das etapas, a consequência recai

diretamente sobre o comprometimento do prazo do empreendimento como um todo.

Por exemplo, não é possível iniciar o projeto arquitetônico se houver atraso no envio

do levantamento técnico, ou seja, não há situações passíveis de problemas em

alguma das etapas que não acarretem prejuízo no prazo do empreendimento.

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73

Figura 13 – Processos que compõem a implementação de uma nova loja

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Este caso teve duração de dois meses e meio, considerando desde o

comunicado de nova loja até inauguração para o público. A etapa inicial de contrato

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74

e pagamento foi resolvida nos três primeiros dias do processo e o levantamento

técnico foi enviado após dez dias da entrada da nova loja.

O levantamento técnico foi recebido e conferido no mesmo dia, dando início

ao prazo para elaboração do projeto. Conforme padrão acordado com a empresa,

após a formalização do levantamento técnico completo, o estudo de layout foi

enviado após três dias.

Com esse prazo cumprido pela empresa projetista, a diretoria da empresa

recebeu, ainda no período matutino, a planta para aprovação. A intenção de enviar

tal documento logo nas primeiras horas da manhã é viabilizar sua aprovação até o

final do dia, não prejudicando o andamento geral do projeto. Nesse caso, o retorno

da diretoria ocorreu no dia seguinte, quando foram solicitados pequenos ajustes no

layout.

As solicitações foram revisadas após três horas do retorno e o layout foi

encaminhado para nova análise do cliente. No final do mesmo dia, o cliente aprovou

a proposta enviada, dando início à etapa de pré-executivo, cujo prazo combinado foi

de sete dias, a partir da liberação do layout.

Dois dias após a aprovação do layout, o cliente procurou a empresa projetista

de arquitetura e pleiteou uma adequação no documento em razão da mudança de

coleção que seria exposta na loja. O e-mail foi enviado no início da tarde e, poucas

horas depois, a proposta revisada foi enviada; no final desse mesmo dia, o cliente

aprovou a alteração.

Como consequência, o prazo do pré-executivo deveria ser atualizado de

acordo com a nova data de aprovação de layout, porém, ao tratar tal assunto com o

cliente, o mesmo solicitou que a empresa projetista avaliasse a possibilidade de não

modificar o prazo definido anteriormente, pois, em negociação com o Shopping,

havia conseguido quarenta dias de carência a partir da assinatura do contrato; logo,

a alteração da data acarretaria perda de dinheiro a cada dia de loja fechada após o

período de carência.

No dia seguinte à solicitação, a empresa de projetos aceitou manter o prazo

por entender a situação de urgência, mas reforçou que os termos firmados em

contrato previam sete dias após aprovação final do layout, sendo este prazo

atualizado caso fossem efetuadas alterações durante o processo.

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75

No sétimo dia após aprovação da primeira versão do layout, o projeto pré-

executivo foi enviado para o cliente, que submeteu o documento tanto para

avaliação do Shopping quanto para orçamentação dos fornecedores envolvidos. O

responsável por realizar essa comunicação é o coordenador de expansão da

franqueadora.

De acordo com o caderno técnico do Shopping, o prazo para análise dos

projetos é de cinco dias após envio por e-mail. O projeto foi enviado pelo

coordenador de expansão para o setor de arquitetura do Shopping no mesmo dia de

seu recebimento, contudo, o Shopping não cumpriu o prazo preestabelecido e

demorou dez dias para dar seu feedback sobre os projetos avaliados.

A primeira análise do Shopping retornou como “projeto não liberado para

execução”, em razão da necessidade de correção das seguintes questões:

• Apresentação: enviar memorial descritivo dos acabamentos, do Registro de

Responsabilidade Técnica (RRT) de projeto e dos cortes transversais e

longitudinais;

• Paredes: retirar os pontos de elétrica que estão na parede do Shopping e

acrescentar nota de que nada pode ser fixado nas paredes limítrofes da loja;

• Forro: indicar o peso do forro e do alçapão de 60 x 60 cm na planta de forro,

indicar no projeto qual é o forro utilizado e considerar 2,50 m como altura

mínima abaixo do mezanino;

• Mezanino: regularizar o mezanino, que deve ocupar 50% da área da loja;

adicionar corrimão nos dois lados na escada, com altura entre 80 cm e 100

cm; acrescentar nota de que todas as escadas devem apresentar degraus

fechados, a fim de evitar acidentes e apresentar laudo de responsabilidade

para manter o mezanino existente;

• Fachada: considerar 20 cm como sendo a altura mínima de rodapé da

fachada, além das esquadrias do vidro da vitrine e da porta em alumínio;

• Letreiros: retirar o nome fantasia do letreiro, pois o único nome passível de

uso é o que consta no contrato com o Shopping;

• Acessibilidade: apresentar balcão caixa para atendimento a portadores de

necessidades especiais, conforme NBR ABNT 9050:2015.

Page 77: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

76

As solicitações feitas pelo Shopping podem ser classificadas em cinco grupos:

• Grupo 1: Erros no projeto de arquitetura (a informação constava no caderno

técnico e não foi atendida pelo projeto)

• Grupo 2: Análise do Shopping com solicitação divergente do Caderno

Técnico

• Grupo 3: Solicitação nova (não constava no Caderno Técnico)

• Grupo 4: Análise do Shopping divergente do que foi acordado em contrato

entre Franqueada e Shopping (falha na comunicação entre setor comercial e

arquitetura)

• Grupo 5: Análise solicita informações que já constavam no projeto de

arquitetura e que não foram observadas

Dessa forma, o Grupo 1 inclui as seguintes solicitações: indicar no projeto

qual é o forro utilizado e regularizar o mezanino, para que ele ocupe 50% da área da

loja. Essas informações constavam no Caderno Técnico, mas não foram observadas

pela empresa projetista; portanto, o projeto continha erros, que foram devidamente

corrigidos para adequação.

O Grupo 2 compreende a questão do rodapé da fachada. Quando da sua

elaboração, o projeto considerou os 15 cm de altura recomendados no Caderno

Técnico, no entanto, a solicitação do Shopping foi de alteração para 20 cm. O motivo

da divergência não foi questionado, pois os shoppings se reservam o direito de

alterar as regras sem aviso prévio; dessa forma, a análise oficializada torna-se o

documento a ser seguido.

No Grupo 3, concentra-se a maioria das solicitações: enviar o memorial

descritivo dos acabamentos, indicar peso do forro, indicar o alçapão de 60 x 60 cm

na planta de forro, acrescentar nota de que todas as escadas devem apresentar

degraus fechados e considerar esquadrias da fachada em alumínio. Tais questões

não constavam no Caderno Técnico, então, foram consideradas como solicitações

novas. O projeto apresentado foi elaborado em consonância com o padrão da marca

e, por essa razão, foram necessários ajustes e inclusões das notas.

O ajuste envolveu a troca da esquadria de ferro por uma de alumínio; no que

concerne à inclusão de nota, esta foi inserida sobre os degraus da escada. O

Page 78: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

77

memorial dos acabamentos e a revisão do projeto foram enviados simultaneamente;

quanto à referência ao alçapão, a empresa projetista questionou a sua

funcionalidade, a fim de que o posicionamento fosse feito de maneira adequada.

Integram o Grupo 4 as questões de altura do pé direito na parte da loja

localizada logo abaixo do mezanino e do nome constante no letreiro. Ambas as

demandas foram pontos discutidos no momento de assinatura do contrato, mas não

foram comunicadas ao setor de arquitetura.

No tocante à primeira questão, a loja apresentava pé direito de 2,30 m abaixo

do mezanino, medida esta assegurada por contrato, já que a regularização desse

aspecto aumentaria sobremaneira o custo da obra e inviabilizaria o investimento.

Diante dessa situação, o Shopping autorizou que o pé direito existente fosse

mantido.

Com relação ao segundo ponto abordado, a Marca em questão utiliza um

nome de empresa para contrato e outro para o letreiro. A arquitetura do Shopping,

entretanto, questionou essa prática, alegando que ela não é permitida no

regulamento interno (essa informação consta no Caderno Técnico). A questão do

letreiro também já havia sido alinhada na negociação entre franqueada e Shopping,

permitindo o uso do nome fantasia nos mesmos moldes estabelecidos dois meses

antes, em outra loja da mesma marca e na mesma rede de Shopping, porém, em

outra cidade. No retorno da arquitetura para o Shopping, esses pontos foram

levantados e explicados, e houve solicitação de verificação com o setor comercial.

Por fim, no Grupo 5, encontram-se as demais solicitações: apresentar RRT de

projeto; enviar cortes transversais e longitudinais; colocar corrimão nos dois lados na

escada, com altura entre 80 cm e 100 cm; apresentar laudo de responsabilidade

para manter o mezanino existente e apresentar balcão caixa adaptado, tendo em

vista o atendimento à ABNT NBR 9050.

O envio de cortes, a indicação de corrimão em ambos os lados da escada e o

detalhamento do balcão caixa com acessibilidade são informações que já haviam

sido entregues no projeto, então, a resposta foi indicar quais folhas continham tais

informações. Sobre a documentação, a mesma foi reenviada.

A seguir, o Quadro 5 apresenta a síntese das questões levantadas pelo

Shopping e a origem do problema assinalado.

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Quadro 5 – Mapeamento das solicitações do Shopping na primeira análise do projeto

Solicitação

Shopping

Constava no

caderno técnico

do Shopping?

Situação no

Projeto de

Arquitetura

Carta resposta da

Arquitetura

Grupo da

solicitação

Enviar memorial

descritivo dos

acabamentos

Não

Não havia sido

enviado

Memorial dos

acabamentos foi

elaborado e enviado

Grupo 3

Enviar a RRT de

projeto

Sim Já havia sido

enviada

Envio novamente do

documento

Grupo 5

Enviar cortes

transversais e

longitudinais

Sim Já havia sido

enviada

Indicação das folhas

em que se encontram

esses cortes

Grupo 5

Indicar peso do forro Não Não constava essa

informação

Inclusão da

informação no projeto

Grupo 3

Indicar alçapão de

60x60cm na planta de

forro

Não Não constava essa

informação

Arquitetura

questionou qual a

função dele para

poder locar

corretamente

Grupo 3

Indicar no projeto

qual é o forro utilizado

Sim Não constava essa

informação (forro

aproveitado)

Inclusão da

informação no projeto

Grupo 1

Considerar como

altura mínima

embaixo do mezanino

de 2,50m

Sim Foi mantido o forro

existente e,

portanto, a altura do

pé direito embaixo

do mezanino estava

com 2,30m

Questionamento

sobre fazer essa

adequação, dado que

estava sendo

aproveitada estrutura

existente de

mezanino e forro.

Grupo 4

Regularizar mezanino

para que ele fique

com 50% da área da

loja

Sim Foi mantido

existente

Adequação foi feita Grupo 1

Colocar corrimão dos

dois lados na escada

com altura entre

80cm e 100cm

Sim Já estava da

maneira solicitada

Indicação da folha

em que tinha o

detalhe da escada.

Grupo 5

Acrescentar nota de

que todas as escadas

devem apresentar

degraus fechados

visando evitar

acidentes

Não Não havia a nota Inclusão da nota

Grupo 3

Continua

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79

Solicitação

Shopping

Constava no

caderno técnico

do Shopping?

Situação no

Projeto de

Arquitetura

Carta resposta da

Arquitetura

Grupo da

solicitação

Apresentar laudo de

responsabilidade para

manter mezanino

existente

Sim Havia a nota de que

este documento

seria emitido pela

empresa de

engenharia que

fosse contratada

para fazer a obra

Indicação da folha

em que tem a nota

falando sobre a

documentação do

mezanino ser emitida

pela engenharia

Grupo 5

Considerar altura

mínima de rodapé da

fachada com 20cm

Não

(constava que a

partir de 15cm de

altura era

autorizado)

Rodapé estava com

15cm de altura

Adequação foi feita Grupo 2

Considerar

esquadrias do vidro

da vitrine e porta em

alumínio

Não Esquadrias

estavam em ferro

Adequação foi feita Grupo 3

Retirar nome fantasia

do letreiro (o único

nome que pode ser

usado é o que consta

no contrato com o

Shopping)

Sim No projeto estava o

padrão de nome da

marca como usam

em todos os

Shoppings

(inclusive em outras

unidades da

mesma rede)

Devolutiva

questionando o

motivo para não

autorizarem sendo

que na negociação

do contrato com a

franqueada isso já

havia sido alinhado

de usar o nome

fantasia

Grupo 4

Apresentar balcão

caixa para

atendimento a

portadores de

necessidades

especiais conforme

NBR ABNT 9050

Sim Já constava no

projeto

Indicação da folha

em que tem o

detalhamento do

caixa de acordo com

a norma de

acessibilidade

Grupo 5

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

O prazo para reenvio do projeto após análise do Shopping, de até três dias,

contados do recebimento da análise, foi cumprido pela empresa projetista. Dessa

forma, o novo encaminhamento contou com os desenhos revisados e uma carta

resposta, que listou os pontos levantados e apresentou considerações, item a item.

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80

É nesse momento que a empresa de projetos consegue questionar alguma

recomendação. Mais uma vez, o responsável pela comunicação entre arquivos

revisados e Shopping é o coordenador de expansão da franqueadora. Para essa

segunda análise, o Shopping solicita mais cinco dias de prazo.

Passados dois dias da emissão da revisão, o Shopping autorizou o início da

demolição enquanto realizava a análise completa do projeto. No mesmo dia, o

coordenador de expansão da franqueadora, responsável por colocar todos os

fornecedores em contato, montou um grupo de WhatsApp com empresa de projeto

de arquitetura e construtora contratada, e comunicou a liberação ocorrida. A

resposta da engenharia de que faria a mobilização da equipe e que, em dois dias,

estaria pronta para início das obras foi quase imediata.

O coordenador de expansão da franqueadora dividiu com o responsável pela

construtora o contato com a equipe de manutenções do Shopping, para quem ele

deveria enviar os nomes das pessoas que teriam sua entrada autorizada. No dia

seguinte, a engenharia enviou os nomes dos colaboradores da equipe, visando

autorização de entrada no próximo dia; no entanto, o responsável pela manutenção

do Shopping comunicou à engenharia sobre a necessidade de encaminhamento dos

nomes com 48 horas de antecedência – os nomes foram lançados na lista de

autorização, mas não havia garantia de que o sistema faria a inclusão em tempo

hábil.

No dia seguinte, um sábado, a equipe de demolição chegou ao local, mas não

conseguiu iniciar os serviços, pois a autorização de entrada ainda não constava do

sistema. Dessa forma, as ações de demolição foram adiadas para a segunda-feira.

Observa-se que, nesse momento, passaram-se 40 dias do dia em que o

coordenador de expansão comunicou à empresa de projetos sobre a nova loja, ou

seja, o prazo de carência concedido pelo Shopping terminou antes do começo da

obra.

Segundo o cronograma da construtora, seriam 28 dias de obra, mas os dois

primeiros dias foram perdidos em razão da autorização no Shopping. Por

consequência, ficou combinado que esse prazo seria compensado no decorrer da

obra, pois a inauguração não poderia sofrer atrasos. A possibilidade de

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81

compensação foi confirmada pela empresa de engenharia, que previu, em seu

cronograma, três dias de folga para imprevistos.

No dia em que a demolição começou, o Shopping reenviou a análise

liberando o projeto arquitetônico, mas ainda com a ressalva de que a questão do

nome fantasia no letreiro estava sendo verificada internamente. Ao receber esse

retorno, a obra ficava dependente apenas das análises dos projetos técnicos, que já

estavam com o Shopping há cinco dias (o prazo para análise dos complementares é

de sete dias).

A etapa de demolição foi finalizada em dois dias, um dia antes do previsto em

cronograma; em seguida, tiveram início as instalações elétricas e de sistemas,

mesmo sem a aprovação do projeto por parte do Shopping. Posteriormente à

demolição da loja, foi realizada uma reunião virtual entre equipe de obra, arquiteta e

coordenador de expansão, com o intuito de avaliar se havia alguma interferência não

mapeada no projeto, como por exemplo, vício oculto, erro no levantamento técnico,

entre outros. Nenhuma irregularidade foi identificada naquele momento.

Quando os serviços de elétrica começaram, a empresa projetista de

arquitetura solicitou a inclusão da equipe de marcenaria no grupo do WhatsApp,

uma vez que a empresa responsável pela marcenaria é sempre a mesma,

diferentemente da empresa que executa a obra, que pode mudar.

Na loja em questão, há muitos detalhes na parte elétrica porque o mobiliário é

todo iluminado. No decorrer das obras, percebeu-se que a elétrica é uma das frentes

que mais gera problemas, isto é, a marcenaria inicia a instalação dos móveis e

constata a falta dos pontos solicitados em projeto. Para evitar essa situação, a

empresa de projeto de arquitetura solicitou que obra e marcenaria estivessem

alinhadas.

As cobranças do coordenador de expansão da franqueadora no grupo do

WhatsApp sobre andamento, fotos e vídeos da loja são diários. A franqueada não

participa de nenhum grupo da parte executiva da obra e projetos, mas é alimentada

pelo coordenador de expansão sobre as atualizações de tudo o que está

acontecendo.

Passados sete dias do início da obra, a empresa de engenharia enviou fotos e

vídeos no grupo. Após análise do material, a arquiteta responsável percebeu que

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estavam faltando os pontos para os letreiros iluminados (três pontos por letreiro) e

questionou a engenharia; esta retornou informando que tal situação seria

regularizada.

No dia seguinte, engenharia enviou fotos gerais, inclusive dos pontos elétricos

dos letreiros. Até esse momento, passaram-se dez dias do início da demolição e os

projetos técnicos não estavam todos aprovados (faltava ainda a liberação do projeto

de detecção e segurança contra incêndio).

Dois dias depois, a engenharia encaminhou mais fotos da reforma em

andamento, que estava dentro do cronograma combinado. Questionada sobre o

acabamento da soleira especificado como sendo vulcanizado em projeto, a empresa

de arquitetura informou que esse tipo de acabamento também é conhecido como

levigado; ao mencionar esse termo equivalente, a engenharia soube do que se

tratava e deu o assunto por encerrado. Como aprendizado desse episódio, a

empresa de arquitetura adotou como padrão manter os dois nomes no projeto,

evitando o desencontro de informações que, futuramente, pudessem acontecer em

outra obra.

Passaram-se mais 10 dias nos quais as atividades de elétrica, ar-

condicionado, drywall e início da pintura das paredes foram desenvolvidas, e

enquanto o Shopping não liberasse a execução dos itens de segurança contra

incêndio, o forro não podia ser fechado, retardando a finalização da parte de gesso

e, consequentemente, da iluminação.

Tal liberação ocorreu no 21º dia de obra e a parte de segurança contra

incêndio foi finalizada em dois dias, coincidindo com o fechamento do forro e a

instalação de luminárias. A demora na aprovação do Shopping impactou

negativamente no andamento da obra, que não podia avançar com alguns pontos

para não gerar retrabalho.

Mesmo diante desse cenário, a posição da franqueadora era de que não seria

possível adiar a inauguração da loja e, por essa razão, a empresa de engenharia

pediu que o coordenador de expansão intercedesse junto ao Shopping para a

liberação do trabalho durante o dia, e não apenas à noite, a fim de compensar a

defasagem do cronograma causada pela demora de retorno dele próprio.

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A autorização para trabalhos diurnos foi concedida no dia seguinte, desde que

sem muito ruído e cheiro forte. Dessa forma, a empresa de engenharia conseguiu

colocar duas equipes para trabalharem nos dois períodos, tendo em vista as

finalizações de pintura e organização da loja para recebimento da marcenaria.

O resultado foi que, 28 dias após o início da demolição, a loja estava pronta e

com a primeira limpeza feita para o recebimento da marcenaria; esta, por sua vez,

começou a instalação do mobiliário, que tinha prazo de dois dias ser finalizada.

O prazo foi cumprido, mas durante o processo de instalação dos móveis,

foram constatados alguns problemas relacionados aos serviços entregues pela

construtora, como por exemplo, alguns módulos de marcenaria são fixados na

parede e, portanto, demandam reforço em madeira no drywall para sustentação. O

projeto, de acordo com o que foi previamente alinhado com a marcenaria, indica tais

reforços em planta e elevação, todavia, a equipe de obras não realizou todos os

reforços de forma correta, impactando no trabalho da marcenaria.

Para que não fosse preciso abrir as paredes, ajustar os reforços e refazer

todo processo de acabamento de pintura, a solução foi seguir com o reforço

conforme já vinha sendo executado (o reforço foi colocado em altura distinta daquela

requerida em projeto) e modificar a altura de instalação do módulo.

A arquiteta responsável questionou a empresa construtora sobre essa falha e

recebeu como resposta a explicação de que o reforço fora colocado na altura errada

devido a uma interferência com um conduíte de elétrica. A questão foi resolvida sem

grandes retrabalhos, mas a arquiteta solicitou que, se por acaso eles voltassem a

trabalhar juntos e situações semelhantes voltassem a ocorrer, que ela fosse avisada

quando da identificação da interferência; assim, o problema seria repassado para a

empresa de marcenaria, que já providenciaria a modificação do suporte do módulo

para a nova altura do reforço.

Após os dois dias de montagem da marcenaria, a empresa de engenharia

retornou com a última demão de pintura e limpeza fina da loja para recebimento dos

os produtos, que já tinham chegado e estavam embalados no mezanino. Por norma

do Shopping, deve ser realizada uma vistoria pré-inauguração com o setor de

manutenção e arquitetura, a fim de avaliar a loja como um todo. Nessa vistoria,

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foram apontadas falhas no acabamento da pintura da caixilharia da fachada e em

alguns pontos dentro da loja, e solicitou a correção para liberação da inauguração.

Tais ajustes foram efetuados no mesmo dia, no período da noite. Na manhã

seguinte, a equipe de montagem de loja estava organizando os produtos e uma

nova vistoria foi realizada pelo Shopping; dessa vez, a inauguração foi liberada e

aconteceu no dia seguinte.

No primeiro dia de funcionamento da loja, o coordenador de expansão enviou

mensagem no grupo de WhatsApp solicitando suporte à empresa de engenharia,

pois a gerente da loja não sabia como desligar as luzes do local no quadro de luz

(qual botão ela deveria apertar). Em menos de uma hora, o alinhamento sobre o

funcionamento das lâmpadas foi feito entre empresa construtora e gerente da loja, e

a questão foi resolvida.

Quase um mês após a inauguração, o coordenador de expansão da

franqueadora recebeu uma mensagem da franqueada mencionando um documento

emitido pelo Shopping que alegava irregularidade no acionador do ar-condicionado

da loja e que a franqueada teria 48 horas pare regularização, sob pena de multa.

De imediato, a empresa de engenharia foi acionada e justificou que o

acionador instalado estava em conformidade com projeto aprovado pelo Shopping.

Este, ao ser questionado, alegou que houve mudança no modelo do acionador e que

a regularização deveria ser feita em 72 horas, uma vez que se tratava de projeto

aprovado recentemente. A troca foi providenciada, o Shopping realizou a vistoria e

emitiu um documento informando que o acionador estava regularizado.

Dois dias depois, a franqueada comunicou o coordenador de expansão sobre

a queda do letreiro da fachada e sobre o recebimento de um comunicado de multa

por parte do Shopping se o problema não fosse corrigido em 24 horas. No mesmo

instante, a empresa responsável pelo letreiro foi comunicada e, à noite, o problema

foi corrigido.

Aproximadamente um mês depois do incidente com o ar-condicionado, a

franqueada recebeu outro comunicado do Shopping informando a existência de uma

falha no sistema de alarme contra incêndio da loja e que sua correção deveria ser

providenciada em 48 horas, sob pena de aplicação de multa.

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Nesse comunicado, o Shopping advertia que o termovelocimétrico não é

adequado de acordo com as suas normas. Tal equipamento foi aproveitado da loja

anterior e houve indicação no projeto complementar de isso seria feito. A troca não

foi solicitada em nenhum momento da fase de projeto, contudo, considerando o

histórico do acionador do ar-condicionado, quando o Shopping se manteve

irredutível, a franqueada decidiu efetuar a troca do equipamento no dia seguinte à

notificação.

Transcorrido o período de cinco dias, mais uma vistoria foi realizada e a

regularidade ora atestada foi devidamente formalizada em documento.

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Quadro 6 – Comparação entre cronograma previsto e cronograma averiguado

Etapa

Cronograma previsto

Cronograma executado

1- Comunicação de entrada de

nova loja e contrato

3 dias

3 dias

2- Levantamento técnico do

espaço a ser reformado

Levantamento:

7 dias

Conferência:

1 dia

Levantamento:

10 dias

Conferência:

Mesmo dia em que foi enviado

3- Estudo de Layout

Envio do estudo:

3 dias

Aprovação com franqueadora: 2

dias

Envio do estudo:

3 dias

Aprovação com franqueadora: 2

dias

4- Projeto Pré-Executivo

Envio do projeto:

7 dias

Análise do Shopping:

5 dias

Envio do projeto:

7 dias

Análise do Shopping:

10 dias

5- Projeto Executivo

Envio do projeto: 1 dia

Início da obra: 2 dias

Envio do projeto: 1 dia

Início da obra: 4 dias

6- Execução

28 dias

28 dias

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Posteriormente à descrição do desenvolvimento e mapeamento prévio das

partes interessadas e processos que envolvem a implantação de um

empreendimento de varejo, buscou-se analisar esses dados com o objetivo de

estruturar os riscos. A análise foi feita, em um primeiro momento, sob a ótica das

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87

partes interessadas, com o intuito de apresentar os objetivos, pressupostos e

desafios percebidos. Complementando essa questão, foi realizado o mapeamento

dos objetivos, pressupostos, desafios e interfaces sob o ponto de vista dos

processos previamente mapeados na Figura 13.

O Quadro 7 apresenta a análise efetuada sob a perspectiva das partes

interessadas. Ressalta-se que esse levantamento foi realizado com base restrita nos

acontecimentos observados no processo descrito acima.

Quadro 7 – Quadro síntese para esquematizar objetivos, pressupostos e desafios identificados no processo sob a perspectiva da parte interessada

Parte Interessada

Objetivos, pressupostos e desafios

Setor financeiro da

empresa projetista

de arquitetura

Fazer as tratativas comerciais iniciais com o cliente

Arquiteta

responsável pelo

projeto

Entregar o projeto com qualidade (informações completas e corretas)

Entregar projeto de acordo com o prazo acordado

Entregar o projeto de acordo com as normas do Caderno Técnico do Shopping sem

prejudicar o conceito de uniformidade visual da marca

Oferecer suporte às dúvidas ou problemas durante a execução

Proporcionar experiência positiva para o cliente

Orientar o cliente sobre as etapas e atualizá-lo do andamento do processo

Revisar o projeto com agilidade de acordo com solicitações do Shopping

Diretoria da

franqueadora

Fazer as tratativas iniciais com o Shopping

Manter boa comunicação com o setor comercial do Shopping

Aprovar layout com empresa projetista de arquitetura

Coordenador de

expansão da

franqueadora

Fazer a interlocução entre Marca e os demais envolvidos no empreendimento

Contratar fornecedores que atendam aos requisitos de tempo, custo e qualidade

previstos em projeto

Montar o cronograma para execução

Acompanhar todo o processo de implantação

Manter boa comunicação com o setor de arquitetura e manutenção do Shopping

Ser informado sobre o andamento do projeto e execução

Ter suporte técnico da arquiteta responsável pelo projeto

Receber o projeto no prazo combinado

Receber a obra no prazo combinado

Receber a obra no custo combinado

Receber a obra com qualidade

Receber produtos e serviços dos fornecedores no prazo combinado

Manter toda equipe motivada durante o processo de implantação de nova loja

Manter o franqueado informado sobre o andamento do processo

Gerenciar os custos

Gerenciar cronograma e prazos

Franqueado

Inaugurar nova loja de acordo com o custo e tempo prometido pela franqueadora

Receber a loja com qualidade nas soluções e acabamentos

Operação da loja não apresente problemas decorrentes de serviços mal executados na

reforma

Continua

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Parte Interessada

Objetivos, pressupostos e desafios

Empresa

Construtora

Entregar a obra conforme contrato com o cliente em relação a tempo, custo e

qualidade

Atender tecnicamente as demandas do projeto

Não ter retrabalhos durante o processo de execução

Montar cronograma / planejar as atividades para garantir o prazo de entrega

Manter boa comunicação com o setor de arquitetura e manutenção do Shopping

Compatibilizar os projetos para antecipar interferências e comunicar aos envolvidos

Manter o cliente e arquiteta responsável pelo projeto informados sobre o andamento da

obra

Marcar e acompanhar vistoria pré-inauguração com o Shopping

Demais projetistas Entregar os projetos de acordo com as normas do Shopping

Cumprir o prazo de entrega combinado

Fazer as revisões solicitadas pelo Shopping com agilidade

Fornecedores

Cumprir o prazo de entrega combinado

Pró atividade em propor soluções frente a imprevistos

Garantir segurança na execução das atividades

Respeitar as regras do Shopping (horário de trabalho, atividades permitidas)

Manter o cliente, construtora e arquiteta informados

Shopping (setor de

arquitetura e

manutenção)

Fazer análise dos projetos (arquitetônico e complementares)

Autorização para entrada de prestadores de serviço no Shopping

Fazer vistorias para liberação da inauguração da loja

Dar suporte durante processo de implantação para eventuais dúvidas

Processo de obra não apresente riscos para o funcionamento do Shopping

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Seguindo o mesmo raciocínio adotado para identificação sob a ótica das

partes interessadas, o Quadro 8 apresenta a análise baseada na perspectiva dos

processos.

O mapeamento de objetivos, pressupostos e desafios apresentado no Quadro

8 tem como objetivo nortear a identificação dos riscos constatados no processo

descrito.

Quadro 8 – Quadro síntese para esquematizar objetivos, pressupostos, desafios e interfaces identificados sob a perspectiva dos processos

Processo

Objetivos, pressupostos e desafios

Interfaces

Administrativo /

Contratual com o

Shopping

Negociar flexibilização nas normas do Shopping Planejamento

cronograma e Projeto

Arquitetônico

Determinar tempo de carência para abertura da loja

Administrativo /

Contratual com a

Empresa

Projetista de

Arquitetura

Fazer a aprovação de proposta comercial com o cliente

Planejamento

cronograma e Projeto

Arquitetônico

Elaborar contrato para assinatura

Enviar dados para pagamento do projeto

Autorizar início do projeto arquitetônico

Continua

Page 90: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

89

Processo

Objetivos, pressupostos e desafios

Interfaces

Planejamento de

cronograma para

o processo como

um todo

Estabelecer contratos com os fornecedores envolvidos com o

objetivo de atender ao prazo combinado com o Shopping

Entrega de material

para início do projeto

até Inauguração da

loja

Gerenciar o cronograma

Organizar entregas dos fornecedores

Entrega de

material para

início do projeto

arquitetônico

Entregar levantamento com informações completas de acordo

com requisitos da empresa de arquitetura

Projeto Pré-executivo

arquitetônico Entregar levantamento técnico no prazo combinado

Entregar material completo sobre regimento interno das regras

do Shopping / Caderno técnico

Projeto Pré-

Executivo

Arquitetônico

Entregar projeto no prazo combinado Aprovação no

Shopping até

Inauguração da loja

Entregar projeto com informações corretas em relação a

especificação de materiais

Entregar projeto de acordo com as normas técnicas do

Shopping

Aprovações no

Shopping

Avaliar se os projetos apresentados estão de acordo com o

regulamento interno do Shopping

Orçamentação e

Projetos executivos

Emitir documentação liberando execução da reforma

Orçamentação

Orçar projeto arquitetônico para montar estimativa de custo

Aquisições até

Inauguração da loja

Gerenciar custos para garantir custo combinado com o

franqueado

Combinar prazos com os fornecedores de acordo com

planejamento previamente elaborado

Projetos

Executivos

(arquitetura e

complementares)

Atender às exigências do Caderno Técnico do Shopping

Aquisições até

Inauguração da loja

Soluções projetuais funcionais e coerentes com os requisitos do

projeto

Atender ao prazo de entrega

Ser ágil nas revisões após análise do Shopping

Aquisições

Contratar fornecedores que garantam o prazo de entrega

previamente combinado

Execução Civil +

Execução

fornecedores até

Inauguração da loja

Contratar fornecedores que garantam o custo previamente

orçado

Contratar fornecedores que entreguem produtos e serviços com

qualidade

Contratar fornecedores que tenham disponibilidade para início

imediato

Execução Civil

Entregar a obra no prazo combinado

Entrega da obra e

vistoria com Shopping

até Inauguração da

loja

Entregar a obra dentro do custo combinado

Entregar a obra com qualidade

Gestão de imprevistos, mudanças e vícios ocultos

Comunicar ao cliente sobre andamento do processo

Execução

fornecedores

Entregar produtos / serviços no prazo combinado

Projetos Executivos

até inauguração da

loja

Entregar produtos / serviços com qualidade

Gestão de imprevistos e mudanças

Comunicar ao cliente sobre andamento do processo

Entrega da obra e

vistoria feita pelo

Shopping

Avaliar qualidade dos serviços executados Execução Civil +

Execução

fornecedores até

inauguração da loja

Aplicar notificações quando identificada irregularidade

Inauguração da

Loja

Equipe de operação da loja receber instruções para uso da loja

e funcionamento dos sistemas

Execução Civil até

entrega da obra e

vistoria do Shopping

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 91: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

90

O Quadro 9 apresenta a relação dos objetivos e pressupostos com os riscos

que puderam ser percebidos em decorrência dos acontecimentos vivenciados, sob a

ótica das partes interessadas.

Quadro 9 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso 1 – Perspectiva das Partes Interessadas

Parte

Interessada

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Setor financeiro

da empresa

projetista de

arquitetura

Fazer as tratativas comerciais

iniciais com o cliente

Demora no envio da proposta e contrato, causando

atraso no início do projeto

Demora na aprovação por parte do cliente, causando

atraso no início do projeto

Arquiteta

responsável pelo

projeto

Entregar o projeto com

qualidade (informações

completas e corretas)

Retrabalhos com revisão de projeto devido a

especificações erradas

Retrabalho em projeto arquitetônico devido a

solicitação de mudança por parte do cliente

Entregar projeto de acordo com

o prazo acordado

Solicitação de mudança nas especificações por parte

do cliente

Entregar o projeto de acordo

com as normas do Caderno

Técnico do Shopping sem

prejudicar o conceito de

uniformidade visual da marca

Desenvolver projeto com problema ou incompleto

devido a informações erradas no Caderno Técnico

Entregar projeto em desacordo com Caderno Técnico

por falha na interpretação das informações

Restrições do Caderno Técnico afetar identidade

visual da marca

Oferecer suporte às dúvidas ou

problemas durante a execução

Demora no retorno de soluções

Falta de autonomia para tomada de decisões

Proporcionar experiência

positiva para o cliente

Entregar projeto com erros

Atrasar na entrega dos projetos

Demora nos retornos em relação a imprevistos

Orientar o cliente sobre as

etapas e atualizá-lo do

andamento do processo

Falta de alinhamento sobre as etapas que envolvem

o projeto arquitetônico

Falta de comunicação sobre solicitações da Diretoria

em relação a mudanças no projeto

Revisar o projeto com agilidade

de acordo com solicitações do

Shopping

Atrasar início da obra por atraso na aprovação do

projeto arquitetônico

Apresentar projeto com erros

Diretoria da

franqueadora

Fazer as tratativas iniciais com o

Shopping

Não formalizar as flexibilizações acordadas

Negociar prazo de carência incoerente com prazo de

execução

Manter boa comunicação com o

setor comercial do Shopping

Desentendimento com o setor comercial afetar

aprovação no setor de arquitetura do Shopping

Falta de flexibilização de regras

Aprovar layout com empresa

projetista de arquitetura

Demora na aprovação da proposta

Solicitação de mudança após aprovação

Continua

Page 92: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

91

Parte

Interessada

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Coordenador de

expansão da

franqueadora

Fazer a interlocução entre

Marca e os demais envolvidos

no empreendimento

Falta de comunicação entre os envolvidos

Falha na troca de informações pela concentração das

informações em uma só pessoa

Contratar fornecedores que

atendam aos requisitos de

tempo, custo e qualidade

previstos em projeto

Falta de recursos que viabilizem implantação da loja

como planejado

Falta de fornecedores disponíveis no mercado que

atendam aos requisitos

Montar o cronograma para

execução

Previsão errada de tempo para execução das

atividades

Acompanhar todo o processo de

implantação

Retrabalho por falta de compreensão do projeto

arquitetônico

Identificar serviços com baixa qualidade ou

desalinhados com os requisitos do projeto, gerando

retrabalhos

Manter boa comunicação com o

setor de arquitetura e

manutenção do Shopping

Atraso na liberação dos projetos

Falta de flexibilização em relação às restrições,

atrasando desenvolvimento da obra

Ser informado sobre o

andamento do projeto e

execução

Dificuldade na gestão do processo por não ter acesso

às informações de andamento

Ter suporte técnico da arquiteta

responsável pelo projeto

Atraso nas alterações de projeto

Demora no retorno com soluções frente a problemas

percebidos na execução, prejudicando o cronograma

Receber o projeto no prazo

combinado

Atraso na entrega devido a solicitação de mudança

por parte da Diretoria

Receber a obra no prazo

combinado

Atraso na entrega por retrabalhos (projeto,

aprovação, execução)

Receber a obra no custo

combinado

Custos extras por solicitações do Shopping não

previstas no orçamento

Receber a obra com qualidade Receber sistemas com mal funcionamento

Retrabalho por acabamentos reprovados na vistoria

do Shopping

Receber produtos e serviços

dos fornecedores no prazo

Atraso na montagem por erros na execução civil

Manter o franqueado informado

sobre o andamento do processo

Insatisfação do franqueado com a Marca por não

receber atualizações do processo

Gerenciar os custos Previsão de custos errada feita pela Diretoria,

gerando necessidade de aprovação de extras

Necessidade de aprovação de custos extras por

solicitações do Shopping não previstas inicialmente

Gerenciar cronograma e prazos Atraso na entrega por retrabalhos na fase de projeto

e obra

Atraso na entrega por demora na aprovação de

projetos por parte do Shopping

Franqueado

Inaugurar nova loja de acordo

com o custo e tempo prometido

pela franqueadora

Atraso na inauguração por problemas de qualidade

dos serviços executados

Necessidade de aprovação de custos extras por

solicitações do Shopping não previstas inicialmente

Receber a loja com qualidade

nas soluções e acabamentos

Retrabalhos decorrente de erros na execução civil

Operação da loja não apresente

problemas decorrentes de

serviços mal executados na

reforma

Gastos extras para correção dos sistemas

inadequados

Continua

Page 93: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

92

Parte

Interessada

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Empresa

Construtora

Entregar a obra conforme

contrato com o cliente em

relação a tempo, custo e

qualidade

Retrabalho por execução errada ou em desacordo

com exigência do Shopping

Atraso por demora nas aprovações com o Shopping

Necessidade de aprovação de custos extras por

solicitações do Shopping não previstas inicialmente

Atender tecnicamente as

demandas do projeto

Falta de conhecimento ou recursos para atender aos

requisitos do projeto

Não ter retrabalhos durante o

processo de execução

Alteração em projeto

Demora na aprovação de projetos com o Shopping

Montar cronograma / planejar as

atividades para garantir o prazo

de entrega

Falta de organização das atividades / sobreposição

incorreta de atividades

Manter boa comunicação com o

setor de arquitetura e

manutenção do Shopping

Falta de flexibilização nas regras do Shopping

(permissão de atividades diurnas, por exemplo)

Compatibilizar os projetos para

antecipar interferências e

comunicar aos envolvidos

Falta de comunicação de alterações necessárias na

fase executiva decorrente de interferências não

previstas em projeto

Manter o cliente e arquiteta

responsável pelo projeto

informados sobre o andamento

da obra

Falta de retorno sobre andamento da obra,

dificultando a gestão do cronograma

Falta de conferência dos serviços executados

Marcar e acompanhar vistoria

pré-inauguração com o

Shopping

Retrabalhos em acabamentos não aprovados pelo

Shopping

Atraso na inauguração por problemas na execução

civil

Demais

projetistas

Entregar os projetos de acordo

com as normas do Shopping

Retrabalho em projeto por solicitações do Shopping

que não estavam no Caderno Técnico

Fazer as revisões solicitadas

pelo Shopping com agilidade

Demora na revisão do projeto por parte do projetista

Pró atividade em propor

soluções frente a imprevistos

Agilidade em propor soluções frente a imprevistos

Manter o cliente, construtora e

arquiteta informados

Falta de comunicação prejudicando a gestão do

cronograma

Shopping (setor

de arquitetura e

manutenção)

Fazer análise dos projetos

(arquitetura e complementar)

Não cumprimento do prazo estipulado no Caderno

Técnico

Autorização para entrada de

prestadores de serviço no

Shopping

Problemas de acesso por regras do sistema, que não

eram de conhecimento de todos

Fazer vistorias para liberação da

inauguração da loja

Retrabalho com acabamentos não aprovados

Dar suporte durante processo

de implantação para eventuais

dúvidas

Dificuldade em conseguir contato com o Shopping

Demora na resposta sobre questões que impedem

avanço da execução

Processo de obra não apresente

riscos para o funcionamento do

Shopping

Multas ou notificações do Shopping para correção de

sistemas inadequados na loja

Solicitação de reparo ou mudança em sistemas

previamente aprovados

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

O Quadro 10 identifica os objetivos e pressupostos sob a perspectiva dos

processos, associando-os aos possíveis riscos.

Page 94: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

93

Quadro 10 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso 1 – Perspectiva dos Processos

Processo

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Administrativo /

Contratual com o

Shopping

Negociar flexibilização nas

normas do Shopping

Inflexibilidade do Shopping em relação às normas

internas, prejudicando identidade visual da marca

Determinar tempo de carência

para abertura da loja

Tempo de carência negociado ser menor do que o

tempo necessário para implantação de nova loja

Administrativo /

Contratual com a

Empresa

Projetista de

Arquitetura

Fazer a aprovação de proposta

comercial com o cliente

Demora no retorno por parte do cliente

Elaborar contrato para

assinatura

Enviar dados para pagamento

do projeto

Autorizar início do projeto

arquitetônico

Demora nas aprovações impossibilitando início do

projeto arquitetônico

Planejamento de

cronograma para

o processo como

um todo

Estabelecer contratos com os

fornecedores envolvidos com o

objetivo de atender ao prazo

combinado com o Shopping

Prazo com o Shopping ser incoerente com

necessidade de tempo para execução dos serviços

Gerenciar o cronograma Previsão errada de prazos

Falta de retorno dos envolvidos com atualizações do

andamento, prejudicando a gestão do cronograma

Organizar entregas dos

fornecedores

Falha na reorganização do cronograma decorrente de

possíveis atrasos

Entrega de

material para

início do projeto

arquitetônico

Entregar levantamento com

informações completas de

acordo com requisitos da

empresa de arquitetura

Receber material com informações incompletas,

atrasando o início do projeto

Entregar levantamento técnico

no prazo combinado

Atraso no envio do levantamento, atrasando início do

projeto

Entregar material completo

sobre regimento interno das

regras do Shopping / Caderno

técnico

Caderno Técnico do Shopping não ser garantia das

regras internas, causando retrabalho em projeto por

divergência entre Caderno Técnico e análises

Projeto Pré-

Executivo

Arquitetônico

Entregar projeto no prazo

combinado

Solicitação de mudança no projeto por parte da

Diretoria

Entregar projeto com

informações corretas em relação

a especificação de materiais

Retrabalho em projeto por erros no projeto

Entregar projeto de acordo com

as normas técnicas do Shopping

Retrabalho em projeto por falta de clareza no

Caderno Técnico

Aprovações no

Shopping

Avaliar se os projetos

apresentados estão de acordo

com o regulamento interno do

Shopping

Retrabalho em projetos entregues com soluções em

desacordo com o Caderno Técnico

Retrabalho em projetos por solicitações que não

estavam presentes no Caderno Técnico

Atraso no retorno das análises feitas pelo Shopping

Emitir documentação liberando

execução da reforma

Falta de formalização para liberação do início da

obra, podendo gerar retrabalhos posteriores

Continua

Page 95: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

94

Processo

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Orçamentação

Orçar projeto arquitetônico para

montar estimativa de custo

Projeto arquitetônico não estar aprovado no Shopping

ainda

Gerenciar custos para garantir

custo combinado com o

franqueado

Erro na previsão de custos feita pela Diretoria

Combinar prazos com os

fornecedores de acordo com

planejamento previamente

elaborado

Fornecedores não conseguirem cumprir o

cronograma inicialmente elaborado

Projetos

Executivos

(arquitetura e

complementares)

Atender às exigências do

Caderno Técnico do Shopping

Retrabalho em projeto por não atendimento às

exigências do Shopping

Soluções projetuais funcionais e

coerentes com os requisitos do

projeto

Retrabalho em execução por projetos errados

Atender ao prazo de entrega Atraso na entrega por solicitação de mudança por

parte do cliente

Atraso na entrega por solicitação de revisão por parte

do Shopping

Ser ágil nas revisões após

análise do Shopping

Retrabalho na revisão de projeto impedir início da

obra

Aquisições

Contratar fornecedores que

garantam o prazo de entrega

previamente combinado

Fornecedores não conseguirem cumprir o

cronograma inicialmente elaborado

Contratar fornecedores que

garantam o custo previamente

orçado

Alterações no projeto aprovado pelo Shopping

causarem diferença de valor em relação ao projeto

orçado

Necessidade de aprovação de custos extras por

solicitações do Shopping não previstas inicialmente

Contratar fornecedores que

entreguem produtos e serviços

com qualidade

Retrabalho com correções após vistoria do Shopping

Contratar fornecedores que

tenham disponibilidade para

início imediato

Atraso no início por falta de planejamento com equipe

e autorização de entrada no Shopping

Execução Civil

Entregar a obra no prazo

combinado

Atraso por demora na aprovação dos projetos por

parte do Shopping

Atraso por mudança em projeto

Atraso por retrabalhos em erros de execução

Entregar a obra dentro do custo

combinado

Necessidade de aprovação de custos extras por

solicitações do Shopping não previstas inicialmente

Entregar a obra com qualidade Retrabalho com correções após vistoria do Shopping

Gestão de imprevistos,

mudanças e vícios ocultos

Falta de retorno rápido dos projetistas com as

soluções para os problemas identificados na

execução

Comunicar ao cliente sobre

andamento do processo

Falta de comunicação ativa com o cliente sobre o

andamento, causando dificuldade na gestão do

cronograma geral e insatisfação do cliente

Continua

Page 96: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

95

Processo

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Execução

fornecedores

Entregar produtos / serviços no

prazo combinado

Atraso na entrega por interferências não previstas

Entregar produtos / serviços com

qualidade

Retrabalho com correções após vistoria do Shopping

Gestão de imprevistos e

mudanças

Falta de proatividade em propor soluções para os

imprevistos

Comunicar ao cliente sobre

andamento do processo

Falta de comunicação ativa com o cliente sobre o

andamento, causando dificuldade na gestão do

cronograma geral e insatisfação do cliente

Entrega da obra

e vistoria feita

pelo Shopping

Avaliar qualidade dos serviços

executados

Retrabalho com correções após vistoria do Shopping

Aplicar notificações quando

identificada irregularidade

Inauguração pode ser liberada e posteriormente ser

feita uma vistoria solicitando ajustes

Inauguração da

Loja

Equipe de operação da loja

receber instruções para uso da

loja e funcionamento dos

sistemas

Não ser entregue manual de uso e operação com as

instruções de como utilizar os sistemas

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Os objetivos descritos, quando mapeados, parecem óbvios, mas na maior

parte dos casos, sua importância não está nele próprio de forma isolada, mas sim

em conjunto com os outros objetivos, fazendo com que aqueles que, a princípio,

parecem insignificantes, se tornem relevantes para o empreendimento por

apresentarem possíveis consequências e prejuízos em relação a tempo, custo,

qualidade, segurança, operação da loja e credibilidade dos envolvidos.

A mesma percepção concernente aos objetivos pode ser utilizada para

analisar os riscos relacionados, isto é, o risco, de maneira isolada, pode parecer

mínimo, mas quando observado dentro de um contexto, ganha corpo e revela sua

pertinência.

A identificação dos riscos foi realizada a partir da ótica das partes

interessadas, visando reforçar as análises apresentadas na descrição do Caso 1, em

que se percebe a centralização de responsabilidades no coordenador de expansão

e, portanto, o entendimento de que ele é uma potencial fonte de riscos.

O quadro que apresenta os riscos segundo os processos visa elucidar a

presença dos riscos durante as etapas que envolvem o empreendimento, para

possível identificação do ponto de atenção.

Com relação às partes interessadas e riscos associados e aos processos com

os riscos atrelados, conclui-se que, no que diz respeito às partes, existem agentes

Page 97: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

96

que concentram mais responsabilidades; por outro lado, no que se refere aos

processos, os riscos são distribuídos de forma mais igualitária, reforçando que as

etapas, por serem sequenciais, apresentam alto grau de dependência entre si e

qualquer problema que venha a acontecer em um dos momentos tem chance de

impactar no empreendimento como um todo.

Por mais que a concentração de riscos recaia sobre o coordenador de

expansão, isso não quer dizer que os demais agentes devem ser desconsiderados

no momento da gestão de riscos. Pelo contrário, em um empreendimento rápido de

varejo em shopping center, como pode ser observado na descrição do Caso 1, todos

os agentes têm grande poder de impactar nos objetivos do empreendimento e, por

isso, devem ser monitorados durante todo o processo de implantação.

3.2 Caso 2

A empresa responsável pelo empreendimento descrito no Caso 2 atua no

mercado alimentício há sete anos e possui 42 lojas distribuídas por três estados:

São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Estima-se que, na sede, localizada na cidade de

Jundiaí, em São Paulo, local onde está situado o escritório administrativo e a

cozinha para treinamentos, trabalham cerca de 50 funcionários.

O empreendimento descrito nesse estudo trata da implementação de uma

nova loja que ocorreu dentro de uma das unidades de uma grande rede de centros

comerciais de médio padrão, presente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro,

com um total de 40 unidades já em funcionamento e 16 novas unidades em

construção.

A loja em questão possui 60 m², sendo 14 m² de área de loja (exposição e

produtos e atendimento ao cliente) e 46 m² de área de apoio (cozinha pequena e

estoque). O custo dessa reforma girou em torno de R$ 100.000,00, considerando o

levantamento técnico da situação existente, o projeto de arquitetura, projetos

técnicos, construtora (mão de obra e materiais), marcenaria, comunicação visual e

mobiliário decorativo.

O processo como um todo teve duração de, aproximadamente, cinco meses,

e foi dividido em:

Page 98: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

97

• Contrato com empresa projetista de arquitetura;

• Elaboração do layout para aprovação com a franqueadora;

• Elaboração do projeto para envio ao Shopping e início dos orçamentos;

• Aprovação do projeto arquitetônico no Shopping;

• Desenvolvimento dos projetos técnicos;

• Formalização do projeto executivo liberado para a obra;

• Aprovação dos orçamentos e contrato com os fornecedores escolhidos;

• Execução civil, montagem de marcenaria e mobiliário decorativo;

• Montagem da loja (produtos);

• Vistoria pré-inauguração feita pelo Shopping;

• Inauguração e início da operação da loja.

Antes do início de todo o processo, o cliente foi orientado pela empresa

projetista de arquitetura sobre as etapas e cronograma previsto que envolvem o

desenvolvimento do projeto e os pré-requisitos para o seu início. O processo de

projeto está estruturado de acordo com a Figura 14.

Page 99: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

98

Figura 14 - Etapas e cronograma previsto para o processo de projeto

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 100: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

99

A estruturação apresentada na Figura 14 foi elaborada e colocada em prática

quando esta autora era responsável pelo projeto arquitetônico, com o intuito de

explicar para o cliente quais etapas envolvem o processo de projeto, bem como o

que é necessário para que ele ocorra sem atrasos.

A sequência da fase de projeto arquitetônico conta com os seguintes passos:

após contrato assinado com a empresa projetista, solicita-se o arquivo de

levantamento técnico, pois sem ele não é possível iniciar o processo de projeto.

Recebido o levantamento, o projeto é iniciado e a trajetória a ser seguida abrange a

elaboração de layout (para aprovação dom diretoria da franqueadora), que, após

aprovação, libera o projeto pré-executivo (a ser enviado para análise do Shopping e

orçamentação dos fornecedores) e, posteriormente, o projeto executivo para obra

(que também deve ser enviado para todos os fornecedores envolvidos para

formalização da versão de projeto válida para execução).

Ao contrário do que foi observado no Caso 1, a empresa franqueadora não dá

o mesmo suporte ao franqueado com a figura do coordenador de expansão. O

franqueado, neste caso, é responsável pela orçamentação e aquisição dos produtos

e serviços.

Dessa forma, as partes interessadas envolvidas no processo são: empresa

projetista de arquitetura (setor financeiro da empresa e arquiteta responsável pelo

projeto), franqueadora (diretoria), franqueado (dono da loja), empresa construtora

responsável pela execução civil, demais projetistas, fornecedores (levantamento

técnico, marcenaria, comunicação visual, mobiliário decorativo) e o Shopping (setor

comercial, de arquitetura e de manutenção).

No Quadro 11 foram mapeadas as partes interessadas citadas acima, bem

como suas responsabilidades, associadas às etapas do projeto, já identificadas na

Figura 14.

Page 101: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

100

Quadro 11 – Quadro síntese para mapeamento das partes interessadas x responsabilidades x etapa do processo que participam

Parte

interessada

Responsabilidades Etapa

01

Etapa

02

Etapa

03

Etapa

04

Etapa

05

Etapa

06

Setor

financeiro

da empresa

projetista de

arquitetura

Elaboração da proposta

comercial para nova loja

X

Envio do contrato após

aprovação da proposta

X

Emissão de NF e cobrança dos

pagamentos

X

Comunicar ao arquiteta

responsável a liberação para

início

X

Arquiteta responsável pelo projeto

Primeiro contato com o

franqueado e direcionamento

dele para o setor financeiro do

escritório de arquitetura

X

Cobrança de envio do caderno

técnico do Shopping com as

normas para projeto

X

Cobrança e conferência do

levantamento técnico da

situação existente da loja que

será reformada

X

Elaboração da proposta de

layout

X

Elaboração do projeto pré-

executivo para aprovação no

shopping

X

Elaboração de eventuais

revisões segundo as solicitações

presentes nas análises do

shopping

X

Elaboração do projeto executivo

liberado para obra

X

Emissão da documentação de

responsabilidade de projeto

X

Acompanhamento remoto de

todo processo de execução para

tirar possíveis dúvidas e verificar

se as alterações estão sendo

feitas conforme projeto

X

Diretoria da

franqueador

a

Aprovação do layout com

empresa projetista de arquitetura

X

Continua

Page 102: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

101

Parte

interessada

Responsabilidades Etapa

01

Etapa

02

Etapa

03

Etapa

04

Etapa

05

Etapa

06

Franqueado

Contrato com o Shopping X

Comunicação de nova loja para

o setor financeiro da empresa

projetista de arquitetura (envio

de dados como: local,

metragem, cartão CNPJ para

faturamento)

X

Solicitação de caderno técnico

para o Shopping

X

Contratação dos projetos

técnicos

X

Contratação do levantamento

técnico da situação existente

X

Envio do pré-executivo para

aprovação no Shopping

X

Cobrar retorno do Shopping em

relação à análise do projeto de

arquitetura

X

Solicitação dos orçamentos da

obra e demais fornecedores

X

Validação e conferência dos

orçamentos

X

Fazer intermédio da

comunicação entre arquitetura e

obra

X

Acompanhamento de

cronograma e cobrança dos

fornecedores envolvidos

X

X

X

X

X

Empresa

construtora

Envio de orçamento de acordo

com projeto de arquitetura

X

Execução de acordo com o projeto

aprovado

X

Envio de fotos e vídeos do

andamento da obra para o

franqueado dividir com arquitetura

X

Programar e estar presente em

vistoria pré-inauguração com o

shopping

X

Atender às possíveis demandas do

shopping após vistoria

X

Emissão da documentação de

responsabilidade de execução

(ART)

X

Continua

Page 103: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

102

Parte

interessada

Responsabilidades Etapa

01

Etapa

02

Etapa

03

Etapa

04

Etapa

05

Etapa

06

Demais

Projetistas

Entregar os projetos de acordo

com as normas apresentadas no

caderno técnico do Shopping

X

X

Entregar soluções coerentes com

as necessidades do layout da loja

X X

Emissão da documentação de

responsabilidade de projeto

X X

Fornecedo-

res

Entregar produtos e serviços com

qualidade

X

Entregar produtos e serviços de

acordo com o que foi pedido em

projeto / Seguir projeto para

execução

X

Entregar produtos e serviços no

prazo combinado

X

Shopping

(setor de

manutenção

e arquitetura)

Entregar todo material de regras

para elaboração dos projetos

X

Explicar o regimento interno para

realização de obras (autorização,

horários)

X

Analisar os projetos enviados X

Fazer vistorias periódicas na

reforma e assinalar qualquer

irregularidade que seja constatada

X

Fazer vistoria pré-inauguração

para liberação de abertura da loja

X

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Como no Caso 1, apresentado anteriormente, este caso também conta com o

envolvimento do setor comercial do Shopping, mas com menos interação com o

desenvolvimento do projeto. No primeiro caso, o setor comercial tem forte influência

sobre o prazo do processo, enquanto neste caso não houve carência e a demora

para execução foi decisão do franqueado.

Outro ponto importante a ser comentado que coincide com o caso anterior é

que, dentro da empresa projetista de arquitetura, somente o arquiteta responsável

atuava no projeto, ou seja, novamente observou-se a concentração de todas as

tarefas e conferências em uma só pessoa.

Da análise do Quadro 11, depreende-se a concentração de tarefas e

informações no franqueado. A Figura 15 exemplifica a interação entre as partes

Page 104: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

103

interessadas e reforça o protagonismo necessário do franqueado no processo de

implantação.

Figura 15 – Síntese do fluxo de comunicação

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A Figura 15 revela que o franqueado está no centro do processo, sendo

responsável pela transmissão de informações entre os envolvidos e a arquitetura.

Percebe-se que não há contato direto entre empresa construtora e arquitetura, o que

pode ser visto como uma fonte de risco, já que o alinhamento entre projeto e

execução dependerá do intermédio do franqueado. Na empresa projetista de

arquitetura, tem-se somente a arquiteta como responsável técnica, que neste caso,

possui contato direto com os demais projetistas. Os fornecedores mantêm contato

somente com o franqueado e dependem dele para que haja comunicação com a

empresa construtora ou arquiteta responsável.

A Figura 16 apresenta os processos percebidos no Caso 2. A estrutura base

assemelha-se à do Caso 1, mas, por não existir a figura de um coordenador de

operações, as responsabilidades inerentes a esse profissional, no primeiro caso, são

transferidas e concentradas no próprio franqueado, que se torna ponto focal das

informações. Uma diferença em relação aos processos observados é que, no Caso

2, não existe a fase de planejamento, presente no Caso 1.

Page 105: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

104

Figura 16 – Síntese do fluxo de informação e processos que compõe a implementação de uma nova loja

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 106: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

105

De acordo com a Figura 16, assim como no Caso 1, grande parte do processo

é composto por etapas sequenciais e, por conta disso, o impacto de problemas em

alguma etapa afeta, diretamente, o prazo do empreendimento como um todo. O

processo observado, por mais que se caracterize como um empreendimento rápido,

durou cerca de cinco meses desde a primeira conversa com a arquiteta responsável

até a inauguração da loja. A descrição dos acontecimentos, com a apresentação dos

motivos que ocasionaram a demora do processo além do previsto, pode ser vista a

seguir, e a comparação entre cronograma previsto e cronograma verificado está

representada no Quadro 12.

A etapa inicial de aprovação de proposta e o contrato com a empresa

projetista de arquitetura foram o primeiro ponto de atraso: esse processo costuma

acontecer nos três primeiros dias após comunicado da nova loja, porém, houve

atraso de resposta do Franqueado para aprovação da proposta comercial e envio

dos dados para faturamento, que afetou a finalização dessa etapa.

Logo, 14 dias foram gastos com as aprovações iniciais e, consequentemente,

com o início do projeto. Com o contrato assinado entre Franqueado e Empresa

projetista de arquitetura, a arquiteta responsável cobrou o envio do levantamento

técnico (Etapa 2) para que pudesse dar início ao estudo de layout (Etapa 3). A lista

orientativa para medição técnica foi enviada para o Franqueado no mesmo dia do

primeiro contato para que ele conseguisse adiantar essa questão, enquanto a parte

contratual com o escritório de arquitetura estava sendo desenvolvida.

No entanto, ao ser cobrado do levantamento técnico quando o contrato estava

assinado, o Franqueado demorou mais 10 dias para enviar a documentação,

perfazendo 24 dias desde o primeiro contato. Trata-se de mais um ponto de atraso

observado antes do início do projeto propriamente dito.

Ao receber o levantamento técnico, no mesmo dia, a Arquiteta responsável

deu retorno ao Franqueado assinalando as informações faltantes, que eram:

ausência do desenho de elevação da fachada, medida do desnível entre corredor do

Shopping e contrapiso existente na loja e altura da testeira da loja vizinha (essa

informação é solicitada na lista padrão para possível alinhamento entre fachadas

dos vizinhos).

Page 107: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

106

O Franqueado respondeu no mesmo dia que solicitaria tais informações ao

fornecedor responsável pelo levantamento dessas questões e justificou que ele não

era uma pessoa especializada em levantamentos técnicos.

Após três dias do retorno fornecido pela Arquiteta ao Franqueado, o

levantamento técnico foi reenviado com as informações que estavam faltando; estas

foram conferidas e, posteriormente, o cronograma foi então formalizado com o

Franqueado, considerando sete dias para envio do estudo de layout para aprovação

com a Franqueadora.

Passada uma semana, o layout foi enviado para aprovação e o feedback da

franqueadora, favorável, ocorreu depois de quatro dias. Nessa etapa, observa-se

mais um ponto de atraso, pois a previsão era que esse retorno transcorresse em até

dois dias.

A etapa seguinte, denominada Projeto Pré-executivo, compreendeu a versão

do projeto enviada para aprovação do Shopping e utilizada como base para

orçamentação. O prazo para resposta é de sete dias após a aprovação da proposta

de layout.

Cumprindo o cronograma, a versão R00 do Projeto Pré-executivo foi liberada

para ser encaminhada pelo Franqueado ao setor de arquitetura, visando aprovação

no Shopping.

Após três dias do envio do projeto pré-executivo, o Franqueado encaminhou

um e-mail para a Arquiteta responsável tecendo algumas considerações que não

tinham sido feitas na fase de aprovação de layout, quais sejam: inclusão de micro-

ondas, refrigerador e bebedouro na área de apoio da loja. O retorno, que ocorreu no

mesmo dia, esclareceu que o prazo em contrato para revisões era de três dias e

que, por se tratar de alterações a serem efetuadas na fase de pré-executivo, o

Shopping deveria ser comunicado sobre a revisão e o projeto seria reenviado para

análise.

Diante do exposto, o Franqueado declinou de seu pedido, alegando que

preferia esperar que o Shopping retornasse com sua análise e, caso houvesse

alguma pendência, providenciaria novo encaminhamento, já que outra contagem de

prazo seria iniciada se a nova versão fosse enviada.

Page 108: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

107

O Shopping padroniza o prazo de sete dias para analisar um projeto, mas seu

feedback ocorreu apenas 14 dias após o envio da versão R00. O projeto foi “liberado

sem ressalvas”, no entanto, a obra não poderia ser iniciada sem a apresentação dos

projetos técnicos.

Alguns Shoppings adotam essa restrição para o início das obras – aprovação

de todos os projetos de arquitetura e complementares – e essa informação consta

em contrato, contudo, o Franqueado não se atentou e, somente após receber esse

comunicado, buscou fornecedores para os projetos técnicos.

Nesse momento, o Franqueado foi questionado sobre a questão da revisão

na área de apoio, uma vez que o Shopping já havia liberado a execução da parte de

arquitetura. Como não houve retorno, o projeto não foi revisado.

Depois de 10 dias, o Franqueado enviou um e-mail para a Arquiteta

informando que o Shopping havia concordado com a abertura de uma porta no

fundo da loja para acesso direto dos lojistas ao estacionamento, e que ele queria

essa alteração. Aproveitando essa revisão, foram incluídos os itens solicitados

anteriormente na área de apoio.

O prazo para envio do projeto revisado, de três dias, foi cumprido pela

empresa projetista. Ao enviar a versão R01 do projeto, a Arquiteta orientou o

Franqueado sobre a necessidade de reenvio para nova análise do Shopping. Dessa

forma, o projeto foi reencaminhado e, após sete dias, o projeto foi liberado sem

ressalvas, mas com a mesma observação já feita sobre a necessidade de que os

projetos técnicos estivessem também aprovados para a liberação da obra.

O Franqueado procurou a arquiteta responsável para entender o que eram os

projetos técnicos, ao que foi explicado que tais projetos são executados

normalmente pela empresa de engenharia contratada. Entretanto, o Franqueado

esclareceu que não contrataria uma empresa de engenharia, mas sim um

empreiteiro, que não tinha conhecimento sobre o que cuidavam esses projetos; por

essa razão, um engenheiro foi indicado pela Arquiteta.

O Franqueado conversou com o projetista dos complementares e aprovou a

elaboração dos projetos, que deveriam ser entregues em cinco dia úti. Feita a

entrega no período aprazado, o Franqueado encaminhou os projetos para avaliação

do Shopping.

Page 109: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

108

Durante o tempo de espera da análise, a Arquiteta enviou mensagens

semanais ao Franqueado perguntando se ele precisava de mais alguma ajuda e se

já tinha recebido algum posicionamento sobre os complementares. Durante 15 dias,

não houve retorno das mensagens; a resposta chegou apenas depois desse

período, informando que ainda aguardava retorno do Shopping.

O prazo para análise dos projetos técnicos também é de sete dias, como

ocorre com os projetos de arquitetura, mas, neste caso, o retorno aconteceu após 16

dias, o que impactou na demora para o início da obra.

Obtida a aprovação, a entrada na obra foi liberada. A Arquiteta do projeto se

colocou à disposição do Franqueado para dirimir quaisquer dúvidas projetuais, no

entanto, foi comunicada que, por ora, as obras não teriam início em razão de

problemas financeiros de fluxo de caixa e de dificuldade para adquirir placas de

drywall, que estavam em falta no mercado pelo contexto da pandemia.

Passados 15 dias da liberação do Shopping, o Franqueado enviou uma

mensagem à Arquiteta informando sobre o início da obra, que tinha previsão de

duração de 15 dias. Nesse momento, a Arquiteta questionou o prazo, já que, por

menor que fosse o espaço da loja, a sobreposição de atividades podia comprometer

a qualidade dos serviços executados. O Franqueado respondeu que confirmaria com

o empreiteiro e repassaria o alerta.

Durante os 15 dias após início da obra, a Arquiteta enviou mensagens

frequentes ao Franqueado perguntando sobre o andamento dos trabalhos e se havia

alguma dúvida. O acompanhamento remoto é procedimento padrão, então, nesses

processos, é comum o envio de fotos e vídeos durante a execução para conferência

dos serviços, mas esse material não foi enviado e o Franqueado não retornou com

informações sobre a obra.

Por fim, a resposta do Franqueado comunicando sobre o atraso da obra

chegou no 16° dia. O fornecedor de marcenaria estava enfrentando dificuldades

para comprar a fórmica indicada no projeto, pois estava em falta no mercado. No

mesmo dia, também, foram enviadas fotos da loja, que estava quase pronta.

O Franqueado, nesse momento, trouxe uma questão percebida somente após

a quase conclusão das obras: por estar localizada em um centro comercial térreo, a

loja recebia incidência solar direta na vitrine, e questionou a Arquiteta sobre alguma

Page 110: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

109

solução viável para barrar o sol. A resposta foi que a marquise do Shopping,

posicionada em frente à loja, tinha justamente essa finalidade, pois, segundo o

Caderno Técnico, nenhuma solução, além da marquise, é autorizada. Dessa forma,

o Franqueado foi orientado a levar essa questão para o setor de arquitetura e

manutenção do Shopping e, caso houvesse autorização, a arquitetura desenharia

um toldo como solução.

No dia seguinte, começou a montagem da marcenaria, com cinco dias de

atraso em relação ao cronograma inicial. Durante a instalação, foram constatados

problemas decorrentes da execução civil relativos à colocação de reforços nas

paredes de drywall, a fim de prender prateleiras suspensas. A equipe de execução

civil não observou essa questão no projeto e não executou o reforço, inviabilizando a

instalação do mobiliário.

Se a parede tivesse acabamento somente com pintura, seria simples colocar

o reforço, porém, tratava-se de uma parede revestida com azulejos, o que

impossibilitou a correção, ou seja, o Franqueado gastou com uma prateleira que não

será usada, e perdeu espaço para exposição de produto pela ausência dessa peça.

Dois dias após a conversa sobre o possível toldo para ajudar na proteção da

loja, o Shopping retornou com a informação de que não autoriza a colocação de

nenhum elemento além da marquise. Com isso, a logística da loja foi muito

prejudicada, pois sua venda se concentra em produtos que não podem ser expostos

à luz solar; por essa razão, em um período do dia, parte da loja ficará sem produtos

expostos. Essa questão não foi abordada entre as partes antes da formalização do

contrato de locação da loja.

Os serviços de marcenaria foram entregues dentro do prazo previsto de três

dias, possibilitando a vistoria pré-inauguração realizada pelo Shopping; esta, no

entanto, recomendou alguns ajustes necessários à liberação da inauguração, que

eram a melhoria na pintura de duas paredes da loja, que apresentavam bolhas, e

pontos de falha na tinta.

Os ajustes foram feitos em dois dias e a vistoria foi remarcada para depois de

dois dias, por indisponibilidade de agenda do responsável do Shopping. Na nova

vistoria, a inauguração da loja foi liberada e aconteceu no dia seguinte, completando

22 dias do início da execução e quase cinco meses do início de todo o processo.

Page 111: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

110

Quadro 12 – Comparação entre cronograma previsto e cronograma averiguado

Etapa Duração Prevista Duração Averiguada

1- Contato do franqueado com

empresa projetista para

orçamento e contrato de nova

loja

3 dias

14 dias

2- Levantamento técnico do

espaço a ser reformado

Levantamento:

7 dias

Conferência:

1 dia

Levantamento:

24 dias (1ª versão)

3 dias (2ª versão)

Conferência:

Mesmo dia em que foi enviado

3- Estudo de Layout

Envio do estudo:

7 dias

Aprovação com franqueadora:

2 dias

Envio do estudo:

7 dias

Aprovação com franqueadora:

4 dias

4- Projeto Pré-Executivo

Envio do projeto:

7 dias

Análise do Shopping:

7 dias

Envio do projeto:

7 dias

Análise do Shopping:

14 dias

5- Projeto Executivo

Envio do projeto: 1 dia

Início da obra: 2 dias

Envio do projeto: 1 dia

Início da obra: 28 dias

6- Execução

15 dias

22 dias

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Assim como foi feito no Caso 1, os dados apresentados até então serão

examinados com o intuito de identificar os riscos observados no processo de

implantação da loja. A análise será realizada tanto sob a perspectiva das partes

interessadas quanto sob a ótica dos processos, buscando estabelecer uma

comparação para posterior estruturação dos riscos.

Page 112: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

111

A seguir, o Quadro 13 apresenta a síntese da análise feita pela perspectiva

das partes interessadas:

Quadro 13 – Síntese para esquematizar objetivos, pressupostos e desafios identificados sob a perspectiva da parte interessada

Parte Interessada

Objetivos, pressupostos e desafios

Setor financeiro da

empresa projetista

de arquitetura

Fazer as tratativas comerciais iniciais com o cliente

Arquiteta

responsável pelo

projeto

Entregar o projeto com qualidade (informações completas e corretas)

Entregar projeto de acordo com o prazo acordado

Entregar o projeto de acordo com as normas do Caderno Técnico do Shopping

sem prejudicar o conceito de uniformidade visual da marca

Oferecer suporte às dúvidas ou problemas durante a execução

Orientar o cliente sobre as etapas de projeto

Diretoria da

franqueadora

Aprovar layout com empresa projetista de arquitetura

Franqueado

Escolher ponto para nova loja

Fazer contrato com o Shopping

Enviar projetos para aprovação no Shopping

Fazer a interlocução entre arquiteta e fornecedores contratados

Contratar fornecedores que atendam aos requisitos de tempo, custo e qualidade

previstos em projeto

Acompanhar todo o processo de implantação

Manter boa comunicação com o setor de arquitetura e manutenção do Shopping

Ter suporte técnico da arquiteta responsável pelo projeto

Receber o projeto no prazo combinado

Receber a obra no prazo combinado

Receber a obra no custo combinado

Receber a obra com qualidade

Receber produtos e serviços dos fornecedores no prazo combinado

Gerenciar os custos

Gerenciar cronograma e prazos

Comprar materiais de construção

Marcar e participar da vistoria de pré-inauguração feita pelo Shopping

Receber a loja com qualidade nas soluções e acabamentos

Empresa

Construtora

Entregar a obra conforme contrato com o cliente em relação a tempo, custo e

qualidade

Atender tecnicamente as demandas do projeto

Não ter retrabalhos durante o processo de execução

Montar cronograma / planejar as atividades para garantir o prazo de entrega

Compatibilizar os projetos para antecipar interferências e comunicar aos

envolvidos

Manter o cliente informado sobre andamento da obra

Acompanhar vistoria pré-inauguração com o Shopping

Demais projetistas Entregar os projetos no prazo combinado

Fornecedores

Cumprir o prazo de entrega combinado

Pró atividade em propor soluções frente a imprevistos

Shopping (setor de

arquitetura e

manutenção)

Fazer análise dos projetos (arquitetônico e complementares)

Fazer vistorias para liberação da inauguração da loja

Informar sobre as normas do Shopping / Enviar Caderno Técnico

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 113: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

112

Seguindo o mesmo raciocínio utilizado para identificação sob a ótica das

partes interessadas, o Quadro 14 apresenta a análise sob a perspectiva dos

processos.

Quadro 14 – Síntese para esquematizar objetivos, pressupostos, desafios e interfaces identificados sob a perspectiva dos processos

Processo

Objetivos, pressupostos e desafios

Interfaces

Administrativo /

Contratual com o

Shopping

Escolha do PDV Projeto Arquitetônico

até Inauguração da

loja

Contrato com o Shopping

Administrativo /

Contratual com a

Empresa

Projetista de

Arquitetura

Fazer a aprovação de proposta comercial com o cliente

Projeto Arquitetônico Elaborar contrato para assinatura

Enviar dados para pagamento do projeto

Autorizar início do projeto arquitetônico

Entrega de

material para

início do projeto

arquitetônico

Entregar levantamento com informações completas de acordo

com requisitos da empresa de arquitetura

Projeto Pré-executivo

arquitetônico Entregar levantamento técnico no prazo combinado

Entregar material completo sobre regimento interno das regras

do Shopping / Caderno técnico

Projeto Pré-

Executivo

Arquitetônico

Entregar projeto no prazo combinado

Aprovação no

Shopping até

Inauguração da loja

Entregar projeto com informações corretas em relação a

especificação de materiais

Entregar projeto de acordo com as normas técnicas do

Shopping

Aprovações no

Shopping

Avaliar se os projetos apresentados estão de acordo com o

regulamento interno do Shopping

Orçamentação e

Projetos executivos

Orçamentação

Orçar projeto arquitetônico com todos os fornecedores Aquisições até

Inauguração da loja

Projetos

Executivos

(arquitetura e

complementares)

Atender às exigências do Caderno Técnico do Shopping

Aquisições até

Inauguração da loja

Atender ao prazo de entrega

Contratações

Contratar fornecedores que garantam o prazo de entrega

previamente combinado

Execução Civil +

Execução

fornecedores até

Inauguração da loja

Contratar fornecedores que entreguem produtos e serviços com

qualidade

Contratar fornecedores que tenham disponibilidade para início

imediato

Execução Civil

Entregar a obra no prazo combinado Entrega da obra e

vistoria com Shopping

até Inauguração da

loja

Entregar a obra com qualidade

Executar conforme projeto arquitetônico

Comunicar ao cliente sobre andamento do processo

Execução

fornecedores

Entregar produtos / serviços no prazo combinado Projetos Executivos

até inauguração da

loja

Entregar produtos / serviços com qualidade

Continua

Page 114: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

113

Processo

Objetivos, pressupostos e desafios

Interfaces

Entrega da obra e

vistoria feita pelo

Shopping

Avaliar qualidade dos serviços executados

Execução Civil +

Execução

fornecedores até

inauguração da loja

Inauguração da

Loja

Bom funcionamento dos sistemas e espacialidade da loja

Execução Civil até

entrega da obra e

vistoria do Shopping

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A partir do mapeamento dos objetivos sob a perspectiva das partes e dos

processos, foram identificados os riscos percebidos na implantação da nova loja do

Caso 2, que estão representados no Quadro 15, sob a perspectiva das partes

interessadas e no Quadro 16, sob a ótica dos processos.

Page 115: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

114

Quadro 15 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso 2 – Perspectiva das Partes interessadas

Parte

Interessada

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Setor financeiro

da empresa

projetista de

arquitetura

Fazer as tratativas comerciais

iniciais com o cliente

Demora no retorno por parte do cliente com

aprovação da proposta e assinatura do contrato,

atrasando início do projeto

Arquiteta

responsável pelo

projeto

Entregar o projeto com qualidade

(informações completas e

corretas)

Retrabalho em projeto por informações incompletas

ou erradas

Entregar projeto de acordo com o

prazo acordado

Atraso na entrega do projeto por solicitações de

mudança por parte do franqueado

Entregar o projeto de acordo com

as normas do Caderno Técnico do

Shopping sem prejudicar o

conceito de uniformidade visual da

marca

Retrabalho em projeto por projeto entregue em

desacordo com normas do Shopping

Oferecer suporte às dúvidas ou

problemas durante a execução

Não receber atualização sobre andamento da

execução, impossibilitando antecipar problemas

Orientar o cliente sobre as etapas

de projeto

Falta de alinhamento sobre as responsabilidades

Diretoria da

franqueadora

Aprovar layout com empresa

projetista de arquitetura

Demora no retorno por parte da Franqueadora com

aprovação da proposta

Franqueado

Escolher ponto para nova loja Negligência sobre questões de insolação no

momento de escolha do ponto de venda

Fazer contrato com o Shopping Ausência de negociação de flexibilizações em

relação às regras do Shopping, gerando impacto na

operação da loja

Enviar projetos para aprovação no

Shopping

Demora no envio dos projetos para o Shopping,

gerando atraso na análise

Fazer a interlocução entre

arquiteta e fornecedores

contratados

Não dar retorno sobre andamento da execução

para arquiteta responsável, aumentando a chance

de erros executivos que não serão identificados a

tempo de corrigir

Contratar fornecedores que

atendam aos requisitos de tempo,

custo e qualidade previstos em

projeto

Dificuldade em encontrar fornecedores que

atendam aos requisitos do projeto

Acompanhar todo o processo de

implantação

Não receber retorno dos envolvidos sobre o

andamento do processo

Manter boa comunicação com o

setor de arquitetura e manutenção

do Shopping

Inflexibilidade do Shopping em relação a questões

que atrapalham a operação da loja

Ter suporte técnico da arquiteta

responsável pelo projeto

Demora no retorno sobre soluções de imprevistos

Receber o projeto no prazo

combinado

Atraso no envio do projeto por solicitações de

mudanças por parte do cliente

Receber a obra no prazo

combinado

Atraso na conclusão da obra por retrabalhos devido

a serviços mal executados e não aprovados pelo

Shopping

Receber a obra no custo

combinado

Gastos extras com retrabalhos devido a erros de

execução

Receber a obra com qualidade Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Continua

Page 116: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

115

Parte

Interessada

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Franqueado

Receber produtos e serviços dos

fornecedores no prazo combinado

Atraso na entrega por indisponibilidade de materiais

Gerenciar os custos Falta de planejamento financeiro impossibilitando

início da obra

Gerenciar cronograma e prazos Atraso nas entregas por erro no planejamento dos

fornecedores

Atraso na entrega por indisponibilidade de materiais

Comprar materiais de construção Dificuldade em encontrar materiais por questões

macroeconômicas

Marcar e participar da vistoria de

pré-inauguração feita pelo

Shopping

Indisponibilidade de agenda por parte do Shopping

Receber a loja com qualidade nas

soluções e acabamentos

Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Empresa

Construtora

Entregar a obra conforme contrato

com o cliente em relação a tempo,

custo e qualidade

Problemas na execução decorrente de

indisponibilidade de materiais, atraso nas

atividades programadas, retrabalhos por falha na

interpretação dos projetos

Atender tecnicamente as

demandas do projeto

Execução em desacordo com os requisitos do

projeto

Não ter retrabalhos durante o

processo de execução

Falha na interpretação do projeto

Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Montar cronograma / planejar as

atividades para garantir o prazo

de entrega

Erro no planejamento das atividades, gerando

atraso no cronograma previsto

Compatibilizar os projetos para

antecipar interferências e

comunicar aos envolvidos

Problemas executivos que irão afetar trabalho de

outros fornecedores

Manter o cliente informado sobre

andamento da obra

Falha na comunicação: ausência de envio de

atualizações sobre andamento da obra

Acompanhar vistoria pré-

inauguração com o Shopping

Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Demais

projetistas

Entregar os projetos no prazo

combinado

Atraso no envido dos projetos por parte do

projetista

Fornecedores

Cumprir o prazo de entrega

combinado

Atraso na entrega dos produtos e serviços por

indisponibilidade de materiais

Pró atividade em propor soluções

frente a imprevistos

Ausência de soluções frente a

problemas/imprevistos

Shopping (setor

de arquitetura e

manutenção)

Fazer análise dos projetos

(arquitetônico e complementares)

Atraso no retorno das análises, impossibilitando

início da obra

Fazer vistorias para liberação da

inauguração da loja

Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Informar sobre as normas do

Shopping / Enviar Caderno

Técnico

Informações não serem passadas no início do

processo e atrasar início da obra

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 117: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

116

Quadro 16 – Riscos identificados no processo de implantação de nova loja do Caso 2 – Perspectiva dos Processos

Processo

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Administrativo /

Contratual com o

Shopping

Escolha do PDV Escolha inadequada do ponto de venda

prejudicando a operação da loja

Contrato com o Shopping Falta de alinhamento sobre flexibilidades nas

normas do Shopping que afetam diretamente a

operação da loja

Administrativo /

Contratual com a

Empresa

Projetista de

Arquitetura

Fazer a aprovação de proposta

comercial com o cliente

Demora na aprovação da proposta e assinatura do

contrato por parte do cliente Elaborar contrato para assinatura

Enviar dados para pagamento do

projeto

Autorizar início do projeto

arquitetônico

Ausência de retorno do cliente, impedindo início do

projeto

Entrega de

material para

início do projeto

arquitetônico

Entregar levantamento com

informações completas de acordo

com requisitos da empresa de

arquitetura

Envio de levantamento técnico com informações

incompletas, causando atraso no início do projeto

Retrabalho devido a contratação de profissional não

especializado para realizar o levantamento técnico

Entregar levantamento técnico no

prazo combinado

Atraso no envio do levantamento, gerando atraso

no início do projeto

Entregar material completo sobre

regimento interno das regras do

Shopping / Caderno técnico

Caderno técnico não conter todas as informações

válidas/ Mudança nas regras sem aviso prévio

Projeto Pré-

Executivo

Arquitetônico

Entregar projeto no prazo

combinado

Solicitação de mudanças no projeto por parte do

cliente

Entregar projeto com informações

corretas em relação a

especificação de materiais

Retrabalho em projeto para correção das

informações

Entregar projeto de acordo com as

normas técnicas do Shopping

Retrabalho em projeto que foi entregue em

desacordo com Caderno Técnico do Shopping

Aprovações no

Shopping

Avaliar se os projetos

apresentados estão de acordo

com o regulamento interno do

Shopping

Atraso por parte do Shopping no retorno das

análises

Orçamentação Orçar projeto arquitetônico para

montar estimativa de custo

Custos acima da estimativa passada pela

Franqueadora, impossibilitando implantação

imediata do empreendimento

Projetos

Executivos

(arquitetura e

complementares)

Atender às exigências do Caderno

Técnico do Shopping

Retrabalho em projetos elaborados em desacordo

com as normas do Shopping

Atender ao prazo de entrega Atraso na entrega dos projetos por parte dos

projetistas

Contratações

Contratar fornecedores que

garantam o prazo de entrega

previamente combinado

Atraso na entrega dos fornecedores por

indisponibilidade de materiais

Contratar fornecedores que

entreguem produtos e serviços

com qualidade

Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Contratar fornecedores que

tenham disponibilidade para início

imediato

Atraso no início da obra por indisponibilidade de

fornecedores

Continua

Page 118: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

117

Processo

Objetivos, pressupostos e

desafios

Riscos

Execução Civil

Entregar a obra no prazo

combinado

Atraso na entrega por indisponibilidade de materiais

Entregar a obra com qualidade Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Executar conforme projeto

arquitetônico

Falha na leitura de especificações no projeto

arquitetônico gerando impacto em outros

fornecedores

Comunicar ao cliente sobre

andamento do processo

Ausência de atualização sobre o andamento da

obra gerando retrabalho por serviços executados

errados

Execução

fornecedores

Entregar produtos / serviços no

prazo combinado

Atraso na entrega por indisponibilidade de materiais

Entregar produtos / serviços com

qualidade

Impossibilidade de instalação de produtos por erros

da execução civil

Entrega da obra

e vistoria feita

pelo Shopping

Avaliar qualidade dos serviços

executados

Retrabalho por serviços mal executados e

reprovados na vistoria do Shopping

Inauguração da

Loja

Bom funcionamento dos sistemas

e espacialidade da loja

Negligência em relação a localização da loja, que

impactou na qualidade espacial da loja e

conservação dos produtos

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Os objetivos descritos podem parecer evidentes ou até, em alguns casos,

pouco relevantes, porém, em geral, os quadros apresentam detalhes identificados

que, quando acumulados, podem acarretar perdas significativas para o

empreendimento no que diz respeito a tempo, custo, qualidade, segurança,

operação da loja e credibilidade.

Traçando um comparativo entre o quadro de riscos mapeados a partir das

partes interessadas e os riscos identificados sob a ótica dos processos, percebem-

se riscos semelhantes, o que torna possível relacioná-los. Essa relação será

apresentada no próximo capítulo, na lista genérica dos riscos.

Nesse momento dos estudos de caso, a intenção de separar os riscos

segundo os objetivos das partes e objetivos do processo pautou-se em conseguir

identificar a relação existente entre ambos.

Basicamente, entende-se que o setor financeiro da empresa projetista de

arquitetura participa somente do momento contratual com o cliente, enquanto o

arquiteto responsável atua desde o projeto pré-executivo até inauguração da loja. A

diretoria da franqueadora, nesse caso, é responsável apenas pela aprovação inicial

do layout da loja; por sua vez, o franqueado assume responsabilidade desde a

escolha do ponto da loja e contrato com o shopping até operação da loja.

Page 119: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

118

A empresa construtora encarrega-se de grande parte da implantação,

participando desde o processo de orçamentação até a inauguração da loja. Demais

projetistas têm colaboração pontual na fase de projetos executivos e, por fim, os

fornecedores participam desde a orçamentação até a inauguração da loja.

Em todo o processo de implantação, o agente shopping está presente, porém,

somente os setores de arquitetura e manutenção foram mapeados neste estudo; a

atuação dessas áreas tem início desde as aprovações dos projetos e se perpetua

durante a operação da loja.

No tocante às similaridades percebidas relacionadas aos riscos descritos nos

dois quadros, o risco da existência de retrabalho (em projeto ou execução) é

recorrente, resultando em atraso na entrega do empreendimento, que também é um

ponto em comum nos riscos mapeados sob ambas as perspectivas.

Por fim, analisando as diferenças dos riscos identificados em cada um dos

quadros, pode-se concluir que o franqueado é o agente com mais riscos associados,

enquanto, no que se refere aos processos, os riscos estão mais balanceados entre

as etapas. Essa constatação reforça o que foi apresentado no estudo de que o

franqueado é o centro do empreendimento e, portanto, é uma das principais fontes

de riscos, enquanto os processos, por serem sequenciais, sofrem os impactos

causados por qualquer problema, em quaisquer de suas etapas, no empreendimento

como um todo.

3.3 Análise Comparativa

A partir dos dados coletados nos estudos de caso, realizou-se uma análise

comparativa entre os dois processos com o objetivo de elaborar uma lista genérica

de riscos (alguns identificados nos estudos e outros pensados durante o

desenvolvimento do trabalho) para empreendimentos de varejo em shopping center.

Em um primeiro momento, a análise comparativa teve início de forma mais

generalizada, em que se coloca lado a lado o setor de atuação da empresa, o porte,

o custo de cada obra, as partes interessadas, os processos e os problemas

identificados. O Quadro 17 sintetiza essas comparações.

Page 120: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

119

Quadro 17 – Quadro comparativa entre os casos estudados

Caso 01

Caso 02

Área de atuação / setor

Vestuário

Alimentício

Modelo de negócio

Franquia

Franquia

Porte da empresa

Cerca de 500 funcionários na sede

Cerca de 50 funcionários na sede

Quantidade de lojas

61 lojas distribuídas em todos os

estados do Brasil

42 lojas nos estados de São Paulo,

Paraná e Mato Grosso

Faixa de valor para

implantação da nova loja

350 mil reais

100 mil reais

Partes interessadas

mapeadas

Setor financeiro da empresa

projetista de arquitetura

Arquiteto responsável pelo projeto

Diretoria da Franqueadora

Coordenador de expansão da

franqueadora

Franqueado

Construtora Civil

Demais projetistas

Fornecedores

Shopping (setor de arquitetura e

manutenção)

Setor financeiro da empresa

projetista de arquitetura

Arquiteto responsável pelo projeto

Diretoria da Franqueadora

Franqueado

Construtora Civil

Demais projetistas

Fornecedores

Shopping (setor de arquitetura e

manutenção)

Processos mapeados

Contrato com o Shopping / Contrato

com Arquitetura / Planejamento do

cronograma / Material para início do

projeto /

Pré-executivo arquitetônico /

Orçamentação / Aprovações no

Shopping / Projeto executivos /

Aquisições / Execução civil /

Execução fornecedores / Entrega

da Obra + Vistoria / Shopping /

Inauguração da loja

Contrato com o Shopping / Contrato

com Arquitetura / Material para

início do projeto / Pré-executivo

arquitetônico / Orçamentação /

Aprovações no Shopping / Projeto

executivos

Contratações / Execução civil

Execução fornecedores / Entrega

da Obra + Vistoria Shopping /

Inauguração da loja

Continua

Page 121: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

120

Caso 01

Caso 02

Principais problemas

identificados

- Curto prazo para elaboração do projeto

- Imprecisão nas normas internas do Shopping (gerando revisões de

projeto e retrabalhos em obra)

- Atraso na análise dos projetos por parte do Shopping

- Solicitação de mudança no projeto por parte do cliente após aprovação

- Atraso no início da obra / fase execução

- Problemas de leitura e interpretação de projeto arquitetônico por parte da

equipe de obra

- Falha na comunicação entre as partes envolvidas: ausência de

atualização do andamento da obra

- Retrabalho em acabamentos por falha da mão de obra

- Atraso na conclusão da instalação de marcenaria por itens que não

estavam concluídos ou foram executados errados pela equipe de obra

(parte de reforços e elétrica)

Problemas com os projetos

executivos, gerando necessidade

de revisões para nova análise

Ausência de gerenciamento por

parte do cliente e fornecedores em

relação à requisitos e normas do

Shopping

Equipe de operações da loja não

receber treinamento sobre como

usar os sistemas

Após inauguração, Shopping faz

novas solicitações, que contradizem

o que foi aprovado na fase de

projeto

Problema com medição técnica

inicial (levantamento da situação

existente com informações erradas)

Demora na aprovação o layout pela

Franqueadora

Demora na assinatura de contrato

com empresa projetista

Desconhecimento das regras do

Shopping para início da obra

Ausência de critério na escolha do

ponto, impactando em prejuízo do

próprio negócio

Recurso financeiro insuficiente para

realização do empreendimento,

gerando alterações de escopo e

mudanças nas especificações após

processo iniciado

Atraso na entrega por parte do

fornecedor contratado

Dificuldade de compra de material

por conta do contexto

macroeconômico

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 122: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

121

Dos problemas comuns a ambos os casos, pode-se dizer que estes são

recorrentes em empreendimentos similares e sua origem está diretamente

relacionada ao fato de ser um processo fragmentado e com ausência de

gerenciamento, ou seja, o contexto que envolve os empreendimentos rápidos de

varejo em shopping centers propicia maior exposição a tais adversidades.

O curto prazo para elaboração do projeto e a imprecisão das normas do

shopping são questões usuais nesses tipos de empreendimentos. Baseada em

experiências profissionais da autora, a incerteza em relação ao regimento interno do

shopping é tanta que não se pode nem presumir que as regras são aplicadas da

mesma forma para dois empreendimentos diferentes, dentro do mesmo shopping,

portanto, o agente Shopping é sempre um ponto de alerta, que conta com grande

poder de impactar no sucesso do empreendimento.

Os problemas em comum identificados e que esbarram em questões de

validação com o cliente também são contratempos recorrentes nos casos

apresentados e em projetos similares. O que pode ser feito, a fim de evitar tais

problemas, é promover maior envolvimento do cliente no processo por meio de

aprovações mais frequentes nas etapas de alinhamento entre demanda e proposta

de projeto. Essa percepção em relação ao cliente será usada na elaboração das

diretrizes, apresentadas no capítulo a seguir.

No que se refere aos problemas comuns relacionados à fase executiva, estes

também podem ser classificados como recorrentes em empreendimentos similares,

e sua origem relaciona-se, principalmente, à falta de planejamento operacional,

baixa qualidade da mão de obra e aos problemas de comunicação. As dificuldades

em leitura e interpretação de projeto resultam em erros que afetarão o trabalho de

outros fornecedores, como por exemplo, a marcenaria, como foi observado nos

casos estudados. Essa questão não é facilmente resolvida, já que a instrução da

mão de obra é um problema social do Brasil.

Com relação aos problemas específicos, foram percebidos alguns empecilhos

cujas origens são diversas e serão exploradas a seguir, porém, pode-se dizer que

são inconvenientes rotineiros em empreendimentos similares, devido ao contexto

que envolve o empreendimento rápido de varejo em shopping center.

Page 123: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

122

No Caso 1, os problemas identificados podem ser classificados como

gerenciais, ou seja, faltou gestão do projeto de arquitetura, que ignorou solicitações

presentes no caderno técnico do shopping, gerando necessidade de retrabalhos em

projeto. Outro ponto negligenciado foi a instrução das funcionárias que irão cuidar da

loja em sua operação, no que se refere ao funcionamento dos equipamentos. Além

dessa questão, foram percebidos problemas na comunicação, o que resultou em

atraso no início da obra e, novamente, o shopping como uma incerteza, já que, após

a abertura da loja, foram solicitadas alterações que contradiziam os projetos

aprovados.

No Caso 2, a falta de planejamento é percebida como origem dos riscos e os

problemas podem ser divididos em complicações com os fornecedores (atrasos na

entrega e serviços incompletos), atrasos por demora nas aprovações por parte do

cliente (tanto na fase contratual quanto na aprovação do projeto), falta de clareza

sobre as regras do shopping e, nesse caso, o contexto de pandemia que afetou na

disponibilidade de materiais.

Diante dos impasses discutidos, entende-se que, independentemente da área

de atuação da marca, quando se fala de empreendimentos rápidos de varejo em

shopping centers, existem problemas que são recorrentes e, por isso, defende-se

que é possível realizar um levantamento de riscos genéricos inerentes aos

empreendimentos rápidos de varejo em shopping centers, com o objetivo de nortear

o olhar do gestor do projeto sobre os possíveis obstáculos que o contexto do

empreendimento já traz.

Na sequência, serão apresentadas as contribuições, que são diretrizes para a

gestão de riscos em empreendimentos rápidos de varejo em shopping centers,

propostas a partir da identificação dos riscos recorrentes e inerentes a essa

tipologia, que, por sua vez, foram identificados com base dos estudos de caso e

indicações aprendidas com o referencial teórico revisado.

Page 124: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

123

4. ANÁLISES E CONTRIBUIÇÕES

Posteriormente à análise dos problemas identificados nos processos de

implantação de novas lojas dentro de shopping center, foi possível elencar falhas

comuns aos dois casos e algumas dificuldades ocorridas em apenas um dos casos,

resumidos no Quadro 17. Os problemas percebidos levantam reflexões quando

relacionados com a bibliografia revisada no Capítulo 2 deste estudo. O cruzamento

entre bibliografia estudada e estudos de caso apresentados resultaram na

elaboração de diretrizes.

Iniciando pela conceituação da metodologia fast track, pode-se dizer que

tanto o processo de implantação do Caso 1 quanto do Caso 2 se enquadram nessa

técnica, pois, mesmo que em níveis de organização diferentes, as duas

implantações ocorreram com sobreposição de etapas, nas quais atividades são

realizadas paralelamente, com o intuito de reduzir o cronograma, mas sem prejuízo

ao escopo.

No Caso 1, a técnica do fast track pode ser exemplificada com o início da

obra antes da aprovação dos projetos técnicos pelo shopping, aumentando o risco

de retrabalhos. Além dessa questão, a orçamentação também foi anterior à

aprovação do projeto arquitetônico pelo shopping. A simultaneidade foi observada

durante todo o processo de execução da obra – parte da reforma civil acontece junto

com a produção da marcenaria e, como relatado no estudo, problemas na execução

civil impactaram diretamente na marcenaria, que, por sua vez, precisou efetuar

ajustes no local para conseguir instalar no tempo previsto, ou seja, mais um ponto

de retrabalho. Como já mencionado por Su (2019), a consequência direta da

aplicação do fast track é o risco de haver necessidade de retrabalhos ao assumir a

execução de atividades paralelas.

No Caso 2, o shopping tinha como procedimento padrão não autorizar o início

da obra sem que os projetos técnicos estivessem aprovados, então a aplicação do

fast track se fez mais presente na parte executiva, na qual a reforma civil e a

marcenaria trabalhavam ao mesmo tempo, confiando nas medidas cravadas pelo

projeto. O impacto foi semelhante ao observado no Caso 1: retrabalhos na execução

e, especificamente neste caso, prejuízo na entrega da marcenaria por erro na

Page 125: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

124

execução civil, pois, além do fato de o custo ser elevado, a correção demandaria

tempo; por essa razão, decidiu-se que os ajustes não seriam executados.

Ainda avaliando os problemas percebidos, é possível relacionar os três

principais princípios apontados pela metodologia fast track como básicos para o

sucesso do projeto e assinalar as lacunas presentes nos processos de implantação

dos estudos apresentados. No que diz respeito à existência de um time de projeto

integrado, a importância do planejamento e cronograma integrados, além da questão

que envolve o desenvolvimento conjunto de projeto e construção, presume-se que a

comunicação entre os envolvidos aconteça de forma efetiva.

Nos dois processos, notam-se ruídos na comunicação e até ausência de troca

de informações, acarretando problemas que poderiam ter sido evitados se tivessem

sido informados. No que concerne ao alinhamento de responsabilidades de cada

parte durante o processo, percebe-se que houve tentativas de formalização, no

entanto, esse alinhamento ocorreu entre empresa de arquitetura e coordenador de

expansão (Caso 1) ou franqueado (Caso 2), não chegando até, por exemplo, à

equipe da empresa construtora. Seguindo os princípios do fast track, essa estrutura

organizacional e de responsabilidades das partes deveria ter sido transmitida a

todos os envolvidos.

Aproximando os conceitos trabalhados pela ISO 31.000 (2018) e pelos guias

PMBoK (2017), PRINCE2 (2017) e PRAM (2018), algumas assimilações podem ser

feitas no que diz respeito à gestão de riscos.

Os processos de implantação apresentados, tanto no Caso 1 quanto no Caso

2, demonstram pequenas ações que visavam reduzir a exposição a riscos, porém,

de forma não estruturada e fortemente instintivas. Essa gestão subjetiva e intuitiva é

um ponto mencionado tanto pelo guia PRAM (2018) quanto pela ISO 31.000 (2018),

quando defendem que toda empresa realiza, de alguma forma, gestão de riscos e,

pelo menos, em algum grau. Esse pressuposto pode ser comprovado pelos estudos

apresentados.

Outro ponto mencionado pela ISO 31.000 (2018) e que pode ser mostrado

pelos estudos é a importância do estabelecimento do contexto e sua relação direta

com os objetivos do projeto. A título de exemplo, na comparação entre a

implantação de uma loja do Caso 1 ou Caso 2 em um contexto de loja de rua, tanto

Page 126: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

125

as partes envolvidas quanto os processos seriam diferentes das circunstâncias

estudadas de implantação dentro de shopping center.

Segundo a ISO 31.000 (2018), estabelecer esse contexto no início do

processo irá nortear qual abordagem de gestão de riscos será posta em prática. A

questão da importância dessa definição também aparece na metodologia PRINCE2

(2017), que apresenta princípios de governança genéricos a serem aplicados de

acordo com as circunstâncias do projeto em questão.

Ainda abordando as contribuições trazidas pela ISO 31.000 (2018), observa-

se que a gestão de riscos faz parte da tomada de decisões, é feita sob medida, de

acordo com o projeto, é dinâmica e capaz de reagir a mudanças (ou seja, o que

funcionou para um projeto pode não funcionar integralmente para outro) e, por fim,

que a gestão de riscos facilita a melhoria contínua da organização. Esse último

ponto é de grande valor quando da análise de processos de replicação, como os

descritos nos estudos de caso.

A ISO 31.000 (2018) se aproxima da metodologia PRINCE2 (2017) por tratar

de orientações gerais e de governança, e ambos defendem que o resultado da

gestão de riscos é obter melhorias que favorecem o sucesso do projeto.

Por experiência da autora, o projeto que tem como objetivo se tornar um

modelo replicável, até que atinja a maturidade das especificações, passa por um

trabalho (e retrabalho) de diversos testes práticos. Esses testes práticos são

aberturas de lojas em que não só as soluções projetuais são avaliadas, mas são

verificadas também as interações entre os envolvidos e as interfaces dos processos.

Toda essa bagagem de experimentação, quando formalizada e analisada,

proporciona melhorias tanto no projeto quanto nos processos.

Complementando as diretrizes segundo a ISO 31.000 (2018), a metodologia

PRINCE2 (2017) entende ser essencial que os responsáveis pela gestão e pelas

ações e repostas aos riscos sejam determinadom no início do projeto. Essa

distribuição de responsabilidades pode ser minimamente percebida nos estudos

apresentados, quando o setor de arquitetura expõe uma estrutura para o cliente com

as etapas e cronograma do projeto, mas, novamente, ainda de forma pouco

detalhada e formalizada, o que pode se tornar um ponto de aperfeiçoamento após o

conhecimento trazido pela bibliografia pesquisada.

Page 127: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

126

Outro subsídio trazido pelo PRINCE2 (2017), também mencionada pela ISO

31.000 (2018), é a ideia de que os riscos são dinâmicos, ou seja, devem ser

identificados e monitorados durante o todo o processo; quando algum risco não

mapeado no início do projeto for percebido, é preciso reavaliar as questões com as

quais ele pode impactar no processo em questão ou em projetos futuros (reforçando

a ideia de que a gestão de riscos proporciona melhoria nos próximos projetos).

Relacionando esse entendimento com os estudos apresentados, no Caso 1, a

empresa construtora teve dúvida quanto à nomenclatura do acabamento solicitado

para a soleira de entrada da loja. Até então, essa especificação não tinha sido

questionada, mas a partir do momento em que foi ponto de dúvida, foram

incorporadas ao projeto as duas nomenclaturas possíveis para o mesmo

acabamento.

Outra ação percebida nesse sentido foi a aplicação de lições aprendidas em

outros projetos para melhorar o processo em questão quando a empresa de

arquitetura solicitou que os responsáveis pela marcenaria participassem do grupo de

execução civil desde o início, buscando reduzir os problemas já ocorridos em outras

obras, com desencontro de informações entre requisitos da marcenaria e execução

da infraestrutura civil (principalmente em relação a pontos elétricos e reforços nas

paredes de drywall).

Pelo fato de o estudo apresentar dois processos rápidos, estudou-se o

PRINCE2 AGILE (2015), metodologia na qual os princípios do PRINCE2 (2017) são

acrescidos de comportamentos ágeis, ou seja, formas de conduzir o processo de

modo a garantir custo e tempo, estabelecendo tolerâncias para escopo, qualidade e

riscos.

De acordo com o PRINCE2 AGILE (2015), para que um prazo seja cumprido,

a priorização dos requisitos é fundamental, ou seja, se os requisitos não estiverem

claros, todo o processo de gestão de riscos do projeto rápido é prejudicado.

Pensando dessa forma, a formalização e a nitidez dos requisitos deve ser o ponto de

partida. Essa reflexão foi adotada para estabelecer as diretrizes que serão

apresentadas a seguir.

Além disso, o PRINCE2 AGILE (2015) reforça o tema de que os problemas de

comunicação são, comumente, citados pelos gestores como fraqueza dos

Page 128: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

127

processos. Os estudos apresentados evidenciam essa questão, já que muitos dos

problemas observados têm como origem a falha na comunicação e na troca de

informações.

Deixando de lado o aspecto da governança e adentrando em ferramentas, as

pesquisas pautadas pelos guias PMBoK (2017) e PRAM (2018) também

colaboraram na análise dos casos estudados e pensar as diretrizes.

Em linhas gerais, o PMBoK (2017) apresenta processos para se fazer gestão

de riscos (planejar, identificar, analisar, planejar respostas e controlar) e entende-se

que a finalidade desse gerenciamento é aumentar a probabilidade dos eventos

positivos e reduzir a probabilidade dos eventos negativos.

Tanto o PMBoK (2017) quanto o PRAM (2018) apresentam a fase de

identificação de riscos como primeira etapa, sendo esta de grande importância para

o processo, pois só é possível adotar alguma providência quando o risco é

conhecido. Em outras palavras, se a identificação não for feita de forma adequada,

todo o processo de gestão fica comprometido.

Trazendo essa proposição para os estudos realizados, pode-se dizer que, nos

processos rápidos de replicação, uma forte fonte de identificação de riscos é o

acúmulo de experiência dos envolvidos com processos da mesma tipologia e,

seguindo essa lógica, faz sentido defender a existência de uma lista genérica (não

rígida) como ponto de partida para a identificação dos riscos, que permitirá a sua

gestão no processo.

Além dos guias, foram revisados artigos científicos, também utilizados para

analisar os estudos de caso e elaborar as diretrizes. Os artigos, por trazerem temas

tangentes às discussões, contribuíram para compor as diretrizes por apresentarem

questões que foram identificadas nos processos de implantação apresentados.

Analisando os pontos recorrentes citados pelos artigos, percebe-se que a

importância da boa comunicação é constantemente apontada como chave para o

sucesso de um projeto rápido. Não menos relevante, muitos artigos abordam a

pertinência da colaboração entre as partes envolvidas (o que esbarra na boa

comunicação) e, em seguida, constata-se a defesa de que a escolha adequada da

equipe é imprescindível para o sucesso do projeto.

Page 129: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

128

Quando se fala sobre escolha adequada da equipe, entende-se a opção por

profissionais com experiência anterior em projetos rápidos. Tal questão pode ser

comprovada pelos estudos apresentados, já que o contexto de obra rápida dentro de

shopping é muito específico e requer conhecimento dos envolvidos sobre a tipologia,

como por exemplo, todos os trabalhos de reforma dentro do shopping acontecem no

período noturno e durante a madrugada, o que é completamente oposto à dinâmica

de uma loja de rua.

Outro ponto citado pelos artigos e que coincide com as instruções dos guias

estudados é a questão da criação de um banco de dados e de um histórico dos

projetos, que devem ser utilizados em projetos futuros. Um dos artigos reforça a

importância de divulgar as falhas ocorridas para todos da equipe, tendo em vista a

proposição de melhorias para o próximo projeto.

Como contribuição e aprofundando a análise em relação aos objetivos e

riscos identificados nos estudos de caso, o Quadro 18 demonstra um mapeamento

de objetivos e riscos genéricos para as partes interessadas envolvidas no processo

de implantação de empreendimentos de varejo em shopping centers.

A ampliação das possibilidades baseou-se em situações vivenciadas pela

autora em outras experiências profissionais na área do varejo, além de alguns riscos

que foram pensados no decorrer das análises realizadas neste estudo e que serão

considerados nas próximas experiências da autora como pontos de alerta.

Não é pretensão apresentar uma lista rígida de riscos, mas uma linha

norteadora dos pontos que, comumente, são críticos em processos rápidos de

varejo dentro dos shopping centers. A ideia é que essa lista seja frequentemente

alimentada e atualizada, assim como foi feito durante o desenvolvimento do

presente estudo. Sendo assim, no Quadro 18, associam-se as partes interessadas

aos processos, objetivos, riscos e impactos.

Para a lista genérica, foram consideradas as partes interessadas previamente

mapeadas nos estudos, mas que também variam de acordo com a estrutura

hierárquica do processo. Por exemplo, no Caso 1, o franqueado conta com maior

suporte da franqueadora no que diz respeito às contratações e viabilização da

implementação, enquanto no Caso 2 o franqueado é o protagonista nessas decisões

e no desenrolar do processo. Cada empresa funciona de uma maneira e, portanto,

Page 130: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

129

diante da possibilidade de apresentar uma lista mais abrangente dos riscos

genéricos, foram consideradas as duas possibilidades de atuação do franqueado, já

que cada uma delas cria um cenário diferente de exposição a riscos.

Em relação aos processos, foram pensados relações e momentos em que as

partes atuam, pontualmente ou de forma recorrente. A estrutura adotada objetiva

evidenciar a simultaneidade presente no empreendimento, isto é, já que as

atividades acontecem em paralelo, os agentes coexistem nos processos.

Sobre os riscos, a intenção foi elencar os riscos percebidos, mas também os

possíveis riscos associados àqueles já identificados, colocando em prática a diretriz

proposta pela NBR ISO 31.000 (2018), quando orienta que, na fase de identificação

de riscos, convém prever a reação em cadeia que eles podem provocar.

Por fim, os riscos foram avaliados qualitativamente elencando seis áreas de

impacto, que podem ser definidos por:

• Tempo: diretamente relacionado ao prazo do empreendimento;

• Custo: relativo ao orçamento previsto para o empreendimento;

• Qualidade: associada a excelência na execução dos serviços e produtos;

• Operação da loja: relacionado a impactos no funcionamento do espaço;

• Segurança: vinculado a questões de cuidado físico dos envolvidos;

• Reputação: associado à estima dos agentes envolvidos.

Quadro 18 – Identificação de riscos genéricos em projetos de empreendimentos de varejo em Shopping Centers – Perspectiva Partes Interessadas x Processos

Parte

Interessada

Processos

Objetivos / Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Setor

Financeiro

da

Empresa

Projetista

de

Arquitetura

Contrato

com

arquitetura

Fazer as tratativas comerciais Ausência da

pessoa

responsável pelo

setor financeiro

X X

Redigir, assinar e cobrar

assinatura do contrato

X X

Emitir Nota Fiscal e Boletos X X

Enviar o contrato da nova loja

coerente com o contrato

previamente estabelecido

com a Marca

Erro no contrato

X

X

Continua

Page 131: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

130

Parte

Interessada

Processos

Objetivos / Pressupostos

/ Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Setor

Financeiro

da Empresa

Projetista

de

Arquitetura

Contrato

com

arquitetura

Aprovação do orçamento

do projeto em tempo hábil

por parte do cliente

Demora no

retorno do cliente

em relação a

proposta enviada

causando atraso

no início do

projeto

X

Assinatura do contrato por

parte do cliente no tempo

adequado para não atrasar

início do projeto

Demora na

assinatura do

contrato por parte

do cliente

causando atraso

no início do

projeto

X

Pagamento em dia da Nota

Fiscal por parte do cliente

Não cumprimento

do pagamento,

impossibilitando

início do projeto

X

Arquiteto

responsável

pelo projeto

Pré-

executivo

arquitetônico

até

Inauguração

da loja

Entregar o projeto de

acordo com os requisitos

da marca e coerente com o

conceito previamente

definido

Retrabalhos com

revisão de projeto

devido a

especificações

inadequadas

X

X

Solicitação de

mudanças nas

especificações

por parte do

cliente

X

X

Entregar o projeto com

qualidade (informações

completas e corretas)

Retrabalhos na

execução devido

a problemas no

projeto

X

X

X

X

Retrabalho em

projeto

arquitetônico

devido a

identificação de

vícios ocultos

X

X

X

Entregar projeto de acordo

com o prazo acordado

Não cumprir o

prazo de entrega

por problemas

internos na

empresa projetista

X

X

Atraso na entrega

por solicitações

de mudança por

parte do cliente

X

X

Continua

Page 132: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

131

Parte

Interessada

Processos

Objetivos / Pressupostos

/ Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Arquiteto

responsável

pelo projeto

Pré-

executivo

arquitetônico

até

Inauguração

da loja

Entregar o projeto de

acordo com as normas do

Caderno Técnico do

Shopping sem prejudicar o

conceito de uniformidade

visual da marca

Desenvolver

projeto com

problema ou

incompleto devido

a informações

erradas no

Caderno Técnico

X

X

Entregar projeto

em desacordo

com Caderno

Técnico por falha

na interpretação

das informações

X

X

Entregar projeto

sem

conhecimento do

Caderno Técnico

X

Entregar projeto

baseado em

Caderno Técnico

desatualizado

X

Restrições do

Caderno Técnico

afetar identidade

visual da marca

X

X

X

Oferecer suporte às

dúvidas dos fornecedores

durante a execução

Demora no

retorno às dúvidas

dos fornecedores

X

X

Retrabalho

decorrente de

aprovação

incorreta de

produtos e

serviços

X

X

X

X

Falta de

autonomia da

arquitetura para

tomada de

decisão

X

Proporcionar experiência

positiva para o cliente

Atraso nas

entregas dos

projetos

X

Entregar projeto

com erros

X X X X X

Falta de

alinhamento sobre

responsabilidades

das partes

X X X X

Continua

Page 133: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

132

Parte

Interessada

Processos

Objetivos / Pressupostos

/ Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Arquiteto

responsável

pelo projeto

Pré-

executivo

arquitetônico

até

Inauguração

da loja

Manter a comunicação

adequada com o setor de

arquitetura do Shopping

Falta de

comunicação

entre empresa de

arquitetura e setor

de arquitetura do

Shopping para

alinhamento de

expectativas

X

X

X

Atraso na análise

do projeto por

parte do Shopping

X

Receber levantamento

técnico com informações

corretas

Receber

levantamento

técnico incoerente

com a situação

existente

(medidas erradas)

X

X

X

Existência de

vícios ocultos não

visíveis no

momento do

levantamento

técnico

X

X

X

Receber

levantamento

técnico com

informações

insuficientes para

elaboração do

projeto

X

X

X

Retrabalho em

projeto por não

contratação de

fornecedor

especializado

para fazer a

medição

X

X

Orientar o cliente sobre as

etapas e atualizá-lo do

andamento do processo

Falta de

comunicação

entre empresa de

arquitetura e

cliente para

alinhamento de

etapas e

responsabilidades

X

X

X

X

Falta de retorno

sobre andamento

do processo

X

Continua

Page 134: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

133

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Arquiteto

responsável

pelo projeto

Pré-

executivo

arquitetônico

até

Inauguração

da loja

Revisar o projeto com

agilidade de acordo com

solicitações do Shopping

Demora na

revisão do projeto

X X

Retrabalho no

projeto

arquitetônico por

solicitação do

Shopping

X

X

X

Atraso no início

da obra e

aquisições

X X

Diretoria da

Franqueadora

Contrato

com

Shopping

até

Inauguração

da loja

Manter boa comunicação

com o Setor Comercial do

Shopping

Ausência de

registro das

negociações

causando

retrabalhos no

projeto

X

X

X

X

Impedimento de

abertura da loja

por incoerências

no contrato com o

Shopping

X

X

Proporcionar experiência

positiva do franqueado

com o processo de

implantação da nova loja

Problemas de

comunicação com

o setor comercial

do Shopping que

atrasem a

aprovação dos

projetos e

abertura da loja

X

X

Problemas com o

projeto

arquitetônico

X

X

X

X

Problemas com a

empresa

construtora

X

X

X

X

Problemas com

os fornecedores

X

X

X

X

Problemas com

previsão de custo

X X

Problemas com o

prazo de entrega

X X

Falta de

alinhamento de

responsabilidades

das partes

X

X

X

X

Aprovação de layout com

Empresa de Arquitetura

Atraso no retorno

e aprovação da

proposta

X

Acordar com o

franqueado o valor do

investimento para

implantação da nova loja

Erro na previsão

de custos

X

X

Continua

Page 135: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

134

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos / Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Coordenador

de expansão

da

franqueadora

OU

Franqueado

(postura

mais

protagonista

no processo

de

implantação)

Planejamento

até

Inauguração

da loja

Fazer a interlocução entre

Marca e os profissionais

envolvidos no

empreendimento

Falta de

comunicação

entre os

envolvidos

X

X

X

Demora no

compartilhamento

de informações

X

X

X

Contratar fornecedores

que atendam aos

requisitos de tempo, custo

e qualidade previstos em

projeto

Falta de recursos

que viabilizem

implantação

X

X

Falta de

fornecedores

disponíveis no

mercado que

atendam aos

requisitos

X

X

X

Montar o cronograma

para execução

Previsão errada

do tempo para

execução

X

X

X

Previsão errada

da ordem das

atividades

X

X

X

Gerenciar o cronograma

de execução

Atraso nas

entregas dos

fornecedores

X

Não compartilhar

com todos os

envolvidos o

cronograma

elaborado

X

X

X

Imprevistos por

contratação

errada de

fornecedores

(não qualificados

para os

requisitos)

X

X

X

Atraso por vício

oculto no local

X X X

Atraso por

questão

macroeconômica

X X

Atraso por

mudanças

solicitadas pela

Diretoria

X

X

Atraso por falta

de pagamento

dos fornecedores

X

Continua

Page 136: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

135

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos / Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Coordenador

de expansão

da

franqueadora

OU

Franqueado

(postura

mais

protagonista

no processo

de

implantação)

Planejamento

até

Inauguração

da loja

Acompanhar todo o

processo / fiscalizar os

serviços contratados

Retrabalho por

falta de

alinhamento entre

projeto e

execução

X

X

X

Atraso nas

entregas dos

fornecedores

X

Identificar

execução de

serviços com

baixa qualidade /

desalinhados

com os requisitos

do projeto

X

X

X

Falta de retorno

dos fornecedores

em relação ao

andamento das

atividades

X

X

Manter boa comunicação

com o setor de arquitetura

e manutenção do

Shopping

Atraso na

liberação dos

projetos

X

Inflexibilidade em

relação a

interferências não

identificadas no

início do

processo

X

X

Recebimento de

multas por falha

na comunicação

sobre

regulamento

interno do

Shopping

X

X

Ser informado sobre o

andamento do projeto e

execução

Insatisfação com

os fornecedores

pela ausência de

retorno

X

Dificuldade na

gestão do

processo por não

ter acesso às

informações

X

Ser surpreendido

com custos

extras ou

aumento no

prazo de entrega

X

X

Continua

Page 137: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

136

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos / Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Coordenador

de expansão

da

franqueadora

OU

Franqueado

(postura

mais

protagonista

no processo

de

implantação)

Planejamento

até

Inauguração

da loja

Ter facilidade de contato /

ter retorno dos

fornecedores contratados

Ter suporte técnico do

arquiteto responsável pelo

projeto

Dificuldade na

gestão do

processo por não

ter acesso às

informações

X

Ser surpreendido

com custos

extras ou

aumento no

prazo de entrega

X

X

Demora nas

alterações de

projeto

X

Aprovação

incorreta de

serviços ou

produtos

X

X

X

Atraso no início

da obra por

ausência de

documentação

X

X

Receber o projeto

arquitetônico no prazo

combinado

Atraso na entrega

do projeto devido

a solicitação de

mudança por

parte do cliente

X

Atraso na entrega

do projeto por

problemas

internos na

Empresa de

Arquitetura

X

X

Receber a obra no prazo

combinado

Retrabalhos

decorrentes de

erros de projeto

X

X

X

Retrabalhos

decorrentes de

erros de

execução

X

X

X

Indisponibilidade

de recursos

(materiais, mão

de obra)

X

Atraso nas

aprovações com

o Shopping

X

Continua

Page 138: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

137

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos / Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Coordenador

de expansão

da

franqueadora

OU

Franqueado

(postura

mais

protagonista

no processo

de

implantação)

Planejamento

até

Inauguração

da loja

Receber a obra no custo

combinado

Receber a obra com

qualidade

Aumento de

custo decorrente

de vício oculto

identificado após

demolição

X

X

X

Aumento de

custo devido a

exigências do

Shopping não

previstas no

Caderno Técnico

X

Aumento de

custo decorrente

a alterações de

projeto

X

Receber sistemas

com

funcionamento

inadequado

X

X

X

Danificar os

acabamentos por

falta de

planejamento das

etapas de obra

X

X

Receber sistemas

com avarias

devido a

retrabalhos e

alterações

X

X

X

Reprovação na

vistoria do

Shopping para

liberação da

inauguração da

loja

X

X

X

X

Não ter atraso na entrega

dos fornecedores

(marcenaria, comunicação

visual, decoração)

Retrabalhos

decorrente de

erros de projeto

X

X

Retrabalhos

decorrentes de

erros de

execução

X

X

Indisponibilidade

de recursos

(material, mão de

obra)

X

Continua

Page 139: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

138

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos / Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Coordenador

de expansão

da

franqueadora

OU

Franqueado

(postura

mais

protagonista

no processo

de

implantação)

Planejamento

até

Inauguração

da loja

Manter toda equipe

motivada durante o

processo de implantação

de nova loja

Falta de

alinhamento entre

os envolvidos

prejudicando a

qualidade da

entrega final

X

Necessidade de

substituição de

fornecedores por

incapacidade de

atender aos

requisitos do

projeto

X

X

Atrasos por falta

de

comprometimento

dos fornecedores

X

Manter o franqueado

informado sobre o

andamento do processo

Insatisfação do

franqueado com

a Marca

X

Falta de

alinhamento

sobre os

acontecimentos

X

Surpresa em

relação a custos

extras e/ou

atrasos

X

X

X

Gerenciar os custos /

Conseguir viabilizar a

implantação com a verba

que foi definida pela

Diretoria

Erro na previsão

de custos feita

pela Diretoria

X

X

Recursos

insuficientes para

implantação da

nova loja

atendendo aos

requisitos

X

X

Retrabalhos em

projeto para

adequação aos

recursos

previstos

X

Custos extras X

Indisponibilidade

de recursos

financeiros para

finalizar a obra

X

Continua

Page 140: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

139

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Coordenador

de expansão

da

franqueadora

OU

Franqueado

(postura mais

protagonista

no processo

de

implantação)

Planejamento

até

Inauguração

da loja

Gerenciar os prazos /

Conseguir atender ao

prazo combinado com o

Shopping

Multa por atraso X

Atraso por

retrabalhos na

fase de projeto e

obra

X

Atraso por

demora na

aprovação dos

projetos

X

Franqueado

(com mais

suporte e

estrutura da

franqueadora)

Administrativo

Contratual

com o

Shopping até

Inauguração

da loja

Inaugurar nova loja de

acordo com o custo e

tempo prometido pela

franqueadora

Desalinhamento

entre custo e

prazo reais para

a implantação em

relação ao que foi

prometido em

negociação com

a franqueadora

X

X

X

Necessidade de

aprovação de

custos extras

X

Atraso na

inauguração

X

Receber a loja com

qualidade nas soluções e

acabamentos

Problemas

funcionais

decorrentes de

erros de projeto

X

X

Receber

acabamentos

danificados por

descuidos na

obra

X

X

Operação da loja não

apresente problemas

decorrentes de serviços

mal executados na

reforma

Gastos extras

para correção

dos sistemas

inadequados

X

Necessidade de

manutenções

frequentes por

erros na

execução

X

X

Multas ou

notificações do

Shopping para

correção de

sistemas

X

X

Continua

Page 141: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

140

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Empresa

Construtora

Orçamentação

até

Inauguração

da loja

Entregar a obra

conforme contrato com o

cliente em relação a

tempo, custo e qualidade

Retrabalho por

erros na

execução

X

X

Retrabalho por

erros de projeto

X

X

Necessidade de

gastos extras

com imprevistos

X

X

Projeto

arquitetônico

com informações

incompletas

X

X

X

Entrega de itens

danificados por

falta de

planejamento

durante a obra

X

Entrega de

sistemas com

mal

funcionamento

decorrente de

retrabalhos ou

alterações

X

Demora no

retorno dos

projetistas ou

fornecedores

para solução de

problemas

X

Atender tecnicamente as

demandas do projeto

Falta de recursos

para atender aos

requisitos do

projeto

X

X

X

Não ter retrabalhos

durante o processo de

execução

Projeto

arquitetônico

com informações

em desacordo

com situação

existente

X

X

Execução antes

das aprovações

com o Shopping

X

X

Não ser

informado sobre

alterações no

projeto

X

X

Estar com projeto

desatualizado na

obra

X

X

Continua

Page 142: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

141

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Empresa

Construtora

Orçamentação

até

Inauguração

da loja

Montar cronograma /

planejar as atividades

para garantir o prazo de

entrega

Planejamento

incorreto da

ordem das

atividades

gerando

retrabalhos

X

X

Atraso na

execução por

problemas de

saúde do

funcionário

X

Atraso na

execução por

acidentes em

obra

X

X

Atraso por

mudanças no

projeto ou

especificações

X

X

X

Gerenciar os

fornecedores

Atraso na

entrega por

indisponibilidade

de materiais

X

Ausência de

alinhamento

prévio sobre a

demanda de

prazo do projeto

X

X

X

Problemas

contratuais e/ou

trabalhistas

X

X

Manter equipe engajada

com os objetivos do

projeto

Falta de

reconhecimento

dos envolvidos

X

X

Falta de

planejamento da

necessidade de

equipe gerando

sobrecarga nos

funcionários

X

X

Falta de

interação e

comunicação

entre obra e

demais

fornecedores

X

Paralização da

obra por

irregularidades

X

X

Continua

Page 143: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

142

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Empresa

Construtora

Orçamentação

até

Inauguração

da loja

Manter boa comunicação

com o setor de

arquitetura e manutenção

do Shopping

Dificuldade com

aprovação dos

projetos

X

Dificuldade com

vistoria pré-

inauguração

X

X

X

Projeto arquitetônico que

foi orçado seja o projeto

aprovado pelo Shopping

Erro na previsão

de custos

X

Escopo

incompleto no

orçamento

X

X

Custos extras

decorrentes de

solicitações feitas

pelo Shopping

X

Compatibilizar os

projetos para antecipar

interferências

Ausência de

compatibilização

gerando um novo

problema

X

X

X

Demora no

retorno dos

projetistas para

eventuais ajustes

X

X

Problemas no uso

e operação da

loja decorrentes

da ausência de

compatibilização

X

X

Manter o cliente e

arquiteto responsável

pelo projeto informados

sobre o andamento da

obra

Falta de

alinhamento das

responsabilidades

X

Insatisfação com

o serviço

prestado

X

Retrabalho por

erros na

execução após

loja finalizada

X

X

Garantir segurança na

execução das atividades

Acidente por falta

de equipamentos

de segurança

X

Acidente por falta

de conhecimento

das regras do

Shopping

X

Acidente por

atividades

sobrepostas

X

X

Acidente por falta

de comunicação

e organização

X

Continua

Page 144: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

143

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Empresa

Construtora

Orçamentação

até

Inauguração

da loja

Respeitar as regras do

Shopping (horário de

trabalho, atividades

permitidas)

Multas ou

notificações por

desrespeito ao

regulamento

interno do

Shopping

X

X

Paralização da

obra por

irregularidades

X

X

X

Emitir a documentação

de responsabilidade

necessária

Atraso no início

da obra por

demora no envio

da documentação

X

Receber os pagamentos

conforme acordado com

o cliente

Atraso na entrega

por falta de

pagamento dos

envolvidos

X

Fazer orçamento de

acordo com projeto

Ausência de

especificações /

informações no

projeto gerando

erro no custo

orçado

X

Ausência de

escopo e

requisitos

definidos para

correto

orçamento

X

X

X

Entregar os projetos com

soluções coerentes com

a demanda do

empreendimento

Falta de recursos

(materiais, mão

de obra) para

atender requisitos

do projeto

X

Retrabalho em

execução para

atendimento aos

requisitos do

projeto

X

X

X

Receber projeto

arquitetônico

desatualizado

X

X

X

Continua

Page 145: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

144

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Demais

projetistas

Projetos

executivos e

Aprovações

no Shopping

Entregar os projetos

de acordo com as

normas do Shopping

Retrabalho em

projeto

adequando às

exigências do

Shopping

X

X

Projeto

elaborado

seguindo

Caderno Técnico

desatualizado

X

X

Mudança nas

especificações

do Caderno

Técnico

X

Cumprir o prazo de

entrega combinado

Atraso na

entrega da obra

X X

Fazer as revisões

solicitadas pelo

Shopping com

agilidade

Demora na

revisão dos

projetos

impactando na

liberação para

obra

X

Emitir a

documentação de

responsabilidade

necessária

Atraso na análise

do projeto por

demora no envio

da

documentação

X

Fornecedores

Orçamentação

até

Inauguração

da loja

Atender aos requisitos

do projeto (soluções

técnicas)

Incapacidade

técnica de

atender os

requisitos do

projeto

X

X

Aumento no

custo decorrente

de

especificações

de projeto não

previstas

X

Executar o trabalho

conforme tempo

combinado em

contrato

Atraso na

entrega por

mudança no

projeto

X

Atraso na

entrega por

indisponibilidade

de material

X

Manter o valor do

orçamento aprovado

pelo cliente

Alteração de

valor por

mudança no

projeto

X

Continua

Page 146: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

145

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Fornecedores

Orçamentação

até

Inauguração

da loja

Entregar o produto com

qualidade

Falta de recurso

(material, mão de

obra) para

atender aos

requisitos do

projeto

X

Retrabalho com

acabamento por

falta de

planejamento na

obra / outro

fornecedor

estragou o

produto

X

X

Pró atividade em

propor soluções frente

a imprevistos

Demora ou

ausência de

soluções para

imprevistos

gerando

necessidade de

substituir o

fornecedor

X

X

Atraso na

entrega devido a

alteração por

imprevisto

X

Aumento no

custo decorrente

da solução para

o imprevisto

X

Garantir segurança na

execução das

atividades

Acidente por falta

de equipamentos

de segurança

X

Acidente por falta

de conhecimento

das regras do

Shopping

X

Acidente por

atividades

sobrepostas

X

Acidente por falta

de comunicação

e organização

entre os

envolvidos

X

Continua

Page 147: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

146

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Fornecedores

Orçamentação

até

Inauguração

da loja

Respeitar as regras do

Shopping (horário de

trabalho, atividades

permitidas)

Multas ou

notificações por

desrespeito ao

regulamento

interno do

Shopping

X

X

Paralização da

obra por

irregularidades

X

X

X

X

Emitir a documentação

de responsabilidade

necessária

Atraso no início

do serviço por

demora no envio

da

documentação

X

Manter o cliente,

construtora e arquiteto

informados

Insatisfação com

o serviço

prestado

X

Dificuldade com

gestão do

cronograma por

falta de

atualização

X

X

Shopping

(setor de

arquitetura e

manutenção)

Aprovações

no Shopping

até

Inauguração

da loja

Fazer análise dos

projetos (arquitetônico

e complementares)

Atraso no prazo

estipulado para

análise

X

Análise vir com

solicitações que

não estavam

especificadas no

Caderno Técnico

X

X

Projetos serem

entregues em

desacordo com

Caderno Técnico

X

Autorização para

entrada de prestadores

de serviço no Shopping

Impedimento de

acesso da

equipe de obra

devido a

problemas no

sistema de

autorização do

Shopping

X

Falha na

comunicação

sobre regras

para envio dos

dados (por onde

enviar, com

quanto tempo de

antecedência)

X

Continua

Page 148: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

147

Parte

Interessada

Processos

Objetivos /

Pressupostos /

Desafios

Riscos

Impactos

Te

mp

o

Custo

Qu

alid

ad

e

Op

era

çã

o

da

lo

ja

Se

gu

ran

ça

Rep

uta

çã

o

Shopping

(setor de

arquitetura e

manutenção)

Aprovações

no Shopping

até

Inauguração

da loja

Fiscalizar se a obra

está sendo feita de

acordo com as regras

do Shopping

Retrabalho

devido a

execução em

desacordo com

projeto aprovado

pelo Shopping

X

X

Novas

solicitações de

acordo com as

vistorias

X

X

Fazer teste dos

sistemas da loja para

aprovação da abertura

da loja

Multas ou

notificações

sobre

irregularidades

X

Retrabalhos por

erros na

execução

X

X

Fazer vistorias para

liberação da

inauguração da loja

Não abertura da

loja por

irregularidades

X

X

Retrabalhos por

problemas com

qualidade dos

serviços

executados

(pintura,

colocação de

piso)

X

X

X

X

Dar suporte durante

processo de

implantação para

eventuais dúvidas

Dificuldade na

comunicação

com o Shopping /

Indisponibilidade

para atendimento

X

Recebimento de

informações

divergentes de

funcionários do

Shopping

X

X

Processo de obra não

apresente riscos para o

funcionamento do

Shopping

Multas ou

notificações

decorrentes de

desobediência às

normas internas

X

Paralização da

obra

X

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Page 149: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

148

Ao analisar o levantamento de riscos genéricos, pode-se perceber a repetição

de um mesmo risco mapeado em momentos diferentes. Considerou-se coerente

elencar dessa maneira, pois os riscos, por mais que sejam repetidos, foram

identificados a partir de diferentes objetivos no que se refere às partes interessadas,

e processos distintos. Logo, há sentido em mantê-los mapeados em duplicidade.

Em relação a avaliação dos riscos, identifica-se que um mesmo risco pode ter

impacto em mais de uma área dos efeitos relacionados (tempo, custo, qualidade,

segurança, operação da loja e reputação). Dos 198 riscos listados, 70% possuem

impacto no tempo, 50% implicam em custo, 32% afetam a qualidade, 12% impactam

na operação da loja, 5% interferem na segurança e 23% prejudicam, em algum

nível, a reputação do agente envolvido. A Figura 17 apresenta um gráfico sobre a

quantidade de riscos que foram percebidos em cada impacto.

Figura 17 – Gráfico com a quantidade de riscos avaliados em cada impacto

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

A análise do gráfico apresentado revela que tempo e custo são as principais

consequências dos riscos mapeados, o que não significa que os riscos que

impactam na qualidade, na operação da loja, na segurança e na reputação não são

importantes e não devem ser tratados.

A identificação de que a maioria dos riscos inerentes a empreendimentos

rápidos de varejo em shopping centers tem impacto em tempo e custo embasou a

formulação das diretrizes que serão apresentadas a seguir e que foram pensadas de

modo a minimizar a exposição a tais riscos e, consequentemente, aumentar as

chances de sucesso do empreendimento.

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

Tempo Custo Qualidade Operaçãoda loja

Segurança Reputação

Quantidade de Riscos identificados

Quantidade de Riscos identificados

Page 150: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

149

5. RECOMENDAÇÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, com base nos estudos de caso apresentados, análises feitas e

referências bibliográficas aprofundadas, entende-se que existem algumas ações que

favorecem o sucesso na implantação de um empreendimento replicável de varejo

em shopping center. Dessa forma, propõem-se como diretrizes para facilitar a gestão

desse tipo de empreendimento e diminuir a exposição aos riscos inerentes da

tipologia, as seguintes ações:

• Apresentar a estrutura organizacional de forma clara: definição em relação

ao poder de decisão e responsabilidades dos agentes envolvidos no início do

processo;

• Garantir a clareza nos requisitos, objetivos e escopo do empreendimento;

• Promover o envolvimento do cliente no processo de projeto e execução;

• Fazer o planejamento do cronograma do processo como um todo na fase

inicial do projeto;

• Entender que o projeto rápido demanda colaboração entre as partes

envolvidas e boa comunicação entre elas;

• Garantir a clareza e agilidade no fluxo de informações e manter boa

comunicação durante o processo: a mensagem deve chegar a todos os

envolvidos de maneira rápida e direta. Atualizações diárias são necessárias

em projetos rápidos, já que as atividades acontecem sobrepostas e qualquer

imprevisto tem impacto em uma ou mais frentes;

• Contratar equipe multidisciplinar e incentivar o trabalho de forma colaborativa

e simultânea;

• Contratar equipe de projetos com experiência em projetos rápidos e dentro

de shopping center (equipe especializada na tipologia);

• Sempre que possível, aprovar os projetos com o Shopping antes do início da

obra;

• Considerar os riscos durante todo o processo do projeto e não somente no

início;

Page 151: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

150

• Contratar empresa construtora e fornecedores com experiência em projetos

de varejo, e equipe adequada para trabalhar dentro de shopping center,

dadas as restrições e peculiaridades;

• Considerar mudanças e imprevistos como inevitáveis, portanto, considerá-las

no início do planejamento do projeto como possíveis e quem será o

responsável por responder e decidir a solução, de acordo com a natureza do

problema;

• Solicitar à equipe de execução que confira no local, após demolição, todas as

medidas presentes no projeto, com o objetivo de identificar

incompatibilidades, como por exemplo, erros no levantamento técnico ou

vícios ocultos;

• Montar o planejamento rígido do cronograma na fase de execução para que

o encavalamento das atividades não prejudique os objetivos do

empreendimento;

• Criar banco de dados para lições aprendidas, pois quando se trabalha com

replicações, os processos são muito semelhantes e é possível, com o uso

das experiências anteriores, minimizar a exposição a riscos em projetos

futuros.

As recomendações propostas são diretrizes gerais para qualquer tipo de

projeto, porém se tornam mais especiais quando se trata de projetos rápidos.

Por fim, relacionando as duas entregas que compõem a conclusão do

trabalho, o Quadro 19 apresenta a vinculação das diretrizes aos riscos, buscando

evidenciar como as ações recomendadas impactam positivamente no tratamento de

riscos inerentes aos empreendimentos rápidos de varejo em shopping centers.

Page 152: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

151

Quadro 19 – Síntese do impacto positivo das diretrizes propostas nos grupos de riscos percebidos

Diretriz

Grupos de Riscos mitigados

Apresentar a estrutura organizacional de

forma clara: definição em relação ao poder de

decisão e responsabilidades dos agentes

envolvidos.

Atraso nas aprovações

Atraso nas entregas

Demora no retorno frente a imprevistos

Garantir a clareza nos requisitos, objetivos e

escopo do empreendimento.

Atraso na entrega do empreendimento

Custos extras durante a execução

Retrabalhos por falta de qualidade dos serviços

entregues

Promover o envolvimento do cliente no

processo de projeto e execução.

Retrabalho com revisão de projeto devido a

especificações inadequadas

Solicitação de mudanças por parte do cliente na

fase executiva

Insatisfação por parte do cliente com os

projetistas e fornecedores envolvidos

Fazer o planejamento do cronograma do

processo como um todo na fase inicial do

projeto.

Atraso na entrega do empreendimento

Retrabalhos por planejamento incorreto da

sobreposição de tarefas

Entender que todos os projetos demandam

colaboração entre as partes envolvidas e boa

comunicação entre elas, em especial os

projetos rápidos.

Retrabalho por falta de alinhamento entre projeto

e execução

Retrabalho decorrente de vício oculto identificado

e não comunicado

Garantir a clareza e agilidade no fluxo de

informações e manter boa comunicação

durante o processo: a mensagem deve

chegar a todos os envolvidos de maneira

rápida e direta. Atualizações diárias são

necessárias em projetos rápidos, já que as

atividades acontecem sobrepostas e qualquer

imprevisto tem impacto em uma ou mais

frentes.

Prejuízos em tempo, custo e qualidade por falha

na comunicação

Retrabalho em projetos

Retrabalho em execução/obra

Retrabalho nas entregas dos demais

fornecedores

Contratar equipe multidisciplinar e incentivar o

trabalho de forma colaborativa e simultânea.

Ausência de compatibilização na fase de projeto

Ausência de compatibilização na fase de obra

Contratar equipe de projetos com experiência

em projetos rápidos e dentro de shopping

center.

Retrabalho em projeto por falta de conhecimento

das regras internas do shopping

Atraso na entrega dos projetos

Fazer aprovação dos projetos com o

Shopping antes do início da obra.

Retrabalho em projetos

Retrabalho em execução/obra

Considerar os riscos durante todo o processo

do projeto e não somente no início.

Atraso na entrega do empreendimento por

imprevisto

Custos extras por imprevistos

Contratar empresa construtora e fornecedores

com experiência em projetos de varejo e

equipe adequada para trabalhar dentro de

shopping center, dadas as restrições e

peculiaridades.

Multas ou notificações por desrespeito ao

regulamento interno do Shopping

Paralização da obra por irregularidades

Continua

Page 153: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

152

Diretriz

Grupos de Riscos mitigados

Entender mudanças e imprevistos como

inevitáveis, portanto considerá-las no início do

planejamento do projeto como possíveis e

quem será o responsável por responder e

decidir a solução de acordo com a natureza

do problema.

Atraso nas aprovações

Demora no retorno frente a imprevistos

Solicitar para equipe de execução conferir no

local, após demolição, todas as medidas

presentes no projeto com o objetivo de

identificar incompatibilidades, como, por

exemplo: erros no levantamento técnico ou

vícios ocultos.

Retrabalho em execução/obra

Retrabalho nas entregas dos demais

fornecedores

Montar o planejamento rígido do cronograma

na fase de execução para que a sobreposição

das atividades não prejudique os objetivos do

empreendimento.

Retrabalhos por planejamento incorreto da

sobreposição de tarefas

Atraso na entrega do empreendimento por

planejamento incorreto da sobreposição de

tarefas

Criar banco de dados para lições aprendidas,

pois quando se trabalha com replicações os

processos são muito semelhantes e é

possível, com o uso das experiências

anteriores, minimizar a exposição a riscos em

projetos futuros.

Repetição de erros em projeto por falta de

histórico

Repetição de erros na execução por falta de

registros

Fonte: Elaborado pela autora (2021)

Analisando o Quadro 19, nota-se que as diretrizes propostas visam mitigar,

principalmente, retrabalhos em projeto, obra e entrega dos fornecedores. Isso ocorre

porque, a partir da observação dos estudos de caso apresentados e da experiência

profissional da autora, o cumprimento do prazo é o principal objetivo do

empreendimento rápido de varejo em shopping center; além disso, o retrabalho nas

atividades é um dos principais riscos que podem provocar atrasos na entrega do

empreendimento. Por essa razão, as proposições se resumem em ações que

buscam amenizar a exposição a esse risco.

Por fim, como considerações finais, percebe-se que gestão de riscos ainda

não é amplamente discutida no contexto da construção civil no Brasil, nem

tampouco praticada de forma estruturada. Observa-se que tanto a percepção de

riscos quanto o seu tratamento são feitos de forma intuitiva, subjetiva e sem

planejamento, conforme mencionado no guia PRAM (2018) e na ISO 31.000 (2018).

Page 154: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

153

No que diz respeito aos projetos rápidos na área de varejo dentro de shopping

center, a questão dos riscos se torna ainda mais delicada, uma vez que tratam-se de

processos cujo prazo para desenvolvimento das atividades é enxuto e há muitas

partes envolvidas, com requisitos a serem atendidos. Tais requisitos, entretanto,

nem sempre são claros, o que aumenta a complexidade do projeto e,

consequentemente, a exposição aos riscos.

Com base no estudo apresentado, conclui-se que, devido ao curto tempo

disponível para desenvolvimento de projeto e execução dos empreendimentos de

varejo em shopping center, não é possível realizar o processo de identificação e

gestão de riscos tradicional, que demanda tempo. Sendo assim, entende-se que

conhecer os riscos já é um grande passo para aprimorar a gestão do projeto e da

fase executiva.

Segundo o PRINCE2 (2017), não existe projeto isento de riscos. Não é

possível anulá-los, mas também não se pode ignorá-los. Por mais que o

conhecimento sobre o risco não o exima, considera-se de extrema importância que

os gestores de projetos levem em conta o potencial impacto que os riscos podem

acarretar no que se refere aos objetivos do projeto.

O resultado deste estudo consiste na proposição de diretrizes baseadas em

um mapeamento de riscos genéricos e recorrentes em empreendimentos de varejo

dentro de shopping center. Defende-se a ideia de que é possível, a partir de uma

lista genérica, aplicá-la em empreendimentos dessa tipologia, adequando-a às

especificidades de cada contexto. Para tanto, julga-se que o registro e formalização

dos riscos percebidos e a utilização dessa experiência em projetos futuros pode ser

o início de uma ferramenta que auxilie os gestores de projetos a gerenciarem os

riscos.

Portanto, conclui-se que, em processos rápidos de replicação, a criação de

um banco de dados com experiências anteriores para auxiliar na gestão de riscos

torna-se essencial, pois as lições aprendidas norteiam o olhar e a atenção do gestor

para problemas já ocorridos e que podem se repetir caso não sejam tratados no

início e durante o processo de projeto e execução.

Por falta de tempo, a avaliação com especialistas da área sobre os riscos

levantados e as diretrizes propostas não foi realizada. Então, pretende-se, em um

Page 155: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

154

segundo momento, dar continuidade às análises iniciadas neste estudo, avançando

para a validação da lista de riscos em um grupo focal, pois acredita-se que outras

experiências e percepções podem enriquecer a lista genérica (reforçando o caráter

ativo da proposição), além de avaliar os riscos e discutir probabilidade, impacto e

severidade dos riscos identificados.

Page 156: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

155

REFERÊNCIAS

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Page 160: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

159

APÊNDICE

APÊNDICE A: DIÁRIO DE BORDO CASO 01

Data Acontecimentos Envolvidos

19/08/2020 Pedido de proposta comercial para nova loja de 55m²

(coordenador de expansão enviou por e-mail com o

financeiro do escritório em cópia)

Coord. Expansão

Financeiro da empresa

de arquitetura

19/08/2020 Envio da proposta comercial + check list para medição Financeiro da empresa

de arquitetura

20/08/2020 Aprovação da proposta e envio de dados para o contrato Coord. Expansão

Financeiro da empresa

de arquitetura

21/08/2020 Envio do contrato para assinatura e retorno do contrato

assinado

Coord. Expansão

Financeiro da empresa

de arquitetura

23/08/2020 Medição técnica no local (empresa especializada) Fornecedor

26/08/2020 Recebimento e conferência da medição técnica: tudo ok

conforme check list. Formalização da data de entrega do

estudo de layout: 31/08

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

31/08/2020 Envio da proposta de layout Arquiteto responsável

Franqueadora

01/09/2020 Retorno sobre o layout enviado (solicitação de algumas

alterações) e reenvio do layout com modificações

solicitadas para nova aprovação. Aprovação do layout e

formalização da data de entrega do projeto pré-executivo:

08/09

Arquiteto responsável

Franqueadora

03/09/2020 Franqueadora manda um e-mail solicitando nova alteração

no layout (14h). O ajuste foi feito e o layout reenviado para

aprovação (16h). Aprovação formalizada (19h). Nesse

momento, o coordenador de expansão pede compreensão

do escritório de arquitetura para que não altere o prazo já

combinado para o projeto executivo, pois está com carência

de apenas 40 dias com o Shopping.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Franqueadora

04/09/2020 Retorno do escritório de arquitetura para o cliente falando

que manterá o prazo combinado devido a urgência, mas

reforça o prazo combinado em contrato de ser 7 dias após

aprovação final do layout.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Page 161: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

160

08/09/2020 Envio do projeto pré executivo R00 para aprovação no

Shoping e envio do detalhamento de marcenaria da loja

para orçamento.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

18/09/2020 Retorno da análise do Shopping (R00): projeto não liberado

para execução / necessário ajustes.

Arquiteto responsável

Shopping

21/09/2020 Envio do projeto revisado (R01) conforme solicitações

pedidas pela análise do Shopping. Orientação para o

coordenador de expansão que submeta novamente o

projeto para aprovação, mas que havia questões que

deveriam ser conversadas com o setor comercial do

Shopping, pois esbarravam em questões de contrato.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

22/09/2020 Revisão do projeto de marcenaria devido a impactos das

solicitações do Shopping.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

24/09/2020 Criação do grupo no whatsapp com a engenharia que fará a

obra para alinhamentos iniciais de autorização de equipe,

adesivagem de tapume. Quem participa do grupo:

arquitetura + coordenador de expansão da Marca + equipe

engenharia civil (dono da empresa, engenheiro da obra e

engenheiro de suprimentos)

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

25/09/2020 Engenharia mandou os nomes para autorização de entrada

dos prestadores de serviço para dia 26/09, porém o

shopping pede com 48h de antecedência o envio e não

sabiam se a autorização entraria no sistema a tempo.

Coord. Expansão

Shopping

Fornecedor

26/09/2020 Engenharia comunica via whatsapp que chegou com equipe

para trabalhar, mas não tinha a autorização, então a

demolição seria iniciada dia 28/09, segunda feira.

Coord. Expansão

Shopping

Fornecedor

28/09/2020 Início da demolição e recebimento do cronograma da

engenharia (previsão de término: 14/10)

Coord. Expansão

Fornecedor

28/09/2020 Retorno do shopping (análise R01 – liberado com

ressalvas), aprovando a parte de arquitetura e informando

que estão aguardando aprovação interna no departamento

de arquitetura do shopping sobre usar o nome fantasia na

logo.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Shopping

30/09/2020 Início da elétrica na obra e arquiteto pediu para incluir no

grupo a responsável da marcenaria neste momento (motivo:

em obras anteriores a infra de elétrica não estava

adequada, então colocando as meninas da marcenaria no

grupo houve um repasse do projeto de elétrica para alinhar

a questão das fontes de para fita de led e tipos de cabos

que precisam estar no local) – comentário importante: no

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedores

Page 162: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

161

projeto enviado já constam as solicitações da marcenaria,

porém nem sempre a leitura deste projeto é clara, por isso,

para evirar problemas na hora da montagem, tomou-se

como padrão colocar as equipe de marcenaria no grupo da

obra no momento em que a elétrica está sendo feita. Outra

informação importante: é sempre a mesma empresa de

marcenaria que faz a marcenaria, mas a obra civil não é a

mesma empresa, por isso, tantos desencontros de

informação.

01/10/2020 Cobrança no grupo (arquitetura + coordenador de

operações) para a engenharia enviar fotos do andamento

(todo o acompanhamento é feito de maneira remota)

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

05/10/2020 Envio das fotos e pontos de atenção: não foram

identificados nas fotos os pontos de elétrica para a

logomarca iluminada atrás do caixa, essa questão foi

levantada e engenharia falou que iria corrigir.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

06/10/2020 Envio de fotos pela engenharia mostrando o andamento e

tudo ok segundo o cronograma enviado.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

07/10/2020 Envio de fotos pela engenharia mostrando o andamento e

tudo ok + engenharia questiona arquitetura sobre

acabamento da soleira de entrada: no projeto está como

vulcanizado, mas no mercado também chamam de

levigado. O termo levigado era mais conhecido para eles e

encontraram o modelo especificado. Por isso, em projeto,

tomou-se como padrão para as próximas lojas escrever

“vulcanizado ou levigado”, pois até hoje não havíamos tido

problema com essa nomenclatura.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

08/10/2020 Envio de vídeo geral da loja mostrando que estão iniciando

a pintura (alinhado com o cronograma)

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

09/10/2020 Envio de fotos e vídeos para monitoramento do andamento.

Análise de que a obra está conforme cronograma

combinado.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

03/11/2020 Fim de obra e início de montagem de marcenaria (previsão

de conclusão em 2 dias)

Fornecedor

03/11/2020

a

05/11/2020

Montagem de marcenaria: identificou-se problemas com

dois pontos de elétrica para iluminação dos módulos não

estavam funcionando, mas equipe de elétrica sempre fica

acompanhando a instalação de marcenaria para eventuais

Fornecedor

Page 163: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

162

necessidades e corrigiram na hora. Outro problema: reforço

na parede de drywall do provador para pendurar espelho

não estava feito corretamente o que gerou problemas na

instalação do espelho (solução: abaixar altura do espelho

para acompanhar o reforço que foi feito errado).

06/11/2020 Limpeza fina e vistoria final do Shopping pré inauguração

(Shopping reclamou de acabamento de pintura da

caixilharia da fachada e algumas paredes da loja,

necessária correção para liberar inauguração). Nesse

mesmo dia a noite foram feitas as correções.

Franqueado

Shopping

Fornecedor

07/11/2020 Nova vistoria do Shopping liberando inauguração Shopping

08/11/2020 Inauguração da loja Franqueado

08/11/2020 Comunique-se do shopping alegando que acionador do ar-

condicionado não é o padrão aceito pelo shopping (sendo

que houve projeto complementar para isso e foi aprovado) –

cliente vai providenciar a troca e shopping dá 48h para

regularização (mediante multa por atraso).

Franqueado

Shopping

10/11/2020 Troca do acionador e solicitação de nova vistoria pelo

Shopping

Fornecedor

11/11/2020 Vistoria Shopping: aprovação do equipamento de ar-

condicionado que foi trocado

Shopping

Fornecedor

12/11/2020 Queda do letreiro da fachada e franquedo recebeu um

comunicado do shopping: fornecedor responsável pela

logomarca foi acionado para correção e no mesmo dia foi

corrigido.

Coord. Expansão

Arquiteto responsável

Fornecedor

02/12/2020 Comunique-se do Shopping falando sobre falha no sistema

de alarme contra incêndio na loja – necessária

regularização em 5 dias. Alega que o termovelocimetrico

não é adequado com as normas do shopping (neste caso,

esse equipamento foi reaproveitado da loja anterior, mas

em nenhum momento o shopping avisou sobre a troca)

Franqueado

Shopping

03/12/2020 Troca do equipamento de incêndio solicitado Fornecedor

04/12/2020 Nova vistoria Shopping: aprovação do equipamento que foi

trocado de prevenção contra incêndio.

Shopping

Fornecedor

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163

APÊNDICE B: DIÁRIO DE BORDO CASO 02

Data Acontecimentos Envolvidos

10/07/2020 Primeiro contato do franqueado com empresa projetista via

ligação telefônica, comunicando nova loja com 15m² e

solicitando proposta comercial para o projeto arquitetônico

Franqueado

Arquiteto responsável

10/07/2020 Envio da proposta comercial + check list para medição Franqueado

Departamento

financeiro empresa

projetista arquitetura

23/07/2020 Aprovação da proposta comercial e envio dos dados para

contrato

24/07/2020 Envio do contrato para assinatura

04/08/2020 Recebimento da medição técnica e análise da mesma pelo

arquiteto responsável. Identificação de informações faltando

na medição técnica, tais como: elevação da fachada,

desnível entre corredor do mall e contrapiso da loja, altura

da testeira da loja vizinha. Essa medição foi feita por um

engenheiro local, mas que não possui especialidade neste

serviço.

Franqueado

Arquiteto responsável

07/08/2020 Recebimento da medição técnica com as informações que

faltavam e envio do cronograma, sendo: 14/08 envio do

estudo de layout.

Franqueado

Arquiteto responsável

14/08/2020 Envio da proposta de layout para aprovação com a

franqueadora + franqueado em cópia para possíveis

colocações.

Franqueado

Franqueadora

Arquiteto responsável

18/08/2020 Aprovação da proposta pela franqueadora e formalização

da data da próxima entrega: 25/08 projeto pré executivo.

Franqueadora

Arquiteto responsável

25/08/2020 Envio do projeto pré executivo R00 Arquiteto responsável

28/08/2020 Franqueado manda um e-mail falando que esqueceu de

pedir micro-ondas, refrigerador e bebedouro com galão 20L

na área de apoio, no mesmo dia recebeu retorno

informando que o prazo para revisão do projeto são 3 dias,

então dia 01/09 seria enviada a versão atualizada com os

pontos solicitados e orientando que ele deveria reenviar

esta versão para os fornecedores que estão orçando e

também para o shopping (que ainda não retornou a análise)

Franqueado

Arquiteto responsável

09/09/2020 Retorno da análise do shopping com aprovação do projeto

de arquitetura, porém não liberando a obra porque o

franqueado não apresentou os projetos técnicos. Esse

Shopping só permite entrada na obra com os

complementares aprovados (isso não é um padrão, cada

Franqueado

Arquiteto responsável

Shopping

Page 165: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

164

centro comercial tem uma regra).

25/09/2020 Cliente solicita ajuda da empresa projetista contando que o

shopping liberou abertura de porta no fundo da loja para

acesso direto ao estacionamento dos lojistas e que isso ia

ajudar ele com entrega de fornecedores (estoque da loja).

Questiona a viabilidade de atualização dessa questão em

projeto e ele é aconselhado pelo arquiteto de que fosse feita

sim a porta para facilitar no uso e operação da loja.

Combinou-se, portanto, de enviar a revisão em 3 dias.

Franqueado

Arquiteto responsável

Shopping

28/09/2020 Envio da revisão R01 do projeto pré-executivo (necessária

por alteração do cliente), o que foi revisado: inclusão da

porta de acesso no fundo da loja. Orientação de que é

preciso reenviar para o Shopping analisar novamente o

projeto.

Franqueado

Arquiteto responsável

05/10/2020 Retorno do shopping com aprovação final do shopping em

cima da última revisão do projeto de arquitetura e reforço no

comunicado que obra só pode começar com os

complementares aprovados. Os projetos técnicos são feitos

pela construtora a ser contratada e o franqueado pediu

indicação de engenheiro que faça, pois ele fará obra com

empreiteiro e o empreiteiro não faz projeto complementar.

Franqueado

Arquiteto responsável

Shopping

06/10/2020 Envio de indicação de engenheiro que faz projeto

complementar (prazo do engenheiro é de 5 dias).

Franqueado

Arquiteto responsável

06/10/2020

a

20/10/2020

Franqueado não fala mais nada e não responde às

mensagens que são enviadas 1x por semana perguntando

o status e se precisa de ajuda com alguma coisa.

Franqueado

Arquiteto responsável

20/10/2020 Franqueado responde que estava aguardando aprovação

do shopping em cima dos projetos técnicos (era para ser

em 7 dias e demoraram 15 dias).

Franqueado

Arquiteto responsável

27/10/2020 Arquiteto responsável entra em contato para saber se o

franqueado já tinha previsão de início da obra ele falou que

ainda não, porque estava sem dinheiro em caixa para

contratar marcenaria (solicitou se tinha alguma alternativa

em acabamento para redução de custo e foi mudado os

móveis que eram laqueados para fórmica em cor

semelhante) e também estava com dificuldade de comprar

drywall (em falta no mercado), mas que os projetos no

shopping estavam tudo ok e equipe de obra contratada

(informa que vai adiar um pouco o início).

Franqueado

Arquiteto responsável

12/11/2020 Franqueado informa o início da obra e previsão de Franqueado

Page 166: NATASHA BALTHAZAR - poli-integra.poli.usp.br

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inauguração para 27/11. Arquiteto responsável

12/11/2020

a

26/11/2020

Franqueado não responde frequentemente às mensagens

que são enviadas pelo arquiteto pedindo atualização do

andamento ou para mandar fotos e poder acompanhar

execução (antecipando possíveis problemas). Quando

respondeu, ele fala que a loja irá atrasar porque fornecedor

de marcenaria estava com dificuldade de encontrar a

fórmica vinho especificada.

Franqueado

Arquiteto responsável

Fornecedor

26/11/2020 Envio das fotos com a loja quase pronta, mas estava

questionando sobre solução para barrar sol dentro da loja (a

loja fica em galeria e tem a marquise da própria galeria,

sendo proibida qualquer solução de toldo). Por conta dessa

informação no caderno técnico, franqueado foi orientado a

conversar com a administração do shopping e levar o

problema, se eles autorizassem, empresa de arquitetura

faria o desenho do toldo para ele.

Franqueado

Arquiteto responsável

Shopping

27/11/2020 Início da montagem de marcenaria (5 dias atrasada) e teve

problema com a obra não fazer reforço para prateleira

suspensa na área de loja, o que impossibilitou a instalação

da mesma já que a parede tinha revestimento cerâmico e

não dava para abrir para colocar o reforço, ou seja,

franqueado comprou a prateleira e não conseguirá instalar).

Outro problema identificado: pontos de elétrica em locais

diferentes do solicitado em projeto.

Franqueado

Fornecedores

29/11/2020 Shopping dá retorno de que não é permitido nenhum tipo de

toldo (franqueado não viu isso antes de alugar o ponto e

agora não tem solução)

Franqueado

Shopping

30/11/2020 Vistoria pré inauguração: Shopping solicita melhoria na

pintura de duas paredes, que estavam com bolhas e tinta

falhada.

Franqueado

Shopping

Fornecedor

03/12/2020 Nova vistoria do Shopping: liberação para inauguração. Franqueado

Shopping

Fornecedor

04/12/2020 Inauguração da loja: abertura para o público. Franqueado

Shopping

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ANEXOS

ANEXO A: ANÁLISE DO SHOPPING (CASO 01)

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169

ANEXO B: NOTIFICAÇÃO PARA REGULARIZAÇÃO (CASO 01)