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O TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO SUS: Uma
experiência no CAPS AD III - Marajoara
Luciana Prata Gouvêa
Discente Concluinte do CEDF/UEPA [email protected]
Natália Nascimento do Espírito Santo Discente Concluinte do CEDF/UEPA
[email protected] Emerson Duarte Monte
Professor Doutor Orientador do CEDF/UEPA
Resumo: Este artigo apresenta como objeto de pesquisa o trabalho do professor de Educação Física em uma das estruturas do Sistema Único de Saúde. Tem como objetivo descrever e analisar o trabalho do professor de Educação Física no SUS, inserido na equipe multiprofissional do CAPS AD III – Marajoara, em Belém do Pará. Trata-se de uma pesquisa no nível descritivo, de caráter qualitativo, e utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestrutura e observação participante junto à equipe multiprofissional, assim como entrevista semiestruturada com os usuários do serviço. Constatou-se que a articulação do professor de Educação Física no interior da equipe multiprofissional é bem desenvolvida, com a aceitação por parte dos demais membros da equipe e compreensão da necessidade da presença do professor de Educação Física no espaço do CAPS. Palavras-chave: Sistema Único de Saúde. Centro de Atenção Psicossocial. Educação Física. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa investiga, por meio da saúde mental, o trabalho do professor
de Educação Física no Sistema Único de Saúde (SUS) que, segundo o Ministério de
Saúde (2004), é "Um sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral,
universal e igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial
aos transplantes de órgãos". Sistema esse outorgado pela Constituição Federal de
1988 e regulamentado por meio da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Nessa perspectiva, a saúde mental é uma das áreas ligadas ao SUS e, após
a reforma psiquiátrica, na década de 1980, as pessoas com sofrimento mental
passaram a receber atenção com natureza distinta daquelas empreendidas no
interior dos clássicos manicômios. Após a conquista desses direitos, é que surgem
os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são definidos pelo Ministério da
Saúde (2004, p. 13) como um lugar de referência e tratamento para pessoas que
sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros.
2
O primeiro CAPS do Brasil foi aberto em março de 1986, na cidade de São
Paulo. A criação desse CAPS e de tantos outros fez parte de um intenso movimento
social, iniciado pelos trabalhadores da saúde mental, em busca da melhoria na
seguridade social do Brasil e da denuncia sobre a precária situação dos hospitais
psiquiátricos, que ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de
transtornos mentais, e que modificou por completo a concepção de saúde mental.
Tendo como aprofundamento da pesquisa o CAPS AD, que é especifico para
tratar dependentes químicos, entende-se que a dependência química (DQ) é
considerada uma Patologia não apenas de ordem médica e psiquiátrica, que se
instala quando o indivíduo faz uso abusivo de determinada substância psicoativa,
passando a organizar seu cotidiano especificamente para o consumo da mesma,
tornando-a a sua única forma de prazer, a qual o leva a um progressivo isolamento
e, ainda, a consequentes implicações de ordem social, psicológica, econômica ou
política. (ESCOLA, 2003 apud CABRAL; CUNHA; OLIVEIRA, 2009, p. 129)
No estado do Pará, tem-se o CAPS AD III – Marajoara, localizado no bairro da
Marambaia, em Belém (PA), desde agosto de 2006, vinculado ao 1º Centro Regional
de Saúde da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (SESPA). Este CAPS atende
usuários de álcool e outras drogas, destinado a proporcionar atenção integral e
contínua a pessoas de qualquer município do Estado do Pará.
O CAPS AD III – Marajoara possui uma equipe multiprofissional formada por
psicólogos, professores de educação física, médicos, enfermeiros e terapeutas
ocupacionais de plantão, zelando pelo bem-estar e mudança de vida dos usuários.
Assim, materializa-se o trabalho do professor de Educação Física no interior do
SUS, por meio da estrutura dos CAPS.
A partir dessa realidade dos CAPS articulada com a inserção do professor de
Educação Física em equipes multiprofissionais, nesse campo de intervenção, é que
se formula a seguinte pergunta científica: De que modo o Professor de Educação
Física, inserido na equipe multiprofissional, pode contribuir para o processo
de reinserção social dos DQ do CAPS AD III – Marajoara?
Como desdobramento do problema de pesquisa, tem-se a formulação de
algumas questões norteadoras, conforme seguem: 1. Quais relações são
estabelecidas entre a professora de Educação Física e a equipe multiprofissional do
CAPS AD III – Marajoara? 2. Como se processa a efetivação das ações da
professora de Educação Física a partir dos objetivos do CAPS AD III – Marajoara?
3
Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo geral descrever e analisar de que
modo ocorre a reinserção social dos dependentes químicos considerando a
intervenção do professor de Educação Física inserido na equipe multiprofissional do
CAPS AD III – Marajoara.
Os objetivos específicos são: 1. Descrever o cotidiano da professora de
Educação Física e seu envolvimento na equipe multiprofissional do CAPS AD III –
Marajoara; 2. Compreender de que forma ocorre a prática da professora de
Educação Física com vistas a garantir o processo de reinserção social do DQ.
A escolha do presente tema foi feita com base na experiência adquirida ao
longo do Curso de Educação Física, despertada nas aulas de fundamentos
psicológicos, em que foi possibilitado conhecer um pouco mais sobre o
funcionamento da mente humana além de entender como a Educação Física pode
contribuir para o bem-estar do ser humano.
Tendo em vista que a dependência química afeta 5% da população mundial,
segundo dados do Relatório Mundial sobre Drogas 2014, divulgado pelo Escritório
das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), esta pesquisa ganhar
relevância social. Seus danos não são apenas físicos, mas principalmente sócio
psicológico, aonde os principais afetados são os jovens, visto que buscam,
incessantemente, liberdade, experiências novas, prazeres físicos e emocionais.
Portanto, esta pesquisa busca contribuir para a quebra do preconceito a
respeito do campo de atuação do professor de Educação Física, hoje,
erroneamente, atrelado apenas a aptidão física. Assim como, demonstrar sua
contribuição na reinserção de dependentes químicos na sociedade e na melhora da
autoestima deles, quando inserido numa equipe multiprofissional, aumentando o
escasso acervo teórico a respeito da sua inserção nestas equipes.
A presente pesquisa se encontra no nível descritivo, que conforme Gil (2008,
p. 28) tem como objetivo principal a descrição das características de determinada
população, fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas
características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de
coleta de dados. Sendo assim, pretende-se descrever o trabalho da professora e
analisar como tais atividades podem acrescer, em conjunto com a equipe
multiprofissional, o trabalho de ressocialização dos DQ do CAPS AD III.
Esta pesquisa se configura como qualitativa, pois a partir da descrição do
trabalho da professora de Educação Física do CAPS AD III – Marajoara, por meio do
4
contato direto e interativo com o objeto de pesquisa, pretende-se interpretar os
dados objetivos e subjetivos coletados buscando analisar como o trabalho realizado
pela professora de Educação Física, junto com a equipe multiprofissional deste
espaço, contribui para a ressocialização dos DQ. (NEVES, 1996, p. 1)
Tendo por base o fato que essa pesquisa se preocupará em analisar como a
Educação Física colabora para a reconstrução das relações sociais durante o
tratamento, Minayo (2014, p. 46) afirma que entrar no campo da pesquisa social é
penetrar no mundo polêmico onde há questões não resolvidas e onde o debate tem
sido perene e não conclusivo.
Sabendo-se que essa pesquisa será realizada no CAPS AD III – Marajoara
que é uma estrutura do SUS ligada à saúde mental, Minayo (2014, p. 47) a
conceitua como pesquisa social em saúde, por se tratar de uma investigação sobre
o fenômeno saúde/doença e de sua representação pelos vários atores que atuam no
campo: as instituições políticas e de serviços e os profissionais e usuários.
A coleta de dados ocorreu por meio da observação das atividades realizadas
pela professora de Educação Física do CAPS AD III – Marajoara, além de
entrevistas semiestruturadas realizadas com sete membros da equipe
multiprofissional lotados no horário da tarde, incluindo a professora de Educação
Física. Também foram entrevistados 10 usuários que fazem tratamento diário.
A análise dos dados se deu a partir da observação do trabalho realizado pela
professora e da intervenção das pesquisadoras em torneios, atividades culturais,
seminários e nas oficinas da mesma. As respostas obtidas por meio das entrevistas
realizadas com a equipe e com os usuários também foram analisadas e organizadas
a partir de categorias oriundas dos conteúdos das entrevistas.
1. MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA E A CRIAÇÃO DO SUS
A ideia de reforma sanitária surgiu com a criação do Centro Brasileiro de
Estudos de Saúde (CEBES) em julho de 1976, durante a 32ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na
Universidade de Brasília (UnB). (PAIM, 2007, p. 78)
Em 1979, o CEBES apresentou no I Simpósio de Política Nacional de Saúde
da Comissão de Saúde o documento “A Questão Democrática da Saúde”, que
5
propôs a criação do SUS. Em 19851, foi convocada a 8ª Conferência Nacional em
Saúde (CNS) pela Presidência da República, solicitada pelo ministro da saúde. A 8ª
CNS ocorreu em julho de 1986 e trazia consigo três eixos básicos: “Saúde como
direito inerente à cidadania, reformulação do sistema nacional de saúde e
financiamento do setor saúde”. (PAIM, 2007, p. 92)
Como uma pauta da Reforma Sanitária à reformulação do sistema nacional
de saúde, foi proposto a criação do Sistema Unificado de Saúde que deve assegurar
autonomia política, administrativa e financeira aos estados e municípios, definindo-
se as responsabilidades por nível de governo. (SOUZA, 1987, p. 143 apud PAIM,
2007, p. 100-101)
Segundo Escorel (1995, p. 141), o CEBES foi considerado "[...] uma pedra
fundamental, embora não a única, do movimento sanitário como movimento social
organizado." Com base nos debates sobre saúde proporcionados pelo CEBES,
constituiu-se a ideia da Reforma Sanitária que teve importante fundamentação na
concepção de sociedade de matriz marxista. Paim (2007, p. 77) destaca que a partir
desse momento começava a se elaborar a proposta da Reforma Sanitária, que
enfatizava a unificação dos serviços, a participação dos usuários, a ampliação do
acesso e a qualidade da atenção. Entre os obstáculos para a sua consecução
estava as atividades lucrativas ligadas à saúde, como as empresas e cooperativas,
as indústrias farmacêuticas e alimentícias, bem como as vinculadas aos
equipamentos hospitalares e instrumentos médicos.
A Constituição da República Federativa do Brasil, aprovada em 1988, a partir
de ampla participação da sociedade, garantiu a saúde como um direito do cidadão,
de caráter universal, assim como a educação, a moradia, o transporte, enfim, um
conjunto de direitos sociais até então ainda não consolidados na sociedade
brasileira.
Desta forma, em 19 de setembro de 1990, o SUS foi regulamentado por meio
da Lei Federal de nº 8.080, denominada de Lei Orgânica da Saúde. De acordo com
a Lei nº 8.080/90, o SUS consiste em um sistema gratuito, que é formado por uma
rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, que possui uma
direção única em cada esfera do governo e sob controle de seus usuários. Ele se
1 O regime militar chega ao fim assim como algumas estruturas políticas autoritárias e o Congresso se encarrega de criar uma nova constituição pautada nos princípios democráticos.
6
alicerça em três princípios: universalidade, integralidade e equidade. (MS, 2004,
p. 13)
O SUS apresenta como seu eixo norteador a Atenção Primária em Saúde
(APS), que visa intervir nos determinantes sociais de saúde e possibilita uma
compreensão ampliada do processo saúde/doença. Em 1994, o governo federal
criou o Programa Saúde da Família (PSF)2 que, em 1997, passou a ser chamado de
Estratégia Saúde da Família (ESF), tendo como objetivos: a prática de saúde
humanizada por meio do vínculo entre profissionais de saúde e a população, a
prestação de assistência integral e com ênfase às necessidades da população; a
intervenção sobre os fatores de risco que a população está exposta, fazendo com
que a saúde seja reconhecida como um direito de cidadania. Com a ESF, vieram as
Unidades Saúde da Família (USF), que conta com uma equipe multiprofissional,
composta por um agente comunitário de saúde, um médico da família, um
enfermeiro ou técnico de enfermagem e um odontólogo. (SCHUH, 2015)
Como forma de ampliar a abrangência a ESF, o Ministério da Saúde criou o
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que foi instituído por meio da Portaria
do Gabinete do Ministro do Ministério da Saúde (GM/MS) nº 154, de 24 de janeiro de
2008. O NASF deve ser constituído por equipes multiprofissionais, para atuarem em
parceria com os profissionais das Equipes Saúde da Família, compartilhando as
práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das ESF no qual o NASF
está cadastrado. (BRASIL, 2008)
A priori, O NASF3 estava classificado em duas modalidades: NASF 1 e NASF
2. Mas, de acordo com Lima (2013), em 2010, a partir da Portaria GM/MS nº 2.843,
de 20 de setembro de 2010 foi criado o NASF 34, mas, em 21 de outubro de 2011,
por meio da Portaria GM/MS nº 2.488 as competências do NASF 3 foram
incorporadas pelo NASF 2. Em 2012, a partir da Portaria GM/MS nº 3.124, de 28 de
dezembro de 2012, o NASF 3 ressurge para, em conjunto com as modalidades
2 O PSF veio para implementar a atenção básica e contribuir para a qualidade de vida da população, considerando que a atenção primária é fundamental para que os cuidados em saúde alcancem grande parte da população. (SCHUH, 2015) 3 O NASF tem por diretriz desenvolver, coletivamente, ações que se integrem a outras políticas sociais, tais como: educação, esporte, cultura, trabalho, lazer, entre outras; promover gestão integrada participando dos Conselhos Locais e/ou Municipais de Saúde. (LIMA, 2013, p. 125) 4 O NASF 3 buscou promover a atenção integral em saúde e saúde mental, prioritariamente, para usuários de crack, álcool e outras drogas na Atenção Básica para municípios com porte populacional menor que vinte mil habitantes. (LIMA, 2013, p. 125)
7
NASF 1 e 2, possibilitar a universalização destas equipes para todos os municípios
do Brasil que possuem Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de Atenção Básica
para populações específicas.
Mesmo com os avanços do SUS, o sistema ainda apresenta muitas
dificuldades, segundo SILVA (2016, s/p.), para alguns autores, ainda se constata
uma profunda lacuna entre teoria e prática, pois, o que está no papel não condiz
com as práticas cotidianas do SUS.
1.1 O trabalho do professor de Educação Física no SUS
O atual nível de desenvolvimento das sociedades compreende que o
exercício físico contribui, sobremaneira, como um dos fatores que possibilitam a
melhora da condição de saúde. Nessa perspectiva é que se compreende a validade
da inserção da Educação Física no interior da estrutura do SUS.
Conforme Gomes (2013, p. 24), a Educação Física se tornou uma profissão
da área da saúde em 1998, mas apenas em 2008 ela passou a fazer parte das
políticas de saúde do SUS, por meio do NASF, se fazendo presente no NASF 1,
NASF 2 E NASF3.
Quando se fala sobre a atuação do professor de Educação Física na ESF,
Lucena et al. (2009, p. 89-90 apud SILVA; FIGUEIREDO, 2015, p. 79) destaca a
promoção de exercícios físicos, desportos, lazer recreação nos grupos existentes
nas unidades básicas de saúde, onde e atua junto aos outros profissionais de saúde
apoiando ou organizando esses grupos composto por idosos, Hanseníase, Diabetes,
Gestantes, atuando também com grupos de risco para alcoolismo, drogadição nos
CAPS/AD - Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas, a gravidez na
adolescência, contribuindo para construção de alternativas e perspectivas de vida,
de forma interdisciplinar e intersetorial. Devem colaborar e executar também,
programas e projetos para promoção de estilo de vida saudável: ocupação do tempo
ocioso e lazer, reflexão crítica sobre as atividades da vida diária. Contribuindo para
formação integral de crianças, jovens, adultos e idosos no sentido da construção de
cidadãos autônomos e conscientes, através da atividade física (dança, desporto,
atividades lúdicas e lazer).
8
O professor de Educação Física se inseriu de modo significativo nas equipes
multiprofissionais do NASF. De acordo com Martinez, Silva e Silva (2014), esse
profissional ocupara a quinta posição dentro das equipes do NASF I e NASF II.
A partir do que foi abordado sobre a atuação do professor de Educação
Física5 nas estruturas do SUS, conforme Silva e Figueiredo (2015, p. 79), cabe a
eles a missão de desenvolver e realizar ações que estimulem a prática de atividades
físicas junto a diferentes grupos, principalmente, direcionada para aqueles
considerados como sendo de riscos.
Dentro dessa perspectiva o professor de Educação Física atua também no
CAPS AD, pois a atividade física também é apontada como um dos mecanismos
capazes de contribuir para a superação dos problemas relacionados ao álcool e às
drogas.
Desta forma, conclui-se que o trabalho do professor de Educação Física é um
trabalho essencial dentro do SUS. Silva e Figueiredo (2015) destacam que o
professor de Educação Física para atuar especificamente na Saúde Pública,
necessita de uma formação que privilegie a interdisciplinaridade, que oriente tal
profissional para atuar de forma multidisciplinar. Desta forma o professor de
Educação Física necessita de uma formação continuada, para que adquira os
conhecimentos necessários ao desenvolvimento de uma melhor ação, capaz de
contribuir para a melhoria da qualidade da população assistida.
2. LUTA ANTIMANICOMIAL E CRIAÇÃO DOS CAPS
No Brasil, o asilamento e a hospitalização6 eram os modelos de assistência
psiquiátrica propostos pela Constituição Federal de 1934, visando garantir a
segurança da ordem e da moral pública.
De acordo com Gonçalves e Sena (2001, p. 49) foi estabelecido “o diferente”,
5 É a formação generalista apresentada pelo professor de Educação Física que favorece a sua inserção na ESF, pois ele possui, além do domínio da teoria, um rico conhecimento que possibilita o desenvolvimento de uma prática educativa, capaz de proporcionar bons resultados, independente do público alvo. (MOREIRA 2007, apud SILVA; FIGUEIREDO, 2015, p. 79) 6 Os hospícios tinham por função de exilar todos os tipos de “marginais”: leprosos, prostitutas, ladrões, loucos e todos aqueles que simbolizavam ameaça a lei e a ordem social. Ademais, devido à falta de conhecimento e estudos médico-científicos a loucura, no período citado, não tinha uma conotação de ordem patológica sendo, portanto, considerado o louco como um transgressor. (AMARANTE, 1998, p. 24)
9
aquele que não segue o padrão de comportamento que a sociedade define, assim o
doente mental, foi excluído e afastado dos donos da razão. Devido à falta de
humanização no tratamento dos "loucos" estes eram privados de exercer sua
cidadania. Por esse motivo, durante o período da Ditadura Militar, houveram
intensas privatizações e galpões se tornaram "enfermarias" e a "indústria da loucura"
fez o número de leitos saltar em, aproximadamente, 20 vezes. Dessa forma,
constatou-se que o modelo asilar e manicomial era quase universal e que milhares
de pessoas eram abandonadas em macroinstituições financiadas pelo poder público,
ao passo que os investimentos no setor de saúde pública diminuíam. (AMARANTE,
2006)
Em 1978, o Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro (bairro da
cidade do Rio de Janeiro), sofreu uma denúncia por parte de seus funcionários por
violar os direitos humanos de pessoas lá internadas, "usuários psiquiátricos" sofriam
maus-tratos e presos políticos eram torturados. Foram demitidos 263 profissionais
que se posicionaram a favor da denúncia. Assim nasceu o movimento de
trabalhadores da saúde mental, que 10 anos depois se tornaria o movimento de luta
antimanicomial, o mais importante movimento social pela reforma psiquiátrica e pela
extinção dos manicômios. (AMARANTE, 2006)
Em 1979, Franco Basaglia7 veio ao Brasil e visitou o Hospital Colônia de
Barbacena, um dos mais cruéis manicômios brasileiros. Suas visitas influenciaram
de modo excessivo na trajetória da nossa reforma psiquiátrica, pois este comparou o
Hospital Colônia de Barbacena a um campo de concentração, reforçando as
denúncias de violência.
Em 1989, o deputado federal Paulo Delgado apresentou o Projeto de Lei n.
3.657/1989, cuja justificativa fazia menção explícita à lei italiana 180, inspirada na
experiência de Basaglia, que determinava a extinção dos manicômios e a
substituição do modelo psiquiátrico por outras modalidades de cuidado e
assistência8.
Depois de aprovado na Câmara dos Deputados, em 1991, o Projeto de Lei n.
7 Responsável por fundar o Movimento da Psiquiatria Democrática e liderar as mais importantes experiências de superação do modelo asilar-manicomial. 8 O caráter revolucionário dessa nova forma de cuidado estava expresso não apenas pelos novos serviços que substituíam os manicômios, mas pelos mais variados dispositivos de caráter social e cultural, que incluíam cooperativas de trabalho, ateliês de arte, centros de cultura e lazer, oficinas de geração de renda, residências assistidas, entre outros. (AMARANTE, 2006, s/p).
10
3.657/89, tramitou no Senado, entretanto, apenas em janeiro de 1999 foi aprovado
um projeto substitutivo, que aperfeiçoou em muitos aspectos o modelo assistencial
psiquiátrico brasileiro dispondo sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos psíquicos.
No início dos anos 1990, o campo da saúde mental construía a reforma
psiquiátrica brasileira que tinha como uma de suas vertentes mais importantes a
desinstitucionalização do manicômio, quebrando os paradigmas que o sustentavam:
O que se espera da reforma psiquiátrica não é simplesmente a transferência do doente mental para fora dos muros do hospital, “confinando-o” à vida em casa, aos cuidados de quem puder assisti-lo ou entregue à própria sorte. Espera-se, muito mais, o resgate ou o estabelecimento da cidadania do doente mental, o respeito a sua singularidade e subjetividade, tornando-o sujeito de seu próprio tratamento sem a ideia de cura como o único horizonte. Espera-se, assim, a autonomia e a reintegração do sujeito à família e à sociedade. (GONCALVES; SENA, 2001, p. 51).
Ao observar os ideais de reconstrução da assistência psiquiátrica, fruto de
uma intensa luta de profissionais que trabalhavam com saúde mental, insatisfeitos
com a assistência no Brasil e as condições precárias dos hospitais psiquiátricos, é
que surge o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)9 em São Paulo,
regulamentados conforme a Portaria n. 336, de 19 de fevereiro de 2002, com o
intuito de substituir o modelo manicomial, oferecendo serviços de forma estratégica
integrando o indivíduo segregado, até então, da sociedade à comunidade.
3. ESTRUTURA DOS CAPS
Os CAPS devem contar com espaço próprio e adequadamente preparado
para atender à sua demanda específica, sendo capaz de oferecer um ambiente
continente e estruturado com, no mínimo, os seguintes recursos físicos: consultórios
para atividades individuais (consultas, entrevistas, terapias); salas para atividades
grupais; espaço de convivência; oficinas; refeitório (o CAPS deve ter capacidade
para oferecer refeições de acordo com o tempo de permanência de cada usuário na
unidade); sanitários; área externa para oficinas, recreação e esportes. (MS, 2004)
9 Os CAPS buscam, diariamente, por meio de seus inúmeros serviços, reestruturar o indivíduo para que ele possa interagir de forma plena na sociedade novamente, evitando internações e favorecendo o exercício da cidadania e da inclusão social dos usuários e de suas famílias. (MS, 2004; GUEDES et al., 2010)
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Os CAPS diferenciam-se um do outro por sua estrutura física e
funcionamento como pode ser observado no quadro abaixo.
Quadro 1 - As características de cada tipo de CAPS
Fonte: Ministério da Saúde (2004, p. 22).
O atendimento no CAPS é dividido em intensivo, semi-intensivo e não
intensivo. O atendimento Intensivo: trata-se de atendimento diário, oferecido em
situação de crise ou dificuldades intensas no convívio social e familiar. No semi-
intensivo o usuário pode ser atendido até 12 dias no mês e é oferecido quando o
sofrimento e a desestruturação psíquica da pessoa diminuíram. O atendimento não-
intensivo é oferecido quando a pessoa não precisa de suporte contínuo da equipe
para viver em seu território e realizar suas atividades na família e/ou no trabalho,
podendo ser atendido até três dias no mês. Todos esses atendimentos podem ser
realizados em domicilio. O acolhimento noturno e a permanência nos fins de semana
devem ser entendidos como mais um recurso terapêutico, visando proporcionar
atenção integral aos usuários dos CAPS e evitar internações psiquiátricas. (MS,
2004)
Tipo Função Nº de
Habitantes por região
Funcionamento
CAPS I Atendimento diário de adultos,
com transtornos mentais severos e persistentes
Municípios com população entre 20.000 e 70.000
habitantes
Das 8 às 18 horas De segunda a sexta-feira
CAPS II Atendimento diário de adultos,
com transtornos mentais severos e persistentes
Municípios com população acima
de 200.000 habitantes
24horas, diariamente, também nos feriados e
fins de semana
CAPS III
Atendimento diário e noturno de adultos com transtornos mentais severos e persistente, durante
sete dias da semana
Municípios com população acima
de 200.000 habitantes
Funciona 24 horas, diariamente, também nos feriados e fins de semana
CAPSi Atendimento diário a crianças e adolescentes com transtornos
mentais
Municípios com população acima
de 200.000 habitantes
Das 8 às 18 horas de segunda a sexta-feira,
mas pode ter um terceiro período, funcionando até
21 horas
CAPS AD
Atendimento diário à população com transtornos decorrentes do
uso e dependência de substâncias psicoativas, como
álcool e outras drogas
Municípios com população acima
de 100.000 habitantes
Das 8 às 18 horas de segunda a sexta-feira pode ter um terceiro
período, funcionando até 21 horas
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As atividades são desenvolvidas conforme o que pede no projeto terapêutico
do usuário, e ele pode ser desenvolvido em grupo, individual, em família ou ainda de
outras formas. O atendimento individual corresponde a prescrição de medicamentos,
psicoterapia, orientação; o atendimento em grupo corresponde as oficinas
terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas geradoras de renda, oficinas de
alfabetização, oficinas culturais, grupos terapêuticos, atividades esportivas,
atividades de suporte social, grupos de leitura e debate, grupos de confecção de
jornal; o atendimento para a família é o atendimento nuclear e a grupo de familiares,
atendimento individualizado a familiares, visitas domiciliares, atividades de ensino e
atividades de lazer com familiares. Tem também as atividades comunitárias que são
atividades desenvolvidas em conjunto com associações de bairro e outras
instituições existentes na comunidade, que têm como objetivo as trocas sociais, a
integração do serviço e do usuário com a família, a comunidade e a sociedade em
geral. (MS, 2004)
Para ter um bom funcionamento, cada CAPS conta com uma equipe
multiprofissional, que é distribuída de acordo com suas especificidades. Em regra
geral, a equipe é composta por médico psiquiatra, clínicos gerais, enfermeiros,
psicólogos, assistentes sociais, terapeuta ocupacional, profissionais de nível médio
como técnicos e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico
educacional, e outros. Sempre variando de acordo com o projeto terapêutico do
local. A equipe10 multiprofissional do CAPS é responsável por desenvolver as
oficinas terapêuticas que , segundo o Ministério da Saúde, podem ser:
Oficinas expressivas: espaços de expressão plástica (pintura, argila, desenho etc.), expressão corporal (dança, ginástica e técnicas teatrais), expressão verbal (poesia, contos, leitura e redação de textos, de peças teatrais e de letras de música), expressão musical (atividades musicais), fotografia, teatro. Oficinas geradoras de renda: servem como instrumento de geração de renda através do aprendizado de uma atividade específica, que pode ser igual ou diferente da profissão do usuário. As oficinas geradoras de renda podem ser de: culinária, marcenaria, costura, fotocópias, venda de livros, fabricação de velas, artesanato em geral, cerâmica, bijuterias, brechó, etc.
10 As equipes técnicas devem organizar-se para acolher os usuários, desenvolver os projetos terapêuticos, trabalhar nas atividades de reabilitação psicossocial, compartilhar do espaço de convivência do serviço e poder equacionar problemas inesperados e outras questões que porventura demandem providências imediatas, durante todo o período de funcionamento da unidade. (MS, 2004, p. 27)
13
Oficinas de alfabetização: esse tipo de oficina contribui para que os usuários que não tiveram acesso ou que não puderam permanecer na escola possam exercitar a escrita e a leitura, como um recurso importante na (re)construção da cidadania. (MS, 2004, p. 20-21).
Pode-se observar que cada CAPS possui sua especificidade, tanto no que diz
respeito às funções que desempenham, quanto acerca da natureza da equipe
multiprofissional. Contudo, a estrutura pensada e o desenvolvimento por meio dos
CAPS, estabelece uma ruptura completa acerca do cuidado com os indivíduos
dependentes químicos e com transtornos psicológicos. Como ambiente de estudo
dessa pesquisa está o CAPS AD III – Marajoara, localizado no bairro da Marambaia
em Belém do Pará, antes conhecido como Centro de Cuidados ao Dependente
Químico.
4. O TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO CAPS AD III – MARAJOARA
O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS) Marajoara,
vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública, começou a funcionar em 29 de
agosto de 2006. Ele possui uma equipe multiprofissional e funciona 24 horas por dia,
além de dispor atualmente de quinze leitos de observação e internação para
desintoxicação e repouso para um período de até 14 dias no sistema de acolhimento
noturno, também possui serviços de assistência terapêutica, avaliação nutricional,
visitas domiciliares, atividades educativas e recreativas – como oficinas, palestras,
grupos de apoio, entre outros – para o período diurno. A instituição conta ainda com
115 profissionais, porém voluntários também atuam colaborando com o atendimento
e acolhimento dos usuários nos grupos de apoio.
Em relação a infraestrutura do CAPS se encontra os seguintes espaços: 1
recepção, 1 auditório, 1 sala de leitura, 1 sala de espera interligando 5 consultórios,
1 farmácia, 1 sala para os técnicos, 1 refeitório, 6 banheiros, 1 oficina de artes, 1
área de tv e jogos, 1 sala de enfermagem, 4 dormitórios, 1 sala para realização de
grupos e oficinas, 1 área verde que é utilizada para eventos e oficina de jardinagem,
1 quadra esportiva e 2 áreas de lazer semelhantes a uma praça. Todas devidamente
equipadas com banco e cadeiras e materiais de acordo com sua especificidade.
Apesar de parecer um local bem equipado, o espaço do CAPS se encontra
em processo de sucateamento, pois os materiais encontrados no espaço não são
14
suficientes e muitos estão deteriorados. O serviço de atendimento do refeitório
poderia ser de melhor qualidade e a recepção ao público também, pois desde o
conforto das acomodações até a forma de tratar o público não correspondem, na
sua integralidade, aos princípios do SUS.
O CAPS conta com uma equipe multiprofissional composta por psicólogos,
médicos (psiquiatra e clinico geral), assistente social, farmacêuticos, enfermeiros,
terapeuta ocupacional e professores de Educação Física. Para desenvolver as
atividades de Educação Física o CAPS conta com duas professoras, ambas
licenciadas em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará, lotadas em
turnos diferentes. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi observado, durante o
período de aproximadamente 6 meses, o trabalho da professora lotada no turno da
tarde.
A professora desenvolve atividades variadas em diferentes turnos, contudo
aqui se apresenta o trabalho realizado por ela no turno da tarde. Os dias em que ela
realiza suas atividades são: na segunda-feira a tarde - acolhimento, terça-feira de
manhã - prática esportiva para os usuários do leito (acolhimento noturno), terça-feira
a tarde - grupo de jogos educativos para os usuários do leito, na sexta-feira de
manhã - atendimento de técnica de referência e a tarde - grupo de relaxamento para
os usuários da permanência diária. Levando em consideração que o trabalho da
equipe é multiprofissional o grupo de jogos educativos é composto também por uma
terapeuta ocupacional.
Cada atividade tem seu objetivo. A atividade de acolhimento tem como
objetivo receber os usuários que participam pela primeira vez e os que estão
retornando para o tratamento. Apesar de realizar a atividade de acolhimento a
professora de Educação Física não é lotada para desenvolver essa função, mas
devido a insistência da equipe multiprofissional ela é condicionada a desenvolver o
serviço, além de a professora não receber por desenvolver tal função.
O grupo de Jogos Educativos, desenvolvido nas terças-feiras, é
especificamente direcionado para o acolhimento noturno (sistema de “internação”), e
conta com a professora de Educação Física e o profissional da terapia ocupacional,
com o objetivo de desenvolver atividades que estimulem a cognição, a memória, a
criatividade, o raciocínio lógico, entre outros. Para desenvolver tal atividade elas
utilizam jogos variados, tais como: dominós especiais, caça-palavras, jogos de
15
memória, além de atividades com pintura e atividades corporais com o objetivo de
melhorar a interação e a forma de se expressar dos usuários.
O grupo de relaxamento, realizado nas sextas-feiras, direcionado para os
usuários do acolhimento diurno (permanência dia), é realizado apenas pela
professora de Educação Física com o objetivo de diminuir as tensões, o estresse e a
ansiedade dos usuários. As atividades desenvolvidas são: flexibilidade e
alongamento, além de massoterapia, pois a professora possui curso para
desenvolver tal atividade. Tal grupo é o mais procurado decorrente ao estresse
causado pelo uso de drogas, no entanto o grupo é limitado para o máximo de 9
pessoas, pois as atividades são realizadas sobre colchonetes e o espaço possui
apenas 9 unidades.
4.1 A visão da Equipe Multiprofissional sobre a Educação Física
Como já abordado aqui, a professora de Educação Física desenvolve suas
atividades em conjunto com uma equipe multiprofissional, que elabora as atividades
conjuntamente. Além dos objetivos de cada grupo, há um objetivo geral que rege o
trabalho da equipe. Ao ser indagada sobre o objetivo do seu trabalho em comum
com o da equipe, a professora afirma que consiste em: “Atrair o usuário para o
serviço como maneira de cuidar do corpo, cuidar da mente, do tratamento em si. Ele
levar a sério o tratamento e ser estimulado a uma prática de saúde. Promoção de
saúde.”
A mesma pergunta foi feita para os profissionais da equipe e a maioria das
respostas girou em torno de promover saúde e ajudar no tratamento em si, como
pode ser observado nas falas dos membros da equipe:
O tratamento do usuário, fazer com que eles se integrem, não só na sociedade, mas se integrem também nesse tratamento, porque no momento que ele vai para o grupo ele vai para o coletivo, passa a não ser mais individual, ele vai compartilhar os problemas dele também com os outros, ele vai expor o seu problema e compartilhar o problema do outro, e também vai ter um parâmetro, um reflexo do que ele viveu ou do que ele está vivendo. (PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM, 2017). Promover a recuperação dos pacientes. Aliás, manter eles em recuperação, porque a dependência química não tem uma cura. (PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA, 2017).
16
De modo geral o objetivo comum é promover a saúde mesmo utilizando a interdisciplinaridade. (PROFISSIONAL DA TEORAPIA OCUPACIONAL, 2017). O objetivo é dar uma atenção, uma abordagem humanizada, colocar eles em um local que, talvez, eles nunca pensaram que estariam, um local humanizado que tenha um retorno, que eles sejam tratados de uma maneira igual, e o conforto, acolhimento [...]. (PROFISSIONAL DA FARMÁCIA, 2017).
Desta forma, compreende-se que o trabalho da professora de Educação
Física se relaciona com o trabalho da equipe, afim de que o objetivo do tratamento
seja alcançado. Ao serem indagados sobre essa temática, as respostas variaram de
acordo com a área de cada profissional, mas, ainda assim, algumas posições foram
semelhantes.
Os profissionais de enfermagem acreditam que tem que haver uma parceria
da Enfermagem com a Educação Física, pois quando a professora vai desenvolver
alguma atividade física ela recorre a enfermagem para saber o estado clínico do
usuário, se ele está bem fisicamente naquele momento, se ele apresenta condições
de desenvolver alguma atividade mais intensa. Desta forma, o que se observa, é
que a relação do trabalho entre Educação Física e Enfermagem é se apresenta de
modo orgânico no contexto saúde e doença.
Ao olhar da farmacêutica e do profissional de serviço social, quando se
trabalha multiprofissionalmente, a relação acontece dentro do estudo de caso, pois a
professora pode necessitar de um questionamento sobre algum medicamento, e
querer saber como determinado medicamento age, assim como das relações sociais
estabelecidas pelos usuários, respectivamente. Como o trabalho é multiprofissional,
cada um contribui com o seu conhecimento especifico.
Diferente dos demais profissionais da enfermagem, farmácia e serviço social
que fizeram a relação saúde e doença e somente no estudo de caso, para o
profissional da psicologia os trabalhos estão totalmente articulados, pois envolvem o
corpo e a mente. Então enquanto a psicóloga trabalha diretamente com a mente em
um processo de fala dentro do consultório e dos grupos terapêuticos, a professora
de educação física trabalha com exercícios físicos ligados, também, com o processo
corpo e mente dentro dos grupos de relaxamento, usando uma forma de
descarregar a ansiedade e fazer a desintoxicação.
Nesta mesma linha de raciocínio, o profissional de terapia ocupacional
acredita que, em virtude de o CAPS olhar o ser humano, na condição de usuário,
17
como um todo, e o profissional de terapia ocupacional trabalha com atividades, com
o fazer humano, e o professor de educação física também trabalha com a questão
do corpo, com atividades. Desse modo, as atividades se complementam, ajudando
nesse processo de recuperação e cuidado.
Dentro dos grupos existe uma combinação de profissionais para conduzir o
trabalho, porém mesmo quando não há essa combinação, os trabalhos de cada
profissional se complementam. Quando indagados sobre como o trabalho da
professora de Educação Física pode acrescer no trabalho da equipe, foram obtidas
respostas variadas. A maioria dos profissionais entrevistados destacou a importância
do trabalho da professora voltado para o bem-estar do usuário, tanto fisicamente
quando psicologicamente, diminuindo a ansiedade e o estresse, e esta melhoria
reflete durante o atendimento de outros profissionais. Outros destacaram a
contribuição da professora diretamente no estudo de caso, que é a reunião feita para
discutir a situação dos usuários. Dentre todas as respostas, a do profissional de
terapia ocupacional se destacou:
[...] A atividade física já fez parte da história quase de todo mundo, seja de lá da infância, então há essa possibilidade de resgate de muita coisa. Principalmente de autocuidado, de trabalhar também a questão da educação, da cognição, da inteligência. Então, em relação a isso, ela me ajuda demais, porque ela deixa eles mais vivos, mais felizes, às vezes eles saem da atividade física, quando tem competição, quando tem campeonato, deixa eles mais felizes até para outras terapias, para aderir mais ao tratamento. Eles ficam mais motivados, ela promove motivação, promove bem-estar. Isso reflete no meu grupo, porque eles se sentem melhor, tanto que eles cobram atividade física. (PROFISSIONAL DA TERAPIA OCUPACIONAL, 2017).
Ao ser indagada sobre a mesma questão, a professora destacou a Educação
Física como uma maneira de atrair os usuários para participar de forma mais ativa
das atividades do CAPS, pois como o profissional de terapia ocupacional citou, a
professora desenvolve muitas atividades de campeonatos, jogos e participações
culturais de dança em eventos, que incentivam os usuários na busca do atendimento
dos demais membros da equipe.
Quando questionados sobre como os pacientes reagem ao trabalho da
professora de Educação Física, a equipe frisou de forma unânime que os pacientes
cobram muito as atividades de Educação Física, devido à grande diversidade de
18
atividades desenvolvidas pela professora, motivando-os a permanecer no
tratamento.
4.2 A visão dos usuários
Tendo em vista que alguns usuários possuem, além da dependência química,
outros transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão, esquizofrenia,
transtorno de personalidade, bipolaridade e outros, eles reagem ao tratamento de
forma diferenciada e particular. O tempo de tratamento também varia muito, pois
quase todos os dias chegam usuários novos e muitos interrompem o tratamento e,
ao ter recaídas, voltam a procurar ajuda.
Os usuários foram indagados se já haviam praticado exercício físico antes de
ter contato com o tratamento no CAPS, a maioria respondeu que teve contato com
diferentes tipos de esporte, como futebol, judô, karatê, boxe e natação. Outros
citaram atividades como ciclismo, capoeira, pilates, musculação e tai chi chuan.
Apenas um usuário relatou não ter feito nenhum tipo de exercício físico antes de
começar o tratamento no CAPS. Tendo em vista que quase todos já haviam feito
algum tipo de exercício físico antes do tratamento, ao serem questionados sobre
como interagem com as atividades realizadas pela professora, todos responderam
que gostam das atividades e procuram fazer o que é proposto na dinâmica do grupo.
Considerando que as atividades que a professora realiza são muito
requisitadas e aceitas pelos usuários, ao serem perguntados sobre como essas
atividades ajudam no seu tratamento, a maioria relatou satisfação ao realizar as
atividades, além de visualizarem nas atividades físicas uma forma de prazer que
tomou o lugar da sensação causada pelo uso de drogas. Uma resposta se destacou
e ilustra essa realidade:
O exercício físico, não só para a gente que tem uma patologia de dependências, mas para qualquer pessoa, é essencial. Para vascularização do seu corpo, para você focar na sua vida, para você ter equilíbrio emocional. A máquina humana ela foi feita para se movimentar, então se você parar, você atrofia. O exercício físico é muito importante para você ter longevidade, para você não adquirir patologias decorrentes da paralisação do teu corpo e evitar coisas como colesterol e triglicerídeos altos. Independente de você ter uma patologia ou não. É muito importante na sua vida, é essencial a Educação Física na vida do ser humano. (USUÁRIO 6, 2017).
19
Dentro do período de observação no CAPS, a cobrança pela atividade física
esteve sempre presente por parte dos usuários, como se pode observar nas falas da
equipe multiprofissional, contudo as dificuldades em realizar atividades variadas,
centram-se, principalmente, na falta de materiais específicos para o
desenvolvimento, com qualidade, do trabalho da professora de Educação Física.
4.3 Condições de trabalho da professora de Educação Física
A professora de Educação Física trabalha no CAPS desde setembro de 2008,
ano em que a Educação Física foi inserida nas equipes multiprofissionais do SUS.
Desta forma, algumas coisas mudaram, do seu primeiro ano para os dias atuais. Ao
ser indagada sobre essa mudança, a professora relatou que antes não havia espaço
físico para trabalhar, como uma quadra, mas havia material. Contudo, na atualidade,
ocorre o inverso, pois houve uma reforma e o ambiente já possui uma quadra
esportiva, mas não há material, com exceção dos colchonetes.
Logo quando ela começou a trabalhar no CAPS a professora estruturou uma
mini academia, que por motivos de falta de segurança deixou de existir. No início ela
possuía acesso às quadras da comunidade, pois o bairro da Marambaia onde se
encontra o CAPS é um espaço que possui muitas praças com quadras esportivas,
espaços esses que, por motivos de problemas de comportamento dos usuários,
ficou impossibilitado de uso. Desta forma, o que a professora mais frisou foi que a
falta de material compromete a dinâmica do trabalho, gerando reclamações e
resistência em relação a prática esportiva.
Diferente do que foi relatado pelos usuários a respeito da aceitação das
atividades propostas pela professora, o que foi observado e relatado pela mesma,
demonstra que há uma resistência por parte de alguns usuários ao desenvolver
determinadas atividades propostas nos grupos. Tendo em vista essa dificuldade, a
professora relatou que se deve ter cuidado ao se expressar para não demonstrar
rispidez quando de uma fala negativa, pois muitas vezes os usuários não encaram
como um “não terapêutico”.
A professora salientou, ainda, que essa questão do não como a maior
dificuldade de seu trabalho no CAPS, pois ao se ter que negar algo ao usuário, ele
pode reagir de forma agressiva e essa reação é motivo de preocupação, devido
alguns usuários possuírem algum tipo de transtorno psicológico e suas reações
20
podem fugir do controle levando a uma ameaça ou até mesmo a uma agressão
física.
4.4 O trabalho da professora de Educação Física e a ressocialização dos dependentes químicos
Durante a realização da pesquisa, observou-se que a maioria dos usuários se
relaciona muito bem entre si. O CAPS possui alguns usuários que são artistas e
esse diferencial se torna motivo de descontração e interação no tempo livre durante
o tratamento, pois em momentos assim eles dão força e apoio um ao outro para
seguir em frente com o tratamento. Visto que as histórias de vida têm suas
especificidades, elas são semelhantes, e cada depoimento é motivo de estimulo
para não desistir, como se observa na fala de um usuário: “A gente está aqui com o
mesmo objetivo de mudar de vida, de melhorar, então eu procuro me relacionar
bem.” (USUÁRIO 3, 2017)
Os usuários foram indagados a respeito de como a Educação Física ajuda na
sua ressocialização, ou seja, como as atividades desenvolvidas pela professora
ajudam na melhora da interação deles com a sociedade. Um dos usuários relatou
que antes do tratamento no CAPS ele era muito discriminado dentro da sociedade
decorrente do uso da droga, mas ao entrar no CAPS e começar a participar de
grupos, interagindo com pessoas com problemas semelhantes aos seus e com
membros da equipe dispostos a ajudá-lo, ele passou a encarar essa situação de
cabeça erguida e perdeu a vergonha perante a sociedade.
Muitos usuários relataram que as atividades esportivas e os grupos
terapêuticos desenvolvidos pela professora de Educação Física ajudam a
ressocializar por serem realizados de forma coletiva, ocorrendo, assim, a diminuição
do estresse e oscilações de humor causado pela droga, melhorando sua relação
com a família e com a sociedade.
O mesmo questionamento foi feito a equipe que destacou o aumento da
autoestima como uma alavanca, pois a baixa autoestima é vista como um dos
fatores que leva o usuário a se entregar a doença e a Educação Física resgata esse
cuidado com o corpo, melhorando física e psicologicamente a vida do usuário. Este
fato gera “um gás” na sua retomada a sociedade.
Também foi destacado pela equipe que, em virtude de as atividades serem
21
realizadas em grupo, há interação entre eles, de modo que realizam troca de ideias,
às vezes troca de afeto, de amizade, extravasando o estresse contido e contribui
para que se distanciem dos problemas do dia a dia. Uma resposta que ganhou
destaque foi a do profissional de terapia ocupacional:
Ressocializar tem a ver com retornar para sociedade. Uma coisa vai puxando a outra. De imediato o que eu observo é a questão do bem-estar, de promover bem-estar. O educador físico por ter uma prática mais libertadora, faz com que eles se sintam mais acreditados, com o potencial mais elevado para também se relacionar dessa forma lá fora, na sociedade. De repente procurar outros grupos de jogos, de estar inserido em campeonatos, estabelece uma relação mais de igual, de falar o que eles querem falar, de gritar, porque faz parte do jogo gritar, de cobrar, de competir, porque faz parte da competição. Eles se sentem mais integrados, mais ressocializados mesmo, e eles aparecem mais como eles são, eles se revelam de uma forma mais natural na Educação Física, assim a gente tem como trabalhar eles mais para sociedade: ‘Olha, esse comportamento não é legal. Quando tu quiseres procurar um emprego tu vais fazer isso? Quando tu quiseres buscar um grupo x é dessa forma que tu vais te relacionar?’. A gente pode falar do respeito, pode falar do que é ganhar do que é perder. Então a Educação Física dá essa possibilidade, como se fosse um laboratório de vida, de viver coisas dentro do CAPS que eles vão viver lá fora na sociedade em outros grupos. (PROFISSIONAL DE TERAPIA OCUPACIONAL, 2017).
Semelhante a fala do profissional de terapia ocupacional, a professora de
educação física destacou que a ressocialização é percebida quando sé tem
interação entre eles, que é observada dentro do próprio esporte, onde se consegue
nivelar eles em relação ao nível de comportamento, ao nível social que eles vem,
porque como eles estão em situação de uso de droga, tem usuário que estão na rua,
tem usuário que vem da sua casa, tem usuário que é formado, tem usuário que tem
poder aquisitivo mais elevado, então você consegue, dentro do esporte, nivelar essa
relação.
A ressocialização é justamente isso, você conseguir atrair um nível de
convivência saudável entre eles. Além de melhorar a autoestima, o cuidado com a
higiene pessoal. Muitos deles passam o dia sem se alimentar corretamente. São
coisas que se consegue que eles tenham mais cuidado. Então, além de reinseri-los
na sociedade, ajuda na promoção de saúde.
22
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração deste artigo proporcionou conhecer e se aprofundar a respeito
da atuação do professor de Educação Física no SUS, inserido em uma equipe
multiprofissional, no campo da saúde mental, com vistas a efetivar o processo de
ressocialização dos usuários. Nessa perspectiva, foi possível concluir a partir dos
dados coletados, descritos e analisados, que o trabalho da professora se mostra um
misto de desafios, aprendizados e conquistas.
Desta forma, constatou-se que os grupos terapêuticos desenvolvidos somente
pela professora e os grupos em conjunto com o profissional da terapia ocupacional,
contribuem de forma significativa para a ressocialização dos dependentes químicos,
pois trabalham o coletivo, incentivando a interação entre eles, resgatando a
cidadania, o respeito para com o outro e com o próprio corpo, a sua singularidade e
subjetividade, reforçando o tratamento sem a ideia de cura como objetivo principal,
visto que a dependência química não tem cura. Espera-se a reintegração do sujeito
à família e à sociedade por meio do cuidado do ser humano de forma integral,
conforme o que pede os princípios do SUS.
Durante o desenvolvimento da pesquisa, foram encontradas dificuldades no
processo de realização das entrevistas, pois um dos membros da equipe
multiprofissional, não de disponibilizou a participar da pesquisa.
Com o desenvolvimento desta pesquisa, pode-se quebrar o preconceito a
respeito do campo de atuação do professor de Educação Física, que é,
erroneamente, atrelado apenas aos espaços tradicionais do campo não escolar, pois
se notou a importância do trabalho do professor de Educação Física para a
sociedade. Afirma-se isso a partir dos resultados observados na melhoraria da
autoestima, ela resgata sensações de prazer, deixando as pessoas mais “leves”
para desenvolver funções do dia-a-dia. Desta forma, nota-se a importância de
aprofundar os estudos a respeito do tema, pois inserida no campo da saúde, a
educação física também se faz muito importante para efetivar as políticas públicas
encabeçadas por meio do Sistema Único de Saúde.
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THE WORK OF THE PHYSICAL EDUCATION TEACHER IN SUS: An experience in CAPS AD III- Marajoara
Abstract: This article presents as object of research the work of the Physical
Education teacher in one of the structures of the Unified Health System. Its objective is to describe and analyze the work of Physical Education teacher in the SUS, inserted in the multiprofessional team of CAPS AD III - Marajoara, in Belém of Pará. This is a qualitative descriptive research, and used as a data collection instrument the semistructure and participant observation interview with the multiprofessional team, as well as semi-structured interview with the users of the service. It was verified that the articulation of the Physical Education teacher within the multiprofessional team is well developed, with the acceptance of the other members of the team and understanding of the need for the presence of the Physical Education teacher in the CAPS space. Keywords: Unified Health System. Psychosocial Care Centers. Physical Education. REFERÊNCIAS AMARANTE, Paulo. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil.
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