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O TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO SUS: Uma experiência no CAPS AD III - Marajoara Luciana Prata Gouvêa Discente Concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Natália Nascimento do Espírito Santo Discente Concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Emerson Duarte Monte Professor Doutor Orientador do CEDF/UEPA [email protected] Resumo: Este artigo apresenta como objeto de pesquisa o trabalho do professor de Educação Física em uma das estruturas do Sistema Único de Saúde. Tem como objetivo descrever e analisar o trabalho do professor de Educação Física no SUS, inserido na equipe multiprofissional do CAPS AD III Marajoara, em Belém do Pará. Trata-se de uma pesquisa no nível descritivo, de caráter qualitativo, e utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestrutura e observação participante junto à equipe multiprofissional, assim como entrevista semiestruturada com os usuários do serviço. Constatou-se que a articulação do professor de Educação Física no interior da equipe multiprofissional é bem desenvolvida, com a aceitação por parte dos demais membros da equipe e compreensão da necessidade da presença do professor de Educação Física no espaço do CAPS. Palavras-chave: Sistema Único de Saúde. Centro de Atenção Psicossocial. Educação Física. INTRODUÇÃO Esta pesquisa investiga, por meio da saúde mental, o trabalho do professor de Educação Física no Sistema Único de Saúde (SUS) que, segundo o Ministério de Saúde (2004), é "Um sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos". Sistema esse outorgado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado por meio da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Nessa perspectiva, a saúde mental é uma das áreas ligadas ao SUS e, após a reforma psiquiátrica, na década de 1980, as pessoas com sofrimento mental passaram a receber atenção com natureza distinta daquelas empreendidas no interior dos clássicos manicômios. Após a conquista desses direitos, é que surgem os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são definidos pelo Ministério da Saúde (2004, p. 13) como um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros.

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O TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO SUS: Uma

experiência no CAPS AD III - Marajoara

Luciana Prata Gouvêa

Discente Concluinte do CEDF/UEPA [email protected]

Natália Nascimento do Espírito Santo Discente Concluinte do CEDF/UEPA

[email protected] Emerson Duarte Monte

Professor Doutor Orientador do CEDF/UEPA

[email protected]

Resumo: Este artigo apresenta como objeto de pesquisa o trabalho do professor de Educação Física em uma das estruturas do Sistema Único de Saúde. Tem como objetivo descrever e analisar o trabalho do professor de Educação Física no SUS, inserido na equipe multiprofissional do CAPS AD III – Marajoara, em Belém do Pará. Trata-se de uma pesquisa no nível descritivo, de caráter qualitativo, e utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestrutura e observação participante junto à equipe multiprofissional, assim como entrevista semiestruturada com os usuários do serviço. Constatou-se que a articulação do professor de Educação Física no interior da equipe multiprofissional é bem desenvolvida, com a aceitação por parte dos demais membros da equipe e compreensão da necessidade da presença do professor de Educação Física no espaço do CAPS. Palavras-chave: Sistema Único de Saúde. Centro de Atenção Psicossocial. Educação Física. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa investiga, por meio da saúde mental, o trabalho do professor

de Educação Física no Sistema Único de Saúde (SUS) que, segundo o Ministério de

Saúde (2004), é "Um sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral,

universal e igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial

aos transplantes de órgãos". Sistema esse outorgado pela Constituição Federal de

1988 e regulamentado por meio da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Nessa perspectiva, a saúde mental é uma das áreas ligadas ao SUS e, após

a reforma psiquiátrica, na década de 1980, as pessoas com sofrimento mental

passaram a receber atenção com natureza distinta daquelas empreendidas no

interior dos clássicos manicômios. Após a conquista desses direitos, é que surgem

os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são definidos pelo Ministério da

Saúde (2004, p. 13) como um lugar de referência e tratamento para pessoas que

sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros.

2

O primeiro CAPS do Brasil foi aberto em março de 1986, na cidade de São

Paulo. A criação desse CAPS e de tantos outros fez parte de um intenso movimento

social, iniciado pelos trabalhadores da saúde mental, em busca da melhoria na

seguridade social do Brasil e da denuncia sobre a precária situação dos hospitais

psiquiátricos, que ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de

transtornos mentais, e que modificou por completo a concepção de saúde mental.

Tendo como aprofundamento da pesquisa o CAPS AD, que é especifico para

tratar dependentes químicos, entende-se que a dependência química (DQ) é

considerada uma Patologia não apenas de ordem médica e psiquiátrica, que se

instala quando o indivíduo faz uso abusivo de determinada substância psicoativa,

passando a organizar seu cotidiano especificamente para o consumo da mesma,

tornando-a a sua única forma de prazer, a qual o leva a um progressivo isolamento

e, ainda, a consequentes implicações de ordem social, psicológica, econômica ou

política. (ESCOLA, 2003 apud CABRAL; CUNHA; OLIVEIRA, 2009, p. 129)

No estado do Pará, tem-se o CAPS AD III – Marajoara, localizado no bairro da

Marambaia, em Belém (PA), desde agosto de 2006, vinculado ao 1º Centro Regional

de Saúde da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (SESPA). Este CAPS atende

usuários de álcool e outras drogas, destinado a proporcionar atenção integral e

contínua a pessoas de qualquer município do Estado do Pará.

O CAPS AD III – Marajoara possui uma equipe multiprofissional formada por

psicólogos, professores de educação física, médicos, enfermeiros e terapeutas

ocupacionais de plantão, zelando pelo bem-estar e mudança de vida dos usuários.

Assim, materializa-se o trabalho do professor de Educação Física no interior do

SUS, por meio da estrutura dos CAPS.

A partir dessa realidade dos CAPS articulada com a inserção do professor de

Educação Física em equipes multiprofissionais, nesse campo de intervenção, é que

se formula a seguinte pergunta científica: De que modo o Professor de Educação

Física, inserido na equipe multiprofissional, pode contribuir para o processo

de reinserção social dos DQ do CAPS AD III – Marajoara?

Como desdobramento do problema de pesquisa, tem-se a formulação de

algumas questões norteadoras, conforme seguem: 1. Quais relações são

estabelecidas entre a professora de Educação Física e a equipe multiprofissional do

CAPS AD III – Marajoara? 2. Como se processa a efetivação das ações da

professora de Educação Física a partir dos objetivos do CAPS AD III – Marajoara?

3

Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo geral descrever e analisar de que

modo ocorre a reinserção social dos dependentes químicos considerando a

intervenção do professor de Educação Física inserido na equipe multiprofissional do

CAPS AD III – Marajoara.

Os objetivos específicos são: 1. Descrever o cotidiano da professora de

Educação Física e seu envolvimento na equipe multiprofissional do CAPS AD III –

Marajoara; 2. Compreender de que forma ocorre a prática da professora de

Educação Física com vistas a garantir o processo de reinserção social do DQ.

A escolha do presente tema foi feita com base na experiência adquirida ao

longo do Curso de Educação Física, despertada nas aulas de fundamentos

psicológicos, em que foi possibilitado conhecer um pouco mais sobre o

funcionamento da mente humana além de entender como a Educação Física pode

contribuir para o bem-estar do ser humano.

Tendo em vista que a dependência química afeta 5% da população mundial,

segundo dados do Relatório Mundial sobre Drogas 2014, divulgado pelo Escritório

das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), esta pesquisa ganhar

relevância social. Seus danos não são apenas físicos, mas principalmente sócio

psicológico, aonde os principais afetados são os jovens, visto que buscam,

incessantemente, liberdade, experiências novas, prazeres físicos e emocionais.

Portanto, esta pesquisa busca contribuir para a quebra do preconceito a

respeito do campo de atuação do professor de Educação Física, hoje,

erroneamente, atrelado apenas a aptidão física. Assim como, demonstrar sua

contribuição na reinserção de dependentes químicos na sociedade e na melhora da

autoestima deles, quando inserido numa equipe multiprofissional, aumentando o

escasso acervo teórico a respeito da sua inserção nestas equipes.

A presente pesquisa se encontra no nível descritivo, que conforme Gil (2008,

p. 28) tem como objetivo principal a descrição das características de determinada

população, fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas

características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de

coleta de dados. Sendo assim, pretende-se descrever o trabalho da professora e

analisar como tais atividades podem acrescer, em conjunto com a equipe

multiprofissional, o trabalho de ressocialização dos DQ do CAPS AD III.

Esta pesquisa se configura como qualitativa, pois a partir da descrição do

trabalho da professora de Educação Física do CAPS AD III – Marajoara, por meio do

4

contato direto e interativo com o objeto de pesquisa, pretende-se interpretar os

dados objetivos e subjetivos coletados buscando analisar como o trabalho realizado

pela professora de Educação Física, junto com a equipe multiprofissional deste

espaço, contribui para a ressocialização dos DQ. (NEVES, 1996, p. 1)

Tendo por base o fato que essa pesquisa se preocupará em analisar como a

Educação Física colabora para a reconstrução das relações sociais durante o

tratamento, Minayo (2014, p. 46) afirma que entrar no campo da pesquisa social é

penetrar no mundo polêmico onde há questões não resolvidas e onde o debate tem

sido perene e não conclusivo.

Sabendo-se que essa pesquisa será realizada no CAPS AD III – Marajoara

que é uma estrutura do SUS ligada à saúde mental, Minayo (2014, p. 47) a

conceitua como pesquisa social em saúde, por se tratar de uma investigação sobre

o fenômeno saúde/doença e de sua representação pelos vários atores que atuam no

campo: as instituições políticas e de serviços e os profissionais e usuários.

A coleta de dados ocorreu por meio da observação das atividades realizadas

pela professora de Educação Física do CAPS AD III – Marajoara, além de

entrevistas semiestruturadas realizadas com sete membros da equipe

multiprofissional lotados no horário da tarde, incluindo a professora de Educação

Física. Também foram entrevistados 10 usuários que fazem tratamento diário.

A análise dos dados se deu a partir da observação do trabalho realizado pela

professora e da intervenção das pesquisadoras em torneios, atividades culturais,

seminários e nas oficinas da mesma. As respostas obtidas por meio das entrevistas

realizadas com a equipe e com os usuários também foram analisadas e organizadas

a partir de categorias oriundas dos conteúdos das entrevistas.

1. MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA E A CRIAÇÃO DO SUS

A ideia de reforma sanitária surgiu com a criação do Centro Brasileiro de

Estudos de Saúde (CEBES) em julho de 1976, durante a 32ª Reunião Anual da

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na

Universidade de Brasília (UnB). (PAIM, 2007, p. 78)

Em 1979, o CEBES apresentou no I Simpósio de Política Nacional de Saúde

da Comissão de Saúde o documento “A Questão Democrática da Saúde”, que

5

propôs a criação do SUS. Em 19851, foi convocada a 8ª Conferência Nacional em

Saúde (CNS) pela Presidência da República, solicitada pelo ministro da saúde. A 8ª

CNS ocorreu em julho de 1986 e trazia consigo três eixos básicos: “Saúde como

direito inerente à cidadania, reformulação do sistema nacional de saúde e

financiamento do setor saúde”. (PAIM, 2007, p. 92)

Como uma pauta da Reforma Sanitária à reformulação do sistema nacional

de saúde, foi proposto a criação do Sistema Unificado de Saúde que deve assegurar

autonomia política, administrativa e financeira aos estados e municípios, definindo-

se as responsabilidades por nível de governo. (SOUZA, 1987, p. 143 apud PAIM,

2007, p. 100-101)

Segundo Escorel (1995, p. 141), o CEBES foi considerado "[...] uma pedra

fundamental, embora não a única, do movimento sanitário como movimento social

organizado." Com base nos debates sobre saúde proporcionados pelo CEBES,

constituiu-se a ideia da Reforma Sanitária que teve importante fundamentação na

concepção de sociedade de matriz marxista. Paim (2007, p. 77) destaca que a partir

desse momento começava a se elaborar a proposta da Reforma Sanitária, que

enfatizava a unificação dos serviços, a participação dos usuários, a ampliação do

acesso e a qualidade da atenção. Entre os obstáculos para a sua consecução

estava as atividades lucrativas ligadas à saúde, como as empresas e cooperativas,

as indústrias farmacêuticas e alimentícias, bem como as vinculadas aos

equipamentos hospitalares e instrumentos médicos.

A Constituição da República Federativa do Brasil, aprovada em 1988, a partir

de ampla participação da sociedade, garantiu a saúde como um direito do cidadão,

de caráter universal, assim como a educação, a moradia, o transporte, enfim, um

conjunto de direitos sociais até então ainda não consolidados na sociedade

brasileira.

Desta forma, em 19 de setembro de 1990, o SUS foi regulamentado por meio

da Lei Federal de nº 8.080, denominada de Lei Orgânica da Saúde. De acordo com

a Lei nº 8.080/90, o SUS consiste em um sistema gratuito, que é formado por uma

rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, que possui uma

direção única em cada esfera do governo e sob controle de seus usuários. Ele se

1 O regime militar chega ao fim assim como algumas estruturas políticas autoritárias e o Congresso se encarrega de criar uma nova constituição pautada nos princípios democráticos.

6

alicerça em três princípios: universalidade, integralidade e equidade. (MS, 2004,

p. 13)

O SUS apresenta como seu eixo norteador a Atenção Primária em Saúde

(APS), que visa intervir nos determinantes sociais de saúde e possibilita uma

compreensão ampliada do processo saúde/doença. Em 1994, o governo federal

criou o Programa Saúde da Família (PSF)2 que, em 1997, passou a ser chamado de

Estratégia Saúde da Família (ESF), tendo como objetivos: a prática de saúde

humanizada por meio do vínculo entre profissionais de saúde e a população, a

prestação de assistência integral e com ênfase às necessidades da população; a

intervenção sobre os fatores de risco que a população está exposta, fazendo com

que a saúde seja reconhecida como um direito de cidadania. Com a ESF, vieram as

Unidades Saúde da Família (USF), que conta com uma equipe multiprofissional,

composta por um agente comunitário de saúde, um médico da família, um

enfermeiro ou técnico de enfermagem e um odontólogo. (SCHUH, 2015)

Como forma de ampliar a abrangência a ESF, o Ministério da Saúde criou o

Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que foi instituído por meio da Portaria

do Gabinete do Ministro do Ministério da Saúde (GM/MS) nº 154, de 24 de janeiro de

2008. O NASF deve ser constituído por equipes multiprofissionais, para atuarem em

parceria com os profissionais das Equipes Saúde da Família, compartilhando as

práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das ESF no qual o NASF

está cadastrado. (BRASIL, 2008)

A priori, O NASF3 estava classificado em duas modalidades: NASF 1 e NASF

2. Mas, de acordo com Lima (2013), em 2010, a partir da Portaria GM/MS nº 2.843,

de 20 de setembro de 2010 foi criado o NASF 34, mas, em 21 de outubro de 2011,

por meio da Portaria GM/MS nº 2.488 as competências do NASF 3 foram

incorporadas pelo NASF 2. Em 2012, a partir da Portaria GM/MS nº 3.124, de 28 de

dezembro de 2012, o NASF 3 ressurge para, em conjunto com as modalidades

2 O PSF veio para implementar a atenção básica e contribuir para a qualidade de vida da população, considerando que a atenção primária é fundamental para que os cuidados em saúde alcancem grande parte da população. (SCHUH, 2015) 3 O NASF tem por diretriz desenvolver, coletivamente, ações que se integrem a outras políticas sociais, tais como: educação, esporte, cultura, trabalho, lazer, entre outras; promover gestão integrada participando dos Conselhos Locais e/ou Municipais de Saúde. (LIMA, 2013, p. 125) 4 O NASF 3 buscou promover a atenção integral em saúde e saúde mental, prioritariamente, para usuários de crack, álcool e outras drogas na Atenção Básica para municípios com porte populacional menor que vinte mil habitantes. (LIMA, 2013, p. 125)

7

NASF 1 e 2, possibilitar a universalização destas equipes para todos os municípios

do Brasil que possuem Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de Atenção Básica

para populações específicas.

Mesmo com os avanços do SUS, o sistema ainda apresenta muitas

dificuldades, segundo SILVA (2016, s/p.), para alguns autores, ainda se constata

uma profunda lacuna entre teoria e prática, pois, o que está no papel não condiz

com as práticas cotidianas do SUS.

1.1 O trabalho do professor de Educação Física no SUS

O atual nível de desenvolvimento das sociedades compreende que o

exercício físico contribui, sobremaneira, como um dos fatores que possibilitam a

melhora da condição de saúde. Nessa perspectiva é que se compreende a validade

da inserção da Educação Física no interior da estrutura do SUS.

Conforme Gomes (2013, p. 24), a Educação Física se tornou uma profissão

da área da saúde em 1998, mas apenas em 2008 ela passou a fazer parte das

políticas de saúde do SUS, por meio do NASF, se fazendo presente no NASF 1,

NASF 2 E NASF3.

Quando se fala sobre a atuação do professor de Educação Física na ESF,

Lucena et al. (2009, p. 89-90 apud SILVA; FIGUEIREDO, 2015, p. 79) destaca a

promoção de exercícios físicos, desportos, lazer recreação nos grupos existentes

nas unidades básicas de saúde, onde e atua junto aos outros profissionais de saúde

apoiando ou organizando esses grupos composto por idosos, Hanseníase, Diabetes,

Gestantes, atuando também com grupos de risco para alcoolismo, drogadição nos

CAPS/AD - Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas, a gravidez na

adolescência, contribuindo para construção de alternativas e perspectivas de vida,

de forma interdisciplinar e intersetorial. Devem colaborar e executar também,

programas e projetos para promoção de estilo de vida saudável: ocupação do tempo

ocioso e lazer, reflexão crítica sobre as atividades da vida diária. Contribuindo para

formação integral de crianças, jovens, adultos e idosos no sentido da construção de

cidadãos autônomos e conscientes, através da atividade física (dança, desporto,

atividades lúdicas e lazer).

8

O professor de Educação Física se inseriu de modo significativo nas equipes

multiprofissionais do NASF. De acordo com Martinez, Silva e Silva (2014), esse

profissional ocupara a quinta posição dentro das equipes do NASF I e NASF II.

A partir do que foi abordado sobre a atuação do professor de Educação

Física5 nas estruturas do SUS, conforme Silva e Figueiredo (2015, p. 79), cabe a

eles a missão de desenvolver e realizar ações que estimulem a prática de atividades

físicas junto a diferentes grupos, principalmente, direcionada para aqueles

considerados como sendo de riscos.

Dentro dessa perspectiva o professor de Educação Física atua também no

CAPS AD, pois a atividade física também é apontada como um dos mecanismos

capazes de contribuir para a superação dos problemas relacionados ao álcool e às

drogas.

Desta forma, conclui-se que o trabalho do professor de Educação Física é um

trabalho essencial dentro do SUS. Silva e Figueiredo (2015) destacam que o

professor de Educação Física para atuar especificamente na Saúde Pública,

necessita de uma formação que privilegie a interdisciplinaridade, que oriente tal

profissional para atuar de forma multidisciplinar. Desta forma o professor de

Educação Física necessita de uma formação continuada, para que adquira os

conhecimentos necessários ao desenvolvimento de uma melhor ação, capaz de

contribuir para a melhoria da qualidade da população assistida.

2. LUTA ANTIMANICOMIAL E CRIAÇÃO DOS CAPS

No Brasil, o asilamento e a hospitalização6 eram os modelos de assistência

psiquiátrica propostos pela Constituição Federal de 1934, visando garantir a

segurança da ordem e da moral pública.

De acordo com Gonçalves e Sena (2001, p. 49) foi estabelecido “o diferente”,

5 É a formação generalista apresentada pelo professor de Educação Física que favorece a sua inserção na ESF, pois ele possui, além do domínio da teoria, um rico conhecimento que possibilita o desenvolvimento de uma prática educativa, capaz de proporcionar bons resultados, independente do público alvo. (MOREIRA 2007, apud SILVA; FIGUEIREDO, 2015, p. 79) 6 Os hospícios tinham por função de exilar todos os tipos de “marginais”: leprosos, prostitutas, ladrões, loucos e todos aqueles que simbolizavam ameaça a lei e a ordem social. Ademais, devido à falta de conhecimento e estudos médico-científicos a loucura, no período citado, não tinha uma conotação de ordem patológica sendo, portanto, considerado o louco como um transgressor. (AMARANTE, 1998, p. 24)

9

aquele que não segue o padrão de comportamento que a sociedade define, assim o

doente mental, foi excluído e afastado dos donos da razão. Devido à falta de

humanização no tratamento dos "loucos" estes eram privados de exercer sua

cidadania. Por esse motivo, durante o período da Ditadura Militar, houveram

intensas privatizações e galpões se tornaram "enfermarias" e a "indústria da loucura"

fez o número de leitos saltar em, aproximadamente, 20 vezes. Dessa forma,

constatou-se que o modelo asilar e manicomial era quase universal e que milhares

de pessoas eram abandonadas em macroinstituições financiadas pelo poder público,

ao passo que os investimentos no setor de saúde pública diminuíam. (AMARANTE,

2006)

Em 1978, o Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro (bairro da

cidade do Rio de Janeiro), sofreu uma denúncia por parte de seus funcionários por

violar os direitos humanos de pessoas lá internadas, "usuários psiquiátricos" sofriam

maus-tratos e presos políticos eram torturados. Foram demitidos 263 profissionais

que se posicionaram a favor da denúncia. Assim nasceu o movimento de

trabalhadores da saúde mental, que 10 anos depois se tornaria o movimento de luta

antimanicomial, o mais importante movimento social pela reforma psiquiátrica e pela

extinção dos manicômios. (AMARANTE, 2006)

Em 1979, Franco Basaglia7 veio ao Brasil e visitou o Hospital Colônia de

Barbacena, um dos mais cruéis manicômios brasileiros. Suas visitas influenciaram

de modo excessivo na trajetória da nossa reforma psiquiátrica, pois este comparou o

Hospital Colônia de Barbacena a um campo de concentração, reforçando as

denúncias de violência.

Em 1989, o deputado federal Paulo Delgado apresentou o Projeto de Lei n.

3.657/1989, cuja justificativa fazia menção explícita à lei italiana 180, inspirada na

experiência de Basaglia, que determinava a extinção dos manicômios e a

substituição do modelo psiquiátrico por outras modalidades de cuidado e

assistência8.

Depois de aprovado na Câmara dos Deputados, em 1991, o Projeto de Lei n.

7 Responsável por fundar o Movimento da Psiquiatria Democrática e liderar as mais importantes experiências de superação do modelo asilar-manicomial. 8 O caráter revolucionário dessa nova forma de cuidado estava expresso não apenas pelos novos serviços que substituíam os manicômios, mas pelos mais variados dispositivos de caráter social e cultural, que incluíam cooperativas de trabalho, ateliês de arte, centros de cultura e lazer, oficinas de geração de renda, residências assistidas, entre outros. (AMARANTE, 2006, s/p).

10

3.657/89, tramitou no Senado, entretanto, apenas em janeiro de 1999 foi aprovado

um projeto substitutivo, que aperfeiçoou em muitos aspectos o modelo assistencial

psiquiátrico brasileiro dispondo sobre a proteção e os direitos das pessoas

portadoras de transtornos psíquicos.

No início dos anos 1990, o campo da saúde mental construía a reforma

psiquiátrica brasileira que tinha como uma de suas vertentes mais importantes a

desinstitucionalização do manicômio, quebrando os paradigmas que o sustentavam:

O que se espera da reforma psiquiátrica não é simplesmente a transferência do doente mental para fora dos muros do hospital, “confinando-o” à vida em casa, aos cuidados de quem puder assisti-lo ou entregue à própria sorte. Espera-se, muito mais, o resgate ou o estabelecimento da cidadania do doente mental, o respeito a sua singularidade e subjetividade, tornando-o sujeito de seu próprio tratamento sem a ideia de cura como o único horizonte. Espera-se, assim, a autonomia e a reintegração do sujeito à família e à sociedade. (GONCALVES; SENA, 2001, p. 51).

Ao observar os ideais de reconstrução da assistência psiquiátrica, fruto de

uma intensa luta de profissionais que trabalhavam com saúde mental, insatisfeitos

com a assistência no Brasil e as condições precárias dos hospitais psiquiátricos, é

que surge o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)9 em São Paulo,

regulamentados conforme a Portaria n. 336, de 19 de fevereiro de 2002, com o

intuito de substituir o modelo manicomial, oferecendo serviços de forma estratégica

integrando o indivíduo segregado, até então, da sociedade à comunidade.

3. ESTRUTURA DOS CAPS

Os CAPS devem contar com espaço próprio e adequadamente preparado

para atender à sua demanda específica, sendo capaz de oferecer um ambiente

continente e estruturado com, no mínimo, os seguintes recursos físicos: consultórios

para atividades individuais (consultas, entrevistas, terapias); salas para atividades

grupais; espaço de convivência; oficinas; refeitório (o CAPS deve ter capacidade

para oferecer refeições de acordo com o tempo de permanência de cada usuário na

unidade); sanitários; área externa para oficinas, recreação e esportes. (MS, 2004)

9 Os CAPS buscam, diariamente, por meio de seus inúmeros serviços, reestruturar o indivíduo para que ele possa interagir de forma plena na sociedade novamente, evitando internações e favorecendo o exercício da cidadania e da inclusão social dos usuários e de suas famílias. (MS, 2004; GUEDES et al., 2010)

11

Os CAPS diferenciam-se um do outro por sua estrutura física e

funcionamento como pode ser observado no quadro abaixo.

Quadro 1 - As características de cada tipo de CAPS

Fonte: Ministério da Saúde (2004, p. 22).

O atendimento no CAPS é dividido em intensivo, semi-intensivo e não

intensivo. O atendimento Intensivo: trata-se de atendimento diário, oferecido em

situação de crise ou dificuldades intensas no convívio social e familiar. No semi-

intensivo o usuário pode ser atendido até 12 dias no mês e é oferecido quando o

sofrimento e a desestruturação psíquica da pessoa diminuíram. O atendimento não-

intensivo é oferecido quando a pessoa não precisa de suporte contínuo da equipe

para viver em seu território e realizar suas atividades na família e/ou no trabalho,

podendo ser atendido até três dias no mês. Todos esses atendimentos podem ser

realizados em domicilio. O acolhimento noturno e a permanência nos fins de semana

devem ser entendidos como mais um recurso terapêutico, visando proporcionar

atenção integral aos usuários dos CAPS e evitar internações psiquiátricas. (MS,

2004)

Tipo Função Nº de

Habitantes por região

Funcionamento

CAPS I Atendimento diário de adultos,

com transtornos mentais severos e persistentes

Municípios com população entre 20.000 e 70.000

habitantes

Das 8 às 18 horas De segunda a sexta-feira

CAPS II Atendimento diário de adultos,

com transtornos mentais severos e persistentes

Municípios com população acima

de 200.000 habitantes

24horas, diariamente, também nos feriados e

fins de semana

CAPS III

Atendimento diário e noturno de adultos com transtornos mentais severos e persistente, durante

sete dias da semana

Municípios com população acima

de 200.000 habitantes

Funciona 24 horas, diariamente, também nos feriados e fins de semana

CAPSi Atendimento diário a crianças e adolescentes com transtornos

mentais

Municípios com população acima

de 200.000 habitantes

Das 8 às 18 horas de segunda a sexta-feira,

mas pode ter um terceiro período, funcionando até

21 horas

CAPS AD

Atendimento diário à população com transtornos decorrentes do

uso e dependência de substâncias psicoativas, como

álcool e outras drogas

Municípios com população acima

de 100.000 habitantes

Das 8 às 18 horas de segunda a sexta-feira pode ter um terceiro

período, funcionando até 21 horas

12

As atividades são desenvolvidas conforme o que pede no projeto terapêutico

do usuário, e ele pode ser desenvolvido em grupo, individual, em família ou ainda de

outras formas. O atendimento individual corresponde a prescrição de medicamentos,

psicoterapia, orientação; o atendimento em grupo corresponde as oficinas

terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas geradoras de renda, oficinas de

alfabetização, oficinas culturais, grupos terapêuticos, atividades esportivas,

atividades de suporte social, grupos de leitura e debate, grupos de confecção de

jornal; o atendimento para a família é o atendimento nuclear e a grupo de familiares,

atendimento individualizado a familiares, visitas domiciliares, atividades de ensino e

atividades de lazer com familiares. Tem também as atividades comunitárias que são

atividades desenvolvidas em conjunto com associações de bairro e outras

instituições existentes na comunidade, que têm como objetivo as trocas sociais, a

integração do serviço e do usuário com a família, a comunidade e a sociedade em

geral. (MS, 2004)

Para ter um bom funcionamento, cada CAPS conta com uma equipe

multiprofissional, que é distribuída de acordo com suas especificidades. Em regra

geral, a equipe é composta por médico psiquiatra, clínicos gerais, enfermeiros,

psicólogos, assistentes sociais, terapeuta ocupacional, profissionais de nível médio

como técnicos e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico

educacional, e outros. Sempre variando de acordo com o projeto terapêutico do

local. A equipe10 multiprofissional do CAPS é responsável por desenvolver as

oficinas terapêuticas que , segundo o Ministério da Saúde, podem ser:

Oficinas expressivas: espaços de expressão plástica (pintura, argila, desenho etc.), expressão corporal (dança, ginástica e técnicas teatrais), expressão verbal (poesia, contos, leitura e redação de textos, de peças teatrais e de letras de música), expressão musical (atividades musicais), fotografia, teatro. Oficinas geradoras de renda: servem como instrumento de geração de renda através do aprendizado de uma atividade específica, que pode ser igual ou diferente da profissão do usuário. As oficinas geradoras de renda podem ser de: culinária, marcenaria, costura, fotocópias, venda de livros, fabricação de velas, artesanato em geral, cerâmica, bijuterias, brechó, etc.

10 As equipes técnicas devem organizar-se para acolher os usuários, desenvolver os projetos terapêuticos, trabalhar nas atividades de reabilitação psicossocial, compartilhar do espaço de convivência do serviço e poder equacionar problemas inesperados e outras questões que porventura demandem providências imediatas, durante todo o período de funcionamento da unidade. (MS, 2004, p. 27)

13

Oficinas de alfabetização: esse tipo de oficina contribui para que os usuários que não tiveram acesso ou que não puderam permanecer na escola possam exercitar a escrita e a leitura, como um recurso importante na (re)construção da cidadania. (MS, 2004, p. 20-21).

Pode-se observar que cada CAPS possui sua especificidade, tanto no que diz

respeito às funções que desempenham, quanto acerca da natureza da equipe

multiprofissional. Contudo, a estrutura pensada e o desenvolvimento por meio dos

CAPS, estabelece uma ruptura completa acerca do cuidado com os indivíduos

dependentes químicos e com transtornos psicológicos. Como ambiente de estudo

dessa pesquisa está o CAPS AD III – Marajoara, localizado no bairro da Marambaia

em Belém do Pará, antes conhecido como Centro de Cuidados ao Dependente

Químico.

4. O TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO CAPS AD III – MARAJOARA

O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS) Marajoara,

vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública, começou a funcionar em 29 de

agosto de 2006. Ele possui uma equipe multiprofissional e funciona 24 horas por dia,

além de dispor atualmente de quinze leitos de observação e internação para

desintoxicação e repouso para um período de até 14 dias no sistema de acolhimento

noturno, também possui serviços de assistência terapêutica, avaliação nutricional,

visitas domiciliares, atividades educativas e recreativas – como oficinas, palestras,

grupos de apoio, entre outros – para o período diurno. A instituição conta ainda com

115 profissionais, porém voluntários também atuam colaborando com o atendimento

e acolhimento dos usuários nos grupos de apoio.

Em relação a infraestrutura do CAPS se encontra os seguintes espaços: 1

recepção, 1 auditório, 1 sala de leitura, 1 sala de espera interligando 5 consultórios,

1 farmácia, 1 sala para os técnicos, 1 refeitório, 6 banheiros, 1 oficina de artes, 1

área de tv e jogos, 1 sala de enfermagem, 4 dormitórios, 1 sala para realização de

grupos e oficinas, 1 área verde que é utilizada para eventos e oficina de jardinagem,

1 quadra esportiva e 2 áreas de lazer semelhantes a uma praça. Todas devidamente

equipadas com banco e cadeiras e materiais de acordo com sua especificidade.

Apesar de parecer um local bem equipado, o espaço do CAPS se encontra

em processo de sucateamento, pois os materiais encontrados no espaço não são

14

suficientes e muitos estão deteriorados. O serviço de atendimento do refeitório

poderia ser de melhor qualidade e a recepção ao público também, pois desde o

conforto das acomodações até a forma de tratar o público não correspondem, na

sua integralidade, aos princípios do SUS.

O CAPS conta com uma equipe multiprofissional composta por psicólogos,

médicos (psiquiatra e clinico geral), assistente social, farmacêuticos, enfermeiros,

terapeuta ocupacional e professores de Educação Física. Para desenvolver as

atividades de Educação Física o CAPS conta com duas professoras, ambas

licenciadas em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará, lotadas em

turnos diferentes. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi observado, durante o

período de aproximadamente 6 meses, o trabalho da professora lotada no turno da

tarde.

A professora desenvolve atividades variadas em diferentes turnos, contudo

aqui se apresenta o trabalho realizado por ela no turno da tarde. Os dias em que ela

realiza suas atividades são: na segunda-feira a tarde - acolhimento, terça-feira de

manhã - prática esportiva para os usuários do leito (acolhimento noturno), terça-feira

a tarde - grupo de jogos educativos para os usuários do leito, na sexta-feira de

manhã - atendimento de técnica de referência e a tarde - grupo de relaxamento para

os usuários da permanência diária. Levando em consideração que o trabalho da

equipe é multiprofissional o grupo de jogos educativos é composto também por uma

terapeuta ocupacional.

Cada atividade tem seu objetivo. A atividade de acolhimento tem como

objetivo receber os usuários que participam pela primeira vez e os que estão

retornando para o tratamento. Apesar de realizar a atividade de acolhimento a

professora de Educação Física não é lotada para desenvolver essa função, mas

devido a insistência da equipe multiprofissional ela é condicionada a desenvolver o

serviço, além de a professora não receber por desenvolver tal função.

O grupo de Jogos Educativos, desenvolvido nas terças-feiras, é

especificamente direcionado para o acolhimento noturno (sistema de “internação”), e

conta com a professora de Educação Física e o profissional da terapia ocupacional,

com o objetivo de desenvolver atividades que estimulem a cognição, a memória, a

criatividade, o raciocínio lógico, entre outros. Para desenvolver tal atividade elas

utilizam jogos variados, tais como: dominós especiais, caça-palavras, jogos de

15

memória, além de atividades com pintura e atividades corporais com o objetivo de

melhorar a interação e a forma de se expressar dos usuários.

O grupo de relaxamento, realizado nas sextas-feiras, direcionado para os

usuários do acolhimento diurno (permanência dia), é realizado apenas pela

professora de Educação Física com o objetivo de diminuir as tensões, o estresse e a

ansiedade dos usuários. As atividades desenvolvidas são: flexibilidade e

alongamento, além de massoterapia, pois a professora possui curso para

desenvolver tal atividade. Tal grupo é o mais procurado decorrente ao estresse

causado pelo uso de drogas, no entanto o grupo é limitado para o máximo de 9

pessoas, pois as atividades são realizadas sobre colchonetes e o espaço possui

apenas 9 unidades.

4.1 A visão da Equipe Multiprofissional sobre a Educação Física

Como já abordado aqui, a professora de Educação Física desenvolve suas

atividades em conjunto com uma equipe multiprofissional, que elabora as atividades

conjuntamente. Além dos objetivos de cada grupo, há um objetivo geral que rege o

trabalho da equipe. Ao ser indagada sobre o objetivo do seu trabalho em comum

com o da equipe, a professora afirma que consiste em: “Atrair o usuário para o

serviço como maneira de cuidar do corpo, cuidar da mente, do tratamento em si. Ele

levar a sério o tratamento e ser estimulado a uma prática de saúde. Promoção de

saúde.”

A mesma pergunta foi feita para os profissionais da equipe e a maioria das

respostas girou em torno de promover saúde e ajudar no tratamento em si, como

pode ser observado nas falas dos membros da equipe:

O tratamento do usuário, fazer com que eles se integrem, não só na sociedade, mas se integrem também nesse tratamento, porque no momento que ele vai para o grupo ele vai para o coletivo, passa a não ser mais individual, ele vai compartilhar os problemas dele também com os outros, ele vai expor o seu problema e compartilhar o problema do outro, e também vai ter um parâmetro, um reflexo do que ele viveu ou do que ele está vivendo. (PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM, 2017). Promover a recuperação dos pacientes. Aliás, manter eles em recuperação, porque a dependência química não tem uma cura. (PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA, 2017).

16

De modo geral o objetivo comum é promover a saúde mesmo utilizando a interdisciplinaridade. (PROFISSIONAL DA TEORAPIA OCUPACIONAL, 2017). O objetivo é dar uma atenção, uma abordagem humanizada, colocar eles em um local que, talvez, eles nunca pensaram que estariam, um local humanizado que tenha um retorno, que eles sejam tratados de uma maneira igual, e o conforto, acolhimento [...]. (PROFISSIONAL DA FARMÁCIA, 2017).

Desta forma, compreende-se que o trabalho da professora de Educação

Física se relaciona com o trabalho da equipe, afim de que o objetivo do tratamento

seja alcançado. Ao serem indagados sobre essa temática, as respostas variaram de

acordo com a área de cada profissional, mas, ainda assim, algumas posições foram

semelhantes.

Os profissionais de enfermagem acreditam que tem que haver uma parceria

da Enfermagem com a Educação Física, pois quando a professora vai desenvolver

alguma atividade física ela recorre a enfermagem para saber o estado clínico do

usuário, se ele está bem fisicamente naquele momento, se ele apresenta condições

de desenvolver alguma atividade mais intensa. Desta forma, o que se observa, é

que a relação do trabalho entre Educação Física e Enfermagem é se apresenta de

modo orgânico no contexto saúde e doença.

Ao olhar da farmacêutica e do profissional de serviço social, quando se

trabalha multiprofissionalmente, a relação acontece dentro do estudo de caso, pois a

professora pode necessitar de um questionamento sobre algum medicamento, e

querer saber como determinado medicamento age, assim como das relações sociais

estabelecidas pelos usuários, respectivamente. Como o trabalho é multiprofissional,

cada um contribui com o seu conhecimento especifico.

Diferente dos demais profissionais da enfermagem, farmácia e serviço social

que fizeram a relação saúde e doença e somente no estudo de caso, para o

profissional da psicologia os trabalhos estão totalmente articulados, pois envolvem o

corpo e a mente. Então enquanto a psicóloga trabalha diretamente com a mente em

um processo de fala dentro do consultório e dos grupos terapêuticos, a professora

de educação física trabalha com exercícios físicos ligados, também, com o processo

corpo e mente dentro dos grupos de relaxamento, usando uma forma de

descarregar a ansiedade e fazer a desintoxicação.

Nesta mesma linha de raciocínio, o profissional de terapia ocupacional

acredita que, em virtude de o CAPS olhar o ser humano, na condição de usuário,

17

como um todo, e o profissional de terapia ocupacional trabalha com atividades, com

o fazer humano, e o professor de educação física também trabalha com a questão

do corpo, com atividades. Desse modo, as atividades se complementam, ajudando

nesse processo de recuperação e cuidado.

Dentro dos grupos existe uma combinação de profissionais para conduzir o

trabalho, porém mesmo quando não há essa combinação, os trabalhos de cada

profissional se complementam. Quando indagados sobre como o trabalho da

professora de Educação Física pode acrescer no trabalho da equipe, foram obtidas

respostas variadas. A maioria dos profissionais entrevistados destacou a importância

do trabalho da professora voltado para o bem-estar do usuário, tanto fisicamente

quando psicologicamente, diminuindo a ansiedade e o estresse, e esta melhoria

reflete durante o atendimento de outros profissionais. Outros destacaram a

contribuição da professora diretamente no estudo de caso, que é a reunião feita para

discutir a situação dos usuários. Dentre todas as respostas, a do profissional de

terapia ocupacional se destacou:

[...] A atividade física já fez parte da história quase de todo mundo, seja de lá da infância, então há essa possibilidade de resgate de muita coisa. Principalmente de autocuidado, de trabalhar também a questão da educação, da cognição, da inteligência. Então, em relação a isso, ela me ajuda demais, porque ela deixa eles mais vivos, mais felizes, às vezes eles saem da atividade física, quando tem competição, quando tem campeonato, deixa eles mais felizes até para outras terapias, para aderir mais ao tratamento. Eles ficam mais motivados, ela promove motivação, promove bem-estar. Isso reflete no meu grupo, porque eles se sentem melhor, tanto que eles cobram atividade física. (PROFISSIONAL DA TERAPIA OCUPACIONAL, 2017).

Ao ser indagada sobre a mesma questão, a professora destacou a Educação

Física como uma maneira de atrair os usuários para participar de forma mais ativa

das atividades do CAPS, pois como o profissional de terapia ocupacional citou, a

professora desenvolve muitas atividades de campeonatos, jogos e participações

culturais de dança em eventos, que incentivam os usuários na busca do atendimento

dos demais membros da equipe.

Quando questionados sobre como os pacientes reagem ao trabalho da

professora de Educação Física, a equipe frisou de forma unânime que os pacientes

cobram muito as atividades de Educação Física, devido à grande diversidade de

18

atividades desenvolvidas pela professora, motivando-os a permanecer no

tratamento.

4.2 A visão dos usuários

Tendo em vista que alguns usuários possuem, além da dependência química,

outros transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão, esquizofrenia,

transtorno de personalidade, bipolaridade e outros, eles reagem ao tratamento de

forma diferenciada e particular. O tempo de tratamento também varia muito, pois

quase todos os dias chegam usuários novos e muitos interrompem o tratamento e,

ao ter recaídas, voltam a procurar ajuda.

Os usuários foram indagados se já haviam praticado exercício físico antes de

ter contato com o tratamento no CAPS, a maioria respondeu que teve contato com

diferentes tipos de esporte, como futebol, judô, karatê, boxe e natação. Outros

citaram atividades como ciclismo, capoeira, pilates, musculação e tai chi chuan.

Apenas um usuário relatou não ter feito nenhum tipo de exercício físico antes de

começar o tratamento no CAPS. Tendo em vista que quase todos já haviam feito

algum tipo de exercício físico antes do tratamento, ao serem questionados sobre

como interagem com as atividades realizadas pela professora, todos responderam

que gostam das atividades e procuram fazer o que é proposto na dinâmica do grupo.

Considerando que as atividades que a professora realiza são muito

requisitadas e aceitas pelos usuários, ao serem perguntados sobre como essas

atividades ajudam no seu tratamento, a maioria relatou satisfação ao realizar as

atividades, além de visualizarem nas atividades físicas uma forma de prazer que

tomou o lugar da sensação causada pelo uso de drogas. Uma resposta se destacou

e ilustra essa realidade:

O exercício físico, não só para a gente que tem uma patologia de dependências, mas para qualquer pessoa, é essencial. Para vascularização do seu corpo, para você focar na sua vida, para você ter equilíbrio emocional. A máquina humana ela foi feita para se movimentar, então se você parar, você atrofia. O exercício físico é muito importante para você ter longevidade, para você não adquirir patologias decorrentes da paralisação do teu corpo e evitar coisas como colesterol e triglicerídeos altos. Independente de você ter uma patologia ou não. É muito importante na sua vida, é essencial a Educação Física na vida do ser humano. (USUÁRIO 6, 2017).

19

Dentro do período de observação no CAPS, a cobrança pela atividade física

esteve sempre presente por parte dos usuários, como se pode observar nas falas da

equipe multiprofissional, contudo as dificuldades em realizar atividades variadas,

centram-se, principalmente, na falta de materiais específicos para o

desenvolvimento, com qualidade, do trabalho da professora de Educação Física.

4.3 Condições de trabalho da professora de Educação Física

A professora de Educação Física trabalha no CAPS desde setembro de 2008,

ano em que a Educação Física foi inserida nas equipes multiprofissionais do SUS.

Desta forma, algumas coisas mudaram, do seu primeiro ano para os dias atuais. Ao

ser indagada sobre essa mudança, a professora relatou que antes não havia espaço

físico para trabalhar, como uma quadra, mas havia material. Contudo, na atualidade,

ocorre o inverso, pois houve uma reforma e o ambiente já possui uma quadra

esportiva, mas não há material, com exceção dos colchonetes.

Logo quando ela começou a trabalhar no CAPS a professora estruturou uma

mini academia, que por motivos de falta de segurança deixou de existir. No início ela

possuía acesso às quadras da comunidade, pois o bairro da Marambaia onde se

encontra o CAPS é um espaço que possui muitas praças com quadras esportivas,

espaços esses que, por motivos de problemas de comportamento dos usuários,

ficou impossibilitado de uso. Desta forma, o que a professora mais frisou foi que a

falta de material compromete a dinâmica do trabalho, gerando reclamações e

resistência em relação a prática esportiva.

Diferente do que foi relatado pelos usuários a respeito da aceitação das

atividades propostas pela professora, o que foi observado e relatado pela mesma,

demonstra que há uma resistência por parte de alguns usuários ao desenvolver

determinadas atividades propostas nos grupos. Tendo em vista essa dificuldade, a

professora relatou que se deve ter cuidado ao se expressar para não demonstrar

rispidez quando de uma fala negativa, pois muitas vezes os usuários não encaram

como um “não terapêutico”.

A professora salientou, ainda, que essa questão do não como a maior

dificuldade de seu trabalho no CAPS, pois ao se ter que negar algo ao usuário, ele

pode reagir de forma agressiva e essa reação é motivo de preocupação, devido

alguns usuários possuírem algum tipo de transtorno psicológico e suas reações

20

podem fugir do controle levando a uma ameaça ou até mesmo a uma agressão

física.

4.4 O trabalho da professora de Educação Física e a ressocialização dos dependentes químicos

Durante a realização da pesquisa, observou-se que a maioria dos usuários se

relaciona muito bem entre si. O CAPS possui alguns usuários que são artistas e

esse diferencial se torna motivo de descontração e interação no tempo livre durante

o tratamento, pois em momentos assim eles dão força e apoio um ao outro para

seguir em frente com o tratamento. Visto que as histórias de vida têm suas

especificidades, elas são semelhantes, e cada depoimento é motivo de estimulo

para não desistir, como se observa na fala de um usuário: “A gente está aqui com o

mesmo objetivo de mudar de vida, de melhorar, então eu procuro me relacionar

bem.” (USUÁRIO 3, 2017)

Os usuários foram indagados a respeito de como a Educação Física ajuda na

sua ressocialização, ou seja, como as atividades desenvolvidas pela professora

ajudam na melhora da interação deles com a sociedade. Um dos usuários relatou

que antes do tratamento no CAPS ele era muito discriminado dentro da sociedade

decorrente do uso da droga, mas ao entrar no CAPS e começar a participar de

grupos, interagindo com pessoas com problemas semelhantes aos seus e com

membros da equipe dispostos a ajudá-lo, ele passou a encarar essa situação de

cabeça erguida e perdeu a vergonha perante a sociedade.

Muitos usuários relataram que as atividades esportivas e os grupos

terapêuticos desenvolvidos pela professora de Educação Física ajudam a

ressocializar por serem realizados de forma coletiva, ocorrendo, assim, a diminuição

do estresse e oscilações de humor causado pela droga, melhorando sua relação

com a família e com a sociedade.

O mesmo questionamento foi feito a equipe que destacou o aumento da

autoestima como uma alavanca, pois a baixa autoestima é vista como um dos

fatores que leva o usuário a se entregar a doença e a Educação Física resgata esse

cuidado com o corpo, melhorando física e psicologicamente a vida do usuário. Este

fato gera “um gás” na sua retomada a sociedade.

Também foi destacado pela equipe que, em virtude de as atividades serem

21

realizadas em grupo, há interação entre eles, de modo que realizam troca de ideias,

às vezes troca de afeto, de amizade, extravasando o estresse contido e contribui

para que se distanciem dos problemas do dia a dia. Uma resposta que ganhou

destaque foi a do profissional de terapia ocupacional:

Ressocializar tem a ver com retornar para sociedade. Uma coisa vai puxando a outra. De imediato o que eu observo é a questão do bem-estar, de promover bem-estar. O educador físico por ter uma prática mais libertadora, faz com que eles se sintam mais acreditados, com o potencial mais elevado para também se relacionar dessa forma lá fora, na sociedade. De repente procurar outros grupos de jogos, de estar inserido em campeonatos, estabelece uma relação mais de igual, de falar o que eles querem falar, de gritar, porque faz parte do jogo gritar, de cobrar, de competir, porque faz parte da competição. Eles se sentem mais integrados, mais ressocializados mesmo, e eles aparecem mais como eles são, eles se revelam de uma forma mais natural na Educação Física, assim a gente tem como trabalhar eles mais para sociedade: ‘Olha, esse comportamento não é legal. Quando tu quiseres procurar um emprego tu vais fazer isso? Quando tu quiseres buscar um grupo x é dessa forma que tu vais te relacionar?’. A gente pode falar do respeito, pode falar do que é ganhar do que é perder. Então a Educação Física dá essa possibilidade, como se fosse um laboratório de vida, de viver coisas dentro do CAPS que eles vão viver lá fora na sociedade em outros grupos. (PROFISSIONAL DE TERAPIA OCUPACIONAL, 2017).

Semelhante a fala do profissional de terapia ocupacional, a professora de

educação física destacou que a ressocialização é percebida quando sé tem

interação entre eles, que é observada dentro do próprio esporte, onde se consegue

nivelar eles em relação ao nível de comportamento, ao nível social que eles vem,

porque como eles estão em situação de uso de droga, tem usuário que estão na rua,

tem usuário que vem da sua casa, tem usuário que é formado, tem usuário que tem

poder aquisitivo mais elevado, então você consegue, dentro do esporte, nivelar essa

relação.

A ressocialização é justamente isso, você conseguir atrair um nível de

convivência saudável entre eles. Além de melhorar a autoestima, o cuidado com a

higiene pessoal. Muitos deles passam o dia sem se alimentar corretamente. São

coisas que se consegue que eles tenham mais cuidado. Então, além de reinseri-los

na sociedade, ajuda na promoção de saúde.

22

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração deste artigo proporcionou conhecer e se aprofundar a respeito

da atuação do professor de Educação Física no SUS, inserido em uma equipe

multiprofissional, no campo da saúde mental, com vistas a efetivar o processo de

ressocialização dos usuários. Nessa perspectiva, foi possível concluir a partir dos

dados coletados, descritos e analisados, que o trabalho da professora se mostra um

misto de desafios, aprendizados e conquistas.

Desta forma, constatou-se que os grupos terapêuticos desenvolvidos somente

pela professora e os grupos em conjunto com o profissional da terapia ocupacional,

contribuem de forma significativa para a ressocialização dos dependentes químicos,

pois trabalham o coletivo, incentivando a interação entre eles, resgatando a

cidadania, o respeito para com o outro e com o próprio corpo, a sua singularidade e

subjetividade, reforçando o tratamento sem a ideia de cura como objetivo principal,

visto que a dependência química não tem cura. Espera-se a reintegração do sujeito

à família e à sociedade por meio do cuidado do ser humano de forma integral,

conforme o que pede os princípios do SUS.

Durante o desenvolvimento da pesquisa, foram encontradas dificuldades no

processo de realização das entrevistas, pois um dos membros da equipe

multiprofissional, não de disponibilizou a participar da pesquisa.

Com o desenvolvimento desta pesquisa, pode-se quebrar o preconceito a

respeito do campo de atuação do professor de Educação Física, que é,

erroneamente, atrelado apenas aos espaços tradicionais do campo não escolar, pois

se notou a importância do trabalho do professor de Educação Física para a

sociedade. Afirma-se isso a partir dos resultados observados na melhoraria da

autoestima, ela resgata sensações de prazer, deixando as pessoas mais “leves”

para desenvolver funções do dia-a-dia. Desta forma, nota-se a importância de

aprofundar os estudos a respeito do tema, pois inserida no campo da saúde, a

educação física também se faz muito importante para efetivar as políticas públicas

encabeçadas por meio do Sistema Único de Saúde.

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THE WORK OF THE PHYSICAL EDUCATION TEACHER IN SUS: An experience in CAPS AD III- Marajoara

Abstract: This article presents as object of research the work of the Physical

Education teacher in one of the structures of the Unified Health System. Its objective is to describe and analyze the work of Physical Education teacher in the SUS, inserted in the multiprofessional team of CAPS AD III - Marajoara, in Belém of Pará. This is a qualitative descriptive research, and used as a data collection instrument the semistructure and participant observation interview with the multiprofessional team, as well as semi-structured interview with the users of the service. It was verified that the articulation of the Physical Education teacher within the multiprofessional team is well developed, with the acceptance of the other members of the team and understanding of the need for the presence of the Physical Education teacher in the CAPS space. Keywords: Unified Health System. Psychosocial Care Centers. Physical Education. REFERÊNCIAS AMARANTE, Paulo. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil.

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