nassri hipnose odontologia

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Page 1: Nassri hipnose odontologia

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Hipnose em Odontologia

Hypnosis in dentistry

Curso de Odontologia, Disciplina de Cirurgia,

Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes, SP

Paulo Henrique Giazzi Nassri*, Dário Cunha da Silva **, Marcia Hitomi

Ito**, Wilka Ribeiro Nogueira **.

Endereço de contato:

Paulo Henrique Giazzi Nassri

Universidade de Mogi das Cruzes – Curso de Odontologia – Disciplina de

Cirurgia

Av. Dr. Cândido Xavier de Almeida Souza,200 – Centro Cívico – Mogi das

Cruzes – SP – Brasil

Cep: 08780-911 – Telefone: (11) 4798-7138 - [email protected]

____________________

*Professor Doutor das disciplinas de Cirurgia e Clínica Odontológica

Integrada da Universidade de Mogi das Cruzes; **Acadêmicos do último

período do curso de Odontologia da Universidade de Mogi das Cruzes.

Page 2: Nassri hipnose odontologia

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RESUMO

A hipnose é empregada como um recurso auxiliar terapêutico. O

trabalho em questão estuda através da revisão de literatura a eficiência ou

não da hipnose clínica na Odontologia. A hipnose em Odontologia está

indicada para modificar o comportamento dos pacientes tais como: diminuir a

ansiedade, distorções de tempo de trabalho, adaptação a aparelhos

ortodônticos e protéticos, controle de reflexo laringo faríngeos, ruptura de

hábitos bucais, a potencialização de anestesia, a recuperação pós-

operatória, e influir no sistema simpático e parassimpático, atuando nas

glândulas salivares e na hemostasia. Apresentada sempre como um tema

polêmico, a hipnose nos traz fatores que são comprovadamente contribuintes

à sua aplicação na Odontologia. Conclui-se que o odontologista deve

procurar conhecer os benefícios que a hipnose gera aos tratamentos que

envolvem principalmente a dor e os procedimentos traumáticos, com o intuito

de acelerar o processo de terapia e encurtar o tempo de tratamento.

Palavras-chave: Conhecimento, Atitudes e Práticas em Saúde; Hipnose em

Odontologia; Hipnose/história.

ABSTRACT

The hypnosis is used as an auxiliary therapeutic resort. The work in

question by studying literature review of the efficiency or not the hypnosis

clinic in dentistry. The hypnosis in dentistry is indicated to modify the behavior

of patients such as: reducing the anxiety, distortions of temple of work,

adaptation the orthodontic appliances and protects, control of reflex larynx

pharyngeal, breaking the habits oral cavity, the potentiation of anesthesia, the

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recovery post operative, and influence the simpatico and parasympathetic

system, acting in the salivary glands and hemostasis. Presented always as

an controversial subject, the Hypnosis in them brings factors that are prove

contributing to its application in the Dentistry. It was concluded that the dental

hygienist should seek to know the benefits that hypnosis leads to treatments

involving mainly the pain and the traumatic procedures in order to accelerate

the process of therapy and shorten the time of treatment.

Key-Words: Knowledge, Attitude and Practice in Health; Hypnosis in

dentistry; Hypnosis / history.

INTRODUÇÃO

A hipnose teve seu início científico a partir de 1766 com o austríaco

Franz Antoin Mesmer. “Teve influência notável nos primórdios da hipnose

através das suas teorias sobre os fluidos magnéticos, sendo denominada de

técnica do magnetismo animal¨. Apesar da grande popularidade obtida na

época e da melhora constatada em inúmeros pacientes, toda sua teoria

acabou por ser chamada de pura imaginação. (Passos et al16, 1998).

Atualmente, é empregada como um recurso auxiliar terapêutico

excelente, não só em certas doenças psicossomáticas, assim como em

todas as especialidades médicas e odontológicas.

A hipnose em Odontologia está indicada para modificar

comportamentos dos pacientes tais como: diminuir a ansiedade, a apreensão

e temor, distorções de tempo de trabalho, adaptação a aparelhos

ortodônticos e protéticos, controle de reflexos laringo faríngeos, ruptura de

hábitos bucais, potencialização de anestesia, recuperação pós operatória, e

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influir no sistema simpático e parassimpático, atuando nas glândulas

salivares e na hemostasia. (Piza et al17, 1984; Badra4 ,1985;Badra apud

Monteiroi, 1985; Kayatt et al12 ,2007; Teixeira18 ,1969).

É importante que o cirurgião-dentista possa reconhecer as variações

na personalidade de seus pacientes, seus conflitos emocionais e suas fobias

ao tratamento dentário, levando em consideração os problemas do

tratamento dos sintomas orais, trazidos por transtornos emocionais.

Corretamente empregado, este recurso pode ser de inestimáveis

valores numa forma de vida normal. O ser humano estará melhor capacitado

para adaptar-se por meio de um condicionamento adequado às influências

de um ritmo rápido e perturbador contra o que vivemos assegurando a

tranqüilidade mental.

O cirurgião dentista ao atender um paciente para qualquer trabalho,

não está simplesmente realizando procedimentos mecânicos sobre os

tecidos humanos, deve-se compreender que ao mesmo tempo, está tratando

com as suas emoções, seu estado de ânimo e seus sentimentos.

(Badra2,1975).

REVISÃO DE LITERATURA

Badra6 (1965) afirma que o desenvolvimento e a divulgação dos

conhecimentos da hipnose científica iniciaram-se em 1955 pelos odontólogos

de São Paulo, que entusiasmados pela hipnose aplicada pelos odontólogos

americanos e argentinos há mais de 20 anos, fizeram com que iniciassem o

i Badra A. Avaliação da hipnose na terapêutica dentária/ Hypnosis evaluation in dental therapy Práticas da hipnose na anestesia. In: Monteiro J. Práticas da hipnose na anestesia. São Paulo: Círculo do livro S. A., 1985 p185-98.

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estudo e aplicações da hipnose no Sindicato dos Odontologistas de São

Paulo.

Teixeira18 (1969) relata a maior falta de divulgação da hipnose para

que esta seja melhor compreendida, dando algumas idéias errôneas comuns

existente sobre a hipnose, geralmente transmitidas ao grande público através

de demonstrações sensacionalistas realizadas em palco, televisão, etc. Cita

o que é errado e o que é certo. Antes de hipnotizar uma pessoa, deve-se dar

algumas informações preliminares sobre o que não é verdade a respeito da

hipnose, de modo a dissipar os seus infundados receios.

Badra2 (1975) afirma que a Odontologia com orientação

psicossomática se ocupa da personalidade, das emoções, dos estados de

ânimo e sentimentos de medo e dor, dos sintomas de enfermidades reais,

produzidas diretamente pela boca. A hipnologia, a psicologia e a sofrologia,

fazem ver com luminosa clareza que a Odontologia requer a necessidade da

compreensão, independentemente da técnica. Existem dois fatores de

desusada importância: o paciente e o profissional; que dentro de um mesmo

diagnóstico conferirão caráter à terapêutica e ao êxito ou fracasso

subseqüente. O profissional odontólogo deve penetrar no fundo das almas,

dando ao paciente que sofre, mais do que a técnica e a restauração da sua

arte, a sua força afetiva e o calor de seu próprio coração.

Couto10 (1981) relatou que para efetuar tal trabalho lança-se mão de

conhecimentos da hipnologia e parapsicologia. Conhecendo-se a

etiopatogenia das enfermidades podemos evitar a sua ocorrência ou atenuar

a sua evolução. A paciente gestante durante esse período, torna-se

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hiperemotiva e hipersensível na maioria das vezes, nesses casos deve-se ter

cuidado durante o atendimento. O medo, o estresse, a dor e a ansiedade

liberam maior quantidade de adrenalina pelas glândulas supra-renais. A

negligencia, a falta de higiene, os fatores hormonais e o cigarro limitam a

aplicação dos anestésicos.

Badra3 (1983) estudou Jules Cloquet, que em 1829 realizou uma

mamectomia em uma paciente hipnotizada, obtendo sucesso, a partir de

então, muitas intervenções cirúrgicas foram realizadas com hipnose. Em

1830, o dentista Jean Vitor Oudot realizou a primeira anestesia numa cirurgia

bucal. John Elliotson (1791-1868) obteve pleno êxito com o sono magnético,

como agente anestésico nas cirurgias. James Esdaile (1808-1859), cirurgião

escocês que trabalhou em Calcutá na Índia, primeiro fez pequenas

operações e depois grandes operações sob sono. Hipnoterapistas atuais

modificaram tais técnicas como o uso da auto-hipnose, sugestões para

melhoramento do período de pós-operatória, anestesia com luva, etc. Estas

técnicas protegem e preparam o paciente contra a surpresa, o medo e

apreensão. Por meio da hipnose diminui-se o temor e a tensão, facilita a

indução da anestesia gasosa, diminui a anexemia e a indução da analgesia e

anestesia, já que o paciente está em profundo relaxamento. Alguns

pacientes em estado ligeiro de hipnose podem eliminar medicações pré-

operatórias tradicionais.

Piza et al17 (1984) afirmam que o odontólogo deve conhecer a

Hipnologia para aproveitar suas vantagens, aplicando em seus pacientes que

tinham indicação precípua. Citam-se as várias indicações da hipnose em

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Odontologia: I - Sialorréia; II – Sangramento; III – Dor; IV – As pulpites; V –

Moldagem; VI - Adaptar-se ao aparelho de prótese; VII – A trepidação do

motor; VIII - Crianças que temem o dentista; IX – Hipertensão arterial; X –

Pacientes nervosos; XI - Pacientes alérgicos ao anestésico; XII –

Lipotímicos e XIII – Câimbras dos escrivães.

Badra4 (1985) relatou a importância em compreender as atitudes dos

pacientes que afetam sua conduta orgânica em relação à boca e seus

anexos, com as demais partes do organismo, na precipitação de

enfermidades, quer psíquicas ou somáticas, que levam o paciente a não

aceitar um tratamento dentário completo. O odontólogo deve exercer sobre

o paciente a necessária psicoterapia através da sugestão e persuasão, que é

a base da hipnose.

Badra apud Monteiroii (1985) estudou que atualmente a hipnose é

reconhecida como um valioso colaborador terapêutico na premedicação da

anestesia química, na cirurgia em geral. Ela diminui o temor e a tensão

facilitando a indução anestésica, e é de inestimável valor nos períodos pré-

operatório, durante a operação e o pós-operatório. Através das sugestões

pós-hipnóticas, o paciente desperta sem dores, sem tosse, com absoluta

tranqüilidade.

Alves1 (1986) ressalta a hipnoterapia como importante recurso

coadjuvante no arsenal terapêutico odontológico, suas principais aplicações

ii Badra A. Avaliação da hipnose na terapêutica dentária/ Hypnosis evaluation in dental therapy Práticas da hipnose na anestesia. In: Monteiro J. Práticas da hipnose na anestesia. São Paulo: Círculo do livro S. A., 1985 p185-98.

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e vantagens, bem como os mecanismos de indução hipnótica e equilíbrio

córtico-visceral.

Barreto7 (1986) esclarece que a hipnose é um fenômeno natural,

neuropsicofisiológico, em que todas as técnicas são válidas, tais como a

hipnose, o magnetismo, a reflexologia e outras. Trabalhando durante 49 anos

com crianças rebeldes, descobriu o que, psicologicamente, chamaria o “Ovo

de Colombo”. Apresenta um novo termo em hipnose: a panose (pan-

hipnose), que é um conjunto de diversas ténicas de hipnose, levando o

indivíduo à hipnose em uma única sessão.

Badra5 (1987) conclui que deve-se possuir novos conhecimentos

sobre psicossomática em odontopediatria para a descoberta e interpretação

dos distúrbios emocionais e as causas do medo, da ansiedade, das fobias,

da ausência de interesse no tratamento dentário e causas que afetam a

conduta orgânica em relação à boca e aos seus anexos com as demais

partes do corpo. Deve-se compreender que, ao mesmo tempo, está tratando

com as suas emoções, seu estado de ânimo e seus sentimentos.

Widmar19 (1988) pesquisou e observou que o crescente interesse pela

hipnose tem suas raízes no reconhecimento de suas limitações, ou seja, nem

todas as pessoas podem ser hipnotizadas. E o fato de por si só não deve

constituir tratamento – é um fenômeno que pode facilitar e acelerar o impacto

de intervenções psicoterapêuticas. Pode ser útil no manejo de determinados

sintomas e distúrbios como: ansiedade, fobia, obesidade, insônia, condições

psicossomáticas e sintomas conversivos.

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Labate et al13 (1988) estudaram o perfil psicológico precedendo a

hipnoterapia, observaram que para iniciar uma psicoterapia sob hipnose, por

exemplo, é importante saber se essa técnica é a mais indicada para o

paciente, ou se existem outras técnicas que possam auxiliá-lo mais. O que

se vai dizer ao paciente depende da impressão diagnóstica que o terapeuta

tem do mesmo e dos resultados dos testes, levando em consideração aqui,

não só a ética médica como a ética psicológica. Reunindo todos os exames

solicitados o terapeuta está em condições de planejar a técnica terapêutica

que deverá ser usada.

Mello apud Douglasiii (1998) relata que o estado de hipnose é

caracterizado por um abandono das faculdades críticas e também pelo

pensamento seletivo ou pela sugestão. O hipnotizado produz um aumento

tanto da capacidade de concentração sem esforço, como da capacidade de

concentração dirigida.

Passos et al16 (1998) compararam o tratamento de um paciente com

eczema generalizado feito com vacinação e outro paciente com sugestão

direta de hipnose três a quatro vezes por dia, e concluíram que o tratamento

sem droga obteve resultado eficaz e útil.

Mello et al14 (2000) observaram que nos últimos anos a hipnose vem

sendo cada vez mais utilizada nos meios científicos e acadêmicos como

importante instrumento de estudo e auxílio clínico nas áreas da Medicina,

Psicologia e Odontologia. Com o avanço tecnológico, a hipnose vem sendo

iii Mello P. Fisiologia da hipnose. In: Douglas, CR. Patofisiologia oral: fisiologia normal e patológica aplicada a odontologia e fonoaudiologia. São Paulo: Pancast, 1998 p. 575-91.

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estudada por meio de exames como eletrencefalografia digital, mapeamento

cerebral, potenciais evocados, ressonância funcional e tomografia por

emissão de pósitrons. Estes estudos abrem novas perspectivas e outras

questões surgem com seus resultados.

Fernandes et al11 (2003) apresentaram os resultados de uma pesquisa

avaliando o nível de conhecimento das aplicações da hipnose em

Odontologia, medido através de questionário. Conclui-se que existe elevado

nível de conhecimento de tais aplicações, bem como alta motivação da

população estudada em realizar cursos de formação que a habilitem à sua

prática.

Cortez et al9 (2003) analisaram a prática da hipnose baseados na

correlação dos artigos que compõem o Código de Ética Médica (CEM),

buscando levantar situações no exercício da hipnose médica, dando uma

contribuição que garante maior segurança e orientação a quem a utiliza,

tanto como meio de diagnóstico como terapia.

Castro et al8 (2005) relataram um caso de líquen plano erosivo bucal,

com ênfase nos aspectos etiopatogênicos e terapêuticos. Observaram um

paciente que foi encaminhado para psicoterapia hipnótica, como segunda

opção terapêutica ao tratamento com corticosteróides tópico e sistêmico.

Após duas sessões, observou-se que ocorreu completa remissão clínica das

lesões bucais, bem como melhora de outros sintomas sistêmicos

concomitantes. A importância do acompanhamento periódico da paciente foi

enfatizada, no sentido de se detectar possível exacerbação da doença.

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Neubern15 (2006) ressalta que pelas próprias características da

hipnose enquanto tema de reflexão e estudo, ela incita radicalmente a uma

tomada de rumo na direção da construção de um conhecimento onde seja

possível o autoconhecimento, rompendo com as tradições modernas do

pensamento científico.

Kayatt et al12 (2007) estudaram os procedimentos cirúrgicos,

especialmente na área de Implantodontia que são cercados por muito temor

e ansiedade por parte dos pacientes. A hipnose surgiu e era exercida mesmo

antes do advento da anestesia, ficando amplamente conhecida por seus

fenômenos, especialmente na Odontologia com a produção de anestesia e

analgesia. De acordo com a metodologia empregada, os resultados foram

satisfatoriamente significativos e a hipnose mostrou-se eficaz.

DISCUSSÃO

Apresentada sempre como um tema polêmico a Hipnose nos traz

fatores que são comprovadamente contribuintes à sua aplicação na

Odontologia.

Kayatt et al12 (2007) relatam que a hipnose surgiu e era exercida antes

mesmo do advento da anestesia, sendo relegada após esta; mas ainda, com

resultados animadores. Badra6 (1965) cita que a divulgação dos

conhecimentos da hipnose cientifica iniciou-se em 1955 pelos odontólogos

de São Paulo, que influenciados por odontólogos americanos e argentinos

iniciaram os estudos e aplicações da hipnose.

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Barreto7 (1986) esclarece que a hipnose é um fenômeno natural em

que todas as técnicas são válidas, aplicando letargia e magnetismo em uma

mesma seção, já Badra2 (1975), afirma que a hipnose, independe da técnica,

é importante na relação paciente profissional (Rapport- termo francês).

Enquanto Widmar19 (1988) pesquisou e observou que a hipnose por si só

não constitui um tratamento e sim é um fenômeno que pode facilitar e

acelerar o impacto das intervenções psicoterapêuticas. Pode ser útil no

manejo de determinados sintomas e distúrbios como: ansiedade, fobia,

obesidade, etc. O fenômeno hipnótico ocorre com ou sem indução hipnótica

de uma pessoa que tem a capacidade de entrar em transe por ela mesma,

bastando para tal concentração ativa e grande motivação. Segundo Labate

et al13 (1988), a hipnose não deve ser usada na remoção de sintomas sem

saber a finalidade a ser usada, em qualquer condição onde o estado

emocional do paciente não foi determinado, fora do contexto da psicoterapia,

sem objetivo definido e em psicóticos exceto em condições especiais.

Quanto às vantagens e desvantagens, Badra3 (1983) relata a técnica

da hipnose, que protege e prepara o paciente contra a surpresa, o medo, a

apreensão e o temor, e leva ao relaxamento. Piza et al17 (1984) citam várias

indicações da hipnose em Odontologia como: diminuição da sialorréia,

diminuição do sangramento, amenização da dor e pulpites, facilitam as

moldagens, adaptam o aparelho de prótese, diminui o medo das crianças

que temem o dentista, ajuda ainda com pacientes que tenham hipertensão

arterial, ou alergias a anestésicos, concordando com isso, Badra apud

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Monteiroiv (1985) reafirma que a hipnose diminui o temor e a tensão

facilitando a indução anestésica, e é de inestimável valor nos períodos pré-

operatórios durante a operação e o pós-operatório.

Badra4 (1985) e Alves1 (1986) ressaltam a importância da hipnoterapia

na Odontologia como um valioso recurso auxiliar terapêutico, sendo

necessária paciência e segurança. Teixeira18 (1969) afirma que a aplicação

em odontopediatria extingue o temor e condiciona o paciente

favoravelmente. Em concordância com isso, Badra5 (1987) conclui ainda que

devam possuir conhecimentos da psicossomática em odontopediatria para a

descoberta e interpretação dos distúrbios emocionais e as causas do medo,

ansiedade, fobias e ausência de interesse no tratamento dentário. Couto10

(1981) afirmou que se conhecendo a etiopatogenia das enfermidades,

podemos evitar a sua ocorrência ou atenuar a sua evolução em gestantes.

Passos et al16 (1998) compararam o tratamento de um paciente com eczema

generalizado feito com vacinação e outro paciente com sugestão direta de

hipnose três a quatro vezes por dia, e concluíram que o tratamento sem

droga obteve resultado eficaz e útil. Conforme Castro et al8 (2005), a hipnose

no tratamento bucal enfatiza a importância do acompanhamento periódico da

doença.

Fernandes et al11 (2003) concluíram que existe elevado conhecimento

de tais aplicações, bem como auto-motivação da população estudada em

realizar cursos que habilitem a sua prática. Porém Neubern15 (2006) ressalta

iv Badra A. Avaliação da hipnose na terapêutica dentária/ Hypnosis evaluation in dental therapy Práticas da hipnose na anestesia. In: Monteiro J. Práticas da hipnose na anestesia. São Paulo: Círculo do livro S. A., 1985 p185-98.

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a necessidade de autoconhecimento, pelas próprias características da

hipnose, levando à psicologia clinica reformulações, enquanto Cortez et al9

(2003) analisa artigos que compõe o Código de Ética Médica (CEM), que

devem ser seguidos para não levar as atitudes errôneas.

Mello apud Douglasv (1998) conclui que novos estudos são

necessários para que se possa entender a complexidade dos mecanismos

neuropsicofisiológicos que entram em ação durante o ato hipnótico. Mello et

al14 (2000) em concordância acrescentam ainda que nos últimos anos, a

hipnose está sendo cada vez mais utilizada nos meios científicos e

acadêmicos como importante instrumento de estudo e auxílio clínico nas

áreas da Medicina, Psicologia e Odontologia.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o odontologista deve procurar conhecer os benefícios

que a hipnose gera aos tratamentos que envolvem principalmente a dor e os

procedimentos traumáticos, com o intuito de acelerar o processo de terapia e

encurtar o tempo de tratamento.

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