n3e magazine - 5ª edição

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E porque o que é bom é para continuar, acaba de sair a mais recente edição da N3E Magazine. É verdade, estamos na quin-ta edição da revista. Para nós, é um orgulho poder continuar este projecto. Uma vez que “equipa que ganha, não mexe”, de-cidimos angariar novos membros à nossa “redacção” para dar continuidade ao trabalho desenvolvido neste projecto.E tendo em conta o novo design (em vigor desde a 4ª edição da N3E Magazine), dividimos a revista em três grandes secções: N3E, LEE/MEE e Técnico.

Na primeira secção pretendemos dar ênfase às actividades organizadas pelo núcleo e aos projectos desenvolvidos e pre-miados do N3E Robotics. Porque somos uma equipa que gosta de inovar, nesta edição decidimos apresentar uma secção es-pecial, onde relembramos a passagem dos antigos presiden-tes pelo N3E e como esse cargo foi importante no futuro dos mesmos.

Na segunda secção abordamos o curso de Electrónica, tanto ao nível da licenciatura como ao nível do mestrado. Para tal, começamos esta secção com um artigo que ilustra a impor-tância e necessidade de engenheiros electrónicos bem como o futuro dos mesmos. Como já é habitual, decidimos dar a conhe-cer alguns dos projectos realizados nas unidades curriculares

do curso e ainda contactámos alguns dos ex-alunos para nos falarem sobre as suas experiências no mercado de trabalho após concluírem o curso. Nesta edição também resolvemos dar a conhecer dois alunos de ERASMUS que actualmente fa-zem parte do mestrado de Electrónica. No final desta secção, ilustramos a importância de algumas unidades curriculares presentes na licenciatura e mestrado.

Na última secção da revista, focamo-nos no que está relacio-nado com a instituição. Como tal, este ano temos o privilégio de vos poder brindar com uma entrevista a um dos professo-res que mais está ligado ao nosso curso. E porque no Técnico não existem só professores, resolvemos apresentar-vos três das pessoas que contribuem (directa ou indirectamente) para o dia-a-dia dos alunos de Electrónica. Uma vez que o N3E não é o único grupo de estudantes do Instituto Superior Técnico, da-mos-vos a conhecer a TMIST – Tuna Mista do Instituto Superior Técnico – e o Projecto FST NOVABASE.

Na componente mais “prática” desta revista, apresentamos um exercício prático proposto pelo N3E Robotics. Para finali-zar, terminamos a publicação com um artigo de opinião sobre a electrónica no mundo e ainda um artigo sobre a contribuição da electrónica na medicina.

A saga continuaTexto Ana Margarida Alberto

Ficha técnicaTítulo: N3E Magazine | Edição: Número 5 - 2014 | Direcção Editorial: Ana Margarida Alberto | Equipa de Redacção: Ana Filipa Almeida, Ana Margarida Alberto, Ana Marta Borges, Ana Sofia Almeida, André Lopes, Francisco Varandas de Sousa, Miguel Neto, Nuno Rodrigues, Quevin Jagmohandas, Sara Santos e Tiago Barra | Design: Francisco Varandas de Sousa | Colaboração: Ana Filipa Almeida, Ana Margarida Alberto, Ana Marta Borges, Ana Sofia Almeida, André Lopes, André Melo, Prof. Arlindo Oliveira, Carlos Costinha, César Gaspar, Daniel Madruga, Diogo Dores, Fábio Barroso, Francisco Varandas de Sousa, João Brito, João Graça, João Paulo Monteiro, João Santos, Jonathan Calvillo, Prof. Júlio Paisana, Luís Silva, Magnus Sundal, Miguel Neto, Nuno Rodrigues, Nuno Silva, Pedro Angélico, Pedro Ferreira, Prof. Pedro Girão, Prof. Pedro Ramos, Quevin Jagmohandas, Ricardo Borges, Rúben Abrantes, Rúben Afonso, Prof. Rui Valadas, Sara Santos, Prof.ª Teresa Lemos, Tiago Barra | Apoios: Universidade de Lisboa, AEIST | Tiragem: 1000 | Periodicidade: Anual | Propriedade: Núcleo de Estudantes de Engenharia Electrónica do Instituto Superior Técnico; Instituto Superior Técnico - Campus do Taguspark (Sala 1.20), Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 2744-016 Porto Salvo, Oeiras, Portugal; [email protected]; http://n3e.tecnico.pt | ISSN: 1647-5151 | Depósito legal: 326658/11 | Impressão e acabamento: SIG - Soc. Ind. Gráfica, Lda | Distribuição gratuita | Publicação ao abrigo do antigo acordo ortográfico | Fotografias da SET gentilmente ce-didas pelo GFIST - Grupo de Fotografia do IST | Fotografias do IEEE-IST Arduino Contest gentilmente cedidas pelo IEEE-IST Student Branch

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Sumário

Nova equipa,o mesmo projecto

Novo ano lectivo, nova equipa, o mesmo projecto! Foi este o mote para o ano lectivo actual. A equipa do ano anterior fez algo inimaginável à partida, começou por juntar um grupo de pessoas onde muitos eram desconhecidos e acabou por criar uma enorme família. Quando o Francisco Sousa e eu, nos reunimos no Taguspark a meio de Agosto de 2013, tudo isto era impensável. Tínha-mos uma enorme vontade de mostrar trabalho aliada a uma lista de actividades inovadoras, com isto apenas nos faltava uma equipa. Arriscámos muito, mas ganhámos muito mais! Num ano lectivo cheio de actividades, muitas delas a primei-ra edição, obtivemos uma visibilidade enorme e atrevo-me a dizer, que esta equipa se afirmou como a melhor e mais activa de sempre da nossa ainda curta história. Posto isto, e com muitas saídas, seria difícil colmatar tais personalidades, que embora tão distintas eram ao mesmo tempo muito complementares. Na nova equipa promove-mos os mais esforçados, e demos oportunidades aos mais novos. Contudo, temos uma equipa que já se conhece e tem tudo para ter ainda mais sucesso, mantendo o que correu bem e melhorando o que correu menos bem. É difícil trabalhar sobre derrotas, mas é ainda mais difícil trabalhar sobre grandes vitórias! No entanto, a divulga-ção do curso, as inúmeras actividades lúdicas, bem como todos os workshops, serão organizados por uma equipa muito dedicada e com um potencial enorme. Para mim sempre foi um orgulho fazer parte deste nú-cleo, e tenho comigo uma equipa que dará tudo pelos nossos alunos! Bem ou mal, a história o dirá! #somosN3E Tiago BarraPresidente 2014/2015

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Actividades N3E

N3E Robotics

Ex-Presidentes

LEE/MEE

O Curso

Projectos de Curso

Área Internacional

Mercado de Trabalho

Aplicações na

Electrónica

TÉCNICO

Entrevista

Artigo Informal

Grupos do Técnico

Do It Yourself

Artigo de Opinião

Secção Cultural

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Actividades N3ETénis de Mesa | Texto André Lopes

Como tem sido hábito ao longo dos últimos anos,”o N3E decidiu fazer outra activida-de pioneira e nunca antes vista no campus Taguspark, um torneio de ténis de mesa que decorreu no dia 25 de Março”. Desta forma, conseguiu-se aumentar a oferta de actividades desportivas e criar um momento de lazer, e também de alguma compe-tição, a todos os alunos de todos os cursos.

O torneio teve lugar no átrio central do campus e dois dias antes do evento, este já se encontrava esgotado, o que demonstrava a vontade dos alunos de participar num evento deste género. O torneio teve início ao princípio da tarde e foi reunindo muitos curiosos que vinham ver os encontros e que paravam para apoiar os seus amigos

e colegas ou simplesmente para apre-ciar o que o evento ia proporcionando: boas jogadas, momentos caricatos e essencialmente pura diversão. A prova foi prosseguindo e os melhores jogadores foram avançando, chegando a uma fase onde os encontros eram bastante renhidos e entusiasmantes e onde os intervenientes saíam a suar e algo fatigados dos seus jogos. Apesar de ser um evento para descontrair e esquecer um bocado os estudos, foi atingido um bom nível mesa tenístico que culminou com a grande e renhida final que teve como vencedor David Bor-ges, aluno de Engenharia Electrónica.

No final do dia foi bastante gratificante ouvir todos os elogios relacionados com o evento e iniciativa, o que motivou ainda mais os elementos do N3E a realizar o torneio no ano seguinte com ainda mais surpresas. Por isso, se perdeste este grande evento e o prémio atribuído ao primeiro classificado (um iPod shuffle) fica atento à próxima edição, pois certamente tentará superar as expectativas.

SET - Semana Empresarial e Tecnológica | Texto Tiago Barra

A Semana Empresarial e Tecnológica decorreu nos dias 5, 6 e 7 de Março de 2014 e reuniu os esforços de todos os núcleos activos no campus do Taguspark. Nestes três dias as empresas dos mais diversos sectores de actividade apresentaram os seus produtos aos nossos alunos.

O evento teve uma estrutura diferente nesta edição, cada núcleo tinha à sua responsabilidade uma apresentação de empresa, uma palestra e um workshop. Assim sendo, o N3E presenteou os alunos do campus com a apresentação da Tecmic, empresa sediada no Taguspark, uma mul-tinacional portuguesa com mais de 25 anos de actividade a desenvolver software e hardware.

Quanto à palestra, mais uma vez inovámos e trouxemos um assunto bem actual, ‘Drones: presente ou futuro?’. Foi com este tema que David Mota, fundador da SkyEye, deliciou a plateia de uma sala completamen-te lotada, abordando todo o funcionamento e legislação dos drones, bem como da sua bem sucedida empresa. Depois da palestra, um drone fez um voo de demonstração dentro do edifício, fazendo as delícias dos mais curiosos.

Por fim, e à semelhança do ano anterior, foi organizado um workshop dado por mim, Tiago Barra, que tinha como temática a impressão a três dimensões.

Workshop de Modelação e Impressão 3D | Texto Tiago Barra

No âmbito da Semana Empresarial e Tecnológica de 2014, fui desafiado para realizar um workshop de modelação e impressão 3D. Deste modo, tentei fazer uma apresentação sim-ples e com recurso a diversos vídeos e imagens, pois o tema tem mais de prático do que de teórico. Foi assim que apresentei alguns tipos de impressão 3D, os prós e os contras desta tecnologia, bem como os custos e as aplicações a ela associados.

Contudo, e tendo em conta que é leccionada na nossa licenciatura a disciplina de Desenho e Modelação Geométrica, abordei também a temática da modelação com recurso a programas de CAD, explicando sucintamente o seu funcionamento e como se poderia imprimir uma peça em 3D partindo do seu desenho virtual.

Por fim, e quando já toda a assistência estava a par do funcionamento de ambas as tecnolo-gias, desafiei-os a desenharem em grupo uma pequena peça com um programa de CAD para posteriormente imprimirmos as respectivas peças numa impressora 3D.

Foi uma experiência muito gratificante para mim, não só por ter a sala completamente lotada, mas por ter dado a cara pelos alunos do meu curso e assim mostrar mais uma vez que temos uma excelente formação.

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Actividades N3EPaintball | Texto André Lopes

Na tentativa de reunir um grupo de alunos que gostem de se divertir, de aventura e de adrenalina, o N3E decidiu fazer uma actividade no dia 10 de Maio, na qual estas três componentes estivessem presentes, um jogo de paintball. Para fomentar ainda mais o convívio foi feito antes um almoço com os participantes em que foi cobrado apenas o preço de custo e onde os jogadores ganharam energias para mais tarde gastar no campo de batalha.

No campo, rapidamente foram formadas as equipas e ouvidas as ins-truções e regras do jogo. Posto isto, foi só equipar, pegar na arma e começar a disparar. Houve uma equipa que se foi destacando ao longo da tarde mas no final do dia todos saíram vencedores, tiveram uma tarde diferente e muito bem passada. Posto isto, o evento foi conside-rado um verdadeiro sucesso e digno de se repetir já no próximo ano.

ADN Challenge | Texto Tiago Barra

No dia 27 de Abril, o N3E inovou em mais uma das suas actividades. Desta feita, foi proposto a todos os alunos que acordassem mais cedo ao Domingo e fossem até à praia dos pescadores, na vila de Cascais e que, durante toda a manhã, praticassem Stand Up Paddle e Kayak.

O desafio foi abraçado por alunos de todos os anos e cursos fazendo deste convívio um sucesso impensável aquando da sua organização. O preço pago foi simbólico e a diversão reinou durante toda a manhã. A juntar à bela vista sobre a zona histórica de Cascais, os participantes desfrutaram ao máximo alternando entre as duas modalidades.

Depois de muitos mergulhos e gargalhadas, seguiu-se um almoço ani-mado com vista para a tão acolhedora baía de Cascais. Uma actividade muito diferente, mas com um resultado final já conhecido, umas belas horas de lazer para desanuviar dos estudos e com muitas histórias para contar. Sem dúvida, algo a repetir!

Concurso de Arduino - Pan&Tilt | Texto Sara Santos e Quevin Jagmohandas

No dia 26 de Maio realizou-se o Concurso de Arduino – Pan & Tilt, que é direccionado a todos os alunos do primeiro ano do Técnico, no campus Taguspark e que contou com a colaboração do NAPE. Este concurso consistia na construção de um mini-projecto que permitia rodar um laser na vertical e na horizontal. O objectivo das equipas era, com esse mesmo laser, escrever uma palavra ou expressão que iria ser gravada através de uma câmara. Foi usado um Arduino Uno e uma plataforma programável que permite controlar o movimento do laser, através de dois servos.

As equipas, de três elementos cada, tiveram algumas sessões de esclarecimento em que podiam tirar todas as dúvidas tanto sobre a montagem como sobre o código que deveriam escrever. O prémio da equipa vencedora foi um kit com o material utilizado no concurso, que incluía um Ardui-no Uno, dois servos, um laser e uma breadboard para cada um dos elementos.

Testemunho dos vencedores:

Daniel MadrugaO principal motivo que me levou a participar no concurso, foi por ser a primeira vez que ia pro-gramar para um microcontrolador executar o có-digo, ou seja, dar vida em 3 dimensões ao código. Algo que o meu curso, a nível de licenciatura, não explora.A experiência foi muito recompensadora a nível de aprendizagem, e deu-me bases suficientes para, se quiser, realizar projectos mais ambicio-sos, que envolvam microcontroladores, visto que aprendi bastante e sei onde devo de ir procurar informação que me possa ajudar caso seja ne-cessária.Finalmente, deixo aqui um agradecimento à or-ganização que, não só, foi altamente proactiva, e possibilitou a existência de sinergias para que aquelas horas semanais fossem tanto produtivas como divertidas, como também à organização deste workshop.

Luís SilvaPenso que este concurso foi uma óptima forma de colocarmos em prática o que aprendemos em algumas cadeiras de programação e de, ao mes-mo tempo, aprender algo novo. Em particular, tivemos oportunidade de tocar em hardware e programar um microcontrolador real, algo que, até à data, não tinha sido abordado com muita ênfase no nosso curso. Concluindo, foi uma ex-periência muito positiva e enriquecedora, que recomendo e gostaria de repetir. Aproveito para agradecer e felicitar a organização.

Nuno SilvaO Concurso de Arduino do N3E captou de imedia-to a minha atenção. Sendo aluno do primeiro ano de Informática, no decorrer do primeiro semes-tre já tinha programado várias coisas, mas nada parecido com o que foi feito no Concurso: deixar o monitor do computador e programar um sis-tema capaz de controlar “luzinhas” e coisas que se mexem. Para além de aplicar alguns conheci-mentos que já tinha, o concurso proporcionou--me uma excelente oportunidade para aprender algumas coisas novas e interessantes. Isto para não falar do prémio e da excelente organização. Para terminar, deixo a minha recomendação, em especial a alunos de Informática, e aproveito para agradecer a todos os que contribuíram para a realização deste Concurso.

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Visita à ICP - ANACOM | Texto Ana Filipa e Ana Sofia Almeida

No passado dia 22 de Maio de 2014, o N3E concretizou mais uma das muitas inovadoras actividades planeadas para o ano lectivo 2013/2014.Desta vez, a actividade proposta foi, nem mais nem menos, uma visita à Autoridade Nacional de Comunicações (ICP – ANACOM).

Devido ao elevado interesse no que toca à empresa já referida e no trabalho desenvolvido pela mesma foi necessário alugar a carrinha da AEIST para que os cerca de 20 alunos interessados pudessem estar presentes. No âmbito geral, marcaram presença alunos de Licenciatura e Mestrado de Electrónica como também alunos de Telecomunicações e Informática.

A visita iniciou-se no hall de entrada onde fomos recebidos pelo Eng. Paulo Mendes que nos falou um pouco sobre os objectivos da empresa e as tarefas realizadas na mesma. De seguida dirigimo-nos à DGE1 – Direcção de Gestão do Espectro, secção que faz uma permanente monitorização e controlo do espectro radioeléctrico visando garantir que as redes e estações de radiocomunicações operam sem interferências prejudiciais.

O próximo passo foi perceber o que era o ITED – Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios e o ITUR – Infra-estruturas de Telecomuni-cações em Loteamentos, Urbanizações e Conjuntos de Edifícios, ambas legislações importantes no que toca à definição de infra-estruturas obri-gatórias a instalar em edifícios e à garantia da correcta instalação das infra-estruturas de Telecomunicações assegurando assim, o seu perfeito funcionamento.

Seguidamente, prosseguimos até outra sala onde são feitas as fiscalizações do mercado de Telecomunicações e estudos sobre a qualidade do serviço e onde pudemos conversar com o Eng. António Vassalo - director de fiscalização da ANACOM - que nos pôs a par do serviço de medição da velocidade da internet. Com a visita já a mais de metade, surge a oportunidade de conhecermos os laboratórios onde são testados centenas de aparelhos electrónicos para confirmação do cumprimento das normas de segurança. Houve ainda tempo para visitar a câmara anecóica blindada (sala que contém reflexões de ondas sonoras e electromagnéticas sendo também isolada de fontes externas de ruído). Por fim, visitámos a direcção de segurança das comunicações.

No final de uma tarde de aprendizagens foi notória a satisfação de todos os presentes. Foi com enorme agrado que verificámos que os alunos, tanto de Electrónica como de Telecomunicações saíram das instalações da ICP - ANACOM em Barcarena com vontade e motivação de aprofundar mais os seus conhecimentos na área das Telecomunicações. Por fim, gostaríamos de agradecer ao Eng. Paulo Mendes e a toda a equi-pa a disponibilidade para nos receberem e a oportunidade de conhecer-mos um pouco deste mundo das Telecomunicações.

Despedimo-nos com o desejo de continuação de um excelente trabalho.

Ilustres Desconhecidos | Texto Tiago Barra

No âmbito da primeira edição da semana da electrónica, o N3E organizou um evento que tinha como objectivo mostrar todo o conhecimento dos alunos de Engenharia Electrónica em diversos temas. O nome surgiu do facto de os nossos alunos serem desconhecidos como oradores de excelência, mas ilustres no que toca ao conhecimento em várias áreas relacionadas com o nosso contexto universitário.

Deste modo, começámos com Francisco Sousa, à data Presidente do N3E, que nos deu a conhecer o mundo da ‘Robótica’ e nos contou a sua vasta experiência na área. Seguiu-se, o tópico da ‘Programação’, abordado por Rúben Capitão, um dos melhores programadores da nossa instituição que nos deu a conhecer os diversos tipos de programação e as suas especificidades.

Como o conhecimento de um aluno de Engenharia Electrónica não é apenas técnico, Jéssica Caldas apresentou-nos os ‘Estágios’, um elemento fundamental para um es-tudante de engenharia, elucidando-nos sobre a sua importância, as melhores alturas para o fazer, bem como alguns programas específicos. No seguimento, Tiago Freire presenteou-nos com todo o seu conhecimento sobre o ‘Mundo Empresarial’, expli-cando quais as empresas de referência na área, os métodos de recrutamento, os salários base, e os requisitos habituais em algumas empresas da área.

Por último, Cláudia Furtado, à data Vogal do N3E, passou em revista todas as activida-des do núcleo neste ano lectivo, fazendo um balanço totalmente positivo do mandata-do, não só pela quantidade de actividades, mas também pela qualidade das mesmas.

No final do evento, ficou mais uma vez demonstrada a versatilidade e capacidade de comunicação dos alunos de LEE e MEE convidados a orar, saindo valorizado o núcleo, o curso e acima de tudo, a instituição.

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Churrasco de Eletrónica | Texto Miguel Neto

O Churrasco de Eletrónica foi uma das atividades inseridas na Semana da Eletrónica.Realizado no dia 25 de Maio de 2014, este churrasco contou com uma adesão massiva por parte de alunos, funcionários e docentes do IST--Taguspark.Munidos com uma bica de cerveja, a organização saciou a sede dos pre-sentes, vendendo também tremoços para acompanhar. Para os mais esfomeados, bifanas e hambúrgueres trataram do assunto.No fim do dia, todos os que foram ao churrasco acabaram satisfeitos e felizes num evento com o selo de qualidade do N3E.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

Workshop de Soldadura | Texto Pedro Angélico

Como é hábito do N3E proporcionar momentos de aprendizagem foi organizado, no dia 21 de Maio de 2014, um workshop de soldadura para todos os alunos do IST. Como requisito apenas era preciso gostar de aprender!

Existiu um pequeno briffing dos tipos de soldadura e das técnicas utili-zadas. Foi-nos dado um guião, componentes eletrónicos e equipamen-to de soldadura. Três mentores estavam presentes para nos ajudar. O resultado final foi uma PCB com três leds RGB, um microfone, um resistor e um botão, além de outros componentes eletrónicos. A placa possuía um chip programável através de Arduíno e era alimentada por uma pilha de 9V.

Este ano esperamos por ti!

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

IEEE-IST Arduino Contest | Texto João Santos

No passado dia 23 de Maio teve lugar, no âmbito da Semana da Electrónica, o IEEE-IST Arduino Contest (powered by Artica). Contámos com a participação de 18 pessoas, divididas em equipas individuais e de dois. Esta actividade teve como objectivo proporcionar aos seus participantes uma primeira abordagem à robótica, mais focada na programação. Para esse efeito, foi utilizado o robot Farrusco. Trata-se de um robot baseado em Arduino, que é controlado por dois motores, um para cada roda, para navegação utiliza dois “bumpers” aliados a um sensor de luz infravermelha.

O concurso começou com uma breve introdução ao Farrusco onde foi abordada a sua arquitectura e modos de funcionamento. Seguidamente as equipas começaram a testar e a calibrar os vários sistemas do robot, motores e sensores. À medida que se sentiam mais confortáveis iam começando a testar o robot na nossa pista de obstá-culos, construída especificamente para o efeito. O objectivo desta competição amigável era percorrer a pista no menor tempo possível. Para isso, as equipas tiveram 3 sessões de treino na pista, seguida de uma corrida final onde se apurou o vencedor, que neste caso foi a Sofia Ferreira, aluna da licenciatura de Engenharia Electrónica.

Deste evento retirámos, para além da satisfação em organizar actividades motivadoras para os alunos, algumas aprendizagens úteis na organi-zação deste tipo de acções, bem como um desejo aumentado de manter a boa parceria que temos com o N3E e com a Árctica, que por esta altura já desenvolveu o Farrusco 2.0 que estará presente no próximo IEEE-IST Arduino Contest. Até lá!

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N3E Recepção aos novos alunos

Texto Sara Santos e Quevin Jagmohandas

Durante a semana da recepção, os novos alunos do Instituto Superior Técnico – Taguspark, puderam-se matricular e conhecer a sua nova casa. Tiveram também o seu primeiro contacto com os diversos núcleos exis-tentes no IST-Taguspark, entre eles o N3E – Núcleo de Estudantes de En-genharia Electrónica.

Neste primeiro contacto, na mesa do N3E, foi explicado aos alunos de Engenharia Electrónica os projetos do N3E Robotics em que os alunos participaram no ano anterior e os respectivos prémios, bem como as ac-tividades realizadas nesse mesmo ano e as que seriam realizadas para o presente ano e, ainda, todas as vantagens em ser sócio deste núcleo.

Ainda nesta semana, houve uma sessão de boas vindas aos novos alunos em que estes tiveram a oportunidade de conhecer os professores que os vão acompanhar na sua licenciatura, tal como o presidente do IST. Existiu ainda uma palestra para todos os alunos do primeiro ano do Taguspark onde os núcleos do pólo se apresentaram, bem como o N3E.

De seguida os alunos de Electrónica foram para outra sala onde ouviram uma explicação mais aprofundada sobre o núcleo do seu curso. Além dis-so puderam ver os projetos do N3E Robotics do ano anterior, e foram explicadas novamente, mas desta vez com mais pormenor, todas as ac-tividades realizadas, tais como jantares e convívios, workshops, visitas de estudo, etc.

XX Edição Arraial do Técnico | Texto Miguel Neto

O Arraial do Técnico voltou em força, numa 20ª edição em que reforçou o seu estatuto como uma das melhores festas de receção ao caloiro.O N3E esteve obviamente presente num evento de tão alto gabarito, em que voltou a fazer uma parceria com a CP-Taguspark. Esta parceria fez de novo a “Tasca do Tagus” um local de convívio em que a boa disposição reinou por toda a noite.

Não foi apenas o ambiente o motivo do estrondoso sucesso do Arraial do Técnico. O cartaz também foi uma das razões que fizeram a Avenida Rovisco Pais encher. Como nos anos anteriores, a organização apostou num cartaz diversificado.

A tradição académica esteve presente com a atuação de duas das tunas académicas do Instituto Superior Técnico (TUIST e TFIST). A música po-pular portuguesa mais conhecida como pimba esteve no Arraial numa atuação ousada de Ana Malhoa. A música eletrónica foi também uma aposta forte com atuações de Linda Martini e dos aclamados SIGMA. Ou-tros artistas como Frankie Chavez, Camo&Crooked e Los Waves também contribuíram para a festa com os seus estilos de música únicos.O cartaz manteve o prestígio que nos tem habituado ao longo dos anos fazendo a delícias dos seus fãs.

A “Tasca do Tagus” teve uma afluência muito grande. Os alunos do Ta-guspark foram uma maioria, mas também houve alunos da Alameda e de outras faculdades que se juntaram todos numa festa com grandes momentos de diversão e descontração, traduzindo o espírito do Arraial do Técnico.

O Arraial do Técnico voltou a fazer as delícias de todos, com o convívio e a música a darem o mote a um dos maiores arraiais universitários de Portugal.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

Jantar de Electrónica | Texto Ana Marta Borges

Mais um ano e mais um épico jantar de Engenharia Electrónica organizado pelo N3E.

Este jantar foi realizado no restaurante “H3” do Chiado no dia 17 de Outubro de 2014, ao qual aderiram cerca de 60 pessoas.Conjugado com uma boa refeição, foi possível durante todo o jantar, descontrair e conviver com alunos de Electrónica, desde os recém-chegados, até aos alunos de ERASMUS, passando também pelos alunos de Licenciatura e Mestrado.

Foi, num ambiente de convívio, boa disposição, alegria e descontracção que se trocaram experiências entre os vários alunos de todos os anos de Electrónica e que assim se passou uma noite diferente, agradável e que queremos ver repetida mais vezes.

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3EDia Aberto | Texto Quevin Jagmohandas

Pudemos assistir, no passado mês de novembro, a uma semana diferente, em que nos cruzámos com os possíveis futuros alunos, isto tudo no seguimento do dia aberto do IST-Taguspark. Foi proporcionado a estes alunos um conjunto de atividades, organizado pela Sónia Gil, em conjunto com os vários núcleos do IST.

Uma destas atividades foi o workshop de soldadura organi-zado pelo N3E-Robotics. Este consistiu na soldagem, pelos alunos, de um kit de componentes eletrónicos previamente preparado. Antes de começarem a soldar foi feita uma bre-ve introdução sobre os componentes que iriam montar e sobre alguns princípios básicos da eletrónica. O kit dispunha de 3 leds que, consoante o modo selecionado, piscavam de maneiras diferentes dando destaque ao modo do microfone que, dependendo da intensidade do som, regulava a luz.

Posso afirmar que, tanto o workshop como as outras ativi-dades desenvolvidas durante a semana, pelo núcleo e não só, alcançaram os seus objetivos, dar a conhecer o mundo da engenharia e divulgar os cursos do IST-Taguspark. Ao mesmo tempo proporcionámos um dia diferente e divertido aos mais novos.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua por-tuguesa

2ª Edição do Torneio de Basquetebol | Texto Miguel Neto

O N3E voltou a organizar um torneio de Basquetebol 3x3 com o objetivo de incentivar a prática de desporto no seio da comunidade académica do Instituto Superior Técnico Taguspark. O torneio realizou-se na tarde do dia 2 de Dezembro de 2014 no campo exterior do IST Taguspark. O N3E também organizou em simultâneo a 2ª Edição do Monumental Churrasco junto ao local do torneio para poder satisfazer a fome de todos os espetadores do torneio de Basquetebol.

O evento teve uma adesão bastante grande. No total, houve seis equipas inscritas. O torneio foi dividido numa fase de grupos, com dois grupos de três equipas, em que passavam as duas melhores equipas de cada grupo para uma fase final. As equipas participantes eram bastante equilibradas, mas no final a qua-lidade da equipa “Espetaculares” fez a diferença e tornaram-se os grandes vencedores da 2ª Edição do Torneio de Basquetebol. Os seus elementos Daniel Reis, Diogo Mesquita e João Freitas receberam como prémio um cheque prenda FNAC©. A equipa N3E proporcionou a todas as equipas uma caixa de Donuts© e água Serra da Estrela© para saciar a sede dos mais desidratados. No final do dia, o torneio foi um sucesso em que o fair-play e a boa disposição de todos os envolvidos foi uma constante.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

Futsal SemanalTexto Miguel Neto

Como a vida do IST Taguspark não é só estudar, nada melhor que de-sanuviar com um belo jogo de futsal.Todas as semanas, a secção de des-porto do N3E organizou jogos de futsal no campo exterior IST Tagus-park. A adesão foi sempre grande, pois o futsal é um desporto cada vez mais em voga e os jogadores que experimentavam pela primeira vez voltavam sempre.

Por mais incrível que pareça, os jo-gadores que marcaram presença nos jogos semanais eram de todos os quatro cursos do IST Taguspark e até apareceram jogadores perten-centes ao campus da Alameda.

No fim, houve jogos renhidos aliados a um convívio saudável e com a cria-ção de novas amizades.

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Texto Rúben Afonso

O Robot@Factory foi o primeiro projecto de competição do N3E, pretendendo simular uma unidade fabril com armazéns e unidades de processamento. O objectivo é movimentar autonomamente paletes entre as unida-

des fabris seguindo uma ordem específica.

A estrutura do robot tem sofrido melhoramentos anualmen-te. No entanto, este ano optou-se por uma filosofia diferente: criar uma estrutura definitiva e optimizar o consumo energé-tico. O maior desafio foi elaborar um modelo estrutural com-pacto, mas capaz de realizar as funções específicas da prova. Foram aplicados conhecimentos de mecânica, transversais à área de electrónica, e compe-tências específicas como o desenvolvimento de hardware dedicado, processa-mento de sinal e programação de sistemas embebidos. Foi produ-zido por uma pequena equipa em horário extracurricular e testado numa pista similar à de competição, nas instala-ções do núcleo.

O robot possui dezasseis sensores infravermelhos para orien-tação na pista, dois garfos de levantamento vertical e dois mo-tores com encoders que permitem uma velocidade constante.

A comunicação com o exterior é efectuada por Bluetooth, sendo controlado por um microcon-

trolador LM4F120 embebido numa mother-board produzida especificamen-te para este. Possui ainda duas baterias de lítio que possibilitam uma autonomia superior a duas horas.

A competição deste ano decorreu no Festival Na-cional de Robótica, em Espinho, durante a terceira semana

de Maio. O projecto obteve o 6º lugar apesar de os participan-tes ambicionarem uma melhor qualificação com o aperfeiçoa-mento do algoritmo de orientação. Analisando as dificuldades ultrapassadas, o balanço final é positivo. Graças ao esforço acrescido a nível de concepção, o robot tem potencial para servir de base para projectos futuros.

Robot@Factory

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Texto Pedro Angélico e Diogo Dores

Em Maio de 2014, realizou-se na Universidade de Aveiro mais uma edição do Concurso de Robótica Micro-Rato, destinado principalmente a alunos dos últimos anos das licenciaturas em Engenharia Eletrónica e afins e alunos

de pós-graduação nesta área ou próximas.

O desafio que nos foi colocado foi o de construir e/ou progra-mar um robot para resolver um labirinto, saindo da área de partida e a ela regressando, passando obrigatoriamente por

uma área intermédia, designada por área de farol. O farol, para ser en-

contrado pelo robot, emite infra-vermelhos. Cada toque numa pa-rede tem uma penalização, que é

maior se destruir o labirinto, me-nor se não o alterar. A chegada ao

farol é assumida através da mudança de cor do chão. Se ninguém che-

gar ao farol, há uma segun-da opção de qualificação, através da distância ao

mesmo, o mais perto ganha.

Neste âmbito, um grupo de três jovens do primeiro ano do curso de Engenha-ria Eletrónica do Instituto Superior Técnico, apoiados

por alunos mais velhos, do início ao fim deste projeto, em

parceria com o IEEE-IST Student Branch, desenvolveu o Mark II. O robot é constituído por dois andares construídos em acrílico, e os desafios colocados ao longo do percurso até chegarmos ao concurso foram muitos:

O primeiro desafio prendeu-se com a construção do robot, que não seria possível sem a ajuda dos alunos mais velhos e do Sr. Pina. Estes ajudaram-nos a concretizar a visão que tínhamos para a construção do robot e ensinaram-nos a trabalhar com

o material necessário para o fa-zermos.

Depois de montado o robot, veio o desafio de programação, como fazer o robot não chocar contra a parede? Passámos por muitas fases até atingirmos a solução final, várias disposições dos sensores de proximidade, várias versões do código utili-zado pelo robot, até sermos ca-pazes de evitar que o robot cho-casse com as paredes e virasse na altura certa. Outro grande desafio foi tentarmos garantir que o robot faria ângulos de 90 graus e andasse direito.

A grande dificuldade, aquela que nos levou ao terceiro lugar, foi o desconhecimento do material das paredes do labirinto. Lançámos como grande desafio para o ano, melhorar o nosso robot, de modo a conseguirmos alcançar o primeiro lugar! Es-perem por nós…

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

Micro-Rato

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Condução AutónomaTexto Francisco Varandas, Diogo Guerra, Pedro Marques e Rúben Capitão

Era necessário um novo desafio, a equipa do N3E Robotics precisava de explorar novas áreas da robótica. Uma das áreas promissoras neste ramo, que tem demonstrado cada vez mais desenvolvimentos, é, sem dúvida, a visão

artificial e o processamento de imagem. Foi com esta ideia em mente, que 4 membros da vasta equipa N3E Robotics decidi-ram começar um novo projec-to com o intuito de participar na competição da Condução Autónoma no Festival Nacional de Robótica (FNR). Foi nesta competição que vi-mos uma oportunidade de nos inserirmos neste novo tema. Assim, o objectivo era cons-truir um robot que fosse capaz de se orientar autonomamente numa pista, que pretende simu-lar um ambiente rodoviário real. Esta pista, em forma de 8, é constituída por duas faixas de rodagem, semáforos, uma zebra e um lugar de estacionamento. Perante um cenário tão complexo, torna-se um grande obstá-culo a aquisição e interpretação de sinais que permitam o re-conhecimento do espaço envolvente que, consequentemente, dificulta a navegação do nosso robot na pista. Posto isto, uma das melhores soluções para o nosso problema de aquisição de informação é, como referido, a utilização de visão artificial. Com a ajuda de três câmaras, duas para a pista e uma para a sinalização, aliadas a um computador para processamento de imagem e um poderoso software open source, o OpenCV, mon-támos o nosso sistema de visão. Este sistema estava assente num modelo RC de um Subaru, gentilmente cedido pelo Prof. Moisés Piedade, o qual foi convertido de motor de explosão para motor eléctrico. Por forma a completar a nossa plata-forma de condução autónoma, utilizámos um Arduino UNO em

conjunto com os nossos conhecimentos de electrónica, para controlar a velocidade e direcção deste veículo adaptado. Após concluída a construção do nosso veículo, passámos à fase de testes, para os quais precisávamos de uma pista idên-tica à da competição. Dadas as grandes dimensões da mesma, apenas foi possível concebê-la no átrio central do nosso cam-pus Taguspark, espaço pelo qual agradecemos aos orgãos de gestão do campus.

Seguiram-se longas horas de programação intensiva, reso-lução de problemas mecâni-cos e de construção de uma pista em escala real. Com esta nova e estimulante experiência, estava na hora de partir para Espinho, onde iria decorrer a competição. No FNR, encontrámos um am-biente tecnologicamente ca-tivante, onde convivemos de

forma saudável e cooperante com as restantes equipas, oriun-das de todos os cantos do país. Alargámos a nossa visão, par-tilhámos perspectivas, ajudámos e fomos ajudados. Tudo isto num rigoroso contra-relógio, onde além da navegação na pista, tínhamos de identificar sinalização vertical, navegar em condi-ções de fraca luminosidade, dentro de um túnel, contornar a pista por uma zona de obras, evitando sempre os obstáculos colocados na pista de forma aleatória. Apesar do trabalho árduo desenvolvido neste projecto, alcan-çámos, na nossa estreia, o segundo lugar, o qual não se deve apenas a nós próprios mas também a todos os que nos incen-tivaram e ajudaram neste longo percurso, entre os quais, a AEIST pela cedência da sua carrinha, o Sr. Pina pela sua enorme paciência e a todas as outras equipas que nos marcaram for-temente.

Uma coisa é certa, se no primeiro ano ficámos em segundo lugar, imaginem como será o próximo.

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+N3E Robotics

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A minha viagem no N3E começou em 2009 quando um grupo de colegas do curso decidiu colma-

tar a falta da existência de um núcleo estudantil

para o curso. Foi-me feito o convite para fazer parte

desse grupo e desde logo co-meçámos um longo caminho que

mais tarde levou à oficialização do N3E.

Um ano depois de eu ter entrado, os membros da direcção estavam no final da sua etapa académica e exigia-se uma renovação. Foi então que decidi assumir a presidência do N3E, desafio que me foi proposto pelo então presidente, André Melo, e que eu aceitei sem hesitar.

Na altura as expectativas eram grandes, mas sempre tivemos noção que, devido à dimensão do curso, iríamos encontrar algumas dificul-dades. A primeira direcção fez um trabalho fantástico e eu sabia que iria ter um árduo ano pela frente, para conseguir manter a qualidade e tentar elevar ainda mais o nome do N3E. Felizmente foi um ano de sucesso, graças à equipa que fazia parte do N3E na altura, onde con-seguimos manter muitas das actividades já existentes, como a N3E Magazine, convívios, workshops, entre muitas outras actividades que de uma forma ou de outra acrescentam algo ao curso. Foi também

nesse ano que fizemos questão de nos colocar no mapa das entidades competentes, desde a Reitoria da Universidade de Lisboa, passando pela direcção do IST, AEIST e outros núcleos estudantis. Foi o caminho que achámos que deveria ser seguido na altura, porque o apoio destas entidades é fundamental para que possamos desempenhar as tarefas para as quais o N3E foi criado, apoiar os alunos e melhorar as condi-ções do curso em muitos aspectos, assim como projectar o curso no mundo empresarial.

Foi no N3E que percebi algumas das minhas qualidades assim como defeitos e isso foi sem dúvida uma mais-valia, tanto na minha vida pes-soal, como mais tarde na minha vida profissional. Diria mesmo que esta experiência no N3E foi a responsável por actualmente saber o que quero e como vou lá chegar.

A vida associativa é feita por gosto, não somos recompensados finan-ceiramente e temos o curso para fazer como qualquer outro colega. Temos que saber gerir o tempo, saber trabalhar em grupo, muitas ve-zes liderar um grupo de pessoas, ter criatividade e detectar as falhas que temos que corrigir. É isto que uma associação nos dá, foi isto que o N3E me deu e estas competências são muito importantes na vida profissional, mesmo que não sejam valorizadas logo na primeira en-trevista para um emprego. A curto ou médio prazo as pessoas que nos rodeiam apercebem-se que não somos só mais um colaborador e que temos capacidade para fazermos muito mais porque temos perfil e competências que muitos não têm, principalmente no início do percur-so profissional. E essas competências, adquiri-as no N3E!

“A experiência asso-ciativa que o N3E me tem proporcionado, é sem dúvida alguma, um marco na minha vida, um segundo

curso no IST. Destaco a aprendizagem, capa-

cidade de enfrentar desa-fios, mas acima de tudo… as

grandes amizades e momentos que nunca vou esquecer!” N3E Maga-

zine, 1ª edição.

Há precisamente 5 anos atrás, escrevia estas palavras e hoje acho que é o melhor pitch que podia escrever sobre a minha experiência como fundador e Presidente do N3E. Marcante, desafiante, com muito espí-rito de equipa e, como muitas vezes dizíamos, uma preparação para aquilo que é o mundo profissional e as suas exigências. Mas indo ainda um pouco mais atrás... ao tempo em que discutia com o Luis Rosado, Vitor Canosa, Bruno Silva, Helena, e tantos outros, o que poderíamos fazer pelo nosso curso, pelos nossos colegas. De facto, como pioneiros do curso, era o espírito que sentíamos, que era o NOSSO curso e que queríamos deixar uma marca. Pensou-se então em iniciar o NEEE, até que o Tiago Costa um dia disse “porque não juntar os Es e ficava N3E?”. E assim surgiu o nome, e de seguida o logótipo que ainda hoje perdura – entre umas linhas de código, o Roberto Jardim lá teve tempo para o finalizar. A partir daí foi construir os alicerces, divulgar o projecto e

começar então a fazer actividades dos mais variados géneros, para os alunos, para promover o curso e para nos aproximar das empresas e entendermos quais seriam as nossas alternativas futuras. Esta rampa de lançamento teve então o seu auge na constituição do N3E como associação – 24 de Março de 2009, tendo sido então uma afirmação definitiva do nosso compromisso e do objectivo de deixar uma estrutu-ra preparada para os responsáveis seguintes. Tivemos a capacidade de construir um projecto de raiz e deixa-me orgulhoso verificar que ainda hoje existem alunos com a mesma vontade que nós tínhamos.

Nessa altura não tinha propriamente expectativas, sabia apenas que era algo que queria fazer e que queria construir e que acabou por cres-cer e por me fazer crescer. Quando cheguei ao meu primeiro emprego já sabia o que era liderar, comunicar devidamente, guiar reuniões, com-prometer-me com projectos e datas, confiar nos colegas de equipa, saber os custos da nossa actividade e tomar decisões. No fundo, sabia a necessidade de acrescentar valor no nosso dia-a-dia e estava mais preparado para o fazer. Naturalmente, esta experiência teve enorme impacto nas minhas capacidades pessoais e profissionais e reduziu o gap que existe quando se deixa de ser aluno e se passa a ser profis-sional.

À distância de 5 anos, o que posso dizer aos actuais e futuros dirigentes do N3E é que estão a ter (talvez) a melhor experiência para comple-mentar o curso que estão a tirar. É por isso, que dou como conselho a qualquer aluno, que procurem experiências que vos completem, que vos desafiem e que acima de tudo que vos preparem para o resto da vida. A título pessoal, a presidência do N3E trouxe-me isso.

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Pre

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ente

s

Da Origem ao Presente2009-2010

André Melo

2010-2011 Ricardo Borges

Page 15: N3E Magazine - 5ª Edição

Desde o primeiro ano da Licenciatura em Engenharia Electróni-ca, sempre estive muito próximo do N3E e por consequência fui

convidado a criar uma equipa de trabalho que

desse continuidade ao nú-cleo, que na altura ainda era

muito jovem. Portanto, tornar--me presidente do N3E foi algo que

ocorreu com naturalidade dos acontecimentos durante o meu percur-so académico.Estávamos no mês de Outubro de 2011, quando assumi o cargo de pre-sidente do N3E. Os desafios propostos eram grandes e a ambição da equipa para os realizar era de igual tamanho. Estava na altura de colo-car em prática as ideias que há muito estavam no caderno e nas nossas mentes. Os projectos iniciados foram muitos e um ano de mandato não chegou para os realizar, por isso, no final do primeiro mandato o N3E concluiu que não existia necessidade de mudar a sua organização, nem

equipa, mas sim continuar e concluir os projectos que tinha nas mãos.

Destaco a ambição de todos em criar um grupo que desenvolvesse trabalhos relacionados com a electrónica de forma extra curricular. De raiz, foi constituído o N3E Robotics, que com o tempo se tornou um grupo sólido e estruturado, e que agora se afirma em diversos projec-tos da área.

Foram dois anos que exigiram muito de mim, a nível profissional e pes-soal, porque ser aluno no IST exige muito tempo para o trabalho curri-cular e desta forma não resta muito tempo para outras actividades. No entanto, com esforço e “amor à camisola” tudo foi conseguido.

Contudo, a minha passagem pelo N3E permitiu-me desenvolver e me-lhorar as minhas capacidades de trabalho em equipa e sobretudo a minha gestão de tempo. Todas estas mais-valias têm-se reflectido nos diversos projectos em que tenho trabalhado. No fim, ficou também a enorme lista de contactos que foi sendo criada ao longo destes anos e, agora e no futuro, é um enorme recurso na hora de iniciar novos projectos, sem esquecer todos os laços de amizade com os restantes membros do N3E.

É curioso observar, nos dias de hoje, es-ses loucos que, a troco de nada, traba-lham e prescindem do seu valioso tempo para

contribuir para o cresci-mento de uma ideia.

Doidos, não é? Talvez não.

Em todos esses loucos, os dirigentes as-

sociativos e vulgarmente confundidos com boémios, há sempre aquela característica em comum: o bichinho por desafiar, criar, inovar, experi-mentar, quebrar... E foi movido por este bichinho (talvez doença?) que, em 2012, decidi ingressar no núcleo de estudantes do nosso estimado curso, o N3E. Era o local ideal para desenvolver ideias, semear projectos e dar uso ao meu potencial criativo ou, como se diz na gíria, pôr as coisas a mexer. Foi um ano de muita aprendizagem com a experiência dos membros mais velhos, onde me comecei a envolver nos vários projectos, de grande qualidade, do nosso núcleo. Foi em meados do mês de Maio de 2013 que eu e o Tiago Barra trocámos ideias quanto ao rumo que gostaríamos que o núcleo seguisse e decidimos começar a traçá-lo em conjunto.

Nessas férias de verão muito trabalho foi feito de forma a preparar a nossa candidatura. Começámos por reunir uma equipa nova, diferente, mas poderosa. Seguiu-se a remodelação do nosso site por completo, várias reuniões com diversas entidades, a realização do primeiro vídeo promocional do N3E e a fortificação da imagem do núcleo, com desta-que à presença nas redes sociais. Após este esforço inicial e com a vitória nas urnas, pudemos assistir à ascensão do N3E como núcleo de referência no Técnico. Impulsio-námos uma série de novas actividades, nomeadamente o Workshop de Raspberry Pi, o Torneio de Ténis de Mesa ou a participação em três competições distintas de robótica no mesmo ano. Paralelamente, foi também totalmente remodelada a N3E Magazine, deu-se início a uma nova vaga de churrascos e outros convívios, como o paintball ou des-portos marítimos, entre outros tantos eventos com a marca N3E. E com isto tudo fomos ganhando aquele espírito de camaradagem e coo-peração, inerente aos longos períodos de trabalho em equipa. Ganhá-mos a capacidade de coordenar e liderar projectos, desde workshops técnicos, a torneios desportivos. Aprendemos a ter o fôlego para nos lançarmos em novos desafios e a capacidade de contornar obstáculos. E no final de tudo, citando John Dryden, “Há na loucura um prazer que só os loucos conhecem” e espero, sinceramente, que estes loucos que hoje mudaram uma parte do nosso Instituto, continuem a ser loucos o suficiente para mudar uma parte do nosso mundo. #somosN3E

Ex-P

residentes

2013-2014Francisco Varandas

Da Origem ao Presente2011-2013

César Gaspar

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16 N3E Magazine

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urso O mundo empresarial e salarial

para os alunos de eletrónicaIntroduçãoO ensino superior em Portugal, nos finais do milénio passado e início do presente, caracteriza--se por um significativo cres-cimento da oferta educativa. É nesse período, aliás, que iniciam a sua atividade grande parte dos institutos politécnicos na-cionais. Um dos suportes para esse crescimento foi o cres-cente número de mestrados e doutorados resultante de uma política de investigação e de-senvolvimento também expan-sionista, associada a objetivos de qualificação dos docentes do ensino superior. O Instituto Superior Técnico (IST) não cons-tituiu exceção à tendência geral. É na década de 1990 e início da de 2000 que são criados alguns dos cursos atuais do IST tais como Engenharia Aeroespacial, Engenharia do Ambiente e Enge-nharia e Gestão Industrial.

É também no final da década de 1990 que nasce e se concretiza a ideia de um campus tecnoló-gico em Oeiras – o Taguspark – iniciativa que visava uma liga-ção estreita entre a Universida-de (ensino e investigação) e o mundo empresarial. A criação de um campus do Técnico no Taguspark está associada, des-de o início, à própria conceção e desenvolvimento desse campus tecnológico. Cerca de duas déca-das após as primeiras iniciativas para a concretização da visão Taguspark o balanço é positivo, mas alguns dos pressupostos iniciais não foram concretiza-dos, estando as insuficiências daí resultantes na origem de vá-rios dos problemas que afetam o Taguspark e o funcionamento do campus do IST em particu-lar. Um dos pressupostos não materializado era a instalação do então Instituto de Engenha-ria de Sistemas e Computa-dores (INESC) no Taguspark. Os membros do INESC eram maioritariamente docentes do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computado-res (DEEC) e do Departamento de Engenharia Informática (DEI), o que de alguma forma justifica o facto terem sido esses depar-

tamentos os mais ligados ao IS-T-Taguspark.

É neste contexto geral que nas-ce a Licenciatura em Engenharia Eletrónica. As oportunidades então existentes no que respei-tava a capacidade letiva do DEEC e a instalações no Taguspark le-varam o DEEC a pensar numa oferta formativa inovadora particularmente no que respei-tava a área específica em que se inseria e à forma de lecionar. Assim, foi incumbida a um gru-po de três docentes do DEEC então de três Secções diferen-tes - os Profs. Manuel Medeiros Silva (Secção de Eletrónica), Guilherme Silva Arroz (Secção de Computadores) e eu próprio (Secção de Eletrotecnia Teórica e Medidas Elétricas) – a tarefa de conceber uma licenciatura no domínio da Eletrónica. A LEE nasce pois nesse contexto com os seguintes objetivos:

• Constituir uma oferta com-plementar à da licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (LEEC).

• Distinguir-se claramente da LEEC.

• Manter uma sólida formação de base.

• Permitir a formação de licen-ciados altamente vocaciona-dos para a prática da enge-nharia treinados e habituados a desenvolver sistemas ele-trónicos para diferentes apli-cações.

Das 32 unidades curriculares que constituíam os 3 primeiros anos da LEE, apenas 11 eram diferentes das oferecidas em igual período na LEEC. Este fac-to não é de estranhar, uma vez que a formação de base neces-sária para as duas licenciaturas é essencialmente a mesma. No entanto, as 11 unidades curri-culares diferentes conferiam, desde logo, uma formação graduada distinta entre a LEE e a LEEC. A diferença entre as duas licenciaturas acentuava-se mais, no entanto, devido a duas outras diferenças: as unidades curriculares dos 4º e 5º anos e a forma de lecionação de todas as unidades curriculares das duas licenciaturas, mesmo aquelas

que eram comuns.

A organização curricular da LEE, feita de modo a cobrir os diferentes aspetos da Eletróni-ca – da Eletrónica de Potência à Eletrónica de Radiofrequência, dos Sistemas Eletrónicos Ana-lógicos e Digitais aos Sistemas Embebidos, da Micro e Nanoele-trónica às Técnicas de Fabrica-ção de Sistemas Eletrónicos - permitia alguma flexibilidade na escolha de perfil de formação dos alunos mas naturalmente não contemplando a existência de perfis ou ramos, uma vez que o numerus clausus proposto se-ria de 30, valor mínimo conside-rado sustentável em termos de recursos docentes.

Os primeiros anos da LEE e a adapta-ção a BolonhaComo é próprio de novas ini-ciativas, o arranque da LEE foi acompanhado de grandes expe-tativas e do empenho de muitos para que o “projeto LEE” fosse um sucesso. Creio ser da mais elementar justiça salientar o papel desempenhado desde o início pelo Prof. Moisés Piedade, não só o maior defensor e mais crente nas virtudes da LEE, mas também, e sobretudo, a pes-soa que mais se envolveu na definição e implementação de um tipo de ensino rigoroso mas claramente focado na participa-ção dos alunos em realizações práticas desde o 1º ano. A ex-periência SUBA foi a imagem de marca desse tipo de ensino ca-racterizado, também, pela gran-de proximidade entre o docente e os alunos, possível em cursos de poucos alunos.

Embora constituindo uma oferta de grande qualidade, a LEE não teve a procura desejada. Não vamos aqui dissecar as causas - muitas das quais se têm manti-do até hoje. Muitos esforços fo-ram entretanto realizados para procurar ultrapassar as causas de fraca atratividade da LEE, mas sem grande sucesso.

O Acordo de Bolonha implicou

alterações significativas no ensi-no superior. A generalidade dos cursos que tinham a duração de 5 anos tiveram de ser reestrutu-rados de modo a poderem per-mitir duas saídas profissionais nesse período. No IST foram adotadas duas soluções: licen-ciatura (3 anos) seguida de mes-trado (2 anos) – a chamada solu-ção 3+2 – e os mestrados ditos “integrados” de 5 anos também divididos em dois ciclos, mas em que o 1º ciclo não confere grau habilitador à prática profissio-nal. No primeiro caso passou a existir dois ciclos distintos – 1º ciclo: licenciatura; 2º ciclo: mes-trado -. A LEE seguiu o primeiro modelo, passando a designação de Licenciatura em Engenharia Eletrónica (LEE) a correspon-der ao 1º ciclo e o Mestrado em Engenharia Eletrónica (MEE) a respeitar o 2º ciclo. Esta decisão teve várias consequências que, mais uma vez, não cabe aqui analisar com pormenor, mas o reduzido número de alunos que após terminar o 1º ciclo não continua para o MEE, tem como uma das causas seguramente esta separação em dois ciclos, solução não seguida, por exem-plo, pela Engenharia Eletrotécni-ca e de Computadores.

Com a necessidade de racionali-zar o funcionamento dos cursos do IST, em particular daque-les que funcionam no mesmo campus e que têm algumas afinidades, manifestadas pela existência de algumas unidades curriculares comuns ou muitos semelhantes, como é o caso da LEE e da LETI, introduziram-se recentemente ajustes e altera-ções curriculares na LEE e no MEE. No entanto, poder-se-á dizer que, no essencial, a for-mação atualmente oferecida no conjunto LEE/MEE mantém o espírito e conteúdo inicialmente pensado para a então LEE.

Importância e ne-cessidade de enge-nheiros eletrónicosUma pergunta que pode e deve ser feita é se o “projeto LEE” ini-cial se continua a justificar. Esta

Texto Prof. Pedro Girão

LEE/MEE :

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urso

O mundo empresarial e salarial para os alunos de eletrónica

pergunta é tanto mais pertinen-te quanto é certo que a procura não tem sido grande; as entra-das na LEE não têm preenchido o respetivo numerus clausus e o número de novos alunos do MEE não atinge a dezena e meia, parecendo com tendência para diminuir. A resposta a essa pergunta passa, em nossa opi-nião por responder às seguintes questões:

• A formação da LEE/MEE é relevante, isto é, diz respeito a uma área do conhecimen-to com importância social e económica?

• A formação da LEE/MEE é de qualidade, isto é, confere as competências que são espe-radas?

• A formação da LEE/MEE é diferenciada, isto é, distin-gue-se daquela que é provi-denciada por outras licencia-turas/mestrados do IST?

• Existe a necessidade de for-mados com o tipo de prepa-ração conferida quer pela LEE quer pelo MEE?

A minha resposta a todas estas perguntas é: SIM.As unidades curriculares da LEE e do MEE estão, de um modo geral, e com os condicionalis-mos resultantes da necessida-de de racionalizar recursos já referida, bem organizadas, quer no que respeita aos objetivos e programas, quer no que respei-ta à sequência pela qual são le-cionadas, quer ainda pela forma como são lecionadas. O facto do MEE ter obtido o selo de quali-dade EUR-ACE – e esperemos que a LEE lhe siga o caminho agora que a Ordem dos Enge-nheiros também possui a prer-rogativa de conferir esse selo a 1º ciclos de formação supe-rior em Engenharia - revela o reconhecimento externo que a sua “qualidade” se situa muito acima do nível mínimo exigível a um curso superior. O ensino na LEE/MEE, como aliás, em geral, nos cursos lecionados no Taguspark, é de uma grande proximida-de aluno/docente, com dis-ponibilidade de utilização dos laboratórios e outros espaços em regime livre.

A formação de base é do nível de todos os cursos em que o DEEC assume uma responsabili-dade maioritária ou importante e o grau de exigência é também pelo menos semelhante ao, por exemplo, da LEEC/MEEC. Com estes, a LEE/MEE tem ainda em comum a procura de con-ferir capacidades de resolução de problemas de engenharia de diferente complexidade e de espetro largo, naturalmen-te centrando a intervenção nos aspetos relacionados com a ele-trónica. Comparando a LEE com o primeiro ciclo do MEEC, podemos detetar muito em comum, es-pecialmente a nível do 1º e 2º ano, mas dife-renças naturais no 3º ano com algumas uni-dades curriculares na LEE com o objetivo de transmitir competên-cias em aspetos especí-ficos da Eletrónica ou de constituir suporte para outras unidades curricu-lares do MEE. A formação de um mestrado em Enge-nharia Eletrónica é signifi-cativamente diferente da de um aluno do MEEC que tenha optado pela área principal de Eletrónica, desde logo porque o número de unida-des curricula-res mais

específicas da Eletrónica que os alunos têm de realizar é di-ferente, naturalmente superior no MEE do que no MEEC, mas também pela forma de leciona-ção mais voltada, como disse, para as realizações e implemen-tações práticas. Apesar de não existirem grupos de investiga-ção sediados no Taguspark – ou talvez por isso! – tem sido possí-vel formar engenheiros eletróni-cos e não investigadores em ele-

trónica. Isto n ã o

significa que se rejeite a possi-bilidade dos mestrados enve-redarem por uma carreira de investigação – e vários o têm feito – mas apenas que as com-petências adquiridas devem ser centradas nos requisitos de uma prática em engenharia.

Embora, tanto quanto sabemos, o números de formados que en-tram no mercado de trabalho após conclusão da LEE seja mui-to reduzido, existe claramente procura por técnicos com esse tipo de formação quer em Por-tugal, quer no estrangeiro. Uma pesquisa na Internet permite obter a confirmação desta afirmação. Refira-se, no en-tanto, que existência de uma LEE “profissionalizante” de-veria implicar a existência de uma unidade curricular integradora de conhecimen-tos – Projeto ou Estágio -, o que na realidade não se

verifica e constitui, na minha opinião, uma fragilidade da

LEE que confere um diploma em Licenciado em Engenharia Eletrónica. Com o programa atual, é nossa opinião que faria mais sentido não existir uma

LEE e um MEE mas, à seme-lhança do MEEC, um MEE

dito “integrado”.

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18 N3E Magazine

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urso A necessidade de licenciados

e mestrados em Engenharia, e nomeadamente em Engenha-ria Eletrónica, na Europa e em Portugal – mesmo no período recessivo que se tem vivido na última meia dezena de anos – é por demais evidente. Como a generalidade dos formados pelo IST, 60% dos alunos obtêm em-prego antes de concluir o MEE e têm emprego até 6 meses após conclusão da sua formação. O facto da formação da LEE/MEE ser de espetro largo, centrado nas tecnologias mais avançadas dos componentes, equipamen-tos e sistemas eletrónicos mo-dernos, em todas as suas ver-tentes e aplicações, conferindo aos formados capacidades de analisar e de sintetizar sistemas eletrónicos modernos, especial-mente dotados da capacidade de concretizar materialmente esses sistemas usando as me-lhores técnicas e tecnologias, permite empregabilidade numa enorme variedade de ativida-des, nomeadamente, e citando outrem:

• Prestação de serviços em diferentes áreas da engenha-ria, nomeadamente: Teleco-municações e Tecnologias de Informação e Automação Industrial.

• Integração, configuração, programação e ensaio dos sistemas eletrónicos existen-tes em qualquer instalação fabril.

• Projeto, preparação, fabrico e ensaio de pequenos mó-dulos requeridos por equipa-mentos e sistemas eletróni-cos complexos.

• Pequenos estudos na área da engenharia eletrónica, com

ênfase especial na análise das capacidades de concreti-zação desses sistemas e das suas múltiplas aplicações em todas as áreas de engenha-ria.

• Investigação e desenvolvi-mento.

Para além disso, como é sabido, a enorme maioria das empre-sas portuguesas são de muito pequena dimensão também no que respeita ao número de tra-balhadores, o que significa que comportam eventualmente um número dígito de engenheiros – muitas vezes apenas um que, por isso, tem de ser capaz de resolver todos os problemas que se colocam à operação da empresa -. A contratação de um engenheiro com a formação dos mestrados em Engenharia Ele-trónica do IST é uma boa opção particularmente quando essas empresas têm uma atividade fa-bril que envolve equipamentos elétricos e eletrónicos, sistemas de medição, telecomunicações e sistemas de informação.

O futuro da LEE/MEEPelo que fica dito, parece que a continuação da LEE e do MEE se justifica totalmente. Porém, a análise feita não teve em conta a resposta às seguintes pergun-tas:

• Existem os recursos neces-sários para continuar a ofer-ta LEE/MEE?

• Será o rendimento dos re-cursos a envolver, nomea-damente os docentes, ma-

ximizado ou estará o IST a “desperdiçar” esses recur-sos?

• Estarão a LEE/MEE integra-das na estratégia e visão do IST para o polo Taguspark?

A resposta às duas primeiras questões é controversa. No que respeita à terceira pergunta a questão que se coloca é saber se o IST tem, de facto, uma es-tratégia e uma visão para o polo Taguspark e, se tem, se a tem vindo a implementar. Parece-me evidente que todas as direções do IST têm manifestado preocu-pação e interesse por esse polo e têm procurado, de alguma modo, aumentar as suas visi-bilidade e viabilidade principal-mente através de uma melhoria significativa das instalações e in-fraestruturas de apoio. O Plano Estratégico do IST de 2010 inclui algumas referências ao polo IST Taguspark e se é verdade que importa ser-se mais objetivo e estabelecer metas de curto e médio prazo para que as gran-des linhas do Plano, no que diz respeito ao Taguspark, tenham sucesso, não é menos verda-de que muitas das boas ideias que têm sido avançadas para o Taguspark têm esbarrado em oposições cooperativas ou são simplesmente impossíveis de concretizar por falta de vontade ou de poder da direção do IST. O IST Taguspark poderia ser muito diferente para melhor mas para isso seria necessário implemen-tar medidas que não seriam nem pacíficas nem consensuais e que, por isso, dificilmente são postas em prática no contexto da gestão universidade portu-guesa, IST incluído.

Sem querer ser alarmista, até porque nada de concreto exis-te que o justifique, parece-me poder-se dizer que o futuro da LEE/MEE merece alguma preo-cupação. Entretanto, compete a todos os atores principais – autoridades académicas, do-centes, alunos, ex-alunos – tudo fazer no sentido de contribuírem para evidenciar os reais méritos da LEE/MEE de modo a captar mais alunos e a procurar resol-ver alguns dos problemas que afetam o Taguspark e ultrapas-sar a opinião por vezes existen-te que a formação no IST Tagus-park é de qualidade inferior à do IST Alameda.

Os licenciados da LEE e mestra-dos do MEE têm sido um bom testemunho da qualidade da formação que lhes é conferida e é de esperar que a imagem que dão do LEE/MEE seja cada vez mais fidedigna e, por isso, me-lhor. Dos Alumni espera-se não só isso mas também a divulga-ção da qualidade do ensino no IST Taguspark e a colaboração na captação de novos alunos.

Aos docentes continua-se a pe-dir dedicação, algum sacrifício, e que possam contribuir para trazer atividade de investigação para o Tagus.

Fundamental seria o IST ser ca-paz de, de uma vez por todas, definir o que quer do Taguspark. Desperdiçar o que existe parece absurdo, mas poderá ser inevi-tável se se deixar o Taguspark dependente de carolas e de bem intencionados.

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

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e Curso

SUBAHTexto João Graça

As crescentes neces-sidades energéticas tornaram a socieda-de e a economia do

século XX dependentes do petróleo e seus derivados. A consciencialização para as consequências da emissão de gases poluentes na qualidade do ar, faz com que se procu-rem fontes de energia alter-nativas.

Com o objetivo de sensibilizar as pessoas para este assunto, foi desenvolvido um pequeno veículo elétrico de demons-tração chamado SUBAH. Este é movido através da energia gerada por uma pilha de com-

bustível de hidrogénio, com os devidos senso-res e atuadores para que se mova numa pista transparente em forma de oito.

O funcionamento de uma pilha de combustí-vel envolve um proces-so eletroquímico que converte energia quími-ca em energia elétrica e calor, gerando somente como produto, água pura. Para alimentar a eletrónica do sistema de controlo foram ne-cessários conversores de tensão para que a energia elétrica gerada pela pilha fosse utilizá-vel.

A unidade de controlo deste sistema tem de ser capaz de controlar e monitorizar todos os módulos com um bom de-

sempenho, mas ao mesmo tempo ser de baixo consu-mo. Para isso, foi escolhido o microcontrolador PIC24FJ-256GB206 da Microchip.Este modelo é particularmen-te versátil em termos de con-

figuração de periféri-cos, e com entradas/saídas suficientes para desenvolvi-mento futuro. Tem também um conver-sor de sinal analógi-co para digital para adquirir os sinais vindos dos diversos sensores.

Para o armazena-mento do hidrogé-nio foram utilizadas duas seringas de 100 ml. À medida que o hidrogénio é con-sumido, o êmbolo destas é comprimido com a ajuda de um motor e de um varão roscado. De forma a manter uma pressão de hi-drogénio constante foi tam-bém aplicado um sensor de pressão a este sistema.Para a tração do veículo fo-

ram construídos cubos de roda em acrílico, com enco-ders para ler a velocidade, e acoplados motores com caixa de velocidades para se obter binário suficiente nas rodas.

Em todos os cir-cuitos do SUBAH optou-se por uma alternativa modu-lar, para que cada módulo tivesse o seu próprio circui-to depois ligado a um circuito con-trolador principal, facilitando o futuro desenvolvimento de novos módulos.

Para o carro se guiar na pista, esta dispõe de um pe-queno fio condutor

ao longo do centro da “estra-da”. Neste fio é passada uma corrente alternada de apro-ximadamente 200mA com uma frequência de 100kHz. Como consequência, é gerado um campo magnético alter-nado em torno do fio. Para detetar este campo foram construídos dois circuitos ressonantes na mesma fre-quência constituídos por uma bobine e um condensador em paralelo.

Estes circuitos foram colo-cados na dianteira, equiespa-çados 5 cm da linha central do veículo. Desta forma, a diferença das amplitudes dos sinais detetados por cada cir-cuito corresponde ao desvio em relação ao centro da pista.

Ao iniciar a partida, o carro percorre uma volta completa à pista e pára exatamente no mesmo sítio de onde partiu.

O desenvolvimento deste tra-balho permitiu a aplicação de conhecimentos adquiridos ao longo do curso e de alguma criatividade.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

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O projecto do cursor controlado pelo mo-vimento da mão sur-giu de um laboratório

de Sensores e Actuadores Inteligentes, uma cadeira do Mestrado em Engenharia Electrónica, em que o grupo tinha que estudar e dar uso a dois acelerómetros triaxiais. Como o seu nome indica, es-tes sensores são capazes de medir a aceleração estática de um corpo em três eixos (X, Y, Z). São ideais para aplica-ções em que se queira medir a inclinação de um objecto, ou detectar movimentos brus-cos efectuados pelo mesmo.

Uma vez que sempre fomos motivados pelo professor da disciplina, Francisco Alegria, a pensar “fora da caixa”, co-meçámos a pensar em pos-síveis aplicações para estes sensores. Rapidamente nos

Cursor Controlado pelo Movimento da Mão

lembrámos de várias opções, como fazer um comando para o computador, que captasse os movimentos realizados pelo utilizador, semelhante ao que acontece num comando da consola Wii. Visto que algo do género já ti-nha sido feito no passado por outros colegas, lembrámo--nos de uma alternativa en-graçada: e se a nossa própria mão servisse para controlar o cursor do rato e efectuar cliques?

A partir daqui, como a ideia agradou aos três elementos do grupo, e como tínhamos uma semana para realizar o trabalho laboratorial dos ace-lerómetros, pusemos mãos à obra.

Depois da parte da aquisição e tratamento dos sinais pro-venientes dos acelerómetros

estar completa, adaptámos uma luva na qual colocámos os dois acelerómetros, com as devidas ligações para o computador: um dos aceleró-metros era responsável pelo movimento do cursor, e outro pelos cliques. Com o softwa-re desenvolvido em LabVIEW, conseguimos, de facto, con-trolar o cursor do rato atra-vés do movimento da mão: rodar a mão para a esquerda ou direita fazia com que o cur-sor se movesse ao longo do eixo X, ao passo que inclinar a mão para cima ou para baixo criava um movimento do cur-sor no eixo Y. Quanto maior a inclinação da mão, maior a velocidade do cursor. Em adi-ção, fechar a mão gerava um clique. Através do programa desenvolvido, conseguimos monitorizar os movimentos realizados e modificar a sensi-bilidade do cursor consoante

a preferência do utilizador.

Em suma, foi um trabalho que começou por ser apenas mais um laboratório de Sensores e Actuadores Inteligentes, e que com alguma imaginação e empenho, se tornou num projecto bastante interessan-te. Fica agora o desafio para os próximos alunos a terem a cadeira, de fazer projectos ainda melhores!

Resta-me agradecer aos meus colegas de grupo, Rúben Afonso e Pedro Marques, pela sua participação sempre mui-to activa neste, e em todos os outros projectos que temos vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos, tal como ao professor Francisco Alegria, por nos motivar a fazer sem-pre mais e melhor em cada trabalho que realizámos para a sua Unidade Curricular.

Texto Fábio Barroso

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e CursoNo âmbito da discipli-

na de Instrumenta-ção e Aquisição de Sinais, leccionada

pelo Professor Pedro Ramos, foi proposta a realização de um dinamómetro para fazer a transdução de uma varia-ção de tensão causada pela deformação de uma régua numa medida de peso.Para realizar este projecto é necessário o recurso a exten-sómetros. O extensómetro é um transdutor passivo que converte uma deformação numa variação de resistência. Este projecto teve uma com-ponente de hardware e uma componente de software. O esquema eléctrico (à direita) ilustra o hardware utilizado para o tratamento do sinal. O programa utilizado para desenvolver o software é o LabView.

Para obter a variação de tensão causada pela defor-mação da régua, é necessá-rio recorrer a uma ponte de Wheatstone. Em repouso, o extensómetro tinha uma re-sistência com valor de 120 Ω e a variação média de cerca de 0,1 Ω. A ponte foi usada para converter a variação da

resistência em variação de ten-são. Com quatro extensómetros consegue-se uma sensibilidade 4 vezes maior do que com apenas um, caso sejam colocados em faces opostas da régua, dois de cada lado.

A variação de tensão obtida entre os dois pontos da ponte de Wheatsone é pequena e foi, por isso, neces-sário amplificar o sinal. Para isso foi utilizado um Amplificador de Instrumentação (AD620) e um amplificador de ganho programá-vel (AD526). O amplificador de ganho programável foi uti-lizado para evitar que os com-ponentes saturassem e que se aproveite o alcance todo da placa de aquisição. O des-modulador síncrono (AD630) foi utilizado para rectificar o sinal. É necessário obter um

sinal com valor médio positi-vo para existir uma relação de crescimento do valor médio com o aumento da deforma-ção do extensómetro.

O amplificador operacional (OP1177) foi utilizado para garantir uma impedância de

entrada elevada e a correcta ligação à placa de aquisição que tem uma impedância de entrada reduzida.

Com o esquema eléctrico aci-ma e o software realizado no programa Labview foi possí-vel obter uma relação linear entre a variação da resistên-cia equivalente dos quatro ex-tensómetros e o peso coloca-do na extremidade da régua, que dá origem à deformação.

Os resultados obtidos foram bastante satisfatórios (erros inferiores a 0,1 g) para uma gama de valores entre 0 g e 350 g e para frequências en-tre os 5 Hz e os 1000 Hz. Para reduzir os erros, é necessá-rio calibrar o equipamento antes de este ser utilizado. Esta calibração é feita com o programa desenvolvido em LabView.

O resultado final é demons-trado na imagem à esquerda.

ExtensómetroTexto Nuno Rodrigues e João Brito

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Jonathan CalvilloTradução do espanhol: Tiago Barra

Olá, sou o Jonathan, estudante do Mestrado em En-genharia Electrónica no Técnico e sou mexicano.

Decidi tirar o Mestrado no Técnico, pois penso que é a melhor escola de engenharia em Portugal e eu gosto muito do país. Durante o tempo que estou a morar em Portugal, tive a oportunidade de conhecer muitos portu-gueses e acho que no geral são boas pessoas, mas não gostam de conviver com pessoas que não falem portu-guês.

Gosto muito da cultura portuguesa, e como os portu-gueses gosto de comer bacalhau. Pouco a pouco estou a aprender português com ajuda dos alunos de Engenharia Electrónica que sempre estão dispostos a ajudar se lhes perguntar as minhas dúvidas.

Actualmente eu estou a estudar no Campus do Taguspark e ao mesmo tempo a morar em Lisboa, deste modo pre-ciso de apanhar o autocarro (shuttle) todos os dias, pois é complicado ir para o campus se não se tem carro.

Comparando o nível de exigência nos estudos da escola onde eu estudei Engenheira Electrónica no México, acho que têm um nível muito similar, embora o sistema de ava-liação do Técnico seja mais complicado.

Para mim até agora, viver e estudar em Portugal, tem sido muito agradável e quero continuar a ter mais expe-riências e fazer mais amigos em Portugal.

Magnus SundalTwo types of garniture in one dish? Rice AND fries? Come on! Sorry, but I just had to let it out. There have been a few cultural differ-ences experienced since I first arrived 1st of September this year. My name is Magnus Sundal and I am a 25 years old student from Norway who came to Portugal for three reasons admittedly: My Portuguese girlfriend, an interesting master degree and a rich and unfamiliar culture. The first does not need explanation. The second, well, listening to the experience from Portuguese people I’ve met abroad, it was easy to see that IST would be the obvious choice. A great majority of them originated from Técnico and the reputation spoke for itself. Culturally, Portugal seemed very different from what I had experienced so far. I will give credit to José Saramago and Zeca Afonso as great contributors of my interest in Portugal prior to arrival, both introduced to me by my girlfriend as draw cards of high potency along with various Vimeo clips.

Now I’ve been here for one semester. My own effort in learning Por-tuguese so far has been embarrassing to say the least, however, people around me have been ridiculously welcoming. Only the first week I came to befriend Filipe the cafeteria guy, Silvia Palmeirão the secretary, numerous exchange students, the computer science gang from PANT and Old Yellow Jack who just released an EP by my name. The guys from N3E and my fellow MEE students have been extremely friendly from the start. I have not regretted for a second my decision for applying to IST, fly down here and cross my fin-gers in expectation of the application results. Every week I explore new parts of Lisboa and the Portuguese culture and it is fantastic! Academically it is challenging and the learning curve is solid. I was going to try surfing this autumn, but an infected spider bite (!) post-poned those plans slightly. Still, the schedule remains full.

Needless to say, I am looking forward to the next semester in Tagus even though there is still (at the moment of writing) one month left of the first one.

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e Trabalho

“...temos muito por onde escolher...”Texto Ricardo Borges

Embora tivesse esco-lhido Eng. Electrónica quando entrei para a faculdade, escolha da

qual não me arrependo, per-cebi que não era bem Eng. Electrónica que eu queria exercer profissionalmente. Na altura estava a terminar a licenciatura e ainda equacionei a possibilidade de mudar de curso. Como não queria dei-xar o curso a meio para reco-meçar outro e como não tinha a certeza do que realmente queria, acabei por fazer o mestrado em Eng. Electróni-ca.

Obviamente que quando ain-da estudamos não temos qualquer percepção do que é o mercado de trabalho e ra-ramente temos a certeza do que queremos fazer no futu-ro. A experiência como diri-gente do N3E deu-me a pos-sibilidade de contactar com muitas empresas de “perto” e consegui conhecer bastante do que se fazia realmente nas empresas. Foi também nes-sa altura que começámos a diversificar as empresas que convidávamos para fazerem apresentações aos alunos, de modo a que eles tivessem um melhor conhecimento do que os podia esperar no futuro e assim tomarem uma decisão mais coerente acerca do seu futuro profissional.

Os cursos podem e devem estar direccionados para uma determinada área, mas um aluno de engenharia, aliado ao facto de ser do Instituto Superior Técnico, tem capa-cidade para exercer as mais diversas tarefas, mesmo em áreas para as quais não teve qualquer tipo de formação académica.

Depois de assistir a várias apresentações de empresas e

falar com colegas que já esta-vam no mercado de trabalho, apercebi-me desse facto e fiquei bastante satisfeito por-que cada vez mais tinha a cer-teza que Electrónica não seria o meu futuro. Estava muito mais motivado para experi-mentar a área de consultoria.

Das apresentações a que as-sisti e das conversas que tive, escolhi algumas consultoras e comecei a enviar currícu-los, cerca de 6 meses antes da data prevista para entre-gar a tese. Na altura quase todas me chamaram para a primeira entrevista mas quase todas exigiam que eu tivesse disponibilidade para me deslocar para o estrangei-ro, o que é muito comum nas consultoras, e na altura como tinha que terminar a tese

acabei por rejeitar algumas propostas e decidi que iria acabar a tese primeiro e só depois iria recomeçar o pro-cesso de enviar currículos no-vamente, nessa altura já com disponibilidade internacional. Passados 2 meses, quando faltavam cerca de 4 meses

para entregar a tese, recebi um telefonema da Accenture com uma proposta bastante razoável e um pouco acima da média do que estavam a ofe-recer as restantes empresas. Pensei um pouco e acabei por aceitar, não queira desperdi-çar a oportunidade.

Comecei a trabalhar na Ac-centure em Agosto de 2012 e até hoje continuo por cá. Fui contratado para programar em bases de dados SQL, mes-

mo sem ter qualquer tipo de formação eles sabem que nós temos capacidade para apren-der rapidamente e é comum, no início, sermos contratados para áreas na qual não temos qualquer experiência nem formação. Na altura também comecei a exercer funções de apoio à gestão de projecto e fui deixando a parte da pro-gramação, porque era neces-sária mais ajuda na gestão e foram-me reconhecidas skills para exercer esse tipo de fun-ção, o que não é muito típico no início de carreira. Sem dú-vida que as actividades extra curriculares e de associativis-mo que exerci enquanto estu-dava, foram uma mais valia para desenvolver esse tipo de skills, nomeadamente no N3E e na TMIST.

Depois dessa experiência em gestão de projecto, mudei para SAP e neste momento estou a configurar e parame-trizar a estrutura informática para gestão de recursos hu-manos nas empresas. É um desafio que estou a gostar bastante e tem a vantagem de maior parte dos projectos se-rem internacionais, o que me permite conhecer outras rea-lidades e aperfeiçoar outros idiomas. “Se estou satisfeito? Bastante.” “Sabendo o que sei hoje, teria escolhido outro ca-minho? Não.”

O que posso deixar como nota final é que o mercado de tra-balho não é quadrado e te-mos muito por onde escolher, só temos que perceber o que realmente gostamos e por vezes ter um pouco de sor-te. Com trabalho e dedicação, conseguimos ser bons em qualquer trabalho que tenha-mos, porque o nosso curso e a nossa faculdade nos dão bases e filosofias de trabalho que muitos outros não dão.

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E agora, o que irei fazer? Foi o primeiro pensa-mento que me passou pela cabeça assim que

entreguei a minha disserta-ção. No fundo, sabia que a mi-nha vida iria ter uma mudança radical após a conclusão do curso, mas nunca como aque-la pela qual passei. Os meus últimos 5 anos tinham sido apenas focados na universi-dade e na conclusão do cur-so, mas agora o meu objetivo tinha sido atingido. Estava na hora de arranjar um emprego.

Poucos meses antes de entre-gar a minha tese, eu e a minha namorada decidimos procu-rar melhores oportunidades profissionais fora de Portu-gal, ela em enfermagem e eu em eletrónica. Oportunidades que nos dessem condições dignas de quem investiu parte da sua vida no ensino supe-rior, e que vê agora, a perspe-tiva negra em que o seu Por-tugal se encontra. Optámos por tentar a nossa sorte no Reino Unido, onde tínhamos já conhecimento de pessoas das nossas áreas que tinham sido bem sucedidas no que procuravam. E assim foi... Arriscámos! Sem nunca ter-mos sequer visitado o país, embarcámos numa aventura que mudou a nossa vida radi-calmente. Ambos arranjámos bons empregos, gostamos do

que fazemos, somos respei-tados profissionalmente e, acima de tudo, ambos somos felizes!

Apesar de ter sido muito difí-cil deixar o “ninho”, esse sa-crifício é recompensado por

uma estabilidade financeira e uma progressão de carreira que são praticamente garan-tidos a quem seja dedicado ao seu trabalho. Tendo ambos vindo de duas instituições que se empenharam em preparar bem os seus alunos, o nos-so desempenho facilmente supera o de alunos recém li-cenciados nas mesmas áreas, e essa diferença é notável no dia-a-dia quando se trabalha com profissionais com vários anos de carreira.

Estou de momento a traba-lhar na CommAgility, uma

pequena empresa que se de-dica ao desenvolvimento de soluções de elevado desem-penho para o processamento digital de dados em teleco-municações, imagem digital, RF ou aplicações militares. Esta empresa desenvolve de

raiz todos os seus produtos, passando desde a fase de especificação até ao teste pelas mãos da equipa de en-genheiros da qual faço parte. De momento sou responsável pela validação e teste a nível elétrico e digital dos produtos desenvolvidos e também já tive o desenvolvimento de al-guns blocos sob a minha res-ponsabilidade.

Posso dizer que a curva de aprendizagem é bastante ín-greme e estou a adorar tudo o que tenho feito, mesmo apesar das lacunas nos meus

conhecimentos ainda serem muitas, qualquer aluno que acabe o curso de eletrónica no IST facilmente consegue ter um papel ativo nesta em-presa. O ambiente de trabalho é muito semelhante ao uni-versitário, fazendo-me pen-sar muitas vezes que parece que estou novamente com os meus colegas no gabinete de mestrado!

Se me perguntarem: valeu a pena todo o desespero e tris-teza por que passamos quan-do sabemos que deixámos a família para trás? Respondo que sim! Tenho a vida que am-bicionava quando entrei para a universidade, mas infeliz-mente fui empurrado para fora do meu país. É preciso ter muita força de vontade e não desistir ao primeiro pro-blema, mas no fim compensa, e compensa bem!

A quem estiver na dúvida se deve seguir um caminho semelhante, digo por expe-riência própria que o devem fazer. O choque é grande, mas crescerão como pessoa e terão uma vida confortável sem grandes problemas nem preocupações, e um dia mais tarde quem sabe... Não volta-remos para casa!

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

“E agora, o que irei fazer?”Texto Ruben Abrantes

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e Trabalho

Tirei o Mestrado em Engenharia Eletrónica e encontro-me na Ale-manha a trabalhar na

área da eletrónica para dispo-sitivos médicos. Espero que a minha experiência num mer-cado de trabalho estrangeiro dê uma contribuição diferente para esta edição.

Quando finalizei o mestrado, em 2012, tinha uma grande vontade de ter uma experiên-cia internacional. Não pela fal-ta de oferta ou por um salário melhor, mas sim pelo desafio da mudança, expandir hori-zontes, e mais importante, crescer pessoal e profissio-nalmente.

Inscrevi-me no programa INOV Contacto, programa este que “apoia a formação de jovens com qualificação superior em contexto interna-cional”, oferecendo a possibi-lidade de realizar um estágio no estrangeiro com a dura-ção de 6 meses. Tempo este suficiente para perceber se tinha “estofo” para me tornar (mais) um emigrante, ou se seria apenas uma experiência a não repetir.

Foi-me atribuída a empresa Precisis AG em Heidelberg, na Alemanha. A Precisis AG desenvolve soluções clínicas para radioterapia, neuroci-rurgia e radiocirurgia, desde o equipamento cirúrgico ao software de planeamento e de assistência ao tratamen-to. Inicialmente, fui inserido num projeto financiado pelo estado alemão e tinha como função implementar um novo módulo de visualização das conexões neuronais (Fiber-tracking) num dos softwares da empresa, mas ao longo do tempo e demonstrando o meu

interesse pela eletrónica mais responsabilidades me foram sendo atribuídas, e 2 meses antes do fim do meu estágio foi-me oferecido um contrato sem termo, que aceitei pron-tamente.

Na mesma altura, tive oportu-nidade de ter uma experiência paralela para outro pais. Fui contactado por uma empresa sediada no Canadá, que en-controu a minha tese de mes-trado através do Google e mostrou-se bastante interes-sada no tema e todo o traba-lho desenvolvido - um recetor de GNSS (Global Navigation Satellite Systems) definido por Software - e após alguns dias de conversação, con-vidaram-me a participar no desenvolvimento de um dos seus projetos como consultor externo. O meu trabalho foi focado na programação em VHDL de uma FPGA de um re-cetor GNSS, mas estive igual-mente envolvido no design do hardware. Este contrato teve uma duração de pouco mais de 6 meses até ter o dispositivo totalmente funcional. Não posso dizer que foi fácil de conciliar com o tra-balho, mas sem dú-vida foi bastante gratificante pelo reconhecimento e pela confian-ça deposita-da.

Atualmen-te encon-tro-me na m e s m a e m p r e -sa e sou r e s p o n -sável pelo desenvol-vimento de

um controlador modular para colimadores de acoplamento a equipamentos de radiocirur-gia. Por outras palavras, sou o responsável pelo desenvol-vimento de hardware e pro-gramação, em conformidade com as normas Europeias e Americanas, de um controlo para dife-rentes colimadores que permitem os e q u i p a m e n t os de radiocirurgia criar as formas dos cancros, limitando a ra-diação em teci-do saudável.

Estar a traba-lhar no estran-geiro significa uma magnitude comple-tamente diferente de desafios. Aprender uma nova língua, adaptar-me a práticas

diferentes de trabalho, cos-tumes e modo de vida dife-rentes. Sentir que os tenho ultrapassado é, sem dúvida, o mais gratificante.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográ-

fico da língua por-tuguesa

“...pelo desafio da mudança...”Texto Pedro Ferreira

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dade de trabalho, espírito de equipa e tomada de decisão são importantes contributos quando desempenham fun-ções de Gestão.

A introdução de uma disci-plina de introdução à gestão nas licenciaturas do IST, e em particular em Engenharia Elec-trónica, é uma opção estra-tégica do IST ao reconhecer a necessidade dos futuros en-genheiros complementarem as competências técnicas com soft skills.

Em Gestão procura-se introdu-zir os alunos ao funcionamen-to das empresas em ambiente real, e treinar o trabalho em equipa. Para isso inclui-se a participação dos alunos na si-mulação empresarial IST Ma-nagement Challenge, onde os estudantes estão a simular um Conselho de Administração com o fim de obterem a melhor rentabilidade do investimento, e são confrontados com a ne-cessidade do estabelecimento e manutenção de uma estra-tégia coerente com o merca-

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Texto Prof. Júlio Paisana Departamento DEEC

O objecto de estudo da Electróni-ca são os circuitos que usam as propriedades electromagnéticas dos seus componentes. Esta área do conhecimento surgiu primeira-mente em estreita relação com a das Telecomunicações e só poste-riormente emergiu como campo autónomo. A dificuldade em defi-nir de modo claro a autonomia da área da Electrónica mantém-se até hoje. Será sempre difícil enun-ciar o que é a Electrónica sem se pensar nas suas interdependên-cias com a Física, as Telecomuni-cações e Processamento de Sinal, o Controlo, a Informática, a Biolo-gia, etc....

Todavia, apesar da grande dis-persão da área de Electrónica, poder-se-á agrupar todas as suas sub-áreas em duas grandes com-ponentes: a de análise, de nature-za mais académica, que se centra nos circuitos electrónicos e nas suas relações com as outras áreas científicas e a de síntese, que é de índole de projecto, mais tecnológica e orientada para os sistemas electrónicos na qual re-

pousam as Ciências da Electróni-ca aplicadas às áreas da Teleco-municações, da Computação, da Potência, etc…

A disciplina de ICSE pertence à pri-meira componente e está ligada à Teoria de Circuitos. Embora de natureza fundamentalmente ana-lítica, dada a sua ligação às ou-tras ciências, a sua organização, todavia, deverá também procurar ser ponte para a segunda compo-nente, visando, por isso, a síntese de módulos capazes de serem en-capsulados e integrados em mó-dulos mais abstractos e comple-xos para serem posteriormente incorporados nos sistemas.

O objectivo da Teoria de Circui-tos Electrónicos é a predição do comportamento dos circuitos, constituídos por componentes eléctricos/electrónicos e cone-xões, visando facilitar o projecto dos mesmos, melhorar o seu de-sempenho e diminuir o seu custo. Os componentes electrónicos, por sua vez, devem ser pensa-dos como construídos a partir de elementos básicos descritos por relações matemáticas i-v simples (modelos). Na constru-

ção destas abstracções é recolhi-do o contributo da Teoria do Cam-po Electromagnético e Mecânica Quântica para “esconder” e sin-tetizar nessas relações importan-tes detalhes do comportamento físico daqueles componentes. Os elementos básicos dos circuitos são resistências, bobinas, con-densadores, geradores de tensão independentes ou comandados, lineares e não lineares. A partir destes sintetiza-se qualquer com-ponente eléctrico ou electrónico. A conexão entre os diversos componentes deverá obedecer às restri-ções fixadas pelas leis de Kirchoff. Os circuitos a

construir deverão poder ser en-capsulados e apresentarem-se como modelos básicos/abstra-ções de sistemas mais comple-xos. É sobre esses módulos que se funda a construção dos siste-mas que servem de suporte às diversas Ciências da Electrónica nas suas diversas aplicações.

Texto Prof.ª Teresa LemosDepartamento DEG

“O IST foi criado com o intuito de fornecer ao País engenhei-ros que possuam não só o saber, mas também as qua-lidades necessárias para que prosperando na vida profis-sional, contribuam ao mesmo tempo para o nosso progresso económico”

Alfredo BensaúdePrimeiro Director do IST1921 Desde há muito que se re-conhece que os engenheiros desempenham um papel fun-damental na sociedade não só pelas suas competências técnicas mas também como motor da economia do País. Um engenheiro trará pela sua formação uma capacidade de avaliar o enquadramento tec-nológico, a multidisciplinarida-de e os recursos necessários ao funcionamento das organi-zações. Além das competên-cias técnicas também o seu pensamento analítico, capaci-

do, de estarem a t e n t o s aos movi-mentos da concorrência, de se preocuparem com as condições do mercado de trabalho, da tecnologia a empregar e de no final terem que apresentar uma empresa rentável.

As principais mais-valias da participação no ISTMC, passam por:

• Compreender a natureza sistémica e integrada do funcionamento das organi-zações;

• Avaliar a multidis-ciplinaridade e recursos ne-cessários ao funcionamento das organizações;

• Melhorar as suas compe-tências de trabalho, decisão em grupo e gestão de rela-ções inter-pessoais.

Gestão

Introdução aos Circuitos e Sistemas Electrónicos

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licações na Electró

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Fundamentos de Programação

Texto Prof. Arlindo OliveiraDepartamento DEI

Texto Prof. Rui Valadas Departamento DEEC

As telecomunicações abrangem hoje um vasto leque de áreas multidisciplinares que vão des-de a eletrotecnia à informáti-

ca, e constituem-se como o grande susten-

táculo da Internet, a rede de comunicações global que todos une.

A forte evolução que a Inter-net sofreu nos últimos anos foi muito impulsionada por avanços na miniaturização e portabilidade dos dispositivos terminais (como os telemóveis e os sensores), pelo grande au-mento na largura de banda das comunicações, pelo desenvol-

vimento de novos protocolos de comunicação e arquiteturas de rede orientados para a qua-lidade de serviço, a mobilidade, a segurança e as comunicações multimédia, e por progressos nos paradigmas e tecnologias utilizados nas aplicações in-formáticas distribuídas. É hoje vulgar utilizar o telemóvel para ouvir músicas e ver vídeos em tempo real, usando velocidades de download da ordem das de-zenas de Mbits/s, algo impensá-vel até há poucos anos.

Mas há ainda muito a fazer… A Internet já não é apenas uma infraestrutura global de co-municações entre pessoas. Os “seus braços” estão a chegar “às coisas”, a chamada Internet of Things, e são cada vez em maior número e diversidade os dispositivos ligados à Internet, com destaque para os sensores e atuadores. A ligação em rede das pessoas e das coisas per-mitirá o aparecimento de uma nova geração de aplicações, que irão introduzir melhorias significativas no nosso quoti-diano, permitindo por exemplo monitorizar doentes de forma

mais próxima, automatizar tarefas que envolvem algum risco (como, por exemplo, a condução de um automóvel), e gerir de forma mais eficiente e amiga do ambiente os recursos do planeta. Nas palavras de Neil Gross:

“In the next century, planet earth will don an electronic skin. It will use the Internet as a scaf-fold to support and transmit its sensations.”

A eletrónica desempenha um papel importante no hardware das telecomunicações. O “se-gredo” para o desenvolvimen-to de dispositivos que possam comunicar mais rápido e a uma maior distância, com menos peso e volume, e mais autono-mia, está na conjugação da mi-croeletrónica, das arquiteturas de computadores e de técnicas de processamento de sinal para telecomunicações. Este desíg-nio é fundamental para o desen-volvimento das telecomunica-ções e para a Internet do futuro.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua por-tuguesa

Saber programar é uma das competências essenciais de qual-quer engenheiro que pretenda trabalhar em tecnologias de in-formação e comunicação. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, saber codificar é pelo menos tão essencial como saber matemática ou física. Mes-

mo para aqueles que, na sua profissão, nunca venham a

necessitar de pro-gramar (e serão

poucos) a es-

truturação do raciocínio que re-sulta do estudo e aprendizadem das tecnologias de programação será sempre essencial na vida profissional.

A disciplina de Fundamentos de Programação tem como objec-tivo dotar os alunos de conheci-mentos sobre os fundamentos teóricos e práticos de progra-mação. Os conhecimentos teó-ricos incluem a definição de um programa como um conjunto de operações que é executado pelo computador, conjunto este de operações que implementa um determinado algoritmo de processamento de informação. A utilização de uma linguagem de programação (actualmente o Python) permite aos alunos con-cretizarem, com exemplos, di-versos algoritmos como sequên-cias de operações especificadas nesta linguagem. A necessidade de especificar um conjunto de operações implica a utilização de variáveis e instruções de con-trolo que, por si só, permitiriam em princípio a elaboração de qualquer programa. Na prática, a elaboração de programas de grande dimensão exige a utiliza-ção de técnicas de programação modular, que são também ensi-nadas nesta unidade curricular. Em particular, os alunos apren-dem a usar funções, módulos e

técnicas de abstracção de dados que lhes permitem elaborar pro-gramas mais complexos man-tendo a legibilidade do código e, simultaneamente, aprendendo a adoptar técnicas de trabalho que serão essenciais mais tar-de. Os conhecimentos adquiridos nesta disciplina serão desenvol-vidos em disciplinas posteriores, onde os alunos serão expostos de forma mais profunda ao es-tudo de algoritmos e ao estudo de programação em outros pa-radigmas, incluindo o importan-te paradigma da programação orientada por objectos, tema que é apenas aflorado nesta discipli-na.

A avaliação da disciplina inclui dois pequenos projectos, onde os alunos usam os conhecimentos adquiridos para elaborar um pro-grama que é avaliado automa-ticamente e que tem de passar um conjunto de testes, gerando exactamente a saída esperada. No ano lectivo de 2014/2015 o segundo projecto consistiu na construção do popular jogo 2048. Com a utilização de biblio-tecas fornecidas aos alunos, foi possível programar este jogo e mesmo utilizar uma interface gráfica, algo que tipicamente não está ao alcance dos alunos numa primeira disciplina de programa-ção.

Arquitecturas de Redes

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Nesta edição temos como entrevistado o Professor Pedro Ra-mos. Antes de mais, gostaríamos de agradecer a disponibilida-de para responder às nossas perguntas. Comecemos pelo início...

Sabemos que se licenciou em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, o que se seguiu depois?

Depois de ter concluído a antiga Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, inscrevi-me no Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores que, antes da reforma de Bolonha, consistia em dois semestres de uni-dades curriculares e um ano para elaboração da dissertação. Comecei logo a fazer investigação, se bem que numa área bas-tante diferente da que pratico actualmente. Nessa altura, tinha ainda algumas dúvidas se a investigação era algo que queria continuar a fazer. Depois, com o passar do tempo, e de ter concluído as unidades curriculares, pude concentrar-me só na investigação. Descobri que gosto muito das recompensas e desafios do trabalho de investigação. Após a conclusão do mestrado, inscrevi-me no doutoramento com um trabalho na mesma linha de investigação. Entretanto, ainda durante a licen-ciatura leccionei aulas de laboratório de instrumentação como monitor e o meu trabalho final de curso foi também relacio-nado com instrumentação e sempre senti uma forte ligação ao tema. O prazer de dar aulas é, para mim, complementar ao prazer do trabalho de investigação. Ao fim de dois anos como bolseiro de doutoramento, surgiu uma vaga de assistente para leccionar Instrumentação e Medidas e optei por seguir essa via. Posteriormente, concluí o doutoramento e mudei de área de investigação para temas relacionados com instrumentação e medidas. Quais são os seus interesses no que toca à investigação?

Actualmente, os temas principais relacionam-se com Instru-mentação e Medidas. Eu, e as pessoas com quem trabalho, realizamos trabalhos que abrangem algoritmos de processa-mento de sinal para aplicação em instrumentos de medida e também em sistemas embebidos para aquisição e monitori-

zação. Existem três tópicos/áreas de aplicação principais nos últimos anos: monitorização de qualidade de energia, medição de impedâncias e desenvolvimento de sistemas electrónicos para ensaio não-destrutivo. A medição de impedâncias foi o primeiro tema em que trabalhei quando iniciei a investigação em instrumentação depois do doutoramento. Consiste no de-senvolvimento e aplicação de novos algoritmos para a estima-ção dos parâmetros de sinusóides e consequente estimação da impedância e também no desenvolvimento de sistemas electrónicos capazes de efectuarem o condicionamento do si-nal, aquisição e todo o processamento que origina a estimati-va de impedância. Actualmente, estamos a trabalhar com um sensor de viscosidade que reflecte na impedância do sensor a viscosidade do líquido. Neste tema, já orientei diversas teses de mestrado do MEE e está prestes a ser concluída a tese de doutoramento do José Santos (ex-aluno da LEE e do MEE). Na área da monitorização da qualidade de energia/contagem de energia efectuamos desenvolvimento de sistemas embebidos baseados em DSP e em novos algoritmos de processamento de sinal. Esta aplicação específica apresenta desafios interes-santes devido às restrições ao processamento de sinal e ao fluxo contínuo e ininterrupto de dados. Este trabalho originou uma transferência de tecnologia para uma empresa portugue-sa que inclui um módulo desenvolvido pelo nosso grupo num produto comercial. Os contadores de energia eléctrica são um subtópico desta área onde também têm sido desenvolvidos trabalhos. Neste âmbito – monitorização da qualidade de ener-gia e contadores - também foram, e estão a ser, desenvolvidos trabalhos de alunos do MEE no contexto das suas dissertações de mestrado. Finalmente, em relação aos sistemas electróni-cos para ensaio não-destrutivo, o foco está no condicionamen-to analógico do sinal adquirido (com amplitude muito reduzida), na geração do sinal de estímulo e no processamento de sinal, pois a frequência dos sinais pode ir até aos 10 MHz e são adqui-ridos a um ritmo 125 milhões de amostras por segundo. Neste tema, está a ser concluída a dissertação de doutoramento do Luis Rosado (ex-aluno da LEE e do MEE e que já tinha vencido o Prémio Luís Vidigal em 2008/2009 com a sua dissertação de mestrado), foram concluídas duas dissertações de mestrado do MEE e está a decorrer outra.

Texto Ana Margarida Alberto

Professor

PedroRamos

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Entrevista

Saliento que todo este trabalho é fruto da colaboração de muitas pessoas das quais realço o Prof. Fernando Janeiro da Universidade de Évora, Prof. Moisés Piedade, Tomás Radil, Luis Rosado, José Santos, Diogo Aguiam, Ruben Abrantes, Pedro Agulha, Luís Magalhães, Pedro Xavier, Nuno Santos, Luís Men-des, Helena Rosa, Frederico Carvalho, André Leitão, Ricardo Correia, Ricardo Silva, André Gomes e Pedro Pinto.

A partir de 2002 tornou-se Professor no Instituto Superior Técnico, o que acha que mudou no ensino desde então?

Por um lado, acho que mudou tudo, mas por outro, ainda acho que mudou pouco. A evolução tecnológica originou uma enor-me modificação no ensino. Por exemplo, lembro-me que quan-do terminei o curso em 1995, a internet era algo novo e que estava aos poucos a expandir-se. Já se usavam processadores de texto, folhas de cálculo e programas para aquisição e pro-cessamento de sinal. No entanto, a sua integração era fraca e ainda me lembro de recorrer a colagens para “inserir” uma figura na página de um artigo. Todas as comunicações eram efectuadas por carta ou fax. Em 2002, já se tinha mudado mui-to, mas muitos docentes ainda faziam acetatos/transparências para apoio nas aulas. Muito poucas cadeiras tinham página na internet própria e as que tinham eram difíceis de gerir. O Fénix só surgiu mais tarde e a sua adopção foi lenta. Outro exemplo de como foi a evolução desde 2002 são as pautas. Na altura, as notas eram sempre afixadas em papel nas vitrinas. Agora, as vitrinas estão sempre vazias e são um testemunho real e permanente desta evolução. Mas, apesar de todas estas mu-danças, ainda vejo alguns vestígios dos tempos passados que persistem. Por exemplo, na sala teórica onde estou a leccionar este semestre ainda existe um retro-projector para os aceta-tos/transparências e que aparentemente ainda é usado!Do ponto de vista da relação alunos/professores, vejo que os docentes conseguiram – numa primeira aproximação – acom-panhar a evolução tecnológica. Reparem que os docentes são basicamente os mesmos de 2002 (excepto os que se reforma-ram) e muitos conseguiram acompanhar toda esta evolução tecnológica. Os alunos por outro lado, quando entram no ensi-no superior têm 18-19 anos e já cresceram com computadores,

internet, mail, redes sociais, Google e programas de chat. Ou seja, os alunos que entram em cada ano novo já estão mais habituados às tecnologias mais recentes. Os docentes são os mesmos e estão quase sempre em “desvantagem”. Não que-ro com isto dizer que os docentes têm desculpas para não se actualizarem. Quero antes salientar que os docentes do DEEC (é onde tenho mais contactos e portanto não posso generali-zar para o IST, nem para todos os docentes universitários, mas espero e tenho confiança que assim seja) têm conseguido, com maior ou menor dificuldade acompanhar, estas evoluções.Onde eu acho que os docentes têm tido mais dificuldade (e aqui incluo-me sem qualquer dúvida) é em acompanhar as mudanças geracionais dos alunos e em compreender o que as alterações tecnológicas produzem na forma de pensar e agir dos alunos. Dou por mim, muitas vezes, a tentar perceber porque os alunos cometem alguns erros e vejo que isso deri-va, frequentemente, da procura da resposta no Google. Tenho tentado incutir algum espírito crítico na análise das fontes de informação. Consultar diversas fontes de informação é posi-tivo, mas o que é essencial é compreender que nem todas as fontes de informação estão correctas e ser crítico em relação à informação recolhida. Por exemplo, nos laboratórios é fun-damental, antes de medir alguma coisa, ter uma ideia do valor esperado e tentar ter alguma forma de validar os resultados. Só assim, é possível garantir que não se cometem erros bási-cos desnecessários.

Foram mudanças positivas?

Do meu ponto de vista, quase todas estas mudanças foram positivas. As novas tecnologias permitem uma melhor comu-nicação entre os docentes e os alunos e permitem uma forma de ensino mais centrada nos tópicos relevantes. No entanto, as mudanças geracionais apresentam desafios para os docentes que os levam a uma mudança constante. Este problema é signi-ficativamente agravado pelo envelhecimento do corpo docen-te. Esta é uma queixa recorrente e que convém enquadrar de-vidamente. O envelhecimento pode, no limite, originar o fim de alguns grupos de investigação que simplesmente se extinguem pois não existem docentes novos. Por outro lado, a entrada de

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ta docentes mais novos, permitiria uma melhor abordagem aos problemas geracionais, assim como facilitaria a inclusão de no-vas tecnologias no ensino.

Como surgiu o convite para leccionar a cadeira de Instrumen-tação e Aquisição de Sinais?

Inicialmente a cadeira chamava-se Instrumentação e Medidas e o desafio proposto pelo Prof. Moisés Piedade era o de desenvol-ver uma cadeira mais moderna e mais focada nos sistemas de aquisição e processamento de sinal do que a cadeira do MEEC. Os aspectos diferenciadores seriam a leccionação do LabVIEW e a inclusão de um projecto final para o desenvolvimento de um sistema de medida, misto de hardware e software basea-do em placas de aquisição e com implementação em placa de circuito impresso. O projecto era, e é, uma opção só possível num curso com poucos alunos (no 1º ano, eram só 7 e o núme-ro actual ronda os 20-25 alunos a frequentar o laboratório). O LabVIEW surgia como uma solução inovadora e que permitiria aos alunos obterem mais uma competência que o tecido em-presarial usava e usa cada vez mais (só agora, no ano lectivo de 2014/2015, é que o LabVIEW vai ser incluído na cadeira do MEEC). Existem ainda mais características diferenciadoras de IAS em relação a IM do MEEC: um contacto mais directo com o docente, a hipótese de rever e reformular o relatório formal – que introduz uma nova dinâmica e aumenta a aprendizagem dos alunos – e ainda a apresentação a toda a turma do projecto desenvolvido e correspondente demonstração.

O quão importante é a cadeira de Instrumentação e Aquisição de Sinais no percurso académico dos alunos?

Essa é uma questão interessante e na qual eu penso bastante. Ao longo dos anos tenho conseguido manter uma relação de proximidade com quase todos os alunos da LEE. Essa proximi-dade traduz-se nos diversos trabalhos de dissertação do MEE que tenho orientado e também num feedback que me ajuda a ajustar a leccionação da cadeira, para além das alterações que eu próprio faço para melhorar a cadeira. Em relação ao resto da vossa formação, eu acho que a cadeira tenta, e pelo menos em parte consegue, transmitir alguns dos conceitos fundamentais da metrologia, da instrumentação electrónica, da aquisição de dados, dos sistemas automáticos de medida e de algumas soft-skills que considero mais importantes – aná-lise crítica dos resultados, escrita de relatórios e apresenta-ções públicas. Para o vosso futuro para além do IST, acho que esta é uma questão que deve ser principalmente respondida pelos vossos colegas que já concluíram o curso e que já estão no mercado de trabalho. Os contactos que tenho deixam-me confiante no trabalho que tenho desenvolvido e na certeza que posso e devo sempre fazer mais.

O que acha do curso Electrónica?

Esta é uma questão bastante premente, tendo em conta a re-dução dos recursos do Departamento e do IST em geral. Eu sou e serei sempre um acérrimo defensor do curso. As razões que me levam a ser um defensor são a qualidade dos alunos formados pelo conjunto LEE/MEE, as valências e competências adquiridas pelos alunos graduados pelo conjunto LEE/MEE e que não encontro nos alunos do MEEC – mesmo naqueles que optam pela área principal de electrónica e a boa aceitação pelo mercado dos alunos formados pelo conjunto LEE/MEE.A LEE sofreu, no início, de um problema de reconhecimento, de diferenciação em relação ao curso da Alameda e da loca-lização do curso. Mais recentemente, a análise dos números de acesso ao ensino superior demonstram que alguns destes problemas estão lentamente a ser resolvidos. No início, a LEE não conseguia atrair alunos, enquanto que, por exemplo, o ISEL conseguia preencher as suas vagas. O que se verifica actual-mente é que todos os alunos que entram na LEE poderiam ter

entrado no ISEL ou mesmo na FCT-UNL, mas optam primeiro pela LEE. É indiscutível que a marca IST é muito relevante na escolha dos alunos, mas, no início, tal não era suficiente para preencher as vagas.Eu sei que alguns dos alunos da LEE se preocupam, talvez um pouco em demasia, na minha opinião, com as saídas profis-sionais e que acham que o curso da Alameda aparenta ter, no papel, mais saídas e maior abrangência. No entanto, os núme-ros actuais demonstram uma empregabilidade quase total de todos os alunos formados pelo IST, sem excepção. A formação dos alunos do MEE é muito consistente e os alunos forma-dos são uma mais-valia para as empresas onde vão exercer as suas funções. Se, por um lado, o reconhecimento do curso está a aumentar – devido principalmente ao desempenho dos alunos já empregados – este é um processo lento que requer ainda mais tempo até o mercado começar a diferenciar posi-tivamente os alunos do MEE dos alunos do MEEC. O que pos-so garantir, de todos os casos que conheço, é que não existe uma diferenciação negativa em relação aos alunos do MEE. Nem deve existir. Na sua opinião, acha que o curso podia ter uma estruturação dife-rente para um melhor aproveita-mento e interesse dos alunos?

Por muito que eu defenda o cur-so – e defendo – a minha pers-pectiva é que tudo pode e deve ser melhorado. Esta é uma pers-pectiva que eu aplico nas cadeiras que lecciono. Todos os anos revejo as apresentações e os trabalhos de laboratório, para corrigir o que na minha opinião (ou dos alunos) não correu bem e na tentativa de melhorar a cadeira e a formação dos alunos.Posto isto, não se deve en-trar em experimentalis-mos exagerados que podem destruir, ao nível do curso, a sua estrutura e coerên-cia. Existem e existi-rão sempre cadeiras que podem ser me-lhoradas, docentes que podem fazer mais e programas

que podem ser ajus-

t a d o s .

Ac h o t a m b é m que os alunos são uma parte importante no processo e que po-dem aplicar-se mais na análise do que cor-re bem e corre mal, nomeadamente no diagnóstico do que se pode melhorar com sugestões construti-vas. À parte de alguns problemas pontuais com algumas cadei-

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Entrevista

ras (que tipicamente não se repetem em anos seguintes), a estrutura actual do curso garante o nível de qualidade da for-mação final dos alunos que todos desejamos. Não quer isto dizer que não se possam considerar e analisar propostas para evoluir e melhorar.

Em comparação com o período em que era estudante, como classifica os alunos actualmente?

Já passaram anos suficientes para que não seja uma com-paração justa. O mundo e a sociedade mudaram tanto

que não é possível, nem justo, fazer uma análise de comparação simplista. É muito fácil e cómo-

do dizer que os alunos já não são o que eram (esquecendo-nos que nós, os docentes, também já não somos o que éramos). Pos-to isto, pode e deve fazer-se uma análise ao ambiente externo que forma os alunos até ao ponto que entram no ensino supe-rior – aqui também se pode culpabilizar o ensino secundário mas sem um maior envolvimento em todo o processo, não é justo dizer que a culpa é dos professores e programas que nos antecedem. Não sou com certeza a pessoa mais ade-quada para fazer uma análise completa e definitiva sobre o assunto, mas posso indicar a minha perspectiva. Acho que os jovens têm agora muito mais distracções do que tinham no passado. Tal pode ser

útil na perspectiva que isto lhes permite fazer mais multitasking, mas tal não é po-sitivo. A redução do tempo dedicado a ten-

tar resolver cada problema e a necessidade de obter uma solução imediata sem tempo de análise

e consequente falta de espírito crítico dos resulta-dos também prejudica os alunos. Do meu ponto de vista, o diagnóstico e a compreensão do modo de funcionamento e de pensar de cada geração é im-portante para permitir adequar o modo de funcio-namento das cadeiras para transmitir os conceitos e competências transversais que serão necessárias ao longo do curso e mais importante ao longo da vida profissional e pessoal.

O facto de ser um curso essencialmente prático aproxima mais os alunos daquilo que podem vir a encontrar no mercado de trabalho?

A fama do curso é de facto que é mais prático que por exemplo o MEEC. No entanto, não estou totalmente de acordo com essa conclusão e, mesmo que assim fosse, tal não seria um aspecto negativo. As condições laboratoriais existentes no Taguspark, que são uma das mais-valias do campus, permitem aos docen-tes elaborar trabalhos de laboratório mais completos e com recurso a um equipamento de laboratório que os alunos usam desde os primeiros anos e que, por isso já conhecem bem. O acesso aos laboratórios fora dos horários das aulas é outra componente que potencia a elevada experiência dos alunos com o equipamento laboratorial. No MEEC, por diversas razões, al-gumas históricas e outras de logística, os alunos frequentam ao longo do curso entre 10 e 20 laboratórios diferentes e por-tanto não é possível garantir a uniformidade do equipamento e o acesso fora de horas iria requerer um elevado número de técnicos de laboratório. Aproveito esta altura para relembrar que uma boa parte do sucesso dos laboratórios de electrónica do Taguspark deve-se também ao incansável Sr. Pina.Voltando à questão inicial, toda a experiência que adquirirem no laboratório nunca será demais nem nunca será desperdiça-da. E isto é independente da vossa futura carreira requerer, ou não, que efectuem trabalho de laboratório. Grande parte das competências adquiridas com a experiência de laboratório é transversal à função de engenheiro. Em relação ao futuro, quais os objectivos que gostaria de ver concretizados?

A nível pessoal estou neste momento satisfeito com o equilí-brio que estou a encontrar entre a vida profissional e a minha vida pessoal. Tenho consciência que tal não é garantido pois te-nho sempre o hábito de ser bastante exigente comigo próprio e a impor-me objectivos irrealistas. Mas, o estar consciente disso é sempre positivo para evitar repetir erros do passado.No que diz respeito ao ensino, estou neste momento a refor-mular, juntamente com os meus colegas, a cadeira do MEEC (Instrumentação e Medidas) o que tem sido um desafio motiva-dor e que requer muito empenho – no segundo semestre será mais difícil ainda com o funcionamento simultâneo de IAS na LEE e IM no MEEC. No entanto, a “minha” cadeira é, e sempre será, a cadeira da LEE. Afinal já são quase 10 anos!

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Rosália RegueiraComo Núcleo de Estudantes de Engenharia Electrónica do Instituto Superior Técnico, o N3E necessita de uma ligação com a coordenação do DEEC, Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computa-dores, para a divulgação e me-lhoria da qualidade do curso. Quem possibilita essa relação, é Rosália Regueira, secretária do DEEC com funções sobre a LEE e o MEE.

No início do ano lectivo, D. Ro-sália, como é conhecida, tem como funções, participar nas apresentações dos cursos de LEE e LETI, Licenciatura em Engenharia Electrónica e Li-cenciatura em Engenharia de Telecomunicações e Informá-tica, respectivamente, e tratar dos pedidos de equivalência de unidades curriculares feitos pelos alunos.

Um dos seus picos de trabalho acontece muito antes do início do ano escolar – a preparação

Um dia com ...

Texto Tiago Barra e Ana Marta Borges

Daniel SantosA grande maioria das activida-des organizadas pelo N3E são realizadas no nosso campus. Para tal acontecer com suces-so, é necessária e indispensá-vel, a colaboração de Daniel dos Santos, gestor do edifício do Instituto Superior Técnico – Taguspark. Esta relação é em tudo harmoniosa e os resulta-dos são visíveis, quer relativa-mente à organização logística, como aos recursos postos à nossa disposição.

Este cargo obriga a muitas responsabilidades e a sua in-fluência em diversas áreas é um acrescento a esse árduo trabalho. Dessas áreas é de destacar a segu-rança, a higiene, a manutenção e a lo-gística do edifício.

Para garantir a segurança, um pelouros de maior sensibi-lidade, Daniel dos Santos reú-

ne diariamente com o chefe de segurança do nosso campus, de modo a estar a par de qual-quer possível ocorrência. Men-salmente, ocorre no campus da Alameda, uma reunião com responsáveis de segurança de ambos os pólos.

Na tarefa de gestor do edifí-cio, Daniel, como é conhecido pelos alunos, tem a seu cargo muitas responsabilidades. O exigente trabalho não é feito

sozinho, pelo que tem, neste mo-

mento, sete funcionários a seu cargo, sendo que

quatro são da área da ma-

nuten-

ção e três pertencem ao apoio administrativo.

O nosso campus recebe, com frequência, eventos institucio-nais ou lúdicos, organizados pelos núcleos. Deste modo, é necessário montar sistemas audiovisuais e mudar a dispo-sição dos espaços, tarefas es-sas que são supervisionadas por Daniel dos Santos, depois de terem sido requisitadas pe-las mais diversas entidades.

Este trabalho requer cons-tantes actualizações ao longo do ano lectivo, mas o planea-mento é realizado muito mais

cedo. Antes do início das aulas, é feita uma verificação do ma-terial existente nas salas, de todo o material audiovisual, dos pontos de segurança e dos sistemas de ar condicio-nado, para que, quando os alunos cheguem, tudo esteja nas melhores condições. Se, eventualmente, for detectada uma falha em alguma dessas verificações, a equipa de ma-nutenção prontamente repara ou substitui o material.

Por fim, Daniel e a sua equipa têm como função a criação de soluções para problemas que ocorrem no dia-a-dia.

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Sónia GilO N3E tem um forte entro-samento com a instituição, uma vez que as diversas ac-tividades que são planeadas, só podem ser realizadas com aprovação de várias entida-des, exigindo assim uma co-laboração entre o núcleo e a própria instituição. Uma des-sas entidades é a Direcção do Campus, a partir da qual contactamos, frequentemen-te, vários funcionários com o objectivo de garantir que tudo corre conforme planeado.

Um desses contactos é Sónia Gil, funcionária da Direcção e fonte de comuni-cação do núcleo na divulgação do curso, do campus e da institui-ção junto

dos potenciais alunos.

Ao longo do ano lectivo, o N3E e a Sónia trabalham juntos em várias frentes, mas todas com o mesmo objectivo: captar a atenção de alunos ainda no se-cundário e mostrar-lhes todas as valências do nosso campus.

Uma dessas colaborações é na FLL® (First Lego League). Esta iniciativa consiste em pedir a crianças, dos 9 aos 16 anos, para construir um robot com peças de Lego™ e juntar um módulo programável, que deve percorrer um percurso de obstáculos. Este programa visa assim, incentivar o gosto pela engenharia e tecnologia, quer pela componente de de-

sign, como pela componente da programação.O Campus do Taguspark acolhe anualmente a fase final da competição, es-

tando tudo a cargo da Sónia Gil: desde a logís-

tica, passando pela alimentação, pela regulamentação, até ao recrutamento de

recursos huma-nos. É aí que entra

o N3E, uma vez que todos os anos ajuda activamente neste complexo trabalho.

Conhecida pela capa-cidade de trabalho e de fácil comunicação,

Sónia Gil, tornou-se assim, um contacto na lista telefónica de muitos dos membros do N3E, comprovando, desta maneira, a proximidade e o empenho em fazer da divulgação um ponto forte do nosso campus. Esta proximidade foi ganha através das diversas actividades de divulgação em que os nossos membros participaram, sobre a chancela da D. Sónia, como é cordialmente apelidada. Tan-to no Sapo CodeBits, como no Lisbon Maker Faire, o Instituto Superior Técnico – Taguspark contou com a presença de di-versos membros do N3E com o intuito da sua promoção en-quanto instituição, e da divul-gação da FLL®.

Outras das actividades ao cui-dado de Sónia Gil são as visitas das escolas e às escolas. Isto é, entre outras coisas, garantir que, quando uma escola visita o campus, como por exemplo

no Open Day, os núcleos têm preparadas actividades de modo a que os alunos pos-sam perceber e experimentar um pouco daquilo que é feito, e em que consiste, cada um dos quatro cursos sediados no Taguspark. Esse planeamento baseia-se no debate da me-lhor actividade a realizar, bem como em angariar todo o ma-terial necessário.

Por fim, o trabalho com os bolseiros. Uma tarefa árdua e bastante activa ao longo do ano. Desta colaboração surgiu a ideia de criar um clube de ro-bótica para jovens entre os 9 e os 16 anos. Desta ideia, nasceu, recentemente, o ROB-9-16. Uma iniciativa que tem como objectivo principal fomentar nesses jovens a vontade de aprender e de desenvolver a sua criatividade, começando a sua actividade em Janeiro de 2015.

em Engenharia Electrónica, geridas em conjunto pelo coor-denador do MEE, professor João Costa Freire, e pela D. Ro-sália. A prova de Dissertação é aquela em que o aluno finaliza o curso.

Ao longo do ano lectivo, Rosália Regueira está também encar-regue de fazer a alteração dos horários e ajustes de datas das avaliações, caso haja alguma incompatibilidade, e de realizar as reservas de laboratórios, quer para aulas extra, quer para alunos que necessitem de um espaço para trabalhar nos seus projectos. É também res-ponsável por fazer os pedidos de compras - encomendas, or-çamentos e autorizações – do material para os laboratórios de Electrónica e de Redes, por exemplo, cabos e routers, e de material para o departamento, como tinteiros/toners para as impressoras, entre outros.

Uma outra função de D. Ro-sália, em colaboração com o Professor Moisés Piedade e o Professor Rui Valadas, é a organização de duas acções do Ciência Viva no Verão. Uma iniciativa que conta com a coo-peração do N3E, na medida em que alguns dos membros do núcleo se disponibilizam para dar workshops, como por exemplo, o workshop de soldadura. O trabalho de Ro-sália Regueira é um trabalho organizacional, e que consiste no envio de e-mails aos alunos seleccionados pelos profes-sores e no esclarecimento de possíveis dúvidas dos partici-pantes.

Por fim, somando a todos os seus encargos, Rosália Reguei-ra é também responsável por outras tarefas, como tratar da marcação de exames de época especial e fornecer dados para estatísticas e pesquisas da Co-missão Executiva do DEEC.

dos semestres do ano lectivo seguinte. Neste período, há muita coisa que tem de ser feita para garantir que os se-mestres decorram com su-cesso. Inicialmente, é necessá-rio contactar os professores responsáveis por cada unida-de curricular e pedir, tanto

os critérios e métodos de avaliação, como o planea-mento das avaliações, para que depois se possa contactar os delegados de cada ano para que estes aprovem e mar-quem as avaliações. No

final, são feitas as reu-niões de preparação de se-

mestres com todos os envol-vidos.Todo este procedimento tem de ser confirmado em Janeiro/Fevereiro, para se poder dar início ao segundo semestre.

Em ambos os semestres de-correm as provas de Projecto e também as de Dissertação

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Texto Carlos Costinha

A TMIST – Tuna Mista do Instituto Superior Técnico nasceu em 2006, através de um

pequeno grupo de estudantes que sentiu a necessidade de criar uma tuna, no campus do IST-Taguspark. Assim, a 19 de Setembro de 2006, 13 pessoas reuniram-se pela primeira vez, em pleno IST--Taguspark, para dar início ao projecto TMIST, ficando pos-teriormente, este dia definido como dia da sua fundação. Lançada a primeira pedra, iniciou-se então a caminhada da TMIST que a iria levar à oficialização no ano de 2009. Durante estes três anos, a TMIST uniu pessoas em nome da música e do convívio, ten-do sempre como objectivo a

criação de uma base sólida que desse garantias de um futuro promissor. Isso per-mitiu que, apesar da sua cur-ta existência, a TMIST fosse presença habitual em eventos relacionados com o Instituto Superior Técnico, tendo tido também diversas actuações em arraiais, actividades de solidariedade, encontros e outras.

Em 2010 foi criada a primeira edição do E’TMIST – Encontro de Tunas Mistas do Instituto Superior Técnico, um evento de convívio e musicalidade, que nos permitiu reunir tunas de várias escolas no nosso Conselho. Contou com um total de 3 edições, tendo sido um sucesso, tanto ao nível de visibilidade como ao nível de organização.

Ao longo do ano de 2014, a TMIST traçou para si um de-safio ainda maior: realizar o seu primeiro festival de tunas mistas. Assim surgiu a moti-vação para aquele que viria a ser o I TMIST – Festival de Tunas Mistas do Instituto Superior Técnico, o primei-ro e único festival deste tipo alguma vez organizado no Conselho de Oeiras.

O I TMIST decorreu nos dias 10, 11 e 12 de Outubro, orga-nizado em colaboração com a Câmara Municipal de Oeiras, tendo para esta edição sido escolhido o tema “Videojo-gos”, desafiando as tunas convidadas a trazerem o seu lado mais “cromo” até Oeiras.

Vindas de vários pontos do país, o I TMIST contou com al-gumas das melhores tunas de Portugal. De Lisboa, vinda da Nova School of Business and Economics: Fortuna - Tuna Académica da Nova SBE, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas: Magna Tuna ApocalISCSPiana - Tuna Académica do ISCSP, da Esco-

la Superior de Comunicação Social: escstunis - Tuna Aca-démica da ESCS e de Coimbra, da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade

de Coimbra: Quan-tunna - Tuna Mista da F.C.T. da Univer-sidade de Coimbra.

O Festival teve ain-da o privilégio de poder contar com locais emblemáti-cos do Conselho de Oeiras, tal como a

Fábrica da Pólvora de Barca-rena, onde se realizou a Noite de Serenatas e as festas de convívio, e o Auditório Munici-pal Eunice Muñoz, antigo Cine-ma de Oeiras, onde decorreu o espectáculo com as tunas a concurso.

Depois do sucesso que foi a organização do nosso evento, vamos continuar a trabalhar em vários projectos, entre eles: a organização do pró-ximo festival e a preparação para actuações em festivais, encontros e outros eventos por todo o país, procuran-do sempre honrar e elevar o nome da nossa instituição, o Instituto Superior Técnico.

TMIST

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N3E Magazine 37

Grup

os d

o Técnico

Texto João Paulo Monteiro

O Projecto FST No-vabase é uma equipa constituída por cerca de 25 alunos dos cur-

sos de Engenharia Mecânica, Aeroespacial, Electrotécnica e Informática, que se dedi-cam ao design e construção de um carro de corrida tipo Fórmula 1. O Projecto exis-te desde 2001 e conta com 5 carros construídos, sendo os dois mais recentes equipados com motores eléctricos.

Os carros são construídos com o intuito de participar na Formula Student, uma das maiores competições de engenharia a nível mundial. Nesta competição, os carros

são avaliados pelas suas capac idades dinâmicas e os alunos pelas suas práticas de engenharia. A competição junta mais de 500 equipas

das melhores universidades de engenharia do mundo.

Todo o design é feito pelos alunos, assim como algumas

peças. Para a manufactura das peças mais complexas, o Projecto conta com o apoio de várias empresas nacionais e internacionais que fornecem materiais ou processos.

Através do Projecto, os alu-nos têm contacto directo com a indústria e ganham outra

sensibilidade na concepção de peças, sabendo as limitações e possibilidades dos proces-sos de manufactura. Ganham também experiência num pro-jecto multidisciplinar, onde a comunicação e o trabalho de equipa são fulcrais para que sejam cumpridos os objecti-vos.

Projecto FSTNOVABASE

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38 N3E Magazine

Do

It Y

our

self

CarrinhoComandadopor Luz

Todos temos lá em casa aquele carrinho telecomandado favorito, que com os anos deixou de funcionar. Tens saudades de brincar com um carrinho e gostavas de perceber como funciona? Então porque não constróis um carrinho, personalizado, com a nossa ajuda? Para a parte elétrica só precisas de:

1. Transístor Darlington TIP122 (Q1);2. LDR – tipo redondo comum (R1);3. Resistência de 100KΩ (R2) ou 220KΩ (R3);4. Motor de 3 V a 6 V (de um carrinho antigo) (M1);5. Suporte para 4 pilhas pequenas (B1);6. Breadboard;7. Hélice (pode ser feito com um CD);8. Fios.

Perguntas-te, “o que é e para que é que quero um sensor LDR?” O sensor LDR é um sensor de intensidade de luz que apenas deixa passar energia quando existe luz a incidir no mesmo. Assim sendo, quando fizeres incidir luz no sensor, o carrinho andará, caso con-trário nada se passará.

Texto Pedro Angélico

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N3E Magazine 39

Do

It Yourself

Depois de reunido todo o material, está na hora de começar a desen-volver o nosso projeto. O circuito eletrónico que vamos construir será o da figura ao lado direito.

1 Iniciando a preparação do esquema, colocaremos uma palhinha à volta do sensor LDR, para limitar mais a receção da luz e, se tive-res, podes colocar manga termo-retrátil, como ilustrado na figura

abaixo.

2 Para termos a certeza de que tudo funciona como queremos, antes de iniciar a montagem no carrinho, devemos fazer um pequeno ensaio numa breadboard, colocando primeiro os componentes todos.

3De seguida, devemos fazer as ligações entre componen-tes e só no fim a ligação à fonte de energia, pilhas (no meu caso uma fonte de alimentação, mas é igual). 4Depois de tudo ligado, colocamos o motor na hélice ou

CD (se necessário utilizar cola quente para fixar um ao outro).

Alguns problemas que possam existir devem-se a pequenas variações nos componentes, pois os valores admitidos contemplam margens de erro, logo é possível não funcionar na perfeição à primeira. Para testar devemos:

1. Tapar o sensor LDR (R1), para que este não receba luz;2. Colocar as pilhas no suporte;3. Destapar o sensor LDR (R1), e o motor terá que girar.

• Se o motor começar a trabalhar sozinho, antes mesmo de destapar o sensor, deve-se trocar a resistência de 100 KΩ (R2) pela de 220 KΩ (R3);

• Se pelo contrário o motor não girar, verifica todos os contatos, se possível com a ajuda de um multímetro.

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40 N3E Magazine

Do

It Y

our

self Podemos já ter a parte elétrica concluída, mas o que é um car-

rinho sem uma estrutura?

Para isso precisamos de mais algumas coisas que podem ser reaproveitadas de pequenos objetos em casa, não sendo ne-cessário estragar nada, trata-se de reciclagem. Vais precisar de:

1. Caixa de cartão (de um perfume, por exemplo);2. 2 rolhas de cortiça (cortadas em metade);3. Cabide metálico (dois pedaços cortados, com mais 3cm

do que a largura da caixa de cartão);4. Cola Quente;5. Cola de Contacto;6. Palhinhas.

5O primeiro passo é cortar as palhinhas da largura da caixa e colá-las com cola de contacto.

6De seguida, encaixar os cabides cortados na meia rolha, colar os dois com cola quente e colocar o cabide dentro da palhinha (como na imagem à direita).

7Para finalizar o carrinho devemos colar a outra metade da rolha e repetir o procedimento para as outras duas rodas, sendo o resultado final o das figuras abaixo.

8Depois das duas partes testadas e construídas, vamos uni-las. Come-

çamos por colar o motor à breadboard e a mesma ao topo do carrinho. Podemos esconder as pilhas dentro da caixa de cartão.

Acabaste de construir um carrinho comandado por luz por ti próprio! Esperamos que, com este projecto sim-ples, te tenhas apercebido do potencial da engenharia electrónica e que, acima de tudo, tenhas ganho interesse por esta área tecnológica em franca expansão!

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

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...no Mundo

Vivemos num mundo onde a tecnologia está em constante evolução e a um ritmo alucinante,

onde o que pode ser um sonho hoje, amanhã torna-se realidade, e neste aspecto a Electrónica é uma das áreas onde este cresci-mento mais se faz notar. Se olharmos para a Electrónica como apenas a sua definição e todos os seus termos relaciona-dos, ficaríamos então por algo do género:

“A Electrónica é a ciência que estuda a forma de controlar a energia eléctrica por meios eléctricos, usando diferentes cir-cuitos e dispositivos, tendo em especial atenção o movimento e comportamento dos electrões”.

Desta maneira poderíamos de-finir rapidamente e de forma objectiva o que é esta área, indo rapidamente à Wikipédia, mas estaríamos a defini-la correcta-mente?

De facto, esta não é a verdadeira definição, podemos antes cha-mar-lhe termo técni-co pois é muito mais que isto. A Electrónica precisa de ser pensa-da, mas acima de tudo precisa de ser sentida pois o mais pequeno pormenor pode alte-rar completamente tudo. A Electrónica baseia-se no mundo, ao mesmo tempo que o constrói e melhora e podemos mesmo con-siderar essa a sua de-finição, uma forma de mudar o mundo. Mas onde é que de facto se aplica a Elec-

trónica e em que é que ela me-lhora as nossas vidas?

Pensemos então da seguinte maneira, tiremos aquilo que cos-tumamos ter nos bolsos e cer-tamente vamos ter um objecto em comum, refiro-me, claro, ao telemóvel. Hoje em dia é muito raro encontrar alguém que não possua um. Mas concentremo--nos então neste aparelho, que se pode considerar um “milagre” da tecnologia, todo ele é Elec-trónica, todo ele é a criatividade e a procura de melhorar a cada

dia que passa, de ter nas nossas mãos um “simples” aparelho que mudou e continua a mudar o mundo.

Nada disto seria possível sem todos os milhões de transísto-res, componentes electrónicos e circuitos desenhados e criados para que em conjunto desem-penhem funções que a cada dia que passa nos continuam a sur-preender. Mas quem fala do te-lemóvel, fala de muitos outros aparelhos, como por exemplo, este mesmo computador que estou a usar para escrever este artigo, ou todas as aplicações no ramo automóvel, na medicina, na indústria, nas mais variadas áreas.

Mas vamos então falar com mais pormenor do computador. Uma máquina incrível, capaz de quase tudo, pensamos nós agora, como já temos vindo a pensar desde o aparecimento do primeiro computador na dé-cada de 40, no entanto, a cada ano que passa, novas funciona-lidades vão aparecendo e since-ramente ninguém saberá qual o limite.

Como sabemos, um dos muitos componentes do computador e um dos mais importantes é o seu processador, unidade res-

ponsável pelo processamento de todos os dados e informação (o equivalente ao cérebro no ser humano).

Esta unidade é maioritariamente composta por transístores, dis-positivo (componente) electróni-co mais vendido e mais utilizado em todo o mundo, tem sofrido diversas alterações que têm aumentado a sua capacidade, nomeadamente a velocidade de processamento e a quantidade de informação processada por tempo.

Analisemos então os números: Olhando para alguns dos primei-ros modelos da INTEL feitos com transístores. Fixemos por exem-plo o modelo 8080, que continha cerca de 6 000 transístores, um número já por si impressionante, mas mesmo assim muito longe do que conseguiram atingir nos dias de hoje com a nova geração dos core i7 que chegam até aos 730 000 000 transístores e que conseguem atingir velocidades impressionantes.

Falei num caso mais particular de dois aparelhos, essenciais hoje em dia na nossa vida, que sem a Electrónica não poderiam existir, mas como já disse, são alguns dos muitos exemplos que poderia referir. Por mais que não quiséssemos, a Electrónica rodeia-nos e é uma das mais poderosas ferramen-tas que temos para tornar o mundo um lugar melhor, um lu-gar em que nós electrões (seres humanos) queremos encontrar o melhor circuito possível (ca-minho) para deixarmos a nossa marca no mundo e viver a me-lhor vida possível, de preferên-cia uma vida longa e cheia de pe-ripécias e não um curto-circuito.

A Electrónica...Texto André Lopes

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Secção C

ultural

...e a MedicinaColocarias a tua vida nas

mãos de um robô?

Como podes imaginar caro leitor, não procuro respostas a esta pergunta, procuro sim algu-ma reflexão sobre o que é isto da eletrónica na medicina.

Ultrapassámos recentemente a marca dos 7 mil milhões de pes-soas no planeta, mas este cresci-mento exponencial da população não está a ser acompanhado por uma equivalente expansão do ser-viço de saúde. As doenças tornam--se também cada vez mais resis-tentes aos medicamentos e mais difíceis de detetar, e como con-sequência são necessários novos métodos de diagnóstico e cura. É principalmente na área do diagnós-tico e monitorização (do paciente) que a eletrónica ajuda.

Pode-se dizer que a eletrónica está na medicina desde a invenção do primeiro eletrocardiógrafo por Willem Einthoven, há mais de um século. A máquina original pesava mais de 270 kg e era consideravel-mente maior que uma secretária, hoje não é maior do que uma im-pressora. Este aparelho melhora-va substancialmente a sensibilida-

de de um galvanómetro standard pois conseguia medir os impulsos elétricos do coração. Através do estudo destes impulsos elétricos de cada paciente é possível diag-nosticar certos problemas cardía-cos.

Outros aparelhos de diagnósti-co, muito mais avançados e que apenas o desenvolvimento expo-nencial da tecnologia a que temos assistido permitiu, aparecem anos mais tarde, tais como a TAC (to-mografia axial computadorizada), ressonâncias magnéticas, entre outros. E também outros apare-lhos portáteis para a monitoriza-ção autónoma do paciente como o medidor de glicemia ou de tensão.

Os últimos que referi já fazem par-te dos exames médicos que faze-mos normalmente mas, o futuro está na monitorização constante e na transferência de algum poder de diagnóstico à população. Cada vez mais se fala nos wearable devices, muitos deles já possuem sensores que permitem a monito-rização do coração e da pressão arterial. Mas o futuro reserva mais surpresas tais como, sensores im-pressos diretamente na pele, com a principal função de se poder mo-

nitorizar, por exemplo, ferimentos graves ou mesmo o controlo da ci-catriz pós-cirurgia, sem que a pessoa tenha de se deslocar ao hospital. Toda a informação seria transmitida ao médico que caso fosse neces-sário chamava o pa-ciente. Também os pa-cemakers (dispositivos que controlam através de impulsos elétricos o batimento cardíaco) já dispõe de monitorização constante (utilizando comunicação sem fios) e podem até ser regula-dos sem ser necessário uma operação invasiva.

Para além da monoto-rização e diagnostico, a eletrónica tem um papel fun-damental na resolução de mui-tos problemas em cirurgias. Tais como, a fraca iluminação e os er-ros de precisão dos cirurgiões (que ocorrem devido à baixa visibilidade do interior do corpo numa cirur-gia), é aqui que entra um robô (ci-rurgião) que substitui as funções motoras e visuais do cirurgião e ainda lhe dá mais braços, aumen-tando assim amplamente a preci-são e tornando menos invasiva a operação. Em Portugal, podemos encontrar este dispendioso méto-do de cirurgia no Hospital da Luz.

Por último, mas nem por isso a menos importante, a eletróni-ca possibilita ainda uma grande melhoria na qualidade de vida a pessoas que apresentam alguma deformação física. Estou a refe-rir-me às próteses, que já existem há muitos séculos (as mais antigas são datadas de 300 AC). A tecno-logia evoluiu de tal forma que se passou de próteses em madeira e de ganchos para próteses robóti-cas que podem ser controladas como se fosse uma parte do nosso corpo. Cada vez mais existe desen-

volvimento nesta área o que possi-bilita uma redução substancial nos seus custos, sendo um dos princi-pais fatores a impressão 3D.

Como é possível verificar, a ele-trónica e a medicina tornam-se cada vez mais indissociáveis, a eletrónica está a possibilitar van-tagens incríveis nos serviços mé-dicos e na sua redução de custos que vai possibilitar que mais gen-te possa ter acesso a este direito fundamental do ser humano. Mas há sempre um senão, há ques-tões éticas a ter em consideração como, por exemplo, o modo como os dispositivos eletrónicos vão afetar a relação entre o médico e o paciente, que de certo modo me leva à minha pergunta inicial, mais tarde ou mais cedo os avanços na inteligência artificial permitirão uma cirurgia sem um cirurgião hu-mano. Outra questão mais presen-te, os pais de uma criança têm hoje o poder de terminar a vida do feto se ele apresentar algum indício de doença. Será que a tecnologia im-põe mais do que aprimora?

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

Texto Quevin Jagmohandas

A Electrónica...

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